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Morgana Scheller
Instituto Federal Catarinense – Rio do Sul/ PUCRS
morganascheller@yahoo.com.br
Resumo
Neste artigo, apresenta-se proposta de Modelação para o Ensino de Matemática no Ensino Médio a partir da
adaptação do processo de Modelagem realizado com a fita de Möebius. Diante da percepção de um potencial
para o ensino com pesquisa, desenvolveu inicialmente atividade de Modelagem com a fita em busca de
regularidades. Este processo resultou na elaboração de três modelos representativos de secções longitudinais
sobre ela: largura da fita, número de fitas e número de vezes que retira-se a tesoura para completar as secções. A
partir destes, adaptou-se este processo de Modelagem, apresentando-se proposta de sequência didática de
Modelação. Por fim, desenvolveu-se a partir desta, oficina de Modelagem na Educação para professores que
ensinam Matemática, em um curso de formação continuada, a fim de verificar sua eficácia. Verificou-se que: i)
secção sobre a fita revelam regularidades nas variáveis analisadas, as quais foram expressas por meio de três
modelos matemáticos; ii) com base nestes, é possível a adaptação do processo para o ensino de Matemática na
Educação Básica para a exploração de conceitos de sequências ou padrões, porém pode ser adaptada a outros
conteúdos e níveis de ensino. Em relação à percepção dos professores sobre a proposta, evidencia-se que eles
percebem a Modelação como similar a pesquisa, a qual favorece a participação e desenvolvimento do senso
crítico e criativo dos envolvidos diante da maneira envolvente com que todos se posicionaram no processo; o
processo possibilitou a emergência de reflexão na e para a prática docente, bem como (re) elaboração de saberes
ao vivenciar o processo de Modelagem.
1 Introdução
o estudante possa ser protagonista na busca de informações e de saberes, quer sejam do senso
comum, escolares ou científicos” (BRASIL, 2013, p. 164). Esta afirmação instigou as autoras
desta pesquisa a usar a Modelagem na Educação, fazendo uso do tema: fita de Möebius, uma
vez que no manuseio e confecção de uma destas fitas, os estudantes podem despertar suas
curiosidades, a exemplo de curiosos, artistas e matemáticos que, ao percorrerem sua superfície
ou a recortarem, recorreram a alguma teoria para explicar o resultado.
A fita de Möebius criada pelo matemático e astrônomo alemão August Ferdinand
Möebius (1790-1868) ao ser motivado pelo estudo sobre teoria geométrica dos poliedros
(LARANJEIRAS, 2010). Além dele, Johann Benedict Listing (1808-1882), matemático e
arquiteto alemão também pesquisou este objeto alguns meses antes.
pode-se perceber que, devido uma torção de 180º em um das pontas antes de uní-las, passa-se,
sem sair do percurso, do lado de fora para o lado de dentro e assim sucessivamente. Devido a
esta propriedade topológica não é possível definir onde está o interior ou o exterior da fita.
A curiosidade decorrente das constatações anteriores é impulsionada na mente devido
ao fato de se estar mais envolvido a pensar sobre a fita levando em consideração um tipo de
espaço, que não é o topológico. Ao passo que manipular a fita de Möebius, o mapa mental
elaborado a respeito de suas propriedades está relacionado às propriedades existentes em um
anel cilíndrico, uma vez que o contato com a geometria euclidiana é mais intenso na vida de
estudante.
A faixa de Möebius propiciou novo ramo da Matemática, a Topologia estudo das
propriedades de uma superfície que permanecem invariantes quando a superfície sofre uma
deformação contínua (ABASCAL; BILBAO, 2011). Este „ramo‟ tem contribuído para várias
pesquisas e, ainda, propiciado dentre tantas criações, à arte. Por exemplo, valeu como fonte de
inspiração ao artista holandês Mauritus Cornelis Escher (1898-1972), conforme ilustrado na
Figura 2 na qual o artista desenha sobre a superfície unilateral nove formigas. A fita tem sido
encontrada no mundo das Artes Plásticas, Música, Arquitetura, Literatura, Moda, selos,
esculturas e principalmente em logotipos, como por exemplo, em emblemas de empresas
comerciais. O banco Totta & Açores escolheu o símbolo para representar sua marca ao unir as
duas instituições originais em 1970 (LARANJEIRAS, 2010). Também ganhou destaque na
Psicanálise com Jacques-Marie Émile Lacan (1901-1981), o qual a utilizou para a
representação da psique (LACAN, 2005).
No entanto, na revisão de literatura realizada, não se identificaram estudos a respeito
de sua utilização para exploração de possíveis regularidades quando são realizadas secções
longitudinais nesta fita, nem mesmo ela tem sido utilizada para explorar aspectos no ensino
matemático na Educação Básica, além das características topológicas no nível Superior, com
em Guasp e Reventós (2013). Apenas identificou-se uma proposta de Pérez, Herrán e Valdés
(2007) sugerida para motivar e aumentar o interesse de estudantes universitários ao mostrar a
superfície geométrica (fita). As regularidades podem ser expressas por meio de modelos
matemáticos utilizáveis na Educação Básica? Que variáveis pode-se levar em consideração ao
explorá-la? Esta atividade pode ser adaptada para a exploração de conceitos de Matemática a
ser utilizada em sala de aula? Como professores de Matemática da Educação Básica percebem
atividade de Modelagem com a fita? Essa fita curiosa pode ser a oportunidade de investigação
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Modelo matemático, para Bassanezi (2006) e Biembengut (2004; 2014) é um conjunto de símbolos e relações
matemáticas com o objetivo de traduzir uma situação real, como por exemplo, regularidades da fita de Möebius.
Um modelo retrata (mesmo de maneira simplificada) aspectos da situação pesquisada e pode ser obtido por meio
de programas computacionais, gráficos, expressões numéricas ou fórmulas, entre outros.
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conhecimento e está presente nas atividades humanas, desde os tempos mais primitivos. Este
processo pode ser explorado na Educação ou adaptado para exploração de conceitos
matemáticos. Este último é a proposta de Biembengut (2004; 2014), ao defender que a
Modelagem é um método de ensino e de pesquisa que contribui com o ensino e a
aprendizagem, pois possibilita ao estudante aprender matemática ou outra Ciência de modo
integrado às outras áreas do conhecimento, em especial, àquela que o aluno apresenta
interesse.
Neste trabalho, adota-se a concepção de Biembengut (2012, 2014) que define a
Modelagem Matemática como uma área de pesquisa voltada à elaboração ou criação de um
modelo matemático e Modelação Matemática, ao método que se utiliza das fases do processo
de Modelagem para a Educação. A Modelação orienta-se pelo ensino do conteúdo curricular
(e não curricular) a partir da reelaboração de modelos aplicados em alguma área do
conhecimento e pela orientação dos alunos à pesquisa.
Para Biembengut (2014), os procedimentos da Modelagem são agrupados em três
fases, não disjuntas, denominadas de:
1) percepção e apreensão - envolve a percepção no reconhecimento da situação-
problema e apreensão na familiarização com o assunto a ser modelado;
2) compreensão e explicação – refere-se a compreensão na formulação do problema,
explicitação na formulação do modelo matemático e explicitação na resolução do problema a
partir do modelo e;
3) significação e expressão - envolve a significação na interpretação da solução e
validação do modelo e a expressão do processo e do resultado.
A utilização da Modelagem no ensino favorece o estudo e a discussão, não apenas de
conteúdos matemáticos, mas também de ideias não matemáticas e dessa forma, proporciona
ao aluno “valores culturais e a alguns princípios gerais concernentes ao papel dele como
pessoa responsável pela realidade que o cerca” (BIEMBENGUT, 2012, p. 37).
3 Procedimento Metodológico
Figura 3- Ilustração da realização de 01 secção longitudinal (ao meio e terça parte) na fita de Möebius.
4 Resultados e discussão
Mapa 1 - Registros dos dados obtidos em cada uma das três variáveis após
secção/corte longitudinal nas fitas de Möebius.
Largura de fita
Cortes (n) Número de fitas (F) Retiradas da tesoura da fita (R)
inicial "u"(L)
0 1u 1FM 0
1u
1 1G 0
2
1u
2 1G + 1FM 0
3
1u
3 2G 1
4
1u
4 2G + 1FM 1
5
1u
5 3G 2
6
1u
6 3G + 1FM 2
7
... ... ... ...
n
G 1FM , se" n" é par n
1, se " n" é par
1u 2 2
n n 1
n 1 n 1 1, se " n" é ímpar
G , se" n" é ímpar 2
2
Fonte: Elaborado pelos autores.
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em que L(n), F(n) e R(n) representam, respectivamente, a largura de cada fita, o número total
de fitas obtidas e retiradas da tesoura da fita ao cortar-se „n‟ vezes. Os modelos F(n) e R(n)
foram compostos por duas sentenças, sendo uma válida para „n‟ par e outra para „n‟ ímpar.
Também é necessário considerar a existência de outras percepções ao cortar a fita. Eis: ao
contrário da afirmação Guasp e Renventós (2007) a fita grande (G) não é uma única
superfície, uma Möebius; o comprimento de (G) sempre será o dobro da fita de Möebius
inicial; não ocorrem fitas com comprimentos maiores a G e nem torcidas mais que 720º em
relação a um anel cilíndrico (tira euclidiana); as fitas estarão sempre entrelaçadas.
2
A ideia de mapa refere-se a ideia de guia para se possa obter informações ou algum conhecimento. Sistema de
signos utilizados para expressão do conhecimento sobre algo. Denominam-se mapas, cada uma das
representações esquemáticas (esquemas, fluxogramas, tabelas e quadros) apresentadas no decorrer do texto, a
fim de representar informações importantes para a pesquisa. (BIEMBENGUT, 2008).
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a) Percepção e Apreensão
Nesta fase inicial, instigar os estudantes a perceberem uma situação problema ao
indagá-los sobre o que ocorre se cortar duas fitas (uma fita euclidiana e outra de Möebius)
longitudinalmente ao meio. Incentivar todos individualmente ou em grupos a construírem
hipóteses e registrá-las. Certamente após a realização das secções nas fitas, os estudantes
curiosos estarão interessados em explorar mais sobre o tema.
A percepção realizada perante a visualização desta primeira indagação permite a
apreensão de diversos dados sobre a fita. Esta é a fase em que pode-se utilizar vídeo, textos
informativos ou documentários. Incentivar os estudantes a autonomia nesta busca, de modo
que utilizem de tecnologias de informação e comunicação para esse momento de descobertas.
Estas duas etapas não disjuntas servem para que os estudantes, ao inteirar-se com o
assunto, formulem posteriormente outras situações problemas ou optem por trabalhar com a
exposta neste artigo. O importante é que a(s) questão (ões) propicie(m) o desenvolvimento do
conteúdo de sequências/regularidades matemáticas.
b) Compreensão e Explicitação
Nesta fase da modelação, o foco está divido entre a compreensão do problema e sua
resolução e, a abordagem do conteúdo matemático. Neste caso, o tema sequências. Esta fase
se inicia quando o professor e estudantes, com base nos dados obtidos na familiarização,
formulam o(s) problema(s) e o deixam registrado juntamente com as percepções que já
tiveram sobre o tema. Neste momento, o professor conduz seu questionamento juntamente
com os outros apontados pelos estudantes. A fim de proporcionar melhor compreensão dos
dados obtidos e integrar ao processo de Modelagem, o estudo de sequências numéricas
sugere-se alguns questionamentos como:
O que está acontecendo com a largura da largura da fita, com o número de fitas e
com a retirada da tesoura da fita, na medida em que são realizados cortes/secções
longitudinais?
Em seguida, destinar espaço para o apontamento de hipóteses, procurando envolver
todos os estudantes na atividade. Na sequência, a constituição e organização dos dados devem
ser realizadas mediante atenta observação ao resultado dos cortes/secção sobre as fitas.
Paralelamente a organização dos dados em quadros ou tabelas, aborda-se o conteúdo
curricular sobre sequências/regularidades relacionando constantemente o tema ao conteúdo,
pois será este o requerido para a resolução do problema. Este processo de interação entre
professor e estudante não deve prevalecer apenas a ideia de instrução e sim, de reflexão e
contribuição de todos os envolvidos. É mister que o professor explore cada sugestão dada pela
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turma e instigue os estudantes à elaboração dos modelos, não sugerindo logo uma solução.
Calma e persistência são essenciais neste momento. Construir conhecimento é diferente de
repassar informação/conteúdo. O objetivo final desta etapa é que de posse do modelo, resolva-
se a questão inicial apontada.
Finalmente, para a explicitação do modelo que resolva o problema, retoma-se a
questão que gerou a pesquisa, uma vez desenvolvido o conteúdo, o professor media o
processo de formulação do modelo, registrando-o. Sugere-se a realização deste registro, em
diferentes representações: numérica (tabela), gráfica, algébrica e da língua natural. Acredita-
se que o registro algébrico se constituirá a partir das compreensões proporcionadas pelo
estabelecimento das regularidades relacionadas à largura da fita inicial, ao número de fitas e
às retiradas da tesoura da fita.
A partir dos questionamentos acima, espera-se o estabelecimento de relações entre o
número de cortes/secções e a largura da fita, a fim de que o estudante perceba que uma
sequência é uma função, cujo domínio é o conjunto dos números naturais e, portanto, quando
se representam graficamente os termos, não é possível a união dos pontos no gráfico. Além
disso, a partir daí, no caso da abordagem no ensino superior, é possível explorar noções
referentes à limitação, monotonicidade e convergência e trazer à discussão resultados como o
Teorema de Bolzano-Weierstrass e o Teorema do Sanduíche, por exemplo.
c) Significação e expressão
Nesta fase final da modelação, com a turma toda ou em grupo, os estudantes devem
interpretar a solução e verificar se o modelo é válido, ou seja, significar o mesmo,
expressando-o em seguida. No caso do problema aqui sugerido e do modelo encontrado,
conduzir os estudantes ou cada grupo a interpretar as regularidades encontradas, avaliando-as.
Nesta situação, uma previsão de novos cortes ou a verificação da eficácia dos modelos com os
dados da tabela seria uma estratégia interessante. Ademais, a validação acontece durante o
processo e no momento do estabelecimento das relações e regularidades encontradas. A etapa
da expressão pode ser realizada por meio de seminários em que cada grupo apresenta suas
considerações a respeito do perpassar cada uma das etapas destacando aspectos mais
significativos, por exemplo.
de matemática. Ao final, propôs-se ao grupo, reflexão sobre aspectos relevantes para que a
atividade seja reproduzida ou adaptada para seus contextos escolares.
O destaque da proposta iniciou-se logo que os professores realizaram as duas
primeiras secções longitudinais na fita de Möebius, quando as hipóteses apontadas foram
negadas. O fato da secção longitudinal na segunda fita (Figura 3) ter originado uma fita
apenas gerou uma série de „porquês‟, visto que a maioria dos participantes não a conhecia. A
partir de então, os professores só queriam saber de cortar, cortar e cortar. De acordo com
Luria (1991), a partir das sensações as pessoas criam representações mentais do mundo das
coisas e a percepção das pessoas sobre fenômenos, objetos e situações depende da experiência
sensorial que cada um tem diante destes. Para Biembengut (2014) cada percepção que tem-se
do meio, faz gerar na mente imaginação e ideias que a partir da compreensão e do
entendimento, pode transformar-se em significado, representação e chegar ao conhecimento.
A atenção foi voltada às várias secções devido a negação das duas primeiras hipóteses
apontadas. Neste caso, visualizamos o defendido por Cosenza e Guerra (2011), ao afirmarem
que o filtro atenção faz com que uma informação relevante torne-se consciente. A visão foi o
sentido utilizado para a percepção da informação proporcionando o despertar de novas
relações ou processos mentais. Nesta etapa destaca-se a pouco presença dos registros escritos
pelos professores ao realizarem as atividades nos momentos iniciais e determinada
insegurança nos mesmos devido ao „novo‟ que estavam vivenciando - um problema que não
havia conhecimento das soluções. Isto denota a falta de familiaridade com este tipo de
atividade, provavelmente pouco presente em seus contextos de formação.
Considerações sobre a fita de Möebius foram apresentadas aos professores durante a
familiarização do tema devido ao tempo restrito e, na sequência da atividade, várias foram as
estratégias e as formas de registros utilizadas para a obtenção dos modelos, resolução do
problema e validação dos modelos: registros em linguagem natural seguido de adensamento
de dados em tabelas; registros iniciais já em representação tabular; tentativas de representação
algébrica. Apesar de ênfase ser destinada a obtenção do modelo algébrico (nem sempre
encontrado), os professores expressavam na oralidade o modelo encontrado, conforme ilustra
fala do professor F (a seguir). Já a ideia do registro gráfico não foi explicitada por nenhum
grupo e a linguagem natural foi pouco valorizada pelos professores em seus escritos.
- Já percebi que está oscilando, ora dá só fita grande (FG), ora dá uma fita grande
e uma fita menor de Möebius (FM). Olha aqui (apontou a tabela preenchida). Se n é
ímpar, só dará fitas grandes (G) e se n é par, dará FG e FM. Se for par, funciona
dum jeito, se for ímpar do outro.
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A busca por algo similar ou regular ocorreu porque as pessoas, à medida que tem
contato com novas informações passam a ter novas e modificadas percepções do objeto. Por
influência da experiência vivida o professor F acaba tendo uma interpretação da solução para
o problema. A experiência sensorial seguida do registro do percebido possibilita ao professor
a produção de significados do estava a fazer.
Os professores perceberam no processo de Modelagem relação com conteúdo
emergente e realidade. Estabeleceram relações do tema “fita de Möebius” ao contexto e
relações como outras áreas, ao referir-se a corrente de trilhadeira de cereais. Em suas falas, já
na etapa inicial das atividades, emergiram potenciais conceitos matemáticos que poderiam ser
explorados durante o estudo. Isto evidencia a ocorrência da percepção, que conforme
defendem Cosenza e Guerra (2001), ocorre quando a pessoa processa as informações
sensoriais de uma forma que é possível interpretá-las de acordo com as experiências e
interações já realizadas. Para eles existiu um anseio em buscar constantemente relações
conceituais de matemática ao explorar um tema não necessariamente desta área. As falas a
seguir ilustram esta percepção:
“– Ah, mas isso daqui vai dar em função, isso tem lógica.” (Professor F).
... “ – [olhando os pares ordenados registrados no decorrer dos corte na fita]
parece que vai dar uma exponencial.” (Professor G)
... “- Eu fiz até o quinto corte e depois deduzi. Assim professora, usando uma regra
de três.
- Isso é uma sequência, não é? Será que não é uma P.A? Eu consigo enxergar a PA
no comprimento da fita.” Professora C.
5 Considerações Finais
dados obtidos, esse movimento fazia com que suas funções superiores se desenvolvessem
cada vez mais.
A oficina envolvendo a fita de Möebius proporcionou ao professor espaço para
reflexão da prática docente de modo a projetar esta prática de exploração e investigação para a
sua sala de aula, fazendo com que as discussões não fiquem apenas no âmbito da formação.
Desse modo, o professor reflete na e sobre a prática pedagógica e amplia e (re) significa
conceitos. Dessa forma, „aprende-se quando se investiga/reflete‟ e „investiga/reflete o
aprender e o ensinar‟, desmistificando as compreensões de professores apontadas no estudo de
Silveira (2012).
A partir da realização deste trabalho evidenciou-se que o navegar pela pesquisa por
meio da Modelagem na fita de Möebius permite ao estudante/pesquisador o contato com
práticas pedagógicas que promovem a interação professor x estudante e estudante x estudante,
na qual o senso crítico e criativo de ambos podem extrapolar as fronteiras do aprender,
definidas previamente.
6 Referências
GILL, R. Análise de Discurso. In: BAUER, M.W. & GASKELL, G. Pesquisa qualitativa
com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis (RJ): Vozes, 2002. p. 244-270.
LACAN, J. O seminário, livro 10: a angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
(Trabalho original de 1962-1963).