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ARTUR NOGUEIRA – SP

LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA MATEMATICA COMO AUXÍLIO NO


ENSINO MATEMÁTICO

DOUGLAS HENRIQUE DA SILVA

RA: 1919972

ARTUR NOGUEIRA –SP

2022
DOUGLAS HENRIQUE DA SILVA

A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA MATEMÁTICA COMO AUXÍLIO NO


ENSINO MATEMÁTICO

Trabalho monográfico - curso de graduação - Licenciatura em


matemática apresentado à comissão julgadora da UNIP, sob a
orientação da professora Marisa Bernardes.

UNIP

ARTUR NOGUEIRA – SP

2022
DOUGLAS HENRIQUE DA SILVA

A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA MATEMÁTICA COMO AUXÍLIO NO


ENSINO MATEMÁTICO

Trabalho monográfico - curso de graduação - Licenciatura em


matemática apresentado à comissão julgadora da UNIP, sob a
orientação da professora Marisa Bernardes.

Aprovado em __/__/__

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof. (a) Orientador (a)

UNIP-Universidade Paulista

_______________________________________

Prof. (a) Orientador (a)

UNIP-Universidade Paulista

_______________________________________

Prof. (a) Orientador (a)

UNIP-Universidade Paulista
“A matemática, vista corretamente, possui não apenas verdade, mas também
suprema beleza - uma beleza fria e austera, como a da escultura”.

Bertrand Russell (1872-1970)


A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA MATEMÁTICA COMO AUXÍLIO NO
ENSINO MATEMÁTICO

RESUMO

Esta monografia apresenta uma pesquisa a respeito da aplicação da história


da matemática como auxílio no ensino, analisar as suas características, as suas
potencialidades na educação no contexto atual, saber um pouco sobre como se
desenvolve o pensamento e percepção matemática do mundo. Ver os principais
cuidados a se tomar quanto a abordagem desta metodologia em aula, ver quais os
tipos de competências ela pode promover aos discente, buscar novos interesses e
incentivar e ampliar os horizontes. A luz de especialistas e mestres da educação, o
trabalho traz como banco de dados: Scielo, os parâmetros nacionais curriculares,
livros e artigos com o enfoque na aplicação histórica no ensino e aprendizagem
matemática.

Palavras-chaves: ensino, história, matemática, metodologia, pesquisa.

ABSTRACT

This monograph presents a research on the application of the history of


mathematics as an aid in teaching, analyzing its characteristics, its potential in
education, knowing a little about how the mathematical thinking and perception of the
world develops. See the main precautions to be taken regarding the approach of this
methodology in class, see what types of skills it can promote to students, seek new
interests and encourage and broaden horizons. In the light of experts and masters of
education, the work brings as a database: Scielo, national curricular parameters,
books and articles with a focus on historical application in mathematics teaching and
learning.

Keywords: teaching, history, mathematics, methodology, research.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO: A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA MATEMÁTICA NO AUXÍLIO DO ENSINO


MATEMÁTICO. .................................................................................................................................... 8
CAPÍTULO I – O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO MATEMÁTICO ...... 9
1.1 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ................................................................................................ 9
1.2 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DO ENSINO E APRENDIZAGEM MATEMÁTICA . 11
CAPÍTULO II A HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA .................................................... 13
2.1 POR QUE A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA?...................................................................... 13
2.2 A HISTÓRIA E AS AULAS DE MATEMÁTICA ................................................................... 16
CAPÍTULO III – PRÁTICAS PARA A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA...................................... 19
3.1 TALES DE MILETO E AS PIRÂMIDES DO EGITO. .......................................................... 19
3.2 NOÇÕES DE MEDIDAS. ....................................................................................................... 21
3.3 O DESAFIO DE DIOFANTO DE ALEXANDRIA ................................................................. 21
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................................... 23
METODOLOGIA ................................................................................................................................ 23
ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO ............................................................................................... 24
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................. 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 27
8

INTRODUÇÃO: A APLICAÇÃO DA HISTÓRIA MATEMÁTICA NO AUXÍLIO DO


ENSINO MATEMÁTICO.

O ensino da matemática envolvendo sua história surgiu com uma proposta,


onde se pretende auxiliar os alunos e professores na melhor significação e
compreensão do mundo onde vivemos, como se desenvolveu e desenvolve a
matemática que conhecemos.

Aparentemente os alunos não são levados a entender a matemática e suas


importantes aplicações no mundo atual, o que justifica o desinteresse, onde o método
de ensino que temos como “padrão” trata somente de buscar resultados em provas e
exercícios de repetição e memorização, com pouco espaço para reflexões e busca
de novas matemáticas.

Mendes (2006) cita que há um grande desinteresse por partes do aluno, já que
não veem utilidade no que se estuda e não encontra o porquê, ou explicação que
justifique determinados assuntos da matemática, que podem ser esclarecidos por
meio de temas históricos e a necessidade daquela época, e que certamente todos se
beneficiam da produção matemática.

Muito mais do que atingi-los dizendo para que se serve de fato a matemática,
é apresentar o que ela pode proporcionar no desenvolvimento intelectual, na
imaginação, abstração e criatividade, é sobre pensar e como resolver problemas
usando dessas competências.

Então a importância da história da matemática nesse processo de significação


do mundo é extremamente relevante desde que se traga suporte para fazê-los pensar
matematicamente, e ter interesse em entendê-la, em um mundo repleto de
tecnologias não é nada atraente ficar somente decorando fórmulas que quaisquer
computadores e smartfones conseguem fazer em segundos, há uma necessidade de
torná-las mais reflexivas e criativas, segundo Melo (2013):

Não fazer o uso da História da Ciência de modo explícito ou como


fundamento de toda prática pedagógica é perder a oportunidade de injetar
9

na fria estrutura dos números, em si bela e fascinante, o sangue da história,


cuja presença contribui para humanizar o ensino. (MELO, 2013, p.11).

O trabalho está separado em três capítulos, que abordam inicialmente a


estrutura de ensino e aprendizagem matemática, em uma visão geral pós-pandemia,
os desafios da educação e quais a novas dificuldades no ensino, e o que dizem os
profissionais da educação em relação a implementação de novas abordagens.

Sugestões práticas para a aplicação da história da matemática como um


recurso de ensino, como iniciar um determinado tema e dar maior visão do que se
trabalha, além de exercitar também no docente a capacidade criativa de lidar com
perguntas de praxes na aula, como que as dificuldades encontradas em diversas
sociedades no tempo, levaram a tais descobertas.

E a fim de justificar tudo o que foi exposto anteriormente, dados e diálogos


entre o que determina uma aprendizagem efetiva da matemática, sugestões do que
seriam os próximos passos para uma melhor educação e escolarização.

CAPÍTULO I – O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO


MATEMÁTICO

1.1 A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

A matemática é uma ciência que tem por natureza um aspecto dedutivo, mas
também construtivo, uma vez que a sua atividade está relacionada com o que é
concreto e ligado ao que é real para o aluno. Além de trazer significados e desenvolver
o cognitivo para se trabalhar e pensar, não só no meio matemático (HUETE; BRAVO,
2006).

Proporcionando a capacidade criativa do aluno, uma postura mais


independente e questionadora frente a diversos problemas, não somente em aula,
mais em suas escolhas na vida.

Deste modo o pensamento matemático se deve principalmente ao que é


concreto para o aluno, no qual ele possa assimilar suas atividades com situações
cotidianas.
10

Por outro lado, sua forma abstrata e dedutiva por vezes não é capaz de criar
uma base com significados claros e então criando um desinteresse pelo aluno,
esquecendo de levar e considerar sua vivência e suas práticas matemáticas
cotidianas, como por exemplo fazer contas para o supermercado, noção geométrica
na hora de organizar algo em sua casa, articulando de maneira intuitiva a teoria com
a prática (HUETE; BRAVO, 2006).

Quando falamos em ensino, aprendizagem e conhecimento prévio, devemos


levar em consideração o que é aprendido fora das escolas, por exemplo a importância
do tempo livre e do convívio dos alunos com adultos e outros jovens na prática de
atividades que se relaciona com a matemática (ROSAMUND, 2009).

Segundo Piaget (1978), a construção do pensamento lógico-matemático é


resultado da ação mental da criança sobre o mundo, construído a partir de relações
que ela elabora nas suas atividades no se fazer e pensar e das ações sobre os
objetos, sendo assim ela não poderia ser ensinada na base de decorebas e repetições
cansativas, como se os alunos fossem um cantil a ser preenchido com informações
sem significados, impossibilitando o aluno de argumentar também sobre situações
abstratas, o que torna o ensino tradicional um fracasso.

De um ponto de vista mais atual, onde a educação em um todo foi afetada


diretamente pela pandemia da COVID-19, houve grandes mudanças e reformulações
do ensino tradicional, onde ficou instaurado o isolamento social para se evitar maior
propagação do coronavírus.

Dentre as grandes dificuldades encontradas na adaptação das aulas remotas,


parte falta de preparação dos docentes, parte falta por famílias mais desfavorecidas
socialmente, o ensino remoto trouxe a possibilidade de pôr o aluno como protagonista
da aula, deixando as aulas menos expositivas dando mais espaço para os alunos
questionarem e refletirem, expondo melhor suas dificuldades, tanto em aula, tanto na
sociedade.

A aprendizagem matemática, é de grande importância no desenvolvimento


cognitivo, com um vasto campo de problematizações de semelhanças e diferenças,
com aplicação a diversos fatores do conhecimento. (HUETE, 1998) ressalta a
importância de deixar claro que a matemática é uma criação da mente humana, e seu
11

ensino deve transformar-se em autênticos processos de descoberta por parte do


aluno. Não se aprende matemática, faz-se matemática.

Diante disso, surge a necessidade de uma aprendizagem criativa, significativa


e de acordo com a realidade social do aluno, pensando não só no ambiente escolar
mais também no território onde está inserida.

Abrindo então espaço para uma abordagem interdisciplinar da história da


matemática, trazer dos conceitos estudados, a discussão das necessidades da
época, assim como também as dificuldades que vivemos, possibilitando uma melhor
interpretação do que está sendo trabalhado em aula.

Segundo Haydt (2011, p.75) para que haja uma aprendizagem efetiva e
duradoura é preciso que existam propósitos definidos e autoatividade reflexiva dos
alunos. A partir desse pensamento, compreende-se que o processo de aprendizagem
matemática ocorre principalmente quando o aluno está motivado e interessado, o que
se deixa muitas vezes a desejar nos métodos de ensino tradicional, sendo nesse
sentido, inadequado e pouco funcional.

Portanto, é fundamental o papel do professor em trazer e desenvolver,


metodologias em que a matemática esteja mais próxima dos alunos, facilitando o
processo de aprendizagem, a reflexão e pró atividade dos alunos perante novos
desafios.

1.2 AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DO ENSINO E APRENDIZAGEM


MATEMÁTICA

Parte das grandes dificuldades, que se encontram atualmente sobre a


educação matemática, está diretamente ligada as formas e práticas de ensino, D’
Ambrósio (1984) aborda que a preocupação do ensino tradicional está quando o aluno
decora símbolos e fórmulas matemáticas, sem saber de onde vem e tão pouco como
serão usadas. Além, de geralmente faltar interesse por parte do professor em tornar
a matemática mais compreensível.

Se baseamos o ensino da matemática como uma mera imitação de modelos,


limitaremos as concepções e conceitos matemáticos, de forma a que, elas apenas
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funcionem em situações semelhantes aos modelos propostos. (D’AMBROSIO, 2006


Apud CARRETERO, 1988).

Desta forma quando se trabalha alguns modelos matemáticos, a história de


forma geral consegue levar uma melhor interpretação, as suas utilidades,
considerando ainda, o contexto histórico, não é necessariamente seguir uma ordem
cronológica.

Outra grande dificuldade encontrada pelos alunos, está na resolução de


problemas, este que deriva das práticas de ensino tradicional. Pois muitas vezes o
aluno não é levado refletir ou matematizar os problemas proposto.

Em uma concepção geral as aulas de matemáticas, são aulas expositivas, com


pouco ou nenhum espaço para o aluno interagir ou refletir. O professor passa os
conceitos, os alunos copiam e aplicam para determinados problemas apresentados.

Isto como consequência deixa os alunos desinteressados pela aula, atuando


de forma passiva e sem nenhuma necessidade de questionamentos. Aceitando a
crença de que a matemática é algo acabado sem necessidade de diferentes soluções.

Estás consequências na forma de ensino da matemática foram estudadas e


analisadas por Alan H. Schoenfeld (1985) em seu trabalho “Learning to Think
Mathematically: Problem Solving, Metacognition, and Sense Making in Mathematics”.
(Aprendendo a pensar matematicamente: resolução de problemas, metacognição e
criação de sentido na matemática).

Nesse mesmo pensamento Bruner (1960), enfatiza que é necessário defender


um estudo mais racional, mais sensível ao uso da mente, do que a simples
memorização e adaptação.

Esse enfoque em quantidades de exercícios, com nenhuma aplicação


aparente, criam um sentimento de incapacidade, abstraindo ainda mais a matemática
e distanciando os alunos, sem conseguir dominar sua linguagem e sempre com a
constante pergunta ou afirmação, qual a utilidade disto?!

Mesmo com tantos recursos e novas tecnologias disponíveis, o sentimento de


aversão à matemática ainda se encontra muito presente nos alunos, o que os leva a
não se dedicarem a disciplina, causando grandes índices de reprovação a partir do
13

sexto ano como apresenta Rosales (2011), que mesmo os não reprovados, não fica
evidenciado se ocorreu a efetiva aprendizagem da matemática pela maioria dos
alunos.

CAPÍTULO II A HISTÓRIA NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

2.1 POR QUE A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA?

Traremos alguns estudos envolvendo a história da matemática, que trazem


consigo considerações muito importantes, buscaremos neles explicações para o seu
uso no auxílio do ensino, Miguel (1993, Apud ZÚÑIGA, 1987), onde cita algumas
funções para se justificar o uso da história no ensino.

A primeira delas é a diversidade teórica das matemáticas, uma ruptura dos


postulados existentes, entre os campos distinto da matemática, onde ele assegura
que “a matemática não pode ser mais considerada um corpo teórico solido, seguro
único, absoluto e verdadeiro”. (ZÚÑIGA, 1987, p.15). De modo que as práticas
matemáticas apareceram como complexos constituídos de regiões autônomas,
onde as noções, os métodos e regras se revestem de um modo especial e local.

Ainda conseguir visualizar a construção matemática no tempo, mesmo que


não cronológica entender, que mesmo baseado em teorias passadas, ela continua
em produção. A natureza da matemática e sua história possuem um vasto campo
de experimentações, por meio dos quais é possível fazer grandes e importantes
reflexões e inclusive conduzir a ideias inovadoras e renovadoras

Assumindo o caráter empírico da matemática, reforça a necessidade e a


importância da história, Zúñiga a defende identificando a matemática como uma
ciência natural, cujo objeto não é o mesmo das outras ciências naturais, já que os
elementos matemáticos não existem por si só em um plano físico. Ou seja, ela
depende da interação do sujeito epistêmico e o objeto, o modo como ele olha para o
mundo, a partir desse ponto abstrair um contexto geral, para depois uma aplicação.
14

E a terceira ideia é o meio social que a história traz, o fator condicionante da


relação entre o sujeito e o objeto no ato do conhecimento, tendo o contexto social
poder para mudar a forma do sujeito agir e modificar a realidade do objeto, Zúñiga
cita também que esta abordagem histórica da matemática tem potencial para
motivar e esclarecer dúvidas sobre conceitos e teorias.

Phillip S. Jones no trabalho “historical topics for the mathematics classroom”


(tópicos históricos para a aula de matemática), ainda em 1969, traz grandes
contribuições, para entendermos melhores aspectos da histórica como uma
ferramenta de ensino poderosíssima.

Cuja cada capítulo de seu trabalho é um aporte histórico da matemática


separados por temas (exemplo: A história da álgebra; A história da geometria etc.),
inicialmente ele aborda a história como ferramenta de ensino e apresenta algumas
de suas principais características, que são a possibilidade de fazer o aluno ver a
matemática como criação humana de fato.

As razões de se fazer matemática, as necessidades praticas, econômicas e


afins que se nutrem da produção matemática, que a curiosidade é um grande
estimulante, gerar indagações e generalizações, ideias e teorias, tão importante
como saber o porquê de se aprender aquilo, é entender por que ela foi criada.

Outro trabalho muito importante, que reforçam as concepções já passadas,


“um olhar sobre a história nas aulas de matemática” de Lidiane Schimitz Lopes e
André Luis Andrejew Ferreira publicado em 2013. Afirma que a história pode
estimular o ensino, baseada em que se conhecer as origens dos assuntos de que se
gosta é uma curiosidade natural, e que nas escolas o ensino da matemática não
desperta esta curiosidade, já que se apresenta como algo que não tem mais nada a
ser descoberto ou inventado, e que sempre foram desta forma, abstrata e sem
contextualização.

A experiência docente traz esta questão sempre à tona, de que na vista dos
alunos, a matemática se encontra como uma disciplina isolada, como se os seus
conteúdos fossem de um mundo à parte, desta forma acredita-se que o
conhecimento do percorrer histórico da matemática pode dar uma compreensão
mais clara.
15

Então um dos principais pontos abordados por Lopes e Ferreira (2013), é de


que a metodologia onde se tem a história da matemática, torne as aulas de
matemática, mais interessantes e dinâmicas, que constrói um significado, levando a
reflexões sobre as diferentes matemáticas. (LOPES; FERREIRA, 2013, Apud.
SANTOS, 2009, p. 19), “é importante olhar para o passado para estudar
matemática, pois perceber as evoluções das ideias matemáticas observando
somente o estado atual dessa ciência não nos dá toda a dimensão das mudanças”.

Também temos importantes citações dos Parâmetros nacionais comuns, que


mostram a importância da história no ensino desta ciência.

Onde declara a necessidade de atenção quanto ao uso da história da


matemática como um recurso didático.

Apresentada em várias propostas como um dos aspectos


importantes da aprendizagem matemática, por propiciar compreensão mais
ampla da trajetória dos conceitos e métodos dessa ciência, a História da
Matemática também tem se transformado em assunto específico, um item a
mais a ser incorporado ao rol de conteúdos, que muitas vezes não passa
da apresentação de fatos ou biografias de matemáticos famosos. (BRASIL,
1997, p. 23).

Ainda dentro dos Parâmetros nacionais curriculares, temos vários objetivos


que se almeja alcançar no ensino da matemática no ensino fundamental II e ensino
médio, que podem ser auxiliados com a história:

• Ampliar e construir noções de medida, pelo estudo de diferentes grandezas,


a partir de sua utilização no contexto social e da análise de alguns dos
problemas históricos que motivaram sua construção;
• Do pensamento geométrico, por meio da exploração de situações de
aprendizagem que levem o aluno a resolver situações-problema de
localização e deslocamento de pontos no espaço, reconhecendo nas noções
de direção
• estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre
esses temas e conhecimentos de outras áreas curriculares.

Foram avaliadas algumas atividades que usaram a história da matemática, que


trazem alguns pontos já reforçados anteriormente, (DIAS et al. 2016) onde foi
16

inicialmente feito um questionário com três turmas diferentes do segundo ano do


ensino médio, onde neste questionário, que pergunta sobre o contato dos alunos com
a história e se gostariam de saber mais.

Como resultado mais de noventa por cento dos alunos dizem não ter
conhecimento e nunca tiveram contato, e que gostariam de conhecer a história da
matemática, com os seguintes porquês:

“Sim, se for melhor que a matemática comum”.

“Sim, porque eu nunca procurei saber”.

“Sim. Porque vai ser uma descoberta e vai ser interessante”.

“Sim, porque é um meio de saber como era a matemática anteriormente e é


bastante interessante”.

“Sim, porque não entendo quase nada”.

“Não, mas pretendo porque sei que vai ajudar e muito.”

Depois da aplicação de uma atividade sobre a combinatória no triangulo


aritmético proposta por Pascal (2013), ficou as seguintes conclusões de que a
abordagem, usando da história da matemática motivou os alunos, os manteve
interessados em aprender, segundo seus próprios relatos, foi uma experiencia muito
proveitosa e que aumento o desejo de saber mais sobre o assunto, não tendo
problemas adversos em referência ao tempo e seguindo paralelo ao programático das
metas propostas.

O que é condizente com o pensamento de Silva e Sousa (2021) sobre as


atividades matemáticas:

Consideramos que as atividades realizadas pelos alunos nas aulas


de Matemática devem ter suporte na investigação e na exploração, pois,
assim, a Matemática fluirá de modo natural no pensamento dos alunos, isto
é, surgindo a partir dos erros e dos acertos num processo construtivo e de
(re)descoberta. (SILVA e SOUSA, 2021, p.18).

2.2 A HISTÓRIA E AS AULAS DE MATEMÁTICA


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Neste capítulo, iremos olhar para alguns aspectos gerais na abordagem da


história da matemática, o que levar em consideração nas aulas, (MENDES;
CHAQUIAM, 2016) diz que uma questão bastante difícil é, assegurar qual a história
é adequada ou não no ensino e aprendizagem, tema que traz bastante
controvérsias por especialista no assunto. É necessário portanto esclarecer que
nem todas as informações e dados histórico, tem potencial para o ensino da
matemática.

Há de haver toda cautela principalmente na abordagem de histórias de fontes


não seguras, ou que apostam no imaginário, podendo ser trabalhado desde que
saiba explorar o imaginativo do material, para estimular a problematização e
criatividade do aluno, em “matematizar” o assunto e conectá-las ao programático
previsto.

Este questionamento quanto ao uso da história no ensino e aprendizagem,


como vimos no capítulo anterior é motivo de pesquisa e estudos nos últimos cinquenta
anos, claro que este tipo de abordagem não exclui nenhuma das outras funções, o
que visam com essas pesquisas e estudos, é fornecer suporte metodológico para
apoiar os professores a darem mais significado em suas aulas.

Mendes (2006) fala do uso da história matemática de acordo com o nível


educacional dos alunos, assim cabe ao professor adequar o uso da história
matemática, com as necessidades e panoramas de aprendizagem. Ainda também
enfatiza que a atividade não deve ser apenas refazer os passos do descobrimento de
um determinado conceito com a sua época, mas levantar possibilidades de
incorporação socioculturais, que sejam familiares e expliquem a sua realidade. Dessa
maneira as aulas se tornarão mais atraentes, permitindo um novo significado a
matemática de motivação e criatividade.

O que pode ser reafirmado por D’Ambrosio (1999):

O aspecto crítico, que resulta de assumir que a Matemática que está


nos currículos é um estudo de matemática histórica? E partir para um estudo
crítico do seu contexto histórico, fazendo uma interpretação das implicações
sociais dessa matemática. Sem dúvida isso pode ser mais atrativo para a
formação do cidadão. O aspecto lúdico associado ao exercício intelectual,
que é tão característico da matemática, e que tem sido totalmente
desprezado. Porque não introduzir no currículo uma matemática construtiva,
18

lúdica, desafiadora, interessante, nova e útil para o mundo moderno. O


enfoque histórico favorece destacar esses aspectos, que considero
fundamentais na educação matemática. (D´AMBROSIO, 1999, p. 270)

Desta maneira buscamos lucidar os discentes sobre a construção histórica,


cultural e social da matemática, mostrar os grandes conceitos em diversas práticas
no seu cotidiano, mostrar através da história da matemática, a arte de se aprender e
descobrir, sobre como podemos construir a nossa matemática atualmente, gerar
motivações e levá-los a querer conhecer mais sobre este campo do conhecimento
que, sempre tenderá ao infinito.

Chaquiam (2017) traz uma visão da aplicabilidade da história da matemática,


na introdução de questões de soluções quadráticas, chamada erroneamente de
fórmula de Bhaskara, erro presente em muito livros didáticos.

Ele apresenta a evolução dessa fórmula de resolver as famosas equações de


segundo grau, como era feito pelos babilônios no sistema de numeração sexagesimal,
até ela se torna o que é hoje, lembrando que a ideia é esclarecer os raciocínios feitos,
e as práticas aplicadas, não somente fazer a citação histórica do fato.

Então entendendo toda a construção apresentada a respeito da equação


quadrática, Chaquiam (2017) entende que a história da matemática não deve ser
trabalhada de forma isolada do ensino da matemática, mais como uma ferramenta
auxiliar na abordagem dos conteúdos.

Então nas palavras de Mendes e Chaquiam (2016):

Trata-se, mais concretamente, das histórias relacionadas aos


aspectos matemáticos em seu processo de criação, reinvenção e
organização lógica, estabelecido no tempo e no espaço com a finalidade de
sistematizar soluções de problemas de ordem sociocultural, científica e
tecnológica, em todos os tempos e lugares. (MENDES; CHAQUIAM, 2016,
p.19).

Sempre ressaltando que o objetivo, não é ensinar a história da matemática,


mais usá-la de maneira inteligente e organizada, para os fins pedagógicos.
Inicialmente quando o aluno faz algum questionamento, sobre os temas matemáticos,
a história pode desenvolver muito bem está resposta.
19

Mas pode ser que ele não está necessariamente querendo saber sua aplicação
pratica, ele poderá se contentar sabendo que o ajudara aumentar sua capacidade de
aprendizagem, no seu pensamento estratégico e logico.

E que estas competências são importantes para o seu futuro independente da


profissão que ele escolher, atividade cultural ou esportiva que ele pratique. Além de
que esse posicionamento, deixa um espaço aberto para um diálogo criativo.
(MENDES; CHAQUIAM, 2016).

Hoje os professores têm papel de suma importância no ensino aprendizagem,


quanto ao saber e a sua capacidade de aprender, saber equilibrar os momentos de
reflexão e de ação e prática, desta forma auxiliando-os a construir os seus próprios
conceitos.

Então (CHAQUIAM, 2017) acredita firmemente que a história da matemática


pode trazer, de fato grandes contribuições para o ensino da matemática, não somente
em respeito ao ensino e aprendizagem, mais também como cidadãos, e que este
trabalho pode beneficiar não só os estudantes, mais também os professores.

Entendendo a matemática como práticas culturais e sociais, o estudo da


história por parte dos professores, implicam em entender e fazer a transposição para
a matemática escolar, onde ela é sistematizada a um modelo de formação social e
intelectual.

CAPÍTULO III – PRÁTICAS PARA A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA

3.1 TALES DE MILETO E AS PIRÂMIDES DO EGITO.

A geometria é um campo vasto para experimentações da história da


matemática, a sua origem está ligada diretamente as práticas cotidianas
relacionadas ao plantio e construções, de grande importância para solucionar
problemas das antigas civilizações quanto a áreas e também movimento dos astros,
seu estudo iniciou-se na antiguidade, nas civilizações egípcia e babilônica, por volta
do século XX a.C. Acredita-se que sua origem situa-se no Egito, devido a
20

construção das pirâmides e outros monumentos, o qual não seriam possíveis de


serem feitos sem os devidos conhecimentos geométricos (EVES, 2011).

Uma grande problematização dá época, era a de fazer medições de alturas


inacessíveis, baseando se em Celestino (2020), traremos uma atividade sobre este
tema, sendo uma proposta para o 8º ano do ensino fundamental, ou ensino médio
para uso na trigonometria.

O objetivo é apresentar e reproduzir com os estudantes o episódio em que o


matemático grego Tales de Mileto encontra um método para medir a altura da
grande pirâmide Quéops.

Onde incialmente se faz uma breve introdução histórica das pirâmides do


Egito, e Tales de Mileto, onde não se consegue provar a veracidade das histórias
contadas, mas se diz que ele viajou pela Babilônia e pelo Egito, aprendeu a
Matemática desses povos, e em sua viagem pelo Egito Tales visitou as pirâmides e,
conforme contam muitos historiadores, lá foi desafiado a determinar a altura da
Grande Pirâmide Quéops.

Para tanto, Tales planta um bastão verticalmente na areia e espera até o


momento em que a sombra do bastão e o próprio bastão têm o mesmo tamanho,
neste exato momento Tales corre para medir a sombra da pirâmide, concluindo que
a altura da pirâmide seria igual ao comprimento de sua sombra, “protagonizando
assim um dos acontecimentos máximos da História da Geometria” (GARBI, 2006,
p.22)

Logo após a explicação, dar início ao conteúdo das semelhanças de


triângulos, e separá-los em grupos de 4 alunos, entregar uma folha para anotações
e uma fita para a medição das sombras de um objeto.

Orienta-los quanto aos cuidados na escolha do objeto, de maneira que seja


possível medir seu tamanho real para comparar os resultados encontrados nas
medidas das sombras, o professor pode deixar alguns a disposição, (como cabos de
vassouras), ao final da atividade dispor de tempo para os alunos terminarem os
cálculos, e discutirem os resultados.
21

3.2 NOÇÕES DE MEDIDAS.

Uma proposta para o 6º ano do ensino fundamental, a abordagem da origem


e evolução das medidas e grandezas, em particular o comprimento, é sempre muito
relevante inicialmente evidenciar que as primeiras ações em relação ao ato de
medir, ou a necessidade de medir, veio de povos antigos em uma série de tentativas
em padronizá-las para que fossem iguais a todos. Porém hoje é muito simples o ato
de medir, quase que automático, devido ao grande número de instrumentos, e
práticas de medição com precisão para definir o tamanho de galáxias até o tamanho
de átomos.

Seguindo uma sugestão de atividade, (SALANDIM, 2021) Uma maneira de


evidenciar essa construção humana em aula é pedir para que os alunos façam
medições de alguns objetos sem instrumentos de medidas convencionais, podendo
usar de partes de seu corpo, como dedos, pés e afins, e logo perceberão a
diferença entre si de unidades usadas, mesmo que todos usassem da mesma
medida como por exemplos polegares.

Há a possibilidade também de não caber uma unidade inteira, várias destas


questões deve ser discutida entre os alunos, até chegarem à conclusão que
instrumentos de medidas diferentes não podem chegar a resultados iguais.

O objetivo desta proposta é levar a reflexão e construção de um conceito


matemático, que defina um padrão que seja igual para todos, discutir as
importâncias das unidades padrão então depois desta discussão apresentar como
se deu o desenvolvimento das medidas que temos hoje.

3.3 O DESAFIO DE DIOFANTO DE ALEXANDRIA

Uma proposta para o 8º ano do ensino fundamental, como um tema inicial


para as equações de 1º grau, O desafio de Dionfanto é um problema matemático
famoso que proporciona a discussão do pensamento algébrico, Diofanto, sendo o
22

mais importante entre os algebristas gregos. se sabe muito pouco sobre sua vida, e
até a época em que viveu é desconhecida. Sua obra, nomeada “Aritmética”, com 13
livros, mais apenas seis chegaram aos nossos dias, através dos manuscritos gregos
de origem bizantina, e se tornaram conhecidos desde o Renascimento é possível
que, a Aritmética, era uma compilação e sistematização dos conhecimentos da
época. Ficou famoso pelas suas coleções de problemas envolvendo equações não
determinadas com solução engenhosa. Como geralmente envolvem números
inteiros, tais problemas costumam ser denominados Diofantinos. (CASTRO, 2016)

Eis o enigma:

“Caminhante! Este é o túmulo de Diofanto. Os números dirão a duração da


sua vida, cuja sexta parte foi ocupada por uma doce juventude. Decorreu mais uma
duodécima parte a sua vida até que o seu rosto se cobriu de pelos. Passou ainda
um sétimo da vida antes de tomar esposa e cinco anos depois teve um belo filho
que infelizmente, viveu apenas metade do que o pai viveu. Seu pai sobreviveu-lhe,
chorando, quatro anos. Diz caminhante quantos anos tinha Diofanto quando a morte
o levou?” (CASTRO, 2016).

O objetivo desta atividade é levar ao aluno, o pensamento algébrico, situando


a contextualização histórica, entender e interpretar a linguagem do problema a
resolver.

• cuja sexta parte foi ocupada por uma doce juventude, x/6
• Decorreu mais uma duodécima parte a sua vida até que o seu rosto se cobriu
de pelos, +x/12
• Passou ainda um sétimo da vida antes de tomar esposa, +x/7
• cinco anos depois teve um belo filho, +5
• viveu apenas metade do que o pai viveu, +x/2
• Seu pai sobreviveu-lhe, chorando, quatro anos, +4

x= x/6 + x/12 + x/7 + 5 + x/2 + 4

x = 84.

idade de Diofanto é 84 anos.


23

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para auxiliar o trabalho na análise do processo de ensino e aprendizagem


matemática, utilizou-se um referencial teórico que abarca a obra de J. C. Sánchez
Huete e J. A. Fernández Bravo em especifico o livro “O ensino da matemática:
fundamentos teóricos e bases psicopedagógicas” (2006), onde os autores mostram
resultados positivos do ensino e aprendizagem assim como a construção do
conhecimento matemático, que usaremos para validar alguns usos para a história da
matemática.

No que se diz ao respeito da história da matemática, como auxílio no ensino e


aprendizagem, já em 1993, Antônio Miguel, em seu trabalho “três estudos sobre a
história e educação matemática”, toma como objetivo explicitar os três pontos de
vistas pessoais do autor, sobre a relação da história e da matemática, como elas se
manifestam, vendo que está investigação já vem sendo feita há algum tempo, se
mostrando de grande base para as futuras pesquisas relacionadas ao assunto.

Durante o desenvolvimento, para trazer maior sensibilidade quanto ao correto


uso da história na matemática, Iran Abreu Mendes e Miguel Chaquiam, na obra
“História nas aulas de matemática: fundamentos e sugestões didáticas para
professores” (2016), trazem proposta e maneiras de lucidar a questão história e
matemática, com uma visão posta para professores e futuros professores, com um
material útil para a apresentação e discussão de tópicos de matemática na graduação
ou na matemática abordada na educação básica, assim essa intenção de propor a
inserção da história nas explicações matemáticas, podem mostrar os diversos modos
de um determinado tema, e como ele se desenvolveu no tempo.

Para compor as propostas de atividades, levando em consideração o que foi


tecido anteriormente, práticas que trazem objetivamente o uso da história na
aplicação de atividades correlatas ao programático, em relação ao grupo de estudo
do trabalho, ensino fundamental II e ensino médio.

METODOLOGIA
24

No que diz respeito a metodologia, utilizaremos uma abordagem no enfoque


qualitativo, o qual segundo, Minayo (2012), destaca centrar-se no ato de
compreender o objeto de estudo pela ótica da pessoa que lá está inserida, então
buscamos entender aspectos relacionados aos alunos quanto a aprendizagem
matemática, adiante buscar por dados em uma revisão bibliográfica, para as
práticas envolvendo a história da matemática, e sua potencialidade para o ensino.

Com enfoque especificamente no ensino fundamental II e ensino médio,


buscamos algumas bases nos Parâmetros curriculares nacionais (1998), para a
escolha de propostas de atividades que façam parte dos períodos escolhidos.

ARGUMENTAÇÃO E DISCUSSÃO

A presente pesquisa realizada, se mostra de grande valia quanto as


potencialidades do ensino, usando como auxílio o contexto histórico da ciência,
entretanto por que ela ainda não está tão presente na realidade dos alunos de
educação básica?

A dificuldade de implementação se mostra comum em outras pesquisas


relacionadas ao assunto, com alguns pontos em comuns, no que se diz respeito a
complexidade de inclui-la, Nobre (2011, p. 162 Apud FELICIANO, 2008, p.96), aponta
que a escassez de tempo em aula é fator determinante na sua aplicação, já que
determinadas atividades decorrem da necessidade de material e espaços não
corriqueiros para sua execução, correlato também ao comprimento do programático
estabelecido que parte não dispõe de tempo necessário.

Outro fator está ligado diretamente a formação de professores, que de modo


geral considera-se que não há subsídios que permitam usar a história da matemática
com segurança, que como conclusão o professor busque uma formação específica
que o auxilie na sua atuação como docente. (NOBRE; TEXEIRA; BARONI, 2011, p.
162)

Mesmo sendo uma grande ferramenta de auxílio na aprendizagem, o que se


mostra também em diversas pesquisas relacionadas a história da matemática, é a
25

falta de material didático que aborda o tema de maneira mais direta, subsídios de
práticas prontas para aplicação, não somente por parte da elaboração do docente.

Mesmos com as dificuldades apresentadas, a interdisciplinaridade da história


e da matemática é vista em boa perspectiva pelos resultados demonstrados, de uma
ótica otimista diversos autores a defendem com entusiasmo como grande fator de
ensino, e como grande fator de motivação.

Miguel e Miorim (2004), discute este fato, das relações existentes entre a
história da matemática e a aprendizagem, acreditando que a justificativa da
motivação, esteja associada apenas ao um momento de descontração, com uma
história com um conjunto de fatos jocosos ou picantes atribuídos a determinada
pessoa ou evento, mesmo sem ter muita clareza muitos professores a defendem
como grande ajuda na motivação dos alunos, por isto é tão importante a reflexão e
pesquisa da abordagem histórica no ensino da matemática e sua eficiência que
apresente índices claros do ponto cognitivo no ensino e aprendizagem.

Quanto ao entendimento da disciplina, acredita-se que a história da


matemática dispõe de explicações para a aplicação e prática de diversos conceitos
para os alunos, assim entregando maior confiabilidade e compreensão desta ciência,
como Miguel (1993), no seu ponto de vista ele traz a ideia de maior compreensão,
motivação e toda uma visão sociocultural de construção da matemática, e que estes
pontos se devem fundamentalmente a abordagem histórica.

Em concordância com o dito anterior Santos (2009), afirma que é necessário


olhar para o passado da matemática, para entendê-la, já que olhando para o cenário
atual não se tem uma visão ampla das mudanças desta ciência, ainda em
concordância D’Ambrósio (2012), afirma que a história da matemática é um grande
motivador, tomando os devidos cuidados para que os fatos históricos não fiquem a
modo de dar ao entender de que a matemática é descriminadora, para poucos
indivíduos abençoados, como aponta Vianna (1995).

Em respeito ao professor a história da matemática, pode mudar drasticamente


seu modo de vista acerca de como ensiná-la, o que consequentemente atinge o aluno
também em sua maneira de entendê-la, deixando a entender o quão enriquecedora
é a prática da interdisciplinaridade, mesmo que não citado diretamente por alguns
autores presentes no trabalhos, a posição de que você pode usar da história para
26

enriquecer as aulas da matemática implica logicamente a enriquecer as aulas em que


ela se relaciona (como exemplo: história, geografia, física, música e etc.),
aproximando e criando afinidades no aluno, pontos estes destacados por Fauvel e
Maanen (2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como conclusão, entendemos que ao propor aos estudantes conteúdos e


tarefas relacionado com a história da matemática, conseguimos levá-los a
compreender a construção de um pensamento, desenvolver o intelectual do aluno
não somente para casos específicos de matemática, trazendo vantagens na
resolução de atividades e dando ao aluno uma atitude investigativa com o objetivo de
suprir suas necessidades, mais do que decorar fórmulas e regras, o ensino da
matemática deve proporcionar aos alunos capacidade para que possam resolver, e
tomar decisões com mais afinidade com a sua realidade.

Considerando também as dificuldades de aplicação, principalmente quanto ao


tempo e disponibilidade para a execução de determinadas tarefas mais dinâmicas,
assim como a falta de práticas prontas para aplicação, o que se conclui é que há a
necessidade de maior reflexão no momento do ensinar, trazer não só do aluno
aspectos investigativos mais também instigar no professor inquietação para o
desenvolvimento de melhores práticas no ensino e aprendizagem.

Há a necessidade incessante de avanços em todas as áreas, assim a história


da matemática seguida de argumentos justificáveis, se põe como pratica de ensino
de grande importância para estabelecer relações de interesse e aprendizado, entre
os alunos e também professores, levando em consideração e atenção, o contexto em
que se insere a história, para esclarecer de que a matemática de antigamente, é
também responsável pelos avanços de hoje, com problemas diferentes, em tempos
diferentes, então a prática matemática sempre estará sujeita a evolução, trazendo
incrementos na resolução de atividades, usando também de novas tecnologias, e
27

despertando nos alunos e professores, características investigativas, que não


somente visam suprir necessidades, mas desenvolver novos conhecimentos e novas
formas de disseminar o conhecimento .

E estando de acordo com a ideia de que a história da matemática de fato,


auxilia no ensino matemático, pois assim como as antigas sociedades elas se
desenvolveram em base com o que viveu no passado, a matemática vista de um
ponto histórico, onde o método tradicional não funciona de modo efetivo na
atualidade, a história da matemática como auxílio no ensino matemático, é uma
grande ferramenta para moldar antigas práticas e atender os “novos alunos”, em seu
“novo tempo”

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