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TRÊS LAGOAS - MS
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
CAMPUS DE TRÊS LAGOAS
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA
EM REDE NACIONAL
TRÊS LAGOAS - MS
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
TRÊS LAGOAS - MS
2021
AGRADECIMENTOS
This work presents examples of practical math activities using high school concepts
applied in topography. Initially, a brief introduction to topography, its history, definitions, and
theoretical mathematical framework will be presented with all the demonstrations of the
concepts that will be used in practical activities. The topographic framework will help the
mathematics teacher to become more familiar with the issues related to topography. At the
end, the didactic project begins with the construction of a home-made theodolite, to make
the measurements of angles, after which there are the presentation of several examples of
practical activities involving the topography subjects such as the determination of vertical
and horizontal distances, determination the area of polygonal land and also the scale
representation of the surveys. So with these activities the teacher will have a very
attractive and contextualized teaching.
INTRODUÇÃO................................................................................................................... 12
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 87
12
INTRODUÇÃO
O texto foi organizado, pensando no professor que queira utilizar tais atividades
práticas em suas aulas, desta forma, foram detalhadas todas as etapas do processo e
apresentados todos os conhecimentos prévios necessários para a compreensão dos
conteúdos.
No Capítulo 1, foi realizada uma introdução à topografia apresentando que, desde
a antiguidade, o homem utiliza a matemática para fazer trabalhos ligados a topografia,
como demarcação de propriedades, construção de mapas e obras. Também serão
apresentadas as definições da topografia.
No Capítulo 2, será apresentado o referencial teórico matemático, com todos os
conceitos matemáticos necessários, que serão utilizados na aplicação das atividades.
Este capítulo tem grande relevância, pois servirá de apoio para que o professor mostre
para os alunos onde cada conteúdo da matemática será utilizado nas atividades
aplicadas.
No Capítulo 3, é apresentado o referencial teórico topográfico para que o
professor tenha todos os conhecimentos mínimos da área. Este capítulo servirá de
suporte, uma vez que a topografia não é a área de formação dos professores de
matemática. Tais conceitos o ajudarão para que ele possa estar preparado para sanar as
possíveis dúvidas dos alunos de forma clara e satisfatória, trazendo assim mais
segurança em suas aulas.
No Capítulo 4, será apresentado o projeto didático, com exemplos de atividades
práticas de matemática utilizando-se os conceitos de topografia. Este capítulo terá a
metodologia de como o professor poderá construir um instrumento topográfico caseiro,
para fazer as medições dos ângulos, e com esse, será possível determinar a medida de
distâncias inacessíveis, a altura de árvores ou edifícios, e também realizar o cálculo de
áreas em terrenos poligonais. Também será apresentado, de forma alternativa, o cálculo
de distâncias horizontais e áreas utilizando-se os conceitos da geometria esférica. Em
uma atividade de fechamento, tem-se a apresentação da escala como meio do aluno
representar o levantamento topográfico que foi realizado.
Com isso, os alunos terão uma ótima oportunidade de estar aprendendo
conceitos de uma área inexplorada por eles, podendo estimular em alguns alunos o
interesse de seguirem o caminho das ciências exatas.
14
1. INTRODUÇÃO À TOPOGRAFIA
2.1 ÂNGULO
Fonte: Autor.
duração do giro do sol em relação a Terra era de 360 dias, com isso 1° seria equivalente o
arco percorrido pelo Sol em um dia.
Fonte: Autor.
radiano, como sendo o número de vezes que o arco referente ao ângulo pode ser dividido
com comprimento do raio.
19
Fonte: Autor.
Nas atividades práticas será necessária a medição de ângulos, de modo que seja
possível determinar as medidas de distâncias inacessíveis e posteriormente a área da
superfície do local.
FONTE: Autor.
𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐².
O teorema de Pitágoras será utilizado no cálculo de distâncias verticais, em um
exemplo prático com uma torre inclinada.
̅̅̅̅̅
Considere dois segmentos de mesma origem 𝐴𝐶 ̅̅̅̅̅
𝑛 e 𝐴𝐵𝑛 , tal que o menor ângulo
entre eles denominado de 𝜃 é agudo, ou seja, 0 < 𝜃 < 90°, trace perpendiculares sobre o
̅̅̅̅̅
𝐴𝐵𝑛 assim formaremos vários triângulos retângulos de acordo com a figura 2.5, note que
todos estes triângulos serão semelhantes pelo caso 𝐴𝐴, pois temos 𝜃 ângulo em comum
e o outro ângulo devido as perpendiculares.
FONTE: Autor.
̅̅̅̅
𝐵𝐶 ̅̅̅̅̅̅̅
𝐵 1 𝐶1
̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐵𝑛−1 𝐶𝑛−1 ̅̅̅̅̅̅̅
𝐵𝑛 𝐶𝑛
𝑠𝑒𝑛 𝜃 = = =⋯= = ,
̅̅̅̅
𝐴𝐶 ̅̅̅̅̅
𝐴𝐶1 ̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴𝐶𝑛−1 ̅̅̅̅̅
𝐴𝐶 𝑛
̅̅̅̅
𝐴𝐵 ̅̅̅̅̅1
𝐴𝐵 ̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴𝐵 𝑛−1
̅̅̅̅̅
𝐴𝐵𝑛
𝑐𝑜𝑠 𝜃 = = =⋯= = ,
̅̅̅̅
𝐴𝐶 ̅̅̅̅̅
𝐴𝐶1 ̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴𝐶𝑛−1 ̅̅̅̅̅𝐴𝐶𝑛
̅̅̅̅
𝐵𝐶 ̅̅̅̅̅̅̅
𝐵1 𝐶1 ̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐵𝑛−1 𝐶𝑛−1 ̅̅̅̅̅̅̅
𝐵𝑛 𝐶𝑛
𝑡𝑔 𝜃 = = =⋯= = .
̅̅̅̅
𝐴𝐵 ̅̅̅̅̅
𝐴𝐵1 ̅̅̅̅̅̅̅̅
𝐴𝐵𝑛−1 ̅̅̅̅̅
𝐴𝐵𝑛
Nesta seção temos a lei dos senos, este conceito será utilizado nas atividades
práticas para determinar distância a pontos inacessíveis. Será demonstrado o teorema
para cada natureza do triângulo.
Teorema (Lei dos Senos) 2.2: Seja um triângulo qualquer, temos que a proporção do
quociente da medida de um lado, pelo seno do ângulo oposto, equivale ao quociente das
medidas de quaisquer dos outros lados, pelos senos dos seus ângulos opostos
respectivamente.
FONTE: Autor.
𝑎 𝑏 𝑐
= = .
𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛽
24
FONTE: Autor.
𝑎 𝑏 𝑐
= = .
𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑠𝑒𝑛𝛼 𝑠𝑒𝑛𝛽
Nesta seção temos a lei dos cossenos, esse conceito será utilizado nas atividades
práticas para determinar a distância entre dois pontos ambos inacessíveis, a lei dos
cossenos é uma generalização do teorema de Pitágoras. A demonstração será
apresentada analisando as naturezas do triângulo
Teorema (Lei dos Cossenos) 2.3: Considere um triângulo qualquer, temos que o
quadrado da medida de um dos lados, equivale a soma dos quadrados das medidas dos
outros dois lados, subtraído o dobro do produto das medidas desses lados, pelo cosseno
do ângulo compreendido entre eles.
FONTE: Autor.
26
𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 − 2. 𝑏. 𝑐. 𝑐𝑜𝑠𝜃 .
FONTE: Autor.
𝑥
𝑐𝑜𝑠𝛼 = ⟹ 𝑥 = 𝑏. 𝑐𝑜𝑠𝛼 . (2.16)
𝑏
No triângulo ∆𝐵𝐶𝐻 usando o teorema de Pitágoras, temos:
𝑎2 = ℎ2 + (𝑥 + 𝑐)2 , (2.17)
substituindo (2.15) em (2.17), obtemos:
𝑎2 = 𝑏 2 − 𝑥 2 + (𝑥 + 𝑐)2 ⟹ 𝑎2 = 𝑏 2 − 𝑥 2 + 𝑥 2 + 2. 𝑐. 𝑥 + 𝑐 2
𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 + 2. 𝑐. 𝑥,. (2.18)
substituindo (2.16) em (2.18):
𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 + 2. 𝑏. 𝑐. 𝑐𝑜𝑠𝛼 . (2.19)
Como 𝛼 + 𝜃 = 180°, então 𝑐𝑜𝑠𝛼 = - 𝑐𝑜𝑠𝜃, substituindo em (2.19), obtemos:
𝑎2 = 𝑏 2 + 𝑐 2 − 2. 𝑏. 𝑐. 𝑐𝑜𝑠𝜃 .
Está demonstrado a lei do cosseno para 90° < 𝜃 < 180°, para um terceiro caso
no triângulo retângulo com 𝜃 = 90°, não necessita fazer a demonstração, pois 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 0,
e neste caso, a relação ficaria idêntica ao teorema de Pitágoras.
A área de uma região poligonal em um plano pode ser calculada por várias formas,
de acordo com a característica e informações do polígono, intuitivamente a área será um
valor positivo. Nas próximas subseções, veremos alguns tipos de polígonos e como
podemos calcular suas áreas.
Uma das atividades dos topógrafos é determinar a área da superfície de um local,
assim, a seguir, será apresentado fórmulas para calcular área de alguns polígonos, como
o quadrado, retângulo, paralelogramo e triângulo, e para outros polígonos com quantidade
maior de lados a estratégia será dividir a superfície do polígono e determinar a área de
cada parte separada.
28
Á𝑟𝑒𝑎(𝐴𝐵𝐶𝐷) = 𝑙 2 .
FONTE: Autor.
FONTE: Autor.
29
FONTE: Autor.
triângulos tem a mesma área, logo a área do triângulo ∆𝐴𝐵𝐷 será a metade do
paralelogramo 𝐴𝐵𝐶𝐷.
1 1
Á𝑟𝑒𝑎(𝐴𝐵𝐷) = . Á𝑟𝑒𝑎(𝐴𝐵𝐶𝐷) = . 𝑏. ℎ
2 2
𝑏. ℎ
Á𝑟𝑒𝑎(𝐴𝐵𝐷) = .
2
FONTE: Autor.
Ainda sobre o estudo da área do triângulo, veremos mais duas variações de como
pode ser calculado a área do triângulo.
Figura 2.14: Área do triângulo em função da medida de dois lados e o ângulo compreendido
FONTE: Autor.
FONTE: Autor.
(−𝑎2 + 𝑏 2 + 𝑐 2 ) (−𝑎2 + 𝑏 2 + 𝑐 2 )
ℎ2 = (𝑏 − ) . (𝑏 + )
2𝑐 2𝑐
2
𝑎2 − 𝑏 2 − 𝑐 2 + 2𝑏𝑐 −𝑎2 + 𝑏 2 + 𝑐 2 + 2𝑏𝑐
ℎ =( ).( )
2𝑐 2𝑐
2
[𝑎2 − (𝑏 − 𝑐)²]. [−𝑎2 + (𝑏 + 𝑐)²]
ℎ =
4𝑐²
4𝑐 2 ℎ2 = [𝑎2 − (𝑏 − 𝑐)²]. [−𝑎2 + (𝑏 + 𝑐)²]
4𝑐 2 ℎ2 = (𝑎 + 𝑏 − 𝑐). (𝑎 − 𝑏 + 𝑐). (𝑎 + 𝑏 + 𝑐). (−𝑎 + 𝑏 + 𝑐). (2.26)
Como o semiperímetro do triângulo ∆𝐴𝐵𝐶 é representado por:
𝑎+𝑏+𝑐
𝑝= ⟹ 2𝑝 = 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 . (2.27)
2
33
FONTE: Autor.
0 = (𝑂𝑀2 − 𝐴𝑀2 ) + (𝑂𝑁 2 − 𝐴𝑁 2 ) − 2. 𝑂𝑀. 𝑂𝑁. cos(𝑎) + 2. 𝐴𝑀. 𝐴𝑁. cos(𝐴̂). (2.34)
subtraindo (2.31) de (2.34), temos:
−2𝐴𝑂2 = −2. 𝑂𝑀. 𝑂𝑁. cos(𝑎) + 2. 𝐴𝑀. 𝐴𝑁. cos(𝐴̂),
2. 𝑂𝑀. 𝑂𝑁. cos(𝑎) = 2𝐴𝑂2 + 2. 𝐴𝑀. 𝐴𝑁. cos(𝐴̂), (2.35)
dividindo (2.35) por 2. 𝑂𝑀. 𝑂𝑁, temos:
𝐴𝑂 𝐴𝑂 𝐴𝑁 𝐴𝑀
cos(𝑎) = . + . . cos(𝐴̂) . (2.36)
𝑂𝑀 𝑂𝑁 𝑂𝑀 𝑂𝑁
substituindo as razões trigonométricas (2.28) em (2.36), temos:
De forma análoga segue a lei dos cossenos esféricos para os outros ângulos:
O tripé, representado na figura 3.5, é outro acessório, que serve para apoiar os
instrumentos de medição como teodolito, nível de luneta, estação total e GNSS. Este
acessório vem com três garras, sendo uma em cada perna, para facilitar a fixação no
terreno e garantir a verticalidade do tripé. Suas pernas são ajustáveis para melhor
regulação, na parte superior temos um nível bolha para auxiliar no posicionamento
perfeito do tripé. Na última parte temos uma base nivelada para a fixação dos
instrumentos de medição.
40
Temos o nível luneta, outro instrumento topográfico, formado por uma luneta e um
nível esférico, utilizado para fazer medidas de distâncias verticais em dois ou mais pontos,
podendo ser utilizado com o auxílio de mira falante (consiste em uma régua graduada
com divisões demarcadas). Possuem a capacidade de medir ângulos verticais, porém,
neste caso, não possuem uma grande precisão. Segue a representação do nível luneta
na figura 3.8.
42
medições dos outros pontos no plano topográfico girando o instrumento, caso algum
ponto não seja visível para a estação total, pode-se mudar o instrumento para outro ponto
que já foi levantado a sua coordenada.
Considerando como um grande avanço no levantamento de coordenadas temos o
GNSS (Sistema Global de Navegação por Satélite). Neste caso irá trabalhar com a
coordenada real do ponto topográfico, este instrumento está ligado a uma rede de
satélites que com sinal via rádio vão mostrar qual coordenada tridimensional do ponto
onde se localiza o instrumento.
3.3 ESCALAS
Ainda na figura 3.10, temos em 3.10(0) o ângulo interno, pois está interno no
polígono, em 3.10(3) o ângulo externo pois está externo no polígono, em 3.10(2), temos
os ângulos de deflexão sendo a linha pontilhada o alinhamento, o ângulo medido a direita
até o prolongamento representa a deflexão a direita, e também, temos medindo a
esquerda do alinhamento a deflexão esquerda. Representados em 3.10(1), temos os
ângulos de orientação, que neste caso necessita saber a localização do norte (N),
medindo a partir do Norte, no sentido anti-horário, temos o azimute e o menor ângulo
partindo neste caso do Norte o rumo.
FONTE: Autor.
FONTE: Autor.
FONTE: Autor.
49
FONTE: Autor.
medições das ordenadas, conforme a necessidade. Assim, cada ponto de medição terá
sua coordenada, sendo a abscissa no alinhamento de suporte e a ordenada. Este método
geralmente é aplicado como auxiliar no levantamento por poligonação.
Para ter exatidão nas medições, é recomendado utilizar uma mira no smartphone.
Esta mira pode ser feita com canudo fixado na lateral do aparelho com fita adesiva,
conforme figura 4.2. Desta forma, o usuário estará olhando pelo canudo até o ponto que
pretende fazer a medição, assim sua visão terá o foco necessário, facilitando os
apontamentos. Este processo é o mesmo para os dois modelos de teodolito.
FONTE: Autor
54
O teodolito 1, tem fabricação fácil e com materiais acessíveis, ideal para ser
construído juntamente com os alunos na própria escola. Os materiais necessários são:
smartphone, canudo, cabo de vassoura, duas placas com rigidez suficiente para suportar
o peso do smartphone, dois parafusos ou pregos, elásticos e fita adesiva, segue os
materiais apresentados na figura 4.3. As medidas das placas são as mesmas do
smartphone utilizado, nas medições na largura, pode ser acrescentado a largura do
canudo, para fixar as placas no cabo de vassoura e deverá ser feito um furo no centro de
cada placa.
FONTE: Autor
FONTE: Autor
Para fazer a medição dos ângulos utilizando o teodolito 1, são necessários dois
alunos, um aluno para segurar firme a base do teodolito mantendo-o na posição vertical
(no aplicativo referência [15] tem a função nível bolha para verificar a posição vertical), e o
outro aluno faz o apontamento olhando pelo canudo até o outro ponto de medição,
coletando a medida do ângulo no aplicativo, em relação a posição do smartphone,
conforme a figura 4.5. Lembrando que para cada tipo de ângulo horizontal ou vertical, tem
a sua extremidade no teodolito.
56
FONTE: Autor
FONTE: Autor
Para fazer medição com o teodolito 2, é necessário apenas um aluno que faz o
apontamento, pois o tripé tem a estabilidade necessária. Segue, da mesma forma,
fazendo o apontamento olhando pelo canudo até o ponto de medição, coletando a
marcação do ângulo no aplicativo, conforme figura 4.7. Também, neste teodolito, temos
para cada tipo de ângulo (horizontal ou vertical) a posição correta do smartphone.
FONTE: Autor
58
A diferença entre os dois modelos de teodolito é a firmeza que o suporte traz para
o apontamento. No caso do teodolito 1, é necessário que o aluno que vai segurar o cabo
de vassoura, o segure firme na posição vertical para que a medição fique precisa, pois se
movimentar o suporte, o aplicativo oscila o valor do ângulo, este problema não acontece
com o suporte de tripé no teodolito 2, pois neste caso os três apoios ajustáveis permitem
que o tripé fique imóvel.
FONTE: Autor
Ainda com o teodolito posicionado no vértice 𝑂̂, faça o apontamento para o outro
̅̅̅̅), e observe na bússola o valor da orientação,
ponto, aqui denominado de B (semi reta 𝑂𝐵
neste exemplo foi de 20,7° 𝑁𝐸, conforme a figura 4.9. Este ângulo é medido a partir do
̅̅̅̅.
Norte até a semi reta 𝑂𝐵
FONTE: Autor
̂ B.
Figura 4.10: Determinando o ângulo AO
FONTE: Autor
Coloque o teodolito em uma posição que seja possível avistar o topo da árvore,
utilizando a posição do teodolito para medição de ângulos verticais (no teodolito 1 temos a
posição na figura 4.4(C) e no teodolito 2 temos a posição na figura 4.6(B)), selecione a
função de medir ângulo no aplicativo, e coloque o smartphone na posição de ângulo 0°,
neste caso é a posição horizontal, e conforme a figura 4.11, temos o posicionamento do
teodolito, no alinhamento da árvore.
61
FONTE: Autor
Próximo passo, segue olhando pela mira do canudo, apontando o aparelho para o
ponto mais alto da árvore, e colete o valor do ângulo apresentado no teodolito, conforme a
figura 4.12, temos a representação dessa etapa.
FONTE: Autor
62
FONTE: Autor
Uma situação problema referente a este caso será apresentado na figura 4.14, no
primeiro passo, com uma trena métrica, o professor demarca dois pontos distantes em 50
metros denominados como 𝐴 e 𝐵. Neste momento, o professor pode relembrar a aula
sobre lei dos senos, falando que seria este o conhecimento matemático aplicado nesta
situação. Denominando o objeto que deseja descobrir a distância como ponto 𝐶,
formando um triângulo ∆𝐴𝐵𝐶. Utilizando o teodolito caseiro, posicionando-o no vértice 𝐵,
faz-se a medição do ângulo 𝐴𝐵̂ 𝐶 e, da mesma forma, posicionando o teodolito no vértice
𝐴 descobre-se o ângulo 𝐵𝐴̂𝐶, e com as medidas destes ângulos segue a resolução com a
lei dos senos.
FONTE: Autor.
Seguindo na figura 4.14, temos as medidas dos ângulos 𝐴𝐵̂ 𝐶 = 88,7° e 𝐵𝐴̂𝐶 =
89,3°, e como a soma dos ângulos internos do triângulo é 180°, temos que o ângulo 𝐴𝐶̂ 𝐵=
180° − 88,7° − 89,3°, logo 𝐴𝐶̂ 𝐵= 2°. Usando a lei dos senos apresentado na seção 2.4
obtemos:
𝐴𝐶 𝐴𝐵
=
𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐵̂ 𝐶) 𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐶̂ 𝐵)
𝑥 50
=
𝑠𝑒𝑛(88,7°) 𝑠𝑒𝑛(2°)
64
50. 𝑠𝑒𝑛(88,7°)
𝑥=
𝑠𝑒𝑛(2°)
𝑥 = 1432,32 𝑚 .
Exemplo 4.4: Determinar a distância horizontal entre dois pontos ambos inacessíveis.
FONTE: Autor.
No triângulo ∆𝐴𝐵𝐶, temos o ângulo 𝐴𝐶̂ 𝐵 = 180° − 74,1° − 46,5° − 54,2° = 5,2°,
̂ 𝐵 = 180° − 62,3° − 54,2° − 46,5° = 17°.
no triângulo ∆𝐴𝐵𝐷, temos o ângulo 𝐴𝐷
Utilizando a lei dos senos no triângulo ∆𝐴𝐵𝐷, obtemos:
𝐵𝐷 𝐴𝐵
=
𝑠𝑒𝑛(𝐵𝐴̂𝐷) ̂ 𝐵)
𝑠𝑒𝑛 (𝐴𝐷
𝐵𝐷 50
=
𝑠𝑒𝑛 (54,2° + 62,3°) 𝑠𝑒𝑛(17°)
50. 𝑠𝑒𝑛(116,5°)
𝐵𝐷 =
𝑠𝑒𝑛(17°)
𝐵𝐷 = 153,05 𝑚 .
𝐵𝐶 50
=
𝑠𝑒𝑛(54,2°) 𝑠𝑒𝑛(5,2°)
50. 𝑠𝑒𝑛(54,2°)
𝐵𝐶 =
𝑠𝑒𝑛(5,2°)
𝐵𝐶 = 447,45 𝑚 .
𝑥 = 431,41 𝑚 .
Temos que a distância entre os dois locais avistado pelo professor é de 431,41
metros.
Portanto, quando for necessário medir distâncias pequenas, pode-se utilizar
diretamente a trena métrica, nos casos mais distantes, segue a recomendação de estar
utilizando os conteúdos lei dos senos e lei dos cossenos, sendo necessário a medição de
alguns ângulos com o teodolito.
66
Deve ser iniciada demarcando os vértices da região poligonal a ser levantada com
as balizas para fazer a medição dos ângulos internos. Segue, na figura 4.16, um exemplo
da demarcação dos vértices do terreno.
FONTE: Autor.
triângulos tenham um vértice em comum, pois assim não será necessário posicionar o
teodolito no vértice em comum, facilitando o levantamento topográfico. A medição dos
ângulos será feita posicionando o teodolito em cada vértice, os cálculos das distâncias
utilizam a lei dos senos, sendo necessário saber a medida de pelo menos um dos lados
dos triângulos. A medida deste lado pode ser feita utilizando-se a trena métrica ou
utilizando um aplicativo que disponibilize este valor, por exemplo, temos o software
gratuito Google Earth, que disponibiliza a distância retilínea entre pontos.
Na figura 4.17, temos um exemplo de como fazer a decomposição do terreno em
triângulos, neste caso temos o vértice A em comum. Caso tenha algum vértice com difícil
acesso, pode-se estar utilizando-o como o vértice em comum, pois assim, não será
necessário o posicionamento do teodolito neste local.
FONTE: Autor.
̂ 𝐸 = 45,7°. Como a soma dos ângulos internos do triângulo é 180°, logo temos que o
𝐴𝐷
ângulo 𝐷𝐴̂𝐸 = 180° − 109,7° − 45,7° = 24,6°.
Segue o cálculo das distâncias dos lados do triângulo, utilizando a lei dos senos
no triângulo ∆𝐴𝐷𝐸:
𝐷𝐸 𝐴𝐷
=
𝑠𝑒𝑛(𝐷𝐴̂𝐸) 𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐸̂ 𝐷)
70 𝐴𝐷
=
𝑠𝑒𝑛(24,6°) 𝑠𝑒𝑛(109,7°)
70. 𝑠𝑒𝑛(109,7°)
𝐴𝐷 =
𝑠𝑒𝑛(24,6°)
𝐴𝐷 = 158,31 𝑚.
𝐷𝐸 𝐴𝐸
=
𝑠𝑒𝑛(𝐷𝐴̂𝐸) ̂ 𝐸)
𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐷
70 𝐴𝐸
=
𝑠𝑒𝑛(24,6°) 𝑠𝑒𝑛(45,7°)
70. 𝑠𝑒𝑛(45,7°)
𝐴𝐸 =
𝑠𝑒𝑛(24,6°)
𝐴𝐸 = 120,35 𝑚.
158,31 𝐶𝐷
=
𝑠𝑒𝑛(63,8°) 𝑠𝑒𝑛(30,2°)
158,31. 𝑠𝑒𝑛(30,2°)
𝐶𝐷 =
𝑠𝑒𝑛(63,8°)
𝐶𝐷 = 88,75 𝑚.
69
𝐴𝐷 𝐴𝐶
=
𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐶̂ 𝐷) ̂ 𝐶)
𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐷
158,31 𝐴𝐶
=
𝑠𝑒𝑛(63,8°) 𝑠𝑒𝑛(86°)
158,31. 𝑠𝑒𝑛(86°)
𝐴𝐶 =
𝑠𝑒𝑛(63,8°)
𝐴𝐶 = 176,01 𝑚.
176,01 𝐵𝐶
=
𝑠𝑒𝑛(83,1°) 𝑠𝑒𝑛(35,2°)
158,31. 𝑠𝑒𝑛(35,2°)
𝐵𝐶 =
𝑠𝑒𝑛(83,1°)
𝐵𝐶 = 102,20 𝑚.
𝐴𝐶 𝐴𝐵
=
𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐵̂ 𝐶) 𝑠𝑒𝑛(𝐴𝐶̂ 𝐵)
176,01 𝐴𝐵
=
𝑠𝑒𝑛(83,1°) 𝑠𝑒𝑛(61,7°)
158,31. 𝑠𝑒𝑛(61,7°)
𝐵𝐶 =
𝑠𝑒𝑛 (83,1°)
𝐵𝐶 = 156,10 𝑚 .
√𝑝2 . (𝑝2 − 𝐴𝐷). (𝑝2 − 𝐶𝐷). (𝑝2 − 𝐴𝐶) + √𝑝3 . (𝑝3 − 𝐴𝐶). (𝑝3 − 𝐵𝐶). (𝑝3 − 𝐴𝐵)
Á𝑟𝑒𝑎(𝐴𝐵𝐶𝐷𝐸) = 18892,7 𝑚2 .
71
segue do Polo Norte até o Polo Sul, sendo o eixo principal de origem do meridiano de
longitude 0°.
Latitude é a distância do arco medida em graus, partindo da linha do Equador até
um ponto na superfície terrestre, no sentido Linha do Equador para o Polo Norte(N) temos
a variação de 0° a 90°, com valores positivos, no sentido Linha do Equador para o Polo
Sul(S) temos a variação de 0° a 90° com valores negativos. Segue na figura 4.18(a) a
representação dos Polos Norte e Sul, da linha do Equador e da latitude.
Longitude é a distância do arco medida em graus, partindo do Meridiano de
Greenwich até um ponto qualquer na superfície terrestre, no sentido do Meridiano de
Greenwich para Leste(E) temos a variação de 0° a 180° com valores positivos, no sentido
do Meridiano de Greenwich para Oeste(W) temos a variação de 0° a 180° com valores
negativos. Segue na figura 4.18(b) a representação do Meridiano Greenwich e da
longitude.
FONTE: Autor.
Ainda na figura 4.19(a), temos que os ângulos 𝐴𝑂̂𝐷 = 𝐴𝑂̂𝐸 = 90°, com isso
obtemos os seguintes valores:
cos(𝑏) = cos(90° − 𝐿𝑎𝑡. 2) = 𝑠𝑒𝑛(𝐿𝑎𝑡. 2),
cos(𝑐) = cos(90° − 𝐿𝑎𝑡. 1) = 𝑠𝑒𝑛(𝐿𝑎𝑡. 1),
𝑠𝑒𝑛(𝑏) = 𝑠𝑒𝑛(90° − 𝐿𝑎𝑡. 2) = cos(𝐿𝑎𝑡. 2),
𝑠𝑒𝑛(𝑐) = 𝑠𝑒𝑛(90° − 𝐿𝑎𝑡. 1) = cos(𝐿𝑎𝑡. 1).
Substituindo na lei dos cossenos no triângulo esférico, temos a equação:
𝑐𝑜𝑠 (𝑑𝑖𝑠𝑡. ) = 𝑠𝑒𝑛(𝐿𝑎𝑡. 2). 𝑠𝑒𝑛(𝐿𝑎𝑡. 1) + cos(𝐿𝑎𝑡. 2) . cos(𝐿𝑎𝑡. 1) . cos(𝐿𝑜𝑛𝑔. 1 − 𝐿𝑜𝑛𝑔. 2).
Exemplo 4.6: Calcular a distância de Três Lagoas - MS na coordenada Latitude: 20° 45’
35'' Sul, Longitude: 51° 41’ 42'' Oeste, até Campo Grande -MS na coordenada Latitude
20° 28’ 53’’ Sul, Longitude 54° 36’ 58’’ Oeste, e qual o erro esférico para esta distância?
Á𝑟𝑒𝑎(𝐴𝐵𝐶𝐷) = 39983,2 𝑚2 .
Com isso, temos que a área do terreno é 39983,2m², está atividade pode ser
aplicada em um laboratório de informática, para que os alunos tenham acesso as outras
ferramentas que os auxiliarão no desenvolvimento do levantamento com coordenadas
geográficas, e também juntamente com o professor de geografia poderá estar explorando
software de navegação geográfica gratuitos como Google Maps para o cálculo de
distâncias entre cidades.
𝐶𝐷. 𝑇𝑔(17,6°)
𝐶𝐷 − = 20. 𝑇𝑔(17,6°)
𝑇𝑔(24,6°)
𝑇𝑔(17,6°)
𝐶𝐷. (1 − ) = 20. 𝑇𝑔(17,6°)
𝑇𝑔(24,6°)
20. 𝑇𝑔(17,6°)
𝐶𝐷 =
𝑇𝑔(17,6°)
(1 − )
𝑇𝑔(24,6°)
𝐶𝐷 = 20,7𝑚.
Logo, a altura do edifício será a distância 𝐶𝐷 = 20,7𝑚, acrescentado à altura do
teodolito 1,5m, ou seja, altura = 20,7 + 1,5 = 22,2𝑚.
Em outro estudo de caso, pode acontecer de ter uma torre inclinada perto do local
da aula prática, neste caso, a altura até o solo não será o comprimento real do objeto,
nesse exemplo, será necessário fazer alguns cálculos para chegar nesses valores.
Temos, na figura 4.23, uma torre que após problemas estruturais saiu de sua
posição vertical ficando inclinada, na qual deseja-se descobrir qual é a sua altura do solo
e o comprimento da torre em sua extensão inclinada.
FONTE: Autor.
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FONTE: Autor.
𝐵′𝐶′ 𝑥 1
= = ,
𝐵𝐶 20000𝑐𝑚 5000
𝑥 = 4𝑐𝑚.
O professor pode propor aos alunos que eles realizem a representação do terreno
que eles fizeram o levantamento topográfico. Para executar esta atividade será
necessário um transferidor, régua e papel.
Voltando no Exemplo 4.5, do levantamento topográfico citado na seção 4.4.1,
temos, na figura 4.25(a), as medidas dos lados e os ângulos internos, coletados segundo
atividade apresentada, assim usaremos esses valores para fazer a representação gráfica.
FONTE: Autor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
[2] B. BOYER, Carl; História da Matemática, São Paulo: Edgard Blucher, 1974.
[5] BOTELHO Manoel Henrique Campos, PRADO Jarbas de Francischi Jr, SILVA Lyrio
de Paula; ABC DA TOPOGRAFIA: Editora BLUCHER, 2018.
[7] BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Resolução CEB
n.3, 1998.
[8] LIMA, Elon Lages, CARVALHO, Paulo Cezar Pinto, WAGNER, Eduardo,
MORGADO, Augusto Cézar; Temas e Problemas, 3ª edição: Rio de Janeiro,
Sociedade Brasileira de Matemática, 2003.
[9] LIMA, Elon Lages, CARVALHO, Paulo Cezar Pinto, WAGNER, Eduardo,
MORGADO, Augusto Cézar; Temas e Problemas Elementares, 2ª edição: Rio de
Janeiro, Sociedade Brasileira de Matemática, 2006.
[10] MACHADO José Coelho Júnior, CARTAXO Fernando Rolim Neto, CARTAXO Júlio
da Silva Correa de Oliveira; Topografia Geral: Recife, EDUFRPE, 2014.
88
[12] VEIGA, Luiz Augusto Koenig, ZANETTI, Maria Aparecida Zehnpfennig, FAGGION,
Pedro Luis; Fundamentos de Topografia: Universidade Federal do Paraná, 2012.
[14] ZANELLA, Idelmar André. Geometria esférica: uma proposta de atividades com
aplicações. Londrina-PR, 2013. Dissertação (Mestrado Profissional em Matemática
em Rede Nacional) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina-PR, 2013.
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https://play.google.com/store/apps/details?id=com.stfactory.anglemeter&hl=pt_BR&
gl=US > Acesso em: 10 Novembro de 2020.