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concurso público
procurador do município
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Nome do candidato
ausente
Assinatura do candidato
concurso público
procurador do município
Foi editado pelo Município um decreto com a finalidade de desapropriar um imóvel para construção de um estabelecimen-
to de educação. Foi proposta ação judicial de desapropriação na Vara da Fazenda do Município e oferecido o valor de
R$ 100.000,00 (cem mil reais), apurado em laudo de avaliação elaborado pela área técnica do Município. Foi requerida a
imissão provisória na posse, sob o fundamento de que as obras deveriam ser imediatamente iniciadas, para que a escola
pudesse ser inaugurada no início do ano letivo de 2021. O proprietário do terreno, após ser citado, concordou expressa-
mente com o valor proposto pela Municipalidade. Entretanto, o juiz extinguiu o processo, sem julgamento do mérito, com os
seguintes fundamentos: i) não foi comprovada a urgência que justificasse a imissão provisória na posse; ii) não houve prova
da necessidade de construção da escola, tendo em vista que já existiriam muitos estabelecimentos de ensino no município;
iii) as partes deveriam, antes da ação de desapropriação, ter se utilizado dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos,
tais como arbitragem e mediação, razão pela qual não haveria interesse de agir no processo. Não há obscuridade, contra-
dição ou omissão na decisão que extinguiu o processo sem julgamento do mérito. O Procurador do Município foi intimado
pessoalmente, por meio eletrônico, no dia 02.03.2020.
H O
U N
S C
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H O
U N
S C
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PROCURADOR
O
O Município, pessoa jurídica de Direito Público, CNPJ n ____, com sede no endereço____, representado pelo
Procurador do Município, RG___, CPF____, que exerce sua função pública no endereço___ não se conformando com a
decisão proferida que extinguiu o processo sem julgamento do mérito, com fundamento no art. 1.009 do Código de
Processo Civil, vem apresentar RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo a intimação do apelado, proprietário do imóvel
desapropriado, RG___, CPF____, residente e domiciliado no endereço___, para que apresente, se quiser, suas
contrarrazões.
Após, requer a remessa ao Egrégio Tribunal de Justiça, para julgamento das razões em anexo.
Procurador do Município
RAZÕES DE APELAÇÃO.
DOS FATOS.
O Município ajuizou ação de desapropriação de um imóvel necessário à construção de um estabelecimento de ensino. Foi
depositado o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), com base em laudo de avaliação produzido pelo Município. O
proprietário do terreno concordou com o valor oferecido pela Municipalidade. Entretanto, o juiz de primeira instância
extinguiu o processo sem julgamento do mérito, sob o argumento de que não teria sido comprovada a urgência que
justificasse a imissão provisória na posse; não haveria prova da necessidade de construção da escola, tendo em vista que
já existiriam muitos estabelecimentos de ensino no município; as partes deveriam, antes da ação de desapropriação, ter se
valido dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos, tais como arbitragem e mediação, razão pela qual não haveria
interesse de agir no processo.
Entretanto, a decisão deve ser modificada pelas razões seguintes:
Qualquer ilegalidade ou abuso de poder deve ser objeto de controle pelo Judiciário. Entretanto, não é o que ocorre no
presente caso. Não se permite que o Poder Judiciário substitua a decisão do Poder Executivo de desapropriar como meio
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para a consecução de uma política pública que deve ser formulada e executada pela Administração Pública . O juiz não
pode analisar, como o fez no presente caso, a conveniência ou não de realizar uma obra pública, por entender, por
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exemplo, que a Administração não deveria construir uma escola . Trata-se de função unicamente administrativa a escolha
de uma obra pública a ser feita pelo Administrador, quando necessária, mesmo que existam também outras necessidades
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que não possam ser prontamente atendidas .
Assim, não poderia o juiz entender que não seria conveniente e oportuna a decisão legítima da Municipalidade em cumprir
sua função constitucional de prover educação pública, construindo mais uma escola e, para tanto, desapropriar um imóvel.
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“Aferir a conveniência ou não de realizar uma obra pública, como da utilidade ou não de chamar ao patrimônio do Estado
um bem particular, é função puramente administrativa, que só o Poder Executivo pode exercer, tendo em consideração as
verbas disponíveis e a visão conjunta das obras a empreender”. (NAKAMURA, André Luiz dos Santos. A justa e prévia
indenização na desapropriação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 72)
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“Entretanto, o juiz não pode analisar, por exemplo, a conveniência ou não de realizar uma obra pública, por entender, por
exemplo, que a Administração deveria construir uma escola e não um posto de saúde, quando ambos são necessários”
(NAKAMURA, André Luiz dos Santos. Desapropriação: comentários ao Decreto-Lei nº 3.365/41. Belo Horizonte: 2021,
Fórum, p. 68)
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“Aferir a conveniência ou não de realizar uma obra pública, como da utilidade ou não de chamar ao patrimônio do Estado
um bem particular, é função puramente administrativa, que só o Poder Executivo pode exercer tendo em consideração as
verbas disponíveis e a visão conjunta das obras a empreender”. (FAGUNDES, M. Seabra. Da desapropriação no direito
brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1949, p. 169)
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“A urgência, para o poder público, será conveniente hoje, inconveniente amanhã; será oportuna hoje, inoportuna amanhã.
No entanto, alegada hoje, continua a vigorar até que o poder público decida o contrário, revogando o ato. É essa
relatividade do conceito, ligado a fatos que ocorrem num lugar e numa época, que o colocam na esfera de apreciação do
administrador, legitimando-lhe a simples alegação imotivada, incontrastável pelo Poder Judiciário”. (CRETELLA
JUNIOR, José. Tratado geral da desapropriação. Rio de Janeiro: Forense, 1980, vol. 2, p. 39)
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“Entendemos que a Administração é o único árbitro da urgência de que se revista determinada obra ou serviço, que deva
executar”. (SALLES, José Carlos de Moraes. A Desapropriação à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. São Paulo: RT,
2006, 5ª edição, pág. 349)
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“Se o expropriado, entretanto, puder demonstrar de modo objetivo e indisputável que a alegação de urgência é inverídica,
o juiz deverá negá-la, pois, evidentemente, urgência é um requisito legal para a imissão provisória, e não uma palavra
mágica, que, pronunciada, altera a natureza das coisas e produz efeito por si mesma”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira
de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 22ª edição, 2007, p. 847/848 – grifos nossos)
Concurso Público
o
desapropriação judicial. O Decreto-lei n 3.365/41 é claro no sentido de ser optativa a mediação ou arbitragem na
desapropriação:
Art. 10-B. Feita a opção pela mediação ou pela via arbitral, o particular indicará um dos órgãos ou instituições
especializados em mediação ou arbitragem previamente cadastrados pelo órgão responsável pela
o
desapropriação. (Incluído pela Lei n 13.867, de 2019 – grifo nosso!)
Interpretar a mediação e arbitragem como etapa obrigatória da ação de desapropriação é uma ofensa ao princípio da
o
inafastabilidade do controle jurisdicional, previsto no art. 5 , XXV da Constituição Federal. Dessa forma, a sentença deve
ser alterada.
DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer:
a) a concessão da tutela de urgência;
b) o conhecimento e provimento do presente recurso;
c) o julgamento da presente demanda, declarando a procedência da desapropriação.
Procurador do Município
Pontuação
Descrição
máxima
a Qualificação das partes 4
Dos fatos 4
Pedido 4
b Tempestividade 10
c Concordância do expropriado 15
d Controle judicial da necessidade de desapropriar 15
e Controle judicial da urgência 12
f Inexistência do dever de uso da arbitragem/mediação 12
Concurso Público
g Tutela provisória 12
h Causa madura 12
i Descontos -3
Total 100
Observações:
1. Problemas relacionados à falta de objetividade, clareza, ortografia e ao não emprego da norma culta da língua
portuguesa implicarão em prejuízo da nota atribuída.
2. Quanto ao item “c”, a mera menção na peça de que houve a concordância não atende ao item, sendo necessário
informar a consequência jurídica dela decorrente (necessidade de homologação, na forma do art. 22 do Decreto-lei
no 3.365/41)
3. Quanto ao item “g”, necessário o pedido expresso de tutela provisória, com indicação e fundamenação da
existência de seus requisitos.
4. Quanto ao item “h”, necessária a fundamentação da possibilidade de julgamento da causa diretamente pelo
Tribunal.
5. O endereçamento incorreto da peça ocasiona a atribuição de nota zero (0), conforme item 8.2.3, alínea “b” do
edital.