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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ

ESTADO DE SÃO PAULO

concurso público

002. Prova Prático-Profissional

procurador do município

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE JUNDIAÍ
ESTADO DE SÃO PAULO

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002. Prova Prático-Profissional

procurador do município

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Peça Processual

Foi editado pelo Município um decreto com a finalidade de desapropriar um imóvel para construção de um estabelecimen-
to de educação. Foi proposta ação judicial de desapropriação na Vara da Fazenda do Município e oferecido o valor de
R$ 100.000,00 (cem mil reais), apurado em laudo de avaliação elaborado pela área técnica do Município. Foi requerida a
imissão provisória na posse, sob o fundamento de que as obras deveriam ser imediatamente iniciadas, para que a escola
pudesse ser inaugurada no início do ano letivo de 2021. O proprietário do terreno, após ser citado, concordou expressa-
mente com o valor proposto pela Municipalidade. Entretanto, o juiz extinguiu o processo, sem julgamento do mérito, com os
seguintes fundamentos: i) não foi comprovada a urgência que justificasse a imissão provisória na posse; ii) não houve prova
da necessidade de construção da escola, tendo em vista que já existiriam muitos estabelecimentos de ensino no município;
iii) as partes deveriam, antes da ação de desapropriação, ter se utilizado dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos,
tais como arbitragem e mediação, razão pela qual não haveria interesse de agir no processo. Não há obscuridade, contra-
dição ou omissão na decisão que extinguiu o processo sem julgamento do mérito. O Procurador do Município foi intimado
pessoalmente, por meio eletrônico, no dia 02.03.2020.

Como Procurador do Município, ajuíze a medida cabível, no último dia do prazo.


Para contagem do prazo, utilize-se do calendário a seguir, sendo que os dias destacados são feriados.

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Concurso Público

PROCURADOR

RESPOSTA ESPERADA E FUNDAMENTAÇÃO

EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA

O
O Município, pessoa jurídica de Direito Público, CNPJ n ____, com sede no endereço____, representado pelo
Procurador do Município, RG___, CPF____, que exerce sua função pública no endereço___ não se conformando com a
decisão proferida que extinguiu o processo sem julgamento do mérito, com fundamento no art. 1.009 do Código de
Processo Civil, vem apresentar RECURSO DE APELAÇÃO, requerendo a intimação do apelado, proprietário do imóvel
desapropriado, RG___, CPF____, residente e domiciliado no endereço___, para que apresente, se quiser, suas
contrarrazões.

Após, requer a remessa ao Egrégio Tribunal de Justiça, para julgamento das razões em anexo.

Jundiaí, 14 de abril de 2020.

Procurador do Município

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

RAZÕES DE APELAÇÃO.

DOS FATOS.
O Município ajuizou ação de desapropriação de um imóvel necessário à construção de um estabelecimento de ensino. Foi
depositado o valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais), com base em laudo de avaliação produzido pelo Município. O
proprietário do terreno concordou com o valor oferecido pela Municipalidade. Entretanto, o juiz de primeira instância
extinguiu o processo sem julgamento do mérito, sob o argumento de que não teria sido comprovada a urgência que
justificasse a imissão provisória na posse; não haveria prova da necessidade de construção da escola, tendo em vista que
já existiriam muitos estabelecimentos de ensino no município; as partes deveriam, antes da ação de desapropriação, ter se
valido dos meios extrajudiciais de resolução de conflitos, tais como arbitragem e mediação, razão pela qual não haveria
interesse de agir no processo.
Entretanto, a decisão deve ser modificada pelas razões seguintes:

DA CONCORDÂNCIA DO EXPROPRIADO COM O VALOR OFERECIDO


O expropriado concordou com o valor ofertado pelo Município. Logo, não seria caso de extinção do processo, e sim de
o
aplicar a norma do art. 22 do Decreto-lei n 3.365/41, o qual prevê que, havendo concordância sobre o preço, o juiz o
homologará por sentença no despacho saneador. Dessa forma, não poderia o juiz ter julgado extinto o processo sem
julgamento do mérito, visto que deveria ter homologado por sentença a concordância da parte expropriada com o valor
oferecido.

DA IMPOSSIBILIDADE DO JUIZ DE CONTESTAR A EXISTÊNCIA DE INTERESSE PÚBLICO – OFENSA AO PRINCÍPIO


DA SEPARAÇÃO DOS PODERES
o o
Conforme previsão do art. 9 do Decreto-lei n 3.365/41, ao Poder Judiciário é vedado, no processo de desapropriação,
decidir se se verificam ou não os casos de utilidade pública. Tal norma deve ser interpretada de acordo com a Constituição
o
Federal, em consonância com o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, previsto no art. 5 , XXV da
Constituição Federal, na forma a seguir:
Concurso Público

Qualquer ilegalidade ou abuso de poder deve ser objeto de controle pelo Judiciário. Entretanto, não é o que ocorre no
presente caso. Não se permite que o Poder Judiciário substitua a decisão do Poder Executivo de desapropriar como meio
1
para a consecução de uma política pública que deve ser formulada e executada pela Administração Pública . O juiz não
pode analisar, como o fez no presente caso, a conveniência ou não de realizar uma obra pública, por entender, por
2
exemplo, que a Administração não deveria construir uma escola . Trata-se de função unicamente administrativa a escolha
de uma obra pública a ser feita pelo Administrador, quando necessária, mesmo que existam também outras necessidades
3
que não possam ser prontamente atendidas .
Assim, não poderia o juiz entender que não seria conveniente e oportuna a decisão legítima da Municipalidade em cumprir
sua função constitucional de prover educação pública, construindo mais uma escola e, para tanto, desapropriar um imóvel.

DA IMPOSSIBILIDADE DE CONTROLE JUDICIAL DA DECLARAÇÃO DE URGÊNCIA PARA FINS DE IMISSÃO


PROVISÓRIA NA POSSE NA DESAPROPRIAÇÃO.
O Poder Judiciário não pode substituir o Poder Executivo e indeferir a imissão provisória na posse alegada pela
o
Municipalidade. O art. 15 do Decreto-lei n 3.365/41 impõe como condições para o deferimento da imissão provisória na
posse a alegação de urgência e o pagamento do preço. A urgência que justifica a imissão provisória na posse seria matéria
de mérito, ou seja, uma decisão decorrente de um juízo de conveniência e oportunidade do Poder Executivo que não
poderia ser objeto de controle pelo juiz4, sob pena de ofensa ao princípio da separação dos Poderes5. Mesmo que se
entenda passível de controle a alegação de urgência, esta somente poderia ser contratada em razão de sua evidente
inexistência6, o que não se verifica no presente caso, pois a imissão é necessária para que a escola possa ser inaugurada
no início do ano letivo de 2021.

DA INEXISTÊNCIA DO DEVER DE USO DA MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM


Inexiste o dever de prévia tentativa de mediação e arbitragem para o uso da ação judicial de desapropriação. O poder
público expropriante poderá, discricionariamente, recursar o procedimento da mediação ou arbitragem e optar pela

1
“Aferir a conveniência ou não de realizar uma obra pública, como da utilidade ou não de chamar ao patrimônio do Estado
um bem particular, é função puramente administrativa, que só o Poder Executivo pode exercer, tendo em consideração as
verbas disponíveis e a visão conjunta das obras a empreender”. (NAKAMURA, André Luiz dos Santos. A justa e prévia
indenização na desapropriação. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2013, p. 72)
2
“Entretanto, o juiz não pode analisar, por exemplo, a conveniência ou não de realizar uma obra pública, por entender, por
exemplo, que a Administração deveria construir uma escola e não um posto de saúde, quando ambos são necessários”
(NAKAMURA, André Luiz dos Santos. Desapropriação: comentários ao Decreto-Lei nº 3.365/41. Belo Horizonte: 2021,
Fórum, p. 68)
3
“Aferir a conveniência ou não de realizar uma obra pública, como da utilidade ou não de chamar ao patrimônio do Estado
um bem particular, é função puramente administrativa, que só o Poder Executivo pode exercer tendo em consideração as
verbas disponíveis e a visão conjunta das obras a empreender”. (FAGUNDES, M. Seabra. Da desapropriação no direito
brasileiro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1949, p. 169)
4
“A urgência, para o poder público, será conveniente hoje, inconveniente amanhã; será oportuna hoje, inoportuna amanhã.
No entanto, alegada hoje, continua a vigorar até que o poder público decida o contrário, revogando o ato. É essa
relatividade do conceito, ligado a fatos que ocorrem num lugar e numa época, que o colocam na esfera de apreciação do
administrador, legitimando-lhe a simples alegação imotivada, incontrastável pelo Poder Judiciário”. (CRETELLA
JUNIOR, José. Tratado geral da desapropriação. Rio de Janeiro: Forense, 1980, vol. 2, p. 39)
5
“Entendemos que a Administração é o único árbitro da urgência de que se revista determinada obra ou serviço, que deva
executar”. (SALLES, José Carlos de Moraes. A Desapropriação à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. São Paulo: RT,
2006, 5ª edição, pág. 349)
6
“Se o expropriado, entretanto, puder demonstrar de modo objetivo e indisputável que a alegação de urgência é inverídica,
o juiz deverá negá-la, pois, evidentemente, urgência é um requisito legal para a imissão provisória, e não uma palavra
mágica, que, pronunciada, altera a natureza das coisas e produz efeito por si mesma”. (MELLO, Celso Antônio Bandeira
de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 22ª edição, 2007, p. 847/848 – grifos nossos)
Concurso Público
o
desapropriação judicial. O Decreto-lei n 3.365/41 é claro no sentido de ser optativa a mediação ou arbitragem na
desapropriação:

Art. 10-B. Feita a opção pela mediação ou pela via arbitral, o particular indicará um dos órgãos ou instituições
especializados em mediação ou arbitragem previamente cadastrados pelo órgão responsável pela
o
desapropriação. (Incluído pela Lei n 13.867, de 2019 – grifo nosso!)

Interpretar a mediação e arbitragem como etapa obrigatória da ação de desapropriação é uma ofensa ao princípio da
o
inafastabilidade do controle jurisdicional, previsto no art. 5 , XXV da Constituição Federal. Dessa forma, a sentença deve
ser alterada.

DO PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA


Deve ser concedida a imissão provisória na posse de forma imediata. Estão presentes os requisitos para a imissão
o
provisória na posse, previstos no art. 15 do Decreto-lei n 3.365/41, quais sejam, a urgência e o depósito do preço. Se não
for concedida a imediata imissão provisória na posse, não será possível concluir as obras do estabelecimento de ensino
que se pretende construir, para inaugurá-lo no início do ano letivo de 2021. Assim, existe o risco de demora que pode tornar
inútil o provimento jurisdicional, em detrimento de toda a coletividade que depende da existência da nova escola.

DA CAUSA MADURA – POSSIBILIDADE DO JULGAMENTO DO MÉRITO DIRETAMENTE PELO TRIBUNAL


A presente causa já está madura para julgamento. O valor oferecido para o pagamento da indenização ao expropriado foi
aceita por este, bem como é fundamentada em laudo de avaliação. Tendo sido aceita a oferta do preço, este Tribunal pode
julgar a desapropriação procedente, homologando por sentença a concordância do expropriado, na forma do art. 22 do
Decreto-lei no 3.365/41, julgando com resolução do mérito esta demanda, na forma do inciso I do § 3 o do art. 1.013 do
Código de Processo Civil.

DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer:
a) a concessão da tutela de urgência;
b) o conhecimento e provimento do presente recurso;
c) o julgamento da presente demanda, declarando a procedência da desapropriação.

Jundiaí, 14 de abril de 2020.

Procurador do Município

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO E GRADE

Pontuação
Descrição
máxima
a Qualificação das partes 4
Dos fatos 4
Pedido 4
b Tempestividade 10
c Concordância do expropriado 15
d Controle judicial da necessidade de desapropriar 15
e Controle judicial da urgência 12
f Inexistência do dever de uso da arbitragem/mediação 12
Concurso Público

g Tutela provisória 12
h Causa madura 12
i Descontos -3
Total 100
Observações:
1. Problemas relacionados à falta de objetividade, clareza, ortografia e ao não emprego da norma culta da língua
portuguesa implicarão em prejuízo da nota atribuída.
2. Quanto ao item “c”, a mera menção na peça de que houve a concordância não atende ao item, sendo necessário
informar a consequência jurídica dela decorrente (necessidade de homologação, na forma do art. 22 do Decreto-lei
no 3.365/41)
3. Quanto ao item “g”, necessário o pedido expresso de tutela provisória, com indicação e fundamenação da
existência de seus requisitos.
4. Quanto ao item “h”, necessária a fundamentação da possibilidade de julgamento da causa diretamente pelo
Tribunal.
5. O endereçamento incorreto da peça ocasiona a atribuição de nota zero (0), conforme item 8.2.3, alínea “b” do
edital.

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