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III CUBEDESIGN-V-TT&C

Sumário
4. Modelo Comportamental 9
4.1. Definições importantes 9
4.1.1. Sistema reativo 9
4.1.2. Ambiente 10
4.1.3. Modo 10
4.1.4. Evento 10
4.1.5. Ação 10
4.1.6. Diagrama de máquina de estado 10
5. Modelo RF e Caracterização dos Enlaces de Comunicação 12
5.1. Parâmetros de Análise 12
5.1.1. Distância Máxima dos Links 12
5.2. Potência Recebida 13
5.3. EIRP (Effective Isotropic Radiated Power) 13
5.4. Perdas no Espaço Livre 13
5.5. Perdas por Polarização 14
5.6. Ruídos 14
5.7. Perdas Suplementares 15
5.8. Parâmetro de desempenho do link de comunicação 15
5.9. Margem de Link (dB) 16
6. Desafio 17
6.1. Entradas 17
6.2. Modelo Comportamental do TT&C 17
6.3. Passo de simulação 17
6.4. Tempo total de simulação 18
6.5. Interface entre os modelos 18
6.6. Modos de Operação 18
6.7. Modelo de Condicionamento de Sinais RF 19
6.8. Saídas 19
6.9. Entregas 19

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6.9.1. Modelos 19
6.9.2. Manual do TT&C 20
6.10. Considerações finais 20
7. Avaliações 21
7.1. Critérios de desempate 22

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1. Lista de Revisões

Revisão Descrição Data


0.0 Documento original 29/09/2022

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2. Informações Gerais
O CubeDesign é uma competição de desenvolvimento de nanossatélites. Percebendo a
necessidade de uma aproximação com a sociedade, foi criado o CubeDesign para ressaltar a
importância das atividades espaciais.

Se de um lado, o CubeDesign, a exemplo de outras competições de engenharia, estimula o


desenvolvimento de habilidades profissionais essenciais, por outro lado, gera a curiosidade das
pessoas na competição, atraindo cada vez mais público para conhecer um pouco mais sobre a
importância da área espacial para a sociedade. Essa iniciativa permite a aproximação entre os
tradicionais atores do programa espacial com a nova geração, interessada no desenvolvimento
de nanossatélites.

Na categoria CubeSat da terceira edição virtual do CubeDesign, as equipes terão a


oportunidade de desenvolver atividades de Modelagem e Simulação de Sistemas Espaciais,
fundamentais para análise de uma missão espacial.

2.1. Escopo

Este documento é parte integrante da competição educacional III CubeDesign Virtual 2022 -
Categoria CubeSat, onde seus participantes são desafiados a resolverem problemas
relacionados à modelagem de sistemas contextualizada no desenvolvimento de CubeSats.

A competição se estabelece em dois pilares de ensino: exposição de conteúdos teóricos e


ensino baseado em problemas (aqui chamados desafios). Ao longo da competição serão
fornecidas palestras de capacitação relacionados a temas de relevância para o projeto de
sistemas espaciais, a fim de servir de base para os desafios deste ano que serão divididos em
duas etapas. A primeira etapa diz respeito a plataforma do nanossatélite, tendo desafios de:
Subsistema de determinação e controle de atitude, Subsistema de suprimento de energia,
Subsistema de Telecomando e Telemetria, e Subsistema de computador de bordo. A segunda
etapa trata-se da carga útil do nanossatélite, no qual é apresentado o desafio de aplicação.

As equipes participantes serão pontuadas de acordo com a sua performance em cada desafio.
Este documento detalha o desafio do Subsistema de Rastreio, Telemetria e Comandos (TT&C).

O cronograma para este desafio é apresentado na Tabela 1.

Tabela 1: Datas importantes.

Data Evento

17/10/2022 Início das inscrições

08/11/2022 Fim das inscrições

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31/10/2021 Cerimônia de Abertura e Divulgação dos desafios

Capacitações https://www.youtube.com/c/CubeDesignINPE

12/12/2022 Entrega final dos desafios pelas equipes

22/12/2022 Cerimônia de Encerramento do III CubeDesign Virtual 2022

Acesse o site do evento para mais informações sobre o prazo de inscrição e outros desafios.

2.2. Documentos de referência

Wertz, J. R., Everett, D. F., & Puschell, J. J. (2011). Space mission engineering:
[DR0]
The new SMAD. Hawthorne, CA: Microcosm Press.
[DR1] AMSAT. Tools for Spacecraft and Communication Design
Wieringa R.J. Design Methods for Reactive Systems: Yourdon, Statemate, and the
[DR2]
UML. Morgan Kaufmann Publishers, ISBN:1558607552, 2003.

Baduel R., Bruel J-M, Ober I., Doba E. Definition of states and modes as general
[DR3] concepts for system design and validation. 12e Conference Internationale de
Modelisation, Optimisation et Simulation (MOSIM 2018), 2018.

Lopes M. Notas de aula de Modelagem de sistemas espaciais – Finite State Machine.


[DR4]
INPE, 2019.
[DR5] Eickhoff J. Simulating Spacecraft Systems. Springer Verlag Berlin Heidelberg, 2009.

2.3. Limitações

Apesar do desafio refletir em boa medida o que é praticado para simular a análise do TT&C,
abaixo são listadas algumas limitações e simplificações para este desafio:

● A simulação será realizada em nível de subsistema e não considera todos os aspectos a


nível de componentes.
● Todas as simulações representam uma prova de conceito, em direção a escolha de uma
solução para uma missão em particular. Desse modo, os desafios não têm caráter de
simular um projeto detalhado.
● O desafio considera situações hipotéticas. Sendo assim, em uma missão real, algumas
abordagens precisam ser adaptadas de modo que o modelo e, consequentemente, o
resultado da simulação, seja fiel à necessidade da missão.
● O desafio descrito aqui não tem relação direta com nenhuma edição passada do
CubeDesign.
● Como os desafios serão realizados no MATLAB/Simulink, adotar-se-á no contexto deste
documento, o ponto como separador decimal.
● A fim de facilitar os testes, é mandatório que as equipes utilizem a mesma designação
para nome das variáveis, definidas neste documento.

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● Não serão tratadas questões de rastreio e/ou rastreio de portadora.


● Não serão tratadas questões de identificação de comandos, apenas processamento de
sinais recebidos.
● Não serão tratadas questões de medidas de distância e velocidade (ranging e
ranging-rate).

2.4. Lista de Abreviações e símbolos

EPS - Electrical Power Supply Subsystem (Subsistema de suprimento de Energia)


OBDH - On-board data handling (computador de bordo)
TT&C - Telemetry, Tracking, and Command Subsystem (Subsistema de Rastreio,
Telemetria e Comando)
W - Watts
V - Volts
NA - Não aplica
B - Byte
ADCS - Attitude Determination and Control Subsystem (Subsistema de Determinação
e Controle de Atitude)
PLD - Payload (Carga Útil)

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3. Introdução
O subsistema de Rastreio, Telemetria e Comandos (TT&C) ou subsistema de comunicação
provê a interface entre o satélite e os sistemas solo [DR0].

As funções do subsistema incluem:

● Rastreio por sinal de portadora


● Recepção e detecção de comandos
● Modulação e transmissão de telemetrias
● Medidas de distância (ranging) e velocidade (ranging-rate)
● Operação do subsistema

A fim de modelar o TT&C, devemos considerar três pontos do projeto: requisitos, restrições e
regulamentações. Em geral, requisitos para as comunicações incluem:

● Tipos de sinais a serem transmitidos


● Capacidade
● Cobertura geográfica
● Potência do Sinal
● Conectividade
● Disponibilidade
● Tempo de vida

Restrições que podem limitar o TT&C podem vir de diferentes fontes. Restrições de Potência e
Alimentação, restrições de massa, interferência e compatibilidade eletromagnética, custo etc.

As leis internacionais influenciam muito o projeto do subsistema TT&C. Já que todos os


satélites, em órbita, se comunicam entre si e com solo via radiofrequência, devemos levar em
consideração questões de interferência nos sinais, geração de ruídos, o custo de se utilizar
recursos compartilhados e limitados. A regulamentação é aplicada sobre [DR0], [DR1]:

● Frequências desejadas para a comunicação


● Atribuição de órbita
● Potência do Sinal desejado na superfície

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4. Modelo Comportamental
Os satélites em missões espaciais são projetados para trabalharem de maneira semi autônoma,
visto que, após a inserção em órbita, só é possível acessar o satélite via telecomandos. Além
disso, como uma missão espacial possui alto custo, mesmo se aplicado a nanossatélites, o
conhecimento prévio de cada momento da vida do satélite é de suma importância para um
engenheiro de sistemas.

O modelo comportamental de um nanossatélite, e de seus subsistemas, deve ser predito em


sua fase inicial de desenvolvimento ao elencar, dentre outros, os principais modos de
operação.

Dessa forma, o objetivo principal da primeira parte do desafio é ajudar os participantes a


compreenderem os principais modos de operação do subsistema e as condições para a
transição de modo de operação, através de suas interfaces, para que possa ser aplicado em
seus futuros projetos.

4.1. Definições importantes

Para dar início ao desenvolvimento do modelo comportamental, é importante o conhecimento


dos principais conceitos aplicados ao desenvolvimento de um modelo comportamental.

4.1.1. Sistema reativo

Sistema Reativo são sistemas que se envolvem em um comportamento de estímulo-resposta. A


principal característica de todos os sistemas reativos é o seu comportamento de
estímulo-resposta a fim de produzir os efeitos desejáveis em seus ambientes [DR2].

Em outras palavras, sistemas reativos são sistemas que, quando ligados, são capazes de criar os
efeitos desejados em seu ambiente, habilitando, reforçando ou prevenindo eventos no
ambiente [DR2]. Indo além, a função de um sistema reativo é responder às ocorrências de
eventos ou condições no ambiente, causando mudanças desejáveis no ambiente.

São as principais características de sistemas reativos [DR2]:

● O sistema está em interação contínua com seu ambiente;


● O processo pelo qual o sistema interage com seu ambiente geralmente é contínuo. Se
o sistema for encerrado durante seu tempo de disponibilidade, isso geralmente
significa uma falha.
● Em sua interação com o ambiente, o sistema responderá a estímulos externos como e
quando eles ocorrerem.
● A resposta/ação de um sistema reativo depende de seu estado atual e do evento
externo ao qual ele responde. A resposta/ação pode deixar o sistema em um estado
diferente do que estava antes.

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● A resposta/ação consiste em habilitar, impor ou proibir a comunicação ou


comportamento em seu ambiente.
● Frequentemente, um sistema reativo deve operar em tempo real e está sujeito a
rígidos requisitos de tempo.

4.1.2. Ambiente

O ambiente de um sistema ou subsistema é todo o espaço em que está inserido.

4.1.3. Modo

Modo está relacionado a condição de um sistema ou subsistema em que suas funções


específicas são válidas durante um intervalo de tempo significativos [DR3].

4.1.4. Evento

Um evento é algo que acontece no ambiente, tendo as seguintes características [DR2]:

● Os eventos são discretos. Não se considera os estados intermediários de um evento.


● Os eventos são considerados como ocorrendo instantaneamente.
● Um evento, geralmente, causa uma mudança de estado no Ambiente.

É importante diferenciar dois tipos de eventos: externo e temporal. Um evento externo é


quando ele acontece, de maneira instantânea no ambiente, ao qual o objeto de estudo deve
responder. Um evento temporal se trata da passagem de um tempo significativo ao qual se
espera que o sistema responda [DR2].

4.1.5. Ação

As ações são um acontecimento, ou uma reação, ao evento observado por parte do sistema ou
subsistema em estudo sendo percebido pelo ambiente.

Assim, os eventos são chamados de ações quando os vemos do ponto de vista do iniciador do
evento. De forma a melhorar o entendimento, a distinção entre ações e eventos é a mesma
que entre saída e entrada: o que é entrada para um sistema é saída para outro sistema [DR2].

4.1.6. Diagrama de máquina de estado

Existem diversas maneiras de modelar um comportamento de um sistema e a utilização de


máquina de estado é a mais difundida. Essa ferramenta nos permite analisar um estado de um
sistema em um determinado momento de sua vida operacional, além de ilustrar suas
transições [DR4].

Para ser descrito em diagrama de máquina de estado, o sistema deve possuir as seguintes
características [DR4]:

1. Deve ser capaz de ser descrito em um conjunto finito de estados;

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2. Deve possuir um conjunto finito de entradas e/ou eventos que podem ativar a
transição entre os estados;
3. O comportamento do sistema em um determinado momento depende do estado atual
e das entradas ou eventos que ocorrerem neste instante;
4. O sistema possui um estado inicial particular.

Com o diagrama de máquina de estado, conseguimos [DR5]:

● Verificar se a execução de um comando é permitida ou não no modo operacional atual;


● Verificar se uma transição para um modo específico é permitida ou não no modo
operacional atual;
● Modelagem hierárquica de estados, possibilitando a modelagem de sistemas com
comportamento complexo;
● Bloqueio de comandos de entrada, enquanto uma transição está em andamento na
máquina de estado;
● Parâmetros específicos de modo do modelo (parâmetros de caracterização)
● Durações de transição para todas as transições de modo possíveis;
● Modos de transição.

Por último, mas não menos importante, é possível modelar a máquina de estado no
Matlab/Simulink, a partir da extensão funcional Stateflow dentro do Simulink, que suporta a
modelagem de componentes do sistema como máquinas de estado finito [DR5].

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5. Modelo RF e Caracterização dos


Enlaces de Comunicação
O estudo dos links de comunicação consiste em avaliar o desempenho da comunicação entre o
satélite e as estações terrenas, no que diz respeito aos parâmetros que descrevem o enlace,
tais como a máxima distância alcançada e a relação sinal-ruído. No caso de sistemas de
comunicação de bits, indicadores como a taxa de erro de bit e a taxa de símbolos, por exemplo,
também devem ser levadas em consideração, ao se caracterizar os links de comunicação.

5.1. Parâmetros de Análise

5.1.1. Distância Máxima dos Links

Para determinarmos a máxima distância possível entre o satélite e a estação terrena,


consideramos que um ângulo de elevação das antenas das estações terrenas mínimo de 5°,
pois idealmente para uma elevação 0°, teríamos um valor para essa distância máxima superior.
No nosso caso, calcularemos toda análise de link budget considerando a elevação não nula. De
acordo com a Figura 1, pode-se deduzir que a distância S é dada pela equação abaixo.

Sendo:

S = distância da Estação Terrena ao satélite

Re = 6378,136 km (raio da Terra)

h = altura média do satélite acima da superfície terrestre

δ= ângulo de elevação (em radianos)

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Figura 1: Ilustração do Cálculo da Distância de Satélite (Fonte: AMSAT – IARU)

Como exemplo, para um satélite qualquer e altura da órbita (h) de 650 km, a distância
calculada (S) é de 2448 km para ângulo de elevação (δ) igual a 5°.

5.2. Potência Recebida

Considerando-se uma fonte de irradiação que esteja transmitindo uma potência de intensidade
PT, e uma antena receptora a uma distância R desta fonte. Podemos determinar a intensidade
de potência recebida pela antena receptora pela Equação de Friss:

2 𝐺 𝐺
𝑃𝑟(𝑑) = 𝑃𝑇 ( )λ
4π𝑑
𝑇 𝑅
𝐿

Onde GT é o ganho de transmissão da antena, GR é o ganho de recepção da antena e d é a


distância entre as antenas transmissoras e receptoras e L representa as perdas.

5.3. EIRP (Effective Isotropic Radiated Power)

A densidade de potência irradiada por uma antena isotrópica, alimentada por uma fonte RF de
potência Pt, é dada pela equação Pt /4π. Para determinarmos o valor dessa potência em uma
dada direção em que o ganho de transmissão é dado por Gt, basta que tal valor seja
multiplicado por esse ganho. Nesse sentido, uma nova grandeza é determinada, chamada de
Potência Irradiada Isotrópica Efetiva, normalmente expressa em watts (W).

𝐸𝐼𝑅𝑃 = 𝑃𝑡𝐺𝑡

Para estimarmos o valor da EIRP precisamos de valores da potência do transmissor e do ganho


de transmissão das antenas.

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5.4. Perdas no Espaço Livre

Considerando um enlace entre duas antenas, em que a potência recebida é Pr, podemos
considerar que as perdas no espaço livre Ls, são dadas pela relação entre a potência recebida e
a potência transmitida por duas antenas isotrópicas, dadas por:
2 2
λ 𝑐
𝐿𝑆 = 2 2 = 2 2 2
(4π) 𝑅 (4π) 𝑅 𝑓

Podendo ser expressa em dB, por:

𝐿𝑆 = 147, 55 − 20𝑙𝑜𝑔10𝑅 − 20𝑙𝑜𝑔10𝑓


𝑑𝐵

onde R é a distância entre os terminais de transmissão e recepção e f é a frequência em Hz.

5.5. Perdas por Polarização

Esse tipo de perda caracteriza-se pelo descasamento das polarizações entre a antena receptora
e a onda recebida. Vários fatores podem ocasionar essa perda, tais como alterações na onda
decorrentes de sua propagação na atmosfera ou imperfeições nas antenas transmissora e
receptora. A maioria das aplicações espaciais, bem como no caso do nosso projeto, utiliza
polarização circular e, se as polarizações do transmissor e do receptor não corresponderem,
haverá uma perda devido a esse desvio de polarização. A Tabela 2 apresenta a configuração da
Onda considerando diferentes configurações de antena.

Tabela 2: Configuração da Onda

Configuração da Onda
Configuração da Antena Circular a Circular a
Vertical Horizontal
Direita Esquerda
Vertical 0dB INFINITA 3dB 3dB
Horizontal INFINITA 0dB 3dB 3dB
Circular à Direita 3dB 3dB 0dB INFINITA
Circular à Esquerda 3dB 3dB INFINITA 0dB

5.6. Ruídos

Nas transmissões sem fio o sinal de chegada ao receptor sempre é recebido com ruído, que
prejudica a interpretação correta do sinal, ocasionando distorções na informação recebida.
Esses sinais indesejados são oriundos de diversas fontes tais como raios cósmicos, reirradiações
atmosféricas (nevoeiro, chuvas, relâmpago), interferências dos próprios componentes do
transmissor e alguns ruídos internos gerados no receptor.

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No caso da análise de link budget, a temperatura equivalente de ruído é calculada


considerando o ruído térmico das antenas, a temperatura de ruído do receptor e o ruído
decorrente dos cabos e interconexões, como mostra a equação a seguir.

𝑇𝑆 = 𝑇𝑎𝑛𝑡𝑒𝑛𝑎 + 𝑇𝑅 + 𝑇𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠

A primeira componente de ruído é referente a temperatura de ruído da antena que


corresponde à temperatura de um resistor tendo o mesmo ruído disponível de saída que o
medido nos terminais da antena. Tal parâmetro depende de muitos fatores, tais como a
temperatura física do meio ou o ruído proveniente do espaço, do ângulo de elevação da
antena, das condições de propagação e entre outros aspectos.

Os ruídos do receptor são decorrentes principalmente das linhas de transmissão, filtros e do


LNA (Low Noise Amplifier), além de uma contribuição pequena do amplificador do estágio de
saída do receptor.

5.7. Perdas Suplementares

Entre o transmissor e a antena, em função de cabos e outros elementos de conexão, temos


perdas ôhmicas. A esse grupo de perdas podemos incluir os referentes aos condutores
utilizados nas interligações de componentes no sistema do satélite, denominadas perdas nas
linhas de transmissão (Lt), geralmente tomadas por Lt = 1 dB.

Outro fator que provoca perdas no sinal é decorrente de partículas de diferentes substâncias
(gases, átomos livres e água na forma de vapor) que se encontram na atmosfera. Essas
partículas absorvem e refletem uma grande quantidade de energia solar. Quando absorvendo,
essa energia é reirradiada em todas as direções ionizando átomos atmosféricos gerando assim,
em sua parte superior, uma banda de elétrons livres ao redor da Terra, os quais interagem
diretamente com algum campo eletromagnético passante.

Finalizando essa categoria de perdas suplementares podemos citar as perdas decorrentes das
chuvas. Quando dispersas na atmosfera, as gotas de chuva interagem com a radiação,
atenuando os sinais. O efeito desse desvanecimento se acentua à medida que o comprimento
de onda da radiação aproxima-se do comprimento das gotas de chuva, ou seja, quanto mais
alta a frequência, maior será a atenuação devido às chuvas. A intensidade da precipitação é
medida através da taxa de queda da chuva R expressada em mm/h. A estatística de
precipitação temporal é obtida através da distribuição da probabilidade cumulativa, a qual
indica a porcentagem de tempo no ano p(%) durante o qual um dado valor da taxa de queda da
chuva Rp (mm/h) é excedido (usualmente o valor adotado em uma análise é de p = 0,01%, o
que corresponde a aproximadamente 53 minutos por ano). Na Europa, por exemplo, pode-se
considerar uma taxa de chuva R0,01 em torno de 30 mm/h, enquanto em regiões equatoriais
tem-se R0,01 = 120 mm/h.

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5.8. Parâmetro de desempenho do link de comunicação

O parâmetro utilizado para análise do desempenho de um link de comunicação sem fio é a


relação portadora-ruído. A relação portadora ruído que caracteriza o link de comunicação via
satélite pode ser expresso como segue:
𝐶 𝐺𝑟
𝑁0
= 𝐸𝐼𝑅𝑃 + 𝐿𝑆 + 𝐿𝑎 + 𝑇𝑆
+ 228, 6

Pode-se ver a dependência direta da Potência Irradiada Isotrópica Equivalente (EIRP), das
perdas no espaço (Ls), perdas atmosféricas e pela chuva (La), relação do ganho do receptor em
relação ao seu ruído térmico.

A relação portadora/ruído representa a magnitude relativa do sinal recebido em relação ao


ruído presente na entrada do receptor. Esta relação entre a potência de sinal recebido e a
densidade espectral do ruído.

5.9. Margem de Link (dB)

O propósito da margem de link é de compensar qualquer perda não visualizada ou que não
fora considerada no enlace evitando a degradação do link.

𝐶 𝐶0
𝐿𝑀 = 𝑁
− 𝑁0

Onde C0 e N0 são os valores de sinal e ruído, respectivamente necessários para garantir a


comunicação.

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6. Desafio
O desafio consiste em modelar e simular o comportamento do TT&C e o condicionamento do
sinal de RF, tanto para Comandos como Telemetrias, utilizando o Simulink/Stateflow.

● Entradas: Informações disponibilizadas pela Comissão Organizadora para interagir com


o modelo desenvolvido pelas equipes. As entradas também são disponibilizadas para
que as equipes não precisem desenvolver algumas partes essenciais para realizar todas
as análises.
● Modelo do TT&C: A ser desenvolvido pelas equipes (comportamental e RF).
● Saídas: Entregas que as equipes precisarão gerar a fim de que a Comissão Organizadora
possa validar a realização do desafio.

Desse modo, a partir das Entradas fornecidas pela comissão organizadora, as equipes deverão
modelar e simular o comportamento e sinais RF do TT&C. Para avaliação, as equipes deverão
fornecer as saídas.

6.1. Entradas

Serão disponibilizadas diferentes entradas para o modelo comportamental do TT&C sob a


forma de cenários do Simulink MATLAB (arquivos .mat).

Para o modelo RF do TT&C serão disponibilizados os blocos referentes a:

- Estação Solo
- Meio Físico (Perdas no Caminho e Offset de Fase/Frequência)

6.2. Modelo Comportamental do TT&C

As equipes deverão realizar a modelagem do TT&C utilizando o Simulink. Este modelo


será utilizado para realizar as simulações. As equipes serão avaliadas, a partir dos
resultados dessas simulações.

A modelagem do TT&C, implementada para a simulação, deve considerar:

● Passo de simulação
● Tempo total de simulação
● Máquinas de Estado
● Modelo de condicionamento de sinais RF

6.3. Passo de simulação

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O passo de simulação indica o incremento de tempo a cada iteração da simulação. Sendo


assim, as equipes deverão considerar o passo de simulação de 1 segundo.

6.4. Tempo total de simulação

As equipes deverão usar o tempo de simulação como tempo total de simulação, no Simulink.
Este valor corresponde ao total de um dia, ou seja, 86400 segundos.

6.5. Interface entre os modelos

As equipes deverão conectar o TT&C ao cenário de entrada, provido pela comissão


organizadora. Também a conexão entre o modelo comportamental (máquinas de estado) e o
modelo de sinal RF fica a cargo da equipe, lembrando que a interação entre os dois também é
critério de avaliação. De modo que seja possível avaliar todos os modos de operação.

6.6. Modos de Operação

As equipes devem modelar o comportamento de duas partes do subsistema TT&C, o receptor


de comandos e o transmissor de telemetrias. Seguem os modos de operação, Tabela 3 usando
o StateFlow do Simulink.

Tabela 3: Modos de operação

Modo de operação
Situações de ocorrência Ações
# Estado
- TT&C completamente desligado.
- Esse estado deve ser alcançado devido à
0 Off falta de alimentação. NA
- A saída deste estado deve ocorrer
quando da alimentação do TT&C.

- Estado único do receptor. No caso da chegada de qualquer


1 Recebendo - Mesmo em falha o TT&C deve ser capaz sinal na frequência correta, o
de receber comandos de solo. sinal decodificado é repassado.

- Estado inicial do transmissor.


3 idle - Este estado é alcançável dado que não NA
existem mais dados a serem transmitidos.

- Estado de transmissão de dados. Este estado deve habilitar o


3 Transmitindo - Alcançável quando da existência de dados modelo de condicionamento de
a serem transmitidos. sinal RF e transmitir para o solo.

Neste estado o transmissor passa


- Estado de emergência para acusação de
a enviar uma mensagem de
4 Safe alguma falha do TT&C.
beacon para solo a cada 60
segundos

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Destaca-se que a situação apresentada neste desafio é hipotética, e tem caráter educativo, de
modo que alguns conceitos sejam exercitados pelas equipes.

6.7. Modelo de Condicionamento de Sinais RF

O modelo de condicionamento dos sinais RF visa a simulação dos canais de uplink e downlink
do satélite, modelando as ferramentas e ambiente presentes no subsistema de TT&C e na
comunicação:

● Front End do Satélite


● Meio de propagação
● Front End de Solo

As características do segmento solo, seguem conforme a Tabela 4:

Tabela 4: Estação Solo CubeDesign

Estação Solo CubeDesign


Ganho Antena (Up e Downlink) 19 dBi
Polarização Antena (Up e Downlink) Circular Esquerda
Frequência Uplink 437.200 MHz
Frequência Downlink 147.300 MHz
Modulação Uplink e Downlink BPSK

6.8. Saídas

● Sinal Transmitido na antena do satélite


● BER
● Estados do TT&C (comportamento)
● Recebimento de Comandos do solo
● Envio de Telemetrias (1, se enviada e 0, se não enviada)

6.9. Entregas

Esta seção apresenta o que as equipes devem fornecer para a Comissão Organizadora.

6.9.1. Modelos

Em termos dos modelos do TT&C, as equipes deverão entregar:

● Todos os arquivos necessários para que a simulação dos modelos entregue sejam
executados. Os modelos das equipes serão executados pela Comissão
Organizadora.
● Criar um arquivo “main.m” que chame todos os outros arquivos, inicie a simulação,
e execute automaticamente e apresente na mesma janela os seguintes gráficos:

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o Sinal Transmitido na antena do satélite


o BER
o Estados do TT&C (comportamento)
o Recebimento de Comandos do solo
o Envio de Telemetrias (1, se enviada e 0, se não enviada)
● Todas as saídas, deverão contar em um workspace único (saidas.mat)

6.9.2. Manual do TT&C

As equipes deverão entregar, em PDF, formato livre, um manual do TT&C contendo uma
descrição detalhada do modelo TT&C.

O documento deve conter pelo menos:

● Descrição lógica de cada modo de operação do TT&C;


● Tabela de Transição de estados do modelo do TT&C
● Especificação do subsistema TT&C (modulação, filtro, antenas);
● Link budget para uplink e downlink;

6.10. Considerações finais

As equipes deverão criar um arquivo .zip ou .rar com todos os arquivos necessários para
executar a simulação do TT&C.

Um link para baixar este arquivo deverá ser enviado para cubedesign@inpe.br até a data limite
deste desafio.

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7. Avaliações
As equipes deverão simular os modelos pelo tempo total de simulação.

A Comissão Organizadora também executará um cenário, além do disponibilizado para o desafio,


aleatório para verificar se a implementação da equipe está de acordo com o modelo de referência.

A Tabela 5 apresenta os itens de avaliação, sendo:

● OK – o critério de avaliação é integralmente atendido;


● POK – o critério de avaliação é parcialmente atendido;
● NOK – o critério de avaliação não é atendido.

Tabela 5:Critério de avaliação

Critério de Pontuação
Descrição Avaliação
avaliação OK POK NOK
Comportamento
CA1 Modelo C A lógica de implementação no Simulink 10 5 0
TT&C está correta.
CA2(*) Modelo C O modelo do TT&C respondeu 20 15 0
TT&C corretamente à sequência de modos de
operação.
Condicionamento Sinal RF
CA3(*) Modelo RF O modelo TT&C condiciona de forma 20 15 0
TT&C correta o sinal
CA4 Modelo RF BER corretamente calculado 10
TT&C
Modelo Geral
CA5 Modelo do Os modelos, tanto comportamental como 20 (*)
TT&C de condicionamento de sinal RF, atuam em
conjunto durante a simulação
Manual do TT&C
Manual do O manual do TT&C foi entregue e contém 10 5 0
CA6
TT&C os itens descritos
Automatismo
CA7 Automatismo A equipe forneceu o arquivo “main.m” para 10 5 0
que toda a simulação do OBDH no Simulink
seja realizada e possa ser verificada.

(*): A pontuação nos itens CA2 e CA3 será dada, considerando:

● A equipe que tiver a menor quantidade de erros, receberá a maior pontuação;

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● A pontuação das outras equipes será proporcional à quantidade de erros, já desconsiderando


a quantidade de erro da equipe que receber a maior pontuação.

A Tabela 6 apresenta um exemplo de um caso em que a menor quantidade de erro foi de 2 erros.
Portanto, o desconto para todas as equipes será igual a 2.

Tabela 6: Exemplo de pontuação do item CA4.

Equipe Erros Desconto Perda de ponto Cálculo da pontuação Pontuação


1 2 2 2-2 = 0 30-0 = 30 30
2 4 2 4-2 = 2 30-2 = 28 28
3 12 2 12-2 = 10 30-10 = 20 20

Considera-se “erro”, a seguinte situação:

A comissão organizadora irá estimular o modelo com alguns sinais que levam o OBDH a um
determinado modo de operação. Caso o modelo da equipe não entre no modo de operação
desejado, isso será considerado um erro.

A Tabela 7 apresenta a pontuação máxima que cada equipe pode obter.

Tabela 7: Pontuação Máxima.

Critério de avaliação Descrição Pontuação


CA1 Modelo C TT&C 10
CA2 Modelo C TT&C 20
CA3 Modelo RF TT&C 20
CA4 Modelo RF TT&C 10
CA5 Modelo TT&C 20
CA6 Manual TT&C 10
CA7 Automatismo 10
Total 100

7.1. Critérios de desempate

Serão considerados, nesta ordem, os seguintes critérios de desempate:

a. Menor BER médio atingido na simulação.


b. Horário de entrega dos arquivos necessários a execução e simulação do modelo.

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