Você está na página 1de 18

5

CAPÍTULO

A violência
Os grupos humanos sempre reagiram (e reagem) das formas mais
variadas às diferenças que percebiam (e percebem) entre eles e os
outros; desde a curiosidade e a admiração (fonte 1), o estranhamento
e o riso diante do diferente (fonte 2), até a rivalidade e a violência
física e psicológica (fonte 3). A reação mais frequente de cada grupo
humano em sociedade tem sido a de valorizar ao máximo suas formas
» Pessoas admirando
uma obra de arte no
de pensar e agir coletivamente e, ao mesmo tempo, desvalorizar as
Nirox Sculpture Park, do outro. A esse comportamento damos o nome de etnocentrismo.
em Johannesburgo
(África do Sul), 2014. Fonte 1
SuNShiNe SeeDS/ShutterStock.com

114

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21.indd 114 9/22/20 2:40 PM


Fonte 2

» Duas jovens
ocidentais rindo
de uma colega
asiática.

oliveromg/Shutterstock.com/2019
Fonte 3

» Criança
presenciando
um conflito
familiar entre

LITTLE PIG STUDIO/SHUTTERSTOCK.COM/2018


os pais.

Fonte 4
Intolerância: violência psicológica e simbólica
Além da fome, [...] das doenças, da desigualdade, um dos graves problemas que
o mundo contemporâneo enfrenta é a intolerância entre os povos. A dificuldade em
encarar a diversidade humana conduz à negação dos valores culturais alheios e super-
valorização do “grupo do eu”, visão e atitude que chamamos de etnocentrismo [...].
Uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e
todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos,
nossas definições do que é existência. [...]
De um lado, conhecemos um grupo do “eu”, o “nosso” grupo, que come igual, veste
igual, gosta de coisas parecidas [...]. Aí, então, de repente, nos deparamos com [...] o
grupo do “diferente” que, às vezes, nem sequer faz as coisas como as nossas ou quando
as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. [...] este “outro” também
sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente,
também existe. [...]

115

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21.indd 115 9/22/20 2:40 PM


Xenofobia: O grupo do “eu” faz, então, da sua visão a única possível ou, mais discretamente
é o medo do se for o caso, a melhor, a natural, a superior, a certa. O grupo do “outro”, o grupo do
“outro” levado diferente fica, nessa lógica, como sendo engraçado, absurdo, anormal ou ininteligível.
ao extremo.
Ideia de que ROCHA, E. O que é etnocentrismo. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 7-9.
o que vem
de fora, o
Essa visão do outro produz distorções, preconceitos, agressividades, equívocos, hos-
estranho ou o tilidades, intolerância e, inclusive, xenofobia. A história contemporânea nos revela
estrangeiro é inúmeros acontecimentos cruéis que foram motivados por esta impossibilidade de res-
alguém capaz peito à diferença.
de contaminar,
ASSIS, C. L.; NEPOMUCENO, C. M. Estudos contemporâneos de cultura (Aula 15). Campina Grande: UEPB/UFRN, 2008.
destruir o p. 15. Disponível em: http://www.ead.uepb.edu.br/arquivos/cursos/Geografia_PAR_UAB/Fasciculos%20-%20Material/
lugar em que Estudos_Contemporaneos_Cultura/Est_C_C_A15_J_GR_260508.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020.
se vive. Esta
fobia produz
HRECHENIUK OLEKSII / SHUTTERSTOCK.COM/2016

um medo
que induz à
intolerância,
ao crime, à
agressão e,
inclusive, às
guerras.

» Dois jovens com


expressão de
estranhamento
no rosto.
O que será
que eles estão
estranhando?

Dialogando

1. Você já ouviu expressões etnocêntricas como, por exemplo, “programa de índio” ou


“o brasileiro é um bicho preguiçoso”, e outras do gênero?
2. Já viu alguém fazendo “cara de nojo” ao ver uma pessoa comer algo que ela jamais
comeria?
3. Já presenciou um gesto de desprezo diante de um determinado gênero de música?
4. Você já foi vítima de uma atitude etnocêntrica?
5. Já praticou o etnocentrismo ao se referir a uma pessoa ou povo?

116
As variadas formas de violência
Vivemos em um mundo dilacerado pela desigualdade, por doenças contagiosas
e diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.). Neste cenário, e
ciente da importância do conceito de violência para as Ciências Humanas, escolhe-
mos apresentar a definição proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Para essa organização, violência é:
O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si pró-
prio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou
tenha grande possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência
de desenvolvimento ou privação.
RELATÓRIO Mundial sobre violência e saúde. Organização das Nações Unidas. Genebra, 2002. Disponível em:
https://opas.org.br/wp-content/uploads/2015/09/relatorio-mundial-violencia-saude.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020.

» Representantes
do governo
nazista
interrogam uma
senhora cigana
durante processo
de deportação

GALERIE BILDERWELT/BRIDGEMAN/FOTOARENA
dos ciganos da
Alemanha, em
1938.

Como se percebe, essa definição abrange a palavra poder, inclui, portanto, as


violências empregadas pelos Estados totalitários ao longo da história. Um exemplo
clássico é a política empregada pelo Estado nazista na sua relação com a comuni-
dade judaica e a cigana entre (1933 e 1945). Outro exemplo é a política de limpeza
étnica adotada entre 1992 e 1995 pelo líder sérvio na Bósnia, Rodovam Karadizic,
com o apoio material e tático do então chefe de Estado, Slobodan Milosevic, que
incluiu ameaças, intimidações e estupros de meninas de 12 a 13 anos, justificando
que era preciso injetar sangue sérvio na população não sérvia.
Além da violência de Estado, o conceito de violência proposto pela OMS abrange
também o abandono, o abuso físico, sexual, psicológico e o suicídio. E abarca tanto
a esfera pessoal, quanto a grupal, familiar ou comunitária.

117
Para refletir e argumentar

O texto a seguir foi escrito pelos sociólogos estadunidenses Aldon Morris e


Vilna Bashi Treitler. Leia-o com atenção.

A violência racial nos Estados Unidos da América


[...]
Apesar [...] da linguagem de liberdade e igualdade em seus documentos funda-
cionais, os Estados Unidos [...] adotaram o racismo desde sua fundação. Em 2017, a
primeira negra a ocupar o cargo de Secretária de Estado, Condoleezza Rice, afirmou:
“Esquecemos, nos Estados Unidos, como demoramos a fazer com que ‘Nós, o povo’ sig-
nificasse pessoas como eu [...].
[...]
As inequidades raciais norte-americanas são evidentes quando a vida começa e con-
tinuam presentes ao longo da vida dos seres racializados. Logo, faz sentido começar
a tratar das desigualdades raciais no nascimento e na morte. [...] Na capital do país,
Washington DC, o distrito mais pobre (Ward 8, onde residentes negros são maioria)
tem uma taxa de mortalidade infantil que é 10 vezes maior que aquela observada no
distrito mais rico (Ward 3, com residentes predominantemente brancos). [...] Quando
negros norte-americanos sobrevivem à infância, eles têm a menor expectativa de vida
(74,6 anos) dentre todos os grupos raciais, enquanto asiáticos e latinos têm a maior
expectativa, no patamar de 86,5 e 82,8 anos, respectivamente, e brancos têm a expec-
tativa de 78,9 anos.
[...]
Nos EUA, raças têm vidas segregadas, e todas
as grandes cidades nos EUA são hiper segrega-
das, significando dizer que a segregação racial
é claramente evidente, independentemente de
como seja medida. A segregação é um fator que
contribui para uma série de problemas, dentre
eles o não menos importante racismo do meio
ambiente, uma vez que, quando comparados aos
brancos, os negros sofrem com maiores níveis
de exposição a toxinas, tanto em razão da segre-
gação geográfica, quanto pelo fato de empresas
poluírem mais em áreas habitadas por pessoas
MICHAEL CIAGLO/GETTY IMAGES

negras. [...]
MORRIS, A.; TREITLER, V. B. O estado racial da união:
compreendendo raça e desigualdade racial
nos Estados Unidos da América. Caderno CRH, Salvador, v. 32, n.
85, p. 15-31, abr. 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-49792019000100015.
Acesso em: 27 ago. 2020.
Consultar as Orientações para o Professor.
» Protesto contra o racismo
nas ruas de Denver (Estados  Em 2020, o mundo assistiu chocado ao assassinato de George Floyd
Unidos), em 2020, após a por um policial. O que você imagina que poderia ser uma solução para o
morte de George Floyd. combate ao racismo nos Estados Unidos?

118
As principais vítimas da violência
Entre as principais vítimas da violência praticadas hoje ao redor do mundo
estão as crianças, idosos, os jovens, as mulheres, os indígenas e os negros.
Os tipos de violência podem ser agrupados em três grandes categorias: vio-
lência contra si mesmo, violência interpessoal, isto é, entre pessoas da família
ou da comunidade; violência coletiva. A violência contra si mesmo envolve desde
pensamentos e práticas suicidas até autoimolação.
A violência interpessoal envolve a violência entre membros da família, geral-
mente dentro de casa, ou entre conhecidos ou estranhos, quase sempre fora de casa.
A violência interpessoal no ambiente doméstico abrange abuso contra as
» Fotografia
crianças, a parceira ou parceiro e os idosos. Já aquela que ocorre fora de casa, diz que registra o
respeito à violência praticada por estranhos, como atos de vandalismo, estupros, sofrimento de
ataques às escolas, ou locais de trabalho. uma mulher
após depositar
Há ainda a violência coletiva que diz respeito à esfera social, política e econô- flores nas
mica. A violência social inclui crimes de ódio e atos terroristas em espaços públicos. proximidades
A violência política diz respeito a guerras, conflitos e violência de Estado, a do local
onde ocorreu
exemplo dos crimes praticados pelo ditador soviético Joseph Stálin (1924-1953), o ataque
como julgamentos sumários e fuzilamentos. A violência econômica com o objetivo terrorista
de proibir o abastecimento ou o acesso a serviços essenciais, como saúde e edu- ao Teatro
Bataclan, em
cação. Durante o colonialismo francês na Argélia, por exemplo, os nativos eram Paris (França),
proibidos por lei de ter instrução primária. 2015.
Christopher Furlong/Getty Images

119

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21-AVU.indd 119 9/22/20 8:41 PM


» Maria da
Penha Maia
Fernandes,
inspiradora da
lei no 11.340,
que coíbe a
violência contra
as mulheres,
São Paulo (SP),
2014.
Maria da Penha
é uma ativista
pelos direitos

AmANA SAlleS/FotoAreNA
das mulheres e
contra a violência
doméstica. Após
sofrer violência
doméstica
cometida pelo seu O texto a seguir trata de um exemplo importante de violência interpessoal: o
esposo, ela ficou
paraplégica. feminicídio.
A violência contra a mulher não é um fato novo. Pelo contrário, é tão antigo quanto
a humanidade. O que é novo, e muito recente, é a preocupação com a superação dessa
violência como condição necessária para a construção de nossa humanidade. E mais
novo ainda é a judicialização do problema, entendendo a judicialização como a crimi-
nalização da violência contra as mulheres, não só pela letra das normas ou leis, mas
também, e fundamentalmente, pela consolidação de estruturas específicas, mediante
as quais o aparelho policial e/ou jurídico pode ser mobilizado para proteger as vítimas
e/ou punir os agressores.
No Brasil, em agosto de 2006, era sancionada a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria
da Penha[...]. A introdução do texto [...] constitui uma [...] síntese da Lei:
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas
as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.
[...] em março de 2015 seria sancionada a Lei 13.104/2015, a Lei do Feminicídio,
classificando-o como crime hediondo e com agravantes quando acontece em situações
específicas de vulnerabilidade (gravidez, menor de idade, na presença de filhos etc.).
Entende a lei que existe feminicídio quando a agressão envolve violência doméstica
e familiar, ou quando evidencia menosprezo ou discriminação à condição de mulher,
caracterizando crime por razões de condição do sexo feminino.
BRITO, D. Denúncias de feminicídio e tentativas de assassinato chegam a 10 mil. Agência Brasil, Brasília, 22 ago.
2018. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-08/denuncias-de-feminicidio-e-
tentativas-de-assassinato-chegam-10-mil. Acesso em: 27 ago. 2020.

Dialogando

ƒ A mídia tem noticiado um aumento do número de feminicídios no Brasil, apesar


dessas duas importantes leis. Por que será que isso acontece?

120

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21.indd 120 9/22/20 2:40 PM


Para refletir e argumentar

As estatísticas da violência no Brasil


Homicídios entre os jovens
[...]
No Brasil, os homicídios são a principal causa de mortalidade de jovens, grupo etá-
rio de pessoas entre 15 a 29 anos. Foram 30.873 jovens vítimas de homicídios no ano
de 2018, o que significa uma taxa de 60,4 homicídios a cada 100 mil jovens e 53,3% do
total de homicídios do país. Contudo, ainda que a morte violenta de jovens continue
representando um grave problema, os números de 2018 indicam um cenário melhor
em comparação ao do ano anterior: diminuição de 13,6% no valor da taxa e de 13,7% nos
números absolutos.
Ainda com relação aos óbitos da juventude masculina, homicídios foram a princi-
pal causa sendo responsável pela parcela de 55,6% das mortes de jovens entre 15 e 19
anos; de 52,3% daqueles entre 20 e 24 anos; e de 43,7% dos que possuem entre 25 e 29
anos. Para as mulheres nessa mesma faixa etária, a proporção de óbitos ocorridos por
homicídios é consideravelmente menor: de 16,2% entre aquelas que possuem entre 15
e 19 anos; de 14% no período entre 20 e 24 anos; e 11,7% entre as jovens de 25 e 29 anos.
[...]
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (Ipea); DIRETORIA DE ESTUDOS E POLÍTICAS DO ESTADO,
DAS INSTITUIÇÕES E DA DEMOCRACIA (Diest); FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSB).
Atlas da violência 2020: principais resultados. [2020]. Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/27/atlas-da-violencia-2020-principais-resultados.
Acesso em: 27 ago. 2020.

» Gráfico 1 – Homicídios de homens jovens,


entre 15 e 29 anos (2008 a 2018)

2008 26.135

2009 26.431

2010 26.598

2011 26.014

2012 28.687

2013 28.687

2014 30.461 Fonte dos dados: INSTITUTO DE


PESQUISA ECONÔMICA APLICADA
SUDOWOODO / SHUTTERSTOCK.COM/EDITORIA DE ARTE

(Ipea); DIRETORIA DE ESTUDOS


2015 29.489 E POLÍTICAS DO ESTADO, DAS
INSTITUIÇÕES E DA DEMOCRACIA
(Diest); FÓRUM BRASILEIRO DE
2016 31.784
SEGURANÇA PÚBLICA (FBSB).
Atlas da violência 2020: Principais
2017 33.772 resultados. [2020]. Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/
atlasviolencia/download/27/atlas-da-
2018 29.064 violencia-2020-principais-resultados.
Acesso em: 27 ago. 2020.

121
» Gráfico 2 – Percentual de óbitos por homicídio por
faixa etária (2018)
50 48,4%
45,8%

40 37,1%

30
26,2%
Fonte dos dados: INSTITUTO DE
PESQUISA ECONÔMICA APLICADA
(Ipea); DIRETORIA DE ESTUDOS
E POLÍTICAS DO ESTADO, DAS 20 17,5%
INSTITUIÇÕES E DA DEMOCRACIA
(Diest); FÓRUM BRASILEIRO DE
SEGURANÇA PÚBLICA (FBSB). 9,9%
Atlas da violência 2020: Principais 10
resultados. [2020]. Disponível 5,5%
em: https://www.ipea.gov.br/ 3%
atlasviolencia/download/27/ 1,5% 0,8%
0,4%

EDITORIA DE ARTE
atlas-da-violencia-2020- 0
principais-resultados. 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 50 51 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69
Acesso em: 27 ago. 2020. Faixa etária

[...]
Verifica-se que a velocidade de crescimento percentual anual das taxas de homicídio
e das taxas de homicídio por arma de fogo diminuiu substancialmente após o Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA) e diminuiu mais ainda após a sanção do Estatuto do
Desarmamento (ED). Quando comparamos o período após o estabelecimento do ECA e
antes da sanção do ED, com o período posterior ao ED, verificamos uma forte queda na
velocidade de crescimento das mortes, sobretudo por arma de fogo.
Assim, considerando o conjunto de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos, enquanto
os homicídios por arma de fogo cresciam a uma velocidade média de 9,4% ao ano antes
do ECA, entre 1991 e 2003 esse índice passou para 7,9% ao ano, diminuindo substancial-
mente, após 2003, para 1,9% ao ano. Naturalmente, não há como afirmar que a queda
substancial da marcha acelerada de homicídios de crianças e adolescentes se deve aos
dois estatutos. Entretanto, os números aqui analisados são bastantes sugestivos acerca
do potencial efeito dessas duas legislações, conjuntamente, para frear a barbaridade
em curso do massacre de milhares de crianças pelo Brasil afora.
[...]
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (Ipea); DIRETORIA DE ESTUDOS E POLÍTICAS DO ESTADO,
DAS INSTITUIÇÕES E DA DEMOCRACIA (Diest); FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSB). Atlas
da violência 2020: Principais resultados. [2020]. Disponível em:
https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/27/atlas-da-violencia-2020-principais-resultados.
Acesso em: 27 ago. 2020.

Não escreva no livro Consultar as Orientações para o Professor.

1. De acordo com o texto inicial, responda:


a) Quais são as idades consideradas dentro do grupo “jovens” pela pesquisa?
b) Os homicídios de jovens no ano de 2018 representaram qual porcentagem do total
de homicídios no país?
c) Entre homens e mulheres jovens, qual grupo sofre mais com a violência letal, ou seja,
com os homicídios? Justifique.

122
2. Leia o gráfico 1:
a) Qual foi o comportamento da taxa de homicídios no Brasil:
ƒ Entre 2008 e 2011?
ƒ E entre 2012 e 2015?
ƒ E entre 2016 e 2018?
b) A taxa de homicídios no Brasil manteve-se estável no período coberto pelo gráfico?
Justifique.
3. De acordo com o Atlas da Violência de 2020, os adolescentes foram as maiores vítimas
da violência letal. De acordo com o gráfico 2, verificamos que:
I. Entre os jovens de 15 a 19 anos, a taxa de homicídio corresponde a mais que o dobro
do que a da faixa etária de 35 a 39 anos.
II. A taxa de homicídios de jovens da faixa etária de 25 a 29 anos é inferior à de idosos
com idade de até 69 anos.
III. A taxa de homicídios de jovens com idade de 20 a 24 anos é aproximadamente 10 p.p.
(dez pontos percentuais), maior do que a de jovens de 30 a 34 anos de idade.
IV. A taxa de homicídios entre todas as faixas etárias de jovens é mais de 10 p.p. acima
das outras.
Estão corretas apenas as afirmações:
a) I e II. c) I, III e IV. e) I e IV.
b) II, III e IV. d) III.
4. De acordo com a parte final do texto do Mapa da Violência de 2020, é possível que a
criação de dois estatutos tenha contribuído para reduzir as taxas de homicídios dos
jovens brasileiros. Responda:
a) Quais são esses estatutos?
b) Quando eles foram criados? Pesquise, se achar necessário.
c) Quais são dos indícios de que os estatutos contribuíram para a redução dos homicídios
entre crianças e jovens?
d) Debata com os colegas: na sua opinião, qual é o papel desse tipo de lei para a redução
da violência?

Uso da violência na divulgação


de notícias
Qual a relação entre as informações propagadas pelos meios de comunicação e
a violência? É possível que alguém sofra violência física ou verbal após a divulgação
de alguma informação em um jornal, na televisão, na internet? Qual a dimensão
deste assunto no século XXI?
Nos últimos anos, a discussão sobre as consequências graves de notícias espa-
lhadas por diversos meios se acentuou. O termo fake news passou a integrar o
cotidiano de muita gente e integrou debates políticos de variados países.
O que é uma fake news? A tradução de fake news é notícia falsa, uma fala, um
texto, uma reportagem que divulga informação mentirosa sobre algo ou alguém.
Por essa lógica, as fake news (notícias falsas) existem desde quando os seres
humanos começaram a se comunicar entre si. Mentir para alguém pode ser con-
siderado falar uma fake news.

123

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21.indd 123 9/22/20 2:40 PM


Errata: nota feita No entanto, não usamos o termo fake news para apontar toda e qualquer mentira
posteriormente ou informação errada. As fake news são, primeiramente, ligadas à imprensa. Mas
à publicação
de uma obra,
o termo se popularizou na era da internet, com notícias propagadas por jornais,
reportagem emissoras, grupos e movimentos políticos, que atingem grande número de pessoas.
ou matéria de Um jornal pode dizer uma data errada em reportagem. Quando isso acontece,
jornal e revistas,
em que estão
é possível que o veículo publique uma errata corrigindo o equívoco. Já a fake news
elencados os não é uma notícia que contém uma informação equivocada. Ao contrário, várias
erros destas, fake news são histórias completamente inventadas. Fake news, portanto:
bem como a sua
correção.
• são divulgadas para grande número de pessoas, sobretudo por meio da
Click bait: internet;
manchete • não são uma notícia verdadeira que contêm pequeno erro, mas notícias cujo
de notícia conteúdo é inteiramente falso.
sensacionalista
ou falsa que visa
chamar a atenção Os usos das fake news
para aumentar o
número de clicks Por que, afinal, as fake news existem? Em alguns casos, chamamos de fake news
em uma matéria notícias que têm informação falsa no título. Nesse caso, nem sempre a matéria
ou página para conta alguma mentira, o título falso é apenas uma estratégia de click bait. Mas e
aumentar as
receitas de quando não se trata de click bait?
publicidade Qual motivo leva alguém a propagar fake news? Existem muitos usos pos-
online. síveis das fake news. Um candidato político em campanha pode inventar uma
história sobre seu adversário para ganhar uma eleição. Um grupo religioso pode
divulgar informações falsas sobre
outra religião, a fim de atacar
uma crença diferente da sua. No
mundo comercial e empresarial,
as fake news podem ter a função
de derrubar um adversário: uma
empresa pode mentir sobre sua
concorrente a fim de ganhar
novos consumidores. Por fim,
alguém pode inventar uma fake
news afim de propagar o ódio.
Por exemplo, uma pessoa racista
pode fabricar uma fake news
contra um negro ou uma pessoa
que quer se vingar de outra
espalha mentiras a seu respeito.
ASTUDIO/SHUTERSTOCK.COM

» Ilustração representando o embate


violento entre fatos verdadeiros e
fake news vivido pela sociedade
contemporânea.

124

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21-AVU-2.indd 124 9/23/20 12:17 PM


Se é verdade que as notícias falsas propagadas pela imprensa existem bem
antes da internet, também é verdade que, com a internet e as diversas redes
sociais, começou uma prática nova de fake news. Em diversas campanhas políticas
do mundo todo, há empresas que trabalham unicamente para divulgar informa-
ções erradas e mentirosas.
A lógica da internet favorece o rápido compartilhamento de uma mentira.
Pensemos na televisão: se alguém vê uma notícia falsa, pode acreditar nela e
comentar com seus amigos próximos. Mas se alguém recebe uma notícia falsa
pelo celular, bastam alguns cliques para que muitas pessoas recebam essa notícia.
A internet permite a viralização e faz com que leitores crédulos trabalhem para os
propagadores das fake news.

Fake news e violência


Em que momento a violência entra nessa história? Por que as fake news muito
compartilhadas afetam diretamente a vida das pessoas e podem causar violência?
Porque muitas vezes as pessoas envolvidas em uma fake news são atacadas.
Os ataques podem ser virtuais ou não. Alguém acusado falsamente de cometer
um crime pode receber e-mails ameaçadores, mas pode ser atacado fisicamente.
Depois de muitos casos de pessoas atacadas e prejudicadas por causa das fake
news, diversos países começaram a discutir leis que punissem a prática dessas
notícias.
Leia um trecho de uma reportagem sobre uma mulher que foi vítima de violên-
cia física, que ocasionou a sua morte, por causa de uma fake news:
[Uma] dona de casa [...] pode dar nome a uma lei que tenta punir quem incita crimes
pela internet. [Ela] foi acusada de praticar magia negra com crianças após uma notícia
falsa espalhada pelas redes sociais.
O boato gerado em uma página no Facebook e um retrato falado da dona de casa
rapidamente se espalharam pelas redes, juntamente com histórias falsas e relatos men-
tirosos de quem afirmava ter testemunhado os sequestros. O projeto que tramita no
Congresso prevê aumentar em 1/3 a punição quando a incitação a crimes ocorrer pela
internet ou por meio de comunicação de massa
[...]
D’AGOSTINO, R. Três anos depois, linchamento de Fabiane após boato na web pode ajudar a
endurecer lei. G1, São Paulo, 1 abr. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/e-ou-nao-e/
noticia/tres-anos-depois-linchamento-de-fabiane-apos-boato-na-web-pode-ajudar-a-
endurecer-lei.ghtml. Acesso em: 27 ago. 2020.

Dialogando

1. Você conhece algum caso de violência gerado por fake news? Compartilhe com seus
colegas.

2. Como você acha que a violência gerada por fake news pode ser combatida?

125
Para refletir e argumentar

Leia o texto a seguir, reflita e dialogue sobre o assunto.


Fake news se espalham 70% mais rápido que as notícias verdadeiras
As notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito
mais gente. A conclusão é do maior estudo já realizado sobre a disseminação de notícias
falsas na Internet, realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT), dos Estados Unidos. [...]
Os cientistas analisaram todas as postagens que foram verificadas por 6 agências
independentes de checagem de fatos e que foram disseminadas no Twitter desde 2006,
quando a rede social foi lançada, até 2017. Foram mais de 126 mil postagens replicadas
por cerca de 3 milhões de pessoas.
De acordo com o estudo, as informações falsas ganham espaço na Internet de forma
mais rápida, mais profunda e com mais abrangência que as verdadeiras. Cada postagem
verdadeira atinge, em média, mil pessoas, enquanto as postagens falsas mais popula-
res – aquelas que estão entre o 1% mais replicado – atingem de mil a 100 mil pessoas.
[...]
De acordo com o estudo, quando a notícia falsa é ligada à política, o alastramento é
três vezes mais rápido. Outra conclusão é que, ao contrário do que se pensava, os robôs
aceleram a disseminação de informações falsas e verdadeiras nas mesmas taxas. Isto
significa que as notícias falsas se espalham mais que as verdadeiras porque os huma-
nos – e não os robôs – têm mais probabilidade de disseminá-las, de acordo com Aral.
[...]
Outra conclusão que pode contrariar o senso
comum, segundo ele, tem relação com o per-
fil das pessoas que divulgam notícias falsas na
Internet. “É bem natural imaginar que caracte-
rísticas dessas pessoas – como a popularidade,
por exemplo – poderiam explicar por que as
mentiras viajam mais rápido que a verdade,
mas nossos dados mostram o contrário. Os usu-
ários que espalham notícias falsas no Twitter
têm menos seguidores, seguem menos gente,
LIGHTSPRING/SHUTTERSTOCK.COM/2015

são menos ativos e estão no Twitter há menos


tempo, em comparação aos usuários que repli-
cam notícias verdadeiras”, disse ele.
[...]
“Fake news” se espalham 70% mais rápido que as notícias
verdadeiras. R7; Estadão Conteúdo, 8 mar. 2018. Disponível em:
https://noticias.r7.com/brasil/fake-news-se-espalham-70-mais-
» Ilustração rapido-que-as-noticias-verdadeiras-09032018.
sugerindo a Não escreva no livro Consultar as Orientações para o Professor. Acesso em: 27 ago. 2020.
velocidade
com que as 1. Você sabia que as notícias falsas se espalham mais rápido que as verdadeiras e alcançam
fake news se
espalham.
muito mais pessoas?
2. Por que será que a notícia falsa ligada à política se espalha mais rapidamente?
3. Você se surpreendeu com o perfil das pessoas que propagam notícias falsas na internet?

126
Como combater as fake news?
Como você viu, a propagação de fake news é um problema muito
sério na sociedade atual. No entanto, trata-se de uma questão que pode

romAN SAmBorSkyi/ShutterStock.com/2020
e dever ser combatida. Mas como podemos combater as fake news?

Dialogando

ƒ Como você, jovem, age quando recebe uma notícia bombástica no seu
celular? Você repassa imediatamente? Desconfia da notícia e pesquisa
a fonte? Você já repassou uma fake news?

» Fotografia de
uma garota
Não existe uma forma rápida de acabar com elas, pois a força das fake news
lendo uma
está tanto nos seus criadores quanto nas pessoas que as divulgam. Na maior mensagem no
parte das vezes, é difícil identificar os seus criadores e isso dificulta muito a luta celular com
expressão de
contra elas, porém, diversos especialistas apontam caminhos para que as pessoas
surpresa.
comuns deixem de ser um instrumento de propagação das fake news.
Os especialistas apontam que a principal arma contra as fake news é o senso
crítico, ou seja, a nossa capacidade de receber informações, refletir sobre elas e
saber agir em caso de dúvidas. Para isso, recomenda-se seguir alguns passos
quando recebemos ou lemos uma notícia:
1º passo: se a notícia for uma matéria de um jornal ou de um site, não leia
apenas o título, pois muitas vezes os títulos são criados para chamar a atenção
do leitor e podem distorcer a informação.
2º passo: tenha cuidado com notícias sensacionalistas, pois esse é um recurso
utilizado pelos criadores de fake news para mexer com as emoções do leitor, indu-
zindo-o a aceitar de forma acrítica as informações.
3º passo: verifique se a notícia tem algum autor. Em caso positivo, se for alguém
que você não conhece, pesquise sobre ele.
4º passo: se a notícia for de algum site que você não conhece, navegue pela
página para descobrir mais sobre ele e verificar sua credibilidade. Normalmente os
sites têm uma aba chamada “Quem somos”, onde é possível verificar os respon-
sáveis, saber se há e-mail ou telefone de contato etc.
5º passo: sempre verifique a data de publicação das notícias e a localidade onde
as situações ocorreram. É muito comum recebermos imagens ou notícias em que
a data, o local ou as pessoas retratadas não se referem ao fato noticiado.
6º passo: tenha sempre mais de uma fonte de informação, não se restrinja aos
mesmos sites ou noticiários. Ter referências variadas ajuda a conferir a veracidade
das informações. E ouvir mais de um ponto de vista contribui para a formação do
senso crítico.
7º passo: antes de repassar qualquer informação, procure saber se ela é
verdadeira.

127

D3-CHS-EM-3074-V5-U2-C5-114-131-LA-G21.indd 127 9/22/20 2:40 PM


A cultura da paz
Você já se perguntou do que depende a paz? Será que ela depende somente
de acordos políticos entre as grandes potências? Será que uma política de desar-
mamento global seria suficiente para assegurar a paz?
Ou será que a paz depende da coletividade humana como um todo?
Segundo o diretor geral da ONU Koïchiro Matsuur, a paz depende de cada um
de nós, independentemente de origem, cor ou classe social. O importante é que
cada um de nós responda ao chamado para participar no movimento pela paz,
individualmente, ou em grupo, a fim de juntos, construirmos uma cultura da paz
em prol do bem estar da humanidade.
O texto a seguir amplia este conceito:
A paz não pode ser apenas garantida pelos acordos políticos, econômicos ou mili-
» Estudantes tares. No fundo, ela depende do comprometimento unânime, sincero e sustentado
realizam
abraço coletivo
das pessoas. Cada um de nós, independentemente da idade, do sexo, do estrato social,
no prédio da crença religiosa ou origem cultural é chamado à criação de um mundo pacificado.
Escola Raul As palavras do Diretor Geral da UNESCO, Koïchiro Matsuur, pretendem mostrar a
Brasil, onde necessidade e importância de estarmos engajados no movimento pela Paz, construindo
ocorreram uma Cultura que permita conjugar atitudes individuais e coletivas em prol do bem-es-
mortes de tar dos cidadãos e do desenvolvimento humano.
estudantes e Mas, o que significa Cultura da Paz?
funcionários
Construir uma cultura de paz envolve dotar as crianças e os adultos de uma compre-
devido a
um ataque
ensão dos princípios e respeito pela liberdade, justiça, democracia, direitos humanos,
violento de tolerância, igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, individual e coletiva, da
ex-estudantes, violência que tem sido parte integrante de qualquer sociedade, em seus mais variados
em São Paulo contextos. A cultura da paz [...] tem de procurar soluções que advenham de dentro da(s)
(SP), 2019. sociedade(s) e não impostas do exterior.
[...]
Uma cultura de paz implica no esforço para modificar o
pensamento e a ação das pessoas no sentido de promover a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola, deixa de ser
a temática principal. Não que ela vá ser esquecida ou aba-
fada; ela pertence ao nosso dia a dia e temos consciência
disto. Porém, o sentido do discurso [...] precisa impregná-lo
de palavras e conceitos que anunciem os valores humanos
que decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. [...] É
hora de começarmos a convocar a presença da paz em nós,
JULIEN PEREIRA/ FOTOARENA

entre nós, entre nações, entre povos.


[...]
DUPRET, L. Cultura de paz e ações socioeducativas: desafios para a escola
contemporânea. Psicologia Escolar e Educacional, v. 6, n. 1. Campinas,
jun. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-85572002000100013. Acesso em: 27 ago. 2020.

Dialogando

1. No seu cotidiano, você pratica ações que contribuem para a cultura da paz?
2. Como você acha que é possível que a cultura da paz se difunda na sociedade? Debata
com os colegas.

128
Retomando Consultar as Orientações para o Professor.

1. (Unesp)
Embora o Brasil não viva uma situação de guerra civil ou de atentados terroristas,
a violência tem sido um dos temas mais frequentes no noticiário nacional, uma preo-
cupação política e um tormento para o brasileiro comum, independentemente de sua
classe social, de seu nível de instrução, de sua religião ou de sua inclinação política.
Vive-se atualmente um clima de medo e insegurança generalizado. Essa sensação é con-
firmada pelas estatísticas que revelam o aumento crescente da criminalidade e, ao lado
dela, da mortalidade por violência em nosso país, sendo o jovem a vítima preferencial.
BRYM, R. [et al.] Sociologia: sua bússola para um novo mundo.
São Paulo: Thomson Learning, 2006. (Adaptado)

Assinale a alternativa que apresenta as causas estruturais da violência nas áreas


urbanas.
a) A violência urbana é fruto do consumo de drogas que conduz os usuários à formação
de guetos e à fuga do mercado de trabalho.
b) A ausência de uma política de assistência social que ampare os pobres para que se
mantenham distantes do crime organizado.
c) A falta de investimento público no sistema prisional, que pela falta de vagas, antecipa
a liberdade condicional aos condenados.
d) A exclusão social, provocada pelo desemprego estrutural e pela ausência de perspec-
tivas, fornece a base social para a criminalidade urbana.
e) A violência urbana no Brasil se encontra restrita as gangues juvenis que atuam nas
áreas urbanas pela ausência de políticas públicas voltadas para a orientação social
da juventude.
2. Leia um trecho da Lei 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha:
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo dos direi-
tos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao
acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade,
ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos
das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de resguar-
dá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições necessárias
para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput.
BRASIL. Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra
a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 27 ago. 2020.

Após a leitura, é possível concluir que:


I. As mulheres são detentoras de direitos como saúde, segurança, educação e cultura.
II. Apesar das conquistas provindas da luta contra a violência contra a mulher, o acesso
à justiça não consta do texto da Lei Maria da Penha.

129
III. As condições para que a mulher consiga exercer seus direitos é dever exclusivo do
poder público.
IV. Garantir as condições necessárias para que a mulher exerça seus direitos é papel da
família, do poder público e da sociedade como um todo.
Está correto o afirmado em:
a) I e III. d) II, III e IV.
b) II e IV. e) III e IV.
c) I e IV.
3. O Feminicídio foi classificado como crime hediondo e com agravantes quanto ocorre
em situações de vulnerabilidade. De acordo com a Lei 13.104/2015, há feminicídio
quando:
a) a agressão acontece, exclusivamente, dentro do lar da vítima.
b) fica evidente que o crime ocorreu por discriminação à condição de mulher.
c) não há indícios de que houve menosprezo pela condição feminina da vítima.
d) o crime é cometido pelo marido da vítima.
e) o crime ocorre na presença dos filhos da vítima.
4. Avalie as afirmativas com V para Verdadeira e F para Falsa. Entre as atitudes favoráveis
ao combate às fake news, estão:
I. questionar a fonte de uma informação veiculada na internet.
II. usar de senso crítico ao se deparar com uma notícia.
III. procurar saber quem escreveu a informação.
IV. compartilhar notícias imediatamente.
V. avaliar se o título (manchete) da notícia tem relação com o texto, ou visa apenas
impactar no leitor.
Está correto o afirmado em:
a) V, V, V, F, V. d) V, V, V, F, F.
b) F, V, F, V, F. e) V, V, V, V, F.
c) F, F, F, V, F.
5. A charge a seguir diz respeito às fake news. Leia-a com atenção.

DAVE GRANLUND/CAGLE CARTOONS

GRANLUND, D. Fake
news and internet. Dave
Granlund:editorial cartoons
& illustrations, c2001-2020.
Disponível em: https://
www.davegranlund.com/
cartoons/2016/12/08/fake-
news-and-internet/. Acesso
em: 5 set. 2020.

130
a) O que se vê na charge?
b) Os homens estão caracterizados à semelhança de um personagem de histórias infan-
tis. Que personagem é este e por que foi escolhido?
c) Com base em seus conhecimentos da Língua Inglesa e/ou com o auxílio de um dicio-
nário, responda: qual o significado da frase distribuída pelos balões de fala?
6. Avalie a afirmação a seguir:
É por meio de tratados internacionais que chegaremos a uma paz duradoura; portanto,
torna-se imprescindível a criação de políticas públicas para engajar a sociedade em
torno desse objetivo.
PORQUE
A cultura de paz envolve a conscientização da sociedade sobre alguns princípios como
o respeito pela liberdade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualdade
e solidariedade.
Considere as afirmações a seguir:
a) As afirmações I e II são verdadeiras.
b) A afirmação I é verdadeira e a II é falsa.
c) As afirmações I e II são falsas.
d) A afirmação I é falsa e a II é verdadeira, e a II não justifica a I.
e) A afirmação I é falsa e a II é verdadeira, e a II justifica a I.
7. Originada durante o movimento de vanguarda concretista do século XX, a poesia con-
creta explora a relação entre a palavra, a sonoridade e a imagem.
Observe a poesia a seguir:
LIGIA CEZARETTO

CEZARETTO, L. Paz e Guerra.


Caderno de anotações, 19
set. 2018. Disponível em:
https://ligiacezaretto.tumblr.
com/post/165234273915/
trabalho-desenvolvido-para-a-
semana-dos-direitos.
Acesso em: 5 set. 2020.

a) Você conseguiu identificar a mensagem? Transcreva-a.


b) Imagine que você vá apresentar uma mensagem ao mundo para defender a não vio-
lência. Crie uma poesia concreta com palavras que expressem os valores da cultura
de paz (liberdade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, igualdade e
solidariedade).

131

Você também pode gostar