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Perfeito ao meu propósito

A existência é algo magnífico e simples. Lembro-me de como foi notar minha existência pela
primeira vez como lembro do último segundo que se passou.

A primeira coisa que vi foi meu Pai com um olhar de triunfo, ansiedade, e um pouco de
desconforto. Perante ele, dezenas, talvez até mesmo centenas de seus semelhantes. Seres
grandiosos e importantes, de tal modo que, meu pai, perante eles se mostrava pequeno e
humildade. Todos com um ar de deboche. Com os olhares indo de meu pai para mim. Nos
encontrávamos em um lugar vazio. Ao longe em todas as direções os elementos se chocavam.
Criando sons extremamente altos. Como se estivéssemos no centro de tudo.

Eu era um ser perfeito ao meu propósito. Uma figura colossal e dominante, foi quando dei
conta do meu ser que percebi isso. Uma figura caótica com vários braços e pernas. Um corpo
arqueado que se bifurcava três vez pela coluna vertebral a cima, em cima de meus diversos
tórax havia uma cabeça rachada e dividida por doze olhos e duas bocas, com essa forma eu
estava voltado para todas as direções. Podendo encarar todos aqueles que assistiam ao meu
Pai e a mim como se fossemos a atração do milênio. E eu me sentia desconfortável.

A primeira coisa que ouvir foi a voz de meu pai, Suave e tremula, o som mais esplêndido que já
ouvir. E ele dizia: aí está. Minha criação. Meu ser perfeito. Olhem para ela. Contemplem-na.
Vocês quê me menosprezam. Usam do meu dom para criar a vida e mesmo assim falam que
não sou capaz. Pois bem. Meu ser és melhor do que qualquer outro criados por vocês. Talvez.
Melhor Do que vocês mesmo.

Me sentir orgulhoso. Sentir prazer, confiança, felicidade e acima de tudo, orgulho. Mas tudo
veio a baixo com as respostas que vieram. Piadas e questionamentos. Uma cacofonia de
ofensas e deboche. Eu sentia o espírito de meu pai se diminuindo e um ódio crescendo. Eu sou
um ser perfeito ao meu propósito. E meu propósito era mostrar que meu pai era forte e
poderoso como qualquer um de seus semelhantes. Fui pensado e criado em uma fração de
segundos. Sem tempo para nada. E tudo que faltou se Tornou um caos, pronto para responder
qualquer pequeno estimo. Que veio a ser uma pequena oração de palavras ditas o mais
próximo possível de meu pai. Dita por aquele que todos mas respeitavam e idolatravam.

Eu o vi se aproximando lentamente de meu pai. No meio do falatório era o único que se


manteve calado. E quando chegou junto ao meu pai sussurrou em seu ouvido algo que só nós
três poderia ouvir: se és tão perfeito esse seu filho. Então por que nem mesmo ele consegues
se entender.

As palavras colocaram tristeza em meu pai e ódio em mim.

O primeiro movimento que fiz não foi desajeitado. Tão pouco foi gracioso, e sim rápido.
Rápido e certeiro e quando dei por mim estava, em minhas mãos, a cabeça esmagada daquele
que falava ao ouvido de meu pai. Um som alto cortou o vazio e tudo se calou. Por alguns
segundos nem mesmo o som dos elementos se chocando ao longe se ouvia. E Então todo o
som veio de uma vez. Gritos de ódio e desespero. Tristeza e agonia. Pela primeira vez um deus
morreu. E o único que sorria era meu pai. Isso me deixou a sensação de gratificação. Um ser
perfeito ao meu propósito. Que era o agradar. Então sentir dor.

Lâminas, raios e tantas outras coisas perfuraram minha pele. Duas cabeças foram esmagada e
uma cortada. Vinte um deuses me atacavam e mais vinham a minha direção. E dois iam de
encontro ao meu pai. Que estava estático com o corpo de seu irmão nas mãos. Esses dois se
desfizeram por raios que saiam de meus olhos. Outros quatro caíram com o toque de meu
sangue. E alguns outros se encontravam importante pelo mesmo motivo. Meus braços e
pernas se moveram atacando. Meus olhos disparavam.

O primeiro gosto que sentir foi o do sangue de alguns que tentavam me decapitar. Eu era mais
rápido, mais forte. Todos meus machucados se fechavam em segundos. Deixando um sangue
tóxico para trás. Em questão de segundos mais de oitenta deus estavam mortos. Outros
fugiram pro seus universo. No fim estava sozinho ao meu pai. Que agora chorava, não por
tristeza pelos irmãos.

Ele falou para mim: desculpas pela sua existência sangrenta. Te criei por um propósito e tu o
cumpriste com excelência. Mas não sou capaz de matar. Nem tão poucos que vague livres. Por
isso te prenderei. Nunca porem pense que o castigo. Tão pouco que não te amo.

Grilhões gigantescos envolveram meus braços. Correntes me puxavam para um buraco negro.
A luz se esvaia e eu estava perto de ser arrastado para eterna e solitária escuridão.

As primeiras e únicas palavras que falei foram: obrigado pai. Por essa minha magnífica e
simples existência.

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