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Coordenação
Débora Diersmann Silva Pereira - Editora Executiva
Projeto Gráfico: Simone Dal Moro
Capa: Daniely Akemi Terao Guedes
ISSN 2527-2543
Inclui bibliografias
Tema: Avaliação educacional, prestação de contas
e responsabilização (accontability) em contextos ibero e
latino-americanos.
Reitor
Aristides Cimadon
Vice-reitores de Campi
Campus de Chapecó
Ricardo Antonio De Marco
Campus de São Miguel do Oeste
Vitor Carlos D’Agostini
Campus de Videira
Ildo Fabris
Campus de Xanxerê
Genesio Téo
Pró-reitor de Graduação Pró-reitor de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão
Ricardo Marcelo de Menezes Fábio Lazzarotti
Diretora Executiva da Reitoria
Lindamir Secchi Gadler
Conselho Editorial
RESUMO
O objetivo desse trabalho é apresentar as principais pesquisas que têm sido realizadas no Brasil a respeito dos indicado-
res de qualidade da Educação Básica e dos sistemas de avaliação vigentes através de um estado da arte. Nesse sentido,
foram coletadas teses e dissertações na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) que abordassem o tema de
avaliações em larga escala. Com o intuito de apresentar algumas tendências existentes, optamos por um estado da arte,
uma vez que essa metodologia permite mapear o que já foi realizado, apresentando as lacunas ainda a serem preenchi-
das. Desse modo, os dados apontam que as discussões se encaminham para o questionamento do propósito das avalia-
ções em larga escala, suas dificuldades diante da generalização dos contextos e realidades dos alunos, bem como para o
questionamento das práticas pedagógicas existentes.
Palavras-chave: Avaliação em larga escala. Estado da arte. Educação Básica.
INTRODUÇÃO
A educação sempre esteve presente na sociedade seja através de atividades vernáculas, ou através de
práticas contextualizadas em ambientes escolares oficiais. No Brasil, o cenário educacional passou por várias
transformações, sobretudo a partir da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, CF/88), das mudanças ocorridas
no sistema educacional e bases legais a partir da década de 1990 e as novas alterações a partir de 2011, com as
discussões sobre o Plano Nacional da Educação (PNE), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), além do Exa-
me Nacional do Ensino Médio (ENEM). Essa reestruturação começou “muito lentamente e com grande retardo”
(CASTRO, 2003, p. 63).
Em qualquer concepção, o desenvolvimento educacional deve resultar do crescimento econômico acompa-
nhado de melhorias na qualidade de vida, incluindo as alterações do que compõe o produto e a “alocação de recursos
pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza,
desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia)” (OLIVEIRA, 2002, p. 38).
O estado brasileiro mostra uma preocupação maior com o ensino de qualidade e não com a educação
de qualidade. Isso pode ser sinalizado quando se observa para a forma de aferição do atual sistema educacional,
através dos processos de avaliação que apontam a situação do atual cenário brasileiro em termos de aprendizagem:
provas do IDEB, SAEB e ENEM.
METODOLOGIA
Para atingir o objetivo proposto, iniciamos com uma pesquisa nos bancos de dados da Biblioteca Digital
de Teses e Dissertações - BDTD, em busca de teses e dissertações que abordassem as avaliações em larga escala
como Prova Brasil, Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, entre outras. Além disso, estabelecemos
critérios para seleção desses trabalhos: a pesquisa deveria estar situada entre os anos de 2012 e 2016, e utilizar
uma análise qualitativa. Para isso, foi utilizado o descritor “avaliação em larga escala”. Dessa escolha, surgiram 16
trabalhos, entre eles 3 teses e 13 dissertações que atenderam aos critérios propostos e que compõem o nosso corpus
de pesquisa.
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Eixo Temático 6 - Sistemas Nacionais de Avaliação Educacional
Tabela 1 – Publicações
Ano Autores Título
FERNANDES, Elen Daiane A língua portuguesa no 5º ano do ensino fundamental: repertórios de ensino no con-
Quartaroli texto da Prova Brasil/ SAEB
A concepção de qualidade educacional induzida pelas avaliações em larga escala: análise
FILIPE, Fabiana Alvarenga
2016 de documentos oficiais do estado de São Paulo (2008-2014)
PERBONI, Fabio Avaliações externas e em larga escala nas redes de educação básica dos Estados brasileiros
Processos de inclusão/exclusão escolar: análise do impacto da prova brasil na escolariza-
WITEZE, Erika Marinho
ção do público alvo da educação especial
ANDRADE, Alenis Cleusa Indicadores de qualidade da educação básica sob o olhar da pesquisa científica: Prova
de Brasil e IDEB
2015 CARVALHO, Luís Cláudio A apropriação de resultados do Proeb e as estratégias utilizadas por duas escolas de
Rodrigues de ensino fundamental da rede estadual de ensino de Juiz de Fora
SILVA, Simone Martins A avaliação em larga escala na rede de colégios maristas RS
ARAÚJO, Caroline Silva Desempenho e recompensa: as políticas das secretarias estaduais de educação
2014 Educação básica no Brasil e História e Cultura Africana e Afro-brasileira - competências
SANCHEZ, Livia Pizauro
e habilidades para a transformação social?
COSTA, Rodrigo Veloso Repensando políticas públicas em avaliação educacional no município de Angra dos
Parkutz Reis
ECOTEN, Márcia Cristina Gestão educacional e avaliação em larga escala: um estudo a partir da visão dos sujeitos
Furtado de escolas do município de canoas/RS
Novo ENEM: experiências de participação, sentidos e significados atribuídos pelos
2013 OLIVEIRA, Ivan dos Santos
estudantes à política
STRASBURG, Quenia O programa mais educação na arena da prática: um estudo de caso sobre a perspectiva
Renee dos gestores e professores da Rede Municipal de São Leopoldo/RS
TAVARES, Edson Leandro Avaliação em larga escala e qualidade da educação: um estudo a partir da visão dos
Hunoff sujeitos da rede escolar municipal de Cachoeirinha/ RS
Gestão democrática nos sistemas municipais de ensino de Santa Catarina: implicações
SANTOS, Almir Paulo dos
da avaliação em larga escala
2012
SERPA, Alexandre Luiz de Autoeficácia, autoconceito e ansiedade em uma avaliação em larga escala e sua relação
Oliveira com o desempenho escolar
Fonte: Elaborada pelos autores.
A avaliação é uma ferramenta que está constantemente inserida no cotidiano da nossa sociedade. Neste
contexto destaca-se como a competência de mensurar o conhecimento adquirido pelos alunos, durante os ciclos
escolares, logo estas ferramentas servem de baliza ao analisar a qualidade e finalidade na educação, e por fim eco-
ando no processo de ensino de aprendizagem. É sobre essa proposta que os trabalhos registrados neste estado da
arte propõem-se a analisar e compreender a partir dos distintos cenários onde foram realizadas.
Santos (2012), Costa (2013), Ecoten (2013), Tavares (2013), Carvalho (2015) e Perboni (2016) identifi-
caram que a partir de avaliações de diferentes gestões, os municípios com altos índices no IDEB possuíam gestões
organizadas há vários anos. Contanto, municípios com baixo IDEB possuíam uma inconstância, que inviabiliza-
vam a continuidade de práticas bem-sucedidas. Embora em contextos diferentes, os autores perceberam que as
avaliações ainda não conseguem cumprir o propósito de diagnosticar e reorientar as práticas pedagógicas. Ecoten
(2013) aponta uma crítica em relação as políticas de avaliação em larga escala, depreendendo dos dados que polí-
ticas emergiram em razão destes mesmos resultados.
Em consonância, Serpa (2012) e Witeze (2016) buscam investigar o impacto que variáveis emocionais
como “autoeficácia”, “autoconceito” e “ansiedade” assumiam para explicar a proficiência de alunos submetidos a
avaliações de larga escala. Os dados dos autores apontaram que há uma forte associação entre variáveis emocionais
e proficiência final dos alunos. Mais do que o resultado quantitativo é necessário estudar quais fatores contextuais
e subjetivos amparam o constructo final dessas provas e como estes influenciam no desempenho dos estudantes.
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Seminário Internacional de Políticas Públicas em Educação
Seguindo o mesmo viés, Oliveira (2013) e Silva (2015) em seus trabalhos entenderam que os sentidos
e funções atribuídos pelos estudantes a política do Novo ENEM, eram influenciados pelo discurso oficial e se fez
presente nas percepções dos colaboradores quando evocados os sentidos para: auto avaliação, democratização na
participação do processo, indução de mudanças e ingresso no ensino superior. Essa experiência, tanto para alunos
quanto para os demais participantes apesar de positiva, foi muitas vezes configurada como cansativa, desagradá-
vel e, por vezes, até traumática. Porém, Silva (2015) percebeu que a rede particular vem conseguindo trabalhar os
resultados de avaliações em larga escala na dimensão dialogística com vistas a melhoria da qualidade do ensino,
apesar da perspectiva mercantilista presente na gestão educacional.
Outras pesquisas como Strasburg (2013), Araujo (2014), Sanchez (2014), Andrade (2015) e Fernandes
(2016) destacaram outros pontos para reflexão, tais como: o robustecimento da escola, em virtude dos resultados
obtidos em avaliações de larga escala; a contribuição das avaliações de larga escala para a implementação de leis;
as pesquisas científicas que investigam as informações produzidas pelas políticas de avaliação em larga escala; a
urgência e necessidade da produção de conhecimentos sobre a mediação do contato dos professores com as avalia-
ções com intuito de gerar condições formativas.
Por fim, Filipe (2016) complementa em sua dissertação, que foi possível identificar que os documentos
apontaram que o campo educacional ainda é permeado pela lógica gerencialista do ideário neoliberal, de forma que
as avaliações em larga escala estão induzindo a uma concepção mercadológica de qualidade educacional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao trazermos para este estudo como objetivo apresentar as principais pesquisas que têm sido realizadas
no Brasil a respeito dos indicadores de qualidade da Educação Básica e dos sistemas de avaliação vigentes, os dados
apontam que as discussões se encaminham para o questionamento do propósito das avaliações em larga escala,
suas dificuldades diante da generalização dos contextos e realidades dos alunos, bem como para o questionamento
das práticas pedagógicas existentes.
Ao final, podemos destacar também que há um crescente interesse nas avaliações em larga escala, em
forma de pesquisas e questionamentos, que vai além da ótica mercantilista de saber se os alunos sabem ou não
ler/contar. Detectou-se a presença ainda de desafios pedagógicos e da transposição dos resultados em políticas e
práticas que visem a melhoria da educação. Há também, uma preocupação em como essas provas estão sendo rea-
lizadas e aplicadas, quais suas falhas e o que pode ser melhorado a partir dos resultados de pesquisas e análises. As
pesquisas apontam, que pouca reflexão tem ocorrido acerca dos diferentes contextos socioculturais, econômicos
desses alunos que realizam a prova.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A. C. de. Indicadores de qualidade da educação básica sob o olhar da pesquisa científica: Prova
Brasil e IDEB. 2015. 195 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo, 2015.
ARAUJO, C. S. Desempenho e recompensa: as políticas das secretarias estaduais de educação. 2014. 126 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
CARVALHO, L. C. R. de. A apropriação de resultados do Proeb e as estratégias utilizadas por duas es-
colas de ensino fundamental da rede estadual de ensino de Juiz de Fora. 2015. 122 f. Dissertação (Mes-
trado) - Curso de Gestão e Avaliação Pública, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2015.
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Eixo Temático 6 - Sistemas Nacionais de Avaliação Educacional
ECOTEN, M. C. F. Gestão educacional e avaliação em larga escala: um estudo a partir da visão dos sujeitos
de escolas do município de canoas/RS. 2013. 147 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Universidade
do Vale dos Sinos, São Leopoldo, 2013.
FILIPE, F. A. A concepção de qualidade educacional induzida pelas avaliações em larga escala: análise de
documentos oficiais do Estado de São Paulo (2008 - 2014). 2016. 231 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educa-
ção, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro, 2016.
MELLO, L. C. A. Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes: O estado da arte nas produ-
ções acadêmicas em psicologia. 2010. 230 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Psicologia, UFRN, Natal, 2010.
OLIVEIRA, I. S. Novo ENEM: experiências de participação, sentidos e significados atribuídos pelos estudantes
à política. 2013. 195 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Universidade do Vale dos Sinos, São Leopol-
do, 2013.
OLIVEIRA, Stela Maris Lagos. A legislação e as políticas nacionais para a Educação Infantil: avanços,
vazios e desvios. In: MACHADO, Maria Lúcia de A. (Org.). Encontros e desencontros em Educação Infantil. São
Paulo, Cortez, 2002.
SANTOS, A. P. Gestão democrática nos sistemas municipais de ensino de Santa Catarina: implicações
da avaliação em larga escala. 2012. 260 f. Tese (Doutorado) - Curso de Educação, Universidade do Vale dos Sinos,
São Leopoldo, 2012.
SERPA, A. L. O. Autoeficácia, autoconceito e ansiedade em uma avaliação em larga escala e sua relação
com o desempenho escolar. 2012. 82 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação, Universidade Federal de
Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012.
SILVA, S. M. A avaliação em larga escala na rede de colégios maristas RS. 2015. 118 f. Dissertação (Mes-
trado) - Curso de Educação, Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo, 2015.
STRASBURG, Q. R. O programa mais educação na arena da prática: um estudo de caso sobre a perspectiva
dos gestores e professores da Rede Municipal de São Leopoldo/RS. 2013. 140 f. Dissertação (Mestrado) - Curso
de Educação, Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo, 2013.
TAVARES, E. L. H. Avaliação em larga escala e qualidade da educação: um estudo a partir da visão dos su-
jeitos da rede escolar municipal de Cachoeirinha/ RS. 2013. 211 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Educação,
Universidade do Vale dos Sinos, São Leopoldo, 2013.
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