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EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - CAPÍTULO XVII - Sede perfeitos

 Caracteres da perfeição
 O homem de bem
 Os bons espíritas
 Parábola do semeador

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS


O dever
A virtude
Os superiores e os inferiores
O homem no mundo
Cuidai do corpo e do espírito

O homem no mundo

(1) Um sentimento de piedade deve sempre animar o coração dos que se reúnem sob as
vistas do Senhor e imploram a assistência dos bons Espíritos.

Os bons espíritos nos atendem nos atendem as preces quando pedimos com humildade e sinceridade, e
quando percebem em nós o propósito de nos melhorar interiormente. Jamais nos atendem porém para
satisfazer nossas futilidades.
Ensina o autor da página em estudo que não é preciso que vivamos o tempo todo em prece para
recebermos a ajuda da Divina Providência. A nossa ATITUDE de reverência a DEUS pode ser algo
que emana do nosso espírito incessantemente. Basta que incorporemos à nossa conduta o AMOR
ensinado por Jesus;

Purificai, pois, os vossos corações; não consintais que neles demore qualquer
pensamento mundano ou fútil. Elevai o vosso espírito àqueles por quem chamais, a fim
de que, encontrando em vós as necessárias disposições, possam lançar em profusão a
semente que é preciso germine em vossas almas e dê frutos de caridade e justiça.

Elevai os vossos corações, o vosso espírito, que em vossa mente não seja povoada por pensamentos
mundanos, profanos, fúteis. Quantas vezes nos temos estes pensamentos? Talvez possa ser até na maior parte
do nosso dia, não é mesmo?
Pois os pensamentos fúteis, mundanos, as notícias de caráter menos nobre elas circulam sempre em maior
quantidade do que as noticias boas.
Desta maneira, torna-se um desafio para nós manter o pensamento elevado.
Mas este é o desafio, educar os nossos instintos, é sair do “homem velho”. O que é o homem novo senão a
elevação a renovação dos nossos sentimentos.
Do que adianta nos orarmos, virmos á Casa Espírita, se nos aqui estamos pensando no mundo lá fora. Se
ficamos nos preocupando apenas com o que ainda está por ser feito amanhã.
Elevar os vossos corações… Por quantas vezes pedimos, meu anjo de guarda, por favor me ajude….mas nós
não nos ajudamos, por mantermos um pensamento, uma posição mental deletéria ou seja extremamente
nociva e prejudicial.
Como é que nossos amigos bem feitores irão nos ajudar, se nós mesmos não nos ajudamos?
Desafio: Educar instintos, impulsos e ações mundanas fúteis.
Evitar os excessos em geral: alimentação, sono, ócio, trabalho.
Evitar exteriorizar tensões e anseios através de instintos grotescos: vícios.
Procurar viver integralmente o presente, elevar os nossos corações, estar completo, estar por inteiro onde nós
estivermos. Vivenciar o presente na sua integralidade. Dominar os instintos substituindo tensões por
sentimentos elevados.
É claro para nós que instintos nós ainda os temos. São bagagens trazidas de nossas existências pretéritas.
Porem temos que nos trabalhar firmemente para substituí-los por sentimentos nobres e elevados.
(2) Não julgueis, todavia, que, exortando-vos incessantemente à prece e à evocação
mental, pretendamos vivais uma vida mística, que vos conserve fora das leis da
sociedade onde estais condenados a viver. Não; vivei com os homens da vossa época,
como devem viver os homens. Sacrificai às necessidades, mesmo às frivolidades do dia,
mas sacrificai com um sentimento de pureza que as possa santificar.

A Providência divina jamais deixa de atender nossas súplicas, desde que partam de um coração sincero e
predisposto a evoluir e purificar-se”.
A ligação com o Criador é sempre necessária e salutar. Contudo, não significa vivermos uma vida mística, que
nos isole da sociedade em que vivemos. Pelo contrário, quanto mais nos empenhamos no campo da
FRATERNIDADE e convívio edificante com o próximo, mais ligados estaremos com Deus. O trabalho útil, a
palavra amorosa, o conforto e a solidariedade são formas de prece.
“Deus quer que pensemos Nele, mas cumprindo nossos deveres no mundo, vivendo como devem viver os
homens de nossa época”.
Não de vemos absolutamente evitar o contato das pessoas que não pensam como nós. Devemos viver
pacificamente com todos, colaborando com o bem estar comum, vivendo o Evangelho sem exigir que os outros
nos imitem.

NO Livro dos Espíritos – Parte Terceira– Das leis morais CAPÍTULO VII DA LEI DE SOCIEDADE
1. Necessidade da vida social
Questão: 766. A vida social está na Natureza?
“Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras
faculdades necessárias à vida de relação social.”

Nos temos os 5 sentidos para serem utilizados… Tudo tem uma razão de ser na obra divina, e deve ser bem
utilizado.

Questão: 767. É contrário à lei da Natureza o insulamento absoluto?


“Sem dúvida, pois que por instinto os homens buscam a sociedade e todos devem concorrer para o progresso,
auxiliando-se mutuamente.”

Nós temos pois um objetivo enquanto homens no mundo, enquanto seres humanos encarnados.
É concorrer para o progresso. E aí pensamos, mas este mundo é tão grande tenho 7 bilhões de irmãos e irmãs
que eu preciso ajudar? Mas devemos nos ater principalmente ao “nosso mundo” que é a principio o meio
familiar, nossos vizinhos, nossos parentes, colegas de escola, colegas de trabalho, nossa cidade. É neste meio
social que nós devemos concorrer para o progresso.
Temos as vezes aquele vizinho ou aquele colega que perde a paciência e aí é que entra o nosso auxilio. Seja
ficando em silencio, seja fazendo uma prece, seja auxiliando mais diretamente este nosso irmão.
Pois no âmago todos nos somos irmãs em humanidade.
Nos aqui podemos atuar em papeis como pais, mães, filhos, avós, tios, chefes, subordinados, mas na essência
todos nós somos irmãos.

(3) Sois chamados a estar em contacto com espíritos de naturezas diferentes, de


caracteres opostos: não choqueis a nenhum daqueles com quem estiverdes. Sede joviais,
sede ditosos, mas seja a vossa jovialidade a que provém de uma consciência limpa, seja
a vossa ventura a do herdeiro do Céu que conta os dias que faltam para entrar na posse
da sua herança.

“Não consiste virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os prazeres que as vossas condições
humanas vos permitem”
Se podemos usufruir dos prazeres do mundo, onde estaria então a perfeição? Na prática da caridade (o amor em ação)
junto aos nossos semelhantes, conforme nos ensinou Jesus.
No mundo, somos chamados a conviver com espíritos de naturezas diferentes e caracteres opostos, que
requisitam de nós a compreensão, o respeito e a cooperação”.
Podemos viver no mundo sem pertencer a ele, isto é, sem nos deixar envolver pelos vícios, tentações e prazeres
mundanos. Para isso, é necessário que estejamos com o pensamento sincera e constantemente voltado ao
Criador que assim nos auxiliará a tomar o caminho certo, nos momentos decisivos.
Podemos viver os prazeres do mundo, pois a condição humana nos permite. O que não devemos é abusas dos
prazeres e a eles nos escravizar. Paulo sabiamente afirmou: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as
coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”. (1 Coríntios
6:12)
Não precisamos viver FANATIZADOS, alienados do mundo e das nossas necessidades de lazer, sexo, conforto
e alegrias. É no EXAGERO que reside a nossa viciação e no DESRESPEITO que moram os nosso
compromissos cármicos mais dolorosos.
Se tudo nos é permitido pelo livre arbítrio, porém FERIR, MAGOAR, ULTRAJAR E TRAIR nos
relacionamentos interpessoais da vida humana é sementeira de complicações que o no futuro nos exigirá
colheita e cuidados.

Aqui o Espírito Protetor nos lembra que no mundo vamos conviver com os mais diversos indivíduos. E que estes
na maioria das vezes serão diferentes de nós, pensando diferente, com crenças e ideologias diferentes,
posicionamentos e comportamentos distintos dos nossos. Ou seja, em maioria, totalmente diferente de nós.
Aí imaginamos….Mas seria melhor se Deus colocasse junto de mim pessoais iguais, que pensassem como eu
penso…..
Mas se todos pensássemos igual não haveria espaço para o progresso, pois o crescimento vem da diversidade.
E é justamente na diversidade que vamos encontrar a dificuldade. Vamos enxergar a possibilidade de
crescermos mais um pouco e entendermos aquele nosso irmão, que não foi educado como eu fui. Preciso pois
entende-lo e respeita-lo.
O Espírito Francisco de Paula Victor, na obra “Quem é o Cristo?” Cap. 29 – Psicografia de Raul Teixeira diz: “Em
chegando ao mundo terrestre, todo Espírito, desde os mais simplórios até os mais aquinhoados de valores
gerais, estará a braços, com as condições do planeta.”
Exemplificando:
Socrates, não teve que sorver o veneno mortal ?
Gandhi, pregador da não violência, não foi assassinado ?
E continua Francisco de Paula… “Os que sonham com uma vida sem problemas, mesmo estando na terra, com
certeza se julgam injustiçados por Deus, por tê-los internado nesta e não noutra paragem cósmica.
Ref.“Quem é o Cristo?” Cap. 29 – Psicografia de Raul Teixeira.
Precisamos compreender que o crescimento, o nosso papel de cristãos e Espíritas e enquanto seres
humanos é sim uma diferença. É entender aquele meu semelhante muitas vezes difícil. É aí que eu vou crescer.

(4) Não consiste a virtude em assumirdes severo e lúgubre aspecto, em repelirdes os


prazeres que as vossas condições humanas vos permitem. Basta reporteis todos os atos
da vossa vida ao Criador que vo-la deu; basta que, quando começardes ou acabardes
uma obra, eleveis o pensamento a esse Criador e lhe peçais, num arroubo d’alma, ou a
sua proteção para que obtenhais êxito, ou a sua bênção para ela, se a conc1uístes. Em
tudo o que fizerdes, remontai à Fonte de todas as coisas, para que nenhuma de vossas
ações deixe de ser purificada e santificada pela lembrança de Deus.

(5) A perfeição está toda, como disse o Cristo, na prática da caridade absoluta; mas, os
deveres da caridade alcançam todas as posições sociais, desde o menor até o maior.
Nenhuma caridade teria a praticar o homem que vivesse insulado. Unicamente no
contacto com os seus semelhantes, nas lutas mais árduas é que ele encontra ensejo de
praticá-la. Aquele, pois, que se isola priva-se voluntariamente do mais poderoso meio
de aperfeiçoar-se; não tendo de pensar senão em si, sua vida é a de um egoísta. (Cap. V,
no 26.)

Nosso papel é muito relevante neste mundo. Pensamos então naquelas pessoas eremitas, aqueles monges
isolados que estão nas montanhas do Tibet….e esquecemos de que nós diariamente nos isolamos de nossos
semelhantes. Em casa, eu converso com os meus familiares ? Muitas vezes nos nos isolamos nos meios
eletrônicos. E aí observamos familiares que conversam mais através dos meios eletrônicos do que
pessoalmente. Isto não seria um isolamento ? O isolamento está em nós….não é necessário subir numa
montanha ou fechar-se num claustro. O que estamos fazendo para mudar isto ? Como poderemos praticar a
caridade absoluta se nós estivermos isolados ?
O Cristo estava somente com os seus apóstolos, ou com os doutores da lei ? Não, ele estava sempre no meio
da multidão passando sua mensagem de amor para a humanidade.
Neste ambiente em que vivemos, com pessoas as vezes de má fé. E é neste ambiente em que devemos atuar,
para dar a nossa contribuição, mesmo que seja pequenina, uma parcela mínima, mas que uma palavra que nos
digamos ou uma ação que nos tenhamos possa modificar a forma de pensar do nosso semelhante.
Independente da posição social. Pois que uma pessoa pode ter muitas posses materiais mas estar necessitando
de forma extrema de uma palavra de consolo.
“Vós porem que vos retirais do mundo, para lhe evitar as seduções e viver no insulamento, que utilidade
tendes na terra.” (ESE – Cap. 5 – Bem aventurados os aflitos – item 26. Kardec A.)

(6) Não imagineis, portanto, que, para viverdes em comunicação constante conosco,
para viverdes sob as vistas do Senhor, seja preciso vos cilicieis e cubrais de cinzas. Não,
não, ainda uma vez vos dizemos. Ditosos sede, segundo as necessidades da
Humanidade; mas, que jamais na vossa felicidade entre um pensamento ou um ato que o
possa ofender, ou fazer se vele o semblante dos que vos amam e dirigem. Deus é amor,
e aqueles que amam santamente ele os abençoa. – Um Espírito Protetor. (Bordéus,
1863.)

Em que mundo queremos viver?


Vencer as mas tendências
Vencer as próprias limitações
Reconhecer os próprios defeitos
Preguiça, orgulho – vícios morais
Conciliar necessidades materiais x desejos x deveres morais
Prazeres e tentações
Compreensão, respeito, cooperação
Paciência

O autor, Um Espírito Protetor, inicia, conclamando a todos os que se reúnem, em


nome de Deus, pedindo a assistência dos Bons Espíritos, que o façam com sentimento de
piedade por toda a humanidade, afastando qualquer pensamento fútil ou mundano, que
possa perturbá-los. Que, nesse momento, os corações estejam purificados, a fim de que
possam elevar-se até a Espiritualidade Maior, no sentimento e no pensamento.
Somente assim, os Espíritos Bons podem agir em favor dos suplicantes, pois,
precisam encontrar neles, as condições necessárias para inspirá-los, fortalecê-los na
caridade e na justiça.
No orar sem elevação, a prece não estabelece a sintonia necessária entre quem ora e
a quem ela é dirigida. Orar sem sentir, ou em desespero, em revolta, com exigências
infundadas, as palavras ficam no ambiente físico, envoltas nas vibrações sombrias, não
conseguindo rompê-las.
A prece que cria um facho luminoso entre o homem e os Bons Espíritos, que têm a
missão de auxiliar os homens na Terra, tem de ser formulada com a mente e o coração
pacificados na confiança da fé em Deus, no Seu amor e na Sua misericórdia.
O autor esclarece que não está incentivando uma vida mística, afastada da
sociedade. “Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens: sacrificai-
vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um
sentimento de pureza, que as possa santificar.” *
A humanidade da Terra é constituída de Espíritos muito imperfeitos, principalmente
na distância entre o desenvolvimento intelectual e moral. Uma das suas características é a
heterogeneidade de pensamentos, de prioridades, de filosofias, de estratégias do viver,
temperamentos, caracteres, usos e costumes, diferenças muitas vezes antagônicas,
provocadas pelo livre-arbítrio de cada um, que dificultam o inter-relacionamento.
Assim, nesses choques, consequentes dessas diferenças, a Terra oferece condições
favoráveis ao aperfeiçoamento moral de cada um, embora essas condições, essas situações
possam ser dolorosas muitas vezes, pela rebeldia dos homens.
No esforço de uma convivência pacífica, entre os desiguais e os diferentes, pela
interdependência dos homens entre si, todos têm a oportunidade de desenvolver seu
potencial espiritual. E essa necessidade, se evidencia cada vez com mais clareza, também
entre nações, justamente, pelos avanços científicos e tecnológicos que a inteligência
humana descobre e cria.
Deve, pois, o homem, aproveitar todas as oportunidades que a vida social
proporciona, nas suas mais variadas experiências, na convivência com seus iguais e
desiguais, na participação das atividades de interesses gerais, para fazer sua caminhada
progressiva.
O importante é que, em tudo que se faça, haja o sentimento do bem, da pureza de
intenções, com discernimento e bom-senso, de forma a não melindrar ninguém, sentindo-se
alegres e felizes. Mas, que essa alegria venha da consciência do dever cumprido e da
certeza de serem todos, herdeiros de Deus.
O homem pode participar das alegrias e prazeres humanos, não fazendo mal a
ninguém, nem a si próprio, estando sempre com a mente e o coração voltados para o bem,
ou seja, pedindo sempre a proteção divina, a fim de que Deus possa purificar e santificar
seus atos.
Com essa atitude de confiança terá forças para não fazer algo da qual possa
envergonhar-se e que contrarie a s leis divinas.
Mesmo em um mundo de expiações e de provas, pode o homem sentir-se feliz,
mantendo seus propósitos de sentir, pensar e fazer somente o bem. Não há necessidade de
postura austera, sem risos e alegrias, para viver as virtudes que levam o homem a
transcender-se para voos mais elevados.
E, quando houver resvalado em algo que sua consciência lhe diz não ser bom,
acionar sua vontade na reparação, amparando-se na proteção divina, que jamais é negada.
Quando Jesus disse “Sede perfeitos”, ele sabia das dificuldades humanas, mas sabia
também, que somente nas lutas da vida em mundos materiais, pode o Espírito imortal, pela
sua perfectibilidade, fazer sua evolução, através das experiências, no desenvolvimento da
inteligência e da moralidade, sempre com o amparo dos que estão em graus mais elevados.
Jesus indicou o modo como atingir essa perfeição: exercitando a caridade sem
quaisquer limites, uns para com os outros, o que está ao alcance de todos, pobres e ricos,
ignorantes e instruídos. E isso só pode ser feito no contato uns com os outros, em qualquer
lugar e situação. Aquele que se isola, perde as oportunidades de praticá-la, retardando seu
próprio progresso.

*- Na tradução de Herculano Pires está a palavra sacrificar. Em “Imitation de L’


Évangile Selon Le Spiritisme” de 1864, Ed. FEB de 1979, o verbo é santificar (sanctifier),
assim também traduzido por Guillon Ribeiro, que a traduziu da 3ª edição francesa, revista,
corrigida e modificada por Allan Kardec em 1866, ed.FEB, 1982.

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