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Boa noite irmãos. Fui contemplado pela gentileza de iniciar as pregações deste
ano nesta casa. E me foi solicitado que falasse um pouco sobre o que devemos esperar
de 2015, ou melhor, o que 2015 deve esperar de nós.
Para iniciar a meditação deste ano novo, trouxe uma poesia de Cornélio Pires
chamada Deus conta contigo, do livro Poetas Redivivos, psicografado por Chico Xavier.
Em O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta qual o meio mais fácil do homem se
melhorar e resistir ao mal e a resposta é a máxima de Sócrates “Conhece-te a ti
Mesmo”, mas diante do questionamento de Kardec sobre como fazer isso, Santo
Agostinho que foi um grande teólogo da igreja católica responde dizendo: “Fazei o que
eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência,
passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum
dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a
me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, todas as
noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo
o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo da guarda que o
esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me,
Deus o assistiria.” Esse é só o começo da resposta, que é bem maior, mas para o estudo
isso basta. Temos na consciência o verdadeiro altar onde Deus deve ser adorado e onde
devemos cultivar a maior sinceridade para conosco mesmo. Aquele que conhece os
ensinamentos de Jesus e os coloca em prática constrói sua casa sobre a rocha, e por casa
podemos entender também a sua vida espiritual, estando edificada sob as leis
inquebrantáveis do amor, nada poderá fazê-la ruir. Quando na primeira característica do
homem de bem, os espíritos dizem “enfim, se faz a outrem tudo que desejara lhe
fizessem”, eles estão sintetizando, resumindo aquela característica, porque Jesus, já há
2000 anos, havia resumido para nós o que fazer para herdar a vida eterna: Amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Jesus ensinou na oração que a maioria de nós faz todos os dias, o Pai Nosso, a
pedirmos que seja feita a vontade de Deus e não a nossa e nós não podemos fazer a
oração só por fazer e não esperar em Deus quando as coisas saírem de nosso controle.
Quer dizer que não podemos nos entristecer? Claro que podemos, temos sentimentos,
somos humanos, mas devemos sofrer com resignação, com confiança em dias melhores,
são bem aventurados os que choram, com resignação, estes serão consolados.
3. Tem fé no futuro, razão por que coloca os bens espirituais acima dos
bens temporais.
Saber que tudo é prova ou expiação é fácil, porém aceitar que somos os
responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas é mais difícil. Injustiças acontecem
por todos os lados, pessoas boas sofrem, pessoas ruins não, a violência cresce e
inocentes morrem em assaltos, são atingidos por balas perdidas, perdem o emprego por
culpa do colega de serviço que inventou uma mentira sobre eles, mas não é bem assim,
embora a primeira vista pareça. Kardec diz que se as causas dos males da vida não
puderem ser encontradas na existência atual, devem ser encontradas em alguma
anterior, pois não há efeito sem causa e todos os “males” de nossa vida são efeito e a
causa obviamente são nossos próprios erros.
Mas o Homem de Bem aceita sem murmurar, aceita com firmeza todos os males
transitórios de nosso planeta.
Auto Explicativo.
7. O homem de bem é bom, humano e benevolente para com todos, sem
distinção de raças, nem de crenças, porque em todos os homens vê irmãos seus.
Respeita nos outros todas as convicções sinceras e não lança anátema aos que como
ele não pensam.
Isso é muito difícil de ver nos dias de hoje, a maioria não sabe respeitar a
religião dos outros, time de futebol dos outros, há poucos meses o país se dividiu por
causa da política, a intolerância racial, cultural e étnica cresce constantemente e parece
não ter limites, o homem não vê o próximo como irmão e muito mesmo o ama como a
si mesmo. Mas o homem de bem, não possui essas inferioridades.
Chico Xavier dizia que permitia aos outros serem como são e a si mesmo a
obrigação de ser como deve. Isso quer dizer meus irmãos que é necessário indulgência
com os erros do próximo, mas um cuidado extremo com nossas faltas. A necessidade de
perdoar as faltas alheias se dá por duas causas: A primeira é que nós erramos a todo
tempo e precisamos do perdão de Deus, a segunda é que já estivemos na mesma posição
daqueles irmãos que ainda não buscam a Deus, daqueles que buscam, mas não seguem e
só Deus poderá dizer em que grupo estamos nesse momento e se estaremos aptos para
habitar a Terra que está se tornando um planeta de Regeneração.
Reconhecemos o verdadeiro espírita pela sua mudança moral e pelo esforço que
faz em domar as suas más inclinações, já dizia Kardec. É isso que o espírita faz, que o
cristão com cristo faz. Porque o que mais encontramos em nosso mundo são cristãos
sem Cristo, que dizem ser dessa ou daquela religião cristã, que são isso e aquilo, mas
não colocam em prática os Seus ensinamentos, e acreditam que falar “Senhor, Senhor”,
garante céu a alguém. Mas o que o crente sincero faz? Ele vasculha sua própria
consciência a procura de suas imperfeições e as combate, como diria Paulo, combate o
bom combate, a fim de minimizar em si os defeitos e desenvolver as virtudes da melhor
forma possível, porque sabe que é preciso fazer para se alcançar o Reino de Deus.
12. Não procura dar valor ao seu espírito, nem aos seus talentos, a
expensas de outrem; aproveita, ao revés, todas as ocasiões para fazer ressaltar o
que seja proveitoso aos outros.
Eu tenho aprendido que existe uma diferença enorme entre: Ter e Deter. Nós
precisamos nos preocupar, neste novo ano que se inicia e em todos os anos que virão
com o que nós somos, porque nós só temos aquilo que podemos carregar conosco no
retorno à pátria espiritual. Nossa casa, nosso carro, celular, dinheiro, nada disso é nosso,
não temos essas coisas, nós detemos, pelo tempo que Deus considera necessário e nem
precisamos desencarnar para perder, basta estar nos desígnios Dele, em nossas provas e
expiações e tudo se vai. Basta que lembremos a história de Jó: Um homem rico, cheio
de filhos, de gado, de camelos, de terras e de uma hora para outra foi roubado, levaram
os camelos e o gado, os filhos morreram num incêndio e qual foi a sua reação? Jó
Capítulo 1, Versículo 20: “Nú saí do ventre de minha mãe e nú tornarei para lá, o
Senhor me deu, o Senhor tomou, louvado seja o nome do Senhor.
Por isso devemos nos desprender dos bens matérias. Não estou falando de não
possuir nada, e sim de não dá o valor que estes bens não possuem, porque da vida só se
leva, a vida que a gente leva.
14. Usa, mas não abusa dos bens que lhe são concedidos, porque sabe
que é um depósito de que terá de prestar contas e que o mais prejudicial emprego
que lhe pode dar é o de aplicá-lo à satisfação de suas paixões.
15. Se a ordem social colocou sob o seu mando outros homens, trata-os
com bondade e benevolência, porque são seus iguais perante Deus; usa da sua
autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
Evita tudo quanto lhes possa tornar mais penosa a posição subalterna em que se
encontram.
Rui Barbosa dizia que não deveria haver diferença entre os homens senão na
hierarquia do trabalho, e nós, quando temos ao nosso dispor o serviço de outros homens,
devemos ter por eles o máximo de respeito, primeiro porque são nossos irmãos, segundo
pois ninguém é superior a ninguém, nem materialmente, nós apenas estamos superiores,
estamos mais ricos, estamos com maior destaque social, mas numa outra oportunidade,
podemos ter sido um escravo e outro um rei e vice versa, por isso, nem mesmo quando
podemos dispor de inúmeros auxiliares de menor hierarquia na vida social, não ferimos
de forma nenhuma sua humildade com humilhações e afrontas.
Muitas vezes, ao chegarmos na espiritualidade como mendigos, pedintes da
misericórdia divina, encontramos aqueles que nos foram subordinados, e uma dívida de
gratidão dele para conosco pode representar a nossa redenção.