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Perdão e Esquecimento

Perdoar é esquecer?
PERDOAR
Perdoar é o ato consciente de abrir mão do ressentimento ou do
desejo de vingança contra alguém que, de alguma forma, causou algum
mal – mesmo que a pessoa não mereça. Ao contrário do que muitos
acreditam, o ato não necessariamente implica no esquecimento dos
agravos.
ESQUECER
Perder a lembrança, não pensar em, deixar escapar da memória,
abandonar, deixar de lado, desprezar, desdenhar, não ligar para.
Apesar das diferenças conceituais, alguns conseguem
se esquecer das ofensas e não se sentem magoados
com a lembrança dos fatos.
 Os que não tem essa capacidade, precisam lançar um
novo olhar sobre o outro, acreditar que haverá uma
mudança e praticar o perdão de forma que a
recordação do fato não seja mais motivo para o seu
desequilíbrio. Esse é um desafio!
 É importante não desistir e pensar que sempre
pedimos perdão de nossas ofensas à medida que
formos perdoando.
O ofensor tem que se sentir perdoado? E se o ofendido não
aceitar o pedido?
 Emmanuel em “O Consolador”, questão 337: “Concilia-te depressa com o teu adversário” – essa é a
palavra do Evangelho, mas se o adversário não estiver de acordo com o bom desejo de fraternidade,
como efetuar semelhante conciliação?
 Cumpra cada qual o seu dever evangélico, buscando o adversário para a reconciliação precisa,
esquecendo a ofensa recebida.
 Perseverando a atitude rancorosa daquele, seja a questão esquecida pela fraternidade sincera, porque
o propósito de represália, em si mesmo, já constitui uma chaga viva para quantos o conservam no
coração.
 Aquele que busca sinceramente o perdão já está fazendo dignamente a sua parte, ainda que o
ofendido se recuse.
 Aquele que concede o perdão não deve se ater ferrenhamente ao que vai ser feito do perdão que
concedeu.
 Esquecendo ou não, se o perdão é algo muito importante para o perdoado, é ainda muito mais para
aquele que tem a felicidade de conseguir perdoar, porque...Quem perdoa já cresceu no amor... Quem
humilde e sinceramente pede perdão... Caminha para o mesmo crescimento.
Todos nós, cristãos, sabemos que devemos perdoar sempre que
formos magoados, feridos, ofendidos, sob quaisquer circunstâncias, então
Por que então, é tão difícil perdoar?

• Porque ainda somos seres imperfeitos, orgulhos e egoístas.


• Temos grande dificuldade em colocarmo-nos no lugar do outro, procurando perceber os
sentimentos e emoções que o levam à ofensa.
• Como ainda trazemos o mal dentro de nós, percebemos nos outros, com muito mais
facilidade, os defeitos, o que nos impede de compreendê-los. Habituamo-nos a julgá-
los, preconceituosamente, com exigências que não temos para conosco.
• Vivemos durante inúmeras reencarnações considerando o perdão, a indulgência, a
bondade como expressões de fraqueza ou de covardia. Entendíamos ser um dever
vingarmo-nos sempre que nos julgássemos ofendidos.
• Hoje, que a luz dos ensinos de Jesus iluminaram nossos corações e nossas mentes; hoje
que a lógica da doutrina espírita nos mostra os elementos justificativos
da necessidade do perdão, queremos ser bons, perdoar, incondicionalmente, como
exemplificou Jesus.
• Todavia, sentimos dificuldade de libertarmo-nos dos hábitos "de defesa da honra e da
dignidade", do "ter vergonha na cara", "ter sangue nas veias", do "não levar desaforo
pra casa", porque "difícil não é aprender coisas novas, difícil é desaprender hábitos
antigos".
Por que devemos perdoar?
• Para facilitar a convivência, o relacionamento entre nós e os outros.
• Todos desejamos ser felizes, viver e trabalhar em ambientes agradáveis, harmoniosos que proporcionem
prazer, satisfação, paz.
• O perdão recíproco é o elemento capaz de transformar qualquer ambiente conturbado em ambiente
prazeroso.
• Perdoamos para melhorar as vibrações que nos cercam e repelir as que cruzam nosso caminho.
• A mágoa, o rancor, a raiva, o desejo de vingança, que nos impedem de perdoar, nos priva também de atrair
energias boas e agradáveis.
• Devemos perdoar sempre que acontecerem grandes ou pequenas ofensas, porque o perdão desfaz as
vibrações negativas advindas do ofensor e de quem se sente ofendido, proporcionando a limpeza
psíquica, elevando a confiança recíproca que, por sua vez, liberta-nos do medo de mostrarmo-nos como
somos, com nossos defeitos e qualidades, de "soltarmo-nos" das amarras da insegurança, da amargura, do
preconceito... E essa confiança recíproca, provocada pelo perdão, estimula-nos autoconfiança, confiança no
homem, em Deus e nas suas leis, abrindo-nos para o bem.
• Devemos perdoar sempre porque o perdão, mesmo quando unilateral, desfaz o sentimento de
animosidade. E no decorrer do tempo, na convivência nesta existência ou em futuras, através dos laços que
se entrelaçam, o perdão terá sido a chave que abriu a porta do coração à amizade, ao relacionamento
afetuoso, transformando adversários em amigos.
Quem necessita de perdão?

• Todos nós, Espíritos eternos, imperfeitos carregados sentimentos


complexos e emoções contraditórias que se agitam dentro de nós,
levando-nos a erros e enganos.
• O perdão no dia-a-dia leva-nos à humildade de reconhecermo-nos
todos iguais, na origem e na destinação, nas possibilidades do
desenvolvimento do nosso potencial, com as mesmas dificuldades de
aprendizado.
COMO PERDOAR ?

Certamente não há uma receita pronta, mas através de boas


atitudes podemos chegar lá.

• Bem-aventurados os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia.


(Mateus, V: 7).
• A misericórdia é o complemento da mansuetude, pois os que não são
misericordiosos também não são mansos e pacíficos. Ela consiste no
esquecimento e no perdão das ofensas. (E.S.E cap. 10)
• Perdoai Para Que Deus Vos Perdoe. ( Oração: Pai Nosso)
• Se vosso irmão pecar contra ti, vai, e corrige-o entre ti e ele somente; se te
ouvir, terás ganho um irmão. (E.S.E cap. 10)
Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar. Uma é grande e
nobre, verdadeiramente generosa, sem segunda intenção, tratando
com delicadeza o amor próprio e a suscetibilidade do adversário,
mesmo quando a culpa foi inteiramente dele. A outra é quando o
ofendido, ou aquele que assim se julga, impõe condições humilhantes
ao adversário, fazendo-o sentir o peso de um perdão que irrita, em vez
de acalmar. Se estender a mão, não é por benevolência, mas por
ostentação, a fim de poder dizer a todos: Vede quanto sou generoso!
(E.S.E cap. 10)
• Perdoar é desculpar, não valorizando a ofensa, é esquecer o mal
recebido; é não sentir no ofensor um inimigo, mas uma pessoa com
dificuldades.
• Mas acima de tudo, em um grau elevado de evolução, perdoar é
não se sentir ofendido, magoado, ferido pelo outro.
• "Sempre que você se sentir ofendido pela infração de alguém, imediatamente
volte-se para os seus próprios erros, tais como considerar o dinheiro, ou o
prazer, ou um pouco de fama como um deus — não importa a forma que o
erro assumir. Ao pensar assim, rapidamente você se esquecerá da sua raiva e
entenderá o que compeliu o outro, por que o que mais poderiam fazer? Ou,
se você tiver como, remova a compulsão."
— Sêneca (filosofo estoicista - (4 a.C.- 65 d.C.))
• "Perdoai-lhes Pai, porque não sabem o que fazem". Jesus mesmo
sendo humilhado, perseguido e condenado, sem direito a um
julgamento justo, nos seus últimos momentos, perdoou a todos sem
distinção e exemplificou o amor e o perdão incondicional.
• Estimulado pela vontade de desenvolver, em nós, a virtude do perdão,
devemos nos propor, perseverantemente, o seu exercício, sempre que
surgir a oportunidade, sem alarde em nosso próprio íntimo e da
maneira que pudermos, em situação simples ou complexa, porque
somente no exercício constante é que reforçamos da vontade de
perdoar.
• É uma luta interna, invisível aos olhos alheios, por vezes muito difícil e
tanto mais difícil se torna para a pessoa dominada pelo orgulho e
egoísmo.
• Busquemos perdoarmo-nos sempre para que a vida social, "a pedra de
toque das boas ou más qualidades", como escreveu Allan Kardec no
livro "Céu e Inferno", cap. III item 8, possa propiciar, em nós, o
desenvolvimento das qualidades morais que Jesus nos ensinou e
exemplificou.
• Perdoar é sentir o amor invadir nosso interior, o amor que conduz à
harmonia e à paz do Universo, que dá vida e grandeza.
• Perdoar não é uma atitude humilhante, é o reconhecimento da própria Luz
que está em nosso coração, é o desejo que o próximo reencontre sua
verdadeira natureza.
• Perdoar é amar a vida, amar a si mesmo, amar o próximo, pois nossa
origem é simplesmente o amor.
• Ter Compreensão - Perdoar implica entender que, atrás de qualquer erro,
existe uma pessoa vulnerável com a capacidade de mudar
• Ser Generoso - Perdoar requer generosidade, uma vez que a pessoa não
espera nada em troca do seu perdão.
• Ser Humildade - No perdão, não se busca uma "superioridade moral", não
se procura humilhar o agressor ou dominá-lo moralmente.
• O arrependimento não é uma condição necessária a declaração da culpa
do outro, pois devemos reconhecer que, em muitas ocasiões, as pessoas
podem ter bloqueios ou mecanismos de defesa que as impedem de
reconhecer a própria culpa.
• Aprender a ouvir - Para poder perdoar, devemos conhecer tanto os
motivos e as razões do nosso desconforto, como os argumentos do outro.
Como perdoar a si mesmo?
Perdoar-se a si mesmo pode ser muito mais complexo que
perdoar outra pessoa, uma vez que você está só, perante muitas
emoções. Como podemos perdoar-nos?

• Em primeiro lugar, entender que é inevitável errar em alguns


casos, e aprender a perdoar a si mesmo é essencial para aprender
com esses erros.
• Existem determinados métodos para trabalhar o perdão e perdoar
a si mesmo, como a terapia do perdão ou escrever uma carta de
perdão a si mesmo.
Uma das fundadoras da literatura de Autoajuda – Louise Hay - escreveu os seguintes
conselhos para quem quer aprender o autoperdão:

• Respeite-se como ser humano - como seres humanos erramos, cometemos


enganos e fracassamos e não é por isso que devemos desvalorizar-nos.
• Procure o lado positivo
• Errar é uma condição natural das pessoas e absolutamente necessário para
evoluir como seres humanos. Permita-se errar e conceba a ideia de aprender
com seu erros
• Responsabilize-se - Para perdoar a si mesmo, é indispensável ser consciente da
sua responsabilidade sobre os fatos. Devemos ser conscientes da parte de
responsabilidade que nos corresponde frente ao êxito, uma vez que se não
concebemos a nossa culpa, não podemos perdoar-nos, do mesmo que se
pensamentos que temos uma responsabilidade que não é nossa, podemos nos
autocastigar injustamente por uma culpa que não nos incumbe.
• Examine as suas emoções - Devemos reconhecer as emoções, os
sentimentos e/ou os pensamentos que não levaram a agir do jeito
que agimos. Um ato mau pode ser provocado por sentimentos de
insegurança. Se não compreendemos a origem dos nossos atos e não
compreendemos a nós mesmos, não podemos perdoar-nos.
• Não se autocastigue - O auto castigo apenas nos levará ao bloqueio,
impedindo-nos de avançar. Fustigar-se continuamente pelos erros
impede que vejamos o que podemos fazer para que estes não voltem
a ser cometidos. O Autocastigo trava a nossa própria evolução. A
melhor estratégia é aplicar a autocompaixão.
• Superação - Uma vez que tenhamos
compreendido porque cometemos o erro,
que emoções e pensamentos nos levaram a
ele, depois de aceitar o cometido e tomar
responsabilidade sobre ele, devemos
entender que não são os nossos erros que
nos definem, mas sim o modo como os
enfrentamos.
Consequências para o corpo

• Perdoar incondicionalmente - pessoas que praticam o perdão


condicional, ou seja, aquelas que só são capazes de perdoar caso a
outra parte peça desculpas ou prometa não repetir a ofensa, têm
propensão a morrer mais cedo do que os que perdoam
incondicionalmente.
• O pedido de desculpas pode ajudar a dar um “arranque” no processo
– mas se for indispensável, as chances para um perdão verdadeiro
diminuem muito.
• Perdoar te deixa menos nervoso - Estar cronicamente nervoso causa
efeitos na pressão arterial e no batimento cardíaco, enquanto
perdoar de verdade pode levar a uma redução no stress e, portanto, a
conter o nervosismo. “Existe um enorme fardo físico em estar
machucado e desapontado”

• Persistir no ressentimento, além de aumentar a irritação, também


provoca tristeza e sentimento de perda de controle.
• Ficar preso ao rancor causa aumento em atividades fisiológicas como
tensão dos músculos da face, batimento cardíaco, pressão arterial e
suor.
• Perdoar alguém é um verdadeiro remédio que atua em instâncias que vão
desde a qualidade do sono até a fadiga, reduzindo sentimentos e
patologias prejudiciais à saúde como a tensão, raiva e depressão.
• A vítima que renuncia às ideias de vingança, e se sente menos hostil,
irritada ou chateada a respeito das experiências.
• Fazer as pazes te ajuda a perdoar a si próprio - Quando quem fez algo
errado foi você, ser absolvido pela pessoa que você magoou ajuda
substancialmente no processo de autoperdão.
• Quem pede perdão por um agravo tem maiores chances de perdoar a si
mesmo. Uma barreira que as pessoas enfrentam para perdoarem a si
próprias é que elas pensam que merecem se sentir mal.
• Seu coração agradece - O principal motivo é que a prática da
indulgência se mostrou capaz de diminuir a pressão arterial em diversas
pesquisas.

• Em 2011, um estudo publicado no jornal Personal


Relationships mostrou que quando uma pessoa perdoa a outra, ambas
apresentam redução na pressão arterial.
• De acordo com os autores, a pesquisa foi a primeira a provar que os
“culpados” também são agraciados com um funcionamento fisiológico
positivo: quanto mais conciliador for o comportamento da vítima,
maior será a queda na pressão dos perpetradores
• Pode trazer benefícios ao sistema imunológico - descobertas indicam
que o perdão a outra pessoa pode trazer benefícios à saúde delas.
• Pode fortalecer seu relacionamento depois de uma traição - Perdoar
o parceiro ou parceira após uma traição pode ser a chave para salvar
ou até fortalecer o seu relacionamento, diz um estudo publicado
pela American Psychological Association. Os pesquisadores da
Universidade de Missouri-Kansas City mostraram que, nestes casos, o
perdão facilitou e muito o processo de recuperação do trauma da
infidelidade, garantindo mais satisfação na relação e mais
comprometimento mútuo.
• Quem perdoa pode se proteger do stress a longo prazo - Possuir a
habilidade de perdoar prediz uma saúde positiva tanto mental quanto
física, de acordo com um estudo publicado no Journal of Health
Psychology.
• Os pesquisadores também notaram que a indulgência parece
proteger contra os efeitos negativos do stress na saúde mental.
RESUMINDO
O Perdoar e o Esquecer andam juntos, quando o assunto
é o ressentimento. São complementares e contribuem para as
relações sociais, saúde física e mental. Não há uma receita
pronta para se perdoar, mas por mais diversas que sejam as
correntes filosóficas, religiosas ou científicas, todas nos
conduzem ao ensinamento deixado por Jesus de Nazaré - “Ame
ao próximo como a si mesmo” - e , a partir desse ponto
podemos:
“ Desejar ao próximo o que deseja a si mesmo”
“Perdoar não sete vezes mais setenta vezes sete vezes”
“Perdoar quantas vezes forem necessário”
“Acreditar que um erro na vida, não significa uma vida de erros”
Fontes pesquisadas:
https://www.youtube.com/watch?v=EUvdk0PDA-4&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=1_kwYpKsCf4
https://www.youtube.com/watch?v=48mdJVYG0CQ
https://www.ceismael.com.br/artigo/perdao-e-esquecimento.htm
https://kardecpedia.com/pt/roteiro-de-estudos/887/o-evangelho-segundo-o-
espiritismo/2063/capitulo-x-bem-aventurados-os-que-sao-misericordiosos
https://cristianismoativo.org/como-posso-ter-certeza-de-que-fui-perdoado
http://cienciafilosofiareligiao.blogspot.com/2009/08/perdao-e-autoperdao.html
https://youtu.be/WMA2umikQKU
https://medium.com/coffee-break-through/estoicismo-di%C3%A1rio-243-s%C3%AAneca-
sobre-como-n%C3%A3o-se-ofender-pelo-erro-de-algu%C3%A9m-d8e4a2c0a252
https://br.psicologia-online.com/como-perdoar-alguem-conselhos-147.html
https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2014/11/8-razoes-
pelas-quais-o-perdao-faz-bem-pra-sua-
saude.html#:~:text=2%20%2D%20Perdoar%20te%20deixa%20menos,portanto%2C%20a%
20conter%20o%20nervosismo.

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