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UFRN – LETRAS – SINTAXE: PERSPECTIVA TRADICIONAL – 2023.

SUJEITO: TIPOLOGIA

POSIÇÃO DO SUJEITO NA ORAÇÃO


Dependendo da posição de seus termos, a oração pode estar:

 Na ordem direta (sujeito antes do predicado). => S V O

O menino chutou a bola. (sujeito: o menino)

 Na ordem indireta ou inversa (sujeito depois do predicado). => V S O, V O S

Chutou a bola o menino. (sujeito depois do predicado, no final)


A bola o menino chutou. (sujeito no meio do predicado)

NÚCLEO
É a palavra base do sujeito (ou de qualquer termo da oração: núcleo da agente da passiva, do
objeto, do predicado, do complemento nominal, etc.). O núcleo pode ser preenchido por qualquer
classe gramatical.

 Ex.:

Os professores estão ministrando aulas remotas. (sujeito: Os professores; núcleo do


sujeito: professores (substantivo).

Eles ministram aulas remotas. (pronome pessoal substantivo)

Cantar faz bem à vida. (verbo nominalizado: infinitivo impessoal = substantivo)

TIPOS DE SUJEITO

1. SUJEITO DETERMINADO

a) simples - Possui um só núcleo.

 Ex.:

O menino chutou a bola.

As pessoas estão sofrendo com a pandemia.

Ninguém deve deixar de usar máscara.

O poleiro de galinhas da casa de minha avó era uma árvore forte e antiga.
b) composto - Possui dois ou mais núcleos.

 Ex.:

José e Lúcia são primos.

O Brasil, a Argentina e o Chile são países do Mercosul.

c) desinencial, elíptico, oculto ou implícito – não está preenchido lexicalmente, mas tem
referência explícita mediante a desinência verbal.

 Ex.:

____Fizemos uma feijoada ontem. (NÓS)

____Fiz um passeio pelo litoral. (EU)

2. SUJEITO INDETERMINADO

O sujeito não está expresso na oração, e não se pode identificá-lo por meio de outro termo.
Constrói-se das seguintes formas:

a) verbos (transitivos/intransitivos) na 3ª pessoa do plural (ELES), sem referência.

 Ex.:

Estiveram na praça.

Fizeram um tumulto no banco.

Quebraram o jarro.

NOTA:
Caso haja alguma referência implicando o contexto pragmático-discursivo, o sujeito será
desinencial.

 Ex.:

Os deputados compareceram ao plenário. Votaram na eleição do presidente da


câmara. (Quem votou? "Os deputados" - sujeito simples implícito).

b) Verbo na 3ª pessoa do singular + SE

 1º caso: Verbo Transitivo Indireto (VTI) + SE + PREPOSIÇÃO

Ex.:
Preocupou-se com a saúde dos pais.
 Preocupar: verbo transitivo indireto
 Se: índice de indeterminação do sujeito
 Com: preposição
 (Com) a saúde dos pais: objeto indireto

Precisa-se de operários.

 2º caso: VI + SE (+ ADVÉRBIO)

Ex.: Vive-se bem em Natal.

 Vive: verbo intransitivo


 se: índice de indeterminação do sujeito
 Bem em Natal: advérbios (como? onde?)
 Não admite voz passiva analítica: "Aqui bem é vivido" (?)

Come-se bem em Natal.

 3º caso: VL + SE

Ex.: É-se feliz naquela família.

 É: verbo de ligação
 se: índice de indeterminação do sujeito
 feliz: PDS (predicativo do sujeito, qualidade)
 naquela família: advérbio (onde?)
 Também não admite voz passiva analítica.

NOTAS:
1: O pronome SE que acompanha o verbo transitivo indireto, intransitivo ou de ligação (sempre
na 3ª pessoa do singular) para indeterminar o sujeito é denominado índice de indeterminação do
sujeito (IIS).

2: Caso o SE venha acompanhando um verbo transitivo direto (VTD) ou transitivo direto e


indireto (VTDI), será pronome apassivador ou partícula apassivadora (PA), admitindo, pois, voz
passiva analítica.

Ex.: Aluga-se casa de veraneio. (o quê?)

 Aluga: VTD - verbo transitivo direto


 se: PA – partícula apassivadora
 casa de veraneio: sujeito simples
 Admite voz passiva analítica: "Casa de veraneio é alugada".
3. SUJEITO INEXISTENTE, ORAÇÃO SEM SUJEITO
Embora o sujeito seja um termo essencial, há orações construídas apenas com predicado. Os
verbos, sempre na 3ª pessoa do singular, utilizados nas orações sem sujeito são denominados
impessoais. Os verbos auxiliares acompanham o mesmo comportamento do verbo impessoal
(principal).

Ex.:

___Faz vinte e cinco anos que moro em Natal (e não, "fazem").

___Vai fazer vinte anos que me formei (e não, "vão fazer").

A oração sem sujeito ocorre nas seguintes construções:

 verbo HAVER (singular): Ocorrer, Fazer, Existir, Realizar-se e Acontecer

Há pessoas estranhas na sala. (existem)


Houve muitos boatos. (aconteceram)
Houve grandes manifestações. (realizaram-se)
Há muitos meses que não chove no sertão. (faz)

 Fazer, Ser e Estar – constroem oração sem sujeito quando usados como tempo decorrido,
hora, data ou fenômeno da natureza.

Faz meses que te espero.


Fez muito frio ontem.
Era cedo quando ela chegou.
Hoje é/são 20 de maio.
Estava um dia chuvoso.

 Verbos que expressam fenômenos da natureza: chover, anoitecer, nevar, ventar, gear,
trovejar, relampejar, etc.

Choveu muito ontem.


Trovejou muito em Goiânia.
Anoiteceu rápido na fazenda.

NOTA:
Os verbos que indicam fenômenos da natureza podem ser pessoais (com sujeito), quando usados
em sentido figurado, metafórico.

Amanheci meio indisposto hoje. (sujeito desinencial “Eu”)


Choveram protestos nas estradas. (sujeito simples “protestos”)
 Expressões "basta de", "chega de", "passa de", também sempre formam orações sem
sujeitos.

Basta de bobagens!

Chega de mentiras!

Já passa de meia-noite.

NOTA:
O verbo ser, impessoal, concorda com o predicativo, podendo ficar na 3ª pessoa do plural.

É uma hora da noite.

Já são três horas da madrugada.

Referências
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Atualizada pelo novo acordo
ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CUNHA. Celso Ferreira da; CINTRA, Luís Felipe Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. Gramática normativa da língua portuguesa. 32. ed. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 1994.

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