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1.1.

3 Os novos domínios da aplicação da lógica: informática, inteligência artificial


e cibernética

É possível vermos a aplicação da lógica nas matemáticas, intenção já existente no


trabalho dos racionalistas do séc. XVIII. Foi com a matematização da lógica que se
criaram novos domínios como a informática, a inteligência artificial e a cibernética e se
progrediu no avanço tecnológico. Daí os fundamentos dos sistemas e linguagens da
informática, em computadores, robôs e outras máquinas construídas com a ajuda dos
sistemas lógicos.

A historiografia filosófica contempla 3 momentos básicos da cientificidade da lógica.

1º Período – desde Aristóteles até ao estoicismo, na Antiga Grécia

Observa-se que desde Aristóteles até a Idade Média foi usado o sistema aristotélico,
orientado pelo método dedutivo. Este sistema está presente na obra de Aristóteles,
Organon, na qual se descrevem os princípios fundamentais do pensamento, a lógica dos
conceitos, dos juízos, das proposições, das definições e suas regras, das inferências.
Neste sistema aristotélico encontra-se a base da metafísica, da dialéctica, da
gnosiologia, da lógica normativa – a dos princípios e regras.

2º Período – da Idade Média até ao século XV.

Na Idade Média estudaram os conceitos como de universais (noções genéricas). Mas o


segundo sistema viria a ser criado a partir do trabalho de Francis Bacon, no séc. XVII,
no seu livro Novum organum, que quer dizer novo instrumento de pensamento, para
ser opor ao antigo Organon de Aristóteles, isto é, se o antigo pensamento era dirigido
pelo método dedutivo (do geral ao particular), então, o novo passa a ser dirigido pelo
método indutivo (do particular ao geral). Este novo método viria a construir um
caminho para a evolução das ciências empíricas.

No mesmo século, com René Descartes, iniciava-se uma direcção nova, a da lógica
combinada com princípios matemáticos. Neste período, a preocupação dos filósofos
consistia na tentativa de «logicizar» a matemática. E esta ideia foi continuada, na obra
de Blaise Pascal, que inventou uma máquina de cálculo aritmético, precursora das
actuais calculadoras. Cerca de meio século depois, ao alemão Gottfried Leibniz criou a
máquina capaz de executar operações como a multiplicação e o cálculo binário, que
hoje se impõe na informática e na cibernética. Defendeu a teoria do logicismo, a tese de
que a matemática ou uma parte dela reduz-se a lógica, ou a uma parte da lógica. Por
exemplo, axiomas, a aritmética e álgebra. Nesta ordem de ideias a razão tem a
capacidade de numerizar os dados, seres e quaisquer factos ou fenómenos do mundo
natural, social e do pensamento em diversidade de categorias de números.

3º Período - lógica moderna e contemporânea dos séculos XIX a XXI

Uma das áreas nas quais mais viriam a aplicar-se todos estes trabalhos sobre cálculo
lógico-matemático seria a informática. A palavra informática, em si só sugere o que

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ela é na realidade: informação. Philippe Dreyfus definiu na mesma época, o conceito de
«linguagem de programação», ou seja, uma linguagem artificial criada para expressar as
computações que as máquinas (computadores e não só) começavam a ser capazes de
executar.

Outras ligações se desenvolveram entre a lógica e a matemática: o sistema da lógica


polivalente, que admite dois valores (verdadeiro e falso), rejeitando o principio do
terceiro excluído; o sistema Jan Lukasiewicz, lógico polaco, no campo da «lógica
proposicional», que conduziu ao desenvolvimento do sistema binário, tão comum na
informática: os valores lógicos verdadeiros expresso na forma de «1», os falsos na
forma de «0».

Actualmente a razão vê-se confrontada com aquilo que é produto do seu próprio
trabalho – as máquinas. Confronta-se com a chamada inteligência artificial, a
disciplina que estuda as actividades inteligentes das máquinas computadas, em forma de
um conjunto de «faculdades de pensamento das máquinas». É atribuída ao
comportamento das máquinas inteligentes, ou seja, máquinas criadas à semelhança do
funcionamento do cérebro humano e aos sistemas informáticos que operam inúmeras
funções de tipo racional. Esta é a área das ciências dos computadores, mas também dos
autómatos, que se operam na base de cálculos e funções inteligentes (os robôs).

A cibernética é uma das ciências tecnológicas que viria a beneficiar todos estes
estudos. A palavra evoluiu do grego kibernetiké, termo associado a ideia de «bem
governar ou dirigir» (sentido que tomou por derivação de kibernétés, termo que por sua
vez designava o «o acto de pilotar navios», na Antiga Grécia). Ela tem como o campo
de trabalho o estudo dos mecanismos de comunicação e controlo das máquinas, de
modo a analisar como processam e comunicam a informação, os seus padrões de
evolução, etc. A lógica coabita coma cibernética na análise da estrutura do pensamento,
da razão humana, que a máquina imita e que funciona com o modus operandi assente na
escolha entre o «sim» ou o «não», além de que nela, na razão constam os modelos, os
arquétipos, as formas primas de todos os sistemas de cálculos transferidos para as
máquinas inteligentes.

O centro de investigação da cibernética, tal como o de outras ciências tecnológicas,


consiste em desenvolver conhecimentos cada vez mais exactos dos sistemas de
informação, de modo a estender o seu uso, em termos científicos, técnicos e sociais para
benefício do futuro da humanidade, bem como a sua transmissão e a capacidade dos
seus meios.

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