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Módulo de Treinamento

Cálculo de Andaimes

Introdução

Segundo a Norma Regulamentadora 18 (NR-18) - Condições e


Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, no item
18.15; nos sub-itens 18.15.1 e 18.15.2:

“O dimensionamento dos andaimes, sua estrutura de sustentação e


fixação, deve ser realizado por profissional legalmente habilitado.”

“Os andaimes devem ser dimensionados e construídos de modo a


suportar, com segurança, as cargas de trabalho a que estarão
sujeitos.”
1 - Elementos básicos para o cálculo

1.1 Unidades
Unidades de comprimento
1” = 2,54 cm
Unidades de força:
Usualmente, utilizamos unidades MKS (Kgf para força), mas
universalmente, usa-se o SI - Sistema internacional (KN para força).
O que significa que para uma massa de 1 Kg, a força equivalente é de
9,8 N, considerando-se g=9,8 m/s2.
A seguir, algumas relações entre unidades de força:
1kgf = 9,8 N  10 N
1N = 0,102 kgf  0,1 kgf
1kN = 103 N  100 kgf = 0,1 tf
1MN = 106 N  105 kgf = 100 tf

Unidades de pressão:
A unidade de pressão no SI denomina-se Pascal (Pa),
recomendando-se empregar o múltiplo MPa.
1Pa = 1N/m2
1 MPa = 1.000 kN/m2 = 0,1 kN/cm2 = 10 kgf/cm2
1.2 Características Físicas
As estruturas são projetadas de modo a sofrerem pequenas
deformações que não ultrapassem os valores do diagrama de tensão-
deformação correspondentes ao trecho reto do diagrama.

Na parte inicial do diagrama, a tensão S


é diretamente proporcional à
deformação específica e podemos
escrever:

σ = E.ε

Onde E = Módulo de Elasticidade


Tensão admissível:
Uma peça estrutural deve ser projetada de tal forma que a carga
última seja consideravelmente maior que a tensão que essa peça
irá suportar em condições normais de utilização. Essa tensão é
chamada tensão admissível.

As tensões podem ser normais (s) ou


de cisalhamento (e).

Exemplo, plano de tensões:


Alguns valores utilizados:

Módulo de Tensão normal Tensão admissível


Material Elasticidade E admissível  cisalhamento 
(kgf/cm2) (kgf/cm2) (kgf/cm2)
Madeira (pinho do paraná)
98.390 80 6,5

Aço 2.100.000 1.400 900

*Valor da resistência à compressão paralela às fibras


1.3 Características Geométricas

S - Área da Seção [cm2]


W - Módulo de Resistência [cm3]
I - Momento de Inércia [cm4]
CG - Centro de Gravidade [cm]
 - Índice de Esbeltez (Flambagem)

Da composição das características físicas e geométricas,


calculamos os esforços admissíveis em uma determinada peça e
então comparamos com os Esforços Solicitantes.

I e W são calculados sempre no sentido dos esforços aplicados.


Tubo/Pranchão Características Geométricas
 .( D 4  d 4 )
I
64
 .( D 4  d 4 )
W
32.D

B.H 3
I
H
12
B B.H 2
wI 
6

B
S = Área da seção

 .( D 2  d 2 )
S
4
 .(4,832  4,232 ) S  4,27cm 2
S
4
W = Módulo de Resistência
 .( D 4  d 4 )
W
32.D
 .(4,834  4,234 )  W  4,55cm 3
W 
32.4,83
I = Momento de Inércia

 .( D 4  d 4 )
I
64

 .(4,834  4,234 )  I  11,0cm 4


I
64
2 - Esforços admissíveis em tubos de andaimes

2.1 Especificação

Tubo galvanizado a quente; DIN 2440 com costura; diâmetro


nominal de 1 1/2”; espessura da parede de 3,05 mm; com diâmetro
total de 48,3 mm; encontrado nas medidas de 0,25 até 6,00 de
comprimento, variando de 25 em 25 cm com peso de 3,60 a 3,70
Kg/m.
Segundo a NBR 6494/1990, os projetos de andaimes, devem indicar
as cargas admissíveis de trabalho.
2.2 Esforços Admissíveis
Tração / Compressão
Padm = adm x S
Padm = 1.400 x 4,27
Padm = 5.978 Kgf  6.000 Kgf

Cisalhamento
Padm = adm x S
Padm = 900 x 4,27
Padm = 3.843 Kgf
Flexão
Madm = adm x W
Madm = 1.400 x 4,55
Madm = 63,70 Kgf.m
2.3 Flambagem

Para casos de peças esbeltas (onde uma das dimensões é


muito maior do que as outras duas). Estas, estarão sujeitas ao
fenômeno da flambagem - perda de estabilidade - quando o
esforço atuante é longitudinal a maior dimensão.

a) Comprimento de Flambagem:

No caso de andaimes L=L0


b) Raio de Inércia

I 11
. 
S
 . 
4, 27
 1, 61cm

c) Índice de Esbeltez

L0
.  

d) Fórmula de Euler

  105  
Pcrítico de flamb.  2
EI
L0 2
ou
2
  admflamb. = 1.200 - 0,023 
2
  admflamb. = 10363000 / 
S  4,27cm 2
Abaixo, tabela para consulta rápida, gerada a partir da
teoria já apresentada, com coeficiente de segurança 2.
Comprimento
100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450
do tubo (cm)
P adm (kgf) 4742 4528 4266 3722 2850 2252 1824 1507 1267 1079 931 811 712 631 563
3 - Acessórios

Braçadeira Móvel Braçadeira Fixa Luva


1,24 Kg 1,28 Kg 1,08 Kg
Os valores de carregamentos máximos para braçadeiras, são
apresentados em função de testes de escorregamento
realizados por empresas especializadas a exemplo da Falcão
Bauer. Esses testes foram realizados com braçadeiras em aço
mola e em aço SAE 1020 (forjado).
Alguns exemplos de disposições entre tubos e braçadeiras.
4 - PRANCHÕES
Antes de iniciarmos os cálculos, convém levar em conta
algumas considerações da norma NBR 6494/1990 sobre Segurança
nos andaimes:
“O vão livre do piso deve estar de acordo com a sua resistência,
e com as cargas que vai suportar, não sendo permitidas flexas
superiores a 1/200 do vão.”
“Os pisos em pranchas ou tábuas devem apoiar-se
preferencialmente sobre três travessas com dispositivos em suas
extremidades para evitar o escorregamento. No caso de apoio sobre
duas travessas, a fixação das extremidades é obrigatória. A madeira
empregada na execução dos pisos deve ser de boa qualidade, seca e
sem nós ou rachaduras.”
4.1 Esforços admissíveis em pranchões

Cálculos
Pranchão de seção 1.1/2”x12” (3,8 x30 cm)
Pinho do Paraná  adm = 80 Kgf/cm2
adm = 6,5 Kgf/cm2
E = 98.390 Kgf/cm2
S = 114 cm2
I = 137 cm4 Cisalhamento  Padm = adm x S = 741 Kgf
W = 72 cm3 Flexão  Madm = adm x W = 57,6 Kgf.m
4.2 Flexa - Carga distribuída e biapoiada:

Flexa Máxima

4
5 * q *L
f 
384 * E * J
NBR 6494, item 3.1.7:
“O vão livre do piso deve estar de acordo com a sua resistência, e com
as cargas que vai suportar, não sendo permitidas flexas superiores a
1/200 do vão.”
5 - Andaimes de Encaixe

5.1 Cargas admissíveis


Poste: A carga do poste depende do espaçamento das
travessas, que define o comprimento de flambagem.

Distância entre as travessas (cm) 100 150 200


Carga admissível no poste (kgf) 4.000 3.350 2.700
Diagonal: A carga admissível na diagonal D é de 0,45 tf.
Travessa: carregamento admissível
Ligação Travessa - Poste (Garra-Roseta)

Força axial da travessa


(tração e compressão) (Cisalhamento) Momento (flexão)
Tração = 1.900 kg 1.500 kg 80 kg
Detalhe de como as travessas e as diagonais são presas, através de
garras e cunhas. A roseta permite além dos ângulos retos, ângulos
entre 30 e 60o.
6 - Cargas Aplicadas em Andaimes

 Peso Próprio
 Cargas de Trabalho
 Outras cargas
Tipos de andaimes
a) Andaimes apoiados
São andaimes em que a carga de trabalho e interna aos postes
que estão apoiados no solo.
b) Andaimes Suspensos
São andaimes apoiados em outras estruturas que suportam as
cargas aplicadas.
c) Andaimes em balanço
São andaimes em que a carga de trabalho é externa aos postes,
ou seja, que podem transmitir esta carga mais o peso próprio
para o solo ou para outra estrutura.
Obs: Um mesmo andaime pode apresentar mais de uma
configuração
7 - Tipos de Andaimes
Andaimes simplesmente apoiados:
2. Andaimes suspensos
3. Andaimes em balanço

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