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NOÇÕES DE DIREITO

PROCESSUAL PENAL
Juiz das Garantias

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL PENAL
Juiz das Garantias

Sumário
Douglas Vargas

Juiz das Garantias............................................................................................................................ 4


1. Conceito.......................................................................................................................................... 4
2. Sistema Adotado no Brasil........................................................................................................ 7
3. Competência do Juiz das Garantias......................................................................................... 9
4. Fundamentos do Juiz das Garantias.. ..................................................................................... 11
5. JECRIM...........................................................................................................................................16
6. Cessação da Competência........................................................................................................16
7. Observações Finais. . ...................................................................................................................19
Resumo............................................................................................................................................. 20
Exercícios..........................................................................................................................................21
Gabarito............................................................................................................................................ 28
Anexo................................................................................................................................................ 29

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Juiz das Garantias
Douglas Vargas

Introdução

Olá, querido(a) aluno(a)!


Na aula de hoje estudaremos de forma abrangente o tema Juiz das garantias, o qual irá
englobar todas as disposições a respeito do tema.
Trata-se de tema correlato a outros temas importantíssimos do Direito Processual Penal
(como o tema investigação preliminar e inquérito policial), o qual é verdadeiro pré-requisito
para a compreensão da sistemática processual de forma adequada.
O instituto é novo em nosso ordenamento jurídico (foi inserido pelo pacote anticrimes) e
atualmente passa por severa discussão quanto à sua implantação pelo poder público.
Cabe ressaltar, nesse sentido, que estamos nos antecipando: Os artigos que instituí-
ram o Juiz das Garantias estão suspensos em decisão liminar prolatada pelo Ministro Luiz
Fux do STF.
Falaremos sobre isso no decorrer da aula de hoje.
Ademais, cabe ressaltar que, em razão da situação excepcional em que este tema se en-
contra (com suspensão de sua eficácia pelo STF) a presente aula, por hora, conta apenas com
exercícios autorais).
Lembrando que estou sempre às ordens dos senhores no fórum de dúvidas e também nas
redes sociais (@teoriainterativa no Instagram). Estamos juntos!
Um abraço a todos e bons estudos!
“Você é o seu limite.”

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JUIZ DAS GARANTIAS


1. Conceito

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Quando ocorre a prática de um determinado delito, mesmo o estudante mais iniciante do


Direito acaba aprendendo, através da mídia, a sistemática básica que envolve a sua apuração
e a responsabilização de um autor:

Até aqui tudo certo. Realiza-se a investigação de um delito, com o acompanhamento de


um Juiz responsável pelo caso (e responsável por decidir tudo aquilo que requer o exercício
da jurisdição: pedidos de prisão, de mandados de busca, de interceptação telefônica...).
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O resultado do trabalho resulta, via de regra, em uma denúncia oferecida pelo MP, ou em
um pedido de arquivamento.
Nesse sentido, destaca-se que na sistemática anterior o juiz que acompanhava toda a
fase de investigação era o mesmo juiz que prolatava a sentença (condenava ou absolvia
o(s) réu(s)).
Em 2019, no entanto, houve uma severa mudança nessa sistemática processual. Surge a
figura do Juiz das Garantias. Com a publicação do pacote anticrime (Lei 13.964/19), o legisla-
dor opta por separar as atribuições do Judiciário em duas figuras:
1) Um juiz responsável pela fase pré-processual, acompanhando as investigações e pos-
suindo competência até o momento do recebimento da denúncia (Juiz das Garantias);
2) Um Juiz competente para cuidar da fase PROCESSUAL da persecução penal, tomando
as decisões daquele momento em diante (Juiz da Instrução).

A busca, segundo nos ensina a doutrina, está em uma maior imparcialidade do magis-
trado, o qual, ao menos em tese, poderia emitir um melhor juízo sobre o caso se não atuasse
durante a fase preliminar.
Atualmente, três são os doutrinadores que se destacam na análise do instituto do Juiz
das Garantias: Guilherme Nucci, Rogério Sanches e Renato Brasileiro de Lima. A bibliografia
destes mestres será diuturnamente citada no decorrer da presente aula.
Nesse sentido, nosso objetivo será o de apresentar, da forma mais completa e direta pos-
sível, os ensinamentos desses mestres absolutos do ordenamento jurídico pátrio, juntamente
com uma detalhada análise do novo texto legal do CPP, haja vista que ainda não podemos
contar com o posicionamento jurisprudencial sobre essa importante modificação ocorrida no
Processo Penal Brasileiro.

Art. 3º-A

Primeiramente cabe fazer a leitura do texto do art. 3º, A, CPP:

CPP- Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de
investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)

Para bem compreender o art. 3º-A, é preciso, em primeiro lugar, entender que sempre
houve um grande debate na doutrina processual penal pátria: qual seria o sistema adotado no
Direito Processual Penal Brasileiro?
Antes de mais nada, vamos entender quais são os três principais sistemas que podem ser
adotados (segundo a doutrina majoritária):

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1. Sistema Inquisitivo

O sistema inquisitivo nada mais é que o sistema no qual uma mesma pessoa acumula as
funções de acusar e julgar. “A mesma mão que aponta o dedo é aquela que bate o martelo da
sentença.”. Todas essas funções estão concentradas nas mãos do juiz.
Note que, obviamente, é um sistema que dificilmente será justo ou imparcial, haja vista a
tendência do acusador de favorecer seu próprio ponto de vista ao decidir.
São características do sistema inquisitivo:
• A confissão do acusado é considerada uma prova importantíssima, inclusive sendo
chamada de rainha das provas;
• Predominam os procedimentos escritos (inexistência de debates orais);
• Ausência de Contraditório e ampla defesa;
• Defesa “decorativa”, que não dispõe de meios ou real efetividade;
• Sigilo nos procedimentos;
• Julgadores não ficam sujeitos à recusa em nenhum caso;
• Atuação de ofício na fase preliminar;
• Utilização do sistema da prova tarifada (cada prova possui valor probatório já fixado
pelo legislador);
• Juiz inquisidor com ampla iniciativa probatória.
• Acusado é mero objeto do processo e não sujeito de direitos.

O sistema inquisitorial por possuir procedimentos rigorosos e secretos, admite o uso ilimita-
do de práticas de torturas a fim de esclarecer fatos no curso da persecução penal. Mostra-se
totalmente incompatível com a Constituição Federal de 1988.

2. Sistema Acusatório

O próximo sistema é o sistema acusatório, que se contrapõe ao sistema inquisitivo pois


fixa características que prezam pela imparcialidade do julgador, através da separação entre
a função de julgar e acusar.
Segundo Nucci, são características do sistema acusatório:
• A regra é a liberdade do réu ou acusado;
• Livre produção de provas (sistema do convencimento motivado ou da persuasão racio-
nal do juiz);
• Maior participação popular;
• Existência do contraditório e da ampla defesa;
• O julgador pode se recusar a julgar (para garantir a imparcialidade);
• Os procedimentos, via de regra, gozam de publicidade;

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• Isonomia entre as partes;


• Predomina a liberdade de defesa e a oralidade dos procedimentos;
• Acusado é tido como sujeito de direitos;
• Existe a liberdade de acusação e o reconhecimento do direito do ofendido.

3. Sistema Misto

Por fim, temos também o chamado sistema misto ou acusatório formal, que nada mais é
que uma combinação dos sistemas inquisitivo e acusatório.
Parcela minoritária da doutrina defendia que esse era o sistema adotado no Brasil, em
razão das características do Inquérito Policial, e de alguns artigos do CPP (os quais, diga-se
de passagem, são anteriores à CF/88). Essa, no entanto, não é a posição que prevalece.

2. Sistema Adotado no Brasil


A doutrina majoritária sempre entendeu que no Brasil adota-se o sistema acusatório, em
razão da Constituição Federal de 1988. O CPP, embora não versasse sobre o tema, só poderia
ter sido recepcionado pela Carta Magna se respeitasse o sistema acusatório claramente es-
tabelecido pela Lei Maior de nosso país.
Entretanto, esse debate não é tão simples (e irá mostrar a importância de compreender a
doutrina em alguns pontos da nossa preparação). Explico:
Com a alteração do Pacote Anticrime, o CPP passa a fazer menção expressa à estrutura
acusatória do processo penal brasileiro. Nas palavras do mestre NUCCI:1

Finalmente, depois de mais de 30 anos de vigência da Constituição Federal, surge uma lei ordinária,
no Código de Processo Penal, para afirmar que o processo penal terá estrutura acusatória.

Esse ponto é interessante pois NUCCI sempre foi um dos doutrinadores que defendeu a
existência do sistema misto no Brasil, apesar da CF/88 apontar para o sistema acusatório.
O referido doutrinador, inclusive, acaba mudando um pouco a sua posição em sua obra
mais recente, não para defender que se adotou de vez o sistema acusatório, mas para afirmar
que em sua visão o sistema processual penal brasileiro passa a ser acusatório, porém impuro.
A explicação de NUCCI é muito interessante: Uma vez que o juiz das garantias não possui
poder de iniciativa probatória, há um passo na direção do sistema acusatório. Entretanto,
como o juiz da instrução – ao menos em tese - ainda possui tal prerrogativa, (pois, por exem-
plo, o texto do art. 156 do CPP não foi alterado), ainda que apenas durante a fase processual,
para NUCCI o sistema continua “impuro”, necessitando o CPP de uma revisão integral.
1
NUCCI, Guilherme de Souza. Pacote Anticrime Comentado, p. 37.

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De forma um pouco diferente de NUCCI, Renato Brasileiro entende que, por uma interpre-
tação sistêmica do CPP, não mais se admite a iniciativa probatória do juiz (nem das garantias, e
nem da instrução), após a inserção do art. 3-A no CPP.
Ainda em um terceiro giro está Rogério Sanches, o qual não faz ressalvas, simplesmente
apresentando que o sistema processual penal brasileiro como acusatório. O doutrinador não
detalha sua posição quanto à iniciativa probatória do juiz.
Confuso, né? Eu sei disso.
Vamos tentar transformar tudo o que falamos em um pequeno infográfico:

Segundo a doutrina majoritária, o ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema acusatório.

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Excelente. Compreendemos os primeiros fatores sobre a nova sistemática do processo


penal pós Pacote Anticrime. É hora de observar outro ponto bastante importante:
Não há, na lei, previsão para aplicabilidade do juiz das garantias no âmbito dos TRIBUNAIS.
Segundo o magistério de Guilherme NUCCI, tal medida não é necessária porque a natu-
reza colegiada dos Tribunais já evita a concentração do poder em um único magistrado. Da
mesma forma se posiciona Rogério Sanches em sua obra mais recente.

3. Competência do Juiz das Garantias


CPP- Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investi-
gação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada
à autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019).
Designado de forma específica para cuidar da fase investigatória, o juiz das garantias
possui suas responsabilidades delineadas pelo art. 3-B do CPP.
Antes de mais nada, ressalto que o assunto “competência” é aprofundado em aula própria
no decorrer do curso de processo penal. Contudo, já adiantamos que a competência do juiz
das garantias será definida pela fase da persecução penal em que aquele magistrado se en-
contra. Trata-se de espécie de competência funcional por fase do processo:

Visando à descontaminação do julgado, o magistrado que atua em uma fase não poderá atuar
na outra. Trata-se do princípio da imparcialidade.

O destaque está no controle da legalidade da investigação e na salvaguarda dos direitos


individuais. Entretanto, o legislador apresenta um rol de competências específicas (incisos I a
XVIII do CPP), o qual merece ser lido integralmente:

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I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Constituição Federal;
II – receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o
disposto no art. 310 deste Código;
III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à
sua presença, a qualquer tempo;
IV – ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;
V – decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o dis-
posto no § 1º deste artigo;
VI – prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do
disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;
VII – decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;
VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões
apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;
IX – determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para
sua instauração ou prosseguimento;
X – requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da
investigação;
XI – decidir sobre os requerimentos de:
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou
de outras formas de comunicação;
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;
XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;
XIII – determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
XIV – decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;
XV – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao
seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da in-
vestigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento;
XVI – deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia
XVII – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração pre-
miada, quando formalizados durante a investigação;
XVIII – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.

Quanto ao referido rol, é imprescindível que você ao menos conheça, de forma superficial,
suas previsões. Não vamos defender que você memorize cada um deles em sua integralidade,
mas a familiaridade com os incisos com certeza pode ajudar em futuras questões. Antes de
analisarmos cada um dos incisos, façamos uma breve contextualização sobre o tema:

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Possíveis inconstitucionalidades do juiz das garantias:


O ministro do Superior Tribunal Federal, Luiz fux, ao suspender preliminarmente o institu-
to do juiz das garantias, fundamentou-se em possíveis causas de inconstitucionalidade que
afetariam ou impediriam a implementação da figura do juiz pré-processual. Vejamos as mais
relevantes:

O então ministro da Suprema Corte também utilizou a expressão “Cherry-Picking” em


sua argumentação, que significa escolher cerejas, para criticar a forma de utilização do direito
comparado usada para justificar a introdução do juiz das garantias em nosso ordenamento
jurídico. Nesse sentido, escolher cerejas significa olhar de forma isolada para um determinado
ponto do direito a ser comparado (de outros países que já adotam figuras similares ao juiz das
garantias) e não o contextualizar com todo o ordenamento jurídico específico daquele local.

4. Fundamentos do Juiz das Garantias


Primeiramente, destaca-se o princípio da imparcialidade do magistrado, que visa a garan-
tir que todas as partes processuais tenham igualdade de tratamento no curso do processo.

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Segundo Renato Brasileiro, esse alheamento do julgador aos interesses em jogo funciona
como princípio supremo do processo, marca do sistema processual acusatório, focado em
uma atuação jurisdicional objetiva:

Além do princípio da imparcialidade, há também o fundamento a partir da teoria da dis-


sonância cognitiva, criada pelo alemão Leon Festinger, e que diz respeito à psicologia voltada
para a cognição e comportamentos humanos. Essa teoria se baseia na ideia de que seres
racionais tendem a sempre buscar um estado de coerência entre suas opiniões (zona de con-
forto), no intuito de evitar um sentimento incômodo de dissonância cognitiva.

E o que essa teoria de nome estranho tem a ver com o juiz das garantias?

Devemos nos questionar até que ponto o julgamento proferido por um magistrado que
atuou na fase de investigação preliminar (decretando cautelares, atuando de ofício, tomando
conhecimento de diversos elementos) estaria amparado por toda a imparcialidade necessá-
ria à sua função e ao devido processo legal. Eis que entra os efeitos da teoria da dissonância
cognitiva no que diz respeito ao julgador.
Façamos agora algumas observações sobre cada um dos incisos, de acordo com as me-
lhores doutrinas disponíveis:

I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art. 5º da
Constituição Federal;

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Já existe doutrina no sentido de que a comunicação da prisão deverá ser recebida em até
24 horas, nos termos do art. 310 do CPP (Nucci). Com certeza, essa aplicação “adequada à
realidade” poderá gerar polêmicas em questões futuras, a depender se o examinador utilizar
a doutrina ou o texto legal como fonte para elaborar o item.
Ademais, cabe ressaltar que a doutrina conclui que o juiz das garantias será efetivamente
o juiz condutor da audiência de custódia.

II – receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, observado o


disposto no art. 310 deste Código;

Nesse ponto, nada de muito novo (o procedimento sempre foi realizado dessa forma). A
modificação principal é apenas a quem compete realizar esse tipo de controle de legalidade,
haja vista que agora a competência migrou para o juiz das garantias.

III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja conduzido à
sua presença, a qualquer tempo;

Aqui também, segundo a doutrina, nenhuma novidade, pois a audiência de custódia já im-
plantada permite que o magistrado zele pelos direitos do preso. Para parte da doutrina, no entan-
to, a previsão do inciso III ampliou a oportunidade de que o juiz atue dessa forma, inclusive pos-
sibilitando que o preso venha a requerer audiência com o juiz em razão da referida previsão legal.

IV – ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal;

Aqui uma mudança importante: anteriormente, a autoridade policial não tinha a obrigação
de notificar a ninguém sobre a instauração de inquérito policial.
Agora a coisa muda bastante de figura, ao existir a previsão expressa de que o juiz das ga-
rantias deve ser informado sob a instauração de qualquer investigação criminal, o que inclui
tanto o inquérito policial quanto outros procedimentos (como o Procedimento investigatório
criminal que tramita no âmbito do MP).

V – decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado o dis-
posto no § 1º deste artigo;

Durante a investigação, cabe ao juiz das garantias decidir sobre eventuais requerimentos
de prisão provisória ou de outras cautelares.
Um ponto que confunde o aluno é a expressão “observado o §1º deste artigo”. O referido
parágrafo foi vetado, devendo a parte final do inciso ser desconsiderada.

VI – prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las,
assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do
disposto neste Código ou em legislação especial pertinente;

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Eis a medida mais complicada de se vislumbrar na prática: a exigência de que a prorroga-


ção de prisão provisória seja precedida de contraditório em audiência pública e oral.
Em outras palavras: Segundo o novo texto do CPP, se um indivíduo está preso de forma
provisória (exemplo: por força de prisão temporária) e o juiz precisar decidir sobre a prorroga-
ção dessa prisão temporária, precisará realizar uma audiência púbica e oral para tanto.
A própria doutrina já se manifesta sobre a viabilidade prática do dispositivo. Por hora, va-
mos nos apegar ao texto legal e acompanhar os desdobramentos práticos e jurisprudenciais
sobre o tema.

VII – decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes e não
repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e oral;

Mais um inciso muito complexo. Segundo NUCCI, entra em conflito parcial com o Art. 156,
I, do CPP:

Art. 156. A prova da alegação incumbirá a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz de ofício:
(Redação dada pela Lei n. 11.690, de 2008)
I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida;

Surge a possibilidade de que, durante o período de investigação, o juiz das garantias par-
ticipe da produção antecipada de provas urgentes e relevantes. Note que, diferentemente do
art. 156, a previsão do inciso VII não admite a iniciativa do juiz (não pode este determinar a
medida de ofício).
Mais uma vez, a eventual produção de prova nesse modelo irá depender da realização
de audiência pública e oral, de forma semelhante ao que já verificamos em outra previsão
do art. 3-B.

VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões
apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;

Novidade muito relevante, haja vista mudar a sistemática e um dos prazos mais cobrados
quanto ao inquérito policial.
Anteriormente, para a regra geral, o inquérito deveria ser terminado em até 10 dias, impror-
rogáveis, caso o investigado estivesse preso. A nova previsão, além de inovar ao apresentar a
possibilidade de prorrogação, ainda o faz por período maior (15 dias):

§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação da auto-
ridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do inquérito por
até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída, a prisão será
imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

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Observe-se, ainda, que se trata de prorrogação única.

IX – determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razoável para
sua instauração ou prosseguimento;

Mais uma vez a doutrina nos indica que aqui não há grande novidade. Sempre foi possível
o trancamento do IP em caso de investigação abusiva (sem fundamento). O dispositivo ape-
nas formaliza e atribui expressamente ao juiz das garantias essa responsabilidade.

X – requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o andamento da


investigação;

Outra previsão que apenas traz formalmente uma prerrogativa que sempre existiu e que
antes estava nas mãos do magistrado responsável por acompanhar o inquérito policial ou
investigação diversa.

XI – decidir sobre os requerimentos de:


a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática ou
de outras formas de comunicação;
b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico;
c) busca e apreensão domiciliar;
d) acesso a informações sigilosas;
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investigado;

Todo tipo de atribuição que antes era do juiz que acompanhava o inquérito (e depois se
tornava juiz da instrução) passa a ser entregue ao juiz das garantias. Assim, requerimentos
de medidas como decretação de interceptação telefônica ou de busca e apreensão domiciliar,
naturalmente, passam para a tutela do juiz das garantias.

XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia;


XIII – determinar a instauração de incidente de insanidade mental;
XIV – decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste Código;
XV – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao investigado e ao
seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos no âmbito da in-
vestigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em andamento;
XVI – deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da perícia
XVII – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de colaboração pre-
miada, quando formalizados durante a investigação;
XVIII – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo.

Os incisos XII ao XVIII são os que necessitam de menor intervenção doutrinária. Tratam
de outras competências do juiz das garantias (as quais é extremamente recomendável que
você se torne familiar).

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Merece destaque a competência para decidir sobre a homologação de acordo de não per-
secução penal e de colaboração premiada. O ANPP é novidade trazida pelo pacote anticrimes,
e será estudado em momento oportuno (se fizer parte do edital do seu curso).

Art. 3º-C

Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de
menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399
deste Código. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da instrução
e julgamento. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e julgamento,
que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessidade das medidas
cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados
na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados
aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos
relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que
deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do juízo das
garantias. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

No art. 3º-C temos diversas previsões importantíssimas. Façamos a análise de uma a uma.

5. JECRIM
Primeiro ponto de destaque: Juiz das garantias não atua sobre Infrações de Menor Po-
tencial Ofensivo. Tais casos serão encaminhados ao JECRIM, diante das regras próprias (Lei
9.099/95).

Não iremos adentrar, nessa aula, os aspectos sobre as IMPO’s e a Lei 9.099/95, as quais
possuem aula específica em nosso curso PDF (e que estará disponível na sua matriz se fizer
parte do seu edital).

6. Cessação da Competência
O § 2º determina que, uma vez recebida a denúncia ou a queixa, cessa a competência do
juiz das garantias. Questões pendentes, portanto, ficarão sob a tutela do juiz da instrução.
Como você já sabe, esse parágrafo impacta sobremaneira na atuação do juiz da instru-
ção, haja vista que este não é mais responsável pelo recebimento da inicial, lhe restando a

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competência para absolver sumariamente o acusado ou conduzir o processo até a sentença


(absolutória ou condenatória).

§ 3º

O parágrafo terceiro inova de uma maneira radical a sistemática do inquérito / processo.


É um dos pontos que, sem dúvidas, merece mais atenção. A partir da vigência do §3º, há a
separação entre os autos da investigação e dos outros elementos de prova.
Vamos relembrar pois esse ponto merece destaque:

§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão acautelados
na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não serão apensados
aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressalvados os documentos
relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de provas, que
deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

Nota-se, portanto, que uma vez finalizada a fase de investigação, os autos seguem para
o cartório para ficar à disposição da Defesa e do MP. O juiz da instrução, portanto, não toma
conhecimento desses autos.

Doutrinadores como NUCCI defendem que há exceção das provas irrepetíveis, como o laudo
necroscópico, e nas provas antecipadas.2

Assim, para parte da doutrina (o tema ainda não está pacificado de forma geral) há o es-
tabelecimento de fato do sistema acusatório, com o juiz instrutor vedado quanto ao acesso
dos autos de investigação.
Para NUCCI, por exemplo, o dispositivo em estudo afasta a aplicabilidade do art. 155 do
CPP3, in verbis:

Esse dispositivo afasta a aplicabilidade do art. 155 do CPP: [...] Terminou essa fase. O juiz formará
sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as
provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. Os autos da investigação, para essa finalidade,
desaparecem. Ficam arquivados em cartório.

Outro ponto importante está no §4º, o qual garante às partes o amplo acesso aos autos de
investigação arquivados na secretaria do juízo das garantias.

2
Supra, p. 48.
3
Supra, pgs. 48 e 49.

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A doutrina ainda debate quanto à natureza desse direito, e qual o seu alcance. Esse tema
deve ser amplamente debatido quando iniciar-se a aplicação do instituto aos casos concretos.

Art. 3º-D

Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos
arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um sistema
de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)

Segundo a doutrina, as comarcas que possuem apenas um juiz devem criar um sistema
de rodízio para atender à lei. Não se sabe ainda, como isso será feito na prática (ao menos
por hora).
De todo modo, o ponto mais importante do art. 3º-D está na verdadeira criação de uma
causa de impedimento do juiz, seja ele quem for, o qual, se vier a praticar ato na fase de in-
vestigação, não poderá atuar na fase processual.

Art. 3º-E

Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização judiciária da
União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem periodicamente
divulgados pelo respectivo tribunal. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

O art. 3º-E é outro que necessitará de complemento e regulamentação por parte das auto-
ridades públicas, haja vista que não define claramente os critérios (na verdade, a norma deixa
em aberto a regulamentação da designação, apenas exigindo critérios objetivos para tanto).

Art. 3º-F

Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o tratamento dos
presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da imprensa para explo-
rar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade civil, administrativa e
penal. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar em 180 (cento e oi-
tenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a identidade do preso
serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida no caput deste artigo,
transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução penal, o direito à informação e
a dignidade da pessoa submetida à prisão.

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Por fim, temos as normas voltadas para evitar a exposição indigna de investigados aos
meios de comunicação, devendo o juiz das garantias atuar para assegurar o correto trata-
mento dos presos.
É interessante notar que, segundo parte da doutrina, a infração à previsão aqui contida, de
forma geral e sem um contexto específico, não gera por si só responsabilização por abuso de
autoridade, haja vista que a referida conduta requer violência ou grave ameaça no contexto
da exposição do preso.

7. Observações Finais
Caro(a) aluno(a): Finalizamos a apresentação da temática referente ao juiz das garantias,
do modo exato e compatível com a doutrina sobre o tema e o atual texto legal.
Entretanto, cabe afirmar que a aula disponibilizada para você possui um caráter bastante
precário, haja vista que os artigos em estudo (Art. 3º-A Art. 3º-F) estão, por hora, suspensos
pelo STF, em decisão prolatada pelo Ministro Luiz Fux em 22/02/2020.
A demanda dos alunos por aulas específicas e atualizadas na forma do pacote anticrimes
nos fez, é claro, sair na frente e atualizar o material, assim que a bibliografia de referência se
tornou disponível.
Iremos acompanhar os desdobramentos da medida cautelar e da suspensão realizada
sobre as normas da presente aula pelo STF. Assim que houver uma mudança no cenário ju-
risprudencial, esse PDF será atualizado, sempre acompanhando a caminhada doutrinária que
ocorre paralelamente aos temas estudados.
Vamos praticar?

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RESUMO
Fluxo Processual Original

Mudanças – pacote Anticrime

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EXERCÍCIOS
001. (INÉDITA) Com a reforma realizada pelo Pacote Anticrime, passa a constar expressa-
mente no CPP a estrutura acusatória do processo penal, vedando-se a iniciativa do juiz na
fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação.1

Exatamente! Essa é a previsão contida no novo art. 3º-A:

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de inves-
tigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei n. 13.964,
de 2019)
Certo.

002. (INÉDITA) Na atual estrutura do CPP, o juiz das garantias se torna expressamente res-
ponsável pelo controle da legalidade da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos
individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder Judiciário.

Com certeza! Essa é a previsão contida no art. 3º-B do CPP:

Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investigação criminal
e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia
do Poder Judiciário.
Certo.

003. (INÉDITA) Com a nova estrutura processual proposta pelo pacote anticrimes, compete
ao juiz da instrução receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do
caput do art. 5º da Constituição Federal.

Na verdade, a referida competência é do juiz das garantias, e não do juiz da instrução (Inciso
I do art. 3º-B do CPP).
Errado.

004. (INÉDITA) Deve o juiz das garantias zelar pela observância dos direitos do preso, po-
dendo determinar que este seja conduzido à sua presença, havendo para isso provocação do
Ministério Público em respeito ao princípio da inércia.

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Muito embora o juiz da garantia tenha o dever de zelar pela observância dos direitos do pre-
so, não há necessidade de provocação do MP para que o juiz possa determinar a condução
prevista no item.
Errado.

005. (INÉDITA) A instauração de procedimento investigativo – como o inquérito policial – não


requer comunicação ao juiz das garantias. O indiciamento, por outro lado, requer comunica-
ção imediata.

Talvez uma das mudanças mais importantes da nova legislação, passa a ser necessária a
comunicação de instauração de inquéritos policiais (e investigações em geral) ao juiz das
garantias.
A referida obrigação não surge apenas com o indiciamento, como afirma o item.
Errado.

006. (INÉDITA) Segundo o CPP, compete ao juiz da instrução prorrogar a prisão provisória ou
outra medida cautelar, bem como substituí-las ou revogá-las, assegurado, no primeiro caso,
o exercício do contraditório em audiência pública e oral, na forma do disposto neste Código
ou em legislação especial pertinente.

Mais uma vez estamos diante de uma competência do juiz das garantias, e não da instrução,
o que invalida o item (Art. 3º-B, inciso VI, CPP).
Errado.

007. (INÉDITA) Em caso de necessidade durante a investigação, competirá ao juiz das garan-
tias decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas urgentes
e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e com a
apresentação de memoriais redigidos pela defesa e pela acusação.

Muito embora o item esteja perfeitamente alinhado ao art. 3º-B, VII, do CPP, a referida audiên-
cia é pública e oral, não necessitando da apresentação de memoriais.
Errado.

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008. (INÉDITA) Continua sendo possível a prorrogação do prazo de duração do inquérito, es-
tando o investigado preso, em vista das razões apresentadas pela autoridade policial. A res-
ponsabilidade, no entanto, passa a recair sobre o juiz das garantias.

Exatamente! É o que prevê o art. 3º-B, VIII, CPP:

VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista das razões
apresentadas pela autoridade policial.
Certo.

009. (INÉDITA) Embora a atuação durante a fase de investigação seja de responsabilidade


do juiz das garantias, compete ao juiz da instrução determinar o trancamento do inquérito
policial quando não houver fundamento razoável para sua instauração ou prosseguimento.

Nada disso. Nesse caso também há expressa competência do juiz das garantias, mais uma
vez prevista no importantíssimo rol do art. 3º-B (inciso IX).
Errado.

010. (INÉDITA) Compete ao juiz das garantias decidir sobre eventuais demandas de intercep-
tação telefônica, o que não inclui demandas sobre medidas relacionadas à outras formas de
comunicação, as quais podem ser conduzidas pelo Membro do Ministério Público sem anu-
ência do judiciário.

Na verdade, tanto demandas de interceptações telefônicas quanto às demais ficam sob a


tutela do juiz das garantias, não havendo a referida autonomia do MP como afirmou o item.
Errado.

011. (INÉDITA) O afastamento do sigilo fiscal pode ser objeto de requerimento ao juiz das
garantias.

Com certeza! Esse é um dos desdobramentos do inciso X (alínea b) do art. 3º-B, CPP.
Como você já deve ter percebido, esse é um rol muito grande e de enorme importância, terreno
fértil para elaboração de questões futuras sobre o tema em estudo.
Certo.

012. (INÉDITA) A busca e apreensão domiciliar teve sua regulamentação endurecida pelo
CPP, necessitando da anuência tanto do juiz das garantias quanto do juiz da instrução para
sua execução.

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Na verdade, basta a anuência do juiz das garantias. Não compete ao juiz da instrução tomar
nenhuma medida durante a fase em que o juiz das garantias está atuando.
Errado.

013. (INÉDITA) Compete ao juiz das garantias julgar o habeas corpus impetrado antes do
oferecimento da denúncia.

Mais uma vez, trata-se de expressa determinação legal do art. 3º-B, inciso XII, CPP.
Certo.

014. (INÉDITA) Na nova sistemática processual, o primeiro ato praticado pelo juiz da instru-
ção é a decisão sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 do CPP.

Talvez esse seja um dos pontos mais importantes da mudança em estudo, o qual você pre-
cisa memorizar de forma claro: O recebimento da denúncia é responsabilidade do juiz das
garantias. Não consiste, portanto, no primeiro ato praticado pelo juiz da instrução.
Errado.

015. (INÉDITA) Caso o investigado esteja preso, o juiz das garantias poderá, mediante re-
presentação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a
duração do inquérito por até 15 (quinze) dias.

Com certeza. Essa é a previsão do §2º do art. 3º-B do CPP. Merece igual destaque posto que
é um tema historicamente muito cobrado pelas bancas examinadoras (prazos relacionados
ao inquérito policial).
Certo.

016. (INÉDITA) A função jurisdicional do juiz das garantias no que diz respeito ao controle
da legalidade da investigação criminal e da salvaguarda dos direitos individuais é inédita no
ordenamento jurídico brasileiro.

Prezado aluno, muito cuidado com esse tipo de questão. Em um Estado Democrático de Direi-
to como o nosso, sempre existiu e sempre existirá uma figura responsável por esse controle
da legalidade e pela tutela dos direitos e garantias fundamentais em toda a persecução penal.

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Antes da Lei 13.964 de 2019, essa função cabia ao juiz da instrução e julgamento e agora, no
que diz respeito à fase de investigação criminal fica a cargo do juiz das garantias.
Errado.

017. (INÉDITA) A vedação da iniciativa probatória do juiz da instrução e julgamento é uma das
características marcantes do sistema acusatório e diz respeito à produção de provas apenas
pelas partes e não pelo juiz.

É o que demanda o art. 3º. A do CPP:

O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a
substituição da atuação probatória do órgão de acusação.
Certo.

018. (INÉDITA) Entre as atribuições do juiz das garantias é possível destacar o controle da
legalidade, a tutela de direitos e a presidência das investigações criminais.

Quem realiza as investigações preliminares, em regra, é a polícia judiciária, e a sua presidên-


cia ficará a cargo da autoridade policial.
Errado.

019. (INÉDITA) O princípio da imparcialidade é um dos fundamentos da instituição do juiz


das garantias. Nesse sentido, a teoria da aparência caracteriza a chamada imparcialidade
subjetiva.

Nada disso. Conforme estudamos, a teoria da aparência caracteriza a imparcialidade objetiva


do magistrado.
Errado.

020. (INÉDITA) Cabe ao juiz das garantias atuar de ofício em situações excepcionais, como da
decretação de medidas cautelares.

Esse tema já repercutiu nos tribunais superiores:

Não é possível a decretação ex officio de prisão preventiva em qualquer situação (em


juízo ou no curso de investigação penal), inclusive no contexto de audiência de cus-

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tódia, sem que haja, mesmo na hipótese da conversão a que se refere o art. 310, II, do
CPP, prévia, necessária e indispensável provocação do Ministério Público ou da auto-
ridade policial.
A interpretação do art. 310, II, do CPP deve ser realizada à luz do art. 282, § 2º e do art.
311, significando que se tornou inviável, mesmo no contexto da audiência de custódia,
a conversão, de ofício, da prisão em flagrante de qualquer pessoa em prisão preven-
tiva, sendo necessária, por isso mesmo, para tal efeito, anterior e formal provocação
do Ministério Público, da autoridade policial ou, quando for o caso, do querelante ou do
assistente do MP.
STJ. 5ª Turma. HC 590039/GO, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/10/2020.
STF. 2ª Turma. HC 188888/MG, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 06/10/2020.
*CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Depois da Lei n. 13.964/2019 (Pacote Anticrime),
não é mais possível que o juiz, de ofício, converta a prisão em flagrante em prisão pre-
ventiva (é indispensável requerimento). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/507373ba57e-
072aa06e7d4299ea6386d>. Acesso em: 06/02/2021

Errado.

021. (INÉDITA) A competência funcional do juiz das garantias é definida pela fase do processo.

Exatamente o que estudamos. Sua competência iniciará com as investigações criminais e


findará com o recebimento da denúncia ou queixa.
Certo.

022. (INÉDITA) A teoria da dissonância cognitiva é um dos fundamentos do juiz das garantias.

Vejamos uma informação interessante. Renato Brasileiro cita em sua bibliografia uma pes-
quisa realizada pelo jurista Bernd Schünemann, baseada na teoria da dissonância cognitiva.
Uma das conclusões da referida pesquisa era a seguinte:

As decisões condenatórias são muito mais comuns quando o juiz já teve conhecimento do conte-
údo da investigação preliminar.
Certo.

023. (INÉDITA) Apenas a inconstitucionalidade material foi objeto de debate na ADI que sus-
pendeu preliminarmente a eficácia do juiz das garantias.

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Conforme estudamos, o ministro Luis Fux levantou aspectos relacionados à inconstituciona-


lidade formal e material na instituição do juiz das garantias.
Errado.

024. (INÉDITA) O juiz das garantias poderá determinar o trancamento do inquérito policial por
meio da concessão de Habeas Corpus.

O habeas corpus é, em regra, o instrumento que possibilita o trancamento do IP, desde que
haja uma ameaça à liberdade de locomoção do agente.
Certo.

025. (INÉDITA) O juiz das garantias também será adotado no âmbito dos Juizados Especiais
Criminais.

Nada disso:

Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto as de
menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399
deste Código. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Errado.

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GABARITO
1. C
2. C
3. E
4. E
5. E
6. E
7. E
8. C
9. E
10. E
11. C
12. E
13. C
14. E
15. C
16. E
17. C
18. E
19. E
20. E
21. C
22. C
23. E
24. C
25. E

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ANEXO
Novo Texto Legal para Referência

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase
de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 3º-B. O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade da investiga-
ção criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais cuja franquia tenha sido reservada à
autorização prévia do Poder Judiciário, competindo-lhe especialmente: (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
I – receber a comunicação imediata da prisão, nos termos do inciso LXII do caput do art.
5º da Constituição Federal; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
II – receber o auto da prisão em flagrante para o controle da legalidade da prisão, obser-
vado o disposto no art. 310 deste Código; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
III – zelar pela observância dos direitos do preso, podendo determinar que este seja con-
duzido à sua presença, a qualquer tempo; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IV – ser informado sobre a instauração de qualquer investigação criminal; (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
V – decidir sobre o requerimento de prisão provisória ou outra medida cautelar, observado
o disposto no § 1º deste artigo; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
VI – prorrogar a prisão provisória ou outra medida cautelar, bem como substituí-las ou
revogá-las, assegurado, no primeiro caso, o exercício do contraditório em audiência pública e
oral, na forma do disposto neste Código ou em legislação especial pertinente; (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
VII – decidir sobre o requerimento de produção antecipada de provas consideradas ur-
gentes e não repetíveis, assegurados o contraditório e a ampla defesa em audiência pública e
oral; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
VIII – prorrogar o prazo de duração do inquérito, estando o investigado preso, em vista
das razões apresentadas pela autoridade policial e observado o disposto no § 2º deste artigo;
(Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
IX – determinar o trancamento do inquérito policial quando não houver fundamento razo-
ável para sua instauração ou prosseguimento; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
X – requisitar documentos, laudos e informações ao delegado de polícia sobre o anda-
mento da investigação; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
XI – decidir sobre os requerimentos de: (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
a) interceptação telefônica, do fluxo de comunicações em sistemas de informática e tele-
mática ou de outras formas de comunicação; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)

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Juiz das Garantias
Douglas Vargas

b) afastamento dos sigilos fiscal, bancário, de dados e telefônico; (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
c) busca e apreensão domiciliar; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
d) acesso a informações sigilosas; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
e) outros meios de obtenção da prova que restrinjam direitos fundamentais do investiga-
do; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
XII – julgar o habeas corpus impetrado antes do oferecimento da denúncia; (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
XIII – determinar a instauração de incidente de insanidade mental; (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
XIV – decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do art. 399 deste
Código; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
XV – assegurar prontamente, quando se fizer necessário, o direito outorgado ao inves-
tigado e ao seu defensor de acesso a todos os elementos informativos e provas produzidos
no âmbito da investigação criminal, salvo no que concerne, estritamente, às diligências em
andamento; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
XVI – deferir pedido de admissão de assistente técnico para acompanhar a produção da
perícia; (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
XVII – decidir sobre a homologação de acordo de não persecução penal ou os de co-
laboração premiada, quando formalizados durante a investigação; (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
XVIII – outras matérias inerentes às atribuições definidas no caput deste artigo. (Incluído
pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º (VETADO). (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante representação
da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única vez, a duração do in-
quérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a investigação não for concluída,
a prisão será imediatamente relaxada. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais, exceto
as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou queixa na forma
do art. 399 deste Código. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo juiz da
instrução e julgamento. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar a necessida-
de das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias. (Incluído pela Lei n.
13.964, de 2019)
§ 3º Os autos que compõem as matérias de competência do juiz das garantias ficarão
acautelados na secretaria desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não

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serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução e julgamento, ressal-
vados os documentos relativos às provas irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de
antecipação de provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. (Incluído
pela Lei n. 13.964, de 2019)
§ 4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados na secretaria do
juízo das garantias. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 3º-D. O juiz que, na fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas compe-
tências dos arts. 4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (Incluído pela
Lei n. 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Nas comarcas em que funcionar apenas um juiz, os tribunais criarão um
sistema de rodízio de magistrados, a fim de atender às disposições deste Capítulo. (Incluído
pela Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 3º-E. O juiz das garantias será designado conforme as normas de organização ju-
diciária da União, dos Estados e do Distrito Federal, observando critérios objetivos a serem
periodicamente divulgados pelo respectivo tribunal. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Art. 3º-F. O juiz das garantias deverá assegurar o cumprimento das regras para o trata-
mento dos presos, impedindo o acordo ou ajuste de qualquer autoridade com órgãos da im-
prensa para explorar a imagem da pessoa submetida à prisão, sob pena de responsabilidade
civil, administrativa e penal. (Incluído pela Lei n. 13.964, de 2019)
Parágrafo único. Por meio de regulamento, as autoridades deverão disciplinar, em 180
(cento e oitenta) dias, o modo pelo qual as informações sobre a realização da prisão e a iden-
tidade do preso serão, de modo padronizado e respeitada a programação normativa aludida
no caput deste artigo, transmitidas à imprensa, assegurados a efetividade da persecução
penal, o direito à informação e a dignidade da pessoa submetida à prisão. (Incluído pela Lei
n. 13.964, de 2019)

Douglas Vargas
Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).

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