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Revista Brasil. Bot., V.33, n.1, p.107-113, jan.-mar. 2010

Polinização e frutificação em abóbora (Cucurbita pepo) por abelhas


MARIA DAS GRAÇAS VIDAL1,5, DAVID DE JONG2, HANS CHRIS WIEN3e
ROGER A. MORSE4
(recebido: 20 de maio de 2009; aceito: 03 de fevereiro de 2010)

ABSTRATO– (Polinização e frutificação em abóbora (Cucurbita pepo) pelas abelhas). Espécies de Cucurbitaceae são cultivadas em
todo o mundo e dependem da polinização das abelhas para a frutificação. Experimentos de campo e laboratório foram conduzidos
na Universidade Cornell, Ithaca, NY, durante 1996 e 1997 para determinar a abóbora “Howden” (Cucurbita pepoL.) remoção e
deposição de pólen pelas abelhas e fatores relacionados à atratividade das flores masculinas. Vários parâmetros foram avaliados em
flores na antese: (1) remoção de pólen das anteras pelas abelhas, (2) deposição de pólen no estigma pelas abelhas, (3) quantidade de
pólen no corpo das abelhas, (4) frutos definido após a polinização das abelhas e (5) poros do nectário de flores masculinas e
atratividade das flores. As abelhas transportaram entre 1.050 e 3.990 grãos de pólen e 13.765 foram removidos de uma antera após
uma visita. A quantidade de pólen depositado no estigma pelas abelhas melíferas variou de acordo com o número de visitas, de 53
grãos em uma visita, a 1.253 grãos em 12 visitas, e o número médio de grãos em cada visita variou de 53 a 230 grãos. A
porcentagem de frutos estabelecidos foi maior (100%) quando as flores receberam 12 visitas deApis melífera, correspondendo a uma
carga de 1.253 grãos de pólen. A atratividade da flor masculina para coleta de pólen e néctar foi aumentada pelo grau de abertura
do poro de acesso ao nectário na flor.

Palavras-chave -Apis melífera, atratividade das abelhas, poro nectário, deposição de pólen

RESUMO– (Polinização e estabelecimento de fruto em abóbora (Cucurbita pepo) por abelhas). Espécies de Cucurbitáceas são
cultivadas mundialmente e são dependentes de abelhas para polinização e estabelecimento de fruto. Experimentos de campo e
laboratório foram prolongados na Universidade de Cornell, na cidade de Ithaca, em Nova York, durante os anos de 1996 e 1997 para
determinar a remoção e deposição de pólen por abelhas em abóbora (Cucurbita pepoL.) variedade Howden e fatores relacionados
com a atratividade da flor masculina. Várias opções foram avaliadas depois da antes da flor: (1) remoção de pólen das antenas por
abelhas, (2) deposição de pólen no estigma por abelhas, (3) quantidade de pólen no corpo das abelhas, (4) estabelecimento de frutos
depois da polinização por abelha, e (5) atratividade da flor masculina via poros nectaríferos. Com uma visita às abelhas removeram
13.765 grãos de pólen, ficando no corpo entre 1.050 a 3.990 grãos. A quantidade de pólen depositada no estigma pelas abelhas varia
de acordo com o número de visitas, de 53 grãos com uma visita, para 1.253 grãos com 12 visitas, e o número médio de grãos em
cada visita varia de 53 a 230 grãos. A porcentagem de frutos preparada foi máxima (100%) quando as flores receberam 12 visitas de
Apis mellifera,correspondendo a uma carga de 1.253 grãos de pólen. A atração da flor masculina pelo pólen e néctar foi aumentada
pelo grau de abertura do poro do néctar da flor.

Palavras-chave - atratividade das abelhas, poro nectarífero, deposição de pólen,Apis melífera

Introdução produção de forma eficaz, é necessário saber quantas visitas de


abelhas são necessárias para uma frutificação e tamanho de frutos
As abóboras são uma cultura importante no Nordeste adequados, e as condições sob as quais a frutificação é limitada por
dos EUA que depende das abelhas para a polinização. outros fatores além do pólen. A baixa produção de frutos pode ser
Desde 1989, as colônias de abelhas deA. melíferaforam devida à falta de abelhas melíferas ou a algum estresse biótico ou
reduzidos em mais de 50% pelo fungo giz (Ascosphera apis), abiótico. Condições ambientais desfavoráveis, como altas
ácaro traqueal (Acarapis woodi), ácaros varroa (Varroa temperaturas, seca e baixa irradiância, podem causar o aborto de
jacobsoni) (Morse 1994) e distúrbio do colapso das colônias botões florais em abóbora e outras culturas (Wien 1997). A ausência
(Ragsdale 2007). Para gerenciar a abóbora de polinizadores suficientes pode resultar em baixa produção de
frutos e redução no tamanho dos frutos (Walters & Taylor 2006).
Portanto, para um manejo adequado da produção de abóbora é

1. Universidade Federal da Bahia, Departamento de Zootecnia, Escola necessário conhecer o número de visitas necessárias para a
de Agronomia, 44380-000 Cruz das Almas, BA, Brasil. frutificação e tamanho adequados, bem como as condições que
2. Universidade de São Paulo, Departamento de Genética da
limitam a frutificação além da falta de pólen.
Faculdade de Medicina, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
3. Universidade Cornell, Departamento de Ciência de Frutas e Vegetais, Stephensone outros.(1988) encontraram menor frutificação,
Ithaca, NY, EUA. taxa de crescimento de frutos e tamanho de frutos em abobrinhas,
4. Universidade Cornell, Departamento de Entomologia, Ithaca, NY, EUA,
falecido.
provenientes de flores tratadas com baixa e média carga de pólen
5. Autor correspondente: mgvidal@ufba.br (240 e 480 grãos de pólen) do que os frutos resultantes de flores
108 MG Vidale outros.: Polinização e frutificação em abóbora

com alta carga polínica ou visitação livre. Nicodemóse outros. (50 µL × 5 = 250 µL). Esta avaliação foi realizada em 1996 (29
(2009) atingiram o maior nível de frutificação quando o número de Julho a 22 de Agosto).
de visitas porApis melíferafoi de 16 por flor feminina de Pólen no corpo das abelhas – A quantidade de pólen aderido ao
abóbora. Embora a frutificação da abóbora ocorra com corpo das abelhas foi avaliada às 7h00, 8h00, 9h00 e 10h00. Seis
polinizadores naturais, a adição de colônias de abelhas irá abelhas foram coletadas no campo, logo após a visita a uma
garantir a presença de polinizadores, para maximizar o flor. Cada flor foi ensacada antes da antese e descoberta após a
tamanho dos frutos (Walters & Taylor 2006) antese para permitir apenas uma visita das abelhas coletadas.
Os objetivos específicos deste trabalho foram: (a) As abelhas coletadas foram colocadas em tubos com etanol
determinar a quantidade de pólen removido das anteras após 70% e lavadas até que todo o pólen fosse retirado do corpo das
abelhas e contado. As avaliações foram realizadas de 26 a 31 de
diferentes números de visitas de abelhas e a quantidade de
agosto de 1997.
pólen coletado por abelha em diferentes períodos do dia; (b)
Estimar o número de grãos de pólen depositados no estigma Deposição de pólen no estigma – Este experimento foi realizado
pelas abelhas melíferas; (c) Relacionar a polinização e a entre 3terceiroe 21stAgosto de 1996. Foram avaliados três tratamentos
frutificação da abóbora com a carga de pólen no estigma, e (d) (1, 2 e 4 visitas de abelhas nos estigmas). Doze flores femininas

avaliar a influência da abertura do nectário da flor masculina na foram ensacadas antes da antese (quatro flores por tratamento) e
descobertas após a antese para permitir visitas das abelhas de
atratividade da flor para as abelhas melíferas.
acordo com os tratamentos, no período de 8h00 às 10h00. Outro
experimento foi realizado entre 29 de julhoºe 15 de agostoº, 1997.
Materiais e métodos Foram avaliados quatro tratamentos (2, 4, 8, 12 visitas de abelhas
nos estigmas). Vinte e quatro flores femininas foram ensacadas
Os experimentos foram realizados em 1996 e 1997 na Cornell antes da antese (seis flores por tratamento) e expostas após a
University, Ithaca, NY (EUA). Abóbora “Howden” (Cucurbita pepoL.) antese. Após os diferentes números de visitas, as flores descobertas
foram semeadas em bandejas com 100 cm3células individuais, foram cortadas e colocadas em frascos individuais e congeladas. Os
preenchidas com vermiculita:turfa 2:1 (v/v), suplementadas com estigmas foram descongelados e os grãos de pólen lavados e
nutrientes e mantidas em estufa. Vinte dias após a semeadura, as contados sob lupa de 60X sem coloração. Os grãos de pólen
plantas foram transferidas para um campo previamente adubado remanescentes no estigma foram removidos com sonda de agulha
com 100 kg ha-1de nitrogênio como uréia. O espaçamento foi de e também contados.
2,00 m entre linhas por 0,30 m entre plantas, proporcionando
Polinização e frutificação – Neste experimento as flores pistiladas foram
densidade de 16.666 plantas por hectare. Em 1996, foram cultivadas
ensacadas antes da antese e descobertas após a antese para permitir 2,
75 plantas em uma área de 45 m2, e em 1997 foram plantadas 100
4, 8 e 12 visitas (4 níveis), usando 20 flores para cada nível. Essas visitas
plantas em 60 m2. Uma colônia de abelhas melíferas foi colocada na
foram permitidas das 8h às 10h, diariamente, nos dias 6 a 10, 14, 15, 19,
borda do campo. As flores foram selecionadas aleatoriamente antes
26 e 27 de agosto de 1997. Apenas uma flor por planta foi polinizada e as
da antese e ensacadas com rede para evitar visitas de abelhas e
flores foram distribuídas aleatoriamente aos tratamentos em um
outros insetos. Na antese, eles foram descobertos e os estudos
delineamento completamente aleatório. Após cada visita, as flores foram
descritos a seguir foram realizados.
ensacadas, etiquetadas e a frutificação foi avaliada 5 dias após a
polinização, quando as diferenças no inchaço ou abscisão dos ovários
Pólen retirado das anteras pelas abelhas – Neste experimento foi
eram óbvias. Os frutos foram removidos após avaliação da frutificação (8
determinado o número de grãos de pólen retirados das anteras pelas
dias após a polinização).
abelhas melíferas em diferentes números de visitas das abelhas em dias
diferentes, segundo Vidale outros.(2006). As flores masculinas foram
Abertura de nectários e atratividade – Este experimento avaliou 32
ensacadas antes da antese e descobertas após a antese para permitir a
flores estaminadas durante 8 dias (4 flores por dia). Em cada dia
visita das abelhas. Foram avaliados seis tratamentos (número de visitas):
quatro flores foram manipuladas cirurgicamente para ampliar a
nenhuma visita (permaneceu ensacada após antese = controle), 1, 2, 4, 6
fenda do nectário para diferentes larguras (0, 1, 2 e 3 mm). Cada flor
e 8 visitas em três repetições (flores) por tratamento. Após a visita, as
foi colocada com pedicelo em um frasco com água dentro do plantio
anteras foram cortadas e colocadas em frascos com etanol 70%. As
da abóbora durante um intervalo de 15 minutos entre 7h00-8h00,
anteras foram lavadas com etanol até a remoção de todos os grãos de
8h00-9h00 ou 9h00-10h00 Assim, em um intervalo de 1 hora todas
pólen. Os grãos de pólen foram decantados e o sobrenadante foi
as quatro flores foram observadas durante 15 minutos. O número
removido por micropipeta. Glicerol 50% foi adicionado ao pólen restante
de visitas de abelhas melíferas e a duração de cada visita foram
em um frasco graduado para perfazer 5 mL. Os frascos foram agitados
determinados.
em um misturador vórtex para obter uma suspensão uniforme de pólen.
Cinco amostras de 50 uL foram retiradas da suspensão de pólen e todos
os grãos de pólen foram contados sob ampliação de 60X. O número total Resultados e discussão
de grãos de pólen por antera (em 5 mL) foi estimado com base na
quantidade de pólen contada em todas as subamostras Remoção de pólen de anteras pelas abelhas – Dos quase
43.000 grãos de pólen produzidos pela abóbora macho
Revista Brasil. Bot., V.33, n.1, p.107-113, jan.-mar. 2010 109

flores em 1996, as abelhas removeram quase dois terços primeiro, comportamento também observado por Nepi & Pacini
nas duas primeiras visitas e, em oito visitas, as abelhas (1993). Isto permite que as abelhas recolham mais pólen às 8h00 do
retiraram quase 90% do pólen total (tabela 1). Considerando que nas horas mais tardias da manhã, onde foi observada uma
o curto período de antese na abóbora (6 a 12 h), a remoção diminuição do número de pólen (figura 1).
eficiente do pólen nas primeiras visitas é vantajosa para a
abóbora. Pode estar relacionado à morfologia das flores,
com as anteras bem expostas aos polinizadores (Nepi &
Pacini, 1993), aumentando a probabilidade de contato entre
o inseto e a antera. Em estudos com seis espécies, Harder
(1990) confirmou que a remoção de pólen é mais eficiente
quando as anteras estão bem expostas. A influência da
morfologia da flor na transferência de pólen também foi
verificada por Nilsson (1988) e Murcia (1990), que
enfatizaram que a morfologia da flor pode afetar mais a
remoção de pólen do que a deposição de pólen no estigma.
Além da localização favorável das anteras emC. pepo, a
remoção do pólen também foi facilitada pelos seus grandes
estames e pólen grande e abundante (Free 1993, Harder
1990, Murcia 1990). As abelhas melíferas buscam em uma
viagem apenas pólen ou néctar, dependendo da espécie de
flor e da disponibilidade de pólen e néctar. Neste trabalho, a
duração das visitas das abelhas melíferas variou sem
Figura 1. Número de grãos de pólen de abóbora aderidos ao corpo das
padrão. Este comportamento foi encontrado em outros
abelhas em diferentes horários do dia. Média de seis abelhas, 1997. As
experimentos (Free, 1993)
barras representam o desvio padrão.

Pólen no corpo da abelha–O número médio de grãos de pólen


aderidos ao corpo da abelha era elevado no início do dia (4.000 Deposição de pólen no estigma – As abelhas depositaram de 53
grãos), diminuindo à medida que o pólen era removido das a 230 grãos de pólen por visita, e a duração de cada visita de
flores para 1.000 grãos por volta das 9h00 (figura 1). A visitação abelha variou de 18 a 82 segundos (tabela 2). Em 1996, o
das abelhas inicia-se logo após a descoberta das flores número médio de grãos de pólen depositados no estigma por
masculinas da abóbora e atinge o máximo às 8h00. Resultados uma visita de abelha foi de 53, aumentando para 918 grãos
semelhantes foram registrados em abóbora por Cady (1993) e após quatro visitas. Em 1997, o número de grãos depositados
Nicodemoe outros.(2009). Durante a visita as abelhas pousam aumentou de 174 (após 2 visitas) para 1.253 (após 12 visitas).
nas partes reprodutivas das plantas e removem os grãos de As abelhas depositam pólen no estigma quando
pólen. Os pelos do corpo da abelha roçam as anteras e o pólen coletam néctar na base da flor feminina. Eles removeram
adere a elas. Quando o pólen é abundante as abelhas que 13.765 grãos de pólen na primeira visita às flores
carregam mais grãos de pólen são as que visitam a flor masculinas (tabela 1), o que é muito maior do que

Tabela 1. Atividades de remoção de pólen pelas abelhas melíferas em flores masculinas de abóbora. Média de quatro repetições, 1996.

Número Número de pólen Número de removidos Grãos de pólen Tempo(s)


de visitas grãos na antera grãos de pólen removido por visita Total Por visita

0 42.765 a 0 0 0 0
1 29.000 bilhões 13.765 c. 13.765 a 12c 12b
2 17.245c 25.520 bilhões 12.760 por 84c 42a
4 8.660 d 34.105 a 8.526 b 217b 54a
6 10.205 CDs 32.560 por 5.427 a.C. 272b 45 a
8 4.365 d 38.400 por 4.800 centavos 443a 55a
CV (%) 18.2 20,9 29,3 29,8 35,4
Médias seguidas por letras diferentes nas colunas são diferentes (teste de Tukey,P<0,05).
110 MG Vidale outros.: Polinização e frutificação em abóbora

Tabela 2. Atividades de depósito de pólen por abelhas em flores femininas de abóbora. Média de quatro e seis repetições em 1996 e 1997,
respectivamente.

Tempo total Grãos de pólen depositados Tempo por visita Número de grãos de pólen
Ano Número de visitas
(s) (número total) (s) depositado por visita

1996 01 18 c. 53b 18b 53b


02 136b 396b 68a 198a
04 329a 918 a 82a 230 a
CV (%) 25,6 40,7 23.4 44,7
1997 02 134 c. 174b 67a 87a
04 314 a.C. 479b 79a 120 a
08 643 ab 668b 80 a 84a
12 821a 1.253 a 68a 104a
CV (%) 50,0 58,8 42,9 48,3
Médias seguidas por letras diferentes nas colunas são diferentes (teste de Tukey,P<0,05).

a quantidade de pólen depositado no estigma na primeira visita Tabela 3. Duração da visita das abelhas e frutificação em flores femininas
(53 grãos) (tabela 2). Esta diferença se deve à perda de pólen de abóbora durante diferentes números de visitas de abelhas em 1997.

pelo polinizador durante a coleta e transferência do pólen. Média de 20 repetições.

Descobertas semelhantes foram feitas por outros com


Número de Duração da visita (seg)
abóboras, nas quais as abelhas depositaram 215 grãos de pólen Conjunto de frutas
visitas
em uma única visita (Tepedino 1981), e em pepino (Cucumis Total Por visita (%)
por flor
sativus), em que 129 grãos de pólen foram colocados no
2 182c 91a 050b
estigma na primeira visita, e 33 ou menos grãos nas visitas
4 351c 88a 050b
subsequentes (Collison & Martin, 1979). Em contrapartida,
nosso estudo indicou que a quantidade de pólen depositado no
8 664b 83a 065b
estigma foi 7 a 9 vezes maior quando as flores receberam duas 12 907 a 76a 100 por

visitas em comparação com uma (tabela 2). Portanto, a CV (%) 053,4 45,5 019,0
quantidade de pólen transferida em cada visita não é constante. Médias seguidas por letras diferentes nas colunas são diferentes (n=20 flores; Teste
de Tukey,P<0,05).
Fatores como alta concentração de pólen e condições climáticas
favoráveis à atividade das abelhas e à eficiência dos
polinizadores influenciam a quantidade de pólen transferida
espécies (Aldrez 1966, Collison & Martin 1979, Free 1993,
(Collison & Martin 1979).
Grewal & Sidhu, 1979, Hochmuthe outros.1995,
Polinização e frutificação–As abóboras exigiam 12 visitas de Stapletone outros.2000, Stangelinie outros.1997).
abelhas por flor para transferir pólen suficiente que não O sucesso da polinização depende da eficiência do
limitasse a frutificação. De acordo com resultados polinizador durante o período em que as flores estão viáveis
anteriores desta experiência (Vidale outros.2006), no para receber pólen. Viabilidade do pólen deC. pepoé maior
período de 39 a 66 dias após o plantio (DAP), o número de logo após a abertura da flor (em torno de 92%) e diminui
flores masculinas por planta aumentou de 15 para 34 e de para 75% no final da antese (Nepi & Pacini 1993). Portanto,
flores femininas aumentou de 0,3 para 2,2 flores. Neste no período de coleta de dados (8h00-10h00) as flores
período, em que as abelhas começaram a visitar as flores, deveriam ter apresentado alta receptividade, favorecendo a
foi avaliada a influência de diferentes frequências de visitas polinização e a fertilização.
na frutificação (2, 4, 8 e 12 visitas). A porcentagem de A duração média da visita das abelhas à flor feminina no
frutificação foi maior quando as flores receberam 12 visitas período entre 8h00 e 10h00 foi curta (18 seg.) quando a flor foi
de abelhas, com frutificação de 100% (tabela 3). Não houve visitada apenas uma vez. Em visitas múltiplas, a duração por
diferença nos tratamentos com 2, 4 e 8 visitas, em que a visita não variou significativamente com o número de visitas
média de frutificação foi de 55% (figura 2). O efeito do (tabela 3), tendo sido em média 75 segundos em 1996 e 79
número de visitas na porcentagem de frutificação foi segundos. nos dois experimentos em 1997 (tabelas 2, 3). Esta
consistente com outros estudos com vários Cucurbit variação é comparável às observações feitas
Revista Brasil. Bot., V.33, n.1, p.107-113, jan.-mar. 2010 111

12 visitas, que forneceram 1.253 ± 484 grãos de pólen (tabela 2). Se


as populações de abelhas proporcionassem menos visitas, a
produção de frutos provavelmente seria reduzida. Com 8 visitas,
quando foram depositados 668 grãos no estigma (tabela 2), a
frutificação foi de 65% (tabela 3). A necessidade de muitos grãos de
pólen por óvulo é devida à redução na viabilidade do pólen por
baixas temperaturas, chuvas, baixa atividade das abelhas e ausência
de pólen em germinação no estigma (Stanley & Linskens 1974, Nepi
& Pacini 1993).
Muitas visitas de abelhas foram necessárias porque as
abelhas melíferas eram relativamente ineficientes na
transferência de pólen. Numa primeira visita, uma abelha
retirava cerca de 14.000 grãos, dos quais 1.000 a 4.000 aderiam
ao corpo da abelha (figura 1). Destas, apenas 50 a 200 seriam
transferidas para o estigma da próxima flor feminina visitada
(tabela 2). A baixa deposição de pólen no estigma pode ser
atribuída em parte à perda de pólen quando as abelhas entram
e saem da flor. As abelhas geralmente perdem pólen ao entrar
em uma flor, especialmente se vierem de uma flor masculina
carregada de pólen. Quando as abelhas saem da flor masculina,
muitos grãos caem na base do estame e da corola. Além disso,
a transferência de pólen para o estigma depende da extensão
em que o pólen do corpo da abelha é eliminado pelo contato
com o estigma.

Abertura de nectários e atratividade – As abelhas visitam as


flores de abóbora em busca de néctar, bem como de pólen.
Portanto, pode ser possível aumentar a atratividade das
flores, facilitando o acesso ao néctar. A atratividade das
flores para os polinizadores no campo está geralmente
associada à disponibilidade de néctar e à abundância de
pólen na flor (Thorp 1979, Pierree outros.1996). A influência
do tamanho da abertura do poro do nectário na
atratividade das flores masculinas foi avaliada através de: (a)
número de visitas em 15 minutos de observação (figura 2A),
(b) tempo gasto em cada visita (figura 2B), e (c) tempo de
ocupação das flores em 15 minutos de observação (figura
2C). Nos nectários com poros, o número de visitas em flores
com poro de 1 mm (6 visitas) foi significativamente menor
do que em flores com poros de 2 e 3 mm (10 e 11 visitas,
Figura 2. Número de visitas de abelhas em 15 minutos (A), duração respectivamente) (figura 2A). Nas flores sem poros o
de cada visita (B) e tempo de ocupação floral em 15 minutos (C), em número de visitas foi semelhante ao das flores com poros
flores masculinas de abóbora com diferentes graus de abertura de de 2 e 3 mm, porém o tempo gasto em cada visita foi
poros nectários em 1996. Média de sete flores. As barras
significativamente menor naquelas sem poros do que nas
representam o desvio padrão.
flores com aberturas alargadas (figuras 3A e 3B). Portanto
nas flores sem poros, onde o acesso ao néctar estava
emC. pepode outros autores (Coutoe outros.1990, Nepi & bloqueado, as abelhas permaneceram cerca de 30
Pacini 1993). segundos coletando apenas pólen, enquanto nas flores com
A frutificação completa em abóboras requer 1.500 a aberturas, as abelhas demoraram mais tempo (48 a 62 s;
2.000 grãos de pólen por flor (Cady 1993, Masierowska & figura 3B) coletando tanto pólen quanto néctar. .
Wien 2000). Descobrimos que a frutificação foi máxima com Investigadores anteriores confirmaram que, além disso,
112 MG Vidale outros.: Polinização e frutificação em abóbora

(7h00-8h00), as abelhas fizeram muitas visitas curtas. Mais


tarde, (9h00-10h00) as visitas foram menos frequentes mas
mais prolongadas. Foram 50 visitas de 29 segundos cada na
primeira hora e 17 visitas de 72 segundos na última hora do
período de três horas (figura 3).
O conjunto de frutas nas abóboras é maximizado com cerca de
1.200 grãos de pólen por flor, o que é conseguido através de 12
visitas de abelhas durante as poucas horas em que as flores estão
abertas. Grandes aberturas de nectários aumentam a atratividade
das flores masculinas para os polinizadores e podem aumentar a
frequência de visitas e o sucesso da polinização.

Agradecimentos – Os autores desejam agradecer ao Departamento


de Ciências de Frutas e Vegetais da Universidade Cornell, pelas
instalações de cultivo e laboratório. Agradecimentos também a
Carlos Augusto Vidal, Dulce Vidal e Ragendra de Sousa pela ajuda na
coleta de dados, e ao Dr. Thomas Bjorkman pela assistência na
revisão. Um agradecimento especial a Alfredo AC Alves pela
assistência de campo e laboratório.

Referências

ALDREZ, WC 1966. Números de visitas de abelhas melíferas e


polinização da melancia. Jornal de Entomologia
Econômica 59:28-30.
CADY, SW 1993. Polinização e padrões de floração de campos
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Cornell University, Ithaca.
Figura 3. Número de visitas de abelhas por flor (A) e duração de cada COLLISON, CH & MARTIN, EC 1979. A relação de
uma (B), em flores masculinas de abóbora em diferentes períodos do dia atividade de forrageamento para frutificação e forma na
em 1996. As barras representam o desvio padrão. polinização de pepinos em conserva (Cucumis sativus).
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Diversos 1:183-188.
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Estudo da polinização entomófila emCucurbita pepo
no néctar também desempenham um papel na duração da visita
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(Wykes 1952, Lepage & Boch 1968, Crane 1985).
CRANE, E. 1985. O livro do mel. Editora Nobel, São Paulo. FREE, JB
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foram visitadas por apenas 3,8 minutos a cada 15 minutos de GREWAL, GS & SIDHU, AS 1979. Nota sobre o papel de
observação, enquanto flores com poros de 3 mm foram abelhas na polinização deCucurbita pepo. Jornal
visitadas por 8,2 minutos. A disponibilidade de néctar prolonga Indiano de Ciência Agrícola 49:385-388.
o tempo gasto pelos polinizadores numa determinada flor, HARDER, LD 1990. Remoção de pólen por abelhas
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pólen e de polinização bem sucedida (Manetas & Petropoulou 71:1110-1125.

2000). Variação considerável foi observada entre as variedades


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de abóbora no tamanho da abertura do poro do nectário e na
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pepino, melão, abóbora, abóbora, melancia (HS 725).
indicam que a seleção por poros maiores deve resultar em
EmGuia de produção de vegetais para a Flórida (SP
variedades que aumentem as visitas dos polinizadores, a 170) (GJ Hochmuth e DN Maynard, eds.). Universidade
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