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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

I-018 - EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE PARTÍCULAS E DE TURBIDEZ NA


FILTRAÇÃO DIRETA ASCENDENTE DE UM SISTEMA DE DUPLA
FILTRAÇÃO

Luiz Di Bernardo(1)
Professor Titular do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da
Universidade de São Paulo.
Alexandre Botari
Engenheiro Civil e estudante de doutorado do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.
Angela S. Di Bernardo
Engenheira Civil, Doutora em Hidráulica e Saneamento.

Endereço(1) : Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos – USP, Av.
Trabalhador São-Carlense, 400 - CEP : 13 566-570 - São Carlos – SP - Fone : 16 3373 95 28 - Fax : 16 3373 95
50 - email: bernardo@sc.usp.br

RESUMO
A dupla filtração pode ser considerada como uma tecnologia econômica para o tratamento de água de
abastecimento, proporcionando redução no tamanho da instalação e simplificação de sua operação, o que a
torna uma alternativa atrativa. Este trabalho apresenta os resultados de ensaios realizados com água de
turbidez elevada (100 e 300 uT) em instalação piloto de dupla filtração, constituída pela filtração ascendente
em areia grossa seguida da filtração rápida descendente em areia, variando-se as taxas de filtração no filtro
ascendente. Os perfis de retenção de impurezas e de perda de carga ao longo do meio filtrante obtidos podem
auxiliar na otimização da filtração direta ascendente em multicamadas granulométricas inseridos no processo
de dupla filtração de água com turbidez elevada.

PALAVRAS-CHAVE: Dupla Filtração, Turbidez Elevada, Filtração Ascendente em Areia Grossa, Instalação
Piloto, Taxas de Filtração.

INTRODUÇÃO
A dupla filtração é a associação da filtração direta ascendente com a filtração descendente. No sistema de
dupla filtração, a água bruta recebe o coagulante, na unidade de mistura rápida e a água coagulada é
imediatamente encaminhada aos filtros ascendentes de areia grossa ou de pedregulho, sendo seu efluente
conduzido ao filtro descendente de areia - DI BERNARDO (1993) e DI BERNARDO et al., (2002). A
coagulação da água bruta, para este tipo de sistema, é realizada no mecanismo de neutralização de cargas,
geralmente utilizando-se menores dosagens de coagulante quando comparados com o tratamento em ciclo
completo ou convencional. Esses fatores tornam a tecnologia da dupla filtração mais econômica,
proporcionando redução no tamanho da estação de tratamento e sua operação mais simplificada, o que faz
com que este tipo de tecnologia seja uma alternativa atrativa. Para se obter condições otimizadas de operação,
faz-se mister um melhor controle e previsão do processo de filtração, o que exige uma investigação
experimental detalhada CRUZ VELEZ et al. (1998), MEGDA (1999), GUSMÃO (2001), AMARAL et al.
(2001), KURODA (2002), DE PAULA (2003) e DI BERNARDO et al. (2003).

Este trabalho objetivou caracterizar os perfis de retenção de impurezas, expressos em termos de número de
partículas por tamanho (diâmetro equivalente) e em termos de turbidez, ao longo do meio filtrante do FAAG –
Filtro Ascendente de Areia Grossa de um sistema de dupla filtração - DI BERNARDO, A. S. et al., (2003) e
DI BERNARDO, A. S. (2004). A investigação experimental consistiu na realização de cinco carreiras de
filtração em instalação piloto.

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MATERIAL E MÉTODOS
Os dados foram obtidos em ensaios realizados na instalação piloto montada por DI BERNARDO, A. S. (2004)
- (no laboratório do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos
(EESC) – USP). Foram preparados e utilizados dois tipos de água, tipo I e a tipo II, com turbidez de 100 e 300
uT, respectivamente. A turbidez da água de estudo foi obtida pela utilização do sobrenadante de uma
suspensão de caulinita preparada com água do poço e, posteriormente, homogeneizada.

A instalação de dupla filtração utilizada era composta de duas unidades em paralelo constituindo o filtro
ascendente de areia arossa – FAAG - e de um filtro rápido descendente - FDR, conforme pode ser visto na
figura 1. O coagulante utilizado foi o sulfato de alumínio e as condições ótimas de dosagem e mistura rápida
(tempo e gradiente de velocidade) foram obtidas em ensaios em jarteste e filtros de laboratório de areia (FLA),
cujos detalhes podem ser observados nas tabelas 2 e 3) - DI BERNARDO, et al, (2003).

No desenho esquemático da figura 2, tem-se: Cn – Pontos de coleta de amostra, onde n é a subcamada


relacionada na tabela 1 (“Coagulada” é o ponto de coleta de água bruta coagulada); Pn+1 – Pontos de tomadas
piezométricas no topo da subcamada, onde n é a respectiva subcamada relacionada na tabela 1 (o índice 1 é
relativo à entrada de água de estudo coagulada) e n (1,2...6) é a subcamada relacionada na tabela 1.

Os meios filtrantes dos FAAGs têm as seguintes características: tamanho dos grãos: 1,19 a 3,36mm, tamanho
efetivo = 1,41mm, coeficiente de desuniformidade = 1,42 e espessura da camada = 1,4 m. A caracterização
detalhada do meio filtrante do FAAG é mostrada na tabela 1.

Tabela 1 - Camada Suporte e Meio Filtrante do Filtro Ascendente de Areia Grossa - FAAG.
Adaptado de DI BERNARDO, A. S. (2004).
Profundidade - desde o
Subcamada Tamanho (mm) Espessura (cm)
fundo(cm)
6 (topo) 1,19 a 1,41 14,0 195
5 1,41 a 1,68 28,0 181
140
4 1,68 a 2,00 42,0 153
(total)
3 2,00 a 2,38 35,0 111
2 2,38 a 3,36 21,0 76
1a 12,7 a 19,0 7,5
2a 6,4 a 12,7 7,5
1
3a 3,36 a 6,4 15,0 55,0
Camada 55
4a 6,4 a 12,7 7,5 (total)
suporte
5a 12,7 a 19,0 7,5
6a (fundo) 19,0 a 25,4 10,0

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Figura 1 – Esquema (em Corte) da Instalação Piloto Figura 2 – Desenho Esquemático do Filtro
de Dupla Filtração. Ascendente da Instalação Piloto de Dupla
SS
Modificado de DI BERNARDO, A. S. (2004).
0.15
Filtração.
1.25

1.10

P7
15 cm
0.15

C6
0.14

6 C5
P6
5
0.28

C4
P5
3.48

4
0.42
1.40

P4 C3

3
0.35

P3 C2

2
0.21

P2 C1
0.075

0.075
0.15

1
0.55

0.075

0.075
0.10

P1 Fundo

Coagulada
Bruta
0.20

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A figura 3 mostra um detalhe da coleta de amostras para a determinação da turbidez e para posterior contagem
do número de partículas ao longo do meio filtrante (diferentes camadas). Os registros de agulha foram
ajustados para permitir uma vazão que, somadas todas as tomadas, não ultrapassasse 10% da vazão total,
garantindo desta forma a menor interferência nas taxas de filtração adotadas.

Figura 3 – Detalhe da Coleta de Amostras ao Longo do Filtro Ascendente.


Fonte: DI BERNARDO, A. S (2004).

Nas Tabelas 2 e 3 são apresentadas as características gerais das duas “carreiras” de filtração, os parâmetros de
otimização da coagulação, bem como as características da água de estudo utilizada em cada um dos ensaios de
dupla filtração na instalação piloto.

Tabela 2 – Características Gerais da carreira 1 - Adaptado de DI BERNARDO, A. S (2004).


Carreira de filtração1

Água de Estudo

Turbidez (uT) 95 a 102


pH 7,6 a 7,7
Alcalinidade (mg.L-1 CaCO3) 25,2
Temperatura (°C) 23,0 a 27,0

Coagulação

Dosagem sulfato de alumínio (mg.L-1 AL) 1,05


Dosagem sulfato de alumínio (mg.L-1 produto comercial líquido) 27,5
pH de coagulação 6,98 a 7,10
FLA (areia de grãos entre 0,42 e 0,84 mm e D10 = 0,59 mm) - Turbidez após
0,48
30 min de filtração (uT)
Gradiente de velocidade na mistura rápida (s-1) 400

Taxa de Filtração

média
Taxa de Filtração FAAG (m3.m-2.d-1) 235

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Tabela 3 – Características Gerais da carreira 2 - Adaptado de DI BERNARDO, A. S (2004).


Carreira de Filtração 2

Água de Estudo
Turbidez (uT) 270 a 296
pH 7,6 a 7,9
Alcalinidade (mg.L-1 CaCO3) 25,3
Temperatura (°C) 24,0 a 25,0
Potencial Zeta (mV) - 20,3 + 0,4

Coagulação

Dosagem sulfato de alumínio (mg.L-1 AL) 2,10


Dosagem sulfato de alumínio (mg.L-1 produto comercial líquido) 55
pH de coagulação 6,52 a 6,80
Potencial Zeta (mV) - 0,2 + 0,2
FLA (areia de grãos entre 0,59 e 1,41 mm e D10 = 0,71 mm) - Turbidez após
0,8
30 min de filtração (uT)
Gradiente de velocidade na mistura rápida (s-1) 600

Taxa de Filtração

média
3 -2 -1
Taxa de Filtração FAAG (m .m .d ) 180

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas figuras 4 a 23 são apresentados os perfis de turbidez e de número de partículas por mL para cada
subcamada do meio filtrante durante a filtração, bem como da perda de carga com a profundidade e perda de
carga em função do tempo de duração da carreira.

Figura 4: Figura 4: Turbidez ao longo do meio filtrante com o Figura 5: Perda de Carga com o tempo de filtração - Carreira
tempo de filtração – Carreira 1 1
110

100 Água Bruta 45 R2 = 0,9956

90 C2 40
80 C1 35 R2 = 0,9945
Perda de Carga (cm)

70
Turbidez (uT)

C3 30
60
C6 25 R2 = 0,9842
50
20
40
C4 15
30 R2 = 0,9653
C5
20 10
R2 = 0,8835
10 5
R2 = 0,6447
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19

Tempo (h) Tempo (h)

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7

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Figura 6: Perda de Carga com a profundidade e tempo de Figura 7: Número de partículas por tamanho (diâmetro
filtração – Carreira 1 equivalente) na água bruta – Carreira 1
60,0 18h 6000

Número de partículas por mL (#/mL)


55,0 15h
50,0 5000
12h
45,0
4000
Perda de carga (cm)

40,0
9h
35,0
3000
30,0 6h

25,0 2000
3h
20,0
15,0 0,5h 1000

10,0
0
5,0
0 3 12 15 18
0,0
0 55 76 111 153 181 195 Tempo (h)

Profundidade do meio filtrante (cm) 2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm

Figura 8: Número de partículas por tamanho (diâmetro Figura 9: Número de partículas por tamanho (diâmetro
equivalente) no ponto de coleta C1 – Carreira 1 equivalente) no ponto de coleta C2 – Carreira 1
16000 12000
Número de partículas por mL (#/mL)

14000
Número de partículas por mL (#/mL)

10000
12000

10000 8000

8000
6000
6000

4000 4000
2000
2000
0
0 3 6 9 12 15 18
0
tempo (h)
0 3 6 9 12 15 18
2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm Tempo (h)

2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm

Figura 10: Número de partículas por tamanho (diâmetro Figura 11: Número de partículas por tamanho (diâmetro
equivalente) no ponto de coleta C3 – Carreira 1 equivalente) no ponto de coleta C4 – Carreira 1
10000 5000
Número de partículas por mL (#/mL)
Número de partículas po mL (#/mL)

8000 4000

3000
6000

2000
4000

1000
2000

0
0 0 3 6 9 12 15 18
0 3 6 9 12 15 18 Tempo (h)
Tempo (h)
2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm
2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm

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Figura 12: Número de partículas por tamanho (diâmetro Figura 13: Número de partículas por tamanho (diâmetro
equivalente) no ponto de coleta C5 – Carreira 1 equivalente) no ponto de coleta C6 – Carreira 1
5000 6000

Número de partículas por mL (#mL)


5000
4000

4000
3000
3000

2000 2000

1000
1000

0
0 0 3 6 9 12 15 18
0 3 6 9 12 15 18 Tempo (h)

2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm 2μm 4μm 8μm 12μm 16μm 20μm

Figura 14: Turbidez ao longo do meio filtrante com o tempo de Figura 15: Perda de Carga com o tempo de filtração - Carreira
filtração – Carreira 2 2
R2 = 0,9934
330 80,0
300 Água Bruta
70,0
270 R2 = 0,9913
60,0
240 C2
Turbidez (uT)

210 50,0
Turbidez (uT)

R2 = 0,9889
C1
180
C3 40,0
150 R2 = 0,9852
120 30,0
C4
90 C6 20,0
C5
60 R2 = 0,8931
10,0
30 R2 = 0,529
0 0,0

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22

Tempo (h) Tempo (h)

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7

Figura 16: Perda de Carga com a profundidade e tempo de Figura 17: Número de partículas por tamanho (diâmetro
filtração - Carreira 2 equivalente) na água bruta – Carreira 2
100,0
6500
20,5h
Número de partículas por mL (#/mL)

90,0 6000
18,5h 5500
80,0 5000
15h 4500
70,0 13,5h 4000
Prda de carga (cm)

60,0 12h 3500


10,5h 3000
50,0 9h 2500
8h 2000
40,0 1500
6h
30,0 1000
500
20,0 3h 0
0h 1 3 6 9 12 20
10,0
Tempo (h)
0,0
0,0 55,0 76,0 111,0 153,0 181,0 195,0 4μm 8μm 10μm 14μm 22μm 30μm
Profundidade do meio filtrante (cm)

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Figura 18: Número de partículas por tamanho (diâmetro Figura 19: Número de partículas por tamanho (diâmetro
equivalente) no ponto de coleta C1 – Carreira 2 equivalente) no ponto de coleta C2 – Carreira 2
5500 5500

5000
Número de partículas por mL (#/mL)

5000

Número de partículas por mL (#/mL)


4500 4500
4000 4000
3500 3500
3000 3000
2500 2500
2000 2000
1500
1500
1000
1000
500
500
0
0
1 3 6 9 12 15 20
1 3 6 9 15 20
Tempo (h)
Tempo (h)
2μm 6μm 10μm 20μm 30μm 42μm
2μm 6μm 10μm 20μm 30μm 42μm

Figura 20: Número de partículas por tamanho (diâmetro Figura 21: Número de partículas por tamanho (diâmetro
equivalente) no ponto de coleta C3 – Carreira 2 equivalente) no ponto de coleta C4 – Carreira 2
6500 6500
Número de partículas por mL (#/mL)

6000 6000
Número de partículas por mL (#/mL)

5500 5500
5000 5000
4500 4500
4000 4000
3500 3500
3000 3000
2500 2500
2000 2000
1500 1500
1000 1000
500 500
0 0
1 3 6 9 12 15 20 1 3 6 9 12 15 20
Tempo (h) Tempo (h)

2μm 6μm 8μm 10μm 20μm 30μm 2μm 6μm 8μm 10μm 20μm 30μm

Figura 22: Número de partículas por tamanho (diâmetro Figura 23: Número de partículas por tamanho (diâmetro
equivalente) no ponto de coleta C5 – Carreira 2 equivalente) no ponto de coleta C6 – Carreira 2
5000 6500
Número de partículas por mL (#/mL)

4500 6000
Número de partículas por mL (#/mL)

5500
4000
5000
3500 4500
3000 4000
2500 3500
3000
2000
2500
1500
2000
1000 1500
500 1000
0 500
0
1 3 6 9 12 15 20
1 3 6 9 12 15 20
Tempo (h)
Tempo (h)
2μm 6μm 8μm 10μm 12μm 14μm
2μm 6μm 8μm 10μm 12μm 22μm

Deve-se ressaltar o fato de que este trabalho se concentra na filtração ascendente, portanto os dados do Filtro
Rápido Descendente (FRD) são omitidos.

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Como se pode observar nas figuras de 4 a 6, os gráficos de turbidez e de perda de carga da carreira 1 indicam
que as camadas 5 e 6 (Figura2 e Tabela 1), praticamente, só retiveram impurezas após cerca de 9 horas do
início da carreira (de duração total de 18h). Neste mesmo período de filtração, a turbidez no meio filtrante, foi
de no máximo 60% da turbidez da água bruta nas camadas 1 e 2 ao passo que nas camadas superiores não
ultrapassou 30%.

Observa-se comportamento semelhante na carreira 2, que, após cerca de 9 horas do início da carreira (de
duração total de 20,5h), é que se verificou retenção de impurezas nas camadas 5 e 6, conforme figuras de 14 a
16. Para este mesmo período de filtração só se obteve turbidez de no máximo 30% da turbidez da água bruta
nas subcamadas do meio filtrante, ficando a camada suporte responsável pela maior parte da retenção de
impurezas, excetuando-se a camada 5, que neste caso.

Em termos de partículas, observa-se claramente um aumento acentuado do seu tamanho e um aparente


comportamento quase periódico do número de partículas por tamanho específico, especialmente para o caso
das partículas de menor tamanho, conforme se observa nos gráficos das figuras de 8 a 13 da carreira 1. Pode-
se observar comportamento semelhante para o caso da carreira 2, conforme figuras 17 a 23.

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As principais conclusões deste trabalho são:

• A eficiência do filtro ascendente de areia grossa, no tratamento de água com turbidez de 100uT, foi
satisfatória, tendo o efluente final apresentado turbidez menor que 0,1uT durante a maior parte do
tempo, independentemente das taxas de filtração empregadas;

• Os resultados obtidos neste trabalho indicaram que a taxa de filtração de 240m3/m2.d no filtro
ascendente é elevada, pois a duração da carreira de filtração foi de cerca de 20 horas;

• Pode-se concluir, a princípio, que a ocorrência de floculação no meio poroso observado neste
trabalho, do ponto de vista do número de partículas, acontece de forma pouco previsível ou de forma
aparentemente periódica. Observa-se a diminuição acentuada do número de partículas de dado
tamanho e aumento de do número de outros tamanhos, especialmente dos menores e maiores
tamanhos, respectivamente. O que é indicativo da floculação em meio poroso.

• Tanto para número de partículas quanto para turbidez, as camadas mais superiores (5 e 6) só
retiveram impurezas após cerca da metade do tempo de duração da carreira de filtração.

É recomendável a execução de ensaios adicionais empregando-se outros valores das taxas de filtração nos
filtros ascendente e descendente, para outros valores de turbidez da água de estudo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. AMARAL, S. F. et al. (2001). Filtração ascendente em pedregulho seguida de filtração descendente em
areia (dupla filtração) aplicada ao tratamento de águas com presença de algas. /Apresentado ao 21º. Congresso
Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, João Pessoa, 2001.
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(Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.
3. DE PAULA (2003), D. Avaliação da Dupla Filtração para Tratamento de Água de Superficial utilizando
Filtro Ascendente de Areia Grossa. São Carlos, 2003. 117 p. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo
4. DI BERNARDO, L. (1993). Métodos e técnicas de tratamento de água. Rio de Janeiro, ABES. v. II,
cap. 13, p. 216-280: Filtração direta ascendente.
5. DI BERNARDO, A. S. (2002) Comparação da Eficiência de Remoção de Partículas na Filtração Direta
Ascendente e Descendente. XXVIII Congreso Interamericano de Ingenieria Sanitaria y Ambiental,
Cancun, 2002 Anais.

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BERGAMIN, F. C. (2003) Desempenho do Sistema de Dupla Filtração no Tratamento de Água com turbidez
Elevada. XXII Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES, Florianópolis, 2003. Anais.
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turbidez Elevada. São Carlos. 276 p. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de
São Paulo.
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Tratabilidade de Água e dos Resíduos Gerados em Estações de Tratamento de Água. 1ª ed. São Carlos,
RiMa,.
9. DI BERNARDO, L. (2003). Filtração Direta Ascendente e Descendente. Material didático da disciplina
Tecnologias apropriadas para Tratamento de Água de Abastecimento, Prof. Luiz Di Bernardo, mar. 2003.
10. GUSMÃO, P. T. R. (2001). Utilização de Filtração direta ascendente como pré-tratamento para tratamento
de água de abastecimento. São Carlos. 335 p. Tese (Doutorado). Escola de Engenharia de São Carlos,
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11. KURODA, E. K. (2002). Avaliação da filtração direta ascendente em pedregulho como pré-tratamento em
sistemas de dupla filtração. São Carlos, 2002Carlos, 2002. 238 p. Dissertação (Mestrado).

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