Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cardio II
Cardio II
Dentre as funções do coração estão a de bombear sangue e suprir a demanda sem elevar pressões de
enchimento.
TIPOS DE INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
SISTÓLICA DIASTÓLICA
↓ Força contração (ejeção ruim) ↓ Relaxamento (enchimento ruim)
DC baixo DC baixo
FE ≤ 50% FE > 50%
↑ câmaras e do coração Câmaras e coração normais
B3 B4
///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
DIREITA ESQUERDA
Congestão no “resto” Congestão pulmonar
Insuficiência cardíaca de alto débito: ocorre pelo aumento da demanda ou por desvio de sangue.
Anemia, tireotoxicose, sepse, beribéri (def. B1), fístula AV sistêmica
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de IC é essencialmente clínico, através dos critérios de Framingham!
CRITÉRIOS DE FRAMINGHAM
(2 maiores ou 1 maior + 2 menores)
Os critérios maiores: ABC (Aumento da jugular / B3 / Congestão pulmonar)
MAIORES MENORES
1. Dispneia paroxística noturna 1. Edema maleolar bilateral
2. Turgência jugular patológica 2. Tosse noturna
3. Estertoração pulmonar 3. Dispneia aos esforços
4. Cardiomegalia no RX 4. Hepatomegalia
5. Edema agudo de pulmão 5. Derrame pleural
6. Terceira bulha (B3) 6. Diminuição da capacidade vital
7. Aumento da altura do pulso 7. FC > 120 bpm
jugular (PVC > 16 cm)
8. Refluxo hepatojugular
9. Perda > 4,5kg em 5 dias de
diureticoterapia
Para dúvida ou prognóstico (quanto maior o valor = maior a chance de IC e pior será o
prognóstico): BNP (>100) e NT-proBNP (>2.000) – o grande valor desse teste é o valor
preditivo negativo
Ecocardiograma: ajuda a definir a causa, define a classificação e ainda fornece o
prognóstico (a FE é um dos mais importantes marcadores prognósticos)
BNP (Peptídeo Natriurético Cerebral): seu grande uso é na dispneia na sala de emergência, pois diferencia a
dispneia por descompensação cardíaca e pulmonar! Significa insuficiência cardíaca quando:
BNP: > 100 pg/ml
NT-pró-BNP: > 2.000 pg/ml
CLASSIFICAÇÃO DA IC
Classificação Funcional → NYHA Classificação Evolutiva
I Sem dispneia com atividades usuais A Só fatores de risco
II Com dispneia com atividades usuais B Doente, mas assintomático
III Dispneia com qualquer atividade C Sintomático
IV Dispneia em repouso D Refratário
Tratamento da IC sistólica
A redução da força de contração (redução da FE) faz com que fique muito sangue nas câmaras, aumentando
o volume; surge então congestão (sintoma). Logo, o melhor medicamento para tratar IC é o diurético,
preferencialmente a furosemida!
Além disso, também sai pouco sangue do coração (menor débito), e com isso menos sangue sendo filtrado
nos rins, consequentemente maior ativação do SRAA; a angiotensina II tem como funções a vasoconstrição da
arteríola eferente, aumento da RVP e estimula liberação de aldosterona. Este mecanismo compensatório,
juntamente às catecolaminas, gera maior trabalho cardíaco, sobrecarregando o coração, que sofre remodelamento.
TRATAMENTO DA IC SISTÓLICA
Drogas que aumentam a sobrevida Drogas sintomáticas
Betabloqueadores
Diuréticos
IECA / BRA II
Antagonista da aldosterona
Digitálicos
Hidralazina + nitrato
Tratamento da IC diastólica
Controlar os fatores que prejudicam o relaxamento (PA, FC< coronariopatias)
Se congestão, utilizar diuréticos!
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA
HAS é definida por níveis médios de PA que conferem risco significativo de eventos cardiovasculares (IAM,
AVC...). A hipertensão primária corresponde a 90-95% dos casos, e a hipertensão secundária a 5-10%.
A pressão arterial deve ser aferida após 3-5 minutos em repouso, com o paciente sentado com os pés no
chão, braço na altura do coração, bexiga vazia, sem cigarro por 30 minutos e sem exercício por 60 minutos.
Os sons de Korotkoff, auscultados no estetoscópio, possuem 5 fases: (1) Som nítido (PA sistólica); (2) Som
suave; (3) Som amplificado; (4) Som abafado; (5) Desaparece (PA diastólica).
Diagnóstico
1) Média de 2 medidas em, pelo menos, 2 consultas: ≥ 140 x 90 mmHg
2) MAPA: ≥ 130 x 80 (24h)
≥ 135 x 85 (vigília)
≥ 120 x 70 (sono)
3) MRPA: ≥ 135 x 85
o 6 aferições ao dia, durante 5 dias consecutivos e feito a média entre as medidas.
4) Lesão de órgão-alvo
Lesões de Órgãos-alvo
Coração Coronariopatia Cardiopatia hipertensiva (HVE, IC)
Cérebro Doença cerebrovascular Demência
Retina Retinopatia hipertensiva Alterações agudas e crônicas
Rim Nefropatia hipertensiva
Doença Arterial Periférica Principalmente em MMII Claudicação intermitente
As artérias cerebrais sofrem, assim como nas coronárias, aterosclerose. A HAS ainda pode induzir o
surgimento de microaneurismas que funcionam como fator de risco para AVC hemorrágico.
HAS – CLASSIFICAÇÃO
Classificação PAS (mmHg) PAD (mmHg)
Normal ≤ 120 ≤ 80
Pré-hipertensão 121 - 139 81 - 89
HAS Estágio I 140 – 159 90 – 99
HAS Estágio II 160 – 179 100 – 109
HAS Estágio III ≥ 180 ≥ 110
HAS Sistólica Isolada ≥ 140 < 90
HAS – TRATAMENTO
PA alvo Classificação Terapêutica Inicial
Normal ---
1) Geral: < 140 x 90
Pré-hipertensão Tratamento não-farmacológico (MEV)
2) ≥ 60 anos: < 150 x 90
HAS Estágio I Iniciar 1 droga (monoterapia)
3) Alto risco CV: < 130 x 80
HAS Estágio II e III Iniciar 2 drogas (associação)
HAS Sistólica Isolada Depende da PA sistólica
HAS Estágio I: tratamento não farmacológico por 3-6 meses se baixo risco CV; iniciar com 2 drogas (associação) se
alto risco CV
ANTI-HIPERTENSIVOS
1ª LINHA Tiazídico, BCCa, IECA (pril), BRA-II (sartan)
Β-bloqueador, α-bloqueador, clonidina, metildopa,
2ª LINHA
espironolactona, hidralazina, alisquireno
Não associar IECA e BRA , pois seus mecanismos de ação são muito parecidos e não trazem benefícios
quando associados.
Desta forma, o máximo de drogas de 1ª linha que podem ser associadas são 3!
Os betabloqueadores só podem ser administrados na HAS se o paciente apresentar outra doença a qual o
betabloqueador seja indispensável.
o Ex.: HAS + IC; HAS + doença coronariana...
Indicações específicas
- IECA / BRA-II
Nefropata crônico
Diabético
ICC
Efeitos adversos
- IECA / BRA-II
IRA, hiperK: não usar se creat > 3 ou K > 5,5 ou estenose bilateral de artéria renal
Tosse crônica por ↑ bradicininas (BRA-II não faz...) A ECA converte ATII e também degrada bradicininas
HAS Resistente
PA elevada apesar de 3 drogas diferentes (uma delas tiazídico)
HAS Secundária
Causas Achados Diagnóstico
Doença Renal Parenquimatosa Insuficiência renal, edema USG renal, TFG
Renovascular (estenose a. renal) Sopro, ↓K, alcalose AngioTC, angiografia renal
Hiperaldosteronismo 1ário ↓K, alcalose ↑ aldosterona, ↓renina
Feocromocitoma Crises adrenérgicas Catecolaminas, metanefrinas
Apneia Obstrutiva do Sono Ronco, sonolência Polissonografia
Crise Hipertensiva
Elevação aguda e intensa da PA
Pseudocrise hipertensiva: paciente hipertenso como sempre esteve, com queixa vaga... não é uma
urgência/emergência, e é comum na prática diária.
Emergências hipertensivas
- Encefalopatia Hipertensiva: cursa com hiperfluxo cerebral e edema
Clínica: cefaleia, náusea, vômito, confusão mental...
Excluir AVC → TC de crânio. Lembrar que o AVC é um quadro mais agudo!
Tratamento: nitroprussiato EV (↓25% da PA em 1h)
- Hipertensão Acelerada Maligna: retinopatia graus III/IV ± lesão renal
Tratamento: nitroprussiato EV (↓25% da PA em 1h)
- Dissecção Aórtica Aguda: seu grande problema está no fato de ser um processo dinâmico, uma vez que a
dissecção pode se estender ao longo do trajeto da aorta.
DA - Classificação
I (ascendente e II
DeBakey III (descendente)
descendente) (ascendente)
Stanford
A (ascendente) B (descendente)
(+ importante)
Tratamento
Suspeita
o Tratamento clínico: controlar FC e PA (< 60 bpm / PAS 120) em 20 minutos!
Nitroprussiato + β-bloqueador
Confirmação: ECO TE / angioTC
o Tratamento cirúrgico: Tipo A → sempre operar
Tipo B → operar apenas os casos complicados; controlar FC e PA
VALVOPATIAS
A válvula mitral interpõe-se entre o AE e o VE. A válvula aórtica está ancorada entre o VE e a aorta. No
coração direito, entre o AD e o VD encontra-se a válvula tricúspide, e a válvula pulmonar está entre o VD e a artéria
pulmonar.
O ciclo cardíaco possui duas fases (sístole e diástole). Na diástole abrem-se as válvulas AV (M e T) e fecham-
se as válvulas Ao e P. Na sístole abrem-se as válvulas Ao e P e fecham-se as válvulas M e T.
Estenose: restrição à abertura
Insuficiência: fechamento inadequado
Todo som auscultado entre B1 e B2 é sistólico. Todo som auscultado entre B2 e a B1 seguinte é diastólico.
Como as provas de residência cobram mais as lesões valvares do coração esquerdo, serão as abordadas na aula...
Estenose Mitral
Causas
Reumática (95%) – lesão reumática crônica mais comum
Quadro clínico
↑ AE: FA, rouquidão, disfagia
Congestão pulmonar: dispneia (pior aos esforços – elevação da FC)
Exames complementares
ECG: onda P larga > 100ms (> 2,5 quadradinhos) Melhor visualizado em DII e V1!
o Índice de Morris: P (-) > 1 mm² (V1)
Rx PA: sinal do duplo contorno à D / sinal da bailarina / ↑ arco médio à E
Rx Perfil: deslocamento posterior do esôfago
Eco: área valvar < 1,5 cm³ → grave!
Exame físico
Ruflar diastólico → sopro entre B2 e B1
Reforço pré-sistólico
Hiperfonese de B1
Estalido de abertura
Tratamento
Medicamentoso: controle da FC (ex.: β-bloqueador)
Intervenção: valvotomia percutânea com balão
Estenose Aórtica
Causas
Calcífica
Válvula bicúspide
Reumática
Quadro clínico
Na EA ocorre HVE (só dilata em fase avançada); logo, ocorre aumento da demanda metabólica, o qual se
não for suprido pelo aumento da perfusão, cursará com angina. Ocorre também redução do fluxo, que pode causar
síncope. Por fim ocorre disfunção do VE, que cursa com ICC (dispneia).
Exames complementares
ECG: sinal de HVE → V5/V6: ↑ QRS strain)
o Quem sofre é o VE!
Rx: ↑ diâmetro transverso / deslocamento caudal da ponta (mergulha)
o As alterações ocorrem na fase avançada da doença!
Eco: área valvar < 1 cm² → grave!
Exame físico
Sopro mesossistólico (crescente e decrescente, ou ainda “em diamante”)
B4 (sobrecarga de pressão)
Pulso de baixa amplitude, mas de longa duração (parvus e tardus)
Tratamento
Medicamentoso: insatisfatório (evitar β-bloqueador → ↓ força e contração)
Intervenção: troca valvar
o Implante de prótese por cateter (Transcatheter Aortic Valve Replacement - TAVR)
Por ser minimamente invasiva, é indicada nos pacientes com risco cirúrgico proibitivo!
Insuficiência Mitral
Causas
Exame físico
Crônica: prolapso
Ictus VE desviado
Aguda: endocardite, IAM, reumática
Sopro holossistólico
B3 (sobrecarga de volume)
Quadro clínico
Aumento do AE e VE → insuficiência cardíaca
Tratamento
Sobrecarga de volume no VE
Medicamentoso: tratar a IC!
Intervenção: reparo ou troca valvar
Exames complementares
ECG: sinais de HVE
Rx: sinais de HVE
Eco: fração regurgitante ≥ 50% → grave!
Insuficiência Aórtica
Causas
Crônica: Valva → reumática Aguda: Valva → endocardite
Aorta → aterosclerose / Marfan Aorta → dissecção
Quadro clínico
↑ VE (sobrecarga de volume): desenvolve ICC
Isquemia: ↓ PA diastólica
A valva aórtica não fecha durante a diástole e o sangue volta para o VE, que passa a trabalhar com
sobrecarga de volume. As coronárias são perfundidas durante a diástole (ventrículos relaxados), assim é necessária
pressão diastólica satisfatória para que o sangue entre nas coronárias; o paciente com IA tem baixa pressão
diastólica, pois o sangue reflui para o VE.
Tratamento
Medicamentoso: vasodilatador se sintomático (sangue vai e não volta)
Intervenção: troca valvar