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UERJ

Técnico em Enfermagem

FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM: Semiologia e Semiotécnica: atuação do técnico de enfermagem


nos diversos procedimentos de assistência ao paciente/cliente .............................................................. 1
Processo de comunicação e relação profissional-paciente ............................................................... 22
Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades de: conforto, segurança e
bem-estar, higiene e segurança ambiental ............................................................................................ 27
Assistência do técnico de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades terapêuticas 38
Registro de enfermagem ................................................................................................................... 38
Prevenção e controle de infecções ................................................................................................... 42
Administração de Medicamentos ...................................................................................................... 63
Normas de biossegurança em enfermagem ...................................................................................... 76
Processo do trabalho em enfermagem ............................................................................................. 99
ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM: A Ética aplicada à Enfermagem; Código de Ética
profissional em Enfermagem; Lei do Exercício Profissional em Enfermagem ...................................... 100
O Direito e o cuidado à saúde nas diferentes fases de vida da mulher, da criança, do adolescente,
adulto e idoso ...................................................................................................................................... 146
Direito à saúde no ambiente de trabalho ......................................................................................... 152
ENFERMAGEM NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: ABORDAGEM AMBULATORIAL
E HOSPITALAR: Assistência à Saúde da Criança e Adolescente nas diferentes fases da vida. Prevenção
de agravos fisiológicos e sociais. Situações de violências. Acompanhamento do Processo de Crescimento
e Desenvolvimento. Cuidados de enfermagem à Saúde da Criança (recém nascido, lactente, pré-escolar
e escolar) e Adolescente. Intervenções de Enfermagem à clientela nas unidades de internação e
ambulatorial ......................................................................................................................................... 154
ENFERMAGEM NA SAÚDE DA MULHER NAS DIFERENTES FASES DA VIDA: ABORDAGEM
AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher. Saúde
sexual e saúde reprodutiva. Pré-natal, parto e puerpério. Aleitamento Materno. Controle dos cânceres do
colo do útero e da mama. Atuação do técnico de enfermagem na assistência à gestante/puérpera sadia
e portadora de patologias diversas e na assistência imediata ao recém-nato ...................................... 233
ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO E NA RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA: ABORDAGEM
AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Atuação do técnico de enfermagem no período perioperatório.
Circulação de sala cirúrgica. Fundamentos da instrumentação cirúrgica. Cuidados de enfermagem ao
paciente na fase de recuperação anestésica. Prevenção da infecção do sítio cirúrgico. Cirurgia
Segura....... .......................................................................................................................................... 314
ENFERMAGEM NA UNIDADE DE CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO: Processamento de
produtos para a saúde. Atuação do técnico de enfermagem na unidade de Centro de Material e
Esterilização ........................................................................................................................................ 346

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ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA: ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Atuação
do técnico de enfermagem na assistência aos pacientes com alterações dos sistemas digestivo,
cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico, hematológico e doenças
transmissíveis ...................................................................................................................................... 365
Atuação do técnico de enfermagem à pessoa em situação cirúrgica nos períodos pré e pós-operatórios,
bem como nas complicações cirúrgica. Atuação do técnico de enfermagem na assistência ao paciente
em situação de alta complexidade: terapias intensiva e semi-intensiva ............................................... 410
Reanimação cardio-pulmonar. Manejo de drogas vasoativas ......................................................... 434
Assistência do técnico de enfermagem em oncologia ..................................................................... 446
ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA: Vigilância Epidemiológica: determinantes no processo
saúde-doença; perfil epidemiológico brasileiro; indicadores de saúde.................................................. 453
Doenças imunopreveníveis. Programa Nacional de Imunização ..................................................... 473
Participação do técnico de enfermagem nos programas especiais de saúde pública; controle de
doenças transmissíveis, doenças não transmissíveis e doenças sexualmente transmissíveis ............ 524
ENFERMAGEM SAÚDE MENTAL. Atuação do técnico de enfermagem diante de pacientes que
demandam cuidado em saúde mental ................................................................................................. 557
ENFERMAGEM NAS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Atuação do técnico de
enfermagem em situações de: choques, parada cardio-respiratória, edema agudo de pulmão, crise
convulsiva, hemorragias e crise hipertensiva ....................................................................................... 574

Candidatos ao Concurso Público,


O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom
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Bons estudos!

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FUNDAMENTOS DE ENFERMAGEM: Semiologia e Semiotécnica: atuação do
técnico de enfermagem nos diversos procedimentos de assistência ao
paciente/cliente

Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br

A semiologia é definida por Posso et al. como a investigação e o estudo dos sinais e sintomas
apresentados pelo paciente sob o ponto de vista da enfermagem. Brunner e Suddarth consideram que
inspeção, palpação, percussão e ausculta são instrumentos básicos para o exame físico,
complementados por equipamentos especiais para melhor definição de detalhes. Entretanto, a
observação sistematizada na realização do exame físico tem sido pouco exercida na prática assistencial
do enfermeiro e no ensino de graduação em enfermagem.
Uma assistência de enfermagem qualificada, requer uma avaliação detalhada do paciente por meio do
exame físico que detectará suas necessidades, para posterior intervenção de com o intuito de
restabelecer sua saúde e proporcionar seu retorno a sua vida privada.

SEMIOTÉCNICA EM ENFERMAGEM

Entende-se por semiotécnica o estudo e metodização das ações que sucedem ao exame físico
(POSSO). Trata-se de um campo de estudo onde estão inseridas as mais diversas técnicas realizadas
pelo enfermeiro, técnico de enfermagem e auxiliar de enfermagem.
Envolve o conhecimento dos fundamentos da prática de Enfermagem, com o domínio de conceitos e
habilidades. É essencial à prática de Enfermagem. As habilidades são necessárias para o cuidado de
uma grande variedade de pacientes, em bom estado de saúde e daqueles com doenças brandas e
crônicas; buscando satisfazer as necessidades básicas do indivíduo.
Os pacientes se dirigem aos hospitais porque precisam de acompanhamento e tratamento clínico
especializados. A hospitalização desafia o censo de privacidade do paciente, bem como o controle de
sua vida. O paciente se torna vulnerável e dependente total ou parcial dos cuidados da equipe de saúde
Será preciso que o paciente abra mão, pelo menos em certo grau, de parte de sua rotina. Dependendo
da complexidade exibida pelo problema de saúde, o paciente e sua família podem também receber
treinamento, aconselhamento, coordenação de serviços e ajuda para lidar com as mudanças causadas
na vida diária face às mudanças no estado de saúde.

Exame Físico

Caracteriza-se por ser a parte da avaliação clínica em que o enfermeiro levanta dados pertinentes ao
estado físico do paciente permitindo a identificação de problemas de enfermagem. Reúne informações
que podem direcionar o enfermeiro sobre o que investigar no exame físico e complementa os dados do
diagnóstico de enfermagem.

Normas Gerais para Execução do Exame Físico


- Solicitar a colaboração do paciente;
- A iluminação deve ser adequada (homogênea e sem sombras);
- Respeitar a privacidade do paciente;
- Explicar sobre os procedimentos realizados;
- Realizar o exame no sentido céfalo-caudal (podálico);
- As mãos do examinador devem estar aquecidas e as unhas, curtas;
- O paciente deve estar relaxado e confortável;
- Em órgãos pares (ouvidos, olhos, rins, outros) deve-se iniciar o exame pelo lado não-afetado;
- Monitorar a expressão facial do paciente em relação a manifestações de desconforto ou dor;
- Evitar interrupções e/ou interferências;
- Evitar comentários e expressões acerca dos problemas encontrados;
Instrumentos e Aparelhos Usados para a Execução do Exame Físico;
Alguns instrumentos e aparelhos auxiliam o enfermeiro na avaliação física do paciente;

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- Estetoscópio;
- Esfigmomanômetro;
- Fita métrica;
- Termômetro;
- Balança antropométrica;
- Espátula;
- Agulhas;
- Bolas de algodão secas e em álcool;
- Garrote;
- Lanterna;
- Martelo de reflexos;

Métodos Propedêuticos de Avaliação Física


A avaliação física é obtida através da utilização dos métodos propedêuticos: inspeção, palpação,
percussão e ausculta.

Inspeção
É o ato de observar e inspecionar. É um método em que se utiliza o sentido da visão na avaliação do
aspecto, cor, forma, tamanho e movimento das diversas áreas corporais. A inspeção pode ser estática,
quando é realizada como o paciente em repouso, ou dinâmica, na qual o examinador observa os
movimentos corporais do paciente e as alterações decorrentes dos mesmos. No primeiro contato com o
paciente faz-se uma inspeção geral em que o enfermeiro observa o estado aparente de saúde, nível de
consciência, estado nutricional e de hidratação, estatura, postura, atividade motora, cor da pele, higiene
pessoal, humor e tipo de fala. A inspeção específica é realizada no exame dos diversos aparelhos.

Palpação
É a utilização do sentido do tato com o objetivo de explorar a superfície corporal - palpação superficial
- e os órgãos internos - palpação profunda. A palpação confirma dados da inspeção e permite a obtenção
de novos indícios como alteração da textura, tamanho, forma, consistência, sensibilidade (tátil, térmica e
dolorosa), elasticidade, temperatura, posição e característica de cada órgão, resistência muscular,
presença de massas e outros. Existem várias técnicas de palpação e sua escolha depende do local a ser
examinado e do que se pretende investigar.
- Mão espalmada (usa-se toda a palma de uma ou de ambas as mãos).
- Mão em garra.
- Mão espalmada, usando-se apenas as polpas digitais e a parte ventral dos dedos. Uma das mãos
superpondo-se à outra.
- Em pinça, formada pelo polegar e indicador.
- Com o dorso das mãos.
- Digitopressão (comprime-se uma área com a polpa do polegar ou indicador).
- Fricção com algodão.
- Palpação bimanual (uma das mãos aproximada a estrutura a ser examinada e a outra realiza a
palpação).

Percussão
É o golpeamento leve de uma área a ser pesquisada, utilizando-se a parte ulnar dos dedos: percussão
dígito-digital percussão com a borda cubital da mão ou com instrumento próprio, originando sons
vibratórios. No golpeamento leve da estrutura e na interpretação do som gerado utilizam-se os sentidos
do tato e da audição. A percussão é utilizada principalmente para se delimitar é órgãos, detectar coleções
de líquido ou ar e perceber formações fibrosas teciduais.
O som gerado da percussão tem características próprias quanto a intensidade, timbre e tonalidade,
refletindo a densidade da superfície subjacente. Quanto mais densa a área percutida, maior, menos
discernível e mais breve será o som. O som é influenciado pela espessura da parede e pela natureza das
estruturas subjacentes. O som maciço é obtido quando se percutem regiões sólidas, desprovidas de ar,
como baço, fígado, rins e músculos; o som submaciço decorre da percussão de regiões relativamente
densas, com quantidade restrita de ar, como a região de transição entre o parênquima pulmonar e um
órgão sólido; timpânico é o som produzido pela percussão de cavidades fechadas que contêm ar, como
o estômago.
A percussão pode ser realizada levemente golpeando-se diretamente a estrutura percussão direta,
utilizando-se o dedo médio ou a borda cubital da mão. A percussão indireta ou dígito-digital é realizada

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pressionando-se o dedo médio de uma das mãos sobre a área a ser percutida enquanto, com o dedo
médio da outra mão, golpeia-se a falange distal com movimentos rápidos e repetidos, que devem ser
iniciados da articulação do punho. Somente o dedo médio deve comprimir a parede, evitando o
abafamento do som pelos outros dedos.

Ausculta
Consiste na aplicação do sentido da audição para ouvir sons ou ruídos produzidos pelos órgãos. Esses
sons são decorrentes da vibração das estruturas entre sua origem e a superfície corporal. A vibração
sonora pode ser captada diretamente pelo ouvido do examinador - ausculta direta - ou com auxílio do
estetoscópio - ausculta indireta. A ausculta é geralmente usada para avaliar ruídos respiratórios normais
e patológicos, bulhas cardíacas normais e suas alterações, fluxo sangüíneo passando pelos vasos e
ruídos do trato gastrintestinal.
Os tipos de som variam de acordo com o órgão auscultado e são caracterizados quanto a duração,
intensidade, altura, ritmo e timbre.

Exame físico da cabeça


A cabeça posiciona-se na linha média do corpo - ereta.
Problemas de desvio são comuns nos torcicolos, nos problemas de audição, estrabismos.
Movimentos anormais mais frequentes são os tiques, os tremores etc.
O exame completo da cabeça compreende a avaliação do: crânio, face, olhos, nariz, seios paranasais,
boca, orelhas.

1) Crânio
Na avaliação do crânio utiliza-se as técnicas de inspeção e palpação. Verifica-se:
Tamanho e forma
Normal - varia conforme a raça e idade.
Método de mensuração do perímetro cefálico (PC):
- Aplicar a fita métrica em volta do crânio passando sobre as sobrancelhas.
- Ler a cifra situada no ponto de encontro das duas partes da fita métrica depois de certificar-se da sua
posição correta.
PC = 65 a 74,9cm - cabeça ovoide, comum nos negros.
PC = 75 a 79,9cm - cabeça arredondada, comum nos brancos
PC = 80 a 90cm - cabeça achatada
Alterações: macrocefalia - crânio anormalmente grande
Microcefalia - crânio anormalmente pequeno
As alterações de forma podem surgir devido a: aplicações de instrumentos no crânio ao nascimento
da criança, doenças orgânicas, sífilis e anemias hemofílicas congênitas.

2) Cabelos
O exame do cabelo inclui o que cobre a cabeça, o das sobrancelhas e os cílios. Normalmente, a cor,
a textura e a distribuição - sua presença ou sua ausência em locais incomuns para o gênero e para a
idade - são registradas. O cabelo também é examinado devido à presença de resíduos incomuns, como
sangue, no caso de traumas na cabeça, lêndeas (ovos de infestação de piolhos) ou escamações
decorrentes de lesões no couro cabeludo. À medida que evolui o exame, também são observadas as
características dos pelos do corpo.

3) Couro cabeludo
Normal - O couro cabeludo é liso, sem descamações ou lesões, pediculose, sujidade, seborreia ou
caspa. Para avaliá-lo utiliza-se a técnica de corrida: separa-se o cabelo em locais aleatoriamente
escolhidos, investigando-se a pele, e palpando o crânio na busca de contornos incomuns.
Avaliam-se: presença de saliências (tumores, tumefações, hematomas), depressões, afundamentos,
pontos dolorosos, integridade da pele, a consistência da tábua óssea, suturas e fontanelas.
Alterações: Inflamações (foliculites, abscessos)
Pediculose: lêndeas e piolhos
Sujidade, seborreia.

4) Face
Na avaliação da face são utilizadas as técnicas de inspeção e palpação. Verifica-se:

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- Simetria - na avaliação da simetria compara-se um lado com o outro. A perda da simetria pode ser
observada nas paralisias faciais, na presença de tumorações (abscesso dentário, edema alérgico,
anomalia congênita, tumores, aumento das glândulas salivares etc.).
- Pele - deve ser examinada buscando alterações de cor, lesões (acnes, cloasma gravídico, manchas
etc.), edema, excesso de umidade, secura ou oleosidade.
- Expressão fisionômica ou mímica facial - esta denuncia o estado de humor do indivíduo (tristeza,
desânimo, esperança, desespero, ódio, alegria etc.).
- Fácies - são traços específicos que certas doenças expressam na face.
- Movimentos - Pode ser: involuntários (tremores, tiques nervosos, espasmos) e voluntários: onde
avalia-se a função motora do 7º. par do nervo craniano, com os seguintes movimentos:
- enrugar a testa
- fechar os olhos cerradamente
-mostrar os dentes
- assobiar
- encher as bochechas de ar
Também é avaliado a função do 5º. Par de nervo craniano com o movimento:
- projetar o queixo para frente e movimentá-lo para os lados.

5) Olhos
Na avaliação dos olhos utiliza-se as técnicas de inspeção e palpação. Avalia-se: estruturas externas,
estruturas do olho propriamente dita, movimentos oculares, fundo do olho e acuidade visual.
Questionar pruridos, ardência, irritação (esfrega o olho), lacrimejamento, secreção, embaçamento,
diplopia. Indicar qual o olho atingido. Usa óculos, lentes, olho falso, cego.

Estruturas externas
- Pálpebras - o tecido palpebral é frouxo, com pouca resistência e sem lesões. As pálpebras fecham-
se totalmente e abrem-se simetricamente. Alterações: edema, xantelasma, equimoses, blefarite
(ulcerativa - queda dos cílios / não ulcerativa - crostas), hordéolos (infecção estafilocócica das glândulas
palpebrais), o não fechamento das pálpebras (exoftalmia, ptose, mongolismo).
- Cílios - os cílios devem ser implantados e distribuídos uniformemente.
- Sobrancelhas - são bastante variáveis de indivíduo para indivíduo.
Alteração - a principal alteração está relacionada com sua queda na hanseníase, sífilis, cicatrizes,
desnutrição acentuada.

Estrutura dos Olhos Propriamente Dita


- Conjuntiva - a conjuntiva palpebral é a membrana vermelha lisa e úmida que recobre a parte interna
das pálpebras. É normalmente rósea, deve ser umedecida continuamente pelo lacrimejamento fisiológico.
Para avaliá-la:
- peça o cliente para olhar para cima.
- pressione com o polegar a pálpebra inferior para baixo e observar a conjuntiva pedindo ao cliente
para olhar para fora e para dentro respectivamente.
- peça ao cliente para olhar para baixo.
- pince com o polegar e o indicador a pálpebra superior e inverta-a com um cotonete, observe a
conjuntiva. Alterações: palidez (anemias), conjuntivite.
- Esclerótica - é a camada subjacente que deve ser esbranquiçada e clara ou amarelada nas pessoas
de raça negra ou idosos.
Alterações: icterícia, pterígio.
- Córnea - camada lisa e transparente que recobre a íris. Normalmente não tem vasos. Para avaliá-la
utiliza-se de uma lanterna de bolso iluminando de forma tangencial o olho.
Alterações: arco senil (halo esbranquiçado ao redor da córnea), processos ulcerosos,
opacidade, corpos estranhos.
- Irís - é a camada pigmentada localizada atrás da córnea.
- Pupila - orifício circular situado centralmente à íris.
As pupilas normais são redondas ou levemente ovóide e do mesmo tamanho (de 2 a 4 mm). A
igualdade do diâmetro da pupila denomina-se isocoria e a desigualdade anisocoria. Quando o diâmetro
está aumentado fala-se em midríase e o diâmetro diminuído é a miose.

Exame da reação pupilar


- diminua a luz na área de exames

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- oriente o paciente para olhar diretamente em frente
- traga um feixe de luz (da lanterna), partindo da frente na direção do olho.
- observe a pupila do olho estimulado, bem como do olho não-estimulado.
- repita o exame, estimulando diretamente o outro olho.
Avalia os reflexos:
- fotomotor direto
- contração da pupila na qual se fez o estímulo.
- fotomotor consensual
- contração da pupila oposta.
- acomodação
- as pupilas se contraem simultaneamente ao olharem para um objeto que está próximo e dilatam-se
ao olharem para um objeto mais distante.
- Convergência: teste que avalia o III, IV e VI pares de nervos cranianos Testes avaliam os 3º., 4º., e
6º pares de nervos cranianos.
- Globos oculares
- Posição - ocupa a cavidade orbitária e sua posição anterior é tangente à linha dos cílios.
Alterações: exoftalmia, enoftalmia.
- Movimentos - o globo ocular move-se graças à ação dos músculos retos e oblíquos. O exame dos
movimentos oculares testam os 3º., 4º. e 6º. pares de nervos cranianos. Para avaliá-los peça ao cliente
que, sem movimentar a cabeça para os lados, realize os seguintes movimentos:
- olhar para a esquerda
- olhar para cima e para baixo à esquerda
- olhar para direita
- olhar para cima e para baixo à direita.
Alteração: a mais frequente é o nistagmo.

- Fundo do Olho - Fundoscopia


Examina-se a retina através do oftalmoscópio.
Para utilizá-lo é necessário que:
- coloque o cliente num quarto escuro
- sua cabeça deve estar na mesma altura do examinador
- o cliente deve fixar o olhar em um ponto de aproximadamente 6m de distância.
- examine um olho de cada vez, levantando com o dedo polegar a pálpebra do olho que será
examinado, enquanto a palma da mão repousa sobre a região frontal. O oftalmoscópio é colocado no
olho do examinador de modo que o olho a ser examinado seja do mesmo lado a do examinado.
- dirija o foco de luz para a pupila do cliente.
Normalmente será visto um reflexo de cor firme e nítida vermelho-alaranjada.
Alterações: na arteriosclerose - vasos: há um aumento do brilho fazendo com que elas se pareçam
com "fios de cobre" e "fios de prata" quanto mais avançado o grau de arteriosclerose, retina: aparecem
manchas brancas. Na hipertensão: focos de hemorragia. No diabético observa-se pontinhos vermelhos.

- Acuidade Visual
A visão central, ou a capacidade para ver perto e à distância, é chamada de acuidade visual. Este teste
avalia o 2º. par de nervo craniano. Utiliza-se a Carta de Snellen para avaliar a capacidade de discriminar
objetos à distância e o cartaz de Jaeger para avaliar os objetos próximos, cada linha desse cartaz tem
letras ou símbolos impressos em ordem decrescente de tamanho. No Hospital podemos nos afastar à 6
m e pedir para o paciente falar quantos dedos está enxergando ou pedir para que leia algo à 35 cm dele.
Procedimento:
- a carta de Snellen é colocada a uma distância de 20 pés ou seja 6 m do cliente, sentado na sua
frente;
- pedir ao cliente que cubra um olho;
- o examinador vai mostrando as filas de letras da carta ao cliente e este dirá o que está vendo;
- repetir o exame com o outro olho.
Obs.: Se o cliente usa óculos ou lentes, este exame deve ser realizado com uso destes.
A acuidade visual é expressa em uma fração, cujo:
- Numerador é uma constante e corresponde à distância de onde a carta é colocada.
- Denominador é uma distância variável que assinala a distância máxima, para cada fila de letras da
carta, o qual uma pessoa com acuidade visual normal ainda a diferencia claramente.

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É considerada acuidade visual normal, cuja pessoa consegue ler até a fila n. 8 da carta de Snellen,
isto é, esta pessoa tem uma visão 20/20.
Alteração: qualquer leitura até uma fila antes da n. 8 é considerada anormal, portanto deve ser
encaminhada a um oftalmologista.
No caso do Cartaz de Jaeger este é colocado à uma distância de 35 cm do cliente.

6) Nariz
O nariz tem a mucosa úmida, rosada e vermelha, sem desvio de septo, lesões ou pólipos. Na avaliação
utiliza-se as técnicas de inspeção e palpação. Examinar a pele que recobre externamente o nariz. Palpar
com o polegar e o indicador para perceber modificações da pirâmide nasal.
Funções do nariz: via aérea, olfato, umidificador do ar, aquecimento do ar inspirado, filtragem.
A mucosa nasal produz muco que aumenta a umidade relativa do ar para quase 100 %. Isso evita o
ressecamento do epitélio e possível infecção. Os pelos nasais impedem a penetração de partículas.
Também é utilizado o espéculo nasal e o foco de luz para examinar o nariz; da seguinte maneira:
- o cliente deve estar com a cabeça levemente reclinada e apoiada na altura dos olhos do examinador
(posição de farejador).
- coloque o espéculo no nariz do cliente e vai abrindo-o até o máximo e observando o assoalho, septo
e cornetos, pele, forma do nariz.
- pesquisar ausência ou distorção do olfato. O ar deve movimentar-se silencioso.
- repita o exame na outra narina.
Alterações: observar a presença de corpos estranhos secreções, lesões, desvio de septo,
edema, sujidade e obstrução.
Sintomas relacionados ao nariz: obstrução, secreção e hemorragia.

7) Seios paranasais
São examinados pela palpação da seguinte maneira:
- apoie a cabeça com uma das mãos
- com a outra mão palpe os seios maxilares exercendo pressão moderada com as polpas dos dedos
indicador e médio, sobre o osso zigomático ao lado do nariz.
- coloque os mesmos dedos abaixo das sobrancelhas acima do globo ocular, para palpar os seios
frontais.
- com as polpas dos dedos mínimos palpe ao lado das fossas lacrimais para examinar os seios
etmoidais.
Alterações: dor à digito pressão e secreções expelidas pela comunicação das cavidades ósseas com
as fossas nasais.
Estas secreções podem ser:
- serosas (fluidas, brancas) comuns na rinite alérgica e infecções iniciais do aparelho respiratório.
- muco purulentas (viscosas, amareladas) comuns nas sinusites agudas e infecções respiratórias
prolongadas.

8) Orelhas/pavilhões auditivos
Exame da orelha externa: inicia-se com a inspeção.
- Pavilhão auricular: as orelhas são posicionadas quase verticalmente, alinhadas com os olhos,
formatos similares e proporcionais ao tamanho da face. Observar a movimentação da pele atrás e na
frente das orelhas, além da cartilagem, para que se determine a existência ou não de sensibilidade. Palpar
para detectar pontos de dor, inflamações e tumefações.
Alterações: anomalias congênitas (de forma e de implantação) e adquiridas (cor, lesões etc.).
- Orelha externa: para avaliá-la utiliza-se o otoscópio.
O exame realiza-se da seguinte maneira:
- selecione um espéculo auricular de calibre apropriado ao cliente e adapte-se ao otoscópio.
- tracione suavemente o pavilhão auricular para cima e para trás, estando a cabeça do cliente
levemente inclinada para o lado oposto.
- sustente o otoscópio com a outra mão e introduza suavemente e progressivamente no orifício do
canal auditivo externo.
- vá observando a medida que introduz o aparelho.
No canal auditivo externo encontra-se: cerume (geralmente de cor amarelo à marrom), pele íntegra,
pelos, sensibilidade normal à tração e pressão pré-auricular. Membrana timpânica (cor branca - nacarada)
onde pode ser observado o cabo do martelo.

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Alterações: acúmulo de cerume, processos inflamatórios (dos à tração e pressão pré-auricular), corpos
estranhos, secreções, lesões, edema, retrações, perfurações e cicatrizes.

Exame da Orelha Média e Interna


Serão avaliadas as funções de condução ou transmissão (atinge o ouvido externo e médio) e
percepção ou neurossensorial (atinge o ouvido interno) das ondas sonoras, isto é, a acuidade auditiva.
Utiliza-se: relógio, voz falada e sussurrada e provas de Weber e Rinne.
A acuidade auditiva superficial ou capacidade para ouvir e discriminar sons, pode ser avaliada fazendo-
se o teste da voz ou o teste do tique-taque do relógio.
Teste da voz falada:
- o cliente deve estar sentado, olhando para frente
- o examinador fica ao lado ou atrás do cliente e fala próximo ao seu ouvido
- depois afasta-se 50cm e fala
- repetir com o outro ouvido
Obs.: Pedir ao cliente para tampar o ouvido que não está sendo avaliado.
Teste da voz sussurrada:
- cliente sentado e olhando para frente
- o examinador sussurra próximo ao ouvido do cliente
- afasta-se 40 cm do cliente e sussurra
- repetir com o outro ouvido
Obs.: Pedir ao cliente para tampar o ouvido que não está sendo avaliado.
Teste do tique-taque do relógio:
- cliente sentado, olhando para frente
- o examinador coloca o relógio próximo ao ouvido do cliente
- o examinador afasta 90 cm o relógio do ouvido do cliente
- repetir com o outro ouvido.
Obs.: Pedir ao cliente para tampar o ouvido que não está sendo avaliado.
O resultado é expresso em fração, cujo denominador é a distância que o som é ouvido por uma pessoa
normal e o numerador é a distância que o som é ouvido pelo cliente.
Valores normais: relógio 90cm/90cm; voz falada: 50 cm/50cm
Voz sussurrada: 40cm/40cm.
Alteração: quando o som não é ouvido a uma distância inferior ou igual a considerada normal.
Para realização das provas de Weber e Rinne, necessita-se do uso do Diapasão de 512 ou 1024Hz.

Prova de Weber
- vibrar o diapasão
- colocá-lo no ápice do osso frontal verticalmente
- pedir ao cliente que assinale se as vibrações são "ouvidas" igualmente em ambas as orelhas ou se
há lateralização, isto é, o som é ouvido de forma mais clara no ouvido com perda auditiva por condução.
Caso haja lateralização pode ser:
- por alteração de condução do ouvido na qual ocorreu a lateralização. Causa: obstrução do canal
auditivo externo.
- por alteração de percepção do ouvido contrário aquele no qual ocorreu a lateralização. Causa: lesão
do nervo auditivo.

Prova de Rinne
- coloque a diapasão vibrando sobre a apófise mastóide
- peça ao cliente que informe quando deixar de "ouvir" a vibração e move-se ao diapasão a 2cm do
orifício do canal auditivo externo. Pede para avisar quando deixar de escutar.
- repetir do outro lado.
Na prova de Weber o normal é que não haja lateralização. Na prova de Rinne o normal é que a
condução aérea seja maior que a condução óssea. Se houver distúrbio de condução o cliente não escuta
pela via aérea. Se for de percepção estarão diminuídas ou abolidas ambas as vias.
Devemos investigar: dificuldade de audição, vertigem, otalgia, otorreia, prurido, tonturas, zumbidos.

Perda da Audição: pode ser unilateral ou bilateral. Pode desenvolver-se devagar ou subitamente. A
história ocupacional é de grande importância.
Tipos de surdez: de condução ou transmissão (quando atinge ouvido externo e médio) e de percepção
ou neurossensorial (quando atinge ouvido interno).

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Vertigem: sensação de girar ou virar, enquanto em repouso. Pesquisar duração, início, evolução, tipo
de medicação que faz uso.
Otalgia: infecções em pontos distantes (faringite, amigdalite, cárie dentária e sinusite) ou afecções no
ouvido externo ou médio.
Otorréia: indica infecção aguda ou crônica.
Secreção sanguinolenta
- carcinoma ou trauma Secreção aquosa, clara
- extravasamento de líquor Serosa, mucopurulenta ou purulenta
- afecções no ouvido externo, otite média, furúnculos
Prurido: pode ser em casos de eczema no canal auditivo, diabetes, hepatite.
Zumbido: percepção de ruídos, sem que haja estímulo externo (atribui-se à irritação de células
sensoriais)
Causas:
-Óticas: tampão de cerume, corpo estranho, otite externa, inflamações, obstrução tubária,
medicamentos.
-Não óticas: hipertensão arterial, climatério, hipertireoidismo.

9) Boca
A boca é um conjunto de estruturas banhadas pela saliva (produção diária=680 à 1500 ml),flora
microbiana própria, importante na mastigação e fonação. A saliva é composta de várias substâncias,
dentre elas enzimas responsáveis pela digestão. Suas funções são: lubrificação, proteção física, limpeza
mecânica dos dentes e mucosa bucal, ação antibacteriana.
A boca é limitada anteriormente pelos lábios, inferiormente pelo assoalho da boca, onde repousa a
língua. As bochechas representam os limites laterais, o teto é formado pelos palatos duro e mole. Os
pilares anteriores e a úvula formam o limite posterior. Para examina-la devemos usar luvas de
procedimento e se necessário, abridor de boca. Devemos pesquisar dor e halitose. As técnicas usadas
para avaliar a boca são inspeção e palpação.
Lábios - são formados pela transição pele-mucosa umedecidos pela saliva.
Devem variar de rosado a acastanhado.
Analisa-se cor, características morfológicas.
Alterações: cianose ou palidez, queilose (rachadura das comissuras labiais (na presença de pus,
denominado queilite, associado a avitaminose), sangramentos, edema alérgico, lábio leporino, herpes,
ressecamento.
Cavidade bucal - para avaliá-la é necessário retirar próteses, usar abaixador de língua e fonte de luz.
Utiliza-se a inspeção e quando necessário da palpação.
Examina-se:
- Dentes - fase transitória com 20 dentes e completa-se com aproximadamente dois anos e meio. Com
20 anos completa-se a fase permanente com 32 dentes.
Avalia-se o número, estado dos dentes, implantação, cor, higiene.

Alterações: ausência, condições de higiene, cáries e uso de prótese dentária.


- Bochechas e gengivas - as bochechas tem coloração de um vermelho mais vivo. A gengiva é formada
por tecido fibroso denso recoberto de mucosa pálida, devendo ser avaliada a cor, consistência, forma,
desenvolvimento e presença de lesões.
Alterações: edema e coloração vermelho-escura (associada a acúmulo de tártaro ou avitaminose C),
palidez, icterícia, cianose (aumento de hemoglobina), estomatites (inflamação da mucosa que evolui com
eritema, ulceração, exsudação e cicatrização), gengivite, atrofia ou hipertrofia gengival.
- Língua - situa-se medialmente, musculatura lisa recoberta de mucosa úmida avermelhada possuindo
papilas em seu dorso. As filiformes estão concentradas nas laterais, os fungiformes no ápice e as valadas
(de 7 a 12) no "V" lingual. Para avaliá-la, observe-a em três posições: repouso, para fora e tocando o
palato duro. Verificando em todas estas posições: localização, tamanho, cor, umidade, movimento e
lesões da língua.

Alterações: língua saburrosa (camada esbranquiçada que surge na ausência de mastigação por 24
horas), língua seca e acastanhada (aparece na desidratação associada a acidose metabólica, vômitos,
febre, medicamentos), glossite(vermelho vivo com sensibilidade a alimentos quentes),lisa(atrofia das
papilas gustativas ocasionada por anemia ou desnutrição proteica), escrotal (sulcos irregulares que
lembram a pele escrotal, ocasionada pela deficiência de vitaminas do complexo B), macroglossia
(aumento global da língua: hipotireoidismo).

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- Palato duro e mole - são róseos a vermelhos com linhas simétricas. Inspecionar e palpar à procura
de lesões, tumefações e ulcerações. É comum o Tórus Palatino (crescimento ósseo benigno na linha
média do palato duro).
- Pilares ou arcos anteriores e posteriores - é o local onde se aloja as tonsilas.
- Tonsilas - muitas vezes não são visíveis. Avalia-se a integridade e aspecto das mesmas.
Alterações: angina purulenta, faringite, halitose.
- Úvula - é rósea, está localizada na linha média e com forma de cone.
Glândulas salivares - são as parótidas (em frente ao ouvido), as submandibulares (no arco da
mandíbula) e as sublinguais (no assoalho da boca).
Sintomas das doenças na cavidade oral: dor, ulceração, sangramento, massa, halitose.

10) Exame físico do pescoço


O pescoço é o apoio à cabeça em um alinhamento intermediário. Os pontos de referência do pescoço
são os principais músculos da região cervical - esternocleidomastóideo e trapézio. Estes dividem o
pescoço em: região anterior, lateral e posterior.
O exame do pescoço deve avaliar: pele e musculatura, cadeias ganglionares (linfonodos), traqueia,
tireoide, mobilidade, vasos sanguíneos (jugulares e carótidas).
O pescoço tem uma forma cilíndrica, regular (sem abaulamentos e depressões) e grande mobilidade
(ativa e passiva), livre e indolor. Utiliza-se em seu exame a inspeção e a palpação.
Pele - além de seguir o roteiro normal, deve verificar a presença de sinais flogísticos e fístulas nas
áreas dos linfonodos e glândulas salivares.
Forma e volume - apresentam variações conforme o biótipo. As alterações são decorrentes de
aumento da tireoide, linfonodos, parótidas e tumores.
Mobilidade - tem amplitude de 180º, executa movimentos de flexão, extensão, rotação e lateralidade.
Observa-se a existência de contratura, resistência e dor. A alteração mais comum é o torcicolo (dor e
dificuldade na movimentação) e a rigidez de nuca (meningite).
Traqueia - teve mostrar-se no centro do pescoço, na linha média.
Cadeias ganglionares - nos adultos geralmente não são palpáveis, exceto em indivíduos extremamente
magros (palpam-se pequenas massas móveis). Os linfonodos são avaliados quanto: localização,
consistência, mobilidade, alterações da pele (presença de sinais flogísticos e fistulização), sensibilidade,
tamanho ou volume.
Tireoide - normalmente não é palpável, exceto em indivíduos muito magros. Tem volume, consistência,
temperatura, mobilidade normal e é indolor. Para realizar o exame da tireoide o cliente deve estar sentado
de modo que seu pescoço fique na altura dos cotovelos do examinador, quando estiver de pé. O exame
é realizado de 2 maneiras:
De frente - o cliente inclina a cabeça para a direita, enquanto os polegares do examinador palpam a
glândula do lado direito. O exame é repetido do outro lado.
Por trás - desta maneira irá confirmar o que foi verificado na posição anterior. A cabeça do cliente deve
ser inclinada ligeiramente para o lado. As mãos e os dedos do examinador rodeiam o pescoço do cliente,
ficando os polegares fixos na nuca. O lobo direito é palpado pela mão esquerda, enquanto a mão direita
afasta o esternocleidomastóideo. O lobo esquerdo é o contrário.
É avaliado o volume, consistência, mobilidade, superfície (lisa, nodular, irregular), temperatura da pele
e sensibilidade.

11) Exame físico do tórax


O tórax é a cavidade cercada pelas costelas e pela coluna vertebral. Trata-se da região em que estão
localizados os pulmões e o coração. O exame físico do tórax tem como objetivo o estudo: mamas,
pulmões, coração e coluna vertebral.
Pontos de referência anatômica
- Ângulo de Luís (localiza-se na junção do manúbrio com o corpo do esterno, identifica o 2º. Espaço
intercostal e corresponde à bifurcação da traqueia e ao arco da aorta).
- Costelas e espaços intercostais
- Clavículas
- Apêndice xifoide
- Ângulo de Charpy (utilizado para avaliação do biótipo). Nos normolíneos 70 a 80º, nos longilíneos -
menos que 90º e nos brevelíneos - maior que 80º.
- Ângulo da escápula (delimitação inferior da região escapular).
- Espinha da escápula.
- Apófise espinhosa (corresponde à 7ª vértebra cervical).

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- Rebordos costais

Linhas torácicas
Médio esternal
Para-esternal direita
Para-esternal esquerda
Hemiclavicular direita
Hemiclavicular esquerda
Axilar média
Axilar anterior
Axilar posterior
Médio espinhal
Para-espinhal direita
Para-espinhal esquerda
Escapular direita
Escapular esquerda

Regiões torácicas
Esternal
Supra-esternal
Supraclavicular direita e esquerda
Clavicular direita e esquerda
Infra clavicular direita e esquerda
Mamária
Infra mamária
Axilar
Infra-axilar
Espinhal
Supra espinhal
Infra espinhal
Interescapular
Escapular direita
Escapular esquerda
Infra escapular direita
Infra escapular esquerda.
As linhas e as regiões torácicas são importantes, pois estas servem de descrição topográfica dos
achados do exame da parede torácica.

Inspeção do Tórax
INSPEÇÃO ESTÁTICA - realiza-se uma observação comparativa do hemitórax seguindo uma ordem:
anterior, lateral e posterior. O cliente deve estar sentado ou em pé.

Observa-se os seguintes pontos:


Forma - os dois hemitórax são simétricos, sendo o direito um pouco mais desenvolvido. Há 3 formas
limites do tórax normal conforme o biótipo. O tórax tem o diâmetro anteroposterior (DAP) menor que o
diâmetro transverso (DT). O DT deve ter até o dobro do DAP variar conforme a idade.
Tipos patológicos de tórax - pode haver variações na aparência do tórax em consequência de
anomalias musculoesqueléticas, doenças cardíacas ou respiratórias ou trauma.
- Enfisematoso, barril, globoso ou em tonel - O diâmetro anteroposterior é aproximadamente igual ao
diâmetro transverso.
Ex.: enfisema pulmonar.
- Em quilha, cariniforme ou peito de pombo - o esterno é proeminente e desviado anteriormente. Defeito
congênito ou adquirido (raquitismo).
- Sapateiro ou peito escavado - Há uma depressão na porção inferior do esterno. Pode ser congênito
ou devido ao raquitismo.
- Chato - O diâmetro ântero-posterior é bem menor que o diâmetro transverso. A parede anterior perde
a convexidade, o ângulo de Luís fica mais avantajado. Defeito congênito ou doença caquetizante.
- Em sino - aumento exagerado da parte inferior. Comum nas ascites ou hepatoesplenomegalias.

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- Cifoescoliótico ou escoliótico - Defeito congênito ou adquirido por tuberculose, raquitismo,
traumatismo, poliomielite, etc. Normal não há abaulamentos e retrações na região torácica. Sua presença
é sugestiva de patologias.
- Cifótico - curvatura da coluna dorsal.

Problemas de enfermagem:
- Abaulamentos unilaterais - derrame pleural, escoliose acentuada, pneumotórax, má formação,
trauma, etc.
- Abaulamentos localizados - hipertrofia cardíaca, tumores, má formação, trauma, etc.
- Abaulamentos expiratórios - verifica-se na fossa supra clavicular.
- Sinal de ancoragem - o cliente para respirar utiliza dos músculos acessórios (esternocleidomastóideo
e escaleno). O cliente fica sentado com os membros superiores ao lado do tórax, apoiados no leito.
- Posição de assobio - o tempo expiratório é forçado, o cliente prolonga a expiração ao mesmo tempo
que aperta os lábios, deixando apenas uma fenda central.
- Retração inspiratória ou tiragem - diminui a expansibilidade torácica, há acúmulo de secreção nos
pulmões.
- Depressões do hemitórax - quando há lesões fibróticas do pulmão o cliente respira há depressão no
hemitórax.

12) Exame dos pulmões


- INSPEÇÃO DINÂMICA - na inspeção dinâmica verifica-se:
- Frequência respiratória: o seu valor varia conforme a idade, nível de atividades físicas e estado
emocional. O normal no adulto é de 16 a 20 incursões por minuto - eupneia.
Problemas de enfermagem: taquipneia (aumento da frequência respiratória), bradipnéia (diminuição
da frequência respiratória) apneia (ausência da frequência respiratória), dispneia, ortopnéia.
- Tipo respiratório - Verifica-se a movimentação do tórax e abdome. Normal: há 3 tipos respiratórios:
respiração torácica (comum nas mulheres), respiração abdominal e respiração tóraco-abdominal (comum
em homens).

Problemas de enfermagem: a troca do tipo de respiração é importante em paciente com nível de


consciência deprimido respiração tipo torácica em homens com abdome agudo e respiração abdominal
em mulheres com pleurites.
- Ritmo - para analisá-lo deve-se desviar por no mínimo 2 minutos a seqüência, a forma e a amplitude
das incursões respiratórias. A inspiração dura aproximadamente a metade da expiração.

Problemas de enfermagem:
Cheyne Stokes
Kussmaul
Biot
Palpação - investiga-se:
- Expansibilidade torácica - a expansibilidade torácica é igual em regiões simétricas, pode variar com
o sexo (sendo mais nítida nas bases no homem e nos ápices nas mulheres).
- Manobra de Ruaut - para avaliar os ápices pulmonares, coloca-se as mãos nas fossas supra
claviculares e os dedos polegares unindo formando um ângulo. O normal é observar a elevação das mãos
na inspiração profunda.
Problema de enfermagem: assimetria unilateral com aumento e/ou diminuição dos movimentos
respiratórios. Ex.: derrame pleural, pneumonia, dor pleural, obstrução brônquica. Assimeria bilateral. Ex.:
enfisema pulmonar.
Percussão - A percussão da parede torácica é transmitida ao tecido subjacente, refletida de volta e
percebida pelo tato e pela audição do examinador. Utiliza-se a percussão dígito-digital, onde o cliente é
colocado sentado ou deitado, percute-se a face posterior, anterior e laterais do tórax. Os locais da parede
posterior do tórax para percussão são acima, entre e abaixo das escápulas, nos espaços intercostais. Os
ossos não são percutidos. O examinador deve iniciar no topo e descer, indo de um lado a outro, para
comparação. O som normal é o claro pulmonar.
Problemas de enfermagem: som timpânico, hipersonoridade, submaciez e maciez.
Ausculta - Faz-se ausculta do tórax, estando o cliente sentado com o tórax descoberto. Solicite ao
cliente que respire mais profundamente com os lábios entreabertos, sem fazer ruídos. O trânsito de ar
pelo trato respiratório na inspiração é capaz de produzir três tipos de sons normais da respiração:

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- Bronquial, traqueal, brônquico ou tubular - audível sobre a traqueia, é um ruído intenso (como se
assoprasse dentro de um tubo). A fase inspiratória dura a metade da fase expiratória.
- Bronquiovesicular - é uma combinação de som traqueal e murmúrio vesicular. Audível na área de
projeção da traqueia e brônquios maiores, nas regiões infra claviculares, interescapular (regiões apicais
dos pulmões, especialmente à direita). Igual intensidade em ambas as fases do ciclo respiratório.
- Vesicular ou murmúrio vesicular - é produzido pela turbulência do ar ao entrar nos bronquíolos e
alvéolos. É um som de tom baixo, mais intenso e de duração maior na inspiração do que na expiração
(quase não se ouve). Audível em todos os campos pulmonares.
Problemas de Enfermagem: encontramos os ruídos adventícios que são verificados em processos
patológicos que comprometem a árvore brônquica.
Podem ser classificados em:

Estertores Secos
- Roncos - são secreções espessas nos grandes brônquios. São sons não tão altos, contínuos,
escutados nas vias aéreas maiores.
- Sibilos - são secreções espessas nos brônquios secundários e bronquíolos, mais intenso na
expiração. Ex.: bronquite, crises asmáticas, broncoespasmo.

Estertores Úmidos
- Crepitantes - são ruídos finos, homogêneos, mesma altura, timbre e intensidade. Auscultado na fase
inspiratória, modifica-se com a tosse. Ex.: pneumonia, edema agudo (fase inicial).
- Subcrepitantes ou bolhosos - são ruídos mais grossos e de tonalidade mais grave, diferente quanto
a tonalidade e timbre.
Auscultado no final da inspiração e início da expiração, não se modifica pela tosse.
Ex.: bronquites, pneumonia, broncopneumonias.
- Atritos pleurais - são sons do tipo fricção ou grosseiros, causados por duas superfícies pleurais
ressecadas que se movimentam uma sobre a outra.
Sintomas de doença pulmonar: tosse, produção de expectoração, hemoptíse, sibilos, cianose, dor
torácica.

13) Exame do coração


É necessário conhecer a projeção do coração e os grandes vasos da base na parede torácica.
- Borda direita - Veia cava superior e o átrio direito (borda esternal direita).
- Borda esquerda - Artéria aorta artéria pulmonar e ventrículo esquerdo (borda esternal esquerda).
Realiza-se a inspeção e palpação simultaneamente. O cliente deve estar em decúbito dorsal elevado
a 30º e o examinador do lado direito ou esquerdo.
Investigam-se:
- Pele: presença de cianose-central e periférica
- Unhas: presença de pequenas linhas marrom-avermelhadas no leito
- Olhos: Hipertelorismo (grande afastamento dos olhos) cardiopatia
- Boca: palato muito arqueado e com petequeias - cardiopatia congênita
- Tórax muito escavado
- Membros: edema, cianose
- Abaulamentos (aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico, alterações da caixa
torácica), depressões ou achatamentos precordiais (olhando de maneira tangencial e frontal).
- Análise do ictus cordis ou choque da ponta ou ponto de impulso máximo (PIM) ou ponto apical. Varia
de acordo com o biótipo, localiza-se no cruzamento da linha média clavicular esquerda com o 4º. ou 5º
espaço intercostal. Consiste em um impulso normal, periódico e circunscrito, sentido como uma pulsação
suave de 1 a 2 cm de diâmetro. Este pode alterar sua localização em estado patológicos e fisiológicos.
Os fisiológicos são:
- normolíneos
- 4º espaço intercostal esquerdo, 6 a 10 cm da linha médio esternal.
- brevelíneos
- 4º espaço intercostal esquerdo, a mais de 8 cm da linha médio esternal.
- longilíneos
- 5º espaço intercostal esquerdo, a menos de 8 cm da linha médio esternal.
Nas patologias pode estar desviado (hipertrofia ou dilatação do ventrículo esquerdo) ou ausentes. Em
deformidades da caixa torácica, derrames pleurais ou pericárdicos, obesidade, mamas aumentadas e
tumores. - Pulsações epigástricas - podem ser vistas ou palpadas, correspondendo à transmissão na

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parede abdominal das pulsações aórticas. Problemas: quando estas pulsações forem intensas, por
hipertrofia ventricular direita. - Pulsações supra esternal ou na fúrcula esternal - podem aparecer e
dependem das pulsações na croça da aorta. Problema: quando estas aparecem intensas por hipertensão
arterial, aneurisma aórtico, insuficiência aórtica, hipertireoidismo. Ausculta Pode ser realizada com o
cliente em várias posições: deitada, em decúbito lateral, sentado ou em pé. É necessário silêncio absoluto.
Os focos de ausculta são:- Mitral (FM) - localiza-se na sede do ictus cordis, 5º espaço intercostal e, na
linha hemiclavicular. Na cardiomegalia desloca-se para a linha axilar anterior.
- Aórtico (FAo) - localiza-se no 2º espaço intercostal D na linha paraesternal.
- Aórtico acessório (FAA) - localiza-se no 3º espaço intercostal E na linha paraesternal (ponto ERB).
- Pulmonar (FP) - localiza-se no 2º espaço intercostal E na linha paraesternal.
- Tricúspide (FT) - localiza-se na base do apêndice xifoide, ligeiramente para a E.
A ausculta cardíaca começa no foco apical e vai ao longo da borda esternal esquerda até o foco aórtico
e pulmonar. Após, coloca-se o cliente em decúbito lateral esquerdo e ausculta o foco mitral à procura de
sopro ou ritmo tríplice. Devemos observar: - Ritmo: Classificando-o em regular ou irregular. - Frequência
- número de batimentos cardíacos em 1 minuto.
OBS.: É importante a contagem simultânea do pulso apical (ictus cordis) e do pulso radial, pois em
determinadas patologias poderá haver variação de um pulso para o outro.

- Bulhas cardíacas
1ª. Bulha (B1) - Corresponde ao fechamento das valvas mitral e tricúspide. Melhor ouvida no ictus
cordis (ápice cardíaco)® TUM.
2ª. Bulha (B2) - Corresponde ao fechamento das valvas aórtica e pulmonar, timbre mais agudo,
duração menor que a 1ª. Bulha (melhor ouvida nos focos aórtico e pulmonar - base do coração) ®TÁ. A
abertura das valvas só pode ser ouvida se estas estiverem lesadas.
- Arritmias cardíacas - é quando há alteração no ritmo, frequência ou ambos.

14) Exame físico da coluna vertebral


A coluna vertebral para o exame físico divide-se em: cervical, torácica, e lombossacra. O cliente deve
estar em pé com os pés um pouco separados, membros superiores ao lado do corpo.
Devemos pesquisar dor, massas, depressões através da inspeção e palpação.
Observam-se:
- Face anterior
- Face lateral - onde são observadas as curvaturas normais: lordose cervical, cifose dorsal e lordose
lombar.
- Face posterior - é observada através de uma linha imaginária que passa nos ombros, pontas
escapulares, cristas ilíacas, pregas glútea e poplíteas, que deve estar no mesmo nível. Depois imagina-
se uma linha vertical, ligando as apófises espinhosas seguindo a linha Inter glútea.

Problemas: lordose (condição em que a curva lombar natural da espinha se mostra exagerada), cifose
(é um aumento na curvatura da área torácica) e escoliose (curvatura lateral pronunciada da espinha).
Avaliar: movimentos da coluna (flexão lateral, extensão, flexão, rotação) e as posturas - estática,
sentada, deitada e dinâmica.

15) Exame físico das mamas


Utiliza-se a inspeção e palpação.
Faz-se a inspeção estática e dinâmica. A cliente deve estar sentada ou em pé, com os braços ao longo
do corpo. Inspeciona:
- tamanho e simetria
- contorno
- textura
- características da pele
Palpação
A cliente deve estar em decúbito dorsal com os braços levantados e as mãos na nuca com o travesseiro
sobre os ombros. Palpa-se utilizando as polpas dos dedos anular, indicados e médio em movimentos
circulares, comprimindo delicadamente o tecido mamário contra a parede torácica. Deve-se encaminhar
de modo sistemático, investigando a elasticidade e consistência dos tecidos, resposta a estímulos, táteis,
sensibilidade dolorosa, presença de massas. Faz-se em seguida a expressão do mamilo verificando a
saída de secreção ou não.

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Mamas - o tamanho varia entre as mulheres, são relativamente simétricas. Tem forma arredondada,
textura macia, superfície lisa sem depressões ou abaulamentos. A consistência e a elasticidade vão
desde o tecido firme e elástico ao flácido e macio. Problemas: sinais inflamatórios, retração da pele,
assimetria mamária, nódulos, edema, lesões e ulcerações, hipersensibilidade e dor.
Mamilos e aréolas - são simétricos, arredondados ou ovalados e superfície contínua. São evertidos
(protuso), não apresentam secreções e possuem capacidade erétil. Problemas: assimetria, retração da
aréola ou do mamilo (plano), inversão mamilar(invertido), drenagem de secreção, edema, ulcerações,
fissuras, hipersensibilidade, ausência de ereção aos estímulos.
Axilas - Palpa-se a axila após cada exame das mamas. Os gânglios axilares não são palpáveis. Os
linfonodos supra e infra claviculares devem ser palpados.
Problemas: erupções da pele, pigmentação incomum, nódulos sensíveis e sem mobilidade, sinais
flogísticos.
Para registrar os achados devemos dividir a mama em 4 quadrantes e como um relógio.

16) Exame físico do abdome


A maioria dos órgãos gastrintestinais e acessórios para a digestão situam-se no abdome. Para o
exame abdominal devemos reconhecer.
a) Pontos de referência anatômica
- rebordo costal
- crista ilíaca
- prega inguinal
- cicatriz umbilical
b) Exame físico
A realização do exame abdominal deve ter a seguinte ordem: inspeção, ausculta, percussão e
palpação.

Abdômen
A cavidade abdominal é dividida em 4 quadrantes. Duas linhas imaginárias cruzam a cicatriz umbilical
para dividirem o abdômen em quadrantes: superior direito, superior esquerdo, inferior direito, inferior
esquerdo. Pode ser dividido também em 9 regiões: epigástrica, umbilical, suprapúbica, hipocôndrios
direito e esquerdo, flancos direito e esquerdo, inguinais direito e esquerdo.

Forma e Volume
Variam de acordo com a idade, sexo, estado de nutrição.

Tipos de Abdômen
Abdômen globoso: apresenta-se globalmente aumentado com predomínio nítido do diâmetro
anteroposterior sobre o transversal.
- Gravidez avançada, ascite, obesidade, obstrução intestinal, tumores policísticos do ovário.
Abdômen em ventre de batráquio: observa-se predomínio do diâmetro transversal sobre o
anteroposterior.
- Ascite em fase de regressão - é consequência da pressão exercida pelo líquido sobre as paredes
laterais do abdômen.
Abdômen pendular: estando o paciente de pé, as vísceras pressionam a parte inferior da parede
abdominal produzindo uma protusão.
- flacidez do abdômen no período puerperal.
Abdômen em avental: encontrado em pessoas obesas, sendo conseqüência do acúmulo de tecido
gorduroso na parede abdominal, cai como um avental sobre as coxas do paciente.
Abdômen escavado: percebe-se nitidamente que a parede abdominal está retraída.
-Pessoas muito emagrecidas.

Cicatriz Umbilical
Normal - forma plana ou levemente retraída. Tem valor prático o encontro da protusão da cicatriz
umbilical que indica a existência de uma hérnia ou o acúmulo de líquido.
ABAULAMENTO OU RETRACÕES
Quando ocorre, torna o abdômen assimétrico e irregular, indicando alguma anormalidade e para
identificar é necessário a palpação para saber a localização, forma tamanho, mobilidade.
- as causas mais comuns: hepatomegalia, retenção urinária, tumores de ovário e útero, tumores
pancreáticos, fecaloma, útero grávido.

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Movimentos
Respiratórios: nos indivíduos do sexo masculino, observam-se movimentos respiratórios no andar
superior do abdômen, caracterizando a respiração tóraco-abdominal.
Pulsações: podem ser observadas e palpadas no abdômen de pessoas magras e quase sempre
refletem as pulsações da aorta abdominal.
Peristálticos (ondas peristálticas): deve-se fazer a diferenciação entre peritaltismo normal e ondas
peristálticas anormais, correlacionando-se o achado com o quadro clínico do paciente.
O aparecimento de movimentos peristálticos visíveis indica obstrução em algum segmento do tubo
digestivo. Deve-se analisar: localização, direção das ondas peristálticas.

Pontos Dolorosos
Há áreas na parede abdominal cuja compressão, ao despertar sensação dolorosa, pode indicar
comprometimento do órgão ali projetado.
Ponto gástrico: compreendem o ponto xifoidiano (abaixo do apêndice xifoide) e ponto epigástrico
(corresponde ao meio da linha xifoumbilical) - o 1º é observado na cólica biliar e nas afecções do
estômago e duodeno e o 2º nos processos inflamatórios do estômago e duodeno.
Ponto biliar ou ponto cístico: situa-se no ângulo formado pela reborda costal direita e borda externa do
músculo reto abdominal. Ao comprimir o local pede-se ao paciente que inspire profundamente. Nisto o
diafragma abaixará o fígado, fazendo com que a vesícula biliar alcance a extremidade do dedo que está
comprimindo a área. (nos casos de colecistite tal manobra desperta dor inesperada - sinal de Murphy).
Ponto apendicular ou ponto de Mc Burney: situa-se geralmente na extremidade dos dois terços da
linha que une a espinha ilíaca ântero-superior direita ao umbigo. Quando suspeita de apendicite aguda,
este ponto deve ser comprimido com os 4 últimos dedos, fazendo-se uma pressão progressiva, contínua,
procurando-se averiguar se isto provoca dor, depois, descomprime-se a região, com o que se determina
um estiramento rápido do peritônio, se estiver inflamado, despertará dor aguda e intensa (dor que ocorre
com a descompressão - sinal Blumberg - peritonite localizada).
Pontos ureterais: situam-se na borda lateral dos músculos reto-abdominais em 2 alturas: na
intersecção com uma linha horizontal que passa pelo umbigo e no cruzamento da linha que passa pela
espinha ilíaca anteroposterior. A palpação destes pontos deve ser feita com as mãos superpostas
comprimindo-se a parede com as polpas digitais dos dedos indicador, médio anular e mínimo (cólica
renal).

Resistência da Parede Abdominal


Normal: é a de músculo descontraído. Ao se deparar com uma musculatura contraída, saber diferenciar
uma contração voluntária de uma involuntária.
Na voluntária: solicite ao paciente para respirar profundamente, flexionar as pernas, desviar sua
atenção para outros assuntos.
Involuntário - denominada "defesa da parede abdominal". A contratura muscular involuntária obedece
a um reflexo visceromotor, cujo estímulo nasce no peritônio inflamado (peritonite). A defesa da parede
abdominal pode ser localizada ou generalizada (abdômen em tábua).
Continuidade da parede abdominal:
Hérnias - protusão da parede abdominal por onde penetram uma ou mais estruturas infra abdominais
(alças intestinais). A inspeção nota-se tumefação na região da hérnia.

Sinais e Sintomas mais comuns no Abdome

Disfagia - dificuldade na deglutição. Pode ser disfagia orofaríngea e disfagia esofagiana.


Orofaríngea: o alimento permanece no todo ou em parte na cavidade bucal após a tentativa de
deglutição.
Esofagiana: tem a sensação de parada do bolo alimentar no esôfago, embora não possa localizar
precisamente o nível da obstrução.
A disfagia pode ocorrer para sólidos (obstrução mecânica) ou para líquidos e sólidos (alteração da
motilidade).
Odinofagia - é a dor que surge com a ingestão de alimentos. Localiza-se atrás do esterno, mais alta,
mais baixa, sendo relatada como urente, em punhalada, construtiva ou espasmódica.

Pirose - azia, queimação ou queimor. Sintoma considerado patognomônico do refluxo


gastresofagiano.

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De localização retroesternal, percebida no apêndice xifoide, podendo propagar-se para a região
epigástrica, para ambos os lados do tórax ou, mais comumente em direção ascendente, até o nível do
esterno.
Ocorre, quase sempre, após as refeições, podendo ser desencadeadas por frituras, bebida alcoólica,
café, frutas cítricas, chocolate, alimentos fermentados ou pelo decúbito. Acompanha-se, às vezes, de
regurgitação de pequenas quantidades de líquido azedo ou amargo.

Dor Esofagiana - (não depende do ato de ingerir) - ocorre sensação de opressão retroesternal
irradiando para o pescoço, ombros e MMSS. O caráter da dor depende da doença básica. Podendo ser:
urente (esofagite); em cólica, constritiva ou dilacerante (Ca de estômago); dor de grande intensidade
acompanhada de outros sintomas (ruptura do esôfago, perfuração).

Regurgitação - entende-se como volta do alimento ou secreções contidas no esôfago ou estômago à


cavidade bucal. As causas podem ser: mecânica ou motora.
Mecânica - estenoses, neoplasias, obstruções.
Motoras - espasmo, acalasia.
A regurgitação ocorre quase sempre após as refeições. Pode ser ATIVA quando surge durante ou
imediatamente após as refeições, decorrente da incoordenação motora do esôfago; PASSIVA quando se
manifesta tardiamente, com o paciente deitado, quase sempre à noite (representa grande risco, pela
possibilidade de aspiração para a árvore respiratória.

Eructacao (arroto) - ocorre como consequência da ingestão de maior quantidade de ar durante as


refeições ou em situações de ansiedade.

Soluço - é causado por contrações espasmódicas do diafragma. Pode ser devido: doenças do SNC,
irritação do nervo frênico ou do diafragma, doenças que comprometem o mediatismo, pleura e órgãos
intra-abdominais.

Sialose - sialorréia ou ptialismo - caracteriza-se pela produção excessiva de secreção salivar.

Vômitos - devem ser observados e analisados a quantidade, frequência e características do material


analisado. Assim, o conteúdo que se apresentar coagulado e acidificado sugere que permaneceu no
estômago. Conteúdo quase totalmente inalterado sugere que não alcançaram o estômago ou
permaneceram pouco tempo no local.

Hematêmese - vômito com sangue.


Caracteriza-se a hemorragia digestiva alta, quando o sangue expelido apresentar-se vermelho vivo,
sugere que o sangue não sofreu ação do suco gástrico. Comum no sangramento de varizes esofagianas,
ingestão de sangue na epistaxe, pós-operatório de amigdalectomia, Ca de esôfago, úlceras, etc.
- o aspecto borra de café ocorre quando o sangue sofreu ação do suco gástrico e sugere um
sangramento lento do esôfago, cárdia, estômago ou duodeno.
- aspecto e odor fecalóide - podem indicar obstrução intestinal.
- vômito bilioso ou amarelo-esverdeado - cólica biliar.

Alterações do hábito intestinal

Constipação: ou obstipação.
Quando as fezes ficam retidas por mais de 48 horas. Para caracterizar a constipação é importante
saber a consistência das fezes, que podem ser um pouco mais duras, ressecadas ou em cíbalos (fezes
em pequenas bolas, como as dos caprinos).
A adequada progressão das fezes no intestino depende de muitos fatores, destacando-se a
composição do bolo fecal, em especial da quantidade de fibras na alimentação. Tem importante papel no
ritmo intestinal as condições psicológicas do paciente.

Fatores Fisiopatológicos que Participam da Gênese da Constipação


Mecânico - lesões que ocluem a luz ou impedem a contração das paredes do intestino;
Neurogênico - comprometimento das estruturas nervosas;
Metabólico - hormonais - hipotireoidismo, ureia;
Psicogênico - alterações emocionais;

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Medicamentosa - antiácidos, anticolinérgicos, opiáceos;
Alimentação inadequada - dieta pobre em fibras;
Relacionados com a inibição reiterada do reflexo da evacuação - "não atender ao chamado do
intestino".

Fezes
Mecônio: são as primeiras fezes do RN, formadas por resíduos das secreções do tubo digestivo fetal
e líquido amniótico. O mecônio é uma pasta espessa, pegajosa, de cor verde-escura, quase negra.
Quando iniciada a alimentação, tornam-se mais liquefeitas, de cor preto-esverdeada com traços
amarelados - fezes lácteas.
Quando alimentado com leite materno, são de cor amarelo-gema, pastosas, com brilho, algumas vezes
são mais claras podendo apresentar-se esverdeadas.
No início poderá haver 6 ou mais evacuações diárias, passando depois para uma em 24 ou 48 horas.
O cheiro é suigêneris e a reação é ácida.
Na alimentação artificial as fezes são claras consistentes, menos ácidas e as alimentações menos
frequentes, cheiro desagradável.
À medida que o leite for substituído por outros alimentos, as fezes adquirem as características das
fezes do adulto.
Normal: a cor castanha normal é produzida pela presença de pigmentos biliares (alimentos podem
alterar a cor). O ritmo do peristaltismo é outro fator que determina se as fezes apresentam teor liquido ou
se são bem formadas. Apresentam um cheiro forte e penetrante, conhecido por todos (suigeneris), alguns
elementos podem alterar o odor das fezes. A frequência das evacuações varia de pessoa para pessoa, o
profissional precisa conhecer o ritmo normal de evacuações do paciente, considera-se normal desde 3
evacuações/dia até uma evacuação a cada 2 dias. Fica difícil avaliar a quantidade de material fecal
eliminada, o único meio é a observação e o paciente informar sobre o aumento ou diminuição do volume
das fezes.
A forma normal depende do diâmetro do reto, a maneira de avaliar é o próprio paciente e precisa estar
alerta para o aparecimento de fezes afiladas.

Alterações das Fezes


- Fezes diarreicas esverdeadas indicam intensa fermentação, de modo que a bilirrubina, oxida-se em
biliverdina.
- Fezes esbranquiçadas (esteatorréia), volumosas, brilhantes, lustrosas e fétidas ocorrem em função
da quantidade de gordura em combinação com sais de cálcio. Estas fezes são próprias da síndrome de
mal absorção (lipídeos, carboidratos, proteínas).
- Fezes claras semelhantes a massa de vidraceiro são próprias da icterícia obstrutiva. Esta cor se deve
à ausência nas fezes de bilirrubina e sua consequente transformação em estercobilina, que é a substância
que da cor as fezes.
- Fezes negras sugerem ingestão de ferro ou hemorragia.
- Fezes com sangue vivo sugerem hemorragia da porção inferior do trato gastrointestinal provenientes
do cólon e reto (hemorroidas, enterorragia).

Diarreia
É o sintoma mais comum nas doenças do intestino delgado, é definida como o aumento do teor das
fezes e do número de evacuações. Pode ser por: uso de laxativos, defeitos da digestão e absorção de
nutrientes, por endotoxinas bacterianas, medicamentos, por comprometimento da mucosa devido a
alterações inflamatórias, neoplásicas ou isquêmicas e alterações da motilidade do intestino.

Distenção Abdominal
Caracteriza-se por aumento do volume do ventre (ascite, meterorismo, fecaloma, neoplasias).

Flatulência
Acumulação anormal de gases no intestino, evidenciada pelo maior número de flatos e pela quantidade
de gases emitidos de forma ruidosa pelo intestino.

Tenesmo
Tipo especial de sensação dolorosa perineal, cuja característica principal é a dor ser acompanhada de
desejo imperioso de defecar. O paciente sente dor intensa, espasmódica e tem a impressão de que a
defecação será abundante, mas elimina apenas pequena quantidade de fezes e muco.

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Prurido Anal
Manifestação clínica que aparece em diferentes condições e pode tornar-se muito incômodo. Suas
causas principais: má higiene, enterobíase, doenças anorretais cutâneas, hemorroidas.

Meteorismo
Distensão abdominal por gases produzidos no intestino.

Dor Epigastrica
Percebida na linha mediana, poucos centímetros abaixo do apêndice xifoide; dor contínua e intensa
na parte alta do abdômen.

Inspeção
O abdome é plano, apresentando ligeira depressão na parte superior e uma ligeira proeminência na
inferior. Sua rede venosa superficial não é visível. A pulsação mediana supra umbilical da aorta abdominal
é somente observada em indivíduos magros. Investiga-se:
- Forma e volume - variam de acordo com a idade, o sexo e o estado de nutrição do cliente. Problemas
de enfermagem: abdome globoso (abscesso, abdome agudo), abdome em batráquio (ascite), abdome
em avental (obeso), retraído ou escavado (Desidratação de 3º. Grau, caquexia), abdome pendular
(visceroptose).
- Abaulamento localizado - distensão dos segmentos do tubo digestório, visceromegalias acentuadas,
tumores, hérnias, etc.
- Pele - cicatrizes, lesões.
- Pelos
- Cicatriz umbilical - É mediana, simétrica, com depressão circular ou linear e entre a distância
xifopubiana. Problemas de enfermagem: protrusão, deslocamento para cima, baixo ou lateralmente,
tumorações (inflamatórias, neoplásicas), coloração azulada ou amarelada periumbilical, hérnias (manobra
da tosse).

Ausculta
Precede a palpação e a percussão pois estas podem alterar os sons intestinais. Ausculta-se sempre
nos 04 quadrantes, um mínimo de 15 segundos em cada um. O som auscultado é denominado de ruídos
peristálticos ou hidroaéreos (RHA). O normal é escutar 05 ruídos por minuto ou no mínimo um a cada
dois minutos. Temos o peristaltismo normal, aumentado, diminuído ou ausente. Problema de
enfermagem: borborigmo, íleo paralítico.

Palpação
Antes de realizá-la deve-se prestar atenção aos seguintes pontos:
- Observar se há dor
- Fazer inicialmente palpação superficial
- Aproveitar a fase inspiratória para aprofundar mais a palpação
- Distrair a atenção do cliente, para relaxá-lo
- Observar suas reações
- Verificar sensibilidade, mobilidade, consistência dos órgãos.
- Sempre observar uma ordem a palpar. O peritônio é indolor podendo ocorrer contrações involuntárias
devido as mãos frias, cócegas.
A) Palpação superficial - Verifica-se:
- Parede abdominal
- observa-se: espessura, turgor. Pode estar aumentada (edema, adiposidade), diminuída (desnutrição,
desidratação), flácida (aumentos repetidos do abdome).
- Tensão da parede
- Soluções de continuidade da parede: hérnias, abaulamentos da parede.
- Sensibilidade.
B) Palpação profunda - Em seguida a palpação superficial, aumentando gradativamente a pressão
exercida pela mão que palpa. É empregada para palpar as vísceras, massas ou tumores. Se encontrar
tumores verificar a localização, volume, forma (malignos são irregulares e os benignos são mais
regulares), consistência (malignos são mais duros), sensibilidade (malignos são geralmente indolores),
mobilidade (malignos são geralmente fixos).
Sinal de irritabilidade peritoneal: Sinal de Blumberg ou de descompressão dolorosa.

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e) Exame dos órgãos
- Estômago
- é de difícil palpação, é indolor e se houver hipersensibilidade pode ser por afecção gástrica.
- Ceco e apêndice - o apêndice é de difícil palpação e é indolor. Localiza-se no ponto de McBurney.
Problema de enfermagem: apendicite. Sinais e sintomas de apendicite:
- Sinal de Rovsina - é a mobilização de gases para o ceco, se houver dor rovsing +
- Blumberg + no ponto de McBurney
- Sinal de Psoas
- Diferença da temperatura axilar e retal igual a 1ºC
- Fígado - não é palpável, técnicas para palpá-lo: simples e bimanual, em garra (método de Mathieu).
- Baço - no adulto não é palpável, técnica para palpá-lo: em decúbito dorsal, posição de Shuster.
- Rins - são indolores, duros, de consistência firme, superfície lisa e regular. O rim direito é mais baixo
que o esquerdo, por isto é, mais fácil ser palpado. Sinal de Giordano.
- Bexiga - não é visível e nem palpável.
- Reto - examina-se a região anal e perianal. O ânus é fechado em diafragma por pregas cutâneas
radiadas e suaves. Para examiná-la faz-se o toque retal. O cliente se posiciona (posição litotômica),
examina-se com a polpa digital a pele perianal a procura de lesões, hemorróidas, fissuras. Com o toque
retal observa-se o esfíncter anal, sensibilidade, secreções, fecaloma, etc.
Percussão
O som predominante é o timpanismo, próprio das vísceras ocas. Os som variará conforme o tamanho
das vísceras, a quantidade de sólidos, líquidos e gases.

17) Exame físico da genitália feminina


Genitália feminina: compreendem a vulva, formados pelos grandes lábios, pequenos lábios, clitóris,
meato da uretra, glândulas Skene, introito vaginal, hímen, glândulas e ducto de Bartholin, períneo, vagina,
útero e os anexos (tuba uterina, ligamentos e ovários).
No exame físico é realizado inspeção e palpação. A cliente deve ser colocada em posição ginecológica.
O examinador senta-se em frente aos genitais da cliente.
Inspeção: observa a morfologia, a presença ou não de lesões e a distribuição de pelos. A inspeção do
orifício vaginal é realizada tracionando os grandes e pequenos lábios para baixo e para trás e separando
no sentido lateral. Observam-se, então, a coloração, a forma, a amplitude, a presença de hiperemia dos
orifícios glandulares.
Problemas: cistocele, retocele, corrimento vaginal e prolapso uterino.
Exame dos órgãos externos:
Pelos pubianos - Normal: Possui o formato de triângulo invertido. A quantidade varia de mulher para
mulher. A pele é discretamente mais pigmentada que em outras partes do corpo. A mucosa é rosada e
tem aparência úmida. Problemas de enfermagem: Lêndeas e piolhos nas bases dos pelos; hirsutismo;
quantidade de pelo diminuída; lesões (associadas a pruridos, DST); Placas esbranquiçadas com
espessamento do tecido cutâneo mucoso (lesões pré-cancerosas); edemas; varicosidades; prurido
(faltam de higiene, diabetes, alergias); eritemas (inflamações ou reações alérgicas).
Pequenos e Grandes Lábios - Observa-se: simetria, aspecto e alterações da pele, desenvolvimento
compatível com a idade, consistência de tecidos. Normal: Os grandes lábios são simétricos, textura
homogênea e consistência macia. Na infância são planos e na idade adulta são cheios e curvos. Na
menopausa tornam-se mais finos. Os pequenos lábios são simétricos, mas podem ser assimétricos. Em
virgens são juntos e após relações sexuais e partos vaginais ficam abertos, caindo para os lados.
Problemas de enfermagem: Assimetrias; leucoplasias; atrofias (antes da menopausa), exsudações;
edemas; lesões; parasitas e nódulos.
Clitóris - Normal: formado por tecido erétil. A porção visível não excede a 01 cm. Sua coloração é
rosada. Problemas de enfermagem: inflamações (apresenta coloração vermelho-cereja viva); lesões
(DST ou neoplastias).
Uretra - Normal: Localizada posteriormente ao clitóris. Tem a mesma coloração rosada das
membranas que o cercam. Não há drenagem de secreções. Problemas de enfermagem: eritemas;
drenagem de secreções; hiperemia; dor à palpação.
Glândulas de Bartholin - Normal: Localizam-se perto da extremidade posterior do orifício vaginal. Não
são palpáveis. Problemas de enfermagem: edema; drenagem de secreções e dor (inflamações).
Orificio vaginal - Normal: Localiza-se imediatamente após o meato uretral. Ele pode ser uma abertura
fina vertical ou grande com bordas irregulares, dependendo do início da vida sexual. Problemas de
enfermagem: cistocele, retocete, corrimento vaginal, prolapso uterino (1º, 2º, 3º grau).

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Períneo - Normal: É um músculo que se localiza entre o intróito vaginal e os anus. Problemas de
enfermagem: Roturas, fistulas.
Exame dos órgãos internos: é necessário o espéculo vaginal, que afastará as paredes da vagina,
permitindo a visualização do colo do útero, e do conteúdo vaginal. Pode-se colher material do colo do
útero e também da vagina quando há secreções ou rotineiramente para prevenção do câncer uterino
(Papanicolau). A palpação é realizada enluvada e a bexiga vazia. A primeira estrutura a ser palpada é o
períneo. Depois penetrando mais a mão palpa-se o colo do útero, investigando sua consistência e
formato. Para palpar os outros órgãos deve-se usar a palpação bimanual, isto é, a outra mão é pousada
sobre o abdome para auxiliar a mão que está na vagina.

18) Exame físico da genitália masculina


Genitália masculina: compreende o pênis, bolsa escrotal, testículos, epidídimos, o cordão espermático,
a próstata e as vesículas seminais. A uretra é uma estrutura comum aos aparelhos urinário e genital.
Devem-se avaliar as regiões inguinais, linfonodos, região perineal e pélvica. É utilizada a inspeção,
palpação e transluminação. O cliente pode estar de pé ou decúbito dorsal horizontal.
- Pênis:
a) Prepúcio: ao ser tracionado permite a exposição completa da glande. Problemas: fimose,
parafimose, lesões e ulcerações.
b) Glande: há um sulco que secreta uma secreção gordurosa (esmegma). Problemas: acúmulo de
esmegma (balanite), lesões devido as DST ou carcinomas, área de endurecimento fibroso.
c) Meato uretral: localizado na ponta da glande. Problemas: estenose, hipospádia e epispádia.
d) Uretra: não é dolorida a palpação, não existe drenagem de secreção no momento da expressão da
uretra. Problemas: palpação dolorosa (uretrite), drenagem de secreções (infecções), áreas endurecidas,
estenose de uretra.
- Escroto: observa-se a simetria da pele, úlceras, presença dos testículos e massas escrotais.
Problemas: escoriações da pele, lesões, dor, massas, nódulos, assimetria, neoplasias, edemas,
varicocele, hidrocele, hérnias, criptorquidias.
- Períneo: é simétrico e sem lesões. Problemas: lesões e DST.
- Próstata: é examinada pelo toque retal. É palpada sobre a superfície ventral da parede retal. Quando
há queixa de fenômenos urinários irritativos: disúria, polaciúria, estrangúria, associados à diminuição da
força do jato urinário, isto é, denominado de prostatismo (decorrente de uma hiperplasia e próstata).

19) Exame físico dos membros


O cliente a ser examinado deve encontrar-se de pé, decúbito dorsal horizontal, ou sentado. Utiliza-se
a inspeção, palpação e movimentação simultaneamente, observando:
- Ossos: devem ser simétricos e alinhados.
Problemas:
Deformação com angulação para dentro: genu valgo, coxa valgo e hálux valgo.
Deformidade com angulação para fora: geno varo, coxa vara, perna vara, pé varo e hálux varo.
Deformações localizadas e associadas a sinal flogístico: abscesso, tumor e fraturas.
Defeitos ósseos.
- Músculos: variam conforme o tipo físico e atividade de cada cliente. Mede-se a circunferência bilateral
para avaliar o grau de massa muscular. Problemas: alteração da massa muscular (distrofia, atrofia ou
hipertrofia), agenesia, abscesso, nódulos, tumores.
-Tônus muscular: hipertonia (rigidez) e hipotonia (flacidez).
-Motilidade: Involuntária: tremores, tiques e miastemia
-Plegias (ausência de movimentos): hemi, mono, para e tetra.
-Paresias (perda da força, sem perder o movimento): hemi, mono, para e tetra.
-Força muscular: é maior do lado dominante, está diretamente ligada ao sexo, idade e condicionamento
físico. Avalia-se em movimento contra resistência.
Problemas: algia (contraturas e distensões) e fraqueza muscular.
- Articulações: avalia-se em relação à amplitude dos movimentos ativos e passivos e condições dos
tecidos circundantes.
Limitação do movimento: artrite reumatoide, osteoporose, inflamações dos tecidos periarticulares,
contusão e entorse.
Serão classificadas como: móveis, semimóveis e imóveis.
Inflamação: sinovite, bursite e febre reumática.
Deformidade: contratura, luxação, artrite reumatóide, fratura e artropatia degenerativa.
Alterações de movimentação: paralisia, mioclonia (espasmos musculares regulares) e tetania.

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Nódulos; Artralgia; Crepitações e estalidos
- Rede venosa: para realizar o exame é necessário garrotear o membro, avaliando a presença de
varizes e edema.
- Número de dedos das mãos e pés: sindactilia e polidactilia.
- Pele
- Marcha
- Pulsos.

Bibliografia
POTTER, Patrícia A.; PERRY, Anne G. Grande Tratado de Enfermagem Prática: Clínica e Prática Hospitalar. 3.ed. São Paulo: Santos, 1998, 999 p.
TIMBY, Bárbara K. Conceitos e Habilidades Fundamentais no Atendimento de Enfermagem. 6.ed. Porto Alegre:Artmed, 2001.
GEORGE, Júlia B.(cols.) Teorias de Enfermagem: Fundamentos da Prática Profissional. 4.ed., Porto Alegre: Artmed, 2000.
HORTA, Wanda de Aguiar. Processo de Enfermagem. Ribeirão Preto: Pedagógica, 1979.
MEZZOMO, Augusto Antônio. Serviço de prontuário do paciente: organização e técnica. 4. ed., São Paulo: Cedas, 1991.

Questões

01. (SES/PE - Analista em Saúde - Enfermeiro Assistencial - UPENET/IAUPE) Na Consulta de


Enfermagem, o Enfermeiro realiza o exame clínico. Sobre o exame do abdome, leia as afirmativas abaixo:
I. O abdome pode ser dividido em nove regiões. Na região do epigastro, encontram-se a cárdia, o
estômago, o piloro parte do fígado, o cólon transverso e o pâncreas.
II. O enfermeiro, ao inspecionar um abdome, pode encontrar um abdome plano, arredondado,
protuberante, ou até, escavado. Na suspeita de presença de ascite, está indicada a mensuração da
circunferência abdominal.
III. A presença de ruídos aéreos deve ser descrita quanto à frequência e intensidade. Os ruídos
hidroaéreos hipoativos estão presentes em distúrbios eletrolíticos, íleo paralítico e isquemia de cólon.
IV. A percussão do abdome auxilia na determinação do tamanho e da localização de vísceras sólida e
na avaliação da presença e distribuição de gases líquidos e massas.

Estão CORRETAS
(A) I, II e IV, apenas.
(B) I, II, III e IV.
(C) II, III e IV, apenas.
(D) III e IV, apenas.
(E) I e III, apenas.

02. (FUMUSA - Enfermeiro – CAIPIMES) Os procedimentos que constituem as bases do exame


clínico são: a entrevista, a inspeção, a palpação, a percussão e a ausculta. Considerando a percussão
dígito-digital, analise as afirmativas abaixo, dê valores verdadeiro (V) ou falso (F) e assinale a alternativa
que apresenta a sequência correta de cima para baixo.
( ) Os sons encontrados são maciço, submaciço, timpânico e claro pulmonar.
( ) O som timpânico é encontrado em regiões desprovidas de ar (músculo, fígado, coração). Esse som
transmite sensação de dureza e resistência.
( ) O som maciço é obtido em regiões que contenham ar, recobertas por membrana flexível, como o
estômago.
( ) Trata-se do golpeamento com um dedo a borda ungueal ou a superfície dorsal da segunda falange
do dedo médio ou indicador da outra mão, que se encontra espalmada e apoiada na região a ser
examinada.

(A) V – V – V – V.
(B) F – V – V – F.
(C) V – F – F – V.
(D) F – V – V – V.

Gabarito

01.B / 02.C

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Processo de comunicação e relação profissional-paciente

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL TERAPÊUTICO ENFERMEIRO – PACIENTE1

1. Introdução

Em 1947, Helena Willis Render, foi a primeira autora a introduzir a idéia de que o relacionamento entre
o (a) enfermeiro (a) e o paciente, é de um potencial terapêutico significativo. Em 1952, a enfermeira,
médica e educadora, Hildegard E. Peplau, escreveu um livro que revolucionou o ensino e a prática da
enfermagem psiquiátrica nos Estados Unidos, tendo como enfoque o potencial terapêutico do
relacionamento de pessoa para pessoa. Desde então, a enfermagem psiquiátrica vem ampliando sua
visão utilizando os conceitos originalmente propostos por Render e Peplau. (TAYLOR, 1992)
Para Stuart & Laraia (2002), “ o relacionamento terapêutico entre enfermeira e paciente é uma
experiência de aprendizado mútuo e uma experiência emocional corretiva para o paciente. Nessa relação,
a enfermeira utiliza a si próprio e as técnicas clinicas especificadas na trabalho com o paciente para gerar
introvisão e alteração comportamental do paciente”.
Também para Stuart & Laraia os objetivos de um relacionamento terapêutico são direcionados no
sentido do crescimento do cliente e incluem o seguinte.

Auto – realização, auto – aceitação, e auto – respeito aumentados.


Senso claro de identidade pessoal e da integração pessoal melhorada.
Capacidade de formar relacionamentos íntimos, interdependentes e interpessoais com capacidade de
dar e receber amor.
Melhoria da função e capacidade aumentada de satisfazer as necessidades e alcançar objetivos
pessoais realistas.

Segundo Taylor (1992), “ a enfermeira possui uma ferramenta singular que pode ter mais influência
sobre o cliente do que qualquer medicamento ou terapia: ele (a) mesmo. ” Para tanto, faz-se necessário
uma auto-análise que constitui um aspecto essencial para ser capaz de fornecer os cuidados de
enfermagem terapêuticos, como:

Autoconsciência
Esclarecimento dos valores
Exploração dos sentimentos
Capacidade de servir como exemplo
Senso de ética e responsabilidade

1.1 Fases do Relacionamento de acordo com Stuart & Laraia (2002)

Há quatro fases sequenciais do relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e o cliente:

1. Fase de Pré- interação: explorar seus próprios sentimentos, fantasias e medos, analisando seus
pontos fortes e suas limitações profissionais. Obter dados sobre o paciente, quando possível. Planejar o
primeiro encontro com o paciente.
2. Fase introdutória ou de orientação: determinar o motivo pelo qual o cliente procurou ajuda,
estabelecer confiança, aceitação e comunicação franca, explorar os pensamentos, os sentimentos e as
ações do cliente identificando os problemas, definir objetivos com o cliente, bem como, estabelecer
acordo mútuo para incluir nomes, funções, responsabilidades, expectativas, finalidade, local de encontro,
condições para o término e confidencialidade.
3. Fase de trabalho: investigar os estressores relevantes, promover o desenvolvimento da introvisão
do paciente e o uso de mecanismos de adequação construtivos, discutir e superar os comportamentos
de resistência.

1
Disponível em: http://www.psiquiatriageral.com.br/enfermagem/relacionamento_interpessoal_terapeutico_enfermeiro_paciente.htm.

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4. Fase de encerramento: estabelecer a realidade da separação, rever o progresso da terapia e o
alcance dos objetivos, explorar mutuamente os sentimentos de rejeição, perda, tristeza e raiva ajudá-lo
transferir para suas interações com os outros o que aprendeu no relacionamento, enfermeiro (a) – cliente.

A última fase necessita de um cuidado especial para ser realizada, uma vez que, o término do
relacionamento pode ser uma experiência traumática tanto para o (a) enfermeiro (a) quanto para o cliente,
porque compartilham muitas coisas pessoais e importantes. Alguns clientes podem ficar deprimidos, e
inconscientemente, acreditar que foram pessoalmente responsáveis pela perda do (a) enfermeiro (a),
outros podem reagir de maneira agressiva ou até mesmo negar ter conhecimento sobre o término da
relação. Assim, o profissional também experimentará um senso de perda, vista que, investiu muito tempo,
energia, pensamentos e emoções no cliente. Caso não reconheça este sentimento de perda, ele pode
demonstrar uma preocupação indevida com o bem-estar futuro do cliente, encorajando-o a permanecer
por mais algumas sessões, ou estimulando sua dependência. Enfatizando que, tem um efeito muito
negativo os clientes não receberem uma oportunidade para expressar seus sentimentos em uma situação
assim ou não obterem auxilio para lidar com os mesmos, com grande possibilidade de reativar antigos
sintomas já manifestados.

2. Comunicação Facilitadora

Para Stuart & Laraia (2002) a teoria da comunicação é relevante para a prática de enfermagem
psiquiátrica por três motivos principais. Primeiro, a comunicação estabelece um relacionamento
terapêutico, porque implica na condução de informações e a troca de pensamentos e sentimentos.
Segundo, a comunicação é um meio pelo qual as pessoas influenciam o comportamento das outras,
tornando assim possível um bom resultado da intervenção de enfermagem direcionada a promover a
alteração comportamental adaptativa. Terceiro, a comunicação é o próprio relacionamento.

2.1 Níveis de Comunicação

Comunicação verbal: ocorre através das palavras, escritas ou faladas, e é essencial entre o (a)
enfermeiro (a) e o cliente.

Comunicação não verbal: ocupa todos os cinco sentidos e engloba tudo que não envolve a palavra
escrita ou falada. As cinco categorias são:
1. Indícios vocais são ruídos e sons para linguísticos ou extra fala.
2. Indícios de ação são todos os movimentos do corpo, incluindo a expressão facial e postura.
3. Indícios de objeto são o uso, intencional ou não, de objetos por uma pessoa, como roupas ou outros
pertences.
4. Espaço é a distância física entre duas pessoas
5. Toque é o contato físico entre duas pessoas, sendo a comunicação não verbal mais pessoal.

2.2 O processo da comunicação

A comunicação humana é um processo dinâmico que é influenciado pelas condições psicológicas e


fisiológicas dos participantes. São identificados cinco componentes funcionais:
1. Emissor: o gerador da mensagem.
2. Mensagem: a informação transmitida do emissor para o receptor.
3. Receptor: aquele que recebe a mensagem, cujo comportamento é influenciado por ela.
4. Retorno: a resposta do receptor para o emissor.
5. Contexto: o local onde a comunicação ocorre.

Para se obter uma comunicação eficaz é necessário que ela seja voltada para a preservação do auto
respeito do (a) enfermeiro (a) e do cliente e que a comunicação da aceitação e compreensão precede a
quaisquer sugestões de informações. O quadro abaixo identifica várias técnicas de comunicação
terapêutica com definições, exemplos, valor terapêutico e ameaças não terapêuticas.

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Quadro 1.1 Técnicas de comunicação terapêutica

Ameaça não
Técnica Definição Exemplo Valor terapêutico
terapêutica
Processo ativo de
Comunicam de
receber as
Manter o contato modo não verbal, o
informações e
visual e a interesse e
Ouvir examinar a sua Falha em ouvir
comunicação não aceitação do
própria reação às
verbal receptiva. enfermeiro ao
mensagens
paciente.
recebidas
Estimular o Indica a aceitação
Rejeição das
Amplas paciente a escolher “O que você está pelo profissional e o
respostas, domínio
aberturas o tema da pensando?” valor da iniciativa do
do profissional.
discussão paciente
Repetir para o Indica que o
“Você disse que sua
paciente o profissional está Falta de atenção e
mãe te abandonou
Reafirmação pensamento escutando interpretação pelo
quando você tinha 5
principal que ele atentamente o profissional.
anos de idade. ”
expressou paciente.
Tentar pôr em “Não estou certa do Ajuda a esclarecer Falha em sondar,
Esclarecimento palavras as ideias que você quer dizer, os sentimentos, compreensão
vagas do paciente. poderia repetir?” ideias e percepções. presumida.
Confirma que o
“Você está tenso e Sentimentos e
Orientar ideias, profissional
ansioso, e isso tem respostas impróprias
sentimentos, compreende o que o
relação com a à experiência cultural
Reflexão dúvidas e paciente está
conversa que você e ao nível de
satisfação de volta dizendo, e indica
teve com sua mãe instrução do
para o paciente empatia interesse e
ontem?” paciente.
respeito por ele.
Questões ou
afirmações que
“Acho que deveríamos Permite o paciente
ajudem o paciente
Focalização falar mais sobre você discutir os assuntos Mudar de tema.
a ir além do
e seu pai. ” centrais.
assunto de
interesse.
“Percebi que em todos
Permite melhor
os seus
Ressaltar os temas exploração e Fornecer
relacionamentos você
Identificar os ou problemas que compreensão dos aconselhamento,
foi ferido por um
temas surgem problemas reafirmar,
homem. Você acha
repetidamente importantes do desaprovar.
que isso é um tema
paciente.
fundamental.
Dar tempo ao
paciente para
Falta de Sentar com o paciente Questionar o
pensar e ter
comunicação e comunicar de modo paciente, falha em
Silêncio discernimento,
verbal por motivo não verbal, o interesse quebrar o silêncio
enquanto transmite
terapêutico. e o envolvimento. não terapêutico.
apoio, compreensão
e aceitação.
Libera energia por “Isso dá um novo Pode promover o
Subestimar o
meio de um significado geral à discernimento
paciente, tentar evitar
Humor comentário cômico palavra ‘nervoso’, tornando
intimidade não
sobre a disse com ar de conscientes os
terapêutica;
imperfeição. brincadeira”. temas reprimidos.
Fonte: STUART, G.W & Laraia, M.T Enfermagem psiquiátrica 4 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002.

3. Dimensões do relacionamento

Stuart & Laraia (2002), defendem que o profissional enfermeiro deve adquirir determinadas habilidades
e qualidades para iniciar e continuar um relacionamento terapêutico, dos quais fazem parte em especial
a comunicação verbal e não verbal comentados anteriormente. Em geral, dividem-se da seguinte maneira:

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Dimensões responsivas: implicam autenticidade, respeito, compreensão empática e senso da
realidade. Elas são essenciais na fase de orientação do relacionamento para estabelecer confiança e
uma comunicação franca. E continuam a ser úteis em todas as fases do tratamento e término, além de
permitir que o cliente atinja a introvisão.

Dimensões orientadas pela ação: incluem a confrontação, a proximidade, a auto revelação do (a)
enfermeiro (a), catarse emocional e teatralização. Favorecem o progresso do relacionamento terapêutico
identificando os obstáculos ao crescimento do cliente e ressaltando a necessidade não só da
compreensão interna, como também da ação externa e alteração do comportamento.

Quadro 1.2 Dimensões responsáveis e de ação para o relacionamento terapêutico entre


enfermeiro e paciente

Dimensão Característica
Dimensões
responsivas
Autenticidade Implica que o profissional é uma pessoa aberta coerente, autentica e acessível.
Sugere que o paciente seja tratado como uma pessoa digna que é valorizada e
Respeito
aceita sem restrição.
Vê o mundo do paciente a partir da estrutura de referência interna do mesmo,
Compreensão
com sensibilidade para os atuais sentimentos e com a capacidade verbal de
empática
comunicar essa compreensão em linguagem acessível ao paciente.
Implica o uso de terminologia específica, em vez de abstrações, na discussão
Senso de realidade
dos sentimentos, experiências e comportamentos do paciente.
Dimensões de
ação
Expressão pelo (a) enfermeiro (a) das discrepâncias percebidas no
Confronto
comportamento do paciente para expandir sua autoconsciência.
Quando a atual interação entre o profissional e o paciente é usado para
Imediatismo
aprender sobre a conduta do paciente em outros relacionamentos interpessoais.
Quando o profissional dá informações sobre si mesmo e sobre suas ideias,
Auto revelação do
valores, sentimentos e atitudes para facilitar a cooperação, o aprendizado, a
(a) enfermeiro (a)
catarse ou o apoio do paciente.
O paciente é estimulado a falar sobre os aspectos mais preocupantes da vida,
Catarse emocional
para efeito terapêutico.
Atuar em uma determinada situação para aumentar a auto compreensão do
paciente nas relações humanas e aprofundar sua capacidade de observar uma
Teatralização
situação de um outro ponto de vista, permite que ele experimente um novo
comportamento em um ambiente seguro.
Fonte: STUART, G.W & Laraia, M.T Enfermagem psiquiátricas 4 ed.. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002.

3.1 Impasses terapêuticos

Os impasses terapêuticos, ou bloqueios na progressão do relacionamento entre o (a) enfermeiro (a) e


o paciente, são de três tipos principais:
Resistência.
Transferência.
Contratransferência.

São originados de uma série de motivos, porém criam, sem exceção, barreiras no relacionamento
terapêutico. Porém, o profissional deve lidar com eles o mais breve possível, visto que, eles provocam
sentimentos intensos no (a) enfermeiro (a) e no paciente, como ansiedade e apreensão até frustração,
amor ou raiva intensa (STUART & LARAIA, 2002).

3.2 Resistência

É uma tentativa do paciente de não perceber os aspectos que geram ansiedade nele próprio, tornando-
se uma relutância natural ou uma defesa. Com frequência essa resistência resulta da má vontade do
paciente de mudar quando se reconhece a necessidade de mudança, e geralmente, este comportamento

. 25
1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
é demonstrado durante a fase de trabalho do relacionamento, porque ele comporta a maior parte de
resolução de problemas. Vejamos algumas formas de resistência:

Supressão e repressão de informações pertinentes


Intensificação dos sintomas
Auto depreciação e visão negativa quanto ao futuro
Busca forçada em relação à saúde, na qual o paciente experimenta uma recuperação súbita, mas de
curta duração
Inibições intelectuais, que podem evidenciar-se quando o paciente diz que não tem nada em mente ou
que é incapaz de pensar sobre seus problemas; falta ou chega atrasado às consultas; ou mostra-se
desatento, silencio ou sonolento
Comportamento de teatralização ou irracional
Conversa superficial
Compreensão intelectual, na qual o paciente verbaliza auto compreensão com o uso correto da
terminologia, embora continue com comportamento inadaptado, ou uso da defesa da intelectualização
quando não existe introvisão
Desprezo pela normalidade, que fica evidente quando o paciente desenvolveu o discernimento mas
se recusa a assumir a responsabilidade pela mudança com base em que a normalidade não é tão atraente
Reações de transferência

3.3 Transferência

É uma resposta inconsciente em que o paciente experimenta sentimentos e atitudes pelo enfermeiro
que estavam originalmente associados a figuras significativas em sua vida. O termo refere-se a um
conjunto de reações que tentam reduzir ou aliviar a ansiedade. Essas reações de transferência só são
perigosas para o processo terapêutico quando permanecem ignoradas, sendo os principais tipos, as
reações hostis e as reações dependentes.

3.4 Contratransferência

É um impasse terapêutico criado pelo profissional, frequentemente em resposta a uma resistência do


paciente. Refere-se a uma resposta emocional especifica dada pelo (a) enfermeiro (a) ao paciente, as
quais não são justificadas pelos fatos reais, mas sim, um conflito prévio experimentado com tópicos como
autoridade, afirmação sexual e independência. Em geral, essas reações são de três tipos: reações de
amor ou preocupação intensos, reações de hostilidade ou aversão intensa, reações de ansiedade intensa.

Dificuldade de criar empatia com o paciente em determinados aspectos do problema.


Sentir-se deprimida durante ou depois da sessão.
Falta de empenho na implementação do acordo, como chegar atrasada ou acelerar a prorrogação
Sonolência durante as sessões
Sentir raiva ou impaciência com a falta de vontade de mudar do paciente
Estimular a dependência, o elogio ou o afeto do paciente
Discutir com o paciente ou tender a “empurrar” o paciente antes que este esteja pronto
Tentar ajudar o paciente em questões não relacionadas com os objetivos de enfermagem identificados
Envolvimento pessoal ou social com o paciente
Devaneios ou preocupações com o paciente
Fantasias sexuais ou agressivas em relação ao paciente
Ansiedade recorrente, intranquilidade ou culpa relacionadas com o paciente
Tendência a focalizar apenas um aspecto da informação apresentada pelo paciente ou visualiza-la
apenas de uma maneira.
Necessidade de defender as intervenções de enfermagem com o paciente perante os outros

3.5 Transgressão de limites

Ocorrem quando o profissional sai dos limites do relacionamento terapêutico e estabelece um


relacionamento social, comercial ou pessoal com um paciente. Segue alguns exemplos:

O paciente sai com a enfermeira para almoçar ou jantar.


O relacionamento profissional transforma-se em relacionamento social

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A enfermeira vai a uma festa a convite do paciente
A enfermeira regularmente faz revelações de cunho pessoal ao paciente
O paciente apresenta a enfermeira aos membros da família, como a um filho ou filha, com a finalidade
de um relacionamento social.
A enfermeira aceita presentes vindos do trabalho do paciente
A enfermeira concorda em encontrar o paciente para tratamento fora do ambiente usual, sem
justificativa terapêutica
A enfermeira frequenta as obrigações sociais do paciente
O paciente dá à enfermeira um presente caro
A enfermeira rotineiramente abraça ou tem contato físico com o paciente
A enfermeira mantém algum tipo de relação comercial com o paciente

4. Superação dos impasses terapêuticos

Para superar os impasses terapêuticos, o enfermeiro deve-se estar preparado à exposição de


sentimentos e emoções intensos dentro do relacionamento entre enfermeiro (a) e cliente. De início, o
profissional deve reconhecer os impasses e comportamentos que indicam sua existência, então refletir e
esclarecer o sentimento, enfocando de maneira mais objetiva possível o que está acontecendo.
Por fim, os objetivos do relacionamento e as áreas de necessidade e de problemas do cliente são
revistas. Isso, provavelmente ajudará no desenvolver de um pacto terapêutico compatível com o processo
do relacionamento entre ambos.

Referências Bibliográficas
TAYLOR, Cecelia Monat. Fundamentos de Enfermagem Psiquiátrica. 13ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
STUART, G.W & LARAIA, M.T Enfermagem psiquiátricas 4 ed. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso editores 2002.

Assistência de enfermagem ao paciente visando atender as necessidades de:


conforto, segurança e bem-estar, higiene e segurança ambiental

SEGURANÇA DO PACIENTE

Dez Passos para Segurança do Paciente

Passo 1 Identificação do Paciente


A identificação do paciente é prática indispensável para garantir a segurança do paciente em qualquer
ambiente de cuidado à saúde, incluindo, por exemplo, unidades de pronto atendimento, coleta de exames
laboratoriais, atendimento domiciliar e em ambulatórios. Erros de identificação podem acarretar sérias
consequências para a segurança do paciente. Falhas na identificação do paciente podem resultar em
erros de medicação, erros durante a transfusão de hemocomponentes, em testes diagnósticos,
procedimentos realizados em pacientes errados e/ou em locais errados, entrega de bebês às famílias
erradas, entre outros. Para assegurar que o paciente seja corretamente identificado, todos os
profissionais devem participar ativamente do processo de identificação, da admissão, da transferência ou
recebimento de pacientes de outra unidade ou instituição, antes do início dos cuidados, de qualquer
tratamento ou procedimento, da administração de medicamentos e soluções. A identificação deve ser
feita por meio de pulseira de identificação, prontuário, etiquetas, solicitações de exames, com a
participação ativa do paciente e familiares, durante a confirmação da sua identidade.

Medidas sugeridas
- Enfatize a responsabilidade dos profissionais de saúde na identificação correta de pacientes antes
da realização de exames, procedimentos cirúrgicos, administração de medicamentos /
hemocomponentes e realização de cuidados.
- Incentive o uso de pelo menos dois identificadores (ex.: nome e data de nascimento) para confirmar
a identidade de um paciente na admissão, transferência para outro hospital e antes da prestação de
cuidados. Em pediatria, é também indicada a utilização do nome da mãe da criança.
- Padronize a identificação do paciente na instituição de saúde, como os dados a serem preenchidos,
o membro de posicionamento da pulseira ou de colocação da etiqueta de identificação, uso de cores para
identificação de riscos, placas do leito.

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- Desenvolva protocolos para identificação de pacientes com identidade desconhecida, comatosos,
confusos ou sob efeito de ação medicamentosa.
- Desenvolva formas para distinguir pacientes com o mesmo nome.
- Encoraje o paciente e a família a participar de todas as fases do processo de identificação e esclareça
sua importância.
- Realize a identificação dos frascos de amostra de exames na presença do paciente, com
identificações que permaneçam nos frascos durante todas as fases de análise (pré-analítica, analítica e
pós-analítica).
- Confirme a identificação do paciente na pulseira, na prescrição médica e no rótulo do
medicamento/hemocomponente, antes de sua administração.
- Verifique rotineiramente a integridade das informações nos locais e identificação do paciente (ex.:
pulseiras, placas do leito).
- Desenvolva estratégias de capacitação para identificar o paciente e a checagem da identificação, de
forma contínua, para todos os profissionais de saúde.

Pontos de atenção
- Nunca utilize idade, sexo, diagnóstico, número do leito ou do quarto para identificar o paciente.
- Verifique continuamente a integridade da pele do membro no qual a pulseira está posicionada.
- No caso de não aceitação de qualquer tipo de identificação aparente (ex.: pulseira ou etiqueta), por
parte do paciente ou dos familiares, utilize outras formas para confirmar os dados antes da prestação dos
cuidados, como uso de etiquetas com a identificação do paciente posicionadas no lado interno das roupas.

Passo 2 Cuidado Limpo e Cuidado Seguro Higienização das mãos


Higienizar as mãos é remover a sujidade, suor, oleosidade, pelos e células descamativas da microbiota
da pele, com a finalidade de prevenir e reduzir as infecções relacionadas a assistência à saúde.
Quando proceder à higienização das mãos: 1. Antes e após o contato com o paciente. 2. Antes e após
a realização de procedimentos assépticos. 3. Após contato com material biológico. 4. Após contato com
o mobiliário e equipamentos próximos ao paciente.

Medidas sugeridas

I. Higienização das mãos com água e sabão


- Molhe as mãos com água.
- Aplique sabão.
- Esfregue as palmas das mãos.
- Esfregue a palma da mão sobre o dorso da mão oposta com os dedos entrelaçados.
- Esfregue as palmas das mãos com os dedos entrelaçados. Esfregue o dorso dos dedos virados para
a palma da mão oposta.
- Envolva o polegar esquerdo com a palma e os dedos da mão direita, realize movimentos circulares
e vice-versa.
- Esfregue as polpas digitais e unhas contra a palma da mão oposta, com movimentos circulares.
- Friccione os punhos com movimentos circulares.
- Enxágue com água.
- Seque as mãos com papel-toalha descartável e use o papel para fechar a torneira.
- Higienização das mãos com fórmula à base de álcool
- Posicione a mão em forma de concha e coloque o produto, em seguida espalhe-o por toda a superfície
das mãos.
- Esfregue as palmas das mãos.
- Esfregue a palma da mão sobre o dorso da mão oposta com os dedos entrelaçados.
- Esfregue as palmas das mãos com os dedos entrelaçados. 5. Esfregue o dorso dos dedos virados
para a palma da mão oposta.
- Envolva o polegar esquerdo com a palma e os dedos da mão direita, realize movimentos circulares
e vice-versa.
- Esfregue as polpas digitais e unhas contra a palma da mão oposta, com movimentos circulares.
- Friccione os punhos com movimentos circulares.
- Espere que o produto seque naturalmente. Não utilize papel-toalha.

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Pontos de atenção
- Lave as mãos com água e sabão quando visivelmente sujas, contaminadas com sangue ou outros
fluidos corporais.
- Use preferencialmente produtos para higienização das mãos à base de álcool para antissepsia
rotineira, se as mãos não estiverem visivelmente sujas.
- Lave as mãos com água e sabão, com antisséptico ou as higienize com uma formulação alcoólica
antes e após a realização de procedimentos.
- Nunca use simultaneamente produtos à base de álcool com sabão antisséptico. 5. O uso de luvas
não substitui a necessidade de higienização das mãos. 6. Na ausência de pia com água e sabão, utilize
solução à base de álcool.
- Encoraje os pacientes e suas famílias a solicitar que os profissionais higienizem as mãos.
- Estimule os familiares e visitantes a higienizar suas mãos, antes e após o contato com o paciente.

Passo 3 Cateteres e Sondas Conexões Corretas


A administração de fármacos e soluções por cateteres, sondas e seringas é prática de enfermagem
comum que pode ser desenvolvida em ambientes de atendimento à saúde. A infusão de soluções em
vias erradas, como soluções que deveriam ser administradas em sondas enterais serem realizadas em
cateteres intravenosos, devido a possibilidade de conexão errada, é um evento frequente, porém pouco
documentado, que pode causar graves consequências e até a morte do paciente. A capacitação, a
orientação e o acompanhamento contínuo sobre os riscos à segurança do paciente frente às conexões
erradas devem ser destinados a todos os profissionais de saúde.

Medidas sugeridas
- Oriente os pacientes e familiares a não manusear os dispositivos, não devendo realizar conexões ou
desconexões, e que sempre solicitem a presença do profissional de enfermagem.
- Identifique cateteres arteriais, venosos, peridurais e intratecais com cores diferentes para garantir o
manuseio seguro.
- Evite a utilização de injetores laterais nos sistemas arteriais, venosos, peridurais e intratecais.
- Realize a higienização das mãos antes de manipular os sistemas de infusão.
- Realize a desinfecção das conexões de cateteres com solução antisséptica alcoólica e gaze, por três
vezes com movimentos circulares, antes de desconectar os sistemas.
- Verifique todos os dispositivos, desde a inserção até a conexão, antes de realizar as reconexões,
desconexões ou administração de medicamentos e soluções.
- Posicione os sistemas de infusão (equipos, buretas, extensões) em diferentes sentidos, como os de
infusão intravenosa posicionados para a porção superior do leito, no sentido da cabeça do paciente, e
sistemas de infusão de dietas enterais em direção à porção inferior, no sentido dos pés.
- Realize a passagem de plantão entre turnos e entre unidades de internação com dupla checagem
das conexões dos dispositivos.
- Padronize o uso de seringas específicas e sistemas de infusão com conexão Luer Lock para
administração de medicamentos por via oral ou por sondas enterais.
- Utilize somente equipos de cor azul para infusão de dietas enterais.
- Identifique a bomba de infusão na qual a dieta está sendo administrada.
- Lembre-se de que toda a instituição deve fornecer capacitação para uso de novos dispositivos.
- Priorize a escolha de cateteres, sondas e seringas desenvolvidos com dispositivos que previnam
conexões incorretas e contribuam para a segurança do paciente.
- Incentive o paciente e seus familiares a participar da confirmação dos medicamentos e soluções que
serão administrados, a fim de assegurar a infusão correta durante os cuidados domiciliares e nas
instituições de saúde.

Passo 4 Cirurgia Segura


Este passo apresenta medidas para tornar o procedimento cirúrgico mais seguro e ajudar a equipe de
saúde a reduzir a possibilidade de ocorrência de danos ao paciente, promovendo a realização do
procedimento certo, no local e paciente corretos. A utilização de uma ou de várias listas de verificação
(check-list) traz inúmeras vantagens. Os serviços devem elaborar suas listas específicas, dependendo da
complexidade dos procedimentos que são realizados.

Medidas sugeridas
- Estimule a comunicação eficaz e adequada entre os membros da equipe, eliminando quaisquer
dúvidas a respeito de quais procedimentos serão realizados e os materiais que deverão ser utilizados.

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- Identifique corretamente o paciente e o oriente para participar da marcação do local da intervenção
cirúrgica.
- Verifique se o prontuário pertence ao paciente, se os procedimentos cirúrgicos e anestésicos foram
planejados e se estão anotados no prontuário, e se os exames laboratoriais e de imagem são de fato do
paciente.
- Confirme se os materiais imprescindíveis para realizar o procedimento encontram-se na sala e se o
carrinho de emergência está completo.
- Desenvolva listas de verificação específicas e as utilize nas diferentes etapas do processo. Por
exemplo: lista de montagem de sala cirúrgica, lista de conferência dos documentos em prontuário, lista
de verificação do carrinho de anestesia.
- Estimule a cultura de segurança do paciente, implantando a lista de verificação recomendada pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) que define três fases distintas: checar imediatamente antes (sign
in - realizado antes da indução anestésica); checar antes (time out - realizado antes da incisão na pele) e
checar depois (sign out - realizado antes de o paciente sair da sala de cirurgia):
a) Checar imediatamente antes (Sign in - antes da indução anestésica): • Confirmação do paciente:
identificação do paciente, do local da cirurgia, do procedimento a ser realizado e preenchimento do
consentimento informado. • Marcação do local da intervenção cirúrgica pelo profissional que irá realizar o
procedimento e/ou pelo paciente. • Realização dos procedimentos de segurança para anestesia, pelo
anestesista, como a conferência do equipamento de anestesia. • Monitoramento de oximetria.
- Verificação de alergias.
- Verificação das dificuldades de ventilação ou risco de aspiração.
- Avaliação de possíveis perdas sanguíneas ou risco de aspiração.
b) Checar antes (Time out - antes da incisão na pele): - Confirmação de todos os membros que
compõem a equipe, apresentando-se pelo nome e função. - Confirmação do paciente, local da cirurgia e
tipo de procedimento.
- Verificação pelo cirurgião dos pontos críticos da cirurgia, duração do procedimento e perdas
sanguíneas. • Verificação pelo anestesista dos pontos críticos da anestesia.
- Verificação pela enfermagem dos pontos críticos da assistência, como indicadores de esterilização e
equipamentos necessários para a cirurgia. - Realização de antibioticoterapia profilática.
Verificação da necessidade de equipamentos radiográficos.
c) Checar depois (Sign out - antes do paciente sair da sala de cirurgia): • Confirmação do procedimento
realizado.
- Conferência dos instrumentais, compressas e agulhas.
- Conferência, identificação e armazenamento correto de material para biópsia.
- Anotação e encaminhamento de problemas com algum equipamento.
- Cuidados necessários na recuperação anestésica.
- Solicite uma pausa nas atividades dos profissionais para a realização de cada etapa da lista de
verificação, que deverá ser feita em voz alta.
- Registre no prontuário que o procedimento de verificação foi realizado, bem como os nomes dos
profissionais que participaram.
Pontos de atenção
- A marcação cirúrgica deve ser clara e sem ambiguidade, devendo ser visível mesmo após o paciente
preparado e coberto.
- O local é marcado em todos os casos que envolvam lateralidade (direito/ esquerdo), múltiplas
estruturas (dedos das mãos/pés, lesões) ou múltiplos níveis (coluna vertebral).
- Se houver recusa do paciente em demarcar determinada região, ou o paciente não estiver orientado,
a instituição deverá adotar mecanismos que assegurem o local correto, a intervenção correta e o paciente
correto.

Passo 5 Sangue e Hemocomponentes Administração Segura


A administração intravenosa de sangue total ou hemocomponentes pode ser definida como a
transferência de sangue e hemocomponentes de um indivíduo (doador) para outro (receptor). Está
indicada para pacientes que sofreram perda sanguínea significante ou alterações hematológicas
decorrentes de doenças ou procedimentos (ex.: choque, traumatismo, hemorragia, doenças sanguíneas,
intervenções cirúrgicas, entre outros). A infusão só poderá ocorrer após a confirmação da identidade do
paciente e sua compatibilidade com o produto (glóbulos vermelhos, plaquetas, fatores de coagulação,
plasma fresco congelado, glóbulos brancos). A administração deve limitar-se, sempre que possível, ao
componente sanguíneo que o indivíduo necessita, pois a administração do produto específico é mais

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segura e evita reações em decorrência da infusão de componentes desnecessários. Erros na
administração de sangue total e hemocomponentes comprometem a segurança do paciente.

Medidas sugeridas
- Confirme a identificação do paciente na pulseira, na prescrição médica e no rótulo do
hemocomponente, antes da sua administração. Esta verificação deverá ocorrer DUAS vezes antes de
iniciar a infusão.
- Administre sangue total ou hemocomponentes provenientes de bancos de sangue qualificados, que
realizam testes de identificação de doenças transmitidas pelo sangue (HIV, hepatite, sífilis) e mantêm
controle de qualidade dos seus produtos quanto a coleta, análise, preparo, armazenamento e transporte.
- Mantenha o sangue e alguns componentes por no máximo 30 minutos em temperatura ambiente
antes de iniciar a infusão, ou de acordo com o protocolo institucional.
- Aqueça os componentes apenas em equipamentos apropriados e em temperatura controlada. Nunca
utilize aquecimento em banho-maria ou micro-ondas.
- Avalie os sinais vitais do paciente imediatamente antes do procedimento.
- Avalie a permeabilidade do cateter intravenoso e a ausência de complicações, como infiltração ou
flebite, antes da instalação do produto.
- Realize a infusão em via exclusiva.
- Permaneça junto ao paciente nos primeiros 15 minutos após a instalação para identificar possíveis
sinais de reações adversas (aumento da temperatura corpórea, exantema ou rash cutâneo, prurido,
edema, vertigem, cefaleia, tremores, calafrios e dor). Após este período avalie o paciente a cada 30 ou
45 minutos.
- Interrompa imediatamente a administração na vigência de um ou mais sinais de reação adversa e
mantenha a permeabilidade do cateter intravenoso com solução salina. Proteja a extremidade do equipo
para evitar contaminação e encaminhe a bolsa contendo o sangue total ou hemocomponente ao banco
de sangue para análise. Verifique a pressão arterial, frequência cardíaca, frequência respiratória e
temperatura do paciente.
- Comunique imediatamente o ocorrido ao médico responsável pelo atendimento do paciente.
- Mantenha a infusão por no máximo quatro horas, devido ao risco de contaminação e ou alterações
do produto, seguindo o protocolo da instituição.
- Realize a infusão de solução salina, após a administração do produto, com o objetivo de manter a
permeabilidade do cateter.
- Despreze a bolsa de sangue após a infusão em sacos ou recipientes que evitem vazamentos e
resistam às ações de punctura e ruptura, conforme RDC - Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº
306, ANVISA, que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de
saúde.

Pontos de atenção
- Quanto à utilização de bomba de infusão, certifique-se do respaldo técnico e científico do fabricante
para esta indicação, atentando à ocorrência de hemólise.
- Certifique-se de que o paciente declarou consentimento para a infusão de sangue e
hemocomponentes.

Passo 6 Paciente Envolvido com sua Segurança


O paciente pode e deve contribuir para a qualidade dos cuidados à sua saúde, fornecendo informações
importantes a respeito de si mesmo e interagindo com os profissionais da saúde. Ele deve ser estimulado
a participar da assistência prestada e encorajado a fazer questionamentos, uma vez que é ele quem tem
o conhecimento de seu histórico de saúde, da progressão de sua doença e dos sintomas e experiências
com os tratamentos aos quais já foi submetido. Além disso, desenvolver um ambiente que proporcione
cuidados centrados no paciente, tornando-o, bem como seus familiares, agentes ativos na busca de sua
segurança, promove interesse, motivação e satisfação com o cuidado prestado, aspectos que possibilitam
ter um bom resultado nas condições de saúde.

Medidas sugeridas
- Estimule o paciente ou algum responsável (família, responsável legal, advogado) a participar das
decisões do cuidado.
- Identifique características específicas quanto à maturidade, condições clínicas e legais que
possibilitam assumir suas responsabilidades, como pacientes pediátricos, psiquiátricos, anestesiados, em
tratamento intensivo ou emergencial.

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- Analise as fragilidades do paciente e a fase do tratamento ou doença, como a fadiga, estresse, dor e
desconforto, associadas à ansiedade e ao medo, uma vez que estes aspectos podem influenciar as
respostas do paciente.
- Propicie o fortalecimento do vínculo do paciente e família com a equipe, pois estes fornecem
informações sobre os sintomas, a história e o tratamento.
- Compartilhe decisões sobre o tratamento e procedimento, por meio de informações referentes aos
potenciais benefícios, riscos e prejuízos sobre cada opção que for apresentada.
- Avalie as dificuldades de comunicação, barreiras de linguagem, falta de entendimento das
orientações, fatores sociais e de personalidade que prejudicam a tomada de decisão adequada. Deve-se
proceder à resolução desses aspectos por meio de processos institucionais e envolvimento da família.
- Utilize meios adequados e linguagem compreensível para disponibilizar as informações aos
diferentes grupos de pessoas.
- Utilize recursos que se adaptem aos pacientes que tenham barreiras visuais, auditivas e de fala.
- Respeite o tempo de cada paciente para compreender as informações fornecidas.
- Crie estratégias para verificar se o paciente compreendeu as informações, repetindo-as, caso os
objetivos não tenham sido alcançados.
- Permita que o paciente consulte as informações registradas no prontuário a respeito dos seus
cuidados e tratamento, mantendo os documentos devidamente preenchidos, claros e sem rasuras.
- Entenda que o paciente tem o direito de saber se os profissionais que irão cuidar dele são
competentes para prestar uma assistência segura.
- Leve em consideração perguntas, queixas e observações do paciente, pois ele é a última barreira
para impedir que eventos adversos ocorram.
- Eduque o paciente para a cidadania, estimulando-o a conhecer seus direitos e responsabilidades.
- Disponibilize tempo para responder aos questionamentos do paciente e família, ouvir suas
observações e promover a educação para a saúde.

Passo 7 Comunicação Efetiva


A comunicação é um processo recíproco, uma força dinâmica capaz de interferir nas relações, facilitar
e promover o desenvolvimento e o amadurecimento das pessoas e influenciar comportamentos. Existem
diversas formas de comunicação, como verbal, não verbal, escrita, telefônica, eletrônica, entre outras,
sendo fundamental que ocorra de forma adequada permitindo o entendimento entre as pessoas. O
paciente recebe cuidados de diversos profissionais e em diferentes locais, o que torna imprescindível a
comunicação eficaz entre os envolvidos no processo.

Medidas sugeridas

I – Passagem de plantão
- Transmita informações sobre o paciente em ambiente tranquilo, livre de interrupções e com tempo
disponível para esclarecer as dúvidas do outro profissional.
- Comunique as condições do paciente, os medicamentos que utiliza, os resultados de exames, a
previsão do tratamento, as recomendações sobre os cuidados e as alterações significativas em sua
evolução.
- Informe sobre os procedimentos realizados e, no caso de crianças, qual familiar acompanhou sua
realização.
- Registre as informações em instrumento padronizado na instituição para que a comunicação seja
efetiva e segura.

I – Registro em prontuário
- Verifique se os formulários onde estão sendo realizados os registros são do paciente.
- Coloque data e horário antes de iniciar o registro da informação. 3. Registre as informações em local
adequado, com letra legível e sem rasuras.
- Faça uso apenas de abreviaturas e siglas padronizadas, observando as que não devem ser utilizadas.
- Realize o registro de modo completo e objetivo, desprovido de impressões pessoais.
- Siga o roteiro de registro da informação estabelecido pela instituição.
- Coloque a identificação do profissional ao final de cada registro realizado.

Pontos de atenção
- Recomenda-se a padronização dos instrumentos para o registro das informações e dos métodos de
comunicação entre os profissionais.

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- A gravidade do paciente e a complexidade dos cuidados favorecem a ocorrência de erros de omissão
ou de distorção da comunicação entre os profissionais, comprometendo, assim, a segurança do paciente.
- O paciente tem o direito de conhecer os registros realizados em seu prontuário clínico.
- As informações referentes às condições clínicas do paciente são restritas a ele próprio, aos
profissionais envolvidos e aos que são autorizados pelo paciente ou legalmente estabelecidos.
- As instituições definem a forma de identificação dos profissionais, que normalmente incluem o nome
completo, assinatura, categoria, registro profissional e carimbo.
- As prescrições verbais ou telefônicas só poderão ocorrer em situações de emergência, cujo
procedimento deve estar claramente definido pela instituição. Medidas de segurança devem ser
implementadas, como repetir em voz alta, de modo completo, a informação dada pelo emissor, com
documentação em formulário, prazo para a validação da prescrição e conferência com outro profissional.

Passo 8 Prevenção de Queda


A queda pode ser definida como a situação na qual o paciente, não intencionalmente, vai ao chão ou
a algum plano mais baixo em relação à sua posição inicial. A avaliação periódica dos riscos que cada
paciente apresenta para ocorrência de queda orienta os profissionais a desenvolver estratégias para sua
prevenção.
Fatores de risco para ocorrência de queda: 1. Idade menor que 5 anos ou maior que 65 anos. 2.
Agitação/confusão. 3. Déficit sensitivo. 4. Distúrbios neurológicos. 5. Uso de sedativos. 6. Visão reduzida
(glaucoma, catarata). 7. Dificuldades de marcha. 8. Hiperatividade. 9. Mobiliário (berço, cama, escadas,
tapetes). 10. Riscos ambientais (iluminação inadequada, pisos escorregadios, superfícies irregulares). 11.
Calçado e vestuário não apropriado. 12. Bengalas ou andadores não apropriados.

Medidas sugeridas
- Identifique os pacientes de risco com a utilização de pulseiras de alerta. 2. Oriente os profissionais e
familiares a manter as grades da cama elevadas.
- Oriente o paciente e acompanhante a solicitar ao profissional auxílio para a saída do leito ou poltrona.
- Oriente o acompanhante a não dormir com criança no colo.
- Oriente o acompanhante a avisar a equipe toda vez que for se ausentar do quarto.
- Disponibilize equipamentos de auxílio à marcha, quando necessário.
- Crie ambiente físico que minimize o risco de ocorrência de quedas, como barras de segurança nos
banheiros, corrimões nas escadas, utilização de fitas antiderrapantes, placas de informação.
- Adeque os horários dos medicamentos que possam causar sonolência.
- Oriente a utilização de calçados com sola antiderrapante e adequados ao formato dos pés.
- Realize periodicamente manutenção das camas, berços e grades. 1. Monitore e documente as
intervenções preventivas realizadas.

Pontos de atenção
- O uso de contenção mecânica, em caso de agitação ou confusão do paciente, deve ser
criteriosamente analisado, uma vez que requer a autorização de familiares, definição de protocolos
institucionais e utilização de equipamentos apropriados.
- Oriente o profissional de saúde a comunicar e registrar casos de queda, implementando medidas
necessárias para diminuir danos relacionados à sua ocorrência.

Passo 9 Prevenção de Úlcera por Pressão


Úlcera por pressão é uma lesão na pele e ou nos tecidos ou estruturas subjacentes, geralmente
localizada sobre uma proeminência óssea, resultante de pressão isolada, ou combinada com fricção e/ou
cisalhamento. A avaliação periódica dos riscos que cada paciente apresenta para a ocorrência de úlceras
por pressão orienta os profissionais a desenvolver estratégias para sua prevenção.
Fatores de risco para úlcera por pressão: 1. Grau de mobilidade alterado. 2. Incontinência urinária e/ou
fecal. 3. Alterações da sensibilidade cutânea. 4. Alterações do estado de consciência. 5. Presença de
doença vascular. 6. Estado nutricional alterado.

Medidas sugeridas
- Avalie o risco do paciente para desenvolvimento de úlceras por pressão na admissão em qualquer
serviço de saúde, realize reavaliações periódicas e utilize escalas específicas.
- Proteja a pele do paciente do excesso de umidade, ressecamento, fricção e cisalhamento.
- Mantenha os lençóis secos, sem vincos e sem restos alimentares

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- Utilize dispositivos de elevação (elevador, trapézio), rolamentos ou lençóis ao realizar a transferência
do paciente da cama para a maca, da cama para a poltrona, entre outras.
- Hidrate a pele do paciente com cremes à base de ácidos graxos essenciais. 6. Realize mudança de
decúbito conforme protocolos institucionais.
- Incentive a mobilização precoce passiva e/ou ativa, respeitando as condições clínicas do paciente.
- Utilize superfícies de suporte e alívio da carga mecânica para minimizar os efeitos do excesso de
pressão causado pela imobilidade, como o uso de almofadas, travesseiros ou coxins apropriados.
- Providencie colchão de poliuretano (colchão caixa de ovo) para o paciente acamado.

Pontos de atenção
- Não é recomendada a utilização de luvas com água em substituição aos dispositivos de prevenção.
- Havendo o aparecimento de úlceras por pressão, deve-se tratá-las conforme protocolos institucionais,
monitorando e documentando sua evolução.
- Utilize escalas para avaliação de úlceras por pressão, como a Escala de Braden e a Escala de Norton.

Passo 10 Segurança na Utilização da Tecnologia


A segurança na utilização da tecnologia compreende o benefício e o impacto no uso de um ou mais
recursos, em prol do restabelecimento da saúde do paciente. Visa identificar soluções que têm como
propósito promover melhorias específicas em áreas de maior risco na assistência à saúde, para que a
tecnologia seja utilizada de maneira apropriada. A seguir estão descritas algumas medidas para
promoção de segurança na utilização de alguns equipamentos utilizados na área da saúde.

Medidas sugeridas
- Consulte o manual do fabricante de qualquer equipamento.
- Avalie se o equipamento apresenta condições adequadas para o uso.
- Simule o funcionamento normal do aparelho, desconecte o plugue da tomada e verifique se o alarme
de bateria começa a soar.
- Efetue a limpeza programada do equipamento e/ou sempre que necessário.
-. Verifique o adequado funcionamento do equipamento.
- Verifique em que condições encontra-se o equipamento, se foi realizada a manutenção e a
programação para manutenção preventiva e calibração do equipamento.
- Peça orientações ao serviço de engenharia ou manutenção da instituição sobre o uso adequado de
equipamentos quando houver qualquer dúvida.
- Leia o manual simplificado do equipamento desenvolvido pela instituição, que deve estar visível e
legível no aparelho. Siga a sequência correta para o manuseio.
- Informe as condições de uso, disparo do alarme e anormalidades ao paciente e/ou familiar.
- Explique ao paciente como acionar o profissional em caso de urgências.
- Posicione o equipamento em local seguro para prevenir quedas e acidentes.
- Faça as anotações na ficha de atendimento ou no prontuário do paciente descrevendo a orientação
fornecida, as condições do equipamento e o uso no paciente.
- Monitore o paciente com frequência, analisando as condições do equipamento em uso.
- Analise se o equipamento tem condições técnicas para o atendimento das necessidades clínicas do
paciente, participando do processo de adequação da tecnologia aplicada ao cuidado de enfermagem.

Pontos de atenção
- Conheça as diferentes alternativas tecnológicas, auxiliando na escolha do equipamento mais
adequado.
- Verifique e aplique as legislações pertinentes.
- Conheça e siga os protocolos específicos no uso e manuseio de cada equipamento.
- Conheça as condições de substituição, empréstimo, obsolescência e ou alocação do recurso
tecnológico.
- Certifique-se de que possui habilidade e conhecimento técnico para o manuseio do equipamento com
segurança.
- Em caso de falta do recurso tecnológico necessário, o enfermeiro deve verificar se há alternativas.
- Se o paciente referir alergia a algum produto / conexão / tubo do equipamento, registre na ficha de
atendimento ou no prontuário e realize a substituição.
- Na recusa do paciente em utilizar o equipamento, explique os benefícios e indicações para o
tratamento de saúde e identifique os motivos para a rejeição. Se necessário o enfermeiro deve avaliar as
condições do paciente, sua opinião e a possibilidade de substituição do equipamento.

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http://www.ebah.com.br/

Questões

01. Com relação à segurança do paciente e de acordo com a Classificação Internacional de Segurança
do Paciente da Organização Mundial da Saúde, assinale a alternativa que apresenta a definição de risco.
(A) Redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde.
(B) Evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário ao paciente.
(C) Incidente com potencial dano ou lesão.
(D) Probabilidade de um incidente ocorrer.
(E) Incidente que resulta em dano ao paciente.

Gabarito

01.D

Comentários

01. Resposta: D
Risco é a probabilidade de um incidente ocorrer.

MEDIDAS DE HIGIENE E DE SEGURANÇA NOS SERVIÇOS DE ENFERMAGEM

Boas práticas em higiene hospitalar e técnicas corretas de limpeza fazem parte dos princípios de
qualquer instituição de saúde para se evitar contaminações e a disseminação de infecções, já que um
hospital concentra inúmeros microrganismos, bactérias e vírus nocivos à saúde dos pacientes e também
dos trabalhadores.
Qualificar a equipe profissional que atua nas áreas aonde a higienização faz-se necessária em período
integral é um dos pilares para um atendimento de qualidade, proporcionando segurança, conforto e bem-
estar ao paciente e aos colaboradores da instituição.
A enfermagem é parte integrante deste processo e em muitas instituições ela é a responsável pelo
setor de Higienização, estando à frente na tomada de decisões.
Através da higienização, proporciona-se aos clientes internos e externos um ambiente limpo e
esteticamente organizado, livre de mau odor, visando conforto, segurança e bem estar.
A utilização de boas práticas durante a execução dos processos de limpeza, além de eliminar a
sujidade visível e reduzir a carga contaminante das superfícies, evita a disseminação de microrganismos
através da adoção de medidas de controle, preserva a saúde ocupacional e o meio ambiente.

Há três tipos de limpezas: concorrente, terminal e de manutenção.

A limpeza concorrente é aquela realizada enquanto o paciente encontra-se no apartamento, nas


dependências da instituição de saúde. O funcionário retira o lixo e os resíduos depositando-os em sacos
plásticos, recolhe a roupa suja para encaminhar à lavanderia e recolhe outros materiais, como jornais e
revistas, por exemplo.

A limpeza terminal é realizada após a saída do paciente, seja por alta, óbito ou transferência. Este
ato compreende a limpeza de superfícies, sejam elas verticais ou horizontais, e a desinfecção do
mobiliário.
E temos a limpeza de manutenção, que têm como objetivo, manter o padrão da limpeza das
dependências, nos intervalos entre as limpezas concorrentes ou terminais. Neste caso, deve-se estar
atento à reposição de materiais de higiene, recolhimento de resíduos, manutenção das superfícies limpas
e secas etc.

Como são classificadas as áreas de serviços de saúde?


As áreas são classificadas de acordo com o risco potencial de transmissão de infecções:

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
- Áreas críticas: são aquelas onde existe um risco aumentado de infecções, onde se realizam muitos
procedimentos de risco. Ex: OS, UTI, CC, CO, locais onde se encontram pacientes imunocomprometidos
etc.

- Áreas semicríticas: ocupadas por pacientes com moléstias infecciosas de baixa transmissibilidade
e doenças não infecciosas, ambulatórios, quartos ou enfermarias de pacientes etc.

- Áreas não críticas: áreas não ocupadas por pacientes e onde não se realizam procedimentos de
risco. Ex. áreas administrativas.

Como a enfermagem pode contribuir no processo de Higienização do ambiente?


Fazendo o que lhe compete, como, por exemplo:
- Após a saída do paciente (alta, óbito ou transferência) recolher materiais provenientes da assistência:
bombas de infusão, equipos, soros, perfurocortantes, comadres, roupas etc.;
E uma observação: a equipe de higienização só deve iniciar a limpeza terminal após a retirada destes
materiais, ou seja, quanto mais a enfermagem demorar, maior tempo para liberação do quarto;
- Recolher os perfurocortantes de locais inadequados (piso, bancadas, leitos etc.);
- Fechar coletores de perfuro cortantes;
- Realizando a limpeza do leito enquanto o paciente está internado. Lembrando que não compete ao
funcionário da higiene higienizar o leito ocupado, pois representa risco à segurança do paciente;
- Realizar a limpeza de materiais e equipamentos relacionados à assistência: equipamentos de RX,
bombas de infusão, equipamentos utilizados para monitoramento dos pacientes etc.

Os protocolos desenvolvidos em busca da padronização das ações de higiene devem ser validados
pelo SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar).

Algumas dicas para a equipe de higienização e liderança:


- NUNCA recolher PC (perfurocortante) de locais inadequados
- NUNCA fechar coletores de PC
- Segurar coletores de PC pelas alças
- Não utilizar pano de chão para limpeza do piso (o ato de torcer o pano pode levar ao acidente)
- NUNCA encostar o saco de resíduos no corpo
- Segurar o saco de resíduos pelas bordas etc.

Lavando as mãos
No dia-a-dia de nosso trabalho executamos grande variedade de procedimentos, muitos deles
repetidas vezes. Em geral, a importância que lhes é conferida associa-se ao grau de complexidade, à
tecnologia envolvida, à capacidade de provocar danos ou complicações ao paciente e à frequência de
realização. A pouca adesão dos profissionais da área de saúde à prática de lavagem das mãos reflete
em parte essa situação, pois é procedimento simples, comum na esfera social como hábito de higiene, o
que certamente não lhe confere o valor e o status de alta tecnologia. E muitas são as justificativas usadas
pela equipe para não fazê-lo, como, dentre outras: falta de pias e degermantes adequados, sobrecarga
de serviço, situações de emergência. Em contrapartida, os especialistas são unânimes em afirmar que
este é um dos procedimentos mais significativos para a prevenção e o controle da infecção hospitalar,
sendo-lhe atribuída a possibilidade de redução acentuada da carga microbiana quando as mãos são
lavadas com água e sabão e com degermantes como povidine ou clorexidina, destaca-se também o uso
do álcool gel.

Luvas esterilizadas e de procedimento


Outra barreira utilizada para o controle da disseminação de microrganismos no ambiente hospitalar
são as luvas, esterilizadas ou não, indicadas para proteger o paciente e o profissional de contaminação.
As luvas esterilizadas, denominadas luvas cirúrgicas, são indicadas para a realização de
procedimentos invasivos ou manipulação de material estéril, impedindo a deposição de microrganismos
no local. Exemplos: cirurgias, suturas, curativos, cateterismo vesical, dentre outros.
As luvas de procedimento são limpas, porém não esterilizadas, e seu uso é indicado para proteger
o profissional durante a manipulação de material, quando do contato com superfícies contaminadas ou
durante a execução de procedimentos com risco de exposição a sangue, fluidos corpóreos e secreções.
Não há nenhum cuidado especial para calçá-las, porém devem ser removidas da mesma maneira que a
luva estéril, para evitar que o profissional se contamine.

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Precauções-padrão
As precauções-padrão devem ser utilizadas no atendimento de todos os pacientes sempre que houver
risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, peles não-íntegras e mucosas.

São ações das precauções-padrão:


- Lavar as mãos: antes e após o contato com o paciente; após descalçar as luvas, pois nelas podem
haver pequenos furos ou ocorrer contaminação durante a remoção; após contato com sangue, secreções
e excreções, equipamentos e artigos contaminados; entre a realização de procedimentos com o mesmo
paciente, como curativo, aspiração traqueal, coleta de sangue, etc.; entre a manipulação de um paciente
e outro; entre a realização do mesmo procedimento em pacientes diferentes, como esvaziamento de urina
do sistema de drenagem fechado;
- Utilizar luvas estéreis antes da execução de procedimento asséptico e luvas de procedimento sempre
que existir a possibilidade de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, mucosa,
pele não-íntegra e artigos, equipamentos e superfícies contaminados; retirar as luvas imediatamente após
o uso e antes de tocar em outro paciente ou qualquer material ou superfície, como caneta, telefone,
papeleta, maçaneta de porta, etc.;
- Usar avental limpo não-estéril ou impermeável (quando necessário) nos casos de risco de contato
com respingos de líquidos corporais e/ou sangue; retirá-lo após o término do procedimento;
- Utilizar máscara, protetor de olhos e protetor de face sempre que realizar procedimentos sujeitos a
risco de respingos de líquidos corporais e/ou sangue como, por exemplo, aspiração de secreção traqueal;

- Manter os cuidados adequados com os artigos e equipamentos de uso em pacientes, no tocante à


limpeza, desinfecção ou esterilização;
- Prevenir acidentes com materiais perfurocortantes: ter cuidado com o uso, manipulação, limpeza e
descarte de agulhas, bisturis e similares; não remover as agulhas contaminadas das seringas; não realizar
o reencape das agulhas; usar recipiente apropriado para o descarte de materiais perfurocortantes;
- Realizar o controle ambiental: fazer a limpeza e descontaminação de superfícies ambientais e
mobiliário, quando contaminados com sangue e/ou líquidos corporais;
- Cuidar das roupas usadas: utilizar luvas de procedimento ao manusear as roupas sujas de sangue,
líquidos corporais, secreções e excreções, evitando o contato direto com pele e mucosas, bem como com
a própria roupa;
- Utilizar quarto privativo nos casos em que haja risco de contaminação ambiental.

Precauções de contato
As precauções de contato são indicadas para pacientes colonizados ou infectados por microrganismos
veiculados por contato direto ou indireto (ex: objetos), que tenham grande importância epidemiológica -
como infecção por agentes multirresistentes.
Além das medidas de precaução-padrão, as precauções de contato envolvem as medidas de uso de
quarto privativo ou comum para pacientes que apresentem a mesma doença ou microrganismo; o uso de
avental na possibilidade de risco de contato das roupas do profissional com área ou material infectante
quando da realização de higiene do paciente com diarreia, incontinência fecal/urinária e ferida com
secreção não-contida pelo curativo; manutenção do paciente no quarto/enfermaria, evitando sua saída;
uso exclusivo de artigos e equipamentos pelo paciente; limpeza e desinfecção ou esterilização dos
mesmos após a alta do paciente. Os familiares devem ser orientados quanto aos cuidados a serem
tomados para evitar risco de contaminação.

Precauções respiratórias
As precauções respiratórias para aerossóis exigem as medidas de utilização das precauções-padrão;
quarto privativo, sendo obrigatórios: manter a porta fechada; utilizar máscara apropriada (tipo N95) ao
prestar cuidados a pacientes com suspeita ou doença confirmada de transmissão por aerossóis; manter
o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja necessidade de transportá-lo, colocar máscara
comum tipo cirúrgica.
As precauções respiratórias para gotículas necessitam de medidas de utilização das precauções-
padrão; quarto privativo ou comum para pacientes com a mesma doença; uso de máscara comum, tipo
cirúrgica, por todas as pessoas que entrem no quarto no período de transmissão da doença - sendo
necessário desprezá-la à saída do quarto; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja
necessidade de transportá-lo, colocar máscara comum tipo cirúrgica no mesmo.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Precauções empíricas
As precauções empíricas são indicadas para os casos de pacientes sem diagnóstico definitivo, porém
com indícios de infecção por agentes que necessitem de precauções. Devem permanecer até que haja
confirmação ou esclarecimento do diagnóstico. Nestes casos inserem-se:

- Precauções de contato: diarreias agudas de etiologia infecciosa, erupção vesicular, abcessos ou


feridas com exsudato que extravase a cobertura;
- Precauções para aerossóis: erupção vesicular, tosse com febre e infiltração de lobo pulmonar em
qualquer local em paciente HIV positivo;
- Precauções para gotícula: meningite, exantema petequial e febre.
http://bvsms.saude.gov.br

Assistência do técnico de enfermagem ao paciente visando atender as


necessidades terapêuticas

Caro leitor esse assunto foi abordado no tópico Processo de comunicação e relação profissional-
paciente.

Registro de enfermagem

ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM2

As Anotações de Enfermagem, fornecem dados que irão subsidiar o enfermeiro e a equipe de


enfermagem nos estabelecimentos de saúde para planejamento e prescrição de cuidados. Também,
suporte para análise reflexiva dos cuidados ministrados, respectivas respostas do paciente e resultados
esperados da Evolução de Enfermagem.
Portanto, a Anotação de Enfermagem é fundamental para o desenvolvimento da Sistematização de
Enfermagem (SAE), pois é fonte de informações essenciais para assegurar a continuidade da assistência.
Contribui, ainda, para a identificação das alterações do estado e das condições do paciente, favorecendo
a detecção de novos problemas, a avaliação dos cuidados prescritos e, por fim, possibilitando a
comparação das respostas do paciente aos cuidados prestados (CIANCIARULLHO et al, 2001).

Algumas regras são importantes para elaboração das Anotações de Enfermagem, dentre as
quais:
- Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológica;
- Devem ser precedidas da data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de
cada registro;
- Não conter rasuras, entrelinhas, linhas em branco ou espaços;
- Não escrever de lápis, sempre caneta azul, vermelha e/ou preta (varia com cada norma de cada
instituição)
- Conter observações efetuadas, cuidados prestados, seja, eles os já padronizados, de rotina e
específico;
- Devem, ainda, constar das respostas do paciente frente ao cuidados prescritos pelo enfermeiro,
intercorrências, sinais e sintomas observados;
- Devem priorizar a descrição de características, como tamanho mensurado (cm, mm, etc.), quantidade
(ml, l, etc.), coloração e forma;
- Não conter termos que deem conotação de valor (bem, mal, muito, pouco, etc.);
- Conter apenas abreviaturas previstas na literatura;
- Devem ser referente aos dados simples, que não requeiram maior aprofundamento científico. Não é
correto, por exemplo, o técnico ou auxiliar de enfermagem anotar dados referentes ao exame físico do

2
CIANCIARULLO, T.I. et al (Orgs). Sistema de assistência de enfermagem: evolução e tendências. São Paulo: Ícone, 2001.
EBISUI, C.T.N. Procedimentos de Enfermagem. Reedição revisada e ampliada. São Paulo: Copidart, 2002.

. 38
1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
paciente, como abdome distendido, timpânico, etc.; visto que, para a obtenção destes dados, é necessário
ter realizado o exame físico prévio, que constitui ação privativa do enfermeiro.

As Anotações de Enfermagem são registros de:


- Todos os cuidados prestados – incluem as prescrições de enfermagem e médicas cumpridas, além
dos cuidados de rotina, medida de segurança adotadas, encaminhadas ou transferência de setor, entre
outros;
- Sinais e sintomas – incluem os identificados através da simples observação e os referidos pelo
paciente. Importante destacar que os sinais vitais mensurados devem ser registrados pontualmente, ou
seja, os valores exatos aferidos, e não normotenso, normocárdico, etc.;
- Intercorrências – incluem o fatos ocorridos com o paciente e medidas adotadas.

Devem ser registradas em formulário/documentos, com cabeçalho devidamente preenchido com os


dados do paciente, de acordo com os critérios estabelecidos na instituição.

RESOLUÇÃO COFEN Nº 545/20173

Anotação de Enfermagem e mudança nas siglas das categorias profissionais.

O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei
nº 5.905, de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento Interno da Autarquia, aprovado pela Resolução Cofen
nº 421, de 15 de fevereiro de 2012, e

CONSIDERANDO o art. 8º, inciso IV, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973 que dispõe sobre a
competência do Cofen em baixar provimentos e expedir instruções, para uniformidade de procedimento
e bom funcionamento dos Conselhos Regionais;
CONSIDERANDO o disposto no art. 22, X e XI, do Regimento Interno do Cofen, aprovado pela
Resolução Cofen nº 421/2012, que autoriza o Conselho Federal de Enfermagem a baixar Resoluções,
Decisões e demais instrumentos legais no âmbito da Autarquia;
CONSIDERANDO o prescrito no artigo 23, inciso XIV, do Regimento Interno do Cofen, que dispõe
sobre a competência do Plenário do Cofen em deliberar sobre pareceres e instruções para uniformidade
de procedimentos, e regular funcionamento dos Conselhos Regionais de Enfermagem;
CONSIDERANDO a Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, e o Decreto nº 94.406, de 08 de junho de
1987, que regulamentam o exercício da Enfermagem;
CONSIDERANDO a Resolução Cofen n.º 311/2007, que aprovou a reformulação do Código de Ética
dos Profissionais de Enfermagem;
CONSIDERANDO o disposto na Resolução Cofen nº. 358/2009 que dispõe sobre a Sistematização da
Assistência de Enfermagem – SAE, nas Instituições de Saúde Brasileiras;
CONSIDERANDO a Resolução Cofen nº. 429/2012, que dispõe sobre o registro das ações
profissionais no prontuário do paciente, e em outros documentos próprios da enfermagem, independente
do meio de suporte – tradicional ou eletrônico;
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Cofen, durante a realização de sua 486ª ROP, bem
como todos os documentos acostados ao Processo Administrativo Cofen no 0348/2016;

RESOLVE:

Art. 1º Ficam adotadas as normas contidas nesta Resolução para a anotação e o uso do número de
inscrição, ou autorização, nos Conselhos Regionais, pelos integrantes das várias categorias
compreendidas nos serviços de Enfermagem.

Art. 2º A anotação do número de inscrição dos profissionais de Enfermagem é feita com a sigla do
Coren, acompanhada da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional, seguida
do número de inscrição, separados todos os elementos por hífen.
§ 1º Os dados contidos no artigo segundo deverão constar do carimbo do profissional, pessoal e
intransferível;
§ 2º Em ambos os casos descritos no parágrafo anterior, o profissional deverá apor sua assinatura
sobre os dados descritos ou rubrica.

3
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-05452017_52030.html - Acesso em 04/09/2018 às 15h45min.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Art. 3º As categorias profissionais de enfermagem deverão ser indicadas pelas seguintes siglas:
a) ENF, para Enfermeiro;
b) OBST, para Obstetriz.
c) TE, para Técnico de Enfermagem;
d) AE, para Auxiliar de Enfermagem, e
e) PAR , para Parteira.

Art. 4º A anotação do número de autorização é feita com a sigla AUT seguida da sigla da Unidade da
Federação onde está sediado o Conselho Regional e do número da autorização, separadas as siglas por
barra e o número por hífen.
Parágrafo único A categoria referida neste artigo é o Atendente de Enfermagem, que é indicado pela
sigla AT.

Art. 5º É obrigatório o uso do carimbo, pelo profissional de Enfermagem nos seguintes casos:
I – em recibos relativos a percepção de honorários, vencimentos e salários decorrentes do exercício
profissional;
II – em requerimentos ou quaisquer petições dirigidas às autoridades da Autarquia e às autoridades
em geral, em função do exercício de atividades profissionais; e,
III – em todo documento firmado, quando do exercício profissional, em cumprimento ao Código de
Ética dos Profissionais de Enfermagem.

Art. 6º A inobservância do disposto na presente Resolução submeterá o infrator às normas contidas


no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.

Art. 7º Os Conselhos Regionais observarão a presente norma e divulgarão os termos desta Resolução,
zelando por sua estrita observância bem como promovendo as medidas necessárias à punição dos
infratores, nos termos da legislação em vigor.

Art. 8º A presente Resolução entra em vigor na data de sua assinatura e publicação no Diário Oficial
da União, revogada a Resolução Cofen nº 191/1996 e demais disposições em contrário.

Brasília-DF, 9 de maio de 2017

MANOEL CARLOS N. DA SILVA

Questões

01. (IF-PA - Auxiliar de Enfermagem – FUNRIO/2016) As anotações de enfermagem são registros


importantes para a continuidade e avaliação da assistência prestada aos usuários da unidade de saúde.
A correta anotação de enfermagem deve obedecer aos seguintes princípios, EXCETO:
(A) fazer sempre as anotações somente ao final da jornada de trabalho para evitar rasuras.
(B) ler a anotação anterior antes de realizar o novo registro.
(C) utilizar terminologia adequada, evitando abreviaturas não previstas na literatura.
(D) priorizar a descrição de características como tamanho, quantidade, coloração e formato.
(E) registrar todas as medidas de segurança utilizadas par proteger o paciente.

02. (Pref. Fortaleza-CE - Técnico em Enfermagem – 2016) A importância do registro no prontuário


reside no fato de que a equipe de enfermagem é a única que permanece continuamente ao lado do
paciente, podendo informar, com detalhes, todas as ocorrências clínicas. Sobre a anotação de
enfermagem, marque o item correto.
(A) Caso o tratamento prescrito não seja realizado, não é necessário fazer anotação.
(B) Os dados podem ser registrados a caneta ou lápis, preferencialmente sem rasuras.
(C) O registro deve ser realizado após a prestação do cuidado, verificando intercorrências e
identificando a hora exata do evento.
(D) Ao final do registro, deve-se assinar a anotação e colocar o número de inscrição do Conselho
Regional de Enfermagem, quando for norma da instituição de saúde.

03.(TJ-PE - Técnico em Enfermagem – FCC) Ao proceder o registro de informações escritas na


anotação de enfermagem recomenda-se

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(A) realizar o registro imediatamente após a ocorrência dos fatos e da execução do procedimento.
(B) utilizar termos como “bom”, “regular”, “normal”, pois tornam a leitura mais objetiva.
(C) manter espaço em branco entre um registro e outro.
(D) usar corretivos e borrachas para correção de erros de documentação, ocultando o registro inicial.
(E) descrever o fato, emitir opiniões e juízo de valor, baseando-se em princípios pessoais e éticos da
profissão.

04. (TER-AL - CESPE) As anotações de enfermagem são registros realizados pelos membros da
equipe de enfermagem sobre as ocorrências e sobre todos os cuidados prestados aos pacientes,
devendo, obrigatoriamente, ser acompanhadas da assinatura e do número do registro no COREN da
pessoa que as realizou.
( )Certo ( )Errado

05. (UFRN) Em relação aos registros e às anotações de enfermagem no prontuário do paciente, é


importante que:
(A) as anotações se limitem aos aspectos relativos à doença ou ao agravo do paciente, pois as demais
anotações são desnecessárias.
(B) as informações sejam breves e resumidas, devendo-se usar abreviaturas e códigos, pois o
importante são os dados estatísticos.
(C) as informações sejam registradas de forma clara, objetiva e completa, com grafia legível, a devida
assinatura e o número do registro do profissional no Conselho.
(D) as anotações de enfermagem e checagem não contenham a assinatura nem o número do registro
do profissional no Conselho, pois não se trata de um documento oficial.

Gabarito

01.A / 02.C / 03.A / 04.Certo / 05.C

Comentários

01.Resposta: A
De maneira geral, toda anotação de enfermagem deve ser precedida de data e hora e após cada
registro.
Escrever de forma clara é obedecer uma sequência dos fatos, tanto lógica, quanto cronológica, para
que seja possível o entendimento dos fatos pelo cliente/ paciente. Ainda nesse contexto inclui o que já foi
citado anteriormente, sobre a escrita legível, e deve ser livre de correções com “branquinho”,
“esparadrapo”, riscos ou afins. Em caso de erro, deve-se utilizar a palavra “digo” e continuar.
Para que não haja esquecimento da cronologia ou do momento dos cuidados e situações ocorridas
com o paciente, os registros devem ser realizados logo após sua constatação ou realização.

02.Resposta: C
Devem ser precedidas da data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de
cada registro.

03.Resposta: A
Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológica;

04.Respota: Certo
Conter observações efetuadas, cuidados prestados, seja, eles os já padronizados, de rotina e
específico.
Devem ser precedidas da data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final de
cada registro.

05.Respota: C
Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais e cronológica.

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Prevenção e controle de infecções

INFECÇÃO HOSPITALAR

Qualquer tipo de infecção adquirida após a entrada do paciente em um hospital ou após a sua alta
quando essa infecção estiver diretamente relacionada com a internação ou procedimento hospitalar,
como, por exemplo, uma cirurgia.
O diagnóstico de infecção hospitalar envolve o uso de alguns critérios técnicos, previamente
estabelecidos:
-Observação direta do paciente ou análise de seu prontuário.
-Resultados de exames de laboratório.
-Quando não houver evidência clínica ou laboratorial de infecção no momento da internação no
hospital, convenciona-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar
após 72 horas da admissão no hospital.
-Também são convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 horas da
internação, quando associadas a procedimentos médicos realizados durante esse período.
-Os pacientes transferidos de outro hospital são considerados portadores de infecção hospitalar do
seu hospital de origem.
-As infecções de recém-nascidos são hospitalares, com exceção das transmitidas pela placenta ou
das associadas a bolsa rota superior a 24 horas.

Qualquer pessoa que é obrigada a internar-se em ambiente hospitalar para tratamento médico está
sujeita a contrair uma infecção hospitalar, que está diretamente relacionada ao tempo de internação e
procedimento a ser realizado.
Em procedimentos cirúrgicos sempre existem mais riscos de contrair infecção do que em uma
internação sem procedimentos já que Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) ou Centros Cirúrgicos
são locais onde há muito mais chances de contrair infecção.

Sintomatologia
Os sintomas são relacionados ao local do procedimento ou envolvem algum sistema, como respiratório
ou urinário. Pacientes graves podem ter comprometimento de todo o organismo.

Tratamento
Após o diagnóstico de infecção hospitalar, o tratamento é feito sempre com antibióticos injetáveis e
por período de 14 a 30 dias.

Prevenção
A prevenção de infecções hospitalares por todo o mundo depende muito mais da instituição
hospitalar e de seus trabalhadores do que dos pacientes, já que ninguém se interna com intenção de
contrair doenças dentro do hospital.
Os cuidados para não ocorrer elevado número de infecções e sua prevenção e controle envolvem:
- medidas de qualificação da assistência hospitalar;
- de vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do município e estado.

Assepsia é o processo pelo qual são afastados os micro-organismos patogênicos de um local


ou objeto. Em um hospital, a assepsia é essencial para evitar as infecções. São exemplos de assepsia:
- O ato de lavar as mãos (impede a transferência de micro-organismos presentes na mão do agente
de saúde para o paciente).
- A esterilização dos materiais.
- Não tossir, espirrar, e nem mesmo falar sobre material esterilizado.
- Uso de papel toalha para as mãos.
- Não sentar nas camas dos pacientes.
- Não colocar materiais no chão (comadre, bacia).
- Remoção das bactérias da pele (banho, limpeza).

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Fica claro, portanto, que as medidas para a prevenção das infecções hospitalares são de
responsabilidade do hospital e de seus funcionários. A padronização das técnicas de assepsia é o
meio mais eficaz de evitar as infecções hospitalares.
Os hospitais devem contar com uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) para:
- fazer o diagnóstico de casos de infecção hospitalar;
- padronizar as técnicas de assepsia;
- promover o treinamento de funcionários;
- ajudar no planejamento do espaço físico do hospital;
- controlar a utilização de antibióticos no trato das infecções (para impedir o uso abusivo), entre outras
atribuições.

Fonte de infecção relacionada ao ambiente

O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma
instituição de saúde. Particularmente no hospital, o ambiente pode tornar-se foco de infecção hospitalar,
embora estudos tenham demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão.
Os cuidados com o ambiente estão centrados principalmente nas ações de limpeza realizadas pelo
Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle
de Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbências:
- padronizar produtos a serem utilizados na limpeza;
- normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as demais, quando
necessário;
- participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza;
- participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto.

Fonte de infecção relacionada à equipe de saúde

A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar.
As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de microrganismos que habitam
o ambiente hospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir uma infecção. Por outro lado, tanto as
medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção implantadas na instituição
também direcionam-se para proteger o próprio trabalhador que ali desempenha sua função, quer seja
prestando assistência direta ao paciente, como no caso do auxiliar de enfermagem ou do enfermeiro,
quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da nutrição e dietética.
Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar,
devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI)
e ou coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de
disponibilizar os recursos necessários à efetivação desses cuidados. A prevenção e o controle da infecção
fundamentam-se nos princípios de assepsia, mediante a utilização de medidas para impedir a penetração
de microrganismos (contaminação) em local onde não estejam presentes.
As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os
procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A assepsia
médica, refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua
disseminação; e a assepsia cirúrgica, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril. As
medidas que visam reduzir e prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos são
denominadas antissepsia.
A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda dependem da
conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização de
atos simples e de fácil execução, tais como:
- lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes
meios para prevenir a infecção cruzada;
- manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira
e microrganismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional;
- manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e
microrganismos;
- evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem constituir-se
em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem microrganismos em seus sulcos e
reentrâncias, bem como na pele subjacente;

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- não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de
pacientes, pois isto favorece a disseminação de microrganismos.

Infecção

É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou presença de micro-organismos em tecidos


orgânicos.

Infecção Comunitária

É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior.
São também comunitárias:
- a infecção que está associada à complicação ou extensão da infecção já presente na admissão
hospitalar, a menos que haja troca de micro-organismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos
da aquisição de nova infecção;
- a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é reconhecida ou foi
comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirose, sífilis, Aids);
- as infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas (vinte e quatro horas).

Princípios:
- evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
- resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de
antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados;
- evidências de estudos com métodos de imagem;
- endoscopia;
- biópsia e outros.

Critérios gerais
- quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe
diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado
infecção hospitalar;
- quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e
ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como infecção hospitalar
toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a
admissão;
- são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e
duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos,
realizados durante esse período;
- as infecções do recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota durante esse período;
- pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores
de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e
ou hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele
hospital.

CLASSIFICAÇÃO DAS CIRURGIAS POR POTENCIAL DE CONTAMINAÇÃO DA INCISÃO


CIRÚRGICA.
- as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida
cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;
- a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com
as seguintes indicações:

Cirurgias Limpas

São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de


processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização

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de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos
digestório ou urinário.
- artroplastia de quadril;
- cirurgias cardíacas;
- herniorrafia;
- neurocirurgia;
- cirurgias ortopédicas eletivas;
- anastomose porto-cava;
- anastomose esplenectomia;
- mastectomia;
- enxertos cutâneos;
- vagotomia supra-seletiva sem drenagem;
- cirurgias vasculares;
- cirurgias torácicas;
- cirurgias sobre o trato respiratório intratorácico ou baixo.
- cirurgias de peritônio: baço, fígado, pâncreas, músculos, ossos, articulações, ovários, trompas, pele,
tecido celular subcutâneo, próstata sem acesso uretral, bexiga sem acesso uretral, ureter, bacinetes.
O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 2%, porém, segundo o
Colégio Americano de Cirurgiões, pode atingir até 5%.

Cirurgias Potencialmente Contaminadas

São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos
de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas
discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nessa categoria. Ocorre
penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.
- histerectomia abdominal;
- cirurgia eletiva de intestino delgado;
- cirurgia de vias biliares;
- cirurgia esofágica, gástrica, duodenal e de íleo;
- feridas traumáticas limpas;
- cirurgias de ouvido externo;
- cirurgia de uretra;
- cirurgia de útero cujo acesso não seja o vaginal;
- quebra menor da técnica asséptica;
- drenagem mecânica.
O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 10%.

Cirurgias Contaminadas

São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação
seja difícil ou impossível, bem como aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras e na
ausência de supuração local.
- apendicectomia sem supuração;
- cirurgia de cólon, reto e ânus;
- cirurgia de vulva e vagina;
- cirurgia de vias biliares em presença de bile contaminada;
- cirurgia intranasal;
- cirurgia oral e dental;
- cirurgia de orofaringe;
- fraturas expostas;
- fraturas traumáticas recentes;
- cirurgias com quebra da técnica asséptica (por exemplo: massagem cardíaca a céu aberto).
Estes procedimentos apresentam um índice de infecção esperando elevado, entretanto não superior
a 15-20%.

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Cirurgias infectadas

São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de


processo infeccioso (supuração local) e ou tecido necrótico.
- cirurgia de reto e ânus com pus;
- cirurgia abdominal em presença de conteúdo de cólon e pus;
- nefrectomia com infecção;
- feridas traumáticas abertas tardias (depois de 10 horas);
- parto normal ou cesariana com bolsa rota há mais de 6 horas.
O índice de infecção esperando para estes procedimentos varia de 28 a 40%

Tipos De Infecções
Infecções Preveníveis

São aquelas passíveis de serem controladas e reduzidas a níveis aceitáveis. Ex: pacientes em uso de
cateteres vesicais, venosos etc.

Infecções Não-Preveníveis

São aquelas que dependem basicamente do hospedeiro (paciente) e sua imunidade e não tanto dos
fatores externos. Ex: infecção em RN prematuros, pacientes terminais, idosos, imunodeprimidos etc.

Infecção Cruzada

É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de profissionais


de saúde e que também é considerada infecção hospitalar.

Colonização – é o aumento de um ou mais tipo de microrganismo sem causar uma reação patogênica.

Isolamento

Define-se como isolamento o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça
a disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e ou para o
meio ambiente.
Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de
transmissibilidade das doenças. Portanto, esta recomendação sobre isolamento deve se completar com
o período de incubação e de transmissão das doenças.
Chama-se de isolamento, toda vez que for necessário quarto individual; nas precauções, o quarto será
individual apenas quando possível.

Normas gerais de isolamento

Para todo paciente que necessite de qualquer tipo de isolamento, deve-se:


- orientar todos os familiares antes da admissão do paciente na área de isolamento quanto ao provável
tempo de internamento nessa área, cuidados e medidas de biossegurança;
- proibir visitas aos pacientes isolados, principalmente de crianças;
- os prontuários e papeletas não deverão ser levados para dentro da área de isolamento. As anotações
poderão ser em papel à parte e logo repassadas para o prontuário;
- a mobília do local de isolamento deverá ser mínima e os utensílios alimentares, descartáveis;
- o material para curativos deverá ser unitário e calculado de acordo com o número de curativos a
serem realizados;
- a roupa de cama e a do paciente deverão ser delicadamente trocadas e encaminhadas à lavanderia
em sacos duplos;
- objetos de uso pessoal deverão ser desinfetados.

Doenças que requerem isolamento total

São as doenças altamente contagiosas e com grande virulência, que podem ser transmitidas
pelo ar e pelo contato direto e ou indireto. Tais doenças requerem quarto privativo, ficando o

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paciente/doente sozinho ou junto com outras pessoas com a mesma doença. A porta do quarto deverá
estar sempre fechada.
É obrigatório para se entrar no quarto de paciente em Isolamento Total o uso de:
- precaução Universal ou Padrão (avental, máscara, luvas - ao manipular o paciente/doente -, óculos);
- a lavagem das mãos antes e após manuseio do paciente e ou procedimentos;
- os aventais deverão ser individuais. E, antes de deixar o quarto, o profissional de saúde deve
dispensá-los em local apropriado. Deve-se calcular a quantidade de aventais para cada período de 24
horas de acordo com o número de funcionários que irão utilizá-los;
- máscaras e luvas deverão ser de uso pessoal, utilizadas uma única vez, devendo ser colocadas em
área limpa e dispensadas em área contaminada. Nunca se deve deixar a máscara pendurada no pescoço,
e, ao utilizá-la deve cobrir a boca e o nariz.

IMPORTANTE:
A limpeza e desinfecção da área deverão ser feitas diariamente, e após alta ou óbito, conforme
normatização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Deverão ser normatizadas tanto as técnicas quanto os materiais de limpeza, os equipamentos de
proteção individual e as soluções a serem usadas (detergente neutro, desinfetantes).
Todo pessoal que trabalhe no setor quer administrativo, quer técnico, deverá ser sistematicamente
treinado e ou avaliado clinicamente e imunologicamente.

Doenças a Serem Isoladas

Isolamento Respiratório:
- Caxumba;
- Coqueluche;
- Estreptococo beta-hemolítico (amigdalite, escarlatina);
- Herpes zoster (contato com imunodeprimido);
- Meningite por Haemophilus;
- Meningite meningocócica;
- Pneumonia estafilocócica;
- Rubéola;
- Sarampo;
- TB (escarro positivo);

Isolamento Protetor:
- Agranulocitose;
- Dermatite bolhosa, vesicular ou eczematosa extensa;
- Imunodeprimido grave;
- Queimadura extensa.

Medidas para a prevenção e o controle de infecções4

Controle de Infecção em Serviços de Saúde

O Programa de Controle de Infecção em Serviços de Saúde é sinônimo de controle de qualidade. Por


isso, essa atividade está sendo desenvolvida pela Anvisa com muito engajamento, em parceria com
Vigilâncias Sanitárias estaduais, municipais, hospitais públicos e privados, instituições de ensino e
profissionais de saúde. A meta maior é divulgar ações que possam prevenir as infecções adquiridas nas
unidades de saúde - hospitais, clínicas e ambulatórios.

Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar

As atividades do Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) foram


delineadas pela Lei nº 9431, de 6 de janeiro de 1997, que dispõe sobre a obrigatoriedade dos
hospitais manterem um Programa de Infecções Hospitalares e criarem uma Comissão de Controle
de Infecções Hospitalares (CCIH) para execução deste controle.

4
http://www.anvisa.gov.br

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LEI Nº 9.431, DE 6 DE JANEIRO DE 19975

Dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de infecções hospitalares


pelos hospitais do País.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu


sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Os hospitais do País são obrigados a manter Programa de Controle de Infecções Hospitalares
- PCIH.
§ 1° Considera-se programa de controle de infecções hospitalares, para os efeitos desta Lei, o
conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente com vistas à redução máxima possível
da incidência e da gravidade das infecções hospitalares.
§ 2° Para os mesmos efeitos, entende-se por infecção hospitalar, também denominada institucional
ou nosocomial, qualquer infecção adquirida após a internação de um paciente em hospital e que se
manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a
hospitalização.

Art. 2° Objetivando a adequada execução de seu programa de controle de infecções hospitalares, os


hospitais deverão constituir:
I - Comissão de Controle de Infecções Hospitalares;
II - (VETADO)

Art. 3° (VETADO)

Art. 4° (VETADO)

Art. 5° (VETADO)

Art. 6° (VETADO)

Art. 7° (VETADO)

Art. 8° (VETADO)

Art. 9° Aos que infringirem as disposições desta Lei aplicam-se as penalidades previstas na Lei n°
6.437, de 20 de agosto de 1977.

Art. 10. (VETADO)

Art. 11. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 6 de janeiro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

As diretrizes e normas que viabilizaram o planejamento do programa foram definidas pela


Portaria GM nº 2.616, de 12 de maio de 1998. De acordo com esta Portaria, as Comissões de
Controle de Infecções Hospitalares devem ser compostas por membros consultores e executores,
sendo esses últimos representantes do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) e
responsáveis pela operacionalização das ações programadas do controle de infecção hospitalar.

5
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9431.htm - Acesso em 04/09/2018 às 15h45min.

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Portaria nº 2.616, de 12 de maio de 19986

O Ministro de Estado da Saúde, Interino, no uso das suas atribuições que lhe confere o art. 87, inciso
II da Constituição, e

Considerando as infecções hospitalares constituem risco significativo à saúde dos usuários dos
hospitais, e sua prevenção e controle envolvem medidas de qualificação da assistência hospitalar, de
vigilância sanitária e outras, tomadas no âmbito do Estado, do Município e de cada hospital, atinentes ao
seu funcionamento;
Considerando que o Capítulo I art. 5º e inciso III da Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, estabelece
como objetivo e atribuição do Sistema Único de Saúde (SUS), “a assistência às pessoas por intermédio
de ações de promoção, proteção e recuperação da Saúde com a realização integrada das ações
assistenciais e das atividades preventivas”,
Considerando que no exercício da atividade fiscalizadora os órgãos estaduais de saúde deverão
observar, entre outros requisitos e condições, a adoção, pela instituição prestadora de serviços, de meios
de proteção capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, clientes, pacientes e dos
circunstantes (Decreto nº 77.052, de 19 de janeiro de 1976, art. 2º, inciso IV);
Considerando os avanços técnico-científicos, os resultados do Estudo Brasileiro da Magnitude das
Infecções hospitalares. Avaliação da Qualidade das Ações de Controle de Infecção Hospitalar, o
reconhecimento mundial destas ações como as que implementam a melhoria da qualidade da assistência
à Saúde, reduzem esforços, problemas, complicações e recursos;
Considerando a necessidade de informações e instrução oficialmente constituída para respaldar a
formação técnico-profissional, resolve:

Art. 1º Expedir, na forma dos anexos I, II, III, IV, e V, diretrizes e normas para a prevenção e o controle
das infecções hospitalares.

Art. 2º As ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com


vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, compõem o
Programa de Controle de infecções Hospitalares.

Art. 3º A secretaria de Política de Saúde, do Ministério da Saúde, prestará cooperação técnica às


Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de orientá-las sobre o exato cumprimento e
interpretação das normas aprovadas por esta Portaria.

Art. 4º As Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde poderão adequar as normas conforme prevê
a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.

Art. 5º A inobservância ou o descumprimento das normas aprovadas por esta Portaria sujeitará o
infrator ao processo e às penalidades previstas na Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977, ou outra que a
substitua, com encaminhamento dos casos ou ocorrências ao Ministério Público e órgãos de defesa do
consumidor para aplicação da legislação pertinente (Lei nº 8.078/90 ou outra que a substitua).

Art. 6º Este regulamento deve ser adotado em todo território nacional, pelas pessoas jurídicas e físicas,
de direito público e privado envolvidas nas atividades hospitalares de assistência à saúde.

Art. 7º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 8º Fica revogada a Portaria nº 930, de 27 de agosto de 1992.

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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/1998/prt2616_12_05_1998.html - Acesso em 04/09/2018 às 15h46min.

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Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO I
ORGANIZAÇÃO

1. O Programa de Controle de Infecção Hospitalares (PCIH) é um conjunto de ações desenvolvidas


deliberada e sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das
infecções hospitalares.

2. Para a adequada execução do PCIH, os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de


Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das
ações de controle de infecção hospitalar.
2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados.
2.2 Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
2.2.1 O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
2.3 Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços:
2.3.1 serviço médico;
2.3.2 serviço de enfermagem;
2.3.3 serviço de farmácia;
2.3.4 laboratório de microbiologia;
2.3.5 administração.
2.4 Os hospitais com número de leitos igual ou inferior a 70 (setenta) atendem os números 2.3.1 e
2.3.2.
2.5 Os membros executores da CCIH representam o Serviço de Controle de Infecção hospitalar e,
portanto, são encarregados da execução programada de controle de infecção hospitalar;
2.5.1. Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.
2.5.1.1. - Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.
2.5.1.2. - A carga horária diária, dos membros executores, deverá ser calculada na base da
proporcionalidade de leitos indicado no número 2.5.1.
2.5.1.3. - Nos hospitais com leitos destinados a pacientes críticos, a CCIH deverá ser acrescida de
outros profissionais de nível superior da área de saúde. Os membros executores terão acrescidas 2 (duas)
horas semanais de trabalho para cada 10 (dez) leitos ou fração.
2.5.1.3.1. Para fins desta Portaria, consideram-se pacientes críticos:
2.5.1.3.1.1. pacientes de terapia intensiva (adulto, pediátrico e neonatal);
2.5.1.3.1.2. pacientes de berçário de alto risco;
2.5.1.3.1.3. pacientes queimados;
2.5.1.3.1.4. pacientes submetidos a transplantes de órgãos;
2.5.1.3.1.5. pacientes hemato-oncológicos;
2.5.1.3.1.6. pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
2.5.1.4 - Admite-se, no caso do número 2.5.1.3., o aumento do número de profissionais executores na
CCIH, ou a relativa adequação de carga horária de trabalho da equipe original expressa no número 2.5.1;
2.5.1.5 - Em hospitais com regime exclusivo de internação tipo paciente-dia, deve-se atender aos
números 2.1, 2.2 e 2.3, e com relação ao número 2.5.1., a carga de trabalho dos profissionais será de 2
(duas) horas diárias para o enfermeiro e 1 (uma) hora para os demais profissionais, independente do
número de leitos da instituição.
2.5.1.6 - Os hospitais poderão consorciar-se no sentido da utilização recíproca de recursos técnicos,
materiais e humanos, com vistas à implantação e manutenção do Programa de Controle da infecção
Hospitalar.
2.5.1.7 - Os hospitais consorciados deverão constituir CCIH própria, conforme os números 2 e 2.1,
com relação aos membros consultores, e prover todos os recursos necessários à sua atuação.
2.5.1.8 - O consórcio deve ser formalizado entre os hospitais componentes. Os membros executores,
no consórcio, devem atender aos números 2.5.1, 2.5.1.1, 2.5.1.2, 2.5.1.3 e 2.5.1.4.

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COMPETÊNCIAS

3. A CCIH do hospital deverá:


3.1 elaborar, implementar, manter e avaliar programa de controle de infecção hospitalar, adequado às
características e necessidades da instituição, contemplando no mínimo, ações relativas a:
3.1.1 implantação de um Sistema de Vigilância Epidemiológica das Infecções Hospitalares, de acordo
com o Anexo III;
3.1.2 adequação, implementação e supervisão das normas e rotinas técnico-operacionais, visando a
prevenção e controle das infecções hospitalares;
3.1.3 capacitação do quadro de funcionários e profissionais da instituição, no que diz respeito à
prevenção e controle das infecções hospitalares;
3.1.4 uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares;
3.2 avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância
Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros
executores de CCIH;
3.3 realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas
imediatas de controle;
3.4 elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima de
instituição e às chefias de todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções hospitalares,
promovendo seu amplo debate na comunidade hospitalar;
3.5 elaborar, implantar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais, visando
limitar a disseminação de agentes presentes nas infecções em curso no hospital, por meio de medidas
de precaução e de isolamento;
3.6 adequar, implementar e supervisionar a aplicação de normas e rotinas técnico-operacionais,
visando à prevenção e ao tratamento das infecções hospitalares;
3.7 definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de
antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição;
3.8 cooperar com o setor de treinamento ou responsabilizar-se pelo treinamento, com vistas a obter
capacitação adequada do quadro de funcionários e profissionais, no que diz respeito ao controle das
infecções hospitalares;
3.9 elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar;
3.10 cooperar com a ação do órgão de gestão do SUS, bem como fornecer, prontamente, as
informações epidemiológicas solicitadas pelas autoridades competentes;
3.11 notificar, na ausência de um núcleo de epidemiologia, ao organismo de gestão do SUS, os casos
diagnosticados ou suspeitos de outras doenças sob vigilância epidemiológica (notificação compulsória),
atendidos em qualquer dos serviços ou unidades do hospital, e atuar cooperativamente com os serviços
de saúde coletiva;
3.12 notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os
casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou produtos
industrializados.

4. Caberá à autoridade máxima da instituição:


4.1 constituir formalmente a CCIH;
4.2 nomear os componentes da CCIH por meio de ato próprio;
4.3 propiciar a infraestrutura necessária à correta operacionalização da CCIH;
4.4 aprovar e fazer respeitar o regimento interno da CCIH;
4.5 garantir a participação do Presidente da CCIH nos órgãos colegiados deliberativos e formuladores
de política da instituição, como, por exemplo, os conselhos técnicos, independente da natureza da
entidade mantenedora da instituição de saúde;
4.6 garantir o cumprimento das recomendações formuladas pela Coordenação Municipal,
Estadual/Distrital de Controle de Infecção Hospitalar;
4.7 Informar o órgão oficial municipal ou estadual quanto à composição da CCIH e às alterações que
venham a ocorrer;
4.8 fomentar a educação e o treinamento de todo o pessoal hospitalar.

5. À Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde, compete:


5.1 definir diretrizes de ações de controle de infecção hospitalar;
5.2 apoiar a descentralização das ações de prevenção e controle de infecção hospitalar;
5.3 coordenar as ações nacionais de prevenção e controle de infecção hospitalar;

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5.4 estabelecer normas gerais para a prevenção e controle das infecções hospitalares;
5.5 estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar;
5.6 promover a articulação com órgãos formadores, com vistas à difusão do conteúdo de conhecimento
do controle de infecção hospitalar;
5.7 cooperar com a capacitação dos profissionais de saúde para o controle de infecção hospitalar;
5.8 identificar serviços municipais, estaduais e hospitalares para o estabelecimento de padrões
técnicos de referência nacional;
5.9 prestar cooperação técnica, política e financeira aos Estados e aos Municípios, para
aperfeiçoamento da sua atuação em prevenção e controle de infecção hospitalar;
5.10 acompanhar e avaliar as ações implementadas, respeitadas as competências estaduais/distrital
e municipais de atuação, na prevenção e controle das infecções hospitalares;
5.11 estabelecer sistema nacional de informações sobre infecção hospitalar na área de vigilância
epidemiológica;
5.12 estabelecer sistema de avaliação e divulgação nacional dos indicadores da magnitude e
gravidade das infecções hospitalares e da qualidade das ações de seu controle;
5.13 planejar ações estratégicas em cooperação técnica com os Estados, Distrito Federal e os
Municípios;
5.14 acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar.

6. Às Coordenações Estaduais e Distrital de Controle de Infecção Hospitalar, compete:


6.1 definir diretrizes de ação estadual/distrital, baseadas na política nacional de controle de infecção
hospitalar;
6.2 estabelecer normas, em caráter suplementar, para a prevenção e controle de infecção hospitalar;
6.3 descentralizar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar dos Municípios;
6.4 prestar apoio técnico, financeiro e político aos municípios, executando, supletivamente, ações e
serviços de saúde, caso necessário;
6.5 coordenar, acompanhar, controlar e avaliar as ações de prevenção e controle de infecção
hospitalar do Estado e Distrito Federal;
6.6 acompanhar, avaliar e divulgar os indicadores epidemiológicos de infecção hospitalar;
6.7 informar, sistematicamente, à Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar, do Ministério da
Saúde, a partir da rede distrital, municipal e hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar
estabelecidos.

7. Às Coordenações Municipais de Controle de Infecção Hospitalar, compete:


7.1 coordenar as ações de prevenção e controle de infecção hospitalar na rede hospitalar do Município;
7.2 participar do planejamento, da programação e da organização da rede regionalizada e
hierarquizada do SUS, em articulação com a Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar;
7.3 colaborar e acompanhar os hospitais na execução das ações de controle de infecção hospitalar;
7.4 prestar apoio técnico às CCIH dos hospitais;
7.5 informar, sistematicamente, à Coordenação Estadual de controle de infecção hospitalar do seu
Estado, a partir da rede hospitalar, os indicadores de infecção hospitalar estabelecidos.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO II
CONCEITOS E CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DAS INFECÇÕES HOSPITALARES

1. Conceitos básicos.
1.1. Infecção comunitária (IC):
1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.
1.1.2 São também comunitárias:
1.1.2.1 a infecção que está associada com complicação ou extensão da infecção já presente na
admissão, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da
aquisição de nova infecção;
1.1.2.2 a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é conhecida ou foi
comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS);
1.1.2.3 As infecções de recém-nascidos associadas com bolsa superior e 24 (vinte e quatro) horas.

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1.2. Infecção hospitalar (IH):
1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou
após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

2. Critérios para diagnóstico de infecção hospitalar, previamente estabelecidos e descritos.


2.1 Princípios:
2.1.1 o diagnóstico das infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de:
2.1.1.1 evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
2.1.1.2 resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa
de antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados.
2.1.1.3 evidências de estudos com métodos de imagem;
2.1.1.4 endoscopia;
2.1.1.5 biópsia e outros.
2.2 Critérios gerais:
2.2.1 quando, na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, foi isolado um
germe diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser
considerado como infecção hospitalar;
2.2.2 quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica
e/ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se infecção hospitalar toda
manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a admissão;
2.2.3 são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta
e duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos,
realizados durante este período;
2.2.4 as infecções recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas a bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro) horas;
2.2.5 os pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados
portadores de infecção hospitalar do hospital de origem infecção hospitalar. Nestes casos, a Coordenação
Estadual/Distrital/Municipal e/ou o hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio
como infecção hospitalar naquele hospital.

3. Classificação das cirurgias por potencial de contaminação da incisão cirúrgica


3.1 as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da ferida
cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;
3.2 a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo com
as seguintes indicações;
3.2.1 Cirurgias Limpas - são aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação,
na ausência de processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas
com cicatrização de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetração
nos tratos digestivos, respiratório ou urinário;
3.2.2 Cirurgias Potencialmente Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos colonizados por
flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de processo
infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas discretas no trans-operatório. Cirurgias com drenagem
aberta enquadram-se nesta categoria. Ocorre penetração nos tratos digestivos, respiratório ou urinário
sem contaminação significativa.
3.2.3 Cirurgias Contaminadas - são aquelas realizadas em tecidos recentemente traumatizados e
abertos, colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação seja difícil ou impossível, bem
como todas aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras, na ausência de supuração local.
Na presença de inflamação aguda na incisão e cicatrização de segunda intenção, ou grande
contaminação a partir do tubo digestivo. Obstrução biliar ou urinária também se incluem nesta categoria.
3.2.4 Cirurgias Infectadas - são todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou
órgão, em presença de processo infeccioso (supuração local) e/ou tecido necrótico.

ANEXO III
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E INDICADORES EPIDEMIOLÓGICOS DAS INFECÇÕES
HOSPITALARES

1. Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares é a observação ativa, sistemática e contínua


de sua ocorrência e de sua distribuição entre pacientes, hospitalizados ou não, e dos eventos e condições
que afetam o risco de sua ocorrência, com vistas à execução oportuna das ações de prevenção e controle.

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2. A CCIH deverá escolher o método de Vigilância Epidemiológica mais adequado às características
do hospital, à estrutura de pessoal e à natureza do risco da assistência, com base em critérios de
magnitude, gravidade, redutibilidade das taxas ou custo;
2.1 São indicados os métodos prospectivos, retrospectivos e transversais, visando determinar taxas
de incidência ou prevalência.

3. São recomendados os métodos de busca ativos de coleta de dados para Vigilância Epidemiológica
das infecções hospitalares.

4. Todas as alterações de comportamento epidemiológico deverão ser objeto de investigação


epidemiológica específica.

5. Os indicadores mais importantes a serem obtidos e analisados periodicamente no hospital e,


especialmente, nos serviços de Berçário de Alto Risco, UTI (adulto/pediátrica/neonatal) Queimados, são;
5.1. Taxa de Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de episódios de
infecção hospitalar no período considerado e como denominados o total de saídas (altas, óbitos e
transferências) ou entradas no mesmo período;
5.2. Taxa de Pacientes com Infecção Hospitalar, calculada tomando como numerador o número de
doentes que apresentam infecção hospitalar no período considerado, e como denominador o total de
saídas (altas, óbitos e transferências) ou entradas no período;
5.3. Distribuição Percentual das Infecções Hospitalares por localização topográfica no paciente,
calculada tendo como numerador o número de episódios de infecção hospitalar em cada topografia, no
período considerado e como denominador o número total de episódios de infecção hospitalar ocorridos
no período;
5.4. Taxa de Infecções Hospitalares por Procedimento, calculada tendo como numerador o número de
pacientes submetidos a um procedimento de risco que desenvolveram infecção hospitalar e como
denominador o total de pacientes submetidos a este tipo de procedimento.
Exemplos:
Taxa de infecção do sitio cirúrgico, de acordo com o potencial de contaminação.
Taxa de infecção urinária após cateterismo vesical.
Taxa de pneumonia após uso de respirador.
5.5 Recomenda-se que os indicadores epidemiológicos dos números 5.1 e 5.2 sejam calculados
utilizando-se no denominador o total de pacientes/dia, no período.
5.5.1. O número de pacientes/dia é obtido somando-se os dias totais de permanência de todos os
pacientes no período considerado.
5.6 Recomenda-se que o indicador do inúmero 5.4 pode ser calculado utilizando-se como denominador
o número total de procedimentos dia.
5.6.1. O número de pacientes/dia é obtido somando-se o total de dias de permanência do procedimento
realizado no período considerado.
5.7. Outros procedimentos de risco poderão ser avaliados, sempre que a ocorrência respectiva o
indicar, da mesma forma que é de utilidade o levantamento das taxas de infecção do sitio cirúrgico, por
cirurgião e por especialidade.
5.8. Frequência das Infecções Hospitalares por Microrganismos ou por etiologia, calculada tendo como
numerador o número de episódios de infecção hospitalar por microrganismo e como denominador o
número de episódios de infecções hospitalares que ocorreram no período considerado.
5.9. Coeficiente de Sensibilidade aos Antimicrobianos, calculado tendo como numerador o número de
cepas bacterianas de um determinado microrganismo sensível e determinado antimicrobiano e como
denominador o número total de cepas testadas do mesmo agente com antibiograma realizado a partir das
espécimes encontradas.
5.10. Indicadores de uso de antimicrobianos.
5.10.1 Percentual de pacientes que usaram antimicrobianos (uso profilático ou terapêutico) no período
considerado. Pode ser especificado por clínica de internação. É calculado tendo como numerador o total
de pacientes em uso de antimicrobiano e como denominador o número total de pacientes no período.
5.10.2 Frequência com que cada antimicrobiano é empregado em relação aos demais, É calculada
tendo como numerador o total de tratamentos iniciados com determinado antimicrobiano no período, e
como denominador o total de tratamentos com antimicrobianos iniciados no mesmo período.
5.11 Taxa de letalidade associada a infecção hospitalar, é calculada tendo como numerador o número
de óbitos ocorridos de pacientes com infecção hospitalar no período considerado, e como denominador
o número de pacientes que desenvolveram infecção hospitalar no período.

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5.12 Consideram-se obrigatórias as informações relativas aos indicadores epidemiológicos 5.1, 5.2,
5.3 e 5.11, no mínimo com relação aos serviços de Berçário de alto risco, UTI (adulto/ pediátrica/neonatal)
e queimados.

6. Relatórios e Notificações
6.1 A CCIH deverá elaborar periodicamente um relatório com os indicadores epidemiológicos
interpretados e analisados. Esse relatório deverá ser divulgado a todos os serviços e à direção,
promovendo-se seu debate na comunidade hospitalar.
6.2 O relatório deverá conter informações sobre o nível endêmico das infecções hospitalares sob
vigilância e as alterações de comportamento epidemiológico detectadas, bem como as medidas de
controle adotadas e os resultados obtidos.
6.3 É desejável que cada cirurgião receba, anualmente, relatório com as taxas de infecção em cirurgias
limpas referentes às suas atividades, e a taxa média de infecção de cirurgias limpas entre pacientes de
outros cirurgiões de mesma especialidade ou equivalente.
6.4 O relatório de vigilância epidemiológica e os relatórios de investigações epidemiológicas deverão
ser enviados às Coordenações Estaduais/ Distrital/Municipais e à Coordenação de Controle de Infecção
Hospitalar do Ministério da Saúde, conforme as normas específicas das referidas Coordenações.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO IV
LAVAGEM DAS MÃOS

1. Lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando-
se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em água corrente.

2. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das
infecções hospitalares.

3. O uso de luvas não dispensa a lavagem das mãos antes e após contatos que envolvam mucosas,
sangue ou outros fluidos corpóreos, secreções ou excreções.

4. A lavagem das mãos deve ser realizada tantas vezes quanto necessária, durante a assistência a
um único paciente, sempre que envolver contato com diversos sítios corporais, entre cada uma das
atividades.
4.1 A lavagem e antissepsia cirúrgica das mãos é realizada sempre antes dos procedimentos
cirúrgicos.

5. A decisão para a lavagem das mãos com uso de antisséptico deve considerar o tipo de contato, o
grau de contaminação, as condições do paciente e o procedimento a ser realizado.
5.1 A lavagem das mãos com antisséptico é recomendada em;
- realização de procedimentos invasivos;
- prestação de cuidados a pacientes críticos;
- contato direto com feridas e/ou dispositivos, tais como cateteres e drenos.

6. Devem ser empregadas medidas e recursos com o objetivo de incorporar a prática da lavagem das
mãos em todos os níveis de assistência hospitalar.
6.1 A distribuição e a localização de unidades ou pias para lavagem das mãos, de forma a atender à
necessidade nas diversas áreas hospitalares, além da presença dos produtos, é fundamental para a
obrigatoriedade da prática.

Programa de Controle de Infecção Hospitalar

ANEXO V
RECOMENDAÇÕES GERAIS.

1 A utilização dos antissépticos, desinfetantes e esterilizantes seguirá as determinações da Portaria nº


15, de 23 de agosto de 1988, da Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS)/ do Ministério da Saúde e o

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Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde/MS, 2ª edição, 1994, ou outras
que as complementem ou substituam.
1.1 Não são recomendadas, para a finalidade de antissepsia, as formulações contendo mercuriais
orgânicos, acetona, quaternário de amônio, líquido de Dakin, éter e clorofórmio.

2. As normas de limpeza, desinfecção e esterilização são aquelas definidas pela publicação do


Ministério da Saúde, Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde, 2ª edição,
1994 - princípios ativos liberados conforme os definidos pela Portaria nº 15, SVS, de 23 de agosto de
1988, ou outras que a complementem ou substituam.

3. As normas de procedimentos na área de Microbiologia são aquelas definidas pela publicação do


Ministério da Saúde - Manual de Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica para o Controle de
Infecção Hospitalar, 1ª edição, 1991, ou outras que as complementem ou substituam.

4. As normas para lavanderia são aquelas definidas pela publicação do Ministério da Saúde - Manual
de Lavanderia Hospitalar, 1ª edição, 1986, ou outras que as complementem ou substituam.

5. A Farmácia Hospitalar seguirá as orientações contidas na publicação do Ministério da Saúde - Guia


Básico para a Farmácia Hospitalar, 1ª edição, 1994, ou outras que as complementem ou substituam. (Of.
nº 31/98)

2. Repercussões da Portaria MS 2.616 / 98 para o controle de infecções

A Portaria 2.616/98 representou a adequação da antiga regulamentação ministerial às novas


determinações da Lei Federal 9.431 de 06 de janeiro de 1997. A partir de um projeto de lei que
aperfeiçoava a Portaria MS 930/ 92, esta lei, aprovada pelo Congresso, foi vetada em vários de seus
artigos, causando um profundo impacto negativo, principalmente diante dos profissionais, que de alguma
forma atuavam no controle efetivo das infecções hospitalares. Apesar da controvérsia instalada, a referida
lei teve como aspecto positivo a destacar ter tornado obrigatória a existência de uma Comissão de
Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH),
definido como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, tendo como objetivo
a redução máxima possível da incidência e gravidade das infecções nosocomiais.
Como as portarias anteriores, a 2.616/98 é composta por cinco anexos com as diretrizes e normas
para a prevenção e o controle das infecções hospitalares. O anexo I trata da organização e competências
do programa e da comissão de controle de infecção. No anexo II temos conceito e critérios diagnósticos
das infecções hospitalares; no anexo III temos orientações sobre a vigilância epidemiológica das
infecções hospitalares e seus indicadores; nos anexos IV e V observamos recomendações sobre a
lavagem das mãos e outros temas como uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia, dando
ênfase à observância de publicações anteriores do Ministério da Saúde.
O anexo I mantém as definições da CCIH e PCIH da Lei Federal. Há uma melhor especificação da
composição da CCIH, que deverá ter seus membros formalmente designados pela direção do hospital,
incluindo seu presidente, que fará obrigatoriamente parte do conselho diretivo da instituição. Os membros
são divididos em consultores e executores, sendo estes últimos encarregados da execução do PCIH,
representando o ex- Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). Uma importante novidade é que
a sua composição deve ser informada ao órgão oficial municipal ou estadual.
Na composição deste serviço observamos uma importante alteração, ao recomendar preferentemente
um enfermeiro e que o segundo profissional de nível superior não seja necessariamente um médico. À
carga horária recomendada anteriormente (6 horas diárias para o enfermeiro e 4 horas diárias para o
outro profissional, para cada 200 leitos) foram acrescidas duas horas adicionais de trabalho diário para
cada 10 leitos destinados aos pacientes críticos (terapia intensiva, berçário de alto risco, queimados,
transplante de órgãos, pacientes hemato-oncológicos ou com AIDS). Isto parte do princípio que a
vigilância e as medidas de controle nestas unidades requerem atenção diferenciada. Entretanto, esta
composição deve acompanhar a política de recursos humanos do hospital como um todo, particularmente
nas instituições com deficiências de pessoal em outras áreas essenciais do atendimento.
A competência da CCIH na Portaria 2616/98 é uma somatória do que foi atribuído à CCIH e ao SCIH
na recomendação anterior, acrescidas de novas e importantes determinações, de acordo com as
características e necessidades da instituição. Dentre estas se destacam: o uso racional de
antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares. Além disso, em conjunto com a Comissão
de Farmácia e Terapêutica, deve definir uma política de utilização de antimicrobianos e na ausência de

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um núcleo de epidemiologia deve informar às autoridades sanitárias, os casos diagnosticados ou
suspeitos de doenças de notificação compulsória, relatar as informações epidemiológicas solicitadas e os
casos suspeitos de estarem relacionados à utilização de insumos ou produtos industrializados. Estas
novas recomendações objetivam tornar mais atuante as ações de controle de infecção, integrando-as na
estrutura administrativa da instituição, substituindo seu papel eminentemente consultivo para participar
com maior profundidade dos processos decisórios. Além disso, aprimora a integração do controle de
infecção com as autoridades sanitárias.
Outro aspecto importante introduzido por esta nova portaria é a atribuição de competências específicas
ao Estado, seja a nível federal, estadual ou municipal. Para a Coordenação de Controle de Infecção
Hospitalar do Ministério da Saúde ficou a definição das diretrizes e sua coordenação geral, apoiando a
descentralização das ações, estabelecendo as normas, critérios, parâmetros e métodos para o controle
de infecções. É deste nível a responsabilidade para promover a articulação com órgãos formadores, para
a difusão do conhecimento do controle de infecções, cooperando com a capacitação dos profissionais de
saúde, identificando serviços de referência. Destacamos que muitas destas atividades, mesmo sem estar
formalmente estabelecidas, já foram desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, mas depois foram
inexplicavelmente abandonadas.
Além disto, o Ministério da Saúde, através da Secretaria de Política de Saúde e da Coordenação de
Controle de Infecção Hospitalar, deve cooperar técnica, política e financeiramente com as ações
desenvolvidas pelos Estados e Municípios, acompanhando e avaliando-as, procurando estabelecer um
sistema nacional sobre infecção hospitalar, divulgando indicadores da sua magnitude, gravidade e
qualidade das ações de controle. Assim os dados seriam coletados regionalmente e encaminhados ao
Ministério da Saúde para uma consolidação de caráter nacional. Logo, compete às coordenações
Estaduais e Municipais definir as normas locais, descentralizando efetivamente as ações, prestando apoio
técnico, financeiro e político aos municípios, acompanhando, avaliando e divulgando os indicadores
epidemiológicos de infecção hospitalar, além de informá-los periodicamente ao Ministério da Saúde. Para
os municípios cabe adicionalmente acompanhar os hospitais nas ações de controle de infecção,
prestando apoio técnico à sua execução.
De acordo com o que foi noticiado pela imprensa leiga, existe uma tendência a se tornar as infecções
hospitalares uma doença de notificação compulsória. Apesar da importância inquestionável de termos
dados nacionais a respeito deste problema de saúde pública, esta medida deve ser repensada, tendo em
vista o questionável valor prático de sua implantação nestes moldes e principalmente das possíveis
repercussões no atendimento à saúde, particularmente para os que são assistidos pela iniciativa privada,
onde muitas vezes as patologias de notificação compulsória não são cobertas pela preestabelecida
abrangência contratual de assistência. Assim tememos as sérias consequências para cada um destes
pacientes, que ficariam a mercê de seus próprios recursos, de eventuais demandas jurídicas contra os
hospitais ou seus convênios, ou estariam sobrecarregando o sistema público de atendimento, como já
acontece com a maioria das doenças que atualmente são de notificação compulsória. A nosso ver, seria
preferível que as instituições fossem efetivamente obrigadas a notificar periodicamente seus indicadores
epidemiológicos de infecção hospitalar e estes dados seriam consolidados em um sistema de vigilância
epidemiológica, como aliás está recomendado atualmente.
Os critérios diagnósticos de infecção hospitalar, discutidos no anexo II, sofreram uma importante
alteração no que refere à classificação das infecções em recém-nascidos. Assim, passaram a ser
consideradas comunitárias, além das transmitidas de forma transplacentária, aquelas associadas à bolsa
rota por período superior a 24 horas. Outro ponto enfatizado é a necessidade de se informar os casos de
IH adquiridas em outro hospital à Coordenação Estadual/Distrital/Municipal ou à instituição de origem.
Este mesmo anexo apresenta uma classificação das cirurgias por potencial de contaminação, que, de
acordo com sua recomendação, deverá ser feita pelo cirurgião, ao final do ato operatório. Basicamente,
o princípio que norteia estes critérios, coincide com o exposto no decorrer deste livro, ou seja, o
intraoperatório determina a classificação e não mais aquelas “famosas” listas de procedimentos, que o
classificavam arbitrária e previamente. Assim, as cirurgias limpas são as realizadas sem intercorrências
em tecidos estéreis. As operações potencialmente contaminadas ocorrem em tecidos colonizados com
flora pouco numerosa e em tecidos estéreis, mas com falhas técnicas discretas ou drenagem. Os
procedimentos contaminados são executados nos casos de tecidos recentemente traumatizados ou
abertos, falhas técnicas grosseiras, inflamação aguda, cicatrização em segundo intenção, ou em locais
com flora bacteriana abundante. Finalmente, as cirurgias infectadas são aquelas realizadas em presença
de supuração ou necrose.
No anexo III, o conceito de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares determina a
observação ativa, sistemática e contínua da sua distribuição e dos eventos e condições que afetam sua
ocorrência. Inclui também a possibilidade de avaliar pacientes não hospitalizados, nos métodos de

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vigilância pós alta e principalmente que as atividades devem ser realizadas “com vistas à execução
oportuna das ações de prevenção e controle”, ou seja, a consolidação e interpretação dos dados deve
ser ágil, indicando rapidamente as prioridades das ações de controle, possibilitando resultados práticos
desta atividade. Permanece a recomendação pelos métodos ativos de vigilância, que deverão ser
adequados às características do hospital. Foi introduzida também a possibilidade de realizar o método
apenas em determinados setores do hospital, de acordo com as opções desenvolvidas pelos
componentes da metodologia NNIS.
É obrigatório pelo menos o cálculo da taxa de infecção hospitalar; taxa de pacientes com infecção
hospitalar; distribuição percentual dos episódios de IH; e a taxa de letalidade associada a infecção
hospitalar. Os dois primeiros podem ser obtidos em relação ao total de diárias (pacientes-dia) e não
apenas em relação às saídas, calculando-se assim a taxa de densidade, que melhor reflete a exposição
dos doentes a estes episódios. É recomendado que a frequência das infecções por microrganismos seja
calculada a partir do número de episódios de infecção hospitalar e não pelo total de agentes isolados,
caso em que obtemos a sua distribuição. É sugerido que o dimensionamento do consumo de antibióticos
seja feito através do cálculo do percentual de pacientes que utilizaram estas drogas e pela frequência
relativa do emprego de cada princípio ativo. Ressaltamos que o cálculo da Dose Diária Definida,
recomendada pelo Manual de Farmácia Hospitalar editado pelo próprio Ministério da Saúde, é um melhor
indicador da utilização destas drogas.
O anexo IV é dedicado especificamente à lavagem das mãos, identificada como a mais importante
ação para o controle das infecções hospitalares, devendo ser realizada após contatos que envolvam
mucosas, secreções, excretas e sangue ou outros fluídos corpóreos. Mesmo na assistência a um único
paciente ela deve ser realizada sempre que envolver a manipulação de outro sítio corporal.
Adicionalmente é recomendada a lavagem com antissépticos na realização de procedimentos invasivos,
prestação de cuidados a doentes críticos e no contato direto com feridas ou dispositivos invasivos como
cateteres e drenos. Por sua vez, o anexo V traz recomendações gerais sobre o uso de germicidas
(mantendo a proibição do emprego de vários antissépticos tradicionais), normas para limpeza,
desinfecção e esterilização, além de orientações para os procedimentos na área de microbiologia,
lavanderia e farmácia, sempre recomendando o seguimento das orientações definidas em portarias e
normas previamente elaboradas pelo Ministério da Saúde.

De acordo com as ações do Programa, foram estabelecidas as seguintes prioridades:


Realização de um inquérito nacional sobre a situação das infecções hospitalares. Este item refere-se
a uma das metas do Contrato de Gestão, cuja ação está especificada como "Elaboração de diagnóstico
sobre infecção hospitalar no Brasil".
Elaboração de um mapeamento sobre o cumprimento das exigências da Portaria GM nº 2616/98, no
que diz respeito à implantação do PCIH no âmbito estadual, municipal e nos serviços de saúde. Dados
levantados em novembro/dezembro de 1999 demonstram que dos 6387 hospitais consultados, apenas
40% apresentaram a constituição formal de PCIH.
Realização de visitas às autoridades de saúde dos estados para levantamento de dados, visando a
complementação do estudo citado no item anterior e a obtenção de subsídios necessários à implantação
definitiva do programa em todo território nacional.
Atualização do material técnico-científico, contando com a participação de profissionais especializados
nas diversas áreas pertinentes ao controle de infecção hospitalar. A importância do desenvolvimento
dessas tarefas é reforçada por trabalhos reconhecidos internacionalmente. Como exemplo, podemos citar
estudos internacionais afirmando que um programa de controle de infecção hospitalar bem conduzido
reduz em 30% a taxa de infecção do serviço. Além disso, um PCIH em pleno funcionamento garante a
orientação de ações básicas de assistência á saúde e previne o uso indiscriminado de antimicrobianos e
germicidas hospitalares, evitando a resistência e contribuindo para uma sensível diminuição dos custos
hospitalares globais.
Embora o controle do fenômeno da resistência microbiana tenha aspectos que envolvem ações
intersetoriais que não se restringem ao âmbito do sistema de saúde, as medidas de prevenção aqui
elencadas são dirigidas à prevenção e contenção de microrganismos multirresistentes no âmbito dos
Serviços de Saúde.
Microrganismos multirresistentes são microrganismos resistentes a diferentes classes de
antimicrobianos testados em exames microbiológicos. Alguns pesquisadores também definem
microrganismos pan-resistentes, como aqueles com resistência comprovada in vitro a todos os
antimicrobianos testados em exame microbiológico. São considerados, pela comunidade científica
internacional, patógenos multirresistentes causadores de infecções/colonizações relacionadas à
assistência em saúde: Enterococcus spp. resistente aos glicopeptídeos, Staphylococcus spp. resistente

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ou com sensibilidade intermediária à vancomicina, Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii,
e Enterobactérias resistentes a carbapenêmicos (ertapenem, meropenem ou imipenem). Tem ocorrido
um aumento dos casos de enterobactérias resistentes aos carbapenêmicos em vários centros brasileiros.
Estas bactérias produzem uma enzima (carbapenemase) que inativa todos os antibióticos beta-
lactâmicos, incluindo os carbapenêmicos.
A Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) é uma enzima que foi identificada inicialmente em
Klebsiella pneumoniae pela primeira vez em 2001, nos Estados Unidos, mas pode ser produzida por
outras enterobactérias. Assim sendo, as medidas de controle de microrganismos multirresistentes aqui
preconizadas aplicam-se, não somente às bactérias portadoras do gene KPC, mas aos demais
microrganismos multirresistentes.

Medidas de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por


microrganismos multirresistentes7

Administração dos Serviços de Saúde:

- Prover meios técnicos, financeiros, administrativos, laboratoriais e recursos humanos para a


apropriada identificação, prevenção e interrupção da transmissão de microrganismos multirresistentes.
- Não devem ser adotadas quaisquer medidas que induzam à discriminação do indivíduo com infecção
ou colonização por microrganismos multirresistentes.

Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH):

- Manter o sistema de vigilância epidemiológica das infecções relacionadas à assistência à saúde


(IRAS) que permita o monitoramento adequado de patógenos multirresistentes, em parceria com o
laboratório de microbiologia.
- Fortalecer a política institucional de uso racional de antimicrobianos.
- Enfatizar a importância da higienização das mãos para todos os profissionais de saúde, visitantes e
acompanhantes (Segurança do paciente em serviços de saúde: Higienização das Mãos).
- Reforçar a aplicação de precauções de contato em adição às precauções-padrão para profissionais
de saúde, visitantes e acompanhantes.
- Avaliar a necessidade de implementar medidas de coorte em relação a profissionais de saúde e
pacientes.
- Avaliar a necessidade de implantar coleta de culturas de vigilância, de acordo com o perfil
epidemiológico da instituição.
- Enfatizar as medidas gerais de prevenção de IRAS no manuseio de dispositivos invasivos
(Manual de Orientações para Prevenção de Infecção Primária de Corrente Sanguínea e Trato
Respiratório).
- Enfatizar as medidas gerais de higiene do ambiente (Segurança do paciente em serviços de saúde:
Limpeza e Desinfecção de Superfícies).
- Aplicar, durante o transporte interinstitucional e interinstitucional, as medidas de precauções de
contato, em adição às precauções-padrão para os profissionais que entram em contato direto com o
paciente, incluindo o reforço nas medidas de higiene do ambiente.
- Comunicar, no caso de transferência interinstitucional e interinstitucional, se o paciente é infectado
ou colonizado por microrganismos multirresistentes.
- Não se recomenda a interrupção da assistência em serviços de saúde como medida de controle de
microrganismos multirresistentes. Medidas sanitárias que conduzam a interrupção da assistência em
serviços de saúde devem ser avaliadas criteriosamente, em conjunto com as autoridades locais e entre
os níveis de gestão do sistema de saúde.

Secretarias de Saúde Municipais, Estaduais e Distrito Federal:

- Reforçar, de acordo com as determinações da Portaria 2.616 de 12 de maio de 1998, a atuação das
coordenações de controle de IRAS, de modo a oferecer apoio técnico aos serviços de saúde com o
objetivo de prevenir e controlar as IRAS, bem como a seleção e a disseminação de microrganismos
multirresistentes.

7
http://portal.anvisa.gov.br

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Recomendações Gerais

- Ao realizar o teste de sensibilidade a antimicrobianos (TSA) de enterobactérias isoladas de pacientes


hospitalizados, o laboratório de microbiologia deverá compulsoriamente testar imipenem e meropenem.
A resistência ou sensibilidade intermediária ao ertapenem não deverão mais ser utilizadas para a triagem
de Klebsiella pneumoniae produtoras de carbapenemases. No Brasil, um elevado número de amostras
de K. pneumoniae produtoras de cefotaximases apresentam simultaneamente, perda de porinas, e
consequentemente, são falsamente detectadas como produtoras de carbapenemases.
- Os resultados dos testes de sensibilidade aos carbapenêmicos devem ser liberados de acordo com
os critérios interpretativos descritos acima, sem alteração das categorias.
- Ao liberar os resultados de amostras não sensíveis a imipenem ou a meropenem, incluir no laudo a
seguinte nota: Enterobactéria possivelmente produtora de carbapenemase (KPC, IMP dentre outras). Os
laboratórios que não possuem capacidade instalada para comprovação molecular do mecanismo de
resistência ou tipagem de microrganismos deverão encaminhar as amostras suspeitas da produção de
carbapenemase prontamente aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN). Enviar cultura pura,
crescida em ágar nutriente ou TSA, em microtubo de tampa rosqueada ou equivalente. Os usuários de
sistemas de automação deverão verificar a possibilidade de adequação do sistema aos critérios
interpretativos definidos deste documento. Na impossibilidade de adequação, o laboratório deverá
realizar, de modo suplementar, o TSA aos carbapenêmicos por disco difusão ou método dilucional não
automatizado (microdiluição em caldo, diluição em ágar ou gradiente em ágar).
- O laboratório de microbiologia deverá notificar o serviço de controle de infecção hospitalar (SCIH)
prontamente sobre a detecção de amostras suspeitas de serem produtoras de carbapenemases.
- Considerando as dificuldades no tratamento das infecções por enterobactérias não sensíveis aos
carbapenêmicos, recomenda-se a determinação da concentração inibitória mínima (CIM) para tigeciclina,
polimixina B ou colistina por método dilucional não automatizado. A continuidade do tratamento com
polimixina B ou colistina deve ser subsidiada pela confirmação da sensibilidade por determinação da CIM.
- Não há critérios interpretativos para o método de Kirby-Bauer, segundo o EUCAST, para discos de
ceftazidima com potência de 30 µg. Portanto, o seu uso clínico deve ser subsidiado pela avaliação da
sensibilidade por determinação da CIM.

Questões

01.(Pref. Patos-PB - Enfermeiro – CPCON/2017) Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar


deverá ser composta por
(A) qualquer profissional que trabalhe na instituição, desde que seja CLT.
(B) profissionais de diversas áreas não necessitando de formação superior.
(C) profissionais de diferentes formações podendo também ser técnicos administrativos que conheçam
os problemas hospitalares.
(D) apenas pessoal da enfermagem.
(E) profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente designados.

02.(SESAU-RO - Farmacêutico – FUNRIO/2017) São competências da Comissão de Controle de


Infecção Hospitalar (CCIH) do hospital, segundo o Anexo I da Portaria MS 2.616/98, EXCETO:
(A) avaliar, periódica e sistematicamente, as informações providas pelo Sistema de Vigilância
Epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar as medidas de controle propostas pelos membros
executores de CCIH.
(B) realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas
imediatas de controle.
(C) definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica e de Farmacoeconomia, a lista
de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares com custo menor visando economizar
recursos das unidade de saúde.
(D) elaborar regimento interno para a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
(E) notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS, os
casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecção associadas à utilização de insumos e/ou produtos
industrializados.

03.(EBSERH – Enfermeiro – IBFC/2016) Para a adequada execução do Programa de Controle de


Infecções Hospitalares (PCIH), os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das ações de

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controle de infecção hospitalar. Considerando a composição dos membros da CCIH, analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.

( ) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
( ) O presidente ou coordenador da CCIH será sempre um médico, indicado pela direção do hospital.
( ) Um dos membros executores deve ser, obrigatoriamente, um enfermeiro.
( ) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima, de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

(A) V,V,V,F;
(B) V,F,F,V;
(C) F,V,V,V;
(D) V,F,V,V;
(E) V,F,F,F.

04. (TRT - 9ª REGIÃO (PR) - Técnico Judiciário – Enfermagem – FCC) Na prevenção e controle de
infecção hospitalar, o técnico de enfermagem utiliza
(A) luvas de procedimento quando existir o risco de contato com sangue, durante o banho no leito.
(B) máscara na assistência de enfermagem ao paciente portador de erisipela.
(C) óculos ao assistir o paciente com tuberculose.
(D) máscara e luvas durante o transporte de todos os pacientes ao centro cirúrgico.
(E) avental de manga longa quando na presença de suor.

05. (EBSERH - Farmacêutico – IBFC) De acordo com a Portaria GM/MS nº. 2616, de 12 de maio de 1998, que
expede, na forma dos anexos I, II, III, IV e V, diretrizes e normas para a prevenção e o controle das infecções
hospitalares, os membros da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) serão de dois tipos: consultores
e executores. A respeito desses membros, considere as afirmativas abaixo:
I. O serviço de farmácia somente poderá ser membro da CCIH como membro executor.
II. Um dos membros executores deverá ser preferencialmente um enfermeiro.
III. O laboratório de microbiologia poderá ser membro da CCIH como membro consultor.

Sobre as afirmativas acima, assinale a alternativa correta:


(A) Somente a afirmativa I é incorreta.
(B) Somente a afirmativa II é incorreta.
(C) Somente a afirmativa III é incorreta.
(D) Todas as afirmativas são incorretas.

06. (DEPEN – Enfermagem – CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção
hospitalar.
A infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente no hospital, manifestando-se
apenas durante a internação.
( ) Certo
( ) Errado

07. (CAISM PHILIPPE PINEL - Técnico de Enfermagem – CETRO) Quanto à realização correta do
procedimento da técnica de lavagem de mãos em ambiente hospitalar, é correto afirmar que é
(A) o método mais utilizado para o controle de infecção, apesar de não ser o mais eficaz.
(B) pouco relevante se o ambiente hospitalar for constantemente desinfetado.
(C) relevante em ambientes hospitalares com alto risco de infecção, mas pouco necessário em
atendimento ambulatorial.
(D) o método mais simples e mais indicado para o controle de infecções.

08. (DEPEN – Enfermagem – CESPE) Julgue os itens seguintes, acerca do controle da infecção
hospitalar.

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A infecção comunitária é aquela constatada ou encubada no ato da admissão, desde que não esteja
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.
( ) Certo
( ) Errado
Gabarito
01.E / 02.C / 03.B / 04.A / 05.A / 06.Errado / 07.D / 08.Certa

Comentários

01.Resposta: E
2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível
superior, formalmente designados.

02.Resposta: C
3.7. Definir, em cooperação com a Comissão de Farmácia e Terapêutica, política de utilização de
antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares para a instituição;

03.Resposta: B
De acordo com a Portaria MS 2.616 / 98, que regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar
no país.
(V) A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados. Os membros da CCIH serão de 2 tipos: consultores e executores.
(F) O presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
(F) Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.
(V) Os membros executores serão, no mínimo, 2 (dois) técnicos de nível superior da área de saúde
para cada 200 (duzentos) leitos ou fração deste número com carga horária diária, mínima de 6 (seis)
horas para o enfermeiro e 4 (quatro) horas para os demais profissionais.

04.Resposta: A
Deve-se usar luvas de procedimentos para qualquer tipo de procedimento para segurança do
profissional e do paciente.

05.Resposta: A
PORTARIA Nº 2616, DE 12 DE MAIO DE 1998
Anexo I
2. Para a adequada execução do PCIH os hospitais deverão constituir Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria à autoridade máxima da instituição e de execução das
ações de controle de infecção hospitalar.
2.1 A CCIH deverá ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior, formalmente
designados.
2.2 Os membros da CCIH serão de dois tipos: consultores e executores.
2.2.1 0 presidente ou coordenador da CCIH será qualquer um dos membros da mesma, indicado pela
direção do hospital.
2.3 Os membros consultores serão representantes, dos seguintes serviços:
2.3.1 - serviço médico;
2.3 2 - serviço de enfermagem;
2.3.3 - serviço de farmácia;
2.3.4 - laboratório de microbiologia;
2.3.5 - administração.
2.5.1.1 - Um dos membros executores deve ser, preferencialmente, um enfermeiro.

06. Resposta: Errado


1.2.1 é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou
após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.

07. Resposta: D
Lavagem das mãos é essencial para medida de segurança para o profissional, quanto para o
paciente. Deve ser realizada no início e término de cada procedimento.

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08. Resposta: Certa
1.1.1 é aquela constatada ou em incubação no ato de admissão do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior no mesmo hospital.

Administração de Medicamentos

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS8,9,10

O medicamento é uma substância empregada no diagnóstico, tratamento, cura, alívio ou prevenção


das alterações da saúde.
O enfermeiro deve avaliar o efeito que os medicamentos têm na restauração ou manutenção da saúde,
e fornecer a educação contínua para o cliente, família ou pessoal de cuidado de saúde domiciliar sobre a
finalidade e os efeitos colaterais dos medicamentos.
A administração de medicamentos é um processo que envolve uma sequência de ações a serem
desenvolvidas pelo profissional de enfermagem, a fim de obter os melhores resultados junto ao paciente,
sem desperdício de recursos. Durante a fase de preparo o profissional de enfermagem deve ter muita
atenção para evitar erros, assegurando ao máximo que o paciente receba a medicação corretamente.

Formas de Apresentação do Medicamento


Cápsula: forma de dosagem sólida para uso oral; medicamento na forma de pó, líquido ou óleo, e
envolto por concha gelatinosa; a cápsula é colorida, a fim de auxiliar na identificação do produto.
Comprimido: forma de dosagem em pó comprimido em discos ou cilindros endurecidos; além do
medicamento primário, contém ligantes (adesivos, para possibilitar que o pó permaneça junto),
desintegrantes (para promover a dissolução do comprimido), lubrificantes (para facilitar a fabricação) e
expansores (para o tamanho conveniente do comprimido).
Comprimido com proteção entérica: comprimido para uso oral revestido com materiais que não se
dissolvem no estômago; os revestimentos dissolvem-se no intestino, onde o medicamento é absorvido.
Disco intraocular: pequeno disco oval flexível que contém duas camadas externas macias e uma
camada média que contém o medicamento; quando umedecido pelo líquido ocular, libera o medicamento
por até uma semana.
Drágea: forma de dosagem sólida para uso oral; formato semelhante à cápsula e revestido, para
facilitar a deglutição.
Elixir: líquido claro que contém água e/ou álcool; destinado a uso oral; geralmente possui adoçante
adicionado.
Extrato: forma de medicamento concentrada, feita pela separação da porção ativa do medicamento
de seus outros componentes (por exemplo, o extrato líquido é o medicamento feito em solução de fonte
vegetal).
Glicerite: solução de medicamento, combinado à glicerina para uso externo, que contém pelo menos
50% de glicerina.
Linimento: preparação que comumente contém álcool, óleo ou emoliente saponáceo, aplicada à pele.
Loção: medicamento em suspensão líquida aplicado externamente, para proteger a pele.
Pasta: preparação semissólida, mais espessa e mais rígida que a pomada; é absorvida através da
pele com maior lentidão que a pomada.
Pastilha: forma de dosagem arredondada e achatada que contém medicamento, flavorizante, açúcar
e mucilagem; dissolve-se na boca, para liberar o medicamento.
Pílula: forma de dosagem sólida que contém um ou mais medicamentos, modelada em forma de
glóbulo, ovoides ou alongada; as pílulas verdadeiras raramente são utilizadas, porque foram substituídas
pelos comprimidos.
Placa ou disco transdérmico: medicamento contido dentro de placa ou disco com membrana
semipermeável, a qual permite que os medicamentos sejam absorvidos através da pele de forma lenta
durante um intervalo de tempo prolongado.
Pomada (unguento): preparação semissólida, aplicada externamente, que contém, em geral, um ou
mais medicamentos.

8
EBISUI, C.T.N. Procedimentos de Enfermagem. Reedição revisada e ampliada. São Paulo: Copidart, 2002.
9
https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos
10
http://ba.corens.portalcofen.gov.br/parecer-coren-ba-0212013_8112.html

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Solução: preparação líquida que pode ser utilizada por via oral, parenteral ou externa; também pode
ser instilada em órgão ou cavidade corporal (por exemplo, irrigações vesicais); contém água com um ou
mais compostos dissolvidos; deve ser estéril para uso parenteral.
Supositório: forma de dosagem sólida misturada com gelatina e moldada na forma de projétil para a
inserção em cavidade corporal (reto ou vagina); dissolve-se, quando alcança a temperatura corporal,
liberando o medicamento para a absorção.
Suspensão: partículas de medicamento finamente divididas dispersas em meio líquido; quando a
suspensão permanece parada, as partículas depositam-se no fundo do frasco; comumente, um
medicamento oral e não é administrada por via intravenosa.
Tintura: solução de medicamento em álcool ou água-álcool.
Xarope: medicamento dissolvido em solução concentrada de açúcar; pode conter flavorizantes, para
tornar o sabor do medicamento mais agradável.

Tipos de Ação de Medicamento


Os medicamentos variam consideravelmente no modo pelo qual atuam em seus tipos de ação. Os
fatores diferentes das características do medicamento também influenciam as ações dele.
Um cliente pode não responder da mesma maneira a cada dose sucessiva de um medicamento.
Da mesma forma, idêntica dosagem do medicamento pode provocar respostas muito diferentes
em clientes diversos.
Depois que um enfermeiro administra um medicamento, ele sofre absorção, distribuição,
metabolismo e excreção. Exceto quando administrados por via intravenosa, os medicamentos
levam tempo para penetrar na corrente sanguínea. A quantidade e a distribuição de um medicamento
em diferentes compartimentos corporais alteram-se constantemente.
Quando é prescrito um medicamento, o objetivo consiste em obter um nível sanguíneo constante
dentro de uma faixa terapêutica segura. As doses repetidas são necessárias para alcançar uma
concentração terapêutica constante de um medicamento, porque uma parcela do medicamento sempre
está sendo excretada.
A concentração sérica máxima (a concentração de pico) do medicamento geralmente ocorre
exatamente antes que o final do medicamento seja absorvido. Depois de atingir o máximo, a concentração
sérica do medicamento cai progressivamente. Com as infusões intravenosas, a concentração máxima
ocorre rapidamente, mas o nível sérico também começa a cair imediatamente.
Todos os medicamentos possuem meia-vida sérica, o tempo que demoram para que os processos de
excreção diminuam a concentração sérica do medicamento pela metade. Para manter um platô
terapêutico, o cliente deve receber doses fixas regulares. Por exemplo, demonstrou-se que os
medicamentos para a dor são mais efetivos, quando fornecidos durante todo o dia, em vez de serem
administrados quando o cliente se queixa de maneira intermitente de dor. Desta maneira, um nível quase
constante do medicamento analgésico é mantido. Depois de uma dose inicial de medicamento, o cliente
recebe cada dose sucessiva, quando a dose anterior alcança sua meia-vida.
O cliente e o enfermeiro devem seguir a programação regular de dosagem bem como aderir às doses
e intervalos de doses prescritos. Os esquemas de sondagem são estabelecidos pela instituição em que
o enfermeiro está empregado. Quando informa os clientes a respeito dos esquemas de dosagem, o
enfermeiro deve utilizar linguagem familiar ao cliente. Por exemplo, ao orientar um cliente sobre um
medicamento que tem duas doses ao dia, o enfermeiro deve instruí-lo a tomar um medicamento pela
manhã e novamente à noite. O conhecimento dos intervalos de tempo da ação do medicamento também
ajuda o enfermeiro a prever o efeito de um medicamento. Com este conhecimento, ele pode instruir o
cliente sobre quando esperar uma resposta.

Efeitos Medicamentosos
É essencial que o enfermeiro compreenda todos os efeitos que os medicamentos podem ter, quando
são tomados ou administrados aos clientes:
Efeitos Terapêuticos: é a resposta fisiológica esperada ou previsível gerada por um medicamento.
Cada medicamento possui um efeito terapêutico desejado para o qual é prescrito. Por exemplo, a
nitroglicerina é utilizada para reduzir a carga de trabalho cardíaca e aumentar o aporte miocárdico de
oxigênio. Um único medicamento pode ter muitos efeitos terapêuticos. Por exemplo, a aspirina é
analgésica, antitérmica e anti-inflamatória, reduzindo a agregação plaquetária (agrupamento). É
importante que o enfermeiro conheça para qual efeito terapêutico um medicamento é prescrito, o que lhe
permite informar corretamente o cliente sobre o efeito pretendido do medicamento.
Efeitos Colaterais: são os efeitos secundários e não-pretendidos que um medicamento causa de
maneira previsível. Tais efeitos podem ser inócuos ou lesivos. Quando suficientemente graves para negar

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os efeitos benéficos da ação terapêutica de um medicamento, o médico pode interromper o medicamento.
Com frequência, os clientes, param de tomar medicamentos por causa dos efeitos colaterais.
Efeitos Adversos: são geralmente considerados respostas graves ao medicamento. Por exemplo, um
cliente pode ficar comatoso, quando um medicamento é ingerido. Se ocorrem as respostas adversas ao
medicamento, o médico pode interromper o medicamento. Alguns efeitos adversos são efeitos
inesperados que não foram descobertos durante a experimentação do medicamento. Quando acontece
esta situação, os profissionais de saúde são obrigados a reportar o efeito adverso ao FDA.

Efeitos Tóxicos: podem-se desenvolver depois da ingesta prolongada de um medicamento ou quando


um medicamento se acumula no sangue por causa do metabolismo ou excreção comprometidos. As
quantidades excessivas de um medicamento dentro do corpo podem ter efeitos letais, dependendo da
ação do medicamento. Por exemplo, os níveis tóxicos de morfina podem provocar depressão respiratória
grave e morte. Os antídotos estão disponíveis para tratar tipos específicos de intoxicação medicamentosa.
Por exemplo, o Narcan é utilizado para reverter os efeitos da intoxicação por opióides.
Reações Idiossincrásicas: os medicamentos podem provocar efeitos imprevisíveis, como uma
reação idiossincrásica, na qual um cliente reage em excesso ou de forma deficiente a um medicamento
ou apresenta reação diferente do normal. Por exemplo, uma criança que recebe um anti-histamínico pode
ficar extremamente agitada ou excitada, em vez de sonolenta. É impossível avaliar os clientes para as
respostas idiossincrásicas.
Reações Alérgicas: constituem outra resposta imprevisível a um medicamento; elas constituem 5%
a 10% das reações medicamentosas. Um cliente pode tornar-se imunologicamente sensibilizado à dose
inicial de um medicamento. Com a administração repetida, o cliente desenvolve uma resposta alérgica ao
medicamento, a seus conservantes químicos ou a um metabólito. O medicamento, ou substância química,
atua como um antígeno, deflagrando a liberação de anticorpos. A alergia medicamentosa de um cliente
pode ser branda ou grave. Os sintomas alérgicos variam, dependendo do indivíduo e do medicamento.
Entre as diferentes classes de medicamentos, os antibióticos provocam uma alta incidência de reações
alérgicas. As reações brandas podem ser:
- Urticárias – erupções cutâneas elevadas, com formato irregular, com tamanhos e formas variados;
as erupções apresentam margens avermelhadas e centros pálidos.
- Exantema – vesículas pequenas e elevadas, geralmente avermelhadas; frequentemente, distribuídas
sobre todo o corpo.
- Prurido – coceira na pele; acompanha a maioria dos exantemas.
- Rinite – inflamação das mucosas que revestem o nariz; provoca edema e secreção aquosa clara.

As reações anafiláticas ou graves caracterizam-se pela constrição súbita dos músculos


bronquiolares, edema da faringe e laringe, bem como sibilância e falta de ar graves. Os anti-histamínicos,
epinefrina e broncodilatadores podem ser usados para tratar as reações anafiláticas.
O cliente também pode tornar-se gravemente hipotenso, necessitando de medidas de reanimação de
emergência. Um cliente com história conhecida de alergia a medicamento deve evitar a reexposição e
usar um bracelete ou medalha de identificação, o que alerta os enfermeiros e os médicos para a alergia,
caso o cliente esteja inconsciente, quando receber o cuidado médico.

Interações Medicamentosas
Quando um medicamento modifica a ação de outro medicamento, ocorre uma interação
medicamentosa. As interações medicamentosas são comuns em indivíduos que tomam vários
medicamentos. Um medicamento pode potencializar ou diminuir a ação de outros medicamentos, e alterar
a maneira pela qual outro medicamento é absorvido, metabolizado ou eliminado do corpo. Quando dois
medicamentos possuem efeito sinérgico, ou agem de maneira sinérgica, o efeito dos dois
medicamentos combinados é maior que o dos medicamentos, se fornecidos em separado. Por
exemplo, o álcool é um depressor do sistema nervoso central que possui um efeito sinérgico com
anti-histamínicos, antidepressivos, barbitúricos e analgésicos narcóticos. Uma interação
medicamentosa nem sempre é indesejável. Com frequência, um médico combina medicamentos, para
criar uma interação que tenha efeito benéfico sobre a condição do cliente. Por exemplo, um cliente com
hipertensão (pressão arterial alta) que não pode ser controlada com medicamento, recebe tipicamente
vários medicamentos, como diuréticos e vasodilatadores, que atuam em conjunto para controlar a pressão
arterial.

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Os “9 certos” para uma Administração Medicamentosa Segura
1. Paciente Certo: Certifica-se de que a medicação corresponde com o prontuário do paciente, e ao
administrar, certifica-se se realmente é o paciente. Ex. “Como é o nome do Sr (a)” Nunca podemos dizer:
“Seu Fulano olha seu remédio...” Sempre devemos perguntar o nome completo mesmo que
conhecemos o paciente. Erros podem acontecer.
2. Medicamento Certo: Certifica-se se o medicamento que foi dispensado da farmácia realmente
corresponde com a prescrição médica.
3. Dose Certa: Observar atentamente na prescrição médica a dose correta da medicação, e a forma
que veio apresentada da farmácia. Ex. Prescrição Médica: Benzetacil 800.000UI IM; E a apresentação da
medicação da Farmácia é Benzetacil 1.200.000UI IM.
4. Via Certa: Toda atenção é pouca. Observar e ler atentamente qual a via a ser administrada. Ex.:
(Via Oral-VO, Sublingual-SL, Intramuscular-IM, Endovenosa/Intravenosa-EV/IV).
5. Hora Certa: Atentar-se quanto ao horário correto para administração da medicação, evitando
atrasos e antecipações.
6. Tempo Certo: Na aplicação da medicação, respeitar o tempo previsto na prescrição, por exemplo,
se for em 30 minutos, ou em quatro horas, controlar adequadamente o gotejamento ou programar
corretamente as bombas de infusão contínua ou bombas de seringa, controlando, dessa forma, a infusão
conforme prescrição.
7. Validade Certa: Antes de preparar a medicação sempre conferir a data de validade, NUNCA aplicar
medicação vencida. Estabelecer uma rotina de verificação e controle de validade nos setores, em
parceria com a farmácia.
8. Abordagem Certa: Antes de administrar o medicamento deve-se esclarecer ao paciente qualquer
dúvida existente referente ao mesmo e deve-se levar em consideração o direito de recusa do
medicamento, pelo cliente. O primeiro passo sempre é dizer ao paciente qual medicação será
administrada, qual é a via, principal ação do medicamento e como será feita a administração,
sobretudo, medicações que hajam colaboração e ação do cliente como as sublinguais a explicação deve
ser dada.
9. Registro Certo: Após aplicar a medicação registrar no prontuário checando com rubrica e ainda
anotando queixas, suspensão ou não aceitação de medicação.

Só para lembrar:

https://www.slideshare.net/Andreadcss/9-certos-na-administrao-de-medicamentos

Recomendações Gerais
- Todo medicamento a ser administrado no cliente deve ser prescrito pelo médico ou odontólogo;
- A prescrição deve ser escrita, assinada e carimbada. Somente em caso de emergência, a
Enfermagem pode atender prescrição verbal, que deve ser transcrita pelo médico logo que possível;
- Toda prescrição de medicamento deve conter: data, nome do cliente, registro, enfermaria, leito, idade,
nome do medicamento, dosagem, via de administração, frequência, assinatura e carimbo do médico;
- A prescrição do cliente ou cartão de medicamento deve ser mantido à vista do executante;
- Lavar as mãos antes de preparar e administrar o medicamento e, logo após o procedimento;
- Fazer a desinfecção concorrente da bandeja antes do preparo e depois da administração do
medicamento;
- Manter o local de preparo de medicação sempre em ordem e limpo, utilizando álcool a 70% para
desinfetar a bancada;
- Preparar o medicamento em ambiente com boa iluminação;
- Concentrar a atenção no trabalho, evitando atividades paralelas, distrações e interrupções, que
podem aumentar a chance de cometer erros;

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- Ler e conferir o rótulo da medicação três vezes – quando pegar o medicamento, antes de colocar o
medicamento no recipiente próprio para administração, e ao colocar o recipiente na prateleira ou
desprezar o invólucro;
- Nunca administrar medicamento sem rótulo;
- Fazer desinfecção das ampolas e/ou dos frascos antes de quebrar e/ou aspirar a medicação;
- Preparar somente quando tiver certeza do medicamento prescrito, dosagem e via de administração;
- Proteger a seringa ou frasco com medicamento para evitar contaminação, podendo ser usado o
próprio invólucro se não contaminado;
- Observar o aspecto e as características da medicação antes de prepará-la; e antes de administrá-la
(sinais de decomposição, turvação, deterioração, precipitação, etc.);
- Devolver no final do plantão os medicamentos não utilizados e em hipótese alguma acumular
“sobras”;
- Manter a bandeja sempre a vista durante a administração, nunca deixando-a sozinha junto ao
paciente;
- Antes de administrar o medicamento, conferir cuidadosamente a identidade do paciente;
- Permanecer junto ao paciente até que tome o medicamento;
- A administração do medicamento deve ser feita pelo profissional que o preparou;
- Não se deve nunca esquecer de registrar o medicamento que o paciente tenha recebido (checar a
medicação);
- Anotar qualquer anormalidade após a administração do medicamento (vômito, diarreia, erupções,
urticária, etc.);
- Após a administração do medicamento, checar a prescrição imediatamente, evitando administração
dobrada;
- Em caso de recusa do medicamento, o profissional de enfermagem deve relatar imediatamente o fato
ao(a) enfermeiro(a) e/ou médico e anotá-la no prontuário. Convencionalmente em nosso meio, quando o
medicamento não foi administrado por algum motivo, o horário correspondente é circundado, “bolado” à
caneta e a justificativa anotada no prontuário do paciente;
- Utilizar luvas de procedimentos para medicações via sonda gástrica ou nasogástrica, via retal e
parenteral;
- Utilizar técnica asséptica ao manusear material esterilizado;
- Nunca reencapar agulhas ou concitá-las da seringa para desprezar;
- As luvas de procedimentos e o algodão devem ser desprezados na lixeira com saco branco leitoso,
para lixo infectante, dentro da enfermaria do paciente, conforme Programa de Gerenciamento de
Resíduos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH);
- Em caso de dúvida, nunca administrar o medicamento até que ela seja esclarecida.

Vias de Administração de Medicamentos


Vias oral, sublingual, gástrica e retal – administração de medicamento por via digestiva.
Os medicamentos via oral são fornecidos pela boca e deglutidos com líquidos, apresentam um
início de ação mais lento e um efeito mais prolongado que os medicamentos parenterais. Em geral, os
clientes preferem a via oral.
Via parenteral – administração de um agente terapêutico por outra via que não seja a do trato
alimentar (aparelho digestório).
Via vaginal – introdução e absorção de medicamentos no canal vaginal. O medicamento pode ser
introduzido sob a forma de: supositório, comprimido, óvulo, lavagem, irrigação, creme ou gel.
Via tópica ou cutânea – aplicação de medicamentos na pele. Sua ação pode ser local ou geral.
Exemplos: pomada, antisséptico, etc.
Via nasal – consiste em levar à mucosa nasal um medicamento líquido.
Via Respiratória: as passagens mais profundas do trato respiratório proporcionam grande área de
superfície para a absorção do medicamento. Os medicamentos podem ser administrados através das
vias nasais, via oral ou tubos colocados dentro da boca do cliente até a traqueia. Os medicamentos
administrados pela via de inalação são prontamente absorvidos e atuam rapidamente por causa da rica
rede vascular alveolocapilar presente no tecido pulmonar. Os medicamentos inalados podem ter
efeitos locais ou sistêmicos.
Via ocular – aplicação de colírio ou pomada na conjuntiva ocular (saco conjuntival inferior).
Há, também, o fornecimento intraocular de medicamento que envolve a inserção de medicamento
semelhante a uma lente de contato dentro do olho do cliente. O disco do medicamento ocular possui duas
camadas mais externas que contêm o medicamento. O disco é inserido dentro do olho do cliente de forma

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muito parecida com uma lente de contato, podendo permanecer no olho dele por até uma semana. A
pilocarpina, um medicamento usado para tratar o glaucoma, é o disco de medicamento mais comum.
Via Auricular – introdução de medicamento no canal auditivo. Colocar o paciente em posição que
você consiga administrar, manter a cabeça do paciente ereta e pingar a solução puxando o pavilhão
auditivo para baixo e para frente.
Instilações na garganta – a garganta pode ser pulverizada ou embrocada pela aplicação de um
antisséptico ou anestésico.

Procedimentos de Administração

Via Oral
Material:
- 01 bandeja;
- 01 copinho;
- medicamento prescrito.
Procedimento:
- Conferir a prescrição médica e medicação a ser administrada;
- Identificar os copinhos com o nome do paciente, nome da medicação, horário e número do leito;
- Lavar as mãos;
- Diluir o medicamento se necessário;
- Conferir novamente a medicação e prescrição médica verificando data, paciente, hora, via de
administração e dose;
- Levar a bandeja de medicação junto ao leito do paciente;
- Perguntar o nome do paciente sem sugestionar;
- Oferecer o medicamento;
- Observar se o paciente ingeriu a medicação;
- Lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica;
Cuidados importantes:
- Agitar o frasco de medicamento líquido antes de entorná-lo pelo lado oposto ao do rótulo, evitando
assim, que o líquido escorra sobre ele, tornando difícil a leitura;
- Os frascos multidoses deverão ser diluídos quando abertos;
- Frascos multidoses que ficam “estocados” no posto, verificar sempre a data de validade e condições
de armazenamento antes de administrá-lo ao paciente. Se necessário trocar o frasco na farmácia;
- Segurar o recipiente graduado (copinho) e vidro ao nível dos olhos para despejar o líquido até a altura
correspondente à dose, facilitando desse modo a colocação precisa do medicamento;
- Colocar comprimidos, drágeas ou cápsulas no recipiente sem tocá-las diretamente com a mão;
- Se houver dificuldade na identificação do medicamento, não administrá-lo. Devolva-o à farmácia e
solicite outro medicamento com identificação legível;
- Se um paciente recebe vários medicamentos simultaneamente, a prática mais segura é a de usar
recipientes separados, possibilitando a identificação segura dos medicamentos que efetivamente o
paciente recebeu. Em casos de aceitação parcial ou perdas acidentais de uma parte deles, será possível
registrar adequadamente o ocorrido e/ou repor a medicação perdida;
- Observar se o paciente não está com indicação de jejum, controle hídrico, além de fatores que
influenciam a administração, como sonda nasogástrica, condições relativas à deglutição, náuseas,
vômitos, entre outros;
- No caso de administração de medicação sublingual, observar a colocação do medicamento sob a
língua do paciente e orientá-lo para que deixe ali, sem mastigá-lo ou engoli-lo, até ser totalmente
dissolvido, não se devem oferecer líquidos com a medicação sublingual;
- No uso de medicação via Sonda Nasoenteral-SNE ou Sonda Nasogástrica-SNG: lavar (10 a 20ml
de água pela seringa sob pressão) logo após a administração da medicação, a fim de evitar obstrução da
mesma.

Importante: na ausência do copo graduado ou seringa utilizar as medidas abaixo como


referência de administração medicamentosa líquida.
Colher de café = 2,5ml
Colher de chá = 5ml
Colher de sobremesa = 10ml
Colher de sopa = 15ml

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Via retal
As formulações destinadas para uso retal podem ser sólidas ou líquidas.
Formulações sólidas: denominada supositório – possuem formato e consistência que facilita sua
aplicação, não devendo ser partido. Dissolve-se em contato com a temperatura corporal e é indicado
principalmente para a estimulação da peristalse para facilitar a defecação. Quando efetivo, os resultados
manifestam-se dentro de 15 a 30 minutos, mas podem tardar até uma hora.
Formulação líquida: pode ser em grande quantidade, denominada lavagem intestinal (de 1000 a
2000ml) ou em pequena quantidade, chamada de clister (150 a 500ml). Geralmente são usadas na
lavagem intestinal para a remoção das fezes em caso de “fecaloma” (fezes endurecidas), preparo para
procedimentos cirúrgicos ou exames (ex.: colonoscopia);
Material:
- 01 Frasco de Clister ou Fleet Enema (conforme prescrição médica);
- Papel higiênico;
- 01 comadre;
- 01 par de luvas de procedimento;
- 01 sonda retal.
Procedimento:
- Explicar ao paciente o procedimento;
- Preparar o material;
- Mornar quando for solução glicerinada ou soro fisiológico;
- Lavar as mãos, calçar luvas de procedimentos;
- Colocar biombo, para não expor o paciente;
- Colocar o paciente em posição de Sims, (decúbito lateral esquerdo e perna direita fletida);
- Afastar a prega interglútea e instilar o líquido;
- Introduzir a sonda retal lubrificada (ex: xilocaína gel ou óleo mineral) no ânus do paciente;
- Colocar o paciente na comadre, deixando o papel higiênico à mão, nos casos de pacientes
dependentes ou encaminhá-lo ao banheiro;
- Fazer a higiene íntima;
- Retirar o material usado;
- Limpar e organizar o material;
- Retirar as luvas de procedimentos;
- Lavar as mãos;
- Fazer anotação de enfermagem no prontuário;
Observação: No caso de irrigação gota a gota acrescentar um equipo ao material, procedendo a
mesma forma de instalação, deixando o sistema instalado até o final da solução.

Via Parenteral
Preparo da Medicação:
- Observar o prazo de validade, o aspecto da solução, bem como a integridade do frasco;
- Certificar que todo o medicamento está contido no corpo da ampola, pois o estreitamento do gargalo
faz com que uma parte do medicamento muitas vezes, fique na sua parte superior;
- O mesmo cuidado deve ser observado com o pó liofilizado no frasco da ampola;
- Lavar as mãos com água e sabão;
- Observar a integridade dos invólucros que protegem a seringa e a agulha;
- Monte a seringa com a agulha respeitando a técnica asséptica;
- Desinfetar toda a ampola com algodão embebido em álcool a 70% destacando o gargalo, no caso do
frasco ampola, levantar a tampa metálica e desinfetar a borracha;
- Proteger o gargalo da ampola com algodão na hora de quebrá-lo;
- Aspirar ao diluente (no caso de frasco ampola) introduzi-lo dentro do frasco e deixe que a força da
pressão interna do frasco, desloque o ar para o interior da seringa;
- Homogeneizar o diluente com o pó liofilizado sem sacudir;
- Introduzir o ar da seringa para o interior do frasco. Este procedimento visa aumentar a pressão dentro
do frasco, facilitando a retirada do medicamento, visto que os líquidos movem-se de uma área de maior
pressão para a de menor pressão;
- Manter o frasco invertido para baixo, enquanto aspira ao medicamento;
- Proteger a agulha com o protetor e o êmbolo da seringa com o próprio invólucro;
- Identificar o material com fita adesiva com o nome do paciente, número do leito, medicamento,
horário, dose e via de administração;

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Via Intradérmica
É a introdução do medicamento na derme. É raramente usada para tratamento, porém incide na
disseminação de vacinas. Volumes máximos administrados – 0,1 a 1,0ml.
Locais de aplicação: Face interna ou ventral do antebraço; Região escapular (parte superior das
costas); Parte inferior do deltoide direito (exclusivamente para a vacina BCG).
Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 3ml ou 5ml;
- 01 agulha para injeção 03X07;
- 01 bola de algodão;
- 05ml de álcool;
- Luvas de procedimentos;
- Medicamento prescrito.
Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Posicionar a agulha em ângulo de 15º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com o bisel para cima para formar uma pápula;
- Checar na prescrição médica;
Observação: Não fazer a antissepsia da região, o que causaria o desenvolvimento de reações falso-
positivas em testes de hipersensibilidade e a redução da atividade das vacinas administradas.

Via Subcutânea
É a introdução do medicamento na região subcutânea. Utilizada para drogas que não necessitem de
absorção imediata e sim quando se deseja uma absorção continua. Podem ocorrer lesões inflamatórias
locais, sendo de grande importância o rodízio da aplicação como um método profilático. Volume máximo
administrável – 2 ml.
Locais de aplicação: Parte superior externa dos braços; Face lateral externa e frontal das coxas;
Regiões glúteas, direita e esquerda; Região abdominal – hipocôndrios direito e esquerdo, exceto a região
periumbilical; Regiões supraescapular e infraescapular; Faces externas, anterior e posterior dos braços;
Região intermediária lateral das costas (próxima ao quadril direito e esquerdo).
Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 1ml;
- 01 agulha 13X25;
- Luvas de procedimentos;
- 02 Bolas de algodão;
- 05ml do álcool a 70%;
- Medicamento prescrito.
Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com bisel para baixo;
- Não friccionar o local após a aplicação;
- Retirar luvas e lavar mãos;
- Checar na prescrição medica.

Via Intramuscular
É aplicada no tecido muscular através da pele, tendo a desvantagem de ser dolorosa pela introdução
da agulha e absorção do medicamento. O desconforto da aplicação desse medicamento pode ser
minimizado com os seguintes cuidados:

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- Manter a técnica asséptica durante todo o procedimento;
- Ao escolher o local de aplicação, observe a condição do músculo;
- Assegure a privacidade do paciente, sem expô-lo desnecessariamente;
- Não hesitar em aplicar a injeção;
- Injetar lentamente as soluções;
- Fazer uma pressão no local administrado com a extremidade dos dedos, para auxiliar na absorção
da droga;
- Checar na prescrição médica.

Volume máximo administrável – 5 ml.


Algumas bibliografias informam volume máximo de 4ml outras 5ml.

Locais para aplicação: Regiões deltoideanas; Região dorsoglútea; Região ventroglútea; Região
anterolateral da coxa (músculo vastolateral).
Recomendações importantes:
- Não administrar medicamentos por via intramuscular na região dorsoglútea em crianças de 0 a 2
anos, adultos excessivamente magros ou com mais de 60 anos;
- Priorizar a região vastolateral da coxa em crianças menores de 1 ano;
- Não administrar diclofenaco de sódio e penicilina benzatina na região deltoide, em qualquer idade.
Nessas medicações só usar agulhas 30x8;
- Rodiziar o local de aplicação.
Material:
- 01 bandeja;
- 01 seringa de 3ml ou 5ml;
- 01 agulha 30X06, 30X07 ou 30X08;
- 02 bolas de algodão;
- 05ml do álcool a 70%;
- Luvas de procedimentos;
- Medicamento prescrito.
Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Escolher a seringa de acordo com o volume a ser injetado;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Posicionar a agulha em ângulo de 90º em relação à superfície da pele;
- Introduzir a agulha com bisel para baixo;
- Aspirar antes de injetar o medicamento, verificando se algum vaso foi atingido;
- Injetar lentamente o líquido;
- Fazer uma leve compressão no local após a administração;
- Retirar luvas e lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica;

Via Endovenosa
A via endovenosa é usada quando se deseja uma ação rápida do medicamento ou porque outras vias
não são propícias. Sua administração deve ser feita com muito cuidado, considerando-se que a
medicação entra direto na corrente sanguínea, podendo ocasionar sérias complicações ao paciente, caso
as recomendações preconizadas não sejam observadas. As soluções administradas por essa via
devem ser cristalinas, não oleosas e sem flocos em suspensão.
Alguns acidentes podem acorrer na administração de medicamentos endovenosos:
- Esclerose da veia: aplicação sucessiva no mesmo local;
- Abscessos: administração de medicamentos fora da veia, antissepsia inadequada no local da
punção e material contaminado;
- Hematoma: extravasamento de sangue da veia no espaço intersticial por transfixação da veia;
- Flebite: longa permanência de dispositivos endovenosos ou drogas irritantes;
- Êmbolos: deslocamento de resíduos de medicamentos mal diluídos ou coágulos de sangue podem
agir como êmbolos;

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- Infiltração: passagem do líquido para o tecido subcutâneo. Ocorre por deslocamento da agulha ou
pela sua penetração na parede do vaso.
- Choque: quando se aplica determinado medicamento, pode ocorrer o estado de choque,
vasodilatação geral, palidez, vertigem, agitação, cianose, ansiedade, tremores. Pode se tratar do choque
pirogênico que ocorre quando existe pirogênio no medicamento, ou seja, substância produzida por
bactéria, produzindo reações como febre e alergias; choque anafilático devido à hipersensibilidade do
paciente ao medicamento.

Volume máximo administrável – não há limite, exceto nos casos em que a patologia
contraindique volumes elevados.

Locais de aplicação:
- Região cefálica (crianças);
- Região temporossuperficial e regiões epicranianas;
-Região dos membros superiores: braço (cefálica e basílica), antebraço (intermediária cefálica,
intermediária basílica, mediana e radial);
- Ulnar;
- Mão: rede do dorso da mã;.
- Região dos membros inferiores: perna (face posterior do joelho), safena magna e tibial anterior; pé
(rede do dorso do pé). Nesta região somente em casos extremos.
Observação: Observar orientações adicionais na Rotina de Prevenção de Infecção de Corrente
Sanguínea da CCIH.
Material:
- Mesmo da injeção intramuscular;
- Acrescentando em caso de grande volume de medicação:
- 01 bandeja;
- 01 Equipo;
- 01 cateter intravenoso (abocath ou jelco);
- 01 pacote de gaze;
- 30 cm de esparadrapo ou micropore;
- Medicamento;
- Luvas de Procedimentos.
Procedimento:
- Lavar as mãos;
- Preparar a medicação fazendo a desinfecção da ampola e, após a aspiração do medicamento, trocar
a agulha;
- Posicionar o paciente deitado ou sentado;
- Orientar o paciente quanto ao procedimento;
- Calçar luvas de procedimentos;
- Inspecionar as condições da veia e selecionar a mais apropriada;
- Garrotear o braço aproximadamente 10 cm acima da veia escolhida. Para facilitar a visualização da
veia na mão e braço, convém o paciente cerrar o punho durante a inspeção e a punção venosa;
- Fazer antissepsia da pele de cima para baixo;
- Fixar a veia e fazer a punção;
- Inserir o cateter ou agulha em um ângulo de 15º a 30º graus mantendo a pele esticada com o bisel
voltado para cima, facilitando a introdução;
- Retirar o garrote;
- Administrar lentamente o medicamento, evitando assim reações adversas, já que muitos
medicamentos podem produzir efeitos indesejáveis de imediato. Nesses casos, interrompa a aplicação e
comunique o fato o(a) enfermeiro(a) ou médico;
- Retirar o cateter ou agulha e comprimir o local;
- Retirar luvas e lavar as mãos;
- Checar na prescrição médica.
Recomendações importantes:
- Seguir Rotina de Controle de Infecção para acesso vascular para a manutenção da punção;
- Evitar punção venosa de membros inferiores em pacientes adultos;
- O local escolhido deve ser seguro, de fácil acesso, confortável ao paciente;
- O seguimento escolhido deve ser mais longo que a agulha;

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- Evitar “tapinha” sobre o local a ser puncionado, pois permitem o rompimento da veia no momento da
punção;
- Não puncionar membros com fístula arteriovenosa para hemodiálise, paresia, paralisia ou membro
do mesmo lado em que foi feita uma mastectomia.

Venóclise
Administração endovenosa de regular quantidade de líquido através de gotejamento controlado, para
ser infundido num período de tempo pré-determinado. É indicada principalmente para repor perdas de
líquidos do organismo e administrar medicamentos. As soluções mais utilizadas são a glicosada 5%,
fisiológica 0,9% e ringer simples.
Recomendações importantes:
- Atentar para a identificação, registrando no rótulo: o nome do paciente, a solução a ser injetada, os
medicamentos e seus complementos do soro, caso houver, tempo em que a solução deverá ser infundida,
número de gotas por minuto, início e término, data e assinatura;
- Estabelecer a punção venosa em local longe de articulações e de fácil acesso, para facilitar
manutenção da via e oferecer conforto ao paciente;
- Não puncionar veias esclerosadas (são veias com paredes espessas e endurecidas), devido a
deficiência circulatória;
- Realizar a punção com técnica asséptica, mantendo todo o conjunto de punção limpo, inclusive sua
fixação, prevenindo infecção;
- Manter as conexões do sistema bem adaptadas evitando extravasamento de solução, contaminação,
refluxo sanguíneo e entrada de ar;
- Manter a observação constante no local, a fim de detectar precocemente a infiltração nos tecidos
adjacentes;
- Retirar o dispositivo da punção e providenciar outra via de acesso venoso, na presença de sinais de
flebite (edema e hiperemia local). Comunicar o caso o(a) enfermeiro(a);
- Garantir a infusão do volume e dosagem dentro do tempo estabelecido. Para isto, deve-se controlar
constantemente o gotejamento, que não deve ser alterado em casos de atraso, para evitar a sobrecarga
cardíaca;
- Orientar aos pacientes que deambulam manterem o frasco elevado para promover gotejamento
contínuo, evitando refluxo, coagulação sanguínea e obstrução do cateter;
- Orientar o paciente não abrir ou fechar o gotejamento;
- Registrar no local da punção data, hora e assinatura do profissional responsável;
- Administração de medicações de horário pela “borrachinha” do equipo: fazer desinfecção do local
antes da introdução da agulha;
- Não injetar medicamentos perfurando o frasco de soro ou deixar agulhar tipo “suspiro” para evitar
contaminação do sistema;
- Evitar excesso de polifix ou tree-wall.

Outras Vias Parenterais:


- Epidural;
- Intratecal;
- Intraóssea;
- Intraperitoneal;
- Intrapleural;
- Intra-arterial.

Cálculos para gotejamento. Ex.: SG 5%, 500ml em 8horas.

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Questões

01. (SES/PR - Assistente de Farmácia - IBFC/2016) Não é considerada como via parenteral de
administração de medicamentos a via:
(A) Retal
(B) Subcutânea
(C) Intravenosa
(D) Intramuscular

02. (IF/PA - Auxiliar de Enfermagem - FUNRIO/2016) A administração de medicamentos pode ser


feita por várias vias. Indique a alternativa de uma via enteral.
(A) Otológica
(B) Intradérmica
(C) Tópica
(D) Oral
(E) Oftálmica

03. (CLIN - Auxiliar de Enfermagem do Trabalho - COSEAC) Considerando-se a administração de


medicamentos por via parenteral, é correto afirmar que:
(A) os medicamentos parenterais têm forma de creme e óvulos, que são introduzidos com o auxílio de
um aplicador de uso individual.
(B) para a administração de medicamentos por esta via deve-se usar o conta-gotas, e o paciente deve
manter a cabeça inclinada para trás.
(C) as formulações destinadas para uso nesta via podem ser sólidas ou líquidas e são indicadas
principalmente para a estimulação da peristalse.
(D) utilizam-se comumente nesta via as formas de administração subcutânea, intradérmica,
intramuscular e endovenosa.

04. (IF Sertão/PE - Técnico em Enfermagem) A paciente A.J, internada em enfermaria, foi prescrito
para ser administrado 500 ml de soro fisiológico, via endovenosa, em 8 horas. Quantas gotas por minuto
será administrada nessa prescrição?
(A) 7 gotas por minuto
(B) 21 gotas por minuto
(C) 42 gotas por minuto
(D) 15 gotas por minuto
(E) 64 gotas por minuto

05. (IF Sertão/PE - Técnico em Enfermagem) Sobre as vias de administração de medicamentos,


assinale a alternativa incorreta:
(A) As vias de administração parenterais diferem em relação ao tipo de tecido em que o medicamento
será administrado.
(B) A via intradérmica constitui uma alternativa parenteral para a administração de medicamentos que
precisam de uma lenta absorção.
(C) Na utilização da via subcutânea, a medicação é introduzida na hipoderme, proporcionando uma
absorção gradual e sistêmica.
(D) Na utilização da via intramuscular, o medicamento é introduzido no tecido muscular, sendo
apropriado para a administração o volume máximo até 0,5 mL.
(E) A via endovenosa permite a administração de grandes volumes de líquidos e, também, de soluções
que, por serem irritantes ou por sofrerem a ação dos sucos digestivos, são contraindicadas pelas demais
vias parenterais e pela via oral, respectivamente.

06. (IF Sertão/PE - Técnico em Enfermagem) Chega ao posto de enfermagem uma prescrição
médica em que está solicitado a administração de 350 mg de ampicilina. Na unidade tem frascos com 1,0
grama que deve ser diluído em 10ml de água destilada. Após diluição, quanto deve ser aspirado?
(A) 3,5 ml
(B) 3,0 ml
(C) 2,5 ml
(D) 2,0 ml
(E) 1,5 ml

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07. (EBSERH - Técnico em Enfermagem - IBFC/2016) Considerando o Protocolo de segurança na
prescrição, uso e administração de medicamentos do Ministério da Saúde, analise as afirmativas abaixo
e assinale a alternativa correta:
I. As prescrições verbais devem ser restritas às situações de urgência/emergência, devendo ser
imediatamente escritas no formulário da prescrição, após a administração do medicamento.
II. Realizar a antissepsia do local da aplicação para administração de medicamentos por via parenteral.
III. Não deverão ser administrados medicamentos em casos de prescrições vagas como: “fazer se
necessário”.

(A) I, II e III estão corretas


(B) I, II e III estão incorretas
(C) Apenas I e II estão corretas
(D) Apenas II e III estão corretas
(E) Apenas III está correta
Gabarito

01.A / 02.D / 03.D / 04.B / 05.D / 06.A / 07.A

Comentários

01. Resposta: A
Parenteral NÃO passa pelo trato gastrointestinal.

02. Resposta: D
Enteral vem do grego enteron (intestino): são as vias: oral, sublingual e retal.
03. Alternativa: D
Os medicamentos em via Parenterais são aqueles que o fármaco não passa pelo trato gastrointestinal.

04. Resposta: B
1 h -------------------------- 60 minutos
8 h ------------------------ x minutos x= 480 minutos.
T (minutos)
Gota= Volume total x 20 / T (minutos)
Gota= 500 x 20 / 480
Gota= 10000 / 480
Gota= 20,88 aproximadamente 21 gotas por minuto

05. Resposta: D
O volume máximo administrado na via intramuscular varia dependendo do músculo, mas pode
chegar até 5mL.

06. Resposta: B
1,0 g – 10 ml água destilada
350 mg de ampicilina = 0,35 g – X
1,0 x= 0,35 . 10
X = 3,5 /1,0
X= 3,5 ml

07. Resposta: A
PROTOCOLO DE SEGURANÇA NA PRESCRIÇÃO, USO E ADMINISTRAÇÃO DE
MEDICAMENTOS* Protocolo coordenado pelo Ministério da Saúde e ANVISA em parceria com FIOCRUZ
e FHEMIG
5.1.4 Utilização de expressões vagas Expressões vagas como “usar como de costume”, “usar como
habitual”, “a critério médico”,“se necessário” (sem indicação de dose máxima, posologia e condição de
uso), “uso contínuo” e “não parar” devem ser abolidas das prescrições. Quando for preciso utilizar a
expressão “se necessário”, deve-se obrigatoriamente definir: Dose; posologia; dose máxima diária deve
estar claramente descrita; e condição que determina o uso ou interrupção do uso do medicamento.
Exemplo: paracetamol comprimido de 500mg uso oral. Administrar 500mg de 6 em 6h, se temperatura
igual ou acima de 37,5ºc. Dose máxima diária 2 gramas (quatro comprimidos de 500mg).

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Normas de biossegurança em enfermagem

BIOSSEGURANÇA, IRAS e CCIH

Conforme conceitua o Ministério da Saúde, Biossegurança compreende um conjunto de ações


destinadas a prevenir, controlar, mitigar ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam
interferir ou comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio ambiente. Desta forma, a
biossegurança se caracteriza como estratégica e essencial para a pesquisa e o desenvolvimento
sustentável, sendo de fundamental importância para avaliar e prevenir os possíveis efeitos adversos de
novas tecnologias à saúde.
As ações de biossegurança em saúde são primordiais para a promoção e manutenção do bem-estar
e proteção à vida. A evolução cada vez mais rápida do conhecimento científico e tecnológico propicia
condições favoráveis, possibilitando ações que colocam o Brasil em patamares preconizados pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) em relação à biossegurança em saúde. No Brasil, a biossegurança
começou a ser institucionalizada a partir da década de 80, quando o Brasil passou a fazer parte do
Programa de Treinamento Internacional em Biossegurança, ministrado pela OMS, que teve como objetivo
estabelecer pontos focais na América Latina para o desenvolvimento do tema (BRASIL)11.

Medidas de Biossegurança12

A palavra Biossegurança significa, genericamente, segurança nas atividades que evoluem de


organismos vivos. E entende-se, ainda, que o termo Biossegurança se aplica ao conjunto de ações
voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa,
produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços - riscos que podem comprometer
a saúde do Homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos.
Ao profissional de enfermagem cabe a consciência de sua responsabilidade quanto à prática da
biossegurança em todos os seus procedimentos de trabalho e, também, junto aos seus pacientes, para
que, protegendo-se, possa garantir suas boas condições de saúde e, assim, estar apto para o cuidado
com o próximo. Medidas de proteção e segurança (individual, coletiva, para si e para o paciente) são
recomendadas aos profissionais de saúde, em especial ao enfermeiro ao exercer a prática do cuidado
em estabelecimentos de saúde.
Os profissionais que atuam na área da saúde, historicamente, não eram considerados como
trabalhadores da categoria de grandes riscos para acidentes de trabalho, mas nos dias atuais os riscos
biológicos rodeiam a classe.
Na década de 80, com o surgimento da AIDS, as questões de biossegurança começaram a ser
estabelecidas, sendo promovida a proteção profissional.
Os serviços de saúde possuem muitas áreas de insalubridade, com graduação variável, que dependem
de sua hierarquização e complexidade (ex. hospital terciário ou posto de saúde), do tipo de atendimento
prestado (ex. atendimento exclusivo a moléstias infectocontagiosas) e do local de trabalho do profissional
(ex. laboratório, endoscopia, lavanderia, etc.). Os riscos de agravo à saúde (ex. radiação, calor, frio,
substâncias químicas, estresse, agentes infecciosos, ergonômicos, etc.) podem ser variados e
cumulativos. Por suas características, encontram-se nos serviços de saúde exemplos de todos os tipos
de risco, agravados por problemas administrativos e financeiros (ex. falta de manutenção de
equipamentos) e alguns decorrentes de falhas na adaptação de estruturas antigas a aparelhos de última
geração.
Todos os profissionais que atuam - direta ou indiretamente - na prestação de serviços em hospitais ou
em qualquer outra atividade ligada à saúde estão sujeitos a desenvolver doenças relacionadas ao
trabalho. A exposição a riscos de contaminação ocupacional depende do ambiente de trabalho de cada
um.
Constatou-se que com 70% das contaminações pelo vírus HIV em todo o mundo por ocasião de
acidente de trabalho, 43% envolvem a categoria da área de enfermagem.

11
Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Biossegurança em saúde: prioridades e estratégias de ação. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 242 p. (Série B.
Textos Básicos de Saúde)
12
Conteúdo adaptado de SÃO PAULO. Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo. Programa Estadual de DST/AIDS. Biossegurança: atualidades em DST/Aids.
2. ed. rev. e amp. São Paulo, 2003. e de ZORZE, Cleide Maria Ferreira da Silva; KARAGULIAN, Patrícia Partamian. Biossegurança em enfermagem. In: MURTA,
Genilda Ferreira (org.). Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 3. ed. rev. e amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão, 2007.

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Várias são as doenças que os profissionais de saúde poderão adquirir ao longo de suas carreiras;
algumas poderão ser combatidas com vacinas; outras, com cuidados nos equipamentos de segurança.

Medidas de Biossegurança em Serviços de Saúde

Na área da saúde, o tema “Biossegurança” suscita reflexões por parte dos profissionais, uma vez que
estão mais suscetíveis a contrair doenças advindas de acidentes de trabalho, através de procedimentos
que envolvem riscos biológicos, químicos, físicos e ergonômicos (BOLICK, 2000; MASTROENI, 2004).
Os profissionais que prestam assistência direta à saúde ou manipulam material biológico no seu
cotidiano devem ter conhecimento suficiente acerca de biossegurança para uma prática eficaz e segura
(CARVALHO, 1999; COSTA & COSTA, 2003).
O profissional de limpeza e desinfecção de superfícies em serviços de saúde está exposto a riscos, e
o objetivo das medidas de biossegurança é identificar riscos à saúde e ao meio ambiente decorrentes da
exposição à matéria orgânica e aos agentes biológicos e do manuseio de produtos químicos e materiais
perigosos.
A utilização de precauções básicas auxilia os profissionais nas condutas técnicas adequadas à
prestação dos serviços, por meio do uso correto de EPI, de acordo com a NR n° 6, da Portaria nº 3.214,
de 08 de junho de 1978 (BRASIL). Essas medidas devem gerar melhorias na qualidade da assistência e
diminuição de custos e infecções.
Ao Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde competem os
procedimentos para a remoção de sujidades, detritos indesejáveis e micro-organismos presentes em
qualquer superfície, visando manter o ambiente dentro dos padrões estabelecidos pelos serviços de
saúde.
As medidas de biossegurança em serviços de saúde evitam os riscos inerentes ao uso de produtos
químicos e materiais biológicos. Têm a finalidade de minimizar os riscos envolvidos no uso desses
materiais pelos profissionais da instituição. Incluem procedimentos para aquisição, armazenamento,
transporte e manuseio desses produtos.
As medidas de biossegurança podem ser isoladas ou estarem inseridas em um plano de prevenção e
controle de riscos biológicos, químicos e materiais perigosos.
Os acidentes de trabalho são aqueles que ocorrem pelo exercício do trabalho a serviço da empresa
ou pelo exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
cause a morte, a perda ou a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (BRASIL)
e podem ser provocados por agentes biológicos, ergonômicos ou mecânicos.
Podem ser evitados por meio da instituição de medidas preventivas que visem à segurança do
funcionário durante suas atividades rotineiras, como:
- Não substituir as escadas por cadeiras, usando-as apenas em superfícies planas.
- Não manusear equipamentos elétricos com as mãos molhadas.
- Não misturar produtos de limpeza e desinfecção de superfícies.
- Utilizar cintos de segurança para a limpeza de janelas e vidros.
- Proteger as tomadas elétricas de paredes molhadas.
- Não correr nas dependências dos serviços de saúde.
- Manter postura adequada para evitar problemas de coluna.
- Não levar ou levantar objetos muito pesados sem ajuda.
- Obedecer aos horários de intervalos a fim de prevenir o estresse.
- Notificar os acidentes após a ocorrência.
- Utilizar EPI e EPC sempre que necessário.
- Receber as vacinas recomendadas.

Os profissionais, quando acidentados, devem comunicar seus acidentes em formulário próprio,


denominado Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), no prazo de 24 horas, e encaminhá-lo
aos setores competentes.

Glossário

- Desinfecção: remoção de agentes infecciosos, na forma vegetativa, de uma superfície inerte,


mediante a aplicação de agentes químicos ou físicos.
- Desinfetante: são agentes químicos capazes de destruir micro-organismos na forma vegetativa em
artigos ou superfícies, sendo divididos segundo seu nível de atividade em: alto nível, médio nível ou nível
intermediário e baixo nível.

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- Detergente: todo produto que possui como finalidade a limpeza e que contém na sua formulação
tensoativos que reduzem a tensão superficial da água, facilitando sua penetração, dispersando e
emulsificando a sujidade.
- Limpeza: consiste na remoção das sujidades mediante aplicação de energias química, mecânica ou
térmica em um determinado período de tempo. Pode ser:
- Química – ação de produtos saneantes com a finalidade de limpar por meio da propriedade de
dissolução, dispersão e suspensão da sujeira.
- Mecânica – ação física aplicada sobre a superfície para remover a sujeira resistente à ação do produto
químico (esfregar, friccionar, escovar).
- Térmica – ação do calor que reduz a viscosidade da graxa e da gordura, facilitando a remoção pela
ação química.
- Medicina do Trabalho: especialidade médica que se ocupa da promoção, preservação e
monitoramento da saúde do trabalhador. Executa ações preventivas e emergenciais.
- Produtos Saneantes: substâncias ou preparações destinadas à higienização, desinfecção ou
desinfestação domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no
tratamento de água.
- Serviço de Limpeza e Desinfecção de Superfícies em Serviços de Saúde: executa ações de
limpeza/desinfecção preventivas e emergenciais no ambiente dos serviços de saúde.
- Serviços de Saúde: estabelecimento destinado ao desenvolvimento de ações de atenção à saúde
da população em regime de internação ou não, incluindo a atenção realizada em consultórios e domicílios.
- Risco Biológico: risco determinado pela exposição a agentes biológicos por inalação, contato ou
manuseio (direto ou indireto) de sangue e fluidos corpóreos.

Bibliografia
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies. Brasília: Anvisa,
2010.

Controle da População Microbiana13

Entendendo a estruturação da cadeia de transmissão (onde e como vivem, como se transmite) dos
principais agentes infecciosos, pode-se intervir rompendo o elo e evitando a contaminação do ambiente.
Dessa forma, eliminando as doenças infecciosas, procura-se aumentar o tempo de vida da espécie
humana.
Sabe-se que os seres humanos apresentam necessidades de maior amplitude além das biológicas,
ou seja, as de ordem social, política e econômica: moradias adequadas, boa higiene, educação, bom
relacionamento social com a comunidade em que vivem e trabalham, bons serviços de assistência à
saúde (profissionais e centros de saúde), escolas gratuitas e salários decentes, por exemplo. A carência
destas necessidades implica condições diretamente relacionadas à disseminação de doenças,
especialmente as parasitárias.
Considerando tais fatos, o profissional de saúde é capaz de atuar na saúde individual de forma, muitas
vezes, simples, através de orientações e tratamentos, e assim prevenir e curar as doenças parasitárias.
Entretanto, quando se trata de saúde coletiva, com a participação do meio ambiente e de outros fatores
de ordem socioeconômica, faz-se necessária a adoção de medidas mais complexas. Nesse caso, as
decisões de natureza política exercem importante papel, de maneira direta, na relação parasito-
hospedeiro-meio ambiente, intervindo e rompendo a cadeia de transmissão.

Saneamento Básico

Fala-se muito em saneamento básico. Conhecemos seu significado? É importante para a população?
Sanear quer dizer limpar. Assim, pode-se definir saneamento como o conjunto de medidas que visam
tornar as condições ambientais apropriadas à vida.
O saneamento básico consiste em abastecimento e purificação da água, coleta de lixo, construção de
redes de esgoto, controle da poluição, limpeza dos lugares públicos pelos órgãos do governo. Enfim,
significa conservar os meios naturais e eliminar o que representa risco à saúde da população.
A água contaminada é um deles, podendo transmitir muitas doenças parasitárias como diarreias,
cólera, esquistossomose (barriga d’água) e outras verminoses. Durante as chuvas, as águas de
13
Conteúdo adaptado de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na
Saúde. Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos
de enfermagem. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

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abastecimento podem vir a se contaminar pela drenagem dos campos contaminados em decorrência de
enxurradas. Por sua vez, as piscinas e lagos recreativos também podem apresentar considerável
contaminação, oferecendo riscos às pessoas.
Considerando tais fatos, a água deve ser sempre adequadamente tratada e, para ser ingerida, fervida
ou filtrada.
Esterilização e Desinfecção

São procedimentos de remoção dos agentes infecciosos.

Esterilização
É a destruição de todas as formas de vida microbiana (matando os esporos) existentes em
determinado objeto (em sua superfície ou interior). Pode ser realizada através de métodos físicos ou
químicos (vapor seco e vapor saturado sob pressão e agentes químicos).

Desinfecção
É o processo que remove ou mata a maioria dos micro-organismos patogênicos (não necessariamente
matando os esporos) existente em uma superfície inerte. Pode ser feita por vapor úmido, por processos
físicos (pasteurização e água em ebulição ou fervura) ou por processos químicos por meio da imersão
em soluções germicidas (álcool etílico a 70%, cloro e compostos clorados, fenólicos, formaldeído, etc.).

Assepsia
É um conjunto de medidas que visam reduzir o número de micro-organismos e evitar sua disseminação
ou contaminação de uma área ou objeto estéril. Pode ser classificada em:
- assepsia médica: auxilia a diminuir o número de micro-organismos, impedindo sua passagem de
pessoa para pessoa (técnica asséptica);
- assepsia cirúrgica: torna e mantém os objetos e áreas livres de todos os micro-organismos (técnica
estéril).

Antissepsia
São medidas que visam diminuir e prevenir o crescimento de micro-organismos, mediante aplicação
de um agente germicida.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: instrumentalizando a ação
profissional 1. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

Ambiente Hospitalar

Processamento de Artigos Hospitalares

Descontaminação é o processo que visa destruir micro-organismos patogênicos, utilizado em artigos


contaminados ou em superfície ambiental, tornando-os, consequentemente, seguros ao manuseio.
Pode ser realizada por processo químico, no qual os artigos são imersos em solução desinfetante
antes de se proceder a limpeza; por processo mecânico, utilizando-se máquina termodesinfectadora ou
similar; ou por processo físico, indicando-se a imersão do artigo em água fervente durante 30 minutos -
método não indicado por Padoveze, pois, segundo ele, há impregnação de matéria orgânica quando
aplicado a artigos sujos.
A limpeza é o ato de remover a sujidade por meio de fricção e uso de água e sabão ou soluções
detergentes. Há várias fórmulas de detergentes disponíveis no mercado, variando do neutro a específicos
para lavadoras. Ainda nesta classificação, podemos apontar os enzimáticos, utilizados para limpeza de
artigos por imersão, bastante recomendados, atualmente, por sua eficácia na limpeza - são capazes de
remover a matéria orgânica da superfície do material em tempo inferior a 15 minutos (em média, 3
minutos), não danificam os artigos e são atóxicos e biodegradáveis.
Limpar é procedimento que deve sempre preceder a desinfecção e a esterilização; quanto mais limpo
estiver o material, menor a chance de falhas no processo. A matéria orgânica, intimamente aderida ao
material, como no caso de crostas de sangue e secreções, atua como escudo de proteção para os micro-
organismos, impedindo que o agente desinfetante/esterilizante entre em contato com a superfície do
artigo, tornando o procedimento ineficaz.

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Para a realização da descontaminação e limpeza dos materiais, recomenda-se adotar as
seguintes medidas:
- os procedimentos só devem ser feitos por profissionais devidamente capacitados e em local
apropriado (expurgo);
- sempre utilizar sapatos fechados, para prevenir a contaminação por respingos;
- quando do manuseio de artigos sujos, estar devidamente paramentado com equipamentos de
proteção: avental impermeável, luvas de borracha antiderrapantes e de cano longo, óculos de proteção e
máscara ou protetor facial;
- utilizar escovas de cerdas macias, evitando a aplicação de materiais abrasivos, como palhas de aço
e sapólio;
- as pinças devem estar abertas quando de sua imersão na solução;
- desconectar os componentes acoplados, para uma efetiva limpeza;
- enxaguar os materiais em água corrente potável;
- secar os materiais com tecido absorvente limpo, atentando para o resultado da limpeza,
principalmente nas ranhuras das pinças;
- armazenar o material ou encaminhá-lo para desinfecção ou esterilização.

Desinfecção é o processo de destruição de micro-organismos em estado vegetativo (com exceção


das formas esporuladas, resistentes ao processo) utilizando-se agentes físicos ou químicos. O termo
desinfecção é aplicado tanto no caso de artigos quanto de superfícies ambientais.

A desinfecção pode ser de:


- alto nível: quando há eliminação de todos os micro-organismos e de alguns esporos bacterianos;
- nível intermediário ou médio: quando há eliminação de micobactérias (bacilo da tuberculose),
bactérias na forma vegetativa, muitos vírus e fungos, porém não de esporos;
- baixo nível: quando há eliminação de bactérias e alguns fungos e vírus, porém sem destruição de
micobactérias nem de esporos.

Os processos físicos de desinfecção são a pasteurização e a água em ebulição ou fervura.


A pasteurização é uma desinfecção realizada em lavadoras automáticas, com exposição do artigo em
água a temperaturas de aproximadamente 60 a 90 graus centígrados por 10 a 30 minutos, conforme a
instrução do fabricante. É indicada para a desinfecção de circuitos de respiradores.
A água em ebulição ou fervura é utilizada para desinfecção de alto nível em artigos termorresistentes.
Consiste em imergir totalmente o material em água fervente, com tempo de exposição de 30 minutos;
após, o material é retirado com o auxílio de pinça desinfetada e luvas de amianto de cano longo. Em
seguida, deve ser seco e guardado em recipiente limpo ou desinfetado. Ressalve-se que esse
procedimento é indicado apenas nas situações em que não se disponha de outros métodos físicos ou
químicos.
A desinfecção de artigos hospitalares por processo químico é feita por meio de imersão em soluções
germicidas. Para garantir a eficácia da ação, faz-se necessário: que o artigo esteja bem limpo, pois a
presença de matéria orgânica reduz ou inativa a ação do desinfetante; que esteja seco, para não alterar
a concentração do desinfetante; que esteja totalmente imerso na solução, sem a presença de bolhas de
ar; que o tempo de exposição recomendado seja respeitado; que durante o processo o recipiente seja
mantido tampado e o produto esteja dentro do prazo de validade.

Esterilização é o processo utilizado para destruir todas as formas de vida microbiana, por meio do uso
de agentes físicos (vapor saturado sobre pressão - autoclave e vapor seco estufa) e químicos (óxido de
etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formaldeído, Glutaraldeído e ácido peracético).
A esterilização pelo vapor saturado sob pressão é realizada em autoclave, que conjuga calor, umidade,
tempo e pressão para destruir os micro-organismos. Nela podem ser esterilizados artigos de superfície
como instrumentais, baldes e bacias e artigos de espessura como campos cirúrgicos, aventais e
compressas, e artigos críticos e semicríticos termorresistentes e líquidos.
Na estufa, o calor é produzido por resistências elétricas e propaga-se lentamente, de maneira que o
processo é moroso e exige altas temperaturas - vários autores indicam a esterilização por esse método
apenas quando haja impossibilidade de submeter o material à autoclavação, como no caso de pós e
óleos.
O material a ser processado em estufa deve ser acondicionado em caixas metálicas e recipientes de
vidro refratário. Frise-se que a relação tempo-temperatura para a esterilização de materiais por esse
método é bastante controvertida e as opiniões muito divergentes entre os diversos autores.

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Fonte de Infecção Relacionada ao Ambiente

O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais fazem parte do meio ambiente de uma
instituição de saúde. Particularmente, no hospital o ambiente pode se tornar foco de infecção hospitalar,
embora estudos tenham demonstrado não ser esse o principal meio de transmissão.
Os cuidados com o ambiente estão centrados, principalmente, nas ações de limpeza realizadas pelo
Serviço de Higiene Hospitalar. Há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle de
Infecção Hospitalar, cabendo-lhe as seguintes incumbências: padronizar produtos a serem utilizados na
limpeza; normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as demais, quando
necessário; participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza; participar da
elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto.

Métodos e Frequência da Limpeza, Desinfecção e Descontaminação

De maneira geral, a limpeza é suficiente para reduzir os micro-organismos existentes nas superfícies
hospitalares, reservando-se os processos de desinfecção e descontaminação para as áreas em que há
deposição de matéria orgânica.
Para a descontaminação, indica-se a aplicação de desinfetante sobre a matéria orgânica; em
seguida, aguardar o tempo de ação, remover o conteúdo descontaminado com papel absorvente ou
tecidos e realizar a limpeza com água e solução detergente.
Na desinfecção, remover a matéria orgânica com papel absorvente ou tecidos, aplicar o desinfetante
sobre a área atingida, aguardar o tempo de ação, remover o desinfetante com papel absorvente ou pano
e realizar a limpeza com água e solução detergente.
O desinfetante habitualmente utilizado para a descontaminação e desinfecção de superfícies é o cloro
orgânico (clorocide) ou inorgânico (hipoclorito de sódio a 1%), com tempo de exposição de 10 minutos.
A limpeza das áreas hospitalares é um procedimento que visa remover a sujidade e detritos
orgânicos de superfícies inanimadas, que constituem ótimo habitat para a sobrevivência de micro-
organismos no âmbito hospitalar. O agente químico utilizado na limpeza é o detergente, composto de
substância tensoativa que facilita a remoção da sujeira.
A limpeza pode ser do tipo concorrente e terminal. O primeiro tipo é feito diariamente e consiste na
limpeza do piso, remoção de poeira do mobiliário, limpeza completa do sanitário, reposição de material
de higiene e recolhimento do lixo, repetido conforme a necessidade; o segundo é realizado
periodicamente, de acordo com a área de risco do hospital, e consiste na limpeza de paredes, pisos,
tetos, janelas, portas e sanitários.

Fonte de Infecção Relacionada à Equipe de Saúde

A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou domiciliar.
As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de micro-organismos que
habitam o ambiente hospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir uma infecção. Por outro lado,
tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de infecção implantadas na
instituição também se direcionam para proteger o próprio trabalhador que ali desempenha sua função,
quer seja prestando assistência direta ao paciente - como no caso do auxiliar de enfermagem ou do
enfermeiro - quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da
nutrição e dietética.
Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar,
devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI)
e ou coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de
disponibilizar os recursos necessários à efetivação desses cuidados.
A prevenção e o controle da infecção se fundamentam nos princípios de assepsia, mediante a
utilização de medidas para impedir a penetração de microrganismos (contaminação) em local onde não
estejam presentes.
As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os
procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A primeira
refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; a
segunda, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril. As medidas que visam reduzir e
prevenir o crescimento de micro-organismos em tecidos vivos são denominadas antissepsia.

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A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda depende da
conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização de
atos simples e de fácil execução, tais como:
- lavar sempre as mãos antes de realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes meios
para prevenir a infecção cruzada;
- manter os cabelos longos presos durante o trabalho, pois quando soltos acumulam sujidades, poeira
e micro-organismos, favorecendo a contaminação do paciente e do próprio profissional;
- manter as unhas curtas e aparadas, pois as longas facilitam o acúmulo de sujidades e micro-
organismos;
- evitar o uso de joias e bijuterias, como anéis, pulseiras e demais adornos, que podem se constituir
em possíveis fontes de infecção pela facilidade de albergarem micro-organismos em seus sulcos e
reentrâncias, bem como na pele subjacente;
- não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e camas de
pacientes, pois isto favorece a disseminação de micro-organismos.

Luvas Esterilizadas e de Procedimento

Outra barreira utilizada para o controle da disseminação de micro-organismos no ambiente hospitalar


são as luvas, esterilizadas ou não, indicadas para proteger de contaminação o paciente e o profissional.
As luvas esterilizadas (estéreis), denominadas luvas cirúrgicas, são indicadas para a realização de
procedimentos invasivos ou manipulação de material estéril, impedindo a deposição de microrganismos
no local. Exemplos: cirurgias, suturas, curativos, cateterismo vesical, dentre outros.
As luvas de procedimento são limpas, porém não esterilizadas, e seu uso é indicado para proteger
o profissional durante a manipulação de material, quando do contato com superfícies contaminadas ou
durante a execução de procedimentos com risco de exposição a sangue, fluidos corpóreos e secreções.
Não há nenhum cuidado especial para calçá-las, porém devem ser removidas da mesma maneira que a
luva estéril, para evitar que o profissional se contamine.

Precauções-Padrão e Isolamento

As normas relativas às precauções e ao isolamento se constituem na adoção de medidas que


possibilitam a prevenção da transmissão de micro-organismos e que têm por objetivo principal proteger
o paciente e o profissional de saúde.
As mais utilizadas nos serviços de saúde, institucionalizados ou domiciliares, fundamentam-se no –
Guideline - do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) de Atlanta e no HICPAC (Hospital
Infection Control Practices Advisory Committee), nos EUA, publicado em 1996.
Os micro-organismos podem ser transmitidos por contato com gotículas, aerossóis e exposição a
sangue e outros líquidos corpóreos, como veremos a seguir:
- por contato – ocorre, principalmente, através das mãos dos profissionais ou por contato com artigos
e equipamentos contaminados. Exemplos: herpes simples, diarreia infecciosa;
- por gotículas - ocorre através de gotículas produzidas pela fala, tosse, espirro e aspiração
orotraqueal. As gotículas podem atingir até 1 metro de distância e rapidamente se depositam no chão,
não permanecendo suspensas no ar. Exemplos: coqueluche, difteria, rubéola, meningite bacteriana;
- por aerossóis - pequenas partículas contendo micro-organismos eliminados durante a respiração,
tosse ou espirro se ressecam, podendo permanecer durante horas suspensas no ar. As partículas
ressecadas são capazes de atingir distâncias maiores que 1 metro. Algumas doenças, como a
tuberculose e o sarampo, são transmitidas dessa forma;
- por exposição a sangue e outros líquidos corpóreos - a transmissão ocorre quando estes estão
contaminados e entram em contato com mucosa ou pele não-íntegra. Por exemplo, o vírus da
imunodeficiência humana (HIV), os vírus da hepatite B e C.
Esse sistema de precauções e isolamento indica dois níveis de precauções, a saber:
- precauções-padrão, indicadas a todos os pacientes;
- precauções baseadas no modo de transmissão dos agentes infecciosos: precauções de contato e
precauções respiratórias para gotículas e aerossóis.

Precauções-Padrão

As precauções-padrão devem ser utilizadas no atendimento de todos os pacientes sempre que houver
risco de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, peles não-íntegras e mucosas.

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São ações das precauções-padrão:
- lavar as mãos antes e após o contato com o paciente; após descalçar as luvas, pois nelas podem
haver pequenos furos ou ocorrer contaminação durante a remoção; após contato com sangue, secreções
e excreções, equipamentos e artigos contaminados; entre a realização de procedimentos com o mesmo
paciente, como curativo, aspiração traqueal, coleta de sangue, etc.; entre a manipulação de um paciente
e outro; entre a realização do mesmo procedimento em pacientes diferentes, como esvaziamento de urina
do sistema de drenagem fechado;
- utilizar luvas estéreis antes da execução de procedimento asséptico e luvas de procedimento sempre
que existir a possibilidade de contato com sangue, líquidos corpóreos, secreções e excreções, mucosa,
pele não-íntegra e artigos, equipamentos e superfícies contaminados; retirar as luvas imediatamente após
o uso e antes de tocar em outro paciente ou qualquer material ou superfície, como caneta, telefone,
papeleta, maçaneta de porta, etc.;
- usar avental limpo não-estéril ou impermeável (quando necessário) nos casos de risco de contato
com respingos de líquidos corporais e/ou sangue; retirá-lo após o término do procedimento;
- utilizar máscara, protetor de olhos e protetor de face sempre que realizar procedimentos sujeitos a
risco de respingos de líquidos corporais e ou sangue - como, por exemplo, aspiração de secreção
traqueal;
- manter os cuidados adequados com os artigos e equipamentos de uso em pacientes, no tocante à
limpeza, desinfecção ou esterilização;
- prevenir acidentes com materiais perfurocortantes: ter cuidado com o uso, manipulação, limpeza
e descarte de agulhas, bisturis e similares; não remover as agulhas contaminadas das seringas; não
realizar o reencape das agulhas; usar recipiente apropriado para o descarte de materiais perfurocortantes;
- realizar o controle ambiental: fazer a limpeza e descontaminação de superfícies ambientais e
mobiliário, quando contaminados com sangue e/ou líquidos corporais;
- cuidar das roupas usadas: utilizar luvas de procedimento ao manusear as roupas sujas de sangue,
líquidos corporais, secreções e excreções, evitando o contato direto com pele e mucosas, bem como com
a própria roupa;
- utilizar quarto privativo nos casos em que haja risco de contaminação ambiental.

Precauções de Contato

As precauções de contato são indicadas para pacientes colonizados ou infectados por microrganismos
veiculados por contato direto ou indireto (ex: objetos) que tenham grande importância epidemiológica -
como infecção por agentes multirresistentes.
Além das medidas de precaução-padrão, as precauções de contato envolvem as medidas de:
- uso de quarto privativo ou comum para pacientes que apresentem a mesma doença ou micro-
organismo;
- o uso de avental na possibilidade de risco de contato das roupas do profissional com área ou material
infectante quando da realização de higiene do paciente com diarreia, incontinência fecal/urinária e ferida
com secreção não-contida pelo curativo;
- manutenção do paciente no quarto/enfermaria, evitando sua saída;
- uso exclusivo de artigos e equipamentos pelo paciente; limpeza e desinfecção ou esterilização dos
mesmos após a alta do paciente.
Os familiares devem ser orientados quanto aos cuidados a serem tomados para evitarem risco de
contaminação.

Precauções Respiratórias

As precauções respiratórias para aerossóis exigem as medidas de utilização das precauções-padrão;


quarto privativo, sendo obrigatórios: manter a porta fechada; obrigatório o uso de máscaras (N95 ou PFF2)
com capacidade de filtrar partículas menores do que 3 µm - a máscara deve ser colocada antes de entrar
no quarto e retirada somente após a saída do mesmo - ao prestar cuidados a pacientes com suspeita ou
doença confirmada de transmissão por aerossóis; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso
haja necessidade de transportá-lo, colocar nele máscara comum tipo cirúrgica.
As precauções respiratórias para gotículas necessitam de medidas de utilização das precauções
padrão; quarto privativo ou comum para pacientes com a mesma doença; uso de máscara comum tipo
cirúrgica por todas as pessoas que entrem no quarto no período de transmissão da doença - sendo
necessário desprezá-la à saída do quarto; manter o paciente no quarto, evitando sua saída - caso haja
necessidade de transportá-lo, colocar no paciente máscara comum tipo cirúrgica

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Precauções Empíricas

As precauções empíricas são indicadas para os casos de pacientes sem diagnóstico definitivo, porém
com indícios de infecção por agentes que necessitem de precauções. Tais precauções devem ser
adotadas até que haja confirmação ou esclarecimento do diagnóstico. Nestes casos inserem-se:
- precauções de contato: diarreias agudas de etiologia infecciosa, erupção vesicular, abcessos ou
feridas com exsudato que extravase a cobertura;
- precauções para aerossóis: erupção vesicular, tosse com febre e infiltração de lobo pulmonar em
qualquer local em paciente HIV positivo;
- precauções para gotícula: meningite, exantema petequial e febre.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: fundamentos de
enfermagem. 2. ed. rev., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

Controle dos Riscos

Os meios de controle dos riscos a que estão expostas as pessoas no interior de um


estabelecimento de saúde são: uso de equipamento de Proteção Coletiva – EPC (sinalização,
exaustores, câmara de fluxo laminar, chuveiro de emergência, extintores de incêndio, cabine para
radioisótopos, lava olho, entre outros); equipamentos de Proteção Individual (luvas, máscaras, óculos ou
protetor facial, avental, touca); imunização; e procedimentos que devem estar descritos em documentos
como o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional do estabelecimento - PCMSO. Ex.: programa
periódico de vacinas.
Métodos para redução e prevenção de acidentes: desenvolver no ambiente de trabalho a cultura
da biossegurança; avaliar a biossegurança no contexto global da instituição - como ocorre com os
processos da qualidade; aplicar de forma planejada as ferramentas da qualidade para a avaliação e
correção do sistema de biossegurança. Assim, existem os denominados níveis de biossegurança.
- nível de biossegurança 1 (NB-1): é adequado ao trabalho que envolva agentes bem caracterizados,
conhecidos por não provocarem doença em seres humanos e que possuam o mínimo risco ao pessoal
do hospital e ao meio ambiente.
- nível de biossegurança 2 (NB-2): semelhante ao NB-1, é adequado ao trabalho que envolva
agentes de risco moderado para as pessoas e para o meio ambiente.
- nível de biossegurança 3 (NB-3): é aplicável para hospitais clínicos de diagnóstico, ensino e
pesquisa ou produção, nos quais o trabalho com agentes exóticos possa causar doenças sérias - ou
potencialmente fatais, como resultado de exposição por inalação.
- nível de biossegurança 4 (NB-4): é indicado para os trabalhos que envolvem agentes exóticos e
perigosos, que exponham o indivíduo a um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais,
além de apresentarem um potencial elevado de transmissão por aerossóis.

Higiene e Segurança do Trabalho

A higiene no trabalho é a ciência cujos objetivos são reconhecer, avaliar e controlar os riscos
provenientes do trabalho. Esses riscos são fatores decorrentes do ambiente ou dos processos produtivos
utilizados, que podem provocar acidentes, afetar a saúde, o conforto ou a eficiência do trabalhador. Tais
riscos se classificam como processos produtivos, sendo eles operacionais ou ambientais.
Os riscos produtivos de operação se referem às condições do ambiente relativas ao processo
operacional, como máquinas desprotegidas, pisos escorregadios, etc.; riscos produtivos de ambiente se
referem aos provenientes de ação agressiva dos produtos e do ambiente, como presença de gases, ruído,
calor, etc.; já os riscos ambientais são agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes
de trabalho, capazes de causar danos à saúde do trabalhador em função de sua natureza, concentração
ou intensidade e tempo de exposição.
Os agentes físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os trabalhadores,
tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas (calor e frio), radiações ionizantes
(alfa, beta, gama e raios-X), radiações não ionizantes (infravermelho, ultravioleta, radiações laser e micro-
ondas), bem como os infrassons e ultrassons.

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Os agentes químicos são as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo
por via respiratória, cutânea ou digestiva, nas formas aerodispersoides sólidos e líquidos, que são poeiras,
fumos, névoas e neblina, ou através de gases e vapores.
Na determinação dos riscos, sempre devemos considerar o tempo de exposição, concentração
ou intensidade dos agentes, características dos agentes e estudo do ambiente de trabalho através
de levantamentos qualitativos, quantitativos, tempo real de exposição e susceptibilidades
individuais.
É preciso mudar os hábitos e a qualidade de trabalho para que a higiene neste se torne satisfatória.
Nessas mudanças se faz necessário resgatar o valor humano.

Referência Bibliográfica
Segurança e medicina do trabalho - Editora Atlas S/A- 61ª edição – 2007

Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) / Comissão de Infecções Hospitalares

Entende-se que infecções relacionada à assistência à saúde (IRAS) e infecção hospitalar têm o mesmo
significado. Pode-se considerar a infecção hospitalar a adquirida no ambiente hospitalar e a IRAS
adquirida em estabelecimento de atenção à saúde.

Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS): é aquela adquirida após a admissão do


paciente, que se manifesta durante a internação ou após a alta e que pode ser relacionada com a
internação ou procedimentos hospitalares.
As IRAS são transmitidas através de microrganismos (bactérias, vírus, fungos, etc.) que penetram no
organismo, através de uma porta de entrada, que podem ser via: respiratória, pele, via digestiva, via
urogenital (FERNANDES, 2000).
- Considera-se IRAS quando não há evidência de infecção presente ou incubada no momento da
admissão;
- Quando na mesma topografia de Infecção Comunitária for isolado um outro germe, seguindo-se
agravamento das condições clínicas do paciente;
- Infecção que se apresenta mais de 72 horas após a admissão, quando se desconhece o período de
incubação e não houve evidência clínica e/ou se desconhece no momento da admissão;
- São também convencionadas IRAS as que apresentam antes de 72 horas na internação quando
associadas a procedimentos diagnósticos e/ou terapêuticos do período.
- Toda infecção em recém - nascido, exceto as transmissões por via transplacentária e aquelas
associadas à bolsa rota por mais de 24 horas;
- Infecção adquirida no hospital e que se torna evidente após a alta hospitalar.

São considerados os seguintes fatores de risco para IRAS:


- Internação superior a 7 dias;
- Tempo de internação no pré-operatório;
- Estado nutricional do paciente (albumina ou transferrina sérica, IMC);
- Presença de infecção em qualquer sítio no momento da cirurgia;
- Cirurgia de médio e grande porte;
- Cateter venoso central;
- Cateter urinário;
- Traqueostomia;
- Cânula de intubação endotraqueal;
- Leucemia, linfoma, AIDS;
- Paciente com doenças agudas ou crônicas descompensadas (diabetes);
- Todos os pacientes em UTI, berçário de alto risco, idosos;
- Fatores relacionados ao procedimento cirúrgico (operações limpas, potencialmente contaminadas,
contaminadas, infectadas), quebra de técnicas, tempo de operação, operações de urgência.

Infecção Hospitalar14
O Ministério da Saúde, já em 1983, reconhecia o problema da infecção hospitalar em nosso país e
baixava uma portaria, padronizando definições para uso nacional. Nesta Portaria, de nº 196, de 24 de

14
Conteúdo extraído de SEEGMÜLLER, Edimara Fait; PENTEADO FILHO, Sérgio Ricardo; SOUZA, Virgínia Helena Soares de. A Infecção, O Isolamento e o Coorte.
In: MOZACHI, Nelson. O hospital: manual do ambiente hospitalar. 2.ed. Curitiba: Os Autores, 2005.

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junho, sobre infecção hospitalar, constam no seu anexo III os critérios para identificação e diagnóstico da
infecção hospitalar.

Infecção
É a resposta inflamatória provocada pela invasão ou presença de microrganismos em tecidos
orgânicos.

Infecção Comunitária
É a infecção constatada ou em incubação no ato da admissão hospitalar do paciente, desde que não
relacionada com internação anterior.

São também comunitárias:


- a infecção que está associada à complicação ou extensão da infecção já presente na admissão
hospitalar, a menos que haja troca de microrganismos com sinais ou sintomas fortemente sugestivos da
aquisição de nova infecção;
- a infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via transplacentária é reconhecida ou foi
comprovada e que se tornou evidente logo após o nascimento (exemplo: herpes simples, toxoplasmose,
rubéola, citomegalovirose, sífilis, Aids);
- as infecções de recém-nascidos associadas com bolsa rota superior a 24 horas (vinte e quatro horas).

Infecção Hospitalar
É qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação,
ou mesmo após a alta, ou quando puder ser relacionada com a internação ou procedimento hospitalar.
Considerada, também, como infecção nosocomial e infecção institucional.
O diagnóstico de Infecção Hospitalar deverá se basear em critérios previamente estabelecidos e
descritos:

Princípios:
- evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
- resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de
antígenos, anticorpos e métodos de visualização realizados;
- evidências de estudos com métodos de imagem;
- endoscopia;
- biópsia e outros.

Critérios Gerais
- quando na mesma topografia em que foi diagnosticada infecção comunitária, for isolado um germe
diferente, seguido do agravamento das condições clínicas do paciente, o caso deverá ser considerado
infecção hospitalar;
- quando se desconhecer o período de incubação do microrganismo e não houver evidência clínica e
ou dado laboratorial de infecção no momento da internação, convenciona-se como infecção hospitalar
toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 (setenta e duas) horas após a
admissão;
- são também convencionadas infecções hospitalares aquelas manifestadas antes de 72 (setenta e
duas) horas da internação, quando associadas a procedimentos diagnósticos e ou terapêuticos,
realizados durante esse período;
- as infecções do recém-nascido são hospitalares, com exceção das transmitidas de forma
transplacentária e aquelas associadas à bolsa rota durante esse período;
- pacientes provenientes de outro hospital que se internam com infecção, são considerados portadores
de infecção hospitalar do hospital de origem. Nestes casos, a Coordenação Estadual/Distrital/Municipal e
ou hospital de origem deverão ser informados para computar o episódio como infecção hospitalar naquele
hospital.

Aspectos Históricos das Infecções Hospitalares15

As infecções hospitalares constituem um grave problema de saúde pública no país. O início das
preocupações com a infecção hospitalar no Brasil acompanhou o processo de industrialização acelerado

15
Texto adaptado da ANVISA – Ministério da Saúde, 2000.

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que se iniciou no governo de Juscelino Kubischek e também a ocorrência de surtos por estafilococo
resistentes a penicilina, pelos relatos vindos de países com medicina tecnologicamente avançada. Estes
trabalhos enfatizavam uma preocupação predominante com medidas ambientais, como o lixo e
contaminação aérea, ou voltados para os procedimentos invasivos, como as técnicas assépticas, mas já
encontrávamos referências ao isolamento de microrganismos resistentes, selecionados em decorrência
ao emprego indiscriminado de antimicrobianos.
A partir de 1968 e principalmente durante os anos 70, juntamente com a implantação de um modelo
altamente tecnológico de atendimento (chegamos até ao transplante cardíaco), surgiram as primeiras
comissões de controle de infecção hospitalar do país.
- 1963 - Hospital Ernesto Dornelles (RS) - 1ª CCIH.
- 1976 - Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) obriga hospitais a constituírem CCIH.
- 1976 - Decreto do MS n° 77.052 de 19/01/1976, em seu Artigo 2°, Item IV ‹ determinou que nenhuma
instituição hospitalar pode funcionar no plano administrativo se não dispuser de meios de proteção
capazes de evitar efeitos nocivos à saúde dos agentes, pacientes e circunstantes. A fiscalização é
responsabilidade dos órgãos estaduais - que devem avaliar as condições de exercício das profissões e
ocupações técnicas e auxiliares diretamente relacionadas com a saúde.
- 1983 - Portaria nº 196 - Ministério da Saúde – determinando a obrigatoriedade da existência de CCIH
- busca passiva.
- 1985 - Notícia da morte do presidente Tancredo Neves supostamente relacionada com deficiências
no controle das IHs.
- 1988 - Portaria nº 232 - Ministério da Saúde - Programa Nacional de Controle de IH.

A década de oitenta foi a mais importante até o momento para o desenvolvimento do controle de
infecção hospitalar no Brasil. Começou a ocorrer uma conscientização dos profissionais de saúde à
respeito do tema e foram criadas várias comissões de controle nos hospitais. O Ministério da Saúde criou
em 31/01/83 um grupo de trabalho integrado por seus representantes, ao lado de membros do Ministério
da Educação e da Previdência Social, que elaborou um documento normativo, gerando a Portaria MS
196/83, de 24/06/83 que recomendava aos hospitais brasileiros a criação de Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) e dava orientações práticas sob a forma de anexos. Este mesmo grupo
elaborou um manual e realizou em 1984 na Capital Federal, com financiamento da OPAS, um curso
internacional que serviu de base para a elaboração do “Curso de Introdução ao Controle das Infecções
Hospitalares”.
O drama do presidente eleito Tancredo Neves comoveu a nação, os projetos que estavam em
andamento ganharam um novo impulso e o Ministério da Saúde pode desencadear uma atividade que
iria mudar definitivamente os rumos do controle de infecção no Brasil. Ele optou por desenvolver uma
política de capacitação de recursos humanos em controle de infecção ao invés de adotar postura
fiscalizadora. Assim, em 1985 realizou um levantamento das instituições brasileiras que já tivessem CCIH
em funcionamento e elaborou cursos macro regionais para capacitar multiplicadores. Foram credenciados
41 centros de treinamentos, que já nos seus quatro primeiros anos deram a mais de 8.000 profissionais
de saúde as ferramentas básicas para atuação nesta área do conhecimento. Ganhando força no
Ministério, o programa de controle de infeções acabou contribuindo em várias normas técnicas como:
reaproveitamento de materiais descartáveis e esterilização por óxido de etileno. Organizou um curso de
especialização em farmácia hospitalar, editou o “Manual de procedimentos básicos em microbiologia
clínica” e várias publicações com levantamentos bibliográficos nacionais sobre infecção hospitalar;
comunicados sobre a interdição cautelar dos desinfetantes e esterilizantes; legislação brasileira sobre
infecção hospitalar; uma biografia de Semmelweis; além de manual e cartaz sobre lavagem das mãos.
Avaliando suas atividades, este programa facilitou a implantação de muitas CCIH, normalizando suas
ações; divulgou o controle de infecção entre as autoridades sanitárias, profissionais de saúde e
administradores hospitalares; contribuiu para o surgimento de lideranças nacionais sobre o tema, que em
um trabalho voluntário, cooperativo e conjunto, difundiu normas que aprimoraram o nível de assistência
fornecida à população; facilitou a troca de experiência entre os profissionais de saúde, inclusive apoiando
a realização de eventos específicos; destacou a importância para a política sanitária do envolvimento dos
hospitais. Vários projetos estavam em andamento, quando nos anos 90 se viu um progressivo
esvaziamento do programa. Sua coordenadora em 1993 acreditava que cerca de 10% dos hospitais
brasileiros tinham CCIH, número bem maior do que os 2,3% estimados em 1980 pelo Colégio Brasileiro
dos Cirurgiões, mas evidentemente, bem aquém das expectativas.
A Organização Mundial de Saúde promoveu, no período de 1983 a 1985, um estudo da prevalência
de infecção hospitalar em 14 países. Mesmo reconhecendo que a amostra não foi necessariamente
representativa, foi ressaltada a importância das infecções hospitalares (IH), cuja prevalência foi de 8,7%,

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oscilando de 3% a 21%. No Brasil em 1994, o Ministério da Saúde avaliou a magnitude das infecções
hospitalares e a qualidade das ações de controle em 99 hospitais terciários localizados nas capitais
brasileiras vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS). A taxa de pacientes com IH foi 13,0% e a taxa
de infecção 15,5%. Os maiores índices foram obtidos nas unidades de terapia intensiva e queimados.
Das demais clínicas o destaque foi para neonatolgia e clínica cirúrgica.
A Lei Federal 9.431 de 06/01/97 instituiu a obrigatoriedade da existência da Comissão de Controle de
Infecção Hospitalar (CCIH) e de um Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), definido
como um conjunto de ações desenvolvidas deliberada e sistematicamente, tendo como objetivo a redução
máxima possível da incidência e gravidade das infecções nosocomiais. Em 13/05/98, o Ministério da
Saúde editou a Portaria 2.616/98, com diretrizes e normas para a execução destas ações, adequando-as
à nova legislação.

Estruturação da CCIH

Embora grande parte das infecções hospitalares seja de origem endógena e portanto de difícil
prevenção, é considerável o número de infecções hospitalares que podem ser evitadas. O controle das
infecções hospitalares passa, portanto, por um conjunto de ações que ao serem implementadas
repercutem diretamente na melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos hospitais. Esse conjunto
de ações constitui o Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH) deve ser implantado em
nível hospitalar, municipal/distrital, servindo como base de uma pirâmide, em cujo topo está o Programa
Nacional de Controle de Infecções Hospitalares. Daí, se conclui que o PCIH a nível central só será
realmente efetivo quando contar com uma base forte e bem estruturada.
A composição da CCIH deve respeitar as características do hospital. Porém, deve ser constituída de
no mínimo um representante dos seguintes setores: corpo clínico, enfermagem e administração.

É recomendável que a CCIH tenha a seguinte constituição:


1. Um representante do corpo clínico;
2. Um Representante da Diretoria Administrativa;
3. Um Representante da Farmácia;
4. Um Representante do Laboratório de Microbiologia;
5. Um Representante da Diretoria de Enfermagem;
6. Membros do Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar.

O presidente é indicado pelo diretor clínico, dentre os membros da Comissão, e nomeado em ato
oficial.
As ações e serviços voltados para a prevenção e o controle de infecções hospitalares devem
ser organizados de maneira a obedecer os princípios, diretrizes e normas de organização, direção
e gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) definidos através da lei 8080 de 19 de setembro de
1990. Assim cada nível de organização político administrativa do país está encarregado de desenvolver
suas ações de Controle de Infecção Hospitalar com abrangência sobre sua população.
Em termos de legislação, o PCIH é um dos programas mais favorecidos entre os existentes no
Ministério da Saúde, contando desde 1983 com três portarias e desde 1997 com uma lei. No entanto, se
ressente antes de tudo do cumprimento efetivo de toda essa legislação. Um PCIH, em qualquer dos seus
níveis, necessita de decisão e vontade política do dirigente da área da saúde.
A Portaria 196 de 24 de junho de 1983 constituiu em sua época um grande avanço: já orientava como
organizar uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), sua instalação e atribuições. Foi
responsável pela orientação de bons programas e pela formação de muitos profissionais de saúde,
uniformizando as várias tentativas isoladas anteriores, no País. Descrevia já as cirurgias quanto ao seu
potencial de contaminação e listava alguns exemplos de procedimentos cirúrgicos segundo essa
classificação. Este item foi ainda contemplado na Portaria MS 930 de agosto de 1992. Essa portaria
apresentava como alguns notáveis programas em relação ao anterior, entre eles: maior liberdade de
escolha na vigilância epidemiológica nas infecções hospitalares sugerindo como opção preferencial a
busca ativa de casos; a hierarquização das atribuições e competências nos diversos níveis
administrativos a nível hospitalar e dos órgãos de administração pública; a criação do Serviço de
Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) como órgão executor do programa de controle de infecção
hospitalar, com funções distintas da CCIH; a responsabilidade da CCIH na padronização do uso dos
antimicrobianos no hospital.
Em 6 de janeiro de 1997, foi publicada a LEI 9.431, com sete vetos em doze artigos. Embora estabeleça
claramente a obrigatoriedade para todos os hospitais constituírem suas Comissões de Controle de

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Infecção Hospitalar, sofreu com os vetos do Sr. Presidente da República um grande golpe, pois o primeiro
deles corresponde ao artigo que se refere ao Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).
Em 12 de maio de 1998, foi publicada a Portaria 2616 que mantinha o programa elaborado por uma
CCIH com membros consultores e executores, estes últimos representando o extinto SCIH. Essa portaria
aprimora as competências dos diversos níveis (Federal, Estadual/Distrital, Municipal e do hospital), e
mantém a possibilidade de criação de consórcio entre os hospitais, favorecendo a utilização recíproca de
recursos técnicos, materiais e humanos, com vistas à implantação e manutenção do PCIH.
Ressalta-se ainda, na Portaria 2616, o anexo que se refere à lavagem das mãos com descrição simples
e objetiva deste ato tão representativo e tão eficaz na prevenção e controle da infecção hospitalar.
Também ficou definida como infecção comunitária, as infecções de recém-nascidos associadas com
bolsa rota superior a 24 (vinte e quatro horas). Foram acrescentadas à lista de indicadores
epidemiológicos de informação obrigatória e a taxa de letalidade. O número de membros da CCIH foi
estabelecido, assim como a sua carga horária nos hospitais com leitos para pacientes críticos.
A CCIH é antes de tudo um órgão de assessoria da autoridade máxima da Instituição com o papel de
programar e executar ações que visem controlar as infecções hospitalares. São membros consultores
representantes dos serviços: médico, de enfermagem, de farmácia, de administração, do laboratório de
microbiologia, podendo este núcleo ser ampliado e estendido a outros profissionais de saúde, conforme
legislação de cada Estado. Ao SCIH, que é composto pelos membros executores, cabe o cumprimento
do que é determinado pela legislação vigente e atuação direta junto à comunidade hospitalar, visando pôr
em prática as ações programadas de controle de infecção hospitalar.
O SCIH é representado, no mínimo, por dois profissionais de nível superior da área de saúde,
obedecendo uma relação de 2 profissionais para cada 200 (duzentos) leitos hospitalares ou fração.
Preferencialmente um dos dois profissionais deve ser enfermeiro com carga horária diária de 6 (seis)
horas e os demais profissionais, de 4 (quatro) horas dedicadas ao controle de infecção. Para instituições
tipo hospital-dia, a carga horária diária para o enfermeiro é de 2 (duas) horas e de l (uma) hora, para os
demais profissionais.

Ao implantar um PCIH, o diretor do estabelecimento de saúde seguirá os seguintes passos:


- Nomear os membros do PCIH através de Portaria
- Apresentar os nomeados ao Corpo Clínico do Hospital.
- Propiciar infraestrutura física, material e humana necessária para operacionalização do PCIH
- Comunicar a composição da CCIH as autoridades competentes.
Cabe à CCIH do hospital entre outras competências:
- Elaborar o regimento interno da CCIH.
- Implantar um sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares.
- Capacitar os funcionários e profissionais de saúde em controle de infecção hospitalar.
- Elaborar e implementar normas e rotinas técnico-operacionais, visando prevenir e tratar as infecções
hospitalares.
- Atuar em cooperação com as demais Comissões do hospital, em especial com a Comissão de
Farmácia e Terapêutica.
- Elaborar ata das reuniões ordinárias e extraordinárias.
- Elaborar e divulgar, regularmente, relatórios e comunicar, periodicamente, à autoridade máxima da
instituição, às chefias e a todos os setores do hospital, a situação do controle das infecções, promovendo
o seu amplo debate na comunidade hospitalar.

Programa do Controle de Infecção Hospitalar

O Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária -


ANVS/MS tem como competências a definição das diretrizes de CIH a nível federal, apoiando as ações
descentralizadas em controle de infecção hospitalar, além de coordenar as ações nacionais
estabelecendo normas gerais para o controle das infecções hospitalares.
Um PCIH, a qualquer nível de decisão, é antes de tudo um programa de controle de qualidade com
fins educativos. Visa uma mudança de comportamento da equipe de saúde, devendo portanto se abster
de medidas punitivas ou autoritárias. O PCIH deve obedecer à legislação vigente.
Trata-se de um conjunto de ações desenvolvidas, deliberadas e sistematizadas, Com vistas à redução
máxima possível da incidência e da gravidade das Infecções hospitalares.

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Cabe à CCIH a elaboração do PCIH, que deve incluir, no mínimo, as seguintes atividades:
- Vigilância epidemiológica (VE). O modelo a ser adotado depende das características do hospital e
da disponibilidade de recursos. A vigilância epidemiológica permite um diagnóstico situacional mais
preciso para o planejamento das ações. A VE possibilita a identificação de casos e de surtos de IH, e a
implementação de medidas imediatas de controle. Por meio da VE devem ser elaborados relatórios,
periodicamente, para posterior divulgação aos profissionais.
- Normas para uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médicos hospitalares. A
utilização inadequada dos antimicrobianos aumenta a pressão seletiva, o que colabora para o
aparecimento de microrganismos multirresistentes, dentre eles: Gram-negativos resistentes às
cefalosporinas de 3° geração (ceftriaxona, ceftazidima, cefoperazona e cefotaxima) e à amicacina;
Enterococos resistentes à ampicilina, à gentamicina ou à vancomicina; S. epidermidis e S. aureus
resistentes à oxacilina e à vancomicina. Além disto, a transmissão cruzada dentro da instituição hospitalar
aumenta a disseminação dessas bactérias, principalmente através dos profissionais da área da saúde.
- Processos para prevenção de transmissão de microrganismos. O objetivo básico da
padronização de medidas de precaução e isolamento é a prevenção da transmissão de microrganismos
de um paciente, portador são ou doente, para outro - tanto de forma direta como indireta. Esta prevenção
abrange tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde, pelo risco ocupacional em acidentes com
materiais contaminados.
- Normas e rotinas técnicas operacionais. Os procedimentos, cada vez mais especializados,
requerem padronizações escritas para que toda a equipe tenha conhecimento sobre o método mais
adequado para sua execução. A comunicação tem sido um problema nas instituições hospitalares,
tornando necessário implementar padronizações escritas, até mesmo para respaldo legal da instituição.
- Padronizações das medidas de prevenção e controle de infecção hospitalar. As medidas de
prevenção e controle de infecção hospitalar têm sido utilizadas com o objetivo de diminuir o risco de
infecção no ambiente hospitalar e devem estar padronizadas de acordo com as características da
instituição. Elas têm como objetivo a prevenção de infecção de corrente sanguínea, infecção pulmonar,
infecção de sítio cirúrgico, infecção urinária e precauções e isolamentos.
- Treinamento dos profissionais da saúde em relação à prevenção e ao controle da IH. A atuação
dos profissionais que prestam assistência direta ao paciente é fundamental para a prevenção de infecção.
Para tanto, é necessário que tenham conhecimento adequado dos métodos. O conhecimento das
medidas de controle - somente pelo profissional do controle de IH – não é suficiente para a prevenção. É
por meio do treinamento, da divulgação dos manuais, das rotinas e padronizações que o conhecimento
será propagado para todos os profissionais de saúde. O treinamento é peça fundamental para prevenção
de infecção.

Classificação das Cirurgias por Potencial de Contaminação da Incisão Cirúrgica

- as infecções pós-cirúrgicas devem ser analisadas conforme o potencial de contaminação da


ferida cirúrgica, entendido como o número de microrganismos presentes no tecido a ser operado;
- a classificação das cirurgias deverá ser feita no final do ato cirúrgico, pelo cirurgião, de acordo
com as seguintes indicações:

Classificação das Cirurgias por Potencial de Contaminação da Incisão Cirúrgica

Cirurgias Limpas
São aquelas realizadas em tecidos estéreis ou passíveis de descontaminação, na ausência de
processo infeccioso e inflamatório local ou falhas técnicas grosseiras, cirurgias eletivas com cicatrização
de primeira intenção e sem drenagem aberta. Cirurgias em que não ocorrem penetrações nos tratos
digestório ou urinário.
- artroplastia de quadril;
- cirurgias cardíacas;
- herniorrafia;
- neurocirurgia;
- cirurgias ortopédicas eletivas;
- anastomose porto-cava;
- anastomose esplenectomia;
- mastectomia;
- enxertos cutâneos;
- vagotomia supra-seletiva sem drenagem;

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- cirurgias vasculares;
- cirurgias torácicas;
- cirurgias sobre o trato respiratório intratorácico ou baixo.
- cirurgias de peritônio: baço, fígado, pâncreas, músculos, ossos, articulações, ovários, trompas, pele,
tecido celular subcutâneo, próstata sem acesso uretral, bexiga sem acesso uretral, ureter, bacinetes.
O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 2%, porém, segundo o
Colégio Americano de Cirurgiões, pode atingir até 5%.

Cirurgias Potencialmente Contaminadas


São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora microbiana pouco numerosa ou em tecidos
de difícil descontaminação, na ausência de processo infeccioso e inflamatório e com falhas técnicas
discretas no transoperatório. Cirurgias com drenagem aberta enquadram-se nessa categoria. Ocorre
penetração nos tratos digestivo, respiratório ou urinário sem contaminação significativa.
- histerectomia abdominal;
- cirurgia eletiva de intestino delgado;
- cirurgia de vias biliares;
- cirurgia esofágica, gástrica, duodenal e de íleo;
- feridas traumáticas limpas;
- cirurgias de ouvido externo;
- cirurgia de uretra;
- cirurgia de útero cujo acesso não seja o vaginal;
- quebra menor da técnica asséptica;
- drenagem mecânica.
O índice ideal máximo de infecção esperado neste tipo de cirurgia é de até 10%.

Cirurgias Contaminadas
São aquelas realizadas em tecidos colonizados por flora bacteriana abundante, cuja descontaminação
seja difícil ou impossível, bem como aquelas em que tenham ocorrido falhas técnicas grosseiras e na
ausência de supuração local.
- apendicectomia sem supuração;
- cirurgia de cólon, reto e ânus;
- cirurgia de vulva e vagina;
- cirurgia de vias biliares em presença de bile contaminada;
- cirurgia intranasal;
- cirurgia oral e dental;
- cirurgia de orofaringe;
- fraturas expostas;
- fraturas traumáticas recentes;
- cirurgias com quebra da técnica asséptica (por exemplo: massagem cardíaca a céu aberto).
Estes procedimentos apresentam um índice de infecção esperando elevado, entretanto não superior
a 15-20%.

Cirurgias Infectadas
São todas as intervenções cirúrgicas realizadas em qualquer tecido ou órgão, em presença de
processo infeccioso (supuração local) e ou tecido necrótico.
- cirurgia de reto e ânus com pus;
- cirurgia abdominal em presença de conteúdo de cólon e pus;
- nefrectomia com infecção;
- feridas traumáticas abertas tardias (depois de 10 horas);
- parto normal ou cesariana com bolsa rota há mais de 6 horas.
O índice de infecção esperando para estes procedimentos varia de 28 a 40%

Tipos de Infecções

Infecções Preveníveis
São aquelas passíveis de serem controladas e reduzidas a níveis aceitáveis. Ex: pacientes em uso de
cateteres vesicais, venosos etc.

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Infecções Não-Preveníveis
São aquelas que dependem basicamente do hospedeiro (paciente) e sua imunidade e não tanto dos
fatores externos. Ex: infecção em RN prematuros, pacientes terminais, idosos, imunodeprimidos etc.

Infecção Cruzada
É a infecção transmitida de paciente para paciente, geralmente por intermédio de profissionais de
saúde e que também é considerada infecção hospitalar.

Colonização – é o aumento de um ou mais tipo de microrganismo sem causar uma reação patogênica.

Isolamento
Define-se como isolamento o conjunto de medidas adotadas para fazer uma barreira que impeça a
disseminação de agentes infecciosos de um paciente para outro, para os visitantes e ou para o meio
ambiente.
Está indicado nas doenças transmissíveis, em situações definidas e, apenas durante o período de
transmissibilidade das doenças. Portanto, esta recomendação sobre isolamento deve se completar com
o período de incubação e de transmissão das doenças.
Chama-se de isolamento, toda vez que for necessário quarto individual; nas precauções, o quarto será
individual apenas quando possível.

Normas Gerais de Isolamento


Para todo paciente que necessite de qualquer tipo de isolamento, deve-se:
- orientar todos os familiares antes da admissão do paciente na área de isolamento quanto ao provável
tempo de internamento nessa área, cuidados e medidas de biossegurança;
- proibir visitas aos pacientes isolados, principalmente de crianças;
- os prontuários e papeletas não deverão ser levados para dentro da área de isolamento. As anotações
poderão ser em papel à parte e logo repassadas para o prontuário;
- a mobília do local de isolamento deverá ser mínima e os utensílios alimentares, descartáveis;
- o material para curativos deverá ser unitário e calculado de acordo com o número de curativos a
serem realizados;
- a roupa de cama e a do paciente deverão ser delicadamente trocadas e encaminhadas à lavanderia
em sacos duplos;
- objetos de uso pessoal deverão ser desinfetados.

Doenças que Requerem Isolamento Total


São as doenças altamente contagiosas e com grande virulência, que podem ser transmitidas pelo ar
e pelo contato direto e ou indireto. Tais doenças requerem quarto privativo, ficando o paciente/doente
sozinho ou junto com outras pessoas com a mesma doença. A porta do quarto deverá estar sempre
fechada.
É obrigatório para se entrar no quarto de paciente em Isolamento Total o uso de:
- precaução Universal ou Padrão (avental, máscara, luvas - ao manipular o paciente/doente -, óculos);
- a lavagem das mãos antes e após manuseio do paciente e ou procedimentos;
- os aventais deverão ser individuais. E, antes de deixar o quarto, o profissional de saúde deve
dispensá-los em local apropriado. Deve-se calcular a quantidade de aventais para cada período de 24
horas de acordo com o número de funcionários que irão utilizá-los;
- máscaras e luvas deverão ser de uso pessoal, utilizadas uma única vez, devendo ser colocadas em
área limpa e dispensadas em área contaminada. Nunca se deve deixar a máscara pendurada no pescoço,
e, ao utilizá-la deve cobrir a boca e o nariz.

Importante

A limpeza e desinfecção da área deverão ser feitas diariamente, e após alta ou óbito, conforme
normatização da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Deverão ser normatizadas tanto as técnicas quanto os materiais de limpeza, os equipamentos de
proteção individual e as soluções a serem usadas (detergente neutro, desinfetantes).
Todo pessoal que trabalhe no setor quer administrativo, quer técnico, deverá ser sistematicamente
treinado e ou avaliado clinicamente e imunologicamente.

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Doenças a Serem Isoladas

Isolamento Respiratório:
- Caxumba;
- Coqueluche;
- Estreptococo beta-hemolítico (amigdalite, escarlatina);
- Herpes zoster (contato com imunodeprimido);
- Meningite por Haemophilus;
- Meningite meningocócica;
- Pneumonia estafilocócica;
- Rubéola;
- Sarampo;
- TB (escarro positivo);

Isolamento Protetor:
- Agranulocitose;
- Dermatite bolhosa, vesicular ou eczematosa extensa;
- Imunodeprimido grave;
- Queimadura extensa.

Medidas de Prevenção e Controle de Infecção em Ambientes de Saúde

O risco de transmissão de infecção para o trabalhador de área de saúde (TAS) depende da


hierarquização e complexidade da atividade que desenvolve (hospital terciário ou unidade primária de
saúde), do tipo de atendimento prestado às pessoas (imunodeprimido) e função que desempenha
(hospital, endoscopia, patologia, odontologia, terapia intensiva, lavanderia, patologia clínica, enfermagem,
limpeza, entre outros). Enquanto existirem condições no ambiente de trabalho capazes de provocar danos
à saúde ou à integridade física do trabalhador, considera-se, então, que há riscos ocupacionais. Os riscos
são variáveis e dependem também de problemas administrativos, financeiros, treinamento, educação
continuada, normas e rotinas, existência de EPI, EPC e outros.
Os procedimentos operacionais padronizados para uso pelos profissionais de saúde em hospitais é
um reconhecimento de que os critérios de biossegurança, em geral, são aplicados. O potencial infeccioso
desconhecido das amostras do paciente é o risco mais significativo encontrado.
Isto significa que mesmo um procedimento mais simples como a retirada de rolhas de recipientes à
vácuo, não deverá ser efetuado em uma área aberta por pessoas destreinadas, que carecem de
compreensão de aerossóis infecciosos e de desinfecção apropriada após o extravasamento.
A biossegurança para evitar e prevenir a infecção dos trabalhadores da área de saúde implica em
seu treinamento efetivo, utilização dos equipamentos de proteção, cuidados preventivos individuais,
seguir as normas e procedimentos vigentes, com a finalidade de estabelecer uma organização para
garantir a segurança em todas as áreas do mesmo.
A análise das medidas de biossegurança pressupõe uma apreciação quanto aos princípios
fundamentais para o manuseio de materiais e equipamentos dentro do ambiente hospitalar, incluindo
diversos aspectos que podem minimizar o risco dos profissionais de saúde acidentarem-se ao exercerem
suas atividades laborais. Para isso, é primordial que tenham máxima atenção durante o desempenho de
seu exercício profissional como, por exemplo, não usando os próprios dedos como anteparo, bem como
não realizando o reencapamento ou retirada de seringas com as próprias mãos.
Mesmo com o uso de material estéril, este precisa ser descartado em recipientes próprios com
resistência elevada à perfuração e com fechamento adequado, pois esta é uma das principais
formas de prevenir a infecção dos profissionais, além da propagação da doença dentro do
ambiente hospitalar, o descarte é uma etapa fundamental enquanto medida preventiva. Outra
medida elementar é que esses recipientes somente podem ter 2/3 de sua capacidade total utilizada,
a fim de evitar possíveis vazamentos e a consequente contaminação do ar ou das pessoas que
manipularem esses invólucros.
Mas, quando o acidente não puder ser evitado, o profissional de saúde deve adotar medidas que
objetivem a redução do risco de infecção, procedimentos simples, como a lavagem exaustiva da área
externa com água e sabão, bem como o uso de soluções antissépticas degermantes, a realização de
exames que detectem possíveis problemas ou doenças que possam ser desenvolvidas, a ingestão da
medicação adequada a cada caso, a vacinação se for esta a recomendação ou tomar a atitude necessária
a cada caso.

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Em caso de exposição de mucosas, é preciso que o local seja lavado com água ou com solução
fisiológica. No entanto, precisa ser evitada a exposição da área afetada a outros possíveis danos, pois
assim o risco do ataque de outras possíveis infecções hospitalares é reduzido, praticamente eliminado.
Nesse sentido, há necessidade do profissional de saúde comunicar a ocorrência do acidente de
trabalho, registrando o ocorrido no setor responsável, estabelecendo medidas precoces para o tratamento
da lesão, além de buscar retirar suas dúvidas quanto aos procedimentos a serem adotados.
Entretanto, ainda são poucas as estruturas de atendimento e notificação para os casos de acidentes
com profissionais de saúde nos hospitais e hospitais brasileiros, dificultando a análise sobre a verdadeira
incidência de acidentes de trabalho envolvendo esses profissionais no ambiente hospitalar, reduzindo o
monitoramento de suas tendências atuais e evolutivas. Outro problema que também merece destaque
refere-se ao fato de que o sistema de vigilância e acompanhamento não registra casos de acidentes de
trabalho ocorridos no setor informal, mesmo representando uma parcela significativa desses
acontecimentos.
O trabalhador deve receber informações antecipadas da natureza do trabalho que irá desempenhar,
tais como: riscos, responsabilidades, normas básicas de higiene rigorosa e rotinas estabelecidas pela
instituição.
A exposição ocupacional inclui o contato das membranas mucosas (olho, boca, entre outros), pele não
íntegra, bem como por acidentes percutâneos, ao sangue, fluidos orgânicos (secreção e excreção),
potencialmente transmissores do Human immunodeficiency vírus (HIV), Hepatitis B Vírus (HBV) e
Hepatitis C Vírus (HCV), que eventualmente possa ocorrer no ambiente de trabalho. Estes fatores são os
mais relevantes em caso de infecções, pois são aqueles que podem causar danos mais severos à saúde
desses profissionais.
A infecção ocupacional pode ser compreendida como aquela adquirida pelo trabalhador de saúde no
ambiente a partir de uma exposição ocupacional. Todavia, independente disso, toda e qualquer infecção
hospitalar deve ser evitada, seja junto aos pacientes ou aos funcionários do hospital.
Os profissionais de saúde são aqueles que mais estão submetidos aos riscos ocupacionais, seja por
meio de ferimentos, erupções e outras dermatoses. Também é o segmento da área de saúde em que
mais inexistem programas de imunização e estudos sobre as possibilidades de exposição a riscos
potenciais.
Os profissionais da área de saúde estão submetidos a numerosos riscos, principalmente no que se
refere aos agentes biológicos, essencialmente quando não ocorre o cumprimento da utilização de
medidas protetivas individuais e/ou coletivas. Além disso, deparam-se com barreiras institucionais,
pressões econômicas e técnicas para que as medidas de biossegurança mínimas sejam efetivamente
implantadas.
A unidade de saúde deve manter um banco de dados contendo informações sobre todas as atividades
desenvolvidas na prevenção e controle de doenças ocupacionais transmitidas através do sangue, fluidos
orgânicos e outras doenças infectocontagiosas, como tuberculose, rubéola e tétano.
Desse modo, uma das principais medidas de prevenção contra as infecções é a realização do
acompanhamento sorológico. Deve ser solicitada a sorologia para HIV e hepatite B e C, imediatamente
após o acidente, o que funciona como prévia.
ELISA ANTI-HIV: Profissionais de saúde vacinados previamente contra hepatite B devem solicitar o
anti-HBS, se o resultado der positivo, não é necessário o acompanhamento sorológico.
Trabalhador vacinado com anti-HBs negativo, e para os não vacinados, solicitar HBsAg e anti-HBC.
Repetir, neste caso, as sorologias após 6 meses da exposição ao cliente Fonte HBsAg positivo ou cliente-
Fonte desconhecido.
Quando o trabalhador tiver utilizado gamaglobulina hiperimune imediatamente após o acidente, a
realização da sorologia anti-HBsAg só deve ser realizado 12 semanas após o acidente.
Os principais critérios para a prevenção ou realização de exames ou vacinação em casos de contato
com pessoas contaminadas com HIV, HBV e HCV, deve-se considerar o risco de aquisição ocupacional
quando houver contato comprovado com material infectante, sorologia negativa do trabalhador, realizada
até 15 dias após o acidente, bem como a ocorrência de soro conversão durante o acompanhamento e a
ausência de outros determinantes de risco para o contágio com o agente.
Com relação aos riscos pós-exposição de material biológico com HIV, é imprescindível que o
profissional tenha consciência do tamanho da profundidade da lesão, se existe sangue visível no
dispositivo do acidente e se este dispositivo foi previamente colocado em leito intravascular (agulhas).
Assim, ciente Fonte com alto título de HIV nos casos acima (>vol.sg.>título de HIV), o risco excede 0,3%;
é preciso verificar se existiu a exposição do material em exposição da mucosa, média de 0,1%, se a pele
também teve algum tipo de contato com o material, verificar se a média foi igual ou superior a 0,1%, pois

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assim o risco será aumentado também se houver um contato prolongado, áreas extensas, perdas de
integridade da pele e alto título viral inoculante.
Sobre o risco de pós-exposição ao material biológico pelo contato com HVB, caso entre 6 a 40% dos
casos, apresenta-se como agente efetivo de transmissão de doenças em TAS, originadas após o contato
com material biológico.
Com relação ao risco de pós-exposição ao material biológico HVC, existe risco de 3 a 10% dos casos
por possuir cerca de 10 vezes mais possibilidades de complicação que o HBV. Cerca de 30 a 70% dos
infectados por esse vírus podem evoluir para a cronicidade 18.

Os principais cuidados locais, em casos de exposição ao HIV, HVB e HCV:


- As cavidades locais com a área exposta devem ser imediatas;
- Lavar a área exaustivamente com água e sabão, em caso de exposição percutânea, e colocar solução
antisséptica (álcool a 70%, PVP-1 ou clorohexidina);
- Lavar exaustivamente com água ou solução fisiológica, após exposição em mucosas;
- No caso de ingestão, provocar o vômito;
- Realizar curativo se necessário;
- Comunicar à chefia imediata.
Nesse caso, é imprescindível a necessidade de evitar acidentes com materiais perfurocortantes com
o manuseio adequado dos equipamentos, máquinas e demais elementos utilizados, acondicionamento
adequado em recipientes próprios e, conforme já citado antes, não deixar ultrapassar 2/3 de sua
capacidade de utilização, bem como determinar normas e procedimentos a serem seguidos, não
esquecendo as Normas Reguladoras (NRs) existentes para cada caso.
Para chamar a atenção das pessoas que frequentam ou que trabalhem nos estabelecimentos de
saúde, é importante que haja uma sistemática de identificação dos riscos existentes em cada setor ou
unidade do estabelecimento.
Por isso, de acordo com as necessidades e a gravidade dos riscos existentes, é necessária a presença
de material informativo e de divulgação, como cartazes, folhetos, adesivos, entre outros, que transmitam
e que sejam tomados cuidados preventivos ante o risco presente. Assim, símbolos identificados de
substâncias, cores diferenciadas, etiquetas adequadas, textos alusivos, que indiquem os riscos e as
atitudes adequadas a tomar, devem fazer parte do ambiente do estabelecimento de saúde.

Classificação de Riscos dos Agentes Biológicos16

Os agentes biológicos que afetam o homem, os animais e as plantas são distribuídos em classes de
risco assim definidas:
- Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes biológicos
conhecidos por não causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus
sp.
- Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os
agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na
comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas
terapêuticas e profiláticas eficazes. Exemplo: Schistosoma mansoni.
- Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes
biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias
humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento
e/ou de prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo
se propagar de pessoa a pessoa. Exemplo: Bacillus anthracis.
- Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com
grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento
não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam
doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e
no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente os vírus. Exemplo: Vírus Ebola.
- Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e de disseminação no meio
ambiente): inclui agentes biológicos de doença animal não existentes no País e que, embora não sejam
obrigatoriamente patógenos de importância para o homem, podem gerar graves perdas econômicas e/ou
na produção de alimentos.

16
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Ciência e Tecnologia.
Classificação de risco dos agentes biológicos. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006.

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Questões

01. (UEL - Agente Universitário de Nível Médio - Técnico em Enfermagem – UEL/COPS) Sobre as
normas de biossegurança, considere as afirmativas a seguir.
I. As luvas de procedimento são consideradas resíduos comuns e não precisam de acondicionamento
especial.
II. Os sacos de lixo de cor branca, no ambiente hospitalar, acondicionam materiais recicláveis.
III. Os materiais perfurocortantes são considerados infectantes e devem ser descartados em recipiente
rígido e impermeável.
IV. Os artigos críticos requerem passar por esterilização antes de serem utilizados nos pacientes.

Assinale a alternativa correta.


(A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
(B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
(C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
(D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
(E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

02. (UEL - Agente Universitário de Nível Médio - Técnico em Enfermagem – UEL/COPS) Sobre as
precauções com a transmissão por via aérea ou respiratória, considere as afirmativas a seguir.
I. A transmissão por aerossóis ocorre através de partículas suspensas no ar.
II. Os artigos e equipamentos utilizados no isolamento por aerossóis são de uso exclusivo do paciente.
III. O paciente em isolamento por gotículas usará máscara comum quando for transportado.
IV. Na transmissão por gotículas, é obrigatório o uso de máscara do tipo N95.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I e II são corretas.
(B) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
(C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
(D) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
(E) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

03. (Pref. Maravilha/SC - Enfermeiro - Saúde da Família - Pref. Maravilha/SC) As infecções


relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são definidas colo aquelas que resultam de procedimento
diagnóstico e/ou tratamento realizado em pacientes ou as infecções adquiridas pelo profissional de saúde
durante a assistência ao paciente em qualquer serviço de saúde. O termo infecção hospitalar fica restrito
às infecções adquiridas no ambiente hospitalar, enquanto as infecções relacionadas à assistência à saúde
(IRAS) é mais abrangente, pois as infecções podem ocorrer em qualquer em qualquer
local/área/serviço/unidade onde ocorra a assistência/cuidado ao paciente, seja em hospitais, clínicas
(cirúrgicas, odontológicas, estéticas, etc.), ambulatórios ou domicílios. Para prevenir e controlar a infecção
é necessário que os seis elementos que compõem a cadeia estejam presentes e intactos: agente
infeccioso, fonte, porta de saída, modo de transmissão, porta de entrada e hospedeiro suscetível.
Portanto, para prevenir a transmissão de microrganismos, é necessário “quebrar” a cadeia em uma ou
mais das ligações, atuando nos seguintes elos: fonte, modo de transmissão e hospedeiro suscetível.
Medidas estas relacionadas com as atividades do Centro de Material e Esterilização (CME).

Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) Realizar limpeza, desinfecção e esterilização de materiais, equipamentos e ambiente de acordo
com a classificação crítico, semicrítico ou não crítico.
( ) Realizar a higiene de mãos e usar medidas protetoras de barreiras.
( ) Uso de protetores individuais (EPI) máscara/óculos de proteção, avental, luvas de procedimentos
de acordo com o modo de transmissão.
( ) Uso de recipientes para coleta de perfuro cortantes somente quando se tem certeza que o material
está contaminado.

Assinale a sequência correta.


(A) V, F, V, F.
(B) F, V, F, V.
(C) V, V, V, F.
(D) V, V, F, F.

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04. (Pref. Carandaí/MG - Técnico em Enfermagem - REIS & REIS) Assinale a alternativa que aponta
o que não é competência do Comitê de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) de cada hospital:
(A) Supervisionar e controlar as faltas dos profissionais de enfermagem, para que não haja problema
na escala diária;
(B) Adequar, implementar e supervisionar normas e rotinas técnico operacionais, visando à prevenção
e controle das infecções hospitalares;
(C) Realizar investigação epidemiológica de casos e surtos, sempre que indicado, e implantar medidas
imediatas de controle;
(D) Implantar um sistema de Vigilância Epidemiológica das infecções hospitalares.

05. (Assembleia Legislativa/SP - Técnico Legislativo - Técnico de Enfermagem – FCC) As


infecções relacionadas a assistência à saúde (IRAS) são definidas como aquelas que resultam de
procedimento diagnóstico e/ou tratamento realizado em pacientes ou as infecções adquiridas pelo
profissional da saúde durante a assistência ao paciente em qualquer serviço de saúde. As medidas que
o profissional de enfermagem deve utilizar na prevenção das IRAS, dentre outras, são:
I. Realizar limpeza, desinfecção e esterilização de materiais, equipamentos e ambiente de acordo com
a classificação (não crítico, semicrítico ou crítico).
II. Realizar a higiene de mãos e usar equipamento de proteção coletiva (EPC) como os recipientes
para coleta de materiais perfurocortantes.
III. Usar as medidas protetoras de barreira, de forma obrigatória, utilizando protetores faciais (máscara
e óculos de proteção), avental e luvas estéreis no contato com sangue, secreções e fluidos corpóreos.

Está correto o que se afirma em:


(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

06. (SES/PE - Analista em Saúde - Enfermeiro Uteísta - UPENET/IAUPE) A infecção do trato urinário
(ITU) é um dos tipos de infecção hospitalar relacionada a procedimentos invasivos das mais comuns,
podendo ser responsável por até 40% de todas as infeções nosocomiais. Em aproximadamente 6-7%, a
instalação da sonda pode causar bacterimia transitória e ainda ser uma importante causa de infecção
sanguínea hospitalar. Qual das medidas abaixo é recomendada para prevenção desse tipo de infecção?
(A) Aderir à sondagem intermitente, utilizando um espaço de tempo de 2 horas entre a realização do
procedimento.
(B) Utilizar sistema aberto ao meio ambiente e estéril para a realização do cateterismo urinário.
(C) Realizar a higienização das mãos imediatamente antes e após sondagem, ou manipulação de
quaisquer componentes do cateter urinário.
(D) Trocar periodicamente, a cada três dias, o cateter vesical, utilizando técnica asséptica.
(E) Realizar manipulações diárias do cateter ou antissepsia do meato, com soluções antissépticas ou
pomadas bactericidas.

07. (Pref. Lagarto/SE - Agente Técnico em Enfermagem – AOCP) É a condição de segurança


alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes
às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal e o ambiente. Tal conceito
refere-se à
(A) Biossegurança.
(B) Barreiras de contenção.
(C) Classe de risco.
(D) Agentes Biológicos.
(E) Análise de Risco.

08. (Pref. Lagarto/SE - Agente Técnico em Enfermagem – AOCP) Os agentes biológicos humanos
e animais são divididos em cinco classes, de acordo com critérios de patogenicidade. O risco individual,
que para a comunidade é baixo, aplica-se a agentes biológicos bem caracterizados, têm probabilidade
nula ou baixa de provocar infecções no homem ou em animais sadios e de risco potencial mínimo para o
profissional do laboratório e para o ambiente, refere-se a qual classe de risco?

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(A) Classe de Risco 2.
(B) Classe de Risco 1.
(C) Classe de Risco 3.
(D) Classe de Risco 4.
(E) Classe de Risco 5.

9. (ILSL – Enfermeiro – IBFC) Em relação à prevenção e controle de infecção hospitalar, leia as frases
abaixo e a seguir assinale a alternativa que corresponde a resposta correta:
I- A lavagem das mãos é a fricção manual vigorosa de toda a superfície das mãos e punhos, utilizando-
se sabão/detergente, seguida de enxágue abundante em água corrente, sendo, isoladamente, a ação
mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares.
II- A lavagem das mãos é realizada sempre antes dos procedimentos cirúrgicos, e está dispensada na
utilização de luva antes e após contatos que envolvam mucosas, sangue ou outros fluidos corpóreos,
secreções ou excreções.
III- Infecção hospitalar é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a
internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares.
IV- Considera-se infecção hospitalar aquela infecção em recém-nascido, cuja aquisição por via
transplacentária é conhecida ou foi comprovada e que tornou-se evidente logo após o nascimento
(exemplo: herpes simples, toxoplasmose, rubéola, citomegalovirose, sífilis e AIDS), devendo ser
controlada vigorosamente.

(A) todas as frases estão corretas.


(B) as frases I e III estão corretas.
(C) as frases I, II e III estão corretas.
(D) as frases III e IV estão corretas.

10. (UFS – Enfermeiro - UFS/COPESE) Sobre as competências da Comissão de Controle de Infecção


Hospitalar (CCIH), analise as afirmativas e assinale a opção INCORRETA.
(A) Avaliar periódica e sistematicamente as informações providas pelo sistema de vigilância
epidemiológica das infecções hospitalares e aprovar medidas de controle propostas pelos membros do
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).
(B) Implantar um sistema de vigilância epidemiológica das infecções hospitalares.
(C) Notificar ao Serviço de Vigilância Epidemiológica e Sanitária do organismo de gestão do SUS os
casos e surtos diagnosticados ou suspeitos de infecções associadas à utilização e/ou produtos
industrializados.
(D) Elaborar regimento interno para a CCIH.
(E) Informar ao órgão oficial municipal ou estadual a composição dos membros da CCIH e as
alterações que venham a ocorrer.

11. (UFS – Enfermeiro - UFS/COPESE) A higienização das mãos é a medida mais antiga, eficaz e
barata de prevenir a infecção relacionada à assistência à saúde. A respeito desse assunto, julgue os itens
subsequentes.
I. Ao realizar um procedimento com luvas, a higienização das mãos é uma medida desnecessária;
II. Caso as mãos não estiverem visivelmente sujas, a realização da higienização pode ser realizada
com produtos à base de álcool;
III. Os agentes antissépticos utilizados para higienização das mãos devem ter ação antimicrobiana
imediata e sem efeito residual ou persistente. Não devem necessariamente conter alergênicos ou
irritantes para pele;
IV. As mãos dos profissionais que atuam em serviços de saúde podem ser higienizadas, utilizando-se:
água e sabão, preparação alcoólica e antisséptico.

Estão CORRETOS somente os itens constantes na opção:


(A) I, II e IV.
(B) II, III e IV.
(C) II e IV.
(D) I e IV.
(E) I, II e III.

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Gabarito

01.C / 02.D / 03.C / 04.A / 05.B / 06.C / 07.A / 08.B / 09.B / 10.E / 11.C

Processo do trabalho em enfermagem

A análise do processo de trabalho em saúde, das características e condições de inserção da


enfermagem nesse processo, possibilita desenhar com mais clareza qual tem sido o objeto de intervenção
da enfermagem seja ele um indivíduo, uma família ou uma comunidade.
A enfermagem brasileira, especificamente, institucionalizou-se no bojo do processo de intensa divisão
do trabalho médico na sociedade moderna, principalmente para preencher os vazios desse processo,
assumindo hegemonicamente as funções administrativas, no contexto hospitalar, local privilegiado
enquanto forma de organização do trabalho para a materialização do modelo clínico, centrado na
prestação de serviços a indivíduos, com ênfase no cuidado curativo.
No contexto de transformação da sociedade, de reforma sanitária, de construção do campo científico
da saúde coletiva e de revisão das práticas de enfermagem, pode-se verificar um movimento na
enfermagem para rever as bases com as quais tem construído seus saberes.
A enfermagem, enquanto campo científico, tem se apropriado de teorias com base no materialismo
histórico e dialético para desenvolver e planejar intervenções e pesquisas que venham a transformar sua
prática, principalmente na área de saúde coletiva, ampliando seu objeto de análise para além do corpo
biológico.
Há um conjunto de estudos sobre o processo de trabalho do enfermeiro que mostra a predominância
de atividades gerenciais, sobretudo com ênfase no gerenciamento dos serviços. A posição de gerente da
assistência de enfermagem e da organização institucional atribuída ao profissional enfermeiro vem sendo
investigada, no Brasil, desde os anos 1980 e pesquisas recentes confirmam a ênfase no trabalho
gerencial do enfermeiro, em especial, com base na concepção de gerenciamento do cuidado.
Estes estudos permitem fundamentar o pressuposto de que o processo de trabalho do enfermeiro
compõe-se de duas dimensões complementares: assistencial e gerencial.
Na primeira, o enfermeiro toma como objeto de intervenção as necessidades de cuidado de
enfermagem e tem por finalidade o cuidado integral, no segundo, o enfermeiro toma como objeto a
organização do trabalho e os recursos humanos em enfermagem, com a finalidade de criar e
implementar condições adequadas de cuidado dos pacientes e de desempenho para os
trabalhadores.
Ao considerar que o cuidado é a marca e o núcleo do processo de trabalho de enfermagem, entende-
se que as atividades gerenciais do enfermeiro deveriam ter como finalidade a qualidade do cuidado de
enfermagem, de modo que a cisão entre a dimensão assistencial e gerencial compromete essa qualidade
e gera conflitos no trabalho do enfermeiro, seja do profissional com a sua própria prática, seja na sua
relação com a equipe de enfermagem e a equipe de saúde.
O processo de trabalho de enfermagem apresenta a característica da divisão técnica do trabalho que
envolve diferentes categorias – enfermeiro, auxiliar e técnico de enfermagem. É um processo que
fragmenta a assistência e o cuidado e indica a necessidade de recomposição dos trabalhos e de mudança
da concepção de processo saúde-doença na perspectiva do cuidado integral e da integralidade da saúde.
Considerando que o cuidado caracteriza o núcleo do trabalho de enfermagem e também as
concepções de cuidado integral e cuidado ampliado, entende-se que o cuidado de enfermagem é
abordado e executado de duas formas distintas: por um lado, o cuidado com foco nos procedimentos e
no raciocínio clínico, que é predominante nas práticas de enfermagem e, por outro, o que se denomina
cuidado ampliado, o qual agrega os procedimentos e a clínica à comunicação e interação com os clientes,
de forma contextualizada a cada momento e situação de cuidado.
Entende-se que a análise do processo de trabalho de enfermagem volta-se para as
necessidades de cuidado de enfermagem como seu objeto de intervenção central, executado,
sobretudo pelos auxiliares e técnicos de enfermagem e o gerenciamento do cuidado e da unidade
como o trabalho nuclear do enfermeiro. Também se considera que tanto os enfermeiros quanto os
auxiliares e técnicos de enfermagem usualmente, referem-se às atividades de gerenciamento como parte
burocrática, associando-as ao registro do trabalho executado.
O gerenciamento em enfermagem, especialmente no ambiente hospitalar, sofre forte influência da
administração clássica, em particular do modelo taylorista/fordista e burocrático, caracterizado por divisão

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do trabalho, hierarquia, autoridade legal, sistema de procedimentos e rotinas, impessoalidade nas
relações interpessoais e outros.
A gerência consiste em atividade meio cuja ação central baseia-se na articulação e integração que
possibilita a transformação do processo de trabalho, ao mesmo tempo que também pode se transformar
mediante as situações do cotidiano das organizações de saúde, e assim se compõe de quatro dimensões:
técnica, política, comunicativa e de desenvolvimento da cidadania.
Essa concepção de gerência favorece a interação com a assistência, contudo, historicamente, na
saúde e na enfermagem, os processos de cuidar e de administrar quase não se tocam correndo de forma
paralela nas instituições hospitalares, o que pode ser modificado com a promoção de uma aliança desses
dois eixos que permitirá constituir o cuidar gerenciando e o gerenciar cuidando, interpretado como uma
construção para a enfermagem brasileira e um novo paradigma.
Nesta mesma direção alguns estudos fazem referência à gerência participativa, que visa a qualificar a
assistência através da articulação dos processos de trabalho assistencial e gerencial, articulação esta
que se entende por gerenciamento do cuidado, que também é caracterizado pela ênfase na comunicação
e interação profissional de enfermagem e paciente e entre os profissionais.

ÉTICA E LEGISLAÇÃO EM ENFERMAGEM: A Ética aplicada à Enfermagem;


Código de Ética profissional em Enfermagem; Lei do Exercício Profissional em
Enfermagem

Ética

O profissional de enfermagem atua sob um conjunto de valores pessoais e profissionais quando se


relaciona com um paciente. Cada paciente possui um sistema pessoal de valores. O profissional de
enfermagem não deve permitir que os seus valores entrem em conflito com os do paciente. A objetividade
enriquece a habilidade do profissional em atuar de modo inteligente e disciplinado quando assiste
pacientes com problema de saúde. Ele deve se empenhar em desenvolver uma autoconsciência para
entender atitudes e sentimentos e para controlar o comportamento nas relações profissionais com os
pacientes.
No ambiente de assistência de saúde, os valores do profissional de enfermagem, do paciente e da
sociedade interagem. Inevitavelmente, conflitos de valores surgem, os quais podem causar dilemas
éticos. A ética determina a conduta apropriada e é tão importante quanto os direitos legais. O profissional
precisa constantemente lembrar-se da ética, quando lidar com pacientes e com outros profissionais de
saúde.
Uma vez que o profissional de enfermagem está ciente dos valores que motivam o comportamento
pessoal e profissional, é mais fácil ajudar os pacientes a identificar os valores que influenciam seus
próprios comportamentos e atitudes. A frequência e a intensidade com as quais a pessoa pratica
comportamento de promoção de saúde dependem do valor dado na redução da ameaça da doença e na
promoção da saúde. Os profissionais de enfermagem ajudam os pacientes a elucidarem seus valores
pessoais, ordenam prioridades de valore, minimizam conflitos, conseguem uma estabilidade entre valores
e comportamentos relacionados à prevenção de doenças e à promoção de saúde e recebem tratamento
ético. A competência de um profissional está na habilidade em ajudar os pacientes a compreenderem a
si próprios e ao impacto de alguns comportamentos no seu bem-estar.

Valores e Ética

A singularidade da profissão de enfermagem está na complexidade e diversidade de papéis e


responsabilidades assumidas por seus membros. O profissional de enfermagem atua como uma conexão
entre o paciente e outros profissionais de saúde, para assegurar que os direitos do paciente sejam
respeitados. Atualmente, o profissional está apto a se empenhar visando o objetivo de proporcionar um
atendimento completo e abrangente para uma gama maior de pacientes.
A assistência de saúde é realizada numa sociedade pluralística onde existem muitos sistemas de
crenças e fé. Com tanta diversidade moral e cultural, frequentemente é difícil definir valores comuns de
assistência de saúde. O profissional de enfermagem tem conhecimento de valores e ética e os usa para
proporcionar uma boa assistência para o paciente. Depende do próprio profissional a tentativa de resolver
dilemas éticos que surgem durante sua interação com o paciente. Se ele sabe claramente o que eles
valorizam e por que, estará apto a tomar, e ajudar os pacientes a tomarem, decisões éticas responsáveis.

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Uma pessoa que ingressa na profissão de enfermagem possui um conjunto de valores pessoais que
guiarão suas ações. Esses valores são o resultado de uma escolha ou hábitos pessoais. Um jovem adulto
que ingressa na carreira de enfermagem será incapaz, a princípio, de identificar todos os atributos de um
enfermeiro profissional. Mas, após socializar-se com a profissão, ele logo verificará a interação de valores
pessoais e profissionais.
Dois valores primários identificados por Hall (1973) são o valor próprio e equivalência. O valor próprio
é a crença de uma pessoa em se considerar valiosa para as pessoas importantes de sua vida. o valor
próprio está relacionado à confiança, à expressão de emoções e à capacidade de se relacionar com as
outras pessoas. O valor de equivalência é a crença de que outras pessoas têm valor equivalente a si
mesmo. Hall sugere que estes dois valores primários devem existir conjuntamente. Ter um sentimento
positivo pelos outros requer que uma pessoa primeiro avalie a si própria. Esses dois valores primários
são “forças orientadoras” na vida pessoal e profissional do enfermeiro.
Existem muitos outros valores, como a confiabilidade e a competência, que o enfermeiro adquire
durante a socialização. Se os valores pessoais são similares aos ideais para o trabalho, os profissionais
assumem seu papel com pouca dificuldade; se eles são incompatíveis, o profissional de enfermagem
provavelmente se sentirá frustrado e insatisfeito.

Definição de Valores e Ética

Um valor é uma convicção pessoal sobre a importância sobre uma dada ideia ou comportamento. Dar
valor a um certo comportamento ou ideia é achá-los preferíveis a outros. Os valores que um indivíduo
retém reflete necessidades pessoais, culturais, influências sociais e relacionamento com pessoas de
importância pessoal. Os valores variam ente as pessoas, desenvolvem-se e mudam com o tempo. Um
sistema de valores bem desenvolvido faz com que a tomada de decisões seja uma tarefa relativamente
sem conflitos.
A ética consiste nos princípios ou padrões que determinam a conduta apropriada. O termo origina-se
da palavra grega “ethos”, que significa costume. A ética refere-se ao que é certo e errado, o que é dever
ou obrigação. Sendo uma característica de todas as profissões, a ética protege os direitos dos homens.
Os valores influenciam como um indivíduo percebe os outros e como ele age. Quando os valores
entram em conflito, a ética frequentemente entra em cena e o resultado é o dilema. Não há situação
absolutamente certa ou errada, mas uma pessoa não deve comprometer os valores de outra quando
tentar resolver um dilema ético. Por exemplo, um enfermeiro de uma comunidade, solicitado por um
colega de trabalho para entrar em greve, precisa decidir-se entre a lealdade a seus colegas e aos
pacientes.
As pessoas apegam-se a valores em um contínuo de relativa importância. Valores relacionados
formam sistemas de valores, como aqueles relacionados à religião, saúde, liberdade e auto respeito. Um
sistema objetivo de valores permite a uma pessoa ser flexível ao tomar decisões e facilita uma ótima
interação com terceiros.
Valores éticos, morais e legais não estão necessariamente relacionados. Uma crença moral é uma
forte convicção de que alguma coisa é absolutamente certa ou errada em todas as situações. Desta
maneira, o que é uma questão moral para uns é dilema ético para outros (por exemplo, aborto). Um direito
legal é uma reivindicação justa ou algo que é devido de acordo com as garantias legais e está
frequentemente relacionado aos valores éticos (por exemplo, no caso da remoção de um sistema de
suporte de vida de um paciente em coma), mas não está necessariamente relacionado a todas as
situações (por exemplo, o direito ao tratamento de saúde é uma questão ética e não um direito legal).
Dois tipos específicos de valores são os terminais e instrumentais. Um valor terminal envolve finalidade
ou objetivos desejados, como a felicidade ou o sucesso na profissão. Um valor instrumental envolve
modelos desejáveis de conduta, como honestidade ou manutenção da saúde de outrem. Valores
instrumentais mudam com a experiência; valores terminais, os objetivos principais da pessoa, são
alcançados através de comportamentos motivados por valores instrumentais.
Valores e ética regem o modo de uma pessoa agir e dão sentido à vida. A prática da enfermagem
exige que o profissional de enfermagem atue dentro das regras legais e éticas e que, ao mesmo tempo,
se mantenha fiel a um sistema de valores pessoais. Surgem, é claro, conflito de valores e,
consequentemente, o profissional precisa estar preparado para lidar com estes dilemas éticos e resolver
os conflitos da melhor maneira possível, para assegurar a qualidade da assistência e uma solução
satisfatória do ponto de vista profissional.

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Determinação de Valores dos Profissionais de Enfermagem

O profissional de enfermagem que usa a determinação de valores apresenta um crescimento pessoal


e adquire satisfação profissional. Durante os encontros com pacientes, colegas e profissionais de saúde,
os seus valores são desafiados e testados. Como ele demonstra uma vontade de ser responsável por
atuar profissionalmente? Como suas atitudes em relação a um paciente influenciam o cuidado
providenciado? O enfermeiro tem dificuldade em assumir o papel de um profissional se seus valores
pessoais são mal concebidos ou pouco claros. A determinação de valores ajuda-o a explorar estes valores
e decidir se ele atua de acordo com suas convicções. Uma visão clara dos valores pessoais permite-lhe
dar maior atenção às necessidades dos pacientes. A determinação de valores também facilita a tomada
de decisão e resolução de problemas.
O processo de determinação de valores pode ser usado numa base continua entre os profissionais de
enfermagem e outros profissionais de saúde que enfrentam conflitos similares diariamente. Nas relações
de trabalho, os profissionais de enfermagem desenvolvem uma confiança nos colegas, em cujas reações
eles podem confiar. O profissional consciente de seus valores atua rápida e decididamente e pode ajudar
seus colegas a determinar seus valores ao lidar e cuidar de pacientes. Compartilhar valores sobre
pacientes, suas famílias, colegas de trabalho e companheiros ajudam os profissionais a reconhecer seus
próprios valores. Esta partilha ajuda-os a compreender o comportamento dos colegas. As linhas de
comunicação tornam-se mais abertas quando se deparam com um tema controverso. A qualidade das
relações de trabalho é enriquecida à medida que os profissionais de enfermagem adquirem
conhecimentos sobre si mesmos e seus colegas.

Determinação de Valores de Pacientes

A valorização também é um instrumento útil no auxílio aos pacientes e seus familiares para adaptarem-
se ao estresse da doença e outros problemas relacionados à saúde. O profissional de enfermagem ajuda
o paciente a discriminar as emoções para determinar seus significados e sentidos. A determinação de
valores é uma atividade para despertar a consciência, através da qual os pacientes adquirem consciência
das prioridades pessoais, identificam ambiguidades nos valores e resolvem os conflitos iniciais entre os
valores e o comportamento. O objetivo do profissional é comunicar-se com o paciente para ajudá-los a
estabelecer comportamento de proteção e promoção de saúde. O paciente torna-se mais propenso a
expressar problemas e sentimentos sinceros e, então, ele está apto a estabelecer um plano de assistência
individualizado. O enfermeiro que quer saber e aprende quais são os valores do paciente, está apto a
planejar um programa bem-sucedido de promoção de bem-estar.
Um sistema de estratégias pode ser usado para tornar a avaliação mais criteriosa, prática e significativa
para uma pessoa com valores não muito claros. Essas estratégias são, na verdade, exercícios para ajudar
um indivíduo na determinação de valores, utilizando as três etapas de valorização. Os profissionais de
enfermagem podem usá-las com os pacientes ou para determinar seus próprios valores.
Algumas vezes é difícil para um profissional de enfermagem determinar quando o paciente pode se
beneficiar com a determinação de valores. Nem todos os pacientes acreditam nos valores socialmente
preferidos, tais como o desejo de manter sua saúde, uma vontade de trabalhar pesado ou a importância
de ter uma carreira de sucesso. Em alguns casos, os comportamentos do paciente sugerem ao
profissional de enfermagem que seus valores não são claros. Esses comportamentos podem interferir
nos esforços do profissional de enfermagem para promoção de uma boa assistência. Quando os
comportamentos dos pacientes refletem uma necessidade de determinação de valores, o papel do
profissional de enfermagem será determinar se o paciente está infeliz, inseguro do seu sistema de valores,
ou se está vivenciando um conflito de valores que pode ser prejudicial à sua saúde. Nesses casos, a
determinação de valores pode ser útil.
Simplesmente encorajar o paciente expressar seus sentimentos pode fornecer informações
inadequadas, se o problema real for um conflito de valores. O profissional que está familiarizado com a
determinação de valores pode ajudá-lo a definir valores, esclarecer objetivos e procurar soluções.
Proporcionar meios de determinação de valores não é uma tentativa de psicanálise. O papel do
profissional de enfermagem é fornecer respostas para as perguntas ou afirmações do paciente, de modo
que estimule a introspecção. O estímulo verbal do profissional para a determinação é gerado por uma
consciência de que o processo de valorização irá motivar o paciente a examinar seus pensamentos e
ações. Esses estímulos podem ajudá-los a escolher um valor livremente, considerar alternativas, apreciar
a escolha, afirmá-la a outros e incorporar comportamentos que reflitam o valor escolhido.
Quando o profissional de enfermagem incita um estímulo para a determinação, ele deve ser: breve;
sem julgamento; seletivo; que estimule pensamentos, e espontâneo. Isto assegura que o paciente está

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sendo tratado como um indivíduo com necessidades reais e não permite que o profissional seja severo
ou moralizante.
A determinação de valores pode ocorrer em qualquer contexto. A valorização tem sempre mais
sucesso quando o profissional tem a oportunidade de um contato repetido com o paciente. É difícil para
ele ajudar significativamente o paciente a superar cada etapa do processo de valorização, se o tempo
dedicado a isto for curto.
No final, o paciente adquire a noção de como a valorização proporciona satisfação pessoal. A
determinação de valores promove a ponderação e tomada de decisões efetivas. O paciente torna-se
consciente de como os valores influenciam suas ações, um componente essencial na resolução de
problemas.
É necessário tempo para que o profissional possa desenvolver a determinação de valores, como um
instrumento para a assistência de paciente. Os profissionais de enfermagem não podem tentar ajudar sue
pacientes a examinarem seus valores, a não ser que eles mesmos tenham conhecimento de seus próprios
valores. A determinação de valores pode ser um meio valioso dos pacientes identificarem seus
sentimentos verdadeiros e convicções e ter um melhor conhecimento de seus objetivos na vida.

Amparo do Paciente

Os padrões éticos regem o comportamento de profissionais e instituições para com os pacientes. Em


contraste, as leis determinam o licenciamento de profissionais e prescrevem os limites da prática legal.
Geralmente é verdade que as práticas éticas são práticas legais. Entretanto, somente a lei é prontamente
executável.
Como Kohnke destacou, o conceito de amparo transpõe esta lacuna entra a ética e a lei. Em
enfermagem, amparo consiste em informar o paciente e, então, apoiar qualquer que seja a decisão
tomada. Informar apropriadamente um paciente adéqua-se às responsabilidades legais do profissional de
enfermagem e apoiá-lo adéqua-se às necessidades éticas de respeitar o direito de uma pessoa à
autodeterminação.
Amparo é um processo complexo que, primeiro, requer do profissional de enfermagem a aquisição da
compreensão de suas próprias atitudes, valores e crenças e, depois aprender a aproximar-se do paciente
com a mente aberta, reconhecendo valores e crenças diferentes. Amparo não é o mesmo que
determinação de valores; entretanto, para dar amparo, o profissional de enfermagem precisa determinar
quais são os valores.
As duas funções primárias de amparo são informar e apoiar. Para informar um paciente propriamente,
o profissional de enfermagem precisa ter informação exata ou saber onde conseguir. O profissional que
dá amparo precisa também desejar que o paciente receba a informação. Entretanto, um paciente precisa
concordar em receber a informação; ele tem o direito de não saber. Além disso, o profissional de
enfermagem que dá amparo fornece a informação de um modo que tenha significado para o paciente.
Finalmente, o profissional protetor reconhece que muitas pessoas, como membros de família, médicos,
administradores de assistência de saúde, não querem que o paciente obtenha informações. Esta situação
torna amparo muito difícil. O papel de protetor torna-se um ato de ponderação cuidadosa, entre contar ao
paciente o que ele precisa saber e não prejudicar a relação do paciente com a família ou o médico.
O profissional de enfermagem também dá apoio ao paciente sem assumir uma posição defensiva ou
de salvamento. A responsabilidade da tomada de decisões permanece com o paciente e não com o
protetor. O enfermeiro protetor não dá conselhos, faz julgamentos ou dá aprovação. O profissional de
enfermagem tem consequência dos riscos que são inevitáveis se o paciente tomar decisão errada sobre
o tratamento de saúde, mas é o paciente quem decide após receber a informação. Se a decisão for
errada, o profissional instrui o paciente como aceitá-la e como fazer uma escolha melhor no futuro.
O estudante de enfermagem principalmente frequentemente encontrará pacientes que pedirão ajuda
para tomar decisões simples, como, por exemplo, tomar banho. Essas questões podem ser importantes
para um paciente doente. Elas oferecem excelentes oportunidades a um enfermeiro para ajudar o
paciente a tomar decisões. Quando decisões mais importantes tiverem que ser tomadas, ele estará mais
apto a tomá-las. Ajudando o paciente a tomar decisões aparentemente de pouca importância, o
profissional de enfermagem ganha prática no papel de protetor.
Existe um ponto chave a lembrar de quando o profissional de enfermagem exerce este papel. Nem
todos os pacientes precisam de “amparo”. Existem pacientes que são capazes de tomar suas próprias
decisões, sem o auxílio do profissional. Entretanto, é sempre apropriado para ele compartilhar
informações pertinentes e importantes com o paciente.

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Normas Técnicas, Ética e Comportamento no Ambiente de Trabalho

A Ética é o ideal para conduta humana, pois a evolução de seus princípios deu-se juntamente com o
processo evolutivo da humanidade, e orienta o ser humano sobre o que é bom e correto e o que deveria
assumir, orientando sua vida em relação a seus semelhantes, visando o bem comum.
A Ética de nossa sociedade e a Ética empresarial são inseparáveis, algumas vezes indistinguíveis.
Nossas preocupações diárias com a eficiência, competitividade e lucratividade não podem prescindir de
um comportamento ético.
A Ética no trabalho orienta não apenas o teor das decisões (o que devo fazer) como também o
processo para a tomada de decisão (como devo fazer).
A adoção de princípios éticos e comportamentais reflete o tipo de organização da qual fazemos parte
e o tipo de pessoa que somos. Nosso respeito pelas diferenças individuais e a preocupação crescente
com a responsabilidade social, onde inserimos as questões de segurança, meio-ambiente e saúde no
cotidiano da nossa gestão empresarial, refletem as relações com seus empregados e para com a
sociedade.
Cada indivíduo tem o seu próprio padrão de valores. Por isso, torna-se imperativo que cada empregado
faça sua reflexão, de modo a compatibilizar seus valores individuais com os valores expressos nos
Princípios Éticos.

Ética no Trabalho

Para que seja ético no trabalho é preciso antes de tudo ser honesto em qualquer situação, nunca fazer
algo que não possa assumir em público, ser humilde, tolerante e flexível. Ser ético significa, muitas vezes,
abrir mão de algumas coisas e perder algo.
É preciso ouvir mais as ideias de seus colegas, pois muitas ideias aparentemente absurdas podem ser
a solução para um problema. Para descobrir isso, é preciso trabalhar em equipe, ouvir as pessoas e
avaliar a situação sem julgamentos precipitados ou baseados em suposições, e principalmente dar crédito
a quem realmente é merecedor. Muitas vezes recebemos elogios pelo trabalho realizado por outras
pessoas, sem sequer repassar os mesmos ou citar o nome dos colegas que contribuíram para tal, e isso
é ser antiético, pois está-se aceitando um elogio pelo trabalho de outra pessoa e, cedo ou tarde, o mesmo
será reconhecido e você ficará com fama de mau-caráter.
Outra coisa muito importante é a pontualidade, pois se você sempre se atrasar, será considerado
indigno de confiança e pode perder boas oportunidades de carreira. Infelizmente em muitas empresas
julga-se o caráter e a competência de um funcionário pelo cumprimento de horário e não pela sua
produtividade ou habilidades técnicas/gerenciais.
Tente também nunca criticar seus colegas de trabalho ou culpá-los pelas costas, e quando tiver de
corrigir ou repreender alguém, faça-o em particular, não o humilhe perante outros, respeite sua
privacidade e se for o caso ofereça apoio, pois ele poderá estar passando por dificuldades sem você
saber.
Existem outras ponderações que devemos fazer, tais como: maneiras de utilização de telefones, e-
mails, assim como comportamentos em reuniões/palestras e em situações de fofocas de corredor.
“Aja de acordo com seus princípios e assuma suas decisões, mesmo que isso implique ficar contra a
maioria”.

Utilização do Telefone

Ao se utilizar o telefone na empresa devemos tomar alguns cuidados, tais como:


- Dar toda a atenção à pessoa que ligou sem ficar distraído com outras atividades em paralelo;
- Evitar intimidades com a pessoa que está do outro lado da linha, pois isso poderá causar
constrangimentos com os colegas que estão ao seu redor;
- Ao falar ao telefone, você é julgado pela dicção, capacidade de articular pensamentos e por tratar os
outros com cortesia ou não. A voz deve ser alegre, clara, calorosa e em bom-tom, nem alta nem baixa
demais;
- Ao atender telefonemas alheios, anote o recado escrevendo o nome da pessoa que ligou, o número
do telefone, o assunto e a hora;
- Não faça ligações pessoais demoradas;
- Não entre em discussões por telefone;
- Retorne as ligações, mesmo que você não conheça quem deixou recado;

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- Se estiver ocupado, não tenha medo de interromper a conversa, diga que não pode falar e que ligará
em seguida e não esqueça de retornar a ligação;
- Todos estamos sujeitos a ter de atender a um telefonema com alguém ao lado. Quando for inevitável,
procure fazer com discrição, nada de gestos, caretas ou comentários tapando o bocal do telefone;
- Jamais deixe alguém esperando na linha, melhor dizer que está ocupado e que retornará a ligação
depois;
- Se a linha cair não se preocupe, pois a responsabilidade de ligar novamente é de quem telefonou.

Utilização de e-mail

A utilização do e-mail é algo extremamente polêmico e atualmente se discute muito sobre o direito das
empresas monitorarem os e-mails de seus funcionários, violando assim sua privacidade. Então, é
importante que se tenha alguns cuidados ao se utilizar o e-mail fornecido pela empresa:
- Nunca escreva algo que possa constrangê-lo depois, evite intimidades e escreva aquilo que você
falaria pessoalmente para a pessoa;
- Verifique sempre a gramática e a ortografia do texto antes de enviá-lo, pois não existe nada pior do
que um texto cheio de erros que, em muitos casos, pode ofender pessoas que prezam muito uma boa
grafia;
- Seja claro e objetivo, pois hoje em dia ninguém tem tempo para ler textos extensos demais ou ficar
pensando em palavras fora de contexto;
- Um e-mail, apesar de também ser um documento, não deve ser tão formal quanto uma carta;
- Jogue fora todos aqueles e-mails que não servem para nada, como malas diretas, correntes e
piadinhas infames e só responda àqueles que realmente mereçam sua atenção;
- Não mande correntes, piadas - obscenas ou não - e pegadinhas por e-mail para quem não conhece.

Comportamento em Reuniões

É neste momento que seu profissionalismo é posto à prova e onde sua postura profissional estará
sendo julgada, então tome alguns cuidados ao participar de reuniões de trabalho.
- Não chegue atrasado. Além de irritar quem chegou na hora, sua imagem ficará péssima, pois sua
pontualidade foi ineficaz;
- Nunca sente à cabeceira da mesa, pois esse lugar normalmente é reservado à pessoa que conduzirá
a reunião. Assim você dará a entender que conhece seu lugar, demonstrará apoio e deixará claro que
não ameaça a pessoa que está conduzindo a reunião;
- Leia e pesquise sobre o assunto que será colocado em pauta. Dessa maneira você estará preparado
e poderá participar da discussão, sem passar pelo constrangimento de dar um fora;
- Quando participar de uma reunião não entre mudo e saia calado, torne sua participação ativa;
- Exponha todas suas ideias independentemente de boas ou ruins, e quando achar que deve discordar,
discorde, mesmo que seja com quem está conduzindo a reunião. Dessa maneira você tornará a reunião
mais produtiva e não apenas um encontro de amigos;
- A pessoa que está conduzindo a reunião deve ser o primeiro e o último a falar. Ou seja, é ela que
abre e fecha a reunião;
- Se for encarregado de conduzir uma reunião, lembre-se de que um bom condutor é aquele que expõe
suas opiniões de modo que todos entendam, sabe ouvir e mediar conflitos;
- Ao fazer um comentário, apresentar uma ideia ou sugestão, seja claro e objetivo. Resuma ao máximo
o que tem a dizer para não tornar a reunião longa e cansativa demais;
- Olhe para os outros quando estiverem falando para mostrar interesse. Não baixe os olhos para a
mesa;
- Apresente suas ideias como recomendação e não como ordens. Senão você poderá comprometer a
autoridade diante dos demais participantes;
- É importante manter a postura durante uma reunião. Evite ficar gesticulando, rabiscando, mexendo
no celular e principalmente entrar em uma reunião com o celular ligado.

Fofocas de Corredor

Algo inevitável nas empresas são as fofocas de corredor, por isso evite ao máximo fazê-las.
- Afaste-se das fofocas e maledicências. Só o fato de prestar atenção nelas pode lhe dar a fama de
fofoqueiro, e aquele que lhe conta a última novidade pode levar também um comentário péssimo sobre
você e aumentar o conflito interpessoal;

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- Evite fazer profecias. As previsões podem não se realizar e as palavras se voltarão contra você;
- Não seja inconveniente, aparecendo em outros setores da empresa sem ligar antes só para fazer
uma fofoca rápida;
- Mantenha a voz baixa, especialmente quando precisar falar de assuntos de caráter confidencial;
- Quando se referir a um colega numa conversa, use o nome completo dele para evitar mal-entendidos;
- Evite falar de sua vida pessoal com quem você não conhece o caráter;
- Não comente com qualquer um os seus resultados positivos, prêmios e novos projetos que lhe foram
confiados;
- Caso trabalhe com alguém de quem não gosta, troque cumprimentos, mantenha distância e não
comente a antipatia que sente. Isso minimiza os atritos e evita que os outros reparem a incompatibilidade
e façam fofocas.

Exercícios do Cargo/Função

Jamais use seu cargo, função, atividade, posição ou influência com o fim de obter qualquer
favorecimento para si ou para outros. Busque o melhor resultado mantendo sempre uma atitude
transparente, de respeito e colaboração com os colegas de trabalho.
- Procure saber como seus superiores trabalham e como gostam que seus colaboradores exerçam
suas atividades, pois dessa maneira você poderá guiar suas atitudes e reações;
- Deixe claro quais são as suas funções, principalmente se elas incluírem obrigações pessoais e
particulares. Sobretudo, no caso de secretárias e assistentes que são encarregados de controlar as
contas do chefe, organizar agenda, comprar presentes para os familiares, etc.;
- Caso tenham afinidades ou amigos em comum, não há mal algum em fazer comentários pessoais,
mas seja discreto e tome cuidado para não parecer inconveniente nem puxa-saco;
- Reconheça os erros, mas não exagere no arrependimento nem na culpa. A fala correta é: “não foi
um erro intencional, isso não vai ocorrer de novo e vou remediar o acontecido”;
- Jamais diga a palavra problema para se referir a uma situação desfavorável. Dá a impressão de que
você não consegue controlar a situação.

Relacionamentos

Entre Colegas, Coordenadores e Gerentes

Saiba respeitar as diferenças individuais, aja de forma cortês, com disponibilidade e atenção a todas
as pessoas com quem se relaciona, independentemente de seu cargo na empresa.
- Reconheça os méritos relativos aos trabalhos desenvolvidos por colegas ou gerentes;
- Não prejudique a reputação de colegas ou gerentes por meio de julgamentos preconceituosos, falso
testemunho, informações não fundamentadas ou qualquer outro subterfúgio;
- Não busque obter troca de favores que aparentem ou possam dar origem a qualquer tipo de
compromisso ou obrigação pessoal;
- Estimule a manifestação de ideias, quando alinhadas com os objetivos das empresas, mesmo que
representem mudança significativa.

Emocionais entre Colegas de Trabalho

Este assunto foi, é e sempre será muito polêmico, pois dependendo da diferença de hierarquias entre
o casal, com certeza surgirão comentários maldosos. Portanto, ao se relacionar com um colega de
trabalho tome os seguintes cuidados:
- Você e um colega se apaixonaram: se a empresa não proíbe namoro entre funcionários e vocês são
desimpedidos, não vale a pena esconder. Os colegas desconfiam, descobrem e fofocam;
- Enquanto estiver na empresa evite os apelidos carinhosos e telefonemas melosos. Nada de “fofo”,
“lindinha”, “bebê” e “neném”;
- Não constranja os colegas nem cause falatório criando situações para ficar a sós com seu amado ou
sua amada.
- Cenas de ciúme e bate-boca são péssimas para sua imagem na empresa;
- Se brigar com ela (ele), deixe a cara fechada e a reconciliação para fora da empresa. Seu romance
não é novela, para ser acompanhado capítulo a capítulo;
- Não policie os horários da (o) sua (seu) parceira (o) e muito menos crie empecilhos para que ela (ele)
almoce com colegas ou superiores sob o argumento “você não liga mais para mim”;

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- Você e o chefe se apaixonaram: em muitas empresas, trata-se de amor proibido. Vocês podem tentar
escondê-lo por um tempo, mas correm sérios riscos;
- Do ponto de vista ético, o melhor a fazer é pedir, rapidamente, uma transferência de departamento,
já que o romance pode comprometer o trabalho. Se não for possível uma transferência, a saída mais
correta é um dos dois pedir demissão. Durante o período de impasse, ajam com absoluta discrição, pois
os fofoqueiros de plantão adoram comentar sobre situações como essa;
- Paixão por alguém casado: em casos assim, trata-se de nitroglicerina pura. Se o romance se tornar
público, amor, trabalho e família virarão uma grande confusão e isso é péssimo para a carreira;
- Evite comentar o assunto em voz alta e não transforme seu drama em tema de debate no fumódromo.

Intimidações

- Jamais tolere ameaças ou assédios de qualquer tipo;


- Não se submeta a situações de assédio moral (entendido como o ato de desqualificar repetidamente,
por meio de palavras, gestos ou atitudes, a autoestima, a segurança ou a imagem do empregado em
função do vínculo hierárquico) e denuncie o assediador;
- Respeite a hierarquia, porém informe imediatamente à gerência superior qualquer comportamento
irregular, desde que devidamente fundamentado;
- Comunique imediatamente aos seus superiores hierárquicos, para que as providências cabíveis,
qualquer aliciamento, ato ou omissão que julgue contrários ao interesse da empresa;
- Não ceda a pressões que visem a obtenção de vantagens indevidas.

Feedback

Feedback: conjunto de sinais perceptíveis que permitem conhecer o resultado da mensagem; é o


processo de se dizer a uma pessoa como você se sente em função do que ela fez ou disse. Para isso,
fazer perguntas e obter as respostas, a fim de verificar se a mensagem foi recebida ou não.
Como a comunicação eficaz é um processo de troca bidirecional, o uso de feedback é mais uma
maneira de se reduzir falhas de comunicação e distorções.

Habilidades de Feedback:
- Assegurar-se de que quer ajudar (e não se mostrar superior);
- No caso de feedback negativo, vá direto ao assunto; começar uma discussão com questões
periféricas e rodeios geralmente cria ansiedades ao invés de minimizá-las;
- Descreva a situação de modo claro, evitando juízos de valor;
- Concentre-se no problema (evite sobrecarregar o receptor com excesso de informações ou críticas);
- Esteja preparado para receber feedback, visto que o seu comportamento pode estar contribuindo
para o comportamento do receptor;
- Ao encerrar o feedback, faça um resumo e reflita sobre a sessão, para que tanto você como o receptor
estejam deixando a reunião com o mesmo entendimento sobre o que foi decidido.

A Ética é algo que não pode ser definido como certo ou errado. É a forma de como as pessoas
acreditam, é o bom senso, em suma, e como você observa o mundo ao seu redor.
Infelizmente a Ética, postura profissional, relacionamentos no ambiente de trabalho, transformou-se
em chavões onde ninguém sabe explicar o que é certo ou não, ou melhor, pode-se notar que a Ética já
não está sendo respeitada.
O coerente seria que as organizações desenvolvessem códigos de condutas, assim poderiam mostrar
o que é “correto” para aquele ambiente de trabalho. Uma vez tendo isso bem exemplificado e explicado,
não deixaria margem para questões sem o menor pingo de cuidado do uso de termos sem o menor
sentido, que em vez de ajudar acabam por prejudicar e muitas vezes ofender as pessoas.

Ética Profissional

Que responsabilidades estão envolvidas no papel de um profissional? Fromer relacionou as principais


características de um profissional:
- A profissão é exercida em tempo integral e é principal fonte de rendas.
- O profissional vê trabalho como um compromisso a uma solicitação. É mais que um emprego.
- Profissionais estão organizados com seus colegas por razões profissionais, isto é, por razões que
transcendem dinheiro e outros benefícios tangíveis.

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- O profissional possui conhecimento e habilidade úteis baseados numa educação de duração e
dificuldade incontestáveis.
- Os profissionais demonstram uma orientação de atendimento que vai além da motivação financeira.
- O profissional procede de acordo com seu próprio julgamento.

Como profissional, o enfermeiro tem um compromisso com pacientes e com a própria profissão, em
fornecer a melhor qualidade de assistência de saúde disponível. A formação educacional do profissional
de enfermagem fornece o conhecimento e habilidades necessárias para ajudá-lo a cumprir o
compromisso profissional. Experiências clínicas promovem a socialização na profissão, por que o
profissional aprende os padrões e normas usados por outros colegas no exercício da profissão e outras
disciplinas de assistência médica. O processo de tornar-se um profissional somente está completo
quando os valores da profissão são integrados aos valores do indivíduo.
A ética está ligada à verdade e este é o primeiro passo para aproximar-se do comportamento correto.
No campo do trabalho, a ética tem sido cada vez mais exigida, provavelmente porque a humanidade
evoluíra em tecnologia, mas não conseguiu se desenvolver na mesma proporção naquilo que se refere à
elevação de espírito. A atitude ética determinará como um profissional trata os outros profissionais no
ambiente de trabalho, os consumidores de seus serviços: clientes internos e externos entre outros
membros da comunidade em geral.
A ética é indispensável ao profissional, porque na ação humana “o fazer” e “o agir” estão interligados.
O fazer diz respeito à competência, à eficiência que todo profissional deve possuir para exercer bem a
sua profissão; o agir se refere à conduta do profissional, ao conjunto de atitudes que deve assumir no
desempenho de sua profissão.

Ética na Enfermagem17

Os dilemas éticos surgem a cada dia, exigindo dos profissionais de enfermagem o aprimoramento
constante de seus conhecimentos.
Face à dinamicidade cultural contemporânea, o profissional de enfermagem se depara com
questionamentos éticos e legais a respeito da sua atuação, exigindo competência ampla diante de tantas
inovações.
O cliente usuário dos serviços de saúde tem o direito de receber informações claras, objetivas e
compreensíveis sobre as medidas diagnósticas e terapêuticas propostas. Assim, sabe-se que é
incontestável o direito do cliente de acessar as informações e orientações a respeito da assistência de
enfermagem que lhe está sendo prestada, bem como o direito de acessar o seu prontuário, os exames
médicos solicitados e os resultados, além de discutir com os profissionais da área de saúde sobre as
possibilidades diagnósticas e terapêuticas pretendidas, consentindo ou não, de acordo com o livre arbítrio
- legalmente resguardado pela capacidade jurídica, ou através de seu representante legal.
O paciente dos dias de hoje, por ter consciência de seus direitos de consumidor, tem deixado de ser
tão passivo a tudo, o que requer mais atenção, respeito e habilidade por parte do enfermeiro. Alguns
pacientes querem participar de seus cuidados e compreenderem o que está ocorrendo no seu processo
de hospitalização. Nesse sentido, o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, em seu artigo
16, é muito claro ao assegurar ao cliente o direito de que lhe seja prestada uma assistência de
enfermagem livre de danos decorrentes de negligência, imperícia ou imprudência.
O Código Civil, em seu artigo 951, dispõe: “... no caso de indenização devida por aquele que, no
exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do
paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”. Com isso, a
responsabilidade profissional é subjetiva, caso ocorra algum tipo de prejuízo ao cliente, exigindo-se a
comprovação de que o profissional agiu culposamente e deu ensejo ao risco ou ao dano alegado pelo
cliente ou responsável legal.
A responsabilidade é o dever jurídico de responder pelos próprios atos ou de outrem, sempre que
estes atos violarem os direitos de terceiros protegidos por Lei, garantindo o ressarcimento de danos
causados culposamente, seja por imperícia, negligência ou imprudência, por parte do profissional.
A negligência consiste na inação, inércia, passividade ou omissão, entendendo que é negligente
quem, podendo ou devendo agir de determinado modo, por indolência ou preguiça mental, não age ou
se comporta de modo diverso.
A imperícia se reveste da falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para executar
determinada atribuição. Trata-se, portanto, de uma atitude comissiva (de cometer ou agir) por parte do
17
Texto extraído de FREITAS, Genival Fernandes de; OGUISSO, Taka. Ocorrências éticas na enfermagem. Rev Bras Enferm, Brasília (DF) n. 56, v. 6, p. 637-639,
nov-dez, 2003.

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profissional, expondo o cliente a riscos e com a possibilidade de acometimento danoso à integridade física
ou moral.
Em contrapartida, a imprudência decorre da ação açodada, precipitada e sem a devida precaução. É
imprudente quem expõe o cliente a riscos desnecessários ou que não se esforça para minimizá-los.
A equipe de enfermagem, ao cuidar de um cliente, não se obriga a curá-lo, contudo deve utilizar todos
os recursos humanos e técnicos possíveis e disponíveis para garantir uma assistência de enfermagem
segura e eficaz, isto é, isenta de riscos de ocorrências prejudiciais, tendo como desvelo a conduta inapta,
imprudente ou negligente do profissional de enfermagem.
O trabalho de Enfermagem18 tem se diversificado, indo desde o cuidado, seja do indivíduo, família e
grupo da comunidade, passando pelas ações educativas, pesquisas, administrativas, até a participação
no planejamento em saúde. O enfermeiro tem avançado no controle das suas atividades, previstas tanto
no Regulamento do Exercício Profissional (Lei n. 7498/86) como no Novo Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem (Resolução COFEN 564/17).
Surgem, junto com este avanço, os problemas éticos relativos ao desempenho da profissão de
Enfermagem, sendo necessário que esse profissional tome conhecimento de seus direitos e deveres
éticos e legais, ampliando, assim, a segurança em suas ações e a possibilidade de estar exercendo as
suas atividades dentro daquilo que lhe cabe, evitando possíveis complicações legais posteriores.
A ética profissional é uma parte da ciência moral e tem como função detectar os fatores que, numa
determinada sociedade, são capazes de alienar a atividade profissional; portanto, é tarefa da ética
profissional realizar uma reflexão crítica, e questionadora, que tenha por finalidade salvar e dar segurança
à sociedade no que diz respeito à atividade profissional.
A ética, no contexto da Enfermagem, abrange comportamentos e ações que envolvem
conhecimentos, valores, habilidades e atitudes no sentido de favorecer as potencialidades do ser
humano com a finalidade de manter ou melhorar a condição humana no processo de viver e
morrer. Assim, os cuidados de Enfermagem devem estar relacionados a ações livres de danos
decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.

Modalidades de Culpa, conforme o art. 18, inciso II do Código Penal

- Imprudência: é a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado). É a prática de um fato
perigoso, ou seja, é uma ação descuidada. Decorre de uma conduta comissiva.
- Negligência: é a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre
sempre antes de começar a ação (exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em
movimento).
- Imperícia: é a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade.

A Ética na Pesquisa em Enfermagem

A enfermagem tem o dever de utilizar a pesquisa para buscar novos meios científicos e métodos
racionais para melhorar a prática assistencial da enfermagem.
Dois documentos básicos têm orientado o desenvolvimento das normas e códigos de ética na
investigação biomédica e em saúde:
- o Código de Nuremberg: teve sua origem na devastadora pesquisa realizada sem nenhum conceito
de participação ou consentimento voluntário, durante a Segunda Guerra Mundial;
- Declaração de Helsinque: desenvolveu uma compreensão crescente das diferenças entre a
investigação terapêutica e a não-terapêutica e ampliou a compreensão dos tipos de informação que
devem receber os sujeitos potenciais da investigação.
São universalmente importantes para todas as práticas de saúde, mas a maneira como eles são
aplicados podem, numa determinada situação, diferir de uma cultura para outra.
São os mesmos aplicáveis na Pesquisa em Enfermagem daqueles utilizados na prática de
Enfermagem. Na pesquisa como na prática o paciente tem direitos e o enfermeiro tem a responsabilidade
de proteger e defender esses direitos. Estes princípios sob o ângulo da pesquisa são: Beneficência, Não-
maleficência, Justiça e Autonomia.
A Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, aprova diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Neles estão inclusos a autonomia, a
não-maleficência, beneficência e justiça.

18
ROSENSTOCK, Karelline Izaltemberg Vasconcelos et al. Aspectos Éticos no Exercício da Enfermagem; Revisão Integrativa da Literaturas. Cogitare Enferm.,
v. 16, n. 4, p. 727-33, out/dez, 2011.

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A pesquisa envolvendo seres humanos requer o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
devidamente assinado.
É o processo pelo qual pesquisadores asseguram que, os sujeitos de pesquisas sejam informados
sobre os riscos potenciais, desconfortos e incômodos, assim como os benefícios de participarem num
estudo, informando-lhes sobre seu direito de não participar e tal informação é apresentada de maneira
livre e sem coerção;

O Consentimento Esclarecido é guiado por três princípios:


1. O ÉTICO;
2. O LEGAL OU JURÍDICO; constitui responsabilidade de cada pesquisador conhecer as normas
legais para obter o consentimento livre e esclarecido; caso não haja na região ou país, utilizar os princípios
éticos conforme a Resolução 196/96 do CNS do Ministério da Saúde.
3. CIENTÍFICO. Guia a obtenção do consentimento esclarecido. O pesquisador deve entender os
benefícios e riscos possíveis para o sujeito. O pesquisador deve ter conhecimento do contexto em que
os cuidados são prestados, para identificar possíveis zonas de coação, como por exemplo, oferta de
recompensas financeiras para participar no estudo.

A obtenção do consentimento deve obedecer duas fases distintas:


1º - Apresentação de um protocolo da pesquisa, ou seja, um documento contendo a descrição da
pesquisa, com os objetivos, metodologia, duração prevista da pesquisa, modelo do instrumento a ser
realizado, informações aos sujeitos, formulário ou termo de consentimento, recursos financeiros,
qualificação do pesquisador, aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
2º - Envolve o convite aos participantes para conhecer o estudo e se há interesse em participar. Se for
favorável a participar o sujeito deve assinar o formulário de consentimento em duas vias. Uma para o
sujeito e a outra para o pesquisador. O sujeito tem o direito de desistir de participar da pesquisa.

Os docentes possuem mais obrigações e possuem o dever desenvolver pesquisar.


Os Professores têm responsabilidade ética para ensinar, orientar e servir de modelo profissional para
os alunos. A orientação constitui a essência do ensino de pós-graduação, mas pode haver riscos de
conflitos.
Mesmo que os resultados da pesquisa não tenham alcançado os objetivos ou seus resultados sejam
inconclusivos, o pesquisador tem o dever moral de divulga-los.

CÓDIGOS DE ÉTICA

A profissão de enfermagem possui códigos de ética que asseguram ao profissional a atenção por altos
ideais de conduta. Um código de ética profissional é uma declaração coletiva das expectativas do grupo,
um padrão de comportamento. Um código de ética para os profissionais de enfermagem relaciona as
responsabilidades especiais assumidas por aqueles que cuidam de pessoas doentes. Eles lidam com
pessoas, que por causa de doença ou trauma, são frequentemente vulneráveis ou dependentes das
capacidades e conhecimentos profissionais. A profissão de enfermagem precisa formular e cumprir altos
ideais de conduta para assegurar ao público e a sociedade que os profissionais individualmente, não
tirarão partido de suas posições.
Um código é um conjunto de princípios que são geralmente aceitos por todos os membros de uma
profissão. Estes princípios indicam alguns dos fatores que os profissionais de enfermagem devem
considerar, quando da decisão da conduta apropriada. Códigos de ética também fornecem um alicerce
comum para o currículo de enfermagem profissional.
É muito difícil codificar todos os princípios nos quais uma pessoa deve se basear para resolver dilemas
num campo complexo como o da enfermagem. Os profissionais de enfermagem enfrentam dilemas éticos
que não são claramente regulamentados pelos códigos de ética.
Um código de ética precisa ser curto, no entanto detalhado o suficientemente para que sempre ofereça
uma orientação clara e obtenha aceitação geral. A Associação Americana de Profissionais de
Enfermagem (AAPE) e o Conselho Internacional de Profissionais de Enfermagem (CIPE) estabeleceram
códigos amplamente aceitos, que os profissionais de enfermagem devem tentar seguir. Embora esses
códigos se diferenciem em algum ponto de ênfase específica, eles refletem os mesmos princípios básicos.
Cada profissional de enfermagem assume a responsabilidade de realizar atividades de enfermagem
específicas na assistência de um paciente. Ser responsável também se refere à esfera das funções de
deveres associado ao papel dos enfermeiros. À medida que assumem mais funções, estas funções
tornam-se parte de sua responsabilidade. Sendo responsável, ele se torna seguro e digno de confiança

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pelos colegas e paciente. Um profissional responsável é competente em conhecimento e habilidades. É
imperativo que ele também possua responsabilidade ética em relação ao paciente. Um profissional de
enfermagem cuida de um paciente que é, no mínimo, parcialmente dependente da escolha de ação feita
pelo enfermeiro e que depositou confiança nas capacidades deste profissional. A responsabilidade de um
enfermeiro requer uma disposição de atuação apropriada dentro das diretrizes de conduta da ética
profissional.
A profissão de enfermeiro é caracterizada pela responsabilidade; eles precisam estar aptos a
responder por suas ações (por exemplo, dar uma dosagem errada de um medicamento). Um profissional
de enfermagem responsável denuncia erros e inicia os cuidados para prevenir qualquer prejuízo futuro
ao paciente. Ter responsabilidade pede uma avaliação de efetividade do profissional de enfermagem em
assumir responsabilidades.
Um profissional de enfermagem tem responsabilidade para com ele, com o paciente, a profissão, a
instituição empregatícia e a sociedade. Ele assume a responsabilidade por si própria, por relatar às
autoridades apropriadas qualquer conduta que coloque os pacientes em risco. A prioridade mais alta do
profissional é a segurança e o bem-estar dos pacientes.
Ter responsabilidade para com o paciente significa que o profissional fornece informação precisa a ele
sobre o tratamento. Ele tem a responsabilidade de informar o paciente sobre procedimentos e fornecer
informações que o ajudem a tomar decisões.
Ele mantém responsabilidade para com a profissão e, consequentemente, para com a sociedade,
mantendo altos padrões de ética e encorajando outros profissionais a fazerem o mesmo. Ele relata
qualquer conduta de outro profissional da mesma área ou de um médico que coloque em risco o paciente.
O profissional de enfermagem que falha em apresentar esta conduta é considerada corresponsável.
O profissional de enfermagem tem responsabilidade em relação à instituição. Administradores de
enfermagem e médicos são geralmente as pessoas para as quais os profissionais de enfermagem devem
obediência. As instituições desenvolvem normas e procedimentos para fornecer diretrizes coerentes para
a realização de atividades de assistência de saúde. Normas e procedimentos previnem confusões e erros
quando é dada a assistência.
A preocupação ética primária de profissionais de enfermagem é ajudar cada paciente a receber
assistência de saúde de alta qualidade. Ele possui o potencial não apenas de ajudar os pacientes, mas
também de causar algum desconforto ou estresse. É frequentemente difícil descriminar as ações
benéficas das desnecessariamente estressantes. Um profissional de enfermagem pode ser mais
responsável por um paciente se os benefícios e as desvantagens das ações forem cuidadosamente
ponderadas. Sendo responsável, o profissional de enfermagem terá, como consequência maior
responsabilidade.
Os conflitos surgem em situações de ser responsável e ter responsabilidade. Frequentemente, entre
administradores de enfermagem e médicos, o profissional de enfermagem pode ficar indeciso sobre quem
tem responsabilidade por quem. Normas e procedimentos dão uniformidades aos padrões básicos de
assistência de enfermagem, deste modo mantém a qualidade de assistência em uma instituição. Se um
enfermeiro discorda das expectativas da instituição, é possível trabalhar dentro do sistema para mudá-
las, talvez aperfeiçoando ou modificando normas e procedimentos ultrapassados.
A sociedade como um todo tem objetivo de propiciar assistência de saúde para todos. Como membro
de um sistema de saúde, o profissional de enfermagem age dentro das regras desse sistema. Barreiras
burocráticas são sempre impostas por este sistema, o que pode criar conflitos envolvendo valores de
ética do profissional. Enfermeiros podem entrar em conflito, ao tentarem proteger os direitos dos
indivíduos vulneráveis e em condições inferiores. Entretanto, a menos que defendam os direitos de todos
os pacientes, não estarão agindo de acordo com as demandas da sociedade.

A responsabilidade profissional serve quatro propósitos básicos:


- Avaliar as novas normas da prática profissional e reavaliar as existentes.
- Manter os padrões de assistência de saúde.
- Facilitar a reflexão pessoal, o pensamento ético e o crescimento pessoal por parte dos profissionais.
- Fornecer bases para tomadas de decisão éticas.

O desempenho individual de um profissional de enfermagem pode ser medido? Uma tendência recente
na assistência de saúde é o estabelecimento de padrões de assistência. A Comissão Mista de
Credenciamento de Hospitais tem recomendado certos padrões para o exercício da assistência de
enfermagem. Estes padrões fornecem uma estrutura básica para avaliar se assistências de enfermagem
competentes são ministradas. O desempenho então pode ser medido objetivamente, bem como
criticamente. Tucker e associados produziram um exemplo de um conjunto de padrões a seguir para

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propiciar bem-estar físico geral a um paciente, tal como certificar-se de que o paciente está confortável e
na posição correta. Esses padrões não eliminam a necessidade de um plano individual de assistência.
Entretanto, profissionais de enfermagem que incorporam esses padrões em um plano de assistência
satisfazem sua responsabilidade éticas. A responsabilidade é assegurada porque a qualidade de
assistência pode ser medida.

Resolução COFEN n.º 564/2017

Aprova o Novo19 Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem

O Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, no uso das atribuições que lhe são conferidas pela Lei
nº 5.905, de 12 de julho de 1973, e pelo Regimento da Autarquia, aprovado pela Resolução Cofen nº 421,
de 15 de fevereiro de 2012, e
CONSIDERANDO que nos termos do inciso III do artigo 8º da Lei 5.905, de 12 de julho de 1973,
compete ao Cofen elaborar o Código de Deontologia de Enfermagem e alterá-lo, quando necessário,
ouvidos os Conselhos Regionais;
CONSIDERANDO que o Código de Deontologia de Enfermagem deve submeter-se aos dispositivos
constitucionais vigentes;
CONSIDERANDO a Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pela Assembleia Geral
das Nações Unidas (1948) e adotada pela Convenção de Genebra (1949), cujos postulados estão
contidos no Código de Ética do Conselho Internacional de Enfermeiras (1953, revisado em 2012);
CONSIDERANDO a Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (2005);
CONSIDERANDO o Código de Deontologia de Enfermagem do Conselho Federal de Enfermagem
(1976), o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (1993, reformulado em 2000 e 2007), as
normas nacionais de pesquisa (Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS nº 196/1996),
revisadas pela Resolução nº 466/2012, e as normas internacionais sobre pesquisa envolvendo seres
humanos;
CONSIDERANDO a proposta de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem,
consolidada na 1ª Conferência Nacional de Ética na Enfermagem – 1ª CONEENF, ocorrida no período
de 07 a 09 de junho de 2017, em Brasília – DF, realizada pelo Conselho Federal de Enfermagem e
Coordenada pela Comissão Nacional de Reformulação do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem, instituída pela Portaria Cofen nº 1.351/2016;
CONSIDERANDO a Lei nº 11.340, de 07 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha) que cria mecanismos
para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição
Federal e a Lei nº 10.778, de 24 de novembro de 2003, que estabelece a notificação compulsória, no
território nacional, nos casos de violência contra a mulher que for atendida em serviços de saúde públicos
e privados;
CONSIDERANDO a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e
do Adolescente;
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.741, de 01 de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso;
CONSIDERANDO a Lei nº. 10.216, de 06 de abril de 2001, que dispõe sobre a proteção e os direitos
das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental;
CONSIDERANDO a Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes;
CONSIDERANDO as sugestões apresentadas na Assembleia Extraordinária de Presidentes dos
Conselhos Regionais de Enfermagem, ocorrida na sede do Cofen, em Brasília, Distrito Federal, no dia 18
de julho de 2017, e
CONSIDERANDO a deliberação do Plenário do Conselho Federal de Enfermagem em sua 491ª
Reunião Ordinária,

RESOLVE:

Art. 1º Aprovar o novo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, conforme o anexo desta
Resolução, para observância e respeito dos profissionais de Enfermagem, que poderá ser consultado
através do sítio de internet do Cofen (www.cofen.gov.br).

19
http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-5642017_59145.html - Acesso em 04/09/2018 às 15h48min.

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Art. 2º Este Código aplica-se aos Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem, Auxiliares de Enfermagem,
Obstetrizes e Parteiras, bem como aos atendentes de Enfermagem.

Art. 3º Os casos omissos serão resolvidos pelo Conselho Federal de Enfermagem.

Art. 4º Este Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Enfermagem, por proposta de 2/3
dos Conselheiros Efetivos do Conselho Federal ou mediante proposta de 2/3 dos Conselhos Regionais.
Parágrafo Único. A alteração referida deve ser precedida de ampla discussão com a categoria,
coordenada pelos Conselhos Regionais, sob a coordenação geral do Conselho Federal de Enfermagem,
em formato de Conferência Nacional, precedida de Conferências Regionais.

Art. 5º A presente Resolução entrará em vigor 120 (cento e vinte) dias a partir da data de sua
publicação no Diário Oficial da União, revogando-se as disposições em contrário, em especial a
Resolução Cofen nº 311/2007, de 08 de fevereiro de 2007.

Brasília, 6 de novembro de 2017.

MANOEL CARLOS N. DA SILVA


COREN-RO Nº 63592
Presidente

MARIA R. F. B. SAMPAIO
COREN-PI Nº 19084
Primeira-Secretária

ANEXO DA RESOLUÇÃO COFEN Nº 0564/2017

PREÂMBULO
O Conselho Federal de Enfermagem, ao revisar o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem
– CEPE, norteou-se por princípios fundamentais, que representam imperativos para a conduta
profissional e consideram que a Enfermagem é uma ciência, arte e uma prática social, indispensável à
organização e ao funcionamento dos serviços de saúde; tem como responsabilidades a promoção e a
restauração da saúde, a prevenção de agravos e doenças e o alívio do sofrimento; proporciona cuidados
à pessoa, à família e à coletividade; organiza suas ações e intervenções de modo autônomo, ou em
colaboração com outros profissionais da área; tem direito a remuneração justa e a condições adequadas
de trabalho, que possibilitem um cuidado profissional seguro e livre de danos. Sobretudo, esses princípios
fundamentais reafirmam que o respeito aos direitos humanos é inerente ao exercício da profissão, o que
inclui os direitos da pessoa à vida, à saúde, à liberdade, à igualdade, à segurança pessoal, à livre escolha,
à dignidade e a ser tratada sem distinção de classe social, geração, etnia, cor, crença religiosa, cultura,
incapacidade, deficiência, doença, identidade de gênero, orientação sexual, nacionalidade, convicção
política, raça ou condição social.
Inspirado nesse conjunto de princípios é que o Conselho Federal de Enfermagem, no uso das
atribuições que lhe são conferidas pelo Art. 8º, inciso III, da Lei nº 5.905, de 12 de julho de 1973, aprova
e edita esta nova revisão do CEPE, exortando os profissionais de Enfermagem à sua fiel observância e
cumprimento.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A Enfermagem é comprometida com a produção e gestão do cuidado prestado nos diferentes
contextos socioambientais e culturais em resposta às necessidades da pessoa, família e coletividade.
O profissional de Enfermagem atua com autonomia e em consonância com os preceitos éticos e legais,
técnico-científico e teórico-filosófico; exerce suas atividades com competência para promoção do ser
humano na sua integralidade, de acordo com os Princípios da Ética e da Bioética, e participa como
integrante da equipe de Enfermagem e de saúde na defesa das Políticas Públicas, com ênfase nas
políticas de saúde que garantam a universalidade de acesso, integralidade da assistência, resolutividade,
preservação da autonomia das pessoas, participação da comunidade, hierarquização e descentralização
político-administrativa dos serviços de saúde.
O cuidado da Enfermagem se fundamenta no conhecimento próprio da profissão e nas ciências
humanas, sociais e aplicadas e é executado pelos profissionais na prática social e cotidiana de assistir,
gerenciar, ensinar, educar e pesquisar.

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CAPÍTULO I
DOS DIREITOS

Art. 1º Exercer a Enfermagem com liberdade, segurança técnica, científica e ambiental, autonomia, e
ser tratado sem discriminação de qualquer natureza, segundo os princípios e pressupostos legais, éticos
e dos direitos humanos.

Art. 2º Exercer atividades em locais de trabalho livre de riscos e danos e violências física e psicológica
à saúde do trabalhador, em respeito à dignidade humana e à proteção dos direitos dos profissionais de
enfermagem.

Art. 3º Apoiar e/ou participar de movimentos de defesa da dignidade profissional, do exercício da


cidadania e das reivindicações por melhores condições de assistência, trabalho e remuneração,
observados os parâmetros e limites da legislação vigente.

Art. 4º Participar da prática multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar com responsabilidade,


autonomia e liberdade, observando os preceitos éticos e legais da profissão.

Art. 5º Associar-se, exercer cargos e participar de Organizações da Categoria e Órgãos de


Fiscalização do Exercício Profissional, atendidos os requisitos legais.

Art. 6º Aprimorar seus conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos, históricos e


culturais que dão sustentação à prática profissional.

Art. 7º Ter acesso às informações relacionadas à pessoa, família e coletividade, necessárias ao


exercício profissional.

Art. 8º Requerer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, medidas cabíveis


para obtenção de desagravo público em decorrência de ofensa sofrida no exercício profissional ou que
atinja a profissão.

Art. 9º Recorrer ao Conselho Regional de Enfermagem, de forma fundamentada, quando impedido de


cumprir o presente Código, a Legislação do Exercício Profissional e as Resoluções, Decisões e Pareceres
Normativos emanados pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.

Art. 10 Ter acesso, pelos meios de informação disponíveis, às diretrizes políticas, normativas e
protocolos institucionais, bem como participar de sua elaboração.

Art. 11 Formar e participar da Comissão de Ética de Enfermagem, bem como de comissões


interdisciplinares da instituição em que trabalha.

Art. 12 Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão de seu
exercício profissional.

Art. 13 Suspender as atividades, individuais ou coletivas, quando o local de trabalho não oferecer
condições seguras para o exercício profissional e/ou desrespeitar a legislação vigente, ressalvadas as
situações de urgência e emergência, devendo formalizar imediatamente sua decisão por escrito e/ou por
meio de correio eletrônico à instituição e ao Conselho Regional de Enfermagem.

Art. 14 Aplicar o processo de Enfermagem como instrumento metodológico para planejar, implementar,
avaliar e documentar o cuidado à pessoa, família e coletividade.

Art. 15 Exercer cargos de direção, gestão e coordenação, no âmbito da saúde ou de qualquer área
direta ou indiretamente relacionada ao exercício profissional da Enfermagem.

Art. 16 Conhecer as atividades de ensino, pesquisa e extensão que envolvam pessoas e/ou local de
trabalho sob sua responsabilidade profissional.

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Art. 17 Realizar e participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, respeitando a legislação
vigente.

Art. 18 Ter reconhecida sua autoria ou participação em pesquisa, extensão e produção técnico-
científica.

Art. 19 Utilizar-se de veículos de comunicação, mídias sociais e meios eletrônicos para conceder
entrevistas, ministrar cursos, palestras, conferências, sobre assuntos de sua competência e/ou divulgar
eventos com finalidade educativa e de interesse social.

Art. 20 Anunciar a prestação de serviços para os quais detenha habilidades e competências técnico-
científicas e legais.

Art. 21 Negar-se a ser filmado, fotografado e exposto em mídias sociais durante o desempenho de
suas atividades profissionais.

Art. 22 Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética
e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.

Art. 23 Requerer junto ao gestor a quebra de vínculo da relação profissional/usuários quando houver
risco à sua integridade física e moral, comunicando ao Coren e assegurando a continuidade da
assistência de Enfermagem.

CAPÍTULO II
DOS DEVERES

Art. 24 Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade,


competência, responsabilidade, honestidade e lealdade.

Art. 25 Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na


diversidade de opinião e posição ideológica.

Art. 26 Conhecer, cumprir e fazer cumprir o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem e
demais normativos do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.

Art. 27 Incentivar e apoiar a participação dos profissionais de Enfermagem no desempenho de


atividades em organizações da categoria.

Art. 28 Comunicar formalmente ao Conselho Regional de Enfermagem e aos órgãos competentes


fatos que infrinjam dispositivos éticos-legais e que possam prejudicar o exercício profissional e a
segurança à saúde da pessoa, família e coletividade.

Art. 29 Comunicar formalmente, ao Conselho Regional de Enfermagem, fatos que envolvam recusa
e/ou demissão de cargo, função ou emprego, motivado pela necessidade do profissional em cumprir o
presente Código e a legislação do exercício profissional.

Art. 30 Cumprir, no prazo estabelecido, determinações, notificações, citações, convocações e


intimações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.

Art. 31 Colaborar com o processo de fiscalização do exercício profissional e prestar informações


fidedignas, permitindo o acesso a documentos e a área física institucional.

Art. 32 Manter inscrição no Conselho Regional de Enfermagem, com jurisdição na área onde ocorrer
o exercício profissional.

Art. 33 Manter os dados cadastrais atualizados junto ao Conselho Regional de Enfermagem de sua
jurisdição.

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Art. 34 Manter regularizadas as obrigações financeiras junto ao Conselho Regional de Enfermagem
de sua jurisdição.

Art. 35 Apor nome completo e/ou nome social, ambos legíveis, número e categoria de inscrição no
Conselho Regional de Enfermagem, assinatura ou rubrica nos documentos, quando no exercício
profissional.
§ 1º É facultado o uso do carimbo, com nome completo, número e categoria de inscrição no Coren,
devendo constar a assinatura ou rubrica do profissional.
§ 2º Quando se tratar de prontuário eletrônico, a assinatura deverá ser certificada, conforme legislação
vigente.

Art. 36 Registrar no prontuário e em outros documentos as informações inerentes e indispensáveis ao


processo de cuidar de forma clara, objetiva, cronológica, legível, completa e sem rasuras.

Art. 37 Documentar formalmente as etapas do processo de Enfermagem, em consonância com sua


competência legal.

Art. 38 Prestar informações escritas e/ou verbais, completas e fidedignas, necessárias à continuidade
da assistência e segurança do paciente.

Art. 39 Esclarecer à pessoa, família e coletividade, a respeito dos direitos, riscos, benefícios e
intercorrências acerca da assistência de Enfermagem.

Art. 40 Orientar à pessoa e família sobre preparo, benefícios, riscos e consequências decorrentes de
exames e de outros procedimentos, respeitando o direito de recusa da pessoa ou de seu representante
legal.

Art. 41 Prestar assistência de Enfermagem sem discriminação de qualquer natureza.

Art. 42 Respeitar o direito do exercício da autonomia da pessoa ou de seu representante legal na


tomada de decisão, livre e esclarecida, sobre sua saúde, segurança, tratamento, conforto, bem-estar,
realizando ações necessárias, de acordo com os princípios éticos e legais.
Parágrafo único. Respeitar as diretivas antecipadas da pessoa no que concerne às decisões sobre
cuidados e tratamentos que deseja ou não receber no momento em que estiver incapacitado de
expressar, livre e autonomamente, suas vontades.

Art. 43 Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade da pessoa, em todo seu ciclo vital e nas
situações de morte e pós-morte.

Art. 44 Prestar assistência de Enfermagem em condições que ofereçam segurança, mesmo em caso
de suspensão das atividades profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da categoria.
Parágrafo único. Será respeitado o direito de greve e, nos casos de movimentos reivindicatórios da
categoria, deverão ser prestados os cuidados mínimos que garantam uma assistência segura, conforme
a complexidade do paciente.

Art. 45 Prestar assistência de Enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou


imprudência.

Art. 46 Recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica na qual não constem assinatura e
número de registro do profissional prescritor, exceto em situação de urgência e emergência.
§ 1º O profissional de Enfermagem deverá recusar-se a executar prescrição de Enfermagem e Médica
em caso de identificação de erro e/ou ilegibilidade da mesma, devendo esclarecer com o prescritor ou
outro profissional, registrando no prontuário.
§ 2º É vedado ao profissional de Enfermagem o cumprimento de prescrição à distância, exceto em
casos de urgência e emergência e regulação, conforme Resolução vigente.

Art. 47 Posicionar-se contra, e denunciar aos órgãos competentes, ações e procedimentos de


membros da equipe de saúde, quando houver risco de danos decorrentes de imperícia, negligência e
imprudência ao paciente, visando a proteção da pessoa, família e coletividade.

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Art. 48 Prestar assistência de Enfermagem promovendo a qualidade de vida à pessoa e família no
processo do nascer, viver, morrer e luto.
Parágrafo único. Nos casos de doenças graves incuráveis e terminais com risco iminente de morte,
em consonância com a equipe multiprofissional, oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis para
assegurar o conforto físico, psíquico, social e espiritual, respeitada a vontade da pessoa ou de seu
representante legal.

Art. 49 Disponibilizar assistência de Enfermagem à coletividade em casos de emergência, epidemia,


catástrofe e desastre, sem pleitear vantagens pessoais, quando convocado.

Art. 50 Assegurar a prática profissional mediante consentimento prévio do paciente, representante ou


responsável legal, ou decisão judicial.
Parágrafo único. Ficam resguardados os casos em que não haja capacidade de decisão por parte da
pessoa, ou na ausência do representante ou responsável legal.

Art. 51 Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades profissionais, independentemente de


ter sido praticada individual ou em equipe, por imperícia, imprudência ou negligência, desde que tenha
participação e/ou conhecimento prévio do fato.
Parágrafo único. Quando a falta for praticada em equipe, a responsabilidade será atribuída na medida
do(s) ato(s) praticado(s) individualmente.

Art. 52 Manter sigilo sobre fato de que tenha conhecimento em razão da atividade profissional, exceto
nos casos previstos na legislação ou por determinação judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa
envolvida ou de seu representante ou responsável legal.
§ 1º Permanece o dever mesmo quando o fato seja de conhecimento público e em caso de falecimento
da pessoa envolvida.
§ 2º O fato sigiloso deverá ser revelado em situações de ameaça à vida e à dignidade, na defesa
própria ou em atividade multiprofissional, quando necessário à prestação da assistência.
§ 3º O profissional de Enfermagem intimado como testemunha deverá comparecer perante a
autoridade e, se for o caso, declarar suas razões éticas para manutenção do sigilo profissional.
§ 4º É obrigatória a comunicação externa, para os órgãos de responsabilização criminal,
independentemente de autorização, de casos de violência contra: crianças e adolescentes; idosos; e
pessoas incapacitadas ou sem condições de firmar consentimento.
§ 5º A comunicação externa para os órgãos de responsabilização criminal em casos de violência
doméstica e familiar contra mulher adulta e capaz será devida, independentemente de autorização, em
caso de risco à comunidade ou à vítima, a juízo do profissional e com conhecimento prévio da vítima ou
do seu responsável.

Art. 53 Resguardar os preceitos éticos e legais da profissão quanto ao conteúdo e imagem veiculados
nos diferentes meios de comunicação e publicidade.

Art. 54 Estimular e apoiar a qualificação e o aperfeiçoamento técnico-científico, ético-político,


socioeducativo e cultural dos profissionais de Enfermagem sob sua supervisão e coordenação.

Art. 55 Aprimorar os conhecimentos técnico-científicos, ético-políticos, socioeducativos e culturais, em


benefício da pessoa, família e coletividade e do desenvolvimento da profissão.

Art. 56 Estimular, apoiar, colaborar e promover o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa


e extensão, devidamente aprovados nas instâncias deliberativas.

Art. 57 Cumprir a legislação vigente para a pesquisa envolvendo seres humanos.

Art. 58 Respeitar os princípios éticos e os direitos autorais no processo de pesquisa, em todas as


etapas.

Art. 59 Somente aceitar encargos ou atribuições quando se julgar técnica, científica e legalmente apto
para o desempenho seguro para si e para outrem.

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Art. 60 Respeitar, no exercício da profissão, a legislação vigente relativa à preservação do meio
ambiente no gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

CAPÍTULO III
DAS PROIBIÇÕES

Art. 61 Executar e/ou determinar atos contrários ao Código de Ética e à legislação que disciplina o
exercício da Enfermagem.

Art. 62 Executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que
não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, à família e à coletividade.

Art. 63 Colaborar ou acumpliciar-se com pessoas físicas ou jurídicas que desrespeitem a legislação e
princípios que disciplinam o exercício profissional de Enfermagem.

Art. 64 Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso diante de qualquer forma ou tipo de violência
contra a pessoa, família e coletividade, quando no exercício da profissão.

Art. 65 Aceitar cargo, função ou emprego vago em decorrência de fatos que envolvam recusa ou
demissão motivada pela necessidade do profissional em cumprir o presente código e a legislação do
exercício profissional; bem como pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colega, utilizando-se de
concorrência desleal.

Art. 66 Permitir que seu nome conste no quadro de pessoal de qualquer instituição ou estabelecimento
congênere, quando, nestas, não exercer funções de enfermagem estabelecidas na legislação.

Art. 67 Receber vantagens de instituição, empresa, pessoa, família e coletividade, além do que lhe é
devido, como forma de garantir assistência de Enfermagem diferenciada ou benefícios de qualquer
natureza para si ou para outrem.

Art. 68 Valer-se, quando no exercício da profissão, de mecanismos de coação, omissão ou suborno,


com pessoas físicas ou jurídicas, para conseguir qualquer tipo de vantagem.

Art. 69 Utilizar o poder que lhe confere a posição ou cargo, para impor ou induzir ordens, opiniões,
ideologias políticas ou qualquer tipo de conceito ou preconceito que atentem contra a dignidade da pessoa
humana, bem como dificultar o exercício profissional.

Art. 70 Utilizar dos conhecimentos de enfermagem para praticar atos tipificados como crime ou
contravenção penal, tanto em ambientes onde exerça a profissão, quanto naqueles em que não a exerça,
ou qualquer ato que infrinja os postulados éticos e legais.

Art. 71 Promover ou ser conivente com injúria, calúnia e difamação de pessoa e família, membros das
equipes de Enfermagem e de saúde, organizações da Enfermagem, trabalhadores de outras áreas e
instituições em que exerce sua atividade profissional.

Art. 72 Praticar ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato que infrinja
postulados éticos e legais, no exercício profissional.

Art. 73 Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação, exceto nos casos
permitidos pela legislação vigente.
Parágrafo único. Nos casos permitidos pela legislação, o profissional deverá decidir de acordo com a
sua consciência sobre sua participação, desde que seja garantida a continuidade da assistência.

Art. 74 Promover ou participar de prática destinada a antecipar a morte da pessoa.

Art. 75 Praticar ato cirúrgico, exceto nas situações de emergência ou naquelas expressamente
autorizadas na legislação, desde que possua competência técnica-científica necessária.

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Art. 76 Negar assistência de enfermagem em situações de urgência, emergência, epidemia, desastre
e catástrofe, desde que não ofereça risco a integridade física do profissional.

Art. 77 Executar procedimentos ou participar da assistência à saúde sem o consentimento formal da


pessoa ou de seu representante ou responsável legal, exceto em iminente risco de morte.

Art. 78 Administrar medicamentos sem conhecer indicação, ação da droga, via de administração e
potenciais riscos, respeitados os graus de formação do profissional.

Art. 79 Prescrever medicamentos que não estejam estabelecidos em programas de saúde pública e/ou
em rotina aprovada em instituição de saúde, exceto em situações de emergência.

Art. 80 Executar prescrições e procedimentos de qualquer natureza que comprometam a segurança


da pessoa.

Art. 81 Prestar serviços que, por sua natureza, competem a outro profissional, exceto em caso de
emergência, ou que estiverem expressamente autorizados na legislação vigente.

Art. 82 Colaborar, direta ou indiretamente, com outros profissionais de saúde ou áreas vinculadas, no
descumprimento da legislação referente aos transplantes de órgãos, tecidos, esterilização humana,
reprodução assistida ou manipulação genética.

Art. 83 Praticar, individual ou coletivamente, quando no exercício profissional, assédio moral, sexual
ou de qualquer natureza, contra pessoa, família, coletividade ou qualquer membro da equipe de saúde,
seja por meio de atos ou expressões que tenham por consequência atingir a dignidade ou criar condições
humilhantes e constrangedoras.

Art. 84 Anunciar formação profissional, qualificação e título que não possa comprovar.

Art. 85 Realizar ou facilitar ações que causem prejuízo ao patrimônio das organizações da categoria.

Art. 86 Produzir, inserir ou divulgar informação inverídica ou de conteúdo duvidoso sobre assunto de
sua área profissional.
Parágrafo único. Fazer referência a casos, situações ou fatos, e inserir imagens que possam
identificar pessoas ou instituições sem prévia autorização, em qualquer meio de comunicação.

Art. 87 Registrar informações incompletas, imprecisas ou inverídicas sobre a assistência de


Enfermagem prestada à pessoa, família ou coletividade.

Art. 88 Registrar e assinar as ações de Enfermagem que não executou, bem como permitir que suas
ações sejam assinadas por outro profissional.

Art. 89 Disponibilizar o acesso a informações e documentos a terceiros que não estão diretamente
envolvidos na prestação da assistência de saúde ao paciente, exceto quando autorizado pelo paciente,
representante legal ou responsável legal, por determinação judicial.

Art. 90 Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações sobre o exercício profissional quando
solicitado pelo Conselho Regional de Enfermagem e/ou Comissão de Ética de Enfermagem.

Art. 91 Delegar atividades privativas do(a) Enfermeiro(a) a outro membro da equipe de Enfermagem,
exceto nos casos de emergência.
Parágrafo único. Fica proibido delegar atividades privativas a outros membros da equipe de saúde.

Art. 92 Delegar atribuições dos(as) profissionais de enfermagem, previstas na legislação, para


acompanhantes e/ou responsáveis pelo paciente.
Parágrafo único. O dispositivo no caput não se aplica nos casos da atenção domiciliar para o
autocuidado apoiado.

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Art. 93 Eximir-se da responsabilidade legal da assistência prestada aos pacientes sob seus cuidados
realizados por alunos e/ou estagiários sob sua supervisão e/ou orientação.

Art. 94 Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, público ou particular, que esteja sob sua
responsabilidade em razão do cargo ou do exercício profissional, bem como desviá-lo em proveito próprio
ou de outrem.

Art. 95 Realizar ou participar de atividades de ensino, pesquisa e extensão, em que os direitos


inalienáveis da pessoa, família e coletividade sejam desrespeitados ou ofereçam quaisquer tipos de riscos
ou danos previsíveis aos envolvidos.

Art. 96 Sobrepor o interesse da ciência ao interesse e segurança da pessoa, família e coletividade.

Art. 97 Falsificar ou manipular resultados de pesquisa, bem como usá-los para fins diferentes dos
objetivos previamente estabelecidos.

Art. 98 Publicar resultados de pesquisas que identifiquem o participante do estudo e/ou instituição
envolvida, sem a autorização prévia.

Art. 99 Divulgar ou publicar, em seu nome, produção técnico-científica ou instrumento de organização


formal do qual não tenha participado ou omitir nomes de coautores e colaboradores.

Art. 100 Utilizar dados, informações, ou opiniões ainda não publicadas, sem referência do autor ou
sem a sua autorização.

Art. 101 Apropriar-se ou utilizar produções técnico-científicas, das quais tenha ou não participado
como autor, sem concordância ou concessão dos demais partícipes.

Art. 102 Aproveitar-se de posição hierárquica para fazer constar seu nome como autor ou coautor em
obra técnico-científica.

CAPÍTULO IV
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES

Art. 103 A caracterização das infrações éticas e disciplinares, bem como a aplicação das respectivas
penalidades regem-se por este Código, sem prejuízo das sanções previstas em outros dispositivos legais.

Art. 104 Considera-se infração ética e disciplinar a ação, omissão ou conivência que implique em
desobediência e/ou inobservância às disposições do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem,
bem como a inobservância das normas do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem.

Art. 105 O(a) Profissional de Enfermagem responde pela infração ética e/ou disciplinar, que cometer
ou contribuir para sua prática, e, quando cometida(s) por outrem, dela(s) obtiver benefício.

Art. 106 A gravidade da infração é caracterizada por meio da análise do(s) fato(s), do(s) ato(s)
praticado(s) ou ato(s) omissivo(s), e do(s) resultado(s).

Art. 107 A infração é apurada em processo instaurado e conduzido nos termos do Código de Processo
Ético-Disciplinar vigente, aprovado pelo Conselho Federal de Enfermagem.

Art. 108 As penalidades a serem impostas pelo Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem,
conforme o que determina o art. 18, da Lei n° 5.905, de 12 de julho de 1973, são as seguintes:
I – Advertência verbal;
II – Multa;
III – Censura;
IV – Suspensão do Exercício Profissional;
V – Cassação do direito ao Exercício Profissional.
§ 1º A advertência verbal consiste na admoestação ao infrator, de forma reservada, que será registrada
no prontuário do mesmo, na presença de duas testemunhas.

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§ 2º A multa consiste na obrigatoriedade de pagamento de 01 (um) a 10 (dez) vezes o valor da
anuidade da categoria profissional à qual pertence o infrator, em vigor no ato do pagamento.
§ 3º A censura consiste em repreensão que será divulgada nas publicações oficiais do Sistema
Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em jornais de grande circulação.
§ 4º A suspensão consiste na proibição do exercício profissional da Enfermagem por um período de
até 90 (noventa) dias e será divulgada nas publicações oficiais do Sistema Cofen/Conselhos Regionais
de Enfermagem, jornais de grande circulação e comunicada aos órgãos empregadores.
§ 5º A cassação consiste na perda do direito ao exercício da Enfermagem por um período de até 30
anos e será divulgada nas publicações do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem e em
jornais de grande circulação.
§ 6º As penalidades aplicadas deverão ser registradas no prontuário do infrator.
§ 7º Nas penalidades de suspensão e cassação, o profissional terá sua carteira retida no ato da
notificação, em todas as categorias em que for inscrito, sendo devolvida após o cumprimento da pena e,
no caso da cassação, após o processo de reabilitação.

Art. 109 As penalidades, referentes à advertência verbal, multa, censura e suspensão do exercício
profissional, são da responsabilidade do Conselho Regional de Enfermagem, serão registradas no
prontuário do profissional de Enfermagem; a pena de cassação do direito ao exercício profissional é de
competência do Conselho Federal de Enfermagem, conforme o disposto no art. 18, parágrafo primeiro,
da Lei n° 5.905/73.
Parágrafo único. Na situação em que o processo tiver origem no Conselho Federal de Enfermagem
e nos casos de cassação do exercício profissional, terá como instância superior a Assembleia de
Presidentes dos Conselhos de Enfermagem.

Art. 110 Para a graduação da penalidade e respectiva imposição consideram-se:


I – A gravidade da infração;
II – As circunstâncias agravantes e atenuantes da infração;
III – O dano causado e o resultado;
IV – Os antecedentes do infrator.

Art. 111 As infrações serão consideradas leves, moderadas, graves ou gravíssimas, segundo a
natureza do ato e a circunstância de cada caso.
§ 1º São consideradas infrações leves as que ofendam a integridade física, mental ou moral de
qualquer pessoa, sem causar debilidade ou aquelas que venham a difamar organizações da categoria ou
instituições ou ainda que causem danos patrimoniais ou financeiros.
§ 2º São consideradas infrações moderadas as que provoquem debilidade temporária de membro,
sentido ou função na pessoa ou ainda as que causem danos mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 3º São consideradas infrações graves as que provoquem perigo de morte, debilidade permanente
de membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa ou ainda as que causem danos
mentais, morais, patrimoniais ou financeiros.
§ 4º São consideradas infrações gravíssimas as que provoquem a morte, debilidade permanente de
membro, sentido ou função, dano moral irremediável na pessoa.

Art. 112 São consideradas circunstâncias atenuantes:


I – Ter o infrator procurado, logo após a infração, por sua espontânea vontade e com eficiência, evitar
ou minorar as consequências do seu ato;
II – Ter bons antecedentes profissionais;
III – Realizar atos sob coação e/ou intimidação ou grave ameaça;
IV – Realizar atos sob emprego real de força física;
V – Ter confessado espontaneamente a autoria da infração;
VI – Ter colaborado espontaneamente com a elucidação dos fatos.

Art. 113 São consideradas circunstâncias agravantes:


I – Ser reincidente;
II – Causar danos irreparáveis;
III – Cometer infração dolosamente;
IV – Cometer a infração por motivo fútil ou torpe;
V – Facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outra infração;
VI – Aproveitar-se da fragilidade da vítima;

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VII – Cometer a infração com abuso de autoridade ou violação do dever inerente ao cargo ou função
ou exercício profissional;
VIII – Ter maus antecedentes profissionais;
IX – Alterar ou falsificar prova, ou concorrer para a desconstrução de fato que se relacione com o
apurado na denúncia durante a condução do processo ético.

CAPÍTULO V
DA APLICAÇÃO DAS PENALIDADES

Art. 114 As penalidades previstas neste Código somente poderão ser aplicadas, cumulativamente,
quando houver infração a mais de um artigo.

Art. 115 A pena de Advertência verbal é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido
nos artigos:, 26, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 35, 36, 37, 38, 39, 40, 41, 42, 43, 46, 48, 47, 49, 50, 51, 52, 53,
54, 55, 56, 57,58, 59, 60, 61, 62, 65, 66, 67, 69, 76, 77, 78, 79, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91,
92, 93, 94, 95, 98, 99, 100, 101 e 102.

Art. 116 A pena de Multa é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos: 28,
29, 30, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67, 68, 69,
70, 71, 72, 73, 74, 75, 76, 77, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97,
98, 99, 100, 101 e 102.

Art. 117 A pena de Censura é aplicável nos casos de infrações ao que está estabelecido nos artigos:
31, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 57, 58, 59, 61, 62, 63, 64, 65, 66, 67,68, 69, 70, 71, 73, 74, 75, 76, 77,
78, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 85, 86, 88, 90, 91, 92, 93, 94, 95, 97, 99, 100, 101 e 102.

Art. 118 A pena de Suspensão do Exercício Profissional é aplicável nos casos de infrações ao que
está estabelecido nos artigos: 32, 41, 42, 43, 44, 45, 50, 51, 52, 59, 61, 62, 63, 64, 68, 69, 70, 71, 72, 73,
74, 75, 76, 77, 78,79, 80, 81, 82, 83, 85, 87, 89, 90, 91, 92, 93, 94 e 95.

Art. 119 A pena de Cassação do Direito ao Exercício Profissional é aplicável nos casos de infrações
ao que está estabelecido nos artigos: 45, 64, 70, 72, 73, 74, 80, 82, 83, 94, 96 e 97.

Bioética20

Bioética (ética da vida) é parte da filosofia que se dedica a estudar a moral e as obrigações humanas.
Assim, surge uma nova reflexão para a ética tradicionalista, que vincula as relações humanas com a vida,
saúde e integridade física de todos os seres humanos, sensibilizando o desenvolvimento social. Seu
nome indica uma forma especial de ética em que se conjugam o aspecto biológico e as relações de
deveres profissionais.
Importante saber que a Bioética não trata somente da relação entre médico e paciente, mas também
se preocupa com especialidades vinculadas ao campo da Medicina, tais como a Biotecnologia, a
Engenharia Genética, experiências com seres humanos e animais em geral, saúde dos pacientes
mentais, questões sobre início e fim de vida – como a interrupção da gravidez frente a um diagnóstico de
um feto com múltiplas malformações congênitas, transplantes de órgãos, eutanásia, clonagem humana e
outros temas. Incorpora, também, diversos temas sociais como Saúde Pública, meio ambiente e relações
jurídicas, entre outros.
No século XX, o paciente avançou na conquista de um direito humano tido como fundamental, que é
sua autonomia para tomar decisões em situações relacionadas à própria saúde. Saiu de uma condição
passiva para assumir papel ativo no relacionamento com profissionais de Saúde.
No cenário de dilemas morais, a Bioética chama para si a responsabilidade de refletir sobre questões
e valores que surgem em decorrência do avanço da Biotecnologia sobre a vida humana.
O “fazer” da Enfermagem, por estar ligado diretamente a processos invasivos nos pacientes, desperta
nos profissionais questões como “Que atitude deve ser tomada?”, “Até onde o profissional de enfermagem
deve ir com o intuito de salvar vidas?” ou ainda, “Que fazer diante de pacientes que recusam determinados
tratamentos ou medicamentos?”.

20
Texto adaptado de KURAMOTO, Jaqueline Bergara. Ética e bioética em enfermagem. In: Saberes e práticas: guia para ensino e aprendizado de enfermagem.
MURTA, Genilda Ferreira (org.). 3. ed. rev. amp. São Caetano do Sul: Difusão, 2007. Vol. 2

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A Bioética possui como uma de suas características principais a de ser uma ciência na qual o
Homem é sujeito e não somente objeto.
Tom Beauchamp e James Chidress, em 1978, ambos vinculados ao Kennedy Institute of Ethics,
publicaram o seu livro Principles of Biomedical Ethics, que consagrou o uso dos princípios na abordagem
de dilemas e problemas bioéticos fundados em quatro princípios: autonomia, beneficência, justiça e
não maleficência.
Beneficência: trata-se do critério mais antigo da ética médica. Resume-se em fazer o bem ao paciente.
Não maleficência: resume-se em não prejudicar o paciente. “Auxilie ou não prejudique o paciente.”
(Hipócrates)
Autonomia: um dos norteadores da Bioética. Trata-se da capacidade de decisão do paciente. Decidir
em não aceitar determinado tratamento ou mesmo medicação. Também pode decidir o melhor horário
para o seu banho no leito. A autonomia dá ao ser humano a capacidade para agir de acordo com sua
vontade por meio de escolhas que estão ao seu alcance e diante de objetivos por ele estabelecidos.
Justiça: todo ser humano merece atenção e cuidado e deve ser tratado com igualdade e com
imparcialidade na distribuição dos riscos e benefícios perante toda atenção à saúde. Precisa-se de muita
cautela para que não haja injustiça social. Assim, torna-se importante o diálogo multidisciplinar, assim
como com toda a sociedade a fim de decidir sobre alocação de recursos em Saúde Pública.

LEI N 7.498/86, DE 25 DE JUNHO DE 1986

Dispõe sobre a regulamentação do exercício21 da Enfermagem e dá outras providências.

Art. 1.º – É livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições
desta Lei.

Art. 2.º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde
ocorre o exercício.
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de
habilitação.

Art. 3.º – O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem planejamento
e programação de Enfermagem.

Art. 4.º – A programação de Enfermagem inclui a prescrição da assistência de Enfermagem.

Art. 5.º – (vetado)


§ 1.º (vetado)
§ 2.º (vetado)

Art. 6.º – São enfermeiros:


I – o titular do diploma de enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II – o titular do diploma ou certificado de obstetriz ou de enfermeira obstétrica, conferidos nos termos
da lei;
III – o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira
Obstétrica ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do país,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de
Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de Obstetriz;
IV – aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o
disposto na alínea “d” do Art. 3.º do Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.

Art. 7.º – São técnicos de Enfermagem:


I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a
legislação e registrado pelo órgão competente;

21
http://www.cofen.gov.br/lei-n-749886-de-25-de-junho-de-1986_4161.html - Acesso em 04/09/2018 às 15h48min.

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II – o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico
de Enfermagem.

Art. 8.º – São Auxiliares de Enfermagem:


I – o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem, conferido por instituição de ensino nos termos
da Lei e registrado no órgão competente;
II – o titular do diploma a que se refere a Lei nº 2.822, de 14 de junho de 1956;
III – o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do Art. 2.º da Lei nº 2.604, de 17 de
setembro de 1955, expedido até a publicação da Lei n.º 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV – o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo
Serviço Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão
congênere da Secretaria de Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei n.º 23.774, de
22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei n.º 8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei n.º 3.640, de 10 de
outubro de 1959;
V – o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei n.º 299, de 28 de
fevereiro de 1967;
VI – o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do
país, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de
Auxiliar de Enfermagem.

Art. 9.º – São Parteiras:


I – a titular de certificado previsto no Art. 1.º do Decreto-lei n.º 8.778, de 22 de janeiro de 1946,
observado o disposto na Lei n.º 3.640, de 10 de outubro de 1959;
II – a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou curso
estrangeiro, segundo as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil,
até 2 (dois) anos após a publicação desta Lei, como certificado de Parteira.

Art. 10 – (vetado)

Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:


I – privativamente:
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e
privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem;
d) (VETADO);
e) (VETADO);
f) (VETADO);
g) (VETADO);
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;
i) consulta de enfermagem;
j) prescrição da assistência de enfermagem;
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas;
II – como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a
assistência de enfermagem;
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;

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i) execução do parto sem distocia;
j) educação visando à melhoria de saúde da população.
Parágrafo único. Às profissionais referidas no inciso II do art. 6.º desta lei incumbe, ainda:
a) assistência à parturiente e ao parto normal;
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.

Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e


acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Participar da programação da assistência de Enfermagem;
§ 2.º - Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
§ 3.º - Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.

Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva,


envolvendo serviços auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
§ 2.º - Executar ações de tratamento simples;
§ 3.º - Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.

Art. 14 – (vetado)

Art. 15 – As atividades referidas nos artigos 12 e 13 desta Lei, quando exercidas em instituições de
saúde, públicas e privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob
orientação e supervisão de Enfermeiro.

Art. 16 – (vetado)

Art. 17 – (vetado)

Art. 18 – (vetado)
Parágrafo único. (vetado)

Art. 19 – (vetado)

Art. 20 – Os órgãos de pessoal da administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal,
do Distrito Federal e dos Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na contratação de
pessoal de Enfermagem, de todos os graus, os preceitos desta Lei.
Parágrafo único – Os órgãos a que se refere este artigo promoverão as medidas necessárias à
harmonização das situações já existentes com as disposições desta Lei, respeitados os direitos
adquiridos quanto a vencimentos e salários.

Art. 21 – (vetado)

Art. 22 – (vetado)

Art. 23 – O pessoal que se encontra executando tarefas de Enfermagem, em virtude de carência de


recursos humanos de nível médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei, será
autorizado, pelo Conselho Federal de Enfermagem, a exercer atividades elementares de Enfermagem,
observado o disposto no Art. 15 desta Lei.
Parágrafo único – É assegurado aos atendentes de enfermagem, admitidos antes da vigência desta
Lei, o exercício das atividades elementares da enfermagem, observado o disposto em seu artigo 15.

Art. 24 – (vetado)
Parágrafo único – (vetado)

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Art. 25 – O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da
data de sua publicação.

Art. 26 – Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 27 – Revogam-se (vetado) as demais disposições em contrário.

Brasília, em 25 de junho de 1986, 165º da Independência e 98º da República

José Sarney
Almir Pazzianotto Pinto

Questões

01. (Pref. Maravilha/SC - Enfermeiro - Saúde da Família - Pref. Maravilha/SC) De acordo com a
Legislação do Exercício Profissional da Enfermagem - Decreto n.º 94.406/87 - e o Ministério da Saúde, o
pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo enfermeiro (Brasil, 1987). A Lei n.º
7.498 de 25 de julho de 1986 dispõe sobre a regulamentação do exercício de Enfermagem, e no Art. 11
menciona que o Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I. Privativamente: realizar consulta de enfermagem e prescrição da assistência de Enfermagem.
II. Como integrante da equipe de saúde: prescrever medicamentos e solicitar exames de rotina e
complementares, desde que estabelecidos em Programas de Saúde Pública e aprovados pela instituição
de saúde.
III. Como integrante da equipe de saúde: assistência de enfermagem à gestante, parturiente e
puérpera.
IV. Como integrante da equipe de saúde: execução do parto sem distocia.

Assinale a afirmativa correta:


(A) A assertiva a do item II não está correta.
(B) A assertiva correta é apenas a I.
(C) As assertivas corretas são a I e III.
(D) Todas as assertivas estão corretas.

02. Relacione adequadamente as ocorrências éticas aos respectivos significados.


1. Negligência.
2. Imprudência.
3. Imperícia.
4. Omissão.

( ) Falta de cumprimento de um dever ou responsabilidade.


( ) Falta de cautela e preocupação; agir sem comedimento.
( ) Descuido, desleixo, desatenção e preguiça.
( ) Inabilidade; agir sem conhecimento técnico.

A sequência está correta em


(A) 4, 1, 3, 2.
(B) 1, 3, 2, 4.
(C) 4, 2, 1, 3.
(D) 3, 2, 4, 1.
(E) 2, 1, 3, 4.

03. (Pref. Apiacá/ES – Enfermeiro – IDECAN) De acordo com a Lei n.º 7.498/86 e suas atualizações,
a enfermagem atualmente é exercida privativamente pelos seguintes profissionais, devidamente
habilitados e inscritos no COREN, EXCETO:
(A) Parteira.
(B) Enfermeiro.
(C) Auxiliar de enfermagem.
(D) Técnico de enfermagem.
(E) Agente comunitário de saúde.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
04. (TRE/PR - Técnico Judiciário - Especialidade Enfermagem – FCC) O auxiliar de enfermagem
de uma instituição de saúde executa as seguintes atividades:
I. efetua o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis.
II. prepara o paciente para consultas, exames e tratamento.
III. presta cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave.
IV. realiza parto normal, quando necessário, e cuida da puérpera e do recém-nascido.

De acordo com o Decreto n.º 94.406, de 8 de junho de 1987, cabe ao auxiliar de enfermagem as
atividades descritas em
(A) I, II, III e IV.
(B) I e II, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) II e IV, apenas.
(E) III e IV, apenas.

05. (Assembleia Legislativa/SP - Técnico Legislativo - Técnico de Enfermagem - FCC) O Técnico


de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de
enfermagem. Cabe ao mesmo assistir o enfermeiro
I. no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de
Enfermagem.
II. na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante
a assistência de saúde.
III. na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar.

Está correto o que se afirma em


(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.

06. (FUMUSA - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES) Um auxiliar de enfermagem estava realizando


os cuidados de enfermagem dos pacientes sob sua responsabilidade em unidade cirúrgica. Quando
estava próximo de seu horário de saída do trabalho, deixou as atividades por fazer, foi ao vestiário para
se trocar e ficou aguardando o horário de ir embora. No plantão seguinte, o Enfermeiro responsável
constatou que o auxiliar de enfermagem havia deixado de realizar os sinais vitais dos pacientes, o que
acarretou danos aos mesmos. Considerando os aspectos éticos, o profissional de enfermagem:
(A) cometeu uma negligência.
(B) cometeu uma imprudência.
(C) cometeu uma imperícia.
(D) não cometeu infração ética, apenas houve esquecimento.

07. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES) Considerando a Lei n.º 7.498, de 25 de junho de
1986, que dispõe sobre o Exercício Profissional de Enfermagem, cabe ao Auxiliar de Enfermagem:
(A) participar da programação da assistência de Enfermagem.
(B) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente.
(C) participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar.
(D) realizar consulta de enfermagem.

08. (UFPE - Auxiliar de Enfermagem – COVEST) A respeito da lei do exercício profissional, é


permitido ao auxiliar de enfermagem:
(A) realizar consulta de enfermagem.
(B) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas.
(C) prestar cuidados diretos a pacientes graves com risco de vida.
(D) participar de projetos de construção e reforma de unidades de internação.
(E) realizar auditoria de enfermagem.

09. (HUAC/UFCG - Técnico de Enfermagem - COMPROV/UFCG) Um técnico de enfermagem que


em um serviço hospitalar delega funções e prescreve assistência de enfermagem está agindo com:

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
(A) Imprudência.
(B) Negligência.
(C) Imperícia.
(D) Insatisfação.
(E) Incondicionamento.

10. (HUAC/UFCG - Técnico de Enfermagem - COMPROV/UFCG) Prática de uma injeção


intramuscular profunda seccionando o nervo ciático; troca e administração de solução incompatível com
a via endovenosa; deixar de providenciar ou executar ações técnicas cabíveis em situações de
emergências com pacientes são, respectivamente, para profissionais da enfermagem exemplos de:
(A) Imprudência, Imperícia e Negligência.
(B) Imperícia, Imprudência e Negligência.
(C) Imperícia, Negligência e Imprudência.
(D) Negligência, Imperícia e Imprudência.
(D) Imprudência, Imprudência e Negligência.

11. (EBSERH/ HC-UFMG - Técnico em Enfermagem – AOCP) Nos termos da Lei nº 7.498/86 é/são
atividade(s) do Técnico em Enfermagem:
(A) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem.
(B) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas.
(C) execução do parto sem distocia.
(D) participação na orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar.
(E) consulta de enfermagem.

12. (EBSERH/ HC-UFPE - Técnico em Enfermagem – IDECAN) De acordo com a Lei nº 7.498/86,
que dispõe sobre a regulamentação do exercício de enfermagem e dá outras providências, o técnico em
enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do trabalho de
enfermagem em grau auxiliar, além da participação no planejamento da assistência de enfermagem,
cabendo-lhe especialmente, EXCETO:
(A) Participar da equipe de saúde.
(B) Participar da programação da assistência de enfermagem.
(C) Executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do enfermeiro.
(D) Participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar.
(E) Planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os serviços da assistência de enfermagem.

13. (EBSERH - HC-UFTM - Técnico em Enfermagem – IADES) Lei nº 7.498/1986 dispõe sobre a
regulamentação do exercício da enfermagem e dá outras providências. No art. 7º, a lei regulamenta a
profissão de técnico de enfermagem.
Acerca desse tema, assinale a alternativa correta.
(A) É considerado técnico de enfermagem o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido
por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no
Brasil como diploma de técnico de enfermagem.
(B) É considerado técnico em enfermagem o titular do diploma ou do certificado de técnico de
enfermagem, expedido de acordo com a legislação e sem obrigatoriedade de registro pelo órgão
competente.
(C) A enfermagem é exercida privativamente pelo enfermeiro, pelo técnico de enfermagem e pelo
auxiliar de enfermagem, respeitados os respectivos graus de habilitação.
(D) A enfermagem e suas atividades auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas legalmente
habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem, independente da jurisdição na área onde
ocorre o exercício.
(E) É atribuído ao técnico de enfermagem o planejamento, a organização, a coordenação, a execução
e a avaliação dos serviços da assistência de enfermagem.

14. (EBSERH - HC-UFTM - Técnico em Enfermagem – IADES) Os artigos 7º e 12º da Lei nº 7.498/86
mencionam que o técnico de enfermagem exerce atividade de nível médio, o que envolve orientação e
acompanhamento do trabalho de enfermagem em grau auxiliar, e participará no planejamento da
assistência de enfermagem, cabendo-lhe, especialmente,

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
(A) organizar e dirigir os serviços de enfermagem e suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas
prestadoras desses serviços.
(B) realizar cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida.
(C) executar todas as ações assistenciais de enfermagem durante sua jornada de trabalho.
(D) coordenar, privativamente, a programação da assistência de enfermagem.
(E) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar.

15. (EBSERH/HU-UFMS - Enfermeiro - Assistencial - AOCP) Assinale a alternativa que descreve


algumas das atividades do Enfermeiro contidas na Regulamentação da Lei do Exercício Profissional (Lei
7.498/86), em seu artigo oitavo.
(A) Participar da programação da assistência de enfermagem; participar da orientação e supervisão
do trabalho de enfermeiro em grau auxiliar; orientar os agentes comunitários de saúde.
(B) Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; executar ações de tratamento; prescrever
medicamentos de uso contínuo.
(C) Como integrante da equipe de saúde: participar no planejamento, execução e avaliação da
programação de saúde; assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; execução de parto
sem distocia.
(D) Participar da programação da assistência de enfermagem; executar ações assistenciais de
enfermagem, exceto as privativas do enfermeiro, observado o disposto no parágrafo único do art.II, da
Lei do exercício Profissional.
(E) Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas; executar ações de tratamento simples; prestar
cuidados de higiene e conforto ao paciente e participar da equipe de saúde, realizar exames de imagem.

16. (EBSERH/MEAC e HUWC-UFC - Enfermeiro - Assistencial - AOCP) Segundo a Lei n°


7.498/1986 ao enfermeiro incumbe, privativamente,
(A) organização e direção dos serviços de higiene e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços.
(B) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria bioquímica.
(C) prescrição da assistência médica.
(D) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida com prescrição de
medicações.
(E) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos
adequados e capacidade de tomar decisões imediatas.

17. (EBSERH/MEAC e HUWC-UFC - Enfermeiro - Assistencial - AOCP) Segundo o Decreto nº


94.406/87 que regulamenta a Lei n.º 7.498/86, ao enfermeiro incumbe como integrante da equipe de
saúde, EXCETO
(A) participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam
ser causados aos pacientes durante a assistência médica.
(B) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de
doenças profissionais e do trabalho.
(C) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra referência do
paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde.
(D) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde.
(E) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos
para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar de Enfermagem.

Gabarito

01.D / 02.C / 03.E / 04.B / 05.E / 06.A / 07.B / 08.B / 09.C


10.B / 11.D / 12.E / 13.A / 14.E / 15.C / 16.E / 17. A

Comentários

01. Resposta: D.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I – privativamente:
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e
privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem;

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b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem;
d) (VETADO);
e) (VETADO);
f) (VETADO);
g) (VETADO);
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;
i) consulta de enfermagem;
j) prescrição da assistência de enfermagem;
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base
científica e capacidade de tomar decisões imediatas;
II – como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a
assistência de enfermagem;
g) assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
i) execução do parto sem distocia;
j) educação visando à melhoria de saúde da população.
Parágrafo único. Às profissionais referidas no inciso II do art. 6.º desta lei incumbe, ainda:
a) assistência à parturiente e ao parto normal;
b) identificação das distocias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessária.

02. Resposta: C.
A negligência consiste na inação, inércia, passividade ou omissão, entendendo que é negligente
quem, podendo ou devendo agir de determinado modo, por indolência ou preguiça mental, não age ou
se comporta de modo diverso.
A imperícia se reveste da falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para executar
determinada atribuição. Trata-se, portanto, de uma atitude comissiva (de cometer ou agir) por parte do
profissional, expondo o cliente a riscos e com a possibilidade de acometimento danoso à integridade física
ou moral.
Em contrapartida, a imprudência decorre da ação açodada, precipitada e sem a devida precaução. É
imprudente quem expõe o cliente a riscos desnecessários ou que não se esforça para minimizá-los.

03. Resposta: E.
Art. 2.º – A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas
legalmente habilitadas e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde
ocorre o exercício.
Parágrafo único. A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de
Enfermagem, pelo Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de
habilitação.

04. Resposta: B.
Art. 11 – O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio, atribuídas à
equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I – preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;
II – observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;
III – executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de
Enfermagem, tais como:
a) ministrar medicamentos por via oral e parenteral;

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
b) realizar controle hídrico;
c) fazer curativos;
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;
e) executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas;
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;
g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de diagnóstico;
h) colher material para exames laboratoriais;
i) prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-operatórios;
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
l) executar atividades de desinfecção e esterilização;
IV – prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança, inclusive:
a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependência de unidades de saúde;
V – integrar a equipe de saúde;
VI – participar de atividades de educação em saúde, inclusive:
a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumprimento das prescrições de Enfermagem e
médicas;
b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na execução dos programas de educação para a
saúde;
VII – executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pacientes;
VIII – participar dos procedimentos pós-morte.

05. Resposta: E.
Art. 10 – O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas
à equipe de Enfermagem, cabendo-lhe:
I – assistir ao Enfermeiro:
a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de
Enfermagem;
b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância
epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante
a assistência de saúde.

06. Resposta: A.
A negligência consiste na inação, inércia, passividade ou omissão, entendendo que é negligente
quem, podendo ou devendo agir de determinado modo, por indolência ou preguiça mental, não age ou
se comporta de modo diverso.

07. Resposta: B.
Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva,
envolvendo serviços auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
§ 2.º - Executar ações de tratamento simples;
§ 3.º - Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.

08. Resposta: B.
Art. 13 – O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva,
envolvendo serviços auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de
execução simples, em processos de tratamento, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;
§ 2.º - Executar ações de tratamento simples;
§ 3.º - Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
09. Resposta: C.
A imperícia se reveste da falta de conhecimento ou de preparo técnico ou habilidade para executar
determinada atribuição. Trata-se, portanto, de uma atitude comissiva (de cometer ou agir) por parte do
profissional, expondo o cliente a riscos e com a possibilidade de acometimento danoso à integridade física
ou moral.

10. Resposta: B.
Imperícia: É a falta de habilidade no exercício de uma profissão ou atividade. Prática de uma injeção
intramuscular profunda seccionando o nervo ciático;
Imprudência: É a culpa de quem age (exemplo: passar no farol fechado). É a prática de um fato
perigoso, ou seja, é uma ação descuidada. Decorre de uma conduta comissiva. Troca e administração de
solução incompatível com a via endovenosa;
Negligência: É a culpa de quem se omite. É a falta de cuidado antes de começar a agir. Ocorre sempre
antes da ação (exemplo: não verificar os freios do automóvel antes de colocá-lo em movimento). Deixar
de providenciar ou executar ações técnicas cabíveis em situações de emergências com pacientes

11. Resposta: D.
Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Participar da programação da assistência de Enfermagem;
§ 2.º - Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
§ 3.º - Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.

12. Resposta: E.
Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Participar da programação da assistência de Enfermagem;
§ 2.º - Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
§ 3.º - Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.
Planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar os serviços da assistência de enfermagem –
Privativo do Enfermeiro.

13. Resposta: A.
Art. 7.º – São técnicos de Enfermagem:
I – o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a
legislação e registrado pelo órgão competente;
II – o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro,
registrado em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico
de Enfermagem.

14. Resposta: E.
Art. 12 – O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e
acompanhamento do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da
assistência de Enfermagem, cabendo-lhe especialmente:
§ 1.º - Participar da programação da assistência de Enfermagem;
§ 2.º - Executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no Parágrafo único do Art. 11 desta Lei;
§ 3.º - Participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
§ 4.º - Participar da equipe de saúde.

15. Resposta: C.
Decreto nº 94.406/87 - Regulamenta a Lei n.º 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o
exercício da Enfermagem, e dá outras providências.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Art. 8.º – Ao enfermeiro incumbe:
I – privativamente:
(...)
II – como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina
aprovada pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas
comissões;
f) participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam
ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem;
g) participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de
vigilância epidemiológica;
h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos
específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
l) execução e assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem
distocia;
m) participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do
indivíduo, da família e da população em geral;
n) participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente
nos programas de educação continuada;
o) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de
doenças profissionais e do trabalho;
p) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra referência do
paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;
q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;
r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos
para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar de Enfermagem.

16. Resposta: E.
Art. 11. O Enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe:
I – privativamente:
a) direção do órgão de enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública e
privada, e chefia de serviço e de unidade de enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas
empresas prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de
enfermagem;
d) (VETADO);
e) (VETADO);
f) (VETADO);
g) (VETADO);
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de enfermagem;
i) consulta de enfermagem;
j) prescrição da assistência de enfermagem;
l) cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de
base científica e capacidade de tomar decisões imediatas;

17. Resposta: A.
Conforme o Decreto nº 94.406/87 que regulamenta a Lei n.º 7.498/86:
Art. 8.º – Ao enfermeiro incumbe:
II – como integrante da equipe de saúde:
a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;
b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina
aprovada pela instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas
comissões;
f) participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que
possam ser causados aos pacientes durante a assistência de Enfermagem;
g) participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de
vigilância epidemiológica;
h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos
específicos, particularmente daqueles prioritários e de alto risco;
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
l) execução e assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distocia;
m) participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do
indivíduo, da família e da população em geral;
n) participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente
nos programas de educação continuada;
o) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes
e de doenças profissionais e do trabalho;
p) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra
referência do paciente nos diferentes níveis de atenção à saúde;
q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;
r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos
concursos para provimento de cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar
de Enfermagem.

Ética Profissional e Sigilo Profissional

A Ética profissional nada mais é do que proceder bem, correto, justo, agir direito, sem prejudicar os
outros, é estar tranquilo com a consciência pessoal. É também agir de acordo com os valores morais de
uma determinada sociedade.
A maioria das profissões possuem seu próprio Código de Ética. Todos os códigos de ética
profissionais, trazem em seu texto a maioria dos seguintes princípios: honestidade no trabalho, lealdade
na empresa, alto nível de rendimento, respeito à dignidade humana, segredo profissional, observação
das normas administrativas da empresa e muitos outros.
Agir corretamente hoje não é só uma questão de consciência. É um dos quesitos fundamentais para
quem quer ter uma carreira longa e respeitada. Em escolhas aparentemente simples, muitas carreiras
brilhantes podem ser jogadas fora. Atualmente, mais do que nunca, a atitude dos profissionais em relação
às questões éticas pode ser a diferença entre o seu sucesso e o seu fracasso.
Ter um comportamento ético profissional é uma característica fundamental, valorize a ética na sua vida
e no ambiente de trabalho.

Ser Ético:

Você se considera uma pessoa ética?

Ser ético nada mais é do que agir direito, proceder bem, sem prejudicar os outros. É ser altruísta, é
estar tranquilo com a consciência pessoal. É, também, agir de acordo com os valores morais de uma
determinada sociedade. Essas regras morais são resultado da própria cultura de uma comunidade. Elas
variam de acordo com o tempo e sua localização no mapa. A regra ética é uma questão de atitude, de
escolha.
Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás um conjunto de valores fundamentais.
Muitas dessas virtudes nasceram no mundo antigo e continuam válidas até hoje. Eis algumas das
principais:

a). Ser honesto em qualquer situação: a honestidade é a primeira virtude da vida nos negócios,
afinal, a credibilidade é resultado de uma relação franca;
b). Ter coragem para assumir as decisões: mesmo que seja preciso ir contra a opinião da maioria;

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c). Ser tolerante e flexível: muitas ideias aparentemente absurdas podem ser a solução para um
problema. Mas para descobrir isso é preciso ouvir as pessoas ou avaliar a situação sem julgá-las antes;
d). Ser íntegro: significa agir de acordo com os seus princípios, mesmo nos momentos mais críticos;
e). Ser humilde: só assim se consegue ouvir o que os outros têm a dizer e reconhecer que o sucesso
individual é resultado do trabalho da equipe.

A ética define padrões sobre o que julgamos ser certo ou errado, bom ou mau, justo ou injusto, legal
ou ilegal na conduta humana e na tomada de decisões em todas as etapas e relacionamentos da nossa
vida. O fato, porém, é que cada vez mais essa é uma qualidade fundamental para quem se preocupa em
ter uma carreira longa, respeitada e sólida.

Ética – Uma questão de sobrevivência

Na atualidade, falar sobre Ética é um grande desafio. O Brasil vive um momento onde os valores éticos,
de forma geral, têm sido discutidos pelos diversos meios de comunicação e pela comunidade. São
escândalos constantes, envolvendo personalidades públicas onde se tem colocado à prova os valores de
nossa sociedade.
Isto reflete diretamente nas empresas e nos consumidores de todo o mundo que estão mais atentos à
Ética do que nunca. Nos últimos anos, as empresas têm dado uma atenção especial à ética corporativa
promovendo debates com os funcionários e chegando, inclusive, a criar um instrumento que esclarece as
diretrizes e as normas da organização: o código de ética.
Enquanto a ética profissional está voltada para as profissões, os trabalhadores, as associações e as
entidades de classe do setor correspondente, a ética empresarial atinge as empresas e as organizações
em geral.
A empresa necessita desenvolver-se de tal forma que a ética, a conduta ética de seus integrantes,
bem como os valores e as convicções primárias da organização tornem-se parte de sua cultura. É
importante destacar que a ética empresarial não consiste somente no conhecimento de ética, mas na sua
prática. É fundamental praticá-la diariamente e não apenas em ocasiões especiais ou geradoras de
opinião.
O código de ética tornou-se um instrumento para a valorização dos princípios, da visão e da missão
da empresa. Serve para orientar as ações de seus colaboradores e explicitar a postura social da empresa
face aos diferentes públicos com os quais interage. É da máxima importância que seu conteúdo seja
refletido nas atitudes das pessoas e que encontre respaldo na alta administração da empresa, pois até
mesmo o último empregado contratado terá a responsabilidade de vivenciá-la.
A definição de diretrizes e padrões de integridade e transparência obriga e deve ser observada por
todos e em todos os níveis da organização. Seu contexto, por sua vez, estabelece as diretrizes e os
padrões de integridade e transparência aos quais todos devem aderir e que passarão a incorporar no
Contrato de Trabalho de cada colaborador. Desta forma, costuma trazer para ética empresarial a
harmonia, a ordem, a transparência e a tranquilidade, em razão dos referenciais que cria, deixando um
lastro decorrente do cumprimento de sua missão e de seus compromissos.
Assim como as empresas, as pessoas também passam por uma profunda crise de identidade ética.
Há muito tempo que a criatividade, característica de nosso povo, deu espaço ao "jeitinho" ou à famosa
"lei de Gerson", onde levar vantagem é fundamental. O mercado profissional, os meios de ensino e a
sociedade capitalista vêm formando nas pessoas um comportamento de competição acirrada e de busca
pelo sucesso profissional a qualquer preço. Com isto, muitos se esquecem ou desaprendem um dos
valores básicos da convivência em sociedade que é o respeito à individualidade do outro.
Algumas pessoas e empresas perceberam que competir com ética é a saída para o crescimento
pessoal, profissional e de mercado, bem como de nossa sociedade. Portanto, cada vez mais reaprender
as "boas maneiras" do comportamento profissional é fundamental.

Como ter atitudes éticas no ambiente de trabalho22

Hoje, os profissionais requisitados pelos recrutadores devem ter inúmeras qualidades para obter
sucesso na carreira profissional. Porém, apesar dos diversos conhecimentos que as pessoas possuem,
existe algo que é um pré-requisito para alcançar qualquer posição: a ética. Este termo deve ser conhecido
e praticado dentro e fora das empresas.

22
MARQUES, José Roberto. Como ter atitudes éticas no ambiente de trabalho. Disponível em: http://economia.terra.com.br/blog-carreiras/blog/2014/05/29/como-
ter-atitudes-eticas-no-ambiente-de-trabalho/

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Muitos estudiosos, como Platão, Aristóteles e Sócrates, aprofundaram suas pesquisas sobre este
assunto. Apesar das divergências das linhas teóricas e de como o comportamento é regido, existe um
significado para ética que é imutável: ela corresponde aos valores morais que guiam o comportamento
de um indivíduo.
Ser ético está relacionado a seguir os padrões da sociedade e as regras e políticas das organizações.
Para que você não fique confuso ao tomar uma decisão em sua carreira, veja algumas dicas para garantir
a ética profissional:
Humildade: Esteja pronto para ouvir sugestões, elogios e críticas. Você pode aprender muito com
seus colegas de trabalho. Portanto, seja flexível às opiniões.
Honestidade: Ninguém perde por ser honesto. Aliás, a honestidade traz dignidade. Esta é a hora de
mostrar seu caráter e ser um profissional ético.
Privacidade: Dentro das organizações, existem assuntos sigilosos e que devem ser tratados de forma
discreta. Seja algo de clientes ou colegas de trabalho, o seu dever é manter segredo e não expor
informações que são exclusividades da empresa.
Respeito: Seja com o chefe ou com o subordinado, você deve ser respeitoso com os colegas de
trabalho. Evite falar mal daqueles que te incomodam, isso não irá te acrescentar nada e poderá prejudicar
sua imagem dentro da empresa.
Portanto, siga essas dicas para que você continue com atitudes e comportamentos éticos diante da
empresa e da sociedade. A ética revela seu caráter, sendo assim, seja ético e isso poderá te proporcionar
inúmeras conquistas profissionais.

Organização do local de trabalho: Para trabalharmos bem, precisamos estar num ambiente
agradável - limpo, organizado, de fácil acesso.23
A primeira coisa que devemos ter em mente é que esta organização é importante. Afeta até mesmo o
nosso rendimento no serviço. Quando estamos num lugar organizado, trabalhamos mais animados. Se
precisamos procurar alguma coisa como uma ferramenta, achamos com muita mais facilidade.
Agora, se temos problema com a organização, existem algumas ferramentas que podem nos ajudar.
Uma desta ferramentas é uma metodologia para organização de qualquer ambiente:

Senso de utilização - verifica o que é realmente necessário no ambiente de trabalho (ferramentas,


materiais, papéis etc.). O que não está sendo usado é guardado ou descartado. Este processo diminui os
obstáculos à produtividade no trabalho;

Senso de ordenação - enfoca a necessidade de um espaço organizado (quadro de ferramentas,


arquivo de documentos etc.). Dispomos os materiais que precisamos no nosso serviço de maneira a
melhorar o fluxo do nosso trabalho e eliminando movimentos desnecessários;

Senso de limpeza - a limpeza é uma necessidade diária de qualquer ambiente. Geralmente, em


escritórios existe uma equipe que faz esta limpeza. Mesmo assim, podemos ajudar jogando o lixo fora,
por exemplo. Existe ambientes, como as oficinas por exemplo, onde os funcionários devem fazer esta
limpeza. No final do expediente pode-se tomar alguns minutos para executar esta organização;

Senso de saúde - este senso pode parecer um tanto metódico, mais é importante. Basicamente, ele
padroniza as práticas do trabalho, como manter os materiais juntos, canetas com canetas, livros com
livros e assim por diante. Favorece à saúde física, mental e ambiental;

Senso de autodisciplina - utilizado para fazer a manutenção e manter a ordem em nosso ambiente
de trabalho. É um tanto difícil, pois é necessário fazer com que os funcionários mantenham à ordem no
local de trabalho. Devem seguir regras como " usou, guarde", "sujou, limpe".

Algumas empresas fazem, periodicamente, inspeções nos departamentos para a verificação da


organização. Pode se nomear alguns funcionários para fazer estas inspeções de tempos em tempos. O
objetivo é fazer tal manutenção, ajudar na aplicação dos princípios por parte dos funcionários.

Comportamento Profissional: é o conjunto de atitudes esperadas do servidor no exercício da


função pública, consolidando a ética no cotidiano das atividades prestadas, mas indo além desta
ética, abrangendo atitudes profissionais como um todo que favorecem o ambiente organizacional
23
CZARNESKI, Edson Ricardo. A organização no ambiente de trabalho. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/5s-a-organizacao-
no-ambiente-de-trabalho/38730/.

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do trabalho. Quando se fala num comportamento profissional conforme à ética busca-se que a atitude
em serviço por parte daquele que desempenha o interesse do Estado atenda aos ditames éticos.
“Hoje em dia, cada vez mais as empresas procuram “verdadeiros” profissionais para trabalharem nelas.
Com isso, é evidente que não há mais espaço no mercado de trabalho para profissionais medíocres,
desqualificados e despreparados para a função a ser exercida, mas sim para profissionais habilidosos,
com pré-disposição para o trabalho em equipe, com visão ampliada, conhecimento de mercado, iniciativa,
espírito empreendedor, persistente, otimista, responsável, criativo, disciplinado e outras habilidades e
qualificações.
É importante que você profissional, procure estar preparado para o mercado de trabalho, a qualquer
momento da sua vida, independentemente do fato de estar ou não empregado. A história do mercado de
trabalho atual tem mostrado que independentemente do cargo que você exerça, você deve estar sempre
preparado para mudanças que poderão surgir e mudarão todo o rumo da sua carreira. As empresas não
são eternas e nem os seus empregos. Não se engane, não existem mais quaisquer garantias de emprego
por parte das empresas, trazendo aos profissionais empregados um ônus constante para manter o seu
emprego. Se para aqueles que estão empregados manter a sua empregabilidade não é uma tarefa fácil,
para aqueles que estão ingressando no mercado de trabalho atual, as dificuldades serão ainda maiores.
Portanto, a seguir vou discorrer sobre algumas das características dos bons profissionais:

Preparado para mudanças


As empresas buscam por profissionais adaptáveis porque tudo no mundo moderno muda. As
tecnologias, as relações de emprego, o mercado, os valores e o modo encontrar soluções para os
problemas mudaram, enfim tudo mudou significativamente nos últimos anos e continuarão mudando.
Portanto temos de acompanhar o ritmo das coisas. Muitos profissionais pensam que podem fazer as
mesmas coisas e do mesmo modo durante toda a vida e depois reclamam porque não são bem sucedidos.

Competência
Competência é uma palavra de senso comum, utilizada para designar uma pessoa capaz de realizar
alguma coisa. O antônimo disso, ou seja, incompetência, implica não só na negação dessa capacidade
como também na depreciação do indivíduo diante do circuito do seu trabalho ou do convívio social.
Para ser contratado em uma empresa ou para a sua manutenção de emprego não basta ter diplomas
e mais diplomas se não existir competência. Por exemplo, um profissional que se formou em direito, até
mesmo na melhor universidade, mas que não sabe preparar uma peça processual não terá valor
competitivo quer como profissional empregado, quer como prestador de serviços.
Diplomas servirão para dar referencial ao profissional ou até mesmo para enfeitar a parede da sua
sala, mas a competência é o fator chave que atrelada à diplomação lhe dará subsídios profissionais para
ser bem sucedido. Por isso podemos afirmar categoricamente que a competência não é composta pelo
diploma por si só, apesar de que ele contribui para a composição da competência.

Espírito empreendedor
Os dias do funcionário que se comporta como funcionário pode estar com os dias contados. A visão
tradicionalista de empregador e empregado, chefe e subordinado estão caminhando para o desuso.
As empresas com visão moderna estão encarando seus funcionários como colaboradores ou parceiros
e implementando a visão empreendedora. Isso significa que os empresários perceberam que dar aos
funcionários a possibilidade de ganhar mais do que simplesmente o salário mensal fixo, tem sido um bom
negócio, pois faz com que o profissional dê maiores contribuições à organização, garantindo assim o
comprometimento da equipe na busca de resultados positivos.

Equilíbrio emocional
O que quero dizer com o equilíbrio emocional? Bem, dito de modo simples, é o preparo psicológico
para superar adequadamente as adversidades que surgirão na empresa e fora dela.
Vamos chamar o conjunto de problemas que todos nós possuímos de saco de problemas. As
empresas querem que deixemos o nosso saco de problemas em casa. Por outro lado, os nossos
familiares querem que deixemos nosso saco de problemas no trabalho. Diante disso, a pergunta que
surge é: onde colocar nosso saco de problemas? Realmente é uma boa pergunta. E é justamente por
isso que para tornar-se um profissional de sucesso é necessário que tenhamos equilíbrio emocional, pois
não importa quais problemas tenhamos de caráter pessoal, nossos colegas de trabalho, subordinados,
diretores e gerentes, enfim, as pessoas como um todo não tem culpa deles e não podemos descarregar
esses problemas neles.

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Quando falamos em equilíbrio, emocional, é importante avaliar também as situações adversas pelas
quais todos os profissionais passam. É justamente aí que surge o momento da verdade que o profissional
mostrará se tem o equilíbrio emocional.

Marketing Pessoal
O marketing pessoal pode ser definido como o conjunto de fatores e atitudes que transmitem uma
imagem da pessoa. Os fatores a que me refiro incluem vestimenta como um todo, os modos pessoais, o
modo de falar e a postura do profissional diante dos demais.
Referindo-se à vestimenta, cabe salientar que o profissional deve vestir-se adequadamente ao
ambiente em que está inserido. Se a sua empresa adota um padrão formal, obviamente a sua vestimenta
deve estar em conformidade com ela e o mesmo se refere a uma entrevista de emprego. Da mesma
forma, seria um contrassenso usar terno e gravata para trabalhar em uma linha de produção. Portanto, a
regra básica é vestir-se em conformidade com o ambiente de trabalho.

Comportamentos que o profissional deve evitar:

Falar demais;
Falar mal dos outros;
Viver mal-humorado;
Não possuir higiene pessoal;
Não respeitar os demais;
Ser egoísta;
Brincar demais;
Ser inflexível.

Atitudes em serviço: ações que o servidor toma quando no desempenho de suas funções,
acarretando benefícios quando cumpridoras da ética e prejuízos quando não. Na verdade, trata-se
de exteriorização do comportamento profissional.

Os pilares do comportamento profissional adequado são:


“Integridade – agir de maneira honesta e confiável.
Modos – nunca ser egoísta, rude ou indisciplinado.
Personalidade – expressar os próprios valores, atitudes e opiniões.
Aparência – apresentar-se sempre da melhor maneira possível.
Consideração – ver-se do ponto de vista da outra pessoa.
Tato – refletir antes de fala”24.

Abaixo, listam-se 10 atitudes em serviço que devem ser evitadas:

“1) Assuntos profissionais x pessoais - É muito comum que o colaborador realize atividades como
falar com a família, acessar redes sociais e pagar contas durante o expediente. Para não prejudicar as
obrigações na empresa, o indicado é resolver essas questões após a jornada de trabalho. Caso o assunto
só possa ser resolvido no horário comercial, é de bom senso reservar o horário de almoço.

2) Roupa – Pode até parecer fútil para alguns, mas muitos profissionais ainda pecam no vestuário. Há
situações, como o abuso de decotes e transparências, e o uso de jeans em dias não permitidos, que
podem criar problemas. Por esse motivo, é importante que o contratado adote o traje de acordo com a
cultura da empresa e tenha a preocupação de adequar suas roupas ao ambiente de trabalho.

3) Postura – Cuidado com palavrões, gírias e falar alto no trabalho. Comportamentos como esses
podem prejudicá-lo no ambiente corporativo. Por isso, é fundamental ser educado e manter a compostura
mesmo em situações críticas.

4) Críticas em público – O feedback negativo nunca deve ser em público, pois tal atitude pode
constranger o colaborador. Porém, caso o assunto for um elogio ou reconhecimento é indicado fazer
diante de outras pessoas como forma de incentivo. Os especialistas afirmam que acima de tudo é preciso
ter bom senso e respeito.

24
<http://imagempessoal.band.uol.com.br/seis-principais-habilidades-pessoais-para-aprimorar-seu-comportamento-profissional/>.

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5) Falta de Pontualidade – A atenção ao horário não é apenas na entrada ao trabalho, mas inclui ser
pontual nas reuniões e outros compromissos da empresa. Além disso, o profissional deve respeitar o
tempo estipulado para o almoço e cumprir suas tarefas no prazo.
6) Falar mal da empresa – Criticar a organização por causa do salário, benefícios e discordar das
novas políticas da organização no ambiente de trabalho, não pega bem. Para os especialistas, existem
os canais e os momentos certos para relatar a insatisfação. O indicado é expor as ideias ao mesmo tempo
em que propõe soluções.

7) Desrespeitar a hierarquia – Não acatar as regras da empresa é considerada insubordinação e


pode levar a demissão. Além disso, passar por cima da posição pré-estabelecidas na instituição não é
visto como pró-atividade. Em termos de postura, é essencial respeitar a hierarquia para evitar problemas
na vida profissional.

8) Impor pensamentos ideais – É comum o líder ditar regras como crenças religiosas e política, entre
outras determinações que ele acredite. Segundo especialistas, o chefe deve agir como responsável e não
como ditador. Antes de tudo, é fundamental respeitar as diferenças e buscar o melhor de cada um para
agregar valor à política da empresa.

9) Ausência de feedback – A falta de esclarecimento dos funcionários perante seus colegas e ao


público externo compromete a imagem da organização. Deixar de dar um retorno quanto a uma
solicitação, por exemplo, pode passar uma impressão negativa. As empresas são feitas de pessoas, que
podem achar ruim a falta de informações.

10) Atmosfera negativa – Conviver com colega que reclama de tudo e ainda é mal-humorado não é
nada agradável. Antes de expor um comentário, avalie se ele vai causar um desconforto no local de
trabalho. O aconselhável é agir para sempre manter um ambiente positivo”25.

Sigilo Profissional

Segredo ou Sigilo Profissional trata-se de manter em segredo toda a informação que seja valiosa para
a empresa e seus colaboradores, cuja responsabilidade recaia sobre o profissional responsável pelas
informações.26
No que diz respeito ao sigilo profissional trata de uma informação a ser protegida, impõe uma relação
entre privacidade e publicidade, cujo dever profissional se estabelece desde a se ater ao estritamente
necessário ao cumprimento de seu trabalho, a não informar sobre assuntos ou o que envolve o trabalho
e é de caráter sigiloso.
Não são todas as profissões que devem a obrigação do sigilo e isso já seria revelador da disposição
social que é atribuída a algumas profissões de terem o dever e o direito de mantê-lo.
Ora é consenso que o profissional conheça todos os elementos necessários para o bom cumprimento
de seu trabalho, desde as condições institucionais até as informações obtidas na sua relação com o
usuário.
O sigilo profissional não é absoluto, em muitos casos, esse elemento abre a possibilidade do
profissional avaliar, subjetivamente, se deve manter ou divulgar o fato sigiloso, devendo prevalecer o
disposto no Código de Ética Profissional da área de atuação em que o profissional trabalha. Atentando
para o conteúdo ético-político dos princípios que o regem.
A análise do sigilo profissional a partir da ética mostra que se está diante de algo complexo, que não
se limita a um preceito legal. Quer dizer, o seu entendimento remete as questões: Para quem? Com qual
necessidade? Para quê? E em que condições? Essas questões não podem ser pensadas abstratamente,
mas sim a partir das situações concretas nas quais estão inseridas, pois interrogam a multiplicidade de
demandas que lhe são colocadas na comunicação de uma informação.
O sigilo profissional — a guarda de informações obtidas em razão do exercício profissional, de tudo
aquilo que lhe foi confiado como sigilo, ou o que veio a ser conhecido devido seu estatuto profissional —
está previsto.
Em muitos dispositivos legais (a Constituição Federal brasileira, o Código Penal, o Código Civil, o
Código de Processo Penal, a Lei das Contravenções Penais e o Código de Processo Civil).

25
<http://revista.penseempregos.com.br/noticia/2013/04/saiba-10-comportamentos-inadequados-para-o-ambiente-de-trabalho-4110313.html>
26
PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online: Mais de 1000 cursos online com certificado Disponível em:
http://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/54264/etica-profissional-sigilo-das-informacoes#ixzz3eARxL4ME.

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Constitucionalmente, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude da lei,
e que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Esse entendimento
norteia os dispositivos legais que se referem ao sigilo profissional, em particular o sigilo médico.
A referência a esses dispositivos legais nos é útil nessa reflexão para chamar a atenção que o direito
à confidencialidade é tanto um direito da pessoa, como também uma responsabilidade profissional. Em
outros termos, a existência do sigilo profissional interessa a toda sociedade, pois é condição indispensável
para o trabalho do profissional, na medida em que essas ações encarnam um interesse da sociedade,
definido historicamente.27
Levando em consideração que o setor público possui um Código de Ético já configurado, o presente
tópico abordará dos conceitos e práticas da Ética dentro do âmbito do setor público. Vale ressaltar que
no setor privado cabe a cada empresa configurar seu próprio Código de Ética ou também chamado de
Código de Conduta Ética, que geralmente é elaborado em conjuntura com os colaboradores, de forma
que possa abranger o conhecimento e prática de todos. Muitas vezes as empresas privadas tomam o
Código de Ética contido em lei para desenvolverem o seu próprio.
Antes de adentrar nos princípios e fundamentos regidos pelas leis sobre a Ética é importante definir
sobre p Estado, sobre os cidadãos, e consequentemente dos valores éticos considerados por ambos.
O Estado é a forma social mais abrangente, a sociedade de fins gerais que permite o desenvolvimento,
em seu seio, das individualidades e das demais sociedades, chamadas de fins particulares. O Estado,
como pessoa, é uma ficção, é um arranjo formulado pelos homens para organizar a sociedade de
disciplinar o poder visando que todos possam se realizar em plenitude, atingindo suas finalidades
particulares.
O Estado tem um valor ético, de modo que sua atuação deve se guiar pela moral idônea. Mas não é
propriamente o Estado que é aético, porque ele é composto por homens. Assim, falta ética ou não aos
homens que o compõem. Ou seja, o bom comportamento profissional do funcionário público é uma
questão ligada à ética no serviço público, pois se os homens que compõem a estrutura do Estado tomam
uma atitude correta perante os ditames éticos há uma ampliação e uma consolidação do valor ético do
Estado.
Alguns cidadãos recebem poderes e funções específicas dentro da administração pública, passando
a desempenhar um papel de fundamental interesse para o Estado. Quando estiver nesta condição, mais
ainda, será exigido o respeito à ética. Afinal, o Estado é responsável pela manutenção da sociedade, que
espera dele uma conduta ilibada e transparente.
Quando uma pessoa é nomeada como servidor público, passa a ser uma extensão daquilo que o
Estado representa na sociedade, devendo, por isso, respeitar ao máximo todos os consagrados preceitos
éticos.

Questões

01. (CISLIPA – Assistente Administrativo – FAFIPA) A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a


consciência dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação do próprio poder estatal.
Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados para a preservação da honra e da tradição dos
serviços públicos. Desta forma, a respeito da ética na Administração Pública, assinale a alternativa
CORRETA:
(A) A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o bem e o mal, devendo ser
acrescida da ideia de que o fim é sempre o bem comum.
(B) Não é vedado ao servidor público ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com
erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão.
(C) Apenas e exclusivamente nos órgãos da Administração Pública Federal Direita é que deverá ser
criada uma Comissão de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-lhe conhecer
concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de censura.
(D) É vedado ao servidor público comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou
fato contrário ao interesse público, devendo primeiro o servidor público efetuar diligências, a fim de
arrecadar provas sobre o ato ou fato que sobre seu entendimento é contrário ao interesse público.

02. (TJ/DFT – Todos os cargos – CESPE) Julgue o item subsequente, relativo à ética no serviço
público.

27
SAMPAIO, S.S; RODRIGUES, F.W. Ética e Sigilo Profissional. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 117, p. 84-93, jan./mar. 2014

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A qualidade dos serviços públicos depende fortemente da moralidade administrativa e do
profissionalismo de servidores públicos.
(....) Certo (....) Errado

03. (Colégio Pedro II – Auxiliar de Biblioteca – Acesso Público) Rodrigo tem em mente que o
elemento ético no exercício do cargo público é fundamental para o bom andamento do serviço. Seu atos,
comportamentos e atitudes deverão ser sempre direcionados para a preservação da honra e tradição dos
serviços públicos. Diante dos fatos assinale a alternativa errada:
(A) Não é vedado ao servidor público usar informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu
serviço, em benefício próprio.
(B) Rodrigo tem o dever de tratar cuidadosamente os usuários dos serviços públicos.
(C) É dever do servidor público o cumprimento de ordens superiores, desde que a ordem não seja
manifestamente ilegal.
(D) É vedado ao Rodrigo o uso do cargo para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem.
(E) A assiduidade e frequência do servidor público em seu ambiente de trabalho, além de ser um dever,
reflete positivamente em todo o sistema.

04. (MPOG – Atividade Técnica – FUNCAB) A ética pode ser definida como:
(A) um conjunto de valores genéticos que são passados de geração em geração.
(B) um princípio fundamental para que o ser humano possa viver em família.
(C) a parte da filosofia que estuda a moral, isto é, responsável pela investigação dos princípios que
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano em sociedade.
(D) um comportamento profissional a ser observado apenas no ambiente de trabalho.
(E) a boa vontade no comportamento do servidor público em quaisquer situações e em qualquer tempo
de seu cotidiano.

05. (MPE/SC – Motorista – FEPESE) Assinale a alternativa correta em relação à ética no serviço
público.
(A) Em razão do interesse público indireto, os atos administrativos não precisam ser publicados.
(B) O conceito de moralidade da Administração Pública é restrito aos procedimentos internos
praticados pelos servidores.
(C) O servidor poderá omitir ou falsear a verdade, quando necessário aos interesses da Administração
Pública.
(D) O desempenho da função pública não demanda profissionalismo, uma vez que tal princípio é
inerente à iniciativa privada que busca lucros e resultados
(E) A moralidade administrativa se integra ao Direito como elemento indissociável dos atos praticados
pela administração pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.

06. (ANATEL – Analista Administrativo – CESPE) Com relação ao comportamento profissional do


servidor previsto no Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal,
julgue o item subsequente.
É vedado ao servidor público manter-se habitualmente embriagado, ainda que fora do serviço.
(....) Certo (....) Errado

07. (Prefeitura de Canavieira/PI – Auxiliar em Serviços Gerais – IMA) Conjunto de atitudes e valores
positivos aplicados no ambiente de trabalho, sendo de fundamental importância para o bom
funcionamento das atividades da empresa e das relações de trabalho entre os funcionários. São normas
que formam a consciência do profissional e representam imperativos de sua conduta. O conceito refere-
se à definição de:
(A) Comportamento no local de trabalho.
(B) Relações Humanas.
(C) Relações Interpessoais.
(D) Ética Profissional.

08. (FMSFI – Assistente Administrativo – FAUEL) A ética é indispensável ao profissional e é o


primeiro passo para aproximar-se do comportamento correto. Assinale a alternativa que contém atitudes
que NÃO devem ser cultivadas pelo funcionário em um ambiente de trabalho:
(A) ser capaz de cultivar valores como: justiça, tolerância, solidariedade e atitudes positivas.
(B) ser intolerante, manter-se isolado do grupo, não cumprimentar as pessoas que não conhece.

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(C) saber ouvir e conversar educadamente.
(D) respeitar e tratar bem a todos.

09. (Prefeitura de São José do Rio Preto/SP – Agente Administrativo – VUNESP) Qualquer das
formas de atendimento, presencial ou telefônico, requer conhecimento, atitudes e comportamento.
Inerentes às atitudes e comportamentos, estão implícitos três importantes aspectos:
(A) expressão corporal, determinação e indiferença.
(B) aparência, voz autoritária e apatia.
(C) voz, simpatia e roupas de atendimento ao público.
(D) aparência formal, voz melodiosa e expressão de seriedade profissional.
(E) aparência, expressão corporal e voz.

10. (Câmara Municipal de Sorocaba – Telefonista – VUNESP) A habilidade com o manuseio dos
equipamentos telefônicos especializados pode permitir que a telefonista ouça qualquer ligação sem
querer e sem que alguém perceba. Assim sendo, é imprescindível que ela tenha, como princípio, atitudes
essencialmente
(A) neutras.
(B) cordiais.
(C) dissimuladas.
(D) éticas.
(E) displicentes.

11. (CRESS/PB – Assistente Administrativo – CONSULPAM) Em relação à Ética Profissional,


marque o item INCORRETO:
(A) Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e
representam imperativos de sua conduta.
(B) O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo
apenas os princípios determinados pelo seu grupo de trabalho.
(C) Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes
áreas de atuação.
(D) Há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer atividade
profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.

12. (INSTITUTO AOCP – Assistente Administrativo – EBSERH) A ética profissional está relacionada
à questão
(A) familiar.
(B) conjugal.
(C) de trabalho.
(D) religiosa.
(E) ambiental.

13. (CISCOPAR – Auxiliar de Serviços Gerais – CISCOPAR) Fazem parte da ética no ambiente de
trabalho:
(A) Trabalhar individualmente e não se comunicar com os demais.
(B) Trabalhar em equipe e ter boa comunicação.
(C) Não ter comprometimento e humildade.
(D) Não respeitar os superiores e demais colaboradores.
(E) Não se responsabilizar e ter boa comunicação.

14. (Prefeitura de Cristiano Otoni/MG – Agente Administrativo – Inaz do Pará/2016) Dentre as


características para uma boa convivência no ambiente de trabalho, que promovem atitudes assertivas no
relacionamento interpessoal, favorecendo a interação entre os pares (colegas de trabalho), podemos
destacar:
(A) Produtividade, Ética, Resultado, Foco, Objetivos.
(B) Delegar, Suprir, Retroalimentar, Feed Back, Individualidade.
(C) Autoconhecimento, Empatia, Ética, Assetividade, Cordialidade.
(D) Superficialidade nas relações, Comunicação, Egocentrismo, Centralização, Metas
(E) Impontualidade, afetividade excessiva, credibilidade, reconhecimento, Empatia.

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Gabarito

01.A / 02.Certo / 03.A / 04.C / 05.E / 06.Certo / 07.D / 08.B / 09.E / 10.D / 11.B / 12.C / 13.B / 14.C

Comentários

01. Resposta: A.
A) MAZZA (2014) —
Conteúdo jurídico da moralidade administrativa
O Texto Constitucional de 1988, em pelo menos três oportunidades, impõe aos agentes públicos o
dever de observância da moralidade administrativa.
Primeiro no art. 5º, LXXIII, autorizando a propositura de ação popular contra ato lesivo à moralidade
administrativa: “qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo
ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má--fé, isento de custas
judiciais e do ônus da sucumbência”.
Além disso, o art. 37, caput, elenca a moralidade como princípio fundamental aplicável à Administração
Pública: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência”.
E ainda o art. 85, V, que define como crime de responsabilidade do Presidente da República os atos
que atentarem contra a “probidade na administração”.
Com isso, pode--se constatar que a moralidade administrativa constitui requisito de validade do ato
administrativo.
É importante ressaltar que, quando a Constituição de 1988 definiu a moralidade como padrão de
comportamento a ser observado pelos agentes públicos, não houve juridicização de todas as regras
morais vigentes na sociedade. Fosse assim, bastaria a legalidade. Cumprindo a lei automaticamente, a
moralidade seria atendida.
A moralidade administrativa difere da moral comum. O princípio jurídico da moralidade administrativa
não impõe o dever de atendimento à moral comum vigente na sociedade, mas exige respeito a padrões
éticos, de boa--fé, decoro, lealdade, honestidade e probidade incorporados pela prática diária ao conceito
de boa administração. Certas formas de ação e modos de tratar com a coisa pública, ainda que não
impostos diretamente pela lei, passam a fazer parte dos comportamentos socialmente esperados de um
bom administrador público, incorporando--se gradativamente ao conjunto de condutas que o Direito torna
exigíveis.

02. Resposta: Certo.


A presente questão é extremamente intuitiva, de modo que não apresenta maiores dúvidas, a meu
sentir. De fato, parece bastante difícil imaginar que um serviço público possa ser prestado com qualidade,
mas de forma imoral. São ideias que não têm como ser conciliadas. Ora, é evidente que todo e qualquer
serviço público que não observe a moralidade administrativa não terá como ser, ao mesmo tempo, um
serviço de qualidade. Haverá, em suma, espaço para desonestidades, condutas antiéticas, corrupção,
privilégios odiosos, perseguições indevidas, etc. Neste cenário desalentador, há condições de, ainda
assim, ser prestado um serviço público de qualidade? É óbvio que não.
O mesmo pode se dizer em relação ao requisito do profissionalismo, exigido dos servidores públicos,
o que, aliás, consta de forma expressa do Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal, aprovado pelo Decreto 1.171/94, verbis:
" VI - A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se integra na vida particular
de cada servidor público. Assim, os fatos e atos verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na vida funcional." Inteiramente correta, portanto,
apresente assertiva.28

03. Resposta: A.
DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público
XV - E vedado ao servidor público;

28
Autor: Rafael Pereira, Juiz Federal - TRF da 2ª Região.

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m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu serviço, em benefício
próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros.

04. Resposta: C.
A ética é a parte da filosofia que estuda a moral, (filosofia moral ou de costumes), reflete sobre os
valores em sociedade na busca da moralidade e consciência para alcançar esses valores morais, porém
a ética inicialmente não estabelece regras.
A ética, portanto, é um termo grego “ETHIKÓS” que significa “modo de ser”, que em aspectos
filosóficos traduz-se o estudo dos juízos na conduta do ser, que é passível do bem e o mal, presente
neste único ser ou em grupo e/ ou sociedade. Está presente em todas as ordens vigentes no mundo, na
escola, na política, no esporte, nas empresas e é de vital importância nas profissões, principalmente nos
dias atuais.
Fonte: http://www.acervosaber.com.br/trabalhos/chs1/etica_2.php.

05. Resposta: E.
e) A moralidade administrativa se integra ao Direito como elemento indissociável dos atos praticados
pela administração pública, e, como consequência, atua como fator de legalidade.

06. Resposta: Certo.


DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994
Seção III
Das Vedações ao Servidor Público
XV - E vedado ao servidor público;
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente.

07. Resposta: D.
Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e
representam imperativos de sua conduta.
Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”.
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser
ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os
princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes
áreas de atuação.
No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer
atividade profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.

08. Resposta: B.
Atitudes que devem ser cultivadas pelo funcionário em um ambiente de trabalho:
Humildade: Esteja pronto para ouvir sugestões, elogios e críticas. Você pode aprender muito com
seus colegas de trabalho. Portanto, seja flexível às opiniões.
Honestidade: Ninguém perde por ser honesto. Aliás, a honestidade traz dignidade. Esta é a hora de
mostrar seu caráter e ser um profissional ético.
Privacidade: Dentro das organizações, existem assuntos sigilosos e que devem ser tratados de forma
discreta. Seja algo de clientes ou colegas de trabalho, o seu dever é manter segredo e não expor
informações que são exclusividades da empresa.
Respeito: Seja com o chefe ou com o subordinado, você deve ser respeitoso com os colegas de
trabalho. Evite falar mal daqueles que te incomodam, isso não irá te acrescentar nada e poderá prejudicar
sua imagem dentro da empresa.

09. Resposta: E.
Inerentes às atitudes e comportamentos, estão implícitos os seguintes aspectos:
● Aparência
● Expressão corporal
● Voz
●. No atendimento direto, a aparência é o primeiro impacto visual e a primeira impressão do cliente
sobre o vendedor, sendo fundamental na revelação de uma atitude e comportamentos positivos. A

. 144
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aparência engloba a roupa que se veste, o calçado que se traz, o penteado do cabelo, os adornos que
se colocam, a higiene que se apresenta (unhas, pele, dentes, farda).
● A expressão corporal representa mais de metade do conjunto do momento de comunicação. É a
forma como o cliente percebe disponibilidade, paciência, segurança, energia e agilidade. A expressão
corporal engloba o modo como se inclina o corpo ou a face, a posição das mãos e dos pés, o sorriso na
face, o modo como se mexe e se anda podendo ou não mostrar vitalidade, etc.
● O som e o tom de voz, e a forma como se dizem as coisas são muito mais importantes do que as
palavras que se empregam, sendo um instrumento fundamental na transmissão de atitudes e
comportamentos positivos em qualquer das formas de atendimento (direto ou telefônico).
Fonte: Sociedade Comercial Vasconcelos Lopes LDA.
https://www.forma-te.com/mediateca/finish/31-restauracao-e-hotelaria/26408-atendimento-ao-publico.

10. Resposta: D.
Hoje, os profissionais requisitados pelos recrutadores devem ter inúmeras qualidades para obter
sucesso na carreira profissional. Porém, apesar dos diversos conhecimentos que as pessoas possuem,
existe algo que é um pré-requisito para alcançar qualquer posição: a ética.

11. Resposta: B.
Ética profissional é o conjunto de normas éticas que formam a consciência do profissional e
representam imperativos de sua conduta.
Ética é uma palavra de origem grega (éthos), que significa “propriedade do caráter”.
Ser ético é agir dentro dos padrões convencionais, é proceder bem, é não prejudicar o próximo. Ser
ético é cumprir os valores estabelecidos pela sociedade em que se vive.
O indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as atividades de sua profissão, seguindo os
princípios determinados pela sociedade e pelo seu grupo de trabalho.
Cada profissão tem o seu próprio código de ética, que pode variar ligeiramente, graças a diferentes
áreas de atuação.
No entanto, há elementos da ética profissional que são universais e por isso aplicáveis a qualquer
atividade profissional, como a honestidade, responsabilidade, competência e etc.29

12. Resposta: C.
A ética profissional é um conjunto de valores e normas de comportamento e de relacionamento
adotados no ambiente de trabalho, no exercício de qualquer atividade.

13. Resposta: B.
A ética profissional é um conjunto de atitudes e valores positivos aplicados no ambiente de trabalho. A
ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom funcionamento das atividades da
empresa e das relações de trabalho entre os funcionários.
Vantagens da ética aplicada ao ambiente de trabalho:
- Maior nível de produção na empresa;
- Favorecimento para a criação de um ambiente de trabalho harmonioso, respeitoso e agradável;
- Aumento no índice de confiança entre os funcionários.
Exemplos de atitudes éticas num ambiente de trabalho:
- Educação e respeito entre os funcionários;
- Cooperação e atitudes que visam à ajuda aos colegas de trabalho;
- Divulgação de conhecimentos que possam melhorar o desempenho das atividades realizadas na
empresa;
- Respeito à hierarquia dentro da empresa;
- Busca de crescimento profissional sem prejudicar outros colegas de trabalho;
- Ações e comportamentos que visam criar um clima agradável e positivo dentro da empresa como,
por exemplo, manter o bom humor;
- Realização, em ambiente de trabalho, apenas de tarefas relacionadas ao trabalho;
- Respeito às regras e normas da empresa.

14. Resposta: C.
Entre os relacionamentos que temos na vida, os de trabalho são diferenciados por dois motivos: um é
que não escolhemos nossos colegas, chefes, clientes ou parceiros; o outro é que, independentemente do

29
http://www.significados.com.br/etica-profissional/.

. 145
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grau de afinidade que temos com as pessoas do ambiente corporativo, precisamos funcionar bem com
elas para realizar algo juntos.
Esses ingredientes da convivência no trabalho nos obrigam a lidar com diferenças de opinião, de visão,
de formação, de cultura, de comportamento. Fazer isso pode não ser fácil, mas é possível se basearmos
nossos relacionamentos interpessoais em cinco pilares: autoconhecimento, empatia, assertividade,
cordialidade e ética.
Autoconhecimento – Fundamental para administrar bem os relacionamentos, autoconhecimento
implica reconhecer nossos traços de comportamento, o impacto que causamos nos outros e que
comportamentos dos outros nos incomodam. Por exemplo: uma pessoa objetiva e dinâmica, que gosta
de agir com independência e rapidez para atingir seus objetivos, pode ter conflitos na interação com um
colega de perfil mais cauteloso e metódico, que segue regras à risca e tem um ritmo mais lento por se
preocupar com detalhes. Porém, se pelo menos um dos dois tiver autoconhecimento, pode utilizar
estratégias que minimizam o conflito com o outro.
Empatia – Trata-se de considerar os outros, suas opiniões, sentimentos e motivações. Sem isso, não
há como chegar a uma negociação ganha-ganha, fruto de um relacionamento equilibrado. A empatia
também nos torna capazes de enxergar além do próprio umbigo e ampliar nossa percepção da realidade
com os pontos de vista dos outros. Entre as várias coisas que se pode fazer para praticá-la, a mais básica
é saber ouvir.
Assertividade – Para ter relacionamentos saudáveis, não basta ouvir: é preciso também falar,
expressar nossas opiniões, vontades, dificuldades. É aí que entra a assertividade, a habilidade para nos
expressar de forma franca, direta, clara, serena e respeitosa.
Cordialidade – Tratar as pessoas com cordialidade é ser gentil, solícito e simpático, é demonstrar
consideração pelo o outro de várias formas. Pode ser com o “bom dia” com que saudamos o destinatário
de nossa mensagem de e-mail, com o ato de segurar a porta do elevador para alguém entrar ou apanhar
do chão um objeto que o colega deixou cair. Dizer “obrigado” olhando a pessoa nos olhos, oferecer-se
para prestar uma ajuda, cumprimentar aquele com quem cruzamos no corredor, mesmo saber seu
nome... A cordialidade desinteressada, que oferecemos por iniciativa própria, sem esperar nada em troca,
é um facilitador do bom relacionamento no ambiente de trabalho.
Ética – Ser ético é ter atitudes que não prejudiquem os outros, não quebrem acordos e não contrariem
o que se considera certo e justo. Podemos ter muito autoconhecimento, ser altamente empáticos,
assertivos e cordiais, mas, se não nos conduzirmos pela ética, não conseguiremos manter
relacionamentos equilibrados.
Fortalecer esses pilares traz melhorias não só para nossas interações no trabalho, mas também para
as de outras áreas da vida como a familiar, afetiva, social, de amizade. Vale a pena investir nisso – afinal,
os relacionamentos são a melhor escola para o nosso desenvolvimento pessoal.

O Direito e o cuidado à saúde nas diferentes fases de vida da mulher, da criança,


do adolescente, adulto e idoso

CARTILHA – DEVERES E DIREITO DO SUS30

A carta que você tem nas mãos baseia-se em seis princípios básicos de cidadania. Juntos, eles
asseguram ao cidadão o direito básico ao ingresso digno nos sistemas de saúde, sejam eles públicos ou
privados.
A carta é também uma importante ferramenta para que você conheça seus direitos e possa ajudar o
Brasil a ter um sistema de saúde com muito mais qualidade.

Princípios desta Carta


1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde.
2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema.
3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação.
4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos.
5. Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma
adequada.

30
http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/cartaaosusuarios02.pdf

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6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios
anteriores sejam cumpridos.

Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde

Considerando o art. 196 da Constituição Federal, que garante o acesso universal e igualitário a ações
e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes.
Considerando a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais
de recursos financeiros na área da saúde.
Considerando a necessidade de promover mudanças de atitude em todas as práticas de atenção e
gestão que fortaleçam a autonomia e o direito do cidadão.
O Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Saúde e a Comissão Intergestora Tripartite apresentam
a Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde e convidam todos os gestores, profissionais de saúde,
organizações civis, instituições e pessoas interessadas para que promovam o respeito destes direitos e
assegurem seu reconhecimento efetivo e sua aplicação.

O Primeiro Princípio assegura ao cidadão o acesso ordenado e organizado aos sistemas de


saúde, visando a um atendimento mais justo e eficaz.
Todos os cidadãos têm direito ao acesso às ações e aos serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde promovidos pelo Sistema Único de Saúde:
I- O acesso se dará prioritariamente pelos Serviços de Saúde da Atenção Básica próximos ao local de
moradia.
II- Nas situações de urgência/emergência, o atendimento se dará de forma incondicional, em qualquer
unidade do sistema.
III- Em caso de risco de vida ou lesão grave, deverá ser assegurada a remoção do usuário em
condições seguras, que não implique maiores danos, para um estabelecimento de saúde com capacidade
para recebe-lo.
IV- O encaminhamento à Atenção Especializada e Hospitalar será estabelecido em função da
necessidade de saúde e indicação clínica, levando-se em conta critérios de vulnerabilidade e risco com
apoio de centrais de regulação ou outros mecanismos que facilitem o acesso a serviços de retaguarda.
V- Quando houver limitação circunstancial na capacidade de atendimento do serviço de saúde, fica
sob responsabilidade do gestor local a pronta resolução das condições para o acolhimento e devido
encaminhamento do usuário do SUS, devendo ser prestadas informações claras ao usuário sobre os
critérios de priorização do acesso na localidade por ora indisponível. A prioridade deve ser baseada em
critérios de vulnerabilidade clínica e social, sem qualquer tipo de discriminação ou privilégio.
VI- As informações sobre os serviços de saúde contendo critérios de acesso, endereços, telefones,
horários de funcionamento, nome e horário de trabalho dos profissionais das equipes assistenciais devem
estar disponíveis aos cidadãos nos locais onde a assistência é prestada e nos espaços de controle social.
VII- O acesso de que trata o caput inclui as ações de proteção e prevenção relativas a riscos e agravos
à saúde e ao meio ambiente, as devidas informações relativas às ações de vigilância sanitária e
epidemiológica e os determinantes da saúde individual e coletiva.
VIII- A garantia à acessibilidade implica o fim das barreiras arquitetônicas e de comunicabilidade,
oferecendo condições de atendimento adequadas, especialmente a pessoas que vivem com deficiências,
idosos e gestantes.

O Segundo Princípio assegura ao cidadão o tratamento adequado e efetivo para seu problema,
visando à melhoria da qualidade dos serviços prestados.
É direito dos cidadãos ter atendimento resolutivo com qualidade, em função da natureza do agravo,
com garantia de continuidade da atenção, sempre que necessário, tendo garantidos:
I- Atendimento com presteza, tecnologia apropriada e condições de trabalho adequadas para os
profissionais da saúde.
II- Informações sobre o seu estado de saúde, extensivas aos seus familiares e/ou acompanhantes, de
maneira clara, objetiva, respeitosa, compreensível e adaptada à condição cultural, respeitados os limites
éticos por parte da equipe de saúde sobre, entre outras:
a) hipóteses diagnósticas;

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b) diagnósticos confirmados;
c) exames solicitados;
d) objetivos dos procedimentos diagnósticos, cirúrgicos, preventivos ou terapêuticos;
e) riscos, benefícios e inconvenientes das medidas diagnósticas e terapêuticas propostas;
f) duração prevista do tratamento proposto;
g) no caso de procedimentos diagnósticos e terapêuticos invasivos ou cirúrgicos, a necessidade ou
não de anestesia e seu tipo e duração, partes do corpo afetadas pelos procedimentos, instrumental a ser
utilizado, efeitos colaterais, riscos ou consequências indesejáveis, duração prevista dos procedimentos e
tempo de recuperação;
h) finalidade dos materiais coletados para exames;
i) evolução provável do problema de saúde;
j) informações sobre o custo das intervenções das quais se beneficiou o usuário.
III- Registro em seu prontuário, entre outras, das seguintes informações, de modo legível e atualizado:
a) motivo do atendimento e/ou internação, dados de observação clínica, evolução clínica, prescrição
terapêutica, avaliações da equipe multiprofissional, procedimentos e cuidados de enfermagem e, quando
for o caso, procedimentos cirúrgicos e anestésicos, odontológicos, resultados de exames
complementares laboratoriais e radiológicos;
b) registro da quantidade de sangue recebida e dados que permitam identificar sua origem, sorologias
efetuadas e prazo de validade;
c) identificação do responsável pelas anotações.
IV- O acesso à anestesia em todas as situações em que for indicada, bem como a medicações e
procedimentos que possam aliviar a dor e o sofrimento.
V- O recebimento das receitas e prescrições terapêuticas, que devem conter:
a) o nome genérico das substâncias prescritas;
b) clara indicação da posologia e dosagem;
c) escrita impressa, datilografadas ou digitadas, ou em caligrafia legível;
d) textos sem códigos ou abreviaturas;
e) o nome legível do profissional e seu número de registro no órgão de controle e regulamentação da
profissão;
f) a assinatura do profissional e data.
VI- O acesso à continuidade da atenção com o apoio domiciliar, quando pertinente, treinamento em
autocuidado que maximize sua autonomia ou acompanhamento em centros de reabilitação psicossocial
ou em serviços de menor ou maior complexidade assistencial.
VII. Encaminhamentos para outras unidades de saúde, observando:
a) caligrafia legível ou datilografados/digitados ou por meio eletrônico;
b) resumo da história clínica, hipóteses diagnósticas, tratamento realizado, evolução e o motivo do
encaminhamento;
c) a não utilização de códigos ou abreviaturas;
d) nome legível do profissional e seu número de registro no órgão de controle e regulamentação da
profissão, assinado e datado;
e) identificação da unidade de referência e da unidade referenciada.

O Terceiro Princípio assegura ao cidadão o atendimento acolhedor e livre de discriminação,


visando à igualdade de tratamento e a uma relação mais pessoal e saudável.
É direito dos cidadãos atendimento acolhedor na rede de serviços de saúde de forma humanizada,
livre de qualquer discriminação, restrição ou negação em função de idade, raça, cor, etnia, orientação
sexual, identidade de gênero, características genéticas, condições econômicas ou sociais, estado de
saúde, ser portador de patologia ou pessoa vivendo com deficiência, garantindo-lhes:
I- A identificação pelo nome e sobrenome, devendo existir em todo documento de identificação do
usuário um campo para se registrar o nome pelo qual prefere ser chamado, independentemente do
registro civil, não podendo ser tratado por número, nome da doença, códigos, de modo genérico,
desrespeitoso ou preconceituoso.
II- Profissionais que se responsabilizem por sua atenção, identificados por meio de crachás visíveis,
legíveis ou por outras formas de identificação de fácil percepção.
III- Nas consultas, procedimentos diagnósticos, preventivos, cirúrgicos, terapêuticos e internações, o
respeito a:
a) integridade física;
b) privacidade e conforto;
c) individualidade;

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d) seus valores éticos, culturais e religiosos;
e) confidencialidade de toda e qualquer informação pessoal;
f) segurança do procedimento;
g) bem-estar psíquico e emocional.
IV- O direito ao acompanhamento por pessoa de sua livre escolha nas consultas, exames e
internações, no momento do pré-parto, parto e pós-parto e em todas as situações previstas em lei
(criança, adolescente, pessoas vivendo com deficiências ou idoso). Nas demais situações, ter direito a
acompanhante e/ou visita diária, não inferior a duas horas durante as internações, ressalvadas as
situações técnicas não indicadas.
V- Se criança ou adolescente, em casos de internação, continuidade das atividades escolares, bem
como desfrutar de alguma forma de recreação.
VI- A informação a respeito de diferentes possibilidades terapêuticas de acordo com sua condição
clínica, considerando as evidências científicas e a relação custo-benefício das alternativas de tratamento,
com direito à recusa, atestado na presença de testemunha.
VII- A opção pelo local de morte.
VIII- O recebimento, quando internado, de visita de médico de sua referência, que não pertença àquela
unidade hospitalar, sendo facultado a esse profissional o acesso ao prontuário.

O Quarto Princípio assegura ao cidadão o atendimento que respeite os valores e direitos do


paciente, visando a preservar sua cidadania durante o tratamento.
O respeito à cidadania no Sistema de Saúde deve ainda observar os seguintes direitos:
I- Escolher o tipo de plano de saúde que melhor lhe convier, de acordo com as exigências mínimas
constantes na legislação, e ter sido informado pela operadora da existência e disponibilidade do plano
referência.
II- O sigilo e a confidencialidade de todas as informações pessoais, mesmo após a morte, salvo quando
houver expressa autorização do usuário ou em caso de imposição legal, como situações de risco à saúde
pública.
III- Acesso a qualquer momento, do paciente ou terceiro por ele autorizado, a seu prontuário e aos
dados nele registrados, bem como ter garantido o encaminhamento de cópia a outra unidade de saúde,
em caso de transferência.
IV- Recebimento de laudo médico, quando solicitar.
V- Consentimento ou recusa de forma livre, voluntária e esclarecida, depois de adequada informação,
a quaisquer procedimentos diagnósticos, preventivos ou terapêuticos, salvo se isso acarretar risco à
saúde pública. O consentimento ou a recusa dados anteriormente poderão ser revogados a qualquer
instante, por decisão livre e esclarecida, sem que lhe sejam imputadas sanções morais, administrativas
ou legais.
VI- Não ser submetido a nenhum exame, sem conhecimento e consentimento, nos locais de trabalho
(pré-admissionais ou periódicos), nos estabelecimentos prisionais e de ensino, públicos ou privados.
VII- A indicação de um representante legal de sua livre escolha, a quem confiará a tomada de decisões
para a eventualidade de tornar-se incapaz de exercer sua autonomia.
VIII- Receber ou recusar assistência religiosa, psicológica e social.
IX- Ter liberdade de procurar segunda opinião ou parecer de outro profissional ou serviço sobre seu
estado de saúde ou sobre procedimentos recomendados, em qualquer fase do tratamento.
X- Ser prévia e expressamente informado quando o tratamento proposto for experimental ou fizer parte
de pesquisa, decidindo de forma livre e esclarecida, sobre sua participação.
XI- Saber o nome dos profissionais que trabalham nas unidades de saúde, bem como dos gerentes
e/ou diretores e gestor responsável pelo serviço.
XII- Ter acesso aos mecanismos de escuta para apresentar sugestões, reclamações e denúncias aos
gestores e às gerências das unidades prestadoras de serviços de saúde e às ouvidorias, sendo respeitada
a privacidade, o sigilo e a confidencialidade.
XIII- Participar dos processos de indicação e/ou eleição de seus representantes nas conferências, nos
conselhos nacional, estadual, do Distrito Federal, municipal e regional ou distrital de saúde e conselhos
gestores de serviços.

O Quinto Princípio assegura as responsabilidades que o cidadão também deve ter para que seu
tratamento aconteça de forma adequada.
Todo cidadão deve se comprometer a:

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I- Prestar informações apropriadas nos atendimentos, nas consultas e nas internações sobre queixas,
enfermidades e hospitalizações anteriores, história de uso de medicamentos e/ou drogas, reações
alérgicas e demais indicadores de sua situação de saúde.
II- Manifestar a compreensão sobre as informações e/ou orientações recebidas e, caso subsistam
dúvidas, solicitar esclarecimentos sobre elas.
III- Seguir o plano de tratamento recomendado pelo profissional e pela equipe de saúde responsável
pelo seu cuidado, se compreendido e aceito, participando ativamente do projeto terapêutico.
IV- Informar ao profissional de saúde e/ou à equipe responsável sobre qualquer mudança inesperada
de sua condição de saúde.
V-Assumir responsabilidades pela recusa a procedimentos ou tratamentos recomendados e pela
inobservância das orientações fornecidas pela equipe de saúde.
VI- Contribuir para o bem-estar de todos que circulam no ambiente de saúde, evitando principalmente
ruídos, uso de fumo, derivados do tabaco e bebidas alcoólicas, colaborando com a limpeza do ambiente.
VII- Adotar comportamento respeitoso e cordial com os demais usuários e trabalhadores da saúde.
VIII- Ter sempre disponíveis para apresentação seus documentos e resultados de exames que
permanecem em seu poder.
IX- Observar e cumprir o estatuto, o regimento geral ou outros regulamentos do espaço de saúde,
desde que estejam em consonância com esta carta.
X- Atentar para situações da sua vida cotidiana em que sua saúde esteja em risco e as possibilidades
de redução da vulnerabilidade ao adoecimento.
XI- Comunicar aos serviços de saúde ou à vigilância sanitária irregularidades relacionadas ao uso e à
oferta de produtos e serviços que afetem a saúde em ambientes públicos e privados.
XII- Participar de eventos de promoção de saúde e desenvolver hábitos e atitudes saudáveis que
melhorem a qualidade de vida.

O Sexto Princípio assegura o comprometimento dos gestores para que os princípios anteriores
sejam cumpridos.
Os gestores do SUS, das três esferas de governo, para observância desses princípios, se
comprometem a:
I- Promover o respeito e o cumprimento desses direitos e deveres com a adoção de medidas
progressivas para sua efetivação.
II- Adotar as providências necessárias para subsidiar a divulgação desta carta, inserindo em suas
ações as diretrizes relativas aos direitos e deveres dos usuários, ora formalizada.
III- Incentivar e implementar formas de participação dos trabalhadores e usuários nas instâncias e nos
órgãos de controle social do SUS.
IV- Promover atualizações necessárias nos regimentos e estatutos dos serviços de saúde, adequando-
os a esta carta.
V- Adotar formas para o cumprimento efetivo da legislação e normatizações do sistema de saúde.
I – RESPONSABILIDADE PELA SAÚDE DO CIDADÃO
Compete ao município “prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e do estado, serviços
de atendimento à saúde da população” – Constituição da República Federativa do Brasil, art. 30, item VII.
II – RESPONSABILIDADES PELA GESTÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – LEI Nº 8.080, DE 19
DE SETEMBRO DE 1990
A. DOS GOVERNOS MUNICIPAIS E DO DISTRITO FEDERAL:
1 – Gerenciar e executar os serviços públicos de saúde.
2 – Celebrar contratos com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como avaliar
sua execução.
3 – Participar do planejamento, programação e organização do SUS em articulação com o gestor
estadual.
4 – Executar serviços de vigilância epidemiológica, sanitária, de alimentação e nutrição, de
saneamento básico e de saúde do trabalhador.
5 – Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros.
6 – Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, assim
como controlar e avaliar sua execução.
7 – Participar do financiamento e garantir o fornecimento de medicamentos básicos.
B. DOS GOVERNOS ESTADUAIS E DO DISTRITO FEDERAL:
1 – Acompanhar, controlar e avaliar as redes assistenciais do SUS.
2 – Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios.
3 – Executar diretamente ações e serviços de saúde na rede própria.

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4 – Gerir sistemas públicos de alta complexidade de referência estadual e regional.
5 – Acompanhar, avaliar e divulgar os seus indicadores de morbidade e mortalidade.
6 – Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e distribuir os
medicamentos de alto custo em parceria com o governo federal.
7 – Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços de vigilância epidemiológica,
vigilância sanitária, alimentação e nutrição e saúde do trabalhador.
8 – Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados juntamente com a União
e municípios.
9 – Coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros.
C. DO GOVERNO FEDERAL:
1 – Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, municípios e Distrito Federal.
2 – Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde.
3 – Formular, avaliar e apoiar políticas nacionais no campo da saúde.
4 – Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de alta complexidade de rede de laboratórios
de saúde pública, de vigilância sanitária e epidemiológica.
5 – Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras em parceria
com estados e municípios.
6 – Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e distribuir para os
estados os medicamentos de alto custo.
7 – Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados juntamente com estados
e municípios.
8 – Participar na implementação das políticas de controle das agressões ao meio ambiente, de
saneamento básico e relativas às condições e aos ambientes de trabalho.
9 – Elaborar normas para regular as relações entre o SUS e os serviços privados contratados de
assistência à saúde.
10 – Auditar, acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as
competências estaduais e municipais.

Direito à saúde no ambiente de trabalho

SAÚDE DO TRABALHADOR31

A Saúde do Trabalhador foi uma resposta institucional aos movimentos sociais que, entre a metade
dos anos 70 e os anos 80, reivindicavam que as questões de saúde relacionadas ao trabalho fizessem
parte do direito universal à saúde, incluída no escopo da Saúde Pública.
Em 1984, foi criado na SES/SP e depois em vários UF, o Programa de Saúde do Trabalhador (PST),
um experiência pioneira com efetiva participação sindical em sua gestão.
A saúde dos trabalhadores é uma conquista dos trabalhadores brasileiros, institucionalizada na
Constituição Federal de 1988 como parte do direito universal à saúde e competência do Sistema Único
de Saúde – SUS. A temática requer uma contínua e abrangente discussão e um debate propositivo entre
os setores do governo e as instâncias dos segmentos sociais envolvidos.
O termo Saúde do Trabalhador refere-se a um campo do saber que visa compreender as relações
entre o trabalho e o processo saúde/doença.
Nesta acepção, considera a saúde e a doença como processos dinâmicos, estreitamente articulados
com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado momento histórico. Parte
do princípio de que a forma de inserção dos homens, mulheres e crianças nos espaços de trabalho
contribui decisivamente para formas específicas de adoecer e morrer. O fundamento de suas ações é a
articulação multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial.
Para este campo temático, trabalhador é toda pessoa que exerça uma atividade de trabalho,
independentemente de estar inserido no mercado formal ou informal de trabalho, inclusive na forma de
trabalho familiar e/ou doméstico. Ressalte-se que o mercado informal no Brasil tem crescido
acentuadamente nos últimos anos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, cerca
de 2/3 da população economicamente ativa – PEA têm desenvolvido suas atividades de trabalho no
mercado informal. É importante ressaltar, ainda, que a execução de atividades de trabalho no espaço
31
Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Área Técnica de Saúde do Trabalhador
Saúde do trabalhador. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.

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familiar tem acarretado a transferência de riscos/fatores de risco ocupacionais para o fundo dos quintais,
ou mesmo para dentro das casas, num processo conhecido como domiciliação do risco.
Num momento em que o processo de descentralização das ações de saúde consolida-se em todo o
país, um dos mais importantes desafios sobre os quais os municípios brasileiros têm se debruçado é o
da organização da rede de prestação de serviços de saúde, em consonância com os princípios do Sistema
Único de Saúde – SUS: descentralização dos serviços, universalidade, hierarquização, equidade,
integralidade da assistência, controle social, utilização da epidemiologia para o estabelecimento de
prioridades, entre outros.
A municipalização e a distritalização, como espaços descentralizados de construção do SUS, são
considerados territórios estratégicos para estruturação das ações de saúde do trabalhador.

Ações em Saúde do Trabalhador a serem desenvolvidas no nível local de saúde

As propostas de ações apresentadas a seguir deverão ser desenvolvidas pela rede básica municipal
de saúde, quer ela se organize em equipes de Saúde da Família, em Agentes Comunitários de Saúde
e/ou em centros/postos de saúde.
Não devem ser compreendidas como um check-list, devendo ser discutidas e adaptadas em função
da dinâmica de trabalho dos grupos de profissionais que atuam na atenção básica no nível municipal de
saúde.
Atribuições gerais

Para o território, a equipe de saúde deve identificar e registrar:


A população economicamente ativa, por sexo e faixa etária.
As atividades produtivas existentes na área, bem como os perigos e os riscos potenciais para a saúde
dos trabalhadores, da população e do meio ambiente.
- Os integrantes das famílias que são trabalhadores (ativos do mercado formal ou informal, no
domicílio, rural ou urbano e desempregados), por sexo e faixa etária.
- A existência de trabalho precoce (crianças e adolescentes menores de 16 anos, que realizam
qualquer atividade de trabalho, independentemente de remuneração, que frequentem ou não as escolas).
- A ocorrência de acidentes e/ou doenças relacionadas ao trabalho, que acometam trabalhadores
inseridos tanto no mercado formal como informal de trabalho. Mais adiante serão apresentados e
discutidos os agravos considerados neste momento como prioritários para a Saúde do Trabalhador.

Para o serviço de saúde:


- Organizar e analisar os dados obtidos em visitas domiciliares realizadas pelos agentes e membros
das equipes de Saúde da Família.
- Desenvolver programas de Educação em Saúde do Trabalhador.
- Incluir o item ocupação e ramo de atividade em toda ficha de atendimento individual de crianças
acima de 5 anos, adolescentes e adultos.
- Em caso de acidente ou doença relacionada com o trabalho, deverá ser adotada a seguinte conduta:
1. Condução clínica dos casos (diagnóstico, tratamento e alta) para aquelas situações de menor
complexidade, estabelecendo os mecanismos de referência e contra referência necessários.
2. Encaminhamento dos casos de maior complexidade para serviços especializados em Saúde do
Trabalhador, mantendo o acompanhamento dos mesmos até a sua resolução.
3. Notificação dos casos, mediante instrumentos do setor saúde: Sistema de Informações de
Mortalidade – SIM; Sistema de Informações Hospitalares do SUS - SIH; Sistema de Informações de
Agravos Notificáveis – SINAN e Sistema de Informação da Atenção Básica – SIAB.
4. Solicitar à empresa a emissão da CAT, em se tratando de trabalhador inserido no mercado formal
de trabalho. Ao médico que está assistindo o trabalhador caberá preencher o item 2 da CAT, referente a
diagnóstico, laudo e atendimento.
5. Investigação do local de trabalho, visando estabelecer relações entre situações de risco observadas
e o agravo que está sendo investigado.
6. Realizar orientações trabalhistas e previdenciárias, de acordo com cada caso.
7. Informar e discutir com o trabalhador as causas de seu adoecimento.
- Planejar e executar ações de vigilância nos locais de trabalho, considerando as informações colhidas
em visitas, os dados epidemiológicos e as demandas da sociedade civil organizada.
- Desenvolver, juntamente com a comunidade e instituições públicas (centros de referência em Saúde
do Trabalhador, Fundacentro, Ministério Público, laboratórios de toxicologia, universidades etc.), ações

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direcionadas para a solução dos problemas encontrados, para a resolução de casos clínicos e/ou para
as ações de vigilância.
- Considerar o trabalho infantil (menores de 16 anos) como situação de alerta epidemiológico / evento
– sentinela.

Atribuições específicas da equipe

ACS – Agente Comunitária(o) de Saúde


Notificar à equipe de saúde a existência de trabalhadores em situação de risco, trabalho precoce e
trabalhadores acidentados ou adoentados pelo trabalho.
Informar à família e ao trabalhador o dia e o local onde procurar assistência.
Planejar e participar das atividades educativas em Saúde do Trabalhador.

Auxiliar de Enfermagem
Acompanhar, por meio de visita domiciliar, os trabalhadores que sofreram acidentes graves e/ou os
portadores de doença relacionada ao trabalho que estejam ou não afastados do trabalho ou
desempregados.
Preencher e organizar arquivos das fichas de acompanhamento de Saúde do Trabalhador.
Participar do planejamento das atividades educativas em Saúde do Trabalhador.
Coletar material biológico para exames laboratoriais.

Enfermeira (o)
Programar e realizar ações de assistência básica e de vigilância à Saúde do Trabalhador.
Realizar investigações em ambientes de trabalho e junto ao trabalhador em seu domicilio.
Realizar entrevista com ênfase em Saúde do Trabalhador.
Notificar acidentes e doenças do trabalho, por meio de instrumentos de notificação utilizados pelo setor
saúde.
Planejar e participar de atividades educativas no campo da Saúde do Trabalhador.

Médico(a)
Prover assistência médica ao trabalhador com suspeita de agravo à saúde causado pelo trabalho,
encaminhando-o a especialistas ou para a rede assistencial de referência (distrito/município/ referência
regional ou estadual), quando necessário.
Realizar entrevista laboral e análise clínica (anamnese clínico-ocupacional) para estabelecer relação
entre o trabalho e o agravo que está sendo investigado.
Programar e realizar ações de assistência básica e de vigilância à Saúde do Trabalhador.
Realizar inquéritos epidemiológicos em ambientes de trabalho.
Realizar vigilância nos ambientes de trabalho com outros membros da equipe ou com a equipe
municipal e de órgãos que atuam no campo da Saúde do Trabalhador (DRT/MTE, INSS etc.).
Notificar acidentes e doenças do trabalho, mediante instrumentos de notificação utilizados pelo setor
saúde. Para os trabalhadores do setor formal, preencher a Ficha para Registro de Atividades,
Procedimentos e Notificações do SIAB.
Colaborar e participar de atividades educativas com trabalhadores, entidades sindicais e empresas.

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ENFERMAGEM NA SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: ABORDAGEM
AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Assistência à Saúde da Criança e Adolescente
nas diferentes fases da vida. Prevenção de agravos fisiológicos e sociais.
Situações de violências. Acompanhamento do Processo de Crescimento e
Desenvolvimento. Cuidados de enfermagem à Saúde da Criança (recém nascido,
lactente, pré-escolar e escolar) e Adolescente. Intervenções de Enfermagem à
clientela nas unidades de internação e ambulatorial.

SAÚDE DA CRIANÇA

Assistência de Enfermagem ao Recém-Nascido

A Neonatologia (do latim: neo - novo; nato - nascimento e logia - estudo), é o ramo da Pediatria
que se ocupa das crianças desde o nascimento até aos 28 dias de idade (quando as crianças
deixam de ser recém-nascidos passam a ser lactentes). Na atualidade são muito frequentes os
grandes prematuros com muito pouco peso, que ao ultrapassarem os 28 dias de vida, continuam sob o
cuidado do Neonatologista, porque ainda necessitam de estar internados nas Unidades Neonatais. Pierre
Budin, obstetra de origem francesa é considerado o pai da Neonatologia. Foi o primeiro a escrever um
livro (1892) sobre lactentes nascidos de parto prematuro e classificou as crianças em pequenas e grandes
para a idade gestacional.
Em 1914, o Dr. Julius Hess e o Dr. Evelyn Lundeen implantaram unidades de cuidados para recém-
nascidos prematuros no Michael Reese Hospital em Chicago. Em 1924 o pediatra Albert Peiper
interessou-se pela maturação neurológica dos prematuros. Por volta de 1940 foram unificados os critérios
para manejo dos recém-nascidos prematuros e foram inventadas as incubadoras para que se pudesse
controlar a temperatura dessas crianças. Nessa altura Budin estudou a influência da temperatura
ambiente na mortalidade dos prematuros, tendo sido o primeiro a usa garrafas de vidro com água quente
para termorregulação dos bebés durante o transporte neonatal.
Em 1953 a Dra. Virginia Apgar divulgou no meio científico a sua escala para avaliação do grau de
asfixia neonatal e de adaptação à vida extra uterina (Escala de Apgar). Em 1957 Ethel Dunham escreveu
o livro "O Prematuro". Em 1960 o Dr. Alexander Schaffer usou o termo Neonatologia pela primeira vez no
livro "Diaseases of the Newborn". Na década de 60 começaram a ser utilizados os monitores electrónicos,
as gasometrias arteriais tornaram-se possíveis e surgiram antibióticos apropriados para tratar as sépsis
neonatal.
Em 1967 o Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia reconheceu a necessidade do trabalho
conjunto dos Obstetras e Neonatologistas para diminuir a mortalidade perinatal. Iniciou-se assim, em
1973, o primeiro Serviço de Cuidados Perinatais nos EUA. Na década de 70 houve progressos
importantes na nutrição, alimentação por sondas e na alimentação parenteral. Tornou-se rotina o uso de
cateteres umbilicais. Uma das mudanças mais importantes na Neonatologia foi a atenção intensiva para
o recém-nascido prematuro e a vigilância dos problemas respiratórios, através do uso da ventilação
mecânica. Em 1887 Dwyer utilizou o primeiro ventilador rudimentar de pressão positiva e Egon Braun e
Alexander Graham Bell introduziram a pressão negativa em 1888. Em 1953 Donald e Lord introduziram
a uso do ventilador com ciclos.
Em 1971 Gregory, Kitterman e Phibbs introduziram a Pressão Positiva Continua nas vias aéreas
(CPAP). Pouco depois Bird com a colaboração de Kirby desenvolveram o primeiro ventilador neonatal de
pressão positiva, o "Baby Bird". Posteriormente, através de um melhor conhecimento da fisiologia
respiratória neonatal, foram melhorados os resultados da assistência respiratória mecânica aos recém-
nascidos. É de destacar ainda as contribuições de Downes, Anderson, Silverman, Gregory e Fujiwara
com o uso de surfactante exógeno.
A Neonatologia avançou muito nos últimos tempos, conseguindo menores índices de mortalidade e de
morbilidade graças a uma maior compreensão das particularidades dos recém-nascidos, melhores
equipamentos e medicamentos.

Assistência de Enfermagem nos Cuidados Imediatos e Mediatos ao RN

O período das primeiras 24 horas pós nascimento é considerado crítico principalmente no que se refere
à adaptação respiratória.

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Alguns RNs podem, nesse período, apresentar um quadro de sofrimento respiratório com evolução até
o óbito.
Os cuidados imediatos ao RN são aqueles dispensados logo após o nascimento, ainda na sala de
parto. Os principais objetivos são:
- auxiliar o bebê a fazer a transição da vida intrauterina para a vida extrauterina;
- assegurar a manutenção de sua temperatura corporal e promover o elo afetivo entre RN - mãe e seus
familiares.

Antes de se prestar os cuidados imediatos ao RN, é preciso providenciar e verificar o


funcionamento dos equipamentos e os materiais necessários a essa assistência, que são:
- berço aquecido e/ou incubadora;
- campos aquecidos ou toalha ou cobertores;
- material para aspiração: bulbo (pera), aspirador à vácuo, sondas de aspiração n° 6, 8 e 10, sonda
gástrica n° 8 e seringa de 20 ml;
- material para ventilação: ambú, máscaras faciais (tamanhos para RN a termo e prematuro - de
preferência acolchoadas) e fonte de oxigênio com fluxômetro;
- material para intubação: laringoscópio com lâmina reta n. 0 e 1, lâmpadas e pilhas para o
laringoscópio, cânulas traqueais n. 2.5, 3.0, 3.5, 4.0, tesoura, luvas estéreis;
- medicações: adrenalina, bicarbonato, glicose a 10%, água destilada, solução fisiológica a 0,9%;
- estetoscópio;
- esparadrapo;
- seringas (1ml, 3ml, 5ml, 10ml, 20 ml) e agulhas (13 x 4,5 ou 25 x7).

Um cuidado importante a ser tomado na sala de parto consiste em manter as vias aéreas superiores
(boca e nariz) pérvias, ou seja, desobstruídas. Assim, deve-se posicionar o RN em decúbito dorsal,
com o pescoço ligeiramente estendido para proceder à aspiração.
Deve-se tomar cuidado de não estender ou fletir demais o pescoço do bebê, uma vez que essas
posições podem diminuir a entrada de ar para os pulmões.
Quando houver grande quantidade de secreção na boca, deve-se lateralizar a cabeça, acumulando a
secreção na lateral desta, o que facilita a remoção. Assim, evita-se o acúmulo de secreção na faringe
posterior e consequente aspiração pelo RN.
Aspire delicadamente primeiro a boca e depois o nariz. Este cuidado garante que não haja
nenhuma secreção nas vias aéreas, caso o RN inspire durante a aspiração do nariz.
Enquanto aspira a boca, preste atenção na profundidade com que a sonda de aspiração é inserida e
na força de sucção.
A aspiração vigorosa e prolongada pode estimular a faringe posterior e produzir uma resposta do
sistema nervoso, resultando em alterações no ritmo cardíaco e parada respiratória no RN.
Após o nascimento, colocar o bebê sob fonte de calor radiante (berço aquecido e foco de luz),
previamente aquecido, oferecendo um ambiente térmico adequado e secar rapidamente sua cabeça e
seu corpo com uma toalha ou cobertor pré-aquecido. Caso o RN esteja bem, este será colocado sobre a
mãe e amamentado.
O resfriamento do bebê após o nascimento pode ser consideravelmente reduzido quando o ar
condicionado da sala de parto é desligado. Os cuidados de secagem do bebê e a substituição da toalha
molhada por outra seca vão fazer com que o bebê reduza a perda de calor por evaporação do líquido
amniótico que molha sua pele. Quando o cobertor é pré-aquecido o bebê não precisará aquecê-lo com o
calor de seu próprio corpo.
A avaliação do RN deve começar no momento do nascimento, utilizando a Escala de Apgar, no qual
são observados cinco sinais:
- frequência cardíaca;
- esforço respiratório;
- tônus muscular;
- irritabilidade reflexa;
- cor.

Cada sinal é avaliado de acordo com o grau em que está presente e recebe uma nota de 0 (zero), 1
(um) e 2 (dois).
Essa avaliação é feita no primeiro e no quinto minuto após o nascimento. Caso, no quinto
minuto, o índice persista abaixo de 7, é necessário reavaliar o bebê a cada 5 minutos até que ele
atinja o índice (nota) igual ou maior que 8.

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Escala de Apgar

Pontuação
0 1 2
Sinal
Frequência cardíaca Ausente Abaixo de 100bpm Acima de 100bpm
Esforço respiratório Ausente Lento, irregular Bom, choro
Alguma resposta das
Tônus muscular Flácido Movimento ativo
extremidades
Nenhuma
Irritabilidade reflexa Choro Choro vigoroso
resposta
Róseo, extremidades
Cor Azul, pálido Completamente rosado
cianóticas

Outra ação consiste nos cuidados com o cordão umbilical. Primeiramente, deve-se observar o coto
umbilical, atentando para a presença de duas artérias e uma veia, pois dependendo do número de vasos
presentes pode ser indicativo de anormalidades. Colher sangue do cordão e enviar para o laboratório,
cujo objetivo é avaliar as condições do RN, podendo ser usado para identificação da tipagem sanguínea,
de doenças transmissíveis (HIV, rubéola), análise bioquímica, dentre outros exames.
A coleta do sangue do cordão evita a realização de procedimentos invasivos e dolorosos no RN num
período em que ele está adaptando-se à vida extrauterina.
Em seguida, é realizada a ligadura do cordão e o bebê pode então ser colocado sobre a mãe ou no
berço aquecido.
Ainda na sala de parto, realiza-se o método de Credé ou credeização, que consiste na instilação de
duas gotas de nitrato de prata a 1% no canto interno de cada olho, prevenindo a oftalmia gonocócica.
No caso de meninas, em algumas unidades de saúde utiliza-se a aplicação de nitrato de prata no orifício
externo da vagina. Esse cuidado também objetiva a prevenção da transmissão da gonorreia da mãe para
a criança durante a passagem pelo canal de parto.
Cada bebê e sua mãe devem ser corretamente identificados antes de deixarem a sala de parto.
Para a identificação, utiliza-se pulseira própria, na qual devem constar o nome e sobrenome da mãe, a
data e a hora do nascimento, colocando-a no punho e no tornozelo do RN. A identificação do RN deve
ser conferida cada vez que ele for levado para a mãe ou transferido de berço por qualquer motivo.
Em casos de partos múltiplos, a ordem de nascimento deverá ser especificada nas pulseiras por meio
de números (1, 2, 3 ...) após o nome da mãe.
Outro ponto a ser lembrado consiste no registro no prontuário do RN de sua impressão plantar e a
impressão do polegar direito da mãe.
Os cuidados mediatos ao RN são aqueles realizados no berçário ou no alojamento conjunto. Têm
como objetivos ajudar o RN a adaptar-se à vida extrauterina, prevenir possíveis complicações que
possam advir e detectar precocemente qualquer anormalidade.
Quando houver, este terá prioridade no atendimento.
Ao chegar ao berçário, o RN deve ser colocado em um berço ou incubadora aquecida, procedendo-
se a sua admissão no setor, com registro da hora e de suas condições gerais. O RN pode também ser
encaminhado diretamente da sala de parto para o setor de alojamento conjunto. Nesses casos a admissão
e os demais cuidados serão providenciados lá.
No momento da admissão e nas primeiras horas de vida é necessário proceder a uma avaliação dos
sinais vitais, com especial atenção às condições respiratórias, coloração da pele, presença de secreções
em vias aéreas superiores e de sangue no coto umbilical.
Não existe uma sequência rígida na realização dos cuidados mediatos com o RN.
Depende das condições do bebê ou da rotina estabelecida na Instituição.
Durante esse período de observação, o auxiliar de enfermagem deve preparar o ambiente e o material
necessário para prestar os cuidados mediatos, que são:

- Aferição de Sinais Vitais


Não existe diferença na verificação dos sinais vitais em RN.
No entanto, precisamos atentar para alguns cuidados, pois alguns RNs podem ficar agitados ou
chorosos quando manipulados pelos profissionais de saúde e isso pode alterar os valores da frequência
cardíaca (pulso apical) e da respiração.
Assim, é recomendável iniciar a verificação dos sinais vitais a partir da frequência respiratória,
passando para a frequência cardíaca e por último à temperatura corporal.

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Os Parâmetros de Normalidade dos Sinais Vitais no RN são:

- Frequência respiratória - 25/60 incursões respiratórias por minuto;


- Frequência cardíaca - 120/180 batimentos por minuto;
- Temperatura - 36, 0 a 37,0ºC (axilar).

a) Verificação da Respiração (R)


A respiração deve ser avaliada durante um minuto completo.
Nos RN observam-se os movimentos abdominais e não os torácicos, já que neles a respiração é
realizada pelo diafragma.
Ao verificar a respiração, devemos atentar também para sua profundidade, bem como para a
identificação de eventuais sinais de cansaço, cianose, batimentos das asas do nariz.

b) Verificação da Frequência Cardíaca (FC)


Essa verificação em recém-nato é mais confiável quando realizada por meio do pulso apical, quando
colocamos o estetoscópio sobre o tórax, entre o esterno e o mamilo esquerdo do bebê.
A frequência do coração é contada durante um minuto, prestando-se atenção ao ritmo e à força de
pulsação.

c) Verificação da Temperatura (T)


A verificação de temperatura corporal pode ser medida no reto ou na axila. No entanto, quando há
necessidade de constantes aferições, a introdução frequente de um termômetro no reto pode causar
danos à mucosa retal, sendo recomendável a verificação de preferência na axila.

- Verificação das Medidas Antropométricas


Nessas medidas verifica-se o peso, o comprimento/estatura e os perímetros cefálico, torácico e
abdominal que são parâmetros importantes para a avaliação e acompanhamento dos bebês.

a) Verificação do Peso
A verificação regular do peso do RN é de fundamental importância para a avaliação das perdas ou
ganhos. Também é essencial para calcular o volume de alimentação, a quantidade de infusão venosa a
ser administrada ou ainda as dosagens de medicamentos.
Tal procedimento deve ser realizado no momento da admissão do RN, diariamente e sempre que
houver necessidade de nova avaliação. Servirá de base para o controle da curva ponderal.
O material necessário é colocado em carrinho com balança própria para RN (até 15 kg), papel toalha,
compressa de gaze, frasco com álcool a 70% e impresso próprio para registro.
Antes de verificar o peso do recém–nascido, certifique-se de que o ar refrigerado encontre-se desligado
ou que as janelas estejam fechadas, evitando a hipotermia do bebê. Limpe a cuba da balança com álcool,
realize a calibração da mesma e forre-a com papel toalha.
Ao colocar o RN na balança, fique atento a seus movimentos na cuba, mantendo a mão próxima, sem
tocá-lo. Verifique o peso num momento em que haja menor atividade física do RN. Retire-o da cuba da
balança e coloque-o novamente no berço.
O peso deve ser registrado em gramas, em impresso próprio, assim como o ganho ou perda em relação
ao peso anterior. Nos RNs com diagnóstico de infecção, quando não houver balança separada para esses
casos, deve ser verificado seu peso após todos os demais.

b) Verificação da Estatura
A estatura é verificada com régua antropométrica ou fita métrica e servirá de base para a avaliação do
crescimento.
Coloque o RN em decúbito dorsal em uma superfície plana, apoiando a parte fixa da régua na sua
cabeça e a parte móvel no calcanhar. Estenda as pernas do bebê, segurando em seus joelhos, mantendo
a régua bem posicionada ou a fita bem esticada e proceda à leitura.

c) Perímetro Cefálico (PC)


É a medida da circunferência da cabeça, sendo verificado com fita métrica. Servirá de base para a
avaliação do crescimento e desenvolvimento.
É realizada com o bebê em decúbito dorsal, passando-se a fita métrica a partir da maior saliência do
osso occipital e acima das sobrancelhas, realizando-se então a leitura.
A circunferência da cabeça aumenta rapidamente em função do crescimento do cérebro.

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A média da circunferência ao nascimento é de 33 a 37cm, aumentando até 46 ou 47cm no final do
primeiro ano de vida. O perímetro cefálico é igual ao do tórax ou maior 2 cm.

d) Perímetro Torácico (PT)


É a medida da circunferência do tórax, sendo verificado com fita métrica, variando em torno de 33
cm. O RN deve estar posicionado em decúbito dorsal, sem roupa. Passa-se a fita ao redor do tórax na
altura dos mamilos, realizando a leitura.

e) Perímetro Abdominal (PA)


É a medida da circunferência do abdômen, sendo verificada com fita métrica, variando em torno
de 35cm. O RN deve estar em decúbito dorsal e sem roupa. O perímetro abdominal é medido passando-
se a fita em torno do abdome, logo acima do umbigo. Realize a leitura.
É importante ressaltar que o registro das medidas antropométricas no prontuário da criança deve ser
realizado imediatamente após à verificação das mesmas. Caso não seja possível, registre após a
realização de todos os cuidados antes de encaminhar o RN para a mãe.

- Realizar Higiene Corporal do Recém-Nato


O ideal é que a banheira seja de uso exclusivo do RN. Em algumas instituições são utilizados forros
plásticos descartáveis quando se dispõe de uma única banheira para todos os bebês.
A primeira higiene visa a retirar o excesso de sangue ou outras sujidades, principalmente na
região da cabeça, não sendo necessário retirar todo o vernix caseoso, pois ele será absorvido pela pele
espontaneamente.
O banho de imersão (na banheira ou bacia) é aquele feito quando o RN se encontra em
condições clínicas estáveis. Por ser o tipo de banho que será feito em casa, após a alta, deve-se
encorajar a participação materna durante sua realização.
O material necessário é: algodão; cotonetes; sabonete neutro (glicerina sem perfume); gaze; lençol
macio ou toalha; fralda (de preferência descartável); luvas de procedimento; escovinha de nylon para
pentear os cabelos do RN; bacia ou banheira (inox, plástica ou acrílica) previamente limpa com sabão.
A água deverá estar com a temperatura adequada (nem fria demais, nem muito quente) evitando
assim resfriar ou queimar a criança. O RN deve ser colocado suavemente dentro da bacia de forma que
fique sentado e apoiado pelo profissional, que deverá segurá-lo com uma das mãos pela região cervical.
O ideal é iniciar a higiene da cabeça com o RN despido e envolvido em pano (ou toalha) seco. Após
lavar os cabelos, a face, orelhas, olhos, nariz e boca, finalizando esse momento com a higiene das mãos,
acomodar o RN na banheira em segurança.
Os canais auditivos podem ser protegidos com os dedos polegar e anelar da mão utilizada para
segurar o bebê pela região cervical.
Nos dias mais frios, a limpeza da face e da cabeça pode ser feita com o bebê vestido. Deve-se secar
bem a face e o couro cabeludo, o que previne a perda de calor pela região cefálica que é
proporcionalmente grande em relação ao resto do corpo.
Para evitar infecções urinárias e vaginais nos RNs do sexo feminino a limpeza da genitália deve
ser realizada com movimentos descendentes do clitóris ao ânus, afastando-se os grandes lábios e
limpando cada um dos lados. Nos do sexo masculino, essa limpeza é realizada com movimentos
descendentes do pênis ao ânus, afastando, sem forçar, o prepúcio. Esse cuidado também evita
assaduras.
Ao retirar o RN da água envolva-o na toalha, secando-o delicadamente sem friccionar, tendo o cuidado
de secar bem as dobras cutâneas, orelhas, entre os dedos das mãos e dos pés e o couro cabeludo.
Em seguida, realize o curativo do coto umbilical conforme cuidados específicos, coloque a fralda,
vista a roupa do RN e penteie seus cabelos, colocando-o no berço ou entregando-o à sua mãe.
O momento de realização do banho de imersão propicia a observação direta de todo o corpo do bebê.
Sendo assim, ao registrar o procedimento deve-se também apontar toda e qualquer anormalidade
observada.
Caso o bebê evacue dentro da bacia do banho ou a água fique muito turva devido ao excesso de
sujidades, o procedimento deverá ser interrompido a fim de que a água possa ser trocada. Enquanto isso,
o bebê deve ser mantido envolvido em uma toalha ou pano seco, para evitar a perda de calor.
As dobras cutâneas e os espaços entre os dedos quando permanecem úmidos podem tornar-se locais
propícios ao desenvolvimento de micoses.

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- Realizar Curativo do Coto Umbilical
O curativo do coto umbilical é feito diariamente após o banho ou sempre que estiver molhado
de urina ou sujo de fezes. Tem por objetivo promover a cicatrização, por meio da mumificação e evitar
a contaminação local.
É importante atentar a qualquer anormalidade, como presença de sangramento, secreção purulenta,
hiperemia, edema e odor fétido.
O material necessário é: frasco com álcool a 70%, cotonete e gaze. O curativo consiste na limpeza
da base do coto com o cotonete embebido em álcool, fazendo movimentos suaves e circulares.
É bom lembrar que o banho e o curativo do coto umbilical constituem cuidados básicos rotineiros que
permitem a participação dos pais.

- Administrar Vitamina K
Ao nascer, o bebê não tem ainda capacidade de coagulação sanguínea devido à imaturidade do
fígado, sendo necessária a administração da vitamina K, objetivando prevenir a doença hemorrágica no
período neonatal. Aplica-se na região vasto-lateral da coxa por via IM ou gotas por VO.

Classificação dos Recém-Nascidos (RNS)

Os RNs podem ser classificados de acordo com o peso, a idade gestacional (IG) ao nascer e com
a relação entre um e outro. A classificação dos RNs é de fundamental importância pois ao permitir a
antecipação de problemas relacionados ao peso e/ou à IG quando do nascimento, possibilita o
planejamento dos cuidados e tratamentos específicos, o que contribui para a qualidade da assistência.

Classificação de Acordo Com o Peso

A Organização Mundial de Saúde define como RN de baixo-peso todo bebê nascido com peso igual
ou inferior a 2.500 gramas. Como nessa classificação não se considera a IG, estão incluídos tanto os
bebês prematuros quanto os nascidos a termo.
Em nosso país, o número elevado de bebês nascidos com peso igual ou inferior a 2.500 gramas -
baixo peso ao nascimento - constitui-se em importante problema de saúde. Nesse grupo há um elevado
percentual de morbimortalidade neonatal, devido à não-disponibilidade de assistência adequada durante
o pré-natal, o parto e o puerpério e/ou pela baixa condição socioeconômica e cultural da família, o que
pode acarretar graves consequências sociais.

Classificação de Acordo Com a IG

Considera-se como IG ao nascer, o tempo provável de gestação até o nascimento, medido pelo
número de semanas entre o primeiro dia da última menstruação e a data do parto.
O tempo de uma gestação desde a data da última menstruação até seu término é de 40 semanas.
Sendo assim, considera-se:
a) RN pré-termo ou prematuro - toda criança nascida antes de 37 semanas de gestação;
- pré-termo limítrofe 36 – 37 ou quase 38 semanas
- pré-termo moderado 31 – 35 ou 36 semanas
- pré-termo extremo < 30 (24 – 30) semanas
b) RN a termo - toda criança nascida entre 37 e 42 semanas de gestação;
c) RN pós-termo - toda criança nascida após 42 semanas de gestação.

Quanto menor a IG ao nascer, maior o risco de complicações e a necessidade de cuidados neonatais


adequados.
Se o nascimento antes do tempo acarreta riscos para a saúde dos bebês, o nascimento pós-termo
também. Após o período de gestação considerado como fisiológico, pode ocorrer diminuição da oferta de
oxigênio e de nutrientes e os bebês nascidos após 42 semanas de gestação podem apresentar
complicações respiratórias e nutricionais importantes no período neonatal.

Classificação de Acordo Com a Relação Peso/IG

Essa classificação possibilita a avaliação do crescimento intrauterino, uma vez que de acordo com a
relação entre o peso e a IG os bebês são classificados como:

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a) adequados para a idade gestacional (AIG) – são os neonatos cujas linhas referentes a peso e a
IG se encontram entre as duas curvas do gráfico. Em nosso meio, 90 a 95% do total de nascimentos são
de bebês adequados para a IG;
b) pequenos para a idade gestacional (PIG) - são os neonatos cujas linhas referentes a peso e a IG
se encontram abaixo da primeira curva do gráfico. Esses bebês sofreram desnutrição intrauterina
importante, em geral como consequência de doenças ou desnutrição maternas.
c) grandes para a idade gestacional (GIG) - são os neonatos cujas linhas referentes ao peso e a IG
se encontram acima da segunda curva do gráfico. Frequentemente os bebês grandes para a IG são filhos
de mães diabéticas ou de mães Rh negativo sensibilizadas.

Características Anatomofisiológicas dos RNs

Os RNs possuem características anatômicas e funcionais próprias.


O conhecimento dessas características possibilita que a assistência aos neonatos seja planejada,
executada e avaliada de forma a garantir o atendimento de suas reais necessidades. Também permite a
orientação aos pais a fim de capacitá-los para o cuidado após a alta.
O peso dos bebês é influenciado por diversas condições associadas à gestação, tais como fumo, uso
de drogas, paridade e alimentação materna.
Os RNs apresentam durante os cinco primeiros dias de vida uma diminuição de 5 a 10% do seu peso
ao nascimento, chamada de perda ponderal fisiológica, decorrente da grande eliminação de líquidos e
reduzida ingesta. Entre o 8º (RN a termo) e o 15º dia (RNs prematuros) de vida pós-natal, os bebês devem
recuperar o peso de nascimento.
Estudos realizados para avaliação do peso e estatura dos RNs brasileiros, indicam as seguintes
médias no caso dos neonatos a termo: 3.500g/50cm para os bebês do sexo masculino e 3.280g/49,6cm
para os do sexo feminino. Tais estudos mostraram também que a média do perímetro cefálico dos RNs
a termo é de 34-35cm. Já o perímetro torácico deve ser sempre 2-3cm menor que o cefálico (Navantino,
1995).
Os sinais vitais refletem as condições de homeostase dos bebês, ou seja, o bom funcionamento dos
seus sistemas respiratório, cardiocirculatório e metabólico; se os valores encontrados estiverem dentro
dos parâmetros de normalidade, temos a indicação de que a criança se encontra em boas condições no
que se refere a esses sistemas.
Os RNs são extremamente termolábeis, ou seja, têm dificuldade de manter estável a temperatura
corporal, perdendo rapidamente calor para o ambiente externo quando exposto ao frio, molhado ou em
contato com superfícies frias. Além disso, a superfície corporal dos bebês é relativamente grande em
relação ao seu peso e eles têm uma capacidade limitada para produzir calor.
A atitude e a postura dos RNs, nos primeiros dias de vida, refletem a posição em que se encontravam
no útero materno. Por exemplo, os bebês que estavam em apresentação cefálica tendem a manter-se na
posição fetal tradicional - cabeça fletida sobre o tronco, mãos fechadas, braços flexionados, pernas
fletidas sobre as coxas e coxas, sobre o abdômen.
A avaliação da pele do RN fornece importantes informações acerca do seu grau de maturidade,
nutrição, hidratação e sobre a presença de condições patológicas.
A pele do RN a termo, AIG e que se encontra em bom estado de hidratação e nutrição, tem aspecto
sedoso, coloração rosada (nos RNs de raça branca) e/ou avermelhada (nos RNs de raça negra), turgor
normal e é recoberta por vernix caseoso.
Nos bebês prematuros, a pele é fina e gelatinosa e nos bebês nascidos pós-termo, grossa e
apergaminhada, com presença de descamação — principalmente nas palmas das mãos, plantas dos pés
— e sulcos profundos. Têm também turgor diminuído.
Das inúmeras características observadas na pele dos RNs destacamos as que se apresentam com
maior frequência e sua condição ou não de normalidade.
a) Eritema tóxico - consiste em pequenas lesões avermelhadas, semelhantes a picadas de insetos,
que aparecem em geral após o 2º dia de vida. São decorrentes de reação alérgica aos medicamentos
usados durante o trabalho de parto ou às roupas e produtos utilizados para a higienização dos bebês.
b) Millium - são glândulas sebáceas obstruídas que podem estar presentes na face, nariz, testa e
queixo sob a forma de pequenos pontos brancos.
c) Manchas mongólicas - manchas azuladas extensas, que aparecem nas regiões glútea e
lombossacra. De origem racial – aparecem em crianças negras, amarelas e índias - costumam
desaparecer com o decorrer dos anos.
d) Petéquias - pequenas manchas arroxeadas, decorrentes de fragilidade capilar e rompimento de
pequenos vasos. Podem aparecer como consequência do parto, pelo atrito da pele contra o canal do

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parto, ou de circulares de cordão — quando presentes na região do pescoço. Estão também associadas
a condições patológicas, como septicemia e doenças hemolíticas graves.
e) Cianose - quando localizada nas extremidades (mãos e pés) e/ou na região perioral e presente nas
primeiras horas de vida, é considerada como um achado normal, em função da circulação periférica, mais
lenta nesse período. Pode também ser causada por hipotermia, principalmente em bebês prematuros.
Quando generalizada é uma ocorrência grave, que está em geral associada a distúrbios respiratórios e/ou
cardíacos.
f) Icterícia - coloração amarelada da pele, que aparece e evolui no sentido craniocaudal, que pode ter
significado fisiológico ou patológico de acordo com o tempo de aparecimento e as condições associadas.
As icterícias ocorridas antes de 36 horas de vida são em geral patológicas e as surgidas após esse
período são chamadas de fisiológicas ou próprias do RN.
g) Edema - o de membros inferiores, principalmente, é encontrado com frequência em bebês
prematuros, devido as suas limitações renais e cardíacas decorrentes da imaturidade dos órgãos. O
edema generalizado (anasarca) ocorre associado à insuficiência cardíaca, insuficiência renal e distúrbios
metabólicos.
h) Miliária32: Observa-se a partir da segunda semana de vida, com pequenas vesículas superficiais.
Dermatose ocasionada por obstrução dos condutos sudoríparos, por imaturidade das glândulas
sudoríparas do neonato. Mais comum na época de calor ou após fototerapia. Ao melhorar, deixam
descamação residual. Existem 3 tipos: cristalina, rubra e profunda.
Trata-se de um termo usado para descrever obstruções dos ductos écrinos que resultam em ruptura
dos ductos e bloqueio da sudorese normal na pele. O nível de obstrução determina as manifestações
clínicas. Pode ser encontrada em até 15% dos neonatos, e ocorre mais comumente em climas mais
quentes, em berçários sem ar-condicionado, e em lactentes febrís.
A miliária cristalina (miliaria alba) é o tipo mais comum de miliária e manifesta-se por minúsculas
vesículas não inflamatórias vesículas sem eritema circunjacente. Essas lesões são assintomáticas,
superficiais e podem ter a aparência de gotas de orvalho sobre a pele. Os locais mais afetados são a
fronte e parte superior do tronco. A miliária cristalina representa a ruptura dos ductos écrinos na camada
córnea.
A miliária rubra (brotoeja) é causada pela obstrução intraepidérmica dos ductos sudoríparos com
escape de suor dentro do duto e resposta inflamatória secundária local. As lesões são pápulas, vesículas
ou pústulas eritematosas, não-foliculares medindo de um a três milímetros. Afeta principalmente a face,
o pescoço e o tronco. A miliária rubra ocorre mais tarde que a miliária cristalina, geralmente após a
segunda semana de vida. Às vezes pode evoluir para lesões pustulosas (miliária profunda), mais
predominantes no tronco e nas extremidades, e reflete a oclusão dos ductos écrinos na junção dermo-
epidérmica. A miliária profunda é rara em recém-nascidos.
O diagnóstico de miliária é feito pela observação clínica. A causa precisa é desconhecida. Alguns
defendem que o envolvimento da substância polissacarídea extracelular produzida por certas cepas de
Staphylococcus epidermidis na obstrução dos ductos sudoríparos e a oclusão dos poros por edema
epidérmico celular podem ser os eventos iniciais.
O uso de emolientes muito espessos pode resultar em um quadro de miliária profunda em lactentes,
especialmente naqueles com dermatite atópica.
Os cabelos do RN a termo são em geral abundantes e sedosos; já nos prematuros são muitas vezes
escassos, finos e algodoados.
A implantação baixa dos cabelos na testa e na nuca pode estar associada à presença de malformações
cromossomiais.
Alguns bebês podem também apresentar lanugem, mais frequentemente observada em bebês
prematuros.
As unhas geralmente ultrapassam as pontas dos dedos ou são incompletas e até ausentes nos
prematuros.
Ao nascimento os ossos da cabeça não estão ainda completamente soldados e são separados por
estruturas membranosas denominadas suturas. Assim, temos a sagital (situada entre os ossos
parietais), a coronariana (separa os ossos parietais do frontal) e a lambdóide (separa os parietais do
occipital).
Entre as suturas coronariana e sagital está localizada a grande fontanela ou fontanela bregmática, que
tem tamanho variável e só se fecha por volta do 18º mês de vida. Existe também outra fontanela, a
lambdóide ou pequena fontanela, situada entre as suturas lambdóide e sagital. É uma fontanela de
pequeno diâmetro, que em geral se apresenta fechada no primeiro ou segundo mês de vida.
32
ARAUJO, Tami de; SCHACHNER, Lawrence. Erupções vesicopustulosas benignas no neonato. An. Bras. Dermatol, Rio de Janeiro, v. 81, n. 4, p. 359-366,
Ago. 2006.

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A presença dessas estruturas permite a moldagem da cabeça do feto durante sua passagem no canal
do parto. Esta moldagem tem caráter transitório e é também fisiológica. Além dessas, outras alterações
podem aparecer na cabeça dos bebês como consequência de sua passagem pelo canal de parto. Dentre
elas temos:
a) Cefalematoma - derrame sanguíneo que ocorre em função do rompimento de vasos pela pressão
dos ossos cranianos contra a estrutura da bacia materna. Tem consistência cística (amolecida com a
sensação de presença de líquidos), volume variável e não atravessa as linhas das suturas, ficando restrito
ao osso atingi- do. Aparece com mais frequência na região dos parietais, são dolorosos à palpação e
podem levar semanas para ser reabsorvidos.
b) Bossa serossanguínea - consiste em um edema do couro cabeludo, com sinal de cacifo positivo
cujos limites são indefinidos, não respeitando as linhas das suturas ósseas. Desaparece nos primeiros
dias de vida.
Os olhos dos RN podem apresentar alterações sem maior significado, tais como hemorragias
conjuntivais e assimetrias pupilares.
As orelhas devem ser observadas quanto à sua implantação que deve ser na linha dos olhos.
Implantação baixa de orelhas é um achado sugestivo de malformações cromossomiais.
No nariz, a principal preocupação é quanto à presença de atresia de coanas, que acarreta insuficiência
respiratória grave. A passagem da sonda na sala de parto, sem dificuldade, afasta essa possibilidade.
A boca deve ser observada buscando-se avaliar a presença de dentes precoces, fissura labial e/ou
fenda palatina.
O pescoço dos RNs é em geral curto, grosso e tem boa mobilidade.
Diminuição da mobilidade e presença de massas indicam patologia, o que requer uma avaliação mais
detalhada.
O tórax, de forma cilíndrica, tem como características principais um apêndice xifóide muito
proeminente e a pequena espessura de sua parede.
Muitos RNs, de ambos os sexos, podem apresentar hipertrofia das glândulas mamárias, como
consequência da estimulação hormonal materna recebida pela placenta. Essa hipertrofia é bilateral.
Quando aparece em apenas uma das glândulas mamárias, em geral é consequência de uma infecção
por estafilococos.
O abdômen também apresenta forma cilíndrica e seu diâmetro é 2-3cm menor que o perímetro
cefálico. Em geral, é globoso e suas paredes finas possibilitam a observação fácil da presença de hérnias
umbilicais e inguinais, principalmente quando os bebês estão chorando e nos períodos após a
alimentação.
A observação do abdômen do bebê permite também a avaliação do seu padrão respiratório, uma vez
que a respiração do RN é do tipo abdominal.
A cada incursão respiratória pode-se ver a elevação e descida da parede abdominal, com breves
períodos em que há ausência de movimentos.
Esses períodos são chamados de pausas e constituem um achado normal, pois a respiração dos
neonatos tem um ritmo irregular. Essa irregularidade é observada principalmente nos prematuros.
A distensão abdominal é um achado anormal e quando observada deve ser prontamente
comunicada, pois está comumente associada a condições graves como septicemia e obstruções
intestinais.
O coto umbilical, aproximadamente até o 4º dia de vida, apresenta-se com as mesmas características
do nascimento - coloração branco-azulada e aspecto gelatinoso. Após esse período, inicia-se o processo
de mumificação, durante o qual o coto resseca e passa a apresentar uma coloração escurecida. A queda
do coto umbilical ocorre entre o 6° e o 15º dia de vida.
A genitália masculina pode apresentar alterações devido à passagem de hormônios maternos pela
placenta que ocasionam, com frequência, edema da bolsa escrotal, que assim pode manter-se até vários
meses após o nascimento, sem necessidade de qualquer tipo de tratamento.
A palpação da bolsa escrotal permite verificar a presença dos testículos, pois podem se encontrar nos
canais inguinais. A glande está sempre coberta pelo prepúcio, sendo então a fimose uma condição
normal. Deve-se observar a presença de um bom jato urinário no momento da micção.
A transferência de hormônios maternos durante a gestação também é responsável por várias
alterações na genitália feminina. A que mais chama a atenção é a genitália em couve-flor. Pela
estimulação hormonal o hímen e os pequenos lábios apresentam-se hipertrofiados ao nascimento não
sendo recobertos pelos grandes lábios. Esse aspecto está presente de forma acentuada nos prematuros.
É observada com frequência a presença de secreção vaginal, de aspecto mucoide e leitoso. Em
algumas crianças pode ocorrer também sangramento via vaginal, denominado de menarca neonatal ou
pseudomenstruação.

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Em relação ao ânus, a principal observação a ser feita diz respeito à permeabilidade do orifício. Essa
avaliação pode ser realizada pela visualização direta do orifício anal e pela eliminação de mecônio nas
primeiras horas após o nascimento. Outro ponto importante refere-se às eliminações vesicais e intestinais.
O RN elimina urina várias vezes ao dia. A primeira diurese deve ocorrer antes de completadas as
primeiras 24 horas de vida, apresentando, como características, grande volume e coloração amarelo-
clara.
As primeiras fezes eliminadas pelos RNs consistem no mecônio, formado intrauterinamente, que
apresenta consistência espessa e coloração verde-escura. Sua eliminação deve ocorrer até às primeiras
48 horas de vida. Quando a criança não elimina mecônio nesse período é preciso uma avaliação mais
rigorosa pois a ausência de eliminação de mecônio nos dois primeiros dias de vida pode estar associada
a condições anormais (presença de rolha meconial, obstrução do reto).
Com o início da alimentação, as fezes dos RNs vão assumindo as características do que se costuma
denominar fezes lácteas ou fezes do leite.
As fezes lácteas têm consistência pastosa e coloração que pode variar do verde, para o amarelo
esverdeado, até a coloração amarelada. Evacuam várias vezes ao dia, em geral após a alimentação.

Assistência de Enfermagem ao RN no Alojamento Conjunto

O alojamento conjunto é o sistema hospitalar no qual o RN permanece ao lado de sua mãe 24


horas por dia, desde o nascimento até a alta hospitalar.
A adoção desse sistema proporciona vantagens para todos os envolvidos. Para a mãe, favorece a
interação com o bebê por permitir-lhe que cuide de seu filho desde os primeiros momentos; facilita a
lactação (formação, secreção e excreção do leite), favorecendo o processo de amamentação; proporciona
um intercâmbio de informações entre as mães e a participação do pai no cuidado do filho; permite maior
relacionamento com a equipe de saúde, oferecendo assim satisfação, tranquilidade e segurança.
Para o RN, oferece satisfação de suas necessidades biológicas e emocionais, pois os cuidados são
realizados de forma mais imediata; possibilita que seja alimentado quando desejar e existe menor risco
de que adquira infecção hospitalar, uma vez que sua permanência no berçário o expõe a tal.
Inicialmente, todas as mães podem ir para o alojamento conjunto, com exceção daquelas cujas
condições de saúde não permitam cuidar de seus filhos.
A mãe deve participar ativamente dos cuidados de seu filho, porém cabe à equipe de enfermagem
estar atenta a algumas observações: coloração da pele, frequência e aspecto das eliminações, aspecto
do coto umbilical, capacidade de sucção, sinais vitais e qualquer alteração de seu estado geral. Além
disso, deve ajudar a mãe em suas necessidades básicas como: higiene corporal, cuidados com as
mamas, alimentação, sono e repouso.
No sistema de alojamento conjunto é importante estar aberto para ouvir a mãe sobre suas
preocupações, ansiedades ou medos, pois o fato de retornar para casa com um bebê pode deixá-la
insegura e preocupada.

Posição da Criança Para Dormir

A prática de colocar as crianças para dormir em decúbito dorsal no alojamento conjunto e o


fornecimento de informações simples e claras quanto ao posicionamento recomendado do bebê para
dormir devem fazer parte da rotina dos profissionais de saúde que atuam em alojamento conjunto.
Está bem documentada a associação entre síndrome da morte súbita do lactente e posição prona. Em
diversos países observou-se queda significativa da mortalidade por essa condição após campanhas
recomendando a posição supina para dormir, que é a única recomendada pelo Ministério da Saúde do
Brasil.
Apesar dessa recomendação, mesmo em hospitais-escola com programas de residência médica em
Pediatria, a posição para dormir mais utilizada no alojamento conjunto de maternidades brasileiras é a de
decúbito lateral, assim como também a mais recomendada, erroneamente, em orientação verbal, na alta
hospitalar.
Existe temor entre pais e profissionais de saúde quanto à possibilidade de aspiração dos bebês quando
colocados em decúbito dorsal. No entanto, estudos mostram que não houve aumento da frequência de
aspiração após a recomendação de colocar as crianças para dormir nessa posição.

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Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da
criança e do adolescente. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

Humanização da Assistência ao RN de Baixo Peso

Atendimento à Família em Unidades Neonatais

Nos últimos dez anos, a assistência neonatal vêm mudando seu perfil de atendimento, procurando
assistir não só os RNs que ali se encontram internados, como também sua família, em especial os pais.
Essas mudanças vem ocorrendo tanto no ambiente físico de atendimento ao RN, passando a ser cada
vez mais acolhedor possibilitando a participação da família, como na própria equipe de saúde que
atualmente identifica a mãe e família como parceiros na reabilitação e desenvolvimento do RN.
Mas antes de iniciarmos a discussão sobre o atendimento adequado à família, vamos tentar entender
a problemática da relação pais e filhos no período neonatal, incluindo a formação do apego.
Os laços afetivos entre pais e filhos iniciam-se antes do nascimento, a partir do planejamento de
ter o filho. É nesse momento que começam a pensar se seria melhor um menino ou menina, como será
após o nascimento, com quem o bebê se parecerá, como deve ser sua educação, onde morar, dentre
outros planos feitos para o filho que ainda nem foi concebido.
Com a gestação, os laços afetivos estreitam-se a partir das mudanças geradas por essa nova fase
que vai influenciar, positivamente ou não, o vínculo familiar.
A notícia da chegada de um filho, na maior parte das vezes, é acompanhada de euforia, esperança,
sonhos, ao mesmo tempo em que preocupações, medo e instabilidade emocional povoam o cenário
familiar.
Esses sentimentos opostos, se forem vivenciados de forma equilibrada, ou seja, sem excessos de
ambos os lados, poderão contribuir para o desenvolvimento emocional dos pais e, consequentemente,
para o fortalecimento dos laços afetivos entre eles e seu filho.
Antes do nascimento, o casal “grávido” procura formar uma identidade para seu bebê. É comum
imaginarem sua aparência, seu sexo, seu temperamento. Enfim, constroem uma imagem de bebê ideal,
principalmente quando a mãe começa a sentir os primeiros movimentos fetais.
A idealização da imagem do filho é necessária para que os pais possam criar mecanismos de interação
com ele. Ao nascimento, irão comprovar se a imagem real correspondeu à imagem idealizada.
Nesse momento, o contato precoce entre pais e filhos, ou seja, logo após o nascimento, irá favorecer
a formação do vínculo afetivo e apego entre eles.
Entretanto, alguns fatores podem dificultar, ou até mesmo impedir, a interação e o apego entre pais e
filhos. Dentre eles está a separação da tríade pai-mãe-filho logo após o parto, como ocorre nos
nascimentos de bebês doentes.
A internação neonatal é uma realidade cruel para os pais. De repente, o berço enfeitado é
substituído por uma incubadora; a caixinha de música pelo irritante som dos alarmes e campainhas dos
aparelhos; as visitas de amigos e parentes pelo rodízio de uma equipe de branco com pessoas
desconhecidas que parecem não perceber todo aquele sofrimento.
O choro do bebê não pode ser abafado pelo aconchego do colo materno; a fome não pode ser saciada
pelo seio e nem mesmo o simples ato de trocar uma fralda pode ser realizado sem permissão. O filho não
é mais deles, essa é a impressão que fica.
Os pais vivem uma crise, pois além de se depararem com um filho não-idealizado, ainda têm que se
adaptar e aceitar sua internação, que para eles é caracterizada principalmente pelo afastamento
obrigatório e pelo constante medo da perda.
O medo da morte do filho, associado ao sentimento de culpa e frustração por ter gerado um bebê
doente, é uma das principais causas do distanciamento dos pais do tratamento de seus filhos internados
nas unidades neonatais. Outros fatores contribuem para a “fuga” dos pais. Dentre eles a falta de
informação adequada e de apoio por parte da equipe que deveria guiá-los na difícil tarefa de aceitação,
adaptação e interação com o filho doente.
Para uma boa abordagem familiar é necessário que a enfermagem siga algumas condutas específicas,
considerando que os pais também são alvo de sua atenção. São elas:
- No primeiro contato com a família apresente-se a ela, identificando-se por nome e função
exercida, demonstrando segurança e simpatia. O desconhecimento de quem cuida de seu filho gera nos
pais muitas expectativas, dúvidas e receio. É importante para eles saber quem é responsável pelo quê e

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também a quem se dirigir quando precisarem de alguma coisa. Para isso é necessária uma equipe solícita
e receptiva que os deixem à vontade para qualquer esclarecimento;
- A falta de informações gera muita ansiedade nos pais, o que pode prejudicar sua interação não
só com o filho, como também com a equipe que o assiste, devendo-se oferecer informações adequadas
sobre as regras e rotinas hospitalares, o direito de visitas, os tipos de aparelhos e para que servem e
principalmente sobre a importância para o bebê da presença dos pais;
- Nem sempre os pais estão preparados para receber muitas informações ao mesmo tempo e/ou nem
sempre estão interessados em saber aquilo que achamos que eles gostariam ou deveriam conhecer. Por
isso, é bom que antes de oferecermos qualquer informação perguntemos primeiro o que eles gostariam
de saber. Evite dar todas as informações de uma só vez;
- Um ambiente menos estressante pode ajudar os pais a se adaptar à nova realidade que os cerca,
deixando-os mais à vontade para interagir com o filho e com a equipe que o assiste. Com esse objetivo,
crie um ambiente acolhedor sempre que possível, diminuindo o excesso de luz e som da unidade,
além de sempre propiciar conforto para os pais oferecendo uma cadeira para que possam sentar-se
próximo do filho, garantindo-lhes privacidade e evitando muitas restrições a sua entrada e/ou
permanência nas unidades neonatais;
- Procure sempre respeitar e preservar a individualidade de cada RN e sua família, tratando-os
pelos nomes, usando os objetos pessoais do bebê, respeitando a prática religiosa familiar e permitindo a
visita de avós e irmãos. Essas atitudes ajudam a favorecer a integração do novo ser à família, além de
devolver aos pais um pouco dos seus direitos de maternidade e paternidade;
- Incentive, apoie e supervisione os pais na prestação de alguns cuidados básicos tais como
alimentação, higiene, verificação de temperatura, troca de fralda, pesagem, colo, toque, método
“canguru”, dentre outros;
- Ser receptivo às queixas e sugestões, transmitir segurança e confiança, ser paciente e
compreensivo, garantir a continuidade da atenção e favorecer a relação entre pais e demais membros
da equipe de saúde são formas de garantir a manutenção de um canal de comunicação com os pais,
livrando-os do isolamento pelo qual costumam passar quando têm o filho internado em uma unidade
neonatal.

Método Canguru

O método canguru é um tipo de assistência neonatal que implica em contato pele a pele precoce,
entre mãe ou pai e o RN prematuro ou de baixo peso, de forma provisória, pelo tempo que ambos
entenderem ser prazeroso e suficiente, permitindo dessa forma uma participação maior dos pais nos
cuidados a seu filho.
Possui como vantagens o favorecimento do controle térmico; o aumento do vínculo entre pais e filhos;
a diminuição do tempo de separação da tríade, evitando longos períodos sem estimulação sensorial e a
diminuição da possibilidade de infecção hospitalar.
O bebê fica semidespido (apenas com fralda) em decúbito ventral vertical sobre o tórax da mãe, entre
seus seios, ou sobre o peito do pai, em contato direto com a pele. A cabeça deve estar sempre mais alta
em relação ao resto do corpo, seja para alimentar, trocar fraldas ou qualquer outra atividade. Para segurá-
lo deve ser utilizada uma faixa de tecido envolvendo mãe ou pai e a criança.
O método canguru pode e deve ser iniciado o mais precocemente possível, a partir do momento em
que o RN e a mãe tenham condições de participar. Dessa forma muitas vezes começa a ser aplicado na
própria unidade de tratamento intensivo ou na unidade intermediária neonatal, constituindo a primeira
etapa do método.
Durante essa primeira etapa, o RN pode ser colocado em posição canguru mesmo em dieta zero ou
utilizando sonda gástrica, com o objetivo de favorecer a aproximação entre mãe e filho e/ou apenas
diminuir a perda de calor. Ambos começam a se adaptar ao método, sendo necessária a permanência
mínima de 1 hora diária, sem interrupções.
Assim que a criança possa deixar a unidade neonatal, o método passa a ser aplicado na enfermaria
canguru, onde o bebê permanece 24 horas junto da mãe. A permanência na enfermaria caracteriza a
segunda etapa do método. Para que mãe e filho participem dessa etapa alguns aspectos são
fundamentais:
a) os relacionados à mãe são: ser participante e ter disponibilidade de tempo para o método; estar
compromissada em aplicá-lo sem interrupções; ser capaz de reconhecer situações de risco do RN
(mudança de coloração da pele, pausas respiratórias, regurgitações e diminuição de movimento); não ser
portadora de limitações físicas ou de patologias que interfiram no cuidado com o bebê;

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b) os relacionados ao bebê são: peso corporal mínimo de 1250g; não ser portador de patologia que
contraindique o uso do método; ter ganho de peso sucessivo sem alimentar-se com sonda e/ou leite
artificial; ter capacidade para sugar o seio materno ou para utilizar a técnica do copinho com coordenação
entre sucção e deglutição.

Cuidados Importantes na Enfermaria Canguru:


No caso de incapacidade da mãe ou de qualquer indisponibilidade (como, por exemplo, tomar banho
ou ordenha), outra pessoa poderá substituí-la, desde que sejam seguidas as condutas higiênicas básicas.
Em relação ao vestuário, a mãe deve, respeitando-se sempre seus costumes culturais, colocar roupas
intimas de algodão e usar vestimentas largas (para poder acariciar facilmente a criança e manter um
controle de observação). Recomenda-se não usar lã, colares, perfumes ou sutiãs de renda. Todas
as roupas, tanto da mãe quanto da criança, devem ser lavadas com sabão neutro (hipoalergênico).
A mãe também deve evitar, na sua toalete pessoal, qualquer produto “agressivo” como perfumes e
cremes.
Em relação à higiene do bebê é necessário ter cuidado para que ele não perca temperatura. A criança
não deve ser despida completamente para a realização da higiene.
A cada troca de fralda, é necessário limpar as regiões genital, perianal e glútea com água morna,
tendo o cuidado de enxugá-las bem para não deixar qualquer vestígio de umidade. Manter a cabeça da
criança elevada, apoiada numa almofada, evitando-se pressionar a região abdominal com a elevação dos
membros inferiores, prevenindo assim o risco de regurgitação por pressão gástrica.
Quanto à alimentação, o aleitamento materno deve ser sempre recomendado e privilegiado. Durante
esse período, a mãe deve ser orientada e treinada sobre a ordenha do seu leite.
Não é indicado nenhum tipo de prótese, bico ou bombas de tirar leite. A mãe deverá receber
orientações adequadas, apoio, estímulo e ter reforçada sua autoconfiança quanto à capacidade de
amamentar.
No caso de uma impossibilidade qualquer (morte materna, rejeição) o aleitamento materno será
substituído ou complementado por leite maternizado adaptado às crianças de baixo peso de nascimento
ou por leite humano ordenhado pasteurizado distribuído pelo banco de leite.
A noite, a pessoa que carrega a criança deve dormir em posição semi-sentada, apoiada em travesseiro
ou almofadas, afim de mantê-la sempre em posição vertical. A criança permanece preferencialmente 24
horas nessa posição.
Quanto à duração, é a criança que determina o tempo de permanência na posição canguru. De
maneira natural, chega o momento em que ela deseja deixar essa posição, porque já está pronta
para regular sua temperatura. Começa a se sentir desconfortável, chora e procura tirar seus pés e
mãos.

Assistência de Enfermagem ao RN Portador de Patologias Prevalentes no Período Neonatal

Prematuridade

A assistência aos prematuros teve início no final do século XIX com a construção da primeira
incubadora e, nos dias de hoje, os inúmeros recursos tecnológicos e terapêuticos disponíveis têm
possibilitado a sobrevida de bebês com peso e IG cada vez mais baixos.
Apesar disso, o nascimento prematuro é responsável por mais de 50% da mortalidade e da morbidade
entre os RNs. Quanto menor a IG e o peso ao nascimento, maior o risco de morte e de aparecimento de
complicações.
Assim sendo, a sobrevida dos prematuros com peso de nascimento entre 1250 e 1500 gramas é de
90%. Para os que nascem com peso entre 750 e 1000 gramas, a taxa de sobrevida é de aproximadamente
60%. A possibilidade de sobrevivência dos bebês extremamente prematuros — peso ao nascimento
menor que 750 gramas e IG de 25 semanas — é bastante reduzida, estando por volta de 20%.
O nascimento de um bebê prematuro pode estar associado às seguintes condições maternas:
- desnutrição materna e ausência de assistência pré-natal relacionadas à baixa condição
socioeconômica;
- idade materna (menor de 16 anos ou maior de 35 anos);
- patologias da gestação: doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG), placenta prévia,
excesso de líquido amniótico, malformações, traumatismos uterinos e infecção do líquido amniótico;
- gestações múltiplas e gestações consecutivas com intervalo reduzido entre os partos.

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Em função do nascimento prematuro, os órgãos e sistemas dos bebês não se encontram ainda
completamente desenvolvidos, acarretando com isso vários problemas que requerem cuidados e atenção
especializada.
Os prematuros são também mais vulneráveis à ação dos microrganismos, principalmente daqueles
presentes no ambiente hospitalar. Sendo assim, é muito importante o emprego das medidas de prevenção
e controle de infecções hospitalares.

Nutrição dos Prematuros


Após o nascimento, a principal fonte de energia e nutrientes para o RN é o leite materno por
meio da amamentação.
Porém, alguns bebês podem estar impossibilitados de sugar o seio materno por motivos relacionados
a seu estado de saúde e/ou relacionados a sua mãe.
A nutrição de bebês prematuros constitui-se em um dos grandes desafios no campo da
neonatologia. Essas crianças precisam de um suporte nutricional que possibilite um crescimento e
desenvolvimento de todos os seus órgãos e sistemas, semelhante ao que ocorreria intrauterinamente.
Durante o último trimestre de gestação há um acentuado crescimento e desenvolvimento corporal e
cerebral, além do armazenamento de gordura, cálcio e vitaminas. O ganho de peso ideal para essas
crianças gira em torno de 15 gramas por dia.
Os prematuros apresentam dificuldades diversas para serem alimentados relacionadas à
instabilidade clínica, imaturidade do trato gastrintestinal (dificultando a absorção e digestão adequada dos
nutrientes) e deficiência de reflexos.
Embora o reflexo de sucção esteja presente a partir da 27a - 28ª semana de gestação, a coordenação
entre sucção, deglutição e respiração, fundamental para que o bebê receba alimentos por via oral, é
observada somente entre a 32a e a 34a semana de gestação.
As contraindicações a amamentação relacionadas a mãe são: uso de alguma medicação específica
e/ou presença de alguma patologia (ex.: AIDS). Nesses casos, se não houver um banco de leite que
realize a pasteurização do leite materno, é indicado o uso de fórmulas lácteas artificiais apropriadas para
RN. Na ausência de contraindicação, deve ser realizada a ordenha manual do leite humano, que será
oferecido de acordo com a técnica indicada para cada RN – através do copinho ou sonda gástrica.

a) Alimentação por Copinho


Os bicos artificiais das mamadeiras, por melhor que sejam, costumam provocar uma sucção
inadequada, na qual há interferência no posicionamento da língua, no fechamento da boca — que fica
parcialmente aberta — e na respiração do RN.
O RN não deve ser alimentado através de mamadeiras porque neste caso o esforço para sugar é
pequeno já que o leite sai quase que sozinho.
No seio materno é necessário fazer a ordenha do leite com a própria língua, exigindo um esforço
maior. Se introduzido mamadeira logo de início, ao se tentar amamentá-lo ao seio, ele poderá ter
dificuldade de fazer a “pega” do mamilo, pois tentará sugá-lo como se fosse um bico artificial. Essa
dificuldade é conhecida como “confusão de bicos”.
Tudo isso pode levar ao desmame precoce, o que prejudica o desenvolvimento do bebê. Para evitá-lo
é indicado o uso de “copinhos” pois com eles o bebê toma (sorve) o leite, não interferindo no processo de
sucção do seio materno.
Tal forma de alimentação constitui um método artificial seguro para os seguintes casos: RNs
prematuros e/ou de baixo peso, até que tenham maturidade ou peso suficiente para serem alimentados
ao seio materno; RNs GIG, PIG ou prematuros com risco de desenvolver hipoglicemia, que necessitem
iniciar precocemente a dieta e cujas mães se encontrem impossibilitadas temporariamente de amamentar.
Os pais devem ser orientados sobre os objetivos do método e sua importância, assim como
estimulados a praticá-lo. É o momento propício também para as orientações sobre a importância do
aleitamento materno, para a retirada de dúvidas e fornecimento de outras informações que estimulem a
mãe a amamentar e a família a apoiar essa decisão.
O tipo de copinho ideal é o descartável, pequeno, flexível e sem bordas que possam machucar
o RN. Por ser de uso individual, é mais higiênico do que as mamadeiras. Além do copinho, são
necessários gaze ou babador e o recipiente com a dieta prescrita.
A fim de evitar falhas na administração, deve-se conferir o tipo e o volume da dieta prescrita com o
rótulo do recipiente enviado pelo serviço de nutrição ou, então, o volume do leite ordenhado pela mãe.
Antes de iniciar a alimentação é importante também verificar se a temperatura do leite está próxima
da temperatura ambiente para não provocar desconforto e/ou queimaduras.

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O RN deve ser colocado no colo, em posição de semi-fowler, com o rosto e o corpo voltados para o
profissional ou para a mãe.
A gaze ou babador devem ser mantidos abaixo do queixo do bebê, evitando assim o desconforto
causado pelo extravasamento do leite sobre a roupa.
Após o enchimento do copinho com leite — entre a metade e o limite máximo —, deve-se aproximá-lo
dos lábios do bebê de forma que o leite apenas toque o lábio superior. Deixe então o bebê ir lambendo e
sorvendo o leite, respeitando seu ritmo e as pausas para deglutição.
Ao sorver o leite do copinho o bebê deglute muito ar.
Ao término da dieta, a manutenção do bebê em pé no colo facilita a eructação e evita a ocorrência de
regurgitação.
Para facilitar a digestão, ao colocar o bebê no berço, opte pelas posições de decúbito ventral ou lateral
direito.
O registro do procedimento no prontuário do bebê envolve, além do tipo e volume de leite, observações
quanto à aceitação e presença de episódios de regurgitação e/ou vômito.

b) Alimentação por Sonda


A sondagem gástrica em RN tem por objetivos principais: administrar alimentação e medicamentos
quando eles estiverem impossibilitados de sugar e/ou deglutir; esvaziar parcial ou totalmente o conteúdo
gástrico a fim de evitar e/ou diminuir a distensão abdominal provocada por deglutição de ar, excesso de
bile e/ou má digestão alimentar.
A técnica e o material necessário para a sondagem nasogástrica no RN são semelhantes aos usados
no adulto, modificando somente o calibre da sonda.
O número da sonda a ser utilizada deve ser escolhido de acordo com a indicação para a
sondagem gástrica e com o peso e IG do RN. Se a sonda for utilizada para alimentação, deve ser
escolhida a de menor tamanho (4 ou 6), sendo o menor número para bebês prematuros. Dessa forma,
evita-se que a gavagem seja realizada muito rapidamente, oferecendo risco de broncoaspiração.
Se a sonda for utilizada para drenagem gástrica, deve ser escolhida a de maior número (8 ou 10),
sendo que, dessa vez, o critério de escolha se baseia principalmente no aspecto, quantidade e
viscosidade da secreção drenada. Quanto mais espessa for a secreção, maior deve ser o calibre da
sonda, não se devendo ultrapassar a de número 10.
A sonda poderá ser trocada com uma frequência de até três dias, a fim de evitar o manuseio excessivo
e desconfortável para o RN. Porém, é necessário que a higiene oral seja feita com mais rigor para evitar
e/ou remover a formação de crostas labiais, mais comum em crianças com sonda orogástrica. Caso a
sonda saia acidentalmente, deve ser trocada, evitando-se sua reutilização. Quanto ao esparadrapo
antialérgico usado para fixação, o mesmo deve ser trocado apenas quando estiver soltando da pele do
RN, a fim de evitar lesões.

c) Alimentação Por Gavagem Intermitente


Assim é chamada a administração de leite humano ordenhado ou de fórmula láctea artificial,
por meio de sonda, em intervalos regulares (de 2 ou 3 horas).
É utilizada no caso de bebês que necessitam ser alimentados de forma segura, com um mínimo de
gasto energético, evitando esforço e perda de peso.
Esses RNs geralmente apresentam algum problema que contraindica a administração da dieta
por sucção, como por exemplo: imaturidade gastrintestinal; ausência ou incoordenação dos reflexos de
sucção e deglutição; em uso de ventilação mecânica (respirador); prematuros e/ou PIG para os quais a
alimentação por sucção representa esforço demasiado, acarretando perda de peso.
Para a realização de gavagem nos RNs devem ser seguidos os mesmos princípios empregados na
administração de alimentação em adultos, respeitando-se o que é específico de RN.
A temperatura do leite tem que estar próxima à temperatura corporal, evitando-se assim desconforto
para o bebê e prevenindo acidentes por queimadura.
Aspire o resíduo gástrico conforme cuidados específicos, avaliando se o leite da dieta anterior foi
digerido e também o posicionamento da sonda orogástrica.
A fim de facilitar a digestão, mantenha o RN, durante a alimentação por gavagem, nas posições de
semi-fowler ou de decúbito lateral direito, pois diminui-se assim o risco de broncoaspiração caso ocorram
episódios de regurgitação e/ou vômito.
Ofereça a alimentação lentamente, mantendo sempre a seringa elevada. Para os bebês esse cuidado
é fundamental pois evita que haja uma pressão elevada no estômago que pode provocar distensão
abdominal, regurgitação, vômito e broncoaspiração.

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Interrompa a administração da dieta sempre que o RN estiver nauseado ou vomitando. Sua cabeça
deve ser lateralizada e a sonda aberta para drenar o volume da dieta já administrada.
As seringas utilizadas para medir o resíduo gástrico e ofertar o leite devem ser substituídas
preferencialmente a cada horário da dieta para evitar a contaminação do material. Apenas a seringa com
água destilada pode ser substituída a cada 12 horas.

d) Aspiração e Avaliação de Resíduo Gástrico em RN


Resíduo gástrico é o excesso de líquido ou secreção que permanece no estômago após a
alimentação ou até mesmo em dieta zero. O volume e o aspecto do resíduo gástrico determinam se há
ou não tolerância aos alimentos e a capacidade de digeri-los. Também pode indicar se há algum problema
na secreção de bile e/ou ácido do estômago.
Em RNs que estão sendo alimentados, o aspecto do resíduo gástrico deve ser correspondente a leite
não-digerido (branco sem grumos) ou leite digerido (branco ou amarelado com grumos). O aspecto normal
do resíduo em RN que está sem se alimentar deve ser “salivar”.
A aspiração e a avaliação do resíduo gástrico devem ser sempre realizadas antes de cada dieta
por gavagem intermitente ou também quando há necessidade de saber sobre a possibilidade de se
iniciar a dieta para os bebês que estejam sem se alimentar.
Após a adaptação da seringa à extremidade da sonda, o conteúdo gástrico deve ser aspirado
suavemente. Se houver muita resistência não insista. Evite movimentos rápidos e bruscos para prevenir
ocorrência de traumatismo.
A seringa deve ser desconectada quando não houver mais saída de secreção ou quando for
completada sua capacidade.
O aspecto e volume do aspirado gástrico são avaliados de acordo com os seguintes critérios:
- No caso de RN em alimentação, se a quantidade de resíduo gástrico estiver entre 10 e 20% do
volume total da dieta anteriormente administrada, ele deve ser devolvido, descontando-se esse valor da
quantidade total da dieta a ser administrada.
- Se a quantidade de resíduo gástrico for superior a 20% do volume total administrado anteriormente,
deve-se suspender a dieta e observar a presença de distensão abdominal, certificando-se quanto ao
funcionamento intestinal, fazendo todos os regis médica.
- Se a quantidade de resíduo gástrico for inferior a 10% da dieta anteriormente administrada, o mesmo
deve ser devolvido e não há necessidade de descontar do volume total da dieta a ser administrada pois
a diferença é insignificante.
- Caso o resíduo gástrico esteja esverdeado (bilioso), sanguinolento ou acastanhado, mesmo em
volume pequeno inferior a 20% da dieta, esta deve ser suspensa, o fato registrado no prontuário e
solicitada avaliação médica.

No caso de RN em dieta zero, com sonda orogástrica em sifonagem, o resíduo gástrico também deve
ser medido a cada 3 horas, observando-se seu aspecto em comparação com o volume drenado, se
houver.
Na drenagem gástrica, a sonda deve estar adaptada a um coletor que deve ficar abaixo do nível da
criança, para permitir a drenagem.

Controle Térmico

Nos prematuros os processos físicos que ocasionam a perda de calor para o ambiente externo são
acentuados em função de: sua pele fina e a quantidade reduzida de tecido subcutâneo. Além disso, eles
têm menor flexão permanecendo com os membros em extensão, expondo assim, quase a totalidade da
sua superfície corporal à temperatura do ambiente.
Por isso é preciso implementar medidas que favoreçam a estabilidade da temperatura nos RNs
prematuros. Deve-se mantê-los sempre aquecidos, através do uso de incubadoras, berços de calor
radiante ou contato pele a pele. Quando forem utilizadas as incubadoras, os cuidados devem ser
realizados de preferência através das portinholas.
Manter as incubadoras e berços aquecidos afastados de janelas, correntes de ar e ar condicionado
também contribui para a estabilidade da temperatura dos bebês. Quando houver necessidade de
administrar oxigênio, use umidificador e aquecedor. Deve-se aquecer o estetoscópio antes de colocá-lo
em contato com o bebê e forrar a balança com lençol ou folha de papel toalha.
Trocar as fraldas com frequência e os lençóis sempre que estiverem molhados com urina ou secreções
são algumas medidas a serem adotadas. Assim que o quadro clínico permitir, mantenha o RN prematuro
vestido.

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RN Filho de Mãe Diabética

A gestante diabética é considerada gestante de alto risco devido às complicações fetais, neonatais e
de parto que podem surgir. Quanto maior a gravidade do diabetes materno, maior o risco para o bebê.
As complicações do RN de mãe diabética incluem:
- Hipoglicemia - Durante a gestação, o feto produz insulina em resposta às altas concentrações de
glicose materna. Ao nascimento, mesmo à termo e alimentado, ocorre a hipoglicemia devido à alta
concentração de insulina no sangue. A sintomatologia costuma ser inespecífica, pois são comuns a outras
patologias também. É principalmente caracterizada por: tremores, abalos e/ou convulsões (nos casos
mais graves); apatia, letargia, hipotonia muscular; apneia, cianose, parada cardiorrespiratória (nos casos
mais graves sem assistência imediata); irritabilidade e choro anormal (estridente); sonolência (apatia) e
recusa alimentar.
- Hipocalcemia - Consiste na diminuição da concentração de cálcio no organismo. Os filhos de mães
diabéticas por apresentarem um atraso na produção do hormônio paratireoidiano (que é responsável pelo
aumento do cálcio no sangue) podem desenvolver a hipocalcemia ao nascimento. Alguns casos são
assintomáticos.
Quando presente, a sintomatologia também é inespecífica e semelhante ao de outras patologias,
caracterizando-se por: tremores e abalos; irritabilidade reflexa (reações bruscas e involuntárias a
pequenos estímulos); hipertonia e convulsões (nos casos mais graves).
- Anomalias congênitas - Estão relacionadas a alterações vasculares maternas e ao tempo e grau
de dependência insulínica. As principais anomalias que acometem esses bebês são malformações
cardíacas, deformidades do sistema nervoso central (SNC) e osteomusculares.
- Macrossomia fetal - grande parte dos filhos de mães diabéticas nascem com peso acima do
esperado, sendo classificados como GIG. Esse ganho de peso se inicia na gestação normalmente a partir
do 3o mês, devido ao hiperinsulinismo fetal, ou seja, produção excessiva de insulina pelo feto em resposta
aos altos índices de glicose na corrente sanguínea da mãe, o que acaba acarretando um aumento da
produção e deposição de gordura pelo feto.
O ideal é a prevenção que consiste no controle do diabetes materno durante a gestação por equipe
especializada que inclui o endocrinologista e/ou obstetra. A assistência pré-natal precoce diminui o risco
para o bebê, prevenindo dessa forma possíveis sequelas no seu desenvolvimento.
Em relação ao RN, o tratamento consiste em monitorar as situações de risco e complicações, com
cuidado específico para cada uma delas.

RN Com Hiperbilirrubinemia

A hiperbilirrubinemia é a elevação anormal de bilirrubina no sangue, causada principalmente


pela destruição excessiva das hemácias. O acúmulo de bilirrubina na corrente sanguínea provoca
a icterícia, caracterizada pela coloração amarelada da pele e das mucosas. Pode ser fisiológica ou
patológica. A fisiológica ocorre após 48 horas de vida, podendo perdurar até o 3º dia e desaparecer no
fim da 1ª semana. A patológica normalmente aparece nas primeiras 24 horas após o nascimento.
A preocupação com a hiperbilirrubinemia no bebê deve-se ao fato de a bilirrubina, quando em níveis
elevados na corrente sanguínea, ser tóxica para o organismo, podendo provocar lesões no sistema
nervoso central.
O tratamento da icterícia faz-se por meio da fototerapia e da exsanguinitransfusão.
A fototerapia consiste na aplicação de uma luz na pele exposta do RN com o objetivo de transformar
a bilirrubina em substância não tóxica ao sistema nervoso e aumentar sua excreção pelo intestino.
As lâmpadas utilizadas no aparelho de fototerapia são do tipo fluorescente ou dicróica-halógena.
Alguns cuidados devem ser tomados pelo profissional de saúde ao manusear o aparelho e o RN durante
o tratamento.
- Manter o aparelho em local ventilado, evitando superaquecimento;
- Colocar, nas laterais desses aparelhos, panos brancos até a altura do berço, aumentando, assim, a
eficácia da fototerapia pela reflexão;
- Se os RNs forem colocados sob os aparelhos tipo spot, estes deverão cobrir a maior superfície
corporal possível do bebê;
- Antes de colocar o RN sob fototerapia é necessário retirar toda a roupa, permitindo que a superfície
corpórea fique exposta à luz, não devendo ser usado óleo ou hidratante, já que seu uso favorece
queimaduras. A fim de prevenir lesão de retina, deve-se colocar em seus olhos uma máscara de cor
escura tendo o cuidado de manter suas pálpebras fechadas;

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- Ao posicionar o RN sob o aparelho, deve-se guardar uma distância de aproximadamente 45 a 50 cm
da fonte de luz, mudando-o de posição a cada duas horas;
- Durante a fototerapia deve-se: atentar para o estado de hidratação do RN, verificando o turgor de
sua pele e a umidade da mucosa; observar as condições da pele, tais como: cor, presença de erupções
e queimaduras; oferecer líquidos por via oral com frequência e controlar a velocidade de infusão venosa;
fazer o controle diário do peso; observar as características das eliminações vesicais e intestinais (cor,
consistência, frequência e volume), acompanhando e avaliando a ação do tratamento;
- Deve-se verificar a temperatura do recém–nascido a cada 4 horas, pois a fototerapia pode provocar
alterações da temperatura corporal;
- Caso seja necessário colher amostras de sangue para a dosagem de bilirrubina, desligue o aparelho
e proteja o frasco que receberá a amostra com papel escuro, evitando falsos resultados do exame.
A exsanguinitransfusão consiste na tentativa da substituição do sangue do RN por outro,
normalmente pelo coto umbilical, utilizando técnica asséptica. Seu objetivo é protegê-lo dos efeitos tóxicos
da hiperbilirrubinemia prevenindo lesões no sistema nervoso central, que geralmente acontece com RNs
acometidos por doenças hemolíticas.
Esse procedimento é realizado pela equipe médica com o auxílio da equipe de enfermagem,
preferencialmente no centro cirúrgico.

Procedimentos de Rotina Utilizados no Atendimento ao Recém-Nascido

Coleta de Sangue Periférico

Trata-se de procedimento utilizado em situações nas quais o volume de sangue exigido é pequeno,
como nas ocasiões em que se precisa dosar a glicemia periférica (do sangue periférico) e/ou realizar o
exame de PKU (“teste do pezinho”), após quarenta e oito horas da ingesta de leite materno ou de vaca.
O “teste do pezinho” é utilizado para a prevenção precoce da fenilcetonúria e hipotireoidismo que são
doenças severas, porém tratáveis se diagnosticadas precocemente.
O material necessário é: algodão seco; algodão embebido em álcool a 70%; lanceta ou agulha 25x7mm
(a mais fina que houver); luva de procedimento; tiras reagentes para teste glicêmico e/ou cartão para
PKU; fita adesiva ou esparadrapo.

- Cuidados na Coleta de Sangue Periférico


Antes de iniciar a coleta devem ser observadas as condições de conforto, bem como o comportamento
do RN, a fim de minimizar o procedimento doloroso.
A punção é realizada na parte lateral do calcâneo, por oferecer menor risco para o desenvolvimento
de osteomielite do que a parte central dessa região. Evite as áreas com hematomas provocados por
punções anteriores que, além de serem mais dolorosas, predispõem também à ocorrência de infecções.
A fim de evitar alterações nos resultados, deve-se esperar a evaporação do álcool a 70%
utilizado para a antissepsia, para não comprometer o resultado do exame.
Envolva firmemente o calcanhar do bebê com uma das mãos e com a outra realize uma punção rápida
e delicada no local previamente escolhido. Introduza apenas o bisel da agulha ou a ponta da lanceta.
Após a saída de uma gota grande de sangue, aproxime o cartão de PKU ou a fita reagente, preenchendo
completamente os espaços destinados ao sangue.
Ao término da coleta, é importante fazer cessar o sangramento comprimindo com algodão seco o local
puncionado. Porém, esse não é o único cuidado a ser tomado; como o procedimento envolve uma intensa
estimulação dolorosa, nesse momento os bebês, em geral, apresentam choro intenso e ficam agitados.
É fundamental confortá-los e tranquilizá-los.
Registre o procedimento e o resultado obtido no prontuário do bebê quando se tratar de teste de
glicemia ou encaminhe o cartão de PKU para o laboratório.

Administração de Medicamentos, Fluidos e Soluções

Para a administração de medicamentos, fluidos e soluções aos RNs, devem ser seguidos os princípios
básicos empregados na administração de substâncias em adultos e crianças maiores. Porém, devido às
características anatômicas e funcionais dos neonatos, alguns cuidados específicos são necessários.
É importante destacar que, em função da imaturidade funcional do fígado, dos rins e das alterações
frequentes no peso corporal, o risco de intoxicação dos RNs por medicamentos é bastante elevado. Sendo
assim, a dosagem do medicamento a ser administrado deve ser rigorosamente observada para prevenir
possíveis efeitos tóxicos.

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A administração de medicamentos por via oral só pode ser utilizada nos bebês que estiverem
sendo alimentados por sucção, copinho ou sonda orogástrica. A administração diretamente na boca
dos RNs deve ser evitada, pois o sabor desagradável pode provocar náuseas e vômitos, acarretando
também risco de aspiração.
As medicações na forma líquida podem ser misturadas ao leite materno ordenhado ou às formulas
lácteas e administradas por copinho ou sonda orogástrica. Se o bebê estiver sendo alimentado no seio
materno, misture a medicação com no mínimo 5 ml de leite materno ordenhado e administre por copinho
antes do início da sucção no seio. Se o bebê estiver sendo alimentado por copinho ou por sonda
orogástrica, misture a medicação com no mínimo 5ml do volume prescrito da dieta e administre antes do
início da alimentação.
As medicações em forma de cápsulas ou comprimidos devem ser trituradas e diluídas em água
destilada estéril. Para administrar por copinho, misture a solução com no mínimo 5 ml de leite materno
ordenhado ou fórmula láctea. Pela sonda pode ser usada somente a solução obtida após diluição das
cápsulas ou comprimidos.
A solução oral de nistatina deve ser administrada diretamente na cavidade oral, para garantia
de sua ação local.
A administração de medicamentos por via retal tem por objetivo a indução da evacuação ou fins
terapêuticos. Os supositórios utilizados devem ser sempre os infantis e precisam ser cortados de acordo
com o tamanho do bebê, sendo lubrificados com óleo mineral ou vaselina antes da introdução. Após fazê-
lo, o bebê deve ser mantido com as nádegas e margens anais aproximadas por pelo menos 5 minutos.
Caso seja necessário o uso de medicações líquidas, elas devem ser administradas por sonda
retal de calibre adequado ao tamanho do RN. A medicação a ser administrada deve estar aquecida ou
em temperatura ambiente. Soluções geladas irritam a mucosa intestinal.
O local mais apropriado para a administração de medicamentos por via intramuscular em RN é
a face anterolateral das coxas, fazendo-se rodízio entre as faces esquerda e direita. Essa via só pode
ser usada para administração de pequenos volumes, sendo recomendado os seguintes volumes de
acordo com o peso dos bebês:
< 1000 g - volume até 0,25 ml;
> 1000 g - volume até 0,5 ml.

Ao término da administração, faça uma leve pressão, sem esfregar, com uma bola de algodão seco,
no local de inserção da agulha. Nos RNs, os medicamentos são melhor absorvidos se não forem
“espalhados” pela musculatura.
Na administração de medicamentos, fluidos e soluções por via endovenosa, deve-se,
preferencialmente, puncionar as veias periféricas da região cefálica, do dorso das mãos, dos
antebraços, do dorso dos pés e das pernas.
Esse acesso venoso periférico pode ser utilizado para administração de medicamentos, soluções de
glicose com concentração menor que 12,5%, eletrólitos e nutrição parenteral, podendo ser administrados
de forma rápida ou contínua. Na forma rápida, o medicamento é administrado direto no dispositivo de
punção (escalpe, cateter, jelco) ou no injetor lateral do equipo de infusão venosa. O tempo de aplicação
não deve ser inferior a 2 minutos.
Para as medicações administradas por meio do injetor lateral do equipo de infusão venosa, deve-se
ter o cuidado prévio de checar a compatibilidade da droga a ser administrada com os componentes da
solução infundida.
Algumas medicações, principalmente antibióticos, são nefrotóxicas e/ou ototóxicas, devendo
então ser administradas por bomba infusora por um período de tempo de pelo menos 30 minutos.
Medicações vesicantes devem ser rediluídas com água destilada ou solução fisiológica antes de serem
administradas.
Os dispositivos de infusão para a punção em RN devem ter numeração compatível com o calibre
venoso. Por isso, o escalpe deve ser de nº 25 e 27 e o cateter jelco de nº 24. Devem ser fixados
adequadamente para evitar que se desloquem e de forma a permitir a visualização dos sinais de infiltração
(edema) pelo extravasamento do medicamento ou da solução e flebite (dor, calor e rubor).
O extravasamento de soluções e/ou medicações podem causar lesões. Quando ocorrem nas
extremidades (pés e mãos), existe o risco de afetar tendões e nervos, ocasionando alterações na
movimentação.
Quando a infiltração ocorrer na região frontal, existe o risco de cicatrizes permanentes.

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Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde da mulher, da
criança e do adolescente. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

Questões

01. (EBSERH/HU-UFGD - Enfermeiro - Saúde da Criança e do Adolescente – AOCP) A escala de


Apgar é um dos métodos utilizados na avaliação do neonato, podendo-se afirmar que
(A) aos aspectos avaliados, são atribuídas notas de 0 a 3 pontos, somando um total de 12 pontos.
(B) a escala de Apgar usualmente é realizada no segundo e no oitavo minuto de vida para
determinação da vitalidade do neonato.
(C) o Apgar menor que 07 é esperado para um neonato a termo, com boa vitalidade no oitavo minuto
de vida.
(D) os sinais avaliados na escala de Apgar são: frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus
muscular, irritabilidade reflexa e coloração da pele.
(E) uma das características da anóxia perinatal precoce é o escore de Apgar entre 08 e 10 no oitavo
minuto de vida do neonato.

02. (EBSERH/HU-UFGD - Enfermeiro - Saúde da Criança e do Adolescente – AOCP) Sobre o


Exame Físico do Recém-Nascido (RN), assinale a alternativa correta.
(A) O exame físico realizado quando o RN chora intensamente é uma excelente condição para se aferir
as frequências respiratória e cardíaca.
(B) Caso o RN se apresente aparentemente saudável na avaliação sumária realizada na sala de parto,
o exame físico só é importante nas consultas após a primeira semana de vida.
(C) A pele normal de um RN apresenta palidez acentuada, mais evidente nas crianças de pele clara,
que está relacionada ao estresse causado no parto.
(D) A frequência respiratória média do RN é de 30 a 40 incursões por minuto (contada em 1 minuto).
Frequência acima de 40 caracteriza a taquipneia, que deve ser investigada.
(E) Lanugo é a denominação dada aos pelos finos que costumam recobrir a região do ombro e da
escápula, encontrados de forma mais abundante nos RN prematuros.

03. (EBSERH/HU-UFGD - Enfermeiro - Saúde da Criança e do Adolescente – AOCP) O


fornecimento de informações simples e claras quanto ao posicionamento recomendado para o Recém-
nascido dormir devem fazer parte da rotina dos profissionais de saúde, recomendando-se a posição de
(A) decúbito dorsal.
(B) prona.
(C) decúbito lateral direito.
(D) decúbito lateral esquerdo.
(E) decúbito ventral.

04. (EBSERH/HU-UFGD - Enfermeiro - Saúde da Criança e do Adolescente – AOCP) São


Fenômenos Fisiológicos transitórios da pele do Recém-Nascido, EXCETO
(A) Vérnix caseoso.
(B) Milium sebáceo.
(C) Dermatite de Fraldas.
(D) Cutis marmorata.
(E) Hipertricose lanuginosa.

05. (EBSERH/ HUSM-UFSM/RS - Enfermeiro - Saúde da Criança e do Adolescente – Neonatologia


– AOCP) Os valores da frequência cardíaca média e respiratória considerados normais no recém-nascido
são, respectivamente:
(A) 180 bat/min e até 20 mrm.
(B) 180 bat/min e até 50 mrm.
(C) 120 bat/min e até 60 mrm.
(D) 100 bat/min e até 80 mrm.
(E) 60 bat/min e até 30 mrm.

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06. (UFFS – Enfermeiro – FEPESE) Os recém-nascidos podem apresentar uma erupção cutânea
causada pela retenção de suor na pele com consequente formação de vesículas. Essas erupções podem
aparecer em dias mais quentes, durante processos febris ou em processos que favoreçam a sudorese
intensa. Geralmente estão localizadas em áreas de flexão da pele (pescoço, axilas e virilhas), região
frontal e dorso.
Como são denominadas essas erupções?
(A) monilíase
(B) dermatite perineal
(C) dermatite seborreica
(D) granuloma umbilical
(E) miliária

07. (HUAP – Enfermeiro - UFF/COSEAC) O índice de APGAR é utilizado para avaliar a vitalidade do
recém-nascido logo após o seu nascimento, sendo sua avaliação realizada através dos seguintes
parâmetros:
(A) esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa, cor e reflexo de sucção.
(B) frequência cardíaca, tônus muscular, irritabilidade reflexa, cor e reflexo de sucção.
(C) frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor.
(D) tônus muscular, irritabilidade reflexa, cor, reflexo de sucção e temperatura.
(E) frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade reflexa e temperatura.

08. (HUAP – Enfermeiro - UFF/COSEAC) A icterícia é a manifestação clínica mais frequente no


período neonatal, podendo ser apresentada por etiologias diversas e prognóstico variável, sendo a
fototerapia o principal tratamento realizado em recém-nascidos. Durante essa terapia, o enfermeiro deve
estar atento às seguintes intervenções de enfermagem:
(A) manter o recém-nascido o maior período de tempo em fototerapia, despi-lo, mantendo apenas a
genitália coberta, estimular amamentação, registrar eliminações fisiológicas, manter proteção ocular
durante o tratamento.
(B) manter o recém-nascido em fototerapia, despi-lo, mantendo apenas a genitália coberta, registrar
diurese, manter proteção ocular durante o tratamento.
(C) manter o recém-nascido o maior período de tempo em fototerapia, despi-lo, mantendo apenas a
genitália coberta, estimular amamentação, registrar eliminação de mecônio, manter proteção ocular
durante o tratamento.
(D) manter o recém-nascido o maior período de tempo em fototerapia, estimular amamentação,
registrar diurese, manter proteção ocular durante o tratamento.
(E) manter o recém-nascido o maior período de tempo em fototerapia, despi-lo, mantendo apenas a
genitália coberta, estimular visita dos pais, registrar as eliminações fisiológicas, manter proteção ocular
durante o tratamento.

09. (Pref. Morretes/PR – Enfermeiro – FAFIPA) Durante a consulta de enfermagem de um bebê


recém-nascido o(a) enfermeiro(a) realizou a ausculta cardíaca e verificou a frequência respiratória, os
resultados foram respectivamente 130 batimentos por minuto (bpm) e 40 respirações por minuto (rpm).
Diante destes resultados, assinale a alternativa CORRETA:
(A) O valor da frequência cardíaca não está dentro da variação considerada como normal para um
recém-nascido.
(B) Os valores estão dentro da variação considerada normal para recém-nascidos.
(C) O valor da frequência respiratória não está dentro da variação considerada como normal para um
recém-nascido.
(D) Ambos os valores são anormais para um recém-nascido.

Gabarito

01.D / 02.E / 03.A / 04.C / 05.C / 06.E / 7.C / 08.A / 09.B

Comentários

01. Resposta: D.
A avaliação do RN deve começar no momento do nascimento, utilizando a Escala de Apgar, no qual
são observados cinco sinais: frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade

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reflexa e cor. Cada sinal é avaliado de acordo com o grau em que está presente e recebe uma nota de 0
(zero), 1 (um) e 2 (dois).

02. Resposta: E.
O período das primeiras 24 horas pós nascimento é considerado crítico principalmente no que se refere
à adaptação respiratória.
Alguns RNs podem, nesse período, apresentar um quadro de sofrimento respiratório com evolução até
o óbito.
Os cuidados imediatos ao RN são aqueles dispensados logo após o nascimento, ainda na sala de
parto. Os principais objetivos são: auxiliar o bebê a fazer a transição da vida intrauterina para a vida
extrauterina, assegurar a manutenção de sua temperatura corporal e promover o elo afetivo entre RN -
mãe e seus familiares.
A avaliação do RN deve começar no momento do nascimento, utilizando a Escala de Apgar, no qual
são observados cinco sinais: frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade
reflexa e cor. Cada sinal é avaliado de acordo com o grau em que está presente e recebe uma nota de 0
(zero), 1 (um) e 2 (dois).
Os parâmetros de normalidade dos sinais vitais no RN são:
- Frequência respiratória - 25/60 incursões respiratórias por minuto;
- Frequência cardíaca - 120/180 batimentos por minuto;
- Temperatura - 36, 0 a 37,0ºC (axilar).
No período pós-parto RN apresenta alterações biofisiológicas e comportamentais complexas,
resultantes da vida extrauterina;
-As primeiras horas pós-parto representam um período de ajustamento fundamental para o RN. Na
maioria dos hospitais a enfermeira presta cuidados ao RN imediatamente após o parto;
-Depois do período de transição, o bebê é avaliado em intervalos periódicos, tendo ajustado o plano
de cuidados de acordo com o aparecimento dos achados;
-Deve-se manter o equilíbrio entre as necessidades familiares de privacidade e a necessidade de
monitorar a transição do RN à vida extrauterina;
Lanugem/lanugo - denominação dada aos pelos finos que costumam recobrir a região do ombro e da
escápula, encontrados de forma mais abundante nos RN prematuros; desaparecem em alguns dias.

03. Resposta: A.
A prática de colocar as crianças para dormir em decúbito dorsal no alojamento conjunto e o
fornecimento de informações simples e claras quanto ao posicionamento recomendado do bebê para
dormir devem fazer parte da rotina dos profissionais de saúde que atuam em alojamento conjunto.
Está bem documentada a associação entre síndrome da morte súbita do lactente e posição prona. Em
diversos países observou-se queda significativa da mortalidade por essa condição após campanhas
recomendando a posição supina para dormir, que é a única recomendada pelo Ministério da Saúde do
Brasil.

04. Resposta: C.
Cuidados com a pele do RN:
- Troca de fraldas - deve ser feita regularmente, sem deixar acumular urina e/ou fezes para evitar a
dermatite causada pelo excesso de umidade e exposição à acidez da urina.

05. Resposta: C.
Os parâmetros de normalidade dos sinais vitais no RN são:
- Frequência respiratória - 25/60 incursões respiratórias por minuto;
- Frequência cardíaca - 120/180 batimentos por minuto;
- Temperatura - 36, 0 a 37,0ºC (axilar).

06. Resposta: E.
h) Miliária: Observa-se a partir da segunda semana de vida, com pequenas vesículas superficiais.
Dermatose ocasionada por obstrução dos condutos sudoríparos, por imaturidade das glândulas
sudoríparas do neonato. Mais comum na época de calor.
Pode ser encontrada em até 15% dos neonatos, e ocorre mais comumente em climas mais quentes,
em berçários sem ar-condicionado, e em lactentes febrís.

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07. C/08. A/09. B.

Assistência de Enfermagem Hospitalar e Ambulatorial à Saúde da Criança nas Diferentes


Fases da Vida

A legislação brasileira, por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente, reforça o compromisso pela
promoção do bem-estar desses pequenos cidadãos. Responsabilidade esta que não é apenas da família,
mas do Estado e da sociedade como um todo.
Os cuidados com a saúde infantil estão entre as ações essenciais do Ministério da Saúde. Os
programas desenvolvidos buscam oferecer um atendimento médico mais humano e de melhor qualidade
para as nossas crianças.
O Projeto Mãe-Canguru e a promoção do aleitamento materno são iniciativas que têm promovido uma
mudança no atendimento à criança, reduzindo tempo de internação e a incidência de infecções
hospitalares. Outra estratégia importante é a Atenção Integral às Doenças Prevalentes na Infância, que
contribui não apenas para a redução de óbitos por diarreias e pneumonias, mas possibilita uma maior
organização dos serviços.
Apesar dos avanços alcançados, os indicadores de saúde demonstram que ainda falta um longo
caminho a percorrer para garantir às crianças brasileiras o direito integral à saúde, como assumido em
nossas leis. Os índices de mortalidade infantil – embora bastante reduzidos na última década – ainda são
altos. Na maioria dos casos, os óbitos poderiam ser evitados se as crianças fossem encaminhadas para
um serviço de saúde qualificado, com uma equipe profissional preparada para atender com eficiência e
agilidade.
Então, o que falta é um esforço concentrado na organização da assistência à população infantil, que
contemple desde o primeiro atendimento, nas unidades básicas de saúde, até a atenção especializada
dos casos mais graves, que exigem internação nas unidades de média e alta complexidade.

Princípios Norteadores do Cuidado na Saúde da Criança

- Planejamento e desenvolvimento de ações intersetoriais;


- Acesso universal;
- Acolhimento;
- Responsabilização;
- Assistência integral;
- Assistência resolutiva;
- Equidade;
- Atuação em equipe;
- Desenvolvimento de ações coletivas com ênfase nas ações de promoção da Saúde;
- Participação da família/controle social na gestão local;
- Avaliação permanente e sistematizada da assistência prestada.

Linhas de Cuidado da Atenção Integral da Saúde da Criança e Redução da Mortalidade Infantil

- Ações da saúde da mulher: atenção humanizada e qualificada;


- Atenção humanizada e qualificada à gestante e ao recém-nascido;
- Triagem neonatal: teste do pezinho;
- Incentivo ao aleitamento materno;
- Incentivo e qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento (CD);
- Alimentação saudável e prevenção do sobrepeso e obesidade infantil;
- Combate à desnutrição e anemias carenciais;
- Imunização;
- Atenção às doenças prevalentes: Destaque para as diarreias; sífilis e rubéola congênitas; tétano
neonatal; HIV/aids; doenças respiratórias/alergias.
- Atenção à saúde bucal;
- Atenção à saúde mental;
- Prevenção de acidentes, maus-tratos/violência e trabalho infantil;
- Atenção à criança portadora de deficiência.

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Saúde da Criança: Crescimento e Desenvolvimento

Ao atender uma criança, o profissional de saúde não pode vê-la como um ser isolado, mas como parte
de seu contexto familiar, com características e funcionamento próprios. É importante prestar atenção na
relação que os membros da família estabelecem com a criança, na maneira como se dispõem a cuidar
dela, em seu percurso escolar desde os primeiros anos, enfim, na forma como ela é recebida e
“endereçada” ao mundo.
A equipe de saúde deve ainda compreender e orientar os pais sobre a formação de vínculos e o
fortalecimento da parentalidade. O profissional precisa estar atento às possíveis e frequentes dificuldades
que se apresentam e precisa estimular a construção de uma rede, inclusive na equipe de saúde, que sirva
de apoio à família.
O profissional de saúde, desde o pré-natal, deve estar atento às mudanças e às necessidades de
adaptação que ocorrem nas famílias diante do nascimento de um novo ser.
O apego, vínculo emocional recíproco entre um bebê e seu cuidador, constrói-se baseado em
relacionamentos preliminares estabelecidos ainda com o feto e com a criança imaginada pelos pais, antes
mesmo do seu nascimento. Após o nascimento, o bebê, para sobreviver, precisa de alguém que cuide
dele e que assegure que suas necessidades físicas (alimentação, limpeza, cuidado, proteção, entre
outras) e psicossociais (de se sentir seguro, amado, protegido, valorizado) sejam atendidas.
A prática da amamentação favorece a formação de vínculo entre mãe e filho e deve ser estimulada.
Entretanto, a amamentação não é um comportamento inato, mas sim um hábito que se adquire e se
aperfeiçoa com a prática, que depende de aprendizado e da interação positiva entre os fatores culturais
e sociais.
O nascimento de um bebê, em especial quando se trata do primeiro filho, pode ser considerado como
um evento propício ao surgimento de problemas emocionais nos pais, tais como depressão e
manifestações psicossomáticas, que podem afetar o modo como os pais se relacionam com seu filho.
Os episódios de melancolia pós-parto denominados “baby blues” referem-se a uma manifestação
transitória e frequente do humor que aparece no decorrer dos primeiros dias pós-parto (com intensidade
maior em torno do 3º ao 6º dia após o parto). A puérpera apresenta um estado de fragilidade e
hiperemotividade transitória (choro fácil, irritabilidade, tristeza ou hipersensibilidade) que não é
considerado depressão pós-parto. O manejo adequado inclui uma orientação sobre a sua frequência e
transitoriedade, o estímulo à manifestação de sentimentos e a aceitação de apoio.
A depressão pós-parto, cuja incidência varia entre 12% e 19% das puérperas, pode constituir um
problema que afeta não apenas a mãe, mas também o bebê e até mesmo o próprio pai. Um estudo
evidencia que a amamentação feita por mães com depressão puerperal corre maior risco de ser
interrompida precocemente nos primeiros dois meses (evento conhecido como desmame precoce).
Com a aproximação da equipe de saúde do contexto de vida das famílias, a visita domiciliar torna-se
um instrumento importante para a troca de informações vinculadas às necessidades particulares de cada
indivíduo, favorecendo, desta forma, atividades educativas e mais humanizadas.
Em todas as visitas domiciliares, é fundamental que o profissional de saúde saiba identificar sinais de
perigo à saúde da criança. As crianças menores de 2 meses podem adoecer e morrer em um curto
espaço de tempo por infecções bacterianas graves.
São sinais que indicam a necessidade de encaminhamento da criança ao serviço de referência com
urgência:
- Recusa alimentar (a criança não consegue beber ou mamar);
- Vômitos importantes (ela vomita tudo o que ingere);
- Convulsões ou apneia (a criança fica em torno de 20 segundos sem respirar);
- Frequência cardíaca abaixo de 100bpm;
- Letargia ou inconsciência;
- Respiração rápida (acima de 60mrm);
- Atividade reduzida (a criança movimenta-se menos do que o habitual);
- Febre (37,5ºC ou mais);
- Hipotermia (menos do que 35,5ºC);
- Tiragem subcostal;
- Batimentos de asas do nariz;
- Cianose generalizada ou palidez importante;
- Icterícia visível abaixo do umbigo ou nas primeiras 24 horas de vida;
- Gemidos;
- Fontanela (moleira) abaulada;
- Secreção purulenta do ouvido;

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- Umbigo hiperemiado (hiperemia estendida à pele da parede abdominal) e/ou com secreção purulenta
(indicando onfalite);
- Pústulas na pele (muitas e extensas);
- Irritabilidade ou dor à manipulação.

Para as crianças maiores de 2 meses, é importante observar se a criança não consegue beber ou
mamar no peito, se vomita tudo o que ingere, se apresenta convulsões ou se está letárgica ou
inconsciente.
As crianças são frequentemente acometidas por doenças respiratórias e gastrointestinais.
Para a criança com tosse ou dificuldade para respirar, é importante verificar se a frequência
respiratória está intensificada, se a criança apresenta sibilos (chiado) ou estridor e se apresenta tiragem
subcostal (a parede torácica inferior se retrai quando a criança inspira). Para a criança com diarreia, é
importante identificar sinais de gravidade de desidratação, tais como: letargia, inconsciência, inquietude,
irritação, olhos fundos, sinal da prega presente (a prega cutânea retorna lentamente ao estado natural)
ou se a criança não consegue mamar ou beber líquidos.
A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida, que constitui
um momento propício para estimular e auxiliar a família nas dificuldades do aleitamento materno
exclusivo, para orientar e realizar imunizações, para verificar a realização da triagem neonatal (teste do
pezinho) e para estabelecer ou reforçar a rede de apoio à família. A primeira semana de saúde integral,
enfatiza, também, a importância da verificação da Caderneta de Saúde da Criança, da identificação de
riscos e vulnerabilidades ao nascer e da avaliação da saúde da puérpera.
O Ministério da Saúde recomenda sete consultas de rotina no primeiro ano de vida (na 1ª semana,
no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês), além de duas consultas no 2º ano de vida (no 18º
e no 24º mês) e, a partir do 2º ano de vida, consultas anuais, próximas ao mês do aniversário. Essas
faixas etárias são selecionadas porque representam momentos de oferta de imunizações e de orientações
de promoção de saúde e prevenção de doenças. As crianças que necessitem de maior atenção devem
ser vistas com maior frequência.

Puericultura33

O termo “puericultura” etimologicamente quer dizer: puer = criança e cultur/cultura = criação, cuidados
dispensados a alguém.
Ele foi utilizado pela primeira vez por Ballexserd, ao publicar na Suíça, em 1762, seu livro Tratado de
Puericultura, abordando questões gerais de higiene da criança.
Esta expressão ganhou força ao ser retomada pelo médico francês Caron, que, em 1865, publicou um
manual intitulado A puericultura ou a ciência de elevar higienicamente e fisiologicamente as crianças.
O interesse de Caron surgiu da constatação empírica de que grande parte das crianças internadas nos
hospitais de Paris, na sua época, poderia ter doenças e consequentemente internações evitadas, se as
mães tivessem recebido orientações sobre como amamentar e cuidar corretamente de seus filhos.
Este médico já evidenciava os dois pilares magnos da puericultura: a prevenção e a educação em
saúde.
Essas duas linhas sempre estarão interligadas, daí a assertiva de que a puericultura é
fundamentalmente Pediatria preventiva.
Outro enfoque central da puericultura é a abordagem das doenças do adulto com raízes na infância e,
portanto, preveníveis desde a infância. Um dos exemplos dessa abordagem é o baixo peso ao nascer
como fator de risco para doenças circulatórias, diabetes e obesidade. Outro exemplo, porém positivo, é o
aleitamento materno, que, entre tantas qualidades, é fator de proteção contra hipertensão arterial.
Fica claro, portanto, que a puericultura efetiva-se pelo acompanhamento periódico e sistemático das
crianças para avaliação de seu crescimento e desenvolvimento, vacinação, orientações aos pais e/ou
cuidadores sobre a prevenção de acidentes, aleitamento materno e orientação alimentar no período do
desmame, higiene individual e ambiental, assim como pela identificação precoce dos agravos, com vistas
à intervenção efetiva e apropriada. Para isso, demanda a atuação de toda a equipe de saúde e
multiprofissional que assiste a criança e sua família por meio da consulta de enfermagem, consulta
médica, consulta odontológica, grupos educativos e visitas domiciliares, no contexto da Atenção Básica.
O crescimento representa um dos sinais mais importantes de saúde da criança, sendo considerado o
pré-requisito para qualquer estratégia de promoção da saúde infantil, recomendado e reconhecido como
uma importante ação de saúde.
33
Conteúdo extraído na íntegra de UNA-SUS. UNIFESP. Especialização em Saúde da Família. Fundamentação Teórica: Puericultura. Disponível em:
<http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/casos_complexos/Danrley/Complexo_01_Danrley_Puericultura.pdf>

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Com o intuito de garantir a extensão da cobertura do atendimento infantil na rede básica de saúde e
assegurar simultaneamente o aumento da capacidade resolutiva desses serviços, desde 1984 o
Ministério de Saúde prioriza cinco ações básicas de saúde, com eficácia comprovada para a redução da
morbimortalidade infantil: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil; promoção do
aleitamento materno e orientação alimentar para o desmame; prevenção e controle das doenças
diarreicas; prevenção e controle das infecções respiratórias agudas; e imunização.
O conjunto dessas cinco ações básicas visa assegurar a integralidade e a sistematização do
atendimento prestado pelos profissionais de saúde inseridos nos diversos serviços de saúde, deslocando
o enfoque de uma assistência baseada em doenças para uma modalidade de atenção que contemple a
criança no seu processo de crescimento e desenvolvimento, que constitui o eixo central do atendimento
prestado, uma vez que permite evidenciar, de maneira precoce, os transtornos que afetam a saúde, a
nutrição e o desenvolvimento da criança.
Portanto, a avaliação do crescimento físico normal é uma forma importante de conhecer e vigiar o
estado geral da saúde de uma criança e o desenvolvimento socioeconômico e de saúde da comunidade
onde ela vive.
O crescimento e o desenvolvimento humano constituem-se em um modelo de interação do ser humano
e do ambiente, sendo o resultado final de um conjunto de fatores que podem ser divididos em: intrínsecos,
representados pelos fatores genéticos e neuroendócrinos; e extrínsecos, que são os fatores ambientais,
podendo ser subdivididos em pré-natais e pós-natais. Entre os fatores extrínsecos essenciais para o
crescimento encontram-se a ingestão de dieta balanceada, variada e fracionada, a atividade física,
alterações climáticas e ambientais de ordem física e toda a estimulação biopsicossocial, incluindo o afeto
e o impacto da urbanização.
De um modo mais amplo, pode-se dizer que o crescimento do ser humano é um processo dinâmico e
contínuo que ocorre desde a concepção até o final da vida, considerando os fenômenos de substituição
e regeneração de tecidos e órgãos. É considerado um dos melhores indicadores de saúde da criança,
em razão de sua estreita dependência de fatores ambientais, tais como alimentação, ocorrência de
doenças, cuidados gerais com a criança e de higiene, condições de habitação e saneamento básico e
acesso aos serviços de saúde.
Como consequência, as condições em que ocorre o crescimento, em cada momento da vida da
criança, incluindo o período intrauterino, determinam suas possibilidades de atingir ou não seu potencial
máximo de crescimento, dotado por sua carga genética.
A velocidade de crescimento pós-natal é particularmente elevada até os cinco primeiros anos de vida,
principalmente nos dois primeiros anos. Este é, portanto, o período mais vulnerável aos distúrbios de
crescimento.
Estudos mostram que déficits de crescimento linear que ocorram até os dois anos (principalmente no
primeiro ano de vida) são passíveis de recuperação total, enquanto acima dessa idade a reversibilidade
desse quadro se torna bem mais difícil.
Portanto, as atividades de recuperação nutricional devem priorizar crianças até dois anos de idade
para permitir uma total recuperação e prevenção de problemas de saúde futuros. As causas que afetam
o crescimento também podem influenciar o desenvolvimento infantil.
Essa grande vulnerabilidade biológica faz com que seja extremamente importante o acompanhamento
sistemático do crescimento da criança até cinco anos de idade.
A avaliação periódica da saúde da criança permite o acompanhamento do progresso individual,
identificando aquelas de maior risco de morbimortalidade, sinalizando o alarme precoce para a
desnutrição e a obesidade, causa básica da instalação ou do agravamento da maior parte dos problemas
de saúde infantil. Esse monitoramento do crescimento também possibilita o incentivo ao aleitamento
materno exclusivo, a orientação adequada da introdução da alimentação complementar, prevenindo
problemas comuns durante o primeiro ano de vida.
Cada atendimento realizado no serviço de saúde, independente da queixa ou doença que o motivou,
deve ser tratado como uma oportunidade para uma ação resolutiva, de promoção da saúde, com forte
caráter educativo.
Portanto, a vigilância desse crescimento no primeiro ano de vida deve ser realizada mensalmente, uma
vez que permite localizar o início de qualquer desvio de normalidade. Na impossibilidade de avaliações
mensais, o Ministério da Saúde (MS) propõe o Calendário Mínimo de Consultas para a Assistência à
Criança, conforme segue abaixo:

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Quadro 1 – Calendário mínimo de consultas para assistência à criança

Nº de consultas Dias Meses Anos


1º ano – uma Até 15 1 2 4 6 9 12 18 24 3 4 5 6
1º ano – sete X X X X X X X
3º ano – uma X X
4º ano – uma X
5º ano – uma X
6º ano – uma X X
Fonte: Ministério da Saúde. Saúde da Criança, 2002.

Na avaliação do crescimento infantil, devem-se considerar algumas medidas antropométricas e a


evolução de certas estruturas físicas conhecidas como indicadores do crescimento, sendo os mais
comuns o peso, a estatura, os perímetros cefálico (PC), torácico e braquial, a erupção dentária, o
fechamento das fontanelas e suturas e, eventualmente, a idade óssea da criança.
Para monitorar adequadamente esses indicadores, é importante conhecer: o que cada um deles avalia;
os pontos de reparo ou pontos de referência preconizados para realizar as medidas; a técnica correta de
medida, denominada somatometria; o material adequado para a realização de cada medida; e os
instrumentos de avaliação preconizados para detectar a normalidade ou desvio do dado encontrado, tais
como tabelas, gráficos, mapas e índices de avaliação nutricional.
O MS considera que o peso, a estatura e o PC são as medidas antropométricas básicas a serem
utilizadas na avaliação do crescimento infantil.
Para uma boa avaliação do crescimento, são necessárias pesagens periódicas. Em geral, o peso do
nascimento duplica dos quatro aos cinco meses, triplica aos 12 meses, quadruplica aos 24 meses e
quintuplica entre os quatro e cinco anos de idade.
É importante salientar que a variação do peso em relação à idade é muito mais rápida do que a da
estatura e reflete, quase que imediatamente, qualquer deterioração ou melhora do estado de saúde,
mesmo em processos agudos. Num prazo de poucos dias, podem ser observadas alterações importantes
no peso, cuja medição é mais fácil e mais precisa que a estatura.
O acompanhamento do perímetro cefálico deve ser feito principalmente nas crianças de zero a 24
meses de idade, período de maior crescimento pós-natal da cabeça e do cérebro.
Com a tomada do PC, deve ser realizada a evolução do fechamento das fontanelas e suturas
cranianas.
A fontanela anterior ou bregmática deve se fechar entre 9 e 18 meses. A fontanela posterior ou
lambdoide costuma fechar entre um e dois meses de idade. O fechamento precoce da fontanela
(craniossinostose) pode ocasionar comprometimento do crescimento cerebral.
O MS recomenda como padrão para o acompanhamento do crescimento de crianças brasileiras as
tabelas de peso/idade, altura/idade e perímetro cefálico/idade elaboradas pela OMS, com o sistema de
percentil e de desvio padrão (escore Z) a partir da medição de um grande número de crianças sadias de
diferentes grupos étnicos.
A construção e a utilização de um padrão nacional para o acompanhamento do crescimento de
crianças menores de cinco anos não se justifica em razão da pouca variação genética entre os diversos
grupos étnicos nessa faixa etária e da necessidade de comparações internacionais e de recursos
humanos e financeiros que seriam despendidos para a construção de uma curva nacional que
representasse a população brasileira em suas diversidades de raça e condições socioeconômicas.
A adoção desse padrão se justifica pela grande influência do ambiente no crescimento da criança, e o
padrão ideal para a comparação é aquele obtido de populações que têm a maior probabilidade de estar
crescendo plenamente, de acordo com seu potencial.
Em relação ao “desenvolvimento infantil”, especialistas consideram este termo mais abrangente que o
crescimento, pois, além de incluí-lo, refere-se às alterações da composição e do funcionamento das
células, à dimensão dos membros, à maturação dos órgãos e à aquisição de novas funções.
Portanto, o desenvolvimento caracteriza-se como um processo global e dinâmico de mudanças que
ocorrem em uma pessoa, desde sua concepção, influenciado por diversos fatores físicos, entre eles os
cuidados com a alimentação, a higiene e a prevenção de doenças, além da dimensão psicológica, ligada
a fatores psíquicos que estão relacionados à forma como uma criança aprende e se relaciona com o
ambiente em que vive. Dessa maneira, o desenvolvimento é compreendido como um processo mais
amplo, envolvendo o crescimento e a aprendizagem da criança.
O conhecimento sobre o desenvolvimento infantil é essencial para todos os profissionais que lidam
com crianças.

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O acompanhamento do desenvolvimento deve fazer parte da consulta geral da criança. Para isso, não
é necessário criar espaços específicos, momentos fora da consulta ou instrumental especializado, embora
alguns pequenos brinquedos possam ser usados para desencadear alguma resposta reflexa ou marco
do desenvolvimento.
Recomenda-se que a avaliação do desenvolvimento seja ampla, considerando-se fundamental a
coleta de informações, durante a anamnese ou entrevista, das condições de vida, rotina diária, formas de
relacionamento familiar e oportunidades de interação com outras crianças, pois, para uma criança
desenvolver uma determinada habilidade, ela deve vivenciar situações que favoreçam a aquisição dessa
habilidade.
A sequência do desenvolvimento pode ser identificada, em termos gerais, por meio dos marcos
tradicionais do desenvolvimento, que constituem a base dos instrumentos de avaliação.
É fundamental escutar a queixa dos pais e/ou cuidadores e levar em consideração a história clínica e
o exame físico da criança, no contexto de um programa contínuo de acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento. Assim, será possível formar-se um quadro completo do crescimento e desenvolvimento
infantil e da real necessidade de intervenção.
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil deve estruturar a Atenção à Saúde da
criança nos serviços básicos de saúde, de forma a representar o eixo central do atendimento.

Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil. Brasília: Ministério da Saúde; 2002. (Série Cadernos de Atenção
Básica; 11 – Série A Normas e Manuais Técnicos).
FUJIMORI, E.; BORGES, A. L. V. Avaliação do crescimento. In: FUJIMORI, E.; OHARA, C. V. S. (Org.). Enfermagem e a saúde da criança na atenção básica.
Manole: Barueri-SP, 2009, p.121-151.
KOBINGER, M. E. B. A.; PUCCINI, R. F.; STRUFALDI, M. W. L. Crescimento. In: SUCUPIRA, A. C. S. L et al (Org.). Pediatria em consultório. 5. ed. São Paulo:
Sarvier, 2010, p. 35-48.
MARCONDES, E.; SETIAN, N.; CARRAZZA, F. R. Desenvolvimento físico (crescimento) e funcional da criança. In: MARCONDES, E.; et al (Org.). Pediatria
Básica. Pediatria Geral e neonatal. Tomo I. 9. ed. São Paulo: Sarvier, 2002, p. 23-35.
RIBEIRO, C. A.; BORBA, R. I. H. Crescimento e desenvolvimento da criança. In: SANTOS, L. E. S. (Org.). Creche e Pré-Escola: uma abordagem da saúde. São
Paulo: Artes Médicas, 2004, p. 81-105.
RICCO, R. G. et al.. In: _____ (Org.). Puericultura. Princípios e práticas: atenção integral à saúde da criança. São Paulo: Atheneu; 2000, p.1-4.

Incentivo e Qualificação do Acompanhamento do Crescimento e Desenvolvimento (CD)

Toda criança deve receber o “Cartão da Criança”, de preferência ainda na maternidade. O


acompanhamento do crescimento e desenvolvimento faz parte da avaliação integral à saúde da criança
(0 a 6 anos), que envolve o registro no, Cartão da Criança, de avaliação do peso, altura, desenvolvimento,
vacinação e intercorrências, o estado nutricional, bem como orientações à mãe/família/cuidador sobre os
cuidados com a criança (alimentação, higiene, vacinação e estimulação) em todo atendimento.
Toda a equipe de saúde deve estar preparada para esse acompanhamento, identificando crianças de
risco, fazendo busca ativa de crianças faltosas ao calendário de acompanhamento do crescimento e
desenvolvimento, detectando e abordando adequadamente as alterações na curva de peso e no
desenvolvimento neuropsicomotor da criança.
O seguimento a criança será feito visando estreitar e manter o vínculo da criança e da família com
os serviços de saúde, propiciando oportunidades de abordagem para a promoção da saúde, de hábitos
de vida saudáveis, vacinação, prevenção de problemas e agravos e provendo o cuidado em tempo
oportuno.
O acompanhamento sistemático do crescimento e do ganho de peso permite a identificação de
crianças com maior risco de morbimortalidade por meio da sinalização precoce da subnutrição e da
obesidade. Um estudo evidenciou melhorias no tocante ao conhecimento das mães sobre o crescimento
de seus filhos com o aconselhamento baseado na utilização das curvas de crescimento.
O melhor método de acompanhamento do crescimento infantil é o registro periódico do peso,
da estatura e do IMC da criança na Caderneta de Saúde da Criança.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam a utilização dos
valores de referência para o acompanhamento do crescimento e do ganho de peso das curvas da OMS
de 2006 (para crianças menores de 5 anos) e 2007 (para a faixa etária dos 5 aos 19 anos).
A Caderneta de Saúde da Criança utiliza como parâmetros para avaliação do crescimento de
crianças (menores de 10 anos) os seguintes gráficos: perímetro cefálico (de zero a 2 anos), peso para a
idade (de zero a 2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), comprimento/estatura para a idade (de zero a
2 anos, de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos), índice de massa corporal (IMC) para a idade (de zero a 2 anos,
de 2 a 5 anos e de 5 a 10 anos).

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As crianças menores de 2 anos deverão ser mensuradas deitadas em superfície lisa (comprimento) e
as crianças maiores de 2 anos deverão ser mensuradas em pé (altura). A Caderneta de Saúde da Criança
apresenta as tabelas de IMC calculadas e orienta as pessoas sobre o seu uso.
Embora toda criança com peso de nascimento inferior a 2.500g seja considerada de risco, bebês pré-
termo (nascidos com menos de 37 semanas de gestação) com peso adequado para a idade gestacional
têm melhor prognóstico (excetuando-se os de menos de 1.000g), especialmente aqueles que vivem em
condições ambientais favoráveis. Tais crianças apresentam crescimento pós-natal compensatório,
chegando ao peso normal para a idade ainda durante o primeiro ano de vida.
Toda criança com história de baixo peso ao nascer deve ser considerada criança de risco nutricional
e deve ser acompanhada com maior assiduidade pelos serviços de saúde, principalmente no primeiro
ano de vida.

Acompanhamento e Avaliação do Desenvolvimento Infantil

O acompanhamento do desenvolvimento da criança na atenção básica objetiva sua promoção,


proteção e a detecção precoce de alterações passíveis de modificação que possam repercutir em
sua vida futura. Isso ocorre principalmente por meio de ações educativas e de acompanhamento integral
da saúde da criança.
A criança deve atravessar cada estádio segundo uma sequência regular, ou seja, os estádios de
desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada ou motivada no devido
momento, ela não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento. Afinal, o desenvolvimento infantil
se dá à medida que a criança vai crescendo e vai se desenvolvendo de acordo com os meios onde vive
e os estímulos deles recebido.
A identificação de problemas (tais como: atraso no desenvolvimento da fala, alterações relacionais,
tendência ao isolamento social, dificuldade no aprendizado, agressividade, entre outros) é fundamental
para o desenvolvimento e a intervenção precoce para o prognóstico dessas crianças (MIRANDA;
RESEGUE; FIGUIEIRAS, 2003) [D]. Portanto, são de relevância o diagnóstico e o acompanhamento do
desenvolvimento das crianças, sendo que os principais protocolos preconizam a avaliação objetiva de
habilidades motoras, de comunicação, de interação social e cognitivas nas consultas de supervisão de
saúde.

Crescimento e Desenvolvimento: Características das Faixas Etárias

A primeira infância, de 0 a 6 anos, é um período muito importante para o desenvolvimento mental e


emocional e de socialização da criança. É fundamental estimular bem a criança nessa fase, para que ela
tenha uma vida saudável e possa desenvolver-se bem na infância, na adolescência e na vida adulta.
As orientações a seguir constam na Caderneta de Saúde da Criança. São orientações aos pais e
cuidadores. Durante o contato da criança com o profissional de saúde, o mesmo deverá observar o
comportamento da criança conforme o esperado nas fases descritas.

Do Nascimento até 2 Meses de Idade


- Para que o bebê se desenvolva bem é necessário, antes de tudo, que seja amado e desejado pela
sua família e que esta tente compreender seus sentimentos e satisfazer suas necessidades. A ligação
entre a mãe e o bebê é muito importante neste início de vida, por isso deve ser fortalecida.
- Converse com o bebê, buscando contato visual (olho no olho). Não tenha vergonha de falar com ele
de forma carinhosa, aparentemente infantil. É desse modo que se iniciam as primeiras conversas.
Lembre-se que o bebê reconhece e acalma-se com a voz da mãe. Nessa fase, o bebê se assusta quando
ouve sons ou ruídos inesperados e altos.
- Preste atenção no choro do bebê. Ele chora de jeito diferente dependendo do que está sentindo:
fome, frio/calor, dor, necessidade de aconchego.
- Estimule o bebê mostrando-lhe objetos coloridos a uma distância de mais ou menos 30 cm.
- Para fortalecer os músculos do pescoço do bebê, deite-o com a barriga para baixo e chame sua
atenção com brinquedos ou chamando por ele, estimulando-o a levantar a cabeça. Isto o ajudará a
sustentar a cabeça.

2 a 4 Meses
- Brinque com o bebê conversando e olhando para ele.
- Ofereça objetos para ele pegar, tocar com as mãos.

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- Coloque o bebê de bruços, apoiado nos seus braços, e brinque com ele, conversando ou mostrando-
lhe brinquedos a sua frente.
- Observe que o bebê brinca com a voz e tenta “conversar” falando (aaa, qqq, rrr).

4 a 6 Meses
- Ao oferecer algo para o bebê (comida, brinquedo, etc.), espere um pouco para ver sua reação. Com
isso ele aprenderá a expressar aceitação, prazer e desconforto.
- Acostume o bebê a dormir mais à noite.
- Ofereça brinquedos a pequenas distâncias, dando a ele a chance de alcançá-los.
- Proporcione estímulos sonoros ao bebê, fora do seu alcance visual, para que ele tente localizar de
onde vem o som virando a cabeça.
- Estimule-o a rolar, mudando de posição (de barriga para baixo para barriga para cima). Use objetos
e outros recursos (brinquedos, palmas, etc.).

6 a 9 Meses
- Dê atenção à criança demonstrando que está atento aos seus pedidos. Nesta idade ela busca chamar
a atenção das pessoas, procurando agradá-las e obter sua aprovação.
- Dê à criança brinquedos fáceis de segurar, para que ela treine passar de uma mão para a outra.
- Converse bastante com a criança, cante, use palavras que ela possa repetir (dadá, papá, etc.). Ela
também pode localizar de onde vem o som.
- Coloque a criança no chão (esteira, colchonete) estimulando-a a sentar, se arrastar e engatinhar.

9 Meses a 1 Ano
- Brinque com a criança com músicas, fazendo gestos (bater palmas, dar tchau, etc.), solicitando sua
resposta.
- Coloque ao alcance da criança, sempre na presença de um adulto, objetos pequenos como
tampinhas ou bolinha de papel pequena, para que ela possa apanhá-los, usando o movimento de pinça
(dois dedinhos). Muito cuidado para que ela não coloque esses objetos na boca, nariz ou ouvidos.
- Converse com a criança e use livros com figuras. Ela pode estar falando algumas palavras como
(mamã, papá, dá) e entende ordens simples como “dar tchau”.
- Deixe a criança no chão para que ela possa levantar-se e andar apoiando-se.

1 Ano a 1 Ano e 3 Meses


- Seja firme e claro com a criança, mostrando-lhe o que pode e o que não pode fazer.
- Afaste-se da criança por períodos curtos, para que ela não tenha medo da sua ausência.
- Estimule o uso das palavras em vez de gestos, usando rimas, músicas e sons comumente falados.
- Ofereça à criança objetos de diversos tamanhos, para que ela aprenda a encaixar e retirar um objeto
do outro.
- Crie oportunidades para ela locomover-se com segurança, para aprender a andar sozinha.

1 Ano e 3 Meses a 1 Ano e 6 Meses


- Continue sendo claro e firme com a criança, para que ela aprenda a ter limites.
- Conte pequenas estórias, ouça música com a criança e dance com ela.
- Dê ordens simples, “dá um beijo na mamãe”, bate palminha.
- Dê à criança papel e giz de cera (tipo estaca, grosso) para que ela inicie os seus rabiscos. Isto
estimula a sua criatividade.
- Crie oportunidades para a criança andar não só para frente, como também para trás (puxando
carrinho, etc.).

1 Ano e 6 Meses a 2 Anos


- Estimule a criança a colocar e tirar suas roupas, inicialmente com ajuda.
- Ofereça brinquedos de encaixe, que possam ser empilhados, e mostre como fazer.
- Mostre figuras nos livros e revistas falando seus nomes.
- Brinque de chutar bola (fazer gol).
- Observe que a criança começa a juntar palavras e a falar frases simples como gato cadê ou leite não.
- Entenda que nesta idade a criança demonstra ter vontade própria, testa limites e fala muito a palavras
não.

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2 Anos a 2 Anos e 6 Meses
- Continue estimulando a criança para que ela se torne independente em atividades de autocuidado
diário, como por exemplo, na alimentação (iniciativa para se alimentar), no momento do banho e de vestir-
se.
- Comece a estimular a criança a controlar a eliminação de fezes e urina, em clima de brincadeira, sem
exercer pressão ou repreender. Gradativamente, estimule o uso do sanitário.
- Estimule a criança a brincar com outras crianças.

2 Anos e 6 Meses a 3 Anos


- Converse bastante com a criança, peça para ela comentar sobre suas brincadeiras e nomes de
amigos, estimulando a linguagem e a inteligência.
- Dê oportunidade para ela ter contato com livros infantis, revistas, papel, lápis, giz de cera. Leia, conte
estorinhas, brinque de desenhar, recortar figuras, colagem.
- Mostre para ela figuras de animais, peças do vestuário, objetos domésticos e estimule a criança a
falar sobre eles: o que fazem, para que servem (ex. quem mia?).
- Faça brincadeiras utilizando bola e peça para a criança jogar a bola em sua direção, iniciando assim
uma brincadeira envolvendo duas ou mais pessoas.

Percebendo Alterações no Desenvolvimento

- É importante observar como a criança reage ao contato com as pessoas e com o ambiente: se
responde ao olhar, à conversa e ao toque dos pais/cuidadores quando amamentada/alimentada, colocada
no colo, acariciada. Na criança maior, é importante observar se ela habitualmente se isola, recusa-se a
brincar com outras crianças, tem dificuldade na linguagem ou apresenta gestos/movimentos repetitivos.
- É importante também observar se há atraso no desenvolvimento de atividades motoras (como
sustentar a cabeça, virar de bruços, engatinhar e andar), na linguagem e comunicação, em memorizar,
em realizar uma tarefa até o fim, na aprendizagem e na solução de problemas práticos relacionados aos
hábitos da vida diária.
Se a criança não age como você espera e seu desenvolvimento causa dúvidas ou ansiedade na
família, converse com o profissional de saúde sobre isso.
Quanto mais cedo um problema for identificado e tratado, melhor o resultado.
Qualquer atraso ou transtorno de desenvolvimento pode ser minimizado se a criança receber
atenção/estimulação adequadas, com a participação da família e de profissionais.
- O diagnóstico de uma deficiência na criança pode gerar momentos difíceis e sentimentos como medo,
dúvidas, angústias e dificuldades de aceitação. Todos esses sentimentos são normais diante de um fato
novo e não esperado.
- No caso de crianças com deficiência, informações sobre os cuidados com a saúde e o conhecimento
sobre os seus direitos são muito importantes para o fortalecimento da família e para o desenvolvimento
de habilidades e capacidades que facilitem a independência e a participação social dessas crianças.

Vigiando o Crescimento da Criança

- A criança cresce, ganha peso e altura, ao mesmo tempo em que se desenvolve.


A melhor maneira de ver se a criança está crescendo bem é acompanhando o seu peso e a sua altura.
Verifique em cada consulta, se o profissional de saúde anotou o peso e a altura da criança na ficha de
vigilância do crescimento e se registrou esses dados nos gráficos.
- É muito importante que você saiba como a criança está crescendo. Se tiver dúvidas sobre o seu
crescimento, solicite esclarecimentos ao profissional de saúde.
- Uma boa alimentação e a prevenção de doenças por meio de vacinas são importantes para o bom
crescimento da criança. O afeto dos pais e de outras pessoas que cuidam da criança e os cuidados com
a higiene também são muito importantes.
- O bebê que nasce com baixo peso (menos que 2.500g) é um bebê que necessita de maiores
cuidados. Ele deve ter o crescimento acompanhado com mais frequência até atingir o peso e a altura
adequados para a idade.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Criança e
Aleitamento Materno. Caderneta de Saúde da Criança. 7. ed. Brasília: Editora MS, 2011.

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Alimentação Saudável e Prevenção do Sobrepeso e Obesidade Infantil

Uma alimentação saudável inicia-se com o aleitamento materno. Além desse incentivo e apoio, a
equipe de saúde deve estar preparada para orientar a transição do aleitamento para a introdução de
novos alimentos (início do desmame), por se tratar de um momento crítico, em que os distúrbios
nutricionais acontecem. A avaliação e orientação para hábitos alimentares saudáveis devem fazer parte
de todo o atendimento da criança, no calendário de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
e nas intercorrências.
A abordagem da criança pela equipe de saúde deve destacar a importância dos hábitos alimentares,
como um meio eficiente de promoção da saúde, controle dos desvios alimentares e nutricionais e
prevenção de várias doenças, na infância e na futura vida adulta, como as deficiências nutricionais, as
doenças crônicas, sobrepeso e obesidade.
No município devem estar destacadas as ações de Vigilância Alimentar e Nutricional, incluindo
avaliação de consumo alimentar, além da identificação e priorização do atendimento das famílias e
crianças em programas de transferência de renda ou de distribuição de alimentos disponíveis.

Dez Passos Para Uma Alimentação Saudável:


Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são
fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2: “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o
leite materno até os dois anos de idade ou mais”.
Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador
como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar
seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.
Passo 3: “Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas,
frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver
desmamada”.
Dica ao profissional e à equipe: Sugerir receitas de papas, tentando dar a ideia de proporcionalidade,
de forma prática e com linguagem simples.
Passo 4: “A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição da
família, em intervalos regulares e de forma a respeitar o apetite da criança”.
Dica ao profissional e à equipe: Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para
aumentar o vínculo e orientar toda a família sobre alimentação saudável.
Passo 5: “A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher;
começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar
à alimentação da família”.
Dica ao profissional e à equipe: Organizar, em parceria com a comunidade, oficinas de preparação de
alimentos seguros e/ou cozinhas comunitárias. Convidar famílias com crianças sob risco nutricional.
Passo 6: “Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimentação
colorida”.
Dica ao profissional e à equipe: Conversar sobre a estimulação dos sentidos, enfocando que a
alimentação deve ser um momento de troca afetuosa entre a criança e sua família.
Passo 7: “Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições”.
Dica ao profissional e à equipe: Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois,
aumentar essa lista acrescentando outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e
típicos da estação.
Passo 8: “Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas
nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação”.
Dica ao profissional e à equipe: Articular com a comunidade e outros setores uma campanha sobre
alimentação saudável.
Passo 9: “Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento e
conservação adequados”.
Dica ao profissional e à equipe: Realizar grupo com pais, avós e/ou crianças sobre cuidados de higiene
geral, alimentar e bucal.
Passo 10: “Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação
habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação”.

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Dica ao profissional e à equipe: Avaliar em equipe como está a acessibilidade da criança doente ao
serviço de saúde.

Observação importante: Para evitar o consumo de açúcar de cana por seus bebês, muitas mães
acabam optando por escolhas tidas como mais saudáveis para adoçar os sucos ou chás. O mel, que
muitas vezes é utilizado por suas propriedades expectorantes, torna-se para as mães uma alternativa
mais saudável. Porém, o mel é altamente contraindicado para crianças até 12 meses de vida. O mel
é uma fonte potencial de transmissão do botulismo, que é causado por uma bactéria chamada Clostridium
botulinum, risco que existe principalmente devido à deficiência de fiscalização nas propriedades
produtoras do mel in natura. Por isso, oriente os pais e responsáveis a não oferecer o mel de abelha para
crianças até 1 ano de idade.

Combate à Desnutrição e Anemias Carenciais

As equipes de saúde deverão incentivar ações de promoção à saúde e prevenção da desnutrição,


como orientação alimentar para as famílias, acompanhamento pré-natal, incentivo ao aleitamento
materno, orientação no desmame, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, uso do ferro
profilático e vitaminas para recém-nascidos prematuros e de baixo peso, suplementação medicamentosa
de vitamina A em áreas endêmicas, suplementação alimentar para gestantes desnutridas, nutrizes e
crianças em risco nutricional.
As equipes de saúde deverão estar preparadas para avaliar o Cartão da Criança em todos os
atendimentos, promover atividades educativas, identificar e captar gestantes desnutridas, crianças em
risco nutricional e/ou desnutridas, realizar acompanhamento e tratamento segundo protocolo específico,
manter arquivo atualizado de crianças cadastradas e fazer busca ativa de faltosos ao calendário de
acompanhamento proposto.
É ainda papel das equipes de saúde e do município a identificação da necessidade e priorização do
atendimento das famílias e crianças em programas de transferência de renda ou de distribuição de
alimentos disponíveis.

Algumas Orientações São Importantes e Devem Ser Fornecidas aos Pais, Como, Por Exemplo:
- A lavagem de mãos por todas as pessoas que têm contato com o bebê deve ser orientada em todas
as visitas de puericultura, com o objetivo de evitar a propagação de micro-organismos causadores de
doenças respiratórias.
- Oriente a família de modo a não permitir que pessoas fumem dentro de casa ou que aqueles que
acabaram de fumar peguem o bebê no colo.
- Oriente-os a respeito do banho e sobre os cuidados com o coto umbilical, que deve cair nas primeiras
duas semanas. Para isso, o coto deve ser mantido limpo e seco. Oriente-os também sobre a troca de
fraldas, a prevenção de assaduras, os hábitos de sono e os diferentes tipos de choro. Na troca de fraldas,
a fim de evitar as assaduras, os cuidadores devem secar bem o bebê após o banho e não podem utilizar
talcos.
- Oriente-os a respeito da posição supina (de “barriga para cima”) para dormir e a sua relação de
proteção contra a morte súbita do lactente. Caso se pratique o coleito (quando o bebê é colocado para
dormir na cama dos pais), alerte-os para os casos em que certos comportamentos dos pais (como o
hábito de ingerir bebida alcoólica, o uso de drogas ilícitas ou cigarros, a utilização de medicação que age
no sistema nervoso central ou quando os pais se encontrarem muito cansados) podem acarretar maior
risco de morte súbita para o bebê, além de lesões não intencionais, ao cair da cama, ao ser prensado ou
sufocado por um dos pais, principalmente quando se trata de crianças menores de 4 meses. Também por
segurança, os pais devem ser instruídos a não dormir com o bebê em sofás ou poltronas.
- Existem também boas evidências para o aconselhamento antecipado referente ao choro noturno e
aos diferentes significados do choro: fome, desconforto, dor. Durante a avaliação de uma criança cujos
pais queixam-se de choro excessivo, os seguintes aspectos devem ser avaliados: estado geral da criança,
história pré-natal e perinatal, momento de início e duração do choro, tensão no ambiente, hábitos de
alimentação, diurese, evacuação, dieta da mãe (se estiver amamentando), refluxo gastroesofágico,
história familiar de alergias, resposta dos pais referente ao choro e fatores que aliviam ou agravam o
choro.
- Em relação ao uso de chupetas (“bicos”), atualmente, a introdução desse hábito tem sido
desaconselhada pela possibilidade de interferir negativamente na duração do aleitamento materno, entre
outros motivos, sobre saúde bucal. Embora não haja dúvidas de que o desmame precoce ocorra com

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mais frequência entre as crianças que usam chupeta, ainda não são totalmente conhecidos os
mecanismos envolvidos nessa associação.

Prevenção de Acidentes, Maus-Tratos/Violência e Trabalho Infantil

A abordagem de problemas relevantes em saúde pública na atualidade, como a violência urbana, a


violência doméstica, os acidentes domésticos (quedas, choques elétricos, queimaduras e ingestão de
substâncias químicas) e do trânsito, causas importantes de morbidade na infância e primeira causa de
mortalidade a partir de 4 anos, traz aos serviços de saúde a necessidade de estruturação diferenciada.
Muitas vezes levando à morte, outras formas de violência, tais como, o abuso sexual, o abandono, a
negligência e a violência psicológica, deixam marcas nem sempre visíveis por toda a vida.
Cabe às equipes de saúde identificar e notificar os casos de violência e maus-tratos, comunicar e
referenciar todos os casos suspeitos ou confirmados, de acordo com fluxo local, além de proceder ao
acolhimento, assistência, tratamento e encaminhamentos necessários utilizando a rede de apoio existente
(Pastoral da Criança, Juizado, Conselho Tutelar, Delegacia, Hospital, Serviços de Saúde mental, Abrigo
etc.).
As equipes de saúde deverão estar atentas para reconhecer situações de risco nas famílias
(alcoolismo, abuso de drogas, desagregação familiar) além de verificar sinais e sintomas sugestivos de
violência em todos os seus atendimentos e visitas domiciliares, tais como lesões físicas (equimoses,
fraturas, queimaduras), alterações de comportamento (agressividade, medo, timidez excessiva, apatia),
negligência (criança malcuidada, internações repetidas, desnutrição crônica, etc.), entre outros. Esses
comportamentos podem refletir situações de abuso psicológico, abuso sexual/físico; síndrome da criança
espancada; síndrome do bebê sacudido; abandono; maus-tratos; negligência, violência institucional,
intrafamiliar e violência social.
A atenção integral à criança vítima de violência, abuso sexual e trabalho infantil deve compor o
cardápio de ações da saúde, com a promoção de um crescimento e desenvolvimento saudável e
prevenção de agravos, detecção oportuna dos problemas e abordagem multiprofissional e intersetorial.
Campanhas educativas de prevenção aos acidentes e violências na infância e adolescência,
desenvolvidas em parceria com organizações não-governamentais, universidades e sociedades
científicas, além de outros órgãos do governo, são importantes para a mudança de hábitos culturais
presentes na comunidade que aumentam esses riscos para as crianças. Ainda, a Notificação Obrigatória
de Maus-Tratos contra Crianças e Adolescentes (PT/GM/MS n.º 1.968/2001) é um instrumento de
fundamental importância para a implementação do cuidado à criança vítima de violência e deve ser
implementada por todos os gestores (municipais e estaduais) da saúde.

Prevenção de Acidentes:
_ cuidar da temperatura do banho (a temperatura ideal da água é de 37ºC) e não se deve deixar a
criança sozinha na banheira, mesmo que com pouca água.
- manter as grades do berço em boa distância (a distância entre as ripas da grade do berço não deve
ser superior a 6cm).
- utilizar cobertas leves e travesseiro firme para evitar a sufocação do bebê. Se estiver frio, é preferível
agasalhá-lo com maior quantidade de roupas do que cobri-lo com muitas cobertas.
- não aquecer o leite materno, a fórmula infantil ou outros líquidos em forno de micro-ondas, devido ao
risco de escaldamento. Líquidos aquecidos nesses aparelhos podem ficar mornos na porção mais externa
do recipiente, enquanto que no seu interior, principalmente na parte superior, podem estar fervendo.
- o transporte do bebê em automóvel deve ser feito sempre no banco traseiro, em cadeirinha especial
para lactente, com cinto de segurança e com a criança posicionada na cadeirinha apropriada de costas
para o motorista.
- a criança não deve ser deixada perto de animais, mesmo os animais de casa, pois eles podem ter
reações imprevisíveis.

Realização do Teste do Pezinho

O teste do pezinho, feito na criança logo após o seu nascimento, conforme estabelece o Programa
Nacional de Triagem Neonatal, permite a detecção da fenilcetonúria e do hipotireoidismo congênito
(fase 1 do programa) e de hemoglobinopatias (fase 2), doenças que podem ser tratadas, prevenindo o
retardo mental (que as duas primeiras enfermidades podem ocasionar) e as infecções e outras
complicações que frequentemente podem ocasionar a morte de crianças com hemoglobinopatias. A
pesquisa de hemoglobinopatias inclui a detecção de anemia falciforme e do traço falciforme, que, mesmo

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assintomático, traz implicação genética para a família. A fase 3 do PNTN acrescentará a triagem da
fibrose cística (ou mucoviscidose).
O teste deverá ser feito a partir do 3º dia de vida da criança, quando já ocorreu uma ingestão
adequada de proteínas e é possível analisar com mais segurança o metabolismo da fenilalanina,
evitando-se resultados falsos negativos para fenilcetonúria. Além disso, a dosagem de hormônio
estimulante da tireoide (TSH) nas primeiras 24 horas de vida pode acarretar um aumento de falsos
positivos para hipotireoidismo congênito. Assim, a coleta para o exame deve ser realizada entre o 3º e
o 7º dia de vida da criança. Embora não seja o ideal, aceita-se que seja feita a coleta até o 30º dia de
vida do bebê. A equipe de saúde, perante resultados alterados, deve contatar o serviço de referência
estadual de triagem neonatal, ocasião em que nova coleta será provavelmente orientada, conforme cada
situação. Recomenda-se aos profissionais, principalmente aos que realizam a coleta, a leitura
complementar do Manual de Triagem Neonatal do MS, disponível no site do Ministério da Saúde.

Imunização da Criança

É importante verificar se o recém-nascido recebeu a 1a dose da vacina contra hepatite B e da BCG na


maternidade e se será necessário indicar a aplicação dessas vacinas na unidade de saúde.

Atenção às Doenças Prevalentes

Destaque para as diarreias; sífilis e rubéola congênitas; tétano neonatal; HIV/aids; doenças
respiratórias/alergias.
As doenças diarreicas e respiratórias persistem como graves problemas para a criança e quando
associadas à desnutrição colocam em risco a sua vida. As doenças respiratórias são o primeiro motivo
de consulta em ambulatórios e serviços de urgência, o que demanda capacitação das equipes de saúde
para uma atenção qualificada, com continuidade, da assistência até a resolução completa dos problemas,
evitando-se internação hospitalar desnecessária e finalmente a morte por esse motivo.
A pneumonia é uma das principais doenças da infância e a segunda causa de morte em menores de
1 ano. A asma e sua associação com a alergia e pneumonia merecem atenção especial, seja por se tratar
de uma das principais causas de internação e procura em serviços de urgência, seja pela interferência na
qualidade de vida da criança.
As parasitoses intestinais seguem com prevalência significativa na infância, interferindo no
desenvolvimento adequado da criança, o que demanda, conjuntamente com a doença diarreica, ações
intersetoriais integradas e promotoras de acesso à água tratada e esgotamento sanitário, além de
tratamento adequado.
A estratégia de Atenção às Doenças Prevalentes na Infância – AIDPI é uma importante ferramenta
para a identificação de sinais de risco e qualificação do manejo dos casos. As ações em DST/HIV/aids
voltadas para crianças têm procurado, primordialmente, diminuir o risco da transmissão do HIV e da sífilis
da mãe para o filho (transmissão vertical) por meio do oferecimento de exames sorológicos, tratamento e
profilaxia adequados durante a gestação (pré-natal), no parto e no puerpério. Toda gestante deve fazer o
pré-natal e ser orientada a realizar exames que possam prevenir doenças nos bebês, entre elas sífilis e
HIV/aids, sob o seu consentimento e direito ao sigilo do resultado.
A gestante soropositivo tem direito a medicamentos e, quando tratada adequadamente, tem maiores
chances de ter um bebê saudável. Se a gestante não realizou o pré-natal ou não se tem a informação
sobre sua condição sorológica, é importante que na hora do parto possa ser realizado o teste rápido para
o HIV, assim como testes confirmatórios para a sífilis, para que se intervenha efetivamente, visando a
redução da transmissão vertical dessas doenças, como também do desenvolvimento de sequelas tardias
da infecção congênita, sempre após aconselhamento e consentimento.
O recém-nascido de mãe soropositivo deve receber quimioprofilaxia imediatamente após o
nascimento e durante as seis primeiras semanas de vida (42 dias). O aleitamento materno é contra-
indicado e é garantido o suprimento da fórmula láctea infantil por seis meses. A mãe deverá receber
inibidores de lactação. (Portaria GM/MS n.º 2.104, de 19 de novembro de 2002).
Deve ser assegurado o acompanhamento da criança em serviço de saúde especializado para crianças
expostas ao HIV; o bebê deve ter alta da maternidade com consulta agendada nesse serviço, onde será
seguido o fluxograma para utilização de testes de acordo com orientação do Ministério da Saúde. É direito
de toda criança soropositivo ter acesso ao tratamento com antirretrovirais. O uso desses medicamentos
tem prolongado significativamente a sobrevida e diminuído o desenvolvimento clássico da aids. Todo ato
de discriminação deve ser veementemente repelido e denunciado.

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A transmissão vertical do HIV, a sífilis e a rubéola congênita e o tétano neonatal merecem destaque
como eventos-sentinela, ou seja, situações que refletem problemas no sistema de saúde, dado que
existem ações de prevenção e controle para essas doenças. Diante de uma ocorrência indesejável e
prevenível como esta, a informação sobre cada caso deve retornar à equipe de atenção básica de saúde,
retroalimentando as ações dos serviços, para se proceder a investigação e avaliação crítica sobre as
circunstâncias de sua ocorrência, de modo que as medidas pertinentes sejam tomadas, prevenindo-se
novos casos.

Atenção à Saúde Bucal

A saúde bucal da criança começa com o cuidado à saúde da mulher. Condições favoráveis antes e
durante a gravidez, inclusive com tratamentos preventivos e curativos (principalmente no 1.º e 3.º
trimestres da gravidez) evitam que o meio bucal da mãe esteja muito contaminado durante os primeiros
dias de vida do bebê.
O aleitamento materno promove a saúde dos dentes e o correto crescimento dos ossos da face,
prevenindo problemas ortodônticos e da fala. Como ponto de partida, deve-se tentar conhecer,
através de trabalhos em grupos, consultas, visitas e observação, qual a importância atribuída pela
gestante à sua saúde bucal e quais os seus hábitos de vida, principalmente alimentares e de higiene. É
importante a discussão construtiva sobre as funções e a importância da boca para a saúde das pessoas
e nas relações sociais, bem como sobre o desenvolvimento das estruturas bucais durante a gestação e
após o nascimento. O vínculo criado entre a equipe de saúde e a família possibilita que a criança não se
sinta ansiosa em suas primeiras consultas odontológicas e permite que hábitos sejam identificados e
modificados para melhorar a saúde bucal da criança e de toda a família.
Na gestação são importantes os cuidados com a alimentação, ingestão de medicamentos, consumo
de álcool, fumo e drogas e sua relação com o desenvolvimento dos dentes/boca da criança, inclusive
riscos de ingestão excessiva de medicamentos com flúor em locais onde já há o abastecimento com água
fluoretada.
Após o nascimento, é necessário destacar aspectos como a importância do aleitamento e dos hábitos
alimentares que serão adquiridos pela criança. A introdução de alimentos, após a fase de aleitamento
materno exclusivo, deve ser feita de maneira criteriosa. Deve-se recomendar às mães que não introduzam
o açúcar na dieta das crianças (mamadeiras, chás, sucos, etc.). A construção de hábitos alimentares
saudáveis desde os primeiros meses de vida é garantia de uma vida mais saudável em todos os aspectos,
com grande impacto na saúde bucal.
Os cuidados de higiene bucal (acesso à água fluoretada, uso de panos, gaze, escova e fio dental),
devem ser constantemente estimulados e construídos nas diversas ações das equipes de saúde, como
a única maneira de se controlar a microbiota bucal no dia-a-dia. A transmissibilidade da cárie ou outras
doenças da boca, medicamentos com manifestação sobre as estruturas dentárias (como p. ex., a
tetraciclina), a cronologia da erupção dos dentes e os fenômenos que geralmente os acompanham
(incômodos, febre, irritação) ou o uso excessivo de chupetas devem ser motivos de atenção permanente
por parte dos profissionais de saúde.
Alimentação e higiene são os pontos-chave para a promoção da saúde bucal, dessa maneira, seria
interessante que a equipe de saúde entrasse em contato com os estabelecimentos de ensino para que
higiene e alimentação se tornem motivo de preocupação também nos ambientes de educação infantil. Os
tratamentos preventivos e curativos, quando realizados em intervalos regulares de tempo, garantem uma
saúde bucal sem complicações.
Quando acontecer evento de dor ou alguma emergência (abscessos, fraturas, luxações, avulsões) a
equipe de saúde deve estar atenta e preparada para realizar os procedimentos adequados para o primeiro
atendimento e caso não haja a possibilidade de resolver o problema, encaminhar a criança a um serviço
de referência. A manutenção da saúde bucal pode e deve ser realizada com acompanhamento
constante e regular.

Atenção à Saúde Mental

Há inúmeros fatores que devem ser considerados quando se fala em saúde mental de crianças. Nesse
sentido, deve-se reconhecer que todos os cuidados que se tem com a mulher e mãe, antes mesmo do
nascimento do bebê, são importantes também para a saúde mental da futura criança. A forma como
assiste à família, sua relação com o neném, a maneira como essa família se dispõe a cuidar da criança,
seu percurso escolar desde os primeiros anos, enfim, como essa criança é recebida e “endereçada” ao
mundo, são fatores fundamentais para a saúde mental. Nesse contexto, todos os profissionais que atuam

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na rede de cuidados, que se relacionam com a família, com a criança e com a escola (desde a educação
infantil) têm responsabilidade em zelar também por sua saúde mental.
O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento se coloca como o eixo privilegiado do cuidado
com a criança, possibilitando a identificação de necessidades especiais que merecem abordagem
oportuna e deve ser realizado pela equipe de saúde, conforme protocolo do Ministério de Saúde.
As equipes de saúde mental devem ser habilitadas a intervir nos casos em que se caracteriza a
necessidade de uma abordagem mais específica.
Devem ser definidas a rede e o fluxo de assistência capazes de fazer o acolhimento de bebês para
avaliação e o tratamento psicoterapêutico de crianças. Os profissionais devem estar aptos a identificar e
referenciar as crianças que demandam intervenção, nos casos em que há sintomas indicativos de
autismo, psicose, ou neuroses mais severas. Nos demais casos, é indispensável que os profissionais da
saúde mental, em parceria com as equipes de saúde da família, possam verificar em que medida os
problemas apresentados pela criança podem ser resolvidos com sua inclusão em atividades de
socialização, em oficinas culturais e esportivas da própria comunidade.
Muitas das demandas atuais à saúde mental decorrem da impossibilidade da cidade oferecer espaços
de participação social, de exercício do protagonismo infanto-juvenil, bem como da falta de perspectivas e
de oportunidades para a produção dos talentos, aptidões e mesmo do efetivo exercício de cidadania de
crianças e jovens. E é por isso que se deve reconhecer a importância e o significado dos espaços de
construção coletiva e de efetivo exercício da intersetorialidade, fundamentais na luta para assegurar o
lugar da criança no seu território, na comunidade e na cidade.

Atenção à Criança Portadora de Deficiência

Segundo a UNICEF, pelo menos 10% das crianças nascem ou adquirem algum tipo de deficiência –
física, mental ou sensorial – com repercussão negativa no desenvolvimento neuropsicomotor. Por outro
lado, cerca de 70 a 80% das sequelas podem ser evitadas ou minimizadas através de condutas e
procedimentos simples de baixo custo e de possível operacionalização. A introdução de medidas
preventivas, adequadas em todos os níveis de atenção à saúde, deve ser compromisso prioritário dos
gestores estaduais e municipais com o acompanhamento do crescimento, estimulação global do
desenvolvimento, imunização e abordagem oportuna das alterações observadas.
A criança com necessidades especiais deve receber atenção integral e multiprofissional,
possibilitando a detecção dos problemas em tempo oportuno para o desenvolvimento de ações de
diagnóstico e intervenção precoce, de habilitação e reabilitação, promoção de saúde e prevenção de
impedimento físico, mental ou sensorial e de agravos secundários, minimizando as consequências da
deficiência. A abordagem da criança deve ter como referencial a promoção da sua inclusão e participação
social, para o quê é necessária a atuação integrada da equipe de saúde com a família, a comunidade e
os equipamentos sociais disponíveis.
Em toda visita domiciliar ou atendimento da criança a equipe de saúde deve estar atenta a alguns
sinais de alerta como atraso nas aquisições neuropsicomotoras, comportamentos estereotipados e
repetitivos, apatia frente a estímulos do ambiente, dificuldade em fixar visualmente o rosto da mãe e
objetos do ambiente, ausência de resposta aos estímulos sonoros, dentre outros. Na presença de
qualquer alteração do desenvolvimento neuropsicomotor e/ou algum dos sinais de alerta, a criança deve
ser encaminhada à Unidade Básica de Saúde para avaliação com pediatra e equipes de habilitação e
reabilitação, se necessário.
Recomenda-se que em todas as crianças menores de 1 ano com malformações congênitas e
alterações neurológicas seja descartada como causa etiológica o vírus da rubéola, devendo-se realizar
coleta de sangue, preferencialmente até o 6.º mês de vida, para diagnóstico laboratorial da infecção
congênita. Aqui, lembra-se novamente a importância da notificação e investigação adequada desses
casos para melhoria do conhecimento sobre esse importante problema de saúde pública, o que permite
desenvolver medidas de controle e prevenção apropriadas.
O cuidado integral à criança portadora de deficiência e a promoção da sua qualidade de vida pressupõe
reabilitar a criança na sua capacidade funcional e desempenho humano, proteger a sua saúde para que
possa desempenhar o seu papel em todas as esferas da sua vida social. Inclui o diagnóstico, tratamento,
procedimentos de reabilitação, medicamentos, assistência odontológica, ajudas técnicas e a nutrição
adequada; o fornecimento de órteses, próteses, bolsas pediátricas de colostomias, medicamentos, leites
especiais; obedecendo o fluxo local de assistência.
O monitoramento permanente de ocorrências de deficiências e incapacidades nas crianças assim
como a análise da prevalência e tendência constitui uma meta a ser alcançada pelos gestores da saúde,
objetivando o planejamento de serviços e a adoção de medidas preventivas.

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Ainda, a disponibilidade de recursos humanos capacitados para o desenvolvimento de ações de
prevenção e atenção integral à criança com deficiência deve ser providenciada para a efetiva
operacionalização desta política.

Diarreia e Desidratação/Terapia de Reidratação Oral (TRO)

Assim como no caso das doenças respiratórias, há alguns cuidados que devem ser tomados em
relação às doenças que afetam o sistema gastrintestinal, principalmente as diarreias, muito comuns
em crianças, sobretudo naquelas muito pequenas, que vivem em condições de pouca higiene e em
lugares sem saneamento básico.
Na região Nordeste, o risco de morte por diarreia em crianças menores de cinco anos é cerca de 4 a
5 vezes maior do que na região Sul, chegando a representar 30% do total de mortes no primeiro ano de
vida.
Essas diarreias muitas vezes não são valorizadas pelos adultos e podem levar a criança a importantes
atrasos no seu crescimento e desenvolvimento neurológico, ou mesmo à morte.
A maior parte das diarreias são autolimitantes, isto é, resolvem-se sozinhas, sem necessidade de
utilização de qualquer medicamento. O uso de medicamentos pode ser prejudicial à criança, muitas vezes
atrasando a cura. Durante a diarreia, é importante manter a alimentação da criança para que seu estado
geral não piore ainda mais, assim como é preciso avaliá-la a fim de estabelecer a necessidade ou não de
se iniciar a reidratação oral ou venosa.
Quando a diarreia é causada por um agente infeccioso ou por um parasita espoliante poderá ocorrer
uma desidratação. A desidratação acontece quando a perda de líquidos e eletrólitos está acima da
capacidade de reposição do indivíduo; nesses casos é preciso providenciar uma reposição adequada,
evitando que a criança necessite ser hospitalizada o que, além de traumático, a afasta de seu ambiente
familiar.
A desidratação, por ser um quadro grave e rápido, podendo levar a criança à morte em poucas horas,
deve ser atendida prioritariamente. Os responsáveis devem ser orientados a iniciar a terapia de
reidratação oral, em caso de diarreia, mesmo quando a criança ainda está em casa.
A criança desidratada apresentará: olhos encovados, fontanela (moleira) deprimida (em criança de
até cerca de 18 meses), saliva espessa ou ausente, língua seca, ausência de lágrimas e de brilho no
olhar, turgor diminuído, diurese diminuída e de cor escura. Esses sinais podem agravar-se se a criança
não for atendida rapidamente, podendo chegar ao óbito por choque hipovolêmico. São sinais de
agravamento da desidratação: anúria, letargia, pulso fino e rápido, taquipnéia e posteriormente
bradipnéia.
A terapia de reidratação oral (TRO), ou seja, a reposição de sais e glicose, elementos fundamentais
para a manutenção da vida, foi concebida para evitar que a criança necessitasse de reidratação venosa
e, portanto, de internação hospitalar, já que a maior parte das desidratações podem ser tratadas por via
oral, não necessitando, assim, de internação. Apenas as desidratações graves necessitam de reposição
venosa.
O protocolo de tratamento classifica-as em:
- desidratação - se a criança apresentar dois ou mais dos sinais que se seguem: pulso rápido e débil,
olhos fundos, irritados, ausência de lágrimas, boca e língua secas, bebendo líquidos oferecidos rápida e
avidamente, manifestações de intranquilidade e o sinal da prega desaparecendo lentamente;
- desidratação grave – se a criança se mostra comatosa ou hipotônica, com pulso muito débil ou
ausente, olhos muito fundos, ausência de lágrimas, boca e língua muito secas; bebendo mal o que lhe é
oferecido ou estando incapaz de beber, o sinal da prega desaparecendo muito lentamente.

Conforme a classificação utiliza-se um dos protocolos: o plano A, o plano B, o plano C:

Como avaliar o Estado de Hidratação


1- Observe
Condição Bom alerta Irritado – intranquilo Comatoso - Hipertônico
Olhos Normais Fundos Muitos fundos
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
Boca e língua Úmidas Secas Muitos secas
Bebe Sedento, bebe rápido e
Sede *Bebe mal ou não é capaz
normalmente avidamente.
2- Explore

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Sinal da Desaparece
Desaparece lentamente Muito lentamente
prega rapidamente
Pulso Cheio Rápido, débil *Muito débil ou ausente
Enchimento Normal (até 3
Prejudicado (de 3-5 seg.) * Muito prejudicado (mais de 5 seg.)
capilar seg.)
Se apresentar dois ou Se apresentar dois ou mais sinais
Não tem sinais de
3 – Decida mais sinais acima tem incluindo pelos menos um sinal
desidratação
desidratação *tem desidratação grave
4- Trate Use Plano A Use Plano B Use Plano C

- PLANO A - A Criança Com Diarreia Sem Sinais de Desidratação


A grande maioria das crianças com diarreia não tem desidratação.
Para prevenção da desidratação não é necessário utilizar um esquema terapêutico rígido.
Bastará, após o exame clínico da criança, orientar os familiares sobre a evolução natural da doença e
o risco de complicações e a conduta a ser utilizada no domicílio.
Recomendar o aumento da ingestão de líquidos preparado com ingredientes disponíveis nos
domicílios: soro caseiro, chás, cozimento de cereais (arroz, milho), sopas e sucos.
A mãe deverá ser orientada a oferecer depois de cada evacuação:
- Criança até 12 meses 50 a 100 ml (1/4 – meio copo);
- Crianças acima de 12 meses 100 a 200 ml (1/2 a 1 copo).
Manter a alimentação habitual, em especial o leite materno, aumentando a frequência das mamadas.
Não se deve modificar o tipo e quantidade dos alimentos, corrigindo-se os erros dietéticos e aumentando
a frequência com a qual são oferecidos para que, na falta de apetite, a ingestão fique próximo dos níveis
normais.
Ensinar a família a reconhecer os sinais de desidratação (olhos fundos, boca seca, pouca urina, muita
sede) e recomendar que, caso a diarreia piore ou apresente os sinais acima, se inicie a administração de
SRO e se procure o serviço de saúde.

- PLANO B – A criança Com Diarreia e Sinais de Desidratação


A reidratação oral com o SRO é o tratamento de escolha para os pacientes com desidratação devido
a diarreia e vômitos.
Os refrigerantes não devem ser utilizados como soluções de reidratação, pois, além de ineficazes
podem piorar a diarreia.
A quantidade da solução ingerida dependerá da sede da criança e deverá receber de 50 a 100 ml/kg,
no período de 4 a 6 horas.
Os lactentes amamentados no seio deverão continuar recebendo o leite materno, junto com a
SRO.
Os pacientes com outro tipo de alimentação deverão receber somente a solução reidratante, enquanto
mantém sinais de desidratação.
A solução deve ser oferecida com frequência, usando-se copo, colher ou conforme os hábitos da
criança.
Se o paciente vomitar, o volume administrado deverá ser reduzido e a frequência da administração
aumentada.

- Como Preparar o Soro Caseiro?


O soro caseiro, feito com açúcar, sal e água, é muito bom para crianças e adultos com diarreia.
É fácil de prepará-lo:
1. Lave bem as mãos.
2. Encha um copo grande (200 ml) com água limpa, fervida.
3. Coloque uma medida pequena e rasa de sal.
4. Coloque duas medidas grandes e rasas de açúcar.
5. Mexa bem e dê em colheradas.
Prove o soro antes de oferecer ao doente, para verificar que não esteja mais salgado que água de
coco ou lágrimas.

- Outro Tipo de Soro Caseiro


Podemos fazer outro Soro Caseiro usando farinha de arroz ou fubá ou farinha de mandioca
(macaxeira/aipim) ou farinha de trigo.

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Dissolvemos quatro colheres de sopa de uma dessas farinhas em água fria e colocamos em um litro
de água fervendo por 5 minutos, junto com três pitadas de sal.
Assim temos um ótimo Soro Caseiro, que podemos dar ao doente da mesma maneira como o Soro
Caseiro de açúcar, sal e água.

- Preparação da Solução de Sais de Reidratação Oral (SRO)


1. Dissolver um pacote de sal reidratante em um litro de água. Manter rigorosamente essa relação (1
pacote/1 litro).
2. Usar água limpa em temperatura ambiente.
3. A solução depois de preparada pode permanecer em temperatura ambiente até 24 horas. Após esse
período, deve ser descartada e preparada nova solução.
4. Os sais não podem ser diluídos em outro líquido que não seja água, nem acrescido de açúcar ou
outras substâncias visando melhorar o sabor.

- PLANO C – A Criança Com Diarreia e Desidratação Grave


O tratamento é feito a nível hospitalar, através de reidratação oral e/ou venosa, conforme o estado de
hidratação da criança.

- Acompanhamento
Os sinais clínicos de desidratação desaparecem paulatinamente durante o período de reidratação. Os
pacientes deverão ser reavaliados com frequência. Quando já ingerido o volume inicial prescrito e os
sinais clínicos de desidratação ainda estiverem presentes, prescreve-se um volume adicional
correspondente. São poucas as crianças que necessitam desta prescrição adicional.
A febre causada pela desidratação geralmente cede na medida em que a criança se reidrata. O uso
de antitérmicos nesta fase deve ser evitado.
As crianças com desidratação deverão permanecer na unidade de saúde até a reidratação completa.
A fase de reidratação termina quando desaparecem os sinais de desidratação. Se isto acontecer, antes
mesmo da ingestão de todo o volume inicial prescrito, deve-se interromper esta fase, alimentar a criança
e administrar o SRO após cada evacuação.

- Manutenção do Estado de Hidratação


Terminada a reidratação, a criança deverá receber alta. Os familiares deverão ser informados que a
diarreia poderá durar ainda alguns dias;
Fornecer dois envelopes de SRO, cuja preparação deve ser ensinada e demonstrada;
Após cada evacuação líquida, oferecer SRO nos seguintes volumes;
- Crianças até 12 meses 50 a 100 ml (1/4 a ½ copo);
- Crianças acima de 12 meses 100 a 200 ml (1/2 a 1 copo);
- 10 anos ou mais a quantidade que desejar.

O aleitamento materno deve ser mantido e estimulado. Enfatizar que o leite materno é o melhor
alimento e ajuda a prevenir a diarreia e outras infeções. Para crianças que recebem outros alimentos,
orientar a mãe para manter a alimentação normal. Deve-se recomendar o uso de colheres e outros
utensílios mais fáceis de serem mantidos limpos do que mamadeiras.
A dieta deve ser a habitual da criança, corrigidos os erros dietéticos.
- A criança deve comer o quanto e quando quiser;
- Enfatizar a importância de acrescentar uma refeição diária até a recuperação nutricional;
- A criança deve retornar ao serviço de saúde, para reavaliação após 24 a 48 horas;
- Orientar sobre os sinais de piora: sede intensa, vômitos frequentes, piora da diarreia, irritabilidade ou
prostração. Indicar quem caso isso ocorra, deve-se administrar SRO e voltar imediatamente ao Serviço
de Saúde.
Na análise das diarreias e desidratações, existe um fator que não pode deixar de ser considerado: a
alimentação inadequada em função da falta de informação dos responsáveis e não propriamente por
insuficiência de recursos. Quando a criança não recebe alimentos na quantidade e qualidade necessárias,
cresce com uma série de deficiências que podem levá-la a não ter vontade de brincar com outras crianças,
a ter dificuldade de concentração e de aprendizado, resultando, ainda, em episódios frequentes de
internação hospitalar.
Um acometimento bastante prejudicial ao desenvolvimento infantil são as verminoses, cujos parasitas
são transmitidos devido à contaminação da água, dos alimentos e do próprio solo. Ao agredirem a mucosa
intestinal poderão causar diarreias. Considerando que a maior parte de nossa população vive em

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condições insatisfatórias de higiene e saneamento básico, é preciso promover a melhoria dessas
condições a fim de preservar a população dos “hóspedes indesejáveis”.

Principais Doenças Pediátricas34

Na maioria das vezes, os casos estão ligados às doenças respiratórias causadas por vírus. No entanto,
vários outros problemas típicos da infância lotam os consultórios e ambulatórios pediátricos.

Amigdalite
É a infecção das amígdalas causada por bactérias ou vírus. Formadas por tecido esponjoso, estas
estruturas estão localizadas nos dois lados da garganta. Seu papel é produzir anticorpos para impedir
que infecções da garganta, boca e seios da face se espalhem para o corpo.
Sintomas: Dor, febre, inchaço ao lado do pescoço e da mandíbula, dificuldade para engolir, calafrios,
dor de cabeça e muscular, mau hálito.
Tratamento: O problema causado por bactérias é tratado com antibióticos. Se for vírus, os remédios
indicados irão apenas controlar os sintomas.
Prevenção: Evitar aglomerações e contato com pessoas doentes.

Otite
Infecção do ouvido provocada por bactérias ou vírus, geralmente precedida pela gripe. É mais
comum entre os 6 e 11 meses.
Sintomas: Febre, irritabilidade, choro intenso e contínuo, secreção nasal e falta de apetite. Pode haver
diarreia e vômitos.
Tratamento: O médico prescreve analgésicos e antitérmicos. Em alguns casos, antibióticos e até
lavagem interna do ouvido também.
Prevenção: Manter a amamentação exclusiva até os seis meses, pois os casos aumentam em
crianças desmamadas precocemente. Evite também alimentar a criança deitada. Em vez de descer pelo
esôfago, o leite pode ficar parado na garganta e chegar ao ouvido médio. Como a anatomia do ouvido do
bebê ainda é imatura, isso pode levar a crises repetidas.

Laringite
É a inflamação da laringe, onde ficam as cordas vocais. Mas também sinalizar bronquite,
pneumonia e outras infecções respiratórias. Se não for tratada corretamente, pode evoluir para infecções
sérias ou causar problemas de voz.
Sintomas: Normalmente não causa dor intensa, mas a criança pode ter dificuldade para engolir
alimentos, febre, tosse seca e rouquidão, sendo que a voz muitas vezes some completamente.
Tratamento: Geralmente, são prescritos alguns tipos de corticoides.
Prevenção: Não compartilhar copos e talheres, evitar bebidas muito geladas, não tomar banhos frios,
não gritar e usar umidificadores de ar em épocas muito secas.

Catapora ou Varicela
A catapora (ou varicela) é uma doença muito contagiosa causada por um vírus chamado
Varicela Zoster. Essa doença é uma das mais comuns na infância, principalmente porque só se
pega catapora uma vez.
A principal característica desta doença é deixar o corpo coberto de pintinhas vermelhas, essas
pintinhas começam no tronco da criança, espalhando-se rapidamente para o rosto, braços e pernas
podendo se espalhar para dentro da boca, do nariz, das orelhas e de outros orifícios do corpo da criança.
Depois de um tempo as pintinhas vermelhas se transformam em pequenas bolhas de água que,
quando começam a cicatrizar de 4 a 5 dias, formam ‘casquinhas’ e caem. Quando estas pequenas feridas
são coçadas infeccionam e deixam na pele cicatrizes permanentes, isto é, não somem jamais. Além disso,
a criança tem febre alta, bastante coceira na pele, cansaço, cefaleia e perda de apetite.
Uma criança pode pegar catapora se estiver no mesmo local que outra criança infectada. Isso é porque
o vírus está presente na saliva. Quando a criança infectada tosse e espirra joga no ar minúsculas bolhas
de saliva da nossa boca. Quando uma criança saudável inspira, o ar vem contaminado para dentro do
corpo e, então, se contrai a doença. Pode-se contrair a doença através do contato direto com a criança
infectada, geralmente através da secreção das bolhas. Uma criança com catapora pode espalhar a

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Fonte: http://www.fiocruz.br

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doença para outras 1 a 2 dias antes do surgimento da erupção, ou até que todas as bolhas tenham
secado, possivelmente depois de 10 dias.
Não existe um remédio específico para tratar a catapora. O que se deve fazer é repousar, ingerir
bastante líquido e principalmente, evitar coçar as feridas para não infeccionar.
A recuperação dura de 7 a 10 dias. A catapora pode ser prevenida com a vacina ‘Varicela’.

Caxumba
A caxumba também chamada de papeira ou parotidite é uma infecção viral (Vírus da família
Paramyxoviridae, gênero paramyxovirus) das glândulas salivares (geralmente a parótida),
sublinguais ou submandibulares, todas próximas aos ouvidos.
Os sintomas costumam surgir de 12 a 25 dias após o contágio. As glândulas ficam inchadas, podendo-
se perceber pelo pescoço logo abaixo da orelha, e doloridas. Também causa dor de cabeça, dores
musculares, fraqueza, febre, calafrios e dor ao mastigar ou engolir. Nos casos masculinos pode ocorrer
orquite, isto é inflamação do testículo e em casos femininos, a ooforite, isto é, inflamação dos ovários. Em
alguns casos podem ocorrer meningite, as sequelas podem ser diminuição da capacidade auditiva e4
esterilidade.
A caxumba é transmitida através do contato direto com secreções (saliva ou espirro) da pessoa
infectada.
O indivíduo infectado não deve exercer atividades escolares e nem trabalhar pelo período de 09 dias
após o início da doença. Ocorre usualmente sob a forma de surtos, que acometem mais as crianças
sendo mais severa nos adultos, é uma doença que ocorre mais no período do inverno e primavera.
A caxumba não tem tratamento, o próprio organismo se encarrega de resolver a infecção. O
tratamento é para aliviar os sintomas com o uso de analgésicos e repouso.
A prevenção para não pegar caxumba é a vacina ‘tríplice viral’, que deve ser administrada aos
15 meses de idade.

Coqueluche
A coqueluche é uma doença infectocontagiosa que ataca o aparelho respiratório. É uma doença
bacteriana causada pela bactéria Bordetella pertussis.
A doença inicia-se com leves sintomas que surgem de 07 a 14 dias após o contágio. Estes sintomas
podem confundir-se com uma gripe são: febre baixa, coriza, mal estar e uma tosse seca. Com o passar
do tempo a tosse vai ficando mais intensa e repetitiva seguida de período de calma. Quando a tosse está
muito intensa o doente chega a sentir falta de ar, ficando com o rosto vermelho e até mesmo azulado. A
tosse é seguida por um som de guincho específico e vômitos. Isto dura cerca de duas semanas até ir
diminuindo gradativamente.
A doença é transmitida por contato direto com secreção de indivíduo doente como gotas de
saliva lançadas ao ar ou por objetos contaminados.
É uma doença que tem risco para criança abaixo de 06 meses de vida pois podem apresentar
complicações tais como: convulsões, alterações neurológicas, desidratação e etc.
A doença dura aproximadamente 30 dias.
A prevenção contra a coqueluche é através da vacina Tríplice que deverá ser administrada em
crianças de dois meses até quatro anos e onze meses.

Meningite
A meningite é uma inflamação das membranas que recobrem e protegem o sistema nervoso
central localizado no cérebro que recebem o nome de ‘meninges’.
A meningite é uma doença que tanto pode ser causada tanto por vírus quanto por bactéria, sendo esta
a mais comum. A meningite meningocócica é causada pela bactéria Neisseria meningitidis ou Neisseria
intracelullaris. O meningococo é uma bactéria do tipo diplococo que só causa a doença no ser humano e
felizmente não sobrevive muito na atmosfera.
O período de incubação da meningite é de 2 a 10 dias e evolui em 3 etapas tais como: nasofaríngea,
septicêmica e meningítica. A criança com meningite tem febre, rigidez na nuca, fortes dores de cabeça,
vômito, mal estar, calafrios, dores musculares, confusão mental e etc. Estes sintomas variam de acordo
com a fase da doença.
A transmissão é feita pelo contato direto com a criança infectada através das secreções
expelidas no ar ou de pequenas gotas de saliva lançadas no ato de falar, tossir ou espirrar.
A meningite dura cerca de vinte dias e pode deixar sequelas.

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A forma de prevenção da meningite é através da vacina ‘anti HIB’ e evitar estar com crianças
pequenas em lugares que tenham aglomerações de pessoas e ambientes abafados, evitar fazer
visitas a hospitais.

Rubéola
A rubéola, sarampo alemão ou sarampo de três dias é uma doença causada por vírus (gênero
Rubivirus da família Togaviridae).
É transmitida através do contato direto através de minúsculas gotas de saliva liberadas no ar
ao tossir, espirrar ou falar, ou através da mãe para o feto através da circulação comum. Apresenta
este nome pelo aspecto avermelhado ou rubro do paciente. É uma das poucas infecções virais que podem
causar anormalidade fetais, no caso da gestante ter contato com a doença. O paciente deve ficar isolado
durante uns 10 dias após o aparecimento da erupção, visto que é uma doença contagiosa.
O período de incubação é de 14 a 21 dias e logo após começam os sintomas tais como: febre alta,
cefaleia, mal-estar, dor de garganta, aumento das glândulas perto do pescoço e ouvidos e pintinhas
vermelhas na pele. A rubéola dura cerca de uma semana.
Existe a chamada rubéola congênita, ou seja, transmitida da mãe para o feto pela circulação
sanguínea, é a forma mais grave da doença porque pode provocar malformações congênitas como surdez
e problemas visuais na criança. Também pode levar a parto de natimortos.
Para a rubéola não tem tratamento. O médico pode apenas aliviar alguns sintomas como a febre e
a cefaleia com medicamentos específicos. E, também é aconselhado que o paciente faça repouso.
A rubéola é prevenida com a vacina Tríplice viral sendo eficiente em quase 100% dos casos e
deve ser administrada em crianças aos 15 meses de vida. Mulheres que não tiveram a doença devem
ser vacinadas antes de engravidar.

Sarampo
O sarampo é uma Infecção viral (gênero Morbilivírus, família Paramyxoviridae) facilmente
transmitida de pessoa para pessoa, e, também é extremamente contagioso sendo muito comum
na infância.
É uma doença parecida com a catapora, pois também faz surgir bolinhas vermelhas pelo corpo e
coceira. No início a criança tem febre, tosse, olhos inchados e irritados em lugares muito iluminados,
podendo surgir pequenas ínguas no pescoço. Com o passar das 24 horas os sintomas vão piorando com
o desânimo e surgem diversas pintinhas vermelhas pela pele da cabeça para os pés. Estas pintinhas
ficam por um período de cinco a seis dias onde a criança passa para a fase de convalescença onde as
manchas tornam-se escuras e começam a descamar. Esta doença deve ser tratada com muito cuidado
e com acompanhamento médico, pois podem surgir complicações tais como: pneumonias, encefalites,
otites, diarreias e etc.
A principal medida de prevenção do sarampo é a Vacinação. Deve ser aplicada uma dose da
vacina anti-sarampo a partir dos nove meses, dose adicional a partir dos 12 meses, juntamente
com o reforço da tríplice bacteriana (DTP) e da Sabin ou com a tríplice viral (sarampo, rubéola,
caxumba – MMR).
O único tratamento para esta doença é repouso absoluto, e medicação prescrita pelo médico
para alívio dos sintomas. O sarampo pode facilitar infecções bacterianas deverão ser tratadas com
antibióticos adequados para o tipo da infecção ocorrida.
O sarampo é uma doença que dura até duas semanas.

Questões

01. Visando incrementar a capacidade resolutiva na atenção à saúde da criança, o Ministério da Saúde
(MS) priorizou cinco ações básicas de saúde, concernentes
(A) a atenção à saúde da mulher, promoção da saúde da criança, programa de saúde da família,
programa Leve Leite e o Bolsa Família.
(B) a assistência integral no período perinatal, incentivo ao parto natural, redução dos partos cesárea,
participação do pai em sala de parto, humanização da assistência.
(C) ao acompanhamento da gestação, cuidados imediatos no trabalho de parto, assistência integral
ao RN, incentivo ao aleitamento materno, humanização da assistência.
(D) a promoção do aleitamento materno, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento,
imunizações, prevenção e controle de doenças diarreicas e das doenças respiratórias.
(E) a assistência integral no período perinatal, programa de saúde da família, programa Leve Leite,
programa Criança na Escola e Bolsa Família.

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02. Recomenda-se a suspensão definitiva do aleitamento materno caso
(A) a mãe seja portadora do bacilo da hanseníase.
(B) a criança seja portadora do vírus da dengue.
(C) a criança seja portadora de galactosemia.
(D) a mãe seja tabagista.
(E) a criança seja portadora do vírus da hepatite B

03. De acordo com o atual calendário de vacinação do Ministério da Saúde, é correto afirmar que a
criança, ao nascer, deve receber a vacina contra a
(A) hepatite B.
(B) febre amarela.
(C) varicela.
(D) rubéola.
(E) poliomielite.

04. Durante as consultas realizadas na unidade básica de saúde é recomendado o registro dos dados
antropométricos (peso, altura e perímetro cefálico) no prontuário da criança, de forma intercalada, para a
avaliação do crescimento e desenvolvimento da criança.
( ) Certo ( ) Errado

05. Os reflexos do recém-nascido devem ser avaliados, pois podem trazer informações importantes
sobre seu estado de saúde. Em relação ao reflexo do “moro”, assinale a afirmativa correta.
(A) É obtido fazendo-se estímulo contínuo da planta do pé a partir do calcâneo no sentido dos artelhos.
Os dedos adquirem postura em extensão.
(B) A assimetria ou ausência desse reflexo pode indicar lesões nervosas, musculares ou ósseas, que
devem ser avaliadas.
(C) É avaliado colocando-se a criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada para o colchão.
(D) Manifesta-se quando é tocada a bochecha perto da boca, fazendo com que a criança desloque a
face e a boca para o lado do estímulo.
(E) Obtém-se com leve pressão do dedo do examinador na palma das mãos da criança e abaixo dos
dedos do pé.

06. De acordo com o Calendário Nacional de Vacinação do Ministério da Saúde a 1ª e a 2ª doses da


vacina contra o rotavírus humano devem ser aplicadas na criança, respectivamente,
(A) entre 3 e 6 meses.
(B) entre 2 e 4 meses
(C) entre 4 e 6 meses.
(D) entre 6 e 12 meses.
(E) entre 5 e 9 meses.

Gabarito

01.D / 02.C / 03.A / 04.Errado / 05.B / 06.B

Comentários

01. Resposta: D
Uma das estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde, a partir de 1984, visando a incrementar a
capacidade resolutiva dos serviços de saúde na atenção à criança, foi a de priorizar cinco ações básicas
de saúde que possuem comprovada eficácia (promoção do aleitamento materno, acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento, imunizações, prevenção e controle das doenças diarreicas e das
infecções respiratórias agudas).

02. Resposta: C
A galactosemia é um erro inato do metabolismo (de característica autossômica recessiva),
caracterizado por uma inabilidade em converter galactose em glicose da maneira normal. O resultado
imediato é o acúmulo de metabólitos da galactose no organismo, que passa a ter níveis circulantes
elevados e tóxicos, principalmente para o fígado, cérebro e olhos.

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03. Resposta: A
Vacina Hepatite B (recombinante):
Protege contra a Hepatite B. Primeira dose logo nas primeiras 12 horas do nascimento

04. Resposta: Errado


Dever ser feita em todas as consultas e não intercaladas.

05. Resposta: B
a) Reflexo cutâneo-plantar;
b) Reflexo de Moro;
c) Reflexo de fuga à asfixia;
d) Reflexo de voracidade;
e) Reflexo de preensão

06. Resposta: B
2 meses - VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) 1ª dose Diarréia por Rotavírus
4 meses - VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) 2ª dose Diarréia por Rotavírus

Aleitamento Materno

Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre
mãe e filho, com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de
infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter implicações na
saúde física e psíquica da mãe.
Apesar de todas as evidências científicas provando a superioridade da amamentação sobre outras
formas de alimentar a criança pequena - e apesar dos esforços de diversos organismos nacionais e
internacionais - as taxas de aleitamento materno no Brasil, em especial as de amamentação exclusiva,
estão bastante aquém do recomendado, e o profissional de saúde tem um papel fundamental na reversão
desse quadro. Mas, para isso, ele precisa estar preparado, pois, por mais competente que seja quanto
aos aspectos técnicos relacionados à lactação, o seu trabalho de promoção e apoio ao aleitamento
materno não será bem-sucedido se ele não tiver um olhar atento, abrangente, sempre levando em
consideração os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros.
Esse olhar, necessariamente, deve reconhecer a mulher como protagonista do seu processo de
amamentar, valorizando-a, escutando-a e empoderando-a.
Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o processo do aleitamento materno
no contexto sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como
da família destes. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a
importância de adotar uma prática saudável de aleitamento materno. O profissional precisa estar
preparado para prestar uma assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber
e a história de vida de cada mulher e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças.
(CASTRO; ARAÚJO)
Apesar de a maioria dos profissionais de saúde considerar-se favorável ao aleitamento materno,
muitas mulheres se mostram insatisfeitas com o tipo de apoio recebido. Isso pode ser devido às
discrepâncias entre percepções do que é apoio na amamentação.
As mães que estão amamentando querem suporte ativo (inclusive o emocional), bem como
informações precisas para se sentirem confiantes, mas o suporte oferecido pelos profissionais costuma
ser mais passivo, reativo. Se o profissional de saúde realmente quer apoiar o aleitamento materno, precisa
entender que tipo de apoio, informação e interação as mães desejam, precisam ou esperam dele.

Políticas Públicas de Incentivo ao Aleitamento Materno

O aleitamento materno é a mais sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para
a criança e constitui a mais sensível, econômica e eficaz intervenção para redução da morbimortalidade
infantil.
Permite, ainda, um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e regozijo
de toda a sociedade. Se a manutenção do aleitamento materno é vital, a introdução de alimentos seguros,
acessíveis e culturalmente aceitos na dieta da criança, em época oportuna e de forma adequada, é de
notória importância para o desenvolvimento sustentável e equitativo de uma nação, para a promoção da

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alimentação saudável em consonância com os direitos humanos fundamentais e para a prevenção de
distúrbios nutricionais de grande impacto em Saúde Pública.
Porém, a implementação das ações de proteção e promoção do aleitamento materno e da adequada
alimentação complementar dependem de esforços coletivos intersetoriais e constituem enorme desafio
para o sistema de saúde, numa perspectiva de abordagem integral e humanizada.
Na Atenção Primária à Saúde (APS) continua uma forte preocupação com a primeira semana de vida
da criança. Na APS espera-se garantir uma visita domiciliar do agente de saúde ao binômio mãe e RN no
contexto da família, para orientação de todos sobre o cuidado de ambos, bem como para ofertar as ações
programadas para a primeira semana de saúde na APS, se possível oportunizando tudo para uma mesma
data: consultas para ambos (mãe e RN), estimulando a presença do pai sempre que possível, apoio ao
aleitamento materno, imunizações, coleta de sangue para o teste do pezinho, etc.
Depois, até a criança completar 2 anos, o objetivo é um acompanhamento – realizado pela equipe de
saúde (inclusive com busca de faltosos) - cuidadoso de seu crescimento e desenvolvimento, com um
olhar biopsicossocial não só para a criança, mas também para as condições do contexto de saúde e de
vida de sua mãe e família, inclusive com as articulações intersetoriais, no território, necessárias para o
projeto terapêutico de cada criança/família.
A prioridade da atenção à criança até 2 anos, prevista na Rede Cegonha, veio se somar ao recente
lançamento – realizado pelo governo federal - do “Brasil Carinhoso”, um conjunto de ações
interministeriais envolvendo saúde, educação, assistência social pela Primeira Infância Brasileira.
A proposta é a proteção e o fomento ao desenvolvimento integral da criança neste período crítico e
sensível da primeira infância.

Os Principais Objetivos da Primeira Visita Domiciliar ao Recém-Nascido e à Sua Família São os


Seguintes:
- Observar as relações familiares;
- Facilitar o acesso ao serviço de saúde;
- Possibilitar ou fortalecer o vínculo das famílias com as equipes de saúde;
- Escutar e oferecer suporte emocional nessa etapa de crise vital da família (nascimento de um filho);
- Estimular o desenvolvimento da parentalidade;
- Orientar a família sobre os cuidados com o bebê;
- Identificar sinais de depressão puerperal;
- Promover o aleitamento materno exclusivo até o 6.º mês de vida;
- Prevenir lesões não intencionais;
- Identificar sinais de perigo à saúde da criança.

A primeira Consulta do Recém-Nascido Deverá Ocorrer na Sua Primeira Semana de Vida


(BRASIL; SOCIEDADE), que constitui um momento propício para estimular e auxiliar a família nas
dificuldades do aleitamento materno exclusivo, para orientar e realizar imunizações, verificar a
realização da triagem neonatal (teste do pezinho) e estabelecer ou reforçar a rede de apoio à
família. A primeira semana de saúde integral, preconizada pela publicação “Agenda de Compromissos
para a Saúde Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil”, editada pelo Ministério da Saúde
(BRASIL), lembra, ainda, da importância da verificação da Caderneta de Saúde da Criança, da
identificação de riscos e vulnerabilidades ao nascer e da avaliação da saúde da puérpera.

Avalie a Presença de Situações de Risco e Vulnerabilidade à Saúde do Recém-Nascido

Situações de Vulnerabilidade:
- Criança residente em área de risco;
- Baixo peso ao nascer (inferior a 2.500g);
- Prematuridade (menos de 37 semanas gestacionais);
- Asfixia grave ou Apgar menor do que 7 no 5.º minuto;
- Internações/intercorrências;
- Mãe com menos de 18 anos de idade;
- Mãe com baixa escolaridade (menos de oito anos de estudo);
- História familiar de morte de criança com menos de 5 anos de idade.

Outras Situações Reconhecidas de Vulnerabilidade: aleitamento materno ausente ou não


exclusivo, gestação gemelar, malformação congênita, mais do que três filhos morando juntos, ausência
de pré-natal, problemas familiares e socioeconômicos que interfiram na saúde da criança, problemas

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específicos da criança que interfiram na sua saúde, não realização de vacinas, identificação de atraso no
desenvolvimento (PORTO ALEGRE, 2004) e suspeita ou evidência de violência.

Entre as Situações Familiares Consideradas de Vulnerabilidade, Encontram-se as Seguintes:


- gravidez de alto risco ou eventos traumáticos para a mãe durante a gestação;
- presença de rupturas e conflitos do casal quando da descoberta da gravidez, separações e lutos na
família;
- mãe em situação de sofrimento agudo ou diagnóstico de doença mental, parto difícil ou traumático;
- pais com dificuldades de assumir a parentalidade (tornar-se pai e tornar-se mãe) e famílias com
problemas múltiplos (drogadição, alcoolismo, pobreza, condições crônicas) (PORTO ALEGRE; CORRÊA
FILHO; CORRÊA; FRANÇA).

A criança que é alimentada somente com leite materno até os 6 meses de vida apresenta menor
morbidade. Por isso, maiores são os efeitos benéficos à sua saúde (DEMOTT et al.). Estimule a
amamentação, orientando a livre demanda (frequência e duração), e não prescreva suplementação
desnecessária com outros leites (ibidem). Estas são algumas das orientações que serão mais bem
abordadas em capítulo específico sobre a alimentação saudável.
Em relação ao uso de chupetas (“bicos”), atualmente, a introdução desse hábito tem sido
desaconselhada devido à possibilidade de interferir, negativamente, na duração do aleitamento materno,
entre outros motivos.
Embora não haja dúvidas de que o desmame precoce ocorra com mais frequência entre as crianças
que usam chupeta, ainda não são totalmente conhecidos os mecanismos envolvidos nessa associação
(BRASIL).

Tipos de Aleitamento Materno

É muito importante conhecer e utilizar as definições de aleitamento materno adotadas pela


Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecidas no mundo inteiro (WORLD HEALTH
ORGANIZATION). Assim, o aleitamento materno costuma ser classificado em:
- Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama
ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
- Aleitamento materno predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou
bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais;
- Aleitamento materno – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado),
independentemente de receber ou não outros alimentos.
- Aleitamento materno complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer
alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria
a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento
complementar.
- Aleitamento materno misto ou parcial – quando a criança recebe leite materno e outros tipos de
leite.

Duração da Amamentação

Vários estudos sugerem que a duração da amamentação na espécie humana seja, em média, de dois
a três anos, idade em que costuma ocorrer o desmame naturalmente (KENNEDY).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento
materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais.
Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses, podendo,
inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está
associada a:
- Maior número de episódios de diarreia;
- Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
- Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno,
como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos;
- Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;
- Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;
- Menor duração do aleitamento materno.

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No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que
dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina
C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno
continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes
concluiu que, quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida, elas tinham uma
chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas com crianças
amamentadas. (WORLD HEALTH ORGANIZATION)

Importância do Aleitamento Materno

Já está devidamente comprovada, por estudos científicos, a superioridade do leite materno sobre os
leites de outras espécies. São vários os argumentos em favor do aleitamento materno.

Evita Mortes Infantis

Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem
menos mortes entre as crianças amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13%
das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis (JONES et al.).
Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes
de crianças menores de 5 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Unicef, em torno
de seis milhões de vidas de crianças estão sendo salvas a cada ano por causa do aumento das taxas de
amamentação exclusiva.
No Brasil, em 14 municípios da Grande São Paulo, a estimativa média de impacto da amamentação
sobre o Coeficiente de Mortalidade Infantil foi de 9,3%, com variações entre os municípios de 3,6% a
13%. (ESCUDER; VENÂNCIO; PEREIRA)
A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, a
mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não
amamentadas, diminuindo à medida que a criança cresce, porém ainda é o dobro no segundo ano de
vida (WORLD HEALTH ORGANIZATION).
É importante ressaltar que, enquanto a proteção contra mortes por diarreia diminui com a idade, a
proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros dois anos de vida.
Em Pelotas (RS), as crianças menores de 2 meses que não recebiam leite materno tiveram uma chance
quase 25 vezes maior de morrer por diarreia e 3,3 vezes maior de morrer por doença respiratória, quando
comparadas com as crianças em aleitamento materno que não recebiam outro tipo de leite. Esses riscos
foram menores, mas ainda significativos (3,5 e 2 vezes, respectivamente) para as crianças entre 2 e 12
meses. (VICTORIA et al.)
A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível socioeconômico.
Enquanto para os bebês de mães com maior escolaridade o risco de morrerem no primeiro ano de vida
era 3,5 vezes maior em crianças não amamentadas, quando comparadas com as amamentadas, para as
crianças de mães com menor escolaridade, esse risco era 7,6 vezes maior (WORLD HEALTH
ORGANIZATION). Mas mesmo nos países mais desenvolvidos o aleitamento materno previne mortes
infantis. Nos Estados Unidos, por exemplo, calcula-se que o aleitamento materno poderia evitar, a cada
ano, 720 mortes de crianças menores de um ano. (CHEN; ROGAN)
Um estudo demonstrou que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção
contra mortes neonatais. (EDMOND et al.)

Evita Diarreia

Há fortes evidências de que o leite materno protege contra a diarreia, principalmente em crianças mais
pobres. É importante destacar que essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de
ser exclusivo. Oferecer à criança amamentada água ou chás, prática considerada inofensiva até pouco
tempo atrás, pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros seis meses. (BROWN et al.; POPKIN et al.)
Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença.
Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia
quando comparadas com as amamentadas. (VICTORIA et al.)

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Evita Infecção Respiratória

A proteção do leite materno contra infecções respiratórias foi demonstrada em vários estudos
realizados em diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil. Assim como ocorre com a diarreia, a
proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses. Além disso, a
amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória. Em Pelotas (RS), a chance de
uma criança não amamentada internar por pneumonia nos primeiros três meses foi 61 vezes maior do
que em crianças amamentadas exclusivamente (CESAR et al.). Já o risco de hospitalização por
bronquiolite foi sete vezes maior em crianças amamentadas por menos de um mês. (ALBERNAZ;
MENEZES; CESAR)
O aleitamento materno também previne otites. (TEELE; KLEIN; ROSNER)

Diminui o Risco de Alergias

Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia
à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos
recorrentes (VAN ODIJK et al.). Assim, retardar a introdução de outros alimentos na dieta da criança pode
prevenir o aparecimento de alergias, principalmente naquelas com histórico familiar positivo para essas
doenças.
A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de
alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas lácteas nas
maternidades.

Diminui o Risco de Hipertensão, Colesterol Alto e Diabetes

Há evidências sugerindo que o aleitamento materno apresenta benefícios em longo prazo. A OMS
publicou importante revisão sobre evidências desse efeito (HORTA et al., 2007). Essa revisão concluiu
que os indivíduos amamentados apresentaram pressões sistólica e diastólica mais baixas (-1,2mmHg e -
0,5mmHg, respectivamente), níveis menores de colesterol total (-0,18mmol/L) e risco 37% menor de
apresentar diabetes tipo 2.
Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher
que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de
lactação (STUEBE et al.). Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres
que amamentam.
A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um importante
determinante do Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50%.
Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não
recebessem leite de vaca. (GERSTEIN)

Reduz a Chance de Obesidade

A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo
de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que
haviam sido amamentadas. Na revisão da OMS sobre evidências do efeito do aleitamento materno em
longo prazo, os indivíduos amamentados tiveram uma chance 22% menor de vir a apresentar
sobrepeso/obesidade (DEWEY). É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração
do aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, menor será
a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/obesidade.
Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor
desenvolvimento da autorregulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição
única do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o
número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. Foi
constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças amamentadas,
podendo esse fato estar associado com a “programação metabólica” e o desenvolvimento de obesidade.
(HAISMA et al., 2005)

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Melhor Nutrição

Por ser da mesma espécie, o leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento
e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com
leites de outras espécies. O leite materno é capaz de suprir, sozinho, as necessidades nutricionais da
criança nos primeiros seis meses e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no segundo ano
de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas.

Efeito Positivo na Inteligência

Há evidências de que o aleitamento materno contribui para o desenvolvimento cognitivo. A maioria dos
estudos conclui que as crianças amamentadas apresentam vantagem nesse aspecto, quando
comparadas com as não amamentadas, principalmente as com baixo peso de nascimento. Essa
vantagem foi observada em diferentes idades, (ANDERSON; JOHNSTONE; REMLEY) inclusive em
adultos (HORTENSEN et al.).
Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento materno e melhor
desenvolvimento cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. Alguns defendem a presença de
substâncias no leite materno que otimizam o desenvolvimento cerebral; outros acreditam que fatores
comportamentais ligados ao ato de amamentar e à escolha do modo como alimentar a criança são os
responsáveis.

Melhor Desenvolvimento da Cavidade Bucal

O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento
adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é
fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária.
Quando o palato é empurrado para cima - o que ocorre com o uso de chupetas e mamadeiras - o
assoalho da cavidade nasal se eleva, com diminuição do tamanho do espaço reservado para a passagem
do ar, prejudicando a respiração nasal. Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do
desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição,
respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração
motora-oral.

Proteção Contra Câncer de Mama

Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência de câncer
de mama. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração de
amamentação (COLLABORATIVE GROUP ON HORMONAL FACTORS IN BREAST CANCER, 2002).
Essa proteção independe de idade, etnia, paridade e presença ou não de menopausa.

Evita Nova Gravidez

A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98%
de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha
menstruado (GRAY et al., 1990). Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o
parto está relacionada com o número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes do sexto mês
após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as demais.

Menores Custos Financeiros

Não amamentar pode significar sacrifícios para uma família com pouca renda. Em 2004, o gasto médio
mensal com a compra de leite para alimentar um bebê nos primeiros seis meses de vida no Brasil variou
de 38% a 133% do salário mínimo, dependendo da marca da fórmula infantil. A esse gasto devem-se
acrescentar custos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha, além de eventuais gastos decorrentes de
doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas.

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Promoção do Vínculo Afetivo Entre Mãe e Filho

Acredita-se que a amamentação traga benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma
amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho, certamente,
fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de
segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na mulher.
Amamentação é uma forma muito especial de comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade
de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança.

Melhor Qualidade de Vida

O aleitamento materno pode melhorar a qualidade de vida das famílias, uma vez que as crianças
amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e
medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e
situações estressantes. Além disso, quando a amamentação é bem-sucedida, mães e crianças podem
estar mais felizes, com repercussão nas relações familiares e, consequentemente, na qualidade de vida
dessas famílias.

Aleitamento Materno e Aspectos Epidemiológicos do Aleitamento Materno no Brasil

Uma alimentação saudável se inicia com o aleitamento materno (BRASIL), que isoladamente é capaz
de nutrir de modo adequado a criança nos primeiros 6 meses de vida (SOCIEDADE; MONTE; GIUGLIANI;
WHO; KRAMER; KAKUMA; DEWEY et al.; EUROPEAN). Já a partir dos 6 meses de vida, devem ser
introduzidos alimentos complementares ao aleitamento materno, por dois anos ou mais (WHO).
A situação do aleitamento materno no Brasil tem melhorado. Estudos mostram que a tendência de
aumento da prática da amamentação é progressiva e persistente, porém ainda há espaço para melhorias
(SENA; SILVA; PEREIRA).
Resultados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) de 2006
serão descritos a seguir. Tais conclusões possibilitam uma avaliação da prática de aleitamento materno
no Brasil. Embora 96% das crianças menores de 60 meses tenham sido amamentadas alguma vez, a
PNDS de 2006 mostra que ainda falta muito para se alcançar, no Brasil, o padrão de aleitamento materno
recomendado pelos organismos de saúde internacionais e nacionais.
Entre as mães entrevistadas, 43% relataram ter amamentado seus filhos na primeira hora após o parto.
A prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças de zero a 3 meses é ainda baixa (45%),
ainda que, discretamente, mais alta do que constatado na PNDS de 1996 (40%). Com relação à faixa
etária de 4 a 6 meses, o aleitamento exclusivo caiu para 11% em 2006.
O aleitamento materno complementado ocorreu para 32% na faixa de zero a 3 meses e 56% entre 4
a 6 meses em 2006, sendo que 23% das crianças estavam completamente desmamadas na faixa de zero
a 3 meses e 33% na faixa de 4 a 6 meses. Nesta última faixa etária, 35% das crianças já consumiam
“comida de sal”, o que evidencia uma dieta inadequada para a idade (VITOLO).
A II Pesquisa de Prevalência de Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e no Distrito Federal,
realizada em 2008, constatou os seguintes indicadores: amamentação na primeira hora de vida – 67,7%;
aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses – 41%; mediana de aleitamento materno
exclusivo – 54 dias; prevalência de aleitamento materno em crianças de 9 a 12 meses – 58,7%; mediana
de aleitamento materno – 11,2 meses.

Aconselhamento em Amamentação

Os profissionais de saúde devem disponibilizar o tempo que for necessário para dar apoio à mãe e ao
seu bebê durante o início e a manutenção da amamentação (NATIONAL).
O aconselhamento comportamental e a educação para a prática de aleitamento materno são
procedimentos recomendados (NATIONAL). Eles podem ser iniciados desde a primeira consulta de pré-
natal. O apoio à amamentação deve ser disponibilizado independentemente do local de prestação de
cuidados (NATIONAL). Além disso, as mães devem receber informações de como buscar suporte à
prática de amamentar (HASSELMANN; WERNECK; SILVA).
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL;
HASSELMANN; WERNECK; SILVA). A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam que o bebê
está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua para fora,
agitação dos braços, mãos na boca, etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.

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Os profissionais devem conversar sobre a experiência de amamentar e identificar as dificuldades da
amamentação. A depressão materna pós-parto é fator de risco para desmame precoce (VIEIRA et al.,
2006), o que reforça a importância de o profissional de saúde atento para os sinais de depressão
puerperal.
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Muitas mães,
principalmente as que estão inseguras e as com baixa autoestima, costumam interpretar esse
comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na
introdução precoce e desnecessária de suplementos.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante, também, para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da
produção de leite suficiente para atender às suas demandas.
Muitas mulheres se preocupam com o aspecto de seu leite. Acham que, por ser transparente em
algumas ocasiões, o leite é fraco e não sustenta a criança. Por isso, é importante que as mulheres saibam
que a cor do leite varia ao longo de uma mamada e também com a dieta da mãe.
O leite do início da mamada, o chamado leite anterior, pelo seu alto teor de água, tem aspecto
semelhante ao da água de coco, porém, ele é muito rico em anticorpos; já o leite do meio da mamada
tende a ter uma coloração branca opaca devido ao aumento da concentração de caseína; o do final -
chamado leite posterior - é mais amarelado devido à presença de betacaroteno, pigmento lipossolúvel
presente na cenoura, abóbora e vegetais de cor laranja, provenientes da dieta da mãe. O leite pode ter
aspecto azulado ou esverdeado quando a mãe ingere grande quantidade de vegetais verdes.
Não é rara a presença de sangue no leite, dando a ele uma cor amarronzada. Esse fenômeno é
passageiro e costuma ocorrer nas primeiras 48 horas após o parto. É mais comum em primíparas
adolescentes e mulheres com mais de 35 anos e deve-se ao rompimento de capilares provocado pelo
aumento súbito da pressão dentro dos alvéolos mamários na fase inicial da lactação. Nesses casos, a
amamentação pode ser mantida, desde que o sangue não provoque náuseas ou vômitos na criança.

Técnica de Amamentação

A Técnica de Amamentação Está Adequada Quando:


- A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama da mãe e o queixo dele a toca.
- A boca está bem aberta.
- O lábio inferior está virado para fora.
- As bochechas estão arredondadas (não encovadas) ou achatadas contra a mama.
- Vê-se pouco a aréola durante a mamada (mais a porção superior da aréola do que a inferior).
- A mama parece arredondada, não repuxada.
- As sucções são lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente (sucção,
deglutição e respiração).
- A mãe pode ouvir o bebê deglutindo.
- O corpo do bebê está totalmente voltado para o corpo da mãe (posição de barriga com barriga) e um
dos braços está ao redor do corpo da mãe.
- A cabeça e o corpo do bebê estão alinhados.
- A mãe está sentada de forma confortável e relaxada.
- Não é necessário limpar os mamilos antes das mamadas. Banho diário e uso de um sutiã limpo são
suficientes.
Caso se observe alguma das situações relacionadas a seguir, faz-se necessária a reavaliação da
técnica de amamentação:
- O bebê apresenta as bochechas encovadas durante a sucção ou realiza ruídos audíveis da língua.
- A mama da mãe está esticada/deformada durante a mamada ou os mamilos estão com estrias
vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê larga a mama.
- A mãe apresenta dor durante a amamentação (DUNCAN).

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Contraindicações Para a Amamentação

São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do
leite materno.
Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado:
- Mães infectadas pelo HIV;
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T);
- Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como
contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como, por exemplo, os antineoplásicos e
radiofármacos;
- Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria.

Mulheres Portadoras de HIV/HTLV

- O risco de transmissão do HIV pelo leite materno é elevado (entre 7% a 22%) e renova-se a cada
exposição (mamada). A transmissão ocorre tanto pelas mães sintomáticas quanto pelas assintomáticas.
- O risco de transmissão do HTLV1 e do HTLV2 (vírus linfotrófico humano de células T) pela
amamentação é variável e bastante alto, sendo mais preocupante pelo HTLV1. Há referências que
apontam para risco de 13% a 22%. Quanto mais a criança mama, maior será a chance de ela ser
infectada.
As gestantes HIV+ e HTLV+ deverão ser orientadas a não amamentar. Quando, por falta de
informação, o aleitamento materno tiver sido iniciado, torna-se necessário orientar a mãe a suspender a
amamentação o mais rapidamente possível, mesmo para mulheres em uso de terapia antirretroviral. Após
o parto, a lactação deverá ser inibida mecanicamente (enfaixamento das mamas ou uso de sutiã apertado)
e recomenda-se o uso da cabergolina como inibidor de lactação, respeitando-se as suas
contraindicações. A amamentação cruzada (aleitamento da criança por outra nutriz) está formalmente
contraindicada.
A criança deverá ser alimentada com fórmula infantil durante os seis primeiros meses de vida, além
de necessitar, posteriormente, da introdução de outros alimentos, conforme orientação do “Guia Prático
de Preparo de Alimentos para Crianças Menores de 12 Meses Que Não Podem Ser Amamentadas”
(BRASIL, 2004f).

Já nas Seguintes Situações Maternas, Recomenda-se a Interrupção Temporária da


Amamentação

- Infecção herpética: quando há vesículas localizadas na pele da mama. A amamentação deve ser
mantida na mama sadia.
- Varicela: se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o
parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve
receber imunoglobulina humana antivaricela zoster (Ighavz), que deve ser administrada em até 96 horas
do nascimento, devendo ser aplicada o mais precocemente possível.
- Doença de Chagas: na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente.
- Abscesso mamário: até que ele tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada. A amamentação
deve ser mantida na mama sadia.
- Consumo de drogas de abuso: recomenda-se a interrupção temporária do aleitamento materno,
com ordenha do leite, que deve ser desprezado. O tempo recomendado de interrupção da amamentação
varia dependendo da droga.

Nas Seguintes Condições Maternas, o Aleitamento Materno Não Deve Ser Contraindicado

- Tuberculose: recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (nas duas primeiras
semanas após o início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo
com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Neste
caso, o recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10mg/kg/dia por três meses. Após tal período,
deve-se fazer teste tuberculínico (PPD):
Se o teste for reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente, em relação ao acometimento
pulmonar. Se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada. Caso a criança não a
tenha contraído, deve-se manter a dosagem de isoniazida por mais três meses;

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Se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a medicação e a criança deve receber
a vacina BCG.
- Hanseníase: por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança
com a mãe sem tratamento e considerando-se que a primeira dose de rifampicina é suficiente para que
a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar o tratamento da mãe.
- Hepatite B: a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento
praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno.
- Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez
que não se sabe se o contato da criança com o sangue materno favorece a transmissão da doença.
- Consumo de cigarros: acredita-se que os benefícios do leite materno para a criança superem os
possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não é uma
contraindicação à amamentação. Para minimizar os efeitos do cigarro para as crianças, as mulheres que
não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzir ao máximo possível o número de
cigarros. Se não for possível a cessação do tabagismo, elas devem procurar fumar após as mamadas.
Além disso, devem ser orientadas a não fumarem no mesmo ambiente onde está a criança.
- Consumo de álcool: assim como para o fumo, deve-se desestimular a ingestão de álcool para as
mulheres que estão amamentando. No entanto, é considerado compatível com a amamentação um
consumo eventual moderado de álcool (0,5g de álcool por quilo de peso da mãe por dia, o que
corresponde a aproximadamente um cálice de vinho ou duas latas de cerveja).

Pré-Natal e Amamentação

Orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da amamentação e da


vacinação é uma atribuição comum a todos os profissionais de saúde da Atenção Básica.
Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher gestante, na unidade de saúde ou
na comunidade, buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua
família, notadamente se ela for adolescente. A história de vida e o contexto de gestação trazidos pela
mulher durante a gravidez devem ser acolhidos integralmente a partir do seu relato e da fala de seu
parceiro. Tal contexto implica mudanças nas relações estabelecidas entre a mulher e a família, o pai e a
criança. Além disso, gera mudanças na relação da gestante consigo mesma, no modo como ela entende
seu autocuidado, bem como modificações em como ela percebe as mudanças corporais, o que interfere
muitas vezes no processo de amamentação.

O Preparo das Mamas Para a Amamentação

Conhecer os aspectos relacionados à prática do aleitamento materno é fator fundamental, no sentido


de colaborar para que a mãe e a criança possam vivenciar a amamentação de forma efetiva e tranquila,
recebendo do profissional as orientações necessárias e adequadas para o seu êxito.
Levando-se em conta que a mulher passa por longo período de gestação até que possa concretamente
amamentar seu filho, entende-se que o preparo para a amamentação deva ser iniciado ainda no período
de gravidez. No caso de gestante adolescente, é importante que a abordagem seja sistemática e
diferenciada, porque a jovem está em etapa evolutiva de grandes modificações corporais, que são
acrescidas daquelas referentes à gravidez e que podem dificultar a aceitação da amamentação.
Durante os cuidados no pré-natal, é importante conversar sobre as vantagens da amamentação para
a mulher, a criança, a família e a comunidade, além de garantir orientações sobre o manejo da
amamentação.

Manejo da Amamentação

O sucesso do aleitamento materno está relacionado ao adequado conhecimento quanto à


posição da mãe e do bebê e à pega da região mamilo areolar.

Posição
É importante respeitar a escolha da mulher, pois ela deverá se sentir confortável e relaxada.
A amamentação pode acontecer nas posições sentada, deitada ou em pé. O posicionamento da
criança deve ser orientado no sentido de garantir o alinhamento do corpo, de forma a manter a barriga da
criança junto ao corpo da mãe para, assim, facilitar a coordenação da respiração, da sucção e da
deglutição.

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Preparando as Mamas Para o Aleitamento
- Avalie as mamas na consulta de pré-natal;
- Oriente a gestante a usar sutiã durante a gestação;
- Recomende banhos de sol nas mamas por 15 minutos (até as 10 horas da manhã ou após as 16
horas) ou banhos de luz com lâmpadas de 40 watts, a cerca de um palmo de distância;
- Esclareça que deve ser evitado o uso de sabões, cremes ou pomadas no mamilo;
- Oriente que é contraindicada a expressão do peito (ou ordenha) durante a gestação para a retirada
do colostro.

É importante identificar os conhecimentos, as crenças e as atitudes que a gestante possui em relação


à amamentação, que tipo de experiência tem ou se já vivenciou alguma vez a amamentação. Além disso,
é importante, também, oferecer às gestantes oportunidades de troca de experiências, por meio de
reuniões de grupo, que objetivem informar as vantagens e o manejo para facilitar a amamentação.
Vale ressaltar que a amamentação é contraindicada para gestantes infectadas pelo HIV e pelo
HTLV, pelo risco de transmissão do vírus da mãe para o bebê (BRASIL, 2009a).

Atenção no Puerpério

Objetivos:
- Avaliar o estado de saúde da mulher e do recém-nascido;
- Orientar e apoiar a família para a amamentação;
- Orientar os cuidados básicos com o recém-nascido;
- Avaliar a interação da mãe com o recém-nascido;
- Identificar situações de risco ou intercorrências e conduzi-las;
- Orientar o planejamento familiar;
- Agendar consulta de puerpério até 42 dias após o parto.

Os profissionais de saúde da atenção primária têm um papel importante quando observam problemas
na relação dos pais com os bebês. No atendimento à puérpera e ao seu bebê, é importante observar, no
ato da amamentação, se o bebê busca encontrar o olhar da mãe e se esta consegue responder tais
solicitações, comunicando-se com ele. Ou, nos casos em que a amamentação não é possível, observar
a forma como a mãe e a criança se olham e se comunicam.
Em relação à amamentação, a mulher pode sentir medo de ficar eternamente ligada ao bebê; pode se
preocupar com a estética das mamas, ter receio de não conseguir atender às necessidades do bebê e
pode possuir fantasias sobre o seu leite (“Meu leite é bom? É suficiente?”). Além disso, algumas
dificuldades iniciais referentes à amamentação podem ser sentidas, como incapacitação.
Forneça orientações quanto ao aleitamento materno exclusivo, acolha as ansiedades e fantasias da
puérpera, abra espaço para dúvidas e ofereça dicas práticas para facilitar o ato da amamentação.

Dificuldades Com o Aleitamento no Período Puerperal

Nas conversas com as gestantes, é recomendável orientá-las sobre a prevenção de situações de


dificuldade somente se tais assuntos forem citados por elas.

Pega Incorreta do Mamilo

A pega incorreta da região mamilo-areolar faz com que a criança não consiga retirar leite suficiente,
acarretando a agitação e o choro. A pega errada, só no mamilo, provoca dor e fissuras, o que faz a mãe
ficar tensa, ansiosa e perder a autoconfiança, pois começa a acreditar que o seu leite seja insuficiente
e/ou fraco.
Fissuras (rachaduras)

Habitualmente, as fissuras ocorrem quando a amamentação é praticada com o bebê posicionado de


forma errada ou quando a pega está incorreta. Os hábitos de manter as mamas secas, não usar
sabonetes, cremes ou pomadas também ajudam na prevenção. Recomenda-se tratar as fissuras com o
leite materno do fim das mamadas, com o banho de sol e a correção da posição e da pega.

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Mamas Ingurgitadas

Acontecem, habitualmente, na maioria das mulheres, do terceiro ao quinto dia após o parto. As
mamas ingurgitadas são dolorosas, edemaciadas (com pele brilhante) e, às vezes, avermelhadas. Nestas
situações, a mulher também pode apresentar febre.
Para evitar ingurgitamento, a pega e a posição para a amamentação devem estar adequadas e,
quando houver produção de leite superior à demanda, as mamas devem ser ordenhadas manualmente.
Sempre que a mama estiver ingurgitada, a expressão manual do leite deve ser realizada para facilitar a
pega e evitar fissuras. O ingurgitamento mamário é transitório e desaparece entre 24 e 48 horas.

Mastite

É um processo inflamatório ou infeccioso que pode ocorrer na mama lactante habitualmente a


partir da segunda semana após o parto. Geralmente, é unilateral e pode ser consequente a um
ingurgitamento indevidamente tratado. Tal situação exige avaliação médica para o estabelecimento do
tratamento medicamentoso apropriado. A amamentação na mama afetada deve ser mantida sempre que
possível. De igual forma, quando necessário, a pega e a posição devem ser corrigidas.

Ordenha Manual

É no pré-natal que o aprendizado da ordenha manual deve ser iniciado. Para que haja retirada
satisfatória de leite do peito, é preciso começar com massagens circulares com as polpas dos dedos
indicador e médio na região mamilo-areolar, progredindo até as áreas mais afastadas e se intensificando
nos pontos mais dolorosos. Para a retirada do leite, é importante garantir o posicionamento dos dedos
indicador e polegar no limite da região areolar, seguido por leve compressão do peito em direção ao tórax,
ao mesmo tempo em que a compressão da região areolar deve ser feita com a polpa dos dedos.

Amamentação

O artigo 396 da Consolidação das Leis do Trabalho assegura à mãe o direito a 2 (dois) descansos
especiais, de meia hora cada um, durante a jornada de trabalho, para a amamentação de seu filho, até
que complete 6 (seis) meses de idade.
Caso o bebê necessite de um prolongamento do referido cuidado, o médico fornecerá atestado para
que os repousos para a amamentação durante a jornada de trabalho sejam prorrogados, fixando inclusive
o respectivo período.
A lei também garante que a amamentação do bebê seja em local apropriado dentro da empresa (artigo
400 da Consolidação das Leis do Trabalho).

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e
alimentação complementar. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento. Brasília:
Ministério da Saúde, 2012.

Questões

01. (Pref. Verê/PR - Agente Comunitário de Saúde – FADECT) As orientações relacionadas à


amamentação devem ser iniciadas durante o pré-natal, no entanto uma destas orientações não está
correta:
(A) O leite materno é o alimento mais completo que existe para o bebê. Possui substâncias nutritivas
e de defesa. Por isso, não há necessidade de completar com outros leites, mingaus, água, chás ou sucos
até os seis meses de vida.
(B) O primeiro leite produzido depois que o bebê nasce é o colostro, que pode ser claro ou amarelo,
grosso ou ralo, e deve ser dado ao bebê logo após o nascimento, esse leite é rico em fatores de proteção.
(C) A amamentação deve ser em livre demanda, ou seja, sem restringir o número de mamadas ou
horários fixos para amamentar e sem determinar o tempo em que o bebê suga em cada mama.
(D) É importante que o bebê mame um pouco em cada peito, aproximadamente 15 minutos em cada,
assim o leite não empedra e as mamas ficarão iguais quando a mãe parar de amamentar.

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02. (Pref. Tapiratiba – SP – Enfermeiro - IBC) Toda criança deveria sair da maternidade com a
primeira consulta agendada em um serviço de saúde ou consultório, de preferência na primeira semana
de vida, segundo recomendação do Ministério da Saúde. Algumas crianças apresentam, já ao nascerem,
algumas características associadas a um maior risco de adoecer e morrer. Cabe aos profissionais de
saúde:
(A) identificar essas crianças já na maternidade e recomendar a priorização do seu acompanhamento
na atenção básica, inclusive com busca ativa.
(B) chamar o médico de plantão para consultar essa criança que não precisará de acompanhamento
depois.
(C) identificar a mãe e contar que seu filho pode vir a morrer.
(D) identificar o bairro que essa criança mora e realizar visitas domiciliares.

03. (Pref. José Boiteux/SC – Enfermeiro – IOBV) Das alternativas abaixo, qual não é uma
contraindicação para amamentação:
(A) HIV+
(B) Hepatite B +
(C) Puérperas portadoras de câncer de mama.
(D) Alterações de consciência.

04. (Pref. Várzea Paulista/SP - Agente de Políticas Sociais - Técnico de Enfermagem – BIORIO)
São vantagens do aleitamento materno para a mulher, EXCETO:
(A) facilita o estabelecimento do vínculo afetivo mãe-filho;
(B) previne as complicações hemorrágicas no pós-parto;
(C) protege contra infecções (especialmente diarreias e pneumonias);
(D) favorece a regressão uterina ao seu tamanho normal;
(E) pode reduzir o risco de câncer de ovário e mama e prevenir a osteoporose.

05. (Pref. Pinhais/PR – Enfermeiro – FAFIPA) Sobre o número de mamadas de um recém-nascido,


recomenda-se que a criança seja amamentada
(A) sem restrições de horários e de tempo de permanência na mama.
(B) sem restrições de horários, mas com permanência de, no máximo, 20 minutos em cada mama.
(C) a cada 60 minutos, com permanência de 60 minutos em cada mama.
(D) a cada 30 minutos e sem restrições de permanência na mama.

06. (Pref. Cedro/CE – Enfermeiro - CEV/URCA) São poucas as situações em que pode haver
indicação médica para a substituição parcial ou total do leite materno. Nas seguintes situações, o
aleitamento materno não deve ser recomendado, EXCETO:
(A) Mãe infectada pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T).
(B) Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria.
(C) Mãe infectada pelo HIV.
(D) Consumo de cigarro.

07. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES) De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Aleitamento Materno Exclusivo significa que:
(A) quando a alimentação da criança é realizada apenas com leite materno, diretamente do seio, ou
leite humano ordenhado. Não faz uso de outros alimentos, com exceção de medicamentos.
(B) quando a alimentação da criança é realizada exclusivamente de leite humano. Entretanto, faz uso
também de líquidos como chás, água, sucos de frutas e medicamentos.
(C) além do leite humano, a criança se alimenta de outros alimentos.
(D) A alimentação da criança é realizada apenas com leite, podendo ser fornecido pela mãe (leite
materno), pelo banco de leite (leite humano) ou por comercialização (leite de vaca).

08. (Pref. Sigefredo Pacheco/PI-Técnico de Enfermagem-IMA) O Aleitamento Materno pode ser


considerado uma prática natural, decorrente do parto, voltada para nutrir o bebê. Assinale a alternativa
que apresenta uma vantagem do aleitamento estritamente relacionada com o sistema imunológico é:
(A) Não exige preparo
(B) É adequada a espécie humana
(C) Possui inúmeros mecanismos de defesa
(D) Proporciona maior inter-relação mãe e filho

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
09. (Pref. Japeri/RJ-Técnico de Enfermagem-FBC) Na amamentação pode-se observar se a pega
foi correta quando:
(A) A boca do bebê aponta para frente;
(B) O queixo do bebê quase toca o peito da mãe;
(C) As bochechas do bebê estão encovadas;
(D) A mãe está segurando o peito em tesoura;
(E) Há mais aréola abaixo que acima da boca do bebê.

10. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES) De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS), o Aleitamento Materno Exclusivo significa que:
(A) quando a alimentação da criança é realizada apenas com leite materno, diretamente do seio, ou
leite humano ordenhado. Não faz uso de outros alimentos, com exceção de medicamentos.
(B) quando a alimentação da criança é realizada exclusivamente de leite humano. Entretanto, faz uso
também de líquidos como chás, água, sucos de frutas e medicamentos.
(C) além do leite humano, a criança se alimenta de outros alimentos.
(D) A alimentação da criança é realizada apenas com leite, podendo ser fornecido pela mãe (leite
materno), pelo banco de leite (leite humano) ou por comercialização (leite de vaca).

Gabarito

01.D / 02.A / 03.B / 04.C / 05.A / 06.D / 07.A / 08.C / 09.B / 10.A

Comentários

01. Resposta: D.
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL,
2012; HASSELMANN; WERNECK; SILVA, 2008). A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam
que o bebê está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua
para fora, agitação dos braços, mãos na boca etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante, também, para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da
produção de leite suficiente para atender às suas demandas.
Dez passos para uma alimentação saudável
Passo 1: “Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer outro
alimento”.
Dica ao profissional e à equipe: Rever se as orientações sobre aleitamento materno exclusivo são
fornecidas desde o acompanhamento pré-natal até a época da alimentação complementar.
Passo 2: “A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o
leite materno até os dois anos de idade ou mais”.
Dica ao profissional e à equipe: Antes de dar a orientação deste passo, perguntar à mãe ou ao cuidador
como ela (ele) imagina ser a alimentação correta da criança e, a seguir, convidem-na(o) a complementar
seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.

02. A.

03. Resposta: B.
Contraindicações para a amamentação:
São poucas as situações em que pode haver indicação médica para a substituição parcial ou total do
leite materno.

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Nas seguintes situações, o aleitamento materno não deve ser recomendado:
- Mães infectadas pelo HIV.
- Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2 (vírus linfotrópico humano de linfócitos T).
- Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação. Alguns fármacos são citados como
contraindicações absolutas ou relativas ao aleitamento, como, por exemplo, os antineoplásicos e
radiofármacos.4
- Criança portadora de galactosemia, doença do xarope de bordo e fenilcetonúria.

04. Resposta: C.
Benefícios para a mãe:
- Involução uterina mais rápida e redução na hemorragia uterina pós-parto, devido à liberação de
ocitocina (SCOTTISH, 2006).
- Perda mais rápida do peso acumulado na gestação.
- Auxílio no aumento do intervalo entre as gestações (PINTO, 2007).
- Maior interação mãe-bebê (DRANE, 1997).
- Benefício relativo aos aspectos econômicos, uma vez que o leite materno não tem custos (WHO,
2007).
- Praticidade, pois o leite materno está sempre pronto para ser consumido.
- Diminuição do risco de câncer de mama e ovário (SCOTTISH, 2006).

05. Resposta: A.
A frequência e a duração ilimitada (livre demanda) das mamadas devem ser incentivadas (NATIONAL,
2012; HASSELMANN; WERNECK; SILVA, 2008).
Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de
permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda.
Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em
geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. Muitas mães,
principalmente as que estão inseguras e as com baixa autoestima, costumam interpretar esse
comportamento normal como sinal de fome do bebê, leite fraco ou pouco leite, o que pode resultar na
introdução precoce e desnecessária de suplementos.
O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser fixado, haja vista que o tempo
necessário para esvaziar uma mama varia para cada dupla mãe/bebê e, numa mesma dupla, pode variar
dependendo da fome da criança, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite
armazenado na mama, entre outros.
O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a
mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a
sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das
mamas é importante também para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da produção
de leite suficiente para atender às suas demandas.

06. D.

07. A.
- Aleitamento materno exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou
ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou
xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.

08. C.

09. Resposta: B.
A técnica de amamentação está adequada quando:
- A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama da mãe e o queixo dele a toca.
- A boca está bem aberta.
- O lábio inferior está virado para fora.
- As bochechas estão arredondadas (não encovadas) ou achatadas contra a mama.
- Vê-se pouco a aréola durante a mamada (mais a porção superior da aréola do que a inferior).
- A mama parece arredondada, não repuxada.
- As sucções são lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente (sucção,
deglutição e respiração).

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- A mãe pode ouvir o bebê deglutindo.
- O corpo do bebê está totalmente voltado para o corpo da mãe (posição de barriga com barriga) e um
dos braços está ao redor do corpo da mãe.
- A cabeça e o corpo do bebê estão alinhados.
- A mãe está sentada de forma confortável e relaxada.

10. A.

SAÚDE DO ADOLESCENTE

Nas últimas duas décadas, a atenção à saúde do adolescente vem se tornando uma prioridade em
muitos países, inclusive para instituições internacionais de fomento à pesquisa. Isto se deve à
constatação de que a formação do estilo de vida do adolescente é crucial, não somente para ele, como
também para as gerações futuras. De forma geral, no que se refere a organização de serviços para o
atendimento a este grupo etário, observa-se que os esforços realizados no sentido da criação de
programas de qualidade, tiveram até certo ponto, resultados positivos. Implementou-se um modelo de
atendimento baseado na prestação da atenção integral a esta clientela, partindo-se das experiências
adquiridas nos programas pioneiros de atendimento à mulher e à criança.
Contudo, ainda falta muito para que os programas nacionais deem cobertura adequada a toda
população de adolescentes e jovens e para que se possa considerar que estes programas estejam
integrados ao sistema de saúde, de tal forma que permitam o acesso universal. Procura-se fazer uma
reflexão sobre a atenção integral ao adolescente a partir da dimensão da bioética, com o objetivo de
propor uma mudança de paradigma na abordagem desta clientela.

Dificuldades no Desenvolvimento do Programa


A especificidade da atenção ao adolescente é um aspecto da maior relevância na criação de um
programa eficaz, apresentando-se como um grande desafio aos gerentes. Como exemplo do que se
apresenta como desafio, podemos apontar a necessidade de adequação da linguagem e da forma de
atuação dos profissionais, para o alcance de um nível de compreensão dos vários segmentos que
constituem esta população. Neste sentido, a condição prévia para qualquer proposta de atenção é
delimitar as características da população alvo. Trata-se de um grupo heterogêneo que exige uma
implementação efetiva de uma política de atenção, levar em conta as diferenças que lhe são inerentes.
Estas se apresentam em relação à faixa etária (adolescência inicial, intermediária e tardia), diferença
de gênero, inserção no ambiente familiar (os que têm família e moram com ela e os que não têm), no
âmbito educacional (os que frequentam a escola e os que estão fora dela), condição social (os que vivem
com parceiros ou não), quanto à sua condição física (portadores ou não de doenças mentais ou físicas),
quanto à moradia (os que moram em zona urbana ou rural) e os que pertencem a minorias raciais,
religiosas ou culturais.
Todas estas diferenças indicam que as necessidades de saúde do adolescente não podem ser
encaradas de forma isolada, visto que estão intrinsecamente relacionadas com o contexto no qual está
inserido. Muitas vezes, os problemas de saúde do adolescente, aos quais os profissionais desta área
devem estar atentos durante o atendimento, decorrem de suas dificuldades socioeconômicas, tais como
pobreza, privações, falta de moradia, ausência da família, ausência de um sistema educacional
adequado, falta de capacitação laboral, falta de emprego, violência, entre outros. Não obstante, vale
enfatizar que as necessidades imediatas de amor, comida, abrigo, segurança, desenvolvimento do
raciocínio lógico e dos valores morais são responsabilidades de toda a sociedade: família, escola e
comunidade.
O que um jovem vivencia de positivo ou negativo afetará sua vida presente e futura, mas, o que é mais
importante, é a partir destas vivências que o adolescente poderá estabelecer novas práticas a serem
assimiladas pela sociedade em geral. Todo jovem é influenciado pelos amigos e pelos adultos do mundo
onde vive, e desta interação resultam mudanças comportamentais que vão pautar toda uma geração.

Adolescência e Sociedade
Durante a adolescência ocorrem mudanças de ordem emocional que são de extrema importância
para o indivíduo, tais como o desenvolvimento da autoestima e da autocrítica; questionamento dos valores
dos pais e dos adultos em geral. Trata-se de um período da existência em que o sujeito começa a interagir
com o mundo externo de modo mais autônomo sem, aparentemente, ter de assumir as responsabilidades
da vida adulta. Contudo, esta situação é de extrema ambivalência, visto que, se por um lado não lhe é
exigido assumir os compromissos da vida adulta, por outro, não lhe é permitido “comportar-se” como uma

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criança. Na indecisão de como se conduzir, o adolescente se arrisca, oscilando entre condutas de risco
“calculado” – decorrente de uma ação pensada – e do risco “insensato”, em que, gratuitamente, se expõe,
com grande chance de ocorrerem insucessos, podendo comprometer sua saúde de forma irreversível.
A adolescência vai delineando para o sujeito, uma identidade sexual, familiar e laboral, permitindo que
ele venha a exercer determinados papéis dentro da sociedade. Esta identidade é a imagem que o sujeito
tem de si, e ela permanece constante e reconhecível apesar das mudanças evolutivas e dos vários papéis
sociais que venha a desempenhar. No entanto, a adolescência não pode ser considerada um período de
transição, caracterizando-se muito mais como parte de um processo de amadurecimento e de intenso
aprendizado de vida. A tendência de ver a adolescência como “um período de transição” tem favorecido
o esquecimento das necessidades desta população, o desrespeito com relação a seus direitos, e uma
exigência, muitas vezes inadequada, quanto ao cumprimento de seus deveres como cidadão. Para que
seja possível outro enfoque sobre o adolescente, é preciso que a sociedade valorize seu potencial de
contribuição e o apoie, permitindo que seus pensamentos, desejos, ideias e críticas sejam ouvidos. Dito
em outras palavras, esta postura pressupõe a abertura de um espaço para o adolescente exercer sua
liberdade e participar mais ativamente de seu processo de amadurecimento.

Atenção ao Adolescente: Uma Questão Ética?


Visto que a atenção ao adolescente remete para a questão da normatização dos costumes e
condutas, tendo como referência uma variação entre o tradicional e o correto, não se pode pensá-la fora
do âmbito da ética. Neste caso, a sociedade definida como um conjunto de indivíduos adultos “donos” de
uma ordem vigente em cada cultura, leva ao adolescente sua ideologia de normas, atitudes e práticas
que sem dúvida irão influenciar positiva ou negativamente sua formação. Nesta discussão, a educação,
o trabalho e a saúde passam a representar o “locus” onde a ideologia do mundo adulto é oferecida ao
adolescente para ser absorvida e, dependendo de como esta relação acontece, verifica-se uma adesão
sem questionamentos.

Mudança de Paradigma na Atenção à Saúde do Adolescente


O panorama atual das ações em saúde apresenta, ao lado da prevenção e do tratamento de doenças
infectocontagiosas, a necessidade de se voltar prioritariamente para a questão da manutenção do bem
maior da “saúde”, por meio da promoção de um estilo saudável de vida.
Entende-se como promoção de saúde a possibilidade de “proporcionar aos povos os meios
necessários para melhorar sua saúde e exercer um maior controle sobre a mesma”. Conforme
assinalamos na introdução deste capítulo, a saúde do adolescente tem representado um desafio para os
profissionais de saúde que se dedicam a este grupo populacional. Inicialmente, buscou-se uma
metodologia de atuação interdisciplinar por meio de programas de atenção integral. Esta proposta
mostrou-se inovadora frente à prática médica vigente, já que até este momento a atenção se dava de
forma tradicional, restringindo-se a oferecer tratamento aos pacientes a partir dos sintomas relatados.
Entretanto, essa metodologia de atuação interdisciplinar não promoveu uma mudança significativa com
respeito aos grandes problemas de saúde da população adolescente.
Os problemas persistiram: média do Índice de Massa Corporal– IMC dos adolescentes dos países em
desenvolvimento mais baixo do que nos países desenvolvidos; uso abusivo de drogas como fumo, álcool,
maconha etc.; suicídio e depressão; aumento da morbi/mortalidade decorrentes de situações de risco
como acidentes, violência, gravidez e DST/aids etc. Deste modo, torna-se necessário e urgente uma
mudança na forma de prestação de serviço, visando a uma atenção que promova, realmente, uma
melhoria na saúde da população adolescente.
Propor uma mudança estratégica de atuação do profissional com relação ao adolescente, dentro de
um enfoque de promoção da saúde e de participação juvenil efetiva, aponta para a necessidade de se
refletir sobre a questão ética, na medida em que determina que não se tenha como paradigma um modelo
normativo. A condição normatizante se caracteriza pelo pressuposto de que há uma distinção entre “fatos
e valores”, onde o observador não está envolvido com a situação e o usuário deve se comportar de acordo
com as normas estabelecidas, ou seja, sem participar efetivamente do processo.

É Suficiente Prestar Uma Atenção Integral?


O programa brasileiro de saúde do adolescente foi concebido dentro de uma proposta de atenção
integral juntamente com as reflexões que surgiram no Programa da Mulher e da Criança do Ministério da
Saúde. Trata-se, portanto, de um programa diferenciado, em que os profissionais ultrapassaram o modelo
tradicional. No modelo tradicional o indivíduo deixa de ser visto em sua singularidade, uma vez que o
objetivo maior é a cura da doença. Dizendo em outras palavras, nesse modelo o profissional de saúde
estabelece uma relação vertical com o cliente, outorgando-se o direito de ditar normas de conduta

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acreditando que, assim fazendo, proporciona ao usuário uma qualidade melhor de vida. Esta postura
coloca o paciente numa posição de inferioridade e de passividade, retirando dele não só a liberdade de
escolha, como também a responsabilidade por seus atos.
No modelo de atenção integral o objetivo é ampliar a possibilidade de atuação do profissional,
tendo como preocupação não só a singularidade do sujeito, mas também a organização dos
serviços. Com isto transforma-se o espaço antes considerado como o “lugar, por excelência, do
profissional” – um lugar de poder – em outro em que se busca uma interação maior dos profissionais com
a população assistida. Esta política de atuação significou uma mudança com respeito ao modo de como
se dava, até então, a relação profissional usuário. Em vez de considerar que o adolescente deveria pautar
sua conduta segundo um modelo pré-estabelecido, o profissional passou a considerar o meio ambiente
como um fator de importância capital na compreensão da problemática do adolescente. A dimensão ética
que esta estratégia envolveu diz respeito ao fato de considerar, na relação, o adolescente como um sujeito
e não mais como mero objeto de investigação.

Novo Enfoque na Atenção


O novo enfoque de atenção integral constitui um modelo dinâmico que comporta uma transformação
contínua, na medida em que se pauta nas necessidades globais de atendimento da população alvo. O
desafio agora é aprimorar um modelo qualificado para alcançar outro mais eficaz, que amplie a
participação dos adolescentes na gestão, avaliação e reconstrução dos serviços. A mudança a ser
efetuada no novo modelo deve corresponder a uma determinada atitude frente a opções a serem
priorizadas com respeito à saúde/bem estar do adolescente. Trata-se, então, de incentivar o sujeito a
fazer suas próprias escolhas, propiciando um espaço reflexivo para um encontro harmônico entre as
diversas alternativas de conhecimento, para que as condutas sejam fruto de um novo saber.
A atenção ao adolescente deve ter como premissa uma reflexão sobre a liberdade. E isto é possível
desde que se possa refletir, a partir das dimensões sociais e políticas, de que modo a população adulta,
melhor dizendo, a sociedade como um todo, permitirá que os jovens participem desse projeto?
Infelizmente, por enquanto, as informações são escamoteadas, por meio de códigos e barreiras
institucionais que impedem o adolescente de se posicionar e de verdadeiramente participar.
O esforço atual deve se dar na relação horizontal entre profissionais de saúde e
usuário/adolescente, relação esta que vai permitir uma nova forma de abordagem com respeito à
atenção à saúde do adolescente. Para que isto ocorra, é necessário que haja um despojamento dos
saberes pré-estabelecidos. O autoritarismo que vem direcionando a ciência impede que o sujeito produza
sua verdade, pois não lhe dá acesso ao conhecimento. Seria a partir desta possibilidade que o
adolescente poderia vir a tomar decisões. De acordo com Garrafa, “o extraordinário progresso técnico-
científico constatado na área médico-biológica nos últimos anos não foi acompanhado com a mesma
velocidade por um pertinente embasamento ético que dessa sustentação às novas situações que se
criaram”.
A questão agora é como criar um serviço em que liberdade e responsabilidade sejam pertinentes tanto
para o profissional quanto para o usuário? Esta questão coloca a necessidade de se refletir como o
profissional vai-se comportar com relação a este grupo, a maneira pela qual se dará a abertura para a
participação dos jovens na gestão do serviço e que pressupõe oferecer todo tipo de informação
necessária, bem como uma disponibilidade, por parte do profissional, para a escuta do adolescente. Esta
postura deve desconsiderar regras pré-estabelecidas de comportamento e deve promover um esforço no
sentido de criar, juntamente com o usuário, padrões que se adequem à realidade e à singularidade de
cada situação.
A informação, num sentido amplo, possibilita ao jovem dispor de um conhecimento que lhe permitirá
tomar decisões quanto a sua conduta em lugar de ser submetido a valores e normas que o impedem de
exercer seu direito de escolha na administração de sua própria vida.
A proposta atual parte de um questionamento da qualidade da atenção que vem sendo prestada e
aponta para a necessidade urgente de reformulação. Todavia, o caminho desta reforma não está claro,
pois implica o repensar da participação juvenil em sua construção e de como esta participação é impedida
por um código de ética gerontocrático, em que os adultos dão os desígnios dos valores e condutas sociais.
Vale a proposta de se repensar os papéis dos indivíduos dentro do organismo social, para que cada um
se responsabilize por sua própria saúde e pela saúde da coletividade, evitando agravos desnecessários,
oriundos de condutas de risco. Quanto ao programa de saúde dos adolescentes e jovens, deve dar início
à abertura democrática dos serviços para uma real participação juvenil, com o objetivo de reverter o
quadro epidemiológico que está posto.

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Atenção ao Adolescente:

Considerações Éticas e Legais


A existência de diversos códigos que regulamentam a vida do cidadão, no Brasil e em outros países,
não garante o discernimento claro dos direitos e deveres da população adolescente. Com relação ao
atendimento integral à saúde, a falta de nexo entre os aspectos legais frequentemente deixa o
profissional sem parâmetros definidos para orientar seu paciente. O desafio na formação do profissional
que vai lidar com o adolescente é a transmissão de atitudes éticas e legais – dentro de uma lógica
harmônica e com princípios claros – na medida em que não existe um código prescritivo definido. Vamos
abordar alguns aspectos polêmicos no atendimento ou que implicam tomada de decisão do ponto de vista
ético ou legal.

Direitos Humanos
A Declaração Universal de Direitos Humanos, assinada em 10 de dezembro de 1948, foi uma
consequência de fatos ocorridos durante a Segunda Guerra Mundial. Representantes da comunidade
internacional de países da Organização das Nações Unidas (ONU) decidiram criar leis que protegessem
os indivíduos de práticas autoritárias e que pudessem causar sofrimento. O documento reconhece o
indivíduo como sujeito dos direitos internacionais e representa uma imposição constante para que a ONU
mantenha um fórum permanente de vigilância da defesa dos direitos humanos.
O conteúdo básico da declaração, considerada o instrumento de direito internacional mais
importante do século, diz respeito aos direitos à vida, a um processo criminal justo, à liberdade de
consciência, de expressão, de pensamento, de privacidade, à família, ao casamento. Apesar de o Brasil
ter ratificado todas as declarações de direitos humanos e contra a discriminação racial nos últimos 50
anos, incluindo o Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990, os jovens brasileiros continuam sem
seus direitos assegurados. Informes sobre a situação brasileira de Direitos Humanos e do Departamento
de Estado dos Estados Unidos afirmam que “... apesar das leis progressistas para proteção das
crianças e adolescentes, milhões deles não podem ter acesso à educação, à saúde e devem
trabalhar para viver. O homicídio é a maior causa de morte entre jovens de 15 a 17 anos”.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, no capítulo II, artigo 17, sobre “do direito à liberdade, ao
respeito e à dignidade” da criança e do adolescente, prescreve: “O direito ao respeito consiste na
inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a
preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços
e objetos pessoais”.
Cabe aos profissionais de saúde ficarem atentos quanto à quebra dos direitos humanos dos
adolescentes e jovens, denunciando os infratores aos órgãos competentes e protegendo os adolescentes
dos problemas que envolvem estas práticas. Muitas vezes, os médicos e outros profissionais de saúde
são os únicos que podem testemunhar crimes e torturas de que são vítimas adolescentes, principalmente
no sistema penal, mas preservando-se em nome de uma ética questionável, não denunciam. É importante
que a equipe de saúde fique atenta e se una, frente a situações de confronto com autoridades, por um
lado para proteger o adolescente que é o sujeito da atenção dos serviços e por outro, para se sentir
fortalecida para não tomar atitudes omissas nessas circunstâncias.

Direito à Atenção e Informação


Pela primeira vez a Constituição Brasileira, promulgada em 5 de outubro de 1988, no que se refere à
saúde, declara a saúde um direito social, e a Lei Orgânica da Saúde, Lei n.º 8.080/90, indica a
organização de um novo modelo assistencial com a prestação de serviços em nível local de
promoção, proteção e recuperação da saúde.
Neste modelo, a saúde é entendida como um requisito para a cidadania e envolve inter-relações entre
o indivíduo, a coletividade e o meio ambiente. Especificamente, o título VIII Da Ordem Social, capítulo II
da Seguridade Social, seção II da Saúde e capítulo VII, estabelece os direitos da família, da criança,
do adolescente e do idoso.

- Art. 198 – As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
1) descentralizar, com direção única em cada esfera de governo;
2) atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais;
3) participação da comunidade.

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Capítulo VII. da família, da criança, do adolescente e do idoso.

- Art. 226 – É dever da família, da sociedade e do estado assegurar à criança e ao adolescente com
absoluta prioridade o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a
salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão. Respaldado pela
Constituição Brasileira, o Estatuto da Criança e Adolescente restabeleceu o direito de o adolescente
receber informação de uma forma ampla e democrática, para que possa tomar decisões com liberdade
de conhecimento.
De acordo com estes parâmetros, requer-se que o profissional de saúde possa lidar com esta nova
demanda, de maneira participativa e interativa, para que o conhecimento emerja com tranquilidade, sem
as imposições de uma relação de poder, relação que não leva à proteção dos adolescentes e jovens nem
à decisão pela preservação da vida.
Os adolescentes portadores de deficiências físicas e/ou mentais também têm seus direitos
assegurados por leis internacionais e nacionais. As Nações Unidas, por meio da Resolução n.º 48/96,
publicou as Normas Uniformes sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiências.
Já a Resolução 46/119 marca os Princípios para a Proteção dos Doentes Mentais e para a Melhoria da
Atenção de Saúde Mental. Estes documentos procuram dar subsídios técnicos para que os países
busquem formas próprias para proteger este grupo populacional e evitar intervenções arbitrárias ou
abusivas.

Confidencialidade e Privacidade
O acesso ao serviço de saúde é fundamental para que o adolescente busque tratamento em tempo
hábil. Além disso, ele necessita privacidade e confidencialidade na relação com os profissionais de saúde
como expressão de seu processo de individualização. O importante não é se o profissional deve abrir
uma informação oriunda de uma consulta, mas sim se o adolescente consente com a quebra do sigilo,
quer seja para a família ou para representantes da lei. O sigilo da consulta deve ser assegurado por meio
de um debate nos serviços visando a um consenso entre os profissionais sobre as situações onde deva
ser violado. A confidencialidade apoia-se no artigo 103 do código de Ética Médica, que veda ao médico
“revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis
legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios
meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente”. A obrigação
de manter a confidencialidade não diminui apenas porque o paciente é um adolescente.
Independente de leis específicas que regem a questão de confidencialidade, alguns princípios devem
ser respeitados para que os serviços se guiem com relação ao tema. Assim, na perspectiva ética, é
importante que o profissional de saúde informe ao paciente, inicialmente, os limites que regem o serviço
com relação à confidencialidade. Da mesma forma, é importante que a família compreenda que a
comunicação e o encaminhamento das questões com o adolescente podem ficar prejudicados se houver
quebra da confidencialidade, sem uma razão clara e consensual entre o profissional e o
paciente/adolescente.
Os limites legais fornecem uma base para a obrigação de denúncia, sendo necessário, em
circunstâncias especiais, a quebra do sigilo em nome da segurança ou proteção do adolescente, nos
casos de abuso sexual, risco de vida, dependência de drogas, entre outros. Nestas situações, é imperioso
haver consenso da equipe multidisciplinar junto ao adolescente e sua família, para que fique clara a
exceção de conduta adotada na abordagem do caso, evitando que os demais usuários do serviço percam
a confiança na relação com a equipe.

Consentimento
A questão da confidencialidade está diretamente ligada ao consentimento, pois desvendar os
motivos do atendimento ou solicitar permissão aos pais ou responsáveis para os cuidados de saúde, na
perspectiva do adolescente, são a mesma coisa. Para que um adolescente receba tratamento médico,
segundo a lei, os pais ou responsáveis devem firmar um termo de consentimento. No entanto, na prática,
frequentemente isso não ocorre, pois os serviços que se propõem a dar atenção especial ao adolescente
precisam aproveitar sua vinda e atendê-lo sem esta formalidade. Cabe ao profissional, portanto, procurar
uma solução de acordo com o bom senso, de preferência solicitando ao próprio adolescente que firme
seu consentimento e que procure o envolvimento da família, sempre que possível.
Considera-se que, para fins legais, o adolescente pode se responsabilizar pelo seu tratamento
em circunstâncias especiais, como gravidez, paternidade precoce, evasão da residência familiar,
emancipação financeira, mesmo não sendo considerados plenamente emancipados. Existem

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situações em que até internações são realizadas sem a presença da família, nos casos de risco de vida,
atendimento a meninos/meninas de rua e emergências, tanto médico-cirúrgicas, quanto sociais. Nessas
circunstâncias sugere-se que os profissionais registrem o ocorrido no Juizado de Menores, evitando
serem flagrados agindo fora da lei.
O consentimento inclui o diálogo profissional/adolescente no sentido de ser respeitado o desejo do
adolescente de ser examinado ou não por ocasião da consulta. Saito aponta que “não deve ser esquecido
que cada adolescente é único e que o respeito a essa individualidade deve permear a consulta”.

Aspectos Éticos na Atenção à Saúde Reprodutiva


Uma situação que frequentemente traz dificuldade para o profissional de saúde é ter que lidar com
o início da vida sexual do adolescente. Para que o/a adolescente receba informações e não se exponha
a problemas relativos a atividade sexual desprotegida, os profissionais precisam demonstrar tranquilidade
e segurança ao prestar o atendimento. Neste âmbito, a mulher adolescente fica mais vulnerável, pois
muitos profissionais evitam assumir a responsabilidade de informar e de prescrever contraceptivos,
fundamentais para sua proteção.
A família, dependendo da forma com que encara o desenvolvimento de seus filhos adolescentes,
também se coloca, algumas vezes, como uma barreira na possibilidade de dar liberdade ao adolescente
de tomar decisão sobre o momento e com quem deseja se relacionar sexualmente, impedindo que ocorra
um diálogo essencial para a busca de informação por ambas as partes. E, o que é pior, muitas vezes
impede que os profissionais de saúde e de educação prestem informações a seus filhos, tornando-os
possíveis vítimas de uma prática desprotegida. Como os profissionais, geralmente, dependem da família
para o financiamento de seus serviços, ao se sentirem desautorizados para informar no momento ideal,
tornam-se esquivos, deixando passar oportunidades importantes de ajuda que poderiam refletir em
condutas saudáveis para o resto da vida do paciente.
Vale informar que já existem muitos documentos internacionais que dão aos profissionais instrumentos
jurídicos de apoio e que se prestam a serem utilizados em caso de confronto com a lei. Neste contexto,
um dos documentos mais importantes, publicado pela Assembleia Geral das Nações Unidas em
dezembro de 1979, entrou em vigência em setembro de 1981. Trata-se da “Convenção Internacional
Sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher”. Outros fóruns, tais como a
Convenção da Criança e a Quarta Conferência da Mulher em Pequim, confirmaram os direitos das
mulheres e adolescentes. “Entre os direitos que a Convenção garante encontra-se o direito ao acesso ao
cuidado de saúde, incluindo planejamento familiar e a eliminação da discriminação neste campo de
atuação - art. 12 (a). O artigo 12 (b) refere-se à obrigação de prestar serviços necessários durante a
gravidez e no período posterior ao parto, prestando-se o serviço de forma gratuita quando for necessário
e assegurando-se a adequada nutrição durante a gravidez e no período de aleitamento”.

O Departamento de Bioética e Adolescência da Sociedade de Pediatria de São Paulo publicaram a


seguinte recomendação: “Os pais ou responsáveis somente serão informados sobre o conteúdo
das consultas, como por exemplo, nas questões relacionadas à sexualidade e prescrição de
métodos contraceptivos, com o expresso consentimento do adolescente”. Outro aspecto de conflito
ético profissional diz respeito ao desejo manifesto da adolescente de interromper a gravidez. Neste caso,
a lei brasileira se posiciona favorável ao aborto no artigo 128 do Código Penal:
I – se não há outro meio de salvar a gestante;
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando
incapaz, de seu representante legal.

É importante que os profissionais de saúde saibam atender a urgência e fazer o encaminhamento


das vítimas de estupro com agilidade para a obtenção do Boletim de Ocorrência Policial e a realização
de exame de corpo delito no Instituto Médico Legal ou por médico responsável por este procedimento.
Os profissionais devem prosseguir o acompanhamento, na medida em que esta adolescente necessitará
de atendimento interdisciplinar por um certo período, independente de qual for à decisão tomada frente à
possível gravidez. A família deve ser orientada para procurar o Conselho Tutelar. Muitas vezes o
profissional de saúde participa de toda uma fase de indecisão por parte da adolescente, seu parceiro e
das famílias em relação à continuidade ou interrupção da gravidez, ficando sujeito, inadvertidamente ou
não, a expressar sua opinião baseada em valores e ideias próprias.
É extremamente importante que o profissional se abstenha de dar informações tendenciosas, pois só
agravará a situação como um todo. Qualquer que seja a decisão da adolescente e de sua família, o
profissional tem que estar preparado para escutar, apoiar e ajudar, indicando, se necessário, outros

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serviços ou profissionais para ajudar nos cuidados necessários a serem prestados e mostrando-se
disponível para a continuidade do atendimento independente da decisão tomada.
Com relação ao adolescente portador de alguma doença sexualmente transmissível (DST), nas duas
últimas décadas problemas éticos relacionados com os cuidados de saúde tomaram maior dimensão,
devido ao surgimento da AIDS e às situações envolvidas com sua prevenção, diagnóstico e tratamento.
As questões éticas ainda não estão muito bem definidas no manejo da aids no Brasil. Nos Estados Unidos
sugere-se que os adolescentes que necessitam ser testados para aids, somente o façam após receberem
aconselhamento pré e pós teste de forma apropriada, para o nível de compreensão de cada faixa etária
e de acordo com suas características sociais e psicológicas.
Em que pese à falta de ampla cobertura e do atendimento especializado, é importante que o acesso
de adolescentes portadores de DST, em especial da aids, seja garantido nos serviços, bem como o
diagnóstico oportuno e tratamento. É também fundamental que os profissionais de saúde deem suporte
à família, e/ou outros adultos responsáveis, para que ela consiga dar apoio emocional ao adolescente,
razão pela qual os profissionais devem assisti-la durante o período de acompanhamento do adolescente
na unidade de saúde.

Testagem Para Verificação do Consumo de Drogas


O consumo de drogas lícitas e ilícitas, que cresce assustadoramente no mundo, tem levado a um
debate sem precedentes entre os profissionais que lidam com adolescentes, familiares e líderes
comunitários, visto que todos se sentem inseguros sobre qual seria a melhor forma de lidar com o
problema. De acordo com a lei, adolescentes na faixa etária de 10 a 18 anos estão proibidos de
fazer uso de qualquer droga, mesmo fumo (tabaco) e álcool, configurando-se como um delito a
venda para este grupo etário. Por outro lado, a propaganda dessas drogas e a facilidade do acesso a
outras, como cola de sapateiro, maconha e cocaína, propiciam aos adolescentes e jovens uma
desconfiança sobre seus reais malefícios e uma resistência quanto a abrir mão de experiências
consideradas de sucesso entre seus pares.
A questão ética que se apresenta é se as escolas e instituições que trabalham com esse grupo
poderiam, ou deveriam, utilizar testagem de rotina, sem prévio consentimento, para o registro de flagrante
de seu uso entre adolescentes e jovens. Segundo a Organização Mundial de Saúde, esta medida deveria
ser implementada somente se houver possibilidade de tratamento e se a população, indicada pela
medida, concordar. Silber aponta que “o uso de droga é mais uma faceta na miríade de dificuldades que
uma pessoa jovem pode estar passando, como desemprego, pobreza, entre outras”. Considerando que
o abuso de droga sempre interfere com o projeto de vida do adolescente, o profissional que lida com este
grupo populacional deve desenvolver habilidades para detectar, precocemente, seu uso e se colocar
disponível para auxiliar os jovens na luta contra a dependência.
Um importante aspecto a ser debatido entre os profissionais que lidam com adolescentes e jovens se
relaciona à investigação científica. Pesquisas clínico-laboratoriais, bem como aquelas que utilizam
instrumentos de entrevista ou questionários para auto aplicação, seus protocolos e projetos de
investigação, devem sofrer uma avaliação anterior por parte dos comitês de ética institucionais.
O envolvimento do responsável ou de um familiar na pesquisa é importante visto que, tendo acesso
aos detalhes dos procedimentos e investigações, eles poderão decidir pelo consentimento ou não da
participação do adolescente. No entanto, Strasburger observa que o consentimento ativo, isto é, firmado
em folhas de consentimento pelos pais ou responsáveis, pode tornar-se uma burocracia que setores
conservadores da sociedade utilizam para impedir a execução de pesquisas de qualidade de assuntos
sensíveis, principalmente na área de sexualidade. Afirma ainda que, com esta conduta, um conjunto
importante de adolescentes, muitas vezes aqueles que representam o de maior risco, deixa de dar
informações significativas para o avanço do conhecimento.
As Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do
Conselho Nacional de Saúde, Resolução n.º 201, de 7 de novembro de 1996, publicada pelo
Ministério da Saúde em abril de 1997, abarcam quase todas as dúvidas que um pesquisador poderia
ter em relação aos sujeitos de sua investigação.

Alguns itens, mais relacionados com a área de saúde do adolescente, podem ser destacados:
Capítulo IV - Consentimento livre e esclarecido. “O respeito devido à dignidade humana exige que toda
pesquisa, após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por
seus representantes legais, manifeste a sua anuência à participação na pesquisa”.
Capítulo IV.1-f) A liberdade de o sujeito se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado; g) A garantia do
sigilo que assegure a privacidade dos sujeitos quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa;

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Capítulo IV.3 - a) Em pesquisas envolvendo crianças e adolescentes, portadores de perturbação ou
doença mental e sujeitos em situação de substancial diminuição em suas capacidades de consentimento,
deverá haver justificação clara da escolha dos sujeitos da pesquisa, especificada no protocolo, aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa, e cumprir as exigências do consentimento livre e esclarecido, por
meio dos representantes legais dos referidos sujeitos, sem suspensão do direito de informação do
indivíduo, no limite de sua capacidade;
Capítulo IV.3 - e) Em comunidades culturalmente diferenciadas, inclusive indígenas, deve-se contar
com a anuência antecipada da comunidade por meio dos seus próprios líderes, não se dispensando,
porém, esforços no sentido de obtenção do consentimento individual;
Capítulo V.1 – Não obstante os riscos potenciais, as pesquisas envolvendo seres humanos serão
admissíveis quando:
Capítulo VI - a) Oferecerem elevada possibilidade de gerar conhecimento para entender, prevenir ou
aliviar um problema que afete o bem-estar dos sujeitos da pesquisa e de outros indivíduos.

Em suma, cabe ao pesquisador buscar a aprovação de seu protocolo de pesquisa, nos conselhos de
ética disponíveis, protegendo os sujeitos de sua investigação de possíveis danos inadvertidos. No que
concerne à população adolescente, existe uma grande ambiguidade com relação ao consentimento livre
e esclarecido. Compete ao coordenador da pesquisa procurar, em cada situação, a melhor forma de
avançar frente ao estágio atual do conhecimento científico, sem promover riscos desnecessários, e com
a apresentação expressa das vantagens do estudo para melhoria da qualidade de vida desta população.

Doação de Órgãos
A doação de órgãos é facultada a adolescentes a partir dos 18 anos, devendo ser este desejo
expresso à família, sendo esta, em última instância, quem decide. No entanto, esta questão encontra-
se em debate entre os juristas e a sociedade, pois ainda não existe um consenso claro entre as
autoridades, buscando-se o aumento de transplantes a partir da doação presumida. Devido à grande
vulnerabilidade do adolescente e jovem a traumas e acidentes, o profissional que trabalha em serviços
de urgência frequentemente enfrenta dificuldades neste âmbito. Na hora do evento de morte cerebral, a
equipe de saúde passa por momentos de grande tensão e, por sua vez, a família vive momentos de
angústia, insegura na tomada de decisão sobre a disponibilização de órgãos para doação.
Nesta ocasião, outras variáveis entram em jogo, como questões religiosas e éticas, pois o profissional,
por preconceitos próprios, pode tomar partido contra ou a favor da doação, impedindo que a família tenha
acesso a todos os parâmetros necessários para tomar decisão de forma consciente. Mais uma vez os
profissionais devem ter estes aspectos da atenção trabalhados em equipe, antes da ocorrência de
eventos como este, porque a família precisa de um profissional seguro e competente, e não de uma
pessoa a mais para confundi-la e aumentar seu sofrimento.

Situações Éticas Com Relação à Morte


A possibilidade de morte de um adolescente ou jovem é sempre uma situação impensada pela
sociedade e, como não poderia deixar de ser, pelas equipes de saúde. Infelizmente, os profissionais que
lidam com pacientes severamente doentes podem ter que encarar este tipo de situação. O ideal é que
tenham elaborado, previamente, junto à sua equipe a melhor forma de atuar, sem procurar fugir de uma
abordagem respeitosa e carinhosa com relação ao paciente, ou à família, no momento de maior aflição e
em que eles mais necessitam de apoio.

Algumas situações merecem destaque nesta questão:


1) o adolescente decide abandonar o tratamento e manifesta o desejo de morrer;
2) o adolescente não responde ao tratamento e quer viver, mas não existe outro esquema terapêutico
disponível para ser substituído;
3) a equipe sabe que há alternativas de tratamento, porém o paciente vai morrer porque não existe
disponibilidade hospitalar ou técnica na área e não é possível o encaminhamento para centros de
excelência para que se proceda o tratamento adequado.

O avanço tecnológico das últimas décadas e a diversidade socioeconômica deste mundo globalizado
impõem ao profissional de saúde um problema ético que até bem pouco tempo era inexistente. A
informação via internet leva aos mais longínquos cantos do País o constrangimento da falta de acesso às
tecnologias de ponta. O confronto com a impotência para superar, o que antes era improvável, um
prognóstico sombrio de seu paciente portador de doenças graves, muitas delas, passíveis de melhoras

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significativas ou mesmo cura com o uso das novas tecnologias, deixa tanto o médico quanto a equipe de
saúde em um grande conflito.
É justo que o adolescente e sua família recebam todas as informações a que têm direito, mas é
importante também que não sejam alvo de um repasse de responsabilidades frente a condutas a serem
seguidas. Portanto, a equipe de saúde deve sempre pesar os benefícios de informar a clientela frente a
um procedimento ou tratamento impossível de ser executado dado às condições locais. Quando o
adolescente decide abandonar o tratamento e faz uma opção de morrer, nem sempre o significado da
morte está claro. O problema é magnificado quando a vida pode ser mantida ainda por longos períodos
com o uso de procedimentos invasivos ou tratamentos penosos. Nestes casos encontram-se pacientes
portadores de alguns tipos de neoplasias malignas, cardiopatias severas, patologias renais crônicas, entre
outros. Novas tecnologias prolongam, mas não garantem qualidade de vida. Segundo Schowalter e cols.,
nestas situações passa a haver um embate entre a decisão médica de aliviar o sofrimento e a de prolongar
a vida. Lantos discute que, da mesma forma que o adolescente pode ser considerado competente para
decidir onde e como se tratar, ele deve ser ouvido no momento que desiste do tratamento.
Algumas vezes é evidente para todos que a morte é iminente, o sofrimento é grande e os esforços de
prolongar a vida implicam somente estender o sofrimento. Existem casos, contudo, que o desejo de
morrer está fora de proporções com relação ao sofrimento. Em todos estes casos o médico, junto com a
equipe de saúde, deve ouvir o paciente e sua família e procurar colaborar prestando o máximo de
informações, para que uma decisão precipitada não torne ainda mais penoso o luto que vem a seguir.
Sempre que possível, um profissional de saúde mental deverá ser convocado para apoiar o adolescente,
a família, ou mesmo a equipe de saúde, frente a estes dilemas.

Promoção de Saúde e Protagonismo Juvenil


As atividades de promoção de saúde direcionadas para a população jovem são mais eficazes quando
desenvolvidas numa perspectiva de saúde coletiva, pois consideram o indivíduo dentro de seu contexto.
Este enfoque facilita a abordagem de diversos problemas, como atividade sexual precoce, pressão de
grupo, uso de drogas, prevenção de acidentes, violência urbana, escolha profissional, entre outros.
Internacionalmente, intitula-se promoção de saúde as intervenções que permitem ao jovem adquirir
competência e segurança na auto gestão de sua vida.

Marco Histórico Conceitual


Do ponto de vista histórico, a evolução do conceito de promoção de saúde acompanha a própria
evolução do conceito de saúde-doença. Terris, revendo a literatura, revelou que William P. Allison, da
Universidade de Edimburgo, Escócia, em 1820, descreveu pela primeira vez a estreita associação entre
pobreza e enfermidade a partir de suas experiências com o tifo epidêmico (1827-28) e com uma epidemia
de cólera (1831-32). Na mesma ocasião, Villermé escreveu sobre a relação entre a pobreza e a doença
como influência importante na mortalidade nas várias regiões de Paris e, em 1840, publicou um estudo
sobre as péssimas condições de vida como causa de morte prematura de trabalhadores de fábricas de
algodão, lã e seda. Virchow, na Alemanha, estudando uma epidemia nos distritos industriais de Silésio
chegou à conclusão de que suas causas eram mais sociais e econômicas do que biológicas,
recomendando prosperidade, educação e liberdade.
Na Grã-Bretanha, Ryle, professor de Medicina Social de Oxford, correlacionou as doenças prevalentes
com as condições sociais e ocupacionais. Entretanto, a terminologia “promoção de saúde”, de forma
pioneira, foi usada por Henry Sigerist em 1945, quando determinou que as grandes tarefas da medicina
eram as de promoção de saúde, prevenção de enfermidades e reabilitação do dano. Segundo
Sigerist, promove-se saúde quando se facilita um nível de vida digna, boas condições de trabalho,
educação, cultura física e recreação. Ele propôs uma ação integrada entre políticos, lideranças,
trabalhadores, educadores e médicos. Os dois grandes marcos da promoção de saúde podem ser
considerados os Informes Lalonde e a Carta de Ottawa. No Informe de Mc Lalonde, Canadá, foram
definidos os campos de saúde em grandes componentes: biologia humana, meio ambiente, estilo
de vida e organização do cuidado médico. A Carta de Ottawa é um documento firmado em 1986, por
ocasião da Conferência Internacional de Promoção de Saúde no Canadá, por representantes de 38
países que se comprometeram como sendo as condições fundamentais de saúde: paz, moradia,
educação, alimentação, salário, ecossistema favorável, utilização adequada dos recursos
públicos, justiça social e igualdade de direitos dos cidadãos.
A Carta rejeita o enfoque tradicional da educação em saúde, na qual o público exerce meramente um
papel passivo de receptor dos programas educacionais desenvolvidos por profissionais e especialistas.
Defende a ideia de que as pessoas deveriam agir ativamente, reforçando habilidades que aumentariam
suas opções para o exercício de um controle maior sobre sua própria saúde e de seu meio ambiente.

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Outro ponto importante é o reforço da necessidade da participação comunitária de forma efetiva para o
estabelecimento de prioridades, tomada de decisão e planejamento de estratégias.

Recomendações da Organização Mundial de Saúde – OMS


A OMS, nos programas propostos para o novo milênio, ratifica a importância da implementação de
atividades intersetoriais de promoção de saúde e de prevenção de riscos que afetam a população em
situação de vulnerabilidade.

A OMS propõe:
- apoiar os programas destinados a promover estilos de vida e comportamentos saudáveis, combater
hábitos não saudáveis como tabagismo, uso indevido de álcool e drogas, mediante a educação,
informação e ações específicas;
- colaborar com a formulação de programas de promoção e proteção à saúde de grupos vulneráveis
da população;
- promover e apoiar programas que objetivem a melhoria do ambiente físico e o controle de risco de
saúde ambiental;
- promover e apoiar a criação de uma rede de participação comunitária na promoção e proteção à
saúde.

Para a OMS, os principais problemas de saúde apresentam estreita relação com os estilos de
vida e os fatores do meio ambiente – social, econômico e cultural. Os serviços de saúde, portanto,
deveriam criar canais de negociação entre as diversas instâncias da sociedade, visando ampliar os
conceitos de saúde em suas vertentes social, cultural e política, e especialmente em torno de valores,
conhecimentos, atitudes e práticas individuais e coletivas que influenciem as condições de vida da
população. Seguindo a orientação da Organização Pan-americana de Saúde – OPAS, o Programa de
Saúde do Adolescente vem procurando atuar de forma preventiva e incentivando atividades de promoção
de saúde.
Entretanto, percebesse ainda uma grande dificuldade da sociedade debater assuntos polêmicos,
principalmente em questões ligadas à sexualidade, prejudicando a divulgação de informações que
poderiam favorecer a adoção de práticas saudáveis de vida. Por outro lado, os profissionais de saúde
não encaram como sua a tarefa de participar na formação dos jovens, limitando-se ao atendimento de
acordo com sua área de competência técnica. Na maioria das vezes, eles não estão capacitados para
prestar uma abordagem integral na atenção ao adolescente. Estas restrições impedem uma orientação
adequada dos jovens. Esta situação gera o que se chama de oportunidades perdidas de promoção de
saúde.
Atualmente existem diferentes enfoques teóricos e práticos de como fazer “promoção de saúde”. Para
autores como Cerqueira, a promoção da saúde representa um campo de ação amplo que exige o
envolvimento da população, para que esta incorpore estilos de vida saudáveis e melhore o seu auto
cuidado. Por sua vez, promover a saúde de jovens exige o desafio da criação de estratégias mais eficazes
de participação. Campos veem a juventude como um grupo chave para qualquer processo de
transformação social. Seu potencial crítico, criativo, inovador e participativo, quando adequadamente
canalizado, pode ser a mola propulsora de mudanças positivas.
A conexão que se faz entre promoção de saúde, participação social e protagonismo juvenil apoia-se
no processo de educação e saúde para a cidadania. Costa reforça esta fundamentação e afirma que o
paradigma que norteia a ação do “Protagonismo Juvenil” fundamenta-se num modelo de relação
pedagógica pautada na solidariedade entre os adultos e os mais jovens. Esta relação significa a base
essencial do processo de intercâmbio entre educadores (profissionais) e educandos (jovens). A partir
desse convívio democrático, o jovem vai aprendendo a pensar e agir, adquirindo assim, diante da
complexa realidade político-social de nosso tempo, melhores condições para decidir de forma autônoma,
madura e responsável.
Buscar a participação dos jovens nesse processo pedagógico de auto cuidado deve ser um desafio
permanente para os profissionais de saúde. Deve-se levar em consideração que a juventude atual
mantém outra relação com o mundo, com as diversidades de grupos sociais, com a mídia, os modos de
produção, enfim com a própria vida. Assim, mobilizar e aglutinar jovens pressupõe a adoção de
metodologias participativas e de estratégias inovadoras. Portanto, a participação é a condição
indispensável para fazer acontecer o protagonismo juvenil.
Para Flisfisch, o conceito de participação assume um sentido maior quando os sujeitos se encontram
para uma atuação coletiva. A partir dessa atuação conjunta é que se estabelece a troca de informação
entre os sujeitos. Em sentido mais amplo, o mesmo autor conceitua metodologia participativa como “toda

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ação que coloca os sujeitos participantes do processo como atores principais, valorizando e incorporando
suas histórias de vida como ferramentas de trabalho e de construção coletiva”. Não se pode dizer que há
um trabalho participativo sem antes haver convivência, isto é, uma relação de interação com os sujeitos
envolvidos no processo de transformação. Em termos práticos é a partir do encontro entre profissionais
e população alvo (adolescentes e jovens) que esta metodologia se concretiza.
Nesta perspectiva, o jovem assume um papel primordial, por sua tendência natural de interação com
outros jovens. Há entusiasmo e vitalidade para a ação grupal com ideias e criatividade. Segundo Costa,
estas são qualidades importantes para o desenvolvimento do Protagonismo Juvenil. Deve-se criar
condições para que o educando (jovem) possa exercitar, de forma coletiva e crítica, essas faculdades na
construção gradativa da autonomia que ele exercerá no mundo adulto. O processo de participação juvenil
exige o desenvolvimento de determinadas habilidades para que o jovem possa exercer seu papel.
Primeiro é preciso identificar lideranças juvenis e engajá-las no movimento social de proteção à saúde. O
líder juvenil deve ter a capacidade de orientar o grupo na realização de atividades vinculadas a estilos de
vida saudáveis. Ele se torna, ao mesmo tempo, uma referência e um modelo de comportamento para os
demais jovens. O líder deve aprender a lidar com as contradições entre o mundo jovem e o adulto, tendo
a capacidade de se articular coletivamente com outros jovens. Nesta mediação, a dificuldade está em
encontrar a medida certa entre saber ouvir e entender o mundo adulto sem abrir mão das características
e demandas específicas do grupo que ele representa.
O incentivo ao protagonismo juvenil é justamente o de capitalizar a tendência dos adolescentes na
formação de grupos no sentido de favorecer seu desenvolvimento pessoal e social. Todavia, os adultos
devem deixar espaços para que os adolescentes adotem outras formas de organização e de expressão.
Portanto, torna-se premente que os jovens construam espaços de sociabilidade espontânea nas escolas,
igrejas, programas sociais, entre outros. Assim, vão se preparando para enfrentar os dilemas da
sociedade adulta, onde a pluralidade e o conflito de interesses são constantes.

Organização de Serviços de Saúde


Os serviços de saúde no nível primário de atenção devem estar estruturados a partir da lógica
dos preceitos de promoção de saúde e prevenção de agravos e precisam levar em consideração
a equidade social. Nesta ótica é importante que o profissional de saúde tenha clareza de que um
trabalho eficaz de promoção de saúde pressupõe uma integração intersetorial. Sugere-se uma atuação
com outras áreas, que são setores importantes no processo de socialização e organização dos
adolescentes e jovens, tais como esporte, lazer, cultura, justiça e religião. Eventos culturais e de lazer
podem ser aproveitados pela equipe de saúde para a sensibilização e mobilização deste segmento
populacional para a promoção de sua saúde. A intersetorialidade pode ser uma estratégia de articulação
em rede, desenvolvendo e fortalecendo laços de solidariedade, cidadania e democracia. Por outro lado,
a solidariedade entre os setores da sociedade não deixa de ser uma forma estratégica de amenizar os
efeitos devastadores da pobreza, incluindo os fatores de risco ambiental.
A promoção de saúde também depende da aplicação de métodos e técnicas de educação para a
saúde, comunicação social e capacitação de diversos atores. Os serviços de atenção primária devem
incorporar novas práticas de saúde, estimulando um processo de gestão comunitária, em que os jovens
possam influir no processo de decisão e planejamento. Todas estas medidas se apoiam em diretrizes que
favorecem o desenvolvimento humano e social, a democratização e a sustentabilidade de ações que
promovam a saúde. Ao mesmo tempo, previnam, controlam e reduzem os fatores condicionantes
ambientais que põem em risco a saúde dos adolescentes e jovens. Portanto, é necessário inovar na
criação de estratégias que sejam mais eficazes para ampliar a participação de jovens na organização de
um serviço de saúde.
A participação dos jovens é fundamental na execução das atividades e principalmente na tomada de
decisão, que deve ser entendida não só como uma ação de direito, mas como uma contribuição para a
sociedade civil no processo democrático. O jovem deve adquirir conhecimentos para desenvolver suas
habilidades para a vida e estar motivado a atuar de maneira que promova a sua saúde e seu
desenvolvimento. Neste âmbito, a Unicef, em consonância com as diretrizes da OPAS, vem defendendo
a importância de os jovens participarem cada vez mais dos momentos de planejamento e execução dos
Programas de Saúde nas Unidades Básicas.
Algumas vezes a população juvenil não está consciente de que necessita dos serviços de saúde ou
não sabe que estes serviços estão disponíveis. Às vezes nem percebe as situações de risco que está
passando e que poderia buscar ajuda para problemas como os ligados à saúde sexual e reprodutiva,
abuso sexual e físico, uso de drogas, violência/brigas, entre outros. A divulgação nas unidades básicas
de saúde dos serviços disponíveis aos jovens nas escolas, clubes e igrejas e a revelação de experiências
inovadoras por meio de publicações impressas, eletrônicas e/ou digitais, ajudam a ampliar o acesso a

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informações. Além disso, a articulação dos serviços de saúde com outras instituições da área, como na
organização de eventos educacionais e culturais, é uma forma estratégica para a promoção de saúde.
Esses eventos propiciam um intercâmbio de conhecimentos e experiências entre profissionais e jovens,
gerando novas formas de saber, capazes de fortalecer habilidades pessoais e profissionais.
Portanto, os profissionais de saúde devem criar condições de atuação em áreas onde os
adolescentes desenvolvam atividades coletivas, visto que estes são espaços legítimos para a promoção
do auto cuidado. É importante enfatizar que as informações, além de um conteúdo técnico correto, devem
ser trabalhadas de forma lúdica. A programação de estratégias envolvendo os gestores locais é
fundamental, para que não se perca a dimensão da continuidade das ações, imprimindo impacto nas
políticas públicas. Apesar de os jovens serem frequentemente colocados como agentes do presente, eles
ainda dispõem de poucos espaços para participar da vida política e social de sua comunidade. Para
alcançar a mudança social devem assumir o papel de protagonistas pelo menos em três enfoques:
políticas públicas, práticas sociais e direito/legislação.
Mesmo vivendo numa época de mudanças aceleradas, muitos jovens estão à procura de situações e
de experiências que os ajudem a encontrar o sentido de sua existência, ávidos para participar na
construção de um projeto de vida melhor, bastando encontrar espaços para fazer valer suas ideias. É
neste contexto que o protagonismo juvenil emerge como alternativa válida e eficaz para permitir que o
jovem vivencie e incorpore valores que se originam no grupo, e que darão as bases para a mudança de
comportamento. Assim, a proposta deste tipo de protagonismo parte do pressuposto de que os jovens
podem ultrapassar os limites de seu entorno pessoal e familiar, influindo na vida comunitária e social.
Esta seria uma forma de adolescentes e jovens gerarem mudanças decisivas na realidade social,
ambiental, cultural e política. Para que isto aconteça é preciso o envolvimento em processos de discussão,
decisão, planejamento e execução de ações, visando à solução de problemas.

A Consulta do Adolescente e Jovem


Os adolescentes atravessam um processo dinâmico e complexo de maturação. As transformações
corporais, o surgimento de novas habilidades cognitivas e seu novo papel na sociedade são
determinantes do questionamento de valores dos adultos que os cercam. Por isso, eles se predispõem a
novas experiências testando atitudes e situações, que podem ameaçar sua saúde presente e futura, como
por exemplo: acidentes, gravidez não planejada, doenças sexualmente transmissíveis, uso de drogas e
distúrbios alimentares. Embora os programas de atenção ao adolescente já estejam sendo
implementados há quase três décadas, observam-se mudanças significativas no perfil de morbi-
mortalidade neste grupo populacional, com aumento de problemas que poderiam ser evitados por
medidas de promoção de saúde e prevenção de agravos.
Diante desse cenário, a alternativa viável e coerente é a modificação da ênfase dos serviços de saúde
dirigidos a essa clientela. Os profissionais de saúde devem incluir medidas preventivas como um
componente fundamental de sua prática assistencial, ao invés da atenção estritamente biológica e
curativa. A consulta desta clientela nos serviços de saúde deve ter como objetivos além da
prevenção de agravos, o diagnóstico, a monitorização, o tratamento e a reabilitação dos
problemas de saúde. A proposta deste capítulo é abordar situações e peculiaridades da consulta do
adolescente e jovem.

A Recepção nos Serviços de Saúde


Independentemente da razão que faz com que o adolescente/jovem procure o serviço de saúde, cada
visita oferece ao profissional a oportunidade de detectar, refletir e auxiliar na resolução de outras questões
distintas do motivo principal da consulta. A entrevista é um exercício de comunicação interpessoal, que
engloba a comunicação verbal e a não verbal. Para muito além das palavras, deve-se estar atento às
emoções, gestos, tom de voz e expressão facial do cliente. A acolhida nos serviços deve ser cordial e
compreensiva, para que se sintam valorizados e à vontade nos mesmos. Uma acolhida hostil, que
imponha uma série de exigências, pode afastar o adolescente, perdendo-se a oportunidade de adesão
ao serviço. Pelas características próprias dessa etapa do desenvolvimento, muitas vezes eles têm
dificuldades em respeitar os horários e as datas de agendamento, determinando que o serviço construa
mecanismos de organização mais flexíveis.
Além disso, é de fundamental importância que a equipe possa ser facilmente reconhecida pela clientela
– através de crachás – para permitir a identificação do profissional a quem deve se dirigir no
esclarecimento de suas dúvidas ou em busca de informações específicas. Os ambientes devem ser bem
sinalizados, auxiliando os usuários a circularem pelos serviços.

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A Adequação do Espaço Físico
Em geral, os adolescentes preferem uma sala de espera exclusiva para sua utilização nos horários de
atendimento. Esse espaço deve ser, acima de tudo, acolhedor, agradável e confortável para os clientes
e seus acompanhantes. Isto pressupõe locais amplos, bem ventilados e limpos, adequados para o
desenvolvimento de atividades de grupo que podem ter múltiplos objetivos, tais como a apresentação do
serviço, integração com a equipe e educação para a saúde.
O acesso a materiais educativos (livros, revistas, vídeos, programas de informática) é de grande valor
porque ajuda a aproveitar o tempo livre e permite o acesso e reforço de informações relevantes. A porta
do consultório deve permanecer fechada durante a consulta, para impedir interrupções, e a sala deve ter
espaço sufi ciente para conter mobiliário que permita a entrevista do adolescente e de sua família. A sala
de exame deve ser separada do espaço da entrevista, assegurando a privacidade do exame físico.

As Ações Preventivas Como Componentes da Consulta

De acordo com a Associação Médica Americana, as visitas de rotina de adolescentes e jovens


e suas famílias aos serviços de saúde configuram-se como oportunidades para:
1. reforçar mensagens de promoção de saúde;
2. identificar adolescentes e jovens que estejam sujeitos a comportamentos de risco ou que se
encontrem em estágios iniciais de distúrbios físicos e/ou emocionais;
3. promover imunização adequada;
4. desenvolver vínculos que favoreçam um diálogo aberto sobre questões de saúde.

Todos os adolescentes e jovens deverão receber esclarecimentos a respeito de seu crescimento físico
e desenvolvimento psicossocial e sexual. Deve ser enfatizada a importância de se tornarem ativamente
participantes nas decisões pertinentes aos cuidados de sua saúde. Na abordagem da prevenção de
acidentes de trânsito, o profissional de saúde deve orientar os jovens a não dirigir alcoolizados, bem
como sob os efeitos de substâncias psicoativas, e que sempre usem cintos de segurança. Devem
aconselhar também que evitem provocações e revides em situações conflituosas em vias públicas, e que
tenham cuidado na travessia de ruas movimentadas ou cruzamentos.
As vantagens da realização de atividade física regular deverão ser reforçadas, incluindo seu papel na
promoção da saúde física e mental e como fator de socialização. No entanto, deve-se alertar quanto à
necessidade do adequado condicionamento físico antes de exercícios ou práticas esportivas. Os
adolescentes deverão receber esclarecimentos sobre cuidados com a saúde oral, hábitos nutricionais
adequados, incluindo os benefícios de uma alimentação saudável e da manutenção do peso ideal. As
consultas são momentos privilegiados para o aconselhamento de práticas sexuais responsáveis e
seguras. O uso de preservativo deve ser enfatizado como prática indispensável na prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis e de infecção pelo HIV. Esta é também uma oportunidade de esclarecimento
de dúvidas, de conversar sobre a importância do afeto e do prazer nas relações amorosas e para alertar
sobre situações de risco para abuso e/ou exploração sexual.
De acordo com os protocolos de controle de pressão arterial, todos os adolescentes e jovens deverão
ter sua pressão arterial aferida anualmente. Aqueles com história familiar de hipercolesterolemia deverão
ser investigados com dosagens séricas de colesterol total, bem como os adolescentes que apresentarem
múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular (fumantes, hipertensos, obesos, diabéticos ou os
que consomem uma dieta rica em gorduras saturadas e colesterol).
O consumo de cigarros, álcool/drogas e anabolizantes deve ser investigado nas consultas para a
adoção de medidas preventivas e, se necessário, encaminhamento. Outros assuntos importantes são as
dificuldades escolares e no trabalho. Essa abordagem deverá ser desenvolvida de forma criativa, não se
revestindo de um caráter inquisitivo. O bom senso determinará a melhor forma de relacionar as inúmeras
questões aqui enunciadas, tendo-se clareza de que não há obrigatoriedade de esgotar todos os tópicos
em uma única ocasião. A utilização de materiais educativos é de grande ajuda no desenvolvimento de
ações preventivas. Cabe ressaltar, entretanto, a importância da prévia adequação destes às realidades
locais para que se alcancem os objetivos propostos.

A Entrevista – Características do Profissional de Saúde


A entrevista não deve obedecer a formatos rígidos e preconcebidos, já que se trata de um grupo
heterogêneo de indivíduos, com características próprias. Especificamente em relação a esse grupo
populacional, além das diversidades de cada sujeito, há que se ressaltar aquelas relacionadas à faixa
etária, adolescentes mais jovens ou mais velhos, gênero, meio familiar, adolescentes que moram com

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suas famílias ou não, escolaridade, entre tantas outras. Não existe um perfil específico de profissional de
saúde para o atendimento de adolescentes/jovens.

Algumas características, entretanto, devem ser ressaltadas como muito importantes:


– estar disponível para atender o paciente e sua família sem autoritarismos;
– estar atento ao adolescente e ter capacidade de formular perguntas que auxiliem a conversação,
buscando compreender sua perspectiva;
– não ser preconceituoso, evitando fazer julgamentos, especialmente no que diz respeito à abordagem
de determinadas temáticas como sexualidade e uso de drogas;
– buscar de forma contínua, atualização técnica na área específica de atuação profissional.

Dinâmica da Consulta
Em termos ideais, devem existir dois momentos na consulta: o adolescente sozinho e com os
familiares/acompanhantes. Entrevistar o adolescente sozinho oferece a oportunidade de estimulá-lo a
expor sua percepção sobre o que está acontecendo com ele, e que, de forma progressiva, torne-se
responsável pela própria saúde e pela condução de sua vida. Além disso, esse espaço permite que o
adolescente/jovem aborde alguns aspectos sigilosos que o estejam preocupando. A entrevista com a
família é fundamental para o entendimento da dinâmica e estrutura familiar e para a elucidação de
detalhes importantes.
O profissional de saúde não deve ficar restrito a obter informações sobre o motivo focal que levou o
adolescente ao serviço de saúde e sim conhecer o cliente como um todo. Isto inclui a avaliação de como
ele está se sentindo em relação às mudanças corporais e emocionais pelas quais está passando, seu
relacionamento com a família e com seus pares, a forma como utiliza as horas de lazer, suas vivências
anteriores no serviço de saúde, expectativas em relação ao atendimento atual e seus planos para o futuro.
É importante salientar que durante a anamnese podem surgir barreiras de comunicação. Além de
reconhecê-las e tentar superá-las, o profissional deverá buscar explorar as razões que determinam esse
comportamento. Outra situação que deve ser observada é a possibilidade de o profissional de saúde
sentir-se seduzido pelo paciente e vice versa. O profissional deve ter clareza de seu papel e evitar outros
tipos de relacionamentos que não o estritamente técnico. Uma alternativa para vencer essas dificuldades
é apresentar a situação à equipe e discutir soluções ou encaminhamentos. Nesta oportunidade podem
surgir outras opções no manejo do caso, incluindo a possibilidade de referência para outro profissional.

O Exame Físico
O exame físico é o procedimento que apresenta o mais elevado grau de dificuldade para o profissional
de saúde pouco habilitado. Isso decorre do fato de que, na formação do médico ou enfermeiro, não
existem disciplinas que desenvolvem esta habilidade levando em consideração o desconforto causado
ao profissional, pela necessidade de manipulação do corpo de um indivíduo em pleno desenvolvimento
físico, sexual e pujança de vida. Dadas estas dificuldades, muitos profissionais optam por não realizar o
exame físico completo, resultando em oportunidades perdidas no diagnóstico de problemas de saúde.
Uma alternativa para o profissional em formação, ou para aqueles que não se sentem à vontade para
proceder ao exame físico, é a participação de outro profissional da equipe como observador durante este
momento da consulta. No caso de o adolescente mostrar-se constrangido com a realização do exame
físico, ou se houver algum indício de situações de sedução de ambas as partes, recomenda-se também
a presença de um componente da equipe durante o procedimento. A explicação prévia do que e como
será realizado o exame físico é importante para tranquilizar o adolescente e diminuir seus temores. Além
da ansiedade frente ao manuseio do corpo, não raro o adolescente encontra-se ansioso ante a
perspectiva de achados anormais. Assim, é desejável que o profissional responda a essa expectativa,
revelando o que está normal durante a avaliação.
O exame físico deve ser uma oportunidade de o profissional abordar temas educativos com o cliente
em relação a seu corpo, como por exemplo por meio da instrução do autoexame das mamas e dos
testículos. A orientação sobre hábitos higiênicos é também um aspecto importante a ser tratado neste
momento. Sempre que possível, deve-se realizar o exame físico completo na primeira consulta, incluindo-
se um screening visual, pesquisa de cáries dentárias, observação cuidadosa de pele e mucosas, exame
da coluna vertebral, do aparelho genital, entre outros. Na realização da consulta clínica, alguns
instrumentos são fundamentais para o registro dos dados obtidos no atendimento. Frente às
peculiaridades de um corpo em amadurecimento, a aferição de medidas antropométricas e a disposição
dessas em gráficos (NCHS), além do estagiamento puberal (critérios de Tanner), são imprescindíveis. Os
dados relacionados à anamnese e ao exame físico devem ser registrados em formulários apropriados
adotados pelos serviços.

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A Equipe de Saúde
A atenção integral à saúde dos adolescentes e jovens requer a participação de profissionais de
diversas disciplinas, que devem interagir por meio de um enfoque interdisciplinar. O atendimento por
equipe concentra-se no problema, evitando-se visões fragmentadas, apenas de cada especialidade e/ou
disciplina. O trabalho interdisciplinar tem como principal característica a prestação do serviço a uma
mesma população por meio da interconsulta ou referência. Essa atuação, mesmo com uma boa interação
entre os componentes da equipe, é realizada de forma independente, às vezes em diferentes locais. Na
atuação em equipe multidisciplinar, o conjunto de profissionais de diferentes disciplinas interage para
prestar atendimento ao cliente. Essa integração é feita por meio de discussões conjuntas, onde as
decisões são compartilhadas e tomadas dentro das diferentes perspectivas, resultando em uma proposta
terapêutica mais eficaz.

Níveis de Atenção

De acordo com o grau de complexidade, os serviços de saúde classificam-se em três níveis:


- primário;
- secundário;
- terciário.

Esta hierarquização é importante para o funcionamento de uma rede de serviços que utiliza um sistema
de referência e contra-referência. Para melhor efetividade, o cliente deve transitar entre os níveis de
atenção sem perder a continuidade de seu atendimento, o que é garantido por meio da integração entre
os três níveis. A rede de serviços de saúde deve estar organizada em níveis de complexidade crescente,
com coordenação adequada entre eles.

Nível Primário: O nível primário corresponde à instância de maior descentralização do sistema político
administrativo. Esta característica facilita a criação de mecanismos de articulação interinstitucionais e
intersetoriais. Para a organização dos serviços de atenção primária, os enfoques epidemiológico,
ecológico, familiar e comunitário devem ser utilizados. A localização do serviço de saúde próxima às
comunidades melhora o controle dos problemas de saúde da população adstrita, por meio de medidas de
promoção de saúde e prevenção de agravos, além do acompanhamento das questões prevalentes de
saúde. O gerente dos serviços deverá mobilizar, em nível local, os recursos políticos e institucionais,
coordenando e facilitando os graus de participação do usuário e de suas famílias.

Nível Secundário: É o nível articulador entre os sistemas de baixa e alta complexidade. O nível
secundário compõe-se de ambulatórios de maior complexidade, também chamados policlínicas, como
também por serviços inseridos em hospitais. Esses serviços devem assistir adolescentes e jovens
referidos dos outros níveis de atenção, para um atendimento especializado e diferenciado. A
característica do nível secundário é dispor de uma infraestrutura adequada e de uma equipe
interdisciplinar, na maior parte das vezes com médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais com
formação em saúde do adolescente.

Nível Terciário: Este nível corresponde à atenção de alta complexidade em serviço de internação
hospitalar. Deve contar também com equipes multidisciplinares e com a articulação entre especialistas
clínicos e cirúrgicos. As responsabilidades com o paciente devem ser compartilhadas com todos os
componentes da equipe e especialistas, assegurando-se a integralidade e continuidade da atenção.

Repensando Um Novo Paradigma

A equipe pode aproveitar o momento da consulta dos adolescentes e jovens para trocar informações
e perceber as novas tendências da população alvo. Deve ter em mente que, tratando-se de um segmento
em constante mudança, é necessário saber mais sobre sua vida, costumes e particularidades. A
participação do cliente é fundamental na organização dos serviços. Esta presença poderá facilitar a
adesão e cooperação do grupo de usuários, contribuindo para o aumento da qualidade da atenção
prestada.

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Assistência ao Adolescente Portador de Doença Crônica

As doenças crônicas são definidas como aquelas que provocam no indivíduo invalidez permanente ou
residual, alteração patológica irreversível ou requerem períodos prolongados de supervisão, observação,
atenção e/ou reabilitação. Apesar da grande diversidade dessas doenças, o impacto nos adolescentes e
em suas famílias independe do caráter específico do processo patológico. O estresse provocado pela
doença não varia, prioritariamente, em função das características de cada uma, e sim de acordo com as
limitações impostas pela enfermidade, interferência nas atividades cotidianas e nos projetos futuros, além
da capacidade de os adolescentes e suas famílias lidarem com a situação.
As últimas décadas registraram um grande crescimento nas intervenções médico cirúrgicas de alta
complexidade e nas tecnologias de apoio, o que permitiu a sobrevivência em situações que,
anteriormente, determinavam morte precoce. Por isso, hoje há uma tendência ao aumento da prevalência
de doenças crônicas e incapacitantes em adolescentes e jovens. Estima-se que de 7% a 10% da
população juvenil tem uma doença crônica importante.

Este capítulo aborda dois temas:


- os problemas que o adolescente e sua família enfrentam quando vivem um processo de doença
crônica;
- a organização da assistência a esse grupo pela equipe de saúde.

O Adolescente Portador de Doença Crônica

Os profissionais envolvidos na assistência a adolescentes portadores de doença crônica devem estar


atentos aos efeitos da doença primária, bem como às suas repercussões na saúde integral dos pacientes.
A atenção prestada a essa clientela não se poderá restringir aos aspectos clínicos da doença de base,
devendo estender-se ao acompanhamento do crescimento físico e emocional e do desempenho afetivo
e social. Frequentemente, os adolescentes portadores de doenças crônicas conseguem ter uma
assistência médica específica. Contudo, geralmente os profissionais de saúde não dão ênfase às ações
preventivas, como imunização, saúde oral, saúde sexual e reprodutiva, monitorização do crescimento e
desenvolvimento, prevenção do uso de álcool, fumo e drogas ilícitas, prevenção de problemas escolares,
entre outros.
Na adolescência, o indivíduo atravessa um período de busca de autonomia. Alguns não aceitam
simplesmente obedecer, questionando a autoridade médica, ou de sua família, ignorando as limitações
impostas por seu problema de saúde. Esta rebeldia pode culminar com atitudes extremas de negação da
doença e falta de adesão ao tratamento. Durante a adolescência a imagem corporal é extremamente
importante. Por isso, se houver prejuízo na aparência ou se o uso de medicações provocar efeitos
colaterais antiestéticos, a equipe de saúde deve ficar atenta. Uma imagem corporal insatisfatória pode
causar sentimentos de desvalorização e inferioridade, criando um ciclo vicioso constituído pela
transgressão aos regimes terapêuticos propostos e consequente agravamento da doença. Por sua vez,
a piora da doença pode contribuir com alterações na aparência física, prejudicando ainda mais a
autoestima.
As principais características da puberdade consistem no aumento da velocidade de crescimento e na
maturação sexual. O crescimento estatural é um dos indicadores mais sensíveis de disfunção orgânica
durante a infância e fase inicial da adolescência. Retardo na velocidade de crescimento e a baixa estatura
decorrente, além do atraso puberal, são sinais frequentes de algumas doenças crônicas. Esses sinais
poderão contribuir, junto com os demais componentes da doença, para diminuir a autoestima, dificultando
a adaptação ao processo crônico e causando transtornos emocionais e nas relações interpessoais. A
gênese da baixa estatura e do atraso puberal é complexa e multifatorial, compreendendo, entre outros
fatores, nutrição inadequada, perda proteica, inflamação crônica, anoxia tissular, distúrbio ácido básico e
efeitos de medicações utilizadas no tratamento.
Outro aspecto relevante a ser enfrentado por adolescentes portadores de doenças crônicas é a
dificuldade de estabelecer ou manter os vínculos afetivos. Entre as causas destas dificuldades podemos
citar as limitações de atividades físicas com prejuízos à socialização, o absenteísmo escolar e do local de
trabalho devido às necessidades impostas pelo controle da doença. A exigência de repouso ou mesmo
de internação hospitalar, com permanências prolongadas, ameaça estes vínculos. Muitas vezes a
escolarização desse grupo é interrompida ou dificultada, já que a estrutura dos sistemas educativos tende
a homogeneizar os alunos, em detrimento de suas singularidades e problemáticas individuais. As
limitações de mobilidade, o agendamento de consultas e exames no horário escolar, as internações

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frequentes e a interferência da própria doença em habilidades cognitivas prejudicam o aproveitamento
escolar.
A doença crônica pode interferir na sexualidade do adolescente. A sexualidade não é apenas um
fenômeno biológico, é também social e psicológico, e só pode ser compreendida quando situada no
âmbito e nas regras da cultura em que se vive. Portanto, os impedimentos motivados pela doença crônica
poderão influenciar diretamente a vivência da sexualidade. Observa-se, quanto à saúde sexual e
reprodutiva, que alguns profissionais de saúde tendem a negar a possibilidade de prática sexual destes
jovens. Isto pode levar à falta de orientação sobre a utilização de contraceptivos e desvalorização das
queixas referentes a dificuldades relacionadas com o namoro ou o ato sexual. Além disso, outro aspecto
a ressaltar abrange as limitações específicas de algumas doenças quanto ao uso de métodos
contraceptivos, como os anticoncepcionais orais, pelo risco das complicações decorrentes do uso.
Outro aspecto relevante diz respeito às dificuldades enfrentadas por adolescentes com lesões de
medula óssea ou usuários de medicações que interfiram em sua libido. Os profissionais de saúde
deveriam sempre levantar este tipo de discussão quando perceberem que o sujeito poderá estar
passando por essas preocupações. O diagnóstico de uma doença crônica provoca um impacto na família
que não pode ser esquecido. As dificuldades decorrentes do adoecimento de um filho adolescente ou
jovem são compartilhadas, geralmente, de forma contundente por seus pais e/ou por outros adultos
responsáveis por ele. Entre os problemas, frequentemente abordados nas consultas pelos pais e/ou
responsáveis, encontra-se a dificuldade econômica em manter o tratamento (custo alto das medicações,
gastos em transporte ao serviço de saúde, despesas com dietas especiais). Além disso, os episódios de
dor e outros sintomas decorrentes da doença despertam angústia e impotência nas famílias. A
adolescência costuma gerar nos pais sentimentos de estranheza em relação aos filhos, determinando a
necessidade de mudanças na maneira de entendê-los e de agir em relação a eles. A presença da doença
crônica é um fator complicador nas relações familiares. O excesso de trabalho e o tempo despendido no
cuidado com o adolescente doente podem interferir no cotidiano e sobrecarregar alguns componentes da
família.
A autonomia significa auto governo, auto determinação, e implica no direito de o indivíduo tomar
decisões sobre a saúde, relações sociais, e em última instância sobre sua vida. A aquisição de autonomia
e independência de filhos portadores de doença crônica, uma consequência natural do processo de
amadurecimento, leva os responsáveis a ter sentimentos ambíguos. Por um lado, sentem-se assustados
e desvalorizados, porque, até então, governavam a vida dos filhos e tinham com eles uma relação de
dependência. Por outro, sentem-se aliviados pela diminuição de responsabilidades e trabalho em relação
aos cuidados do filho doente.

Aspectos Relevantes

1. Época de instalação da doença


As doenças crônicas podem originar-se na infância ou até mesmo ao nascimento. Nas duas situações,
alguns pais veem reduzidas suas expectativas em relação aos filhos, deixando de estimulá-los em todo
o seu potencial, já outros tendem a exigir demais destes para compensar as limitações da doença. O
impacto da doença na vida do adolescente tem íntima relação com a fase do desenvolvimento que ele se
encontra.

2. Natureza da doença (curso, prognóstico, previsibilidade dos agravos)


Dependendo da forma como a doença se manifesta, em um curso progressivo, crônica e persistente
ou com períodos de exacerbações e remissões, pode haver variações no modo como o adolescente e
sua família reagem. Uma doença de curso mais estável, por exemplo, geralmente propicia o
desenvolvimento de processos de adaptação. Por outro lado, aquela caracterizada por grandes
oscilações, com melhoras e pioras frequentes, impede uma melhor organização emocional do indivíduo.

3. Impacto na mobilidade, nas habilidades cognitivas e na capacidade intelectual do indivíduo.


As limitações de mobilidade dificultam o desenvolvimento de autonomia. Outra dificuldade consiste na
participação em atividades esportivas e de lazer, tão importantes na qualidade de vida de adolescentes
e jovens. A baixa capacidade intelectual e de habilidades cognitivas interfere no entendimento da doença
e consequentemente no cumprimento do plano de tratamento.

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4. Impacto econômico nas famílias
Os tratamentos e tecnologias de apoio necessários aos cuidados com o portador de doença crônica,
na maioria das vezes, são onerosos. O aspecto econômico pode desestruturar as relações familiares,
criando um ciclo vicioso que prejudica o tratamento.

O Conceito de Resiliência
O estresse é considerado uma experiência universal; a reação do indivíduo a essa experiência, não
depende somente dos agentes estressantes, mas, sobretudo, dos recursos disponíveis para lidar com
eles. A resiliência tem sido definida como a capacidade do indivíduo de recuperar e manter um
comportamento adaptado após um dano.
São conhecidos alguns fatores que interferem de forma positiva na reação do adolescente aos eventos
negativos vivenciados: conexão com pelo menos um dos pais, envolvimento com a escola/comunidade,
reforço da autoestima, desenvolvimento de relações de amizade e criação de oportunidades que
permitam o acesso a outros recursos.

A Abordagem do Adolescente Pela Equipe de Saúde


Independentemente do nível de complexidade do serviço onde o adolescente/jovem está sendo
acompanhado, a equipe que o assiste deve organizar-se no sentido de estar atenta e responder às suas
necessidades. O trabalho a ser desenvolvido baliza-se no entendimento da importância de se prestar
assistência integral ao paciente e não apenas à sua doença. Orienta-se que o plano de tratamento tenha
como meta a diminuição do impacto da doença na vida do indivíduo e sua família, evitando-se disfunções,
sempre que possível, em qualquer esfera e contribuindo para que o adolescente se cuide e atinja de
forma plena as suas potencialidades.
É essencial fornecer ao adolescente informações sobre a sua doença, para que ele aprenda a
evitar as situações que exacerbem sua condição e enfrente as limitações cotidianas impostas por
ela. A inclusão do adolescente como participante ativo de seu tratamento, compartilhando a
responsabilidade pelas decisões e resultados, é fundamental. Dentro dos esquemas possíveis de
tratamento, deve-se permitir a participação do paciente na escolha do esquema terapêutico mais
adequado, como por exemplo o horário de administração das medicações e a apresentação do remédio
(pílula, líquido). O estabelecimento de uma “aliança terapêutica” parece ser a única alternativa efetiva
para um melhor controle das doenças crônicas.
Estimular o auto cuidado, reforçando a autonomia e independência do adolescente, é tarefa primordial
da equipe de saúde em conjunto com sua família. Para isso, deve-se aproveitar as oportunidades e
reforçar a confiança do paciente em si mesmo. Um outro aspecto que pode auxiliar na conquista de
autoconfiança é a troca de experiências entre adolescentes que vivenciam problemas similares de saúde.
Esta interação pode ser realizada no espaço do serviço, em atividades de sala de espera, grupos
terapêuticos ou ainda em programações recreativas extramuros. A atualização do calendário vacinal,
salvo nas contraindicações para as imunizações, não pode ser esquecida pelo profissional de saúde. Da
mesma forma, encorajar a atividade física, especialmente em equipe, tendo em vista as limitações
impostas pela doença em cada situação, pode ser uma maneira de socializar o adolescente/jovem doente.
Com relação a orientação nutricional, a participação do adolescente no planejamento dietético é
fundamental. É importante perceber a interferência da doença e seu tratamento no crescimento,
desenvolvimento e na maturação sexual dos adolescentes assistidos. As repercussões negativas na
imagem corporal podem ser minoradas trabalhando-se preventivamente de maneira paulatina, de acordo
com a evolução clínica. Observa-se uma grande associação entre doenças crônicas e depressão;
portanto deve-se estar atento a comportamentos e emoções que indiquem depressão não justificada pela
doença de base, para que esta possa ser diagnosticada precocemente e se proceda o pronto
encaminhamento. Exemplifica-se com as seguintes situações que podem ser apresentadas pelos
adolescentes durante a consulta: abordagem de temáticas mórbidas, distúrbios do sono, falta de
concentração, raciocínio lento, distúrbios nutricionais e faltas seguidas à escola e ao trabalho.
O acesso ao serviço de saúde deve ser garantido ao adolescente, com disponibilidade de
atendimento por uma equipe multidisciplinar capacitada, atenta para as exacerbações da doença e
pronta para atendê-lo, se necessário até sem agendamento prévio. Em caso de emergência, o
adolescente necessita conhecer alternativas de atendimento em outros locais. É preciso assegurar um
sistema de referência e contra referência para unidades de saúde de complexidades distintas do local de
tratamento. Apoiar os adolescentes nas suas dificuldades na escola e no trabalho é também uma tarefa
da equipe de saúde, com parcerias interinstitucionais e intersetoriais. Estas parcerias podem facilitar
atividades de educação e saúde, visto que, entre outras coisas, permitem uma reflexão sobre cidadania,
direitos e deveres do indivíduo.

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A Abordagem da Família Pela Equipe de Saúde
Da mesma forma que os adolescentes portadores de doença crônica necessitam de cuidados
especiais nos serviços de saúde, também as famílias requerem uma abordagem específica. Um dos
aspectos básicos a ser enfatizado é a família perceber claramente a gravidade dos problemas de seus
filhos. Para isso, a equipe de saúde deve convencer-se de que dar aos parentes informações sobre a
doença e esclarecer suas dúvidas é fundamental. Como já foi ressaltado anteriormente, além de reforçar
a indispensável participação da família no tratamento, tê-la como parceira no treinamento dos
adolescentes em seu auto cuidado melhora sua efetividade. Isso é facilmente compreendido visto que
nenhum profissional conseguirá estabelecer um vínculo tão forte com o seu paciente, como o vínculo
entre ele e os pais e/ou responsáveis. Conviver com um filho portador de doença não transitória exige
muita coragem e paciência. A participação da família em grupos de apoio promove uma troca de
experiências com outras famílias que vivenciem situações semelhantes e ajuda a ampliar a capacidade
de atuação dos pais no tratamento.
Alertar os pais para a possibilidade de estarem negligenciando ou sobrecarregando os outros filhos é
tarefa dos profissionais de saúde. Por estarem tão envolvidos no processo de assistência ao filho doente,
algumas vezes os pais não se dão conta de que isso pode estar ocorrendo. Assim, torna-se necessário,
em algumas situações, que a equipe estimule a busca de apoio na “família ampliada” (avós, tios, primos)
e na comunidade. A dinâmica familiar pode estar sendo influenciada pelo medo de perder o filho,
sentimento de culpa e impotência, frustrações e mágoas. O relacionamento com os filhos pode ficar
prejudicado porque os pais se sentem confusos quanto às atitudes que devem tomar. Para atenuar estas
incertezas, a equipe de saúde deve oferecer apoio, inclusive assistência específica por profissionais de
saúde mental e assistentes sociais, sempre que for necessário.
Conclui-se que uma abordagem biomédica estrita é insuficiente e ineficaz na atenção ao adolescente
portador de doença crônica. Para alcançar os objetivos de diagnosticar e monitorizar os problemas de
saúde, assegurar a execução das recomendações terapêuticas, prevenir futuras complicações e
especialmente melhorar a qualidade de vida, é necessário entender o adolescente como um ser concreto,
em processo de crescimento e desenvolvimento, em constante relação com os outros e com modos
singulares de adoecer.

Sexualidade da Criança e do Adolescente.

Tomando por base os modos de viver e expressar a dimensão humana, temos seis períodos distintos
– primeira infância, fase pré-escolar, segunda infância, adolescência, maturidade e terceira idade. Aqui
vamos nos ater apenas aos três primeiros: primeira infância (0 a 2 anos), fase pré-escolar (2 a 6 anos) e
segunda infância (6 a 10 anos).

- Primeira infância (0 a 2 anos):


“A educação sexual começa a partir das atitudes dos pais, no momento em que decidem ter filhos”
(FIGUEIRÊDO NETTO, 2002, p.6).

As primeiras atitudes dos pais podem proporcionar ou um ambiente afetivo e amoroso, ou um ambiente
ríspido e tumultuado. Esse ambiente será a primeira influência no desenvolvimento da criança. É “nos
primeiros anos de vida se estabelecem as bases do comportamento erótico do adulto e se inicia a
formação de uma sexualidade saudável”. (FIGUEIRÊDO NETTO, 2002, p.7).
Neste período (0 a 2 anos) a criança começa a explorar seu mundo através de seu corpo, de suas
sensações. Será através do gosto, do cheiro, do toque, do olhar e do ouvir que a criança vai experimentar
o prazer. Essa relação com seu corpo e com os sentidos formará suas atitudes sexuais mais tarde.
A relação que essa criança tem com seus cuidadores também será definidor das suas atitudes
relacionais. Esse primeiro vínculo é um primeiro passo. Ele será fortalecido, ou não, no seu
desenvolvimento. É nessa fase que começamos a amar e sermos amados. A nossa capacidade de amar
e de se relacionar está diretamente ligada a esse aprendizado na infância. - Fase pré-escolar (2 a 6
anos): Essa fase tem quatro momentos importantes:

1. Formação da Identidade de gênero: A identidade de gênero é a condição de pertencer a um sexo.


Nesta fase a criança começa a definir-se como menino ou menina. Os pais e educadores(as) devem,
neste momento, favorecer o processo de identificação da criança, através da brincadeira. Mostrar as
diferenças e semelhanças entre ser menino e ser menina (evitar ao máximo estereótipos!). Reforçar a
visão de sexo da criança, sem nunca desvalorizar o sexo oposto. A questão não é
superioridade/inferioridade, mas sim diferenças.

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2. Assimilação do papel sexual (social)

O papel sexual diz respeito ao comportamento que a criança terá diante sua identidade de gênero.
Importante evitar a manutenção de preconceitos de comportamentos tipicamente masculinos e/ou
femininos.

3. Aprendizagem e controle dos esfíncteres

É a primeira oportunidade da criança de aprender e exercer o autocontrole, através do treinamento do


controle dos esfíncteres.
Segundo as considerações de Figueiredo Netto (2002), a aprendizagem do controle dos esfíncteres,
no que se refere ao desenvolvimento da sexualidade, tem fundamental importância, pois:

a) “As áreas genitais se encontram na mesma zona do corpo que intervém na excreção. Os músculos
que participam deste ato são exatamente os mesmos que posteriormente atuarão na resposta sexual.
b) O ato de reter e expulsar os excrementos (urina e fezes) produz prazer sensual, pela tensão e alívio
ou relaxamento, que acompanham estes comportamentos.
c) O controle voluntário desses músculos, assim como as sensações prazerosas deles resultantes,
são associados à sexualidade”. (FIGUEIRÊDO NETTO, 2002, p.13).

Para não adiantar nem atrasar esse processo da criança é preciso ter em mente que ele(a) poderá ter
este tipo de controle de controle entre os dois e três anos de idade. Adiantar ou atrasar esse momento
pode ser prejudicial ao desenvolvimento da criança. Importante, ainda, salientar que pais e educadores
devem evitar relacionar questões negativas (como sujo, feio, associar a castigos e chantagens), no
decorrer do treinamento do controle dos esfíncteres.

4. Interesses e curiosidades sexuais: É a conhecida fase dos porquês. Além das perguntas, as
crianças querem ver e saber. Com tantas perguntas, é um bom momento para ensinar às crianças os
nomes corretos das partes de seu corpo.
Como parte de seu desenvolvimento a masturbação aparece como curiosidade natural da criança de
seu corpo e suas sensações. É um jogo exploratório de sensações. Não tem a mesma conotação da
masturbação na adolescência e no adulto. Assim, é um bom momento para ensinar às crianças sobre a
intimidade. O público e o privado. Não precisa problematizar a situação, apenas orientar. A repressão é
indesejada.
Além de se tocarem, as crianças exploram também os outros. É a fase da conhecida “brincadeira de
médico”. Se a brincadeira for entre crianças da mesma idade não há razão para se preocupar, é
conhecimento não abuso.
Nessa fase o pensamento é mágico e fantasioso, por isso devem ser evitadas conversas como a da
“cegonha” e da “sementinha”. As respostas devem ser claras e objetivas o suficiente para satisfazer a
curiosidade da criança. Ela quer saber do fato, a maldade está na cabeça do(a) adulto(a). Outro cuidado
com as histórias fantasiosas é que elas podem gerar fantasias negativas, temores e culpas.
Desnecessário.

- Segunda Infância (6 a 10 anos):


Período no qual a sexualidade entra em latência. Ou seja, entra em adormecimento para ser mais bem
elaborada. É um momento de sensualidade, pois as crianças estão aptas a experimentar as sensações.
Por isso, há muitos jogos sexuais nesta fase. O lúdico aparece na imitação de modelos. É um momento
em que pais e educadores(as) devem tomar cuidado com o que falam e com o que fazem. A criança está
em constante observação. Assim, é um bom momento para transmitir informações e valores (confiança,
respeito, amor, honestidade, responsabilidade), as crianças estão prestando atenção.
É nesse período que se fortalece a identidade de gênero e prepara a criança para o próximo período,
a puberdade.

A sexualidade na adolescência
É na adolescência que se desperta a sexualidade. Os jovens tornam-se conscientes de si próprios e
do que os diferencia. A sexualidade é expressa pelos jovens através do que pensam, do que dizem, da
roupa que vestem ou do modo como dançam. Na adolescência, as sensações de desejo e prazer se
tornam conhecidas.

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Esta fase é caracterizada por ser um período turbulento, com muitas variações de humor e conflitos
internos, é comum o jovem se sentir perdido e confuso, pois novas emoções e sentimentos aparecem
nesta fase.
A adolescência é uma fase em que o indivíduo se torna responsável por suas ações, tenta se distanciar
dos comportamentos infantis e tem responsabilidades que o preparam para a vida adulta. Alguns jovens
se afastam dos pais para experimentar e conquistar a liberdade e a independência.

Questões

01. (EBSERH - Enfermeiro – AOCP). Durante consulta de Enfermagem, um adolescente de 15 anos


revela ao Enfermeiro um fato e pede sigilo sobre ele. Observando que o menor tem capacidade de
discernimento e que o fato não acarretará danos ou riscos a esse adolescente, o Enfermeiro
(A) tem o dever de manter sigilo sobre o fato.
(B) tem o dever de comunicar os pais ou responsáveis, pois se trata de menor de idade.
(C) tem o direito de revelar aos que convivem com o adolescente o fato ocorrido.
(D) tem o dever de revelar o fato somente se solicitado pelo Conselho Tutelar.
(E) tem o direito de revelar o fato, se solicitado por alguma autoridade.

Gabarito

01.A

Comentários

01. Resposta: A
O segredo profissional referente ao menor de idade deverá ser mantido, mesmo quando a revelação
seja solicitada por pais ou responsáveis, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, exceto
nos casos em que possa acarretar danos ou riscos ao mesmo.

ENFERMAGEM NA SAÚDE DA MULHER NAS DIFERENTES FASES DA VIDA:


ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher. Saúde sexual e saúde reprodutiva. Pré-natal, parto e
puerpério. Aleitamento Materno. Controle dos cânceres do colo do útero e da
mama. Atuação do técnico de enfermagem na assistência à gestante/puérpera
sadia e portadora de patologias diversas e na assistência imediata ao recém-
nato.

SAÚDE DA MULHER

Ginecologia e Obstetrícia

A ginecologia literalmente significa "a ciência da mulher", mas na medicina é a especialidade que trata
de doenças do sistema reprodutor feminino, útero, vagina e ovários. Quase todos ginecologistas atuais
são também obstetras.
A obstetrícia é o ramo da medicina que estuda a reprodução na mulher. Investiga a gestação, o parto
e o puerpério nos seus aspectos fisiológicos e patológicos. O obstetra é o médico especialista que cuida
do desenvolvimento do feto, além de prestar assistência à mulher nos períodos da gravidez e pós-parto
(puerpério).
No entanto, existem outros profissionais habilitados no cuidado ao ciclo gravídico puerperal do parto
normal: Enfermeiros Obstetras e Obstetriz.

Gravidez

Com a influência do movimento das mulheres, em 1983, foi formulado pelo Ministério da Saúde o
Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), que propõe fornecer uma assistência
integral clínico-ginecológica, com controle das doenças transmitidas sexualmente (DST), do câncer
cérvico-uterino (colo do útero) e mamário, a assistência para concepção e contracepção, uma melhor

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assistência pré-natal, do parto e do puerpério, abordando os problemas desde a adolescência até a
terceira idade.
Para a Organização Mundial de saúde (OMS), humanizar o parto é adotar um conjunto de condutas e
procedimento que promovem o parto e o nascimento saudáveis, pois respeita o processo natural e evita
condutas desnecessárias ou de risco para mãe e feto.

A gestação normal tem duração aproximada de 280 dias ou 9 meses ou 40 semanas, podendo
variar de 38 a 42 semanas gestacionais, período em que ocorre todo o desenvolvimento
embrionário e fetal - que pode ser subdividido em três trimestres. Cada trimestre, por sua vez,
é formado por 12 a 14 semanas de gestação, durante as quais ocorre a estruturação do novo
ser, fundamental à sua condição humana.

O fenômeno da reprodução humana é um processo de transição biológica, psicológica e social, sendo


diversos os fatores que interferem no desenrolar e no acontecimento da gravidez, que por si só ocasiona
fortes, belas e essenciais modificações na vida da mulher – em seu corpo, mente, coração,
relacionamentos e dinâmica de vida.

Diagnosticando a Gravidez
Faz-se importante sabermos se a mulher tem vida sexual ativa e se há referência de amenorreia
(ausência de menstruação). A partir desses dados e de um exame clínico são identificados os sinais e
sintomas físicos e psicológicos característicos, que também podem ser identificados por exames
laboratoriais que comprovem a presença do hormônio gonadotrofina coriônica e/ou exames radiográficos
específicos, como a ecografia gestacional ou ultrassonografia.
Os sinais e sintomas da gestação dividem-se em três categorias que, quando positivas, confirmam o
diagnóstico. É importante lembrar que muitos sinais e sintomas presentes na gestação podem também
aparecer em outras circunstâncias.
Visando seu maior conhecimento, identificaremos a seguir os sinais e sintomas gestacionais mais
comuns e que auxiliam o diagnóstico:

- Sinais de Presunção – são os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da


progesterona:
a) Amenorreia - frequentemente é o primeiro sinal de alerta para uma possível gestação. É uma
indicação valiosa para a mulher que possui menstruação regular; entretanto, também pode ser resultado
de condições como, por exemplo, estresse emocional, mudanças ambientais, doenças crônicas,
menopausa, uso de métodos contraceptivos e outros;
b) Náusea com ou sem vômitos - como sua ocorrência é mais frequente pela manhã, é denominada
“enjoo matinal”, mas pode ocorrer durante o restante do dia. Surge no início da gestação e, normalmente,
não persiste após 16 semanas;
c) Alterações mamárias – caracterizam-se pelo aumento da sensibilidade, sensação de peso,
latejamento e aumento da pigmentação dos mamilos e aréola; a partir do segundo mês, as mamas
começam a aumentar de tamanho;
d) Polaciúria – é o aumento da frequência urinária. Na gravidez, especialmente no primeiro e terceiro
trimestre, dá-se o preenchimento e o consequente crescimento do útero que, por sua vez, pressiona a
bexiga diminuindo o espaço necessário para realizar a função de reservatório. A esta alteração anatômica
soma-se a alteração fisiológica causada pela ação da progesterona, que provoca um relaxamento da
musculatura lisa da bexiga, diminuindo sua capacidade de armazenamento;
e) Vibração ou tremor abdominal – são termos usados para descrever o reconhecimento dos
primeiros movimentos do feto, pela mãe, os quais geralmente surgem por volta da 20ª semana. Por serem
delicados e quase imperceptíveis, podem ser confundidos com gases intestinais.

- Sinais de Probabilidade – são os que indicam que existe uma provável gestação:
a) Aumento uterino – devido ao crescimento do feto, do útero e da placenta;
b) Mudança da coloração da região vulvar – tanto a vulva como o canal vaginal tornam-se bastante
vascularizados, o que altera sua coloração de rosa avermelhado para azul-escuro ou vinhosa;
c) Colo amolecido – devido ao aumento do aporte sanguíneo na região pélvica, o colo uterino torna-
se mais amolecido e embebido, assim como as paredes vaginais tornam-se mais espessas, enrugadas,
amolecidas e embebidas.

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d) Testes de gravidez - inicialmente, o hormônio gonadotrofina coriônica é produzido durante a
implantação do ovo no endométrio; posteriormente, passa a ser produzido pela placenta. Esse hormônio
aparece na urina ou no sangue 10 a 12 dias após a fecundação, podendo ser identificado mediante exame
específico;
e) Sinal de rebote – é o movimento do feto contra os dedos do examinador, após ser empurrado para
cima, quando da realização de exame ginecológico (toque) ou abdominal;
f) Contrações de Braxton-Hicks – são contrações uterinas indolores, que começam no início da
gestação, tornando-se mais notáveis à medida que esta avança, sentidas pela mulher como um aperto
no abdome. Ao final da gestação, tornam-se mais fortes, podendo ser confundidas com as contrações do
parto.

- Sinais de Certeza – são aqueles que efetivamente confirmam a gestação:


a) Batimento cardíaco fetal (BCF) - utilizando-se o estetoscópio de Pinard, pode ser ouvido,
frequentemente, por volta da 18ª semana de gestação; caso seja utilizado um aparelho amplificador
denominado sonar Doppler, a partir da 12ª semana. A frequência cardíaca fetal é rápida e oscila de 120
a 160 batimentos por minuto;
b) Contornos fetais – ao examinar a região abdominal, frequentemente após a 20ª semana de
gestação, identificamos algumas partes fetais (polo cefálico, pélvico, dorso fetal);
c) Movimentos fetais ativos – durante o exame, a atividade fetal pode ser percebida a partir da
18ª/20ª semana de gestação. A utilização da ultrassonografia facilita a detectar mais precoce desses
movimentos;
d) Visualização do embrião ou feto pela ultrassonografia – pode mostrar o produto da concepção
(embrião) com 4 semanas de gestação, além de mostrar a pulsação cardíaca fetal nessa mesma época.
Após a 12ª semana de gestação, a ultrassonografia apresenta grande precisão diagnóstica.

Durante a evolução da gestação normal, verificamos grande número de sinais e sintomas que indicam
alterações fisiológicas e anatômicas da gravidez. Além dos já descritos, frequentemente encontrados no
primeiro trimestre gestacional, existem outros como o aumento da salivação (sialorreia) e sangramentos
gengivais, decorrentes do edema da mucosa gengival, em vista do aumento da vascularização.
Algumas gestantes apresentam essas alterações de forma mais intensa; outras, de forma mais leve -
o que pode estar associado às particularidades psicossocioculturais. Dentre estes casos, podemos
observar as perversões alimentares decorrentes de carência de minerais no organismo (ferro, vitaminas),
tais como o desejo de ingerir barro, gelo ou comidas extravagantes.
Para minimizar tais ocorrências, faz-se necessário acompanhar a evolução da gestação por meio do
pré-natal, identificando e analisando a sintomatologia apresentada, ouvindo a mulher e lhe repassando
informações que podem indicar mudanças próprias da gravidez. Nos casos em que esta sintomatologia
se intensificar, indica-se a referência a algumas medidas terapêuticas.

Complicações Durante a Gestação

- Náuseas e Vômitos
Representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para um alto grau de
ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas de hiperemese
gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que 5% do peso
pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca de 1% das
gestações.
Algumas doenças poderão estar associadas à hiperemese, como pré-eclâmpsia, gemelaridade, mola
hidatiforme, diabetes e isoimunização.

- Diagnóstico
Outras causas de náuseas e vômitos intensos devem ser afastadas, como úlcera gástrica, cisto de
ovário torcido, prenhez ectópica, insuficiência renal, infecções intestinais, problemas metabólicos e do
sistema nervoso central.
Os vômitos tardios da gravidez não devem ser confundidos com hiperemese gravídica.
Os vômitos incoercíveis e náuseas acarretam quadro que vai desde a desidratação e oligúria à perda
de peso, alcalose (pela perda maior de cloro, através do suco gástrico – hipocloremia), perda de potássio
nos casos mais prolongados e alterações no metabolismo de gorduras e glicose, podendo, nos casos
mais graves, chegar à insuficiência hepática, renal e neurológica.

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- Conduta
O apoio psicológico e educativo desde o início da gestação, assim como o tratamento precoce das
náuseas e vômitos, com reorientação alimentar e antieméticos, são as melhores maneiras de evitar os
casos de hiperemese. Os casos mais graves requerem internação hospitalar e utilização de medicação
endovenosa pelo período que for necessário para a sua resolução.
As recomendações na dieta e na mudança de hábitos, incluem separar sólidos de líquidos, alimentar-
se mais frequentemente com refeições mais leves, evitar alimentos gordurosos e bebidas geladas ou
muito doces. Aconselha-se também evitar alimentos com cheiros fortes, como as comidas muito
temperadas.

- Transtornos do humor
É comum, nos casos de hiperemese gravídica, a presença de distúrbios do humor e pode ser
necessária a utilização de medicação específica para tal, ou seja, inibidores seletivos da recaptação de
serotonina: fluoxetina, fluvoxamina, paroxetina, sertralina e citalopram em doses usuais.

Instalado o quadro de hiperemese, é necessária a internação, com jejum, reposição das perdas com
soro glicofisiológico, manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobásico, além do uso de antieméticos
injetáveis.
A reintrodução de dieta leve e sua progressiva normalização devem ser feitos na medida da aceitação
da gestante, seu apetite e ausência de náuseas. Nos casos de acentuada perda de peso e dificuldade de
reintrodução da dieta, a alimentação parenteral pode ser necessária, enquanto persistirem os sintomas.

- Anemias
Anemia leve a moderada dosagem de hemoglobina <11g/dl e >8g/dl, solicitar exame parasitológico de
fezes e tratar parasitose se presente. Tratar a anemia com 3 drágeas de sulfato ferroso via oral/dia.
Repetir dosagem de hemoglobina entre 30 e 60 dias se os níveis estiverem subindo manter o tratamento
até a hemoglobina atingir 11g/dl, quando deverá ser iniciada a dose de suplementação (1 drágea ao dia),
repetir a dosagem no 3° trimestre, se a hemoglobina permanecer em níveis estacionários ou se baixar,
referir a gestação ao pré-natal de alto risco.

Alterações da Duração da Gestação

- Gestação Prolongada
É a gravidez que se estendeu além de 42 semanas. Está associada a um risco aumentado de
morbidade e mortalidade perinatal. A taxa de mortalidade perinatal (óbitos fetais mais as mortes neonatais
precoces) em gestações de 42 semanas é duas vezes maior que nas gestações de termo (4–7 mortes
contra 2–3 mortes por 1.000 partos) e dobra após 43 semanas.
A insuficiência uteroplacentária, a síndrome de aspiração meconial e a infecção intrauterina contribuem
para as altas taxas de mortalidade perinatal e óbito intrauterino.
Aproximadamente 20% dos fetos após 42 semanas apresentam crescimento intrauterino restrito
devido à insuficiência placentária.
Essas gestações têm maior risco de compressão funicular devido à oligohidramnia e síndrome de
aspiração meconial.

Diagnóstico: o diagnóstico de certeza somente pode ser feito com o estabelecimento precoce da
idade gestacional. O exame ultrassonográfico (USG) no início da gestação, idealmente entre 9 e 12
semanas, é o método mais fidedigno para avaliação da idade gestacional, principalmente em gestantes
com dúvidas sobre a data da última menstruação.
O exame realizado no segundo trimestre não é tão preciso, mas tem valia se há uma diferença maior
que 10 dias entre a estimativa dessa USG e a data da última menstruação. Nesse caso deve-se ajustar
a idade gestacional pela USG.

Conduta: se não houver objeção por parte da mulher, deve ser realizado o descolamento das
membranas amnióticas, entre 38 e 41 semanas, para diminuir a probabilidade de indução do parto.
A indução do parto deve ser realizada a partir de 41 semanas de gestação, após concordância da
mulher.
Em gestantes que recusam submeter-se à indução, na conduta deverá ser avaliado o bem-estar fetal.
A frequência de vigilância deve ser duas vezes por semana. O parto deve ser realizado se houver
oligohidramnio, presença de mecônio à amnioscopia ou evidências de comprometimento fetal.

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A dopplerfluxometria não tem nenhum benefício comprovado na avaliação desses fetos e não é
recomendada para esta indicação.

Síndromes Hipertensivas da Gravidez

- Hipertensão Arterial
Pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo menos duas medidas.

- Proteinúria
É definida como a excreção de 0,3g de proteínas ou mais em urina de 24 horas, ou 1+ ou mais na fita
em duas ocasiões, em uma determinação de amostra única sem evidência de infecção. Devido à
discrepância entre a proteinúria de amostra única e a proteinúria de 24 horas na pré-eclâmpsia, o
diagnóstico deve ser baseado em exame de urina de 24 horas.
Outra alternativa é a relação proteína/creatinina urinária em coleta única de urina. Nessa técnica, o
resultado da divisão do valor da proteinúria pela creatinina urinária (em mg/dL) ≥ 0,3 tem uma boa
correlação com a proteinúria na urina de 24 horas ≥ 0,3g.

- Plaquetopenia
Menos de 100.000/mm3, com maior gravidade quando menor que 50.000/mm3.

- Elevação de Enzimas Hepáticas


a) Aspartato aminotransferase (AST) ou Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) e Alanina
aminpotransferase (ALT) ou Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) >60U/L, e
b) Desidrogenase láctica (DHL) >600U/L.

- Anemia Microangiopática
a) Bilirrubina acima de 1,2mg/dL, e
b) Presença significativa de esquizócitos em sangue periférico (>5% no campo microscópico).

Classificação das Síndromes Hipertensivas da Gravidez

- Hipertensão Crônica
Observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de gestação, ou diagnosticada pela primeira
vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após o parto.

- Pré-eclâmpsia
Hipertensão que ocorre após 20 semanas de gestação (ou antes, em casos de doença trofoblástica
gestacional ou hidrópsia fetal) acompanhada de proteinúria, com desaparecimento até 12 semanas pós-
parto. Na ausência de proteinúria, a suspeita se fortalece quando o aumento da pressão aparece
acompanhado por cefaleia, distúrbios visuais, dor abdominal, plaquetopenia e aumento de enzimas
hepáticas.
Um aumento de 30mmHg na pressão sistólica ou 15mmHg na diastólica quando os valores absolutos
estejam abaixo de 140/90mmHg não deve ser usado como critério diagnóstico. Na presença de um
aumento de 30mmHg na sistólica ou 15mmHg na diastólica, deve-se fazer medidas de pressão e
consultas mais frequentes, com observação mais amiúde, especialmente se houver proteinúria e
hiperuricemia (ácido úrico maior ou igual a 6mg/dL).
A pré-eclâmpsia é classificada em leve ou grave, de acordo com o grau de comprometimento.

a) Pré-eclâmpsia Leve: as gestantes com pré-eclâmpsia leve, de preferência, devem ser


hospitalizadas para avaliação diagnóstica inicial e mantidas com dieta normossódica e repouso relativo.
Na avaliação das condições maternas deve constar:
- PA de 4/4h durante o dia;
- Pesagem diária;
- Pesquisa de sintomas de iminência de eclâmpsia:
- Cefaleia frontal ou occipital persistente;
- Distúrbios visuais (escotomas, diplopia, amaurose);
- Dor epigástrica ou no hipocôndrio direito, acompanhada ou não de náuseas e vômitos;
- Hiper-reflexia;
- Proteinúria na fita ou proteinúria de 24 horas;

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- Hematócrito e plaquetas;
- Provas de função renal e hepática.
Não há necessidade de tratamento medicamentoso.

Avaliação das condições fetais:


- Contagem de movimentos fetais diariamente;
- Avaliação do crescimento fetal e do líquido amniótico. Se os resultados estiverem normais, repetir o
teste a cada três semanas;
- Cardiotocografia basal (CTB), se disponível. Se a CTB for reativa, repetir semanalmente;
- A reavaliação materna e fetal deve ser imediata se ocorrerem mudanças abruptas nas condições
maternas, redirecionando a conduta.

Nas gestações pré-termo, o controle ambulatorial pode ser iniciado após a hospitalização se
confirmadas condições materno-fetais estáveis, com as seguintes recomendações:
- Consultas semanais;
- Repouso relativo (evitar grandes esforços);
- Pesar diariamente pela manhã;
- Proteinúria na fita semanalmente pela manhã;
- Medir a pressão arterial pelo menos uma vez ao dia.

A presença dos seguintes sinais e sintomas demanda retorno imediato ao hospital:


- PA ≥ 150/100mmHg;
- Proteinúria na fita ++ ou mais;
- Aumento exagerado de peso;
- Cefaleia grave e persistente.
- Dor abdominal persistente, principalmente na região epigástrica e hipocôndrio direito;
- Sangramento vaginal;
- Presença de contrações uterinas regulares;
- Presença de distúrbios visuais como diplopia, fotofobia, escotomas etc.;
- Náusea ou vômitos persistentes;
- Diminuição dos movimentos fetais.

b) Pré-eclâmpsia Grave: as gestantes com diagnóstico de pré-eclâmpsia grave deverão ser


internadas, solicitados os exames de rotina e avaliadas as condições maternas e fetais. Avaliar
necessidade de transferência para unidade de referência, após a estabilização materna inicial.
Se a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas de gestação, devem ser preparadas para
interrupção da gestação.
A conduta conservadora pode ser adotada em mulheres com pré-eclâmpsia grave com idade
gestacional entre 24 e 33:6 semanas, através de monitoração materno fetal rigorosa, uso de sulfato de
magnésio e agentes anti-hipertensivos. As gestantes nessas condições devem ser admitidas e
observadas por 24 horas para determinar a elegibilidade para a conduta e nesse período serão manejadas
como se segue:
- Administração de sulfato de magnésio;
- Uso de corticoide (betametasona 12mg, a cada 24 horas, 2 aplicações IM);
- Administração de anti-hipertensivos de ação rápida (Hidralazina ou Nifedipina);
- Infusão de solução de Ringer lactato a 100-125ml/h;
- Exames laboratoriais: hemograma completo com plaquetas, creatinina sérica, ácido úrico, AST/TGO,
ALT/TGP, desidrogenase lática, proteinúria de 24 horas;
- Dieta suspensa (permitir pequenas ingestões de líquidos claros e medicação oral).

Após o período inicial de observação, confirmando-se a elegibilidade materno fetal para a conduta
expectante, adota-se o seguinte:
- Interrupção do sulfato de magnésio;
- Determinação da PA a cada 4-6 horas;
- Contagem de plaquetas diariamente;
- TGO/ AST, ALT/TGP, creatinina e bilirrubina de 2 em 2 dias;
- Repetir a proteinúria de 24 horas semanalmente;
- Uso de medicação anti-hipertensiva para manter a pressão entre 140/90 e 150/100mmHg
(Alfametildopa até 2g, associada a Nifedipina, ou Betabloqueador, ou Hidralazina);

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- Se as condições maternas estão estáveis, realizar CTB diariamente e PBF duas vezes por semana;
- Avaliação do crescimento fetal por ultrassonografia a cada duas semanas;
- Dopplerfluxometria fetal semanalmente.

- Eclâmpsia
A ocorrência de convulsões em mulheres com pré-eclâmpsia caracteriza o quadro de eclâmpsia. A
conduta clínica visa ao tratamento das convulsões, da hipertensão e dos distúrbios metabólicos, além de
cuidados e controles gerais:
- Manter o ambiente tranquilo, o mais silencioso possível;
- Decúbito elevado a 30º e face lateralizada;
- Cateter nasal com oxigênio (5l/min);
- Punção de veia central ou periférica calibrosa;
- Cateter vesical contínuo.

A conduta obstétrica visa à estabilização do quadro materno, à avaliação das condições de bem-estar
fetal e a antecipação do parto, em qualquer idade gestacional.
Após a estabilização do quadro, iniciar os preparativos para interrupção da gestação.

Terapia Anticonvulsivante: é indicada para prevenir convulsões recorrentes em mulheres com


eclâmpsia, assim como o aparecimento de convulsões naquelas com pré-eclâmpsia. O sulfato de
magnésio é a droga de eleição para tal.

Via de Parto
O parto vaginal é preferível à cesariana para mulheres com pré-eclâmpsia/eclâmpsia, desse modo
evitando o estresse adicional de uma cirurgia em uma situação de alterações fisiológicas múltiplas.
Medidas paliativas por várias horas não aumentam o risco materno se realizadas de forma apropriada.

Seguimento Pós-Parto
Mulheres que desenvolvem hipertensão na gravidez devem ser cuidadosamente avaliadas nos meses
imediatamente após o parto e aconselhadas a respeito de futuras gestações e risco cardiovascular.
Qualquer anormalidade laboratorial ou achado físico que não retorne ao normal antes da alta deve ser
reavaliado na consulta de puerpério. A expectativa é que a hipertensão e outros sinais e sintomas ou
disfunção orgânica associados à pré-eclâmpsia terão remissão seis semanas após o parto. Se as
anormalidades persistirem, as gestantes deverão ser reexaminadas após seis semanas e, se a patologia
mantiver, provavelmente tornou-se crônica.

Medida da Altura Uterina

A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.
Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.
O útero aumenta seu tamanho com a idade gestacional. Foram desenvolvidas curvas de altura uterina
em função da Idade gestacional, nas quais os percentis 10 e 90 marcam os limites da normalidade.

Síndromes Hemorrágicas

Entre 10 a 15% das gestações apresentam hemorragias. Podem representar complicação gestacional
ou agravos ginecológicos concomitantes com o período gravídico.

Classificação
As mais importantes situações hemorrágicas gestacionais são:

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a) Primeira Metade da Gestação
- Abortamento;
- Gravidez ectópica;
- Neoplasia trofoblástica gestacional benigna (mola hidatiforme);
- Descolamento corioamniótico.

b) Segunda Metade da Gestação


- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.

Outras causas menos frequentes de sangramento por via vaginal durante toda a gestação, são:
cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo uterino, trauma vaginal e o sangramento do colo
durante o trabalho de parto na segunda metade da gestação.

Hemorragias da Primeira Metade da Gravidez

Abortamento
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com o produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto. O abortamento pode ser precoce, quando ocorre até a 13ª
semana e tardio, quando entre 13ª e 22ª semanas.
Pode ser classificado de várias formas:
- Abortamento espontâneo: é a perda involuntária da gestação.
- Ameaça de abortamento: é a ocorrência de sangramento uterino com a cérvix fechada sem
eliminação de tecidos ovulares.
- Abortamento completo: quando a totalidade do conteúdo uterino foi eliminada.
- Abortamento incompleto: quando apenas parte do conteúdo uterino foi eliminado.
- Abortamento inevitável: quando há sangramento e dilatação cervical mas ainda não ocorreu
eliminação de conteúdo uterino.
- Abortamento retido: quando ocorre a morte do embrião ou feto e o mesmo permanece na cavidade
uterina, sem ser eliminado. De uma maneira geral o colo se encontra fechado, podendo ocorrer leve
sangramento.
- Abortamento infectado: é o processo de abortamento acompanhado de infecção genital, tais como
endometrite, parametrite e peritonite.
- Abortamento habitual: perdas espontâneas e sucessivas de três ou mais gestações.

Diagnóstico e Conduta
Toda gestante com sangramento vaginal no 1º trimestre deve ser submetida a exame abdominal,
exame especular e toque.
Quando o colo estiver fechado ou houver dúvida no diagnóstico, está indicada uma ultrassonografia
para avaliação das condições do saco gestacional (com ou sem descolamento) e do embrião (com ou
sem batimentos).

Ameaça de Abortamento
O sangramento genital é de pequena a moderada intensidade, podendo existir dores, tipo cólicas,
geralmente pouco intensas. O colo uterino (orifício interno) encontra-se fechado, o volume uterino é
compatível com o esperado para a idade gestacional e não existem sinais de infecção. Para este
diagnóstico é necessária uma ultrassonografia, que pode não ter alterações ou identificar área de
descolamento ovular, com vitalidade embrionária.
Não existe indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser orientada para ficar em repouso,
utilizar analgésico se apresentar dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea, e retornar ao
atendimento de pré-natal.
Nos casos em que não ocorre regressão das alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou
sangramento com odor fétido, a mulher deve retornar ao serviço de saúde para nova avaliação.

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Abortamento Completo
Geralmente, ocorre em gestações com menos de oito semanas. A perda sanguínea e as dores
diminuem ou cessam após a expulsão do material ovular. O colo uterino (orifício interno) pode estar aberto
e o tamanho uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. No exame de
ultrassonografia, encontra-se cavidade uterina vazia ou com imagens sugestivas de coágulos.
A conduta nesse caso é de observação, com atenção ao sangramento e/ou à infecção uterina.

Abortamento Inevitável/Incompleto
O sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a saída de coágulos ou de
restos ovulares, as dores costumam ser de maior intensidade que na ameaça e o orifício cervical interno
encontra-se aberto. O exame de ultrassonografia confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja
imprescindível.
Em gestações com menos de 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a aspiração manual
intrauterina (AMIU), por ser mais segura e permitir o esvaziamento mais rápido. Quando não for possível
empregar essa técnica, realiza-se a curetagem uterina. O tratamento alternativo, na indisponibilidade de
AMIU ou curetagem, estando o colo pérvio, é misoprostol.
Após a expulsão, caso haja suspeita de restos ovulares ou placentários remanescentes, realiza-se a
curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12 semanas, também pode ser
utilizada a AMIU. Também é importante avaliar a perda sanguínea e, se extremamente necessário, far-
se-á transfusão sanguínea.

Abortamento Retido
Em geral, o abortamento retido cursa com regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo uterino
encontra-se fechado e não há perda sanguínea. O exame de ultrassonografia revela ausência de sinais
de vitalidade ou a presença de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode ocorrer o
abortamento retido sem os sinais de ameaça.
O tratamento é misoprostol. Após a expulsão, havendo suspeita de restos ovulares ou placentários
remanescentes, realiza-se a curetagem uterina. Em úteros pequenos, compatíveis com menos de 12
semanas, também pode ser utilizada a AMIU.

Abortamento Infectado
Com muita frequência, está associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de técnicas
inadequadas e inseguras de abortamento provocado. Estas infecções são polimicrobianas e provocadas,
geralmente, por bactérias da flora vaginal, gram negativos e anaeróbios. São casos graves e devem ser
tratados, independentemente da vitalidade do feto.
As manifestações clínicas mais frequentes são: elevação da temperatura, sangramento genital com
odor fétido acompanhado de dores abdominais ou eliminação de pus através do colo uterino. Na
manipulação dos órgãos pélvicos, pelo toque vaginal, a mulher pode referir bastante dor, e deve-se
sempre pensar na possibilidade de perfuração uterina.
O esvaziamento uterino, naqueles úteros com tamanho compatível com gestação de até 12 semanas,
deve ser realizado, preferencialmente, por aspiração manual intrauterina (AMIU), por apresentar menores
taxas de complicações, reduzir a necessidade de dilatação cervical e promover a aspiração do material
infectado.
Na realização desse procedimento, atentar para o fato de que a perda do vácuo pode significar
perfuração uterina prévia. Na impossibilidade do uso da AMIU, pode-se empregar a curetagem uterina.
Nos casos mais graves, acompanhados de peritonite e que demoram a dar resposta satisfatória, deve-
se proceder a laparotomia exploradora e, se necessário, realizar retirada de órgãos pélvicos. A
persistência de febre após 48 horas dos cuidados iniciais pode traduzir abscessos pélvicos ou
tromboflebite. Convém lembrar que a tromboflebite pélvica séptica é diagnóstico raro e de exclusão (só
pode ser firmado após se afastar outras causas de persistência da febre). Nesse caso, indica-se a
utilização da heparina como teste terapêutico sem, no entanto, se suspender a antibióticoterapia.

Abortamento Habitual
Em gestantes com história de abortamento habitual é necessária uma anamnese detalhada para se
detectar as possíveis causas associadas:
- Malformações uterinas (útero bicorno, útero septado, útero didelfo);
- Miomatose uterina;
- Insuficiência istmocervical;
- Insuficiência do corpo lúteo;

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- Fatores imunológicos;
- Fatores infecciosos;
- Síndrome antifosfolípide;
- Fatores genéticos.

O exame ginecológico associado à ultrassonografia pode ajudar a detectar anomalias uterinas, a


miomatose e a insuficiência istmocervical.
Os testes laboratoriais que podem ser úteis durante a gravidez são a pesquisa de anticorpos
antifosfolípides (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares. Caso a gravidez
atual termine em aborto, deve-se, sempre que possível, realizar uma análise citogenética dos produtos
da concepção.
Fora da gravidez, a investigação genética do casal (cariótipo), a ultrassonografia e a pesquisa de
anticorpos antifosfolipídeos (anticardiolipina e anticoagulante lúpico) e de anticorpos antinucleares são os
testes que apresentam evidências suficientes para justificar sua investigação.
Recomenda-se o acompanhamento quinzenal por meio das consultas de pré-natal.
Lembrar que em gestantes onde a etiologia ainda não está esclarecida, o prognóstico da gravidez
pode ser muito bom sem nenhum tratamento, além de um controle atento e dedicado. Nos casos onde a
etiologia é conhecida, o tratamento depende da mesma.
No caso de insuficiência lútea, utiliza-se comprimidos de progesterona natural de 200mg por via vaginal
por dia, ou diidrogesterona de 10mg via oral, um ao dia, até a 14ª semana.
Em gestantes portadoras de síndrome antifosfolípide, a utilização de baixas doses de aspirina
associada à heparina pode melhorar os resultados.
Em gestantes com insuficiência istmocervical, com história de duas ou mais perdas no 2º trimestre,
sem sangramento, com dilatação cervical e sem dor, recomenda-se a cerclagem eletiva, que deve ser
realizada entre 12–14 semanas da gravidez, após a ultrassonografia mostrar feto vivo e sem anomalias.

Gravidez Ectópica
A gravidez ectópica corresponde à nidação do ovo fora da cavidade uterina. O tipo mais frequente é a
tubária.
São fatores de risco para gravidez ectópica:
- História de gravidez ectópica prévia;
- Cirurgia tubária prévia;
- Infecções tubárias anteriores;
- Contracepção com progesterona ou DIU.
Muitas vezes ocorrem em gestante sem nenhum fator de risco.

Diagnóstico: a dor e o sangramento vaginal são os sintomas mais importantes da gravidez ectópica.
Em quase todos os casos a dor está presente. O sangramento pode ser de pequena monta e/ou irregular,
às vezes após pequeno atraso da menstruação.
O exame físico/ginecológico pode evidenciar presença de sangue no canal vaginal, útero menor do
que o esperado para a idade gestacional, amolecimento do colo uterino e dor pélvica, às vezes mais
localizada em uma região anexial onde se pode palpar uma massa dolorosa.
A eliminação de tecido coriônico pelo canal cervical, que pode ser evidenciada quando se dilui o
mesmo em um tubo de ensaio com soro fisiológico, identificando-se as vilosidades, confirma gravidez
intrauterina. Nos casos onde ocorreu rotura, podem estar presentes sinais e sintomas de hemoperitônio
e choque, com dor de forte intensidade, associada a abdome distendido e silencioso, dor no ombro e
abaulamento de fundo de saco vaginal. A punção do fundo de saco vaginal posterior (culdocentese) à
procura de sangue na cavidade abdominal pode ser de grande valia quando se suspeita de rotura.
A dosagem da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) é de fundamental importância
no diagnóstico da gravidez ectópica. Um exame negativo descarta a possibilidade de gravidez e um
exame positivo a confirma, embora não determine a sua localização. A duplicação dos níveis séricos de
βHCG em 48 horas sinaliza uma gravidez com desenvolvimento normal. Caso tal duplicação não ocorra,
trata-se de falha no desenvolvimento da gestação, podendo tratar-se tanto de uma prenhez ectópica como
de um aborto.
A ultrassonografia também pode ser indispensável na investigação dos casos suspeitos de gravidez
ectópica. A presença de gestação intraútero praticamente afasta a possibilidade de ectópica, com
exceção para os casos de gestações heterotópicas, com incidência de 1/30.000. A visualização do saco
gestacional e embrião com batimento cardíaco fetal (BCF) fora do útero confirma gravidez ectópica.

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Tumoração anexial com presença de líquido livre no fundo de saco posterior aumenta substancialmente
a suspeita diagnóstica, devendo ser correlacionado com o exame clínico e o βHCG.

Conduta: expectante, tratamento clínico, laparoscopia e laparotomia. Nas condutas conservadoras, é


importante obter a concordância da gestante e assegurar o seguimento.
A conduta expectante pode ser adotada em algumas gestantes selecionadas obedecendo-se os
seguintes critérios:
- Pouca dor ou sangramento;
- Confiabilidade na gestante para seguimento;
- Nenhuma evidência de rotura tubária;
- Nível de βHCG <1.000 mUI/ml e em queda;
- Massa ectópica ou anexial <3 cm ou não detectável;
- Ausência de BCF;
- Estabilidade hemodinâmica.
Estes casos podem representar uma gestação de localização desconhecida, podendo tratar-se de um
aborto ou mesmo gestação ectópica em resolução.

Tratamento clínico: com metotrexato (MTX) é uma alternativa à cirurgia em mulheres selecionadas.
O mesmo deverá ser realizado em centro especializado e os critérios de seleção são os seguintes:
- Sinais vitais estáveis e pouca sintomatologia;
- Ausência de contraindicação médica para a terapia (enzimas hepáticas normais, hemograma e
plaquetas normais);
- Gravidez ectópica íntegra;
- Ausência de atividade cardíaca embrionária;
- Massa ectópica medindo 4cm ou menos;
- Níveis séricos de βHCG <5.000mUI/ml.

O esquema de tratamento consiste em dose única de 1mg/kg de peso ou 50mg/m2 administrada por
via intramuscular. O nível sérico de βHCG deve ser dosado no 4° e no 7° dia após o tratamento e depois
semanalmente até atingir 5mUI/ml. Se isso não ocorrer, pode-se repetir a dose ou indicar tratamento
cirúrgico.

Tratamento cirúrgico: pode ser dividido em conservador e radical. No conservador a trompa é


preservada por intermédio de uma salpingostomia linear, e no radical é realizada salpingectomia. Ambos
podem ser realizados por laparoscopia ou laparotomia.
Os critérios para tratamento cirúrgico são:
- Gestante com sinais vitais instáveis ou sinais de hemoperitôneo;
- Diagnóstico inconclusivo;
- Gravidez ectópica avançada (βHCG >5.000mUI/ml, massa anexial > 4cm, atividade cardíaca
embrionária);
- Seguimento difícil;
- Contraindicação ao tratamento clínico.

Contraindica-se a via laparoscópica na presença de sinais de hipovolemia.

Mola Hidatiforme (Neoplasia Trofoblástica Gestacional Benigna)


A frequência é de 1 caso para 2.000 gestações.

Diagnóstico Clínico: o atraso menstrual é a primeira manifestação de uma gravidez. Na gravidez


molar pode ocorrer sangramento indolor e de intensidade progressiva, às vezes associado a eliminação
de vesículas com aspecto de “cachos de uva”. Em consequência das perdas sanguíneas pode haver
anemia. A exacerbação dos sintomas de gravidez, às vezes com presença de náuseas e vômitos de difícil
controle (hiperemese gravídica, pré-eclâmpsia, tireotoxicose), também pode sinalizar a suspeita de mola
hidatiforme.
O exame físico pode revelar um tamanho uterino maior do que esperado para a idade gestacional, colo
e útero amolecidos e aumento do volume ovariano devido à presença de cistos tecaluteínicos.

Propedêutica Auxiliar: a dosagem do hormônio gonadotrófico coriônico (βHCG) geralmente


demonstra níveis elevados para a idade gestacional correspondente. A ultrassonografia é o método mais

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preciso para diferenciar gestação normal da prenhez molar. As imagens são típicas de mola, anecoicas,
no interior do útero, em “flocos de neve”. Em cerca de 40% são visualizados à ultrassonografia cistos
tecaluteínicos.

Conduta: o esvaziamento uterino, preferencialmente por meio de dilatação e aspiração manual


intrauterina (AMIU), é o método mais apropriado para o tratamento inicial da mola hidatiforme. Durante o
esvaziamento uterino recomenda-se o uso de ocitocina 20U em 500ml de soro glicosado a 5% após a
cervicodilatação, para diminuir o sangramento e o risco de perfuração uterina. É importante contar com
provisão de sangue para possível necessidade de reposição.

Controle Pós-Molar: todas as gestantes com mola hidatiforme devem ter acompanhamento clínico e
laboratorial visando à detecção precoce de recorrência, assim como a evolução para formas malignas da
neoplasia trofoblástica gestacional.
As náuseas, vômitos e a mastalgia tendem a desaparecer progressivamente. A involução uterina e a
suspensão do sangramento ocorrem em cerca de cinco semanas.
A dosagem de gonadotrofina coriônica (βHCG) deve ser realizada semanalmente após o esvaziamento
uterino até que seus valores se mostrem declinantes e os resultados sejam negativos por três dosagens
consecutivas.
A ultrassonografia tem por objetivo monitorar a involução uterina e regressão dos cistos tecaluteínicos
ovarianos. O exame radiológico do tórax deve ser realizado mensalmente com a finalidade de detectar
metástases assintomáticas. Os locais mais frequentes de metástase são os pulmões e a vagina.
A anticoncepção deve ser iniciada no máximo quinze dias após o esvaziamento uterino. Recomenda-
se a prescrição de anovulatório hormonal oral de baixa dosagem estrogênica, com menos de 35μg de
etinilestradiol. Deve-se evitar nova gravidez por pelo menos um ano após o esvaziamento uterino.

Descolamento Corioamniótico
Caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade e é diagnosticado por exame
ecográfico. A evolução é boa, não representando quadro grave de risco materno e/ou ovular.
A conduta é conservadora e, basicamente, consiste no esclarecimento à gestante, com as mesmas
orientações da ameaça de abortamento.

Hemorragias da Segunda Metade da Gestação

As hemorragias na segunda metade da gestação constituem-se em frequentes diagnósticos em


obstetrícia. São uma das principais causas de internação de gestantes no período ante parto, com
importante aumento da morbimortalidade materna e perinatal, assim como de partos operatórios. A
morbimortalidade perinatal está relacionada principalmente aos altos índices de prematuridade.
Várias são as possíveis causas de sangramento. Entre as causas obstétricas, as mais importantes são
o descolamento prematuro de placenta e a placenta prévia, que correspondem a até 50% dos
diagnósticos.
Não podem ser esquecidas a rotura uterina e a rotura da vasa prévia, que também são importantes
causas obstétricas. Entre as causas não obstétricas, pode ocorrer o sangramento proveniente do colo do
útero durante a dilatação no trabalho de parto, cervicites, pólipo endocervical, ectrópio, câncer de colo de
útero e trauma vaginal.
Os prognósticos materno e fetal vão depender do diagnóstico correto da causa do sangramento e
conduta adequada com base nesse diagnóstico.

Placenta Prévia
É definida como a placenta que se implanta total ou parcialmente no segmento inferior do útero. Ela
pode ser classificada de três maneiras, de acordo com sua posição em relação ao colo do útero:
- Baixa: está localizada próxima ao colo do útero, sem atingi-lo;
- Marginal: atinge o orifício interno do colo do útero, sem recobri-lo;
- Completa ou centro-total: recobre totalmente o orifício interno do colo do útero.

A placenta prévia ocorre em 1 a cada 200 gestações que chegam ao terceiro trimestre, porém é um
achado ultrassonográfico frequente em exames realizados entre 16 e 20 semanas de gestação. Contudo,
até 90% desses achados normalizarão até o termo, devido à teoria da “migração” placentária. Isso ocorre
devido à combinação entre o crescimento placentário em direção ao fundo uterino, que é mais bem

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vascularizado, com a degeneração das vilosidades periféricas que receberão menor suprimento
sanguíneo, conferindo uma implantação placentária adequada.
O principal fator de risco para placenta prévia é a cicatriz uterina anterior e as intervenções uterinas
prévias, como a miomectomia e a curetagem, tendo como fatores associados a multiparidade, idade
materna avançada, tabagismo e gemelaridade.
A placenta com implantação anormal tem maior probabilidade de estar aderida anormalmente ao útero,
ou seja, de ser placenta acreta, o que também amplia de forma exponencial o risco de hemorragias graves
e outras complicações associadas, podendo a gestante necessitar uma histerectomia.
A morbidade materna da placenta prévia é decorrente, principalmente, da hemorragia que ela provoca.
A morbidade aumentada também está relacionada às complicações operatórias do parto, complicações
anestésicas, necessidade de transfusão e infecções.
Na suspeita de acretismo placentário, na preparação para o parto deve-se sempre fazer um ecodoppler
obstétrico. Considerar a possibilidade de invasão de estruturas adjacentes (bexiga e intestino) em caso
de placenta percreta, com grande perda sanguínea, que é indicação de histerectomia.

Diagnóstico Clínico: o sangramento na placenta prévia caracteriza-se por ser indolor, no segundo ou
terceiro trimestre. Geralmente ocorre em pequena quantidade e é autolimitado, não levando a uma
espoliação materna significativa. Nas placentas prévias marginais, muitas vezes o sangramento não se
apresenta até o momento do parto. Algumas gestantes, principalmente, as com placenta prévia centro-
totais, podem apresentar um sangramento entre a 26ª e 28ª semana de gestação, chamado de
sangramento sentinela. Nestas, o sangramento é intermitente e abundante, de coloração vermelho vivo,
com necessidade de internações e transfusões frequentes. Na presença de acretismo, é comum não
haver sangramento até o parto. Pode haver contrações uterinas, mas não há aumento do tônus entre as
contrações.

Exame Físico: deve ser iniciado pela aferição dos sinais vitais da gestante. Em seguida, inicia-se o
exame obstétrico cuidadoso com palpação abdominal (frequente achado de apresentação anômala),
medida de altura uterina, ausculta dos batimentos cardíacos fetais. O exame especular deve ser realizado
de maneira cuidadosa para evidenciar a origem e a quantidade do sangramento. O exame de toque nunca
deve ser realizado na suspeita de inserção baixa de placenta, até que se tenha conhecimento da exata
localização placentária.

Conduta: no pré-natal recomenda-se que a gestante com placenta prévia seja encaminhada a um
centro de referência, dependendo da quantidade do sangramento e condição hemodinâmica materna e
idade gestacional.
Essa gestante deve ser orientada a não ter relações sexuais. O uso de corticoterapia deve ser
considerado para aceleração da maturidade pulmonar. O uso de suplementação de ferro no pré-natal é
indicado para evitar anemia, com constante monitoração dos níveis de hematócrito e hemoglobina.

Descolamento Prematuro de Placenta - DPP


É definido como a separação da placenta da parede uterina antes do parto. Essa separação pode ser
parcial ou total e é classificada em três graus, levando em conta os achados clínicos e laboratoriais, de
acordo com classificação de Sher:
Grau 1: Sangramento genital discreto sem hipertonia uterina significativa. Vitalidade fetal preservada.
Sem repercussões hemodinâmicas e coagulopatia. Geralmente diagnosticado no pós-parto com a
identificação do coágulo retroplacentário.
Grau 2: Sangramento genital moderado e contrações tetânicas. Presença de taquicardia materna e
alterações posturais da pressão arterial. Alterações iniciais da coagulação com queda dos níveis de
fibrinogênio. Batimentos cardíacos fetais presentes, porém com sinais de comprometimento de vitalidade.
Grau 3: Sangramento genital importante com hipertonia uterina. Hipotensão arterial materna e óbito
fetal.
Grau 3A: Sem coagulopatia instalada.
Grau 3B: Com coagulopatia instalada.

Pode ocorrer hipertonia uterina com sangramento oculto, uma vez que a instabilidade hemodinâmica
pode ocorrer mesmo sem a exteriorização do sangramento.
O DPP ocorre em aproximadamente 1 a 2% das gestações. É das piores complicações obstétricas,
com aumento muito importante da morbimortalidade materna, por maior incidência de hemorragia, de
anemias, coagulopatias, hemotransfusões, cesárea, histerectomia e até morte materna; podem ocorrer

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ainda complicações perinatais, como prematuridade, restrição de crescimento fetal, baixo peso ao nascer,
sofrimento fetal e óbito perinatal. O DPP é descrito como a principal causa de óbito perinatal.

Principais fatores de risco para o DPP:


- Hipertensão (hipertensão gestacional, hipertensão preexistente);
- Rotura prematura de membranas ovulares;
- Cesariana prévia;
- Tabagismo;
- Idade materna avançada;
- Uso de drogas (álcool, cocaína e crack);
- Condições que causem sobredistensão uterina (polihidrâmnio, gestação gemelar);
- Trauma (automobilístico, trauma abdominal direto);
- DPP em gestação anterior;
- Amniocentese, cordocentese.

A hipertensão é responsável por até 50% dos casos de DPP não traumáticos.
Tanto a pré-eclâmpsia quanto a hipertensão arterial crônica são fatores de risco importantes para o
DPP.
OBS.: A ausência de hipertensão no momento da chegada não exclui a etiologia hipertensiva, já que
a gestante pode estar chocada. Os procedimentos relacionados à estabilização de uma gestante com
distúrbios hipertensivos devem ser considerados (como por exemplo o sulfato de magnésio).
O acidente automobilístico é a maior causa de DPP relacionada ao trauma. O descolamento pode
ocorrer pela desaceleração ou por trauma direto ao abdome. Esse diagnóstico muitas vezes é
subestimado devido ao não uso de monitoração fetal em gestantes vítimas de traumas. A monitoração
fetal rotineira nessas gestantes diminuiria o número de perdas fetais decorrentes de trauma
automobilístico.

Quadro Clínico: dor abdominal associada ou não a sangramento vaginal. A dor varia de leve
desconforto até dor intensa, associada a aumento do tônus uterino, que pode se manifestar em graus
variados, desde uma taquihiperssistolia até hipertonia. Em casos de placenta de inserção posterior, a dor
é lombar. Na gestante em trabalho de parto, há persistência da dor entre as contrações.
O sangramento no DPP pode se manifestar das seguintes maneiras:
- Hemorragia exteriorizada;
- Hemoâmnio;
- Sangramento retroplacentário.

Até 20% dos sangramentos no DPP são ocultos, com formação de coágulo retroplacentário e infiltração
sanguínea intramiometrial. Esse sangramento é responsável pela apoplexia uteroplacentária ou “útero de
Couvelaire” que ocasiona déficit contrátil, sendo importante causa de hemorragia pós-parto.
A coagulopatia pode estar presente no momento do diagnóstico. Esta pode se instalar devido ao
consumo dos fatores de coagulação pelo coágulo retroplacentário e pela coagulação intravascular
disseminada, pela liberação de tromboplastina na circulação materna devido ao descolamento
placentário.
A quantidade do sangramento exteriorizado pode não refletir a exata perda sanguínea. Sangramento
de coloração escurecida pode refletir a presença de formação de coágulo retroplacentário.
O sangramento que se inicia na rotura das membranas deve ser diferenciado da rotura de vasa prévia.
Ao investigar a história, deve-se pesquisar antecedentes de hipertensão, ocorrência de trauma
(incluindo violência física), abuso de drogas ou álcool e a presença de outros fatores de risco associados.

Exame Físico: o primeiro passo deve ser a aferição de sinais vitais com medidas iniciais das manobras
de ressuscitação em suspeita de DPP, como verificar se as vias aéreas estão pérvias, checar respiração
e circulação (dois acessos venosos calibrosos com 1.000ml de solução cristaloide correndo em cada um
deles à velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manutenção de infusão de 250ml/hora).
A gestante apresenta mais tardiamente sinais de instabilidade circulatória, e esta inicialmente se
manifesta com alterações posturais da pressão e/ou taquicardia. Quando estão presentes sinais e
sintomas de choque, isso significa perda de até 30% da volemia.
No exame obstétrico, deve-se realizar a palpação uterina observando a apresentação fetal e se o tônus
uterino está aumentado. Fazer medida de altura uterina e ausculta dos batimentos cardíacos fetais
(monitoração fetal contínua). Na monitoração fetal é frequente o achado de padrão não tranquilizador.

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O diagnóstico de DPP é clínico. A ultrassonografia, ao contrário da placenta prévia, tem um papel muito
limitado nessa condição. No DPP agudo, muitas vezes o coágulo retro placentário pode não ser visível.
A ultrassonografia pode ser realizada em casos onde há estabilidade hemodinâmica materna e vitalidade
fetal preservada, e quando há dúvida sobre a localização placentária, e apresentação fetal, assim como
para estimativa de peso do feto.
Os achados ultrassonográficos, se presentes, são: presença de coágulo retro placentário,
espessamento anormal da placenta e bordo placentário sem continuidade (borda “rasgada”).

Exames Laboratoriais: devem ser solicitados para a gestante com diagnóstico de DPP.
- Hemograma com contagem de plaquetas;
- Tipagem sanguínea ABO Rh;
- Coagulograma;
- Exames de rotina para doença hipertensiva se apropriado.

Conduta:
No grau 1, o diagnóstico geralmente é feito no pós-parto, portanto, não houve repercussões maternas
ou fetais.
No grau 2, o parto vaginal é possível se iminente, desde que a vitalidade fetal esteja preservada e não
haja comprometimento hemodinâmico materno. O trabalho de parto deve estar em franco progresso. A
amniotomia deve ser realizada assim que possível, pois irá diminuir a pressão intrauterina com o
escoamento do líquido amniótico, diminuindo tanto o sangramento do leito placentário quanto a passagem
para a circulação materna de tromboplastina.
Deve ser monitorado o estado hemodinâmico da gestante com manutenção adequada de reposição
volêmica e de sangue e derivados se necessário. O débito urinário deve ser monitorado e mantido em
30ml/hora e o hematócrito acompanhado e mantido acima de 30%. Se a evolução do trabalho de parto
não for rápida e favorável, se houver instabilidade materna ou sofrimento fetal, a cesárea deve ser
realizada imediatamente.
Em caso do feto morto, Grau 3, o parto vaginal é aconselhável. Deve-se adotar os mesmos cuidados
de monitoração materna do ponto de vista hemodinâmico e do estado de coagulação. Apesar da
hipertonia uterina, em alguns casos de DPP maciço o útero pode se tornar hipotônico, sendo necessário
o uso de ocitocina. Essa deve ser usada com critério e constante monitoração.
Antes de realizar a cesárea, onde houver possibilidade, deve ser feita transfusão de concentrado de
glóbulos, reposição de plaquetas e plasma fresco congelado.

Rotura Uterina
É uma complicação muito grave em obstetrícia sendo uma importante causa de morbimortalidade
materna. A rotura uterina é classificada em:
- Completa: há a total rotura da parede uterina. É uma urgência obstétrica, levando a risco de vida
tanto da mãe quanto do feto.
- Incompleta: o peritônio parietal permanece intacto. Geralmente não é complicada, podendo
permanecer assintomática após um parto vaginal.

A incidência varia muito dependendo do país, podendo variar de 1 a cada 585 partos a 1 a cada 6.673
partos.
O maior fator de risco para rotura é a presença de cicatriz uterina e o antecedente de cesariana é o
principal delas. Outras causas possíveis são antecedentes de: curetagem uterina com perfuração,
miomectomia, acretismo placentário, trauma abdominal, anomalias uterinas, hiperdistensão uterina, uso
inapropriado de ocitocina.
O tipo de incisão da cesárea prévia também deve ser considerado. A incisão corporal apresenta um
risco maior de rotura em comparação com a segmentar transversa, com piores prognósticos materno e
perinatal. O risco de rotura após uma cesárea com incisão corporal é de 4–9% enquanto após uma com
incisão segmentar transversa é de 0,2–1,5%.
Paradoxalmente, o risco de rotura uterina na gestante com uma cesariana prévia durante o trabalho
de parto é de 1% e quando essa gestante apresenta um parto vaginal anterior à cesariana esse risco é
ainda menor. Por esse motivo, não há evidências que suportem a realização de cesárea eletiva em
gestantes com uma cesárea anterior. Os riscos da segunda cesariana suplantam os riscos da rotura
durante o trabalho de parto.

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As gestantes que possuem duas ou mais cesáreas prévias têm um risco de rotura uterina que em
alguns estudos foi semelhante e em outros foram duas vezes maior quando comparadas às mulheres
com uma cesariana prévia. O risco absoluto de rotura ainda é baixo (em torno de 2%).
É importante ressaltar que os riscos cirúrgicos de uma cesárea após duas ou mais cesáreas, como
sangramentos excessivos, aderências, lesões de bexiga ou intestinos e até histerectomias são
significativos e devem ser considerados quando se avaliam riscos e benefícios de se tentar uma prova de
trabalho de parto ou se indica um procedimento de repetição. As chances de sucesso de se conseguir
um parto normal são semelhantes após uma ou mais cesáreas.
O uso de ocitocina para condução do trabalho de parto não aumenta o risco de rotura quando
comparado ao trabalho de parto espontâneo. Porém, vale ressaltar que esse uso deve ser criterioso e
monitorado como em todo trabalho de parto conduzido com ocitócicos. Já o uso de prostaglandinas para
amadurecimento cervical não é recomendado em presença de cesárea anterior, devido ao aumento do
risco de rotura uterina.
A rotura uterina pode cursar também com lesão vesical, o que ocorre em 0,1% dos casos.

Quadro Clínico: a rotura uterina pode ocorrer no pré-parto, intraparto e pós-parto. O trauma abdominal
é uma importante causa de rotura uterina pré-parto, podendo ser um achado intra-operatório de uma
cesárea eletiva.
No intraparto, quando a rotura é mais frequente, o achado mais característico é a perda súbita dos
batimentos cardíacos fetais. A gestante pode ou não apresentar sangramento vaginal, sinais e sintomas
de choque hipovolêmico, com taquicardia importante e hipotensão, e parada das contrações após dor
forte. Na palpação abdominal, as partes fetais são facilmente palpadas no abdome materno e, ao toque
vaginal, há a subida da apresentação.
A rotura uterina é causa de hemorragia pós-parto e deve ser prontamente identificada e tratada
cirurgicamente.

Conduta: em primeiro lugar deve-se conseguir a estabilidade hemodinâmica da gestante iniciando o


ABC da reanimação: vias aéreas pérvias, respiração – fornecer O2 em máscara a 10l/min ou cateter a
5l/min, puncionar dois acessos venosos calibrosos infundindo 1.000ml de solução cristaloide em cada
acesso na velocidade inicial de 500ml nos primeiros 10 minutos e manter com a velocidade de infusão de
250ml/hora.
Deve ser realizada laparotomia imediatamente com anestesia geral para não agravar ainda mais a
hipotensão. Nos casos mais graves, na abertura da cavidade o feto é encontrado total ou parcialmente
localizado no abdome materno juntamente com a placenta. Nesses casos o prognóstico fetal é muito ruim,
sendo causa importante de óbito perinatal.
Em casos de acretismo placentário, é frequente a observação do local da rotura junto à implantação
placentária, mostrando uma relação entre o acretismo e a rotura uterina. Nesses casos, o uso da
ultrassonografia endovaginal é útil para a medida da espessura da parede uterina, e a ressonância
magnética poderá confirmar o diagnóstico de acretismo.
Em geral é necessário realizar histerectomia para tratar a rotura uterina, pois ocorrem lesões
vasculares, com dificuldade de conservação do útero.

Vasa Prévia
É definida como sangramento dos vasos sanguíneos fetais que atravessam as membranas amnióticas
passando pelo orifício interno do colo. Está associada à inserção anormal dos vasos fetais dentro das
membranas. É uma causa rara de hemorragia, ocorrendo geralmente em gestantes com implantação
baixa da placenta e inserção velamentosa de cordão. A perda sanguínea é de origem fetal, fato este que
mostra a urgência do seu diagnóstico. As taxas de mortalidade fetal são altas, ao redor de 50%.
O sangramento tem início no momento da rotura das membranas. O diagnóstico pré-parto é difícil,
podendo ser percebido por intermédio do toque vaginal e pela amnioscopia (com a visualização dos vasos
sanguíneos atravessando as membranas pelo orifício interno do colo). A USG com Doppler colorido pode
detectar a vasa prévia no ante parto e deve ser considerada em gestantes de alto risco (placenta prévia,
inserção velamentosa de cordão).
Muitas vezes o diagnóstico intraparto também é muito difícil. São descritos testes em que é feita a
detecção de hemácias fetais no sangue exteriorizado (Apt-Test e coloração de Wright) mas, na maioria
das vezes, não há tempo para a realização desses testes pois é frequente a deterioração dos batimentos
cardíacos fetais no momento da rotura. Nesse caso, a cesariana de urgência está indicada.

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Óbito Fetal

Definição: a Organização Mundial da Saúde considera como óbito fetal aquele ocorrido em qualquer
momento da gravidez, independentemente de sua localização, incluindo abortos e gestações
extrauterinas, ovo morto ou retido, aborto retido de primeiro ou segundo trimestre e também o feto morto
no terceiro trimestre, até o final da gestação.

Entretanto, na prática médica, o problema mais difícil a ser resolvido é o da morte fetal, que ocorre
após 13 semanas e, mais ainda, a partir das 20–22 semanas de gravidez, para diferenciá-la claramente
da definição do aborto. A morte fetal ocorre aproximadamente em seis casos de cada 1.000 nascidos
vivos. Morte fetal com feto retido é menos frequente e muito variável, entretanto, pode chegar até 1% das
gestações.
Em qualquer uma das causas de morte fetal intra útero, quando a expulsão do feto não ocorre
espontaneamente, está indicada a indução do parto ou aborto, de acordo com a idade gestacional.
Quando houver diagnóstico da morte fetal, confirmado pela ultrassonografia, as mulheres necessitam
de tempo para as decisões a serem tomadas, à exceção das complicações, tais como o descolamento
prematuro de placenta ou a hipertensão arterial grave. As mulheres devem estar cientes quanto às opções
disponíveis, para considerá-las e poder decidir o que querem.

Diagnóstico Clínico
- Parada de movimentação fetal;
- Diminuição do peso corporal materno;
- Interrupção do crescimento uterino;
- Redução da quantidade de líquido amniótico à palpação;
- Ausência de batimentos cardíacos fetais;
- Redução dos sinais e sintomas gravídicos, acompanhada ou não da apojadura.

Diagnóstico Ultrassonográfico
- Ausência de movimentação fetal associada à ausência de batimento cardíaco fetal;
- Na dependência do tempo do óbito, podem ainda estar presentes alterações indicativas de redução
do líquido amniótico e alterações estruturais fetais.

Após a Expulsão
- Exame radiológico de todo o esqueleto do natimorto;
- Necrópsia;
- Histopatológico de placenta;
- Estudo citogenético do natimorto (por meio de fragmento de placenta e/ou de pele);
- Bacterioscopia e cultura de membranas placentárias e orofaringe do natimorto.

Indução do Parto
A indução é um aspecto comum na prática obstétrica e apresenta uma frequência de quase 15%. Nos
casos de óbito fetal intrauterino, a indução do trabalho de parto com colo uterino favorável não é difícil,
mas as dificuldades aumentam quando o colo não é favorável (apresenta um escore de Bishop <6). Maior
possibilidade de falha de indução e maior índice de cesáreas estão associados à indução do trabalho de
parto de gestantes com colo desfavorável.
Com o surgimento das prostaglandinas, este problema diminuiu. As prostaglandinas, principalmente
quando são aplicadas localmente, são mais efetivas que a ocitocina ou a amniotomia para superar os
obstáculos de um colo desfavorável e propiciar o parto vaginal. Portanto, o uso de misoprostol se torna
cada vez mais frequente, pois ao facilitar o início do trabalho de parto, vem reduzindo as taxas de
cesariana.

Misoprostol
O misoprostol é uma prostaglandina indicada em todos os casos de óbito fetal, com feto morto e retido
em qualquer idade gestacional, sempre que não haja contraindicação de parto vaginal ou do uso de
misoprostol.
Apesar de ser indicado em qualquer idade gestacional, é particularmente útil no segundo trimestre de
gestação, quando a estimulação do útero oferece mais problemas, pela baixa sensibilidade do miométrio
à ocitocina, pela dificuldade técnica e pelo alto risco com o uso de métodos cirúrgicos.

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Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.

Procedimentos para a Indução:


1. Confirmar a morte fetal;
2. Explicar o problema à gestante e à família, valorizando sua decisão;
3. Verificar a contagem de plaquetas e os fatores de coagulação;
4. Avaliar as características do colo uterino.
A forma de aplicação mais recomendada é por via vaginal. Por outro lado, é fundamental recordar que
a sensibilidade uterina ao misoprostol aumenta com a idade gestacional e, portanto, a dose deve ser
menor quanto mais avançada a gestação.

Contraindicações para induzir o parto, em caso de morte fetal com feto retido, estão as
seguintes:
- Obstrução do canal de parto;
- Placenta prévia (central, total ou parcial);
- Carcinoma cérvico-uterino.

Contraindicações ao Misoprostol:
- Cicatriz uterina prévia;
- Cesárea anterior;
- Hepatopatias graves;
- Coagulopatias.
Apesar de alguns autores discordarem, a contraindicação mais importante para o uso dessa
medicação é a cesárea anterior, devido ao risco iminente de rotura uterina que ocorre aproximadamente
em 5% das mulheres com gestação a termo e cicatriz uterina prévia.

Interrupção Médica da Gestação (IMG)

A interrupção médica da gestação é o termo aplicado à situação em que é necessário antecipar o fim
do ciclo gestacional por indicação materna ou fetal. O termo aborto ou abortamento é utilizado de maneira
indiscriminada mas, por possuir forte estigma sociocultural, deve ser utilizado apenas se esse processo
ocorrer antes da 22ª semana de gestação e com peso menor de 500 gramas. Assim sendo, nas situações
discutidas abaixo, o termo interrupção médica da gestação (IMG) será utilizado.
O Código Penal Brasileiro (CPB) prevê no artigo 128 que há excludente de culpabilidade no aborto
quando for praticado nos casos em que “não há outro meio de salvar a vida da gestante” – inciso I e nos
casos em que “a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou,
quando incapaz, de seu representante legal” – inciso II.
O inciso I, na redação contida no CPB, restringe a IMG a 22 semanas, dentro da definição médico-
legal de aborto. No entanto, a IMG pode ser realizada em qualquer fase da gestação e não somente antes
de 22 semanas, e então o termo aborto passa a ser inadequado do ponto de vista técnico após este
período. Há que se levar em consideração a viabilidade fetal. Onde há centros de terapia intensiva
neonatal avançada, a viabilidade fetal pode estar próxima de 26 a 28 semanas. Portanto, ao se discutir a
IMG por indicação materna, a sobrevida fetal deve ser discutida com os pais, após discussão com equipe
interdisciplinar.
A obstetrícia moderna, em particular a gestação de alto risco, enfrenta esta situação cotidianamente.
Como exemplos temos a pré-eclâmpsia grave, longe do termo com comprometimento materno e a rotura
prematura pré-termo de membranas antes de 24 semanas. Em ambas as situações há risco de vida: na
primeira situação o risco materno é mais imediato e na segunda situação este risco é potencial, porém
real. Esta balança nem sempre precisa estar entre a segurança materna e a viabilidade fetal, depende de
uma equipe muito bem preparada e da disponibilidade de recursos de materiais adequados. Portanto,
situações extremas devem ser atendidas em centros terciários onde há equipe multidisciplinar e recursos.
A gestação de fetos portadores de anomalias letais pode colocar em risco a segurança materna, risco
este potencial e futuro e de magnitude obviamente variável e individual. Não há sentido, e ainda, há dolo
potencial em se prolongar a gestação de feto anencéfalo, por exemplo, em uma mulher portadora de
cardiopatia grave ou de pré-eclâmpsia grave, ou ainda em se proceder a inibição de trabalho de parto
prematuro nesta situação, ou em se permitir a continuidade da gestação em mulher com acretismo

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placentário. O tratamento oncológico durante a gestação pode ser indicação de IMG. Em que pese o
cumprimento da ordem jurídica vigente, a segurança materna deve ser garantida.
Em todas estas situações, a IMG deve seguir os preceitos éticos e jurídicos estabelecidos pelo Código
de Ética Médica e pela Constituição Federal. Assim sendo, decisões relacionadas à IMG em qualquer
situação devem ser discutidas por mais de um médico obstetra assistente, pelo especialista clínico, pelo
anestesista, pelo pediatra e pelo diretor clínico da instituição onde a mulher está sendo assistida. Em
algumas situações, o próprio procedimento pode acarretar risco. A viabilidade ou inviabilidade fetal deve
ser avaliada pelo pediatra ou neonatologista do serviço e este deve fornecer estas informações à mulher.
A depender da situação, o cardiologista, o nefrologista, o intensivista, o hematologista, o cirurgião, o
oncologista ou quaisquer outros especialistas pertinentes devem ser envolvidos na discussão. A
assistência psicológica, se disponível, deve ser oferecida à gestante e seu companheiro, se o tiver,
durante todo o processo de aconselhamento e decisão.
Finalmente, é necessária a elaboração de Termo de Consentimento Informado e Esclarecido, peça
fundamental para qualquer processo de IMG. Este Termo deve conter em linguagem clara, precisa e
informativa a descrição da situação clínica, das inter-relações entre doença materna e gestação, dos
efeitos de determinado tratamento e dos riscos e benefícios da IMG. Deve ser sempre assinado por dois
ou mais médicos obstetras diretamente envolvidos e pelos especialistas necessários para a elucidação
do diagnóstico ou realização do tratamento. A mulher e o marido, ou o responsável legal em casos de
incapazes juridicamente (menores de idade, interditos) devem ler e assinar o Termo de Consentimento.
Este Termo deve ser arquivado no prontuário hospitalar.

Diabetes

O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia.


É responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal
e malformações fetais.
O diabetes mellitus associado à gravidez pode ser classificado como:
- Diabetes gestacional (diagnosticado durante a gravidez);
- Diabetes pré-gestacional (diabetes prévio à gravidez: tipo 1, tipo 2 ou outros).

Diabetes Pré-Gestacional
O diabetes pré-gestacional representa 10% das gestantes com diabetes na gravidez e requer manejo
adequado antes mesmo da mulher engravidar.
No nível da atenção básica, as equipes devem estar atentas para com as mulheres diabéticas que
planejam engravidar, já que estas devem ser referenciadas para centros de atenção secundária ou
terciária visando: compensação metabólica, preconcepção; avaliação da presença de complicações
crônicas da doença; e orientação especializada para a prevenção de malformações fetais, incluindo o uso
rotineiro de ácido fólico. É importante que essas mulheres engravidem com níveis glicêmicos adequados,
com o objetivo de prevenir as malformações fetais associadas à hiperglicemia periconcepcional e as
demais complicações maternas e fetais associadas à gravidez.
Quanto mais descompensado estiver o controle glicêmico destas mulheres no momento da concepção,
maior o risco de abortamento e de malformações do concepto.
Mulheres com diabetes que engravidaram sem esse planejamento também devem ser encaminhadas
a serviço especializado prontamente.
Diabéticas com nefropatia ou vasculopatia devem ser orientadas a não engravidar.
O diabetes pré-gestacional pode ser do tipo 1 ou 2, sendo que na maioria dos casos na gestação são
do tipo 2, caracterizado por surgir em idades mais tardias, com resistência periférica à insulina, deficiência
relativa de insulina, obesidade e desenvolvimento de complicações vasculares, renais e neuropáticas. O
diabetes tipo 1, anteriormente conhecido como diabetes juvenil, menos comum, caracteriza-se por surgir
em idades mais precoces e por um processo autoimune que destrói as células β do pâncreas, levando à
necessidade de insulinoterapia.

Diabetes Gestacional
O diabetes gestacional é definido como a “intolerância aos carboidratos, de graus variados de
intensidade, diagnosticada pela primeira vez durante a gestação, podendo ou não persistir após o parto”.
No Brasil, a prevalência do diabetes gestacional em mulheres com mais de 20 anos, atendidas no Sistema
Único de Saúde, é de 7,6% (IC95% 6,9-8,4 – critério da Organização Mundial da Saúde), 94% dos casos
apresentando apenas tolerância diminuída à glicose e seis apresentando hiperglicemia no nível de
diabetes fora da gravidez.

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Mulheres que apresentam diabetes gestacional devem ser encaminhadas para centros de atenção
secundária. As gestantes com diagnóstico de diabetes pré-gestacional devem ser manejadas em centros
de assistência terciária por equipe multidisciplinar composta por médico obstetra, endocrinologista,
nutricionista, enfermeira obstetra e outros profissionais, dependendo da necessidade e gravidade do
caso. As gestantes diabéticas em acompanhamento em centros de atenção secundária ou terciária
poderão também ser acompanhadas pelas equipes de atenção básica visando maior controle e aderência
aos tratamentos preconizados nos níveis de maior complexidade.

Rastreamento e Diagnóstico
Embora não exista consenso sobre qual método é o mais eficaz para rastreamento e diagnóstico do
diabetes gestacional, as recomendações a seguir oferecem uma alternativa efetiva para tal. O
rastreamento deve ser iniciado pela anamnese para a identificação dos fatores de risco:
- Idade igual ou superior a 35 anos;
- Índice de massa corporal (IMC) >25kg/m2 (sobrepeso e obesidade);
- Antecedente pessoal de diabetes gestacional;
- Antecedente familiar de diabetes mellitus (parentes de primeiro grau);
- Macrossomia ou polihidrâmnio em gestação anterior;
- Óbito fetal sem causa aparente em gestação anterior;
- Malformação fetal em gestação anterior;
- Uso de drogas hiperglicemiantes (corticoides, diuréticos tiazídicos);
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Hipertensão arterial crônica.

Na gravidez atual, em qualquer momento:


- Ganho excessivo de peso;
- Suspeita clínica ou ultrassonográfica de crescimento fetal excessivo ou polihidrâmnio.

Todas as gestantes, independentemente de apresentarem fator de risco, devem realizar uma dosagem
de glicemia no início da gravidez, antes de 20 semanas, ou tão logo seja possível. O rastreamento é
considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual ou superior a 85mg/dL
e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na ausência de fatores de risco
e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-se repetir a glicemia de jejum
entre a 24ª e 28ª semanas de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.
As gestantes com rastreamento positivo, ou seja, com glicemia plasmática de jejum maior ou igual a
85mg/dL até 125mg/dL e/ou com qualquer fator de risco devem ser submetidas à confirmação diagnóstica
com teste oral de tolerância à glicose após ingestão de 75g de glicose anidra em 250–300ml de água,
depois de um período de jejum entre 8–14 horas (TOTG 75g 2h). A glicose plasmática é determinada em
jejum, após 1 hora e após 2 horas. Nesta curva, os pontos de corte são >95, 180 e 155, respectivamente,
os achados de dois valores alterados confirmam o diagnóstico. Um único valor alterado indica a repetição
do TOTG 75g 2h na 34ª semana de gestação.
Recomenda-se ainda a dosagem de hemoglobina glicada nos casos de diabetes e gestação, devido à
sua associação, quando aumentada, com malformações.

Controle Obstétrico e Avaliação Fetal


A frequência do controle obstétrico depende do grau de comprometimento materno e/ou fetal. Mulheres
com diagnóstico de diabetes gestacional podem inicialmente ser monitoradas a cada duas semanas.
Naquelas com diabetes pré-gestacional pode-se realizar um controle semanal ou a cada duas semanas
conforme a evolução clínica. A partir das 36 semanas, o controle deve ser ao menos semanal. O aumento
na incidência de alterações hipertensivas na gestação com diabetes deve promover cuidados específicos
para sua identificação e manejo.

Rubéola
O vírus da rubéola apresenta elevada toxicidade para tecidos embrionários, notadamente no início da
embriogênese, causando a viremia materna que pode acarretar aborto, natimortalidade e infecção da
placenta e ocasionando infecção embrionária persistente que pode causar a síndrome da rubéola
congênita (glaucoma, catarata congênita, cardiopatia congênita, surdez central ou coclear, cegueira,
microftalmia e retardo mental). Entretanto, existe a possibilidade tanto de acometimento isolado de órgãos

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(não configurando a síndrome completa) como de síndrome de rubéola congênita ampliada (entre outras
alterações, miocardite, hepatite, púrpura, alterações ósseas, retardo de crescimento intrauterino e óbito).

Laboratorial
A dosagem da IgM antivírus da rubéola, aferida pelo método Elisa, confirma o diagnóstico da fase
aguda da rubéola. Caso a coleta do sangue tenha ocorrido até 4 dias após o início do exantema com
resultado laboratorial não reagente para o anticorpo IgM, uma segunda coleta deve ser realizada entre
20 a 30 dias após a data da primeira coleta. A IgM passa a ser detectável por tempo variável no soro
materno, mas seu pico é em torno da 2ª semana após o exantema.
Na segunda coleta de sangue os títulos de IgG servirão para encerrar adequadamente o caso. Para a
confirmação do caso de rubéola, os títulos de IgG deverão ser avaliados e apenas quando ocorrer a soro
conversão do mesmo, em amostras pareadas, é que a rubéola será confirmada.

Conduta
Caso existam dúvidas em relação à imunidade da rubéola na gestante e a mesma não apresente
caderneta de vacinação confirmando o recebimento da vacina (tríplice viral ou dupla viral) ou exames
sorológicos anteriores com a informação da presença de IgG para rubéola, solicitar nova dosagem de
IgG, avaliando o resultado como segue:
Gestante IgG (+): a gestante com IgG antivírus da rubéola positivo significa contato prévio com esse
vírus. Nessa situação, o risco de transmissão vertical é mínimo.
Gestante IgG (-): a gestante com IgG antivírus da rubéola não reagente ou negativo indica que ela é
suscetível, ou seja, não entrou em contato com o vírus da rubéola. Portanto a mesma deverá ser vacinada
contra a rubéola (tríplice ou dupla viral) logo após o parto, preferencialmente ainda na maternidade.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST´s) na Gestação

Considerando a existência de normas específicas do Ministério da Saúde, serão abordadas apenas as


mais relevantes na gravidez. Para mais informações sobre outras, como a infecção gonocócica, infecção
por clamídia, trichomoníase, candidíase e hepatite C, poderá ser consultado o Manual de Controle das
Doenças Sexualmente Transmissíveis – DST, PN-DST/AIDS – 4ª edição, 2006.

Sífilis

A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, de evolução crônica e causada pelo Treponema pallidum,
que pode produzir, as formas adquirida e congênita da doença.
A sífilis é o exemplo de uma DST que pode ser controlada com sucesso por meio de ações e medidas
de programas de saúde pública em virtude da existência de testes diagnósticos sensíveis, tratamento
efetivo e de baixo custo. No entanto, continua sendo sério problema de saúde pública no Brasil.
O quadro clínico, o diagnóstico e o tratamento da sífilis na gestação não diferem do período não
gestacional.
O risco de acometimento fetal varia de 70 a 100%, dependendo da fase de infecção na gestante e do
trimestre da gestação. Essas considerações justificam a necessidade de testagem duas vezes na
gestação (primeira consulta e 3º trimestre) e no momento da internação hospitalar (seja para o parto ou
para a curetagem uterina por aborto). A realização do teste para sífilis (VDRL, RPR) no início do 3º
trimestre (28ª – 30ª semanas) permite o tratamento materno até 30 dias antes do parto, intervalo mínimo
necessário para que o recém-nascido seja considerado tratado intra-útero.
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.
As gestantes com história comprovada de alergia à penicilina (evento raro no caso da penicilina
benzatina) devem ser tratadas com eritromicina na forma de estearato, 500mg. V.O. de 6/6 horas, por 15
dias para a sífilis recente e por 30 dias para a sífilis tardia. O uso dessa droga exige estreita vigilância
não apenas pela menor eficácia mas, também, porque o feto não deve ser considerado tratado.

Manifestações Clínicas

Sífilis Primária: caracteriza-se por ser uma lesão erosada ou ulcerada, conhecida como cancro duro
geralmente única, indolor, com bordos endurecidos, fundo liso e brilhante, com aparecimento entre 10 e
90 dias (média de 21) após o contato sexual infectante. Na mulher, geralmente aparece nos pequenos
lábios vaginais, paredes vaginais, colo uterino e anus, porém pode passar despercebida.

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Sífilis Secundária: em geral manifesta-se entre seis e oito semanas após o desaparecimento
espontâneo do cancro duro. As manifestações mais comuns do secundarismo são: roséolas (exantema),
sifílides papulosas (pápulas cutâneas com localização nas superfícies palmo-plantares sugerem
fortemente o diagnóstico do secundarismo da sífilis), alopecia e condiloma plano (lesões pápulo-
hipertróficas nas regiões de dobras ou de atrito).

Sífilis Latente (Recente e Tardia): fase de duração variável em que não se observam sinais e/ou
sintomas. O diagnóstico é realizado exclusivamente por meio de testes sorológicos.

Sífilis Tardia: os sinais e sintomas surgem em um período variável após 3 a 12 anos, ou mais, do
contágio. As manifestações mais comuns são: tubérculos ou gomas (lesões cutaneomucosas),
comprometimento articular, aneurisma aórtico, tabes dorsalis e demência.

Diagnóstico
Os testes sorológicos podem ser não treponêmicos, como o VDRL e RPR, que são quantitativos
(expressos em títulos 1:2, 1:4 etc.) e utilizados para triagem e monitoramento da infecção. Os testes
treponêmicos são aglutinação passiva (TPHA ou MHA-TP), teste de imunofluorescência indireta (FTA-
Abs) e ensaio imunoenzimático (Elisa ou EIE). Estes testes são mais específicos e utilizados para
confirmar a infecção treponêmica.
No indivíduo infectado pelo T. pallidum, os anticorpos específicos podem permanecer detectáveis
indefinidamente pelos métodos treponêmicos, podendo significar uma infecção tratada anteriormente,
diferentemente dos métodos não treponêmicos, que tendem à negativação após o tratamento e por isso
são utilizados no seguimento.

Infecção pelo HIV


No Brasil, estima-se que 0,4% das gestantes sejam soropositivas para o HIV, o que se traduz em
aproximadamente 12.635 gestantes/parturientes portadoras do HIV/crianças expostas ao ano.
A maior parte dos casos de transmissão vertical do HIV (cerca de 65%) ocorre durante o trabalho de
parto e no parto propriamente dito, e os 35% restantes ocorrem intra-útero, principalmente nas últimas
semanas de gestação, havendo ainda o risco adicional de transmissão pós-parto por meio do aleitamento
materno apresentando riscos adicionais de transmissão, que se renovam a cada exposição da criança ao
peito, e situa-se entre 7% e 22%.

A Patogênese da Transmissão Vertical do HIV está Relacionada a Múltiplos Fatores


Destacam-se:
a) Fatores virais, tais como a carga viral, o genótipo e o fenótipo viral;
b) Fatores maternos, incluindo estado clínico e imunológico, presença de DST e outras coinfecções,
estado nutricional e tempo de uso de antirretrovirais na gestação;
c) Fatores comportamentais, como uso de drogas e prática sexual desprotegida;
d) Fatores obstétricos, tais como a duração da rotura das membranas amnióticas, a via de parto e a
presença de hemorragia intraparto;
e) Fatores inerentes ao recém-nascido, como prematuridade e baixo peso ao nascer;
f) Fatores relacionados ao aleitamento materno.

A carga viral elevada e a rotura prolongada das membranas amnióticas são reconhecidas como os
principais fatores associados à transmissão vertical do HIV. A carga viral nas secreções cérvico-vaginais
e no leite materno tem-se mostrado um importante determinante de risco de transmissão intraparto e
através da amamentação.
A taxa de transmissão vertical do HIV, sem qualquer intervenção, situa-se em torno de 25,5%. No
entanto, diversos estudos publicados na literatura médica demonstram a redução da transmissão vertical
do HIV para níveis entre 1 e 2%, por meio de intervenções preventivas, tais como: o uso de antirretrovirais
combinados (promovendo a queda da carga viral materna para menos que 1.000 cópias/ml ao final da
gestação); o parto por cirurgia cesariana eletiva; o uso de quimioprofilaxia com o AZT na parturiente e no
recém-nascido; e a não amamentação.

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Diagnóstico

Triagem Sorológica e Aconselhamento


É recomendada a realização do teste anti-HIV, com aconselhamento pré e pós teste e com
consentimento, para todas as gestantes na primeira consulta pré-natal, e a repetição da sorologia para
HIV no início do 3° trimestre, utilizando testes rápidos se necessário.
Para a realização do diagnóstico da infecção pelo HIV, os laboratórios públicos, privados e
conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS) devem seguir a Portaria SVS/MS nº 151, de 14 Outubro
de 2009, adotando obrigatoriamente os procedimentos sequenciados do Fluxograma Mínimo para
Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em indivíduos com Idade Acima de 18 Meses.
A realização do diagnóstico da infecção pelo HIV no parto, com o uso de testes rápidos, possibilita a
adoção de medidas de profilaxia da transmissão vertical do HIV durante o trabalho de parto e parto, uma
vez que o resultado é obtido em menos de 30 minutos.
De acordo com a Portaria nº 151/SVS/MS, de 14 de outubro de 2009, para definição do diagnóstico da
infecção pelo HIV utilizando teste rápido, devem ser realizados dois testes rápidos de forma sequencial.
Caso o teste rápido 1 seja não reagente, a amostra será considerada “Amostra Não Reagente para
HIV”. Se o teste rápido 1 for reagente, realizar imediatamente o teste rápido 2 para a definição do
diagnóstico positivo para HIV. Na ocorrência de resultado reagente do teste rápido 1 e não reagente no
teste rápido 2, ou seja, resultados discordantes, uma nova amostra deverá ser colhida por punção venosa
e submetida ao diagnóstico laboratorial.
O diagnóstico da infecção pelo HIV deve ser definido e informado à puérpera antes da alta hospitalar.

Suspensão da Amamentação e Inibição da Lactação


A amamentação está associada a um risco adicional de transmissão do HIV de 7 a 22%, podendo
chegar a 29% nos casos de infecção aguda materna.
Portanto, toda mãe soropositiva para o HIV deverá ser orientada a não amamentar.
Ao mesmo tempo, ela deverá estar ciente de que, no Brasil, terá direito a receber fórmula láctea infantil,
pelo menos até o seu filho completar 6 meses de idade.
São terminantemente contraindicados o aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra
nutriz), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com pasteurização
domiciliar. Em situações especiais, pode ser utilizado leite humano pasteurizado, proveniente de Banco
de Leite credenciado pelo Ministério da Saúde, como é o caso de recém-nascidos pré-termo ou de baixo
peso.
Para informações sobre alternativas ao uso de fórmula infantil e a introdução de outros alimentos,
deve-se consultar o “Guia prático de preparo de alimentos para crianças menores de 12 meses que não
podem ser amamentadas” e o “Manual normativo para profissionais de saúde de maternidades –
referência para mulheres que não podem amamentar”, do Ministério da Saúde, disponíveis na página
web www.aids.gov.br

Cuidados com o Recém-Nascido Exposto


A sequência de atividades recomendadas abaixo dependerá das condições de nascimento do recém-
nascido: Limpar, com compressas macias, todo sangue e secreções visíveis na superfície corporal do
RN, logo após o nascimento, e encaminhá-lo imediatamente para banho em água corrente. Está
contraindicado o primeiro banho em banheiras pediátricas.
Quando for necessária a realização de aspiração de vias aéreas do recém-nascido, deve-se proceder
delicadamente, evitando traumatismo em mucosas.
Iniciar a primeira dose do AZT solução oral, preferencialmente, ainda na sala de parto, logo após os
cuidados imediatos, ou nas primeiras 2 horas após o nascimento.
Dada a possibilidade de ocorrência de anemia no recém-nascido em uso de AZT, recomenda-se a
realização de hemograma completo, possibilitando avaliação prévia ao início da profilaxia e o
monitoramento após 6 e 16 semanas. É recomendado o alojamento conjunto em período integral, com
intuito de aprimorar o vínculo mãe-filho.
A criança deve ter alta da maternidade com consulta agendada em serviço especializado para
seguimento de crianças expostas ao HIV. A data da primeira consulta não deve ultrapassar 30 dias após
o nascimento. Devem-se anotar no resumo de alta do recém-nascido as informações do pré-natal, as
condições do parto, o tempo de uso do AZT injetável na mãe, tempo de início de AZT xarope para o RN
com dose e periodicidade, além das mensurações antropométricas, o tipo de alimento fornecido à criança
e outras informações importantes relativas às condições do nascimento. Essas informações deverão ser

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anotadas em papel timbrado da maternidade e encaminhadas ao serviço de assistência especializado
(SAE), juntamente com o resumo de alta.
Deve-se preencher, na ficha de notificação da Gestante HIV+ e Criança Exposta, os dados inerentes
ao nascimento da criança, e enviá-la ao núcleo de vigilância epidemiológica da maternidade (quando
houver) ou do município.

Aloimunização Materno-Fetal – Eritroblastose Fetal – Doença Hemolítica

Apesar das recomendações existentes em relação à profilaxia com imunoglobulina anti-D serem
divulgadas e conhecidas, a aloimunização maternofetal ainda afeta cerca de cinco a cada 1.000
gestações. Embora a principal causa seja falha na administração da imunoglobulina, alguns casos
ocorrem por dosagem inadequada, uso de drogas endovenosas e transfusões de sangue. Ao redor de
98% dos casos são devidos a antígeno D do fator Rh e 2% a antígenos atípicos como Kell, E ou C.
A aloimunização Rh pode levar à hidropsia e ao óbito fetal ou neonatal, e costuma ser mais grave com
os antígenos D e Kell.
Toda gestante com história de hidropsia fetal ou neonatal deve ter solicitado o teste de Coombs
Indireto, independentemente da tipagem Rh (positivo ou negativo).
Na avaliação da gestante com aloimunização é importante a caracterização da história obstétrica
(antecedente de óbito fetal ou neonatal por hidropsia, exsanguíneo transfusão neonatal, idade gestacional
dos eventos), pois a conduta depende do antecedente de acometimento fetal ou neonatal.

Diagnóstico
- Teste de Coombs indireto (pesquisa de anticorpos irregulares) positivo com título >1/16 para anti-D
e qualquer título para outros antígenos, especialmente Kell.
- Dopplervelocimetria da artéria cerebral média com medida do pico de velocidade sistólica em cm/seg,
com correção do ângulo de insonação. Este valor correlaciona-se com anemia fetal moderada e grave,
com sensibilidade próxima de 100% e taxa de falso-positivo de 12% e tem sido recomendado nos centros
de Medicina Fetal como padrão para seguimento de fetos de risco de anemia.

Conduta
A profilaxia é dever de todos os médicos para que esta doença seja erradicada.
Na eventualidade do diagnóstico de aloimunização, a gestante deve ser encaminhada para centros de
referência para o acompanhamento da gravidez.
Todo feto anêmico deve ser transfundido para prevenir a hidropsia, que aumenta o risco de óbito e
sequelas neurológicas. Para tanto é necessária cordocentese e bolsa de sangue específica para esse
procedimento, que deve ser realizado em centro de Medicina Fetal.

A prevenção da sensibilização pelo fator Rh deve ser realizada pela administração de


imunoglobulina anti-D nas seguintes situações em mães Rh negativo:
- Após procedimentos invasivos: amniocentese, cordocentese, biópsia de vilo corial;
- Após aborto, gravidez ectópica ou mola hidatiforme;
- Após o parto de mães com Coombs indireto negativo e recém-nascidos Rh positivo;
- Entre a 28ª e a 34ª semana de gestação de todas as mulheres com Coombs indireto negativo e com
parceiros Rh positivos;
- Após sangramento obstétrico (placenta prévia, por exemplo) com risco de hemorragia feto-materna
significativa.

Idealmente, a imunoglobulina deverá ser administrada até 72 horas após o parto ou evento obstétrico,
mas há evidências de proteção contra sensibilização se administrada até 13 dias e há recomendações
para que seja administrada em até 28 dias;
Gestantes Rh negativo submetidas à laqueadura tubária também deverão receber imunoglobulina anti-
D. A dose poderá ser maior que a habitual (300μg) se o risco de hemorragia feto-materna volumosa for
significativo.

Antecipação Eletiva do Parto

A conduta inicial adequada na assistência à gestante que apresenta algum tipo de problema deve ser
a realização de diagnóstico precoce e tratamento do distúrbio identificado com vistas a manter a gestação
até o seu término. Na prática clínica, no entanto, apesar das medidas tomadas, permanece uma

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proporção de casos com algum grau de disfunção que implica risco elevado para a gestante e/ou feto em
que não é possível ou não existem tratamentos que possam manter a gravidez. Em certas situações, o
risco materno é inaceitável. Em outras, o risco fetal torna-se maior que o risco neonatal. Nesses casos, a
antecipação eletiva do parto é medida preventiva conveniente e insubstituível. Porém, o que às vezes
representa uma decisão óbvia e simples, constitui-se, outras vezes, numa medida que exige
conhecimentos, experiência e equipamentos sofisticados.
O risco materno: é avaliado a partir das probabilidades de repercussões irreversíveis que o organismo
da mulher possa ter em consequência das condições identificadas.
O risco fetal: é avaliado a partir das condições maternas e da pesquisa de vitalidade e crescimento
fetal.
O risco neonatal: depende do peso e da maturidade no momento do parto, das condições fetais e dos
recursos disponíveis para a atenção ao recém-nascido.
Esse momento de decisão é, com certeza, o mais difícil vivido pelo obstetra. Manter a gestação pode
significar a morte da mãe ou do feto; se antecipar o parto, o óbito pode se dar no período neonatal a
despeito dos recursos existentes de assistência. Decidir só pelos conhecimentos técnicos é tornar-se juiz
da vida humana, situação de onipotência injustificada. É fundamental ouvir a gestante, seu companheiro
e família, e somente a eles cabe a decisão.
Na maioria das situações, o parto pode ser antecipado por meio de técnicas de indução. Em outras
situações, quando há contraindicações à indução, a cesariana deve ser o método de escolha. Em que
pese o fato de alguns casos necessitarem decisão individualizada, a maioria delas pode ser enquadrada
conforme as recomendações apresentadas a seguir, com a utilização de técnicas e equipamentos
disponíveis.

Indução do Parto
Indução implica na utilização de métodos que desencadeiem contrações uterinas objetivando o início
do trabalho de parto para assegurar o nascimento da criança em um tempo apropriado, quando se avalia
que a mesma estará mais segura fora do útero que dentro dele ou para melhorar o prognóstico materno.

Recomendações
A mulher, seu acompanhante e familiares devem receber orientações detalhadas sobre o processo de
indução, suas indicações e potenciais riscos associados. Tal concordância deve estar documentada no
prontuário.

Avaliar e Documentar no Prontuário antes de Iniciar a Indução:


- Indicação da indução e ausência de contraindicação;
- Confirmação da idade gestacional;
- Confirmação da apresentação cefálica, se feto vivo;
- Adequação pélvica;
- Condições cervicais pelo escore de Bishop;
- Estado das membranas;
- Atividade uterina;
- Batimentos cardiofetais e cardiotocografia basal, onde disponível;
- Potenciais riscos da indução.
- Aumento da incidência de parto vaginal operatório e cesariana;
- Alterações da contratilidade uterina;
- Anormalidades da frequência cardíaca fetal (FCF);
- Síndrome de hiperestimulação;
- Rotura uterina;
- Prematuridade devido à estimativa inadequada da idade gestacional;
- Possível prolapso ou compressão de cordão quando se usa a rotura artificial de membranas.

Quando a Indução for Indicada, Assegurar que Condições Adequadas de Assistência Estejam
Presentes:
- Disponibilidade de pessoal médico ou de enfermagem para monitorar a frequência cardíaca fetal e
contrações uterinas a cada 15–30 minutos durante todo o processo de indução;
- De preferência, a disponibilidade de bomba de infusão para uso de ocitocina;
- Um agente tocolítico disponível para uso nas alterações de contratilidade uterina.

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A Indução é Indicada Quando a Continuação da Gravidez não é mais Aconselhável nas
Seguintes Circunstâncias Clínicas:
- Síndromes hipertensivas da gravidez descompensadas;
- Isoimunização Rh;
- Rotura prematura de membranas a partir de 36 semanas completas;
- Intercorrências clínicas maternas descompensadas (ex.: diabetes insulinodependente, doença renal
etc.);
- Gestação acima de 41 semanas;
- Restrição do crescimento intrauterinol;
- Insuficiência uteroplacentária;
- Morte fetal (abordada no capítulo Óbito fetal);
- Corioamnionite;
- Fatores logísticos (ex.: história de parto rápido, distância do hospital, condições psicossociais etc.).
Nesses casos, a indução deve ser bem discutida com a mulher e seus acompanhantes, frisando os
possíveis riscos, e realizada somente após estimativa acurada da idade gestacional.

Situações em que se deve ter mais Cuidados na Indução do Parto:


- Grande multiparidade (maior que quatro);
- Apresentação de vértice não encaixada;
- Polihidrâmnio;
- Gestação múltipla;
- Presença de uma cicatriz uterina segmentar ou transversa;
- Hipertensão arterial grave;
- Indução por conveniência do médico ou da gestante.

Contraindicações para Indução do Parto:


- Sofrimento fetal agudo;
- Cicatriz segmentar de repetição (duas ou mais);
- Situações de urgência;
- Apresentações fetais anômalas;
- Desproporção cefalopélvica absoluta;
- Placenta prévia;
- Presença de incisão uterina corporal prévia;
- Carcinoma invasivo do colo;
- Prolapso de cordão;
- Herpes genital ativo;
- Obstrução do canal de parto.

Indução do Parto Propriamente Dita


Quando o colo uterino estiver favorável para a indução (escore de Bishop >6), a ocitocina é o método
de escolha.

Ocitocina
O objetivo da administração de ocitocina é produzir atividade uterina que seja suficiente para produzir
alterações cervicais e ao mesmo tempo evitar hiperestimulação uterina e comprometimento fetal.
- A ocitocina só deve ser utilizada quando o colo apresentar condições favoráveis, ou seja, escore de
Bishop >6.
- A prescrição de ocitocina deve ser realizada e registrada em mU/minuto.
- De preferência, a ocitocina deve ser administrada por meio de bomba de infusão.
- Antes de qualquer aumento na dose, as contrações uterinas devem ser avaliadas por palpação ou
monitoração eletrônica externa. A menor dose efetiva possível deve ser usada para prevenir
hiperestimulação uterina.
- As contrações uterinas devem ser avaliadas de preferência a cada 30 minutos e a FCF a cada 15-30
minutos.
- Os dados vitais maternos (pulso, temperatura e pressão arterial) devem ser avaliados a cada 4 horas.
- A ocitocina pode ser utilizada em gestantes com cesariana prévia seguindo os cuidados preconizados
neste guia.
- Não iniciar ocitocina em intervalo inferior a 6 horas após a última dose de misoprostol nas gestantes
que o estiverem utilizando para maturação cervical.

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Cesárea Eletiva

Deve ser o método de eleição nas situações de iteratividade (duas ou mais cicatrizes de cesáreas
anteriores) e nas situações de contraindicação absoluta ao parto por via vaginal.
Excetuando-se os casos de urgência e de sofrimento fetal, a presença de contrações uterinas são
desejáveis, mesmo quando a cesárea é a via de parto mais indicada.
As contrações são um importante indicador de época oportuna para o parto, ajudam na formação do
segmento inferior do útero, facilitando a cirurgia e diminuindo o sangramento da histerotomia, e auxiliam
na maturidade pulmonar fetal. Deve-se considerar, entretanto, a facilidade de acesso da mulher ao
hospital onde a cesárea será realizada.
Recomenda-se programar a cesárea eletiva para gestantes com idade gestacional de 39 semanas
confirmadas pela DUM ou pela ultrassonografia do primeiro trimestre.

Avaliação Fetal

Métodos Clínicos

Registro Diário da Movimentação Fetal (RDMF)


A diminuição do movimento fetal é prova indireta de insuficiência placentária e tem como interpretação
a adaptação fetal às condições de balanço negativo.
Assim, o registro diário de movimento fetal é o teste clínico mais simples para avaliação das condições
de vitalidade fetal.
O RDMF deve ser realizado em todas as gestantes que apresentarem fatores de risco para resultados
perinatais adversos e deve começar entre 26 e 32 semanas. As gestantes saudáveis, sem fatores de
risco, devem ser orientadas a realizar a contagem dos movimentos fetais se perceberem uma diminuição
subjetiva dos mesmos e após 36 semanas de gestação.

Metodologia

Várias Maneiras são Propostas para a Execução do RDMF. Quatro são mais Conhecidas:
1) Os registros são tomados em três intervalos de uma hora de duração, distribuídos pelos três
períodos do dia (após o café da manhã, o almoço e o jantar), com a mãe repousando em decúbito lateral.
Os valores obtidos em cada um dos três intervalos são somados, e o resultado multiplicado por quatro
corresponde à atividade motora fetal em 12 horas. Segundo o protocolo do Programa Mãe Curitibana,
2005, a soma diária da contagem deve ser maior ou igual a 15 movimentos fetais.
Diminuição acentuada (de mais de 50% no número de movimentos fetais) e brusca ou cessação da
movimentação fetal, descritas como “sinal de alarme”, associam-se com sofrimento fetal e precedem de
12 a 24 horas o óbito fetal. Nestas situações, a gestante deve ser orientada a procurar a unidade de
saúde ou o hospital de referência para avaliação da vitalidade fetal mais complexa.
2) Contagem da movimentação fetal até complementarem-se 10 movimentos, valor considerado como
limite mínimo diário para fins clínicos.
O registro da movimentação pode ser feito com a gestante em repouso, ou exercendo atividade leve,
em qualquer período do dia.
Valores menores que 10 movimentos em 12 horas sugerem a presença de hipóxia fetal. Também neste
caso, diminuição abrupta ou cessação da movimentação são tomadas como sinal de alarme para óbito
fetal iminente.
3) Registro dos movimentos fetais por período de uma hora em posição sentada.
Valores maiores que seis movimentos/hora correspondem a fetos em boas condições.
4) Contagem de movimentos fetais percebidos pela mãe em 2 horas. O registro dos movimentos devem
ser feitos com a mãe em repouso somando 4 períodos de 30 minutos em 24 horas.
Valor mínimo normal entre 30–40 semanas = 10 movimentos em 24 horas.

Recomendações

Alguns Elementos Devem ser Considerados para a Adequada Execução e Interpretação do


Registro Diário da Movimentação Fetal:
- A mãe deve estar em uma posição reclinada (não supina), concentrando-se na contagem dos
movimentos.
- A mãe decide por si mesma o que é movimento fetal, tal como ela esteja habituada a sentir.

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- Excluem-se movimentos tipo “soluço”.
- Considerar a variação nictêmera – há maior movimentação fetal nas primeiras horas da noite.
- O uso de medicamentos (sedativos, tranquilizantes) e de cigarro podem diminuir a movimentação
fetal. Notadamente, os corticosteroides podem produzir o mesmo efeito por dois dias. O RDMF não pode
determinar a conduta. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste
mais específico de avaliação da vitalidade fetal, como os que se seguem. Se o teste for normal, não há
necessidade da realização de outros testes.

Prova Simplificada de Aceleração Cardíaca Fetal


Consiste na verificação de aceleração de batimentos cardíacos fetais com sonar ou estetoscópio de
Pinard, frente à movimentação fetal, estímulos mecânicos ou auditivos.

Metodologia
1) Determinar a frequência cardíaca fetal (FCF) basal ou de repouso.
2) Verificar a frequência cardíaca fetal associada à movimentação espontânea fetal. A presença de
elevação da FCF é sinal de boa oxigenação fetal.
3) Na ausência de resposta, faz-se a estimulação sonora (buzina de bicicleta).
Resposta mínima para estímulo sonoro: elevação de 20bpm e intervalo de 3 minutos para retornar à
FCF basal (detectada previamente).
A prova de aceleração cardíaca fetal, por ser método de triagem, também não pode determinar a
conduta definitiva. Diante de um resultado anormal, o teste sempre deve ser seguido por outro teste mais
específico de avaliação da vitalidade fetal.

Métodos Biofísicos
Cardiotocografia anteparto de repouso (CTG basal). A análise cardiotocográfica possibilita a avaliação
da integridade dos mecanismos do sistema nervoso central envolvidos no controle da frequência cardíaca
e da cinética fetal.
O feto hígido, próximo do termo, apresenta frequência cardíaca estável entre 110 e 160bpm-
batimentos por minuto (bradicardia<110 bpm: pós-maturidade, drogas betabloqueadoras – propanolol,
bloqueio A-V, asfixia fetal grave; taquicardia>160 bpm: hipoxemia crônica – estímulo simpático,
corioamnionite, hipertermia materna, aumentando 10bpm/cada grau centígrado, drogas uterolíticas,
nicotina, hiperatividade fetal e taquiarritmias) e variabilidade da frequência cardíaca entre 6 e 25bpm.
Além dessas características, ocorrendo movimentação, o feto exibe aceleração transitória de
amplitude igual ou superior a 15bpm e duração superior a 15 segundos.
Algumas situações como a hipóxia fetal, a prematuridade, o sono fetal e o uso de drogas sedativas,
tranquilizantes e anti-hipertensivas, além de situações como febre, hipoglicemia e tabagismo, modificam
o padrão fisiológico acima descrito.
O exame consiste no registro simultâneo da frequência cardíaca e dos movimentos fetais espontâneos,
durante pelo menos 20 minutos. Nesse período inicial, se não se constatarem ao menos duas acelerações
transitórias, ou variabilidade diminuída, ou ainda desacelerações, o exame deve ser prolongado por mais
20 minutos e, se necessário, deve ser realizada estimulação vibro-acústico, com buzina tipo Kobo sobre
o polo cefálico fetal, por 3 a 5 segundos.
Outros elementos a serem considerados são o nível da linha de base (bradicárdico ou taquicárdico), a
variabilidade (reduzida, igual ou menor que 5bpm) e a presença de desaceleração tardia. A presença de
desacelerações tardias que tem uma decalagem superior a 20 segundos entre o pico da contração uterina
e o fundo da desaceleração (valor mínimo dos batimentos cardíacos fetais) indica gravidade, assim como
as desacelerações variáveis profundas e prolongadas com retorno abrupto, que são resultantes de
compressão do cordão umbilical.

Recomendações
- Orientar a gestante sobre o exame (indicações, técnica, inocuidade, etc.);
- Iniciar somente após a 28ª semana;
- A validade do exame é de 7 dias. Portanto, repetir, no máximo, dentro desse período;
- Realizar o exame com a mulher:
- Em posição semissentada (semi-Fowler) ou sentada ou decúbito lateral contralateral ao dorso fetal;
- Após período de repouso;
- Sem ter fumado ou tomado medicação que possa interferir no comportamento fetal até uma hora
antes do exame.

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Segundo alguns estudos, o uso da cardiotocografia anteparto: não reduz a mortalidade e morbidade
fetal devido à complicações por asfixia; não piora o resultado da gestação pela interpretação errônea de
sofrimento fetal. Mas a cardiotocografia anteparto pode ser usada para dar segurança para a mãe e para
o obstetra que a gravidez pode seguir adiante.

Perfil Biofísico Fetal (PBF)


É prova de vitalidade fetal que se baseia fundamentalmente em parâmetros ultrassonográficos,
associados à cardiotocografia.
Consiste na avaliação integrada dos seguintes parâmetros: FCF (pela cardiotocografia), movimentos
respiratórios fetais, movimentos corporais fetais, tônus fetal e volume do líquido amniótico (avaliado pela
medida do bolsão maior). A cada um desses parâmetros atribui-se a pontuação de 0 (anormal) ou 2
(normal).
A prova é realizada utilizando-se monitoramento eletrônico e ultrassonografia de tempo real.
O PBF deve complementar a cardiotocografia, na presença de um padrão suspeito. O exame não é
recomendado como teste primário de triagem. Para tanto, quando disponível o aparelho de
ultrassonografia, pode ser realizado o PBF simplificado, que consiste na cardiotocografia associada à
determinação do índice de líquido amniótico (ILA) pela ultrassonografia, especialmente em casos de
suspeita de crescimento fetal restrito.
O PBF não deve substituir, contudo, as provas de vitalidade fetal mais simples, nem ser aplicado à
população de gestantes sem triagem prévia.

Avaliação da Maturidade Fetal

Métodos Clínicos

Estabelecimento da Idade Gestacional


Baseia-se na data da última menstruação (DUM), na altura do útero (AU), no início dos movimentos
ativos do feto, na insinuação e na biometria fetal pela ultrassonografia.
É importante ter em mente que a duração da gestação é de 280 dias em média, isto é, 40 semanas
contadas a partir do 1º dia da última menstruação. Assim, calcula-se, pela regra de Naegele, a data
provável do parto, somando-se à DUM 7 dias e diminuindo-se três meses. A seguir, calcula-se quantos
dias faltam para a data do parto. Esse número de dias, dividido por 7, dá o número de semanas que
faltam para o parto. O número de semanas que faltam deve ser subtraído de 40 semanas, total da
gestação, obtendo-se assim a idade da gestação em semanas.

Quando Houver Dúvidas em Relação à Idade Gestacional pela DUM, os Seguintes


Procedimentos podem ser Utilizados para Ajudar a Definir a Idade Gestacional:
- relacionar a data da última menstruação ao aparecimento dos primeiros sintomas de gestação e datas
marcantes (Natal, carnaval, aniversários, entre outras);
- pesquisar batimentos cardiofetais pelo sonar Doppler, durante o terceiro mês, anotando as datas e
resultados.

Seja por ausência de informação, incerteza quanto à data da última menstruação ou ainda incoerência
entre os achados clínicos e a informação obtida, a gestante deverá ser submetida a uma ultrassonografia
para determinação da idade gestacional.
Quanto aos movimentos fetais, se bem que existam precocemente, só são percebidos pela grávida do
4º mês em diante. Nas duas últimas semanas de gestação, pode ocorrer, nas primíparas, a queda do
ventre, pela insinuação do polo cefálico (com o alívio respiratório para a gestante).
A ultrassonografia oferece a oportunidade de calcular a idade da gestação pela biometria fetal. No
início da gestação, o cálculo é feito pelo tamanho do saco gestacional sendo, entretanto, pouco preciso.
Da 8ª a 14ª semana, mede-se a distância cabeça-nádegas do feto, que é o parâmetro mais preciso.
Quando houver uma diferença de 5 dias ou mais entre a data da última menstruação e a USG realizada
nesta época, deve-se corrigir a idade gestacional pela ultrassonografia. Na 2ª metade da gestação, o
cálculo da idade gestacional é feito pela medida do diâmetro biparietal, da circunferência abdominal, e do
comprimento do fêmur, bem como da presença e do tamanho dos pontos de ossificação secundária do
fêmur. Devido à maior margem de erro do USG realizado nessa época (mais ou menos duas semanas),
o mesmo deve servir de parâmetro apenas se houver uma diferença maior que 10 dias em relação à data
da última menstruação.

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Exame do Líquido Amniótico

Amnioscopia
É uma endoscopia cervical, com o objetivo de visualizar o polo inferior do ovo, isto é, as membranas,
o líquido amniótico e a apresentação. O amnioscópio é constituído por um tubo oco metálico ou mesmo
compacto de acrílico que é introduzido através do orifício cervical. Além do tubo, deve haver uma fonte
luminosa. É necessária uma cervicodilatação de 1,5cm ou mais.
A amnioscopia tem como desvantagem a necessidade de colo permeável.
Apresenta riscos, apesar de pouco frequentes, como ruptura das membranas ovulares, pequenas
hemorragias, traumas e infecção.

Avaliam-se a Cor e a Transparência do Líquido Amniótico e a Eventual Presença de Grumos.


Assim, o Líquido pode ser:
- Claro: boa vitalidade;
- Meconial: possível hipoxemia fetal. A presença de mecônio também pode ser indicativo de eliminação
fisiológica do mesmo por contrações intestinais em fetos maduros;
- Vermelho: hemoâmnio (possível descolamento prematuro de placenta e/ou óbito fetal);
- Amarelo: presença de bilirrubina (isoimunização Rh ou prematuridade extrema);
- Achocolatado: óbito fetal.

O resultado é confiável em 90% dos casos, havendo falso-positivos e falso negativos em 10%.
São contraindicados para mulheres com placenta prévia (diagnosticada ou suspeita) e processos
infecciosos cérvico-vaginais.

Amniocentese
É a coleta do líquido amniótico por via abdominal, hoje orientada pela ultrassonografia.
Há dois tipos fundamentais de amniocentese: precoce, realizada na 1ª metade da gravidez (a partir da
15ª semana), e tardia, realizada na 2ª metade da gravidez (de preferência após a 28ª semana).
Pode ser feita em ambulatório, com orientação ultrassonográfica. A agulha usada é, preferencialmente,
a de número 12 por 20 ou 22 gauge. Retirar 10 a 20ml de líquido.

Indicações da Amniocentese Precoce:


- Cariótipo fetal, principalmente para afastar a trissomia 21 (Síndrome de Down);
- Erros inatos de metabolismo;
- Dosagem de alfa feto proteína (AFP);
- Determinação do sexo fetal;
- Pesquisa de infecções congênitas.

Indicações da Amniocentese Tardia:


- Estudo da maturidade fetal;
- Esvaziamento, nos casos de polihidrâmnio agudo;
- Introdução de medicamentos.

Riscos da Amniocentese: infecção, abortamento, lesão fetal anexial, trabalho de parto prematuro e
amniorrexe.

Métodos Laboratoriais

Exame do Líquido Amniótico


O exame do líquido obtido por amniocentese ou colhido após a rotura da bolsa pode ser macroscópico
e microscópico.

Macroscopia: Deve-se fazer uma descrição do líquido, que é colocado em tubo de ensaio e
examinado contra um fundo branco, atendendo às seguintes características:
Cor e transparência: O líquido normalmente é claro e transparente (água de rocha) e, após 36
semanas, pode se ver a presença de grumos (vérnix caseoso) que, em grande quantidade, tornam o
líquido opalescente. Entende-se que se o líquido apresentar outros aspectos, é patológico: verde
(mecônio), amarelo (presença de bilirrubina), vermelho (hemoâmnio) e achocolatado (óbito fetal). Esses
dados avaliam, a grosso modo, a vitalidade e a maturidade fetal.

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Microscopia: Há provas que são realizadas para verificar a maturidade fetal por meio de:
Surfactantes: Nos pulmões existem substâncias surfactantes destinadas a proporcionar estabilidade
ao alvéolo, evitando atelectasia. Produzidas no pneumócito tipo II, são lipoproteínas complexas com
estrutura do glicerol. Entre os surfactantes, destacam-se: fosfatidilcolina (lecitina), fosfatidilglicerol,
inositol, serina, etanolamina e esfingomielina. A lecitina é o mais importante dos surfactantes e aumenta
com o evoluir da gravidez (agente tensoativo). A esfingomielina, de menor importância, decresce no final
da gravidez.
Relação Lecitina/Esfingomielina (L/E):
- relação L/E inferior a 1,5 significa imaturidade fetal;
- relação L/E entre 1,5 e 1,9 significa imaturidade duvidosa;
- relação L/E superior a 2,0 significa maturidade fetal.

Observação: Os recém-nascidos de mães diabéticas podem apresentar síndrome da angústia


respiratória mesmo tendo relação L/E superior a 2,0. Nesses casos, a pesquisa de fosfatidilglicerol
confirma a maturidade fetal. A determinação da relação L/E e a pesquisa de fosfatidilglicerol são exames
laboratoriais disponíveis em poucos locais.
Teste de Clements (modificado): pesquisa a maturidade através da tensão superficial do líquido
amniótico, avaliada pela estabilidade das bolhas (espuma), após agitação vigorosa do mesmo em diluição
a 1/2. A maturidade está sempre presente nos resultados positivos (halo completo de bolhas), porém o
teste apresenta significativa proporção de resultados falso-negativos (geralmente devido à realização do
exame com técnica inadequada).

Afecções Ginecológicas

Vulvovaginites
Consideram-se como vulvovaginites todas as manifestações inflamatórias e/ou infecciosas, de caráter
agudo ou crônico que podem acometer a vulva, vagina ou o colo uterino, podendo atingir também a
bexiga, ureter, ânus e face interna das coxas.
As vulvovaginites manifestam-se por meio de leucorreias de aspectos e consistências distintas,
segundo as características do agente infeccioso, do grau de infestação e das condições clínicas do
hospedeiro (mulher).
O corrimento pode se apresentar associado a um ou mais dos seguintes sintomas: prurido contínuo
no canal vaginal e vulva, dor ou ardor local e/ou ao urinar e sensação de desconforto pélvico; os pequenos
lábios, o clitóris e o introito vaginal podem apresentar edema e hiperemia, como também escoriações
devido ao prurido.
É imprescindível o tratamento do parceiro nas vulvovaginites recidivantes. O tratamento, depois de
iniciado, não deverá ser interrompido mesmo durante a menstruação. É importante o uso de preservativos
durante a relação sexual, enquanto permanecer o tratamento.

Dentre as Vulvovaginites Mais Comuns, Temos:


- Vaginoses bacterianas - caracterizadas por um desequilíbrio da flora vaginal normal, devido a um
aumento exagerado de bactérias, em especial as anaeróbias (Gardnerella vaginalis), adquiridas através
da relação sexual ou hábitos precários de higiene (limpeza inadequada da genitália, não lavagem das
mãos antes e após as eliminações, não troca frequente da roupa íntima, uso de roupa íntima de outra
pessoa). O diagnóstico é feito através da anamnese, que identifica a queixa de prurido vulvar
acompanhado de corrimento amarelado e odor fétido. A confirmação do diagnóstico ocorre através da
leitura de uma lâmina de esfregaço vaginal. O tratamento deverá ser do casal na forma sistêmica e poderá
estar associado a um bactericida tópico.
- Candidíase vulvovaginal - infecção da vulva e canal vaginal causada por um fungo que habita a
mucosa vaginal, a Candida albicans. A relação sexual é considerada a principal forma de transmissão;
outros fatores, como gravidez, diabetes melitus, obesidade, antibióticos, corticoides, uso de
anticoncepcional hormonal também são fatores predisponentes da candidíase vulvovaginal. A
sintomatologia dependerá do grau de infecção e da localização do tecido inflamado, podendo apresentar-
se como prurido vulvovaginal, ardor ou dor à micção, corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto
caseoso (leite coalhado), hiperemia, edema, fissuras e maceração da vulva, dispareunia (dor à relação
sexual). O diagnóstico é confirmado pelo exame laboratorial do conteúdo vaginal em que se visualiza a
presença do fungo. O tratamento é tópico, com o uso de creme antimicóticos, podendo também ser
prescrito terapêutica sistêmica nos casos de recidivas.

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- Tricomoníase genital - é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
principais são: corrimento abundante amarelo ou amarelo esverdeado, com presença de bolhas e odor
fétido semelhante a “peixe podre”, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica, disúria, polaciúria e hiperemia
da mucosa vaginal com placas avermelhadas. O tratamento sempre é sistêmico, podendo ser associada
terapêutica tópica vaginal.

- Aconselhamento
É tido como um instrumento importante para a quebra da cadeia de transmissão das DST. Auxilia o
cliente a compreender a relação existente entre o seu comportamento e o problema de saúde que está
apresentando, a reconhecer os recursos que tem para evitar novas infecções.
A enfermagem poderá, através de ações educativas, orientar a clientela a partir da sua entrada na
unidade de saúde quanto às formas de transmissão das DST, assim como os mecanismos de prevenção
das doenças ginecológicas. Essas ações podem ser realizadas através da distribuição de folhetos
informativos, pôsteres afixados nos murais de passagem da clientela, grupos de orientação nas salas de
espera e utilização de vídeos educativos. Também podem ser dadas orientações individuais na pré-
consulta ou na pós-consulta ginecológica.

Bartholinite
A bartholinite é uma infecção estritamente vulvar da glândula de Bartholin. Sua infecção é às vezes
crônica e sob a forma de cisto, sendo mais frequente a forma aguda, que caracteriza-se pela presença
de rubor, calor, dor e com edema significativo, por vezes deformando a vulva.

Leiomiomatose Uterina
Leiomiomatose uterina, também conhecida por miomatose uterina, é um tumor benigno sólido que com
frequência acomete as mulheres e se aloja preferencialmente no corpo do útero.
A causa da formação do mioma é desconhecida. É ligeiramente mais comum em mulheres nuligestas
e nas de raça negra. Está relacionado com a produção hormonal, não apresentando crescimento com a
menopausa.
Em mulheres não grávidas, os miomas podem ou não trazer problemas.
Cerca de 25%, entretanto, causam sangramento uterino anormal.
Algumas mulheres queixam-se de plenitude ou sensação de peso pélvico. Podem ainda causar
dismenorreia, leucorreia, hipermenorreia ou menorragia. Pode ocorrer um quadro de anemia e ou de
infecção. O tratamento inicial sempre é conservador, com o uso de terapêutica hormonal, mas na
ausência de resposta e tratamento poderá tornar-se cirúrgico.
Em mulheres grávidas, os miomas podem causar os seguintes riscos adicionais: aborto, falta de
encaixamento, trabalho de parto prematuro, dor, distocia, trabalho de parto prolongado e hemorragia pós-
parto.

Questões

01. (UFRN – Auxiliar de Enfermagem – UFRN – COMPERVE) - Sobre as intercorrências clínicas


mais frequentes durante a gestação, é correto afirmar:
(A) A hiperemese caracteriza-se por vômitos contínuos e intensos que impedem a alimentação da
gestante, ocasionando desde a desidratação e oligúria até a perda de peso e transtornos metabólicos,
com alcalose.
(B) O abortamento é a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o concepto
pesa menos de 500 g. É precoce quando ocorre até a 8ª semana de gestação e tardio quando ocorre até
a 22ª semana.
(C) A placenta prévia corresponde a um processo patológico da segunda metade da gravidez, em que
a implantação da placenta, inteira ou parcialmente, ocorre no segmento superior do útero.
(D) O descolamento cório-amniótico caracteriza-se por sangramento genital de pequena intensidade.
É diagnosticado por exame ultrassonográfico e representa um grave quadro de risco materno e/ou ovular.

02. (TRE/SP – Técnico Judiciário - Enfermagem – FCC/2017) - O Ministério da Saúde lançou


recentemente a Campanha de Combate à Sífilis Congênita. Durante a orientação a um grupo de gestante
é fundamental que o técnico de enfermagem, enquanto integrante da equipe de saúde, ressalte que o
teste de sífilis.

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(A) é contraindicado no primeiro trimestre de gestação.
(B) não pode ser realizado em gestantes com mais de 40 anos.
(C) é contraindicado em gestantes portadoras do vírus HIV.
(D) precisa ser realizado tanto pela gestante como pelo parceiro sexual.
(E) em gestantes adolescentes, necessita da autorização dos pais ou responsáveis.

03. (CEP 28 – Técnico de - Enfermagem – IBFC) - Assinale a alternativa que completa corretamente
a lacuna.
Durante a gravidez a ___________ , se caracteriza pela presença de edema, hipertensão arterial,
cefaleia occipital, tonteiras, perturbações visuais e nervosas, crise convulsiva.
(A) Hemossalpingite.
(B) Eclampsia.
(C) Hiperemese gravídica.
(D) Polidramnia.

04. (UFPEL – Auxiliar de - Enfermagem – UFPeL-CES) - Ao verificar os sinais vitais de uma gestante
com IG=30 semanas, o auxiliar de enfermagem observa que ela apresenta aumento de peso significativo,
edema de membros inferiores, cefaleia, distúrbios visuais e níveis elevados de pressão arterial, mesmo
em repouso. Em relação ao quadro de sinais e sintomas, pode tratar-se de:
(A) diabete gravídica.
(B) óbito fetal.
(C) hemorragia da gestação.
(D) eclâmpsia grave.
(E) pré-eclâmpsia.

05. (Prefeitura de São Paulo - SP – Analista de Saúde – Obstetriz – IBFC/2016) - O abortamento


farmacológico é a utilização de fármacos para indução do abortamento ou abreviação do abortamento
em curso. Para esvaziamento uterino no 1º, 2º ou 3º trimestre gestacional, é indicado o uso de:
(A) Misoprostol.
(B) Ergometrina.
(C) Metilergometrina.
(D) Meperidina.
(E) Metroclopramida.

06. (EBSERH – Enfermeiro – Saúde da Mulher - HUAP – UFF - IBFC/2016) - O abortamento é uma
das condições clínicas mais frequentes que se apresentam com hemorragias do primeiro trimestre de
gestação. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o abortamento se caracteriza como perda
do concepto de _______, _____ de peso ou _______ de comprimento. Preencha as lacunas e a seguir
assinale a alternativa correta.
(A) Até 12 semanas completas; 300 gramas; 12,5 centímetros.
(B) Até 22 semanas completas; 500 gramas; 16,5 centímetros.
(C) Até 16 semanas incompletas; 400 gramas; 14,5 centímetros.
(D) 12 a 20 semanas completas; 300 a 500 gramas; 12,0 a 16,0 centímetros.
(E) Até 24 semanas completas; 1000 gramas; 30,0 centímetros.

07. (Prefeitura de Rio de Janeiro – RJ - Enfermeiro – Prefeitura de Rio de Janeiro - RJ/2016) -


Dentre as intercorrências clínicas e obstétricas mais frequentes identificadas no pré-natal, constitui uma
das mais importantes situações hemorrágicas, na segunda metade da gestação:
(A) abortamento.
(B) gravidez ectópica.
(C) descolamento prematuro de placenta.
(D) mola hidatiforme.

08. (UERN – Técnico de Laboratório – Enfermagem - IDECAN/2016) - Analise as afirmativas a


seguir sobre diabetes gestacional.
I. O rastreamento do diabetes gestacional deve ser feito nas gestantes que apresentam resultado de
glicose plasmática de jejum ≥ 110 mg/dl e/ou presença de qualquer fator de risco para o diabetes
gestacional.

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II. Toda gestante com rastreamento positivo e/ou qualquer fator de risco deve ser submetida à
confirmação diagnóstica com teste oral de tolerância à glicose após a ingestão de 75 g de glicose.
III. História de óbito fetal, sem causa aparente em gestação anterior, é considerado um fator de risco
para o diabetes gestacional.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)


(A) I, II e III.
(B) I, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.

09. (Prefeitura de Natal – Enfermeiro - COMPERVE/2018) - As síndromes hipertensivas na gravidez


são as maiores causas de morbidade e mortalidade materna e fetal (BRASIL, 2012). Dentre essas
síndromes, destaca-se a hipertensão crônica na gestação que corresponde à hipertensão de qualquer
etiologia quando o nível da pressão arterial for
(A) igual a 130/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 24ª semana da gestação ou além
de doze semanas após o parto.
(B) maior ou igual a 140/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 24ª semana da
gestação ou além de oito semanas após o parto.
(C) maior ou igual a 140/90 mmHg antes da gravidez ou diagnosticada até a 20ª semana da gestação
ou além de doze semanas após o parto.
(D) igual a 150/100 mmHg no início da gravidez ou diagnosticada após a 20ª semana da gestação ou
além de oito semanas após o parto.

10. (EBSERH – Enfermeiro – CESPE/2018) - Acerca de assuntos relacionados a anatomia e fisiologia


da gestação, julgue o próximo item.
Microcefalia fetal pode ser resultado de diabetes gestacional não controlada.
( )Certo ( )Errado

11. (Câmara de Belo Horizonte – Técnico de Enfermagem – CONSUPLAN/2018) - No início do pré-


natal, o médico solicita vários exames de sangue de rotina, e um deles é o de tipagem sanguínea, para
descobrir o grupo sanguíneo (A, B, AB ou O) e o fator Rh positivo ou negativo. Diante do exposto, analise
as afirmativas a seguir.
I. O fator Rh só é importante na gravidez se a mãe for Rh negativo e o bebê for Rh positivo. Para que
isto possa acontecer, o pai do bebê tem que ser Rh positivo.
II. Caso o sangue do bebê entre em contato com o da mãe durante o parto, o sistema imune da grávida
produzirá anticorpos que atuarão numa segunda gravidez.
III. Na segunda gravidez, quando o bebê tem Rh positivo, os anticorpos do sistema imunológico da
mãe podem atravessar a placenta e atacar as células do sangue do bebê, provocando uma doença
chamada eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal tornando a gestante estéril.
IV. Quando a grávida tem sangue Rh negativo, mas o bebê tem Rh positivo, é necessário fazer uma
injeção de imunoglobulina anti-D para eliminar os anticorpos criados no organismo da gestante e evitar
complicações na gestação.

Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s)


(A) I
(B) III
(C) I, II e IV
(D) II, III e IV

12. (UFSC – Enfermeiro – COPERVE/2018) - Uma mulher de 26 anos apresenta-se à unidade


primária de saúde porque perdeu o último período menstrual e acha que pode estar grávida. Ela relata
cansaço, sensibilidade nas mamas, aumento da frequência urinária, náuseas e vômitos pela manhã. O(A)
enfermeiro(a) interpretará esses achados com qual resultado de gravidez?
(A) Positivo.
(B) Provável.
(C) Possível.
(D) Presuntivo.
(E) Negativo.

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13. (Intituto AOCP – Enfermeiro – EBSERH/2017) - Mulher de 36 anos, casada, compareceu à
Unidade Básica de Saúde para coleta de exame citopatológico. Durante a coleta, a enfermeira observa
corrimento vaginal amarelo-esverdeado, bolhoso e fétido e edema de vulva. O pH vaginal da paciente
estava > 4,5, dessa forma, seguindo abordagem sindrômica, a enfermeira optou pelo tratamento de
(A) gonorreia.
(B) tricomoníase.
(C) clamídia.
(D) herpes vaginal.
(E) candidíase vulvovaginal.

14. (IBFC – Enfermeiro – EBSERH/2017) - Sobre a técnica para medida da altura uterina, analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.
( ) Posicione a gestante em decúbito lateral esquerdo, com o abdome descoberto.
( ) Delimite a borda superior da sínfise púbica e o fundo uterino.
( ) Por meio da palpação, procure corrigir a comum dextroversão uterina.

(A) V,V,V
(B) V,F,V
(C) F,V,F
(D) F,V,V
(E) V,V,F

Gabarito

01.A / 02.D / 03.B / 04.E / 05.A / 06.B / 07.C / 08.D / 09.C / 10.E / 11.C / 12.D / 13.B / 14.D

Comentários

01. Alternativa A
As náuseas e vômitos representam as condições médicas mais comuns da gravidez, contribuindo para
um alto grau de ansiedade e preocupação nas mulheres. Nas suas formas mais graves, são chamadas
de hiperemese gravídica, definida como vômitos persistentes que levam a uma perda de peso maior que
5% do peso pré-gravídico, associada a desequilíbrio hidroeletrolítico e cetonúria, o que ocorre em cerca
de 1% das gestações.

02. Alternativa D
Parceiros sexuais devem ser tratados concomitantemente, caso contrário o recém-nato será
considerado caso de sífilis congênita.

03. Alternativa B
A eclâmpsia caracteriza-se pela presença de convulsões tônico-clônicas generalizadas ou coma em
mulher com qualquer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou qualquer outra doença
convulsiva.

04. Alternativa E
Pré-eclâmpsia: a presença de aumento rápido de peso, edema facial ou outros sintomas sugestivos
da doença requerem uma monitoração mais rigorosa da pressão arterial e a detecção de proteinúria.

05. Alternativa A
Considerando que o parto ou aborto ocorrem espontaneamente dentro das três semanas seguintes ao
óbito fetal, a opção de esperar esse prazo deve ser oferecida às mulheres e utiliza-se o misoprostol
somente para aquelas que solicitam uma conduta ativa.

06. Alternativa B
Conceitua-se como abortamento a interrupção da gravidez ocorrida antes da 22ª semana de gestação
e com produto da concepção pesando menos que 500 gramas. O produto da concepção eliminado no
processo de abortamento é chamado aborto.

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07. Alternativa C
As Mais Importantes Situações Hemorrágicas Gestacionais São:
Segunda Metade da Gestação
- Placenta prévia;
- Descolamento prematuro da placenta;
- Rotura uterina;
- Vasa prévia.

08. Alternativa D
O rastreamento é considerado positivo nas gestantes com nível de glicose plasmática de jejum igual
ou superior a 85mg/dL e/ou na presença de qualquer fator de risco para o diabetes gestacional. Na
ausência de fatores de risco e glicemia de jejum ≤ 85mg/dL, considera-se rastreamento negativo e deve-
se repetir a glicemia de jejum entre a 24ª e 28ª semana de gestação.
Duas glicemias plasmáticas de jejum ≥ 126mg/dL confirmam o diagnóstico de diabetes gestacional,
sem necessidade de teste de tolerância.

09. Alternativa C
Hipertensão Arterial: pressão arterial igual ou maior que 140/90mmHg baseada na média de pelo
menos duas medidas. Hipertensão Crônica: observada antes da gravidez, ou antes de 20 semanas de
gestação, ou diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez e não se resolve até 12 semanas após
o parto.

10. Alternativa C
O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica, caracterizada por hiperglicemia, sendo
responsável por índices elevados de morbimortalidade perinatal, especialmente macrossomia fetal e
malformações fetais.

11. Alternativa C
A primeira afirmativa é verdadeira, pois quando a mãe que tem sangue do tipo Rh negativo, o bebê
nasce com Rh positivo isso apenas pode acontecer quando o sangue do pai é Rh positivo.
A segunda afirmativa é verdadeira, pois caso ocorra o contato do sangue do bebê com o da mãe
durante a primeira gravidez, a mãe produzirá anticorpos que durante a segunda gestação começam a
combater as células vermelhas do sangue do novo bebê.
A terceira afirmativa é falsa, pois em relação as consequências da eritrobalstose fetal o bebê pode
nascer com anemia grave, inchaços, aumento do fígado, aborto espontâneo, surdez, hidropsia fetal e
morte do feto.
A quarta afirmativa é verdadeira, pois a aplicação de imunoglobulina anti-Rh irá impedir a mãe produzir
novos anticorpos, deverá ser feita entre 28ª e a 30ª semana de gestação e aplicada por um profissional
de saúde.

12. Alternativa D
São sinais de presunção os que sugerem gestação, decorrentes, principalmente, do aumento da
progesterona, fazem parte a amenorreia, náuseas com ou sem vômitos sendo mais frequente pela
manhã, alterações mamárias e polaciúria que é o aumento da frequência urinária.

13. Alternativa B
A Tricomoníase genital é uma infecção causada pela Trichomonas vaginalis, tendo como via de
transmissão a sexual. Pode permanecer assintomática no homem e na mulher, principalmente após a
menopausa. Na mulher pode acometer a vulva, o canal vaginal e a cérvice uterina. Os sinais e sintomas
principais são: corrimento abundante amarelo ou amarelo esverdeado, com presença de bolhas e odor
fétido semelhante a “peixe podre”, prurido e/ou irritação vulvar, dor pélvica, disúria, polaciúria e hiperemia
da mucosa vaginal com placas avermelhadas. O tratamento sempre é sistêmico, podendo ser associada
terapêutica tópica vaginal.

14. Alternativa D
A medida é feita em centímetros com uma fita métrica flexível e não extensível, do púbis ao fundo do
útero, determinado por palpação, com a grávida em decúbito dorsal.

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Existem diferentes métodos de medida que oferecem valores diferentes, por isso é imprescindível
normalizar a forma de medir e utilizar padrões normais de referência que tenham sido elaborados com a
mesma técnica.
Técnica 1: a extremidade da fita métrica é fixada na margem superior da púbis com uma mão,
deslizando a fita entre os dedos indicador e médio da outra mão até alcançar o fundo do útero com a
margem cubital dessa mão.
Técnica 2: a fita é colocada debaixo da borda cubital, por isso, ao descrever uma curva maior, o valor
que se obtém e 1,5 ± 0,6 cm maior em relação ao obtido com a técnica anterior, no 3º trimestre de
gestação.

ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL

A assistência pré-natal é o primeiro passo para a vivência da gestação, parto e nascimento saudável
e humanizado. Todas as mulheres têm o direito constitucional de ter acesso ao pré-natal e informações
sobre o que está ocorrendo com o seu corpo, como minimizar os desconfortos provenientes das
alterações gravídicas, conhecer os sinais de risco e aprender a lidar com os mesmos, quando a eles
estiverem exposta.
O conceito de humanização da assistência ao parto pressupõe a relação de respeito que os
profissionais de saúde estabelecem com as mulheres durante todo o processo gestacional, de parturição
e puerpério, mediante um conjunto de condutas, procedimentos e atitudes que permitem à mulher
expressar livremente seus sentimentos.
Essa atuação, condutas e atitudes visam tanto promover um parto e nascimento saudáveis como
prevenir qualquer intercorrência clínico-obstétrica que possa levar à morbimortalidade materna e
perinatal.
A equipe de saúde desenvolve ações com o objetivo de promover a saúde no período reprodutivo;
prevenir a ocorrência de fatores de risco; resolver e/ou minimizar os problemas apresentados pela mulher,
garantindo-lhe a aderência ao acompanhamento. Assim, quando de seu contato inicial para um primeiro
atendimento no serviço de saúde, precisa ter suas necessidades identificadas e resolvidas, tais
como, dentre outras: a certeza de que está grávida, o que pode ser comprovado por exame clínico e
laboratorial; inscrição/registro no pré-natal; marcação de nova consulta com a inscrição no pré-natal e
encaminhamento ao serviço de nutrição, odontologia e a outros como psicologia e assistência social,
quando necessários.
Durante todo esse período, o auxiliar de enfermagem pode minimizar-lhe a ansiedade e/ou temores
fazendo com que a mulher, seu companheiro e/ou família participem ativamente do processo, em todos
os momentos, desde o pré-natal até o pós-nascimento. Visando promover a compreensão do processo
de gestação, informações sobre as diferentes vivências devem ser trocadas entre as mulheres e os
profissionais de saúde. Ressalte-se, entretanto, que as ações educativas devem ser prioridades da equipe
de saúde.

Durante o Pré-Natal, os Conteúdos Educativos Importantes Para Serem Abordados, Desde Que
Adequados às Necessidades das Gestantes, são:

- Pré-natal e Cartão da Gestante – apresentar a importância, objetivos e etapas, ouvindo as dúvidas


e ansiedades das mulheres;
- Desenvolvimento da gravidez – apresentar as alterações emocionais, orgânicas e da autoimagem;
hábitos saudáveis como alimentação e nutrição, higiene corporal e dentária, atividades físicas, sono e
repouso; vacinação antitetânica; relacionamento afetivo e sexual; direitos da mulher grávida/direitos
reprodutivos – no Sistema de Saúde, no trabalho e na comunidade; identificação de mitos e preconceitos
relacionados à gestação, parto e maternidade – esclarecimentos respeitosos; vícios e hábitos que devem
ser evitados durante a gravidez; preparo para a amamentação;
- Tipos de parto – aspectos facilitadores do preparo da mulher; exercícios para fortalecer o corpo na
gestação e para o parto; preparo psíquico e físico para o parto e maternidade; início do trabalho de parto,
etapas e cuidados;
- Participação do pai durante a gestação, parto e maternidade/paternidade – importância para o
desenvolvimento saudável da criança;
- Cuidados com a criança recém-nascida, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento e
medidas preventivas e aleitamento materno;
- Anormalidades durante a gestação, trabalho de parto, parto e na amamentação – novas
condutas e encaminhamentos.

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O processo gravídico-puerperal é dividido em três grandes fases: a gestação, o parto e o
puerpério. Cada uma das quais possui peculiaridades em relação às alterações anátomo-fisiológicas e
psicológicas da mulher.

O Ministério da Saúde instituiu em 2000 o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento


(PHPN) com o objetivo de assegurar e melhorar o acesso, a cobertura e a qualidade do pré-natal,
além de dar assistência durante o parto e o puerpério e garantir os direitos de cidadania à gestante
e ao recém-nascido.
A humanização desse programa compreende duas premissas. A primeira é que as unidades de
saúde devem receber as gestantes, sua família e o recém-nascido com dignidade, proporcionando-lhes
um ambiente acolhedor, seguro, organizado pela equipe, segundo os princípios da ética e da
solidariedade. A segunda é justamente no atendimento à gestante através de procedimentos obstétricos
e neonatais totalmente benéficos para o binômio mãe/filho almejando o bom desempenho do parto e do
nascimento, livres de práticas intervencionistas desnecessárias.

Para garantir às gestantes o acompanhamento seguro e adequado do período pré-natal, devem ser
garantidos pelos estabelecimentos assistenciais de saúde, conforme a cartilha do Programa de
Humanização do Pré-Natal e Nascimento, os seguintes procedimentos:
- Realizar a primeira consulta de pré-natal até o 4º (quarto) mês de gestação;
- Realizar seis consultas, no mínimo, de acompanhamento pré-natal, sendo, preferencialmente, uma
no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação;
- Realizar uma consulta no puerpério, até quarenta e dois dias após o nascimento;
- Realizar os exames laboratoriais ABO-Rh (tipagem sanguínea) na primeira consulta, VDRL (teste
para Sífilis) na primeira consulta e outro na trigésima semana de gestação, Urina I na primeira consulta e
outro na trigésima semana de gestação, Glicemia de jejum na primeira consulta e outro na trigésima
semana de gestação, HB/Ht (teste para Anemia) na primeira consulta.

Além de toda essa assistência, a unidade de saúde ainda deve oferecer a gestante o teste anti-HIV
logo na primeira consulta, aplicação de vacina antitetânica dose imunizante ou reforço em mulheres já
imunizadas, classificação de risco gestacional realizado na primeira consulta e nas subsequentes e
garantir às gestantes classificadas como de risco, atendimento ou acesso à unidade de referência para
atendimento ambulatorial e/ou hospitalar específico.
Visto que o roteiro do pré-natal deve obedecer a, no mínimo, seis consultas, conforme o Ministério
da Saúde-MS, a primeira consulta deverá ser realizada minuciosamente com a anamnese geral e
obstétrica para a obtenção de dados sobre: idade materna, início das atividades sexuais, menarca,
número de gestações, episódios de abortos, tipos de parto e intercorrências gravídica e puerperal; data
da última menstruação (DUM), data provável do parto (DPP) e idade gestacional (IG); identificação de
amenorreia, vômitos e sialorréia; inspeção obstétrica, ou seja, o exame físico específico para a gestante;
mensuração obstétrica, com uso de fita métrica para verificar a medida da altura uterina; escuta obstétrica,
para identificar o ruído fetal, ou seja, os batimentos cardiofetais (BCF), audíveis com o sonar a partir da
12ª semana de gestação e com valores normais de referência entre 120 e 140 bpm.

Para garantir o acompanhamento pré-natal adequado e o cadastramento das gestantes, o


Ministério da Saúde instituiu um incentivo financeiro aos estados e municípios, como estímulo, para
que os profissionais de saúde promovam o acesso das gestantes às unidades de saúde até o quarto mês
de gestação, concluindo todo o elenco de procedimentos preconizados pelo Programa de Humanização
no Pré-Natal e Nascimento-PHPN. Para cada município será definida uma série numérica de identificação
das gestantes inseridas no PHPN, através do cadastramento no SISPRENATAL (um software
desenvolvido pelo DATASUS, banco de dados do SUS, e colocado à disposição do município.).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda ações básicas que garantam a qualidade
na assistência pré-natal. Dentre essas, estão: investigar o risco obstétrico da gestante; realizar exames
que constatem a presença de anemia; avaliar a idade gestacional, a altura uterina e auscultar os
batimentos cardíacos fetais; aferir os níveis pressóricos; reforçar e estimular a suplementação de ferro e
ácido fólico; orientar a gestante quanto aos sinais de emergência e os locais que poderá ser atendida e,
quanto ao correto preenchimento da ficha de pré-natal em todas as consultas.
A assistência pré-natal pode não prevenir as principais complicações do parto como, hemorragias,
septicemias e obstruções do trabalho de parto (causas importantes de mortalidade materna) na maioria
das mulheres destinadas a essa experiência, mas certamente, algumas intervenções apropriadas durante
a gravidez serão capazes de favorecer o prognóstico materno.

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O Primeiro Trimestre da Gravidez

No início, algumas gestantes apresentam dúvidas, medos e anseios em relação às condições sociais
(Será que conseguirei criar este filho? Como esta gestação será vista no meu trabalho? Conseguirei
conciliar o trabalho com um futuro filho?) e emocionais (Será que esta gravidez será aceita por meu
companheiro e/ou minha família?) que decorrem desta situação. Outras, apresentam modificação no
comportamento sexual, com diminuição ou aumento da libido, ou alteração da autoestima, frente ao corpo
modificado.
Essas reações são comuns, mas em alguns casos necessitam de acompanhamento específico
(psicólogo, psiquiatra, assistente social).
Confirmado o diagnóstico, inicia-se o acompanhamento da gestante através da inscrição no
pré-natal, com o preenchimento do cartão, onde são registrados seus dados de identificação e
socioeconômicos, motivo da consulta, medidas antropométricas (peso, altura), sinais vitais e
dados da gestação atual.
Visando calcular a idade gestacional e data provável do parto (DPP), pergunta-se à gestante qual foi
a data de sua última menstruação (DUM), registrando-se sua certeza ou dúvida.
Existem diversas maneiras para se calcular a idade gestacional, considerando-se ou não o
conhecimento da data da última menstruação.

- Quando a Data da Última Menstruação é Conhecida Pela Gestante


a) Utiliza-se o calendário, contando o número de semanas a partir do 1º dia da última
menstruação até a data da consulta. A data provável do parto corresponderá ao final da 40ª semana,
contada a partir do 1º dia da última menstruação;
b) Uma outra forma de cálculo é somar sete dias ao primeiro dia da última menstruação e
adicionar nove meses ao mês em que ela ocorreu.
Exemplos: Se a DUM for 13/9/00, a DPP será 20/6/01; se a DUM for 27/6/95, a DPP será 4/4/96.

- Quando a Data da Última Menstruação é Desconhecida Pela Gestante


Nesse caso, uma das formas clínicas para o cálculo da idade gestacional é a verificação da
altura uterina, ou a realização de ultrassonografia.
Geralmente, essa medida equivale ao número de semanas gestacionais, mas só deve ser considerada
a partir de um exame obstétrico detalhado.
Outro dado a ser registrado no cartão é a situação vacinal da gestante. Sua imunização com vacina
antitetânica é rotineiramente feita no pré-natal, considerando-se que os anticorpos produzidos
ultrapassam a barreira placentária, vindo a proteger o concepto contra o tétano neonatal - pois a infecção
do bebê pelo Clostridium tetani pode ocorrer no momento do parto e/ou durante o período de cicatrização
do coto umbilical, se não forem observados os adequados cuidados de assepsia.
Ressalte-se que este procedimento também previne o tétano na mãe, já que a mesma pode vir a
infectar-se por ocasião da episiotomia ou cesariana.
A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com
o toxóide tetânico (TT).

O esquema recomendado é o seguinte:

Gestante Não-Vacinada
O esquema básico consta de três doses, podendo-se adotar um dos seguintes:
- primeira dose – precoce; segunda dose – 30-60 dias após a primeira dose; terceira dose – 180 dias
após a segunda;
- primeira dose – precoce; segunda dose – 60 dias após a primeira dose; terceira dose – 60 dias após
a segunda dose.
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser antecipada se, após a aplicação da última
dose, ocorrer nova gravidez em cinco anos ou mais.

Gestante Vacinada
Esquema básico: na gestante que já recebeu uma ou duas doses da vacina contra o tétano (DPT, TT,
dT, ou DT), deverão ser aplicadas mais uma ou duas doses da vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta
desta, o toxóide tetânico (TT), para se completar o esquema básico de três doses.
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser antecipada se, após a aplicação da última
dose, ocorrer nova gravidez em cinco anos ou mais.

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O auxiliar de enfermagem deve atentar e orientar para o surgimento das reações adversas mais
comuns, como dor, calor, rubor e endurecimento local e febre. Nos casos de persistência e/ou reações
adversas significativas, encaminhar para consulta médica.
A única contraindicação é o relato, muito raro, de reação anafilática à aplicação de dose anterior da
vacina. Tal fato mostra a importância de se valorizar qualquer intercorrência anterior verbalizada pela
cliente.

Na Gestação, a Mulher Tem Garantida a Realização de Exames Laboratoriais de Rotina, dos


Quais os Mais Comuns são:
- hemograma completo (dosagem de hemoglobina, hematócrito, leucócitos);
- grupo sanguíneo e fator Rh;
- sorologia para sífilis (VDRL);
- glicemia;
- teste anti-HIV;
- Elementos e Sedimentos Anormais da Urina-EAS (Urina Tipo I);
- parasitológico;
- preventivo de câncer de colo de útero (Papanicolaou).

Estes exames, que devem ser realizados no 1° e 3° trimestre de gravidez, objetivam avaliar as
condições de saúde da gestante, ajudando a detecção, prevenindo sequelas, complicações e a
transmissão de doenças ao RN, possibilitando, assim, que a gestante seja precocemente tratada de
qualquer anormalidade que possa vir a apresentar.
O auxiliar de enfermagem pode ajudar a gestante, companheiro e/ou família nesse momento de
transição, prestando orientações tanto no tocante à evolução do processo como esclarecendo e
desmistificando inúmeros mitos e tabus associados à gestação, para que sua evolução ocorra de forma
sadia.
Assim, deve informar acerca da importância de uma alimentação balanceada e rica em proteínas,
vitaminas e sais minerais, presentes em frutas, verduras, legumes, tubérculos, grãos, castanhas, peixes,
carnes e leite - elementos importantes no suprimento do organismo da gestante e na formação do novo
ser.
A higiene corporal e oral devem ser incentivadas, pois existe o risco de infecção urinária, gengivite e
dermatite. Se a gestante apresentar reações a odores de pasta de dente, sabonete ou desodorante, entre
outros, deve ser orientada a utilizar produtos neutros ou mesmo água e bucha, conforme permitam suas
condições financeiras.
É importante, já no primeiro trimestre, iniciar o preparo das mamas para o aleitamento materno.
Alguns cuidados devem ser estimulados, tais como fricção, com a toalha de banho, sobre o mamilo;
exposição das mamas ao sol e o sugar do mamilo pelo companheiro da mulher.
Para as mulheres que apresentam mamilo plano ou invertido, orientar a realização da manobra ou
exercício de Hoffmann – que objetiva romper as múltiplas aderências do tecido conjuntivo e estimular a
elasticidade do mamilo e da aréola. Esta manobra deve ser realizada o mais frequentemente possível e
consiste em tracionar a pele da aréola com os dois polegares, puxando-a para os lados, para cima e para
baixo. Outros exercícios são a torção do bico do mamilo para os dois lados e a sua tração e retração.
Todas essas manobras objetivam o preparo do mamilo, formando-o e dessensibilizando-o, tornando a
pele mais resistente e prevenindo rachaduras e fissuras durante o aleitamento materno.
Outras orientações referem-se a algumas das sintomatologias mais comuns, a seguir relacionadas,
que a gestante pode apresentar no primeiro trimestre e as condutas terapêuticas que podem ser
realizadas.
Essas orientações são válidas para os casos em que os sintomas são manifestações ocasionais
e transitórias, não refletindo doenças clínicas mais complexas. Entretanto, a maioria das queixas diminui
ou desaparece sem o uso de medicamentos, que devem ser utilizados apenas com prescrição.

a) Náuseas e vômitos - explicar que esses sintomas são muito comuns no início da gestação. Para
diminuí-los, orientar que a dieta seja fracionada (seis refeições leves ao dia) e que se evite o uso de
frituras, gorduras e alimentos com odores fortes ou desagradáveis, bem como a ingestão de líquidos
durante as refeições (os quais devem, preferencialmente, ser ingeridos nos intervalos). Comer bolachas
secas antes de se levantar ou tomar um copo de água gelada com algumas gotas de limão, ou ainda
chupar laranja, ameniza os enjoos.
Nos casos de vômitos frequentes, agendar consulta médica ou de enfermagem para avaliar a
necessidade de usar medicamentos;

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b) Sialorréia – é a salivação excessiva, comum no início da gestação.
Orientar que a dieta deve ser semelhante à indicada para náuseas e vômitos; que é importante tomar
líquidos (água, sucos) em abundância (especialmente em épocas de calor) e que a saliva deve ser
deglutida, pois possui enzimas que auxiliarão na digestão dos alimentos;

c) Fraqueza, vertigens e desmaios - verificar a ingesta e frequência alimentar; orientar quanto à dieta
fracionada e o uso de chá ou café com açúcar como estimulante, desde que não estejam contraindicados;
evitar ambientes mal ventilados, mudanças bruscas de posição e inatividade. Explicar que sentar-se com
a cabeça abaixada ou deitar-se em decúbito lateral, respirando profunda e pausadamente, minimiza o
surgimento dessas sensações;

d) Corrimento vaginal - geralmente, a gestante apresenta-se mais úmida em virtude do aumento da


vascularização. Na ocorrência de fluxo de cor amarelada, esverdeada ou com odor fétido, com prurido ou
não, agendar consulta médica ou de enfermagem.
Nessa circunstância, consultar condutas no Manual de Tratamento e Controle de Doenças
Sexualmente Transmissíveis/DST – AIDS/MS;

e) Polaciúria – explicar porque ocorre, reforçando a importância da higiene íntima; agendar consulta
médica ou de enfermagem caso exista disúria (dor ao urinar) ou hematúria (sangue na urina),
acompanhada ou não de febre;

f) Sangramento nas gengivas - recomendar o uso de escova de dentes macia e realizar massagem
na gengiva. Agendar atendimento odontológico, sempre que possível.

- O Feto e Seus Anexos


Após verificarmos o processo de fecundação e as alterações anátomo-fisiológicas do organismo
materno vamos conhecer alguns aspectos da evolução do concepto e de seus anexos (placenta, líquido
e membranas amnióticas e cordão umbilical).
Após o processo de nidação, o ovo assemelha-se, no início, a uma esfera. Apenas ao término do
primeiro mês consegue-se distinguir a cabeça e os rudimentos de olhos, ouvidos e nariz; o coração e
alguns outros órgãos encontram-se em formação (pulmões, sistema geniturinário), bem como as raízes
dos braços e pernas. O embrião, neste período, mede em torno de 5 mm de comprimento e seu peso é
quase insignificante.
Em torno da 6ª-8ª semana, a cabeça apresenta-se desproporcionalmente grande em relação ao corpo,
devido ao desenvolvimento cerebral – nessa fase é possível visualizar com maior nitidez os olhos. A
posição embrionária assume uma curvatura do dorso para a frente, como que protegendo os órgãos
viscerais em desenvolvimento.
Nesta fase, o embrião tem cerca de 2,5 cm de comprimento e, aproximadamente, 10 g de peso.
Ao término da 8ª semana o embrião passa à condição de feto.
Esta fase é muito delicada para a vida do novo ser, pois seus tecidos embrionários são muito tenros e
frágeis, passíveis de sofrerem alterações.
Considerando tal fato, a mulher deve ser orientada para evitar o uso de drogas e medicações
contraindicadas, bem como exposição a radiações (raios X, radioativos, etc.).
Ao término da 12ª semana, o feto tem perto de 9 cm e 40 g de peso. O tamanho de sua cabeça já é
pouco menor em relação ao corpo, distinguindo-se facilmente os olhos, nariz e boca, com presença de
pálpebras e lábios. Os órgãos sexuais apresentam as características nítidas do futuro bebê. Inicia-se o
período fetal, em que os órgãos e sistemas estão basicamente formados. Nas semanas subsequentes,
ocorrerá a maturação.
A placenta e as membranas fetais são estruturas indispensáveis à vida e ao bem-estar do feto.
Desenvolvem-se ao mesmo tempo que o embrião e aumentam em complexidade e tamanho
simultaneamente ao crescimento e desenvolvimento do feto, inserindo-se, na maioria dos casos, no corpo
do útero. Proporcionam a proteção contra traumatismos, oxigenação, nutrição e eliminação de resíduos
degradados do metabolismo fetal (dióxido de carbono, produtos nocivos decorrentes do processo
metabólico. Após o nascimento da criança, essas estruturas separam-se do útero e são expelidas.
A circulação materno fetal se estabelece a partir da 4ª semana gestacional, por meio da circulação
sanguínea entre o útero e a placenta (circulação uteroplacentária) e entre a placenta e o embrião
(circulação feto placentária). O feto está em contato com a placenta através do cordão umbilical, o qual
geralmente está inserido junto à área central desta. O cordão umbilical apresenta duas artérias e uma

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veia - as artérias transportam o sangue fetal (venoso) para a placenta e a veia leva o sangue materno
(arterial) da placenta para o feto.
A placenta permite a passagem de várias substâncias do sangue materno para o sangue fetal,
necessárias ao desenvolvimento do feto, entre elas: oxigênio, água, eletrólitos, glicídios, lipídios,
proteínas, aminoácidos, vitaminas, hormônios, anticorpos e alguns medicamentos.
Da mesma forma, a placenta recebe do sangue fetal o gás carbônico, água, hormônios e resíduos
metabólicos (ureia, creatinina, ácido úrico, fosfatos, sulfatos) que serão excretados através dos sistemas
circulatório e renal maternos.
Outra importante função placentária é a de proteção. Sabemos que a barreira placentária faz uma
espécie de “seleção” dos elementos necessários ou não ao concepto. Contudo, alguns destes elementos
conseguem “driblar” a barreira e chegar à circulação fetal, causando danos que, dependendo da idade
gestacional, serão de maior ou menor intensidade.
Como exemplos, temos: as drogas, a nicotina e o álcool, alguns medicamentos e microrganismos.

Os principais microrganismos que, ao infectarem a gestante, podem transpor a barreira


placentária e infectar o concepto são:
- vírus – principalmente nos três primeiros meses da gravidez, o vírus da rubéola pode comprometer
o embrião, causando má-formação, hemorragias, hepatoesplenomegalia, pneumonias, hepatite,
encefalite e outras. Outros vírus que também podem prejudicar o feto são os da varicela, da varíola, da
herpes, da hepatite, do sarampo e da AIDS;
- bactérias – as da sífilis e tuberculose congênita. Caso a infecção ocorra a partir do quinto mês de
gestação, há o risco de óbito fetal, aborto e parto prematuro;
- protozoários – causadores da toxoplasmose congênita. A diferença da toxoplasmose para a rubéola
e sífilis é que, independentemente da idade gestacional em que ocorra a infecção do concepto, os danos
podem ser irreparáveis.
Considerando-se esses problemas, ressalta-se a importância dos exames sorológicos pré-nupcial e
pré-natal, que permitem o diagnóstico precoce da(s) doença(s) e a consequente assistência imediata.

O Segundo Trimestre da Gravidez

No segundo trimestre, ou seja, a partir da 14ª até a 27ª semana de gestação, a grande maioria dos
problemas de aceitação da gravidez foi amenizada ou sanada e a mulher e/ou casal e/ou família entram
na fase de “curtir o bebê que está por vir”. Começa então a preparação do enxoval.
Nesse período, o organismo ultrapassou a fase de estresse e encontra-se com mais harmonia e
equilíbrio. Os questionamentos estão mais voltados para a identificação do sexo (“Menino ou menina?”)
e condições de saúde da futura criança (“Meu filho será perfeito?”).
A mulher refere percepção dos movimentos fetais, que já podem ser confirmados no exame obstétrico
realizado pelo enfermeiro ou médico.
Com o auxílio do sonar Doppler ou estetoscópio de Pinnard, pode-se auscultar os batimentos fetais
(BCF). Nesse momento, o auxiliar de enfermagem deve colaborar, garantindo a presença do futuro papai
ou acompanhante. A emoção que ambos sentem ao escutar pela primeira vez o coração do bebê é
sempre muito grande, pois confirma-se a geração de uma nova vida.
A placenta encontra-se formada, os órgãos e tecidos estão diferenciados e o feto começa o
amadurecimento de seus sistemas. Reage ativamente aos estímulos externos, como vibrações,
luz forte, som e outros.
Tendo em vista as alterações externas no corpo da gestante – aumento das mamas, produção de
colostro e aumento do abdome - a mulher pode fazer questionamentos tais como: “Meu corpo vai voltar
ao que era antes? Meu companheiro vai perder o interesse sexual por mim?
Como posso viver um bom relacionamento sexual? A penetração do pênis machucará a criança?”.
Nessas circunstâncias, a equipe deve proporcionar-lhe o apoio devido, orientando-a, esclarecendo-a e,
principalmente, ajudando-a a manter a autoestima.
A partir dessas modificações e alterações anátomo-fisiológicas, a gestante pode ter seu equilíbrio
emocional e físico comprometidos, o que lhe gera certo desconforto. Além das sintomatologias
mencionadas no primeiro trimestre, podemos ainda encontrar queixas frequentes no segundo (abaixo
listadas) e até mesmo no terceiro trimestre. Assim sendo, o fornecimento das corretas orientações
e condutas terapêuticas são de grande importância no sentido de minimizar essas dificuldades.
a) Pirose (azia) - orientar para fazer dieta fracionada, evitando frituras, café, qualquer tipo de chá,
refrigerantes, doces, álcool e fumo. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de
medicamentos;

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b) Flatulência, constipação intestinal, dor abdominal e cólicas – nos casos de flatulências (gases)
e/ou constipação intestinal, orientar dieta rica em fibras, evitando alimentos de alta fermentação, e
recomendar aumento da ingestão de líquidos (água, sucos). Adicionalmente, estimular a gestante a fazer
caminhadas, movimentar-se e regularizar o hábito intestinal, adequando, para ir ao banheiro, um horário
que considere ideal para sua rotina. Agendar consulta com nutricionista; se a gestante apresentar flacidez
da parede abdominal, sugerir o uso de cinta (com exceção da elástica); em alguns casos, a critério
médico, a gestante pode fazer uso de medicamentos para gases, constipação intestinal e cólicas. Nas
situações em que a dor abdominal ou cólica forem persistentes e o abdome gravídico apresentar-se
endurecido e dolorido, encaminhar para consulta com o enfermeiro ou médico, o mais breve possível;
c) Hemorroidas – orientar a gestante para fazer dieta rica em fibras, visando evitar a constipação
intestinal, não usar papel higiênico colorido e/ou muito áspero, pois podem causar irritações, e realizar
após defecar, higiene perianal com água e sabão neutro. Agendar consulta médica caso haja dor ou
sangramento anal persistente; se necessário, agendar consulta de pré-natal e/ou com o nutricionista;
d) Alteração do padrão respiratório - muito frequente na gestação, em decorrência do aumento do
útero que impede a expansão diafragmática, intensificada por postura inadequada e/ou ansiedade da
gestante. Nesses casos, recomendar repouso em decúbito lateral esquerdo ou direito e o uso de
travesseiros altos que possibilitem elevação do tórax, melhorando a expansão pulmonar. Ouvir a gestante
e conversar sobre suas angústias, agendando consulta com o psicólogo, quando necessário. Estar atento
para associação com outros sintomas (ansiedade, cianose de extremidades, cianose de mucosas) ou
agravamento da dificuldade em respirar, pois, embora não frequente, pode tratar-se de doença cardíaca
ou respiratória; nessa circunstância, agendar consulta médica ou de enfermagem imediata;
e) Desconforto mamário - recomendar o uso constante de sutiã, com boa sustentação; persistindo a
dor, encaminhar para consulta médica ou de enfermagem;
f) Lombalgia - recomendar a correção de postura ao sentar-se e ao andar, bem como o uso de sapatos
com saltos baixos e confortáveis. A aplicação de calor local, por compressas ou banhos mornos, é
recomendável. Em alguns casos, a critério médico, a gestante pode fazer uso de medicamentos;
g) Cefaleia - conversar com a gestante sobre suas tensões, conflitos e temores, agendando consulta
com o psicólogo, se necessário. Verificar a pressão arterial, agendando consulta médica ou de
enfermagem no sentido de afastar suspeita de hipertensão arterial e pré-eclâmpsia (principalmente se
mais de 24 semanas de gestação);
h) Varizes - recomendar que a gestante não permaneça muito tempo em pé ou sentada e que repouse
por 20 minutos, várias vezes ao dia, com as pernas elevadas, e não use roupas muito justas e nem ligas
nas pernas - se possível, deve utilizar meia-calça elástica especial para gestante;
i) Câimbras – recomendar, à gestante, que realize massagens no músculo contraído e dolorido,
mediante aplicação de calor local, e evite excesso de exercícios;
j) Hiperpigmentação da pele - explicar que tal fato é muito comum na gestação mas costuma diminuir
ou desaparecer, em tempo variável, após o parto. Pode apresentar como manchas escuras no rosto
(cloasma gravídico), mamilos escurecidos ou, ainda, escurecimento da linha alva (linha nigra). Para
minimizar o cloasma gravídico, recomenda-se à gestante, quando for expor-se ao sol, o uso de protetor
solar e chapéu;
l) Estrias - explicar que são resultado da distensão dos tecidos e que não existe método eficaz de
prevenção, sendo comum no abdome, mamas, flancos, região lombar e sacra. As estrias, que no início
apresentam cor arroxeada, tendem, com o tempo, a ficar de cor semelhante à da pele;
m) Edemas – explicar que são resultado do peso extra (placenta, líquido amniótico e feto) e da pressão
que o útero aumentado exerce sobre os vasos sanguíneos, sendo sua ocorrência bastante comum nos
membros inferiores. Podem ser detectados quando, com a gestante em decúbito dorsal ou sentada, sem
meias, se pressiona a pele na altura do tornozelo (região perimaleolar) e na perna, no nível do seu terço
médio, na face anterior (região prétibial).
O edema fica evidenciado mediante presença de uma depressão duradoura (cacifo) no local
pressionado. Nesses casos, recomendar que a gestante mantenha as pernas elevadas pelo menos 20
minutos por 3 a 4 vezes ao dia, quando possível, e que use meia elástica apropriada.

O Terceiro Trimestre da Gravidez

Muitas mulheres deixam de amamentar seus filhos precocemente devido a vários fatores (social,
econômico, biológico, psicológico), nos quais se destacam estilos de vida (urbano ou rural), tipos de
ocupação (horário e distância do trabalho), estrutura de apoio ao aleitamento (creches, tempo de licença-
aleitamento) e mitos ou ausência de informação.

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Por isso, é importante o preparo dessa futura nutriz ainda no pré-natal, que pode ser desenvolvido
individualmente ou em grupo. As orientações devem abranger as vantagens do aleitamento para a mãe
(prático, econômico e não exige preparo), relacionadas à involução uterina (retorno e realinhamento das
fibras musculares da parede do útero) e ao desenvolvimento da inter-relação afetiva entre mãe-filho.
Para o bebê, as vantagens relacionam-se com a composição do leite, que atende a todas as
suas necessidades nutricionais nos primeiros 6 meses de vida, é adequada à digestão e propicia
a passagem de mecanismos de defesa (anticorpos) da mãe; além disso, o ato de sugar auxilia a
formação da arcada dentária, o que facilitará, posteriormente, a fala.
No tocante ao ato de amamentar, a mãe deve receber várias orientações: este deve ocorrer sempre
que a criança tiver fome e durante o tempo que quiser (livre demanda). Para sua realização, a mãe deve
procurar um local confortável e tranquilo, posicionar a criança da forma mais cômoda - de forma que lhe
permita a abocanhar o mamilo e toda ou parte da aréola, afastando o peito do nariz da criança com o
auxílio dos dedos – e oferecer-lhe os dois seios em cada mamada, começando sempre pelo que foi
oferecido por último (o que permitirá melhor esvaziamento das mamas e maior produção de leite, bem
como o fornecimento de quantidade constante de gordura em todas as mamadas).
Ao retirar o bebê do mamilo, nunca puxá-lo, pois isto pode causar rachadura ou fissura. Como
prevenção, deve-se orientar a mãe a introduzir o dedo mínimo na boca do bebê e, quando ele suga-lo,
soltar o mamilo.
Em virtude da proximidade do término da gestação, as expectativas estão mais voltadas para os
momentos do parto (“Será que vou sentir e/ou aguentar a dor?”) e de ver o bebê (“Será que é perfeito?”).
Geralmente, este é um dos períodos de maior tensão da gestante.
No terceiro trimestre, o útero volumoso e a sobrecarga dos sistemas cardiovascular, respiratório e
locomotor desencadeiam alterações orgânicas e desconforto, pois o organismo apresenta menor
capacidade de adaptação. Há aumento de estresse, cansaço, e surgem as dificuldades para movimentar-
se e dormir.
Frequentemente, a gestante refere plenitude gástrica e constipação intestinal, decorrentes tanto da
diminuição da área gástrica quanto da diminuição da peristalse devido à pressão uterina sobre os
intestinos, levando ao aumento da absorção de água no intestino, o que colabora para o surgimento de
hemorroidas. É comum observarmos queixas em relação à digestão de alimentos mais pesados. Portanto,
é importante orientar dieta fracionada, rica em verduras e legumes, alimentos mais leves e que favoreçam
a digestão e evitem constipações. O mais importante é a qualidade dos alimentos, e não sua quantidade.
Observamos que a frequência urinária aumenta no final da gestação, em virtude do encaixamento da
cabeça do feto na cavidade pélvica; em contrapartida, a dificuldade respiratória se ameniza. Entretanto,
enquanto tal fenômeno de descida da cabeça não acontece, o desconforto respiratório do final da gravidez
pode ser amenizado adotando a posição de semi-fowler durante o descanso.
Ao final do terceiro trimestre, é comum surgirem mais varizes e edema de membros inferiores, tanto
pela compressão do útero sobre as veias ilíacas, dificultando o retorno venoso, quanto por efeitos
climáticos, principalmente climas quentes. É importante observar a evolução do edema, pesando a
gestante e, procurando evitar complicações vasculares, orientando seu repouso em decúbito lateral
esquerdo, conforme as condutas terapêuticas anteriormente mencionadas.
Destacamos que no final desse período o feto diminui seus movimentos pois possui pouco espaço
para mexer-se. Assim, a mãe deve ser orientada para tal fenômeno, mas deve supervisionar diariamente
os movimentos fetais – o feto deve mexer pelo menos uma vez ao dia. Caso o feto não se movimente
durante o período de 24 horas, deve ser orientada a procurar um serviço hospitalar com urgência.
Como saber quando será o trabalho de parto? Quais os sinais de trabalho de parto? O que fazer?
Essas são algumas das perguntas que a mulher/casal e família fazem constantemente, quando aproxima-
se a data provável do parto.
A gestante e/ou casal devem ser orientados para os sinais de início do trabalho de parto. O preparo
abrange um conjunto de cuidados e medidas de promoção à saúde que devem garantir que a mulher
vivencie a experiência do parto e nascimento como um processo fisiológico e natural.
A gestante, juntamente com seu acompanhante, deve ser orientada para identificar os sinais que
indicam o início do trabalho de parto.

Para tanto, algumas orientações importantes devem ser oferecidas, como:


- a bolsa d’água que envolve o feto ainda intra-útero (bolsa de líquido amniótico) pode ou não romper-
se;
- a barriga pode apresentar contrações, ou seja, uma dor tipo cólica que a fará endurecer e que será
intermitente, iniciando com intervalos maiores e diminuindo com a evolução do trabalho de parto;

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
- no final do terceiro trimestre, às vezes uma semana antes do parto, ocorre a saída de um muco
branco (parecendo “catarro”), o chamado tampão mucoso, o qual pode ter sinais de sangue no momento
do trabalho de parto;
- a respiração deve ser feita de forma tranquila (inspiração profunda e expiração soprando o ar).

A gestante e seu acompanhante devem ser orientados a procurar um serviço de saúde


imediatamente ao perceberem qualquer intercorrência durante o período gestacional, como, por
exemplo, perda transvaginal (líquido, sangue, corrimento, outros); presença de dores abdominais,
principalmente tipo cólicas, ou dores localizadas; contração do abdome, abdome duro (hipertônico);
parada da movimentação fetal; edema acentuado de membros inferiores e superiores (mãos); ganho de
peso exagerado; visão turva e presença de fortes dores de cabeça (cefaleia) ou na nuca.
Enfatizamos que no final do processo gestacional a mulher pode apresentar um quadro denominado
“falso trabalho de parto”, caracterizando por atividade uterina aumentada (contrações), permanecendo,
entretanto, um padrão descoordenado de contrações.
Algumas vezes, estas contrações são bem perceptíveis. Contudo, cessam em seguida, e a cérvice
uterina não apresenta alterações (amolecimento, apagamento e dilatação). Tal situação promove alto
grau de ansiedade e expectativa da premência do nascimento, sendo um dos principais motivos que
levam as gestantes a procurar o hospital. O auxiliar de enfermagem deve orientar a clientela e estar atento
para tais acontecimentos, visando evitar uma admissão precoce, intervenções desnecessárias e estresse
familiar, ocasionando uma experiência negativa de trabalho de parto, parto e nascimento.
Para amenizar o estresse no momento do parto, devemos orientar a parturiente para que realize
exercícios respiratórios, de relaxamento e caminhadas, que diminuirão sua tensão muscular e facilitarão
maior oxigenação da musculatura uterina. Tais exercícios proporcionam melhor rendimento no trabalho
de parto, pois propiciam uma economia de energia - sendo aconselháveis entre as metrossístoles.
Metrossístoles - É a denominação atribuída às contrações uterinas, à dor do trabalho de parto.
Os exercícios respiratórios consistem em realizar uma inspiração abdominal lenta e profunda, e uma
expiração como se a gestante estivesse soprando o vento (apagando a vela), principalmente durante as
metrossístoles. Na primeira fase do trabalho de parto, são muito úteis para evitar os espasmos dolorosos
da musculatura abdominal.

Cuidados à Gestante na Atenção Pré-Natal

10 Passos Para o Pré-Natal de Qualidade na Atenção Básica


1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação
precoce)
2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-
natal.
3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo
oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal.
4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus(suas) acompanhantes, considerando
aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: "rodas de
gestantes".
5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando
necessário.
6° PASSO: É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a
informações) antes, durante e depois da gestação: "pré-natal do(a) parceiro(a)".
7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário.
8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do
"Plano de Parto".
9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual
irá dar à luz (vinculação).
10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-
puerperal.

No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência pré-natal deve ser


organizada para atender às reais necessidades da população de gestantes, mediante a utilização
dos conhecimentos técnico-científicos existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados
para cada caso.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
As ações de saúde devem estar voltadas para a cobertura de toda a população-alvo da área de
abrangência da unidade de saúde, assegurando minimamente 6 (seis) consultas de pré-natal e
continuidade no atendimento, no acompanhamento e na avaliação do impacto destas ações sobre
a saúde materna e perinatal.

Para uma Assistência Pré-Natal Efetiva, Deve-se Procurar Garantir:


- Discussão permanente com a população da área (em especial com as mulheres) sobre a importância
da assistência pré-natal na unidade de saúde e nas diversas ações comunitárias;
- Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade e o pronto início do acompanhamento
pré-natal, para que tal início se dê ainda no 1º trimestre da gravidez, objetivando intervenções oportunas
em todo o período gestacional, sejam elas preventivas e/ou terapêuticas. Deve-se garantir a possibilidade
de que as mulheres realizem o teste de gravidez na unidade de saúde sempre que necessário. O início
precoce da assistência pré-natal e sua continuidade requerem preocupação permanente com o vínculo
entre os profissionais e a gestante, assim como com a qualidade técnica da atenção;
- Acolhimento imediato e garantia de atendimento a todos os recém-natos e à totalidade das gestantes
e puérperas que procurarem a unidade de saúde;
- Realização do cadastro da gestante, após confirmada a gravidez, por intermédio do preenchimento
da ficha de cadastramento do SisPreNatal ou diretamente no sistema para os serviços de saúde
informatizados, fornecendo e preenchendo o Cartão da Gestante;
- Classificação do risco gestacional (em toda consulta) e encaminhamento, quando necessário, ao pré-
natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica;
- Acompanhamento periódico e contínuo de todas as gestantes, para assegurar seu seguimento
durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos (mensalmente, até a 28ª semana;
quinzenalmente, da 28ª até a 36ª semana; semanalmente, no termo), acompanhando-as tanto nas
unidades de saúde quanto em seus domicílios, bem como em reuniões comunitárias, até o momento do
pré-parto/parto, objetivando seu encaminhamento oportuno ao centro obstétrico, a fim de evitar sofrimento
fetal por pós-datismo. Toda gestante com 41 semanas deve ser encaminhada para a avaliação do bem-
estar fetal, incluindo avaliação do índice do líquido amniótico e monitoramento cardíaco fetal;
- Incentivo ao parto normal e à redução da cesárea;
- Realização de anamnese, exame físico e exames complementares indicados;
- Imunização antitetânica e para hepatite B;
- Oferta de medicamentos necessários (inclusive sulfato ferroso, para tratamento e profilaxia de
anemia, e ácido fólico, com uso recomendado desde o período pré-concepcional e durante o primeiro
trimestre de gestação);
- Diagnóstico e prevenção do câncer de colo de útero e de mama;
- Avaliação do estado nutricional e acompanhamento do ganho de peso no decorrer da gestação;
- Atenção à adolescente conforme suas especificidades;
- Realização de práticas educativas, abordando principalmente:
(a) o incentivo ao aleitamento materno, ao parto normal e aos hábitos saudáveis de vida;
(b) a identificação de sinais de alarme na gravidez e o reconhecimento do trabalho de parto;
(c) os cuidados com o recém-nascido;
(d) a importância do acompanhamento pré-natal, da consulta de puerpério e do planejamento familiar;
(e) os direitos da gestante e do pai;
(f) os riscos do tabagismo, do uso de álcool e de outras drogas; e
(g) o uso de medicações na gestação.

Tais práticas podem ser realizadas de forma individual ou coletiva, por meio de grupos de gestantes,
sala de espera, intervenções comunitárias etc.;
- Identificação do risco de abandono da amamentação e encaminhamento da gestante aos grupos de
apoio ao aleitamento materno e/ou ao Banco de Leite Humano (BLH) de referência;
- Oferta de atendimento clínico e psicológico à gestante vítima de violência, seja esta de qualquer tipo
(doméstica, física, sexual, psicológica etc.), seja àquela em risco de depressão pós-parto, referenciando-
a para equipes especializadas e/ou encaminhamento para serviços específicos, conforme fluxograma
local;
- Visita domiciliar às gestantes e puérperas, principalmente no último mês de gestação e na primeira
semana após o parto, com o objetivo de monitorar a mulher e a criança, orientar cuidados adequados,
identificar possíveis fatores de risco e realizar os encaminhamentos necessários;
- Busca ativa das gestantes faltosas ao pré-natal e à consulta na primeira semana após o parto;

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- Sistema eficiente de referência e contra referência, objetivando garantir a continuidade da assistência
pré-natal (em todos os níveis do sistema de saúde) para todas as gestantes, conforme a exigência de
cada caso. Toda gestante encaminhada para um diferente serviço de saúde deverá levar consigo o Cartão
da Gestante, bem como informações sobre o motivo do encaminhamento e os dados clínicos de interesse.
Da mesma forma, deve-se assegurar o retorno da gestante à unidade básica de origem, que está de
posse de todas as informações necessárias para o seu seguimento;
- Vinculação das unidades básicas de saúde (UBS) aos hospitais, às maternidades, às casas de parto,
às residências de parto domiciliar (feito por parteira) de referência e aos serviços diagnósticos, conforme
definição do gestor local, além do registro do nome do hospital ou da maternidade ou da casa de parto
ou das residências de parto domiciliar no Cartão da Gestante. Deve-se informar à gestante a possibilidade
de realizar uma visita ao serviço de saúde onde provavelmente se realizará o parto e, caso seja de seu
interesse, agendar a visita por volta do sexto mês de gestação. Toda gestante deve ser orientada a
procurar o referido serviço quando apresentar intercorrências clínicas/obstétricas ou quando estiver em
trabalho de parto;
- Vinculação à central de regulação obstétrica e neonatal, quando existente, de modo a garantir a
internação da parturiente e do recém-nascido nos casos de demanda excedente;
- Transferência da gestante e/ou do neonato em transporte adequado (Serviço de Atendimento Móvel
de Urgência-SAMU), mediante vaga assegurada em outra unidade, quando necessário;
- Atendimento às intercorrências obstétricas e neonatais, assim como controle de doenças crônicas e
profilaxia de doenças infecciosas;
- Registro das informações em prontuário, no Cartão da Gestante e no SisPreNatal, inclusive com
preenchimento da Ficha Perinatal, abordando a história clínica perinatal, as intercorrências e as
urgências/emergências que requeiram avaliação hospitalar;
- Atenção à puérpera e ao recém-nascido na primeira semana após o parto e na consulta puerperal
(até o 42º dia após o parto).

Para que tais Práticas Sejam Desenvolvidas, Faz-se Necessário Haver:


- Recursos humanos que possam acompanhar a gestante no seu contexto familiar e social e segundo
os princípios técnicos e filosóficos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher;
- Área física adequada para o atendimento da gestante e dos familiares nos serviços de saúde com
condições adequadas de higiene e ventilação. A privacidade é um fator essencial nas consultas e nos
exames clínicos e/ou ginecológicos;
- Equipamento e instrumental mínimo, devendo ser garantida a existência de: (a) mesa e cadeiras para
acolhimento e escuta qualificada; (b) mesa de exame ginecológico; (c) escada de dois degraus; (d) foco
de luz; (e) balança para adultos (peso/altura) com capacidade para até 300kg; (f) esfigmomanômetro; (g)
estetoscópio clínico; (h) estetoscópio de Pinard; (i) fita métrica flexível e inelástica; (j) espéculos; (k) pinças
de Cheron; (l) material para realização do exame colpocitológico; (m) sonar doppler (se possível); e (n)
gestograma ou disco obstétrico;
- Medicamentos básicos e vacinas (contra tétano e hepatite B);
- Realização de testes rápidos na unidade básica de saúde, assim como apoio laboratorial, garantindo
a realização dos seguintes exames de rotina:
I) teste rápido de gravidez;
II) teste rápido de triagem para sífilis e sorologia para sífilis (VDRL/RPR);
III) teste rápido diagnóstico para HIV e sorologia para HIV I e II;
IV) proteinúria (teste rápido);
V) dosagem de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht);
VI) grupo sanguíneo e fator Rh;
VII) teste de Coombs;
VIII) glicemia em jejum;
IX) teste de tolerância com sobrecarga oral de 75g de glicose em 2 (duas) horas (dextrosol);
X) exame sumário de urina (tipo I);
XI) urocultura com antibiograma;
XII) exame parasitológico de fezes;
XIII) colpocitologia oncótica;
XIV) bacterioscopia do conteúdo vaginal;
XV) eletroforese de hemoglobina.
- Instrumentos de registro, processamento e análise dos dados disponíveis, para permitir o
acompanhamento sistematizado da evolução da gravidez, do parto e do puerpério, mediante a coleta e a
análise dos dados obtidos em cada encontro, seja na unidade ou no domicílio.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
O fluxo de informações entre os serviços de saúde, no sistema de referência e contra referência,
deve ser garantido. Para tanto, devem ser utilizados e realizados os seguintes instrumentos e
procedimentos:
- Cartão da Gestante: instrumento de registro. Deve conter os principais dados de acompanhamento
da gestação, sendo importante para a referência e a contra referência. Deverá ficar, sempre, com a
gestante;
- Mapa de Registro Diário: instrumento de avaliação das ações de assistência pré-natal. Deve conter
as informações mínimas necessárias de cada consulta prestada;
- Ficha Perinatal: instrumento de coleta de dados para uso dos profissionais da unidade. Deve conter
os principais dados de acompanhamento da gestação, do parto, do recém-nascido e do puerpério;
- Avaliação permanente da assistência pré-natal: procedimento com foco na identificação dos
problemas de saúde da população-alvo, bem como no desempenho do serviço. Deve subsidiar, quando
necessário, a mudança da estratégia de ação e da organização dos serviços com a finalidade de melhorar
a qualidade da assistência. A avaliação será feita segundo os indicadores construídos a partir dos dados
registrados na ficha perinatal, no Cartão da Gestante, nos Mapas de Registro Diário da unidade de saúde,
nos relatórios obtidos por intermédio do SisPreNatal e n processo de referência e contra referência.

A Avaliação Deve Utilizar, no Mínimo, os Seguintes Indicadores:


- Distribuição das gestantes por trimestre de início do pré-natal (1º, 2º e 3º);
- Porcentagem de mulheres que realizaram pré-natal em relação à população-alvo (número de
gestantes na área ou número previsto);
- Porcentagem de abandono do pré-natal em relação ao total de mulheres inscritas;
- Porcentagem de óbitos de mulheres por causas associadas à gestação, ao parto ou ao puerpério em
relação ao total de gestantes atendidas;
- Porcentagem de óbitos por causas perinatais em relação ao total de recém-nascidos vivos;
- Porcentagem de crianças com tétano neonatal em relação ao total de recém-nascidos vivos;
- Porcentagem de recém-nascidos vivos de baixo peso (com menos de 2.500g) em relação ao total de
recém-nascidos vivos;
- Porcentagem de VDRL positivos em gestantes e recém-nascidos em relação ao total de exames
realizados;
- Porcentagem de mulheres atendidas nos locais para onde foram referenciadas em relação ao total
de mulheres que retornaram à unidade de origem após o encaminhamento.

O novo sistema SisPreNatal web tem a finalidade de cadastrar as gestantes por intermédio do acesso
à base do Sistema de Cadastramento de Usuários do SUS (CAD-SUS), disponibilizando informações em
tempo real na plataforma web, o que torna possível a avaliação dos indicadores pela Rede Cegonha e o
cadastramento das gestantes para vinculação aoc pagamento de auxílio deslocamento, conforme dispõe
a Medida Provisória nº 557, de 26 de dezembro de 2011.
Além disso, o preenchimento da Ficha de Cadastro da Gestante no sistema e da Ficha de Registro
dos Atendimentos da Gestante no SisPreNatal possibilita : (I) a vinculação da gestante ao local do parto;
(II) o acesso ao pré-natal para os casos de alto risco; (III) o acompanhamento odontológico; (IV) o
monitoramento da solicitação e dos resultados dos exames em tempo oportuno; (V) o monitoramento da
efetividade do vínculo ao local do parto; (VI) o monitoramento da efetividade da presença do(a)
acompanhante; e (VII) o cadastro das informações do RN como escala ou índice de Apgar, além das
informações sobre aleitamento, possível anomalia ou malformação congênita.

Questões

01. (UNIRIO – Auxiliar de Enfermagem – UNIRIO) - O Programa Nacional de Humanização no Pré-


Natal e Nascimento prevê:
(A) garantia da visita de familiares duas horas por dia.
(B) atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério.
(C) permissão do acompanhamento do marido durante as amamentações.
(D) identificação com três indicadores no período de sua internação.
(E) garantia do registro do recém-nascido no próprio hospital.

02. (Prefeitura de São Paulo - SP – Analista de Saúde – Obstetriz - IBFC/2016) - Para o diagnóstico
durante o pré-natal, a testagem para o HIV é recomendada:

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(A) No primeiro trimestre de gravidez.
(B) No segundo trimestre de gravidez.
(C) No terceiro trimestre de gravidez.
(D) Até o 15º dia da gravidez.
(E) Apenas se houver suspeita de contaminação de vírus.

03. (EBSERH – Enfermeiro Saúde da Mulher – Obstetrícia – INSTITUTO AOCP) - Sobre as


consultas do pré natal, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante visitas
domiciliares.
(B) Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, é necessário encaminhar a gestante para avaliação
do bem-estar fetal.
(C) O total de consultas deverá ser de, no mínimo, 5 (cinco), com acompanhamento intercalado entre
médico e enfermeiro.
(D) A maior frequência de visitas no final da gestação visa à avaliação do risco perinatal e das
intercorrências clínico-obstétricas mais comuns nesse trimestre.
(E) as consultas devem ser realizadas conforme o seguinte cronograma: Até 28ª semana –
mensalmente; da 28ª até a 36ª semana – quinzenalmente; da 36ª até a 41ª semana – semanalmente.

04. (EBSERH – Médico – Ginecologista e Obstetrícia – Nacional – INSTITUTO AOCP/2016) - Em


relação à vacinação contra o tétano durante o pré-natal, assinale a alternativa correta.
(A) É necessário revacinar todas as gestantes.
(B) Gestantes com esquema vacinal completo, porém aplicado há mais de 5 anos devem receber dose
de reforço.
(C) Gestantes com esquema vacinal completo devem receber dose de reforço, caso a última dose
tenha sido aplicada há mais de 10 anos.
(D) Gestantes com esquema vacinal completo não precisam receber dose de reforço.
(E) A vacina contra o tétano é contraindicada na gestação.

05. (Prefeitura de São João da Barra – RJ – Técnico em Enfermagem – BIO-RIO) - No atendimento


pré-natal, fazem parte da vacinação de rotina para as gestantes:
(A) vacina dupla do tipo adulto – dT (difteria e tétano) e vacina contra influenza (fragmentada).
(B) vacina contra hepatite B e febre amarela (atenuada).
(C) vacina contra influenza (fragmentada) e febre amarela (atenuada).
(D) vacina tríplice viral e vacina contra hepatite B.
(E) vacina contra tétano e vacina tríplice viral.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.C / 04.B / 05.A

Comentários
01. Alternativa B
O Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) com o objetivo de assegurar e
melhorar o acesso, a cobertura e a qualidade do pré-natal, além de dar assistência durante o parto e o
puerpério e garantir os direitos de cidadania à gestante e ao recém-nascido.

02. Alternativa A
Além de toda essa assistência, a unidade de saúde ainda deve oferecer a gestante o teste anti-HIV
logo na primeira consulta, aplicação de vacina antitetânica dose imunizante ou reforço em mulheres já
imunizadas.

03. Alternativa C
Realizar seis consultas, no mínimo, de acompanhamento pré-natal, sendo, preferencialmente, uma no
primeiro trimestre, duas no segundo trimestre e três no terceiro trimestre da gestação;

04. Alternativa B
Reforços: de dez em dez anos. A dose de reforço deve ser antecipada se, após a aplicação da última
dose, ocorrer nova gravidez em cinco anos ou mais.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
05. Alternativa A
A proteção da gestante e do feto é realizada com a vacina dupla tipo adulto (dT) ou, em sua falta, com
o toxóide tetânico (TT). A vacina contra influenza deve ser aplicada para o grupo de gestantes de acordo
com o Ministério da Saúde.

Alto Risco

Cuidados de Enfermagem: à Gestante, Parturiente e Puérpera em Situações de Risco35

A redução da morbimortalidade materna e perinatal está diretamente relacionada com o acesso das
gestantes ao atendimento pré-natal de qualidade e em tempo oportuno, no nível de complexidade
necessário. Por isso, é necessário que estados e municípios organizem a rede de atenção obstétrica, que
contemple todos os níveis de complexidade, com definição dos pontos de atenção e responsabilidades
correspondentes.
O atendimento pré-natal deve ser organizado para atender às reais necessidades de toda a
população de gestantes de sua área de atuação por meio da utilização de conhecimentos técnico-
científicos e dos meios e recursos adequados e disponíveis. Além disso, deve-se proporcionar facilidade
de acesso e continuidade do acompanhamento.
Por isso, é de extrema relevância o trabalho das equipes de Saúde da Família (SF) (ou das equipes
das UBS tradicionais), com o mapeamento da população da sua área de abrangência, respectiva
classificação de risco das gestantes e a identificação dos equipamentos de saúde responsabilizados para
atendimento em cada caso específico.
A estruturação da rede implica na disponibilidade de serviços de pré-natal para o baixo e alto risco,
planejamento familiar, serviços especializados para atendimento das emergências obstétricas e partos
incluindo os de alto risco, leitos de UTI neonatal e para adultos, leitos de berçário para cuidados
intermediários, assim como, eventualmente, a constituição de casas de apoio a gestantes de risco com
dificuldades de acesso geográfico ou a puérperas que sejam mães de bebês que necessitam permanecer
internados.
Também implica na humanização do atendimento por meio da sensibilização e da atualização
profissional das equipes do sistema como um todo. Esses serviços podem coexistir num mesmo município
ou estar organizados em uma região de saúde. Os parâmetros de assistência pré-natal e ao parto já são
estabelecidos, porquanto os gestores têm como saber qual é a demanda e qualificar a rede, com
adequação da cobertura, capacitação de recursos humanos e elaboração de protocolos.
Embora essas ações já venham sendo preconizadas pelo Ministério da Saúde desde 2000 no
Programa Nacional de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PHPN) – Portarias nº 569, nº 570, nº
571 e nº 572 –, ainda encontram-se deficiências e estrangulamentos, principalmente para partos de alto
risco. Por isso, as centrais de regulação têm papel fundamental na rede e devem ser implantadas ou
modernizadas de modo a permitir uma melhor distribuição e atendimento de toda a demanda de modo
eficiente, eficaz e efetivo. Contudo, essas centrais de regulação só conseguem gerenciar o fluxo
adequado quando o mapeamento da rede e sua estruturação estão devidamente pactuados com os
gestores locais (estaduais, municipais, regionais e dos serviços).
Nesse sentido, é preciso definir as responsabilidades de cada unidade de saúde na linha de produção
do cuidado à gestante com sua devida estratificação de risco, incluindo a especificidade da gestação de
alto risco, as competências da unidade de saúde e as competências da maternidade na assistência à
gestante de alto risco.
Os municípios devem estabelecer o seu próprio fluxo, incluindo a remoção, quando é necessário o
encaminhamento para outros municípios, garantindo o atendimento continuado da gestante e transporte
adequado para assisti-la no trabalho de parto e em outras intercorrências.
O ponto de interlocução da rede assistencial é a atenção básica de saúde, que é responsável pela
captação precoce das gestantes, atendimento ao pré-natal de risco habitual, identificação de gestantes
de alto risco e encaminhamento para os serviços de referência. Para que isso ocorra com eficiência, os
serviços de atenção básica devem estar equipados adequadamente e possuir a capacidade instalada
de fornecer o apoio diagnóstico necessário, com disponibilidade de exames e medicamentos básicos,
assim como oferecer atendimento periódico e contínuo extensivo à população sob sua responsabilidade.
A captação precoce das gestantes e o início imediato da assistência pré-natal com avaliação de riscos
pode ser facilitada pela utilização dos meios de comunicação, visitas domiciliares e atividades educativas
coletivas, porém o serviço deve proporcionar rapidez e eficiência no atendimento, pois para se vincular
35
Conteúdo extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto
risco: manual técnico. 5. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.

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ao serviço a gestante precisa perceber uma qualidade que corresponda à sua expectativa. A qualidade
da assistência pré-natal prestada também é fundamental para um melhor resultado, ou seja, redução
de mortalidade e morbidade materna e perinatal evitáveis. Assim, a assistência deve ser resolutiva e
capaz de detectar e atuar sobre as situações de risco real.
A linha de cuidado das gestantes pressupõe o acompanhamento por parte das equipes da estratégia
da Saúde da Família ou da atenção básica tradicional, mesmo quando são de alto risco, em conjunto com
o atendimento dos serviços de referência/especializados. Para isso um sistema de referência e contra
referência eficiente é fundamental. A gestação de risco que demandar referência poderá ser encaminhada
primeiramente aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) ou ambulatórios de referência que,
havendo necessidade de atendimento mais especializado, poderão encaminhar aos ambulatórios de nível
terciário, com especialistas.
Cabe ainda destacar a importância da abordagem integral às mulheres, considerando-se as
especificidades relacionadas às questões de gênero, raça, etnia, classe social, escolaridade, situação
conjugal e familiar, trabalho, renda e atividades laborais, possibilidade de situação de violência doméstica
e sexual, uso abusivo de álcool e outras drogas, entre outras. Essa atenção implica na valorização de
práticas que privilegiem a escuta e a compreensão sobre os diversos fenômenos que determinam maior
ou menor condição de risco à gestação.
O acolhimento da gestante pela equipe de saúde, independentemente dos fatores acima relacionados
e despido de julgamentos, além de qualificar a assistência, possibilitará o estabelecimento de vínculos,
maior responsabilização pelo processo de cuidado, e o manejo sobre situações de vulnerabilidade
relacionadas ao processo saúde-doença, sejam elas individuais, sociais e até mesmo programáticas.
Entende-se que tal abordagem seja de fundamental importância na organização dos serviços para a
assistência ao pré-natal de alto risco, permitindo que as gestantes possam ocupar o espaço de
protagonistas no processo de cuidado de sua saúde, estabelecendo parceria com os profissionais para a
obtenção de melhores resultados.
Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-
nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”.
(CALDEYRO-BARCIA, 1973).
Embora os esforços dos cientistas para criar um sistema de pontuação e tabelas para discriminar as
gestantes de alto risco das de baixo risco não tenham gerado nenhuma classificação capaz de predizer
problemas de maneira acurada, existem fatores de risco conhecidos mais comuns na população em geral
que devem ser identificados nas gestantes, pois podem alertar a equipe de saúde no sentido de uma
vigilância maior com relação ao eventual surgimento de fator complicador.
A assistência pré-natal pressupõe avaliação dinâmica das situações de risco e prontidão para identifi-
car problemas de forma a poder atuar, a depender do problema encontrado, de maneira a impedir um
resultado desfavorável. A ausência de controle pré-natal, por si mesma, pode incrementar o risco para a
gestante ou o recém-nascido.
É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer
momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. Portanto, há necessidade de
reclassificar o risco a cada consulta pré-natal e durante o trabalho de parto. A intervenção precisa e
precoce evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte materna ou perinatal.
Existem vários tipos de fatores geradores de risco gestacional. Alguns desses fatores podem estar
presentes ainda antes da ocorrência da gravidez. Sua identificação nas mulheres em idade fértil na
comunidade permite orientações às que estão vulneráveis no que concerne ao planejamento familiar e
aconselhamento pré-concepcional.
Assim, é importante que as mulheres em idade reprodutiva, especialmente aquelas em situações de
vulnerabilidade, tenham acesso aos serviços de saúde e oportunidade de estar bem informadas e na
melhor condição física possível antes de engravidar.
Como exemplo podemos citar uma mulher diabética, que deve estar bem controlada antes de
engravidar.
Os fatores de risco gestacional podem ser prontamente identificados no decorrer da assistência pré-
natal desde que os profissionais de saúde estejam atentos a todas as etapas da anamnese, exame físico
geral e exame gineco-obstétrico e podem ainda ser identificados por ocasião da visita domiciliar, razão
pela qual é importante a coesão da equipe.
Na maioria dos casos a presença de um ou mais desses fatores não significa a necessidade imediata
de recursos propedêuticos com tecnologia mais avançada do que os comumente oferecidos na
assistência pré-natal de baixo risco, embora indiquem uma maior atenção da equipe de saúde a essas
gestantes. Pode significar apenas uma frequência maior de consultas e visitas domiciliares, sendo o
intervalo definido de acordo com o fator de risco identificado e a condição da gestante no momento.

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Além disso, atenta-se para uma necessidade maior de ações educativas dirigidas aos problemas
específicos detectados nas gestantes. Em muitos casos, intervenções junto à família e à comunidade
podem gerar impactos positivos. No decorrer do acompanhamento das gestantes consideradas de baixo
risco, deve-se atentar para o aparecimento de algum desses fatores no curso da gestação.

Os marcadores e fatores de risco gestacionais presentes anteriormente à gestação se dividem


em:

1. Características Individuais e Condições Sócio-Demográficas Desfavoráveis:


- Idade maior que 35 anos;
- Idade menor que 15 anos ou menarca há menos de 2 anos*;
- Altura menor que 1,45m;
- Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg (IMC<19 e IMC>30);
- Anormalidades estruturais nos órgãos reprodutivos;
- Situação conjugal insegura;
- Conflitos familiares;
- Baixa escolaridade;
- Condições ambientais desfavoráveis;
- Dependência de drogas lícitas ou ilícitas;
- Hábitos de vida – fumo e álcool;
- Exposição a riscos ocupacionais: esforço físico, carga horária, rotatividade de horário, exposição a
agentes físicos, químicos e biológicos nocivos, estresse.

2. História Reprodutiva Anterior:


- Abortamento habitual;
- Morte perinatal explicada e inexplicada;
- História de recém-nascido com crescimento restrito ou malformado;
- Parto pré-termo anterior;
- Esterilidade/infertilidade;
- Intervalo interpartal menor que dois anos ou maior que cinco anos;
- Nuliparidade e grande multiparidade;
- Síndrome hemorrágica ou hipertensiva;
- Diabetes gestacional;
- Cirurgia uterina anterior (incluindo duas ou mais cesáreas anteriores).

3. Condições Clínicas Preexistentes:


- Hipertensão arterial;
- Cardiopatias;
- Pneumopatias;
- Nefropatias;
- Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias);
- Hemopatias;
- Epilepsia;
- Doenças infecciosas (considerar a situação epidemiológica local);
- Doenças autoimunes;
- Ginecopatias;
- Neoplasias.

Os outros grupos de fatores de risco referem-se a condições ou complicações que podem


surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco:

1. Exposição Indevida ou Acidental a Fatores Teratogênicos.

2. Doença Obstétrica na Gravidez Atual:


- Desvio quanto ao crescimento uterino, número de fetos e volume de líquido amniótico;
- Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;
- Ganho ponderal inadequado;
- Pré-eclâmpsia e eclâmpsia;
- Diabetes gestacional;

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- Amniorrexe prematura;
- Hemorragias da gestação;
- Insuficiência istmocervical;
- Aloimunização;
- Óbito fetal.

3. Intercorrências Clínicas:
- Doenças infectocontagiosas vividas durante a presente gestação (ITU, doenças do trato respiratório,
rubéola, toxoplasmose etc.);
- Doenças clínicas diagnosticadas pela primeira vez nessa gestação (cardiopatias, endocrinopatias).

O intuito da assistência pré-natal de alto risco é interferir no curso de uma gestação que possui maior
chance de ter um resultado desfavorável, de maneira a diminuir o risco ao qual estão expostos a gestante
e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas. A equipe de saúde deve estar preparada
para enfrentar quaisquer fatores que possam afetar adversamente a gravidez, sejam eles clínicos,
obstétricos, ou de cunho socioeconômico ou emocional. Para tanto, a gestante deverá ser sempre
informada do andamento de sua gestação e instruída quanto aos comportamentos e atitudes que deve
tomar para melhorar sua saúde, assim como sua família, companheiro(a) e pessoas de convivência
próxima, que devem ser preparados para prover um suporte adequado a esta gestante.

A equipe de saúde que irá realizar o seguimento das gestações de alto risco deve levar em
consideração continuamente:

a) Avaliação clínica
Uma avaliação clínica completa e bem realizada permite o adequado estabelecimento das condições
clínicas e a correta valorização de agravos que possam estar presentes desde o início do
acompanhamento, por meio de uma história clínica detalhada e avaliação de parâmetros clínicos e
laboratoriais.

b) Avaliação obstétrica
Inicia-se com o estabelecimento da idade gestacional de maneira mais acurada possível e o correto
acompanhamento da evolução da gravidez, mediante análise e adequada interpretação dos parâmetros
obstétricos (ganho ponderal, pressão arterial e crescimento uterino). A avaliação do crescimento e as
condições de vitalidade e maturidade do feto são fundamentais.

c) Repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez


É de suma importância o conhecimento das repercussões da gravidez sobre as condições clínicas da
gestante e para isso é fundamental um amplo conhecimento sobre a fisiologia da gravidez.
Desconhecendo as adaptações pelas quais passa o organismo materno e, como consequência, o seu
funcionamento, não há como avaliar as repercussões sobre as gestantes, principalmente na vigência de
algum agravo. Por outro lado, se não se conhecem os mecanismos fisiopatológicos das doenças, como
integrá-los ao organismo da grávida? Portanto, o conhecimento de clínica médica é outro requisito básico
de quem se dispõe a atender gestantes de alto risco, sendo também importante o suporte de profissionais
de outras especialidades.

d) Parto
A determinação da via de parto e o momento ideal para este evento nas gestações de alto risco talvez
represente ainda hoje o maior dilema vivido pelo obstetra.
A decisão deve ser tomada de acordo com cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante
e sua família, com informações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível culturalmente,
quanto às opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo que deve ser garantida a sua participação
no processo decisório.
Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não é sinônimo de cesariana. Em muitas situações é
possível a indução do parto visando o seu término por via vaginal, ou mesmo aguardar o seu início
espontâneo.
A indicação da via de parto deve ser feita pelo profissional que for assistir ao parto.
É importante que profissionais que atendem a mulher durante a gestação não determinem qual deverá
ser a via de parto, que depende não só da história preexistente, como também da situação da mulher na
admissão à unidade que conduzirá o parto.

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e) Aspectos emocionais e psicossociais
É evidente que para o fornecimento do melhor acompanhamento da gestante de alto risco, há
necessidade de equipe multidisciplinar, constituída por especialistas de outras áreas, tais como
Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Serviço Social, em trabalho articulado e planejado.
Aspecto quase esquecido, por receio ou desconhecimento, é o componente emocional no seguimento
da gestação de alto risco. Assim como organicamente a gravidez representa desafio para condições
maternas, também do ponto de vista emocional surge como desafio adaptativo.
No conteúdo emocional da mulher grávida entram em jogo fatores psíquicos preexistentes e atuais, e,
entre os últimos, os componentes da gravidez e ambientais. Este conteúdo manifesta-se principalmente
por intermédio da ansiedade, mecanismo emocional basal que se estende durante toda a gravidez, de
forma crescente, até o termo.

A ansiedade tem causas várias identificáveis para cada trimestre, mas que se intercambiam
psicodinamicamente. Listam-se, entre elas, ambivalência, negação, regressão, introspecção, medo etc.
Na gestação de alto risco, as dificuldades de adaptação emocional são maiores, a começar pelo rótulo
que se lhes dá, “de alto risco”, portanto “diferente” das demais, “normais”. Some-se a isto o próprio fator
de risco como componente estressante e dois modelos clínicos podem ser então identificados.
Quando a condição clínica preexiste à gestação, pode, por um lado, ser tomada como nova chance de
vida, o triunfo sobre a doença. No entanto, por outro lado, pode haver rotura do equilíbrio emocional
anteriormente adquirido, com frequente deterioração ou perda da autoestima e surgimento de sentimento
de incompetência; a partir daí, estabelece-se a dificuldade de vinculação. Nesses casos, é importante
que a gravidez seja planejada, com avaliação pré-concepcional, e início oportuno de gestação, quando
for possível.
Na segunda possibilidade, a condição de risco é diagnosticada durante a gestação e a grávida
experimenta, então, todas as reações associadas à vivência do luto, pela “morte da gravidez idealizada”.
Surgem sentimento de culpa, raiva, censura.
A hospitalização, tão comum quanto por vezes necessária no seguimento da gravidez de alto risco,
deve ser considerada como outro fator estressante adicional. Conscientiza-se a grávida da sua doença;
é afastada do suporte familiar; vive conflito entre a dependência imposta e a perda de autonomia (perda
do controle sobre si e sobre a gravidez).
Devem ser levadas em conta, ainda neste contexto emocional, as reações da família, muito
semelhantes às da grávida (ambivalência, culpa, raiva, luto, etc.). No grupo familiar, o parceiro
desempenha papel importante, por reações que podem se manifestar por meio de apoio e
companheirismo ou sentimentos de exclusão, ressentimento, agressividade, culpa e outros.
Considere-se, neste ambiente emocional, o papel da equipe assistencial sob a ótica da gestante: a
equipe é inominada, onipotente, autoritária, distante, fria, mal-humorada, “de falar difícil”, e pouco
comunicativa. Por outro lado, o médico também é visto pela grávida como super-homem ou de idade,
capaz de salvar a vida dela e de seu filho. Mas também é importante a visão que a equipe tem de si
mesma, pois os sentimentos e emoções são intercambiáveis com os da gestante. A equipe trabalha entre
dificuldades diagnósticas e terapêuticas; com cobranças por parte da gestante, da família ou da
instituição, obrigando-se, muitas vezes, à “política de resultados”; conta-se ainda, o estresse profissional,
podendo viver emoções tipo “montanha-russa”.
Desta forma, a equipe de saúde precisa ter conhecimento e sensibilidade para identificar e entender
o processo emocional que rodeia o acompanhamento da gestação de alto risco. Uma atividade que pode
contribuir tanto para reduzir o estresse da equipe como para aprofundar o entendimento de quais serão
os melhores encaminhamentos é a discussão do caso com os vários integrantes da equipe, incluindo o
psicólogo, que tem o preparo profissional para ajudar a equipe a lidar com as dificuldades emocionais
envolvendo gestantes de risco.

Assistência à Mulher no Parto de Gestações de Alto Risco

O decúbito lateral acaba sendo a posição de escolha. Para avaliação global da evolução do
trabalho de parto, indica-se uso do partograma que fornece elementos objetivos para o diagnóstico de
distócias.
Especificamente nestas situações, é indispensável ocorrer uma integração completa da equipe
multiprofissional, incluindo o obstetra, o pediatra, o anestesista, possivelmente o clínico, a enfermeira e
outros. A maioria dos casos de gestantes de risco em trabalho de parto tem indicação de analgesia
precoce. Isso é especialmente importante nas situações de cardiopatia materna, para evitar a sobrecarga

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hemodinâmica resultante dos esforços de puxo do período expulsivo, com a possível consequente
descompensação cardíaca materna.
Ponto que merece discussão é o momento de se praticar a amniotomia. Até há alguns anos,
recomendava-se a rotura artificial e precoce das membranas, visando o desencadeamento do trabalho
de parto e encurtamento de seu tempo. Entretanto, a rotura precoce das membranas amnióticas favorece
o aparecimento de cavalgamentos e bossas serosanguíneas, além das desacelerações precoces. Estas
últimas podem ser tomadas como sinal de alarme para o sofrimento fetal. Desta forma, quanto mais tardia
for a rotura amniótica artificialmente realizada, melhores serão as condições fetais.
A assistência ao período expulsivo deve levar em conta a posição da parturiente, a condição patológica
que caracteriza o alto risco e as indicações de antecipação do parto com o uso profilático de fórcipe.
Na parturiente de alto risco, a posição convencional ginecológica é a mais utilizada, frequentemente
com o dorso levemente alçado, inclusive porque a mulher estará sob analgesia peridural, na maioria das
vezes. A episiotomia não tem indicação sistemática. Deve ser indicada seletivamente em casos onde se
julgue imprescindível para evitar roturas perineais sempre também quando o fórcipe for utilizado.
Passível de discussão e o uso profilático do fórcipe ou fórcipe de alívio. Embora as opiniões sejam
divergentes, o preceito básico de se preservar a normalidade deve prevalecer. Assim, frente à evolução
normal do segundo estágio e mantidas as condições de vitalidade materna e fetal, não há respaldo para
esta intervenção sistematicamente realizada. Recomenda-se reservar o fórcipe às suas indicações
clássicas e nas situações de cardiopatias e pneumopatias, para evitar o esforço físico materno do período
expulsivo, que pode favorecer uma descompensação.
Na assistência ao parto de baixo risco, a orientação é de se proceder à ligadura tardia do cordão, isto
é, cessados os batimentos. Na gravidez de alto risco, algumas condições contraindicam tal conduta,
como é o caso da isoimunização materno- fetal e HIV+.
O atendimento ao quarto período na gravidez de alto risco deve ser intensivo, pois as chances
de complicações são maiores. Tais são os casos de hipertensas graves, cardiopatas, pré-eclâmpticas
ou eclâmpticas, diabéticas, etc. Após um período de permanência na sala de recuperação pós-anestésica,
a mulher deverá ser encaminhada para uma unidade de cuidados intensivos, sob supervisão anestésica,
obstétrica e clínica, se sua situação assim o indicar.
Mais do que nas situações de normalidade, o atendimento ao parto de gestante de alto risco pressupõe
também a necessidade de adequado encaminhamento para a revisão puerperal e orientação quanto ao
planejamento familiar.

Situações Especiais:
1. Feto com restrição do crescimento intrauterino (RCIU)
O RCIU não constitui uma indicação absoluta de parto por cesárea, considerando que cerca de 60%
dos casos podem evoluir para parto vaginal, sem nenhum tipo de complicação quanto à vitalidade fetal.
Seu controle durante a evolução do trabalho de parto deve ser feita de maneira rigorosa.

2. Gestações pré-termo
No parto prematuro, sempre que for possível, é importante lembrar que os fetos pré-termo devem se
beneficiar da administração parenteral de corticoide para acelerar a maturidade pulmonar (pelo menos
por 24 horas, para que haja tempo suficiente para que sua ação possa se manifestar). Também nesta
situação não existe nenhuma evidência científica que suporte à opção pelo parto cesariano, desde que a
apresentação seja cefálica. Constitui ainda situação em que a preservação das membranas ovulares
íntegras pelo maior tempo possível e medida eficaz de manutenção das boas condições de saúde fetal.

3. Apresentação pélvica
A via de parto de fetos em apresentação pélvica, tanto de termo quanto pré-termo, sempre foi motivo
de controvérsias na literatura mundial, dados os riscos potenciais a ela associados. Tradicionalmente,
parto vaginal era recomendado na apresentação pélvica em gestações de termo sem complicações
adicionais. Alguns países também indicavam a via vaginal mesmo em mulheres primigestas, que não
acontecia na América Latina em geral e no Brasil, em particular. Existe consenso na literatura
internacional de que a melhor forma de abordagem à gestação com feto em apresentação pélvica, é a de
se proceder a uma versão cefálica externa ao redor das 37 semanas de idade gestacional, obviamente
realizada apenas por profissional capacitado para o procedimento e se houverem condições ideais para
isso (gestação única, bolsa íntegra, ausência de trabalho de parto, exame ultrassonográfico, ausência de
circulares de cordão, sem cicatriz de cesárea prévia, facilidades no serviço para a atenção imediata de
possíveis complicações).

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Quando a versão externa não for possível ou não resultar em êxito, atualmente indica-se o parto
cesáreo para as apresentações pélvicas, com base em evidências científicas recentes,
independentemente de outras variáveis.
Preferencialmente, a cesárea deve ser indicada quando iniciado o trabalho de parto e não
eletivamente, para evitar as possíveis complicações decorrentes de uma prematuridade iatrogenicamente
induzida. Além disso, é importante lembrar que no desprendimento do feto, durante uma cesárea em
apresentação pélvica, devem ser realizadas as manobras similares àquelas recomendadas para a
atenção ao parto vaginal nesta apresentação.

4. Gestação gemelar
Existem evidências que demonstram que a programação para o parto (planejamento sobre o hospital
de escolha para o parto e seus recursos técnicos e humanos de obstetrícia, anestesia e neonatologia) é
fundamental na obtenção de bons resultados maternos e perinatais. Com relação à via de parto, vale
ainda a indicação clássica de que em apresentações cefálicas do primeiro gemelar, o parto deve ser
vaginal sempre que o peso fetal estimado for maior que 1500g. Nas demais apresentações do primeiro
gemelar, a cesárea está indicada.
Persiste ainda alguma dúvida quanto à melhor intervenção para o Segundo gemelar não cefálico, após
o nascimento do primeiro por via vaginal. Existem evidências de que a cesárea sistemática nesta condição
específica não representa nenhuma vantagem sobre as manobras clássicas de versão interna e extração
podálica (ou ainda sobre a versão externa que é pouco praticada no Brasil), quanto aos resultados
perinatais e, por outro lado, alguma desvantagem em termos de morbidade infecciosa materna, desde
que existam profissionais treinados para realizá-las.
Outra alternativa descrita para esta situação é a versão externa para apresentação cefálica. Este
procedimento, contudo, além de não ser prática frequente no país, parece não ser vantajoso com relação
à versão interna com extração podálica.

5. Cesárea anterior
A presença de antecedentes de uma cesárea anterior não contraindica a ocorrência de trabalho de
parto na gestação subsequente. O incentivo à realização de prova de trabalho de parto nestas mulheres
é uma das medidas mais importantes para a redução das taxas de cesárea no Brasil. O risco de
complicações maternas (rotura uterina, deiscência de cicatriz, etc.), assim como de complicações fetais
(sofrimento) é muito baixo, desde que haja adequada vigilância do trabalho de parto e da vitalidade fetal.
Não existem limites de intervalo interpartal que contraindiquem o trabalho de parto em gestante com
cesárea anterior, desde que a incisão da primeira cesárea tenha sido segmentar. O índice de sucesso
para parto vaginal nas mulheres submetidas a uma prova de trabalho de parto é de, no mínimo, 50%;
alguns trabalhos mostram cifras de até 70 a 80%.

Trabalho de Parto Prematuro

Conceitua-se gravidez pré-termo aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 (ou 154
dias) e 37 (ou 259 dias) semanas. Nesse período, o trabalho de parto é caracterizado pela presença de
contrações frequentes (uma a cada 5 a 8 minutos) acompanhadas de modificações cervicais
caracterizadas por dilatação maior que 2,0cm e/ou esvaecimento maior que 50%.

Diagnóstico
Na anamnese deve-se avaliar fatores de risco (fisiológicos, comportamentais e psicossociais),
problemas na gravidez atual, complicações clínicas associadas e estado fetal.

Fatores de Risco Associados à Prematuridade


- Parto prematuro prévio;
- História materna de um ou mais abortos espontâneos no segundo trimestre;
- Comprimento cervical <3.0cm;
- Baixo nível socioeconômico;
- Idade materna <15 anos ou >40 anos;
- Complicações maternas (clínicas ou obstétricas);
- Atividade física aumentada;
- Tabagismo;
- Uso de cocaína;
- Ausência de controle pré-natal;

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- Situações de alto estresse.
- Gestação múltipla;
- Crescimento intrauterino restrito;
- Anomalias congênitas;
- Polihidrâmnio;
- Rotura prematura de membranas pré-termo;
- Descolamento de placenta;
- Presença de DIU;
- Mioma (particularmente submucoso ou subplacentário);
- Anomalias uterinas;
- Insuficiência istmocervical;
- Infecções maternas;
- Síndrome antifosfolípide;
- Trauma;
- Cirurgia.

Exame Físico
- Avaliar atividade uterina por meio da palpação abdominal (frequência, intensidade e duração das
contrações). Não tem valor o uso da tocometria através de cardiotocografia.
- Fazer ausculta e contagem de batimentos cardiofetais com estetoscópio de Pinard ou por intermédio
do sonar-doppler.
- Se houver história de eliminação de líquido pela vagina, avaliar a possibilidade de rotura de
membranas por meio de exame especular.
- Na suspeita ou confirmação de rotura de membranas ou de placenta prévia e na ausência de
contrações rítmicas ou sangramento importante, a inspeção visual pode ser utilizada para avaliar o colo.
Quando decidido pelo toque vaginal, devem ser tomados cuidados para evitar sangramento ou infecções.
- Se não houver rotura de membranas ou suspeita de placenta prévia, realizar exame digital cervical.
Sinais de maturidade cervical (escore ou índice de Bishop elevados) são preditivos para risco de parto
prematuro.
- Se houver sangramento vaginal, avaliar a possibilidade de placenta prévia e/ou descolamento de
placenta.

Prevenção do Parto Prematuro


Embora a prevenção da prematuridade continue a ser um desafio para a obstetrícia, alguns resultados
têm sido obtidos por meio da identificação e tratamento de infecções genitais e trato urinário, assim como
com a adaptação laboral da grávida de risco.
Alguns estudos recentes têm mostrado resultados com o uso de progesterona em grupos de
risco. Gestantes com alto risco para parto prematuro, ou seja, parto prematuro anterior, submetidas a
cerclagem cervical e portadoras de malformações uterinas devem receber 100mg de progesterona por
via vaginal diariamente a partir de 24 e até 34 semanas de gestação. Para aquelas que apresentarem
comprimento cervical ≤ 1,5cm em ultrassonografia transvaginal realizada entre 20 e 25 semanas,
independentemente de fatores de risco presentes, deve ser considerado o uso de 200mg de progesterona
vaginal diariamente até pelo menos 34 semanas. Para fins de prevenção, toda gestante que for submetida
a uma ultrassonografia nesse período deve ter uma avaliação do comprimento cervical por via
transvaginal.

Conduta
Toda gestante em trabalho de parto prematuro deve ser assistida em unidade com recursos adequados
para assistência neonatal em prematuridade, ou seja, de nível secundário ou terciário, dependendo da
idade gestacional e/ou outros problemas fetais.
A melhor forma de transporte de prematuros ainda é no interior do útero da mãe. Não se deve retardar
o início do tratamento em vista da transferência materna.
A mulher e sua família também devem receber aconselhamento sobre a morbidade e mortalidade
associadas à idade gestacional e a eficácia limitada do tratamento.
Não existem evidências que apoiem o uso do repouso em leito como forma de prevenir o parto
prematuro, assim como do uso da hidratação.

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Tocolíticos
O uso de agentes tocolíticos ou inibidores das contrações uterinas deve ser iniciado assim que se
concluir pelo diagnóstico de trabalho de parto prematuro, respeitadas as contraindicações para o seu uso.
O principal objetivo da tocólise é ganhar tempo necessário para a ação da corticoterapia e/ou transporte
maternofetal com segurança.

Contra Indicações:
- Maternas: corioamnionite, sangramento grave, condições clínicas maternas, hipertensão induzida
pela gravidez;
- Fetais: morte fetal, anomalias fetais incompatíveis com a vida, comprometimento fetal, crescimento
intrauterino restrito grave ou idade gestacional >34 semanas;
- Contraindicações relacionadas às drogas.
Deve-se assegurar internação para monitoração adequada do feto, estado de hidratação materna e
atenção às complicações do tratamento.

Cuidados com a Saúde Bucal em Gestantes de Alto Risco

A boca é um órgão de vascularização intensa e por isso todas as mudanças fisiológicas e


imunológicas influenciam nas estruturas da cavidade bucal, levando a um maior ou menor grau de
gravidade, sendo que na gestação ocorrem alterações diversas, desde hormonais e biológicas até
comportamentais. Como já mencionado, durante o pré-natal é necessário que o acompanhamento da
gestante seja multiprofissional, incluindo o odontólogo, e o prontuário deve ser único, para que todos
profissionais possam acompanhá-la integralmente, conhecendo a problemática já identificada.
Assim que a gestante iniciar o seu pré-natal é importante que o seu médico (a), enfermeiro(a) ou
agente comunitário de saúde faça o encaminhamento para o profissional da área de saúde bucal, para
que busquem integrar o atendimento/acompanhamento.
A integração da equipe com este profissional é de suma importância para o diagnóstico precoce das
condições patológicas orais, a exemplo das doenças periodontais, que podem levar à ocorrência de parto
prematuro.
Qualquer doença periodontal advém da má higienização da boca. Quando associada a outros
fatores predisponentes, como alterações hormonais, hipertensão, diabetes ou xerostomia,
acarreta uma maior susceptibilidade/sensibilidade da gengiva aos efeitos tóxicos dos produtos
bacterianos.
A interação interdisciplinar quanto à orientação da dieta balanceada indica a necessidade de diminuir
o consumo de alimentos adocicados e aumenta a ingestão de líquidos, no intuito de atuar na diminuição
do risco de doenças bucais, assim como de outras doenças associadas, como, por exemplo, a xerostomia.
Também são necessárias orientações preventivas: pelo motivo da ingestão mais frequente de
alimentos, a higienização também deverá ser mais frequente, com escova e fio dental. Há gestantes que,
por estarem sentindo náuseas, acabam negligenciando a higiene da boca. Os profissionais devem atentar
na identificação de suas causas e propor outras alternativas.
Em qualquer fase do período gestacional a grávida poderá ser tratada pelo cirurgião dentista.
Aquelas cuja gravidez tem curso normal, bom prognóstico e cujo tratamento envolve apenas a
prevenção, profilaxia e restaurações simples, deverão ser atendidas na Unidade Básica de Saúde
(UBS), pois o tratamento não oferece riscos a ela ou ao bebê. As gestantes com alterações sistêmicas
não controladas, como diabetes ou outras condições que implicam risco maior deverão ser
encaminhadas para Centros de Atendimentos Especializados em Odontologia, a exemplo dos Centro
de Especialidades Odontológicas (CEO), para receber o atendimento necessário e adequado, de
acordo com sua fase gestacional. O profissional dentista da unidade básica de saúde vai continuar
acompanhando essa gestante nas consultas de pré-natal de rotina.
As doenças bucais, especialmente a doença periodontal, tem sido associadas a diversas condições
patológicas perinatais, incluindo o parto prematuro, a rotura prematura de membranas e a ocorrência de
baixo peso. Embora os estudos controlados não demonstrem um claro efeito do tratamento da doença
periodontal na diminuição destas condições, provavelmente por serem multifatoriais, recomenda-se
sobretudo que a prevenção com a higiene bucal seja enfaticamente realizada durante a gestação, pois
acredita-se que isso exerça um papel sinérgico junto com outras medidas dirigidas à prevenção do parto
prematuro.
Como a gravidez é um estágio de mudanças na vida da mulher, que fazem com que ela esteja mais
disposta a mudar também seus hábitos, essa é a oportunidade ímpar para que os profissionais a orientem
na aquisição de hábitos de higiene bucal saudáveis.

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Questões

01. (FMSFI – Técnico em Enfermagem – FAUEL) - Uma atenção pré-natal e puerperal de qualidade
e humanizada é fundamental para a saúde materna e neonatal. O principal objetivo da atenção pré-natal
é acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando no fim da gestação o nascimento de uma
criança saudável e a garantia do bem estar materno.
Assinale a alternativa correta que condiz com os fatores de risco para uma gravidez atual:
(A) Altura menor que 1,45 m e peso menor que 45 kg ou maior que 75 kg.
(B) Escolaridade de nível superior.
(C) Condições ambientais favoráveis.
(D) Idade maior que 15 anos e menor que 35 anos.

02. (Prefeitura de Timon – MA – Agente Comunitário de Saúde – COPESE – UFPI/2016) -


Situações de risco são aquelas em que uma pessoa ou grupo de pessoas "corre perigo", isto é, tem maior
possibilidade ou chance de adoecer ou até mesmo de morrer. São exemplos de situações de risco:
(A) Bebês que nascem com mais de dois quilos e meio.
(B) Filhos de mães que não fumam, mas bebem bebidas alcoólicas e não usaram drogas na gravidez.
(C) Gestantes que fazem o pré-natal.
(D) Gestantes com diabetes e/ou pressão alta.
(E) Mulheres que iniciaram o pré-natal no primeiro mês de gestação.

03. (Prefeitura de Cascavel – PR – Agente Comunitário de Saúde – CONSUPLAN/2016) - São


fatores que podem contribuir para uma gestação de risco, EXCETO:
(A) Enjoos e vômitos.
(B) Cirurgia uterina anterior.
(C) Grávidas com mais de 35 anos.
(D) Intervalo entre partos menor que dois anos.
(E) Mulheres com uma altura menor que 1,45 m.

04. (Prefeitura de São Paulo – SP – Analista de Saúde – Médico Ginecologista e Obstetrícia -


IBFC/2016) - Sobre o trabalho de parto prematuro, assinale a alternativa incorreta:
(A) Gravidez pré-termo, aquela cuja idade gestacional encontra-se entre 22 (ou 154 dias) e 37 (ou 259
dias) semanas.
(B) Idade materna <15 anos ou >40 anos são fatores de risco.
(C) Pesquisa para estreptococo do grupo B, se não tiver sido realizada antes e houver disponibilidade
local é recomendada.
(D) O uso de agentes tocolíticos ou inibidores das contrações uterinas deve ser iniciado assim que se
concluir pelo diagnóstico de trabalho de parto rematuro, respeitadas as contraindicações para o seu uso.
Entre esses agentes, a droga de escolha é o salbultamol.
(E) A administração de corticoides para amadurecimento pulmonar fetal se constitui na principal
estratégia para a redução da morbidade e mortalidade perinatal associadas à prematuridade.

05. (DPE – RS – Analista Enfermagem – FCC) - Durante o atendimento inicial em uma emergência
obstétrica à trabalhadora na 32a semana de gestação, em trabalho de parto prematuro, deve-se mantê-
la, quando possível, em
(A) tratamento medicamentoso por meio da corticoterapia, que devido à atividade antitrofoblástica
diminui a probabilidade de ocorrer doença trofoblástica.
(B) posição de Trendelemburg, objetivando melhorar a irrigação cerebral da mãe e do feto.
(C) decúbito lateral esquerdo, a fim de evitar a compressão da veia cava inferior pelo útero.
(D) tratamento medicamentoso com Misoprostol por via vaginal, objetivando evitar o descolamento
prematuro da placenta.
(E) posição de Depage com oxigenoterapia, a fim de facilitar a circulação placentária.

Gabarito

01. A/02. D/03. A/04. D/05. C

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Comentários

01. Alternativa A
São fatores de risco:
- Altura menor que 1,45m;
- Peso pré-gestacional menor que 45kg e maior que 75kg (IMC<19 e IMC>30);

02. Alternativa D
São fatores de risco:
- Hipertensão arterial;
- Endocrinopatias (principalmente diabetes e tireoidopatias);

03. Alternativa A
Todas as afirmativas são fatores que podem contribuir para uma gestação de risco exceto enjoos e
vômitos que representam as condições médicas mais comuns da gravidez.

04. Alternativa D
O uso de agentes tocolíticos ou inibidores das contrações uterinas deve ser iniciado assim que se
concluir pelo diagnóstico de trabalho de parto prematuro, respeitadas as contraindicações para o seu uso.

05. Alternativa C
O decúbito lateral acaba sendo a posição de escolha.

Parturiente

Admitindo a Parturiente

O atendimento da parturiente na sala de admissão de uma maternidade deve ter como preocupação
principal uma recepção acolhedora à mulher e sua família, informando-os da dinâmica da assistência na
maternidade e os cuidados pertinentes a esse momento: acompanhá-la na admissão e encaminhá-la ao
pré-parto; colher os exames laboratoriais solicitados (hemograma, VDRL e outros exames, caso não os
tenha realizado durante o pré-natal); promover um ambiente tranquilo e com privacidade; monitorar a
evolução do trabalho de parto, fornecendo explicações e orientações.

Momento e Via de Parto


As gestantes com ótimo controle metabólico e sem intercorrências da gravidez podem aguardar a
evolução espontânea para o parto.
O parto pode ser antecipado naquelas gestantes com controle metabólico inadequado, vasculopatia,
nefropatia ou história de natimorto anterior.
Em gestantes com diabetes de difícil controle e/ou comprometimento fetal, recomenda-se utilizar
corticoide para maturação pulmonar fetal.
Em gestantes diabéticas insulinodependentes com vasculopatia o parto será realizado
impreterivelmente até a 38a semana.
A via do parto é uma decisão obstétrica, sendo necessário estimar o peso fetal por avaliação clínica
e ultrassonográfica. Se o peso fetal estimado por ultrassonografia for maior ou igual a 4.500g, pode-se
considerar a realização de cesariana.
Durante o trabalho de parto deve-se estar atento para a evolução no partograma.
A presença de distúrbios de parada ou demora podem ser os primeiros sinais de uma desproporção
feto-pélvica, diminuindo-se o limiar para realização de cesariana para minimizar a ocorrência de distocia
de ombro e outras lesões de parto.
Gestantes em uso de insulina requerem atenção especial durante o trabalho de parto.

Assistência Durante o Trabalho de Parto Natural

O trajeto do parto ou canal de parto é a passagem que o feto percorre ao nascer, desde o útero à
abertura vulvar. É formado pelo conjunto dos ossos ilíaco, sacro e cóccix - que compõem a pequena bacia
pélvica, também denominada de trajeto duro - e pelos tecidos moles (parte inferior do útero, colo uterino,
canal vaginal e períneo) que revestem essa parte óssea, também denominada de trajeto mole.

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No trajeto mole, ocorrem as seguintes alterações: aumento do útero; amolecimento do colo para a
dilatação e apagamento; hipervascularização e aumento do tecido elástico da vagina, facilitando sua
distensão; aumento das glândulas cervicais para lubrificar o trajeto do parto.
No trajeto duro, a principal alteração é o aumento da mobilidade nas articulações (sacro- ilíaca,
sacrococcígea, lombo sacral, sínfise púbica), auxiliado pelo hormônio relaxina.
O feto tem importante participação na evolução do trabalho de parto: realiza os mecanismos de flexão,
extensão e rotação, permitindo sua entrada e passagem pelo canal de parto - fenômeno facilitado pelo
cavalgamento dos ossos do crânio, ocasionando a redução do diâmetro da cabeça e facilitando a
passagem pela pelve materna.

O Primeiro Período do Trabalho de Parto: a Dilatação

Nesse período, após o colo atingir 5 cm de dilatação, as contrações uterinas progridem e aos poucos
aumentam a intensidade, o intervalo e a duração, provocando a dilatação do colo uterino. Como resultado,
a cabeça do feto vai gradualmente descendo no canal pélvico e, nesse processo, rodando lentamente.
Essa descida, auxiliada pela pressão da bolsa amniótica, determina uma pressão maior da cabeça sobre
o colo uterino, que vai se apagando. Para possibilitar a passagem do crânio do feto - que mede por
volta de 9,5 cm - faz-se necessária uma dilatação total de 10 cm. Este é o período em que a parturiente
experimenta desconfortos e sensações dolorosas e pode apresentar reações diferenciadas como
exaustão, impaciência, irritação ou apatia, entre outras.
Além das adaptações no corpo materno, visando o desenrolar do trabalho de parto, o feto também se
adapta a esse processo: sua cabeça tem a capacidade de flexionar, estender e girar, permitindo entrar
dentro do canal do parto e passar pela pelve óssea materna com mais mobilidade.
Durante o trabalho de parto, os ossos do crânio se aproximam uns dos outros e podem acavalar,
reduzindo o tamanho do crânio e, assim, facilitar a passagem pela pelve materna.
Nesse período, é importante auxiliar a parturiente com alternativas que possam amenizar lhe o
desconforto. O cuidar envolve presença, confiança e atenção, que atenuam a ansiedade da cliente,
estimulando-a a adotar posições alternativas como ficar de cócoras, de joelho sobre a cama ou
deambular. Essas posições, desde que escolhidas pela mulher, favorecem o fluxo de sangue para o útero,
tornam as contrações mais eficazes, ampliam o canal do parto e facilitam a descida do feto pela ação da
gravidade.
A mulher deve ser encorajada e encaminhada ao banho de chuveiro, bem como estimulada a fazer
uma respiração profunda, realizar massagens na região lombar – o que reduz sua ansiedade e tensão
muscular - e urinar, pois a bexiga cheia dificulta a descida do feto na bacia materna.
Durante a evolução do trabalho de parto, será realizada, pelo enfermeiro ou médico, a ausculta dos
batimentos cardiofetais, sempre que contração uterina. O controle dos sinais vitais maternos é contínuo
e importante para a detecção precoce de qualquer alteração. A verificação dos sinais vitais pode ser
realizada de quatro em quatro horas, e a tensão arterial de hora em hora ou mais frequentemente, se
indicado.
O toque vaginal deve ser realizado pelo obstetra ou enfermeira, e tem a finalidade de verificar a
dilatação e o apagamento do colo uterino, visando avaliar a progressão do trabalho de parto. Para a
realização do procedimento, o auxiliar de enfermagem deve preparar o material necessário para o exame,
que inclui luvas, gazes com solução antisséptica e comadre.
A prévia antissepsia das mãos é condição indispensável para o exame.
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite permanecer no leito durante o trabalho
de parto, devido às complicações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição de
decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível (esta posição diminui a compressão do útero sobre a
aorta e a veia cava inferior).

O Segundo Período do Trabalho de Parto: a Expulsão

O período de expulsão inicia-se com a completa dilatação do colo uterino e termina com o nascimento
do bebê.
Ao final do primeiro período do trabalho de parto, o sangramento aumenta com a laceração dos
capilares no colo uterino. Náuseas e vômitos podem estar presentes, por ação reflexa. A parturiente refere
pressão no reto e urgência urinária. Ocorre distensão dos músculos perineais e abaulamento do períneo
(solicitação do períneo), e o ânus dilata-se acentuadamente.
Esses sinais iminentes do parto devem ser observados pelo auxiliar de enfermagem e comunicados à
enfermeira obstétrica e ao obstetra.

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O exame do toque deve ser realizado e, constatada a dilatação total, o auxiliar de enfermagem deve
encaminhar a parturiente à sala de parto, em cadeira de rodas ou deambulando.
Enquanto estiver sendo conduzida à sala de parto, a parturiente deve ser orientada para respirar
tranquilamente e não fazer força. É importante auxiliá-la a se posicionar na mesa de parto com segurança
e conforto, respeitando a posição de sua escolha: vertical, semiverticalizada ou horizontal. Qualquer
procedimento realizado deve ser explicado à parturiente e seu acompanhante.
O profissional (médico e/ou enfermeira obstetra) responsável pela condução do parto deve fazer a
escovação das mãos e se paramentar (capote, gorro, máscara e luvas). A seguir, realizar a antissepsia
vulvoperineal e da raiz das coxas e colocar os campos esterilizados sobre a parturiente. Na necessidade
de episiotomia, indica-se a necessidade de anestesia local. Em todo esse processo, o auxiliar de
enfermagem deve prestar ajuda ao(s) profissional(is).
Para que ocorra a expulsão do feto, geralmente são necessárias cinco contrações num período
de 10 minutos e com intensidade de 60 segundos cada. O auxiliar de enfermagem deve orientar que
a parturiente faça respiração torácica (costal) juntamente com as contrações, repousando nos intervalos
para conservar as energias.
Após o coroamento e exteriorização da cabeça, é importante assistir ao desprendimento fetal
espontâneo. Caso esse desprendimento não ocorra naturalmente, a cabeça deve ser tracionada para
baixo, visando favorecer a passagem do ombro. Com a saída da cabeça e ombros, o corpo desliza
facilmente, acompanhado de um jato de líquido amniótico. Sugere-se acomodar o recém-nascido, com
boa vitalidade, sobre o colo materno, ou permitir que a mãe o faça, se a posição do parto favorecer esta
prática. Neste momento, o auxiliar de enfermagem deve estar atento para evitar a queda do recém-
nascido.
O cordão umbilical só deve ser pinçado e laqueado quando o recém-nascido estiver respirando.
A laqueadura é feita com material adequado e estéril, a uns três centímetros da pele. É importante manter
o recém-nascido aquecido, cobrindo-o com um lençol/campo – o que previne a ocorrência de hipotermia.
A mulher deve ser incentivada a iniciar a amamentação nas primeiras horas após o parto, o que facilita a
saída da placenta e estimula a involução do útero, diminuindo o sangramento pós-parto.

O Terceiro Período do Trabalho de Parto: a Dequitação

Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da placenta e membranas (amniótica e
coriônica). Recebe o nome de delivramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é importante atentar para as perdas
sanguíneas, que não devem ser superiores a 500 ml.
As contrações para a expulsão da placenta ocorrem em menor quantidade e intensidade. A placenta
deve ser examinada com relação à sua integridade, tipo de vascularização e local de inserção do cordão,
bem como verificação do número de vasos sanguíneos deste (1 artérias e 2 veias), presença de nós e
tumorações. Examina-se ainda o canal vaginal, o colo uterino e a região perineal, com vistas à
identificação de rupturas e lacerações; caso tenha sido realizada episiotomia, proceder à sutura do corte
(episiorrafia) e/ou das lacerações.
A dequitação determina o início do puerpério imediato, onde ocorrerão contrações que permitirão
reduzir o volume uterino, mantendo-o contraído e promovendo a hemostasia nos vasos que irrigavam a
placenta.
Logo após o delivramento, o auxiliar de enfermagem deve verificar a tensão arterial da puérpera,
identificando alterações ou não dos valores que serão avaliados pelo médico ou enfermeiro.
Antes de transferir a puérpera para a cadeira ou maca, deve-se, utilizando luvas estéreis, realizar-lhe
antissepsia da área pubiana, massagear lhe as panturrilhas, trocar-lhe a roupa e colocar-lhe um
absorvente sob a região perianal e pubiana. Caso o médico ou enfermeiro avalie que a puérpera esteja
em boas condições clínicas, será encaminhada, juntamente com o recém-nascido, para o alojamento
conjunto - acompanhados de seus prontuários, prescrições e pertences pessoais.

O Quarto Período do Trabalho de Parto: Greenberg

Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que ocorre a loquiação e se avalia
a involução uterina e recuperação da genitália materna. É considerado um período perigoso, devido
ao risco de hemorragia; por isso, a puérpera deve permanecer no centro obstétrico, para criterioso
acompanhamento.

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Questões

01. (CAISM PHILIPPE PINEL – Técnico de Enfermagem – CETRO) - Na assistência humanizada ao


parto natural, deve-se estimular a parturiente a
(A) dar preferência à posição vertical, deambulando durante o trabalho de parto.
(B) permanecer em repouso absoluto.
(C) evitar alimentar-se durante o trabalho de parto.
(D) evitar banhos de imersão.

02. (UFC – Enfermeiro - Assistencial – INSTITUTO AOCP) - A assistência de enfermagem é


importante durante todo o período do parto e pós-parto. Com relação ao quarto período, podemos afirmar
que
(A) denomina-se quarto período do parto (ou de Greenberg) ao período de pós-parto imediato, após a
dequitação. Não há na literatura consenso sobre sua duração exata, entretanto, inicia-se após a
dequitação da placenta.
(B) é período de menor risco materno, com possibilidade de pequenas hemorragias, principalmente
por atonia uterina.
(C) os sinais vitais, especialmente pressão arterial e pulso, devem ser mensurados a cada quatro
horas. Da mesma forma, deverá ser feito controle praticamente contínuo da retração uterina e do
sangramento.
(D) nesta fase, devem-se considerar as seguintes questões: verificação constante da contração uterina
(a cada quatro horas), revisão do canal de parto sendo desnecessária a reparação das lesões porventura
existentes, por tornar o processo mais traumático.
(E) a remoção da puérpera para a sala de recuperação (quando necessária) e enfermaria de
alojamento conjunto somente deverá ser efetuada durante o quarto período.

03. (IF - RJ – Técnico de Enfermagem – IF - RJ) - O segundo estágio do trabalho de parto é descrito
como
(A) pós-parto imediato.
(B) período do início das contrações até a dilatação completa.
(C) saída da placenta.
(D) período entre a expulsão completa até a expulsão fetal.
(E) período do início das contrações até a saída da placenta.

04. (CISLIPA – Técnico de Enfermagem – CISLIPA) - No parto, o período de eliminação da placenta


e membranas denomina-se:
(A) Delivramento
(B) Expulsão.
(C) Dilatação.
(D) Coroamento
Gabarito

01.A / 02.A / 03.D / 04.A

Comentários

01. Alternativa A
Caso a parturiente esteja desanimada, frustrada ou necessite permanecer no leito durante o trabalho
de parto, devido às complicações obstétricas ou fetais, deve ser aconselhada a ficar na posição de
decúbito lateral esquerdo, tanto quanto possível (esta posição diminui a compressão do útero sobre a
aorta e a veia cava inferior).

02. Alternativa A
Corresponde às primeiras duas horas após o parto, fase em que ocorre a loquiação e se avalia a
involução uterina e recuperação da genitália materna.

03. Alternativa D
O segundo período do trabalho de parto é o período de expulsão inicia-se com a completa dilatação
do colo uterino e termina com o nascimento do bebê.

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04. Alternativa A
Inicia-se após a expulsão do feto e termina com a saída da placenta e membranas (amniótica e
coriônica). Recebe o nome de delivramento ou dequitação e deve ser espontâneo, sem compressão
uterina. Pode durar de alguns minutos a 30 minutos. Nessa fase é importante atentar para as perdas
sanguíneas, que não devem ser superiores a 500 ml.

Puerpério

Durante toda a gravidez, o organismo materno sofre alterações gradativas - as mais marcantes
envolvem o órgão reprodutor. O puerpério inicia-se logo após a dequitação e termina quando a fisiologia
materna volta ao estado pré-gravídico. Esse intervalo pode perdurar por 6 semanas ou ter duração
variável, principalmente nas mulheres que estiverem amamentando.
O período puerperal é uma fase de grande estresse fisiológico e psicológico.
A fadiga e perda de sangue pelo trabalho de parto e outras condições desencadeadas pelo nascimento
podem causar complicações – sua prevenção é o objetivo principal da assistência a ser prestada.
Nos primeiros dias do pós-parto, a puérpera vive um período de transição, ficando vulnerável
às pressões emocionais. Problemas que normalmente enfrentaria com facilidade podem deixá-la
ansiosa em vista das responsabilidades com o novo membro da família (“Será que vou conseguir
amamentá-lo? Por que o bebê chora tanto?”), a casa (“Como vou conciliar os cuidados da casa com o
bebê?”), o companheiro (“Será que ele vai me ajudar? Como dividir a atenção entre ele e o bebê?”) e a
família (“Como dividir a atenção com os outros filhos? O que fazer, se cada um diz uma coisa?”).
Nesse período, em vista de uma grande labilidade emocional, somada à exaustão física, pode surgir
um quadro de profunda tristeza, sentimento de incapacidade e recusa em cuidar do bebê e de si mesma
- que pode caracterizar a depressão puerperal. Essas manifestações podem acontecer sem causa
aparente, com duração temporária ou persistente por algum tempo. Esse transtorno requer a intervenção
de profissionais capazes de sua detecção e tratamento precoce, avaliando o comportamento da puérpera
e proporcionando-lhe um ambiente tranquilo, bem como prestando orientações à família acerca da
importância de seu apoio na superação deste quadro.

De Acordo Com as Alterações Físicas, o Puerpério Pode Ser Classificado em Quatro Fases
Distintas:
- Imediato (primeiras 2 horas pós-parto);
- Mediato (da 2ª hora até o 10º dia pós-parto);
- Tardio (do 11º dia até o 42º dia pós-parto);
- Remoto (do 42º dia em diante).

O puerpério imediato, também conhecido como quarto período do parto, inicia-se com a involução
uterina após a expulsão da placenta e é considerado crítico, devido ao risco de hemorragia e infecção.
A infecção puerperal está entre as principais e mais constantes complicações.
O trabalho de parto e o nascimento do bebê reduzem a resistência à infecção causada por
microrganismos encontrados no corpo.
Inúmeros são os fatores de risco para o aparecimento de infecções: o trabalho de parto prolongado
com a bolsa amniótica rompida precocemente, vários toques vaginais, condições socioeconômicas
desfavoráveis, anemia, falta de assistência pré-natal e história de doenças sexualmente transmissível
não tratada.
O parto cesáreo tem maior incidência de infecção do que o parto vaginal, pois durante seu
procedimento os tecidos uterinos, vasos sanguíneos, linfáticos e peritônio estão expostos às
bactérias existentes na cavidade abdominal e ambiente externo. A perda de sangue e consequente
diminuição da resistência favorecem o surgimento de infecções.
Os sinais e sintomas vão depender da localização e do grau da infecção, porém a hipertermia é
frequente - em torno de 38º C ou mais. Acompanhando a febre, podem surgir dor, não-involução uterina
e alteração das características dos lóquios, com eliminação de secreção purulenta e fétida, e diarreia.
O exame vaginal, realizado por enfermeiro ou médico, objetiva identificar restos ovulares; nos casos
necessários, deve-se proceder à curetagem.
Cabe ao auxiliar de enfermagem monitorar os sinais vitais da puérpera, bem como orientá-la sobre a
técnica correta de lavagem das mãos e outras que ajudem a evitar a propagação das infecções. Além
disso, visando evitar a contaminação da vagina pelas bactérias presentes no reto, a puérpera deve ser
orientada a lavar as regiões da vulva e do períneo após cada eliminação fisiológica, no sentido da vulva
para o ânus.

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Para facilitar a cicatrização da episiorrafia, deve-se ensinar a puérpera a limpar a região com
antisséptico, bem como estimular-lhe a ingesta hídrica e administrar-lhe medicação, conforme prescrição,
visando diminuir seu mal-estar e queixas álgicas. Nos casos de curetagem, preparar a sala para o
procedimento.
A involução uterina promove a vasoconstrição, controlando a perda sanguínea. Nesse período, é
comum a mulher referir cólicas.
O útero deve estar mais ou menos 15 cm acima do púbis, duro e globóide pela contração, formando o
globo de segurança de Pinard em resposta à contratilidade e retração de sua musculatura. A total
involução uterina demora de 5 a 6 semanas, sendo mais rápida na mulher sadia que teve parto normal e
está em processo de amamentação.
Os lóquios devem ser avaliados quanto ao volume (grande ou pequeno), aspecto (coloração,
presença de coágulos, restos placentários) e odor (fétido ou não). Para remoção efetiva dos coágulos,
deve-se massagear levemente o útero e incentivar a amamentação e deambulação precoces.

De acordo com sua coloração, os lóquios são classificados como:


- sanguinolentos (vermelho vivo ou escuro – até quatro dias);
- serossanguinolentos (acastanhado – de 5 a 7 dias);
- serosos (semelhantes à “salmoura” – uma a três semanas).

A hemorragia puerperal é uma complicação de alta incidência de mortalidade materna, tendo como
causas a atonia uterina, lacerações do canal vaginal e retenção de restos placentários.
É importante procurar identificar os sinais de hemorragia – de quinze em quinze minutos – e avaliar
rotineiramente a involução uterina através da palpação, identificando a consistência. Os sinais dessa
complicação são útero macio (maleável, grande, acima do umbigo), lóquios em quantidades excessivas
(contendo coágulos e escorrendo num fio constante) e aumento das frequências respiratória e cardíaca,
com hipotensão.
Caso haja suspeita de hemorragia, o auxiliar de enfermagem deve avisar imediatamente a equipe,
auxiliando na assistência para reverter o quadro instalado, atentando, sempre, para a possibilidade de
choque hipovolêmico. Deve, ainda, providenciar um acesso venoso permeável para a administração de
infusão e medicações; bem como aplicar bolsa de gelo sobre o fundo do útero, massageando-o
suavemente para estimular as contrações, colher sangue para exames laboratoriais e prova cruzada,
certificar-se de que no banco de sangue existe sangue compatível (tipo e fator Rh) com o da mulher - em
caso de reposição - e preparar a puérpera para a intervenção cirúrgica, caso isto se faça necessário.
Complementando esta avaliação, também há verificação dos sinais vitais, considerando-se que a
frequência cardíaca diminui para 50 a 70 bpm (bradicardia) nos primeiros dias após o parto, em vista da
redução no volume sanguíneo. Uma taquicardia pode indicar perda sanguínea exagerada, infecção, dor
e até ansiedade. A pressão sanguínea permanece estável, mas sua diminuição pode estar relacionada à
perda de sangue excessivo e seu aumento é sugestivo de hipertensão. É também importante observar o
nível de consciência da puérpera e a coloração das mucosas.
Outros cuidados adicionais são: observar o períneo, avaliando a integridade, o edema e a
episiorrafia; aplicar compressas de gelo nesta região, pois isto propicia a vasoconstrição, diminuindo o
edema e hematoma e evitando o desconforto e a dor; avaliar os membros inferiores (edema e varizes) e
oferecer líquidos e alimentos sólidos à puérpera, caso esteja passando bem.
Nos casos de cesárea, atentar para todos os cuidados de um parto normal e mais os cuidados de um
pós-operatório, observando as características do curativo operatório. Se houver sangramento e/ou
queixas de dor, comunicar tal fato à equipe.
No puerpério mediato, a puérpera permanecerá no alojamento conjunto até a alta hospitalar.
Neste setor, inicia os cuidados com o bebê, sob supervisão e orientação da equipe de enfermagem – o
que lhe possibilita uma assistência e orientação integral.
No alojamento conjunto, a assistência prestada pelo auxiliar de enfermagem baseia-se em observar
e registrar o estado geral da puérpera, dando continuidade aos cuidados iniciados no puerpério imediato,
em intervalos mais espaçados. Deve também estimular a deambulação precoce e exercícios ativos no
leito, bem como observar o estado das mamas e mamilos, a sucção do recém-nascido (incentivando o
aleitamento materno), a aceitação da dieta e as características das funções fisiológicas, em vista da
possibilidade de retenção urinária e constipação, orientando sobre a realização da higiene íntima após
cada eliminação e enfatizando a importância da lavagem das mãos antes de cuidar do bebê, o que previne
infecções.
O alojamento conjunto é um espaço oportuno para o auxiliar de enfermagem desenvolver ações
educativas, buscando valorizar as experiências e vivências das mães e, com as mesmas, realizando

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atividades em grupo de forma a esclarecer dúvidas e medos. Essa metodologia propicia a detecção de
problemas diversos (emocionais, sociais, etc.), possibilitando o encaminhamento da puérpera e/ou família
para uma tentativa de solução.
O profissional deve abordar assuntos com relação ao relacionamento mãe-filho-família; estímulo à
amamentação, colocando em prática a técnica de amamentação; higiene corporal da mãe e do bebê;
curativo da episiorrafia e cicatriz cirúrgica; repouso, alimentação e hidratação adequada para a nutriz; uso
de medicamentos nocivos no período da amamentação, bem como álcool e fumo; importância da
deambulação para a involução uterina e eliminação de flatos (gases); e cuidados com recém-nascido.
A mama é o único órgão que após o parto não evolui, enchendo-se de colostro até trinta horas após o
parto. A apojadura, que consiste na descida do leite, ocorre entre o 3º ou 4º dia pós-parto.
A manutenção da lactação depende do estímulo da sucção dos mamilos pelo bebê.

As Mamas Também Podem Apresentar Complicações:

- Ingurgitamento mamário - em torno do 3º ao 7º dia pós-parto, a produção láctea está no auge,


ocasionando o ingurgitamento mamário. O auxiliar de enfermagem deve estar atento para as seguintes
condutas: orientar sobre a pega correta da aréola e a posição adequada do recém-nascido durante a
mamada; o uso do sutiã firme e bem ajustado; e a realização de massagens e ordenha sempre que as
mamas estiverem cheias;
- Rachaduras e/ou fissuras - podem aparecer nos primeiros dias de amamentação, levando a nutriz
a parar de amamentar.
Procurando evitar sua ocorrência, o auxiliar de enfermagem deve orientar a mãe a manter a
amamentação; incentivá-la a não usar sabão ou álcool para limpar os mamilos; a expor as mamas ao sol
por cerca de 20 minutos (antes das 10 horas ou após às 15 horas); e a alternar as mamas em cada
mamada, retirando cuidadosamente o bebê. Nesse caso, devem ser aplicadas as mesmas condutas
adotadas para o ingurgitamento mamário.
- Mastite - é um processo inflamatório que costuma se desenvolver após a alta e no qual os
microrganismos penetram pelas rachaduras dos mamilos ou canais lactíferos. Sua sintomatologia é dor,
hiperemia e calor localizados, podendo ocorrer hipertermia. A puérpera deve ser orientada a realizar os
mesmos cuidados adotados nos casos de ingurgitamento mamário, rachaduras e fissuras.

Por ocasião da alta hospitalar, especial atenção deve ser dada às orientações sobre o retorno à
atividade sexual, planejamento familiar, licença-maternidade de 120 dias (caso a mulher possua vínculo
empregatício) e importância da consulta de revisão de pós-natal e puericultura.

A consulta de revisão do puerpério deve ocorrer, preferencialmente, junto com a primeira


avaliação da criança na unidade de saúde ou, de preferência, na mesma unidade em que efetuou
a assistência pré-natal, entre o 7º e o 10º dia pós-parto.

Até o momento, foi abordado o atendimento à gestante e ao feto com base nos conhecimentos
acumulados nos campos da obstetrícia e da perinatologia. Com o nascimento do bebê são necessários
os conhecimentos de um outro ramo do saber – a neonatologia.
Surgida a partir da pediatria, a neonatologia é comumente definida como um ramo da medicina
especializado no diagnóstico e tratamento dos recém-nascidos (RNs). No entanto, ela abrange mais do
que isso — engloba também o conhecimento da fisiologia dos neonatos e de suas características.

Câncer de Colo de Útero e de Mamas

A prevenção do câncer de colo de útero ou cérvice, com a colheita da citologia oncótica, e o


exame clínico das mamas com orientação para o auto exame, ocupam um lugar importante na
consulta.
O colo é a parte do útero que se encontra no fundo do canal vaginal e pela sua localização torna-se
mais exposto ao risco de desenvolver doenças. Para a detecção precoce de fatores predisponentes do
câncer de colo do útero é feito o exame de papanicolau que consiste em retirar uma pequena quantidade
de material do colo do útero para análise em laboratório especializado.
O câncer cérvico-uterino, juntamente com o de mama, representaram no período de 1978 a 1986 as
maiores taxas de mortalidade entre as mulheres. A distribuição de óbitos por essas duas doenças
apresenta diferenças regionais, relacionando-as ao grau de desenvolvimento econômico-social. O câncer

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cérvico-uterino aparece com maior frequência em mulheres que moram nas regiões Norte e Centro-Oeste
do país.
O câncer de mama ocupa o primeiro lugar em incidência nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste de
acordo com o Instituto Nacional do Câncer.
Esta doença é mais frequentemente descoberta entre os 40 e 60 anos de idade. Já no câncer de colo,
a faixa etária priorizada é de 25 a 60 anos, para realização do exame.
As ações de controle do câncer cérvico-uterino compõem-se de: consulta clínico-ginecológica, colheita
de material para esfregaço cérvico-vaginal (colheita de preventivo), tratamento dos processos
inflamatórios e neoplasias, encaminhamento para clínica especializada para dar continuidade aos
tratamentos.
Entre os tumores que atingem o aparelho reprodutor feminino, o do colo uterino e o mais frequente,
em ordem de ocorrência, de acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO).
Segundo o Ministério da Saúde no Brasil, estima-se que o câncer do colo do útero seja o terceiro mais
comum na população feminina. Este tipo de câncer representa 19% de todos os tumores malignos em
mulheres. Acomete mulheres em fase de atuação social familiar e profissional, gerando custos
governamentais em serviços de saúde e sociais. A evolução da doença provoca lesões orgânicas graves
e o tratamento, apesar dos avanços tecnológicos, produze sua melhor eficácia apenas nos estádios
iniciais.
A doença é prevenida através do exame de Papanicolaou, porém, a abrangência e adesão das
mulheres ao programa de prevenção constituem um desafio enfrentado com persistência pelo Ministério
da Saúde no Brasil, em que a doença apresenta risco estimado de cerca de 20 casos a cada 100 mil
mulheres.

A etiologia do câncer cérvico-uterino ainda é desconhecida. Sabe-se que, como todo câncer, é
uma doença que atinge as células do colo existem fatores de risco que estão relacionados, tais
como:
- Início da atividade sexual em idade precoce;
- Vários parceiros;
- História de doenças sexualmente transmissíveis, principalmente decorrentes de infecções por
papilomavírus e herpes vírus;
- Baixo nível socioeconômico;
- Tabagismo;
- Carências nutricionais, como a hipovitaminose A.

De acordo com o Ministério da Saúde, as variáveis acima descritas caracterizam o comportamento de


risco de câncer-cérvico uterino e devem ser consideradas na determinação da população-alvo do
programa.
As peculiaridades regionais e a incidência por grupo etário podem determinar um perfil diferenciado.
O processo de instalação do câncer de colo demora muitos anos (10 a 20 anos) e as alterações
celulares são facilmente detectadas através do exame citológico. Por isso, as possibilidades de
cura são de 100% se a mulher fizer o exame periódico e seguir o tratamento adequado.
Para o exame é necessário o preparo do ambiente para que a cliente não se sinta constrangida e
favoreça a colheita adequada. O ambiente deverá propiciar privacidade e especialmente segurança.
Os materiais para a realização do exame são: espéculos vaginais (descartáveis ou não) de tamanhos
adequados com relação à idade e à paridade (número de filhos) da cliente; campo estéril, espátula de
madeira (tipo ayre ou similar), escovinha Campos da Paz, swab de cabo longo (para colheita em mulheres
virgens), lâmina, frasco, fixador, foco de luz e biombo.
Para garantir a boa qualidade do exame, o auxiliar de enfermagem deve orientar a mulher quanto a
alguns cuidados importantes antes da realização do mesmo, como: não realizar o exame no período
menstrual ou de sangramento, não ter relações sexuais por 24 horas e não utilizar duchas, lavagens e
medicamentos via vaginal por 48 ou 72 horas que antecedem o exame.
Ao proceder o preparo da cliente na unidade de saúde, devemos orientá-la a urinar, pois o
esvaziamento vesical permite um maior relaxamento.
Devemos oferecer uma camisola com a abertura voltada para a frente e um local para que a cliente
retire toda a roupa com total privacidade.
Ao colocar a cliente na mesa em posição ginecológica, as nádegas devem estar na borda da mesa e
os pés no local próprio para apoio.
Atentar para que apenas a área que será examinada deva permanecer exposta. Durante o exame,
visando proporcionar relaxamento à cliente, é importante orientá-la sobre o procedimento, mostrando que

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todo o material a ser utilizado é descartável e/ou esterilizado e estimulá-la a inspirar e expirar
profundamente.
Faz parte do exame ginecológico a inspeção da vulva, do canal vaginal e do colo uterino. Durante o
exame, deve-se atentar para sinais de inflamação (dor, calor e rubor), sangramento ou alterações locais
da pele e mucosa, como a presença de lesões e parasitas. No canal vaginal e no colo uterino, deve-se
observar a coloração da mucosa, a presença de secreções, lesões e corpo estranho, encaminhando ao
enfermeiro ou médico, nos casos de anormalidade.

As ações de controle do câncer de mama são: autoexame das mamas, exame clínico das mamas
e exames complementares. Estas ações têm como principal objetivo a detecção precoce de
alterações que podem sugerir ou constituir uma neoplasia.
Aqui vamos priorizar o exame clínico das mamas e o autoexame, citando os exames
complementares.
O câncer de mama geralmente apresenta-se como um nódulo.
Leva aproximadamente de seis a oito anos para atingir um centímetro de diâmetro. Esta lenta evolução
possibilita a descoberta ainda cedo destas lesões, se as mamas são periodicamente examinadas. As
primeiras metástases comumente aparecem nos gânglios linfáticos das axilas.
A doença é descoberta entre os 40 e os 60 anos de idade e os fatores de risco envolvidos são:
menarca antes dos 11 anos; primeiro parto após os 30 anos; nuliparidade; menopausa após os 55 anos;
história pessoal ou familiar de câncer de mama. Existem fatores de risco que podem ser controlados, pela
própria mulher desde que orientada a não ingerir dieta rica em gordura e pobre em fibras e vitaminas;
evitar exposição a radiações.
O que se sabe hoje sobre o câncer de mama ainda não é o suficiente para a utilização de medidas
que evitem o aparecimento da doença (prevenção primária). Os esforços para o controle são direcionados
para a detecção precoce (descoberta de pequenos tumores).
Aproximadamente, 80% dos tumores são descobertos pela própria mulher, tocando sua mama
incidentalmente. Portanto, é muito importante que o exame das mamas seja feito pela mulher e pelo
profissional de saúde na consulta.
O autoexame das mamas é um procedimento que permite à mulher participar do controle de sua
saúde. Recomenda-se que ele deve ser realizado mensalmente, uma semana após a menstruação,
período em que as mamas não apresentam edema. As mulheres que não tem mais menstruação devem
fazer o exame no mesmo dia de cada mês, para evitar o esquecimento.
O auxiliar de enfermagem deve orientar as clientes sobre o autoexame durante a pré consulta, em
reuniões educativas e nas oportunidades que surgirem. Nestas orientações, é necessário lembrar que as
mamas nem sempre possuem o mesmo tamanho, que mesmo fazendo o autoexame não se deve deixar
de fazer a consulta ginecológica periódica e que a presença de nódulo não significa que seja câncer.

As Etapas do Autoexame São:

a) Inspeção Em Frente ao Espelho


- A mulher deve estar de pé, sem roupa da cintura para cima, braços estendidos ao longo do corpo.
Ao se olhar, deve prestar atenção e comparar uma mama com a outra, observando tamanho, posição,
cor da pele, vasos ressaltados, repuxamento da pele, ou qualquer alteração que não havia percebido
antes.
- Depois, levantar os braços acima da cabeça e fazer as mesmas comparações, observando se existe
presença de massa tumoral.
- Finalmente colocar as mãos nos quadris, pressionando-os para baixo, para que o contorno das
mamas fique saliente.

b) Palpação
- Deitar com o ombro elevado (usar embaixo do ombro uma toalha dobrada).
- Examinar a mama esquerda com a mão direita até a axila.
- Examinar a mama direita com a mão esquerda até a axila.
- Proceder a expressão da aréola mamária observando a presença de secreção purulenta, serosa ou
sanguinolenta. Pode estar associado a processo inflamatório, lesão benigna ou lesão maligna. Vale
lembrar que as mulheres que tomam contraceptivos orais por tempo prolongado podem apresentar saída
de líquido claro, como também as mulheres que insistentemente estimulam a saída de secreção fazendo
expressão.

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A realização do exame mamário pela mulher (autoexame) não substitui o exame clínico
realizado pelo profissional. São dois procedimentos importantes que, somados, garantem à
mulher maior possibilidade de identificação precoce e rapidez para alcançar a cura.
O auxiliar de enfermagem que desenvolve suas atividades junto à mulher, devendo lembrar sempre
que o câncer é uma doença que afeta a autoimagem, a feminilidade, a amamentação, o relacionamento
sexual. Portanto, deve estar atento para amenizar as dificuldades da cliente e compreender seus
sentimentos de culpa, vergonha, depressão, dificuldade no relacionamento familiar, medo. O acolhimento
da cliente e seus familiares por toda a equipe é um fator fundamental para o sucesso do tratamento.

Câncer de Endométrio
O câncer de endométrio ou do corpo uterino é uma neoplasia maligna menos frequente que a do colo
uterino. Geralmente, acomete mulheres após os 50 anos, após a menopausa.
Os sinais de alerta são: as metrorragias mínimas, espontâneas e sem frequência definida; as
secreções rosadas semelhantes a “água de carne” (às vezes fétidas), as dores irregulares de curta
duração, repetidas várias vezes durante o dia. Entretanto, o câncer uterino é por muito tempo
assintomático ou só se apresenta como perda sanguínea isolada, da qual não se encontra o motivo, a
não ser após anamneses minuciosas.
Os métodos de diagnóstico são a histeroscopia e biópsia de endométrio, que poderão ser realizados
no ambulatório ou no centro cirúrgico. O tratamento sempre é cirúrgico, com a retirada total do útero e
seus anexos, também chamada de cirurgia de histerectomia total abdominal com anexectomia bilateral.

Câncer Vaginal
Os cânceres primitivos da vagina são raros. Em sua maioria são decorrência de metástase de
cânceres do colo ou do corpo uterino, portanto secundários, cujo prognóstico costuma ser sombrio. Os
pequenos sangramentos intermitentes ou mesmo as hemorragias mais importantes representam sinais
de alerta.

Evolução natural do câncer do colo do útero

O câncer do colo do útero, em sua evolução, passa por uma fase pré-invasiva, na qual intervenções
podem evitar seu progresso, e outra invasiva, caracterizada pela invasão de tecidos e que e de difícil
controle.

Lesões pré-invasivas: As lesões pré-invasivas são chamadas de Neoplasias Intra-epiteliais Cervicais


(NIC), que são classificadas em graus I, II e III, os quais refletem o seu comportamento biológico. Essa
nomenclatura sofreu uma revisão em 1988, classificando as NIC I como lesões de baixo grau e colocando
as NIC II e III num mesmo patamar biológico, classificando-as como lesões de alto grau. As alterações
celulares que não podem ser classificadas como neoplasia intra-epitelial cervical, mas merecem uma
investigação melhor, são classificadas como atipias de células escamosas de significado indeterminado
(ASCUS) ou atipias de células glandulares de significado indeterminado (AGUS). As lesões pré-
neoplásicas, se não tratadas, apresentam um potencial diferenciado de regressão, persistência e
progressão, segundo a sua classificação histológica. De acordo com a literatura, lesões do tipo NIC I
teriam um potencial de regressão maior (62% a 70%) quando comparadas as NIC II e III (45% a 55%)
num período de 11 a 43 meses. Por outro lado, a literatura mostra que as NIC I apresentam um menor
potencial de progressão de 4,9% a 16% do que dos NIC II e III, que e de 30% a 42%. Porém, o potencial
de persistência dessas lesões ainda permanece controverso.
Nos estágios iniciais de anormalidades na diferenciação, as células displasias, localizadas na
superfície do epitélio, podem ser detectadas através da técnica de Papanicolaou. Caso não haja
intervenção, a displasia poderá estagnar ou mesmo regredir espontaneamente; entretanto, pode
progredir, dando origem a neoplasia localizada sem invasão dos tecidos adjacentes, o chamado
carcinoma in situ. Nessas lesões, o padrão normal da divisão e diferenciação celular e muito mais
severamente deturpado e todas as camadas do epitélio consistem de células proliferativas não
diferenciadas, que são altamente variáveis em tamanho e cariótipo. Neste estágio, ainda e fácil alcançar
cura completa pela destruição ou remoção cirúrgica do tecido anormal, pois as células alteradas ainda
estão confinadas ao lado epitelial da lamina basal. Sem o tratamento adequado, as células displásicas
ainda poderão estagnar ou regredir; mas cerca de 20% a 30% dos casos evoluirão, num período de
alguns anos, originando um carcinoma cervical invasor, cujas células desprendem-se do epitélio,
atravessam a lamina basal e começam a invadir o tecido conectivo. A medida que o crescimento invasivo
se espalha, a cura passa a ser progressivamente mais difícil.

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Lesões invasivas

Nesta fase, a lesão ultrapassa os limites da membrana basal e passa a ser considerada invasiva de
tecidos vizinhos ao epitélio, evoluindo de uma área restrita ao colo para órgãos e estruturas próximas,
como vagina, paramétrios, linfonodos pélvicos e mucosas da bexiga e do reto, a órgãos e estruturas
distantes como pulmões, fígado, ossos e linfonodos, principalmente de acordo com o estadia mento, cuja
classificação mais utilizada e a FIGO (figura 64). Os tipos histológicos são: escamoso, mais frequente,
tem prognostico favorável; adenocarcinoma e menos comum, acomete mulheres jovens e tem pior
prognostico; seguido do sarcoma que e raro e altamente agressivo.
Estudos epidemiológicos tem mostrado que leva em média 10 anos para que uma célula normal evolua
para o estágio de câncer invasivo, começando por estágios precoces, que são detectáveis e curáveis,
possibilitando que sejam feitos esforços preventivos através de programas de rastreamento do câncer
cervical. Em relação aos sinais e sintomas, nos estágios iniciais, o câncer cervical pode ser assintomático,
tendo como sinal mais comum o sangramento, por perda sanguínea espontânea ou induzida, com
corrimento fétido aquoso comumente de cor rósea e constante. A progressão da doença leva ao
aparecimento de outros sintomas como disúria, polaciúria, incontinência urinaria enterorragia, tenesmo,
dor lombar e edema de membros inferiores.

Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama

Os elevados índices de incidência e mortalidade por câncer do colo do útero e da mama no


Brasil justificam a implantação de estratégias efetivas de controle dessas doenças que incluam ações
de promoção à saúde, prevenção e detecção precoce, tratamento e de cuidados paliativos, quando
esses se fizerem necessários.
Portanto, é de fundamental importância a elaboração e a implementação de Políticas Públicas na
Atenção Básica, enfatizando a atenção integral à saúde da mulher, que garantam ações relacionadas
ao controle dos cânceres do colo do útero e da mama como o acesso à rede de serviços quantitativa e
qualitativamente, capazes de suprir essas necessidades em todas as regiões do País.
Entre as ações desenvolvidas pelas equipes de Atenção Básica, destacam-se as ações relacionadas
ao controle dos cânceres do colo de útero e da mama. Segundo a Organização Mundial da Saúde, em
2008, ocorreram 1.384.155 casos novos de câncer da mama em todo o mundo, o que torna o tipo de
câncer mais comum entre as mulheres. Nesse mesmo ano, foram registrados cerca de 530 mil casos
novos de câncer do colo do útero (WHO, 2008). No Brasil, para o ano de 2012, são estimados 52.680
casos novos de câncer de mama feminino e 17.540 casos novos de câncer do colo do útero (INCA, 2012).
As ações de promoção ocorrem sobremaneira na atenção básica, que está mais próxima do
cotidiano das mulheres e as acompanha ao longo da sua vida. As abordagens educativas devem estar
presentes no processo de trabalho das equipes, seja em momentos coletivos, como grupos, atividades
do Programa de Saúde na Escola, outras abordagens grupais da equipe, seja em momentos individuais
de consulta. É fundamental a disseminação da necessidade dos exames e da sua periodicidade, bem
como dos sinais de alerta que podem significar câncer.
Com relação à detecção precoce, a maior parte dessas ações também ocorre na atenção básica.
Tanto as ações de rastreamento, que consistem em realizar sistematicamente testes ou exames em
pessoas sadias, quanto as ações de diagnóstico precoce, que consistem em captar precocemente
alguém que já tem sintomas ou alterações no exame físico, devem ser realizadas no cotidiano das
equipes.

Linha de Cuidado Para o Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama

O modelo assistencial deve organizar e articular os recursos nos diferentes níveis de atenção, para
que seja garantido o acesso aos serviços e ao cuidado integral. As pessoas devem ser vistas como
sujeitos a singularidade de sua história de vida, nas condições socioculturais, nos anseios e nas
expectativas. A abordagem dos indivíduos com a doença deve acolher as diversas dimensões do
sofrimento (físico, espiritual e psicossocial) e buscar o controle do câncer com preservação da qualidade
de vida.
No contexto da Rede Temática de Oncologia, as Linhas de Cuidado dos Cânceres do Colo do Útero
e da Mama implicam na organização de um conjunto de ações e serviços de saúde, estruturados com
base em critérios epidemiológicos e de regionalização para dar conta dos desafios atuais onde os quadros
relativos a esses cânceres são de alta relevância epidemiológica e social.

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A organização da Linha de Cuidado envolve intervenções na promoção da saúde, na prevenção, no
tratamento, na reabilitação e nos cuidados paliativos, englobando diferentes pontos de atenção à saúde,
com o objetivo de alcançar bons resultados clínicos, a custos compatíveis, com base na evidência
disponível na literatura científica.

A Linha de Cuidado do Câncer do Colo do Útero tem a finalidade de assegurar à mulher o acesso
humanizado e integral às ações e aos serviços qualificados para promover a prevenção do câncer do
colo do útero, acesso ao rastreamento das lesões precursoras, ao diagnóstico precoce e ao tratamento
adequado, qualificado e em tempo oportuno.

Será Organizada a Partir de Algumas Diretrizes, Entre Elas (Câncer do Colo do Útero):

1. Prevenção e Detecção Precoce


- Fortalecer e ampliar o acesso às informações sobre o câncer do colo do útero para todas as mulheres,
ressaltando que o câncer do colo do útero pode ser prevenido pela detecção e pelo tratamento das lesões
precursoras que antecedem, em muitos anos, o câncer.
- Estruturar os serviços de saúde para rastrear todas as mulheres de 25 a 64 anos a cada três anos,
além de atender todas as mulheres que apresentam sinais de alerta.
- Acompanhar e tratar todas as mulheres positivas, segundo as Diretrizes Brasileiras para o
Rastreamento do Câncer do Colo do Útero (INCA, 2011a).

2. Programa Nacional de Qualidade da Citologia


- Garantia de citologias de alto padrão.
- Garantir referência para cito e histopatologia.

3. Acesso à Confirmação Diagnóstica


- Garantia do acesso ao tratamento adequado da lesão precursora em tempo oportuno.
- Definir e pactuar que a unidade de referência deve realizar todos os procedimentos: colposcopia,
biópsia, EZT e utilizar o método “ver e tratar”.
- Implantar centros qualificadores de ginecologistas para atuarem na unidade de referência para
diagnóstico e tratamento da lesão precursora.

4. Tratamento Adequado e Em Tempo Oportuno


- Definir e pactuar serviços terciários para procedimentos especializados, como conização,
quimioterapia e radioterapia.
- Garantir que todas as mulheres iniciem seu tratamento o mais breve possível.
- Permitir que as mulheres com câncer do colo de útero sejam acompanhadas por uma equipe
multidisciplinar especializada.
- Garantir que toda mulher com câncer do colo de útero receba cuidados em um ambiente hospitalar
que acolha suas expectativas e respeite sua autonomia, dignidade e confidencialidade.
- Garantir que todo hospital que trata câncer do colo do útero tenha Registro Hospitalar de Câncer em
atividade.
- Garantir que toda mulher com câncer do colo do útero tenha direito aos cuidados paliativos para o
adequado controle dos sintomas e suporte social, espiritual e psicológico.

A Linha de Cuidado do Câncer da Mama tem a finalidade de assegurar à mulher o acesso


humanizado e integral às ações e serviços qualificados para promover a prevenção do câncer de
mama, acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento adequado, qualificado e em tempo
oportuno.

Será Organizada a Partir das Seguintes Diretrizes (Câncer da Mama):

1. Prevenção e Detecção Precoce


- Fortalecer e ampliar o acesso às informações relativas à prevenção do câncer da mama, enfatizando
que o controle do peso e da ingestão de álcool, além da amamentação e da prática de atividades físicas,
são formas de preveni-lo.
- Alertar médicos e população sobre os riscos associados à terapia de reposição hormonal.
- Fortalecer e ampliar o acesso às informações sobre a detecção precoce do câncer da mama para
todas as mulheres, ressaltando o alerta para os primeiros sinais e sintomas do câncer da mama.

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- Realizar o diagnóstico precoce de lesões sugestivas de câncer de mama e encaminhá-las com
prioridade para atenção especializada.
- Organizar o rastreamento das mulheres de 50 a 69 anos em áreas cuja elevada ocorrência deste tipo
de câncer justifique esta iniciativa.

2. Programa Nacional de Qualidade da Mamografia (PNQM)


- Garantir imagens radiográficas de alto padrão com doses mínimas de radiação.
- Incluir todos os serviços de mamografia no Programa Nacional de Qualidade em Mamografia.

3. Acesso à Confirmação Diagnóstica


- Definir e pactuar serviços de referência para confirmação diagnóstica dos casos suspeitos.
- Regular o acesso à confirmação diagnóstica, propiciando que casos referenciados pela atenção
primária com lesão palpável, ou outros sinais e sintomas suspeitos tenham prioridade.

4. Tratamento Adequado e Em Tempo Oportuno


- Definir e pactuar com unidade terciária de referência para tratamento dos casos confirmados.
- Garantir que todas as mulheres, com diagnóstico de câncer de mama confirmado, iniciem seu
tratamento o mais breve possível.
- Garantir que toda mulher com câncer da mama tenha seu diagnóstico complementado com a
avaliação do receptor de estrogênio e progesterona.
- Permitir que as mulheres com câncer da mama sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar
especializada, que inclua médicos (cirurgião, oncologista clínico e radioterapeuta), enfermeiros,
psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais e fisioterapeutas.
- Garantir que toda mulher com câncer da mama receba cuidados em um ambiente hospitalar que
acolha suas expectativas e respeite sua autonomia, dignidade e confidencialidade.
- Garantir que todo hospital que trate câncer da mama tenha Registro Hospitalar de Câncer em
atividade.
- Garantir que toda mulher com câncer da mama tenha direito aos cuidados paliativos para o adequado
controle dos sintomas e suporte social, espiritual e psicológico.

Tratamento

O tratamento e indicado com base no estadia mento tumoral, tipo histológico, idade da paciente,
condição clínica, desejo de procriar e recursos disponíveis. Os procedimentos variam desde os mais
conservadores, como a retirada de lesões, até tratamentos radicais e complexos como cirurgia,
quimioterapia, radioterapia e associações desses tratamentos.

Tempo de seguimento

Pacientes submetidas à histerectomia total tipos II e III


-Revisão semestral nos dois primeiros anos.
-Revisão anual até cinco anos.
-Caso não haja recidiva após cinco anos, alta.

Pacientes submetidas à radioterapia


-Revisão após quatro meses.
-Revisão semestral até dois anos.
-Revisão anual até cinco anos.
-Caso não haja recidiva ou intercorrências relacionadas ao tratamento após cinco anos, alta.

Complicações

As complicações são causadas por danos teciduais e funcionais provocados pela evolução da doença
e/ou efeitos do tratamento. A progressão da doença em evolução gera complicações como fistulas, linfo
edema de membros inferiores, compressão de vias urinarias e intestinais. Os tratamentos, embora
eficazes, sobretudo nos estágios iniciais, trazem danos esperados, por vezes comprometendo a
qualidade de vida pós-tratamento. No tratamento cirúrgico, as complicações ocorrem com mais frequência
no Wertheim Meigs, cirurgia caracterizada por histerectomia total, salpingooforectomia bilateral e
linfadenectomia. A principal complicação dessa cirurgia e a bexiga neurogênica que e caracterizada pela

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ausência da sensação da necessidade de urinar seguida de retenção urinaria, e causada pela
manipulação da enervação dos ureteres e bexiga na realização da dissecção para extirpação do tecido
celular subperitoneal, paravesical e ureteral, além de fistulas envolvendo vias urinarias e intestinais na
área pélvica e outras complicações, como infecção da parede, peritonite e hemorragia que ocorrem com
frequência bastante reduzida.
Na quimioterapia, os efeitos são denominados de toxicidade e estão relacionados a destruição de
células saudáveis, que estão em mitose provocada pela ação sistêmica da cisplatina, causando nefro
toxicidade, mielotoxicidade, neurotoxicidade e toxicidade gastrointestinal. No tratamento radioterápico, as
complicações são causadas pelos efeitos adversos nos tecidos sadios localizados nas áreas adjacentes
a irradiada. Os efeitos adversos agudos atingem pele, membranas mucosas, reto e aparelho geniturinário,
e os tardios tem como áreas mais afetadas o retossigmoide, com maior frequência em estágios mais
avançados da doença, na qual a dose de radioterapia externa e maior; seguido de bexiga, uretra e ureter;
útero, ovário e vagina, gerando disfunção sexual, e mais raramente osso e sangue.

Ações de enfermagem no tratamento do câncer do colo uterino

As ações de enfermagem no tratamento do câncer do colo visam a oferecer assistência de


enfermagem integral individualizada, para cada paciente, informar sobre cada passo do tratamento, seja
por cirurgia, radioterapia ou tratamento combinado, fornecendo informações que minimizem as possíveis
complicações, orientando para o autocuidado. As ações iniciam-se no primeiro atendimento pós-matricula
até o período pós-tratamento. O fluxo das ações de enfermagem (figura 68) compreende consultas de
enfermagem para acolhimento no dia da matricula; pré-cirúrgica eletiva; pós-operatória; pré-teleterapia,
primeira, 15ª e 25a aplicações de teleterapia; primeira e terceira aplicações de braquiterapia e pos-
braquiterapia, orientações em grupo com recursos visuais e assistência de enfermagem durante a
internação através de visita pré-operatória, admissão, planejamento e evolução diária, bem como
planejamento de alta hospitalar.

Pré-cirúrgico

A abordagem de enfermagem pré-operatória pode ser trabalhada através de consultas, que visa a
acolher e a apoiar a paciente após o diagnóstico e a instruir sobre dúvidas relacionadas ao tratamento
proposto. Os riscos previsíveis pela enfermagem devem ser identificados, assim como as instruções
quanto ao processo de internação durante o tratamento, tais como: jejum, preparos intestinais e aparos
de pelos e o uso de cateteres; a internação; e, no domicilio, no caso de cirurgias de histerectomia total
dos tipos II e III mais comumente e outras cirurgias mais radicais.
No momento da internação, e feita uma avaliação sistemática do enfermeiro baseada na identificação
das necessidades afetadas da paciente, visando a elaboração de um plano assistencial que gera
intervenções de curto, médio e longo prazo e que podem ser realizadas de forma independente e ou
interdisciplinar. Essa avaliação consta de histórico de enfermagem, exame físico, dados laboratoriais, de
imagem e aplicação de escalas que avaliam nível de consciência, condição física, nível de algia e
autocuidado. As ações de enfermagem peculiares a este tipo de cirurgia no pré-operatório consistem de
evolução diária, a aplicação do preparo intestinal e de pele, bem como realização do protocolo de preparo
institucional para histerectomia total dos tipos II e III, composto de jejum de 12 horas, aparo de pelos da
região pubiana e lavagem vesical com clister glicerinado.
No centro cirúrgico, e realizada a avaliação da paciente na recepção pré-operatória imediata, que
consiste na leitura dos registros anteriores, conferencia de dados e preparo para cirurgia, identificação de
riscos de enfermagem na cirurgia e pós-operatório, como lesões ou limitações funcionais. Elaborar plano
assistencial e encaminhar a sala de operação. A assistência de enfermagem pós-operatória consiste na
avaliação do estado geral da paciente, atentando para o restabelecimento de padrões funcionais
relevantes neste período, como: nutrição, atividade física, integridade da pele, eliminação urinaria e
intestinal. O exame abdominal deve ser realizado na busca da identificação do retorno da função intestinal
e deverá ser monitorizado desde o primeiro dia de pós-operatório, atentando para o reinicio dos
movimentos peristálticos abdominais, possíveis episódios eméticos. A saída do leito deve ser estimulada
tão logo se tenha condição clínica, avaliando continuamente a competência do autocuidado.

A permanência do cateter de demora durante a internação e no domicilio objetiva prevenir possível


retenção vesical provocada pela denervação das vias urinarias durante o procedimento cirúrgico.
Redução do volume urinário e perdas de diurese por via vaginal são alertas para a presença de fistulas
urinarias, a complicação mais comum neste tipo de cirurgia. A troca do curativo cirúrgico deve ser feita

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de forma asséptica, avaliando continuamente a possibilidade de exposição da ferida, caso haja ausência
de exsudato e presença de pontes epiteliais. Na alta, e feito o reforço das orientações para o autocuidado
e entregue o folheto com orientações para cirurgia ginecológica

Pós-alta de internação cirúrgica

A consulta de enfermagem e realizada no 15o dia de pós-operatório nas cirurgias de histerectomia II


e III. As ações de enfermagem nessas consultas consistem do histórico, exame físico, avaliação do estado
geral do paciente no período pós-operatório, exame da ferida pós-operatória, retirada de pontos, inspeção
do local de inserção da sonda vesical, meato urinário em busca de alterações cutâneas, sinais de fistula,
aspecto da urina e realização do teste de resíduo pós-miccional. O teste consiste na retirada da sonda
vesical, orientação para ingestão de um copo de agua de 250 ml a cada 15 minutos até completar cinco
copos. Aguardar um episódio de diurese espontânea e, após, proceder cateterismo vesical. Se o debito
for maior do que 100 ml ou se a paciente não conseguir urinar espontaneamente, deverá permanecer
com sonda de demora com circuito fechado por mais uma semana, e se o debito for menor do que 100
ml, a sonda deverá ser retirada.
Se a paciente realizar três testes de resíduo sem êxito, deverá ser encaminhada ao médico
ginecologista para avaliação urodinâmica para conduta posterior. O teste tem a finalidade de verificar o
resíduo urinário persistente na bexiga após uma diurese, o que avalia a ineficiência da função vesical. O
teste de resíduo pós-miccional e realizado no 15o dia de pós-operatório para histerectomia II e no 30o
para histerectomia III.

Pré-radioterapia

Antes do início do tratamento, e feita a orientação em grupo por meio de palestra com recurso visual
sobre radioterapia na pelve feminina, seguida de esclarecimento de dúvidas a pacientes, familiar ou
acompanhante, versando sobre a importância do cumprimento da agenda proposta para o tratamento,
efeitos adversos que podem acometer a paciente e como minimiza-los. As consultas de enfermagem são
realizadas nos períodos: pré, durante o período de radioterapia, pós-teleterapia e durante o período de
radioterapia e pos-braquiterapia. Essas consultas tem a finalidade de avaliar as condições clinicas,
identificar riscos para complicações e não efetividade do tratamento, e a elaboração de plano assistencial
a curto, médio e longo prazo. Utiliza como estratégia o histórico de enfermagem, exame físico, escuta
apurada das queixas da paciente, avaliação do estado emocional e grau de adesão ao tratamento,
procurando evitar falhas no fluxo; fornecimento de cartilha com orientação para radioterapia ginecológica
e informação sobre a possibilidade de encaminhamento para equipe multidisciplinar, quando necessário.

Ações da Atenção Básica no Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da Mama

As ações da Atenção Básica são diversas no controle dos cânceres do colo do útero e da mama.
Vão desde cadastro e identificação da população prioritária ao acompanhamento das usuárias em
cuidados paliativos.
É fundamental que a equipe conheça a sua população, com cadastro sistemático de todos os
usuários da sua área adscrita. A partir desse cadastro, ela deve conseguir identificar todas as mulheres
da faixa etária prioritária, bem como identificar aquelas que têm risco aumentado para a doença. Ao
realizar o cruzamento entre as mulheres que deveriam realizar o exame e as que o realizaram, é possível
definir a cobertura e, a partir daí, pensar em ações para ampliar o acesso ao exame. Avaliar a cobertura
do exame é tarefa fundamental das equipes, bem como avaliação dos resultados dos exames e dos
exames insatisfatórios no caso do colo do útero.
As ações de prevenção da saúde são uma estratégia fundamental, não só para aumentar a
frequência e adesão das mulheres aos exames, como para reforçar sinais e sintomas de alerta, que
devem ser observados pelas usuárias. Além de abordagens para grupos específicos (por exemplo,
gestantes, mães de crianças em puericultura, idosas), é fundamental que os processos educativos
ocorram em todos os contatos da usuária com o serviço, estimulando-a a realizar os exames de acordo
com a indicação.
A realização do citopatológico deve ocorrer na própria unidade básica de saúde, podendo ser
realizado durante a consulta ou em agendamentos específicos para esse fim. A estratégia de mutirão em
horários alternativos permite atingir mulheres que geralmente não conseguem ter acesso ao exame.
Usuárias que não comparecem espontaneamente podem ser convocadas para realização do exame.

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Independente da forma de abordagem, o exame deve ser coletado mediante a técnica específica, e a
mulher deve ser respeitada e abordada integralmente.
No caso da mamografia, a solicitação deve ser realizada pelo profissional da unidade, durante a
consulta ou em estratégias de busca ativa de mulheres, como visita domiciliar. É fundamental que nas
consultas o profissional realize o exame clínico das mamas para detectar lesões palpáveis.
Além de solicitar o exame, cabe realizar orientações sobre a forma que o exame é feito, bem como a
sua importância para fortalecer a aderência da usuária à sua realização.
Após a realização da coleta do citopatológico, cabe à Atenção Básica encaminhar o material para
análise, e aguardar o recebimento dos laudos. Em unidades não informatizadas, cabe realizar um
cadastro manual dos exames encaminhados para poder acompanhar o retorno dos laudos.
Cabe o mesmo em relação às solicitações de mamografia, constando as informações das datas de
solicitação e de realização do exame, informada pelo serviço de mamografia ou pela própria usuária. O
resultado deve ser informado à mulher, preferencialmente durante uma consulta.
De posse do resultado, o profissional deve realizar a conduta de acordo com o resultado. Caso o
resultado determine encaminhamento a outro serviço, é fundamental realizar uma solicitação de
encaminhamento qualificada, com os dados relevantes sobre a usuária, sobre o quadro clínico e sobre o
resultado do exame. Além disso, é necessário que a equipe acompanhe essa mulher, verificando a
adesão ao tratamento.
Como a Atenção Básica-AB é a coordenadora do cuidado, ela deve acompanhar as usuárias durante
todo o tratamento, avaliando a necessidade de intervenções durante esse processo. Em especial no caso
do cuidado paliativo, a equipe deve estar preparada para acolher essa usuária e propiciar o seu
tratamento. Grande parte das necessidades em cuidados paliativos pode ser realizada pela equipe, na
UBS ou no domicílio da usuária.

Atribuições do Enfermeiro da Atenção Básica no Controle dos Cânceres do Colo do Útero e da


Mama36

a. Atender as usuárias de maneira integral.


b. Realizar consulta de enfermagem e a coleta do exame citopatológico, de acordo com a faixa etária
e quadro clínico da usuária.
c. Realizar consulta de enfermagem e o exame clínico das mamas, de acordo com a faixa etária e
quadro clínico da usuária.
d. Solicitar exames de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidos pelo gestor local.
e. Examinar e avaliar pacientes com sinais e sintomas relacionados aos cânceres do colo do útero e
de mama.
f. Avaliar resultados dos exames solicitados e coletados, e, de acordo com os protocolos e diretrizes
clínicas, realizar o encaminhamento para os serviços de referência em diagnóstico e/ou tratamento dos
cânceres de mama e do colo do útero.
g. Prescrever tratamento para outras doenças detectadas, como Doença Sexualmente Transmissível-
DSTs, na oportunidade do rastreamento, de acordo com os protocolos ou normas técnicas estabelecidos
pelo gestor local.
h. Realizar cuidado paliativo, na Unidade Básica de Saúde-UBS ou no domicílio, de acordo com as
necessidades da usuária.
i. Avaliar periodicamente, e sempre que ocorrer alguma intercorrência, as pacientes acompanhadas
em Atenção Domiciliar-AD1, e, se necessário, realizar o encaminhamento para unidades de internação
ou Equipe Multiprofissional de Atenção Domiciliar-Emad.
j. Contribuir, realizar e participar das atividades de educação permanente de todos os membros da
equipe.
k. Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da unidade
básica de saúde.

Nomenclatura Citológica Brasileira

O câncer do colo do útero é precedido por uma longa fase de doença pré-invasiva, denominada
de neoplasia intraepitelial cervical (NIC). A NIC é categorizada em graus I, II e III, dependendo da
proporção da espessura do epitélio que apresenta células maduras e diferenciadas. Os graus mais
graves da NIC (II e III) apresentam uma maior proporção da espessura do epitélio composto de células
36
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. 2.
ed. Brasília: 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 13)

. 307
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indiferenciadas (SELLORS & SANKARANARAYANAN) e, devido à sua maior probabilidade de
progressão para o câncer, se deixadas sem tratamento (MCCREDIE et al.), são consideradas seus reais
precursores. A maioria das NIC I regride em períodos entre 12 a 24 meses ou não progride à NIC II ou III
e, portanto, não é considerada lesão precursora (MELNIKOW et al.).
A infecção persistente, provocada por um ou mais dos tipos oncogênicos de Papilomavírus humano
(HPV), é uma causa necessária da neoplasia cervical, porém, a maioria das alterações cervicais causadas
pela infecção do HPV tem pouca probabilidade de progredir (SELLORS & SANKARANARAYANAN).
A lesão precursora que se origina do epitélio colunar é denominada de adenocarcinoma in situ (AIS).
O AIS pode estar associado à NIC em um a dois terços dos casos (SELLORS &
SANKARANARAYANAN).
O quadro a seguir expõe as nomenclaturas citopatológica e histopatológica utilizadas desde o início
da realização do exame citopatológico para o diagnóstico das lesões cervicais escamosas e suas
equivalências (Quadro 1). A nomenclatura dos exames citopatológicos utilizada no Brasil (INCA) foi
baseada no Sistema Bethesda (2001) e, para os exames histopatológicos, é utilizada a nomenclatura de
Richart. As nomenclaturas de Papanicolaou, que utilizam classes numéricas, e da Organização Mundial
da Saúde (OMS), que usam o termo displasia, não devem ser mais usadas, pois diferenciam
indevidamente graus de doença pré-invasiva.
Para uma descrição completa das categorias diagnósticas atualmente utilizadas no Brasil, recomenda-
se a consulta à Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Preconizadas (INCA).

Quadro 1 – Nomenclaturas citopatológica e histopatológica utilizadas desde o início da


realização do exame citopatológico para o diagnóstico das lesões cervicais escamosas e suas
equivalências

Classificação Classificação Classificação


Classificação Citológica
citológica de histológica da OMS histológica de
Brasileira (2006)
papanicolaou (1941) (1952) Richart (1967)
Classe I - - -
Classe II - - Alterações benignas
Atipias de significado
- - -
indeterminado
lesão intraepitelial
Displasia leve NIC I escamosa de baixo grau
(lSIl)
Classe III
lesão intraepitelial
Displasia moderada NIC II e
escamosa de alto grau
e acentuada NICIII
(HSIl)
HSIl
Classe IV Carcinoma in situ NIC III
AIS
Classe V Carcinoma invasor Carcinoma invasor Carcinoma invasor
Fonte: INCA. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Coordenação Geral de Ações Estratégicas. Divisão de Apoio à Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes
brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

O câncer do colo do útero inicia-se a partir de uma lesão precursora, curável na quase totalidade dos
casos. Trata-se de anormalidades epiteliais conhecidas como neoplasias intraepiteliais cervicais de graus
II e III (NIC II/III), além do AIS. Apesar de muitas dessas lesões poderem regredir espontaneamente, sua
probabilidade de progressão é maior, justificando seu tratamento. As mulheres que desenvolvem infecção
persistente por HPV do tipo 16 têm cerca de 5% de risco de desenvolverem NIC III ou lesão mais grave
em três anos e 20% de risco em dez anos. Quando a infecção persistente for por outros tipos de HPV
oncogênico, esse risco reduz pela metade (KJæR et al.). Já a NIC I, por ter maior probabilidade de
regressão ou persistência do que de progressão, não é considerada uma lesão precursora do câncer do
colo do útero (MELNIKOW et al.).

Recomendações:
- O método de rastreamento do câncer do colo do útero e de suas lesões precursoras é o exame
citopatológico. O intervalo entre os exames deve ser de três anos, após dois exames negativos, com
intervalo anual.
- O início da coleta deve ser aos 25 anos de idade para as mulheres que já tiveram atividade sexual.

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- Os exames devem seguir até os 64 anos e serem interrompidos quando, após essa idade, as
mulheres tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos.
- Para mulheres com mais de 64 anos e que nunca realizaram o exame citopatológico, deve-se realizar
dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos forem negativos, essas mulheres podem ser
dispensadas de exames adicionais.
Essas recomendações não se aplicam a mulheres com história prévia de lesões precursoras do câncer
do colo uterino.
Há menos evidências objetivas sobre quando as mulheres devem encerrar a coleta de espécimes para
exame citopatológico no rastreamento do câncer do colo do útero. Há uma tendência de ampliar o
intervalo entre as coletas em mulheres com idade mais avançada, como propõem as recomendações
atuais da OMS.
De qualquer forma, mesmo em países com população de alta longevidade, não há dados objetivos de
que o rastreamento seja útil após os 65 anos (SASIENI; CASTAÑON; CUZICK).

Situações Especiais

Gestantes
Gestantes têm o mesmo risco que não gestantes de apresentarem câncer do colo do útero ou seus
precursores. O achado destas lesões durante o ciclo grávido puerperal reflete a oportunidade do rastreio
durante o pré-natal. Apesar de a junção escamocolunar no ciclo gravidicopurperal encontrar-se
exteriorizada na ectocérvice na maioria das vezes, o que dispensaria a coleta endocervical, a coleta de
espécime endocervical não parece aumentar o risco sobre a gestação quando utilizada uma técnica
adequada (HUNTER; MONK; TEWARI).
Recomendação: o rastreamento em gestantes deve seguir as recomendações de periodicidade e
faixa etária como para as demais mulheres, sendo que a procura ao serviço de saúde para realização de
pré-natal deve sempre ser considerada uma oportunidade para o rastreio.

Pós-Menopausa
Mulheres na pós-menopausa, sem história de diagnóstico ou tratamento de lesões precursoras do
câncer do colo uterino, apresentam baixo risco para desenvolvimento de câncer (SASIENI; CASTAÑON;
CUZICK).
O rastreamento citológico em mulheres na menopausa pode levar a resultados falso-positivos
causados pela atrofia secundária ao hipoestrogenismo, gerando ansiedade na paciente e procedimentos
diagnósticos desnecessários.
Mulheres no climatério devem ser rastreadas de acordo com as orientações para as demais mulheres;
e, em casos de amostras com atrofia ou ASC-US, deve-se proceder à estrogenização local ou sistêmica.
É fato que o diagnóstico de casos novos de câncer do colo uterino está associado, em todas as faixas
etárias, com a ausência ou irregularidade do rastreamento (SASLOW et al.). O seguimento de mulheres
na pós-menopausa deve levar em conta seu histórico de exames.
Recomendação: mulheres na pós-menopausa devem ser rastreadas de acordo com as orientações
para as demais mulheres. Se necessário, proceder à estrogenização prévia à realização da coleta.

Histerectomizadas
O rastreamento realizado em mulheres sem colo do útero devido à histerectomia por condições
benignas apresenta menos de um exame citopatológico alterado por mil exames realizados (USA/NCI).
Recomendação: mulheres submetidas à histerectomia total por lesões benignas, sem história prévia
de diagnóstico ou tratamento de lesões cervicais de alto grau, podem ser excluídas do rastreamento,
desde que apresentem exames anteriores normais.
Em casos de histerectomia por lesão precursora ou câncer do colo do útero, a mulher deverá ser
acompanhada de acordo com a lesão tratada.

Mulheres Sem História de Atividade Sexual


Considerando os conhecimentos atuais em relação ao papel do HPV na carcinogênese do câncer do
colo uterino e que a infecção viral ocorre por transmissão sexual, o risco de uma mulher que não tenha
iniciado atividade sexual desenvolver essa neoplasia é desprezível.
Recomendação: não há indicação para rastreamento do câncer do colo do útero e seus precursores
nesse grupo de mulheres.

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Imunossuprimidas
Alguns fatores de risco diretamente relacionados à resposta imunológica têm sido associados à maior
chance de desenvolvimento de NIC. Mulheres infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV),
mulheres imunossuprimidas por transplante de órgãos sólidos, em tratamentos de câncer e usuárias
crônicas de corticosteroides constituem os principais exemplos deste grupo. A prevalência da infecção
pelo HPV e a persistência viral, assim como a infecção múltipla (por mais de um tipo de HPV), são mais
frequentes nesse grupo de mulheres. Em mulheres infectadas pelo HIV, o desaparecimento do HPV
parece ser dependente da contagem de células CD4+ e lesões precursoras tendem a progredir mais
rapidamente e a recorrer mais frequentemente do que em mulheres não infectadas pelo HIV. Entretanto,
mulheres infectadas pelo HIV imunocompetentes, tratadas adequadamente com terapia antiretroviral de
alta atividade (HAART), apresentam história natural semelhante às demais mulheres (Australian
Government/National Health and Medical Research Council, 2005).
Existem questionamentos quanto à eficácia do exame citopatológico em mulheres infectadas pelo
HIV, pela maior prevalência de citologias com atipias de significado indeterminado e maior frequência de
infecções associadas. Para minimizar os resultados falso-negativos, alguns autores preconizam a
complementação colposcópica (BOARDMAN; KENNEDy, 2008).
É consenso que, pelas características mencionadas, as mulheres infectadas pelo HIV devem ser
submetidas ao rastreio citológico de forma mais frequente (USA/CDC, 2006). Diretrizes americanas
recomendam a coleta anual da citologia após duas citologias semestrais normais e, em mulheres com
CD4 abaixo de 200 células/mm3, realizar citologia e encaminhar para colposcopia a cada seis meses
(ACOG, 2009). Também, considerando a maior frequência de lesões multicêntricas, é recomendado
cuidadoso exame da vulva (incluindo região perianal) e da vagina. No caso de a citologia mostrar
inflamação acentuada ou alterações celulares escamosas reativas, realizar nova coleta citológica em três
meses, após tratamento adequado (USA/ CDC, 1998; USA. USPHS/IDSA, 1999).
Recomendação: o exame citopatológico deve ser realizado neste grupo após o início da atividade
sexual com intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter seguimento anual enquanto se
mantiver o fator de imunossupressão.
Mulheres HIV positivas com CD4 abaixo de 200 células/mm³ devem ter priorizada a correção dos níveis
de CD4 e, enquanto isso, devem ter o rastreamento citológico a cada seis meses.

Assistência à Saúde da Mulher37

A assistência à saúde da mulher está organizada num programa do Ministério da Saúde, o


Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM). Este programa prevê a assistência à
mulher de forma integrada, abordando-se as várias fases de sua vida, da adolescência à menopausa,
incluindo a assistência ao pré-natal, parto e puerpério (ciclo gravídico-puerperal), planejamento familiar
(ciclo reprodutivo), assistência clínico-ginecológica (prevenção e controle do câncer ginecológico e de
mama e prevenção das DST) e climatério. O objetivo do programa é melhorar as condições de saúde da
mulher e reduzir as taxas de morbidade e mortalidade maternas.
Na assistência clínico-ginecológica há especial preocupação com a prevenção do câncer de mama e
do câncer cérvico-uterino. A ocorrência destes tipos de neoplasias expressa a baixa cobertura dos
exames preventivos e pouco investimento em atividades de educação em saúde.
O câncer do colo do útero é uma doença possível de ser prevenida e curada. Entretanto, em nosso
país representa a segunda causa de óbitos por neoplasia em mulheres, pois 70% dos casos
diagnosticados já estão em fases avançadas. Ressalte-se, ainda, ser uma doença que incide mais em
mulheres de baixo nível socioeconômico.
Para reduzir a incidência e a mortalidade por câncer de colo do útero, o Ministério da Saúde
desenvolveu o Programa Nacional de Controle de Câncer de Colo Uterino – o qual utiliza as
estratégias de ações educativas e aumento da qualidade dos serviços prestados pelo sistema de saúde.
Seu público-alvo são as mulheres entre 35 e 49 anos de idade, consideradas como a população de maior
risco.

As etapas do Programa de Prevenção de Câncer do Colo do Útero (PCCU) São:


– recrutamento, consiste em um conjunto de ações educativas que visam aumentar o conhecimento
da população-alvo sobre o câncer de colo do útero;
– descrição detalhada das atribuições de cada profissional no controle e tratamento, bem como
treinamento e reciclagem constantes dos profissionais;
37
SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. BRUNNER & SUDDARTH: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2000. (volume 3)

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– coleta de material para o exame de Papanicolaou (preventivo ou colpocitológico): consiste no preparo
e orientação prévia da mulher, coleta do esfregaço, processamento e leitura do esfregaço no laboratório;
– avaliação do resultado, tratamento e acompanhamento do tratamento do câncer de colo do útero,
quando se fizer necessário.

Este programa, como os demais, é operacionalizado pelas unidades básicas de saúde.


O câncer de mama é um grave problema de saúde pública, responsável por significativo número de
óbitos entre mulheres adultas. É, provavelmente, o câncer mais temido pelas mulheres, tanto por sua alta
frequência como, sobretudo, pelo impacto psicológico que provoca, visto envolver negativamente as
percepções da sexualidade e autoestima.
A principal e mais efetiva arma que contra ele dispomos é o seu diagnóstico precoce mediante
realização do autoexame das mamas - procedimento que permite à mulher participar do controle de sua
saúde, uma vez que possibilita a identificação precoce de quaisquer alterações das mamas.
As questões referentes à saúde reprodutiva da mulher convergem para a abordagem sobre o exercício
responsável do seu direito reprodutivo, como forma de vivenciar sua sexualidade e ter liberdade sobre a
escolha de tornar-se mãe ou não.
O Programa de Planejamento Familiar, do Ministério da Saúde, responsável pelo desenvolvimento
das ações referentes ao ciclo reprodutivo, orienta-se especificamente por ações preventivas e educativas
e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a
regulação da fecundidade, inclusive a esterilização voluntária - permitida tanto para homens como para
mulheres com mais de 25 anos, ou pelo menos com dois filhos, ou quando há risco de vida à saúde da
mulher ou do concepto.
As ações básicas previstas neste Programa preconizam, ainda, que sejam repassadas informações
sobre a anatomia e fisiologia do corpo feminino, métodos anticoncepcionais, seu funcionamento,
vantagens e desvantagens – tudo isto realizado através de metodologia de práticas educativas e acesso
a todos os métodos, para que a mulher possa fazer a opção que a ela melhor se adeque.
A assistência à mulher durante as fases do ciclo gravídico-puerperal compreende todas as ações
previstas no Programa de Assistência Pré-Natal – o qual deve ser estruturado com ações clínicas e
educativas que visem garantir a saúde da mulher e de seu filho. Para operacionalizar essa assistência,
há uma divisão pautada nas fases do ciclo: pré-natal (gestação), parto e puerpério (período até 6 semanas
após a gestação).
O objetivo destas atividades relaciona-se à redução das complicações durante a gestação, que podem
resultar em óbito materno e ou fetal. No Brasil, os coeficientes de morte materna são considerados
incompatíveis com o nível de desenvolvimento do país. Anualmente, cerca de 3.000 mulheres morrem
em alguma fase do ciclo gravídico-puerperal, o que reflete desvalorização e desrespeito à vida, e baixa
qualidade dos serviços de saúde.
No puerpério, a mulher deve receber atendimento clínico e esclarecimentos sobre o retorno à vida
sexual, planejamento familiar, incentivo ao aleitamento materno, práticas de puericultura e direitos
previstos em lei para as mães que trabalham ou contribuem com a Previdência Social.
Embora recente, a utilização de estratégias voltadas para a assistência no puerpério devem ser
rotineiramente implementadas, pois neste período há uma concentração de morbimortalidade para a mãe,
expressa em distúrbios psíquicos, infecção vaginal, mastite e doenças circulatórias obstrutivas, entre
outros sintomas.
A assistência à saúde da mulher no climatério, visando promover uma vida digna nesta faixa etária,
passou a ser uma necessidade devido ao aumento da expectativa de vida da população brasileira como
um todo - para 75 anos de idade, em média.
Esta fase do ciclo vital feminino indica que a mulher passou da fase reprodutiva, o que não significa o
fim de sua sexualidade. É um período de transformações e ocorre entre os 40 e 65 anos. O climatério
inicia-se gradualmente e está associado a uma série de alterações em decorrência da perda de atividade
dos ovários, causando mudanças metabólicas (modificações das lipoproteínas), hormonais (queda
progressiva dos níveis de estrogênio), genitais (ressecamento da mucosa vaginal) e psicológicas
(depressão), por exemplo.
Normalmente, não se faz necessário qualquer tratamento para a menopausa, mas sim
acompanhamento às situações que possam oferecer algum risco à mulher ou impliquem perda de sua
autonomia e/ou comprometimento de sua integridade física (como a predisposição à osteoporose) e
emocional (baixa autoestima, receio de “não ser mais mulher como era antes”).
Como o climatério é um período de transição, é importante ressaltar a atenção que deve ser dada
às questões reprodutivas pelo menos até um ano após a menopausa - pois uma gestação nessa fase se
caracterizaria em risco de vida tanto para a gestante como para o concepto.

. 311
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Nesta faixa etária deve-se atentar para o aumento da ocorrência de DST/Aids. Por não mais se
preocupar com a hipótese de uma possível gravidez, a mulher sente-se mais livre para os
relacionamentos sexuais, ficando exposta a adquirir uma DST/Aids caso não adote comportamento
seguro. Outro aspecto é o fato de a mulher viver um relacionamento duradouro e estável, o que a faz
acreditar que não corre o risco de adoecer. Orientá-la nesta fase é sempre um desafio, pois suas opiniões
já estão formadas, sendo mais difícil mudá-las.
A assistência à mulher vítima de violência sexual tornou-se uma necessidade devido ao aumento,
tanto nos espaços urbanos como nos rurais, da violência contra homens, mulheres e crianças.
A segurança, assim como a saúde, é dever do Estado, mas há muitas barreiras para enfrentar tal
problema, cujas causas residem principalmente nas condições de desigualdade social e falta dos recursos
necessários para reduzir as desigualdades, e de investimentos na segurança propriamente dita.
Dentre todas as formas, a violência contra a mulher, tanto física quanto sexual, vem se destacando.
Muitas vezes, ocorre dentro de sua própria casa, realizada por alguém conhecido (pai, marido, irmão,
namorado, etc.).
Ao ser procurado por uma mulher que sofreu violência, o profissional de saúde deve estar capacitado
nos programas especiais de atenção, para garantir que o a uso por ela sofrido gere o mínimo de medo,
culpa e baixa autoestima, seja nos aspectos físicos seja nos psicológicos. Além disso, o serviço de
acompanhamento ginecológico e obstétrico das unidades de saúde deve estar estruturado para realizar
as condutas e os encaminhamentos necessários.
Durante o atendimento, é importante que os profissionais de saúde envolvidos sejam sensíveis às
dificuldades que a mulher apresenta para relatar o acontecido, havendo inclusive recusa em ser assistida
por profissionais do sexo masculino. Cabe neste momento reforçamos a necessidade de que seja
prestado um atendimento humanizado, valorizando as questões subjetivas expressas pela mulher
(sentimentos, medo, dúvidas, incertezas), procurando proporcionar-lhe algum conforto para que possa
sentir-se menos constrangida diante de toda a situação em que está envolvida.

A assistência a essa mulher compreende:


– Atendimento psicológico - a presença de um psicólogo acompanhando o atendimento prestado à
vítima imediatamente após a agressão, ou durante algum período após, além de necessária é muito
importante para garantir os resgates da identidade e dignidade da mulher, auxiliando-a na superação do
sofrimento gerado;
– Prevenção das DST mais comuns - procurando garantir que a mulher não adquira algumas destas
doenças, geralmente prescreve-se antibióticos de amplo espectro;
– Prevenção da hepatite B - deve ser oferecida vacinação contra a hepatite B, além da gamaglobulina
hiperimune contra a hepatite B (HBIg);
– Prevenção da infecção pelo HIV - o médico deve prescrever os medicamentos antirretrovirais,
desde que tomados num período curto (de 24 a 36 horas) após a exposição;
– Contracepção de emergência - recurso utilizado para evitar a ocorrência de uma gestação
totalmente indesejada, decorrente de um ato de violência sexual. São prescritos hormônios num prazo de
até 72 horas após o ocorrido, para impedir a implantação, no endométrio, de um possível óvulo fecundado;
– Alívio da dor e tratamento das lesões - são indicados cremes ou pomadas para auxiliar na
cicatrização das lesões, e cuidados para que a cliente se sinta menos desconfortável após a agressão.
Às vezes, faz-se preciso realizar sutura do períneo ou vulva, em decorrência da violência do ato sexual;
– Apoio laboratorial - é necessário que a vítima de violência sexual seja acompanhada para avaliação
tanto das repercussões do ato sexual em seu corpo como da eficácia do tratamento instituído.
Periodicamente, devem ser realizadas pesquisas do vírus da hepatite B e do HIV, e sorologia para sífilis;
– Exame de corpo delito – realizado por profissionais de saúde e por peritos policias, com coleta de
sêmen e de outros materiais biológicos ou não, como cabelo, tecido de roupa e outros vestígios que
possam viabilizar a identificação do agressor, quando este for desconhecido, constituindo-se em provas
do crime.

Apesar de todas as condutas implementadas, se a mulher vier a desenvolver alguma doença


decorrente do ato sexual deve ter a garantia de que receberá tratamento.
Questão fundamental é a gravidez indesejada decorrente de violência sexual. Este é um dos poucos
casos em que a lei permite a interrupção da gravidez, mas é aconselhável que a mulher faça este
procedimento com, no máximo, até 20 semanas de gestação; após este prazo pode vir a ter sérias
complicações. Caso decida prosseguir com a gestação, a mulher deve ser encaminhada à assistência
pré-natal. Se não quiser assumir a maternidade da criança, deve ser orientada quanto aos mecanismos
disponíveis para o processo de adoção.

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Questões

01. São fatores de risco para o câncer de mama, EXCETO:


(A) menarca precoce.
(B) menopausa tardia
(C) primeira gravidez após 30 anos
(D) multiparidade.

02. Os principais fatores de risco conhecidos para o câncer de mama estão relacionados aos fatores
genéticos, endócrinos e à:
(A) idade.
(B) etnia.
(C) cistite.
(D) primeira gravidez após os 20 anos.
(E) prática regular de atividade física.

03. O câncer de mama, assim como outras neoplasias malignas, resulta de uma proliferação
incontrolável de células anormais, que surgem em função de alterações genéticas, sejam elas hereditárias
ou adquiridas por exposição a fatores ambientais ou fisiológicos. São fatores de risco para o câncer de
mama os citados a seguir, EXCETO
(A) terapia de reposição hormonal, principalmente se prolongada por mais de 05 anos.
(B) obesidade.
(C) mulheres com história familiar de câncer de mama masculino.
(D) primeira gravidez antes dos 25 anos.
(E) idade da primeira menstruação menor que 12 anos.

04. Uma situação que contraindica a realização do exame citológico para o câncer de colo do útero é:
(A) gravidez;
(B) menstruação;
(C) idade superior a 50 anos;
(D) presença de mioma;
(E) menopausa precoce.

05. Com relação às ações relacionadas à prevenção ao câncer cérvico- uterino, julgue os itens que se
seguem.
A colpocitologia é o estudo das células esfoliadas e descamadas da vulva e do períneo com o objetivo
de identificar infecções viróticas precursoras do câncer.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01. D/02. A/03. D/04. B/05. Errado.

Respostas

01. Resposta: D
Possuem risco aumentado as mulheres com história de menarca precoce (idade da primeira
menstruação menor que 12 anos), menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30
anos, nuliparidade e terapia de reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se prolongada por
mais de cinco anos.

02. Resposta: A
Os principais fatores de risco para o câncer de mama estão ligados a idade, aspectos endócrinos e
genéticos.

03. Resposta: D
Quando a menopausa ocorre após os 55 anos, a primeira gestação ocorre após os 30 anos ou na
ausência de gravidez o risco de desenvolver câncer de mama também é maior.

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04. Resposta: B
O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o
diagnóstico citológico. Aguarda o 5° dia após o término da menstruação. Em algumas situações
particulares, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada.

05. Resposta: Errado


Este exame verifica alterações nas células do colo uterino e da vagina e não somente da vulva e
períneo. De fundamental importância para o diagnóstico e segmento de doenças benignas, pré malignas
e malignas do Trato Genital Inferior, especialmente do colo uterino. Serve para a pesquisa da flora vaginal
(fungos, bactérias e vírus, como o HPV).

ENFERMAGEM NO CENTRO CIRÚRGICO E NA RECUPERAÇÃO ANESTÉSICA:


ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Atuação do técnico de
enfermagem no período perioperatório. Circulação de sala cirúrgica.
Fundamentos da instrumentação cirúrgica. Cuidados de enfermagem ao
paciente na fase de recuperação anestésica. Prevenção da infecção do sítio
cirúrgico. Cirurgia Segura

PRÉ PERIO E PÓS CIRÚRGICO

Assistência de Enfermagem no Perioperatório

O período perioperatório corresponde exatamente ao período próximo ao ato cirúrgico, ou seja, 24


horas antes e 48 horas após a cirurgia. Trata-se do período de tempo que envolve uma enorme variedade
de assistência cirúrgica prestada ao cliente pela equipe de Enfermagem.
Perioperatório é um termo abrangente que incorpora três fases da experiência cirúrgica, facilitando
uma assistência eficiente ao cliente cirúrgico. Este recebe assistência da enfermagem nos períodos pré,
trans e pós-operatório. O período pré-operatório abrange desde o momento da decisão cirúrgica até a
transferência do cliente para a mesa cirúrgica; a partir daí, inicia-se o trans e intraoperatório, que termina
com a saída do cliente do centro cirúrgico; o pós-operatório vai desde o momento da recepção do cliente
que retornou da cirurgia até a alta médica.

Cuidadas da Enfermagem no Pré-Operatório

Pré-operatório: período que antecede as 24 horas da cirurgia até o momento em que o paciente é
levado para o centro cirúrgico. Nesse período, é desenvolvido um preparo que se inicia na internação do
cliente, ou em sua decisão pela intervenção cirúrgica; o término ocorre no momento de sua transferência
para a mesa cirúrgica.

O Período Pré-Operatório Divide-Se em Mediato e Imediato:

- no pré-operatório mediato – Do momento da marcação até 24 horas antes da cirurgia. Neste


período é desenvolvido o preparo físico, psíquico-espiritual e de integração do cliente e seus familiares;
o cliente é submetido a exames que auxiliam na confirmação do diagnóstico e que auxiliarão o
planejamento cirúrgico, o tratamento clínico para diminuir os sintomas e as precauções necessárias para
evitar complicações pós-operatórias, ou seja, abrange o período desde a indicação para a cirurgia até o
dia anterior à mesma;

Finalidades:
- proporcionar recuperação pós-operatória mais rápida, com redução das complicações cirúrgicas,
facilitando uma integração do cliente com seu meio social.
- diminuir risco de infecções cirúrgicas, pois permanece menos tempo internado, como a unidade “dia”
o cliente fica em observação pós-operatório no máximo 24 horas.
- proporcionar ao cliente apoio emocional, espiritual e psíquico, diminuindo, assim, suas ansiedades e
preocupações com a cirurgia, desenvolvendo seu entrosamento com o ambiente hospitalar e equipe de
Enfermagem.
- oferecer ao cliente um conhecimento - como um todo - do processo cirúrgico; o mesmo é feito na
entrevista pré-operatória realizada pelo enfermeiro. Também de grande importância é o preenchimento

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do impresso pré-anestésico, que facilita determinar possíveis complicações cirúrgicas. É importante que
os familiares participem da entrevista pré-anestésica.
- orientar o cliente para que não ocorra uma cirurgia indesejada, pois isto poderia ocasionar ação
judicial do cliente contra o hospital e a equipe multiprofissional.
- realizar exames pré-operatórios como: laboratoriais, fator Rh/ABO tipagem para possível transfusão
sanguínea e encaminhar ao banco de sangue com 12 horas de antecedência, radiografia, tomografia,
ressonância, auxiliam no diagnóstico médico e evidenciam a região cirúrgica, ECG e avaliação clínica
com o propósito de diagnosticar complicações no ato cirúrgico.
- efetuar preparos na véspera da cirurgia, exceto tricotomia. Verificar e manter o cliente em jejum,
avaliar estado geral do cliente, remover esmalte, maquiagem, prótese e outros adornos, passagem de
cateter ou sondagem, quando solicitado. Vale ressaltar que, em alguns serviços, a sondagem vesical é
feita no centro cirúrgico. Confirmar no aviso de cirurgia o nome, número do leito, tipo de cirurgia proposta,
cirurgião, horário e material cirúrgico e higienização corporal (estes dados, em alguns hospitais, são
confirmados pelo pessoal de centro cirúrgico).
- realizar atendimento dos familiares, explicando a cirurgia, o retorno do cliente do centro cirúrgico e a
importância do apoio familiar nesse período.
- providenciar a assistência religiosa - quando solicitada -, podendo, também, transmitir ao cliente a
sensação de calma e confiança, estabelecida pelo diálogo e ouvindo com atenção seus problemas e
temores.
- realizar SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem) seguida da anotação de Enfermagem,
a fim de obter dados relevantes para a elaboração dos diagnósticos e intervenções de Enfermagem, com
objetivo de prevenir complicações posteriores.
- realizar exame físico atentando para condições que podem atuar negativamente: idade, outras
doenças de base e infecções.

- o período imediato - corresponde às 24 horas antecedentes à cirurgia e tem por objetivo preparar
o cliente para o ato cirúrgico mediante os seguintes procedimentos: jejum, limpeza intestinal,
esvaziamento vesical, preparo da pele e aplicação de medicação pré-anestésica.
O preparo pré-operatório, mediante utilização dos instrumentos de observação e avaliação das
necessidades individuais, objetiva identificar tanto as alterações físicas (hipertensão arterial, presença de
feridas infectadas, etc.) como as emocionais (ansiedade, expectativa da cirurgia, condições afetadas com
a internação etc.) do cliente, pois elas interferem nas condições para o ato cirúrgico, podendo
comprometer o bom êxito da cirurgia ou, até mesmo, provocar sua suspensão.
Os fatores físicos que aumentam o risco operatório são tabagismo, desnutrição, obesidade, faixa etária
elevada, hipertensão arterial e outras doenças concomitantes. Assim, durante a cirurgia, o cirurgião terá
maior dificuldade em conter o sangramento, após a diérese, de um cliente hipertenso; assim como o
cliente tabagista terá maior acúmulo de secreção pulmonar, com provável desenvolvimento de
broncopneumonia no pós-operatório.

Finalidades:
- promover higiene ou pedir que o cliente a faça.
- confirmar se os cuidados mediatos foram realizados.
- manter prontuário em ordem, com todos os exames, radiografia e ficha pré-anestésica.
- confirmar com centro cirúrgico: sala cirúrgica, cirurgia proposta, material cirúrgico, horário, equipe
cirúrgica, anestesia e cuidados específicos com o cliente.
- realizar - uma hora antes - a administração de pré-anestésico, reduzindo a ansiedade do cliente e
facilitando o efeito do anestésico, conforme prescrição médica.
- realizar ou confirmar se foram realizados procedimentos como: passagem de sonda nasogástrica e
vesical de demora (solicitada em caso de cirurgia para diagnóstico), lavagem intestinal (enteroclisma) ou
até mesmo punção venosa com cateter periférico, todavia deverá ser feita conforme a rotina da instituição
de saúde. Sabe-se que, em alguns hospitais, é solicitado pela equipe cirúrgica que todo o procedimento
invasivo seja feito no centro cirúrgico, até mesmo a tricotomia (retirada de pelos) da região a ser operada.
- realizar controle rigoroso de sinais vitais (pressão arterial, pulso, temperatura e respiração), em
alguns casos chega a ser de uma em uma hora.
- realizar SAE seguida de anotações de enfermagem, a fim de obter dados relevantes para a
elaboração dos diagnósticos e intervenções de Enfermagem, com objetivo de prevenir complicações.
- orientar sobre a necessidade de promover boa ventilação pulmonar com respiração profunda e tosse,
e sobre movimentação ativa e mudança de decúbito para reduzir dor.

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- remover grampos, joias, maquiagem, prótese dentária, óculos, relógio, identificá-los e guardá-los,
conforme rotina preestabelecida ou entregar à família (preferencialmente).
Portanto, sob o ponto de vista ético e técnico, todas as condutas de enfermagem devem proporcionar
conforto, segurança e o menor risco de infecção ao cliente, devendo o mesmo ser esclarecido sobre o
que está sendo realizado, porque o simples fato de não saber o que vai ser feito pode torná-lo inseguro,
inquieto e não cooperativo.
Quando o cliente tiver experiência cirúrgica anterior negativa, a enfermagem deve respeitar este fato,
estimulando-o a identificar aspectos que favoreçam a nova intervenção.
Mesmo após todas as orientações e apoio oferecidos pela enfermagem, o cliente pode se apresentar
receoso, recusar-se a fazer a cirurgia, indispor-se contra a equipe de saúde, familiares e outros clientes.
É importante que a equipe entenda este comportamento como, provavelmente, ocasionado pela
ansiedade pré-cirúrgica, e não como afronta à equipe.
Tanto o cliente quanto a família têm direitos à orientação clara e precisa sobre o diagnóstico clínico,
cirurgia proposta e possível prognóstico. Somente após o esclarecimento e o entendimento desses dados
o cliente ou responsável terá reais condições para assinar o termo de consentimento para a cirurgia (termo
de responsabilidade).

Humanizando o Preparo do Cliente para a Cirurgia

Como o estado emocional pode interferir diretamente na evolução pós-operatória, é importante que o
cliente receba orientações sobre os exames, a cirurgia, como retornará da mesma e os procedimentos
do pós-operatório, bem como esclarecimentos sobre a importância de sua cooperação.
Para transmitir uma sensação de calma e confiança, a equipe de enfermagem deve manter uma
relação de empatia, ou seja, colocar-se na posição do outro, sem críticas ou julgamentos – o que, muitas
vezes, ajuda o cliente a compreender seus medos e inseguranças, possibilitando uma relação
interpessoal de respeito e não de autoridade. Além disso, gera tranquilidade, favorecendo o entrosamento
do cliente e família com o ambiente hospitalar, o que interfere beneficamente nas suas condições para a
cirurgia. Com relação ao cliente, é importante lembrar que a comunicação não verbal (o olhar, a voz, a
postura do cliente) também comunica suas necessidades; portanto, ao buscarmos entender estes sinais,
teremos maiores condições de compreender o cliente.
Ao prestar orientações pré-operatórias, a equipe de enfermagem deve estar atenta ao fato de que as
necessidades de um cliente são diferentes das de outro. O momento mais adequado para o cliente e
família receberem as orientações e participarem do processo de aprendizagem é quando demonstram
interesse pelas informações, revelado, muitas vezes, através de perguntas ou busca da atenção da
equipe de enfermagem.
Quanto ao aspecto de fé, a equipe de enfermagem pode providenciar assistência religiosa, desde que
solicitada pelo cliente e/ou família.
Além disso, é possível conceder ao cliente a permissão para uso de figuras religiosas, por exemplo,
presas ao lençol da maca, sem que isso prejudique os cuidados durante o intra ou pós-operatório.

Atuando na Prevenção de Complicações no Pré-Operatório

O preparo físico do cliente é importante para o bom andamento do ato cirúrgico, bem como para evitar
complicações posteriores ao mesmo. Evitar estas complicações requer alguns cuidados de enfermagem
específicos relacionados com o preparo intestinal, vesical e da pele, além de uma avaliação da equipe,
do ambiente e do cliente, para prevenir a ocorrência de infecções.
O estresse cirúrgico provoca alterações neuroquímicas e o organismo responde a esse estresse
mobilizando suas defesas para manter homeostasia. Essa resposta é determinada pela idade, condição
física e duração do estresse (quanto maior o estresse, menor a capacidade de resposta).

Resposta ao Estresse Cirúrgico:


- vasoconstricção periférica com aumento da coagulabilidade.
- taquicardia com aumento do débito cardíaco, pressão arterial e dilatação da coronária.
- retenção de Sódio (Na) e Água (H2O), consequente aumento do hormônio antidiurético – HAD e
aldosterona.
- aumento da acidez gástrica e diminuição do peristaltismo.
- dilatação brônquica.
- catabolismo proteico.
- proliferação de tecidos de granulação e conjuntivo.

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- aumento da glicemia e mobilização das reservas de gorduras.
- ansiedade – medo da morte, do ato cirúrgico, anestesia, gastos familiares, preocupações
profissionais.
- comportamento – desnorteado, tendências ao exagero, aborrecido, confuso, melancólico, falha ao
executar ordens simples.

a) Esvaziamento Intestinal

O esvaziamento intestinal no pré-operatório diminui o risco de liberação do conteúdo intestinal durante


a cirurgia, provocado pelo efeito de medicamento relaxante muscular. Existem controvérsias quanto à
importância desse procedimento pré-operatório. Dependendo do cliente, da cirurgia e da equipe que o
assiste, o preparo intestinal pode ser realizado mediante a utilização de laxativos, lavagem intestinal ou
ambos. Geralmente, este preparo ocorre entre 8 e 12 horas antes do ato cirúrgico.
A solução pode vir pronta para uso individual (enemas) ou ser preparada pela enfermagem de acordo
com a prescrição médica, mas antes de ser aplicada no cliente deve ser aquecida, para ficar morna.
As soluções mais prescritas são a solução fisiológica ou água acrescida ou não de glicerina ou
vaselina, cloreto de potássio (para não ocorrer hipopotassemia nas lavagens frequentes) e neomicina. A
solução preparada pela enfermagem é colocada em um recipiente chamado irrigador.

- Realizando a lavagem intestinal


A numeração das sondas retais deve ser selecionada de acordo com a idade e sexo do cliente, sendo
de 14 a 20 para crianças e adolescentes, de 22 a 24 para as mulheres e 24 a 26 para os homens.
Caso a sonda apresente diâmetro maior do que o do ânus do cliente e/ou seja introduzida sem
lubrificante, poderá provocar dor e lesões durante a sua passagem. Os frascos com solução pronta para
uso dispensam a utilização da sonda retal, dependendo das orientações do fabricante.
O procedimento pode ser realizado no próprio quarto do cliente ou em sala apropriada, desde que
equipe de enfermagem mantenha a privacidade do cliente.
Antes de iniciar o procedimento, a cama deve ser forrada com impermeável e lençol móvel. Para
facilitar a entrada e o trajeto a ser percorrido pelo líquido do enteroclisma, ele deverá ser introduzido
seguindo os contornos anatômicos do intestino. Por esse motivo, o cliente é deitado em decúbito lateral
esquerdo, com o corpo ligeiramente inclinado para a frente e apoiado sobre o tórax, tendo sua perna
direita flexionada e apoiada ligeiramente na esquerda (posição de SIMS).
Antes da introdução da sonda, o cliente deve ser orientado para relaxar a musculatura anal, inspirando
e prendendo a respiração.
Caso haja dificuldade para a introdução da sonda, deve-se verificar as prováveis causas: contração
retal involuntária perante a introdução de um corpo estranho, medo da dor, dobra da sonda e outras
intercorrências. Para que a lavagem intestinal tenha melhor efeito, recomenda-se que o cliente tente reter
o líquido da lavagem por cerca de 15 minutos.

b) Esvaziamento da Bexiga

Recomenda-se seu esvaziamento espontâneo antes do pré-anestésico. Nas cirurgias em que a bexiga
necessite ser mantida vazia, ou naquelas de longa duração, faz-se necessário passar a sonda vesical de
demora, o que é feito, geralmente, no centro cirúrgico.

c) Preparo da Pele

O banho e a rigorosa limpeza da região na qual será feita a incisão cirúrgica devem ser realizados para
diminuir a possibilidade de contaminação.
De acordo com o tipo de cirurgia, pode ser que o cliente necessite ser encaminhado à cirurgia sem
pelos na região operatória, sendo então necessária uma tricotomia da região.
Existem controvérsias se a tricotomia aumenta ou diminui o potencial de infecção da ferida operatória.
Por esse motivo, recomenda-se que sua realização ocorra o mais próximo possível do momento da
cirurgia (no máximo 2 horas antes) ou no próprio centro cirúrgico, em menor área possível e com método
o menos agressivo.
Também há controvérsia em relação às áreas da tricotomia, que variam conforme as técnicas e
tecnologias usadas no processo cirúrgico. Entretanto, existem cirurgias nas quais a tricotomia é
absolutamente necessária, como as cranianas.

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Para exemplificar, listamos as áreas de tricotomia segundo a região da cirurgia:
- Cirurgia craniana – raspa-se o couro cabeludo total ou parcialmente, e o pescoço. Nas cirurgias de
pescoço, deve-se incluir o colo e as axilas;
- Cirurgia torácica - raspam-se os pelos do tórax anterior e posterior até a cicatriz umbilical, podendo-
se estender tal processo até a axila e região inguinal;
- Cirurgia cardíaca - as áreas a serem raspadas são o tórax, metade do dorso, punhos, dobras dos
cotovelos e região inguinal, acrescentando-se a face interna das coxas quando das cirurgias de
revascularização do miocárdio;
- Cirurgia abdominal - recomenda-se a tricotomia da região mamária até a região pubiana anterior
(posterior no caso das cirurgias renais); nas cesáreas e cirurgia abdominal via baixa, raspa-se a região
pubiana;
- Cirurgia dos membros – raspa-se o membro a ser operado, acrescentando-se ou não as regiões
axilar e pubiana.

Realizando a Tricotomia

Antes de iniciar a tricotomia em áreas de grande pilosidade, recomenda-se cortar o excesso de pelo
com uma tesoura.
Quando realizada com barbeador, deve-se esticar a pele e realizar a raspagem dos pelos no sentido
do crescimento dos mesmos, tendo-se o cuidado de não provocar arranhaduras na pele.
O uso de depilatórios tem sido utilizado em algumas instituições, mas apresenta a desvantagem de,
em algumas pessoas, provocar reações alérgicas e deixar a pele avermelhada. A forma de utilização
varia de acordo com as orientações do fabricante.
Existem, ainda, aparelhos que, ao invés de rasparem os pelos, cortam-nos rente à pele, evitando
escoriações e diminuindo o risco de infecção.

- Prevenindo infecção
Em vista da maior incidência de infecções hospitalares nos clientes cirúrgicos, o pessoal de
enfermagem pode contribuir para a prevenção utilizando uniformes limpos e unhas curtas e limpas,
lavando as mãos antes e após cada procedimento, respeitando as técnicas assépticas na execução dos
cuidados, oferecendo ambiente limpo e observando os sinais iniciais de infecção.
A ocorrência ou não de infecção no pós-operatório depende de vários fatores, mas, principalmente, da
quantidade e virulência dos microrganismos e da capacidade de defesa do cliente.
O uso de esteroides, desnutrição, neoplasias com alterações imunológicas e clientes idosos ou
crianças pequenas são fatores de risco de infecção no pós-operatório devido à redução na capacidade
imunológica. Outros fatores são o diabetes mellitus, que dificulta o processo de cicatrização; a obesidade,
em vista da menor irrigação sanguínea do tecido gorduroso; o período pré-operatório prolongado, que faz
com que o cliente entre em contato maior com a flora hospitalar; e infecções no local ou fora da região
cirúrgica, que podem causar contaminação da ferida operatória.
O risco de infecção cirúrgica pode ser diminuído quando se tratam ou compensam as doenças e os
agravos que favorecem a infecção, tais como a obesidade, focos infecciosos, presença de febre e outros.
Também no pré-operatório imediato alguns cuidados são implementados, tais como o banho com
antissépticos específicos (clorexidina ou solução de iodo PVPI) na noite anterior e no dia da cirurgia,
tricotomia, lavagem intestinal, retirada de objetos pessoais, próteses e outros.

- Prevenindo complicações anestésicas


A manutenção do jejum de 6 a 12 horas antes da cirurgia tem por objetivo evitar vômitos e aspiração
de resíduos alimentares por ocasião da anestesia. É importante que, tanto o cliente como seus familiares,
tenham conhecimento deste cuidado, para que possam entender o motivo e efetivamente cumpri-lo.
O medicamento pré-anestésico (MPA) é prescrito pelo anestesista com o intuito de reduzir a
ansiedade do cliente, facilitar a indução anestésica e a manutenção da anestesia, bem como diminuir
tanto a dose dos agentes anestésicos como as secreções do trato respiratório, sempre lembrando a
necessidade de verificação da existência de alergia.
Na noite que antecede a cirurgia, visando evitar a insônia do cliente, pode ser administrado um
medicamento tranquilizante.
Administra-se o MPA cerca de 45 a 60 minutos antes do início da anestesia. Todos os cuidados pré-
-operatórios devem ser realizados antes da administração do MPA, porque após o cliente permanecerá
na maca de transporte, devido ao estado de sonolência.

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Os MPA mais comuns são os:
- Opiáceos - que provocam analgesia e sonolência, sendo normalmente prescritos para clientes que
apresentam dor antes da cirurgia. O principal medicamento é a meperidina (Dolantina, Demerol);
- Benzodiazepínicos - apresentam ação ansiolítica e tranquilizante, bem como efeitos sedativo,
miorelaxante e anticonvulsivante. Os principais medicamentos são o diazepan (Dienpax, Vallium) e o
midazolan (Dormonid). O diazepan injetável não pode ser administrado com outros medicamentos em
vista da possibilidade de ocorrer precipitação;
- Hipnóticos - provocam sono ou sedação, porém sem ação analgésica, sendo os principais o
fenobarbital (Luminal, Gardenal) e o midazolan (Dormonid);
- Neurolépticos - diminuem a ansiedade, a agitação e a agressividade. Os principais medicamentos
são a clorpromazina (Amplictil) e a prometazina (Fenergan).
Os medicamentos hipnóticos, neurolépticos, benzodiazepínicos e opiáceos, utilizados como pré-
-anestésicos, são de uso controlado, daí a necessidade de se guardar as ampolas vazias, para posterior
reposição pela farmácia.

Encaminhando o Cliente ao Centro Cirúrgico (CC)

No momento de encaminhar o cliente ao CC, deve-se observar e comunicar quaisquer anormalidades


em relação aos preparos prescritos no dia anterior, tais como manutenção do jejum, realização da higiene
oral e corporal e administração de medicação pré-anestésica. E, ainda, verificar e anotar os sinais vitais,
vestir-lhe a roupa hospitalar (avental, touca e propés), certificar-se da remoção de próteses dentárias
(visando evitar seu deslizamento para as vias aéreas inferiores durante a anestesia) e oculares (visando
evitar lesões na córnea), joias e adornos. Após essa sequência de preparos, o cliente deve ser deitado
na maca e encaminhado ao CC com a documentação completa: exames e prontuário.
O transporte do cliente é executado pelo pessoal da unidade de internação ou do CC, a critério de
cada instituição. O transporte pode ser realizado em maca ou cadeira de rodas, mas para prevenir
acidentes, como quedas, recomenda-se que para o cliente sonolento devido à ação de MPA e/ou após a
cirurgia não seja feito em cadeira de rodas.
O centro cirúrgico deve dispor de elevador privativo, o que diminui os riscos de contaminação e
infecção cirúrgica, agiliza o transporte e propicia conforto, segurança e privacidade ao cliente.

- Transportando o cliente
A maca ou cadeira de rodas deve estar forrada com lençol e situada próxima à cama, para facilitar a
transferência do cliente e evitar acidentes. Após deixá-lo confortável, deve ser coberto com lençol e
cobertor (nos dias frios).
Os responsáveis pelo transporte do cliente para o CC devem empurrar a maca ou cadeira de rodas
com cuidado, e estarem atentos para observar alguma anormalidade com o cliente (palidez, sudorese,
dificuldade respiratória, etc.), além disso, verificar se o soro, sondas, drenos e outros equipamentos que
se fizerem necessários estão livres de tração. É recomendável que o cliente seja transportado de modo
a visualizar o trajeto de frente, para evitar desconforto.
É importante observar o alinhamento correto das partes do corpo durante o transporte e, nos casos de
clientes com venóclise ou transfusão sanguínea, deve-se adaptar à maca ou à cadeira de rodas o suporte
apropriado, posicionando corretamente o frasco de solução venosa, cateteres, drenos e equipamentos.
Durante o trajeto, conversar e encorajar o cliente, ou respeitar o seu silêncio.

O Cuidado de Enfermagem no Transoperatório

O período transoperatório compreende o momento de recepção do cliente no CC e o intraoperatório


realizado na SO.
Nesse período, as ações de enfermagem devem assegurar a integridade física do cliente, tanto pelas
agressões do ato cirúrgico como pelos riscos que o ambiente do CC oferece ao mesmo, já submetido a
um estresse físico e exposição dos órgãos e tecidos ao meio externo; daí a importância do uso de técnicas
assépticas rigorosas.

O Cuidado de Enfermagem no Pós-Operatório (PO)

Após a cirurgia, o paciente geralmente é transferido para recuperação pós-anestésica (RPA) com
hipotermia leve, com instabilidade dos sinais vitais, atividade motora e reflexos protetores diminuídos e

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com alteração do nível de consciência, permanecendo nesta unidade até o retorno destas funções, o que
lhe garante a prevenção de possíveis complicações pós-operatórias.
Diversas complicações podem decorrer da hipotermia que persiste ao procedimento anestésico
cirúrgico em RPA como as metabólicas, respiratórias e cardiovasculares, principalmente quando
associada a fatores de risco e aos tremores compensatórios.
O pós-operatório se inicia a partir da saída do cliente da sala de operação e perdura até sua total
recuperação. Subdivide-se em pós-operatório imediato (POI) - até as 24 horas posteriores à cirurgia;
mediato - após as 24 horas e até 7 dias depois; e tardio - após 7 dias do recebimento da alta.
Nesta fase, os objetivos do atendimento ao cliente são identificar, prevenir e tratar os problemas
comuns aos procedimentos anestésicos e cirúrgicos - tais como dor, laringite pós-intubação traqueal,
náuseas, vômitos, retenção urinária, flebite pós-venóclise, e outros - com a finalidade de restabelecer o
seu equilíbrio.
Idealmente, todos os clientes em situação de POI devem ser encaminhados da SO para a recuperação
pós-anestésica – RPA - e sua transferência para a enfermaria ou para a UTI só deve ocorrer quando o
anestesista considerar sua condição clínica satisfatória.
A RPA é a área destinada à permanência preferencial do cliente imediatamente após o término do ato
cirúrgico e anestésico, na qual ficará por um período de uma a seis horas para prevenção ou tratamento
de possíveis complicações. Neste local, aliviará a dor pós-operatória e será assistido até a volta dos seus
reflexos, normalização dos sinais vitais e recuperação da consciência.
Considerando tais circunstâncias, este setor deve possuir equipamentos, medicamentos e materiais
que atendam a qualquer situação de emergência, tais como:
- equipamentos básicos: cama/maca com grades laterais de segurança e encaixes para suporte de
solução, suporte de solução fixo ou móvel, duas saídas de oxigênio, uma de ar comprimido, aspirador a
vácuo, foco de luz, tomadas elétricas, monitor cardíaco, oxímetro de pulso, esfigmomanômetro,
ventiladores mecânicos, carrinho com material e medicamentos de emergência;
- Materiais diversos: máscaras e cateteres de oxigênio, sondas de aspiração, luvas esterilizadas, luvas
de procedimentos, medicamentos, frascos de solução, equipos de solução e de transfusão sanguínea,
equipos de PVC (pressão venosa central), material para sondagem vesical, pacote de curativo, bolsas
coletoras, termômetro, material de coleta para exames e outros porventura necessários.
A hipotermia não intencional é frequente em RPA, e geralmente não é uma situação impeditiva de alta
quando os parâmetros clínicos avaliados pelo Índice de Aldrete e Kroulik apontam para a transferência
do paciente para a unidade de origem, isto é, quando atingem o total de 8 a 10 pontos.
O Índice de Aldrete e Kroulik foi criado e validado em 1970. Em 1995 foi submetido a uma revisão
pelos próprios autores. É utilizado, desde sua criação, na avaliação e evolução dos pacientes no período
pós-anestésico pela análise da atividade muscular, da respiração, da circulação, da consciência e da
saturação de oxigênio. A pontuação varia de 0 a 2 pontos para cada parâmetro, na qual o zero (0) indica
condições de maior gravidade, a pontuação um (1) corresponde a um nível intermediário e, a dois (2)
representa as funções restabelecidas.

ÍNDICE DE ALDRETE E KROULIK

Movimenta os quatro membros 2


Atividade Muscular Movimenta dois membros 1
É incapaz de mover os membros voluntariamente ou sob comando 0
É capaz de respirar profundamente ou de tossir livremente 2
Respiração Apresenta dispneia ou limitação da respiração 1
Tem apneia 0
PA em 20% do nível pré-anestésico 2
Circulação PA em 20-49% do nível anestésico 1
PA em 50% do nível pré-anestésico 0
Está lúcido e orientado no tempo e espaço 2
Consciência Desperta, se solicitado 1
Não responde 0
É capaz de manter saturação de O2 maio que 92% respirando em ar
2
ambiente
Saturação de O2 Necessita de O2 para manter saturação maior que 90% 1
Apresenta saturação de O2 menor que 90%, mesmo com suplementação
0
de oxigênio
Índice de Aldrete e Kroulik. Fonte: SOBECC, 2007

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Cuidados de Enfermagem no Pós-Operatório Imediato (POI)

Este período é considerado crítico, considerando-se que o cliente estará, inicialmente, sob efeito da
anestesia geral, raquianestesia, peridural ou local. Nessa circunstância, apresenta-se bastante vulnerável
às complicações. Assim, é fundamental que a equipe de enfermagem atue de forma a restabelecer-lhe
as funções vitais, aliviar-lhe a dor e os desconfortos pós-operatório (náuseas, vômitos e distensão
abdominal), manter-lhe a integridade da pele e prevenir a ocorrência de infecções.
Ao receber o cliente na RPA, UTI ou enfermaria, a equipe deve tranquilizá-lo, informá-lo de onde se
encontra e perguntar-lhe se sente alguma anormalidade e/ou desconforto. Se o cliente estiver sonolento
ou aparentemente inconsciente, não devem ser feitos comentários indevidos, pois sua audição pode estar
presente.
Deve-se ler atentamente o seu prontuário, o qual deverá conter informações sobre o tipo de anestesia,
anestésico recebido, cirurgia realizada, intercorrências e recomendações especiais.
Os frascos de solução, sangue e derivados devem ser postos no suporte e realizado o controle de
gotejamento e dos líquidos infundidos e eliminados pelas sondas, drenos e cateteres - os quais deverão
estar conectados às extensões e fixados no leito ou outro local adequado.
Para os clientes submetidos à anestesia geral, recomenda-se o decúbito dorsal horizontal sem
travesseiro, com a cabeça lateralizada para evitar aspiração de vômito (caso ocorra). Para os clientes
com sonda nasogástrica (SNG), indica-se a posição semifowler, para prevenir a ocorrência de esofagite
de refluxo. Visando evitar a queda dos clientes sonolentos, confusos e/ou agitados devido à ação dos
anestésicos, as grades da cama devem ser mantidas elevadas.
Normalmente, o cliente se apresenta hipotérmico ao retornar da SO em vista da ação depressora do
sistema nervoso - provocada pelo anestésico. A primeira conduta é aquecê-lo com cobertores, fechar as
janelas, ligar o aquecedor de ambiente e controlar sua temperatura com maior frequência. É
absolutamente contraindicada a aplicação de bolsa de água quente, pelo risco de surgirem queimaduras
causadas pela diminuição da sensibilidade dolorosa.
Na RPA, na primeira hora, o controle dos sinais vitais é realizado de 15 em 15 minutos; se estiver
regular, de 30 em 30 minutos. Mantida a regularidade do quadro, o tempo de verificação do controle deve
ser espaçado para 1/1h, 2/2h, e assim por diante.
Nos cuidados com o curativo, observar se o mesmo está apertado demais ou provocando edema no
local; se está frouxo demais ou se desprendendo da pele; ou se se apresenta sujo de sangue - o que
indica sangramento ou hemorragia. Nestas situações, a equipe de enfermagem solicita avaliação médica
ou refaz o curativo, mantendo uma maior vigilância sobre o cliente que apresenta sangramento.
Quando o cliente está com os reflexos presentes, sinais vitais estabilizados, drenos e sondas
funcionando, recebe alta médica da RPA e é encaminhado para a unidade de internação.
No tocante à ansiedade e agitação apresentadas por alguns clientes, a equipe de enfermagem pode
diminuir seus receios dizendo-lhes onde se encontram, perguntando-lhes o que os está incomodando ou
tranquilizando-os mediante aplicação de analgésicos ou tranquilizantes.
Com relação aos clientes agitados, a contenção ou restrição mecânica dos mesmos ao leito só deve
ocorrer após terem sido realizadas várias tentativas para acalmá-los (orientação, mudança de
posicionamento, oferecer óculos e/ou aparelho de audição, dentre outras estratégias). Durante o ato da
contenção, alguns cuidados de enfermagem devem ser realizados visando evitar a ocorrência de
complicações circulatória e respiratória: evitar o garroteamento e proteger a área com algodão em rama
(ortopédico), camadas de algodão ou compressa; manter vigilância da área restrita; massagear o local e
refazer a restrição duas vezes ao dia e sempre que houver cianose e edema; além disso, verificar queixas
de dor ou formigamento.
A decisão pela restrição mecânica deve se basear na real necessidade do cliente, e não por ser a
medida que diminuirá o trabalho da equipe de enfermagem. Após a sua adoção, não se deve esquecer
que o cliente sob restrição permanece sendo um ser humano que necessita ser confortado, tranquilizado
e receber os adequados cuidados de enfermagem, incluindo avaliação constante da necessidade de
manutenção da restrição.
Após os cuidados recebidos, devem ser registrados, pela enfermagem, dados como o tipo de
anestesia, a cirurgia realizada, o horário de chegada, as condições gerais do cliente, a presença de
drenos, soluções venosas, sondas, cateteres e a assistência prestada.

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Anormalidades e Complicações do Pós-Operatório

A ocorrência de complicações no pós-operatório implica piora do quadro clínico do cliente, aumento


do período de recuperação cirúrgica e, em alguns casos, até mesmo o óbito. Por isso, é vital que a
prevenção, identificação e imediata intervenção sejam realizadas o mais precocemente possível.

Geralmente, as complicações mais comuns são:

- Alteração dos sinais vitais (TPR-PA): é importante que a temperatura corporal seja controlada com
maior frequência, bem como atentar para a instalação de quadro convulsivo, principalmente em crianças.
Como as alterações térmicas levam a alterações nos sistemas cardiovascular e respiratório, recomenda-
-se que os sinais vitais também recebam idêntica frequência de controle – o qual possibilita a identificação
precoce do choque, que é a intercorrência mais grave, muitas vezes fatal. Assim, estes controles devem
ser realizados até que o cliente estabilize suas condições físicas.
No tocante à respiração, esta pode estar alterada por efeito do anestésico - que deprime o sistema
nervoso - ou por obstrução das vias aéreas devido à aspiração de vômitos ou secreções.
A cirurgia provoca no cliente um período de instabilidade orgânica que pode se manifestar pela
alteração de temperatura (hipertermia ou hipotermia). Na hipertermia, a equipe de enfermagem pode
retirar os cobertores, resfriar o ambiente, aplicar compressas frias nas regiões da fronte, axilar e inguinal
e medicar antitérmico, de acordo com a prescrição; na hipotermia, o cliente deve ser agasalhado e sua
temperatura monitorada.
A diminuição da pressão arterial e pulso é ocasionada pela perda de sangue durante a cirurgia, efeito
do anestésico ou, mesmo, mudança brusca de posição. A hipotensão arterial é a complicação precoce
mais frequentemente encontrada nas pessoas submetidas à raquianestesia, devendo ser corrigida com
hidratação rigorosa pela via EV, mantendo-se o cliente na posição de Trendelemburg - para melhorar o
retorno venoso – e administrando-lhe oxigênio. A administração de medicamentos vasopressores está
indicada apenas quando outras medidas não conseguiram normalizaram a pressão arterial.

- Alterações neurológicas:

a) Dor

O estado neurológico do cliente pode ser afetado pela ação do anestésico, do ato cirúrgico ou de um
posicionamento inadequado na mesa cirúrgica. Por isso, a equipe de enfermagem deve observar o nível
de consciência e as funções motora e sensitiva. Quando o cliente apresentar quadro de confusão mental
ou agitação, pesquisar se isto não está sendo provocado pela dor que surge à medida que a ação do
anestésico vai sendo eliminada pelo organismo. Confirmando-se a dor, medicá-lo conforme prescrição
médica.
A dor mais comum é a que ocorre na região alvo da cirurgia, que diminui gradativamente com o passar
do tempo. Por ser a dor uma experiência subjetiva e pessoal, ou seja, só o cliente sabe identificá-la e
avaliar sua intensidade, não devemos menosprezá-la, mas, sim, providenciar o medicamento prescrito
para a analgesia de forma a não permitir que se torne mais intensa. Muitas vezes, na prescrição médica
há analgésicos que devem ser administrados a intervalos regulares e sempre que necessário. Mesmo
que o cliente não relate dor intensa, a administração da medicação é importante para prevenir a sensação
dolorosa mais intensa e contínua.
A dor pode variar quanto à localização, intensidade, duração e tipo (em pontadas, compressiva,
constante, intermitente) – características que podem ser obtidas pelas informações dadas pelo cliente.
Outras manobras/estratégias podem auxiliar no alívio da dor, tais como, respeitadas as devidas
contraindicações: afrouxar e/ou trocar os curativos, aliviar a retenção de urina e fezes, fazer a mudança
de decúbito, apoiar segmentos do corpo em coxins e aplicar compressas frias ou quentes, escurecer o
ambiente e diminuir os barulhos, estimulando o cliente a repousar e/ou proporcionar-lhe algo que o
distraia, por exemplo, televisão, música, revistas, etc. As ações a serem implementadas devem considerar
a necessidade e o tipo de cliente, bem como os recursos disponíveis na unidade.
Realizadas estas medidas, se a dor ainda persistir, deve-se verificar junto ao enfermeiro e/ou médico
a possibilidade de administrar outros medicamentos.
A equipe de enfermagem deve acompanhar a evolução da dor, pois só assim saberá se o medicamento
está fazendo efeito, comunicando à enfermeira ou médico a sua persistência, para reavaliação da causa
e/ou seu tratamento.

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É importante lembrar que a analgesia precoce ajuda o cliente a se movimentar sem grandes restrições,
o que auxilia e agiliza sua efetiva recuperação.
Outra dor bastante comum é a cefaleia pós-raquianestesia, causada pela saída de líquor durante a
punção lombar realizada para a introdução do anestésico. O cliente, ao elevar a cabeça, pode apresentar
cefaleia intensa – o que também pode ocorrer mais tardiamente, entre o 2° e 7° dias após a punção.
Nessas circunstâncias, recomenda-se colocá-lo em decúbito baixo, em posição supina, e dar-lhe
hidratação adequada por VO e/ou EV, bem como os analgésicos prescritos.

b) Sonolência

A sonolência é uma característica muito frequente no cliente cirúrgico. Assim, a certificação do seu
nível de consciência deve ser sempre verificada mediante alguns estímulos (perguntas, estímulo tátil) e
as alterações comunicadas o mais rapidamente possível, pois podem indicar complicações graves –
como, por exemplo, hemorragia interna.

c) Soluço

Os soluços são espasmos intermitentes do diafragma, provocados pela irritação do nervo frênico. No
pós-operatório, suas causas mais comuns são a distensão abdominal e a hipotermia.
Na maioria das vezes, os soluços terminam espontaneamente ou por condutas simples. Uma delas é
eliminar as causas pela aspiração ou lavagem gástrica (na distensão abdominal), deambulação,
aquecimento do cliente hipotérmico e mudança de decúbito. Outras, orientar o cliente para inspirar e
expirar em um saco de papel, porque o dióxido de carbono diminui a irritação nervosa; ou administrar-lhe
metoclopramida (Plasil®) de acordo com a prescrição médica.

- Complicações pulmonares: são as complicações mais sérias e frequentes no pós-operatório,


principalmente nos clientes obesos, fumantes, idosos e naqueles com outros agravos clínicos.
As ações da equipe de enfermagem priorizam a prevenção das complicações pulmonares pelo
reconhecimento precoce dos sinais e sintomas (cianose, dispneia, tiragem intercostal, batimentos de asa
de nariz, agitação), movimentação e deambulação precoce, lateralização da cabeça do cliente com vômito
e não infusão de soluções endovenosas pelos membros inferiores - para evitar a formação de trombos e
embolia pulmonar.
Normalmente, a causa dessas complicações é o acúmulo de secreções brônquicas, cuja remoção
pode ser favorecida pela fluidificação.
A expectoração é o meio natural de expeli-las, o que ocorre pela tosse.
Assim, o cliente deve ser estimulado a hidratar-se, realizar os exercícios respiratórios e não inibir a
tosse. Ao tossir, o cliente pode referir medo e dor. Para minimizar esta sensação, deve ser orientado a
colocar as mãos, com os dedos entrelaçados, sobre a incisão cirúrgica; ou utilizar-se de um travesseiro,
abraçando-o e expectorando no lenço de papel.
A broncopneumonia (BCP) é a principal complicação e acontece devido à aspiração de vômitos ou
alimentos, estase pulmonar, infecção e irritação por produtos químicos. Além dessa, podem ocorrer a
atelectasia, que é o colabamento dos alvéolos pulmonares pela obstrução dos brônquios por tampão
mucoso, e a embolia pulmonar, que consiste na obstrução da artéria pulmonar ou de seus ramos por
êmbolos.
O cliente pode apresentar, ainda, hipertermia, alterações na frequência e profundidade da respiração,
dispneia e dor torácica.
Como algumas complicações instalam-se bruscamente, faz-se necessário que a equipe de
enfermagem mantenha material de oxigenação pronto para o uso emergencial: material de aspiração de
secreção, nebulizadores, cateter de oxigênio, balão auto inflável tipo ambu com intermediários, máscaras
de diversos tamanhos e material de intubação (laringoscópio, sondas endotraqueais de diversos calibres,
mandril).

- Complicações urinárias: as mais frequentes são a infecção urinária e a retenção urinária


(bexigoma). A infecção urinária é geralmente causada por falhas na técnica de sondagem vesical e refluxo
da urina. Como sintomatologia, o cliente apresenta hipertermia, disúria e alterações nas características
da urina.
Visando minimizar a ocorrência de infecção urinária, deve-se manter a higiene íntima adequada do
cliente, bem como obedecer à técnica asséptica durante a passagem da sonda e sempre utilizar
extensões, conectores e coletores esterilizados com sistema fechado de drenagem.

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No caso de retenção urinária, a equipe de enfermagem deve eliminar suas prováveis causas:
medicando o cliente contra a dor, promovendo sua privacidade, mudando-lhe de posição (se não houver
contraindicação) e avaliando a presença de dobraduras e grumos nas extensões das sondas e drenos
nas proximidades da bexiga.
Se essas medidas não surtirem efeito, realizar higiene íntima com água morna, aquecer e relaxar o
abdome pela aplicação de calor local e realizar estimulação pelo ruído de uma torneira aberta próxima ao
leito. Caso o cliente não consiga urinar após tentados estes métodos, deve-se comunicar tal fato à
enfermeira e/ou médico, e discutir a possibilidade da passagem de uma sonda de alívio.

- Complicações gastrintestinais:

a) Náuseas e vômito

Os efeitos colaterais dos anestésicos e a diminuição do peristaltismo ocasionam distensão abdominal,


acúmulo de líquidos e restos alimentares no trato digestório; em consequência, o cliente pode apresentar
náuseas e vômito.
Na presença de náuseas, os clientes sem sonda nasogástrica devem ser colocados em decúbito lateral
ou com a cabeça lateralizada para facilitar a drenagem do vômito pela boca. Nos clientes com sonda
nasogástrica, abrir a sonda e, mantendo-a aberta, proceder à aspiração para esvaziar a cavidade gástrica.
Para proporcionar conforto ao cliente, o vômito deve ser aparado em uma cuba-rim ou lençol/toalha; a
seguir, trocar as roupas de cama e proceder à higiene oral o mais rápido possível. Geralmente, faz-se
necessário medicá-lo com antieméticos, passar a sonda nasogástrica (mantendo-a aberta) e aspirar mais
frequentemente o conteúdo gástrico, de acordo com as orientações da enfermeira e/ou médico.
Posteriormente, anotar a intercorrência e as providências adotadas.
A dieta é introduzida de forma gradativa nos clientes, desde que não apresentem náuseas, vômitos ou
distensão abdominal, ou de acordo com as condições de aceitação. A equipe de enfermagem deve estar
atenta quanto à ingestão de líquidos, por ser esta uma das formas de reposição das perdas líquidas
ocorridas na cirurgia devido, principalmente, ao sangramento.

b) Constipação intestinal

A constipação intestinal ocorre quando há diminuição do peristaltismo provocada pelo efeito colateral
do anestésico, imobilidade prolongada no leito, quadro inflamatório, exposição e manipulação do intestino
durante as cirurgias abdominais e o medo da dor. Como resultado, ocorre retenção de fezes
acompanhada ou não de dor, desconforto abdominal e flatulência.
O objetivo principal do cuidado é facilitar a saída dos gases e fezes retidos, o que pode ser obtido
mediante movimentação no leito, deambulação precoce, ingestão de líquidos e aceitação de alimentos
ricos em celulose. A nutricionista deve ser notificada para que possa rever a dieta. A aplicação de calor
na região abdominal e a orientação, ao cliente, para que degluta menos ar ao beber ou ingerir alimentos
pode ajudar no retorno do movimento peristáltico e diminuir o acúmulo de gases. Deve-se,
preferencialmente, promover sua privacidade para que possa eliminar os gases.
Nos casos em que o cliente não consegue evacuar de forma satisfatória, o médico pode prescrever
laxante no período noturno e/ou lavagem intestinal.

c) Sede

Provocada pela ação inibidora da atropina, perdas sanguíneas e de líquidos pela cavidade exposta
durante o ato operatório, sudorese e hipertermia. A equipe de enfermagem deve observar a presença de
sinais de desidratação (alteração no turgor da pele e da PA e diminuição da diurese), manter a hidratação
por via oral e, nos clientes impossibilitados de hidratar-se por via oral, umidificar os lábios e a boca,
realizar higiene oral e manter hidratação endovenosa.

- Complicações vasculares: a permanência prolongada no leito, associada à imobilidade após a


cirurgia, provoca estase venosa, predispondo o aparecimento de trombose, tromboflebite e embolia.
Quando o cliente muda de decúbito, estimula sua circulação e a respiração mais profunda, aliviando-
-lhe também as áreas de pressão. Portanto, para melhorar a circulação dos membros inferiores (MMII) o
cliente deve, sozinho ou com ajuda, deitar-se em decúbito dorsal, dobrar o joelho e levantar o pé; um
outro bom exercício é movimentar as articulações.

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A mudança de decúbito a cada 2 ou 4 horas, com ou sem auxílio da equipe de enfermagem, bem como
a movimentação, realização de exercícios ativos no leito e início da deambulação o mais precocemente
possível são os cuidados recomendados para evitar a ocorrência de complicações vasculares.
Não havendo contraindicação, a partir do primeiro PO inicia-se a deambulação precoce. Para prevenir
a hipotensão postural, deve-se orientar o cliente para que não se levante bruscamente do leito. Caso seja
este seu desejo, deve, primeiramente, sentar-se com as pernas para baixo e, em seguida, ficar em pé,
sempre com o auxílio de outra pessoa. Deve, ainda, ser orientado para solicitar medicação analgésica
caso a dor lhe dificulte a movimentação, desestimulando-o a levantar-se do leito.

- Complicações na ferida operatória:

a) Hemorragia

A hemorragia pode ser externa, quando o sangramento é visível, ou interna, quando o sangramento
não é visível – circunstância mais difícil de imediata identificação. Acontece, frequentemente, nas
primeiras 24 horas após a cirurgia. Dependendo da intensidade, o cliente apresentará sensação de
desconforto, palidez intensa, mucosa descorada, taquicardia, dispneia e choque hipovolêmico. No caso
de hemorragia interna, pode também referir dor.
As ações de enfermagem consistem em observar a presença de sangramento no curativo e/ou roupas
de cama. Qualquer sinal de aumento no sangramento deve ser comunicado com urgência à enfermeira
ou médico, para que sejam tomadas as devidas providências, pois, conforme o caso, o cliente deverá ser
preparado para uma possível revisão cirúrgica. Na ocorrência de sangramento aumentado, a verificação
dos sinais vitais é importante, pois pode indicar possível choque hemorrágico.

b) Infecção da ferida cirúrgica

A infecção da ferida operatória se caracteriza pela presença de secreção purulenta que varia de clara
inodora a pus espesso com odor fétido, com a presença ou não de necrose nas bordas da ferida.
Quando ocorre um processo inflamatório, normalmente os sintomas se manifestam entre 36 e 48 horas
após a cirurgia, mas podem passar despercebidos devido à antibioticoterapia.
A equipe de enfermagem pode prevenir a infecção através de um preparo pré-operatório adequado,
utilização de técnicas assépticas, observação dos princípios da técnica de curativo e alerta aos sinais que
caracterizam a infecção.
Os clientes devem ser orientados quanto aos cuidados, durante o banho, com o curativo fechado. Nas
instituições que têm por rotina trocar o curativo somente após o 2o dia pós-operatório (DPO), o mesmo
deve ser coberto com plástico, como proteção à água do chuveiro - caso se molhe acidentalmente, isto
deve ser notificado. Nas instituições em que os curativos são trocados diariamente, estes podem ser
retirados antes do banho, para que o cliente possa lavar o local com água e sabão, sendo refeitos logo
após.

c) Deiscência

A deiscência é a abertura total ou parcial da incisão cirúrgica provocada por infecção, rompimento da
sutura, distensão abdominal, ascite e estado nutricional precário do cliente.
O tratamento da deiscência se realiza mediante lavagem ou irrigação do local com solução fisiológica,
podendo haver a necessidade de o cliente revisar os pontos cirúrgicos.
A troca do curativo pode ou não ser atribuição da equipe de enfermagem e o tempo de permanência
dos curativos fechados depende da rotina da instituição ou da equipe médica. Todos os curativos com
saída de secreções (purulenta, sanguinolenta) devem ser do tipo fechado; nos casos de sangramento,
indica-se o curativo compressivo.

- Choque: no quadro de choque ocorre suprimento inadequado de sangue para os tecidos, provocando
alterações nos órgãos essenciais.
Por ser uma ocorrência grave, o prognóstico dependerá da rapidez no atendimento.
No PO imediato o choque hipovolêmico é o mais comum, provocado pela perda sanguínea excessiva
ou reposição hídrica ou sanguínea inadequada durante ou após a cirurgia.
Outro tipo frequente é o choque séptico decorrente de cirurgias infectadas, infecções crônicas ou
adquiridas durante ou após o ato cirúrgico.

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Os sinais e sintomas mais frequentes são pulso taquicárdico e filiforme, hipotensão arterial, dispneia,
palidez, sudorese fria, hipotermia, cianose de extremidades, agitação, oligúria ou anúria, valores de PVC
abaixo do normal.
Como o choque se instala rapidamente, é fundamental detectar e notificar precocemente seus sinais
indicativos e a variação no nível de consciência, bem como controlar frequentemente a pressão venosa
central, temperatura, pressão arterial e frequência respiratória, principalmente o pulso e a pressão arterial,
e observar focos hemorrágicos fazendo, se necessário, curativo compressivo.
Considerando os sinais e sintomas e a possibilidade de o cliente entrar em choque, recomenda-se a
punção de uma veia o mais precocemente possível, haja vista que, após a instalação do choque, haverá
dificuldade para a visualização da mesma. A venóclise deve ser mantida enquanto se aguarda a conduta
médica.
O material de emergência deve estar pronto para uso: tábua de massagem cardíaca, aspirador, sondas
de aspiração de diversos calibres, luvas esterilizadas, balão auto inflável tipo ambu com intermediário,
máscaras de diversos tamanhos, material de intubação (laringoscópio, sondas endotraqueais de diversos
calibres e mandril), cateter de oxigênio, nebulizador, cânulas de Guedell, medicamentos utilizados na
parada cardíaca e soluções diversas.

- Drenos: cuidados necessários


Algumas cirurgias exigem a necessidade da colocação de drenos para facilitar o esvaziamento do ar
e líquidos (sangue, secreções) acumulados na cavidade. Assim, para que exerça corretamente sua
função, o profissional deve ter a compreensão do que vem a ser dreno, bem como suas formas e
localizações. Dreno pode ser definido como um objeto de forma variada, produzido em materiais diversos,
cuja finalidade é manter a saída de líquido de uma cavidade para o exterior.
De maneira geral, os cuidados de enfermagem são: manter a permeabilidade, visando garantir uma
drenagem eficiente; realizar o adequado posicionamento do dreno, evitando que ocorra tração e posterior
deslocamento; realizar o curativo conforme a necessidade e com o material determinado para a
prevenção de infecções; controlar a drenagem, atentando para a quantidade e aspecto da secreção
drenada, e registrar corretamente todos estes dados.
Para melhor entendimento, apresentaremos a seguir alguns tipos de drenos, seu posicionamento,
cuidados específicos e em que tipos de cirurgia podem ser utilizados.
O sistema para drenagem fechada de feridas realiza a drenagem com o auxílio de uma leve sucção
(vácuo), sendo composto por uma extensão em que uma extremidade fica instalada na cavidade e a outra
em uma bolsa com o aspecto de sanfona. Seu manejo consiste em manter essa sanfona com a pressão
necessária para que a drenagem ocorra com mais facilidade. Este sistema é utilizado, principalmente,
para a drenagem de secreção sanguinolenta, sendo amplamente utilizado nas cirurgias de osteosíntese
e drenagem de hematoma craniano.
Outra forma de drenagem fechada são os drenos com reservatório de Jackson-Pratt (JP), que
funcionam com pressão negativa e diferenciam-se do anterior por possuir a forma de pera – sendo
comumente utilizados para cirurgias abdominais. O principal cuidado com esse tipo de dreno é a correta
manutenção do vácuo, obtida com a compressão do reservatório. Caso contrário, a drenagem não será
eficaz, podendo ocorrer acúmulo de secreção - o que provocaria no cliente dor, desconforto e alterações
dos seus sinais vitais, entre outras intercorrências.
Existem também os sistemas de drenagem aberta, nos quais o dreno mais utilizado é o de Penrose,
constituído por um tubo macio de borracha, de largura variada, utilizado, principalmente, em cirurgias em
que haja presença de abcesso na cavidade, particularmente nas cirurgias abdominais – nas quais ele se
posiciona dentro da cavidade, sendo exteriorizado por um orifício próximo à incisão cirúrgica.
Com relação aos cuidados de enfermagem, por se tratar de um sistema aberto - que deverá estar
sempre protegido por um reservatório (bolsa) - a manipulação deve ser feita de maneira asséptica, pois
existe a comunicação do meio ambiente com a cavidade, o que possibilita a ocorrência de infecção – e o
profissional deve estar atento para a possibilidade de exteriorização, o que não é incomum.
Além dessas, existe uma outra forma de drenagem que pode ser realizada tanto no momento da
realização do ato cirúrgico como na presença de algum colapso: a drenagem de tórax – a qual, em vista
de suas particularidades, será detalhada a seguir.

- Dreno de tórax
Sabemos que os pulmões estão envolvidos por um saco seroso, completamente fechado, chamado
pleura - que possui um espaço (cavidade pleural) com pequena quantidade de líquido. Nesta cavidade a
pressão é menor que a do ar atmosférico, o que possibilita a entrada de ar. Sempre que o pulmão perde

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essa pressão negativa, seja por abertura do tórax devido à cirurgia, trauma ou por presença de ar, pus,
ou sangue no tórax, ocorrerá o colapso pulmonar.
Na presença desse colapso faz-se necessária a realização de drenagem torácica para a reexpansão
pulmonar através da restauração da pressão negativa. Para tal procedimento, faz-se necessária a
utilização de máscara, aventais e luvas estéreis, solução para a assepsia do local de punção, sistema de
drenagem montado, anestésico local e material para curativo. Durante o procedimento, a equipe de
enfermagem deve auxiliar a circulação dos materiais e promover conforto e segurança ao cliente.
Em relação à manutenção do sistema fechado, a equipe de enfermagem deve observar e realizar
algumas ações específicas para impedir a entrada de ar no sistema, pois, caso isto ocorra, o ar pode
entrar nas pleuras (colabamento pulmonar) e comprimir os pulmões, provocando dispneia e desconforto
respiratório para o cliente. Como precaução a esta eventualidade, o dreno deve estar corretamente fixado
ao tórax do paciente com fita adesiva – o que impede seu deslocamento.
Visando evitar o colabamento pulmonar, a equipe deve adotar os seguintes cuidados: certificar-se de
que as tampas e os intermediários do dreno estejam corretamente ajustados e sem presença de escape
de ar, o que prejudicaria a drenagem; manter o frasco coletor sempre abaixo do nível do tórax do cliente
– o qual, durante a deambulação, poderá utilizar uma sacola como suporte para o frasco coletor. O cliente
deve ser orientado para manter o frasco coletor sempre abaixo do nível de seu tórax, e atentar para que
não quebre - caso isto ocorra, deve imediatamente pinçar com os dedos a extensão entre o dreno e o
frasco, o que evitará a penetração de ar na cavidade pleural.
O dreno originário do tórax deve ser mantido mergulhado em solução estéril contida no frasco coletor
(selo de água) – no qual deve ser colocada uma fita adesiva em seu exterior, para marcar o volume de
solução depositada, possibilitando, assim, o efetivo controle da drenagem. A intervalos regulares, o
auxiliar de enfermagem deve checar o nível do líquido drenado, comunicando à enfermeira e/ou médico
as alterações (volume drenado, viscosidade e coloração).
Observar a oscilação da coluna de líquido no interior do frasco coletor – que deve estar de acordo com
os movimentos respiratórios do cliente. Caso haja a necessidade de seu transporte, o profissional deverá
pinçar a extensão apenas no momento da transferência da cama para a maca. Nessa circunstância, o
cliente deve ser orientado para não se deitar ou se sentar sobre a extensão, e a equipe deve observar se
não existem dobras, formação de alças e/ou obstrução da extensão, visando evitar o aumento da pressão
intrapleural, que pode provocar parada cardiorrespiratória.
A cada 24 horas, realizar a troca do frasco de drenagem, de maneira asséptica, cujo pinçamento de
sua extensão deve durar apenas alguns segundos (o momento da troca), observando-se e anotando-se,
nesse processo, a quantidade e aspecto da secreção desprezada.
Com relação aos clientes em posição pleural e com drenos, o controle da dor é de extrema importância,
pois lhes diminui a ansiedade e desconforto, além de evitar a infecção pulmonar - como sabemos, a
pessoa com dor não realiza corretamente a fisioterapia respiratória, o que aumenta o acúmulo de
secreção e, consequentemente, a possibilidade de infecção pulmonar.

Os Familiares, o Cliente e a Alta Hospitalar

A alta é um momento importante para o cliente e seus familiares, pois significa sua volta ao contexto
social. É uma fase de transição que causa muita ansiedade e preocupação para todos os envolvidos.
Para minimizar esses sentimentos, faz-se importante a correta orientação quanto aos cuidados a serem
tomados e as formas de adaptá-los no domicílio; bem como alertar o cliente sobre seu retorno ao serviço
de saúde, para avaliação da evolução.
Para que os familiares, efetivamente, compreendam a complexidade dos cuidados (técnicas
assépticas, manuseio dos curativos, grau de dependência, uso de medicações, etc.), as informações
devem ser passadas paulatinamente. Esta estratégia evita que o momento da saída seja conturbado por
conta de um acúmulo de informações para a continuidade do bem-estar do cliente.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde do adulto, assistência
cirúrgica, atendimento de emergência. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
MANGANARO, Márcia Marcondes et al. Enfermagem na Saúde do Adulto. In: MURTA, Genilda Ferreira. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de
enfermagem. 3. ed rev. E amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2007.

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Questões

01. (EBSERH/ HC-UFMG - Técnico em Enfermagem - AOCP) São atribuições do técnico de


enfermagem no Centro Cirúrgico, EXCETO
(A) colher material para exame de laboratório de acordo com a solicitação médica em impresso próprio
e conforme regulamentação do exercício profissional da enfermagem.
(B) auxiliar o cirurgião e realizar a sutura da pele ao final da cirurgia, se solicitado pelo enfermeiro.
(C) dispor os instrumentos cirúrgicos sobre a mesa apropriada, com técnica asséptica.
(D) administrar a medicação prescrita, fazer curativos simples e controlar os sinais vitais de acordo
com os protocolos da unidade.
(E) exercer as atribuições de circulante de sala.

02. (Pref. Botucatu/SP - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES) Em relação aos cuidados com a
criança com afecções cirúrgicas, a manutenção do jejum antes do ato operatório tem alguns objetivos.
Leia as sentenças abaixo e assinale a seguir a alternativa que apresenta a resposta correta para a
exigência do jejum.
I- Evitar vômitos e prevenir a aspiração de resíduos alimentares.
II- Aumentar o efeito das medicações pré-anestésicas e diminuir o risco de reações anafiláticas.
III- Acelerar a recuperação no período pós-anestésico.
IV- Facilitar o acesso em cirurgias abdominais.

(A) Somente a alternativa I é verdadeira.


(B) Somente as alternativas I, II, e III são verdadeiras.
(C) Somente as alternativas III e IV são verdadeiras.
(D) Somente as alternativas II e III são verdadeiras.

03. (SSA-HMDCC - Enfermeiro – Centro Cirúrgico – IBFC) Assinale a alternativa que contemple a
pontuação correta do índice de Aldrete e Kroulik para um paciente que apresenta movimentação nos
quatro membros; é capaz de respirar profundamente ou sob comando; sua pressão arterial apresenta
variação de 20 a 49% do nível pré-anestésico; desperta, se solicitado; e é capaz de manter saturação de
O2 maior do que 92%, respirando em ar ambiente.
(A) 7.
(B) 9.
(C) 10.
(D) 8.

Gabarito

01.B / 02.A / 03.D

Comentários

01. B.A coleta de material para exame de laboratório deverá ser realizada na fase pré-operatória com
o propósito de diagnosticar complicações no ato cirúrgico.

02. A. A manutenção do jejum de 6 a 12 horas antes da cirurgia tem por objetivo evitar vômitos e
aspiração de resíduos alimentares por ocasião da anestesia. É importante que, tanto o cliente como seus
familiares, tenham conhecimento deste cuidado, para que possam entender o motivo e efetivamente
cumpri-lo.

03. D. A hipotermia não intencional é frequente em RPA, e geralmente não é uma situação impeditiva
de alta quando os parâmetros clínicos avaliados pelo Índice de Aldrete e Kroulik apontam para a
transferência do paciente para a unidade de origem, isto é, quando atingem o total de 8 a 10 pontos. O
Índice de Aldrete e Kroulik foi criado e validado em 1970. Em 1995 foi submetido a uma revisão pelos
próprios autores. É utilizado, desde sua criação, na avaliação e evolução dos pacientes no período pós-
anestésico pela análise da atividade muscular, da respiração, da circulação, da consciência e da
saturação de oxigênio. A pontuação varia de 0 a 2 pontos para cada parâmetro, na qual o zero (0) indica
condições de maior gravidade, a pontuação um (1) corresponde a um nível intermediário e, a dois (2)
representa as funções restabelecidas.

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ENFERMAGEM EM CENTRO CIRÚRGICO

Unidade Cirúrgica

Cirurgia ou operação é o tratamento de doença, lesão ou deformidade externa e/ou interna com o
objetivo de reparar, corrigir ou aliviar um problema físico. É realizada na sala de cirurgia do hospital e em
ambulatório ou consultório, quando o procedimento for considerado simples.
Dependendo do risco de vida, a cirurgia pode ser de emergência, urgência, programada ou
opcional. Como por exemplo:
- Nos casos de hemorragia interna, a cirurgia é sempre de emergência pois deve ser realizada sem
demora;
- No abdome agudo, o tratamento cirúrgico é de urgência, por requerer pronta atenção, podendo-se,
entretanto, aguardar algumas horas para melhor avaliação do cliente;
- As cirurgias programadas ou eletivas, como no caso de varizes de membros inferiores, são realizadas
com data pré-fixada, enquanto que a maioria das cirurgias plásticas são optativas por serem de
preferência pessoal do cliente.

A cirurgia também é classificada de acordo com a finalidade:


- Diagnóstica ou exploratória: quando utilizada para se visualizar as partes internas e/ou realizar
biópsias (laparotomia exploradora);
- Curativa: quando se corrige alterações orgânicas (retirada da amígdala inflamada);
- Reparadora: quando da reparação de múltiplos ferimentos (enxerto de pele);
- Reconstrutora ou cosmética: quando se processa uma reconstituição (plástica para modelar o
nariz, por exemplo); e
- Paliativa: quando se necessita corrigir algum problema, aliviando os sintomas da enfermidade, não
havendo cura (abertura de orifício artificial para a saída de fezes sem ressecção do tumor intestinal, por
exemplo).

As cirurgias provocam alterações estruturais e funcionais no organismo do cliente, que precisará de


algum tempo para se adaptar às mesmas. É comum o tratamento cirúrgico trazer benefícios à qualidade
de vida da pessoa, mas é importante compreendermos que o tratamento cirúrgico sempre traz um impacto
(positivo ou negativo) tanto no aspecto físico como nos aspectos psicoemocionais e sociais.
Com esta compreensão, temos maior chance de realizar uma comunicação interpessoal mais
individualizada e prestar ao cliente orientações mais adequadas.
As reações emocionais guardam relação direta com o “significado” que o cliente e familiares atribuem
à cirurgia, sendo a ansiedade pré-operatória a mais frequente. Por isso, a cirurgia e os procedimentos
diagnósticos podem representar uma invasão física, emocional e psicológica - e em algumas cirurgias
(amputação da perna) uma invasão social, obrigando mudanças no estilo de vida.
A aceitação ao tratamento cirúrgico, apesar do medo da anestesia, da dor, da morte, do desconhecido
e da alteração da imagem corporal, está geralmente relacionada à confiança que o cliente deposita na
equipe profissional e na estrutura hospitalar, daí a importância de estarmos atentos ao tipo de relação
interpessoal que especificamente temos com este cliente.
O atendimento do cliente cirúrgico é feito por um conjunto de setores interligados, como o pronto-
socorro, ambulatório, enfermaria clínica ou cirúrgica, centro cirúrgico (CC) e a recuperação pós-
anestésica (RPA). Todos estes setores devem ter um objetivo comum: proporcionar uma experiência
menos traumática possível e promover uma recuperação rápida e segura ao cliente.
O ambulatório ou pronto-socorro realiza a anamnese, o exame físico, a prescrição do tratamento clínico
ou cirúrgico e os exames diagnósticos. A decisão pela cirurgia, muitas vezes, é tomada quando o
tratamento clínico não surtiu o efeito desejado.
O cliente pode ser internado um ou dois dias antes da cirurgia, ou no mesmo dia, dependendo do tipo
de preparo que a mesma requer. O cliente do pronto-socorro é diretamente encaminhado ao centro
cirúrgico, devido ao caráter, geralmente, de emergência do ato cirúrgico.

Cirurgia Segura
Relaciona-se com as medidas tomadas para que sejam reduzidos os riscos de eventos alheios aos
que possam ocorrer antes, durante e depois das cirurgias. São incidentes que acarretam danos aos
pacientes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) firmou um programa que garanta a segurança em cirurgias,
voltado na verificação de itens referentes ao procedimento cirúrgico. Tem como objetivo garantir que a

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cirurgia seja realizada conforme o planejado, atendendo a alguns requisitos básicos: paciente,
procedimento, lateralidade (lado a ser operado), posicionamento e equipamentos.

Classificação da Cirurgia por Potencial de Contaminação


O número de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinará o potencial de
contaminação da ferida cirúrgica. De acordo com a Portaria nº 2.616/98, de 12/5/98, do Ministério da
Saúde, as cirurgias são classificadas em:
- limpas: realizadas em tecidos estéreis ou de fácil descontaminação, na ausência de processo
infeccioso local, sem penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário, em condições ideais de
sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovário;
- potencialmente contaminadas: realizadas em tecidos de difícil descontaminação, na ausência de
supuração local, com penetração nos tratos digestório, respiratório ou urinário sem contaminação
significativa. Exemplo: redução de fratura exposta;
- contaminadas: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difícil
descontaminação, com processo inflamatório mas sem supuração. Exemplo: apendicite supurada;
- infectadas: realizadas em tecido com supuração local, tecido necrótico, feridas traumáticas sujas.
Exemplo: cirurgia do reto e ânus com pus.

Estrutura do Centro Cirúrgico (CC)


A unidade de centro cirúrgico destina-se às atividades cirúrgicas e de recuperação anestésica, sendo
considerada área crítica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e que
possui clientes com sistema de defesa deficiente e maior risco de infecção.
A equipe do CC é composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgiões, instrumentador
cirúrgico, enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem, podendo ou não integrar a equipe o
instrumentador cirúrgico e o auxiliar administrativo.
Para prevenir a infecção e propiciar conforto e segurança ao cliente e equipe cirúrgica, a planta física
e a dinâmica de funcionamento possuem características especiais. Assim, o CC deve estar localizado em
área livre de trânsito de pessoas e de materiais.
Devido ao seu risco, esta unidade é dividida em áreas:
- Não restrita: as áreas de circulação livre são consideradas áreas não restritas e compreendem os
vestiários, corredor de entrada para os clientes e funcionários e sala de espera de acompanhantes. O
vestiário, localizado na entrada do CC, é a área onde todos devem colocar o uniforme privativo: calça
comprida, túnica, gorro, máscara e propés.
- Semi-restritas: nestas áreas pode haver circulação tanto do pessoal como de equipamentos, sem
contudo provocarem interferência nas rotinas de controle e manutenção da assepsia. Como exemplos
temos as salas de guarda de material, administrativa, de estar para os funcionários, copa e expurgo. A
área de expurgo pode ser a mesma da Central de Material Esterilizado, e destina-se a receber e lavar os
materiais utilizados na cirurgia.
- Restrita: o corredor interno, as áreas de escovação das mãos e a sala de operação (SO) são
consideradas áreas restritas dentro do CC; para evitar infecção operatória, limita-se a circulação de
pessoal, equipamentos e materiais.

A sala de cirurgia ou operação deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as paredes, o
piso e as portas devem ser laváveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material
condutivo, ou seja, de proteção contra descarga de eletricidade estática; as tomadas devem possuir
sistema de aterramento para prevenir choque elétrico e estar situadas a 1,5m do piso. As portas devem
ter visor e tamanho que permita a passagem de macas, camas e equipamentos cirúrgicos. As janelas
devem ser de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema de ar condicionado. A iluminação
do campo operatório ocorre através do foco central ou fixo e, quando necessário, também pelo foco móvel
auxiliar.
O lavabo localiza-se em uma área ao lado da SO e é o local onde a equipe cirúrgica faz a degermação38
das mãos e antebraços com o uso de substâncias degermantes antissépticas, com a ação mecânica da
escovação. As torneiras do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou através do uso de pedais,
para evitar o contato das mãos já degermadas. Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo a
solução degermante e um outro, contendo escova esterilizada.
Após a passagem pelo SO, o cliente é encaminhado à sala de RPA (Recuperação Pós-Anestésica) a
qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte do cliente sob efeito anestésico da SO para a
38
Ato de redução ou remoção parcial dos microrganismos da pele, ou outros tecidos por métodos quimio-mecânicos. É o que se faz quando é realizada a
higienização das mãos usando água, sabão e escova.

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RPA, e desta para a SO, na necessidade de uma reintervenção cirúrgica; deve possibilitar, ainda, o fácil
acesso dos componentes da equipe que operou o cliente.
Considerando-se a necessidade de se ter materiais em condições para pronto uso bem como evitar a
circulação desnecessária de pessoal e equipamentos dentro e fora da área do CC, recomenda-se a
existência de salas específicas para a guarda de medicamentos, materiais descartáveis, esterilizados, de
anestesia e de limpeza, aparelhos e equipamentos e roupa privativa. Dependendo do tamanho do CC, é
também recomendável que haja uma sala administrativa, sala de espera para familiares e/ou
acompanhantes, sala de estar para funcionários e copa.

Montagem da Sala Cirúrgica


O auxiliar de enfermagem desempenha a função de circulante da sala cirúrgica, que também pode ser
exercida pelo técnico em enfermagem, quando necessário.
Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações
especiais à cirurgia. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica, é importante manter a sala em
boas condições de limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos. Portanto, antes
de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou outro desinfetante
recomendado, deixando-os prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica.
Para evitar problemas durante o ato operatório, o circulante deve testar o funcionamento dos aparelhos
sob sua responsabilidade, verificando suas perfeitas condições de uso, bem como revisar o material
esterilizado e providenciar os materiais específicos em quantidade suficiente para a cirurgia, dispondo-os
de forma a facilitar o uso.
Com o anestesista, checar a necessidade de material para o carrinho de anestesia.
Deve-se também preparar a infusão endovenosa e a bandeja de antissepsia, e dispor os pacotes de
aventais, campos, luvas e a caixa de instrumentais em local limpo e acessível.
Quanto ao processo de abertura do pacote, tomar o cuidado de manusear somente a parte externa do
campo, evitando contaminar sua parte interna. Se o pacote for grande, deve ser aberto sobre uma
superfície; se pequeno, pode ser aberto afastado do corpo e seu conteúdo oferecido ao profissional que
dele fará uso.

Tipos de Anestesia
A anestesia é um estado de relaxamento, perda da sensibilidade e dos reflexos, de forma parcial ou
total, provocada pela ação de drogas anestésicas. Seu objetivo é evitar a dor e facilitar o ato operatório
pela equipe cirúrgica. Na anestesia geral ocorre, também, um estado de inconsciência.
O anestesista é o médico responsável por avaliar o cliente no pré-operatório, prescrever a medicação
pré-anestésica, administrar a anestesia, controlar as condições do cliente durante a cirurgia e assistir o
cliente na sala de recuperação pós-anestésica.
As drogas anestésicas podem produzir anestesia em todo o corpo (anestesia geral) ou em partes dele
(anestesias local, raquiana e peridural).
Na anestesia geral, administra-se o anestésico por via inalatória, endovenosa - ou combinado
(inalatória e endovenosa), com o objetivo de promover um estado reversível de ausência de sensibilidade,
relaxamento muscular, perda de reflexos e inconsciência devido à ação de uma ou mais drogas no
sistema nervoso.
A raquianestesia é indicada para as cirurgias na região abdominal e membros inferiores, porque o
anestésico é depositado no espaço subaracnoide da região lombar, produzindo insensibilidade aos
estímulos dolorosos por bloqueio da condução nervosa.
Na anestesia peridural, o anestésico é depositado no espaço peridural, ou seja, o anestesista não
perfura a duramáter. O anestésico se difunde nesse espaço, fixa-se no tecido nervoso e bloqueia as
raízes nervosas.
Na anestesia local, infiltra-se o anestésico nos tecidos próximos ao local da incisão cirúrgica. Utilizam-
-se anestésicos associados com a adrenalina, com o objetivo de aumentar a ação do bloqueio por
vasoconstrição e prevenir sua rápida absorção pela corrente circulatória.
A anestesia tópica está indicada para alívio da dor da pele lesada por feridas, úlceras e traumatismos,
ou de mucosas das vias aéreas e sistema geniturinário.
O ato anestésico requer atenção do circulante de sala, especialmente no momento de posicionamento
do cliente, transmitindo-lhe conforto e segurança, bem como facilitando o procedimento para a equipe
cirúrgica. O posicionamento do cliente está relacionado com o tipo de anestesia a ser aplicada:
- Durante a anestesia peridural ou raquianestesia, o circulante auxilia na colocação e manutenção do
cliente em posição especial, com o objetivo de facilitar a punção com a abertura máxima dos espaços
intervertebrais. Uma dessas posições é o decúbito lateral fetal, com os joelhos próximos do abdome e o

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queixo encostado no tórax. O circulante da sala mantém o cliente nessa posição, colocando uma das
mãos na região cervical e a outra na dobra posterior do joelho. Durante a punção, outra posição é o cliente
sentado com as pernas pendendo lateralmente para fora da mesa cirúrgica e o queixo apoiado no tórax.
Para mantê-lo assim imobilizado, o circulante de sala deve se colocar à frente, com as mãos na nuca do
cliente.
- Durante a anestesia geral, o cliente deve ser posto em decúbito dorsal: deitado de costas, pernas
estendidas ou ligeiramente flexionadas, um dos braços estendido ao longo do corpo e o outro apoiado no
suporte de braço. Para facilitar a visualização das vias aéreas no momento da intubação, é necessário
hiperestender o seu pescoço.
Atualmente, muitas instituições possuem o Serviço de Apoio Técnico à Anestesiologia, com pessoal
treinado e com conhecimento de preparo e montagem de aparelhos utilizados em anestesia. Também é
função desse serviço promover a limpeza e esterilização dos componentes dos monitores, bem como
repor os materiais de consumo, encaminhar para reparo os aparelhos danificados e fazer a manutenção
preventiva dos mesmos.

Fluxo do Cliente no Centro Cirúrgico


Na recepção, é importante atender o cliente com cordialidade, transmitindo-lhe tranquilidade e
confiança, bem como proporcionar-lhe privacidade física e conforto. Sendo fundamental:
- Identificá-lo, chamando-o pelo nome, checando a pulseira de identificação ou conferindo seus dados
com quem o transportou;
- Verificar se o prontuário está completo, se os cuidados pré-operatórios foram realizados, se há
anotações sobre problemas alérgicos e condições físicas e emocionais – estes cuidados são
absolutamente necessários para evitar erros, ou realização de cirurgias em clientes inadequadamente
preparados; e
- Fazer a tricotomia, se esta for a rotina do hospital, e encaminhar o cliente para a sala de operação.

Através do corredor interno do CC, o cliente é transportado em maca - sempre as grades levantadas
para evitar quedas acidentais - até a sala de cirurgia.
Na sala de operação, o circulante deve receber o cliente tentando diminuir a ansiedade deste,
procurando transmitir-lhe confiança, segurança e tranquilidade. Para evitar erros, repete os mesmos
cuidados de conferência de dados prévios à entrada no CC.
Após conferir os dados do prontuário, o cliente deve ser transferido da maca para a mesa cirúrgica,
tendo-se o cuidado de posicionar corretamente os frascos de solução, drenos e sondas, caso existam.
Ao posicionar o suporte de braço (para a infusão endovenosa) sob o colchonete da mesa cirúrgica,
deve-se ter o cuidado de colocar o braço do cliente num ângulo inferior a 90o em relação ao corpo, para
evitar dores musculares e articulares no pós-operatório.
Em razão da probabilidade de ocorrer hipotensão arterial provocada pela anestesia e/ou perdas
sanguíneas durante o ato operatório, é necessário controlar a pressão arterial pelo monitor ou aparelho
de pressão arterial.
O cliente pode apresentar hipotermia devido à baixa temperatura da SO, administração de líquidos
gelados, feridas ou cavidades abertas e diminuição da atividade muscular. Para corrigir essa
intercorrência, administrar soluções mornas e trocar os campos molhados por outros secos, já que os
tecidos molhados promovem a perda de calor.
Como o cliente está anestesiado e, portanto, incapacitado para se defender de qualquer tipo de
agressão física, é dever da equipe médica e de enfermagem assegurar-lhe um ato operatório seguro,
prestando alguns cuidados específicos, entre outros: anestésico administrado na dosagem certa para
evitar a dor; manter os olhos do cliente ocluídos, para evitar úlceras de córnea; atentar para o
posicionamento do cliente, de modo a evitar escaras e dor no pós-operatório; evitar extravasamento de
solução para fora da veia.
O circulante, além de auxiliar o anestesista no posicionamento do cliente, também auxilia - quando
necessário - no suprimento de material - e durante a cirurgia comunica e registra as alterações do que
observou.
Compete ao cirurgião - ou assistente - posicionar corretamente o cliente para o ato cirúrgico, cabendo
ao circulante da sala auxiliá-los no procedimento ou realizá-lo sob orientação médica. O cliente deve estar
posicionado de forma anatômica, possibilitando boas condições de respiração e evitando distensões
musculares, compressão de vasos, nervos e saliências ósseas.
Também é atribuição do circulante ajudar os integrantes da equipe cirúrgica a se paramentarem. Para
tanto, no momento de vestir o avental, o circulante deve se posicionar de frente para as costas do membro
da equipe que está se paramentando, introduzir as mãos nas mangas do avental - pela parte interna - e

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puxar até que os punhos cheguem aos pulsos; amarrar as tiras ou amarilhos do decote do avental, receber
os cintos pela ponta e amarrar; posteriormente, apresentar as luvas.
Após auxiliar a equipe a se paramentar, deve abrir o pacote com o impermeável sobre a mesa do
instrumentador e a caixa de instrumentais sobre a mesa auxiliar, fornecer ao instrumentador os materiais
esterilizados (gaze, compressas, fios, cúpulas, etc.) e oferecer ao cirurgião a bandeja de material para
antissepsia. Auxiliar o anestesista a ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de cada lado da mesa
cirúrgica, fixar as pontas dos campos esterilizados - recebidos do assistente - no arco e suportes,
formando uma tenda de separação entre o campo operatório e o anestesista.
Posteriormente, aproximar da equipe cirúrgica o hamper coberto com campo esterilizado e o balde de
lixo; conectar a extremidade de borracha recebida do assistente ou instrumentador ao aspirador, e ligá-
-lo.
Se for utilizado o bisturi elétrico, faz-se necessário aplicar gel condutor na placa neutra, para neutralizar
a carga elétrica durante o contato da placa com o corpo do cliente, conforme orientação do fabricante. A
seguir, colocá-la sob a panturrilha ou outra região de grande massa muscular, evitando áreas que
dificultem o seu contato com o corpo do cliente, como saliências ósseas, pele escarificada, áreas de
grande pilosidade, pele úmida. Ao movimentar o cliente, observar se ocorre deslocamento da placa,
reposicionando-a se necessário. Qualquer que seja a posição escolhida para colocar a placa, ela deve
permitir o funcionamento correto dos eletrodos dos aparelhos, equipos de solução e de sangue, drenos,
sondas e cateteres.
Jamais se deve deixar qualquer parte do corpo do cliente em contato com a superfície metálica da
mesa cirúrgica, pois isto, além de desconfortável, pode ocasionar queimaduras, devido ao uso do bisturi
elétrico.
Quando não for mais utilizado material estéril dos pacotes, os mesmos devem estar sempre cobertos
para possibilitar o seu eventual uso durante a cirurgia, com segurança.

Cuidados Necessários no Transcorrer da Cirurgia


- Ajustar o foco de luz sempre que solicitado, de forma a proporcionar iluminação adequada no campo
cirúrgico, sem projeção de sombras e reflexos;
- Observar o gotejamento dos soros e sangue, líquidos drenados e sinais de intercorrências;
- Controlar a quantidade e peso das compressas cirúrgicas e gazes, para evitar esquecimento acidental
desses materiais no campo operatório;
- Avaliar a perda sanguínea e de líquidos pelas sondas e do sangue aspirado no frasco do aspirador.

Quando for necessário mudar a posição do cliente durante a cirurgia, deve-se evitar movimentos
rápidos e bruscos, porque a mudança repentina de posição pode ocasionar hipotensão arterial.
Os registros são feitos em impresso próprio, anotando-se os medicamentos, soluções, sangue,
equipamentos usados, intercorrências com o cliente, nome da operação e da equipe cirúrgica, bem como
início e término da cirurgia. Ao final desta, desliga-se o foco e aparelhos, afastam-se os equipamentos e
aparelhos da mesa cirúrgica, removem-se os campos, pinças e outros materiais que estiverem sobre o
cliente. Até que este seja transportado para a recuperação pós-anestésica ou unidade cirúrgica, não pode
ser deixado sozinho, devido ao risco de quedas acidentais ou intercorrências pós-cirúrgicas.
Durante a transferência da SO para a RPA, UTI ou unidade de internação, deve-se ser cuidadoso com
a mudança do cliente da mesa cirúrgica para a maca, observando a necessidade de agasalhá-lo, a
manutenção do gotejamento das infusões venosas, as condições do curativo e o funcionamento de
sondas e drenos.
O encaminhamento do cliente à RPA, normalmente, é feito pelo circulante da sala, junto com o
anestesista.
Antes de providenciar a limpeza da sala cirúrgica, o circulante deve separar a roupa usada na cirurgia
e encaminhá-la ao expurgo, após verificar se não há instrumentais misturados. Os materiais de vidro,
borracha, cortantes, instrumentais e outros devem ser separados e encaminhados para limpeza e
esterilização, ou jogados no saco de lixo, encaminhando-os, lacrados, para o devido setor, sempre
respeitando as medidas de prevenção de acidentes com perfuro-cortantes.
Com relação a impressos, ampolas ou frascos vazios de medicamentos controlados, os mesmos
devem ser encaminhados para os setores determinados.
Ao final da cirurgia, normalmente, o cirurgião ou outro profissional que tenha participado de sua
realização informa os familiares sobre o ato cirúrgico e o estado geral do cliente.

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Materiais e Equipamentos da Sala de Operação (SO)
Para que o processo cirúrgico transcorra sem intercorrências e de forma planejada, as salas cirúrgicas
são equipadas com foco central, negatoscópio, sistema de canalização de ar e gases, prateleiras (podem
estar ou não presentes), mesa cirúrgica manual ou automática com colchonete de espuma, perneiras
metálicas, suporte de ombros e braços, arco para narcose, coxins e talas para auxiliar no posicionamento
do cliente.
Para controlar os dados fisiológicos do cliente e evitar complicações anestésicas, a sala de cirurgia
deve ser equipada com esfigmomanômetro, monitor de eletrocardiograma, material para entubação
traqueal, equipamentos para ventilação e oxigenação, aspirador de secreções, oxímetro de pulso e outros
aparelhos especializados.
Os equipamentos auxiliares são aqueles que podem ser movimentados pela sala, de acordo com a
necessidade: suporte de hamper e bacia, mesas auxiliares, bisturi elétrico, foco auxiliar, banco giratório,
escada, estrado, balde inoxidável com rodinhas ou rodízios, carros ou prateleiras para materiais estéreis,
de consumo e soluções antissépticas.
Também são necessários diversos pacotes esterilizados contendo aventais, “opa” (avental com
abertura para a frente), luvas de diferentes tamanhos, campos duplos, campos simples, compressas
grandes e pequenas, gazes, impermeável (para forrar a mesa do instrumentador), cúpulas grandes e
pequenas, cuba rim, bacia, sondas e drenos diversos, cabo com borracha para aspirador e cabo de bisturi
elétrico (pode vir acondicionado em caixas).
Outros materiais esterilizados são as caixas de instrumentais, o estojo de material cortante (pode estar
acondicionado dentro da caixa de instrumentais), bandeja de material para anestesia e fios de sutura de
diferentes números e tipos.
Como materiais complementares: a balança para pesar compressas e gazes, as soluções
antissépticas, esparadrapo, ataduras, pomada anestésica, medicamentos anestésicos e de emergência,
soluções endovenosas do tipo glicosada, fisiológica, bicarbonato de sódio, solução de álcool hexa-hídrico
(Manitol®), de Ringer® e de Ringer Lactato®.
Como no CC existem materiais inflamáveis e explosivos, a equipe do CC deve tomar todas as
precauções contra acidentes que possam gerar explosões e incêndio. Para preveni-los, recomenda-se
evitar que alguns agentes anestésicos (óxido nitroso) e soluções como éter e/ou benzina entrem em
contato com descargas elétricas; dar preferência ao uso de tecidos de algodão ao invés de sintéticos, que
acumulam carga elétrica; e testar diariamente todos os equipamentos elétricos, bem como conferir a
aterragem dos aparelhos elétricos através de fio-terra.

Material Cirúrgico, Procedimento Cirúrgico e Instrumentação


Material cirúrgico é todo o conjunto de objetos, instrumentos e equipamentos que entram em contato
direto ou indireto com a região operatória, utilizados para a execução de determinado procedimento
cirúrgico. Sua classificação é de acordo com a sua função ou uso principal, visto que muitos equipamentos
têm mais de uma utilidade.
Porém basicamente, um procedimento cirúrgico segue 3 etapas principais: diérese, hemostasia
e síntese. Inicia-se pela diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos através do bisturi,
bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser; em seguida, faz-se a hemostasia, através de compressão direta
com os dedos, uso de pinças, bisturi elétrico (termocautério) ou sutura para prevenir, deter ou impedir o
sangramento. Ao se atingir a área comprometida, faz-se a exérese, que é a cirurgia propriamente dita. A
etapa final é a síntese cirúrgica, com a aproximação das bordas da ferida operatória através de sutura,
adesivos e/ou ataduras.

A classificação do material cirúrgico segue portanto esse mesmo caminho: diérese, preensão,
hemostasia, exposição, especial e síntese.

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CLASSIFICAÇÃO DO MATERIAL CIRÚRGICO
TIPO FUNÇÃO EXEMPLOS
Diérese Corte, divulsão Bisturi, tesoura
Preensão Apanhar estruturas Pinça anatômica e dentes de rato
Hemostasia Pinçamento de vasos Pinças hemostáticas (Halsted, Kelly Tc)
Exposição Afastamento de tecidos Afastadores (Farabeuf, Gosset etc.)
Pinça de Abadie - cirurgia gástrica
Especial Própria
Pinça de Potts - cirurgia vascular
Síntese União de tecidos Porta-agulhas, agulhas

Diérese: os principais instrumentos agrupados na diérese são o bisturi e as tesouras em seus vários
tamanhos e modalidades
- Bisturi: instrumental de corte, que existe em vários tamanhos e formas de lâminas diferentes. Os
cabos são classificados em nº3 e nº4 sendo o primeiro receptor de lâminas em geral menores e
destinados a atos cirúrgicos delicados. O segundo apresentam um encaixe maior para lâmina e destina-
se a ato cirúrgico gerais. Cada cabo ainda apresenta variedade no seu tamanho (3L e 4L), destinada a
operar na profundidade. As lâminas para bisturi, podem ser classificadas quanto seu formato e
aplicabilidade.
Deve-se segurar o bisturi como se segura um lápis, ao escrever. A incisão deve ser feita inicialmente
em um ângulo de 90o e, então, pode-se baixar mais a lâmina. A lâmina do bisturi pode ainda ser usada
desacoplada ao cabo, como em um procedimento cuja profundidade ou largura são predeterminadas, em
que pode-se fazer uma montagem com a lâmina e uma pinça hemostática, servido essa com a limitante
da secção.
- Tesoura: usada para cortar tecidos orgânicos e materiais cirúrgicos, além de promover a dissecção
e divulsão dos tecidos. A tesoura de ponta curva é a mais usada pelo cirurgião, pois dá maior visibilidade
em regiões profundas. A tesoura reta é muito usada na superfície, para corte de fios. É empunhada pelos
dedos polegar e anular (falanges distais) introduzidos em seus anéis. Pode-se ainda "guardá-la" na palma
da mão, entre períodos de uso frequente, liberando 3 dedos para executar outras funções.

Preensão: agrupam-se todos aqueles destinados a prender e segurar vísceras ou órgãos, como as
pinças “Babcock”, “Allis”, “Collin”, “Duval”, etc.
- Pinças de dissecção: são instrumentos destinados a agarrar tecidos. Ferramentas auxiliares que
geralmente são usadas pela mão esquerda, empunhadas como se fossem um lápis. O modelo "dentes
de rato" é usado para procedimentos na pele ou para agarrar materiais como campo e borrachas. O outro
modelo, anatômico, possui estrias transversais nas faces internas das pontas, e é usado em
procedimentos diversos.
As pinças de coprostase são pinças longas, de haste maleável usadas para contenção dos fluídos
intestinais.
As pinças de “Foerster” e “Cheron” são longas, usadas como transportadoras de gases para curativos
em profundidade. O “Cheron” é muito usada na antissepsia da pele do doente.

Pinça Cheron Cheron Reta

As pinças de “Foerster” são úteis para a etapa de antissepsia do paciente.

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Reta Curva

As pinças como “Abadie” utilizado nas gastrectomias, pinças de “Randal” para extração de cálculos
das vias biliares, etc.

Pinça Abadie Pinça de Randall

Hemostasia: os instrumentos de hemostasia são as pinças hemostáticas, destinadas ao pinçamento


de pequenos vasos sangrantes de ligadura e também para pinçar fios de sutura e tecidos orgânicos como
aponeurose etc. São empunhados da mesma maneira que as tesouras e fecham-se em vários graus de
pressão. Têm algumas variações, no tamanho do cabo e da ponta, na forma da ponta (curva/reta) etc.
As pinças hemostáticas não devem realizar trações em estruturas duras para se evitar que estas
sofram deformações. O aço pode trincar e se deformar quando aquecidas a altas temperaturas, logo,
deve-se evitar a utilização destas pinças para outros fins a não ser para o pinçamento de tecidos de pouca
consistência.
As pinças do tipo “Kelly” e “Halsted”, sendo estas curvas por proporcionar maior facilidade de
manuseio. “Halsteds” delicados e menores (9,5cm) são chamadas de “pinças mosquito”, são usadas em
cirurgias infantil. Quando o pinçamento envolve estruturas mais grosseiras, a “Rochester”, essa em geral
indicada por ser uma pinça mais robusta. A “Kocher” reta, inicialmente descrita como hemostática, é hoje
mais usada como pegadora e suspensora de aponeuroses, aproveitando a segurança que lhe confere
seus “dentes-de-rato”.
Em ocasiões que são necessárias hemostasias profundas usam-se a “Mixter”, a “Moynihan” e a
“Crafoord”. As duas primeiras são usadas como pinça para trabalhar pedículos como o hepático, o renal
e o pulmonar.

Exposição: compõem-se de instrumentos afastadores, elementos mecânicos para afastar os


tecidos seccionados ou separados. Facilita, portanto, a operação. Compreendem dois tipos principais:
dinâmicos e auto estáticos. O afastador de “Gosset” é usado para manter aberta a cavidade abdominal,
e o “Finochietto” para a cavidade torácica. Para facilitar o ato operatório o auxiliar deverá utilizar também
os afastadores dinâmicos com o “Farabeauf” que é usado durante a abertura e fechamento da parede
abdominal. O afastador de “Doyen” (estático) é usado durante as manobras intra-abdominais, afastando
o baço, por exemplo.

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- Espátulas: que também são chamadas de “sapatas” são lâminas rígidas ou maleáveis também
usadas como afastadores.
- Separação: no grupo dos instrumentos de separação encontram-se todos os tipos de afastadores
como “Gosset”, “Finochietto”, “Farabeuf”, etc.
- Ruginas: são usadas para separar a musculatura intercostal das costelas, muito utilizada em
cirurgias torácicas.
- Costótomo: muito utilizado em cirurgias torácicas e tem a função de seccionar as costelas.

Afastador Gosset Afastador Finochietto Afastador de Farabeuf

Síntese: são os instrumentos destinados a fazer a reunião dos tecidos. São compostos basicamente
de porta-agulhas e agulhas. O primeiro apresenta uma ponta destinada à apreensão da agulha e um cabo
que gradua o fechamento do instrumento. Pode ter ponta reta, curva ou angulada. A agulha cirúrgica é
uma pequena e fina haste de aço polido, aguçada numa das extremidades e com um orifício por onde se
enfia ou se fixa o fio de sutura.

CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS AGULHAS


Cilíndrica
Secção geométrica
Prismática
Normal
Resistência Forte
Delicada
Traumática
Olho
Atraumática
Reta
Forma e comprimento Curva 3 a 75 mm
Mista

A agulha de corpo circular e ponta cônica é chamada comumente de agulha cilíndrica - usada e
aplicada em quase todos os tecidos. Quando a agulha tem que atravessar estruturas endurecidas, usa-
se então a agulha de corpo cilíndrico e ponta triangular. A agulha de corpo de secção triangular é chamada
de agulha cortante e geralmente associada também uma ponta prismática triangular. Penetra facilmente
nos tecidos, sendo mais traumática que a cilíndrica. Olho da agulha é o furo transversal da agulha para
passagem do fio. As agulhas que possuem olho são chamadas de traumáticas; as que não o possuem
são as atraumáticas. Podem ser retas e curvas. O seu tamanho é ditado pela dimensão do campo
operatório e pelo tipo de tecido que vai ser suturado.
Os porta-agulha são utilizados para manusear agulhas e fios na síntese dos tecidos. Os dois tipos
básicos são o “Hegar” e o “Mathieu”. As pinças de campo como “Backhaus”.

Fios Cirúrgicos

Os fios cirúrgicos se apresentam com ou sem agulhas, e sua numeração varia de 1 a 5 e de 0-0 a 12-
0 (doze-zero). São classificados em absorvíveis e não absorvíveis.
- Fios absorvíveis: como o próprio nome indica, são absorvidos pelo organismo após determinado
período. O catgut é de origem animal (do intestino delgado dos bovinos), podendo ser simples ou
cromado. O catgut simples é indicado para os tecidos de rápida cicatrização, com absorção total em 2
a 3 semanas; o catgut cromado devido à impregnação com sais de ácido crômico, é totalmente absorvido
em 6 meses.

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- Fios não absorvíveis: permanecem encapsulados (envolvidos por tecido fibroso) nas estruturas
internas e nas suturas de pele; devendo ser removidos entre o 7° e o 10° dia pós-operatório. Podem ser
de origem animal, como a seda; de origem vegetal, como o algodão e linho; de origem sintética, como o
nylon, perlon, poliéster; ou de origem mineral, como o fio de aço.
Para suturar as estruturas internas (tecidos internos e órgãos), utilizam-se os fios absorvíveis, sendo
que o algodão está indicado para ligar vasos sanguíneos e aponeurose, o fio de aço para suturar ossos
e os de origem sintética para a sutura de pele. A seda é geralmente utilizada nas pessoas que,
provavelmente, terão dificuldade no processo de cicatrização (obesos, desnutridos, diabéticos ou aqueles
com abdome volumoso), casos em que a sutura é realizada com pontos subtotais.
O sangramento de capilares pode ser estancado pela aplicação de substância hemostática no local.
Podemos citar, como exemplo, a cera para osso - utilizada para estancar o sangramento ósseo nas
cirurgias ortopédicas e neurocirurgias.
Outro recurso é o bisturi elétrico, que pode ser utilizado com a função de coagulação e secção (corte)
dos tecidos, através da aplicação local de descargas elétricas.

Organização da Mesa

A montagem da mesa cirúrgica tem o objetivo de facilitar e organizar o trabalho do cirurgião. É uma
forma de racionalizar o ato cirúrgico tornando-o mais eficiente.
A capacitação do trabalho do instrumentador é de grande importância para que ele possa atender às
necessidades do cirurgião e de seus ou seus auxiliares.
Para a montagem da mesa, o auxiliar e a instrumentadora, já paramentados, deverão escolher o local
da sala menos movimentado iniciando sistematicamente a organização da mesa cirúrgica.
As mesas auxiliares devem ser protegidas com uma folha de borracha que, ao mesmo tempo em que
amortece o choque dos instrumentos com o tampo metálico, impermeabilizando a cobertura da mesa que,
se molhada inadvertidamente por soro ou secreções, perderia seu poder de barreira antibacteriana, com
possibilidade de contaminação dos objetos sobre ela colocados.
Sobre folhas de borracha são colocados campos protetores esterilizados, após o que o circulante
deverá aproximar a caixa dos instrumentos sobre uma outra mesinha menor.
Dependendo da posição do cirurgião perante o paciente, a mesa será montada.
A mesa, caso o cirurgião esteja do lado esquerdo do paciente, deverá ser posicionada do lado direito
do paciente, ou seja, em cirurgias realizadas no andar inframesocólico em que o cirurgião deve se
posicionar ao lado esquerdo do paciente, a mesa deve ser arrumada da direita para a esquerda conforme
será descrito posteriormente.
Da mesma forma, caso a intervenção cirúrgica seja realizada no andar supramesocólico, o cirurgião
irá ocupar o lado direito do paciente, a mesa do lado esquerdo e sua organização é feita da esquerda
para a direita.
Uma posição comum encontrada em alguns centros cirúrgicos é a mesa do instrumentador sob o
paciente, eliminando-se assim a figura da instrumentadora (descrita adiante). A mesa poderá também
estar posicionada em 90º à mesa cirúrgica ou na extremidade inferior desta, ou então do lado do cirurgião
também eliminando o instrumentador.

Organização da mesa da direita para esquerda dividindo-se a mesa cirúrgica em doze partes ou
áreas:

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Na área 1, coloca-se o bisturi com a lâmina para baixo a esquerda. Certas operações requerem tipos
especiais de bisturis.
Na área 2, são colocadas as tesouras curvas delicadas (“Metzenbaum”) e forte (“Mayo”) com as
pontas viradas para a instrumentadora e curvatura para baixo, contra a mesa.

Tesoura Metzenbaum Tesoura Mayo Stille Curva

Na área 3, são colocadas as pinças hemostáticas tipo “Kelly” do mesmo modo que as tesouras. De
preferência curavas e no mínimo de seis a oito. Como o sentido de tomada é da direita para a esquerda
por questão de economia de espaço acham-se sobrepostas, estando a da direita superiormente colocada
em relação às outras e assim sucessivamente.

Pinça Kelly Reta Pinça Kelly Curva

A área 4, também denominada de área de uso versátil; colocam-se instrumentos do tipo “Mixter” (2
a 4), “Moynihan” (2 a 4), e outros do tipo hemostático, de acordo com a cirurgia.

Pinça Mixter Moynihan Reta Moynihan Curva

Na área 5 será colocada a “Kocher” reta (4).

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Na área 6 serão colocadas pinças com e sem dentes.
Na área 7 são dispostos os porta-agulhas (2), sendo a única exceção na mesa da instrumentadora,
que se coloca com os anéis para baixo. No caso, já segurando agulhas montadas. Note-se que a ponta
da agulha aponta para cima a fim de não furar o plano da mesa e não se contaminar.

Na área 8, colocam-se pinças de preensão de tipo “Babcock” (4), “Allis” (4) e “Duval” (2 a 4), ou outros
instrumentos complementares do mesmo tipo, ditados pelas necessidades da intervenção cirúrgica em
causa.

Pinça Babcock Pinça Allis Pinça Duval

Na área 9 coloca-se as pinças de campo “Backhaus”, no mínimo 4.

Na área 10 colocam-se pinças, tesouras e porta-agulhas, longos.


Na área 11 serão colocadas compressas dobradas, que seguram fios pré-cortados como seda ou
algodão, e sobre ela ou outros tipos de fios e agulhas.
A área 12 é de uso versátil, neste caso apresentando agrafes.
Uma Segunda mesa que também poderá ser montada é a mesa do assistente. Esta é dividida em seis
partes sendo montada da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda dependendo da posição
do cirurgião no campo cirúrgico. Nesta mesa os cabos dos instrumentos são voltados para o auxiliar, pois
estes instrumentos são para uso próprio.

Instrumentador Cirúrgico39

O instrumentador é elemento fundamental na equipe cirúrgica.


Tem-se verificado que a mulher se adapta psicologicamente melhor do que o homem a esse tipo de
função. Por esse motivo, será ela o elemento central e mais enfatizado neste trabalho, o que não significa,
que isto não se aplica aos cirurgiões, auxiliares, entre outros.
Sua função primordial é fornecer o instrumental cirúrgico ao cirurgião e ao auxiliar, sendo
possível realizar as funções de segundo auxiliar quando o primeiro estiver ocupado.

39
http://www.acervosaber.com.br

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A instrumentadora capacitada e bem treinada é peça fundamental no bom transcorrer do ato
operatório.
Deve ser agradável, gentil e amável e acatar as ordens do cirurgião e de seu auxiliar. Em ordem, ela
irá atender primeiramente ao cirurgião e posteriormente ao auxiliar.
É obrigação da instrumentadora e de todos os componentes da equipe cirúrgica denunciar qualquer
contaminação que possa ocorrer transgredindo as leis de assepsia.
Deverá conhecer a técnica empregada no ato operatório a fim de antecipar às ordens do cirurgião
quando solicitar um instrumento cirúrgico. Antes da cirurgia, juntamente com o auxiliar, deve certificar-se
que tudo está em ordem, desde os fios e agulhas, até os instrumentos especiais.
Não deve se distrair em nenhum momento do transcorrer da cirurgia, pois a antecipação às requisições
do cirurgião depende disso.

Em resumo, as atribuições principais de uma boa instrumentador são:


- conhecer os instrumentos por seus nomes e colocá-los sobre as mesas auxiliares;
- ser responsável pela assepsia, limpeza e acomodação ordenada e metódica dos instrumentos,
mantendo a mesa organizada mesmo no transcorrer da cirurgia;
- entregar o instrumento com presteza ao sinal ou pedido verbal do cirurgião, colocando-o em sua mão
de forma precisa e exata para uso imediato;
- intervir eventualmente, no campo operatório, como segundo auxiliar;
- requerer às circulantes da sala o material necessário;
- sincronizar tempos e ações manuais.
Como qualquer dos outros elementos da equipe, a instrumentadora deverá reger-se por normas de
conduta pertinente à sua posição, bem como guardar sigilo profissional.

Instrumentação40
O bloco cirúrgico é composto pelo cirurgião, anestesista, enfermeiro e, finalmente, pelo instrumentador.
É uma área de pouco trânsito no hospital, longe da área de contaminação e é onde todo o trabalho
cirúrgico do hospital deve concentrar-se. Ë importante criar uma rotina de trabalho nesse local, o que
minimiza o risco de erro. No bloco, deve haver um local com o material previamente solicitado pelo
cirurgião, separado pela enfermeira de sala. A estrutura do bloco é direcionada para o indivíduo destro.
Há a enfermeira circulante, encarregada de buscar materiais e exercer tarefas por todo o bloco
cirúrgico. Pode, então deslocar-se por toda a sala. O 1o auxiliar tem a função de expor o campo
cirúrgico/operatório ao cirurgião, ficando do lado oposto a ele. Pode ainda realizar algum ato cirúrgico.
Cirurgias maiores necessitam de maior número de auxiliares. O anestesista deve ficar na cabeceira da
mesa de operação, monitorando o paciente anestesiado.
A mesa, antes de receber os instrumentos cirúrgicos, deve ser forrada por uma camada de borracha
e um campo duplo sobre essa lâmina. A colocação dos instrumentos na mesa de instrumentação dos
mesmos: diérese, preensão, hemostasia, exposição, especial e síntese.
Muitas vezes, como em cirurgias grandes, coloca-se uma mesa auxiliar, que irá conter os instrumentos
de uso mais frequente. Uma mesa auxiliar muito usada é a mesa de Mayo.
Os instrumentos cirúrgicos vêm acondicionados em uma caixa metálica, de tamanho variado. A caixa
é aberta pela enfermeira circulante para que o instrumentador possa retirar o material.

SÍNTESE ESPECIAL EXPOSIÇÃO


DIÉRESE PREENSÃO HEMOSTASIA

Equipe Cirúrgica: As pessoas separadamente ao entrar na sala de cirurgia caso algumas deixa a sala
condição estéril será perdida, para que volte a sala deverá usar capote, vestir e calçar as luvas;
Circulante: é profissional de enfermagem que deverá ficar de apoio na cirurgia, porém ficara uma
distância segura dos campos estéreis;
Colocação do Campo: devem ser presos a superfície coberta e cobrir ambos os lados:
- Os campos esterilizados são mantidos na posição com o uso de pinças ou de material aderente, e
não devem ser movimentados durante a cirurgia;

40
MAGALHÃES, HÉLIO PEREIRA DE. Técnica cirúrgica e cirurgia experimental. São Paulo: Ed. Sarvier, 1993.

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- Material estéril, os pacotes devem serem abertos com facilidade, os braços de circulantes não devem
esbarrar em campos esterilizados;
- Soluções devem ficar na altura que não encostem nas luvas do cirurgião.
Posicionamento na mesa Cirúrgica: dependerá do procedimento a ser feito, bem como do estado
físico do paciente:
- Permanecer em uma posição confortável;
- A área cirúrgica deverá ficar exposta;
- Não deverá haver pressão sobre os vasos;
- Os suportes dos ombros devem ser acolchoados para evitarem a lesão do nervo, especialmente na
posição de Trendelemburg;
- Precauções de segurança devem ser observadas em pacientes: idosos, obesos, ou magros;
- O paciente necessita de contenção gentil antes da indução e em caso de agitação também.
Posições Cirúrgicas:
1. Decúbito Dorsal: Braço ao lado da mesa com a palma da mão voltada para baixo, o outro é
cuidadosamente posicionado sobre um suporte para infusão venosa;
2. Posição de Trendelemburg: A posição é geralmente utilizada para cirurgias do abdômen inferior e
da pelve, pois promove a boa exposição da área deslocando os intestinos para o abdômen superior.
Nesta posição a cabeça e o corpo são rebaixados e os joelhos fletidos.
3. Posição de Litotomia: Deitado de costas e colchas flexionados em ângulo reto a posição é mantida
os pés nos estribos;
4. Cirurgias Renais: O paciente é colocado sobre o lado não operatório, na posição de Simms, com
o travesseiro de ar de 12,5 a 15 cm.

Terminologias Cirúrgicas
Os principais objetivos da terminologia cirúrgica são:
- Fornecer, por meio da forma verbal ou escrita uma definição do termo cirúrgico;
- Descrever os tipos de cirurgia;
- Preparar os instrumentais e equipamentos cirúrgicos de forma apropriada para cada tipo de cirurgia.

Na terminologia cirúrgica, os termos são formados por um prefixo, que designa a parte do corpo
relacionada com a cirurgia, e por um sufixo, que indica o ato cirúrgico realizado, deste modo seguem
algumas raízes:

Prefixos + Sufixos
Oto – ouvido
Oftalmo – olho
Rino – nariz
Bléfaro – pálpebra
Adeno – glândula
Tráqueo – traqueia
Cárdia – esfíncter esôfago-gástrico
Gastro – estômago
Êntero – intestino delgado
Cólon – intestino grosso
Hepato – fígado
Cole – vias biliares
Procto – reto e ânus
Espleno – baço
Laparo – parede abdominal
Nefro – rim
Pielo – pelve renal
Cisto – bexiga
Hístero – útero
Salpingo – tuba uterina
Colpo – vagina
Oóforo – ovário
Orquio – testículo
Ósteo – osso
Angio – vasos sanguíneos

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Flebo – veia
Otomia – Abertura de um órgão com ou sem dreno.
Stomia – Fazer cirurgicamente uma nova boca.
Ectomia – Remover um órgão.
Ráfia – Suturar ou reparar.
Pexia – Fixação de um órgão.
Scopia – Olhar o interior.
Litíase – Cálculo.

Tipos de Cirurgias Terminadas em ECTOMIA


Apendicectomia – Retirada cirúrgica do apêndice vermiforme.
Cistectomia – Retirada da bexiga.
Colecistectomia – Remoção cirúrgica da vesícula biliar.
Craniectomia – Operação para retirar parte do crânio.
Esplenectomia – Retirada do baço.
Fistulectomia – Retirada da fístula.
Gastrectomia – Retirada total ou parcial do estômago.
Hemorroidectomia – Remoção das hemorroidas.
Histerectomia – Extirpação do útero.
Laringectomia – Extirpação da laringe.
Mastectomia – Retirada da mama.
Orquidectomia – Retirada dos testículos.
Pneumectomia – Remoção dos pulmões.
Prostatectomia – Remoção da próstata.
Retossigmoidectomia – Remoção do intestino reto e sigmoide.
Simpatectomia – Remoção cirúrgica de uma parte ou de um ramo do sistema nervoso simpático.
Tireiodectomia – Remoção da tireoide.

Tipos de Cirurgias Terminadas em RAFIA


Colporrafia – Sutura da vagina.
Gastrorrafia – Sutura do estômago.
Herniorrafia – Sutura da hérnia.
Palatorrafia ou estafilorrafia – Sutura da fenda palatina.
Osteorrafia – Sutura do osso ou colocação de fio metálico em osso.
Perineorrafia – Sutura do períneo.
Tenorrafia – Sutura do tendão.

Tipos de Cirurgias Terminadas em PEXIA


Hisperopexia – Fixação do útero na parede abdominal ou na vagina.
Nefropexia – Fixação do rim na parede abdominal posterior.
Orquidopexia – Fixação do testículo no escroto.

Tipos de Cirurgias Terminadas em SCOPIA


Broncoscopia – Exame com visão direta dos brônquios.
Cistoscopia - Exame com visão direta da bexiga.
Colposcopia - Exame com visão direta da vagina.
Esofagoscopia - Exame com visão direta do esôfago.
Gastroscopia - Exame com visão direta do estômago.
Laringoscopia - Exame com visão direta da laringe.
Laparoscopia - Exame com visão direta dos órgãos abdominais.
Uretoscopia - Exame com visão direta da uretra.
Sigmoidoscopia - Exame com visão direta do sigmoide.

Tipos de Cirurgias Terminadas em OTOMIA


Artrotomia – Abertura cirúrgica de articulação.
Cardotomia – Operação de cortar a cárdia, em casos de estenose do esôfago.
Coledocotomia – Exploração e drenagem do ducto biliar.
Coledocolitotomia – Incisão do colédoço para retirar cálculo.
Hepatotomia – Incisão cirúrgica no fígado.

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Flebotomia – Abertura da veia para colocação de Intra-Carth.
Laparotomia – Abertura da cavidade abdominal.
Litotomia – Incisão de um órgão para retirar cálculo.
Osteotomia – Secção cirúrgica parcial, superficial ou profunda de osso, com objetivo terapêutico.
Pielotomia – Incisão do bacinete renal.
Toracotomia – Abertura do tórax.

Tipos de Cirurgias Terminadas em OSTOMIA


Cistostomia - Abertura da bexiga para drenagem de urina.
Colecistostomia – Incisão da vesícula biliar para drenagem.
Colostomia – Operação para formar abertura artificial no cólon.
Gastrostomia – Formação cirúrgica de fístula gástrica na parede abdominal para introduzir alimentos.
Ileostomia – Formação de abertura artificial no íleo.
Jejunonostomia – Formação de abertura artificial no jejuno.

Tipos de Cirurgias Terminadas em PLASTIA


Artroplastia – Reconstrução da articulação com a finalidade de restaurar o movimento e a função da
mesma.
Queiloplastia – Repara os defeitos dos lábios.
Rinoplastia – Cirurgia plástica do nariz.
Toracoplastia – Cirurgia plástica do tórax.
Salpingolplastia – Operação plástica na trompa de falópio.

Terminologias Diversas
Enxerto – Transplante de órgãos ou tecidos.
Amputação – Operação para eliminar membro ou segmento de corpo necrosado.
Anastomose – Formação de comunicação entre órgãos ou entre vasos.
Artrodese – Fixação cirúrgica de articulação para fundir as superfícies.
O instrumentador cirúrgico deve saber a terminologia cirúrgica, pois o desempenho do seu trabalho
diário depende do conhecimento desta terminologia. A troca de um prefixo ou um sufixo poderá acarretar
erros graves no preparo do material.

Questões

01. (Pref. Angra dos Reis/RJ - Auxiliar de Enfermagem - FEC/UFF) Os instrumentos cirúrgicos são
classificados de acordo com sua função. Assim, a pinça Kocher, o afastador Farabeuf, o trépano e a
agulha de sutura são chamados respectivamente de instrumentais:
(A) de dissecção, de exérese, de diérese e de sutura.
(B) de apoio, especiais, de síntese cirúrgica e de diérese.
(C) hemostáticos, auxiliares, de diérese e de síntese cirúrgica.
(D) especiais, auxiliares, de síntese cirúrgica e de bainha.
(E) de sutura, de dissecção, anatômicos e de exérese.

02. (ISGH/HRN - Enfermeiro - INSTITUTO CIDADES) A pinça Halstead pertence ao grupo de


instrumental:
(A) Hemostático.
(B) Diérese.
(C) Síntese.
(D) Exérese.

03. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - IBFC) Assinale a alternativa que contemple o nome do instrumental
representado na figura abaixo.

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(A) Pinça de Balfour.
(B) Pinça de Backhaus.
(C) Pinça de Weitlaner.
(D) Pinça de Foerster.

04. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - IBFC) Para que os profissionais de saúde possam comunicar-se
entre si, de maneira mais fácil, foi criada uma terminologia específica. Assinale a alternativa que
contemple o significado correto do primeiro elemento da composição das palavras: adeno; blefaro;
colecisto; ooforo.
(A) Adenóide; Baço; Cólon; Osso.
(B) Glândula; Pálpebra; Vesícula; Ovário.
(C) Vaso; Artérias; Útero; Ouvido.
(D) Rim; Meninges; Reto; Trompa.

05. (SSA-HMDCC - Enfermeiro - IBFC) Considerando os tempos cirúrgicos, a fase que constitui a
secção tecidual e propicia o campo operatório ou libera estruturas anatômicas é a:
(A) Diérese.
(B) Síntese.
(C) Exérese.
(D) Hemostasia.
Gabarito

01.C / 02.A / 03.D / 04.B / 05.A

Comentários

01. Resposta: C
Os instrumentais cirúrgicos são classificados de acordo com sua função:
- diérese - utilizados para cortar, tais como o bisturi, tesouras, trépano;
- hemostáticos - auxiliam a estancar o sangramento, tais como as pinças de Kelly, Kocher, Rochester;
- síntese cirúrgica - geralmente utilizado para fechamento de cavidades e incisões, sendo o mais
comum a agulha de sutura presa no porta-agulha;
- apoio ou auxiliares - destinam-se a auxiliar o uso de outros grupos de instrumentais, destacando-
se o afastador Farabeuf - afasta os tecidos e permite uma melhor visualização do campo operatório - e a
pinça anatômica, que auxilia na dissecção do tecido;
- especiais - aqueles específicos para cada tipo de cirurgia, como, por exemplo, a pinça gêmea de
Abadie, utilizada nas cirurgias do trato digestivo.

02. Resposta: A
Nos hemostáticos agrupam-se todos aqueles destinados ao pinçamento de vasos sangrentos, como o
“Halsted”, “Kelly”, “Rochester”, “Moynihan” e outros.

03. D. As pinças de “Foerster” são úteis para a etapa de antissepsia do paciente.

Reta Curva

04. Resposta: B
PREFIXOS E SUFIXOS: Adeno – glândula, Oóforo – ovário, Bléfaro – pálpebra

05. Resposta: A
Tempo cirúrgico abrange, de modo geral, a sequência dos quatro procedimentos realizados pelo
cirurgião durante o ato operatório.Inicia-se pela diérese, que significa dividir, separar ou cortar os tecidos
através do bisturi, bisturi elétrico, tesoura, serra ou laser.

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ENFERMAGEM NA UNIDADE DE CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO:
Processamento de produtos para a saúde. Atuação do técnico de enfermagem
na unidade de Centro de Material e Esterilização

CENTRAL DE MATERIAL ESTERILIZADO (CME)

Definição

A Central de Esterilização deve ser uma unidade de produção autônoma e independente do Centro
Cirúrgico, considerando-se uma atividade intermediária, pois possui vários clientes e fornecedores.

As principais finalidades da Central de Material Esterilizado (CME) são:


- centralizar o material, esterilizado ou não, tornando mais fácil seu processamento, conservação,
manutenção e distribuição para as unidades de serviço;
- executar técnicas de limpeza, preparo, empacotamento e esterilização, assegurando economia de
pessoal, material e tempo;
- treinar pessoal para as atividades específicas do setor, conferindo-lhe maior produtividade;
- facilitar o controle do consumo, qualidade do material e das técnicas de esterilização, aumentando a
segurança do uso;
- oferecer subsídios para o ensino e o desenvolvimento de pesquisas;
- manter reserva de material para o pronto atendimento das necessidades das unidades de serviço.

Na Central de Material Esterilizado (CME) é realizado o preparo de todo o material estéril a ser utilizado
no hospital. Para tanto, é composta pelas áreas de recepção, limpeza, preparo, esterilização, guarda
e distribuição dos materiais esterilizados utilizados pela equipe de saúde no atendimento ao cliente,
apresentando a vantagem de padronização das técnicas de processamento de material estéril,
contribuindo para a qualidade, favorecendo a economia de pessoal, material e tempo.
Na estrutura do estabelecimento de saúde, a CME é uma unidade importante porque oferece à equipe
de saúde materiais estéreis em condições adequadas ao seu desempenho técnico, bem como
proporciona ao cliente um atendimento com segurança e contribui para que a instituição proporcione uma
assistência com efetiva qualidade.
Alguns estabelecimentos de saúde preparam e acondicionam os materiais que cada unidade utiliza de
forma descentralizada; outros, centralizam todo o seu material para preparo na Central de Material que,
geralmente, constitui-se no método mais comumente encontrado, uma outra tendência é a terceirização
da esterilização de materiais, sendo utilizado principalmente o óxido de etileno, haja vista a necessidade
de condições de segurança especiais para sua instalação e manuseio.
Idealmente, a CME deve ter sua estrutura física projetada de forma a permitir o fluxo de materiais
da área de recepção à de distribuição, evitando o cruzamento de material limpo com o
contaminado. Esses cuidados na estrutura e fluxo proporcionam condições adequadas de trabalho à
equipe de saúde, diminuindo o risco de preparo inadequado do material, com presença de sujidade ou
campos com cabelo, linhas, agulhas de sutura e outras falhas.
Também em relação ao ambiente é importante que as paredes e o piso sejam de cor clara e fácil
limpeza e as janelas amplas, de forma a proporcionar uma iluminação que possibilite o bom trabalho na
unidade.
Quanto à localização, este serviço deve estar situado o mais próximo possível das unidades
que mais utilizam os seus materiais como o centro cirúrgico e obstétrico, o pronto-socorro e a
terapia intensiva, o que facilita a circulação dos mesmos. A distribuição do material estéril para o
centro cirúrgico pode ser realizada por monta-cargas ou carrinhos que propiciem a proteção do
material estéril.
A adoção deste cuidado diminui, sobremaneira, a possibilidade de contaminação durante o trajeto
como os riscos de infecção que, além de outras complicações, acarretam sofrimento ao cliente, assim
como um tempo maior de internação.
Atualmente, em decorrência do avanço tecnológico, grande parte dos materiais hospitalares estão
sendo substituídos por materiais descartáveis, que apresentam as vantagens de estarem prontos para
uso, diminuindo a incidência de infecção hospitalar, com baixo custo para a instituição, e proporcionando
segurança e conforto tanto ao cliente como aos profissionais de saúde.

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Áreas:

A Central de Material Esterilizado (CME) compreende as seguintes áreas: Expurgo, Preparo de


materiais, Esterilização, Armazenamento e distribuição.
- Expurgo: Área onde é feita a recepção, limpeza e desinfecção de todo o material contaminado e sujo
da Unidade de Saúde, logo após o seu recebimento e nos horários preconizados na rotina do serviço de
saúde. A padronização de horários no recebimento do material é importante para organizar a dinâmica
do trabalho e favorecer o funcionário no desenvolvimento das rotinas técnicas. É fundamental o uso de
Equipamento de Proteção Individual (EPI) durante todas as etapas do preparo dos artigos para o processo
de esterilização.
- Preparo de materiais: Área onde é feita a revisão, seleção, preparo e acondicionamento do material
utilizado em toda Unidade de Saúde. As rotinas devem ser realizadas utilizando EPI.
Deve possuir amplitude suficiente para abrigar a quantidade e a diversidade dos materiais da Unidade
de Saúde. A iluminação deve ser adequada para permitir a perfeita triagem, revisão e seleção do material,
combinando luz natural com luz artificial, evitando sombras e reflexos.
A escolha da embalagem deve ser realizada de acordo com o tamanho, forma e utilização do material,
sempre levando em conta o padronizado pela Comissão de Controle de Infecção-CCI-SMS. O conteúdo
das embalagens é padronizado por tipo de procedimento.
É imprescindível fazer o levantamento do uso diário de material pelas unidades de serviço, e elaborar
o controle interno de material a ser esterilizado. Serão encaminhados à área de esterilização os pacotes
necessários à reposição do estoque da área de distribuição, evitando-se o acúmulo de materiais
esterilizados nesta área. Cada pacote a ser esterilizado deve ser identificado durante o preparo com nome
do funcionário, tipo de artigo e data do preparo.
- Esterilização: Área onde estão localizados os equipamentos de esterilização, principalmente
autoclaves e estufas, as quais deverão ser em número suficiente para atender a demanda dos materiais
necessários à Unidade de Saúde e em condições adequadas de limpeza interna e externa.
Deve ter espaço suficiente para instalação dos equipamentos e para a colocação e retirada de carga
de material. Devido ao risco de queimaduras pelo contato com o equipamento e materiais quentes,
recomenda-se o uso de luvas antitérmicas de cano longo para proteção de mãos e braços.
- Armazenamento e Distribuição: Área que centraliza todo o material processado e esterilizado, para
posterior distribuição às unidades consumidoras. Para o material conservar sua condição estéril, o
ambiente deve oferecer condições adequadas de armazenamento que evitem riscos de recontaminação.
Área restrita aos funcionários que aí trabalham, diminuindo a circulação de pessoas e consequentemente
a contaminação do ambiente.
Sendo importante estabelecer uma rotina de entrega ou distribuição dos artigos processados.

Fluxo do processamento de material esterilizado

Os materiais das diferentes unidades chegam ao CME através da área de recepção. De acordo com
a rotina da instituição, os materiais recebidos são anotados em um caderno ou ficha de controle pertinente
a cada unidade. Os que estiverem limpos são encaminhados para a área de acondicionamento,
onde serão preparados; os sujos, ficam no expurgo, para lavagem.
No expurgo ocorre o processo de lavagem do material sujo encaminhado ao CME. A atuação do
expurgo é muito importante, pois se o material não for lavado de forma correta, a esterilização não se
processa adequadamente; consequentemente, permanecerá contaminado, oferecendo riscos ao cliente.
Os materiais sujos de matéria orgânica (sangue, pus e outras secreções corpóreas) devem ficar
imersos em detergentes enzimáticos por cerca de 3 a 5 minutos (ver recomendação do fabricante),
tempo necessário para desagregar a matéria orgânica. Devem ser colocados abertos ou
desconectados em recipiente não-metálico, tendo-se o cuidado de evitar que materiais diferentes
(borracha, instrumentais, vidros) sejam postos no mesmo recipiente.
Após esta etapa, a limpeza do material pode ser feita com água, sabão e escova de cerdas, ou através
de máquinas de limpeza, já que os abrasivos como esponja de aço ou saponáceo danificam o material.
Para cada tipo de material existe uma técnica de lavagem que assegurará que o mesmo chegue à área
de preparo em perfeitas condições de limpeza. Durante a lavagem, devem-se escovar as ranhuras,
articulações e dentes de cada pinça, bem como injetar as soluções no interior das cânulas e sondas.
Após o enxague, em que todo o sabão deve ser retirado, os materiais devem ser secos com pano,
máquina secadora ou ar-comprimido e, posteriormente, encaminhados para a área de preparo.
Nesta área, é indispensável o uso de equipamento de proteção individual (EPI) constituído por luvas
grossas de cano longo, óculos de proteção, máscara e avental impermeável longo; além disso, deve-se

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proteger o calçado com algum tipo de capa, ou utilizar botas de borracha, o que favorece a proteção dos
pés. Esses cuidados são absolutamente necessários pelo fato de que o material a ser lavado é
considerado contaminado; assim, devem-se tomar todas as precauções para evitar a contaminação do
funcionário.
Os funcionários da área de preparo de material são responsáveis pela inspeção da limpeza, condições
de conservação dos materiais e funcionalidade dos instrumentais, bem como o acondicionamento e
identificação dos pacotes, caixas e bandejas. Entre suas atividades, cabe separar os materiais
danificados, para posterior substituição.
Durante o desempenho de suas funções, é recomendável que os mesmos utilizem gorro ou touca
descartável, para evitar a queda de fios de cabelo nos materiais; além disso, devem sempre manipular o
material com as mãos limpas.
Na área de preparo os materiais são, preferencialmente, agrupados por tipo de material: vidros, tecido
(roupas e campos), instrumental e borrachas.
Os aventais ou capotes, bem como os campos cirúrgicos e fenestrados, são recebidos da lavanderia
e encaminhados diretamente ao setor de preparo para serem inspecionados, dobrados e acondicionados.
Na inspeção, devem ser observadas sujidades, rasgos e ausência de cadarços ou amarrilhos.
Os campos cirúrgicos e fenestrados são dobrados ao meio, no comprimento; depois, transversalmente
(de cima para baixo). O processo deve ser finalizado dobrando-se a ponta superior externa duas vezes
na diagonal - as aberturas devem estar voltadas para o lado oposto ao do executante, e as dobras para
cima.
Os aventais são dobrados de forma que as mangas fiquem ao longo do corpo do avental; a abertura
das costas, para o lado externo e a ponta da gola, com os amarrilhos, para cima.
Os campos de algodão devem ser duplos e, quando novos, lavados para a retirada do amido (goma).
Os invólucros de papel não devem ser reaproveitados devido ao perigo de se rasgarem.
O pacote deve ser feito de forma a envolver todo o material - evitando-se deixá-lo frouxo - para que
este, quando esterilizado, não se contamine ao entrar em contato com o meio ambiente. O peso do pacote
deve se situar em torno de 5 quilos e seu tamanho não deve exceder as medidas de 50x30x30cm.
Os instrumentais cirúrgicos, após verificação de sua limpeza, conservação e funcionamento, serão
acondicionados em caixa metálica perfurada ou bandeja de aço inoxidável, empacotada em campo de
algodão.
Para evitar perfurações durante o manuseio destes materiais, bem como conservar a sua integridade,
as tesouras e pinças mais delicadas devem ser protegidas com gaze ou compressa pequena e postas na
parte superior da caixa ou bandeja. Por sua vez, as agulhas, porta-agulhas, pinças de campo e pinças
para antissepsia devem ser organizadas de acordo com o tipo de cirurgia.
As agulhas metálicas, utilizadas em alguns procedimentos especializados, são acondicionadas em
tubo de ensaio com uma bola de algodão no fundo - para proteger suas pontas - e outra na boca do tubo
- para fechá-lo.
Os materiais de borracha e cânulas siliconizadas de baixa pressão são acondicionados,
individualmente, em envelope de poliamida ou papel grau cirúrgico. As extensões de borracha devem
estar enroladas e presas com uma tira de gaze e acondicionadas em campo de algodão ou em envelope
de poliamida ou papel grau cirúrgico.
Em algumas instituições, os materiais de corte e as agulhas são acondicionados, separadamente, em
bandeja ou caixa.
Ao empacotar os materiais, o invólucro utilizado deve possibilitar tanto a penetração do agente
esterilizante como mantê-los protegidos até o momento do uso; portanto, faz-se necessário verificar a
adequação do tipo de invólucro com o processo de esterilização:
- na autoclave – são utilizados campos de tecido de algodão, papéis (grau cirúrgico e kraft), filme
poliamida transparente e caixa metálica perfurada embalada em campo, para permitir a livre circulação
do vapor;

- na estufa – são utilizadas lâminas de alumínio, recipiente de vidro refratário e caixa metálica fechada;
- no esterilizador de óxido de etileno – são utilizados filme poliamida transparente e papel grau
cirúrgico.

O fechamento do pacote, bandeja ou caixa depende do invólucro e do processo de esterilização a que


será submetido. Nos pacotes embalados com filme poliamida e papel grau cirúrgico o fechamento é feito
por seladora; nos demais, com fita crepe simples, evitando-se deixar aberturas - esta mesma fita é
utilizada para identificar o pacote e colocar a assinatura do responsável pelo fechamento.

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Existe uma outra fita crepe especial que deve ser colocada no pacote – a qual apresenta listras
que, quando submetidas à ação do calor, ficam escuras, identificando que o material foi submetido
a processo de esterilização.
A área de esterilização, como o próprio nome diz, é o local destinado à esterilização dos materiais,
pois nela se encontram instalados os equipamentos necessários a este processo. Aos funcionários que
trabalham nesta área é recomendado o uso de roupa privativa ao setor, bem como luva de amianto para
manuseio do equipamento e material - quando os mesmos estiverem quentes, para evitar queimaduras.

Meios de esterilização:
Físico: Calor seco (Estufa, Flambagem e Fulguração); Calor úmido (Fervura e Autoclave); Radiações
(Raios alfa, Raios gama e Raios x).
Químico: Desinfetantes - Para conseguir-se a esterilização, há vários fatores importantes: Das
características dos microrganismos, o grau de resistência das formas vegetativas; a resistência das
bactérias produtoras de esporos e o número de microrganismos e da característica do agente empregado
para a esterilização.
Esterilização pelo calor: A susceptibilidade dos organismos ao calor é muito variável e dependem de
alguns fatores, e dentre eles citamos:
- Variação individual de resistência,
- Capacidade de formação de esporos,
- Quantidade de água do meio,
- ph do meio,
- Composição do meio.

As principais formas de esterilização são:


- Por vapor saturado sob pressão: O aparelho utilizado para este processo é a autoclave, composta
por uma câmara - na qual se acondiciona o material, por uma válvula na porta - que mantém a pressão
interna mediante instrumentos que medem a pressão e a temperatura. Seu funcionamento combina a
ação do calor, pressão e umidade na destruição de microrganismos, por agirem na estrutura genética da
célula.
A autoclave funciona sob pressão de 1 a 18 atmosferas, dependendo do equipamento. O tempo de
exposição do material ao vapor varia de acordo com o seu tipo, temperatura e pressão atmosférica. De
forma geral, para o material de superfície, o tempo necessário é de 30 minutos em temperatura de 121ºC
ou 15 minutos em temperatura de 134ºC; para o material de densidade, 30 minutos em temperatura de
121ºC ou 25 minutos em temperatura de 134ºC. Este tipo de esterilização está indicado para todo material
resistente ao calor úmido, como tecidos (aventais, campos cirúrgicos, campos fenestrados), materiais de
borracha e de metal. É contraindicada para materiais termossensíveis, como cateteres e materiais
de terapia respiratória.
Após o material ser colocado na autoclave, inicia-se a drenagem do ar dentro da câmara e do ar
residual dentro dos pacotes, para que o vapor possa entrar em contato com os materiais neles contidos.

Para assegurar a correta esterilização dos materiais, faz-se necessária a adoção de alguns cuidados
que facilitam a circulação e penetração do vapor no material, tais como:
-utilizar somente 80% da capacidade de armazenamento da câmara, com materiais que requeiram o
mesmo tempo de esterilização;
-evitar que os pacotes encostem nas paredes do aparelho e entre eles;
-colocar os pacotes maiores na parte inferior e os menores na parte superior do aparelho, dispondo os
jarros, bacias e frascos com a boca para baixo, para facilitar a remoção do ar e do vapor.

Para se verificar se a esterilização dos materiais está realmente ocorrendo, deve-se observar se a
pressão e a temperatura estão nos níveis programados, durante todo o ciclo. Caso isto não ocorra,
o processo deve ser interrompido e a manutenção do aparelho deve ser solicitada.
Ao término do ciclo deve-se entreabrir a porta do aparelho por um período de 5 a 10 minutos, para a
completa secagem dos pacotes e materiais pelo calor das paredes da câmara.
Finalmente, os pacotes devem ser retirados e só colocados em superfícies frias após perderem
completamente o calor, para evitar a formação de umidade ao contato. Complementando o processo, os
pacotes devem ser datados e encaminhados para a sala de armazenamento.

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Importante:
- Observar a disposição dos pacotes dentro da câmara, de modo que o vapor possa circular entre
todos eles;
- Respeitar espaçamento de 2 cm entre os pacotes e destes para as paredes da câmara;
- a carga não deve ultrapassar 80% da capacidade total da câmara da autoclave;
- não retirar da câmara os pacotes molhados;
- os pacotes quentes não devem ser tocados ou colocados em superfícies frias;
- método mais recomendado

- Por calor seco: Este processo é realizado através de um aparelho denominado estufa, no qual o
calor seco é irradiado das paredes laterais e de sua base para destruir os microrganismos. A estufa possui
uma câmara, para acondicionamento do material, e equipamentos para medirem a temperatura e
controlarem o tempo. Seu uso é limitado, porque o calor seco não é tão penetrante como o calor úmido e
a sua distribuição dentro da câmara não se realiza de modo uniforme.
Como existem várias controvérsias em relação ao tempo necessário e a eficácia deste método, o seu
uso é recomendado apenas para pós, óleos e graxas (vaselina líquida ou gaze vaselinada). Na
impossibilidade de proceder à esterilização pelo método de vapor saturado sob pressão, o uso do calor
seco (estufa) pode ser uma possibilidade - atentando para os cuidados específicos. A temperatura pode
variar de 120oC a 200°C, dependendo do material a ser esterilizado e tempo de exposição.

Para garantir a eficácia da esterilização e integridade dos materiais, recomenda-se:


-colocar pequena quantidade de instrumental nas caixas e utilizar apenas 80% da capacidade da
estufa, com materiais que requeiram o mesmo tempo de exposição;
-as caixas maiores devem ser colocadas sobre as menores, o que melhora a condução do calor.
Jamais se deve encostar as caixas nas paredes da estufa ou dispor os materiais no centro da mesma -
por ser um local de concentração de pontos frios -, bem como abrir a estufa durante o processo de
esterilização.

Decorrido o tempo programado para a esterilização, o aparelho deve ser desligado e o material
esfriado com a estufa fechada. Após, deve ser retirado e as bordas das caixas e vidros vedadas com fita
adesiva.
Finda a última esterilização do dia, limpar com pano úmido a câmara interna da autoclave e estufa e
enxugar, repetindo o mesmo procedimento na superfície externa.

Importante:
- requer longos períodos de exposição e temperatura mais elevada;
- as caixas metálicas devem conter poucos artigos e devem estar dispostas lado a lado sem encostar
umas nas outras;
- não se recomenda utilizar o centro da estufa porque a distribuição do calor é lento, não é uniforme e
não alcança os pontos frios;
- a capacidade total não deve ultrapassar a 2/3 da câmara;
- utilizar termômetro de bulbo com ponta localizada centralmente na câmara (ponto frio), para monitorar
o alcance da temperatura indicada no termostato;
- método de esterilização não recomendado.

- Esterilização por óxido de etileno: Os materiais indicados para este tipo de esterilização são os
termossensíveis, como os marca-passos, próteses, instrumentais de hemodinâmica, acessórios
de respiradores, materiais com fibras óticas, cânulas siliconizadas de baixa pressão e materiais
de borracha.
O ciclo de esterilização compreende o vácuo inicial, a pré-umidificação, a entrada do gás na câmara,
o tempo de exposição, a exaustão do gás e a aeração mecânica, que tem por objetivo remover os
resíduos de gás através da circulação de ar filtrado por todo o material esterilizado.
Os materiais a serem esterilizados devem estar totalmente secos e dispostos de forma que mantenham
um espaço entre si. Após fechar o aparelho, aguarda-se até que o mesmo atinja os valores adequados
de concentração do gás, temperatura e umidade; somente então se inicia a contagem do tempo de
exposição. Complementando o processo, ajusta-se o tempo de aeração de acordo com as orientações
do fabricante.

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Como o óxido de etileno é um gás tóxico e carcinogênico, o operador responsável pela remoção do
material da câmara deve, obrigatoriamente, fazer uso de avental, gorro, máscara e luvas de proteção - o
que o protegerá do contato com o gás.

- Esterilização por plasma de peróxido de hidrogênio: Geralmente, o plasma de peróxido de


hidrogênio é utilizado em clínicas de pequeno porte, em vista de sua fácil instalação, ter um tempo de
esterilização de 1 hora e ocupar menor área física.
O aparelho realiza a esterilização em 5 fases consecutivas: vácuo, injeção, difusão, plasma e
exaustão. O cassete de peróxido de hidrogênio é introduzido no aparelho e, após o término do processo,
é automaticamente descartado em recipiente próprio.
Os materiais esterilizados por este processo são os metais, vidros, acrílicos, borrachas e plásticos,
que devem estar acondicionados em embalagem isenta de compostos de celulose.

- Esterilização por agentes químicos líquidos: Esta esterilização é recomendada apenas na


impossibilidade de uso dos demais métodos, pois estes produtos exigem um tempo de exposição muito
longo, enxague em solução estéril (água destila estéril), secagem em campos estéreis e uso imediato.
Durante o processo, a manipulação exige técnica asséptica.
O material precisa estar limpo e seco para evitar alteração na concentração da solução, a qual deve
ser renovada sempre que houver alteração da coloração, presença de depósito ou vencimento da
validade da diluição do produto, conforme as especificações do fabricante.
Recomenda-se, também, evitar colocar no mesmo recipiente materiais de composição diferente,
em vista da possibilidade de corrosão.
Este método de esterilização requer alguns cuidados simples, que mesmo assim, muitas vezes, não
são seguidos. É importante que seja selecionado um recipiente de vidro ou plástico com tampa e de
tamanho adequado à quantidade de material; em seguida, após a colocação do material para
esterilização, o recipiente deve ser tampado e iniciada a contagem do tempo de exposição, conforme as
especificações do fabricante. Ao término do processo, retirar os materiais da solução com técnica
asséptica e enxaguá-los abundantemente, inclusive o interior dos tubos e cateteres; complementando o
processo, enxugar com compressas esterilizadas, acondicionar os materiais em invólucros estéreis e
encaminhá-los para uso imediato.
Ao término de todos os processos de esterilização, com exceção do efetuado por agentes químicos
líquidos, os materiais vão para a sala de armazenagem e distribuição. Dependendo da estrutura da
instituição, ficam estocados na CME, sendo distribuídos de acordo com a solicitação, ou nas próprias
unidades de internação.
A sala de armazenagem e distribuição se destina, obviamente, apenas para o armazenamento e
distribuição de material esterilizado; portanto, deve-se ter o cuidado de, em nenhum momento, receber
material contaminado nesta área. É importante que a mesma esteja equipada com armários fechados
para guardarem os materiais de maior permanência, e suportes com cestos ou prateleiras para os de
distribuição diária. Os que possuem prazo de validade mais próximo do vencimento devem ficar colocados
na parte de cima ou na frente, a fim de que se promova a rotatividade dos pacotes, evitando-se a
armazenagem de material com prazo de validade vencido.
Quando a esterilização é realizada por autoclave e estufa, o prazo de validade dos materiais
esterilizados é de 7 dias; por óxido de etileno, de 1 ano. Estes prazos variam conforme as
condições de guarda do material, observando-se alterações da integridade do invólucro (rasgo,
não presença da fita de identificação de esterilização, presença de umidade, violação do lacre).
Nestas condições e/ou vencido o prazo de validade, os materiais são retirados da embalagem e
novamente acondicionados e esterilizados.

Qualificação do processo de esterilização

O processo de esterilização, qualquer que seja o método empregado, é de importância fundamental


para a qualidade da assistência oferecida. Embora as técnicas empregadas sejam de fácil aprendizado e
execução, a responsabilidade da equipe técnica de saúde sobre o processo em todas as suas fases é
inequívoca. A liberação de um artigo para o uso deve estar aliada à certeza da segurança para o usuário
(pacientes e profissionais da área de saúde).

A qualificação utiliza:
- Indicadores mecânicos: tratam-se dos manômetros, manovacuômetros e termômetros instalados no
painel do equipamento;

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- Indicadores químicos: indicadores da exposição do artigo ao processo de esterilização.
O Teste Bowie & Dick (folha impregnada com tinta termoquímica) é utilizada para autoclave pré-vácuo;
a fita termossensível (fita zebrada) muda de cor quando exposta à temperatura elevada, sendo utilizada
em todos os pacotes com tamanho mínimo de 5 cm;
- Indicadores biológicos: únicos que asseguram a qualidade efetiva da esterilização (Ex: Attest);
realizado semanalmente.
Os equipamentos devem ser qualificados para cada novo ciclo e novo tipo de carga a ser esterilizado.

Limpeza, Descontaminação, Desinfecção e Esterilização de Artigos Hospitalares

Definições Importantes

LIMPEZA41
É o processo mecânico de remoção de sujidade, mediante o uso de água, sabão e detergente neutro
ou detergente enzimático para manter em estado de asseio os artigos e superfícies.
A limpeza constitui, ainda, o primeiro passo nos procedimentos técnicos de desinfecção e esterilização,
considerando que a presença de matéria orgânica protege os microrganismos do contato com agentes
desinfetantes e esterilizantes.

DESCONTAMINAÇÃO
É o processo de eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos e superfícies, tornando-os
aptos para o manuseio seguro.

DESINFECÇÃO
É o processo físico ou químico de destruição de microrganismos, exceto os esporulados. É realizada
por meio físico - através da água quente (60 a 90ºC) ou em ebulição - e pelo meio químico, com produtos
denominados desinfetantes.

ESTERILIZAÇÃO
É o processo de destruição de todos os microrganismos, inclusive esporulados, a tal ponto que não
seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão.
A probabilidade de sobrevida do microrganismo no item submetido ao processo de esterilização é
menor que uma em um milhão (10/6).
A esterilização é realizada pelo calor, germicidas químicos, óxido de etileno, radiação e outros.

ARTIGOS
São os instrumentos, objetos de natureza diversa, utensílios (talheres, louças, comadres, papagaios e
outros), acessórios de equipamentos e outros.

SUPERFÍCIES
Os mobiliários, pisos, paredes, portas, tetos, janelas, equipamentos e demais instalações.

Limpeza de Superfícies42

Para que haja um controle e diminuição da infecção hospitalar, higiene é a primeira maneira de tratar
os micro-organismos, impedindo, dessa forma, a sua proliferação.

Objetivos:
- promover a remoção de sujidade;
- reduzir a população microbiana;
- diminuir o risco de contaminação no ambiente hospitalar.

41
Conteúdo extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação Geral das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de
Janeiro. Orientações gerais para Central de Esterilização. Brasília: Ministério da Saúde, 2001.
42
Conteúdo extraído de ZORZE, Cleide Maria Ferreira da Silva; Karagulian, Patrícia Partamian. Biossegurança em Enfermagem. In: MURTA, Genilda Ferreira.
Saberes e Práticas: Guia para ensino e aprendizado de enfermagem. 3. ed. rev. e amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão, 2007. v. 1.

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Classificação

- Limpeza Concorrente: realizada diariamente com água e sabão para remover poeira e sujidades
acumuladas ao longo do dia em superfícies horizontais do mobiliário e em materiais;
- Limpeza Terminal: realizada com desinfetante quando o leito é desocupado em razão de alta, óbito
ou transferência do paciente, ou no caso de internação prolongada.

CLASSIFICAÇÃO E PROCESSAMENTO DE ARTIGOS


Os artigos hospitalares são definidos - de acordo com o grau de risco de aquisição de infecções
nas seguintes categorias: críticos, semicríticos e não críticos. Esta classificação norteará a
escolha do processo de desinfecção ou esterilização a ser utilizado.

ARTIGOS CRÍTICOS: possuem alto risco de infecção se estiverem contaminados com


quaisquer microrganismos ou esporos (forma de resistência). São artigos que entram em contato
direto com tecidos ou tratos estéreis (penetram nos tecidos subepiteliais, no sistema vascular e em outros
órgãos isentos de flora microbiana própria, bem como aqueles diretamente conectados com eles):
agulhas; roupas; instrumentos cirúrgicos; soluções injetáveis. Devem ser submetidos ao processo de
esterilização.
ARTIGOS SEMICRÍTICOS: entram em contato com a pele não íntegra e membranas mucosas:
equipamentos de anestesia gasosa; endoscópios. Devem ser submetidos, no mínimo, à desinfecção.
Em algumas circunstâncias, a esterilização é desejável devido ao risco do artigo tornar-se crítico, como
em lesões acidentais de mucosas. Dificuldades técnicas e riscos inerentes ao processo de desinfecção
química também concorrem para a indicação da esterilização.
ARTIGOS NÃO CRÍTICOS: Aqueles que entram em contato com pele íntegra: termômetro clínico;
incubadoras; artigos de higiene. Requerem apenas limpeza com água e sabão (por limpeza entende-se
a completa remoção da sujidade presente nos artigos, utilizando água, detergente e ação mecânica -
utilizando água morna e detergente enzimático potencializa-se a efetividade da limpeza) complementada
opcionalmente com desinfecção de baixo nível (elimina a maioria das bactérias, alguns vírus e fungos,
mas não elimina micobactéria). Ex: desinfetante de nível intermediário: álcool a 70%
Esta medida tem por objetivo bloquear a transmissão de microrganismos.

Observações:
Considerar todo artigo como contaminado
Manusear com equipamentos de proteção individual (EPI)

Tabela 1. Exemplos de artigos com a respectiva classificação:

CRÍTICOS SEMICRÍTICOS NÃO CRÍTICOS


Inaladores, máscaras de
Metais sem/fio de corte;
nebulização, extensores
Metais sem/motor; Termômetro.
plásticos, ambu, cânula de
Instrumental cirúrgico.
Guedel, acronebulização.
Válvulas de ambu com
Tecido para procedimento Esfigmomanômetro coberto por
componentes metálicos,
cirúrgico (ex.: enxerto vascular) plástico.
máscara de ambu.
Circuitos de respiradores, Esfigmomanômetro coberto por
PVC, nylon, plástico
máscaras de ambu. brim.
Lâmina de Laringoscópio (sem
Tubos de látex, Acrílico,
lâmpada), Lâmpada do Cabo de Laringoscópio.
Silicone, teflon.
Laringoscópio.
Vidraria e borracha para Espéculos vaginais, nasais,
Comadres e patinhos.
aspiração. otológicos (metálicos).
Endoscópios do trato digestivo
Peças de mão dos motores. Bacias, cubas, jarros e baldes.
e respiratório.
Mamadeira, bicos de
Fibra óptica: endoscópios, Recipientes para guardar
mamadeira, utensílios plásticos
artroscópios, laparoscópios, mamadeiras e bicos já
para preparo das mamadeiras,
aparelho de citoscopia. processados e embalados.
copos e talheres.

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Processamento De Artigos Hospitalares

Todo processo de desinfecção ou esterilização deve ser precedido pela limpeza e secagem rigorosas
dos artigos, devendo todo artigo sujo com sangue ou secreções ser considerado contaminado.
A imersão de artigos sujos em soluções germicidas possui limitações; o nível de proteção oferecido
por este processo é desconhecido, uma vez que todas estas soluções sofrem redução de atividade, em
maior ou menor grau, em presença de matéria orgânica. Além desta, outras desvantagens podem ser
citadas, como: o alto custo envolvido, a impregnação da matéria orgânica nos artigos, a toxicidade dos
produtos e o aporte de grandes volumes de desinfetantes na rede de esgoto, acarretando possíveis danos
ambientais.
Falhas na limpeza dos artigos impedem a esterilização, pois sujeira e gordura atuam como fatores de
proteção para os microrganismos, agindo como barreira para contato com agentes esterilizantes
químicos, físicos ou físico-químicos.
A limpeza de artigos deve ser feita, preferencialmente, por equipamentos que utilizem processos
físicos, como lavadoras termo-desinfectadoras, pois promovem limpeza e descontaminação
simultâneas, reduzindo a manipulação do material contaminado.
Detergentes enzimáticos facilitam a ação mecânica, reduzindo, potencialmente, os riscos
ocupacionais. Agem removendo a matéria orgânica, são atóxicos e biodegradáveis.
Na ausência do detergente enzimático, os instrumentais deverão sofrer exposição à água morna e
corrente. Estes artigos deverão estar, preferencialmente, em cestos aramados para minimizar a
manipulação do material contaminado e reduzir a produção excessiva de aerossóis.
Além das lavadoras que utilizam jatos de água quente, existem lavadoras ultrassônicas, nas quais a
ação desencrostante do detergente enzimático é potencializado pelo ultrassom.
Na impossibilidade de tais processos, efetuar lavagem manual por fricção, auxiliada por escova ou
esponja. Este método deve ser utilizado após a imersão do artigo em desencrostantes, preferencialmente,
enzimáticos.
O enxágue deverá ser feito em água corrente.
A água que abastece as Centrais de Esterilização deve ter qualidade diferenciada. Para este setor,
não basta obedecer aos padrões de potabilidade, pois, muitas vezes, a água em uso é potável, porém
está impregnada de metais pesados e cloro, o que acelera a corrosão dos metais.

Produtos utilizados para limpeza

Detergente enzimático: são detergentes compostos por enzimas, geralmente proteases, lipases e
amilases, que promovem, simultaneamente, a dispersão, solubilização e emulsificação, removendo
substâncias orgânicas das superfícies dos artigos. São biodegradáveis, neutros concentrados, não
oxidantes, com ação bacteriostática e, portanto, não promovem desinfecção.

Detergente não enzimático (Desencrostante): detergente de baixa alcalinidade à base de tensoativo


aniônico ou em associação de tensoativos aniônicos e não iônicos (nonilfenois), cuja formulação
coadjuvante é à base de polifosfato, agente alcalinizante e agentes antioxidantes.

Descontaminação:
- Baseada na natureza do artigo e na disponibilidade de recursos;
- Fricção com esponja, pano ou escova embebida em solução desinfetante;
- Imersão em solução desinfetante;
- Pressão de jatos d’água quente (temperatura entre 60 a 90ºC por 15 minutos).

Enxágue:
- Água potável e corrente.

Secagem:
- Pano limpo e seco;
- Estufa (regulada para este fim);
- Ar-comprimido;
- Secadora de ar quente/frio.

Armazenagem:
- Armário limpo, seco e fechado.

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Desinfecção

Meio físico:
Água em ebulição (desinfecção de alto nível)
- Tempo: 30 minutos;
- Artigos termorresistentes;
- Ferver a água durante 10 minutos sem a presença do artigo;
- Imergir o artigo quando a água estiver em ebulição;
- Usar pinças desinfetadas para retirar os artigos;
- Usar luvas de amianto de cano longo.

Meio químico:
- Imergir o artigo em solução desinfetante (fricção, se não puder emergir);
- Usar EPI;
- Preencher o interior dos tubos e reentrâncias;
- Observar tempo de exposição, de acordo com o fabricante;
- Manter os recipientes tampados;
- Observar a validade do produto;
- Enxaguar com água potável (múltiplos enxágues);
- Secar e acondicionar.

Níveis e tipos de desinfecção

Conforme Spaulding, os desinfetantes são classificados em 3 (três) níveis de ação: alto, médio e baixo,
baseado na susceptibilidade dos microrganismos.

- Desinfecção de alto nível:


Procedimento eficaz contra todas as formas vegetativas, destruindo também uma parte dos
esporos, quando utilizamos entre 10 e 30 minutos.
Os desinfetantes de alto nível, em um tempo relativamente longo - 6 a 10 horas - são capazes de
realizar esterilização.
Destrói todas as bactérias vegetativas – mas não, necessariamente, todos os esporos bacterianos,
as microbactérias, os fungos e os vírus.
Produtos utilizados:
- Glutaraldeído
- Solução de Peróxido de Hidrogênio
- Hipoclorito de sódio (1000 ppm)
- Cloro e compostos clorados
- Ácido peracético
- Orthophtalaldeído
- Água superoxidada
- Pasteurização 75o C a 30 minutos
Obs.: Tempo de exposição > ou = 20 minutos

- Desinfecção de nível intermediário (médio):


Procedimento que destrói os microrganismos na forma vegetativa, incluindo o Mycobacterium
tuberculosis, todos os fungos e a maioria dos vírus.
Além dos microrganismos destruídos na desinfecção de baixo nível, são atingidos o Mycobacterium
tuberculosis, a maioria dos vírus (inclusive o HBV) e a maioria dos fungos. Ainda sobrevivem os
Mycobacterium intracelular, os esporos bacterianos e os vírus lentos.
Produtos utilizados:
- Álcool etílico e isopropílico (70 a 90%)
- Fenólicos
- Iodóforos
- Hipoclorito de Sódio (100ppm)
- Pasteurização 75o C a 30 minutos
Obs.: depende da concentração e/ou período de exposição

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- Desinfecção de baixo nível:
Procedimento que destrói a maioria das bactérias na forma vegetativa, exceto Mycobacterium
tuberculosis, alguns fungos e alguns vírus.
São destruídas as bactérias em forma vegetativa, alguns vírus e alguns fungos. O Mycobacterium
tuberculosis, os esporos bacterianos, o vírus da Hepatite B (HBV) e os vírus lentos sobrevivem.
Produtos utilizados:
- Álcool etílico e isopropílico
- Hipoclorito de Sódio (100ppm)
- Fenólicos
- Iodóforos
- Quaternário de amônia
Obs.: tempo de exposição ≤ a 10 minutos

Não definido: o nível de desinfecção dependerá das variáveis como temperatura e/ou concentração
de germicidas adicionados no processo.
- Calor seco (passar a ferro)
- Fervura em água por 30 min
- Pastilhas de formaldeído
- Termodesinfectadoras
- Sanitizadoras

Classificação de Superfícies Segundo o Risco Potencial de Transmissão de Infecções

ÁREAS CRÍTICAS

São aquelas com risco aumentado de transmissão de infecção e presença de pacientes com
depressão da resistência anti-infecciosa, além da presença de matéria orgânica (sangue, pus e outras):
salas de cirurgia, de curativo, de expurgo, laboratório e outros.

ÁREAS SEMICRÍTICAS

São todas as áreas ocupadas por pacientes de:


- Doenças não infecciosas;
- Doenças infecciosas de baixa transmissibilidade.
Exemplos: consultórios médicos e de enfermagem.

ÁREAS NÃO CRÍTICAS

São todas as áreas das Unidades de Saúde não ocupadas por pacientes, ou cujo acesso lhes seja
vedado: copa, secretaria, etc.
Observações: As áreas críticas e semicríticas requerem limpeza e desinfecção diárias, e as áreas não
críticas apenas limpeza.

TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES

- Fatores inerentes ao próprio paciente;


- Agressões diagnóstico-terapêuticas;
- Ambiente e superfícies fixas (pisos, paredes, tetos, portas, janelas) não apresentam riscos
significativos.
Passos do Processamento de Superfície

Desinfecção em local com respingos ou deposição de matéria orgânica (sangue, secreções,


excretas e exsudato). Passos:
- Utilizar luvas de autoproteção (látex);
- Retirar o excesso da matéria orgânica em papel absorvente;
- Desprezar o papel em saco de lixo;
- Aplicar o desinfetante e deixar o tempo necessário – 10 min;
- Remover o desinfetante com pano molhado;
- Proceder à limpeza com água e sabão.

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Descontaminação: Passos:
- Utilizar luvas de autoproteção (látex);
- Aplicar o produto sobre a matéria orgânica;
- Aguardar o tempo de ação – 10 min;
- Remover o conteúdo descontaminado com papel absorvente;
- Desprezar o lixo;
- Proceder à limpeza usual com água e sabão.

No final de cada processo: lavar luvas, avental plástico, pano de chão, escovas e baldes.

Produtos Químicos

- Desinfetante de alto-nível: Glutaraldeído a 2% por 30 min.

- Desinfetante de nível intermediário:

Álcool etílico a 70% - 03 aplicações consecutivas com fricção rigorosa e secagem natural. Indicado
para desinfecção em metais, vidros e mármores;
Hipoclorito de Sódio a 1% - imersão por 30 min em vasilhame opaco, com tampa e posterior enxágue
em água potável ou corrente (troca da solução a cada 12 horas). Indicado para desinfecção em
plásticos, borrachas e acrílicos.

- Solução descontaminante:

Detergente enzimático – Ação sobre matéria orgânica, especialmente sobre as grandes estruturas,
decompondo-as; ação instantânea: 2 a 3 minutos para desprender a matéria orgânica; alta penetração;
atóxico, não corrosivo, pH neutro, não iônico; remoção com enxágue rigoroso.

Soluções Cloradas

Dentre os produtos clorados, os hipocloritos são os mais utilizados para desinfecção e podem
ser líquidos (hipoclorito de sódio) ou sólidos (hipoclorito de cálcio). Classificado como de nível
intermediário, porém há controvérsias, pois preenche todos os requisitos para ser considerado como de
alto nível. Possui ação bactericida, virucida, fungicida, microbactericida e esporicida para algumas
espécies.

Mecanismo de Ação: Ocorre pela combinação de diversos fatores: oxidação de enzimas e


aminoácidos, perda de componentes celulares, inibição da síntese proteica, quebra do DNA e diminuição
na absorção de nutrientes e de oxigênio.

Indicação:
- Desinfecção de artigos de Lactário e cozinha: 200 ppm por 60 minutos.
- Artigos de Inaloterapia e Oxigenoterapia: 1.000 ppm (0,1%) por 30 minutos ou 200 ppm por 60
minutos.

Considerações:
- Corrosivo para metais, incompatível com detergentes, ação descolorante, odor forte e irritante para
mucosas do trato respiratório.
- Baixo custo, ação rápida, baixa toxidade e ampla atividade microbicida.
- Após diluição, o hipoclorito deve ser utilizado em, no máximo, 24 horas.
Dependendo do uso, pode ser necessário troca mais frequente em decorrência de saturação por
matéria orgânica ou hiperdiluição.
- Não se recomenda uso de água sanitária de uso doméstico para instituições de saúde.

Rotinas de Limpeza da Sala Cirúrgica

Ao receber a lista de cirurgia, o circulante da sala verifica os materiais, aparelhos ou solicitações


especiais à cirurgia. Para prevenir a contaminação e infecção cirúrgica, é importante manter a sala
em boas condições de limpeza, observar se o lavabo está equipado para uso e lavar as mãos.

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Portanto, antes de equipar a sala, o circulante limpa os equipamentos com álcool etílico a 70% ou
outro desinfetante recomendado, deixando-os prontos para a recepção do cliente e equipe cirúrgica.

Mesa Cirúrgica
Utilizar a Técnica de Limpeza e/ou Desinfecção:
- Retirar excesso de secreções com papel toalha ou pano velho;
- Acondicionar no lixo conforme Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços-PGRSS;
- Realizar a limpeza com água e sabão ou detergente;
- Enxaguar e secar;
- Friccionar parte metálica e o colchão com álcool a 70% ou utilizar outro desinfetante definido pelo
Serviço de Controle de Infecção Hospitalar-SCIH.

Uso de Material Estéril

O grande número de pacientes que contem infecções durante sua permanência hospitalar é
extremamente preocupante para os profissionais da saúde. Segundo o Ministério da Saúde, assepsia é
o processo de eliminação dos microrganismos patogênicos de determinados locais ou objetos. Para
diminuir o risco de uma infecção é fundamental a aplicação das técnicas de assepsia médica e cirúrgica
por todos que atuam no ambiente hospitalar.

Assepsia Cirúrgica

Consiste no processo e no manuseio do material de modo de evitar o contato do paciente com


qualquer organismo vivo. Na assepsia cirúrgica o material deverá ser esterilizado. O material cirúrgico
é estéril, isento de microrganismos, devemos tomar os seguintes cuidados em seu manuseio:

SEGUINTES CUIDADOS:
1.Lavar as mãos antes de pega-lo;
2.Não falar, tossir ou espirrar próximo a ele;
3.Examinar com cuidado se o pacote apresenta buracos, manchas ou umidade: Se houver qualquer
dúvida quanto a integridade do material, despreze-o;
4.Verificar a data da esterilização e a data da validade;
5.Guardar os pacotes em armários próprios, limpos longe de poeira e insetos;
6.Abrir os pacotes usando a técnica correta;
8.Trabalhar sempre na frente para o campo esterilizado;
9.Manter o material sempre acima do nível da cintura ou nível da mesa;
10.Não atravessar nada por cima do campo esterilizado, nem fazer movimentos bruscos ao redor dele;
11.Nunca tocar em um material ou campo esterilizado com objetos que não estão.

Assepsia Médica

Consiste na utilização de técnicas que visam à redução de microrganismos patogênicos e à


diminuição do risco de transmissão de pessoa a pessoa. É utilizada em qualquer atividade que
envolva o paciente e o meio ambiente, por meio de procedimentos como: Lavar as mãos
frequentemente. Limpar as superfícies com desinfetantes, para reduzir o número de microrganismos.

TÉCNICA PARA ABRIR UM PACOTE ESTÉRIL


1- Lavar as mãos;
2- Colocar o pacote sobre a superfície limpa e seca;
3- Posicionar o pacote de modo que a dobra de cima do invólucro fique de frente para você. Retire a
fita adesiva para autoclave termo sensível;
4 – Puxar a dobra de cima do pacote, abrindo de modo que a ponta se abra. Mantenha seu braço fora
das bordas externas do pacote aberto;
5- Abrir as dobras laterais uma de cada vez;
6- Abrir a dobra mais próxima de você por último;
7- O interior do invólucro é considerado estéril, podendo ser usado com base de campo esterilizado.

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TÉCNICA PARA ABERTURA DE MATERIAL
1-Lavar as mãos;
2-Segurar o pacote afastado do campo, solte as pontas fixadas com adesivo;
3-Afastar as pontas do invólucro, próximo ao conteúdo do pacote;
4-Abrir as duas faces das pontas com as duas mãos, tendo o cuidado de não contaminar a face interna
do invólucro.

Precauções Universal ou precauções padrão


Pela natureza de suas funções, o profissional de saúde corre mais riscos de contrair doenças
infecciosas, chamado risco profissional. As doenças mais graves são as transmitidas pelo sangue e por
fluidos orgânicos. São elas: hepatite B, hepatite C e infecção por HIV.
Para reduzir os riscos profissionais, é necessário o uso de precauções ou medidas que proporcionam
maior segurança no manuseio de sangue e de outros fluidos orgânicos.
As precauções universais determinadas pelo Ministério da saúde são:
- Lavagem das mãos, antes e após qualquer contato com secreções do doente e após a remoção das
luvas;
- Uso de luvas para contatos com líquido corporais, mucosas, pele não integra e para venopunção;
- Uso de aventais, mascaras e óculos de proteção para procedimentos em que sangue ou líquido
corporais possam ser espirrados;
- Agulhas e instrumentos cortantes devem ser colocados em recipientes sólidos e resistentes;
- Não re-encapar, dobrar ou quebrar as agulhas utilizadas;
- Não remover as agulhas das seringas;
- Evitar deixar o material contaminado exposto no meio no meio ambiente;
- Amostras para laboratório devem ser enviadas dentro de sacos plásticos transparentes. Sangue e
fluidos derramados no ambiente devem ser limpos com hiplocorito de sódio a 1%;
- Se a higiene do paciente for precária ou se houver possibilidade de contaminação do ambiente com
sangue ou secreção deve-se colocá-lo em quarto privativo;
- Os equipamentos reutilizáveis não devem ser usados em outros pacientes antes de serem limpos,
desinfetados e esterilizados.

Atenção: como descartar o material perfurante:


- Nunca re-encapar a agulha após o uso;
- Nunca separar a agulha da seringa;
- Nunca jogar seringas no lixo comum;
- Matérias cortantes (agulhas, escalpes, laminas) devem ser descartados em recipientes adequado,
rígido, resistente e impermeável;
- Uma das técnicas fundamentais para evitar a propagação de microrganismos patogênicos de um
indivíduo para outro é a técnica de lavagem das mãos, atividade que deve tornar-se um habito para o
profissional de enfermagem.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde do adulto,
assistência cirúrgica, atendimento de emergência. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.
MANGANARO, Márcia Marcondes et al. Enfermagem na Saúde do Adulto. In: MURTA, Genilda Ferreira. Saberes e Práticas: guia para ensino e aprendizado de
enfermagem. 3. ed rev. E amp. São Caetano do Sul, SP: Difusão Editora, 2007.
Fonte: Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABhUwAE/manuseio-material-esteril>.

Recursos Humanos em Enfermagem

O serviço de Enfermagem em Central de Material acredita na segurança da Esterilização como


garantia de bom atendimento aos pacientes. O enfermeiro possui papel fundamental no gerenciamento
do setor e coordenação das atividades, pois é o profissional que detém o conhecimento de todas as
técnicas e princípios de Enfermagem, atuando na conscientização da equipe no desenvolvimento das
normas e rotinas, e alertando quanto à importância na execução das técnicas corretas em todas as
atividades, à assistência prestada ao cliente.
A equipe de enfermagem que trabalha nesta unidade presta uma assistência indireta ao paciente, tão
importante quanto à assistência direta, que é realizada pela equipe de enfermagem que atende ao
paciente. O quadro de pessoal de uma CME deve ser composto por enfermeiros, técnicos de
enfermagem, auxiliares de enfermagem e auxiliares administrativos, cujas funções estão descritas nas
práticas recomendadas da SOBECC, cujas funções estão descritas abaixo:

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Enfermeiro Supervisor
É responsável por atuar na coordenação do setor, suas atribuições são:
-Prever os materiais necessários para prover as unidades consumidoras;
-laborar relatórios mensais estatísticos, tanto de custo quanto de produtividade;
- Planejar e fazer anualmente o orçamento do CME com antecedência de 04 a 6 meses;
- Elaborar e manter atualizado o manual de normas, rotinas e procedimentos do CME, que deve estar
disponível para a consulta dos colaboradores;
-Desenvolver pesquisas e trabalhos científicos que contribuam para o crescimento e as boas práticas
de Enfermagem, participando de tais projetos e colaborando com seu andamento;
- Manter-se atualizado acerca das tendências técnicas e científicas relacionadas com o controle de
infecção hospitalar e com o uso de tecnologias avançadas nos procedimentos que englobem artigos
processados pelo CME;
- Participar de comissões institucionais que interfiram na dinâmica de trabalho do CME.

Técnico Administrativo
Gerenciar o serviço de Enfermagem da unidade;
- Planejar, coordenar e desenvolver rotinas para o controle dos processos de limpeza, preparo,
esterilização, armazenagem e distribuição dos artigos;
- Desenvolve processo de avaliação dos serviços prestados ao cliente interno e/ou esterno;
Estabelecer rotinas para a manutenção preventiva dos equipamentos existentes no CME;
- Realizar os testes necessários e emitir pareceres técnicos antes da aquisição de novos artigos e
equipamentos;
- Verificar os relatórios de manutenção de artigos e equipamentos e aprova-los mediantes as
evidências do serviço prestado;
- Controlar o recebimento, o uso e a devolução dos artigos consignados;
- Fazer relatório diário com informações dobre as atividades desenvolvidas e pendentes e outros fatos
importantes ocorridos durante a jornada de trabalho;
- Tomar parte da passagem de plantão;
- Manter atualizado o inventário do instrumental cirúrgico dos artigos e dos equipamentos do CME;
-Participar ativamente dos processos de aquisição de materiais, instrumental cirúrgico e equipamentos.

Técnico de enfermagem
- Fazer a leitura dos indicadores biológicos, de acordo com as rotinas da instituição;
- Receber, conferir e preparar os artigos consignados;
- Realizar a limpeza, o preparo, a esterilização, a guarda e a distribuição de artigos, de acordo com
solicitação;
- Preparar os carros para cirurgias;
- Preparar as caixas cirúrgicas;
- Realizar cuidados com artigos endoscópicos em geral;
- Monitorar afetiva e continuamente cada lote ou carga nos processos de esterilização;
- Revisar a listagem de caixas cirúrgicas, bem como proceder à sua reposição;
- Fazer listagem e encaminhamento de artigos e instrumental cirúrgico para conserto.

Auxiliar de Enfermagem
- Receber e limpar os artigos;
- Receber e preparar roupas limpas;
- Preparar e esterilizar os artigos e instrumentais cirúrgicos;
- Guardar e distribuir todos os artigos esterilizados.

Questões

01. (UFU-MG - Técnico de Laboratório/2017) Qual dos seguintes processos é necessariamente um


esporicida?
(A) Esterilização
(B) Desinfecção
(C) Anti-sepsia
(D) Saneamen

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02. (TRE-SP – Enfermagem – FCC/2017) O profissional de enfermagem deve saber que o produto
para saúde semi-crítico utilizado na assistência de inaloterapia, antes da utilização em outro paciente,
deve ser submetido à
(A) limpeza e, no mínimo, à desinfecção de nível intermediário, com produtos saneantes, ou por
termodesinfecção.
(B) pré-limpeza e limpeza, sendo optativo o processo de desinfecção e esterilização.
(C) esterilização em autoclave gravitacional.
(D) desinfecção por métodos de imersão química líquida com a utilização de saneantes a base de
aldeídos.
(E) desinfecção de alto nível em estufa.

03. (TRF-2ª REGIÃO – Enfermagem – CONSULPLAN/2017) Sabendo que os artigos utilizados nos
serviços de saúde recebem uma classificação quanto ao risco de transmitir infecções para os pacientes,
para o processamento dos artigos de assistência ventilatória, anestesia e os utilizados na inaloterapia,
que são classificados como semicríticos, após a limpeza, devem ser submetidos no mínimo ao processo
de:
(A) Esterilização.
(B) Desinfecção de alto nível.
(C) Desinfecção de baixo nível.
(D) Desinfecção de nível intermediário.

04. (SES-PR - Inspetor de Saneamento – IBFC/2016) Sobre os diferentes processos existentes que
tem como objetivo destruir, inibir ou eliminar microrganismos presentes em objetos e superfícies, o
procedimento que se caracteriza como o processo físico ou químico pelo qual são destruídas todas as
formas microbianas, inclusive os esporos bacterianos, denomina-se:
(A) Limpeza.
(B) Esterilização.
(C) Desinfecção.
(D) Detoxificação.

05. (TRT-20ª REGIÃO(SE) – Enfermagem – FCC/2016) No centro de material e esterilização − CME


o profissional de enfermagem está sujeito a temperaturas extremas e fontes de calor provenientes de
autoclaves. De acordo com a Norma Regulamentadora 9, do Ministério do Trabalho e Emprego,
temperatura extrema é considerada um risco ambiental classificada como agente
(A) químico.
(B) físico.
(C) biológico.
(D) ergonômico.
(E) epidemiológico.

06. (EBSERH – Enfermeiro – IBFC/2016) Sobre Centro de Material e Esterilização (CME), analise as
afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale a alternativa que apresenta a
sequência correta de cima para baixo.
( ) É um conjunto de áreas destinadas à recepção, limpeza, secagem, preparo, desinfecção ou
esterilização, guarda e distribuição do material para as unidades do estabelecimento de saúde.
( ) Independentemente do seu tamanho, o CME deve estar separado em duas partes: a “suja” e a
“limpa”.
( ) A sala de depósito de material de limpeza pode ser comum às áreas “sujas” e “limpas”, se o acesso
a ele for interno.
( ) Em todas as áreas do CME devem estar disponíveis, além de pias para lavagem das mãos,
dispensadores de solução alcoólica em gel a 70%.

(A) F,V,F,V
(B) V,V,V,V
(C) V,F,V,F
(D) V,V,F,V
(E) F,V,V,V

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07. (SSA-HMDCC - Enfermeiro – Centro Cirúrgico – IBFC/2015) Os produtos para a saúde utilizados
em procedimentos invasivos com penetração de pele e mucosas adjacentes, tecidos subepteliais, e
sistema vascular, incluindo também todos os produtos para saúde que estejam diretamente conectados
com esses sistemas, recebem o nome de produtos ________. Assinale a alternativa que completa
corretamente a lacuna.
(A) Não críticos.
(B) Semicríticos.
(C) Críticos.
(D) Passíveis de processamento.

08. (Pref. Rio Grande da Serra/SP - Enfermeiro – CAIPIMES/2015) O método de esterilização


compatível com as embalagens de tecido de algodão é:
(A) calor seco.
(B) óxido de etileno.
(C) raios gama.
(D) vapor sob pressão.

09. (IPSA - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES/2014) Existem falhas no processo de esterilização


que podem acontecer em razão de erros humanos ou mecânicos. A partir disso, leia as frases abaixo e a
seguir assinale a alternativa que corresponde à resposta correta.
I- Os erros podem acontecer devido à utilização de embalagens incompatíveis com o processo de
esterilização a vapor.
II- Os erros podem acontecer devido à guarda de pacotes demasiadamente frios nas prateleiras, pois
o contato do pacote frio com a superfície fria da prateleira dos armários pode permitir a condensação de
vapor, favorecendo a sua contaminação pelo meio externo.
III- Os erros podem acontecer devido à má qualidade da água gerando vapor com resíduos de
componentes químicos.
IV- Os erros podem acontecer devido às tubulações de vapor estarem desobstruídas.
(A) Apenas as frases I e III estão corretas.
(B) Todas as frases estão corretas.
(C) Apenas as frases III e IV estão corretas.
(D) Apenas as frases I, II e III estão corretas.

10. (UNIRIO - Auxiliar de Enfermagem - COSEA/UNIRIO/2014) A limpeza da unidade do paciente


garante conforto e diminui o risco de infecção. Na alta hospitalar, deve-se proceder à limpeza
(A) concomitante.
(B) terminal.
(C) diária.
(D) concorrente.
(E) esterilizante.

11. (AHM - Técnico em Saúde – Enfermagem – CAIPIMES/2014) Os artigos hospitalares são


definidos de acordo com o grau de risco de aquisição de infecção, nas seguintes categorias:
(A) Auto critico, semicrítico, não critico.
(B) Críticos, semicríticos, não críticos.
(C) Bem critico, semicrítico, critico.
(D) Não critico, moderadamente critico, critico.

12. (Pref. Botucatu/SP - Auxiliar de Enfermagem – CAIPIMES/2014) Em relação aos cuidados com
os materiais necessários aos diversos procedimentos de enfermagem, leia as assertivas abaixo, assinale
(V) para as verdadeiras ou (F) para as falsas, e assinale a alternativa que apresenta a sequência correta
das respostas.
( ) Todo material de inalação utilizado num paciente deve sofrer limpeza com água e sabão e ser
emerso em uma solução desinfetante para ser novamente utilizado em outro paciente. A esse tipo de
reprocessamento damos o nome de assepsia.
( ) A assepsia cirúrgica se relaciona com a ausência total de microrganismos através da esterilização
e manuseio rigoroso do material estéril.
( ) Não falar ao manipular o material esterilizado é uma medida correta para evitar contaminação.
( ) Na realização de um cateterismo de alívio o cateter utilizado é a sonda de Foley com balão de 5 ml.

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(A) V, V, V, F.
(B) V, V, F, F.
(C) F, V, F, F.
(D) F, V, V, F.

13. (UFU - Auxiliar em Enfermagem – UFU) Os artigos e as áreas hospitalares são classificados de
acordo com o risco de infecção que possam oferecer aos pacientes. Associe o tipo de artigo ou área
hospitalar da coluna da esquerda com sua definição ou exemplo da coluna da direita.
I. Artigos críticos
II. Artigos semicríticos
III. Área semicrítica
IV. Área não crítica

( ) São áreas ocupadas por pacientes que não necessitam de cuidados intensivos ou de isolamento.
( ) Materiais com elevado potencial de risco de provocar infecção, porque são introduzidos diretamente
em tecidos normalmente estéreis.
( ) Áreas administrativas; almoxarifado.
( ) Equipamentos de anestesia e endoscópios.

Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna, de cima para baixo.
(A) III – II – I – IV.
(B) III – I – IV – II.
(C) IV – I – III – II.
(D) II – IV – III – I.

14. (ISGH/HRN – Enfermeiro - INSTITUTO CIDADES) A autoclave é o aparelho que esteriliza:


(A) À seco.
(B) Por umidade.
(C) Por radiação.
(D) Com desinfetante.

15. (ISGH/HRN – Enfermeiro - INSTITUTO CIDADES) Material estéril é considerado:


(A) Desinfetado.
(B) Desinfestado.
(C) Asséptico.
(D) Antisséptico.

Gabarito

01. A/02. A/03. D/04. B/05. B/06. D/07. C/08. D/09. A/10. B/11. B/12. D/13. B/14. B/15. C

Respostas
01.Resposta: A
Esporocida ou esporicida é um agente capaz de matar os esporos, sendo assim esterilizantes.

02. Resposta: A
Entram em contato com a pele não íntegra e membranas mucosas: equipamentos de anestesia
gasosa; endoscópios. Devem ser submetidos, no mínimo, à desinfecção.

03. Resposta: D
Produtos para saúde semicríticos utilizados na assistência ventilatória, anestesia e inaloterapia
devem ser submetidosà limpeza e, no mínimo, à desinfecção de nível intermediário, antes da utilização
em outro paciente.

04. Resposta: B
- Limpeza: consiste em remover a sujeira e detrito, mantendo em estado de asseio os objetos e
superfícies. Podemos utilizar água e sabão, detergente, escovação, pano úmido, produtos enzimáticos.
- Esterilização: É o processo de destruição ou eliminação total de todos os
microrganismos (incluindo esporos bacterianos), príons e toxinas na forma vegetativa e esporulada

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através de agentes físicos ou químicos, ou ainda no caso de substâncias líquidas, a separação mecânica
dos organismos através de filtrações. Algumas técnicas utilizadas nesse caso podem ser: autoclavação,
estufa e luz ultravioleta.
- Desinfecção (sanitização ou higienização): é o processo de destruição de agentes
infecciosos em forma vegetativa existente em superfícies inerte, através de procedimentos físicos ou
químicos. Diferentemente dos antissépticos, os desinfetantes são usados em objetos inanimados,
podendo ser esporostáticos, mas não necessariamente esporicidas. Podem ainda ser de baixo, médio e
alto nível.
- Detoxificação: é um processo para a eliminação de substâncias consideradas tóxicas ao organismo,
que ocorre em todas as células do corpo, mas principalmente nas do fígado e do intestino. As principais
vias de eliminação das toxinas são pela urina, fezes, suor.

05. Resposta: B
Temperaturas extremas é considerada como risco físico.

06. Resposta: D
O DML (Depósito de Material de Limpeza) pode ser comum para as áreas "suja e limpa", desde que
seu acesso seja externo a essas. NÃO INTERNO.

07. Resposta: C
São artigos que entram em contato direto com tecidos ou tratos estéreis (penetram nos tecidos
subepiteliais, no sistema vascular e em outros órgãos isentos de flora microbiana própria, bem como
aqueles diretamente conectados com eles): agulhas; roupas; instrumentos cirúrgicos; soluções injetáveis.
Devem ser submetidos ao processo de esterilização.

08. D
O tecido de algodão é uma embalagem compatível com o método de esterilização de vapor sob
pressão.

09. A
Verdadeiro: Os erros podem acontecer devido à utilização de embalagens incompatíveis com o
processo de esterilização a vapor.
Falso: Os erros podem acontecer devido à guarda de pacotes demasiadamente frios nas prateleiras,
pois o contato do pacote quente com a superfície fria da prateleira dos armários pode permitir a
condensação de vapor, favorecendo a sua contaminação pelo meio externo.
Verdadeira: Os erros podem acontecer devido à má qualidade da água gerando vapor com resíduos
de componentes químicos.

10. B
Limpeza Terminal: realizada com desinfetante quando o leito é desocupado em razão de alta, óbito
ou transferência do paciente, ou no caso de internação prolongada.

11. B/
Os artigos hospitalares são definidos de acordo com o grau de risco de aquisição de infecções nas
seguintes categorias: críticos, semicríticos e não críticos. Esta classificação norteará a escolha do
processo de desinfecção ou esterilização a ser utilizado.

12. D
Falso: Todo material de inalação utilizado num paciente deve sofrer limpeza com água e sabão e ser
emerso em uma solução desinfetante para ser novamente utilizado em outro paciente. A esse tipo de
reprocessamento damos o nome de assepsia.
Correta: A assepsia cirúrgica se relaciona com a ausência total de microrganismos através da
esterilização e manuseio rigoroso do material estéril.
Correta: Não falar ao manipular o material esterilizado é uma medida correta para evitar contaminação.
Falso: Na realização de um cateterismo de alívio o cateter utilizado é a sonda uretral. A sonda Foley é
indicada para demora, quando há a necessidade de permanência da mesmo.

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13. B
Área Semicrítica: São áreas ocupadas por pacientes que não necessitam de cuidados intensivos
ou de isolamento.
Artigo Crítico: Materiais com elevado potencial de risco de provocar infecção, porque são
introduzidos diretamente em tecidos normalmente estéreis.
Área não crítica: São todas as áreas das Unidades de Saúde não ocupadas por pacientes, ou cujo
acesso lhes seja vedado: Áreas administrativas; almoxarifado.
Artigos semicríticos: Equipamentos de anestesia e endoscópios. Entram em contato com a pele não
íntegra e membranas mucosas.

14. B
Na autoclave – são utilizados campos de tecido de algodão, papéis (grau cirúrgico e kraft), filme
poliamida transparente e caixa metálica perfurada embalada em campo, para permitir a livre circulação
do vapor.

15. C
Esterilização: É o processo de destruição de todos os microrganismos, inclusive esporulados, a tal
ponto que não seja mais possível detectá-los através de testes microbiológicos padrão.

ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICA: ABORDAGEM AMBULATORIAL E


HOSPITALAR: Atuação do técnico de enfermagem na assistência aos pacientes
com alterações dos sistemas digestivo, cardiovascular, respiratório, renal,
geniturinário, endócrino, ortopédico, hematológico e doenças transmissíveis.

Disfunções Digestórias

Todas as pessoas necessitam de nutrientes essenciais para sobreviver. Esses nutrientes provêm da
metabolização dos alimentos realizada no sistema gastrointestinal. A degradação dos nutrientes passa
pelas seguintes etapas: ingestão - o alimento vai da boca para o tubo digestivo; digestão – a quebra do
alimento se inicia na boca (enzima amilase salivar), continua no estômago (suco gástrico) e termina no
intestino delgado por intermédio de seus sucos; os nutrientes são absorvidos pela corrente sanguínea,
onde serão utilizados pelas células ou armazenados pelo organismo; os resíduos não utilizados serão
transformados em fezes, que serão excretadas.
Caso haja alteração em algum dos órgãos do sistema digestório, a pessoa pode desenvolver alguma
das seguintes doenças:

Gastrite

É um distúrbio inflamatório da mucosa gástrica. Seu aparecimento ocorre de forma súbita, podendo
ser de curta duração, tornar-se crônica ou ainda evoluir para uma úlcera. A gastrite aguda,
frequentemente, é causada por agressores com ação direta na mucosa gástrica. Entre eles estão:
medicamentos como anti-inflamatório e aspirina, álcool, fumo, enzimas digestivas do duodeno, alimentos
condimentados, frituras, gorduras e frutas ácidas, situações de estresse em pessoas muito nervosas ou
então hospitalizadas.
As gastrites crônicas estão mais relacionadas com a presença do Helicobacter pylori. Entre as
manifestações clínicas, destacam-se: dor epigástrica, vômitos, náuseas, eructação, pirose após as
refeições, digestão difícil e demorada e até a anorexia. E em casos mais extremos, pode apresentar
hemorragia digestiva. O diagnóstico pode ser feito através da endoscopia, com realização de biópsia e
de radiografia contrastada. O tratamento está baseado na utilização de antiácidos que atuam na acidez
gástrica.

Nos casos mais graves, além dos antiácidos, são administrados medicamentos que bloqueiam a
secreção do suco gástrico. Se a gastrite for causada pelo H. pylori, deverá ser indicada a
antibioticoterapia. Além de administrar os medicamentos prescritos, a equipe de enfermagem deverá
orientar o cliente no tocante a:
- ingerir dieta branda e fracionada, com ausência de alimentos irritantes à mucosa gástrica;
- desenvolver atividades físicas com a finalidade de reduzir o estresse;
- evitar a ingestão de álcool, de café e o uso do tabaco.

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Úlceras Pépticas

Essas úlceras são definidas como lesões erosivas com perda de tecidos. Caracterizam-se por surtos
de ativação e períodos de calmaria, com evolução crônica. As áreas mais acometidas são as do estômago
e do duodeno. A úlcera duodenal constitui a forma predominante de úlcera péptica. Está associada à
hipersecreção de ácido e pepsina pelo estômago que, ao chegar ao duodeno, gera as erosões. Já a
úlcera gástrica está relacionada ao aparecimento de uma lesão, devido à deficiência dos fatores de
proteção da mucosa gástrica contra a ação do ácido clorídrico.
Tanto as úlceras duodenais quanto as gástricas resultam da interação de fatores genéticos, ambientais
(fumo, álcool, café, ácido acetilsalicílico, da presença da bactéria Helicobacter pylori) e de fatores
emocionais (estresse, emoções, ansiedade, manifestações da vida afetiva). De todos os sintomas da
úlcera, a dor é o mais frequente, levando o indivíduo a procurar assistência. Manifesta-se através de uma
dor em queimação e corrosiva - tipo cólica - relacionada, quase sempre, à alimentação.
Na úlcera gástrica, a dor inicia-se no epigástrio e irradia-se para o rebordo costal. A presença do
alimento no estômago causa a dor, enquanto que os vômitos podem aliviá-la. A dor na úlcera duodenal
irradia-se para o flanco direito e acontece quando a pessoa está com o estômago vazio. A ingestão de
alimentos alivia o sintoma. Outras manifestações clínicas que podem ser observadas são: náusea e
vômito. Em casos mais graves, observa-se hemorragias nas fezes (melena) ou vômitos (hematêmese).

Diferenças entre Úlcera Duodenal e Gástrica

Com a realização da endoscopia, o diagnóstico pode ser confirmado. O tratamento medicamentoso da


úlcera péptica consiste na redução da acidez gástrica até a cicatrização da úlcera e na erradicação da
bactéria H. pylori, quando esta estiver presente. A equipe de enfermagem deverá orientar o cliente a:
- fazer o mínimo de 4 refeições diárias, em intervalos regulares, mastigando bem os alimentos;
- evitar frituras, condimentos (pimenta, alho, cebola), refrigerante, café, chá e bebida alcoólica e uso
do tabaco;
- modificar o estilo de vida, visando diminuição do estresse;
- não fazer uso de comprimidos sem prescrição;
- observar a presença de sangue nas fezes e nos vômitos.

Hepatite

É uma doença que consiste na inflamação do fígado e pode ser causada por um vírus ou por
substâncias tóxicas. As manifestações clínicas gerais da pessoa com hepatite referem-se: à fadiga,
anorexia (falta de apetite), enjoo, vômitos, icterícia, colúria (urina escura) e fezes acólicas
(esbranquiçadas). Existem tipos diferentes de hepatite. Entre eles, a hepatite viral e a por substâncias
tóxicas.

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Hepatites virais

Consiste em vários tipos de vírus e cada um tem uma forma de contágio, prevenção e tratamento.
Entre as mais comuns estão:

Hepatite A - é a mais contagiosa, porém a menos grave. Estima-se que no Brasil 95% da população
adulta já tenha anticorpos contra esse tipo de hepatite.

Hepatite B - ocorre com menos freqüência que a hepatite A. Resulta em danos das células hepáticas,
que podem levar à cirrose e ao câncer de fígado. Ela pode ser transmitida através da relação sexual, e o
risco de contrair hepatite B é maior nos indivíduos com múltiplos parceiros sexuais e/ou outras doenças
sexualmente transmissíveis (DST). O tratamento medicamentoso pode ser feito através do Interferon (via
subcutânea) e da Lamivudina (via oral).

Hepatite C - infecta aproximadamente 1% da população brasileira. Se a hepatite não for curada, a


permanência do vírus no organismo pode levar à cirrose hepática ou ao câncer. Esta doença também é
contraída através de contato sexual. A principal via de transmissão do vírus C é a da transfusão de sangue
total ou de seus derivados (plasma, concentrado de hemácias, plaquetas, etc.), como também através do
uso de agulhas e seringas compartilhadas em grupo por usuários de drogas injetáveis ilícitas.
Os profissionais da área da saúde constituem um grupo de risco para adquirir o vírus da hepatite C. A
manipulação incorreta de material perfuro cortante e de fluídos corporais podem causar a doença. Os
indivíduos, em sua maioria, são assintomáticos. Quando ocorrem os sintomas, esses se manifestam por
meio da icterícia, anorexia, mal-estar e dor abdominal. O Interferon e a Ribavirina (via oral) são as drogas
indicadas no tratamento contra esse vírus, mas só funcionam em 50 % dos casos e se usadas em
conjunto.

Hepatite D - o agente da hepatite Delta é um vírus defectivo, ou seja, necessita da presença do vírus
B inoculado anteriormente no organismo para sua replicação. Os fatores de risco, a transmissão e as
manifestações clínicas são as mesmas do vírus B. O tratamento utilizado é o mesmo para o vírus da
hepatite B e C.

Hepatites por substâncias tóxicas

Certas substâncias químicas têm ação hepatotóxica. Quando são administradas por via oral ou
parenteral, produzem necrose aguda das células hepáticas ou hepatite tóxica. As substâncias mais
comuns causadoras da doença são: tetracloreto de carbono, fósforo, clorofórmio e os componentes com
ouro. Muitos medicamentos podem induzir à hepatite, entre eles estão certos antibióticos e anestésicos.
As manifestações clínicas e o tratamento são semelhantes aos da hepatite viral.
A recuperação após uma hepatite tóxica é rápida se esta for identificada precocemente. Entretanto, a
recuperação é improvável se tiver havido um período prolongado entre a exposição, o início dos sintomas
e o tratamento, pois não há antídotos eficazes. A hepatite alcoólica geralmente acomete clientes que já
fazem uso crônico da bebida e que ingerem quantidades excessivas por alguns dias seguidos. A
possibilidade de ela aparecer é diretamente proporcional ao número de anos de alcoolismo. A maioria
desses clientes evolui para hepatopatia crônica, não cirrótica, ou cirrose hepática. O tempo de vida está
na dependência do grau de lesão já existente no fígado e do uso continuado de bebidas alcoólicas.

Hemorragia Digestiva

É definida como a perda de sangue maciça e rápida devido a algum trauma. A maioria das causas
relaciona-se à afecções que podem ser curadas ou controladas, podendo não ser grave, mas é importante
localizar a fonte do sangramento que pode ser proveniente de qualquer área do trato digestório.

Sangramento do Estômago

O estômago é ponto mais frequente de hemorragia causada por úlceras. O álcool e medicamentos
contendo ácido acetilsalicílico podem desenvolver a úlcera gástrica que, ao aumentar de volume, faz uma
erosão em um vaso, levando à hemorragia. Pessoas que sofrem queimaduras, traumatismos cranianos,
ou ainda aquelas que são submetidas à cirurgia extensa, podem desenvolver úlceras de estresse. Isso
acontece, devido ao aumento da produção de suco gástrico, alterando as paredes do estômago.

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No trato digestivo baixo, o intestino grosso e o reto são locais frequentes de hemorragia (sangue vivo).
A causa mais comum são as hemorróidas, mas fissuras anais, inflamações, infecções, tumores ou pólipos
podem também ser fatores causadores de hemorragias. A hemorragia pode ainda ser proveniente de
tumores benignos ou câncer. Finalmente, à medida que se fica mais velho, anormalidades nos vasos do
intestino grosso podem ser desenvolvidas, resultando em sangramento recorrente.
As manifestações clínicas são: a hematêmese - vômito com sangramento, podendo ser vermelho
brilhante ou cor de “borra de café” (quando a hemoglobina sofreu alteração no estômago); a melena -
fezes com sangue, de cor enegrecida e fétida. Não raro, o sangramento digestivo alto expressa-se através
da enterorragia - sangramento “vivo” pelo ânus, isolado ou misturado com as fezes. Relacionados
diretamente com a perda sanguínea, destacam-se: taquicardia, dispneia, hipotensão, pele fria e até
choque hipovolêmico.
O objetivo do diagnóstico é identificar e estancar com rapidez o sangramento. Geralmente é realizado
pelo exame de endoscopia. A cirurgia de urgência é indicada nos casos em que: a hemorragia é grave e
não responde às medidas rápidas de reposição volêmica; não é possível realizar a hemostasia pelo
endoscópio, se um novo sangramento ocorrer após o tratamento inicial.
É importante que a equipe de enfermagem: avalie a quantidade de perda sanguínea nas fezes e
através dos vômitos; realize a lavagem gástrica com solução fisiológica gelada, objetivando a hemostasia;
administre os medicamentos prescritos e monitorize os sinais vitais.

Cirrose Hepática

Trata-se de uma degeneração difusa, progressiva e crônica do tecido hepático, com destruição dos
hepatócitos. No processo de cicatrização, o tecido normal é substituído por tecido fibrosado,
incapacitando o fígado de manter suas funções. Os fatores etiológicos mais importantes são: álcool,
exposição a substâncias químicas, (clorofórmio), insuficiência nutricional, infecção pelo vírus da hepatite
B e esquistossomose.

As pessoas com cirrose apresentam manifestações clínicas decorrentes da disfunção hepática e da


necrose das células hepáticas. Os sinais e sintomas mais frequentes são: náusea, icterícia, colúria, dor
no fígado, edema, ascite (barriga d’água) e hérnia umbilical. Enquanto o cliente encontrar-se
hospitalizado, a equipe de enfermagem deve:
- oferecer refeições pequenas e frequentes com a finalidade de facilitar o processo digestivo;
- restringir a ingestão de sal e água;
- monitorar os sinais vitais;
- pesar e medir a circunferência abdominal, diariamente, com o cliente em jejum;
- manter a pele limpa e hidratada, aliviando pruridos e o ressecamento;
- realizar o balanço hídrico;
- avaliar o nível de consciência e administrar os medicamentos conforme prescrição.

Para a alta, o cliente deve ser orientado quanto à dieta e medicação, salientando-se a importância do
acompanhamento ambulatorial.

Pancreatite

O pâncreas é um dos órgãos acessórios do sistema digestório. Encontra-se situado no abdômen, atrás
do estômago. Ele é responsável pela produção do suco pancreático que ajuda na digestão e pela
produção de hormônios como insulina e glucagon. A inflamação do pâncreas é denominada pancreatite
e pode manifestar-se de forma súbita (aguda) ou de forma contínua (crônica). A pancreatite aguda é
definida como um processo inflamatório agudo do pâncreas. Suas causas são: pedras da vesícula que
se deslocam e impedem o escoamento das substâncias produzidas pelo pâncreas; ingestão abusiva de
álcool e de alguns medicamentos como corticoides e imunodepressores; tumores que obstruem os
canalículos do pâncreas; traumatismo pancreático; níveis elevados de colesterol e triglicérides e fatores
genéticos.
Entre as manifestações clínicas apresentadas pelos clientes, primeiramente podemos destacar a dor
severa que se inicia subitamente na região epigástrica, após excesso de ingestão alimentar ou de bebida
alcoólica. Irradia para a reborda costal, piorando ao andar e deitar. Melhora quando o cliente senta ou se
inclina para frente. Ocorrem vômitos, náuseas, febre, icterícia. Os casos mais graves podem apresentar
manifestações clínicas de choque: taquicardia, hipotensão, desorientação, extremidades frias e sudorese.

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Para o diagnóstico, é indispensável a realização de exames complementares, como o exame de
sangue, onde é avaliada a dosagem da enzima amilase sérica, leucocitose e a glicemia. Os exames
radiográficos mais solicitados são: RX do abdômen e do tórax; ultrassom abdominal; tomografias
computadorizadas. O tratamento inicial da pancreatite aguda é basicamente clínico. É indicada a
manutenção do jejum para inibir a estimulação e secreção de enzimas pancreáticas. Caso seja
necessário, o aporte calórico será mantido pela nutrição parenteral total (NPT). A sonda nasogástrica
aberta objetiva aliviar náuseas e vômitos. Medicamentos, como analgésicos, antibióticos e antiácidos, são
administrados conforme prescrição. Deve-se administrar insulina, caso seja preciso.

O tratamento cirúrgico consiste em remover total ou parcialmente o pâncreas. É indicado, entre outros,
em casos de necrose ou de grave infecção bacteriana. A equipe de enfermagem tem um papel
fundamental no tratamento do cliente com pancreatite aguda. Ela deve:
- administrar analgésico, conforme prescrição, para o alívio da dor;
- explicar a finalidade e importância do jejum;
- manter a hidratação hídrica e de eletrólitos, prevenindo a desidratação decorrente de vômitos ou
diarreias;
- manter aberta e pérvia a sonda nasogástrica;
- realizar higiene oral, mantendo os lábios umidificados;
- orientar a necessidade do repouso no leito;
- medir a circunferência abdominal, atentando para alterações;
- pesar diariamente;
- monitorizar os sinais vitais;
- controlar glicemia capilar;
- realizar balanço hídrico;
- encaminhar o cliente a um grupo de apoio de alcoólicos anônimos ou de autocuidado para Diabetes
Mellitus;
- orientar a auto aplicação de insulina, quando indicada.

A pancreatite crônica caracteriza-se pela perda progressiva do tecido pancreático, com presença de
fibrose e lesões anatômicas irreversíveis. A pancreatite crônica não significa o desenvolvimento da forma
aguda da doença, a menos que estejam presentes complicações como os pseudocistos (coleções de
secreções pancreáticas).

- Pancreatite crônica calcificante: É a mais comum, representando quase 90 % das pancreatites


crônicas no Brasil. Nessa classificação são formados cálculos (pedras) nos canalículos do pâncreas. A
principal causa é o alcoolismo, mas pode estar associada à desnutrição, hiperparatireoidismo,
hereditariedade ou mesmo não apresentar uma causa determinada.

- Pancreatite crônica obstrutiva: Surge em consequência de obstrução parcial do canal que conduz
o suco pancreático até o intestino delgado. As manifestações clínicas mais constantes são: a dor que se
localiza principalmente no epigástrio e hipocôndrio esquerdo. Costuma ser intensa e contínua, durando
horas ou dias. É aliviada por sedativos e antiespasmódicos e agravada pelo decúbito dorsal. O excesso
do consumo de álcool é um dos fatores desencadeantes da dor. Pode cessar espontaneamente e passar
por longos períodos de calmaria. Pode ser acompanhada por náuseas e vômitos.

A perda de peso varia conforme os períodos de dor, já que essa pode ser agravada pela alimentação.
A hiperglicemia aparece como terceiro sinal em frequência, ocorrendo em cerca de 50% dos casos. Existe
também a manifestação da icterícia, devido à compressão do colédoco e a esteatorréia, desencadeada
pela má absorção de gorduras, determinada pela mudança das características das fezes.
Para a obtenção do diagnóstico, são utilizados os mesmo exames complementares da pancreatite
aguda. No que se refere ao tratamento, é indicado a abstinência do álcool e o encaminhamento do
indivíduo a um programa de apoio, assim como a ingestão de uma dieta balanceada e o uso de antiácidos.
Caso a pessoa tenha adquirido Diabetes Mellitus, ela deverá ser encaminhada a um programa de
educação para o autocuidado e, ao receber alta hospitalar, deve ser orientada quanto à auto aplicação
de insulina.

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Disfunções Cardiocirculatórias43

As disfunções circulatórias levam as pessoas a adoecerem. Estas podem ser de origem congênita, ou
seja, a pessoa já nasce com a doença, como a deficiência na formação de válvulas cardíacas; infecciosa,
produzida por bactérias que acometem as vias aéreas superiores, por doenças reumáticas infecciosas ou
crônico-degenerativas, que não apresentam uma causa definida e, consequentemente, não têm cura,
mas podem ser controladas. Tais disfunções, quando não controladas, geram complicações e se
transformam nas principais causas de morte no Brasil e no mundo.
A história familiar, a idade, o sexo e a raça, associados a fatores de risco relacionados ao estilo de
vida das pessoas, como dieta rica em sal, gordura, carboidratos, uso do álcool, do fumo e de outras
drogas, bem como o estresse da vida moderna, poderão propiciar o aparecimento de doenças crônico-
degenerativas como: hipertensão arterial, angina do peito, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular
cerebral, insuficiência vascular periférica, entre outras.
A base da formação das doenças crônico-degenerativas, ligadas às disfunções circulatórias, tem como
ponto inicial as alterações dos vasos sanguíneos. Com o envelhecimento, por exemplo, as artérias vão
perdendo sua elasticidade, tornando-se mais endurecidas. Este fenômeno, quando associado aos fatores
de risco, poderá antecipar o endurecimento precoce das artérias (arteriosclerose), como também propiciar
a deposição de placas de gorduras em seu interior (ateromas) causando a aterosclerose. Estas alterações
levam à oclusão parcial ou total das artérias e até o seu rompimento.

Assistência de Enfermagem ao Paciente com Disfunções Cardiovasculares

Ao abordarmos um paciente cardiopata ou disfunções cardiovasculares, devemos perguntar o paciente


sobre sintomas como: dispneia, dor torácica, palpitações, edema nos pés e tornozelos os quais sugerem
a possibilidade de disfunção cardíaca. Importante também questionarmos o paciente, acerca dos
antecedentes pessoas sobre os membros da família que tiveram cardiopatias e enfermidades afins e
sobre o paciente manifestar alguma outra doença que afete o sistema cardiovascular, como diabetes
mellitus, hipertensão arterial. Neste momento é primordial o questionamento dos hábitos de vida deste
paciente como o uso do tabaco, do álcool, sedentarismo, obesidade, etc.
Após a anamnese, é necessário a realização do exame físico completo desse paciente, objetivando
encontrar sinais e sintomas indicativos de doença cardíaca. Alguns pontos são de extrema importância
durante essa avaliação, como por exemplo:
Ao avaliarmos a coloração da pele, devemos observar se esta recebe uma quantidade adequada de
oxigênio e nutrientes, sua coloração não deve estar pálida ou cianótica, pois estes sinais indicam uma
anemia ou uma dificuldade circulatória, que pode ser proveniente de uma doença cardíaca.

43
http://enfermagemunismg.blogspot.com.br/2010/05/disfuncoes-cardiocirculatorias.html

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Durante a avaliação das veias do pescoço, devemos estar atento ao ingurgitamento ou ausência de
enchimento capilar, pois estas estão conectadas diretamente ao átrio direito do coração e fornecem uma
indicação sobre o volume e a pressão do sangue que está entrando no lado direito do coração.
Ao realizarmos a ausculta pulmonar, buscamos verificar se os sons estão normais, pois a ocorrência
de sons anormais pode indicar a presença de líquido nos pulmões decorrente de uma insuficiência
cardíaca.
Outro ponto importante é a ausculta cardíaca, pois anormalidades das válvulas e de estruturas
cardíacas causam um fluxo sanguíneo turbulento, dando origem aos sons característicos denominados
sopros. Em geral, o fluxo sanguíneo turbulento ocorre quando o sangue passa por válvulas estenosadas
ou insuficientes.

Sinais e sintomas da insuficiência cardíaca


- Edema periférico,
- Veias do pescoço distendidas
- Anorexia
- Distensão abdominal
- Náuseas
- Nictúria - é a eliminação de volume aumentado de urina durante a noite.
- Dispneia grave
- Tosse produtiva ou espumosa
- Dispneia paroxística noturna
- Ansiedade intensa
- Agitação
- Confusão
- Astenia grave - sensação de cansaço generalizado e falta de energia, e afeta a capacidade de realizar
as tarefas mais simples.
- Fadiga intensa
- Oligúria - redução do volume urinário para um valor abaixo de 400 mL em 24 horas.
- Taquicardia
- Angor transitório - Angústia profunda com algidez dos membros.

Possíveis Diagnósticos de Enfermagem do Paciente Cardiopata


- Troca gasosa comprometida relacionada a edema alveolar decorrente das pressões ventriculares
elevadas
- Dor relacionada a um desequilíbrio no suprimento e demanda de O2;
- Ansiedade ligada à dor torácica, medo da morte, ambiente ameaçador;
- Débito cardíaco diminuído relacionado à contratilidade comprometida;
- Intolerância à atividade ligada à oxigenação insuficiente para realizar as AVDs, perda do
condicionamento físico pelo repouso no leito;
- Risco de lesão relacionada à dissolução dos coágulos protetores;
- Perfusão tecidual alterada relacionada ao infarto;
- Ineficiências de como lidar com a autoestima, ruptura do padrão sono-repouso, falta de sistema de
apoio significativo e perda de controle.

Intervenções de Enfermagem ao Paciente

Manter débito cardíaco adequado

- Repouso físico e emocional para reduzir o trabalho cardíaco e as necessidades de oxigênio.


- Posicionar em semi-Fowler ou Fowler para facilitar o retorno venoso
- Evitar manobras de valsava
- Avaliar regularmente sinais vitais, parâmetros hemodinâmicos, nível de consciência, sons cardíacos
- Monitorizar para verificação de arritmias
- Observar sinais e sintomas da diminuição da perfusão tecidual periférica: pele fria, palidez
facial, enchimento capilar retardado
- Administrar terapêutica prescrita e avaliar a resposta quanto ao alívio de sintomas

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Melhorar a oxigenação
- Administrar oxigênio para reduzir dispneia e fadiga
- Posicionar em semi-Fowler ou Fowler para facilitar a respiração e aliviar a congestão pulmonar
- Monitorizar frequência respiratória, profundidade e facilidades respiratórias
- Promover mudança de decúbito
- Estimular os exercícios frequentes de respiração profunda
- Proporcionar refeições fracionadas e em pouca quantidade

Restabelecer equilíbrio hídrico


- Avaliar diariamente o peso
- Avaliar sinais de hipocalcemia: astenia, mal-estar e câimbras
- Estar atento aos potenciais problemas dos diuréticos
- Observar sinais de distensão da bexiga no idoso com hiperplasia da próstata
- Proporcionar uma dieta hipocalórica e hipossódica fracionada e restringir os líquidos

Melhorar a tolerância à atividade


- Aumentar gradualmente a atividade
- Auxiliar o paciente nas atividades da vida diária.
- Observar possíveis dores precordiais durante e após as atividades
- Avaliar sinais vitais, sintomas e resposta comportamental na execução de atividades que requerem
maior esforço físico.
- Planear períodos de repouso e equilibrá-los com a atividade para diminuir as
necessidades do miocárdio
- Encorajar ao autocuidado quando tolerado
- Proporcionar um ambiente calmo para sono e repouso
- Administrar sedativos para aliviar a insônia e agitação
- Vigiar a eliminação intestinal para ver se há constipação e administrar emolientes se necessário

Controlar a ansiedade
- Permitir ao doente que exteriorize os seus sentimentos
- Incentivar e identificar a força de motivação e vontade
- Administrar ansiolíticos

Manutenção da integridade cutânea


- Manter membros inferiores ligeiramente elevados
- Realizar mudança de decúbito frequentemente
- Reduzir ao mínimo os pontos de pressão e tensão
- Avaliar a existência de zonas de pressão e massagear para ativar a circulação
- Avaliar diariamente a integridade da pele
- Higienizar a pele suavemente e aplicar loção hidratante para reduzir soluções de continuidade

Ensino ao doente
- Desmistificar o conceito de insuficiente
- Explicar os sintomas de recidiva
- Aumento de peso
- Edema periférico
- Tosse persistente
- Cansaço
- Perda de apetite
- Nictúria
- Tomar a terapêutica prescrita e ter em atenção os seus efeitos colaterais
- Pesar diariamente
- Planejar o reinício das atividades
- Aumentar a marcha e outras atividades progressivamente
- Alternar o exercício com o repouso
- Evitar ultrapassar o nível de tolerância
- Evitar excesso de alimentos e bebidas
- Evitar temperaturas extrema

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Conclusão

A assistência de enfermagem ao paciente com disfunções cardiovasculares, deve ser sempre seguida
de um histórico completo e exame físico, pois assim poderemos determinar as ações efetivas de
enfermagem que deverão ser realizadas com este paciente. Outro aspecto importante, é a inclusão da
família no tratamento deste paciente, pois os hábitos alimentares, o uso correto dos medicamentos e a
atividade física são fundamentais para o sucesso do tratamento e da qualidade de vida deste paciente.

Referencias
Assistência de Enfermagem ao Paciente Cardiopata. Disponível em: < http://enfermagemsistematizada.blogspot.com.br/2012/04/assistencia-de-enfermagem-
ao-paciente.html>.

Manifestações Comuns das Doenças Cardiovasculares

Dor torácica
-Características: natureza e intensidade, início e duração, localização e irradiação, fatores
precipitantes e fatores que aliviam, sinais e sintomas associados
-Significado: isquemia, dor “cortante”, intensa e irradiante, dor precordial aguda irradiante

Dispneia
-Características: por esforço, paroxística noturna, Ortopnéia, quantidade de travesseiros para dormir
-Significado: Insuficiência ventricular esquerda ou Insuficiência cardíaca transitória

Palpitações
-Características: sensação de bater rápido, forte ou falhar o batimento, tontura e/ou desmaio, duração,
medidas de alívio
-Significado: Sensação de soco ou coração pulando no tórax (taquicardia), ou ainda, ausência de
batimentos

Fraqueza e Fadiga
-Características: momentos, local, precedida de dor ou edema
-Significado: baixo débito cardíaco, doença arterial ou venosa periférica

Tonteira e Síncope
-Características: quantos episódios, que condições ambientais, tempo de duração, o que alivia a
tonteira
-Significado: Síncope pode ser uma perda transitória da consciência > isquemia cerebral
-A semi-síncope refere-se à tonteira, confusão temporária. As arritmias relacionadas à cardiopatia
podem causar síncope.

Circulatórias

Distúrbios circulatórios - estenose aórtica, hipotensão (diminui retorno de sangue ao coração),


espasmo arterial. Distúrbios sanguíneos: anemia, hipoxemia e policitemia.
Sintomas: A isquemia do miocárdio provoca ataques de DOR de gravidade variável, desde a sensação
de pressão subesternal, até a dor agonizante com sensação de morte iminente.
Tem as seguintes características:
Sensação: aperto, queimação, esmagamento, enforcamento, “gases”, etc. intensidade: geralmente,
discreta ou moderada. Raramente, forte.
O tratamento da angina depende em parte da gravidade e da estabilidade dos sintomas. Quando os
sintomas pioram rapidamente, a hospitalização imediata e o tratamento medicamentoso são usuais. Se
os sintomas não forem substancialmente minimizados com o tratamento medicamentoso, a dieta e a
alteração do estilo de vida, a angiografia pode ser utilizada para determinar a possibilidade de uma cirurgia
de revascularização miocárdica ou de uma angioplastia.

Cuidados de Enfermagem
-avaliar as características da dor no peito e sintomas associados.
- avaliar a respiração, a pressão sanguínea e frequência cardíaca em cada episódio de dor torácica.
- fazer um ECG, cada vez que a dor torácica surgir, para evidenciar infarto posterior.

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- monitorizar a resposta ao tratamento medicamentoso.
- avisar o médico se a dor não diminuir.
- identificar junto ao cliente as atividades que provoquem dor.
- oferecer assistência de maneira calma e eficiente de modo a reconfortar o cliente até que o
desconforto desapareça.
- prover um ambiente confortável e silencioso para o cliente/família. - ajudar o paciente a identificar
seus próprios fatores de risco.
- ajudar o paciente a estabelecer um plano para modificações dos fatores de risco.
- providenciar orientação nutricional ao cliente/família.
- esclarecer o cliente/família acerca dos medicamentos que deverão ser tomados após a alta
hospitalar.
- esclarecer o cliente acerca do plano terapêutico. - explicar a relação entre a dieta, atividades físicas
e a doença.

Varizes são várias superfícies anormalmente dilatadas provocadas por incompetência da circulação
venosa.

A flebite é uma inflamação que ocorre na veia.

A trombose é quando se forma um coágulo de sangue no interior do vaso sanguíneo. Quando as duas
situações anteriores ocorrem simultaneamente, chamamos de tromboflebite.
Fatores de Risco: As veias varicosas afetam as mulheres especialmente grávidas e pessoas cujas
ocupações exijam ficar em pé ou sentados por períodos prolongados.
Ocorre com mais frequência nos membros inferiores, porém possam acontecer em outras partes do
organismo (ex: varizes esofágicas). Também pode ocorrer em pessoas com Câncer, obesos, mulheres
que fazem uso de contraceptivo oral, em coagulopatia, cirurgias.

Hipertensão Arterial44

A hipertensão arterial, também chamada de pressão alta, é uma doença crônica que afeta cerca de
um terço da população mundial. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, existem cerca de 13 milhões
de pessoas com a doença, que atinge principalmente adultos com mais de 60 anos.
Ao estudar a anatomia e fisiologia do sistema cardiovascular, pode-se entender que o coração bombeia
o sangue para os demais órgãos do corpo por meio das artérias. Nesse momento, o sangue é “empurrado”
contra a parede dos vasos sanguíneos. Esta tensão, que é gerada na parede das artérias, é denominada
pressão arterial, que é o resultado da contração do coração a cada batimento e da contração dos vasos
quando o sangue por eles passa. Esta pressão é necessária para que o sangue consiga chegar aos locais
mais distantes, como, por exemplo, a extremidade dos pés.
Os números de uma medida de pressão arterial representam o valor da pressão calibrada em
milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro número, ou o de maior valor, é chamado de pressão arterial
sistólica ou máxima, que é a pressão do sangue nos vasos quando o coração se contrai (sístole) para
impulsionar o sangue para o resto do corpo; o segundo número, ou o de menor valor, é chamado de
pressão arterial diastólica ou mínima. Nesse caso, o coração encontra-se na fase de relaxamento
(diástole).
A Organização Mundial de Saúde padronizou a medida normal da pressão arterial entre os limites de
120/80mmHg a 140/90mmHg. O local mais comum de verificação da pressão arterial é no braço, usando
como ponto de ausculta a artéria braquial. O equipamento utilizado é o esfigmomanômetro e, para
auscultar os batimentos, usa-se o estetoscópio. A pressão arterial sofre a influência de fatores, tais como:
dieta rica em sal, gordura, obesidade, tabagismo, estresse, alguns medicamentos, sedentarismo, dentre
outros. Portanto, a exposição dos indivíduos a estas condições, denominadas de fatores de risco, pode
elevar o nível da pressão arterial.
E o que é hipertensão arterial? Também conhecida como “pressão alta”, é definida como uma pressão
arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg, e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg
em pessoas que não estão fazendo uso de medicação antihipertensiva. Esta elevação anormal pode
causar lesões em diferentes órgãos do corpo humano, sendo a hipertensão arterial um dos principais
fatores associados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como a insuficiência coronariana,
insuficiência cardíaca, e a outras doenças, como insuficiência renal e acidente vascular cerebral.

44
http://www.nursing.com.br/hipertensao-tudo-que-voce-precisa-saber/

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Apesar de tantos malefícios, a hipertensão arterial é ainda pouco valorizada, enquanto problema de
saúde, pelas pessoas e até mesmo por profissionais de saúde despreparados técnica e conceitualmente.
Vários fatores contribuem para esse descaso, como, por exemplo, o fato de a hipertensão, quase sempre,
não apresentar qualquer sintoma, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico e a adesão ao tratamento.
Existem dois tipos de hipertensão arterial: hipertensão primária, hoje chamada de hipertensão arterial
sistêmica, e secundária. A hipertensão sistêmica corresponde a 90% dos casos e se caracteriza por não
haver uma causa conhecida, enquanto os 10% restantes correspondem à hipertensão secundária, onde
é possível identificar uma causa, como, por exemplo, problemas renais, tumores de suprarrenal e algumas
doenças endócrinas.
O diagnóstico é feito através da medida da pressão arterial, porém uma medida isolada não é
suficiente, sendo recomendado duas ou mais medidas em momentos diferentes, quando da suspeita de
hipertensão arterial. As medidas devem ser obtidas em ambos os braços, com a pessoa nas posições -
sentada e deitada. Até poucos anos atrás, o tratamento do hipertenso era centrado no uso da medicação.
À medida que foi sendo estudada a correlação com os fatores de risco citados, anteriormente, iniciou-se
uma nova abordagem, valorizando as mudanças de estilo de vida, associadas ou não ao uso de
medicamentos.
É recomendado que o hipertenso grau I (leve) seja controlado mediante uma dieta equilibrada, com
diminuição da ingestão de sal, com a prática de atividade física regular, controle do peso corporal,
abandono do consumo de cigarros, álcool e outras drogas, quando for o caso.
O hipertenso grau II e III (moderado e grave), além do controle dos fatores de risco modificáveis,
necessitará da utilização de medicamentos para o resto da vida.
Quatro grupos de medicamentos são utilizados no tratamento da hipertensão: diuréticos,
betabloqueadores, inibidores da enzima conversora de angiotensina e os bloqueadores de cálcio. A
prescrição do medicamento depende da idade do portador, das doenças associadas, do custo, dos efeitos
colaterais, da experiência clínica e da organização do serviço de saúde. O tratamento não medicamentoso
da hipertensão tem como objetivo principal a prevenção de complicações (lesões de órgão alvo), pois é
muito comum um portador de hipertensão deixar de lado o tratamento por achar que está curado, voltando
então a níveis pressóricos altos.
Este é um erro básico, e uma boa orientação visa conscientizar o hipertenso de que, embora não haja
cura, um controle adequado de sua pressão arterial é suficiente para prevenir lesão de órgão-alvo. Nos
casos de hipertensão secundária, onde há possibilidade de identificar sua causa, na grande maioria das
vezes, o tratamento é possível, assim como a cura.
Ao contrário do que a maioria das pessoas imagina, a hipertensão pode estar presente sem qualquer
sintoma associado (assintomático). Os sintomas que podem sugerir relação com a hipertensão devem
ser muito bem caracterizados. Muitas pessoas podem apresentar: dor no peito, cefaléia occipital e
matinal, edema nos membros superiores e inferiores ao final do dia, escotomas, irritabilidade, cansaço
aos esforços, tonturas e dispneia.
Os cuidados com as pessoas hipertensas estão centrados no controle da pressão arterial, no uso
correto da medicação prescrita, bem como no incentivo à prática de atividades físicas e mentais. O cliente
e sua família são os principais atores desse controle, e o auxiliar de enfermagem é um facilitador das
mudanças necessárias para a manutenção de níveis pressóricos adequados.
É fundamental o papel de educador a ser desempenhado por toda a equipe de saúde, na orientação
ao cliente e seus familiares, quanto à importância da mudança de hábitos de vida, de modo que se possa
controlar os fatores de risco modificáveis, tais como: estresse; glicose e colesterol alto, sedentarismo,
obesidade, consumo excessivo de sal, álcool, fumo e drogas ilícitas.
Os programas educacionais e de assistência ao hipertenso têm obtido resultados satisfatórios,
possibilitando um controle adequado apenas em nível ambulatorial, diminuindo o índice de hospitalização
e prevenindo as complicações cardíacas. Hoje, quando um hipertenso chega a hospitalizar-se, o motivo
mais comum é a elevação súbita da pressão arterial (crise hipertensiva), ou as manifestações de lesões
crônicas decorrentes da hipertensão não controlada.

Arritmias Cardíacas

As arritmias são distúrbios da frequência e do ritmo cardíacos causados por alterações no sistema de
condução do coração. Podem ocorrer em pessoas com o coração normal ou ainda como resposta a outras
doenças, distúrbios eletrolíticos ou intoxicação medicamentosa. A frequência cardíaca normal varia de
acordo com a idade - quanto menor a idade, maior a frequência. No adulto, pode oscilar entre 60 a 100
batimentos por minuto (bpm). As arritmias de frequência podem apresentar-se como taquicardia (acima

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de 100 bpm), bradicardia (abaixo de 60 bpm), fibrilação e flutter atrial (frequência igual ou acima de 300
bpm).
As manifestações clínicas englobam dor no peito, palpitações, falta de ar, desmaio, alteração do pulso
e do eletrocardiograma (ECG), podendo chegar à hipotensão, insuficiência cardíaca e choque.

Normal

Ventricular

Assitolia

O tratamento é feito com medicamentos antiarrítmicos, cardioversão elétrica e implantação de marca-


passo. As ações de enfermagem devem estar voltadas para:
- transmitir segurança à pessoa que apresenta arritmia, estabelecendo diálogo, possibilitando à mesma
expor seus sentimentos de impotência e insegurança, a fim de diminuir sua ansiedade;
- proporcionar sono e repouso adequados, garantindo ambiente livre de ruídos;
- monitorizar sinais vitais;
- oferecer oxigênio, se necessário, para reduzir a hipóxia causada pela arritmia;
- observar os cuidados com a administração de antiarrítmicos (verificação de pulso antes e após a
dosagem prescrita);
- orientar a família e a pessoa acometida sobre os procedimentos a serem realizados; e, quando a alta
for dada,
- destacar a importância do controle do estresse, de se evitar o uso do fumo e reduzir a ingestão de
cafeína (café, chá mate, chá preto, refrigerantes a base de cola).

Angina

Angina pectoris ou ainda angina do peito é a síndrome clínica caracterizada por crises de dor,
queimação ou sensação de pressão na região do tórax. É causada pela obstrução transitória das
coronárias. A causa da dor é o fornecimento inadequado de sangue ao coração, resultando no suprimento
insuficiente de oxigênio e de nutrientes para o miocárdio. Alguns fatores podem provocar a dor anginosa,

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como, por exemplo, o esforço físico, a ingestão de refeição copiosa, a exposição ao frio e a situações
estressantes. A dor da angina deve cessar com repouso ou com o uso da nitroglicerina, num período de
vinte minutos, caso contrário, a indicação é de infarto agudo do miocárdio. Uma característica importante
da dor anginosa é que ela regride quando o fator que a causou é afastado.
As pessoas idosas podem desenvolver sintomas anginosos mais rapidamente do que as mais jovens.
A dor se manifesta como fraqueza ou desmaio quando expostas ao frio, já que elas têm menos gordura
subcutânea para proporcionar o isolamento térmico. Os idosos devem ser orientados a usar roupas extras
e alertados para reconhecer o sinal de fraqueza como indicativo de que devem repousar ou tomar os
medicamentos prescritos. O diagnóstico da angina é frequentemente estabelecido pela avaliação das
manifestações clínicas da dor e pela história da pessoa. De acordo com a gravidade dos sintomas de
angina, da idade do portador e das patologias associadas, exames diagnósticos poderão ser solicitados,
como o eletrocardiograma, Hollter, cintilografia miocárdica e/ou cateterismo cardíaco.
Existem três formas de tratamento para a angina: o tratamento clínico, a angioplastia coronariana e a
cirurgia de revascularização miocárdica. O objetivo do tratamento é aumentar a oferta de oxigênio ao
miocárdio, utilizando-se da nitroglicerina, e controlando os fatores de risco (fumo, obesidade, hipertensão
arterial, hipercolesterolemia e hiperglicemia). Os nitratos ainda são a principal medida terapêutica no
tratamento da angina do peito, por produzirem dilatação das coronárias com o consequente aumento do
fluxo sanguíneo ao miocárdio. A nitroglicerina administrada por via sublingual alivia a dor anginosa em
até 3 minutos, devendo ser observadas as seguintes orientações: o usuário deve ter sempre o
medicamento consigo; esse medicamento deve ser conservado em recipiente escuro e fechado, pois sua
ação é alterada na presença de luz; ao usar o medicamento, manter a língua imóvel e não deglutir a
saliva; para evitar as crises de angina, utilizar nitroglicerina antes de qualquer atividade intensa, como,
por exemplo, as relações sexuais. Alguns efeitos indesejáveis podem surgir, tais como: rubor, cefaleia,
hipotensão e taquicardia.
Se as crises de angina persistirem, apesar da medicação e do controle dos fatores de risco, ou se for
constatado que a obstrução nas artérias coronárias é muito grave, poderá ser indicada a angioplastia
coronariana, ou a cirurgia de revascularização. No caso de cirurgia de revascularização do miocárdio,
uma veia (safena) é retirada da perna e colocada sobre a artéria do coração que está entupida,
ultrapassando o local do bloqueio, como se fosse uma ponte - é o que se chama de ponte de safena.

A angioplastia consiste em “esmagar” a placa de ateroma, dilatando a coronária, através de um


procedimento com um cateter especial, com um balão na ponta. As ações de enfermagem incluem as
seguintes orientações que devem ser prestadas ao portador de angina pectoris, bem como a seus
familiares, em nível ambulatorial ou durante a alta hospitalar:
- manter-se em repouso ao início da dor;
- participar de um programa diário de atividades físicas que não produzam desconforto torácico, falta
de ar e/ou fadiga indevida;
- alternar as atividades diárias com períodos de repouso;
- fracionar as alimentações em menores porções e maior frequência, evitando esforço físico durante 2
horas após as refeições;
- evitar ingestão excessiva de cafeína (café e bebidas com cola), que pode fazer subir a frequência
cardíaca;
- não usar comprimidos para emagrecer, descongestionantes nasais ou quaisquer outros
medicamentos vendidos sem prescrição médica e que podem aumentar os batimentos cardíacos;
- evitar o fumo, o que eleva a frequência cardíaca, a pressão arterial e diminui os níveis sanguíneos
de oxigênio;
- utilizar roupas adequadas às variações de temperatura;
- reorganizar os seus hábitos de vida, a fim de reduzir a frequência e a gravidade dos ataques de
angina, bem como prevenir-se de outras complicações.

Infarto Agudo do Miocárdio

A incidência de infarto ainda é maior nos homens acima de 40 anos. Porém, mulheres no climatério
que utilizam anticoncepcional e fumam apresentam uma mortalidade maior ao ter infarto. Observa-se que,
hoje, há um aumento de pessoas infartadas com faixa etária menor, em decorrência do estilo da vida
moderna. O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma situação grave que pode ser confundida com
sintomas mais corriqueiros, tais como: flatulência, dor muscular, tensões, dentre outros. É causado pelo
estreitamento de uma artéria coronária pela aterosclerose, ou pela obstrução total de uma coronária por

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êmbolo ou trombo, ocasionando a necrose de áreas do miocárdio. A redução do fluxo sanguíneo também
pode ser resultante de choque ou hemorragias.
Vale lembrar que na angina o suprimento de sangue é reduzido temporariamente, provocando a dor,
enquanto no IAM ocorre uma interrupção abrupta do fluxo de sangue para o miocárdio. A dor torácica é
o principal sintoma associado ao IAM. É descrita como uma dor súbita, subesternal, constante e
constritiva, que pode ou não se irradiar para várias partes do corpo, como a mandíbula, costas, pescoço
e membros superiores (especialmente a face interna do membro superior esquerdo).
Muitas vezes, a dor é acompanhada de taquipnéia, taquisfigmia, palidez, sudorese fria e pegajosa,
tonteira, confusão mental, náusea e vômito. A qualidade, localização e intensidade da dor associada ao
IAM pode ser semelhante à dor provocada pela angina. As principais diferenças são: a dor do IAM é mais
intensa; não é necessariamente produzida por esforço físico e não é aliviada por nitroglicerina e repouso.
Os profissionais de saúde precisam estar atentos para um diagnóstico precoce, tendo em vista que esta
é uma das maiores causas de mortalidade. O atendimento imediato, ao cliente infartado, garante a sua
sobrevivência e/ou uma recuperação com um mínimo de sequelas.
O idoso nem sempre apresenta a dor constritiva típica associada ao IAM, em virtude da menor resposta
dos neurotransmissores, que ocorre no período de envelhecimento, podendo assim passar despercebido.

O diagnóstico do infarto do miocárdio geralmente se baseia na história da doença atual, no


eletrocardiograma e nos níveis séricos (sanguíneos) das enzimas cardíacas. O prognóstico depende da
extensão da lesão miocárdica. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da extensão e da
área acometida. A assistência de enfermagem deve englobar os seguintes aspectos:
- proporcionar um ambiente adequado para o repouso físico e mental;
- fornecer oxigênio e administrar opiáceos (analgésico e sedativo) e ansiolíticos prescritos para alívio
da dor e diminuição da ansiedade;
- prevenir complicações, observando sinais vitais, estado de consciência, alimentação adequada,
eliminações urinária e intestinal e administração de trombolíticos prescritos;
- auxiliar nos exames complementares, como eletrocardiograma, dosagem das enzimas no sangue,
ecocardiograma, dentre outros;
- atuar na reabilitação, fornecendo informações para que o cliente possa dar continuidade ao uso dos
medicamentos, controlar os fatores de risco, facilitando, assim, o ajuste interpessoal, minimizando seus
medos e ansiedades;
- repassar tais informações também à família.

A equipe de enfermagem tem a possibilidade de criar oportunidades para que esse cliente compartilhe
suas preocupações e seus temores. Uma atmosfera de aceitação auxilia-o a reconhecer que seus
sentimentos são reais e também normais. As principais complicações do infarto são as arritmias fatais,
choque cardiogênico, edema agudo de pulmão e morte súbita. A sequela principal é a insuficiência
cardíaca.

Doença Arterial Coronariana – DAC

Caracteriza-se por acúmulo de depósitos gordurosos ao longa da camada interna das artérias
coronarianas, causando um estreitamento da luz dos vasos, resultando em uma diminuição do fluxo
sanguíneo coronariano e no suprimento inadequado de oxigênio para o músculo cardíaco.

Manifestações Clínicas
-Angina do peito estável (esforço)
-Quadro de dor torácica subesternal que é irradiada (compressão, peso, queimação, sufocação), dura
de 1 a 5 minutos, sendo precipitada pelo estresse ou esforço físico, acompanhada sudorese, dispneia,
taquicardia e hipertensão;
-Angina de peito instável (pré-infarto)
-Quadro de dor torácica que ocorre em repouso, que dura + de 10 minutos.

Isquemia Silenciosa
-Quadro de ausência de dor torácica com evidência documentada (ECG) de desequilíbrio entre
fornecimento e demanda miocárdicos de O2.
-Ocorre com maior frequência entre 6h e 12h da manhã > o despertar produz aumento na estimulação
simpática e na viscosidade do sangue, além do aumento do tônus vascular coronariano.

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Diagnóstico de Enfermagem
-Dor relacionado a um desequilíbrio no fornecimento e demanda de O2;
-Débito cardíaco diminuído relacionado à pré-carga reduzida, pós-carga, contratilidade e frequência
cardíaca secundária para os efeitos hemodinâmicos da terapia medicamentosa;
-Ansiedade relacionada à dor torácica, prognóstico incerto e ambiente ameaçador

Intervenções de Enfermagem
-Alívio da dor;
-Diminuição da ansiedade;
-Educação para manutenção da saúde;
-Instruir o paciente e a família sobre a DAC.
-Identificar o nível de atividade adequado para evitar a angina.
-Instruir sobre o uso apropriado de medicamentos e efeitos colaterais.
-Aconselhamento sobre os fatores de risco e alterações do estilo de vida.

Insuficiência Cardíaca Congestiva – ICC

“A ICC acontece quando o coração é incapaz de bombear o sangue em uma taxa proporcional às
necessidades dos tecidos metabolizantes ou é capaz disso, apenas com uma pressão de enchimento
elevada.”

Manifestações Clínicas
-Congestão pulmonar (regurgitação sanguínea);
-Dispneia paroxística noturna, ortopnéia, edema pulmonar;
-Tosse seca e não produtiva, fadiga, insônia, noctúria, inquietação;
-Taquicardia – som de galope;
-Veias cervicais distendidas, cardiomegalia

Avaliação de Enfermagem
-Obter história de sinais/ sintomas, limites de atividades e resposta ao repouso;
-Avaliar pulsos arteriais periféricos;
-Detectar deslocamento de precórdio –PIM
-Identificar padrões de sono e os dispositivos utilizados para dormir.

Diagnóstico de Enfermagem
-Débito cardíaco diminuído relacionado a contratilidade comprometida;
-Troca gasosa comprometida relacionada a edema alveolar decorrente das pressões ventriculares
elevadas;
-Excesso de volume hídrico ligado à retenção de sódio e água;
-Intolerância à atividade relacionada ao desequilíbrio entre o suprimento e demanda de oxigênio.
Intervenções de enfermagem
-Manter débito cardíaco adequado;
-Melhorar a oxigenação;
-Restaurar o equilíbrio hídrico;
-Melhorar a tolerância à atividade;
-Educação para manutenção da saúde.

Edema Agudo de Pulmão

O edema agudo de pulmão (EAP) é um quadro clínico crítico, decorrente da incapacidade do ventrículo
esquerdo em bombear o sangue pela válvula aórtica, causando um acúmulo de líquido nos pulmões.
Numerosas patologias cardiovasculares predispõem o aparecimento do EAP, como a insuficiência
coronariana aguda (angina e IAM), a crise hipertensiva, as arritmias cardíacas, as infecções, a anemia, a
hiper-hidratação e a intoxicação digitálica. Os sinais e sintomas do edema agudo de pulmão incluem:
dispneia e tosse, produzindo um escarro espumoso e tingido muitas vezes de sangue(Hemoptise),
taquicardia, pele cianótica, fria, úmida, inquietação, ansiedade, medo, etc.

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É fundamental que a equipe de enfermagem mantenha-se ao lado do cliente, demonstrando segurança
e monitorando os aspectos essenciais para que o mesmo saia da crise rapidamente. Esta ação garante
a eficiência e eficácia da terapêutica que está baseada nos seguintes aspectos:
- manutenção de seu conforto, colocando-o em posição elevada para diminuir o retorno venoso e
propiciar uma máxima expansão pulmonar;
- monitorização dos sinais vitais;
- administração de oxigenoterapia e de medicações (opiláceos, diuréticos e digitálicos);
- manutenção de via venosa pérvia com gotejamento mínimo, evitando sobrecarga volêmica;
- monitorização do fluxo urinário.

Medo e ansiedade extremos são manifestações predominantes do portador de edema pulmonar


agudo. Tocar a pessoa, falar com ela, passa a sensação de realidade concreta, e de que ela não está
sozinha, atenuando tais sentimentos.

Doenças Infecciosas do Coração

Endocardite

É um processo infeccioso do endocárdio (membrana que envolve as cavidades e as válvulas


cardíacas), causado por uma invasão direta de bactérias e de outros microrganismos provenientes de
uma contaminação da corrente sanguínea. A endocardite bacteriana pode ser decorrente de intervenções
odontológicas (extrações dentárias), no sistema geniturinário (colocação e retirada de sondas), no
sistema gastrointestinal (endoscopia digestiva alta) e no sistema respiratório (intubação orotraqueal). As
pessoas mais susceptíveis são os idosos, com baixa imunidade, as portadoras de cateteres e próteses
valvares e as viciadas em drogas endovenosas. As manifestações clínicas variam de acordo com a
gravidade da doença e os sinais e sintomas podem ser:
- agrupados de acordo com a sua origem, ou seja, decorrentes de infecção sistêmica (febre, calafrios,
mal-estar geral, fadiga, fraqueza, anorexia);
- relacionados à lesão intravascular (dispneia, dor torácica, extremidades frias e úmidas, petequeias e
hemorragias na forma de chama de vela);
- característicos de reação imunológica (dor nas articulações, proteinúria e hematúria, entre outros).

Como complicações, pode-se destacar a lesão da válvula mitral, levando à insuficiência cardíaca
congestiva (ICC), à embolia pulmonar e aos abscessos cerebrais. O tratamento visa combater o
microrganismo com o uso de antibioticoterapia e fazer a correção cirúrgica da válvula lesada. Na fase
aguda, o tratamento é basicamente hospitalar, estando as ações de enfermagem relacionadas às
manifestações apresentadas e à gravidade da doença.
No alívio da dor, a enfermagem deve manter o cliente de forma mais confortável possível, favorecendo
o sono e repouso adequados. O controle da febre deve ser feito através de medidas de resfriamento
corporal (compressas e bolsas frias) e administração de líquidos e antitérmicos. Para controlar a função
cardíaca, é necessário avaliar o pulso, observar sinais de fadiga, dispneia e inquietação. À medida que a
pessoa melhorar, deve ser iniciado um programa de atividade física progressiva, o que requer controle
da pressão arterial, pulso e a observação de vertigem e de fraqueza.
As orientações para a alta incluem: evitar o contato com pessoas portadoras de infecções de vias
aéreas e procurar assistência imediata ao apresentar sinais e sintomas de infecção.

Miocardite

É uma inflamação da parede miocárdica, resultante de um processo infeccioso de origem viral


(caxumba, gripe, rubéola), parasitária (Doença de Chagas), radiativa (radioterapia) ou por agentes tóxicos
(chumbo) e outras drogas (lítio, cocaína). As pessoas mais susceptíveis são as que apresentam infecções
sistêmicas agudas, as tratadas com medicamentos imunossupressores ou portadoras de endocardite
infecciosa.
A miocardite pode apresentar-se de forma aguda ou crônica, tendo como complicações a insuficiência
cardíaca congestiva (ICC), hipertrofia do ventrículo e arritmias graves e letais. As principais manifestações
clínicas são: fadiga, dispneia, palpitações, dor torácica e arritmias, podendo até ocorrer ausência de
sintomas. As ações de enfermagem têm como objetivos:
- controlar os sinais vitais, como pulso, temperatura, para avaliar a evolução da doença;

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- observar sinais de toxicidade digitálica (arritmia, anorexia, náusea, vômitos, bradicardia, cefaleia e
mal estar), pois essas pessoas são sensíveis aos medicamentos digitálicos;
- estimular o uso de meias elásticas e a prática de exercícios passivos para diminuir o risco de embolias
decorrentes de trombose venosa;
- orientar no sentido de evitar esportes competitivos e consumo de álcool.

Doença Reumática

É um processo inflamatório difuso que acomete as articulações, o tecido subcutâneo, o sistema


nervoso central, a pele e o coração, podendo atingir todas as faixas etárias. É de grande importância
epidemiológica, pois está relacionada às condições de vida da população. O grupo social mais afetado é
o que tem problemas de moradia, vivendo em pequenos espaços, portanto, mais exposto às infecções
por streptococcus.
O mecanismo fisiopatológico constitui-se de uma resposta autoimune que ocorre em nível celular. Os
antígenos estreptocócicos combinam-se com células receptoras existentes nos tecidos e nas
articulações, sendo a principal complicação as lesões cardíacas graves e permanentes, como a lesão da
válvula mitral. Os sinais e sintomas que caracterizam a fase aguda da doença reumática são: febre, dor
articular, eritema marginado, nódulos subcutâneos, dor abdominal, fraqueza, mal-estar, perda de peso e
anorexia.
O diagnóstico é realizado através de exames laboratoriais, como cultura de material obtido da
garganta, e exames de sangue para confirmação da presença da bactéria. O tratamento do indivíduo tem
como objetivos combater a bactéria com antibioticoterapia, tratar do quadro inflamatório e, se necessário,
utilizar corticoterapia. Nesse período, recomenda-se repouso no leito até o desaparecimento dos sinais
de inflamação. A prevenção de novos surtos deve ser feita através do uso de antibioticoterapia por toda
a vida.

As ações de enfermagem desenvolvidas com um portador de doença reumática visam:


- aliviar a dor articular por meio da administração de analgésicos prescritos;
- orientar a manutenção de equilíbrio entre repouso e as atividades da pessoa;
- monitorizar a pressão arterial e o pulso antes e após a atividade física, que deve ser interrompida
caso haja dor no peito, aumento da frequência cardíaca, pulso irregular, queda de pressão arterial,
vertigem e/ou dispneia;
- incentivar dieta rica em carboidratos e proteínas e a ingestão de líquidos.

As medidas preventivas incluem: procurar avaliação clínica imediata ao apresentar infecção de vias
aéreas superiores; não interromper a antibioticoterapia prescrita; desenvolver cuidados com dentes e
gengivas, procurando evitar cáries e gengivites. As orientações para a alta dizem respeito a evitar o
contato com pessoas portadoras de infecções de vias aéreas e procurar assistência caso ocorra dor de
garganta, calafrios e nódulos linfáticos dolorosos, conhecidos popularmente como “ínguas”.

Choque Hipovolêmico

Diminuição do volume sanguíneo. Possui as seguintes causas:


- Perdas sanguíneas - hemorragias internas e externas;
- Perdas de plasma - queimaduras e peritonites;
- Perdas de fluídos e eletrólitos - vômitos e diarreias.

Como se manifesta
- Pele fria e úmida;
- Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das mãos;
- Palidez;
- Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores;
- Náusea e vômitos;
- Respiração curta, rápida e irregular;
- Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho dos olhos;
- Queda gradual da PA;
- Pulso fraco e rápido;
- Enchimento capilar lento;
- Inconsciência total ou parcial.

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Como proceder
- Realize uma rápida inspeção no paciente;
- Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se possível;
- Mantenha a vítima deitada e em repouso;
- Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, se necessário, secreção, dentadura ou
qualquer outro objeto;
- Inicie manobras de RP, em caso de parada respiratória;
- Execute a manobra de RCP, se a vítima apresentar ausência de pulso e dilatação das pupilas
(midríase);
- Afrouxe a vestimenta da vítima;
- Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito;
- Procure aquecer a vítima;
- Avalie o status neurológico;
- Monitorização cardíaca;
- Oferta de Oxigênio;
- Oximetria de Pulso;
- ECG;
-Estabilização hemodinamicamente.

Síncope

A síncope pode ser o único sintoma que precede a morte súbita. Mesmo se a causa da síncope em si
é benigna, as consequências de uma queda abrupta podem não ser, principalmente em uma população
idosa. A síncope é definida como a perda súbita da consciência associada a déficit de tônus postural com
recuperação espontânea e completa. A maioria dos episódios resulta da redução transitória do fluxo
sanguíneo cerebral por queda temporária súbita da pressão arterial (PA).

Etiologia
- Hipotensão Ortostática;
- Sincope Cardíaca;
- Arritmias;
- Doenças Cardiovasculares;
- Doenças Psiquiátricas, etc.

Sintomas
Existem alguns sintomas que prenunciam a perda da consciência e do tônus postural. Os mais
indicativos são palidez, fraqueza, suor frio, náusea e ânsia de vômito, pulso fraco, tontura, visão turva,
pressão arterial baixa e respiração lenta.

Cuidados
- Se a pessoa começou a desfalecer, tente apoiá-la antes que caia;
- Tente coloca-la numa posição de 30°;
- Se ocorreu o desmaio, deite a pessoa o mais confortavelmente possível, com a cabeça e ombros em
posição mais baixa que o restante do corpo. Vire sua cabeça de lado para evitar que aspire secreções
que possam sufocá-la;
- Nunca a faça aspirar álcool ou amoníaco nem jogue água em seu rosto para reanimá-la.
- Quando recobrar a consciência, não permita que se levante sozinha. Faça-a ficar alguns minutos
sentada para readaptar-se à posição vertical e explique o ocorrido;
- Aferir Pressão Arterial;
- Monitorização cardíaca;
- Realizar ECG;
- Ofertar Oxigênio.

Distúrbios Cardiovasculares – Crianças

Os “problemas” cardíacos na criança são estudados e tratados pela Cardiologia Pediátrica que é a
ciência clínica do ser humano em desenvolvimento no que diz respeito aos problemas cardiovasculares.

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A maior parte das crianças com cardiopatias ligeiras não tem qualquer sintoma e a doença é suspeitada
pelo médico numa observação de rotina.
1. DIFICULDADE RESPIRATÓRIA: muitas crianças com problemas cardíacos têm dificuldade
respiratória, com aumento da frequência respiratória (polipneia) e aumento do esforço inspiratório que se
nota pela retracção dos músculos intercostais (“tiragem” intercostal).
2. CANSAÇO COM OS ESFORÇOS: nas crianças pequenas (recém-nascidos e lactentes) o cansaço
manifesta-se principalmente durante o esforço da alimentação por transpiração abundante, necessidade
de pausas frequentes e aumento lento de peso.

CIANOSE – Coloração azulada das mucosas (boca, língua). Resulta da mistura de sangue arterial
(oxigenado) com sangue venoso (menos oxigenado) que acontece em várias cardiopatias
congénitas.
No entanto, existem alguns tipos de cianose que não representam doença cardíaca, como:
a) Cianose transitória do recém-nascido: mais frequente em recém-nascidos prematuros, deve-se a
vários fatores não cardíacos. Desaparece nos primeiros dias e não necessita de qualquer terapêutica.
b) Nas crianças pequenas é frequente haver coloração azulada à volta da boca e na ponta dos dedos
devido à contracção de pequenos vasos capilares com o frio.
c) Também é frequente haver cianose com o choro nas crianças pequenas por dificuldade de controlo
da respiração (espasmo do choro).

CRISES DE HIPÓXIA OU DE CIANOSE: caracterizam-se por:


1) Início súbito com dificuldade respiratória (dispneia) e aumento da frequência respiratória (polipneia).
2) Início ou agravamento da cianose pré-existente
3) Alteração do estado de consciência com agitação e irritabilidade terminando com hipotonia ou
sonolência. Pode terminar em inconsciência e raramente com convulsões.
4) Estas crises começam em geral no 2º ou 3º mês de idade e são raras após o 2º ano. São geralmente
de curta duração mas representam um sinal de doença cardíaca grave pelo que é urgente recorrer
ao médico.

POSIÇÃO DE CÓCORAS (SQUATTING):as crianças mais velhas com doenças cardíacas cianóticas
(como tetralogia de Fallot) descansam muitas vezes em posição de cócoras após esforços. É uma posição
de defesa que permite que se eleve a pressão arterial e obriga a que passe mais sangue para os pulmões
através do aperto da saída do coração para a AP melhorando a oxigenação. Representa um sinal de
doença cardíaca importante.

CARDIOPATIAS CONGÉNITAS
As doenças mais frequentemente tratadas pela Cardiologia Pediátrica são as malformações
congénitas. Apesar de a sua incidência ser baixa (seis a oito crianças por mil nado-vivos), se não forem
tratados, apenas 15% dos doentes sobrevivem até à adolescência e idade adulta. Atualmente 95% das
cardiopatias são tratáveis com bom resultado.Com o desenvolvimento da ecocardiografia fetal, é possível
diagnosticar a maior parte das cardiopatias antes do nascimento. No entanto, apenas se consegue fazer
esse diagnóstico em cerca de 30% dos casos, por razões muito variadas: muitos defeitos são demasiado
pequenos para se detectarem nesse exame e outros só se podem detectar após o nascimento devido às
condições especiais da circulação fetal, como foi referido.

Cardiopatias Congénitas mais Frequentes

Não sendo possível descrever todas, referiremos apenas algumas cardiopatias mais frequentes:

I. Shunts esquerdo-direitos: permitem a passagem de sangue do lado esquerdo para o lado direito
da circulação.
a) Comunicação interventricular (CIV): é um orifício no septo interventricular, que permite a
passagem de sangue do VE para o VD e para os pulmões. A maior parte das CIV são pequenas, não dão
sintomas e encerram espontaneamente, não sendo necessário qualquer tratamento. As CIV grandes
necessitam de tratamento pois permitem a passagem de grande quantidade de sangue para os pulmões
provocando insuficiência cardíaca que se manifesta por cansaço com os esforços, lenta progressão
ponderal e infecções respiratórias de repetição.
b) Comunicação interauricular (CIA): é um orifício septo interauricular. A maior parte das CIA são
pequenas e não dão queixas mas quando são grandes provocam dilatação do VD e da AP e infecções

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respiratórias de repetição e esses casos devem ser tratados para evitar alterações graves na circulação
pulmonar, insuficiência cardíaca e arritmias na idade adulta. Na vida fetal, existe o FO que encerra
espontaneamente após o nascimento. No entanto, em cerca de 20 % da população mantêm-se permeável
toda a vida, não necessitando de qualquer tratamento.
c) Persistência do canal arterial: são casos em que o CA não encerra espontaneamente. Os doentes
com CA de grande débito necessitam de tratamento por apresentarem sinais de insuficiência cardíaca.
Os doentes com CA pequeno, apesar de não darem sintomas, também devem ser tratados pelo risco de
infecção.
d) Defeitos do septo aurículo-ventricular (DSAV):existem duas formas principais de DSAV, A forma
incompleta caracteriza-se por CIA+anomalia da válvula mitral e não dá sintomas. Na forma completa
existe uma comunicação entre as quatro cavidades do coração com malformação das válvulas aurículo-
ventriculares e os doentes têm sintomas de insuficiência cardíaca. É frequente nas crianças com Trisomia
21.Todos os casos necessitam de tratamento cirúrgico.

II. Shunts direito-esquerdos: são cardiopatias que permitem a passagem de sangue venoso do lado
direito para o lado esquerdo da circulação provocando cianose e necessidade de tratamento. Referiremos
apenas duas situações:
a) Tetralogia de Fallot: nesta cardiopatia existe uma CIV associada a um aperto na saída do VD para
a AP o que obriga a uma parte do sangue venoso a passar do VD para a Ao provocando cianose. Nos
casos mais graves, as crianças pequenas (lactentes) podem ter crises de hipóxia e as mais crescidas
podem descansar na posição de cócoras.
b) Transposição completa das grandes artérias: nesta cardiopatia, a origem da Ao e da AP estão
trocadas: a Ao sai do VD (onde circula sangue venoso) e a AP sai do VE (onde circula sangue arterial).
Para que a criança possa sobreviver é obrigatório que exista uma malformação associada que permita
que algum sangue arterial possa passar para a Ao. No feto, o Foramen Oval e o CA permitem essa
mistura. Após o nascimento, estes defeitos encerram espontaneamente e a criança fica muito cianosada,
pelo que é obrigatório tratamento URGENTE por cateterismo e cirurgia nos primeiros dias de vida. Nos
casos em que exista uma CIV associada, os sintomas aparecem algumas semanas após o nascimento,
havendo além da cianose, insuficiência cardíaca.
Fonte:
MONTERROSO,J. Um grande coração. Manual da criança com doença cardiaca. Associação de Protecção e Apoio à Criança com Doença Cardíaca (APA-
CDC), 4ª edição.
KAKU,S. Parte XXII Cardiologia. In: Amaral JMV, ed. Tratado de Clínica Pediátrica.Vol 2. Lisboa 2008: 941-1009

Disfunções Respiratórias

A vida humana depende da troca sistemática de gases, realizada pelo sistema respiratório. A
respiração é composta de dois movimentos - a inspiração e a expiração - que correspondem à expansão
e ao relaxamento da musculatura pulmonar e da parede torácica. O ato de respirar mantém um padrão
regular e ininterrupto, varia de 12 a 20 respirações por minuto, no adulto. É essencial para a vida, pois é
responsável pela absorção de oxigênio pelas células e a eliminação do gás carbônico pelos pulmões.
O ar entra pelo nariz, onde é purificado e aquecido. Passa pela faringe, laringe e segue pela traqueia,
brônquios e bronquíolos. Os brônquios e os bronquíolos são revestidos de cílios que realizam o
movimento de varredura, retirando, assim, muco e substâncias estranhas ao pulmão. O ar chega então
aos alvéolos, havendo aí a troca gasosa entre oxigênio e gás carbônico.
Os pulmões, em número de dois, ocupam a caixa torácica. Existem ainda músculos que auxiliam no
movimento respiratório, também chamados de músculos acessórios da respiração, dentre eles: o
diafragma, os intercostais e o esternocleidomastóide. Estudaremos as doenças respiratórias mais
incidentes em nosso meio, dentre elas as de origem infecciosa, neoplásica e as crônico-degenerativas
(doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC).
A DPOC se caracteriza por alterações progressivas da função pulmonar, resultando em obstrução ao
fluxo aéreo. É constituída pelo enfisema, bronquite e asma.

Enfisema

É uma doença crônica irreversível, caracterizada por obstrução brônquica e distensão alveolar. Há
perda da elasticidade dos pulmões, destruição alveolar e capilar por acúmulo de ar nos alvéolos. À medida
que a destruição alveolar progride, as trocas gasosas diminuem. Há uma adaptação progressiva com a
convivência de menor taxa de oxigênio no organismo, tornando, por isso mesmo, a pessoa intolerante a
altas taxas de oxigênio. Dentre os fatores de risco, destacamos o fumo e a poluição ambiental persistente.

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A asma, a tuberculose e o envelhecimento favorecem o surgimento do enfisema em consequência da
fibrose, com perda da elasticidade pulmonar. Essa doença caracteriza-se por evolução lenta e gradual.
Na fase tardia, o paciente apresenta cansaço aos esforços rotineiros, tosse produtiva, desconforto
relacionado com a menor capacidade de respirar (dispneia), uso abusivo da musculatura acessória,
definindo o tórax em barril agitação/sonolência, dificuldade de concentração, tremor das mãos e anorexia
com perda de peso.
Alguns exames são solicitados para avaliar a capacidade respiratória individual e o tamanho da lesão,
dentre eles a tomografia computadorizada e a espirometria. As complicações frequentes do enfisema são
o pneumotórax e a insuficiência respiratória aguda.

Atelectasia

Atelectasia é um colapso total ou parcial do pulmão ou do lóbulo pulmonar, que acontece quando os
alvéolos (pequenos sacos pulmonares) se esvaziam. Esta é uma das complicações respiratórias mais
comuns após cirurgias. Ela também pode surgir em decorrência a outros problemas na respiração, tais
como: inalação de objetos estranhos, tumores pulmonares, água no pulmão, asma severa e ferimentos
no peito. Atelectasia pode ser grave, uma vez que reduz a quantidade de oxigênio disponível no corpo.
A principal causa de atelectasia é a obstrução de um dos brônquios (ramificações da traqueia que
conduzem diretamente aos pulmões). Mas, além desta, as vias aéreas inferiores também podem ser
obstruídas causando atelectasia. Muitas cirurgias, principalmente a de colocação do marca-passo, podem
causar atelectasia. Isso porque a anestesia altera a dinâmica de entrada e saída de ar dos pulmões, a
absorção de gases e a pressão, o que combinado pode levar a algum grau de colapso nos alvéolos.
Os sintomas de atelectasia são: dificuldade para respirar, respiração rápida e superficial, febre baixa,
tosse.
Para diagnosticar atelectasia normalmente é indicado exame de raios-x do tórax. Em crianças com
sintomas de infecções respiratórias, especialmente pneumonia, o exame pode mostrar a presença de um
corpo estranho, que é a causa mais comum de atelectasia em crianças.
Para determinar outras causas, o médico pode pedir os seguintes exames: ultrassom, oximetria,
tomografia computadorizada, broncoscopia.

Bronquite Crônica

A bronquite crônica caracteriza-se pelo aumento das glândulas produtoras de muco dos brônquios,
manifestando-se por tosse matinal, com excesso de secreção espessa, esbranquiçada e viscosa. Muitas
vezes é confundida com o estado gripal, porém se diferencia pela sua duração que pode se estender até
dois meses (gripe mal curada). Embora a causa não esteja esclarecida, está diretamente relacionada ao
hábito de fumar. Outros fatores, como a idade, a predisposição genética, a poluição atmosférica, a
exposição contínua ao ar frio e à umidade e contatos com poeiras industriais, favorecem o aparecimento
da doença.
À medida que os períodos de infecção se tornam mais frequentes, o muco pode apresentar-se:
amarelado, esverdeado, acinzentado e até purulento. A evolução da bronquite culmina com a lesão da
camada interna dos brônquios, prejudicando a ventilação e a função cardíaca. Nessa etapa da doença,
os sinais associados são: cianose, edema e acesso de tosse noturna. As principais complicações da
bronquite crônica são a infecção pulmonar, a insuficiência cardíaca e o enfisema.

Asma

É uma doença comum, podendo ser reversível, afetando cerca de 10% da população, abrangendo
indivíduos de todas as idades. Consiste na obstrução dos bronquíolos, em decorrência do
bronquioespasmo (estreitamento dos brônquios), associada ao edema das mucosas e à produção
excessiva de muco (catarro). Os principais sintomas da asma são: tosse seca, dispneia e sibilo. Estas
manifestações ocorrem em crises de duração variável, podendo ser de minutos, horas e até de dias.
A asma pode ser causada por vários fatores, entre eles: os alérgenos (poeira domiciliar, ácaros,
poluição ambiental, pelos de animais e alguns alimentos); infecções respiratórias; fatores emocionais;
atividade física intensa; alguns medicamentos; hereditariedade e alterações climáticas.

O tratamento da asma aguda visa restaurar a função pulmonar rapidamente, evitar complicações e
controlar os fatores desencadeantes das crises. Considerando que as alterações nos brônquios são
semelhantes para as três situações descritas, os cuidados de enfermagem serão abordados

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conjuntamente. É importante o envolvimento dos familiares em todas as etapas dos serviços a serem
prestados, quais sejam:
- controle dos fatores de risco: fornecer orientações quanto aos fatores desencadeantes de crises,
auxiliando os portadores a reconhecerem os sinais e sintomas iniciais da crise; uso de medicações
broncodilatadoras, mucolíticos e corticoides prescritas;
- monitoramento da função respiratória: através do controle dos sinais vitais; avaliação da coloração e
temperatura da pele, da mucosa e do nível de consciência;
- oxigenoterapia: administrar oxigênio conforme orientações do enfermeiro e/ou médico;
- fluidificação e expectoração de secreções: através da hidratação, do estímulo de tosse e nebulização;
ensinar o uso da musculatura acessória; orientar quanto à importância de manter atividade física regular
(caminhadas e natação);
- prevenção de infecções respiratórias: orientar quanto à exposição a riscos de infecção; evitar
ambientes fechados; agasalhar-se adequadamente e manter nutrição adequada;
- exercícios respiratórios: orientar quanto à importância da realização frequente dos exercícios e sua
finalidade; ensinar as técnicas mais modernas como a da respiração diafragmática, respiração com lábios
entreabertos, etc.;
- fisioterapia respiratória: a fisioterapia para limpeza das vias aéreas inferiores é importante, mas é
passível de supervisão de profissional especializado. O cliente deve ser orientado e encaminhado.

Pneumonia

É a inflamação do parênquima pulmonar, associada ao aumento acentuado dos líquidos intersticial e


alveolar. A pneumonia tem como causa: microrganismos (bactérias, vírus, fungos e protozoários); bronco
aspiração que ocorre por aspiração de alimentos líquidos ou vômitos; inalação de substâncias tóxicas ou
cáusticas, fumaças, poeiras ou gases.
A fisiopatologia da pneumonia é simples. As bactérias chegam aos pulmões pelas vias aéreas ou, no
caso de bacteremia, através do sangue. Ali se instalam, se reproduzem, lesam o tecido e são atacadas e
fagocitadas pelos polimorfonucleares. Os polimorfos morrem após a fagocitose, liberando substâncias
tóxicas às bactérias e que também lesam o tecido pulmonar. A mistura das células lesadas, bactérias e
polimorfonucleares mortos é que forma a purulência do escarro na pneumonia.

Alguns fatores de riscos propiciam o desenvolvimento da pneumonia, entre eles destacamos:


- ambientes aglomerados e mal ventilados;
- desnutrição;
- tabagismo;
- imobilidade no leito;
- risco para bronco aspiração: hérnia de hiato, posicionamento incorreto da sonda nasogástrica ou
posicionamento no leito do paciente menor que 30 graus;
- indivíduos imunossuprimidos;
- colonização de bactérias provindas do trato digestivo com dieta zero;
- condições que diminuam movimento ciliar e reflexo de tosse;
- falta de assepsia no ambiente hospitalar.

As principais manifestações da pneumonia são: febre alta (38ºC), calafrios, mal-estar, tosse curta e
incessante. Dependendo da gravidade da pneumonia, outros sintomas podem aparecer, tais como:
cianose em lábios e leito ungueal, ansiedade e confusão mental, taquidispnéia, taquisfigmia, rubor facial,
dor pleurítica e estertores (roncos).

A principal complicação da pneumonia é o acúmulo de líquido no parênquima pulmonar ou derrame


pleural. O tratamento é a base de antibióticos, devendo-se evitar o uso de xaropes contra a tosse. As
ações de enfermagem junto ao cliente com pneumonia são:
-incentivar a tosse;
- fornecer nebulização periódica e a drenagem postural conforme indicado;
- realizar mudanças de decúbito com intervalos regulares;
- avaliar diariamente características do escarro e do padrão respiratório;
- fornecer oxigenoterapia quando indicado;
- verificar sinais vitais;
- estimular a ingestão hídrica e alimentação adequada;
- proporcionar repouso necessário;

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- evitar a exposição a alérgenos e ao fumo;
- administrar medicação (antibióticos, analgésicos, antitérmicos) prescrita;
- incentivar exercícios respiratórios gradativos, de acordo com a condição física do cliente.

Insuficiência Respiratória

A insuficiência respiratória é uma condição caracterizada pela incapacidade do sistema respiratório


em fornecer oxigênio necessário para manter o metabolismo, ou quando não consegue eliminar a
quantidade suficiente de dióxido de carbono. A insuficiência respiratória aguda pode ser uma complicação
da DPOC, ou ser causada em pessoas com pulmões normais em consequência dos distúrbios do sistema
nervoso (overdose de drogas ilícitas, lesões cerebrais); pneumonia; anestesia e procedimentos cirúrgicos
(destacando-se o pós-operatório imediato).

Os sinais e sintomas que caracterizam esta complicação são: a dispneia, taquipnéia, cianose, cefaléia,
taquicardia e arritmia cardíaca, ansiedade, inquietação e confusão mental, crepitações, sibilos e
hipoxemia. Os cuidados de enfermagem junto ao cliente com insuficiência respiratória devem considerar:
- monitoramento da função respiratória: através do controle dos sinais vitais, avaliação da coloração e
temperatura da pele e mucosa e do nível de consciência;
- oxigenoterapia: colocar à disposição os materiais para instituir a ventilação mecânica que poderá
ocorrer por exaustão respiratória e/ou alterações metabólicas (desequilíbrio dos níveis de oxigênio/dióxido
de carbono);
- alívio da ansiedade e medo: fazer companhia, proporcionando segurança e conforto;
- umidificação e fluidificação de secreções: promover a fluidificação e limpeza das vias aéreas,
utilizando técnicas assépticas;
- mudança de decúbito: promover a mudança de decúbito em intervalos regulares, atentando para
conforto físico;
- aspiração de secreção de vias aéreas.

Fisiopatologia e etiologia
-Falha da oxigenação, caracterizada por na PO2 e PCO2 normal ou diminuída;
Ex: Edema Pulmonar Cardiogênico e SARA
- Insuficiência ventilatória com pulmões normais, caracterizado por na PO2, na PCO2 e no pH;
Ex: Intoxicações medicamentosas, distúrbios vasculares, tumores, poliomielite, TRM, Síndrome
Guillain Barré....

Insuficiência ventilatória com doença pulmonar intrínseca, caracterizada por na PO2 e pH


-Ex: DPOC, asma grave e fibrose cística.

Manifestações clínicas
1- Hipoxemia – inquietação, agitação, dispneia, desorientação, confusão mental e perda da
consciência;
2- Hipercapnia – cefaleia, sonolência, vertigem
3- Taquipnéia >>> Bradipnéia
4- Uso de musculatura acessória;
5- Respirações assincrônicas;

Diagnósticos de enfermagem
1- Troca gasosa comprometida, relacionada à atividade inadequada do centro respiratório ou
movimentação inadequada da parede torácica, obstrução da via aérea e/ou líquido nos pulmões;
2- Depuração ineficaz das vias aéreas, relacionada às secreções aumentadas ou espessa.

Avaliação de enfermagem
1- Inspeção e ausculta pulmonar criteriosa; Identificar sons anormais, BAN, uso de musculatura
acessória, coloração...
2- Avaliar nível de consciência e capacidade de tolerar o aumento do trabalho respiratório;
3- Avaliar sinais de hipoxemia e hipercapnia
4- Determinar o estado hemodinâmico e comparar com valores prévios;
5- Analisar a gasometria e comparar com valores prévios;
6- Notificar ao médico;

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Tratamento
1- Oxigenoterapia > corrigir hipóxia;
2- Fisioterapia respiratória e hidratação;
3- Broncodilatadores e corticosteroide
4- Diuréticos para congestão pulmonar
5- Ventilação não invasiva com pressão positiva ou Ventilação mecânica - SOS

Intervenções de enfermagem
1- Melhorar a troca gasosa: Med. ATB, cardiotônicos, diuréticos, Adm O2, balanço hídrico, promover
a expansão torácica, realizar gasometria arterial e comparar com valores prévios;
2- Mantendo a via aérea pérvia: NBZ com vasodilatadores, hidratação, aspirar – SOS, intubação -
SOS;
3- Educação p/ manutenção da saúde: Ingesta medicamentosa, atentar aos riscos ambientais e
climáticos, retornos ambulatoriais.

Aspirando secreção das vias aéreas

A aspiração de secreções das vias aéreas superiores e inferiores, através da aplicação de sucção no
trato respiratório, visa manter a permeabilidade das vias aéreas, promovendo a eficiente troca de oxigênio
e prevenindo a infecção decorrente do acúmulo de secreção. Esse procedimento é realizado apenas
quando a pessoa não consegue, por si só, eliminar as secreções. Por se tratar de técnica traumatizante,
deve-se, antes de sua aplicação, tentar a eliminação espontânea da secreção, solicitando ao cliente que
respire profundamente e estimule a tosse. Caso isso não apresente resultado positivo, deve-se proceder
à aspiração das vias aéreas.
A remoção da secreção pode ser realizada através do nariz, cavidade oral e/ou endotraqueal. Para o
procedimento, faz-se necessário um aspirador a vácuo (de parede) ou portátil, recipiente de coleta de
secreção, sonda de aspiração de calibre adequado, intermediário de látex, luvas e gazes estéreis, solução
salina estéril, lubrificante gel, máscara e óculos de proteção. Antes de iniciar a técnica, deve-se separar
o material e orientar o cliente acerca da necessidade e importância do procedimento, solicitando-lhe que
colabore na medida do possível.
A aspiração deve obedecer à sequência - nasal e oral - que deve ser rigorosamente respeitada, pois,
se a aspiração da cavidade oral for realizada antes da nasal, isso provocará uma infecção pulmonar, por
causa da flora bacteriana da boca. Devido a aspectos anatômicos, a aspiração através das narinas facilita
o acesso à traqueia.
Quando da realização de aspiração de traqueostomia ou cânula endotraqueal, o profissional deve
atentar para que o número da sonda de aspiração seja adequado, evitando traumatismo ao cliente. Além
disso, a oxigenação, sempre que necessário, deve ser assegurada, através da utilização de máscara de
ressuscitação manual (ambú). Durante o procedimento, verificar possíveis alterações clínicas decorrentes
da hipoventilação, como cianose de extremidades, diminuição da saturação de oxigênio (que pode ser
monitorada com a utilização do oxímetro de pulso), alteração do nível de consciência, sangramento ou
arritmia cardíaca.
No tocante à aspiração nasal, oral e endotraqueal, alguns aspectos devem ser lembrados, tais como:
nunca aspirar por um período superior a 15 segundos (se houver a necessidade de repetir a aspiração, o
cliente deve receber oxigênio anteriormente); utilizar a sonda de aspiração uma única vez, desprezando-
a ao término do procedimento; após cada aspiração, realizar a limpeza do recipiente de coleta de
secreção, desprezando seu conteúdo e lavando-o em água corrente; trocar o recipiente de coleta de
secreção e do intermediário de látex a cada 24 horas - sempre lembrando de registrar a data e hora da
próxima troca.
Após cada procedimento, o ambiente deve ser mantido organizado e registrado, em prontuário, o
aspecto, coloração, odor e quantidade da secreção aspirada.

Síndrome de Angústia Respiratória do Adulto (Sara)

É uma síndrome clínica, chamada de edema pulmonar não cardiogênico, em que o paciente apresenta
hipoxemia grave e complacência diminuída dos pulmões, levando ao quadro de Insuficiência Respiratória;
Mortalidade de 50% a 60%, mas diminui com a intervenção precoce.

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Manifestações clínicas
1- Dispneia grave, uso de musculatura acessória;
2- Aumento da necessidade de O2;
3- Estertores e roncos graves percebidos na ausculta.

Tratamento
1- Tratar causa subjacente;
2- Suporte ventilatório, O2 terapia de baixo fluxo;
3- Balanço hídrico e hidratação controlada;
4- Medicamentos para tratar causa subjacente e corticoterapia;
5- Nutrição adequada, se necessário SNE.

Pneumonia
É um processo inflamatório que envolve as vias aéreas terminais e os alvéolos pulmonares, causados
por agentes infecciosos.

Manifestações clínicas
1- Febre Alta;
2- Tosse;
3- Dor no Tórax;
4- Alterações da Pressão Arterial;
5- Confusão Mental;
6- Mal-estar generalizado;
7- Dispneia, gemido respiratório e BAN;
8- Secreção de muco purulento de cor amarelada ou esverdeada ou cor de tijolo, as vezes com rajas
de sangue;
9- Toxemia; e
10- Fadiga.

Diagnóstico de enfermagem
1- Troca gasosa comprometida relacionada à ventilação diminuída secundária à inflamação e infecção
envolvendo os espaços aéreos distais;
2- Depuração ineficaz das vias aéreas relacionada ao excesso de secreções traqueobrônquicas;
3- Dor relacionada ao processo inflamatório e dispneia;
4- Risco de lesão relacionado à infecção resistente.

Avaliação de enfermagem
1- Aplicar semiologia e semiotécnica (etiologia, diagnóstico, sintomatologia, antecedentes mórbidos,
uso de medicamentos, álcool, fumo, drogas...)
2- Observar sinais de ansiedade, rubor facial, respiração superficial, confusão mental e
desorientação...)
3- Ausculta > estertores

Intervenções de enfermagem
1- Melhorar a troca gasosa;
2- Melhorar a depuração da via aérea;
3- Aliviar a dor pleurítica;
4- Monitoração para complicações;
5- Educação para manutenção da saúde;
6- Controle de sintomáticos.

Tuberculose (tb)

É uma infecção causada por uma bactéria (Mycobacterium tuberculosis), normalmente de uma pessoa
a outra através do ar.
Em geral, infecta o pulmão, mas pode ocorrer em quase todos os locais do corpo;
Os pacientes infectados pelo vírus HIV encontram-se com risco aumentado;

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Manifestações clínicas
1- Tosse (por mais de 15 dias)
2- Febre (mais comumente ao entardecer)
3- Suores noturnos
4- Falta de apetite > Emagrecimento
5- Cansaço fácil > Fadiga muscular
6- Dor torácica
7- Dispneia;
8- Hemoptise e acúmulo de pus na pleura pulmonar são característicos em casos mais graves.

Diagnóstico de enfermagem
1- Padrão respiratório ineficaz relacionada a diminuição da capacidade pulmonar;
2- Risco de transmissão da infecção relacionado à natureza da doença e sintomas do paciente;
3- Nutrição alterada: menor que as necessidades corporais relacionada à inapetência, fadiga e tosse
produtiva;
4- Falta de complacência ligada a falta de motivação e tratamento de longa duração.

Avaliação de enfermagem
1- Obter a história da exposição à TB;
2- Avaliar para sintomas de doença ativa;
3- Ausculta >> Estertores;
4- Avaliar possível disfunção hepática (Medicação isoniazida): rash, inapetência, dor no QSD, náuseas
e vômitos...)

Tratamento
1- Administrar uma combinação de medicamentos (Isoniazida, Rifampicina, Pirazinamida,
Estreptomicina e Etambutol) aos quais o organismo é sensível, com finalidade de destruir o bacilo;
2- Em geral de 6 meses de tratamento;
3- Controle de esfregaço de escarro a cada 2 semana, até negativação;
4- Prevenção (imunização)

Intervenções de enfermagem
1- Estimular o repouso e prevenção de esforços;
2- Monitorar sons respiratórios e oferecer O2 terapia – SOS
3- Prevenindo a transmissão da infecção;
4- Monitorar estado nutricional;
5- Orientação em saúde e prevenção da doença;
6- Cuidados domiciliares e comunitários;

Derrame Pleural

É uma coleção de líquido no espaço pleural, sendo quase sempre secundário a outras doenças.

Manifestações clínicas
1- Dispneia, dor pleurítica e tosse;
2- Macicez ou gravidade na percussão (áreas líquidas), com sons respiratórios diminuídos.

Diagnóstico de enfermagem
1- Padrão respiratório ineficaz relacionado à coleta de líquido no espaço pleural;

Avaliação de enfermagem
1- História da condição pulmonar prévia;
2- Avaliar o paciente para dispneia e taquipnéia;
3- Ausculta e percussão dos pulmões

Tratamento
1- Drenagem por drenos torácicos, radiação, quimioterapia, pleurodectomia cirúrgica;
2- Em condições malignas, a toracocentese é apenas transitório;
3- Introdução de medicações pelo dreno;

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4- Mudança de posição durante a ação do medicamento;
5- Tratamento de sintomáticos.

Intervenções de enfermagem
1- Manter o padrão respiratório normal;
2- Educação e manutenção da saúde.

Bronquiectasia

É a dilatação e distorção irreversível dos brônquios em decorrência da destruição dos componentes


elástico e muscular de sua parede.

Manifestações clínicas
1- Tosse produtiva persistente, com secreção mucopurulento, em grande quantidade pela manhã;
2- Dispneia;
3- Estertores e roncos;
4- Hemoptise;
5- Febres (principalmente ao final do dia),
6- Manchas arroxeadas nas mãos e rosto, 7- Sudorese noturna;
8- Baqueteamento dos dedos.

Diagnóstico de enfermagem
1- Depuração ineficaz das vias aéreas relacionada às secreções espessas e copiosas;

Intervenções de enfermagem
1- Manter a depuração das vias aéreas;
2- Tapotagem e vibração > Fisioterapia Respiratória
3- Educação e manutenção da saúde;
4- Evitar fumos, gazes, ambientes fechados;
5- Imunizações > influenza

DPOC

Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica é uma doença crônica, progressiva e irreversível que acomete
os pulmões e tem como principais características a destruição de muitos alvéolos e o comprometimento
dos restantes. Ocorre com mais frequência em homens com idade mais avançada.
Pessoas que tiveram tuberculose também podem desenvolver a doença.
Na bronquite crônica existe uma inflamação crônica dos brônquios e bronquíolos.
Quando as vias aéreas estão inflamadas menos ar é capaz de fluir para dentro e para fora dos
pulmões. A irritação dos brônquios resulta em produção crônica de catarro (muco).
A bronquite crônica é caracterizada quando o indivíduo tosse na maioria dos dias do mês, por pelo
menos três meses por dois anos sucessivos, na ausência de outra causa para a tosse.
Além da produção crônica de muco pelos brônquios, a inflamação dos bronquíolos resulta em fibrose
progressiva da parede dos mesmos
O enfisema começa com a destruição dos alvéolos, o que é irreversível e resulta na formação de
“buracos” permanentes no tecido pulmonar.
À medida que os alvéolos são destruídos, os pulmões perdem a capacidade de transferir oxigênio para
o sangue, causando falta de ar. O pulmão perde elasticidade, o que resulta em colapso dos brônquios.

Manifestações clínicas
1- Bronquite Crônica: é insidiosa e desenvolve-se durante os anos, com aparecimento de tosse
produtiva, sibilos e dispneia aos esforços;
2- Enfisema: é gradual em seu início e progressiva, com dispneias, intolerância aos esforços,
expectoração de escarro e diâmetro anteroposterior do tórax aumento, devido ao achatamento do
diafragma.

Diagnóstico de enfermagem
1- Depuração ineficaz da via aérea relacionada à bronco constrição, produção aumentada de secreção,
tosse ineficaz, possível infecção broncopulmonar;

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2- Padrão respiratório ineficaz, relacionado à limitação crônica do fluxo de ar;
3- Risco de infecção relacionado ao comprometimento da função pulmonar e mecanismos de defesa;
4- Troca gasosa comprometida relacionada a obstrução pulmonar crônica, anormalidades de
ventilação-perfusão devido à destruição da membrana alveolocapilar;

Avaliação de enfermagem
1- Determinar histórico da doença;
2- Observar aspecto da secreção;
3- Inspeção e ausculta pulmonar;
4- Determinar nível de dispneias
5- Determinar a saturação de O2 em repouso e com atividade.

Tratamento
1- Parar de fumar;
2- Broncodilatadores e ATB terapia
3- Corticoterapia;
4- Fisioterapia respiratória;
5- O2 terapia – SOS;
6- Cirurgia de redução do volume pulmonar, para tratar o enfisema;
7- Tratamento de reposição de alfa1-antitripsina.

Intervenções de enfermagem
1- Melhorar o padrão respiratório;
2- Controle de infecção;
3- Melhorar a troca gasosa;
4- Melhorar a nutrição;
5- Aumentar a tolerância a atividade;
6- Melhorar o padrão de sono;
7- Estimulando a lidar com a situação
8- Educação e manutenção da saúde;
9- Evitar exposição a irritantes respiratórios;
10- Evitar e tratar as infecções respiratórias

Disfunções Urinárias

Para os organismos unicelulares, a função de absorção dos alimentos e expulsão dos produtos
residuais se realiza através da parede celular. No caso do ser humano, esse processo não é tão simples.
Existem órgãos especiais para receber o oxigênio e os nutrientes, e outros para expelir os produtos
residuais e as toxinas produzidas pelo metabolismo. Um dos produtos residuais, como o dióxido de
carbono, é expelido através dos pulmões. Alguns dejetos nitrogenados são removidos pelo suor, contudo,
é através dos rins que expelimos a maior parte dos dejetos orgânicos e as toxinas do corpo.
A eliminação urinária e o controle dos produtos de excreção urinária são funções elementares,
indispensáveis para o funcionamento normal do organismo. Qualquer modificação da excreção normal é
capaz de causar problemas em outros sistemas do organismo, além de causar frustração e
constrangimento a uma pessoa que apresente alteração na excreção. As pessoas que apresentam
distúrbios de eliminação urinária necessitam de ajuda, compreensão e sensibilidade. Os profissionais de
enfermagem devem auxiliá-las a enfrentar o mal-estar e os problemas relacionados a sua autoimagem,
bem como ajudá-las a estimular a excreção normal, a fim de assegurar a saúde e o seu bem-estar.
De um modo geral, as patologias do trato urinário podem gerar tensões emocionais e sentimentos de
embaraço na pessoa, quando a sua genitália externa é examinada e tratada, ou quando a função urinária
é discutida. Por exemplo, é constrangedor para ela responder a perguntas como: “Sente dor ao urinar? O
senhor já urinou hoje? Qual a quantidade?”, etc...
Os distúrbios de eliminação urinária mais frequentes decorrem da incapacidade funcional da bexiga,
da obstrução da saída da urina ou da incapacidade de controle voluntário da micção. Algumas pessoas
apresentam alterações permanentes ou temporárias na via normal de eliminação urinária. Vale lembrar
que muitos clientes do sexo masculino acreditam que as doenças urológicas, ou a realização de
procedimentos que envolvem este sistema orgânico, são capazes de influenciar sobre sua sexualidade
de maneira negativa.

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Todos esses aspectos precisam ser levados em consideração pela equipe de enfermagem quando
presta cuidados aos portadores de problemas urinários. Eles desejam ter suas perguntas respondidas,
seus medos afastados e seu desconforto aliviado. Além disso, seu recato e sua privacidade devem ser
mantidos. Necessitam de encorajamento e apoio da equipe de saúde que cuida deles.

Retenção Urinária

A retenção urinária é um problema caracterizado pela incapacidade da bexiga de se esvaziar


completamente. A urina acumula-se no interior da bexiga, distendendo as paredes da mesma e causando
sensação de peso, de desconforto e sensibilidade dolorosa à palpação da região supra púbica, além de
irritabilidade e sudorese. O principal sinal é a ausência de diurese pelo espaço de várias horas, assim
como a distensão da bexiga, denominada de bexigoma.

Pode-se apenas ter a sensação de peso ou dor intensa, sempre que a distensão da bexiga ultrapassar
a capacidade normal deste órgão. As principais causas de retenção urinária são: aumento da próstata,
constipação, estreitamento e edema da uretra como consequência de parto e cirurgia. A ansiedade
emocional pode afetar a capacidade de relaxamento dos esfíncteres uretrais, que são músculos de
formato circular que contraem e relaxam, controlando a saída da urina. Nos casos de retenção urinária,
todas as medidas possíveis para estimular a diurese espontânea são adotadas, tais como:
- garantir a privacidade durante a micção;
- abrir torneiras e chuveiros próximos;
- molhar os pés dos clientes acamados, pois essas medidas ajudam a relaxar os esfíncteres uretrais;
e, em último caso,
- fazer sondagem vesical de alívio.

Incontinência Urinária

A incontinência urinária é uma disfunção caracterizada pela perda do controle, total ou parcial, da
micção. Pode manifestar-se em qualquer faixa etária, embora seja mais frequente no adulto. A pessoa
que apresenta este problema sente-se socialmente marginalizada, afastando-se frequentemente das
atividades sociais. A urgência miccional é um tipo de incontinência urinária, onde a pessoa sente a
necessidade urgente e repentina de urinar, mas não consegue chegar a tempo até o vaso sanitário.
Um dos cuidados importantes da enfermagem, com aqueles que possuem disfunções urinárias, é a
monitorização diária do balanço hídrico. O balanço hídrico representa o resultado de todos os líquidos
administrados a esse cliente (seja por via oral ou via parenteral) e de todos os líquidos eliminados, através
dos rins, pele, pulmões e trato gastrointestinal (por exemplo, por meio de sondagem gástrica em
drenagem), sendo registrado em formulários próprios a evolução do quadro durante 24 horas. É indicado
para acompanhamento daqueles que são nefropatas, cardiopatas, edemaciados, ascíticos e que
necessitam de cuidados intensivos.

Cistite

É uma inflamação da bexiga, geralmente iniciada na uretra, causada mais frequentemente por
microrganismos que podem desenvolver uma infecção, como nos casos de cistites causadas por uso de
sondagens vesicais ou equipamentos de exames como o citoscópio. As mulheres são mais atingidas
pelas cistites que os homens, tendo em vista o tamanho da uretra feminina, menor do que a masculina,
e sua proximidade do ânus. Na maioria dos casos, a cistite nas mulheres é causada por Escherichia coli.
Destaca-se que o aumento das infecções urinárias também pode estar associado à atividade sexual pela
exposição dos órgãos genitais femininos.
Em relação aos homens, a cistite geralmente é secundária a alguma outra doença, como infecções na
próstata, no epidídimo ou cálculos vesicais. Os indivíduos acometidos pela cistite podem apresentar os
seguintes sintomas: urgência miccional, aumento da freqüência urinária, queimação e dor à micção.
Dependendo do estado avançado do processo infeccioso, pode ocorrer piúria, bacteriúria, hematúria e
forte dor na região supra púbica.
Para confirmação desses casos, é indicado o exame EAS (Elementos Anormais Sedimentados), onde
são pesquisadas as características da urina e a presença de substâncias anormais, entre elas, sangue,
pus e bactérias. Já nos casos em que os sintomas estão evidenciando de forma clara uma infecção, ou
quando é necessário saber qual é o agente causador e o antibiótico que deverá ser utilizado, poderá ser
solicitado urocultura ou cultura de urina.

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O tratamento das pessoas com cistite se faz através do uso de antibióticos. Uma atuação efetiva da
enfermagem consiste em orientar a importância de se tomar todas as doses prescritas, mesmo se houver
alívio imediato dos sintomas, devido ao risco de recorrência da infecção mal curada. De uma maneira
geral, as cistites não representam situações clínicas que indiquem internação hospitalar, sendo
geralmente tratadas em nível ambulatorial.

Do ponto de vista preventivo, as cistites podem ser evitadas pelas mulheres por meio de higiene íntima
adequada, uso correto do papel higiênico após urinar, esvaziamento vesical frequente, inclusive após as
relações sexuais por diminuírem a quantidade de microrganismos nos genitais femininos, e visitas
periódicas ao ginecologista. Algumas intervenções de enfermagem podem ser adotadas para aliviar o
desconforto associado à cistite, tais como:
- aplicar calor e banhos de imersão quentes, que ajudam a aliviar a dor e a urgência miccional;
- estimular a ingestão de grandes quantidades de líquidos para promover o aumento da diurese e
eliminar as bactérias do trato urinário;
- orientar o esvaziamento completo da bexiga (a cada duas a três horas), com o intuito de reduzir o
número de bactérias e para não ocorrer reinfecção.

Urolitíase

Entre tantas substâncias que são eliminadas diariamente através da urina, temos o cálcio e o ácido
úrico, que são substâncias cristalinas, isto é, formam cristais. Em situações anormais, estas substâncias
se cristalizam, depositando-se em alguma parte do sistema urinário, formando os cálculos renais ou
urolitíases. Alguns fatores favorecem a formação de cálculos, como infecção das vias urinárias, estase
urinária, períodos prolongados de imobilização no leito, ingestão excessiva de cálcio e a desidratação.
As manifestações clínicas dos cálculos renais são muito variáveis. Podem aparecer na forma indolor,
ou em crises de cólicas renais caracterizadas por dor intensa e profunda na região lombar (região do
dorso entre o tórax e a pelve), eliminação de urina com sangue e pus, associadas à distensão abdominal,
diarreia, náuseas e vômitos, devido à proximidade dos rins com o sistema digestório, levando a alterações
em seu funcionamento.
Geralmente, a dor de origem renal apresenta algumas características típicas, tais como o início
abrupto, com irradiação anteriormente e para baixo em direção à bexiga na mulher e ao testículo no
homem. Esta dor característica tem origem com a obstrução, a inflamação e o edema da mucosa do trato
urinário em contato com o cálculo. Quando o cálculo se aloja no ureter, surge dor aguda, intensa, em
cólica, que se irradia para a coxa e genitália. Há também um frequente desejo de urinar, mas a pessoa
somente elimina uma pequena quantidade de urina. A maioria dos cálculos pode ser diagnosticada
através da radiografia, que deve ser associada a outros dados, como sinais e sintomas, tipo da dor e
exame de urina do tipo EAS.

O objetivo do tratamento de tal enfermidade é: determinar o tipo de cálculo; eliminar o mesmo; evitar
a lesão renal; controlar a inflamação e aliviar a dor. Os líquidos endovenosos são benéficos no sentido
de auxiliar o cliente a expelir o cálculo, além de reduzir a concentração de cristais urinários e assegurar
elevado volume urinário. Em geral, os cálculos de 0,5 a 1cm de diâmetro são eliminados
espontaneamente. Aqueles com mais de 1cm devem ser removidos ou fragmentados, através de um
procedimento não-cirúrgico (litotripsia), utilizado para fracionar cálculos renais para serem eliminados pela
urina. No entanto, em algumas situações, há necessidade da remoção cirúrgica.
A equipe de enfermagem irá participar da prevenção de recidiva de cálculos, prestando as seguintes
orientações após a alta hospitalar:
- o alívio da dor pode ser facilitado por meio de banhos quentes ou aplicação de calor úmido na região
do flanco;
- uma ingestão elevada de líquidos deve ser mantida, pois os cálculos se formam mais facilmente em
uma urina concentrada.

No que se refere à dieta, a pessoa deve ser encorajada a seguir um regime para evitar a formação de
outros cálculos, evitando alimentos ricos em cálcio, tais como: leite e seus derivados, gema de ovo,
vísceras e alguns vegetais como a beterraba, espinafre e ervilhas.

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Glomerulonefrite

Refere-se a uma resposta inflamatória do glomérulo contra alguma substância nociva (antígeno) que
invade o organismo humano, e que o sistema imunológico tenta destruir. Ao fazer isso, o sistema
imunológico produz anticorpos que, ao se depararem com o antígeno, se ligam a ele, formando o que
chamamos de complexo antígeno anticorpo. Este complexo antígeno-anticorpo se adere ao glomérulo,
obstruindo-o e causando inflamação. Quando isso ocorre em muitos glomérulos, temos a glomerulonefrite
aguda.
Substâncias tóxicas, como veneno e toxina liberadas pelo Streptococo beta-hemolítico do grupo A,
atuam como antígenos, levando a processo inflamatório do rim, portanto, ocasionando a glomerulonefrite
aguda. Assim, uma pessoa pode apresentar glomerulonefrite após faringites e amigdalites, quando não
tratadas adequadamente, em decorrência da circulação das toxinas na corrente sanguínea.
Existem situações em que a glomerulonefrite aguda passa despercebida pela pessoa, somente sendo
descoberta após exame de urina de rotina. A pessoa pode apresentar cefaleia, mal-estar geral, edema
facial, dor no flanco, hipertensão arterial- que pode variar de leve à grave- diminuição da diurese,
hematúria e colúria, que é a urina com cor de Coca-Cola®. Os objetivos do tratamento são os de proteger
os rins insuficientes da pessoa e cuidar imediatamente das complicações. Ela é orientada a permanecer
em repouso no leito, geralmente por período de 2 a 3 semanas, a fazer um mês de repouso relativo e um
ano de atividade física controlada.
Durante a hospitalização, a equipe de enfermagem, diariamente, encaminhará o cliente para pesar e
realizará balanços hídricos, de modo a acompanhar a recuperação da função renal pelo aumento ou
redução do edema. Uma dieta com restrição de sódio, água e proteínas deverá ser oferecida, de modo a
diminuir o edema, a pressão arterial e o risco de uremia. Episódios frequentes de glomerulonefrite aguda
podem levar à glomerulonefrite crônica. A principal alteração está no fato de haver uma redução
progressiva do tamanho dos rins, uma vez que, a cada episódio de glomerulonefrite aguda, ocorrem
mortes de grande número de nefrons. Em alguns pacientes, somente se consegue descobrir a
glomerulonefrite crônica devido à hipertensão arterial.
O tratamento da glomerulonefrites crônica é ambulatorial e baseado nas complicações que eles
apresentam, tais como insuficiência cardíaca, renal e hipertensão arterial. Em nível ambulatorial, os
profissionais de enfermagem devem salientar a importância do acompanhamento e da adesão ao
tratamento, bem como orientar quanto ao repouso que deve ser com os membros inferiores elevados
para reduzir o edema e sobre a necessidade de pesar-se diariamente. A pessoa deverá ser instruída a
notificar ao profissional que a está acompanhando sintomas, como fadiga, náuseas, vômitos e diminuição
da urina. A família deve ser orientada a participar do tratamento e acompanhamento, recebendo
informações sobre o que está acontecendo, tendo suas perguntas respondidas e sendo respeitada a sua
liberdade de expor suas preocupações.

Insuficiência Renal Aguda

Caracteriza-se por perda súbita e quase completa da função renal causada pela diminuição da filtração
glomerular, resultando em retenção de substâncias que normalmente seriam eliminadas na urina, como
a ureia, a creatinina, o excesso de sódio, de potássio, de água e de outras substâncias tóxicas. De um
modo geral, as principais causas de insuficiência renal aguda são a hipovolemia e hipotensão por
períodos prolongados e a obstrução dos rins ou das vias urinárias. Se estas situações forem devidamente
diagnosticadas e tratadas a tempo, os rins serão preservados da ausência de fluxo sanguíneo e não
sofrerão danos. Caso tais situações não sejam revertidas em tempo hábil, os rins sofrem lesões que
podem prejudicar seu funcionamento de maneira aguda ou crônica.
A insuficiência renal crônica é uma deterioração progressiva e irreversível da função renal. Geralmente
ocorre como consequência da insuficiência renal aguda, de glomerulonefrites e de intoxicações graves.
Os sinais e os sintomas da insuficiência renal variam de acordo com a causa e o nível de prejuízo renal.
O indivíduo, geralmente, apresenta-se letárgico, com náuseas, vômitos e diarreia. A pele e mucosas
apresentam-se secas por desidratação, e a respiração pode ter o mesmo odor da urina, denominado de
hálito urêmico. É um paciente sonolento, com queixas constantes de cefaleia, podendo apresentar abalos
musculares, convulsões, arritmias e parada cardíaca nos casos graves. O volume urinário apresenta-se
diminuído e os valores de ureia e creatinina no sangue aumentam gradativamente.

A anemia acompanha inevitavelmente a insuficiência renal devido a vários fatores, como lesões
gastrointestinais sangrantes e redução da vida das hemácias e da produção da eritropoietina. Existem
algumas drogas que possuem grande capacidade de causar lesões renais. Tais drogas são denominadas

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de nefrotóxicas, como alguns antibióticos. Nesses casos, a pessoa precisa ter a função renal avaliada,
cautelosamente, durante todo o tratamento. É, portanto, responsabilidade da equipe de enfermagem em
relação ao cliente:
- monitorizar a função renal através do balanço hídrico e da pesagem diária;
- avaliar frequentemente seu estado, observando e registrando sinais de comprometimento cardíaco,
como dispneia, taquicardia e distensão das veias do pescoço;
- estar atenta e preparada para situações de emergências que podem ocorrer, como arritmias e parada
cardíaca.
- manter a família informada a respeito de suas condições, auxiliando-os na compreensão do
tratamento.

Intervenções, como diálise peritoneal e hemodiálise, podem ser utilizadas no sentido de substituir os
rins insuficientes, promovendo a eliminação das substâncias tóxicas. A diálise peritoneal é um método
pelo qual se introduz um líquido estéril (líquido dialisador) na cavidade abdominal por meio de um cateter.
O peritônio é banhado com este líquido dialisador, que faz a remoção das substâncias tóxicas presentes
no organismo. A quantidade de líquido infundido e a duração das infusões variam de acordo com as
necessidades de cada um.
A hemodiálise é um processo pelo qual, através de uma fístula arteriovenosa ou cateter de longa ou
curta duração, o sangue do indivíduo passa por uma máquina que contém um sistema de filtro artificial,
simulando os rins, eliminando assim as substâncias tóxicas do corpo. De modo a oferecer uma qualidade
de vida melhor, o transplante renal tornou-se o tratamento de escolha para a maioria dos portadores de
doença renal crônica. O rim pode ser proveniente de um doador vivo ou de cadáver humano. Geralmente,
a diálise peritoneal e a hemodiálise são tratamentos utilizados pelos doentes renais crônicos até se
conseguir o transplante.

Disfunções Renais e Geniturinárias Pediátricas

A disfunção renal é muito comum em crianças. Uma disfunção primária poder advir de doenças que
se originam no rim ou trato urinário (ex., pielonefrite, displasia ou síndrome nefrótica). Uma disfunção
secundária decorre de doenças sistêmicas que alteram função renal, como lúpus eritematoso
sistêmico(LES), desidratação e insuficiência cardíaca.
As anormalidades das muitas funções do rim aparecem predominantemente como alterações no
aspecto ou volume da urina e anormalidades no equilíbrio hidroeletrolítico ou acidobásico.
Como a produção fetal de urina contribui para o volume de líquido amniótico, as anomalias renais
frequentemente se associam a redução desse volume (oligoidrâmnio) e, com menor frequência, há maior
volume de líquido amniótico (poliidrâmnio). As anomalias renais e ureterais ocorrem em 3-4% dos recém
nascidos (BEHRMAN e KLIENGMA, 2000).

Síndrome Nefrótica

Síndrome causada pela perda renal de proteínas. Nesta síndrome, a proteinúria maciça resulta numa
albumina plasmática baixa e edema (Lissauer e Clayden, 2003).

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Segundo Riyuzoet al (2006), a síndrome nefrótica no primeiro ano de vida é afecção incomum e
abrange lesões glomerulares renais de diferentes causas, evoluções e prognósticos. É definida como
síndrome nefrótica congênita quando ocorre aparecimento de proteinúria e sinais clínicos logo após o
nascimento, até três meses de idade, e infantil entre quatro meses e um ano de idade. Pode ser
classificada em três categorias: Primária, associada com malformações e adquirida ou secundária.
Ela é responsável por graves distúrbios metabólicos que afetam o desenvolvimento e o crescimento
da criança, podendo levar à insuficiência renal e mesmo a óbito.
A causa do distúrbio é desconhecida, mas alguns casos são secundários a doenças sistêmicas como
vasculite (ex.: lúpus eritematoso sistêmico), infecções (ex.: malária), ou alérgicas (ex.: picada de abelha).

Sinais Clínicos da Sindrome Nefrótica


De acordo comLissauer e Clayden (2003), os sinais clínicos da síndrome nefrótica são:
- Edema periorbitário (particularmente ao acordar), o primeiro sinal.
- Edema da bolsa escrotal, pernas e tornozelos.
- Ascite.
- Dispneia em decorrência de derrames pleurais e distensão abdominal.

Diagnóstico
O paciente se apresenta com edema generalizado e volume urinário muito diminuído. Na urina de 24h,
as perdas de proteínas são anormais, sempre superiores a 0,10g/kg de peso corporal. No sangue, a
albumina está muito baixa e o colesterol elevado.
- Hipertensão persistente.
- Função renal alterada.
- Hematúria persistente.

Tratamento
Suporte Emocional: Á criança e a família, explicando que a criança poderá levar uma vida normal.
Todos os tratamentos, quaisquer que sejam as causas, visam diminuir ou eliminar a perda anormal
das proteínas urinárias.
O tratamento poderá ser basicamente ambulatorial e as internações ficam reservadas para: biópsia
renal quando indicada, necessidade de diuréticos intravenosos, por anasarca intensa, infecções graves.
Medidas Gerais: Cuidados com a pele, evitar lesões, punções, picadas de inseto. Tratar IVAS e suas
intercorrências. E evitar contato com doenças infecciosas sobre tudo varicela.

Pielonefrite

A pielonefrite é uma infecção do trato urinário ascendente que atinge ao rim e a pelve renal. Pode ser
classificada em Pielonefrite Aguda e Pielonefrite Crônica.
A Pielonefrite Aguda pode ser causada por uma infecção bacteriana ou por infecção supurativa.
Na Pielonefrite Crônica as infecções de repetição se conjugam com a reação do sistema imunitário a
essas infecções para produzir o quadro de lesões.
A pielonefrite afeta mais frequentemente os bebês com menos de um ano e anomalias congênitas do
sistema urinário.

Sintomas
Os sintomas mais frequentes são:
- Dor na micção (disúria) e maior frequência (polaciúria).
- Febre, suores, mal-estar.
- Leucócitos em massas cilíndricas na urina (piúria).

Condições que Predispõe a Pielonefrite


- Refluxo vesico- ureteral em crianças.
- Obstrução do trato urinário.
- Cálculos.
- Disfunção vesical.
- Imunossupressão.
- Gravidez e malformações congênitas.

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Diagnóstico
Diagnóstico é geralmente clínico e laboratorial. Microscopicamente observa-se inflamação supurativa,
com infiltração primeiro de neutrófilos, mais tarde de macrófagos e linfócitos.
Há necrose das células dos túbulos renais. Pode haver ou não formação de abcessos. Após resolução
há extensa fibrosação das regiões afetadas.

Tratamento
Terapia com antibióticos.

Complicações
Infrequentemente, e principalmente em indivíduos debilitados ou diabéticos podem ocorrer
complicações. Estas incluem a Bacteremia, multiplicação bacteriana no sangue grave, frequentemente
pode ser mortal, ou a necrose da pelve renal, com insuficiência renal crônica, podendo levar a morte.

Referências Bibliográficas
Behrman RE, Kliegman RM, Jenson HB, editores: Nelson’s textbook of pediatrics, ed 16, Philadelphia, 2000, WB Saunders, Chapter 529.
Lissauer, T., Clayden, G. Manual ilustrado de Pediatria. Guanabara Koogan S. A., 2ª edição, Rio de Janeiro, 2003.
RIYUZO, M. C. et al. Síndrome nefrótica primária grave em crianças: descrição clínica e dos padrões histológicos renais de seis casos . J Bras. Patol. Med.
Lab., v. 42, n. 5, p. 393-40, outubro 2006.
D’ Ippolito G. et al. Pielonefrite aguda: classificação, nomenclatura e diagnóstico por imagem. Revista Imagem. vol.27, v. 3, pag. 183-194, 2005.

Disfunções Metabólicas

Diabetes Mellitus

Acredita-se que o Brasil possua hoje cerca de cinco milhões de pessoas com diabetes, e que dentro
de mais dez anos este número terá dobrado. Apesar disto, praticamente, metade dos diabéticos
desconhece seu diagnóstico. Esse aumento da prevalência da doença levou o Ministério da Saúde a
formular algumas estratégias mais incisivas, dentre elas a campanha de detecção do diabetes.
Os carboidratos, ao serem digeridos, transformam-se em açúcares simples – glicose - e caem na
corrente sanguínea, onde são transportados até as células. A glicose nas células do corpo transforma-se
em energia, permitindo que as mesmas alimentem, respirem, eliminem substâncias desnecessárias ou
nocivas. Porém, para que a glicose chegue ao interior das células, ela precisa atravessar a membrana
celular. Isto só será possível se ela tiver ajuda da insulina, que é um hormônio fabricado no pâncreas
pelas Ilhotas de Langerhans.
Quando o pâncreas não funciona bem e não produz insulina, ou o pâncreas fabrica insulina, mas esta
encontra dificuldade para ajudar a glicose penetrar na célula, a pessoa fica com maior quantidade de
glicose circulando no sangue (hiperglicemia), ou seja, a pessoa fica diabética. Quando a glicemia
ultrapassa a 180 mg/dl, os rins não conseguem filtrar toda a glicose passada por eles, perdendo-a através
da urina (glicosúria). Com a glicose são eliminados também a água e os sais minerais, levando o indivíduo
a urinar mais (poliúria). Esta condição faz com que ele sinta mais sede (polidipsia) e, consequentemente,
vai tomar mais água.
Tendo em vista que a glicose não entra na célula, o organismo fica sem energia, situação que se
manifesta pelo cansaço e desânimo, provocando o estímulo da fome (polifagia). Caso haja uma
desidratação grave, o diabético pode apresentar queda de pressão arterial, coma por (cetoacidose
diabética) e vir a óbito.
Quando a glicemia ultrapassa a 250 mg/dl, as células do organismo começam a fabricar sua energia
mediante a quebra das gorduras e dos músculos. Este fato leva o diabético a emagrecer e a ter em seu
sangue maior quantidade de ácidos, advindos da quebra das gorduras. O organismo não consegue viver
em um meio muito ácido, passa então a eliminá-los através da urina (cetonúria) e dos pulmões,
ocasionando o hálito cetônico (“maçã podre”). Estas situações retratam a descompensação do diabetes
ou a fase aguda da doença.
A insulina é indicada para pessoas com diabetes do Tipo 1 ou do Tipo 2, em situações especiais, como
cirurgias e infecções graves, ou ainda quando o controle da glicemia não está sendo possível através dos
antiglicemiantes orais. Ela pode ser de origem bovina, suína e humana. Pode ser também, regular ou
simples e lenta. A insulina regular é de ação rápida, permanece no organismo cerca de 6 a 8 horas. A
insulina lenta - NPH (Neutral Protamine Hagedorn) possui ação prolongada, começando a agir 1h30min
após a aplicação, atingindo seu efeito máximo entre 4 e 12 horas e com uma duração de
aproximadamente 24 horas. Os principais tipos de Diabetes Mellitus são:

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Diabetes do Tipo 1 – manifesta-se de maneira mais abrupta e atinge principalmente crianças e
adolescentes, o que não exclui a possibilidade de afetar adultos em qualquer idade. São frequentes os
casos em que o diagnóstico é feito durante uma internação com quadro de cetoacidose. De um modo
geral, as pessoas com diabetes do Tipo 1 são magras e não possuem história familiar da doença. Vão
depender do uso de insulina por toda a vida, além de terem que efetuar controle da dieta e praticar uma
atividade física.

Diabetes do Tipo 2 – é mais característico da fase adulta, ocorrendo preferencialmente em indivíduos


obesos. Cerca de 50% dos diabéticos Tipo 2 permanecem sem serem diagnosticados, pois a instalação
é muitas vezes lenta, diferente do diabetes Tipo 1.

Algumas condições devem ser observadas pelos profissionais de saúde para identificar a existência
de diabetes Tipo 2:
- idade ≥ 40 anos;
- história de diabetes na família;
- obesidade do tipo andróide (aquela que se localiza mais na região abdominal), tendo em vista que o
acúmulo de tecido gorduroso acarreta uma maior resistência dos tecidos à insulina, bem como uma
diminuição da utilização da glicose por eles;
- história de doenças, como hipertensão arterial e dislipidemia;
- mulheres que relatem terem tido filhos com mais de 4 kg, tendo em vista que os altos níveis de glicose
no sangue da mãe são compartilhados com o feto.

Os portadores de diabetes Tipo 2 podem controlar sua taxa de glicemia através da dieta e da atividade
física regular. Quando necessário, utilizam-se de hipoglicemiantes orais.

Diabetes gestacional - ocorre pelas alterações hormonais na gravidez em pessoas com


predisposição, podendo-se manter após a gestação. Todas as medidas a serem adotadas e o
planejamento da equipe de saúde têm como meta a busca da qualidade de vida e o alcance de níveis
glicêmicos dentro dos padrões desejados, ou seja, entre 80 e 120 mg/dl. Apesar de as medidas gerais do
tratamento do diabetes já estarem padronizadas, é necessário que cada pessoa seja avaliada a partir de
suas próprias características.

O tratamento do portador de diabetes precisa estar centrado em três pontos essenciais que são:
- fornecimento de informações sobre o DM e suas complicações – as orientações devem estar voltadas
para trabalhar o conhecimento, a aceitação e a convivência do cliente com a sua nova condição;
- adequação de hábitos de vida - consiste em planejamento alimentar (restrição de açúcares puros,
carboidratos e gorduras); prática de atividade física regular; controle das situações de estresse e dos
demais fatores de risco (obesidade, hipertensão, colesterol alto, etc.). O abandono de hábitos indevidos,
cada vez mais incorporados no nosso dia-a-dia, talvez seja uma das maiores dificuldades encontradas
no cumprimento do planejamento alimentar;
- uso correto dos medicamentos - o cliente e/ou seu cuidador devem ser orientados quanto à técnica
de aplicação e de conservação da insulina, bem como quanto ao uso correto dos antiglicemiantes
prescritos;
- monitorização da glicemia - o cliente e/ou seu cuidador precisam dominar as técnicas de verificação
dos níveis glicêmicos, através dos testes de glicosúria, cetonúria e glicemia capilar, fazendo o registro
dos valores obtidos.

Juntamente com a alimentação adequada, os exercícios físicos representam um dos fatores que mais
exercem influência na diminuição dos níveis de glicose no sangue, o que torna possível a redução da
necessidade de insulina. Ao mesmo tempo em que representam um aliado na prevenção das
complicações do diabetes, atuam, inclusive, na redução do estresse, promovendo um maior equilíbrio
emocional do portador.
É necessário orientar o indivíduo a prestar atenção a todas as situações que provocam nele ansiedade,
irritação e, consequentemente, o estresse. Sempre que possível, ele deverá evitá-las, pois o estresse
pode alterar seus níveis glicêmicos. Os serviços de saúde devem criar alternativas que sirvam de apoio
a esses clientes. As terapias de grupo ou outras atividades coletivas podem cooperar para uma maior
aceitação da doença e maior adesão ao tratamento.

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O cliente hospitalizado

A hospitalização é uma condição bastante frequente na vida dos diabéticos descontrolados, seja em
decorrência das complicações agudas, como a cetoacidose diabética ou o coma hipoglicêmico, ou em
função das complicações crônicas, como as insuficiências renais, as doenças cardiovasculares e as
infecções. O diabético não deve ser excluído das decisões de seu tratamento. O enfermeiro responsável,
certamente, deverá fazer um planejamento que contemple suas opiniões. Uma boa comunicação entre
as diversas pessoas envolvidas (familiares, equipe de enfermagem e nutricionista) pode facilitar o seu
ajuste ao tratamento, encontrando uma alternativa que lhe seja mais favorável, enquanto estiver
hospitalizado.
O portador de diabetes, que está habituado a fazer o seu próprio controle, demonstra insegurança em
transferir essa responsabilidade para outras pessoas. A verificação da glicemia e a administração da
insulina poderão continuar sob sua responsabilidade, desde que o mesmo se encontre em condições
para tal e que estas ações sejam acompanhadas pela equipe de enfermagem e sob a supervisão do
enfermeiro. É preciso incentivá-lo, caso esteja em condições, a fazer caminhadas pelo corredor ou pelas
áreas de lazer do hospital, uma vez que as dificuldades relativas à realização de exercícios físicos em
ambiente hospitalar, certamente, levarão a uma maior necessidade de insulina em pessoas habituadas a
fazê-los.
As internações geralmente ocorrem devido às complicações agudas. Dentre as mais comuns,
destacam-se a hipoglicemia, a cetoacidose e complicações crônicas em outros órgãos (renal, vascular
periférica, infarto agudo do miocárdio, infecções, dentre outras).

Complicações agudas

Hipoglicemia – é uma complicação que ocorre com maior frequência no portador de diabetes do Tipo
1. Caracteriza-se pelo nível baixo de açúcar no sangue (glicemia < 69mg/dl). Ela pode ser decorrente do
uso excessivo de insulina, da realização de exercícios físicos não-habituais ou quando a quantidade de
alimentos ingeridos for insuficiente. Nessa situação, a pessoa irá apresentar: tremores, sudorese intensa,
palidez, palpitações, fome, visão embaçada, convulsão, podendo chegar à perda da consciência e ao
coma, caso não receba a quantidade necessária de glicose. Diante dessa situação, deve-se oferecer
alimentos, de preferência líquidos como laranjada ou até mesmo água com açúcar. Caso a pessoa se
encontre inconsciente, deverá ser hospitalizada para administração de glicose endovenosa.

Cetoacidose – é uma complicação que se caracteriza pelo aumento dos níveis de glicose sanguínea
(glicemia > que 300mg/dl). De um modo geral, ela é decorrente da insuficiência de insulina, ou de sua
suspensão, e do uso concomitante de agentes que causem hiperglicemia. Também pode estar presente
em quadros com infecções e distúrbios psicológicos graves. Nessa situação, a pessoa poderá apresentar:
poliúria, polidipsia, desidratação, rubor facial, náuseas, vômito, sonolência e hálito cetônico. O controle é
feito em hospitais, através da aplicação de insulina intramuscular ou endovenosa, reposição de eletrólitos,
uso de antibióticos, entre outros.

Complicações crônicas

As complicações crônicas de maior ocorrência são:

As decorrentes da arteriosclerose, sendo as mais comuns a retinopatia, a nefropatia, o infarto agudo


do miocárdio, o acidente vascular cerebral e a doença vascular periférica;

A neuropatia diabética que se apresenta de várias formas, causando alterações em alguns órgãos,
como no coração (infarto agudo do miocárdio, sem dor), na bexiga (bexiga neurogênica), nos intestinos
(constipação e diarreia), no estômago (dificuldade de mandar o alimento para o duodeno), no pênis
(impotência sexual), nos membros inferiores (perda de sensibilidade tátil, térmica, pressória e dolorosa),
em especial nos pés, propiciando o desenvolvimento de úlceras de pé, conhecidas também como pé
diabético.

Cuidando do pé diabético:
- examinar os pés, diariamente, para identificar a presença de deformidades, alterações na cor e na
temperatura, aumento de calosidade, presença de edemas e de fissuras;
- cortar as unhas com tesouras retas, lixando os cantos;

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- lixar a calosidade dos pés com lixa de madeira, nunca corta-los com gilete;
- lavar os pés com água morna e sabão neutro, secando-os bem, principalmente, entre os dedos;
- examinar a sensibilidade dos pés;
- passar cremes hidratantes nos pés, exceto entre os dedos;
- fazer exercícios com os pés, diariamente;
- usar sapatos confortáveis, de preferência fechados, de couro macio e se possível com meias de lã
ou algodão, sem elásticos;
- evitar o uso de meias de nylon fina, quando usá-las, dê preferência à meia-calça;
- examinar os sapatos, diariamente, verificando a existência de pedras, pregos ou quaisquer
irregularidades;
- comprar sapatos sempre no período da tarde, devido à possibilidade de edema nos membros
inferiores;
- andar sempre calçado, mesmo dentro de casa;
- evitar o uso de chinelos de dedo;
- não passar medicamento colorido nos pés ao feri-los.

O que há de novo no tratamento do diabetes?

Há muitas novidades sendo discutidas e muitas pesquisas em andamento. Acredita-se que dentro de
alguns anos, uma verdadeira revolução irá ocorrer no tratamento do DM, já se falando, inclusive, em
possibilidade de cura, através do transplante das células de Langerhans, que são aquelas responsáveis
pela produção da insulina no pâncreas. Entretanto, cabe aos profissionais de enfermagem agir sempre
com cautela, no sentido de orientar os diabéticos a manterem-se fiéis ao esquema básico de conduta
prescrito, não abandonando o controle de sua saúde. Os exames para controle do diabetes são:

Glicemia capilar - é um método com pequena porcentagem de erro. Atualmente, pode ser realizado
por um equipamento (glicosímetro) portátil de fácil manuseio. Seu alto custo torna inviável sua utilização
em larga escala, especialmente por pessoas com menor poder aquisitivo. Outra dificuldade é a
necessidade de se perfurar o dedo para obtenção de uma gota de sangue, cada vez que se queira fazer
a medição. A leitura do resultado pode ser feita comparando-se as cores obtidas com a tabela de
referência, ou através do glicosímetro que apresenta as taxas de glicemia, fornecendo um resultado mais
fiel. O diagnóstico do Diabetes Mellitus é confirmado quando o valor da glicemia de jejum for maior do
que 126mg/dl.

Glicosúria - é a medida da quantidade de glicose presente na urina, através de tiras reagentes. É o


teste mais conhecido e utilizado no Brasil. Apesar de seu baixo custo e facilidade de manuseio, não
apresenta resultados totalmente confiáveis, pois não reflete o nível de glicose no momento; não detecta
hipoglicemia; pode dar resultados falsos em pacientes idosos, gestantes, pessoas em uso de alguns
medicamentos, como vitamina C, AAS, pessoas com problemas renais, além dos resultados falso-
negativos que podem ocorrer. O cliente deve ser orientado para esvaziar a bexiga. Após um tempo, colher
uma amostra de urina e fazer o teste.

Cetonúria - é outro método diagnóstico na pesquisa de corpos cetônicos na urina (cetonúria). Sua
utilização deve ser feita em situações de descontrole glicêmico (glicemias superiores a 250 mg/dl). Este
teste é mais utilizado no controle do diabetes gestacional, juntamente com a glicemia.

Hipo e Hipertireoidismo

A tireoide é uma glândula responsável pela produção de três importantes hormônios: triiodotironina
(T3), tiroxina (T4) e calcitonina, cujo funcionamento inadequado pode acarretar ao indivíduo complicações
que interferem em sua qualidade de vida e no desenvolvimento satisfatório de seu organismo. Essas
disfunções são denominadas hipotireoidismo e hipertireoidismo. As pessoas, muitas vezes, convivem
com distúrbios da glândula tireoide sem terem um diagnóstico que lhes permita receber o tratamento
adequado. De um modo geral, elas procuram as unidades de saúde com queixas que podem estar
relacionadas a várias outras doenças como: desânimo, cansaço, sonolência, ansiedade e nervosismo.

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Hipotireoidismo

É um distúrbio que pode ocorrer em todas as idades, mas que aparece com maior frequência na faixa
etária que vai dos 40 aos 60 anos, numa proporção de 4 mulheres para cada homem, caracterizando-se
pela produção reduzida dos hormônios tireoidianos. Inicialmente, há uma queixa de cansaço, desânimo
e falta de forças para as atividades diárias. A pele e o cabelo tornam-se ressecados e sem viço, as unhas
quebradiças, a face apresenta aspecto edemaciado (mixedema). Na medida em que o distúrbio se
agrava, a pessoa apresenta uma progressiva diminuição da capacidade intelectual e de sua condição
física. Os profissionais de enfermagem, em assistência ao portador de hipotireoidismo, deverão:
- estimular a realização de atividades que evitem o imobilismo prolongado;
- garantir o conforto e temperatura adequada para prevenir hipotermia (temperatura baixa);
- incentivar a pessoa ao retorno às suas atividades sociais e profissionais após alta hospitalar;
- orientar quanto ao fato de que, na medida em que a reposição do hormônio da tireoide for sendo
regularizada, todas as suas funções retornarão à normalidade;
- participar no atendimento e acompanhamento desses clientes em sua fase de maior gravidade
- atentar para interações e sensibilidade a medicamentos.

Hipertireoidismo

É um distúrbio que pode ocorrer em todas as idades, sendo, entretanto, raro em crianças com menos
de 10 anos, atingindo sua frequência máxima após os 40 anos. Da mesma forma que no hipotireoidismo,
esta é uma moléstia que incide mais frequentemente no sexo feminino, em uma proporção de 5 mulheres
para cada homem. No hipertireoidismo ocorre uma produção excessiva de hormônios por parte da
tireoide, devido a uma estimulação aumentada da glândula. “Ele pode aparecer após um choque
emocional, estresse ou infecção, mas o significado exato dessas correlações não é compreendido. Outras
causas comuns de hipertireoidismo incluem a tireoidite e ingestão excessiva de hormônio tireoidiano”.
Os principais sinais são a agitação, a ansiedade e o nervosismo. As pessoas apresentam-se
continuamente excitadas, irritadas diante de situações corriqueiras e queixam-se de palpitações, calor e
tremor nas mãos. Os olhos assumem um aspecto estranho, como se estivessem saltando para fora
(exoftalmia), podendo aparecer taquicardia, hipertensão e até insuficiência cardíaca. De um modo geral,
a pessoa com hipertireoidismo é internada em função das complicações apresentadas por outras
condições patológicas, ou também para a realização da tireoidectomia. As ações da enfermagem devem
voltar-se, especialmente, para a tranquilização do paciente e seus familiares, salientando que sua
condição é temporária e que haverá um retorno, em breve, às suas características anteriores.
De um modo geral, as alterações ocorridas no aspecto físico, tais como a exoftalmia e a perda de peso,
tornam a pessoa irritada e com baixa autoestima. A equipe de enfermagem deve orientar seus colegas
de trabalho e os familiares da pessoa que evitem referências a esse fato. Um ambiente de conforto,
tranquilo e longe de situações estressantes deve ser proporcionado. Caso a pessoa seja submetida à
tireoidectomia, uma medida de prevenção a ser adotada é a colocação de uma bandeja com os materiais
necessários à realização de uma traqueostomia de urgência, pois pode ocorrer a lesão das glândulas
paratireoides durante a cirurgia, problema que, apesar de raro, pode provocar a tetania, com espasmos
da laringe e possível obstrução das vias aéreas.
O diagnóstico poderá ser feito pela análise dos sinais e sintomas característicos de cada um dois
distúrbios da tireoide, acima descritos, e por meio de exames que permitem avaliar a dosagem de
hormônios presente no sangue. A enfermagem, ao cuidar de pessoas que irão se submeter a testes
tireoidianos, precisa estar atenta para a tranquilização das mesmas, além de não administrar
medicamentos que contenham iodo, pois eles podem alterar os resultados dos exames.

Disfunção Pediátrica Endócrina

A Endocrinologia Pediátrica é uma subespecialidade da pediatria que trata da disfunção das glândulas
endócrinas.
Escondidas dentro do corpo, as glândulas endócrinas produzem hormônios que são liberados na
circulação, chegam aos tecidos-alvos e transmitem sinais específicos para suas células.
Os hormônios produzidos pelas glândulas endócrinas como hipófise, tiroide, paratireoides, pâncreas,
adrenais, ovários e testículos controlam o crescimento, o metabolismo, a puberdade e a reprodução.

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Na unidade de Endocrinologia da Clínica de Especialidades Pediátricas do Einstein, o paciente
encontra uma equipe experiente, apta a oferecer educação, tratamento e suporte para crianças e
adolescentes com as seguintes alterações do sistema endócrino:
- Diabetes tipo 1, tipo 2 e outros tipos de diabetes.
- Hipoglicemia.
- Obesidade.
- Alterações da glândula hipófise: diabetes insipidus, hipopituitarismo, displasia septo-optica, tumores
intracranianos que afetam a função da hipófise.
- Distúrbios do crescimento (baixa estatura, deficiência de hormônio de crescimento, alta estatura).
- Desordens da puberdade (puberdade precoce e tardia).
- Alterações da glândula tiroide (hipotiroidismo, tiroidite de Hashimoto, hipertiroidismo, doença de
Graves, nódulo de tiroide).
- Alterações das glândulas adrenais (hiperplasia adrenal congênita, insuficiência adrenal, doença de
Cushing).
- Síndrome dos ovários policísticos e outras alterações menstruais.
- Doenças genéticas que afetam a puberdade, a fertilidade (como Síndrome de Turner, Klinefelter,
Kallmann).
- Alterações da diferenciação sexual.
- Doenças ósseas causadas por distúrbios do metabolismo do cálcio e vitamina D (raquitismo,
osteoporose, osteopenia).
Fonte: https://www.einstein.br/especialidades/pediatria/subespecialidade/endocrinologia-disturbios-crescimento

Disfunção Musculoesquelético

A dor é a queixa mais comum em casos de afecções musculoesqueléticas e principal causa de


afastamento e incapacidades em trabalhadores no mundo todo. As dores musculoesqueléticas podem
ocorrer em condições agudas e crônicas, ser localizada ou difusa, decorrer de comprometimento de
estruturas articulares, tendíneas, ósseas, dos músculos e suas fáscias.
A dor nem sempre traduz ocorrência de lesão tecidual identificável. Muitas vezes existe discordância
entre os achados dos métodos de imagem e a condição clínica correspondente, como ocorre em alguns
casos de artrose.
Uma anamnese cuidadosa, aliada ao exame clínico detalhado e aos exames complementares
pertinentes, são fundamentais para se obter diagnóstico clínico e planejar os tratamentos.
Os fatores biopsicossociais também devem ser considerados, por serem desencadeantes e ou
agravantes das dores de origem musculoesquelética.

Bursites

Situadas em áreas de atrito entre os tendões e ossos, por exemplo, as bursas possibilitam
deslizamento fácil, suave e harmônico das estruturas em locais em que há acentuado grau de movimento,
mesmo na ausência de articulação verdadeira.
Quando lesadas, inflamam-se, gerando espessamento da parede e aumento do líquido sinovial. As
bursas podem ser sede de lesões micro traumáticas, inflamatórias, infecciosas ou tumorais. Nas bursites
superficiais, a dor pode ser alvo de lesões micro traumáticas, inflamatórias, infecciosas ou tumorais.

Osteoartrite ou Osteoartrose

A osteoartrose, também chamada por osteoartrite, caracteriza-se pela alteração funcional da


articulação sinovial (comprometimento do movimento e ou da estabilidade articular).
Acredita-se que a artrose afete a articulação como um todo, comprometendo a sinóvia, a cápsula, o
osso subcondral, a cartilagem, embora sejam mais notáveis a perda da cartilagem articular e as alterações
no osso subcondral.
A doença é resultado de lesão e reparação aberrante tecidual, como reação à lesão primária. A história
natural, os fatores de risco, a progressão e a evolução variam de acordo com a articulação comprometida,
o que explica a heterogeneidade das diversas condições que acarreta.
Muitos doentes com evidências radiológicas de artrose não apresentam sintomas, que geralmente
instalam-se de maneira lenta e insidiosa.

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A dor melhora com o repouso, piora com as atividades (sintoma mais importante da artrose), é mais
acentuada no fim do dia e durante a manhã, ao acordar. Dores noturnas podem ocorrer quando o doente
muda a posição.
O tratamento da osteoartrose visa a aliviar os sintomas, preservar ou melhorar a função articular,
reduzir a incapacidade e controlar os fatores que aceleram sua progressão.
A artrite reumatoide, artrite soro negativa, outras artrites específicas de natureza autoimunes,
imunoalérgicas, infecciosas podem também causar dor. Quadro clínico, exames séricos e de imagem
auxiliam o diagnóstico clínico.

Tendinopatias

As tendinopatias degenerativas são consequências de micro traumatismos repetitivos, decorrentes do


atrito anormal contra superfícies ósseas e ou do estiramento tecidual resultando em microrroturas das
fibras colágenas.
Áreas tendíneas mal vascularizadas podem ser sede de fenômenos isquêmicos. O comprometimento
tendíneo pode ser agudo ou crônico e resultar em rotura do tendão nas áreas fragilizadas por focos de
necrose.
A dor acentua-se à solicitação mecânica e é localizada e ou irradiada ao longo do tendão acometido
ou dos músculos vizinhos a ele.
O diagnóstico é fundamentado no desencadeamento da dor à palpação dos tendões, ao seu
estiramento passivo ou ao seu tensionamento durante a contração muscular. Manobras que acarretem
atrito do tendão contra superfícies ósseas podem reproduzir a dor. Bloqueios anestésicos podem ser
utilizados para diferenciar a origem tendínea da dor miofascial.
Não se usa corticoides de depósito ou fluorados (triancinolona, dexametasona, betametasona) devido
à ação atrofiante e a favorecer a precipitação de cristais de apatita.

Síndrome Fibromiálgica

A síndrome fibromiálgica é caracterizada pela ocorrência de dor difusa e migratória, acima e abaixo da
cintura, à direita e à esquerda do corpo, durando mais de três meses. Há identificação da dor a palpação
em, pelo menos, 11 dos 18 pontos dolorosos preconizados pelo Colégio Americano de Reumatologia.
O diagnóstico é fundamentalmente clínico, embora existam várias pesquisas sobre os mecanismos
envolvidos na etiologia da síndrome fibromiálgica. Esse tema, bastante controverso, envolve uma
heterogeneidade de fatores psicológicos, bem como fatores neuroendócrinos e variáveis individuais e
sociais.
Há queixas de rigidez articular (80% dos casos), fadiga generalizada, parestesias e adormecimentos
(50% a 75%), sensação de inchaço e edema nas mãos, pés e tornozelos, síndrome do intestino irritável
(60%), síndrome de bexiga irritável (40% a 60%), cefaleias crônicas (40%), síndrome das pernas ou
braços inquietos (31%), intolerância ao frio (30%), síndrome de sensibilidade química múltipla e sono não
reparador. O doente acorda cansado e com dor difusa pelo corpo.
Apesar de os doentes ficarem aliviados por sua doença não ser maligna ou progressiva, pelo fato de
os exames laboratoriais e de imagem não acusarem anormalidades há grande frustrações e fantasias
quanto às causas e os tratamentos da síndrome fibromiálgica, gerando mais estresse, ansiedade e
depressão.

Referências
1. GARDNER GC, GILLILAND BC – Arthritis and periarthritic disorders. In: Loeser JD, Butler SH, Chapman CR, Turk DC (eds), Bonica's Management of Pain,
Philadelphia, Lippincott Williams & Wilkins Baltimore. 2001;503- 521.
2. HAZELMAN B – Soft tissue rheumatology. In: Maddison PJ, Isenberg DA, Wioo P, Glass D (eds), The Oxford textbook of rheumatology, Ed 2, Oxford Medical
Press, Oxford. 1998;1489-1514.
3. LIN TY, KAZIYAMA HHS, TEIXEIRA MJ. Síndrome dolorosa miofascial. In: TEIXEIRA MJ, BRAUN Fo JL, MARQUEZ JO, LIN TY. Dor: Contexto Interdisciplinar.
Curitiba: Editora Maio. Cap 18; 2003;271-287.
4. RUSSELL, I. J. Fibromyalgia syndromes. Physical Med Rehabil Clin North Am. 1997;8:213-26.
5. TEIXEIRA MJ. Dor: manual para o clínico. São Paulo: Editora Atheneu; 2006.

Principais afecções em Urgências em Ortopédicas.

Os acidentes e as violências no Brasil configuram um problema de saúde pública de grande magnitude


e transcendência, que tem provocado impacto na morbidade e mortalidade da população. A presente
Política Nacional, instrumento orientador da atuação do setor saúde nesse contexto, adota como
expressão desses eventos a morbimortalidade devida ao conjunto das ocorrências acidentais e violentas

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que matam ou geram agravos à saúde, e que demandam atendimento nos serviços de saúde. Acresce a
esse grupo de eventos aqueles que, mesmo não chegando aos serviços de saúde, são do conhecimento
de outros setores da sociedade (polícias, hospitais não credenciados ao Sistema Único de Saúde – SUS,
entre outros). Assim delimitada, esta Política estabelece diretrizes e responsabilidades institucionais, nas
quais estão contempladas e valorizadas medidas inerentes à promoção da saúde e à prevenção desses
eventos, mediante o estabelecimento de processos de articulação com diferentes segmentos sociais.

A internação em leitos de Ortopedia destina-se ao atendimento de pacientes portadores de


enfermidades ortopédicas crônicas, sequelas de trauma ou agudas. Além de patologias infecciosas,
solturas de matérias de síntese dentre outras. Os pacientes apresentam fraturas expostas, fechadas,
simples ou complexas, potencialmente graves, que se não forem prontamente atendidos levam a
sequelas e até incapacitações. Esses Serviços, próprios ou contratualizados, dispõe de assistência
médica, de enfermagem e fisioterápicas com tecnologias específicas e recursos humanos especializados.
Devido ao alto custo, insuficiência de oferta, alta demanda, risco potencial de incapacitações,
principalmente por acometer, em sua grande maioria, pacientes jovens, sua solicitação deverá ser
criteriosa e agilizada assim que possível.

A ortopedia é a especialidade médica que cuida das doenças e deformidades


dos ossos, músculos, ligamentos, articulações, enfim, elementos relacionados ao aparelho locomotor.
A traumatologia é a especialidade médica que lida com o trauma do aparelho musculoesquelético.

TRAUMA ORTOPÉDICO.

É a parte da Medicina que estuda e trata as perturbações do Organismo, provocadas por agentes
contundentes.
-Pode ser direto ou Indireto.
-É direto quando se choca contra um segmento corporal e indireto quando a lesão é produzida a
distância.
-Os do abdômen, há ruptura de baço, fígado, intestinal e outras.
-As lesões do abdômen, bem como uma parcela significante do tórax, não estão inseridas nas partes
tratadas pelo médico ortopedista e traumatologista.

LUXAÇÃO.

- É a perda do contato entre as superfícies articulares.


-Pode ser de natureza traumática, congênita ou patológica.
-Seu atendimento requer mais urgência do que as fraturas.
Luxação ou Deslocamento
-Ocorre quando dois ossos se desarticulam
-É o Deslocamento da extremidade de um osso a seu nível de articulação.
Sinais e Sintomas:
-Dor, mesmo que o local esteja estabilizado.
-Deformação do local.
-Impossibilidade de movimentação
-Inchaço ou Edema
-equimose
Obs.: A dor só irá melhorar quando a articulação for colocada no lugar, em sua posição natural, ato
que só pode ser realizado pelo médico.
Conduta
-Imobilizar a articulação luxada.
-Encaminhar a vítima ao PS.
-Evitar a movimentação.
Procurar o médico.

Luxação Traumática
Quando o fator determinante é um trauma.

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FRATURAS

Caracterizada pela Lesão Traumática associada a continuidade do osso, há a necessidade de


reabilitação física.

Tratamento:
-Exposta (Transformá-la em fechada).
-Fratura Patológica (Tratamento da Doença Básica)
-Fratura por estresse (Tratamento propriamente dito)

Tratamento Provisório
-Tala
-Tração trans esquelética
-Tração com espuma

Tratamento Definitivo
-Redução extemporânea + gesso
-Retração cruenta+ Osteossíntese

Complicações
-Consolidação Viciosa
-Retardo da Consolidação
-Não consolidação
-Encurtamento.

www.saude.ba.gov.br/.../PROTOCOLO_DE_REGULACAO_EM_ORTOPEDIA_Vers.

ENTORSE

É uma lesão dos ligamentos de uma articulação sem deslocamento das superfícies articulares. Em caso de
entorse, o raio de ação normal de uma articulação é ultrapassado com o efeito do impacto e causa um dano
por distorção no aparelho cápsulo-ligamentar.
Os ligamentos são tecidos de estrutura elástica, que conectam os ossos e encontram-se nas articulações.
Distinguimos o entorse benigno (não há ruptura dos ligamentos) dos entorses graves (há ruptura dos
ligamentos). O tornozelo é a região do corpo mais afetada por entorses.
Entorses também muitas vezes se desenvolvem na altura dos joelhos e arco dos pés.
Causas
Quando a articulação é submetida a um movimento brusco há risco de ocorrer um entorse benigno ou
grave.
É o que ocorre com os atletas (jogadores de futebol, tênis, etc.) que efetuam movimentos bruscos e
violentos com frequência.
A caminhada e/ou um movimento em falso podem também provocar um entorse.
Grupos de risco
Os grupos de risco são principalmente:
– Os atletas, esportistas
– A fadiga em geral (que enfraquece e pode favorecer um entorse)
Geralmente, quanto mais forte for a dor, mais forte e importante é a lesão.

Existem 3 tipos diferentes de entorses, classificadas pela dor:


Entorse ligeira ou tensão: O ligamento é esticado ou levemente rasgado. A dor é leve ou inexistente,
mas pode aumentar com o movimento. Em geral, a área afetada não está particularmente inflamada.
Entorse moderada: algumas fibras do ligamento são rasgadas, mas não completamente. A área
afetada, como a articulação, fica dolorida e às vezes inchada. O movimento é difícil. Um hematoma pode
estar presente.
Entorse grave: Um ou mais ligamentos são completamente rasgados. A área afetada, muitas vezes
uma junta, é muito dolorida, muito inchada com uma cor diferente do resto do conjunto, indicativo de um
hematoma. Você não pode mover a articulação.
Os movimentos na articulação são anormalmente amplos, isso é porque os ligamentos que sustentam
a articulação estão severamente danificados e não consegue mais segurar o bom movimento articular.
Nota-se tipicamente a presença de um hematoma 24 horas após o início da entorse.

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Nota: a entorse grave é fácil de ser confundida com uma fratura.

Diagnóstico
O diagnóstico dos entorses consiste em:
– Um exame clínico
– Radiografias
É importante consultar um médico em caso de entorse grave.

Tratamentos
O tratamento dos entorses benigno geralmente consiste em:
– Na aplicação de compressas de gelo, que devem ser feitas o mais rápido possível (mais informações
em “aplicação de gelo em caso de entorse”)
– Compressão: colocar uma bandagem, um esparadrapo (strapping, feito pelo médico), um gesso ou
uma atadura durante 2 a 3 semanas, isso ajuda a impedir o inchaço. É o médico que irá decidir qual a
melhor solução para imobilizar bem a articulação e ajudar na reconstrução dos ligamentos.
– O uso de anti-dor e anti-inflamatórios como o ibuprofeno ou o diclofenaco em uso externo (creme,
gel.) ou interno (comprimidos).
– Repouso, você pode, por exemplo, utilizar a ajuda de uma bengala ou muleta para caminhar, se o
entorse ocorrer no tornozelo ou joelho. O objetivo é estabilizar a articulação, enquanto o paciente aguarda
uma consulta no médico.

Para os entorses graves


– Além dos tratamentos do entorse benigno (frio, bandagem, anti-dor), o médico pode propor uma
intervenção cirúrgica.

Dicas terapia
– Aplique rapidamente uma compressa de gelo (para limitar a dor e o inchaço, efeito “anti-inflamatório
natural). Você pode, por exemplo, fazer compressas de dez minutos e repetir a operação de hora em
hora. Utilize uma bolsa de gelo (ou gel “cold pack”) protegida por uma toalha (você não deve deixar o
gelado em contato com a pele).
– Em caso de inchaço e se o entorse ocorrer na região do pé, é aconselhado deixar o pé em uma
posição elevada.
– Se o seu entorse ocorrer após uma prática esportiva, é aconselhado a não retomar o esporte logo
em seguida: por exemplo, em caso de entorse moderado são necessárias 4 a 6 semanas de repouso
antes de retomar o esporte.
– Cerca de 48 horas após a entorse, se o inchaço desapareceu, aplicar calor na área afetada.

Prevenção
– Faça um bom aquecimento antes de praticar esportes.
– As mulheres devem evitar o uso de saltos altos.
– Depois de praticar esportes, fazer um alongamento.
– Após o exercício físico, aplicar compressas frias sobre as articulações em risco de em torse (por
exemplo, se você teve no passado).
www.saude.ba.gov.br/.../PROTOCOLO_DE_REGULACAO_EM_ORTOPEDIA
http://www.criasaude.com.br/N2988/doencas/entorse.html

Distúrbios Hematológicos

Os distúrbios hematológicos caracterizam-se por alterações nas células sanguíneas, constituindo um


dos problemas mais comuns encontrados entre a população, atingindo desde a criança até o idoso.
Dentre esses, abordaremos: anemia, leucemia e hemofilia.

Anemia

É um distúrbio resultante da redução da quantidade normal das células vermelhas do sangue


(hemácias) e da concentração de hemoglobina. Do ponto de vista fisiológico, há anemia quando existe
produção diminuída ou ineficaz de hemácias ou hemoglobina, por insuficiência da medula óssea,
acarretando prejuízo da oferta de oxigênio aos tecidos; diminuição ou destruição prematura das hemácias
(hemólise); perda aumentada de sangue (hemorragias); déficit de ferro e outros nutrientes; fatores

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hereditários e doenças crônicas, tais como: artrite reumatoide, abscessos pulmonares, osteomielite,
tuberculose e câncer.
A anemia é comum nas pessoas idosas, sendo considerada parte de processo patológico, e não do
resultado do envelhecimento, podendo apresentar efeitos graves na função cardiopulmonar, quando não
tratada corretamente. Quanto mais rapidamente a anemia se desenvolve, mais graves são seus sintomas
que incluem: dispneia aos esforços e de repouso, fraqueza, palidez, cefaleia, tonteira, desmaio,
irritabilidade, inquietação e taquicardia.

O tipo e a causa da anemia podem ser determinados por exames hematológicos, além de estudos
diagnósticos, como a aspiração e a biópsia da medula óssea, para determinar a presença de doença
aguda ou crônica e a origem de qualquer hemorragia também crônica. O tratamento é voltado para as
causas da anemia e reposição da perda sanguínea. As ações de enfermagem junto à pessoa anêmica
incluem:
- encorajar a deambulação e a participação nas atividades da vida diária, conforme tolerado,
enfatizando os riscos da imobilidade (má circulação sanguínea);
- avaliar queixas de fadiga, fraqueza, desmaios, tonteiras ou marcha instável, aconselhando- a evitar
movimentos súbitos;
- incentivar períodos adequados de repouso;
- orientar a redução de atividades e estímulos que causem taquicardia e aumento do débito cardíaco;
- monitorizar os sinais vitais;
- elevar a cabeceira do leito em caso de dispneia;
- administrar oxigenoterapia quando necessário;
- observar e relatar sinais e sintomas de retenção hídrica (edema periférico, distensão das veias do
pescoço, cansaço aos esforços e queda da pressão arterial);
- evitar alimentos formadores de gases (a distensão abdominal pode aumentar a dispneia);
- oferecer alimentos ricos em proteínas, calorias, vitaminas e sais minerais, conforme orientação
nutricional, além de refeições fracionadas para ajudá-la a enfrentar os problemas de fadiga e anorexia.

Existem anemias causadas por deficiências na produção das hemácias (anemias hipoproliferativas) e
as decorrentes da destruição dessas (anemias hemolíticas). Dentre estas, podemos destacar a aplásica,
a ferropriva e a falciforme.

Anemia aplásica – Pode resultar de certas infecções ou ser causada por drogas, substâncias
químicas ou radiação. As manifestações clínicas incluem: fraqueza, palidez, falta de ar e sangramento,
que é o sintoma inicial em cerca de 1/3 das pessoas.

Anemia ferropriva – É uma condição na qual o conteúdo de ferro orgânico encontra-se inferior ao
nível normal, pois o ferro é necessário para a síntese de hemoglobina, sendo o tipo mais comum de
anemia em todos os grupos etários. A causa habitual é o sangramento excessivo decorrente de úlceras,
gastrites ou menstrual, como também a má absorção de ferro.

As pessoas com deficiência de ferro podem apresentar: língua lisa e dolorida e unhas delgadas e
côncavas. Pode ainda ocorrer a perversão do apetite – denominada pica - que leva a pessoa a ingerir
substâncias incomuns, como argila, terra, talco ou gelo. A orientação preventiva é importante, porque a
anemia ferropriva é muito comum nas mulheres em idade fértil e que estão grávidas. Os alimentos ricos
em ferro incluem: vegetais folhosos, passas, melado e carnes que, ingeridos juntamente com a vitamina
C, aumentam a absorção de ferro. As manifestações clínicas são: fadiga, irritabilidade, dormência,
formigamento das extremidades e língua saburrosa. O tratamento inclui o aconselhamento nutricional e
a administração de ferro oral ou intramuscular.

Anemia falciforme – É uma anemia hemolítica grave, resultante de um defeito na molécula de


hemoglobina que assume uma forma de foice. A doença é incapacitante e é mais comum em pessoas de
raça negra. Os sinais e sintomas incluem: icterícia, observada principalmente na esclerótica, alargamento
dos ossos faciais e cranianos, taquicardia, sopros cardíacos e, com frequência, cardiomegalia (aumento
do coração). Os idosos podem apresentar arritmias e insuficiência cardíaca. Uma característica
importante dessa patologia é a dor de forte intensidade, principalmente nas articulações.

Em geral, os pacientes com anemia falciforme são diagnosticados na infância, pois já são anêmicos e
começam a ter crises de dores intensas com 1 ou 2 anos. Não existe tratamento específico para tal

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anemia. Os fundamentos da terapia da crise falciforme são a hidratação e a analgesia. As ações de
enfermagem consistem em:
- incentivar o repouso;
- apoiar as articulações afetadas;
- administrar analgésicos prescritos;
- administrar líquidos;
- monitorizar a hidratação.

Em clientes em processo de alta hospitalar, prestar orientação no sentido de:


- observar febre, tosse, taquipnéia, sintomas urinários, quaisquer áreas abertas, avermelhadas,
doloridas,
- procurar um pronto atendimento caso elas se desenvolvam;
- evitar infecções, desidratação, atividade física extenuante, estresse emocional, roupas restritivas ou
apertadas, altitudes elevadas;
- participar de grupos de apoio.

Leucemia

São distúrbios malignos dos tecidos formadores do sangue, caracterizados por uma proliferação não
controlada de leucócitos na medula óssea, substituindo os elementos medulares normais. Com
frequência, as leucemias são classificadas em linfocíticas e mielocíticas e em agudas ou crônicas. A
causa é desconhecida, mas existe influência genética, viral e por exposição à radiação ou a substâncias
químicas.

As manifestações clínicas podem incluir: petequeias (pequenas manchas hemorrágicas); equimoses


(manchas azuladas decorrentes de extravasamento de sangue para a pele); epistaxe (sangramento
nasal), sangramento gengival, hemorragias na retina ou em qualquer orifício corporal; palidez; fadiga;
dispneia; febre; infecção; esplenomegalia (aumento do baço); hepatomegalia (aumento do fígado); dor
óssea e nas articulações; efeitos neurológicos secundários à infiltração no sistema nervoso central, tais
como: desorientação, sonolência, torpor. A principal forma de tratamento é a quimioterapia, porém o
transplante de medula também é utilizado, quando existe um doador compatível. As ações de
enfermagem incluem:
- reconhecer que o cliente está sob alto risco de infecção e ficar atenta para as medidas de segurança,
como o uso de máscara, lavagem das mãos;
- monitorizar a temperatura;
- iniciar antibioticoterapia prescrita;
- proporcionar alívio da dor, conforme necessário e prescrito;
- assegurar nutrição e hidratação adequadas.
- manter o conforto do cliente;
- evitar barulhos;
- manter a integridade da pele e das membranas mucosas;
- esclarecer a família quanto aos sinais e sintomas de infecção (febre, presença de hiperemia em
qualquer parte do corpo);
- proporcionar informações sobre os tratamentos prolongados;
- promover mecanismos positivos de enfrentamento do estresse para ajudar o cliente e a família a lidar
com os fatores relacionados à doença;

Hemofilia

É um distúrbio do mecanismo de coagulação do sangue, que pode resultar em incontroláveis


hemorragias. Trata-se de uma deficiência genético-hereditária, quase exclusiva do sexo masculino. A
ocorrência é de um caso em cada 10 mil habitantes. Desde os primeiros meses de vida, o hemofílico é
identificado pelos sintomas hemorrágicos que apresenta. Um pequeno traumatismo pode desencadear
dor intensa, hematomas, episódios hemorrágicos importantes em órgãos vitais, músculos e articulações.
A repetição das hemorragias nas articulações pode gerar sequelas graves que afetam a mobilidade
dos membros atingidos. Muitas pessoas tornam-se inválidas pela lesão articular antes de se tornarem
adultos. Pode ocorrer hematúria e sangramento digestivo espontâneo. Existem dois tipos de hemofilia
identificados:

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Hemofilia A - conhecida como clássica, atingindo cerca de 85% das pessoas e caracteriza-se pela
deficiência de fator VIII da coagulação.

Hemofilia B - também conhecida como fator Christma; atinge 15% das pessoas e caracteriza-se pela
deficiência de fator IX de coagulação.

As ações de enfermagem incluem:


- orientar quanto à não-ingestão de aspirina e administração de injeções intramusculares;
- cuidar durante a higiene dentária para que não haja sangramento;
- administrar analgésicos para aliviar a dor causada pelas hemorragias das articulações;
- prevenir ou minimizar a dor causada por atividade física, incentivando o cliente a movimentar-se
lentamente e a evitar trauma nas articulações;
- oferecer talas, bengalas, muletas, pois são dispositivos de ajuda e desviam o peso corporal das
articulações afetadas;
- ficar atenta a sinais de choque hipovolêmico, como agitação, ansiedade, confusão, palidez, pele fria
e pegajosa, dor torácica, Oligúria, taquicardia e hipotensão;
- monitorizar sinais vitais;
- orientar quanto ao risco de hemorragias e as precauções necessárias a serem tomadas;
- esclarecer quanto à necessidade de modificar o ambiente domiciliar para prevenir o traumatismo
físico.

Com frequência, os hemofílicos necessitam de ajuda para superação da condição crônica que restringe
suas vidas. O hemofílico bem atendido e bem orientado pode e deve ter uma vida normal, passando da
condição de eterno dependente, para a condição de cidadão ativo e produtivo.

Caro leitor o assunto doenças transmissíveis será abordado no tópico Participação do técnico de
enfermagem nos programas especiais de saúde pública; controle de doenças transmissíveis,
doenças não transmissíveis e doenças sexualmente transmissíveis.

Atuação do técnico de enfermagem à pessoa em situação cirúrgica nos períodos


pré e pós-operatórios, bem como nas complicações cirúrgica. Atuação do
técnico de enfermagem na assistência ao paciente em situação de alta
complexidade: terapias intensiva e semi-intensiva

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM CLÍNICA MÉDICO-CIRÚRGICA E EM UNIDADE DE


TERAPIA INTENSIVA, CONSIDERANDO A FISIOPATOLOGIA, SINAIS E SINTOMAS,
DIAGNÓSTICO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Pós-Operatório é o período durante o qual se observa e se assiste a recuperação de pacientes em


pós-anestésico e pós "stress" cirúrgico. Os objetivos da equipe multidisciplinar durante este período são:
a manutenção do equilíbrio dos sistemas orgânicos, alívio da dor e do desconforto, prevenção de
complicações pós-operatórias, plano adequado de alta e orientações. A unidade de Pós-Operatório (UPO)
tem por principal objetivo atender aos pacientes vindos da sala cirúrgica ou da Recuperação Pós-
Anestésica (RPA) e que foram submetidos a cirurgias eletivas - de uma única ou de várias especialidades.
Nela também podem atender a cirurgias de urgência e transplantes, conforme a estrutura organizacional
da Instituição. O paciente, assistido nesta unidade, se portador crônico de alterações funcionais em
órgãos ou sistemas, poderá apresentar repercussões importantes no pós-operatório. Nas cirurgias
eletivas estas alterações são tratadas ou compensadas antes do ato operatório. Entretanto nas cirurgias
de urgência tais disfunções nem sempre são compensadas no pré-operatório.
Os pacientes que evoluem com estabilidade hemodinâmica na RPA podem voltar à enfermaria para
completar sua recuperação. Aqueles que manifestam instabilidade na RPA, ou que têm antecedentes
mórbidos passíveis de complicações, geralmente são transferidos à UPO para observação intensa e
contínua. O período cirúrgico é dividido em três fases: a primeira é a pré-operatória; a segunda, a intra-
operatória e, a terceira, pós-operatória. Nesta última, a enfermagem desempenha o importante papel de
proporcionar ao paciente o retorno às atividades rotineiras. O pós-operatório inicia-se com os períodos
pós-anestésico e pós-operatório imediato, nos quais o paciente está se recuperando dos efeitos
anestésicos.

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O pós-operatório tardio é o tempo de cicatrização e prevenção das complicações, este período pode
durar semanas ou meses após cirurgia. A assistência de enfermagem durante o período pós-operatório
imediato concentra-se em intervenções destinadas a prevenir ou tratar complicações. Por menor que seja
a cirurgia, o risco de complicações sempre estará presente. A prevenção destas, no pós-operatório
promove rápida convalescência, poupa tempo, reduz gastos, preocupações, ameniza a dor e aumenta a
sobrevida.
Após a avaliação, pelo enfermeiro, dos controles gerais, dos antecedentes clínicos, da fisiopatologia
da doença, das intercorrências intra-operatórias e anestésicos, e de um exame físico completo, é possível
elaborar um plano de cuidados individualizado. A transferência do paciente para sua unidade de origem
é um momento de grande ansiedade para ele. A fim de evitar este sentimento, o paciente deve ser
preparado num estágio precoce à hospitalização. A evolução clinica satisfatória do paciente e a
estabilização do estado hemodinâmico são sinais de que a fase crítica do pós operatório terminou e que
será transferido. Durante sua internação na UPO deve-se orientar o paciente, sempre que possível, sobre
seu estado, a fim de prepará-lo para uma transferência ou para sua permanência na unidade, diminuindo
assim sua ansiedade.
Os familiares devem ser orientados sobre a rotina da unidade, estado geral do paciente, possíveis
complicações, perspectiva de permanência na UPO e transferência para enfermaria. Este capítulo tem
por objetivo orientar os enfermeiros sobre os cuidados serem realizados a pacientes pós-cirúrgicos
incluindo desde o preparo do leito, transferência para UPO, admissão, período de internação até a alta
para enfermaria.

Admissão do Paciente

O período pós-operatório imediato é um momento crítico para o paciente, sendo importante a


observação cuidadosa para manter as funções fisiológicas vitais dentro dos parâmetros da normalidade,
até que os efeitos da anestesia desapareçam. É atribuição da equipe de enfermagem providenciar o leito
e prepará-lo para receber o paciente. A unidade deve estar provida de materiais e equipamentos em
perfeitas condições de uso, a fim de atender qualquer situação de emergência.

Equipamentos e Materiais:

- Cama com grades laterais de segurança, se possível, antropométrica;


- Monitor Multiparamétrico: contendo ECG e opcional para pressão arterial não invasiva e invasiva
(PAP, PVC,PIC, DC), oximetria de pulso, capnografia, temperatura e respiração. Incluindo os acessórios:
cabo paciente, sensor para oximetria de pulso, cabo para transutor de pressão, suporte de transdutor, kit
de monitorização completo ou para montagem (transdutor, domo, intraflow, torneirinha, tubo extensor e
bolsa de pressão);
- Respirador;
- Bomba de Infusão;
- Esfigmomanômetro;
- Estetoscópio;
- Termômetro;
- Suporte de soro;
- Painel de gases checado (manômetro de oxigênio, ar comprimido e vácuo, e fluxometro de oxigênio
e ar comprimido);
- Aspirador a vácuo (coluna d’água);
- Aspirador de secreção (frasco coletor e redutor);
- AMBÚ com máscara;
- Nebulizador com traqueia e máscara;
- Umidificador.

Equipamentos Disponíveis

- Carrinho cardiorrespiratório, contendo desfibrilador, materiais e drogas;


- Colchão Térmico;
- Eletrocardiógrafo;
- Gerador de Marcapasso;
- Balão Intra-aórtico;
- Bomba de Aspiração à vácuo Intermitente.

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Materiais Disponíveis no Box

- Eletrodos;
- Cateter para aspiração de secreções;
- Cateter de oxigênio nasal;
- Luvas;
- Máscaras;
- Gaze;
- Régua de nível.

Transporte e Recepção do Paciente

O enfermeiro do Centro Cirúrgico (CC) ou da RPA notifica o da UPO que o paciente está pronto para
ser transferido. Durante a transferência, o paciente é acompanhado pelo anestesista e pelo enfermeiro
do CC ou da RPA. A equipe multidisciplinar da UPO transfere o paciente para a cama, certificando-se da
correta e confortável posição do corpo e observando os cuidados com tubo endotraqueal, cateteres,
drenos e sondas. Após a transferência para o leito, todas as sondas e equipamentos são identificados e
ajustados apropriadamente. Recomenda-se que todas as infusões sejam substituídas por prescrições
médicas atualizadas. O enfermeiro da RPA ou do CC dá informações verbais, que incluem a história do
paciente, seu estado, intercorrências no intra-operatório e na RPA.O enfermeiro da UPO informará as
condições gerais do paciente, normas e rotinas da unidades aos familiares, permitindo a entrada destes
para a visita. Ficarão sob a responsabilidade do cirurgião, ou médico intensivista, informações e
orientações sobre a cirurgia.

Aspectos Gerais do Pós-Operatório

A cirurgia altera a homeostase do organismo, alterando o equilíbrio hidroeletrolítico, os sinais vitais e


a temperatura do corpo. Independentemente do tempo cirúrgico, o risco de complicações pós-operatórias
está presente em toda intervenção. Os cuidados de enfermagem na assistência ao paciente no pós-
operatório são direcionados no sentido de restaurar o equilíbrio homeostático, prevenindo complicações.
O enfermeiro da UPO procede a avaliação inicial do paciente quando este é admitido na unidade. Esta
avaliação incluirá as condições dos sistemas neurológico, respiratório, cardiovascular e renal; suporte
nutricional e de eliminações; dos acessos venosos, drenos; ferida cirúrgica; posicionamento, dor,
segurança e conforto do mesmo. A avaliação imediata consiste na observação de:

Sistema Respiratório

O paciente no pós-operatório será cuidadosamente observado quanto à permeabilidade das vias


aéreas e à ventilação pulmonar, em frequência, amplitude e ruídos. Também será observado a presença
ou não de desconforto respiratório, referido pelo paciente ou verificado pela tiragem intercostal, cornagem,
batimentos de asa de nariz e uso da musculatura acessória. Uma criteriosa percursão e ausculta dos
ruídos pulmonares, deve ser realizada com o objetivo de detectar as complicações respiratórias o mais
precocemente possível. As complicações respiratórias estão entre as mais comuns e podem ser
causadas por vários fatores, tais como: doença respiratória prévia, efeitos depressivos dos anestésicos,
bronco aspiração, imobilidade pós-operatória prolongada, tubo endotraqueal, oxigênio e aumento da
secreção na árvore brônquica. Os problemas respiratórios mais frequentes no pós-operatórios são:
atelectasia (colapso dos alvéolos em porções do pulmão), pneumonia (infecção aguda que causa
inflamação no tecido pulmonar) e embolia pulmonar (causada por coágulos de sangue ou êmbolos de
gordura). Os sinais e sintomas de complicações pulmonares incluem: aumento da temperatura, agitação,
dispneia, taquicardia, hemoptise, edema pulmonar, alteração do murmúrio vesicular, expectoração
viscosa e espessa. Dentre os cuidados de enfermagem, para que seja mantida uma via aérea permeável,
os mais frequentes são: mudar o paciente de decúbito; estimular a tosse, apoiando a área da incisão
cirúrgica, evitando-se o rompimento da sutura; promover alívio para desconforto e dor; administrar
oxigênio; estimular a mobilização precoce no leito e a deambulação; verificar a consistência e o aspecto
das secreções; hidratar o paciente, se necessário; manter o nebulizador e o umidificador com nível de
água adequado. O enfermeiro avalia a cânula oro / nasotraqueal ou de traqueostomia, observando se há
vazamento de ar pela cânula em virtude do "cuff" insuflado inadequadamente e ainda, se há secreções

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em excesso na cavidade oral e fossas nasais. A avaliação dos gases sanguíneos é de vital importância,
a fim de verificar anormalidades nas trocas gasosas.

Sistema Cardiovascular

O cuidado básico na análise da função cardiovascular é a monitorização do paciente em relação aos


sinais de choque e hemorragia. O paciente em pós-operatório deverá ser avaliado quanto aos sinais vitais,
coloração da pele e mucosas, temperatura e grau de umidade, tempo de enchimento capilar (perfusão),
verificação dos gases sanguíneos, ausculta e percussão cardíaca. Os objetivos principais da assistência
de enfermagem no pós-operatório são: monitorizar o ritmo e a hemodinâmica da função cardíaca
adequada e estimular a perfusão tecidual, uma vez que, o paciente cirúrgico tem risco de apresentar
problemas cardíacos ou de perfusão. Os idosos e aqueles com história de doença cardíaca e vascular
periférica são os de maior risco.
As complicações cardiovasculares mais comuns são: arritmias cardíacas, hipertensão, hipotensão que
resultam em trombose venosa profunda, infarto agudo do miocárdio e hipoperfusão periférica. As causas
de arritmias cardíacas pós-operatórias incluem: hipovolemia, dor, desequilíbrios eletrolíticos, hipoxemia
e acidose. Neste caso, o enfermeiro da UPO registra e avalia o ECG, monitoriza a pressão arterial, a
saturação de oxigênio, a ventilação do paciente e colhe amostras sanguíneas para dosagem bioquímicas
e hematológicas. Também discute com a equipe multidisciplinar (médico intensivista, fisioterapeuta e
médico do paciente) as condutas a serem tomadas. A hipertensão não é uma ocorrência incomum no
pós-operatório imediato. O diagnóstico de hipertensão arterial pode ser considerado num contexto de
elevação da pressão arterial; comparada aos níveis pressóricos do paciente no pré-operatório e durante
o intra-operatório.
Mais comumente a hipertensão pós-operatória está relacionada à sobrecarga de fluidos, aumento da
atividade do sistema nervoso simpático ou hipertensão preexistente. Pode aparecer como um episódio
transitório, levando à consequências cardiovasculares e intracranianas significantes. Após o diagnóstico,
o tratamento agressivo está indicado. As intervenções de enfermagem em paciente hipertenso no pós-
operatório incluem: monitorização contínua e (ou) frequente da pressão arterial; administração de
medicações; controle das drogas anti-hipotensoras, balanço hídrico adequado; controle da dor e
desconforto. A hipotensão pós-operatória é atribuída a uma redução da pré-carga, à contractilidade do
miocárdio e à resistência vascular sistêmica. O diagnóstico e tratamento são urgentes, porque a
hipotensão prolongada pode resultar em hipoperfusão de órgãos vitais e danos isquêmicos.
Pode ter como causas a ventilação inadequada, efeitos de agentes anestésicos ou medicamentos pré-
operatórios, mudança rápida de posição, dor, perda de sangue ou líquido e sequestro de sangue na
circulação periférica. Uma queda significativa da pressão arterial, abaixo do valor básico pré-operatório
do paciente, acompanhada de aumento ou diminuição da frequência cardíaca, pode indicar hemorragia,
insuficiência circulatória ou desvio de líquidos. Outros sinais que incluem: pulso fraco e filiforme, pele fria,
úmida, pálida ou cianótica, aumento da agitação e apreensão associados com hipotensão caracterizam
o choque. Na presença destes sintomas, o enfermeiro administrará oxigênio ou aumentará o fluxo do
mesmo; colocará o paciente em Trendelemburg, (caso esta posição não seja contraindicada pela
cirurgia), ou elevará as pernas do mesmo acima do nível do coração; aumentará a velocidade das
soluções intravenosas; notificará o intensivista; administrará a medicação ou o volume líquido adicional,
como prescrito; monitorizará e avaliará continuamente sinais e sintomas, registrando as alterações.
Outra complicação pós-operatória, que pode ocorrer em relação à perfusão tecidual, é a perda
excessiva de sangue. No paciente pós-operatório isto pode ser consequência de uma doença
preexistente (anemia, distúrbio de coagulação, uso de aspirina), da idade avançada, de hemorragia no
intra-operatório ou de complicação pós-operatória. Os sinais e sintomas incluem hipotensão postural,
taquicardia, taquipnéia, diminuição do débito urinário, pele fria e pegajosa e diminuição do nível de
consciência. Os dados laboratoriais abrangem hemoglobina, hematócrito e provas de coagulação. Neste
caso, o enfermeiro da UPO administrará volumes conforme prescrito (expansões de plasma; albumina;
sangue total; papa de hemácias; PFC; crioprecipitado, se distúrbio de coagulação); minimizará a
mobilização ou posicionamento do paciente para diminuir as necessidades de oxigênio; colocará o
paciente em decúbito dorsal, com elevação dos membros inferiores, para aumentar a pré-carga.
Poderão ocorrer, ainda, trombose venosa profunda (TVP), inflamação moderada ou severa das veias,
em associação com coagulação do sangue ou tromboflebite, inflamação leve das veias periféricas, que
envolve a formação de coágulos, os quais podem se destacar da parede venosa e ser levados como
êmbolos até aos pulmões, coração ou cérebro. Os sintomas destas complicações incluem desidratação;
circulação inadequada, resultante de hemorragia; hiperemia; dor; edema; hiperestesia das extremidades
e presença do sinal de Homan. Os cuidados de enfermagem no pós-operatório abrangem exercícios com

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as pernas, deambulação precoce, meias antiembólicas, hidratação adequada e baixa dose de heparina.
Alguns pacientes podem apresentar infarto agudo do miocárdio (IAM). Os sinais e sintomas são: dor
torácica, dispneia, taquicardia, cianose e arritmias.
Os cuidados de enfermagem são: monitorização eletrocardiográfica; avaliação e pesquisa dos sons
respiratórios, para detectar sinais de congestão pulmonar; ausculta de sons cardíacos, em busca de
anomalias; administração de medicamentos, de acordo com a prescrição; verificação da presença de
efeitos secundários ou tóxicos causados por medicações; administração de oxigênio; manutenção do
repouso no leito ou posição Semi-Fowler, para diminuir o retorno venoso; diminuição da pré-carga e
redução do trabalho cardíaco. Outros cuidados que a enfermagem pode proporcionar ao paciente,
incluem: manter o ambiente tranquilo, reduzindo ruídos; diminuir a sobrecarga sensorial e permitir
períodos de repouso.

Sistema Neurológico

Na avaliação neurológica a enfermeira verificará e anotará os seguintes parâmetros: nível de


consciência; resposta à estimulação verbal e/ou a dor; tamanho das pupilas e sua reação à luz; padrão
de motricidade e mobilidade dos membros e da musculatura da face; efeitos remanescentes da anestesia.

Sistema Renal

Alterações da função renal e do equilíbrio hidroeletrolítico também podem aparecer logo após a
cirurgia. O procedimento cirúrgico e a anestesia estimulam a secreção de hormônio antidiurético (HAD) e
da aldosterona, causando retenção hídrica. O volume urinário diminui, independentemente da ingestão
de líquidos. Estima-se que o paciente em pós-operatório, com função renal normal, apresente um débito
urinário de aproximadamente 50 a 60 ml por hora. Os desequilíbrios pós-operatórios podem levar a uma
retenção dos produtos catabólicos, a problemas neurológicos, cardíacos, de hiper/hipohidratação
(administração excessiva de líquido ou função renal inadequada; reposição inadequada intra e pós-
operatória, perdas excessivas por sudorese, hiperventilação, drenagem de feridas e fluidos corporais).
Os principais objetivos do tratamento hidroeletrolítico no pós-operatório são: manutenção do líquido
extracelular e do volume sanguíneo dentro dos parâmetros da normalidade (por meio da administração
de quantidades suficientes de líquidos); prevenção da sobrecarga hídrica, evitando-se, assim,
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) ou edema pulmonar. A manutenção hidroeletrolítica após a
cirurgia requer avaliação e intervenção do enfermeiro, evitando a sobrecarga hídrica conservando-se a
pressão arterial e o débito cardíaco e urinário adequados. As intervenções de enfermagem incluem:
avaliação de infusão, ingestão e eliminação adequadas de líquidos, verificação da pressão arterial,
pulsação, eletrólitos séricos e registro de ganhos e perdas.

Suporte Nutricional e de Eliminação

É benéfico para o paciente retornar a dieta normal, o mais precoce possível após a cirurgia. Uma dieta
normal promove o retorno precoce da função gastrintestinal uma vez que, a mucosa intestinal renova-se
constantemente, sendo afetada pela disponibilidade de nutrientes e pelo fluxo sanguíneo intestinal,
favorecendo, assim, a cicatrização da ferida cirúrgica; diminuindo o risco de translocação bacteriana, ou
seja, passagem de bactérias e toxinas a partir da luz intestinal para linfonodos mesentéricos, circulação
portal e órgãos sistêmicos. Durante as primeiras 24 a 36 horas pós- cirurgia, muitos pacientes podem
apresentar náuseas e vômitos. Neste caso, o enfermeiro, para os pacientes com sonda nasogástrica
(SNG), verificará a permeabilidade e a drenagem; caso contrário colocará o paciente em decúbito lateral
para facilitar a drenagem, prevenindo bronco aspiração; se necessário administrará antieméticos
conforme prescrito. As avaliações a serem feitas pelo enfermeiro antes de alimentar o paciente em pós-
operatório são: inspeção, percussão, palpação e ausculta abdominal.
O peristaltismo normal retorna durante as primeiras 48 a 72 horas após a cirurgia. É importante que o
enfermeiro anote as evacuações no período pós-operatório. A função intestinal pode ser prejudicada pela
imobilidade, manipulação dos órgãos abdominais, anestesia e uso de medicamentos para dor.
Geralmente a dieta inicial pós-operatória é liquida. Conforme o tipo de cirurgia e a tolerância do paciente
é prescrita uma dieta livre, para promover o equilíbrio de vitaminas e sais minerais e um balanço
nitrogenado adequado. Aos pacientes impossibilitados de receberem dieta oral ou enteral por tempo
prolongado, geralmente indica-se suporte nutricional por via parenteral.

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Acesso Venoso

A grande maioria dos medicamentos administrado são paciente critico é infundida por via endovenosa,
de maneira que a absorção seja previsível e o efeito se inicie rapidamente. É indispensável que os
pacientes em pós-operatório tenham acesso venoso central, permitindo além da administração de drogas
vasoativas, infusão de soluções e medicamentos, um controle rigoroso das pressões de enchimento
cardíaco. A escolha do cateter deve ser, preferencialmente de único lúmen, por diminuir o risco de
contaminação das conexões durante a manipulação; entretanto, dependendo do tipo de cirurgia,
condições do paciente e necessidade de infusões, pode ser indicada a utilização de cateteres de dois ou
três lúmens. O tipo de líquido infundido e a velocidade de infusão devem ser rigorosamente avaliados
para garantir a permeabilidade dos cateteres.

Drenos

Os tubos para drenagem de secreções (gástrica, torácica e do mediastino) serão drenados por
gravidade ou, quando necessário, ligados à aspiração contínua ou intermitente. O volume e o aspecto
das secreções serão registrados. Quando houver drenos exteriorizados por contra-abertura, estes serão
adaptados a um sistema de coletor fechado. Se o volume de material coletado for excessivo, que obrigue
a troca repetida, pode-se adaptar uma extensão da bolsa a um frasco coletor.
Ferida Cirúrgica

A manutenção de uma assepsia durante a cirurgia e no período pós-operatório é o fator mais


importante na promoção da cicatrização. Os fatores que afetam a cicatrização da ferida são a localização
da incisão, tipo de fechamento cirúrgico, estado nutricional, presença de doença, infecção, drenos e
curativos.
O curativo pós-operatório objetiva basicamente, evitar a infecção da ferida. Algumas horas após seu
fechamento primário, o espaço é preenchido com exsudato inflamatório e por volta de 48 horas, as células
epiteliais marginais migram para a superfície da ferida, isolando as estruturas profundas do meio externo.
Ao término de 72 horas, o exame histológico mostra que a cobertura epitelial está intacta. Quando a ferida
cirúrgica é fechada primariamente, é recomendável que se retire o curativo da incisão, nas primeiras 24
a 48 horas, pois nesse tempo ocorre a formação de um selo fibrinoso que protege a ferida contra a
penetração de bactérias. As medidas de enfermagem destinadas a promover a cicatrização da ferida
cirúrgica incluem: avaliar, medir e anotar a área da ferida, para comparações posteriores de evolução da
mesma e alterações da pele.

Posicionamento no Leito

O paciente deve ser avaliado quanto ao posicionamento que melhor favorecer a ventilação. As
posições variam de acordo com a natureza da cirurgia, objetivando o conforto e a redução da dor.

Dor

A resposta do paciente a dor é um processo subjetivo. A mensuração da dor é avaliada através de


uma escala numérica de intensidade de dor, com score de 0 a 10. O paciente pode manter um controle
adequado dador evidenciado por resposta verbal num score menor que 5. O enfermeiro indaga ao
paciente a respeito da localização, intensidade e qualidade da dor, iniciando as medidas que visam
conforto, tais como, mudança de posição no leito e massagens. A necessidade de controle da dor, através
do uso de analgésicos narcóticos, é analisada pelo intensivista, e está indicada quando score maior ou
igual a 5, nesta escala. É muito importante que a dor seja tratada, porque o paciente precisa responder
às instruções quanto a mobilização no leito, tosse, respiração profunda e, posteriormente, de ambulação.

Segurança e Conforto

Algumas medidas de segurança serão adotadas para evitar a retirada inadvertida de cateteres, sondas,
queda do paciente: manutenção de grades de proteção até que paciente acorde; sistema de campainha
ao alcance do paciente; apoio e acolchoamento das áreas depressão, evitando danos aos nervos e
distensão muscular. Considerando-se os efeitos indesejáveis da imobilização, os enfermeiros deverão
ponderar seus riscos e benefícios. Caso a imobilização seja necessária, o enfermeiro verificará a cor,

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capacidade de mobilização e sensibilidade dos membros imobilizados, avaliando se deve ou não ser dada
continuidade ao procedimento.

Procedimentos Cirúrgicos

Tem indicação para recuperação em UPO, os pacientes que apresentarem instabilidade


hemodinâmica na RPA, transplantes e as grandes cirurgias programadas, entre elas: torácica, cardíaca,
urológica, gastrointestinais, vascular, cabeça e pescoço. Para as cirurgias neurológicas recomenda-se
unidades específicas, uma vez que a recuperação do paciente neurológico é mais demorada e, quanto
maior a rotatividade de pacientes, maior é a otimização das vagas e agendamento das cirurgias.

Cirurgia Torácica

A cirurgia torácica refere-se a diversos procedimentos cirúrgicos que implicam na abertura da cavidade
torácica (toracotomia) e (ou) órgãos da respiração. As indicações da cirurgia torácica podem ser para
retirada de tumores e drenagem de abscessos, ou reparação do esôfago e vasos torácicos. Na avaliação
do paciente deve ser considerada a função cardiopulmonar. São contraindicações para a cirurgia, as
disritmias não-controláveis, o IAM, a ICC e a angina instável.
O sucesso da cirurgia não depende somente da habilidade da equipe que opera, mas, também, da
qualidade dos cuidados de enfermagem durante os períodos pré e pós-operatório. Descrevemos, a
seguir, procedimentos cirúrgicos torácicos com indicação de recuperação em UTI.

Ressecção segmentar

Ressecção de um segmento ou lobo pulmonar -o tecido pulmonar restante expande-se novamente,


preenchendo o espaço anteriormente ocupado pelo segmento removido. É indicada nos casos de
abscesso pulmonar crônico, quistos ou bolhas enfisematosas congênitas; tumor benigno; infecção
segmentar por tuberculose ou bronquiectasia.

- Ressecção em cunha: remoção de pequenas secções periféricas do lobo - a estrutura e função


pulmonares permanecem relativamente inalteradas após a cicatrização. Está indicada em casos de
granulomas subpleurais e pequenos tumores periféricos e, ainda, neoplasia.

- Lobectomia: remoção de um ou mais lobos de tecido pulmonar. Após a cirurgia ocorre enfisema
compensatório não-patológico, à medida que o tecido pulmonar se reexpande, enchendo o espaço
torácico ocupado pelo tecido ressecado. Está indicada em infecções tais como, tuberculose, tumores
benignos e malignos.

- Pneumectomia: remoção total de um pulmão. O lado removido da cavidade torácica torna-se um


espaço vazio. Para reduzir o tamanho dessa cavidade e paralisar o diafragma em uma posição elevada,
o nervo frênico e o lado afetado são ressecados. O risco de remoção do pulmão direito é maior em relação
ao esquerdo, em virtude do tamanho do leito vascular, que implica em sobrecarga fisiológica. Está
indicada em abscesso crônico extenso, lesões unilaterais selecionadas, infecção generalizada do pulmão
e neoplasias.

- Timectomia: remoção do timo - indicada em neoplasia primária do timo ou miastenia gravis.

- Ressecção de traqueia: ressecção parcial da traqueia, seguida de anastomose topo a topo. Está
indicada em estenose significativa do orifício da traqueia, relacionada com a pressão mecânica ou "cuff"
da sonda traqueal (pressão que produz isquemia da parede da traqueia, inflamação, ulceração e
tumores).

- Toracoplastia: colapso cirúrgico de uma região da parede torácica mediante múltipla ressecção de
costelas para redução intencional do hemotórax. Indicada em lesões cavitárias crônicas e coleções de
empiema; fugas de ar recorrentes; redução do espaço morto torácico após ressecções externas.

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Intervenções de Enfermagem no Pós-Operatório

As intervenções têm por objetivo otimizar a oxigenação e ventilação, mantendo a vigilância das
complicações, controle da dor e auxilio ao paciente na recuperação de sua função cardiopulmonar. Devido
ao posicionamento intra-operatório e à terapêutica pré e peri-operatória, as atelectasias e acúmulos de
secreções são frequentes no período pós-operatório. A ventilação do paciente pode ser superficial em
consequência da dor pós-operatória, o que contribui, também, para a formação de atelectasias e estase
das secreções. Após a estabilização dos sinais vitais, o paciente será colocado na posição Semi-Fowler,
favorecendo, assim, a expansão dos pulmões, facilitando a ventilação com menor esforço possibilitando
a drenagem da sonda torácica. O paciente será reposicionado pelo menos a cada 2 horas para prevenção
da estase de secreções e manutenção do equilíbrio da ventilação/perfusão.
É necessário orientar o paciente a tossir e respirar fundo a cada uma ou duas horas, auxiliando-o a
amparar a incisão com uma almofada ou cobertor durante a respiração profunda e enquanto tosse. A
tosse ajuda-o a movimentar e a expelir as secreções traqueobrônquicas; a respiração profunda dilata as
vias aéreas, estimula a produção de surfactante e expande o tecido pulmonar; o apoio estabiliza a zona
afetada e reduz a dor durante a realização destes procedimentos. Auscultar o murmúrio vesicular, antes
e após a tosse, ajuda na avaliação da eficácia desta. Na ausência de alterações da função renal ou
cardíaca, hidrata-se o paciente de acordo com sua superfície corporal, para fluidificação das secreções,
pois a hidratação adequada é o agente mucolítico mais eficaz. A umidificação das vias aéreas pode ser
feita através de nebulização com máscara, cateter de oxigênio ou qualquer outro método. Na presença
de ventilação mecânica assegurar a umidificação das vias aéreas, verificando a cada 6 horas o nível de
água do umidificador e trocando quando necessário. Além disso, é muito importante verificar a presença
de muco espesso e aderente o que sugere insuficiente aporte de líquidos e(ou) insuficiente umidificação
externa.
A mobilização do paciente será indicada conforme a fase de recuperação e o tipo de cirurgia realizada.
O decúbito lateral é indicado após a cirurgia até a recuperação da sua consciência, visto que promove
estabilidade hemodinâmica e previne bronco aspiração, exceto, porém, após pneumectomia, porque,
nesta intervenção, o mediastino pode ser deslocado e a mudança deposição excessiva possibilitaria o
desvio do mesmo e a compressão do pulmão restante. Nos casos de ressecção em cunha ou
segmentectomia não se deve posicionar o paciente sobre o lado da cirurgia, pois este procedimento
dificulta a expansão do tecido pulmonar restante. Após a mobilização do paciente verifica-se a posição
de tubos e drenos.
O enfermeiro permanecerá alerta para possíveis complicações da cirurgia torácica, tais como:
insuficiência respiratória (provavelmente resultante da alteração do nível de consciência pelo uso de
anestésicos, medicações parador, reinsuflação pulmonar incompleta, diminuição do esforço respiratório
devido a dor e, ainda, limpeza inadequada da via aérea); pneumotórax hipertensivo e desvio de
mediastino (podem ocorrer por vazamento de ar através das linhas de incisão pleurais, caso a drenagem
torácica fechada não esteja funcionando adequadamente); enfisema subcutâneo (devido a vazamento de
ar no local da incisão pulmonar); embolia pulmonar (uma possível complicação no pós-operatório e causa
de hipoxemia); edema pulmonar (a hipóxia aumenta a permeabilidade capilar, fazendo com que o líquido
penetre no tecido pulmonar, acrescente-se o fato que, a sobrecarga circulatória pode resultar da redução
do tamanho do leito vascular em virtude da remoção do tecido pulmonar, fato que retarda a reexpansão
do pulmão);arritmias cardíacas (bastante comuns, resultam da associação de vários fatores, como
aumento do tônus vagal, hipóxia, desvio do mediastino e pH sanguíneo anormal); hemorragia, hemotórax,
choque hipovolêmico (devido a vazamento capilar, planos teciduais do tórax bastante extensos e
vascularizados); tromboflebite (a anestesia e imobilidade reduzem o tônus vasomotor, diminuindo o
retorno venoso e a deposição periférica de sangue). O conhecimento prévio de tais complicações, faz a
diferença na assistência de enfermagem especializada, proporcionando ao paciente segurança e
confiança na equipe que o está assistindo.

Cirurgia Cardíaca

O progresso tecnológico contínuo dos meios diagnósticos, anestesia e técnica cirúrgica, tornaram
possível, atualmente, a realização de cirurgia para corrigir defeitos cardíacos congênitos, obstruções nas
artérias coronárias, focos de arritmias e transplantes cardíacos. A doença valvular do coração é uma
alteração da função cardíaca produzida por anomalias estruturais ou funcionais de uma ou mais válvulas.
O resultado é a alteração do fluxo sanguíneo através da válvula. Existem dois tipos de lesões: as
estenóticas, que provocam uma obstrução do fluxo que passa através da válvula, aumentando a pressão
de trabalho do coração e a regurgitação valvular, que provoca um fluxo bidirecional, aumentando o

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volume de trabalho do coração. A correção cirúrgica consiste na plastia ou substituição de uma ou mais
valvas cardíacas (aórtica, mitral ou tricúspide), revascularização do miocárdio ou transplante cardíaco. O
tratamento cirúrgico da doença aórtica está limitado a substituição da válvula. No que se refere à mitral,
estão disponíveis três procedimentos cirúrgicos: com issurotomia (tratamento da estenose mitral),
reparação valvular (tratamento da regurgitação mitral) ou substituição da válvula. Existem dois tipos de
prótese valvulares: as mecânicas, de maior durabilidade, destinadas preferencialmente a indivíduos
jovens e, as biológicas ou teciduais, de durabilidade limitada, escolhidas para pacientes mais idosos. As
lesões valvulares cardíacas estão assim classificadas:

Estenose Mitral: Trata-se de um estreitamento progressivo do orifício da válvula mitral. Geralmente


resulta do envelhecimento do tecido valvular ou de uma valvulite reumática aguda - que provoca
espessamento, difuso do folheto ou um fibrótico das margens de encurtamento. A área da válvula mitral
normal é de 4 a 6 cm. Quando este valor for menor que 1,5 cm, significa que há estenose mitral grave e
a cirurgia está indicada.

Insuficiência Mitral: Ocorre quando a incompetência e distorção da válvula mitral impedem que as
margens livres se ajustem durante a sístole. A insuficiência mitral crônica pode resultar de doença
reumática (49%), tumor degenerativo da válvula mitral (40%), isquemia do miocárdio (4%), ou dilatação
ventricular esquerda.5.2.3 -

Estenose Aórtica: Estreitamento do orifício entre o ventrículo esquerdo e a aorta. Pode-se


desenvolver como resultado de febre reumática, calcificação congênita de uma válvula bicúspide,
calcificação degenerativa ou como consequência do envelhecimento. A doença causa fusão das
comissuras e contraturas das fibras das cúspides, obstruindo o fluxo do ventrículo esquerdo.

Insuficiência Aórtica: Fechamento incompleto do orifício aórtico durante a diástole ventricular,


permitindo que o sangue reflua da aorta para o ventrículo esquerdo. Ocorre como consequência da febre
reumática, hipertensão sistêmica, Síndrome de Marfan, sífilis, artrite reumatoide, envelhecimento do
tecido valvular ou estenose subaórtica discreta.

Insuficiência Tricúspide: Ocorre habitualmente como resultado de falência avançada do lado


esquerdo do coração e de hipertensão pulmonar grave.

Estenose Tricúspide: Raramente é uma lesão isolada. Ocorre habitualmente em processo simultâneo
com a doença aórtica e (ou) mitral, sendo a principal origem a febre reumática.
Revascularização do Miocárdio: Envolve o uso de derivações destinadas a controlar as artérias
coronárias obstruídas. Os enxertos com maior sucesso são os realizados com a artéria mamária interna,
artéria radial e veia safena. Atualmente a artéria gastroepiplóica, transportada através do diafragma,
também tem sido utilizada.

Circulação Extra Corpórea (CEC): A CEC ou "bypass" cardiopulmonar corresponde a uma forma
mecânica de fazer circular e oxigenar o sangue do paciente, enquanto a maior parte da volemia é
desviada do coração e pulmão durante a cirurgia cardíaca. Antes do início da CEC os circuitos da bomba
são preenchidos com solução hidroeletrolítica balanceada. Heparina é administrada através da CEC para
evitar formação de coágulos no circuito. Durante a CEC a temperatura corporal do paciente é reduzida
até cerca de 28ºC, chegando a diminuir em 50% as necessidades de oxigênio dos tecidos, protegendo
os órgãos vitais de lesões isquêmicas. O sangue é reaquecido até a temperatura normal antes do término
da cirurgia. A hemodiluição é também utilizada para melhorar a oxigenação tecidular, e o fluxo sanguíneo
através da microcirculação sistêmica e pulmonar durante a CEC. Solução de cardioplegia é reinfundida a
intervalos regulares durante a CEC para manter o coração arrefecido e parado, diminuindo, portanto, as
necessidades de oxigênio do miocárdio.

Minimamente Invasiva: Trata-se de um enxerto da artéria coronária introduzido recentemente na


cirurgia cardíaca. O procedimento promete tornar-se uma importante adição ao tratamento cirúrgico de
pacientes que requerem revascularização de artérias coronária descendente anterior. A técnica pode ser
realizada com o coração batendo, sem circulação extracorpórea, com via de acesso menor que o habitual,
geralmente através de uma pequena toracotomia anterolateral (7-10 cm), no quinto espaço intercostal,
anastomosando enxerto para a artéria coronária descendente anterior. Um dreno em pericárdio é
mantido, para prover adequada drenagem de fluidos acumulados no local da cirurgia. Se a hemostasia é

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evidente o dreno é removido após 24 horas. Por não ser necessário o uso de CEC, é menos comum a
ocorrência de infarto miocárdico, falência renal, reoperações, insuficiência respiratória e AVC. . Este
procedimento está associado com significante redução de recursos, sendo que, aproximadamente 41%
dos pacientes são extubados na sala cirúrgica. A média de internação na UTI é de 3 a 12 horas e, no
hospital, de 0,8 a 2,5 dias, com significante diminuição da morbidade.

Intervenções de Enfermagem no Pós-Operatório

Após o término da cirurgia o paciente é transferido para a unidade de pós-operatório, onde se recupera
dos efeitos anestésicos e permanece por um período aproximado de 24 a 48 horas. No pós-operatório
imediato a enfermagem planeja cuidados que visam a manutenção adequada da ventilação, oxigenação
e estabilidade hemodinâmica. São necessários um rápido reconhecimento e intervenção, quando
ocorrerem mudanças nas condições do paciente, uma vez que, a pessoa submetida à cirurgia cardíaca
é frequentemente mais instável que outros pacientes cirúrgicos, devido aos efeitos da CEC e da
manipulação cardíaca. Na admissão o paciente deve será posicionado em decúbito dorsal,
proporcionando retorno venoso adequado.
O enfermeiro deve auscultar sons respiratórios, certificando-se da localização do tubo endotraqueal,
detectando um possível pneumotórax e secreções; providenciar monitorização da oximetria de pulso;
encaminhar solicitação de raio X e coletar amostra de sangue para exames laboratoriais de rotina e gases
sanguíneos arteriais, nos primeiros 15 a 30 minutos da admissão; enzimas cardíacas, oito horas após a
cirurgia. É, também, atribuição do enfermeiro aferir o débito cardíaco, pressões de enchimento e coletar
gaso arteriovenosa assim que possível. Na presença de marcapasso, avaliar a sensibilidade, amplitude
e a modalidade de comando; observar se a frequência e o ritmo estão ajustados. Os drenos do tórax e
(ou) do mediastino devem ser colocados em aspiração a vácuo em coluna d’água, (usualmente em
aspiração com pressão de 20cm de água); deverá mensurar e registrar a quantidade e característica da
drenagem, repetindo o procedimento de hora em hora. A drenagem dos tubos é considerada normal até
100ml nas primeiras 8 horas após a cirurgia. O paciente pode apresentar hematúria em decorrência da
hemólise durante a CEC. A temperatura, na admissão do paciente, é frequentemente 35 a 36º C. Métodos
considerados indicadores precisos para controle de temperatura são: artéria pulmonar ou membrana
timpânica. O paciente será aquecido lentamente através de sistemas de aquecimento (mantas térmicas)
para prevenção de instabilidade hemodinâmica decorrente da rápida vasodilatação.

Complicações Pós-Operatórias

Pacientes de cirurgia cardíaca têm risco de desenvolver complicações devido à doença de base e ao
trauma cirúrgico. Além disto, o enfermeiro deve lidar com problemas relacionados à CEC e à hipotermia
pós-operatória.

Efeitos da Circulação extracorpórea

- Hipotensão (déficit de fluido intravascular): por perda para o 3º espaço, diurese pós-operatória e
vasodilatação súbita (fármacos);
- Aumento de peso e edema (3º espaço): devido à diminuição da concentração das proteínas
plasmáticas;
- Diminuição do débito cardíaco (depressão do miocárdio): devido à hipotermia, aumento da resistência
vascular sistêmica, tempo prolongado da CEC e doença cardíaca preexistente;
- Hemorragia (coagulação): devido à heparina sistêmica, traumatismo mecânico das plaquetas;
- Diminuição da mecânica pulmonar (disfunção pulmonar): por diminuição da produção de surfactante,
microembolias pulmonares, acúmulo defluidos no interstício pulmonar;
- Hemoglobinúria (hemólise): por destruição de eritrócitos no circuito da bomba;
- Aumento da glicose sérica (hiperglicemia): por diminuição da liberação de insulina, estimulação da
glicogênese;
- Diminuição do potássio sérico (hipocalemia): por transferências intracelulares durante a CEC;
- Diminuição do magnésio sérico (hipomagnesemia): devido à diurese pós-operatória secundária a
hemodiluição;
- Diminuição do estado de consciência, déficits motores e sensoriais (disfunção neurológica): devido à
perfusão cerebral diminuída e microembolias cerebrais;
- Aumento transitório da pressão arterial (hipertensão): devido à liberação de catecolaminas e à
hipotermia sistêmica, provocando vasoconstrição.

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Alterações de fluidos e balanço eletrolítico

Em virtude da CEC o volume total de fluido aumenta, como resultado da hemodiluição, aumento da
liberação de vasopressina, redução da perfusão renal, ativação do mecanismo renina-angiotensina-
aldosterona. O balanço defluido na admissão do paciente pode estar aumentado cerca de 20% em relação
ao pré-operatório, causando edema, especialmente de face, pescoço e mãos; desenvolvendo
frequentemente um déficit no volume intravascular. Hipovolemia intravascular se manifesta por diminuição
da Pressão Venosa Central (PVC); se não tratada podem ocorrer baixo débito cardíaco e hipotensão. A
excreção renal do excesso de fluido do corpo resulta em diurese espontânea e perda de peso. É comum,
no período pós-operatório, um desequilíbrio no balanço hidroeletrolítico e um nível anormal de potássio.
Hipocalemia pode ocorrer como resultado de grande acúmulo de solução de cardioplegia ou falência renal
aguda. O nível de potássio será verificado na admissão do paciente e reposto com base nos exames
laboratoriais e prescrição médica.

Diminuição do Débito cardíaco

A redução do débito cardíaco pode resultar em alterações da frequência cardíaca, volume sistólico ou
de ambos. O volume sistólico depende da pré-carga, pós-carga e contratilidade. Uma anormalidade em
um ou mais destes parâmetros pode causar diminuição do débito cardíaco.
Alteração da Pressão Sanguínea

Depois da cirurgia não é raro ocorrer hipo ou hipertensão; intervenções de enfermagem serão
direcionadas para impedir tais mudanças e prevenir ou restaurar rapidamente a pressão sanguínea. O
paciente é usualmente considerado hipotenso se a pressão sistólica for menor que 90mmHg. A
hipotensão pode ser causada por volume intravascular reduzido, vasodilatação resultante de
reaquecimento, contratilidade ventricular direita diminuída ou arritmias. Se o paciente está hipovolêmico,
administram-se volumes expansores para aumento da pressão sanguínea. Considera-se que um paciente
está hipertenso quando sua pressão arterial sistólica (PAS) estiver acima de 150 mmHg. Tal fato pode
ocorrer devido hipertensão prévia, aumento do nível de catecolaminas, liberação de renina, hipotermia ou
dor. A hipertensão é particularmente perigosa porque pode causar ruptura da linha de sutura e aumento
do sangramento, devendo-se intervir imediatamente. O aumento da pressão pode ocorrer em virtude de
dor ou quando o paciente é estimulado por barulho ou procedimentos, podendo ser controlada
proporcionando um ambiente calmo, administrando-se analgésicos ou sedativos. Se necessário
administra-se um vasodilatador; sendo o mais utilizado nestas situações o nitroprussiato de sódio.

Sangramento Pós-Operatório

O sangramento pós-operatório pode ter como causa: a não-reversão da atividade da heparina pela
protamina ao término da cirurgia; trombocitopenia, devido à lesão traumática das plaquetas ou
hemostasia inadequada. Embora o sangramento através dos drenos (do mediastino, tórax ou pericárdio)
seja esperado, o enfermeiro deve diferenciar entre o normal e excessivo. A coloração normal da drenagem
é vermelho-escura, diluída, serossanguinolenta e sem coágulos por causa da ação da heparina.
Usualmente a drenagem é de aproximadamente 100ml por hora na primeira ou segunda hora, diminuindo
subsequentemente. O sangramento arterial é raro e exige tratamento emergencial.
Normalmente resulta de rompimento das linhas de sutura. O sangue é vermelho vivo e o frasco-
drenagem se enche em minutos; o paciente se torna hipovolêmico e rapidamente hipotenso. O
sangramento venoso é mais comum que o arterial. É causado por problemas cirúrgicos ou coagulopatias.
Controlar a hipertensão, manter drenos permeáveis para prevenir tamponamento cardíaco e manutenção
adequada do volume intravascular são ações essenciais no cuidado do paciente com sangramento. A
ordenha dos drenos é controversa, pois crê-se que a elevada pressão negativa gerada por este método
provoque lesão nos tecidos intratorácicos, fato que contribui para desencadear hemorragia. Todavia, o
risco deve ser bem calculado, tendo-se em vista a possibilidade de ocorrer tamponamento cardíaco se o
sangue não for convenientemente drenado. Por essa razão é recomendado que, na presença de
coágulos, os drenos sejam ordenhados, procedimento que provoca menor pressão negativa e diminui o
risco de hemorragia.

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Tamponamento Cardíaco

Pode ocorrer por acúmulo de sangue em torno do coração e compressão do miocárdio, impedindo o
retorno venoso, diminuindo o débito cardíaco e a pressão do sangue. Trata-se de uma complicação
incomum se as drenagens forem mantidas permeáveis. No entanto, quando ocorre é perigoso e deve ser
reconhecido e tratado rapidamente. Os sinais e sintomas incluem: redução da pressão arterial,
acompanhada de aumento da pressão venosa central e da capilar pulmonar; pressão de pulso reduzida;
pulso paradoxal pode estar presente; bulhas cardíacas hipofonéticas e taquicardia. Diagnóstico definitivo
é feito com raios X de tórax que mostram alargamento do mediastino ou por meio de ecocardiograma,
que mostra fluidos dentro do espaço pericárdico. As intervenções de enfermagem visam: assegurar a
permeabilidade dos drenos; observar aumento ou redução da drenagem; manter controle da infusão de
fluidos e drogas vasopressoras para o débito cardíaco e a pressão arterial adequados. Estas intervenções
visam, também, prevenir a necessidade de reexploração cirúrgica, visto que a pericardiocentese não pode
ser utilizada em tamponamento cardíaco pós-operatório, em virtude da presença de coágulos no
sangramento mediastino que não podem ser aspirados com agulha.

Arritmias

As arritmias no pós-operatório são comuns e ocorrem em aproximadamente30% dos pacientes, podem


ser resultantes do trauma e manipulação cirúrgica; distúrbios hidroeletrolíticos, especialmente
hipocalemia; alterações no pH e 2; liberação das catecolaminas devido à dor e à ansiedade. No período
pós-operatório são comuns as taqui-bradiarritmias. Na prática, costuma-se dividir as taquiarritimias em
ventricular e supraventricular. Geralmente ocorrem em 20 a 40% e aparecem de 24 a 36horas após a
cirurgia. Taquiarritimias podem comprometer o débito cardíaco, diminuir a perfusão da artéria coronária
e aumentar a demanda de oxigênio do miocárdio. A taquicardia sinusal pode ser causada por hipovolemia
e efeitos colaterais de drogas inotrópicas (especialmente a dopamina). Catecolaminas liberadas durante
a cirurgia, dor, ansiedade e febre também podem contribuir. O tratamento é direcionado para a correção
da causa. Bradiarritimias e bloqueios ocorrem no período pós-operatório, devido à depressão das células
do sistema de condução; por cardioplegia ou lesão do nódulo e feixes de condução; por manipulação
cirúrgica, sutura ou edema no local.
Disfunção Pulmonar

Pacientes de cirurgia cardíaca apresentam maior risco para desenvolver complicações pulmonares
devido aos efeitos da CEC, visto que esta provoca diminuição da ventilação pulmonar pelo uso do
oxigenador. Atelectasias e derrames pleurais podem estar presentes, já que o espaço pleural é invadido
durante a cirurgia. Quando é restaurada circulação pulmonar, ocorre a perfusão dos alvéolos não-
ventilados e a troca de sangue não-oxigenado para a circulação sistêmica. Há aumento da
permeabilidade pulmonar, sendo que fluidos podem passar para o interstício e alvéolo do pulmão. Isto
dificulta a difusão gasosa, aumenta as secreções, podendo ocorrer hipoxemia. A maioria dos pacientes
de cirurgia cardíaca são extubados nas primeiras 4 a12 horas após a cirurgia. Alguns pacientes com
doença pulmonar de base, relacionada a disfunções valvulares preexistente, poderão requerer ventilação
mecânica prolongada. Após a extubação, deve-se estimular a tosse e respiração profunda, bem como a
mobilização precoce, o mais rápido possível. A esternotomia e os tubos de drenagem causam dor e
podem interferir na tosse e na respiração profunda. Para facilitar a higiene pulmonar, incentivar a
respiração profunda e a tosse, é necessário apoiar a incisão, prevenindo deiscência e, também,
administrar medicação para dor.

Disfunção Renal

Embora falência renal seja uma complicação pouco comum, pacientes de cirurgia cardíaca têm maior
risco que outros em virtude da CEC. O fluxo sanguíneo renal se reduz durante a CEC, eritrócitos são
danificadas, e a hemoglobina (Hb) é liberada por destruição das células do sangue. A "debris" celular e
Hb livre podem danificar os túbulos renais. Este risco é maior com o aumento do tempo da CEC e a
disfunção renal pré existente. Manter adequado volume urinário é imperativo para prevenir danos aos
túbulos renais.

Disfunção Neurológica

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Uma disfunção neurológica transitória é frequente após a cirurgia cardíaca e deve-se, provavelmente,
à redução da perfusão e a microembolias cerebrais, ambas relacionadas com à CEC. O risco de
complicação neurológica aumenta quanto maior for a idade e o tempo de CEC; se há doenças
cerebrovascular ou de carótida pré existentes e, ainda, doença valvular, especialmente se a fibrilação
atrial está presente. Placas de ateromas liberadas durante a manipulação cirúrgica e por embolia gasosa
do sistema CEC, sendo possível, também, que causem déficit neurológico. Identificando-se os fatores de
risco, a avaliação neurológica facilitaria o reconhecimento do potencial problema e possibilitaria um
tratamento precoce.

Infecção da ferida

Infecção da ferida pós-operatória pode ocorrer na incisão cirúrgica, no local de inserção dos drenos e
na incisão do membro inferior. O risco de infecção se intensifica quando há obesidade, diabetes mellitus,
má-nutrição, e, ainda, se o tempo operatório for maior que seis horas, e se for necessária nova cirurgia
numa mesma admissão. Elevação da temperatura durante as primeiras 48 horas após a cirurgia é uma
resposta normal da CEC e, usualmente, não significa infecção. Os principais sinais de infecção da ferida
são: eritema, drenagem e aumento da temperatura por mais de 72 horas no pós-operatório. Infecção não
é um problema pós-operatório precoce. É evidenciada após a saída da UPO. Para prevenir infecção deve-
se manter a incisão limpa e seca e renovar curativo com técnica asséptica.

Dor Pós - operatória

Depois da cirurgia cardíaca o paciente pode apresentar dor no local da incisão cirúrgica, membro
inferior, inserção de tubos de drenagem e devido ao afastamento das costelas durante a cirurgia. Embora
a percepção da dor varia de pessoa para pessoa, a incisão da esternotomia mediana é usualmente menos
dolorosa que a da toracotomia e mais intensa nos primeiros três a quatro dias do pós-operatório. Angina
após cirurgia pode indicar falência do enxerto. Portanto, o enfermeiro deve ser capaz de diferenciar a
angina da dor da incisão.
A dor típica da esternotomia mediana é localizada e não se irradia; pode ser ardente ou em pontada,
frequentemente piora com a tosse, respiração profunda ou movimentação. A angina é normalmente
precordial ou subesternal, não bem localizada e, normalmente irradia-se para braço, pescoço ou maxilar.
A enfermagem executará procedimentos para alívio da dor, proporcionando conforto ao paciente e
atenuando os fatores que aumentam a percepção dador, tais como: ansiedade e fadiga.

Cirurgia Urológica

A cirurgia urológica envolve procedimentos realizados nos rins, ureteres, bexiga, uretra e órgãos
genitais masculinos. Os problemas a serem tratados podem ser congênitos ou adquiridos.

Nefrectomia: remoção de um rim. Realizada para tratar algumas anormalidades congênitas unilaterais
e que são causadoras de obstrução renal ou hidro nefrose, tumores e lesões graves.

Ureterostomia cutânea: desvio da corrente urinária pela anastomose dos ureteres, a uma alça isolada
do íleo, que é exteriorizada na parede abdominal como uma ileostomia. Realizada após cistectomia total
ou radical e remoção da uretra.

Cistectomia: excisão da bexiga e estruturas adjacentes; pode ser parcial para retirar uma lesão, ou
total, para excisão de tumores malignos. Esta cirurgia envolve geralmente um procedimento adicional de
ureterostomia.

Prostatectomia: é a remoção cirúrgica da glândula e sua cápsula; geralmente para tratamento de


carcinoma ou porções anormais da próstata.

Intervenções de Enfermagem

A avaliação do paciente após cirurgias urológicas envolve, principalmente, atenção ao balanço


hidroeletrolítico. A monitorização contínua do débito urinário a cada hora, durante as primeiras 24 horas
é essencial, a fim de proteger e preservar a função renal residual dos rins. Inicialmente, a urina apresenta-

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se sanguinolenta, tornando-se rósea e, a seguir, adquire sua cor normal. Quando está prevista a
drenagem de grandes quantidades de fragmentos celulares e coágulos sanguíneos, recorre-se à irrigação
contínua. Este sistema pode ser empregado para lavagem periódica da bexiga. Deve ser fechado,
contínuo e estéril para reduzir o risco de infecção. O líquido de irrigação será isotônico, pois a água
destilada pode provocar depleção dos eletrólitos ou intoxicação hídrica. Na irrigação intermitente utiliza-
se solução isotônica em pequenas quantidades (60 a 100ml), na contínua, o volume deve ser suficiente
para manter o fluxo de drenagem da urina límpido ou ligeiramente rosado.
O enfermeiro avaliará frequentemente a permeabilidade do cateter, assegurando-se que esteja
drenando. Manterá registro preciso da ingesta oral, da administração endovenosa e dos débitos, anotando
a quantidade infundida na irrigação. A solução de irrigação será subtraída dos registros de ingestão e
excreção, para evitar uma medida inexata da função renal do paciente e da retenção vesical. Na presença
de estoma, observar o tamanho, formato e cor. Uma cor parda ou cianótica pode indicar um suprimento
sanguíneo insuficiente e início de necrose. O enfermeiro permanecerá atento aos sinais de peritonite,
pois o vazamento provoca entrada de urina na cavidade abdominal. O pH da urina será verificado, visto
que, a urina alcalina irrita a pele e facilita a formação de cristais. A irritação pode resultar também de
mudança excessiva da bolsa de drenagem. Todas as vezes que a bolsa for trocada, a pele ao redor do
estoma será limpa com água e sabão; se houver cristais sobre a pele, lavar com solução diluída de vinagre
para ajudar a removê-los. Uma compressa de gaze ou tampão será colocada sobre o estoma durante a
limpeza, para evitar que a urina flua sobre a pele.
Durante as mudanças dos dispositivos deixar apele exposta ao ar pelo maior período possível. Bolsa
do tipo "Karaya" não pode ser usada como bolsa urinária, pois é corroída pela urina. O paciente pode
apresentar dor em resposta a cirurgia; dor adicional se a drenagem dos tubos urinários estiver obstruída;
espasmos vesicais causados pela super distensão da bexiga ou, ainda, irritação provocada pelo balonete
do cateter de demora. Complicações podem ocorrer, entre elas: hemorragia, choque, tromboflebite,
pielonefrite, pneumotórax e infecção. O enfermeiro deve observar o volume, cor, odor e concentração
urinários; e estar atento ao débito urinário, condições e permeabilidade do sistema de drenagem, bem
como a presença de sedimentos na urina.
A ingesta líquida adequada é excepcionalmente importante para este paciente, no pós-operatório.
Grandes quantidades de líquido são geralmente a regra; se o paciente pode tolerá-los por via oral, deve-
se escolher esta via. É necessário trocar curativos sempre que for preciso, e utilizar barreira a fim de
proteger a pele de escoriações causadas pela acidez da urina.

Cirurgias Gastrintestinais, Abdominal e Anorretal

Os pacientes em período pós-cirurgias abdominais eletivas frequentemente precisam de assistência


em UTI. O requisito para assistência intensiva pode ser uma necessidade de observação rigorosa, porém,
mais comumente deve-se à múltiplas complicações potenciais que possam ocorrer- pela complexidade
da cirurgia e dos fatores de risco inerentes ao paciente. Vários procedimentos cirúrgicos são empregados
no trato gastrintestinal, incluindo o esôfago e ânus, embora estes não estejam contidos na cavidade
abdominal, assim como o fígado, pâncreas, vesícula biliar e baço.

Gastrectomia: ressecção do estômago. Pode ser subtotal. Genericamente se refere a qualquer


cirurgia com remoção parcial ou total do estômago; é a principal intervenção para o tratamento de câncer
gástrico extenso.

Pancreatectomia: é remoção parcial ou total do pâncreas. Os distúrbios do pâncreas exócrino


enquadram-se em 4 grupos: inflamatório (pancreatite aguda ou crônica), neoplasias, traumáticos e
genéticos (fibrosecística, pancreatite hereditária e familiares). A pancreatite aguda é a inflamação do
pâncreas que pode resultar em autodigestão do órgão por suas próprias enzimas. As manifestações
desaparecem com a eliminação dos fatores causais, que podem estar relacionados com a ingestão
excessivas de álcool e doença do trato biliar. Pancreatite crônica é uma doença progressiva inflamatória
e destrutiva do pâncreas. Geralmente o tratamento é cirúrgico, tendo como objetivos corrigir a doença
primaria, aliviar a obstrução ductal e a dor. As abordagens cirúrgicas são:
a) Pancreaticojejunostomia caudal é indicada nos casos incomuns de estenose isolada dos ductos
pancreáticos proximais sem acometer a ampola.
b) Ressecção pancreaticoduodenal com preservação do piloro, é indicada quando as grandes
modificações estão confinadas à cabeça do pâncreas.
c) Pancreatectomia subtotal é indicada quando os ductos são inadequados para descompressão.

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d) Distúrbios traumáticos: o tratamento consiste em cirurgia para controlar hemorragia, debridar o
tecido inviável e proporcionar drenagem das secreções pancreáticas.

Hepatectomia: é a ressecção de um ou mais lobo do fígado por neoplasia.

Colecistectomia: é a excisão da vesícula biliar, sendo a intervenção mais comum para remoção de
cálculos biliares.

Esplenectomia: é a remoção do baço, sem prejuízo nos adultos por não ser um órgão essencial, visto
que suas funções são também efetuadas por outros órgãos. Nas crianças sua indicação é após 6 anos
de idade para não comprometer o sistema imune. A indicação mais frequente da esplenectomia é o
rompimento do baço complicado por hemorragia e geralmente causada por acidentes traumáticos.
Também é indicado no hiperesplenismo (disfunção excessiva de um dos tipos de células sanguíneas),
benéfica em alguns casos de purpura trombocitopênica, hemorragia aguda idiopática e não controlada e,
também, praticada antes de transplante renal para reduzir a probabilidade de rejeição do rim
transplantado.

Proctolectomia: é a remoção do cólon e do reto, com fechamento do ânus. É utilizada comumente


para tratamento da colite ulcerativa, complicações da doença de Chron, tumores, mega cólon tóxico,
abscessos e fístula. Geralmente é feita uma ileostomia permanente.

Intervenções de Enfermagem

O paciente submetido a estas cirurgias pode desenvolver quaisquer das complicações de um


procedimento cirúrgico. Além dos cuidados pós-operatórios gerais, o enfermeiro permanecerá atento às
complicações imediatas que incluem: distensão abdominal, obstrução intestinal, hemorragias e
deiscência da linha de sutura. Além disto, avaliará se ocorrem complicações cirúrgicas gerais, tais como:
choque, problemas pulmonares, trombose, evisceração, íleo paralítico e infecção. Geralmente durante o
período pós-operatório o paciente precisará de uma sonda nasogástrica para prevenir a retenção de
secreções gástricas. Estas sondas serão mantidas na mesma posição, abertas em drenagem por
gravidade. Se a sonda nasogástrica estiver permeável (desobstruída), náuseas e vômitos não ocorrerão.
Os ruídos hidroaéreos serão auscultados pelo menos a cada 8 horas, para avaliar o retorno da
atividade intestinal normal. O paciente submetido a uma gastrectomia é mais vulnerável à dor, que piora
com a tosse e a respiração profunda, porque a incisão, localizada na porção superior do abdômen e a
distensão também interferem na insuflação abdominal. No pós-operatório o paciente manterá jejum e uma
sonda nasogástrica em drenagem. A permeabilidade desta será mantida para assegurar que o
cotogástrico não seja distendido por um acúmulo de secreções, gases ou drenagem, que esticariam a
sutura e romperiam o coto. O material drenado deve ser vermelho vivo num período de 8 a 10 horas,
tornando-se esverdeado, devido à bile, após 24 horas. Na presença de gastrostomia, esta deve ser
mantida em drenagem. As complicações decorrentes do pós-operatório de gastrectomia são: úlceras
marginais, hemorragias, gastrite por refluxo alcalino, dilatação gástrica aguda, problemas nutricionais,
Síndrome de Dumping, fístula gastrojejunocólica e obstrução pilórica.
Destas complicações, a hemorragia é causada habitualmente por uma lesão esplênica ou pelo
desligamento de uma ligadura; na dilatação gástrica ocorre uma sensação de plenitude, soluços ou
vômitos que melhoram após desobstrução ou introdução de uma sonda nasogástrica; a obstrução pilórica
se manifesta por vômitos e ocorre no piloro, sendo secundária à fibrose, edema, inflamação ou a uma
combinação destes eventos; outra complicação é o íleo paralítico, que ocorre quando a atividade motora
do trato gastrintestinal não volta ao normal devido ao trauma cirúrgico ou escoamento do conteúdo
gástrico na linha de sutura, podendo ocorrer também na presença de hipocalemia. Na proctolectomia, o
enfermeiro deve monitorar o estoma (ileostomia), para certificar-se que não esteja sendo exercida
pressão sobre o mesmo, que possa interferir na circulação. A cor será avaliada em intervalos frequentes.
Caso torna-se pálida, pardacenta ou cianótica comunica-se ao médico imediatamente. As ileostomias
raramente geram problemas no pós-operatório, porém, podem ocorrer complicações como hemorragia,
hipóxia e desequilíbrio hidroeletrolítico.
Considerando-se que uma ileostomia drena continuamente, será usado um kit para drenagem aberta
de ostomia. Este deve ser moldado de forma a apresentar uma adaptação de aproximadamente 0,15 a
0,3 cm maior que o estoma, evitando-se, assim, irritação da pele, que pode variar de hiperemia, dermatite
secretante até ulceração. A irritação pode resultar também de adesivos ou remoção frequente do

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dispositivo. A pele será lavada com água e sabão, enxaguada e seca, e o estoma, coberto com gaze
entre as trocas. O enfermeiro permanecerá atento a ineficácia do padrão respiratório resultante da
distensão abdominal, ascite, dor na incisão ou complicação respiratória, avaliando a respiração quanto à
frequência e esforço. A avaliação deve incluir: ausculta pulmonar, percussão torácica, inspeção do tipo
respiratório, avaliação dos gases sanguíneos, secreção pulmonar e dos Raios X.
O paciente em Poi de pancreatectomia pode apresentar déficit de volume de líquidos e desequilíbrio
eletrolítico por vômitos, drenagem nasogástricas, jejum, desvio de fluidos corporais, hipertermia e
sudorese. Os cuidados de enfermagem a estes pacientes incluem: monitorização hemodinâmica para
avaliação de possíveis mudanças no estado hídrico e alterações de ritmo cardíaco que podem ser a
primeira indicação de desequilíbrio eletrolítico. O enfermeiro deve conferir os valores dos exames
laboratoriais para detectar modificações significativas e observar os sinais e sintomas, indicativos de
hiperglicemia, hipocalemia e hipocalcemia. Também deve estar atento a resposta do paciente à
administração de fluidos e hemoderivados, observando edemas, ruídos pulmonares, turgor cutâneo,
estado de membranas mucosas e monitorar ingesta e excreção.
O enfermeiro deve avaliar a capacidade funcional do tecido pancreático restante após a excisão do
pâncreas. Se o paciente perdeu toda a função endócrina necessitará de insulina, será necessária uma
rigorosa monitorização da hipoglicemia. A assistência de enfermagem aos pacientes em Poi de
hepatectomia variam de acordo com o grau de disfunção metabólica, problemas hemorrágicos, edema,
ascite, incapacidade de biotransformar detritos endógenos e exógenos(drogas), hipoproteinemia, icterícia
e complicações endócrinas e respiratórias. O enfermeiro deve monitorar o estado hidroeletrolítico, devido
sobrecarga hídrica podendo ocasionar: edema pulmonar e ICC, possíveis sinais de sangramento devido
anastomoses; permeabilidade dos drenos abdominais, a obstrução destes drenos podem causar aumento
da pressão intrabdominal em virtude do acumulo de ascite e sangue. Em geral, a esplenectomia é seguida
de leucocitose e trombocitose leve, porém persistentes. A trombocitose predispõe à formação trombos.
Para prevenir as complicações trombóticas o enfermeiro deve estimular os exercícios no leito,
deambulação precoce e a hidratação adequada. O paciente deve ser monitorado quanto ao
desenvolvimento de hemorragias através de controles dos sinais vitais e medida da circunferência
abdominal. O risco é aumentado em pacientes após esplenectomia por trombocitopenia.

Cirurgia Vascular

A integridade e a permeabilidade do sistema vascular, incluindo-se as artérias, veias e vasos linfáticos,


são essenciais para a vida dos tecidos humanos. Os problemas vasculares podem ser agudos e
constituírem uma emergência que coloque em risco a vida ou um membro. Os objetivos no tratamento
dos pacientes cirúrgicos vasculares são: suporte do sistema vascular, remoção da causa, evitando-se
episódios posteriores de isquemia. De maneira geral, a cirurgia vascular envolve a retirada da obstrução
através da ressecção e remoção de trombos e êmbolos.

Embolectomia: retirada cirúrgica de um êmbolo de um vaso sanguíneo.

Aneurismectomia: aneurisma é uma dilatação localizada da parede arterial e que provoca uma
alteração da forma do vaso e do fluxo sanguíneo. Pode ser abdominal ou torácico. Existem quatro formas
de aneurisma: fusiforme, quando ocorre dilatação de um segmento inteiro de uma artéria; sacolar,
envolvendo apenas um dos lados da artéria; dissecante, quando ocorre rotura da íntima provocando um
"shunt" de sangue entre a íntima e a média de um vaso e pseudo-aneurisma, resultante da rotura de uma
artéria.

Endarterectomia: abertura da artéria sobre uma obstrução e alívio desta ou ressecção de material
ateromatoso que está provocando o bloqueio.

Simpatectomia: ressecção de segmentos selecionados do sistema nervoso simpático para desnervar


o sistema vascular, produzindo vasodilatação.

Intervenções de enfermagem

A assistência de enfermagem pós-operatória, na cirurgia vascular, é determinada pelo local da cirurgia;


pela extensão da revisão cirúrgica e anestesia. Os principais objetivos no cuidado aos pacientes
vasculares são: suporte do sistema vascular, estabilização hemodinâmica e controle da dor. Geralmente
o paciente é internado por 24 a 48 horas numa UTI, onde são monitorizados sinais vitais e outros

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parâmetros hemodinâmicos; há acompanhamento do equilíbrio hídrico e eletrolítico. O doente é mantido
no respirador para facilitar as trocas gasosas. A avaliação pós-operatória e os cuidados de enfermagem
a pacientes submetidos à cirurgia da aorta incluem: monitorar as condições circulatórias para determinar
a permeabilidade do enxerto, verificando a presença e qualidade dos pulsos arteriais periféricos e
profundos (femoral e poplíteo e pedioso dorsal); avaliar o sistema neurovascular através da presença e
localização da dor, palidez, parestesia, paralisia e ausência de pulso; verificar a temperatura, coloração
e mobilidade dos membros. É necessário manter o volume hídrico vascular adequado, através da
constatação da estabilidade hemodinâmica, para prevenir choque hemorrágico em decorrência da perda
de sangue na cirurgia ou no pós-operatório. O paciente é posicionado em decúbito dorsal ou
Trendelemburg, com cabeceira elevada em 30º a 40º e orientado a não fletir os joelhos ou quadris, na
presença de enxertos abdominais ou femorais.
A correção de aneurisma é considerada uma grande cirurgia e várias complicações pós-operatórias
específicas podem surgir. Uma das mais sérias é o IAM, decorrente de doença arterial das coronárias. A
monitorização da função dos rins, através da ingestão e eliminação de líquidos, é vital, pois complicações
renais podem ocorrer, devido à isquemia por baixo fluxo aórtico, redução do débito cardíaco, êmbolos,
hidratação inadequada ou pinçamento da aorta acima das artérias renais durante a cirurgia. Êmbolos
também podem alojar-se nas artérias das extremidades inferiores ou mesentéricas.
As manifestações clínicas incluem: sinais de oclusão arterial aguda (dor ou perda dos nervos sensitivos
decorrentes da isquemia, parestesias e perda da sensação de posição, poiquilotermia (frieza), paralisia,
palidez cutânea, ausência de pulso), necrose intersticial, íleo paralítico, diarreia e dor abdominal. Isquemia
da medula espinhal pode ocorrer, resultando em tetra/paraplegia, incontinência urinária e retal ou
anestesia, hipoestesia nos hemisférios de correlação clínica e alteração do tônus vascular podendo
resultar em comprometimento da temperatura, quando o aneurisma estiver rompido. Na endarterectomia
de carótida o paciente apresenta grande risco de ter a perfusão cerebral reduzida durante a cirurgia, por
embolização, que causa oclusão cerebral e isquemia; podem surgir coágulos na artéria causando
isquemia cerebral; aumento da Pressão Intracraniana (PIC), devido à hemorragia intracraniana; perfusão
cerebral inadequada, em virtude da intolerância ao clampeamento da artéria.
Os cuidados de enfermagem a estes pacientes são essenciais nas primeiras 24horas e incluem:
avaliação cuidadosa dos sinais vitais e da função neurológica (reação pupilar, nível de consciência,
função motora e sensorial). Manter a cabeça ereta e elevada ajuda na permeabilidade das vias aéreas e
minimiza o "stress" no local da cirurgia. Avalia-se o padrão respiratório, a pulsação e a pressão arterial.
A pressão arterial sistólica será mantida entre 120 e170mmHgpara garantir a perfusão cerebral. Pode
ocorrer obstrução das vias aéreas superiores devido ao engurgitamento do pescoço ou à formação de
hematoma localizado. Se ocorrer está hematoma é indicada aplicação de frio no local da incisão. É
necessário avaliar a função dos nervos cranianos: facial(VII), vago(X), acessório(XI) e hipoglosso(XII). Os
danos mais comuns são: paralisia das cordas vocais ou dificuldade no controle da saliva e desvio da
língua. Em geral, o dano é temporário, mas pode durar meses. Os danos mais comuns são: paralisia das
cordas vocais ou dificuldade no controle da saliva e desvio da língua. As complicações mais comuns da
cirurgia vascular são: a hemorragia e o choque, que podem resultar da cirurgia ou de uma lesão associada
à aorta, à veia cava ou a vasos próximos, inclusive artérias e veias ilíacas, renais ou lombares.
Cirurgia da Cabeça e Pescoço

Das cirurgias que envolvem a especialidade cabeça-pescoço, com indicação de assistência em UPO
são:

Tireoidectomia total: ressecção total da glândula tireoide, normalmente feita nos casos de câncer da
tireoide (SRPA).

Tireodectomia parcial: ressecção parcial da glândula tireoide.

Laringectomia: ressecção da laringe (SRPA)

Laringectomia total: retirada completa da laringe, cartilaginosa, do osso hioide e dos músculos em
fita inseridos na laringe e possível exerese do espaço pré -epiglótico junto com a lesão (SRPA).

Dissecção cervical radical: envolve a retirada de toda gordura subcutânea dos canais linfáticos e de
alguns dos músculos superficiais, de uma determinada região do pescoço (B e SRP).

Hemiglossectomia: remoção do segmento lateral da língua.

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Intervenções de Enfermagem

Os cuidados de enfermagem à pacientes com extensa cirurgia de cabeça e pescoço requerem um


intenso monitoramento de sinais vitais, gases sanguíneos e exames laboratoriais. É essencial nesta e
nas fases subsequentes atenção às necessidades de conforto, nutrição e comunicação. A obstrução das
vias aéreas é uma das mais sérias complicações no pós operatório. Sintomas de inquietação ou dispneia,
taquicardia e taquipnéia indicam que as vias aéreas estão obstruídas (dudas). Deve-se manter
nebulização continua para facilitar a respiração e fluidificação das secreções, realizar aspiração do
estoma, nariz e boca, com sondas maleáveis e não traumáticas.
Pode ser necessário ventilação mecânica, material de intubação deve estar preparado (tubo
orotraqueal ou cânula de traqueostomia) (cp62). A imobilização da cabeça e pescoço é essencial para
evitar a flexão e hiperextensão do pescoço, com resultante tensão e edema na linha de sutura. O paciente
deve ser posicionado em semi-fowler baixa, com a cabeça elevada cerca de 30 graus. Esta posição
promove a drenagem das secreções, reduz o edema, evita a compressão nas linhas de sutura e facilita
as respirações. Mobilizar, estimular a tosse e respiração profunda são essenciais para evitar atelectasias
e pneumonia hipostática (cp62) e (RPA). Geralmente a drenagem do estoma da traquestomia é mínima.
O curativo fica sujo devido as secreções e sudorese. O mesmo deve ser trocado sempre que necessário
e a pele mantida limpa e seca para evitar maceração e infecção. Apele ao redor do estoma deve ser limpa
com soro fisiológico e solução antisséptica. As bordas da traqueostomia protegidas com gazes dobradas.
Afixação da cânula de traqueostomia deve ser suficiente para assegurar uma tensão adequada e evitar
deslocamento ou saída acidental, que pode resultar em complicações agudas das vias aéreas.
A assistência de enfermagem no pós-operatório imediato é de fundamental importância dentro do
contexto do atendimento multidisciplinar ao paciente grave. Evidentemente, além dos cuidados de
enfermagem que visam promover o conforto e o bem estar do paciente, o profissional nesta unidade deve
ter amplo conhecimento das alterações fisiológicas induzidas pelo ato cirúrgico, estando apto a detectar
precocemente alterações que possam comprometer a evolução deste, comunicando e discutindo o
quadro clínico com a equipe multidisciplinar, para que ações imediatas possam ser tomadas.

Assistência de enfermagem pré-cirúrgica geral: abrange o preparo sócio-psíquico-espiritual e o


preparo físico.

Preparo sócio-psíquico-espiritual:
- Providenciar a assinatura do termo de responsabilidade, autorizando o hospital a realizar o
procedimento;
- Explicar aos familiares sobre a cirurgia proposta, como o paciente retornará da sala operatória e a
importância em apoiá-lo nesse período;
- Explicar ao paciente sobre a cirurgia, o tipo de anestesia, e os exames que porventura forem
necessários, salientar a importância de sua colaboração durante os procedimentos;
- Tranquilizá-lo em caso de ansiedade, medo do desconhecido e de destruição da autoimagem, ouvir
atentamente seu discurso, dar importância às queixas e seus relatos;
- Explicar as condições que irá retornar do centro cirúrgico (se acordado, com ou sem gesso, etc.) e
assegurar que terá sempre um profissional da enfermagem para atendê-lo;
- Promover o entrosamento do paciente com o ambiente hospitalar, esclarecer sobre normas e rotinas
do local, e proporcionar um ambiente calmo e tranquilo e - Providenciar ou dar assistência religiosa, caso
seja solicitada.

Preparo Físico:

- Realizar a consulta de enfermagem, atentando para as condições que podem atuar negativamente
na cirurgia e reforçando as positivas;
- Providenciar e/ou preparar o paciente para exames laboratoriais e outros exames auxiliares no
diagnóstico;
- Iniciar o jejum após o jantar ou ceia;
- Verificar sinais vitais, notificar ao médico responsável se ocorreram sinais ou sintomas de
anormalidade ou alteração dos sinais vitais;
- Encaminhar ao banho para promover higiene, trocar de roupa, cortar as unhas e mantê-las limpas e
fazer a barba;
- Administrar medicação pré-anestésica, se prescrita;

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- Realizar a tricotomia do membro a ser operado, lavar com água e sabão, passar antisséptico local e
enfaixar (se necessário) com bandagens estéreis;
- Remover próteses, joias, lentes de contato ou óculos, prendedores de cabelo e roupas íntimas;
- Promover esvaziamento vesical, colocar roupa cirúrgica apropriada (camisola, toucas), transportá-lo
na maca até o centro cirúrgico com prontuário e exames realizados (inclusive Raios-X).

Assistência pré-cirúrgica específica de mão, membro superior e pé:

- Exame físico minucioso, atentando para a qualidade e integridade da pele (deverá estar hidratada e
lubrificada);
- Observar sinais de infecção, inflamação, alergias ou reações hansênicas;
- Se houver lesões abertas, promover limpeza com solução fisiológica ou água e sabão e ocluir com
gaze e atadura de crepe.
- Observar perfusão periférica do membro a ser operado;
- No caso de cirurgia com enxerto, a pele da região doadora deverá estar hidratada e lubrificada.

Este procedimento inicia-se alguns dias antes, sendo que, horas antes da cirurgia, realizar a tricotomia
e limpeza da pele. Durante o período trans-cirúrgico, o quarto do paciente deverá estar pronto para
recebê-lo, equipado com materiais suficientes como: suporte de soro e bomba de infusão, travesseiros
para elevação do membro operado, cobertores, comadre ou papagaio, esfigmo e manômetro,
termômetro, e demais equipamentos necessários.

Assistência pós-cirúrgica geral:

O período se estende-se desde do momento em que o paciente deixa a sala de cirurgia até a última
visita de acompanhamento com o cirurgião. Tendo após as fases do cuidados pós-anestésicos sendo a:
1. A fase I da URPA: usada durante a fase de recuperação imediata.
2. A fase II: é reservada para os pacientes que precisam de observação menos frequentes e menos
cuidados de enfermagem

Tratamento de enfermagem na URPA (unidade de recuperação pós anestésica)


1. Avaliando o Paciente,
2. Mantendo Via Aérea Permeável,
3. Mantendo a Estabilidade Cardiovascular
4. Aliviando a Dor e Ansiedade
5. Controlando Náuseas e Vômito
6. Determinado a Aptidão para alta da URPA
Fonte: www.ebah.com.br

Em seguida o paciente é encaminhado à enfermaria. Esta assistência tem como objetivo detectar e
prevenir a instalação de complicações pós-operatória e consequentemente obter urna rápida
recuperação. A assistência pós-cirúrgica consiste em:
- Transferir o paciente da maca para a cama, posicioná-lo de acordo com o tipo de cirurgia a que foi
submetido e com o membro operado elevado;
- Aquecê-lo, se necessário;
- Manter a função respiratória;
- Observar nível de consciência, estado geral, quadro de agitação e outros comprometimentos
neurológicos;
- Verificar anormalidades no curativo, como: secreção e presença de sangramento;
- Observar o funcionamento de sondas, drenos, cateteres e conectá-los às extensões;
- Controlar e anotar sinais vitais, bem como gotejamento de soro, sangue ou derivados;
- Verificar anotações do centro cirúrgico) e executar a prescrição médica;
- Promover conforto e segurança através de meio ambiente adequado, uso de grades na cansa,
imobilização de mãos (se agitado);
- Observar funcionamento e controlar, quando necessário, os líquidos eliminados por sondas, drenos,
etc;
- Realizar mudança de decúbito de acordo com a evolução clínica;
- Forçar ingesta líquida e sólida assim que a dieta for liberada;

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- Promover movimentação ativa, passiva e de ambulação precoces se forem permitidas e houver
condições físicas;
- Trocar curativos;
- Orientar paciente e a família para a alta, quanto à importância do retomo médico para controle e
cuidados a serem dispensados no domicílio como gesso, repouso, limpeza adequada;
- Proporcionar recreação, por exemplo, revistas e TV.

Assistência Pós-cirúrgica específica para o membro superior:

- Posicionar o membro operado em elevação, entre 60 e 90 graus, apoiados em travesseiros, quando


estiver em decúbito horizontal e, ao deambular, mantê-lo corar tipoia e mão elevada acima do tórax;
- Observar edema, palidez, cianose ou alteração da temperatura em extremidades das mãos;
- Realizar limpeza dos artelhos, secando bem os espaços interdigitais;
- Realizar curativos a cada dois dias em incisão cirúrgica: limpeza com solução fisiológica a 0,9%,
aplicação tópica de rifocina spray e oclusão com gaze e atadura. No caso de cirurgia de enxerto cutâneo,
a frequência da troca do curativo da área doadora será estabelecida conforme a necessidade, isto é,
quando houver extravasamento de secreção, que varia em torno de dois a cinco dias. O da área receptora
será realizado pelo médico responsável, geralmente após cinco dias, conforme seu critério, utilizando-se
algum produto não aderente;
- Estando com tala gessada ou somente enfaixado, retirar a tala ou faixa para curativos, tomando o
cuidado de manter o mesmo alinhamento do membro superior e mão durante o procedimento e recolocar
a tala ou a bandagem, obedecendo-se a ordem de início da região distal para a proximal;
- Movimentar passivamente e delicadamente as articulações não gessadas;
- Caso esteja com aparelho gessado, mantê-lo limpo; não molhá-lo (durante o banho, protegê-lo com
material plástico, um sanito, por exemplo, e orientá-lo a não deixar entrar água pelo bordo superior);
observar sinais de garroteamento como edema e palidez ou gesso apertado; ausência ou diminuição da
sensibilidade ou motricidade, sinais de hemorragia como presença de sangramento no aparelho gessado
e odor desagradável;
- Orientar o paciente a não introduzir objetos em caso de prurido e não retirar algodão do gesso

Assistência Pós-cirúrgica específica para os membros inferiores:

- Realizar cuidados acima citados;


- Manter repouso absoluto do membro inferior e posicionamento elevado, geralmente acima do nível
do corpo. Ao encaminhá-lo ao banho ou para deambulação, andar com apoio ou cadeiras adequadas;
- Se o membro estiver gessado e com salto, aguardar a secagem adequada e a liberação para a
deambulação, conforme orientação médica, alternando a deambulação e o repouso com elevação do
membro inferior gessado. Caso o aparelho gessado não contenha salto, isso é indicativo de que a
deambulação é proibida;
- Não fletir o membro durante a secagem do gesso;
- Proceder a retirada de pontos cirúrgicos entre sete a dez dias ou depois da retirada do aparelho
gessado.

Assistência Pós-cirúrgica especifica em amputação de membro inferior:

- Promover o alívio da dor se houver;


- Os amputados experimentam com frequência dor fantasma ou sensação fantasma. Tais sensações
são reais e devem ser aceitas pelo paciente e pelas pessoas que lhe prestam assistência.
- Apesar da amputação ser uni procedimento de reconstrução, a mesma altera a imagem corporal do
paciente. O enfermeiro deverá estabelecer uma relação de confiança, com a qual encorajará o paciente
a olhar, sentir e a cuidar do membro residual, tornando-o apto e participante ativo no autocuidado;
- Observar sinais de secreções hemáticas em incisão cirúrgicas, coloração, temperatura e aspecto da
cicatrização;
- Evitar o edema enfaixando-o sem compressão exagerada e não deixar o membro residual pendurado.
A pressão excessiva sobre o membro residual deve ser evitada, pois pode comprometer a cicatrização
da incisão cirúrgica;
- O membro residual não deverá ser apoiado sobre o travesseiro, o que pode resultarem contratura e
flexão do quadril. Uma contratura da próxima articulação acima da amputação constitui complicação
frequente. De acordo com a preferência do cirurgião, o membro residual poderá ser posicionado em

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extensão ou elevação por curto período de tempo após a cirurgia. Deve-se desestimular a posição
sentada por períodos prolongados para evitar as contraturas em flexão de quadril e de joelho;
- Estimular e ajudar nos exercícios precoces de amplitude. O paciente pode utilizar um trapézio acima
da cabeça ou um lençol amarrado na cabeceira do leito para ajudar a mudá-lo de posição e fortalecer o
bíceps. Solicitar orientação ao serviço de fisioterapia sobre a adequação dos exercícios ao paciente.

Política da Sistematização da Assistência de Enfermagem em Clínica Cirúrgica

É a política que explica os princípios e as práticas adotadas pela equipe de enfermagem para o
desenvolvimento do cuidado ao cliente e família em todas as unidades assistenciais do hospital. Ela serve
para direcionar o grupo na definição das bases teórico-conceitual; na divisão do trabalho, na padronização
de métodos e instrumentos de registros; no estabelecimento de regras e normas para a sistematização
da assistência.
Na CLÍNICA CIRÚRGICA a sistematização está estruturada para atender o adulto, idoso e família.

Objetivo: organizar e direcionar os trabalhos da equipe de enfermagem para o desenvolvimento do


cuidado terapêutico com qualidade ao adulto, idoso, com a participação do acompanhante / família.

Princípios que orientam as ações da equipe na assistência ao adulto e idoso.


- A sistematização faz parte do processo de enfermagem pois ela serve para determinar a forma como
as ações devem acontecer para a realização do cuidado ao cliente e família.
- Todo modelo de sistematização da assistência é construído com base em princípios teórico-
conceitual que serve para explicar e direcionar as ações do grupo no desenvolvimento do cuidado.
- O cliente e seu familiar, constituem o foco principal das ações assistenciais da equipe de enfermagem
na clínica médica e semi-intensivo.

Ações para efetivar a sistematização da assistência ao adulto e idoso


- Definir recursos humanos e materiais; bases conceitual; os métodos e instrumentos; as normas e
rotinas para a organização do trabalho na clínica cirúrgica.
- Preparar a equipe para desenvolver a sistematização com competência e qualidade.
- Aplicar e avaliar, sistematicamente os resultados da assistência prestada, por meio de auditoria.

Política da qualidade na assistência de enfermagem


A política de qualidade explica os princípios e as práticas adotadas pela equipe de enfermagem,
visando assegurar a qualidade da assistência prestada ao cliente e família.
Na CLÍNICA CIRÚRGICA a qualidade na assistência tem como:

- Objetivo: manter alto padrão de qualidade na assistência prestada ao adulto, idoso e família.

Princípios que orientam as ações da equipe de enfermagem adulto e idoso.


- O adulto, idoso e família constituem o foco principal das ações da equipe de enfermagem.
- Promoção da saúde é trabalhado tanto quanto a manutenção, recuperação e reabilitação da saúde
do adulto e idoso durante sua internação e até mesmo morte digna.
- Cuidado com qualidade, seguro e livre de riscos para o adulto, idoso e família.
- Educação em saúde são fundamentais para o cuidado com qualidade.

- Ações proposta para alcançar a qualidade


- Desenvolver o trabalho assistencial articulado, pensado e planejado com as demais áreas de apoio
da enfermagem e do hospital como um todo.
- Padronizar normas, rotinas e procedimentos de enfermagem, de modo a assegurar a qualidade na
prestação da assistência em todos os horários
- Desenvolver a assistência de forma humanizada, sistemática, fundamentada em base teórica e
organizada em métodos e técnicas padronizadas.
- Realizar e avaliar sistematicamente os registros da assistência prestada ao adulto, idoso e família.
- Aplicar métodos para avaliação da qualidade da assistência de enfermagem do ponto de vista do
cliente e família.
- Buscar e avaliar os benefícios dos programas e das políticas públicas de saúde para a promoção da
qualidade na assistência ao adulto, idoso e família.

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Política de humanização da assistência
A política de humanização especifica ações globais a serem realizadas pela equipe de enfermagem
para promover a humanização do processo assistencial aos clientes e familiar.
Na CLÍNICA CIRÚRGICA ela está voltada para o adulto, idoso e família.

Objetivos:
- Tornar o ambiente hospitalar agradável e acolhedor para o adulto, idoso e família.
- Adotar tecnologias que promovam a realização de procedimentos de forma segura e de qualidade.

Princípios que orientam:


- O adulto, idoso e familiar são focos principais no planejamento da assistência.
- O respeito e a ética nas relações interpessoais são fundamentais na conduta da equipe
- A estrutura física e de equipamentos devem atender as necessidades da clientela e dos trabalhadores
de saúde de forma a promover a segurança e a qualidade em bases técnica e científica.
- O direito à informação deve ser assegurado ao adulto, idoso e família
- A gestão dos serviços deve favorecer à participação da equipe, estimulando a co-responsabilização
pelo processo.

Ações propostas para alcançar a humanização:


- Divulgar e tornar acessível o código de ética profissional e dos direitos do paciente
- Estimular e participar de inciativas de humanização do processo assistencial desencadeados ou
coordenados pela Comissão de Humanização do Hospital.
- Oferecer oportunidade ao adulto, idoso e familiar para expressar suas dúvidas e opiniões visando
minimizar a ansiedade e os medos.
- Preparar o adulto, idoso e familiar/acompanhante antes da realização de procedimentos. Usar
linguagem adequada e simples e dar informações verdadeiras como no caso de procedimentos dolorosos.
- Desenvolver ações educativas e terapêuticas de apoio ao cliente cirúrgico junto ao familiar.

Política da integração ensino-serviço de enfermagem


A política de integração ensino-serviço tem suas bases nas diretrizes da integração docente-
assistencial, que considerava elemento importante para a qualificação do profissional a ser formado e
também, para a melhoria da qualidade da assistência prestada. No hospital, ela se efetiva através de
ações globais realizadas pelos professores e estudantes de enfermagem juntamente com a equipe de
enfermagem.
Na CLÍNICA CIRÚRGICA ela está dirigida a equipe de enfermagem, aos professores e alunos que,
em determinado momento, desenvolvem ações conjuntas voltadas para a promoção do cuidado
terapêutico ao adulto, idoso e familiar.

Objetivos:
- Definir papéis entre a equipe de enfermagem, docentes e alunos visando tornar o trabalho agradável
e acolhedor para o adulto, idoso e familiar.
- Proporcionar à equipe de enfermagem, docentes e alunos, oportunidades para refletirem sobre a
qualidade da assistência prestada.
- Favorecer o desenvolvimento do ensino de enfermagem (pós-graduação, graduação e nível médio)
proporcionando aos alunos, condições de refletirem sobre a aplicação do conhecimento no campo prático,
com a participação da equipe de enfermagem.

Princípios que orientam a integração ensino-serviço:


- O cuidado de enfermagem ao adulto e idoso precisa ser constantemente avaliado e as ações de
integração ensino-serviço contribuem para a qualificação dos profissionais no contexto da prática.
- As ações de integração ensino-serviço possibilitam a efetivação no campo da prática da Missão,
Visão e Valores preconizadas no hospital e na enfermagem.

Ações propostas para a integração ensino-serviço:


- Definir normas e rotinas relacionadas a integração ensino-serviço.
- Instituir reuniões de estudo clínico envolvendo a enfermagem, alunos e professores
- Desenvolver ações integradas ensino-serviço visando melhorias na qualidade da assistência
prestada ao adulto, idoso e familiar.

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Política de recursos materiais
A política de Recursos Materiais da Gerência de Enfermagem tem como finalidade garantir qualidade
quantitativamente os materiais necessários para o desenvolvimento do processo de trabalho em
enfermagem, na perspectiva de uma assistência científica, participativa e humanizada, buscando integrar
as potencialidades individuais e coletivas daquele que presta o cuidado como daquele que o recebe.
Na CLÍNICA CIRÚRGICA ela deve atender as necessidades da equipe de enfermagem, professores
e alunos de enfermagem, no atendimento ao adulto, idoso e família promovendo condições favoráveis
para o trabalho com qualidade e segurança.

Objetivo:
- Garantir qualidade quantitativamente, materiais, equipamentos e mobiliários necessários para o
desenvolvimento do processo de enfermagem ao adulto, idoso e família, na perspectiva de uma
assistência científica, participativa e humanizada.

Princípio que orienta a política de recursos de materiais:


- A qualidade e disponibilidade de recursos materiais, equipamentos e mobiliários são fundamentais
para o desenvolvimento do trabalho de enfermagem com segurança e qualidade.

As ações propostas para a política de recursos materiais na unidade:


- Prever e prover a unidade de materiais, equipamentos e mobiliários necessários para o
desenvolvimento do cuidado de enfermagem ao adulto, idoso e acompanhante.
- Monitorar e avaliar a qualidade dos materiais e notificar a Gerencia de Risco aqueles que
apresentarem problemas.
- Levantar e ajustar as necessidades de materiais para a assistência no setor de forma a atender às
exigências preconizadas em Portarias Ministeriais.
- Avaliar as demandas de materiais a partir do perfil dos diagnósticos de enfermagem mais frequentes.
- Avaliar, sistematicamente, a integridade e funcionalidade dos recursos materiais e encaminhar a
Diretoria de
Instrumentação e Informática aqueles que precisarem de reparos
- Conhecer e acompanhar o programa de manutenção preventiva dos recursos materiais da Diretoria
de Instrumentação e Informática.

Política de educação permanente em enfermagem


A política de educação permanente em enfermagem apóia-se na proposta de Educação Permanente
em Saúde do Ministério da Saúde (BRASIL, 2004). Ela visa capacitar os trabalhadores de enfermagem
para alcançar melhor desempenho e qualidade na assistência de enfermagem.
Na CLÍNICA CIRÚRGICA ela deve atendes às necessidades da equipe para o atendimento ao adulto,
idoso e família.

Objetivos:
- Estimular a equipe a pensar sua prática, oferecendo meios para estudo e reflexão, visando
transformá-la.
- Instrumentalizar os profissionais de enfermagem para atuar em conformidade aos princípios
(universalidade, integralidade, equidade) e diretrizes (descentralização e municipalização) do Sistema
único de Saúde.
- Compartilhar práticas e saberes de modo a permitir, a equipe, o embasamento, autonomia e a
segurança no desempenho de seu trabalho
- Promover a integração de programas, ações, condutas e protocolos a serem desenvolvidos pelos
trabalhadores de enfermagem do hospital com a rede de atendimento à saúde;
- Favorecer a integração ensino e serviço;
- Melhorar a qualidade do cuidado prestado ao adulto, idoso e família.

Princípio básico que orienta a política de educação permanente em enfermagem:


- O desenvolvimento de pessoas deve considerar o seu potencial e a sua capacitação para atuar como
sujeitos multiplicadores de ações impactantes nos contextos da assistência de enfermagem, induzindo
os trabalhadores de enfermagem a recriarem e reorganizarem os processos de trabalho para a
institucionalização de novas práticas de cuidado.

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Ações propostas para efetivar a política de educação permanente em enfermagem:
- Identificar necessidades de capacitação da equipe de enfermagem;
- Criar mecanismos para o desenvolvimento de ações educativas por meio de práticas pedagógicas
que possibilitem ao trabalhador recriar e reorganizar o trabalho de forma efetiva.

Questões

01. O enfermeiro gestor de insumos deverá ter conhecimento da área hospitalar, onde há maior
necessidade de controle adequado e responsável dos insumos. Em qual setor do hospital se concentra a
maior quantidade de materiais médico-hospitalares ou correlatos?
(A) Unidade de terapia intensiva.
(B) Pronto-socorro.
(C) Ala de pediatria.
(D) Centro cirúrgico.
(E) Ambulatório.

02. A colostomia é um procedimento cirúrgico que objetiva promover a

(A) diminuição da hipertensão portal.


(B) reinserção dos órgãos abdominais.
(C) nutrição enteral diretamente no jejuno.
(D) correção do colédoco.
(E) drenagem fecal proveniente do intestino grosso.

03. O período transoperatório compreende desde o momento em que o paciente é recebido na unidade
do centro cirúrgico até a sua saída da sala de operações.
( ) Certo ( ) Errado

04. O posicionamento inadequado da placa de bisturi no ato cirúrgico é considerado um ato de


negligência da equipe de enfermagem.
( ) Certo ( ) Errado

05. Segundo o Protocolo para Cirurgia Segura, após o término da cirurgia e antes do paciente deixar
a sala de cirurgia deve-se:
(A) confirmar visualmente o sítio cirúrgico correto e sua demarcação.
(B) revisar verbalmente com a anestesiologista o histórico de reação alérgica.
(C) confirmar a assinatura do consentimento para cirurgia.
(D) verificar a correta contagem de instrumentais, compressas e agulhas.
(E) verificar se os exames de imagem foram necessários para a cirurgia.

06. A respeito da assistência de enfermagem ao paciente cirúrgico, julgue os itens seguintes.


Um dos principais cuidados de enfermagem na sala de recuperação pós-anestésica é a hipertensão,
que resulta de perda de sangue, hipoventilação, acúmulo de sangue nas extremidades ou efeito dos
analgésicos.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.D / 02.E / 03.Certo / 04.Certo / 05.D / 06.Errado

Comentários

01. Resposta: D
A maior concentração e variedade de materiais médico-hospitalares, também conhecidos como
correlatos, ou médico-cirúrgicos, está estocada no centro cirúrgico.

02. Resposta: E
Colostomia: abertura do colón através da parede abdominal afim de desviar o transito intestinal.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
03. Resposta: Certo
Esta fase tem início quando o cliente entra na unidade do Centro Cirúrgico até sua admissão na sala
de recuperação pós-anestésica (SRPA). E nesta fase que ocorre o ato cirúrgico e toda a preparação que
ele envolve.

04. Resposta: Certo


NEGLIGÊNCIA
Falta de atenção ou cuidado - Inobservância de deveres e obrigações.

05. Resposta: D
Conferência de instrumentos cirúrgicos, compressas e agulhas: a checagem e contagem correta
devem ser confirmadas pelo instrumentador e circulante de sala, em voz alta. Atenção especial deve ser
dada às cirurgias de cavidade aberta. Na falta de algum item, checar lixos, campos, hamper e cavidade
cirúrgica, se necessário. Solicitar exames de imagem.

06. Resposta: Errado


O correto é Hipotensão.

Reanimação cardio-pulmonar. Manejo de drogas vasoativas.

SUPORTE BÁSICO E AVANÇADO DE VIDA – DIRETRIZES DE 2015.45

Suporte básico de vida

Conforme Brunner & Suddarth, a parada cardiorrespiratória corresponde a uma interrupção súbita e
inesperada da atividade mecânica ventricular útil e insuficiente para manter o débito cardíaco, ou seja, o
coração para de produzir pulso e circulação sanguínea efetiva. Podendo ser causada por evento elétrico
cardíaco como frequência rápida (Taquicardia ventricular ou fibrilação ventricular), frequência lenta
(bradicardia ou bloqueio átrio ventricular) ou por ausência total de frequência (Assistolia).
O suporte básico de vida (SBV) constitui como uma sequência de etapas do socorro a vítima em
situação eminente de risco a vida, geralmente seu atendimento é realizado fora do ambiente hospitalar
sem a realização de manobras invasivas, já o Suporte avançado de vida (SAV) em princípio é parecido,
porém realizam-se procedimentos invasivos de suporte ventilatório e circulatório (FERREIRA; GARCIA).
A realização de manobras executadas tanto no SBV como as de SAV requer uma equipe bem treinada,
pois na parada cardiorrespiratória exige ações rápidas e eficazes, assim sendo melhor executadas em
equipe do que individualmente (LIMA)
É relevante que todo profissional de saúde saiba o que fazer quando se deparar com um paciente em
uma parada cardiorrespiratória. Geralmente as instituições e equipes de saúde têm diretrizes e protocolos
definidos para ativar a equipe em caso de ressuscitação, mas é claro que independentemente do local
onde esteja às metas de ressuscitação realizadas pela equipe devem ser as mesmas, constituindo em
restaurar espontaneamente a respiração e a circulação preservando as funções e os órgãos vitais durante
todo o procedimento.
É preciso definir e diferenciar o que vem a ser então uma situação de urgência ou emergência.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (Resolução CFM nº 1451/95), “define-se por urgência a
ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de
assistência médica imediata.” Já o conceito de emergência é entendido como “a constatação médica de
condições de agravo à saúde que impliquem em risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo,
portanto, tratamento médico imediato.” De forma mais objetiva, a urgência é uma situação onde não existe
risco imediato à vida (ou risco de morte). O atendimento requer rapidez, mas o paciente pode aguardar
tratamento definitivo e solução em curto prazo (algumas literaturas se referem a um prazo de até 24
horas). A emergência geralmente implica estarmos diante de uma situação de aparecimento súbito e
imprevisto, grave, crítica e que exige ação imediata, pois a ameaça à vida é grande.

45
http://www.efdeportes.com/efd181/diretrizes-de-ressuscitacao-cardiopulmonar-rcp.htm

. 434
1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Como o próprio nome diz, o serviço de Atendimento Pré-hospitalar (APH) envolve todas as ações
efetuadas com o paciente, antes da chegada dele ao ambiente hospitalar. Compreende, portanto, três
etapas:
1. Assistência ao paciente na cena (no local da ocorrência);
2. Transporte do paciente até o hospital;
3. Chegada do paciente ao hospital.

O APH divide-se, ainda, basicamente em duas modalidades de atendimento:


- Suporte Básico à Vida (SBV): caracteriza-se por não realizar manobras invasivas.
- Suporte Avançado à Vida (SAV):caracteriza-se pela realização de procedimentos invasivos de
suporte ventilatório e circulatório, como, por exemplo, a intubação orotraqueal, acesso venoso e
administração de medicamentos. Geralmente, o suporte avançado é prestado por equipe composta por
médico e enfermeiro.

O APH tem como objetivos específicos preservar as condições vitais e transportar a vítima sem causar
traumas iatrogênicos durante sua abordagem, como, por exemplo, danos ocorridos durante manipulação
e remoção inadequada (do interior de ferragens, escombros etc.). O socorrista deve ter como princípio
básico evitar o agravamento das lesões e procurar estabilizar as funções ventilatórias e hemodinâmicas
do paciente.
As condições essenciais para que esses objetivos sejam alcançados são: pessoal qualificado e
devidamente treinado; veículos de transporte apropriados e equipados, sendo inclusive dotados de meio
de comunicação direta com o centro que receberá a vítima e hospitais de referência estrategicamente
localizados, com infraestrutura material e recursos humanos adequados.
Uma atenção pré-hospitalar qualificada é de suma importância para que a vítima chegue viva ao
hospital. Nos locais onde esse sistema é inadequado, a mortalidade hospitalar por trauma, por exemplo,
é baixa, porque os pacientes graves morrem no local do acidente, ou durante o transporte.
A prioridade de atendimento é determinada basicamente pela gravidade da vítima, ou seja, serão
socorridas e atendidas primeiramente aquelas que se encontram sujeitas a maior risco de morte, pois o
objetivo principal do primeiro socorro é a preservação da vida. O socorrista deverá seguir uma sequência
padronizada e executar as medidas de socorro conforme for identificando as lesões da vítima

RCP de Alta Qualidade


A ênfase no Suporte Básico de Vida (BLS – Basic Life Suport) nas Diretrizes 2015 continua na
qualidade da massagem cardíaca. Portanto, uma RCP de qualidade significa comprimir o tórax na
frequência e profundidade adequadas, permitir o retorno do tórax a cada compressão, minimizar
interrupções nas compressões e evitar ventilação excessiva. As novas recomendações ficaram descritas
assim:
-Houve modificação nas compressões torácicas, que agora devem ser feitas em uma frequência de
100 a 120 /min;
-Também foi mudada a profundidade da compressão torácica em um adulto médio, que deve ser em
torno de 5cm, evitando ultrapassar 6cm;
-Para garantir o retorno do tórax após cada compressão o socorrista não deve apoiar-se no tórax entre
as compressões;
-A meta em termos de minimizar as interrupções é garantir que as compressões torácicas ocorram em
ao menos 60% do tempo da RCP. Isso significa evitar interromper as compressões por mais de 10
segundos;
-Para minimizar ventilações excessivas, uma vez colocada a via aérea avançada, a proporção de
ventilações foi simplificada para 10 respirações por minuto (uma ventilação a cada seis segundos).

Suporte Básico de Vida para Adultos – Socorrista Leigo


-Foi reforçada a recomendação para que exista disponibilidade de desfibrilador (DEA) em locais
públicos com grande probabilidade de ocorrer uma PCR presenciada (aeroportos, instalações esportivas,
espaços de espetáculos, etc);
-Para ajudar o leigo a reconhecer uma PCR (e iniciar o atendimento), bastam apenas os seguintes
critérios: a vítima não ter resposta, ou não respirar, ou ter uma respiração anormal (gasping). O
treinamento do leigo deve ser para reconhecer esses padrões, sem precisar checar pulso. Para um leigo
não treinado, ele pode ser orientado facilmente por telefone;
-O algoritmo foi modificado para que o socorrista ative o Serviço Médico de Emergência sem sair do
lado da vítima (usando celular);

. 435
1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
-Tendo reconhecido a PCR, o socorrista leigo que não tiver treinamento deve realizar apenas
compressões torácicas até a chegada de um DEA ou de outros socorristas treinados, ou ainda até que a
vítima começa a se movimentar espontaneamente;
-A orientação para o leigo não treinado é: “comprimir com força e rapidez no centro do tórax”;
-Para o leigo treinado, foi reforçada a sequência C – A – B para atendimento (circulation – airway –
breathing). Portanto o socorrista deve começar pelas compressões torácicas antes de realizar abertura
de vias aéreas e ventilações. A proporção permanece de 30 compressões para 2 ventilações;
-Foi acrescentada a possibilidade de administrar naloxona intramuscular ou intranasal em casos de
suspeita de intoxicação por opióides nas quais o paciente tenha ausência de resposta ou respiração
anormal. Isso só poderá ser feito por socorristas leigos treinados ou profissionais de saúde.

Suporte Básico de Vida para Adultos – Profissional de Saúde


-Para identificar a PCR, o profissional treinado pode checar a respiração e o pulso ao mesmo tempo
para minimizar o tempo para o início das compressões torácicas;
-Identificada a PCR e estando sozinho, usar o celular para acionar o Serviço Médico de Emergência e
obter um DEA antes de iniciar a RCP. Não estando sozinho, pedir para alguém fazer isso enquanto se
inicia a RCP;
-A nova recomendação é para utilizar o DEA assim que ele estiver disponível, o que significa
interromper as compressões torácicas e desfibrilar o paciente;
-Quando o Serviço Médico de Emergência assumir pode ser feita uma estratégia de 3 ciclos de 200
compressões contínuas com choques interpostos, enquanto se usa apenas insuflação de oxigênio
passiva.

PCR durante a gravidez: Administração de RCP


As prioridades para as mulheres grávidas em PCR são a administração de RCP de alta qualidade e o
alívio da compressão aortocava. Se a altura do fundo for igual ou superior ao nível do umbigo, o
deslocamento manual do útero para a esquerda pode ser benéfico para o alívio da compressão aortocava
durante as compressões torácicas.

Suporte Básico de Vida em Pediatria

Os destaques das novas diretrizes em pediatria são:


-O algoritmo foi modificado para que o socorrista ative o Serviço Médico de Emergência sem sair do
lado da vítima (usando celular). Essa deve ser a primeira atitude em uma PCR presenciada, para só
depois iniciar a RCP. Se a PCR não tiver sido presenciada, deve-se aplicar 2 minutos de RCP, para só
depois pedir ajuda e providenciar um DEA;
-Foi confirmada a sequência de atendimento C – A – B (circulation – airway – breathing) para RCP em
pediatria para dar ênfase na massagem cardíaca inicialmente (Classe IIb, Nível C-EO);
-Houve modificação nas compressões torácicas, que agora devem ser feitas em uma frequência de
100 a 120 /min (assim como em adultos) (Classe IIa, Nível C-EO);
-Recomenda-se que profundidade da compressão torácica em uma criança seja de 5cm e em bebês
(exceto recém-nascidos) seja de 4cm. Para adolescentes seguir a mesma recomendação de RCP em
adultos (Classe IIa, Nível C-LD);
-Para crianças a RCP deve ser feita com massagem cardíaca e ventilações, diferentemente nos
adultos, onde não há essa ênfase. A proporção é de 30:2 (compressões: ventilação) se houver apenas 1
socorrista. Caso haja dois ou mais socorristas, a proporção passa a ser de 15:2 (massagem: ventilação);
-A nova recomendação é para utilizar o DEA assim que ele estiver disponível, o que significa
interromper as compressões torácicas para que o DEA verifique o ritmo e dê o choque se necessário.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Algorítimo em PCR em pediatria para os profissionais da Saúde Atualização de 2015.

Suporte Avançado de Vida – Diretrizes 201546

As principais mudanças destacadas nas diretrizes de 2015 do ACLS são as recomendações sobre o
prognóstico durante a RCP com base nas medições de CO2 exalado, o melhor momento para
administração de adrenalina em PCR por ritmo não chocável, e a possibilidade de utilizar uma
combinação de corticoide, vasopressina e adrenalina para tratamento de PCR intra-hospitalar. Uma
grande mudança foi o algoritmo ter suprimido o uso da vasopressina do ACLS, ao invés da antiga versão
onde ela era uma opção à epinefrina.

Suporte Avançado de Vida para Adultos

-A vasopressina foi retirada do algoritmo de suporte avançado de vida, para simplificar a conduta. Isso
foi feito porque não oferece vantagem em comparação à epinefrina (adrenalina) (Classe IIb, Nível B-R);
e também não se demonstrou benefício adicional quando as drogas são feitas de forma associada (Classe
IIb, Nível B-R);
-A epinefrina pode ser administrada assim que possível após início de uma PCR por ritmo não
chocável. Isso significa que não é necessário esperar nenhum momento em específico para se fazer a
primeira dose da medicação. Essa recomendação está baseada em melhores desfechos quando a
epinefrina é administrada precocemente na parada (Classe IIb, Nível C-LD);
-Uma vez que o tubo orotraqueal (ou outro dispositivo de via aérea avançado) esteja posicionado,
simplificou-se a realização de ventilação para 10 ciclos por minuto (1 respiração a cada 6 segundos)
(Classe IIb, Nível C-LD);

46
https://www.segurancadopaciente.com.br/central_conteudo/suporte-avancado-de-vida-acls-novas-diretrizes-2015/

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
-O uso da capnografia para monitorização da RCP já havia surgido como recomendação Classe I em
2010. Agora mais um item relacionado à capnografia é apontado. Em pacientes que estiverem intubados,
um ETCO2 que não ultrapassa 10mmHg na capnografia após 20 minutos de RCP está associado a uma
probabilidade muito baixa de ressuscitação. Sendo assim, este é um parâmetro objetivo a ser usado para
determinar o fim dos esforços da RCP (Classe IIb, Nível C-LD);
-Alguns estudos de menor qualidade sugerem a possibilidade do uso de RCP com circulação
extracorpórea em pacientes que não responderam à RCP convencional. Entretanto o custo dessa
intervenção é muito alto, e deve ficar reservado a locais com condições de implementar essa medida, e
em pacientes com potencial benefício, como aqueles que aguardam transplante cardíaco (Classe IIb,
Nível C-LD);
-Não há evidências fortes, porém pode-se utilizar a lidocaína após o retorno à circulação espontânea
em casos de PCR por FV/TVSP (Classe IIb, Nível C-LD);
-Outras medicações sem evidências fortes, mas que podem ser utilizadas pós PCR, são os beta-
bloqueadores. Eles podem ser considerados (VO ou IV) em casos de pacientes hospitalizados pós PCR
por FV/TVSP (Classe IIb, Nível C-LD);
-Uma nova recomendação, porém fraca, é o uso de corticoides na PCR intra-hospitalar (Classe IIb,
Nível C-LD). Nesses casos, baseado em um estudo randomizado, o que deve ser feito é uma combinação
de vasopressina 20 UI + adrenalina 1mg a cada 3 minutos, e no primeiro ciclo uma dose de
metilprednisolona 40mg. Após retorno à circulação espontânea o paciente ainda deve ser mantido com
hidrocortisona 300mg/dia por 7 dias (Classe IIb, Nível C-LD).

Cuidados Pós Parada.

Principais alterações feitas nas Recomendações pós PCR.


- Angiografia coronária de emergência à todos os pacientes que sofreram supradesnivelamento no
segmento ST e para pacientes hemodinâmica ou eletricamente instáveis, caso haja suspeita de lesão
cardiovascular.

As recomendações de controle direcionado de temperatura foram atualizadas com novas evidências


que sugerem ser aceitável uma faixa de temperatura que deve ser atingida no período pós-PCR. Todos
os pacientes adultos comatosos (ou seja, sem resposta sensata a comandos verbais) com RCE após a
PCR devem ser submetidos ao CDT (controle direcionado de temperatura), tendo como temperatura-alvo
entre 32 °C e 36 °C, mantida constantemente durante pelo menos 24 horas, a prevenção é considerada
benigna e, portanto, deve ser almejada.
- Constatou-se melhora no desfecho neurológico nos pacientes em que a hipotermia foi induzida. Um
recente estudo de alta qualidade comparou o controle da temperatura a 36 °C e a 33 °C, obtendo-se
desfechos semelhantes em ambos. Analisados em conjunto, os estudos iniciais sugerem que o CDT é
benéfico.
Atualmente, recomenda-se o prognóstico em um prazo superior a 72 horas após a conclusão do
controle direcionado de temperatura; nos casos em que não há esse tipo de controle, recomenda-se
avaliar o prognóstico em um prazo superior a 72 horas após a RCE.
Todos os pacientes que evoluírem para morte cerebral ou circulatória após a PCR inicial devem ser
considerados possíveis doadores de órgãos.

-É aconselhável evitar ativamente a febre em pacientes comatosos após o CDT.

-Não é recomendado o resfriamento pré-hospitalar rotineiro de pacientes com infusão rápida de fluidos
EV frios após a RCE.
-É aconselhável evitar e corrigir imediatamente a hipotensão (pressão arterial sistólica inferior a 90
mmHg, pressão arterial média inferior a 65 mmHg) durante os cuidados pós-PCR, enquanto a pressão
arterial sistólica superior a 100 mmHg está associada a uma melhor recuperação.

Prognóstico Pós PCR.


O período mínimo para avaliar o prognóstico de um desfecho neurológico ruim por meio de exame
clínico em pacientes não tratados com CDT é de 72 horas após a PCR, mas esse período pode ser ainda
maior após a PCR se houver suspeita de que o efeito residual da sedação ou paralisia possa confundir o
exame clínico, por isso é aconselhada a hipotermia, para assim determinar o desfecho.
Nenhuma constatação física ou exame pode prever, com 100% de certeza, a recuperação neurológica
após a PCR. Várias modalidades de exames utilizadas em conjunto para prever o desfecho após o

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
desaparecimento dos efeitos da hipotermia e dos medicamentos, provavelmente, fornecerão uma
previsão precisa do desfecho.

Achados clínicos úteis associados a mau prognóstico neurológico.


- Ausência de reflexo pupilar à luz, 72 horas ou mais após a PCR
- Presença de estado mioclônico (diferente de mioclonias isoladas) durante as primeiras 72 horas após
a PCR
- Ausência da onda cortical do potencial somatossensorial evocado N20, 72 horas após a PCR ou após
o reaquecimento.
- Presença de acentuada redução do relação cinza-branco em TC do cérebro obtida até 2 horas após
a PCR
- Ampla restrição da difusão na ressonância magnética cerebral no prazo de 2 a 6 dias após a PCR
- Ausência persistente de reatividade no EEG a estímulos externos,
72 horas após a PCR
•-Supressão dos surtos persistentes ou estado intratável de mal epiléptico no EEG após o
reaquecimento
Ausência de movimentos, a postura em extensão ou o estado mioclônico não devem ser usados
isoladamente para prever o resultado.
*Choque, temperatura, desordens metabólicas, sedativos anteriores ou bloqueadores
neuromusculares e outros fatores.

- Pacientes ressuscitados que evoluem para morte ou morte cerebral, devem ser avaliados como
possíveis doadores de órgãos. Pacientes que não obtêm a RCE (Resfriamento Extra corpóreo) e que, de
alguma forma, teriam a ressuscitação interrompida, podem ser considerados como possíveis doadores
de rim ou fígado em ambientes onde haja programas de rápida obtenção de órgãos.

Síndrome Coronária Aguda


A Atualização das Diretrizes de 2015 define uma alteração no escopo das diretrizes da AHA para a
avaliação e o tratamento da SCA. A partir desta atualização, as recomendações se limitarão às fases de
atendimento pré-hospitalares e no serviço de emergência. Os cuidados no ambiente hospitalar são
abordados nas diretrizes para o tratamento do infarto do miocárdio, publicadas conjuntamente pela AHA
e pela American College of Cardiology Foundation.

Exame de ECG e possível Interpretação.

O ECG pré-hospitalar de 12 derivações deve ser realizado imediatamente em pacientes com possível
SCA.
Profissionais treinados não médicos, podem fazer a interpretação do ECG para determinar se o traçado
mostra evidências de IAMST.
Pode-se usar a interpretação do ECG assistida por computador em conjunto com a interpretação por
um médico ou profissional treinado para reconhecer o IAMST (Infarto agudo do miocárdio com
supradesnivelamento ST)
O ECG de 12 derivações é um exame barato, de fácil execução, e pode rapidamente demonstrar as
evidências de supradesnivelamento agudo do ST. A preocupação de que a interpretação de ECGs, feita
por profissionais que não são médicos, possa levar a um sobrediagnóstico, com consequente uso
excessivo de recursos ou, por outro lado, a um subdiagnóstico, que possa provocar atraso no tratamento,
tem inibido a expansão dos programas de ECG para sistemas de SME.

Reperfusão.

Quando a fibrinólise pré-hospitalar estiver disponível nas unidades de tratamento do IAMST e for
possível fazer o transporte direto a um centro de ICP (Intervenção Coronariana Percutânea), deve-se dar
preferência à triagem pré-hospitalar e ao transporte direto ao centro de ICP, por haver uma pequena
relativa redução na incidência de hemorragia intracraniana. Não há, contudo, nenhuma evidência de
benefícios de uma terapia sobre a outra em termos de mortalidade.
A transferência direta para um hospital com capacidade de realizar ICP, em comparação com a
fibrinólise pré-hospitalar, não gera nenhuma diferença na mortalidade, mas gera uma pequena redução
relativa na incidência de hemorragia intracraniana. A ICP imediata, após o tratamento com fibrinólise, não

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proporciona nenhum benefício adicional, mas a angiografia de rotina, realizada nas primeiras 24 horas
após a fibrinólise, reduz a reincidência de infarto.
Situações especiais em Ressucitação.

Resumo dos principais pontos de discussão e alterações

- A experiência no tratamento de pacientes com suspeita ou diagnóstico de overdose de opioides tem


demonstrado que a naloxona pode ser administrada com aparente segurança e eficácia no contexto de
primeiros socorros e de SBV. Por esse motivo, recomenda-se agora a administração de naloxona por
socorristas leigos e profissionais de saúde. Um treinamento simplificado já é oferecido. Além disso, é
fornecido um novo algoritmo para o tratamento de vítimas que não respondem e que apresentam suspeita
de overdose de opioides.
- Em pacientes com suspeita ou diagnóstico de overdose de opioides que tenham pulso presente, mas
sem respiração normal ou somente com gasping (ou seja, uma parada respiratória), além de prestar os
cuidados convencionais, os socorristas adequadamente treinados devem administrar naloxona IM ou IN
em pacientes com emergência respiratória associada a opioides
- Pode-se considerar o uso de emulsão lipídica intravenosa (ELI) para o tratamento de toxicidade
sistêmica por anestésico local. Além disso, há uma nova recomendação que defende uma possível
função da ELI em pacientes que têm PCR e não respondem às medidas de ressuscitação convencionais
em decorrência de toxicidade por drogas, e não de toxicidade sistêmica por anestésico local.
- A importância da RCP de alta qualidade durante qualquer PCR levou à reavaliação das
recomendações sobre o alívio da compressão aortocava em uma PCR durante a gravidez. Com essa
reavaliação, refinaram-se as recomendações sobre as estratégias para deslocamento uterino.

Tratamento da overdose de opioides, treinamento e distribuição de Naloxona.

A administração empírica de naloxona IM ou IN em todas as vítimas que não respondem em uma


emergência potencialmente fatal, possivelmente associada a opioides, pode ser adequada como
complemento aos protocolos convencionais de primeiros socorros e de SBV prestado por pessoas que
não são profissionais de saúde. Em pacientes com suspeita ou diagnóstico de overdose de opioides que
tenham pulso presente, mas sem respiração normal ou somente com gasping (ou seja, uma parada
respiratória), além de prestar os cuidados convencionais, os socorristas adequadamente treinados devem
administrar naloxona IM ou IN em pacientes com emergência respiratória associada a opioides Os
atendentes não devem retardar o acesso a serviços médicos mais avançados enquanto aguardam
resposta do paciente à naloxona ou a outras intervenções.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Algorítimo para pacientes possivelmente fatais associados a opóides para adultos (NOVO
2015)

Suporte Avançado de Vida em Pediatria.47

Já nas recomendações para o suporte avançado para crianças, o que vemos não é uma mudança de
recomendações, mas sim um refinamento do que já existia, e um acréscimo de recomendações para
as situações que precedem uma parada, e condutas para o durante e após a RCP:
-Ao tratar crianças com doenças febris em ambientes limitados para recursos de cuidados intensivos,
o uso de cristaloides isotônicos de forma restritiva melhora a sobrevida (Classe IIb, Nível B-R). Mas é
aconselhável administrar 20 mL/kg de volume em casos de sepse grave e choque séptico;
-A rotina de se usar atropina como pré-medicação para intubação orotraqueal para prevenir arritmias
é controversa (Classe IIb, Nível C-LD). Além disso, não há evidências do que seria a dose mínima a ser
usada;
-Se a PCR ocorrer em uma criança usando medida invasiva de pressão arterial, utilizar este
monitoramento durante a RCP para verificar a adequação da mesma (Classe IIb, Nível C-EO);
-Se houver disponibilidade, use ETCO2 para monitorar a qualidade da RCP, mas não há valores alvo
estabelecidos em pediatria (Classe IIB, Nível C-LD);
-A desfibrilação em crianças deve ser feita com dose inicial de 2-4 J/kg (energia monofásica ou bifásica)
(Classe IIa, Nível C-LD), mas para facilitar o aprendizado a dose ensinada pode ser de 2 J/kg (Classe IIb,
Nível C-LD). Se houver refratariedade ao primeiro choque, aumentar a energia para 4 J/kg (Classe IIa,
Nível C-LD), e em doses subsequentes manter 4 J/kg ou subir até um máximo de 10 J/kg (Classe IIb,
Nível C-LD);
-É aceitável usar amiodarona ou lidocaína para PCR em FV/TVSP em crianças que forem refratárias
à desfibrilação (Classe IIb, Nível C-LD);

47
http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/outubro/26/livro-avancado-2016.pdf

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
-A epinefrina continua sendo recomendada como vasopressor a ser utilizado durante a RCP (Classe
IIa, Nível C-LD);
-RCP extracorpórea pode ser considerada em PCR intra-hospitalar de crianças cardiopatas (Classe
IIb, Nível C-LD);
-Após retorno à circulação espontânea, deve ser feito controle de temperatura, evitando febre na
criança ou bebê (Classe I, Nível B-NR). Para crianças comatosas manter a temperatura entre 36oC e
37,5oC por 5 dias, ou dois dias de hipotermia (32oC a 34oC), seguidos de três dias de normotermia (Classe
IIa, Nível B-R);
-Após retorno à circulação espontânea, devem ser usados vasopressores em infusão contínua para
manter a pressão arterial da criança acima do 5º percentil para a idade (Classe I, Nível C-LD);
-Após retorno à circulação espontânea, o objetivo de saturação de oxigênio é de 94 a 99%, evitando-
se fortemente que ocorra hipoxemia (Classe IIb, Nível B-NR), e limitando a ocorrência de hipercapnia
(Classe IIb, Nível C-LD).

-A administração EV rápida de fluidos isotônicos, foi muito aceita no tratamento de choque séptico,
após estudos realizados em crianças com doenças febris graves, identificou-se que desfechos piores
estavam associados a bolus de fluido EV.
Para crianças em choque, aconselha-se um bolus de fluido inicial de 20 mL/kg. No entanto, em
crianças com doença febril em locais com acesso limitado a recursos de cuidados intensivos (ou seja,
ventilação mecânica e suporte inotrópico), a administração de bolus de fluido EV deve ser feita com
extremo cuidado, pois pode ser prejudicial. É importante enfatizar o tratamento individualizado e
reavaliações clínicas frequentes.

-CDT: Em crianças comatosas nos primeiros dias após a PCR (intra-hospitalar ou extra-hospitalar),
monitore a temperatura continuamente e trate a febre agressivamente. Em crianças comatosas
ressuscitadas de uma PCREH, os responsáveis pelo tratamento devem manter 5 dias de normotermia
(36 °C a 37,5 °C) ou 2 dias de hipotermia contínua inicial (32 °C a 34 °C), seguido de 3 dias de
normotermia.
Para crianças que permanecerem comatosas após uma PCRIH, não há dados suficientes para que se
possa recomendar a hipotermia sobre a normotermia.

Questões

01.( Prefeitura Municipal de Fortaleza – Enfermeiro/ 2016) Escreva V para verdadeiro e F para falso
sobre os cuidados pós-parada cardiorrespiratória (PCR) abaixo e assinale a alternativa correta que
preenche corretamente os parênteses de cima para baixo.
( ) É aconselhável evitar e corrigir imediatamente a hipotensão (pressão arterial sistólica inferior a 90
mmHg ou pressão arterial média inferior a 65 mmHg) durante os cuidados pós-parada cardiorrespiratória.
( ) A angiografia coronária de emergência é indicada para todos os pacientes com infarto agudo do
miocárdio.
( ) Todos os pacientes que são ressuscitados em decorrência de uma PCR, mas, posteriormente
evoluem para morte ou morte cerebral, devem ser avaliados como possíveis doadores de órgãos.
( ) Em pacientes que estiverem entubados, um ETCO2 que não ultrapassa 10mmHg na capnografia
após 20 minutos de ressuscitação cardiorrespiratória (RCP) está associado a uma probabilidade muito
baixa de ressuscitação. Sendo assim, este é um parâmetro objetivo a ser usado para determinar o fim
dos esforços da RCP.
(A) V, V, V, F.
(B) F, V, F, F.
(C) F, F, V, V.
(D) F, V, V, V.

02. (TCE Auditor de Controle Externo – Enfermagem – CESPE/ 2016) Julgue o item a seguir,
relativo ao atendimento a pacientes em situações de urgência e emergência.
No atendimento pré-hospitalar móvel, as atribuições do enfermeiro na equipe incluem recepcionar os
chamados de auxílio, analisar as demandas, classificar as prioridades de atendimento, selecionar os
meios para atendimento (melhor resposta), acompanhar o atendimento local, determinar o local de
destino do paciente e fornecer orientação telefônica.
( ) Certo ( ) Errado

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03. (CISSUL – MG – Enfermeiro – IBGP – 2017) Uma equipe de Suporte Avançado de Vida do SAMU
está atendendo uma criança de 02 anos vítima de trauma que apresenta sinais de choque.
Sobre o acesso para tratamento desta criança, está INCORRETO afirmar que:
(A) O acesso intraósseo deve ser considerado como via emergencial quando o acesso venoso não for
possível.
(B) A via intraóssea não pode ser utilizada na coleta de amostras sanguíneas para exames
laboratoriais.
(C) Um local de escolha para punção intraóssea é a região anteromedial da tíbia proximal, 1 a 3cm
distal a tuberosidade tibial.
(D) A via intraóssea permite administrar todos os medicamentos e fluidos, de maneira rápida e segura.

04. (IF-RJ – Enfermeiro – FCM – 2017) O Suporte Básico à Vida envolve


(A) o consentimento da vítima para a realização de primeiros socorros, exclusivamente, de forma
explícita.
(B) as situações de emergência, as quais não comprometem a saúde da vítima, mas o atendimento
deve ser imediato.
(C) o reconhecimento de uma situação e o diagnóstico entre a urgência e emergência, atentando-se
para as condutas técnicas de primeiros socorros.
(D) os primeiros socorros que correspondem ao atendimento imediato, havendo, necessariamente, o
encaminhamento da vítima para o pronto-socorro.
(E) as situações de urgência, nas quais existe o risco de morte da vítima, sendo o atendimento de
primeiros socorros fundamental para a manutenção da vida.

05. (TRE-BA - Técnico Judiciário – Enfermagem – CESPE – 2017) De acordo com a legislação
referente aos sistemas estaduais de urgência e emergência, um técnico em enfermagem civil com
formação específica em urgências, sem certificação em salvamento, poderá ser tripulante, atuando em
situações de urgência, apenas em ambulâncias de
(A) transporte e de suporte básico.
(B) transporte, de suporte básico e de suporte avançado.
(C) resgate.
(D) transporte.
(E) resgate e de transporte.

06. (Prefeitura de Patos – PB – Enfermeiro – CPCON – 2017) Seguindo o PROTOCOLO DE


SUPORTE BÁSICO DO SAMU (BRASIL, 2014), o Enfermeiro, ao se deparar com um paciente adulto
com dificuldade respiratória, alteração de ritmo e frequência respiratória, sonolência, cianose, uso da
musculatura acessória, retrações subcostais, dificuldade na fala (frases curtas e monossilábicas),
taquicardia, e hipoxemia, deverá conduzir suas ações com ênfase prioritária em
(A) realizar contato com a regulação médica para transporte para a unidade de saúde apropriada ao
caso, compreendendo que poderá ser um mal súbito como uma parada cardiopulmonar no adulto.
(B) realizar a avaliação dos Sinais vitais, mantendo o paciente em decúbito dorsal, em uma superfície
rígida para início da ressuscitação cardiopulmonar, por compreender que se trata de um infarto agudo do
miocárdio.
(C) realizar a avaliação primária e encaminhar para a equipe de pronto atendimento hospitalar para
que as determinações sejam feitas ao paciente crítico em ambiente institucional propício, como é o caso
da Unidade de Terapia Intensiva, em casos de infarto agudo do miocárdio.
(D) realizar avaliação primária e secundária, mantendo decúbito elevado de acordo com a intensidade
do desconforto respiratório, considerando também a possibilidade de obstrução das vias aéreas por corpo
estranho, oferecer O2 suplementar, estar atendo à possibilidade de parada respiratória, realizar contato
com a equipe médica, por compreender que se trata de uma Insuficiência aguda no adulto.
(E) tentar acordar o paciente que se encontra sonolento e iniciar de imediato a massagem cardíaca,
por compreender que o paciente está em sofrimento e corre risco de vida.

07. (SEJUDH – MT – Enfermeiro – IBADE – 2017) De acordo com o protocolo de classificação de


risco adotado pelo Ministério da Saúde, pacientes que necessitam de atendimento médico e de
enfermagem o mais rápido possível, porém não correm riscos imediatos de vida, devem ser classificados
com a cor:
(A) marrom.
(B) verde.

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(C) azul.
(D) amarela.
(E) vermelha.

08. (TRT - 11ª Região (AM e RR) - Técnico Judiciário – Enfermagem – FCC – 2017) Considere,
abaixo, algumas condutas de suporte básico de vida em ambiente extra- hospitalar a uma vítima de
trauma.

Está correto o que se afirma APENAS em:


(A) II, III e IV.
(B) I e IV.
(C) II e III.
(D) I e III.
(E) I, II e IV.

Resposta

01.Resposta: D
O ideal é que a pressão arterial não esteja muito baixa, a pressão arterial sistólica superior a 100
mm/Hg está associada a uma melhor recuperação.

02. Resposta: Errada.

03. Resposta: B

04. Resposta: C

05. Resposta: A
De acordo com a PORTARIA Nº 356, DE 8 DE ABRIL DE 2013
Unidade de Suporte Básico de Vida Terrestre (USB)
- Viatura tripulada por no mínimo 2 profissionais, sendo 1 condutor de veículo de urgência e 1 técnico
ou auxiliar de enfermagem.
Unidade de Suporte Avançado de Vida Terrestre (USA)
- Viatura tripulada por no mínimo 3 profissionais, sendo 1 condutor de veículo de urgência, 1 enfermeiro
e 1 médico.
Equipe de aeromédico
- Aeronave com equipe composta por no mínimo 1 médico e 1 enfermeiro.
Equipe de embarcação
- Equipe composta por no mínimo 2 ou 3 profissionais, de acordo com cada tipo de atendimento a ser
realizado, contando com condutor da embarcação e 1 técnico/auxiliar de enfermagem, em casos de
suporte básico de vida, e 1 médico e 1 enfermeiro, em casos de suporte avançado de vida.
Motolância
- Motocicleta conduzida por 1 profissional de nível ténico ou superior em enfermagem com treinamento
para condução de motolância; e
Veículo de Intervenção Rápida (VIR)
- Viatura tripulado por no mínimo 1 condutor de veículo de urgência , 1 médico e 1 enfermeiro.

06. Resposta: D

07. Resposta: D
Em serviços de urgência/emergência que implementaram a estratégia de acolhimento com
classificação de risco, a prioridade do atendimento se dá nos seguintes níveis:

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Vermelho: prioridade zero – emergência, necessidade de atendimento imediato.
Amarelo: prioridade 1 – urgência. Pacientes que necessitam de atendimento médico e de enfermagem o
mais rápido possível, porém não correm riscos imediatos de vida.
Verdes: prioridade 2 – prioridade não urgente. Pacientes em condições agudas (urgência relativa) ou não
agudas atendidos com prioridade sobre consultas simples – espera até 30 minutos.
Azuis: prioridade 3 – consultas de baixa complexidade – atendimento de acordo com o horário de
chegada.

08. Resposta: D
Trauma de membros superiores e inferiores
Quando suspeitar ou critérios de inclusão:
Paciente de trauma de extremidades apresentando algum dos seguintes sinais ou sintomas: dor,
ferimento, deformidade, crepitação, encurtamento, alterações sensitivas, vasculares ou motoras.
Conduta:
1. Realizar avaliação primária (Protocolo BT1).
2. Realizar avaliação secundária (Protocolo BT2).
3. Controlar sangramento externo com curativo compressivo estéril.
4. Considerar breve limpeza/enxágue dos ferimentos abertos com solução salina em caso de sujidade
grosseira.
5. Cobrir ferimentos abertos com curativo estéril.
6. Avaliar pulso periférico e perfusão, sensibilidade e mobilidade.
7. Realizar a imobilização da parte afetada, conforme técnica mais apropriada;
8. Realizar a mobilização cuidadosa e a imobilização adequada da coluna cervical e tronco em prancha
longa com alinhamento anatômico, sem atraso para o transporte.
9. Reavaliar pulso periférico e perfusão, sensibilidade e mobilidade após a imobilização.
10. Realizar contato com a Regulação Médica e passar os dados de forma sistematizada.
11. Aguardar orientação da Regulação Médica para procedimentos e/ou transporte para a unidade de
saúde.

A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO NO MANEJO DE DROGAS VASOATIVAS

As drogas vasoativas são utilizadas em todos os tipos de choque para promover a estabilidade
hemodinâmica do paciente, quando a terapia hídrica isolada não é eficaz. A administração desses
agentes vasoativos em pacientes com distúrbios perfusionais tem como objetivo fazer a correção das
alterações cardiovasculares, para restaurar a oferta de nutrientes e oxigênio aos tecidos e órgãos,
evitando distúrbios do equilíbrio ácido-base e falência de órgãos vitais.
Atualmente, com as práticas voltadas à segurança dos pacientes (busca da máxima qualidade do
atendimento com o mínimo de riscos), faz-se ainda mais necessário o conhecimento sobre as
propriedades farmacológicas e a identificação de intercorrências relativas a essa modalidade terapêutica.
As DVA constituem-se em fármacos específicos com ações diversificadas e, por esse motivo, exigem
amplo conhecimento por parte da equipe envolvida no tratamento medicamentoso, incluindo-se, neste
caso, o profissional enfermeiro.

Entre os princípios científicos que devem guiar a administração de medicamentos, está o


conhecimento sobre:
- A farmacodinâmica – interação do fármaco com o alvo (receptor) e a produção do efeito terapêutico
– “o que o fármaco faz no organismo”.
- A farmacocinética – processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção – “o que o
organismo faz com o fármaco”.
- Os tipos de infusão – contínua ou isolada
- As interações medicamentosas – respostas farmacológicas onde os efeitos de um fármaco são
alterados devido a administração anterior ou simultânea de outro. O evento “interações medicamentosas”
é, atualmente, um dos destaques na prática clínica.
- A estabilidade do fármaco – o tempo durante o qual a especialidade farmacêutica ou a matéria prima,
mantém dentro dos limites especificados e durante o período de armazenamento e uso, as mesmas
condições e características que possuía no momento da fabricação
- As reações adversas – “qualquer efeito prejudicial ou indesejável, não intencional, que aparece após
a administração de um medicamento em doses normalmente utilizadas no homem para a profilaxia, o
diagnóstico e o tratamento de uma enfermidade”. (OMS)

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Alguns estudos feitos acerca do conhecimento dos enfermeiros sobre as drogas vasoativas
- “40% dos enfermeiros pesquisados percebiam dificuldades em alguns aspectos”. (Melo et al, 2016)
- O enfermeiro é detentor de conhecimento superficial, desconhecendo aspectos significantes…. Tem
dificuldade em associar a teoria com a prática clínica”. (Nishi, 2007)
- Os enfermeiros demonstram, na maioria das vezes, conhecimento insuficiente, no que diz respeito à
ação de determinados fármacos, à resposta esperada e às possíveis reações adversas decorrentes da
medicação, bem como às intervenções imediatas, caso isso ocorra. (Rocha et al, 2010).

Frente a grande oferta de profissionais nessa área, hoje, as instituições exigem enfermeiros dotados
de características como agilidade, raciocínio clínico, tomada de decisões assertivas, capacidade de
investir no autodesenvolvimento e de enfrentar desafios. Esse perfil é valorizado porque, acima de tudo,
agrega valor social e econômico às instituições.
O maior tempo de formação não assegura que o enfermeiro desenvolva sua prática fundamentada no
conhecimento científico, pois, para isso, é necessário o interesse em adquirir conhecimento.
Opitz (2016) afirma que “o despreparo independe da experiência do enfermeiro, não possuindo
relação, portanto, com o tempo em que o enfermeiro atua na área”.
Sabe-se que o enfermeiro é peça imprescindível no manejo dos fármacos durante a assistência ao
paciente crítico e que o aperfeiçoamento do profissional em farmacologia irá, sem dúvida, contribuir
significativamente para a melhoria na qualidade do atendimento.
Segundo a Profa. Ms. Luciana Giaquinto, farmacêutica e coordenadora do Curso de Farmácia, da
UNIP/Santos, “como profissional farmacêutica tenho observado que o conhecimento traz autonomia e
desenvolvimento para qualquer área em que estejamos trabalhando. O conhecimento específico na área
de farmacologia se faz urgentemente necessário. Há muito tempo que esse conhecimento não é somente
de responsabilidade do farmacêutico. Cada vez mais as equipes multidisciplinares são essenciais no
tratamento e recuperação do paciente”.
Ela também afirma que “quando se trata de conhecimentos técnicos sobre os fármacos, sua ação,
atuação e reações estamos falando diretamente para profissionais que terão grande responsabilidade
sobre o tratamento de muitos pacientes. Sendo o Enfermeiro o profissional mais próximo do paciente,
quando bem capacitado, ele fará a grande diferença no êxito do tratamento “.
http://saudeexperts.com.br/a-importancia-do-conhecimento-cientifico-no-manejo-de-drogas-vasoativas/

Assistência do técnico de enfermagem em oncologia

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE ONCOLÓGICO

A assistência ao paciente oncológico dá mostras de sua complexidade, pois, é necessário envolver


considerações de múltiplos aspectos, tais como: físicos, psicológicos, sociais, culturais, espirituais e
econômicos, além de preconceitos e tabus existentes em relação à palavra câncer, que para muitos vem
carregada de maldição e morte.
É comum nos pacientes que recebem este diagnóstico, surgirem diversos sentimentos de difícil
elaboração como: ansiedade, raiva, medo, angústia, culpa e depressão, os quais são permeados pela
incerteza e insegurança de futuro. A família do paciente também vivência este momento com um
sentimento de choque, incerteza e impotência. Nessa perspectiva, precisa ser empreendida uma visão
holística e multidisciplinar, buscando compreendê-los (paciente e família) em suas reações para
proporcionar uma abordagem profissional humanizada e solidária, geradora não só de saúde, mas,
principalmente, de vida com qualidade.
Então, o paciente oncológico deve ser considerado como um indivíduo total, e não
compartimentalizado em sistemas orgânicos. A mente e o corpo não podem ser considerados
dissociadamente, pois, a mente e o corpo são inseparáveis. É necessário que os profissionais de
enfermagem estejam preparados para oferecer uma assistência com compromisso, sensibilidade e
solidariedade, pois os profissionais da enfermagem são os que estão em contato direto com o paciente e
sua família. Não é suficiente apenas o conhecimento técnico cientifico, é fundamental que haja empatia
no cuidado, buscando compreender quais são os medos, fragilidades, inseguranças e inquietações do
doente, buscando um cuidar harmônico em todos os aspectos no contexto do paciente.

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Desta maneira, direcionando o cuidado ao paciente em sua totalidade e não somente a doença, a
assistência chegará a sua eficácia. Associar ao cuidado tecnicista uma cultura de relacionamento
enfermagem - doente - família acaba por fortalecer a confiança na relação comunicação. Com isso,
ocorrerá uma troca de informações em que o doente e sua família se beneficiaram aprendendo sobre a
doença, como buscar apoio e qualidade de vida em relação à enfermidade. E o profissional de
enfermagem se beneficiará dessa interação, no sentido de que através das informações obtidas do
paciente e da família relacionados aos seus sentimentos, crenças e perspectiva de vida, farão parte de
uma gama de informações que proporcionarão mais facilidade para exercer uma assistência de
enfermagem mais individualizada àqueles que sofrem com o câncer.
Portanto os profissionais da enfermagem têm o grande desafio de aprender a olhar o paciente de
maneira holística, realizando uma assistência menos tecnicista e mais digna, fundamentada nos
princípios da humanização. Sempre no sentido de proporcionar conforto, aliviar angústias e sofrimentos
do paciente e sua família, oferecendo uma assistência com dignidade e respeito à integralidade do
paciente.
É necessário que a equipe de enfermagem reconheça a importância do fazer-se presente em atender
todas as necessidades do paciente de acordo com sua cultura e religiosidade. Desenvolvendo um
ambiente de acolhimento e confiança, no sentido de minimizar a dor e o sofrimento, melhorando a
qualidade de vida tanto do paciente como de sua família.
O câncer na infância, apesar de ser considerado raro, representa de 0,5% a 3% de todas as neoplasias.
Mas cerca de 70% das crianças sobrevivem quando tratadas em centros especializados, e muitas são
consideradas curadas. Esse grande progresso nos índices de cura vinculasse à aplicação das bases de
tratamento em Oncologia.
Com base no Registro de Câncer por Base Populacional (RCBP), que utiliza o limite de 18 anos, como
é preconizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), observa-se uma predominância dos casos de
leucemia, que pode chegar a 45% de todos os casos de tumores pediátricos, seguido de linfomas, com
25%. Em se tratando dos tumores considerados sólidos, os tumores do Sistema Nervoso Central são os
mais incidentes e podem atingir a taxa de 22% de todas as neoplasias da infância, acometendo
principalmente a faixa etária entre 4 e 9 anos de idade. Em cerca de 50% dos casos, as crianças possuem
até 5 anos de idade ao diagnóstico. Porém 15% deles ocorrem em crianças com menos de 2 anos de
idade.

Causas e localização
Um número significativo de casos de câncer pediátrico está associado a alterações genéticas. Alguns
tumores se relacionam a anomalias congênitas. O retinoblastoma pode ser hereditário em 40% dos casos,
sendo importante o aconselhamento genético. A aniridia pode estar associada à ocorrência de tumores
de Wilms, enquanto a hemi-hipertrofia corporal, ao tumor de Adrenal, tumor de Wilms e hepatocarcinoma.
A localização e o tipo do tumor variam de acordo com a idade. Setenta por centro dos tumores se
localizam na região infratentorial, sendo a maioria de fossa posterior e o restante supratentoriais. O
meduloblastoma, o astrocitoma e o ependimoma são os mais comuns.

Sinais, sintomas e diagnóstico


O câncer infantil, muitas vezes, apresenta sinais e sintomas que podem ser confundidos com diversas
patologias pediátricas, o que pode, em muitos casos, obscurecer a visão do pediatra, retardando assim o
diagnóstico precoce, o que é de importância vital para a cura.
Clinicamente, os tumores pediátricos possuem um período de latência menor, apresentando um
crescimento rápido, porém com melhor resposta ao tratamento do que os tumores de indivíduos adultos.
Os sinais e sintomas como alterações de comportamento, cefaléia, vômitos e edema de papila são
sinais clássicos de hipertensão intracraniana.
O diagnóstico dos tumores intracranianos é realizado quando surgem sintomas de compressão em
determinada área do cérebro. O quadro clínico se manifesta por sintomas decorrentes de sofrimento
difuso (hipertensão intracraniana ou de hérnias cerebrais internas) ou de sofrimento focal, que depende
da localização topográfica do processo expansivo.
Para determinar o estado funcional do Sistema Nervoso Central, é necessário um exame físico e
neurológico minucioso. As informações em pediatria são quase sempre fornecidas pelos familiares, porém
é muito importante envolver a criança na entrevista, sendo necessário, muitas vezes, utilizar brincadeiras
para facilitar essa interação, o que requer paciência e habilidade por parte do enfermeiro. É durante o
exame físico que o enfermeiro começa a criar maior interação com a criança e com a família, podendo,
nessa ocasião, esclarecer suas dúvidas e minimizar suas ansiedades.

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A arte de examinar em pediatria é uma tarefa difícil, que requer habilidade técnica e sensibilidade por
parte do examinador. Além de, muitas vezes, ele ter que lidar com crianças extremamente irritadas pela
hospitalização e pela própria patologia, o enfermeiro também precisa lidar com pais ansiosos, que se
encontram diante de um filho com um tumor cerebral e que, muitas vezes, buscam respostas e
responsáveis pela tragédia familiar que estão vivendo. Nesse momento, o enfermeiro e sua equipe
precisam ser pacientes e compreensivos e utilizar uma linguagem acessível e acolhedora.
É importante colher dados que indiquem alterações das atividades diárias da criança (piora no
desempenho escolar, mudanças de comportamento, desinteresse pelos brinquedos etc.), para que se
possa avaliar a qualidade de vida que ela apresenta no momento da entrevista e também para nortear o
tratamento a ser realizado.
O exame clínico deve ser realizado de acordo com cada etapa do processo evolutivo do
desenvolvimento psicomotor em que se encontra a criança. Aspectos importantes também devem ser
observados, tais como: medida do perímetro cefálico, reflexos (sucção, pressão plantar, marcha reflexa,
plantar, moro), equilíbrio, coordenação, reflexo de deglutição, controle de esfíncteres, controle da fala
(disartria, dislalia etc.), movimentos espontâneos. Deve-se também avaliar o estado de afetividade,
psiquismo, linguagem, socialização, memória, capacidade de aprendizagem etc.
Os sintomas cardinais de hipertensão intracraniana na infância são cefaléia, vômito e distúrbio da
marcha. Em crianças em que as suturas cranianas ainda se encontram abertas, o aparecimento dos sinais
e sintomas pode levar semanas ou meses para se manifestar e só irão aparecer depois que os
mecanismos fisiológicos cerebrais compensatórios de aumento da pressão intracraniana tiverem sido
utilizados.
Os vômitos (geralmente em jato) podem ser os primeiros sinais clínicos a surgir e não estão associados
à ingestão de alimentos. Geralmente, após episódios de vômito, pode ocorrer melhora da cefaléia.
A cefaléia é o sintoma mais frequente e pode estar presente na maioria dos casos. Esse sintoma nem
sempre é valorizado em crianças que ainda não conseguem verbalizar suas necessidades, porém deve-
se observar as alterações comportamentais da criança e valorizar os relatos da mãe, pois é ela quem
melhor conhece o comportamento de seu filho. Geralmente se apresenta na parte da manhã e, em casos
de hipertensão aguda, pode ser de grande intensidade. Em lactentes, pode se manifestar com sinal de
postura antálgica, na qual a criança acomoda a cabeça para evitar a dor.
Apesar do edema de papila ser detectado em um número bastante significativo de pacientes, nem
sempre se observa perda de acuidade visual. Porém outros sintomas podem ser observados, tais como:
estrabismo convergente e diplopia (em consequência de paralisia do VI nervo craniano), crises
convulsivas (podem ser focais ou generalizadas), macrocefalia (crianças com suturas cranianas abertas),
distúrbios endócrinos por compressão do eixo hipotálamo-hipofisário causando puberdade precoce,
diabetes insipidus, alterações do apetite etc.
O craniofaringeoma é considerado um tumor benigno, de crescimento lento, que representa 5% a 10%
dos tumores intracranianos da infância. Localiza-se na região selar, apresenta formação sólida cística e,
embora seja considerado benigno, sua localização dificulta o tratamento, causando alta taxa de
morbidade.
Durante o desenvolvimento embrionário, surge uma invaginação do assoalho da cavidade, que se
estende em direção à base do crânio para formar a adenoipófise, que se une ao assoalho do III ventrículo,
dando origem à neuro-hipófise, um divertículo conhecido como tubo craniofaríngeo ou bolsa de Rathke.
É composto por remanescentes do ducto faringo-hipofisário na embriogênese, massas sólidas e
componente cístico. Pode ocupar a região supra-selar, entrando pelo hipotálamo e ocupando o III
ventrículo com compressão do quiasma óptico. A parte sólida pode infiltrar as estruturas, dificultando a
ressecção completa. Também pode causar hidrocefalia devido à dificuldade de circulação do líquido
cefalorraquidiano (LCR) e, se ocorrer compressão do nervo óptico, pode também haver alterações
oftalmológicas importantes. Disfunções hormonais endócrinas como, por exemplo, deficiência do
hormônio de crescimento e diabetes insipidus também são complicações encontradas em portadores de
craniofaringeoma.
Os exames radiológicos são de extrema importância para diagnóstico, sendo primeiramente realizada
a tomografia computadorizada (TC) de crânio, na qual podem ser observadas as calcificações e a parte
cística do tumor. A ressonância nuclear magnética (RNM) também deve ser realizada, por colaborar com
informações sobre a extensão, a anatomia do tumor e o planejamento da terapêutica cirúrgica.
Exames laboratoriais são de extrema importância para controle hormonal e de eletrólitos. A biópsia
estereotáxica define com precisão o local da lesão a ser abordado e possibilita o diagnóstico em tumores
com difícil acesso para a cirurgia convencional. Esse procedimento especializado é auxiliado por exames
de imagem, como tomografia ou ressonância magnética.
http://www.inca.gov.br/enfermagem/

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Questões

01. O diagnóstico dos tumores intracranianos é realizado quando surgem sintomas de compressão em
determinada área do cérebro. Os sintomas cardinais de hipertensão intracraniana na infância são cefaléia,
vômito e distúrbio da marcha.
( ) Certo ( ) Errado

02. O craniofaringeoma é considerado um tumor benigno, de crescimento lento.


( ) Certo ( ) Errado

03. Clinicamente, os tumores pediátricos possuem um período de latência menor, apresentando um


crescimento lento, porém com melhor resposta ao tratamento do que os tumores de indivíduos adultos.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.Certo / 02.Certo / 03.Errado

Comentários

01. Resposta: Certo


Em crianças em que as suturas cranianas ainda se encontram abertas, o aparecimento dos sinais e
sintomas pode levar semanas ou meses para se manifestar e só irão aparecer depois que os mecanismos
fisiológicos cerebrais compensatórios de aumento da pressão intracraniana tiverem sido utilizados.

02. Resposta: Certo


O craniofaringeoma é considerado um tumor benigno, de crescimento lento, que representa 5% a 10%
dos tumores intracranianos da infância. Localiza-se na região selar, apresenta formação sólida cística e,
embora seja considerado benigno, sua localização dificulta o tratamento, causando alta taxa de
morbidade.

03. Resposta: Errado


Clinicamente, os tumores pediátricos possuem um período de latência menor, apresentando um
crescimento rápido, porém com melhor resposta ao tratamento do que os tumores de indivíduos adultos.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM RADIOTERAPIA

Conceito:
É o tratamento realizado através de radiações ionizantes no combate aos agentes neoplásicos com
objetivo de atingir células malignas, impedindo sua multiplicação por mitose e/ou determinando a morte
celular.

Objetivos:
- Destruir as células tumorais da região comprometida, agindo de forma a alterar ou danificar a
molécula de DNA;
- Não comprometer tecidos normais;
- Reduzir ao máximo o risco de complicações.

Finalidades da Radioterapia:
- Curativa: É realizada com o intuito de tratar tumores radiossenssíveis. Pode ser classificada em:
- Curativa Adjuvante: Realiza-se a cirurgia e em seguida o tratamento radioterápico.
- Curativa Neoadjuvante: O cliente é submetido primeiramente a radioterapia para diminuir o tamanho
do tumor e melhorar as condições cirúrgicas a seguir.
- Paliativo: É um tratamento a curto ou longo prazo, que busca a remissão de sintomas para diminuir
o sangramento, aliviar a dor, obstruções e compressão neurológica.

Tipos de Radioterapia:
- Teleterapia
- Braquiterapia

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Teleterapia

Consiste na terapia à distância, ou seja, a fonte emissora de radiação fica a mais ou menos 1 metro
do paciente.
Nesta categoria, enquadram-se os feixes de raios-X, de raios gama, elétrons de alta energia e
nêutrons.

Os principais aparelhos utilizados são:


- Raios X Superficial, Semi-Profundo ou de Ortovoltagem
- Cobalto-60
- Aceleradores Lineares
Estes aparelhos usam micro-ondas para acelerar elétrons a grandes velocidades em um tubo com
vácuo.
Podem gerar fótons de energia muito maior que os do cobalto-60.

Braquiterapia

É a terapia de curta distância onde, uma fonte encapsulada ou um grupo destas fontes são utilizadas
para liberação de radiação beta ou gama a uma distância de poucos centímetros do volume tumoral.

Modalidades de Braquiterapia:
- Intra-luminal;
- Braquiterapia de Colo Uterino;

Radiotoxidade

Os efeitos tóxicos do tratamento radioterápico vão depender:


- Localização do tumor;
- Energia utilizada;
- Volume do tecido irradiado;
- Dose total;
- Estado geral do cliente.

O tempo de ocorrência podem ser classificadas em:


- Reações agudas: Aparecem durante ou até um mês após o término das aplicações.
- Reações intermediárias: Aparecem de um a três meses após o término do tratamento.
- Reações tardias: Surgem de três a seis meses ou anos após o fim do tratamento.

Efeitos Colaterais:
- Efeitos mais frequentes:
- Efeitos colaterais na região do couro cabeludo:
- Alopecia
- Mucosa: Eritema e Mucosite.
- Glândulas Salivares: Alterações da característica da saliva, alterações no paladar.
- Dentes e Ossos: Cáries de irradiação e Osteorradionecrose de mandíbula.

Efeitos colaterais na região pélvica:


- Diarreia;
- Náuseas e/ou vômito;
- Cistite.
- Disfunção sexual:
- Diminuição da libido;
- Fibrose ou estenose vaginal;
- Esterilidade permanente.
- Impotência.

Diagnóstico de Enfermagem
- Mucosa Oral Alterada relacionado aos efeitos secantes da radiação de cabeça e pescoço,
evidenciado por mucosa oral lesionada e língua saburrosa;

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
- Constipação percebida relacionado ao uso habitual de laxantes ou efeito colateral da morfina;
- Integridade da pele prejudicada aos efeitos da radiação sobre as células epiteliais e basais;
- Nutrição Desequilibrada: menos que as necessidades corporais relacionado a ingestão oral
diminuída, a salivação diminuída, ao desconforto da boca, a disfagia a náusea/vômito e ao aumento do
metabolismo.
- Ansiedade relacionado a prescrição da radioterapia e ao conhecimento insuficiente sobre o
procedimento e o local, os efeitos locais e sistêmicos da terapia e as medidas de autocuidado;
- Dor crônica relacionado aos efeitos do câncer sobre o órgão, evidenciado por relato de descrição de
dor;
- Diarreia relacionado ao peristaltismo aumentado secundário a irradiação do abdome;
- Risco para padrão de sexualidade alterado relacionado a fadiga, fraqueza, a dor, as mudanças no
autoconceito, ao pesar, a impotência e a dispareunia.

Assistência de Enfermagem nos Efeitos Colaterais mais Comuns

Ansiedade e Depressão;
Fadiga - Orientações:
- Minimizar o seu desgaste físico e mental;
- Repousar após as aplicações;
- Dormir as horas necessárias para sentir-se disposto;
- Manter uma boa alimentação e hidratação;
- Continuar com atividade de trabalho e lazer.

Reação de pele;
As áreas que estão mais sujeitas aos efeitos:
- Áreas aonde há atrito: sulcos mamários e região interglútea.
- Áreas aonde a epiderme é fina: face, axilas, região inguinal e períneo.
- Áreas de incisões cirúrgicas ou traumas anteriores.
- Área de inflamação.

Reações de pele - Orientações:


- Banho morno, secar sem esfregar, recomenda-se o uso de sabonete neutro e manter a pele do campo
de tratamento hidratada;
- Não esfregar o local;
- Não usar sutiã, lycra ou roupa sintética;
- Não fazer a barba com gilete;
- Não expor a área de tratamento ao sol;
- Não usar roupas de cor escura;
- Evitar extremos de calor e frio;
- Não usar loções, cremes, talcos, desodorantes ou álcool;
- Ingesta hídrica de 2 a 3 l/dia.

Anorexia - Orientações:
- Variar o ambiente;
- Comer com a família e os amigos;
- Tentar novos alimentos e receitas;
- Comer lanches com alto teor calórico;
- Tomar vitaminas ricas em proteínas;
- Nutrição e ingestão hídrica adequada;
- Fracionar as refeições, evitar líquidos com as refeições;
- Encaminhá-lo ao serviço de nutrição e dietética, s/n.

Couro Cabeludo
Alopecia – Orientações:
- O grau e extensão da queda do cabelo;
- Utilizar shampoos suaves;
- Evitar o uso de secadores, escovação e tintura;
- Aconselhar o uso de perucas, lenços e bonés;

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Assistência de Enfermagem nos Efeitos Colaterais Específicos das Regiões Irradiadas

Cabeça e Pescoço – Orientações:


- Monitorar as condições nutricionais;
- Estimular a ingesta hídrica de 2 a 3 l/dia;
- Higiene oral e escovação dos dentes após cada refeição;
- Evitar alimentos muito açucarados;
- Usar um analgésico tópico antes de comer;
- Não usar cigarros, bebidas alcoólicas e alimentos secos e duros;
- Evitar sucos e frutas ácidos;
- Evitar uso de alimentos muito quentes ou frios;
- Usar bicarbonato de sódio e nistatina 6x dia;
- Encaminhar nutricionista;
- Uso de sonda nasoenteral se necessário;
- Monitorar a cavidade oral semanalmente;
- Retirar próteses dentárias móveis, se existentes.

Região abdominal e pélvica

Náuseas e Vômitos – Orientações:


- Evoluir na dieta conforme a tolerância
- Beber refrescos suaves;
- Evitar alimentos gordurosos, doces e encorpados;
- Tentar alimentos secos;
- Tentar alimentos de fácil digestão;
- Fazer refeições pequenas e frequentes;
- Evitar odor de alimentos;
- Fazer o uso de antiemético 30 minutos antes das refeições, conforme prescrição médica;
- Investigar a frequência do vômito, a quantidade e as características afim de previnir a piora do estado
geral e o desequilíbrio hidroeletrolítico.

Constipação Intestinal
- Beber quantidades adequadas de líquidos;
- Comer alimentos ricos em fibra;
- Fazer exercício regularmente, se possível;
- Evitar alimentos concentrados.

Diarreia – Orientações:
- Orientar a manutenção de bom estado nutricional e hidratação;
- Conhecer a intensidade, características e frequência das eliminações;
- Investigar a presença de gases, dor e distensão abdominal;
- Estar atento para o estado emocional, sinais de desidratação e fadiga;
- Ingerir dieta pobre em resíduos, hipercalórica e hiperprotéica, rica em potássio;
- Beber líquidos que forneçam eletrólitos;
- Evitar derivados do leite;
- Evitar alimentos gordurosos que produzam gases;
- Lavar a região perianal após cada episódio de diarreia e secar com toalha macia;
- Fazer o uso de antidiarreico conforme prescrição médico.

Disfunção Sexual – Orientações:


- A escolha de um método anticoncepcional efetivo durante o tratamento e até 2 anos após;
- A diminuição da libido é temporário e se normaliza de 2 a 3 semanas após o término do tratamento;
- Atividade sexual pode continuar durante o tratamento;
- Utilizar lubrificantes vaginais;
- Na presença de sangramento, inflamação e ulceração da mucosa vaginal, evitar relação sexual;
- Observar sinais de infecção, afim de que se faça um tratamento precoce.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Questões

01. Em relação às finalidades da radioterapia, esta pode ser considerada “curativa adjuvante” quando:

“É um tratamento a curto ou longo prazo, que busca a remissão de sintomas para diminuir o
sangramento, aliviar a dor, obstruções e compressão neurológica”.
( ) Certo ( ) Errado

02. Em relação à radiotoxidade, as reações intermediárias, aparecem de um a três meses após o


término do tratamento.
( ) Certo ( ) Errado
Gabarito

01.Errado / 02.Certo

Comentários

01. Resposta: Errado


Curativa Adjuvante: Realiza-se a cirurgia e em seguida o tratamento radioterápico.

02. Resposta: Certo


Reações agudas: Aparecem durante ou até um mês após o término das aplicações.
Reações intermediárias: Aparecem de um a três meses após o término do tratamento.
Reações tardias: Surgem de três a seis meses ou anos após o fim do tratamento.

ENFERMAGEM EM SAÚDE COLETIVA: Vigilância Epidemiológica: determinantes


no processo saúde-doença; perfil epidemiológico brasileiro; indicadores de
saúde; doenças imunopreveníveis

SISTEMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: ENDEMIAS E EPIDEMIAS, MEDIDAS DE


CONTROLE E TRATAMENTO

Por recomendação da 5ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1975, o Ministério da Saúde


instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE), por meio de legislação específica (Lei
n° 6.259/75 e Decreto n° 78.231/76). Esses instrumentos tornaram obrigatória a notificação de doenças
transmissíveis selecionadas, constantes de relação estabelecida por Portaria.
Em 1977, foi elaborado, pelo Ministério da Saúde, o primeiro Manual de Vigilância Epidemiológica,
reunindo e compatibilizando as normas técnicas que eram, então, utilizadas para a vigilância de cada
doença, no âmbito de programas de controle específicos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o SNVE, definindo, em seu texto legal (Lei n° 8.080/90),
a vigilância epidemiológica como “um conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou
prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou
coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos”. Além de ampliar o conceito, as ações de vigilância epidemiológica passaram a ser
operacionalizadas num contexto de profunda reorganização do sistema de saúde brasileiro, caracterizada
pela descentralização de responsabilidades, pela universalidade, integralidade e equidade na prestação
de serviços.
De outra parte, as profundas mudanças no perfil epidemiológico das populações, no qual se observa
o declínio das taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias e o crescente aumento das
mortes por causas externas e doenças crônicas degenerativas, têm implicado na incorporação de
doenças e agravos não transmissíveis ao escopo de atividades da vigilância epidemiológica.
A vigilância epidemiológica tem como propósito fornecer orientação técnica permanente para os
profissionais de saúde, que têm a responsabilidade de decidir sobre a execução de ações de controle de
doenças e agravos, tornando disponíveis, para esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência
dessas doenças e agravos, bem como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou
população definida. Subsidiariamente, a vigilância epidemiológica constitui-se em importante instrumento
para o planejamento, a organização e a operacionalização dos serviços de saúde, como também para a
normatização de atividades técnicas correlatas.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
A operacionalização da vigilância epidemiológica compreende um ciclo de funções específicas e
intercomplementares, desenvolvidas de modo contínuo, permitindo conhecer, a cada momento, o
comportamento da doença ou agravo selecionado como alvo das ações, para que as medidas de
intervenção pertinentes possam ser desencadeadas com oportunidade e eficácia. São funções da
vigilância epidemiológica:
- coleta de dados;
- processamento de dados coletados;
- análise e interpretação dos dados processados;
- recomendação das medidas de prevenção e controle apropriadas;
- promoção das ações de prevenção e controle indicadas;
- avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas;
- divulgação de informações pertinentes.

As competências de cada um dos níveis do sistema de saúde (municipal, estadual e federal) abarcam
todo o espectro das funções de vigilância epidemiológica, porém com graus de especificidade variáveis.
As ações executivas são inerentes ao nível municipal e seu exercício exige conhecimento analítico da
situação de saúde local. Por sua vez, cabe aos níveis nacional e estadual conduzirem ações de caráter
estratégico, de coordenação em seu âmbito de ação e de longo alcance, além da atuação de forma
complementar ou suplementar aos demais níveis.
A eficiência do SNVE depende do desenvolvimento harmônico das funções realizadas nos diferentes
níveis. Quanto mais capacitada e eficiente a instância local, mais oportunamente poderão ser executadas
as medidas de controle. Os dados e informações aí produzidos serão, também, mais consistentes,
possibilitando melhor compreensão do quadro sanitário estadual e nacional e, consequentemente, o
planejamento adequado da ação governamental. Nesse contexto, as intervenções oriundas do nível
estadual e, com maior razão, do federal tenderão a tornar-se seletivas, voltadas para questões
emergenciais ou que, pela sua transcendência, requerem avaliação complexa e abrangente, com
participação de especialistas e centros de referência, inclusive internacionais.
Com o desenvolvimento do SUS, os sistemas municipais de vigilância epidemiológica vêm sendo
dotados de autonomia técnico-gerencial e ampliando o enfoque, para além dos problemas definidos como
de prioridade nacional, que inclui os problemas de saúde mais importantes de suas respectivas áreas de
abrangência.

Coleta de Dados e Informações

O cumprimento das funções de vigilância epidemiológica depende da disponibilidade de dados que


sirvam para subsidiar o processo de produção de INFORMAÇÃO PARA AÇÃO. A qualidade da
informação depende, sobretudo, da adequada coleta de dados gerados no local onde ocorre o evento
sanitário (dado coletado). É também nesse nível que os dados devem primariamente ser tratados e
estruturados, para se constituírem em um poderoso instrumento – a INFORMAÇÃO – capaz de subsidiar
um processo dinâmico de planejamento, avaliação, manutenção e aprimoramento das ações.
A coleta de dados ocorre em todos os níveis de atuação do sistema de saúde. O valor da informação
(dado analisado) depende da precisão com que o dado é gerado. Portanto, os responsáveis pela coleta
devem ser preparados para aferir a qualidade do dado obtido. Tratando-se, por exemplo, da notificação
de doenças transmissíveis, é fundamental a capacitação para o diagnóstico de casos e a realização de
investigações epidemiológicas correspondentes.
Outro aspecto relevante refere-se à representatividade dos dados em relação à magnitude do
problema existente. Como princípio organizacional, o sistema de vigilância deve abranger o maior número
possível de fontes geradoras, cuidando-se de que seja assegurada a regularidade e oportunidade da
transmissão dos dados. Geralmente, entretanto, não é possível, nem necessário, conhecer a totalidade
dos casos. A partir de fontes selecionadas e confiáveis, pode-se acompanhar as tendências da doença
ou agravo, com o auxílio de estimativas de subenumeração de casos.
O fluxo, a periodicidade e os tipos de dados coletados devem corresponder a necessidades de
utilização previamente estabelecidas, com base em indicadores adequados às características próprias de
cada doença ou agravo sob vigilância. A prioridade de conhecimento do dado sempre será concedida à
instância responsável pela execução das medidas de prevenção e controle. Quando for necessário o
envolvimento de outro nível do sistema, o fluxo deverá ser suficientemente rápido para que não ocorra
atraso na adoção de medidas de prevenção e controle.

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Tipos de Dados

Os dados e informações que alimentam o Sistema de Vigilância Epidemiológica são os seguintes:

- Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos


Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais, com vistas à definição de
denominadores para o cálculo de taxas. O número de habitantes, de nascimentos e de óbitos devem ser
discriminados segundo características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio,
escolaridade, ocupação, condições de saneamento, entre outras.
A disponibilidade de indicadores demográficos e socioeconômicos é primordial para a caracterização
da dinâmica populacional e das condições gerais de vida, as quais se vinculam os fatores condicionantes
da doença ou agravo sob vigilância. Dados sobre aspectos climáticos e ecológicos, também, podem ser
necessários para a compreensão do fenômeno analisado.

- Dados de morbidade
São os mais utilizados em vigilância epidemiológica, por permitirem a detecção imediata ou precoce
de problemas sanitários. Correspondem à distribuição de casos segundo a condição de portadores de
infecções ou de patologias específicas, como também de sequelas. Tratam-se, em geral, de dados
oriundos da notificação de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de
investigações epidemiológicas, da busca ativa de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre
outras fontes.
Seu uso apresenta dificuldades relacionadas à representatividade e abrangência dos sistemas de
informações disponíveis, à possibilidade de duplicação de registros e a deficiências de métodos e critérios
de diagnóstico utilizados. Merecem, por isso, cuidados especiais na coleta e análise.
O SNVE deve estimular, cada vez mais, a utilização dos sistemas e bases de dados disponíveis,
vinculados à prestação de serviços, para evitar a sobreposição de sistemas de informação e a
consequente sobrecarga aos níveis de assistência direta à população. As deficiências qualitativas
próprias desses sistemas tendem a ser superadas à medida que se intensificam a crítica e o uso dos
dados produzidos.

- Dados de mortalidade
São de fundamental importância como indicadores da gravidade do fenômeno vigiado, sendo ainda,
no caso particular de doenças de maior letalidade, mais válidos do que os dados de morbidade, por se
referirem a fatos vitais bem marcantes e razoavelmente registrados. Sua obtenção provém de
declarações de óbitos, padronizadas e processadas nacionalmente. Essa base de dados apresenta
variáveis graus de cobertura entre as regiões do país, algumas delas com subenumeração elevada de
óbitos. Além disso, há proporção significativa de registros sem causa definida, o que impõe cautela na
análise dos dados de mortalidade.
Atrasos na disponibilidade desses dados dificultam sua utilização na vigilância epidemiológica.
A disseminação eletrônica de dados tem contribuído muito para facilitar o acesso a essas informações.
Os sistemas locais de saúde devem ser estimulados a utilizar de imediato as informações das
declarações de óbito.

- Notificação de emergências de saúde pública, surtos e epidemias


A detecção precoce de emergências de saúde pública, surtos e epidemias ocorre quando o sistema
de vigilância epidemiológica local está bem estruturado, com acompanhamento constante da situação
geral de saúde e da ocorrência de casos de cada doença e agravo sujeito à notificação. Essa prática
possibilita a constatação de qualquer situação de risco ou indício de elevação do número de casos de
uma patologia, ou a introdução de outras doenças não incidentes no local e, consequentemente, o
diagnóstico de uma situação epidêmica inicial, para a adoção imediata das medidas de controle. Em geral,
esses fatos devem ser notificados aos níveis superiores do sistema para que sejam alertadas as áreas
vizinhas e/ou para solicitar colaboração, quando necessária.

Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional (RSI/2005)


Evento extraordinário, que é determinado, como estabelecido neste regulamento:
- por constituir um risco de saúde pública para outro estado membro, por meio da propagação
internacional de doenças;
- por potencialmente requerer uma resposta internacional coordenada.
Evento – manifestação de uma doença ou uma ocorrência que cria um potencial para causar doença.

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- Fontes de dados
A informação para a vigilância epidemiológica destina-se à tomada de decisões – informação para
ação. Esse princípio deve reger as relações entre os responsáveis pela vigilância e as diversas fontes
que podem ser utilizadas para o fornecimento de dados.

Conceitos

Surto: acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região
específica. Para ser considerado surto, o aumento de casos deve ser maior do que o esperado pelas
autoridades.
Epidemia: a epidemia se caracteriza quando um surto acontece em diversas regiões. Uma epidemia a
nível municipal acontece quando diversos bairros apresentam uma doença, a epidemia a nível estadual
acontece quando diversas cidades.
Pandemia: em uma escala de gravidade, a pandemia é o pior dos cenários. Ela acontece quando uma
epidemia se espalha por diversas regiões do planeta. Em 2009, a gripe A (ou gripe suína) passou de
epidemia para pandemia quando a OMS.
Endemia: a endemia não está relacionada a uma questão quantitativa. Uma doença é classificada
como endêmica (típica) de uma região quando acontece com muita frequência no local. As doenças
endêmicas podem ser sazonais.

Notificação
Notificação é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde, feita à
autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de
intervenção pertinentes. Historicamente, a notificação compulsória tem sido a principal fonte da vigilância
epidemiológica, a partir da qual, na maioria das vezes, se desencadeia o processo informação-decisão-
ação.
A listagem das doenças de notificação nacional é estabelecida pelo Ministério da Saúde entre as
consideradas de maior relevância sanitária para o país. A atual portaria especifica as doenças de
notificação obrigatória (suspeita ou confirmada), além das doenças ou eventos de “notificação imediata”
(informação rápida – ou seja, deve ser comunicada por e-mail, telefone, fax ou Web). A escolha dessas
doenças obedece a alguns critérios, razão pela qual essa lista é periodicamente revisada, tanto em função
da situação epidemiológica da doença, como pela emergência de novos agentes, por alterações no
Regulamento Sanitário Internacional, e também devido a acordos multilaterais entre países.
Os dados coletados sobre as doenças de notificação compulsória são incluídos no Sistema Nacional
de Agravos de Notificação (Sinan). Estados e municípios podem adicionar à lista outras patologias de
interesse regional ou local, justificada a sua necessidade e definidos os mecanismos operacionais
correspondentes. Entende-se que só devem ser coletados dados para efetiva utilização no
aprimoramento das ações de saúde, sem sobrecarregar os serviços com o preenchimento desnecessário
de formulários.
Dada a natureza específica de cada doença ou agravo à saúde, a notificação deve seguir um processo
dinâmico, variável em função das mudanças no perfil epidemiológico, dos resultados obtidos com as
ações de controle e da disponibilidade de novos conhecimentos científicos e tecnológicos.
As normas de notificação devem adequar-se, no tempo e no espaço, às características de distribuição
das doenças consideradas, ao conteúdo de informação requerido, aos critérios de definição de casos, à
periodicidade da transmissão dos dados, às modalidades de notificação indicadas e à representatividade
das fontes de notificação.
Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem
obedecer os critérios a seguir:

Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes


populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de
vida perdidos.

Potencial de disseminação – representado pelo elevado poder de transmissão da doença, através


de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva.

Transcendência – expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância especial à


doença ou agravo, destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de
sequelas; relevância social, avaliada, subjetivamente, pelo valor imputado pela sociedade à ocorrência

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
da doença, e que se manifesta pela sensação de medo, de repulsa ou de indignação; e relevância
econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, redução da força de trabalho,
absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários, entre outros.

Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e


controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre indivíduos e coletividades.

Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas continentais ou mundiais de


controle, de eliminação ou de erradicação de doenças, previstas em acordos firmados pelo governo
brasileiro com organismos internacionais. O atual Regulamento Sanitário Internacional (RSI-2005)
estabelece que sejam notificados todos os eventos considerados de Emergência de Saúde Pública de
Importância Internacional (ESPII).

Ocorrência de emergências de saúde pública, epidemias e surtos – são situações que impõe
notificação imediata de todos os eventos de saúde que impliquem risco de disseminação de doenças,
com o objetivo de delimitar a área de ocorrência, elucidar o diagnóstico e deflagrar medidas de controle
aplicáveis. Mecanismos próprios de notificação devem ser instituídos, com base na apresentação clínica
e epidemiológica do evento.

No processo de seleção das doenças notificáveis, esses critérios devem ser considerados em
conjunto, embora o atendimento a apenas alguns deles possa ser suficiente para incluir determinada
doença ou evento. Por outro lado, nem sempre podem ser aplicados de modo linear, sem considerar a
factibilidade de implementação das medidas decorrentes da notificação, as quais dependem de condições
operacionais objetivas de funcionamento da rede de prestação de serviços de saúde.
O caráter compulsório da notificação implica responsabilidades formais para todo cidadão e uma
obrigação inerente ao exercício da medicina, bem como de outras profissões na área de saúde.
Mesmo assim, sabe-se que a notificação nem sempre é realizada, o que ocorre por desconhecimento
de sua importância e, também, por descrédito nas ações que dela devem resultar. A experiência tem
mostrado que o funcionamento de um sistema de notificação é diretamente proporcional à capacidade de
se demonstrar o uso adequado das informações recebidas, de forma a conquistar a confiança dos
notificantes.

O sistema de notificação deve estar permanentemente voltado para a sensibilização dos profissionais
e das comunidades, visando melhorar a quantidade e a qualidade dos dados coletados, mediante o
fortalecimento e a ampliação da rede. Todas as unidades de saúde (públicas, privadas e filantrópicas)
devem fazer parte do sistema, como, também, todos os profissionais de saúde e mesmo a população em
geral. Não obstante, essa cobertura universal idealizada não prescinde do uso inteligente da informação,
que pode basear-se em dados muito restritos, para a tomada de decisões oportunas e eficazes.

Aspectos que devem ser considerados na notificação:


- Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação do caso para
se efetuar a notificação, pois isso pode significar perda da oportunidade de intervir eficazmente.
- A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-sanitário em caso
de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos.
- O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos,
configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de eficiência
do sistema de informações.
Além da notificação compulsória, o Sistema de Vigilância Epidemiológica pode definir doenças e
agravos como de notificação simples. O Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan) é o principal
instrumento de coleta dos dados de notificação compulsória.

Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan)


O Sinan tem como objetivo coletar, transmitir e disseminar dados gerados rotineiramente pelo sistema
de vigilância epidemiológica, nas três esferas de governo, para apoiar processos de investigação e de
análise das informações sobre doenças de notificação compulsória. Concebido como sistema modular e
informatizado desde o nível local, pode ser operado a partir das unidades de saúde.
Há dois documentos básicos, que complementam entre si as informações sobre cada caso notificado.
O primeiro é a ficha individual de notificação (FIN), preenchida pelas unidades assistenciais a partir
da suspeita clínica da ocorrência de algum agravo de notificação compulsória ou outro agravo sob

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vigilância. Segue-se a ficha individual de investigação (FII), que contém campos específicos de
orientação para a investigação do caso. Constam ainda do sistema a planilha e o boletim de
acompanhamento de surtos, assim como os boletins de acompanhamento de hanseníase e tuberculose.
As secretarias estaduais ou municipais de saúde são responsáveis pela impressão, numeração e
distribuição dos formulários.
O Sinan foi implantado no país de forma a gradual, a partir de 1993. Atualmente, o sistema está
implantado em todo o território nacional. No nível nacional, a Secretaria de Vigilância à Saúde processa
e consolida os dados enviados pelas secretarias estaduais de saúde. No sítio nacional do Sinan, podem
ser obtidas as informações técnicas sobre o sistema e acesso a tabulações on-line.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 816 p.

Questões

01. (Prefeitura de Porto Velho/RO) A ocorrência habitual de uma doença ou a presença permanente
de um agente infeccioso em determinada área geográfica denomina-se:
(A) Epidemia
(B) Surto
(C) Endemia
(D) Infestação
(E) Pandemia

02. (Prefeitura de Pratinha/MG) O registro, numa coletividade ou região, de casos de uma mesma
doença em número que ultrapassa a incidência normal esperada denomina-se:
(A) Endemia
(B) Surto Epidêmico
(C) Epidemia
(D) Pandemia
(E) Febre

Gabarito

01.C / 02.C

INDICADORES48

Um Indicador é um parâmetro que medirá a diferença entre a situação que se espera atingir e a
situação atual, ou seja, ele indicará se o que está sendo feito está ou não dentro da meta desejada
(“Fizemos o que nos propusemos a fazer tão bem quanto deveríamos?”). Em última análise, um
indicador permite quantificar dados relacionados à Melhoria de Qualidade.
Para a escolha dos Indicadores, são importantes os conceitos de Eficiência, Eficácia e Efetividade49:
Eficiência: se define como a capacidade de obter o efeito que se deseja ou se espera, empregando
os melhores meios (recursos) possíveis. O modo de execução está correto?
Eficácia: se define como a capacidade de obter o efeito que se deseja. Está sendo feita a coisa certa
(atendendo a necessidade do cliente)?
Efetividade: se define como a capacidade de se transformar uma realidade (impacto) a partir do
objetivo estabelecido e sua continuidade ao longo do tempo. Está fazendo bem o que deveria ser feito
(satisfação do cliente ao longo do tempo)?

48
Texto adaptado de BRASIL, Organização Pan-Americana da Saúde. REDE Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no
Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008.
49
ANVISA. Conceitos Básicos para a Elaboração de Indicadores.

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Características de um Indicador

Um bom Indicador precisa ter algumas características básicas:

- De Fácil Entendimento: qualquer um que veja um indicador deve ser capaz de tirar suas conclusões,
característica que é fundamental para sua utilidade, pois para que o sistema de medição sirva de impulso
para a melhoria, ele deve ser compreendido por quem está envolvido nessa melhoria que se busca;
- Econômico: indicadores que são trabalhosos para serem calculados tendem a não funcionar
(portanto, os dados para seu cálculo também devem estar facilmente disponíveis);
- Disponível: todos os envolvidos devem ter acesso ao Indicador que reflete seu trabalho. Além disso,
essa disponibilidade deve ser rápida e frequente, pois dados atrasados impedem que propostas de
melhoria sejam desenvolvidas a tempo de não permitir que aquilo que está errado perdure;
- Testado no Campo: um indicador só é bom se foi testado e comprovado como útil na prática.
Essas características são necessárias, pois um indicador existe para ser avaliado. Ações devem ser
propostas e realizadas com base nessa avaliação, de forma a sempre atingir um nível melhor de qualidade
que o atual. Para isso também é importante ter em mente que sempre há o que melhorar, portanto a
pergunta que deve sempre estar em nossas mentes é: “Fizemos o que nos propusemos a fazer tão bem
quanto deveríamos E poderíamos?”.

Tipos de Indicadores

Há 3 tipos de mensurações envolvidas em Qualidade:

- Estrutura - refere-se às características relativamente estáveis, como condições físicas,


organizacionais, equipamentos, recursos humanos. Ex: Percentual dos eventos de capacitação
considerados como corporativos executados.
- Processo - conjunto de atividades desenvolvidas nas relações de produção em geral e, no caso de
saúde, entre profissionais e usuários. Ex: percentual de processos de registro de medicamentos genéricos
que atendem ao prazo estabelecido para a primeira manifestação à empresa solicitante.
- Resultados - obtenção das características desejáveis dos produtos ou serviços, sem erros,
imperfeições ou nocividades; melhoria do meio ambiente e trabalho, ou mudanças obtidas no quadro
sanitário, que podem ser atribuídas ao cuidado consumido ou tecnologias introduzidas. Ex: redução da
morbimortalidade por agentes poluidores, por doenças transmissíveis, por acidentes ou condições
insalubres do meio ambiente e/ou do trabalho, por iatrogenias médicas; aumento da expectativa de vida
pelo consumo de produtos de qualidade, meio ambiente, habitação e trabalho adequados.

Como Seria Isso no Mundo da Assistência em Saúde

Os indicadores de Estrutura envolvem coisas mais fáceis e intuitivas: quantidade e qualidade dos
equipamentos utilizados no setor de Hemodinâmica do hospital, se a arquitetura do pronto-socorro do
hospital favorece o fluxo adequado dos pacientes, qual a quantidade de leitos disponíveis na UTI, etc.
Os indicadores de Processo envolvem o que se faz em um hospital: como forneço assistência,
com que taxa realizo os procedimentos adequados para tratar uma determinada doença, se estou
medicando um paciente com as medicações mais adequadas para sua condição, etc.
E os indicadores de resultado medem o final da linha, ou seja, se a Estrutura e o Processo
fizeram diferença: se tenho uma taxa de mortalidade de meus pacientes compatível com a literatura
para aquela doença, qual as condições de alta dos meus pacientes, etc.
Estrutura e Processo são mais fáceis de mensurar, entretanto a medida mais importante é a dos
Resultados. Além disso, estrutura pode ser algo muito variável, e muitas vezes extremamente dependente
de recursos financeiros. Já Processos e Resultados dependem muito mais da qualidade de como algo é
feito.

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Índices e Coeficientes Sanitários

Os indicadores de nível da saúde da população são considerados como medidas que contêm
informações importantes e relevantes sobre determinadas dimensões e atributos relacionados ao estado
de saúde, bem como o da atuação e do desempenho do sistema de saúde.
A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos e confiáveis é condição essencial para a
análise objetiva da situação sanitária, assim como para a tomada de decisões baseadas em evidências
e para a programação de ações de saúde. A busca de medidas do estado de saúde da população é uma
atividade central em saúde pública, iniciada com o registro sistemático de dados de mortalidade e de
sobrevivência.
Com os avanços no controle das doenças infecciosas e a melhor compreensão do conceito de saúde
e de seus determinantes sociais, passou-se a analisar outras dimensões do estado de saúde, medidas
por dados de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de vida e
fatores ambientais, entre outros. Os indicadores de saúde foram desenvolvidos para facilitar a
quantificação e a avaliação das informações produzidas com tal finalidade.

Conceitos Básicos50
Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre
determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de
saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância
das condições de saúde. A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode
variar desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de
proporções, razões, taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer.
A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua
formulação (frequência de casos, tamanho da população em risco) e da precisão dos sistemas de
informação empregados (registro, coleta, transmissão dos dados). O grau de excelência de um indicador
deve ser definido por sua validade (capacidade de medir o que se pretende) e confiabilidade (reproduzir
os mesmos resultados quando aplicado em condições similares).

50
Texto adaptado de BRASIL, Organização Pan-Americana da Saúde. REDE Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no
Brasil: conceitos e aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008.

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Em geral, a validade de um indicador é determinada por sua sensibilidade (capacidade de detectar
o fenômeno analisado) e especificidade (capacidade de detectar somente o fenômeno analisado). Outros
atributos de um indicador são: mensurabilidade (basear-se em dados disponíveis ou fáceis de
conseguir), relevância (responder a prioridades de saúde) e custo-efetividade (os resultados justificam o
investimento de tempo e recursos).
Espera-se que os indicadores possam ser analisados e interpretados com facilidade, e que sejam
compreensíveis pelos usuários da informação, especialmente gerentes, gestores e os que atuam no
controle social do sistema de saúde.
Para um conjunto de indicadores, são atributos de qualidade importantes a integridade ou completude
(dados completos) e a consistência interna (valores coerentes e não contraditórios). A qualidade e a
comparabilidade dos indicadores de saúde dependem da aplicação sistemática de definições
operacionais e de procedimentos padronizados de medição e cálculo.
A seleção do conjunto básico de indicadores – e de seus níveis de desagregação – deve ajustar-se à
disponibilidade de sistemas de informação, fontes de dados, recursos, prioridades e necessidades
específicas em cada região. A manutenção deste conjunto de indicadores deve depender de instrumentos
e métodos simples, para facilitar a sua extração regular dos sistemas de informação. Para assegurar a
confiança dos usuários na informação produzida, é preciso monitorar a qualidade dos indicadores, revisar
periodicamente a consistência da série histórica de dados, e disseminar a informação com oportunidade
e regularidade.
Se gerados de forma regular e manejados em um sistema dinâmico, os indicadores são
instrumentos valiosos para a gestão e avaliação da situação de saúde, em todos os níveis. Um
conjunto de indicadores se destina a produzir evidência sobre a situação sanitária e suas tendências,
como base empírica para identificar grupos humanos com maiores necessidades de saúde, estratificar o
risco epidemiológico e identificar áreas críticas. Constitui, assim, insumo para o estabelecimento de
políticas e prioridades melhor ajustadas às necessidades da população.
Além de prover matéria-prima essencial para a análise, a disponibilidade de um conjunto básico de
indicadores tende a facilitar o monitoramento de objetivos e metas em saúde, estimular o fortalecimento
da capacidade analítica das equipes e promover o desenvolvimento de sistemas de informação
intercomunicados.
A disponibilidade de informação apoiada em dados válidos e confiáveis é condição essencial para a
análise objetiva da situação sanitária, assim como para a tomada de decisões baseadas em evidências
e para a programação de ações de saúde. A busca de medidas do estado de saúde da população é uma
atividade central em saúde pública, iniciada com o registro sistemático de dados de mortalidade e de
sobrevivência.
Com os avanços no controle das doenças infecciosas e a melhor compreensão do conceito de saúde
e de seus determinantes sociais, passou-se a analisar outras dimensões do estado de saúde, medidas
por dados de morbidade, incapacidade, acesso a serviços, qualidade da atenção, condições de vida e
fatores ambientais, entre outros. Os indicadores de saúde foram desenvolvidos para facilitar a
quantificação e a avaliação das informações produzidas com tal finalidade.

Indicadores de Saúde51

"Indicadores de saúde são parâmetros utilizados internacionalmente com o objetivo de avaliar, sob o
ponto de vista sanitário, a higidez de agregados humanos, bem como fornecer subsídios aos
planejamentos de saúde, permitindo o acompanhamento das flutuações e tendências históricas do padrão
sanitário de diferentes coletividades consideradas à mesma época ou da mesma coletividade em diversos
períodos de tempo" (Rouquayrol, 1993).
A utilização de indicadores de saúde permite o estabelecimento de padrões, bem como o
acompanhamento de sua evolução ao longo dos anos. Embora o uso de um único indicador isoladamente
não possibilite o conhecimento da complexidade da realidade social, a associação de vários deles e,
ainda, a comparação entre diferentes indicadores de distintas localidades facilita sua compreensão.
Para a Organização Mundial da Saúde, esses indicadores gerais podem subdividir-se em três
grupos:
1. aqueles que tentam traduzir a saúde ou sua falta em um grupo populacional. Exemplos: razão
de mortalidade proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente
de mortalidade infantil, coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis;

51
Texto adaptado de ANDRADE, Selma Maffei de; SOARES, Darli Antonio; CORDONI JUNIOR, Luiz. (organizadores). Epidemiologia e Indicadores de Saúde.
In: Bases de Saúde Coletiva. Londrina: Ed. UEL, 2001.

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2. aqueles que se referem às condições do meio e que têm influência sobre a saúde. Exemplo:
saneamento básico;
3. aqueles que procuram medir os recursos materiais e humanos relacionados às atividades de
saúde. Exemplos: número de unidades básicas de saúde, número de profissionais de saúde, número de
leitos hospitalares e número de consultas em relação a determinada população (Laurenti e cols., 1987).

Dadas as inúmeras definições de saúde, a imprecisão delas e a dificuldade de mensurá-la, os


indicadores mais empregados têm sido aqueles referentes à ausência de saúde - razão de mortalidade
proporcional, coeficiente geral de mortalidade, esperança de vida ao nascer, coeficiente de mortalidade
infantil, coeficiente de mortalidade por doenças específicas. Esses indicadores são bastante abrangentes,
embora tenham sido utilizados para comparar países em diferentes estágios de desenvolvimento
econômico e social.
Há necessidade de desenvolvimento de indicadores mais específicos e capazes de traduzir com
fidedignidade a realidade e complexidade da saúde, apontando, quando necessário, aspectos de maior
interesse para uma dada realidade.
Tanto para estudos da situação de saúde, como para o estabelecimento de ações de vigilância
epidemiológica é importante considerar a necessidade de dados (que vão gerar as informações)
fidedignos e completos. Esses dados podem ser registrados de forma contínua (como no caso de óbitos,
nascimentos, doenças de notificação obrigatória), de forma periódica (recenseamento da população e
levantamento do índice CPO – dentes cariados, perdidos e obturados – da área de Odontologia – são
alguns exemplos) ou podem, ainda, ser levantados de forma ocasional (pesquisas realizadas com fins
específicos, como, por exemplo, para conhecer a prevalência da hipertensão arterial ou diabetes em uma
comunidade, em determinado momento) (LAURENTI et al., 1987).
Os dados de importância para a análise de situação de saúde são inúmeros e de fontes diversas.
Poderíamos destacar, por exemplo, os dados sobre a população (número de habitantes, idade, sexo,
raça, etc.), os dados socioeconômicos (renda, ocupação, classe social, tipo de trabalho, condições de
moradia e alimentação), os dados ambientais (poluição, abastecimento de água, tratamento de esgoto,
coleta e disposição do lixo), os dados sobre serviços de saúde (hospitais, ambulatórios, unidades de
saúde, acesso aos serviços), os dados de morbidade (doenças que ocorrem na comunidade) e os
eventos vitais (óbitos, nascimentos vivos e mortos, principalmente).
Alguns desses dados (morbidade e eventos vitais) são gerados a partir do próprio setor saúde, de
forma contínua, constituindo sistemas de informação nacionais, administrados pelo Ministério da Saúde.
No Brasil, há, atualmente, cinco grandes bancos de dados nacionais (CARVALHO, 1997),
continuamente alimentados: o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM); o Sistema de
Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC); o Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação
(SINAN); o Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde (SIA/SUS) e o Sistema de
Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS).
Independentemente de que tipo de dado usar para avaliar o estado de saúde de uma população é
importante, portanto, conhecer as limitações inerentes ao próprio tipo de dado.
Além disso, é imprescindível levar-se em conta a qualidade dos dados e a cobertura do sistema de
informação, tanto em nível nacional, como local, para evitar conclusões equivocadas. Exemplificando: se
numa determinada cidade o acesso ao serviço de saúde é maior, com maior possibilidade de realização
do diagnóstico correto e, se o médico preenche adequadamente a declaração de óbito, a taxa de
mortalidade específica por uma determinada doença (diabetes mellitus, por exemplo) pode ser maior do
que em outra localidade, onde esta doença não é adequadamente diagnosticada ou que apresente
problemas no preenchimento da declaração de óbito.
Nessa comparação, pode ser que, na realidade, a taxa de mortalidade por esta doença seja maior na
segunda localidade, mas o sistema de informação não possui qualidade suficiente para detectar esse
problema. O mesmo raciocínio pode ser feito para as demais variáveis do Sistema de Informação sobre
Mortalidade (ocupação, idade, escolaridade, etc.), bem como para outros tipos de informação (peso ao
nascer, doença que motivou a internação, etc.).
Com relação à cobertura dos eventos, há que se observar se todos os eventos estão entrando no
sistema de informação. Por exemplo, em locais onde existem cemitérios “clandestinos” ou que façam o
enterramento sem a exigência da declaração de óbito, provavelmente estarão sendo enterradas pessoas
sem a respectiva declaração de óbito, não contando no respectivo sistema (mortalidade). Se a criança
nasce e o hospital não emite a Declaração de Nascido Vivo, esta também não contará no sistema
(nascidos vivos). Se o médico faz um diagnóstico de doença de notificação obrigatória na Unidade de
Saúde, mas nada se anota na ficha do SINAN, outro caso será “perdido”.

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De especial importância são os dados a respeito de crianças nascidas vivas e que morreram antes de
completar 1 ano de idade (morte infantil), especialmente aquelas que nascem vivas e morrem logo nas
primeiras horas. Algumas vezes, estas crianças podem ser classificadas erroneamente como “óbito fetal”,
ao invés de “óbito não fetal”, alterando os coeficientes que são construídos a partir de dados de nascidos
vivos e de óbitos infantis, como será mais detalhado adiante.
Além dos cinco grandes bancos de dados nacionais já mencionados, há, ainda, outros que trabalham
dados específicos e/ou não têm abrangência nacional, entre os quais se destacam: o Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB), o
Sistema de Informação sobre Acidentes de Trabalho (SISCAT), o Sistema de Informação do Programa
Nacional de Imunização (SI-PNI).
Após os cuidados a serem observados quanto à qualidade e cobertura dos dados de saúde, é
preciso transformar esses dados em indicadores que possam servir para comparar o observado em
determinado local com o observado em outros locais ou com o observado em diferentes tempos.
Portanto, a construção de indicadores de saúde é necessária para (VAUGHAN e MORROW,
1992):
- Analisar a situação atual de saúde;
- Fazer comparações;
- Avaliar mudanças ao longo do tempo.

Os indicadores de saúde, tradicionalmente, tem sido construídos por meio de números. Em geral,
números absolutos de casos de doenças ou mortes não são utilizados para avaliar o nível de saúde, pois
não levam em conta o tamanho da população. Dessa forma, os indicadores de saúde são construídos por
meio de razões (frequências relativas), em forma de proporções ou coeficientes.
As proporções representam a “fatia da pizza” do total de casos ou mortes, indicando a importância
desses casos ou mortes no conjunto total. Os coeficientes (ou taxas) representam o “risco” de
determinado evento ocorrer na população (que pode ser a população do país, estado, município,
população de nascidos vivos, de mulheres, etc.).
É preciso destacar, ainda, a diferença entre coeficientes (ou taxas) e índices. Índices não expressam
uma probabilidade (ou risco) como os coeficientes, pois o que está contido no denominador não está
sujeito ao risco de sofrer o evento descrito no numerador (LAURENTI et al., 1987).
Dessa forma, geralmente, o denominador do coeficiente representa a população exposta ao risco de
sofrer o evento que está no numerador. Exceções são o coeficiente de mortalidade infantil – CMI – e de
mortalidade materna – CMM – para os quais o denominador utilizado (nascidos vivos) é uma estimativa
tanto do número de menores de 1 ano, como de gestantes, parturientes e puérperas expostos ao risco
do evento óbito.
No caso do Coeficiente de Mortalidade Infantil, alguns nascidos vivos do ano anterior não fazem parte
do denominador, apesar de ainda terem menos de um ano de vida no ano em estudo dos óbitos. Por
exemplo, se uma criança nasceu em 31/12/1998 e morreu em 02/01/1999 (com dois dias) entrará no
numerador do CMI de 1999, mas não no denominador. Pressupõe-se que haja uma “compensação” de
nascidos vivos e óbitos de um para outro ano, de forma que o CMI é uma boa estimativa do risco de óbito
infantil.
É preciso destacar, ainda, a diferença entre coeficientes (ou taxas) e índices. Índices não expressam
uma probabilidade (ou risco) como os coeficientes, pois o que está contido no denominador não está
sujeito ao risco de sofrer o evento descrito no numerador (LAURENTI et al., 1987). Assim, a relação
telefones/habitantes é um índice, da mesma forma que médicos/habitantes, leitos/habitantes, etc. (os
numeradores “telefones”, “médicos” e “leitos” não fazem parte do denominador população). A rigor,
portanto, tanto o Coeficiente de Mortalidade Infantil como Materna não são coeficientes, mas índices.
No entanto, o termo “coeficiente” já está consolidado para ambos os indicadores.

Conceitos

Coeficiente de incidência – Constitui medida do risco de doença ou agravo, fundamentalmente nos


estudos da etiologia de doenças agudas e crônicas. É a razão entre o número de casos novos de uma
doença que ocorre em uma coletividade, em um intervalo de tempo determinado, e a população exposta
ao risco de adquirir referida doença no mesmo período, multiplicando-se o resultado por potência de 10,
que é a base referencial da população.

Coeficiente de letalidade - Coeficiente resultante da relação entre o número de óbitos decorrentes


de determinada causa e o número de pessoas que foram realmente acometidas pela doença,

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expressando-se sempre em percentual. É um indicador útil para avaliar a virulência de um determinado
bioagente.

Coeficiente de morbidade – Relação entre o número de casos de uma doença e a população exposta
a adoecer. Discriminado em coeficiente de incidência e coeficiente de prevalência. Muito útil para o
objetivo de controle de doenças ou de agravos, bem como para estudos de análise do tipo causa/efeito.

Coeficiente de mortalidade - Relação entre a frequência absoluta de óbitos e o número dos expostos
ao risco de morrer. Pode ser geral, quando inclui todos os óbitos e toda a população da área em estudo,
e pode ser específico por idade, sexo, ocupação, causa, etc.

Coeficiente de prevalência – Coeficiente que mede a força com que subsiste a doença na
coletividade. Expressa-se como a relação entre o número de casos conhecidos de uma dada doença e a
população, multiplicando-se o resultado pela base referencial da população, que é potência de 10,
usualmente 1.000, 10.000 ou 100.000.

Curva de Nelson Moraes - Esta curva é uma representação gráfica da mortalidade proporcional por
idade. A Curva de Nelson Moraes pode assumir a forma de N invertido, L (ou J invertido), V (ou U) e J.
Estas formas correspondem, respectivamente a condições de vida e saúde Muito Baixas, Baixas,
Regulares ou Elevadas.

Esperança de vida – É o termo técnico utilizado em estatística vital para designar “O número médio
de anos que ainda restam para serem vividos pelos indivíduos que sobrevivem até a idade considerada,
pressupondo-se que as probabilidades de morte que serviram para o cálculo continuem as mesmas”.

Incidência – Termo que em epidemiologia traduz a ideia de intensidade com que acontece a
morbidade em uma população.

Índice de Guedes/Indicador de Guedes & Guedes/Quantificação de Guedes - Este índice é uma


quantificação da Curva de Nelson Moraes. Embora a forma da curva esteja associada a um determinado
diagnóstico das condições de saúde de uma população, a interpretação pode ser afetada pela avaliação
subjetiva, e pode ser difícil, para curvas parecidas, realizar a diferenciação. No Índice de Guedes e
Guedes, são atribuídos, arbitrariamente, pesos para cada faixa etária da mortalidade proporcional, sendo
que o peso mais negativo é atribuído à mortalidade proporcional na faixa etária de menores de 1 ano,
enquanto que a mortalidade proporcional na faixa etária de 50 anos e mais recebe um peso positivo, pois
está relacionada a melhores condições de vida.

Índice de Swaroop-Uemura - Este índice é a mortalidade proporcional de 50 anos ou mais, ou seja:


a proporção de óbitos ocorridos em indivíduos com 50 anos ou mais. Óbitos abaixo desta faixa etária são
considerados, grosso modo, óbitos evitáveis; desta forma, quanto maior a proporção de óbitos entre
indivíduos adultos maduros e idosos (50 anos ou mais), melhor a condição de vida e saúde da população.

Letalidade - Entende-se como o maior ou menor poder que uma doença tem de provocar a morte das
pessoas. Obtém-se a letalidade calculando-se a relação entre o número de óbitos resultantes de
determinada causa e o número de pessoas que foram realmente acometidas pela doença, com o
resultado expresso em percentual. A letalidade da escabiose é nula, e a da raiva é de 100%, havendo
uma extensa gama de porções intermediárias entre esses extremos.

Morbidade – Variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao conjunto dos
indivíduos que adquiriram doenças num dado intervalo de tempo. Denota-se morbidade ao
comportamento das doenças e dos agravos à saúde em uma população exposta.

Mortalidade - Variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao conjunto dos
indivíduos que morreram num dado intervalo de tempo.

Mortalidade infantil – Termo para designar todos os óbitos de crianças menores de 1ano, ocorridos
em determinada área, em dado período de tempo.

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Mortalidade neonatal – Referente aos óbitos de menores de 28 dias de idade (até 27 dias). Sinônimo:
mortalidade infantil precoce.

Mortalidade pós-neonatal – Compreende os óbitos ocorridos no período que vai do 28dia de vida até
o 12 mês, antes de a criança completar 1ano de idade. Sinônimo: mortalidade tardia.

Prevalência – Casuística de morbidade que se destaca por seus valores maiores do que zero sobre
os eventos de saúde ou não-doença. É termo descritivo da força com que subsistem as doenças nas
coletividades.

Medidas de Frequência de Doenças

Descrever as condições de saúde da população, medindo a frequência com que ocorrem os problemas
de saúde em populações humanas, é um dos objetivos da Epidemiologia. Para fazer essas mensurações,
utilizamos as medidas de incidência e prevalência.
A incidência diz respeito à frequência com que surgem novos casos de uma doença num intervalo de
tempo, como se fosse um “filme” sobre a ocorrência da doença, no qual cada quadro pode conter um
novo caso ou novos casos (PEREIRA, 1995). É, por conseguinte, uma medida dinâmica.

Vejamos Como Calcular a Incidência

Incidência = __número de casos novos em determinado período_____ x constante3


número de pessoas expostas ao risco no mesmo período

Imagine, como exemplo, que, entre 400 crianças cadastradas na Estratégia Saúde da Família e
acompanhadas durante um ano, foram diagnosticados, neste período, 20 casos novos de anemia.

O cálculo da taxa de incidência será:

_20_ = 0,05
400

Que multiplicando por 1.000 (constante) nos dará a seguinte taxa de incidência: 50 casos novos de
anemia por 1.000 crianças no ano.

Os casos novos, ou incidentes, são aqueles que não estavam doentes no início do período de
observação, mas que adoeceram no decorrer desse período. Para que possam ser detectados, é
necessário que cada indivíduo seja observado no mínimo duas vezes, ou que se conheça a data do
diagnóstico.
Já a prevalência se refere ao número de casos existentes de uma doença em um dado momento; é
uma “fotografia” sobre a sua ocorrência, sendo assim uma medida estática. Os casos existentes são
daqueles que adoeceram em algum momento do passado, somados aos casos novos dos que ainda
estão vivos e doentes (MEDRONHO, 2005, PEREIRA, 1995).

Existem Três Tipos de Medidas de Prevalência

a) Prevalência pontual ou instantânea


Frequência de casos existentes em um dado instante no tempo (ex.: em determinado dia, como
primeiro dia ou último dia do ano).

b) Prevalência de período
Frequência de casos existentes em um período de tempo (ex.: durante um ano).

c) Prevalência na vida
Frequência de pessoas que apresentaram pelo menos um episódio da doença ao longo da vida.
Ao contrário da incidência, para medir a prevalência, os indivíduos são observados uma única vez.

Vejamos Como Calcular a Prevalência

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Prevalência = ___número de casos existentes em determinado período__ x constante
número de pessoas na população no mesmo período

Suponha que em determinada semana todas as crianças fizeram exames laboratoriais. Das 400
crianças, foram encontradas 40 com resultado positivo para Ascaris lumbricoides.
Cálculo da prevalência de verminose por Ascaris:

_40_ = 0,1
400

Que, multiplicado por 100 (constante), nos dará a seguinte prevalência: 10 casos existentes de
verminose por Ascaris a cada 100 crianças.

A prevalência é alimentada pela incidência. Por outro lado, dependendo do agravo à saúde, as
pessoas podem se curar ou morrer. Quanto maior e mais rápida a cura, ou quanto maior e mais rápida a
mortalidade, mais se diminui a prevalência, que é uma medida estática, mas resulta da dinâmica entre
adoecimentos, curas e óbitos.

Portanto, entre os fatores que aumentam a prevalência, podemos citar (PEREIRA, 1995,
MEDRONHO, 2005, ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 2003):
a) a maior frequência com que surgem novos casos (incidência);
b) melhoria no tratamento, prolongando-se o tempo de sobrevivência, porém sem levar à cura
(aumento da duração da doença).

A diminuição da prevalência pode ser devido à:


a) redução no número de casos novos, atingida mediante a prevenção primária (conjunto de ações
que atuam sobre os fatores de risco e que visam evitar a instalação das doenças na população através
de medidas de promoção da saúde e proteção específica);
b) redução no tempo de duração dos casos, atingida através da prevenção secundária (conjunto de
ações que visam identificar e corrigir, o mais precocemente possível, qualquer desvio da normalidade,
seja por diagnóstico precoce ou por tratamento adequado). O tempo de duração dos casos também pode
ser reduzido em razão do óbito mais precoce pela doença em questão, ou seja, menor tempo de
sobrevivência.

Entre os principais usos das medidas de prevalência estão: o planejamento de ações e serviços
de saúde, previsão de recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos. Por exemplo, o conhecimento
sobre a prevalência de hipertensão arterial entre os adultos de determinada área de abrangência pode
orientar o número necessário de consultas de acompanhamento, reuniões de grupos de promoção da
saúde e provisão de medicamentos para hipertensão na farmácia da Unidade de Saúde (PEREIRA, 1995,
MEDRONHO, 2005, ROUQUAYROL e ALMEIDA FILHO, 2003).
A incidência, por outro lado, é mais utilizada em investigações etiológicas para elucidar relações de
causa e efeito, avaliar o impacto de uma política, ação ou serviço de saúde, além de estudos de
prognóstico. Um exemplo é verificar se o número de casos novos (incidência) de hipertensão arterial
sistêmica declinou depois da implementação de determinadas medidas de promoção da saúde, como
incentivo a uma dieta saudável, realização de atividade física e combate ao tabagismo no bairro.

A partir de algumas variações do conceito de incidência, podemos chegar aos conceitos de:
Mortalidade: é uma medida muito utilizada como indicador de saúde; é calculada dividindo-se o
número de óbitos pela população em risco.
Letalidade: é uma medida da gravidade da doença, calculada dividindo-se o número de óbitos por
determinada doença pelo número de casos da mesma doença. Algumas doenças apresentam letalidade
nula, como, por exemplo, escabiose; enquanto para outras, a letalidade é igual ou próxima de 100%,
como a raiva humana.

Coeficientes Mais Utilizados na Área da Saúde

Os coeficientes mais utilizados na área da saúde baseiam-se em dados sobre doenças (morbidade) e
sobre eventos vitais (nascimentos e mortes).

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- Coeficientes de MORBIDADE (doenças):

Coeficiente de incidência da doença: representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma doença
na população. Pode ser calculado por regra de três ou através da seguinte fórmula:

casos NOVOS da doença em determinada comunidade e tempo x 10n (100.000)


população da área no mesmo tempo

b) Coeficiente de prevalência da doença: representa o número de casos presentes (novos + antigos)


em uma determinada comunidade num período de tempo especificado. É representado por:

casos PRESENTES da doença em determinada comunidade e tempo x 10n


população da área no mesmo tempo

Para compararmos o risco de ocorrência de doenças entre populações usamos, dessa forma, o
coeficiente de incidência, pois este estima o risco de novos casos da doença em uma população.
O coeficiente de prevalência é igual ao resultado do coeficiente de incidência multiplicado pela duração
média da doença (LILIENFELD e LILIENFELD, 1980).
Portanto:

Coeficiente de Prevalência = coeficiente de incidência x duração média da doença

Da fórmula acima fica evidente que a prevalência, além dos casos novos que acontecem (incidência),
é afetada também pela duração da doença, a qual pode diferir entre comunidades, devido a causas
ligadas à qualidade da assistência à saúde, acesso aos serviços de saúde, condições nutricionais da
população, etc. Assim, quanto maior a duração média da doença, maior será a diferença entre a
prevalência e a incidência.
A prevalência é ainda afetada por casos que imigram (entram) na comunidade e por casos que saem
(emigram), por curas e por óbitos.
Dessa maneira, temos como “entrada” na prevalência os casos novos (incidentes) e os imigrados e
como “saída” os casos que curam, que morrem e os que emigram.
Assim, a prevalência não é uma medida de risco de ocorrência da doença na população, mas pode
ser útil para os administradores da área de saúde para o planejamento de recursos necessários (leitos
hospitalares, medicamentos, etc.) para o adequado tratamento da doença.

c) Coeficiente de letalidade: representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um


indicativo da gravidade da doença ou agravo na população. Isso pode ser uma característica da própria
doença (por exemplo, a raiva humana é uma doença que apresenta 100% de letalidade, pois todos os
casos morrem) ou de fatores que aumentam ou diminuem a letalidade da doença na população
(condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a medicamentos, por exemplo). É dado pela
relação:

mortes devido à doença “X” em determinada comunidade e tempo x 100


casos da doença “X” na mesma área e tempo

Seu resultado é dado, portanto, sempre em percentual (%). Não deve ser confundido com coeficiente
de mortalidade geral, que é dado por 1000 habitantes, e representa o risco de óbito na população. A
letalidade, ao contrário, representa o risco que as pessoas com a doença têm de morrer por essa mesma
doença.

Coeficientes de MORTALIDADE:

a) coeficiente geral de mortalidade (CGM): representa o risco de óbito na comunidade. É expresso


por uma razão, e pode ser calculado, como todos os demais coeficientes, também através de regra de
três simples (se numa população de 70.000 habitantes tenho 420 óbitos, em 1000 habitantes terei “x”,
sendo 1000 o parâmetro que permitirá comparar com outros locais ou outros tempos):

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número de óbitos em determinada comunidade e ano x 1.000
população estimada para 01 de julho do mesmo ano

Este coeficiente, no entanto, não é muito utilizado para comparar o nível de saúde de diferentes
populações, pois não leva em consideração a estrutura etária dessas populações (se a população é
predominantemente jovem ou idosa). Um coeficiente geral de mortalidade alto para uma população mais
idosa significa apenas que as pessoas já viveram o que tinham para viver e, por isso, estão morrendo. Já
para uma população mais jovem estaria significando mortalidade prematura. Para comparação de duas
ou mais populações com diferentes estruturas etárias, ou de sexo, há necessidade de padronizar os
coeficientes, tendo como referência uma população padrão (geralmente a mundial, quando se comparam
diferentes países, ou nacional, quando se comparam diferentes locais do mesmo país), mas isto não será
abordado aqui (a respeito de padronização ver LAURENTI et al., 1987).

b) coeficiente de mortalidade infantil (CMI): é uma estimativa do risco que as crianças nascidas
vivas tem de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das
condições de vida e saúde de uma comunidade. Pode ser calculado por regra de três ou através da
seguinte razão:

óbitos de menores de 1 ano em determinada comunidade e ano x 1.000


nascidos vivos na mesma comunidade e ano

Cuidado especial deve ser tomado quando se vai calcular o coeficiente de mortalidade infantil de uma
localidade, pois tanto o seu numerador (óbitos de menores de 1 ano), como seu denominador (nascidos
vivos) podem apresentar problemas de classificação. Para evitar esses problemas, o primeiro passo é
verificar se as definições, citadas pela Organização Mundial de Saúde (1994), estão sendo
corretamente seguidas por quem preencheu a declaração de óbito da criança.
Estas definições são as seguintes:
Nascido vivo: é a expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independentemente da duração
da gravidez, de um produto de concepção que, depois da separação, respire ou apresente qualquer outro
sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do cordão umbilical ou movimentos efetivos dos
músculos de contração voluntária, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não
desprendida a placenta.
Óbito fetal: é a morte do produto de concepção, antes da expulsão ou da extração completa do corpo
da mãe, independentemente da duração da gravidez. Indica o óbito se o feto, depois da separação, não
respirar nem apresentar nenhum outro sinal de vida, como batimentos do coração, pulsações do cordão
umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntária.
Óbito infantil: é a criança que, nascida viva, morreu em qualquer momento antes de completar um
ano de idade.

Dessas definições, fica claro que uma criança que nasceu viva, nem que tenha apresentado apenas
batimentos do cordão umbilical, e morrido em seguida, deve ser considerada como óbito de menor de 1
ano (óbito infantil) e entrar no cálculo do coeficiente de mortalidade infantil (CMI). Nesse caso, deve ser
emitida uma Declaração de Nascido Vivo (DN) e uma Declaração de óbito (DO), indicando que se trata
de óbito não fetal, e providenciados os respectivos registros de nascimento e óbito em cartório de registro
civil.

O Coeficiente de Mortalidade Infantil Pode Ainda Ser Dividido Em:


- coeficiente de mortalidade neonatal (óbitos de 0 a 27 dias inclusive) em relação ao total de
nascidos vivos (por 1000);
- coeficiente de mortalidade pós-neonatal ou infantil tardia (óbitos de 28 dias a 364 dias inclusive)
em relação ao total de nascidos vivos (por 1000).
O coeficiente de mortalidade neonatal pode ainda ser subdividido em coeficiente de mortalidade
neonatal precoce (0 a 6 dias inclusive) e coeficiente de mortalidade neonatal tardia (7 a 27 dias).
Essa divisão, relacionada à idade da criança quando morreu, deve-se à observação de que no período
neonatal predominam as causas ligadas a problemas da gestação e do parto (causas perinatais e
anomalias congênitas), e de que, no período pós-neonatal, prevalecem as causas de morte relacionadas
ao meio ambiente e às condições de vida e de acesso aos serviços de saúde (doenças infecciosas,
pneumonias, diarreia, por exemplo) (LAURENTI et al., 1987). Dessa forma, nos países desenvolvidos,
onde a mortalidade infantil é baixa e problemas relacionados ao meio ambiente já se encontram quase

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totalmente resolvidos, o componente neonatal predomina, enquanto em muitos países pobres ainda
prevalece o componente pós-neonatal.

c) coeficiente de mortalidade perinatal:

óbitos fetais a partir da 22ª semana de gestação +


óbitos de menores de 7 dias de vida x 1.000
nascidos vivos + nascidos mortos na mesma comunidade e ano

d) coeficiente de mortalidade materna:

óbitos devidos a causas ligadas a gestação, parto e puerpério x 100.000


nascidos vivos na mesma comunidade e ano

Para fins de comparação internacional, somente as mortes que ocorrem até 42 dias após o parto
entram no cálculo do coeficiente.

e) coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis:

óbitos devidos a doenças infecciosas e parasitárias (DIP) x 100.000


população estimada para o meio do ano na mesma área

Coeficientes de NATALIDADE:

Nascidos vivos em determinada área e período x 1.000


população da mesma área, no meio período

Cabe aqui ainda a definição de indicadores para a assistência médica: “Indicadores são medidas
quantitativas de qualidade relacionadas a estrutura, processo e resultado da atenção médica”
(Novaes, 1996).
Indicadores podem e devem ser utilizados como ferramentas para auxiliar o gerenciamento da
qualidade. Ainda hoje, determinações precisas da qualidade da assistência carecem de revisões
sistemáticas, tanto de processos quanto de resultados. Conceitos como os de boa prática, por mais clara
que seja sua compreensão, são interpretados de maneiras diferentes. Há mais de uma boa prática
possível e não se pode esquecer que o emprego da boa prática não garante resultados
adequados/satisfatórios.

Características

Indicadores muitas vezes são apresentados sob a forma de taxas, e existe um intervalo definido para
a vigilância de cada indicador. Alguns indicadores referem-se a eventos corriqueiros e outros a eventos
indesejáveis, que nunca deveriam ter ocorrido – são os eventos sentinela (exemplo: casos de hepatite A
repetidas vezes num mesmo bairro, queda de leito).
Os indicadores avaliam estrutura, processo e resultado da assistência médica. Relembrando as
definições de Donabedian, estrutura refere-se a planta física, recursos humanos e materiais disponíveis
e características organizacionais da instituição; processos dizem respeito às atividades desenvolvidas na
assistência médica propriamente dita; resultado significa o produto final da assistência, isto é, envolve,
além da satisfação do paciente, o impacto do tratamento sobre o estado de saúde do paciente.

Indicadores e Dados Básicos – Brasil – 2012:


Indicadores demográficos;
Indicadores socioeconômicos;
Indicadores de mortalidade;
Indicadores de morbidade;
Indicadores de fatores de risco e proteção;
Indicadores de recursos;
Indicadores de cobertura.

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Referências
ALMEIDA FILHO, N.; ROUQUAYROL, M. Z. Introdução à Epidemiologia. 4° ed. Revisada e Ampliada. Editora Guanabara Koogan.
ANDRADE, Selma Maffei de; SOARES, Darli Antonio; CORDONI JUNIOR, Luiz. (organizadores). Epidemiologia e Indicadores de Saúde. In: Bases de Saúde
Coletiva. Londrina: Ed. UEL, 2001.
BOING, Antonio Fernando; ORSI, Eleonora d’; REIBNITZ JÚNIOR, Calvino. UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. Conceitos e ferramentas da epidemiologia
[Recurso eletrônico]. Universidade Aberta do SUS, Florianópolis: UFSC, 2010.
BONITA, R. Epidemiologia básica [tradução e revisão científica Juraci A. Cesar]. 2.ed. - São Paulo, Santos. 2010 213p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de vigilância epidemiológica. 7. ed.
Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 816 p.
BRASIL, Organização Pan-Americana da Saúde. REDE Interagencial de Informação para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e
aplicações. 2. ed. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2008.
FIOCRUZ. Fundação Oswaldo Cruz. A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro. Rio de Janeiro:
Fiocruz/Ipea/Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, 2012.
MALIK, Ana Maria; SCHIESARI, Laura Maria Cesar. INDICADORES. In: Qualidade na Gestão Local de Serviços e Ações de Saúde. v. 3. São Paulo: Faculdade
de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, 1998. (Série Saúde & Cidadania)
Qualidade na gestão local de serviços e ações de saúde. Indicadores. Livro 3. Saúde e Cidadania. Disponível em:
www.saude.sc.gov.br/gestores/sala_de_leitura/saude_e_cidadania/ed_03/05.html
RESENDE, Joffre Marcondes de. EPIDEMIA, ENDEMIA, PANDEMIA. EPIDEMIOLOGIA. Revista de patologia tropical, v. 27, n. 1, p. 153-155, jan-jun, 1988.
ROUQUAYROL, Maria Zelia; ALMEIDA FILHO, Naomar de. Epidemiologia e saúde. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.
UNA-SUS. Universidade Aberta do SUS. Conceitos e ferramentas da epidemiologia. [Recurso eletrônico] Antonio Fernando Boing, Eleonora d’ Orsi, Calvino
Reibnitz Júnior. Florianópolis: UFSC, 2010.

Questões

01. (Pref. Alvinópolis/MG – Enfermeiro – IDECAN) A taxa bruta de natalidade é caracterizada como
o número de nascidos vivos, por mil habitantes, na população residente em determinado espaço
geográfico, no ano considerado. Assinale a alternativa INCORRETA acerca da taxa bruta de natalidade.
(A) Analisa variações geográficas e temporais da natalidade.
(B) Não é influenciada pela estrutura da população quanto a idade e sexo.
(C) Expressa a intensidade com a qual a natalidade atua sobre uma determinada população.
(D) Em geral, as taxas elevadas estão associadas a condições socioeconômicas precárias e a
aspectos culturais da população.
(E) Possibilita o cálculo do crescimento vegetativo ou natural da população, subtraindo‐se da taxa bruta
de natalidade a taxa bruta de mortalidade.

02. (Pref. Luisburgo/MG – Enfermeiro – IDECAN) Se houver dados de população local, pode‐se
efetuar os seguintes indicadores de saúde:
I. Coeficiente de incidência.
II. Coeficiente de prevalência.
III. Coeficiente de neonatalidade.

Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s)


(A) I, II e III.
(B) I, apenas.
(C) II, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I e III, apenas.

03. (Pref. Luisburgo/MG – Enfermeiro – IDECAN) Quando se aborda a quantidade de óbitos (no
caso da dengue), quais são considerados os indicadores possíveis de construção?
(A) Taxa de ataque.
(B) Incidência e prevalência.
(C) Letalidade e prevalência.
(D) Mortalidade e letalidade.
(E) Prevalência e mortalidade.

04. (Pref. Vilhena/RO - Agente de Saúde Pública – IDECAN) Os indicadores de morbidade estão
relacionados ao(à)
(A) cura.
(B) óbito.
(C) nascimento.
(D) longevidade.
(E) adoecimento.

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05. (Pref. Várzeada Palma/MG - Auditor em Saúde Pública - Enfermeiro - COTEC/UNIMONTES)
“Índice que mede o número de casos novos de uma doença, episódios ou eventos, na população, dentro
de um período definido de tempo.” Trata-se de:
(A) Prevalência.
(B) Surto.
(C) Letalidade.
(D) Incidência.

O trecho a seguir contextualiza o tema tratado nas questões 06 e 07.


“Em uma determinada área, está ocorrendo o aumento do coeficiente de mortalidade infantil e do
coeficiente de mortalidade materna. Ambos os indicadores de saúde são relevantes, pois indicam
diretamente a qualidade da assistência à saúde da mulher e da criança.”

06. (Pref. Nova Era/MG – Enfermeiro – IDECAN) O coeficiente de mortalidade infantil pode estar
aumentando porque
(A) a idade das crianças não implica nesse indicador.
(B) pode haver negligências com o calendário vacinal de crianças entre zero e um ano.
(C) pode haver negligências com o calendário vacinal de crianças entre seis e dez anos.
(D) a idade dos óbitos em questão deve ser aferida apenas entre os menores de quatro anos.

07. (Pref. Nova Era/MG – Enfermeiro – IDECAN) Para a elaboração do cálculo do coeficiente de
mortalidade infantil e materno, os óbitos devem ser divididos em ambos os casos por
(A) população geral.
(B) total de nascidos vivos.
(C) mulheres em idade fértil.
(D) total de crianças da região.

08. (Hospital Risoleta Tolentino Neves – HRTN - Técnico de Enfermagem - Gestão de Concursos)
Sobre os Indicadores de saúde, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) São medidas-síntese que contêm informação relevante sobre determinados atributos e dimensões
do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de saúde.
(B) Vistos em conjunto, não devem refletir a situação sanitária de uma população, nem servir para a
vigilância das condições de saúde.
(C) A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar desde a simples
contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões, taxas ou índices
mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer.
(D) A qualidade de um indicador depende das propriedades dos componentes utilizados em sua
formulação (frequência de casos, tamanho da população em risco) e da precisão dos sistemas de
informação empregados (registro, coleta, transmissão dos dados).

09. (CNEN - Analista - Enfermeiro - IDECAN) “Índice que mede o número de casos novos de uma
doença, episódios ou eventos na população dentro de um período definido de tempo.” Trata-se de
(A) surto.
(B) letalidade.
(C) incidência.
(D) prevalência.
(E) mortalidade.

10. (Pref. Nova Era/MG – Enfermeiro - IDECAN) Entre os diversos tipos de indicadores de saúde, é
correto afirmar que a prevalência tem como dependência:
I. Incidência.
II. Número de óbitos.
III. Número de curas.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)


(A) I, II e III.
(B) I, apenas.
(C) II, apenas.
(D) III, apenas.

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11. (AVAPE - Araçatuba/SP - Enfermeiro Obstetra - CONSULPLAN) “Mede a proporção de pessoas
numa dada população que apresentam uma específica doença ou atributo, em um determinado ponto no
tempo.” Trata-se de
(A) incidência.
(B) letalidade.
(C) frequência.
(D) morbidade.
(E) prevalência.

12. (TCE/PI – Enfermeiro – FCC) Em estatísticas de saúde, quer para finalidades administrativas ou
epidemiológicas, utilizam-se diferentes coeficientes ou taxas. O coeficiente (taxa) de mortalidade
(A) infantil estima o risco de morte dos nascidos vivos durante os dois primeiros anos de vida.
(B) neonatal tardia estima o risco de um nascido vivo morrer dos 7 aos 27 dias de vida.
(C) pós-neonatal estima o risco de um nascido vivo morrer dos 0 aos 28 dias de vida.
(D) perinatal estima o risco de um nascido vivo morrer durante o primeiro trimestre de vida.
(E) neonatal precoce estima o risco de morte de um feto nascer sem qualquer sinal de vida ou,
nascendo vivo, morrer nas quatro primeiras semanas.

13. (UNCISAL - Enfermeiro – Enfermagem - COPEVE/UFAL) A qualidade de um indicador depende


das propriedades dos componentes utilizados em sua formulação (frequência de casos, tamanho da
população em risco) e da precisão dos sistemas de informação empregados (registro, coleta, transmissão
dos dados). Qual a taxa de incidência de dengue para um determinado município com população de
264.000 habitantes e 89 casos de dengue confirmados no ano de 2013?
(A) 23,90
(B) 27,00
(C) 33,71
(D) 40,00
(E) 68,00

14. (Pref. São José dos Campos/SP - Analista em Saúde – Enfermeiro - VUNESP) “O número
médio de anos que ainda restam para serem vividos pelos indivíduos que sobrevivem até a idade
considerada, pressupondo-se que as probabilidades de morte que serviram para o cálculo continuem as
mesmas” corresponde ao conceito do indicador de saúde denominado de
(A) Índice de Swaroop & Uemura.
(B) Quantificação de Guedes.
(C) Vida Média.
(D) Esperança de Vida.
(E) Anos Potenciais de Vida Perdidos.

Gabarito

01.B / 02.B / 03.D / 04.E / 05.D / 06.B / 07.B / 08.B / 09.C / 10.A / 11.E / 12.B / 13.C / 14.D

Comentários

01.B / 02.B / 03.D

04. Resposta: E.
- Coeficientes de MORBIDADE (doenças): calcula o adoecimento

05. Resposta: D.
Coeficiente de incidência da doença: representa a ocorrência (casos novos) de uma doença na
população. Ou seja, analisa o adoecimento por alguma doença. Pode ser calculado por regra de três ou
através da seguinte fórmula:

casos NOVOS da doença em determinada comunidade e tempo x 10n


população da área no mesmo tempo

06. Resposta: B.

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07. Resposta: B.
b) coeficiente de mortalidade infantil (CMI): é uma estimativa do risco que as crianças nascidas
vivas tem de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das
condições de vida e saúde de uma comunidade. Pode ser calculado por regra de três ou através da
seguinte razão:
óbitos de menores de 1 ano em determinada comunidade e ano x 1.000
nascidos vivos na mesma comunidade e ano

d) coeficiente de mortalidade materna:


óbitos devidos a causas ligadas a gestação, parto e puerpério x 100.000
nascidos vivos na mesma comunidade e ano

08. Resposta: B.
Em termos gerais, os indicadores são medidas-síntese que contêm informação relevante sobre
determinados atributos e dimensões do estado de saúde, bem como do desempenho do sistema de
saúde. Vistos em conjunto, devem refletir a situação sanitária de uma população e servir para a vigilância
das condições de saúde. A construção de um indicador é um processo cuja complexidade pode variar
desde a simples contagem direta de casos de determinada doença, até o cálculo de proporções, razões,
taxas ou índices mais sofisticados, como a esperança de vida ao nascer.

09. Resposta: C.
A incidência diz respeito à frequência com que surgem novos casos de uma doença num intervalo de
tempo, como se fosse um “filme” sobre a ocorrência da doença, no qual cada quadro pode conter um
novo caso ou novos casos (PEREIRA, 1995).

10. A/11. E/12. B/13. C/14. D.

Doenças imunopreveníveis. Programa Nacional de Imunização

CAMPANHAS DE VACINAÇÃO: PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

Considerações Gerais

Em 1973 foi criado o Programa Nacional de Imunizações – PNI, como parte de um conjunto de
medidas que visavam redirecionar a atuação governamental, ajustando-se aos objetivos e diretrizes do
Programa Ampliado de Imunizações – PAI da Organização Mundial de Saúde – OMS (lei 6259 de 30-10-
1975; decreto 78.231 de 12-08-1976). Anteriormente as ações de imunização eram marcadas pela
atuação isolada de programas nacionais para o controle de doenças específicas como a Campanha de
erradicação da Varíola, Plano Nacional de Controle da Poliomielite e controle da Tuberculose. A partir
de então o Ministério da Saúde define as vacinas obrigatórias do calendário vacinal, permitindo
às unidades federadas propor medidas complementares no âmbito de seu território.
O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola na década dos anos sessenta, mostrou que a
vacinação em massa tinha o poder de erradicar a doença. O último caso de varíola notificado no Brasil
foi em 1971 e, no mundo em 1977 na Somália.
Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somatório de fatores, de âmbito nacional e
internacional, que convergiam para estimular e expandir a utilização de agentes imunizantes, buscando
a integridade das ações de imunizações realizadas no país. O PNI passou a coordenar, assim, as
atividades de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços e, para tanto, traçou
diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), com a prestação
de serviços integrais de saúde através de sua rede própria. A legislação específica sobre imunizações e
vigilância epidemiológica (Lei 6.259 de 30-10-1975 e Decreto 78.231 de 30-12-76) deu ênfase às
atividades permanentes de vacinação e contribuiu para fortalecer institucionalmente o Programa.
Em seguimento à erradicação da varíola, inicia-se em 1980 a 1ª CAMPANHA NACIONAL DE
VACINAÇÃO CONTRA A POLIOMIELITE, com a meta de vacinar todas as crianças menores de 5 anos
em um só dia. O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em março de 1989. Em setembro
de 1994 o Brasil junto com os demais países da região das américas, recebeu da Comissão Internacional

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para a Certificação da Ausência de Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas, o
Certificado que a doença e o vírus foram eliminados de nosso continente.
De 1990 a 2003, o PNI fez parte do CENEPI/FUNASA - Fundação Nacional de Saúde. A partir de
2003, passou a integrar a DEVEP/SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na Coordenação
Geral do Programa Nacional de Imunizações - CGPNI.
Ao longo do tempo, a atuação do PNI, ao consolidar uma estratégia de âmbito nacional, apresentou,
na sua missão institucional precípua, consideráveis avanços. As metas mais recentes contemplam
erradicação do sarampo e a eliminação tétano neonatal. A essas, se soma o controle de outras doenças
imunopreveníveis como Difteria, Coqueluche e Tétano acidental, Hepatite B, Meningites, Febre Amarela,
formas graves da Tuberculose, Rubéola e Caxumba em alguns Estados, bem como, a manutenção da
erradicação da Poliomielite.
Cabe também a CGPNI adquirir, distribuir e normatizar o uso dos imunobiológicos especiais, indicados
para situações e grupos populacionais específicos que serão atendidos nos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais - CRIEs. É também de responsabilidade desta coordenação a implantação do
Sistema de Informação e a consolidação dos dados de cobertura vacinal em todo o país.
Destacamos que o objetivo principal do Programa é de oferecer todas as vacinas com qualidade
a todas as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas vacinais
de 100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os bairros.
O PNI é, hoje, parte integrante do Programa da Organização Mundial de Saúde, com o apoio técnico,
operacional e financeiro da UNICEF e contribuições do Rotary Internacional e do Programa das Nações
Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
A informatização do PNI foi desenvolvida pelo DATASUS (GEIPS), segundo especificação da CGPNI.
A década de 1990 foi repleta de marcos importantes para a saúde brasileira e para o PNI. A vacina
Bacillus Calmette-Guérin Intra Dérmica (BCG-ID) começou a ser distribuída em grandes maternidades.
Na Amazônia Ocidental, implantava-se a vacina contra hepatite B e introduzia-se a imunização contra a
febre amarela nas áreas endêmicas. Ainda em 1991, cerca de 42 mil casos de sarampo foram registrados.
Por isso, no ano seguinte, foi instituído o Plano Nacional de Controle e Eliminação de sarampo, tendo
como marco a realização da campanha de vacinação indiscriminada do grupo de nove meses a 14 anos
de idade. O resultado não podia ser outro: redução de 81% no número de casos. Após este período, a
tríplice vital – contra sarampo, caxumba e rubéola – foi introduzida gradualmente no País.
Em 1992, também foi implantado o Plano de Eliminação do Tétano Neonatal, priorizando a vacinação
das mulheres em idade fértil, entre 15 e 49 anos, com a vacina dupla adulto (tétano e difteria). No ano
seguinte, os povos indígenas que residem em locais isolados no País foram beneficiados pela “Operação
Gota”.
Em 1994, ficou estabelecida pela 24ª Conferência Sanitária Pan-Americana a erradicação do sarampo
até o ano 2000. Com o intuito de corrigir falhas primárias da vacinação contra a doença, o programa
promoveu a primeira de cinco campanhas nacionais contra o sarampo para crianças menores de cinco
anos. Dois anos depois, a vacina contra hepatite B passou a ser produzida no Brasil e, em 1998, já era
aplicada em crianças com menos de um ano em todos os municípios.
Por conta da redefinição das áreas de risco para febre amarela em 1998, uma imunização massiva
aconteceu até 2001. Ao todo, 55,5 milhões de doses foram aplicadas. No último ano da década, as
campanhas de vacinação contra a gripe em pessoas com mais de 60 anos também foram marcantes.
Logo no início do século XXI, o último caso autóctone de sarampo foi confirmado. Em 2001, foi iniciada
a campanha contra a rubéola, utilizando a vacina dupla viral. A meta era vacinar 15 milhões de mulheres
em idade fértil, visando ao controle da rubéola e da síndrome da rubéola congênita (SRC). Ainda nesse
ano, a vacinação contra febre amarela tornou-se obrigatória em áreas portuárias, aeroportuárias, de
terminais e passagens de fronteira.
Em 2003, a vacina combinada tetravalente (DTP + Hib) substituiu as vacina tríplice bacteriana e Hib
monovalente. A vacina monovalente sarampo também foi definitivamente trocada pela tríplice viral. Neste
mesmo ano, surgiu a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), responsável pelas ações nacionais de
vigilância, prevenção e controle de doenças – inclusive pelo gerenciamento do Programa Nacional de
Imunizações, no âmbito do Ministério da Saúde.
Os calendários de vacinação da criança, do adolescente e do idoso – com nove imunobiológicos –
foram instituídos em 2004. Dois anos depois, a imunização oral de rotavírus humano (VORH) foi
introduzida no calendário da criança. Na mesma época, o tétano neonatal deixou de ser problema de
saúde pública no País.
O ano de 2008 foi marcado por uma megaoperação contra a rubéola: 67,8 milhões de homens e
mulheres com idade entre 20 e 39 anos foram vacinados. A campanha contou com um sistema de

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informação online que permitiu aos gestores e técnicos monitorarem o avanço das coberturas. Uma
comissão foi criada com o intuito de acompanhar a eliminação do sarampo e da rubéola.
A pandemia causada pelo influenza A H1N1, declarada como emergência de saúde pública de
importância internacional, resultou em uma campanha nacional de vacinação contra o vírus em 2010.
Noventa milhões de doses foram aplicadas em gestantes, crianças, indígenas, trabalhadores de saúde,
portadores de doenças crônicas e adultos com idade entre 20 e 39 anos. No mesmo período, a vacina
meningocócica C conjugada e pneumocócica 10 valente foi introduzida no calendário de vacinação da
criança.
Em 2010, também, foi criado o calendário diferenciado para a população indígena que inclui as vacinas
pentavalente, pneumocócica 23 e varicela, e vacinação contra a hepatite B e influenza para todas as
faixas etárias.
O PNI continua avançando. Em 2012, as vacinas poliomielite inativada (VIP) e penta
(DTP+Hib+hepatite B) foram introduzidas no calendário da criança. Já em 2013, foi a vez da tetraviral
(tríplice viral + varicela) e da incorporação da vacina varicela, que passou a substituir a segunda dose da
vacina tríplice viral para as crianças de 15 meses de idade.
O calendário básico de imunizações do Sistema Único de Saúde (SUS) passou a contar, a partir de
setembro de 2013, com a vacina tetravalente viral que inclui a imunização contra a varicela (catapora),
além de sarampo, caxumba e rubéola, já contempladas na tríplice viral.
Destaca-se ainda as novas incorporações realizadas em 2014: a vacina hepatite A para crianças de
um ano de idade, a vacina dTpa (tétano, difteria e coqueluche acelular) para gestantes e a vacina contra
o HPV (papiloma vírus humano), para meninas de 9 a 13 anos, que serão protegidas contra os principais
vírus que causam o câncer de colo de útero. Assim, o SUS passou a ofertar 17 vacinas de rotina no
calendário nacional, 100% das vacinas propostas pela OMS.
O PNI ainda terá muitos desafios para enfrentar para continuar contribuindo com manutenção da saúde
da população brasileira, aprimorando cada vez mais as ações ofertadas pelo Sistema Único de Saúde.
O PNI organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como missão
o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis. É considerado uma das
principais e mais relevantes intervenções em saúde pública no Brasil, em especial pelo importante
impacto obtido na redução de doenças nas últimas décadas. Os principais aliados no âmbito do SUS são
as secretarias estaduais e municipais de saúde.
As diretrizes e responsabilidades para a execução das ações de vigilância em saúde, entre as quais
se incluem as ações de vacinação, estão definidas em legislação nacional que aponta que a gestão das
ações é compartilhada pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios. As ações
devem ser pactuadas na Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e na Comissão Intergestores Bipartite
(CIB), tendo por base a regionalização, a rede de serviços e as tecnologias disponíveis.

Responsabilidades das Esferas Nacional e Estadual

Na esfera federal, o PNI está sob responsabilidade da Coordenação-Geral do Programa Nacional de


Imunizações (CGPNI) do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis (Devit) da Secretaria
de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.

Constituem Competências da Esfera Federal:

- A coordenação do PNI (incluindo a definição das vacinas nos calendários e das campanhas nacionais
de vacinação), as estratégias e as normatizações técnicas sobre sua utilização;
- O provimento dos imunobiológicos definidos pelo PNI, considerados insumos estratégicos;
- A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a consolidação e a análise dos dados nacionais
e a retroalimentação das informações à esfera estadual.

Constituem Competências da Esfera Estadual:

- A coordenação do componente estadual do PNI;


- O provimento de seringas e agulhas, itens que também são considerados insumos estratégicos;
- A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a consolidação e a análise dos dados
municipais, o envio dos dados ao nível federal dentro dos prazos estabelecidos e a retroalimentação das
informações à esfera municipal.

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Responsabilidades da Esfera Municipal

A vacinação, ao lado das demais ações de vigilância epidemiológica, vem ao longo do tempo perdendo
o caráter verticalizado e se incorporando ao conjunto de ações da atenção primária em saúde. As
campanhas, as intensificações, as operações de bloqueio e as atividades extramuros são
operacionalizadas pela equipe da atenção primária, com apoio dos níveis distrital, regional, estadual e
federal, sendo fundamental o fortalecimento da esfera municipal.

Constituem Competências da Esfera Municipal:

- A coordenação e a execução das ações de vacinação integrantes do PNI, incluindo a vacinação de


rotina, as estratégias especiais (como campanhas e vacinações de bloqueio) e a notificação e
investigação de eventos adversos e óbitos temporalmente associados à vacinação;
- A gerência do estoque municipal de vacinas e outros insumos, incluindo o armazenamento e o
transporte para seus locais de uso, de acordo com as normas vigentes;
- O descarte e a destinação final de frascos, seringas e agulhas utilizados, conforme as normas
técnicas vigentes;
- A gestão do sistema de informação do PNI, incluindo a coleta, o processamento, a consolidação e a
avaliação da qualidade dos dados provenientes das unidades notificantes, bem como a transferência dos
dados em conformidade com os prazos e fluxos estabelecidos nos âmbitos nacional e estadual e a
retroalimentação das informações às unidades notificadoras.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Disponível em:
<http://pni.datasus.gov.br/apresentacao.asp>
BRASIL. Portal Brasil. Saúde. Confira as principais ações do Programa Nacional de Imunizações. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/saude/2014/04/confira-as-principais-acoes-do-programa-nacional-de-imunizacoes-1>

Vacinas

As ações de vacinação são coordenadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) da


Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que tem como objetivo erradicar,
eliminar e controlar as doenças imunopreveníveis no território brasileiro. A vacinação é a maneira
mais eficaz de evitar diversas doenças imunopreveníveis, como varíola (erradicada), poliomielite (paralisia
infantil), sarampo, tuberculose, rubéola, gripe, hepatite B, febre amarela, entre outras52.
Quatro tipos de enfoque são essenciais no âmbito da atenção à saúde: promoção e proteção
da saúde, diagnóstico, tratamento precoce, e reabilitação de eventuais sequelas. Na prevenção de
doenças infecciosas as vacinas propiciam, reconhecidamente, amplos benefícios. Representam
exemplos desta conquista a erradicação da varíola no mundo, a erradicação da poliomielite e interrupção
da circulação autóctone do vírus do sarampo nas Américas.
A Política Nacional de Atenção Básica, estabelecida em 2006, caracteriza a atenção básica como “um
conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da
saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde”.
A Estratégia de Saúde da Família (ESF), implementada a partir de 1994, é a estratégia adotada na
perspectiva de organizar e fortalecer esse primeiro nível de atenção, organizando os serviços e orientando
a prática profissional de atenção à família.
No contexto da vacinação, a equipe da ESF realiza a verificação da caderneta e a situação vacinal e
encaminha a população à unidade de saúde para iniciar ou completar o esquema vacinal, conforme os
calendários de vacinação.
É fundamental que haja integração entre a equipe da sala de vacinação e as demais equipes de saúde,
no sentido de evitar as oportunidades perdidas de vacinação, que se caracterizam pelo fato de o indivíduo
ser atendido em outros setores da unidade de saúde sem que seja verificada sua situação vacinal ou haja
encaminhamento à sala de vacinação.
No Brasil, desde o início do século XIX, as vacinas são utilizadas como medida de controle de doenças.
No entanto, somente a partir do ano de 1973 é que se formulou o Programa Nacional de Imunizações
(PNI), regulamentado pela Lei Federal no 6.259, de 30 de outubro de 1975, e pelo Decreto n° 78.321, de
12 de agosto de 1976, que instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE).

52
LONDRINA. Prefeitura Municipal de Londrina. Disponível em: <
http://www.londrina.pr.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13143&Itemid=1511>

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O PNI organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como missão o
controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis. É considerado uma das principais
e mais relevantes intervenções em saúde pública no Brasil, em especial pelo importante impacto obtido
na redução de doenças nas últimas décadas. Os principais aliados no âmbito do SUS são as secretarias
estaduais e municipais de saúde.

As vacinas ofertadas na rotina dos serviços de saúde são definidas nos calendários de
vacinação, nos quais estão estabelecidos:
- Os tipos de vacina;
- O número de doses do esquema básico e dos reforços;
- A idade para a administração de cada dose;
- O intervalo entre uma dose e outra no caso do imunobiológico cuja proteção exija mais de uma dose.

Considerando o risco, a vulnerabilidade e as especificidades sociais, o PNI define calendários de


vacinação com orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e
indígenas. As vacinas recomendadas para as crianças têm por objetivo proteger esse grupo o mais
precocemente possível, garantindo o esquema básico completo no primeiro ano de vida e os
reforços e as demais vacinações nos anos posteriores.
O Brasil é um dos países que oferece o maior número de vacinas à população. Atualmente, o PNI
disponibiliza mais de 300 milhões de doses anuais distribuídas entre 44 imunobiológicos, incluindo
vacinas, soros e imunoglobulinas. Conta com aproximadamente 34 mil salas de vacinação e 42 Centros
de Referência em Imunobiológicos Especiais (Crie), que atendem indivíduos portadores de condições
clínicas especiais e utilizam variadas estratégias de vacinação, incluindo vacinação de rotina, campanhas,
bloqueios vacinais e ações extramuros.

A vacina é produto farmacêutico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina


monovalente ou combinada) em diversas formas biológicas, quais sejam:
- bactérias ou vírus vivos atenuados;
- vírus inativados e bactérias mortas;
- componentes purificados e/ou modificados dos agentes causadores das doenças contra as quais a
vacina é dirigida.

O produto final elaborado pode conter, além do agente imunizante, proteínas ou outros componentes
originados dos meios de cultura ou da cultura de células utilizados no processo de produção da vacina,
bem como outros componentes, como liquido de suspensão, conservantes, antibióticos e outras
substâncias.
Todos os agentes imunizantes devem ser mantidos em temperatura adequada, de acordo com as
especificações do seu produtor. As vacinas, imunoglobulinas e soros devem ser conservados em
geladeira, fora do congelador, em temperaturas entre +2°C e +8ºC. Alguns produtos não podem
ser submetidos a temperaturas que levem ao congelamento.

Bases Imunológicas da Vacinação

A imunologia é o estudo da imunidade, ou seja, dos eventos moleculares e celulares que ocorrem
quando o organismo entra em contato com micro-organismos ou macromoléculas estranhas presentes
no ambiente.

Os seres humanos estão constantemente expostos a agentes infecciosos, como parasitas,


bactérias, vírus e fungos. Então, para se defender desses agentes, o sistema imune atua de duas
maneiras:
1) Ele reage rapidamente (de minutos a horas) aos agentes infecciosos, como, por exemplo, a
fagocitose e outros mecanismos que já estão presentes no organismo antes da infecção. Essa é a
resposta natural, inata ou inespecífica.
2) Ele desenvolve mais lentamente (ao longo de dias ou semanas) uma resposta imune específica,
como, por exemplo, a produção de anticorpos específicos para o sarampo. Essa é a resposta adquirida,
adaptativa ou específica.

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As células da resposta imunológica são produzidas na medula óssea. Os linfócitos T e os linfócitos B
são encontrados na medula óssea, no timo, nos gânglios linfáticos, no baço e nas placas de Peyer, no
intestino.

- Imunidade Inespecífica (Natural ou Inata):


É constituída de mecanismos de defesa bioquímicos e celulares que já estão presentes no organismo
antes mesmo de se iniciar o processo infeccioso, respondendo, prontamente, à infecção.

Seus principais componentes são:


- Barreiras físicas: a pele e as mucosas;
- Barreiras fisiológicas: secreções das glândulas sudoríparas e sebáceas, das mucosas, atividades
ciliares do epitélio das vias respiratórias, saliva, acidez gástrica e urinária, ação mucolítica da bile,
peristaltismo intestinal, ação da lisozima (enzima que destrói a camada protetora de várias bactérias),
presente na lágrima, na saliva e nas secreções nasais;
- Fatores séricos e teciduais: complemento, interferon;
- Fagocitose.

A imunidade inespecífica não necessita de estímulos prévios e não tem período de latência. Esse tipo
de imunidade se opõe à colonização, à penetração, à multiplicação e à persistência do agente infeccioso
no organismo.
A imunidade inespecífica é a linha de frente da defesa do nosso organismo, capaz de impedir que a
doença se instale.

A grande maioria dos microrganismos é destruída em poucos minutos ou horas pela imunidade inata.
Os principais mecanismos são:
- Fagocitose: realizada por meio de leucócitos polimorfonucleares, monócitos e macrófagos teciduais.
Na fagocitose, a membrana plasmática envolve o material ou o micro-organismo a ser fagocitado,
formando-se grandes vesículas chamadas fagossomos. Estes se fundem com os lisossomos, que têm
enzimas digestivas, formando-se fagolisossomos. O objetivo é destruir os micro-organismos invasores
por digestão intracelular.
- Complemento: é um sistema composto de várias proteínas muito importantes na defesa contra
vários agentes infecciosos, entre eles o meningococo. Na ausência do complemento, que auxilia a
fagocitose e a lise dessa bactéria, as pessoas infectadas poderão desenvolver meningite e/ou doença
meningocócica. Por isso, para as pessoas com deficiência de complemento, a vacina conjugada
meningocócica C está indicada.
- Interferon: é uma substância de natureza proteica produzida pelas células de defesa do organismo
após uma infecção viral, com o objetivo de reduzir a replicação do vírus que desencadeou a infecção e
também para evitar a infecção por outros vírus. O interferon atua de modo inespecífico.
Por isso, as vacinas virais atenuadas (como a tríplice viral, tetra viral, as vacinas febre amarela e
varicela) não devem ser administradas simultaneamente. Recomenda-se aguardar um intervalo de 30
dias, salvo em situações especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado.
Na maioria das vezes, a resposta inata é suficiente para defender o organismo. No entanto, quando
isso não ocorre, entram em cena os componentes da imunidade específica.

- Imunidade Específica (Adquirida ou Adaptativa):


A imunidade adquirida específica corresponde à proteção contra cada agente infeccioso ou antígeno.
A resposta específica inicia-se quando os agentes infecciosos são reconhecidos nos órgãos linfoides
pelos linfócitos T e B. Os linfócitos B iniciam a produção de anticorpos específicos (imunidade humoral)
contra o antígeno. Já os linfócitos T viabilizam a produção de células de memória (imunidade celular).

Respostas Primária e Secundária

Quando os mecanismos da resposta inespecífica não são suficientes para deter a infecção, a resposta
específica será desencadeada. Inicialmente, haverá um período indutivo, fase que corresponde à
procura do linfócito específico. Durante o período indutivo, não haverá a produção de anticorpos
específicos.
Após o reconhecimento do linfócito B específico, inicia-se a produção de anticorpos. A primeira classe
de imunoglobulina a ser produzida é a IgM e, posteriormente, a IgG (resposta primária).

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A IgG ficará presente, na maioria das vezes, para o resto da vida. As imunoglobulinas específicas
contra esse antígeno serão produzidas todas as vezes em que o organismo entrar em contato com esse
agente etiológico (resposta secundária). Tal resposta é mais rápida, uma vez que não há período
indutivo, pois na resposta primária ocorreu a estimulação dos linfócitos T de memória.
Algumas vacinas necessitam da aplicação de mais de uma dose, para uma adequada proteção.
É importante respeitar o intervalo mínimo entre as doses, pois isso corresponde ao período da queda
de anticorpos produzidos pela dose anterior. As doses administradas no período inferior ao intervalo
mínimo deverão ser repetidas, com exceção da vacina rotavírus humano.
Nas situações em que o antígeno não estimula as células de memória (antígeno T-independente), a
persistência dos anticorpos poderá ser limitada. A vacina polissacarídica meningocócica A e C não
estimula as células de memória. Por isso, a duração da resposta imunológica é limitada a apenas 3 a 5
anos. As primeiras vacinas contra o Haemophilus influenzae b (Hib) e a vacina pneumocócica 23-valente
não estimulam as células de memória. As vacinas constituídas apenas de polissacarídeo têm uma boa
proteção; no entanto, com duração limitada.
As vacinas virais e bacterianas, atenuadas ou inativadas, são eficazes e estimulam a produção de
células de memória (antígenos T-dependente). As vacinas que estimulam as células de memória têm uma
grande vantagem, pois – em situações de atraso no cumprimento do calendário vacinal – não haverá
necessidade de recomeçar o esquema vacinal. No entanto, é importante salientar que, durante o período
em que as pessoas não estiverem com o esquema vacinal completo, elas não estarão protegidas.
É importante que o antígeno vacinal seja aplicado o mais precocemente possível, antes que a pessoa
entre em contato com o agente infeccioso. A vacina aplicada irá estimular a produção de anticorpos
específicos e a produção de células de memória (resposta primária).
Tais células permitirão a rápida produção de anticorpos específicos no momento da exposição
ao agente causador da doença (resposta secundária). Assim, na reexposição, a resposta será mais
rápida e mais potente, prevenindo a doença. A resposta imune que se deseja por intermédio da vacinação
é semelhante à resposta que ocorre quando há o contato com micro-organismo selvagem.

Imunidade Ativa e Passiva


A imunidade específica pode ser adquirida de modo ativo ou passivo.

- Imunidade Ativa:
A proteção adquirida de modo ativo é aquela obtida pela estimulação da resposta imunológica com a
produção de anticorpos específicos.
A infecção natural (com ou sem sintomas) confere imunidade ativa, natural e é duradoura, pois
há estimulação das células de memória. Após uma infecção por sarampo, rubéola ou varicela, por
exemplo, o indivíduo ficará protegido, não havendo mais o risco de adquirir a mesma doença novamente.
A imunidade ativa, adquirida de modo artificial, é obtida pela administração de vacinas, que estimulam
a resposta imunológica, para que esta produza anticorpos específicos.

- Imunidade Passiva:
A imunidade adquirida passivamente é imediata, mas transitória. É conferida a um indivíduo
mediante a:
- Passagem de anticorpos maternos por via transplacentária, por intermédio da amamentação pelo
colostro e pelo leite materno (imunidade passiva natural);
- Administração parenteral de soro heterólogo/homólogo ou de imunoglobulina de origem humana
(imunidade passiva artificial) ou de anticorpos monoclonais. Exemplo: soro antitetânico, antidiftérico,
antibotrópico e as imunoglobulinas específicas contra a varicela, hepatite B e tétano, palivizumabe.

Neste tipo de imunidade, administram-se anticorpos prontos, que conferem a imunidade imediata.
Não há o reconhecimento do antígeno e, portanto, não ocorre a ativação de célula de memória.
Algumas semanas depois, o nível de anticorpos começa a diminuir, o que dá a esse tipo de imunidade
um caráter temporário. Utiliza-se a imunidade passiva quando há necessidade de uma resposta imediata
e não se pode aguardar o tempo para a produção de anticorpos em quantidade adequada.

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Fatores Que Influenciam a Resposta Imune

- Fatores Relacionados ao Vacinado:

Idade
No primeiro ano de vida, o sistema imunológico ainda está em desenvolvimento. Para algumas
vacinas, devido à sua composição, é necessária a administração de um número maior de doses, de
acordo com a idade, como ocorre com a vacina conjugada pneumocócica 10 valente, a meningocócica C
e a vacina hepatite B.
É necessário que as crianças sejam vacinadas nos primeiros meses de vida, pois se espera que o
primeiro contato seja com o antígeno vacinal. No entanto, para algumas vacinas, poderá ocorrer a
interferência dos anticorpos maternos. Por exemplo, em relação à vacina contendo o componente
sarampo, recomenda-se não vacinar crianças filhas de mães que tiveram a doença ou foram vacinadas
no período anterior a 6 meses, pela possível inativação da vacina.

Gestação
As gestantes não devem receber vacinas vivas, pois existe a possibilidade de passagem dos antígenos
vivos atenuados para o feto e de causar alguma alteração, como malformação, aborto ou trabalho de
parto prematuro.
Nas situações específicas de profilaxia, estará indicada a imunização passiva, que prevê o
recebimento de soros ou imunoglobulinas específicas, como a imunoglobulina específica contra varicela
ou hepatite B ou imunoglobulina hiperimune.

Amamentação
De maneira geral, não há contraindicação de aplicação de vacinas virais atenuadas para as mães que
estejam amamentando, pois não foram observados eventos adversos associados à passagem desses
vírus para o recém-nascido. No entanto, a vacina febre amarela não está indicada para mulheres que
estejam amamentando, razão pela qual a vacinação deve ser adiada até a criança completar seis meses
de idade. Na impossibilidade de adiar a vacinação, deve-se avaliar o benefício pelo risco. Em caso de
mulheres que estejam amamentando e tenham recebido a vacina, o aleitamento materno deve ser
suspenso preferencialmente por 28 dias após a vacinação (com o mínimo de 15 dias).

Reação Anafilática
Alguns indivíduos poderão apresentar reação anafilática a alguns componentes dos imunobiológicos.
No mecanismo dessa reação, estão envolvidos os mastócitos. A reação ocorre nas primeiras duas
horas após a aplicação e é caracterizada pela presença de urticária, sibilos, laringoespasmo, edema de
lábios, podendo evoluir com hipotensão e choque anafilático. Geralmente, a reação anafilática ocorre na
primeira vez em que a pessoa entra em contato com o referido imunobiológico. Neste caso, as próximas
doses estão contraindicadas.

Pacientes Imunodeprimidos
Os pacientes imunodeprimidos – devido às neoplasias ou ao tratamento com quimioterapia e/ou
radioterapia, corticoide em doses elevadas, HIV/aids – deverão ser avaliados caso a caso para a
administração adequada de imunobiológicos. Tais pacientes não deverão receber vacinas vivas. Nas
situações de pós-exposição, eles receberão soros ou imunoglobulinas específicas.
Para cada imunodeficiência pode-se substituir, indicar, contraindicar ou adiar a indicação de algum
imunobiológico.

Uso de Antitérmico Profilático


Em estudos realizados, observou-se que as crianças que receberam paracetamol profilático
apresentaram uma redução nos títulos de anticorpos das vacinas administradas. É importante salientar
que não há necessidade de revacinação, pois os títulos – embora sejam menores em comparação ao
grupo de crianças que não receberam antitérmico profilático – estavam em níveis protetores.
Considerando-se essa situação, recomenda-se a sua utilização apenas para as crianças com história
pessoal e familiar de convulsão e para aquelas que tenham apresentado febre maior do que 39,5ºC ou
choro incontrolável após dose anterior de vacina tríplice bacteriana (penta ou DTP ou DTPa). Nessas
situações, indica-se antitérmico/analgésico no momento da vacinação e com intervalos regulares nas 24
horas até as 48 horas subsequentes.

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- Fatores Relacionados à Vacina:

Via de Administração
O uso de vias de administração diferentes da preconizada poderá interferir na resposta imune.

- Via Oral - A via oral é utilizada para a administração de soluções que são melhor absorvidas no trato
gastrointestinal.
O volume e a dose dessas soluções são introduzidas pela boca e apresentados, geralmente, em gotas.

- Via Intradérmica (ID) - Na utilização desta via a solução é introduzida nas camadas superficiais da
pele, isto é, na derme. A via intradérmica é uma via de absorção lenta, utilizada para a administração
da vacina BCG-ID, para a realização da prova de sensibilidade aos soros e da prova de
hipersensibilidade. Por exemplo: teste do PPD.
O volume máximo indicado, introduzido por esta via, é de 0,5ml, sendo que, geralmente, o volume
corresponde a frações inferiores ou iguais a 0,1ml.
O local mais utilizado para injeções ID é a face anterior do antebraço.

- Via Subcutânea (SC) - Na utilização dessa via a solução é administrada nas camadas subcutâneas.
A via subcutânea é utilizada para a administração de soluções que necessitam ser absorvidas mais
lentamente, assegurando uma ação contínua. Essas soluções não devem ser irritantes, devendo ser de
fácil absorção. O volume máximo a ser introduzido por esta via é de 1,5ml.
Os locais mais utilizados para injeções subcutâneas são as regiões do deltoide no terço
proximal ou na face superior externa do braço, na face anterior da coxa ou na face anterior do
antebraço.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, caxumba e rubéola e
vacina febre amarela (atenuada).

- Via Intramuscular (IM) - Na utilização desta via, a solução é introduzida dentro do corpo muscular.
A via intramuscular é utilizada para a administração de volumes superiores a 1,5ml de soluções
irritantes (aquosas ou oleosas) que necessitam ser absorvidas rapidamente e também quando é
necessário obter efeitos mais imediatos.
O local apropriado para a aplicação da injeção IM é crucial para uma administração segura. Na seleção
do local deve-se considerar: distância em relação a vasos e nervos importantes; musculatura
suficientemente grande para absorver o medicamento; espessura do tecido adiposo; idade do paciente;
irritabilidade da droga e atividade do paciente.

Os locais selecionados devem estar distantes dos grandes nervos e vasos sanguíneos. Os mais
utilizados são:
- dorso glúteo ou músculo grande glúteo, no quadrante superior externo;
- músculo vasto lateral da coxa, no terço médio da coxa, medido entre o joelho e o trocanter Maior;
- músculo deltoide, região deltoide no terço superior e face externa do braço;

São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis,
Haemophilus influenzae b (conjugada) e hepatite B (recombinante); vacina adsorvida difteria e tétano
adulto; vacina hepatite B (recombinante); vacina raiva (inativada); vacina pneumocócica 10 valente
(conjugada) e vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada).
A região glútea é uma opção para a administração de determinados tipos de soros (antirrábico, por
exemplo) e imunoglobulinas (anti-hepatite B e varicela, como exemplos).
A área ventroglútea é uma região anatômica alternativa para a administração de imunobiológicos por
via intramuscular, devendo ser utilizada por profissionais capacitados.

- Via Endovenosa (EV) - Na utilização da via endovenosa, o imunobiológico é introduzido diretamente


na corrente sanguínea.
É uma via que permite a administração de grandes volumes de líquidos e, também, de soluções que,
por serem irritantes ou por sofrerem a ação dos sucos digestivos, são contraindicadas pelas demais vias
parenterais e pela via oral, respectivamente. São administrados por essa via imunobiológicos como
os soros antidiftérico, antibotulínico e os soros antiveneno.
Os locais mais utilizados para a administração de injeções endovenosas são as veias
periféricas superficiais.

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A escolha da veia é feita mediante a observação dos seguintes aspectos:
- Acessibilidade;
- Mobilidade reduzida;
- Localização sobre base mais ou menos dura; e
- Ausência de nervos importantes.

A administração de soros por via endovenosa requer o uso de luvas, assim como a assepsia da pele
do usuário.

Dose e Esquema de Vacinação


De modo geral, as vacinas inativadas necessitam de mais de uma dose para uma adequada proteção
(por exemplo: a vacina hepatite B, tétano e difteria), enquanto as vacinas virais atenuadas, geralmente,
necessitam apenas de uma dose para uma adequada proteção.

Adjuvantes
São substâncias presentes na composição de algumas vacinas e que aumentam a resposta imune dos
produtos que contêm micro-organismos inativados ou seus componentes (por exemplo: os toxóides
tetânico e diftérico). Não são utilizados em vacinas que contêm micro-organismos vivos. Os sais de
alumínio são os adjuvantes mais utilizados em vacinas para o uso humano.

Equipe de Vacinação e Funções Básicas

As vacinas permitem a prevenção, o controle, a eliminação e a erradicação das doenças


imunopreveníveis, assim como a redução da morbimortalidade por certos agravos, sendo a sua utilização
bastante custo-efetiva.
No serviço de saúde, a conservação dos imunobiológicos a serem utilizados na vacinação durante a
jornada de trabalho deve ser feita em caixa térmica devidamente refrigerada por bobinas de gelo. Ao
organizar a caixa térmica para início das atividades diárias, deve-se manter a temperatura interna da
caixa entre +2ºC e +8ºC, monitorando esta temperatura para não comprometer a eficácia dos
imunobiológicos.
As caixas térmicas são utilizadas para o acondicionamento de imunobiológicos de uso diário na sala
de vacinação, para vacinação extramuros ou quando se realiza a limpeza do equipamento de
refrigeração. As caixas térmicas de poliuretano ou poliestireno expandido devem atender as
características mínimas de fabricação para o isolamento e a manutenção da temperatura adequada para
o armazenamento dos imunobiológicos.
A capacidade da caixa térmica em litros (de qualquer modelo) precisa ser adequada à quantidade de
imunobiológicos que devem ser acondicionados, assim como à quantidade de bobinas utilizadas para a
conservação. Independente da atividade a que se destina a utilização das bobinas reutilizáveis, o usuário
deve se certificar da temperatura antes de proceder a organização da caixa térmica, já que os
diferentes conteúdos de preenchimento das bobinas possuem pontos de congelamento distintos. Neste
sentido, é de extrema importância o monitoramento da temperatura durante a ambientação com
termômetro calibrado.
A administração de imunobiológico confere imunização ativa ou passiva ao indivíduo. Para que
este processo se dê em sua plenitude e com segurança, as atividades de imunização devem ser cercadas
de cuidados, adotando-se procedimentos adequados antes, durante e após a administração dos
imunobiológicos.
As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equipe de enfermagem treinada e
capacitada para os procedimentos de manuseio, conservação, preparo e administração, registro
e descarte dos resíduos resultantes das ações de vacinação.
A equipe de vacinação é formada pelo enfermeiro e pelo técnico ou auxiliar de enfermagem, sendo
ideal a presença de dois vacinadores para cada turno de trabalho. O tamanho da equipe depende do
porte do serviço de saúde, bem como do tamanho da população do território sob sua responsabilidade.
Tal dimensionamento também pode ser definido com base na previsão de que um vacinador pode
administrar com segurança cerca de 30 doses de vacinas injetáveis ou 90 doses de vacinas administradas
pela via oral por hora de trabalho.
A equipe de vacinação participa ainda da compreensão da situação epidemiológica da área de
abrangência na qual o serviço de vacinação está inserido, para o estabelecimento de prioridades, a
alocação de recursos e a orientação programática, quando necessário. O enfermeiro é responsável pela

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supervisão ou pelo monitoramento do trabalho desenvolvido na sala de vacinação e pelo processo de
educação permanente da equipe.

Administração de Vacinas

A normatização técnica quanto ao uso dos imunobiológicos no âmbito do SUS é responsabilidade do


Programa Nacional de Imunizações (PNI), inserindo-se neste contexto a decisão quanto à introdução do
imunobiológico como integrante dos calendários oficiais de vacinação, bem como a ampliação de oferta
e a definição dos imunobiológicos para situações especiais e para grupos populacionais específicos.

As vacinas que integram a rotina de vacinação do PNI são as seguintes:


- Vacina BCG;
- Vacina hepatite B (recombinante) – hepatite B;
- Vacina adsorvida hepatite A (inativada) – hepatite A;
- Vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) – VOP;
- Vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – VOP;
- Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae b
(conjugada) – penta;
- Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis – DTP;
- Vacina adsorvida difteria e tétano adulto – dT;
- Vacina rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) – VORH;
- Vacina febre amarela (atenuada) – FA;
- Vacina sarampo, caxumba e rubéola – tríplice viral;
- Vacina sarampo, caxumba, rubéola e varicela (atenuada) – tetra viral;
- Vacina meningocócica C (conjugada) – meningo C;
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) – pneumo 10;
- Vacina varicela (atenuada);
- Vacina influenza (inativada);
- Vacina raiva humana;
- Vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) – HPV.

Os imunobiológicos utilizados a partir de indicação médica em situações especiais e para


grupos específicos, disponibilizados no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais
(Crie), são os seguintes:
- Vacina Haemophilus influenzae b (conjugada) – Hib;
- Vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) – pneumo 23;
- Vacina adsorvida difteria e tétano infantil – DT;
- Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (acelular) – DTPa;
- Vacina adsorvida hepatite A (inativada);
- Vacina varicela (atenuada);
- Vacina febre tifoide;
- Vacina cólera (inativada).

A Portaria ministerial nº 1.498, de 19 de julho de 2013, redefine o Calendário Nacional de Vacinação,


o Calendário Nacional de Vacinação dos Povos Indígenas e as Campanhas Nacionais de Vacinação no
âmbito do PNI em todo o território nacional.

1- Vacina BCG: indicada para prevenir as formas graves da tuberculose (miliar e meníngea). A
vacina é preparada à partir de bacilos vivos com virulência atenuada. É administrada por via
intradérmica. A vacina BCG pode causar eventos adversos locais, regionais ou sistêmicos, que podem
ser decorrentes do tipo de cepa utilizada, da quantidade de bacilos atenuados administrada, da técnica
de aplicação e da presença de imunodeficiência primária ou adquirida.
A vacina BCG, uma vez reconstituída, pode ser usada por um prazo máximo de 6 horas.

Procedimentos no Preparo da Vacina (Vacina reconstituída)


- Aspire todo o diluente com a seringa e a agulha, deixando-a reservada e protegida com a ampola.
- Bata levemente com o dedo na ampola que contém o liófilo (pó) para que ele se deposite no fundo.
- Verifique se o gargalo da ampola está seco.
- Envolva a ampola com o saco plástico da embalagem.

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- Abra (quebre) a ampola no ponto demarcado.
- Retire o plástico lentamente, para que o ar penetre na ampola de forma gradual.
Como a vacina BCG é fechada a vácuo, quando o ar entra bruscamente no interior da ampola, o liófilo
pode ser expulso sob a forma de aerossol e contaminar o ambiente.
- Injete o diluente lentamente pelas paredes da ampola que contém o pó vacinal, umedecendo-o.
- Realize um movimento rotatório em sentido único com a ampola até obter uma suspensão
homogênea.
- Injete o restante do diluente e volte a fazer o movimento rotatório em sentido único para que a
suspensão fique homogênea.
- Apoie a ampola com a vacina reconstituída (envolvida no saco plástico ou na embalagem da seringa
usada para diluição) em um recipiente.
O uso do saco plástico ou da embalem da seringa tem por finalidade proteger a vacina da poeira e de
gotículas de água.
- Antes de aspirar, é importante homogeneizar a vacina.
- Aspire o volume a ser administrado, verificando na graduação da seringa se a dosagem está correta
(0,1 mL).
- Recoloque o frasco da vacina no recipiente, dentro da caixa térmica, até a aspiração de nova dose.

Precauções Gerais:
- A vacina deverá ser adiada até três meses após o tratamento com imunodepressores ou com
corticosteroides em dose elevada.
- A vacinação também deve ser adiada em recém-nascidos com menos de 2.000 g até que atinjam
este peso.

Contraindicações:
- Indivíduos portadores de imunodeficiência primária ou adquirida.
- Indivíduos acometidos de neoplasias malignas.
- Pacientes em tratamento com corticosteroides em dose elevada (equivalente à dose de prednisona
de 2 mg/kg/dia para crianças até 10 kg ou de 20 mg/dia ou mais, para indivíduos acima de 10 kg) por
período superior a duas semanas.
- Pacientes em uso de outras terapias imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia,
entre outros).
- Grávidas.
A administração da vacina BCG deve ser adiada quando a criança apresentar peso inferior a 2 kg,
devido à escassez do tecido cutâneo (panículo adiposo), e quando apresentar lesões graves de pele.

Evolução Normal da Lesão Vacinal


A vacina BCG liofilizada, após diluição com solução de cloreto de sódio e completa
homogeneização, é aplicada por via intradérmica na dose indicada de 0,1 mL, na inserção inferior
do músculo deltoide do braço direito.

A lesão vacinal evolui da seguinte forma:


- Da primeira à segunda semana: mácula avermelhada com enduração de 5 mm a 15 mm de
diâmetro.
- Da terceira à quarta semana: pústula que se forma com o amolecimento do centro da lesão, seguida
pelo aparecimento de crosta.
- Da quarta à quinta semana: úlcera com 4 mm a 10 mm de diâmetro.
- Da 6ª à 12ª semana: cicatriz com 4 mm a 7 mm de diâmetro, encontrada em cerca de 95% dos
vacinados.

O tempo habitual da evolução do BCG é de 6 a 12 semanas, podendo prolongar-se raramente até a


24ª semana. Eventualmente pode haver recorrência da lesão, mesmo depois da sua completa
cicatrização.
Durante a evolução normal da lesão vacinal, pode ocorrer enfartamento ganglionar axilar e supra ou
infraclavicular, único ou múltiplo, sem supuração. O linfonodo aparece três a seis semanas após a
vacinação, é homolateral ao local da aplicação, firme, móvel, clinicamente bem perceptível, frio, indolor,
medindo até 3 cm de diâmetro e não acompanhado de sintomatologia geral. Pode evoluir por tempo
variável, geralmente em torno de quatro semanas e permanece estacionário durante um a três meses.

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Desaparece espontaneamente, sem necessidade de tratamento. O aparecimento desses gânglios ocorre
em até 10% dos vacinados.
Quando aplicado em indivíduos anteriormente infectados, quer por infecção natural, quer pela
vacinação, o BCG determina lesões geralmente um pouco maiores e de evolução mais acelerada
(fenômeno de Koch), com cicatrização precoce. Em um estudo realizado no Brasil (2003), entre 71.341
escolares revacinados, 25 apresentaram manifestações locorregionais, resultando em uma taxa de
1/2.845 vacinados, ou 0,35/1.000 vacinados, muito semelhante à observada nos lactentes
primovacinados.

Atenção: Não se deve cobrir a Úlcera ou aplicar qualquer tipo de medicamento tópico.

2- Vacina Hepatite B (Recombinante): A vacina previne a infecção pelo vírus da hepatite B. Quando
os eventos adversos se fazem presentes, geralmente são leves e transitórios, com duração menor que
24 horas. A vacina hepatite B (recombinante) pode ser administrada simultaneamente com outras
vacinas, independentemente de qualquer intervalo. O frasco multidose da vacina hepatite B
(recombinante), uma vez aberto, pode ser usado por um prazo estabelecido pelo laboratório produtor,
constante da bula do produto ou das normas do PNI.

A Vacina é Indicada:
- Para recém-nascidos: o mais precocemente possível, nas primeiras 24 horas,
preferencialmente nas primeiras 12 horas, ainda na maternidade ou na primeira visita ao serviço
de saúde, até 30 dias de vida.
- Para gestantes em qualquer faixa etária e idade gestacional.
- Para a população de 1 a 49 anos de idade.
- Para indivíduos integrantes dos grupos vulneráveis, independentemente da faixa etária ou da
comprovação da condição de vulnerabilidade:
- População indígena;
- População de assentamentos e acampamentos;
- Trabalhadores de saúde;
- População reclusa em presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de reeducação de menores;
- Usuários de drogas injetáveis, inaláveis e pipadas;
- Agentes de segurança atuantes em presídios e delegacias penitenciárias;
- Doadores de sangue;
- Potenciais receptores de múltiplas transfusões de sangue ou politransfundidos;
- Portadores de doenças sexualmente transmissíveis;
- Caminhoneiros;
- Comunicantes sexuais de pessoas portadoras do vírus da hepatite B;
- Prostitutos e prostitutas;
- Homens e mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo (HSH e MSM);
- Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT);
- Pessoas que convivem continuamente em domicílio com pessoas portadoras do vírus da hepatite B;
- Vítimas de abuso sexual;
- Coletadores de lixo hospitalar e domiciliar;
- Pessoal vinculado às instituições de defesa, segurança e resgate (forças armadas, polícia militar, civil
e rodoviária, corpo de bombeiros);
- Vítimas de acidentes com material biológico positivo ou fortemente suspeito de contaminação;
- Manicures, pedicuros e podólogos.
- Para situações em que há indicação, conforme exemplos listados na sequência, a vacina a
hepatite B (recombinante) pode ser administrada na sala de vacinação ou no Centro de Referência
para Imunobiológicos Especiais (Crie), para os usuários:
- Portadores de HIV/aids;
- Portadores de asplenia anatômica ou funcional e doenças relacionadas;
- Em convívio domiciliar contínuo com portadores do vírus da hepatite B;
- Doadores e transplantados de órgãos sólidos ou de medula óssea;
- Com imunodeficiência congênita ou adquirida;
- Com doenças autoimunes;
- Com doenças do sangue;
- Com fibrose cística (mucoviscidose);
- Portadores de hepatopatias crônicas e hepatite C;

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- Portadores de doenças renais crônicas e/ou que fazem diálise e/ou hemodiálise;
- Imunodeprimidos;
- Portadores de neoplasias.

A via de administração é a intramuscular. Em usuário portador de discrasia sanguínea (por exemplo:


hemofílico), a vacina pode ser administrada por via subcutânea.

Precauções Gerais:
- Doenças agudas febris moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até a resolução
do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.

Contraindicações:
- Anafilaxia prévia a qualquer componente da vacina contraindica o seu uso.
- Púrpura trombocitopênica pós-vacinal.

Atenção: Em recém-nascidos de mães portadoras da hepatite B, administre a vacina e a


imunoglobulina humana anti-hepatite B preferencialmente nas primeiras 12 horas, podendo a
imunoglobulina ser administrada no máximo até 7 dias de vida.

De acordo com o Programa Nacional para Prevenção e o Controle das Hepatites Virais do
Ministério da Saúde53, recomenda-se o uso de imunoglobulina humana Anti-Vírus da hepatite B
nas seguintes situações:
- Recém-nascidos de mães portadoras do HBsAg;
- Contatos sexuais com portadores ou com infecção aguda (o mais cedo possível e até 14 dias após a
relação sexual);
- Vítimas de violência sexual (o mais cedo possível e até 14 dias após o estupro);
- Acidentes ocupacionais segundo Manual de Exposição Ocupacional – Recomendações para
atendimento e acompanhamento de exposição ocupacional a material biológico: HIV e hepatites B e C,
que pode ser encontrado no site www.aids.gov.br

3- Vacina Adsorvida Difteria, Tétano, Pertussis, Hepatite B (Recombinante) e Haemophilus


Influenzae B (Conjugada) (Penta):
A vacina protege contra a difteria, o tétano, a coqueluche, a hepatite B e as infecções causadas pelo
Haemophilus influenzae B. É indicada para a vacinação de crianças menores de 5 anos de idade
como dose do esquema básico. O frasco multidose da vacina, uma vez aberto, pode ser usado por um
prazo estabelecido pelo laboratório produtor, constante da bula do produto ou das normas do PNI.
A vacina é administrada por via intramuscular profunda.
A vacina pentavalente pode provocar vários eventos adversos, geralmente entre as primeiras 48 a 72
horas que se seguem à sua aplicação, sendo o componente pertússis o principal responsável por essas
reações indesejáveis. Em sua maioria são eventos adversos leves, de resolução espontânea e desprovida
de complicações ou sequelas, não constituindo contraindicações para a administração de doses
subsequentes da vacina.

Precauções Gerais:
- Doenças agudas febris moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até a resolução
do quadro, com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
- Crianças com riscos importantes de hemorragias (hemofilia, trombocitopenia, uso de
anticoagulantes, outros distúrbios de coagulação): pode-se utilizar a via SC e, de preferência, logo
após a aplicação de fatores de coagulação ou concentrado de plaquetas, se este estiver indicado.

Usar agulha com o menor calibre possível e pressionar o local da aplicação durante, pelo menos, dois
minutos, sem fazer massagem.

- Avaliar indicações de substituição pela vacina adsorvida difteria, tétano e pertússis acelular
(DTPa) de acordo com o Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIE), por exemplo:
a. convulsão febril ou afebril nas primeiras 72 horas após vacinação;
53
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de aconselhamento em hepatites virais.
Brasília: Ministério da Saúde, 2005.

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b. episódio hipotônico-hiporresponsivo nas primeiras 48 horas após vacinação;
c. portadores de doenças neurológicas crônicas e cardiopatas e pneumopatas graves com risco de
descompensação devido à febre;
d. recém-nascidos prematuros extremos (<31 semanas e/ou <1.000 gr);
e. recém-nascido que permaneça internado na unidade neonatal por ocasião da idade de vacinação.

Contraindicações:
- Crianças com 7 anos ou mais de idade.
- Após eventos adversos em dose anterior, como episódio hipotônico-hiporresponsivo nas primeiras
48 horas, convulsões nas primeiras 72 horas, reação anafilática nas primeiras duas horas e encefalopatia
aguda nos primeiros sete dias após a vacinação.

4- Vacina Adsorvida Difteria, Tétano e Pertussis (DTP): A vacina protege contra a difteria, o tétano
e a coqueluche. É indicada para a vacinação de crianças menores de 7 anos de idade como dose
de reforço do esquema básico da vacina penta.
A vacina é administrada por via intramuscular profunda.

5- Vacina Poliomielite 1, 2 e 3 (Inativada) (VIP): A vacina é indicada para prevenir contra a


poliomielite causada por vírus dos tipos 1, 2 e 3. O PNI recomenda a vacinação de crianças a partir de
2 meses até menores de 5 anos de idade, como doses do esquema básico.
A vacina é administrada por via intramuscular. A via subcutânea também pode ser usada, mas em
situações especiais (casos de discrasias sanguíneas). A vacina pode ser administrada simultaneamente
com as demais vacinas dos calendários de vacinação do Ministério da Saúde. O volume da vacina a ser
administrado é de 0,5 mL.
A VIP vinha sendo utilizada no Brasil apenas nos Centros de Referência para Imunobiológicos
Especiais (CRIEs) para imunodeprimidos e comunicantes.
Com o progresso na eliminação da poliomielite no mundo, a OMS passou a recomendar que países
com menores riscos de importação e transmissão do poliovírus selvagem passem a utilizar a VIP,
exclusivamente ou em esquema sequencial com a vacina poliomielite oral. O objetivo desse novo
esquema é reduzir o risco de paralisia associada à vacina de vírus vivos, mas mantendo altos níveis de
imunidade intestinal conferida pela VOP, nesta era pré-erradicação global da doença (Yellow Book, WHO,
2012). Assim, no Brasil, a partir do segundo semestre de 2012, a VIP foi introduzida no Calendário Vacinal
da Criança na primeira e na segunda doses (aos 2 e 4 meses de idade) em esquema sequencial com a
VOP, na terceira dose (aos 6 meses) e no reforço aos 15 meses de idade.

Precauções Gerais:
- Reação local à dose anterior não contraindica a vacinação.
- Doença aguda moderada ou grave no momento da aplicação da vacina constitui precaução para uso
da VIP, devendo ser postergada, uma vez que os sintomas da doença podem ser confundidos com
eventuais eventos adversos da vacina.
- Diarreia, doenças respiratórias leves, com ou sem febre, uso de antibióticos e fase de convalescença
de doenças agudas não são contraindicações para administração da vacina.

Contraindicações:
A história de reação alérgica grave (anafilaxia) à dose anterior da vacina ou à algum de seus
componentes, contraindica doses futuras.

6- Vacina Poliomielite 1, 2, 3 (Atenuada) (VOP): A vacina é indicada para prevenir contra a


poliomielite causada por vírus dos tipos 1, 2 e 3. O PNI recomenda a vacinação de crianças de 6 meses
até menores de 5 anos de idade como dose do esquema básico ou reforço. A vacina pode ser
administrada simultaneamente com as demais vacinas dos calendários de vacinação do Ministério da
Saúde.
A vacina é administrada por via oral.
No Brasil a vacina que vem sendo utilizada com sucesso desde a década de 1970 é a vacina oral
contra a poliomielite (atenuada) (VOP), vacina de vírus atenuados, trivalente, contendo os três tipos de
poliovírus (1, 2 e 3). Uma dose dessa vacina produz imunidade para os três sorotipos em
aproximadamente 50% dos receptores, enquanto três doses produzem imunidade em mais de 95% dos
receptores. A imunidade é de longa duração e, provavelmente, ao longo de toda a vida, pois induz
imunidade humoral (sistêmica) e imunidade celular de mucosa (local), além de produzir imunidade em

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contatos de indivíduos vacinados. É epidemiológica e operacionalmente a melhor vacina para criar
proteção a cada um dos três tipos de vírus da poliomielite e tem sido amplamente utilizada, viabilizando
a erradicação global da doença.
Apesar dessas vantagens, por conter vírus vivos atenuados, a VOP pode ocasionar alguns eventos
indesejáveis relacionados ao seu uso. Portanto, desde 2003, um grupo de cientistas da OMS recomenda:
“após a erradicação do poliovírus selvagem no mundo, o uso continuado da VOP, comprometerá o
objetivo de um mundo livre de poliomielite”, seu uso, então, deverá ser interrompido, devido os riscos
impostos pela possibilidade de ocorrência de eventos adversos.

Precauções Gerais:
Em doenças febris agudas, moderadas ou graves, recomenda-se adiar a vacinação até a resolução
do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.

Atenção: Diarreia e vômitos leves não constituem contraindicações. Idealmente, deve-se adiar a
vacinação ou repetir a dose após quatro semanas.
Ao administrar a vacina repita a dose se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar.

Contraindicações:
- Pessoas com imunodeficiência humoral ou mediada por células, neoplasias, uso de terapia
imunossupressora.
- Comunicantes de pessoas com imunodeficiência humoral ou mediada por células, neoplasias, uso
de terapia imunossupressora.
- Pacientes portadores do HIV e seus comunicantes.
- História de alergia tipo anafilática a antibióticos contidos na vacina (neomicina, polimixina e
estreptomicina).
- História de pólio vacinal associada à dose anterior.
- Gestantes.

7- Vacina Pneumocócica Conjugada 10 Valente (Pneumo 10): É indicada para prevenir contra
infecções invasivas (sepse, meningite, pneumonia e bacteremia) e otite média aguda (OMA)
causadas pelos 10 sorotipos de Streptococus pneumonia, contidos na vacina, em crianças
menores de 2 anos de idade.
A vacina é administrada por via intramuscular profunda. É apresentada sob a forma líquida em
frasco unidose.
A vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) foi introduzida no calendário brasileiro básico de
vacinação da criança, a partir de março de 2010. É aplicada em três doses durante 1° ano de vida com
início a partir dos 2 meses de idade. Deve ser realizado reforço seis meses após a última dose do
esquema primário. Crianças entre 12 e 24 meses ainda não vacinadas recebem uma única dose sem
necessidade de reforço.
A PnC10 contém todos os sorotipos presentes na PnC7 mais os sorotipos 1, 5, e 7F. Assim sendo,
protege contra otite média e doença invasiva causadas por Streptococcus pneumoniae (pneumococo)
sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F.
É uma vacina bem tolerada, porém há relatos de aumento de reatogenicidade após dose de reforço
em relação ao esquema básico. Os eventos adversos mais comuns são rubor no local e irritabilidade.
Quando ocorreram, as reações adversas foram consideradas de intensidade leve a moderada e de
curta duração.
Esta vacina também está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIEs) para crianças menores de 5 anos de idade, em situações clínicas especiais que determinam
maior risco de infecção invasiva pelo pneumococo.

Precauções Gerais:
Deve ser administrada exclusivamente por via intramuscular. Não há dados disponíveis sobre o uso
da via subcutânea.
Pacientes com trombocitopenia ou qualquer outro problema de coagulação requerem cautela durante
aplicação desta vacina, pois podem sofrer sangramentos.
A vacina deve ser adiada em crianças que estejam com doenças agudas febris moderadas ou graves.
Resfriados ou quadros de menor gravidade não contraindicam a vacinação.
Não há evidências de que esta vacina confira proteção contra sorotipos pneumocócicos não incluídos
em sua composição.

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Contraindicação:
A hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da vacina contraindica sua aplicação.
Atenção: A PnC10 não se destina para uso em adultos ou idosos.

8- Vacina Rotavírus Humano G1P1[8] (Atenuada) (VORH): É indicada para a prevenção de


gastroenterites causadas por rotavírus dos sorotipos G1 em crianças menores de 1 ano de idade.
Embora seja monovalente, a vacina oferece proteção cruzada contra outros sorotipos de rotavírus que
não sejam G1 (G2, G3, G4, G9).
A vacina é administrada exclusivamente por via oral. A vacina rotavírus humano não pode ser
injetada.
A vacina é apresentada na forma líquida, acondicionada em um aplicador, semelhante a uma seringa.
O volume a ser administrado é 1,5 mL.
Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação ou se a vacina for administrada fora das
faixas etárias preconizadas, não repita a dose. Nestes casos, considere a dose válida.
Recomenda-se completar o esquema da vacina VORH do mesmo laboratório produtor.
Não é necessário fazer um intervalo entre a alimentação (inclusive de leite materno) e a administração
da vacina.

9- Vacina meningocócica C (conjugada) (Meningo C): Está indicada para a prevenção da doença
sistêmica causada pela Neisseria meningitidis do sorogrupo C em crianças menores de 2 anos.
A vacina é administrada exclusivamente por via intramuscular. Em nenhuma circunstância deve
ser administrada por via subcutânea ou endovenosa.
Há dois tipos de vacinas meningocócicas conjugadas com a proteína do toxóide tetânico ou com o
CRM-197 (mutante atóxico da toxina diftérica).
O PNI utiliza esta última, produzida pelo Instituto Ezequiel Dias, de Minas Gerais, em parceria com o
laboratório Novartis. A vacina meningocócica conjugada C tem baixa reatogenicidade, mas os estudos
clínicos em crianças pequenas foram feitos com a administração concomitante de várias outras vacinas
do Calendário, inclusive vacinas combinadas com o componente pertússis, celular ou acelular.
Por isso, os eventos adversos sistêmicos descritos nos estudos clínicos incluem um somatório de
eventos adversos das diversas vacinas aplicadas concomitantemente. Como o PNI administra apenas as
vacinas meningocócicas e pneumocócicas concomitantemente, as frequências de eventos adversos
sistêmicos descritos nos estudos clínicos não se aplicam à nossa rotina.
Em 2017 passa a fazer parte do calendário vacinal do adolescente, onde a imunização dos meninos e
meninas será o esquema de: 1 dose ou reforço para jovens de 12 à 13 anos.
O Ministério da Saúde disponibilizará a vacina meningocócica C conjugada para adolescentes de 11
a 14 anos (14 anos, 11 meses e 29 dias). Para este grupo, administrar 01 reforço ou dose única,
conforme situação vacinal encontrada.
As constatações de importante queda dos títulos de anticorpos protetores poucos anos após a
vacinação de lactentes e crianças mais novas, onde não se espera a ocorrência imediata do importante
efeito da proteção de rebanho, enfatizam a necessidade de vacinação de adolescentes, com o intuito de
reduzir o número de portadores da bactéria em nasofaringe.
A vacinação de adolescentes proporcionará proteção direta impedindo o deslocamento do risco de
doença para esses grupos etários, alcançando, ainda, o desejado efeito protetor da imunidade de
rebanho, que estende a proteção a coortes de indivíduos não vacinados.

10- Vacina Febre Amarela (Atenuada) (FA): Está indicada para prevenir contra a febre amarela
em residentes ou viajantes que se deslocam para as áreas com recomendação de vacinação
(ACRV) e países com risco para a doença, a partir dos 9 meses de idade com reforço a cada 10
anos, conforme Calendário Nacional de Vacinação. Não administre tal vacina simultaneamente com
a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e/ou tetra viral (sarampo, caxumba, rubéola e
varicela) e/ou varicela, estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias, salvo em situações especiais que
impossibilitem manter o intervalo indicado.
A vacina é administrada por via subcutânea.
Na última década, a febre amarela silvestre (FAS) tem se apresentado com um padrão epizoótico-
epidêmico, manifestando-se como uma doença reemergente em novas áreas do território brasileiro, fora
da área considerada endêmica (região Amazônica e Centro-Oeste e Estado do Maranhão). Neste período
foi observada uma expansão da circulação viral no País, demonstrando a presença do vírus amarílico nas
regiões oeste de Minas Gerais, sul da Bahia, bem como no Estado de São Paulo e no Rio Grande do Sul.

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A VFA é altamente imunogênica (confere imunidade em 95% a 99% dos vacinados) e tem sido utilizada
para a prevenção da doença desde 1937. Em humanos, a melhor evidência da eficácia vacinal está
baseada no acompanhamento da situação epidemiológica, que demonstra a redução na incidência de
casos após a introdução da vacina.
É reconhecidamente uma das vacinas mais eficazes e seguras, entretanto, eventos adversos graves
e até fatais têm sido notificados e estão relacionados à disseminação do vírus vacinal.
A frequência de notificações de eventos adversos relacionados à VFA em campanhas de imunização
tem sido maior que na rotina, particularmente em áreas onde a vacina não era realizada anteriormente.
É reconhecido que essas estratégias de vacinação em massa constituem situação potencialmente
favorável ao aumento da percepção de risco em relação às vacinas, podendo, também, existir aumento
de erros programáticos.
Em decorrência da expansão da área de circulação do vírus amarílico registrada no período de
monitoramento entre 2016 e 2017 (julho/2016 a junho/2017) e após análise do cenário epidemiológico
pós-surto da doença, o Ministério da Saúde identificou a necessidade de ampliar as áreas com
recomendação de vacinação para os residentes ou viajantes, de nove meses a 59 anos de idade, com
vistas a reduzir a incidência da doença. As novas áreas com recomendação para vacinação podem ser
consultadas pelo link: http://portalms.saude.gov.br/saude-de-az/febre-amarela.
A oferta desta vacina também será ampliada para crianças aos nove meses de idade, nascidas a
partir do ano de 2017, residentes dos municípios áreas sem recomendação para vacinação (ASRV), dos
seguintes estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia.
Para os demais estados da região Nordeste, a vacina será implantada em uma segunda etapa, após
a estruturação dos serviços de vacinação e capacitação de profissionais de saúde na vigilância de
eventos adversos.

Esquema
Localidades Faixa etária
vacinal
ACRV 9 (nove) meses a 59 anos Dose única
ASRV: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa
9 (nove) meses de idade Dose única
Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia.
9 (nove) meses a 59 anos
ASRV: demais estados da região Nordeste
para viajantes

Precauções Gerais:
- Nos casos de doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até a
resolução do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
- Indivíduos infectados pelo HIV, assintomáticos e com imunossupressão moderada, de acordo com a
contagem de células CD4.
- Nutrizes ou lactantes amamentando crianças abaixo dos 6 meses de idade, a vacinação deve ser
evitada, ou postergada até a criança completar 6 meses de idade. Na impossibilidade de adiar a
vacinação, deve-se apresentar a mãe opções para evitar o risco de transmissão do vírus vacinal pelo
aleitamento materno, tais como: previamente à vacinação praticar a ordenha do leite e manter congelado
por 28 dias, em freezer ou congelador, para planejamento de uso durante o período da viremia, ou seja,
por 28 dias ou, pelo menos por 15 dias após a vacinação. Caso a ordenha não seja possível, encaminhar
a mãe à rede de banco de leite humano.
- Primovacinação de indivíduos com 60 anos e mais.
- A administração da VFA em indivíduos com lúpus eritematoso sistêmico ou com outras doenças de
etiologia potencialmente autoimunes deve ser avaliada caso a caso, tendo em vista a possibilidade de
imunossupressão.
- Pacientes que tenham desencadeado doença neurológica de natureza desmielinizante (SGB, Adem
e esclerose múltipla) no período de seis semanas após a aplicação de dose anterior da VFA.
Tal recomendação baseia-se em dados de literatura para a vacina influenza.
- Pacientes transplantados de células tronco hematopoiéticas (medula óssea) devem ser avaliados
caso a caso, considerando o risco epidemiológico. Caso se decida pela vacinação, deve ser respeitado o
prazo mínimo de 24 meses após o transplante.

Contraindicações:
- Crianças menores de 6 meses de idade.
- Pacientes com imunodepressão de qualquer natureza.

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- Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200
células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos para crianças menores de 6 anos.
- Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia,
radioterapia, imunomoduladores).
- Pacientes submetidos a transplante de órgãos.
- Pacientes com imunodeficiência primária.
- Pacientes com neoplasia.
- Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de
galinha e seus derivados, gelatina bovina ou outras).
- Pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência
de timo ou remoção cirúrgica).
- Gestantes. A administração deve ser analisada caso a caso na vigência de surtos.

11- Vacina Sarampo, Caxumba, Rubéola (Tríplice Viral): A vacina protege contra o sarampo, a
caxumba e a rubéola. É indicada para vacinação de usuários a partir de 12 meses de idade.
A vacina é administrada por via subcutânea. Não administre tal vacina simultaneamente com a
vacina febre amarela (atenuada), estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias, salvo em situações
especiais que impossibilitem manter o intervalo indicado. O volume da vacina tríplice viral a ser
administrado é de 0,5 mL.
De uma maneira geral a vacina tríplice viral é pouco reatogênica e bem tolerada. Os eventos adversos
podem ser devidos a reações de hipersensibilidade a qualquer componente das vacinas ou manifestações
clínicas semelhantes às causadas pelo vírus selvagem (replicação do vírus vacinal), geralmente com
menor intensidade.

Precauções:
- Doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até resolução do
quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
- Após uso de imunoglobulina, sangue e derivados a vacinação deverá ser adiada por 3 a 11 meses,
dependendo do hemoderivado e da dose administrada, devido ao possível prejuízo na resposta
imunológica.

Contraindicações:
- Anafilaxia à dose anterior da vacina.
- Grávidas não devem ser vacinadas, pelo risco teórico de causar danos ao feto.
A gestante não deve ser vacinada, para evitar a associação entre a vacinação e possíveis
complicações da gestação, incluindo aborto espontâneo ou malformação congênita no recém-nascido por
outras causas não associadas à vacina. Caso a gestante seja inadvertidamente vacinada, não está
indicada a interrupção da gravidez. A gestante deve ser acompanhada durante o pré-natal e, após o parto,
acompanha-se a criança conforme as normas técnicas do PNI.
- Pessoas com imunodeficiências congênitas ou adquiridas. Na possibilidade de exposição ao vírus
selvagem avaliar risco-benefício individual. Infecção pelo HIV em indivíduos em vigência de
imunossupressão grave (CD4 <15%).
- Pessoas em uso de corticosteroides em doses imunossupressoras devem ser vacinadas com
intervalo de pelo menos um mês após a suspensão da droga.
- Pessoas em uso de quimioterapia antineoplásica só devem ser vacinadas três meses após a
suspensão do tratamento.
- Transplantados de medula óssea recomenda-se vacinar com intervalo de 12 a 24 meses após o
transplante para a primeira dose.

Atenção: Recomenda-se que a gravidez seja evitada por 30 dias após a administração da vacina.
Caso seja aplicada inadvertidamente não é indicada a interrupção da gravidez.

12- Vacina Hepatite A: É indicada para a prevenção da infecção causada pelo vírus da hepatite A. O
PNI recomenda a vacinação de crianças de 12 meses até menores de 2 anos de idade.
A vacina é administrada por via intramuscular.
Nos países em desenvolvimento, a infecção pela hepatite A é comum em crianças, porém a maioria
dos adultos apresenta imunidade à doença.
A vacina hepatite A está disponível nos CRIEs para populações especiais vulneráveis. A vacina é
inativada, muito eficaz e de baixa reatogenicidade. Em 95% das crianças, adolescentes e adultos é

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possível observar presença de anticorpos protetores, um mês após a primeira dose da vacina e em 99%,
após duas doses. Em estudos duplo-cego, controlados, randomizados observou-se eficácia protetora de
94% a 100%.
A presença de anticorpos maternos interfere na resposta imune, portanto, é recomendado vacinar
somente após o desaparecimento destes, o que ocorre por volta dos 12 a 15 meses de vida. A vacinação
é então recomendada a partir de 12 meses de idade.
É possível seu uso em situação de bloqueio, conforme a situação epidemiológica e avaliação caso a
caso, quando da exposição de indivíduos suscetíveis. Não há necessidades de reforço após duas doses.

Precauções:
- Não existem estudos suficientes para garantir a segurança desta vacina na gestação. Nesta situação,
avaliar risco versus benefício.

Contraindicações:
Contraindicada em pacientes com história de reação anafilática a algum dos componentes da vacina.

13- Vacina Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela (Atenuada) (Tetra Viral): A vacina protege
contra o sarampo, a caxumba, a rubéola e a varicela. É indicada para a vacinação de crianças com 15
meses de idade que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral.
A vacina é administrada por via subcutânea.
Os eventos adversos após a administração da vacina, quando ocorrem, são geralmente benignos.
Os vacinados podem apresentar hipertermia entre o 4º e o 12º dia.
O Ministério da Saúde passa a disponibilizar a segunda dose da vacina varicela (atenuada) para
crianças de 4 até 6 anos de idade (6 anos, 11 meses e 29 dias). A vacinação nesta faixa etária visa corrigir
possíveis falhas vacinais da primeira dose, além de aumentar a proteção deste grupo alvo contra varicela,
prevenindo ainda a ocorrência de surtos de varicela, especialmente em creches e escolas.
A primeira dose da varicela é ofertada aos 15 meses com a vacina tetra viral (sarampo, caxumba,
rubéola e varicela) ou varicela atenuada (quadro abaixo), disponível na rotina de vacinação das crianças
desde 2013.

Estados das Regiões Sul e Sudeste vacina tríplice viral e varicela (atenuada)*
Estados das Regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste vacina tetra viral
*Reforça-se que as vacinas devem ser aplicadas simultaneamente em diferentes sítios de administração, utilizando diferentes seringas e agulhas.

Faixa etária Esquema vacinal


Uma dose de vacina tetra viral em crianças
15 meses vacinadas com a D1 de tríplice viral, ou
vacina tríplice viral e varicela (atenuada)
4 aos 6 anos (6 anos, 11 meses e 29 dias). Uma dose de vacina varicela atenuada

14- Vacina Adsorvida Difteria e Tétano Adulto – DT (Dupla Adulto): É indicada para prevenir
contra o tétano e a difteria. A vacinação de mulheres em idade fértil (MIF) (dos 10 aos 49 anos),
gestantes e não gestantes é feita também para a prevenção contra o tétano neonatal.
A vacina dT é administrada por via intramuscular profunda. O volume da dose a ser administrada
é de 0,5 mL.
Mulheres grávidas: administre a vacina considerando o seu histórico vacinal para difteria e tétano.
Em gestante com comprovação vacinal de três doses de vacina com componente tetânico, sendo a
última dose feita há mais de 5 anos, administre um reforço.
Esta vacina pode ser administrada a partir da comprovação da gravidez em qualquer período
gestacional.
A última dose ou reforço deve ser administrado pelo menos 20 dias antes da data provável do parto.
A vacinação da gestante é realizada para a prevenção contra o tétano no recém-nascido e para a
proteção da gestante.

15- Vacina Papilomavírus Humano 6, 11, 16 E 18 (Recombinante) (HPV):No ano de 2017, passa
a ser indicada para jovens do sexo feminino de 9 a 14 anos e para os meninos de 12 à 13 anos de
idade, em 2016 era para as meninas de até 13 anos e não realizava a imunização em meninos.

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Essa vacina possui imunização ativa contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, a fim de prevenir contra
câncer do colo do útero, vulvar, vaginal e anal, lesões pré-cancerosas ou displásicas, verrugas genitais e
infecções causadas pelo papilomavírus humano (HPV).
A vacina é apresentada na forma de suspensão injetável em frasco-ampola unidose de 0,5 mL. Deve
ser administrada exclusivamente por via intramuscular, preferencialmente na região deltoide, na
parte superior do braço, ou na região anterolateral superior da coxa.
A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do PNI, utilizando-se
agulhas, seringas e regiões ANATÔMICAS DISTINTAS.
Para o ano de 2018, a CGPNI informa que não ocorrerão mudanças em relação ao público alvo e os
grupos etários para a vacinação contra o HPV.
A vacina continua disponível para a população do sexo feminino de nove a 14 anos de idade (14 anos,
11 meses e 29 dias) e para a população do sexo masculino de 11 a 14 anos de idade (14 anos, 11 meses
e 29 dias), com esquema vacinal de 2 (duas) doses (0 e 6 meses).
Recomenda-se que o intervalo entre as doses não seja superior a 12-15 meses, para que o esquema
vacinal seja completado o mais prontamente, visando garantir uma elevada produção de anticorpos e a
efetividade da vacinação. No entanto, caso os adolescentes ou jovens, estejam em atraso com doses do
seu esquema de vacinação, mesmo ultrapassando o intervalo recomendado (12-15 meses), este
esquema vacinal deverá ser continuado no momento do comparecimento às salas de vacinação, não
havendo a necessidade de reiniciar o esquema vacinal.
A vacina HPV quadrivalente também continua disponível nos Centros de Referência de
Imunobiológicos Especiais (CRIE) e nas unidades básicas de saúde para os homens e mulheres de nove
a 26 anos de idade vivendo com HIV/Aids e para os indivíduos imunodeprimidos (indivíduos submetidos
a transplantes de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos) que deverão receber o
esquema de 3 (três) doses (0, 2 e 6 meses).
Destaca-se que mantém-se a necessidade de apresentação, no ato da vacinação, de prescrição
médica para homens/mulheres vivendo com HIV/Aids e para os indivíduos submetidos a transplantes de
órgãos sólidos, transplantes de medula óssea e pacientes oncológicos.
Reitera-se mais uma vez a importância dos esquemas vacinais serem completados prontamente para
que os benefícios da vacina sejam produzidos e que esquemas vacinais atrasados sejam a exceção nos
serviços de vacinação.

16- Vacina Influenza (Fracionada, Inativada): É indicada para proteger contra o vírus da
influenza e contra as complicações da doença, principalmente as pneumonias bacterianas
secundárias.

A vacina é administrada por via intramuscular.


Em caso de ocorrência da síndrome de Guillian-Barré (SGB) no período de até 6 semanas após a dose
anterior, recomenda-se realizar avaliação médica criteriosa sobre o benefício e o risco da vacinação.

Precaução: em indivíduos com história de reação anafilática prévia ou alergia grave relacionada ao
ovo de galinha e aos seus derivados, a vacinação deve ser feita em ambiente hospitalar, após avaliação
médica.

17- Vacina Raiva (Inativada): A vacina é indicada para a profilaxia da raiva humana nas seguintes
situações:
- Pré-exposição ao vírus rábico em indivíduos que, por força de suas atividades, estão
permanentemente expostos ao risco da infecção pelo vírus, como médicos veterinários, biólogos,
profissionais e auxiliares de laboratórios de virologia e anatomopatologia para a raiva, estudantes de
veterinária, biologia e agrotecnia; para profissionais que atuam no campo na captura, vacinação,
identificação e classificação de mamíferos passíveis de portar o vírus, bem como funcionários de
zoológicos; indivíduos que desenvolvem trabalho de campo (pesquisas, investigações
ecoepidemiológicas) com animais silvestres; espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores, carteiros e
outros profissionais que atuam em áreas de risco. Também está indicada para indivíduos com risco de
exposição ocasional ao vírus, como turistas que viajam para áreas de raiva não controlada (que devem
ser avaliadas individualmente) e gestantes, estas após avaliação criteriosa do risco pelo benefício.
- Pós-exposição ao vírus rábico em indivíduos que sofreram mordedura, arranhadura e lambedura de
mucosa provocadas por animais transmissores da doença.
- Reexposição ao vírus rábico em indivíduos que já tenham recebido profilaxia anteriormente.

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A vacina é administrada por via intramuscular. O volume a ser administrado varia conforme o
laboratório produtor (0,5 mL ou 1,0 mL).
Quando o usuário estiver fazendo o uso de corticoide e/ou imunossupressores, suspenda o tratamento
logo que iniciar o esquema de vacinação e retorne logo após completar o esquema vacinal.
O esquema de vacinação contra a raiva deve ser seguido rigorosamente em função da letalidade da
doença, sendo importante orientar o usuário sobre a continuidade do esquema profilático.
O usuário vacinado deve ser rigorosamente acompanhado e, em caso de não comparecimento na data
aprazada, ele deve ser avisado por qualquer meio de comunicação, inclusive mediante visita e vacinação
em domicílio.

18- Vacina Pneumocócica 23-Valente (Polissacarídica) (PN23): Vacina indicada para a proteção
contra infecções invasivas pelo pneumococo na população indígena e em usuários de 60 anos e
mais não vacinados que vivem acamados e/ou em instituições fechadas (como casas geriátricas,
hospitais, unidades de acolhimento/asilos e casas de repouso). Esta vacina também está indicada
para usuários com condições clínicas especiais nos CRIE.
A via de administração recomendada é a intramuscular, podendo eventualmente ser feita por
via subcutânea.

19- Vacina Varicela (VZ): Na rotina de vacinação da população indígena. Esta vacina também
está indicada para usuários com condições clínicas especiais nos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (Crie).
A via de administração recomendada é a subcutânea. Não administre tal vacina simultaneamente
com a vacina febre amarela, estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias, salvo em situações especiais
que impossibilitem manter o intervalo indicado.

Atenção:
Ao utilizar vacinas, soros e imunoglobulinas, o vacinador deve levar em conta aspectos
específicos relacionados:
(a) à composição;
(b) à apresentação;
(c) à via e às regiões anatômicas para a sua administração;
(d) ao número de doses;
(e) ao intervalo entre as doses;
(f) à idade recomendada;
(g) à conservação; e
(h) à validade.
Os cuidados e procedimentos que envolvem cada um desses aspectos são fundamentais para que
não haja comprometimento do processo de imunização induzido pela vacinação.
A validade dos imunobiológicos consta em seus respectivos frascos e deve ser respeitada.

20- Vacina Contra a Dengue (Dengvaxia®): A vacina contra a dengue já possui registro concedido
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Dengvaxia® - vacina dengue 1, 2, 3 e 4
(recombinante, atenuada) foi registrada como produto biológico novo, de acordo com a Resolução - RDC
nº 55, de 16 de dezembro de 2010. O registro permite que a vacina seja utilizada no combate à dengue.
Porém, vale destacar que a vacina não protege contra os vírus Chikungunya e Zika.
A Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara promoveu audiência pública para discutir o
uso, no calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde, de uma vacina contra a dengue já
comercializada na rede particular e adotada em uma campanha de vacinação no estado do Paraná. Os
moradores de 30 cidades já estão recebendo a segunda dose da vacina e o resultado está sendo
analisado e monitorado pelo Ministério da Saúde.
A imunização requer três doses por pessoa. Como o público alvo é a população entre 9 e 45
anos, isso significa 116 milhões de pessoas.

Observações Referentes às Vacinas do Calendário Nacional de Vacinação

Vacina BCG – dose única, o mais precoce possível, preferencialmente na maternidade, logo
após o nascimento. Na rotina dos serviços, a vacina é disponibilizada para crianças de até 4 anos, 11
meses e 29 dias, ainda não vacinadas. Crianças vacinadas na faixa etária preconizada que não
apresentam cicatriz vacinal após 6 meses devem revacinar apenas uma vez. Crianças prematuras ou

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com baixo peso: adiar a vacinação até que atinjam 2 kg. Contraindicada para indivíduos a partir de 5 anos
de idade portadores de HIV. Nos contatos prolongados de portadores de hanseníase, realizar a vacinação
seletiva, conforme normas do Programa Nacional de Imunizações.

Para os indivíduos expostos ao HIV:


a. Crianças filhas de mão HIV positiva podem receber a vacina o mais precocemente possível até os
18 meses de idade, se assintomáticas e sem sinais de imunodeficiência;
b. Crianças com idade entre 18 meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias, não vacinadas, somente podem
receber a vacina BCG após sorologia negativa para HIV; para estes indivíduos, a revacinação é
contraindicada;
c. A partir dos 5 anos de idade, indivíduos portadores de HIV não devem ser vacinados, mesmo que
assintomáticos e sem sinais de imunodeficiência.

Vacina Hepatite B- Uma dose ao nascer o mais precocemente possível, preferencialmente nas
primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade. Completar o esquema de vacinação
contra hepatite B com a vacina penta (vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinate)
e Haemophilus influenzae B (conjugada), aos 2,4 e 6 meses de idade. Para crianças que iniciam esquema
vacinal a partir de 1 mês de idade até 4 anos, 11 meses e 29 dias, administrar três doses da vacina Penta
(vacina adsorvida diferia, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilusinfluenza b
(conjugada), com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias.

Para indivíduos de 5 a 49 anos:


a. Sem comprovação vacinal: três doses com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda doses
e seis meses entre a primeira e a terceira doses (0,1,6);
b. Em caso de esquema vacinal incompleto, não reiniciar o esquema, apenas a completa-lo conforme
situação encontrada. Para gestantes em qualquer faixa etária e idade gestacional administrar três doses,
devendo-se considerar o histórico de vacinação. Para indivíduos integrantes dos grupos vulneráveis,
independe da faixa etária (trabalhadores da saúde, bombeiros, policiais, caminhoneiros, carcereiros,
coletores de lixo, agentes funerários, comunicantes sexuais de pessoas portadoras de VHB; doadores de
sangue, homens e ,mulheres que mantêm relações sexuais com pessoas do mesmo sexo (HSB e MSM);
lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT); pessoas reclusas (presídios, hospitais
psiquiátricos, instituições de menores e forças armadas, entre outras); manicures, pedicures e podólogos;
populações de assentamentos e acampamentos; potenciais receptores de transfusões de sangue ou
politransfundido, profissionais do sexo/prostitutas; usuários de drogas injetáveis, inalienáveis e pipadas,
portadores de DST; e população indígena); três doses, com intervalo de 30 dias entre a primeira e a
segunda doses e de seis meses entre a primeira e a terceira doses.

Vacina Penta- administrar três doses, aos 2,4 e 6 meses de idade com intervalo de 60 dias entre
as doses, mínimo de 30 dias. Deverão ser administrados dois reforços com DTP: o primeiro aos 15
meses de idade e o segundo aos 4 anos de idade. Contraindicados (penta e DTP) para crianças a partir
de 7 anos de idade. Na rotina dos serviços, em crianças de até 4 anos, 11 meses e 29 dias, que vão
iniciar esquema vacinal, administrar três doses com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30
dias.

Esquema Sequencial VIP-VOP- administrar três doses, aos 2 meses (VIP), 4 meses (VIP) e 6
meses (VIP) de idade, intervalo d e60 dias. Também devem ser administrados dois reforços com
VOP, aos 15 meses e o segundo aos 4 anos de idade. Em situação epidemiológica de risco, o intervalo
pode ser de 30 dias. Este esquema sequencial está indicado para crianças até 4 anos, 11 meses e 29
dias. Em indivíduos com 5 anos de idade ou mais:
- Sem comprovação vacinal: administrar três doses da VOP, com intervalo de 60 dias, mínimo de 30
dias.
- Com esquema incompleto: completar esquema com a VOP;
- Nesta faixa etária não há necessidade de reforço. Repetir a dose se a criança regurgitar, cuspir ou
vomitar.

Vacina Rotavírus Humano – administrar duas doses, aos 2 e 4 meses de idade. A primeira dose
pode ser administrada a partir de 1 mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias. A segunda dose pode ser
administrada a partir de 3 meses e 15 dias até 7 meses e 29 dias. Manter intervalo mínimo de 30 dias

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entre as doses. Contraindicada para crianças com histórico de invaginação intestinal ou malformação do
aparelho digestivo. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação, não repetir a dose.

Vacina Meningocócica C – administrar duas doses, aos 3 e 5 meses de idade, com intervalo de
60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Administrar o reforço entre 12 e 15 meses,
preferencialmente aos 15 meses. Para crianças que iniciam o esquema básico após 5 meses de idade,
considerar o intervalo mínimo entre as doses e administrar a dose reforço com intervalo de dois meses
após a última dose. Crianças entre 12 e 23 meses de idade sem comprovação vacinal: administra
dose única.

Vacina Febre Amarela (FA) – administrar uma dose a partir dos 9 meses de idade. Indicada para
residentes ou viajantes para as áreas com recomendação da vacina (pelo menos 10 dias da data
da viagem): todos os estados das regiões Norte e Centro Oeste; Minas Gerais e Maranhão; alguns
estados do Piauí, Bahia, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Indicada também para
pessoas que se deslocam para países em situação epidemiológica de risco. Contraindicada para crianças
menores de 6 meses de idade.

Vacina Hepatite A – administrar aos 12 meses. A idade máxima para administração é 1 ano, 11
meses, 29 dias. Esta vacina encontra-se em processo de introdução.

Vacina Tríplice Viral – para indivíduos de 12 meses a 19 anos de idade, administrar duas doses,
conforme situação vacinal encontrada. Administrar a 1ª dose aos 12 meses de idade (tríplice viral) e a
2ª dose aos 15 meses de idade (tetraviral) para as crianças que já tenham recebido a 1ª dose da vacina
tríplice viral. Para indivíduos de 10 a 49 anos de idade, administrar uma dose, conforme situação vacinal
encontrada.

Vacina Tetra Viral – administrar uma dose aos 15 meses de idade em crianças que já tenham
recebido a 1ª dose da vacina tríplice viral. Corresponde a uma dose de varicela e a 2ª dose da tríplice
viral.

Vacina HPV – administrar 2 doses (0, 6 meses) com intervalo de 6 meses entre a primeira e a segunda
doses.

Vacina Dupla Adulto – para os indivíduos a partir de 7 anos, com esquema incompleto para difteria
e tétano, completar esquema com um total de três doses, considerando as doses anteriores, com intervalo
de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Indivíduos sem comprovação vacinal para difteria e tétano,
administrar três doses com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Nas mulheres
grávidas, administrar a vacina considerando o histórico vacinal para difteria e tétano:
a) gestante com comprovação vacinal de três doses de vacina com componente tetânico, sendo a
última dose feita há mais de cinco anos, administrar um reforço;
b) esta vacina pode ser administrada a partir da comprovação da gravidez, em qualquer período
gestacional;
c) a última dose ou reforço deve ser administrada pelo menos 20 dias antes da data provável do parto.
Uma dose de reforço deverá administrada a cada 10 anos.
Em casos de ferimentos graves, comunicantes de casos de difteria ou gestação, antecipar a dose
quando a última foi administrada há mais de 5 anos.

Vacina DTPA – apenas para gestantes. Administrada após a 20ª semana, se não houver
comprovação de dose anterior de dTpa. Completar o esquema vacinal com a vacina dT até 20 dias antes
do parto. Gestante com esquema completo da vacina dT: administrar uma dose de dTpa como reforço.
Caso o reforço seja inferior a 5 anos, administrar uma dose da vacina. Esta encontra-se em processo de
introdução.

Rede de Frio

A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o processo de armazenamento, conservação, manipulação,


distribuição e transporte dos imunobiológicos do Programa Nacional de Imunizações, e deve ter as
condições adequadas de refrigeração, desde o laboratório produtor até o momento em que a vacina é
administrada.

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O objetivo final da Rede de Frio é assegurar que todos os imunobiológicos administrados mantenham
suas características iniciais, a fim de conferir imunidade, haja vista que são produtos termolábeis, isto é,
se deterioram depois de determinado tempo quando expostos a variações de temperaturas inadequadas
à sua conservação. O calor acelera a inativação dos componentes imunogênicos.

É necessário, portanto, mantê-los constantemente refrigerados, utilizando instalações e equipamentos


adequados em todas as instâncias: nacional, estadual, regional ou distrital e municipal/local. Um
manuseio inadequado, um equipamento com defeito, ou falta de energia elétrica podem interromper o
processo de refrigeração, comprometendo a potência e eficácia dos imunobiológicos.
A Rede de Frio é composta basicamente dos seguintes elementos:
1. Equipe técnica;
2. Equipamentos;
3. Instâncias de armazenamento;
4. Transporte entre as instâncias;
5. Controle de Temperatura;
6. Financiamento.

Referência
Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Disponível em: < http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-
ministerio/197-secretaria-svs/13600-calendario-nacional-de-vacinacao>
http://www.brasil.gov.br/saude/2016/01/saiba-mais-informacoes-sobre-a-vacina-da-dengue-1
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/RADIOAGENCIA/529892-COMISSAO-DISCUTE-INCLUIR-VACINA-CONTRA-DENGUE-NO-
CALENDARIO-DE-VACINACAO.html
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_rede_frio.pdf

Ministério da Saúde Realiza Mudanças no Calendário de Vacinação Para o Ano 2017

Vacina HPV Para Meninos

O Brasil será o primeiro país na América do Sul a fornecer a vacina contra o HPV, de início a vacinação
é destinada a população de 12 à 13 anos, porém essa faixa etária deverá ser ampliada até 2.020, na qual
o objetivo da vacinação será para a população de 9 à 13 anos.

A expectativa é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos em 2017, além de 99,5 mil crianças e jovens
de 9 a 26 anos vivendo com HIV/ AIDS, que também passarão a receber as doses.
Como a dose para meninas passou de três para duas no ano de 2016 houve a possibilidade economia,
podendo então ampliá-la aos meninos.

Esquema vacinal: será de duas doses, com seis meses de intervalo entre elas. Para os que vivem
com HIV, a faixa etária é mais ampla (9 a 26 anos) e o esquema vacinal é de três doses (intervalo de
0, 2 e 6 meses). No caso dos portadores de HIV, é necessário apresentar prescrição médica.
A vacinação contra HPV para meninos é utilizada como estratégia de saúde pública em seis países
(Estados Unidos, Austrália, Áustria, Israel, Porto Rico e Panamá).
As Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia, além de DST/AIDS e
do mais importante órgão consultivo de imunização dos Estados Unidos (Advisory Committee on
Imunization Practices) recomendam a imunização para meninos.
A imunização oferecerá proteção contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão
diretamente relacionadas ao HPV. A definição da faixa-etária para a vacinação visa proteger as crianças
antes do início da vida sexual e, portanto, antes do contato com o vírus.

Meninas de 14 anos em 2017, serão incluídas na vacinação do HPV, as meninas que chegaram aos
14 anos sem tomar a vacina ou que não completaram as duas doses.

Meningite C

Será inserido no Calendário de Vacinação de 2017 a vacinação contra Meningite C para meninos e
meninas de 12 e 13 anos, o objetivo também é atingir a população de 9 as 13 anos até 2020. Constatou-
se que com o passar nos anos pode haver a diminuição da imunização que foi realizada na infância.

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Essa vacina é ofertada no SUS para crianças, aos três, cinco e 12 meses. A meningite, processo
inflamatório das meninges - membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal - é uma doença
considerada endêmica no Brasil.

Calendários de Vacinação

Alterações do Esquema Vacinal Para 2017

Como era (2016) Como fica (2017)


- 2 doses 0 e 6 meses, para -2 doses 0 e 6 meses, para
HPV (Meninas)
meninas de 09 à 13 anos. meninas de 09 à 14 anos
Os meninos não eram -2 Doses em meninos de 12 à
Vacina HPV(Meninos)
imunizados contra o HPV. 13 ANOS (0 e 6 meses)
- Além do esquema vacinal para
as crianças, passam a ser
Esquema somente para imunizados os meninos e
Meningite C crianças (3 e 5 meses) com meninas de 12 à 13 anos,
reforço aos 12 meses. podendo ser considerado como
uma dose ou um reforço.

Fonte:http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/vacinacao/calendario-nacional-de-vacinacao

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Calendários de Vacinação

Idade Vacinas

– BCG
Ao nascer
– Hepatite B

– Pentavalente 1ª dose (Tetravalente +


Hepatite B 2ª dose)
2 meses – Poliomielite 1ª dose (VIP)
– Pneumocócica conjugada 1ª dose
– Rotavírus 1ª dose

3 meses – Meningocócica C conjugada 1ª dose

– Pentavalente 2ª dose (Tetravalente +


Hepatite B 3ª dose)
4 meses – Poliomielite 2ª dose (VIP)
– Pneumocócica conjugada 2ª dose
– Rotavírus 2ª dose

5 meses – Meningocócica C conjugada 2ª dose

– Pentavalente 3ª dose (Tetravalente +


6 meses Hepatite B 4ª dose)
– Poliomielite 3ª dose (VIP)

9 meses – Febre Amarela

– Pneumocócica conjugada reforço


12 meses – Meningocócica C conjugada reforço
– Tríplice Viral 1ª dose

– DTP 1º reforço (incluída na pentavalente)


– Poliomielite 1º reforço (VOP)
15 meses
– Hepatite A
– Tetra viral (Tríplice Viral 2ª dose + Varicela)

– DTP 2º reforço (incluída na pentavalente)


4 anos – Poliomielite 2º reforço (VOP)
– Febre amarela reforço

9-14 anos (Meninas) – HPV 2 doses (0 e 6)

12-13 anos (Meninos) -HPV 2 doses (0 e 6)

12- 13 anos (Meninos e Meninas) -Meningite C – (1 dose ou reforço)

– Hepatite B (3 doses a depender da situação


vacinal)
– Febre Amarela (1 dose a cada 10 anos)
Adolescentes, Adultos e Idosos
– Tríplice Viral (2 doses até os 20 anos ou 1
dose em > 20 anos. Idade máxima: 49 anos)
– DT (Reforço a cada 10 anos)

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Calendário de Vacinação Mais de 7 Anos e Adolescentes

Intervalo Vacinas

-BCG
-Hepatite B
Primeira Visita -Polio
-Tríplice Viral
-DT

-Hepatite B
-DT
2 meses após a 1ª Visita -Polio
-Tríplice Viral
-Febre Amarela

– Hepatite B
-DT
4 meses após a 1ª Visita
-Pólio
-Tríplice Viral

HPV (dos 9 aos 14 anos) são duas doses, a


2017 segunda dose deve ser administrada 6 meses
após a 1ª, esquema 0,6 meses.

HPV (12-13 anos) para Meninos são duas


2017
doses 0 e 6 meses.

Meningite C (12 à 13 anos) Meninos e Meninas


2017
, esquema: 1 dose ou reforço.

Adolescência compreende dos 10 aos 19 anos de idade (OMS). Caso a pessoa apresente um
esquema incompleto, deverá ser completado.

Calendário Para Adultos de 20 a 59 Anos

Intervalo Vacinas

-Dt (Difteria e Tétano)


Primeira Visita -SCR
-Hepatite B

-Hepatite B
2 meses após a 1ª Visita -DT
-Febre Amarela

– Hepatite B
6 meses após a 1ª Visita
-DT

A cada 10 anos DT e Febre Amarela

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Calendário Para 60 Anos ou Mais

Intervalo Vacinas

-DT
Primeira Visita
-Febre Amarela

2 meses após a 1ª Visita DT

4 a 6 meses após a 1ª Visita DT

Anualmente Influenza

-DT
A cada 10 anos
-Febre Amarela

*A Pneumocócica 23 é indicada em campanhas, para pessoas de 60 anos ou mais que vivem em


instituições fechadas como: casas de repouso, asilos, casas geriátricas e hospitais.

Calendário de Vacinação Para Gestante e Puérpera

Intervalo Vacinas

-DT
Primeira Visita
-Hepatite B

-DT
2 meses após a 1ª Visita
-Hepatite B

-DT
6 meses após a 1ª Visita
-Hepatite B

Em qualquer fase da Gestação Influenza

-Tríplice Viral
Puerpério
-Influenza

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Calendário Nacional de Vacinação – Povos Indígenas

Nota: * Administrar Uma dose de vacina Pneumocócia 10V (conjugada) em crianças entre 2 e 4 anos, que não tenham recebido o reforço ou que tenham
perdido oportunidade de se vacinar anteriormente.
** Indicada às pessoas residentes ou viajantes para as áreas com recomendação de vacina. Atentar às precauções e contraindicações para vacinação para
gestantes, nutrizes, imunodeprimidos, idoso, dentre outros, conforme Nota Informativa n° 94/2017.
*** Administrar Uma dose de vacina hepatite A. Esta vacina está disponível para crianças até 4 anos 11 meses e 29 não oportunamente vacinadas aos 15
meses.
**** A vacina tetra viral corresponde à segunda dose da tríplice viral e à doce da vacina varicela. Esta vacina está disponível para crianças até 4 anos 11
meses e 29 não oportunamente vacinadas aos 15 meses.
***** A vacina HPV também está disponível para as mulheres e homens de nove a 26 anos de idade vivendo com HIV/AIDS, transplantados de órgãos sólidos,
de medula óssea ou pacientes oncológicos, sendo o esquema de três doses (0, 2e 6 meses).
****** Gestantes que perderama a oportunidade de serem vacinadas durante o período gestacional, administrar Uma dose de dTpa no puerpério, o mais
precocemente possível. A vacina dTpa também será ofertada para profissionais de saúde que atuam em maternidade e em unidade de internação neonatal
(UTI/UCI convencional e UCI canguru) atendendo recém-nascidos e crianças menores de 1 ano de idade.

Para informações adicionais recomenda-se a Instrução Normativa do Calendário de Vacinação disponível no seguinte endereço www.saude.gov.br

Fonte: http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/vacinacao/calendario-nacional-de-vacinacao

Calendário de Vacinação do Prematuro

Conforme Recomendações da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) – 2013/2014

VACINAS RECOMENDAÇÕES, ESQUEMAS E CUIDADOS ESPECIAIS


Deverá ser aplicada, preferencialmente ainda na maternidade, em recém-
BCG ID (1)
nascidos (RNs) com peso maior ou igual a 2.000 g.
Aplicar a primeira dose logo ao nascimento, preferencialmente nas primeiras 12
horas de vida, e, posteriormente, as outras duas doses (esquema 0-1 ou 2-6
Hepatite B (2) meses). Nos RNs com menos de 33 semanas de gestação e/ou com menos de
2.000 g de peso ao nascimento, usar o esquema com quatro doses (esquema
0-1-2-6 meses).
Palivizumabe (3) Durante o período de circulação do vírus sincicial respiratório
Pneumocócica Iniciar o mais precocemente possível (aos 2 meses), respeitando a idade
conjugada (4) cronológica. Três doses: aos 2, 4 e 6 meses e um reforço aos 15 meses.
Influenza (gripe) Respeitando a idade cronológica e a sazonalidade da circulação do vírus. Duas
(5) doses a partir dos 6 meses com intervalo de 30 dias entre elas
Utilizar somente vacina inativada (injetável) em RNs internados na unidade
Poliomielite (6)
neonatal.
Rotavírus (7) Não utilizar a vacina em ambiente hospitalar.
Tríplice
Preferencialmente utilizar vacinas acelulares.
bacteriana (8)
As vacinas combinadas de vacina tríplice bacteriana acelular (DTPa) com Hib e
Haemophilus
outros antígenos são preferenciais, permitem a aplicação simultânea e se
influenzae b(9)
mostraram eficazes e seguras para os recém-nascidos pré-termo (RNPTs).

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As demais vacinas do Calendário SBIm de vacinação da criança devem ser aplicadas de acordo
com a idade cronológica.

Observações:

Recém-Nascido Hospitalizado: deverá ser vacinado com as vacinas habituais, desde que
clinicamente estável. Não usar vacinas de vírus vivos: pólio oral e rotavírus.

Profissionais de Saúde e Cuidadores: todos os funcionários da Unidade Neonatal, pais e cuidadores


devem ser vacinados para influenza, varicela (se suscetíveis) e receber uma dose da vacina tríplice
acelular do tipo adulto, a fim de evitar a transmissão dessas infecções ao RN.

Vacinação em Gestantes e Puérperas: a imunização da gestante para influenza (em qualquer idade
gestacional) e pertussis (a partir da 20a semana de gestação) constitui excelente estratégia na prevenção
dessas doenças em recém-nascidos nos primeiros seis meses de vida, época que eles ainda não estão
adequadamente imunizados.

A prevenção do tétano neonatal não deve ser esquecida, e o momento do puerpério é oportuno para
receber as vacinas para doenças para as quais a puérpera seja suscetível: hepatite B, hepatite A, rubéola,
sarampo, caxumba e varicela.

Vacinação de Contactantes: a prevenção de doenças infeciosas em lactentes jovens e prematuros


pode ser obtida com a vacinação de crianças, adolescentes e adultos que têm contato frequente com ele
(mãe, pai, irmãos, avós, babás, e outros) – que podem ser fontes, principalmente, das seguintes infecções
imunopreveníveis: coqueluche, influenza, varicela, sarampo, caxumba e rubéola. A vacinação desses
contactantes, inclusive a mãe, se não ocorreu antes da gravidez ou durante a mesma, deve ocorrer o
mais precocemente possível após o nascimento do bebê, de preferência no período do puerpério.

Comentários:

1. BCG
Poucos estudos mostram eventual diminuição da resposta imune ou eventos adversos aumentados
com o BCG em menores de 1.500 g a 2.000 g. Por precaução aguardar o peso de 2.000 g para vacinar.

2. Hepatite B
Os RNs de mães portadoras do vírus da hepatite B devem receber ao nascer, além da vacina,
imunoglobulina específica para hepatite B (HBIG) na dose de 0,5 mL via intramuscular logo após o
nascimento, até, no máximo, o sétimo dia de vida. Em função da menor resposta à vacina em bebês
nascidos com idade gestacional inferior a 33 semanas e/ou com menos de 2.000 g, desconsidera-se a
primeira dose, e utiliza-se o esquema 0-1- 2-6 meses. A vacina deve ser aplicada via intramuscular no
vasto lateral da coxa e a HBIG na perna contralateral.

3. Palivizumabe
Trata-se de um anticorpo monoclonal específico contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que está
indicado para prematuros e crianças de maior risco. Deve ser aplicado nos meses de maior circulação do
vírus (em nosso país, de março a setembro, exceto na região Norte, onde a circulação ocorre mais
precocemente – janeiro e fevereiro). É recomendado para prematuros com idade gestacional menor de
29 semanas até 1 ano de idade, prematuros de 29 a 32 semanas até 6 meses de idade, cardiopatas ou
portadores de doença pulmonar crônica até 2 anos de idade, desde que em tratamento clínico para essas
condições nos últimos seis meses. É recomendado para prematuros de 32 a 35 semanas com até seis
meses de vida que apresentem dois ou mais fatores de risco: criança institucionalizada, irmão em idade
escolar, poluição ambiental, doenças neuromusculares e anomalias congênitas de vias aéreas. Emprega-
se a dose habitual de 15 mg/kg de peso, aplicada por via intramuscular em até cinco doses mensais
consecutivas durante a estação do vírus.

4. Pneumocócica Conjugada
RNPTs e de baixo peso ao nascer apresentam maior risco para o desenvolvimento de doença
pneumocócica invasiva, que aumenta quanto menor a idade gestacional e o peso ao nascimento. O
esquema deve ser iniciado o mais precocemente possível.

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5. Influenza
A indicação rotineira da vacina influenza em lactentes a partir dos 6 meses de idade é reforçada nos
prematuros, pois estes apresentam maior morbidade e mortalidade relacionadas à doença. Caso a
criança complete seis meses após os meses de inverno, pode- -se optar por adiar a aplicação da vacina
influenza para os meses do outono subsequente, no esquema habitual de duas doses na primovacinação.

6. Poliomielite
Devido ao risco teórico de disseminação do vírus vacinal em população de imunodeprimidos (UTI
neonatal, por exemplo), o uso da vacina oral está contraindicado enquanto o RN permanecer
hospitalizado.

7. Rotavírus
Por se tratar de vacina de vírus vivos atenuados, a imunização para o rotavírus só deve ser realizada
após a alta hospitalar, respeitando-se a idade máxima limite para administração da primeira dose. A
vacina deve ser contraindicada em prematuros submetidos a cirurgia gastrintestinal.

8. Tríplice Bacteriana
A utilização de vacinas acelulares reduz o risco de apneias, crises de cianose e episódios convulsivos
após aplicação da vacina triplice bacteriana.

9. Haemophilus Influenzae B
Na rede pública, para os RNPTs extremos, a DTPa é disponibilizada pelos Cries e, nesses casos, a
conduta do Ministério da Saúde é adiar a aplicação da vacina Haemophilus influenzae b (Hib) para 15
dias após a DTPa. O reforço da vacina Hib deve ser aplicado nessas crianças aos 15 meses de vida.

Demais Vacinas
O calendário da criança deve ser seguido de acordo com a idade cronológica. A resposta imune às
demais vacinas pode ser menor, mas em geral atinge níveis satisfatórios de proteção.

Eventos Adversos Pós-Vacinação

Definição de caso de Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV):


Qualquer ocorrência clínica indesejável em indivíduo que tenha recebido algum
imunobiológico.
Um evento que está temporalmente associado ao uso da vacina, nem sempre tem relação causal com
ela. Os eventos podem ser classificados quanto à intensidade em: grave, moderado e leve. A grande
maioria dos eventos são locais e sistêmicos leves, por isso as ações de vigilância são voltadas para os
eventos moderados e graves. Em raríssimas situações, o óbito pode ser em decorrência da vacinação.
A segurança das vacinas é considerada, mais que nunca, uma preocupação mundial e a vacinação
segura é fator determinante para o sucesso ou o fracasso dos programas nacionais de imunizações. Todo
programa de imunização deve garantir a segurança das ações de vacinação e deve estar preparado para
atender qualquer motivo de preocupação do público. Se, porventura, um número elevado de eventos
adversos pós-vacinação (EAPVs) acontece, uma crise na saúde pública poderia ser desencadeada e o
manejo inadequado desta crise causar um descrédito no PNI.
Para se garantir esse processo, faz-se necessário uma integração entre várias entidades parceiras
como: as instituições de saúde, a vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis, as coordenações
estaduais e municipais de imunização, o PNI da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
(INCQS), os laboratórios produtores detentores de registro, a Organização Pan-Americana da Saúde e a
Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS).
As vacinas, em especial, foram desenvolvidas para ser uma das mais bem-sucedidas e
rentáveis medidas de saúde pública, para prevenir doenças e salvar vidas. Desde a última metade
do século XX, doenças que antes eram muito comuns, tornaram-se raras no mundo desenvolvido, devido
principalmente à imunização generalizada. Centenas de milhões de vidas foram salvas e bilhões de
dólares gastos em saúde pública.
Entretanto, o impacto do uso de vacinas em uma sociedade tem várias facetas. Por um lado, pode
aumentar a expectativa de vida, erradicar certas doenças, trazer benefícios sociais e econômicos
(estudos apontam que há mais de dois séculos a expectativa de vida do ser humano quase dobrou, o
limite de vida passou de 33 anos no século XVIII para acima de 70 anos neste início de século XXI), por

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outro lado podem aumentar os custos da atenção à saúde quando utilizados inadequadamente e/ou levar
à ocorrência de eventos adversos indesejáveis no decorrer do tratamento (PFAFFENBACH; CARVALHO;
BERGSTEN-MENDES, 2002).
Ressalta-se, no entanto que nenhuma vacina está livre totalmente de provocar eventos adversos,
porém os riscos de complicações graves causadas pelas vacinas são muito menores que os das
doenças contra as quais elas protegem. É preciso, ainda, grande cuidado ao contraindicar as
vacinações, em virtude do risco da ocorrência de eventos adversos, pois as pessoas não imunizadas
correm riscos de adoecer e, além disso, representam um risco para a comunidade, pois poderão ser um
elo da cadeia de transmissão.
O Brasil tem sido pioneiro na investigação de eventos adversos pós-vacinação. O PNI tem realizado
um trabalho intenso no sentido de investigar e elucidar todos os casos de eventos adversos, oferecendo
esclarecimentos à população e mantendo a credibilidade do programa.
O Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) é uma unidade técnico-científica da
Fundação Oswaldo Cruz que atua como Laboratório Nacional de Referência para o controle da qualidade
de produtos e serviços vinculados à vigilância sanitária.
Para atender à missão relacionada ao controle de qualidade dos produtos sujeitos à vigilância sanitária
e, principalmente, aos imunobiológicos, o INCQS conta com estrutura física adequada, equipamentos
modernos, profissionais especializados e pós-graduados em instituições de reconhecimento nacional e
internacional.
A história do controle de qualidade oficial dos imunobiológicos utilizados no Brasil inicia-se com a
criação do PNI, em 1973, o qual tinha como objetivo a promoção do controle das principais doenças
infectocontagiosas da época: sarampo, poliomielite, tuberculose, tétano, difteria e coqueluche. O PNI
incorporava, no seu documento de criação, a necessidade de aferição da qualidade dos antígenos para
uso humano. Reconhecia-se, assim, a importância, para o País, de contar com uma infraestrutura
laboratorial capaz de avaliar os requisitos de qualidade das vacinas a serem aplicadas na população.
Desde 1983, todos os lotes de imunobiológicos adquiridos pelo PNI vêm sendo analisados pelo
INCQS, antes de serem utilizados na população.
Os imunobiológicos diferem dos outros tipos de medicamentos devido à sua natureza biológica,
processos complexos de fabricação e métodos utilizados para avaliação da qualidade. Portanto, é
importante que a metodologia de controle de qualidade destes produtos seja continuadamente revista
tanto pelo produtor quanto pela autoridade regulatória, com o objetivo de com o objetivo de garantir
produtos de qualidade para a população.

“Imunização” significa o emprego de vacinas para a imunização de uma pessoa, incluindo todo o
processo, desde a produção, o transporte, o manuseio, a prescrição e a administração do imunobiológico.
“Vacinação” é o procedimento de administração de uma vacina, isto é, introdução no organismo de
antígenos ou de microrganismos vivos atenuados, indutores de imunização, podendo ser bem-sucedida
ou não.
Portanto, “imunização” é um termo mais abrangente que “vacinação”, pois inclui imunização passiva e
ativa e, quando utilizado estritamente, implica no desenvolvimento de resposta imunológica.
Entretanto, em publicações e linguagem corrente, os termos “imunização” e “vacinação” são usados
como sinônimos, porém, quando o significado é considerado implícito e de uso comum, ficam mantidos,
tais como: “programas de imunização”, “campanhas de vacinação de massa”.
Evento adverso pós-vacinação (EAPV) é qualquer ocorrência médica indesejada após a vacinação
e que, não necessariamente, possui uma relação causal com o uso de uma vacina ou outro
imunobiológico (imunoglobulinas e soros heterólogos). Um EAPV pode ser qualquer evento indesejável
ou não intencional, isto é, sintoma, doença ou um achado laboratorial anormal (CIOMS; WHO, 2012).
Os eventos adversos que podem ser imputados às vacinações são apenas uma fração dos que
ocorrem após as vacinações. Os eventos adversos podem ser inesperados ou esperados, tendo em vista
a natureza e características do imunobiológico, bem como o conhecimento já disponível pela experiência
acumulada.
Entre os eventos esperados, podemos ter eventos relativamente triviais, como febre, dor e edema
local, ou eventos mais graves, como convulsões febris, episódio hipotônico-hiporresponsivo, anafilaxia
etc. Eventos inesperados são aqueles não identificados anteriormente, às vezes com vacinas de uso
recente, como ocorreu com a vacina rotavírus rhesus/humana (invaginação intestinal), ou mesmo com
vacinas de uso mais antigo, como por exemplo, visceralização e falência múltipla de órgãos, observada
muito raramente após a vacina febre amarela.

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São ainda eventos inesperados aqueles decorrentes de problemas ligados à qualidade do produto,
como por exemplo, contaminação de lotes provocando abscessos locais, ou teor indevido de endotoxina
em certas vacinas, levando a reações febris e sintomatologia semelhante à sépsis.
Uma distinção também importante é entre vacinas vivas e não vivas. As vacinas virais vivas
apresentam imunidade duradoura, por vezes com uma única dose. Entretanto, têm o potencial de causar
eventos adversos graves quando são administradas em pessoas com deficiência imunológica ou com
fatores individuais de predisposição ainda desconhecidos (“idiossincrásicos”).
As vacinas não vivas geralmente são imunógenos potentes. Porém, a repetição exagerada do número
de doses de algumas vacinas, como tétano e difteria, pode provocar eventos adversos relacionados à
deposição de imunocomplexos.
A grande maioria deles é local e/ou sistêmica e de baixa gravidade. Por essa razão as ações de
vigilância são voltadas para os eventos moderados e graves. Apenas em situações raras e particulares,
o óbito pode ser decorrente da vacinação. O objetivo da vigilância epidemiológica de óbitos é
primordialmente afastar as causas coincidentes e indevidamente atribuídas às vacinas. Por exemplo: a
síndrome da morte súbita infantil, que não tem qualquer relação com vacinação, pode ocorrer no mesmo
período de aplicação de vários imunobiológicos do calendário básico de vacinação da criança. Porém,
vários estudos mostraram que as imunizações não aumentam o risco de morte súbita.

Muitos dos eventos adversos são meramente associações temporais, não se devendo à
aplicação das vacinas. Assim, quando eles ocorrem, há necessidade de cuidadosa investigação,
visando ao diagnóstico diferencial e ao possível tratamento. Se eles forem realmente causados pela
vacina, são três os pontos básicos para a investigação:
1. fatores relacionados à vacina: inclui o tipo (viva ou não viva), a cepa, o meio de cultura dos
microrganismos, o processo de inativação ou atenuação, adjuvantes, estabilizadores ou substâncias
conservadoras, o lote da vacina;
2. fatores relacionados aos vacinados: idade, sexo, número de doses e datas das doses anteriores da
vacina, eventos adversos às doses prévias, doenças concomitantes, doenças alérgicas, autoimunidade,
deficiência imunológica; e
3. fatores relacionados à administração: agulha e seringa, local de inoculação, via de inoculação
(vacinação intradérmica, subcutânea ou intramuscular).

Alguns Eventos Adversos Merecem Atenção Especial:

1. Eventos adversos decorrentes de depressão imunológica – podem ocorrer em pacientes com


deficiência imunológica primária, isto é, com deficiências congênitas da imunidade, que são doenças
raras, ou secundárias, decorrentes de doenças ou tratamentos que comprometem a imunidade, como
leucemia, linfoma etc. O risco de complicações manifesta-se nas vacinas vivas, como as vacinas BCG,
febre amarela, sarampo, caxumba e rubéola, poliomielite etc. No caso das vacinas não vivas, como a
tríplice bacteriana (difteria, tétano e coqueluche), o risco é da resposta imunológica não se processar
adequadamente, continuando o receptor da vacina suscetível às doenças contra as quais se vacinou.
Entretanto, deve-se considerar que as deficiências imunológicas podem ter diversos graus de gravidade,
acarretando riscos insignificantes ou importantes após a aplicação de vacinas vivas. Em muitas dessas
situações justifica-se utilizá-las, pois o risco da doença é maior que o da vacina. Em outras situações,
pode-se substituir a vacina viva por uma não viva, como no caso da vacina da poliomielite.

2. Eventos adversos por reações de hipersensibilidade – estão ligados às chamadas reações de


hipersensibilidade, descritas por Gell e Coombs.

- Reações de tipo I, anafiláticas, mediadas por IgE, mais frequentes em indivíduos alérgicos.
Podem ocorrer após qualquer vacina ou soro, especialmente os de origem não humana (equina). Elas
podem ser relacionadas a determinadas substâncias presentes nas vacinas, como:
- resíduos de linhas celulares ou embriões em que se cultivam os vírus vacinais;
- substâncias utilizadas nos meios de cultura; e
- outras substâncias, agregadas durante a preparação e purificação da vacina (por exemplo,
antibióticos, conservantes, estabilizantes ou adjuvantes).

- Reações de tipo II, ligadas à formação de anticorpos que se fixam a células do organismo, levando
à sua destruição por ação do complemento e por linfócitos que se fixam aos anticorpos provocando
destruição celular. Esse mecanismo provavelmente está envolvido na destruição da bainha de mielina

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dos nervos que pode ocorrer após certas vacinas virais vivas ou após vacina antirrábica preparada em
tecido nervoso, ocasionando doenças como a encefalomielite disseminada aguda (Adem) ou Síndrome
de Guillain-Barré (SGB).

- Reações de tipo III, provocadas pela formação de complexos imunes, que levam à vasculite e à
necrose tecidual no sítio da aplicação, como pode ocorrer após número exagerado de doses de vacinas
difteria e tétano (fenômeno de Arthus), ou a manifestações generalizadas, como na doença do soro.

- Reações de tipo IV, chamadas de hipersensibilidade tardia, que envolvem a imunidade celular, com
linfócitos T citotóxicos direcionados contra alvos do próprio corpo, como ocorre na síndrome de Guillain-
Barré e na encefalomielite pós-infecciosa aguda. As reações também podem ser localizadas, como em
indivíduos que apresentam reações cutâneas à neomicina e ao timerosal, usados como conservantes em
várias vacinas.

Para a ocorrência da maioria dessas reações de hipersensibilidade deve haver fatores individuais de
suscetibilidade, que torna o indivíduo predisposto à sua ocorrência.
Há também evidências de que alguns eventos adversos decorrem de fatores genéticos, como
narcolepsia relacionada à vacina influenza tendo como adjuvante esqualeno e alfatocoferol, observada
apenas em determinadas populações.
Outros eventos adversos são rotulados como idiossincrásicos, isto é, dependentes de fatores da
própria pessoa e desconhecidos, como a doença viscerotrópica após a vacina febre amarela.
É importante considerar ainda que, em geral, vacinas mais reatogênicas são também mais eficazes.
Por exemplo, a vacina pertússis de células inteiras, bastante reatogênica, é mais eficaz que as vacinas
acelulares de coqueluche, menos reatogênicas. Ainda mais, o componente celular da vacina pertússis
age como adjuvante, melhorando a eficácia das vacinas combinadas, especialmente em relação ao
componente Hib. Outro exemplo é a vacina caxumba preparada com a cepa Urabe, que é mais
reatogênica que a vacina preparada com a cepa Jeryl Lynn, porém mais imunogênica.
Desse modo, deve-se buscar um equilíbrio entre reatogenicidade e imunogenicidade, e a decisão
sobre qual vacina deve ser usada depende da avaliação de vários fatores, como os de natureza
epidemiológica.
A diminuição das reações ou complicações pós-vacinações, com a maior efetividade possível das
vacinas, deve ser preocupação permanente e objeto de estudo de todos que são responsáveis pelas
imunizações, em todos os níveis de gestão. Novas vacinas, menos reatogênicas ou mais seguras, estão
em desenvolvimento ou já aprovadas. A incorporação das mesmas à rotina dos programas de imunização
deve ser feita criteriosamente, considerando-se a avaliação de custo-benefício, a eficácia e a eficiência,
o potencial de obter coberturas vacinais amplas, bem como a necessidade de garantir o abastecimento
regular.
A falha de vacinação pode ser definida baseada em critérios clínicos ou imunológicos que
correlacionam ou substituem os marcadores de proteção de uma doença imunoprevenível: falha primária
(falha na soroconversão ou soroproteção) necessita ser diferenciada de falha secundária
(imunodepressão).

Falha de Vacinação Clinicamente Confirmada


É a ocorrência de uma doença imunoprevenível em uma pessoa com vacinação comprovada,
conforme recomendações estabelecidas, levando-se em conta o período de incubação e o tempo
necessário para a produção de anticorpos após imunização. Requer confirmação clínica e laboratorial (ou
vínculo epidemiológico de caso confirmado) de doença imunoprevenível.

Suspeita Clínica de Falha de Vacinação


Definida como a ocorrência de doença em pessoa com vacinação comprovada, conforme
recomendações estabelecidas, entretanto a doença não é confirmada, por exemplo, doença
pneumocócica invasiva por sorotipo desconhecido em pessoa comprovadamente vacinada, levando-se
em conta o período de incubação e o tempo necessário para a produção de anticorpos após imunização.

Falha de Vacinação Imunologicamente Confirmada


Além da falha clínica, existe a possibilidade de falha imunológica, não necessariamente relacionada a
manifestações clínicas de doença imunoprevenível. Definida como falha no desenvolvimento de resposta
imunológica, devendo ser laboratorialmente testada e comprovada. Exemplo: profissional de saúde

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comprovadamente vacinado com três doses de vacina hepatite B (recombinante) e testagem de
anticorpos anti-HBs seis semanas após a terceira dose e níveis de anticorpos <10 U/l.

Suspeita de Falha de Vacinação Imunológica


Situações em que, como no exemplo acima, a dosagem de anticorpos foi realizada somente oito anos
após o esquema vacinal e, devido o tempo de testagem ser inapropriado, a falha imunológica é possível,
porém não confirmada.

Fatores Que Podem Estar Relacionados a Falhas de Vacinação:

A. Fatores Relacionados ao Hospedeiro:


- Imunodeficiência (ausência ou deficiente resposta imune).
- Idade: imaturidade ou senescência da resposta imune.
- Insuficiente resposta imune (outra que não a imunodeficiência) para um ou mais componentes
antigênicos, tipos ou sorotipos de vacinas; esta talvez não seja medida pelas dosagens laboratoriais de
anticorpos.
- Interferência por outros agentes infecciosos: por exemplo, infecções naturais por enterovírus não
pólio promovendo interferência com a resposta imune à vacina poliomielite oral.
- Imunidade baixa: estado de saúde prévio, tais como desnutrição, doenças de base, uso de terapias
imunossupressoras.
- Interferência imunológica: anticorpos maternos, uso de imunoglobulinas.
- Infecções preexistentes com o mesmo patógeno presente na vacina: genótipos do HPV, imunização
durante o período de incubação de uma infecção.

B. Fatores Relacionados às Vacinas:


- Vacinas não são 100% eficazes.
- Cobertura inadequada de tipos, sorotipos, genótipos, variantes antigênicas ou mutações que podem
causar a doença imunoprevenível.
- Interferência antigênica ou interações entre vacinas coadministradas.
- Relacionados à produção: variação de lotes, falhas na qualidade do produto.

Falha na Vacinação

Fatores Relacionados à Utilização ou Administração:


- Erros de administração (erros de via de administração, doses incorretas, diluentes incorretos).
- Esquemas vacinais incompletos, não cumprimento de esquemas, incluindo reforços (falha na
administração e não falha da vacina).
- Relacionados ao armazenamento e conservação: rede de frio.
- Prazos de validade expirados.

Fatores Relacionados aos Programas de Imunização:


- Falhas nas recomendações de calendários: número de doses e/ou reforços.
- Escassez na quantidade de vacinas.

Classificação dos Eventos Adversos Pós-Vacinação


De acordo com o tipo de manifestação: locais ou sistêmicos.

- Quanto à Gravidade:

Evento Adverso Grave (EAG): são consideradas graves as situações apresentadas a seguir:
- Requer hospitalização por pelo menos 24 horas ou prolongamento de hospitalização já existente.
- Causa disfunção significativa e/ou incapacidade persistente (sequela).
- Resulte em anomalia congênita.
- Causa risco de morte (ou seja, induz à necessidade de uma intervenção clínica imediata para evitar
o óbito).
- Causa o óbito.

Evento Adverso Não Grave (EANG): qualquer outro evento que não esteja incluído nos critérios de
evento adverso grave (EAG).

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Atenção:
- Eventos clinicamente relevantes em pacientes que não necessitem de internação, tais como
broncoespasmo, discrasias sanguíneas, convulsões febris, por terem um potencial de gravidade, devem
ser investigados e acompanhados.
- É muito importante diferenciar-se “gravidade” e “intensidade” (esta última inadequadamente traduzida
em alguns textos como severidade). Um evento pode ser leve, moderado ou intenso, independentemente
de ser ou não grave, por exemplo, uma hiperemia local intensa.

- Segundo a Causalidade:
- Reação inerente ao produto: EAPV causado ou precipitado pela vacina ou por um ou mais de seus
componentes. “Produto” é todo ou qualquer dos componentes que compõem uma vacina; incluem o
imunógeno (que provoca a resposta imune) e outros que podem estar presentes como os adjuvantes,
preservativos e outros aditivos utilizados, durante o processo de produção, responsáveis pela
qualidade/estabilidade (sais de sódio ou de potássio, albumina, gelatina), crescimento e purificação dos
imunógenos (proteínas do ovo, leveduras, antibióticos) ou toxinas inativadas (formaldeído).
- Reação inerente à qualidade das vacinas: EAPV causado ou precipitado por desvio (alteração) de
qualidade de uma vacina, incluindo as embalagens (ampolas, frascos, frasco-ampola etc.) e acessórios
(agulhas, conta-gotas, diluentes, seringas etc.)2 utilizados para a administração das mesmas.
- Erro de imunização: EAPV causado por manuseio, prescrições e/ou administração inadequadas
sendo, portanto, preveníveis.
- Reação de ansiedade relacionada à vacinação: EAPV motivada por ansiedade ao processo de
vacinação. Incluem as síncopes vagovagais, reações de hiperventilação ou reações consequentes a
desordens psiquiátricas.
- Coincidentes: é um EAPV causado por outro(s) motivo(s) que o produto (vacina), imunização ou
reação de ansiedade.

- Associação Consistente:
− Reação inerente ao produto: causada ou precipitada pela vacina ou por um ou mais dos
componentes da vacina.
− Reação inerente à qualidade das vacinas: causada ou precipitada por alteração de qualidade de
uma vacina, inclusive diluentes e materiais (seringas e agulhas) utilizados para sua administração.
− Erro de imunização: causado por manuseio, prescrições e/ou administração inadequadas sendo,
portanto, preveníveis.
− Reação de ansiedade relacionada à vacinação: ansiedade motivada pelo processo de vacinação.

- Associação Indeterminada:
- Relação temporal consistente, mas sem evidências na literatura para se estabelecer relação
causal.
− Os dados da investigação são conflitantes em relação à causalidade.

- Associação Coincidente: é um EAPV sem relação causal com o produto, erros de imunização ou
reação de ansiedade à imunização.
− Condição(ões) já existente(s) previamente ou que emerge(em) concomitantemente.
− Condição(ões) causada(s) por exposição a outros fatores (outros medicamentos etc.) que não
vacinas.

- Inclassificável: ausência de informações adequadas para classificação.

Erros de Imunização
Um dos maiores desafios dos serviços de saúde que atuam em vacinação é assegurar as boas
práticas de vacinação segura.
As práticas adequadas, desde o produtor até a administração de vacinas, soros e
imunoglobulinas, garantem o sucesso e a credibilidade dos programas de imunização.
Erro de medicação é qualquer evento evitável que pode causar ou levar a um uso inapropriado de
medicamentos, entre estes todos os imunobiológicos, ou causar dano a um paciente, enquanto o
medicamento está sob o controle de profissionais de saúde, pacientes ou consumidores. Podem estar
relacionados à prática profissional, os produtos para a saúde, procedimentos e sistemas, incluindo
prescrição, orientação verbal, rotulagem, embalagem e nomenclatura de produtos industrializados e
manipulados, dispensação, distribuição, administração, educação, monitorização e uso.

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Em muitos países, a maioria dos EAPV é desencadeada por um erro de imunização e em tais
situações, este deve, em investigações, ser primeiramente descartado. Um evento adverso decorrente
de um erro de imunização pode se tornar um evento isolado ou um conjunto de eventos (cluster)
relacionados à vacinação.
É essencial que as vacinas sejam utilizadas de acordo com suas indicações, contraindicações,
dosagens, condições de armazenamento, procedimentos de reconstituição descritas em bula, entre
outros. Os erros de imunização, consequentes de atitudes ou procedimentos não cumpridos conforme
estabelecidos nas normas, por si só ou em conjunto, podem causar redução ou falta do efeito esperado
e eventos adversos graves e até fatais.

Relação de Fatores Que Caracterizam os Erros de Imunização

- Produção
O não cumprimento das boas práticas de fabricação pode levar a um desvio de qualidade como
alterações de potência (quantidade inferior e qualidade dos microrganismos e menor resposta
imunológica), aumento de reatogenicidade (alterações na esterilidade), entre outros.
Exemplo: crianças imunizadas com vacinas contaminadas (geralmente Staphylococcus aureus)
podem adoecer dentro de algumas horas sensibilidade local e infiltração tecidual, vômitos, diarreia,
cianose e febre elevada são os sintomas mais frequentes (síndrome do choque tóxico). A análise
microbiológica do frasco, quando disponível, ou amostra do sítio de aplicação pode confirmar a fonte da
infecção.

- Rede de Frio
Compreende o transporte, armazenamento, acondicionamento, distribuição, controle de temperatura,
alterações de coloração, turvação. É necessária a verificação e certificação de determinadas condições
ideais de conservação: temperatura, prazo de validade, umidade, luz e outras. Alterações da temperatura
(excesso de frio ou calor) podem comprometer a potência imunogênica da vacina, desencadeando
reações locais ou sistêmicas decorrentes de alterações das condições físicas como aglutinação de
excipientes à base de alumínio.

- Manuseio e Administração
1. Reconstituição: existem poucos dados sobre o efeito que uma diluição incorreta pode ter sobre a
estabilidade das vacinas. É possível que os componentes (antígenos, conservantes ou adjuvantes),
contidos em uma vacina possam ter um efeito prejudicial sobre a outra vacina, quer reduzindo sua
potência, o que resulta em uma resposta imune reduzida, ou tornando-a totalmente ineficaz.

2. Diluentes: os diluentes são fornecidos pelos produtores para as vacinas que requerem
reconstituição. Existem poucos dados sobre o efeito de diferentes diluentes sobre vacinas, mas é pouco
provável que os pacientes que receberam a vacina reconstituída com o diluente errado (trocado)
apresentem algum evento adverso. No entanto, ocasionalmente, os diluentes contêm agentes
estabilizantes específicos para aquela determinada vacina e, como resultado, pode haver alteração na
potência até mesmo sua ineficácia. Avaliar a necessidade de revacinação seguindo as recomendações
contidas no cronograma de revacinação.

3. Dosagens Incorretas: a administração de doses superiores às recomendadas não afetam a


resposta de produção de anticorpos, sendo somente aconselhável informar aos pacientes sobre a
possibilidade de risco aumentado de reações locais. Quando administrada em doses inferiores à
recomendada, a vacinação deverá ser repetida, a fim de desenvolver uma resposta imunológica completa.
Idealmente, deve ser repetida no mesmo dia, caso não seja possível, as vacinas vivas devem ser
repetidas após um intervalo mínimo de quatro semanas e as vacinas inativadas devem ser repetidas o
mais rapidamente possível.

4. Preenchimento de Seringas: aumento ou diminuição de dosagens.

5. Tamanho de Agulhas: formação de abscessos frios (estéreis) subcutâneos em vez de


intramusculares, por injeção de vacinas com adjuvantes com alumínio e utilização de agulhas muito
curtas.

6. Troca de Vacinas: erros podem acontecer por falhas no acondicionamento e troca de produtos.

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7. Via e Sítio de Administração: vacinas de uso oral administradas por via parenteral ou vice-versa,
lesões musculares, vasculares, neurológicas por erros ou má técnica de administração.

8. Idades Fora das Recomendações: as vacinas administradas anteriores à idade recomendada


geralmente não são prejudiciais, porém fatores como anticorpos maternos passivamente transferidos aos
recém-nascidos podem interferir em uma boa resposta imune. Por esta razão, deve-se repetir a dose
quando a pessoa atingir a idade recomendada e, pelo menos, com intervalo de um mês a partir da primeira
dose administrada.

9. Intervalos Entre Vacinações:


a. Intervalos maiores que o recomendado: uma vacina administrada com intervalo maior que o
recomendado não causa qualquer prejuízo, e não há necessidade para reinício do esquema de
vacinação, podendo, entretanto, haver interferência na proteção desejada.
b. Intervalos menores que o recomendado: As vacinas administradas com intervalo menor que o
recomendado podem levar a uma resposta imunológica reduzida e a revacinação deve ser programada,
exceto para a vacina cólera, como recomendado abaixo:
- Vacinas inativadas do mesmo tipo, geralmente devem ser administradas após um intervalo de quatro
semanas. Sempre que estas vacinas forem administradas em intervalo menor que 21 dias, uma dose
deve ser repetida quatro semanas após a última dose administrada e os pacientes devem ser advertidos
de que isso pode levar a um aumento do risco de reação local.
- Vacinas vivas devem ser administradas ao mesmo tempo ou com intervalo mínimo de quatro
semanas. Vacinas vivas de uso parenteral quando administradas com intervalo menor que 28 dias, a
segunda dose administrada deve ser considerada inválida e recomenda-se a repetição de uma dose, pelo
menos, quatro semanas após a dose inválida.
Vacinas vivas de uso oral podem ser administradas ao mesmo tempo em que vacinas parenterais ou
em qualquer intervalo antes ou após o outro.

10. Vacinas Fora do Prazo de Validade: todas as vacinas têm um prazo determinado pelo fabricante.
É improvável que a vacina deixe de vigorar no dia do vencimento. No entanto, existe a possibilidade de
degradação da vacina ao longo do tempo e a consequente diminuição de sua potência. Por este motivo,
quando uma vacina é administrada fora de seu prazo de validade, a revacinação deve ser considerada
seguindo as recomendações contidas no cronograma de revacinação.

Concluindo: As práticas inadequadas de imunização podem resultar em danos para o produtor do


imunobiológico, para a instituição que os adquire e distribui, para o profissional que manipula e administra,
bem como para as pessoas que a recebe.

Atenção: Os erros de imunização são preveníveis por meio de treinamento de pessoal, de


suprimento adequado de equipamentos e de insumos para a vacinação e de supervisão dos
serviços.

Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos
para Vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

Agentes Imunizantes e a Amamentação

Legenda das categorias de risco conforme as numerações (1), (2), (3):

(1)-Uso Compatível Com a Amamentação


Desta categoria fazem parte os fármacos cujo uso é potencialmente seguro durante a lactação, haja
vista não haver relatos de efeitos farmacológicos significativos para o lactente.

(2)-Uso Criterioso Durante a Amamentação


Nesta categoria estão os medicamentos cujo uso no período da lactação depende da avaliação do
risco/benefício. Quando utilizados, exigem monitorização clínica e/ou laboratorial do lactente, devendo
ser utilizados durante o menor tempo e na menor dose possível. Novos medicamentos cuja segurança
durante a amamentação ainda não foi devidamente documentada encontram-se nesta categoria.

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(3)-Uso Contraindicado Durante a Amamentação
Esta categoria compreende as drogas que exigem a interrupção da amamentação, pelas evidências
ou risco significativo de efeitos colaterais importantes no lactente.

Soros e Imunoglobulinas
(1)Imunoglobulina anti-D (anti-RH)
(1)Imunoglobulina anti-hepatite B
(1)Imunoglobulina antirrábica.
(1)Imunoglobulina antitetânica.
(1 ) Imunoglobulina humana.
(1)Soro antiaracnídico.
(1 ) Soro antidiftérico.
(1)Soro antiescorpiônico.
(1) Soro antiofídico.

Vacinas
(2) Contra Antrax.
(2) Contra cólera.
(1) Contra Doença de Lyme.
(1) Contra difteria, tétano e coqueluche (DPT).
(2) Contra febre amarela
(1 )Contra febre tifoide.
(1) Contra Haemofilus influenza.
(1) Contra hepatite A.
(1) Contra hepatite B.
(1) Contra gripe (Influenza).
(1) Contra meningococo C.
(1) Contra papilomavírus humano (HPV).
(1) Contra poliomielite (oral ou injetável).
(2) Contra raiva.
(1 Contra rubéola.
(1) Contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR ou tríplice viral).
(1) Contra tétano.
(1) Contra tuberculose (BCG).
(1) Contra varicela.
(2) Contra varíola.

Agentes diagnósticos
(1) Teste tuberculínico (PPD).

Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Amamentação e uso de
medicamentos e outras substâncias. 2. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010.

Questões

01. (CNEN - Analista – Enfermeiro – IDECAN) As vacinas requerem cuidados especiais: temperatura
adequada para sua conservação, precauções para não ocorrer contaminação e conhecimentos para sua
administração. A temperatura para sua conservação é, em média, +2° a +8°C. Diante dessas
informações, assinale a alternativa correta sobre o acondicionamento de vacinas.
(A) Na primeira prateleira as vacinas contra vírus; na segunda, as vacinas contra bactérias e toxinas;
e, na terceira, os soros.
(B) Na primeira prateleira os soros; na segunda, as vacinas contra bactérias e toxinas; e, na terceira,
as vacinas contra vírus.
(C) Na primeira prateleira as vacinas contra bactérias e toxinas; na segunda, as vacinas contra vírus;
e, na terceira, os soros.
(D) Na primeira prateleira os soros; na segunda, as vacinas contra vírus; e, na terceira, as vacinas
contra bactérias e toxinas.
(E) Na primeira prateleira as vacinas contra vírus; na segunda, os soros; e, na terceira, as vacinas
contra bactérias e toxinas.

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02.(Pref. De Cascavel/PR Técnico de Enfermagem- CONSULPLAN/2016) Em virtude do êxito da
política de prevenção, vigilância e controle da poliomielite, o Brasil recebeu o Certificado de Eliminação
da Poliomielite em 1994, sendo evitada através da vacinação. No início de 2016, o Programa Nacional de
Imunizações informou mudanças no Calendário Nacional de Vacinação alterando o esquema de
vacinação para esta doença. Considerando o Calendário Nacional de Vacinação atual sobre a Vacina
Inativada Poliomielite (VIP), é correto afirmar que:
(A) É administrada apenas nos reforços.
(B) É constituída por vírus vivo atenuado.
(C) Não deve ser administrada nas crianças menores de seis meses.
(D) Passa a ser administrada até a terceira dose do esquema de vacinação.
(E) Pode ser administrada em pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida.

03.(Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Enfermeiro – COMPERVE/2016) Sobre as


mudanças no Calendário Nacional de Vacinação para 2016, propostas pelo Ministério da Saúde,
considere as afirmações a seguir.
A oferta da vacina contra hepatite B será ampliada para a população independentemente da idade
I
e da condição de vulnerabilidade.
No esquema da vacina contra poliomielite, sua terceira dose será substituída pela vacina inativada
II (VIP), sendo mantidas somente as doses de reforço, aos 15 meses e 4 anos, com a vacina oral
contra poliomielite (VOP)
A vacina pneumacócia 10 valente teve o esquema modificado para três doses, e um reforço, de
III
preferência, aos 12 meses ou até os 4 anos de idade.
A vacina conta hepatite A deverá ser feita aos 12 ou 15 meses de idade, e o reforço, até os 4 anos
IV
de idade.
Das afirmações, estão corretas
(A) II e III.
(B) I e II.
(C) I e IV.
(D) III e IV.

04.(Prefeitura Mun. De Fortaleza – Enfermeiro/ 2016) A vacina pneumocócica 10 (conjugada) tem


um novo esquema: 2 (duas) doses aos 2 e 4 meses de idade e reforço preferencialmente aos:
(A) 12 meses.
(B) 15 meses.
(C) 18 meses.
(D) 24 meses.

05.( Pref Municipal do Rio de Janeiro – TBG/2016) A varicela é uma doença altamente contagiosa,
com maior incidência em crianças de 2 a 10 anos de idade. Entretanto pode ser prevenida através da
administração da seguinte vacina que consta no Calendário de Vacinação da Criança:
(A) tetraviral
(B) tríplice viral
(C) pentavalente
(D) DTP

06. (Pref. Colinas/MA –Enfermeiro – IMA) Em relação ao Programa Nacional de Imunização (PNI)
assinale a alternativa INCORRETA:
(A) Em 1975 foi institucionalizado o PNI, resultante do somatório de fatores, de âmbito nacional e
internacional, que convergiam para estimular e expandir a utilização de agentes imunizantes, buscando
a integridade das ações de imunizações realizadas no país.
(B) De 1990 a 2003, o PNI fez parte do CENEPI/FUNASA - Fundação Nacional de Saúde. A partir de
2003, passou a integrar a DEVEP/SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde, inserido na Coordenação
Geral do Programa Nacional de Imunizações - CGPNI.
(C) Ao longo do tempo, a atuação do PNI, ao consolidar uma estratégia de âmbito nacional,
apresentou, na sua missão institucional precípua, consideráveis avanços. As metas mais recentes
contemplam erradicação do sarampo e a eliminação tétano neonatal.
(D) O objetivo principal do PNI é de oferecer todas as vacinas com qualidade a todas as crianças que
nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas vacinais de 70% de forma homogênea
em todos os municípios e em todos os bairros.

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07. (Pref. Colinas/MA –Enfermeiro) A Instância Nacional da Rede de Frio é representada pela
Coordenação-Geral do PNI (CGPNI), unidade gestora, estrutura técnico administrativa da Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS), sendo responsável pelas atividades de
imunização desenvolvidas pelas equipes técnicas especializadas. Em relação a essas equipes, assinale
a alternativa INCORRETA:
(A) Apoio à gestão: responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de informação, como Datasus,
que tem por finalidade auxiliar a gestão da Coordenação do PNI, bem como o gerenciamento destes
sistemas, subsidiando técnicos e gestores no que se refere às ações de vacinação do País.
(B) Gestão de insumos: responsável por todas as ações relativas ao funcionamento da Rede de Frio
e sua normatização, pelo planejamento das aquisições, distribuição dos imunobiológicos em interface
com o processo logístico (Cenadi), além de acompanhar sistematicamente o controle de qualidade destes
insumos.
(C) Gestão de incorporação técnica, científica e de normatização: responsável pela avaliação da
situação epidemiológica da doença, atualização e acompanhamento dos Calendários de Vacinação
Nacional, elaboração dos planos de ação e estratégias de vacinação, bem como elaboração de normas
técnicas.
(D) Apoio administrativo: responsável pela execução das atividades relativas aos expedientes de
rotinas administrativas e organização de eventos da CGPNI.

08. (Pref. Colinas/MA –Enfermeiro – IMA) A vacina pentavalente, introduzida no Programa Nacional
de Imunizações (PNI) em 2012, é:
(A) Indicada para imunização ativa de crianças a partir de dois meses até dez anos de idade contra
difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e doenças causadas por Haemophilusinfluenzae tipo b.
(B) Composta de toxoides de difteria e tétano, suspensão celular inativada de Bordetellapertussis,
antígeno de superfície do vírus da hepatite B e oligossacarídeos conjugados de Haemophilusinfluenzae
do tipo b.
(C) Administrada em dose de 0,4 mL, por via intramuscular, no vasto lateral da coxa e no dorso glúteo,
em crianças menores de dois anos de idade e na região deltoide nas crianças acima de dois anos de
idade.
(D) Recomendada pelo Ministério da Saúde, uma vez que a coadministração de múltiplos antígenos
em uma única injeção potencializa a imunogenicidade e não apresenta reatogenicidade.

09. (Pref. Colinas/MA –Enfermeiro – IMA) O objetivo final da rede de frio é assegurar que todos os
imunobiológicos administrados mantenham suas características iniciais a fim de conferir imunidade, haja
vista que são produtos termolábeis. Nesse sentido:
(A) A rede de frio constitui o processo de fabricação, armazenamento, conservação, manuseio,
distribuição e transporte dos imunobiológicos utilizados no Programa Nacional de Imunização (PNI).
(B) A rede de frio é composta hierarquicamente de cinco instâncias: Central Nacional de Distribuição
de Insumos, Central Regional Estadual, Central Estadual, Central Regional Municipal e Local.
(C) Os imunobiológicos são conservados entre +2 ºC e+ 8 ºC na instância local, em refrigeradores do
tipo doméstico ou em caixas térmicas devidamente refrigeradas por bobinas de gelo.
(D) A verificação da temperatura dos equipamentos da rede de frio, nas instâncias nacional, estadual
e local, deve ser feita pelo menos quatro vezes ao dia, distribuídas entre o início e o final da jornada
matutina e vespertina.

10. (EBSERH/HU-UFMS - Enfermeiro – Vigilância – AOCP) Sobre a vacina HPV, assinale a


alternativa correta.
(A) Deve ser administrada exclusivamente por via subcutânea.
(B) Não pode ser administrada simultaneamente com a vacina de Hepatite B.
(C) É indicada para a imunização passiva contra os genótipos de baixo risco HPV 5 e 18.
(D) Deve ser conservada em temperaturas entre +2º e +8ºC.
(E) A faixa etária alvo são mulheres em idade fértil (25 a 49 anos).

11. (EBSERH/HU-UFMS - Enfermeiro – Vigilância – AOCP) Preencha as lacunas e assinale a


alternativa correta. A vacina BCG é composta por _________________. Seu uso está indicado
rotineiramente a partir do ____________________.
(A) vírus vivos / segundo mês de vida
(B) toxoides / sétimo dia de vida
(C) fragmentos de partículas / trigésimo dia de vida

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(D) vírus vivos / terceiro mês de vida
(E) bacilos atenuados / nascimento

12. (EBSERH/HU-UFMS - Enfermeiro – Vigilância – AOCP) A idade máxima recomendada para


segunda dose da Vacina contra Rotavírus Humano (VORH) é
(A) 03 meses e 15 dias.
(B) 02 meses e 19 dias.
(C) 09 meses e 20 dias.
(D) 11 meses e 19 dias.
(E) 07 meses e 29 dias.

13. (Fundação do ABC - Técnico de Enfermagem - Atenção Básica e Especializada – CAIPIMES)


A seguir são descritas algumas vacinas que fazem parte dos programas governamentais e que visam a
garantir a saúde de nossas crianças, EXCETO pelo que se lê na alternativa:
(A) Difteria.
(B) Sarampo.
(C) Malária.
(D) Caxumba.

14. (Fundação do ABC - Técnico de Enfermagem - Atenção Básica e Especializada – CAIPIMES)


As vacinas do calendário infantil podem ser aplicadas das formas abaixo descritas, EXCETO pelo descrito
na alternativa:
(A) Por injeção venosa/arterial.
(B) Por injeção via intramuscular.
(C) Por via oral.
(D) Por injeção via intradérmica.

15. (Fundação do ABC - Técnico de Enfermagem - Atenção Básica e Especializada – CAIPIMES)


Assinale a alternativa que contemple os imunobiológicos que estão indicados para as gestantes.
(A) Apenas 3 doses de Hepatite B.
(B) Apenas 3 doses da Dupla adulto.
(C) Apenas 1 dose da Gripe.
(D) 3 doses de Hepatite B; 3 doses Dupla adulto; 1 dose da Gripe.

16. (Fundação do ABC - Técnico de Enfermagem - Atenção Básica e Especializada – CAIPIMES)


Sobre a vacina da Febre Amarela, leia as frases abaixo e a seguir assinale a alternativa que corresponde
à resposta correta.
I- Administrar uma dose a partir dos nove meses de idade.
II- Administra uma dose a cada 15 anos.
III- Indicada para residentes ou viajantes para as áreas com recomendação da vacina, pelo menos 10
dias anteriores da data da viagem.
IV- A dose recomendada é 0,5mL, via subcutânea.

(A) Apenas as frases I, III e IV estão corretas.


(B) Todas as frases estão corretas.
(C) Apenas as frases I e III estão corretas.
(D) Apenas a frase I está correta.

17. (AMS - Pref. Londrina/PR - Assistente de Enfermagem em Saúde da Família e Atenção


Domiciliar - Pref. Londrina/PR) Em relação à vacinação, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) Prematuros menores que 34 (trinta e quatro) semanas de gestação ou recém-nascidos com peso
inferior a 2,0 (dois) Kg, devem receber 4 (quatro) doses de vacina Hepatite B.
(B) Para evitar a transmissão vertical, os recém-nascidos de mães portadoras do vírus da Hepatite B
devem ser vacinadas com a vacina e uma dose de imunoglobulina humana anti-hepatite B nas primeiras
horas de vida.
(C) A via subcutânea é indicada para a aplicação das vacinas antirrubéola, antiamarílica, tríplice viral
e dupla viral, pois nesta via, são absorvidas mais lentamente.
(D) O esquema básico para a vacina Pentavalente é de 03 (três) doses aos 02 (dois), 04 (quatro) e 06
(seis) meses de idade, não sendo necessário reforço.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
(E) O prazo de validade da vacina BCG após ser reconstituída, é de 8 horas, desde que mantida sob
temperatura adequada.

18. (AMS - Pref. Londrina/PR - Assistente de Enfermagem em Saúde da Família e Atenção


Domiciliar - Pref. Londrina/PR) Analise as assertivas abaixo e assinale a alternativa que contém as
afirmativas CORRETAS.
I. As ações de vacinação são coordenadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que tem como objetivo erradicar, eliminar e controlar as
doenças imunopreveníveis no território brasileiro.
II. Entende-se por evento adverso pós-vacinação (EAPV) qualquer ocorrência clínica indesejável em
indivíduo que tenha recebido algum imunobiológico. Podem ser locais ou sistêmicos e, de acordo com
sua intensidade, podem ser leves, moderados ou severos (graves).
III. Um evento que está temporalmente associado ao uso de uma vacina nem sempre tem relação
causal com a vacina administrada.

(A) Somente a afirmativa I está correta.


(B) Somente a afirmativa II está correta.
(C) Somente a afirmativa III está correta.
(D) Todas as afirmativas estão corretas.
(E) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

19. (AMS - Pref. Londrina/PR - Assistente de Enfermagem em Saúde da Família e Atenção


Domiciliar - Pref. Londrina/PR) Em relação à conservação dos imunobiológicos, assinale a alternativa
que contém as afirmativas CORRETAS:
I. Quando se utiliza o refrigerador vertical, a caixa térmica deve ser usada apenas quando houver
queda de energia ou em vacinação de campanhas extramuros.
II. Deve-se verificar constantemente a temperatura do interior da caixa térmica, trocando o “gelóx”, se
necessário, e fazendo a ambientação do mesmo.
III. Na conservação de imunobiológicos utilizando-se refrigerador vertical, utilizar a segunda prateleira
para colocar as vacinas que podem ser submetidas a temperaturas negativas, como toxóides, hepatite B
e BCG.
IV. As vacinas devem ser armazenadas em bandejas perfuradas atentando-se ao prazo de validade
do rótulo.

(A) Estão corretas as afirmativas II e IV.


(B) Estão corretas as afirmativas I e III.
(C) Estão corretas as afirmativas I, II e IV.
(D) Estão corretas as afirmativas II, III e IV.
(E) Todas as afirmativas estão corretas.

20. (Pref. São Jorge do Patrocínio/PR – Enfermeiro – RUFFO) A vacina Pentavalente, introduzida
em 2012 no calendário de vacinação infantil, é indicada para imunização ativa de crianças a partir de qual
idade, e protege contra quais doenças?
(A) 2 meses; protege contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e doenças causadas por
Haemophilus influenzae tipo b.
(B) 2 meses; protege contra sarampo, rubéola, caxumba, poliomielite e doenças causadas por
Haemophilus influenzae tipo b.
(C) 4 meses; protege contra tétano, coqueluche, sarampo, poliomielite e doenças causadas por
Meningocócico tipo c.
(D) 1 ano; protege contra difteria, sarampo; rubéola, rotavírus e doenças causadas por Meningocócico
do tipo c.

21. (Pref. Indaiatuba/SP - Enfermeiro da Família – IBC) Qual vacina tem uso criterioso durante a
amamentação?
(A) Contra varicela
(B) Contra raiva
(C) Contra sarampo, caxumba e rubéola
(D) Contra Hepatite B

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22. (Pref. Indaiatuba/SP - Enfermeiro da Família – IBC) A vacinação é a maneira mais eficaz de
evitar diversas doenças imunopreveníveis, como varíola (erradicada), poliomielite (paralisia infantil),
sarampo, tuberculose, rubéola, gripe, hepatite B, febre amarela, entre outras. Em relação à vacinação da
criança assinale a alternativa correta:
(A) A primeira dose da vacina oral rotavírus humano deve ser administrada até 5 meses e 15 dias.
(B) A vacina BCG deve ser administrada o mais precoce possível, preferencialmente após o
nascimento.
(C) A vacina pneumocócica 10 deve ser administrada no primeiro mês de vida.
(D) A vacina sarampo, caxumba e rubéola é realizada em dose única.

23. (Pref. Ouro Branco/MG - Técnico em Enfermagem - PSF - IDECAN) “Vacina que deve ser
administrada em 3 doses: ao nascer, com 2 meses e 6 meses. A via de administração é a intramuscular.”
Trata‐se de
(A) BCG.
(B) HPV.
(C) hepatite B.
(D) hepatite A.
(E) febre amarela.

24. (Pref. Capoeiras/PE - Técnico em Enfermagem – PSF – IDEST) O Sistema Único de Saúde
(SUS) ampliou o Calendário Básico de Vacinação da Criança com a introdução da vacina pentavalente,
que previne contra:
Marque a assertiva CORRETA:
(A) difteria, tétano, pertussis, hepatite C e meningites causadas pelo aemophilus influenzae tipo b.
(B) difteria, tétano, pertussis, hepatite B e meningites causadas pelo haemophilus influenzae tipo C.
(C) difteria, tétano, pertussis, hepatite B e meningites causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b.
(D) diarreia infecciosa, tétano, pertussis, hepatite B maior e meningites causadas pelo Haemophilus
influenzae tipo b.
(E) difteria, tétano, pertussis, hepatite B e meningites causadas pelo Haemobiluncos influenzação tipo
b.

25. (Pref. Capistrano/CE - Técnico em Enfermagem – PSF - INSTITUTO NEO EXITUS) Marque a
opção CORRETA em relação a vacina BCG:
(A) É aplicada na quantidade de 1,0ml, utilizando-se seringa e agulha apropriadas.
(B) Quadros convulsivos se constituem numa contraindicação para a vacina.
(C) Deve ser aplicada no braço direito, com agulha 13x4,5, por via subcutânea.
(D) É uma vacina bacteriana que imuniza contra tuberculose.
(E) A primeira dose deve ser aplicada ao nascer e a segunda dose aos 6 anos de idade.

26. (Pref. Capistrano/CE - Técnico em Enfermagem – PSF - INSTITUTO NEO EXITUS) Após
administrar a vacina BCG-I D no lactente, o técnico de enfermagem deve orientar a mãe sobre a lesão
vacinal, que apresenta a seguinte sequência evolutiva:
(A) Mácula, pápula, rubor e úlcera.
(B) Nódulo, pústula, crosta e úlcera.
(C) Edema, rubor, pústula e tumoração.
(D) Hiperemia, crosta, mácula e tumoração.
(E) Prurido, dor e rubor

27. (Pref. Capistrano/CE - Técnico em Enfermagem – PSF - INSTITUTO NEO EXITUS) Assinale a
opção que completa corretamente o seguinte enunciado: Para uma criança completando hoje 4 meses
de idade, com esquema vacinal “em dia”, com exceção para a vacina Rotavirus, da qual não tomou
nenhuma dose, deve ser adotada a seguinte conduta:
(A) Não se deve aplicar mais nenhuma dose desta vacina.
(B) Aplicar apenas uma dose hoje.
(C) Aplicar a 1ª. dose hoje e aprazar a 2ª. dose para daqui a 30 dias.
(D) Aplicar a 1ª. dose hoje e aprazar a 2ª. dose para daqui a 60 dias.
(E) Seguir o esquema de três doses, com intervalos de 60 dias entre as mesmas, sendo a 1ª. dose
hoje.

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28. (Pref. Capistrano/CE - Técnico em Enfermagem – PSF - INSTITUTO NEO EXITUS) Marque a
opção CORRETA quanto ao ângulo para aplicação da vacina tríplice viral:
(A) 15 graus com agulha de calibre 13 x 4,5.
(B) 45 graus com agulha de calibre 13 x 4,5.
(C) 90 graus com agulha de calibre 20 x 5,5.
(D) 90 graus com agulha de calibre 13 x 4,5.
(E) 15 graus com agulha de calibre 20 x 5,5.

29. (Pref. Arcoverde/PE - Técnico em Enfermagem do PSF – CONPASS) Qual a dose correta e o
local de aplicação da vacina BCG?
(A) 0,1 e via intradérmica.
(B) 0,5 e via intradérmica.
(C) 0,5 e via intramuscular.
(D) 1 ml e inserção inferior do deltoide.
(E) 0,1 ml e inserção inferior do deltoide.

30. (Pref. Arcoverde/PE - Técnico em Enfermagem do PSF – CONPASS) Qual das vacinas listadas
a seguir só deverá ser administrada a partir dos 9 meses de idade em situação de rotina?
(A) Pneumocócica conjugada
(B) Meningocócica C
(C) Vacina injetável contra a pólio
(D) Vacina contra a Febre amarela
(E) Vacina contra rotavírus

31. (SAD/SES - Assistente em Saúde - Técnico de Enfermagem - UPENET/IAUPE) Em relação à


sala de vacinas, analise as afirmativas abaixo e coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas.
( ) Local destinado ao preparo e à administração dos imunobiológicos, soros e medicamentos.
( ) Ambiente, que necessita de estrutura física, que propicie a manutenção de boas condições de
higiene, além de funcionar para uso exclusivo do serviço de imunização.
( ) Local destinado ao armazenamento, ao preparo e à administração de imunobiológicos.
( ) Ambiente frequentado por pessoas doentes, cujo acesso deve-se dar, preferencialmente, de forma
independente de outros setores.

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA.


(A) F-F-V-V
(B) F-V-F-V
(C) F-V-V-F
(D) V-F-V-F
(E) V-F-V-V

32. (CNEN - Analista - Enfermeiro – IDECAN) As vacinas requerem cuidados especiais: temperatura
adequada para sua conservação, precauções para não ocorrer contaminação e conhecimentos para sua
administração. A temperatura para sua conservação é, em média, +2° a +8°C. Diante dessas
informações, assinale a alternativa correta sobre o acondicionamento de vacinas.
(A) Na primeira prateleira as vacinas contra vírus; na segunda, as vacinas contra bactérias e toxinas;
e, na terceira, os soros.
(B) Na primeira prateleira os soros; na segunda, as vacinas contra bactérias e toxinas; e, na terceira,
as vacinas contra vírus.
(C) Na primeira prateleira as vacinas contra bactérias e toxinas; na segunda, as vacinas contra vírus;
e, na terceira, os soros.
(D) Na primeira prateleira os soros; na segunda, as vacinas contra vírus; e, na terceira, as vacinas
contra bactérias e toxinas.
(E) Na primeira prateleira as vacinas contra vírus; na segunda, os soros; e, na terceira, as vacinas
contra bactérias e toxinas.

33. (CNEN - Analista - Enfermeiro – IDECAN) A vacina estimula o corpo a se defender contra os
organismos (vírus e bactérias) que provocam doenças. Acerca do calendário de vacinação para adultos
entre 20 e 59 anos, é INCORRETO afirma que a

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(A) vacina contra a febre amarela é tomada a cada 10 anos.
(B) vacina contra a febre amarela é constituída de vírus vivos atenuados.
(C) vacina para sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral) é de dose única.
(D) vacina dupla viral contra sarampo e rubéola não pode ser administrada em mulheres grávidas.
(E) segunda dose da vacina dT é aplicada um mês após primeira e a terceira dose, seis meses após
a primeira.

34. (Pref. Betânia/PE – Enfermeiro – CONPASS) De acordo com o atual Calendário Nacional de
Vacinação da Criança, quais das seguintes vacinas devem ser administradas ao nascer?
(A) BCG e Pólio
(B) BCG e Rotavírus
(C) BCG e Hepatite B
(D) Pentavalente e Tríplice Viral
(E) Pólio e Tetra Viral

35. (Pref. Betânia/PE – Enfermeiro – CONPASS) Qual das seguintes vacinas está disponível apenas
nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais, na rede pública?
(A) Hepatite A
(B) Hepatite B
(C) Rotavírus
(D) Dupla adulto
(E) Tetra viral

36. (Pref. Ouro Branco/MG - Enfermeiro – PSF – IDECAN) O êxito das Campanhas de Vacinação
contra a varíola, na década dos anos 60, mostrou que a vacinação em massa tinha o poder de erradicar
doenças. O último caso de varíola notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo, em 1977, na Somália.
As metas mais recentes do Programa Nacional de Imunizações contemplam a erradicação das seguintes
doenças:
(A) Rubéola e difteria.
(B) Caxumba e rubéola.
(C) Sarampo e coqueluche.
(D) Difteria e tétano neonatal.
(E) Tétano neonatal e sarampo.

37. (Pref. Ouro Branco/MG - Enfermeiro – PSF – IDECAN) Pacientes que serão submetidos a
sessões de quimioterapia tem indicação para uso de imunobiológicos especiais através dos Centros de
Referência de Imunobiológicos Especiais (Cries), implantados em 1993. Qual vacina tais pacientes têm
indicação de uso antes da quimioterapia?
(A) DPT acelular.
(B) Contra a varicela.
(C) Contra hepatite A.
(D) Contra a influenza.
(E) Acelular contra a coqueluche.

38. (Pref. Umuarama/PR - Auxiliar de Enfermagem – UNIOESTE) De acordo com o manual da Rede
de Frio do Ministério da Saúde, podemos dizer que:
(A). O termômetro deve ser colocado na primeira prateleira, no centro em posição vertical.
(B). Deve-se fazer a leitura da temperatura diariamente no início do plantão da manhã.
(C). Só é permitido armazenar outros materiais (alimentos industrializados) na última prateleira.
(D). Na segunda prateleira devem ser armazenadas as vacinas que não podem ser submetidas à
temperatura negativa (dT, DTP, Hepatite B, Hib, influenza, TT, BCG, Pneumococo, pólio inativada, DTaP).
(E). Para que sejam mantidas as condições ideais de conservação dos imunobiológicos, deve-se fazer
a limpeza da geladeira periodicamente a cada 30 dias, ou quando a camada de gelo atingir 1,0 centímetro.

39. (Fundação Casa - Auxiliar de Enfermagem – CETRO) Ao processo logístico para conservação
dos imunobiológicos, desde o laboratório produtor até o usuário, incluindo as etapas de recebimento,
armazenamento, distribuição e transporte, de forma oportuna e eficiente, assegurando a preservação de
suas características originais, dá se o nome de

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
(A) rede de frio
(B) cadeia de frio.
(C) CRIES.
(D) centrais de frio.
(E) controle de qualidade em saúde.

40. (TJ/BA - Analista Judiciário – Enfermagem – FGV) Como medida de precaução, ao se


administrar a vacina contra tuberculose – BCG, deve-se:
(A) adiar a vacinação até três meses após o tratamento com corticosteróides em dose elevada;
(B) diminuir a dose em pessoas com neoplasias malignas;
(C) não vacinar quando o paciente apresentar temperatura acima de 37°C;
(D) adiar a vacinação quando o peso ao nascer for inferior a 2.500g;
(E) suspender a vacinação em portadores de doenças neurológicas crônicas.

41. (UFPEL - Auxiliar de Enfermagem – UFPEL) A via correta da administração da vacina


pentavalente é:
(A) intramuscular.
(B) subcutânea.
(C) intradérmica.
(D) via oral.
(E) intratecal.

42. (AHM - Técnico em Saúde – Enfermagem – CAIPIMES) A Rede de Frio ou Cadeia de Frio é o
processo de armazenamento, conservação, manipulação, distribuição e transporte dos imunobiológicos
do Programa Nacional de Imunizações, e deve ter as condições adequadas de refrigeração, desde o
laboratório produtor até o momento em que a vacina é administrada. Com relação a organização interna
da geladeira, assinale a alternativa correta.
(A) Na porta colocar vacinas que podem ser submetidas a temperatura negativa.
(B) Na porta colocar o termômetro com mínima e máxima.
(C) Na porta não colocar imunobiológicos.
(D) Na porta colocar garrafas de água e corante.

Gabarito

01.A / 02.D / 03.B / 04.A / 05.A / 06.D / 07.A / 08.B / 09.C / 10.D / 11.E / 12.E / 13.C / 14.A / 15.D
16.A / 17.E / 18.D / 19.A / 20.A / 21.B / 22.B / 23.C / 24.C / 25.D / 26.B / 27.A / 28.D / 29.E
30.D / 31.C / 32.A / 33.E / 34.C / 35.A / 36.E / 37.B / 38.D / 39.B / 40.A / 41.A / 42.C

Comentários

01. Resposta: A.
Nos refrigeradores domésticos, os imunobiológicos devem ser organizados por tipo (viral ou
bacteriano) e acondicionados nas 2ª e 3ª prateleiras, colocando-se na frente os produtos com prazo de
validade mais curto para que sejam utilizados antes dos demais.
- Não acondicione imunobiológicos na 1ª prateleira nem no compartimento inferior (gaveta) desses
equipamentos. No refrigerador específico para o acondicionamento de imunobiológicos, pode-se
colocar as vacinas virais na 1ª prateleira, por estas serem mais sensíveis ao calor e manterem sua
integridade em casos de congelamento.
- Coloque garrafas preenchidas com água misturada a um corante (azul de metileno, anil, violeta de
genciana) na gaveta da parte de baixo do refrigerador, ocupando todo o espaço.

02. Resposta: D.
Conforme o novo calendário de vacinação para a 3ªdose da poliomielite passa a ser injetável e não
mais a gotinha (VOP). A VIP é administrada aos 2,4 e 6 meses.

03. Resposta: B

04. Resposta: A.
A pneumocócica passa a ser feita em 2 doses com reforço aos 12 meses.

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05. Resposta: A.
A Tetra viral imunizará contra Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela.

06. Resposta: D.
Destacamos que o objetivo principal do Programa é de oferecer todas as vacinas com qualidade a
todas as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar coberturas vacinais de
100% de forma homogênea em todos os municípios e em todos os bairros.

07. Resposta: A.
A Instância Nacional é representada pela Coordenação-Geral do PNI (CGPNI), unidade gestora,
estrutura técnico-administrativa da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS),
sendo responsável pelas seguintes atividades de imunização desenvolvidas pelas equipes técnicas
especializadas:
- Apoio à gestão: responsável pela interface com áreas externas e interlocução com todas as áreas
da CGPNI, para sustentação das ações desta Coordenação.
- Gestão de insumos: responsável por todas as ações relativas ao funcionamento da Rede de Frio e
sua normatização, pelo planejamento das aquisições, distribuição dos imunobiológicos em interface com
o processo logístico (Cenadi), além de acompanhar sistematicamente o controle de qualidade destes
insumos.
- Gestão de incorporação técnica, científica e de normatização: responsável pela avaliação da
situação epidemiológica da doença, atualização e acompanhamento dos Calendários de Vacinação
Nacional, elaboração dos planos de ação e estratégias de vacinação, bem como elaboração de normas
técnicas.
- Apoio administrativo: responsável pela execução das atividades relativas aos expedientes de
rotinas administrativas e organização de eventos da CGPNI.
- Sistema de informação: responsável pelo desenvolvimento dos sistemas de informação, com o
Datasus, que tem por finalidade auxiliar a gestão da Coordenação do PNI, bem como o gerenciamento
destes sistemas, subsidiando técnicos e gestores no que se refere às ações de vacinação do País.

08. Resposta: B.
3- Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus
influenzae b (conjugada) (Penta): vacina protege contra a difteria, o tétano, a coqueluche, a hepatite B
e as infecções causadas pelo Haemophilus influenzae b. É indicada para a vacinação de crianças
menores de 5 anos de idade como dose do esquema básico.
A vacina é administrada por via intramuscular profunda.
A vacina pentavalente pode provocar vários eventos adversos, geralmente entre as primeiras 48 a 72
horas que se seguem à sua aplicação, sendo o componente pertússis o principal responsável por essas
reações indesejáveis. Em sua maioria são eventos adversos leves, de resolução espontânea e desprovida
de complicações ou sequelas, não constituindo contraindicações para a administração de doses
subsequentes da vacina.
Precauções gerais:
- Doenças agudas febris moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do
quadro, com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
- Crianças com riscos importantes de hemorragias (hemofilia, trombocitopenia, uso de anticoagulantes,
outros distúrbios de coagulação): pode-se utilizar a via SC e, de preferência, logo após a aplicação de
fatores de coagulação ou concentrado de plaquetas, se este estiver indicado.
Usar agulha com o menor calibre possível e pressionar o local da aplicação durante, pelo menos, dois
minutos, sem fazer massagem.
- Avaliar indicações de substituição pela vacina adsorvida difteria, tétano e pertússis acelular (DTPa)
de acordo com o Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), por exemplo:
a. convulsão febril ou afebril nas primeiras 72 horas após vacinação;
b. episódio hipotônico-hiporresponsivo nas primeiras 48 horas após vacinação;
c. portadores de doenças neurológicas crônicas e cardiopatas e pneumopatas graves com risco de
descompensação devido à febre;
d. recém-nascidos prematuros extremos (<31 semanas e/ou <1.000 gr);
e. recém-nascido que permaneça internado na unidade neonatal por ocasião da idade de vacinação.

Contraindicações:
- Crianças com 7 anos ou mais de idade.

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- Após eventos adversos em dose anterior, como episódio hipotônico-hiporresponsivo nas primeiras
48 horas, convulsões nas primeiras 72 horas, reação anafilática nas primeiras duas horas e encefalopatia
aguda nos primeiros sete dias após a vacinação.

09. Resposta: C.
No serviço de saúde, a conservação dos imunobiológicos a serem utilizados na vacinação durante a
jornada de trabalho deve ser feita em caixa térmica devidamente refrigerada por bobinas de gelo. Ao
organizar a caixa térmica para início das atividades diárias, deve-se manter a temperatura interna da
caixa entre +2ºC e +8ºC, monitorando esta temperatura para não comprometer a eficácia dos
imunobiológicos.

10. Resposta: D.
Vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) (HPV): É indicada para jovens do
sexo feminino de 9 a 13 anos de idade, para a imunização ativa contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e
18, a fim de prevenir contra câncer do colo do útero, vulvar, vaginal e anal, lesões pré-cancerosas ou
displásicas, verrugas genitais e infecções causadas pelo papilomavírus humano (HPV).
Deve ser administrada exclusivamente por via intramuscular, preferencialmente na região deltoide,
na parte superior do braço, ou na região anterolateral superior da coxa.
A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do PNI, utilizando-se
agulhas, seringas e regiões anatômicas distintas.
Manter em temperatura de +2° a +8°C.

11. Resposta: E.
Vacina BCG: dose única, o mais precoce possível, preferencialmente na maternidade, logo após o
nascimento. Indicada para prevenir as formas graves da tuberculose (miliar e meníngea). A vacina é
preparada à partir de bacilos vivos com virulência atenuada. É administrada por via intradérmica. A vacina
BCG pode causar eventos adversos locais, regionais ou sistêmicos, que podem ser decorrentes do tipo
de cepa utilizada, da quantidade de bacilos atenuados administrada, da técnica de aplicação e da
presença de imunodeficiência primária ou adquirida.

12. Resposta: E.
Vacina Rotavírus humano – administrar duas doses, aos 2 e 4 meses de idade. A primeira dose pode
ser administrada a partir de 1 mês e 15 dias até 3 meses e 15 dias. A segunda dose pode ser
administrada a partir de 3 meses e 15 dias até 7 meses e 29 dias. Manter intervalo mínimo de 30 dias
entre as doses. Contraindicada para crianças com histórico de invaginação intestinal ou malformação do
aparelho digestivo. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação, não repetir a dose.

13. Resposta: C.
As vacinas que integram a rotina de vacinação do PNI são:
- Vacina BCG;
- Vacina hepatite B (recombinante) – hepatite B;
- Vacina adsorvida hepatite A (inativada) – hepatite A;
- Vacina poliomielite 1, 2 e 3 (atenuada) – VOP;
- Vacina poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) – VOP;
- Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus influenzae b
(conjugada) – penta;
- Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis – DTP;
- Vacina adsorvida difteria e tétano adulto – dT;
- Vacina rotavírus humano G1P1[8] (atenuada) – VORH;
- Vacina febre amarela (atenuada) – FA;
- Vacina sarampo, caxumba e rubéola – tríplice viral;
- Vacina sarampo, caxumba, rubéola e varicela (atenuada) – tetra viral;
- Vacina meningocócica C (conjugada) – meningo C;
- Vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) – pneumo 10;
- Vacina varicela (atenuada);
- Vacina influenza (inativada);
- Vacina raiva humana;
- Vacina papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18 (recombinante) – HPV.
Os imunobiológicos disponibilizados no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie):

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- Vacina Haemophilus influenzae b (conjugada) – Hib;
- Vacina pneumocócica 23-valente (polissacarídica) – pneumo 23;
- Vacina adsorvida difteria e tétano infantil – DT;
- Vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis (acelular) – DTPa;
- Vacina adsorvida hepatite A (inativada);
- Vacina varicela (atenuada);
- Vacina febre tifoide;
- Vacina cólera (inativada).

14. Resposta: A.
As vias de administração de imunobiológicos são intradérmica, intramuscular, oral e subcutânea.

15. Resposta: D.
Vacinação da Gestante: três doses da dupla adulto; três doses da Hepatite B. e dose única da vacina
Influenza.

16. Resposta: A.
Vacina febre amarela (atenuada) (FA): Está indicada para prevenir contra a febre amarela em
residentes ou viajantes que se deslocam para as áreas com recomendação de vacinação (ACRV) e
países com risco para a doença, a partir dos 9 meses de idade, conforme Calendário Nacional de
Vacinação. A vacina é administrada por via subcutânea. Reforço a cada 10 anos.

17. Resposta: E.
Em função da menor resposta à vacina em bebês nascidos com idade gestacional inferior a 33
semanas e/ou com menos de 2.000 g, desconsidera-se a primeira dose, e utiliza-se o esquema 0-1-2-6
meses.
Em recém-nascidos de mães portadoras da hepatite B, administre a vacina e a imunoglobulina humana
anti-hepatite B preferencialmente nas primeiras 12 horas, podendo a imunoglobulina ser administrada no
máximo até 7 dias de vida.
Via Subcutânea (SC) - Na utilização dessa via a solução é administrada nas camadas subcutâneas.
A via subcutânea é utilizada para a administração de soluções que necessitam ser absorvidas mais
lentamente, assegurando uma ação contínua. Essas soluções não devem ser irritantes, devendo ser de
fácil absorção. O volume máximo a ser introduzido por esta via é de 1,5ml.
Os locais mais utilizados para injeções subcutâneas são as regiões do deltóide no terço proximal ou
na face superior externa do braço, na face anterior da coxa ou na face anterior do antebraço.
São exemplos de vacinas administradas por essa via: vacina sarampo, caxumba e rubéola e vacina
febre amarela (atenuada).
Vacina penta- administrar três doses, aos 2,4 e 6 meses de idade com intervalo de 60 dias entre as
doses, mínimo de 30 dias.
A vacina BCG, uma vez reconstituída, pode ser usada por um prazo máximo de 6 horas.

18. Resposta: D.
As ações de vacinação são coordenadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) da Secretaria
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, que tem como objetivo erradicar, eliminar e controlar as
doenças imunopreveníveis no território brasileiro.
Definição de caso de Evento Adverso Pós-Vacinação (EAPV): Qualquer ocorrência clínica
indesejável em indivíduo que tenha recebido algum imunobiológico. Um evento que está temporalmente
associado ao uso da vacina, nem sempre tem relação causal com ela. Os eventos podem ser classificados
quanto à intensidade em: grave, moderado e leve. A grande maioria dos eventos são locais e sistêmicos
leves, por isso as ações de vigilância são voltadas para os eventos moderados e graves. Em raríssimas
situações, o óbito pode ser em decorrência da vacinação.

19. Resposta: A.
As Caixas térmicas são utilizadas no transporte de imunobiológicos entre os diversos laboratórios
produtores até a sala de vacina, inclusive vacinação extramuros. A caixa térmica deve ser organizada
para manter a temperatura de conservação dos imunobiológicos a -20°C ou entre +2°C e +8°C por um
determinado período de tempo, de acordo com o imunobiológico a ser armazenado ou transportado.
No serviço de saúde, a conservação dos imunobiológicos a serem utilizados na vacinação durante a
jornada de trabalho deve ser feita em caixa térmica devidamente refrigerada por bobinas de gelo. Ao

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organizar a caixa térmica para início das atividades diárias, deve-se manter a temperatura interna da
caixa entre +2ºC e +8ºC, monitorando esta temperatura para não comprometer a eficácia dos
imunobiológicos.
As caixas térmicas são utilizadas para o acondicionamento de imunobiológicos de uso diário na sala
de vacinação, para vacinação extramuros ou quando se realiza a limpeza do equipamento de
refrigeração.
- Na primeira prateleira acondicione as vacinas que podem ser submetidas à temperatura negativa
(vacinas virais), por estas serem mais sensíveis ao calor e manterem sua integridade em casos de
congelamento. Colocar na frente os produtos com prazo de validade mais curto para que sejam utilizados
antes dos demais.
- Na segunda prateleira mantenha o termômetro de máxima e mínima e as vacinas que não podem
ser submetidas a temperaturas negativas;
- Na terceira prateleira manter estoque de vacinas, soros e diluentes;
- Os imunobiológicos devem ser dispostos em bandejas perfuradas para permitir a circulação de ar.

20. A.
3- Vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis, hepatite B (recombinante) e Haemophilus
influenzae b (conjugada) (Penta): vacina protege contra a difteria, o tétano, a coqueluche, a hepatite B
e as infecções causadas pelo Haemophilus influenzae b.
Vacina penta- administrar três doses, aos 2,4 e 6 meses de idade com intervalo de 60 dias entre as
doses, mínimo de 30 dias.

21. B/ 22. B/ 23. C/ 24. C/ 25. D/ 26. B/ 27. A/ 28. D/ 29. E/ 30. D/ 31. C/ 32. A/ 33. E/ 34. C/ 35. A/ 36.
E/ 37. B/38. D.

39. Resposta: B.
Cadeia de Frio é o processo logístico da Rede de Frio para conservação dos imunobiológicos, desde
o laboratório produtor até o usuário, incluindo as etapas de recebimento, armazenamento, distribuição e
transporte, de forma oportuna e eficiente, assegurando a preservação de suas características originais.

40. A/ 41. A/ 42. C.

Participação do técnico de enfermagem nos programas especiais de saúde


pública; controle de doenças transmissíveis, doenças não transmissíveis e
doenças sexualmente transmissíveis

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS

Segundo a OMS, doença transmissível é [...] toda moléstia causada por agente infeccioso específico
ou por seus produtos metabólicos, e que resultam da transmissão desse agente ou de seus produtos de
um reservatório para um hospedeiro suscetível, seja direta ou indiretamente.
A distribuição e a ocorrência das doenças transmissíveis – DT’s variam de acordo com as condições
ambientais, socioeconômicas, culturais e políticas das diversas regiões brasileiras. Para que esses
índices alcancem patamares aceitáveis dentro do ponto de vista da saúde pública, deve haver uma
melhoria da qualidade de vida, atingindo todas as camadas sociais.

Isolamento

É a forma pela qual se busca efetivar o tratamento de pessoas infectadas, durante o período de
transmissão da moléstia, em um local que impeça a propagação direta ou indireta do agente infeccioso.

O Ministério da Saúde recomenda que, para cara 40 leitos, 25% sejam destinados a portadores
de doenças transmissíveis, e a unidade ideal de isolamento deve ter as seguintes características:
- Ser constituído por quarto privativo com identificação da precaução adotada;
- Possuir antessala com lavatório, armário e equipamentos privativos;
- Contar com mínimo de mobiliário possível: cama, criado-mudo e mesinha de refeição;

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- Levar em conta as restrições e orientações específicas a respeito das visitas, circulação de
colaboradores e transporte do cliente para exames externos;
- Possuir equipe treinada no controle de propagação da doença.

Em condições particulares, o isolamento deve ser mantido em uma unidade de internação comum,
desde que sejam adotadas as precauções necessárias para evitar a propagação da moléstia, ou uma ou
mais unidades de internação para DT’s em comum, com o máximo da precaução no controle de
transmissibilidade.

Tipos de Isolamento: Há vários tipos de isolamento, adequados à etiologia e sintomatologia das


crianças, assim como as condições do cliente. Normalmente são sinalizados por cartões diferentes para
cada tipo de precaução adotada.
- Isolamento Total ou Rigoroso (IT): Para casos de doenças altamente contagiosas e que requerem
cuidados completos, sendo necessário o uso de gorro, óculos, máscara, avental, luvas e pró-pé.
- Isolamento Respiratório: Utilizado em casos de doenças de transmissão aérea, por meio da
respiração, tosse e gotículas expelidas pelo doente. A principal proteção é o uso de máscara descartáveis.
- Isolamento Entérico ou Precauções Entéricas: Geralmente utilizado na presença de diarreias
provocadas por agentes infecciosos transmissíveis. É obrigatório o uso de luvas e avental,
preferencialmente descartáveis.
- Isolamento Reverso ou Protetor: Visa a proteção de clientes imunodeprimidos, em que a baixa
resistência facilita o desenvolvimento de DTS que podem tornar-se extremamente graves, pondo em risco
a garantia do tratamento. Deve-se observar rigorosamente a aplicação de técnicas assépticas no contato
com o cliente, além das fômites e objetos da enfermaria.

Precauções Padrão: De acordo com a Association for Practioners Infection Control (APIC), sempre
se deve tomar as seguintes precauções;
- Evitar o contato direto com o sangue e fluidos orgânicos, lavando as mãos com frequência e
utilizando luvas de proteção.
- Uso consciente de agulha, cortantes e perfurantes, com o cuidado especial quanto ao descarte
adequado, com a manipulação segura em recipientes apropriados; Aumentar a confiabilidade dos
clientes, usando essas mesmas precauções para todos os demais que se encontre em ambulatório,
pronto socorro, UTIs.
- Uso consciente dos equipamentos de proteção individual (EPIs) padrão, como máscara de
proteção respiratória, óculos de acrílico, avental, luvas de látex ou de silicone e pró-pé.

Doenças infecciosas e parasitárias (DIP): São doenças causadas por seres vivos ou seus produtos.
Quando o ser vivo que causa a doença vive às custas de outro ser vivo que o abriga estes são chamados
respectivamente de parasita e hospedeiro. Muitas vezes as DIP são confundidas com as doenças
contagiosas, mas nem todas as DIPs são contagiosas (p.ex. o tétano não é contagioso). A especialidade
DIP, no Brasil, se originou da tradicional Medicina Tropical que trata das grandes doenças que assolam
e assolaram o Brasil e o Mundo durante séculos (como a malária). A especialidade DIP procura (mas nem
sempre consegue) se concentrar em questões urbanas como as infecções hospitalares, a síndrome da
imunodeficiência adquirida (SIDA/AIDS), as endocardites infecciosas, as infecções transfusionais, etc.
Como herança da Medicina Tropical a especialidade inclui ainda os acidentes e doenças causadas por
animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões.

Algumas Doenças

Transmitidas por Bactérias

Tétano: Definição: Doença infecciosa aguda, cujo bacilo desenvolve-se no local do ferimento e produz
uma neurotoxina que, ao atingir o SNC, provoca os sinais e sintomas da doença. Agente Etiológico:
Clostridium Tetanii. Modo de Transmissão: Objetos contaminados que penetram em feridas, ferimentos
insignificante, queimaduras, coto umbilical, etc. Sinais e Sintomas: Trismo, rigidez da nuca, contraturas e
espasmos musculares, mialgia intensa; posição de opistótomo; riso sardônico, febre e sudorese intensa.
Diagnóstico: Exame clínico e físico. Tratamento: Debridamento da ferida; antibióticos; soro antitetânico
(SAT); vacinas; miorrelaxantes; sedativos; ambiente isento de barulhos e iluminação excessiva.

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Tuberculose: Definição: Doença bacteriana crônica, de caráter social, ocorrendo com maior
frequência em regiões de precárias condições. Agente Etiológico: Bacilo de Koch ou Mycobacterium
tuberculosis. Modo de Transmissão: De pessoa para pessoa, por exposição íntima e prolongada, por
meio de escarro ou gotículas de suspensas no ar, eliminadas pela tosse de clientes bacilíferos. Sinais e
Sintomas: Tosse produtiva e persistente; febre; perda de peso; hemoptise; dor torácica. Diagnóstico:
Exame bacteriológico (escarro); prova tuberculínica; radiológico. Tratamento: Quimioterapia e controle
em comunicantes e familiares; fazer vacinação conforme calendário.

Febre Tifóide: Definição: Doença infecciosa causada pelo bacilo de Eberth. Agente Etiológico: Bacilo
de Eberth ou Salmonella Typhi. Modo de Transmissão: Por contato direto (com fezes ou urina do portador)
ou indireto (com água e alimentos contaminados). Sinais e Sintomas: Hipertermia progressiva, astenia,
anorexia, náuseas, vômitos, esplenomegalia, leucopenia, constipação alternada com crises de diarreia
(fezes líquidas esverdeadas e fétidas). Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento:
Antibioticoterapia e profilaxia com saneamento básico, fiscalização sanitária e vigilância epidemiológica.

Difteria: Definição: Doença aguda, caracterizada por quadro tóxico-infeccioso, com duração variável
podendo apresentar desde sintomatologia leve até fatal. Agente Etiológico: Bacilo de Klebs loeffler ou
bacilo Corynebacterium diphtheriae. Modo de Transmissão: Por contato físico direto; por gotículas de
secreção dispersas no ar ou por meio de objetos contaminados. Sinais e Sintomas: Placas com abundante
exudação na faringe, provocando sintomas de asfixia, agitação, batimentos da asa do nariz, cianose,
contrações dos músculos intercostais devido à dificuldade respiratória. Pode ocorrer parada respiratória.
Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Manter o paciente em isolamento
respiratório; antibioticoterapia; soro antidiftérico (SAD); cirúrgico. Fazer profilaxia com vacinação.

Hanseníase: Definição: Enfermidade infecciosa crônica de transmissibilidade moderada caracterizada


por lesões cutâneas anestésicas. Agente Etiológico: Bacilo de Hansen ou Mycobacterium leprae. Modo
de Transmissão: Por contato direto pelo contato com pele, mucosas, lesões cutâneas ou secreções
nasais do doente. Sinais e Sintomas: Lesões cutâneas com anestesia local; comprometimento de nervos
periférico ulcerações da mucosa nasal até a perfuração do septo; lesões oculares. Diagnóstico: Testes
cutâneos de sensibilidade (tátil, térmica, dolorosa), biópsia da lesão; observação do tipo de lesão; teste
de Mitsuda. Tratamento: Quimioterapia; psicológico em razão das consequências na vida social e
econômica do cliente; fisioterápico para prevenção e tratamento das incapacidades físicas.

Cólera: Definição: Doença infecciosa aguda e grave, transmitida principalmente pela contaminação
fecal da água, alimentos e ouros produtos que vão a boca. Agente Etiológico: Víbrio Cholerae (vibrião
colérico). Modo de Transmissão: Água, alimentos ou fômites contaminados pelas fezes e vômitos dos
indivíduos infectados, sintomáticos ou não. Sinais e Sintomas: Diarreia líquida súbita e intensa com
aspecto de água de arroz; desidratação; cãibras; hipotensão; choque hipovolêmico. Diagnóstico: Exame
clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Antibioticoterapia; hidratação; Isolamento.

Coqueluche: Definição: Doença bacteriana que afeta a traqueia, os brônquios e os bronquíolos.


Agente Etiológico: Bordetella pertussis. Modo de Transmissão: Contato direto (por meio de gotículas de
muco e saliva eliminados pelo indivíduo contaminado) ou indireto (pelo contato com objetos recentemente
contaminados). Sinais e Sintomas: Período catarral: coriza, espirros, lacrimejamento. Período paroxístico:
crise de tosse, expectoração, cianose. Período de convalescença: os sintomas vão desaparecendo
gradativamente. Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Antibioticoterapia,
Isolamento respiratório, antitussígenos.

Transmitidas por Vírus

Caxumba: Definição: Doença infecciosa aguda de início súbito, caracterizado pela tumefação das
glândulas salivares, geralmente das parótidas e, às vezes das sublinguais. Agente Etiológico: Vírus
parotidite. Modo de Transmissão: Contato direto (por meio de gotículas de muco e saliva eliminados pelo
indivíduo contaminado) ou indireto (pelo contato com objetos recentemente contaminados). Sinais e
Sintomas: Febre, calafrios discretos, dores pelo corpo, principalmente na região da tumefação, orquite,
ooforite. Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Analgésicos e antitérmicos;
corticosteróides e repouso no leito. A profilaxia é a vacina da tríplice viral (MMR).

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Rubéola: Definição: Doença exantemática em geral benigna, que ocorre predominantemente na
infância e adolescência. Agente Etiológico: vírus do grupo togavírus L. rubellus. Modo de Transmissão:
Contato direto (por meio das secreções nasofaríngeas). Sinais e Sintomas: Período Podrômico: febre,
calafrios discretos, dores no corpo. Período Exantemático: surge exantemas na face, couro cabeludo.
Período de descamação: pele ressecada com prurido intenso. Diagnóstico: Exame clínico, físico e
laboratorial. Tratamento: Analgésicos e antitérmicos; banhos com antisséptico. Vacinação. A mulher deve
evitar gravidez durante 3 meses após a vacinação.

Sarampo: Definição: Doença infecciosa aguda, extremamente contagiosa, caracterizada por febre e
exantema máculo-papular. Agente Etiológico: Vírus do grupo paramixovírus. Modo de Transmissão:
Contato direto (por meio das secreções nasais e da garganta do doente) ou indireto (por meio de objetos
contaminados). Sinais e Sintomas: Febre alta, exantemas máculo-papular, tosse, coriza e conjuntivite.
Diagnóstico: Exame clínico, físico e laboratorial. Tratamento: Sintomático, conforme as manifestações de
cada caso.

Varicela ou Catapora: Definição: Doença infecciosa amplamente disseminada que ocorre


particularmente em crianças. Agente Etiológico: Vírus da varicela; herpes-vírus ou vírus varicela-zóster.
Modo de Transmissão: Contato direto (por meio de secreções nasais e da garganta do doente ou contato
com as lesões cutâneas) ou indireto (por meio de objetos contaminados). Sinais e Sintomas: Febre alta,
calafrios, mialgia e adenomegalias, erupções cutâneas inicialmente máculas que evoluem para pápulas
e por fim, vesículas; estas evoluem e secam formando crostas. Diagnóstico: exame clínico, físico e
laboratorial. Tratamento: Sintomático: repouso, analgésico, banhos com antissépticos.

Poliomielite: Definição: Doença viral aguda, cuja expressão clínica varia desde uma infecção
inaparente até paralisias. Agente Etiológico: poliovírus. Modo de Transmissão: secreções orofaríngeas e
nas fezes. Sinais e Sintomas: as manifestações clínicas da infecção pelo poliovírus são muito variáveis,
desde infecção inaparente até quadros de paralisia grave, levando a morte. Diagnóstico: exame clínico e
físico. Tratamento: Sintomático: o principal meio de prevenção e erradicação é a vacina Sabin/Anti-
poliomielite.

Raiva ou Hidrofobia: Definição: doença infecciosa aguda de prognóstico fatal em todos os casos,
causada por vírus que se propaga pelo SNC. Agente Etiológico: vírus da raiva Rhabdovirus. Modo de
Transmissão: Mordedura de animais que contenham o agente na saliva. Sinais e Sintomas: mal estar,
anorexia, náuseas, insônia, distúrbios psíquicos e respiratórios, dor e parestesia no local do ferimento,
espasmos, delírios, convulsões e morte por paralisias dos músculos respiratórios. Diagnóstico: exame
clínico e físico. Tratamento: Não existe tratamento específico. O cliente necessita de cuidados especiais
em UTI, sedativos, antitérmicos e medidas de controle das complicações.

Tuberculose54

A tuberculose é uma doença infecciosa e contagiosa, causada por um microrganismo denominado


Mycobacterium tuberculosis, também denominado de bacilo de Koch (BK), que se propaga através
do ar, por meio de gotículas contendo os bacilos expelidos por um doente com tuberculose (TB) pulmonar
ao tossir, espirrar ou falar em voz alta. Quando estas gotículas são inaladas por pessoas sadias,
provocam a infecção tuberculosa e o risco de desenvolver a doença.
A propagação da tuberculose está intimamente ligada às condições de vida da população. Prolifera,
como todas as doenças infecciosas, em áreas de grande concentração humana, com precários serviços
de infraestrutura urbana, como saneamento e habitação, onde coexistem a fome e a miséria. Por isto, a
sua incidência é maior nas periferias das grandes cidades, podendo, porém, acometer qualquer pessoa
mesmo em áreas rurais.

A infecção pelo bacilo da tuberculose pode ocorrer em qualquer idade, mas no Brasil geralmente
acontece na infância. Nem todas as pessoas expostas ao bacilo da tuberculose se tornam
infectadas. A probabilidade que a TB seja transmitida depende de alguns fatores:
- da contagiosidade do caso índice (doente bacilífero fonte da infecção);
- do tipo de ambiente em que a exposição ocorreu;
- da duração da exposição.
54
Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual técnico para o controle da
tuberculose: cadernos de atenção básica. 6. ed. rev. e ampl. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

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Quando uma pessoa inala as gotículas contendo os bacilos de Koch, muitas delas ficam no trato
respiratório superior (garganta e nariz), onde a infecção é improvável de acontecer. Contudo, quando os
bacilos atingem os alvéolos a infecção pode se iniciar.
Em primeiro lugar, os bacilos multiplicam-se nos alvéolos e um pequeno número entra na circulação
sanguínea disseminando-se por todo o corpo.
Dentro de 2 a 10 semanas no entanto, o sistema imune usualmente intervêm, impedindo que os bacilos
continuem a se multiplicar, prevenindo disseminação posterior.
A infecção tuberculosa, sem doença, significa que os bacilos estão no corpo da pessoa, mas o sistema
imune os está mantendo sob controle. O sistema imune faz isto produzindo células chamadas macrófagos
que fagocitam os bacilos e formam uma barreira, o granuloma, que mantém os bacilos sob controle.
A infecção tuberculosa é detectada apenas pela prova tuberculínica. As pessoas infectadas e que não
estão doentes não transmite o bacilo.
Uma vez infectada, a pessoa pode desenvolver tuberculose doença em qualquer fase da vida. Isto
acontece quando o sistema imune não pode mais manter os bacilos sob controle e eles se multiplicam
rapidamente.
Todos os órgãos podem ser acometidos pelo bacilo da tuberculose, porém, ocorre mais
frequentemente nos pulmões, gânglios, pleura, rins, cérebro e ossos.
Denomina-se “caso de tuberculose” todo indivíduo com diagnóstico confirmado por
baciloscopia ou cultura e aquele em que o médico, com base nos dados clínico-epidemiológicos e no
resultado de exames complementares, firma o diagnóstico de tuberculose.
“Caso novo” é o doente com tuberculose que nunca se submeteu à quimioterapia antituberculosa, fez
uso de tuberculostáticos por menos de 30 dias, ou submeteu-se ao tratamento para tuberculose há cinco
anos ou mais.

As ações para a procura de casos devem estar voltadas para os grupos com maior
probabilidade de apresentar tuberculose. Deve-se realizar a busca ativa de casos entre:
- os sintomáticos respiratórios: a equipe de saúde deve estar preparada para realizar a busca
sistemática de sintomáticos respiratórios, ou seja, das pessoas maiores de 15 anos que procuram os
serviços de saúde por qualquer motivo e apresentam queixas de tosse e expectoração por três semanas
ou mais. Entre esses, deve-se procurar o doente com tuberculose pulmonar bacilífera, fonte de infecção”
para outros indivíduos;
- contatos de casos de tuberculose: toda pessoa, parente ou não, que coabita com um doente de
tuberculose;
Atenção especial deve ser dada às populações de maior risco de adoecimento como os residentes em
comunidades fechadas como presídios, manicômios, abrigos e asilos e os indivíduos etilistas, usuários
de drogas, mendigos, imunodeprimidos por uso de medicamentos ou por doenças imunossupressoras
(aids, diabetes) e ainda os trabalhadores em situações especiais que mantêm contato próximo com
doente com TB pulmonar bacilífera.
A procura de casos deve ser feita ainda entre os suspeitos radiológicos (pacientes com imagens
suspeitas de TB que chegam ao serviço de saúde).
As equipes do PSF, os agentes comunitários de saúde e os profissionais de saúde responsáveis pela
vigilância epidemiológica no município devem mobilizar a comunidade para identificar os tossidores
crônicos, nas famílias, clubes, igrejas, e comunidades fechadas referidas acima, com o objetivo de
encaminhá-los para fazer exame de escarro.
Essas unidades devem contar com o apoio de uma unidade de referência, de média complexidade.
Porém do ponto de vista de sua atuação no Programa de Controle da Tuberculose, as UBS devem
manter a sua autonomia na descoberta e no tratamento de casos de tuberculose.

Hanseníase55

A hanseníase é causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que é um parasita


intracelular obrigatório, com afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos, que se
instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O tempo de multiplicação do bacilo é
lento, podendo durar, em média, de 11 a 16 dias.
Conforme traz a Portaria Conjunta nº 125, de 26 de março de 2009 que define ações de controle da
hanseníase, o Programa Nacional de Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde desenvolve um
conjunto de ações que visam orientar a prática em serviço em todas as instâncias e diferentes
55
Texto extraído de BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da hanseníase.
Brasília: Ministério da Saúde, 2002.

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complexidades, de acordo com os princípios do SUS, fortalecendo as ações de vigilância
epidemiológica da hanseníase, promoção da saúde com base na educação permanente e
assistência integral aos portadores deste agravo.
A atenção à pessoa com hanseníase, suas complicações e sequelas, deve ser oferecida em toda a
rede do Sistema Único de Saúde, de acordo com a necessidade de cada caso.

Considera-se um caso de hanseníase, a pessoa que apresenta um ou mais dos seguintes sinais
cardinais e que necessita de tratamento poliquimioterápico:
a) Lesão(ões) e/ou área(s) da pele com diminuição ou alteração de sensibilidade;
b) Acometimento de nervo(s) periférico(s) com ou sem espessamento associado a alterações
sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; e
c) Baciloscopia positiva de esfregaço intradérmico.

O diagnóstico de caso de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, realizado por


meio da análise da história e condições de vida do paciente, do exame dermatoneurológico para
identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de
nervos periféricos (sensitivo, motor e/ou autonômico).
O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, dando-lhe um
grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades.
Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da
capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também,
pelo estigma e preconceito contra a doença.
Por isso mesmo ratifica-se que a hanseníase é doença curável, e quanto mais precocemente
diagnostica e tratada mais rapidamente se cura o paciente.
O M. leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto é infecta muitas pessoas no
entanto só poucas adoecem.
O homem é reconhecido como única fonte de infecção (reservatório), embora tenham sido
identificados animais naturalmente infectados.
O contágio dá-se através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, não tratada, que o
elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptíveis.
A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de hanseníase, e a mais provável porta
de entrada no organismo passível de ser infectado são as vias aéreas superiores, o trato
respiratório. No entanto, para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto com a
pessoa doente não tratada.
O aparecimento da doença na pessoa infectada pelo bacilo, e suas diferentes manifestações clínicas,
dependem dentre outros fatores, da relação parasita/hospedeiro e pode ocorrer após um longo período
de incubação, de 2 a 7 anos.
Além das condições individuais, outros fatores relacionados aos níveis de endemia e às condições
socioeconômicas desfavoráveis, assim como condições precárias de vida e de saúde e o elevado
número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, influem no risco de adoecer.
Dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo, constituindo os casos
Paucibacilares (PB), que abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente para
infectar outras pessoas. Os casos Paucibacilares, portanto, não são considerados importantes fontes de
transmissão da doença devido à sua baixa carga bacilar. Algumas pessoas podem até curar-se
espontaneamente.
Um número menor de pessoas não apresenta resistência ao bacilo, que se multiplica no seu
organismo passando a ser eliminado para o meio exterior, podendo infectar outras pessoas. Estas
pessoas constituem os casos Multibacilares (MB), que são a fonte de infecção e manutenção da cadeia
epidemiológica da doença.
Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea, (suspeita de hanseníase
neural pura) e aqueles que apresentam área (s) com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem
lesão cutânea evidente, deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para
confirmação diagnóstica. Recomenda-se que nessas unidades os mesmos sejam submetidos novamente
ao exame dermatoneurológico criterioso, à coleta de material (baciloscopia ou histopatologia cutânea ou
de nervo periférico sensitivo), a exames eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos para identificar
comprometimento cutâneo ou neural discreto e para diagnóstico diferencial com outras neuropatias
periféricas.
Em crianças, o diagnóstico da hanseníase exige exame criterioso, diante da dificuldade de aplicação
e interpretação dos testes de sensibilidade.

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O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras doenças curáveis,
se vier a causar impacto psicológico, tanto a quem adoeceu quanto aos familiares ou pessoas de sua
rede social, esta situação requererá uma abordagem apropriada pela equipe de saúde que permita a
aceitação do problema, superação das dificuldades e maior adesão aos tratamentos.
A classificação operacional do caso de hanseníase, visando o tratamento com poliquimioterapia é
baseada no número de lesões cutâneas de acordo com os seguintes critérios:

PAUCIBACILAR (PB) - Casos Com Até Cinco Lesões de Pele

Formas Clínicas:

- Indeterminada (HI): Áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas hipocrômicas e/ou


eritemohipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e rarefação de pelos.
- Tuberculóide (HT): Placas eritematosas, eritemato-hipocrômicas, até 5 lesões de pele bem
delimitadas, hipo ou anestésicas, podendo ocorrer comprometimento de nervos.

MULTIBACILAR (MB) - Casos com mais de Cinco Lesões de Pele

Formas Clínicas:

- Dimorfa (HD): Lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o centro claro). Lesões foveolares
(eritematopigmentares de tonalidade ferruginosa ou pardacenta), apresentando alterações de
sensibilidade.
- Virchowiana (HV): Eritema e infiltração difusos, placas eritematosas de pele, infiltradas e de bordas
mal definidas, tubérculos e nódulos, madarose, lesões das mucosas, com alteração de sensibilidade.

A baciloscopia de pele (esfregaço intradérmico), quando disponível, deve ser utilizada como exame
complementar para a classificação dos casos em PB ou MB.
A baciloscopia positiva classifica o caso como MB, independentemente do número de lesões.

Atenção:
O resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase.
O tratamento da hanseníase é ambulatorial utilizando os esquemas terapêuticos padronizados:

Apresentação: Duração: 12 meses

FAIXA CARTELA PB CARTELA MB


Rifampicina (RFM): cápsula de
Adulto Rifampicina (RFM): cápsula de 300mg (2)
300mg (2)
Dapsona (DDS): comprimido de Dapsona (DDS): comprimido de 100mg
100mg (28) (28)
Clofazimina (CFZ): cápsula de 100mg (3) e
-
cápsula de 50mg (27)
Rifampicina (RFM): cápsula de Rifampicina (RFM): cápsula de 150mg (1) e
150mg (1) e cápsula de 300mg (1) cápsula de 300mg (1)
Criança Dapsona (DDS): comprimido de
Dapsona (DDS): comprimido de 50mg (28)
50mg (28)
Clofazimina (CFZ): cápsula de 50mg (16)
Nota: A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento PQT.

Esquemas Terapêuticos

Os esquemas terapêuticos deverão ser utilizados de acordo com a classificação operacional:

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
I - PAUCIBACILAR: 6 cartelas

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com


administração supervisionada.
ADULTO
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e dose diária de 100mg
auto administrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de
300mg) com administração supervisionada.
CRIANÇA
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e dose diária de 50mg auto
administrada.
Duração: 6 doses. Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose
supervisionada. Critério de alta: o tratamento estará concluído com seis (6) doses
supervisionadas em até 9 meses. Na 6ª dose, os pacientes deverão ser submetidos ao exame
dermatológico, avaliação neurológica simplificada e do grau de incapacidade física e receber
alta por cura.

II - MULTIBACILAR: 12 cartelas

Duração: 24 doses.

Rifampicina (RFM): dose mensal de 600mg (2 cápsulas de 300mg) com administração


supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 100mg supervisionada e uma dose diária de 100mg
ADULTO
auto administrada.
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 300mg (3 cápsulas de 100mg) com administração
supervisionada e uma dose diária de 50mg auto administrada.
Rifampicina (RFM): dose mensal de 450mg (1 cápsula de 150mg e 1 cápsula de 300
mg) com administração supervisionada.
Dapsona (DDS): dose mensal de 50mg supervisionada e uma dose diária de 50mg
CRIANÇA
auto administrada.
Clofazimina (CFZ): dose mensal de 150mg (3 cápsulas de 50mg) com administração
supervisionada e uma dose de 50mg auto administrada em dias alternados.
Duração: 12 doses. Seguimento dos casos: comparecimento mensal para dose
supervisionada. Critério de alta: o tratamento estará concluído com doze (12) doses
supervisionadas em até 18 meses. Na 12ª dose, os pacientes deverão ser submetidos ao exame
dermatológico, avaliação neurológica simplificada e do grau de incapacidade física e receber
alta por cura. Os pacientes MB que não apresentarem melhora clínica ao final do tratamento
preconizado de 12 doses (cartelas) deverão ser encaminhados para avaliação nas unidades de
maior complexidade para verificar a necessidade de um segundo ciclo de tratamento com 12
doses.

A principal forma de prevenir a instalação de deficiências e incapacidades físicas é o


diagnóstico precoce.

A prevenção das incapacidades físicas é realizada através de técnicas simples e de orientação ao


paciente para a prática regular de autocuidado. Técnicas simples são procedimentos a serem aplicados
e ensinados ao(à) paciente nas unidades básicas de saúde durante o acompanhamento do caso e após
a alta, com o propósito de prevenir incapacidades e deformidades físicas decorrentes da hanseníase.
A descoberta de caso é feita por meio da detecção:
- Ativa (investigação epidemiológica de contatos, e exame de coletividade como inquéritos e
campanhas);
- Passiva (demanda espontânea e encaminhamento).

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A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo território nacional e de
investigação obrigatória. Cada caso diagnosticado deve ser notificado na semana epidemiológica de
ocorrência do diagnóstico, utilizando-se a ficha de notificação e investigação do Sistema de
Informação de Notificação de Agravos (SINAN).
A notificação deve ser enviada em meio físico, magnético ou virtual ao órgão de vigilância
epidemiológica hierarquicamente superior, permanecendo uma cópia no prontuário. As fichas de
notificação dos casos devem ser preenchidas por profissionais das unidades de saúde onde o(a) paciente
foi diagnosticado(a).
A notificação de casos de recidiva deverá ser realizada pelo serviço de referência que procedeu a
confirmação diagnóstica. Após avaliação, os casos confirmados e sem complicação, deverão ser contra
referenciados para tratamento e acompanhamento na unidade básica.
A investigação epidemiológica tem por finalidade a descoberta de casos entre aqueles que convivem
ou conviveram com o doente e suas possíveis fontes de infecção. Para fins operacionais considera-se
contato intradomiciliar toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com o doente de hanseníase
nos últimos 5 (cinco) anos.

Atenção:
Todo contato de hanseníase deve receber orientação de que a BCG não é uma vacina específica para
este agravo e neste grupo, é destinada, prioritariamente, aos contatos intradomiciliares.
É de responsabilidade da unidade básica de saúde dispor do tratamento completo para cada caso,
conforme faixa etária e classificação operacional, na forma de esquema de Poliquimioterapia (PQT/OMS).
A programação deverá ser de acordo o número de casos PB e MB.
O Ministério da Saúde é responsável pela programação, aquisição e distribuição nacional dos
medicamentos, com a participação das Secretarias Estaduais de Saúde. Cabe às Secretarias Estaduais
e Municipais de Saúde a gestão da distribuição às unidades de saúde aonde são dispensados, zelando
para que não haja descontinuidade na oferta desse insumo.

A comunicação e educação em saúde é um dos componentes estruturantes do Programa Nacional


de Controle da Hanseníase compreende três eixos:
- Ações de comunicação em saúde;
- Educação permanente;
- Mobilização social.

Estas ações devem ser conduzidas sempre em consonância com as políticas vigentes. Nesse
processo deve-se promover a participação de diferentes atores sociais no planejamento, execução e
avaliação, favorecendo a democratização e a descentralização dessas ações.
As ações de comunicação são fundamentais à divulgação das informações sobre hanseníase
dirigidas à população em geral, e em particular, aos profissionais de saúde e pessoas atingidas pela
doença e de sua convivência. Essas ações devem ser realizadas de forma integrada à mobilização social.
As práticas de educação em saúde para controle da hanseníase devem basear-se na política de
educação permanente e na política nacional de promoção da saúde. Essas atividades devem
compreender, pelo menos, atenção integral, estímulo à investigação e ao autoexame dos contatos
intradomiciliares, autocuidado, prevenção e tratamento de incapacidades físicas e suporte psicológico
durante e após o tratamento.
A educação permanente em saúde, ao proporcionar a formação dos profissionais de saúde, gestores
e usuários, é uma estratégia essencial à atenção integral humanizada e de qualidade, ao fortalecimento
do SUS e à garantia de direitos e da cidadania. Para tanto, faz-se necessário estabelecer ações
intersetoriais envolvendo a educação e a saúde, de acordo com as diretrizes para implementação da
política nacional de educação permanente em saúde.
Recomenda-se que a educação permanente em saúde contemple - na hanseníase - a reorientação
das práticas de formação, atenção, gestão, formulação de políticas e controle social e seja realizada de
forma intersetorial com outras áreas governamentais, sociedades científicas, conselhos reguladores e
órgãos formadores de profissionais da saúde e entidades não governamentais.
De acordo com as recomendações do Pacto pela Saúde caberá às três esferas de governo trabalhar
em parceria com as demais instituições e entidades da sociedade civil para a divulgação de informações
atualizadas sobre a hanseníase e atenção integral ao portador de hanseníase ou de suas sequelas.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Importante:
Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterápico, ela deixa de ser transmissora da doença,
pois as primeiras doses da medicação matam os bacilos, torna-os incapazes de infectar outras pessoas.

Doenças Crônicas Não Transmissíveis: Hipertensão Arterial, Diabetes, Neoplasias

Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT)

São as principais causas de morte no mundo, correspondendo a 63% dos óbitos em 2008.
Aproximadamente 80% das mortes por DCNT ocorrem em países de baixa e média renda. Um terço
dessas mortes ocorre em pessoas com idade inferior a 60 anos. A maioria dos óbitos por DCNT são
atribuíveis às doenças do aparelho circulatório (DAC), ao câncer, à diabetes e às doenças
respiratórias crônicas. As principais causas dessas doenças incluem fatores de risco modificáveis,
como tabagismo, consumo nocivo de bebida alcoólica, inatividade física e alimentação
inadequada.
As doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte no mundo. O câncer ocupa a segunda
ou terceira posição nos países desenvolvidos, mas, como o diabetes, encontra-se entre as 10 primeiras
causas de morte em vários países (Yach et al., 2004). Essas mesmas causas são de elevada prevalência
bem como seus fatores de risco, muito dos quais considerados doenças (hipertensão, diabetes,
obesidade).
As DCNT representam a maior carga de morbimortalidade no Brasil. Do total de óbitos ocorridos no
mundo em 2008, 63% foram relacionados às doenças crônicas não transmissíveis; são, também, a
principal carga de doença no país.
As DCNT constituem o problema de saúde de maior magnitude e correspondem a 72% das causas de
mortes. As DCNT atingem fortemente camadas pobres da população e grupos vulneráveis. Em 2007, a
taxa de mortalidade por DCNT no Brasil foi de 540 óbitos por 100 mil habitantes (SCHMIDT). Apesar de
elevada, observou-se redução de 20% nessa taxa na última década, principalmente em relação às
doenças do aparelho circulatório e respiratórias crônicas.
Entretanto, as taxas de mortalidade por diabetes e câncer aumentaram nesse mesmo período. A
redução das DCNT pode ser, em parte, atribuída à expansão da Atenção Básica, melhoria da assistência
e redução do tabagismo nas últimas duas décadas, que passou de 34,8% (1989) para 15,1% (2010).

Fatores de Risco no Brasil

Os níveis de atividade física no lazer na população adulta são baixos (15%) e apenas 18,2%
consomem cinco porções de frutas e hortaliças em cinco ou mais dias por semana. 34% consomem
alimentos com elevado teor de gordura e 28% consomem refrigerantes cinco ou mais dias por semana,
o que contribui para o aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade, que atingem 48% e 14%
dos adultos, respectivamente (BRASIL).
A mortalidade padronizada por doenças cardiovasculares diminuiu 46% e por doenças respiratórias,
26%. Em relação ao câncer e diabetes, as taxas padronizadas pouco se alteraram no período.
Duas políticas públicas implementadas nas últimas décadas merecem destaque por sua provável
contribuição para as tendências favoráveis na mortalidade por DCNT (padronizada por idade): o combate
ao fumo e a ampliação do acesso aos cuidados qualificados de atenção primária à saúde (APS).
Com o objetivo de promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas,
integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus
fatores de risco e fortalecer os serviços de saúde voltados às doenças crônicas, o Ministério da Saúde
elaborou o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT) no Brasil, 2011-2022.

O Plano visa preparar o Brasil para enfrentar e deter, nos próximos dez anos, as doenças crônicas
não transmissíveis (DCNT), entre as quais:
- Acidente vascular cerebral;
- Infarto;
- Hipertensão arterial;
- Câncer;
- Diabetes;
- Doenças respiratórias crônicas.

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
No país, essas doenças constituem o problema de saúde de maior magnitude e correspondem a cerca
de 70% das causas de mortes, atingindo fortemente camadas pobres da população e grupos mais
vulneráveis, como a população de baixa escolaridade e renda.
Na última década, observou-se uma redução de aproximadamente 20% nas taxas de mortalidade
pelas DCNT, o que pode ser atribuído à expansão da atenção primária, melhoria da assistência e
redução do consumo do tabaco desde os anos 1990, mostrando importante avanço na saúde dos
brasileiros.

Políticas de DCNT no Brasil em Destaque


- Organização da Vigilância de DCNT;
- Política Nacional de Promoção da Saúde;
- Atividade Física – Academia da Saúde;
- Tabaco – Política antitabaco;
- Alimentação;
- Expansão da Atenção Básica;
- Distribuição gratuita de medicamentos para hipertensão e diabetes;
- Ampliação de exames preventivos para os cânceres da mama e do colo do útero.

Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
(DCNT) no Brasil, 2011-2022

O Plano aborda as quatro principais doenças (doenças do aparelho circulatório, câncer, respiratórias
crônicas e diabetes) e os fatores de risco (tabagismo, consumo nocivo de álcool, inatividade física,
alimentação inadequada e obesidade).

Objetivo: Promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas,


sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco
e fortalecer os serviços de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças crônicas.

Bibliografia
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o
enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.
DUNCAN, Bruce Bartholow et al. Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil: prioridade para enfrentamento e investigação. Rev Saúde Pública, v. 46(Supl),
p.126-34, 2012.
LESSA, Inês. Doenças crônicas não-transmissíveis no Brasil: um desafio para a complexa tarefa da vigilância. Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n.4, p.931-943,
2004.

Hipertensão

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por
níveis elevados e sustentados de pressão arterial – PA (PA ≥140 x 90mmHg). Associa-se,
frequentemente, às alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e
vasos sanguíneos) e às alterações metabólicas, com aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais
e não fatais.
A HAS é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Sua prevalência no Brasil varia
entre 22% e 44% para adultos (32% em média), chegando a mais de 50% para indivíduos com 60 a 69
anos e 75% em indivíduos com mais de 70 anos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA).
Além de ser causa direta de cardiopatia hipertensiva, é fator de risco para doenças decorrentes de
aterosclerose e trombose, que se manifestam, predominantemente, por doença isquêmica cardíaca,
cerebrovascular, vascular periférica e renal. Em decorrência de cardiopatia hipertensiva e isquêmica, é
também fator etiológico de insuficiência cardíaca. Déficits cognitivos, como doença de Alzheimer e
demência vascular, também têm HAS em fases mais precoces da vida como fator de risco. Essa
multiplicidade de consequências coloca a HAS na origem de muitas doenças crônicas não transmissíveis
e, portanto, caracteriza-a como uma das causas de maior redução da expectativa e da qualidade de vida
dos indivíduos (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI).
A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle. A mortalidade por doença cardiovascular
(DCV) aumenta progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear,
contínua e independente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA). Em 2001, cerca de 7,6
milhões de mortes no mundo foram atribuídas à elevação da PA (54% por acidente vascular encefálico e

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47% por doença isquêmica do coração), ocorrendo a maioria delas em países de baixo e médio
desenvolvimento econômico e mais da metade em indivíduos entre 45 e 69 anos (WILLIAMS).
A pressão arterial é aquela existente no interior das artérias e comunicada às suas paredes.
Quando os ventrículos se contraem, o ventrículo esquerdo ejeta sangue para a artéria aorta. Essa
contração recebe o nome de sístole. No momento dessa contração, a pressão nas artérias se torna
máxima e elas se distendem um pouco. Esta é a pressão sistólica. Quando os ventrículos se relaxam,
isso se chama diástole. Nesse momento o sangue que está na aorta tenta refluir, mas é contido pelo
fechamento da válvula aórtica, que evita que ele retorne ao ventrículo, a pressão nas artérias cai a um
valor mínimo, chamada pressão diastólica.
A partir de 115 mmHg de pressão sistólica (PS) e de 75 mmHg de pressão diastólica (PD), o risco para
eventos cardiovasculares aumenta de forma constante, dobrando a cada 20 mmHg no primeiro caso e a
cada 10 mmHg no segundo caso (LEWINGTON et al.; CHOBANIAN et al.). Os valores de 140 mmHg
para a PS e de 90 mmHg para a PD, empregados para diagnóstico de HAS, correspondem ao momento
em que a duplicação de risco repercute de forma mais acentuada, pois já parte de riscos anteriores mais
elevados (CHOBANIAN).
Outro fato importante é a hipertensão infantil, que está associada ao crescimento da obesidade,
causado pela popularização de maus hábitos alimentares e sedentarismo. Cerca de 1,56 bilhão de
pessoas podem sofrer de hipertensão arterial em 2025, 60% a mais que atualmente, o que provocaria
uma epidemia global de doenças cardiovasculares, segundo relatório publicado, em uma conferência
sobre hipertensão arterial no mundo. O estudo foi realizado por uma equipe de especialistas da London
School of Economics, do Instituto Karolinska (Suécia) e da Universidade do Estado de Nova York.
Os especialistas se preocupam especialmente com o alarmante crescimento do número de doentes
em países em desenvolvimento, especialmente no Brasil, China, Índia, Rússia e Turquia, onde as taxas
podem crescer 80% até 2025. A hipertensão e as doenças relacionadas à pressão arterial são
responsáveis por alta taxa de internações hospitalares. Ocorreram 1.180.184 internações por doenças
cardiovasculares, com custo global de R$ 1.323.755.008,28.
Estudos têm demonstrado correlação direta entre hipertensão arterial e doença coronariana,
acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca congestiva. Essas doenças são responsáveis por
40% dos óbitos ocorridos nos Estados Unidos, não se restringindo apenas aos idosos, mas constituindo
a segunda causa de morte na faixa de 45 a 64 anos e a terceira entre 25 e 44 anos. No fim de 2002,
houve a publicação de uma revisão conjunta de estudos de coorte em todas as áreas da Medicina, e que
pode ser entendida como evidência definitiva sobre a associação entre pressão arterial e risco
cardiovascular.
Foram avaliados 61 grandes estudos de coorte, com um milhão de indivíduos sob risco (12,7 milhões
de pessoas/ano), que apresentaram uma incidência de 56 mil mortes por evento cardiovascular. Por essa
análise se confirma que a associação entre pressão arterial e risco cardiovascular é contínua e
exponencial, e que começa em valores muito baixos de pressão arterial sistólica (115 mmHg) ou
diastólica (75mmHg).
Por esta razão foi criada uma nova diretriz nos EUA, Joint National Committee 7 - JNC 7, para
prevenção e tratamento de hipertensão que foram divulgadas pelo National Heart, Lung and Blood
Institute (NHLBI). A principal diferença do JNC 7, em comparação ao JNC 6, é a nova classificação de
hipertensão.

As categorias de pressão arterial foram reduzidas a três:


- Normal;
- Pré-hipertensão;
- Hipertensão.

A definição de “normal”, em JNC 7, é a mesma que previamente era considerada normal, ou seja
PAS < 120 mm Hg e PAD < 80 mm Hg.
Segundo Machado, a nova categoria, pré-hipertensão, é a alteração mais significativa no esquema
de classificação e representa PAS de 120 a 139 mm Hg ou PAD de 80 a 89 mm Hg.

As alterações morfológicas e fisiológicas são mais frequentemente observadas nos seguintes


órgãos:
- Coração (hipertrofia ventricular esquerda, insuficiência cardíaca, doença coronária);
- Encéfalo (doença cerebrovascular hemorrágica ou isquêmica, encefalopatia hipertensiva);
- Rim (ne-frosclerose, insuficiência renal crônica);
- Retina (retinopatia hipertensiva);

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- Vasos (aneurismas de aorta, dissecantes ou não; aneurismas de outros vasos; obstrução arterial
crônica).

Segundo as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, são Fatores de Risco para a Hipertensão


- Idade: a pressão arterial aumenta linearmente com a idade;
- Etnia: a hipertensão é mais prevalente em mulheres afrodescendentes com excesso de risco de
hipertensão de até 130% em relação às mulheres brancas;
- Fatores Socioeconômicos: nível socioeconômico mais baixo está associado a maior prevalência de
hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial;
- Sal: o excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de HAS.
- Obesidade: o excesso de massa corporal é responsável por 20% a 30% dos casos de HAS. A perda
de peso acarreta a redução da pressão arterial;
- Álcool: o consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e destilados aumenta a
pressão arterial. Verifica-se redução média de 3,3 mmHg na pressão sistólica e 2,0 mmHg na pressão
diastólica com a redução no consumo de álcool;
- Sedentarismo: indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver
hipertensão que os ativos.

Prevenção Primária da Hipertensão e dos Fatores de Risco Associados

Entre as medidas preventivas, destacam-se a:


- Adoção de hábitos alimentares saudáveis;
- Prática de atividade física;
- Abandono ao tabagismo.

Adoção de Hábitos Alimentares Saudáveis: A adoção de hábitos saudáveis é um componente muito


importante da prevenção primária da hipertensão arterial. As V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão
recomendam manter o peso adequado, reduzir o consumo de sal, moderar o consumo de bebidas
alcoólicas, controlar o uso de gorduras e incluir alimentos ricos em potássio na alimentação diária.
A média diária de consumo de sal de hipertensos homens é de 17,6 gramas e entre mulheres é de 13,7
gramas. É recomendado pelas V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, o consumo máximo diário de 06
gramas, considerando que 02 gramas já são naturalmente encontrados nos alimentos.

Tabagismo: O fumo é o único fator de risco totalmente evitável de doenças e morte cardiovasculares.

Estresse: Há evidências de uma relação direta entre estresse emocional e aumento da pressão arterial
e da reatividade cardiovascular, sendo que o estresse é um fator prognóstico ao desenvolvimento da
hipertensão arterial. O controle do estresse emocional é fundamental como prevenção da
hipertensão arterial, resultando na redução da pressão arterial, sendo recomendado não apenas aos
hipertensos, mas também a todos aqueles que possuam fatores de risco para hipertensão arterial.

Atividade Física: O programa de condicionamento físico tem sido frequentemente recomendado


como uma conduta importante no tratamento não-farmacológico da hipertensão arterial. Existe uma
relação inversa entre a quantidade de atividade física e a manifestação de hipertensão arterial. Segundo
as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, o tratamento da hipertensão arterial deve incluir medidas
não medicamentosas de controle da pressão arterial, dentre as quais destacam-se a realização
regular de exercícios físicos aeróbios e o treinamento em relaxamento.
Os indivíduos hipertensos devem ser sistematicamente monitorizados durante os exercícios físicos.
Deverão ser aferidos antes, durante e depois da sessão de treinamento, os níveis de pressão arterial
sistêmica (PAS), frequência cardíaca (FC) e duplo produto (PAS x FC).
Os exercícios físicos aeróbios são os mais recomendados para hipertensos, como por exemplo:
caminhadas, corridas, natação e ciclismo; devem ser prescritos a uma intensidade entre 50-70% do
consumo máximo de oxigênio ou frequência cardíaca entre 60-80%, com duração entre 30 a 60 min.,
realizados de 3 a 6 vezes por semana.
A incidência de doenças que atingem a população mundial modificou-se ao longo deste século. Os
males que afetavam a humanidade no início do século eram em sua maioria, doenças agudas, como as
infecciosas e parasitárias. Os jovens eram os mais atingidos por essas doenças.
Contudo, com a crescente industrialização, a descoberta de medicamentos potentes contra os agentes
infecciosos e a melhoria das condições de saneamento básico, este quadro foi sendo alterado. Todos

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esses processos implicaram em melhorias na qualidade de vida e consequente aumento da expectativa
de vida. Neste final de século, as moléstias que apresentam altas taxas de morbidade e mortalidade são
as doenças crônicas degenerativas. Devido ao aumento da expectativa de vida, os mais atingidos pelas
doenças crônicas são os idosos. Cerca de 75% das mortes de pessoas com idade em torno de 65 anos,
nos estados Unidos, são decorrentes de doenças cardíacas, câncer e doenças vasculares cerebrais.
Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 38% das mortes da população na faixa etária acima
dos 65 anos correspondem a doenças do aparelho circulatório. Nessa porcentagem estão incluídas as
doenças cerebrovasculares (32%), doenças isquêmicas do coração (29%) e infarto agudo do miocárdio
(21%). Todas essas doenças possuem relação comprovada com altos índices de colesterol no sangue.
Já as doenças hipertensivas, relacionadas ao colesterol e ao alto consumo de sal, contam com 3%. O
Diabetes mellitus conta com 4% das causas de morte nessa mesma população.
Estes são dados alarmantes, pois além de serem as principais causas de mortes, essas doenças
representam queda substancial na qualidade de vida. Estudos comprovam que a associação entre a
obesidade e as doenças crônicas degenerativas, como diabetes mellitus, hipertensão arterial e
hiperlipidemia, constitui fator de extrema importância para a redução da qualidade e da expectativa de
vida. Isto ocorre devido a complicações tão comuns na evolução dessas doenças, que muitas vezes
levam à incapacitação do indivíduo.
Pesquisas realizadas pela American Heart Association apontam que as medidas preventivas,
principalmente no que se refere à mudança de hábitos alimentares e estilo de vida, têm efeito positivo e
comprovado na qualidade de vida.
A adoção de hábitos alimentares saudáveis e atividade física constante aumentam as chances
de longevidade livre de doenças coronarianas, derrames e diabetes mellitus, proporcionando
melhor qualidade de vida.
A vida agitada nos grandes centros urbanos tem provocado mudanças substanciais na alimentação e
no estilo de vida. As pessoas tem optado cada vez mais por uma alimentação rápida e prática, o fast-
food. Contudo, este tipo de alimentação é muito rico em gorduras saturadas e proteínas, acarretando em
aumento do risco nutricional para as doenças crônicas degenerativas.
Além disso, existe uma tendência acentuada ao sedentarismo, provocada pela diminuição de
exercícios físicos. Por isso, os pesquisadores têm enfocado a prevenção de doenças crônicas
degenerativas através da adoção de uma alimentação saudável e balanceada, juntamente com a prática
de exercícios, visando uma melhor qualidade de vida.

Diabetes

O termo “diabetes mellitus” (DM) refere-se a um transtorno metabólico de etiologias


heterogêneas, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos,
proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina (WORLD
HEALTH ORGANIZATION). O DM vem aumentando sua importância pela sua crescente prevalência e
habitualmente está associado à dislipidemia, à hipertensão arterial e à disfunção endotelial.
É um problema de saúde considerado Condição Sensível à Atenção Primária, ou seja, evidências
demonstram que o bom manejo deste problema ainda na Atenção Básica evita hospitalizações e mortes
por complicações cardiovasculares e cerebrovasculares (ALFRADIQUE).
O DM e a hipertensão arterial sistêmica (HAS) são responsáveis pela primeira causa de mortalidade e
de hospitalizações no Sistema Único de Saúde (SUS) e representam, ainda, mais da metade do
diagnóstico primário em pessoas com insuficiência renal crônica submetidas à diálise (SCHMIDT;
DUNCAN; STEVENS et al.; SCHMIDT et al.; ROSA).
O DM tipo 2 abrange cerca de 90% dos casos de diabetes na população, sendo seguido em frequência
pelo DM tipo 1, que responde por aproximadamente 8% (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION). Além
desses tipos, o diabetes gestacional também merece destaque, devido a seu impacto na saúde da
gestante e do feto (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION).
A apresentação do diabetes tipo 1 é em geral abrupta, acometendo principalmente crianças e
adolescentes sem excesso de peso. Na maioria dos casos, a hiperglicemia é acentuada, evoluindo
rapidamente para cetoacidose, especialmente na presença de infecção ou outra forma de estresse.
Assim, o traço clínico que mais define o tipo 1 é a tendência à hiperglicemia grave e cetoacidose.
O termo “tipo 1” indica o processo de destruição da célula beta do pâncreas que leva ao estágio de
deficiência absoluta de insulina, quando a administração de insulina é necessária para prevenir
cetoacidose. A destruição das células beta é geralmente causada por processo autoimune (tipo 1
autoimune ou tipo 1A), que pode ser detectado por auto anticorpos circulantes como antidescarboxilase
do ácido glutâmico (anti-GAD), anti-ilhotas e anti-insulina.

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Em menor proporção, a causa é desconhecida (tipo 1 idiopático ou tipo 1B). A destruição das células
beta em geral é rapidamente progressiva, ocorrendo principalmente em crianças e adolescentes (pico de
incidência entre 10 e 14 anos), mas pode ocorrer também em adultos.
O DM tipo 2 costuma ter início insidioso e sintomas mais brandos. Manifesta-se, em geral, em adultos
com longa história de excesso de peso e com história familiar de DM tipo 2. No entanto, com a epidemia
de obesidade atingindo crianças, observa-se um aumento na incidência de diabetes em jovens, até
mesmo em crianças e adolescentes.
O termo “tipo 2” é usado para designar uma deficiência relativa de insulina, isto é, há um estado de
resistência à ação da insulina, associado a um defeito na sua secreção, o qual é menos intenso do que o
observado no diabetes tipo 1. Após o diagnóstico, o DM tipo 2 pode evoluir por muitos anos antes de
requerer insulina para controle. Seu uso, nesses casos, não visa evitar a cetoacidose, mas alcançar o
controle do quadro hiperglicêmico.
A cetoacidose nesses casos é rara e, quando presente, em geral é ocasionada por infecção ou
estresse muito grave. A hiperglicemia desenvolve-se lentamente, permanecendo assintomática por vários
anos (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION).
Diabetes gestacional é um estado de hiperglicemia, menos severo que o diabetes tipo 1 e 2,
detectado pela primeira vez na gravidez. Geralmente se resolve no período pós-parto e pode
frequentemente retornar anos depois. Hiperglicemias detectadas na gestação que alcançam o critério de
diabetes para adultos, em geral, são classificadas como diabetes na gravidez, independentemente do
período gestacional e da sua resolução ou não após o parto. Sua detecção deve ser iniciada na primeira
consulta de pré-natal (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION).
Os sinais e sintomas característicos que levantam a suspeita de diabetes são os “quatro P’s”:
poliúria, polidipsia, polifagia e perda inexplicada de peso. Embora possam estar presentes no DM
tipo 2, esses sinais são mais agudos no tipo 1, podendo progredir para cetose, desidratação e acidose
metabólica, especialmente na presença de estresse agudo. Sintomas mais vagos também podem estar
presentes, como prurido, visão turva e fadiga.
No DM tipo 2, o início é insidioso e muitas vezes a pessoa não apresenta sintomas. Não
infrequentemente, a suspeita da doença é feita pela presença de uma complicação tardia, como
proteinuria, retinopatia, neuropatia periférica, doença arteriosclerótica ou então por infecções de
repetição.
O diabetes mellitus (DM) não controlado pode provocar, a longo prazo, disfunção e falência de vários
órgãos, especialmente rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos. Estudos epidemiológicos
sustentam a hipótese de uma relação direta e independente entre os níveis sanguíneos de glicose e a
doença cardiovascular.
Também está associado ao aumento da mortalidade e ao alto risco de desenvolvimento de
complicações micro e macrovasculares, bem como de neuropatias. Desta forma, o DM é considerado
causa de cegueira, insuficiência renal e amputações de membros
As complicações agudas do DM incluem a descompensação hiperglicêmica aguda, com glicemia
casual superior a 250 mg/dl, que pode evoluir para complicações mais graves como cetoacidose diabética
e síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica, e a hipoglicemia, com glicemia casual inferior a 60
mg/dL. Essas complicações requerem ação imediata da pessoa, da família ou dos amigos, e do serviço
de Saúde.
Todas as pessoas com DM devem ser alertadas quanto à presença dos seguintes fatores de risco
para doença macrovascular: tabagismo, dislipidemia, hipertensão, hiperglicemia e obesidade
central (SCOTTISH INTERCOLLEGIATE GUIDELINES NETWORK).
O controle da hiperglicemia assume maior importância na prevenção das complicações
microvasculares do que na prevenção das complicações macrovasculares. No entanto, considerando que
fatores de risco como fumo, hipertensão, dislipidemia, inflamação crônica e a disfunção endotelial,
comumente associados à doença aterosclerótica, também são fatores de risco para retinopatia, nefropatia
e pé diabético (SCOTTISH INTERCOLLEGIATE GUIDELINES NETWORK), o controle da glicemia é tão
essencial quanto o controle da pressão arterial no DM tipo 2 (UK PROSPECTIVE DIABETES STUDY).
Entre as complicações crônicas do diabetes mellitus (DM), as úlceras de pés (também
conhecido como pé diabético) e a amputação de extremidades são as mais graves e de maior
impacto socioeconômico.

Medicações para o Tratamento do Diabetes

As medicações que podem ser distribuídas através do SUS para o tratamento do Diabetes estão
listadas na Relação Nacional de Medicamentos (RENAME), que é revista e atualizada a cada 2 anos e

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onde estão incluídos todos os medicamentos essenciais para cuidados básicos para o controle do
Diabetes e da Hipertensão Arterial, com a colaboração do governo federal, Estados e Municípios.
Para usuários com diabetes e que fazem uso de insulina, o Ministério da Saúde financia as insulinas
dos tipos NHP e Regular. Os Municípios e os Estados são responsáveis pela compra e fornecimento dos
insumos necessários à monitorização da glicemia e aplicação da insulina, como lancetas, fitas e seringas
acopladas com agulha.

Medicações e materiais disponíveis na Relação Nacional de Medicamentos (informe-se sobre quais


medicações constam na lista do seu município e fique atento quanto aos nomes comerciais e genéricos):
- Insulina Regular;
- Insulina NPH;
- Seringa acoplada com agulha;
- Lancetas;
- Fitas reagentes;
- Metformina 800 mg;
- Metformina 500 mg;
- Glibenclamida 5mg;
- Gliclazida 30mg;
- Gliclazida 60mg;
- Gliclazida 80mg.

Cuidados com a Insulina

Armazenamento:
- as insulinas lacradas precisam ser mantidas refrigeradas entre 2°C a 8°C;
- após aberto, o frasco pode ser mantido em temperatura ambiente para minimizar dor no local
da injeção, entre 15°C e 30°C, ou também em refrigeração, entre 2°C a 8°C;
- não congelar a insulina;
- após um mês do início do uso, a insulina perde sua potência, especialmente se mantida fora da
geladeira. Por isso, é importante orientar que a pessoa anote a data de abertura no frasco;
- orientar sobre o aspecto normal das insulinas e sua observação antes da aplicação, descartando o
frasco em caso de anormalidades.

Transporte e Viagens:
- colocar o frasco em bolsa térmica ou caixa de isopor, sem gelo comum ou gelo seco;
- na ausência de bolsa térmica ou caixa de isopor, o transporte pode ser realizado em bolsa comum,
desde que a insulina não seja exposta à luz solar ou calor excessivo;
- em viagens de avião, não despachar o frasco com a bagagem, visto que a baixa temperatura
no compartimento de cargas pode congelar a insulina.

Seringas e Agulhas:
- apesar de serem descartáveis, as seringas com agulhas acopladas podem ser reutilizadas pela
própria pessoa, desde que a agulha e a capa protetora não tenham sido contaminadas;
- o número de reutilizações é variável, de acordo com o fabricante, mas deve ser trocada quando a
agulha começar a causar desconforto durante a aplicação (considera-se adequada a reutilização por até
oito aplicações, sempre pela mesma pessoa);
- a seringa e a agulha em uso podem ser mantidas em temperatura ambiente;
- após o uso, a seringa deve ser “recapada” pela pessoa;
- não se recomenda higienização da agulha com álcool;
- o descarte da seringa com agulha acoplada deve ser realizado em recipiente próprio para
material perfuro cortante, fornecido pela Unidade Básica de Saúde (UBS), ou em recipiente rígido
resistente, como frasco de amaciante. Não é recomendado o descarte do material em garrafa PET
devido a sua fragilidade. Quando o recipiente estiver cheio, a pessoa deve entregar o material na UBS
para que a mesma faça o descarte adequado.

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Preparação e Aplicação:
- lavar as mãos com água e sabão antes da preparação da insulina;
- o frasco de insulina deve ser rolado gentilmente entre as mãos para misturá-la, antes de aspirar seu
conteúdo;
- em caso de combinação de dois tipos de insulina, aspirar antes a insulina de ação curta (regular)
para que o frasco não se contamine com a insulina de ação intermediária (NPH);
- não é necessário limpar o local de aplicação com álcool;
- o local deve ser pinçado levemente entre dois dedos e a agulha deve ser introduzida completamente,
em ângulo de 90 graus;
- em crianças ou indivíduos muito magros esta técnica pode resultar em aplicação intramuscular, com
absorção mais rápida da insulina. Nestes casos podem-se utilizar agulhas mais curtas ou ângulo de 45
graus;
- não é necessário puxar o êmbolo para verificar a presença de sangue;
- esperar cinco segundos após a aplicação antes de se retirar a agulha do subcutâneo, para garantir
injeção de toda a dose de insulina;
- é importante mudar sistematicamente o local de aplicação de insulina de modo a manter uma
distância mínima de 1,5 cm entre cada injeção. Orientar a pessoa a organizar um esquema de
administração que previna reaplicação no mesmo local em menos de 15 a 20 dias, para prevenção da
ocorrência de lipodistrofia.

Local de Administração

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Cuidados Importantes Para Aspiração da Insulina

Neoplasias

O câncer é a denominação genérica para as neoplasias malignas


Tal doença apresenta algumas características que o diferenciam do tecido normal, tais como distúrbio
na maturação, imortalidade e perda de inibição por contato, que levam a um crescimento desordenado e
descontrolado.
Isto compromete o equilíbrio normal do organismo, com o aparecimento de sintomas e, muitas vezes,
leva a pessoa à morte.
O câncer é, atualmente, a segunda causa de morte no mundo ocidental, especialmente nos países
desenvolvidos, logo após as doenças cardiovasculares. No Brasil, é a terceira causa de morte entre
dos óbitos ocorridos em 1990. Isto define a sua importância e caracteriza-o como um problema de
saúde pública.
A sua prevalência está diretamente relacionada com o aumento da expectativa de vida da população,
e sua frequência é maior nas faixas etárias mais avançadas.
As causas do câncer ainda não estão claramente definidas, mas existem evidências de que as
influências de fatores ambientais sejam as principais. Acredita-se que 80 a 90% dos cânceres tenham
alguma influência desses fatores, os quais determinam, direta ou indiretamente, modificações no material
genético das células, que resultam no câncer. Além dos fatores ambientais, as alterações genéticas
podem ser herdadas e transmitidas de uma geração à outra, aumentando muito as chances de câncer
nos descendentes.
Dessa forma, pode-se dizer que todo câncer é originado por modificações nos genes, as quais podem
ser herdadas ou adquiridas ao longo da vida.
Existem inúmeros fatores ou agentes carcinogênicos, alguns claramente relacionados ao
desenvolvimento do câncer e outros com forte associação. Muitos dos agentes têm comprovação in vitro
(laboratório) e em animais.

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Os agentes carcinogênicos podem ser divididos em:
- Químicos;
- Radiação;
- Vírus;
- E outros.

Entre os agentes químicos, temos os alquilantes, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, aminas


aromáticas, corantes azo, nitrosaminas, amidas, afloxina, asbestos, etc. Nesta categoria, encontram-se
o cigarro e outros produtos do tabaco, relacionados com mais de 30% das mortes por câncer. O cigarro
é responsável por cerca de 80% dos cânceres de pulmão e laringe, sendo a maior causa de câncer de
boca e esôfago e está envolvido no desenvolvimento de câncer de bexiga, rim, pâncreas e colo de útero.
Neste grupo também se encontram os carcinógenos alimentares, ligados a tumores do trato digestivo,
principalmente estômago e intestino grosso.
Os agentes carcinogênicos por radiação são representados pelos raios ultravioleta (UV) e por
radiação ionizante (RI). A luz UV está associada ao câncer de pele, que ocorre predominantemente nos
indivíduos de pele clara, devido à carência da proteção oferecida pelos melanócitos. Com relação à
exposição à RI, há evidências de que predispõe o desenvolvimento de câncer de diferentes tipos,
geralmente após um longo período de latência.
Dentre os agentes que mais têm se mostrado importantes no desenvolvimento do câncer, encontram-
se os vírus que atuam basicamente por interferência do seu genoma ou de seus produtos na célula
infectada. Como exemplo, pode-se citar o HPV (papilomavírus humano) relacionado com os tumores
anugenitais, os vírus da hepatite B e C, relacionados com tumores do fígado, o vírus de Epstein-Barr
relacionado com determinados tipos de linfomas (Burkitt, linfoma tipo B em imunossuprimidos) e o HIV
associado com linfoma não-Hodgkin.
A metástase é uma das principais características do câncer. É a capacidade de o tumor emitir células
na circulação sanguínea e linfática e para superfícies cavitárias, determinando a formação de um novo
foco tumoral independente, à distância. É um indicativo de doença avançada e marca inequivocamente
uma neoplasia maligna, sendo uma das principais causas de morte no paciente oncológico. Em geral,
quanto mais agressivo e mais extenso o tumor primário, maior é a probabilidade de desenvolvimento de
metástase.
Os sinais e sintomas indicadores de neoplasia geralmente são: manchas na pele e pintas escuras
com crescimento anormal de pelos, feridas superficiais de difícil cicatrização e manchas esbranquiçadas
e avermelhadas que podem indicar um câncer de pele ou de mucosas.
Azia, dispepsia, queimação no estômago, flatulência, constipação ou diarreia crônicas, dor abdominal,
alteração no formato das fezes e perda de sangue, tudo isso pode ser sintomas de neoplasia no sistema
digestivo.
Corrimento, sangramento e secreção no mamilo, alteração na cor da urina podem ser indicativos de
câncer (geniturinário), bem como rouquidão e afonia (vias aéreas), aumento do tamanho de gânglios
(linfomas), anemia e astenia (leucemia), entre outros.
Para a maior parte das neoplasias, após o exame clínico, o principal fator de diagnóstico é a
biópsia, associada ao estudo anatomopatológico do material, que pode ser obtido através de cirurgia,
por punção com agulha, guiado ou não por método de imagem (tomografia, ultrassonografia, endoscopia,
etc.).
A anatomia patológica representa um importante método, se não o fundamental, para o diagnóstico
definitivo da maioria dos cânceres, na determinação do prognóstico e na conduta terapêutica.
Os métodos diagnósticos por imagem são instrumentos de avaliação dos tumores em geral, visando o
foco primário e metástases. Ultrassonografia (USG), tomografia computadorizada (TC), ressonância
magnética nuclear (RMN), raios-X (RX) simples ou contrastado e cintilografia são os principais métodos
de imagem disponíveis para auxiliar no diagnóstico e estadiamento e definição de ressecabilidade.
Métodos laboratoriais também são utilizados no diagnóstico de neoplasias. Um simples hemograma
poderá indicar uma leucemia que deverá ser confirmada por um mielograma (análise, através do
microscópio, da medula óssea retirada por punção do esterno ou crista ilíaca).

Existem Dois Níveis de Prevenção do Câncer: o Primário e o Secundário


A prevenção primária engloba a atuação da equipe de saúde junto aos principais fatores de risco do
câncer: tabaco, hábitos alimentares e ocupação, enquanto a secundária visa à detecção precoce do
câncer.

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São Medidas de Prevenção Relativas ao Tabaco
- informar a população sobre os riscos do tabaco;
- esclarecer as crianças sobre os efeitos do tabaco na saúde, visando reduzir o número de jovens que
adquirem o hábito de fumar;
- criar um ambiente livre de fumaça do cigarro.

Com relação à dieta, deve-se reduzir a ingestão de gordura, incluir frutas, vegetais e fibras na
alimentação; manter o peso corpóreo ideal com ingestão calórica moderada e exercícios físicos
adequados.
No ambiente do trabalho, devem ser identificados e avaliados os fatores de risco, a fim de que sejam
eliminados ou atenuados, determinando-se medidas protetoras individuais nos casos em que a exposição
a agentes cancerígenos seja inevitável.
A prevenção secundária pode ser alcançada através da conscientização da população sobre os
sintomas da doença e dos benefícios do diagnóstico precoce e do treinamento dos profissionais de saúde,
quanto aos sintomas e sinais iniciais do câncer.
O tratamento do câncer pode se dar através da radioterapia, da cirurgia ou da quimioterapia,
isoladamente ou associadas.
A radioterapia tem seu fundamento na destruição das células, através da radiação ionizante, sendo
sua ação limitada ao campo de irradiação. Pode ser externa (teleterapia), onde a fonte emissora encontra-
se a distância do indivíduo; braquiterapia, onde a fonte emissora de radiação situa-se próxima ou em
contato com a área a ser tratada.
Na primeira, existe o envolvimento maior de estruturas normais que estarão sujeitas aos efeitos da
irradiação. A segunda tenta diminuir estes efeitos e aumentar a dose no local desejado.
A cirurgia é o método mais antigo de tratamento do câncer, e continua sendo uma das principais
modalidades de tratamento para a maioria dos tumores sólidos.
Infelizmente, uma grande parcela dos tumores já se apresenta com micro metástases ao diagnóstico,
o que impossibilita a cirurgia, sendo responsável pelas recidivas locais, regionais ou à distância.
Habitualmente, a cirurgia se estende além dos limites do tumor macroscopicamente identificado,
englobando margem de tecido normal, dentro do mesmo órgão e, eventualmente, com ressecção de
órgãos circunjacentes aderidos ou próximos.
Para muitos tipos de tumores, a quimioterapia tem assumido papel primordial no tratamento. Apesar
dos avanços recentes, da descoberta de novas drogas que agem apenas nas células doentes, melhor
controle de seus efeitos colaterais, a quimioterapia continua mantendo seu estigma, devido aos efeitos
colaterais que provoca, os quais são frequentemente intensos e incapacitantes.
Os quimioterápicos agem basicamente nas células em processo de divisão. Assim, sua atuação é
maior em tecidos com alto grau de multiplicação, apresentando melhor resposta quando usados em
tumores com elevada taxa de divisão.
Por outro lado, os tecidos normais com maiores taxas de divisão, tais como a mucosa gastrointestinal
e as células hematopoiéticas, formadoras das células sanguíneas da medula óssea, acabam sofrendo
maior ação dos quimioterápicos, refletindo nos efeitos colaterais.
O resultado de um tratamento pode depender da associação de dois ou mais quimioterápicos, incluídos
nesse grupo a imunoterapia e a hormonioterapia, a fim de atingir a célula em diferentes fases do ciclo
celular e combater a resistência às drogas antineoplásicas, tornando o tratamento mais efetivo.

Referência
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Projeto de
Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem. Profissionalização de auxiliares de enfermagem: cadernos do aluno: saúde do adulto,
assistência clínica, ética profissional 2. ed., 1.a reimpr. Brasília: Ministério da Saúde; Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003.

Doenças Sexualmente Transmissíveis

Doenças sexualmente transmissíveis ou Infecção sexualmente transmissível, conhecida


popularmente por DST são patologias antigamente conhecidas como doenças venéreas. São doenças
infecciosas que se transmite essencialmente (porém não de forma exclusiva) pelo contato sexual.
O uso de preservativo (camisinha) tem sido considerado como a medida mais eficiente para prevenir
a contaminação e impedir sua disseminação, todavia, as campanhas pelo uso do preservativo nem
sempre conseguem reduzir a incidência de doenças sexualmente transmissíveis.

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Causa

Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e parasitas) estão envolvidos na
contaminação por DST, gerando diferentes manifestações, como feridas, corrimentos, bolhas ou
verrugas:
- Bactérias Cancro mole (Haemophilus ducreyi);
- Clamídia (Chlamydia trachomatis');
- Granuloma inguinal (Dovania granulamatis);
- Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae);
- Sífilis (Treponema pallidum);
- Vaginose Bacteriana (Gardnerella vaginalis);
- Vírus Hepatite;
- Herpes simples;
- HIV ou Aids;
- HPV;
- Molusco contagioso;
- Parasitas Piolho-da-púbis;
- Protozoários Tricomoníase (Trichomonas vaginalis).

Transmissão: Dois modelos sobre a entrada do vírus no linfócito TO vírus é mais frequentemente
transmitido pelo contato sexual (característica que faz da AIDS uma doença ou infecção sexualmente
transmissível), pelo sangue (inclusive em transfusões), durante o parto (mãe para o filho), durante a
gravidez ou no aleitamento. Por isso é importante que todas as mulheres grávidas façam testes para HIV.
No Brasil, é uma prática comum aconselhar gestantes que chegam ao hospital a fazer todos os testes de
doenças transmissíveis verticalmente.
No Brasil, em 2002, a cobertura de exames de HIV em grávidas foi estimada em 52%, sendo pior no
Nordeste com 24% e melhor no Sul com 72% de cobertura. Somente 27% seguiram todas as
recomendações do Ministério da Saúde. Ter maior escolaridade e morar em cidades com mais de 500
mil habitantes foram os melhores preditores de grávidas que fazem todos os exames. Ainda relativo ao
Brasil, o Ministério da Saúde oferece gratuitamente o leite substituto em alguns postos de saúde, hospitais
e farmácias cadastrados.
No caso de transmissão pelo sangue, é mais provável por seringas compartilhadas entre usuários de
drogas ou caso seja feita reutilização. Algumas pessoas consideram a possibilidade de transmissão pelo
beijo, porém é altamente improvável, pois o vírus é danificado por 10 substâncias diferentes presentes na
saliva. Além disso existem poucas células CD4 na boca. Ter boa higiene oral e tomar os medicamentos
diminui as possibilidades ainda mais. Mesmo em pessoas com AIDS (carga viral no sangue por volta de
100.000/ml) é difícil encontrar HIV na saliva.

Prevenção

Preservativo:
O preservativo, mais conhecido como camisinha é um dos métodos mais seguros contra as DSTs.
Sua matéria prima é o látex. Antes de chegar nas lojas, é submetido à vários testes de qualidade. Apesar
de ser o método mais eficiente contra a transmissão do vírus HIV (causador da epidemia da SIDA), o uso
de preservativo não é aceito pela Igreja Católica Romana, pelas Igrejas Ortodoxas e pelos praticantes do
Hinduísmo. O principal argumento utilizado pelas religiões para sua recusa é que um comportamento
sexual avesso à promiscuidade e à infidelidade conjugal bastaria para a proteção contra DSTs.

Vacina:
Alguns tipos de HPV, a Hepatite A e B podem ser prevenidas através da vacina.

Abstinência Sexual:
A abstinência sexual consiste em evitar relações sexuais de qualquer espécie. Possui forte ligação
com a religião.

Sinais e sintomas

Infecção aguda inicial: assim que se adquire o HIV, o sistema imunológico reage na tentativa de
eliminar o vírus. Cerca de 15 a 60 dias depois, pode surgir um conjunto de sinais e sintomas semelhantes

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ao estado gripal, o que é conhecido como síndrome da soro conversão aguda. A infecção aguda pelo HIV
é uma síndrome inespecífica, que não é facilmente percebida devido à sua semelhança com a infecção
por outros agentes virais como a mononucleose, gripe, até mesmo dengue ou muitas outras infecções
virais. Mas os sintomas mais comuns da infecção aguda são:
- Febre persistente
- Cansaço e Fadiga
- Erupção cutânea
- Perda de peso rápida
- Diarreia que dure mais de uma semana
- Dores musculares
- Dor de cabeça
- Tosse seca prolongada
- Lesões roxas ou brancas na pele ou na boca
- Além disso, muitos desenvolvem linfadenopatia. Faringite, mialgia e muitos outros sintomas também
ocorrem.

Em geral esta fase é autolimitada e não há sequelas. Por ser muito semelhante a outras viroses,
dificilmente os pacientes procuram atendimento médico e raramente há suspeita da contaminação pelo
HIV, a não ser que o paciente relate ocorrência de sexo desprotegido ou compartilhamento de seringas,
por exemplo. Entretanto, na fase aguda inicial, mesmo sem tratamento adequado, os sintomas são
temporários. Os pacientes poderão ficar assintomáticos por um período variável entre 3 e 20 anos e
alguns nunca desenvolverão doença relacionada ao HIV. Este fato relaciona-se com a quantidade e
qualidade dos receptores de superfície dos linfócitos e outras células do sistema imune. Tais receptores
(os principais são o CD4, CCR5 e CXCR4) funcionam como fechaduras que permitem a entrada do vírus
no interior das células: quanto maior a quantidade e afinidade dos receptores com o vírus, maior será a
sua penetração nas células, maior a replicação viral e maior velocidade de progressão para doença.

Foi criada então uma classificação não muito rígida:


- Rápido progressor (adoece em até 3 anos)
- Médio progressor (adoece entre 4 e 7 anos)
- Longo progressor (entre 8 e mais anos)

Estas características são determinadas por fatores genéticos e outros fatores desconhecidos. Não
obstante, os hábitos e a qualidade de vida podem ser determinantes da velocidade de progressão da
doença, tendo em conta o impacto de fatores como tabagismo, alcoolismo, toxicodependência, estresse,
alimentação irregular e outros. A velocidade de progressão está relacionada com a queda da contagem
de linfócitos T CD4 no sangue (a contagem normal dos linfócitos varia de 1.000 a 2.500 células/ml de
sangue) e com a contagem da carga viral do HIV (a contagem da carga viral é considerada alta acima de
100.000 cópias/ml de sangue. A escala para carga viral é habitualmente logarítmica. Com o tratamento
adequado, a carga viral tende a ficar abaixo de 50 cópias/ml.

O HIV destrói os linfócitos CD4 gradativamente (em média a contagem declina 80-100 células/ml/ano).
A contagem relaciona-se inversamente com a gravidade da doença. Para fins de tratamento com as
drogas antirretrovirais consideram-se os seguintes parâmetros:
- Abaixo de 200 células/ml: Muito vulnerável, tratar imediatamente;
- Entre 200 e 350 células/ml: Vulnerável, deve ser iniciado o tratamento para evitar riscos;
- Entre 350 e 500 células/ml: Pouco vulnerável, pode começar a critério médico;
- Acima de 500: Saudável, não precisa começar o tratamento.
- Porém todos os pacientes com doença oportunista relacionada ao HIV devem ser tratados mesmo
com CD4 alto.

Teste rápido: desde 2010 a Fiocruz produz o kit de teste rápido usando os fluídos da boca para
identificar resposta do organismo ao HIV entre 20 a 30 minutos. O teste tradicional demora cerca de um
mês e um grande número de pacientes não retorna para buscar o resultado. Esse novo teste
Confirmatório Imunoblot Rápido, possui uma margem mínima de erro e custa cinco vezes menos ao
governo federal que o modelo rápido anterior. Já está disponível em alguns hospitais públicos desde
2011. Uma das principais vantagens é não precisar expor mãe grávida e feto aos antirretrovirais
preventivamente enquanto o resultado não fica pronto como podia ser necessário no tradicional. Algumas

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cidades em Pernambuco, Bahia e Rondônia fizeram um projeto para aplicar o teste rápido em centenas
de pessoas após o carnaval.

Tratamento
Algumas DST's são de fácil tratamento e de rápida resolução quando tratadas corretamente, contudo
outras são de tratamento difícil ou permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melhora.
As mulheres representam um grupo que deve receber especial atenção, uma vez que em diferentes
casos de DST os sintomas levam tempo para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as reações
orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher, em especial aquelas com vida sexual ativa,
independente da idade, consultas periódicas ao serviço de saúde.
Certas DST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves
como infertilidade, infecções neonatais, malformações congênitas, aborto, câncer e a morte.
Num caso, a primeira recomendação é procurar um médico, que fará diagnóstico para que seja
preparado um tratamento. Também há o controle de cura, ou seja, uma reavaliação clínica. A
automedicação é altamente perigosa, pois pode até fazer com que a doença seja camuflada.

Epidemiologia
Incidência de DST's (exceto AIDS) por idade a cada 100 mil habitantes em 2004. As taxas de incidência
de doenças sexualmente transmissíveis continuam a altos níveis em todo o mundo, apesar dos avanços
de diagnosticação e tratamento.
Em muitas culturas, especialmente para as mulheres houve a eliminação de restrições sexuais através
da mudança na moral e o uso de contraceptivos, e tanto médicos e pacientes acabam tendo dificuldade
em lidar de forma aberta e francamente com essas questões. Além disso, o desenvolvimento e a
disseminação de bactérias resistentes aos antibióticos fazem que certas doenças sejam cada vez
mais difíceis de serem curadas.
Em 1996, a OMS estimou que mais de um milhão de pessoas estavam sendo infectadas diariamente,
e cerca de 60% dessas infecções em jovens menores de 25 anos de idade, e cerca desses jovens 30%
são menores de 20 anos. Entre as idades de 14 a 19 anos, as doenças ocorrem mais em mulheres em
uma proporção quase dobrada. Estima-se que cerca de 340 milhões de novos casos de sífilis, gonorreia,
clamídia, tricomoníase ocorreram em todo o planeta em 1999.
A Aids é a maior causa da mortalidade na África Subsaariana, sendo que em cinco mortes uma é por
causa da doença. Por causa da situação, o governo do Quênia pediu que a população deixasse de fazer
sexo por dois anos.
No Brasil, desde o primeiro caso até junho de 2011 foram registrados mais de seiscentos mil casos
da doença. Entre 2000 e 2010, a incidência caiu na Região Sudeste, enquanto nas outras regiões
aumentou. A mortalidade também diminuiu. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto
Alegre são as que possuem o maior número dos portadores da doença. Em contrapartida, o país é um
dos que mais se destacam no combate, além de ser o líder em distribuição gratuita do Coquetel anti-HIV.

O modelo de Política Pública para DST/Aids do Estado de São Paulo. O Programa Estadual de
DST/Aids (PE-DST/Aids) foi criado em 1983, com quatro objetivos básicos:
- Vigilância epidemiológica;
- Esclarecimento à população para evitar o pânico;
- Discriminação dos grupos considerados vulneráveis na época, garantia de atendimento aos casos
verificados e orientação aos profissionais de saúde.

No primeiro momento, a Divisão de Hanseníase e Dermatologia Sanitária, órgão do Instituto de Saúde


da SES/SP, sediou o Programa e a organização inicial do que seria posteriormente o serviço de
referência.
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER) e o Instituto Adolfo Lutz (IAL) foram designados,
respectivamente, como retaguardas hospitalar e laboratorial. Em 1988, foi criado o Centro de Referência
e Treinamento em Aids (CRT-A), vinculado ao gabinete do Secretário da Saúde. Tinha como metas
prioritárias, além da referência técnica, atuar como capacitador e gerador de normas técnicas, com
vistas a um processo de descentralização das atividades de prevenção, vigilância e assistência no Estado
de São Paulo.
Além de capacitação e monitorização técnica, o CRT-A teve, neste período, um importante papel na
implementação de alternativas assistenciais, como hospital-dia e assistência domiciliar terapêutica.
Em 1993, ocorre a junção dos programas de aids e DST e a transformação do CRT em Centro de
Referência e Treinamento em DST/Aids (CRT-DST/Aids).

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Em 1995, o CRT-DST/Aids retoma seu papel de instância de Coordenação do Programa Estadual de
DST/Aids, o que delimitou com maior precisão a função estratégica da instituição, como referência técnica
e como sede da Coordenação do Programa Estadual de DST/Aids.
Em 1996 o CRT-DST/Aids passa a ser vinculado à Coordenação dos Institutos de Pesquisa (CIP),
órgão então responsável pela definição das políticas de saúde pública no âmbito da Secretaria de Estado
da Saúde-SP.
Com a mudança de estrutura ocorrida na Secretaria de Estado da Saúde em 2005, a Coordenação
dos Institutos de Pesquisa passou a chamar-se Coordenadoria de Controle de Doenças.
A Coordenação do Programa Estadual de DST/Aids, apoiada na estrutura do CRTDST/Aids, é
responsável pela implementação, articulação, supervisão e monitoramento das políticas e
estratégias relativas às DST/Aids, nas áreas de Prevenção, Assistência, Vigilância Epidemiológica,
em todo o Estado de São Paulo.
O PE-DST/Aids adota como referências éticas e políticas a luta pelos direitos de cidadania dos
afetados e contra o estigma e a discriminação, a garantia do acesso universal à assistência gratuita,
incluindo medicamentos específicos, e o direito de acesso aos meios adequados de prevenção. O PE-
DST/Aids atua de forma coordenada com outros setores governamentais, como Justiça, Educação e
Promoção Social, e em estreita colaboração com as ONGs que atuam nesta área.
O Estado de São Paulo é dividido em 28 Grupos de Vigilância Epidemiológica (GVE) que, por sua vez,
contam com um interlocutor do PE-DST/Aids, responsáveis pela implementação das ações nos níveis
regionais e locais.
A estrutura e a missão do CRT DST/Aids permitem prover atendimento, criar e validar procedimentos
preventivos e modelos de assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer treinamentos
com maior legitimidade diante dos profissionais e instituições do Estado.
Este modelo organizacional é único no Brasil e na América Latina. A estrutura e a missão do
CRTDST/Aids permitem prover atendimento, criar e validar procedimentos preventivos e modelos de
assistência, avaliar e levar adiante pesquisas clínicas e oferecer treinamentos com maior legitimidade
diante dos profissionais e instituições do Estado. Este modelo organizacional é único no Brasil e na
América Latina e tem sido um dos fatores para os êxitos obtidos pelo Programa Estadual DST/Aids, nos
últimos anos.

Principais DST

Sífilis

Doença infectocontagiosa sistêmica (acomete todo o organismo), que evolui de forma crônica
(lenta) e que tem períodos de agudização (manifesta-se agudamente) e períodos de latência (sem
manifestações).
Pode comprometer múltiplos órgãos (pele, olhos, ossos, sistema cardiovascular, sistema nervoso). De
acordo com algumas características de sua evolução a sífilis divide-se em Primária, Secundária, Latente
e Terciária ou Tardia. Quando transmitida da mãe para o feto é chamada de Sífilis Congênita.
Sinônimos: Cancro duro, cancro sifilítico, Lues.
Período de Incubação: 1 semana à 3 meses. Em geral de 1 a 3 semanas.
Agente: Treponema pallidum;
Sífilis Primária: trata-se de uma lesão ulcerada (cancro) não dolorosa (ou pouco dolorosa), em geral
única, com a base endurecida, lisa, brilhante, com presença de secreção serosa (líquida, transparente)
escassa e que pode ocorrer nos grandes lábios, vagina, clitóris, períneo e colo do útero na mulher e na
glande e prepúcio no homem, mas que pode também ser encontrada nos dedos, lábios, mamilos e
conjuntivas.
É frequente também a adenopatia inguinal (íngua na virilha) que, em geral passa desapercebida. O
cancro usualmente desaparece em 3 a 4 semanas, sem deixar cicatrizes. Entre a segunda e quarta
semanas do aparecimento do cancro, as reações sorológicas (exames realizados no sangue) para sífilis
tornam-se positivas.
Sífilis Secundária: é caracterizada pela disseminação dos treponemas pelo organismo e ocorre de 4
a 8 semanas do aparecimento do cancro.
As manifestações nesta fase são essencialmente dermatológicas e as reações sorológicas continuam
positivas.
Sífilis Latente: nesta fase não existem manifestações visíveis mas as reações sorológicas continuam
positivas.

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Sífilis Adquirida Tardia: a sífilis é considerada tardia após o primeiro ano de evolução em pacientes
não tratados ou inadequadamente tratados. Apresentam-se após um período variável de latência sob a
forma cutânea, óssea, cardiovascular, nervosa etc. As reações sorológicas continuam positivas também
nesta fase.
Sífilis Congênita: é devida a infecção do feto pelo Treponema por via transplacentária, a partir do
quarto mês da gestação. As manifestações da doença, na maioria dos casos, estão presentes já nos
primeiros dias de vida e podem assumir formas graves, inclusive podendo levar ao óbito da criança.
Complicações/Consequências: Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso,
endometrite pós-parto. Infecções peri e neonatal, Sífilis Congênita. Neurossífilis. Sífilis Cardiovascular.
Transmissão: Relação sexual (vaginal anal e oral), transfusão de sangue contaminado,
transplacentária (a partir do quarto mês de gestação). Eventualmente através de fômites.
Tratamento: Medicamentoso. Com cura completa, se tratada precoce e adequadamente.
Prevenção: Camisinha pode proteger da contaminação genital se a lesão estiver na área recoberta.
Evitar contato sexual se detectar lesão genital no(a) parceiro(a).

Cancro Mole

Ulceração (ferida) dolorosa, com a base mole, hiperemiada (avermelhada), com fundo purulento e de
forma irregular que compromete principalmente a genitália externa mas pode comprometer também o
ânus e mais raramente os lábios, a boca, língua e garganta. Estas feridas são muito contagiosas, auto
inoculáveis e portanto, frequentemente múltiplas.
Em alguns pacientes, geralmente do sexo masculino, pode ocorrer infartamento ganglionar na região
inguino-crural (inchação na virilha). Não é rara a associação do cancro mole e o cancro duro (sífilis
primária).
Sinônimos: Cancróide, cancro venéreo simples, "cavalo".
Agente: Haemophilus ducreyi;
Período de Incubação: 2 à 5 dias
Complicações/Consequências: Não tem. Tratado adequadamente, tem cura completa.
Transmissão: Relação sexual.
Tratamento: Antibiticoterapia.
Prevenção: Preservativos masculino ou feminino (Camisinha). Higienização genital antes e após o
relacionamento sexual. Escolha do(a) parceiro(a).

Herpes

Infecção recorrente (vem, melhora e volta) causadas por um grupo de vírus que determinam lesões
genitais vesiculares (em forma de pequenas bolhas) agrupadas que, em 4-5 dias, sofrem erosão (ferida)
seguida de cicatrização espontânea do tecido afetado. As lesões com frequência são muito dolorosas e
precedidas por eritema (vermelhidão) local. A primeira crise é, em geral, mais intensa e demorada que as
subsequentes.
O caráter recorrente da infecção é aleatório (não tem prazo certo) podendo ocorrer após semanas,
meses ou até anos da crise anterior. As crises podem ser desencadeadas por fatores tais como stress
emocional, exposição ao sol, febre, baixa da imunidade etc.
A pessoa pode estar contaminada pelo vírus e não apresentar ou nunca ter apresentado sintomas e,
mesmo assim, transmiti-lo a(ao) parceira(o) numa relação sexual.
Sinônimos: Herpes Genital.
Período de Incubação: 1 a 26 dias. Indeterminado se se levar em conta a existência de portadores
em estado de latência (sem manifestações) que podem, a qualquer momento, manifestar a doença.
Agente: Vírus do Herpes Genital ou Herpes Simples Genital ou HSV-2. É um DNA vírus.
Observação: Outro tipo de Herpes Simples é o HSV-1, responsável pelo Herpes Labial. Tem ocorrido
crescente infecção genital pelo HSV-1 e vice-versa, isto é, infecção labial pelo HSV-2, certamente em
decorrência do aumento da prática do sexo oral ou orogenital.
Complicações/Consequências: Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso,
endometrite pós-parto. Infecções peri e neonatais. Vulvite. Vaginite. Cervicite. Ulcerações genitais.
Proctite. Complicações neurológicas etc.
Transmissão: Frequentemente pela relação sexual. Da mãe doente para o recém-nascido na hora do
parto.
Tratamento: Não existe ainda tratamento eficaz quanto a cura da doença. O tratamento tem por
objetivo diminuir as manifestações da doença ou aumentar o intervalo entre as crises.

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Prevenção: Não está provado que a camisinha diminua a transmissibilidade da doença. Higienização
genital antes e após o relacionamento sexual é recomendável.

Gonorreia

Doença infectocontagiosa que se caracteriza pela presença de abundante secreção purulenta


(corrimento) pela uretra no homem e vagina e/ou uretra na mulher. Este quadro frequentemente é
precedido por prurido (coceira) na uretra e disúria (ardência miccional). Em alguns casos podem ocorrer
sintomas gerais, como a febre. Nas mulheres os sintomas são mais brandos ou podem estar ausentes
(maioria dos casos).
Sinônimos: Uretrite Gonocócica, Blenorragia, Fogagem.
Agente: Neisseria gonorrhoeae.
Período de Incubação: 2 a 10 dias.
Complicações/Consequências: Aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, baixo peso,
endometrite pós-parto. Doença Inflamatória Pélvica. Infertilidade. Epididimite. Prostatite. Pielonefrite.
Meningite. Miocardite. Gravidez ectópica. Septicemia, Infecção ocular (ver foto abaixo) Pneumonia e
Otite média do recém-nascido. Artrite aguda etc, é uma das principais causas infecciosas de infertilidade
feminina.
Transmissão: Relação sexual.
Tratamento: Antibióticos.
Prevenção: Camisinha. Higiene pós-coito.

HPV - Condiloma Acuminado

Infecção causada por um grupo de vírus (HPV - Human Papilloma Viruses) que determinam lesões
papilares (elevações da pele) as quais, ao se fundirem, formam massas vegetantes de tamanhos
variáveis, com aspecto de couve-flor (verrugas). Os locais mais comuns do aparecimento destas lesões
são a glande, o prepúcio e o meato uretral no homem e a vulva, o períneo, a vagina e o colo do útero na
mulher. Em ambos os sexos pode ocorrer no ânus e reto, não necessariamente relacionado com o coito
anal.
Sinônimos: Jacaré, jacaré de crista, crista de galo, verruga genital.
Agente: Papilomavirus Humano (HPV) - DNA vírus. HPV é o nome de um grupo de vírus que inclui
mais de 100 tipos. As verrugas genitais ou condilomas acuminados são apenas uma das manifestações
da infecção pelo vírus do grupo HPV e estão relacionadas com os tipos 6,11 e 42, entre outros. Os tipos
(2, 4, 29 e 57) causam lesões nas mãos e pés (verrugas comuns). Outros tipos tem um potencial
oncogênico (que pode desenvolver câncer) maior do que os outros (HPV tipo 16, 18, 45 e 56) e são os
que tem maior importância clínica.
O espectro das infecções pelos HPV é muito mais amplo do que se conhecia até poucos anos atrás e
inclui também infecções subclínicas (diagnosticadas por meio de peniscopia, colpocitologia, colposcopia
e biópsia) e infecções latentes (só podem ser diagnosticada por meio de testes para detecção do vírus).
Complicações/Consequências: Câncer do colo do útero e vulva e, mais raramente, câncer do pênis
e também do ânus.
Transmissão: Contato sexual íntimo (vaginal, anal e oral). Mesmo que não ocorra penetração vaginal
ou anal o vírus pode ser transmitido. O recém-nascido pode ser infectado pela mãe doente, durante o
parto. Pode ocorrer também, embora mais raramente, contaminação por outras vias (fômites) que não a
sexual: em banheiros, saunas, instrumental ginecológico, uso comum de roupas íntimas, toalhas etc.
Período de Incubação: Semanas a anos. (Como não é conhecido o tempo que o vírus pode permanecer
no estado latente e quais os fatores que desencadeiam o aparecimento das lesões, não é possível
estabelecer o intervalor mínimo entre a contaminação e o desenvolvimento das lesões, que pode ser de
algumas semanas até anos ou décadas).
Tratamento: O tratamento visa a remoção das lesões (verrugas, condilomas e lesões do colo uterino).
Os tratamentos disponíveis são locais (cirúrgicos, quimioterápicos, cauterizações etc). As recidivas
(retorno da doença) podem ocorrer e são frequentes, mesmo com o tratamento adequado.
Eventualmente, as lesões desaparecem espontaneamente.
Não existe ainda um medicamento que erradique o vírus, mas a cura da infecção pode ocorrer por
ação dos mecanismos de defesa do organismo. Já existem vacinas para proteção contra alguns tipos
específicos do HPV, estando as mesmas indicadas para pessoas não contaminadas.
Prevenção: Camisinha usada adequadamente, do início ao fim da relação, pode proporcionar alguma
proteção. Ter parceiro fixo ou reduzir número de parceiros. Exame ginecológico anual para rastreio de

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doenças pré-invasivas do colo do útero. Avaliação do(a) parceiro(a). Abstinência sexual durante o
tratamento. Em 2006 foi aprovada pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a
utilização da Vacina Quadrivalente produzida pelo Laboratório Merck Sharp & Dohme contra os
tipos 6,11,16 e 18 do HPV, para meninas e mulheres de 9 a 26 anos que não tenham a infecção.
Esta vacina confere proteção contra os vírus citados acima, os quais são responsáveis por 70% dos casos
de câncer do colo do útero (tipos 16 e 18) e 90% dos casos de verrugas (condilomas) genitais (tipos 6 e
11).

Candidíase

A candidíase, especialmente a candidíase vaginal, é uma das causas mais frequentes de infecção
genital. Caracteriza-se por prurido (coceira), ardor, dispareunia (dor na relação sexual) e pela eliminação
de um corrimento vaginal em grumos brancacentos, semelhante à nata do leite. Com frequência, a vulva
e a vagina encontram-se edemaciadas (inchadas) e hiperemiadas (avermelhadas). As lesões podem
estender-se pelo períneo, região perianal e inguinal (virilha).
No homem apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio (balanopostite) e eventualmente por um
leve edema e pela presença de pequenas lesões puntiformes (em forma de pontos), avermelhadas e
pruriginosas. Na maioria das vezes não é uma doença de transmissão sexual. Em geral está relacionada
com a diminuição da resistência do organismo da pessoa acometida.
Existem fatores que predispõe ao aparecimento da infecção: diabetes melitus, gravidez, uso de
contraceptivos (anticoncepcionais) orais, uso de antibióticos e medicamentos imunosupressivos (que
diminuem as defesas imunitárias do organismo), obesidade, uso de roupas justas etc.

Complicações/Consequências: São raras. Pode ocorrer disseminação sistêmica (especialmente em


imunodeprimidos).
Sinônimos: Monilíase, Micose por cândida, Sapinho
Agente: Candida albicans e outros.
Transmissão: Ocorre transmissão pelo contato com secreções provenientes da boca, pele, vagina e
dejetos de doentes ou portadores. A transmissão da mãe para o recém-nascido (transmissão vertical)
pode ocorrer durante o parto. A infecção, em geral, é primária na mulher, isto é, desenvolve-se em razão
de fatores locais ou gerais que diminuem sua resistência imunológica.
Período de Incubação: Muito variável.
Tratamento: Medicamentos locais e/ou sistêmicos.
Prevenção: Higienização adequada. Evitar vestimentas muito justas. Investigar e tratar doença(s)
predisponente(s). Camisinha.

Linfogranuloma Venéreo

O Linfogranuloma venéreo caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital (lesão primária) que
tem curta duração e que se apresenta como uma ulceração (ferida) ou como uma pápula (elevação da
pele). Esta lesão é passageira (3 a 5 dias) e frequentemente não é identificada pelos pacientes,
especialmente do sexo feminino.
Sinônimos: Doença de Nicolas-Favre, Linfogranuloma Inguinal, Mula, Bubão.
Agente: Chlamydia trachomatis.
Período de Incubação: 7 a 60 dias.
Complicações/Consequências: Elefantíase do pênis, escroto, vulva. Proctite (inflamação do reto)
crônica. Estreitamento do reto.
Transmissão: Relação sexual é a via mais frequente de transmissão. O reto de pessoas cronicamente
infectada é reservatório de infecção.
Tratamento: Sistêmico, através de antibióticos. Aspiração do bubão inguinal. Tratamento das fístulas
Prevenção: Camisinha. Higienização após o coito.

Infecção por Trichomonas

Doença infectocontagiosa do sistema gênito-urinário do homem e genital da mulher. No homem causa


uma uretrite de manifestações em geral discretas (ardor e/ou prurido uretral e secreção brancacenta,
amarelada ou amarelo esverdeada), podendo, eventualmente ser ausentes em alguns e muito intensas
em outros.

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É uma das principais causas de vaginite ou vulvovaginite da mulher adulta podendo porém, cursar com
pouca ou nenhuma manifestação clínica. Quando presente, manifesta-se na mulher como um corrimento
vaginal amarelo esverdeado ou acinzentado, espumoso e com forte odor característico. Não é incomum
também ocorrer irritação na região genital bem como sintomas miccionais que podem simular uma cistite
(dor ao urinar e micções frequentes).
Sinônimos: Uretrite ou vaginite por Trichomonas, Tricomoníase vaginal ou uretral, Uretrite não
gonocócica (UNG).
Agente: Trichomonas vaginalis (protozoário).
Complicações/Consequências: Prematuridade. Baixo peso ao nascer. Ruptura prematura de bolsa.
Transmissão: Relação sexual (principalmente). A mulher pode ser infectada tanto por parceiros do
sexo masculino quanto do sexo feminino (por contato genital). O homem por parceiras do sexo feminino.
É importante considerar aqui que mesmo a pessoa portadora da doença, mas sem sintomas, pode
transmitir a infecção. Fômites.
Período de Incubação: 10 a 30 dias, em média.
Tratamento: Quimioterápicos. O tratamento pode ser oral e local (na mulher).
Prevenção: Camisinha, tratamento simultâneo do(a) parceiro(a).

Infecção por Gardenerella

A gardnerella vaginalis é uma bactéria que faz parte da flora vaginal normal (ver explicação abaixo) de
20 a 80% das mulheres sexualmente ativas. Quando, por um desequilíbrio dessa flora, ocorre um
predomínio dessa bactéria (segundo alguns autores em associação com outros germes como
bacteroides, mobiluncus, micoplasmas etc), temos um quadro que convencionou-se chamar de vaginose
bacteriana.
Usa-se esse termo para diferenciá-lo da vaginite, na qual ocorre uma verdadeira infecção dos tecidos
vaginais.
Na vaginose, por outro lado, as lesões dos tecidos não existem ou são muito discretas, caracterizando-
se apenas pelo rompimento do equilíbrio microbiano vaginal normal.
Sinônimos: Vaginite inespecífica. Vaginose bacteriana.
Agente: Gardnerella vaginalis.
Período de Incubação: De 2 a 21 dias.
Sintomatologia: A vaginose por gardnerella pode não apresentar manifestações clínicas (sinais ou
sintomas). Quando ocorrem, estas manifestações caracterizam-se por um corrimento homogêneo
amarelado ou acinzentado, com bolhas esparsas em sua superfície e com um odor ativo desagradável.
O prurido (coceira) vaginal é citado por algumas pacientes mas não é comum.
Após uma relação sexual, com a presença do esperma (de pH básico) no ambiente vaginal, costuma
ocorrer a liberação de odor semelhante ao de peixe podre. Foi detectada uma maior incidência da
vaginose bacteriana em mulheres que tem múltiplos parceiros sexuais.
No homem pode ser causa de uretrite e, eventualmente, de balanopostite (inflamação do prepúcio e
glande). A uretrite é geralmente assintomática e raramente necessita de tratamento.
Quando presentes os sintomas restringem-se a um prurido (coceira) e um leve ardor (queimação)
miccional. Raramente causa secreção (corrimento) uretral. No homem contaminado é que podemos falar
efetivamente que se trata de uma DST.
FLORA MICROBIANA NORMAL: Nosso organismo, a partir do nascimento, entra em contato com
germes (bactérias, vírus, fungos etc.) os quais vão se localizando na pele e cavidades (boca, vagina,
uretra, intestinos etc.) caracterizando o que se chama de Flora Microbiana Normal. Normal porque é
inexorável e porque estabelece um equilíbrio harmônico com o nosso organismo.
Existem condições em que este equilíbrio pode se desfazer (outras infecções, uso de antibióticos,
'stress', depressão, gravidez, uso de DIU, uso de duchas vaginais sem recomendação médica etc.) e
determinar o predomínio de um ou mais de seus germes componentes, causando então o aparecimento
de uma infecção.
Complicações/Consequências: Infertilidade. Salpingite. Endometrite. DIP. Ruptura prematura de
Membranas. Aborto. Aumento do risco de infecção pelo HIV se houver contato com o vírus. Há aumento
também do risco de se contrair outras infecções como a gonorreia, trichomoníase etc. Durante a gestação
pode ser causa de prematuridade ou RN de baixo peso.
Transmissão: Geralmente primária na mulher. Sexual no homem. Pode ocorrer também transmissão
pelo contato genital entre parceiras sexuais femininas
Tratamento - Medicamentoso: Metronidazol, Clindamicina. Pode haver cura espontânea da doença.
Prevenção: Camisinha. Evitar duchas vaginais, exceto sob recomendação médica.

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Limitar número de parceiros sexuais. Controles ginecológicos periódicos.

Programa Nacional de DST/AIDS

Aspectos Gerais
A AIDS foi identificada no Brasil, pela primeira vez, em 1980 e apresentou um crescimento na
incidência até 1998, quando foram registrados 25.732 casos novos, com um coeficiente de incidência de
15,9 casos/100.000 hab. A partir de então verificou-se uma desaceleração nas taxas de incidência de
AIDS no país. Atualmente, verifica-se uma tendência de heterossexualização, feminização,
envelhecimento e pauperização da epidemia, aproximando-a cada vez mais do perfil socioeconômico do
brasileiro médio.
Desde o início da década de 1980 até setembro de 2003, o Ministério da Saúde notificou 277.154
casos de AIDS no Brasil. Desse total, 197.340 foram verificados em homens e 79.814 em mulheres. No
ano de 2003, foram notificados 5.762 novos casos da epidemia e, desses, 3.693 foram verificados em
homens e 2.069 em mulheres, o que comprova o maior crescimento da AIDS entre o sexo feminino.
Outro dado não menos preocupante é a crescente incidência da AIDS na faixa etária de 13 a 19 anos,
em adolescentes do sexo feminino.
Quanto às principais categorias de transmissão entre os homens, as relações sexuais
respondem por 58% dos casos de AIDS, com maior prevalência nas relações heterossexuais, que
é de 24%.
Entre as mulheres, a transmissão do HIV também se dá predominantemente pela via sexual (86,7%).
As demais formas de transmissão, em ambos os sexos, de menor peso na epidemia, são: transfusão,
transmissão materno-infantil ou ignoradas pelos pacientes.
No Brasil, a AIDS foi identificada, pela primeira vez, em 1980. Na década de 90, a situação
epidemiológica da doença mudou. A transmissão se tornou basicamente heterossexual, com participação
significativa das mulheres, com transmissão materno-infantil. Nos últimos anos, verificou-se também uma
interiorização da epidemia, com o crescimento da doença em municípios pequenos, além de sua
pauperização. A doença que antes ocorria em camadas sociais de maior instrução, agora atinge as de
menor escolaridade.
A missão do Programa Nacional de DST e AIDS (PN-DST/AIDS) é reduzir a incidência do
HIV/AIDS e melhorar a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS. Para isso, foram
definidas diretrizes de melhoria da qualidade dos serviços públicos oferecidos às pessoas portadoras de
AIDS e outras DST; de redução da transmissão vertical do HIV e da sífilis; de aumento da cobertura do
diagnóstico e do tratamento das DST e da infecção pelo HIV; de aumento da cobertura das ações de
prevenção em mulheres e populações com maior vulnerabilidade; da redução do estigma e da
discriminação; e da melhoria da gestão e da sustentabilidade.
Para fomentar a descentralização das ações foi instituída uma política de incentivo com a definição de
um conjunto de municípios que deveriam receber recursos extras para o desenvolvimento de ações de
prevenção e controle ao HIV/AIDS e outras DST, com base em critérios epidemiológicos, capacidade
instalada e capacidade gestora das Secretarias de Saúde.
Para expandir a qualidade e acesso das intervenções busca-se a ampliação das ações de promoção
e prevenção; a inserção dos grupos mais vulneráveis nas redes de atenção; o acesso aos insumos para
adoção de práticas mais seguras (preservativos, gel lubrificante, kits de redução de danos); e a
implantação do projeto Quality Improvement.
Ainda, esta política visa à expansão da cobertura e à equidade, através da implementação de serviços
de referência e assistência em casas de apoio, focalizados para populações emergentes, populações
distantes e pessoas vivendo com HIV e AIDS. Além disso, foram pactuadas as responsabilidades do
Ministério da Saúde, estados e municípios para aquisição e distribuição de medicamentos antirretrovirais
e para tratamento de infecções oportunistas e outras DST. Outra ação é a ampliação do acesso ao
diagnóstico do HIV e outras DST.

É muito importante que, para garantir a continuidade do abastecimento de medicamentos


antirretrovirais, as Secretarias Estaduais de Saúde estejam atentas para os seguintes aspectos:
- Regularidade no envio dos relatórios mensais;
- Uso do medicamento de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde;
- Manutenção do padrão do consumo do medicamento;
- Comunicação com antecedência da situação de possível desabastecimento ao Programa Nacional
de DST e AIDS.

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A responsabilidade pelo gerenciamento dos medicamentos destinados às doenças oportunistas deve
ser pactuada nas CIB de cada estado, de forma a assegurar o acesso da população aos medicamentos.
A notificação de casos de AIDS é obrigatória, desde 1986, a médicos e outros profissionais de
saúde no exercício da profissão, bem como aos responsáveis por organizações e
estabelecimentos públicos e particulares de saúde.
É responsabilidade da Secretaria de Vigilância em Saúde, por intermédio do Programa Nacional
DST/AIDS, apoiar as Secretarias Estaduais de Saúde na elaboração dos seus Planos de Ações e Metas,
caso seja necessário, assim com as SES devem apoiar a elaboração dos planos dos municípios.

Atribuições e Responsabilidades

O reconhecimento do direito constitucional à saúde responde diretamente ao foco da Rede de Direitos


Humanos do Programa Nacional de DST e AIDS e garante a regulamentação e a aplicação de uma
legislação que equacione e proponha a solução dos conflitos gerados pela manifestação das DST e da
epidemia do HIV.
A produção da legislação brasileira em saúde, mais especificamente ligada às DST e AIDS, tem como
objetivo maior oferecer extenso material de consulta, comparação e reflexão sobre as diversas leis e suas
interpretações à realidade da epidemia, para melhor enfrentar esse desafio à saúde pública e manter os
princípios da cidadania.

Questões

01. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde – CONPASS) Considerando que a
hanseníase é uma doença infectocontagiosa, curável e que depende de ações multiprofissionais para ter
uma assistência de qualidade, responda: qual das seguintes não representa uma ação de controle da
hanseníase?
(A) Diagnóstico precoce
(B) Tratamento dos casos novos da doença
(C) Tratamento de comunicantes
(D) Campanhas educativas
(E) Exame de comunicantes

02. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde – CONPASS) Qual das seguintes
alternativas se refere à forma da hanseníase que se apresenta disseminada pelo corpo, atinge pavilhão
auricular e tem tratamento de 12 meses?
(A) Tuberculoide
(B) Indeterminada
(C) Neural pura
(D) Dimorfa
(E) Virchowiana

03. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde – CONPASS) Ainda em relação à
hanseníase, assinale a alternativa que se refere a um medicamento que faz parte tanto do tratamento
multibacilar, quanto do paucibacilar, adulto e infantil:
(A) Clofazimina
(B) Oxacilina
(C) Cefalexina
(D) Rifampicina
(E) Amoxicilina

04. (Pref. Almino Afonso/RN - Agente Comunitário de Saúde – CONPASS) Assinale a alternativa
em que os dois Programas exigem que a dose mensal do tratamento seja supervisionada:
(A) Tuberculose e Hanseníase
(B) Hepetite B e Hepatite C
(C) AIDS e Hepatite A
(D) AIDS e Hepatite B
(E) Hanseníase e Hepatite C

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05. (Pref. São João do Triunfo/PR - Agente Comunitário de Saúde – UNIUV) Ao fazer um exame
sanguíneo, um indivíduo constata, em seu resultado, que sua taxa de glicose está acima do nível
considerado normal. Seu médico suspeitará de que este indivíduo pode estar com a seguinte alteração
metabólica:
(A) Anemia;
(B) Diabetes;
(C) Obesidade;
(D) Hipoglicemia;
(E) Leucemia.

06. (FMS/SE - Agente Comunitário de Saúde - AMIGA PÚBLICA) A Hanseníase pode ser
identificada por diversos sinais e sintomas aparentes. Assinale a alternativa INCORRETA:
(A) Área de pele oleosa e com excesso de suor;
(B) Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo com perda
ou alteração de sensibilidade;
(C) Área da pele com queda de pelos, especialmente nas sobrancelhas;
(D) Diminuição da força dos músculos;
(E) Sensação de formigamento.

07. (FMS/SE - Agente Comunitário de Saúde - AMIGA PÚBLICA) Sobre a Tuberculose é CORRETO
afirmar:
(A) É uma doença que afeta o sangue;
(B) A transmissão é direta, de pessoa a pessoa. O doente expele, ao falar, espirrar ou tossir;
(C) Pessoas com AIDS, desnutridas, idosos doentes são menos propensos a contrair a tuberculose;
(D) O tratamento deve ser feito por um período mínimo de dois meses, podendo interromper os
comprimidos;
(E) Os sintomas mais frequentes são tosse sem catarro e vômitos.

08. (Pref. Cianorte/PR - Auxiliar de Enfermagem – FAUEL) A melhor forma de prevenção das
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) é o uso de preservativos em todas as relações sexuais.
Marque a alternativa que apresenta dois exemplos deste tipo de doença:
(A) Escabiose e Ancilostomíase.
(B) Tuberculose e Oncocercose.
(C) Cólera e Amebíase.
(D) Tricomoníase e Cancro mole.

09. (Pref. Chapecó/SC - Auxiliar de Enfermagem – OBJETIVA) A Aids é uma doença que representa
um dos maiores problemas de saúde da atualidade, em função do seu caráter pandêmico e de sua
gravidade. Em relação ao modo de transmissão, analisar os itens abaixo:
I - Por via sexual (esperma e secreção vaginal).
II - Pelo leite materno.
III - Pelo sangue.

Está(ão) CORRETO(S):
(A) Somente o item I.
(B) Somente o item II.
(C) Somente os itens I e III.
(D) Todos os itens.

10. (FUNDAÇÃO CASA - Auxiliar de Enfermagem – CETRO) A Diabetes Mellitus Tipo 1 é uma
doença metabólica caracterizada pela destruição das células do
(A) pâncreas.
(B) vesícula.
(C) baço.
(D) fígado
(E) duodeno.

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11. (VIVARIO - Agente Comunitário de Saúde – BIORIO) “É uma condição em que os níveis de
açúcar no sangue são muito elevados porque o corpo não tem insulina suficiente. O sistema imunológico
do corpo ataca as células do pâncreas que produzem insulina. Isso faz com que o pâncreas produza
muito pouca ou nenhuma insulina”. O texto se refere à seguinte doença:
(A) diabetes.
(B) hipertensão arterial.
(C) AIDS.
(D) hanseníase.
(E) tuberculose.

12. (VIVARIO - Agente Comunitário de Saúde – BIORIO) “Hipertensão, usualmente chamada de


pressão alta, é ter a pressão arterial, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. [...] Pressão alta é
uma doença “democrática”. Ataca homens e mulheres, brancos e negros, ricos e pobres, idosos e
crianças, gordos e magros, pessoas calmas e nervosas. A Hipertensão é muito comum, acomete uma
em cada quatro pessoas adultas. Assim, estima-se que atinja em torno de, no mínimo, 25 % da população
brasileira adulta, chegando a mais de 50% após os 60 anos e está presente em 5% das crianças e
adolescentes no Brasil. É responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de
insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os
hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle da
pressão.” (Sociedade Brasileira de Hipertensão, www.sbh.org.br/geral/oque-e-hipertensao.asp) As
seguintes recomendações são importantes contra a hipertensão arterial, EXCETO UMA, que está
ERRADA. Assinale-a.
(A) Mantenha o peso ideal, evite a obesidade.
(B) Pratique atividades físicas duas ou três vezes por mês.
(C) Adote alimentação saudável: pouco sal, sem frituras e mais frutas, verduras e legumes.
(D) Reduza o consumo de álcool. Se possível, não beba.
(E) Abandone o cigarro.

13. (IABAS - Agente Comunitário de Saúde – BIORIO) Em relação à prevenção da AIDS, as


seguintes afirmativas estão corretas, EXCETO:
(A) para evitar a transmissão sexual recomenda-se sexo seguro como por exemplo usar camisinha.
(B) para evitar transmissão pelo sangue: usar seringas descartáveis, exigir que um sangue a ser
transfundido seja testado para presença de HIV, usar luvas quando manipular feridas ou líquidos que
possam estar contaminados.
(C) o uso da camisinha, apesar de propiciar ótima proteção, não é 100% seguro.
(D) a melhor forma de prevenção é a vacina.
(E) manter relação monogâmica com parceiro sabidamente HIV negativo é uma ótima medida de
prevenção de transmissão sexual.

14. Assinale a opção correta acerca das doenças sexualmente transmissíveis.


(A) O condiloma acuminado provoca o surgimento de verrugas genitais, é de difícil diagnóstico e é
causado por uma bactéria.
(B) O gonococo que causa a gonorreia provoca sintomas de dor ao urinar e limita-se a uma infecção
superficial local, pois não é capaz de migrar para outros sítios.
(C) A sífilis, causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, pode atingir qualquer órgão e
evoluir cronicamente.
(D) O herpes genital é causado pelo mesmo microrganismo da donovanose e tem o tratamento
semelhante à base de antibióticos.

15. Julgue os itens subsecutivos, referentes ao controle de doenças transmissíveis e não


transmissíveis.
No Brasil, as doenças transmissíveis consideradas emergentes e reemergentes restringem-se à
dengue e às hantaviroses.
( ) Certo ( ) Errado

16. Quanto às doenças sexualmente transmissíveis, é correto afirmar que aquela transmitida pelo
Treponema pallidum é a(o)

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(A) gonorreia.
(B) HPV.
(C) herpes.
(D) sífilis.
(E) candidíase.

17. As doenças transmissíveis prevalentes na população brasileira também são objeto de intervenção
dos programas de saúde. Julgue os itens seguintes acerca das ações de saúde em casos de dengue,
cólera, meningite e hepatite.
A transmissão da hepatite B ocorre por meio de água e alimentos contaminados.
( ) Certo ( ) Errado

18. As doenças transmissíveis prevalentes na população brasileira também são objeto de intervenção
dos programas de saúde. Julgue os itens seguintes acerca das ações de saúde em casos de dengue,
cólera, meningite e hepatite.
A febre hemorrágica da dengue é caracterizada por valores crescentes de hematócrito e de
hemoconcentração.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.C / 02.E / 03.D / 04.A / 05.B / 06.A / 07.B / 08.D / 09.D


10.A / 11.A / 12.B / 13.D / 14.C / 15.Errado / 16.D / 17.Errado / 18.Certo

Comentários

01. C/ 02. E/ 03. D/ 04. A/ 05: B.

06. Alternativa: A.
SUSPEITAR DE HANSENÍASE Ao observar lesões de pele com diminuição ou ausência de
sensibilidade, tais como:
- manchas esbranquiçadas ou avermelhadas sem relevo
- pápulas
- infiltrações (alteração difusa na espessura da pele)
- tubérculos (lesão sólida elevada externa)
- nódulos (lesão sólida, mais palpável que visível)
Detectar dor e/ou espessamento dos nervos periféricos; diminuição e/ou perda de sensibilidade nas
áreas invervadas por este nervo (principalmente olhos, mãos e pés); diminuição e/ou perda de força nos
músculos inervados por esses nervos, (principalmente nas pálpebras e membros inferiores e superiores).

07. Alternativa: B.
A transmissão do Mycobacterium tuberculosis ocorre por contato direto com as gotículas eliminadas
pela tosse, fala e espirro de um indivíduo com tuberculose pulmonar. Alguns fatores facilitam o
desenvolvimento da doença como: precárias condições de vida, desnutrição, alcoolismo, doenças como
AIDS, diabetes, câncer, além da convivência em ambientes fechados, com pouca ventilação e ausência
de luz.

08. D/ 09. D

10. Alternativa: A.
O termo “tipo 1” indica o processo de destruição da célula beta do pâncreas que leva ao estágio de
deficiência absoluta de insulina.

11. A/ 12. B/13. D.

14. Alternativa: C
A) Grupo: Grupo I (dsDNA) Família: Papillomaviridae Género: Papilomavirus Espécie: Papilomavirus
humano

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O Papilomavirus é um grupo de vírus com genoma de DNA bicatenar (dupla hélice) circular com
diâmetro de 50 nanómetros, revestidos por um capsídeo icosaédrico e sem capsula lipídica. Os
condilomas acuminados são verrugas das mucosas genitais. Ocorrem na vulva, glande do pênis ou na
mucosa do ânus, são de fácil visualização e diagnóstico. Os cancros do pénis e da vulva são relativamente
raros mas quase sempre causados por estes vírus de transmissão sexual. São frequentemente dolorosos
e inestéticos e podem interferir com a atividade sexual.
B) A gonorreia também chamada blenorragia, é causada por uma bactéria que pode provocar
inflamação na uretra, na próstata e no útero. O homem sente dor e ardência na região genital e elimina
uma secreção branca ou amarelada ao urinar. A N.gonorrhoeae é uma bactéria gram-negativa, que à
microscopia óptica tem forma de diplococos medindo cerca de 1 micrometro (são cocos assemelhados a
um rim, e que se agrupam aos pares). O fator mais importante de virulência do gonococo é a existência
de píleos e da proteína. Estas estruturas permitem à bactéria permanecer aderente à mucosa do trato
urinário, (ou seja, a infecção não é superficial local) resistindo ao jato da micção. O gonococo infecta
principalmente as células cilíndricas da uretra, poupando geralmente a vagina e útero, cujos epitélios são
de células escamosas, ou seja, migra para outros sítios
D) A herpes é uma doença viral recorrente, geralmente benigna, causada pelos vírus Herpes simplex
1 e 2, que afeta principalmente a mucosa da boca ou região genital, mas pode causar graves
complicações neurológicas. Não tem cura, mas alguns remédios podem ser utilizados para diminuir os
sintomas. O tratamento se dá, com a utilização de antirretroviral, aciclovir, famciclovir, valaciclovir,
penciclovir.

15. Alternativa: Errado


Doenças transmissíveis emergentes e reemergentes
Aids
Cólera
Dengue
Hantaviroses
Febre Maculosa Brasileira

16. Alternativa: D
A) Gonorreia-Neisseria gonorrhoeae
B) HPV-papilomavírus humano
C) herpes- herpesviridae
E) Candidíase- Candida albicans

17. Alternativa: Errado


A hepatite que é transmitida por meio de água a alimento contaminados são a "A" e a "E".
O vírus da hepatite B está presente no sangue, na saliva, no sêmen e nas secreções vaginais da
pessoa infectada.

18. Alternativa: Certo


A principal característica fisiopatológica associada ao grau de severidade da Febre Hemorrágica por
Dengue (FHD) é o extravasamento do plasma, que se manifesta através de valores crescentes do
hematócrito e da hemoconcentração. Entre as manifestações hemorrágicas, a mais comumente
encontrada é a prova do laço positiva.

ENFERMAGEM SAÚDE MENTAL. Atuação do técnico de enfermagem diante de


pacientes que demandam cuidado em saúde mental

SAÚDE MENTAL

O termo Saúde Mental se justifica, assim, por ser uma área de conhecimento que, mais do que
diagnosticar e tratar, liga-se à prevenção e promoção de saúde, preocupando-se em reabilitar e reincluir
o paciente em seu contexto social.
“Podemos considerar que um indivíduo reage de forma saudável se, no decorrer do seu
desenvolvimento, se mostra capaz de uma adaptação flexível diante dos conflitos, de forma que fiquem

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salvaguardas as suas necessidades instintivas fundamentais, ao manter a capacidade de suportar as
frustrações e a angustia que estas criam” – P Bernard.
Segundo a OMS: “A capacidade de estabelecer relações harmoniosas com os demais e a contribuição
construtivas nas modificações do ambiente físico e social”.

De acordo com San Martin:


- Não ter sintomas de doenças, sentido vital e descontraído.
-Conhecer a si mesmo
-Manter contato com a realidade, o que implica aceitar as próprias limitações assim como a capacidade
em fazer frente às situações vitais com critérios realistas.
-Manter uma vida emocionantemente equilibrada
- Adaptar-se a vida em sociedade
- Encontrar motivos de satisfação razoáveis na vida diária
-Ter convicção acerca do valor pessoal e do sentimento da vida
- Desenvolver o espírito criador na vida pessoal

Saúde mental:
− Paradigma biopsicossocial: não está dizendo que não tem a visão biológica, mas tem uma visão
mais holística. Ainda poderíamos acrescentar a esfera espiritual.
- Superação do paradigma biomédico (vai além) ao construir um modelo na esfera da saúde pública
- É um conjunto de ações de promoção, prevenção, melhoramento, manutenção, tratamento da saúde
mental de uma população.
- É uma noção mais complexa que a psiquiatria, ao estabelecer relações com as seguintes dimensões:
Legislativa (legislação do Paulo Delgado, por ex), social (tentar socializar o paciente econômico,
cultural e política).
- Abordagem multidisciplinar (todo mundo com seu saber com o mesmo objetivo não necessariamente
trocando o seu saber) / interdisciplinar (trocando informações)
- Paradigma da saúde pública / trabalha-se com a comunidade, agentes ou movimentos sócias,
instituições civis e o convívio social (é o eixo da reabilitação psicossocial).

Avaliação do Comportamento

Consciência: Percepção de sua própria existência, sentimentos, pensamentos.


Linguagem: Utilizar a voz para comunicar os próprios sentimentos e pensamentos.
Humor e Afeto: Ambas têm relação com os sentimentos prevalentes: o afeto é uma expressão menos
temporária de sentimentos e de estado da mente. O humor é uma exibição mais durável e prolongada
de sentimentos que matizam toda a vida emocional.
Orientação: A consistência do mundo objetivo e de sua relação com a própria pessoa.
Memória: Capacidade de gravar e guardar experiências e percepções para posterior rememoração.
Raciocínio Abstrato: Pondera significados mais profundos além do concreto e do literal.
Processo de Pensamento: A forma como a pessoa pensa, o encadeamento lógico do pensamento.
Conteúdo do Pensamento: o que a pessoa pensa – ideias especificas, crenças e o uso das palavras.
Percepções: Uma consciência dos objetos por meio de qualquer um dos cinco sentidos.

Exame das Funções Mentais

Consiste numa forma sistemática do funcionamento emocional e cognitivo da pessoa.


SISTEMA ACCP
Aparência
Comportamento
Cognição
Processos de Pensamento

Obs: Só é necessário realizar um exame completo das funções mentais quando constatada alguma
anormalidade afetiva ou comportamental.
Em qualquer exame das funções mentais, devemos observar, a partir da anamnese, os seguintes
fatores:
Doenças ou problemas de saúde conhecidos (alcoolismo)
Uso de medicamentos

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O nível habitual de educação e comportamento.

Exame Mental e Sistemático

Aparência
Postura: Deve ser ereta e a posição relaxada.

Achados Anormais:
Sentar-se na beirada da cadeira, ou ficar encurvado, com a musculatura tensa, olhar fixo e vigilante,
andar inquieto.
Sentar-se curvado na cadeira e arrastar os pés ao andar.

Movimentos Corporais
Devem ser voluntários, deliberados, ordenados e uniformes.

Achados Anormais
Movimentos inquietos ou aparência cabisbaixa (ansiedade)
Apatia e lentidão psicomotora (Depressão)
Posturas anormais e gestos bizarros (esquizofrenia).

Vestuário
O vestuário deve ser apropriado ao contexto, estação do ano, idade, sexo e grupo social.

Achados Anormais
Vestuário inadequado pode ser observado em problemas organo cerebrais. Roupas excêntricas,
maquiagens bizarras – comum na esquizofrenia.

Cuidados Pessoais de Higiene


O paciente mantém-se limpo e bem arrumado, o cabelo penteado lavada, unhas limpas, bem cortadas;
condições higiênicas gerais.

Processos de Pensamentos e Percepções


A forma como o paciente pensa deve ser lógica, orientada por objetivos, coerente e relevante. Cada
pensamento deve ter uma conclusão.

Achados Anormais
Bloqueio: súbita interrupção no encadeamento dos pensamentos, incapacidade para concluir frases.
Confabulação: inventa acontecimento para preencher lacunas de memória.
Neologismo: invenção de palavras novas, palavras inventadas sem significado real.
Fuga de ideias: Mudança brusca, troca rápida de um assunto para o outro.
Ecolalia: Imitação repete palavras ou frases.
Reverberação: Escolha de palavras baseadas no som e não no sentido.

Percepções
Ilusões auditivas e visuais.

Investigação de Pensamentos Suicidas


Em algum momento você se sentiu deprimido, com vontade de machucar-se?
Você sente vontade de se machucar de alguma forma agora?
O que aconteceria se você morresse?
Como outras pessoas reagiriam se você morresse?

Aptidões dos Profissionais de Saúde Mental para o Envolvimento das Famílias:

Desenvolvimento da cooperação com a família.


- Identificar as necessidades da família.
- Abordar o sigilo.
Oferta de informações sobre a doença mental.
- Diagnósticos, etiologia, prognóstico e tratamento.

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- Curso da doença mental.

Aperfeiçoamento da comunicação e da solução de problemas na família.


- Ensinar princípios de comunicação eficiente.
- Ensinar estratégias de solução de problemas.

Ajudar para a utilização do sistema de serviços.


- Ajudar com relação ao direito de acesso ao tratamento, ao apoio e à reabilitação.
- Explicar os papéis dos diferentes provedores de saúde mental.

Ajudar aos membros da família para atenderem às próprias necessidades.


- Ajudar os membros da família no acesso a serviços de apoio.
- Avaliara quando a transtornos relacionados ao estresse.
- Encorajar o exercício da cidadania e a defesa de seus direitos.

Cabe aos Profissionais da Equipe de Enfermagem (Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de


Enfermagem)

Observação e anotação do comportamento que o cliente manifesta. Deve ser completa e detalhada
para auxiliar na prevenção de agressões, fugas e suicídio.

Fazer um levantamento das necessidades básicas afetadas


- Hidratação
- Alimentação
- Sono e repouso
- Eliminações

Higiene e aparência pessoal


- Atividade Motora
- Proporcionar ambiente terapêutico.
- Ser sincero, cumprir promessas feitas.
- Orientar sistematicamente para a realidade.

Estabelecer uma relação terapêutica baseada na confiança e no reconhecimento de suas qualidades


e capacidades, reforçando-as.
- Ser coerente na comunicação verbal e não verbal servindo como modelo para o cliente.
- Na presença de delírios e alucinações não criticar ou menosprezar as ideias do cliente.
- Estar atento quanto à aceitação do tratamento. Verificar se o cliente toma os medicamentos
prescritos.
- Encaminhar, mobilizar oportunidades para o cliente se ocupar e recrear-se em tarefas corretas.

Estimular progressivamente a sua interação social.


- Orientar cliente e familiares a respeito da doença, dos possíveis efeitos da medicação, da importância
do tratamento e de segui-lo corretamente. Incentivar visitas, observação da interação entre eles.
http://www.psiquiatriageral.com.br/
Abandone estas ideias.

Abandonar a ideia de: E compreender:


1. Que a doença mental é um tipo de doença que
1. Que a doença mental seja um mal misterioso, necessita de tratamento precoce e adequado, tal qual
que não pode ser evitado ou curado. a moléstia cardíaca. Ninguém, pois, deve
envergonhar-se dessa doença.
2. Que existem muitas variedades de doenças
2. Que a doença mental seja de uma única
mentais; algumas mais, outras menos graves;
modalidade e sempre muito grave.
algumas que podem ser tratadas a domicílio, outras

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em ambulatórios e outras ainda cujo tratamento
requer hospitalização.
3. Que a doença mental, na maioria das vezes,
3. Que a doença mental aparece de repente, sem
desenvolve-se gradualmente, com sintomas
aviso prévio.
premonitórios.
4. Que os sintomas de uma doença mental
4. Que as doenças mentais não podem ser geralmente podem ser percebidos e que, se lhes for
evitadas. concedida pronta atenção, a doença mental poderá
frequentemente ser evitada.
5. Que os choques emocionais podem favorecer a
5. Que o choque emocional – com a perda de
instalação da doença, mas, em tais casos, as suas
entes queridos, as desilusões amorosas, os
sementes já estavam lá, embora ainda não
desastres financeiros e outras desventuras –
houvessem despontado; as causas verdadeiras são
seja a causa das doenças mentais.
muitas vezes ignoradas.
6. Que os antigos “hospícios” se transformaram hoje
6. Que os “hospícios” sejam lugares horríveis e
em hospitais, para onde os pacientes são
que ser internado num deles significa nunca mais
encaminhados a fim de se curarem e de receberem
sair.
cuidados médicos e de enfermagem.
7. Que algumas modalidades de doenças mentais
7. Que a droga mental seja sempre hereditária –
têm realmente fundo hereditário, mas que a maior
uma tara, reveladora de predisposição
parte decorre de outras causas, biológicas,
constitucional familiar.
psicológicas e sociais.

ATITUDE BÁSICA:

Por sua objetividade Por sua sensibilidade


Não mais despreza ou condena os pacientes por Lembra-se de que os pacientes são seres humanos e
seus atos. os trata como tais.
Demonstra confiança e habilidade profissional. Atende aos pacientes, sem pressa e individualmente.
Não se envolve em amizades particulares com
Trata a todos com cordialidade.
pacientes.
Não dá valor demasiado às observações dos Procura, frequentemente, ouvir os pacientes com
pacientes. interesse especial.
Mantém serenidade. Manifesta interesse cortês.
Cultiva a paciência, que procede da Cultiva a paciência, que também procede do
compreensão. interesse pelo paciente.
Controla-se sem sentimentalismo. Manifesta simpatia e interesse.
É sincero. Sem tato.

SINAIS E SINTOMAIS MAIS COMUNS DE DOENÇAS MENTAIS

Psicoses ligadas à Arteriosclerose Cerebral e Psicoses Senis

Descrição Geral
Estes dois tipos de doença mental, embora não sejam os mesmos, podem ser considerados em
conjunto porque ambos ocorrem na velhice e, muitas vezes, apresentam sintomatologia semelhante.
A arteriosclerose cerebral, provocando alterações cerebrais, impede uma perfeita circulação cerebral.
Essa doença leva grande número de pacientes idosos aos hospitais psiquiátricos.
A senilidade é um processo normal de desgaste, mas, quando acarreta alterações mentais e físicas
intensas, sobrevém grave comprometimento da personalidade e quadros psicóticos, dos quais os mais
comuns são a melancolia involutiva e a demência senil.

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Causas
Na velhice pode instalar-se a arteriosclerose cerebral, com alterações nos vasos sanguíneos,
comprometimento do cérebro e dos tecidos nervosos, devidos à deficiência de irrigação sanguínea.
Doenças infecciosas agudas também favorecem o aparecimento da arteriosclerose cerebral. A
hereditariedade e a tensão física e mental prolongada parecem contribuir para que, no processo normal
de envelhecimento, ocorra ou não uma psicose senil. As psicoses da velhice podem evoluir gradualmente,
tornando-se o indivíduo progressivamente egocêntrico, sem novos interesses, lento nas reações e
contrário às mudanças. Podem, também, sobrevir repentinamente, em consequência de um choque
súbito, tal como a morte de um ente amado. Existem quadros graves de senilidade - doença de Alzheimer
e doença de Pick - suscetíveis de se verificarem mesmo em pessoas de idade madura, havendo casos
descritos que surgiram antes dos 45 anos de idade.

Sintomas
Embora os sintomas não sejam inteiramente idênticos na arteriosclerose cerebral e na psicose senil,
são suficientemente semelhantes para que, neste manual, os consideremos em conjunto.

Sintomas Físicos Sintomas Mentais


Diminuição da força muscular. Irritabilidade e obstinação.
Andar trôpego e vacilante. Redução ou ausência de interesses vitais.
Diminuição gradual da visão e audição. Diminuição da compreensão.
Distúrbios da memória, que se torna diminuída,
Embotamento geral do senso-percepção. principalmente para acontecimentos recentes. O
velho só consegue lembrar-se de fatos antigos.
Estado vertiginoso. Perda do controle emocional.
Desorientação. Frequentemente, ideias delirantes de perseguição,
Na arteriosclerose cerebral há maior possibilidade temor de “ser roubado”, impressão de que lhe faltam
de “acidente vascular cerebral”. ao respeito, avareza, egoísmo, desconfiança, etc.

Como Cuidar de tais Doentes

Esses pacientes precisam de vida bem regrada, sem muitas modificações ou novas experiências.
Entretanto, é necessário que neles se desperte o maior interesse possível, e que se lhes mantenha a
atenção ocupada. Cumpre dispensar-lhes cuidados contínuos, bondosos e atentos procurando
especialmente neles criar bons hábitos, que favoreçam suas condições higiênicas e físicas. Deles não se
deve exigir mais que o necessário à sua adaptação à vida hospitalar. Faça-lhes as vontades tanto quanto
possível; se, por exemplo, quiserem usar mais roupas que o necessário, se achar que vem da janela uma
corrente de ar, ou se manifestarem quaisquer outros caprichos que possam ser facilmente satisfeitos sem
prejuízo para eles, atenda-os. Faça limpeza nos guardados que geralmente acumulam, mas faça-o com
delicadeza. Dedique-lhes atenção especial por ocasião do banho, tendo sempre em mente que correm o
risco de sofrer uma queda. Os banhos de leito ou de banheira são, por esse motivo, mais aconselháveis
do que o de chuveiro. Deve-se insistir para que vistam roupas limpas, pois, frequentemente se apegam a
roupas que não estão mais em condições de serem usadas.
Pouco se conseguirá com discussões. Controle esses pacientes, mas de maneira a fazer-lhes acreditar
que estão fazendo a própria vontade. Não espere que eles se lembrem das coisas, pois a sua memória

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é fraca. Cuide imediatamente dos seus pequenos ferimentos e arranhões, pois estes, em tais pacientes,
poderão acarretar a morte. Não concorde com seus delírios ou alucinações; mas não os censure, nem
deles faça zombaria. Você poderá proporcionar-lhes maior segurança, asseverando-lhes que se
encarregará de tudo - mas diga-o com sinceridade, para que suas palavras não se tornem vazias aos
próprios sentidos embotados desses pacientes.

Sífilis Cerebral e Paralisia Geral

Descrição Geral
De todas as infecções que atacam o homem, a sífilis é a que produz efeitos mais devastadores quando
invade o cérebro. A sífilis cerebral e a paralisia geral (abreviada por PG e também designada por
demência paralítica) constituem dois quadros psíquicos comuns provocados pela sífilis. São transtornos
de base orgânica, nos quais os tecidos nervosos são lesados pela infecção. Para os fins deste manual,
não existe maior interesse em esclarecer as diferenças existentes entre os dois quadros mórbidos. São
doenças mais frequentes entre os homens do que entre as mulheres, e aparecem geralmente após os 35
anos de idade. Atualmente, graças à facilidade de se estabelecer o diagnóstico precoce da sífilis pelo
exame do sangue e graças à generalização do uso dos antibióticos, o combate a essa doença se tornou
muito mais eficiente, tornando-se também muito reduzida a incidência das formas de neurolúes. O exame
do líquido cefalorraquidiano descobre precocemente a neurolúes, tornando o seu tratamento mais
eficiente.

Causas
Embora a infecção sifilítica seja indiscutivelmente a causa desses distúrbios, apenas uma pequena
percentagem dos indivíduos que a contraem apresentam formas de neurolúes. De dois a trinta anos, e
geralmente de dez a vinte anos, após a instalação da infecção sifilítica podem surgir as primeiras
manifestações da paralisia geral. Este longo período de incubação da lues faz com que frequentemente
nos cause surpresa a sua eclosão. A paralisia juvenil resulta da sífilis transmitida congenitamente dos
pais aos filhos, podendo surgir dos cinco aos vinte anos de idade; é geralmente considerada mais grave
e de pior prognóstico do que a paralisia geral do adulto.

Sintomas
Na sífilis cerebral, há maior probabilidade de ser preservada a personalidade e os sintomas são menos
pronunciados do que na paralisia geral, que é uma meningoencefalite crônica à demência e à morte.

Sintomas Físicos Sintomas Mentais


Cansaço fácil. Falta de discernimento.
Perda de senso-crítico.
Fraqueza muscular generalizada.
Puerilidade.
Tremor da língua, dificuldade em articular as Distúrbios da memória.
palavras. Desorientação.
Frequentemente, ideias delirantes de grandeza,
Posteriormente, linguagem confusa e
de riqueza, de poder, de força etc.
ininteligível (disartria e mesmo anartria)
(megalomania).
Concepções exageradas em relação à própria
Tremores, dificuldades na escrita.
personalidade.

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Quase sempre, rigidez pupilar ou perda do Oscilações de humor, desde a alegria até a
reflexo à luz, e desigualdade pupilar depressão e a cólera.
(anisocaria). Perda dos sentimentos ético-morais.
Na fase final, o paciente não pode levantar- Indiferença e descaso pela família e pelos
se da cama, descuida-se do asseio e perde o demais. Na fase final, completa deterioração
autocontrole. mental (demência paralítica).

Como Cuidar de tais Pacientes


Esses pacientes são difíceis de serem tratados devido à sua irritabilidade e ao fato de, frequentemente,
não aceitarem quaisquer justificativas para sua internação. Entretanto, são geralmente sugestionáveis e,
com tato, podem ser tratados mais facilmente. Quando a moléstia estiver muito adiantada, os cuidados
consistem principalmente em: impedir a formação de escaras, que surgem com a permanência
prolongada no leito (é o paciente que está mais sujeito a elas); banhá-lo e fazer-lhe massagens, para
evitar a paralisia dos pés e das mãos; supervisionar-lhe a alimentação, pois esse paciente engasga com
facilidade a não ser que os alimentos sejam pastosos ou líquidos; auxiliá-lo nas funções eliminatórias,
levando-o regularmente ao sanitário ou trazendo-lhe a comadre; evitar que o doente, nessas condições,
se entregue a atividades que possam produzir fraturas de ossos, que se tornam frágeis. Os paralíticos
gerais muitas vezes morrem durante ou logo após convulsões e também são sujeitos a derrames
cerebrais, necessitando, portanto, de cuidados especiais e de certa vigilância. Após o tratamento médico,
cumpre despertar interesses no paciente e procurar readaptá-lo à vida normal.

Alcoolismo - Psicoses Alcoólicas


Descrição Geral
Estas psicoses podem assumir aspectos diversos, dependendo do tipo de personalidade do paciente
e da sua reação ao álcool. O Delírio Alcoólico Agudo é o tipo mais comum. A moderna psiquiatria
considera o uso imoderado do álcool, em muitos casos, como sintoma de outra perturbação mental, ou
distúrbio de personalidade psicopática.

Causas
O uso excessivo e prolongado do álcool acarreta perturbações mentais, causadas diretamente pela
ação do álcool sobre o organismo. Devemos reconhecer, também, que o uso imoderado do álcool afrouxa
a tal ponto o controle do indivíduo sobre si próprio que as dificuldades básicas, anteriormente resolvidas
com os recursos da sua personalidade, irrompem como autênticos distúrbios durante o alcoolismo.

Sintomas
Apresentaremos os sintomas do Delírio Agudo e indicaremos, também, as diferenças entre essa
perturbação e outras formas comuns de distúrbios provocados pelo alcoolismo.

Sintomas Físicos: Sintomas Mentais:


Excitação, dificuldade de ser mantido no
Ansiedade, inquietação, medo, angústia.
leito.
Tremores, especialmente na face, língua e Irritabilidade, insubordinação, agitação
dedos. psicomotora.
Disartria, língua saburrosa. Ideias delirantes as mais diversas.
Perda do apetite. Alucinações auditivas e visuais (zoopsias – vê
Insônia. pequenos animais ou então animais de
Podem surgir convulsões. grande porte).

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No delírio alcoólico agudo, as alucinações são muito intensas, apresentando o paciente o chamado
delírio onírico. Neste delírio o doente vive como um sonho ou pesadelo, no qual ele toma parte ativa. É
muito comum o chamado "delírio profissional", no qual o doente age como se estivesse trabalhando em
sua profissão habitual.
Existe também uma forma chamada psicose de Korsakoff, que se caracteriza por distúrbios
neurológicos nos membros inferiores (polineurite), distúrbios da memória e fabulação.

Como Cuidar desses Pacientes


Durante o período de agitação, evite qualquer medida restritiva desnecessária, a fim de impedir que o
paciente se excite ainda mais. Procure tranquilizá-lo com relação ao medo que sente e às suas
alucinações, e mantê-lo vestido e agasalhado (ele é muito suscetível de apanhar resfriados e pneumonia).
Durante a convalescença alguns desses pacientes sentir-se-ão injustificadamente detidos no hospital, ao
passo que outros se mostrarão prestativos e cordiais. Não contribua para tornar sua permanência menos
agradável, mas não lhes dê atenção demasiada, nem acredite muito em suas promessas de regeneração.

Epilepsias

Descrição Geral
Embora exista desde os tempos mais remotos, a epilepsia ainda é fonte de contínuos estudos e
pesquisas. É caracterizada por perturbações periódicas e súbitas da consciência, com ou sem
convulsões. A tendência moderna é considerar a epilepsia como sintoma e não como doença. Quase
sempre, não acarreta o rebaixamento das funções mentais - algumas das personalidades mais marcantes
do mundo sofriam de epilepsia (Cesar, Alfredo o Grande, Napoleão, Machado de Assis, o pintor Van Gogh
e outros).

Causas
As causas desse quadro vão aos poucos sendo desvendadas. A epilepsia não é hereditária; o que se
transmite é a disritmia cerebral, que constitui fator predisponente. Traumatismos cerebrais, perturbações
orgânicas e choques emocionais são fatores que podem acarretar a eclosão da epilepsia, se a pessoa
tiver tendência à mesma.

Sintomas
Embora não se possa estabelecer um tipo padrão dentro do qual se enquadram as epilepsias em geral,
o epiléptico hospitalizado é quase sempre agressivo e egocêntrico, irritável, pouco merecedor de
confiança, egoísta e arrogante. É viscoso, pegajoso e falador. Os epilépticos sofrem comumente de
ataques e convulsões, outras vezes apresentam "equivalentes" e "ausências". São também vítimas de
um estado chamado "crepuscular", precedido ou não de crise convulsiva, o qual é de grande
periculosidade para o doente e para os que o cercam. São comuns os atos antissociais, violentos ou não,
durante os chamados estados crepusculares.
A convulsão epiléptica segue geralmente o seguinte curso:
1 - Fase premonitória (aura), na qual o paciente poderá sentir náuseas, dores, odores, zumbidos etc.,
soltando muitas vezes um grito lancinante;
2 - Contração tônica, na qual todos os músculos ficam tensos e contraídos;
3 - Período cônico, no qual todo o corpo parece relaxar-se e contrair-se com movimentos bruscos;
4 - Volta lenta à consciência, durante a qual o paciente se recupera progressivamente até chegar à
normalidade. As convulsões seguem-se, às vezes, um período de excitação, em que o doente,
apresentando-se com um estreitamento no campo da consciência, pode tornar-se agressivo e perigoso,
apresentando-se outras vezes em estado confusional, dito crepuscular.

Como Cuidar desses Pacientes


Geralmente é difícil lidar com esses pacientes. É aconselhável ter-se sempre em mente: que o doente
poderá ter uma crise, a qualquer momento; que é mais fácil conseguir a sua cooperação com instruções
positivas do que com restrições ou proibições; que desviar-lhe a atenção e procurar ocupá-lo em
atividades benéficas é a única maneira de afastá-lo de tendências mórbidas. Se você conseguir incutir-
lhe sentimento de segurança, se conseguir convencê-lo de que é estimado e útil, sem reforçar sua
tendência dominadora, ele poderá ser de grande auxílio na enfermaria.
No caso de convulsões, os cuidados devem ser os seguintes: deixe o paciente estirado no chão ou
na cama; não lhe restrinja os movimentos; desaperte-lhe a roupa; coloque um travesseiro ou toalha sob
sua cabeça e procure evitar que ele se machuque. Se possível, quando ele abrir a boca, antes da fase

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crônica ou do terceiro período, introduza nela um rolo de borracha, envolto em gaze ou toalha, colocando-
o entre os dentes, a fim de impedir que o paciente morda a língua. Quando cessarem os movimentos e o
paciente recuperar a consciência, coloque-o na cama, mude-lhe a roupa e mantenha-o sob observação
até que esteja dormindo profundamente ou recupere clara consciência. Observe então cuidadosamente
o paciente, porque, após a convulsão, ele poderá atravessar perigosa fase de excitação. Tente sempre
observar as condições e as circunstâncias em que se deu o ataque, com o objetivo de evitar, se possível,
novas ocorrências. O diagnóstico e o tratamento das epilepsias exige hoje o exame eletroencefalográfico.
Pelo traçado obtido, o médico orientar-se-á com relação ao diagnóstico e ao tratamento mais indicado.
Atualmente existem numerosas drogas anticonvulsivantes e antiepilépticas e, por isso, o tratamento
desses pacientes torna-se cada vez mais satisfatório, podendo-se mesmo afirmar serem raras as
epilepsias que não podem ser controladas em seus sintomas.

Oligofrenias

Idiotia, Imbecilidade, Debilidade Mental


As oligofrenias são enfermidades que se caracterizam por uma deficiência global de toda atividade
psíquica. Os oligofrênicos são frequentemente classificados de acordo com seu nível de desenvolvimento
mental: o idiota (1 a 3 anos), o imbecil (3 a 6 anos), o débil mental (9 a 12 anos). A deficiência psíquica
pode ser motivada por uma série de causas que podem ter atuado antes do nascimento (vida intrauterina),
durante o nascimento (trabalho de parto) e após o nascimento (vida extrauterina). As causas podem ser
as mais variadas: hereditariedade, alcoolismo dos pais, moléstias da mãe durante a gestação,
traumatismos antes e durante o parto, sífilis congênita e numerosas doenças, sobretudo moléstias
infecciosas e traumatismos que podem atingir a criança durante os primeiros meses de vida.

Sintomas
Os sintomas são variáveis, conforme o grau da deficiência. O idiota não consegue aprender a falar. O
imbecil já consegue aprender a linguagem de modo relativamente satisfatório. O débil pode até ser
alfabetizado por métodos especiais. As deficiências dos idiotas e dos imbecis profundos são tão grandes
que pouco se pode esperar deles. Franco da Rocha costumava ensinar: "O idiota não consegue entender
um recado, o imbecil vai levá-lo, mas no meio do caminho dele se esquece, o débil é capaz de levar e dar
o recado". Ao lado das deficiências mentais, os oligofrênicos costumam apresentar também numerosas
malformações e defeitos físicos.

Como Cuidar desses Pacientes


O temperamento e as reações variam tanto entre esses pacientes quanto entre as pessoas normais,
de maneira que você deve conhecê-los bem, a fim de saber como tratá-los. Os idiotas e os imbecis
profundos frequentemente necessitam ser cuidados como se fossem criancinhas, ainda que tenham
atingido pleno desenvolvimento físico. Você deverá ensinar os imbecis e débeis profundos a executarem
tarefas simples e a cuidarem de si mesmos. O trabalho manual e o serviço de limpeza exercem sobre
eles especial atração. Os débeis e mesmo os imbecis em grau leve aprendem muito bem a executar
trabalhos manuais não complicados. Sempre que lhes der uma instrução, seja simples e claro, e não
espere que eles se lembrem por muito tempo das recomendações recebidas. Os atrasados mentais
educáveis, isto é, débeis menos pronunciados podem ser tratados, por meios psicopedagógicos
especiais, em estabelecimentos hospitalares e em clínicas especialmente a eles destinadas.
Os deficientes mentais apresentam frequentemente episódios psicóticos, cujo tratamento é idêntico ao
preconizado para síndromes psicóticas semelhantes, porém de outra natureza. O episódio psicótico é
curado - a debilidade, no entanto, persiste.

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Esquizofrenias

Descrição Geral
A denominação de demência precoce foi primeiro aplicada a essa doença porque se pensava que só
ocorresse na juventude, acarretando com o correr dos anos completa deterioração mental (demência);
essa denominação foi substituída por esquizofrenia, que significa dissolução da personalidade,
"personalidade cindida".
Esta é uma das formas mais comuns de doença mental, compreendendo cerca de um quinto das novas
internações e cerca de quarenta por cento da população dos hospitais psiquiátricos em qualquer momento
dado.

Causas
Desconhecem-se ainda, com precisão, as causas que a determinam. Segundo alguns autores, trata-
se de doença orgânica; segundo outros, ela é de origem psíquica, divergindo, portanto, as opiniões a
respeito. Os partidários de seu fundo psicógeno atribuem-na ao desajustamento progressivo do indivíduo
ao ambiente. Os que lhe reconhecem uma causa física salientam que essa perturbação é geralmente
acompanhada de distúrbios glandulares, má nutrição das células cerebrais, distúrbios do metabolismo
cerebral e outras dificuldades orgânicas. É provável que muitos fatores atuem em conjunto, de modo
obscuro, na etiologia dessa doença. Bleuler, o criador do termo esquizofrenia, atribui a doença a fatores
orgânicos básicos e fatores psicógenos secundários. O aspecto biotipológico também é importante, pois
a doença atinge de preferência os indivíduos leptossomáticos ou astênicos (de corpo delgado), de
temperamento esquizotímico.

Sintomas
Nenhuma manifestação física específica é característica da esquizofrenia. Os sintomas mentais e
emocionais dessa perturbação são graves e característicos: tendência ao isolamento e à introversão, mau
contato com a realidade (autismo), incertezas, dúvidas, dificuldade de escolha (ambivalência),
perplexidade, desarmonia no pensamento, ilogismos (desagregação do pensamento). Podemos
classificar a esquizofrenia em quatro formas ou tipos, embora estes não sejam claramente definidos e um
paciente qualquer possa apresentar sintomas pertencentes a mais de um tipo.

Sintomas de esquizofrenia, forma simples:


- O paciente mostra-se apático, descuidado, cansando-se facilmente.
- Descuida-se de sua aparência pessoal, de seus hábitos de higiene.
- Torna-se "incapaz de pensar", de concluir com clareza uma frase iniciada.
- Fala coisas "aéreas" e sem sentido.
- Permanece em mutismo habitual.
- Alheia-se aos interesses comuns da vida.

A esquizofrenia, forma hebefrênica, além de sintomas semelhantes aos do tipo simples, manifesta
mais os seguintes:
- Tendência a atitudes e expressões afetadas.
- Reações emocionais inadequadas (rir ao falar de coisas tristes, etc).
- Alucinações auditivas e ideias delirantes.
- Por vezes, depressão, tristeza, angústia.
- Frequentes crises de agitação psicomotora.
- Julga-se muitas vezes sob controle de forças externas (tais como poderes sobrenaturais ou
magnéticos).
- Manifesta tendência para reações sexuais mórbidas (homens e mulheres entregam-se a práticas
exibicionistas e eróticas).

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Os sintomas da esquizofrenia, forma catatônica, são os seguintes (além de alguns comuns à forma
simples):
- Rigidez muscular, resistência aos movimentos, negativismo, mutismo.
- Tendência a permanecer numa só posição, como se fora uma estátua.
- Tendência a repetir palavras, sons, atitudes, movimentos, gestos etc (estereotipias).
- Apesar da sua inércia, imobilidade, apatia e abulia, o doente pode apresentar impulsos agressivos
de grande violência e completamente inesperados.

Na forma paranoide poderemos encontrar alguns dos sintomas que caracterizam outros tipos de
esquizofrenia, mas geralmente o que mais se evidencia é o transtorno na interpretação da realidade e
dos pensamentos alheios. Os pacientes desse tipo tem frequentemente:
- Ideias de perseguição (às vezes, aparentemente lógicas).
- Ideias de grandeza (julgam-se talentosos, inventores de aparelhos fantásticos, escolhidos por Deus,
predestinados a dirigir, a fazer reformas de toda espécie).
- Essas ideias são frequentemente acompanhadas por alucinações.
- Porte arrogante e aspecto orgulhoso, irônico, zombeteiro.
- Tendências agressivas motivadas por interpretações delirantes (vozes imaginárias, que dão
“ordens”).

Como Cuidar desses Pacientes


Neles despertar um interesse sadio por coisas práticas e pela vida social (especialmente, capricho em
sua aparência pessoal e interesse pelos outros) é a grande ajuda que o auxiliar psiquiátrico pode prestar
a esses pacientes. Você poderá auxiliá-los nesse sentido, especialmente quando estiverem sob
tratamento. Ensinar pelo exemplo é geralmente eficiente com esses pacientes. A leitura, a música, o
rádio, a conversação, são atividades que auxiliam desde que não alimentem suas idéias delirantes. Ouça-
os contarem seus delírios, sem criticá-los, nem aceitá-los. Ofereça outras interpretações para os mesmos
fatos. O trabalho ou a atividade que você proporcionar ao paciente deverá sempre ter uma finalidade; e,
especialmente, evite qualquer demonstração de menosprezo. O paciente poderá manifestar crises
imprevistas, determinadas exclusivamente por estímulos internos, não podendo, portanto, serem
totalmente evitadas. Você precisa estar vigilante ante a possibilidade de ocorrerem tais reações súbitas
e impulsivas, e sempre pronto a enfrentar qualquer situação com serenidade e segurança. Os pacientes
necessitam tomar banho com regularidade e ser estimulados nos seus hábitos de limpeza. Os doentes
pouco asseados devem ser levados ao sanitário com regularidade (após cada refeição, por exemplo) para
auxiliar a formação do hábito. A fim de evitar que o paciente ceda à sua tendência de isolar-se e ficar
ensimesmado, não se deve permitir que ele permaneça no seu quarto ou retraído e sozinho, mas fazer
com que ele se reúna aos demais e participe ativamente da vida comunitária da enfermaria. Deve-se
evitar que ele permaneça na mesma posição, com a cabeça entre os braços ou isolado em uma cadeira.
Os pacientes em estupor não devem ser descuidados, convindo que se lhes mude de vez em quando a
posição. Lembre-se de que esses doentes podem estar alertas, ainda que não deem demonstração disso,
e que podem apresentar reações inesperadas, por vezes agressivas. O paciente paranoide poderá ser
muito importuno e desconfiado, e a única atitude adequada em relação a ele é a de: interesse amistoso,
tolerância e absoluta sinceridade, que não possa ser interpretada como astúcia ou ardil, destinado a
enganá-lo.

Transtornos do Humor Psicóticos

Descrição Geral
Diferentes tipos de sintomas se encaixam dentro deste quadro clínico, e todos eles envolvem grandes
perturbações da afetividade. Geralmente, os pacientes apresentam períodos ou episódios de doença,
intercalados por períodos de saúde mental. Os episódios podem ser maníacos (excitação, muita
atividade, agitação e loquacidade) ou depressivos (desânimo, pouca atividade, tristeza, depressão,
angústia), ou apresentar esses estados alternadamente. Por isso, esses transtornos são comumente
designados por psicoses cíclicas. Essa doença é duas vezes mais comum entre as mulheres do que entre
os homens, podendo ocorrer em qualquer idade, ainda que menos frequente na juventude.

Causas
As causas dessa perturbação são complexas e, sob certos aspectos, obscuras. Em sua incidência
parece haver uma tendência hereditária. Ocorre com maior frequência em pessoas de personalidade

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ciclotímica (tipo corporal pícnico, humor variável entre o otimismo e o pessimismo). Das doenças mentais,
é aquela em que a hereditariedade parece ter maior importância.

Sintomas
Como os sintomas da fase maníaca e da depressiva diferem consideravelmente, serão descritos em
separado. Alguns pacientes manifestam apenas sintomas maníacos ou apenas depressivos, ao passo
que outros apresentam as duas fases alternadamente ou exibem qualquer delas em diferentes ocasiões:

Sintomas Maníacos Somáticos: Sintomas Maníacos Mentais:


Necessidade de estar sempre fazendo alguma Autoconfiança, convencimento.
coisa, de movimentar-se constantemente. Caprichos, instabilidade.
Excitação motora. Egoísmo, tendência a ser intrometido e dominador.
Aumento do apetite sexual, pouca inibição. Intolerância a críticas.
O falar pode ser rimado ou chistoso; as palavras Pensamento acelerado, fuga de ideias (sintoma
associando-se às vezes mais pelo som do que muito característico da mania), ideias grandiosas,
pelo sentido. atenção dispersa.
O paciente talvez não identifique bem as pessoas,
Cantos, assobios ou risos, contínuos.
mas geralmente está bem orientado.
Distúrbios de memória: ilusão do “já visto e nunca
Tendência a enfeitar-se ou a despir-se.
visto”, falsos reconhecimentos, ilusões.
O doente poderá destruir o colchão, arrancar o
reboco das paredes, empregar excrementos para Às vezes, combatividade e agressividade.
fins “artísticos”.
Insônia por vezes rebelde. Agitação permanente.
Sintomas Depressivos Somáticos Sintomas Depressivos Mentais
Tristeza. O doente julga-se um fracassado. Ideias de
Pouca atividade. culpa, de autoacusação, de ruína, de desgraça.
Pessimismo.
Fraqueza, emagrecimento, cansaço fácil. O paciente se diz incapaz de fazer alguma coisa,
Aparência de grande abatimento. julga-se um inútil.
Gosta de ficar isolado e evita a companhia dos
Língua saburrosa.
outros.
São comuns as interpretações pessimistas (batidas
Tendência ao mutismo. no porão significariam que estão fazendo o seu
caixão).
Pouco ou nenhum apetite. Alucinação em alguns casos.
O paciente poderá possuir relativa compreensão,
Insônia devida à preocupação.
mesmo no estado de estupor.

Como Cuidar desses Pacientes

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Os cuidados variam muito, de acordo com a fase maníaca depressiva. As sugestões seguintes são
valiosas para se cuidar de quaisquer pacientes excitados ou deprimidos, seja qual for o seu diagnóstico.
O maníaco será provavelmente o seu paciente mais interessante. Evite a inclinação de amimá-lo ou
exibi-lo a outras pessoas. Trate-o com serenidade, respeito e bom-humor, evitando que ele domine a
enfermaria. Entretanto, se você tentar contrariá-lo ele poderá reagir com agressividade. A atenção de tais
pacientes é fácil de ser desviada, sendo este recurso de grande utilidade. O silêncio é a melhor maneira
de responder às suas afrontas a menos que você tenha a paciência e a boa vontade de “abrandar-lhe a
ira com uma resposta amena”. Discussões, ordens autoritárias e argumentos não devem ser utilizados.
Tenha sempre em mente que o autocontrole desses pacientes é tão fraco que eles agem quase sempre
sem pensar nas consequências.
É muito aconselhável a remoção de coisas irritantes, inclusive a voz do auxiliar psiquiátrico, quando
necessário. Assim, é frequentemente prescrito o isolamento. Não devem ser empregadas contenções
mecânicas, pois estas seriam indício de que o auxiliar psiquiátrico não soube lidar devidamente com o
paciente - ou de que o hospital não oferece condições propícias. Os hospitais modernos aboliram
completamente o emprego não só do isolamento em quarto fechado, como também das medidas
coercitivas, devendo ser este o padrão visado por todos os estabelecimentos psiquiátricos. Muitas vezes
um lápis e uma folha de papel é só o de que um maníaco necessita para gastar sua energia e satisfazer
sua ânsia criadora. Esses pacientes frequentemente tentam fugir, sentindo-se detidos injustamente.
É preciso atenção para os eventuais ferimentos que eles venham a sofrer, porque com isso não se
preocupam. Como a recuperação geralmente ocorre ao reconhecer o paciente a natureza os seus
problemas, nessa ocasião você muito o ajudará procurando convencê-lo de se esforçar num sentido
construtivo.
Os pacientes deprimidos são facilmente negligenciados porque não fazem exigências. O auxiliar
psiquiátrico sensato, alegre e inteligente muito poderá ajudar o tratamento desses pacientes. Procure
falar com o doente, ainda que ele não responda, e tente auxiliá-lo a superar seu sentimento de
incapacidade e culpa, dispensando-lhe atenções. A indecisão e a lentidão são frequentes nessa doença;
assim, não force esses pacientes a tomarem decisões, nem os apresse desnecessariamente. Torne-lhes
a vida a mais simples possível e ao mesmo tempo, estimule a sua atividade e sociabilidade.
Por vezes o deprimido torna-se extremamente queixoso e agarra-se ao auxiliar psiquiátrico,
exteriorizando lamentações e lamúrias. Seja então paciente e atencioso, evitando, todavia, discussões,
explicações ou aceitação das queixas do deprimido. Procure encorajá-lo e infundir-lhe confiança.
O deprimido frequentemente recusa alimentação, alegando "não merecê-la", “não ter dinheiro para
pagar por ela”, etc., de maneira que, usando de tacto, você deverá persuadi-lo a se alimentar. O suicídio
é uma possibilidade constante, sendo mais provável que as tentativas ocorram no início e no fim das
depressões profundas. Nesse sentido é preciso muita atenção, porque o paciente poderá fazer de tudo
para captar-lhe a confiança, antes de tentar o suicídio.

Melancolia Involutiva
Esta forma de doença mental ocorre logo após a idade madura e, mais frequentemente, durante a
"idade crítica" ou climatério, sendo muito mais comum entre as mulheres do que entre os homens. O
quadro é caracterizado por uma depressão ansiosa, de longo curso, e que se desenvolve vagarosamente.
O paciente torna-se ansioso, preocupado e triste; torce as mãos, anda de um lado para outro, esfrega e
belisca o rosto, geme às vezes, repetindo constantemente alguma frase de desalento. Esses pacientes
queixam-se muitas vezes de doenças físicas imaginárias (hipocondria) e, constantemente, solicitam
tratamento aos médicos e auxiliares. Algumas vezes têm ideias de perseguição. A convulsoterapia pelo
eletrochoque é recomendada nesses casos, mas o tratamento pelas drogas psicotrópicas
(psicoanalépticos) sempre deve ser utilizado. Nos casos mais rebeldes, essas medidas terapêuticas
podem ser associadas.

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Como Cuidar desses Pacientes
Eles devem ser cuidados e tratados da mesma forma que os deprimidos. A tendência ao suicídio é
mais frequente neste tipo de doença do que em qualquer outro, e você precisa dispensar especial atenção
a essa possibilidade. Tenha em mente que o paciente, com firme ideia de suicídio, planeja nesse sentido
durante todo o tempo em que está acordado; esteja, portanto, alerta para impedir qualquer tentativa,
vigiando-o constante e cuidadosamente, mantendo-o afastado de lugares perigosos e não deixando ao
seu alcance objetos cortantes, pesados, quebráveis ou que possam oferecer algum perigo. Ao mesmo
tempo, procure desviar a atenção do paciente para outras coisas. Tente incutir nele a convicção de ser
necessário e útil, evitando, assim, que ele deseje matar-se.

Parafrenia, Síndromes Paranoide, Paranoia

Apesar de serem essas moléstias incluídas atualmente no grupo das esquizofrenias, muitos psiquiatras
ainda as consideram como entidades isoladas. A paranoia é extremamente rara nos hospitais
psiquiátricos, mas os quadros parafrênicos e paranoides são relativamente comuns.
Esses pacientes frequentemente se julgam personagens superiores, de qualidades excepcionais, e
acreditam que estão sendo perseguidos e visados por maldade, inveja, motivos políticos, etc. Inimigos
estão constantemente urdindo planos contra eles, espiões os estão perseguindo, os jornais a eles se
referem, seus pensamentos estão sendo roubados, captados, influenciados; seus alimentos estão sendo
envenenados, gases nocivos são inalados nos seus dormitórios, seus inimigos procuram prejudicá-los
sob todas as formas, agindo com grande habilidade. Todos esses delírios se afiguram ao paciente lógicos
e sensatos, e geralmente ele é capaz de narrá-los com muita clareza. Os pacientes desse tipo muitas
vezes têm saúde física bastante boa e, com exceção das ideias de perseguição, não aparentam quaisquer
outros distúrbios psíquicos ou de personalidade. A deterioração da personalidade (demência) pode
ocorrer muito tardiamente. Eles conservam, em geral, inteligência muito atilada e, a menos que você
consiga granjear-lhes a confiança, seus argumentos encontrarão enorme resistência. Ouça-os narrarem
os seus delírios sem aceitá-los, nem ridicularizá-los; talvez você possa oferecer-lhes outras interpretações
dos fatos que os preocupam, mas convém evitar tudo o que possa incentivar os seus delírios. A leitura
escolhida é uma boa atividade recreativa que você poderá proporcionar-lhes. Os doentes parafrênicos
são em geral hostis ao hospital e aos seus regulamentos e, por isso, poderão tentar fugir, ou mesmo se
tornar agressivos sob ação dos seus delírios. Lembre-se de que esses pacientes são hábeis
dissimuladores. Como eles parecem estar senhores de si durante quase todo o tempo, você se sentirá
inclinado a considerar seus atos mórbidos como simples manifestações de obstinação e maldade; afaste
essa ideia e lembre-se sempre de que eles estão gravemente doentes. Embora essas formas clínicas
sejam rebeldes, com o advento da "era dos psicotrópicos", o seu prognóstico tornou-se bem mais
favorável e frequentemente se consegue obter boas remissões desses quadros. As recidivas podem
surgir e surgem muitas vezes, mas, com a repetição do tratamento, também são possíveis novas
remissões.

Psiconeuroses e Neuroses

Descrição Geral
Sob esta denominação se reúne uma grande variedade de distúrbios. Estes atingem apenas uma parte
da personalidade e não parecem afastar o paciente da realidade, nem afetar a consciência. Nestas
desordens, certas tendências, comuns a todos nós, passam a dominar os atos e pensamentos do
indivíduo, sem qualquer proporção com a importância relativa de tais tendências. As neuroses são muito
comuns entre a população em geral, pois, durante a II Grande Guerra, cerca de 40 a 50% dos soldados
dispensados das fileiras militares sofriam de distúrbios desse tipo. Apesar dessas manifestações serem
muito generalizadas, apenas uma pequena percentagem de psiconeuróticos é internada nos hospitais
psiquiátricos. Eles são, em geral, tratados em ambulatórios.

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Causas
A história pregressa do paciente geralmente revela mau ajustamento aos problemas da vida desde a
infância, defeitos educacionais, conflitos no ambiente familiar. Há motivos para crer que a causa básica
dessas perturbações resida num modo falho de encarar os desapontamentos e frustrações. A causa
aparente é habitualmente algum acontecimento ou preocupação especial, como seja: preocupação
econômica, conflitos religiosos, problemas sexuais, acidentes, doenças e coisas semelhantes.

Sintomas
Em geral, esses pacientes estão constantemente preocupados e ansiosos, habitualmente conservam
sua integridade psíquica e não sofrem delírios, mas são muito sugestionáveis; com frequência sentem-
se compelidos a repetir alguma ação rotineira, constantemente, embora reconheçam a tolice do seu
procedimento; ou talvez se vejam obcecados por um pensamento que não conseguem afastar; ou então
sentem-se continuamente oprimidos por um receio estranho e injustificado.
Não apresentam sintomas físicos específicos, embora estejam com frequência debilitados devido à
sua preocupação e ansiedade. Mencionaremos a seguir algumas das psiconeuroses e neuroses.

Estado de Ansiedade, Neurose de Angústia - Preocupação contínua e extrema com algum


problema, às vezes de pequena monta. Angústia e ansiedade manifestas.

Histeria, Pitiatismo - O paciente aparenta os mais variados sintomas físicos, como paralisias, dores,
impossibilidade de ação, perda da visão ou audição, ataques semelhantes aos epilépticos, atitudes
teatrais, dramáticas, etc., sem que existam anomalias orgânicas correspondentes aos sintomas. Não se
esqueça de que, nestes casos, o paciente sempre deseja uma plateia. Ele gosta de ser um "ator" diante
dos seus "espectadores".

Neurastenia - Fadiga ou exaustão nervosa, tanto do corpo como do espírito. Sintomas hipocondríacos.
Queixas diversas a respeito dos diferentes órgãos.

Psicastenia - Incapacidade de deixar de fazer ou pensar coisas desarrazoadas e desnecessárias.


Sintomas mais de ordem psíquica. Ansiedade. Cansaço psíquico permanente. Dificuldade na execução
do menor esforço intelectual.

Neurose Obsessivo-Compulsiva - Neste caso o doente se vê dominado por ideias fixas, tolas, que
não consegue afastar do seu espírito por mais que se esforce, ou então se sente compelido a realizar
atos pueris, inúmeras vezes (abrir e fechar portas, contar os degraus da escada, o número de passos que
dá em determinada direção, etc.). É dominado por um “ritual”, do qual não se consegue libertar e se torna
extremamente angustiado quando impossibilitado de executá-lo.

Como Cuidar desses Pacientes


Sendo perfeitamente normais sob muitos aspectos, não são eles difíceis de tratar; você precisa ter o
cuidado de não atribuir à simples teimosia ou má vontade a sua incapacidade sob alguns aspectos. Estão
realmente tão doentes quanto os cardíacos, por exemplo. Coopere para proporcionar ao paciente uma
vida sã, com boa alimentação, exercício, ar fresco e descanso; faça tudo o que puder para que ele se
distraia e aprecie a companhia dos demais. Evite excesso de cuidados e tratamentos desnecessários
para não alimentar nele o desejo de atrair a atenção, e não consinta que ele fique só, concentrado em si
mesmo. Empregue constantemente a sugestão positiva e trabalhe em uníssono com o médico,
cooperando com o seu tratamento em todas as oportunidades. Como esses doentes procuram quase
sempre reagir contra a influência do médico e granjear o apoio do auxiliar psiquiátrico para as suas ideias
errôneas, você precisa ter cuidado no que lhes diz. Aprenda a ser um bom ouvinte, mas fale apenas
quando tiver certeza de que o que está dizendo não prejudicará o trabalho do médico. Os neuróticos em
sua maioria não necessitam de internação e são tratados em ambulatório.
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Questões

01. São considerados critérios de saúde mental: autonomia e autodeterminação, atitudes positivas em
relação a si próprio e competência social.
( ) Certo ( ) Errado

02. “Fadiga ou exaustão nervosa, tanto do corpo como do espírito. Sintomas hipocondríacos e queixas
diversas a respeito dos diferentes órgãos”.
Estes são sintomas referentes à:
(A) Psicastenia
(B) Neurastenia
(C) Neurose Obsessivo-Compulsiva
(D) Histeria, Pitiatismo

03. O paciente aparenta os mais variados sintomas físicos, como paralisias, dores, impossibilidade de
ação, perda da visão ou audição, ataques semelhantes aos epilépticos, atitudes teatrais, dramáticas, etc.,
sem que existam anomalias orgânicas correspondentes aos sintomas.
Estes são sintomas referentes à:
(A) Psicastenia
(B) Neurastenia
(C) Neurose Obsessivo-Compulsiva
(D) Histeria, Pitiatismo

04. “Cansaço psíquico permanente. Dificuldade na execução do menor esforço intelectual”.


Estes são sintomas referentes à:
(A) Psicastenia
(B) Neurastenia
(C) Neurose Obsessivo-Compulsiva
(D) Histeria, Pitiatismo

05. Das doenças mentais, aquela em que a hereditariedade parece ter maior importância, é o
Transtorno do Humor Psicótico.
( ) Certo ( ) Errado

Gabarito

01.Certo / 02.B / 03.D / 04.A / 05.Certo

Comentários

01. Respostas: Certo


Os seguintes itens são identificados como critérios de saúde mental:
- Atitudes positivas em relação a si próprio
- Crescimento, desenvolvimento e auto-realização
- Integração e resposta emocional
- Autonomia e autodeterminação
- Percepção apurada da realidade
- Domínio ambiental e competência social;

02. Resposta: B
Neurastenia - Fadiga ou exaustão nervosa, tanto do corpo como do espírito. Sintomas hipocondríacos.
Queixas diversas a respeito dos diferentes órgãos.

03. Resposta: D
Histeria, Pitiatismo - O paciente aparenta os mais variados sintomas físicos, como paralisias, dores,
impossibilidade de ação, perda da visão ou audição, ataques semelhantes aos epilépticos, atitudes
teatrais, dramáticas, etc., sem que existam anomalias orgânicas correspondentes aos sintomas. Não se
esqueça de que, nestes casos, o paciente sempre deseja uma plateia. Ele gosta de ser um "ator" diante
dos seus "espectadores".

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04. Resposta: A
Psicastenia - Incapacidade de deixar de fazer ou pensar coisas desarrazoadas e desnecessárias.
Sintomas mais de ordem psíquica. Ansiedade. Cansaço psíquico permanente. Dificuldade na execução
do menor esforço intelectual.

05. Resposta: Certo


As causas dessa perturbação são complexas e, sob certos aspectos, obscuras. Em sua incidência
parece haver uma tendência hereditária. Ocorre com maior frequência em pessoas de personalidade
ciclotímica (tipo corporal pícnico, humor variável entre o otimismo e o pessimismo). Das doenças mentais,
é aquela em que a hereditariedade parece ter maior importância.

ENFERMAGEM NAS SITUAÇÕES DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA. Atuação do


técnico de enfermagem em situações de: choques, parada cardio-respiratória,
edema agudo de pulmão, crise convulsiva, hemorragias e crise hipertensiva

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM URGÊNCIAS E EMERGÊNCIAS

Urgência e Emergência clínicas são temas estudados no Conselho Federal de Medicina.

Urgência

Na urgência há uma situação que não pode ser adiada, que deve ser resolvida rapidamente, pois se
houver demora, corre-se o risco até mesmo de morte. Na medicina, ocorrências de caráter urgente
necessitam de tratamento médico e muitas vezes de cirurgia, contudo, possuem um caráter menos
imediatista. Exemplos: contusões leves, entorses, hemorragia classe I, etc.

Dispositivo da Resolução 1.451/1995 do Conselho Federal de Medicina:

Artigo 1º − Os estabelecimentos de Prontos Socorros Públicos e Privados deverão ser estruturados


para prestar atendimento a situações de urgência-emergência, devendo garantir todas as manobras de
sustentação da vida e com condições de dar continuidade à assistência no local ou em outro nível de
atendimento referenciado.
Parágrafo Primeiro − Define-se por URGÊNCIA a ocorrência imprevista de agravo à saúde com ou
sem risco potencial de vida, cujo portador necessita de assistência médica imediata.

Emergência

Na emergência temos uma situação crítica ou algo iminente, com ocorrência de perigo; incidente;
imprevisto. No âmbito da medicina, é a circunstância que exige uma cirurgia ou intervenção médica de
imediato. O tempo gasto entre o momento em que a vítima é encontrada e o seu encaminhamento deve
ser o mais curto possível. Exemplos: hemorragias de classe II, III e IV, etc.

Dispositivo da Resolução n. 1.451/1995 do Conselho Federal de Medicina:

Artigo 1º − Os estabelecimentos de Prontos Socorros Públicos e Privados deverão ser estruturados


para prestar atendimento a situações de urgência-emergência, devendo garantir todas as manobras de
sustentação da vida e com condições de dar continuidade à assistência no local ou em outro nível de
atendimento referenciado.
[...]
Parágrafo Segundo − Define-se por EMERGÊNCIA a constatação médica de condições de agravo à
saúde que impliquem risco iminente de vida ou sofrimento intenso, exigindo, portanto, tratamento médico
imediato.

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Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho

No caso do paciente consciente: fique por traz do paciente e envolva a cintura da seguinte forma:
coloque o polegar na barriga do paciente contra o abdômen do paciente na linha media comprima com o
punho o abdômen do paciente, cada pressão deve ser separada e distinta.

No caso do paciente inconsciente: posicioná-lo sobre as costas ajoelhar acalvagado pelas coxas do
paciente voltado para a cabeça comprimir o abdome de forma rápida com o punho.
Em caso de retirada com o dedo: abrir a boca do paciente segurando toda a sua língua introduzir o
dedo indicador sobre a boca.

Assistência em Hemorragias

Externa:
- Aplique compressão direta na veia do paciente;
- Aplique curativo compressivo;
- Eleve a parte lesada para interromper o sangramento;
- Puncionar veia de grosso calibre para reposição de sangue e soro.

Interna:
- Administre sangue de acordo com a prescrição;
- Monitorize as respostas hemodinâmicas do paciente;
- Mantenha o paciente em posição supina até melhora do quadro;
- Obtenha sangue arterial para monitorar gasometria, caso for procedimento cirúrgico imediatamente
preparar para cirurgia não esquecer que antes da aplicação do sangue e plasma submeter o paciente a
prova cruzada.

Choque Hipovolêmico

Em caso de choque hipovolêmico deve-se:


- Proporcionar assistência ventilatória;
- Restaurar o volume sanguíneo circulante;
- Leituras contínuas de pressão arterial;
- Mantenha a pressão sanguínea sistólica;
- Mantenha a vigilância constante de enfermagem. Os pacientes de choque séptico devem ser
mantidos frios, devido a febre alta.

Ferimentos

Nas hipóteses de ferimentos é necessário:


- Retirar os pelos em torno do ferimento com exceção das sobrancelhas;
- Limpar em torno da ferida com a solução indicada, pois limpando dentro a solução poderá ser nociva
caso haja exposição de tecidos;
- Ajudar o médico a limpar e desbridar o ferimento;
- Auxiliar o médico na sutura;
- Aplicar um curativo não aderente para proteger a ferida;
- Administrar tratamento bacteriano de ataque prescrito;
- Ministrar profilaxia contra tétano para proteger o paciente;
- Orientar o paciente a contatar com o médico e procurar o serviço de saúde no caso de dor súbita
persistente, febre, hemorragia ou sinais de mau cheiro, secreção ou vermelhidão em torno da ferida.

Feridas Abdominais Penetrantes

Nas hipóteses de feridas abdominais penetrantes é necessário:


- Inspecionar o local para verificação de lesões penetrantes;
- Auscultar verificando ausência ou presença de traumatismo;
- Avaliar progressão da distensão abdominal, defesa reflexa, dor, rigidez muscular e hiperestesia de
rebote, hiperestesia, e diminuição do peristaltismo intestinal;
- Registrar todos os sinais físicos à medida que o paciente for examinado.

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Cuidados Emergenciais

Nas hipóteses de cuidados emergenciais é necessário:


- Restaurar as vias aéreas;
- Manter o paciente na maca, já que o movimento pode causar fragmentação de um coágulo em um
grande vaso e produzir hemorragia maciça;
- Caso o paciente esteja comatoso, imobilizar o pescoço;
- Retirar a roupa de cima do ferimento;
- Contar o n° de ferimentos;
- Localizar a entrada e saída dos ferimentos;
- Avaliar a presença de hemorragias;
- Cobrir as vísceras exteriorizadas com curativos estéreis de soro fisiológico para prevenir o
ressecamento das vísceras;
- Controlar a hemorragia até que recupere e possa ser feita a cirurgia;
- Aspirar conteúdos gástricos pois previne complicações pulmonares;
- Introduzir cateter uretral para avaliar débito urinário e presença de hematúria;
- Suspender ingestão de líquidos pela boca, prevenindo o aumento da peristalse e vômitos, no caso
de ferimentos produzido por arma branca preparar para sinografia para detectar penetração peritoneal;
- Administrar profilaxia contra tétano;
- Administrar antibiótico de largo espectro prescrito;
- Preparar o paciente para procedimento cirúrgico caso ocorra, hemorragia, ar sobre o diafragma,
evisceração ou hematúria;

Contusão Abdominal

Em caso de contusão abdominal é necessário:


- Iniciar método de ressuscitação;
- Efetuar avaliação física constante;
- Observar a presença de presença de hiperestesia, rigidez, espasmos, observe o aumento da
distensão abdominal; ausculte ruídos peritoniais; monitorize frequente sinais vitais;
- Avaliar complicações imediatas: como hemorragias, choques e lesões associadas;
- Encaminhar solicitação de exames laboratoriais;
- Encaminhar para exames radiográficos;
- Colocar sonda nasogástrica para prevenir vômitos e consequentes aspirações de secreção;

Esmagamentos

Em caso de esmagamentos o controle do choque sistêmico constitui prioridade de tratamento;


devendo-se:
- Controlar o choque;
- Observar a presença de comprometimento renal;
- Imobilizar os grandes esmagamentos de parte mole;
- Elevar as extremidades para aliviar a pressão dos líquidos extravasados;
- Administrar medicações para dor e ansiedade prescritas,
- Encaminhar a cirurgia, observar presença de choques;
- Monitorar os sinais vitais do paciente;
- Administrar plasma e sangue prescritos;

Traumatismos Múltiplos

Em caso de traumatismos múltiplos, deve-se:


- Efetuar um exame físico simplificado, para determinar sangramento, parada respiratória, ou choque;
- Iniciar ressuscitação;
- Observar aspecto e assimetria da movimentação da parede torácica e padrão da respiração;
- Ventilar o paciente prevenindo a hipóxia;
- Introduzir cânula evitando orofaríngea evitando oclusão pela língua;
- Avaliar a função cardíaca;
- Puncionar veia calibrosa e iniciar administração de sangue, derivados e eletrólitos;
- Controlar a hemorragia;

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- Prevenir e tratar o choque hipovolêmico;
- Introduzir cateter uretral de demora, e monitorizar débito cardíaco;
- Avaliar presença de traumatismo de pescoço;
- Avaliar a presença de traumatismo de crânio;
- Imobilizar fraturas evitando traumatismo maior de partes moles;
- Preparar para laparotomia caso o paciente mostre sinais contínuos de hemorragias e piora;
- Mobilizar a cada hora o débito urinário;
- Administrar tratamento contra tétano.

Fraturas

Em caso de fraturas, deve-se:


- Dar imediata atenção ao estado geral do paciente;
- Avaliar presença de dificuldades respiratórias;
- Preparar para traqueostomia, caso necessário;
- Administrar sangue e hemoderivados e eletrólitos, prescrito;
- Manter controle de sinais vitais constantes;
- Avaliar déficits neurológicos;
- Administrar oxigenação prescrita;
- Aplicar curativo estéril em fratura exposta;
- Imobilizar antes de movimentar o paciente;
- Avaliar sinais de choque e hemorragias;
- Manusear a parte afetada o mínimo possível;
- Transportar o paciente com segurança;
- Administrar analgésicos prescritos.

Emergências de Temperatura

Podem levar à internação, causada por insuficiente mecanismo de regulação de calor. Aqui as pessoas
de riscos são aquelas que não estão acostumadas com o calor excessivo.
Para estes casos deve-se:
- Remover a roupa do paciente;
- Reduzir a temperatura central interna;
- Usar lençóis frios;
- Massagear o paciente promovendo a circulação e mantendo vasodilatação cutânea;
- Colocar aparelho de ventilação para resfriar o paciente;
- Monitorizar a temperatura do paciente de forma constante;
- Monitorizar cuidadosamente sinais vitais;
- Administrar oxigênio para suprir a as necessidades teciduais;
- Iniciar infusão prescrita;
- Medir o débito urinário a complicação da internação e a necrose tubular;
- Administrar tratamento de suporte prescritos: diuréticos, anticonvulsivante, potássio para
hipocalemia;
- Continuar a monitorização com ECG;
- Admitir o paciente em UTI, pois pode ocorrer lesão permanente do fígado;

Lesões pelo Frio

Essas lesões também são conhecidas eritema pernio, trata-se de um traumatismo recorrente a
exposição à baixas temperaturas que provoca um verdadeiro congelamento dos líquidos teciduais, das
células e dos espaços celulares.
O que fazer nestes casos:
- Não permitir que o paciente deambule, caso o eritema seja de extremidades;
- Remover as roupas para evitar compressão;
- Reaquecer as extremidades com calor rápido e controlado;
- Administrar profilaxia contra o tétano;
- Elevar a parte afetada para controlar o edema;
- Efetuar exame físico e restaurar o equilíbrio hidroeletrolítico;
- Proteger a parte aquecida e não estourar as bolhas que formarem;

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- Encorajar a mobilização.

Hipotermia

É um estado de temperatura interna de 35°, ou menos por exposição ao frio.


O que fazer nestes casos:
- Monitorar sinais vitais;
- Monitorar temperatura interna;
- Fazer um tratamento de suporte e reaquecimento.

Hipertermia

É caracterizada pelo aumento da temperatura normal corporal, superior a 39ºC. A hipertermia pode
fazer com que a pessoa sofra um colapso, perca a consciência e seja inclusive levada a morte.
Alguns sintomas: a temperatura corpórea central aumenta para mais de 40° C; a transpiração cessa;
a frequência cardíaca aumenta; a respiração se intensifica; ocorre confusão mental, tontura, náusea e dor
de cabeça.

Reação Anafilática

Se for na presença de edema glótico, deve-se:


- Fazer incisão na membrana cricotireóidea para liberar via aérea;
- Proceder respiração cardiorrespiratória;
- Administrar epinefrina prescrita;
- Iniciar infusão e medicamento para reversão de efeito;
- Avaliar e monitorar sinais vitais;
- Administrar oxigênio;
- Caso o paciente esteja com convulsões administre medicamento anticonvulsivante.

Envenenamento

O que fazer neste caso:


- Controlar vias áreas;
- Avaliar a função cardiovascular;
- Administrar oxigenoterapia;
- Monitorar débito cardíaco;
- Procurar determinar qual o veneno para estabelecer antídoto;
- Monitorar estado neurológico;
- Obter amostra de sangue para dosar a concentração do veneno;
- Puncionar veia calibrosa;
- Administrar tratamento de suporte;
- Monitorizar equilíbrio hidroeletrolítico;
- Realizar uma lavagem gástrica para paciente obnubilado;
- Monitorar e tratar complicações.

Queimaduras Químicas

O que fazer nestes casos:


- Lavar a pele com água corrente;
- Aplicar lavagens prolongadas com água morna;
- Caracterizar para tratamento correto verificar o tipo de substancia que causou o envenenamento;
- Fazer um tratamento adequado para queimadura.

Acidentes com Animais Peçonhentos

Nestes casos é preciso:


- Determinar se a cobra é venenosa ou não;
- Determinar o local e circunstâncias;
- Monitorar sinais vitais;

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- Proceder a tratamento de suporte antes de proceder a aplicação de soro;
- Solicitar exames laboratoriais;
- Não usar gelo torniquete ou heparina;
- Raramente indica-se a limpeza cirúrgica;
- Observar o paciente nas primeiras 6h, constantemente.

Intoxicação Alimentar

Nestes casos é preciso:


- Determinar a fonte da intoxicação;
- Presenciar sinais neurológicos;
- Dar suporte respiratório;
- Corrigir e controlar a hipoglicemia.

Intoxicação por Substâncias Químicas

O tratamento visa a retirada ou a recuperação dos efeitos agudos da substância. O atendimento deve
ser imediato.
O que fazer neste caso?
- Inicialmente devemos observar a maneira como a pessoa respira, seu pulso, pressão sanguínea e
temperatura.
- Importante também observar indicativos neurológicos incluindo itens como nível de consciência,
coordenação, linguagem e anormalidade dos olhos; observe se os olhos estão “virados”, opacos,
contraídos ou dilatados.
- Determinar a fonte da substância;
- Realizar monitoração dos sinais vitais;
- Presença de sinais neurológicos;
- Dar suporte respiratório.

Medidas de Ressuscitação em Emergência

As manobras de ressuscitação são medidas úteis de socorrismo em caráter de emergência. A


Associação Americana do Coração recomenda que qualquer pessoa inicie as compressões torácicas.
O que deve ser feito:
- Observar se a pessoa está consciente ou inconsciente, inicia-se as compressões torácicas e observa-
se a respiração.
- Chamar o socorro o mais rápido possível.
- Em caso de emergência intra-hospitalar, iniciar as compressões 30:2 (30 compressões por 2
ventilação), verificar pulso e expansibilidade torácica.
- Monitorar e administrar medicações conforme prescrição médica.

Afogamento

Asfixia provocada pela imersão em meio líquido. Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais
forte, inundação ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar.

Como se manifesta
- Agitação;
- Dificuldade respiratória;
- Inconsciência;
- Parada respiratória;
- Parada cardíaca.

Como proceder
- Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível (corda, boia, remo, etc.)
- Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se da vítima pelas costas, segure-a e
mantenha-a com a cabeça fora d'água (cuidado com o afogamento duplo);
- Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora d'água;
- Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido possível;

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- Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar ausência de pulso e midríase (pupilas
dilatadas);
- Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, estimulando a circulação;
- Aqueça a vítima;
- Remova a vítima para o hospital mais próximo.

Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado)

Este método é aplicado nos casos em que não se pode empregar o método boca-a-boca (traumatismos
graves de face, envenenamento por cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda cáustica, fenol e
outras substâncias cáusticas). O método silvestre permite não só o restabelecimento dos movimentos
respiratórios como os do coração.

Como proceder
- Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da língua e retirando corpos estranhos e
secreção;
- Coloque a vítima em decúbito dorsal;
- Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cobertor dobrado, casaco ou pilha de jornal,
inclinando sua cabeça para trás, provocando a hiperextensão do pescoço;
- Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e com os braços paralelos ao corpo;
- Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e para junto de suas pernas (rente ao
solo);
- Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cruzando-os sobre o peito (parte inferior
do externo 2 cm do processo xifóide);
- Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas;
- Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o método.

O Papel das Unidades de Urgência e Emergência no Sistema de Atenção à Saúde

No Brasil as Unidades de Urgência e Emergência, contrariando o que para elas havia sido planejado
tornaram-se, principalmente a partir da última década do século passado, as principais portas de entrada
no sistema de atenção à saúde, eleitas pela população como o melhor local para a obtenção de
diagnóstico e tratamento dos problemas de saúde, independentemente do nível de urgência e da
gravidade destas ocorrências.56
Com a universalização da atenção, garantida pela constituição de 1988, os contingentes populacionais,
até então sem nenhum tipo de cobertura, passaram a pressionar o sistema fazendo com que, tanto nas
pequenas cidades como nos grandes centros urbanos, os hospitais, através de suas Unidades de
Urgência e Emergência, recebessem o impacto direto desta nova demanda, que em outras circunstâncias
deveria destinar-se, prioritariamente ao atendimento ambulatorial, prestado na rede de postos de saúde,
nas policlínicas e nos hospitais.
São inúmeras as explicações para esta distorção, responsável em parte pela crescente queda de
qualidade do atendimento nos hospitais, sufocados que estão por uma demanda que não têm condições
financeiras, tecnológicas e espaciais de satisfazer. Enfrentando filas intermináveis a população que
depende da rede pública, encontra grandes dificuldades na marcação de consultas, inclusive nos postos
de saúde, idealizados para ser a principal porta de entrada no sistema de atenção à saúde.
A realidade demonstra que este sistema tem sido incapaz de oferecer atendimento adequado a nível
ambulatorial no diagnóstico e tratamento de ocorrências que exijam a presença de especialistas ou
exames de maior complexidade. Mesmo quando estes serviços estão disponíveis, os prazos de
atendimento oferecidos geralmente não se mostram compatíveis com a gravidade dos problemas ou
ainda com a paciência, quase inesgotável, dos que buscam tratamento.
Nestes aspectos concordamos inteiramente tanto com o diagnóstico de Cecílio ao colocar em dúvida
a adequação de um modelo de atenção idealizado para operar na forma de uma pirâmide, como com sua
proposta de diversificar as portas de entrada no sistema, que passaria a ter a forma de um círculo.
Infelizmente o drama das longas esperas não se esgota com a realização da primeira consulta, já que
na maioria dos casos são solicitados exames complementares que via de regra não estão disponíveis
nos postos de saúde, obrigando os pacientes a procurar unidades com maiores recursos de diagnóstico
e se sujeitar novamente a prazos de atendimento extremamente longos.

56
Ferrer, Mario Vaz. Toledo, Luiz Carlos. As Unidades de Urgência e Emergência, Primeiros Cuidados Projetuais.

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Outro agravante do sistema é o horário reduzido de funcionamento das unidades de menor porte da
rede de saúde, horário que coincide com a jornada de trabalho, dificultando sua utilização por grande
parte da população. Assim um grande número de pacientes prefere abrir mão do atendimento oferecido
nos postos de saúde, apesar de sua maior acessibilidade, para se dirigir às Unidades de Urgências e
Emergências que oferecem, em geral, atendimento de 24 horas, maior oferta de clínicas especializadas,
exames de maior complexidade e, caso necessário, a possibilidade de internação.
Esta distorção, entre inúmeras outras que afetam o modelo brasileiro de atenção à saúde, provoca
uma série de impactos no funcionamento das Unidades de Emergência que devem, necessariamente,
ser consideras pelo arquiteto já nas primeiras tarefas de programação e dimensionamento, prevendo, por
exemplo, um número maior de consultórios, para responder ao atendimento ambulatorial disfarçado que
nelas é prestado, um reforço no dimensionamento dos recursos de diagnóstico e uma maior permanência
dos pacientes após receber algum tipo de atenção.
A falta de atenção a esta realidade faz com que as salas de espera e as salas de observação sejam,
em geral, subdimensionadas, sendo fato corriqueiro a presença de pacientes e acompanhantes
amontoados nas salas de espera e nos corredores sem nenhum tipo de conforto e orientação. Nestas
condições os ambientes de observação deixam de atender às suas funções específicas, passando a
funcionar como verdadeiras unidades de internação.

Os Níveis de Complexidade do Atendimento57

As Unidades de Urgência prestam atendimento imediato em casos que, em princípio, não ofereçam
risco de vida, exigindo instalações e equipamentos mais simples, próprios de uma retaguarda de baixa e
média complexidade. As Unidades de Urgência / Emergência, por sua vez, são locais onde são praticados
além dos procedimentos de menor complexidade, característicos das situações de urgência,
procedimentos de maior complexidade, que podem oferecer risco de vida.
Estas unidades, diferentemente das Urgências devem operar com um nível elevado de resolutividade,
demandando uma retaguarda dotada de recursos de apoio ao diagnóstico (imagenologia, traçados
gráficos, laboratório de análises clínicas etc.), tratamento (centro cirúrgico, centro obstétrico e UTI’s),
observação e internação compatíveis com a complexidade dos procedimentos nelas praticados.
Dentre as diversas unidades funcionais que compõem o edifício hospitalar, as emergências são as que
mais necessitam de flexibilidade arquitetônica, já que seu modelo de funcionamento poderá sofrer
constantes mudanças, tanto pela incorporação de novas tecnologias como pela orientação dada por
diferentes equipes de saúde.
O dimensionamento, a sinalização e a localização destas áreas, externas à edificação, devem ser
cuidadosamente estudados, devido à necessidade de garantir aos usuários um rápido acesso ao hall de
entrada, fundamental nos casos que por sua gravidade exijam um atendimento imediato. A área de
manobra das ambulâncias deve ser dimensionada de modo a possibilitar que encostem de ré, facilitando
os procedimentos de desembarque dos pacientes. Deve-se prever uma área de desembarque coberta
para no mínimo duas ambulâncias.

Espaços de uma Unidade de Urgência/Emergência

Para que o projeto se desenvolva de forma consistente, todos os ambientes que irão compor as
unidades de urgência e emergência (assim como as demais unidades que integram o edifício hospitalar)
necessitam de uma série de cuidados projetuais, sem os quais a futura edificação não atenderá a contento
os serviços de assistência à saúde que ali serão prestados.
Com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre as necessidades projetuais desses ambientes,
apresenta-se, a seguir, alguns comentários sobre suas principais características funcionais. Os dados
relativos às áreas mínimas e as instalações necessárias a cada um dos ambientes analisados não foram
incluídos por serem facilmente encontrados nas tabelas de ambientes da RDC n°50/2002 (ANVISA,
2004). É importante notar que as diferentes composições destes ambientes irão, de certa forma,
determinar o perfil e a resolutividade da unidade projetada, caracterizando-a como Unidade de Urgência
ou de Emergência. Cabe, finalmente, observar que o conjunto apresentado não abrange todos os
ambientes de uma Unidade de Urgência ou de Emergência e, sim, aqueles que se consideram os mais
importantes, tanto sob o aspecto funcional como pelo fato de estarem presentes na grande maioria dessas
unidades.

57
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/programacao_arquitetonica_somasus_v1.pdf

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1513940 E-book gerado especialmente para WALLACE DA ROCHA ROSARIO
Halls de Entrada
Uma boa prática no projeto dos halls de acessos nas unidades de maior porte e complexidade é dotá-
las, sempre que possível de dois halls, interligados a uma mesma sala de espera. Um deles, denominado
Hall de Emergência, seria de uso exclusivo para os pacientes em estado grave, transportados por
ambulâncias ou outros veículos. Este hall deverá ser localizado de forma a possibilitar um acesso imediato
às salas de emergência e higienização, sem passar pela sala de espera.
Pelo segundo hall, denominado de Hall de Urgências devem adentrar os pacientes que chegam à
unidade deambulando, necessitando de pouca ou nenhuma ajuda de terceiros para acessarem à sala de
espera da unidade. Nos dois halls devem ser previstos balcões de informação e registro, estacionamentos
de macas e cadeiras de rodas, sanitários de público para adultos, crianças e portadores de deficiência. O
setor de polícia, a área para guarda de pertences e o setor de imprensa (eventualmente encontrado nas
grandes emergências) podem ser localizados apenas no hall por onde passam os pacientes em estado
grave (Hall de Emergências).
O balcão de recepção, onde é feita a admissão dos pacientes deve ser posicionado de forma a que
possa controlar simultaneamente os dois halls, que devem ser servidos por sanitários de público para
adultos de ambos os sexos, crianças e portadores de deficiências.
Uma boa solução consiste em localizar os sanitários na área coberta pela marquise de entrada de
forma a desafogar a sala de espera. Dependendo da solução arquitetônica encontrada o conjunto de
sanitários poderão marcar as diferentes entradas da unidade hospitalar, orientando o acesso do público.
A colocação dos sanitários, telefones públicos e até mesmo os bebedouros, nesta área possibilita uma
melhor distribuição das pessoas que muitas vezes permanecem nas proximidades dos halls de entrada
que passam a funcionar como uma extensão natural das salas de espera. Na área coberta pelas
marquises, que protegem o desembarque dos pacientes, deve-se prever espaços para guarda de macas
e cadeiras de rodas.

Salas de Espera
Em geral, contíguas aos halls de entrada, as áreas de espera são ambientes extremamente
importantes para a humanização do acolhimento dos pacientes e de seus acompanhantes. Nessas áreas
devem ser instalados aparelhos de TV, utilizados tanto para distrair como para fornecer informações
importantes sobre o funcionamento da unidade, cuidados com a saúde e, até mesmo, como é feito nos
hospitais da Rede SARAH, para fazer a chamada dos pacientes.
As áreas de espera podem ainda ser utilizadas para dar início ao processo de triagem, reduzindo o
período em que o paciente aguarda o primeiro atendimento e agilizando seu encaminhamento. A
arquitetura dos interiores destas áreas é extremamente importante, na medida em que o conforto térmico
e acústico, a disposição do mobiliário, as cores, os materiais de revestimento, a presença de plantas
ornamentais etc, podem contribuir tanto para a diminuição do stress dos que aguardam atendimento,
como para organizá-lo.
Com este objetivo, por exemplo, adotou-se cores diferentes nas cadeiras reservadas para os pacientes
que, já tendo sido atendidos, permanecem na sala de espera aguardando os resultados dos exames,
facilitando à equipe de saúde o reconhecimento daqueles que ainda aguardam atendimento.
A recepção infantil deve ser separada da de adultos e projetada com ambientação compatível com
esta faixa etária, tendo em vista não só uma maior humanização do ambiente hospitalar como a agilização
do processo de triagem e encaminhamento dos pacientes. Sempre que possível os pacientes da terceira
idade deverão receber os mesmos cuidados.
Como os pacientes e acompanhantes podem permanecer um longo período na sala de espera, é
conveniente que as cadeiras sejam confortáveis, resistentes, comportem pessoas obesas, tenham alturas
de assentos compatíveis e braços para permitir que pacientes possam levantar-se com facilidade.

Sala de Higienização
Geralmente localizada em área contígua ao hall de emergências, esta sala é utilizada para higienizar
os pacientes que, segundo o critério da equipe de saúde, necessitem até mesmo de um banho antes do
início do primeiro procedimento. Nesta sala devem ser previstas as facilidades necessárias para que a
higienização possa ser feita inclusive com o paciente sobre maca ou cadeira de roda. A sala deve ser
dotada de lavatório, chuveiro, chuveiro manual, maca especial para banho e cuba de despejo. Em
algumas unidades de emergência, no Rio de Janeiro, a sala de higienização, durante algum tempo, foi
localizada fora do edifício hospitalar, junto à área de manobra das ambulâncias, de forma a que os
pacientes pudessem ser higienizados antes mesmo de adentrarem a unidade. Independentemente da
existência deste ambiente devem ser previstas facilidades para higienização de pacientes em estado
grave na própria sala de emergência (politrauma).

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Sala de Triagem e de Consulta de Enfermagem
O objetivo da sala de triagem é dar maior eficiência ao atendimento, efetuando uma primeira avaliação
do paciente, para somente então encaminhá-lo às áreas de diagnóstico e tratamento. Esta avaliação pode
ser feita pela equipe médica, ou eventualmente pela de enfermagem.
A consulta de enfermagem, por sua vez, tem como objetivo agilizar o atendimento, através da
diminuição do tempo da consulta médica, cuidando a equipe de enfermagem de levantar as primeiras
informações do sobre o paciente, anotando seus dados antropomórficos, tomando sua temperatura e
tirando sua pressão arterial.
A existência de salas de triagem e a realização de consultas de enfermagem dependerão do modelo
de atendimento adotado pela direção da unidade, que poderá optar por efetuar os procedimentos de
triagem em outros ambientes da edificação (salas de espera, consultórios indiferenciados e, até mesmo,
nos halls de acesso), assim como descartar a realização das consultas de enfermagem, alegando que a
diminuição do tempo de consulta médica não é desejável quando se busca um melhor acolhimento do
paciente.
As consultas de enfermagem são mais comuns em unidades ambulatoriais, onde o tempo de espera
pela consulta médica não é tão crítico. Quando realizadas em unidades de emergência, este tipo de
consulta contribui para retardar o contato do paciente com a equipe médica, o que não se coaduna com
os procedimentos nelas praticados. A adoção crescente da consulta de enfermagem nas unidades de
emergência deve-se, em parte, ao atendimento ambulatorial disfarçado que, cada vez mais, vem sendo
praticado nessas unidades.

Posto de Enfermagem Central


Além dos postos de enfermagens exclusivos das salas de observação a unidade de emergência deve
ser dotada de um posto de enfermagem central, que além de exercer uma atividade de controle de todo
o funcionamento da unidade apoia, com o serviço de enfermagem, os diferentes atendimentos realizados
na unidade.
Para exercer de forma adequada estas funções a localização do posto de enfermagem central deve
ser cuidadosamente estudada de forma a proporcionar uma visão o mais ampla possível da unidade,
facilitando o controle das diferentes tarefas e o acesso da equipe de saúde. A correta disposição e o
dimensionamento das partes que integram o posto de enfermagem são cuidados importantes para
otimizar seu funcionamento.
Podemos considerar que o posto de enfermagem divide-se em três partes principais:
- A área onde se localiza o serviço de enfermagem, dotada de banca e cuba de lavagem;
- A área de prescrição;
- A área onde se localiza o balcão de atendimento.

Materiais e Equipamentos para Sala de Emergência

As salas de emergência dispõem de materiais e equipamentos básicos podendo variar com alguns
centros de especialidades, dentre os materiais básicos estão:
- Monitor cardíaco;
- Eletrocardiógrafo;
- Respirador mecânico;
- Bomba de infusão
- Cama fowler
- Carro de emergência;
- Material para intubação endotraqueal: Adulto/ infantil/ neonatal;
- Oxímetro de pulso;
- Conjunto de nebulização em máscara;

Conjunto padronizado de beira de leito:


- termômetro;
- esfigmomanômetro;
- estetoscópio;
- ambú com máscara.

Cilindros de oxigênio (transporte)


- ventilador para transporte;
- aspirador de secreções;

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- negatoscópio;
- otoscópio;
- máscara venturi com diferentes concentrações de gases;

Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvulas reguladoras de pressão e pontos de vácuo
para cada leito.
-capacete para oxigenioterapia (pediátrico e neonatal);
-incubadora para transporte Fototerapia.

Bandejas para Procedimentos:


- Intracath;
- drenagem de tórax;
- pequena cirurgia;
- curativos;
- flebotomia;
- punção lombar;
- cateterismo vesical;
- intubação endotraqueal: Adulto / infantil/ neonatal.

Carrinho de Emergência

Medicamentos:
- Adrenalina 1mg/ml;
- Amiodarona;
- Aminofilina;
- Atropina 0,5mg/ml;
- Bicarbonato de sódio 8,4%;
- Cedilanide;
- Dopamina 50mg;
- Glicose 50% (20ml);
- Glicose 25% (20ml);
- Gluconato de cálcio 10%;
- Furosemida 10mg/ml;
- Noradrenalina 1mg/ml;
- Solucortef 100 mg e 500 mg;
- Água destilada 10ml;
- Xylocaína 2% s/a;
- Solução fisiológica 0,9%;
- Solução glicosada 5%;
- Solução glicosada 10%;

Materiais:
- Seringas de 5ml,10ml e 20ml;
- Jelco números: 18,20,22 e 24;
- Equipos macrogotas e microgotas;
- Equipo polifix;
- Luvas de procedimentos;
- Luvas cirúrgicas;
- Micropore e esparadrapo;
- Scalp 19 e 21;
- Gazes;
- Tábua para massagem cardíaca;
- Laringoscópio e lâminas curvas e retas;
- Pilhas novas;
- Xylocaína gel;
- Cateter de aspiração;
- Sondas endotraqueais 7,5; 8,0 ;8,5 e 9,0;
- Sondas endotraqueais infantis;
- Cadarço;

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- Cânulas de guedell adulto e infantil;
- Ambú adulto e infantil;
- Eletrodos;
- Agulhas 40x12;
- Agulhas 25x7;
- Agulhas 25x8;
- Agulhas 13x4,5.

Observações:
É muito importante a conferência do carrinho de emergência em cada plantão.
Reponha imediatamente os materiais ou medicamentos que estiverem faltando.
Somente utilize esses materiais em casos de emergência.
Cada hospital deve se adequar conforme suas necessidades, essa é uma lista de materiais,
equipamentos e medicamentos básicos, podendo ser modificado seguindo as necessidades de
cada local.

Emergência em Saúde Pública e Rede CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância


em Saúde)

Inspirado nas experiências internacionais existentes na sede da OMS em Genebra e nos centros do
Canadá e dos Estados Unidos da América, o Ministério da Saúde inaugurou o Centro de Informações
Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), na Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), em 2006.
Desde o início, o projeto foi amplamente debatido com representantes dos Estados e Municípios e
rapidamente adotado e incorporado às estruturas de vigilância das Secretarias de Saúde de todos os
Estados, das capitais e de alguns municípios estratégicos (pontos de entrada, polos e sedes de
regionais).58
Atualmente os CIEVS compõem a Rede Nacional de Alerta e Resposta às Emergências em Saúde
Pública, que conta com 57 centros ativos em todo o Brasil, sendo: 26 Estados, 1 no Distrito Federal, em
todas as 26 capitais, e em quatro municípios estratégicos. Além das unidades físicas, algumas Secretarias
Estaduais de Saúde estabeleceram profissionais de saúde em regionais ou outros municípios prioritários
para atuar como Pontos Focais do CIEVS Estadual em cada Regional de Saúde, atuando como sentinelas
para eventos em saúde pública e ampliando a capacidade de detecção precoce de emergências. Estes
centros estão integrados por tecnologia de informação e comunicação que permite a resposta
coordenada.
“A estratégia CIEVS é fundamental para estabelecer a resposta coordenada a todo tipo de emergência
em saúde pública, como surtos em comunidades, epidemias nacionais e internacionais, desastres e
outras emergências em saúde pública. O CIEVS é uma referência na área de resposta às emergências
em saúde pública, assim com o SAMU é para os acidentes. Funcionando 24 horas por dia durante todo
o ano, os CIEVS estão sempre de prontidão para receber a notificação de surtos e emergências em saúde
pública e mobilizar toda a capacidade de resposta no âmbito da gestão correspondente, Município, Estado
ou Governo Federal”, explica o Secretário Nacional de Vigilância em Saúde, Antônio Nardi.

Detecção
Onde há CIEVS implantado, há disponível número de telefone e e-mail institucional para a notificação
imediata de doenças, agravos e eventos de saúde pública. Em municípios que não possuam a estratégia
CIEVS, a Secretaria de Saúde do Estado disponibiliza os meios de notificação do CIEVS Estadual de
modo complementar, principalmente no período noturno, feriados e finais de semana. Procure a secretaria
de saúde de seu município ou estado para se informar dos meios para notificação de emergências em
saúde pública.

Monitoramento
“Cada vez mais os serviços de vigilância em todo o mundo utilizam fontes não oficiais (jornais
eletrônicos, redes sociais etc.) para ampliar a capacidade de predição de surtos e outras emergências
em saúde pública. Recentemente, por meio da estratégia de Vigilância Participativa por meio de
dispositivos móveis (smartphones e tablets), vários países tem incorporado a participação social no intuito
de envolver o cidadão no reconhecimento e proteção à saúde de sua comunidade. Isso é o que há de

58 http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/noticias-svs/20492-os-cievs-sao-referencias-nacionais-na-deteccao-e-na-
resposta-as-emergencias-em-saude-publica

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mais moderno em vigilância e na busca para evitar ao máximo a ocorrência de casos grave e óbitos”,
comenta o coordenador-geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública da
SVS, Wanderson Kleber.
“A organização do CIEVS representou uma inovação importante no modelo de atuação da vigilância
em saúde pública, com a criação de capacidade de monitoramento contínuo de diversas fontes de
rumores e informações, ao lado da capacidade de resposta rápida nas situações que exigem”, ressalta o
diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da SVS, CláudioMaierovitch.

Eventos de massa
Nos últimos anos, o Brasil tornou-se referência internacional na preparação e realização de eventos
que concentram milhares de pessoas de várias partes do país e do mundo, denominados. “Eventos de
Massa”. Também nessa área, os CIEVS estão sendo protagonistas nas ações de gestão e vigilância.
Recentemente, o CIEVS de Palmas, do Estado do Tocantins e o Nacional atuaram de modo articulado
no monitoramento integrado da primeira edição dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas. Também estão
trabalhando nas ações de vigilância para o Revezamento da Tocha Olímpica e realização dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos em 2016.

Emergência neonatais e pediátricas

Na grande maioria das emergências que chegam em hospitais, são da área pediátrica. Por isso
precisamos estar atentos com nossas crianças, para prevenção de acidentes ou riscos e agravos que a
criança pré-dispõe.

Corpos estranhos nas vias aéreas superiores


Os corpos estranhos das vias aéreas superiores são os que produzem, geralmente, quadro mais
alarmantes. Pode suceder nos casos de corpos estranhos múltiplos. Somente a administração rápida de
oxigênio, seguida de broncoscopia, poderá salvar estas crianças.

Obstrução de vias aéreas por corpos estranhos


- Perguntar à vítima consciente: Você está engasgado?
- Se a vítima acenar positivamente com a cabeça
- Abrir vias aéreas
- Inspecionar a boca e remover objetos, se houver
- Não elevar a língua e mandíbula
- Não realizar varredura digital às cegas
- Se vítima consciente: manobra de Heimlich
- Se vítima inconsciente: RCP sem compressões abdominais.
- Manobra de desobstrução das VAS
- Manobra de Heimlich
- Manobra de desobstrução das VAS

O médico deve recorrer, sempre que possa, ao auxílio dos Raios X. Se confirmado, a conduta será
sempre manter a criança em repouso, se possível em jejum ou com alimentação líquida, até que o
broncoscopista possa selecionar o material adequado e retirar o corpo estranho por via endoscópica. Na
grande maioria das vezes, os corpos estranhos podem ser retirados das vias aéreas por meio da
laringoscopia e broncoscopia.

Apresentação clínica e diagnóstico


Auriculares
Nasais
Esofágicos
Laríngeos e traqueais
Brônquicos

Suporte de vida em pediatria


Manobras de RCP
C – Circulação (Circulation)
A – Abertura das vias aéreas (Airway)
B – Respiração (Breathing)

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Sequência do CAB
RCP em crianças (1-8 anos)
RCP em crianças desta idade é similar aos adultos, a compressão e ventilação é também 30:2. Há no
entanto 3 diferenças.
1) Se você estiver sozinho deve executar RCP durante dois minutos antes de ligar 192.
2) Use uma só mão para efetuar as compressões torácicas.
3) Pressione o esterno e faça-o baixar 2 a 3 centímetros (1/3 do seu diâmetro).

Suporte básico de vida em pediatria


Se o lactente (0-12 meses) ou a criança maior de (1-8 anos) não responde e você está sozinho, comece
a RCP imediatamente. Continue por um minuto e então chame por socorro.

Trauma
É uma das principais causas de morte nos pacientes pediátricos.
Mais comuns: Crânio-encefálico, tórax, abdômen e raquimedular

Abertura de vias aéreas no trauma


Fontes do Trauma
Infante (1-12 meses): queimaduras, uso indevido de equipamentos, quedas do berço.
1ª infância (1-3 anos): queda de altura, acidentes em brinquedos, envenenamentos (ingestão de
substâncias tóxicas).
Pré-escolar e escolar (4-12 anos): atropelamentos, acidentes com bicicletas, acidentes na prática de
esportes.
Adolescentes (13-18 anos): acidentes em veículos motorizados, em bicicletas, em práticas esportivas,
ferimentos por armas.

Traumatismo crânio-encefálico
Resultante, quase sempre, de quedas, acidentes automobilísticos ou agressões físicas. São
frequentes as hemorragias intracranianas, provocadas por ruptura de vasos. Alguns ferimentos, como
fraturas com “afundamento”, fraturas abertas, hemorragias epidurais e subdurais, indicam sempre
intervenção cirúrgica. A avaliação neurológica da criança pode ser feita através da escala de Coma de
Glasgow modificada.

Traumatismo torácico
Mais frequente na pré-infância e idade escolar, com o aparecimento de contusões pulmonares,
rupturas de brônquios, fraturas de costelas e lesões de esôfago (mais ocasionalmente).

Choque hipovolêmico
O volume sanguíneo normal, em uma criança, é cerca de 8 a 9% do seu peso total, ou 80 a 90 ml/Kg.
O choque hipovolêmico ocorre quando há uma perda de 40% ou mais desse volume. Com perdas
menores, de 25 a 40% aparecem sinais e sintomas do choque. Uma criança em choque hipovolêmico
apresenta-se hipotensa, bradicárdica, comatosa, pálida e com a pele fria, com acentuada queda do
volume urinário.

Parada cárdio-respiratória
Raramente é um evento primário em crianças; geralmente é secundária á hipóxia causada pela parada
respiratória.
Ventilação/respiração
Circulação
Desfibrilação

Sala de atendimento de emergência


- Recebimento da criança, com a imediata acomodação na mesa de exames e retirada de toda a roupa
e outros objetos pessoais. Avaliação concomitante das condições neurológicas: alerta, respondendo ou
não a estímulos verbais e dolorosos, inconsciente.
- Ventilação com máscara e ambu: aspirações de secreções orais.
- Massagem cardíaca externa se for o caso.
- Infantes: 100 compressões/minuto.
- Crianças maiores: 80-100 compressões/minutos.

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- Monitorização cardíaca e estabelecimento de uma via de acesso venosa, com coleta de sangue para
exames laboratoriais.
- Oferta de material para a intubação endotraqueal e fixação do tubo.
- Passagem de sonda nasogástrica.
- Administração de drogas e soluções.
- Controle de pulsos carotídeos, femorais e braquiais.
- Apresentação de material para procedimentos médicos invasivos: dissecção de veia, drenagem de
tórax, cateter em subclávia etc.
- Estabilização de fraturas e proteção a ferimentos.
- Cateterismo vesical de demora.
- Controle da temperatura.
- Apresentação de material para a desfibrilação, se necessário (ajuste da carga elétrica).
- Registro de traçados eletrocardiográficos.
- Apresentação e instalação, com o médico, do aparelho para a ventilação mecânica.
- Anotações de enfermagem. Preparo da criança para a transferência: UTI ou sala de repouso e
observação.

Emergências Psiquiátricas

São quaisquer alterações nos pensamentos, sentimentos ou comportamentos para as quais se faz
necessário atendimento rápido por representar risco significativo para pacientes ou para outras pessoas.
O paciente pode estar em crise devido alguma doença física (como por exemplo, hemorragia cerebral),
secundária à substâncias (por exemplo álcool, cocaína), ou decorrente de doença mental (mania,
esquizofrenia).
As emergências psiquiátricas incidem igualmente em homens e mulheres, pessoas solteiras ou
casadas; cerca de 20% dos pacientes que procuram o hospital por condição psiquiátrica de emergência
são suicidas e 10% são violentos. Os diagnósticos mais comuns envolvem depressão e mania,
esquizofrenia, dependência de álcool e mais atualmente, dependência de crack. Cerca de 40% dos
pacientes atendidos em emergências psiquiátricas necessitam de internação.

Crise convulsiva
Como agir diante de uma crise convulsiva.
O corpo sofre contrações musculares intensas e involuntárias. A pessoa se debate, pode ficar cianótica
(arroxeada), lábios e dentes ficam cerrados e há salivação excessiva. Na maioria das vezes, ocorre perda
de consciência.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), até 10% da população mundial tem, ao
menos, uma convulsão durante toda sua vida.
Diante de uma situação como essa, esqueça o que diz a crença popular e jamais tente abrir a boca de
alguém que esteja tendo uma convulsão. “A mandíbula é muito forte. A orientação é virar a pessoa de
lado para que ela não aspire saliva”, alerta Gisele Sampaio Silva, gerente médica do Programa Einstein
de Neurologia. Essa posição evita que a língua obstrua a passagem do ar e também que a pessoa se
engasgue.
A coloração arroxeada é resultado da forte contração dos músculos respiratórios. “Em alguns casos,
a pessoa pode gritar, também resultado dessa contração. Colocar a mão na boca não vai resolver e quem
está ajudando ainda corre o risco de se machucar seriamente”, explica Dra Gisele.
Outra medida importante é tirar a pessoa de perigo. Para isso, coloque-a deitada no chão, mantenha-
a afastada de objetos cortantes e móveis, e, se possível, retire colares e óculos e proteja a cabeça com
uma almofada, travesseiro ou algo macio. Não jogue água no rosto da pessoa.
As crises em geral duram cerca de dois minutos, mas podem se estender por até cinco. “Se o tempo
for superior a esse, acione uma ambulância ou leve a pessoa a um hospital. A crise convulsiva é sintoma
de uma condição neurológica aguda ou de epilepsia e deve ser abordada como urgência médica em
quem nunca a teve”, aconselha Luis Otávio Caboclo, coordenador médico do setor de Neurofisiologia
Clínica do Einstein.
Quando a crise termina, é normal haver sonolência, dor de cabeça e confusão mental. Esse estado,
chamado de pós-ictal, pode durar de uma a duas horas. Nesse período, é interessante o repouso e evitar
dar de comer ou beber à pessoa, pois os movimentos ainda podem estar descoordenados.

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Epilepsia
Nem toda crise convulsiva, ao contrário do que muitos pacientes acreditam, é sintoma de epilepsia.
Outros fatores como febre alta, tumor cerebral, hipoglicemia, acidente vascular cerebral (AVC), meningite,
intoxicação, traumatismo crânio encefálico, reações adversas a medicamentos e abuso de drogas ou
álcool podem ocasionar uma crise.
A convulsão só caracteriza um quadro de epilepsia caso se repita por mais de duas vezes. Essa
doença é um distúrbio neurológico crônico que afeta pessoas de todas as idades. A estimativa da OMS
é que 50 milhões de pessoas em todo o mundo tenham a doença. A crise acontece quando há uma falha
nos impulsos elétricos do cérebro.
Quando um tumor ou uma lesão cerebral é responsável pelos episódios convulsivos dá-se o nome de
epilepsia sintomática ou secundária. Entretanto, o tipo mais comum – que afeta seis em cada dez pessoas
com o problema – é a chamada idiopática, quando os motivos que levam à crise são desconhecidos.
As crises epilépticas podem ser parciais (focais) ou generalizadas. A primeira é provocada por
alterações em qualquer parte do cérebro e, por isso, pode apresentar sintomas diversos, que vão desde
o formigamento ou náusea até ouvir barulhos estranhos ou sentir cheiros diferentes. As crises parciais
podem, em sua evolução, ter generalização. Nesse caso, definem-se as crises secundariamente
generalizadas.
A crise generalizada é a mais conhecida da população e envolve todo o cérebro e os sintomas são a
inconsciência e as contrações musculares involuntárias e bruscas.
“Essa distinção é muito importante, porque as drogas antiepilépticas usadas para tratar crises focais e
crises generalizadas normalmente são diferentes. No caso de uma crise secundariamente generalizada,
a escolha deve ser por uma droga para tratar crises focais, uma vez que a crise efetivamente começa
focal, e só depois se torna generalizada”, explica Dr. Luis Otávio Caboclo.
A epilepsia aumenta em até três vezes o risco de morte prematura. Esse aumento deve-se a uma série
de fatores, incluindo complicações de crises prolongadas, coexistência de doenças associadas e
acidentes relacionados às crises (como afogamento, por exemplo). “E, ainda, devido a uma condição
denominada Sudep (do inglês “sudden unexplained death in epilepsy patients” – morte súbita não
explicada em pessoas com epilepsia) que, como o nome já diz, define situações de morte súbita em
pacientes com epilepsia, aparentemente não ligada à ocorrência de crises”, esclarece o neurologista.
http://www.einstein.br/

Crise Hipertensiva

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um grave problema de saúde pública em nosso país, não só
pela elevada prevalência — 20% da população adulta — como também pela acentuada parcela não
diagnosticada ou não tratada adequadamente. Atualmente ela é definida como uma elevação da pressão
arterial diastólica (PD) acima de 89 mmHg e/ou pressão sistólica (PS) acima de 139 mmHg, em pelo
menos duas consultas consecutivas1. A classificação atual de pressão arterial (PA) substitui os termos
“leve, moderada e severa”, antes utilizados para quantificar a hipertensão, por estágios que variam de 1
a 3.

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Ocorre uma elevação abrupta e severa da pressão arterial, geralmente com pressão diastólica acima
de 120 mmHg3‘4. Entretanto, mais importante que o nível absoluto da PA, é a ocorrência ou não de lesão
aguda e progressiva em órgão-alvo.
A crise hipertensiva em duas situações distintas :emergência hipertensiva: Quando há lesão aguda em
andamento de órgão-alvo5. Nestes casos, faz-se necessário o controle imediato da PA, em minutos a
horas, para preservar a vida ou a função de órgãos vitais, preferindo-se o manuseio com drogas
parenterais em unidade de tratamento intensivo
Em outras situações, chamadas de urgências hipertensivas, há necessidade de controle urgente, mas
não imediato da PA, que poderá ser feito em até 24 horas, com uso de droga por via oral5.

A hipertensão acelerada ocorre com PD geralmente acima de 130 mmHg e caracteriza-se pela
presença de exsudatos e hemorragias no exame de fundo de olho. Quando, além dos achados descritos,
encontramos a presença de papiledema, denominamos hipertensão maligna. Atualmente essas duas
situações são consideradas em conjunto, por apresentarem prognóstico semelhante. Na ausência de
lesão aguda e grave em órgão-alvo, são classificadas como urgência hipertensiva5.

Avaliação Clínica
Uma rápida, mas cuidadosa, anamnese deve ser realizada no sentido de distinguir emergências de
urgências hipertensivas. Devem-se identificar fatores precipitantes, evidência de lesão aguda em órgão-
alvo, obter informações sobre antecedentes de hipertensão arterial (duração, severidade, níveis de
controle), medicações utilizadas e lesões de órgão-alvo pré-existentes.
Breve exame físico deve ser feito, com ênfase para exame de fundo de olho, procura de sinais de
insuficiência cardíaca, dissecção de aorta ou disfunção neurológica. A pressão arterial deve ser medida
nas posições supina e de pé.
A rotina inicial de exames complementares deve incluir ECG, RX de tórax, urinanálise, hemograma,
ureia, creatinina, glicemia e eletrólitos.
Qualquer evidência de dano agudo em órgão-alvo deve orientar para o diagnóstico de emergência
hipertensiva (figura 1). Nesses casos deve-se proceder a monitorização cardíaca, acesso venoso e
terapia imediata com droga intravenosa, na maioria das vezes. O paciente deve ser internado, preferindo-
se o manuseio em CTÍ.

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Drogas para o Manuseio da Crise Hipertensiva
A tabela) mostra as principais drogas utilizadas em nosso meio para o controle da pressão arterial nas
crises hipertensivas.

Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio


Algumas vezes as síndromes coronarianas se acompanham de severa elevação da pressão arterial,
possivelmente devido a um reflexo iniciado no miocárdio isquêmico. Essa elevação na resistência
vascular sistêmica provoca aumento da demanda de oxigênio miocárdico, devido ao aumento da tensão
parietal do ventrículo esquerdo. Nitratos intravenosos reduzem a resistência sistêmica, melhoram a
perfusão coronariana e possuem importante efeito venodilatador sistêmico, reduzindo a pré-carga e o
consumo de oxigênio miocárdico. A nitroglicerina intravenosa é a droga de escolha, associada a agentes
betabloqueadores3‘4. Mann e col19 e Flaherty20 demonstraram um aumento no fluxo regional distai a uma
obstrução coronariana severa, após a administração de nitroglicerina. O mesmo não ocorreu com o
nitroprussiato de sódio, provavelmente devido a um mecanismo de roubo de fluxo causado pela
vasodilatação generalizada dos vasos coronarianos de resistência.

Insuficiência Ventricular Esquerda


Elevação severa da resistência vascular sistêmica freqüentemente precipita insuficiência ventricular
esquerda. O nitroprussiato de sódio, associado à morfina e a diurético, é a droga de escolha, por reduzir
tanto a pré quanto a pós-carga5. Uma opção satisfatória seria o uso de nitroglicerina intravenosa, que
apesar de ser um vasodilatador arterial menos potente, é um importante venodilatador, reduzindo com
eficiência a pré-carga.

Dissecção de Aorta
A presença de dissecção de aorta deve ser suspeitada em todo paciente que se apresente com
elevação severa da pressão arterial e com dor no peito, costas ou abdome. A dor é severa, lancinante,
de instalação súbita e pode migrar no sentido da progressão da dissecção. Ecocardiografia e tomografia
computadorizada são úteis no diagnóstico, porém a aortografia é necessária para o diagnóstico definitivo.
O tratamento na sala de emergência baseia-se na rápida redução da PAe da força de cizalhamento sobre

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a parede aórtica (redução da relação entre variação de pressão [dp] e variação de tempo [dt]). O objetivo
é atingir a menor pressão arterial possível, sem prejudicar a perfusão tecidual. Geralmente procura-se
manter a pressão sistólica entre 100 e 120 mmHg com PAM abaixo de 80 mmHg, num período de 15 a
30 minutos. O tratamento clássico é nitroprussiato de sódio associado a um betabloqueador intravenoso.
Recentemente tem-se preconizado uso de labetalol por via endovenosa como droga de escolha na
dissecção aguda de aorta11.

Manuseio da Crise Hipertensiva

O uso de drogas, como cocaína, “craque”, anfetaminas e ácido lisérgico dietilamida (LSD), pode
precipitar uma crise hipertensiva. Sua frequência vem aumentando nos últimos anos. Quando
complicadas por convulsão, acidente vascular cerebral, encefalopatia ou infarto agudo do miocárdio
devem ser consideradas como emergência hipertensiva. São geralmente responsivas a labetalol,
fentoíamina e nitroprussiato de sódio.
Crise hipertensiva induzida por metoclopramida foi relatada em indivíduos normotensos e em pacientes
com feocromocitoma. O mecanismo envolvido não é conhecido. Outras drogas como eritropoietina e
ciclosporina também podem causar crise hipertensiva.
A queixa de cefaleia e o diagnóstico de HAS são condições comórbidas frequentes nas salas de
emergência, que comumente estão presentes sem uma relação direta de causa e efeito. Apenas a
cefaleia occipital, de ocorrência matinal, mostrou-se relacionada à HAS.
Portanto indivíduos que procuram a sala de emergência em estágio 2 ou 3 de hipertensão arterial, sem
lesão em órgão-alvo, com queixas in específicas, muitas vezes não relacionadas à elevação da PA, não
devem ser rotulados como portadores de crise hipertensiva e requerem controle ambulatorial da PA,
evitando, assim, um tratamento desnecessário e potencialmente danoso. Nenhuma tentativa de redução
brusca da PA deve ser tentada2122. Devem ser medicados com sintomáticos e orientados a procurar seu
médico assistente num período de 24 h para que o regime terapêutico possa ser reajustado, caso se faça
necessário.

Telefones públicos de emergência: prontos-socorros, polícias militar e civil, corpo de


bombeiros.

Listamos os principais números úteis e de emergência nacionais. Fique atento a finalidade de cada um
para não errar durante a ligação:

SAMU: 192
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência - SAMU (pronto-socorro). O SAMU é o serviço médico
brasileiro utilizado em caso de emergências médicas. Para utilizá-lo, basta ligar para 192 e explicar o tipo
de emergência para acionar o serviço.

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Policia Militar: 190
O 190 é um serviço de emergência da Polícia Militar que atende aos cidadãos em casos de riscos,
ameaças contra a vida, denúncias de roubos, atentados e proteção pública. Pode ser acionado de
telefones fixos e celulares.

Polícia Civil: 197


Para denúncias de porte de arma, drogas, tráfico, roubos, assaltos, assassinatos, sequestros, etc.

Corpo de Bombeiros: 193


As consequências da maioria dos acidentes domésticos ou na rua podem ser amenizadas com o
socorro imediato do Corpo de Bombeiros. O Disque Bombeiros atende a incêndios, acidentes com
animais, vazamentos de gás, produtos químico e causas naturais como alagamento e queimadas. Confira
aqui um caso de atuação do Corpo de Bombeiros em vistoria por Brasília.

Postos de Saúde e Hospitais:


O 192 é um serviço de atendimento pré-hospitalar de urgência e emergência. Você pode acionar o
serviço através de telefones sem utilizar fichas ou cartão.

O que você deve saber antes de ligar para o 192:


1 - o que aconteceu com o paciente;
2 - endereço - rua, avenida, número, bairro e referência do local da ocorrência;
3 - dados do paciente, como nome, idade e sexo;
4 - o número do telefone de onde você está ligando.
O 192 atende apenas situações de emergências médicas. Não dê trote! Você poderá retardar e
prejudicar seriamente outra pessoa que esteja em risco de vida.

ATENÇÃO !!!
Chame o socorro pelo número 192.
Caso o paciente seja socorrido por outros meios, ligue cancelando o pedido.

Caro leitor o assunto edema agudo de pulmão foi abordado no tópico ENFERMAGEM MÉDICO-
CIRÚRGICA: ABORDAGEM AMBULATORIAL E HOSPITALAR: Atuação do técnico de
enfermagem na assistência aos pacientes com alterações dos sistemas digestivo,
cardiovascular, respiratório, renal, geniturinário, endócrino, ortopédico, hematológico e doenças
transmissíveis.

Questões

01. (IFC/SC – Enfermeiro – IESES) Urgência, caso clínico, consulta e emergência são palavras
comuns do vocabulário de um enfermeiro. Saber distinguir e classificar os casos é essencial para a
profissão. Hemorragias, parada respiratória e parada cardíaca são casos de:
(A) Urgência.
(B) Emergência.
(C) Consulta.
(D) Clínico.

02. (EBSERH - Técnico em Enfermagem - INSTITUTO AOCP) Em relação à urgência e emergência,


assinale a alternativa correta.
(A) A urgência é classificada como todo caso em que há ameaça iminente à vida, sofrimento intenso
ou risco de lesão permanente, havendo necessidade de tratamento médico imediato.
(B) A emergência é uma situação que requer assistência rápida, no menor tempo possível, a fim de
evitar complicações e sofrimento.
(C) Checar a segurança da cena do acidente, antes de socorrer uma vítima de atropelamento que está
em risco de morte, é um detalhe dispensável.
(D) São exemplos de urgência: dores abdominais agudas, cólicas renais, fraturas seguidas de
hemorragias volumosas.
(E) Alguns exemplos de emergências são a parada cardiorrespiratória, hemorragias volumosas e
infartos que podem levar a danos irreversíveis e até ao óbito.

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03. Emergência está caracterizada quando há uma situação crítica ou algo iminente, com ocorrência
de perigo; incidente; imprevisto.
( ) Certo ( ) Errado

04. (TRE/AM - Técnico Judiciário - IBFC) De acordo com o Ministério da Saúde, o termo urgência
consiste:
(A) Em uma situação que não caracteriza atendimento imediato, podendo o paciente permanecer até
6 horas na sala de espera.
(B) Na constatação médica de condições de agravo à saúde que impliquem risco iminente de vida ou
sofrimento intenso, exigindo portanto, tratamento médico imediato.
(C) Na ocorrência imprevista de agravo à saúde, com ou sem risco potencial à vida, cujo portador
necessita de assistência médica imediata.
(D) Na ocorrência prevista de agravo à saúde exclusivamente sem risco potencial à vida, cujo portador
não necessita de assistência médica imediata.

05. (PRF – Polícia Rodoviária Federal – FUNRIO) Que números de telefones de utilidade pública
correspondem, respectivamente aos telefones de emergência da Polícia Militar, Ambulância e Corpo de
Bombeiros?
(A) 190, 193 e 194
(B) 190. 191 e 192
(C) 191, 192 e 194
(D) 190, 192 e 193
(E) 191, 193 e 194

06. (Prefeitura de Cachoeirinha - Guarda Municipal - FUNDATEC) Segundo a referida Cartilha, na


maioria das regiões do Brasil, dentre os serviços e os telefones que poderão ser acionados, em caso de
acidente de trânsito, estão:
I. Resgate do Corpo de Bombeiros – telefone 193, nos casos em que houver vítimas presas às
ferragens.
II. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU – telefone 192, em qualquer tipo de acidente.
III. Policia Militar – telefone 190, nos locais onde não houver serviços próprios de socorro.

Quais estão corretas?


(A) Apenas I.
(B) Apenas II.
(C) Apenas III.
(D) Apenas II e III.
(E) I, II e III.

Gabarito

01.B. / 02.E. / 03.Certo / 04.C / 05.D /06.E

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