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1ª aula CARDIOLOGIA

Aula dia 09/08/2017


 PRINCIPAIS ASPECTOS DA SEMIOLOGIA CARDÍACA
- O que devemos saber bem na cardiologia?
-Fazer uma boa anamnese
-Fazer bem o diagnóstico diferencial das cardiopatias comuns em doenças
-Exames complementares
- eletrocardiograma (principal)
 ANAMNESE E EXAME FÍSICO DO PACIENTE CARDIOPATA
Aspectos principais: os pilares da avaliação clínica sempre são – anamnese + exame físico + exames
complementares (menos importantes) . Na cardiologia, apesar de ter muitos exames complementares, a
maioria dos casos são diagnosticados através de uma boa anamnese e um bom exame físico.
1- ANAMNESE
A primeira importância da anamnese é estabelecer uma boa relação médico-paciente.
E é na anamnese que se deve começar a pensar nas possibilidades diagnósticas do paciente, qual doença ele
tá apresentando. E não só pensar nas hipóteses, mas também no tratamento. Muitas vezes, dados da
anamnese vão te ajudar a saber qual melhor tratamento para aquele paciente.
Ex: às vezes o médico vai dar um remédio para um paciente hipertenso, faz toda a anamnese e na hora de
fazer o tratamento, o paciente se recusa a tomar tal medicamento, porque já tomou e se sentiu péssimo, teve
efeito colateral e nisso a relação médico-paciente acabou, pois o paciente vai achar que és o pior médico do
mundo por passar justamente o remédio que ele tinha achado péssimo. Isso aconteceu porque na anamnese
não se perguntou quais os remédios que ele já tinha tomado e quais tinham dado efeito colateral. Então muitas
vezes a anamnese vai te ajudar na escolha do tratamento, não só no diagnóstico.
PRINCIPAIS SINTOMAS DA CARDIOLOGIA QUE SERÃO AVALIADOS NA ANAMNESE
1- DOR TORÁCICA
2- PALPITAÇÕES
3- DISPNEIA
4- SÍNCOPE

DOR TORÁCICA
Principal sintoma é dor torácica. Num consultório de cardiologia, 70% dos pacientes vão com dor Torácica.
As vezes o paciente chega com dor, mas não tem relação cardíaca. Por isso uma boa anamnese vai ser
fundamental para diferenciar se a dor é cardiovascular ou não. E mesmo se a dor for cardiovascular, tem que
ver se foi uma dor isquêmica, ou seja, se ela foi causada por isquemia cardíaca (diminuição do fluxo sanguíneo
no miocárdio) ou se é uma causa não-isquêmica, como pericardite (doença da aorta que pode causar dor
cardiovascular) e entre as dores não-cardiovasculares, tem somente a chamada dor visceral. Pulmão pode
dor, esôfago pode dor e causar dor torácica, que muitas vezes confunde com dor cardíaca.
 Dor não-visceral - Dor osteomuscular. Na parede do tórax, tem músculo, cartilagem, ossos, tudo isso
pode dor também e confundir com infarto.
Até mesmo num ambulatório, com um clinico geral e uma boa anamnese é possível descartar vários casos que
achavam q era infarto, angina, sem necessidade de encaminhar para um cardiologista.
A dor torácica cardiovascular mais conhecida é a da isquemia ou isquêmica. A isquêmica pode ser aguda ou
crônica. A não-isquêmica pode ser pericárdica ou aórtica.
Na maioria das vezes, se inicia tendo que diferenciar se a dor torácica é isquêmica ou não, e a principal
preocupação do paciente é se a dor é angina ou infarto.
É preciso caracterizar muito bem na anamnese a Angina pectoris (é a dor torácica causada por isquemia
miocárdica, causada por diminuição do fluxo sanguíneo ao miocárdio). É preciso descrever muito bem essa
dor, pra saber se é angina ou não
7 CARACTERÍSTICAS DA DOR TORÁCICA:

1- Qualidade da dor (tipo)


N dor clássica da isquemia miocárdica, angina pectoris, o paciente descreve como uma dor em aperto, dor em
peso, dor apreensiva, dor apertando, em peso comprimindo o tórax.
Muitas vezes o paciente descreve como uma dor em pontada, dor em queimação, mas isso seria um quadro
mais atípico e portanto, deve-se pensar em outras coisas.
 A dor típica da angina é a dor em aperto.
Muitas vezes o paciente faz o sinal de Levine  (imagem)
2- Localização
3- Irradiação
Geralmente é uma dor retroesternal, ou já mais para o lado esquerdo, que seria
a dor precordial que classicamente irradia para o membro superior esquerdo –
MSE (a face medial do MSE é mais comum que na face lateral). Ela pode irradiar
também para os ombros, para a região epigástrica e para região do pescoço e
mandíbula.
Dificilmente a dor da angina vai abaixo da região umbilical e acima da mandíbula.
Se for muito além dessas áreas, começa a pensar em outras coisas.
4- Sintomas associados
É fundamental descrever o que o paciente sente junto com a dor:
 Dispneia
 Palpitações
 Tontura, até sincope.
 Sudorese
 Náuseas e vômitos

5- Duração da dor
A dor às vezes dura 1 segundo, a “pontadinha” dura 1 segundo, possível dor isquêmica
“ah! a dor tá durando faz 7 dias, doendo o peito” neste caso, paciente “não tá infartando há 7 dias”.
Há 7 dias, o que tinha de célula miocárdica pra morrer pela isquemia, já morreram, porque célula morta não dói
mais. Dor de 7 dias já é uma dor mais osteomuscular, paciente já tem uma distensão muscular. Saber a duração
da dor é muito importante, ela não pode ser muito curta e nem muito longa. Inclusive, a duração da dor vai
ajudar a esclarecer em casos de quadro crônico, que é aquele paciente que tem uma obstrução coronariana
mais ela não é tão grave ao ponto de dar dor em repouso, geralmente o paciente só tem dor quando faz esforço
físico, sobe uma ladeira, tem dor. Quando ele para de fazer o esforço físico ele tem dor, e não sobe mais a
ladeira, ele para 2 a 3 minutos vai melhorar a dor, essa é chamada angina estável, é quadro crônico. A duração
da dor vai ser de no máximo 5-10 minutos.
No quadro agudo, a obstrução coronariana é grave, essa dor pode durar de 30 minutos à horas.
A duração da dor vai ajudar tanto na diferenciação do quadro isquêmico, quanto se é quadro agudo ou crônico.
6- Fatores desencadeantes
É muito comum na angina, o fator desencadeante ser o esforço físico, como já foi dito. Fortes emoções podem
causar dor, às vezes a alimentação piora o fluxo sanguíneo, desvia todo para o trato gastrointestinal, na
digestão ‘daquela feijoada’ então o fluxo sanguíneo vai diminuir para o coração e o paciente pode ter angina.
7- Fatores de alívio
É muito importante descrever isso na anamnese. Perguntar: “ O que você faz para melhora a dor?” “Ah! Quando
paro o esforço físico, melhora na hora”-............ É angina mesmo!!
.”eu tomo remédio e melhora”(perguntar o que toma) (isordil, dinitrato de isossorbida). No caso, se tem dor e
melhora com medicação específica para dor cardíaca então deve ser dor cardíaca mesmo.
Essas 7 características se apresentam na angina clássica, e o aluno tem que perceber na anamnese do
paciente.
ANGINA - CLASSIFICAÇÃO
Depois de tudo isso e você já sabe que é um angina, é preciso classificar essa angina de acordo com o grau
de esforço que o paciente pode ter para apresentar a angina. De acordo com a Sociedade Canadense de
Cardiologia, a dor pode ser:
 Classe funcional I - aos grandes esforços
 Classe funcional II -aos médios esforços
 Classe funcional III -aos pequenos esforços
 Classe funcional IV - ao repouso- (mais grave)
A dor torácica pode ter outras etiologias, como as cardiovascular não-isquêmica. Um exemplo comum é a dor
pericárdica, que é uma causa importante do diagnóstico diferencial pra dor da angina. As vezes o paciente tá
tendo uma pericardite aguda e não um infarto. Essa dor vai ser retroesternal (como no infarto) mas ela vai ser
ventilatório-dependente. Lá naqueles fatores desencadeantes o paciente vai falar que “piora quando respira”, e
por isso pode não ser um infarto mas sim, uma pericardite. O paciente pode dizer, como fator desencadeante,
que “ao deitar, piora a dor”. Pode dizer também que a “dor melhora quando se curva para frente”.
O que acontece na pericardite? Quando a pessoa deita, as duas lâminas do pericárdio se encostam uma na
outra, e estando inflamadas elas doem. Quando a pessoa se curva para frente, as lâminas tendem a se separar
um pouquinho. Então é bem característica da dor pericárdica a chamada posição genupeitoral (paciente
curvado para frente que melhora a dor – fator de alivio - anamnese).
Outra dor torácica de origem cardiovascular é a dor de origem aórtica. Existe a chamada dissecção aórtica que
é uma lâmina de sangue que sai dissecando a aorta (“dissecar” na anatomia é separar duas estruturas), o fluxo
de sangue vai separando duas estruturas da parede da aorta, chamada íntima da camada média (isso dói
muito, lembra que tá separando ‘sem anestesia’) é uma dor de início súbito, de grande intensidade que pode
confundir com infarto por ser retroesternal, só que ela tem uma irradiação muito maior que aquela do infarto,
ela pode irradiar para pescoço, ombro, até para membros inferiores. Muitas vezes a irradiação é mais ampla
que no infarto (isso é fator de diferenciação).
PALPITAÇÃO
Outro diagnostico menos comum é a Palpitação, que é a percepção incômoda dos batimentos cardíacos. A
maioria de nós não tá sentindo o coração bater agora, quando se percebe os batimentos e isso é incômodo é
chamado palpitação. Geralmente é associado à arritmia cardíaca (alteração do ritmo cardíaco).
Na anamnese tem que listar: modo de início e o término, se inicia subitamente ou é progressivo e o termino
também, se é súbito ou vai melhorando aos poucos. Quais os sintomas associados, se tem dor torácica,
síncope, dispneia e qual o fator desencadeante.
DISPNEIA
Outro sintoma importante na cardiologia. É o sintoma mais frequente na insuficiência cardíaca. Dispneia é a
sensação consciente e desagradável do ato de respirar. Normalmente não se percebe que estamos respirando,
mas se tem essa sensação consciente é chamado dispneia. Ela pode ser subjetiva, que é quando o paciente
diz que tá com dispneia, mas o médico não percebe. E a dispneia objetiva é quando o médico tá vendo que o
paciente tá dispneico.
Pode ter causas cardíacas, é muito comum, mas também pulmonares (será vista na pneumo, vai ser importante
saber para diferenciar-pneumonia, DPOC...) e alterações sistêmicas; problema de tireoide; anemia que dão
dispneia também. A anamnese e o exame físico são importantes para diferenciar essas causas.
Os tipos mais comuns de dispneia na cardiologia é a dispneia aos esforços . Nos quadros mais graves ele
começa a ter dispneia mesmo em repouso, logo que ele deita pra dormir ele tem dispneia, é chamada
ortopneia. Existe a dispneia paroxística noturna, que é quando o paciente deita pra dormir, ele não tem
dispneia ele dorme mas ele é acordado no meio da noite com uma sensação de desconforto.
Nos quadros ainda mais graves tem a dispneia de cheyne-stokes.
 O que causa cheyne-stokes? E qual mecanismo? ↓
-Há uma troca tardia entre o oxigênio e o dióxido de carbono, o cérebro percebe tardiamente. Quando ele
percebe e responde tardiamente, o paciente vai ter um aumento de CO2 e vai aumentando cada vez mais
porque o nosso cérebro vai demorar pra perceber esse aumento. Quando aumenta o CO2 qual a resposta do
organismo? Fazer hiperpneia, então ele vai “lavar” o CO2, vai diminuir o CO2, e a concentração sanguínea vai
ficar quase zero, só que ele vai perceber tardiamente. Vai tá com pouco CO2, quando ele perceber ele vai parar
de respirar, fazer apneia. Então são ciclo de hiperpneia e apneia. Isso pode ser causado por insuficiência
cardíaca ou doença neurológica mesmo.
o (Classificação funcional New York Heart Association)
A insuficiência cardíaca também tem uma classificação funcional. Dividido também em classes funcionais,
aumentando progressivamente a gravidade do paciente.
 Classificação funcional I: Sem limitações para as atividades cotidianas
Paciente assintomático, sem limitação nenhum
 Classificação funcional II: Discreta limitação para as atividades cotidianas
Nesse o paciente só tem dispneia nos médios ou grandes esforços.
 Classificação funcional III: Significativa limitação para as atividades habituais
Aos pequenos esforços. Paciente “vai lá na porta”; “sai daqui vai para o banheiro” e ele já tá dispneico.
 Classificação funcional IV:
Incapaz de qualquer atividade sem desconforto. Dispneia em repouso.
Esse aqui vai ser fundamental caracterizar na cardiologia, para o prognostico do paciente, vai dar pra definir se
vai ser mais grave ou não. O tratamento também vai depender da classe funcional. De acordo com a classe
funcional, o médico vai dar tal remédio ou não.
SÍNCOPE
 Perda súbita e transitória da consciência
 Recuperação espontânea
 Causada por perfusão cerebral inadequada
Quando não tem a perda da consciência é chamado pré-síncope ou lipotimia (Aquele paciente que tem a tontura
mais não tem perda da consciência).
As causas podem ser cardíacas: arritmia, hipotensão arterial, disfunção miocárdica, tamponamento pericárdico
e doenças vasculares.
É importante descrever bem o evento: o que ele tava fazendo/sentiu antes do evento, o que aconteceu durante
o episodio, se ele tava convulsionando, como foi que ele acordou, com ou sem confusão mental. Muitas vezes
paciente com quadro neurológico acorda com confusão mental. Em quadros cardíacos geralmente acorda como
se nada tivesse acontecido.
Portanto a descrição do antes, durante e depois do evento vai ser fundamental para o diagnostico diferencial.
....Outros sintomas:
EDEMA
Edema que vai tá presente no exame físico, mas pode ser um sintoma, o paciente pode falar que tem edema,
então se questiona quanto tempo, como começou.
CIANOSE.
É exame físico mais paciente também pode relatar.
TOSSE
Pode tá presenta na cardiopatia
HEMOPTISE
FADIGA
Às vezes paciente fala de cansaço, você confunde com dispneia. É preciso diferenciar muito bem, pois o
cansaço do paciente pode ser uma fadiga, falta de ânimo e não dispneia.
EXAME FÍSICO DO APARELHO CARDIOVASCULAR
 Pressão arterial, pulsos arteriais, turgência de jugular e exame especifico do coração.

 PRESSÃO ARTERIAL
Tem que ser medida de forma criteriosa e metódica para se ter bons resultados. E a descrição da metodologia
da Sociedade Brasileira de Cardiologia é:
Deixar o paciente em repouso por 5 minutos, posicionar adequadamente o paciente, preferencialmente sentado,
com membros superiores estendidos, na altura do coração, relaxado. Selecionar e posicionar o manguito. Se o
paciente for obeso tem que ter cuidado. Crianças também tem manguito com outro tamanho. O manguito tem
que tá pelo menos 2 centímetros acima da borda do cotovelo. Posicionamento é fundamental.
Primeiro vai estimar a pressão arterial sistólica pelo pulso radial. Primeiro coloca o manguito, palpa o pulso
radial e vai insuflar o manguito até sumir o pulso radial, quando sumir, inflar mais uns 20 – 30 mmHg acima do
pulso radial, e então vai fazer uma deflação lenta. Vai chegar um momento que o pulso radial vai voltar, quando
voltar você vai olhando no manômetro e vai ser a pressão arterial sistólica do paciente, a primeira etapa. Quando
já se sabe a pressão sistólica, suponhamos que seja 120. Vai fazendo uma deflação lenta, então você vai
confirmar a pressão sistólica quando chegar na fase 1 de korotkoff, pelo aparecimento do som. Ele vai ter 5
fases do som de korotkoff
A fase 1 será a pressão sistólica, depois esses sons podem se tornar mais suaves na fase II, depois se tornam
mais intensos e podem ter uma diminuição de intensidade. Você Pode não perceber muito bem essas
diferenças, tem que prestar muita atenção e depois ele vai desaparecer, é na fase 5 que vai determinar a
pressão arterial diastólica.
I- aparecimento dos sons
II- sons mais suaves
III- sons mais intensos
IV- diminui intensidade
V- desaparecimento
PULSOS ARTERIAIS.
Análise de pulso também é importante para ver em um paciente cardiopata. Vai ter que analisar o estado da
parede, se tá muito dura, arteriosclerose. Quando ver num paciente idoso, a artéria braquial do paciente, você
pega, a artéria está dura, cheia de arteriosclerose.
FREQUÊNCIA CARDÍACA
A medida do pulso arterial é fundamental, muitas vezes tem a chamada déficit de pulso. O que é isso? Você
conta a frequência cardíaca na ausculta e é 100 e no pulso é 90. Então tem um déficit. Tem que ser igual. Se
não tiver, pode o paciente ter uma arritmia, pode tá com insuficiência cardíaca. Então ele tá tendo batimento
cardíaco mais não tá se refletindo no pulso radial. Alguma coisa está acontecendo, pode ser insuficiência, pode
ser diminuição da força de contração, arritmias.
RITMO
Precisa detectar o ritmo. Se tiver muito desregular, você já pode dar o diagnóstico de arritmia cardíaca.
AMPLITUDE
Amplitude pode ser aumentada e forte, com amplitude aumentada ou bem fraquinho. E isso vai diferenciar
alguns tipos de ondas que podem ter.
TIPOS DE ONDA

 Onda normal : amplitude e duração normal


 Parvus et tardus: existe o chamado pulso parvus et tarvus. ele tem a amplitude
diminuída e a duração aumentada. Pulso fininho. Esse tipo de pulso pode ser
causado por estenose aórtica.
 Pulso Martelo d’água: Amplitude aumentada. O que causa? Insuficiência aórtica.
 Pulso bífido – insuficiência cardíaca, estenose.
 Pulso alternante - pulso fraco e pulso forte. Insuficiência cárdica pode dar
também.
 Pulso paradoxal – existe essa alternância, mas ela é bem relacionada com a
respiração do paciente. Na expiração, pulso aumenta. Na inspiração, pulso
diminui. O que pode causar? Doenças pericárdicas.
Outro aspecto importante na avaliação do paciente cardiopatia.
Turgência de jugular
Variação da turgência de jugular. Inicialmente paciente em 45 graus, e você vai quantificar quantos centímetros
de turgência de jugular.
Pulso venoso-

EXAME DO CORAÇÃO PROPRIAMENTE DITO


 Inspeção, palpação e ausculta

 Na inspeção: pesquisa de abaulamentos na parede do tórax. Obs: abaulamentos causados pelo


coração geralmente são causados por cardiomegalias. Uma doença que causou um aumento cardíaco
após a infância, quando a caixa torácica já tá toda fechada, não vai provocar abaulamento no tórax. Já
um aumento da área cardíaca que ocorrer durante a infância, quando a caixa não tá bem formada, pode
ter o abaulamento. Então só isso já serve para diferenciar se a doença apareceu quando criança ou
adulto.

ICTUS CORDIS.
Tanto na inspeção quanto na palpação, o ictus cordis pode ser visível e palpável e ele pode ser invisível e
impalpável ou ele pode ser invisível e palpável
É possível sentir na palpação as bulhas do paciente, sentir o batimento cardíaco e pesquisa de frêmitos, um
sopro cardíaco que tem presença de frêmitos indica um sopro de maior intensidade e você sente.
 Localização: Descrever a localização do ictus cordis é fundamental. A localização normal é na 5ªlinha
hemiclavicular, pode ser dois centímetros lateral, dois centímetros medial. Fora isso você vai ver um
desvio do ictus cordis para esquerda, 4 centímetro da linha hemiclavicular, o que seria uma
cardiomegalia.

 Extensão: mais ou menos duas polpas digitais. Mais que isso – cardiomegalia.
 Intensidade – você consegue palpar. Um ictus cordis propulsivo, é comum na hipertrofia miocárdica.
 Mobilidade - O ictus cordis tem que ter uma mobilidade, normalmente você analisa o paciente na
posição de decúbito dorsal e você à direita do paciente, então você deve virar o paciente em decúbito
lateral esquerdo e perceber que esse ictus tem que mudar de lugar, se ele não mudar alguma coisa tá
prendendo o coração dentro da caixa torácica, pode ser um pericárdio calcificado restringindo o
movimento do coração na caixa torácica. Palpando o ictus cordis você pode também analisar a
frequência cardíaca. É fundamental descrever bem essas características.

AUSCULTA CARDÍACA
Focos da ausculta cardíaca:
Foco aórtico: 2º espaço intercostal direito junto ao esterno
Foco mitral: 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular (corresponde ao ictus cordis)
Foco pulmonar: 2º espaço intercostal esquerdo junto ao esterno
Foco aórtico acessório: 3º e 4º espaço intercostal esquerdo
Foco tricúspide: Base do apêndice xifoide ligeiramente à esquerda.
ESTETOSCÓPIO
 Campânula
 Diafragma
Primeira coisa que vamos auscultar é a bulha cardíaca. Normalmente se espera que tenha a primeira e segunda
bulha cardíaca. Primeira bulha-fechamento das átrios ventriculares (mitral e tricúspide) e segunda bulha-
fechamento das semilunares (aórtica e pulmonar).
Conselho: na pratica “gaste/ganhe” tempo na ausculta
tentando descobrir qual é a primeira e a segunda bulha,
mesmo que tenha outros sons, primeiro se concentre em
identificar as bulhas. Se tiver com dúvida, pega o pulso no
paciente, geralmente a primeira bulha vem junto com o
pulso, a primeira bulha é o famoso som TUM, som mais
longo, depois vem a segunda bulha que é o TÁ. Depois que
identificar essas, aí que se vai prestar atenção nos outros
sons.........
No paciente que tem cardiopatia, é possível ter presença
de terceira ou quarta bulha. Para isso é importante lembrar
da fisiologia, nas fases da diástole.
Para fazer o exame físico da ausculta cardíaca é preciso
saber o ciclo cardíaco
Relembrando: Na sístole o coração contrai, tem a fase de
pré-ejeção, fase de ejeção ventricular. Contraiu é a sístole.
Abriu a valva aórtica, terminou a sístole começa a diástole.
A primeira fase da diástole, fechou a valva aórtica, tem um
tempinho, antes da entrada de sangue do átrio, esse
tempinho na primeira fase da diástole é chamado Tempo
de relaxamento isovolumétrico. O ventrículo relaxa, mas não muda o volume, porque ainda não entrou sangue
no ventrículo. A diferença de pressão entre o átrio e o ventrículo tá aumentando. O átrio tem muita pressão, no
ventrículo tá diminuído. Essa diferença de pressão abre a válvula mitral, aí sim o sangue vai para o ventrículo,
fase de enchimento ventricular rápido. A diferença de pressão começa a diminuir, fase de enchimento
ventricular lento, que já não tem muita diferença de pressão e a última fase da diástole, quando a diferença de
pressão tá quase igual, quase já não entra mais sangue, mas ainda tem muito sangue lá no átrio pra entrar ai
o átrio contrai, no final da diástole ventricular. Contração atrial, quarta fase da diástole.
~Enchimento ventricular rápido, enchimento ventricular lento, contração atrial~
Explicação do ciclo cardíaco (volume x pressão) :(Guyton) ↓

Primeira bulha, é a sístole ventricular. Sangue sai pra aorta e fecha a válvula mitral.
Na diástole fecha a valva aorta e a mitral ainda tá fechada. É a segunda bulha. Tempo de Relaxamento
isovolumétrico
Imaginem que esse coração na sístole não conseguiu ejetar todo o sangue, continua o volume sistólico residual,
tem muito sangue no ventrículo, aí na fase da diástole quando ocorrer o enchimento ventricular rápido ele vai
encontrar dificuldade por que tem sangue acumulado da outra sístole que não foi eficaz então ele vai dar um
estiramento da parede ventricular e vai gerar um som que é a terceira bulha. Vai ser logo depois da segunda
bulha, no início da diástole na fase de enchimento ventricular rápido TUM TÁ TÁ – TUM TÁ TÁ – é o ritmo de
galope ventricular, que é a terceira bulha, que você vai auscultar melhor com a campânula do estetoscópio.
Então na insuficiência cardíaca vai ser comum escutar a terceira bulha pela dificuldade de entrada de sangue
na fase de enchimento ventricular rápido.
E se tiver entrada normal de sangue nas primeiras fases da diástole e lá na contração atrial, esse ventrículo tá
hipertrófico, tem muito músculo cardíaco, lá o final da diástole não vai ter muito espaço pra entrar sangue e o
átrio ainda tá cheio de sangue, então o átrio na hora de contrair, encontra uma resistência, uma complacência
menor, isso também vai causar um estiramento da parede ventrículo gerando um outro som que é a quarta
bulha no final da diástole. A terceira bulha é logo depois da segunda, TUM TA TÁ e a quarta bulha é antes da
primeira bulha, confunde até com o desdobramento da segunda bulha TRUM TÁ – TRUM TÁ.
SOPROS CARDÍACO
Diferenciar bem os sopros, vê a localização, se ele tá mais audível se irradia pra a linha axilar, se irradia pro
pescoço. Intensidade – uma; duas; três cruz. Situação no ciclo se é sistólico, diastólico.
 Intensidade
1 Cruz: Ouvido com dificuldade
2 Cruzes: facilmente audível mas não é tão alto
3 Cruzes: Som alto, sem frêmitos – intensidade moderada
4 Cruzes: Alto, com frêmitos.
5 Cruzes: Tem frêmito. Basta colocar uma parte do estetoscópio e já tá ouvindo.
6 Cruzes: Não precisa nem encostar o estetoscópio já está ouvindo

Situação no ciclo: Se é sistólico, de ejeção, regurgitação. Se é diastólico, se é contínuo


O sopro sistólico pode ser holossistólico (quando pega toda a sístole) ou mesossitólico, só pega uma parte da
sístole
Pode descrever se o diastólico é mesodiastólico, se ele é diastólico com reforço pré-sistólico. Se vai
decrescendo.
O continuo pode ser diastólico e sistólico
VALVOPATIAS
Importante relembrar cada sopro de cada
valvopatia.
Sopro da estenose aórtica. A explicação está no
ciclo cardíaco. A válvula mitral aberta, a aórtica
tá fechada. Terminou a diástole fecha a valva
mitral, ventrículo começa a contrair, fecha a
valva mitral, dá um tempinho, da contração
isovolumétrica, contraiu, fez a primeira bulha
porque fechou a mitral TUM TA TUM. Não abriu
a valva aórtica ainda, então não tem sopro de
estenose aórtica, porque esse sopro só vai
surgir quando passar sangue pela valva aórtica
aberta. Vai ter um tempinho entre a primeira
bulha e o início do sopro e por isso vai ser um
sopro mesossistólico, pelo tempo de contração
isovolumétrica.
Sopro da estenose aórtica- mesossistólico
Insuficiência mitral - sopro sistólico. Na sístole a válvula mitral precisa fechar, não pode deixar refluir, logo que
começa a sístole, já vai começar o sopro da insuficiência mitral por não fechar adequadamente. Então o sopro
da insuficiência mitral começa junto com a primeira bulha, por isso é holossistólico.
Estenose mitral – sopro diastólico. É na sístole que o sangue tem que passar dos átrios para os ventrículos. Na
estenose ele passa com dificuldade e esse sopro é chamado ruflar diastólico, tipo um “ruflar de tambores”.
Muitas vezes vai ter um reforço pré-sistólico. O que causa esse reforço? aumento da intensidade do sopro no
final da diástole. A contração atrial pode provocar um reforço pré-sistólico na estenose mitral.
Revisando:
Estenose aórtica -sopro sistólico
Insuficiência mitral- sistólico
Estenose mitral – sopro diastólico
Insuficiência aórtica - diastólico

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