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DOR TORÁCICA - Gabriel Bess e Lucas Dalenogare

Dor torácica é um sintoma amplo que varia desde situações de baixo risco até
situações de risco grave, portanto é necessária a investigação e abordagem imediata
desse paciente.

A dor torácica pode ser classificada entre AGUDA e CRÔNICA ou entre causas
CARDÍACAS e NÃO CARDÍACAS. As causas cardíacas ainda podem ser subdivididas
em isquêmicas e não isquêmicas.

Causas da dor torácica:


Causas cardíacas isquêmicas:

- É necessário entender que dor torácica e angina não são a mesma coisa. Angina
é uma “dor no peito” relacionada à isquemia. Ou seja, toda angina é uma dor torácica,
mas nem toda dor torácica é uma angina.

Podemos ainda classificar a dor torácica em 4 tipos:

 DOR ANGINOSA TÍPICA- necessita 3 dessas características:


- Dor retroesternal/precordial (sinal de Levine) que irradia para MSE e
região mais à esquerda da mandíbula
- Em aperto/queimação/opressão
- Desencadeada por estresse ou exercício
- Melhora com repouso ou nitrato
- Início gradual
 DOR PROVAVELMENTE ANGINOSA OU ATÍPICA- necessita 2
características típicas
 DOR PROVAVELMENTE NÃO ANGINOSA- apenas 1 característica
 DOR NÃO ANGINOSA- não fecha nenhum critério

Um paciente com dor anginosa aguda é necessário investigar SÍNDROME


CORONARIANA AGUDA

Causas Musculoesqueléticas:

- Principais causas:
Primárias: Costocondrite (inflamação das cartilagens que ligam as costelas ao
esterno); Síndrome de Tietze, Artrite Reumatoide, Fibromialgia.

Secundárias: Neoplasias, artrite séptica e osteoporose.

 Na costocondrite a dor é difusa à palpação das cartilagens costais, SEM


EDEMA, localizada, com piora relacionado à respiração profunda e tosse
 Na Síndrome de Tietze (é benigna) ocorre processo inflamatório da junção
costocondral, ou seja, diferencia-se da costocondrite pela apresentação de
EDEMA.

As dores torácicas de origem musculoesqueléticas normalmente são bem localizadas,


desencadeada pela compressão de um ponto, dura de horas a dias e frequentemente
surge em respiração profunda.

Causas gastroesofágicas

As causas mais comuns de dor torácica com essa origem são Doença do Refluxo
Gastroesofágico, espasmo esofágico e esofagites.

A DRGE é a causa mais prevalente de dor torácica não cardíaca. É uma dor retroesternal
também, porém é associada a pirose, regurgitação, disfagia, com característica pós
prandial e aliviada com ingestão de antiácidos.

O espasmo esofágico é associado a disfagia

Úlceras pépticas também podem apresentar dor referida em região subesternal ou


retroesternal e ocorrem após refeição, e melhoram com uso de antiácidos.

Gases também podem ocasionar dor em pontadas fortes que desaparecem e retornam
principalmente quando a pessoa pressiona o abdome ao se movimentar. Ocorre devido a
dilatação do estômago e esôfago, atingindo nervos.

Causas cardíacas não isquêmicas:

- Podem estar relacionadas com dissecção aguda de aorta, doença valvular


(raramente tem dor), inflamação do miocárdio ou pericárdio ou atividade adrenérgica
exacerbada;

- Dissecção aguda de aorta: A dissecção aórtica aguda – DAA - é um evento em


que há uma súbita ruptura da camada média da aorta, permitindo que o sangue penetre
entre as camadas médias da artéria, dissecando uma da outra, criando um espaço
denominado de falsa luz. incidência de 3/100.000 pacientes/ano, sendo normalmente
mais comuns em homens a partir da sétima década de vida. HAS é principal fator de
risco para ocorrência.

- HDA: dor intensa, terebrante, aguda, de pico máximo no início, na região


anterior do tórax anterior e posterior, podendo irradiar para pescoço e mandíbula.
Lembrar que alguns pacientes não apresentam a sintomatologia característica.

- EF: assimetria de pulsos e de pressão, sopro de regurgitação aórtico, sinais de


insuficiência cardíaca e má perfusão tecidual. Diagnóstico por arteriografia ou
ecocardiograma;

Valvulopatias: Lesões das válvulas mitral e aórtica, cursam raramente com dor
torácica. Diante angina progressiva, dispneia ou síncope se considera estenose aórtica.
Exame físico revela pulsos parvus e tardus, ictus sustentado, e sopros característicos.
ECG pode detectar hipertrofia ventricular esquerda. Dor torácica na estenose mitral é
rara, quando ocorre tem relação com hipertensão pulmonar, hipertrofia do ventrículo
direito ou dilatação atrial importante;

Pericardite: dor usualmente pleurítica, presença de atrito pericárdico à ausculta.


Dor típica súbita, em fincada ou opressiva, em tórax anterior, ventilatório-dependente,
que piora com a posição assentada. Pode irradiar principalmente para a região do
trapézio;

Miocardite: pode se associar com sintomatologia cardíaca e sistêmica, como


febre e mialgia. Dor decorre de pericardite com suas características. Podem estar
presentes características clínicas e eletrocardiográficas de evento coronariano
isquêmico;

Causas pulmonares:

- Dor de origem pulmonar está relacionada com alterações dos vasos ou do


parênquima pulmonar e do tecido pleural. As alterações em vasos também podem se
manifestar (ex. TEP e hipertensão pulmonar). Em geral de início agudo.
- Alterações do parênquima relacionadas a: infecções, câncer, doenças crônicas e
sarcoidose. Ocorre em 30% dos casos de pneumonia e dificilmente ocorre de maneira
isolada em câncer e sarcoidose. Associada com febre, tosse e dispneia. Dor no
pneumotórax espontâneo geralmente localizada no dorso e ombros, com dispneia. Dor
torácica relacionada à afecção pleural tem caráter ventilatório-dependente;

Causas psicogênicas:

- Síndrome do pânico, depressão e hipocondria. 1/3 dos pacientes que buscam


atendimento por dor torácica possuem alguma desordem psiquiátrica. Ansiedade
relacionada a taquicardia, hiperventilação, palpitação, sudorese. Síndrome de
Munchausea que o paciente mimetiza sintomas de doenças graves, sedo o principal
sintoma o de dor torácica;

Semiologia da dor torácica


Portanto, é necessária uma boa coleta de dados por meio da anamnese para investigar as
causas da dor torácica.

A história da doença atual deve definir localização, duração, caráter e qualidade


da dor. Deve-se questionar o paciente sobre qualquer evento precipitante (p. ex.,
sobrecarga ou uso excessivo dos músculos torácicos), bem como qualquer fator
desencadeante ou atenuante. Fatores específicos que devem ser observados incluem se a
dor ocorre durante o esforço ou em repouso, existência de estresse psicológico, se a dor
ocorre durante a respiração ou com a tosse, dificuldade de deglutição, relação com a
alimentação e posições que exacerbam ou aliviam a dor (posição supina ou inclinada
para frente). Deve-se observar atentamente quanto à presença ou à ausência de
similaridades relacionadas com episódios pregressos semelhantes, suas circunstâncias e
se a frequência e/ou duração está aumentando. Os sintomas associados importantes a
serem averiguados envolvem dispneia, palpitação, síncope, diaforese, náuseas ou
vômito, tosse, febre e calafrios.

A história patológica pregressa deve documentar causas estabelecidas,


particularmente doenças cardiovasculares e gastrintestinal, bem como qualquer
procedimento ou investigação cardíaca (p. ex., teste de esforço e cateterismo). Também
é necessário observar a existência de fatores de risco de doença coronariana (doença
coronariana, p. ex., hipertensão, dislipidemia, diabetes, doença cerebrovascular e
tabagismo) ou embolia pulmonar (p. ex., lesão dos membros inferiores, cirurgia recente,
imobilização, câncer diagnosticado e gestação). Assim como averiguar o consumo de
fármacos que podem desencadear o espasmo de artérias coronárias (p. ex., cocaína,
triptanos) ou doença gastrintestinal (particularmente álcool e AINEs).

A história familiar deve observar possível história de infarto do miocárdio


(particularmente em parentes de 1º grau em uma idade precoce, isto é, < 55 em homens
e < 60 em mulheres) e hiperlipidemia.

A revisão dos sistemas deve averiguar a existência de sintomas de possíveis


causas, incluindo dor no membro inferior, edema ou ambos (trombose venosa profunda
e, por isso, provável embolia pulmonar) e fraqueza crônica, mal-estar e perda ponderal
(câncer).

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