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Seminário Bíblico Palavra da Vida

Curso Teológico Ministerial

ESTUDO DE CASO: ACONSELHAMENTO BÍBLICO


Lucas Sabatier M. Leite

Resumo:

Maria tem 34 anos e é casada com Luciano, um construtor que tem


mais ou menos a mesma idade e tem se empenhado para estabelecer seu
próprio negócio. Eles estão no terceiro ano de casamento. Você conhece
Maria da igreja, a qual ela frequenta regularmente e participa bastante, mas
não tem muitos amigos. Luciano parece atencioso com Maria e crescendo
em sua fé em Jesus Cristo. Outra parte de suas vidas ocupadas são os dois
filhos pequenos, uma garotinha de quatro anos (Lilly) e um menino de
alguns poucos meses (Júnior). A Lilly é filha de Maria de um outro
relacionamento, de um homem com quem ela não se casou e que está fora
de cena. Maria casou-se com Luciano quando a Lilly tinha um ano, e ele a
tomou como se fosse sua filha. Dois anos depois, o Júnior nasceu.

Maria veio até você pedindo ajuda. Ela normalmente não fala muito e
não é próxima de você. Mas ela sabe que você tem buscado preparo na área
de aconselhamento e está disposta a falar com você. Durante a próxima
hora, ela conta sua história a você com muitos detalhes embaralhados. Você
então é responsável de fazer sentido da conversa. Aplique o método que
você tem aprendido àquilo que ela diz. Isso o ajudará a organizar as
informações e a saber como responder biblicamente, de forma que lida com
o coração dela.

1
A história de Maria (contada por ela):

“Preciso da sua ajuda, pois não sei o que há de errado comigo. Meu
marido está muito inseguro com o nosso relacionamento e ele diz que é
porque eu sou muito distante. Ele diz que eu não sou muito afetuosa e que
tiro pouco tempo para ele e para as crianças. Além disso, (desculpe ser tão
pessoal) é muito raro termos momentos de intimidade sexual. Eu não gosto.
Eu o amo muito, mas não consigo dar a ele o que quer — não apenas
sexualmente, mas também em termos de relacionamento. Não sei se são as
expectativas dele que são muito altas ou as minhas que são muito baixas.
Não existe muito carinho entre nós. Somos respeitosos um com o outro,
mas sem afeição. E ele quer que sejamos afetuosos. Acho que a culpa é
minha. [1]

Eu admito que eu sou ansiosa o tempo todo. Estou sempre no limite e


não consigo descansar ou aproveitar um momento — não apenas no nosso
relacionamento, mas em qualquer coisa. O que o Luciano não percebe é que
eu não mostro afeto para com nada nem ninguém. Eu não tenho alegria. Eu
simplesmente sobrevivo. Me preocupo com não ter dinheiro, não ser uma
esposa boa, não ser uma mãe boa. O Luciano fica triste comigo porque ele
diz que eu tento controlar tudo ao meu redor. Ele diz que eu ajo com chefe
dele e das crianças o tempo todo, e que sou superprotetora. Acho que ele
provavelmente tem razão, mas eu não sei como parar. [2]

Parte disso é que eu não quero que meus filhos sejam como eu. Desde
que era criança, eu tinha que me defender sozinha, mas não era muito boa
em fazer isso. Meus pais eram bons pais, mas não conversávamos muito.
Mesmo sobre coisas importantes. Quando eu tinha 11 anos, um homem do
nosso prédio veio a nossa casa quando eu estava sozinha e me ofereceu
uma limonada gelada, pois estava muito quente. Eu o deixei entrar, pois já o
tinha visto conversando com meu pai algumas vezes. Ele era muito bonzinho
e fez várias perguntas sobre mim, e me disse que poderia trazer suco
sempre que eu quisesse. Então, às vezes, ele voltava. Certa vez ele me
assentou em seu colo e me tocou. Eu fiquei confusa, pois ele me disse que

2
eu que pedi a ele para fazer isso, mas eu não me lembro de ter pedido. Eu
achava que isso não havia qualquer problema, pois ele era sempre tão
bondoso. Não demorou muito para ele me pedir para fazer outras coisas
indevidas com ele. De início, fiquei assustada, mas ele me confortou. Então
eu fiz o que ele me pediu. Por alguns meses, ele vinha semanalmente. [3]

Eventualmente, me senti tão culpada e suja que contei para a minha


mãe. A única coisa que lembro de acontecer depois foi ouvir uma conversa
nervosa entre minha mãe e meu pai no quarto deles. Eles estavam falando
sobre mim. Meu pai estava extremamente irado. Aquele homem nunca mais
voltou. E a mamãe e o papai nunca conversaram comigo sobre isso. Aquilo
me fez sentir ainda mais sozinha. Eu nunca falei disso com ninguém, até o
Luciano entrar na minha vida. [4]

Em minha adolescência, me comportei promiscuamente, mas nunca


contei aos meus namorados, pois sabia que eles achariam isso algo sujo.
Então engravidei da Lilly e sabia que precisava mudar. Comecei a procurar
alguém melhor que eu e melhor que meus outros namorados. Foi então que
encontrei o Luciano. Ele é um cristão que leva sua fé a sério. Fiquei em
choque quando ele prestou atenção em mim. Depois que começamos a
namorar, contei a ele sobre meu passado, porque confiava nele. Foi difícil
para ele ouvir, mas ele me disse que me amava e que estava comprometido
comigo. Agora que estamos casados, não falamos mais sobre isso, mas fico
pensando se é algo que causa dificuldades para ele ainda. Eu acho que já
superei, mas não sei. Talvez isso seja parte do nosso problema. [5]

Eu diria que, em geral, o Luciano é muito paciente comigo. Ele tenta ser
sensível para com o meu passado. Mas ele também se frustra com o fato de
eu duvidar dele quando me diz que me ama e me perdoa. Ele acha que isso
me fará me aproximar dele. Às vezes, isso faz com que ele se afaste e aja
friamente. Ele não é mau — apenas parece desistir algumas vezes. Vamos
para a cama em horários diferentes por causa do bebê. Mas, sinceramente,
mesmo antes do Júnior nascer, nós evitávamos um ao outro com leituras ou
programas de TV na hora de dormir. [6]

3
Se você me perguntar o que Deus pensa de tudo isso, eu não saberei
como responder. Eu sei que ele me ama porque eu acredito no que a Bíblia
diz. Mas eu não consigo entender como seria possível ele se alegrar com a
minha vida. Eu tento não pensar nisso muito. Apenas tento fazer todo o
possível para manter a casa funcionando. Eu amo nossa igreja e sempre
gosto dos sermões sobre o perdão de Jesus. Acho que ele me perdoou, mas
não sei como isso se relaciona com meu problema. Sei que Deus está
desapontado comigo por causa dos meus anos em pecado durante a
adolescência, e acho que o problema do meu casamento tem muito a ver
com isso.” [7]

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