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SERIGRAFIA MESMO

Produzido e editado no Pântano de Manga - 2013

Ilustrações, texto e diagramação:


Eudaldo Sobrinho (NENO)

primeira edição - edição do autor


tiragem de 30 exemplares
editado com a fonte UnB Pro Serigrafia Mesmo está licenciado

produzida por Rafael Dietzsche (o Diet)


sob uma licença Creative Commons
Atribuição 3.0 Não Adaptada.
Serigrafia
“sericum” lat.- seda | “graphé” greg.- escrever, desenhar
Porque serigrafia é foda há muito tempo!

Os primeiros registros de serigrafia se confundem com os


primeiros stencils. As técnicas são semelhantes em sua es-
sência, mas é atribuída aos chineses a invenção da serigra-
fia, também chamada de silk-screen. Há quem acredite que
os chineses samplearam essa ideia dos nativos das ilhas Fiji
(HUIMAN, Augusto) mas isso bem que pode ser uma “pala”
de quem curte muito técnica, só pra dar uma tarimba de mais
antiga. A serigrafia perde para o stencil no hall dos métodos de
impressão seriados velhos (os registros mais antigos de stencil
são de formas negativas de mãos em paredes, obtidas provav-
elmente por pigmentos soprados).

Desde a invenção da prensa tipográfica ficou claro o poten-


cial da repetição em série de imagens e textos. Mesmo muito
tempo depois continuamos a refinar os meios de repetição
em série. Simplificando um pouco, temos 3 grande grupos de
processos de impressão: métodos que utilizam uma matriz com
tinta prensada sobre o substrato (offset, prensas tipográficas,
xilogravura, litogravura etc); métodos nos quais a tinta passa
pela matriz (serigrafia, stencil, mimeógrafos etc.); e métodos
de impressão eletrostático que utilizam tintas em pó para im-
primir (xerox, rizo etc.)

De todos os métodos citados acima, nenhum é mais versátil


que a serigrafia. Mesmo sendo uma das técnicas mais antigas,
ela sobreviveu e se adaptou incrivelmente com o tempo. Hoje
é possível imprimir em diversos tamanhos, materiais e superfí-
cies, mesmo se estas tiverem formas diferentes (côncavas ou
convexas por exemplo). A serigrafia moderna não limita sequer
o tipo de tinta a ser utilizada; é possível com a mesma tela
imprimir com tinta própria para superfícies metálicas ou de
madeira. A serigrafia alcança desde bolinhas de ping-pong até
circuitos elétricos em placas de silício. O que torna a serigrafia
ainda mais incrível para mim não é sua vasta aplicação indus-
trial, e sim sua adaptabilidade para o contexto doméstico. É
possível fazer serigrafia em casa e em pequenos espaços.

Em 2005 participei da minha primeira oficina de serigrafia em


um encontro de estudantes de design (14º Ndesign). Lem-
bro que gravamos uma tela com várias artes para imprimir
adesivos. Fizemos tudo, com exceção da impressão, em um
banheiro da universidade. Fiquei muito impressionado com as
possibilidades que se abriam na minha frente. Senti que podia
imprimir o que eu quisesse sem depender de uma gráfica e me
encantava com os detalhes nas impressões, as pequenas im-
perfeições e em como o processo podia atuar no resultado final
de maneira positiva (serendipidade).

Hoje não me sinto mais confortável em definir serigrafia como


método de impressão, parece incompleto. Serigrafia para mim
é algo próximo de uma linguagem. Toda linguagem é melhor
utilizada quando levada ao limite, adaptada e difundida. Meu
objetivo principal com essa proposta de oficina é encorajar
pessoas a experimentarem fazer serigrafia em casa.
Técnica e equipamentos básicos.

Uma tela, tinta e um rodo são os materiais básicos pra serigra-


fia. Com esse 3 elementos já é possível tentar vedar parte da
tela (seja como for, com fita adesiva, com cola, com vinil, papel
rubi etc.) e começar a imprimir. Mas isso seria muito semelhan-
te a um stencil e o panorama de materiais disponíveis permite
que a gente leve a técnica um pouco além. É possível criar a
matriz a partir de um processo fotográfico que vai permitir um
nível de detalhe bem grande (traços finos ou retículas).

Mas o básico é isso: Posicione a tela sobre o substrato já fixo. A


tela deve estar gravada com um desenho ou qualquer composi-
ção (isso significa que o desenho está vazado). Assim que pas-
sarmos o rodo sobre a tela ele força a tinta através dela. Cada
tela é, portanto, uma cor. Logo um desenho com três cores
vai ser obtido, geralmente, com três telas. No entanto, sempre
estaremos livres para experimentar. Jogar mais de uma tinta
na tela, ou imprimir apenas partes do vazado são experimenta-
ções que podem gerar resultados interessantes.
Bastidores e o Nylon.

A tela é a matriz da serigrafia e ela é composta de duas partes,


o bastidor (quadro de tamanho e material variado) e uma “ma-
lha” esticada sobre ele. É importante que o bastidor aguente a
pressão da trama tensionada sobre ele e também para que ele
possa ser molhado sem empenar. Bastidores geralmente são
de madeira, mas existem os de alumínio que são mais duráveis
e bem mais caros. O aconselhável é ter alguns bastidores de
tamanhos diferentes para ampliar as possibilidades de impres-
sões. O bastidor não precisa ser muito maior que a composi-
ção que se deseja gravar, mas precisa ter um espaço de pelo
menos 5cm ao redor da arte, a fim de viabilizar impressões
mais tranquilas, confortáveis para manobrar a tinta. Logo, uma
tela de 40x50cm (um tamanho bem padrão) é ideal para uma
mancha gráfica do tamanho de um A4, uma 50x60cm seria
o ideal para uma mancha do tamanho de um A3. Claro que é
possível gravar uma tela até quase a margem ou gravar mais
de uma arte por tela (e experimentos são sempre bem vindos).

Hoje em dia, quase 100% das telas é feita usando poliamídas


(Nylon), ou poliéster (Terylene). Isso é porque além de uma boa
resistência mecânica e a tratamentos químicos, esses dois
materiais geram fio bem regulares e de espessuras variadas.
Podemos classificar o “nylon da tela” pelo número de fios
por centímetro que variam de 12 (muito aberto) a 200 (muito
fechado) e segundo a densidade dos fios. Essa segunda escala
varia muito com o fabricante, mas acho que uma nomenclatura
de densidade mais genérica seria a por letras, HD: fios mais
grossos, T: fios normal, o mais comum, M: fibra de densidade
mediana, S: fios leves, o menor diâmetro. Em um extremo terí-
amos, portanto, uma tela HD de 200 fios, aberturas muito re-
duzidas, e no outro uma tela S de 12 fios. Nenhum desses dois
extremos é muito prático, atendem a serviços muito específicos.

Provavelmente, quando se entra em uma loja de serigrafia a


tela que está em exposição será uma poliamida T ou M de 77
fios, que é o ideal para tecidos. Mas a densidade quase nunca
é considerada. Alguns atendentes vão inclusive ficar bem con-
fusos se você começa a falar sobre densidade da fibra. Geral-
mente o número de fios e a marca são os fatores mais relevan-
tes. Outra coisa sobre o nylon e o terylene: eles estão sempre
disponíveis em duas cores, branca e amarela. O amarelo é
melhor. Ele não difunde a luz, e é mais resistente e , obviamen-
te, bem mais caro. É muito indicado quando se necessita de
precisão. Deixe pra comprar materiais mais caros quando já
estiver sagaz.

Grosso modo, podemos fazer um paralelo da quantidade de


fios com a “resolução” da tela. Quanto mais fios maior será
a precisão da tela. Mas então porque não usar sempre o
maior número de fios? Porque quanto mais fios, menores são
as aberturas e isso limita qual tinta que é possível usar. Por
exemplo, tintas a base de água para pintar tecido têm partícu-
las grandes de pigmento que podem não atravessar a malha
e inclusive causar entupimentos. É preciso buscar a tela ideal
para sua demanda em questão.
Como esticar uma tela

Quase sempre é melhor comprar uma tela pronta. Elas vêm


caprichadas, impermeabilizadas e esticadas por garras pneu-
máticas. No entanto, é muito importante saber esticar uma
tela, pois telas podem rasgar, e o bastidor pode ser reutilizado
(somente os de madeira, já que o de alumínio precisam das
garras para adesivar o nylon sobre ele). Para esticar uma ma-
lha sobre um bastidor você pode usar grampos e um rocama,
ou martelo e tachinhas. Em qualquer um dos casos o cuidado
e a paciência são determinantes para qualidade. Talvez um
pouco de força também ajude, então procure ter alguém pra te
ajudar se você estiver fazendo pela primeira vez.
Tintas

Existem todos os tipos de tintas, para todas as funções e su-


perfícies. Sério. Seria possível dedicar páginas a fio sobre as
tintas e como usá-las. E qualquer tipo de tinta serve para fazer
serigrafia. Se ela permeia a tela e marca o substrato, ela serve
para serigrafia. No entanto, como se trata de um processo de
repetição seriada, é preciso considerar como a tinta reage com
a matriz. Há tintas que secam muito rápido e precisam ter sua
secagem adiada com solventes ou retardadores, caso contrá-
rio irão danificar a matriz. Existem emulsões que são resisten-
tes a solventes, outras são resistentes apenas a água. Portanto
é necessário decidir, a partir da superfície a ser impressa, qual
a tinta adequada. É preciso gravar a tela utilizando a emulsão
adequada e deve-se analisar o comportamento da tinta na tela.
Logo, caso você nunca tenha utilizado a tinta antes, convém
fazer testes antes de se comprometer com resultados.

Grosso modo, podemos então dizer que qualquer tinta que per-
mita muitas impressões sequenciais sem danificar fatalmente
a tela pode ser usadas para serigrafia.

Se você está começando, escolha tintas mais fáceis de lidar,


que sequem mais devagar e preferencialmente a base de água.
Elas são bem versáteis, têm cores metálicas, tintas que brilham
no escuro, tintas puff, fluorescentes. São ideais pra tecido, mas
ficam bem em papel e tem uma secagem boa quando impres-
sas (seca ao toque em minutos, juro).

As tintas vinílicas e tantas outras a bases de solvente também


podem ser incríveis, principalmente se você decidir imprimir
em outros suportes (isqueiros, balões etc.), mas são conside-
ravelmente mais complicadas. Sugiro que se gaste um pouco
de tempo ficando bom em imprimir (no movimento do rodo, em
conseguir uma boa cobertura de tinta entre as impressões)
antes de se aventurar pelos solventes.
O rodo

O rodo é uma ferramenta muito importante e diretamente


responsável pela qualidade da impressão. Mais do que a qua-
lidade do rodo, a maneira como o utilizamos é decisiva, e isso
infelizmente só se obtém com a prática. Com isso quero dizer
que não é importante ter um rodo muito bom, mas é preci-
so saber usar qualquer rodo com atenção. O rodo tem duas
funções principais: forçar a tinta através da tela, e esticar uma
camada da tinta sobre a tela sem atravessa-la. Essa segunda
função é de suma importância pois é a maneira mais eficiente
de garantir uma boa quantidade de impressões sem eventu-
ais problemas com a matriz. A maior parte das tintas resseca
naturalmente durante a confecção das impressões. Quando
cobrimos a área vazada da tela com a tinta, ela mesma evita
que esse ressecamento cause entupimentos. Portanto, entre
cada impressão cobre-se a tela.

Outra característica a ser observada é o tamanho do rodo. O


ideal é que ele seja poucos centímetros maior que a área im-
pressa. Dessa maneira garantimos que toda a extensão do de-
senho vai ser impresso uniformemente e posteriormente, que
ele será inteiramente coberto. O ideal é ter uma boa variedade
de rodos para tamanhos diferentes de impressões.

Claro que é possível imprimir uma arte pequena com um rodo


grande. Se o mesmo couber na tela é possível imprimir, no
entanto, um desenho pequeno impresso com um rodo grande
só gera dificuldades na hora de imprimir. O mesmo acontece
no caso contrário. Quando usamos um rodo que é menor que
o desenho, precisaremos repetir o movimento muitas vezes,
aumentando a chance de erros.

É possível também imprimir sem rodo. Facilmente podemos


utilizar um rolo de pintura, uma bucha umedecida, um pé de
havaianas, entre tantas outras geringonças. Mantenho minha
posição de apoiar qualquer tipo de experiência, entretanto,
acho fundamental ter mais de um rodo se você está decidindo
levar isso de serigrafia mais a sério.
Fitas

As fitas adesivas tem grande utilidade no processo serigráfico.


Elas ajudam a bloquear pequenos defeitos da matriz, bloquear
área maiores da tela (talvez porque mais de uma arte esteja
dividindo a tela, por exemplo). Mas a função principal da fita
adesiva é fazer a “janela de impressão”, ou “enfitar” a tela, que
é fechar as laterais internas da tela para evitar que possíveis
acúmulos de tinta danifiquem as superfícies impressas. Corre-
-se esse risco principalmente com telas que usam tachinhas ou
grampos para manter o nylon esticado. Tenha uma variedade
de fitas de espessuras diferentes. Elas vão te ajudar em muitos
momentos. Outra coisa importante a ser considerada é que
algumas fitas soltam a cola na tela. Isso é horrível e dificulta
muito a limpeza, portanto não deixe a tela com a fica colada
nela muitos dias.
A mesa de luz

Há muitas coisas a serem consideradas para construir uma


mesa de luz. Mas, felizmente para nós, todas, mesmo as mais
improvisadas, tendem a funcionar.

Improvisar uma mesa de luz é algo simples. Você precisa de um


vidro maior que a sua tela, de uma lâmpada e algo que erga o
vidro acima da lâmpada (cavaletes por exemplo). Já vi mesas de
luz improvisadas diversas maneiras (mesas de jantar, de centro,
vidro e varal de teto entre outras) e todos os tipos de fontes de
luz (de refletores a lanternas), acho todas válidas. Mesmo na
ausência de mesa de luz, gravar uma tela na luz do sol é possí-
vel. Já foi feito e tem no youtube. Mas para fazer tranquilo, sem
muito erro, há algumas coisas que se pode observar:

Vidro: Se você for comprar um vidro, o melhor é que ele seja


100% transparente e com uma espessura entre 3 e 4mm. O
vidro um pouco mais grosso é importante pois ele tem que
aguentar além da tela com o fotolito, a espuma e os pesos que
ficam sobre ela. O vidro mais grosso permite que você trabalhe
mais confortavelmente.

Caixa com as lâmpadas: Deve ser ventilada (o calor inclusive


nem é bom nessa etapa). Tem que ser fácil acessar a lâmpada
pra facilitar trocas e se o interior dela for branco ou refletivo
é melhor ainda. Se você quiser tirar onda, pode incluir uma
lâmpada vermelha dentro da mesa com um interruptor separa-
do, pra poder enxergar melhor na hora de posicionar fotolitos,
sem ter que ligar a luz pra poder ver. Existe uma distância ideal
que a tela deve manter do foco de luz, seria a diagonal da tela,
o que torna a maior parte das mesas feitas em casa não ideal.
Bacana, né? Ao meu ver, desmistifica o processo um tantinho,
é quase como se autorizassem a gente a errar um pouquinho e
ainda assim dar certo. Essa distância toda garantiria que toda
a tela receberia a mesma quantidade de luz. Se você quiser
começar com pequenos formatos talvez possa trabalhar com
uma mesa que atenda a esse requisito.
Testando uma mesa de luz

Existe uma maneira relativamente simples de testar uma mesa


de luz. Você vai precisar de uma tela emulsionada e seca,
um fotolito grande e uma cartolina preta. Marque intervalos
regulares na cartolina e posicione a tela em cima da cartolina,
deixando apenas uma faixa da tela e do fotolito expostos. Co-
loque a espuma e os pesos e ligue a mesa. Marque 1 minuto e
puxe a cartolina até a próxima marca visível. Mais um minuto, e
sucessivamente, até expor a tela por completo. Ao revelar você
vai perceber em qual faixa de tempo a tela revelou melhor, sen-
do que a primeira faixa vai está provavelmente super exposta e
as últimas sub expostas.
Emulsões e sensibilizantes

Geralmente você compra o kit com 1 litro de emulsão e 100 ml


do sensibilizante. Vem separado pra você misturar mais ou
menos nessa proporção - uma parte de sensibilizante para 10
partes de emulsão. Eu costumo usar bem menos.

Há emulsões para as mais diversas finalidades (emulsões


resistentes a ácidos, emulsões para criar revelo etc.). As mais
comuns são as resistentes a água (geralmente verde), e as
resistentes a solventes (geralmente roxa). Emulsões resistentes
a solventes servem para imprimir com tintas vinílicas, esmal-
tes, látex entre outras, e seguram a onda total até de solventes
bem cabulosos (aguarrás, thinner) mas arregam mais fácil pra
água que as resistentes a água. Isso já complica um pouco a
revelação (ela é menos resistente, jatos mais fortes podem vir
a comprometer a matriz), mas na prática é muito semelhante.
Telas sujas de tinta a base de solvente são consideravelmente
mais trabalhosas de limpar e envolvem químicos mais pesados
(trabalhe em local ventilado! Sério). As resistentes a água são
mais amigáveis na hora da limpeza, afinal o diluente, nesse
caso, é água, uma beleza, vem encanada!

O sensibilizante é o mesmo para ambas as emulsões e o mais


comuns é o bicromato de amônio. É o químico mais palha do
processo todo. Não é biodegradável e escorre pelo ralo a maior
parte das vezes. Existem químicos um pouco melhores no mer-
cado (diazo), eles são mais caros e exigem lâmpadas melhores
geralmente já vem misturados ao sensibilizante, mas permitem
resultados bem mais precisos e duradouros (uma tela grava-
da com emulsão normal deve aguentar aproximadamente mil
impressões. Uma tela gravada com (diazo) promete aguentar
5000 impressões, mas eu nunca imprimi 5000 coisas, não a
mesma coisa.
Fotolitos

Fotolitos tem a seguinte função: bloquear totalmente a luz ape-


nas nas áreas que queremos que fiquem vazadas. Em tudo que
não for pra ficar vazado, o fotolito ideal vai deixar a luz bater
o mais livremente que ele conseguir. Ou seja, o fotolito ideal
é um pedaço de cartolina preta fosca. Mas essa simplicidade
não atende a nossas demandas. Então existe uma gama de
materiais possíveis para se produzir fotolitos. Algum dos mais
comuns e acessíveis são:

Papel vegetal: é possível imprimir, razoavelmente barato, em


papel vegetal, mas o mais legal dele é poder desenhar ou
copiar coisas. O melhor pra serigrafia é que ele tenha a me-
nor gramatura possível (nada superior a 70g, nunca). A maior
desvantagem do papel vegetal é que ele torna difusa a luz que
passa por ele. Isso não é o ideal, e o calor costuma fazer o
papel trabalhar (deformar). Se você estiver usando uma lâm-
pada incandescente isso pode ser problemático. Melhor se for
impresso a laser ou em xerox;

Transparência: Bem bom, mas já é um pouco mais caro. É mais


durável que os fotolitos de papel por exemplo. São legais se
você está pensando em usa-los posteriormente. Devem neces-
sariamente ser impressos em laser ou qualquer outro processo
eletrostático, caso contrário não ficam opacos o suficiente;
Poliéster: existem folhas para impressão em políester. São
boas, mas também deixam a luz um pouco difusa. São mais
resistentes que as transparências, no entanto;
Oleolito: Trata-se de uma impressão, xerox ou em último caso
uma impressão de jato de tinta da sua casa mesmo embebida
em óleo. Qual óleo? Qualquer um meu brother, contanto que
deixe o papel transparente e não borre a impressão ou dese-
nho (soja, canola, girassol, de amêndoas, de máquina etc.).
Pou! Na cara da sociedade. Menos de vinte centavos. Essa
é, porém, a única real vantagem deste tipo de fotolito, pois
ele difunde a luz e é descartável. Usa só no dia. Isso mesmo,
descartável, não inventa de guardar papel sujo de óleo não,
principalmente se tiver usado óleo de soja, por que dá barata!
Elas amam papel com óleo. Tipo guacamole, elas comem de
galera felizonas, palha. Mas mesmo com o risco de baratas e
as aparentes desvantagens técnicas o oleolito salva. Não ter
que sair de casa pra imprimir nada é incrivelmente vantajoso
principalmente se você está trabalhando no final de semana,
ou depois do horário comercial.
Como fazer retículas

Para poder bloquear a luz satisfatoriamente o fotolito não deve


ter tons de cinza ou cores. Para conseguir semi-tons usamos
o recurso de retículas. As retículas também são fundamentais
para o processo de policromia, no qual a partir da impressão
precisa de 4 cores se obtém a ilusão de várias cores, devido a
sobreposição parcial entre as tintas (roseta), que geralmente
são translúcidas, evitando indesejados “moares” (efeito ótico
comum causado pela sobreposição de retículas). Digamos que
a policromia é uma tiração de onda serigráfica. É a serigrafia
emulando o processo do jato de tinta ou do offset. Em outras
palavras, deve haver uma boa razão pra ser feito e dá trabalho.
Gerar retículas no photoshop é um procedimento simples, mes-
mo em versões bem antigas do software. Abra uma imagem,
transforme em grayscale, corrija como preferir no level. Agora
converta para bitmap, escolha diffusion pater halftone scre-
en. Uma outra janela se abrirá e você terá algumas opções de
ajuste, tipo de retícula (ponto, elipse, etc), frequência e ângulo.
Clique em ok e pronto. Essa imagem não tem pontos cinzas,
apenas preto e branco.
greyscale

bitmap halftone
Revelando

Ok, então você tem uma mesa de luz, tem um quarto parcial-
mente escuro, se pá até uma luz vermelha pra poder desligar
a luz completamente e um fotolito. A primeira coisa a fazer é
emulsionar a tela dos dois lados. O que queremos é uma ca-
mada uniforme e fina dos dois lados, livre de excessos. Como
obter isso? Difícil explicar sem mostrar, então espero que você
tenha treinado bastante durante a oficina. Com a tela emulsio-
nada é preciso secá-la. Um secador de cabelos vai dar conta
do recado. Passe ele nos dois lados (note que uma vez seca, a
tela está bem mais sensível à luz, então agora é melhor tentar
escurecer o ambiente.

Depois de posicionar o fotolito, coloque ele sobre a mesa,


prenda com fita se achar necessário, lembrando que a mesa
de luz não é um scanner, então você deve posicionar o dese-
nho virado pra si. Coloque a tela seca sobre com a parte plana
dela, encostada no fotolito. Agora é importante bloquear o lado
da tela que ficou pra cima, pois ao ligarmos a mesa, ela vai
iluminar tudo e a parte de cima da tela também sofre ação da
luz. Para bloquear a luz podemos usar um casaco grosso, um
papel fosco, livros, etc. No plano ideal, ter uma espuma que
caiba dentro da tela é jóia, pois além de bloquear a luz é possí-
vel colocar pesos sobre a espuma e ela cuidará de distribuir o
peso de maneira uniforme sobre a tela. Uma vez posicionados
os pesos, ligue a mesa no tempo correto. Ao final do tempo,
desligue a mesa, retire os pesos a espuma e leve a tela até
um tanque ou fonte de água. Usando uma mangueira, molhe
os dois lados da tela para retirar o sensibilizante seco. Dessa
maneira, a tela deixa de ser sensível a luz e você pode traba-
lhar com mais calma. Ainda com a mangueira, aumente o fluxo
de água e comece a direcionar o jato para a área onde estava
o fotolito. Já deve ser possível ver a arte marcada em um tom
mais claro que o restante da tela. Usando o dedão, ou qualquer
outro dedo, crie um jato mais fino e comece a retirar a emulsão.

Quando toda a arte estiver aberta, seque levemente com um


jornal (cuidado, seja gentil a tela pode ter áreas mais moles de
emulsão). Depois disso você pode deixar a tela secar ao sol ou
agilizar o processo com um secador. Uma vez seca, basta fazer
a janela de impressão e começar a imprimir.
Imprimindo

Imprimir é um processo relativamente simples mas requer


prática. Ter bastante jornal a mão é importante para poder
imprimir testes, e sempre que formos deixar a tela parada por
algum tempo é importante cobrir a arte com uma camada de
tinta. Fora isso cada susbtrato e tinta vão exigir coisas diferen-
tes (mais força, menos força, mais tinta, pouca tinta). Praticar,
praticar, praticar. Puxa rodo empurra rodo, você não vai nem
perceber e já vai está ninja na parada!
dedico essa publicação aos amigos do Pântano e da
Laje e em especial a Rambo, que um dia me disse:
- Nada ver...você devia fazer. Mesmo.

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