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Cairbar Schutel - Parábolas e Ensinos de Jesus

PARÁBOLA DO SEMEADOR
Afluindo uma grande mul�dão e vindo ter com Ele gente de todas as cidades, disse Jesus em
parábola:
“Saiu o Semeador para semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu
à beira do caminho; foi pisada, e as aves do Céu a comeram. Outra caiu sobre a pedra; e tendo
crescido, secou, porque não havia umidade. Outra caiu no meio dos espinhos; e com ela
cresceram os espinhos, e sufocaram-na. E a outra caiu na boa terra, e, tendo crescido, deu fruto
a cento por um. Dizendo isto clamou: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Os seus discípulos perguntaram-lhe o que significava esta parábola. Respondeu-lhes Jesus: A vós
vos é dado conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros se lhes fala em parábolas,
para que vendo não vejam; e ouvindo não entendam:”
O sen�do da parábola é este:
“A semente é a Palavra de Deus. Os que estão à beira do caminho são os que têm ouvido; então
vem o Diabo e �ra a Palavra dos seus corações, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
Os que estão sobre a pedra são os que, depois de ouvirem, recebem a Palavra com gozo; estes
não têm raiz e creem por algum tempo, mas na hora da provação voltam atrás. A parte que caiu
entre os espinhos, estes são os que ouviram, e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados,
riquezas e deleites da vida e o seu fruto não amadurece. E a que caiu na boa terra, estes são os
que, tendo ouvido a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão frutos com perseverança.”
A Parábola do Semeador é a parábola das parábolas: sinte�za os caracteres predominantes em
todas as almas, ao mesmo tempo que nos ensina a dis�ngui-las pela boa ou má vontade com
que recebem as novas espirituais.
Pelo enredo do discurso vemos aqueles que, em face a Palavra de Deus, são “beiras de caminho”
onde passam todas as idéias grandiosas como gentes nas estradas, sem gravarem nenhuma
delas; são “pedras” impenetráveis às novas idéias, aos conhecimentos liberais; são “espinhos”
que sufocam o crescimento de todas as verdades, como essas plantas espinhosas que es�olam
e matam os vegetais que tentam crescer, nas suas proximidades.
Mas se assim acontece para o comum dos homens, como para a grande parte de terra
improdu�va, que faz arte do nosso mundo, também se dis�ngue, dentre todos, uma plêiade de
espíritos de boa vontade, que ouvem a Palavra de Deus, põem-na por obra, e, dessa semente
bendita resulta tão grande produção que se pode contar a cento por uma”.
De maneira que a “semente” é a palavra de Deus, Lei do Amor que abrange a Religião e a Ciência,
a Filosofia e a Moral, inclusive os “Profetas” e se resume no ditame cristão: “Adora a Deus e faze
o bem até aos teus próprios inimigos.”
A Palavra de Deus, a “semente”, é uma só, quer dizer, é sempre a mesma que tem sido apregoada
em toda arte, desde que o homem se achou em condições de recebê-la. E se ela não atua com
a mesma eficácia em todos, deriva esse fato da variedade e da desigualdade de espíritos que
existem na Terra; uns mais adiantados, outros mais atrasados; uns propensos ao bem, à
caridade, à liberalidade, à fraternidade; outros propensos ao mal, ao egoísmo, ao orgulho,
apegados aos bens terrenos, às diversões passageiras.
A terra que recebe as sementes, representa o estado intelectual e moral de cada um: “beira do
caminho, pedregal, espinhal e terra boa”.
Acresce ainda que nem todos os pregoeiros da Palavra a apregoam tal como ela é, em sua
simplicidade e despida de formas enganosas. Uns revestem-na de tantos mistérios, de tantos
dogmas, de tanta retórica; ornam-na com tantas flores que, embora a “palavra permaneça”, fica
obscurecida, enclausurada na forma, sem que se lhe possa ver o fundo, o âmago, a essência!
Muitos a pregam por interesse, como o “mercenário que semeia”; outros por vangloria, e,
grande parte, por egoísmo.
Nestes casos não dissipam as trevas, mas aumentam-nas; não abrandam corações, mas
endurece-os; não anunciam a Palavra, mas dela fazem um instrumento para receber ouro ou
glórias.
Para pregar e ouvir a Palavra, é preciso que não a rebaixemos, mas a coloquemos acima de nós
mesmos; porque aquele que despreza a Palavra, anunciando-a ou ouvindo-a, despreza o seu
Ins�tuidor, e, como disse Ele: “Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem
o julgue; a Palavra que falei, esta o julgará no úl�mo dia: Sermo, quem locutus sum, ille judicabit
eum in novíssimo dia.” (João, XII, 48.)
Que belíssimo quadro se apresenta às nossas vistas, quando, animados pelo sen�mento do bem
e da nossa própria instrução espiritual, lemos, com atenção, a Parábola do Semeador! A nossa
frente desdobra-se vasto campo, onde aparece a extraordinária Figura do Excelso Semeador, o
maior exemplificador do amor de todas as idades, e aquele monumental Sermão ressoa aos
nossos ouvidos, convidando-nos à prá�ca das virtudes a�vas, para o gozo das bem-aventuranças
eternas!
O Espiri�smo, filosofia, ciência, religião, independente de todo e qualquer sectarismo, é a
doutrina que melhor nos põe a par de todos esses ditames, porque, ao lado dos salutares
ensinos, faz realçar a sobrevivência humana, base inamovível da crença real que aperfeiçoa,
corrige e felicita!
Que os seus adeptos, compenetrados dos deveres que assumiram, semelhantes ao Semeador,
levem, a todos os lares, e plantem em todos os corações, a Semente da fé que salva, erguendo
bem alto essa Luz do Evangelho, escondida sob o alqueire dos dogmas e dos falsos ensinos que
tanto têm prejudicado a Humanidade!

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