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manual alternativo do calouro

tudo o que você não sabia que queria saber sobre a sanfran
BOAS VINDAS
Boas vindas, calouro! Em primeiro lugar, nossos sinceros parabéns por ter conseguido essa aprovação tão
disputada!1 Não precisamos ressaltar como essa jornada é difícil, mesmo para quem fez colégio de elite e/ou fraudou
cotas. Se você não se encaixa nessa descrição, nossos parabéns são em dobro.
A essa altura, já devem ter lhe dito quanta gente importante estudou na São Francisco (ou gente nem tão
importante, mas muito bem versada na arte do parasitismo político). Nada menos do que vinte e um (!) municípios
paulistas têm seus nomes homenageando franciscanos.2 Além dos que sempre são lembrados (Álvares de Azevedo,
Fagundes Varela, Castro Alves, Michel Temer, o finado Plínio de Arruda Sampaio, Hilda Hilst, Lygia Fagundes Telles,
Luciano Huck, ministros do STF etc.), mencionamos mais alguns:

▪ Alberto Toron, advogado que tomou calote do Aécio;


▪ Aloysio Nunes, piloto de fuga e “chanceler”
▪ Antonio Roque Citadini, perene opositor no Corinthians;
▪ D. Bertrand Maria José de Orléans e Bragança, herdeiro de uma monarquia extinta e autor do best-seller “Psicose
Ambientalista”;
▪ Fausto De Sanctis, o juiz que mandou prender o Daniel Dantas duas vezes em uma semana;
▪ Fernando Capez, eliminador de torcidas organizadas (que logo se refundavam), inimigo de Juca Kfouri e grande apreciador de
merenda;
▪ Gustavo “calouro mito” Haddad Braga, rei dos vestibulares e protocolador compulsivo de pedidos de impeachment
▪ João Grandino “Fora” Rodas, ex-reitor;
▪ José Celso Martinez Corrêa, o Zé Sexo;
▪ Luiz Carlos Bresser-Pereira, congelador de preços;
▪ Luiz Gonzaga Belluzzo, pródigo ex-presidente do Palmeiras;
▪ Mauro Beting, jornalista esportivo (não se formou);
▪ Marcos Caruso, o Leleco de Avenida Brasil;
▪ Paulo Machado de Carvalho, o cara do nome do Pacaembu;
▪ Ranieri Mazzilli, golpista em 1961 e 1964;
▪ Rui Falcão, ex-presidente do PT.

1
É muito peculiar parabenizar outra pessoa por fazer algo que já se fez antes: não deixa de ser autoelogio. Mas são parabéns sinceros (assim como o autoelogio).
2
Altinópolis, Álvaro de Carvalho, Américo Brasiliense, Bernardino de Campos, Bilac, Cândido Mota, Cerqueira César, Francisco Morato, Gabriel Monteiro, Gastão
Vidigal, Gavião Peixoto, Herculândia, Júlio Mesquita, Lucianópolis, Monteiro Lobato, Oscar Bressane, Penápolis, Presidente Alves, Presidente Prudente,
Presidente Venceslau e Salesópolis. A maioria é de políticos da República Velha, mas você não precisa mencionar esse detalhe quando se gabar desta lista
para o amigo mackenzista.
A relevância da São Francisco como incubadora de oligarcas diminuiu: não existe mais voto censitário, os
vestibulares e concursos públicos dificultam (mas não muito) a entrada de herdeiros, outras faculdades de direito foram
criadas, São Paulo perdeu força na política nacional e tudo mais. Mesmo assim, a Sanfran é um grande trampolim
político-jurídico e pode levá-lo a Brasília (mesmo que seja numa excursão de ônibus). Antes de se formar, você perceberá
que vários dos seus colegas (alguns imbecis3): (i) assumirão repentinamente bons cargos comissionados; (ii) aparecerão
na imprensa falando merda, inventarão da forma mais freestyle possível políticas públicas; (iii) concorrerão a cargos
políticos; (iv) serão presos (ou defenderão os amigos presos)...
A boa notícia é que você também pode ser uma dessas pessoas! Felizmente, o direito e a São Francisco abrem
um leque de opções muito grande: além de #militar, você pode decorar coisas inúteis estudar e ganhar uma toga (com
auxílio-moradia!), ficar milionário advogando (mais trabalhoso), passar num concurso menos disputado e amarrar seu
burro, ou até apresentar um programa na Globo e tentar ser presidente! 4
Você também deve ter lido muitos textos falando como estes serão os melhores cinco anos da sua vida, como
você nunca encontrará um lugar como esse etc. De fato a Sãofrão é um lugar único e nele você conhecerá pessoas
incríveis (outras nem tanto) e fará grandes amigos. Depois da formatura, bate a saudade de tudo: dos desafetos, dos
professores de alma sebosa, dos concursos fraudados e até dos puxa-sacos.
O curso não é nenhuma maravilha, mas não é horroroso. Tenha vergonha na cara e vá pelo menos às melhores
aulas (se quiser mesmo prestar atenção, deixar o celular na mochila é uma boa), pois o contribuinte paulista está
bancando a vaga que poderia ser de alguém estudioso e útil à sociedade. Além das aulas, você também pode participar
de grupos de estudo e extensão, debates, estágios e outras atividades. Experimente as que lhe interessarem, mas saiba
escolher: tempo é algo que depois do primeiro ano se torna uma raridade.
Não tenha medo de ser calouro e fazer merda. Calouro, por definição e sem exceções, faz merda - não importa
o quanto você se esforce. Desencane de fazer coisas só para se enturmar ou agradar veteranos, em especial no trote.
Você não vai ser marcado como “chato” se quiser ficar na sua. Franciscano só fica queimado se passar muito do ponto.
Não tenha medo de discordar e de participar de tudo o que quiser. Com certeza você vai fazer coisas das quais
se arrependerá, mas acredite, isso é melhor do que se arrepender de não ter feito. Também não hesite em sair de
grupos ou projetos caso queira.
Por fim, não tenha medo de ser um “franciscano médio”: o conceito de franciscano médio na verdade é só um
espantalho para criticar quem você não gosta.

3
Ok, talvez a maioria.
4
Nesse caso, você precisaria de um pai rico e sócio de um grande escritório com contatos na imprensa. ¯\_(ツ)_/¯

1
A SEREC
A SEREC é o único trote violento que persiste na São Francisco. Alguns eventos até valem a pena, mas não
seja um calouro burro como já fomos: NÃO precisa acordar cedo para ver palestra ou ir em todos os eventos. Aproveite
a oportunidade para dar uma entrosada. Às vezes você conhecerá pessoas que lhe acompanharão para a vida toda.
Mas pode ser que eles sejam cuzões que vão te ignorar no resto das aulas.
Aproveite a semana para conhecer os arredores da SãoFrão. Coma uns lanches com maionese5 e batata palha
no Cultura, a lanchonete laranja da Rua Riachuelo. Os salgados são bons, apesar do preço inflacionado 6. O Riachuelo,
também conhecido como Gigabyte, é mais barato, tem álcool e uma polenta frita excelente de proporções colossais. Há
também o Café Fazenda e seus bolos famosos, onde às vezes professores podem ser encontrados tomando espumante
(!!) no café da manhã. Infelizmente, como vocês podem imaginar, lá é bem caro.
Há outros lugares legais que você conhecerá com tempo. Só deixamos o aviso de que a coxinha mais famosa
dos arredores da Faculdade é realmente muito gostosa, mas comê-la é brincar de roleta russa com o seu estômago, a
não ser que você já tenha desenvolvido anticorpos comendo lavagem de porco todo dia.

O BANDEJÃO
Se o orçamento estiver curto ou se você quiser fortalecer seus anticorpos (para quem sabe tentar aquela
coxinha?), o bandejão é uma ótima opção. Receitas como “frango à fantasia” (com frangossauro criado nas melhores
fazendas de Chernobyl7), “ratatouille” (com ratos de verdade) e o delicioso lombo de porco (criado no terroir de Cubatão)
são inesquecíveis: garantimos que você vai se lembrar da comida o dia inteiro, se tiver sorte.
Há gloriosas exceções: o strogonoff é mesmo gostoso, apesar da fila quilométrica (parece uma agência dos
Correios ou um cartório) e de não ser tecnicamente um strogonoff pelas normas da ABNT. Além disso, às vezes o
algoritmo da USP premia os alunos com sorvete após a ração. Acostume-se a se empanturrar de pão quando a comida
for especialmente ruim (como frangossauro). Os sucos coloridos8 são exatamente iguais aos das máquinas dos lugares
que servem churrasco grego com suco grátis.

5
A maionese do Cultura é segura. Franciscanos comem há anos e ninguém morreu por isso. Ficar com medo de comer o que é literalmente a melhor coisa do
Gordura é um sinal inequívoco de calourice da pior estirpe do qual você deve se livrar o quanto antes.
6
Lá também tem tomadas na altura das mesas se precisar carregar algum eletrônico.
7
Uma coxa dessa merda é maior que uma coxa de avestruz. Não coma isso em hipótese alguma.
8
Sucos de “limão” com gosto de laranja; de “laranja” com cor de limão e gosto de morango; e de “abacaxi” com cor de laranja e gosto de tristeza. Saudades
do suco de amarelo, cor de amarelo e gosto de amarelo.

2
Falando em bandejão, não seja um filho da puta: não corte a porra da fila, puta que pariu, não deveríamos
precisar explicar isso. E não, bandejão NÃO é lugar de socializar ou lugar para gente rica pagar de legal. Mas
infelizmente, como muita gente acha que é, todo início de ano lá fica insuportavelmente cheio e os trabalhadores que
precisam da comida subsidiada pelo Estado (ou são muquiranas) perdem preciosas horas de suas vidas. Vão entrosar
no pátio, sei lá.
Sinta-se grato porque o bandejão já foi bem pior do que é hoje: há algum tempo, ele ficava no PORÃO (sério).
A ciência ainda não descobriu como as vítimas dessa época sobreviveram.

O PORÃO
Alguns veteranos juram que o porão já foi legal. Tem gente que até hoje acha isso. Não acredite nelas.
O Porão fica abaixo das salas João Mendes e Barão de Ramalho, ao lado da saída dos fundos da rua Riachuelo,
e abriga a sede do Centro Acadêmico, um bar, uma “lanchonete”, um xerox que raramente funciona, uma boca de
fumo, um palco, uma mesa de sinuca esburacada e um “espaço de convivência”.
A salinha do XI é o maior motivo de disputa pelo órgão: vencê-lo dá o direito de ficar o ano inteiro com a
camiseta da agremiação política usando o Facebook nos (péssimos) computadores de lá. Às vezes por ali são vendidos
ingressos para festas e você ainda pode encontrar diversos jornais e revistas de excelente qualidade tais como a(o)
(insira o nome que a gestão deu no ano para o jornal que o XI usa para ganhar um trocado). Mais importante, se precisar
de um vade mecum9 de emergência, pode encontrar no armário. Tem uns jogos de tabuleiro velhos, também, se
ninguém perdeu.
O Bar da Bel é legal e serve bebidas. Além disso, a Bel se esforçou para tornar o porão mais salubre e colocou
televisões. Quando o XI pediu propostas para alugar o local, ela fez a melhor oferta, de longe, para vender bebidas e
comida. No entanto, o SAJU/Canto Geral (RIP) manobraram umas reuniões para que uma suposta cooperativa de
mulheres negras (na verdade, uma sociedade empresária de propriedade de um homem) ficasse com as comidas. Pelo
menos a cooperativa é bastante disruptiva: fez vaquinhas entre seus clientes para comprar equipamentos no melhor
estilo Zébeléo10. Servem salgados e tapiocas frios com os quais você terá longos debates existenciais (“é carne, é
frango?”), e perfumam o Porão, seu cabelo e sua pele com um agradável cheiro de óleo vegetal.

9
A frase foi construída propositalmente para evitar o plural, já que eu não faço a menor ideia de qual é o plural de “vade mecum”.
10
Ao contrário da Zébeléo, não ofereceram nada aos participantes da vaquinha.

3
A despeito do bar da Bel e da lanchonete da cooperativa, o comércio de entorpecentes hoje é a principal
atividade econômica no porão, praticada tanto por alunos quanto por gente de fora que resolveu tirar uma lasquinha do
privilégio franciscano. Apesar da conveniência da integração do comércio à faculdade, ela traz alguns problemas.
Primeiro há o monopólio da música à tarde pelos vendedores, que ou precisam de um aparelho auditivo ou gostam de
torturar os tímpanos alheios.
Outro inconveniente é o uso de tóxicos no porão - lícitos ou não, a fumaça torna o ambiente (mais) inabitável e
impregna as roupas com o delicioso cheiro de fumaça. Como o franciscano não consegue se segurar ao ver a
perspectiva de uma boa treta, essa discussão renasce das cinzas todo ano, sempre do mesmo jeito. Resumindo: de
repente, não mais que de repente, aparece um desconstruidão™ que (i) chama de proibicionistas todos aqueles que
acham daora respirar; e (ii) pinta o porão como um grande espaço de “resistência”. Inclusive, em 2014, um desses
desconstruidões furtou a placa antifumo de afixação obrigatória por duas vezes.11
Se mesmo com a calçada você ainda morre de medo de um enquadro, sugerimos preparar especialidades
culinárias com seu ingrediente favorito ou conferir a nossa lista de "10 lugar para fumar (um) antes de morrer" 12 - ou
qualquer outra coisa que ajude essa discussão a morrer de vez.
Além disso, a Chapovis adverte: a maconha engorda, fume crack que é mais light13.
Por fim, vale a pena lembrar das festas no porão, que costumam ir até a madrugada. Todas têm a mesma
playlist e a mesma carta de bebidas: estas são de notória qualidade, incluindo Askov Flavors e shots de “amnésia” (drink
elaborado com Balalaika, Dolly e Tang). Nomes mais técnicos da bebida seriam “dor de cabeça”, “cirrose” e “câncer”.

PINDURA
O Pindura é uma das mais famosas tradições franciscanas. Celebrado no dia XI de Agosto, uma horda de
franciscanos (e mackenzistas que não ligam de onde veio a tradição ou qualquer aluno de direito de outra faculdade)
adentram restaurantes munidos apenas de um sorriso amarelo e uma interpretação freestyle do Art. 176 do Código
Penal.

11
O mesmo sujeito era famoso por frequentemente ficar despido no pátio e por possuir uma genitália muito avantajada.
12
1. Terraço do prédio do Naves; 2. Terraço do prédio anexo; 3. Sacada do relógio da fachada da faculdade; 4. Toda a Cidade Universitária; 5. Especialmente
a torre do Relógio da Cidade Universitária, quando aberta (ou com emoção); 6. Terraço do MAC-USP, ao lado do Campo do XI; 7. O campo do XI; 8. O local do
funeral do Resgate, em Santos. Se você gosta mesmo é de locais fechados, mas a mamãe não deixa, ainda há a possibilidade da 9. Sala dos Estudantes em
dia de apuração do CA; 10. ou, se tudo na vida der errado, você pode tentar entrar para a Academia de Letras.
13
MC CAROL, To Usando Crack, 2014, t. 32s.

4
Quando são entoadas primeiras linhas da trovinha, geralmente pelos mais desinibidos do grupo (quem pindura
sozinho tem 300% mais chances de apanhar, antes ou depois de parar na delegacia) 14, um clima de vergonha alheia
invade o local. No entanto, na falta de couvert artístico, as discussões acaloradas entre meia dúzia de estudantes, o
dono de restaurante e os seguranças servem para entreter os clientes.
Você certamente ouvirá sobre um Pindura histórico de uma festa de casamento no Maksoud Plaza. Você
certamente ouvirá de Pinduras na Famiglia Mancini ou no Terraço Itália. Você provavelmente conseguirá apenas um
lamentável Pindura no Habib’s ou naquela lanchonete da sua tia no Butantã. O que importa é a tradição franciscana de
burlar as leis apenas porque você pode.
Muito cuidado também com as promoções que restaurantes próximos fazem no dia. O Fazenda pode parecer
finalmente acessível com um desconto de 50% nos bolos, porém desconto algum poderá ressarci-lo pelo aborrecimento
de encontrar algum professor do DIN no local.

OUTUBRO
Todo lojista sabe que outubro é o mês das crianças. Na São Francisco, esse mês é o auge do calendário. São
longos oito meses de preparo para que você perca a dignidade, o amor próprio, o juízo e a vergonha na cara de uma
vez só. E se isso já é verdade em ano comum, imagine em ano de eleição presidencial.
Outubro de 2018 começará com o Centro Acadêmico servindo de depósito para campanha do Lula preso
amanhã ou de qualquer outro candidato-poste petista com 2% de intenções de voto. Se você não se sente representado
pela candidatura, tudo bem. Sempre há uma chance de o Centro Acadêmico também convidar um candidato com maior
presença e com extenso currículo de barbaridades. Se você for gay, não podemos prometer que sairá desse evento
satisfeito15.
Também é provável que você veja uma pequena horda de petistas sem relevância no cenário nacional tentando
angariar votos no pátio. Com sorte, poderá ouvir por duas horas ininterruptas sobre a Lei 10.835 de 2004, que institui
a Renda Básica de Cidadania. Com mais sorte ainda, conseguirá fazer o mesmo provável candidato ao Senado vestir
uma sunga vermelha e autografar um LP do Supla.
Também verá nomes igualmente irrelevantes além dos candidatos petistas, como algum candidato do PSOL
que jamais conseguiu votos nem para ser vereador (e.g. Douglas Belchior, Isa Penna e Sâmia Bomfim). Infelizmente,

14
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL712204-5605,00.html.
15
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2017/04/1879554-alunos-da-usp-acusam-ciro-de-homofobia-ao-falar-de-doria.shtml.

5
dessa vez não teremos a candidatura revolucionária de Luciana Genro à Presidência16e nem sua presença nas Arcadas.
Ainda assim, você sempre pode chamar o orientador de mestrado dela para um café se quiser ouvir um pouco sobre
seus planos de transição para o comunismo17.
Porém, antes de sair dizendo que votará no Temer para afastar aquele pessoal insistente que veste camisa,
lembre-se do evento imediatamente subsequente ao primeiro turno da eleição presidencial: aquele protesto político que
é uma oportunidade única para pegar amigdalite, a...

PERUADA
O evento, que supostamente começou como protesto político, continua sendo o ponto alto do ano, mesmo com
motes com métrica lamentável e temas que variam entre @Crítica Social Fuderosa Demais Lacrou e teses para o
Congresso Nacional do PT. São dois dias inteiros de festa - o Grito do Peru e a própria Peruada, fora a cervejada do
Grito e o sábado pós-Peruada no qual você acorda sem a menor ideia de quem é a pessoa do seu lado.
O evento lúdico-libidinoso precede a eleição que realmente importa: a do Estado Jr. O calendário é didático:
franciscanos usarão as eleições presidenciais como trampolim para pegar gente na Peruada e usarão a Peruada como
pretexto para amealhar votos para o Centro Acadêmico. Não seja tolo, aproveite essas janelas de oportunidade para
alcançar sua melhor performance ou realizar o sonho de pegar o crush ou fazer muita merda.
Lembre-se que, fora essa oportunidade de pegar gente que está de olho no seu voto, a Peruada não passará
de uma micareta em dia de trabalho comum no meio do centro. O som será certamente ruim, 18 a bebida será de
baixíssima qualidade, o furto de celulares será generalizado, algum babaca certamente comprará uma briga com você
e você poderá ser vítima de assédio -- especialmente se for mulher.
A Peruada sempre dá um prejuízo de dezenas de milhares de reais ao Centro Acadêmico. Ano após ano, a
festa drena recursos do CA, que aparentemente não tem funcionários a pagar nem precisa se preocupar com as
péssimas condições da Casa do Estudante.19 No entanto isso não é discutido por um motivo simples: por ser em outubro,
a Peruada se torna o mais eficaz meio de campanha para quem faz gestão.

16
Ela deve sair para federal, pelo RS.
17
https://www.jota.info/justica/materias51-socialismo-nas-arcadas-30092014.
18
Se é que você conseguirá saber quem está no trio elétrico.
19
A Casa do Estudante é financiada com dinheiro do CA¹.
¹ Mas parece que a gestão não liga muito pra isso, como quando a Casa ficou sem água por duas semanas, no ano passado.

6
Não seja idiota: vista alguma fantasia que lhe traga dividendos, arrume uma boa desculpa caso seu chefe não
seja franciscano, e não se preocupe com nada além de ficar muito louco. Com sorte, você não se lembrará do que
aconteceu, por que diabos você pegou aquela pessoa bizarra ou quando foi a última vez que você viu seu celular.
Boa recuperação da amigdalite! E que bom que não foi dessa vez que você pegou uma DST!

ELEIÇÃO DO MAIOR CENTRO ACADÊMICO DA GALÁXIA


Depois da Peruada, logo aquela pessoa que nunca se dignou a olhar na sua cara vestirá uma camisa colorida,
te chamará pelo nome e te convencerá com um sorriso e um panfleto na mão a atrasar dez minutinhos para a aula de
Teoria Geral de Direito Privado II. Ela perguntará sua opinião sobre a conjuntura política e dirá que o Centro Acadêmico
que lutou pela Petrobras, pelas Diretas, pelo impeachment do Collor, contra o impeachment da Dilma, contra Temer,
contra o Império, pela democracia e pelo Lula precisa se posicionar de forma mais enfática sobre tudo que está aí.
Com sorte você é uma das vítima de uma estratégia de campanha que culmina no CAPOVIS - a famigerada
Captação de Alunos por Vias Sexuais20. Não se deixe enganar. Apesar de não soar muito sincero, o suposto interesse
sexual demonstrado pelo aprendiz de Temer, Aloysio Nunes ou Haddad não é nem de longe a maior mentira ou a coisa
mais ofensiva à sua inteligência em outubro. A grande vantagem do capovis é que, havendo consentimento, ao menos
duas pessoas se dão bem.
No entanto, nem isso compensará os discursos intermináveis sobre conjuntura nacional, as agressões gratuitas,
o uso de tokens e as chapas pretensamente engraçadas e sem o menor senso de ridículo que fazem trocadilho com a
prática MILENAR do CAPOVIS. Participar dessa micareta da democracia pode até render camisetas grátis, mas lembre-
se que, dependendo da cor da camiseta em questão, você vai se arrepender até o quinto ano de não ter preferido ir nu
à aula do Lewandowski em vez de ter usado aquela camiseta queima-filme.

20
Conhecida por “tática 2” nas faculdades de menor prestígio.

7
GLOSSÁRIO
Siglas e expressões que costumam confundir os calouros descomplicadas.

AGE A Assembleia Geral Extraordinária21 é um espaço altamente qualificado, onde ninguém é silenciado e no qual 5%
dos alunos decidem pautas relativas a todos. Durante a AGE, a etiqueta manda forçar risada ou chiar quando o outro está falando.

ALz A Academia de Letras é um clube cujos participantes fumam Marlboro, pedem uma parcela relevante e injustificada
do Orçamento Participativo do C.A. e recebem menos votos que o PSTU ou o Henrique Meirelles. Enquanto outros grupos e
extensões se viram como podem, sabe-se lá porque eles têm uma sala no 3o andar.

Ari Solon Pioneiro da pós-ironia na São Francisco, nadador, professor de Filosofia do Direito, troll, orientador de uma
infinidade de grupos de relevância acadêmica notável, internauta, digital influencer, teólogo judeu ortodoxo politeísta, atormentador
de orientandos da pós, astrólogo, falante de ivrit, iídiche e mais uma dúzia de línguas mas sem nenhum amor pela pontuação da
língua portuguesa, detentor de uma barriga fotogênica e conceituadíssimo comercialista.

Banho da Sé Tradicional trote abolido em 2015. Veteranos levavam os calouros à Praça da Sé e, após diversas
brincadeiras etílicas, incentivavam os calouros a entrarem na fonte, também usada pelos locais como banheiro. Apesar de
controverso, o trote tinha sua importância: preparava os anticorpos dos calouros para o bandejão e para o convívio diário com o
odor de urina do Largo.

Canto Geral Sucessor do Fórum da Esquerda, por isso chamado de “fórum de Amarelo”.22 Após perder no primeiro
turno em 2013 e ver sua dissidência Contraponto ganhar em 2014, inexplicavelmente venceu em 2015 e, assim como o
antecessor, fez uma gestão que acabou por desmoralizar o grupo. O ponto alto foi uma doação camuflada de acordo de quase
sete mil reais com um rapaz que processou o XI sem provas.23

Carruagens de fogo Tradição franciscana na qual os participantes davam voltas no pátio molhado e com espuma,
ao som da música que dá título à brincadeira, bebendo XI segundos a cada volta. Os veteranos apostavam dinheiro no alto do
segundo andar, no melhor estilo Jockey Club. Foi proibida pelo Marchi quando o amado romanista era diretor.

21
Comumente confundido com “assembleia geral dos estudantes”.
22
https://youtu.be/MnYCJGWZ_YA.
23
Processo nº 1008098-26.2015.8.26.0100.

8
Carta-programa Elaborada por grupos que disputam o CA, contém infindáveis “análises de conjuntura”, algumas
propostas ou, alternativamente, as conquistas da gestão (como 6 mil likes no Facebook24). Na contracapa há uma lista de
“apoiadores” (pessoas que foram importunadas até autorizarem a publicação de seu nome ou sem autorização mesmo; além do
Edgard Pires, sem cuja assinatura a inscrição da chapa não é válida). Produzida com dinheiro de origem duvidosa.

Centralismo Às vezes chamado paradoxalmente de “centralismo democrático”, é a obrigação imposta a militantes de


não questionar a opinião do grupo e, a longo prazo, sacrificar sua personalidade e sua inteligência em nome de um bem maior.
Utilizado também para calar minorias sem que isso seja considerado opressão.

CHAPOVIS Único coletivo sério que disputa o XI de Agosto e o enxerga como um fim e não um meio de autopromoção
ou de proselitismo político.25

Contraponto Grupo atualmente no Enfrente, surgiu de um racha no Canto Geral motivado pelo desejo de maior
carguismo e pragmatismo. Rachou em 2016 por motivos unicamente personalistas26, originando o Rachaponto, que concorreu em
2017 pelo Desenredo, junto ao Canto Geral, e deste então sumiu.

Coxa Professor ou matéria muito fácil. Não saia por aí espalhando esse tipo de informação, foi isso que ocasionou o fim
da grade do boi (veja “grade do boi”).

Crítico Como adjetivo aposto a “direito” ou alguma teoria, é um eufemismo para freestyle e “de acordo com minhas
convicções” (veja DPM).

Debate 1. Mesa composta por tantas pessoas que concordam sobre determinado assunto quanto se puder achar. Se
ouvir "precisamos debater", entenda ”precisamos manifestar apoio a". 2. Consultas aos líderes políticos para obter a opinião do
grupo e suprimir a discordância.

24
Há ainda acusações de negligência política das outras chapas, disputas pelo pioneirismo nas notas de repúdio e atribuição do crime de genocídio a governos
petistas¹.
¹ Inclusive gostaríamos de saber de onde os números foram tirados.
25
Não há nenhuma ironia nesta afirmação.
26
Envolvendo uma candidatura surpresa de consenso para evitar uma candidatura minoritária e controversa no grupo, a qual foi vista como “golpe”.

9
DCE Diretório Central dos Estudantes. É como um CA, só que da USP inteira e menos relevante. Esse ano, pela primeira
vez em muito tempo não está na mão do PSOL (está com o PT, o que é quase a mesma coisa). Não tem nenhuma relevância e vai
aparecer na faculdade, no máximo, para panfletar ou pedir votos.

DJ Disc jockey (lido dee-jay) ou Departamento Jurídico (lido dê-jota). Não confundir com o SAJU.

Dogmática Jeito franciscano de dizer que alguma matéria é chata.

Espaço qualificado Expressão e super trunfo anti-argumentativo do movimento estudantil para designar os espaços
onde não há discordância ou nos quais a discordância pode ser facilmente suprimida. Espaços qualificados são os “debates” (veja
“debates) em que todos concordam, as reuniões abertas e as assembleias, especialmente as vazias. Espaços desqualificados são
as redes sociais, o pátio (quando não dominado por alunos militantes), a sala de aula e os debates (sem aspas).

Fazer pátio Importunar pessoas que circulam nas arcadas com política ou pedidos de voto.

Fichamento Meio de tortura imposto por professores e, principalmente, por monitores sem coração. Consiste em
avaliar o aluno por sua capacidade de resumir um texto que não foi explicado em aula ou de fingir que leu o respectivo texto. Um
incentivo precoce ao desenvolvimento do vocabulário pau no cu e da má redação. Quase sempre exigidos em matérias “zetéticas”.
Há, ainda, os reaction papers, tortura mais sofisticada na qual o estudante deve, além de resumir o texto, descrever as impressões
e sentimentos que teve durante a leitura. Geralmente exigem esforço demais para serem feitos direito, considerando que valem
poucos pontos na média.

Fórum da Esquerda Principal coletivo de esquerda petista do XI de Agosto após o fim do Ruptura. Sofreu um
controverso impeachment em 2007 (após eventos que envolvem a entrada da Gaviões da Fiel e da Tropa de Choque na faculdade
e que mudam radicalmente dependendo de quem te contar), mas voltou à gestão em 20XI, com resultados folcloricamente
catastróficos que forçaram o grupo a se refundar como Canto Geral (veja “mística”).

Grade do boi 1. Antigo documento passado pela turma que se formava à turma que avançava ao quinto ano, indicando
os professores e matérias a escolher para garantir o diploma da maneira mais fácil e segura. Depois que o documento vazou,
diversos professores se ofenderam com a qualificação e passaram ao lado oposto (a grade do demo), houve brigas departamentais
e os alunos perderam o direito de cursar as matérias nas turmas que desejassem. 2. Por extensão, professores e matérias fáceis.

10
Hand-out Documento criado para acabar com a saúde mental e com as finanças dos alunos, é um papel inútil, de
confecção trabalhosa, que deve ser distribuído pelos apresentadores de seminário aos colegas27. Um outro nome para fichamento.

IC Iniciação científica. Modo de ingressar na Academia (leia-se começar a puxar o saco de algum professor) ainda na
graduação, mas só a partir do segundo ano.

Intercâmbio Turismo estudantil e grande meio de recheamento de currículo. Algumas pessoas consideram um direito
associado à permanência estudantil e stalkeiam perfis de alunos que conseguem as bolsas de intercâmbio. Ver “Manobra de
Ramos”.

Isac Costa Polímata que abençoou a São Francisco com sua presença na graduação entre 2013 e 2017 e elaborou
cadernos indispensáveis de diversas matérias e hoje pode ser encontrado na pós.

Júri simulado Moot não-gourmet e não-competitivo, mas geralmente tão semelhante a uma audiência de julgamento,
do tribunal do júri ou não, quanto as cenas de Rambo II se assemelhavam à Guerra do Vietnã.

Latim 1. Língua essencial para se expressar como um advogado pau no cu erudito da maneira correta.28 2. Trote violento
aplicado pela faculdade aos alunos do segundo semestre. Também é disponibilizado o Latim II, para alunos especialmente
masoquistas. Como calouro adora ignorar aviso e só aprende se fodendo, Latim II sempre tem muito menos alunos que sua
primeira edição.

Levante Popular da Juventude Seita religiosa e grupo de dançarinos ex-governistas. Conhecidos pela lacração
de um de seus militantes que chamou o Ministro-Professor Lewandowski, numa de suas raras aparições na faculdade, de
“golpista”.29 Racharam do Canto Geral e se uniram com fins unicamente eleitorais com o Contraponto (formando a atual gestão
“Enfrente”), mas os grupos não se bicam tanto. Estão com o Maduro, claro.30 Confundem-se com o SAJU.

27
Para um hand-out sobre como fazer um hand-out: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/2814/caderno%20direito%2016%20-
%20revisado%20031207.pdf.
28
Se usar errado, vai ser reconhecido como pau no cu, pedante e ainda por cima burro.
29
Também não entendemos.
30
https://youtu.be/c_O-a5J7av4.

11
Manobra de Ramos Artifício realizado por estudantes que, sem perspectiva de se formar em cinco anos, realizam
intercâmbio no último ano de graduação para justificar aos pais e à sociedade o bacharelado tardio.

Máquina de café A saudosa máquina já foi o maior objeto de orgulho dos franciscanos, que pagavam um real por
um um belo café. Foi tirada da frente do banheiro masculino na metade de 2016 e nunca mais foi vista. A gestão do CA de 2017
providenciou uma outra para ocupar seu lugar, mas esta ainda não caiu nas graças do povo e era (supostamente) abastecida com
água da rua31.

Média ponderada Soma de sua capacidade de colar, decorar, tergiversar, frequentar aulas de professores com
“carômetro”, redigir fichamentos chatos e ter sorte na loteria de corretores e seus humores, também amplamente dependente de
sua sorte com a escolha de professores pela Faculdade e por sua escolha de optativas fáceis.32 Não serve nem para seleção em
matérias optativas, na qual se usa a média normalizada. Sua única razão de ser é a de identificar picaretas quando estes gabam-
se de suas ponderadas ou para passar vergonha naquele escritório de advocacia meia boca que pediu seu histórico escolar (relaxa,
não é normal).

Mesa de Ping-Pong Utensílio de entretenimento e integração dos alunos33 que foi tirado das arcadas pelo Tucci
como forma de esvaziar uma greve.

Mística Parte da experiência religiosa do Levante/SAJU, é uma espécie do gênero ciranda política universitária. Toca
uma música, as pessoas veem fotos, leem textos, cantam alguma cantiga política e se sentem abraçadas. É uma mistura de
afirmação política, terapia grupal, expiação da “culpa cristã” dos privilégios e de vulnerabilização dos alvos do discurso levantista.

Monitor 1. Pessoa que não é o professor que dá aula em substituição a este (geralmente, mas nem sempre, monitor
de pós-graduação; há professores que utilizam alunos de graduação e até mesmo sócios, sem vínculo com a faculdade, para esse
fim),34 geralmente quando o professor não vai à aula por questões pessoais35 ou por priorizar suas profissões de verdade.36 2.
Aluno de graduação ou de pós-graduação que auxilia o professor no curso.

31
Além de ser consideravelmente mais cara que a outra, ainda costuma reter o dinheiro dos alunos¹.
¹ "gente, cuidado q essa demônia ta roubando dinheiro hahaha" PIENIAK, Gabriela.
32
As médias ponderadas na faculdade não são normalizadas, isso é, não levam em conta a média da turma. Logo, tirar 9 numa matéria difícil é pior que tirar
9,5 numa matéria em que todos tiraram 10.
33
E ocasionalmente de professores (o Virgílio é muito ruim, a propósito).
34
E, como se numa sátira de Hermes e Renato ao patrimonialismo universitário, ainda se referem aos ditos como “professores”.
35
Como problemas familiares, ir ao cinema ou não sentir vontade de trabalhar no dia.
36
E onde há responsabilização pessoal caso não levem o trabalho a sério.

12
Monitoria 1. Aula à qual o professor não pôde ou não quis comparecer e é ministrada por um monitor. 2. Aula
divergente do método meramente expositivo, no qual a) grupos de alunos apresentam seminários para o sono dos demais alunos;
b) os alunos se dividem em grupos e discutem textos ou casos práticos com os respectivos monitores responsáveis; c) grupos de
alunos são separados e devem redigir fichamentos até o final da aula e sofrer danos morais irreparáveis a curto prazo.

Moot RPG jurídico sem dados.

Pai “Pai” e “mãe” são adjetivos com os quais se qualificam professores e professoras muito fáceis, que exigem pouco
ou nenhum esforço e não reprovam ninguém. O oposto do que se espera de um pai ou mãe numa família saudável.37

Problematizar 1. Para professores, “comentar sobre” ou “falar algo sobre, eis que estou com preguiça de determinar
o assunto de seu fichamento ou dissertação”. 2. Para alunos, “reclamar”, “cagar regra” e “criticar” de modo quando associado à
militância.

Proibicionismo Corrente seguida pelos que se opõem ao fumo dentro do Porão, consequentemente apoiando o ato
de tolher o gozo alheio.

Resgate Movimento Resgate Arcadas, foi o “partido” mais duradouro dos últimos anos na disputa do XI de Agosto. O
“surfista alaranjado” era famoso por mudar de opinião ao sabor do vento, pelo suposto pluralismo, pelas fartas disputas internas
de poder e pelo amplo carguismo38. Formou quadros para PSB39, PSDB,40 PT41 e provavelmente mais. Já teve até membro do
PSOL! Um de seus fundadores, de acordo com franciscanos realmente velhos, foi o sujeito que atirou uma galinha preta na então
prefeita Marta Suplicy42 e que à época liderava o “Partido Feudal”. Nos últimos anos, sua principal pauta era propor “urnas no
pátio” em toda assembleia, desvirtuando o tema principal sempre que possível. Acabou depois de dezenas de rachas internos e
porque ninguém aguentava mais o grupo.

37
A preponderância dessa gíria evidencia a verdade óbvia de que franciscanos são, em geral, muito mimados.
38
Carguismo é o mais próximo que a Faculdade tem de uma religião, alguns até negam praticar, mas na hora do aperto, todo mundo apela
39
Vereador Caio Miranda Carneiro, vulgo Pixote, ex-presidente do Resgate que bombou sua campanha nas redes sociais falando mal do Haddad.
40
Em todas as correntes do tucanismo paulista e dos dois lados da sensacional briga Matarazzo-Doria Jr. (teve vira-casaca, também).
41
Incluindo assessores pessoais do Haddad na prefeitura e até integrante da diretoria da Enfrente, que era resgateira e virou a casaca.
42
Ocasião na qual o então ministro da Justiça e antigo aluno da Faculdade, Marcio Thomaz Bastos, proferiu a seguinte frase: “Seria como se um homem
estivesse falando e jogassem um veado. Havia a vontade de agredir”, certamente tranquilizando a prefeita.

13
SAJU Grupo de militância política em diversas frentes intimamente ligado ao Levante Popular da Juventude, no qual os
membros lêem e redigem textões, vão a acampamentos e ocupações e fazem místicas. Calouros sempre confundem o SAJU com
o DJ, mas os grupos são radicalmente diferentes, não sabemos o porquê de confundirem. Quer dizer, o DJ visita aldeias indígenas
e presídios. O Saju presta assessoria jurídica em processos judiciais. Não, pera. O DJ faz “debates” no túmulo do Julius Frank e o
Saju tem o Vitão, o Rei da Peruada. Não, não. O DJ empresta sua salinha para o Levante guardar seus tambores e o Saju dá
espaço em seu escritório para o NDC e o GEDS. O DJ tem uma bandeira do MST e o Saju é patrocinado pelo Pinheiro Neto… eu
acho que é isso. Esperamos ter acabado com a confusão.

Semana do Estágio Privatização com fins lucrativos do espaço público da faculdade, tem como principal objetivo a
distribuição de brindes aos alunos nos estandes organizados por entidades dos mais variados ramos do direito.43 Ocasionalmente
comparecem sócios de alguns dos mais renomados escritórios da cidade a fim de convencer os estudantes de que não serão
escravizados caso estagiem. É mentira.

Semana do XI Semana organizada por nosso Estado Jr. (o CA XI de Agosto) com o objetivo de apresentar o máximo
de palestras e debates em que todos concordem com a linha política da gestão.

Silenciar Gíria do movimento estudantil para “expressar discordância”.

Tese de Láurea 1. TCC. Existe para lembrar que o trote dura até a formatura (ou até depois). De vez em quando há
bancas. Consta dos anais franciscanos que elas são raras porque a qualidade acadêmica desses trabalhos envergonharia outras
faculdades. Também consta desses anais que um aluno certa vez apareceu em um departamento oito meses depois das inscrições
com um trabalho de 20 páginas do segundo ano gritando por um orientador. Ele conseguiu e tirou 7. 2. Quando usado no plural,
é uma suposta sala de estudos. Apesar do nome, é um dos habitats naturais de calouros. Quando os ar-condicionados funcionam
(um mês por ano), funciona como geladeira e, para os que ficarem embaixo deles, chuveiro. No resto do tempo, se torna um
microondas nos dias quentes e uma estufa para doenças transmissíveis pelo ar nos dias frios. É um festival de furtos o ano todo.
Não consta nos anais franciscanos nenhum registro de alguém que tenha feito Tese nas Teses.

43
Só para mascarar a natureza lucrativa do evento. Quase todos os participantes são escritórios muito lucrativos. E são eles que dão os melhores brindes.

14
Urnas no pátio Forma de decidir questões atinentes ao Centro Acadêmico inspirada no modo de decidir as eleições
do XI de Agosto44 e as presidenciais. Sempre repudiadas energicamente em favor do modelo de assembleias esvaziadas pelos
grupos que se beneficiam da hostilidade e da inconveniência do assembleísmo.

Zetética Jeito franciscano de dizer que alguma matéria é mais viajada.

44
Primeira eleição com voto secreto no país, de acordo com o folclore franciscano.

15
QUEM SOMOS
A Chapovis é um movimento absolutamente sério que surgiu exatamente no último dia de inscrição de chapas
para a eleição do Centro Acadêmico XI de Agosto em 2016. Tinha como proposta central a implosão do CA e,
alternativamente, tentar dar alguma graça ao processo eleitoral. Segundo antigas militantes do movimento estudantil,
falhamos miseravelmente45. Nascida como uma extensão do extinto jornal Arcadas 46 em crossover com o softbeise, a
chapa sempre sofreu de crise aguda de identidade, com seus integrantes se sentindo ininterruptamente ofendidos com
as acusações de total falta de graça. Em 2016, ganhamos do PSOL e do PSTU, apenas, o que quer dizer basicamente
que somos menos relevantes na SãoFrão do que o PPS do Huck nacionalmente.
Em 2017, não fizemos absolutamente nada durante o ano, mais ou menos como as chapas em geral costumam
fazer, até nos reorganizarmos em outubro para disputar o Estado Jr. Dessa vez, em união com o Movimento Resgate o
Resgate, tivemos como objetivos principais: celebrar o funeral do Resgate, fazer oposição a Arthur Sadami, o
ombudsman ilegítimo, continuar sendo odiados pela ALz, provar a viabilidade da Peruada no México e fazer o Mario
Neto chorar.47 Com o DNA golpista e a presidência do tucano Mateus Naves, numa frente que unia comunistas, psolistas,
ancaps, left-libs, iconoclastas de todos os matizes, órfãos do pluralismo e institucionalismo, e um constrangedor apoio
extraoficial de monarquistas e católicos tridentinos, não conseguimos responder à pergunta se éramos sérios ou de
zoeira, fomos humilhados pelo PT em primeiro turno e ameaçamos reverter o resultado no tapetão, mas desistimos da
ação porque deu muita preguiça.
Crises de identidade à parte, temos como objetivo real/oficial um XI não-proselitista, não-carguista e focado
em resolver os problemas dos estudantes, não em tirar foto em Brasília. O XI, hoje, é muito disputado por seu “papel
político” e todos os outros concorrentes enxergam a vitória eleitoral como uma carta branca para falar qualquer coisa
em nome dos estudantes, ocasionalmente fazendo com que passemos vergonha. Entendemos que o debate político na
faculdade é importante e que a o foco dos coletivos na disputa pelo XI atrapalha a discussão política e a própria gestão
do Centro Acadêmico. Queremos um XI responsável financeiramente, atento e leal às necessidades dos estudantes e
não à agenda política de seus membros.

45
Lamentamos muito, vamos continuar nos esforçando para agradar as duas.
46
Crefisa de créditos livres. Estagiários do Estadão. Jornal do Resgate.
47
Nós te amamos, Mario.

16
SOBRE NÓS
“No fim a chapa de zoeira é a de vocês mesmo”. ALZ, Intercambista da; endossando a chapa.

“É a chapa de Schrodinger: ela é de zoeira, mas não é zoeira ao mesmo tempo. Que Deus tenha
misericórdia da nossa nação Jr.” GONÇA, Pe.; parafraseando o príncipe suíço.

“Eu juro que não entendo: o pessoal tava achando que vocês, sendo eleitos, não assumiriam o
XI?” ESPOSITO, Piero; monarquista ultramontano.

“Muitas gentes incríveis nessa chapa:)” MEIRELES, Erica; porta voz e rainha do Canto Geral.
"É um acordo, botar a Chapovis num grande acordo acadêmico. Com o Tucci, com tudo. Aí
voltava a máquina de café." REDICHIVE, Matheus.

“[QUEM É ESSE POKEMON]


“A pergunta é: qual é a de vocês esse ano? Vocês vão tentar (friso o tentar) ser uma chapa de
zoeira de novo?” Random da
ALz
que
faz
poemas
assim.

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