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SU M ÁRI O

04 Introdução

10 O que é espiritualidade?

13 Origem da Umbanda

19 Umbanda e redes sociais: caminho sem volta

22 Principais dúvidas na Umbanda

24 Desenvolvimento mediúnico

26 Incorporação

28 “Trabalhos” e “Amarrações”

30 Busca por terreiros

32 Interpretação de sonhos e pesadelos

36 Banhos e defumações

40 Rituais diversos

42 Denúncias de intolerância

44 Marcas do Umbanda Eu Curto

45 Acesse por aqui

46 Ficha técnica
Introdução

Quando Daniel Marques, publicitário e umbandista que


compartilha comigo dessa empreitada teve a ideia de criar
uma fanpage dedicada à Umbanda, minha primeira
pergunta foi: “Mas já não existem várias?”

E, para minha surpresa, não existiam. Em outubro de 2011


as páginas no Facebook dedicadas à Umbanda podiam
ser contadas nos dedos das mãos, sendo que quase todas
publicavam imagens e textos de forma espaçada, sem
uma periodicidade definida. Era uma lacuna para
fazermos algo que pudesse alcançar os milhões de
umbandistas espalhados não só pelo Brasil como no
mundo todo. Assim surgiu o Umbanda Eu Curto!

O nome representa não só a principal atividade dos


usuários das redes sociais como também o sentimento da
imensa maioria de adeptos da religião, que amam a
Umbanda e curtem cada momento de interação, seja nos
terreiros, seja online. Em poucos dias ultrapassamos a
marca de 1000 fãs e daí em diante o crescimento foi
exponencial.
E que fique claro: quando dizemos isso nenhuma vaidade
nos move. Papo sério. A surpresa e a alegria com a ótima
recepção que tivemos desde o início só fez aumentar o
nosso desejo de fazer mais. Sempre foi um trabalho feito
com o coração, de alma mesmo, com o objetivo de
aproximar umbandistas e simpatizantes de todos os
cantos com uma linguagem simples e acessível.

E essa matriz persiste até hoje. De frases curtas e


motivacionais, passamos a pesquisar os Guias e Orixás da
Umbanda, autores, livros e desenvolvemos um
mecanismo de divulgação novo, com imagens e posts
criados para dizer, mais do que “mil palavras”, o que
significa este ou aquele termo da Umbanda.

Em seguida, convidamos autores da Umbanda, assim


como Mães e Pais de Santo com trabalhos reconhecidos
pelo público para cederem textos e vídeos para nossa
fanpage. Foi nesse processo que conhecemos Rubens
Saraceni, um dos mais importantes escritores da
Umbanda, apresentado por outro grande nome e
apoiador, Alexandre Cumino.

Para quem não sabe, Rubens era um homem simples e


cordial. Veio até a sede da agência de publicidade em que
eu e Daniel somos sócios, gravou um vídeo em apoio ao
Umbanda Eu Curto e nos deixou à vontade para utilizar
todas as suas obras como fonte para divulgação. Na hora
do cafezinho, Daniel quis leva-lo a uma cafeteria ou até

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mesmo numa dessas padarias bacanas, mas ele negou.
Disse: “vamos ali naquele barzinho mesmo”, indicando um
boteco de esquina que nem nós, vizinhos ao
estabelecimento, tínhamos coragem de frequentar.

Essa história, que guardamos até hoje com muito carinho,


traduz um sentimento que tivemos à época. Tudo surgiu
de forma espontânea e este clima deveria permanecer.
Mensagens, imagens, pesquisas, fóruns, promoções e
muito mais foi feito e compartilhado na fanpage para que
o contato com os umbandistas pudesse ser cada vez mais
próximo.

A iniciativa cresceu, criou raízes firmes e dela surgiram


perfis nas principais redes sociais – Instagram, YouTube,
Twitter e Telegram – além da criação de um portal,
completo e sucinto, informativo e emocional, grande e ao
mesmo tempo próximo e fácil de ler e entender, em 2013.

Em 2015 iniciamos a publicação de e-books (livros digitais)


e logo criamos o site Livros de Umbanda para centralizar
todas as obras, incluso livros impressos e audiobooks.

Em 2017, um decisão difícil: a mudança da logomarca. Até


ali usávamos aquela mãozinha do Facebook, com o
símbolo de “curtir” com uma vela acesa adaptada.
Chegamos à conclusão de que deveríamos nos
desvincular desta logotipia do Facebook para evitar
problemas futuros. O processo de mudança foi tenso e

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divertido ao mesmo tempo e acabamos criando uma
marca que traduz muito bem o que fazemos, com
modernidade e tecnologia.

Em 2020, em plena pandemia da covid-19, criamos uma


plataforma disruptiva, a Umbanda Comunidade. Um
espaço seguro, acessível através de usuário e senha, onde
disponibilizamos séries em vídeos inéditos na religião
como o FOI NA UMBANDA, com causos e histórias de
Umbanda; BENÇA MÃE, com ensinamentos simples de
Mãe Isabel Garrido, direto de Salvador (BA); MIZIFIO, com
interpretações artísticas e emocionantes de conselhos de
Pretos e Pretas Velhas e muito mais.

A inscrição é gratuita e o primeiro mês é grátis. Depois, o


associado pode escolher entre os planos mensal,
semestral ou anual, onde a mensalidade equivale a R$
13,99. Novos conteúdos são postados toda semana.

Ainda em 2020 apresentamos ao público um programa ao


vivo pelo YouTube que muito nos orgulha: o HOJE TEM
GIRA, com Mãe Taiane Macedo. Com uma produção
caprichada e muito carisma, Mãe Tai convida músicos,
sacerdotes, influenciadores e muitos outros para fazerem,
juntos, uma verdadeira Gira online. Música, reza, oração e
rituais entretêm e informam, tanto que o programa gerou
um e-book imperdível com 30 rituais simples que todos
podem fazer em suas casas. O programa segue com
episódios especiais.

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E, em 2021, ano em que completamos 10 anos de
atividades ininterruptas, criamos o Instituto Cultural
Umbanda Eu Curto para dar suporte aos encontros online
com sacerdotes e espiritualistas sobre temas de grande
interesse do público.

Iniciamos em agosto com quatro encontros dos “Baralhos


da Esquerda na Umbanda” com a oraculista Roberta
Honório, sucesso imediato. Tanto que, ainda neste mês de
outubro, Roberta retorna com mais quatro encontros
online para aperfeiçoamento sobre o tema.

Seguimos então com os encontros ministrados por Pris


Mariano, benzedeira, cantora e umbandista. A Jornada
“Benzedura Ancestral” superou todas as expectativas e
terá uma nova turma em breve.

No entanto, este e-book, de certa forma, serve para


homenagear todos os umbandistas e simpatizantes que
acreditam em nosso trabalho, sempre pautado por uma
Umbanda livre, sem preconceitos e pronta para crescer.

Sem o apoio de todos vocês não estaríamos mais aqui. Por


isso, nosso muito obrigado por ontem, hoje e amanhã.
Seguiremos firmes em prol da Umbanda, curtindo e
compartilhando muito conteúdo todos os dias.

Gratidão!
Alexandre Negrini Turina
Sócio-fundador

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Público dos 10 anos

322.765 146.525 80.000


Fãs • 268.985 Acessos Mensais

21.464 6.519 +100.000

1,20%
PORTUGAL

1,28%
ESTADOS UNIDOS
0,20%
JAPÃO

95,92%
BRASIL

0,27%
ARGENTINA 0,14%
URUGUAI
O que é
espiritualidade
O que é espiritualidade

Você nasce, cresce e logo começa a perceber que o


mundo em que vivemos é feito de coisas palpáveis como a
terra, a água, o fogo, a vegetação, as casas, prédios, ruas e
muitos outros. Tudo já estava pronto, perfeito para
vivermos nossas vidas.

Então a nossa mente, dotada de pensamento crítico e


criativo, começa a se questionar de onde veio isso tudo,
como o mundo começou, para onde iremos, se há vida
fora deste planeta e muitas outras inquietações em que a
maioria se detém pelo menos uma vez na vida.

E é desta correlação entre o mundo material em que


vivemos e a nossa incrível capacidade cerebral que
nascem as “explicações de mundo”, que podem ser
científicas ou de outra ordem. Trataremos apenas desta
segunda opção.

Nos vemos, então, pensativos sobre os porquês da vida e,


em pleno século XXI, nos deparamos com uma infinidade
de teorias e explicações sobre tudo, das mais simples às
mais complexas.

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O que é espiritualidade

Todo esse exercício mental leva a imensa maioria dos


humanos a acreditarem que somos mais do que carne e
osso. Somos algo mais, algo que nos anima e ilumina;
somos mais do que finitos e a morte física não significa o
fim: é apenas uma etapa da nossa existência. Este “algo
mais” é a alma, o espírito que nos anima e compõe, que
nos liga a forças e poderes além da nossa compreensão.

Seguindo esta lógica, a espiritualidade pode ser definida


como uma dimensão que encontra eco nas mais diversas
religiões do planeta, que nos define como seres universais
e transcendentais.

Segundo o Wikipédia, “cada uma das referidas religiões


comporta uma dimensão específica a esta descrição geral,
mas, em todos os casos, pode-se dizer que a
espiritualidade traduz uma dimensão do homem,
enquanto é visto como ser naturalmente religioso, que
constitui, de modo temático ou implícito, a sua mais
profunda essência e aspiração”. Mas será que isso sempre
foi assim?

12
Origem da
Umbanda
Origem da Umbanda

Então somos seres espirituais, OK, acho que podemos


concordar com isso, certo? E por que somos assim? Por
que temos este “poder” dentro de nós? Como usaremos
isso em nosso benefício? Há como estimular esta
espiritualidade, desenvolver habilidades, enfim, obter um
“ganho” por sermos criaturas dotadas de espírito? De novo
são muitas questões abertas que encontram muitas
respostas diferentes em todas as partes do mundo. E é da
diferença entre as respostas que surgem as religiões.

Definir o que é religião também é um trabalho árduo, que


será sempre parcial e pessoal. Por meio da etimologia da
palavra sabemos que religião é “religar-se”, conectar-se
novamente a uma força maior. Fazer parte desta ou
daquela religião é aceitar e ser aceito num grupo de
pessoas que compartilha os mesmos signos, símbolos,
valores e cultura religiosa, traduzidos em ritualísticas
próprias. A explicação do mundo que nos cerca também
está lá, seja referenciada por livros escritos há muito por
profetas, discípulos e gurus ou até mesmo por tradições
orais.

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Origem da Umbanda

A Umbanda, em sua origem, tal como num caldeirão, uniu


elementos culturais diversos e surgiu, em 1908 (embora
existam pesquisas em curso que mostrem um início
anterior), como um sopro de vida para um grupo de
pessoas que acreditava que a espiritualidade não deveria
ter amarras, dogmas, cor, raça, certo ou errado.

Na Umbanda, a liberdade e o amor encontraram espaço


para florescer, dar frutos e se desenvolver, numa religião
sincrética e integrativa, que aceita todos em seu seio sem
restrições. O amor e a caridade a fundamentam.

Novamente na Wikipédia, “Umbanda é uma religião


heterodoxa brasileira, cuja evolução do polissincretismo
religioso existente no Brasil foi resultado de motivações
diversas, inclusive de ordem social, que originaram um
culto à feição e moda do País.” Embora boa parte dos
umbandistas possa não concordar totalmente com a
definição acima, partiremos dela para entender melhor a
religião.

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Origem da Umbanda

É heterodoxa principalmente porque não possui um


dogma, um livro sagrado, um “sumo pontífice” que dê a
direção a seguir. Por sinal, a Umbanda é hoje muito mais
do que o resultado da somatória de várias influências
religiosas como veremos a seguir.

Do Espiritismo, codificado por Allan Kardec, absorvemos a


incorporação semiconsciente, sendo esta uma de suas
características similares à prática umbandista. Sobre este
aspecto, Alexandre Cumino, em seu livro “História da
Umbanda” (2011) destaca:

“A ‘origem kardecista’ ou mesmo a ‘influência espírita’ na


Umbanda é algo real e muito importante na formação da
religião. Boa parte da doutrina umbandista bebeu dessa
fonte, apresentando conceitos idênticos sobre
reencarnação, carma, evolução, espíritos e mundo astral.”

Há também a evidente influência africana, presente em


muitos aspectos principais da religião, das nomenclaturas
dos Orixás, sua organização e irradiações, até objetos e
funções na ritualística das Giras, oferendas e orações.

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Origem da Umbanda

Dos índigenas brasileiros, a influência mais visível pode ser


notada na manipulação de ervas, essências, aromas e
outros instrumentos da sua materialidade, muitos deles
voltados à cura e à pajelança. Os próprios Caboclos e
Caboclas, por sinal, são mestiços que incorporam a matriz
cultural nativa brasileira, seu conhecimento e experiência
com a natureza, plantas, animais, entre outros.

Do Cristianismo, religião tida como oficial do Brasil à época


da fundação da Umbanda, a presença de um Deus único e
santos católicos foi incorporada à Umbanda num
sincretismo funcional, que permitiu que a população
entendesse de maneira mais fácil os mistérios dos Orixás
através de correlações.

Ogum era São Jorge, Iansã era Santa Bárbara, Oxalá era
Jesus e Olorum era Deus, entre outros. Foi dessa forma
que a religião encontrou um jeito de subsistir e crescer em
meio ao preconceito e intolerância ao longo do século XX.
Somam-se a estes elementos a magia, a espiritualidade e
a mitologia como elementos que contribuíram para a
formação da Umbanda como a conhecemos hoje.

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Origem da Umbanda

Todos estes elementos, somados e ao mesmo tempo


modificados, criam e recriam uma Umbanda viva, que
evolui a cada momento, num polissincretismo que vai
além da fusão de práticas, pois incorpora elementos
diversos e cresce, gerando sempre uma religião diferente,
vibrante e desafiadora.

E um dos principais elementos que surgem como


agregadores e divulgadores da Umbanda é a tecnologia,
principalmente através dos sites, blogs e redes sociais que
estão provocando uma revolução, ora silenciosa, ora
barulhenta, em todos os campos da religião.

18
Umbanda e
redes sociais:
caminho sem volta
Umbanda e redes sociais: caminho sem volta

Mas de onde e desde quando vem esta influência


tecnológica toda?

Arriscando (com alguma segurança) é importante lembrar


que há cerca de 20 anos o grande sucesso da internet
brasileira tinha nome: Orkut. A rede social que mais tarde
foi adquirida pelo Google, nasceu, cresceu e prosperou em
terra árida; seus concorrentes eram poucos e não tinham a
estabilidade e sedução que a rede oferecia a seus milhões
de usuários pelo mundo.

O tempo passou e o que era potência foi definhando até


morrer. Em seu lugar surgiu, em 2004, uma rede que se
tornou onipresente: o Facebook. Hoje, com mais de 2
bilhões de usuários, congrega o WhatsApp, o Instagram e
muitas outras plataformas menores que tornam a
empresa cada vez mais influente.

Como dissemos na introdução, a Umbanda Eu Curto


nasceu no Facebook como uma fanpage, como são
chamadas as páginas dedicadas a empresas, organizações
e outras iniciativas diferentes de perfis pessoais. À época,
em outubro de 2011, sem muitos parâmetros mas com

20
Umbanda e redes sociais: caminho sem volta

muita iniciativa e fé, criamos frases motivacionais sobre


temas ligados às irradiações do Guias e Orixás da
Umbanda. Fé, amor, justiça, respeito ao próximo e muitos
outros temas foram conquistando cada vez mais curtidas,
comentários e compartilhamentos.

Daí em diante, nossa tarefa foi desenvolver a cada dia


inúmeras formas de se comunicar de forma breve,
ilustrada e com embasamento teórico para um público
crescente de umbandistas e simpatizantes sobre o que de
melhor se produz em conhecimento na Umbanda.

A ideia de que as pessoas podem ser mais do que


umbandistas apenas uma vez por semana ou quinzena
(no dia de Gira) para terem contato diariamente com a
religião nos anima e está no centro do trabalho.

E nesse contato diário, dúvidas surgiram e nos ajudaram a


entender um pouco mais sobre os anseios dos
umbandistas, seja sobre teologia, rituais ou até mesmo
sobre questões mais básicas como as que veremos a
seguir.

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Principais dúvidas
na Umbanda
Principais dúvidas na Umbanda

É possível dizer, sem medo de errar, que a Umbanda é


uma das religiões mais livres do mundo. Quer frequentar
um terreiro? É só chegar, diriam muitos. Não importa se
você é católico praticante, não-praticante, kardecista ou
evangélico; todos são bem-vindos.

Mas isso não significa que a Umbanda seja simples ou


simplista, muito pelo contrário. A organização de um
terreiro, os rituais, práticas, saudações, pontos cantados,
oferendas, velas, orações e muitas outras questões
suscitam dúvidas na cabeça de muita gente.

Desde o início da nossa história, recebemos dezenas de


dúvidas todas as semanas. Algumas são fruto da
curiosidade de quem está tomando contato com a religião
e tem desejo de saber mais; outras, mostram que ainda há
muita confusão na cabeça das pessoas com relação a
quase tudo que envolve o universo umbandista.

Para exemplificar um pouco da nossa experiência,


listamos abaixo, por tópicos, alguns dos principais temas
que geram dúvidas.

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1. Desenvolvimento
mediúnico

É muito comum as pessoas começarem a frequentar os


terreiros e se maravilharem com o que veem. Como
acreditamos que há muito mais gente do bem do que do
mal, percebemos que a maioria dos terreiros procura
realizar um trabalho sério.

Assim, o som dos atabaques, os pontos cantados, a boa


recepção por parte dos médiuns aos consulentes e muitos
outros fatores influenciam positivamente os recém
chegados. Rapidamente a maioria sente uma energia boa,
diferente, um bem-estar único que logo cresce e se
transforma numa dúvida recorrente: será que eu sou
médium também?

Por mais que a internet tenha aproximado as pessoas, não


podemos (e não saberíamos) analisar à distância a
capacidade e desejo de uma pessoa em desenvolver sua
mediunidade de incorporação e, posteriormente,
trabalhar em prol das irmãs e irmãos na Umbanda.

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1. Desenvolvimento mediúnico

O que sempre salientamos nestes casos é que todos nós


temos mediunidade: a diferença é a intensidade com que
se manifesta em cada um de nós. O que chamamos de
intuição, pressentimento ou até sexto sentido é sim uma
forma de mediunidade, comum a praticamente todos.

Desenvolver-se na Umbanda para o trabalho assistencial


requer sensibilidade, desejo, firmeza de propósito,
dedicação, estudo e muito amor ao próximo. Mais do que
um privilégio ou destaque, ser um médium na Umbanda
requer boa dose de sacrifício pessoal, um verdadeiro
exercício de humildade.

Para todos os efeitos, sempre recomendamos que as


aflições por “trabalhar” sejam compartilhadas com a Mãe
ou Pai de Santo do terreiro para que estes orientem seus
filhos e filhas sobre este assunto.

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2. Incorporação

A incorporação dos Guias na Umbanda é outro tópico que


provoca muitas inquietações. Há desde céticos que
“duvidam” que realmente exista uma entidade ou energia
específica trabalhando com o médium até cambones que
desejam saber o tempo ideal para começarem a
incorporar e trabalhar nas Giras. Lembrando que os
cambones executam funções auxiliares diversas nos
terreiros e trabalham muito próximos aos médiuns.

Para todos os casos, salientamos que a incorporação dos


Guias na Umbanda é uma verdadeira parceria energética
entre o médium e a irradiação evocada no momento.

Assim, o arquétipo dos Caboclos, Pretos Velhos, Baianos,


Marinheiros, Boiadeiros, Ciganos, Malandros, Exus,
Pombagiras, entre outros, é chamado ao trabalho e, numa
síntese entre corpo, mente e espírito, trabalham num
estado de semiconsciência. Médiuns inconscientes
(incorporam e depois não se lembram de nada) são cada
vez mais raros.

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2. Incorporação

Na prática, o médium “está ali”, presente, e acompanha


todos os atendimentos feitos através da sua corporeidade,
mas quem aconselha, formula e manipula os rituais e os
descarregos são as entidades ou irradiações divinas.

Ao término dos trabalhos, a desincorporação pode ou não


levar toda a experiência embora da mente dos médiuns.
Sobre isso, costumamos responder justamente com uma
outra pergunta: porque o médium se daria ao trabalho de
lembrar tudo que foi confidenciado aos Guias se a Gira
terminou e cada um já levou para si as respostas que
procurava?

O médium, em seu dia a dia, não precisa gravar na mente


tudo o que ouviu e nem mesmo tudo o que os Guias
aconselharam enquanto esteve incorporado. Seu trabalho
é, como dissemos antes, um exercício de humildade, um
serviço a ser prestado com amor e devoção ao próximo. E
ponto final.

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3. “Trabalhos” e
“Amarrações”

Este é um dos assuntos mais controversos na Umbanda. É


impressionante como as pessoas se deixam levar por
promessas obscuras de “amarração para o amor”, “trago a
pessoa amada” e similares. Nada disso é Umbanda.

Como já nos perguntaram milhares de vezes, “então o que


é que estas pessoas que anunciam em postes, muros e até
em revistas e jornais fazem?” Eles realmente amarram
alguma coisa? Sim e não.

Sim, se a pessoa que buscou este tipo de ajuda realmente


acreditar que está fazendo um “trabalho” e prendendo a
suposta pessoa amada para si, por exemplo.

Não, porque o livre-arbítrio é uma das leis mais preciosas


que temos e não há como fazer durar qualquer tipo de
manipulação que não seja para o Bem.

Na prática, acreditamos que as pessoas que recorrem a


estes ditos Pais e Mães de Santo (muitos não o são, outros

28
3. “Trabalhos” e “Amarrações”

simplesmente nunca entraram num terreiro) podem sim


obter algum tipo de sucesso momentâneo, mas isso não
passa de ilusão.

Prender alguém contra sua vontade não é positivo, não é


certo, não é justo e tampouco produtivo. Quando um
suposto “trabalho” é feito, energias são manipuladas para
esta finalidade e acreditamos que nenhum dos Guias e
Orixás da Umbanda se prestaria a este papel de
interferência mental em uma outra pessoa.

Nossos Guias e Orixás são seres divinos, seres de luz; eles


não se aproximam de situações assim, restando aos eguns
ou quiumbas esta missão. De maneira geral, eguns são
espíritos que desencarnaram e ainda não encontraram o
caminho da luz e, quiumbas, são também espíritos
desencarnados, porém muito atrasados de acordo com a
evolução espiritual e, por isso, podem se passar por outras
entidades (como os Exus, por exemplo) iludindo assim
aqueles que os evocam.

Resumindo, fique longe disso tudo. Vai ser melhor.

29
4. Busca por
terreiros

A busca por um terreiro para chamar de seu é outra dúvida


comum entre os umbandistas. E temos a convicção de
que ela será eterna, pois a Umbanda é feita por pessoas
falíveis e dotadas de opinião e emoção. Desentendimentos
aqui e ali acontecem a todo momento, daí a rotatividade
entre consulentes e médiuns.

Como estamos na região do Grande ABC Paulista,


indicamos terreiros que conhecemos pessoalmente e
também de Mães e Pais de Santo que possuem
reconhecidamente bons trabalhos prestados à Umbanda.
No entanto, as consultas sobre qual terreiro frequentar
vêm de toda parte do mundo e do exterior.

Assim, a cada nova solicitação por indicação, pesquisamos


na internet quais são os terreiros mais próximos de quem
nos procura e apontamos mais de uma opção, ressaltando
que a nós é impossível conhecer todos presencialmente.

30
4. Busca por terreiros

Vale então aconselhar que, ao adentrar um terreiro pela


primeira vez, busque conversar com algum membro da
corrente, cambone ou assistente para saber mais sobre a
casa, seus horários, como funciona, suas práticas e outras
rotinas.

Apenas destacamos alguns pontos que julgamos


essenciais em qualquer terreiro como o atendimento
gratuito e o respeito igualitário entre todos, pois, sem isso,
sentimos dizer: você estará no lugar errado.

E, caso tenha conhecido, frequentado por algum tempo e


simplesmente não tenha gostado da casa, não tenha
medo de buscar outro terreiro. Nenhum mal recairá contra
você e ninguém fará nenhum tipo de represália espiritual.

31
5. Interpretação de
sonhos e pesadelos

Se dissemos agora pouco que todos temos mediunidade,


sendo que uns a têm mais aflorada do que outros, o
mesmo podemos falar dos sonhos. O mecanismo se
repete: todos nós sonhamos, embora algumas pessoas
nunca (ou quase nunca) se lembrem de nada enquanto
outras lembram de tudo (ou quase tudo) com riqueza de
detalhes.

Tudo certo! Não cabe aqui discutir a gênese ou teorizar


sobre os sonhos, os porquês e as diferenças individuais
que fazem com que alguns tenham memória recorrente
do que sonharam enquanto outros praticamente não se
lembrem de nada. No entanto, esta é uma dúvida
constante nestes 10 anos de Umbanda Eu Curto. São
muitas mensagens recebidas todas as semanas com
dúvidas relacionadas aos sonhos (e pesadelos).

De nossa parte, imaginamos que estas dúvidas nos


chegam depois das pessoas já terem pesquisado em sites
sobre significados dos sonhos e não terem encontrado

32
5 Interpretação de sonhos e pesadelos

respostas definitivas. Não queremos decepcionar


ninguém, mas nós também não as temos.

De uma maneira bem generalizada, costumamos


responder que os sonhos são mecanismos de escape ou
de controle de nossas mentes. Boa parte do que
sonhamos está ligado ao nosso dia a dia, às coisas, pessoas
e situações cotidianas, incluindo nossos medos,
preocupações, frustrações mas também alegrias,
descobertas e expectativas. E, isso tudo misturado, acaba
gerando resultados aleatórios, pequenos filmes com
enredos diversos que sonhamos todas as noites. Se as
preocupações, dúvidas ou medos são grandes, pesadelos
podem surgir.

O importante é lidar bem com isso, sem se preocupar


muito em tentar conferir significado a cada pequeno
detalhe sonhado. Ao responder essas dúvidas,
costumamos sugerir caminhos, elencar significados
gerais e apaziguar as pessoas de que sonhos
premonitórios existem, mas dificilmente serão preto no
branco, ou seja, totalmente compreensíveis.

33
5 Interpretação de sonhos e pesadelos

Analisar os fatores externos e internos é sempre um bom


começo para interpretar o que foi sonhado. Se depois disso
a pessoa continuar achando tudo incompreensível, aí sim
cabe ligar um certo alerta e prestar mais atenção aos
acontecimentos futuros.

Teve um pesadelo com alguém e sente que pode haver


perigo? Ligue para a pessoa, mande uma mensagem.
Pergunte se está bem, se precisa de algo. Se for alguém
aberto ou próximo, relate seu sonho, diga que pode não
ser nada, mas que tome cuidado.

Teve um sonho sem pé nem cabeça, mas não


necessariamente ruim? Mais alguém estava nele, além de
você? Pondere se vale a pena falar com a pessoa ou se você
deve esperar mais um pouco, deixar passar alguns dias.
Quem sabe a própria realidade mostra situações para que
você gere conexões ou simplesmente a coisa toda seja
esquecida.

Quanto aos tais sonhos premonitórios, dá para assegurar


que eles são mais raros do que os filmes e séries de TV
querem nos fazer acreditar. De fato isso existe, não há

34
5 Interpretação de sonhos e pesadelos

como negar. A série “Medium” (ou A Paranormal, em


português) foi baseada em fatos reais. A médium
norte-americana Allison DuBois realmente tinha sonhos
(principalmente pesadelos) relacionados a crimes e assim
auxiliava um promotor local no estado do Arizona. É claro
que há muita ficção na série, mas sua base é real.

O mais comum relacionado à Umbanda é encontrar


relatos de pessoas que sonharam com determinado Guia
ou Orixá que supostamente conversam, indicam
caminhos ou situações que acabam por se materializar.
Isso pode ocorrer, mas ressaltamos: é raro.

Portanto, tome sempre seus sonhos como um dos muitos


mistérios que os seres humanos ainda continuam em
busca de explicações. Use-os como reflexão para a vida e
não como um fim em si mesmo.

A espiritualidade fala conosco enquanto dormimos? Pode


ser que sim, pode ser que não. Considere com carinho o
que sonhou, mas não se prenda muito a isso. Afinal, toda
noite podemos dormir e sonhar novamente, não é
mesmo?

35
6. Banhos e
Defumações

Qual o melhor banho para esta ou aquela finalidade?


Qualquer um pode fazer defumação? Posso eu mesmo
defumar minha casa?

Estas são apenas algumas das perguntas que recebemos


com frequência. Enquanto os banhos costumam ser
rituais individuais, voltados para finalidades específicas, as
defumações podem ser feitas para si mesmo, para o
ambiente da casa, do trabalho e até em favor de outras
pessoas.

Em geral, muita gente tem receio de fazer algo errado,


usar a erva errada no banho, não sabe se deve despejar seu
conteúdo da cabeça para baixo ou do pescoço para baixo,
se deve fazer uma oração específica e por aí vai.

Em nosso site Livros de Umbanda temos e-books sobre


ervas que descrevem suas propriedades e valem a pena
ter sempre à mão. Em geral, use apenas uma erva para os
banhos, mas também é possível valer-se de várias delas

36
6 Banhos e Defumações

combinadas. Uma regra comum é usar quantidades


ímpares (3, 5 ou 7) quando o banho se destina a eliminar
algo em sua vida e quantidades pares (2, 4 ou 6) para que
algo entre em sua vida.

A arruda, por exemplo, é uma erva indicada para limpeza


astral, purificação e limpeza de acúmulos negativos e
também para proteção em geral. Pode ser usada sozinha,
sendo muito efetiva.

Outra erva sem contraindicação indicada para banhos é o


alecrim. Seus banhos ajudam a trazer paz e equilíbrio,
ajudando a clarear as ideias, abrindo a mente para novas
energias do bem.

Há diversas formas de preparar um banho de ervas, mas


para não errar, pegue uma panela e ferva cerca de 1,5 litros
de água limpa. Desligue o fogo e jogue a erva na água
(seca ou fresca, tanto faz). Mentalize o que deseja eliminar
ou trazer para sua vida, faça uma oração que desejar,
tampe e deixe esfriar.

37
6 Banhos e Defumações

Antes de tomar seu banho higiênico, coe a água reservada,


separando-a da erva (que pode ir ao lixo comum). Use um
balde para depositar esta água e leve-o para o banheiro.
Tome seu banho normal e, ao final, despeje a água do
balde (do pescoço para baixo), feche os olhos e mentalize
novamente o que deseja eliminar ou trazer para sua vida.
Refaça sua oração ou faça outra, como quiser.

Aí é só se enxugar e pronto. Se na tradição do seu terreiro


é indicado jogar a água do banho de ervas desde o topo da
cabeça, faça conforme lhe ensinaram, sem problema.

Já sobre a defumação, sabemos que nem todos possuem


um turíbulo em casa, que é um objeto litúrgico que
funciona como um incensário onde são dispostas as ervas
secas e alguns pedaços de carvão em brasa. Utilizado em
muitas religiões, vai liberando a fumaça da defumação por
pequenos furos em sua tampa e lateral enquanto o
sacerdote o balança por pequenas alças ou correntes.

Se tiver um turíbulo, use-o. Se não tiver, é possível usar um


bastão com ervas secas amarradas juntas ou até mesmo
incensos industrializados, fáceis de encontrar. Acenda-o e

38
6 Banhos e Defumações

caminhe com ele da porta de entrada da casa para dentro,


se deseja que algo entre em sua casa ou em sua vida. De
outro modo, se deseja que algo saia de sua casa ou de sua
vida, acenda o incenso e caminhe do fundo da casa até a
porta da frente.

Em ambas as situações, caminhe pela casa, passando por


todos os cômodos, mentalizando o que deseja,
intercalando com orações, levando a fumaça para todos os
cantos. Ao terminar, deixe o incenso terminar a queima
junto à porta de entrada ou a um vaso de planta.

O universo das ervas e suas indicações para banhos e


defumações é vasto e vale a pena ler mais e se informar.
Mas os procedimentos básicos são estes, pode fazer sem
medo.

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7. Rituais
diversos

No site Livros de Umbanda temos também e-books que


tratam de temas relacionados com as ervas e seu uso na
religião. Já no e-book Axé Hoje Tem Gira, apresentamos
uma compilação de rituais e oferendas simples criadas por
Mãe Taiane Macedo para o programa de mesmo nome,
disponível em nosso canal no YouTube.

É certo dizer que o ritual mais simples é a oração. No


e-book citado acima há muitas, porém o mais importante
é a fé e a intenção de quem ora. Um Pai-Nosso ou uma
Ave-Maria com fé e propósito serão sempre melhores do
que uma oração linda, longa e rebuscada que você apenas
lê sem nenhuma emoção, lembre-se disso. Oração é
energia em movimento com intenção específica.

Outro ritual muito comum na Umbanda é firmar velas.


Umbandista adora firmar uma vela, não é mesmo? E não
há nada errado nisso, pode acreditar. A simbologia mais
elementar é a de que vela acesa é luz, ponto de
concentração e fé. Cada Orixá e Guia espiritual possui uma

40
7 Rituais diversos

cor específica que varia muito de acordo com a tradição de


cada terreiro e vertente de Umbanda. Na dúvida, vela
branca não tem erro. Acenda em seu altar caseiro ou num
canto em casa onde não haja corrente de ar. Peça
especificamente à entidade que você tiver mais
proximidade ou à espiritualidade em geral que lhe ajude
nas questões que deseja resolver. Não é preciso ter pompa
e circustância, palavras difíceis, nada disso. Converse com
a espiritualidade como se estivesse conversando com um
(a) amigo (a) – na verdade é isso mesmo que acontece – e
mentalize seus objetivos a serem alcançados. Vela acesa é
luz e intenção firmada.

A partir daí, os rituais na Umbanda podem conter bebidas


(alcóolicas ou não), flores, frutas e outros alimentos. São as
oferendas, que podem ser ensinadas pelos Guias nos
terreiros ou obtidas no e-book que citamos acima ou em
um outro, mais específico. Não tenha receio de fazer,
mesmo que falte algum elemento. Como dissemos, o mais
importante é a fé e a intenção de quem faz.

41
8. Denúncias de
intolerância

Infelizmente estamos vendo crescer os casos de violência


e intolerância religiosa pelo Brasil. Há quem diga que a
quantidade sempre foi grande; a diferença é que hoje o
povo do axé está mais atuante, denunciando mais.

O argumento é válido e costumamos dar visibilidade às


denúncias permitindo que os fãs e seguidores publiquem
os casos em nosso mural no Facebook e também em
nosso grupo fechado na mesma rede, uma forma de
mostrar que todos estamos mais atentos e combativos
contra qualquer caso de discriminação.

O caminho é longo, mas todos podemos colaborar uns


com os outros.

42
Nossas marcas

INSTITUTO CULTURAL

UMBANDA
COMUNIDADE.
COM.BR

44
ACESSE

UMBANDAEUCURTO.COM.BR

INSTITUTOUMBANDA.COM.BR

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LIVROSDEUMBANDA.COM.BR

REDES SOCIAIS

45
Ficha técnica

TEXTOS E REVISÃO
Alexandre Negrini Turina – MTB 64.157

PROJETO VISUAL E DIAGRAMAÇÃO


Daniel Marques

RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
Taiane Macedo

FOTOS
Will Recarey e Acervo

CAPA
Laura Chouette/Unsplash

46
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