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Nº 54
Capa
Aline de Faria Pereira
Revisão
Heitor Vasconcelos
Normalização
Ana Paula da Silva
Graziella Napoli da Terra Caldeira
DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (Direi)
Coordenação Habitação e Saneamento (CHS)
Indicadores Econômicos
54
ISSN: 2595-6132
Belo Horizonte
2023
CONTATOS E INFORMAÇÕES
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO
DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (DIREI)
Alameda das Acácias, 70
Bairro São Luiz/Pampulha
CEP: 31275-150 - Belo Horizonte - Minas Gerais
Telefones: (31) 3448-9485 e 3448-9580
www.fjp.mg.gov.br
E-mail: comunicacao@fjp.mg.gov.br
Estatística & Informações divulga estudos de uma ou mais pesquisas, de autoria institucional. A série está
subdividida em dois grupos: o primeiro, indicadores econômicos; e o segundo, demografia e indicadores
sociais.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer
meio, desde que citada a fonte.
Gráfico 10: Total de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana – Brasil ......... 40
Gráfico 12: Total de domicílios com carências edilícias – Grande região ........................... 45
Gráfico 13: Total de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana – Grande região 45
Gráfico 15: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Unidades da
Federação – 2018-2019 ...................................................................................... 95
Gráfico 19: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – regiões
metropolitanas – 2018-2019 .............................................................................. 104
Gráfico 22: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-
2019 .................................................................................................................... 110
Gráfico 23: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-2019
111
Quadro 5: Frequência das categorias de resposta para piso no CadÚnico e PnadC – Brasil –
2018-2020 ........................................................................................................... 26
Quadro 10: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para canalização interna
no CadÚnico e PnadC – 2018-2020 – Brasil ........................................................ 30
Quadro 11: Frequência das categorias de resposta para esgotamento sanitário no CadÚnico e
PnadC – Brasil – 2018-2020 ................................................................................ 32
Quadro 13: Frequência das categorias de resposta para destino do lixo no CadÚnico e PnadC
– Brasil –2018-2020 ............................................................................................ 35
Quadro 14: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para destino do lixo no
CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ............................................................. 35
Quadro 15: Frequência das categorias de resposta para energia elétrica no CadÚnico e PnadC
– Brasil – 2018-2020 ........................................................................................... 36
Quadro 16: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para energia elétrica no
CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ............................................................. 37
LISTA DE TABELAS
Tabela 11: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
unidades da Federação, regiões e Brasil ............................................................. 48
Tabela 12: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – unidades da Federação ......................................................................... 50
Tabela 13: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo variação anual entre
CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........................... 53
Tabela 14: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação
anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........ 54
Tabela 15: Número de domicílios com inadequação em infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação ............................................ 56
Tabela 17: Número de domicílios com canalização inadequada e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........................... 59
Tabela 18: Número de domicílios com esgotamento sanitário inadequado e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil .................. 61
Tabela 19: Número de domicílios com coleta de lixo inadequada e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........................... 62
Tabela 20: Número de domicílios com oferta de energia elétrica inadequada e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil .................. 63
Tabela 21: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
região metropolitana .......................................................................................... 65
Tabela 22: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana ............................................................................ 67
Tabela 23: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana ............................................................................ 68
Tabela 24: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana ............................................................................ 69
Tabela 25: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – região metropolitana ............................................... 70
Tabela 29: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – região metropolitana......................................................... 75
Tabela 30: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – região metropolitana......................................................... 76
Tabela 31: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
Capital ................................................................................................................. 77
Tabela 32: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – Capital ................................................................................................... 78
Tabela 33: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital ................................................................................ 80
Tabela 34: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação
anual entre CadÚnico e PnadC – Capital ............................................................ 81
Tabela 35: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – Capital ...................................................................... 83
Tabela 37: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital ................................................................................ 85
Tabela 38: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – Capital ...................................................................... 87
Tabela 39: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital ................................................................................ 88
Tabela 40: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital................................................................................ 90
Tabela 41: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – Unidade da Federação ............................................................... 92
Tabela 42: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – região metropolitana ................................................................. 100
Tabela 43: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – Capital......................................................................................... 108
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 13
2 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 14
5 ANÁLISE DA INADEQUAÇÃO DOMICILIAR: CADÚNICO 2018 Até 2020 versus PNADC 2018 E
2019 .................................................................................................................... 21
Em sua edição número 54, apresenta uma proposta do cálculo das condições
habitacionais das famílias de baixa renda no Brasil, a partir dos dados do Cadastro
Único (CadÚnico). Para tanto, são desenvolvidas comparações dos resultados
observados entre PnadC e CadÚnico, segundo categorias de respostas e recortes
territoriais, para verificar a qualidade dos dados.
13
2 INTRODUÇÃO
Este estudo é uma análise das carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil. O
principal objetivo é avaliar a utilização do Cadastro Único (CadÚnico) como fonte de dados para a estimativa
de uma medida aproximada da inadequação domiciliar, calculada anualmente, pela Fundação João Pinheiro
por meio dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (PnadC).
O uso do CadÚnico especificamente para o cálculo do Déficit Habitacional já vem sendo testado por outras
instituições – sobretudo para suprir a ausência do cálculo por outro órgão, pela disponibilidade anual de
geração de informações e/ou para a melhor desagregação espacial do indicador – a exemplo do Instituto
Jones dos Santos Neves (IJSN), que fez o cálculo para o Espírito Santo em 2009, 2014, 2015, 2016, 2017 e
2019 (IJSN, 2009, 2015, 2016, 2017, 2019). Na mesma direção, o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos (IMB) também lançou mão dessa fonte de dados para a estimação do déficit
habitacional em Goiás para o período de 2017 a 2020 (IMB, 2017, 2021).
Além das vantagens elucidadas nos estudos supracitados, essa fonte de dados surge como uma alternativa
importante dada a ausência de dados oficiais da PnadC para 2020 e 2021, muito condicionada às limitações
impostas pelo contexto de pandemia do Covid-19.
Para a estimativa da inadequação domiciliar a partir do CadÚnico, são necessários alguns ajustes em relação
à metodologia exposta em FJP (2020). Neste sentido, com este texto de série estatística, pretende-se
mensurar e avaliar as carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil
comparando o uso do CadÚnico e da PnadC para o cálculo da proporção de domicílios inadequados no Brasil
em diferentes recortes territoriais (regiões, UF, região metropolitana e capitais) para os anos de 2018 a
2020.
Calculados pela Fundação João Pinheiro (FJP) anualmente, os indicadores de inadequação domiciliar
compõem a análise de déficit habitacional feita pela instituição, utilizando os dados da PnadC
majoritariamente. A versão mais atual da metodologia aplicada pode ser encontrada em FJP (2020) e
permite uma avaliação profunda a respeito dos componentes da inadequação domiciliar para os anos de
2016 a 2019. Em virtude, entretanto, da ausência de dados oficiais da PnadC, é inviável a reprodução dessa
análise para 2020 e 2021. Nesse contexto, o CadÚnico surge como fonte de dados relevante para, de
alguma forma, se estimar a inadequação domiciliar nesses anos, embora seu uso demande adequações
14
metodológicas que serão explicitadas nesta nota e considerações importantes referentes à natureza desse
banco de dados.
Dessa forma, vale dizer que, disponibilizada desidentificada, a base de dados do CadÚnico é um registro
administrativo unificado sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza ou extrema pobreza e tem o
intuito de implementar políticas públicas voltadas para a assistência social e redistribuição de renda pelo
Governo Federal, pelos estados e municípios. São consideradas de baixa renda, portanto elegíveis ao de
estarem no CadÚnico1, famílias com até meio salário mínimo de renda per capita ou até três salários
mínimos de renda mensal total.
A respeito das diferenças metodológicas e dos riscos na utilização do CadÚnico em substituição à PnadC,
fazem-se necessárias algumas advertências. A primeira, conforme FJP (2020), repousa na distinção da
unidade análise entre o CadÚnico e a PnadC. O primeiro é focado nas famílias, enquanto o segundo, nos
domicílios. Como as famílias no CadÚnico são definidas sobretudo a partir de vínculos econômicos, sem
considerar graus de parentesco, pode ocorrer o cômputo de mais de uma família para o mesmo domicílio.
Desse modo, replicar-se-ia a contagem das características do domicílio no banco de dados. Infelizmente, a
base do CadÚnico não disponibiliza um identificador de domicílio, apenas de famílias definidas por relação
de parentesco, o que impossibilita uma recomposição dos domicílios estritamente da forma como é feita
pelas pesquisas domiciliares do IBGE.
A segunda advertência, conforme FJP (2020) e Ferreira (2008), é relativa às especificidades da diferente
natureza dos registros administrativos – como o CadÚnico – em relação às pesquisas amostrais – como a
PnadC. Embora sejam uma rica fonte de informações, inclusive com potencialidade de acompanhamento
das famílias em painel, os primeiros estão, geralmente, baseados em informações autodeclaratórias das
famílias e possuem uma representação que depende da cobertura (ou seja, nem todo o público-alvo está
necessariamente cadastrado e há também a entrada e saída da mesma família no tempo), qualidade e
prestação de serviços públicos. Já as pesquisas amostrais se baseiam em critérios estatísticos e
probabilísticos de obtenção de dados, com potencial de representar bem o universo, e permite a verificação
de consistência das informações prestadas.
A terceira advertência é que os dados do CadÚnico são do tipo coorte, ou seja, é um universo em constante
atualização – com entrada e saída de famílias – a depender da época de extração dos dados. Por sua vez, a
PnadC, é um dado de período. Dessa maneira, para gerar um mínimo de comparabilidade, foi necessário
1
Ver: Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007 (BRASIL, 2007) e Decreto nº 11.016, de 29 de março de 2022
(BRASIL, 2022).
15
Estatística & informações, n. 54
utilizar o CadÚnico numa perspectiva de período, aplicando as restrições de atualização e cadastro para
gerar informações do “retrato” de 2018, 2019 e 2020. Essa adaptação torna-se mais uma fonte de erros
quando vamos comparar os resultados entre as duas bases.
Nesse sentido, além desta introdução, a nota se divide em outras cinco seções. A seguir será feita uma
breve apresentação dos ajustes metodológicos, necessários para que o CadÚnico e PnadC se tornassem
comparáveis, mesmo diante das supracitadas diferenças entre ambas as fontes dados. Na terceira seção, é
feito um pareamento entre as variáveis presentes nas duas bases de dados, buscando identificar, no
CadÚnico os elementos necessários para o cálculo da inadequação domiciliar que, historicamente, é
calculada pela FJP a partir da PnadC.
Na sequência, será feita uma análise comparativa entre os resultados obtidos por meio da PnadC e do
CadÚnico para a inadequação de domicílios no Brasil e seus componentes, carência edilícia, fundiária e de
infraestrutura urbana para os anos de 2018 a 2020. Essa leitura é estratificada considerando-se diferentes
recortes territoriais: grande região, unidade da Federação, capital e região metropolitana. Na quinta seção,
serão apresentadas algumas estatísticas descritivas a fim de comparar as estimativas obtidas por meio das
duas bases de dados. Por fim, serão feitas as últimas considerações a respeito do uso do CadÚnico como
alternativa de fonte de dados para a estimação dos domicílios brasileiros em situação de inadequação.
16
3 AJUSTES METODOLÓGICOS – DOMICÍLIOS INADEQUADOS
A carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil, assim como a inadequação
domiciliar, tem como foco a qualidade do domicílio para atender as necessidades de seus habitantes; é
assim representativa da necessidade de melhorias em diversos âmbitos, mas sem envolver a substituição
ou incremento do estoque da habitação (FJP, 2021). Nesta análise, são observados exclusivamente
domicílios urbanos não classificados como em situação de déficit habitacional, uma vez que esses casos
representam necessidade de novos domicílios.
Para tanto, com base na metodologia desenvolvida pela Fundação João Pinheiro (2020), a inadequação
domiciliar no Brasil é observada sob a ótica de três componentes: carências edilícias, carência em
infraestrutura urbana e inadequação fundiária. Vejamos a seguir os subindicadores que compõem cada
componente:
No que se refere à presente análise, feita com base na metodologia disponível em FJP (2020), destaca-se
que iremos considerar apenas os componentes passíveis de serem captados por meio das informações
presentes no CadÚnico, tendo em vista o objetivo de investigar a utilização do mesmo como alternativa à
PnadC, fonte tradicionalmente usada para o cômputo da inadequação domiciliar. No Quadro 1, são
apresentados os critérios de inadequação passíveis de serem comparados de acordo com as variáveis
disponíveis no CadÚnico:
17
Estatística & informações, n. 54
Nesse sentido, em virtude das características do questionário do CadÚnico, observa-se que é impossível
averiguar a ocorrência da componente de inadequação fundiária, além de que, para a componente de
carências edilícias, apenas dois dos cinco elementos serão considerados. Ressalta-se que a presente análise
demanda ajustes metodológicos e conceituais para tornar comparáveis os resultados obtidos com as bases
de dados.
18
4 FILTROS CADÚNICO
Além disso, ressalta-se também que algumas alterações foram necessárias na construção da base de dados
para a análise. Para o caso do CadÚnico primeiro foram aplicados os seguintes filtros:
a) remoção de casos em que a variável de pessoas na família (QT_PESSOAS_DOMIC_FAM) era zero (0)
ou estava em branco (NA);
b) remoção de observações consideradas em situação de déficit habitacional:
⎯ observações onde a resposta para a variável “CO_ESPECIE_DOMIC_FAM” fosse diferente de
“Particular permanente”;
⎯ observações onde a resposta para a variável “CO_MATERIAL_DOMIC_FAM” fosse “Taipa
não revestida”, “Madeira aproveitada”, “Palha” ou “Outro material”;
c) selecionar observações onde a variável de cadastro da família (DT_CADASTRO_FAM) não excedesse
31 de dezembro do ano em questão;
⎯ por exemplo, para 2019, a variável DT_CADASTRO_FAM deveria ser menor que 31/12/2019;
d) selecionar observações onde a variável de atualização da família (DT_ATUALIZACAO_FAM) não
fosse anterior a 31/12 de dois anos anteriores ao ano em questão;
⎯ por exemplo, para 2019, a variável DT_ATUALIZACAO_FAM deveria ser maior que
31/12/2017;
e) selecionar os domicílios urbanos, aqueles cuja variável CO_LOCAL_DOMIC_FAM seja igual a um (1);
f) remoção dos domicílios do tipo improvisado e coletivo, ou seja, as respostas 2 e 3 da variável
CO_ESPECIE_DOMIC_FAM, pois, nesses casos, não são realizadas as perguntas referentes às
características do domicílio.
O intervalo de tempo de dois anos utilizado nessa seleção diz respeito à exigência da atualização dos dados
cadastrais para que a família seja mantida no banco de dados e esteja apta a receber benefícios sociais.
Porém, em março de 2020, em consequência da pandemia do Covid-19, foi publicada a Portaria nº 335, pelo
Ministério da Cidadania. Entre outras determinações, ela suspendia por 120 dias a obrigatoriedade de
atualização desses dados cadastrais, suspensão prorrogada pelas portarias nº 443, 591, 624, 649 e
encerrada em fevereiro de 2022 pela Portaria nº 747. No mesmo sentido, em seu artigo 4°, esta última
portaria de 2022 delimita a convocação para revisão cadastral apenas as famílias cujo último ano de
atualização tenha sido 2016 ou 2017. Ao passo que a necessidade de atualização cadastral de 2018 e 2019
19
Estatística & informações, n. 54
ficou para 2023 e, por fim, aquelas atualizadas em 2020, 2021 e 2022 para 2024. Apenas em 2024, portanto,
será reestabelecido o padrão de atualização limite para cada dois anos.
Dessa forma, espera-se que a aplicação do filtro baseado na data de atualização da família provoque uma
queda no número de observações disponíveis para 2020 em função da suspensão da obrigatoriedade de tal
atualização. Sendo assim, buscou-se flexibilizar essa restrição para 2020 por meio da manutenção do filtro
de 2019, em que a data de atualização deveria ser superior a 31/12/2017.
Por fim, destaca-se que, no caso da PnadC, fez-se necessário selecionar domicílios cuja renda seja de até
três salários mínimos de forma a tornar comparáveis as bases do CadÚnico Também foram removidos
domicílios identificados como déficit seguindo os critérios de Domicílios Rústicos e Cômodos descritos em
FJP (2020). Dessa forma, obtêm-se bases compatíveis o suficiente para que se possa fazer a análise a seguir.
20
5 ANÁLISE DA INADEQUAÇÃO DOMICILIAR: CADÚNICO 2018 ATÉ 2020 VERSUS PNADC 2018 E 2019
Na presente seção, iremos especificar as variáveis utilizadas para o cálculo da inadequação domiciliar no
Brasil (FJP, 2021) e cada um de seus componentes buscando identificar, na base do CadÚnico variáveis que
captem a mesma informação ou com o conceito mais próximo possível do observado por meio da PnadC.
Nesta análise, serão considerados os anos de 2018 e 2019 e comparadas, para cada variável, as frequências
de respostas obtidas em cada categoria para as duas fontes de dados.
O Quadro 2 é um resumo das informações necessárias para o cálculo da inadequação domiciliar possíveis de
serem comparadas de acordo com as variáveis disponíveis no CadÚnico, uma vez que a metodologia
desenvolvida pela FJP se aplica à base de dados da PnadC. Cabe ressaltar a impossibilidade do cálculo dos
domicílios com inadequação fundiária, além do fato de as carências edilícias passíveis de cômputo serem
apenas duas das cinco componentes utilizadas originalmente.
Componente
- Subcomponente PnadC
Inadequação CadÚnico
Usa-se a variável S01004, Usa-se o campo 2.05 do
que diz sobre qual o questionário do CadÚnico,
material predominante do que pergunta do material
Piso do domicílio piso do domicílio, predominante do piso no
considerando inadequada a domicílio, considerando
resposta "Terra". inadequada a resposta
Carência "Terra".
edilícia Usa-se a variável S01011A, Usa-se o campo 2.09 do
que diz sobre a quantidade questionário do CadÚnico,
de banheiros de uso que pergunta da existência
Banheiro no
exclusivo no domicílio, de banheiro ou sanitário no
domicílio
considerando inadequada a domicílio, considerando
resposta "0". inadequada a resposta
"Não".
Usa-se a variável S01007, Usa-se o campo 2.08 do
que diz sobre a principal questionário do CadÚnico,
forma de abastecimento de que diz sobre a forma de
Carência de água do domicílio, abastecimento do
Abastecimento de
infraestrutura considerando inadequado domicílio, considerando
água
urbana respostas que não sejam inadequado respostas que
"Rede Geral de não sejam "Rede Geral de
Distribuição". Distribuição".
21
Estatística & informações, n. 54
22
É importante destacar que o quantitativo global das carências de infraestrutura e das carências edilícias
apresentadas neste trabalho para a PnadC não são comparáveis com os outros estudos da FJP. Aqui são
considerados apenas os componentes reportados acima2 no Quadro 2. O objetivo aqui é comparar os
resultados obtidos a partir do CadÚnico e da PnadC, buscando evidências que corroborem a utilização
alternativa do CadÚnico. Não é o intuito deste trabalho que tais estimativas sejam compatíveis ou
substituam a série temporal da inadequação domiciliar no Brasil, já divulgadas pela FJP. Busca-se, apenas,
avaliar a possibilidade de utilização de informações, que possam preencher a lacuna ocasionada pela
ausência de informações oficiais para 2020 e 2021.
A seguir, serão apresentadas análises de frequência dos subindicadores da inadequação em relação aos
domicílios urbanos para o Brasil.
Como será apresentado a seguir, nota-se que, entre os subcomponentes de inadequação edilícia, variações
no valor absoluto para cada categoria de resposta não implicam, necessariamente, grandes variações na
distribuição relativa ou percentual. Além disso, nota-se que as tendências temporais se assemelham para
tais subcomponentes entre CadÚnico e PnadC.
2
Além das diferenças nas perguntas e respostas das variáveis passíveis de comparação, há variáveis não presentes no
CadÚnico: frequência de disponibilidade de água, material de cobertura do domicílio, presença de reservatório de água
e as relativas à inadequação fundiária.
23
Estatística & informações, n. 54
Quadro 3: Frequência das categorias de resposta para existência de banheiro no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-
2020
A pergunta para essa componente difere entre a Pnad Contínua e o CadÚnico No caso da primeira,
pergunta-se quantos banheiros (com chuveiro e vaso sanitário) de uso exclusivo existem no domicílio. A
resposta Ausência de banheiro exclusivo é considerada inadequação domiciliar. Já no CadÚnico pergunta-se
se há banheiro ou sanitário no domicílio. Assim, considerou-se inadequação domiciliar a resposta Não.
3
Considere banheiro o cômodo que dispõe de chuveiro ou banheira e aparelho sanitário (vaso sanitário, privada
etc.) (BRASIL, 2017, p. 52).
4
Considere sanitário o local limitado por paredes de qualquer material, coberto ou não por teto, que dispõe de
aparelho sanitário ou buraco para dejeções (BRASIL, 2017, p. 52).
24
CadÚnico Podem, portanto, ser banheiros ou sanitários de uso coletivo, compartilhados com membros que
não da família.
Nesse sentido, tais diferenças metodológicas referentes ao que se quer captar justificariam os valores
absolutos menores para o CadÚnico em comparação com a PnadC (GRÁFICO 1) neste quesito.
Gráfico 1: Total de domicílios inadequados pela subcomponente existência de banheiro e/ou sanitário – Brasil
400.000
350.000
355.619
337.489
300.000
302.968 301.451 293.321
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
Tabela 1: Total relativo domicílios inadequados pela subcomponente de existência de banheiro e/ou sanitário – Brasil
25
Estatística & informações, n. 54
2020. Além disso, há uma redução tanto em valores absolutos quanto em termos relativos dos domicílios
inadequados, cuja resposta é Terra.
Quadro 5: Frequência das categorias de resposta para piso no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020
Quadro 6: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para piso no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020
26
Para o caso do subcomponente associado ao material predominante no piso, é considerado inadequação
apenas a resposta Terra na PnadC, assim sendo, leva-se em conta a mesma categoria de resposta no
CadÚnico.
Nesse quesito, nota-se que as perguntas são muito semelhantes e que o CadÚnico possui mais categorias de
resposta, o que permite captar mais especificidades desse subcomponente do que a PnadC. Tão relevante
quanto isso é a discrepância no quantitativo observado para a resposta Terra, que consiste na categoria
representativa da inadequação para esse quesito, entre ambas as bases. Tanto os valores absolutos
(GRÁFICO 2) quanto os relativos (TABELA 2) explicitam mais inadequações para tal subcomponente a partir
do CadÚnico.
300.000 308.847
286.448
250.000 269.149
200.000
150.000
100.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
27
Estatística & informações, n. 54
Como será observado a seguir, para todos os subcomponentes de infraestrutura urbana, se observa que a
variação na frequência de cada categoria de resposta para cada indicador em questão no CadÚnico, nos
respectivos anos analisados, provoca alterações apenas marginais em suas distribuições percentuais.
Quadro 7: Frequência das categorias de resposta para o abastecimento de água no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-
2020
Quadro 8: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para o abastecimento de água no CadÚnico e PnadC
– Brasil – 2018-2020
28
Água da chuva armazenada 0,1% 0,1%
Outra 0,8% 0,8%
Aqui são considerados inadequados os domicílios cuja resposta na PnadC seja qualquer uma que não Rede
geral de distribuição. Dessa forma, o cálculo da inadequação utilizando o CadÚnico segue a mesma lógica.
Nota-se que é maior a especificação de categorias de respostas na PnadC em relação ao CadÚnico Conforme
FJP (2020), isso vai ao encontro do intuito de qualificação melhor, por parte do IBGE, das formas
heterogêneas de abastecimento de água do país. Observa-se que o total de domicílios inadequados para
essa subcomponente é maior para a PnadC (GRÁFICO 3). Já em relação à porcentagem de inadequação no
total de domicílios/famílias, contata-se a superioridade do CadÚnico (TABELA 3).
2.500.000 2.646.716
2.446.064
2.232.950 2.272.903
2.000.000 2.048.708
1.500.000
1.000.000
500.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
29
Estatística & informações, n. 54
Quadro 9: Frequência das categorias de resposta para canalização interna no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020
Canalizada em pelo
30.494.471 30.706.050
menos um cômodo
PnadC - A água
utilizada neste Canalizada só na
domicílio chega: 431.814 484.983
propriedade ou terreno
Quadro 10: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para canalização interna no CadÚnico e PnadC –
2018-2020 – Brasil
Para os dados da Pnad, são considerados inadequados domicílios que apresentem as respostas Canalizada
só na propriedade ou terreno e Não canalizada. No caso do CadÚnico, entretanto, as categorias de resposta
são apenas se há ou não água canalizada em algum cômodo do domicílio. Assim foram considerados
inadequados os domicílios cuja resposta seja Não.
30
Novamente, aqui a PnadC apresenta mais opções de resposta do que o CadÚnico. Para esse quesito, os
resultados observados (GRÁFICO 4) para PnadC são 22,5% menores do que no CadÚnico e o total relativo de
inadequação aproxima-se do dobro para o CadÚnico (TABELA 4).
600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
31
Estatística & informações, n. 54
Quadro 11: Frequência das categorias de resposta para esgotamento sanitário no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-
2020
32
Quadro 12: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para esgotamento sanitário no CadÚnico e PnadC –
Brasil – 2018-2020
Nos dados da PnadC, são considerados inadequados os domicílios cuja resposta para essa subcomponente
não sejam Rede geral, Rede pluvial, Fossa séptica ligada à rede e Fossa séptica não ligada à rede. Assim, de
forma análoga, para o CadÚnico, consideraram-se inadequação as respostas que não sejam Rede coletora
de esgoto ou pluvial e Fossa séptica. Entretanto, ressalta-se que, como não há distinção entre fossa séptica
ligada à rede e não ligada à rede no CadÚnico, é provável que haja um superdimensionamento da variável
de resposta Fossa rudimentar, superestimando a proporção de domicílios inadequados.
Algumas considerações devem ser feitas sobre a variável de esgotamento expressa na PnadC, tendo em
vista que as categorias de resposta divergem entre os anos considerados. Em resumo, foram feitas
adaptações em relação à PnadC 2018 para tornar as categorias comparáveis às observadas em 2019 5. A
primeira ponderação foi em relação às categorias Rede geral e rede pluvial e Fossa Séptica Ligada à Rede
(PnadC 2019), em 2018 agrupadas em uma única, chamada Rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede. A
segunda está associada às categorias Fossa rudimentar e Fossa séptica não ligada à rede, em 2018
agregadas na resposta Fossa não ligada à rede.
5
Para maior especificação das variações das categorias de respostas entre diferentes bases de dados e os eventuais
impactos na mensuração dos resultados referentes ao esgotamento sanitário ver: FJP (2022).
33
Estatística & informações, n. 54
Para desmembrar essas informações, fez-se uma ponderação nos dados de 2018 a partir das proporções
observadas em 2019. Os limites dessa metodologia de ajuste estão mais bem especificados em nota
anterior (FJP, 2021). Conforme dito, a diferença observada entre as bases repousa, especialmente, no
número maior de respostas para a categoria Fossa rudimentar no CadÚnico (GRÁFICO 5). Em relação ao
total relativo, o elevado percentual deve-se, predominantemente, ao quantitativo menor das categorias
consideradas adequadas (TABELA 5).
5.000.000
5.019.283 5.085.726
4.657.024
4.000.000
3.616.476
3.000.000 3.496.478
2.000.000
1.000.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
34
Quadro 13: Frequência das categorias de resposta para destino do lixo no CadÚnico e PnadC – Brasil –2018-2020
Nos dados da PnadC, são considerados inadequados os domicílios cuja resposta para essa componente não
sejam Coletado diretamente por serviço de limpeza e Coletado em caçamba de serviço de limpeza. Assim, de
forma análoga, para o CadÚnico foram consideradas inadequação as respostas que não sejam Coletado
Diretamente e Coletado indiretamente.
A partir das categorias de respostas, é possível notar pequenas distinções. A PnadC capta informações de
destinação do lixo no âmbito da propriedade, enquanto o CadÚnico identifica melhor a destinação incorreta
fora do âmbito da propriedade.
35
Estatística & informações, n. 54
Já em relação aos resultados (GRÁFICO 6), nota-se que, na PnadC, são 29,1% menores em relação ao
CadÚnico e isso se deve predominantemente à categoria de resposta Queimado ou enterrado na
propriedade – unificada no CadÚnico e separada na PnadC – que apresenta valores, em média, 73,8%
maiores. O resultado é o total de inadequação mais elevado para essa inadequação quando utilizada a base
do CadÚnico (TABELA 6).
600.000
606.775 603.434
587.771
500.000 519.013
469.362
400.000
300.000
200.000
100.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
Quadro 15: Frequência das categorias de resposta para energia elétrica no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020
36
Elétrica com medidor próprio 15.914.483 17.605.221 18.092.886
Elétrica com medidor comunitário 1.125.956 1.222.241 1.262.686
CadÚnico - Tipo de Elétrica sem medidor 919.411 1.018.066 1.045.077
iluminação: Óleo, querosene ou gás 15.738 15.089 14.589
Vela 22.632 23.777 23.632
Outra forma 238.203 256.549 258.867
PnadC - Qual(is) a(s) Utiliza ao menos uma fonte de energia
31.195.477 31.446.674
origem(ns) da energia elétrica
elétrica utilizada neste
Não utiliza/tem energia elétrica 51.506 38.053
domicílio?
Quadro 16: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para energia elétrica no CadÚnico e PnadC – Brasil
– 2018-2020
A pergunta para este componente difere entre a Pnad Contínua e o CadÚnico. No caso da PnadC, pergunta-
se se há energia elétrica no domicílio. A resposta Não é considerada inadequação domiciliar. Por outro lado,
no CadÚnico pergunta-se qual o tipo de iluminação do domicílio. Assim, foram consideradas inadequação
domiciliar as respostas Óleo, querosene ou gás, Vela e Outra forma.
Tal subcomponente é o primeiro em nossa análise em que a pergunta aparece muito diferente. Como
consequência, as opções de respostas variam bastante, dado o maior número de categorias no CadÚnico.
Os valores absolutos encontrados para o CadÚnico são muito superiores aos observados na PnadC
(GRÁFICO 7), e isso deve-se predominantemente à categoria de resposta Outra forma. É ela que faz o total
de domicílios inadequados ser consideravelmente maior para o CadÚnico (TABELA 7).
37
Estatística & informações, n. 54
300.000
295.415 297.088
276.573
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
51.506 38.053
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
Tabela 7: Total relativo domicílios inadequados pela subcomponente de energia elétrica – Brasil
O objetivo desta seção é comparar, de forma agregada, os resultados obtidos para o indicador de domicílios
inadequados e seus componentes, representativos das carências edilícias e de infraestrutura urbana,
considerando-se o cálculo por meio da PnadC e do CadÚnico. As estimativas serão reportadas em diferentes
pontos do tempo: as da PnadC são para 2018 e 2019; as do CadÚnico de 2018 a 2020. Além disso, os
resultados serão expressos tanto em valores absolutos, quanto em termos relativos. Neste caso,
considerando-se a razão entre o número de domicílios inadequados e o total de domicílios, para os
seguintes recortes espaciais: grandes regiões, UF, regiões metropolitanas e capitais.
A começar pelo total brasileiro, o Gráfico 8 permite observar que o número absoluto de domicílios
inadequados é próximo entre as bases da PnadC e CadÚnico e apresenta uma tendência crescente entre
38
2018 e 2019 para as duas bases de dados em análise. Especificamente sobre o CadÚnico, destaca-se a
tendência de elevação dos domicílios inadequados entre 2018 e 2020.
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
Assim, pelo menos no primeiro momento, evidencia-se um comportamento similar entre as duas fontes de
dados aqui comparadas tanto para o total de domicílios inadequados como para seus componentes.
39
Estatística & informações, n. 54
400.000
401.285 385.647
300.000
200.000
100.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
4.000.000
3.000.000
2.000.000
1.000.000
0
2018 2019 2020
CadÚnico PnadC
40
consideravelmente superior à observada a partir dos dados da PnadC tanto para o indicador de
inadequação domiciliar total quanto para os componentes de carências edilícias e inadequação de
infraestrutura urbana.
Para o CadÚnico entre 2018 e 2020, os valores do indicador de inadequação total e de seus componentes
(edilícia e de infraestrutura) todos variaram muito pouco e para baixo. Do mesmo modo, para os dados da
PnadC, as variações foram muito pequenas entre 2018 e 2019. Depreende-se, portanto, a estabilidade da
presença desses tipos de inadequação nas habitações brasileiras quando analisados os dados de ambas
fontes.
Em se tratando das tendências temporais e diferentemente do observado para os valores absolutos, para os
quais as duas bases apresentaram comportamento semelhante, em termos relativos, notam-se diferenças
consideráveis. Utilizando-se as informações do CadÚnico, observa-se uma queda nas proporções de
inadequação entre os anos considerados. Já para a PnadC verifica-se uma tendência crescente, com exceção
das carências edilícias, onde reporta-se uma redução de 2018 para 2019.
Tabela 8: Inadequação domiciliar relativa ao total de domicílios particulares permanentes urbanos, carências edilícias
relativas e inadequação de infraestrutura urbana relativa – Brasil
Agora, para se procurar explicar as maiores frequências de inadequação observadas para os resultados do
CadÚnico, é importante retomar o que foi dito anteriormente no que se refere à natureza das bases de
dados. Sabe-se que o CadÚnico é um registro administrativo, direcionado às famílias de baixa renda e cujo
cadastro é uma forma de garantir que elas tenham acesso a programas sociais, a exemplo do Auxílio
Emergencial, criado durante a pandemia. Diante disso, espera-se que a amostra extraída do CadÚnico seja
majoritariamente composta por famílias que sofrem privações diversas, incluindo as habitacionais. O que
41
Estatística & informações, n. 54
justifica a maior fração de inadequação dele, comparativamente à observada pela PandC, que, por sua vez,
é uma amostra relevante de toda a população brasileira.
Além disso, outro elemento importante de se reforçar é a diferença da unidade de análise para as duas
bases. Como visto, o CadÚnico é focado nas famílias e não há um identificador de domicílios para tal
conjunto de dados. A PnadC, no entanto, se direciona aos domicílios. O problema aqui é que, no CadÚnico,
existe a possibilidade de que mais de uma família seja computada para uma mesma habitação/domicílio, o
que geraria uma dupla contagem no banco de dados. Mais uma vez, levando-se em conta que o cadastro é
feito por pessoas em situação de vulnerabilidade, isso abre espaço para uma provável superestimação dos
domicílios inadequados, o que também pode ajudar a entender a maior frequência de inadequação no
CadÚnico.
Outro fator no CadÚnico se refere à forma de se obter o rendimento das famílias. O CadÚnico não
apresenta o mesmo detalhamento e rigor quanto a essas informações obtidas pela PnadC. Observa-se, por
exemplo, que ele desconsidera a parcela do rendimento das famílias que se origina de transferências
governamentais (LOAS, Bolsa Família etc.), o que tende a superestimar a parcela da população com
rendimento inferior a três salários mínimos comparativamente à PnadC.Até aqui verificamos como se
comporta a inadequação domiciliar para o contexto nacional. Vamos agora considerar a dinâmica das
grandes regiões brasileiras.
A Tabela 9 traz um resumo dos valores absolutos da inadequação domiciliar e de seus componentes de
carência edilícia e de infraestrutura urbana para as grandes regiões brasileiras – Norte, Nordeste, Sudeste,
Sul e Centro-Oeste – para ambas as bases.
Nota-se que, na inadequação total e para as regiões Norte e Sudeste, os maiores valores são os da PnadC.
Para o Nordeste, Centro-Oeste e Sul, no entanto, os maiores valores são para a base do CadÚnico. Já em
relação às carências edilícias, apenas o Norte apresenta maiores valores absolutos para a PnadC. Por fim,
em relação à inadequação de infraestrutura, os dados observados para a PnadC são maiores no Norte e
Sudeste. Para Nordeste, Centro-Oeste e Sul, os valores do CadÚnico são mais expressivos tal como
observado para o indicador geral de domicílios inadequados.
42
Tabela 9: Número de domicílios inadequados e em situação de carência edilícia e de infraestrutura urbana – Grandes
regiões
Inadequação do miciliar
2018 2019 2020
CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região/Base 18 PnadC-18 19 PnadC-19 20
Norte 1.083.537 1.283.517 1.201.591 1.295.234 1.226.437
Nordeste 3.170.902 2.524.211 3.365.186 2.700.471 3.382.994
Sudeste 920.175 1.064.437 994.362 1.256.996 1.014.908
Sul 502.939 442.736 534.166 463.762 540.816
Centro-Oeste 634.052 463.275 679.687 448.586 682.479
Brasil 6.311.605 5.778.175 6.774.992 6.165.049 6.847.634
Carência edilícia
2018 2019 2020
CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 20
Norte 84.293 111.975 81.656 123.885 78.796
Nordeste 356.193 223.322 343.955 200.171 329.338
Sudeste 83.755 47.540 78.457 44.295 74.288
Sul 23.585 12.642 23.406 11.496 22.928
Centro-Oeste 15.779 5.806 15.158 5.800 14.281
Brasil 563.605 401.285 542.632 385.647 519.631
Inadequação de infraestrutura urbana
2018 2019 2020
CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 20
Norte 1.059.730 1.264.444 1.178.114 1.267.277 1.203.747
Nordeste 3.037.979 2.472.806 3.237.189 2.647.973 3.260.448
Sudeste 866.399 1.032.094 944.142 1.227.638 967.669
Sul 487.671 435.393 518.982 457.398 525.987
Centro-Oeste 627.294 459.635 672.788 445.233 675.927
Brasil 6.079.073 5.664.372 6.551.215 6.045.519 6.633.778
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.
Os Gráficos 11, 12 e 13 apresentam as comparações dos valores absolutos das grandes regiões entre as
bases e os anos em análise. A partir deles, é possível notar como, principalmente no Nordeste e Centro-
Oeste e para a base do CadÚnico, há uma identificação muito maior de inadequação total, de carências
edilícias e de inadequação de infraestrutura. Por outro lado, percebe-se como, no Norte e Sudeste, os
resultados do CadÚnico são menos expressivos do que da PnadC.
Cabe aqui um apontamento, especialmente no que se refere ao comportamento da região Norte. Sabe-se
que o CadÚnico é um registro administrativo direcionado às famílias em situação de vulnerabilidade
43
Estatística & informações, n. 54
socioeconômica e que, por natureza, deveria cobrir toda a população brasileira em condições semelhantes.
Não existe, no entanto, garantia de que, de fato, a cobertura seja perfeita. Nesse sentido, o menor número
de domicílios inadequados obtido por meio do CadÚnico, comparativamente à PnadC, pode sugerir
subnotificação das famílias pobres e extremamente pobres, justificável, por exemplo, pela dificuldade de
acesso à população ribeirinha e à de áreas afastadas/isoladas.
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
44
Gráfico 12: Total de domicílios com carências edilícias – Grande região
400.000
350.000
300.000
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Por sua vez, a Tabela 10 traz os resultados para o indicador geral de inadequação domiciliar e seus
componentes em termos relativos (proporção em relação ao total de domicílios particulares permanentes
de cada base). Também aqui é possível observar as maiores frequências de inadequação entre os resultados
obtidos por meio do CadÚnico tal como observado anteriormente para o total brasileiro.
45
Estatística & informações, n. 54
Tabela 10: Percentual de domicílios inadequados e em situação de carência edilícia e de infraestrutura urbana –
Grandes regiões
Daremos sequência à análise dos demais recortes territoriais – unidade da Federação, região metropolitana
e capital – a partir dos valores absolutos do indicador de inadequação domiciliar e de seus componentes.
Essa escolha se fundamenta na constatação de que, em termos relativos, as duas bases apresentam grandes
dificuldades de comparação.
46
5.5 Unidade da Federação
A Tabela 11 reporta os resultados em termos de valor absoluto por unidade da Federação. É exposto o
número total de domicílios inadequados considerando-se ambas as fontes de dados e suas variações anuais.
Um adendo em relação às colunas V18 e V19, representativas de tais variações, é que elas foram calculadas
a partir da razão entre a estimativa de inadequação domiciliar para o CadÚnico e a PnadC em 2018 e 2019
respectivamente.
Em síntese, uma razão igual a um (1) significa que CadÚnico e PnadC apresentam estimativas exatamente
iguais para a inadequação domiciliar. Além disso quanto mais distantes da unidade são as variações,
maiores são as diferenças entre as bases. Destaca-se ainda que variações maiores que um indicam que o
número de domicílios inadequados estimado pelo CadÚnico é maior. Por outro lado, para variações
menores que a unidade, o resultado para a PnadC é mais elevado.
É possível notar que a maioria dos estados da região Norte6 apresentam variações menores que um em
ambos os anos, com exceções esporádicas (Roraima em 2018, Amazonas e Roraima em 2019), o que indica
maior número de domicílios inadequados para as estimativas da PnadC. Com relação aos números
absolutos e exceto para Acre, Amazonas e Roraima, observou-se uma tendência de elevação de famílias em
habitações inadequadas entre 2018 e 2020 pela base do CadÚnico.
Para o Nordeste, o Rio Grande do Norte e Sergipe (2019) foram os estados onde se observaram as únicas
situações em que as variações das bases foram inferiores a um. Nos demais casos, observou-se que o
número de domicílios inadequados foi maior para o CadÚnico. Nessa região, o grande destaque vai para o
Piauí, que apresentou uma variação superior a dois em ambos os anos, o que indica que ele é o estado
sobre o qual as bases divergem mais, as estimativas de inadequação para o CadÚnico tendo sido mais que
duas vezes superiores aos resultados da PnadC.
Os resultados absolutos do CadÚnico para os estados do Nordeste apontam para a tendência de elevação
entre 2018 e 2020 – com exceção do Maranhão, de Alagoas e da Bahia, cujos resultados declinaram
ligeiramente entre 2019 e 2020.
6
Aqui, uma possibilidade seria de que o CadÚnico possui uma menor cobertura de famílias elegíveis para programas
sociais, em alguns estados da região Norte. Ou ainda, talvez o Tocantins tenha condições habitacionais que, na
média, se destoam dos demais estados da região Norte.
47
Estatística & informações, n. 54
Tabela 11: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação,
regiões e Brasil
Para a região Sudeste, predominou, com exceção do Espírito Santo e São Paulo (2018), uma tendência de
variação menor do que um, indicação de que, para esses estados, a estimação de domicílios inadequados foi
maior para a PnadC.
48
Em relação aos resultados absolutos – com exceção de São Paulo, que permaneceu constante entre 2019 e
2020 – todas as unidades federativas apresentaram tendência de elevação das habitações inadequadas
estimadas para o CadÚnico entre 2018 e 2020.
Na região Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentaram pequenas variações entre as fontes de
dados. Foi para o Paraná que se verificaram as maiores diferenças entre as bases nos anos de 2018 e 2019:
22% e 48% respectivamente.
Pelo lado dos valores absolutos do CadÚnico, em todos os estados da região Sul, observou-se uma
tendência de elevação entre 2018 e 2020. Já para a PnadC, os valores absolutos indicam uma tendência
crescente para Santa Catarina e Rio Grande do Sul e de queda para o Paraná.
Na região Centro-Oeste, as bases se mostraram muito diferentes. Para o Mato Grosso do Sul, o CadÚnico
indicou resultados mais que duas vezes superiores aos da PnadC para 2018 e o equivalente a três vezes em
2019. Considerando-se todas as unidades da Federação, essas foram as maiores variações observadas. No
Mato Grosso, as proporções também foram bem destoantes e apontaram para o CadÚnico, em ambos os
anos, números mais que duas vezes superiores aos estimados para a PnadC. Os resultados também foram
maiores para o Distrito Federal, enquanto, para Goiás, verificaram-se as menores variações entre as bases.
Em relação aos valores absolutos do CadÚnico, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul observaram elevação
de seu quantitativo. Já Goiás e o Distrito Federal apresentaram tendência de queda entre 2019 e 2020.
Sabendo que o indicador de inadequação domiciliar apresentado na presente nota técnica é determinado
pelos componentes de carências edilícias e de infraestrutura urbana, seguiremos agora para a análise
individual de cada um e seus subcomponentes respectivos.
Para as carências edilícias, de modo geral, os resultados evidenciaram diferenças mais expressivas entre as
duas fontes de dados, comparativamente ao que foi observado no indicador geral de inadequação
domiciliar como pode ser observado na Tabela 12.
Na região Norte – com exceção de Rondônia, Tocantins e Amapá (2018) – verifica-se uma tendência de as
variações serem menores que um, indicação de, no caso, resultados superiores para a PnadC. Um aspecto
interessante é como a variação para o Tocantins se reduziu devido à grande variação dos resultados a partir
da própria PnadC, fato idêntico tendo ocorrido para o Amapá.
49
Estatística & informações, n. 54
Já em relação aos valores absolutos do CadÚnico, os estados do Norte apresentaram tendência de redução
da quantidade de habitações com carências edilícias entre 2018 e 2020. Destaca-se, porém, que, para Acre,
Amazonas e Roraima, nota-se um aumento marginal de tal inadequação entre 2018 e 2019, tendo ocorrido
posteriormente a queda entre 2019 e 2020.
No Nordeste – com exceção do Ceará e de Sergipe (2019) – os estados apresentaram variação maior do que
um, indicação de valores maiores para o CadÚnico em comparação com a PnadC. Novamente, a oscilação
das discrepâncias entre as bases para alguns estados, como Maranhão, Pernambuco e Bahia, parece ter
mais relação com as variações observadas na PnadC entre 2018 e 2019.
Assim como no Norte, os resultados absolutos do CadÚnico entre 2018 e 2020 apresentaram tendência de
redução das habitações com carências edilícias.
Tabela 12: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da
Federação
50
Rio Grande do Sul 12.434 6.834 1,82 12.494 5.126 2,44 12.237
Sul 23.585 12.642 1,87 23.406 11.495 2,04 22.928
Mato Grosso do Sul 3.011 1.005 2,99 2.796 1.688 1,66 2.662
Centro- Mato Grosso 4.332 3.750 1,16 4.255 1.276 3,33 4.074
Oeste Goiás 7.503 923 8,13 7.192 1.837 3,92 6.655
Distrito Federal 933 128 7,29 915 998 0,92 890
Centro-Oeste 15.779 5.806 2,72 15.158 5.799 2,61 14.281
Brasil 563.605 401.285 1,40 542.632 385.647 1,41 519.631
Para a região Sudeste, é importante elucidar a situação de São Paulo. Para o indicador geral de inadequação
domiciliar, o estado apresentava certa homogeneidade entre as bases, com variações relativamente
pequenas nos dois anos de análise. No entanto, tratando-se das carências edilícias, nota-se um cenário
diferente. Para 2019, foi o estado da região que apresentou a maior variação. Também aqui é provável que
a variação da PnadC de 2018 e 2019 motive tal discrepância.
Nos demais estados do Sudeste, a variação é maior do que um – exceto para o Espírito Santo – indicação de
valores maiores para o CadÚnico. É importante dizer o quão expressivo é a oscilação do número de
inadequações para esse componente na PnadC entre 2018 e 2019 em todas as unidades federativas do
Sudeste.
Para os resultados absolutos, assim como para os demais estados do Norte e Nordeste, prevalece a
tendência de redução das habitações inadequadas captadas entre 2018 e 2020 no CadÚnico.
Na região Sul, os resultados da variação foram todos maior do que um, o que indica valores maiores para o
CadÚnico. Assim como os demais estados, em relação aos valores absolutos, pode-se notar tendência de
redução entre 2018 e 2020.
Em se tratando da região Centro-Oeste – exceção do Distrito Federal em 2019 – as variações foram maiores
do que um, indicação de valores mais elevados para a base do CadÚnico em relação ao componente de
carências edilícias.
A homogeneidade das bases é um elemento importante para que o CadÚnico possa, de fato, ser utilizado
como alternativa à PnadC. Contudo, o componente de carência edilícia apresenta uma situação complexa,
com resultados muito destoantes entre as bases analisadas. Ademais, as grandes oscilações dos resultados
51
Estatística & informações, n. 54
da PnadC de 2018 e 2019 parecem assumir um papel relevante para justificar as diferenças em tais fontes
de dados.
Buscando avaliar melhor e, talvez, identificar onde se encontram as maiores diferenças, vamos agora
verificar as variações do CadÚnico e da PnadC para 2018 e 2019, considerando-se os subcomponentes da
carência edilícia aqui considerados: existência de banheiro exclusivo e material predominante no piso.
Já no que se refere ao material predominante no piso, observa-se uma frequência mais elevada de
variações maiores que um. Isso significa que as estimativas de domicílios inadequados do CadÚnico para
esse componente são superiores. Além disso, notam-se variações tão grandes que chegam a dois dígitos,
explicitando a grande diferença entre as duas bases aqui comparadas para esse subcomponente.
Por meio das variações expostas na Tabela 13 é possível notar que, para a ausência de banheiro exclusivo, a
PnadC parece apontar um maior número de domicílios inadequados, dado que a maioria dos estados
obtiveram variações menores que um para um dos anos ou ambos. Consequentemente, temos para o Brasil
uma variação menor do que um para ambos os anos.
No mesmo sentido, assim como a PnadC aponta para uma tendência decrescente do quantitativo, o
CadÚnico apresenta o mesmo padrão descrente para o país entre 2018 e 2020 nesse subcomponente.
Regionalmente, as variações menores que um estão no Norte e Sudeste, indicação de mais identificação de
domicílios sem banheiro na PnadC. Nas demais regiões, foi igual ou maior do que um, indicação de maior
frequência no CadÚnico. Ademais, destaca-se que, também para a ausência de banheiro exclusivo,
verificam-se variações consideráveis na PnadC entre 2018 e 20197. Essas são as possíveis fontes de
divergências entre as bases.
As regiões apresentam tendências temporais dos valores absolutos divergentes entre as bases e inexiste um
padrão claro entre elas para esse subcomponente da carência edilícia. Para as regiões Nordeste e Sudeste,
tal como observado para o total brasileiro, as duas fontes de dados apontaram tendência de queda. Já para
o Norte e o Centro-Oeste, verifica-se, nos respectivos períodos, redução para o CadÚnico e aumento para as
7
Em termos absolutos, a principal variação ocorreu no Nordeste, sobretudo devido ao Maranhão, que desenvolveu
uma política pública específica para construção de banheiros em domicílios de baixa renda: o Cheque Minha Casa.
Esses efeitos, entretanto, não aparecem nos dados do CadÚnico por falta de atualização de informações das
famílias (MARANHÃO, 2018).
52
estimativas da PnadC. Por fim, para a região Sul, os resultados sinalizam estabilidade entre os valores
obtidos para o CadÚnico e uma tendência crescente em relação à PnadC.
Tabela 13: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo variação anual entre CadÚnico e PnadC –
unidades da Federação, regiões e Brasil
53
Estatística & informações, n. 54
Para a PnadC, ressalta-se a ausência de informações para algumas unidades federativas. Destaque,
especialmente, o Centro-Oeste onde, para 2019, apenas Goiás reportava informações de piso inadequado
para a PnadC. Ocorre aqui que as estimativas obtidas por meio da PnadC resultaram em uma inexistência de
domicílios com inadequação no material predominante no piso, para Goiás e outras unidades federativas.
Já a partir da base do CadÚnico pode-se notar uma tendência de queda dos valores absolutos em todas as
regiões brasileiras, consequentemente, na maior parte dos estados brasileiros, sendo que, por meio desta
base foram obtidos valores positivos para o número de domicílios com inadequação neste subcomponente.
Tabela 14: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil
54
4
Espírito Santo 1.039 - - 1.005 690 1,46 925
Rio de Janeiro 26.712 7.021 3,80 24.392 13.644 1,79 22.653
13,5
São Paulo 15.962 2.426 6,58 14.588 1.077 4 13.366
Sudeste 61.132 13.122 4,66 55.719 16.398 3,40 51.666
Paraná 2.356 2.625 0,90 2.096 - - 2.038
Sul Santa Catarina 553 173 3,19 478 295 1,62 450
33,5
Rio Grande do Sul 5.033 902 5,58 4.879 145 8 4.581
16,9
Sul 7.942 3.700 2,15 7.453 440 7.069
4
Mato Grosso do Sul 2.199 - - 1.947 - - 1.806
Centro- Mato Grosso 2.998 1.843 1,63 2.977 - - 2.830
Oeste Goiás 5.739 923 6,22 5.394 1.362 3,96 4.879
Distrito Federal 619 128 4,83 607 - - 589
Centro-Oeste 11.555 2.894 3,99 10.925 1.362 8,02 10.104
Brasil 308.847 67.430 4,6 286.448 63.294 4,5 269.149
Em síntese, podemos apontar que as variações entre as bases do CadÚnico e PnadC para as carências
edilícias são determinadas:
a) Norte: os valores absolutos são menores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor menor da
componente ausência de banheiro exclusivo nessa base;
b) Nordeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior do
componente piso inadequado nessa base;
c) Sudeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior do
componente piso inadequado nessa base;
d) Sul: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido tanto ao valor maior da ausência de
banheiro exclusivo quanto do piso inadequado nessa base;
e) Centro-Oeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior
do componente piso inadequado nessa base.
55
Estatística & informações, n. 54
exemplo, as diferenças são, de modo geral, inferiores às observadas para o componente de carências
edilícias.
Por um lado, sobre as situações em que se observam maior homogeneidade entre CadÚnico e PnadC para
os anos aqui considerados, destaca-se o Pará (Norte), o Maranhão (Nordeste), São Paulo (Sudeste), Santa
Catarina (Sul) e Goiás (Centro-Oeste), sobre os quais as variações anuais foram as mais próximas de um em
sua respectiva região.
Por outro, as discrepâncias maiores entre as bases se encontram em Roraima e no Acre (Norte), Piauí e Rio
Grande do Norte (Nordeste), Rio de Janeiro e Espírito Santo (Sudeste), Paraná (Sul) e Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul (Centro-Oeste).
Em termos absolutos, constata-se que, em ambas as bases, predomina a mesma tendência de elevação do
total de habitações com algum tipo de inadequação de infraestrutura, seja entre 2018 e 2019 para PnadC,
seja entre 2018 e 2020 para a CadÚnico.
As exceções para o caso da PnadC são Amazonas, Piauí, Ceará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e
Goiás, que tiveram redução nos números absolutos. Para o CadÚnico, persistia a elevação ano a ano do
total de habitações com alguma inadequação de infraestrutura urbana.
Tabela 15: Número de domicílios com inadequação em infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– unidades da Federação
56
Norte 6
220.10
Paraíba 206.169 141.991 1,45 217.328 138.495 1,57 9
714.18
Pernambuco 647.915 441.838 1,47 699.041 544.135 1,28 6
256.11
Alagoas 248.864 181.513 1,37 258.457 210.350 1,23 8
116.98
Sergipe 114.609 96.299 1,19 116.035 121.459 0,96 2
658.02
Bahia 627.651 513.524 1,22 663.526 538.480 1,23 4
3.260.
Nordeste 3.037.979 2.472.806 1,23 3.237.189 2.647.974 1,22
448
223.94
Minas Gerais 215.894 266.270 0,81 221.141 298.085 0,74 2
Espírito Santo 57.015 50.032 1,14 63.087 58.278 1,08 65.653
Sudeste 431.33
Rio de Janeiro 359.449 493.241 0,73 413.841 579.259 0,71 1
246.74
São Paulo 234.041 222.551 1,05 246.073 292.017 0,84 3
967.66
Sudeste 866.399 1.032.094 0,84 944.142 1.227.639 0,77
9
259.36
Paraná 242.502 198.607 1,22 256.745 175.598 1,46 8
Sul Santa Catarina 88.585 83.236 1,06 96.422 94.521 1,02 96.700
169.91
Rio Grande do Sul 156.584 153.550 1,02 165.815 187.279 0,89 9
525.98
Sul 487.671 435.393 1,12 518.982 457.398 1,13
7
145.78
Mato Grosso do Sul 133.136 51.497 2,59 145.513 48.079 3,03 8
209.88
Centro- Mato Grosso 186.890 83.982 2,23 204.398 78.499 2,60 7
Oeste
307.11
Goiás 293.437 316.060 0,93 308.825 307.863 1,00 4
Distrito Federal 13.831 8.097 1,71 14.052 10.791 1,30 13.138
675.92
Centro-Oeste 627.294 459.636 1,36 672.788 445.232 1,51
7
6.633.
Brasil 6.079.073 5.664.372 1,07 6.551.215 6.045.520 1,08
778
Do mesmo modo que para as carências edilícias, em que se identificou notável discrepância para o material
predominante no piso, convém explorar os dados por subcomponente também para as inadequações de
infraestrutura urbana.
57
Estatística & informações, n. 54
A partir da Tabela 16, verifica-se, para o Brasil, que as variações menores que um, para 2018 e 2019,
indicam que as estimativas de inadequação de abastecimento de água são maiores para a PnadC. Em
termos absolutos, a tendência é de pequena elevação para o país, considerando-se ambas as bases.
Nota-se, também, que nos estados do Norte, Sudeste e Sul, os números do CadÚnico são muito inferiores
aos da PnadC. Para o Nordeste e o Centro-Oeste, acontece maior convergência entre as bases. Em relação
às tendências dos valores absolutos, em ambas as bases – com exceção do Centro-Oeste, onde há uma
tendência de queda – verificou-se também a tendência de elevação dos valores ao longo dos períodos em
análise.
Tabela 16: Número de domicílios com inadequação de abastecimento de água e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil
58
Sul 95.828 109.040 0,88 103.736 157.896 0,66 106.934
Mato Grosso do Sul 16.133 17.666 0,91 17.921 15.279 1,17 18.457
Centro- Mato Grosso 26.698 31.795 0,84 28.561 29.071 0,98 29.687
Oeste Goiás 77.898 76.977 1,01 83.410 79.383 1,05 83.042
Distrito Federal 3.711 2.261 1,64 4.369 2.237 1,95 4.305
Centro-Oeste 124.440 128.699 0,97 134.261 125.970 1,07 135.491
Brasil 2.048.708 2.446.065 0,84 2.232.950 2.646.715 0,84 2.272.903
5.5.7 Canalização
Na Tabela 17, o total para o Brasil indica que os dados reportados pelo CadÚnico são maiores do que os da
PnadC para o subcomponente de ausência de canalização interna ao domicílio. Os resultados para CadÚnico
oscilaram no sentido de estabilidade entre 2018 e 2020, enquanto os da PnadC, entre 2018 e 2019,
apresentaram tendência de elevação dos valores absolutos.
Regionalmente, os números absolutos entre as bases apresentam mais convergência no Norte e Sudeste. Já
no Nordeste é maior a frequência por parte do CadÚnico para o Sul e Centro-Oeste, valores maiores são
observados para a PnadC.
Olhando mais detidamente as unidades federativas, percebe-se, novamente, as grandes variações nos
números da PnadC (Pará, Tocantins, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás), o que, consequentemente,
dificulta a comparação das tendências entre as bases para os diferentes recortes espaciais.
Tabela 17: Número de domicílios com canalização inadequada e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da
Federação, regiões e Brasil
59
Estatística & informações, n. 54
Norte
Paraíba 51.002 41.965 1,22 53.114 20.295 2,62 52.927
Pernambuco 146.366 90.648 1,61 151.855 98.818 1,54 151.790
Alagoas 36.178 14.698 2,46 36.184 16.538 2,19 35.321
Sergipe 19.689 14.249 1,38 19.172 17.546 1,09 19.111
Bahia 93.656 68.230 1,37 94.414 71.965 1,31 91.954
Nordeste 568.548 408.678 1,39 580.843 376.219 1,54 572.430
Minas Gerais 23.619 14.233 1,66 22.666 9.696 2,34 22.233
Espírito Santo 3.784 1.286 2,94 3.835 1.973 1,94 3.745
Sudeste
Rio de Janeiro 53.613 45.580 1,18 56.241 61.845 0,91 56.430
São Paulo 26.470 28.417 0,93 26.256 38.910 0,67 25.249
Sudeste 107.486 89.516 1,20 108.998 112.424 0,97 107.657
Paraná 7.587 28.039 0,27 7.479 19.070 0,39 7.255
Sul Santa Catarina 3.022 6.036 0,50 3.012 5.498 0,55 2.919
Rio Grande do Sul 9.983 8.461 1,18 9.985 18.158 0,55 9.841
Sul 20.592 42.536 0,48 20.476 42.726 0,48 20.015
Mato Grosso do Sul 4.254 2.525 1,68 4.031 2.604 1,55 3.864
Centro- Mato Grosso 8.383 14.364 0,58 7.945 10.631 0,75 7.746
Oeste Goiás 12.584 37.056 0,34 12.201 52.960 0,23 11.651
Distrito Federal 1.207 1.509 0,80 1.278 603 2,12 1.209
Centro-Oeste 26.428 55.454 0,48 25.455 66.798 0,38 24.470
Brasil 895.170 752.514 1,19 904.666 778.679 1,16 888.317
A Tabela 18 evidencia que o subcomponente de esgotamento sanitário inadequado possui maior peso para
a base do CadÚnico tanto no Brasil quanto nas diversas regiões. Com a exceção do Acre, Rio Grande do
Norte e de Minas Gerais, todas as demais unidades federativas apresentaram ao menos um dos anos com
variações superiores para o CadÚnico.
Salienta-se que, dada a magnitude dos valores absolutos, pequenas variações no esgotamento alteram
tanto o componente de inadequação de infraestrutura quanto o indicador de inadequação habitacional.
Outro aspecto relevante é que, em ambas as bases de dados, as tendências são semelhantes: aumento do
total absoluto entre os períodos em análise na maior parte das unidades federativas, consequentemente
nas regiões e no Brasil.
Regionalmente, com exceção do Sudeste, que apresenta maior convergência das bases, todas apresentam
variações maiores do que um, indicação de valores maiores da inadequação de esgotamento sanitário para
o CadÚnico comparativamente à PnadC.
60
O mais notável é a discrepância entre as bases observada nos estados do Centro-Oeste Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, além da expressiva variação da PnadC entre 2018 e 2019 observada em Goiás e da ausência
de domicílios com inadequação de esgotamento sanitários para o Distrito Federal em 2018, também no que
se refere à PnadC.
Ainda sobre as oscilações nos resultados da PnadC entre 2018 e 2019, destaca-se que, nas demais regiões,
também foram observadas variações consideráveis para algumas unidades federativas. No Norte, destaca-
se o Amazonas e o Pará; no Nordeste, a maior parte dos estados apresentou grandes oscilações, exceto
Maranhão e Piauí; já no Sudeste ressalta-se São Paulo.
Tabela 18: Número de domicílios com esgotamento sanitário inadequado e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
unidades da Federação, regiões e Brasil
A Tabela 19 apresenta os resultados para o subcomponente de coleta de lixo. Para o Brasil, verifica-se que a
variação é maior que um, indicação de que os valores reportados pelo CadÚnico são maiores. O
interessante é que a tendência em ambas as bases é de redução dos valores absolutos, padrão reproduzido
regionalmente – com exceção do Sudeste, que apresentou certa estabilidade para os números do CadÚnico.
Novamente, são observadas variações regionais nos dados da PnadC entre 2018 e 2019, a exemplo do Pará
(Norte), de Pernambuco (Nordeste), do Rio de Janeiro (Sudeste), Paraná (Sul) e Distrito Federal (Centro-
Oeste). Essas variações alteram as divergências e convergências entre as bases também para esse
subcomponente.
Tabela 19: Número de domicílios com coleta de lixo inadequada e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades
da Federação, regiões e Brasil
62
Espírito Santo 5.713 11.726 0,49 5.561 6.501 0,86 5.402
Rio de Janeiro 41.751 30.341 1,38 45.870 19.872 2,31 46.571
São Paulo 15.405 21.922 0,70 15.202 18.780 0,81 14.999
Sudeste 102.062 94.410 1,08 104.477 83.034 1,26 103.755
Paraná 8.549 18.732 0,46 8.261 6.057 1,36 7.903
Sul Santa Catarina 2.350 3.520 0,67 2.276 3.132 0,73 2.170
Rio Grande do Sul 6.113 13.435 0,45 6.012 4.454 1,35 5.896
Sul 17.012 35.687 0,48 16.549 13.643 1,21 15.969
Mato Grosso do Sul 3.774 2.091 1,81 3.764 4.357 0,86 3.708
Centro- Mato Grosso 7.453 4.672 1,60 7.270 2.358 3,08 7.053
Oeste Goiás 10.626 4.624 2,30 10.707 4.101 2,61 10.311
Distrito Federal 1.912 3.265 0,59 1.676 702 2,39 1.557
Centro-Oeste 23.765 14.652 1,62 23.417 11.518 2,03 22.629
Brasil 606.775 519.012 1,17 603.434 469.360 1,29 587.771
Pondera-se, contudo, conforme nossa introdução, que as perguntas são muito diferentes entre as bases, o
que tende a ser mais uma fonte de erro e discrepância nos valores observados.
Tabela 20: Número de domicílios com oferta de energia elétrica inadequada e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– unidades da Federação, regiões e Brasil
Rio Grande do
Norte 7.060 1.632 4,33 7.616 1.983 3,84 7.703
Paraíba 5.750 533 10,80 5.704 1.201 4,75 5.572
Pernambuco 14.427 7.981 1,81 15.389 1.217 12,64 15.688
Alagoas 10.069 2.274 4,43 11.553 1.153 10,02 11.480
Sergipe 5.391 1.627 3,31 5.569 2.232 2,50 5.680
Bahia 51.490 7.767 6,63 54.975 6.531 8,42 54.194
Nordeste 125.018 26.995 4,63 133.995 19.195 6,98 133.912
Minas Gerais 21.731 5.147 4,22 23.086 6.061 3,81 24.092
Espírito Santo 5.349 837 6,39 6.021 252 23,94 6.083
Sudeste
Rio de Janeiro 30.954 287 107,94 35.091 180 195,30 35.098
São Paulo 35.214 1.830 19,25 37.570 4.347 8,64 38.214
Sudeste 93.248 8.101 11,51 101.768 10.840 9,39 103.487
Paraná 5.753 1.482 3,88 6.139 1.470 4,18 6.453
Sul Santa Catarina 2.759 827 3,34 2.787 763 3,65 2.866
Rio Grande do Sul 9.756 2.202 4,43 9.899 414 23,88 10.057
Sul 18.268 4.511 4,05 18.825 2.647 7,11 19.376
Mato Grosso do Sul 1.543 268 5,75 1.589 93 17,09 1.655
Centro- Mato Grosso 1.784 549 3,25 1.583 256 6,18 1.547
Oeste Goiás 2.745 1.824 1,51 2.918 - - 2.909
Distrito Federal 1.044 1.194 0,87 1.149 1.897 0,61 1.113
Centro-Oeste 7.116 3.835 1,86 7.239 2.246 3,22 7.224
Brasil 276.573 51.508 5,37 295.415 38.054 7,76 297.088
Em síntese, podemos apontar para o fato de que as variações entre as bases do CadÚnico e PnadC para a
inadequação de infraestrutura são determinadas pelo que segue:
a) Norte: os valores absolutos são menores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor menor do
subcomponente abastecimento de água nessa base.
b) Nordeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico pois os valores são maiores para essa
base em todos os subcomponentes;
c) Sudeste: os valores absolutos são menores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor menor do
subcomponente abastecimento de água nessa base;
d) Sul: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior observado
do subcomponente esgotamento sanitário;
e) Centro-Oeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior
observado do subcomponente esgotamento sanitário.
A partir daqui, iremos explorar a inadequação domiciliar considerando as regiões metropolitanas. O intuito
é verificar se o padrão observado em nível estadual se mantém também para tal recorte espacial.
64
5.6 Região Metropolitana
No que se refere às regiões metropolitanas (RM), a Tabela 21 mostra que, para o total das regiões
metropolitanas, o número de habitações com algum tipo de inadequação é próximo entre as bases do
CadÚnico da PnadC e apresenta semelhanças na tendência de elevação entre ambas as bases.
Sobre as variações entre as bases para as diferentes regiões metropolitanas, nota-se o seguinte
comportamento: quando uma RM apresenta variação maior que um, isso indica valores mais elevados para
o CadÚnico. No mesmo sentido, quando uma RM reporta variação menor que a unidade, isso sinaliza
resultados maiores para a PnadC.
Em relação às tendências temporais dos valares absolutos verificadas para cada RM e as duas bases em
análise, notam-se algumas divergências. Para a região norte, o CadÚnico indicou aumento no número de
domicílios inadequados para a maioria das RMS, com exceção da RM de Manaus. Lá, entre 2019 e 2020,
verificou-se queda das inadequações. Já para as estimativas da PnadC, apenas a RM de Belém reportou
tendência crescente.
Para as RM do Nordeste, de modo geral, a PnadC apontou elevação temporal das inadequações
domiciliares. As exceções são a Ride de Teresina (Piauí) e a RM de Fortaleza (Ceará), que apresentaram
redução no número de domicílios inadequados. Para o CadÚnico não foi verificado um padrão entre as RM.
Ressalta-se, no entanto, estabilidade temporal observada nessa base para a Ride de Teresina e a RM de
Aracaju.
Tabela 21: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região metropolitana
65
Estatística & informações, n. 54
Já na região Centro-Oeste, enquanto, para a RM de Goiânia, as duas fontes de dados indicaram tendência
crescente entre os anos, para a RM do Vale do Rio Cuiabá, nota-se, para o CadÚnico, elevação temporal do
número de domicílios inadequados e, para os dados da PnadC, tendência de queda.
Um adendo faz-se necessário. Entre as regiões metropolitanas, observam-se variações da PnadC para 2018
e 2019 bem menos expressivas que o observado anteriormente para as unidades federativas. Sabendo que
essa pode ser uma fonte importante das diferenças entre as bases aqui comparadas (PnadC e CadÚnico),
destaca-se que as RM que apresentaram maiores variações anuais na PnadC foram Grande São Luiz (MA),
Salvador (BA), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (PA).
A Tabela 22 reporta as estimativas de inadequação edilícia para as regiões metropolitanas aqui analisadas.
Para o total das regiões metropolitanas, as variações comparando ambas as bases são maiores do que um,
66
fato que indica valores absolutos mais elevados nos dados do CadÚnico. Além disso, nota-se que, em
ambas, houve a tendência foi de redução do total observado de carências edilícias.
A discrepância entre as bases é grande, principalmente devido às variações nos valores das variáveis na
PnadC entre os anos de análise. Os valores para o CadÚnico geralmente são maiores para regiões
metropolitanas do Nordeste, Sul e Centro-Oeste.
Tabela 22: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana
67
Estatística & informações, n. 54
Para a variável de ausência de banheiros exclusivos, a variação menor do que um (variáveis V18 e V19 na
Tabela 23) indicam o quanto os resultados são maiores para a PnadC. Apesar dessa tendência geral de
superioridade da PnadC, em algumas RM, observa-se que valores expressivamente maiores para o
CadÚnico, a exemplo da RM Grande São Luís, Ride Teresina e RM Maceió.
Tabela 23: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana
68
5.6.4 Material predominante no piso
A Tabela 24 apresenta os valores do piso inadequado entre as bases de dados. A partir dele, nota-se como a
fonte de discrepância para as carências edilícias observada anteriormente é originada dos valores mais
elevados para o CadÚnico. Em resumo, dois fatos aqui merecem destaque. O primeiro diz respeito ao
grande número de observações faltantes, principalmente para 2019, fruto da inexistência de domicílios
inadequados no que se refere ao material predominante no piso para a PnadC. O segundo ponto são as
elevadas variações entre as bases (V18 e V19), com destaque para as seguintes RM: Fortaleza, Recife,
Maceió, Salvador e São Paulo.
Tabela 24: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana
69
Estatística & informações, n. 54
A Tabela 25 apresenta os resultados da inadequação de infraestrutura urbana para as RM. A partir dela,
verificamos como os resultados observados não são muito discrepantes e, além disso, em ambas as bases,
os números apresentam a mesma tendência de elevação.
As maiores discrepâncias são observadas em três RM: João Pessoa, Salvador e Vale do Rio Cuiabá. Para
compreender as fontes dessas divergências, analisaremos cada subcomponente que compõe a inadequação
de infraestrutura a seguir.
Tabela 25: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– região metropolitana
70
Elaboração própria.
Para o abastecimento, conforme a Tabela 26, os resultados para o total das RM são menores do que um
(variáveis V18 e V19), o que indica valores maiores para os dados obtidos pela PnadC. No geral, isso se
verifica para grande parte das RM brasileiras. Entretanto, há algumas exceções, com valores muito
superiores para o CadÚnico nas RM de Teresina e Salvador.
Tabela 26: Número de domicílios com inadequação de abastecimento de água e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana
71
Estatística & informações, n. 54
5.6.7 Canalização
Tabela 27: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana
72
5.6.8 Esgotamento sanitário
Com exceção das RM de Teresina, Natal, Belo Horizonte e Porto Alegre, as demais tiveram ao menos um
ano com valor superior a um. O mais notável é o caso da RM do Vale do Cuiabá, que apresenta valores
expressivos em todos os períodos para o CadÚnico e, em contraposição, não reportou domicílios
inadequados para o esgotamento em 2018 para PnadC.
73
Estatística & informações, n. 54
Tabela 28: Número de domicílios com inadequação de esgotamento sanitário e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– região metropolitana
A Tabela 29 apresenta os resultados para a inadequação de coleta de lixo. Como as variações são menores
do que um (V18 e V19), os resultados são maiores para a PnadC no total das RM. O interessante é que
ambas as bases apresentam tendência de estabilidade nos resultados absolutos, ou seja, pouca variação.
74
Em se tratando do resultado para as RM individualmente, nota-se que, diferente do observado para o total,
em alguns casos, a variação entre CadÚnico e PnadC é grande, vide as RM de Manaus, Belém, Macapá,
Fortaleza e Vale do Rio Cuiabá.
Tabela 29: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana
A Tabela 30 apresenta os resultados da inadequação de energia elétrica. Assim como observado para as UF,
os valores do CadÚnico são muito superiores ao encontrados na PnadC. Como apontando anteriormente e
75
Estatística & informações, n. 54
na introdução, uma das fontes de diferença pode estar vinculada à diferença da pergunta e das respostas
entre os questionários.
Outro aspecto de destaque é o fato de não existir convergência dos movimentos entre as bases. No
CadÚnico, os números tendem a aumentar para o conjunto das RM; na PnadC, ao contrário, o número se
reduziu drasticamente indicação de a forte variação da variável. De modo geral, duas observações se fazem
necessárias. A primeira diz respeito ao grande número de RM em que não se observou domicílio algum com
inadequação de energia elétrica a partir da PnadC. Em 2018, sete das 21 RM aqui consideradas não
apresentaram domicílios inadequados para o subcomponente; em 2019, esse número subiu para nove. O
outro ponto são as elevadas variações entre as bases. Destaque para as RM de João Pessoa, Recife, Salvador
e São Paulo, cujas variações alcançaram a casa dos dois dígitos e, em todos os casos, indicaram números de
domicílios inadequados muito maiores para o CadÚnico.
Tabela 30: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
região metropolitana
76
Oeste Cuiabá
Os resultados expressos na Tabela 31 para as capitais vão na mesma direção dos já verificados para os
respectivos estados e as regiões metropolitanas. O que se nota de diferente são algumas variações entre as
bases que se tornaram ainda mais expressivas, com mais destaque para as capitais do Nordeste, Sul e,
especialmente, Centro-Oeste. No total de domicílios inadequados das capitais, verificamos números muito
próximos entre as fontes de informações, além da tendência de ambas as bases para o aumento
quantitativo de habitações com algum tipo de inadequação.
Tabela 31: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital
77
Estatística & informações, n. 54
A Tabele 32 expõe os resultados das capitais brasileiras para as carências edilícias. Para o total das capitais,
verificamos que os resultados apresentam tanto certa convergência dos valores quanto, para ambas as
bases, uma tendência de redução das habitações com alguma carência edilícia.
Aqui verificamos que a discrepância está fortemente vinculada aos dados da PnadC para esse recorte
espacial.
Tabela 32: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital
78
Campo Grande (MS) 532 1.005 0,53 464 871 0,53 424
Cuiabá (MT) 327 701 0,47 325 - - 331
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 498 - - 415 1.430 0,29 377
Brasília (DF) - 128 - - 998 - 890
Total das capitais 59.550 59.616 1,00 57.048 48.654 1,17 54.554
Assim como feito para os outros recortes espaciais, analisar-se-ão os resultados para os subcomponentes
para verificar as divergências e correspondências de valores e tendências entre as capitais.
A Tabela 33 apresenta o subcomponente de ausência de banheiro exclusivo. Assim como nos outros
recortes espaciais, o subcomponente para o total das capitais apresenta valor menor do que um, indicação
de maiores valores para a base da PnadC. Mas, novamente, ambas as bases possuem a mesma tendência de
redução do valor quantitativo no período em tela.
É possível verificar que, na PnadC, faltam informações de domicílios com ausência de banheiro
principalmente para as capitais do Sul e do Centro-Oeste. Além disso, é elevada a variação para a maioria
dos casos, com variações inferiores a um, contudo, fato que indica que a PnadC, na média, reporta número
maior de domicílios com ausência de banheiro do que o CadÚnico.
Destaque para as capitais em que as bases se mostraram mais divergentes em ambos os anos: Boa Vista
(RR), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MS).
79
Estatística & informações, n. 54
Tabela 33: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
Capital
A Tabela 34 apresenta os resultados para o subcomponente de piso inadequado. Assim como observado
nos outros recortes espaciais, os valores são bem superiores a um nos indicadores V18 e V19, indicação da
80
frequência maior dessa inadequação no CadÚnico. Ambas as bases apresentam tendência de redução no
número de domicílios com essa inadequação no período analisado.
Ademais, é notável a ausência de informações de domicílios com piso inadequado para a PnadC tanto em
2018 quanto em 2019, o que dificulta a comparação com os resultados obtidos por meio do CadÚnico.
Tabela 34: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – Capital
81
Estatística & informações, n. 54
No que se refere à inadequação de infraestrutura urbana, tal como exposto nos demais recortes territoriais
considerados, esse componente apresenta comportamento muito semelhante ao já relatado para o
indicador geral de inadequação domiciliar também para as capitais. Tal evidência pode ser visualizada na
Tabela 35.
Para o total das capitais, verifica-se que os valores entre as bases são muito próximos e, em ambas as bases,
existe a tendência de elevação do quantitativo de habitações com algum tipo de inadequação de
infraestrutura.
Assim como nos demais recortes espaciais, outro aspecto de destaque é a discrepância em algumas capitais
do Nordeste e, principalmente, do Centro-Oeste entre os totais obtidos entre as duas bases. Notadamente,
na capital do Mato Grosso do Sul e na do Mato Grosso, Campo Grande e Cuiabá respectivamente.
82
Tabela 35: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– Capital
Assim como nos demais recortes espaciais, abaixo é analisado cada subcomponente da inadequação de
infraestrutura. O objetivo é compreender os diferentes graus de divergência e de tendência de
comportamento entre ambas as bases.
83
Estatística & informações, n. 54
Para esse subcomponente, também se observa a presença de prováveis variações amostrais dignas de
menção para a PnadC entre 2018 e 2019. Em algumas capitais, essas oscilações chamam a atenção, como é
o caso de Fortaleza (CE), Aracajú (SE), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT) e Goiânia (GO). Por
outro lado, nas capitais do Norte e do Sudeste, as variações foram muito menos expressivas.
Tabela 36: Número de domicílios com inadequação do abastecimento de água e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – Capital
84
11,1
162 139 1,17 350 89 397
Vitória (ES) 2
Rio de Janeiro (RJ) 8.523 4.115 2,07 10.129 6.140 6,14 10.399
26.68
18.425 0,69 18.823 25.317 2,13 19.360
São Paulo (SP) 1
Curitiba (PR) 833 - - 962 - - 1.093
Sul Florianópolis (SC) 1.885 627 3,01 2.231 4.462 0,71 2.252
26,6
1.949 1.282 1,52 1.674 332 1.528
Porto Alegre (RS) 5
Campo Grande (MS) 6.809 4.877 1,40 7.690 5.067 6,82 7.864
19,8
1.226 3.250 0,38 1.340 1.050 1.522
Centro-Oeste Cuiabá (MT) 7
Goiânia (GO) 4.782 6.171 0,77 5.542 3.380 4,86 5.764
Brasília (DF) - 2.261 - 0,00 2.237 - 4.305
373.75
Total das capitais 318.568
9 0,85 349.061 347.627 1,00 358.488
5.7.7 Canalização
Regionalmente, pode-se observar que os valores são mais altos principalmente na região Nordeste,
especialmente em Salvador.
Tabela 37: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital
85
Estatística & informações, n. 54
86
Tabela 38: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– Capital
87
Estatística & informações, n. 54
Para esse subcomponente, é notável como, em algumas capitais, os números reportados pelo CadÚnico são
muito inferiores aos da PnadC: Belém, Recife e Aracaju.
Tabela 39: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital
88
5.7.10 Energia elétrica
A Tabela 40 apresenta os resultados do subcomponente de energia elétrica. Assim como os demais recortes
espaciais, é notável a diferença do quantitativo entre ambas as bases. Principalmente, porque, para o
CadÚnico, há tendência de elevação e, para a PnadC, de estabilidade.
De modo geral, é notável o grande número de informações faltantes para a PnadC. Em 2018, foram 16
capitais que não apresentaram domicílios inadequados no que tange o acesso à energia elétrica. Já em 2019
esse número subiu para 21. Das capitais em que é possível observar a variação entre as bases, nota-se que
todas apresentam variações (V18 e V19) expressivas, o que sinaliza forte diferença entre as bases. Cabe
destaque, no entanto, para Maceió e Salvador, cujas variações alcançaram duas casas decimais em 2018,
23% e 17% respectivamente
Conforme já mencionado, contudo, a fonte de divergência pode estar vinculada à forma pela qual a
pergunta é formulada e pelas opções de resposta.
89
Estatística & informações, n. 54
Tabela 40: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
Capital
90
6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRTIVA DOS RESULTADOS: CADÚNICO VERSUS PNADC
Nesta seção, iremos comparar as estimativas obtidas por meio do CadÚnico e da PnadC em 2018 e 2019
para o indicador geral do número de domicílios inadequados, seus subindicadores de carência edílica e de
inadequação em infraestrutura urbana e para cada respectiva componente.
Iremos considerar duas estatísticas de cunho descritivo: a correlação de Pearson e os gráficos de dispersão,
aplicadas nas variáveis referentes ao número de domicílios inadequados, obtidas para cada recorte
territorial considerado (unidades da Federação, regiões metropolitanas e capitais).
Como visto na terceira seção, as variáveis utilizadas são categóricas e foram baseadas na metodologia da
FJP (2020), a classificação dos domicílios como inadequados, ou não, para o indicador geral de inadequação
domiciliar e cada um de seus componentes, construídos a partir das variáveis mencionadas.
A análise da correlação Pearson é interessante por nos permitir inferir o grau de associação das variáveis.
Cabe ressaltar que o cenário ideal se refere a uma correlação próxima de um, indicativo estatístico de que
as variâncias produzidas pelas variáveis do CadÚnico são bastante semelhantes àquelas oriundas da PnadC.
Esse resultado indica que, apesar das diferenças entre o CadÚnico e a PnadC, reconhecidas e exploradas ao
longo desta nota, seus resultados, referentes ao número de domicílios inadequados por UF, são
correlacionados estatisticamente. Para o indicador geral de inadequação domiciliar, por exemplo, nota-se
uma correlação maior que 0,9 entre as duas bases para ambos os anos. Nesse sentido, as estimativas do
número total de domicílios inadequados para o CadÚnico e a PnadC são altamente associadas.
De modo geral, a correlação associada a cada uma das inadequações expressas na Tabela 42 é elevada e
superam 0,8 na maioria das situações. Destaca-se, no entanto, os subcomponentes de inadequação no piso
(2019) e de energia elétrica (2018 e 2019) nos quais, em ambos os casos, apesar de relevante, a correlação
estimada não chega a 0,7, o que aponta para uma associação fraca entre o CadÚnico e a PnadC.
91
Estatística & informações, n. 54
Tabela 41: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada componente – Unidade
da Federação
2018 2019
Teste de Teste de
Componente da
correlação p-valor correlação p-valor
inadequação
(Pearson) (Pearson)
Inadequação
0,9093 0,0000 0,9129 0,0000
domiciliar
Inadequação edilícia 0,9145 0,0000 0,8542 0,0000
Banheiro 0,9081 0,0000 0,8415 0,0000
Piso 0,8873 0,0000 0,6962 0,0004
Inadequação de
0,9045 0,0000 0,9091 0,0000
infraestrutura urbana
Abastecimento 0,9435 0,0000 0,9563 0,0000
Canalização 0,9434 0,0000 0,8899 0,0000
Esgotamento 0,8258 0,0000 0,8118 0,0000
Coleta de lixo 0,9369 0,0000 0,9469 0,0000
Energia Elétrica 0,6285 0,0005 0,6703 0,0006
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.
Em se tratando dos gráficos de dispersão, eles nos permitem observar a associação entre as variáveis
referentes ao número de domicílios inadequados, produzidas pelas bases comparadas aqui. A melhor
situação possível seria aquela em que a associação das duas bases produzisse uma reta de 45°, indicação de
que, para cada unidade da Federação, o número de domicílios inadequados computados por meio do
CadÚnico é bem semelhante ao obtido a partir da PnadC.
No Gráfico 14, nota-se um comportamento parecido para o indicador geral de inadequação em 2018 e
2019. Alguns estados estão bem próximos da reta de 45° nos dois anos de análise, o que indica similaridade
entre as duas bases, como é o caso de Maranhão, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.
Em relação aos pontos que divergem mais, destaque para a região nordeste, em específico para Bahia,
Ceará e Pernambuco. Lá, as estimativas no CadÚnico apontam para um número consideravelmente maior
de inadequações em relação à PnadC. Em contrapartida, tratando-se da região norte, verifica-se que o Pará
está situado abaixo da curva de 45° e com uma distância razoável em relação a ela. Esse é um indício de
maiores inadequações a partir do CadÚnico.
Além deles, cabe destaque para dois dos estados do Centro-Oeste brasileiro, Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul. Isso porque, enquanto na PnadC o montante de domicílios inadequados para esses estados não chega a
100.000, para a PnadC, aproxima-se dos 200.000 em ambos os anos.
92
Já no Gráfico 15 temos a dispersão para as carências edilícias e cada um de seus subcomponentes,
associados ao piso inadequado e à ausência de banheiro, para os dois anos de análise, 2018 e 2019.
Para facilitar a interpretação dos gráficos, vamos considerar dois aspectos. O primeiro é a proximidade da
linha de 45°. Como vimos, ela representa a situação ideal, na qual CadÚnico e PnadC mostram-se muito
semelhantes. O segundo aspecto refere-se a se a posição das UF está acima (indicação de superioridade do
CadÚnico) ou abaixo (superioridade da PnadC) da linha em questão.
O componente de carências edilícias apresenta um comportamento semelhante em 2018 e 2019 tal como o
subcomponente de ausência de banheiro. Para o piso inadequado, porém, a dispersão dos estados mostra-
se divergente comparando-se os dois anos.
Para o piso inadequado, não se observa estado algum abaixo da linha de 45°. O número de domicílios com
inadequações para esse subcomponente é sempre maior para os dados do CadÚnico. Além disso, de modo
geral, nota-se um conglomerado de pontos próximos da origem, indicação de um número baixo de
domicílios com piso inadequado. Os demais estados, por outro lado, se localizam relativamente distantes da
reta. Cabe destacar que tais estados são, em maioria, das regiões Nordeste e Sudeste.
93
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 14: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2018-2019
94
Gráfico 15: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2018-2019
95
Estatística & informações, n. 54
Em relação a isso, destaca-se o comportamento dos estados da região norte. Para as carências
edilícias e, em específico, a ausência de banheiro, Acre, Amazonas e Pará obtiveram maiores
inadequações por meio do CadÚnico. Retoma-se aqui a hipótese de que, talvez, o CadÚnico
tenha cobertura menor de famílias elegíveis para programas sociais na região Norte.
De modo geral, nota-se que, para a maioria dos componentes, é grande a dispersão dos
estados em relação à linha de 45°. Aparentemente, a energia elétrica é o caso mais extremo.
Por outro lado, destaque-se o subcomponente de abastecimento em 2018, sobre o qual se
observa forte similaridade entre as bases. As exceções são Rio de Janeiro e Pará, que se
localizam mais distantes e abaixo da linha de 45°, indicação de um número maior de domicílios
inadequados por meio da PnadC.
Outro ponto importante a ser levantado refere-se às escalas dos gráficos de dispersão. Os
subcomponentes de canalização, coleta de lixo e energia elétrica possuem escala pequena em
comparação com o esgotamento sanitário e o abastecimento. Essa percepção reforça o
indicativo de que, nesta análise, a inadequação de infraestrutura urbana é fortemente puxada
pelos dois últimos subcomponentes.
Aqui iremos retomar uma conclusão das análises anteriores. Construído na presente análise, o
indicador geral de inadequação domiciliar é composto em sua maior frequência pelas
inadequações de infraestrutura urbana, e é baixa a participação das carências edilícias para o
cômputo do total de domicílios inadequados.
Desse modo, observa-se que, em sua maior parte, a inadequação total é explicada pelas
carências de infraestrutura urbana. Elas, por sua vez, são direcionadas pelas inadequações nos
subcomponentes de esgotamento e, em menor medida, de abastecimento. É possível dizer,
96
portanto, que o comportamento de tais subcomponentes é determinante da inadequação
total.
97
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 16: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2018
98
Gráfico 17: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2019
99
Estatística & informações, n. 54
No que se refere às regiões metropolitanas, na Tabela 43, é possível verificar a correlação alta
para a maioria dos componentes estimados. As exceções são para as inadequações nos
subcomponentes de “material predominante no piso”, que não foi digna de nota para 2018, e
para a “energia elétrica”, que não foi relevante estatisticamente nem num ano nem no outro.
Tabela 42: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – região metropolitana
2018 2019
Teste de Teste de
Componente da
correlação p-valor correlação p-valor
inadequação
(Pearson) (Pearson)
inadequação
0,8982 0,0000 0,8881 0,0000
domiciliar
Inadequação edilícia 0,7115 0,0004 0,8782 0,0000
Banheiro 0,5278 0,0245 0,6336 0,0027
Piso -0,1533 0,5435 0,9021 0,0001
Inadequação de
0,8878 0,0000 0,8803 0,0000
infraestrutura urbana
Abastecimento 0,9444 0,0000 0,9568 0,0000
Canalização 0,7851 0,0000 0,7078 0,0003
Esgotamento 0,8615 0,0000 0,7551 0,0000
Coleta de lixo 0,7558 0,0000 0,6674 0,0018
Energia Elétrica -0,2471 0,3944 0,3745 0,2304
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.
100
Cabe apontar, também, o aglomerado de pontos próximos da origem, que sinalizam poucos
domicílios inadequados em ambas as bases. De modo geral, nota-se que a maioria das RM se
localizam no intervalo entre zero e um tanto para a PnadC quanto para o CadÚnico.
Por fim, em comparação com os resultados obtidos para as unidades federativas, nota-se certa
semelhança em se tratando dos pontos mais divergentes (Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ),
Fortaleza (CE), no entanto, parece haver dispersão menor considerando-se as RM.
101
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 18: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2018-2019
102
No Gráfico 19, é possível observar a dispersão referente ao componente de carências edilícias
e cada subcomponente seu para 2018 e 2019 respectivamente. Em primeiro lugar, cabe
apontar a predominância de valores baixos para as duas bases em todas as situações
estimadas. Tal como observado para as UF, as carências edilícias representam parcela pequena
da inadequação total, comparativamente às carências de infraestrutura urbana, elemento que
se evidencia por meio das escalas dos gráficos.
Por fim, em todos os gráficos, é possível perceber em vários pontos verdades bem distantes da
linha de 45°, o que enfatiza as diferenças entre as bases para as RM do Nordeste. Além disso,
também se notam algumas RM do Sudeste e do Norte com comportamento similar.
103
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 19: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2018-2019
104
Sobre o componente de infraestrutura urbana e seus subcomponentes, expõem-se nos
Gráficos 20 e 21 a dispersão para 2018 e 2019 nessa ordem. Tal como observado para as UF,
nota-se que os subcomponentes de abastecimento e esgotamento possuem peso maior na
inadequação de infraestrutura urbana. Além das informações faltantes, os demais
subcomponentes sinalizam baixa frequência de domicílios inadequados.
105
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 20: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2018
106
Gráfico 21: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2019
107
Estatística & informações, n. 54
6.3 Capitais
Essas observações sinalizam divergências maiores entre as bases, uma vez que, em alguns
casos, as variáveis representativas do número de domicílios inadequados para cada
componente apresentaram associação baixa ou insignificante em termos estatísticos. O
componente de abastecimento foi o que exibiu maior similaridade entre as bases, tendo em
vista a correlação superior a 0,7 e relevante para os dois anos de análise.
Tabela 43: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – Capital
2018 2019
Teste de Teste de
Componente da
correlação p-valor correlação p-valor
inadequação
(Pearson) (Pearson)
Inadequação
0,7533 0,0000 0,7067 0,0000
domiciliar
Inadequação edilícia 0,7098 0,0002 0,6731 0,0011
Banheiro 0,5880 0,0050 0,5302 0,0195
Piso 0,4415 0,1140 0,9342 0,0007
Inadequação de
0,7399 0,0000 0,6877 0,0001
infraestrutura urbana
Abastecimento 0,7707 0,0000 0,8161 0,0000
Canalização 0,7163 0,0002 0,5824 0,0035
Esgotamento 0,5631 0,0097 0,5228 0,0073
Coleta de lixo 0,2280 0,3336 0,2570 0,2881
Energia elétrica 0,0123 0,9714 0,9697 0,0302
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.
Tratando-se da dispersão entre os valores construídos por meio da PnadC e do CadÚnico, para
as capitais brasileiras, observa-se, no Gráfico 22, grande distância entre as bases. Diferente das
RM, em que o Nordeste era a região onde se verificavam maiores diferenças, aqui, em todas as
regiões as capitais apresentam grande divergência de valores entre as bases. Aparentemente,
108
a região Sul é onde os resultados das capitais estão mais próximos comparando-se as duas
bases.
Outro tópico interessante reforçado por esses resultados refere-se ao fato de a região Norte
apresentar maiores inadequações a partir da PnadC. Nota-se, por exemplo, que as RM de
Belém (PA), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) se localizam distantes e abaixo
da reta de 45°. Também aqui vale pensar na possibilidade de que haja menor cobertura do
CadÚnico para alguns locais da Região Norte.
109
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 22: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-2019
110
Gráfico 23: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-2019
111
Estatística & informações, n. 54
O Gráfico 23, acima, traz os resultados das capitais para o componente de carências edilícias e
seus subcomponentes para 2018 e 2019 nessa ordem. O comportamento mostra-se bem
similar entre os anos. De modo geral, no entanto, é grande a divergência entre CadÚnico e
PnadC. Em todos os gráficos, é evidente que pouquíssimos pontos se localizam próximos da
reta de 45°, o que torna a associação entre as duas bases muito difícil.
Considerando as estatísticas de correlação expostas no quadro 60, é possível afirmar que essa
dispersão evidente em todos os gráficos pode ser justificada pela baixa correlação entre as
variáveis produzidas pelas duas bases. Essa é uma evidência de que PnadC e CadÚnico não
bases exatamente comparáveis, sobretudo quando o recorte territorial são as capitais.
112
Gráfico 24: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018
113
Estatística & informações, n. 54
Gráfico 25: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2019
114
Cabe mencionar alguns pontos gerais que se mostraram presentes em todos os recortes
territoriais. A começar pelas informações faltantes. Para as carências edilícias, elas são
notadas, principalmente, com o piso. Para as inadequações de infraestrutura urbana, se fazem
presentes nos subcomponentes de canalização, coleta de lixo e energia elétrica.
Especificamente para as carências edilícias, cabe destacar que o peso desse subindicador na
inadequação domiciliar é baixo. Tal inadequação é formada, majoritariamente, por domicílios
com inadequações em infraestrutura urbana, inadequações de esgotamento e abastecimento
especificamente.
É importante retomar o principal intuito com essas análises descritivas: traçar uma
comparação entre as variáveis utilizadas e os resultados obtidos a partir do CadÚnico e da
PnadC. Os resultados expressos nesta seção apontam, em resumo, para a grande divergência
entre as duas bases, para o indicador geral e inadequação domiciliar, os componentes de
carências edilícias e de infraestrutura urbana e seus subcomponentes respectivos.
Por fim, ressalta-se que não é objetivo deste trabalho inferir qual base de dados é a melhor ou
a mais assertiva. E sim trazer um comparativo das informações e possibilidades no CadÚnico e
na PnadC, no que se refere às carências habitacionais que acometem os domicílios brasileiros
de baixa renda.
115
Estatística & informações, n. 54
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em um esforço de síntese dos resultados comparativos entre CadÚnico e PnadC, pode-se apontar dez
aspectos.
1) Apesar de, ao longo desta nota, tratarmos os resultados como inadequação domiciliar, é importante
considerar que esse foi um cálculo aproximado em relação à metodologia proposta em FJP (2020),
por isso chamamos o indicador de carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda
no Brasil. A Fundação João Pinheiro estima, anualmente, o déficit habitacional e a inadequação
domiciliar por meio dos microdados da PnadC. No entanto, muito em função da ausência de
informações para 2020 e 2021, o que tem se caracterizado é um verdadeiro “apagão estatístico”
para o setor habitacional. Pensou-se no CadÚnico como alternativa para suprir tal lacuna. Como
vimos, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (IMB) já haviam realizado uma tentativa de se calcular o déficit habitacional por
meio dos dados do CadÚnico. Analogamente, buscou-se aqui uma proxy para a inadequação
domiciliar no Brasil.
116
Levando-se em conta estes dois pontos, a decisão nesta nota técnica foi de manter para 2020 o
filtro de 2019, ou seja, cuja data de atualização do cadastro (DT_ATUALIZACAO_FAM) permaneceu
31/12/2017. A opção pela flexibilização do filtro fundamenta-se, principalmente, na grande redução
do número de observações quando se mantém o período de dois anos (31/12/2018), o que gera
subestimação da inadequação total e de todos os seus componentes. É importante dizer que, como
todo trade off, incorremos em limitações, associadas, sobretudo, à possibilidade de que a realidade
(habitacional, de renda, de gastos etc.) das famílias tenha se alterado deste a última atualização
cadastral.
3) O terceiro aspecto refere-se à inadequação domiciliar e carências habitacionais qualitativas das
famílias de baixa renda no Brasil tratadas de forma relativa, ou seja, a proporção de domicílios ou
famílias em situação de inadequação em relação ao total de domicílios ou famílias para cada
situação analisada ao longo desta nota. Quando se analisa a estrutura das duas bases, é possível
verificar que essa medida relativa não parece ser razoável em termos de comparação. O principal
argumento é o fato de que, por se tratar de um registro administrativo direcionado às famílias de
baixa renda, é esperado que uma maior parte da amostra esteja em condições habitacionais
inadequadas, diferente do que ocorre com a PnadC que, e em suma, trata-se de uma base de dados
representativa de toda a população brasileira.
4) Outro aspecto é como as variações na formulação dos quesitos e de suas respostas – especialmente
para os quesitos de energia elétrica e existência de banheiro/sanitário exclusivo ou não –
influenciam os resultados observados.
5) O quinto aspecto é buscar justificativas do porquê de algumas categorias de resposta similares
entre CadÚnico e PnadC apresentarem resultados tão discrepantes – especialmente para as
categorias Fossa Rudimentar no quesito esgotamento sanitário, Queimado ou enterrado (na
propriedade) no quesito destino do lixo, e Terra no quesito do piso predominante no domicílio.
6) O sexto aspecto, além da formação desses bancos de dados – se registro administrativo (CadÚnico)
ou se pesquisa amostral (PnadC) – diz respeito à diferença fundamental da unidade de análise
entre o CadÚnico (a família) e a PnadC (o domicílio), o que por si só abre espaço para grandes
diferenças nos indicadores.
7) O sétimo aspecto é relacionado à utilização de um banco de dados de coorte, a exemplo do
CadÚnico, em uma análise de período, o que gera diversos impactos, especialmente na captação de
variáveis sensíveis a variações, como a renda familiar. Ademais, a própria renda familiar, além de ser
117
Estatística & informações, n. 54
autodeclaratória, não inclui as transferências governamentais. Desse modo, ela corrobora uma
possível sobrestimação das famílias com renda total de até três salários mínimos.
8) Outro elemento importante de se destacar é uma possível fonte de erros associada aos dados da
PnadC de 2018 e 2019. Como todas as pesquisas amostrais, os pesos utilizados para tornar a
amostra da PnadC, de fato, representativa da população são obtidos a partir do Censo Demográfico
de 2010. Apesar de ser o mais recente, ele retrata a realidade de 13 anos atrás. Ao longo desse
tempo, diversas dinâmicas socioeconômicas e migratórias podem ter se alterado, comprometendo
os fatores de expansão em uso. Acredita-se que essa pode ser uma das justificativas para as grandes
diferenças observadas entre os resultados da PnadC e do CadÚnico para o Centro-Oeste, região que
tem apresentado crescimento populacional e econômico expressivo ao longo dos últimos anos.
9) Mais um apontamento em relação ao CadÚnico faz-se necessário. Sabe-se que ele é um registro
administrativo direcionado às famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que, por
natureza, deveria cobrir toda a população brasileira em tais condições. Ocorre que não há garantia
de uma cobertura perfeita. Não é possível afirmar que, de fato, toda a população pobre em situação
de pobreza e extrema pobreza esteja cadastrada. Além disso, considerando-se que o registro é a
porta de entrada para o pagamento de benefícios sociais, não se pode excluir também a
possibilidade de que famílias que não se enquadram nessa situação se aproveitem do caráter
autodeclaratório para ter vantagens (free riders).
10) Por fim, cabe um apontamento geral a respeito da análise aqui exposta. O exercício de comparação
das fontes de dados e a proposta de utilização do CadÚnico em alternativa à PnadC é relevante não
só para suprir a lacuna de ausência de dados oficiais da PnadC para 2020 e 2021. Apesar das
limitações discutidas ao longo desta nota, os dados obtidos por meio da CadÚnico possuem diversas
vantagens, por exemplo:
118
da PnadC, que, como vimos na consideração de número 8, estão condicionadas aos fatores
de expansão censitários e, por consequência, às defasagens de informação;
⎯ análises a partir do CadÚnico podem ser aplicadas a temas diversos, não somente aos
habitacionais, tendo em vista a riqueza informacional de semelhante fonte de dados.
Em síntese, os elementos apontados acima são fontes de erro e desvio entre as estimativas observadas na
PnadC e no CadÚnico. Não obstante se tratar de bases completamente distintas – devido à ausência de
fontes oficiais estatísticas de dados com as características gerais dos domicílios e a consistência de
tendências e resultados observados entre as bases – é possível utilizar o CadÚnico como possibilidade,
como demonstrado nesta série estatística, na procura da identificação e caracterização das carências
habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil.
119
Estatística & informações, n. 54
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Cidadania. Base de dados do Cadastro Único para programas sociais do Governo
Federal: dados universo, 2018-2020. Brasília, DF, 2020.
FERREIRA, Frederico P. M.. Registros administrativos como fonte de dados estatísticos. Informática Pública,
ano, 10 (1), 81-93, 2008
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Metodologia do déficit habitacional e da inadequação de domicílios no Brasil
– 2016-2019. Belo Horizonte: FJP, 2021.
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Diretoria de Estatística e Informações. Nota técnica – quesitos de saneamento
– base de dados nacionais [Censo Demográfico, PnadC e CadUnico]. Belo Horizonte: FJP, 2022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional por amostras de domicílios
contínua – PNAD Contínua: microdados 2018, 2019: visita 1. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/habitacao/17270-pnad-continua.html?=&t=microdados.
Acesso em: 31 mar. 2023.
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Espírito Santo - 2009. Vitória: IJSN, 2009. (Texto para discussão n. 3).
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES. Déficit habitacional no Espírito Santo com base no CadÚnico.
Vitória: IJSN, 2015. (Texto para discussão n. 53).
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES. Déficit habitacional no Espírito Santo com base no CadÚnico.
Vitória: IJSN, 2016. (Boletim n. 1).
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES. Déficit habitacional no Espírito Santo com base no CadÚnico.
Vitória: IJSN, 2017. (Boletim n. 2).
INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES. Déficit habitacional no Espírito Santo com base no CadÚnico.
Vitória: IJSN, 2019. (Boletim n. 3).
INSTITUTO MAURO BORGES DE ESTATÍSTICAS E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Déficit habitacional em
Goiás: uma análise do CadÚnico – 2017. Goiás: IMB, 2017.
INSTITUTO MAURO BORGES DE ESTATÍSTICAS E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Déficit habitacional com
base nos dados do CadÚnico 2020. Goiás: IMB, 2021.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário; Secretaria Nacional de Renda de Cidadania.
Manual do entrevistador: cadastro único para programas sociais. 4. ed. Brasília, DF: MDSA, 2017. 158p.
BRASIL. Decreto n° 6. 135, de 26 de junho de 2007. Dispõe sobre o Cadastro Único para Programas Sociais
do Governo Federal e dá outras providências. Brasília: Senado Federal, 2007. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6135.htm. Acesso em: 29 mar. 2023.
BRASIL. Decreto n° 11. 016, de 29 de março de 2022. Regulamenta o Cadastro Único para Programas Sociais
do Governo Federal, instituído pelo art. 6º-F da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 30 mar. 2022. Seção 1, p. 5. Disponível em:
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2022/decreto-11016-29-marco-2022-792433-
publicacaooriginal-164841-pe.html. Acesso em: 29 mar. 2023.
120
MARANHÃO. Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano. Programa Cheque Minha Casa.
São Luis, 2018. Disponível em: https://chequeminhacasa.secid.ma.gov.br/. Acesso em: 29 mar. 2023.
121
Estatística & informações, n. 54
Números divulgados:
Volume 1 – Economia do turismo de Minas Gerais: 2010-2014
Volume 2 – Metodologia do PIB trimestral de Minas Gerais: referência 2010
Volume 3 – Déficit habitacional no Brasil: resultados preliminares 2015
Volume 4 – Produto Interno Bruto de Minas Gerais: 2015
Volume 5 – Produto interno bruto dos municípios de Minas Gerais: 2015
Volume 6 – Déficit habitacional no Brasil: 2015
Volume 7 – Fluxos migratórios dos territórios de desenvolvimento de Minas Gerais e grandes regiões do
Brasil: 2010
Volume 8 – Projeções populacionais: Minas Gerais e territórios de desenvolvimento 2010-2060
Volume 9 – Perfil dos jovens em áreas de vulnerabilidade social: educação e trabalho
Volume 10 – Tabela de Recursos e Usos e Matriz Insumo-Produto de Minas Gerais: 2013
Volume 11 – Matriz Insumo-Produto dos Territórios de Desenvolvimento de Minas Gerais: 2013
Volume 12 – O PIB e os indicadores das finanças públicas de Minas Gerais: triênio 2015-2017
Volume 13 – Diagnóstico da previdência pública dos servidores do Estado de Minas Gerais
Volume 14 – A produção de café em Minas Gerais: desafios para a industrialização
Volume 15 – Estrutura e evolução da ocupação formal de Minas Gerais: 2000-2017
Volume 16 – Produto Interno Bruto de Minas Gerais: 2016
Volume 17– Produto Interno Bruto dos Municípios de Minas Gerais: 2016
Volume 18 – Vulnerabilidade e condições de vida no Brasil e em Minas Gerais: o que revelam a Pesquisa
por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) e o Cadastro Único – 2016 e 2017
Volume 19 – A economia de Minas Gerais no primeiro semestre de 2019
Volume 20 – Contas Regionais de Minas Gerais – Ano de Referência 2017
Volume 21 – Delimitação e caracterização da cadeia produtiva da moda de Minas Gerais a partir da Matriz
de Insumo Produto 2013
Volume 22 – Metodologia para o cálculo do PIB do agronegócio de Minas Gerais: referência na Matriz de
Insumo Produto 2013
Volume 23 – Produto Interno Bruto dos Municípios de Minas Gerais: ano de Referência 2017
Volume 24 – A economia de Minas Gerais no terceiro trimestre de 2019
Volume 25 – Boletim quadrimestral das finanças públicas – 3º quadrimestre de 2019
122
Volume 26 – Cadeia produtiva de calçados e couro em Minas Gerais: uma aplicação insumo-produto
Volume 27 – A economia de Minas Gerais em 2019
Volume 28 – Tabela de Recursos e Usos e Matriz insumo Produto de Minas Gerais – 2016
Volume 29 – Matriz de insumo-produto das Regiões Geográficas Intermediárias de Minas Gerais – 2016
Volume 30 – Boletim quadrimestral de finanças públicas: 1º quadrimestre de 2020
Volume 31 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: primeiro trimestre de 2020
Volume 32 – Estrutura e evolução do emprego em Minas Gerais pré pandemia da Covid-19
Volume 33 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: segundo trimestre de 2020
Volume 34 – Modelos econométricos de previsão do PIB-MG 2020 e 2021: um estudo conjunto da
DIREI/FJP e do CEDEPLAR/UFMG
Volume 35 – Contas regionais de Minas Gerais – Ano de referência 2018
Volume 36 – Metodologia para o cálculo do PIB do agronegócio de Minas Gerais: referência matriz insumo
produto 2016 e estimativa anual com base nas contas regionais
Volume 37 – Produto Interno Bruto dos Municípios de Minas Gerais – Ano de 2018
Volume 38 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: terceiro trimestre de 2020
Volume 39 – O cenário da pandemia de Coronavírus e seus impactos na dinâmica demográfica em MG
2020
Volume 40 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: quarto trimestre 2020
Volume 41 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: primeiro trimestre 2021
Volume 42 – A dinâmica demográfica de Minas Gerais em 2018: um retrato do estado no período pré-
pandemia
Volume 43 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: segundo semestre de 2021
Volume 44 – Contas regionais de Minas Gerais: ano de referência 2019
Volume 45 – Produto Interno Bruto dos municípios de Minas Gerais: ano de referência 2019
Volume 46 – Estudo da economia de Minas Gerais: ano de 2021
Volume 47 – Distribuição das atividades econômicas entre as regiões geográficas imediatas de Minas
Gerais no período 2010-2019
Volume 48 – A recomposição da estrutura produtiva de Minas Gerais no período 2010-2019
Volume 49 – Tabela de Recursos e Usos e Matriz Insumo-Produto de Minas Gerais – 2019
Volume 50 – Contas regionais de Minas Gerais: ano de referência 2020
Volume 51 – Matriz de Insumo-Produto das Regiões Geográficas Intermediárias de Minas Gerais – 2019
Volume 52 – Estudo da economia de Minas Gerais: ano de 2022
Volume 53 – Produto Interno Bruto de Minas Gerais: ano de referência 2020
123
Estatística & informações, n. 54
Volume 54 – Condições habitacionais das famílias de baixa renda no Brasil: uma análise a partir dos dados
do CadÚnico (2018-2020)
124