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ISSN 2595-6132

Estatística & Informações


DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (Direi)
Coordenação de Habitação e Saneamento

Nº 54

CARÊNCIAS HABITACIONAIS QUALITATIVAS DAS FAMÍLIAS DE


BAIXA RENDA NO BRASIL: uma análise a partir dos dados do
CadÚnico (2018 a 2020)

Belo Horizonte | 2023


GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Romeu Zema Neto
SECRETÁRIA DE ESTADO DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
Luísa Cardoso Barreto

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (FJP)


Presidente
Helger Marra Lopes
Vice-Presidente
Mônica Moreira Esteves Bernardi

DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (Direi)


Claudio Djissey Shikida (Diretor)
Daniele Oliveira Xavier (Coordenadora-Geral)

Coordenação Habitação e Saneamento (CHS)


Frederico Poley Martins Ferreira
Equipe Técnica
Ana Paula Nunes Silva
Frederico Poley Martins Ferreira
Gabriel do Carmo Lacerda
Leon Marques Faria Zatti
Marcus Vinícius Oliveira Sartório

Capa
Aline de Faria Pereira

Revisão
Heitor Vasconcelos
Normalização
Ana Paula da Silva
Graziella Napoli da Terra Caldeira
DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (Direi)
Coordenação Habitação e Saneamento (CHS)
Indicadores Econômicos

54

CARÊNCIAS HABITACIONAIS QUALITATIVAS DAS FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA NO BRASIL:


uma análise a partir dos dados do CadÚnico (2018-2020)

ISSN: 2595-6132

Belo Horizonte
2023
CONTATOS E INFORMAÇÕES
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO
DIRETORIA DE ESTATÍSTICA E INFORMAÇÕES (DIREI)
Alameda das Acácias, 70
Bairro São Luiz/Pampulha
CEP: 31275-150 - Belo Horizonte - Minas Gerais
Telefones: (31) 3448-9485 e 3448-9580
www.fjp.mg.gov.br
E-mail: comunicacao@fjp.mg.gov.br

Estatística & Informações divulga estudos de uma ou mais pesquisas, de autoria institucional. A série está
subdividida em dois grupos: o primeiro, indicadores econômicos; e o segundo, demografia e indicadores
sociais.

Sinais convencionais utilizados:


- = Dado numérico igual a zero não resultante de arredondamento.
.. = Não se aplica dado numérico.
... = Dado numérico não disponível.
0,0 = Dado numérico igual a zero resultante de arredondamento de um dado numérico originalmente
positivo
-0,0 = Dado numérico igual a zero resultante de arredondamento de um dado numérico originalmente
negativo

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, por qualquer
meio, desde que citada a fonte.

F981c Fundação João Pinheiro. Diretoria de Estatística e Informações


Carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no
Brasil: uma análise a partir dos dados do CadÚnico (2018-2020) /
Fundação João Pinheiro, Diretoria de Estatística e Informações. – Belo
Horizonte : FJP, 2023.

124 p. – (Estatística & Informações, n. 54)


Inclui bibliografia.
ISSN 2595-6132

1. Habitação – Brasil – 2018/2020. I. Título. II. Série.

CDU: 333.32(81) “2018/2020”


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Total de domicílios inadequados pela subcomponente existência de banheiro e/ou


sanitário – Brasil.................................................................................................. 25

Gráfico 2: Total de domicílios inadequados pelo subcomponente piso – Brasil ................. 27

Gráfico 3: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de abastecimento de água –


Brasil ................................................................................................................... 29

Gráfico 4: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de canalização interna –


Brasil ................................................................................................................... 31

Gráfico 5: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de esgotamento sanitário –


Brasil ................................................................................................................... 34

Gráfico 6: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de destino do lixo – Brasil 36

Gráfico 7: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de energia elétrica – Brasil38

Gráfico 8: Total de domicílios inadequados – Brasil ........................................................... 39

Gráfico 9: Total de domicílios com carências edilícias – Brasil............................................ 40

Gráfico 10: Total de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana – Brasil ......... 40

Gráfico 11: Total de domicílios inadequados – Grande região ........................................... 44

Gráfico 12: Total de domicílios com carências edilícias – Grande região ........................... 45

Gráfico 13: Total de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana – Grande região 45

Gráfico 14: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Unidades da


Federação – 2018-2019 ...................................................................................... 94

Gráfico 15: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Unidades da
Federação – 2018-2019 ...................................................................................... 95

Gráfico 16: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC –


Unidades da Federação – 2018 .......................................................................... 98
Gráfico 17: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC –
Unidades da Federação – 2019........................................................................... 99

Gráfico 18: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – regiões


metropolitanas – 2018-2019 .............................................................................. 102

Gráfico 19: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – regiões
metropolitanas – 2018-2019 .............................................................................. 104

Gráfico 20: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC –


regiões metropolitanas – 2018 ........................................................................... 106

Gráfico 21: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC –


regiões metropolitanas – 2019 ........................................................................... 107

Gráfico 22: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-
2019 .................................................................................................................... 110

Gráfico 23: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-2019
111

Gráfico 24: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC –


Capitais – 2018.................................................................................................... 113

Gráfico 25: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC –


Capitais – 2019.................................................................................................... 114
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Componentes da inadequação domiciliar utilizando dados do CadÚnico ........ 18

Quadro 2: Componentes da inadequação domiciliar e seus respectivos subcomponentes 21

Quadro 3: Frequência das categorias de resposta para existência de banheiro no CadÚnico e


PnadC – Brasil – 2018-2020 ................................................................................ 24

Quadro 4: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para existência de banheiro


no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ........................................................ 24

Quadro 5: Frequência das categorias de resposta para piso no CadÚnico e PnadC – Brasil –
2018-2020 ........................................................................................................... 26

Quadro 6: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para piso no CadÚnico e


PnadC – Brasil – 2018-2020 ................................................................................ 26

Quadro 7: Frequência das categorias de resposta para o abastecimento de água no CadÚnico


e PnadC – Brasil – 2018-2020 ............................................................................. 28

Quadro 8: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para o abastecimento de


água no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ............................................... 28

Quadro 9: Frequência das categorias de resposta para canalização interna no CadÚnico e


PnadC – Brasil – 2018-2020 ................................................................................ 30

Quadro 10: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para canalização interna
no CadÚnico e PnadC – 2018-2020 – Brasil ........................................................ 30

Quadro 11: Frequência das categorias de resposta para esgotamento sanitário no CadÚnico e
PnadC – Brasil – 2018-2020 ................................................................................ 32

Quadro 12: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para esgotamento


sanitário no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ......................................... 33

Quadro 13: Frequência das categorias de resposta para destino do lixo no CadÚnico e PnadC
– Brasil –2018-2020 ............................................................................................ 35
Quadro 14: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para destino do lixo no
CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ............................................................. 35

Quadro 15: Frequência das categorias de resposta para energia elétrica no CadÚnico e PnadC
– Brasil – 2018-2020 ........................................................................................... 36

Quadro 16: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para energia elétrica no
CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020 ............................................................. 37
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Total relativo domicílios inadequados pela subcomponente de existência de


banheiro e/ou sanitário – Brasil.......................................................................... 25

Tabela 2: Total relativo de domicílios inadequados pelo subcomponente piso – Brasil..... 27

Tabela 3: Total relativo dos domicílios inadequados pela subcomponente de abastecimento


de água – Brasil ................................................................................................... 29

Tabela 4: Total relativo de domicílios inadequados pela subcomponente de canalização


interna – Brasil .................................................................................................... 31

Tabela 5: Percentual de domicílios inadequados pela subcomponente de esgotamento


sanitário – Brasil.................................................................................................. 34

Tabela 6: Total relativo de domicílios inadequados pela subcomponente de destino do lixo –


Brasil ................................................................................................................... 36

Tabela 7: Total relativo domicílios inadequados pela subcomponente de energia elétrica –


Brasil ................................................................................................................... 38

Tabela 8: Inadequação domiciliar relativa ao total de domicílios particulares permanentes


urbanos, carências edilícias relativas e inadequação de infraestrutura urbana
relativa – Brasil.................................................................................................... 41

Tabela 9: Número de domicílios inadequados e em situação de carência edilícia e de


infraestrutura urbana – Grandes regiões ........................................................... 43

Tabela 10: Percentual de domicílios inadequados e em situação de carência edilícia e de


infraestrutura urbana – Grandes regiões ........................................................... 46

Tabela 11: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
unidades da Federação, regiões e Brasil ............................................................. 48

Tabela 12: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – unidades da Federação ......................................................................... 50
Tabela 13: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo variação anual entre
CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........................... 53

Tabela 14: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação
anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........ 54

Tabela 15: Número de domicílios com inadequação em infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação ............................................ 56

Tabela 16: Número de domicílios com inadequação de abastecimento de água e variação


anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........ 58

Tabela 17: Número de domicílios com canalização inadequada e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........................... 59

Tabela 18: Número de domicílios com esgotamento sanitário inadequado e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil .................. 61

Tabela 19: Número de domicílios com coleta de lixo inadequada e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil ........................... 62

Tabela 20: Número de domicílios com oferta de energia elétrica inadequada e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil .................. 63

Tabela 21: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
região metropolitana .......................................................................................... 65

Tabela 22: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana ............................................................................ 67

Tabela 23: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana ............................................................................ 68

Tabela 24: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana ............................................................................ 69

Tabela 25: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – região metropolitana ............................................... 70

Tabela 26: Número de domicílios com inadequação de abastecimento de água e variação


anual entre CadÚnico e PnadC – região metropolitana ..................................... 71
Tabela 27: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – região metropolitana......................................................... 72

Tabela 28: Número de domicílios com inadequação de esgotamento sanitário e variação


anual entre CadÚnico e PnadC – região metropolitana ..................................... 74

Tabela 29: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – região metropolitana......................................................... 75

Tabela 30: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – região metropolitana......................................................... 76

Tabela 31: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
Capital ................................................................................................................. 77

Tabela 32: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – Capital ................................................................................................... 78

Tabela 33: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital ................................................................................ 80

Tabela 34: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação
anual entre CadÚnico e PnadC – Capital ............................................................ 81

Tabela 35: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – Capital ...................................................................... 83

Tabela 36: Número de domicílios com inadequação do abastecimento de água e variação


anual entre CadÚnico e PnadC – Capital ............................................................ 84

Tabela 37: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital ................................................................................ 85

Tabela 38: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual
entre CadÚnico e PnadC – Capital ...................................................................... 87

Tabela 39: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital ................................................................................ 88
Tabela 40: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre
CadÚnico e PnadC – Capital................................................................................ 90

Tabela 41: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – Unidade da Federação ............................................................... 92

Tabela 42: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – região metropolitana ................................................................. 100

Tabela 43: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – Capital......................................................................................... 108
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CadÚnico Cadastro Único para Programas Sociais


IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
PnadC Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 13

2 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 14

3 AJUSTES METODOLÓGICOS – DOMICÍLIOS INADEQUADOS ........................................... 17

4 FILTROS CADÚNICO ........................................................................................................ 19

5 ANÁLISE DA INADEQUAÇÃO DOMICILIAR: CADÚNICO 2018 Até 2020 versus PNADC 2018 E
2019 .................................................................................................................... 21

6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRTIVA DOS RESULTADOS: CADÚNICO versus PNADC .......... 91

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 116

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 120


1 APRESENTAÇÃO

A série “Estatística & Informações” divulga os estudos produzidos pela Diretoria de


Estatística e Informações (Direi), da Fundação João Pinheiro (FJP), em seus mais
diversos recortes ao tratar dos indicadores econômicos, demográficos e sociais.

Em sua edição número 54, apresenta uma proposta do cálculo das condições
habitacionais das famílias de baixa renda no Brasil, a partir dos dados do Cadastro
Único (CadÚnico). Para tanto, são desenvolvidas comparações dos resultados
observados entre PnadC e CadÚnico, segundo categorias de respostas e recortes
territoriais, para verificar a qualidade dos dados.

13
2 INTRODUÇÃO

Este estudo é uma análise das carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil. O
principal objetivo é avaliar a utilização do Cadastro Único (CadÚnico) como fonte de dados para a estimativa
de uma medida aproximada da inadequação domiciliar, calculada anualmente, pela Fundação João Pinheiro
por meio dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua (PnadC).

O uso do CadÚnico especificamente para o cálculo do Déficit Habitacional já vem sendo testado por outras
instituições – sobretudo para suprir a ausência do cálculo por outro órgão, pela disponibilidade anual de
geração de informações e/ou para a melhor desagregação espacial do indicador – a exemplo do Instituto
Jones dos Santos Neves (IJSN), que fez o cálculo para o Espírito Santo em 2009, 2014, 2015, 2016, 2017 e
2019 (IJSN, 2009, 2015, 2016, 2017, 2019). Na mesma direção, o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e
Estudos Socioeconômicos (IMB) também lançou mão dessa fonte de dados para a estimação do déficit
habitacional em Goiás para o período de 2017 a 2020 (IMB, 2017, 2021).

Além das vantagens elucidadas nos estudos supracitados, essa fonte de dados surge como uma alternativa
importante dada a ausência de dados oficiais da PnadC para 2020 e 2021, muito condicionada às limitações
impostas pelo contexto de pandemia do Covid-19.

Para a estimativa da inadequação domiciliar a partir do CadÚnico, são necessários alguns ajustes em relação
à metodologia exposta em FJP (2020). Neste sentido, com este texto de série estatística, pretende-se
mensurar e avaliar as carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil
comparando o uso do CadÚnico e da PnadC para o cálculo da proporção de domicílios inadequados no Brasil
em diferentes recortes territoriais (regiões, UF, região metropolitana e capitais) para os anos de 2018 a
2020.

Calculados pela Fundação João Pinheiro (FJP) anualmente, os indicadores de inadequação domiciliar
compõem a análise de déficit habitacional feita pela instituição, utilizando os dados da PnadC
majoritariamente. A versão mais atual da metodologia aplicada pode ser encontrada em FJP (2020) e
permite uma avaliação profunda a respeito dos componentes da inadequação domiciliar para os anos de
2016 a 2019. Em virtude, entretanto, da ausência de dados oficiais da PnadC, é inviável a reprodução dessa
análise para 2020 e 2021. Nesse contexto, o CadÚnico surge como fonte de dados relevante para, de
alguma forma, se estimar a inadequação domiciliar nesses anos, embora seu uso demande adequações

14
metodológicas que serão explicitadas nesta nota e considerações importantes referentes à natureza desse
banco de dados.

Dessa forma, vale dizer que, disponibilizada desidentificada, a base de dados do CadÚnico é um registro
administrativo unificado sobre as famílias brasileiras em situação de pobreza ou extrema pobreza e tem o
intuito de implementar políticas públicas voltadas para a assistência social e redistribuição de renda pelo
Governo Federal, pelos estados e municípios. São consideradas de baixa renda, portanto elegíveis ao de
estarem no CadÚnico1, famílias com até meio salário mínimo de renda per capita ou até três salários
mínimos de renda mensal total.

A respeito das diferenças metodológicas e dos riscos na utilização do CadÚnico em substituição à PnadC,
fazem-se necessárias algumas advertências. A primeira, conforme FJP (2020), repousa na distinção da
unidade análise entre o CadÚnico e a PnadC. O primeiro é focado nas famílias, enquanto o segundo, nos
domicílios. Como as famílias no CadÚnico são definidas sobretudo a partir de vínculos econômicos, sem
considerar graus de parentesco, pode ocorrer o cômputo de mais de uma família para o mesmo domicílio.
Desse modo, replicar-se-ia a contagem das características do domicílio no banco de dados. Infelizmente, a
base do CadÚnico não disponibiliza um identificador de domicílio, apenas de famílias definidas por relação
de parentesco, o que impossibilita uma recomposição dos domicílios estritamente da forma como é feita
pelas pesquisas domiciliares do IBGE.

A segunda advertência, conforme FJP (2020) e Ferreira (2008), é relativa às especificidades da diferente
natureza dos registros administrativos – como o CadÚnico – em relação às pesquisas amostrais – como a
PnadC. Embora sejam uma rica fonte de informações, inclusive com potencialidade de acompanhamento
das famílias em painel, os primeiros estão, geralmente, baseados em informações autodeclaratórias das
famílias e possuem uma representação que depende da cobertura (ou seja, nem todo o público-alvo está
necessariamente cadastrado e há também a entrada e saída da mesma família no tempo), qualidade e
prestação de serviços públicos. Já as pesquisas amostrais se baseiam em critérios estatísticos e
probabilísticos de obtenção de dados, com potencial de representar bem o universo, e permite a verificação
de consistência das informações prestadas.

A terceira advertência é que os dados do CadÚnico são do tipo coorte, ou seja, é um universo em constante
atualização – com entrada e saída de famílias – a depender da época de extração dos dados. Por sua vez, a
PnadC, é um dado de período. Dessa maneira, para gerar um mínimo de comparabilidade, foi necessário

1
Ver: Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007 (BRASIL, 2007) e Decreto nº 11.016, de 29 de março de 2022
(BRASIL, 2022).
15
Estatística & informações, n. 54

utilizar o CadÚnico numa perspectiva de período, aplicando as restrições de atualização e cadastro para
gerar informações do “retrato” de 2018, 2019 e 2020. Essa adaptação torna-se mais uma fonte de erros
quando vamos comparar os resultados entre as duas bases.

Nesse sentido, além desta introdução, a nota se divide em outras cinco seções. A seguir será feita uma
breve apresentação dos ajustes metodológicos, necessários para que o CadÚnico e PnadC se tornassem
comparáveis, mesmo diante das supracitadas diferenças entre ambas as fontes dados. Na terceira seção, é
feito um pareamento entre as variáveis presentes nas duas bases de dados, buscando identificar, no
CadÚnico os elementos necessários para o cálculo da inadequação domiciliar que, historicamente, é
calculada pela FJP a partir da PnadC.

Na sequência, será feita uma análise comparativa entre os resultados obtidos por meio da PnadC e do
CadÚnico para a inadequação de domicílios no Brasil e seus componentes, carência edilícia, fundiária e de
infraestrutura urbana para os anos de 2018 a 2020. Essa leitura é estratificada considerando-se diferentes
recortes territoriais: grande região, unidade da Federação, capital e região metropolitana. Na quinta seção,
serão apresentadas algumas estatísticas descritivas a fim de comparar as estimativas obtidas por meio das
duas bases de dados. Por fim, serão feitas as últimas considerações a respeito do uso do CadÚnico como
alternativa de fonte de dados para a estimação dos domicílios brasileiros em situação de inadequação.

16
3 AJUSTES METODOLÓGICOS – DOMICÍLIOS INADEQUADOS

A carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil, assim como a inadequação
domiciliar, tem como foco a qualidade do domicílio para atender as necessidades de seus habitantes; é
assim representativa da necessidade de melhorias em diversos âmbitos, mas sem envolver a substituição
ou incremento do estoque da habitação (FJP, 2021). Nesta análise, são observados exclusivamente
domicílios urbanos não classificados como em situação de déficit habitacional, uma vez que esses casos
representam necessidade de novos domicílios.

Para tanto, com base na metodologia desenvolvida pela Fundação João Pinheiro (2020), a inadequação
domiciliar no Brasil é observada sob a ótica de três componentes: carências edilícias, carência em
infraestrutura urbana e inadequação fundiária. Vejamos a seguir os subindicadores que compõem cada
componente:

a) infraestrutura urbana, cujos subindicadores são:


⎯ abastecimento de água;
⎯ esgotamento sanitário;
⎯ coleta de lixo;
⎯ energia elétrica;
b) inadequação edilícia, composto pelos subindicadores:
⎯ armazenamento de água;
⎯ cômodos (exceto banheiros) servindo como dormitórios;
⎯ ausência de banheiro de uso exclusivo;
⎯ cobertura inadequada;
⎯ piso inadequado;
c) inadequação fundiária, que corresponde aos imóveis em terrenos não próprios.

No que se refere à presente análise, feita com base na metodologia disponível em FJP (2020), destaca-se
que iremos considerar apenas os componentes passíveis de serem captados por meio das informações
presentes no CadÚnico, tendo em vista o objetivo de investigar a utilização do mesmo como alternativa à
PnadC, fonte tradicionalmente usada para o cômputo da inadequação domiciliar. No Quadro 1, são
apresentados os critérios de inadequação passíveis de serem comparados de acordo com as variáveis
disponíveis no CadÚnico:

17
Estatística & informações, n. 54

Quadro 1: Componentes da inadequação domiciliar utilizando dados do CadÚnico

Infraestrutura urbana Inadequação edilícia Inadequação fundiária


- Forma de abastecimento de - Ausência de banheiro de Não há informações
água uso exclusivo sobre imóveis em
- Existência de canalização - Piso inadequado terrenos não próprios.
interna
- Esgotamento sanitário
- Tipo de coleta de lixo
- Existência de energia elétrica

Fonte: Elaboração própria.

Nesse sentido, em virtude das características do questionário do CadÚnico, observa-se que é impossível
averiguar a ocorrência da componente de inadequação fundiária, além de que, para a componente de
carências edilícias, apenas dois dos cinco elementos serão considerados. Ressalta-se que a presente análise
demanda ajustes metodológicos e conceituais para tornar comparáveis os resultados obtidos com as bases
de dados.

18
4 FILTROS CADÚNICO

Além disso, ressalta-se também que algumas alterações foram necessárias na construção da base de dados
para a análise. Para o caso do CadÚnico primeiro foram aplicados os seguintes filtros:

a) remoção de casos em que a variável de pessoas na família (QT_PESSOAS_DOMIC_FAM) era zero (0)
ou estava em branco (NA);
b) remoção de observações consideradas em situação de déficit habitacional:
⎯ observações onde a resposta para a variável “CO_ESPECIE_DOMIC_FAM” fosse diferente de
“Particular permanente”;
⎯ observações onde a resposta para a variável “CO_MATERIAL_DOMIC_FAM” fosse “Taipa
não revestida”, “Madeira aproveitada”, “Palha” ou “Outro material”;
c) selecionar observações onde a variável de cadastro da família (DT_CADASTRO_FAM) não excedesse
31 de dezembro do ano em questão;
⎯ por exemplo, para 2019, a variável DT_CADASTRO_FAM deveria ser menor que 31/12/2019;
d) selecionar observações onde a variável de atualização da família (DT_ATUALIZACAO_FAM) não
fosse anterior a 31/12 de dois anos anteriores ao ano em questão;
⎯ por exemplo, para 2019, a variável DT_ATUALIZACAO_FAM deveria ser maior que
31/12/2017;

e) selecionar os domicílios urbanos, aqueles cuja variável CO_LOCAL_DOMIC_FAM seja igual a um (1);
f) remoção dos domicílios do tipo improvisado e coletivo, ou seja, as respostas 2 e 3 da variável
CO_ESPECIE_DOMIC_FAM, pois, nesses casos, não são realizadas as perguntas referentes às
características do domicílio.

O intervalo de tempo de dois anos utilizado nessa seleção diz respeito à exigência da atualização dos dados
cadastrais para que a família seja mantida no banco de dados e esteja apta a receber benefícios sociais.
Porém, em março de 2020, em consequência da pandemia do Covid-19, foi publicada a Portaria nº 335, pelo
Ministério da Cidadania. Entre outras determinações, ela suspendia por 120 dias a obrigatoriedade de
atualização desses dados cadastrais, suspensão prorrogada pelas portarias nº 443, 591, 624, 649 e
encerrada em fevereiro de 2022 pela Portaria nº 747. No mesmo sentido, em seu artigo 4°, esta última
portaria de 2022 delimita a convocação para revisão cadastral apenas as famílias cujo último ano de
atualização tenha sido 2016 ou 2017. Ao passo que a necessidade de atualização cadastral de 2018 e 2019

19
Estatística & informações, n. 54

ficou para 2023 e, por fim, aquelas atualizadas em 2020, 2021 e 2022 para 2024. Apenas em 2024, portanto,
será reestabelecido o padrão de atualização limite para cada dois anos.

Dessa forma, espera-se que a aplicação do filtro baseado na data de atualização da família provoque uma
queda no número de observações disponíveis para 2020 em função da suspensão da obrigatoriedade de tal
atualização. Sendo assim, buscou-se flexibilizar essa restrição para 2020 por meio da manutenção do filtro
de 2019, em que a data de atualização deveria ser superior a 31/12/2017.

Por fim, destaca-se que, no caso da PnadC, fez-se necessário selecionar domicílios cuja renda seja de até
três salários mínimos de forma a tornar comparáveis as bases do CadÚnico Também foram removidos
domicílios identificados como déficit seguindo os critérios de Domicílios Rústicos e Cômodos descritos em
FJP (2020). Dessa forma, obtêm-se bases compatíveis o suficiente para que se possa fazer a análise a seguir.

20
5 ANÁLISE DA INADEQUAÇÃO DOMICILIAR: CADÚNICO 2018 ATÉ 2020 VERSUS PNADC 2018 E 2019

Na presente seção, iremos especificar as variáveis utilizadas para o cálculo da inadequação domiciliar no
Brasil (FJP, 2021) e cada um de seus componentes buscando identificar, na base do CadÚnico variáveis que
captem a mesma informação ou com o conceito mais próximo possível do observado por meio da PnadC.
Nesta análise, serão considerados os anos de 2018 e 2019 e comparadas, para cada variável, as frequências
de respostas obtidas em cada categoria para as duas fontes de dados.

O Quadro 2 é um resumo das informações necessárias para o cálculo da inadequação domiciliar possíveis de
serem comparadas de acordo com as variáveis disponíveis no CadÚnico, uma vez que a metodologia
desenvolvida pela FJP se aplica à base de dados da PnadC. Cabe ressaltar a impossibilidade do cálculo dos
domicílios com inadequação fundiária, além do fato de as carências edilícias passíveis de cômputo serem
apenas duas das cinco componentes utilizadas originalmente.

Quadro 2: Componentes da inadequação domiciliar e seus respectivos subcomponentes

Componente
- Subcomponente PnadC
Inadequação CadÚnico
Usa-se a variável S01004, Usa-se o campo 2.05 do
que diz sobre qual o questionário do CadÚnico,
material predominante do que pergunta do material
Piso do domicílio piso do domicílio, predominante do piso no
considerando inadequada a domicílio, considerando
resposta "Terra". inadequada a resposta
Carência "Terra".
edilícia Usa-se a variável S01011A, Usa-se o campo 2.09 do
que diz sobre a quantidade questionário do CadÚnico,
de banheiros de uso que pergunta da existência
Banheiro no
exclusivo no domicílio, de banheiro ou sanitário no
domicílio
considerando inadequada a domicílio, considerando
resposta "0". inadequada a resposta
"Não".
Usa-se a variável S01007, Usa-se o campo 2.08 do
que diz sobre a principal questionário do CadÚnico,
forma de abastecimento de que diz sobre a forma de
Carência de água do domicílio, abastecimento do
Abastecimento de
infraestrutura considerando inadequado domicílio, considerando
água
urbana respostas que não sejam inadequado respostas que
"Rede Geral de não sejam "Rede Geral de
Distribuição". Distribuição".

21
Estatística & informações, n. 54

Usa-se a variável S01012 Usa-se o campo 2.10 do


(S01012A em 2019), que diz questionário do CadÚnico,
sobre o escoadouro dos que diz sobre a forma de
dejetos no domicílio, escoamento sanitário no
considerando inadequado domicílio, considerando
Escoamento sanitário respostas que não sejam inadequado respostas que
"Rede Geral", "Rede não sejam "Rede coletora
Pluvial", "Fossa séptica de esgoto ou pluvial" ou
ligada à rede" ou "Fossa "Fossa séptica".
séptica não ligada à rede"

Usa-se a variável S01010, Usa-se o campo 2.07 do


que diz sobre como chega a questionário do CadÚnico,
água até o domicílio, que pergunta da existência
considerando inadequadas de água canalizada no
Canalização de água as respostas "Canalizada só domicílio, considerando
na propriedade ou terreno" inadequada a resposta
ou "Não canalizada". "Não".

Usa-se a variável S01014, Usa-se o campo 2.12 do


que diz sobre qual a origem questionário do CadÚnico,
da energia elétrica do que diz sobre como é feita
domicílio, considerando a iluminação no domicílio,
Acesso à energia inadequada a resposta considerando inadequado
elétrica "Não utiliza/tem energia respostas que não sejam
elétrica". "Elétrica com medidor
próprio", "Elétrica com
medidor comunitário" ou
"Elétrica sem medidor".
Usa-se a variável S01013, Usa-se o campo 2.11 do
que diz sobre qual destino questionário do CadÚnico,
do lixo do domicílio, que diz sobre como é feita
considerando inadequado a coleta de lixo no
respostas que não sejam domicílio, considerando
Destino do lixo "Coletado diretamente por inadequado respostas que
serviço de limpeza" ou não sejam "Coletado
"Coletado em caçamba de diretamente" ou "Coletado
serviço de limpeza". indiretamente".

Fonte: Elaboração própria.

22
É importante destacar que o quantitativo global das carências de infraestrutura e das carências edilícias
apresentadas neste trabalho para a PnadC não são comparáveis com os outros estudos da FJP. Aqui são
considerados apenas os componentes reportados acima2 no Quadro 2. O objetivo aqui é comparar os
resultados obtidos a partir do CadÚnico e da PnadC, buscando evidências que corroborem a utilização
alternativa do CadÚnico. Não é o intuito deste trabalho que tais estimativas sejam compatíveis ou
substituam a série temporal da inadequação domiciliar no Brasil, já divulgadas pela FJP. Busca-se, apenas,
avaliar a possibilidade de utilização de informações, que possam preencher a lacuna ocasionada pela
ausência de informações oficiais para 2020 e 2021.

A seguir, serão apresentadas análises de frequência dos subindicadores da inadequação em relação aos
domicílios urbanos para o Brasil.

5.1 Inadequação edilícia – categorias de resposta

Como será apresentado a seguir, nota-se que, entre os subcomponentes de inadequação edilícia, variações
no valor absoluto para cada categoria de resposta não implicam, necessariamente, grandes variações na
distribuição relativa ou percentual. Além disso, nota-se que as tendências temporais se assemelham para
tais subcomponentes entre CadÚnico e PnadC.

5.1.1 Ausência de banheiro exclusivo

Para esse subcomponente, utilizam-se as respostas à variável CO_BANHEIRO_DOMIC_FAM do CadÚnico, a


qual informa se há banheiro ou sanitário no domicílio. A frequência dessas respostas e sua distribuição
percentual podem ser vistas a seguir. É possível observar que, neste subcomponente, há estabilidade na
distribuição percentual das respostas ao longo dos anos:

2
Além das diferenças nas perguntas e respostas das variáveis passíveis de comparação, há variáveis não presentes no
CadÚnico: frequência de disponibilidade de água, material de cobertura do domicílio, presença de reservatório de água
e as relativas à inadequação fundiária.
23
Estatística & informações, n. 54

Quadro 3: Frequência das categorias de resposta para existência de banheiro no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-
2020

Base - pergunta Respostas 2018 2019 2020


Sim 17.933.455 19.839.492 20.404.415
CadÚnico - Existência de
banheiro ou sanitário: Não 302.968 301.451 293.321

PnadC - Quantos banheiros Com banheiro exclusivo (se


30.891.364 31.147.239
(com chuveiro e vaso maior que 0)
sanitário) de uso exclusivo
dos moradores existem neste
Ausência de banheiro
domicílio, inclusive os 355.619 337.489
exclusivo (se igual 0)
localizados no terreno ou na
propriedade?

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Quadro 4: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para existência de banheiro no CadÚnico e PnadC –
Brasil – 2018-2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Sim 98,34% 98,50% 98,58%
CadÚnico
Não 1,66% 1,50% 1,42%
Com banheiro exclusivo
98,86% 98,93%
(se maior que 0)
PnadC
Ausência de banheiro
1,14% 1,07%
exclusivo (se igual 0)

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

A pergunta para essa componente difere entre a Pnad Contínua e o CadÚnico No caso da primeira,
pergunta-se quantos banheiros (com chuveiro e vaso sanitário) de uso exclusivo existem no domicílio. A
resposta Ausência de banheiro exclusivo é considerada inadequação domiciliar. Já no CadÚnico pergunta-se
se há banheiro ou sanitário no domicílio. Assim, considerou-se inadequação domiciliar a resposta Não.

No entanto, é importante sublinhar duas distinções na formulação da pergunta e, consequentemente, na


interpretação dos valores obtidos. A primeira é que, no CadÚnico se considera a presença de banheiros3 ou
sanitários4, enquanto, na PnadC, levanta-se a quantidade exclusivamente de banheiros. A segunda
diferença da questão diz respeito ao uso exclusivo aos moradores do domicílio, situação não captada pelo

3
Considere banheiro o cômodo que dispõe de chuveiro ou banheira e aparelho sanitário (vaso sanitário, privada
etc.) (BRASIL, 2017, p. 52).
4
Considere sanitário o local limitado por paredes de qualquer material, coberto ou não por teto, que dispõe de
aparelho sanitário ou buraco para dejeções (BRASIL, 2017, p. 52).

24
CadÚnico Podem, portanto, ser banheiros ou sanitários de uso coletivo, compartilhados com membros que
não da família.

Nesse sentido, tais diferenças metodológicas referentes ao que se quer captar justificariam os valores
absolutos menores para o CadÚnico em comparação com a PnadC (GRÁFICO 1) neste quesito.

Gráfico 1: Total de domicílios inadequados pela subcomponente existência de banheiro e/ou sanitário – Brasil
400.000

350.000
355.619
337.489
300.000
302.968 301.451 293.321
250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Tabela 1: Total relativo domicílios inadequados pela subcomponente de existência de banheiro e/ou sanitário – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 1,66% 1,50% 1,42%
PnadC 1,14% 1,07%
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

5.1.2 Material predominante no piso

Para este subcomponente, utilizam-se as respostas à variável CO_MATERIAL_PISO_FAM do CadÚnico, que


informa qual o material predominante do piso do domicílio onde habita a família. A frequência dessas
respostas e sua distribuição percentual podem ser vistas a seguir. De modo geral, nota-se um aumento
expressivo na proporção de domicílios com a resposta Cerâmica, lajota ou pedra entre os anos de 2018 a

25
Estatística & informações, n. 54

2020. Além disso, há uma redução tanto em valores absolutos quanto em termos relativos dos domicílios
inadequados, cuja resposta é Terra.

Quadro 5: Frequência das categorias de resposta para piso no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020

Base - pergunta Respostas 2018 2019 2020


Cerâmica, lajota ou pedra 10.624.435 12.241.039 12.828.383
CadÚnico - Cimento 6.488.907 6.745.013 6.720.997
Material Madeira aparelhada 575.446 617.734 626.565
predominante Terra 308.847 286.448 269.149
no piso do Madeira aproveitada 128.708 134.352 135.601
domicílio: Outro material 96.186 101.815 102.919
Carpete 13.895 14.543 14.123
Cerâmica, lajota ou pedra 24.493.708 24.863.600
PnadC - Qual é o
Cimento 5.277.232 5.196.712
material que
Madeira apropriada para
predomina no 1.329.322 1.319.121
construção
piso deste
domicílio? Terra 67.429 63.296
Outro material 79.293 41.999

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Quadro 6: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para piso no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Cerâmica, lajota ou pedra 58,26% 60,78% 61,98%
Cimento 35,58% 33,49% 32,47%
Madeira aparelhada 3,16% 3,07% 3,03%
CadÚnico Terra 1,69% 1,42% 1,30%
Madeira aproveitada 0,71% 0,67% 0,66%
Outro material 0,53% 0,51% 0,50%
Carpete 0,08% 0,07% 0,07%
Cerâmica, lajota ou pedra 78,39% 78,97%
Cimento 16,89% 16,51%
PnadC Madeira apropriada para construção 4,25% 4,19%
Terra 0,22% 0,20%
Outro material 0,25% 0,13%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

26
Para o caso do subcomponente associado ao material predominante no piso, é considerado inadequação
apenas a resposta Terra na PnadC, assim sendo, leva-se em conta a mesma categoria de resposta no
CadÚnico.

Nesse quesito, nota-se que as perguntas são muito semelhantes e que o CadÚnico possui mais categorias de
resposta, o que permite captar mais especificidades desse subcomponente do que a PnadC. Tão relevante
quanto isso é a discrepância no quantitativo observado para a resposta Terra, que consiste na categoria
representativa da inadequação para esse quesito, entre ambas as bases. Tanto os valores absolutos
(GRÁFICO 2) quanto os relativos (TABELA 2) explicitam mais inadequações para tal subcomponente a partir
do CadÚnico.

Gráfico 2: Total de domicílios inadequados pelo subcomponente piso – Brasil


350.000

300.000 308.847
286.448
250.000 269.149

200.000

150.000

100.000

50.000 67.429 63.296

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Tabela 2: Total relativo de domicílios inadequados pelo subcomponente piso – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 1,69% 1,42% 1,30%
PnadC 0,22% 0,20%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

27
Estatística & informações, n. 54

5.2 Infraestrutura urbana – categorias de resposta

Como será observado a seguir, para todos os subcomponentes de infraestrutura urbana, se observa que a
variação na frequência de cada categoria de resposta para cada indicador em questão no CadÚnico, nos
respectivos anos analisados, provoca alterações apenas marginais em suas distribuições percentuais.

5.2.1 Abastecimento de água

Para esse subcomponente, utilizam-se as respostas à variável CO_ABASTE_AGUA_DOMIC_FAM do


CadÚnico, a qual diz respeito à forma como é feito o abastecimento de água no domicílio onde se habita a
família. A frequência dessas respostas e sua distribuição percentual podem ser vistas a seguir:

Quadro 7: Frequência das categorias de resposta para o abastecimento de água no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-
2020

Base - pergunta Respostas 2018 2019 2020


Rede geral de distribuição 16.187.716 17.907.994 18.424.834
CadÚnico - Forma
Poço ou nascente 1.349.641 1.482.031 1.513.175
de abastecimento
Cisterna 187.994 203.921 207.326
de água:
Outra forma 511.073 546.998 552.402
Rede geral de distribuição 28.800.918 28.838.011
PnadC - Qual é a Poço profundo ou artesiano 1.486.883 1.641.347
principal forma de
Poço raso, freático ou cacimba 593.651 607.496
abastecimento de
Fonte ou nascente 91.579 126.067
água utilizada
neste domicílio? Água da chuva armazenada 30.331 27.373
Outra 243.620 244.433

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Quadro 8: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para o abastecimento de água no CadÚnico e PnadC
– Brasil – 2018-2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Rede geral de distribuição 88,77% 88,91% 89,02%
CadÚnico Poço ou nascente 7,40% 7,36% 7,31%
Cisterna 1,03% 1,01% 1,00%
Outra forma 2,80% 2,72% 2,67%
Rede geral de distribuição 92,2% 91,6%
Poço profundo ou artesiano 4,8% 5,2%
PnadC
Poço raso, freático ou cacimba 1,9% 1,9%
Fonte ou nascente 0,3% 0,4%

28
Água da chuva armazenada 0,1% 0,1%
Outra 0,8% 0,8%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Aqui são considerados inadequados os domicílios cuja resposta na PnadC seja qualquer uma que não Rede
geral de distribuição. Dessa forma, o cálculo da inadequação utilizando o CadÚnico segue a mesma lógica.

Nota-se que é maior a especificação de categorias de respostas na PnadC em relação ao CadÚnico Conforme
FJP (2020), isso vai ao encontro do intuito de qualificação melhor, por parte do IBGE, das formas
heterogêneas de abastecimento de água do país. Observa-se que o total de domicílios inadequados para
essa subcomponente é maior para a PnadC (GRÁFICO 3). Já em relação à porcentagem de inadequação no
total de domicílios/famílias, contata-se a superioridade do CadÚnico (TABELA 3).

Gráfico 3: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de abastecimento de água – Brasil


3.000.000

2.500.000 2.646.716
2.446.064
2.232.950 2.272.903
2.000.000 2.048.708

1.500.000

1.000.000

500.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Tabela 3: Total relativo dos domicílios inadequados pela subcomponente de abastecimento de água – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 11,2% 11,1% 11,0%
PnadC 7,8% 8,4% -

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

29
Estatística & informações, n. 54

5.2.2 Canalização interna

Para esse subcomponente, utilizam-se as respostas à variável CO_AGUA_CANALIZADA_FAM do CadÚnico, a


qual sinaliza se há água canalizada em ao menos um cômodo no domicílio onde habita a família. A
frequência dessas respostas e sua distribuição percentual podem ser vistas a seguir:

Quadro 9: Frequência das categorias de resposta para canalização interna no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020

Base – pergunta Respostas 2018 2019 2020


CadÚnico - Se o Sim 17.341.254 19.236.278 19.809.420
domicílio tem água
encanada: Não 895.170 904.666 888.317

Canalizada em pelo
30.494.471 30.706.050
menos um cômodo
PnadC - A água
utilizada neste Canalizada só na
domicílio chega: 431.814 484.983
propriedade ou terreno

Não canalizada 320.698 293.695

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Quadro 10: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para canalização interna no CadÚnico e PnadC –
2018-2020 – Brasil

Base Respostas 2018 2019 2020


CadÚnico - Se o Sim 95,09% 95,51% 95,71%
domicílio tem água
Não 4,91% 4,49% 4,29%
encanada:
Canalizada em pelo
97,41% 97,37%
menos um cômodo
PnadC - A água utilizada
Canalizada só na
neste domicílio chega: 1,46% 1,62%
propriedade ou terreno
Não canalizada 1,13% 1,02%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Para os dados da Pnad, são considerados inadequados domicílios que apresentem as respostas Canalizada
só na propriedade ou terreno e Não canalizada. No caso do CadÚnico, entretanto, as categorias de resposta
são apenas se há ou não água canalizada em algum cômodo do domicílio. Assim foram considerados
inadequados os domicílios cuja resposta seja Não.

30
Novamente, aqui a PnadC apresenta mais opções de resposta do que o CadÚnico. Para esse quesito, os
resultados observados (GRÁFICO 4) para PnadC são 22,5% menores do que no CadÚnico e o total relativo de
inadequação aproxima-se do dobro para o CadÚnico (TABELA 4).

Gráfico 4: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de canalização interna – Brasil


1.000.000
900.000
895.170 904.666 888.317
800.000
700.000 752.512 778.678

600.000
500.000
400.000
300.000
200.000
100.000
0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 201


Elaboração própria.
Tabela 4: Total relativo de domicílios inadequados pela subcomponente de canalização interna – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 4,91% 4,49% 4,29%
PnadC 2,59% 2,63%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.2.3 Esgotamento sanitário

Para esse subcomponente, utilizam-se as respostas à variável CO_ESCOA_SANITARIO_DOMIC_FAM do


CadÚnico, a qual diz respeito à forma como é feito o esgotamento sanitário no domicílio onde habita a
família. A frequência dessas respostas e sua distribuição percentual podem ser vistas a seguir:

31
Estatística & informações, n. 54

Quadro 11: Frequência das categorias de resposta para esgotamento sanitário no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-
2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Rede coletora de esgoto ou
10.799.311 12.112.515 12.554.522
pluvial
Fossa séptica 2.477.151 2.707.723 2.764.208
CadÚnico - Forma de Fossa rudimentar 4.234.058 4.571.446 4.635.315
escoamento sanitário: Vala a céu aberto 189.071 194.579 193.051
Direto para rio, lago ou mar 164.280 177.131 179.610
Outra forma 69.615 76.127 77.750
NA 302.938 301.423 293.281
Rede geral, rede pluvial 19.703.098 20.002.222
Fossa séptica não ligada à
6.284.089 5.993.451
rede
PnadC - Para onde vai o Fossa rudimentar 2.553.733 2.498.183
esgoto do banheiro
Fossa séptica ligada à rede 1.763.318 1.872.577
(sanitário ou buraco de
dejeção)? Vala 470.589 475.369
Rio, lago ou mar 351.324 546.550
Outra forma (1) 61.069
NA 59.763 96.374

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
(1) A categoria “outra forma” não está presente no questionário da PnadC de 2019, por isso a ausência dessa
informação em tal ano.

32
Quadro 12: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para esgotamento sanitário no CadÚnico e PnadC –
Brasil – 2018-2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Rede coletora de esgoto ou
59,2% 60,1% 60,7%
pluvial
Fossa séptica 13,6% 13,4% 13,4%
CadÚnico - Forma de Fossa rudimentar 23,2% 22,7% 22,4%
escoamento sanitário: Vala a céu aberto 1,0% 1,0% 0,9%
Direto para rio, lago ou mar 0,9% 0,9% 0,9%
Outra forma 0,4% 0,4% 0,4%
NA 1,7% 1,5% 1,4%
Rede geral, rede pluvial 63,06% 63,53%
Fossa séptica não ligada à
20,11% 19,04%
rede
PnadC - Para onde vai o
Fossa rudimentar 8,17% 7,93%
esgoto do banheiro
(sanitário ou buraco de Fossa séptica ligada à rede 5,64% 5,95%
dejeção)? Vala 1,51% 1,51%
Rio, lago ou mar 1,12% 1,74%
Outra forma* 0,20% 0,00%
NA 0,19% 0,31%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Nos dados da PnadC, são considerados inadequados os domicílios cuja resposta para essa subcomponente
não sejam Rede geral, Rede pluvial, Fossa séptica ligada à rede e Fossa séptica não ligada à rede. Assim, de
forma análoga, para o CadÚnico, consideraram-se inadequação as respostas que não sejam Rede coletora
de esgoto ou pluvial e Fossa séptica. Entretanto, ressalta-se que, como não há distinção entre fossa séptica
ligada à rede e não ligada à rede no CadÚnico, é provável que haja um superdimensionamento da variável
de resposta Fossa rudimentar, superestimando a proporção de domicílios inadequados.

Algumas considerações devem ser feitas sobre a variável de esgotamento expressa na PnadC, tendo em
vista que as categorias de resposta divergem entre os anos considerados. Em resumo, foram feitas
adaptações em relação à PnadC 2018 para tornar as categorias comparáveis às observadas em 2019 5. A
primeira ponderação foi em relação às categorias Rede geral e rede pluvial e Fossa Séptica Ligada à Rede
(PnadC 2019), em 2018 agrupadas em uma única, chamada Rede geral, rede pluvial ou fossa ligada à rede. A
segunda está associada às categorias Fossa rudimentar e Fossa séptica não ligada à rede, em 2018
agregadas na resposta Fossa não ligada à rede.

5
Para maior especificação das variações das categorias de respostas entre diferentes bases de dados e os eventuais
impactos na mensuração dos resultados referentes ao esgotamento sanitário ver: FJP (2022).
33
Estatística & informações, n. 54

Para desmembrar essas informações, fez-se uma ponderação nos dados de 2018 a partir das proporções
observadas em 2019. Os limites dessa metodologia de ajuste estão mais bem especificados em nota
anterior (FJP, 2021). Conforme dito, a diferença observada entre as bases repousa, especialmente, no
número maior de respostas para a categoria Fossa rudimentar no CadÚnico (GRÁFICO 5). Em relação ao
total relativo, o elevado percentual deve-se, predominantemente, ao quantitativo menor das categorias
consideradas adequadas (TABELA 5).

Gráfico 5: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de esgotamento sanitário – Brasil


6.000.000

5.000.000
5.019.283 5.085.726
4.657.024
4.000.000
3.616.476
3.000.000 3.496.478

2.000.000

1.000.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Tabela 5: Percentual de domicílios inadequados pela subcomponente de esgotamento sanitário – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 25,5% 24,9% 24,6%
PnadC 11,11% 11,49%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.2.4 Destino do lixo

Para esse subcomponente, utilizam-se as respostas à variável CO_DESTINO_LIXO_DOMIC_FAM do


CadÚnico, a qual diz respeito à forma como é feita a coleta do lixo no domicílio onde habita a família. A
frequência dessas respostas e sua distribuição percentual podem ser vistas a seguir:

34
Quadro 13: Frequência das categorias de resposta para destino do lixo no CadÚnico e PnadC – Brasil –2018-2020

Base - pergunta Respostas 2018 2019 2020


Coletado diretamente 16.577.594 18.341.122 18.869.262
Coletado indiretamente 1.052.055 1.196.388 1.240.704
CadÚnico -
Queimado ou enterrado na propriedade 453.412 450.493 438.782
Forma de coleta
Jogado em terreno baldio ou logradouro 108.396 111.273 109.661
do lixo:
Jogado em rio ou mar 4.734 4.876 4.810
Outro destino 40.233 36.792 34.518
Coletado diretamente por serviço de limpeza 28.002.793 28.509.859
PnadC - Qual é o Coletado em caçamba de serviço de limpeza 2.725.178 2.505.507
(principal) Queimado (na propriedade) 293.035 270.971
destino dado ao Enterrado (na propriedade) 9.990 13.008
lixo? Jogado em terreno baldio ou logradouro 164.404 170.513
Outro destino 51.584 14.870

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Quadro 14: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para destino do lixo no CadÚnico e PnadC – Brasil –
2018-2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Coletado diretamente 90,90% 91,06% 91,17%
Coletado indiretamente 5,77% 5,94% 5,99%
Queimado ou enterrado na propriedade 2,49% 2,24% 2,12%
CadÚnico
Jogado em terreno baldio ou logradouro 0,59% 0,55% 0,53%
Jogado em rio ou mar 0,03% 0,02% 0,02%
Outro destino 0,22% 0,18% 0,17%
Coletado diretamente por serviço de limpeza 89,62% 90,55%
Coletado em caçamba de serviço de limpeza 8,72% 7,96%
Queimado (na propriedade) 0,94% 0,86%
PnadC
Enterrado (na propriedade) 0,03% 0,04%
Jogado em terreno baldio ou logradouro 0,53% 0,54%
Outro destino 0,17% 0,05%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Nos dados da PnadC, são considerados inadequados os domicílios cuja resposta para essa componente não
sejam Coletado diretamente por serviço de limpeza e Coletado em caçamba de serviço de limpeza. Assim, de
forma análoga, para o CadÚnico foram consideradas inadequação as respostas que não sejam Coletado
Diretamente e Coletado indiretamente.

A partir das categorias de respostas, é possível notar pequenas distinções. A PnadC capta informações de
destinação do lixo no âmbito da propriedade, enquanto o CadÚnico identifica melhor a destinação incorreta
fora do âmbito da propriedade.

35
Estatística & informações, n. 54

Já em relação aos resultados (GRÁFICO 6), nota-se que, na PnadC, são 29,1% menores em relação ao
CadÚnico e isso se deve predominantemente à categoria de resposta Queimado ou enterrado na
propriedade – unificada no CadÚnico e separada na PnadC – que apresenta valores, em média, 73,8%
maiores. O resultado é o total de inadequação mais elevado para essa inadequação quando utilizada a base
do CadÚnico (TABELA 6).

Gráfico 6: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de destino do lixo – Brasil


700.000

600.000
606.775 603.434
587.771
500.000 519.013
469.362
400.000

300.000

200.000

100.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Tabela 6: Total relativo de domicílios inadequados pela subcomponente de destino do lixo – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 3,33% 3,00% 2,84%
PnadC 1,66% 1,49%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.2.5 Energia elétrica

Para este subcomponente, utilizam-se as respostas da variável CO_ILUMINACAO_DOMIC_FAM do


CadÚnico, a qual diz respeito à forma como é feita a iluminação no domicílio onde habita a família. A
frequência dessas respostas e sua distribuição percentual podem ser vistas a seguir:

Quadro 15: Frequência das categorias de resposta para energia elétrica no CadÚnico e PnadC – Brasil – 2018-2020

Base – pergunta Respostas 2018 2019 2020

36
Elétrica com medidor próprio 15.914.483 17.605.221 18.092.886
Elétrica com medidor comunitário 1.125.956 1.222.241 1.262.686
CadÚnico - Tipo de Elétrica sem medidor 919.411 1.018.066 1.045.077
iluminação: Óleo, querosene ou gás 15.738 15.089 14.589
Vela 22.632 23.777 23.632
Outra forma 238.203 256.549 258.867
PnadC - Qual(is) a(s) Utiliza ao menos uma fonte de energia
31.195.477 31.446.674
origem(ns) da energia elétrica
elétrica utilizada neste
Não utiliza/tem energia elétrica 51.506 38.053
domicílio?

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Quadro 16: Distribuição percentual entre as categorias de resposta para energia elétrica no CadÚnico e PnadC – Brasil
– 2018-2020

Base Respostas 2018 2019 2020


Elétrica com medidor próprio 87,27% 87,41% 87,41%
Elétrica com medidor comunitário 6,17% 6,07% 6,10%
Elétrica sem medidor 5,04% 5,05% 5,05%
CadÚnico
Óleo, querosene ou gás 0,09% 0,07% 0,07%
Vela 0,12% 0,12% 0,11%
Outra forma 1,31% 1,27% 1,25%
Utiliza ao menos uma fonte de energia elétrica 99,84% 99,88%
PnadC
Não utiliza/tem energia elétrica 0,16% 0,12%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

A pergunta para este componente difere entre a Pnad Contínua e o CadÚnico. No caso da PnadC, pergunta-
se se há energia elétrica no domicílio. A resposta Não é considerada inadequação domiciliar. Por outro lado,
no CadÚnico pergunta-se qual o tipo de iluminação do domicílio. Assim, foram consideradas inadequação
domiciliar as respostas Óleo, querosene ou gás, Vela e Outra forma.

Tal subcomponente é o primeiro em nossa análise em que a pergunta aparece muito diferente. Como
consequência, as opções de respostas variam bastante, dado o maior número de categorias no CadÚnico.
Os valores absolutos encontrados para o CadÚnico são muito superiores aos observados na PnadC
(GRÁFICO 7), e isso deve-se predominantemente à categoria de resposta Outra forma. É ela que faz o total
de domicílios inadequados ser consideravelmente maior para o CadÚnico (TABELA 7).

37
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 7: Total de domicílios inadequados pela subcomponente de energia elétrica – Brasil


350.000

300.000
295.415 297.088
276.573
250.000

200.000

150.000

100.000

50.000
51.506 38.053
0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Tabela 7: Total relativo domicílios inadequados pela subcomponente de energia elétrica – Brasil

Base 2018 2019 2020


CadÚnico 1,52% 1,47% 1,44%
PnadC 0,16% 0,12%

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.3 Proporção de domicílios em situação de inadequação

O objetivo desta seção é comparar, de forma agregada, os resultados obtidos para o indicador de domicílios
inadequados e seus componentes, representativos das carências edilícias e de infraestrutura urbana,
considerando-se o cálculo por meio da PnadC e do CadÚnico. As estimativas serão reportadas em diferentes
pontos do tempo: as da PnadC são para 2018 e 2019; as do CadÚnico de 2018 a 2020. Além disso, os
resultados serão expressos tanto em valores absolutos, quanto em termos relativos. Neste caso,
considerando-se a razão entre o número de domicílios inadequados e o total de domicílios, para os
seguintes recortes espaciais: grandes regiões, UF, regiões metropolitanas e capitais.

A começar pelo total brasileiro, o Gráfico 8 permite observar que o número absoluto de domicílios
inadequados é próximo entre as bases da PnadC e CadÚnico e apresenta uma tendência crescente entre

38
2018 e 2019 para as duas bases de dados em análise. Especificamente sobre o CadÚnico, destaca-se a
tendência de elevação dos domicílios inadequados entre 2018 e 2020.

Gráfico 8: Total de domicílios inadequados – Brasil


7.000.000
6.774.992 6.847.634
6.000.000 6.311.605 6.165.049
5.778.175
5.000.000

4.000.000

3.000.000

2.000.000

1.000.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Considerando-se os componentes de inadequação edilícia (GRÁFICO 9) e de infraestrutura urbana (GRÁFICO


10), para o primeiro, nota-se uma redução entre 2018 e 2020; para o segundo, uma elevação no mesmo
período para os dados reportados pelo CadÚnico. No mesmo sentido, nos Gráficos 9 e 10, o movimento de
redução para as carências edilícias também é observado para os dados da PnadC.

Assim, pelo menos no primeiro momento, evidencia-se um comportamento similar entre as duas fontes de
dados aqui comparadas tanto para o total de domicílios inadequados como para seus componentes.

39
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 9: Total de domicílios com carências edilícias – Brasil


600.000
563.605
500.000 542.632
519.631

400.000
401.285 385.647
300.000

200.000

100.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Gráfico 10: Total de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana – Brasil
7.000.000
6.551.215 6.633.778
6.000.000
6.079.073 6.045.519
5.664.372
5.000.000

4.000.000

3.000.000

2.000.000

1.000.000

0
2018 2019 2020

CadÚnico PnadC

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Em contraposição às tendências e à proximidade dos valores absolutos para os componentes da


inadequação domiciliar, temos, na Tabela 8, a proporção de domicílios inadequados em relação ao total de
domicílios (particulares permanentes) para cada ano e considerando-se as duas bases de dados. É notável
como, em termos relativos, os dados do CadÚnico revelam uma porcentagem de inadequação

40
consideravelmente superior à observada a partir dos dados da PnadC tanto para o indicador de
inadequação domiciliar total quanto para os componentes de carências edilícias e inadequação de
infraestrutura urbana.

Para o CadÚnico entre 2018 e 2020, os valores do indicador de inadequação total e de seus componentes
(edilícia e de infraestrutura) todos variaram muito pouco e para baixo. Do mesmo modo, para os dados da
PnadC, as variações foram muito pequenas entre 2018 e 2019. Depreende-se, portanto, a estabilidade da
presença desses tipos de inadequação nas habitações brasileiras quando analisados os dados de ambas
fontes.

Em se tratando das tendências temporais e diferentemente do observado para os valores absolutos, para os
quais as duas bases apresentaram comportamento semelhante, em termos relativos, notam-se diferenças
consideráveis. Utilizando-se as informações do CadÚnico, observa-se uma queda nas proporções de
inadequação entre os anos considerados. Já para a PnadC verifica-se uma tendência crescente, com exceção
das carências edilícias, onde reporta-se uma redução de 2018 para 2019.

Tabela 8: Inadequação domiciliar relativa ao total de domicílios particulares permanentes urbanos, carências edilícias
relativas e inadequação de infraestrutura urbana relativa – Brasil

Base 2018 2019 2020


Inadequação domiciliar
CadÚnico 34,50% 33,80% 33,08%
PnadC 18,49% 19,58% -
Carências edilícias
CadÚnico 2,80% 2,30% 2,25%
PnadC 1,28% 1,22% -
Inadequação de infraestrutura urbana
CadÚnico 33,40% 33,80% 32,05%
PnadC 18,13% 19,20% -
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

Agora, para se procurar explicar as maiores frequências de inadequação observadas para os resultados do
CadÚnico, é importante retomar o que foi dito anteriormente no que se refere à natureza das bases de
dados. Sabe-se que o CadÚnico é um registro administrativo, direcionado às famílias de baixa renda e cujo
cadastro é uma forma de garantir que elas tenham acesso a programas sociais, a exemplo do Auxílio
Emergencial, criado durante a pandemia. Diante disso, espera-se que a amostra extraída do CadÚnico seja
majoritariamente composta por famílias que sofrem privações diversas, incluindo as habitacionais. O que

41
Estatística & informações, n. 54

justifica a maior fração de inadequação dele, comparativamente à observada pela PandC, que, por sua vez,
é uma amostra relevante de toda a população brasileira.

Além disso, outro elemento importante de se reforçar é a diferença da unidade de análise para as duas
bases. Como visto, o CadÚnico é focado nas famílias e não há um identificador de domicílios para tal
conjunto de dados. A PnadC, no entanto, se direciona aos domicílios. O problema aqui é que, no CadÚnico,
existe a possibilidade de que mais de uma família seja computada para uma mesma habitação/domicílio, o
que geraria uma dupla contagem no banco de dados. Mais uma vez, levando-se em conta que o cadastro é
feito por pessoas em situação de vulnerabilidade, isso abre espaço para uma provável superestimação dos
domicílios inadequados, o que também pode ajudar a entender a maior frequência de inadequação no
CadÚnico.

Outro fator no CadÚnico se refere à forma de se obter o rendimento das famílias. O CadÚnico não
apresenta o mesmo detalhamento e rigor quanto a essas informações obtidas pela PnadC. Observa-se, por
exemplo, que ele desconsidera a parcela do rendimento das famílias que se origina de transferências
governamentais (LOAS, Bolsa Família etc.), o que tende a superestimar a parcela da população com
rendimento inferior a três salários mínimos comparativamente à PnadC.Até aqui verificamos como se
comporta a inadequação domiciliar para o contexto nacional. Vamos agora considerar a dinâmica das
grandes regiões brasileiras.

5.4 Grandes regiões

A Tabela 9 traz um resumo dos valores absolutos da inadequação domiciliar e de seus componentes de
carência edilícia e de infraestrutura urbana para as grandes regiões brasileiras – Norte, Nordeste, Sudeste,
Sul e Centro-Oeste – para ambas as bases.

Nota-se que, na inadequação total e para as regiões Norte e Sudeste, os maiores valores são os da PnadC.
Para o Nordeste, Centro-Oeste e Sul, no entanto, os maiores valores são para a base do CadÚnico. Já em
relação às carências edilícias, apenas o Norte apresenta maiores valores absolutos para a PnadC. Por fim,
em relação à inadequação de infraestrutura, os dados observados para a PnadC são maiores no Norte e
Sudeste. Para Nordeste, Centro-Oeste e Sul, os valores do CadÚnico são mais expressivos tal como
observado para o indicador geral de domicílios inadequados.

42
Tabela 9: Número de domicílios inadequados e em situação de carência edilícia e de infraestrutura urbana – Grandes
regiões

Inadequação do miciliar
2018 2019 2020
CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região/Base 18 PnadC-18 19 PnadC-19 20
Norte 1.083.537 1.283.517 1.201.591 1.295.234 1.226.437
Nordeste 3.170.902 2.524.211 3.365.186 2.700.471 3.382.994
Sudeste 920.175 1.064.437 994.362 1.256.996 1.014.908
Sul 502.939 442.736 534.166 463.762 540.816
Centro-Oeste 634.052 463.275 679.687 448.586 682.479
Brasil 6.311.605 5.778.175 6.774.992 6.165.049 6.847.634
Carência edilícia
2018 2019 2020
CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 20
Norte 84.293 111.975 81.656 123.885 78.796
Nordeste 356.193 223.322 343.955 200.171 329.338
Sudeste 83.755 47.540 78.457 44.295 74.288
Sul 23.585 12.642 23.406 11.496 22.928
Centro-Oeste 15.779 5.806 15.158 5.800 14.281
Brasil 563.605 401.285 542.632 385.647 519.631
Inadequação de infraestrutura urbana
2018 2019 2020
CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 20
Norte 1.059.730 1.264.444 1.178.114 1.267.277 1.203.747
Nordeste 3.037.979 2.472.806 3.237.189 2.647.973 3.260.448
Sudeste 866.399 1.032.094 944.142 1.227.638 967.669
Sul 487.671 435.393 518.982 457.398 525.987
Centro-Oeste 627.294 459.635 672.788 445.233 675.927
Brasil 6.079.073 5.664.372 6.551.215 6.045.519 6.633.778
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

Os Gráficos 11, 12 e 13 apresentam as comparações dos valores absolutos das grandes regiões entre as
bases e os anos em análise. A partir deles, é possível notar como, principalmente no Nordeste e Centro-
Oeste e para a base do CadÚnico, há uma identificação muito maior de inadequação total, de carências
edilícias e de inadequação de infraestrutura. Por outro lado, percebe-se como, no Norte e Sudeste, os
resultados do CadÚnico são menos expressivos do que da PnadC.

Cabe aqui um apontamento, especialmente no que se refere ao comportamento da região Norte. Sabe-se
que o CadÚnico é um registro administrativo direcionado às famílias em situação de vulnerabilidade

43
Estatística & informações, n. 54

socioeconômica e que, por natureza, deveria cobrir toda a população brasileira em condições semelhantes.
Não existe, no entanto, garantia de que, de fato, a cobertura seja perfeita. Nesse sentido, o menor número
de domicílios inadequados obtido por meio do CadÚnico, comparativamente à PnadC, pode sugerir
subnotificação das famílias pobres e extremamente pobres, justificável, por exemplo, pela dificuldade de
acesso à população ribeirinha e à de áreas afastadas/isoladas.

Em relação às tendências, verifica-se alguma similaridade entre as bases e componentes: a inadequação


total tende a aumentar em ambas as bases; as inadequações edilícias tendem a se reduzir, com exceção do
Norte, onde a PnadC revela um aumento, ao passo que, no CadÚnico verifica-se queda e, finalmente, para a
inadequação de infraestrutura, em ambas as bases, há tendência de elevação dos valores absolutos.

Gráfico 11: Total de domicílios inadequados – Grande região


4.000.000

3.500.000

3.000.000

2.500.000

2.000.000

1.500.000

1.000.000

500.000

0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Cad18 Pnad18 Cad19 Pnad19 Cad20

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

44
Gráfico 12: Total de domicílios com carências edilícias – Grande região
400.000

350.000

300.000

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Cad18 Pnad18 Cad19 Pnad19 Cad20

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
Gráfico 13: Total de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana – Grande região
3.500.000
3.000.000
2.500.000
2.000.000
1.500.000
1.000.000
500.000
0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Cad18 Pnad18 Cad19 Pnad19 Cad20

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Por sua vez, a Tabela 10 traz os resultados para o indicador geral de inadequação domiciliar e seus
componentes em termos relativos (proporção em relação ao total de domicílios particulares permanentes
de cada base). Também aqui é possível observar as maiores frequências de inadequação entre os resultados
obtidos por meio do CadÚnico tal como observado anteriormente para o total brasileiro.

As discrepâncias entre as bases em todos os indicadores apenas reforçam os motivos de divergência/fonte


de erros já apresentados na seção anterior: focalização do CadÚnico unidade de análise, formas distintas de
captação das informações, natureza dos dados.

45
Estatística & informações, n. 54

Tabela 10: Percentual de domicílios inadequados e em situação de carência edilícia e de infraestrutura urbana –
Grandes regiões

Ina dequação domiciliar


CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 CadÚnico-20
Norte 65.56% 50.45% 64.70% 49.51% 64,32%
Nordeste 47.03% 26.39% 46.02% 27.23% 45,67%
Sudeste 13.85% 8.11% 13.42% 9.76% 13,19%
Sul 27.78% 11.77% 26.47% 12.48% 25,71%
Centro-Oeste 45.72% 20.60% 44.00% 19.01% 43,08%
Carência edilícia
CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 CadÚnico-20
Norte 5.10% 4.40% 4.40% 4.74% 4,13%
Nordeste 5.28% 2.33% 4.70% 2.02% 4,45%
Sudeste 1.26% 0.36% 1.06% 0.34% 0,97%
Sul 1.30% 0.34% 1.16% 0.31% 1,09%
Centro-Oeste 1.14% 0.26% 0.98% 0.25% 0,90%
Infraestrutura urbana
CadÚnico- CadÚnico-
Região 18 PnadC-18 19 PnadC-19 CadÚnico-20
Norte 64.12% 49.70% 63.43% 48.44% 63,13%
Nordeste 45.06% 25.85% 44.27% 26.70% 44,02%
Sudeste 13.04% 7.86% 12.74% 9.53% 12,57%
Sul 26.94% 11.57% 25.71% 12.31% 25,01%
Centro-Oeste 45.24% 20.44% 43.55% 18.87% 42,66%
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

Daremos sequência à análise dos demais recortes territoriais – unidade da Federação, região metropolitana
e capital – a partir dos valores absolutos do indicador de inadequação domiciliar e de seus componentes.
Essa escolha se fundamenta na constatação de que, em termos relativos, as duas bases apresentam grandes
dificuldades de comparação.

A seguir, analisaremos a evolução temporal no indicador geral de domicílios inadequados, seus


componentes de carências edilícias e de infraestrutura urbana e seus respectivos subcomponentes
considerando-se as unidades federativas.

46
5.5 Unidade da Federação

5.5.1 Inadequação domiciliar

A Tabela 11 reporta os resultados em termos de valor absoluto por unidade da Federação. É exposto o
número total de domicílios inadequados considerando-se ambas as fontes de dados e suas variações anuais.
Um adendo em relação às colunas V18 e V19, representativas de tais variações, é que elas foram calculadas
a partir da razão entre a estimativa de inadequação domiciliar para o CadÚnico e a PnadC em 2018 e 2019
respectivamente.

Em síntese, uma razão igual a um (1) significa que CadÚnico e PnadC apresentam estimativas exatamente
iguais para a inadequação domiciliar. Além disso quanto mais distantes da unidade são as variações,
maiores são as diferenças entre as bases. Destaca-se ainda que variações maiores que um indicam que o
número de domicílios inadequados estimado pelo CadÚnico é maior. Por outro lado, para variações
menores que a unidade, o resultado para a PnadC é mais elevado.

É possível notar que a maioria dos estados da região Norte6 apresentam variações menores que um em
ambos os anos, com exceções esporádicas (Roraima em 2018, Amazonas e Roraima em 2019), o que indica
maior número de domicílios inadequados para as estimativas da PnadC. Com relação aos números
absolutos e exceto para Acre, Amazonas e Roraima, observou-se uma tendência de elevação de famílias em
habitações inadequadas entre 2018 e 2020 pela base do CadÚnico.

Para o Nordeste, o Rio Grande do Norte e Sergipe (2019) foram os estados onde se observaram as únicas
situações em que as variações das bases foram inferiores a um. Nos demais casos, observou-se que o
número de domicílios inadequados foi maior para o CadÚnico. Nessa região, o grande destaque vai para o
Piauí, que apresentou uma variação superior a dois em ambos os anos, o que indica que ele é o estado
sobre o qual as bases divergem mais, as estimativas de inadequação para o CadÚnico tendo sido mais que
duas vezes superiores aos resultados da PnadC.

Os resultados absolutos do CadÚnico para os estados do Nordeste apontam para a tendência de elevação
entre 2018 e 2020 – com exceção do Maranhão, de Alagoas e da Bahia, cujos resultados declinaram
ligeiramente entre 2019 e 2020.

6
Aqui, uma possibilidade seria de que o CadÚnico possui uma menor cobertura de famílias elegíveis para programas
sociais, em alguns estados da região Norte. Ou ainda, talvez o Tocantins tenha condições habitacionais que, na
média, se destoam dos demais estados da região Norte.
47
Estatística & informações, n. 54

Tabela 11: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da Federação,
regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- CadÚnico-
Região
CadÚnico-18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 20
Rondônia 99.914 165.673 0,60 114.069 150.209 0,76 120.868
Acre 35.845 61.587 0,58 37.871 62.511 0,61 37.430
Amazonas 216.807 226.093 0,96 232.494 192.225 1,21 231.361
Norte Roraima 26.132 17.855 1,46 28.328 23.066 1,23 27.635
Pará 545.012 650.733 0,84 612.007 695.833 0,88 627.877
Amapá 54.789 72.384 0,76 63.266 74.027 0,85 66.255
Tocantins 105.038 89.191 1,18 113.556 97.363 1,17 115.011
Norte 1.083.537 1.283.516 0,84 1.201.591 1.295.234 0,93 1.226.437
Maranhão 414.865 388.115 1,07 439.726 404.025 1,09 436.299
Piauí 151.890 72.900 2,08 159.014 71.086 2,24 160.122
Ceará 474.666 340.090 1,40 513.735 323.248 1,59 521.987
Rio Grande do
Norte 214.542 315.697 0,68 231.941 319.471 0,73 235.669
Nordeste
Paraíba 215.509 143.373 1,50 226.242 144.048 1,57 228.664
Pernambuco 664.102 453.121 1,47 714.815 548.693 1,30 729.181
Alagoas 254.454 184.867 1,38 263.416 212.051 1,24 260.829
Sergipe 117.759 98.781 1,19 118.674 122.135 0,97 119.434
Bahia 663.115 527.267 1,26 697.623 555.713 1,26 690.809
Nordeste 3.170.902 2.524.211 1,26 3.365.186 2.700.470 1,25 3.382.994
Minas Gerais 232.020 278.895 0,83 236.054 308.425 0,77 238.153
Espírito Santo 58.573 51.250 1,14 64.672 60.883 1,06 67.196
Sudeste
Rio de Janeiro 379.765 498.790 0,76 432.979 588.950 0,74 449.442
São Paulo 249.817 235.502 1,06 260.657 298.739 0,87 260.117
Sudeste 920.175 1.064.437 0,86 994.362 1.256.997 0,79 1.014.908
Paraná 247.611 202.325 1,22 261.703 177.376 1,48 264.215
Sul Santa Catarina 90.481 84.229 1,07 98.374 97.076 1,01 98.615
Rio Grande do Sul 164.847 156.182 1,06 174.089 189.311 0,92 177.986
Sul 502.939 442.736 1,14 534.166 463.763 1,15 540.816
Mato Grosso do Sul 134.513 51.776 2,60 146.776 48.951 3,00 146.974
Centro- Mato Grosso 188.420 86.891 2,17 206.128 78.910 2,61 211.605
Oeste Goiás 296.741 316.511 0,94 312.195 309.293 1,01 310.239
Distrito Federal 14.378 8.097 1,78 14.588 11.432 1,28 13.661
Centro-Oeste 634.052 463.275 1,37 679.687 448.586 1,52 682.479
Brasil 6.311.605 5.778.175 1,09 6.774.992 6.165.050 1,10 6.847.634

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

Para a região Sudeste, predominou, com exceção do Espírito Santo e São Paulo (2018), uma tendência de
variação menor do que um, indicação de que, para esses estados, a estimação de domicílios inadequados foi
maior para a PnadC.

48
Em relação aos resultados absolutos – com exceção de São Paulo, que permaneceu constante entre 2019 e
2020 – todas as unidades federativas apresentaram tendência de elevação das habitações inadequadas
estimadas para o CadÚnico entre 2018 e 2020.

Na região Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul apresentaram pequenas variações entre as fontes de
dados. Foi para o Paraná que se verificaram as maiores diferenças entre as bases nos anos de 2018 e 2019:
22% e 48% respectivamente.

Pelo lado dos valores absolutos do CadÚnico, em todos os estados da região Sul, observou-se uma
tendência de elevação entre 2018 e 2020. Já para a PnadC, os valores absolutos indicam uma tendência
crescente para Santa Catarina e Rio Grande do Sul e de queda para o Paraná.

Na região Centro-Oeste, as bases se mostraram muito diferentes. Para o Mato Grosso do Sul, o CadÚnico
indicou resultados mais que duas vezes superiores aos da PnadC para 2018 e o equivalente a três vezes em
2019. Considerando-se todas as unidades da Federação, essas foram as maiores variações observadas. No
Mato Grosso, as proporções também foram bem destoantes e apontaram para o CadÚnico, em ambos os
anos, números mais que duas vezes superiores aos estimados para a PnadC. Os resultados também foram
maiores para o Distrito Federal, enquanto, para Goiás, verificaram-se as menores variações entre as bases.

Em relação aos valores absolutos do CadÚnico, o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul observaram elevação
de seu quantitativo. Já Goiás e o Distrito Federal apresentaram tendência de queda entre 2019 e 2020.

Sabendo que o indicador de inadequação domiciliar apresentado na presente nota técnica é determinado
pelos componentes de carências edilícias e de infraestrutura urbana, seguiremos agora para a análise
individual de cada um e seus subcomponentes respectivos.

5.5.2 Inadequação edilícia

Para as carências edilícias, de modo geral, os resultados evidenciaram diferenças mais expressivas entre as
duas fontes de dados, comparativamente ao que foi observado no indicador geral de inadequação
domiciliar como pode ser observado na Tabela 12.

Na região Norte – com exceção de Rondônia, Tocantins e Amapá (2018) – verifica-se uma tendência de as
variações serem menores que um, indicação de, no caso, resultados superiores para a PnadC. Um aspecto
interessante é como a variação para o Tocantins se reduziu devido à grande variação dos resultados a partir
da própria PnadC, fato idêntico tendo ocorrido para o Amapá.

49
Estatística & informações, n. 54

Já em relação aos valores absolutos do CadÚnico, os estados do Norte apresentaram tendência de redução
da quantidade de habitações com carências edilícias entre 2018 e 2020. Destaca-se, porém, que, para Acre,
Amazonas e Roraima, nota-se um aumento marginal de tal inadequação entre 2018 e 2019, tendo ocorrido
posteriormente a queda entre 2019 e 2020.

No Nordeste – com exceção do Ceará e de Sergipe (2019) – os estados apresentaram variação maior do que
um, indicação de valores maiores para o CadÚnico em comparação com a PnadC. Novamente, a oscilação
das discrepâncias entre as bases para alguns estados, como Maranhão, Pernambuco e Bahia, parece ter
mais relação com as variações observadas na PnadC entre 2018 e 2019.

Assim como no Norte, os resultados absolutos do CadÚnico entre 2018 e 2020 apresentaram tendência de
redução das habitações com carências edilícias.

Tabela 12: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da
Federação

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- PnadC- CadÚnico- PnadC- CadÚnico-
Região
18 18 V18 19 19 V19 20
Rondônia 3.042 1.051 2,89 2.680 1.520 1,76 2.497
Acre 6.803 12.366 0,55 6.848 17.231 0,40 6.697
Amazonas 14.813 37.128 0,40 14.998 31.631 0,47 14.699
Norte Roraima 1.357 1.792 0,76 1.434 3.417 0,42 1.402
Pará 48.778 55.851 0,87 46.512 61.655 0,75 44.565
Amapá 1.970 1.329 1,48 1.923 3.891 0,49 1.879
Tocantins 7.530 2.457 3,06 7.261 4.540 1,60 7.057
Norte 84.293 111.974 0,75 81.656 123.885 0,66 78.796
Maranhão 122.821 82.056 1,50 120.359 64.365 1,87 115.447
Piauí 29.332 12.624 2,32 28.492 10.622 2,68 27.511
Ceará 28.125 29.077 0,97 27.250 31.691 0,86 25.945
Rio Grande do
Norte 8.230 3.547 2,32 7.577 5.679 1,33 7.301
Nordeste
Paraíba 19.618 10.626 1,85 18.429 12.426 1,48 17.586
Pernambuco 45.305 23.987 1,89 44.625 18.847 2,37 43.291
Alagoas 18.237 7.354 2,48 17.227 7.270 2,37 16.020
Sergipe 7.013 6.292 1,11 6.035 7.552 0,80 5.634
Bahia 77.512 47.760 1,62 73.961 41.721 1,77 70.603
Nordeste 356.193 223.323 1,59 343.955 200.173 1,72 329.338
Minas Gerais 26.521 18.080 1,47 24.631 14.853 1,66 23.640
Espírito Santo 2.514 1.372 1,83 2.546 3.059 0,83 2.496
Sudeste
Rio de Janeiro 32.207 11.980 2,69 30.179 17.917 1,68 28.466
São Paulo 22.513 16.108 1,40 21.101 8.466 2,49 19.686
Sudeste 83.755 47.540 1,76 78.457 44.295 1,77 74.288
Paraná 8.152 4.366 1,87 7.912 3.814 2,07 7.743
Sul
Santa Catarina 2.999 1.442 2,08 3.000 2.555 1,17 2.948

50
Rio Grande do Sul 12.434 6.834 1,82 12.494 5.126 2,44 12.237
Sul 23.585 12.642 1,87 23.406 11.495 2,04 22.928
Mato Grosso do Sul 3.011 1.005 2,99 2.796 1.688 1,66 2.662
Centro- Mato Grosso 4.332 3.750 1,16 4.255 1.276 3,33 4.074
Oeste Goiás 7.503 923 8,13 7.192 1.837 3,92 6.655
Distrito Federal 933 128 7,29 915 998 0,92 890
Centro-Oeste 15.779 5.806 2,72 15.158 5.799 2,61 14.281
Brasil 563.605 401.285 1,40 542.632 385.647 1,41 519.631

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Para a região Sudeste, é importante elucidar a situação de São Paulo. Para o indicador geral de inadequação
domiciliar, o estado apresentava certa homogeneidade entre as bases, com variações relativamente
pequenas nos dois anos de análise. No entanto, tratando-se das carências edilícias, nota-se um cenário
diferente. Para 2019, foi o estado da região que apresentou a maior variação. Também aqui é provável que
a variação da PnadC de 2018 e 2019 motive tal discrepância.

Nos demais estados do Sudeste, a variação é maior do que um – exceto para o Espírito Santo – indicação de
valores maiores para o CadÚnico. É importante dizer o quão expressivo é a oscilação do número de
inadequações para esse componente na PnadC entre 2018 e 2019 em todas as unidades federativas do
Sudeste.

Para os resultados absolutos, assim como para os demais estados do Norte e Nordeste, prevalece a
tendência de redução das habitações inadequadas captadas entre 2018 e 2020 no CadÚnico.

Na região Sul, os resultados da variação foram todos maior do que um, o que indica valores maiores para o
CadÚnico. Assim como os demais estados, em relação aos valores absolutos, pode-se notar tendência de
redução entre 2018 e 2020.

Em se tratando da região Centro-Oeste – exceção do Distrito Federal em 2019 – as variações foram maiores
do que um, indicação de valores mais elevados para a base do CadÚnico em relação ao componente de
carências edilícias.

Conforme os resultados absolutos do CadÚnico, também predomina a tendência de redução do total de


habitações com carências edilícias em todas as unidades federativas da região entre 2018 e 2020.

A homogeneidade das bases é um elemento importante para que o CadÚnico possa, de fato, ser utilizado
como alternativa à PnadC. Contudo, o componente de carência edilícia apresenta uma situação complexa,
com resultados muito destoantes entre as bases analisadas. Ademais, as grandes oscilações dos resultados

51
Estatística & informações, n. 54

da PnadC de 2018 e 2019 parecem assumir um papel relevante para justificar as diferenças em tais fontes
de dados.

Buscando avaliar melhor e, talvez, identificar onde se encontram as maiores diferenças, vamos agora
verificar as variações do CadÚnico e da PnadC para 2018 e 2019, considerando-se os subcomponentes da
carência edilícia aqui considerados: existência de banheiro exclusivo e material predominante no piso.

Já no que se refere ao material predominante no piso, observa-se uma frequência mais elevada de
variações maiores que um. Isso significa que as estimativas de domicílios inadequados do CadÚnico para
esse componente são superiores. Além disso, notam-se variações tão grandes que chegam a dois dígitos,
explicitando a grande diferença entre as duas bases aqui comparadas para esse subcomponente.

5.5.3 Ausência de banheiro exclusivo

Por meio das variações expostas na Tabela 13 é possível notar que, para a ausência de banheiro exclusivo, a
PnadC parece apontar um maior número de domicílios inadequados, dado que a maioria dos estados
obtiveram variações menores que um para um dos anos ou ambos. Consequentemente, temos para o Brasil
uma variação menor do que um para ambos os anos.

No mesmo sentido, assim como a PnadC aponta para uma tendência decrescente do quantitativo, o
CadÚnico apresenta o mesmo padrão descrente para o país entre 2018 e 2020 nesse subcomponente.

Regionalmente, as variações menores que um estão no Norte e Sudeste, indicação de mais identificação de
domicílios sem banheiro na PnadC. Nas demais regiões, foi igual ou maior do que um, indicação de maior
frequência no CadÚnico. Ademais, destaca-se que, também para a ausência de banheiro exclusivo,
verificam-se variações consideráveis na PnadC entre 2018 e 20197. Essas são as possíveis fontes de
divergências entre as bases.

As regiões apresentam tendências temporais dos valores absolutos divergentes entre as bases e inexiste um
padrão claro entre elas para esse subcomponente da carência edilícia. Para as regiões Nordeste e Sudeste,
tal como observado para o total brasileiro, as duas fontes de dados apontaram tendência de queda. Já para
o Norte e o Centro-Oeste, verifica-se, nos respectivos períodos, redução para o CadÚnico e aumento para as

7
Em termos absolutos, a principal variação ocorreu no Nordeste, sobretudo devido ao Maranhão, que desenvolveu
uma política pública específica para construção de banheiros em domicílios de baixa renda: o Cheque Minha Casa.
Esses efeitos, entretanto, não aparecem nos dados do CadÚnico por falta de atualização de informações das
famílias (MARANHÃO, 2018).

52
estimativas da PnadC. Por fim, para a região Sul, os resultados sinalizam estabilidade entre os valores
obtidos para o CadÚnico e uma tendência crescente em relação à PnadC.

Tabela 13: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo variação anual entre CadÚnico e PnadC –
unidades da Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnic PnadC- CadÚnic PnadC- CadÚnic
Região
o-18 18 V18 o-19 19 V19 o-20
Rondônia 1.758 1.051 1,67 1.561 865 1,80 1.481
Acre 6.639 12.366 0,54 6.717 17.151 0,39 6.571
Amazonas 11.471 36.053 0,32 11.742 30.299 0,39 11.588
Norte Roraima 661 1.487 0,44 718 2.704 0,27 690
Pará 25.439 51.279 0,50 25.140 54.422 0,46 24.483
Amapá 1.256 1.164 1,08 1.267 3.891 0,33 1.243
Tocantins 4.264 1.702 2,51 4.219 2.841 1,49 4.126
Norte 51.488 105.102 0,49 51.364 112.173 0,46 50.182
Maranhão 81.202 75.957 1,07 82.163 58.373 1,41 80.070
Piauí 20.606 10.794 1,91 20.234 9.814 2,06 19.607
Ceará 17.247 23.538 0,73 16.906 28.435 0,59 16.166
Rio Grande do
Norte 3.541 2.837 1,25 3.423 5.486 0,62 3.351
Nordeste
Paraíba 8.405 10.336 0,81 8.029 10.939 0,73 7.692
Pernambuco 24.251 22.287 1,09 24.145 17.404 1,39 23.782
Alagoas 9.727 7.108 1,37 9.766 5.243 1,86 9.078
Sergipe 2.466 5.877 0,42 2.317 7.552 0,31 2.282
Bahia 37.784 45.192 0,84 36.752 37.761 0,97 35.250
Nordeste 205.229 203.926 1,01 203.735 181.007 1,13 197.278
Minas Gerais 10.418 14.405 0,72 10.123 13.865 0,73 10.078
Espírito Santo 1.512 1.372 1,10 1.582 2.369 0,67 1.606
Sudeste
Rio de Janeiro 6.323 4.960 1,27 6.471 4.785 1,35 6.430
São Paulo 6.968 13.682 0,51 6.868 7.389 0,93 6.631
Sudeste 25.221 34.419 0,73 25.044 28.408 0,88 24.745
Paraná 5.917 1.741 3,40 5.933 3.814 1,56 5.829
Sul Santa Catarina 2.464 1.268 1,94 2.545 2.260 1,13 2.518
Rio Grande do Sul 7.812 5.932 1,32 8.010 4.981 1,61 8.024
Sul 16.193 8.941 1,81 16.488 11.055 1,49 16.371
Mato Grosso do Sul 928 1.005 0,92 960 1.688 0,57 971
Centro- Mato Grosso 1.569 2.224 0,71 1.490 1.276 1,17 1.443
Oeste Goiás 2.011 - - 2.048 881 2,32 2.016
Distrito Federal 329 - - 322 998 0,32 315
Centro-Oeste 4.837 3.229 1,50 4.820 4.843 1,00 4.745
Brasil 302.96 355.61 301.45 337.48 293.32
0,85 0,89
8 7 1 6 1

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

53
Estatística & informações, n. 54

5.5.4 Material predominante no piso

A Tabela 14 reporta os resultados da inadequação de pisos para as bases do CadÚnico e PnadC.


Primeiramente, é notável como os números do CadÚnico são muito superiores aos captados pela PnadC nas
unidades federativas, grandes regiões e, consequentemente, no Brasil. Outro fato relevante é que ocorre,
concomitantemente, pequena variação a nível nacional e grandes variações em diversas unidades
federativas.

Para a PnadC, ressalta-se a ausência de informações para algumas unidades federativas. Destaque,
especialmente, o Centro-Oeste onde, para 2019, apenas Goiás reportava informações de piso inadequado
para a PnadC. Ocorre aqui que as estimativas obtidas por meio da PnadC resultaram em uma inexistência de
domicílios com inadequação no material predominante no piso, para Goiás e outras unidades federativas.

Já a partir da base do CadÚnico pode-se notar uma tendência de queda dos valores absolutos em todas as
regiões brasileiras, consequentemente, na maior parte dos estados brasileiros, sendo que, por meio desta
base foram obtidos valores positivos para o número de domicílios com inadequação neste subcomponente.

Tabela 14: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF PnadC- CadÚnico CadÚnico-
Região
CadÚnico-18 18 V18 -19 PnadC-19 V19 20
Rondônia 1.419 - - 1.228 654 1,88 1.116
Acre 187 - - 149 80 1,87 144
Amazonas 3.820 1.877 2,03 3.704 1.333 2,78 3.525
Norte Roraima 790 373 2,12 807 832 0,97 795
Pará 27.140 5.169 5,25 24.940 13.251 1,88 23.499
Amapá 790 165 4,79 728 - - 700
Tocantins 4.190 1.075 3,90 3.960 1.700 2,33 3.829
Norte 38.336 8.659 4,43 35.516 17.850 1,99 33.608
Maranhão 62.070 11.520 5,39 57.659 10.138 5,69 53.876
Piauí 13.091 3.507 3,73 12.367 1.490 8,30 11.843
Ceará 12.833 8.207 1,56 12.247 3.678 3,33 11.533
Rio Grande do 23,4
Norte 5.108 710 7,20 4.527 193 2 4.314
Nordeste Paraíba 12.399 290 42,76 11.465 2.630 4,36 10.911
13,4
Pernambuco 24.579 5.104 4,82 23.872 1.769 9 22.718
Alagoas 9.669 842 11,48 8.459 2.026 4,17 7.874
Sergipe 4.844 415 11,68 3.985 - - 3.599
Bahia 45.289 8.460 5,35 42.254 5.320 7,94 40.034
Nordeste 189.882 39.055 4,86 176.835 27.244 6,49 166.702
Sudeste Minas Gerais 17.419 3.675 4,74 15.734 987 15,9 14.722

54
4
Espírito Santo 1.039 - - 1.005 690 1,46 925
Rio de Janeiro 26.712 7.021 3,80 24.392 13.644 1,79 22.653
13,5
São Paulo 15.962 2.426 6,58 14.588 1.077 4 13.366
Sudeste 61.132 13.122 4,66 55.719 16.398 3,40 51.666
Paraná 2.356 2.625 0,90 2.096 - - 2.038
Sul Santa Catarina 553 173 3,19 478 295 1,62 450
33,5
Rio Grande do Sul 5.033 902 5,58 4.879 145 8 4.581
16,9
Sul 7.942 3.700 2,15 7.453 440 7.069
4
Mato Grosso do Sul 2.199 - - 1.947 - - 1.806
Centro- Mato Grosso 2.998 1.843 1,63 2.977 - - 2.830
Oeste Goiás 5.739 923 6,22 5.394 1.362 3,96 4.879
Distrito Federal 619 128 4,83 607 - - 589
Centro-Oeste 11.555 2.894 3,99 10.925 1.362 8,02 10.104
Brasil 308.847 67.430 4,6 286.448 63.294 4,5 269.149

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Em síntese, podemos apontar que as variações entre as bases do CadÚnico e PnadC para as carências
edilícias são determinadas:

a) Norte: os valores absolutos são menores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor menor da
componente ausência de banheiro exclusivo nessa base;
b) Nordeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior do
componente piso inadequado nessa base;
c) Sudeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior do
componente piso inadequado nessa base;
d) Sul: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido tanto ao valor maior da ausência de
banheiro exclusivo quanto do piso inadequado nessa base;
e) Centro-Oeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior
do componente piso inadequado nessa base.

5.5.5 Inadequação de infraestrutura urbana

No que se refere ao componente de infraestrutura urbana, a Tabela 15 aponta um comportamento muito


parecido com o reportado pelo indicador geral de inadequação domiciliar. Apesar de algumas situações em
que as bases são mais divergentes, que apresentam variações relativas em torno de 0,5 ou de 2, por

55
Estatística & informações, n. 54

exemplo, as diferenças são, de modo geral, inferiores às observadas para o componente de carências
edilícias.

Por um lado, sobre as situações em que se observam maior homogeneidade entre CadÚnico e PnadC para
os anos aqui considerados, destaca-se o Pará (Norte), o Maranhão (Nordeste), São Paulo (Sudeste), Santa
Catarina (Sul) e Goiás (Centro-Oeste), sobre os quais as variações anuais foram as mais próximas de um em
sua respectiva região.

Por outro, as discrepâncias maiores entre as bases se encontram em Roraima e no Acre (Norte), Piauí e Rio
Grande do Norte (Nordeste), Rio de Janeiro e Espírito Santo (Sudeste), Paraná (Sul) e Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul (Centro-Oeste).

Em termos absolutos, constata-se que, em ambas as bases, predomina a mesma tendência de elevação do
total de habitações com algum tipo de inadequação de infraestrutura, seja entre 2018 e 2019 para PnadC,
seja entre 2018 e 2020 para a CadÚnico.

As exceções para o caso da PnadC são Amazonas, Piauí, Ceará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e
Goiás, que tiveram redução nos números absolutos. Para o CadÚnico, persistia a elevação ano a ano do
total de habitações com alguma inadequação de infraestrutura urbana.

Tabela 15: Número de domicílios com inadequação em infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– unidades da Federação

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- CadÚni
Região
CadÚnico-18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 co-20
120.50
Rondônia 99.471 165.673 0,60 113.687 149.651 0,76 4
Acre 33.428 59.188 0,56 35.374 59.600 0,59 34.959
226.48
Amazonas 212.032 224.091 0,95 227.508 182.528 1,25 8
Norte Roraima 25.553 17.217 1,48 27.720 21.227 1,31 27.051
616.93
Pará 533.159 636.768 0,84 600.570 684.856 0,88 0
Amapá 54.017 71.880 0,75 62.551 74.027 0,84 65.561
112.25
Tocantins 102.070 89.626 1,14 110.704 95.388 1,16 4
1.203.
Norte 1.059.730 1.264.443 0,84 1.178.114 1.267.277 0,93
747
398.17
Maranhão 374.904 377.036 0,99 400.096 392.677 1,02 1
151.04
Nordeste Piauí 142.105 68.112 2,09 149.574 67.509 2,22 0
512.97
Ceará 464.555 335.451 1,38 504.170 315.398 1,60 2
Rio Grande do 211.207 317.042 0,67 228.962 319.471 0,72 232.84

56
Norte 6
220.10
Paraíba 206.169 141.991 1,45 217.328 138.495 1,57 9
714.18
Pernambuco 647.915 441.838 1,47 699.041 544.135 1,28 6
256.11
Alagoas 248.864 181.513 1,37 258.457 210.350 1,23 8
116.98
Sergipe 114.609 96.299 1,19 116.035 121.459 0,96 2
658.02
Bahia 627.651 513.524 1,22 663.526 538.480 1,23 4
3.260.
Nordeste 3.037.979 2.472.806 1,23 3.237.189 2.647.974 1,22
448
223.94
Minas Gerais 215.894 266.270 0,81 221.141 298.085 0,74 2
Espírito Santo 57.015 50.032 1,14 63.087 58.278 1,08 65.653
Sudeste 431.33
Rio de Janeiro 359.449 493.241 0,73 413.841 579.259 0,71 1
246.74
São Paulo 234.041 222.551 1,05 246.073 292.017 0,84 3
967.66
Sudeste 866.399 1.032.094 0,84 944.142 1.227.639 0,77
9
259.36
Paraná 242.502 198.607 1,22 256.745 175.598 1,46 8
Sul Santa Catarina 88.585 83.236 1,06 96.422 94.521 1,02 96.700
169.91
Rio Grande do Sul 156.584 153.550 1,02 165.815 187.279 0,89 9
525.98
Sul 487.671 435.393 1,12 518.982 457.398 1,13
7
145.78
Mato Grosso do Sul 133.136 51.497 2,59 145.513 48.079 3,03 8
209.88
Centro- Mato Grosso 186.890 83.982 2,23 204.398 78.499 2,60 7
Oeste
307.11
Goiás 293.437 316.060 0,93 308.825 307.863 1,00 4
Distrito Federal 13.831 8.097 1,71 14.052 10.791 1,30 13.138
675.92
Centro-Oeste 627.294 459.636 1,36 672.788 445.232 1,51
7
6.633.
Brasil 6.079.073 5.664.372 1,07 6.551.215 6.045.520 1,08
778

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Do mesmo modo que para as carências edilícias, em que se identificou notável discrepância para o material
predominante no piso, convém explorar os dados por subcomponente também para as inadequações de
infraestrutura urbana.

57
Estatística & informações, n. 54

5.5.6 Abastecimento de água

A partir da Tabela 16, verifica-se, para o Brasil, que as variações menores que um, para 2018 e 2019,
indicam que as estimativas de inadequação de abastecimento de água são maiores para a PnadC. Em
termos absolutos, a tendência é de pequena elevação para o país, considerando-se ambas as bases.

Nota-se, também, que nos estados do Norte, Sudeste e Sul, os números do CadÚnico são muito inferiores
aos da PnadC. Para o Nordeste e o Centro-Oeste, acontece maior convergência entre as bases. Em relação
às tendências dos valores absolutos, em ambas as bases – com exceção do Centro-Oeste, onde há uma
tendência de queda – verificou-se também a tendência de elevação dos valores ao longo dos períodos em
análise.

Tabela 16: Número de domicílios com inadequação de abastecimento de água e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – unidades da Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
Região
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 20
Rondônia 61.668 125.301 0,49 67.173 113.358 0,59 69.562
Acre 16.300 30.612 0,53 17.094 29.661 0,58 16.990
Amazonas 71.715 88.395 0,81 76.045 74.338 1,02 75.617
Norte Roraima 2.533 1.159 2,19 3.096 1.955 1,58 3.428
Pará 305.287 474.288 0,64 343.032 514.772 0,67 349.641
Amapá 25.904 40.019 0,65 30.555 42.342 0,72 32.707
Tocantins 10.629 11.495 0,92 11.417 8.742 1,31 11.707
Norte 494.036 771.269 0,64 548.412 785.168 0,70 559.652
Maranhão 151.324 169.688 0,89 160.546 191.057 0,84 158.725
Piauí 36.801 12.674 2,90 38.658 12.250 3,16 38.919
Ceará 121.010 140.420 0,86 131.960 143.138 0,92 133.515
Rio Grande do
Norte 44.361 38.485 1,15 46.591 34.006 1,37 46.452
Nordeste
Paraíba 68.313 70.585 0,97 72.424 69.848 1,04 72.973
Pernambuco 236.313 225.728 1,05 254.894 294.747 0,86 259.631
Alagoas 91.326 63.112 1,45 94.715 68.958 1,37 94.017
Sergipe 33.291 26.688 1,25 33.272 30.884 1,08 33.289
Bahia 153.014 115.958 1,32 162.753 100.572 1,62 161.967
Nordeste 935.753 863.338 1,08 995.813 945.460 1,05 999.488
Minas Gerais 62.300 61.230 1,02 65.229 64.716 1,01 67.093
Espírito Santo 16.032 13.555 1,18 17.758 19.492 0,91 18.400
Sudeste
Rio de Janeiro 228.671 391.024 0,58 269.103 457.388 0,59 285.066
São Paulo 91.648 107.910 0,85 98.638 90.625 1,09 100.779
Sudeste 398.651 573.719 0,69 450.728 632.221 0,71 471.338
Paraná 22.501 24.709 0,91 24.194 25.756 0,94 25.060
Sul Santa Catarina 23.652 49.418 0,48 26.516 61.607 0,43 27.180
Rio Grande do Sul 49.675 34.913 1,42 53.026 70.533 0,75 54.694

58
Sul 95.828 109.040 0,88 103.736 157.896 0,66 106.934
Mato Grosso do Sul 16.133 17.666 0,91 17.921 15.279 1,17 18.457
Centro- Mato Grosso 26.698 31.795 0,84 28.561 29.071 0,98 29.687
Oeste Goiás 77.898 76.977 1,01 83.410 79.383 1,05 83.042
Distrito Federal 3.711 2.261 1,64 4.369 2.237 1,95 4.305
Centro-Oeste 124.440 128.699 0,97 134.261 125.970 1,07 135.491
Brasil 2.048.708 2.446.065 0,84 2.232.950 2.646.715 0,84 2.272.903

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.5.7 Canalização

Na Tabela 17, o total para o Brasil indica que os dados reportados pelo CadÚnico são maiores do que os da
PnadC para o subcomponente de ausência de canalização interna ao domicílio. Os resultados para CadÚnico
oscilaram no sentido de estabilidade entre 2018 e 2020, enquanto os da PnadC, entre 2018 e 2019,
apresentaram tendência de elevação dos valores absolutos.

Regionalmente, os números absolutos entre as bases apresentam mais convergência no Norte e Sudeste. Já
no Nordeste é maior a frequência por parte do CadÚnico para o Sul e Centro-Oeste, valores maiores são
observados para a PnadC.

Olhando mais detidamente as unidades federativas, percebe-se, novamente, as grandes variações nos
números da PnadC (Pará, Tocantins, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Goiás), o que, consequentemente,
dificulta a comparação das tendências entre as bases para os diferentes recortes espaciais.

Tabela 17: Número de domicílios com canalização inadequada e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades da
Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- CadÚnico CadÚnico-
Região
18 PnadC-18 V18 -19 PnadC-19 V19 20
Rondônia 10.282 12.328 0,83 9.563 6.127 1,56 9.295
Acre 10.122 15.120 0,67 9.897 14.483 0,68 9.497
Amazonas 34.786 28.142 1,24 34.059 20.476 1,66 32.834
Norte Roraima 1.033 1.421 0,73 1.087 3.736 0,29 1.081
Pará 103.069 82.132 1,25 101.344 118.625 0,85 98.211
Amapá 7.115 14.266 0,50 7.441 5.218 1,43 7.435
Tocantins 5.709 2.921 1,95 5.503 11.847 0,46 5.392
Norte 172.116 156.330 1,10 168.894 180.512 0,94 163.745
Maranhão 105.138 98.902 1,06 106.236 79.836 1,33 102.782
Piauí 24.206 12.241 1,98 24.750 11.006 2,25 24.434
Nordeste
Ceará 66.069 51.316 1,29 68.140 45.356 1,50 67.138
Rio Grande do 26.244 16.429 1,60 26.978 14.859 1,82 26.973

59
Estatística & informações, n. 54

Norte
Paraíba 51.002 41.965 1,22 53.114 20.295 2,62 52.927
Pernambuco 146.366 90.648 1,61 151.855 98.818 1,54 151.790
Alagoas 36.178 14.698 2,46 36.184 16.538 2,19 35.321
Sergipe 19.689 14.249 1,38 19.172 17.546 1,09 19.111
Bahia 93.656 68.230 1,37 94.414 71.965 1,31 91.954
Nordeste 568.548 408.678 1,39 580.843 376.219 1,54 572.430
Minas Gerais 23.619 14.233 1,66 22.666 9.696 2,34 22.233
Espírito Santo 3.784 1.286 2,94 3.835 1.973 1,94 3.745
Sudeste
Rio de Janeiro 53.613 45.580 1,18 56.241 61.845 0,91 56.430
São Paulo 26.470 28.417 0,93 26.256 38.910 0,67 25.249
Sudeste 107.486 89.516 1,20 108.998 112.424 0,97 107.657
Paraná 7.587 28.039 0,27 7.479 19.070 0,39 7.255
Sul Santa Catarina 3.022 6.036 0,50 3.012 5.498 0,55 2.919
Rio Grande do Sul 9.983 8.461 1,18 9.985 18.158 0,55 9.841
Sul 20.592 42.536 0,48 20.476 42.726 0,48 20.015
Mato Grosso do Sul 4.254 2.525 1,68 4.031 2.604 1,55 3.864
Centro- Mato Grosso 8.383 14.364 0,58 7.945 10.631 0,75 7.746
Oeste Goiás 12.584 37.056 0,34 12.201 52.960 0,23 11.651
Distrito Federal 1.207 1.509 0,80 1.278 603 2,12 1.209
Centro-Oeste 26.428 55.454 0,48 25.455 66.798 0,38 24.470
Brasil 895.170 752.514 1,19 904.666 778.679 1,16 888.317

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.5.8 Esgotamento sanitário

A Tabela 18 evidencia que o subcomponente de esgotamento sanitário inadequado possui maior peso para
a base do CadÚnico tanto no Brasil quanto nas diversas regiões. Com a exceção do Acre, Rio Grande do
Norte e de Minas Gerais, todas as demais unidades federativas apresentaram ao menos um dos anos com
variações superiores para o CadÚnico.

Salienta-se que, dada a magnitude dos valores absolutos, pequenas variações no esgotamento alteram
tanto o componente de inadequação de infraestrutura quanto o indicador de inadequação habitacional.
Outro aspecto relevante é que, em ambas as bases de dados, as tendências são semelhantes: aumento do
total absoluto entre os períodos em análise na maior parte das unidades federativas, consequentemente
nas regiões e no Brasil.

Regionalmente, com exceção do Sudeste, que apresenta maior convergência das bases, todas apresentam
variações maiores do que um, indicação de valores maiores da inadequação de esgotamento sanitário para
o CadÚnico comparativamente à PnadC.

60
O mais notável é a discrepância entre as bases observada nos estados do Centro-Oeste Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul, além da expressiva variação da PnadC entre 2018 e 2019 observada em Goiás e da ausência
de domicílios com inadequação de esgotamento sanitários para o Distrito Federal em 2018, também no que
se refere à PnadC.

Ainda sobre as oscilações nos resultados da PnadC entre 2018 e 2019, destaca-se que, nas demais regiões,
também foram observadas variações consideráveis para algumas unidades federativas. No Norte, destaca-
se o Amazonas e o Pará; no Nordeste, a maior parte dos estados apresentou grandes oscilações, exceto
Maranhão e Piauí; já no Sudeste ressalta-se São Paulo.

Tabela 18: Número de domicílios com esgotamento sanitário inadequado e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
unidades da Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- CadÚnico-
Região
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 CadÚnico-20
Rondônia 81.372 58.413 1,39 95.734 58.533 1,64 102.827
Acre 19.698 36.111 0,55 20.930 37.285 0,56 20.566
Amazonas 167.673 158.407 1,06 180.733 124.849 1,45 180.484
Norte Roraima 23.530 16.446 1,43 25.188 16.554 1,52 24.188
Pará 383.636 276.825 1,39 428.815 291.158 1,47 441.418
Amapá 45.394 42.850 1,06 52.930 39.498 1,34 55.043
Tocantins 94.344 82.625 1,14 102.894 79.477 1,29 104.338
Norte 815.647 671.677 1,21 907.224 647.354 1,40 928.864
Maranhão 233.150 176.303 1,32 250.865 179.829 1,40 251.851
Piauí 100.773 45.243 2,23 107.532 43.549 2,47 109.499
Ceará 380.348 216.645 1,76 415.338 190.860 2,18 424.742
Rio Grande do
Norte 184.465 302.653 0,61 200.512 308.470 0,65 204.627
Nordeste
Paraíba 163.283 80.594 2,03 172.812 75.802 2,28 176.095
Pernambuco 514.021 231.763 2,22 557.705 244.198 2,28 570.937
Alagoas 203.035 139.447 1,46 210.861 168.303 1,25 209.947
Sergipe 92.656 74.857 1,24 94.800 99.785 0,95 96.041
Bahia 485.196 382.391 1,27 515.326 397.688 1,30 512.861
Nordeste 2.356.927 1.649.896 1,43 2.525.751 1.708.484 1,48 2.556.600
Minas Gerais 149.339 206.653 0,72 152.902 237.011 0,65 154.077
Espírito Santo 42.960 29.289 1,47 47.405 37.487 1,26 49.430
Sudeste
Rio de Janeiro 162.596 150.283 1,08 183.683 140.773 1,30 187.912
São Paulo 152.914 107.741 1,42 159.845 169.949 0,94 159.384
Sudeste 507.809 493.966 1,03 543.835 585.220 0,93 550.803
Paraná 225.394 144.504 1,56 238.540 135.526 1,76 240.727
Sul Santa Catarina 71.589 34.988 2,05 77.314 35.659 2,17 76.989
Rio Grande do Sul 112.782 113.873 0,99 119.373 109.223 1,09 122.250
Sul 409.765 293.365 1,40 435.227 280.408 1,55 439.966
Mato Grosso do Sul 122.230 34.558 3,54 133.507 32.820 4,07 133.273
Centro-
Mato Grosso 174.999 47.494 3,68 192.255 46.376 4,15 197.228
Oeste
Goiás 258.747 245.760 1,05 270.720 212.345 1,27 269.106
61
Estatística & informações, n. 54

Distrito Federal 10.900 - - 10.764 7.097 1,52 9.886


Centro-Oeste 566.876 327.812 1,73 607.246 298.638 2,03 609.493
Brasil 4.657.024 3.436.716 1,36 5.019.283 3.520.104 1,43 5.085.726

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.5.9 Coleta de Lixo

A Tabela 19 apresenta os resultados para o subcomponente de coleta de lixo. Para o Brasil, verifica-se que a
variação é maior que um, indicação de que os valores reportados pelo CadÚnico são maiores. O
interessante é que a tendência em ambas as bases é de redução dos valores absolutos, padrão reproduzido
regionalmente – com exceção do Sudeste, que apresentou certa estabilidade para os números do CadÚnico.

Novamente, são observadas variações regionais nos dados da PnadC entre 2018 e 2019, a exemplo do Pará
(Norte), de Pernambuco (Nordeste), do Rio de Janeiro (Sudeste), Paraná (Sul) e Distrito Federal (Centro-
Oeste). Essas variações alteram as divergências e convergências entre as bases também para esse
subcomponente.

Tabela 19: Número de domicílios com coleta de lixo inadequada e variação anual entre CadÚnico e PnadC – unidades
da Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- PnadC- CadÚnico- PnadC- CadÚnico-
Região
18 18 V18 19 19 V19 20
Rondônia 4.854 2.947 1,65 5.018 1.761 2,85 4.961
Acre 2.901 3.090 0,94 2.841 2.746 1,03 2.723
Amazonas 26.250 24.974 1,05 25.826 22.070 1,17 25.002
Norte Roraima 2.450 1.375 1,78 2.608 2.113 1,23 2.532
Pará 48.389 55.842 0,87 48.072 36.844 1,30 47.314
Amapá 2.423 805 3,01 2.419 451 5,37 2.413
Tocantins 6.269 5.301 1,18 6.244 6.841 0,91 5.995
Norte 93.536 94.334 0,99 93.028 72.826 1,28 90.940
Maranhão 99.327 93.236 1,07 99.041 85.545 1,16 96.047
Piauí 32.132 7.029 4,57 31.304 8.716 3,59 30.293
Ceará 44.228 35.465 1,25 42.985 34.209 1,26 41.026
Rio Grande do
Norte 9.935 6.162 1,61 9.507 6.721 1,41 9.224
Nordeste
Paraíba 19.522 12.805 1,52 18.955 11.603 1,63 18.351
Pernambuco 67.143 59.792 1,12 68.490 75.249 0,91 67.784
Alagoas 13.271 8.176 1,62 12.941 10.267 1,26 12.401
Sergipe 8.760 13.109 0,67 8.132 8.973 0,91 7.834
Bahia 76.082 44.155 1,72 74.608 47.056 1,59 71.518
Nordeste 370.400 279.929 1,32 365.963 288.339 1,27 354.478
Sudeste Minas Gerais 39.193 30.421 1,29 37.844 37.881 1,00 36.783

62
Espírito Santo 5.713 11.726 0,49 5.561 6.501 0,86 5.402
Rio de Janeiro 41.751 30.341 1,38 45.870 19.872 2,31 46.571
São Paulo 15.405 21.922 0,70 15.202 18.780 0,81 14.999
Sudeste 102.062 94.410 1,08 104.477 83.034 1,26 103.755
Paraná 8.549 18.732 0,46 8.261 6.057 1,36 7.903
Sul Santa Catarina 2.350 3.520 0,67 2.276 3.132 0,73 2.170
Rio Grande do Sul 6.113 13.435 0,45 6.012 4.454 1,35 5.896
Sul 17.012 35.687 0,48 16.549 13.643 1,21 15.969
Mato Grosso do Sul 3.774 2.091 1,81 3.764 4.357 0,86 3.708
Centro- Mato Grosso 7.453 4.672 1,60 7.270 2.358 3,08 7.053
Oeste Goiás 10.626 4.624 2,30 10.707 4.101 2,61 10.311
Distrito Federal 1.912 3.265 0,59 1.676 702 2,39 1.557
Centro-Oeste 23.765 14.652 1,62 23.417 11.518 2,03 22.629
Brasil 606.775 519.012 1,17 603.434 469.360 1,29 587.771

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.5.10 Energia elétrica

A Tabela 20 apresenta os resultados da inadequação no provimento de energia elétrica. Assim como


observado para o subcomponente de piso inadequado nas carências edilícias, os resultados do
subcomponente energia elétrica são estruturalmente mais elevados para o CadÚnico. Aqui, a tendência dos
valores absolutos também é discrepante, pois verifica-se a elevação ao longo do período para o CadÚnico e
de queda para a PnadC.

Pondera-se, contudo, conforme nossa introdução, que as perguntas são muito diferentes entre as bases, o
que tende a ser mais uma fonte de erro e discrepância nos valores observados.

Tabela 20: Número de domicílios com oferta de energia elétrica inadequada e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– unidades da Federação, regiões e Brasil

2018 2019 2020


Grande
UF CadÚnico- PnadC- CadÚnico PnadC- CadÚnico
Região
18 18 V18 -19 19 V19 -20
Rondônia 853 869 0,98 793 - - 779
Acre 894 328 2,73 953 - - 914
Amazonas 11.137 3.150 3,54 10.965 2.547 4,30 10.564
Norte Roraima 450 122 3,67 853 65 13,19 1.103
Pará 17.151 3.181 5,39 17.510 - - 17.232
Amapá 599 - - 624 - - 625
Tocantins 1.839 416 4,42 1.890 514 3,68 1.872
Norte 32.923 8.066 4,08 33.588 3.126 10,74 33.089
Maranhão 5.645 1.213 4,65 5.739 2.600 2,21 5.578
Nordeste Piauí 6.188 756 8,19 6.299 1.221 5,16 6.251
Ceará 18.998 3.212 5,91 21.151 1.057 20,02 21.766
63
Estatística & informações, n. 54

Rio Grande do
Norte 7.060 1.632 4,33 7.616 1.983 3,84 7.703
Paraíba 5.750 533 10,80 5.704 1.201 4,75 5.572
Pernambuco 14.427 7.981 1,81 15.389 1.217 12,64 15.688
Alagoas 10.069 2.274 4,43 11.553 1.153 10,02 11.480
Sergipe 5.391 1.627 3,31 5.569 2.232 2,50 5.680
Bahia 51.490 7.767 6,63 54.975 6.531 8,42 54.194
Nordeste 125.018 26.995 4,63 133.995 19.195 6,98 133.912
Minas Gerais 21.731 5.147 4,22 23.086 6.061 3,81 24.092
Espírito Santo 5.349 837 6,39 6.021 252 23,94 6.083
Sudeste
Rio de Janeiro 30.954 287 107,94 35.091 180 195,30 35.098
São Paulo 35.214 1.830 19,25 37.570 4.347 8,64 38.214
Sudeste 93.248 8.101 11,51 101.768 10.840 9,39 103.487
Paraná 5.753 1.482 3,88 6.139 1.470 4,18 6.453
Sul Santa Catarina 2.759 827 3,34 2.787 763 3,65 2.866
Rio Grande do Sul 9.756 2.202 4,43 9.899 414 23,88 10.057
Sul 18.268 4.511 4,05 18.825 2.647 7,11 19.376
Mato Grosso do Sul 1.543 268 5,75 1.589 93 17,09 1.655
Centro- Mato Grosso 1.784 549 3,25 1.583 256 6,18 1.547
Oeste Goiás 2.745 1.824 1,51 2.918 - - 2.909
Distrito Federal 1.044 1.194 0,87 1.149 1.897 0,61 1.113
Centro-Oeste 7.116 3.835 1,86 7.239 2.246 3,22 7.224
Brasil 276.573 51.508 5,37 295.415 38.054 7,76 297.088

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Em síntese, podemos apontar para o fato de que as variações entre as bases do CadÚnico e PnadC para a
inadequação de infraestrutura são determinadas pelo que segue:

a) Norte: os valores absolutos são menores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor menor do
subcomponente abastecimento de água nessa base.
b) Nordeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico pois os valores são maiores para essa
base em todos os subcomponentes;
c) Sudeste: os valores absolutos são menores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor menor do
subcomponente abastecimento de água nessa base;
d) Sul: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior observado
do subcomponente esgotamento sanitário;
e) Centro-Oeste: os valores absolutos são maiores para o CadÚnico devido, sobretudo, ao valor maior
observado do subcomponente esgotamento sanitário.

A partir daqui, iremos explorar a inadequação domiciliar considerando as regiões metropolitanas. O intuito
é verificar se o padrão observado em nível estadual se mantém também para tal recorte espacial.

64
5.6 Região Metropolitana

5.6.1 Inadequação domiciliar

No que se refere às regiões metropolitanas (RM), a Tabela 21 mostra que, para o total das regiões
metropolitanas, o número de habitações com algum tipo de inadequação é próximo entre as bases do
CadÚnico da PnadC e apresenta semelhanças na tendência de elevação entre ambas as bases.

Sobre as variações entre as bases para as diferentes regiões metropolitanas, nota-se o seguinte
comportamento: quando uma RM apresenta variação maior que um, isso indica valores mais elevados para
o CadÚnico. No mesmo sentido, quando uma RM reporta variação menor que a unidade, isso sinaliza
resultados maiores para a PnadC.

Em relação às tendências temporais dos valares absolutos verificadas para cada RM e as duas bases em
análise, notam-se algumas divergências. Para a região norte, o CadÚnico indicou aumento no número de
domicílios inadequados para a maioria das RMS, com exceção da RM de Manaus. Lá, entre 2019 e 2020,
verificou-se queda das inadequações. Já para as estimativas da PnadC, apenas a RM de Belém reportou
tendência crescente.

Para as RM do Nordeste, de modo geral, a PnadC apontou elevação temporal das inadequações
domiciliares. As exceções são a Ride de Teresina (Piauí) e a RM de Fortaleza (Ceará), que apresentaram
redução no número de domicílios inadequados. Para o CadÚnico não foi verificado um padrão entre as RM.
Ressalta-se, no entanto, estabilidade temporal observada nessa base para a Ride de Teresina e a RM de
Aracaju.

Tabela 21: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 20
RM Manaus 112.743 112.367 1,00 123.018 92.559 1,33 120.305
Norte RM Belém 164.199 193.413 0,85 196.443 202.603 0,97 204.852
RM Macapá 40.835 55.785 0,73 48.110 48.777 0,99 51.053
RM Grande São
Luís 83.669 69.646 1,20 88.361 84.367 1,05 85.088
Ride Teresina 17.921 31.973 0,56 17.841 23.640 0,75 17.298

Nordeste RM Fortaleza 177.301 123.632 1,43 195.393 111.136 1,76 199.992


RM Natal 84.426 110.836 0,76 93.051 122.693 0,76 95.711
RM João Pessoa 74.799 27.761 2,69 80.147 34.686 2,31 81.798
RM Recife 350.032 257.677 1,36 384.031 279.633 1,37 388.075

65
Estatística & informações, n. 54

RM Maceió 118.632 76.078 1,56 122.781 93.253 1,32 118.926


RM Aracaju 31.544 26.209 1,20 31.472 34.737 0,91 31.311
RM Salvador 100.416 34.900 2,88 104.199 51.788 2,01 100.846
RM Belo
Horizonte 56.612 55.543 1,02 58.403 65.312 0,89 60.027
Sudeste RM Grande
Vitória 24.729 24.119 1,03 27.374 30.045 0,91 28.367
RM Rio de Janeiro 249.571 343.127 0,73 296.337 409.267 0,72 310.627
RM São Paulo 151.878 149.143 1,02 158.206 226.848 0,70 158.498
RM Curitiba 31.399 9.198 3,41 32.187 16.482 1,95 31.724
Sul RM Florianópolis 9.609 5.284 1,82 10.636 8.510 1,25 11.005
RM Porto Alegre 48.182 42.414 1,14 50.559 68.424 0,74 51.123
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 44.986 15.907 2,83 48.800 14.957 3,26 50.453
RM Goiânia 78.766 74.357 1,06 87.803 86.028 1,02 88.044
Total das regiões metropolitanas 2.052.249 1.839.369 1,12 2.255.152 2.105.745 1,07 2.285.123

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

O comportamento temporal das RM do Sudeste segue o nacional, anteriormente observado, indicação de


tendência de crescimento do número de domicílios inadequados para ambas as bases. Na região Sul ocorre
algo similar. A exceção é referente à RM de Curitiba, que apresentou para o CadÚnico um aumento (2018
para 2019) seguido de uma queda (2019 para 2020) no montante de inadequações domiciliares.

Já na região Centro-Oeste, enquanto, para a RM de Goiânia, as duas fontes de dados indicaram tendência
crescente entre os anos, para a RM do Vale do Rio Cuiabá, nota-se, para o CadÚnico, elevação temporal do
número de domicílios inadequados e, para os dados da PnadC, tendência de queda.

Um adendo faz-se necessário. Entre as regiões metropolitanas, observam-se variações da PnadC para 2018
e 2019 bem menos expressivas que o observado anteriormente para as unidades federativas. Sabendo que
essa pode ser uma fonte importante das diferenças entre as bases aqui comparadas (PnadC e CadÚnico),
destaca-se que as RM que apresentaram maiores variações anuais na PnadC foram Grande São Luiz (MA),
Salvador (BA), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Porto Alegre (PA).

5.6.2 Inadequação edilícia

A Tabela 22 reporta as estimativas de inadequação edilícia para as regiões metropolitanas aqui analisadas.
Para o total das regiões metropolitanas, as variações comparando ambas as bases são maiores do que um,

66
fato que indica valores absolutos mais elevados nos dados do CadÚnico. Além disso, nota-se que, em
ambas, houve a tendência foi de redução do total observado de carências edilícias.

A discrepância entre as bases é grande, principalmente devido às variações nos valores das variáveis na
PnadC entre os anos de análise. Os valores para o CadÚnico geralmente são maiores para regiões
metropolitanas do Nordeste, Sul e Centro-Oeste.

Tabela 22: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- CadÚnico- CadÚnic
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 o-20
RM Manaus 3.674 4.957 0,74 3.663 5.902 0,62 3.502
Norte RM Belém 12.941 13.685 0,95 11.844 14.210 0,83 11.249
RM Macapá 1.202 1.329 0,90 1.179 485 2,43 1.154
RM Grande São
Luís 16.889 5.655 2,99 15.633 6.567 2,38 14.316
Ride Teresina 6.543 4.423 1,48 6.457 2.788 2,32 6.201
RM Fortaleza 8.372 12.612 0,66 8.385 5.459 1,54 8.112
RM Natal 1.408 534 2,64 1.362 - - 1.349
Nordeste
RM João Pessoa 4.819 2.438 1,98 4.687 4.323 1,08 4.532
RM Recife 12.141 6.558 1,85 12.410 8.330 1,49 12.220
RM Maceió 6.926 1.069 6,48 6.479 2.099 3,09 5.632
RM Aracaju 2.008 1.107 1,81 1.733 926 1,87 1.554
RM Salvador 13.164 6.832 1,93 12.988 5.702 2,28 12.469
RM Belo
Horizonte 3.236 7.654 0,42 3.099 3.803 0,81 3.090
Sudeste RM Grande
Vitória 1.111 468 2,38 1.128 2.612 0,43 1.073
RM Rio de Janeiro 26.381 11.594 2,28 24.824 17.332 1,43 23.397
RM São Paulo 12.116 14.453 0,84 11.276 8.466 1,33 10.444
RM Curitiba 2.094 - - 2.059 760 2,71 2.043
Sul RM Florianópolis 285 173 1,64 270 361 0,75 292
RM Porto Alegre 3.517 3.435 1,02 3.494 1.650 2,12 3.367
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 1.405 701 2,00 1.583 802 1,97 1.519
RM Goiânia 1.312 923 1,42 2.150 1.430 1,50 1.917
Total das regiões metropolitanas 141.544 100.600 1,41 136.703 94.007 1,45 129.432

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Para compreender as origens das variações abaixo, analisaremos os subcomponentes de ausência de


banheiro exclusivo e pisos inadequados.

67
Estatística & informações, n. 54

5.6.3 Ausência de banheiro exclusivo

Para a variável de ausência de banheiros exclusivos, a variação menor do que um (variáveis V18 e V19 na
Tabela 23) indicam o quanto os resultados são maiores para a PnadC. Apesar dessa tendência geral de
superioridade da PnadC, em algumas RM, observa-se que valores expressivamente maiores para o
CadÚnico, a exemplo da RM Grande São Luís, Ride Teresina e RM Maceió.

Tabela 23: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- CadÚnico- CadÚnic
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 o-20
RM Manaus 2.159 4.298 0,50 2.165 5.902 0,37 2.056
Norte RM Belém 3.805 11.600 0,33 3.892 10.571 0,37 3.965
RM Macapá 737 1.164 0,63 751 485 1,55 740
RM Grande São
Luís 10.180 5.655 1,80 9.798 6.567 1,49 9.195
Ride Teresina 4.159 3.197 1,30 4.117 2.156 1,91 3.945
RM Fortaleza 3.967 8.557 0,46 4.023 3.933 1,02 3.935
RM Natal 713 349 2,04 702 - - 688
Nordeste
RM João Pessoa 1.356 2.148 0,63 1.340 4.092 0,33 1.293
RM Recife 6.036 5.833 1,03 6.180 6.888 0,90 6.162
RM Maceió 3.635 823 4,42 3.888 1.420 2,74 3.389
RM Aracaju 730 692 1,05 696 926 0,75 672
RM Salvador 3.986 6.415 0,62 3.935 4.528 0,87 3.714
RM Belo
Horizonte 1.835 4.234 0,43 1.770 3.803 0,47 1.777
Sudeste RM Grande
Vitória 637 468 1,36 675 1.921 0,35 667
RM Rio de Janeiro 4.411 4.573 0,96 4.537 4.200 1,08 4.482
RM São Paulo 4.272 12.526 0,34 4.118 7.389 0,56 3.917
RM Curitiba 1.682 - - 1.703 760 2,24 1.666
Sul RM Florianópolis 184 - - 183 361 0,51 193
RM Porto Alegre 2.633 3.435 0,77 2.683 1.650 1,63 2.624
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 410 433 0,95 379 802 0,47 371
RM Goiânia 318 - - 346 475 0,73 336
Total das regiões metropolitanas 57.845 76.400 0,76 57.881 68.829 0,84 55.787

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

68
5.6.4 Material predominante no piso

A Tabela 24 apresenta os valores do piso inadequado entre as bases de dados. A partir dele, nota-se como a
fonte de discrepância para as carências edilícias observada anteriormente é originada dos valores mais
elevados para o CadÚnico. Em resumo, dois fatos aqui merecem destaque. O primeiro diz respeito ao
grande número de observações faltantes, principalmente para 2019, fruto da inexistência de domicílios
inadequados no que se refere ao material predominante no piso para a PnadC. O segundo ponto são as
elevadas variações entre as bases (V18 e V19), com destaque para as seguintes RM: Fortaleza, Recife,
Maceió, Salvador e São Paulo.

Tabela 24: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- PnadC- CadÚnico- CadÚnic
18 18 V18 19 PnadC-19 V19 o-20
RM Manaus 1.601 659 2,43 1.565 - - 1.509
Norte RM Belém 9.705 2.682 3,62 8.416 5.410 1,56 7.703
RM Macapá 523 165 3,17 481 - - 460
RM Grande São
Luís 8.191 1.818 4,51 7.092 - - 6.217
Ride Teresina 3.145 6.066 0,52 3.065 824 3,72 2.946
RM Fortaleza 4.924 185 26,69 4.895 1.526 3,21 4.687
RM Natal 751 290 2,59 703 - - 704
Nordeste
RM João Pessoa 3.625 1.689 2,15 3.488 748 4,66 3.369
RM Recife 6.784 449 15,11 6.913 1.769 3,91 6.713
RM Maceió 3.533 415 8,52 2.775 680 4,08 2.411
RM Aracaju 1.332 830 1,61 1.091 - - 930
RM Salvador 9.635 3.420 2,82 9.479 1.174 8,07 9.147
RM Belo
Horizonte 1.452 7.021 0,21 1.374 - - 1.359
Sudeste RM Grande
Vitória 488 - - 472 690 0,68 421
RM Rio de Janeiro 22.702 1.928 11,78 20.871 13.644 1,53 19.434
RM São Paulo 8.121 173 46,83 7.386 1.077 6,86 6.727
RM Curitiba 428 - - 371 - - 391
Sul RM Florianópolis 103 268 0,38 88 - - 100
RM Porto Alegre 924 - - 846 - - 767
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 1.037 923 1,12 1.247 - - 1.190
RM Goiânia 1.015 38.450 - 1.831 956 1,92 1.609
Total das regiões metropolitanas 90.019 67.431 1,33 84.449 28.498 2,96 78.794

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

69
Estatística & informações, n. 54

5.6.5 Inadequação de infraestrutura urbana

A Tabela 25 apresenta os resultados da inadequação de infraestrutura urbana para as RM. A partir dela,
verificamos como os resultados observados não são muito discrepantes e, além disso, em ambas as bases,
os números apresentam a mesma tendência de elevação.

As maiores discrepâncias são observadas em três RM: João Pessoa, Salvador e Vale do Rio Cuiabá. Para
compreender as fontes dessas divergências, analisaremos cada subcomponente que compõe a inadequação
de infraestrutura a seguir.

Tabela 25: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– região metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- CadÚnico- CadÚnico-
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 20
RM Manaus 111.140 109.309 1,02 121.364 88.500 1,37 118.706
Norte RM Belém 159.250 186.986 0,85 191.825 198.656 0,97 200.444
RM Macapá 40.252 55.281 0,73 47.572 48.777 0,98 50.531
RM Grande São
Luís 77.174 68.559 1,13 82.398 81.919 1,01 79.619
Ride Teresina 14.638 28.222 0,52 14.537 21.916 0,66 14.100
RM Fortaleza 174.311 118.664 1,47 192.490 109.557 1,76 197.240
RM Natal 83.865 110.487 0,76 92.514 122.693 0,75 95.198
Nordeste
RM João Pessoa 72.298 27.248 2,65 77.579 32.028 2,42 79.250
RM Recife 345.969 254.512 1,36 379.978 276.691 1,37 384.045
RM Maceió 116.920 75.832 1,54 121.468 92.252 1,32 117.786
RM Aracaju 30.485 25.506 1,20 30.610 34.060 0,90 30.523
RM Salvador 92.904 30.807 3,02 96.503 47.613 2,03 93.284
RM Belo
Horizonte 54.687 49.617 1,10 56.563 61.510 0,92 58.205
Sudeste RM Grande
Vitória 23.990 23.652 1,01 26.628 27.783 0,96 27.669
RM Rio de Janeiro 232.564 337.870 0,69 280.200 399.878 0,70 295.312
RM São Paulo 143.799 137.846 1,04 150.800 220.126 0,69 151.806
RM Curitiba 29.986 9.198 3,26 30.801 16.482 1,87 30.349
Sul RM Florianópolis 9.415 5.111 1,84 10.452 8.149 1,28 10.809
RM Porto Alegre 45.882 42.614 1,08 48.291 67.956 0,71 48.943
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 44.432 15.206 2,92 47.976 14.668 3,27 49.627
RM Goiânia 78.218 73.434 1,07 86.423 84.598 1,02 86.834
Total das regiões metropolitanas 1.982.179 1.785.961 1,11 2.186.972 2.055.812 1,06 2.220.280

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.

70
Elaboração própria.

5.6.6 Abastecimento de água

Para o abastecimento, conforme a Tabela 26, os resultados para o total das RM são menores do que um
(variáveis V18 e V19), o que indica valores maiores para os dados obtidos pela PnadC. No geral, isso se
verifica para grande parte das RM brasileiras. Entretanto, há algumas exceções, com valores muito
superiores para o CadÚnico nas RM de Teresina e Salvador.

Tabela 26: Número de domicílios com inadequação de abastecimento de água e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – região metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- CadÚnico- CadÚnic
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 o-20
RM Manaus 38.298 53.683 0,71 40.525 43.451 0,93 39.436
Norte RM Belém 101.289 146.019 0,69 121.988 148.776 0,82 126.396
RM Macapá 18.674 34.752 0,54 22.736 29.756 0,76 24.860
RM Grande São
Luís 50.594 43.605 1,16 53.536 60.801 0,88 51.390
Ride Teresina 5.854 2.242 2,61 6.227 697 8,94 6.227
RM Fortaleza 70.064 71.351 0,98 79.008 75.245 1,05 81.512
RM Natal 12.055 1.692 7,12 12.844 8.606 1,49 13.172
Nordeste
RM João Pessoa 10.835 13.591 0,80 11.274 19.198 0,59 11.295
RM Recife 91.641 103.024 0,89 102.347 113.557 0,90 101.587
RM Maceió 46.352 30.869 1,50 47.324 33.261 1,42 46.075
RM Aracaju 13.411 3.488 3,85 13.175 4.724 2,79 12.948
RM Salvador 46.269 5.537 8,36 48.904 12.200 4,01 47.599
RM Belo
Horizonte 11.820 6.390 1,85 13.002 8.483 1,53 14.091
Sudeste RM Grande
Vitória 5.738 4.220 1,36 6.190 4.534 1,37 6.222
RM Rio de Janeiro 154.862 283.004 0,55 193.668 339.123 0,57 207.443
RM São Paulo 52.146 52.860 0,99 55.278 52.479 1,05 56.452
RM Curitiba 6.685 4.815 1,39 7.161 6.562 1,09 7.366
Sul RM Florianópolis 4.222 3.820 1,11 4.927 6.712 0,73 5.062
RM Porto Alegre 27.881 15.809 1,76 29.115 39.634 0,73 29.775
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 6.681 6.359 1,05 6.956 7.817 0,89 7.392
RM Goiânia 29.584 28.564 1,04 33.617 40.307 0,83 33.737
Total das regiões metropolitanas 804.955 915.694 0,88 909.802 1.055.923 0,86 930.037

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

71
Estatística & informações, n. 54

5.6.7 Canalização

A Tabela 27 apresenta os resultados para o subcomponente de canalização de água no domicílio. Para o


total das RM, verificam-se variações maiores do que um (V18 e V19), indicação de peso maior para o
CadÚnico, tendência observada para a maioria das RM aqui analisadas.Em se tratando da magnitude da
diferença entre as bases, cabe destaque para as RM de Maceió e Florianópolis, que apresentaram grandes
variações para ambos os anos, ambas superiores a 1, sugerindo mais inadequação na canalização de água a
partir do CadÚnico. Já para RM de Goiânia, as variações também foram grandes, menores que um, porém, o
que aponta para a superioridade no número de inadequações medido pela PnadC.

Tabela 27: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- CadÚnico-
18 PnadC-18 V18 19 PnadC-19 V19 CadÚnico-20
RM Manaus 15.704 4.653 3,37 14.641 7.656 1,91 13.560
Norte RM Belém 23.980 20.990 1,14 24.108 35.521 0,68 23.546
RM Macapá 4.169 11.100 0,38 4.542 3.560 1,28 4.619
RM Grande São
Luís 16.015 8.517 1,88 15.237 9.006 1,69 14.155
Ride Teresina 3.313 7.123 0,47 3.244 1.597 2,03 3.102
RM Fortaleza 31.995 22.425 1,43 33.470 17.187 1,95 33.250
RM Natal 4.137 - - 4.492 1.956 2,30 4.469
Nordeste
RM João Pessoa 6.784 11.222 0,60 6.679 3.106 2,15 6.513
RM Recife 37.714 14.974 2,52 39.234 17.812 2,20 37.838
RM Maceió 7.633 1.696 4,50 6.990 1.053 6,64 6.117
RM Aracaju 4.651 2.622 1,77 4.317 5.642 0,77 4.231
RM Salvador 19.739 13.013 1,52 19.577 4.805 4,07 18.588
RM Belo
Horizonte 4.783 1.728 2,77 4.602 1.752 2,63 4.605
Sudeste RM Grande
Vitória 1.377 968 1,42 1.453 1.457 1,00 1.461
RM Rio de Janeiro 41.328 31.368 1,32 44.048 26.746 1,65 44.303
RM São Paulo 14.382 18.481 0,78 14.331 19.857 0,72 13.821
RM Curitiba 1.873 - - 1.866 1.882 0,99 1.828
Sul RM Florianópolis 556 147 3,79 606 96 6,31 600
RM Porto Alegre 3.649 3.618 1,01 3.575 14.829 0,24 3.356
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 3.669 10.117 0,36 3.500 4.289 0,82 3.417
RM Goiânia 2.418 13.949 0,17 2.500 15.503 0,16 2.389
Total das regiões metropolitanas 249.869 198.711 1,26 253.012 195.312 1,30 245.768

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

72
5.6.8 Esgotamento sanitário

A Tabela 28 apresenta os dados de inadequação para o subcomponente de esgotamento sanitário.


Verificam-se para o total das RM valores maiores que um, indicação de número maior de domicílios
inadequados no que se refere ao esgotamento para o CadÚnico. Conforme dito, a magnitude desse
subcomponente, seu peso no componente de infraestrutura e no indicador geral de inadequação, faz com
que pequenas variações impliquem aumentos expressivos.

Com exceção das RM de Teresina, Natal, Belo Horizonte e Porto Alegre, as demais tiveram ao menos um
ano com valor superior a um. O mais notável é o caso da RM do Vale do Cuiabá, que apresenta valores
expressivos em todos os períodos para o CadÚnico e, em contraposição, não reportou domicílios
inadequados para o esgotamento em 2018 para PnadC.

Finalmente, deve-se salientar, em ambas as bases, o movimento de incremento no quantitativo no período


de análise.

73
Estatística & informações, n. 54

Tabela 28: Número de domicílios com inadequação de esgotamento sanitário e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– região metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- PnadC- CadÚnico-
18 18 V18 19 PnadC-19 V19 CadÚnico-20
RM Manaus 85.882 64.242 1,34 94.718 44.902 2,11 93.086
Norte RM Belém 91.674 66.161 1,39 108.314 71.190 1,52 114.041
RM Macapá 35.460 27.307 1,30 41.935 22.428 1,87 43.901
RM Grande São
33.403
Luís 31.183 23.975 1,30 34.150 26.001 1,31
Ride Teresina 2.804 18.990 0,15 2.711 16.617 0,16 2.561
RM Fortaleza 120.324 59.407 2,03 134.302 40.934 3,28 138.568
RM Natal 78.292 116.482 0,67 86.710 121.919 0,71 89.360
Nordeste 74.128
RM João Pessoa 66.823 15.306 4,37 72.259 11.348 6,37
RM Recife 309.532 167.753 1,85 340.641 153.181 2,22 344.279
RM Maceió 92.754 54.960 1,69 96.862 74.475 1,30 94.329
RM Aracaju 18.518 17.021 1,09 19.134 26.107 0,73 19.334
RM Salvador 34.772 6.025 5,77 35.997 31.824 1,13 35.225
RM Belo
39.411
Horizonte 36.969 40.663 0,91 38.523 51.839 0,74
Sudeste RM Grande
20.196
Vitória 17.130 11.127 1,54 19.151 22.419 0,85
RM Rio de Janeiro 88.411 97.291 0,91 102.042 86.059 1,19 105.474
RM São Paulo 96.632 86.791 1,11 100.993 140.199 0,72 101.084
RM Curitiba 24.369 1.669 14,60 24.871 10.643 2,34 24.321
Sul RM Florianópolis 5.806 1.470 3,95 6.284 1.580 3,98 6.529
RM Porto Alegre 19.412 28.122 0,69 20.556 19.559 1,05 20.781
Centro- RM Vale do Rio 12,3
44.752
Oeste Cuiabá 39.976 - - 43.374 3.507 7
RM Goiânia 66.998 60.618 1,11 73.015 51.883 1,41 73.478
Total das regiões metropolitanas 1.363.721 965.380 1,41 1.496.542 1.028.614 1,45 1.518.241

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.6.9 Coleta de Lixo

A Tabela 29 apresenta os resultados para a inadequação de coleta de lixo. Como as variações são menores
do que um (V18 e V19), os resultados são maiores para a PnadC no total das RM. O interessante é que
ambas as bases apresentam tendência de estabilidade nos resultados absolutos, ou seja, pouca variação.

74
Em se tratando do resultado para as RM individualmente, nota-se que, diferente do observado para o total,
em alguns casos, a variação entre CadÚnico e PnadC é grande, vide as RM de Manaus, Belém, Macapá,
Fortaleza e Vale do Rio Cuiabá.

Tabela 29: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre CadÚnico e PnadC – região
metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- PnadC- CadÚnico- PnadC- CadÚnic
V18 V19
18 18 19 19 o-20

RM Manaus 5.248 1.680 3,12 5.273 9.043 0,58 5.057


Norte RM Belém 5.286 27.294 0,19 5.467 17.389 0,31 5.574
RM Macapá 1.346 183 7,36 1.350 451 2,99 1.368
RM Grande São
Luís 13.849 11.146 1,24 13.925 11.749 1,19 13.429
Ride Teresina 7.310 3.976 1,84 7.077 3.992 1,77 6.715
RM Fortaleza 15.343 8.761 1,75 15.012 5.802 2,59 14.296
RM Natal 2.390 4.202 0,57 2.242 2.939 0,76 2.130
Nordeste
RM João Pessoa 3.970 3.846 1,03 3.855 6.128 0,63 3.738
RM Recife 25.802 36.713 0,70 27.824 47.821 0,58 27.656
RM Maceió 4.376 4.742 0,92 4.288 5.682 0,75 4.032
RM Aracaju 2.465 10.099 0,24 2.240 6.541 0,34 2.158
RM Salvador 12.331 11.110 1,11 11.798 9.664 1,22 11.047
RM Belo
Horizonte 6.076 8.798 0,69 5.962 9.337 0,64 5.914
Sudeste RM Grande
Vitória 1.795 7.572 0,24 1.796 1.669 1,08 1.725
RM Rio de Janeiro 36.938 26.239 1,41 41.071 17.163 2,39 41.944
RM São Paulo 8.465 7.794 1,09 8.408 18.780 0,45 8.483
RM Curitiba 1.316 2.713 0,48 1.219 - - 1.099
Sul RM Florianópolis 125 595 0,21 144 190 0,76 163
RM Porto Alegre 1.181 3.620 0,33 1.112 1.066 1,04 1.108
Centro- RM Vale do Rio
Oeste Cuiabá 2.603 330 7,88 2.454 968 2,54 2.355
RM Goiânia 737 694 1,06 793 - - 758
Total das regiões metropolitanas 158.952 182.107 0,87 163.310 176.374 0,93 160.749

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.6.10 Energia elétrica

A Tabela 30 apresenta os resultados da inadequação de energia elétrica. Assim como observado para as UF,
os valores do CadÚnico são muito superiores ao encontrados na PnadC. Como apontando anteriormente e

75
Estatística & informações, n. 54

na introdução, uma das fontes de diferença pode estar vinculada à diferença da pergunta e das respostas
entre os questionários.

Outro aspecto de destaque é o fato de não existir convergência dos movimentos entre as bases. No
CadÚnico, os números tendem a aumentar para o conjunto das RM; na PnadC, ao contrário, o número se
reduziu drasticamente indicação de a forte variação da variável. De modo geral, duas observações se fazem
necessárias. A primeira diz respeito ao grande número de RM em que não se observou domicílio algum com
inadequação de energia elétrica a partir da PnadC. Em 2018, sete das 21 RM aqui consideradas não
apresentaram domicílios inadequados para o subcomponente; em 2019, esse número subiu para nove. O
outro ponto são as elevadas variações entre as bases. Destaque para as RM de João Pessoa, Recife, Salvador
e São Paulo, cujas variações alcançaram a casa dos dois dígitos e, em todos os casos, indicaram números de
domicílios inadequados muito maiores para o CadÚnico.

Tabela 30: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
região metropolitana

Grande Região 2018 2019 2020


Região Metropolitana CadÚnico- PnadC- CadÚnico- PnadC- CadÚnic
V18 V19
18 18 19 19 o-20
RM Manaus 7.023 2.045 3,43 6.748 1.593 4,24 6.331
Norte RM Belém 4.290 1.631 2,63 4.930 - - 5.056
RM Macapá 356 - - 373 - - 369
RM Grande São
Luís 791 236 3,35 911 759 1,20 957
Ride Teresina 1.439 - - 1.303 - - 1.227
RM Fortaleza 13.400 1.827 7,33 15.515 - - 16.182
RM Natal 3.838 491 7,82 4.438 818 5,42 4.593
Nordeste RM João Pessoa 1.993 72 27,65 2.008 192 10,45 1.958
RM Recife 6.992 5.377 1,30 7.550 573 13,19 7.602
RM Maceió 6.111 648 9,43 7.406 - - 7.284
RM Aracaju 3.157 - - 3.228 392 8,23 3.289
310,0
RM Salvador 23.120 864 26,75 25.043 81 2 24.231
RM Belo
Horizonte 13.654 2.185 6,25 14.441 1.133 12,75 15.058
Sudeste RM Grande
Vitória 3.814 837 4,56 4.259 252 16,93 4.246
RM Rio de Janeiro 20.183 - - 23.770 - - 23.754
RM São Paulo 24.017 1.830 13,13 25.003 1.866 13,40 25.750
RM Curitiba 2.271 - - 2.403 - - 2.397
Sul RM Florianópolis 655 - - 642 - - 601
RM Porto Alegre 5.996 1.099 5,46 5.498 414 13,27 5.265
Centro- RM Vale do Rio 953 32.365 0,03 853 256 3,33 849

76
Oeste Cuiabá

RM Goiânia 547 - - 610 - - 624


Total das regiões metropolitanas 144.600 51.507 2,81 156.932 8.329 18,84 157.623

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.


5.7 Capitais
5.7.1 Inadequação domiciliar

Os resultados expressos na Tabela 31 para as capitais vão na mesma direção dos já verificados para os
respectivos estados e as regiões metropolitanas. O que se nota de diferente são algumas variações entre as
bases que se tornaram ainda mais expressivas, com mais destaque para as capitais do Nordeste, Sul e,
especialmente, Centro-Oeste. No total de domicílios inadequados das capitais, verificamos números muito
próximos entre as fontes de informações, além da tendência de ambas as bases para o aumento
quantitativo de habitações com algum tipo de inadequação.
Tabela 31: Número de domicílios inadequados e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic PnadC- CadÚnico PnadC- CadÚnico
Região
o-18 18 V18 -19 19 V19 -20
Porto Velho (RO) 30.064 54.451 0,55 29.801 49.302 0,60 29.410
Rio Branco (AC) 9.042 25.761 0,35 9.268 23.718 0,39 9.221
Manaus (AM) 86.733 82.119 1,06 95.870 73.787 1,30 93.449
Norte Boa Vista (RR) 18.441 9.793 1,88 19.860 15.172 1,31 19.280
Belém (PA) 64.478 87.240 0,74 79.918 89.665 0,89 87.001
Macapá (AP) 33.132 42.228 0,78 40.649 35.855 1,13 43.790
Palmas (TO) 5.327 2.273 2,34 5.778 4.554 1,27 5.777
São Luís (MA) 49.046 62.126 0,79 50.264 60.877 0,83 47.140
Teresina (PI) 7.353 13.970 0,53 7.140 8.481 0,84 6.786
Fortaleza (CE) 61.063 58.726 1,04 66.107 38.357 1,72 67.822
Natal (RN) 39.113 70.112 0,56 43.917 76.681 0,57 46.042
Nordeste João Pessoa (PB) 22.264 5.112 4,36 21.855 6.487 3,37 21.632
Recife (PE) 80.572 61.792 1,30 86.622 60.529 1,43 92.062
Maceió (AL) 89.860 30.058 2,99 94.312 71.150 1,33 90.753
Aracaju (SE) 13.120 9.469 1,39 11.960 13.380 0,89 11.362
Salvador (BA) 54.203 15.859 3,42 55.383 27.745 2,00 52.426
Belo Horizonte (MG) 8.731 10.493 0,83 9.106 10.771 0,85 9.134
Vitória (ES) 767 485 1,58 994 709 1,40 1.093
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 35.420 14.770 2,40 37.706 31.055 1,21 37.593
São Paulo (SP) 52.677 69.523 0,76 53.917 160.787 0,34 54.033
Curitiba (PR) 5.399 1.939 2,78 5.392 2.957 1,82 5.505
Sul Florianópolis (SC) 2.790 1.000 2,79 3.183 5.047 0,63 3.160
Porto Alegre (RS) 8.743 10.339 0,85 8.840 4.565 1,94 8.077
Campo Grande (MS) 29.015 5.728 5,07 34.536 7.339 4,71 35.154
Centro-Oeste Cuiabá (MT) 18.103 4.223 4,29 20.856 4.122 5,06 21.396
Goiânia (GO) 13.829 8.795 1,57 16.440 10.617 1,55 17.808

77
Estatística & informações, n. 54

Brasília (DF) - 8.097 - - 11.432 - 13.661


Total das capitais 839.285 766.481 1,09 909.674 905.141 1,01 930.567

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.7.2 Inadequação edilícia

A Tabele 32 expõe os resultados das capitais brasileiras para as carências edilícias. Para o total das capitais,
verificamos que os resultados apresentam tanto certa convergência dos valores quanto, para ambas as
bases, uma tendência de redução das habitações com alguma carência edilícia.

Aqui verificamos que a discrepância está fortemente vinculada aos dados da PnadC para esse recorte
espacial.

Tabela 32: Número de domicílios com inadequação edilícia e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚni PnadC CadÚni PnadC CadÚni
Região
co-18 -18 V18 co-19 -19 V19 co-20
Porto Velho (RO) 1.353 720 1,88 1.087 367 2,96 961
Rio Branco (AC) 1.130 2.169 0,52 1.117 2.473 0,45 1.067
Manaus (AM) 2.278 3.603 0,63 2.306 5.228 0,44 2.204
Norte Boa Vista (RR) 448 1.193 0,38 455 2.573 0,18 436
Belém (PA) 9.811 7.748 1,27 8.727 8.898 0,98 8.209
Macapá (AP) 775 1.286 0,60 781 170 4,59 776
Palmas (TO) 423 - - 428 - - 395
São Luís (MA) 8.588 4.544 1,89 7.603 4.606 1,65 6.811
Teresina (PI) 2.161 2.875 0,75 2.138 311 6,89 2.024
Fortaleza (CE) 3.472 6.593 0,53 3.592 1.872 1,92 3.539
Natal (RN) 573 534 1,07 599 - - 628
Nordeste João Pessoa (PB) 1.577 513 3,08 1.395 1.488 0,94 1.358
Recife (PE) 3.076 2.881 1,07 3.053 4.514 0,68 3.104
Maceió (AL) 5.104 829 6,16 5.188 1.761 2,95 4.454
Aracaju (SE) 907 1.107 0,82 820 250 3,28 726
Salvador (BA) 4.296 6.284 0,68 4.160 3.751 1,11 3.775
Belo Horizonte (MG) 698 3.409 0,20 696 2.965 0,23 690
Vitória (ES) 138 - - 140 619 0,23 148
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 4.145 1.704 2,43 4.810 1.276 3,77 5.028
São Paulo (SP) 5.324 6.182 0,86 4.852 2.233 2,17 4.356
Curitiba (PR) 428 - - 441 - - 473
Sul Florianópolis (SC) 109 173 0,63 107 - - 118
Porto Alegre (RS) 1.379 3.435 0,40 1.349 - - 1.252

78
Campo Grande (MS) 532 1.005 0,53 464 871 0,53 424
Cuiabá (MT) 327 701 0,47 325 - - 331
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 498 - - 415 1.430 0,29 377
Brasília (DF) - 128 - - 998 - 890
Total das capitais 59.550 59.616 1,00 57.048 48.654 1,17 54.554

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Assim como feito para os outros recortes espaciais, analisar-se-ão os resultados para os subcomponentes
para verificar as divergências e correspondências de valores e tendências entre as capitais.

5.7.3 Ausência de banheiro exclusivo

A Tabela 33 apresenta o subcomponente de ausência de banheiro exclusivo. Assim como nos outros
recortes espaciais, o subcomponente para o total das capitais apresenta valor menor do que um, indicação
de maiores valores para a base da PnadC. Mas, novamente, ambas as bases possuem a mesma tendência de
redução do valor quantitativo no período em tela.

É possível verificar que, na PnadC, faltam informações de domicílios com ausência de banheiro
principalmente para as capitais do Sul e do Centro-Oeste. Além disso, é elevada a variação para a maioria
dos casos, com variações inferiores a um, contudo, fato que indica que a PnadC, na média, reporta número
maior de domicílios com ausência de banheiro do que o CadÚnico.

Destaque para as capitais em que as bases se mostraram mais divergentes em ambos os anos: Boa Vista
(RR), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG) e Campo Grande (MS).

79
Estatística & informações, n. 54

Tabela 33: Número de domicílios com ausência de banheiro exclusivo e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic Pnad CadÚnico PnadC CadÚnic
Região
o-18 C-18 V18 -19 -19 V19 o-20
Porto Velho (RO) 733 720 1,02 609 - - 552
Rio Branco (AC) 1.046 2.169 0,48 1.057 2.394 0,44 1.010
Manaus (AM) 1.203 2.944 0,41 1.206 5.228 0,23 1.132
Norte Boa Vista (RR) 213 1.071 0,20 210 2.125 0,10 192
Belém (PA) 2.388 6.767 0,35 2.471 5.757 0,43 2.548
Macapá (AP) 472 1.121 0,42 501 170 2,94 503
Palmas (TO) 107 - - 118 - - 111
São Luís (MA) 4.095 4.544 0,90 3.740 4.606 0,81 3.496
Teresina (PI) 1.164 1.866 0,62 1.142 311 3,68 1.060
Fortaleza (CE) 1.364 2.538 0,54 1.395 1.147 1,22 1.409
Natal (RN) 331 349 0,95 348 - - 336
Nordeste João Pessoa (PB) 337 513 0,66 313 1.488 0,21 303
Recife (PE) 1.809 2.881 0,63 1.810 4.514 0,40 1.845
Maceió (AL) 2.911 583 5,00 3.380 1.081 3,13 2.917
Aracaju (SE) 317 692 0,46 326 250 1,30 325
Salvador (BA) 1.637 5.866 0,28 1.592 3.751 0,42 1.448
Belo Horizonte (MG) 463 3.409 0,14 439 2.965 0,15 431
Vitória (ES) 87 - - 91 619 0,15 106
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 1.021 1.704 0,60 1.038 1.276 0,81 1.051
São Paulo (SP) 1.929 4.254 0,45 1.803 2.233 0,81 1.636
Curitiba (PR) 367 - - 394 - - 400
Sul Florianópolis (SC) 48 - - 51 - - 51
Porto Alegre (RS) 953 3.435 0,28 962 - - 913
Campo Grande (MS) 145 1.005 0,14 145 871 0,17 139
Cuiabá (MT) 85 433 0,20 94 - - 105
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 124 - - 132 475 0,28 127
Brasília (DF) - - - - 998 - 315
48.86 42.25
Total das capitais 25.349 0,52 25.367 0,60 24.461
4 9

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.7.4 Material predominante no piso

A Tabela 34 apresenta os resultados para o subcomponente de piso inadequado. Assim como observado
nos outros recortes espaciais, os valores são bem superiores a um nos indicadores V18 e V19, indicação da

80
frequência maior dessa inadequação no CadÚnico. Ambas as bases apresentam tendência de redução no
número de domicílios com essa inadequação no período analisado.

Ademais, é notável a ausência de informações de domicílios com piso inadequado para a PnadC tanto em
2018 quanto em 2019, o que dificulta a comparação com os resultados obtidos por meio do CadÚnico.

Tabela 34: Número de domicílios com material predominante no piso inadequado e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic Pnad CadÚnico PnadC CadÚnic
Região
o-18 C-18 V18 -19 -19 V19 o-20
Porto Velho (RO) 664 - - 511 367 1,39 436
Rio Branco (AC) 94 - - 66 80 0,83 63
Manaus (AM) 1.120 659 1,70 1.137 - - 1.107
Norte Boa Vista (RR) 248 191 1,30 261 566 0,46 258
Belém (PA) 7.870 1.577 4,99 6.613 3.443 1,92 5.973
Macapá (AP) 329 165 1,99 304 - - 293
Palmas (TO) 334 - - 330 - - 301
São Luís (MA) 4.957 - - 4.245 - - 3.657
Teresina (PI) 1.175 1.008 1,17 1.170 - - 1.124
Fortaleza (CE) 2.228 4.055 0,55 2.313 725 3,19 2.245
Natal (RN) 264 185 1,43 270 - - 313
Nordeste João Pessoa (PB) 1.263 - - 1.098 516 2,13 1.066
Recife (PE) 1.376 964 1,43 1.353 - - 1.367
Maceió (AL) 2.328 449 5,18 1.909 680 2,81 1.624
Aracaju (SE) 604 415 1,46 513 - - 415
Salvador (BA) 2.782 417 6,67 2.681 - - 2.421
Belo Horizonte (MG) 245 - - 268 - - 270
Vitória (ES) 53 - - 50 - - 43
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 3.152 - - 3.799 - - 4.006
São Paulo (SP) 3.497 1.928 1,81 3.132 - - 2.787
Curitiba (PR) 64 - - 53 - - 78
Sul Florianópolis (SC) 62 173 0,36 56 - - 67
Porto Alegre (RS) 446 - - 404 - - 352
Campo Grande (MS) 390 - - 321 - - 288
Cuiabá (MT) 246 268 0,92 236 - - 234
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 383 - - 292 956 0,31 260
Brasília (DF) - 128 - - - - 589
Total das capitais 36.174 12.582 2,88 33.385 7.333 4,55 31.637

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

81
Estatística & informações, n. 54

5.7.5 Inadequação de infraestrutura urbana

No que se refere à inadequação de infraestrutura urbana, tal como exposto nos demais recortes territoriais
considerados, esse componente apresenta comportamento muito semelhante ao já relatado para o
indicador geral de inadequação domiciliar também para as capitais. Tal evidência pode ser visualizada na
Tabela 35.

Para o total das capitais, verifica-se que os valores entre as bases são muito próximos e, em ambas as bases,
existe a tendência de elevação do quantitativo de habitações com algum tipo de inadequação de
infraestrutura.

Assim como nos demais recortes espaciais, outro aspecto de destaque é a discrepância em algumas capitais
do Nordeste e, principalmente, do Centro-Oeste entre os totais obtidos entre as duas bases. Notadamente,
na capital do Mato Grosso do Sul e na do Mato Grosso, Campo Grande e Cuiabá respectivamente.

82
Tabela 35: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic PnadC- CadÚnico PnadC- CadÚnico
Região
o-18 18 V18 -19 19 V19 -20
Porto Velho (RO) 29.887 54.451 0,55 29.651 49.150 0,60 29.275
Rio Branco (AC) 8.629 24.918 0,35 8.857 22.594 0,39 8.829
Manaus (AM) 85.616 79.935 1,07 94.719 70.207 1,35 92.335
Norte Boa Vista (RR) 18.171 9.431 1,93 19.585 13.536 1,45 19.025
Belém (PA) 60.222 82.335 0,73 75.965 87.273 0,87 83.272
Macapá (AP) 32.777 41.723 0,79 40.324 35.855 1,12 43.469
Palmas (TO) 5.049 2.273 2,22 5.507 4.554 1,21 5.526
São Luís (MA) 44.827 61.230 0,73 46.513 58.676 0,79 43.778
Teresina (PI) 5.890 11.096 0,53 5.689 8.171 0,70 5.397
Fortaleza (CE) 59.176 55.307 1,07 64.214 36.779 1,75 66.006
Natal (RN) 38.879 69.763 0,56 43.668 76.681 0,57 45.790
Nordeste João Pessoa (PB) 21.178 4.599 4,60 20.897 5.466 3,82 20.681
Recife (PE) 78.941 59.875 1,32 85.055 59.299 1,43 90.504
Maceió (AL) 88.948 29.812 2,98 93.523 70.149 1,33 90.065
Aracaju (SE) 12.511 8.767 1,43 11.465 13.380 0,86 10.908
Salvador (BA) 51.906 11.765 4,41 53.018 23.993 2,21 50.249
Belo Horizonte (MG) 8.268 7.987 1,04 8.648 7.805 1,11 8.695
Vitória (ES) 654 485 1,35 886 89 9,91 978
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 32.160 13.257 2,43 33.836 29.779 1,14 33.521
São Paulo (SP) 48.911 65.520 0,75 50.528 159.221 0,32 51.068
Curitiba (PR) 5.085 1.939 2,62 5.073 2.957 1,72 5.157
Sul Florianópolis (SC) 2.712 826 3,28 3.109 5.047 0,62 3.076
Porto Alegre (RS) 7.730 9.659 0,80 7.841 4.565 1,72 7.143
Campo Grande (MS) 28.677 5.145 5,57 34.253 6.468 5,30 34.903
Cuiabá (MT) 17.907 3.522 5,08 20.670 4.122 5,01 21.198
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 13.502 8.795 1,54 16.188 9.186 1,76 17.581
Brasília (DF) - 8.097 - - 10.791 - 13.138
Total das capitais 808.213 732.512 1,10 879.682 875.793 1,00 901.567

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

Assim como nos demais recortes espaciais, abaixo é analisado cada subcomponente da inadequação de
infraestrutura. O objetivo é compreender os diferentes graus de divergência e de tendência de
comportamento entre ambas as bases.

83
Estatística & informações, n. 54

5.7.6 Abastecimento de água

A Tabela 36 apresenta os resultados da inadequação do abastecimento de água, considerando-se o total


para as capitais. É possível observar que a tendência temporal das duas bases é divergente. Para o
CadÚnico, nota-se um aumento do número de domicílios com abastecimento inadequado entre 2018 e
2020. Já para a PnadC, uma queda.

Para esse subcomponente, também se observa a presença de prováveis variações amostrais dignas de
menção para a PnadC entre 2018 e 2019. Em algumas capitais, essas oscilações chamam a atenção, como é
o caso de Fortaleza (CE), Aracajú (SE), Florianópolis (SC), Porto Alegre (RS), Cuiabá (MT) e Goiânia (GO). Por
outro lado, nas capitais do Norte e do Sudeste, as variações foram muito menos expressivas.

Tabela 36: Número de domicílios com inadequação do abastecimento de água e variação anual entre CadÚnico e
PnadC – Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic PnadC CadÚnic PnadC- CadÚnico
Região
o-18 -18 V18 o-19 19 V19 -20
51.77
23.576 0,46 23.166 47.908 0,62 22.792
Porto Velho (RO) 1
17.35
6.464 0,37 6.786 15.418 0,60 6.807
Rio Branco (AC) 7
51.66
30.827 0,60 32.970 41.401 2,32 31.823
Manaus (AM) 6
Norte 21,6
849 - - 1.284 919 1.619
Boa Vista (RR) 2
51.86
34.699 0,67 43.037 55.839 1,43 47.169
Belém (PA) 3
31.05
14.616 0,47 18.797 23.358 1,74 21.044
Macapá (AP) 9
Palmas (TO) 1.028 677 1,52 1.085 - - 1.061
40.09
33.462 0,83 36.065 42.841 1,17 34.382
São Luís (MA) 7
Teresina (PI) 2.776 - - 2.910 - - 2.803
27.67
25.761 0,93 29.993 18.125 3,65 31.673
Fortaleza (CE) 6
Natal (RN) 6.220 1.692 3,68 6.791 - - 7.071
11,5
1.677 1.459 1,15 1.697 1.901 1.731
Nordeste João Pessoa (PB) 0
24.45
14.614 0,60 16.042 21.387 4,05 16.896
Recife (PE) 6
19.74
37.468 1,90 39.290 23.189 4,07 38.333
Maceió (AL) 3
30,8
8.705 283 8.072 2.385 5,02 7.731
Aracaju (SE) 1
14,5
28.987 3.059 9,48 29.687 3.797 28.201
Salvador (BA) 8
Sudeste Belo Horizonte (MG) 2.245 1.498 1,50 2.648 1.085 8,40 2.868

84
11,1
162 139 1,17 350 89 397
Vitória (ES) 2
Rio de Janeiro (RJ) 8.523 4.115 2,07 10.129 6.140 6,14 10.399
26.68
18.425 0,69 18.823 25.317 2,13 19.360
São Paulo (SP) 1
Curitiba (PR) 833 - - 962 - - 1.093

Sul Florianópolis (SC) 1.885 627 3,01 2.231 4.462 0,71 2.252
26,6
1.949 1.282 1,52 1.674 332 1.528
Porto Alegre (RS) 5
Campo Grande (MS) 6.809 4.877 1,40 7.690 5.067 6,82 7.864
19,8
1.226 3.250 0,38 1.340 1.050 1.522
Centro-Oeste Cuiabá (MT) 7
Goiânia (GO) 4.782 6.171 0,77 5.542 3.380 4,86 5.764
Brasília (DF) - 2.261 - 0,00 2.237 - 4.305
373.75
Total das capitais 318.568
9 0,85 349.061 347.627 1,00 358.488

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.7.7 Canalização

A Tabela 37 apresenta os resultados do subcomponente de canalização. Aqui, os valores são


frequentemente maiores para o CadÚnico. No entanto, em ambas as bases, nota-se tendência de redução
do total de habitações reportando esse tipo de inadequação.

Regionalmente, pode-se observar que os valores são mais altos principalmente na região Nordeste,
especialmente em Salvador.

Tabela 37: Número de domicílios com inadequação de canalização e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic PnadC CadÚnico PnadC CadÚnic
Região
o-18 -18 V18 -19 -19 V19 o-20
Porto Velho (RO) 6.559 6.939 0,95 5.904 3.187 1,85 5.591
Rio Branco (AC) 2.998 5.167 0,58 2.918 3.901 0,75 2.816
Manaus (AM) 11.491 4.196 2,74 10.629 7.067 1,50 9.701
Norte Boa Vista (RR) 281 212 1,33 310 2.544 0,12 326
11.77
Belém (PA) 11.090 6.956 1,59 11.388 1 0,97 11.461
Macapá (AP) 2.565 5.360 0,48 3.004 357 8,41 3.154
Palmas (TO) 364 491 0,74 401 3.603 0,11 409
São Luís (MA) 8.311 8.161 1,02 7.532 4.879 1,54 6.815
Teresina (PI) 950 1.308 0,73 844 - - 767
Nordeste Fortaleza (CE) 8.391 7.155 1,17 8.863 6.685 1,33 8.873
Natal (RN) 1.582 - - 1.858 645 2,88 1.884
João Pessoa (PB) 1.018 1.059 0,96 933 467 2,00 916

85
Estatística & informações, n. 54

Recife (PE) 6.179 1.552 3,98 6.168 4.634 1,33 6.271


14,0
Maceió (AL) 5.133 1.456 3,53 5.297 376 8 4.525
Aracaju (SE) 2.088 283 7,39 1.923 2.068 0,93 1.951
18,6
Salvador (BA) 11.585 7.940 1,46 11.345 608 7 10.591
Belo Horizonte (MG) 755 903 0,84 702 - - 725
Vitória (ES) 150 - - 160 - - 180
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 4.018 439 9,16 4.008 4.718 0,85 3.862
10.64
São Paulo (SP) 3.957 7.069 0,56 3.760 1 0,35 3.523
Curitiba (PR) 438 - - 445 495 0,90 440
Sul Florianópolis (SC) 269 147 1,84 299 96 3,12 286
Porto Alegre (RS) 803 2.756 0,29 824 669 1,23 785
Campo Grande (MS) 1.377 - - 1.302 351 3,71 1.189
Cuiabá (MT) 1.050 272 3,86 1.000 433 2,31 1.010
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 773 3.412 0,23 713 1.642 0,43 648
Brasília (DF) - 1.858 - - 603 - 1.209
Total das capitais 94.175 75.091 1,25 92.530 72.440 1,28 89.908

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

5.7.8 Esgotamento sanitário

A Tabela 38 apresenta os resultados da inadequação de esgotamento sanitário para as capitais. Os


resultados mostram como, tanto nelas como nas demais unidades espaciais de análise, os dados do
CadÚnico são, em sua maioria, maiores. Ademais, ambas apresentam tendência semelhante de aumento
quantitativo desse subcomponente.

Assim como observado para as unidades federativas e regiões metropolitanas, no Centro-Oeste –


especialmente, no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso – é onde verificamos grande discrepância dos
resultados para as capitais entre as bases.

86
Tabela 38: Número de domicílios com inadequação de infraestrutura urbana e variação anual entre CadÚnico e PnadC
– Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic PnadC- CadÚnico PnadC- CadÚnic
Região
o-18 18 V18 -19 19 V19 o-20
Porto Velho (RO) 19.280 4.362 4,42 20.299 4.114 4,93 20.513
Rio Branco (AC) 2.278 8.988 0,25 2.098 7.849 0,27 2.037
Manaus (AM) 63.696 38.379 1,66 71.444 29.274 2,44 70.107
Norte Boa Vista (RR) 17.577 10.168 1,73 18.675 10.161 1,84 17.763
Belém (PA) 34.449 38.637 0,89 44.225 40.323 1,10 48.351
Macapá (AP) 30.387 19.386 1,57 37.008 13.901 2,66 39.065
Palmas (TO) 3.994 1.105 3,61 4.442 740 6,00 4.469
São Luís (MA) 14.494 22.477 0,64 14.064 24.240 0,58 12.823
Teresina (PI) 776 10.847 0,07 707 7.878 0,09 661
Fortaleza (CE) 31.351 23.555 1,33 32.351 15.940 2,03 32.840
Natal (RN) 35.699 68.057 0,52 40.379 76.681 0,53 42.462
Nordeste João Pessoa (PB) 19.108 2.527 7,56 18.853 2.887 6,53 18.604
Recife (PE) 67.890 36.531 1,86 73.648 25.488 2,89 78.706
Maceió (AL) 71.223 9.081 7,84 74.380 60.158 1,24 71.809
Aracaju (SE) 4.285 6.847 0,63 3.886 12.477 0,31 3.582
Salvador (BA) 9.045 1.573 5,75 9.109 19.643 0,46 8.696
Belo Horizonte (MG) 4.151 3.209 1,29 4.791 6.721 0,71 4.981
Vitória (ES) 84 - - 118 - - 134
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 13.959 9.406 1,48 15.242 22.158 0,69 15.093
113.04
São Paulo (SP) 33.535 40.125 0,84 34.469 9 0,30 34.442
Curitiba (PR) 3.975 - - 3.933 2.462 1,60 4.003
Sul Florianópolis (SC) 966 - - 1.059 585 1,81 1.020
Porto Alegre (RS) 5.072 3.837 1,32 5.465 3.564 1,53 5.016
18,7
Campo Grande (MS) 23.716 - - 28.840 1.535 8 29.330
Centro-Oeste Cuiabá (MT) 16.873 - - 19.673 2.640 7,45 20.131
Goiânia (GO) 9.815 - - 12.086 4.643 2,60 13.453
Brasília (DF) - - - - 7.097 - 9.886
Total das capitais 537.678 359.097 1,50 591.244 516.208 1,15 609.977

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.
5.7.9 Coleta de Lixo

A Tabela 39 apresenta os resultados da inadequação na coleta de lixo para as capitais. Os resultados


mostram como são mais elevados os números estimados a partir da PnadC. Além disso, comparando a
tendência de ambas as bases, verifica-se certa estabilidade no total de domicílios com tal inadequação.

87
Estatística & informações, n. 54

Para esse subcomponente, é notável como, em algumas capitais, os números reportados pelo CadÚnico são
muito inferiores aos da PnadC: Belém, Recife e Aracaju.

Tabela 39: Número de domicílios com inadequação de coleta de lixo e variação anual entre CadÚnico e PnadC – Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic Pnad CadÚnico PnadC CadÚnic
Região
o-18 C-18 V18 -19 -19 V19 o-20
Porto Velho (RO) 990 1.055 0,94 867 90 9,65 795
Rio Branco (AC) 381 509 0,75 358 112 3,18 351
Manaus (AM) 1.915 1.030 1,86 2.102 8.846 0,24 2.025
Norte Boa Vista (RR) 320 - - 338 1.381 0,24 323
20.01
Belém (PA) 2.462 1 0,12 2.595 7.421 0,35 2.749
Macapá (AP) 711 183 3,89 746 109 6,84 779
Palmas (TO) 283 - - 267 211 1,27 238
São Luís (MA) 4.460 6.936 0,64 4.250 3.344 1,27 3.910
Teresina (PI) 2.058 248 8,29 2.024 293 6,91 1.886
Fortaleza (CE) 4.388 1.801 2,44 4.276 835 5,12 4.094
Natal (RN) 724 2.674 0,27 702 99 7,07 662
Nordeste João Pessoa (PB) 1.080 613 1,76 1.047 211 4,97 1.062
10.46 16.46
Recife (PE) 4.379 7 0,42 4.244 2 0,26 4.271
Maceió (AL) 2.986 2.217 1,35 3.214 5.532 0,58 3.029
Aracaju (SE) 505 2.907 0,17 478 864 0,55 457
Salvador (BA) 7.038 1.282 5,49 6.671 4.774 1,40 6.135
Belo Horizonte (MG) 700 1.110 0,63 658 1.384 0,48 615
Vitória (ES) 83 346 0,24 74 - - 65
Sudeste 16,8
Rio de Janeiro (RJ) 9.813 3.932 2,50 11.014 652 9 11.503
14.18
São Paulo (SP) 3.482 3.995 0,87 3.603 1 0,25 3.785
Curitiba (PR) 113 1.939 0,06 99 - - 84
Sul Florianópolis (SC) 18 - - 38 - - 44
Porto Alegre (RS) 464 2.610 0,18 425 - - 394
Campo Grande (MS) 156 - - 208 - - 227
Cuiabá (MT) 589 - - 578 - - 586
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 88 - - 92 - - 92
Brasília (DF) - 3.265 - 0 702 - 1.557
Total das capitais 50.186 69.130 0,73 50.968 67.503 0,76 51.718

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

88
5.7.10 Energia elétrica

A Tabela 40 apresenta os resultados do subcomponente de energia elétrica. Assim como os demais recortes
espaciais, é notável a diferença do quantitativo entre ambas as bases. Principalmente, porque, para o
CadÚnico, há tendência de elevação e, para a PnadC, de estabilidade.

De modo geral, é notável o grande número de informações faltantes para a PnadC. Em 2018, foram 16
capitais que não apresentaram domicílios inadequados no que tange o acesso à energia elétrica. Já em 2019
esse número subiu para 21. Das capitais em que é possível observar a variação entre as bases, nota-se que
todas apresentam variações (V18 e V19) expressivas, o que sinaliza forte diferença entre as bases. Cabe
destaque, no entanto, para Maceió e Salvador, cujas variações alcançaram duas casas decimais em 2018,
23% e 17% respectivamente

Conforme já mencionado, contudo, a fonte de divergência pode estar vinculada à forma pela qual a
pergunta é formulada e pelas opções de resposta.

89
Estatística & informações, n. 54

Tabela 40: Número de domicílios com inadequação de energia elétrica e variação anual entre CadÚnico e PnadC –
Capital

2018 2019 2020


Grande
Capital CadÚnic Pnad CadÚnico PnadC CadÚnic
Região
o-18 C-18 V18 -19 -19 V19 o-20
Porto Velho (RO) 312 - - 260 - - 242
Rio Branco (AC) 148 - - 148 - - 146
Manaus (AM) 6316 2.045 3,09 6.096 1.593 3,83 5.709
Norte Boa Vista (RR) 300 - - 687 - - 936
Belém (PA) 2404 676 3,56 2.950 - - 3.207
Macapá (AP) 225 - - 249 - - 249
Palmas (TO) 234 - - 238 - - 228
São Luís (MA) 364 236 1,54 386 - - 369
Teresina (PI) 1115 - - 953 - - 891
Fortaleza (CE) 7279 1.225 5,94 9.062 - - 9.896
Natal (RN) 2298 491 4,68 2.810 349 8,05 2.947
Nordeste João Pessoa (PB) 380 - - 416 - - 437
Recife (PE) 2268 4.824 0,47 2.345 - - 2.512
Maceió (AL) 5207 219 23,78 6.771 - - 6.708
Aracaju (SE) 1952 - - 2.004 392 5,11 1.986
Salvador (BA) 14766 864 17,08 15.726 - - 14.823
Belo Horizonte (MG) 3403 1.267 2,69 3.217 - - 3.066
Vitória (ES) 278 - - 335 - - 378
Sudeste
Rio de Janeiro (RJ) 3591 - - 3.049 - - 2.713
São Paulo (SP) 6305 1.830 3,45 6.812 - - 7.344
Curitiba (PR) 606 - - 586 - - 603
Sul Florianópolis (SC) 402 - - 407 - - 378
Porto Alegre (RS) 1035 - - 828 - - 681
Campo Grande (MS) 530 268 1,98 603 93 6,48 628
Cuiabá (MT) 181 - - 192 - - 247
Centro-Oeste
Goiânia (GO) 9.815 - - 12.086 4.643 2,60 13.453
Brasília (DF) - - - - 7.097 - 9.886
Total das capitais 71.714 13.945 5,14 79.216 14.167 5,59 90.663

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.


Elaboração própria.

90
6 ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRTIVA DOS RESULTADOS: CADÚNICO VERSUS PNADC

6.1 Unidades da Federação

Nesta seção, iremos comparar as estimativas obtidas por meio do CadÚnico e da PnadC em 2018 e 2019
para o indicador geral do número de domicílios inadequados, seus subindicadores de carência edílica e de
inadequação em infraestrutura urbana e para cada respectiva componente.

Iremos considerar duas estatísticas de cunho descritivo: a correlação de Pearson e os gráficos de dispersão,
aplicadas nas variáveis referentes ao número de domicílios inadequados, obtidas para cada recorte
territorial considerado (unidades da Federação, regiões metropolitanas e capitais).

Como visto na terceira seção, as variáveis utilizadas são categóricas e foram baseadas na metodologia da
FJP (2020), a classificação dos domicílios como inadequados, ou não, para o indicador geral de inadequação
domiciliar e cada um de seus componentes, construídos a partir das variáveis mencionadas.

A análise da correlação Pearson é interessante por nos permitir inferir o grau de associação das variáveis.
Cabe ressaltar que o cenário ideal se refere a uma correlação próxima de um, indicativo estatístico de que
as variâncias produzidas pelas variáveis do CadÚnico são bastante semelhantes àquelas oriundas da PnadC.

A Tabela 41 apresenta a estimativa da correlação e o p-valor referentes às unidades federativas. É possível


comparar os resultados obtidos pelo CadÚnico e pela PnadC para o indicador de inadequação domiciliar,
seus componentes de carências edilícias e de infraestrutura urbana e seus respectivos subcomponentes.
Para os dois anos considerados (2018 e 2019), observa-se não só uma correlação de elevada magnitude,
como também um p-valor inferior 0,001, indicador de elevada significância estatística.

Esse resultado indica que, apesar das diferenças entre o CadÚnico e a PnadC, reconhecidas e exploradas ao
longo desta nota, seus resultados, referentes ao número de domicílios inadequados por UF, são
correlacionados estatisticamente. Para o indicador geral de inadequação domiciliar, por exemplo, nota-se
uma correlação maior que 0,9 entre as duas bases para ambos os anos. Nesse sentido, as estimativas do
número total de domicílios inadequados para o CadÚnico e a PnadC são altamente associadas.

De modo geral, a correlação associada a cada uma das inadequações expressas na Tabela 42 é elevada e
superam 0,8 na maioria das situações. Destaca-se, no entanto, os subcomponentes de inadequação no piso
(2019) e de energia elétrica (2018 e 2019) nos quais, em ambos os casos, apesar de relevante, a correlação
estimada não chega a 0,7, o que aponta para uma associação fraca entre o CadÚnico e a PnadC.

91
Estatística & informações, n. 54

Tabela 41: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada componente – Unidade
da Federação

2018 2019
Teste de Teste de
Componente da
correlação p-valor correlação p-valor
inadequação
(Pearson) (Pearson)
Inadequação
0,9093 0,0000 0,9129 0,0000
domiciliar
Inadequação edilícia 0,9145 0,0000 0,8542 0,0000
Banheiro 0,9081 0,0000 0,8415 0,0000
Piso 0,8873 0,0000 0,6962 0,0004
Inadequação de
0,9045 0,0000 0,9091 0,0000
infraestrutura urbana
Abastecimento 0,9435 0,0000 0,9563 0,0000
Canalização 0,9434 0,0000 0,8899 0,0000
Esgotamento 0,8258 0,0000 0,8118 0,0000
Coleta de lixo 0,9369 0,0000 0,9469 0,0000
Energia Elétrica 0,6285 0,0005 0,6703 0,0006
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

Em se tratando dos gráficos de dispersão, eles nos permitem observar a associação entre as variáveis
referentes ao número de domicílios inadequados, produzidas pelas bases comparadas aqui. A melhor
situação possível seria aquela em que a associação das duas bases produzisse uma reta de 45°, indicação de
que, para cada unidade da Federação, o número de domicílios inadequados computados por meio do
CadÚnico é bem semelhante ao obtido a partir da PnadC.

No Gráfico 14, nota-se um comportamento parecido para o indicador geral de inadequação em 2018 e
2019. Alguns estados estão bem próximos da reta de 45° nos dois anos de análise, o que indica similaridade
entre as duas bases, como é o caso de Maranhão, São Paulo, Rio Grande do Sul e Goiás.

Em relação aos pontos que divergem mais, destaque para a região nordeste, em específico para Bahia,
Ceará e Pernambuco. Lá, as estimativas no CadÚnico apontam para um número consideravelmente maior
de inadequações em relação à PnadC. Em contrapartida, tratando-se da região norte, verifica-se que o Pará
está situado abaixo da curva de 45° e com uma distância razoável em relação a ela. Esse é um indício de
maiores inadequações a partir do CadÚnico.

Além deles, cabe destaque para dois dos estados do Centro-Oeste brasileiro, Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul. Isso porque, enquanto na PnadC o montante de domicílios inadequados para esses estados não chega a
100.000, para a PnadC, aproxima-se dos 200.000 em ambos os anos.

92
Já no Gráfico 15 temos a dispersão para as carências edilícias e cada um de seus subcomponentes,
associados ao piso inadequado e à ausência de banheiro, para os dois anos de análise, 2018 e 2019.

Para facilitar a interpretação dos gráficos, vamos considerar dois aspectos. O primeiro é a proximidade da
linha de 45°. Como vimos, ela representa a situação ideal, na qual CadÚnico e PnadC mostram-se muito
semelhantes. O segundo aspecto refere-se a se a posição das UF está acima (indicação de superioridade do
CadÚnico) ou abaixo (superioridade da PnadC) da linha em questão.

O componente de carências edilícias apresenta um comportamento semelhante em 2018 e 2019 tal como o
subcomponente de ausência de banheiro. Para o piso inadequado, porém, a dispersão dos estados mostra-
se divergente comparando-se os dois anos.

Para o piso inadequado, não se observa estado algum abaixo da linha de 45°. O número de domicílios com
inadequações para esse subcomponente é sempre maior para os dados do CadÚnico. Além disso, de modo
geral, nota-se um conglomerado de pontos próximos da origem, indicação de um número baixo de
domicílios com piso inadequado. Os demais estados, por outro lado, se localizam relativamente distantes da
reta. Cabe destacar que tais estados são, em maioria, das regiões Nordeste e Sudeste.

É possível observar também que o subcomponente de ausência de banheiro apresenta comportamento


mais próximo das carências edilícias. Em comparação ao piso inadequado, nota-se que algumas unidades
federativas estão abaixo da linha de 45°, o que sinaliza número maior de domicílios com ausência de
banheiro por meio da PnadC, comparativamente ao CadÚnico.

93
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 14: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2018-2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

94
Gráfico 15: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2018-2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

95
Estatística & informações, n. 54

Em relação a isso, destaca-se o comportamento dos estados da região norte. Para as carências
edilícias e, em específico, a ausência de banheiro, Acre, Amazonas e Pará obtiveram maiores
inadequações por meio do CadÚnico. Retoma-se aqui a hipótese de que, talvez, o CadÚnico
tenha cobertura menor de famílias elegíveis para programas sociais na região Norte.

Para as inadequações de infraestrutura urbana, os Gráficos 16 e 17 sinalizam as associações de


cada componente para 2018 e 2019 respectivamente. Também aqui se observa que não há
muita discordância entre as observações para os dois anos.

De modo geral, nota-se que, para a maioria dos componentes, é grande a dispersão dos
estados em relação à linha de 45°. Aparentemente, a energia elétrica é o caso mais extremo.
Por outro lado, destaque-se o subcomponente de abastecimento em 2018, sobre o qual se
observa forte similaridade entre as bases. As exceções são Rio de Janeiro e Pará, que se
localizam mais distantes e abaixo da linha de 45°, indicação de um número maior de domicílios
inadequados por meio da PnadC.

Outro ponto importante a ser levantado refere-se às escalas dos gráficos de dispersão. Os
subcomponentes de canalização, coleta de lixo e energia elétrica possuem escala pequena em
comparação com o esgotamento sanitário e o abastecimento. Essa percepção reforça o
indicativo de que, nesta análise, a inadequação de infraestrutura urbana é fortemente puxada
pelos dois últimos subcomponentes.

Dada a importância do componente de esgotamento para o componente de infraestrutura


urbana e o indicador de inadequação domiciliar total, percebe-se grande dispersão dos
estados em relação à linha de 45°. Em específico, cabe destaque para Minas Gerais, Pará,
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia.

Aqui iremos retomar uma conclusão das análises anteriores. Construído na presente análise, o
indicador geral de inadequação domiciliar é composto em sua maior frequência pelas
inadequações de infraestrutura urbana, e é baixa a participação das carências edilícias para o
cômputo do total de domicílios inadequados.

Desse modo, observa-se que, em sua maior parte, a inadequação total é explicada pelas
carências de infraestrutura urbana. Elas, por sua vez, são direcionadas pelas inadequações nos
subcomponentes de esgotamento e, em menor medida, de abastecimento. É possível dizer,

96
portanto, que o comportamento de tais subcomponentes é determinante da inadequação
total.

É perceptível que, no Norte e no Nordeste, continuam se localizando muitas das UF onde as


duas bases apresentam divergências grandes, conforme o afastamento da reta de 45°. Cabe
aqui, no entanto, um destaque para o Centro-Oeste, nos estados do Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul. Além de se distanciarem da nuvem de pontos próximos à origem, tanto para o
esgotamento quanto para o componente de infraestrutura urbana, passaram a se localizar em
posições sinalizadoras de frequências menores de domicílios inadequados obtidos pela PnadC,
em contraste com os valores altos observados no CadÚnico.

97
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 16: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2018

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

98
Gráfico 17: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Unidades da Federação – 2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

99
Estatística & informações, n. 54

6.2 Regiões metropolitanas

No que se refere às regiões metropolitanas, na Tabela 43, é possível verificar a correlação alta
para a maioria dos componentes estimados. As exceções são para as inadequações nos
subcomponentes de “material predominante no piso”, que não foi digna de nota para 2018, e
para a “energia elétrica”, que não foi relevante estatisticamente nem num ano nem no outro.

É importante mencionar que é considerável o número de RM com valores faltantes na PnadC


para alguns subcomponentes. Nesse sentido, ainda que importante, a correlação de uma
variável com ausência de informações para muitas RM é imprecisa e problemática de ser
analisada. É o caso da coleta de lixo e da canalização.

Tabela 42: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – região metropolitana

2018 2019
Teste de Teste de
Componente da
correlação p-valor correlação p-valor
inadequação
(Pearson) (Pearson)
inadequação
0,8982 0,0000 0,8881 0,0000
domiciliar
Inadequação edilícia 0,7115 0,0004 0,8782 0,0000
Banheiro 0,5278 0,0245 0,6336 0,0027
Piso -0,1533 0,5435 0,9021 0,0001
Inadequação de
0,8878 0,0000 0,8803 0,0000
infraestrutura urbana
Abastecimento 0,9444 0,0000 0,9568 0,0000
Canalização 0,7851 0,0000 0,7078 0,0003
Esgotamento 0,8615 0,0000 0,7551 0,0000
Coleta de lixo 0,7558 0,0000 0,6674 0,0018
Energia Elétrica -0,2471 0,3944 0,3745 0,2304
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

Em se tratando das dispersões observadas entre CadÚnico e PnadC, o Gráfico 18 ilustra o


indicador geral de inadequação domiciliar para os dois anos. De modo geral, nota-se certa
similaridade entre 2018 e 2019. Os pontos que mais se distanciam do ideal (linha de 45°) são,
basicamente, os mesmos, representativos das RM de Recife, do Rio de Janeiro, de Fortaleza e
Salvador.

100
Cabe apontar, também, o aglomerado de pontos próximos da origem, que sinalizam poucos
domicílios inadequados em ambas as bases. De modo geral, nota-se que a maioria das RM se
localizam no intervalo entre zero e um tanto para a PnadC quanto para o CadÚnico.

Por fim, em comparação com os resultados obtidos para as unidades federativas, nota-se certa
semelhança em se tratando dos pontos mais divergentes (Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ),
Fortaleza (CE), no entanto, parece haver dispersão menor considerando-se as RM.

101
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 18: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2018-2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

102
No Gráfico 19, é possível observar a dispersão referente ao componente de carências edilícias
e cada subcomponente seu para 2018 e 2019 respectivamente. Em primeiro lugar, cabe
apontar a predominância de valores baixos para as duas bases em todas as situações
estimadas. Tal como observado para as UF, as carências edilícias representam parcela pequena
da inadequação total, comparativamente às carências de infraestrutura urbana, elemento que
se evidencia por meio das escalas dos gráficos.

Outro apontamento relevante é a diferença entre as associações para os subcomponentes de


ausência de banheiro e material predominante no piso em relação ao componente geral de
carências edilícias. Todos os gráficos divergem, em grande medida, de uma relação linear,
ilustrada pela reta de 45° traçada em todos os gráficos, que seria o cenário ideal. Além disso,
observa-se a ausência de valores para muitas das RM aqui consideradas.

Especificamente sobre o a inadequação no material predominante no piso, é perceptível o


quanto as bases aqui comparadas destoam. Destaque para a região metropolitana do Rio de
Janeiro, que configura as diferenças maiores em ambos os anos, a inadequação computada
pelo CadÚnico sendo muito superior. Além dela, a RM de Goiânia em 2018 também apresenta
alta divergência. Nesse caso, porém, a PnadC é que reportou maiores inadequações.

Por fim, em todos os gráficos, é possível perceber em vários pontos verdades bem distantes da
linha de 45°, o que enfatiza as diferenças entre as bases para as RM do Nordeste. Além disso,
também se notam algumas RM do Sudeste e do Norte com comportamento similar.

103
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 19: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2018-2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria

104
Sobre o componente de infraestrutura urbana e seus subcomponentes, expõem-se nos
Gráficos 20 e 21 a dispersão para 2018 e 2019 nessa ordem. Tal como observado para as UF,
nota-se que os subcomponentes de abastecimento e esgotamento possuem peso maior na
inadequação de infraestrutura urbana. Além das informações faltantes, os demais
subcomponentes sinalizam baixa frequência de domicílios inadequados.

Ainda em comparação com os resultados para as regiões metropolitanas, também aqui, o


subcomponente de esgotamento parece apontar para divergências maiores entre as duas
bases. As RM de Recife, Fortaleza e Natal são três das quais onde se observam diferenças
maiores entre CadÚnico e PnadC. Tal como nos demais componentes, para a região Nordeste,
observam-se grandes diferenças entre as bases.

Também entre as RM nota-se similaridade com o observado para as UF, isto é, o


abastecimento apresentar alta similaridade entre as bases. Nesse subcomponente, a maioria
dos pontos se localizam muito próximos da reta de 45°. Com exceção das RMs do Rio de
Janeiro e, em menor grau, de Belém.

105
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 20: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2018

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

106
Gráfico 21: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – regiões metropolitanas – 2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

107
Estatística & informações, n. 54

6.3 Capitais

Em relação às capitais brasileiras, notam-se correlações de menor magnitude entre as variáveis


obtidas a partir do CadÚnico e as da PnadC, comparativamente às observadas para as UF e
RM. Além dos subcomponentes em que as correlações não foram estatisticamente relevantes,
como é o caso da coleta de lixo, energia elétrica e do piso para 2018, para alguns, apesar de
relevante, a correlação foi baixa, a exemplo da ausência de banheiro e do esgotamento.

Essas observações sinalizam divergências maiores entre as bases, uma vez que, em alguns
casos, as variáveis representativas do número de domicílios inadequados para cada
componente apresentaram associação baixa ou insignificante em termos estatísticos. O
componente de abastecimento foi o que exibiu maior similaridade entre as bases, tendo em
vista a correlação superior a 0,7 e relevante para os dois anos de análise.

Tabela 43: Correlação entre CadÚnico e PnadC para o indicador geral de inadequação e cada
componente – Capital

2018 2019
Teste de Teste de
Componente da
correlação p-valor correlação p-valor
inadequação
(Pearson) (Pearson)
Inadequação
0,7533 0,0000 0,7067 0,0000
domiciliar
Inadequação edilícia 0,7098 0,0002 0,6731 0,0011
Banheiro 0,5880 0,0050 0,5302 0,0195
Piso 0,4415 0,1140 0,9342 0,0007
Inadequação de
0,7399 0,0000 0,6877 0,0001
infraestrutura urbana
Abastecimento 0,7707 0,0000 0,8161 0,0000
Canalização 0,7163 0,0002 0,5824 0,0035
Esgotamento 0,5631 0,0097 0,5228 0,0073
Coleta de lixo 0,2280 0,3336 0,2570 0,2881
Energia elétrica 0,0123 0,9714 0,9697 0,0302
Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019.
Elaboração própria.

Tratando-se da dispersão entre os valores construídos por meio da PnadC e do CadÚnico, para
as capitais brasileiras, observa-se, no Gráfico 22, grande distância entre as bases. Diferente das
RM, em que o Nordeste era a região onde se verificavam maiores diferenças, aqui, em todas as
regiões as capitais apresentam grande divergência de valores entre as bases. Aparentemente,

108
a região Sul é onde os resultados das capitais estão mais próximos comparando-se as duas
bases.

Outro tópico interessante reforçado por esses resultados refere-se ao fato de a região Norte
apresentar maiores inadequações a partir da PnadC. Nota-se, por exemplo, que as RM de
Belém (PA), Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) se localizam distantes e abaixo
da reta de 45°. Também aqui vale pensar na possibilidade de que haja menor cobertura do
CadÚnico para alguns locais da Região Norte.

109
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 22: Dispersão da inadequação domiciliar entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

110
Gráfico 23: Dispersão das carências edilícias entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018-2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

111
Estatística & informações, n. 54

O Gráfico 23, acima, traz os resultados das capitais para o componente de carências edilícias e
seus subcomponentes para 2018 e 2019 nessa ordem. O comportamento mostra-se bem
similar entre os anos. De modo geral, no entanto, é grande a divergência entre CadÚnico e
PnadC. Em todos os gráficos, é evidente que pouquíssimos pontos se localizam próximos da
reta de 45°, o que torna a associação entre as duas bases muito difícil.

Já os Gráficos 24 e 25 trazem a dispersão para o componente de infraestrutura urbana e seus


respectivos subcomponentes. O padrão exposto anteriormente, para as carências edilícias, se
replica aqui. Considerando-se a comparação com a reta de 45°, que representa a situação
ideal, observa-se distância considerável dela para as pontes referentes aos valores observados
para as capitais.

Considerando as estatísticas de correlação expostas no quadro 60, é possível afirmar que essa
dispersão evidente em todos os gráficos pode ser justificada pela baixa correlação entre as
variáveis produzidas pelas duas bases. Essa é uma evidência de que PnadC e CadÚnico não
bases exatamente comparáveis, sobretudo quando o recorte territorial são as capitais.

112
Gráfico 24: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2018

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

113
Estatística & informações, n. 54

Gráfico 25: Dispersão da Inadequação de infraestrutura urbana entre CadÚnico e PnadC – Capitais – 2019

Fonte: Dados básicos: BRASIL, 2020; IBGE, 2019. Elaboração própria.

114
Cabe mencionar alguns pontos gerais que se mostraram presentes em todos os recortes
territoriais. A começar pelas informações faltantes. Para as carências edilícias, elas são
notadas, principalmente, com o piso. Para as inadequações de infraestrutura urbana, se fazem
presentes nos subcomponentes de canalização, coleta de lixo e energia elétrica.

Especificamente para as carências edilícias, cabe destacar que o peso desse subindicador na
inadequação domiciliar é baixo. Tal inadequação é formada, majoritariamente, por domicílios
com inadequações em infraestrutura urbana, inadequações de esgotamento e abastecimento
especificamente.

É importante retomar o principal intuito com essas análises descritivas: traçar uma
comparação entre as variáveis utilizadas e os resultados obtidos a partir do CadÚnico e da
PnadC. Os resultados expressos nesta seção apontam, em resumo, para a grande divergência
entre as duas bases, para o indicador geral e inadequação domiciliar, os componentes de
carências edilícias e de infraestrutura urbana e seus subcomponentes respectivos.

Por fim, ressalta-se que não é objetivo deste trabalho inferir qual base de dados é a melhor ou
a mais assertiva. E sim trazer um comparativo das informações e possibilidades no CadÚnico e
na PnadC, no que se refere às carências habitacionais que acometem os domicílios brasileiros
de baixa renda.

115
Estatística & informações, n. 54

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em um esforço de síntese dos resultados comparativos entre CadÚnico e PnadC, pode-se apontar dez
aspectos.

1) Apesar de, ao longo desta nota, tratarmos os resultados como inadequação domiciliar, é importante
considerar que esse foi um cálculo aproximado em relação à metodologia proposta em FJP (2020),
por isso chamamos o indicador de carências habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda
no Brasil. A Fundação João Pinheiro estima, anualmente, o déficit habitacional e a inadequação
domiciliar por meio dos microdados da PnadC. No entanto, muito em função da ausência de
informações para 2020 e 2021, o que tem se caracterizado é um verdadeiro “apagão estatístico”
para o setor habitacional. Pensou-se no CadÚnico como alternativa para suprir tal lacuna. Como
vimos, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos
Socioeconômicos (IMB) já haviam realizado uma tentativa de se calcular o déficit habitacional por
meio dos dados do CadÚnico. Analogamente, buscou-se aqui uma proxy para a inadequação
domiciliar no Brasil.

2) O filtro de data de atualização (DT_CADASTRO_FAM), destinado a garantir a qualidade e atualidade


da informação autodeclarada pelas famílias cadastradas no CadÚnico, especialmente a partir de
2020, se mostra problemático. Conforme as próprias portarias do Ministério da Cidadania entre
2020 e 2022 (Portaria nº 335, 443, 591, 624, 649 e 747), no contexto da pandemia do Covid-19, a
necessidade de atualização cadastral ficou suspensa, mas os dados fornecidos pelas famílias até
então permaneceram válidos, o que permitiu com que as famílias continuassem acessando os
diversos benefícios sociais. Nesse sentido, é necessário apontar dois desafios principais:
⎯ o primeiro, por um lado, é a necessidade de flexibilidade no período de atualização,
considerando-se que o ocorrido se deveu a diretriz assumida pelo Governo Federal;
⎯ por outro, a flexibilidade leva ao segundo desafio, mais complexo, que diz respeito às
condições de habitação e renda dessas famílias, que podem ter se alterado no intervalo
entre a data de atualização mais defasada e o ano de análise, especialmente no contexto de
crise sanitária, o que pode se refletir num dimensionamento equivocado de variáveis de
interesse.

116
Levando-se em conta estes dois pontos, a decisão nesta nota técnica foi de manter para 2020 o
filtro de 2019, ou seja, cuja data de atualização do cadastro (DT_ATUALIZACAO_FAM) permaneceu
31/12/2017. A opção pela flexibilização do filtro fundamenta-se, principalmente, na grande redução
do número de observações quando se mantém o período de dois anos (31/12/2018), o que gera
subestimação da inadequação total e de todos os seus componentes. É importante dizer que, como
todo trade off, incorremos em limitações, associadas, sobretudo, à possibilidade de que a realidade
(habitacional, de renda, de gastos etc.) das famílias tenha se alterado deste a última atualização
cadastral.
3) O terceiro aspecto refere-se à inadequação domiciliar e carências habitacionais qualitativas das
famílias de baixa renda no Brasil tratadas de forma relativa, ou seja, a proporção de domicílios ou
famílias em situação de inadequação em relação ao total de domicílios ou famílias para cada
situação analisada ao longo desta nota. Quando se analisa a estrutura das duas bases, é possível
verificar que essa medida relativa não parece ser razoável em termos de comparação. O principal
argumento é o fato de que, por se tratar de um registro administrativo direcionado às famílias de
baixa renda, é esperado que uma maior parte da amostra esteja em condições habitacionais
inadequadas, diferente do que ocorre com a PnadC que, e em suma, trata-se de uma base de dados
representativa de toda a população brasileira.
4) Outro aspecto é como as variações na formulação dos quesitos e de suas respostas – especialmente
para os quesitos de energia elétrica e existência de banheiro/sanitário exclusivo ou não –
influenciam os resultados observados.
5) O quinto aspecto é buscar justificativas do porquê de algumas categorias de resposta similares
entre CadÚnico e PnadC apresentarem resultados tão discrepantes – especialmente para as
categorias Fossa Rudimentar no quesito esgotamento sanitário, Queimado ou enterrado (na
propriedade) no quesito destino do lixo, e Terra no quesito do piso predominante no domicílio.
6) O sexto aspecto, além da formação desses bancos de dados – se registro administrativo (CadÚnico)
ou se pesquisa amostral (PnadC) – diz respeito à diferença fundamental da unidade de análise
entre o CadÚnico (a família) e a PnadC (o domicílio), o que por si só abre espaço para grandes
diferenças nos indicadores.
7) O sétimo aspecto é relacionado à utilização de um banco de dados de coorte, a exemplo do
CadÚnico, em uma análise de período, o que gera diversos impactos, especialmente na captação de
variáveis sensíveis a variações, como a renda familiar. Ademais, a própria renda familiar, além de ser

117
Estatística & informações, n. 54

autodeclaratória, não inclui as transferências governamentais. Desse modo, ela corrobora uma
possível sobrestimação das famílias com renda total de até três salários mínimos.

8) Outro elemento importante de se destacar é uma possível fonte de erros associada aos dados da
PnadC de 2018 e 2019. Como todas as pesquisas amostrais, os pesos utilizados para tornar a
amostra da PnadC, de fato, representativa da população são obtidos a partir do Censo Demográfico
de 2010. Apesar de ser o mais recente, ele retrata a realidade de 13 anos atrás. Ao longo desse
tempo, diversas dinâmicas socioeconômicas e migratórias podem ter se alterado, comprometendo
os fatores de expansão em uso. Acredita-se que essa pode ser uma das justificativas para as grandes
diferenças observadas entre os resultados da PnadC e do CadÚnico para o Centro-Oeste, região que
tem apresentado crescimento populacional e econômico expressivo ao longo dos últimos anos.

9) Mais um apontamento em relação ao CadÚnico faz-se necessário. Sabe-se que ele é um registro
administrativo direcionado às famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que, por
natureza, deveria cobrir toda a população brasileira em tais condições. Ocorre que não há garantia
de uma cobertura perfeita. Não é possível afirmar que, de fato, toda a população pobre em situação
de pobreza e extrema pobreza esteja cadastrada. Além disso, considerando-se que o registro é a
porta de entrada para o pagamento de benefícios sociais, não se pode excluir também a
possibilidade de que famílias que não se enquadram nessa situação se aproveitem do caráter
autodeclaratório para ter vantagens (free riders).

10) Por fim, cabe um apontamento geral a respeito da análise aqui exposta. O exercício de comparação
das fontes de dados e a proposta de utilização do CadÚnico em alternativa à PnadC é relevante não
só para suprir a lacuna de ausência de dados oficiais da PnadC para 2020 e 2021. Apesar das
limitações discutidas ao longo desta nota, os dados obtidos por meio da CadÚnico possuem diversas
vantagens, por exemplo:

⎯ o acompanhamento dos indivíduos ao longo do tempo (estrutura de coorte);

⎯ a possibilidade de abordagens tanto em nível domiciliar quanto individual e de identificação


de municípios, que são um recorte territorial muito mais específico do que as regiões
metropolitanas, que é o que PnadC permite identificar;

⎯ abarcam uma parcela relevante da população brasileira em situação de pobreza e extrema


pobreza, sem demandar ponderações, como ocorre com as pesquisas amostrais, a exemplo

118
da PnadC, que, como vimos na consideração de número 8, estão condicionadas aos fatores
de expansão censitários e, por consequência, às defasagens de informação;

⎯ análises a partir do CadÚnico podem ser aplicadas a temas diversos, não somente aos
habitacionais, tendo em vista a riqueza informacional de semelhante fonte de dados.

Em síntese, os elementos apontados acima são fontes de erro e desvio entre as estimativas observadas na
PnadC e no CadÚnico. Não obstante se tratar de bases completamente distintas – devido à ausência de
fontes oficiais estatísticas de dados com as características gerais dos domicílios e a consistência de
tendências e resultados observados entre as bases – é possível utilizar o CadÚnico como possibilidade,
como demonstrado nesta série estatística, na procura da identificação e caracterização das carências
habitacionais qualitativas das famílias de baixa renda no Brasil.

119
Estatística & informações, n. 54

REFERÊNCIAS

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Federal: dados universo, 2018-2020. Brasília, DF, 2020.
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ano, 10 (1), 81-93, 2008
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FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Diretoria de Estatística e Informações. Nota técnica – quesitos de saneamento
– base de dados nacionais [Censo Demográfico, PnadC e CadUnico]. Belo Horizonte: FJP, 2022.
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contínua – PNAD Contínua: microdados 2018, 2019: visita 1. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. Disponível em:
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Espírito Santo - 2009. Vitória: IJSN, 2009. (Texto para discussão n. 3).
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Vitória: IJSN, 2019. (Boletim n. 3).
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Goiás: uma análise do CadÚnico – 2017. Goiás: IMB, 2017.
INSTITUTO MAURO BORGES DE ESTATÍSTICAS E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Déficit habitacional com
base nos dados do CadÚnico 2020. Goiás: IMB, 2021.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário; Secretaria Nacional de Renda de Cidadania.
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BRASIL. Decreto n° 11. 016, de 29 de março de 2022. Regulamenta o Cadastro Único para Programas Sociais
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MARANHÃO. Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano. Programa Cheque Minha Casa.
São Luis, 2018. Disponível em: https://chequeminhacasa.secid.ma.gov.br/. Acesso em: 29 mar. 2023.

121
Estatística & informações, n. 54

Série Estatística & Informações


ISSN 2595-6132

Números divulgados:
Volume 1 – Economia do turismo de Minas Gerais: 2010-2014
Volume 2 – Metodologia do PIB trimestral de Minas Gerais: referência 2010
Volume 3 – Déficit habitacional no Brasil: resultados preliminares 2015
Volume 4 – Produto Interno Bruto de Minas Gerais: 2015
Volume 5 – Produto interno bruto dos municípios de Minas Gerais: 2015
Volume 6 – Déficit habitacional no Brasil: 2015
Volume 7 – Fluxos migratórios dos territórios de desenvolvimento de Minas Gerais e grandes regiões do
Brasil: 2010
Volume 8 – Projeções populacionais: Minas Gerais e territórios de desenvolvimento 2010-2060
Volume 9 – Perfil dos jovens em áreas de vulnerabilidade social: educação e trabalho
Volume 10 – Tabela de Recursos e Usos e Matriz Insumo-Produto de Minas Gerais: 2013
Volume 11 – Matriz Insumo-Produto dos Territórios de Desenvolvimento de Minas Gerais: 2013
Volume 12 – O PIB e os indicadores das finanças públicas de Minas Gerais: triênio 2015-2017
Volume 13 – Diagnóstico da previdência pública dos servidores do Estado de Minas Gerais
Volume 14 – A produção de café em Minas Gerais: desafios para a industrialização
Volume 15 – Estrutura e evolução da ocupação formal de Minas Gerais: 2000-2017
Volume 16 – Produto Interno Bruto de Minas Gerais: 2016
Volume 17– Produto Interno Bruto dos Municípios de Minas Gerais: 2016
Volume 18 – Vulnerabilidade e condições de vida no Brasil e em Minas Gerais: o que revelam a Pesquisa
por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) e o Cadastro Único – 2016 e 2017
Volume 19 – A economia de Minas Gerais no primeiro semestre de 2019
Volume 20 – Contas Regionais de Minas Gerais – Ano de Referência 2017
Volume 21 – Delimitação e caracterização da cadeia produtiva da moda de Minas Gerais a partir da Matriz
de Insumo Produto 2013
Volume 22 – Metodologia para o cálculo do PIB do agronegócio de Minas Gerais: referência na Matriz de
Insumo Produto 2013
Volume 23 – Produto Interno Bruto dos Municípios de Minas Gerais: ano de Referência 2017
Volume 24 – A economia de Minas Gerais no terceiro trimestre de 2019
Volume 25 – Boletim quadrimestral das finanças públicas – 3º quadrimestre de 2019

122
Volume 26 – Cadeia produtiva de calçados e couro em Minas Gerais: uma aplicação insumo-produto
Volume 27 – A economia de Minas Gerais em 2019
Volume 28 – Tabela de Recursos e Usos e Matriz insumo Produto de Minas Gerais – 2016
Volume 29 – Matriz de insumo-produto das Regiões Geográficas Intermediárias de Minas Gerais – 2016
Volume 30 – Boletim quadrimestral de finanças públicas: 1º quadrimestre de 2020
Volume 31 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: primeiro trimestre de 2020
Volume 32 – Estrutura e evolução do emprego em Minas Gerais pré pandemia da Covid-19
Volume 33 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: segundo trimestre de 2020
Volume 34 – Modelos econométricos de previsão do PIB-MG 2020 e 2021: um estudo conjunto da
DIREI/FJP e do CEDEPLAR/UFMG
Volume 35 – Contas regionais de Minas Gerais – Ano de referência 2018
Volume 36 – Metodologia para o cálculo do PIB do agronegócio de Minas Gerais: referência matriz insumo
produto 2016 e estimativa anual com base nas contas regionais
Volume 37 – Produto Interno Bruto dos Municípios de Minas Gerais – Ano de 2018
Volume 38 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: terceiro trimestre de 2020
Volume 39 – O cenário da pandemia de Coronavírus e seus impactos na dinâmica demográfica em MG
2020
Volume 40 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: quarto trimestre 2020
Volume 41 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: primeiro trimestre 2021
Volume 42 – A dinâmica demográfica de Minas Gerais em 2018: um retrato do estado no período pré-
pandemia
Volume 43 – Estudo trimestral da economia de Minas Gerais: segundo semestre de 2021
Volume 44 – Contas regionais de Minas Gerais: ano de referência 2019
Volume 45 – Produto Interno Bruto dos municípios de Minas Gerais: ano de referência 2019
Volume 46 – Estudo da economia de Minas Gerais: ano de 2021
Volume 47 – Distribuição das atividades econômicas entre as regiões geográficas imediatas de Minas
Gerais no período 2010-2019
Volume 48 – A recomposição da estrutura produtiva de Minas Gerais no período 2010-2019
Volume 49 – Tabela de Recursos e Usos e Matriz Insumo-Produto de Minas Gerais – 2019
Volume 50 – Contas regionais de Minas Gerais: ano de referência 2020
Volume 51 – Matriz de Insumo-Produto das Regiões Geográficas Intermediárias de Minas Gerais – 2019
Volume 52 – Estudo da economia de Minas Gerais: ano de 2022
Volume 53 – Produto Interno Bruto de Minas Gerais: ano de referência 2020

123
Estatística & informações, n. 54

Volume 54 – Condições habitacionais das famílias de baixa renda no Brasil: uma análise a partir dos dados
do CadÚnico (2018-2020)

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