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Vídeo conferência

«Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias»


Por José Soares Caetano (*)

INTRODUÇÃO:
Foi com grande satisfação que recebemos este convite… que é o primeiro… desde que a
colectânea «Os Bantu na visão de Mafrano» foi apresentada ao público, em 2022.
As minhas primeiras palavras são de agradecimento: agradecimentos à Profª Greicy Pinto
Bellin, por colocar o Brasil como o primeiro país a organizar uma vídeo conferência sobre a
obra de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, com um significado muito especial para o
reforço de um intercâmbio entre angolanos e brasileiros; agradecimentos à escritora Isabel
Ferreira, que, nos facilitou a conexão com os organizadores, e, através deles, com os demais
presentes; agradecimentos ao professor doutor Kabengele Munanga, por ter aceite valorizar
este acto, com a sua prestigiante autoridade académica e cientifica; agradecimentos à
Universidade de São Paulo por nos ter facilitado o contacto com o Professor Munanga; e
agradecimentos a todos os participantes pela grande dimensão desta audiência!
Ter entre nós o Professor Kabengele Munanga é sem dúvidas um verdadeiro privilégio, pelo
facto de podermos beneficiar dos conhecimentos e experiência, com que certamente nos irá
extasiar esta noite.

PLANO DA EXPOSIÇÃO:
Com a vossa permissão proponho-me abordar o que fez a nossa família, nestes últimos 40
anos, em termos de resgate e divulgação da obra de Mafrano, a qual, como já se sabe, nasceu
de um vasto espólio literário, disperso em jornais, revistas, arquivos de amigos e noutras
publicações, entre o ano 1947 e a data do seu passamento físico, em julho de 1982. Espero
não ser fastidioso, resumindo-me, por isso mesmo, aos aspectos absolutamente essenciais
para este evento.
A minha apresentação consistirá no seguinte:
 Explicar como nasceu e se desenvolveu a Iniciativa da publicação de «Os Bantu na
visão de Mafrano»;
 Mencionar os principais problemas, desafios e sucessos que tivemos até à sua
publicação;
 Falar do Trabalho de divulgação;
 Apontar algumas conclusões e perspectivas para o Futuro.
Deixarei os aspectos históricos e antropológicos da Cultura Bantu com o digníssimo professor
Doutor Kabengele Munanga cuja presença uma vez mais exaltamos.
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(I) O PERFIL DE MAURÍCIO FRANCISCO CAETANO, E A INICIATIVA DE PUBLICAÇÃO DE «OS


BANTU NA VISÃO DE MAFRANO – QUASE MEMÓRIAS»:

Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”, o autor desta colectânea, nasceu na cidade do


Dondo, Província do Cuanza-Norte, em Angola, aos 24 de Dezembro de 1916, vindo a falecer
aos 25 de Julho de 1982, cinco meses antes de completar 66 anos de idade. [Se fosse vivo,
estaria a completar 107 anos]
“Mafrano” tinha seis anos quando o seu pai, João Francisco Caetano da Silva, morreu vítima
da doença do sono (A Tripanossomíase), ficando então aos cuidados de sua mãe, Mariana
José Marcolino, até ser recolhido e educado por um sacerdote santomense de nome José
Pereira da Costa Frotta (46 anos).
Em vida, anos 40’s do sec. XX, Mafrano foi professor, funcionário do “Quadro Administrativo”,
e, mais tarde, a partir dos anos 50’s, Oficial de Impostos, Secretário da Fazenda e Director de
Finanças, em Angola. Estudioso e amante do conhecimento, tinha grande paixão pelas
Línguas. Além do Português e do Kimbundu, seu idioma materno, conhecia profundamente o
Alemão, Francês, Grego, Inglês e o Latim.
Os seus textos foram escritos, a partir dos anos 40, em revistas e jornais, como «ANGOLA
NORTE», «REVISTA ANGOLA», «O FAROLIM», «O APOSTOLADO», «O ANGOLENSE»,
«TRIBUNA dos Musseques», «BOLETIM DE FINANÇAS», «CADERNOS CAPRICÓRNIO» e em
programas radiofónicos na RÁDIO ECCLÉSIA, sob os pseudónimos Mafrano, Aliquis, Anateco,
Virafro e outros.
“Os Bantu na visão de Mafrano”, a segunda obra póstuma, foi coligida por terceiros, e, por
esta razão, não está estruturada nem sistematizada segundo a perspectiva do seu autor. Os
textos originais foram editados em livro, 40 anos depois da sua morte, após uma derradeira
pesquisa que durou mais de dez anos. A primeira obra póstuma de Mafrano foi um conto, «O
Menino Luís, irmão de João Cassabalo», edição INALD, 1986, sobre os mártires das
desigualdades sociais e raciais na sociedade colonial.
“Mafrano” foi um estudioso transparente da forma de viver, dos hábitos e dos costumes dos
povos bantu nas regiões de Malanje, Uíge, Cabinda, Cuanza-Sul, Cuanza-Norte, Dembos e
Luanda. Herdeiro convicto da sua origem e riqueza cultural, fez estudos comparativos entre
os BANTU e povos de outras regiões e países, com extraordinário rigor intelectual, mostrando
o quanto não lhe era estranha, a História das Civilizações que tiveram grande predominância
no Egipto, em Roma, na Grécia, na Líbia antiga, em Timor e em países da América do Sul.
Educado pela Igreja Católica, Maurício Caetano, era um homem extremamente humilde, para
o qual o conhecimento foi sobretudo um instrumento de consciencialização, partilha e
comunhão de valores universais, por isso válidos para toda a humanidade, transmitidos de
geração em geração, e não, jamais, um factor de superioridade ou de subjugação do outro.

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Fiel à educação que recebeu desde criança órfã, Maurício Caetano, foi coerente e vertical,
quanto aos princípios morais e teológicos em que foi formado. Crente em Deus e fervoroso
praticante da religião católica, defendeu os seus princípios e valores, até aos últimos dias.
Enquanto observador, Mafrano sempre foi atento, crítico, imparcial e objectivo; seriamente
engajado na defesa da cultura do seu povo, e alinhado a valores que dizia serem universais.
São célebres duas frases que pronunciou em plena noite colonial, tais como:
- O Bantu é negro, não é homem de cor (1972); e
- Deixem o Bantu crescer intelectualmente (1969)!
Ele defendeu a Cultura Bantu, mas advertiu-nos contra “extravagâncias e excentricidades”
(vide pag. 87, Volume I); defendeu a necessidade de o Bantu ser livre para crescer, mas
alertou-nos para tudo aquilo que poderia ser negativo em determinadas práticas sociais, sem
recear a polémica e o debate de que tanto gostava, como amante do conhecimento! No
Brasil, dois dos nomes que mais nos citava, eram Jorge Amado e Gilberto Freyre cujas
colecções continuam até hoje na sua biblioteca.

(II) ESTRATÉGIAS, PROBLEMAS, DESAFIOS E HISTÓRIAS DE SUCESSO NO RESGATE,


PUBLICAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA OBRA DE MAFRANO:
Maurício Caetano ganhou muito maior visibilidade como «O Mafrano», do que como
Maurício, ou Caetano, embora tivesse outros pseudónimos, como já referimos.
Nestes últimos 20 anos, os amigos, contemporâneos, discípulos e familiares foram unânimes
em colocar-nos, sempre, a mesma questão:

- Para quando o resgate da obra de Mafrano?

A minha mãe, Luzia Gabriela da Costa Soares, uma ex-professora da instrução primária em
Luanda, também me chamou um dia e me puxou as orelhas, dizendo:

«Tu és jornalista, escreves para os jornais, tens obras publicadas, e esqueces o trabalho do
teu pai…!?».
Confesso que esta frase sensibilizou-me profundamente, fazendo-me reflectir e agir. Decidi
então congelar os meus projectos literários e abraçar a ideia do que inicialmente quis chamar
de «A Vida e a Obra de Maurício Francisco Caetano». Era o ano de 2008 ou 2009, já não me
lembro com rigor, mas a pergunta que me coloquei a mim mesmo, foi:

- Por onde (re)começar?

Sublinho recomeçar porque uma parte considerável dos textos inéditos e conhecidos, de
Mafrano, tal como ele os havia deixado, em 1982, já tinham sido confiados a alguém, mas
tudo se evaporou e o próprio encarregado, infelizmente, também já não pertence ao mundo
dos vivos; e também já tínhamos editado «O Menino Luís, irmão de João Cassabalo».
Sendo assim, as primeiras tarefas consistiram em:

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 Elaborar a lista dos jornais e revistas para os quais ele escrevia;


 Consultar familiares, amigos e contemporâneos;
 Iniciar novas pesquisas na sua rica biblioteca e arquivos pessoais, e;
 Endereçar cartas a instituições competentes, como a Igreja Católica, Bibliotecas
Públicas e o Arquivo Nacional.

Anos mais tarde, procuramos informações em Portugal, como na Torre do Tombo e na


Biblioteca Nacional, em Lisboa, sabendo-se que Mafrano havia escrito a maioria dos seus
textos durante o período colonial, entre 1947 e 1975.
Dentre os amigos contactados, merece especial destaque, e referência, Lídio Marques da
Cunha que é também aquele cujo nome Mafrano mais vezes citou, nos seus artigos. Era
grande a amizade entre ambos!
Lídio Cunha, que faleceu em Lisboa, no dia 29 de Janeiro de 2021, ofereceu-nos uma brochura
com textos de Mafrano, com data de Maio de 1975, e contendo um total de 59 páginas, além
de ter publicado um artigo, «Requiem a Maurício Caetano», a 20 de Julho de 2013. Numa
dessas visitas à sua residência, em Lisboa, fui acompanhado pelo escritor angolano Tomás
Lima Coelho.
Em Dezembro de 2011, enderecei uma carta, ao então arcebispo de Luanda, Dom Franklin
Damião da Costa, solicitando autorização para realizar pesquisas nos Arquivos da Igreja
Católica, proprietária do semanário «O APOSTOLADO», em Luanda. Mas, infelizmente, Dom
Damião Franklin faleceu (em 2014) deixando tudo em aberto.
Curiosamente, em 2014, a edição de Outubro/Novembro da «Revista Africana», da Liga
Nacional Africana, classificou Maurício Caetano como o 26º numa lista de 34 celebridades
cujas obras careciam de «intervenção das instâncias oficiais, para a preservação do
património nacional».
Em resposta a uma nova diligência, feita em 2018, junto à Igreja Católica, o Arcebispo Dom
Filomeno Vieiras Dias autorizou-nos a consultar os arquivos do Paço Episcopal de Luanda.
Esta, como já deixamos entender, foi a terceira fase de buscas, durante a qual o nosso
trabalho passou a ser diário, com consultas que abrangeram os números do jornal «O
Apostolado», entre 1954 e 1982. O apoio do Arcebispo de Luanda foi tão grande que ele
visitava-me, frequentemente, na sala de pesquisas, perguntando como decorria o trabalho.
Numa dessas visitas, eu disse-lhe:

- Descobri aqui diamantes! Estes arquivos valem mais do que minas de diamantes…

E, à medida que fui lendo e registando esses textos, fui fazendo descobertas sensacionais,
nomeadamente:

(i) Muitos dos textos eram assinados somente por «O nosso correspondente», a partir de
Cabinda, Ndatalando, Golungo Alto e Dembos;
(ii) Maurício Caetano também assinava como “ALIQUIS”, «VIRAFRO» e «Um Ex-Seminarista»,
além de MAFRANO.
(iiI) O primeiro texto assinado por Maurício Francisco Caetano, sob a epígrafe «Perfil
Etnográfico do Negro Jinga», vinha inserido no Jornal «Angola Norte», do dia 23 de Agosto de
1947, um periódico independente da província de Malanje, no Norte de Angola (segundo nos

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revela ele próprio no jornal «O Apostolado» de 18 de Novembro de 1959. Este artigo, note-
se, é assinado, justamente, por «UM EX-SEMINARISTA» e esse ex-seminarista era ele,
Maurício Caetano!).
Esta metodologia de trabalho, isto é, a comparação exaustiva dos seus textos e a remissão de
uns para outros, permitiu-nos a descoberta de um total de sete (07) pseudónimos de Maurício
Francisco Caetano cujas alcunhas no Seminário de Luanda, eram, diga-se a propósito, «RATO
DA BIBLIOTECA» e «AQUILLA VOLANS», ou seja, «ÁGUIA VOLANTE», em Latim, dado origem
ao anagrama «Aliquis», como ele tão bem sabia fazer!
O material recolhido foi tanto que calculamos serem necessários três volumes com mais de
200 páginas, para editar textos dispersos ao longo de 35 anos de produção literária sobre a
antropologia cultural, e um grande esforço para a sua digitalização e sistematização. Os seus
textos, diga-se, contemplavam uma diversidade de temas, incluindo Antropologia Religiosa,
História, estudos sobre as Línguas Kimbundu e Portuguesa, Episódios Vividos, Notas Ligeiras,
Reflexões Filosóficas, Tertúlias e assuntos correntes sobre a vida económica e social.
Em 2018, quando obtive a minha reforma, passei a dedicar-me exclusivamente a este
apaixonante projecto, num ritmo verdadeiramente acelerado, digo mesmo, quase 24 sobre
24 horas, não fazendo muito mais do que «Escrever, Comer e Dormir», o necessário.
Como resultado, as primeiras 200 páginas com as «Notas Preliminares» desta obra ficaram
prontas em 2019, então com o titulo «Vida e Obra de Maurício Caetano». Nessa altura, saltei
de alegria e acreditei que seria possível terminar não só a colectânea, mas também outros
mais livros a publicar no futuro.
Permitam-me uma breve explicação sobre a mudança do título «Vida e Obra de Maurício
Caetano» para «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias». Em 2019, quando
terminei as primeiras 200 páginas com as «Notas Preliminares» desta obra, não estava
satisfeito com o titulo inicial, por três razões fundamentais:
(i) Primeiro, por me parecer um titulo bastante genérico e vulgar;
(ii) Em segundo lugar, porque nos escasseavam fontes e elementos importantes para
completar a sua biografia.
(iii) Finalmente, não se teria a dimensão histórica das suas pesquisas antropológicas;
Para a família, Mafrano era o «pai, tio e avô», mas pouco mais sabíamos sobre a sua infância
e adolescência, além de que ficara órfão, aos seis anos, e do que já era público. De facto,
faltavam-nos os necessários detalhes e episódios mais salientes do seu percurso estudantil e
profissional. Muitos dos contemporâneos de quem mais falava - como Jorge Macedo,
Domingos Van-Dúnem e Alcântara Monteiro -, além da esposa e irmãos, já tinham falecido.
Por isso, a opção inclinou-se para «Os Bantu na visão de Mafrano – Quase Memórias», numa
sugestão feita por um dos netos, João Piúla Casimiro, cujo nome consta na ficha técnica, ao
lado do Padre Noé Gomes do Secretariado do Cardeal de Luanda e do reverendíssimo
arcebispo emérito do Lubango, Huíla, Dom Zacarias Kamwenho que tanto nos estimularam.

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No dia 22 Março de 2022, pondo-se termo a um longo e complexo trabalho de buscas, revisão
e correcções, foi finalmente concluído o volume I com o titulo «Os Bantu na visão de Mafrano
– Quase Memórias», sob chancela da Editora Perfil Criativo. As primeiras duas cidades a
receber esta obra, em Angola, foram o Lubango, a 28 de Abril, e Luanda, a 14 de Maio, do
mesmo ano, destacando-se em ambas a presença do Arcebispo emérito do Lubango, Dom
Zacarias Kamwenho, o prémio Sakharov 2001.

(III) OS ESFORÇOS PARA A DIVULGAÇÃO DE «OS BANTU NA VISÃO DE MAFRANO»,


VOLUMES I E II (2022-2023):
Depois do volume I (2022), apresentamos em Luanda o volume II desta colectânea no dia 25
de Julho de 2023, no 41º aniversário do passamento físico de Mafrano. No dia 8 de Agosto, a
nossa família teve a honra de receber uma carta de Sua Excelência Reverendíssima Dom
Giovanni Gaspari, o Núncio Apostólico do Vaticano em Angola, na qual nos dizia
textualmente:
«(…) auguro que este precioso trabalho possa encontrar uma adequada divulgação
para a expansão da cultura literária angolana, e em particular da cultura e da história
do povo Bantu».

Estas palavras amigas de Sua Reverendíssima o Núncio Apostólico encorajaram-nos bastante


na procura de novos horizontes.
A divulgação que fizemos sobre a obra de Mafrano em Angola e no mundo, beneficiou de
experiências passadas e de lições aprendidas. Este esforço envolveu toda a família de
Mafrano cuja característica principal tem sido a união e a entreajuda entre todos, como
demonstra a divulgação pública desta obra em cidades, dentro e fora de Angola, como
Namibe, Cabinda, Ndalatando, Maputo, Praia, Lisboa, São Tomé e agora em terras brasileiras.
É, portanto, um mérito igualmente dividido por todos e por cada um de nós, filhos, sobrinhos
e netos.
No que me concerne, e talvez só por isso vos falo, sou jornalista desde julho de 1975, com
uma experiência em que ressalta o facto de ter conhecido largos horizontes enquanto fui
Oficial de Comunicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola, nos últimos 25
anos. Divulgar «Os Bantu na visão de Mafrano» pareceu-me, apenas, um novo mandato
profissional que vai completar cinco anos e que tenho desempenhado com muito amor,
paixão e resiliência apesar de todas as dificuldades encontradas ao longo desta caminhada.
Por vontade pessoal, e com o apoio de toda a minha família, continuamos decididos em
continuar a divulgar esta obra o mais longe possível, de modo a dar a conhecer ao mundo a
história e a cultura do povo Bantu, na visão de um angolano: MAFRANO.
Depois de estar disponível em vários países, como mostram os slides, soubemos que esta
colectânea também viajou na bagagem de muitos leitores para outras partes do mundo, em
África e fora deste adorável Continente Negro. As redes sociais testemunham isto!

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(IV) CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO.


Como principais conclusões e perspectivas, permitam-me partilhar as seguintes:
 Até Março de 2024, prevemos fazer uma edição brasileira de 200 exemplares, para as
cidades de São Paulo, Araquara, Brasília, Rio de Janeiro, Bahia, sob a chancela da
Editora «Escola Africana – Per Ankh Ntu». Neste momento estamos em contactos
muito avançados para esse efeito, faltando a celebração formal do referido contrato
na perspectiva de uma viagem ao Brasil, agendada para Março de 2024;
 Ainda sem data, temos em carteira a previsão de trazer a público edições em Inglês, e
também em Francês, para países não falantes da Língua Portuguesa. É um trabalho
que estamos a estudar com muita atenção, por nos interessar sobretudo uma
tradução de alta qualidade que possa ser acompanhada e sancionada,
simultaneamente, por editoras eventualmente interessadas.
 Além desta colectânea sobre a Antropologia Cultural Bantu, o autor deixou-nos um
imenso legado que, como já foi dito, ultrapassa mais de 1000 páginas de textos
dactilografados.
O nosso objectivo é trazer também a público publicações dedicadas à Antropologia Religiosa
e a diversos factos da vida social do tempo por ele vivido, sendo uma tarefa para os próximos
cinco anos, e um novo desafio para toda a família e amigos de Mafrano!
Mas, também é verdade que se este entusiasmo tem crescido, o trabalho terá de ser mais
árduo, e extenuante, e os melhores resultados e frutos só hão-de aparecer a longo prazo.
Acreditamos que nos tempos vindouros a obra de Maurício Francisco Caetano, “Mafrano”,
poderá ter um maior reconhecimento porque nos parece preencher, efectivamente, uma
grande lacuna que é o conhecimento da ancestralidade do homem bantu nos seus múltiplos
aspectos e na visão de um indígena, como ele próprio se caracterizava, quando escreveu: Nós
somos Bantu - «símiles, cum similires, facilè congregantur», Volume II, pág. 292.
Ilustres Participantes
Minhas senhoras e meus senhores,
Termino, agradecendo a vossa atenção. Ficamos à vossa disposição para eventuais
esclarecimentos, certos de que os aspectos antropológicos serão abordados com a devida
profundidade e autoridade pelo Prof. Dr. Kabengele Munanga. A todos quantos estimularam
a publicação, revisão e divulgação desta obra aqui fica o mais sublime agradecimento.
MUITO OBRIGADO.
Luanda, 9 de Novembro de 2023
(*) Jornalista, escritor e filho do autor

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