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MODELO I

...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM O SANTO PADRE E O COLÉGIO EPISCOPAL

Decreto de Instituição da Investigação Prévia

Motivatio facti

CONSIDERANDO que chegaram à Cúria desta Diocese de ... denúncias a respeito de suposto delito de
pecado contra o sexto mandamento do decálogo praticado com menor de idade, cujo autor seria o Reverendo PE. ...,
do clero desta Diocese;
CONSIDERANDO a verossimilhança de tais denúncias;

Motivatio iuris

CONSIDERANDO o que prescreve o Código de Direito Canônico, em tal situação: Sempre que o Ordinário
tem notícia, pelo menos verossímil, de um delito, indague cautelosamente, por si ou por outra pessoa idônea, sobre os
fatos e as circunstâncias e sobre a imputabilidade... (cânon 1717 § 1);
EM CONFORMIDADE com o cânon 1719;

Dispositio

PELAS PRESENTES LETRAS

DECRETAMOS instituída a Investigação Prévia para apurar os fatos, as circunstâncias, os eventuais


indícios ou eventuais provas de delitos canônicos cometidos pelo Reverendo PE. ..., do clero desta
Diocese;
NOMEAMOS os Reverendos Pe. ... e Pe. ..., do clero desta Diocese, para conduzirem a inquirição, com
poderes e obrigações, respectivamente, de investigador/auditor (cf. cânon 1717 § 3) e notário (cf. cânon
474) do processo investigativo; igualmente, nomeamos os Reverendos Pe. G. e H. como assessores (cf.
cânon 1718 § 3);
ESTIPULAMOS o tempo de ... meses, a contar da data destas Letras, para a conclusão da Investigação,
que deverá conter o voto do investigador sobre a possibilidade, a conveniência e a necessidade da abertura
do Processo Criminal em desfavor do investigado;
DETERMINAMOS: 1) Que nessa investigação não se ponha em perigo o bom nome de alguém (cânon
1717 § 2); 2) Que o exame das acusações seja feito com o devido respeito do princípio de ‘privacy’ e da
boa fama das pessoas (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Carta circular para ajudar as
Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos de abuso sexual
contra menores por parte de clérigos, 03/05/2011, III, d).

CUMPRA-SE;
ARQUIVE-SE.

DADAS na Cúria da Diocese de ..., no dia ... de ........... de 20...

....
Bispo de ...
Pe. ...
Chanceler
(Deve ser sacerdote [cf. cânon 483 § 2])
a) Esta documento deve ser notificado ao investigado. Sugere-se que o investigador e o notário façam a notificação.
b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo investigado quando notificado, constará nos autos;
a outra, será entregue ao investigado;
c) Antes da assinatura, leia-se o teor do Decreto em voz alta, perante o investigado;
d) Caso o investigado se recuse a assinar, o investigador e o notário assinem, colocando a data da notificação, e
acrescentem: “Lido ao investigado”.
MODELO II
...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SANTA SÉ E O COLÉGIO EPISCOPAL

DECRETO DE AFASTAMENTO DO MINISTÉRIO SAGRADO

Motivatio facti

CONSIDERANDO a necessidade de prevenir escândalos durante a Investigação Prévia atualmente em curso


nesta Diocese de ..., para apurar a procedência ou não de denúncias a respeito de suposto delito de pecado contra o
sexto mandamento do decálogo praticado com menor de idade, cujo autor seria o Reverendo PE. ..., do clero desta
Diocese;

Motivatio iuris

CONSIDERANDO atentamente o que prescreve o cân. 1722: Para prevenir escândalos..., o Ordinário, tendo
ouvido o promotor de justiça e tendo citado o acusado, em qualquer fase do processo pode afastar o acusado do
ministério sagrado ou de qualquer outro ofício ou encargo eclesiástico..., ou mesmo proibir-lhe a participação
pública na Santíssima Eucaristia;
CONSIDERANDO a normativa segundo a qual compete ao Bispo ou ao Superior Maior prover ao bem
comum determinando quais medidas de precaução previstas pelo cân. 1722 CIC e pelo cân. 1473 CCEO devam ser
impostas. De acordo com o art. 19 SST, isto se faz depois de começada a inquisição preliminar (CONGREGAÇÃO PARA
A DOUTRINA DA FÉ, Carta circular para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no
tratamento dos casos de abuso sexual contra menores por parte de clérigos, 03/05/2011, II);

Dispositio

PELAS PRESENTES LETRAS

AFASTAMOS o Rev.mo PE. ... do ministério sagrado e de qualquer outro ofício ou encargo eclesiástico;
PROIBIMOS o citado sacerdote, até a conclusão deste Processo, de celebrar publicamente a Santíssima
Eucaristia e de exercer publicamente os atos que requerem o poder de ordem sagrada.

CITE-SE o supracitado Presbítero do teor deste Decreto, recordando-lhe que tal Instrumento Canônico tem
caráter meramente administrativo (portanto, não penal). Assim, o eventual Recurso contra este Decreto terá efeito
devolutivo;
INFORME-SE este Decreto ao Ecônomo da Diocese, para que, até a conclusão desta Investigação ou o
trânsito em julgado do eventual Processo Criminal, seja garantida a digna e honesta sustentação do sacerdote afastado,
de acordo com as posses da nossa Diocese;
ADVIRTA-SE ao sacerdote afastado que o descumprimento de uma das disposições dessas Letras poderá ser
punido com a censura de suspensão de Ordem sagrada, com os efeitos previstos no cânon 1333;
ARQUIVE-SE e CUMPRA-SE.

DADAS na Cúria de ..., no dia ... de ..... de 20....

...
Bispo de ...
Pe. ....
Chanceler
(Deve ser sacerdote [cf. cânon 483 § 2])
a) Este documento deve ser notificado ao investigado. Sugere-se que o investigador e o notário façam a notificação;
b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo investigado quando notificado, constará nos autos;
a outra, será entregue ao investigado;
c) Antes da assinatura, leia-se o teor do Decreto em voz alta, perante o investigado;
d) Caso o investigado se recuse a assinar, o investigador e o notário assinem, colocando a data da notificação, e
acrescentem: “Lido ao investigado”.
MODELO III
DIOCESE DE ....
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar .../20....


Investigado: Pe. .....

DECLARAÇÃO

Eu, Pe. ..., Promotor de Justiça da Diocese de ...., declaro, para os devidos fins, que, no cumprimento do que
prescreve o cânon 1722, fui consultado pelo Excelentíssimo e Reverendo Dom ...., Bispo de ...., sobre o seu propósito
de afastar do ministério sagrado o Reverendo. Pe. ...., do clero desta Diocese, por ocasião da instituição da
Investigação Prévia atualmente em curso nesta Diocese, para apurar a procedência ou não de denúncias a respeito de
suposto delito de pecado contra o sexto mandamento do decálogo praticado com menor de idade, cujo autor seria o
referido sacerdote.

..........., ... de ..... de 20....

Promotor de Justiça da Diocese de ....

Este documento deve constar nos autos.


MODELO IV
DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar .../20....


Investigado: Pe. ....

DECRETO DE CITAÇÃO DE DEPOENTE

Sr(a). ...........,

No dia .../.../20..., o Ex.mo Sr. Bispo Diocesano de ...., Dom ....., instituiu uma Investigação para apurar os
fatos, as circunstâncias, os eventuais indícios ou eventuais provas de supostos delitos canônicos cometidos pelo
Reverendo Pe. ........, do clero desta Diocese.
Para a instrução da referida Investigação, por meio deste Decreto, CONVOCAMOS Vossa Senhoria para
comparecer a esta Cúria Diocesana, situada à Rua ....., nº ....., bairro ......., no próximo dia .. de .......... de 20..., às .....
horas, [Se o depoente for menor de idade: acompanhado dos seus pais ou responsáveis], a fim de depor sobre as
referidas acusações.

............., .... de ........ de 20....

Pe. .....
Instrutor
Pe. .......
Notário

Ciente: __________________________

Recebido em: ___/___/_________

a) Este documento deve ser notificado ao depoente;


b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo depoente quando notificado, constará nos autos; a
outra, ficará com o depoente;
c) Na impossibilidade de tal assinatura, remeta-se o Decreto pelos Correios. Sugere-se o envio com Aviso de
recebimento. Conserve-se nos autos o documento dos Correios que comprova a recepção da correspondência.
MODELO V
DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar .../20....


Investigado: Pe. ....

DECRETO DE CITAÇÃO DE DENUNCIANTE

Sr(a). ...........,

No dia .../.../20..., o Ex.mo Sr. Bispo Diocesano de ...., Dom ....., instituiu uma Investigação para apurar os
fatos, as circunstâncias, os eventuais indícios ou eventuais provas de supostos delitos canônicos cometidos pelo
Reverendo Pe. ........, do clero desta Diocese. O motivo da abertura da Investigação foi uma denúncia (escrita) de
Vossa Senhoria, que se encontra arquivada no arquivo secreto da Cúria diocesana de .....
Para a instrução da referida Investigação, por meio deste Decreto, CONVOCAMOS Vossa Senhoria para
comparecer a esta Cúria Diocesana, situada à Rua ....., nº ....., bairro ......., no próximo dia .. de .......... de 20..., às .....
horas, [Se o depoente for menor de idade: acompanhado dos seus pais ou responsáveis], a fim de depor sobre as
referidas acusações.

............., .... de ........ de 20....

Pe. .....
Instrutor
Pe. .......
Notário

Ciente: __________________________

Recebido em: ___/___/_________

a) Este documento deve ser notificado ao depoente;


b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo depoente quando notificado, constará nos autos; a
outra, ficará com o depoente;
c) Na impossibilidade de tal assinatura, remeta-se o Decreto pelos Correios. Sugere-se o envio com Aviso de
recebimento. Conserve-se nos autos o documento dos Correios que comprova a recepção da correspondência.
MODELO VI
.....
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE .....
EM PAZ E COMUNHÃO COM A SANTA SÉ E O COLÉGIO EPISCOPAL

DECRETO DE AUTORIZAÇÃO PARA NOTIFICAR

E COLHER O DEPOIMENTO DE MENORES DE CATORZE ANOS DE IDADE

Motivatio facti

CONSIDERANDO a conveniência de ouvir o depoimento de alguns menores de idade durante a instrução da


Investigação Prévia atualmente em curso nesta Diocese de ......, para apurar a procedência ou improcedência de
denúncias a respeito de suposto delito de pecado contra o sexto mandamento do decálogo praticado com menor de
idade, cujo autor seria o Reverendo ..., do clero desta Diocese;

Motivatio iuris

CONSIDERANDO atentamente o que prescreve o cânon 1550 § 1: Não sejam admitidos a testemunhar
menores com menos de catorze anos, e débeis mentais; mas podem ser ouvidos por Decreto do juiz, no qual se
declara ser isso conveniente.

Dispositio

PELAS PRESENTES LETRAS

AUTORIZAMOS o Reverendo PE. .........., auditor do processo investigativo, a citar menores de catorze
anos de idade para depor durante a instrução da Investigação Prévia ora em curso;
DETERMINAMOS que os depoimentos dos menores sejam colhidos na presença dos seus pais ou
responsáveis, que também devem assinar o verbal, na condição de testemunhas do depoimento;

OBSERVE-SE rigorosamente, durante o depoimento, o que determina o cânon 1564: As perguntas sejam
breves, adaptadas à capacidade do interrogado, não abrangendo muitas coisas ao mesmo tempo, não capciosas, não
sugeridoras da resposta, isentas de qualquer ofensa e pertinentes à causa em questão.

CUMPRA-SE.

DADAS na Cúria de .........., no dia ..... de ......... de 20.....

............
Bispo de ..........
Pe. .....
Chanceler
(Deve ser sacerdote [cf. cânon 483 § 2])

Este documento deve constar nos autos.


MODELO VII
DIOCESE DE ..........
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar .../20...


Investigado: Pe. ...........

SUGESTÕES DE PERGUNTAS A SEREM FORMULADAS ÀS TESTEMUNHAS

Cân. 1564: As perguntas sejam breves, adaptadas à capacidade do interrogado, não abrangendo muitas coisas ao
mesmo tempo, não capciosas, não sugeridoras da resposta, isentas de qualquer ofensa e pertinentes à causa em
questão.

1) Promete, sob juramento, com a mão direita sobre os Santos Evangelhos, dizer a verdade em suas declarações?
[Em conformidade com o cânon 1532, o investigador deve exigir o juramento da testemunha. Todavia, se a
testemunha se nega a fazê-lo, seja ouvida sem juramento (cf. cânon 1562 § 2)]
2) Nome completo, data de nascimento, RG, CPF, profissão.
3) Endereço.
4) Qual a sua religião?
5) A que paróquia/comunidade pertence? Exerce algum trabalho pastoral em sua paróquia/comunidade? Qual?
6) Há quanto tempo conhece o investigado, Reverendo .....?
7) O que o(a) Sr.(a) sabe – com segurança! – sobre o investigado, Reverendo ...., antes de sua ordenação
diaconal/presbiteral (infância, adolescência, família, período de seminário, etc.)?
8) O que o(a) Sr.(a) sabe – com segurança! – sobre o passado do investigado, Reverendo ...., após a sua ordenação
diaconal/presbiteral?
9) O que o(a) Sr.(a) sabe – com segurança! – sobre o presente do investigado, Reverendo ......?
10) O(A) Sr.(a) foi testemunha ocular/auricular de alguma palavra, expressão, ação ou atitude suspeita do investigado,
Reverendo ...., no trato com menores de idade? Em caso afirmativo, cite, detalhadamente, quais palavras, expressões,
ações ou atitudes suspeitas do investigado, no trato com menores de idade, o(a) Sr.(a) testemunhou!
11) O(A) Sr.(a) considera que o investigado, Reverendo ....., goza de boa fama na comunidade onde exerce o
ministério diaconal/sacerdotal? Explique as razões de sua resposta!
12) Cite ao menos cinco pessoas honradas e prestigiadas que possam dar informações seguras a respeito do
investigado, Reverendo .....
13) Deseja acrescentar algo às suas declarações?

Pe. ....
Instrutor
Pe. .....
Notário

a) Outras perguntas podem ser acrescentadas de improviso, no decorrer do depoimento, para esclarecer algumas
afirmações do depoente;
b) Convém que esta relação conste nos autos.
MODELO VIII
DIOCESE DE .......
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar ..../20.....


Investigado: Pe. ..........

SUGESTÕES DE PERGUNTAS A SEREM FORMULADAS À(S) SUPOSTA(S) VÍTIMA(S)

Cân. 1564: As perguntas sejam breves, adaptadas à capacidade do interrogado, não abrangendo muitas coisas ao
mesmo tempo, não capciosas, não sugeridoras da resposta, isentas de qualquer ofensa e pertinentes à causa em
questão.

1) Promete, sob juramento, com a mão direita sobre os Santos Evangelhos, dizer a verdade em suas declarações?
[Em conformidade com o cânon 1532, o investigador deve exigir o juramento do depoente. Todavia, se o depoente se
nega a fazê-lo, seja ouvido sem juramento (cf. cânon 1562 § 2)]
2) Nome completo, data de nascimento [se houver, RG, CPF, profissão].
3) Endereço.
4) Qual a sua religião?
5) A que paróquia/comunidade pertence? Exerce algum trabalho pastoral em sua paróquia/comunidade? Qual?
6) Há quanto tempo conhece o investigado, Reverendo ...?
7) Como, onde e quando você conheceu o investigado, Reverendo ...?
8) [No caso de a suposta vítima ter enviado, antes, a denúncia escrita ao [Arce]bispo] As denúncias contidas nesta
correspondência, com data de __/__/20__, contra o Reverendo ..., enviadas a esta [Arqui]diocese, são de sua autoria?
Confirma tais denúncias? Pode ser oportuno ler a denúncia...
9) Você costumava ir à residência do investigado, Reverendo ...? Com que frequência (diariamente, semanalmente,
mensalmente, esporadicamente...)?
10) O investigado, Reverendo ..., molestou você sexualmente? Em caso afirmativo, descreva, detalhadamente, quantas
vezes, de que forma e em que lugares o investigado, Reverendo ..., molestou você sexualmente!
[De acordo com a resposta da suposta vítima, pode ser oportuno pedir-lhe que exponha: 1) os lugares do suposto
assédio, as características espaciais e ambientais (detalhes da rua, aspectos da casa e do seu interior [quartos, salas,
sanitários, cozinha, garagem, quintal, etc.], bem como os tipos, a quantidade e as disposições de objetos [quadros,
imagens, fotografias, livros, eletroeletrônicos, etc.]) ali dispostos; 2) detalhes do suposto molestador, como a descrição
de suas particularidades físicas, hábitos, objetos pessoais, etc.]
11) Deseja acrescentar algo às suas declarações?

Pe. .....
Instrutor
Pe. .......
Notário

a) Outras perguntas podem ser acrescentadas de improviso, no decorrer do depoimento, para esclarecer algumas
afirmações do depoente;
b) Convém que esta relação conste nos autos.
MODELO IX
DIOCESE DE .......
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar ..../20.....


Investigado: Pe. ..........

VERBAL DE DEPOIMENTO DE TESTEMUNHA

Aos ... dias do mês de ... de ..., na sala de audiências da Cúria Diocesana de ..., na presença do Rev.mo Pe. ... e do
Rev.mo Pe. ... compareceu o Sr. ..., funcionário público municipal ..., em ..., ..., para depor sobre as acusações contra o
Pe. ..., supostamente autor de delitos contra o sexto mandamento do Decálogo praticado com menores abaixo de
dezoito anos. Após a oração, o Rev.mo Pe. ... fez o interrogatório anexo, cujas respostas do depoente, por ele
assinadas, foram:

1) Promete, sob juramento, com a mão direita sobre os Santos Evangelhos, dizer a verdade em suas
declarações?
O Sr. ... disse que sim.
2) Nome completo, RG, CPF, profissão
....
3) Endereço. Qual a sua profissão?
Praça ..., s/n - ... - ... - .... Minha profissão é ....
4) A que paróquia/comunidade pertence? Exerce algum trabalho pastoral em sua paróquia/comunidade?
Qual?
Pertenço à Paróquia ... Exerço a função ...
5) Há quanto tempo conhece o investigado, Reverendo .....?
Conheço o investigado desde o ano de ..., quando ingressou no Seminário de ..., em ....
7) O que o(a) Sr.(a) sabe – com segurança! – sobre o investigado, Reverendo ...., antes de sua ordenação
diaconal/presbiteral (infância, adolescência, família, período de seminário, etc.)?
O Pe. ... foi criado no seio de uma família muito católica. Seus pais são pessoas de bem, um casal de profunda piedade
católica. A vocação do Pe. eu acompanhei de perto. Ele fez o curso Técnico no ..., na cidade de ..., era namorado de ...,
uma conhecida da minha família. Mas, antes de terminar o Curso, entrou no Seminário, aos ... anos de idade. Seu
período de Seminário foi normal; aliás, muito proveitoso. Era um seminarista prodigioso, cheio de virtudes, admirado
pelos colegas e pelos formadores. Nunca se ouviu dizer nada que desabonasse o hoje Pe. ..., no tempo de Seminário.
8) O que o(a) Sr.(a) sabe – com segurança! – sobre o passado do investigado, Reverendo ...., após a sua
ordenação diaconal/presbiteral?
Foram duas as Paróquias do Pe. ... Fui diversas vezes à Paróquia de ..., onde ele serviu. Ele era muito querido e
respeitados pelos paroquianos de lá. Nunca ouvi nenhum comentário negativo a respeito do Pe. ... Na segunda
Paróquia, em ..., só fui duas vezes. Lá já existiam comentários sobre o Pe. ... e algumas pessoas que frequentavam a
sua casa. Isso só comentários. Não posso afirmar nada com segurança, neste sentido.
9) O que o(a) Sr.(a) sabe – com segurança! – sobre o presente do investigado, Reverendo ......?
Sei que ele está fazendo o curso de ..., na Faculdade de ... Sei que ele está sofrendo muito com essas acusações.
10) Em documento escrito que nos foi apresentado, datado de ... de ... de ..., o Sr. declara que recebeu uma
denúncia de assédio sofrido pelo Sr. ..., (17 anos). O que significa isso? O que você quis dizer com isso?
Eu quis dizer que a mãe do ..., a Sra. ..., procurou-me para relatar que o seu filho ... tinha sido assediado sexualmente
no ambiente da casa Paroquial pelo Pe. .... Ela me disse que o seu filho lhe relatou que o Pe. ... lhe ofereceu bebida
alcoólica e alimentos. Depois, no interior do quarto de dormir, o assediou sexualmente com toques nos órgãos
genitais.
11) Quando desta denuncia feita, a denunciante citou mais algum envolvido no fato?
A denunciante disse-me que o filho ... estava acompanhado de seu colega ..., que também foi assediado pelo sacerdote.
12) O Sr. foi testemunha ocular/auricular de alguma palavra, expressão, ação ou atitude suspeita do
investigado, Reverendo ...., no trato com menores de idade? Em caso afirmativo, cite, detalhadamente, quais
palavras, expressões, ações ou atitudes suspeitas do investigado, no trato com menores de idade, o(a) Sr.(a)
testemunhou!
Nunca fui testemunha ocular ou auricular de alguma atitude suspeita do investigado, com relação a menores de idade.
13) O Sr. considera que o investigado goza de boa fama na comunidade onde exercia o ministério sacerdotal, a
saber, a Paróquia ...?
Não. Um pequeno grupo de pessoas alimenta simpatia por ele, mas uma significativa maioria mostra ter sérias
reservas com o investigado. Exatamente por causa disto.
12) Deseja acrescentar algo às suas declarações?
Nada mais tenho a declarar.

Nada mais havendo a tratar, a reunião foi concluída com uma oração.

E, para constar, eu, Pe. ..., Notário, lavrei o presente Verbal, que vai assinado pelos presentes ao depoimento.

Instrutor

Depoente

Notário

a) Imprima-se o Verbal em duas vias. Assinam o(s) Instrutor(es), o Notário e o Depoente.


b) Uma das vias seja entregue ao depoente; a outra, inclua-se nos autos da Investigação.

MODELO X
DIOCESE DE .......
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar ..../20.....


Investigado: Pe. ..........

VERBAL DE DEPOIMENTO DA SUPOSTA VÍTIMA

Aos ... dias do mês de... de ..., na sala de audiências da Cúria Diocesana de ..., na presença do Revmo. Pe. ... e
do Revmo. Pe. ..., compareceu o Sr. ... para depor sobre as acusações contra o Pe. ..., supostamente autor de delitos
contra o sexto mandamento do Decálogo praticado com menores abaixo de dezoito anos. Após a oração, o Revmo. Pe.
... e Pe. ... fizeram o interrogatório anexo, cujas respostas do depoente, por ele assinadas, foram:
1) Promete, sob juramento, com a mão direita sobre os Santos Evangelhos, dizer a verdade em suas
declarações?
Sim, prometo!
2) Nome completo, data de nascimento, RG, CPF, Profissão.
... Nasci em... de ... de .... RG ... CPF ... Profissão: ...
3) Endereço de Residência.
Rua ..., ..., ..., ..., ... CEP ...
4) Qual a sua religião?
Católico.
5) A que paróquia/comunidade pertence? Exerce algum trabalho pastoral em sua paróquia/comunidade?
Qual?
Paróquia ... - ..., ..., na comunidade de .... Não exerço nenhum trabalho pastoral, atualmente.
6) Há quanto tempo conhece o investigado, Pe. ...?
Conheci em ... de 19....
7) Que idade você tinha e em que circunstância (onde, como e quando) você conheceu o investigado, Pe. ...?
Tinha na época 15 anos, recém completados. Inicialmente tive um contato apenas visual, na sua posse como pároco na
paróquia .... Depois, em uma reunião de catequistas, onde ele sentou-se ao meu lado e anotou meu nome para
possivelmente ser seminarista. Depois em uma conversa na casa paroquial ainda naquele mesmo mês, onde a
iniciativa foi minha, sobre a ida para o seminário e sobre uma celebração na minha comunidade onde eu seria
responsável.
8) A partir do momento em que você o conheceu, passou a frequentar a residência do investigado, Pe. ...?
Sim, a partir do momento que o conheci passei a frequentar a casa paroquial. Eu ia lá pelo menos duas vezes por mês,
às vezes mais vezes.
9) O investigado, Pe. ..., frequentava a casa de seus pais? Conhecia a sua família?
Sim, ele frequentava, não com tanta frequência, mas ia algumas vezes. Ele conhecia minha família e tinha a confiança
da minha família. Era bem visto por minha família e respeitado por ela.
10) O investigado, Pe. ..., molestou você sexualmente? Lembra em que situação e o lugar em que ocorreu o
primeiro assédio?
Sim, molestou. Na celebração do domingo de ramos, em ... de ..., na comunidade de ..., ele convidou-me a ir a missa
com ele na quinta-feira santa, na Catedral .... Porém, como ele iria sair cedo, ele alegou que era necessário que eu
dormisse na casa paroquial na noite de quarta para quinta-feira santa. Eu estudava à noite em uma escola próxima à
casa paroquial. E, após a aula, eu fui para a casa paroquial. Lá fizemos um lanche; depois subimos para o quarto do
padre. No quarto, ele me deu um sabonete e uma toalha para tomar banho no banheiro do seu quarto, ainda que na
casa houvesse mais quatro banheiros com chuveiro. A porta do banheiro não trancava, apesar de várias tentativas
minhas por sempre ter tido muita vergonha com relação a exposição do meu corpo. Ele então me disse que podia ficar
tranquilo que não iria me espionar. O banho transcorreu normalmente sem interferência do padre; quando, então, eu
saí vestido com uma bermuda e uma camiseta, sentei-me em uma cadeira que ficava ao lado da sua cama. O padre
estava sentado na cama. Iniciava na TV o filme ‘Central do Brasil’ e o padre trouxe uma lata de cerveja para cada um
de nós. Nós assistimos ao filme e conversamos sobre alguns assuntos gerais do filme. Após o término do filme, as
perguntas tomaram o rumo da sexualidade. A pergunta mais marcante para mim foi a que ele fez me questionando
sobre com quantos anos eu havia me masturbado pela primeira vez. Eu lhe respondi que com 10 anos, tendo ele
achado graça por julgar isso muito tardio. Ele perguntou-me, em seguida, se eu havia me masturbado acompanhado de
alguém, ao que eu respondi que havia sido com um primo da mesma idade. Ele, em sequência, perguntou-me se eu
havia transado com meu primo com 10anos de idade. Hoje acho isto a pergunta de um homem de mente doentia.
Quando eu respondi que não, ele achou graça e duvidou que eu não tivesse transado com meu primo. Como ele já
havia ganhado a minha confiança, eu reafirmei que, de fato, não havia acontecido e se tivesse acontecido eu falaria. Eu
era um garoto muito tímido e até então não havia nunca conversado sobre estes assuntos com ninguém, principalmente
com uma pessoa mais velha. Tentando ganhar mais a minha confiança, ele chamou-me para sentar ao seu lado na
cama e pediu que eu retirasse minha camisa. Ele observava meu corpo e o acariciava até que chegou ao meu pênis e
eu, nesta altura, já estava excitado, o que não seria difícil, haja vista eu ser um garoto de 15 anos. Nesta hora, uma
espécie de tremor percorreu todo o meu corpo e ele percebendo, na tentativa de me tranquilizar, disse que aquilo era
normal e que ele também estava excitado. Em seguida ele levou minha mão até o seu pênis. Depois disso, ele pediu
para retirar o meu calção e retirou, tirando também a sua roupa. Neste momento, começaram os contatos mais íntimos
que envolveram masturbação, sexo oral e felação. Houve um orgasmo de minha parte e, depois disso, eu lembro-me
de ter chorado desesperadamente, pois em mim naquele momento havia um sentimento de culpa, em principio por ter
feito sexo com outro homem e, depois, por ter feito sexo com um padre. Eu me sentia culpado por tê-lo feito quebrar o
voto de castidade. Lembro-me de ter usado bem esta expressão: “voto de castidade”; ao que ele argumentou que,
como padre secular, não fez este voto. Falou outras coisas também a respeito da condição da homossexualidade, o que
me deixou mais tranquilo. Depois, nós tomamos banho juntos e dormimos na mesma cama, ainda que na casa
paroquial houvesse mais quatro quartos com camas disponíveis. No meio da noite nós acordamos, e repetiu-se o que
havia acontecido, o envolvimento sexual, inclusive com o mesmo sentimento de culpa de minha parte e a mesma fala
mansa e tranquilizadora por parte do padre. Em seguida, novamente tomamos banho e voltamos a dormir. Acordamo-
nos por volta das seis horas, para ir a missa do Crisma. Fomos à missa na Catedral ... (Diocese de ...), que terminou
por volta do meio dia. Depois, almoçamos na casa de uma conhecida dele, no centro de ..., de quem não recordo o
nome. Após o almoço, retornamos para a casa paroquial e nos deitamos para dormir novamente na mesma cama.
Nesta ocasião, foi quando ele tentou penetrar meu ânus. Como a dor havia sido intensa, eu não permiti que ele
continuasse. Ele então parou e depois disso nós dormimos; entre 16 e 17 horas, ele levou-me até a minha casa, em ....
Poderia ter entrado em nossa casa e conversado com meus pais como qualquer pessoa faria, mas simplesmente
deixou-me na frente de casa e partiu. Isso já era a tarde da quinta feira santa e eu permaneci todo aquele final de
semana com sentimento de culpa, com vergonha de meus pais, com medo de que alguém descobrisse, muito confuso,
a ponto de ter ficado febril no sábado santo, sem qualquer motivo aparente. No domingo de páscoa, à noite, nós nos
vimos após uma missa que ele celebrou, acho que foi no .... Tivemos esta conversa dentro do seu automóvel e, na
volta para minha casa, ele parou o carro no acostamento da rodovia e me abraçou e me beijou no rosto. Depois disso,
me deixou em casa, novamente sem entrar para conversar com meus pais. A segunda-feira após a Páscoa transcorreu
normal e, na terça-feira após a Páscoa, eu fiquei mal novamente, com todos os mesmos sentimentos que eu já havia
sentido: vergonha, medo, culpa e uma confusão muito grande na minha cabeça. Tentei durante esta terça-feira contato
com ele via telefone na casa paroquial, mas em nenhum momento consegui encontrá-lo. À noite desta terça-feira, fui
para a aula, mas não consegui ficar até o final, pois estava tão mal a ponto de minha professora de ..., ..., ter
questionado se eu estava precisando de alguma coisa. Após o intervalo das aulas, eu não tive mais condições de
permanecer nas aulas e pedi ao secretario da escola, ..., para ligar para uma pessoa. Liguei, então, para a casa
paroquial, sendo atendido pelo Padre ..., e disse a ele que estava muito mal, pedindo para que ele me buscasse na
escola. Ele tentou ponderar que seria difícil, mas ante a minha insistência, resolveu me buscar na escola. Apanhou-me
no portão da Escola, não tendo qualquer contato com professores ou membros da direção escolar. Chegando à casa
paroquial, sentamo-nos no sofá da sala e ele então explicou-me que a situação dele era difícil e que eu precisava ter
mais cuidado para não expô-lo . Em momento algum a preocupação dele foi quanto a minha pessoa e, novamente,
somente com a sua possível exposição. Novamente ele disse palavras aparentemente tranquilizadoras, tentando
convencer-me de que era normal eu transar com outro homem, mesmo que este homem fosse um padre. E ali
aconteceu o primeiro beijo entre nós: nos beijamos naquele sofá naquela terça-feira após a Páscoa. Havia na casa o
secretário paroquial, naquele momento. Ele havia atendido meus telefonemas durante o dia, mas não presenciou minha
chegada e nem o beijo, ocorrido naquele momento. Depois disso, nós subimos novamente para o quarto do padre,
onde os beijos continuaram, vindo então a culminar com o ato sexual, que envolveu a penetração anal por parte do
padre ..., ainda que com alguma dificuldade.
11) O número de vezes que ocorreu o abuso, ou em que período (quanto tempo) ocorreu esta prática de
envolvimento?
Nosso envolvimento foi de ... até ..., ou seja, da idade de 15 a 20 anos de idade. Havia, neste período, encontros
frequentes. Em 1999, eu ia com certa frequência na casa paroquial, sem levantar suspeitas de meus pais, pois eu queria
ser seminarista e meus pais achavam normal ir lá. Eu ingressei no seminário de ... no ano ..., sendo reitor o Padre ... e
também formador o então seminarista .... Neste ano de ... os encontros foram mais esparsos, tendo acontecido uma vez
quando ele já estava na Paróquia de ..., para onde o padre já havia sido transferido, por ter pedido incardinação na
Diocese de .... Nossos encontros só voltaram a ficar mais frequentes porque, em dezembro de ..., eu fui convidado a
me retirar do seminário, nada havendo com relação a estes motivos para a minha saída. A motivação era minha
suposta "rebeldia" no seminário. No tempo de seminário, não tive qualquer envolvimento com qualquer outra pessoa,
exceto com o Padre .... Há um detalhe que quero ressaltar: em abril de ... conheci o seminarista ... na festa de ..., na
comunidade de ..., Paróquia de .... Em janeiro do ano ..., antes de entrar no seminário, fui convidado pelo seminarista
... para passar 15 dias em ..., no Seminário de ..., pois na época este era o seu período de plantão de férias. Neste
período, houve uma aproximação do Seminarista ..., onde houve relação sexual durante todos os 15 dias em que
permanecemos naquele seminário, nas férias, inclusive nos dias em que o Padre ..., então Reitor, permaneceu na casa.
Por minha saída do Seminário ter sido algo doloroso, voltei a ter contato com Padre ... e ... porque eram as únicas
pessoas com que eu mais podia conversar sobre os fatos. Em todos os encontros, tanto com Padre ... como com ...,
havia relacionamento sexual. As relações sexuais com os dois só cessaram por minha iniciativa.
12) Descreva, alguns detalhes do ambiente da casa paroquial da Vila Nova.
Uma casa de dois pavimentos. Havia um quarto e um banheiro no andar térreo, uma antessala (onde aconteceu o
beijo). À esquerda havia uma sala do padre, depois uma sala de jantar e uma cozinha. Havia uma escada revestida de
granito, que levava ao pavimento superior. No nível superior, havia o quarto do padre, uma sala com sofás amarelos e
dois quadros com as imagens do milagre de Lanciano. Havia também o quarto onde dormia o secretário ... e mais dois
quartos de hóspedes com banheiro, além de uma sacada no ambiente superior.
13) Você tem como fazer alguma descrição física do possível acusado, que o identifique?
Ele tinha bastante pelos no corpo. O detalhe maior é este, além do seu pênis, que era circuncidado, de tamanho grande
e relativamente grosso.
14) Em sua denúncia você, depois de tantos anos (aproximadamente 13 a14 anos), ainda recorda o dia e hora de
certas situações; você mesmo escreveu em sua denúncia: "me lembro em minúcias". Você não dispõe de
anotações feitas naquela época (carta, mensagem eletrônica, foto, vídeo, diário pessoal...) e que hoje poderiam
comprovar o que diz?
Não possuo nada porque ele nunca mandou nada para mim. Eu escrevi um bilhete para ele na terça-feira santa, do
nosso envolvimento, e ele queimou o o bilhete. Ele não queria deixar rastros.
15) Em algum momento o investigado, Pe. ..., recompensou você de alguma forma?
Nunca houve qualquer contrapartida material por parte dele.
16) Em algum momento, o investigado, Pe. ..., fez algum tipo de recomendação?
Ele recomendou desde o início que mantivesse sigilo, que não contasse para meus pais, porque as pessoas não
compreenderiam isso. Esta recomendação ele a fez diversas vezes.
17) Alguém mais sabe do assédio ou abuso do qual você foi vítima? Exceto em confissão, você confidenciou a
alguém o que estava ocorrendo entre você e o Pe. ...? Essa(s) pessoa(s) poderiam ser chamadas a depor? Você
poderia fornecer seus endereços?
Isso até hoje eu nunca senti necessidade de contar a um confessor porque, creio, o pecado sinto não ser meu, mas dele.
Naquela época eu não havia contado isso para ninguém. Nesta mesma época, o secretário ..., residente hoje em ...,
sabia que eu frequentava constantemente a casa paroquial. Pe. ..., reitor do Seminário, também percebeu que eu fui
visitar o seminarista ... no Seminário de .... Padre ..., reitor do Seminário menor, uma vez já havia me repreendido por
ter ido visitar a casa paroquial de ... e não ter ido para minha casa, em .... Hoje Padre ... trabalha na Paróquia ..., em ....
Estas pessoas viam que nós tínhamos um relacionamento de amizade constante, sem saber, eu creio, de nosso
envolvimento sexual. Posteriormente, eu contei este fato para outras pessoas. Especificamente no ano de 2005, contei
primeiramente para aquele que na época era meu namorado, ..., hoje residente em .... Contei também para meu amigo
..., hoje residente em .... Neste mesmo ano, narrei toda a história a ..., residente em ..., na época seminarista ou ex-
seminarista da Diocese de .... Contei também, sem ser em confissão, para padre ..., pároco da paróquia ..., em ..., hoje
reitor do Seminário de ..., em .... Contei também para ..., então Bispo de ..., no ano de ..., e hoje bispo de ..., RS, pois
eu havia ido cobrar dele uma atitude com relação ao fato. Para meus pais, ... e ..., contei os fatos no mesmo ano de ...,
que residem no mesmo endereço que eu, no .... No ano de ..., falei sobre este fato com ..., em Turvo, e hoje não sei
onde ele reside.
18) Você sempre teve consciência de que estava sofrendo abuso sexual?
Não. Tomei esta consciência somente aos 21 anos. Antes eu havia sido convencido de que aquilo era normal e
necessário passar por aquele processo, sendo supostamente bom que eu passasse por isso com uma pessoa de
confiança. Quando eu tinha 20 anos, minha avó faleceu e chamei o Padre ... para celebrar as exéquias. Estava sofrendo
muito com a morte de minha avó e falava sobre isto com ele, pessoalmente e por telefone. Ele foi insensível comigo
porque eu estava sofrendo com esta morte da avó. Percebi que ele não era tão amigo meu assim, por não ser sensível e
solidário com este sofrimento. Começou a haver um distanciamento entre nós. Aos 20 anos, envolvi-me com outra
pessoa, Padre ... (conhecido como padre ...), por iniciativa minha. Padre ... colocou alguns empecilhos, porque ele
conhecia esta pessoa. Ele falava que eu iria sofrer por este meu envolvimento com Padre ..., por conhecer a maneira de
Padre ... lidar com as pessoas. Todavia, nunca tive qualquer problema com Padre ..., pois ele foi sempre sincero
comigo. Isto tudo me levou a tomar mais consciência de que Padre ... apenas havia me usado por não estar feliz com
meu envolvimento afetivo com Padre .... Afastei-me de Padre ... por uns seis meses, vindo a me reaproximar (vir a
conversar) somente quando do falecimento de sua mãe, em janeiro de .... Vim a ter algumas conversas casuais com
ele, neste ano de .... Em setembro de ..., conheci meu namorado, ..., que acabara de também sair de um relacionamento
conturbado com o já padre .... Eu relatei para ... que, na semana seguinte ao nosso mutuo conhecimento, iria me
orientar com Padre ... sobre meu retorno meu ao Seminário, em ..., fato já decidido com os formadores, ao que ... disse
que achava que ... não era pessoa indicada para dar qualquer orientação, me deixando chateado, mas por outro lado me
fazendo refletir. Em seguida, questionei o porquê desta afirmação, ao que ... então me disse que eu era vítima de um
abuso e não poderia me orientar com quem havia me abusado. Isto me fez tomar consciência do fato! ... narrou para
mim que eu era conhecido no meio do clero como o menino da ..., o "troféu" de conquista de Padre ..., o que me fez
sofrer muito na época, a ponto de desenvolver um quadro depressivo, precisando recorrer a tratamento psiquiátrico,
chegando a ser sugerido pelo médico Psiquiatra, ..., uma internação para tratamento.
19) No documento de 11 (onze) páginas assinadas por você, em que você fez a denúncia, você escreve: "...,
venho, por meio desta carta, que não é uma carta anônima, mas uma carta muito bem identificada, com nome e
assinatura, rogar que tome providências": você reafirma tudo o que lá está descrito? Quer retirar, modificar ou
acrescentar alguma coisa que consta naquele documento?
Sim, reafirmo tudo. Não quero retirar nada.

[Caso o depoente, no dia do depoimento, seja menor de idade: Ao término do interrogatório, tudo foi lido para o
depoente, que teve a oportunidade de acrescentar e ratificar o teor do depoimento. Tal ato ocorreu na presença de sua
mãe, por ser o depoente menor de idade. Após a leitura do depoimento, ao depoente e à sua mãe foi orientado que,
caso tivessem interesse, poderiam se dirigir à Delegacia ou ao Ministério Público para fazer uma representação em
desfavor do investigado, Pe. ..... Foi informado, ao depoente e sua mãe, que a Diocese de ... coloca, à disposição do Sr.
... e de sua família, profissionais na área da Psicologia para qualquer ajuda necessária, a saber: Dr. ..., Dra. ... e Dr. ....
Também foi colocado à disposição da família um atendimento espiritual, caso desejem, na pessoa do Pe. ... e do Pe.
...]

Nada mais havendo a tratar, a reunião foi concluída com uma oração.

E, para constar, eu, Pe. ..., Notário, lavrei o presente Verbal, que vai assinado pelos presentes ao depoimento.

Instrutor Depoente

Pai/mãe/responsável pelo depoente Notário

a) Imprima-se o Verbal em duas vias. Assinam o(s) Instrutor(es), o Notário e o Depoente.


b) Uma das vias seja entregue ao depoente; a outra, inclua-se nos autos da Investigação.

MODELO XI
DIOCESE DE ...
Endereço...

Investigação Preliminar: ...../.......


Investigado: Pe. ......

CITAÇÃO DO INVESTIGADO

Reverendo Pe. ...,

Por meio deste instrumento canônico, CONVOCAMOS Vossa Reverendíssima, na condição de investigado,
para comparecer a esta Cúria Diocesana, situada à Rua ..., n° ..., ..., ..., no próximo dia ... de ... de ..., às ... horas, a fim
de tomar conhecimento e depor acerca do teor de acusações [escritas] chegadas a esta Sé Episcopal que pesam contra
o senhor, a saber: suposta comissão de delito de pecado contra o sexto mandamento do decálogo cometido com
menores de idade.

..., ... de ... de ....

Pe. .....
Instrutor
Pe. .......
Notário

Ciente: __________________________

Recebido em: ___/___/_________

a) Este documento deve ser notificado ao investigado;


b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo investigado quando notificado, constará nos autos;
a outra, ficará com o investigado;
c) Na impossibilidade de tal assinatura, remeta-se o Decreto pelos Correios. Sugere-se o envio com Aviso de
recebimento. Conserve-se nos autos o documento dos Correios que comprova a recepção da correspondência.
MODELO XII

DIOCESE DE .......
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar ..../20.....


Investigado: Pe. ..........

SUGESTÕES DE PERGUNTAS A SEREM FORMULADAS AO INVESTIGADO

Cân. 1564: As perguntas sejam breves, adaptadas à capacidade do interrogado, não abrangendo muitas coisas ao
mesmo tempo, não capciosas, não sugeridoras da resposta, isentas de qualquer ofensa e pertinentes à causa em
questão.

Ø Diz a Santa Igreja: A prudência do Bispo ou do Superior Maior decidirá qual informação deva ser
comunicada ao acusado durante a inquisição preliminar (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Carta
circular para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos
de abuso sexual contra menores por parte de clérigos, 03/05/2011, II). Portanto, se a denúncia vier
acompanhada de vídeo/fotografias/áudio, o Bispo julgará se será conveniente mostrar o material ao
investigado. Conservando-se o original no arquivo secreto da cúria, pode-se, a juízo do Bispo, dar uma cópia
do material ao investigado. Registre-se a entrega da cópia ao investigado, no Verbal do Interrogatório.
Ø Evite-se, porém, entregar ao investigado cópias das denúncias escritas, salvo se estas são documentos
públicos civis (Boletim de Ocorrência, Inquérito Policial, Sentença Judicial, etc.). Com efeito, deve-se,
tempestivamente, preservar o(s) denunciante(s) de quaisquer constrangimentos, inclusive de eventuais
represálias e ações judiciais em seu desfavor. Ademais, é direito do investigado saber do teor das denúncias,
não dos nomes dos seus autores.

1) Promete, sob juramento, com a mão direita sobre os Santos Evangelhos, dizer a verdade em suas declarações?
[Em conformidade com o cânon 1532, o investigador deve exigir o juramento do depoente. Todavia, se o depoente se
nega a fazê-lo, seja ouvido sem juramento (cf. cânon 1562 § 2)]
2) Nome completo, data de nascimento, data de ordenação presbiteral, endereço.
3) O senhor foi Pároco da Paróquia ...? Em caso afirmativo, em que período?
4) Conhece o menor ...?
5) Qual era o nível de relação entre vocês?
6) O senhor convidou o menor ... para pernoitar na casa paroquial, no dia __/__/___?
7) Ofereceu-lhe comida e bebida alcoólica na casa paroquial?
8) Com ele, assistiu filme?
9) O que aconteceu naquela noite? Houve algum tipo de assédio sexual e/ou ato libidinoso?
10) E o ... foi embora ou pernoitou na casa paroquial?
11) Em que lugar da casa ele dormiu?
12) Naquela ocasião, vocês estavam sozinhos ou havia mais alguém? Se sim, quem estava junto?
13) O senhor conhece o menor ...? Conhece sua família? Qual era o nível de relação entre vocês?
14) O senhor confirma que o menor ... também foi convidado para passar a noite na casa paroquial, juntamente com o
...?
15) O menor ... comeu e ingeriu bebidas alcoólicas?
16) O menor ... assistiu a um filme com vocês?
17) O que aconteceu entre você e o menor ...: houve algum tipo de assédio sexual e/ou ato libidinoso?
18) O mesmo foi embora ou pernoitou na casa paroquial?
19) O senhor teve algum encontro para fins libidinosos com o menor ...?
20) O senhor deseja acrescentar algo às suas declarações?
a) Outras perguntas podem ser acrescentadas de improviso, no decorrer do depoimento, para esclarecer algumas
afirmações do depoente;
b) Convém que esta relação conste nos autos.
MODELO XIII

DIOCESE DE .......
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar ..../20.....


Investigado: Pe. ..........

Ø Diz a Santa Igreja: A prudência do Bispo ou do Superior Maior decidirá qual informação deva ser
comunicada ao acusado durante a inquisição preliminar (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Carta
circular para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos
de abuso sexual contra menores por parte de clérigos, 03/05/2011, II). Portanto, se a denúncia vier
acompanhada de vídeo/fotografias/áudio, o Bispo julgará se será conveniente mostrar o material ao
investigado. Conservando-se o original no arquivo secreto da cúria, pode-se, a juízo do Bispo, dar uma cópia
do material ao investigado. Registre-se a entrega da cópia ao investigado, no Verbal do Interrogatório.
Ø Evite-se, porém, entregar ao investigado cópias das denúncias escritas, salvo se estas forem documentos
públicos civis (Boletim de Ocorrência, Inquérito Policial, Sentença Judicial, etc.). Com efeito, deve-se,
tempestivamente, preservar o(s) denunciante(s) de quaisquer constrangimentos, inclusive de eventuais
represálias e ações judiciais em seu desfavor. Ademais, é direito do investigado saber do teor das denúncias,
não dos nomes dos seus autores.

VERBAL DE DEPOIMENTO DO INVESTIGADO

Aos ... dias do mês de... de ..., às ... horas, na sala de audiências da Cúria Diocesana de ..., na presença do
Revmo. Pe. ... e do Revmo. Pe. ..., compareceu o Reverendo. ... para depor sobre as acusações chegadas a esta Cúria
diocesana em seu desfavor, a saber: o referido sacerdote seria supostamente o autor de delitos contra o sexto
mandamento do Decálogo praticado com menores de idade. Após a oração, o Revmo. Pe. ... e o Pe. ... resumiram,
brevemente, o teor das acusações, sem citar os seus autores. Em seguida, procedeu-se o interrogatório, [prévio
juramento do interrogado de dizer a verdade em suas declarações], como se segue:
1) Nome completo, data de nascimento, data de ordenação presbiteral.
Chamo-me .... Nasci em ..., no dia ... de ... de ... e fui ordenado sacerdote no dia ... de ... de ... e resido atualmente à
Rua ..., nº ..., em ....
2) O senhor foi Pároco da Paróquia ..., em ...?
Fui Pároco na Paróquia ..., em ..., no período de ... de ... de ..., a ... de ... de ....
3) Conhece o menor ...?
Sim, conheço o menor .... Conheço pouco a sua família; conheço-a mais pela participação na vida da comunidade.
4) Qual era o nível de relação entre vocês?
Eu não tinha nenhum contato maior com sua família.
5) O senhor convidou o menor ... para pernoitar na casa paroquial, no dia __/__/____?
Eu não o convidei; mas, devido às circunstâncias, por ele estar ajudando na reforma da igreja matriz, ele manifestou o
desejo de pernoitar na casa paroquial.
6) Ofereceu-lhe comida e bebida alcoólica na casa paroquial?
Afirmo que não lhe ofereci bebida alcoólica na casa paroquial, mas somente alimentos e café.
5) Com ele, assistiu filme?
Declaro que não assisti filme com o ....
6) O que aconteceu naquela noite? Houve algum tipo de assédio sexual e/ou ato libidinoso?
Afirmo que eu não cometei nenhum tipo de assédio e/ou ato libidinoso com o ....
7) O menor ... foi embora ou pernoitou na casa paroquial?
Declaro que o ... pernoitou na casa paroquial.
8) Em que lugar da casa ele dormiu?
O menor ... dormiu no quarto de hóspedes.
9) Naquela ocasião, vocês estavam sozinhos ou havia mais alguém? Se sim, quem estava junto?
Estavam comigo o menor ... e o menor ..., que também dormiram na casa paroquial.
10) O senhor conhece o menor ...? Conhece sua família? Qual era o nível de relação entre vocês?
Sim, conheço o menor ..., como acólito na paróquia. Não conheci a sua família. Minha relação com o menor ... era de
pastor que cuidava da sua ovelha.
11) O senhor confirma que o menor ... também foi convidado para passar a noite na casa paroquial, juntamente
com o menor ...?
Não confirmo que o tenha convidado, mas, nas mesmas circunstancias do menor ..., ele também pernoitou na casa
paroquial, como também o jovem ....
12) O menor ... comeu e ingeriu bebidas alcoólicas?
Afirmo que o menor fez uma refeição, mas não lhe ofereci bebida alcoólica.
13) O menor ... assistiu a um filme com vocês?
Eu declaro que não foi visto filme.
14) O que aconteceu entre o senhor e o menor ...? Houve algum tipo de assédio sexual e/ou ato libidinoso?
Afirmo que não assediei sexualmente o menor ...
15) O menor ... foi embora ou pernoitou na casa paroquial?
Confesso que o menor ... pernoitou e dormiu no quarto de hóspedes.
16) O senhor teve algum encontro para fins libidinosos com o menor ...?
Declaro que não. Nunca assediei em momento algum o menor ..., nem mesmo o menor ... ou o menor ....
17) O senhor conhece o Sr. ...? O que pode dizer a respeito de sua pessoa?
Sim, declaro que conheci o menor ..., como seminarista, quando eu era seu reitor no Seminário ..., em ..., no ano de ....
Na avaliação do final do ano, o Sr. ... foi aconselhado a ficar um ano fora do seminário. O Sr. ... agora armou as
acusações aqui em causa, porque eu o encaminhei para ficar um ano fora do seminário, como vingança. Num Retiro
da ..., o Sr. ... e o Sr. ... vieram a conhecer o ...., que arquitetou as denúncias e induziu os menores a se indisporem
contra mim.
18) O senhor deseja acrescentar algo às suas declarações?
Sim. Desejo apenas ratificar a afirmação de que, ao meu modo de entender, o ... e o ... foram induzidos pelo ... a
formularem a denúncia contra mim. Eu nunca tive nenhum envolvimento libidinoso com eles. Tinha com o ... e o ...
um relacionamento normal como pároco, sendo eles meus acólitos.

Ao término da audiência, o teor deste Verbal foi lido para o investigado, que teve a oportunidade de acrescentar e
retificar o seu depoimento.

Nada mais havendo a tratar, a reunião foi concluída com oração. E, para constar, eu, ..., Notário, lavrei o presente
Verbal e colhi as assinaturas, como se segue.

Instrutor Investigado

Notário

a) Imprima-se o Verbal em duas vias. Assinam o(s) Instrutor(es), o Notário e o Investigado.


b) Uma das vias seja entregue ao investigado; a outra, inclua-se nos autos da Investigação.

MODELO XIV

DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

CONFIDENCIAL

Exmo e Revmo Dom .../Revmo. Pe. .../Ilmo(a). Sr(a). ...


Endereço ...

..., ... de ... de .....

Exmo e Revmo Dom .../Revmo. Pe. ..., saudações fraternas!

Está em curso, nesta Diocese de ..., uma Investigação Preliminar para apurar os fatos, as circunstâncias, os
eventuais indícios ou eventuais provas de delitos canônicos supostamente cometidos por um clérigo desta Diocese.
Na referida Investigação, será convocado(a) para depor, na condição de testemunha, o(a) Sr(a). ..., residente à
...., nº ..., na jurisdição de Vossa Excia. Revma./Vossa Revma.
Como Instrutor da aludida Investigação Prévia, rego-lhe a caridade de enviar a esta Sé Episcopal, em caráter
confidencial, as impressões e o Parecer de Vossa Excia. Revma./Vossa Revma. e, eventualmente, o testemunho de
fiéis leigos probos dessa Diocese/Paróquia, sobre a credibilidade, a honorabilidade e o prestígio do(a) referido(a)
Sr(a)., junto aos homens e mulheres honrados dessa comunidade. Como sugestão de Parecer, enviamos Modelo anexo.
Confiando na sua compreensão e na sua apreciada colaboração, e consciente da importância e da delicadeza
que representa tão delicado assunto, peço-lhe a cortesia de devolver a presente carta, junto com o seu Parecer e,
eventualmente, o Parecer de fiéis probos, e de não guardar nenhum tipo de cópia, inclusive eletrônica, dos aludidos
documentos.
Aguardando a sua solícita resposta, agradeço-lhe antecipadamente pela colaboração, confirmando-me com
sentimentos de profunda veneração.
Em Cristo Jesus,

Pe. ........
Instrutor

de
MODELO XV

DECLARAÇÃO
(INDIVIDUAL)
(No caso de comprovados prestígio, credibilidade e honorabilidade da pessoa em questão)

Eu, ..., declaro que conheço bem o(a) fiel católico(a) .... Afirmo que esse(a) irmão(ã), membro
atuante de nossa comunidade paroquial, é uma pessoa honrada, distinta, ilibada, digna de fé e possuidora de
muitas outras virtudes. Indiscutivelmente, o(a) Sr(a). ... goza de boa fama na Paróquia/Diocese e na
sociedade de ....
..., ... de ... de 20...

....................
Declarante

DECLARAÇÃO
(COLETIVA)
(No caso de comprovados prestígio, credibilidade e honorabilidade da pessoa em questão)

Nós, abaixo-assinados, fiéis católicos romanos da Paróquia ..., em ..., declaramos que conhecemos
bem o(a) fiel católico(a) .... Afirmamos que esse(a) irmão(ã), membro atuante de nossa comunidade
paroquial, é uma pessoa honrada, distinta, ilibada, digna de fé e possuidora de muitas outras virtudes.
Indiscutivelmente, o(a) Sr(a). ... goza de boa fama na Paróquia/Diocese e na sociedade de ....
..., ... de ... de 20...

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MODELO XVI

DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar .../20....


Investigado: Pe. .............

VOTO DO INSTRUTOR
(FAVORÁVEL À ABERTURA DO PROCESSO PENAL)

Excelentíssimo e Reverendo Dom ...., Bispo de ......, saudações!

Tendo recebido a incumbência de instruir a Investigação Prévia para apurar os fatos, as circunstâncias, os
eventuais indícios ou eventuais provas de supostos delitos canônicos cometidos pelo Reverendo PE. ..., do clero desta
Diocese, bem como de apresentar a Vossa Excelência o resultado da investigação, acompanhado do meu voto,
exponho o que se segue:
1. Foram ouvidas ... testemunhas, das quais ... são menores de idade;
2. Durante a Investigação, não se colocou em perigo o bom nome de ninguém. Realizei a minha tarefa
respeitando a privacidade e a boa fama das pessoas, sobretudo das supostas vítimas, do investigado e das testemunhas;
3. Com exceção de uma testemunha, que só aceitou depor em sua residência, todos os depoentes foram
ouvidos na cúria diocesana, na presença do Pe. ..., notário da Investigação Prévia;
4. Os depoentes menores de idade compareceram à cúria acompanhados de seus pais/responsáveis. As
respostas dos depoentes às perguntas foram diretas, precisas e ricas em detalhes;
5. Enquanto os filhos depunham, pude perceber o acanhamento, a revolta, a vergonha e a indignação dos seus
pais, pessoas simples e de profunda fé católica;
6. Os depoentes maiores de idade testemunharam com visível constrangimento. Alguns choraram;
7. O investigado, além de apresentar a sua defesa escrita, depôs na cúria diocesana. Durante o seu depoimento,
aparentava tranquilidade;
8. A comparação das respostas dos depoimentos dos menores de idade revela uma grande semelhança e
convergência de fatos, locais, datas e modus operandi do investigado;
9. A comparação das respostas dos depoimentos dos maiores de idade, que residem em cidades diferentes e
não se conhecem, aponta também para uma similaridade – quase identidade – de detalhes acerca do passado próximo e
da conduta do investigado;
10. Diante de tantas convergências nos depoimentos dos depoentes adultos e dos depoentes menores de idade,
considero que existem elementos suficientes para a abertura de um Processo Penal em desfavor do investigado.

F., ... de .......... de 20...

Pe. ...
Instrutor
Pe. ...
Notário
Este documento deve constar nos autos.
MODELO XVII

DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar .../20....


Investigado: Pe. .............

VOTO DO INSTRUTOR
(FAVORÁVEL AO ARQUIVAMENTO DO PROCESSO PENAL)

Excelentíssimo e Reverendo Dom ...., Bispo de ......, saudações!

Tendo recebido a incumbência de instruir a Investigação Prévia para apurar os fatos, as circunstâncias, os
eventuais indícios ou eventuais provas de supostos delitos canônicos cometidos pelo Reverendo PE. ..., do clero desta
Diocese, bem como de apresentar a Vossa Excelência o resultado da investigação, acompanhado do meu voto,
exponho o que se segue:
Foram ouvidas ... testemunhas, a saber, todos os adolescentes que apareceram no vídeo de três minutos (festa
na casa paroquial) e no vídeo de quatro minutos e meio, no clube .... Ademais foi ouvida a Sra. ..., secretaria da casa
paroquial.
Durante a Investigação, não se colocou em perigo o bom nome de ninguém. Realizei a minha tarefa
respeitando a privacidade e a boa fama das pessoas, sobretudo das supostas vítimas, do investigado e das testemunhas.
O primeiro depoente, ..., de 16 anos, supostamente testemunha da suposta ação criminosa do investigado, nega
categoricamente que este tenha solicitado algum jovem para a prática sexual. Para esse jovem, o Pe. ... “é jovem como
a gente, é coordenador da juventude do nosso Setor e está sempre com os jovens, não vejo nada demais nisso” e que
“é jovem, mas é muito maduro e nunca buliu com ninguém”. Afirmou que, na casa paroquial, os adolescentes só
bebiam “refrigerante ou suco”.
A segunda depoente, a jovem ..., de 15 anos, que aparece no vídeo do clube, disse que o Pe. ... não levou os
jovens para o clube, mas que ele apareceu lá a pedido dos jovens; e acrescentou que o investigado só ficou com os
jovens “uns dez minutos, exatamente o tempo da gravação do vídeo, mas não bebeu nada, só refrigerante”. Assegurou
categoricamente que “nunca ninguém viu o Pe. ... com brincadeira com meninos ou meninas”.
O terceiro depoente, ..., de 17 anos, coroinha da paróquia, que aparece no vídeo da casa paroquial, disse que
entrou “algumas vezes na casa (do investigado)”, mas “somente na parte de baixo, onde estão a sala, a cozinha e o
escritório”; disse também: “nunca entrei na parte de cima, porque o Pe. ... não autorizava ninguém a subir, só a mãe
dele e dona ...”. Finalmente, negou que o investigado tenha, alguma vez, molestado a ele ou a qualquer outro jovem da
paróquia.
O quarto depoente, ..., de 15 anos, que aparece nos dois vídeos, disse que o Pe. ... “gosta muito de estar com os
jovens, porque ele é jovem”, mas que “nunca bebeu, nunca se alterou, nunca mexeu com ninguém”. Negou que o
investigado tenha dito ou feito qualquer coisa que lembrasse ou parecesse pedofilia.
A quinta depoente, ..., de 14 anos, que aparece no vídeo da casa paroquial, afirma que “gosta muito” do
investigado, nega que o investigado tenha feito algo imoral consigo ou a tenha convidado para algo imoral; afirma que
“andar com os jovens não quer dizer que a pessoa está interessa nos jovens” ; afirma que nunca ouviu dizer que o
investigado tivesse feito alguma coisa escondida com jovens da paróquia.
A sexta depoente, ..., de 16 anos, que aparece nos dois vídeos, nega que o investigado tenha bebido álcool
alguma vez com os jovens; nega também que o investigado tenha oferecido ou permitido que se bebesse álcool na casa
paroquial; disse que “viaja muito” com o investigado, para “os encontros da juventude da Diocese”, e “nunca soube de
nada contra a moral” do investigado. Afirmou que “ninguém sobe para o quarto dele, nem fica até na parte de cima da
casa”; assegurou que conhece todos os jovens da paróquia e tem certeza absoluta de que “o Pe. ... nunca fez nada de
mal aos jovens ou crianças da paróquia”.
O sétimo depoente, ..., de 17 anos, que aparece nos dois vídeos, disse que o investigado “gosta de contar piada
e brincar” com os jovens, mas que “é sério”. Negou que o investigado tenha dito, feito ou sugerido que se fizesse algo
imoral com os jovens da paróquia. Afirmou que já frequentou “várias vezes a casa paroquial”, com outros jovens, e
nunca viu ou soube de algo errado, dito ou feito pelo investigado. Afirmou que, no clube, o investigado “ficou só 10
minutos e só bebeu refrigerante”.
O oitavo depoente, ..., de 14 anos, que aparece nos dois vídeos, negou que o investigado lhe tenha dito, feito
ou convidado para fazer algo imoral. Afirmou que os jovens da paróquia gostam do investigado porque ele “é jovem,
pensa como os jovens e anda como os jovens”. Disse que foi com outros jovens e o investigado em caravana para São
Paulo, para a celebração da Missa no Pacaembu, presidida pelo Papa, e voltou para ... “admirando e respeitando mais
o Pe. ... pela sua seriedade e respeito ao celibato”.
O nono depoente, ..., de 15 anos, que aparece no vídeo da casa paroquial, nega que tenha sido molestado pelo
investigado: “nunca ele fez isso, nem comigo nem com outro jovem”; afirma que viajou com o investigado para São
Paulo e dele só tem aprendido, até agora, “respeito, sinceridade, honestidade”. Assegura que frequenta regularmente a
casa paroquial “com outros jovens” e que o Pe. ... “nos respeita como filhos”.
A décima depoente ..., de 17 anos, que aparece nos dois vídeos, nega que o investigado tenha dito ou feito
algo imoral consigo e com os demais jovens. Afirma que tudo o que aparece nos vídeos é “brincadeira dos jovens, sem
malícia, sem maldade e sem bebida alcoólica”.
A décima primeira depoente, ..., de 15 anos, que aparece nos dois vídeos, nega qualquer atitude imoral do
investigado. Afirma que o investigado “é muito sério, apesar de brincar muito com os jovens”. Afirma que frequentou
“várias vezes” a casa paroquial e nunca viu “nada de estranho lá”. Disse que nunca viu bebida alcoólica na casa
paroquial e tem certeza absoluta de que “todos os jovens da paróquia gostam muito do Pe. ... e acreditam na sua
inocência diante das acusações”.
A última depoente, senhora ..., de 59 anos, secretária da casa paroquial há cinco anos, disse que “estava na
casa paroquial naquele dia do vídeo”; disse que o encontro durou “mais ou menos uma hora”; nega que o investigado
tenha dito ou feito algo imoral com homens ou mulheres, dentro da casa paroquial. Afirmou que o investigado é
“homem de Deus”, “gosta de privacidade” e “não traz ninguém para a casa paroquial, só os jovens e as pessoas mais
amigas, porque ele gosta deles”. Disse que o investigado “gosta de música, de filmes e de pessoas aqui, mas respeita
todo mundo”; disse que os jovens entram na casa paroquial “apenas para tomar café ou lanchar, depois das Missas e
das reuniões”. Finamente, acrescentou: “Ele nunca fez nada de errado com os jovens, eu sei que ele não é isso, eu
tenho filhos e netos, conheço meus filhos e meus netos e conheço o Pe. ..., que considero meu filho, e afirmo que ele
nunca praticou nada de mal com os jovens da paróquia, aqui não tem nada de estranho, se tivesse eu seria a primeira a
saber, até porque durmo aqui algumas vezes; aí eu falaria logo ao Padre mesmo e depois ao Sr. Bispo”.
O investigado, em sua defesa escrita, afirma que é “inocente” das acusações; assegura que todos os jovens que
aparecem nos dois vídeos são seus “filhos espirituais”, “todos membros da Paróquia”; diz que sempre os respeitou
“com zelo paterno” e “pureza de alma”, e que procura “estar com eles sempre que possível”; afirma que sempre
permitiu que os jovens “frequentassem a casa paroquial após as atividades da crisma e do grupo jovem”; finalmente,
diz que o seu jeito de ser, “alegre, expansivo, brincalhão e jovial”, é “conhecido por todos os jovens da Diocese”, já
que exerce o ofício de “coordenador da pastoral da juventude da Diocese”; disse, finalmente, que os vídeos “não têm
nada demais, só brincadeiras deles e danças no clube”.
Neste sentido:
1. Não encontrando, nos autos, qualquer depoimento que incrimine o investigado quanto à autoria do suposto
delito;
2. Considerando que todos os adolescentes que aparecem nos dois vídeos, em seus depoimentos, negaram
veementemente todas as acusações contra o investigado;
3. Considerando o depoimento da Sra. ..., secretária da casa paroquial, que confirma o que os depoentes
adolescentes afirmaram acerca do investigado;

Considero que não existem elementos suficientes para a abertura de um Processo Penal em desfavor do
investigado.

F., ... de .......... de 20...

Pe. ...
Instrutor
Pe. ...
Notário
Este documento deve constar nos autos.
MODELO XVIII

DIOCESE DE .......
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar ..../20.....


Investigado: Pe. ..........

.........., ... de .............. de .........

Sr. Bispo diocesano, saudações fraternas!

Tendo considerado suficientemente coletados os elementos (cân. 1718 § 1), comunico que, no dia .../.../......,
concluiu-se a função a mim confiada na Investigação Prévia, instituída para apurar os fatos, as circunstâncias, os
eventuais indícios ou eventuais provas de delitos canônicos supostamente cometidos pelo Reverendo ..., do clero desta
Diocese.
Pelo presente, transmito a Vossa Excelência os autos da Investigação Prévia, com o meu Voto.

Em Cristo Jesus,

Pe. .......................
Instrutor

Pe. ............
Atuário
Este documento deve constar nos autos.

MODELO XIX

DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar 01/20...


Investigado: Pe. ...

ATA DA REUNIÃO DE DOM ..., BISPO DE ..., COM OS PADRES ... E ..., ASSESSORES, PARA ANALISAR
OS AUTOS DA INVESTIGAÇÃO PRÉVIA INSTITUÍDA PARA APURAR OS FATOS, AS
CIRCUNSTÂNCIAS, OS EVENTUAIS INDÍCIOS OU EVENTUAIS PROVAS DE SUPOSTOS DELITOS
CANÔNICOS COMETIDOS PELO REVERENDO PE. ..., DO CLERO DA DIOCESE DE ...

(Para o caso de possibilidade/conveniência/necessidade da abertura do Processo)

Aos ... de ... de ..., na cúria diocesana, reuniram- se Dom ..., Bispo de ..., e os Padres ... e ..., assessores, para analisar
os autos da Investigação Prévia instituída para apurar os fatos, as circunstâncias, os eventuais indícios ou eventuais
provas de delitos canônicos cometidos pelo Reverendo Pe. ..., do clero da Diocese de ... Após a oração, Dom ...
explicou aos assessores que a reunião tinha por finalidade cumprir a recomendação do cânon 1718 § 3 do Código de
Direito Canônico; em seguida, apresentou aos assessores os autos da Investigação: 1) Cópia do Inquérito Policial
.../20..., da Polícia Civil de ..., Estado de ..., sobre denúncias de pedofilia praticada pelo investigado contra o menor ...,
de 10 anos de idade; 2) Comunicação da promotora de Justiça do município de ..., Sra. ..., ao Bispo de ..., sobre a
denúncia por ela apresentada à Juíza de Direito da Comarca de C. (Processo 0000...-....20..... – Inquérito Policial); 3)
Documento expedido pelo Delegado ..., da Delegacia do município de ..., que atesta a prisão do investigado; 4) a
defesa escrita do investigado; 5) os depoimentos de nove testemunhas; 6) o depoimento de acusação do menor ... Dom
... leu parte do Inquérito Policial; em seguida, leu a defesa escrita do investigado, que pode ser assim resumida: 1)
encontrava-se na capela de ..., confessando crianças que iam fazer a Primeira Comunhão na Missa da noite; 2) na
ocasião, apareceu uma criança que demonstrava estar muito nervosa; 3) para tranquilizá-la, pediu que se ajoelhasse e
ficasse de costas para ele; 4) ao terminar a confissão, foi ajudá-la a levantar-se e, sem querer, sua mão tocou nas
nádegas da criança; 5) por causa disto, a criança ficou mais nervosa e agitada; 6) então, pediu que a criança se sentasse
e perguntou o que estava acontecendo, ao que a criança ficou calada; 7) em seguida, mandou que a criança fosse ficar
junto das demais crianças e continuou a confissão das que estavam aguardando; 8) quando terminou as confissões, foi
para junto das crianças, a fim de ensaiar a cerimônia da noite; 9) notou que a catequista ... saiu e que três crianças
estavam com ela na praça; 10) a tia do menor lhe perguntou se sentia alguma atração por crianças, ao que ele
respondeu que não e informou que nada tinha acontecido; que pediu à mãe do menor que não divulgasse a história
para não prejudicar a si e à criança; 11) foi muito mal interpretado na divulgação dos fatos; 12) declarou sua inocência
diante de todas as acusações. Em seguida, resumiu o teor dos depoimentos das testemunhas, que atestam a conduta
licenciosa do investigado, com adolescentes do sexo masculino. Em seguida, Dom ... ouviu o parecer dos assessores,
que consideram as acusações gravíssimas e suficientes para a abertura de um Processo Criminal em desfavor do
investigado. Finalmente, Dom ... fez a seguinte pergunta aos assessores: Considerando o que consta nos autos da
Investigação Prévia, é possível iniciar um Processo Criminal em desfavor do investigado? Os assessores responderam:
Sim! Dom ... fez outra pergunta aos assessores: Considerando o que consta nos autos da Investigação Prévia, é
conveniente iniciar um Processo Criminal em desfavor do investigado? Os assessores responderam: Sim! Dom ... fez a
última pergunta aos assessores: Considerando o que consta nos autos da Investigação Prévia, é necessário iniciar um
Processo Criminal em desfavor do investigado? Os assessores responderam: Sim! Nada mais havendo a tratar, a
reunião foi concluída com a oração. Para constar, eu, Pe. ..., lavrei a presente ata e colhi as assinaturas, como abaixo
consta.

Dom ... Pe. ... Pe. ...


Bispo de ... Assessor Assessor
Este documento deve constar nos autos.
MODELO XX

DIOCESE DE ...
CÚRIA DIOCESANA
(Endereço)

Investigação Preliminar 01/20...


Investigado: Pe. ...

ATA DA REUNIÃO DE DOM ..., BISPO DE ..., COM OS PADRES ... E ..., ASSESSORES, PARA ANALISAR
OS AUTOS DA INVESTIGAÇÃO PRÉVIA INSTITUÍDA PARA APURAR OS FATOS, AS
CIRCUNSTÂNCIAS, OS EVENTUAIS INDÍCIOS OU EVENTUAIS PROVAS DE SUPOSTOS DELITOS
CANÔNICOS COMETIDOS PELO REVERENDO PE. ..., DO CLERO DA DIOCESE DE ...

(Para o caso de impossibilidade/inconveniência da abertura do Processo)

Aos ... de ... de ..., na cúria diocesana, reuniram- se Dom ..., Bispo de ..., e os Padres ... e ..., assessores, para analisar
os autos da Investigação Prévia instituída para apurar os fatos, as circunstâncias, os eventuais indícios ou eventuais
provas de supostos delitos canônicos cometidos pelo Reverendo Pe. ..., do clero da Diocese de ... Após a oração, Dom
... explicou aos assessores que a reunião tinha por finalidade cumprir a recomendação do cânon 1718 § 3 do Código de
Direito Canônico; em seguida, apresentou aos assessores os autos da Investigação: três cartas anônimas, que
denunciam supostas práticas de pedofilia do investigado com coroinhas e ex-coroinhas da paróquia ..., onde o
investigado exerce o ministério há mais de quinze anos; treze depoimentos escritos, incluído o do investigado; doze
cartas de leigos e sacerdotes (quatro Bispos e oito presbíteros) a respeito do investigado. Dentre os depoentes, 11 são
menores de idade, todos coroinhas e ex-coroinhas da referida paróquia. Dom ... fez um breve resumo do teor das
denúncias: a) o investigado seria homossexual e também pedófilo; b) o investigado estaria levando os coroinhas
menores de idade da paróquia para a sua residência, para práticas sexuais; c) o investigado “comprava” o silêncio dos
coroinhas com presentes e dinheiro. Dom ... fez o resumo da defesa escrita e do depoimento do investigado: 1) sou
absolutamente inocente dessas acusações infames; 2) tenho um passado íntegro: 21 anos de sacerdócio, cinco
paróquias na minha vida de padre (duas das quais em Y. [país em outro continente, n.d.r.], como sacerdote “fidei
donum”); 3) gozo da admiração, do prestígio e do respeito de centenas de pessoas honradas das paróquias onde
trabalhei; 4) peço que a Igreja obtenha informações sobre o meu passado aos Bispos (citou sete Bispos, n.d.r.), aos
Padres (citou dezenove Padres: onze desta Diocese, seis do seu país de origem e dois do país africano, n.d.r.); 5) peço
também que a Igreja ouça todos os coroinhas e ex-coroinhas desta paróquia (citou vinte e sete coroinhas e ex-
coroinhas, n.d.r.) e das paróquias onde trabalhei (citou vários coroinhas e ex-coroinhas das três paróquias onde
trabalhou anteriormente, n.d.r.); 6) estou sendo vítima de um grupo político na minha cidade, porque não aceito que
instrumentalizem a paróquia para fins eleitorais; 7) fui procurado diversas vezes por V., político influente nesta região,
para aliar-me ao seu partido e pedir votos para ele e seus aliados nas próximas eleições; prometeu-me dinheiro e não
aceitei; ele garantiu-me que isso não ia ficar assim; 8) pouco tempo depois, recebi diversos telefonemas anônimos,
ameaçando-me de morte. Dom ... fez um resumo dos depoimentos dos coroinhas e ex-coroinhas: 1) todos negaram que
o investigado os tivesse assediado sexualmente; 2) todos negaram que alguma vez entraram na residência do
investigado; 3) todos afirmaram que o investigado é um homem sério, um sacerdote zeloso, um pároco muito
respeitador de todos, particularmente dos coroinhas. Dom ... fez um resumo dos depoimentos das demais testemunhas:
1) todos afirmaram que desconhecem qualquer atitude suspeita do investigado em relação à sexualidade; 2) todos
afirmaram as inúmeras virtudes humanas, cristãs e sacerdotais do investigado, inclusive a vivência autêntica do dom
do celibato sacerdotal. Dom ... leu as cartas de quatro Bispos e oito presbíteros que atestam as virtudes do investigado
e sua seriedade quanto à vivência do dom do celibato. Em seguida, Dom ... ouviu o parecer dos assessores. Ambos
foram concordes em afirmar que, considerando o que consta nos autos, os depoimentos foram suficientes para
possibilitar ao Bispo um juízo sereno e seguro sobre a veracidade ou não das denúncias; concordaram também que,
segundo o constante nos autos, as denúncias são inconsistentes e improcedentes. Finalmente, Dom ... fez a seguinte
pergunta aos assessores: Considerando o que consta nos autos da Investigação Prévia, é possível iniciar um Processo
Penal em desfavor do investigado? Os assessores responderam: Não! Nada mais havendo a tratar, a reunião foi
concluída com a oração. Para constar, eu, Pe. ..., lavrei a presente ata e colhi as assinaturas, como abaixo consta.
Dom ... Pe. ... Pe. ...
Bispo de ... Assessor Assessor
Este documento deve constar nos autos.
MODELO XXI
...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM O SANTO PADRE E O COLÉGIO EPISCOPAL

Decreto de Conclusão da Investigação Prévia

INTRODUÇÃO

No dia ... de ... de 20..., o Bispo diocesano recebeu três cartas anônimas, amplamente difundidas na Diocese.
Segundo tais documentos, o Reverendo Pe. ..., incardinado nesta Diocese, estaria cometendo o delito de pecado contra
sextum com menores de idade (cf. cân. 1395 § 2). Foram tomadas todas as providências indicadas na Carta circular
para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos de abuso sexual
contra menores por parte de clérigos, de 03/05/2011, da Congregação para a Doutrina da Fé, no tocante à abertura,
instrução e conclusão da Investigação Prévia. Com este Decreto, emite o seu parecer sobre os autos da Investigação.

I – PARTE EXPOSITIVA

1) O teor das denúncias

O teor das correspondências era quase idêntico: supostas práticas de pedofilia do Reverendo Pe. ... com
coroinhas e ex-coroinhas da paróquia ..., onde o referido sacerdote exerce o ministério nesta Diocese há mais de ...
anos. As acusações contidas nas missivas eram, precisamente, três: o Pe. ... seria ... e também pedófilo, estaria levando
os coroinhas menores de idade da paróquia para a sua residência, para práticas sexuais, e “comprava” o silêncio dos
coroinhas com presentes e dinheiro.

2) O itinerário processual

No dia ... de ... de 20..., o Bispo diocesano, com o Decreto de instituição da Investigação Prévia, nomeou o Pe.
... e o Pe. ..., respectivamente, investigadores e notário para a instrução da investigação, dando-lhes dois meses para a
realização da instrução da Investigação.
No dia ... de ... de 20..., o Pe. ... foi notificado do Decreto de instituição da Investigação e do Decreto de
afastamento do ministério. Na mesma hora da notificação de tais documentos, foram-lhes lidas pelo Bispo diocesano
as denúncias; foi-lhe dado formalmente o tempo de quinze dias para, querendo, apresentar a sua defesa oral ou escrita.
Nos dias ... a ... de ... de 20..., doze pessoas foram convocadas formalmente pelo investigador para depor.
No dia ... de ... de 20..., o investigado apresentou a sua defesa escrita e foi ouvido pelo investigador.
Entre os dias ... de julho e ... de agosto, depuseram dez pessoas na cúria diocesana; um depoimento foi colhido
na residência episcopal; uma pessoa depôs fora da sede episcopal.
No dia ... de ... de 20..., os depoimentos foram entregues ao Bispo diocesano, com o voto do investigador.
No dia ... de ... de 20..., o Bispo diocesano reuniu-se com os assessores, para analisar os autos da investigação.

3) A oitiva das testemunhas

O senhor ..., 70 anos, paroquiano do Pe. ..., afirmou que o investigado “goza de grande prestígio na
comunidade”, é “dedicado, zeloso, honesto”, “reto” (pg. 16) e “respeitador” de todos; disse que nunca ouviu dizer
“tantinho assim” do seu pastor; disse que “isso é calúnia” de quem não gosta do Padre, porque ele “não concorda com
política dentro da igreja” (pg. 17).
A senhora ..., 65 anos, que mora ao lado da casa paroquial desde o seu nascimento, negou que o sacerdote seja
pedófilo: “nunca vi isso, nunca soube disso, não sei de nada disso, vivo praticamente dentro da igreja e não sei nada
disso” (pg. 18); disse que todos os “meninos (coroinhas, n.d.r) que ajudam na Missa são meus conhecidos, frequentam
a minha casa e nunca reclamaram de nada do Padre nem falaram mal dele”; “eu mesmo frequento a casa do Padre e
sei que ninguém entra lá”; “o Padre nunca fez isso, eu tenho certeza e por ele boto a mão no fogo” (pg. 19).
A senhora ..., 68 anos, disse que “jamais soube de qualquer comentário negativo soube o Padre ...”; afirmou
que o investigado é “homem fiel a Deus, muito respeitado pela comunidade” e “cheio de santidade” (pg. 20);
acrescentou que “conhece cada coroinha da paróquia” e que “nenhum deles jamais comentou qualquer coisa negativa
sobre o Pe. A.”.
O senhor ..., 55 anos, ministro extraordinário da Comunhão Eucarística da Paróquia do Pe. ..., negou saber
qualquer “notícia desabonadora” do investigado; assegurou que o investigado é homem “decente”, “autêntico”, “muito
verdadeiro”, “respeitante da pureza dos meninos” (pg. 21); afirmou que o que disseram é “absurdo”, “infundado”; por
frequentar a igreja há mais de quarenta anos, assegura que, “se houvesse qualquer coisa de errado dentro da igreja ou
da casa paroquial, eu saberia, porque frequento a casa paroquial muitas vezes” (pg. 21);
A senhora ..., 49 anos, secretária da casa paroquial, disse que trabalha com o Pe. ... “há mais de três anos” e
nunca viu “nada de estranho nem de errado na casa paroquial” (pg. 22); afirmou que “a coisa mais difícil do mundo é
um coroinha entrar aqui”; “o Padre nem gosta de gente na casa dele, porque ele sabe que o povo fala de tudo” (pg. 23).
O senhor ..., 48 anos, da equipe de música da Paróquia do investigado, afirmou que trabalha nas pastorais da
Paróquia “há mais de quinze anos”; disse que jamais viu ou ouviu algo que desabonasse o investigado; disse que o
investigado “é homem de bem, de Deus, e todo mundo gosta dele e respeita ele, inclusive os coroinhas, que não
entram na casa dele nem saem com ele” (pg. 24).
O senhor ..., 22 anos, coordenador dos coroinhas da Paróquia, disse que o investigado “respeita todos os
coroinhas”, tem por eles “amor de pai”, “nunca disse nem fez coisa feia com a gente”, “nunca chamou a gente para a
casa dele”, “só saía com a gente na presença de pessoas adultas” (pg. 25); disse também que o investigado “é um pai
espiritual de verdade”, só “ensina as coisas de Deus” e “não aceita nem admite coisas que não agradam a Deus” (pg.
26).
O adolescente ..., 15 anos, coroinha da Paróquia há dois anos, disse que, desde quando começou a ajudar como
coroinha, jamais viu o investigado “dizer ou fazer alguma coisa errada”; afirmou que o Pe. ... “respeita muito os
coroinhas, não leva ninguém para a casa dele, não sai com ninguém, não mexe com a gente nem tira brincadeira com a
gente” (pg. 27).
O adolescente ..., 12 anos, coroinha da Paróquia há dois anos e seis meses, negou que o investigado tivesse
feito alguma coisa feia consigo (pg. 28); assegurou que nunca entrou na casa paroquial, “porque o Padre não gosta de
ninguém lá”; afirmou que “ele só conversa com a gente na igreja” e “respeita muito a gente porque só fala das coisas
de Deus com a gente” (pg. 29).
O senhor ..., 38 anos, antes católico e hoje protestante, disse que conhece o investigado “há mais de dez anos”
e que morou “do lado da casa dele” por muito tempo; disse que “nunca ouviu dizer nada contra” o investigado (pg.
30); afirmou que o investigado é “homem decente, honrado, um servo de Deus virtuoso de quem a Igreja de vocês
deve se orgulhar muito”; assegurou que, até na comunidade religiosa à qual hoje pertence, próxima à Paróquia do
investigado, “todo mundo admira e respeita aquele Padre de vergonha, que é um homem de bem, que só pensa o bem
e faz o bem para todo mundo”; finalmente, disse que conhece seis coroinhas da Paróquia do investigado, que moram
na sua rua e que eles nunca lhe falaram mal do investigado, “só elogios, só coisas boas, coisas de só um homem de
Deus diz e faz” (pg. 31).
O jovem ..., 20 anos, que foi coroinha do investigado até o ano de 2009, disse que o investigado “nunca
mexeu, nunca tocou, nunca brincou com nenhum coroinha” do seu tempo (pg. 32); disse que “todos os coroinhas
daquele tempo sempre foram respeitados” pelo investigado; deu os nomes e os endereços de onze coroinhas do seu
tempo “para provar” que o seu testemunho “é verdadeiro” e que o investigado “é Padre reto até debaixo da água” (pg.
33).
O senhor ..., 53 anos, membro do Conselho Econômico, “pedreiro e encanador da casa paroquial há mais de
vinte e cinco anos” (pg. 34), afirma que o investigado “tem uma vida correta”, “é decente, tem vergonha e teme a
Nosso Senhor”, “não gosta de brincadeira com ninguém, muito menos com menino, que nem entra na casa dele”; disse
também que frequenta muito a casa paroquial e “sabe de cor quem entra e quem sai naquela casa”, porque a casa
paroquial ele cuida como se fosse dele: “ali é como se fosse a minha casa”; “sei de tudo o que acontece lá e posso
dizer que ali ninguém entra, ali não entra criança ou coroinha ou homem ou mulher”; afirmou que o investigado “nem
dentro da casa dele nem fora da casa dele anda com essas coisas ou faz essas coisas”; disse que “por ele eu boto a mão
no fogo” (pg. 35).

4) A defesa do investigado

O investigado apresentou sua defesa por escrito e depôs na cúria diocesana, na presença do investigador. Eis
as suas principais afirmações: 1) “sou absolutamente inocente dessas acusações infames”; 2) “tenho um passado
íntegro: 21 anos de sacerdócio, cinco paróquias na minha vida de Padre, duas das quais em ... (país em outro
continente, n.d.r.), como sacerdote fidei donum”; 3) “gozo da admiração, do prestígio e do respeito de centenas de
pessoas honradas das paróquias onde trabalhei” (pg. 38); 4) “ausento-me da Paróquia com a consciência tranquila e
peço que a Igreja obtenha informações sobre o meu passado aos Bispos (citou sete Bispos, n.d.r.), aos Padres (citou
dezenove Padres: onze desta Diocese, seis do seu país de origem e dois do país onde trabalhou, n.d.r.)”; 5) “peço
também que a Igreja ouça todos os coroinhas e ex-coroinhas desta paróquia (citou dezessete coroinhas e ex-coroinhas,
n.d.r.) e das paróquias onde trabalhei (citou vários coroinhas e ex-coroinhas das três paróquias onde trabalhou
anteriormente, n.d.r.)”; 6) “estou sendo vítima de um grupo político na minha cidade, porque não aceito que
instrumentalizem a paróquia para fins eleitorais” (pg. 39); 7) “fui procurado diversas vezes por ..., político influente
nesta região, para aliar-me ao seu partido e pedir votos para ele e seus aliados nas próximas eleições; prometeu-me
dinheiro e não aceitei; ele garantiu-me que isso não ia ficar assim”; 8) “pouco tempo depois, recebi diversos
telefonemas anônimos, ameaçando-me de morte” (pg. 40).

5) Outras peças processuais

Integram os autos quatro correspondências de Bispos (Dom ..., Bispo de .... [pg. 41]; Dom ..., Bispo de ... [pg.
42], Dom ..., Bispo de ... [pg. 43-45], Dom ..., Bispo de ... [pg. 46],e oito cartas de Padres [pg. 47-65]. Todas as cartas
atestam as qualidades morais, cristãs e sacerdotais do investigado, bem como o prestígio de que goza junto aos cleros
das Dioceses onde trabalhou.

II – PARTE DISPOSITIVA

1) Das premissas

a) Quod non est in foglio, non est in mundo (= o que não está no papel não existe), reza um antiquíssimo
princípio do direito processual canônico, que remete a um dever inalienável do Juiz/Ordinário: julgar ex actis et
probatis (a partir dos autos e das provas);
b) Dispõe o cânon 1526 § 1: O ônus da prova compete a quem afirma. Numa Investigação Prévia em desfavor
de um investigado, esta premissa vem sempre acompanhada de outra, igualmente importante: a da presunção da
inocência do acusado, até que se prove o contrário;
b) Quanto aos depoimentos, tanto em desfavor como em favor do investigado, há de se considerar o que
prescreve o cânon 1572: Na apreciação dos testemunhos, o juiz, tendo solicitado se necessário cartas testemunhais,
considere: 1°- qual a condição da pessoa e sua honestidade; 2°- se é testemunha de ciência própria, principalmente
por ter ela visto e ouvido; se ela se baseia em sua própria opinião, na fama ou por ter ouvido de outros; 3°- se a
testemunha é constante e firmemente coerente consigo mesmo ou é variável, incerta ou vacilante; 4°- se tem
testemunhas concordes, ou se é ou não confirmada por outros elementos probatórios.

2) Da aplicação das premissas ao constante nos autos

a) Além das cartas anônimas, não constam nos autos quaisquer provas ou indícios, ainda que circunstanciais,
que respaldem, corroborem, explicitem ou evidenciem a provável culpa ou suspeita de culpa do investigado;
b) A condição e a honestidade dos depoentes. Onze depoentes são pessoas que gozam do prestígio da
comunidade paroquial de ..., [conforme diversas cartas testemunhais constantes nos autos]: um senhor de 70 anos, pai
de onze filhos, avô de nove netos, católico fervoroso, de missa diária e muito querido na comunidade; uma senhora de
65 anos, que mora ao lado da casa paroquial desde que nasceu, chamada de “...” por centenas de jovens e crianças do
bairro, pela sua bondade e carinho com os pobres; uma senhora de 68 anos, coordenadora do ... há mais de dez anos;
um senhor de 55 anos, coordenador da equipe dos ministros extraordinários da Comunhão Eucarística da Paróquia há
três anos; uma senhora de 49 anos, secretária da casa paroquial, muito respeitada pela comunidade e tida como
protetora e anjo da guarda do investigado; um senhor de 48 anos, membro de uma das mais antigas equipes de música
da Paróquia; um jovem de 22 anos, coordenador dos coroinhas da Paróquia, que, apesar da tenra idade, é muito
respeitado e admirado pelos demais jovens e por muitos adultos da comunidade; dois adolescentes que pretendem
entrar no Seminário; um senhor de 53 anos de idade, membro do Conselho Econômico da Paróquia, Contador de
grande fama no município; um jovem de 20 anos, recém-casado, de missa diária e cheio de predicados morais.
Ademais, um senhor de 38 anos, protestante, diretor de uma conceituada escola situada no mesmo bairro da Paróquia
do investigado. A condição sacerdotal, bem como as muitas e insignes virtudes dos seus autores (quatro Bispos e oito
sacerdotes), dão uma particular importância às cartas testemunhais em favor do investigado.
c) Todos os depoimentos em favor da inocência do investigado frente às acusações foram de ciência própria,
fruto da convivência pessoal com o investigado e/ou com as supostas vítimas. O mesmo diga-se das cartas
testemunhais.
d) Em cada depoimento e em cada carta testemunhal, percebe-se a constância de pensamentos, a firmeza e a
coerência de raciocínio, sem variação, incerteza ou vacilação.
e) A concordância dos depoimentos e das cartas testemunhais é evidente: unanimemente são refutadas as
acusações contra o acusado.

3) Da conclusão do Bispo de ...

NOS AUTOS, NÃO HÁ PROVAS OU INDÍCIOS QUE RESPALDEM O TEOR DAS DENÚNCIAS,
SEGUNDO AS QUAIS O INVESTIGADO TERIA COMETIDO O DELITO DE PECADO CONTRA O SEXTO
MANDAMENTO DO DECÁLOGO COM MENORES DE IDADE.
4) Da recomendação do Bispo de ... ao Santo Padre

O BISPO DE ...: 1) SUGERE AO SANTO PADRE O ARQUIVAMENTO DOS AUTOS DA PRESENTE


INVESTIGAÇÃO; 2) EM CONSEQUÊNCIA, SOLICITA AO SUMO PONTÍFICE QUE SEJA DECLARADO SEM
EFEITO O DECRETO DE AFASTAMENTO DO MINISTÉRIO SAGRADO DO REVERENDO PE. ..., COM
DATA DE ... DE ... DE .....

5) Disposições finais

DECLARAMOS CONCLUÍDA A PRESENTE INVESTIGAÇÃO.

SEJAM ENVIADOS OS AUTOS DESTA INVESTIGAÇÃO À CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA


DA FÉ, NA CIDADE ESTADO DO VATICANO.

..., ... de ........... de 20...

Dom ...
Bispo de ...

Pe. ...
Notário
a) Este documento não deve ser notificado ao investigado.
MODELO XXII

...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM O SANTO PADRE E O COLÉGIO EPISCOPAL

Decreto de Conclusão da Investigação Prévia

INTRODUÇÃO

Dois vídeos (de ... e ... minutos de duração, respectivamente) e uma carta anônima chegaram às mãos do Bispo
diocesano, Dom ..., em ... de .... Nos vídeos, produzidos com baixa resolução (talvez porque gravados em aparelho
celular), aparecem vários adolescentes com o Pe. ..., do clero desta Diocese, em dois locais: o que parece ser uma
residência e o que parece ser um clube. Nas cenas, os protagonistas (Pe. ... e diversos jovens) brincam, contam piadas,
riem, veem televisão e jogam; nas mesas, garrafas e copos. Na carta anônima anexa, a acusação de que o Pe. ... seria
pedófilo e a ameaça de que, se não fosse suspenso imediatamente, mandaria os vídeos para a imprensa.
No cumprimento do Artigo 16 das Normae de gravioribus delictis, da Congregação para a Doutrina da Fé, foi
instituída e instruída a Investigação Prévia. Após a conclusão dos procedimentos investigativos, o Bispo diocesano,
com este Decreto, emite o seu parecer e a sua decisão, que serão enviados à Congregação para a Doutrina da Fé.

I – PARTE EXPOSITIVA

1) As denúncias

[FAÇA-SE UMA BREVE DESCRIÇÃO DAS DENÚNCIAS]

O itinerário processual

No dia ... de ... de 20..., o Bispo diocesano instituiu a Investigação Prévia, nomeando o Pe. ... e o Pe. ...,
respectivamente, investigador e notário para a instrução da investigação, dando-lhes três meses para a realização da
instrução da Investigação.
No dia ... de ... de 20..., o Pe. ... foi notificado do Decreto de instituição da Investigação e do Decreto de
afastamento do ministério. Na mesma hora da notificação de tais documentos, foram-lhe entregues cópias dos vídeos;
foi-lhe dado formalmente o tempo de quinze dias para, querendo, apresentar a sua defesa oral ou escrita.
Entre os dias ... e ... de ... de 20..., todos os adolescentes que aparecem nos dois vídeos foram convocados
formalmente pelo investigador para depor; também foi convocada para depor a secretária da casa paroquial.
No dia ... de ... de 20..., o investigado apresentou a sua defesa escrita.
Entre os dias ... de ... e ... de ... de 20..., depuseram os adolescentes que aparecem nos vídeos.
No dia ... de ... de 20..., os depoimentos dos jovens e a defesa escrita do investigado foram entregues ao Bispo
diocesano.
No dia ... de ... de 20..., o Bispo diocesano reuniu-se com os assessores, para analisar os autos da investigação.

2) A oitiva das testemunhas

O jovem ..., de 16 anos, do grupo de preparação para a Crisma, afirma que frequentou a casa paroquial
“algumas vezes, a convite do Pe. ..., com outros jovens”; o motivo das visitas à casa paroquial “era tomar café ou
lanchar, depois das Missas ou das reuniões”. O jovem nega que o Pe. ... tenha solicitado algum jovem para a prática
sexual; assegura que o Pe. ... “é jovem como a gente, é coordenador da juventude do nosso Setor e está sempre com os
jovens, não vejo nada demais nisso” (pg. 22). Afirma, ainda, que não apareceu no vídeo do clube “porque estava
viajando, mas se estivesse na cidade iria com toda a tranquilidade, porque já fomos naquele clube várias vezes”;
insistiu que o investigado “é jovem, mas é muito maduro e nunca buliu com ninguém”; disse que, na casa paroquial,
“a gente só bebia refrigerante ou suco” (pg. 23).
A jovem ..., de 15 anos, do grupo de jovens da Paróquia, que aparece no vídeo do clube, disse que o Pe. ... não
levou os jovens para o clube: “fomos nós que marcamos aquele encontro há quatro meses, para comemorar a nossa
viagem para São Paulo, para a Missa do Papa no Pacaembu”; disse que o investigado apareceu lá “porque a gente
chamou”; e acrescentou que ele “só ficou com a gente uns dez minutos, exatamente o tempo da gravação do vídeo,
mas não bebeu nada, só refrigerante” (pg. 24); assegurou que, entre os jovens da paróquia, o investigado é “querido,
brincalhão, maneiro”, mas “nunca ninguém viu o Pe. ... com brincadeira com meninos ou meninas” (pg. 25).
O jovem ..., de 17 anos, coroinha da paróquia, que aparece no vídeo da casa paroquial, disse que entrou
“algumas vezes na casa (do investigado)”, mas “somente na parte de baixo, onde estão a sala, a cozinha e o
escritório”; disse também: “nunca entrei na parte de cima, porque o Pe. ... não autorizava ninguém a subir, só a mãe
dele e dona ... (secretária da casa paroquial, n.d.r.)”. Finalmente, negou que o investigado tenha, alguma vez,
molestado a ele ou a qualquer outro jovem da paróquia (pg. 26).
O jovem ..., de 15 anos, que aparece nos dois vídeos, disse que o Pe. ... “gosta muito de estar com os jovens,
porque ele é jovem”, mas que “nunca bebeu, nunca se alterou, nunca mexeu com ninguém”. Negou que o investigado
tenha dito ou feito qualquer coisa que lembrasse ou parecesse pedofilia. Afirmou que “quando ele (o investigado,
n.d.r.) viaja, a gente assiste filme na sua casa, de terror e de comédia, mas dona ... (secretária da casa paroquial,
n.d.r.) é quem fica na casa” (pg. 27).
A jovem ..., de 14 anos, que aparece no vídeo da casa paroquial, afirma que “gosta muito” do investigado,
nega que o investigado tenha feito algo imoral consigo ou a tenha convidado para algo imoral; afirma que “andar com
os jovens não quer dizer que a pessoa está interessa nos jovens” ; afirma que nunca ouviu dizer que o investigado
tivesse feito alguma coisa escondida com jovens da paróquia (pg. 28).
O jovem ..., de 16 anos, que aparece nos dois vídeos, nega que o investigado tenha bebido álcool alguma vez
com os jovens; nega também que o investigado tenha oferecido ou permitido que se bebesse álcool na casa paroquial;
disse que “viaja muito” com o investigado, para “os encontros da juventude da Diocese”, e “nunca soube de nada
contra a moral” do investigado (pg. 29). Afirmou que “ninguém sobe para o quarto dele, nem fica até na parte de cima
da casa”; assegurou que conhece todos os jovens da paróquia e tem certeza absoluta de que “o Pe. ... nunca fez nada
de mal aos jovens ou crianças da paróquia” (pg. 30).
O jovem ..., de 17 anos, que aparece nos dois vídeos, disse que o investigado “gosta de contar piada e brincar”
com os jovens, mas que “é sério”. Negou que o investigado tenha dito, feito ou sugerido que se fizesse algo imoral
com os jovens da paróquia. Afirmou que já frequentou “várias vezes a casa paroquial”, com outros jovens, e nunca
viu ou soube de algo errado, dito ou feito pelo investigado. Afirmou que, no clube, o investigado “ficou só 10 minutos
e só bebeu refrigerante” (pg. 31).
O jovem ..., de 14 anos, que aparece nos dois vídeos, negou que o investigado lhe tenha dito, feito ou
convidado para fazer algo imoral. Afirmou que os jovens da paróquia gostam do investigado porque ele “é jovem,
pensa como os jovens e anda como os jovens”. Disse que foi com outros jovens e o investigado em caravana para São
Paulo, para a celebração da Missa no Pacaembu, presidida pelo Papa, e voltou para ... “admirando e respeitando mais
o Pe. ... pela sua seriedade e respeito ao celibato” (pg. 32).
O jovem ..., de 15 anos, que aparece no vídeo da casa paroquial, nega que tenha sido molestado pelo
investigado: “nunca ele fez isso, nem comigo nem com outro jovem”; afirma que viajou com o investigado para São
Paulo e dele só tem aprendido, até agora, “respeito, sinceridade, honestidade” (pg. 33). Assegura que frequenta
regularmente a casa paroquial “com outros jovens” e que o Pe. ... “nos respeita como filhos” (pg. 34).
A jovem ..., de 17 anos, que aparece nos dois vídeos, nega que o investigado tenha dito ou feito algo imoral
consigo e com os demais jovens. Afirma que tudo o que aparece nos vídeos é “brincadeira dos jovens, sem malícia,
sem maldade e sem bebida alcoólica” (pg. 35). Finalmente, assegura que o investigado só toma refrigerante e, “só de
vez em quando, uma cerveja” (pg. 36).
A jovem ..., de 15 anos, que aparece nos dois vídeos, nega qualquer atitude imoral do investigado. Afirma que
o investigado “é muito sério, apesar de brincar muito com os jovens”. Afirma que frequentou “várias vezes” a casa
paroquial e nunca viu “nada de estranho lá” (pg. 37). Disse que nunca viu bebida alcoólica na casa paroquial e tem
certeza absoluta de que “todos os jovens da paróquia gostam muito do Pe. ... e acreditam na sua inocência diante das
acusações” (pg. 38).
A senhora ..., de 59 anos, secretária da casa paroquial há cinco anos, disse que “estava na casa paroquial
naquele dia do vídeo”; disse que o encontro durou “mais ou menos uma hora”; nega que o investigado tenha dito ou
feito algo imoral com homens ou mulheres, dentro da casa paroquial. Afirmou que o investigado é “homem de Deus”,
“gosta de privacidade” e “não traz ninguém para a casa paroquial, só os jovens e as pessoas mais amigas, porque ele
gosta deles”. Disse que o investigado “gosta de música, de filmes e de pessoas aqui, mas respeita todo mundo” (pg.
39); disse que os jovens entram na casa paroquial “apenas para tomar café ou lanchar, depois das Missas e das
reuniões”. Finamente, acrescentou: “Ele nunca fez nada de errado com os jovens, eu sei que ele não é isso, eu tenho
filhos e netos, conheço meus filhos e meus netos e conheço o Pe. ..., que considero meu filho, e afirmo que ele nunca
praticou nada de mal com os jovens da paróquia, aqui não tem nada de estranho, se tivesse eu seria a primeira a saber,
até porque durmo aqui algumas vezes; aí eu falaria logo ao Padre mesmo e depois ao Sr. Bispo” (pg. 40).

3) A defesa do investigado

O investigado apresentou sua defesa por escrito. Afirma que é “inocente” das acusações; assegura que todos
os jovens que aparecem nos dois vídeos são seus “filhos espirituais”, “todos membros da Paróquia”; diz que sempre os
respeitou “com zelo paterno” e “pureza de alma”, e que procura “estar com eles sempre que possível” (pg. 43); afirma
que sempre permitiu que os jovens “frequentassem a casa paroquial após as atividades da crisma e do grupo jovem”;
finalmente, diz que o seu jeito de ser, “alegre, expansivo, brincalhão e jovial”, é “conhecido por todos os jovens da
Diocese”, já que exerce o ofício de “coordenador da pastoral da juventude da Diocese”; disse, finalmente, que os
vídeos “não têm nada demais, só brincadeiras deles e danças no clube” (pg. 44).

II – PARTE DISPOSITIVA

Todos os jovens que aparecem nos dois vídeos depuseram. Nenhum deles confirmou, afirmou ou insinuou
qualquer atitude suspeita do investigado com os jovens, tanto por ocasião das cenas registradas em vídeo (casa
paroquial e clube) quanto em outra ocasião. Esses depoimentos encontram respaldo no testemunho da secretária
paroquial, cujo depoimento é, substancialmente, semelhante aos dos jovens: nada de estranho, nada de mal com os
jovens da paróquia acontecera nas dependências da casa paroquial.
O valor dos depoimentos colhidos nesta Investigação deve ser mensurado pelo que prescreve o cânon 1572:
Na apreciação dos testemunhos, o juiz, tendo solicitado se necessário cartas testemunhais, considere: 1°- qual a
condição da pessoa e sua honestidade; 2°- se é testemunha de ciência própria, principalmente por ter ela visto e
ouvido; se ela se baseia em sua própria opinião, na fama ou por ter ouvido de outros; 3°- se a testemunha é constante
e firmemente coerente consigo mesmo ou é variável, incerta ou vacilante; 4°- se tem testemunhas concordes, ou se é
ou não confirmada por outros elementos probatórios. A atenta análise de todos os depoimentos em favor da inocência
do investigado frente às acusações constata que os depoentes: 1) afirmaram aquilo que viram e experimentaram de
ciência própria; 2) emitiram o juízo de valor sobre a conduta moral do investigado baseados na sua convivência
pessoal com o mesmo investigado; 3) foram constantes de pensamentos, firmes e coerentes de raciocínio, invariáveis,
não claudicantes. Quanto à refutação das acusações contra o investigado, foram concordes, unânimes.
Quanto ao valor das denúncias contidas na carta anônima, importa citar o cânon 1526 § 1: O ônus da prova
compete a quem afirma. Numa Investigação Prévia em desfavor de um investigado, esta premissa vem sempre
acompanhada de outra, igualmente importante: a da presunção da inocência do acusado, até que se prove o contrário.
A suposta “prova” apresentada – os dois áudios – é carente de consistência legal, pois não confirma, por si só, o teor
das denúncias: não há uma única palavra, ação ou expressão corporal do investigado que possa ser considerada ao
menos suspeita. Talvez os vídeos mostrem um pouco de imprudência da parte do investigado, no trato com os jovens:
piadas, brincadeiras, música em volume alto, etc.. O Bispo diocesano considera que o investigado, pela sua conduta
nos dois vídeos, talvez tenha esquecido da orientação sábia que a Santa Igreja dirige aos ministros ordenados: Os
clérigos evitem tudo o que, embora não inconveniente, é, no entanto, impróprio ao estado clerical (cânon 285 § 2);
mas não enxerga, nos dois vídeos, qualquer prova ou indício da comissão do delito de pecado contra o sexto
mandamento do Decálogo com menores de idade.
Devendo decidir, ex actis et probatis (a partir dos autos e das provas), sobre a possibilidade ou não da abertura
do Processo Criminal em desfavor do investigado, o Bispo de F. dispõe:

1) SEGUNDO O CONSTANTE NOS AUTOS, NÃO HÁ PROVAS OU INDÍCIOS QUE RESPALDEM O


TEOR DAS DENÚNCIAS, SEGUNDO AS QUAIS O INVESTIGADO TERIA COMETIDO O DELITO
DE PECADO CONTRA O SEXTO MANDAMENTO DO DECÁLOGO COM MENORES DE IDADE.
2) EXISTEM, PORÉM, NOS AUTOS, ELEMENTOS “CIRCUNSTANCIAIS” QUE RECOMENDAM A
IMPOSIÇÃO DE UMA ADVERTÊNCIA CANÔNICA AO INVESTIGADO, SEGUNDO O
PRESCRITO NO CÂNON 1339 § 1: O Ordinário pode advertir, pessoalmente ou por outros, quem se
encontra em ocasião próxima de cometer um delito, ou quem, após a investigação, for gravemente
suspeito de tê-lo cometido;
3) O BISPO DE ..., SALVO MELHOR JUÍZO DA SÉ PRIMEIRA, RECOMENDA E PEDE AO SANTO
PADRE O ARQUIVAMENTO DOS AUTOS DA PRESENTE INVESTIGAÇÃO.

ASSIM: 1) PEDIMOS À SANTA SÉ QUE DECLARE SEM EFEITO O DECRETO DE AFASTAMENTO


DO MINISTÉRIO SAGRADO DO REVERENDO PE. A.; 2) DECRETAMOS CONCLUÍDA A INVESTIGAÇÃO
PRÉVIA; 3) PEDIMOS À SANTA SÉ QUE SE IMPONHA AO INVESTIGADO UMA ADVERTÊNCIA
CANÔNICA, SEGUNDO O TEOR DO CÂNON 1339 § 1.
REMETAM-SE OS AUTOS DA INVESTIGAÇÃO À CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ.

..., ... de ... de 20...


Dom ...
Bispo de ...
Pe. ...
Notário
Este documento não deve ser notificado ao investigado.

MODELO XXIII
...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM O SANTO PADRE E O COLÉGIO EPISCOPAL

ADVERTÊNCIA CANÔNICA RESERVADA

Cânon 1339 § 1: O Ordinário pode advertir, pessoalmente ou por outros, quem se encontra em ocasião próxima de
cometer um delito, ou quem, após a investigação, for gravemente suspeito de tê-lo cometido.

Reverendo Pe. ..., saudações em Jesus Cristo!

1. No passado mês de fevereiro, o Bispo diocesano recebeu dois vídeos (de oito e seis minutos de duração,
respectivamente) e uma carta anônima anexa. Nos vídeos, aparecem vários adolescentes com Vossa Reverendíssima,
em dois locais: a casa paroquial e um clube nesta cidade. Nas cenas, Vossa Reverendíssima e os diversos jovens
brincam, contam piadas, riem, veem televisão e jogam. O autor não identificado da carta acusa o senhor da prática de
pedofilia.

2. Como manda a Santa Igreja, em situações como essa, instituí a Investigação Prévia para apurar a verdade
dos fatos. Todos os jovens que aparecem nos vídeos, legitimamente convocados, depuseram na cúria da Diocese;
também depôs a secretária da residência do senhor. O direito de defesa foi-lhe garantido: notificado das acusações e
tendo obtido cópias dos vídeos, o senhor apresentou ao Bispo diocesano a sua versão dos fatos.

3. A minha conclusão, baseada nos autos, foi pela não constatação de qualquer de prova ou indício da
procedência das acusações.

4. Dileto sacerdote, um dos deveres do Bispo diocesano é dedicar especial solicitude aos presbíteros, a quem
deve ouvir como auxiliares e conselheiros, defender-lhes os direitos e cuidar que cumpram devidamente as
obrigações próprias do seu estado (cânon 384). Uma das obrigações do clérigo, Vossa Reverendíssima bem sabe, é
evitar tudo o que, embora não inconveniente, é, no entanto, impróprio ao estado clerical (cânon 285 § 2). Para que
Vossa Reverendíssima possa mais facilmente cumprir esse dever, em nome da obediência canônica (cf. cânon 273)...
A. DETERMINO QUE:
• Na casa paroquial de ..., onde Vossa Reverendíssima reside, evite-se a entrada de menores de
idade, salvo com a presença dos seus pais ou responsáveis maiores de idade;
• No automóvel da Paróquia de ..., utilizado por Vossa Reverendíssima, não sejam conduzidos
menores de idade, salvo com a presença dos seus pais ou responsáveis, em caso de necessidade;
• A presença de menores de idade nas dependências da igreja matriz e demais igrejas da Paróquia
..., da qual Vossa Reverendíssima é o pároco, restrinja-se apenas ao período das celebrações
litúrgicas e das atividades pastorais diretamente voltadas para os jovens;
B. RECOMENDO QUE:
• Vossa Reverendíssima evite restaurantes, clubes e outros ambientes semelhantes – ainda que
considerados muito familiares – acompanhado de menores de idade sem seus pais ou
responsáveis.

5. A desobediência ao disposto neste Instrumento Canônico é passível de penas canônicas (cf. cânon 1371, 2º).

..., ... de ... de 20...

Dom ...
Bispo de ...
Pe. ...
Notário

a) Este documento deve ser notificado ao investigado;


b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo investigado quando notificado, constará nos autos;
a outra, ficará com o investigado.
MODELO XXIV
...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM O SANTO PADRE E O COLÉGIO EPISCOPAL

REPREENSÃO CANÔNICA RESERVADA

Cânon 1339 § 2. [O Ordinário] pode também repreender, de maneira conveniente às peculiares condições da pessoa
e do fato, aquele de cujo procedimento se origine escândalo ou grave perturbação da ordem.

Reverendo Pe. ..., saudações em Jesus Cristo!

1. Há alguns meses, o Bispo diocesano recebeu diversas correspondências contendo denúncias de supostas
práticas sexuais de Vossa Reverendíssima com menores de idade. Como manda a Santa Igreja, em situações como
essa, instituí a Investigação Prévia para apurar a verdade dos fatos. O processo investigativo, que durou três meses,
colheu depoimentos de inúmeras pessoas, algumas menores de idade. O direito de defesa foi-lhe garantido: notificado
das acusações, o senhor apresentou ao Bispo diocesano a sua versão dos fatos.

2. Baseado nos autos da Investigação, cheguei a duas conclusões: a primeira é que não constatei qualquer
prova ou indício da procedência das acusações; a segunda, que o relacionamento de Vossa Reverendíssima com
alguns menores de idade – acredito que sem nenhuma maldade! – está causando perplexidade entre os fiéis.

3. Dileto sacerdote, um dos deveres do Bispo diocesano é dedicar especial solicitude aos presbíteros, a quem
deve ouvir como auxiliares e conselheiros, defender-lhes os direitos e cuidar que cumpram devidamente as
obrigações próprias do seu estado (cânon 384). Uma das obrigações do clérigo, Vossa Reverendíssima bem sabe, é
evitar tudo o que, embora não inconveniente, é, no entanto, impróprio ao estado clerical (cânon 285 § 2). Para que
Vossa Reverendíssima possa mais facilmente cumprir esse dever, em nome da obediência canônica (cf. cânon 273),
DETERMINO QUE:
• Saia imediatamente da casa paroquial da Paróquia ... o menor ..., que reside há dois meses
com Vossa Reverendíssima;
• Seja dispensado imediatamente, no respeito à legislação civil, o menor ..., que dirige o veículo
da Paróquia ... há três meses e realiza “serviços gerais” na igreja matriz há cinco meses;
• Não se permita qualquer menor de idade como residente na casa paroquial da Paróquia ...;
• Não se admita qualquer menor de idade como “funcionário” ou “prestador de serviços” da
casa paroquial, da igreja matriz ou das demais igrejas da Paróquia ...

4. A desobediência ao disposto neste Instrumento Canônico é passível de penas canônicas (cf. cânon 1371, 2º).

F., ... de ... de 20...

Dom ...
Bispo de ...

Pe. ...
Notário

a) Este documento deve ser notificado ao investigado;


b) Imprima-se o documento em duas vias: uma, a ser assinada pelo investigado quando notificado, constará nos autos;
a outra, ficará com o investigado.
MODELO XXV
...
POR GRATUITA ELEIÇÃO DO SENHOR JESUS
BISPO DE ...
EM PAZ E COMUNHÃO COM O SANTO PADRE E O COLÉGIO EPISCOPAL

Decreto de Conclusão da Investigação Prévia

INTRODUÇÃO

No começo do mês de maio de 20..., os meios de comunicação social do Estado do ... e de outros Estados do
Brasil divulgaram a notícia da suposta comissão do crime de pedofilia praticado pelo Reverendo Pe. ..., incardinado na
Diocese de ..., então Pároco da Paróquia de ..., município de ..., nesta Diocese, contra o vulnerável ..., de 10 anos de
idade, no contexto da confissão sacramental. O crime teria ocorrido no dia ... de ... de 20..., na capela de ..., no
povoado de ..., pertencente à referida Paróquia, por ocasião da confissão sacramental, na qual o citado sacerdote era o
confessor e o vulnerável, penitente.
Do ponto de vista canônico, as acusações foram gravíssimas: comissão de pecado contra o sexto mandamento
do Decálogo com menor de idade e comissão de delito de solicitação. Conforme prescreve o Código de Direito
Canônico, esta Sé Episcopal, no dia ... de ... de 20..., instaurou a Investigação Prévia em desfavor do citado sacerdote.
Depois de ter concluído a Investigação, esta Sé episcopal, com o presente Decreto, emite um Parecer Final,
que será enviado à Congregação para a Doutrina da Fé, Dicástério da Santa Sé competente para julgar o delito de
abuso sexual de um menor perpetrado por um clérigo, segundo o que determinam o Motu Proprio Sacramentorum
Sanctitatis Tutela e a pertinente legislação posterior.

I – PARTE EXPOSITIVA

1) O itinerário processual

No dia ... de ... de 20..., quanto os fatos envolvendo o Pe. ... se tornaram públicos, a Diocese de ... emitiu uma
Nota Oficial sobre as providências tomadas pelo Sr. Bispo (cf. pg. 17).
Tendo comparecido à Cúria diocesana de ..., no dia ... de ... de 20..., para prestar esclarecimentos ao Vigário
Geral, Pe. ..., sobre os fatos divulgados pela imprensa, o Pe. ... foi recolhido à Casa do Clero da Diocese de ...
O Bispo de ..., no dia ... de ... de 20..., informou ao Sr. Núncio Apostólico no Brasil, Dom ..., sobre os fatos e
as providências canônicas tomadas pela Diocese de ...
O Bispo de ..., pelo Decreto 05/20... (cf. pg. 04), de ... de ... de 20..., instituiu a Investigação Prévia em
desfavor do Pe. ..., nomeando os Reverendos Pe. ... e Pe. ... para as funções de investigador e notário, respectivamente;
nomeou ainda os Reverendos Pe. ... e ... para a função de assessores.
No dia ... de junho de 20..., o Rev.mo Pe. ... foi intimado a depor (cf. pg. 5).
No dia ... de junho de 20..., o Rev.mo Pe. ... depôs.
No dia ... de junho de 20..., o investigado apresentou a sua defesa escrita e foi ouvido pelo Monsenhor ...,
Presidente do Tribunal Eclesiástico Regional e de Apelação de ...
No dia ... de junho de 20..., a Sra. ..., mãe do menor ..., a Sra. ..., catequista da comunidade de São José
Operário, e a Sra. ..., amiga da Sra. ..., foram intimadas a depor (cf. pg. 6-8).
No dia ... de junho de 20..., o investigador ouviu os depoimentos da Sra. ..., mãe de ..., da Sra. ..., catequista da
comunidade de São José Operário, e da Sra. ..., amiga da Sra. ... Na mesma ocasião, o investigador tentou obter, sem
êxito, os depoimentos do menor ... e do seu pai, o Sr. ...
No dia ... de agosto de 20..., o investigado foi intimado a depor (cf. pg. 9).
No dia ... de agosto de 20..., o investigado depôs.
No dia ... de agosto de 20..., a Irmã ... foi intimada a depor (cf. pg. 10).
No dia ... de agosto de 20..., o Rev.mo Pe. ..., foi intimado a depor (cf. pg. 11).
No dia ... de agosto de 20..., o Rev.mo Pe. ... foi intimado a depor (cf. pg. 12).
No dia ... de agosto de 20..., o Rev.mo Pe. ... foi intimado a depor (cf. pg. 13).
No dia ... de agosto de 20..., a Irmã ... depôs.
No dia ... de agosto de 20..., o Rev.mo Pe. ... depôs.
No dia ... de agosto de 20..., o Rev.mo Pe. ... depôs.
No dia ... de agosto de 20..., o Rev.mo Pe. ... depôs.

2) A oitiva das testemunhas


Os depoimentos da Sra. ..., mãe do menor ... (pg. 22-24), da Sra. ..., catequista (pg. 25-27), e da Sra. ..., amiga
de ... (pg. 28-30), foram praticamente idênticos aos que tais testemunhas deram na Delegacia de Polícia de .... A saber:
A Sra. ... alegou que, perto das 9 horas do dia 28 de abril de 20..., aguardava seu filho, que fora à igreja para se
confessar com o investigado. Chegando à casa, ... lhe disse que não queria mais fazer a Primeira Comunhão porque,
em confissão, o investigado tinha descido sua bermuda e cueca, roçado seus dedos no seu ânus e nos seus testículos,
cheirado sua bunda e “mengado”, sentando-o no seu colo. A Sra. ... disse que, no dia 28 de abril de 20.., por volta das
9 horas, o menor ... saiu da sacristia chorando e transtornado. Afirmou que o investigado permaneceu no recinto com a
porta fechada, por 18 minutos, durante a confissão do menor; que, na ocasião, a Sra. ..., ao entrar na igreja com o seu
filho ..., disse-lhe que o menor tinha sofrido abuso sexual por parte do investigado, que tocou em suas partes íntimas,
“mengando”; que, no mesmo dia, com a mãe do menor e sua amiga ..., conversou abertamente com o investigado
sobre o acontecido; que, nesta conversa, o investigado disse que merecia perdão, porque a carne era fraca, e que cada
um pedisse para não cair em tentação; que ouviu comentários de que o investigado já tinha assediado um rapaz. A Sra.
... disse que, no dia 28 de abril de 20xx, por volta das 9 horas e 20 minutos, estava em sua residência com a amiga,
Sra. ..., quando o menor chegou desesperado, ofegante, frio, sem fôlego e assustado, dizendo para a mãe que não ia
mais à igreja, pois o investigado havia abusado sexualmente dele, tocando em suas partes íntimas, nádegas e
testículos, e beijado o seu bumbum; que, logo em seguida, dirigiu-se à igreja para saber do ocorrido; que, ao chegar à
igreja, encontrou a Sra. ..., que não quis acreditar nos fatos; que falou diretamente com o investigado, que, por sua vez,
negou em parte a acusação, mas afirmou que a carne era fraca.
O investigador tentou colher o depoimento do menor ... Todavia, a mãe da criança disse que não a trouxe para
depor porque esta não desejava vir, pois estava muito constrangida; ademais, o pai da criança não concordava com
esta diligência. Por telefone celular, o pai da criança, Sr. ..., disse ao investigador que não concordava que o seu filho
depusesse. Mesmo assim, o investigador foi até onde se encontrava o menor, a saber, à casa da avó paterna. A criança,
nesta ocasião, parecia ausente e impassível. A residência do menor é extremamente simples, muito pobre; a família,
muito simples e muito pobre.
O Rev.mo Pe. ..., Vigário de ..., o primeiro que se comunicou com o investigado depois do fato, afirmou que,
por não ter sido testemunha de nada, não podia afirmar que o investigado tenha cometido algum ato de pedofilia.
Disse também que preferia acreditar que este não tenha feito isso.
A Rev.ma Irmã ..., religiosa da Congregação de ..., disse que conheceu o investigado desde 2005, quando este
era seminarista. Depois de relatar suas impressões e aquilo que sabia sobre o Pe. ..., disse que nunca ouviu falar de
nenhum episódio em que ele tenha demonstrado tendência para a pedofilia. A religiosa afirmou que o investigado é
um sacerdote dedicado, dinâmico e determinado, e que jamais demonstrou qualquer tendência para esse tipo de
comportamento. Disse também que o investigado demonstrava muita alegria por estar em ..., onde havia grande
aceitação do seu trabalho (pg. 31-32).
O Rev.mo Pe. ..., ex-reitor do Seminário de ... e Pároco de ..., disse que conhece o investigado desde 2007,
quando este era estudante do quarto ano de Teologia. Depois de relatar algumas atitudes do investigado durante o
tempo de seminário e durante os primeiros anos do seu ministério sacerdotal, afirmou que nunca ouviu falar nada do
investigado quando à pedofilia. Disse que, como ex-pároco da Paróquia de ..., sempre passava por lá e obtinha
informações de que todos estavam satisfeitos com o trabalho investigado (pg. 33).
O Rev.mo Pe. ...., ex-Vice Reitor do Seminário de ... e Vigário Paroquial de ..., disse que conviveu com o
investigado de fevereiro de 2008 a dezembro de 2009, no trabalho pastoral de .... Depois de expor as suas impressões
sobre o investigado, tanto durante o seu período de seminário quanto do seu ministério sacerdotal, emitiu a opinião de
que o investigado não estava preparado nem devidamente amadurecido para assumir sozinho a Paróquia de ..., pelo
pouco tempo de ordenado (pg. 34-35).
O Rev.mo Pe. ..., ex-pároco de ... e atual Vigário Geral da Diocese, disse que conheceu o investigado em
1997. Depois de apresentar as suas impressões sobre a conduta e o caráter do investigado, durante o tempo de
Seminário e no exercício do ministério sacerdotal, afirmou que nunca ouviu falar de nenhuma situação em que este
demonstrasse tendência para a pedofilia. Disse que o investigado possui uma personalidade simples e tem convivência
muito boa com as pessoas com quem trabalhou. Disse ainda que o investigado nunca teve problemas com ninguém nas
comunidades onde viveu e que sabia administrar as situações (pg. 36-37).

3) A defesa do investigado

O investigado depôs perante os investigadores no dia ... de agosto de 20... Na sua versão sobre os fatos,
consta: que, no dia 28 de abril de 20..., encontrava-se na capela de ..., confessando crianças que iam fazer a Primeira
Comunhão na Missa da noite; que, na ocasião, apareceu uma criança que demonstrava estar muito nervosa; que, para
tranquilizá-la, pediu que ela se ajoelhasse e ficasse de costas para ele; que, ao terminar a confissão, foi ajudá-la a
levantar-se e, sem querer, sua mão tocou nas nádegas da criança; que, por causa disto, a criança ficou mais nervosa e
agitada; que, então, pediu que a criança se sentasse e perguntou o que estava acontecendo, ao que a criança ficou
calada; que, então, mandou que a criança ficasse junto às demais crianças e continuou a confissão das que estavam
aguardando; que, quando terminou as confissões, foi para junto das crianças, a fim de ensaiar a cerimônia da noite;
que notou que a catequista ... saiu e que três crianças estavam com ela na praça; que mandou chamá-las, mas só
vieram duas crianças: ... não veio; que este estava acompanhado da tia e mandou dizer que só entraria na igreja
acompanhado de sua mãe; que, quando terminou o ensaio com as outras crianças, chegou a catequista ...,
acompanhada da mãe de ... e de sua tia; que a mãe lhe informou o que ... lhe dissera (que, durante a confissão, o
investigado havia baixado a sua bermuda e passado a mão em suas nádegas); que a tia do menor lhe perguntou se
sentia alguma atração por crianças, ao que ele respondeu que não e informou que nada tinha acontecido; que pediu à
mãe do menor que não divulgasse a história para não prejudicar a si e à criança; que a mãe do menor insinuou que ele
tinha feito alguma coisa com a criança e perguntou se ele era homossexual; que a mesma senhora afirmou que
conhecia pessoas que eram, e se ele dissesse que sim a conversa acabava; que, em resposta, argumentou que não tinha
acontecido nada e que ele não era homossexual; que afirmou que, se isso acontecia com outras pessoas, entre muitos
motivos era porque a carne era fraca; que, por isso, foi muito mal interpretado na divulgação dos fatos. O investigado
conclui afirmando sua inocência diante de todas as acusações (pg. 38-42).

4) Outras peças processuais

Cópia do Inquérito Policial 38/20..., da Polícia Civil de ..., sobre os fatos denunciados, vem anexada aos autos
(pg. 43-175). Esta peça processual foi entregue ao Gabinete Episcopal no dia ... de junho de 20..., juntamente com
uma comunicação da promotora de Justiça, Sra. ..., sobre a denúncia por ela apresentada à Juíza de Direito da
Comarca de ... (Processo .... – Inquérito Policial). No citado inquérito, consta o depoimento do menor ..., que afirmou
ter sido trazido por sua mãe para se confessar pelo investigado; que, no interior da igreja da comunidade de ..., o
investigado, sozinho com o declarante, mandou que este ficasse de joelho e fizesse algumas orações; que, depois,
pegou o declarante no colo, colocou-o de pé, baixou sua cueca e seu calção, e passou sua mão nas nádegas e partes
genitais (“saco”) do declarante; que, logo em seguida, o investigado “mengou” nele por trás, além de ter dado um
“cheiro” na parte mais alta das nádegas do declarante; que, depois de subir a roupa do declarante, o investigado pediu
a este que não contasse o ocorrido para ninguém.

5) A tipificação dos delitos supostamente cometidos pelo investigado

Dois são os delitos supostamente cometidos pelo investigado: o delito de pecado contra o sexto mandamento
do Decálogo praticado com menor de idade (abuso sexual de menor) e delito de solicitação. É oportuno tipificá-los na
legislação canônica, enumerar suas diferentes modalidades e, finalmente, identificar a “fattispecie concreta” de que o
investigado é acusado de ter cometido:
1) O DELITO DE PECADO CONTRA O SEXTO MANDAMENTO DO DECÁLOGO COMETIDO COM MENOR DE IDADE –
Diz o cânon 1395 § 2: O clérigo que de outro modo tenha cometido delito contra o sexto mandamento do Decálogo,
se o delito foi praticado com violência, ou com ameaças, ou publicamente, ou com menor abaixo de dezesseis anos,
seja punido com justa penas, não excluída, se for o caso, a demissão do estado clerical. Esse texto foi parcialmente
modificado: a idade das vítimas de abuso sexual foi elevada para dezoito anos (cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA
DA FÉ, Normae de gravioribus delictis, Artigo 6º § 1, 1); por isso, o conceito de “abuso sexual de menores” deve ser
entendido assim: “delictum contra sextum Decalogi praeceptum cum minore infra aetatem duodeviginti annorum a
clerico commissum” – delito contra o sexto mandamento do Decálogo cometido por um clérigo com menor de dezoito
anos de idade – (cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, Normae de gravioribus delictis).
2) O DELITO CANÔNICO DE SOLICITAÇÃO – Diz o cânon 1387: O sacerdote que, no ato da confissão, por
ocasião de confissão ou com pretexto de confissão, solicita o penitente para um pecado contra o sexto mandamento
do Decálogo seja punido, conforme a gravidade do delito, com suspensão, proibições, privações e, nos casos mais
graves, seja demitido do estado clerical. O delito de solicitação é consumado quando um sacerdote, com ou sem a
faculdade de ouvir confissões, convida ou incentiva o penitente, por palavras, atos, gestos ou sinais, a cometer um
pecado contra o sexto mandamento, tanto sozinho como consigo ou com outras pessoas. Segundo a Constituição
Apostólica Sacramentum Poenitentiae, do Papa Bento XIV, de 01/06/1741 (cf. AAS 9 [1917] II, 505-508), o delito
pode ocorrer em seis situações: 1) no ato da confissão; 2) imediatamente antes da confissão; 3) imediatamente após; 4)
por ocasião da confissão; 5) com o pretexto de confissão, mesmo sem a intenção de confessar; 6) fora do ato da
confissão, mas no confessionário ou em outro local escolhido para escutar confissões. O reato existe ainda que o
penitente resista à tentação.

6) Da distinção entre “confissão”, “prova” e “indício” e do valor dos testemunhos

A finalidade principal da presente Investigação é descobrir, ex actis et probatis, elementos suficientes que
levem o Bispo de ... a emitir, com certeza moral, um juízo acerca da possibilidade, da conveniência e da necessidade
de abrir um Processo Penal em desfavor do investigado. Tais elementos são: a confissão do investigado, as provas que
apontam para a inocência do investigado, as provas que apontam para a culpa do investigado, os indícios que apontam
para a inocência do investigado, os indícios que apontam para a culpa do investigado, os depoimentos que apontam
para a inocência do investigado e os depoimentos que apontam para a culpa do investigado.
Primeiro, conceituemos “confissão”, “prova” e “indício”. Confissão judicial é a afirmação de um fato, escrita
ou oral, perante juiz competente, por uma das partes contra si mesma, a respeito da matéria do juízo,
espontaneamente ou no interrogatório do juiz (cânon 1535). Prova é todo meio legal, usado no Processo, capaz de
demonstrar a verdade dos fatos alegados em juízo. Diz o cânon 1526 § 1: O ônus da prova cabe a quem afirma.
Indício é toda circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a
existência de outra ou outras circunstâncias. Diz o cânon 1679: A não ser que se obtenham provas plenas de outra
fonte, o juiz empregue, se possível, testemunhas sobre a credibilidade das partes, além de outros indícios e subsídios,
para avaliar os depoimentos das partes, de acordo com o cân.1536. Muito significativo é o teor do cânon 1536 § 2:
Nas causas que interessam ao bem público, a confissão judicial e as declarações das partes, que não sejam
confissões, podem ter força de prova, a ser ponderada pelo juiz juntamente com as demais circunstâncias da causa;
mas não se pode atribuir a elas força probatória plena, a não ser que haja outros elementos que as corroborem
plenamente.
Quanto ao valor probatório dos depoimentos, diz o cânon 1572: Na apreciação dos testemunhos, o juiz, tendo
solicitado se necessário cartas testemunhais, considere: 1°- qual a condição da pessoa e sua honestidade; 2°- se é
testemunha de ciência própria, principalmente por ter ela visto e ouvido; se ela se baseia em sua própria opinião, na
fama ou por ter ouvido de outros; 3°- se a testemunha é constante e firmemente coerente consigo mesmo ou é
variável, incerta ou vacilante; 4°- se tem testemunhas concordes, ou se é ou não confirmada por outros elementos
probatórios.

9) A prescrição

“- Salvaguardando o direito da Congregação para a Doutrina da Fé de derrogar a prescrição para cada um dos
casos, a ação criminal relativa aos delitos reservados à Congregação para a Doutrina da Fé extingue-se por prescrição
em vinte anos. - A prescrição decorre, segundo o cânon 1362 § 2, do Código de Direito Canônico, e do cânon 1152 §
3, do Código dos Cânones das Igrejas Orientais. Mas no delito a que se refere o art. 6 § 1 n. 1, a prescrição começa a
decorrer a partir do dia em que o menor completou dezoito anos” (cf. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ,
Normae de gravioribus delictis, Artigo 7º §§ 1-2).

II – PARTE DISPOSITIVA

1) Das premissas

a) Quod non est in foglio, non est in mundo (= o que não está no papel não existe), reza um antiquíssimo
princípio do direito processual canônico, que remete a um dever inalienável do juiz: julgar ex actis et probatis (a partir
dos autos e das provas);
b) Dispõe o cânon 1526 § 1: O ônus da prova compete a quem afirma. Num procedimento canônico em
desfavor de um investigado, esta premissa vem sempre acompanhada de outra, igualmente importante: a da presunção
da inocência do investigado, até que se prove o contrário;
c) O depoimento de uma única testemunha, no ordenamento canônico, só faz fé plena nos termos do cânon
1573: O depoimento de uma única testemunha não pode fazer fé plena, a não ser que se trate de testemunha
qualificada que deponha a respeito de coisas feitas ‘ex officio’ ou que circunstâncias reais e pessoais sugiram o
contrário. Seguramente, tal prescrição não se aplica ao depoimento do vulnerável, cujas afirmações versam quando
ele se encontrava na condição de penitente do sacramento da confissão; ademais, nesta Investigação, o menor é parte e
não testemunha;
d) Quanto aos depoimentos em desfavor do investigado, há de se considerar o que prescreve o supracitado
cânon 1572. Neste sentido, os depoimentos da Sra. ..., mãe do menor ..., da Sra. ..., amiga de ..., e da Sra. ...,
catequista, não devem ser considerados como decisivos em desfavor do investigado quanto à versão dos fatos dada
pelo menor .... Com efeito, a Sra. ... e a Sra. ... afirmam que ouviram a versão do menor, mas elas mesmas não
afirmaram de ciência própria que viram ou ouviram o investigado fazer ou dizer algo que configurasse o delito de
pecado de abuso de menor ou o delito de solicitação: disseram o que o menor disse que ocorrera, mas não disseram
que, pessoalmente, viram ou ouviram o que ocorreu. Quanto ao depoimento da Sra. ..., há de se afirmar o mesmo, pois
a catequista, não obstante encontrando-se no recinto sagrado, afirmou categoricamente que a porta do local onde se
encontravam o investigado e o menor, na hora do suposto delito, estava fechada.
e) Não constam nos autos quaisquer provas ou indícios que desabonem a moral do menor ... Deve-se,
portanto, afirmar, que se trata de uma criança honesta, até que se prove o contrário. Igualmente, não constam nos autos
provas ou indícios que desabonem a moral do investigado. Deve-se, portanto, reputar veracidade ao seu depoimento,
até que se prove o contrário. Aqui chega-se ao ponto nevrálgico de toda a Investigação: o Bispo de ..., para julgar, tem
apenas, como elementos decisivos, a palavra da criança, de um lado, e a palavra do investigado, de outro. O
depoimento do menor ..., nos autos, não parece suficiente para provar a culpa do investigado, pois não vem
acompanhado de outros elementos probatórios que o legitimem.
f) Quanto à fama do investigado e ao seu contínuo biográfico, consta nos autos, em seu desfavor, o que
afirmou a Sra. ..., a saber: que “ouviu comentários de que o investigado já tinha assediado um rapaz”. Pelas mesmas
razões alegadas no item c), há de se desconsiderar tal afirmação, por não ser ter o respaldo do cânon 1572, 2º. Ao
invés, em favor do investigado constam cinco depoimentos que se encontram sob o amparo do citado texto legal.
g) A dificilíssima decisão de emitir um juízo definitivo, baseado apenas na acusação de uma única pessoa,
ainda que menor de apenas dez anos de idade – portanto, presumidamente sincera e verdadeira –, sem provas ou
indícios consistentes que a respaldem, sobre a possível comissão de um delito praticado por outra pessoa, quando
ambas estavam a sós, em um ambiente fechado, não pode excluir a possibilidade de erro. Com efeito, eis o drama do
Bispo de ...: se concordar com a veracidade do depoimento do investigado, implicitamente estará reputando
inconsistente a acusação do vulnerável; todavia, se, de fato, a acusação do vulnerável for verdadeira, o Bispo de ... terá
cometido, ao menos materialmente, uma gravíssima injustiça, absolvendo um culpado. Da mesma forma, se reputar
verdadeiro o depoimento do menor, feito em foro civil, implicitamente estará reputando inconsistente a acusação do
investigado; todavia, se, de fato, a acusação do vulnerável for falsa, o Bispo de ... terá cometido, ao menos
materialmente, uma gravíssima injustiça, condenando um inocente. Todavia, é obrigação do Bispo de ..., diante do
Deus Justo e Verdadeiro, após maturada e sofrida reflexão, emitir um juízo. Antes, porém, o Bispo de ... formulará
algumas perguntas que ele mesmo não pretende responder. Na hipótese da inocência do investigado, é provável que
uma criança de apenas 10 anos de idade, que jamais vira o investigado até o dia dos fatos (pg. 76, Inquérito Policial)
pudesse criar uma história tão fantasiosa? Com que interesse? Ainda na hipótese da pura invenção do menor ..., é
plausível admitir que uma criança de apenas 10 anos de idade, filha de pessoas muito simples e pobres, de fé católica
sincera, que sobrevivem do cultivo de um pequeno pedaço de terra cedido no inóspito sertão do ..., minta tão
descaradamente, chore dissimuladamente e apresente-se cinicamente perante as autoridades civis nervosa, tremendo e
soluçando (pg. 44, Inquérito Policial)? A quem interessaria tudo isso?

2) Da conclusão do Bispo de ...

HÁ INDÍCIOS TESTEMUNHAIS DE QUE O INVESTIGADO TENHA COMETIDO O DELITO DE


PECADO CONTRA O SEXTO MANDAMENTO DO DECÁLOGO COMETIDO COM MENOR DE IDADE.
HÁ INDÍCIOS DE QUE O INVESTIGADO TENHA COMETIDO O DELITO DE SOLICITAÇÃO.

3) Da recomendação do Bispo de ... ao Santo Padre

O BISPO DE ..., SALVO MELHOR JUÍZO DA SÉ PRIMEIRA, RECOMENDA À CONGREGAÇÃO


PARA A DOUTRINA DA FÉ A ABERTURA DO PROCESSO PENAL EM DESFAVOR DO INVESTIGADO,
COM O[S] SEGUINTE[S] CAPÍTULO[S PENAL[IS]: DELITO DE PECADO CONTRA O SEXTO
MANDAMENTO DO DECÁLOGO COMETIDO COM MENOR DE IDADE (cf. cânon 1395 § 2) [E DELITO DE
SOLICITAÇÃO (cf. cânon 1387). OUTROSSIM, PEDE A APLICAÇÃO DA PENA PERPÉTUA MÁXIMA:
DEMISSÃO DO ESTADO CLERICAL].

Em conformidade com o cân. 1720, 2º, o Sr. Bispo de ... escolheu como assessores o Reverendo Pe. ... e o
Reverendo Mons. ... Ambos compulsaram os autos, leram-no atentamente, tudo discutiram com o Bispo e aprovaram
in toto o teor do presente Decreto.

...., .... de ...... de 20...

Dom ...
Bispo de ...

Pe. ...
Chanceler
a) Esta documento não deve ser notificado ao investigado.
MODELO XXVI
Ilmo. Dr. ....
Promotor de Justiça de ....
Rua ....., nº ...., ............
..................

ASSUNTO: Inquérito Policial nº ........

...., ... de ...... de 20...

Ilustríssimo Sr. Promotor de Justiça,


Acuso o recebimento da sua correspondência (Of. 0125/20..., MPE), de .../.../20..., que informa as
providências tomadas por esse Ministério Público diante das denúncias de suposto abuso sexual de menores cometido
pelo Reverendo Pe. ..., do clero desta Diocese, apresentadas pelos denunciantes formalmente ao Sr. Delegado de
Polícia do município de ..., Dr. ..., no dia .../.../20.... (IP .../...).
Informo a Vossa Senhoria que, no dia .../.../20..., esta Diocese de ..., no cumprimento das normas canônicas
(cf. cânon 1717), instituiu um procedimento investigativo canônico (Investigação Preliminar) para apurar os fatos, as
circunstâncias, os eventuais indícios ou eventuais provas do delito canônico de pecado contra o sexto mandamento do
decálogo cometido com menores de idade imputado ao citado sacerdote. A Inquirição terá a duração de ___ meses.
Como medida cautelar, o investigado foi afastado do ministério sagrado e encontra-se no Centro Pastoral ..., à
disposição da Justiça.
Senhor Promotor, a Congregação para a Doutrina da Fé, Órgão da Santa Sé encarregado de julgar o delito de
pecado contra o sexto mandamento do decálogo com menor de idade praticado por um clérigo, determina: O abuso
sexual de menores não é só um delito canônico, mas também um crime perseguido pela autoridade civil. Se bem que
as relações com as autoridades civis sejam diferentes nos diversos países, é, contudo, importante cooperar com elas
no âmbito das respectivas competências. Em particular se seguirão sempre as prescrições das leis civis no que toca o
remeter os crimes às autoridades competentes, sem prejudicar o foro interno sacramental. É evidente que esta
colaboração não se refere só aos casos de abuso cometidos por clérigos, mas diz respeito também aos casos de abuso
que implicam o pessoal religioso ou leigo que trabalha nas estruturas eclesiásticas (Carta circular para ajudar as
Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes no tratamento dos casos de abuso sexual contra menores
por parte de clérigos, 03/05/2011, I, e). No seguimento desta orientação pontifícia, a Diocese de ... coloca-se
inteiramente ao dispor desse Ministério Público, durante e após a realização do Inquérito Policial ora em curso, no
sentido de colaborar com as investigações, oferecendo todas as informações necessárias para a apuração da verdade,
no respeito às legislações civil e eclesiástica.
De antemão, esta Diocese de ... se compromete a remeter a esse Ministério Público cópia dos autos da
Investigação Prévia, tão logo esta seja concluída. Da mesma forma, para colaborar com as investigações ora em curso
no foro eclesiástico, a Diocese de ... solicita desse Ministério Público, se possível, o envio das informações
consideradas relevantes no Inquérito Policial, para possibilitar ao Bispo diocesano maior e melhor fundamentação na
emissão do seu Parecer Conclusivo da Investigação Preliminar, a ser enviado à Santa Sé, para as providências
cabíveis.
Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará (Jo 8, 32).

Com elevados protestos de apreço, estima e consideração,

Dom ...
Bispo de ...
Sugere-se protocolar este documento no Ministério Público em duas vias; uma, com o número do Protocolo do
Ministério Público, deve constar nos autos.
MODELO XXVII
VERBAL DE NOTIFICAÇÃO

Aos ...... dias do mês de ........... do ano de ................., às ............ horas, na Cúria da diocese de
.........., compareceu o Reverendíssimo Padre ................... para a notificação do Decreto de Demissão de
Demissão do Estado Clerical, da Congregação para a Doutrina da Fé. O ato processual de notificação foi
presidido pelo Pe. ........., que se encontrava acompanhado do Pe. ............ Em voz alta e perante o notificado,
o Pe. ....... leu a carta do Secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, Mons. ............, de .... de .............
de 20.... (Prot. .........), endereçada ao Pe. .............., e o Decreto da Congregação para a Doutrina da Fé, de ...
de ................ de 20... (Prot. N. ............), da lavra do Eminentíssimo Sr. Cardeal ............., Prefeito da mesma
Congregação. Em seguida, o Pe. ......... convidou o notificado a assinar cada uma das folhas da primeira via
dos documentos. Logo após, o Pe. ......... entregou ao notificado a segunda via dos documentos. Finalmente,
foi lido em voz alta, perante o notificado, este Verbal de Notificação, que vai assinado pelos sacerdotes
presentes à reunião.

Pe. .......... Pe. ........ Pe. ................


Instrutor Notário
Este documento deve ser enviado à Congregação para a Doutrina da Fé.

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