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CURSO DE TEOLOGIA
2º NPC DE LITURGIA
Ananindeua – PA
2020
JEFERSON VIEIRA FELIX
2º NPC DE LITURGIA
Ananindeua – PA
2020
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2 – Palestra sobre a Carta Apóstolica Dies Domini – Dies Domini; Dies Christi; Dies
Ecclesiae; Dies Hominis; Dies Dierum
Para conscientizar grupos, pastorais e comunidades sobre a centralidade do Domingo
como dia do Senhor as ideias iluminadoras provém do que ensina os próprios documentos da
Igreja. Contudo, esta exposição limita-se a apresentar o que ensina carta apostólica Dies
Domini.
Na carta apostólica Dies Domini de São João Paulo II, apresenta-se logo na introdução
o contexto em que os grupos, pastorais e comunidades se encontram em relação a centralidade
do domingo. Discorre-se que o dia do Senhor na história da Igreja, desde os tempos
apostólicos, tem consideração privilegiada devido a estreita ligação ao núcleo do mistério
cristão, a ressurreição de Cristo, sendo, portanto, a Páscoa semanal. É dia de alegria em que se
é convidado a reviver esse dado primordial da fé cristã, que se insere na história dos homens e
se coloca no centro do mistério do tempo, tanto referente a origem como ao destino final. O
dia do Senhor é senhor dos dias e os que creem no Ressuscitado deve acolher o significado
deste dia semanal. O Concílio Vaticano II reafirmou a sua importância e no terceiro milênio
se é convidado a redescobrir o seu sentido no tocante ao seu mistério, o valor da sua
celebração, o seu sentido para a existência cristã e humana. Em alguns países de tradição
cristã, num passado recente, a santificação do domingo era facilitada, porém, atualmente,
devido à evolução das condições sócio-econômicas, a fisionomia deste dia se modificou para
um costume de fim de semana, como um momento de distensão. Com efeito, ao perder o seu
significado original, “pode acontece que o homem permaneça cerrado num horizonte tão
restrito, que não mais lhe permite ver o céu”. Entretanto, o discípulo de Cristo, pede-se, não
confunda a celebração do domingo como tempo de mero repouso ou de diversão, pois em
muitos fiéis parece enfraquecer esse sentido. Por isso, atualmente urge recuperar as profundas
motivações doutrinais que fundamentam o preceito eclesial, para que resplandeça aos fiéis o
valor imprescindível do domingo na vida cristã. “Não tenhais medo de dar o vosso tempo a
Cristo! [...] O tempo dado a Cristo, nunca é tempo perdido, mas tempo conquistado para a
profunda humanização das nossas relações e da nossa vida”.
Para se compreender o sentido do domingo e o dever de o santificar, faz-se
considerações acerca das diversas dimensões deste dia em cinco capítulos: o primeiro Dies
Domini, o segundo Dies Christi, o terceiro Dies Ecclesiae, o quarto Dies Hominis e o quinto
Dies Dierum. Explica-se a seguir cada uma delas.
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Ele não é Deus só de um dia, mas de todos os dias. Com efeito, o sétimo dia é santificado com
uma bênção especial para ser o seu dia por excelência, isso é entendido na dinâmica do
diálogo da aliança (diálogo esponsal), em que esse amor embora seja constante e não tem
interrupções, não é monótono, há várias tonalidades (ordinárias e mais intensas). O homem
deve sempre louvar e agradecer ao seu Criador, contudo, a sua relação com Deus precisa de
momentos mais explícitos de oração, de diálogo mais intenso que envolve toda a pessoa e o
dia do Senhor é esse dia. É também dia de repouso para que se reconheça que tudo é de Deus
(nós e o universo) e o homem não pode colaborar com o Criador sem reconhecer isso, e o
domingo afirma este princípio.
Antes de pedir algo para praticar, pede-se para recordar, primeiramente a criação em
que se é convidado não só repousar como o Senhor, mas repousar no Senhor. Ademais, o
preceito tem seu fundamento não só na obra da criação, mas também a libertação realizada no
êxodo. Assim, há uma teologia unitária da criação e da salvação, em que o preceito não é a
simples interrupção do trabalho, mas a celebração das maravilhas realizadas por Deus, e esta
lembrança cheia de gratidão e louvor faz o repouso do homem no dia do Senhor assumir o seu
pleno significado.
A passagem do sábado para o domingo se deu porque os cristãos perceberam a
originalidade do tempo novo e definitivo inaugurado por Jesus Cristo, então assumiram como
dia festivo o domingo, porque foi nele que Cristo ressuscitou, revelando plenamente o
mistério das origens, pois o que Deus realizou na criação e no êxodo tem na morte e
ressurreição de Cristo o seu cumprimento. Em Cristo o sentido do sábado é realizado
plenamente, o dies Domini se torna dies Christi.
O segundo capítulo, dies Christi, trata-se do dia do Senhor ressuscitado e do dom do
Espírito Santo. Acentua-se a páscoa semanal, em que a ligação do domingo com a
ressurreição do Senhor é seguida por todas as Igrejas (Ocidental e Oriental) como o centro de
todo o culto, pois a ressurreição de Jesus aconteceu no primeiro dia depois do sábado (e a sua
aparição aos apóstolos) e também o dia de Pentecostes (dia do primeiro anúncio e dos
primeiros batismos). Ademais, o primeiro dia da semana, desde os tempos apostólicos,
começou a caracterizar o ritmo da vida dos discípulos de Cristo, pois este dia era atribuído no
seu sentido que vem da mensagem pascal, em que a fidelidade a ele estava fundamentada no
Novo Testamento e ligado à revelação do Antigo, exprimindo toda a novidade do mistério
cristão. A progressiva distinção do sábado foi se dando nas catequeses dos primeiros séculos,
porém em certos períodos históricos se vê a tendência a sabatizar o domingo, ou então setores
da cristandade em que o domingo e o sábado eram observados como dias irmãos. A
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preocupando-se com sua qualidade no tocante aos textos e às melodias, de acordo com as
disposições litúrgicas e com a dignidade da tradição eclesial. É necessário que a celebração
seja cativante e participativa, para que todos os presentes se interessem promovendo o
desenvolvimento nas diversas maneiras de participação que a liturgia sugere e recomenda.
Ademais, o domingo cristão tem outros momentos além da participação na Eucaristia,
obrigando os discípulos de Cristo a conferir à vida de família, às relações sociais, às horas de
diversão, etc. um estilo de vida que transpareça a alegria do Ressuscitado no ordinário da
vida. Na ausência do sacerdote, as assembleias dominicais são convocadas para se fazer a
celebração da Palavra, de acordo com as diretrizes da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, no documento 52 das orientações para a celebração da Palavra de Deus, recomendada
pela tradição litúrgica. Por fim, quanto às transmissões radiofônicas e televisivas, em caso de
doenças, infortúnio ou outra razão grave que impede de ir à Missa dominical, oferecem
possibilidade de se unir a uma Celebração eucarística no mesmo tempo em que é realizada,
porém, por si mesmo não permite satisfazer o preceito dominical, mas produz abundantes
frutos e se pode viver o domingo como dia do Senhor, contudo, com desejo da Eucaristia.
O quarto capítulo, dies hominis, trata do domingo como dia de alegria, repouso e
solidariedade. Antes de ser vivido como dia de repouso os cristãos o vivem como dia de
alegria, que é manifestado na liturgia, conservando a alegria dos discípulos ao acolherem o
Mestre, sendo dom e fruto do Espírito Santo. Para apreender de modo pleno o sentido deste
dia é preciso ver nessa dimensão (a alegria) que o dia do Senhor ressuscitado é especialmente
um dia de alegria, que do ponto de vista cristão, é mais duradouro e consolador do que os
fúteis sentimentos de saciedade e prazer, resistindo a própria dor. Com efeito, não há oposição
entre a alegria cristã e as verdadeiras alegrias humanas, mas essas últimas são enaltecidas e
encontram o seu fundamento último na alegria de Cristo glorificado. Ademais, o domingo
cristão põe em evidência a sua dimensão do cumprimento do sábado do Antigo Testamento,
em que a celebração da criação e da libertação, em perspectiva cristocêntrica, encontra a sua
perfeita realização, desenvolvimento e plena expressão na história da salvação, que tem o seu
ponto culminante em Cristo. Essa teologia do sábado é recuperada “sem causar dano ao
caráter cristão do domingo”. Com efeito, o sétimo dia no qual se conclui a obra da criação,
tem ligação direta com o sexto dia quando Deus fez o homem, pois Deus fez o homem e então
repousou, havendo direta relação com o dia de Deus e o dia do homem, lembrando-o de sua
dependência vital ao Criador e sua vocação de colaborador na sua obra, assim, honrando o
repouso de Deus ele se encontra plenamente a si próprio. Embora superada as modalidades do
sábado judaico, os motivos da base de sua santificação permanecem válidos, mas
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Referência:
JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Dies Domini. Disponível em:
<<http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/apost_letters/1998/documents/hf_jp-
ii_apl_05071998_dies-domini.html>>. Acesso em: 11 de novembro de 2020.
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sabedoria e prudência dos bispos Ele dirige e orienta o povo da Nova Aliança em sua
peregrinação para a eterna bem-aventurança. Eles são ministros de Cristo e administradores
dos mistérios de Deus. Assim como os apóstolos, para poderem exercer tão excelso ofício,
foram enriquecidos por Cristo com a efusão especial do Espírito Santo, da mesma forma, pela
imposição das mãos, os apóstolos transmitiram aos seus colaboradores este dom do Espírito
Santo, e que chega até nós pela consagração episcopal, imprimindo nos bispos um caráter
sagrado de tal forma que, de maneira eminente e visível, eles fazem as vezes do próprio Cristo
Mestre, Pastor e Pontífice, agindo em seu nome.
Ademais, Cristo, por meio dos apóstolos, fez os bispos participarem da sua
consagração e missão, e os bispos legitimamente confiaram, em graus diversos, o cargo de seu
ministério a várias pessoas em graus diversos, sendo, portanto, o ministério eclesiástico
exercido nas ordens dos chamados bispos, presbíteros e diáconos. Não obstante, os presbíteros
não têm a plenitude do sacerdócio e dependem dos bispos no exercício de seus poderes, mas
estão unidos aos bispos na dignidade sacerdotal comum, sendo consagrados “para pregar o
Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino, como verdadeiros sacerdotes do
Novo Testamento, à imagem de Cristo, sumo e eterno Sacerdote” (LUMEN GENTIUM, n.
28), participando, no grau do seu ministério, da função Cristo anunciam a Palavras de Deus a
todos. Assim, o ministério dos presbíteros é exercido principalmente no culto ou assembleia
eucarística, pois agem na pessoa de Cristo proclamando o seu mistério, juntando as orações
dos fiéis ao sacrifício do Senhor, renovando e aplicando o único sacrifício do Novo
Testamento. Isso pelo fato de serem assinalados com um caráter especial de poderem agir na
pessoa de Cristo cabeça, sendo configurados a Cristo sacerdote. Assim, desempenham na
medida da sua autoridade, a função de Cristo pastor e cabeça, como prudentes cooperadores
da ordem episcopal (em um único presbitério), santificando e dirigindo a porção da grei do
Senhor que lhes foi confiada. Pois “é pelo ministério dos presbíteros que o sacrifício espiritual
dos fiéis se consuma em união com o sacrifício de Cristo” (PRESBYTERORUM ORDINIS,
n. 2).
Com efeito, no exercício de seu ministério, os presbíteros têm a função de: serem
ministros da palavra de Deus; ministros dos sacramentos, especialmente da eucaristia; e serem
educadores do povo de Deus. Como ministros da palavra de Deus, destaca-se que, como
ninguém pode se salvar sem antes crer, os presbíteros têm como primeiro dever anunciar a
todos o Evangelho, pois “é pela palavra da salvação que é suscitada no coração dos infiéis e
alimentada no coração dos fiéis a fé” (PRESBYTERORUM ORDINIS, n. 4), e é graças a isso
que tem início se desenvolve a assembleia dos fiéis. É próprio deles ensinar a palavra de Deus
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Eucaristia, sacramento por excelência do mistério pascal, está colocado no centro da vida
eclesial desde os seus primórdios até os dias de hoje. “[...] De fato, a instituição da Eucaristia
antecipava, sacramentalmente, os acontecimentos que teriam lugar pouco depois, a começar
da agonia no Getsêmani [...]” (JOÃO PAULO II, n. 3), pois a agonia no Getsêmani foi
prelúdio da agonia na cruz de Sexta-feira Santa, a hora santa, a hora da nossa redenção. “[...]
Até aquele lugar e àquela hora se deixa transportar em espírito cada presbítero ao celebrar a
santa missa, juntamente com a comunidade cristã que nela participa” (JOÃO PAULO II, n.4).
No dom eucarístico, Cristo entregou à sua Igreja a atualização perene do mistério pascal
(Triduum Paschale), o que deve invadir sempre a assembleia eclesial, mas que deve inundar
de modo especial o ministro da Eucaristia que realiza a consagração e pronuncia as palavras
ditas por Cristo no Cenáculo, colocando a sua boca e a sua voz à disposição dEle. Deve-se
contemplar e reconhecer Cristo onde quer que se manifeste, mas sobretudo no sacramento
vivo de seu corpo e sangue, pois a Igreja vive de Jesus eucarístico e é nutrida e iluminada por
Ele. “A Eucaristia, presença salvífica de Jesus na comunidade dos fiéis e seu alimento
espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja n seu cominho ao longo da história [...]”
(JOÃO PAULO II, n. 9), por isso, ela sempre reservou cuidadosa atenção ao mistério
eucarístico, sobressai com autoridade do magistério dos Concílios e dos Sumos Pontífices.
Na noite em que foi entregue, Jesus instituiu o sacrifício eucarístico do seu corpo e
sangue, tendo indelevelmente inscrito neste o evento de sua paixão e morte, e não é apenas
uma evocação, mas a sua presença sacramental que se perpetua através dos séculos. A Igreja
recebeu a Eucaristia do seu Senhor como o dom por excelência, sendo dom dEle mesmo, da
sua Pessoa na humanidade e da sua obra de salvação, sendo esta a fé da Igreja reafirmada ao
longo dos séculos. A Igreja vive deste sacrifício redentor não só através da lembrança, mas
com contato atual, que está presente e perpetua-se sacramentalmente, de modo que “[...] o
sacrifício de Cristo e o sacrifício da Eucaristia são um único sacrifício [...]” (JOÃO PAULO
II, n. 12), não é mais um, nem é multiplicado, pois o que se repete é a celebração memorial. É
sacrifício em sentido próprio, sendo primariamente um do ao Pai, mas que foi entregue à
Igreja na qual Cristo quis assumir o sacrifício espiritual dela, oferecendo-se a si juntamente
com o sacrifício de Cristo, por isso, pela participação do sacrifício eucarístico de Cristo os
fiéis oferecem ao Pai juntamente com a vítima divina e a si mesmos.
Ademais, “A Páscoa de Cristo inclui, juntamente com a paixão e morte, a sua
ressurreição [...]” (JOÃO PAULO II, n.14), por isso na missa está presente o mistério da
paixão, morte e ressurreição do Salvador, dando a coroação do sacrifício, pois é por estar vivo
e ressuscitado que pode se ternar pão da vida. Com efeito, nessa reprodução sacramental
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presente na missa, dá-se uma presença especial de Cristo que “[...] chama-se ‘real’, não a
título exclusivo como se as outras presenças não fossem ‘reais’, mas por excelência, porque é
substancial, e porque por ela se torna presente Cristo completo, Deus e homem [...]” (JOÃO
PAULO II, n.15), é uma verdade que estimulou a teologia empregar árduos esforços de
compreensão, mas que independentemente do entendimento, depois da consagração, o pão e o
vinho deixaram de existir, sendo, a partir de então, o corpo e o sangue do Senhor presentes
nas espécies sacramentais.
Com efeito, “A eficácia salvífica do sacrifício realiza-se plenamente na comunhão, ao
recebermos o corpo e o sangue do Senhor [...]” (JOÃO PAULO II, n.16), realizando a união
íntima dos fiéis com Cristo, na qual Cristo se oferece como alimento no verdadeiro banquete
que é a Eucaristia. Por meio da comunhão Cristo comunica o seu Espírito, aumentando o dom
do mesmo Espírito, já infundido no Batismo e recebido no sacramento da Confirmação como
selo. Além disso, a celebração eucarística expressa uma tensão escatológica nas palavras
“Vinde Senhor Jesus”, pois ela é a celebração na ardente expectativa da vinda do Senhor.
“[...] Quem e alimenta de Cristo na Eucaristia não precisa de esperar a Além para receber a
vida eterna: já a possui na terra, como primícias da plenitude futura, que envolverá o homem
na sua totalidade [...]” (JOÃO PAULO II, n.18). Por conseguinte, essa tensão escatológica
exprime e consolida a comunhão com a Igreja celeste, sendo, portanto, um pedaço do céu que
se abre sobre a terra. Além do mais a tensão escatológica dá ainda estímulo à caminhada na
história, como semente lançada que ativa a esperança na dedicação diária de cada um aos seus
próprios deveres, lavando a olhar para o novo céu e a nova terra, estimulando o sentido de
responsabilidade pela terra presente.
Em vista do que foi apresentado acerca da presença de Cristo na liturgia nas espécies
eucarísticas, nota-se que esta presença é a presença real por excelência dos Senhor, no qual
está contido o mistério pascal do Redentor em sua totalidade (paixão, morte e ressurreição),
estando presente o Cristo vivo. A Eucaristia é dom por excelência, porque é dom do próprio
Cristo, humano e divino (corpo, sangue, alma e divindade). Com efeito, destacou-se também
o que implica essa presença, que além de ser evento da páscoa do Senhor, é sacramento que
realiza eficácia salvífica plenamente na comunhão, comunica o Espírito Santo, expressa
tensão escatológica em sua dimensão de comunhão com a Igreja celeste e estímulo na
caminha da história no sentido de responsabilidade pela terra presente.
Cristo também está presente na liturgia pela virtude dos sacramentos, em que a
eficácia deles se dá porque neles age o próprio Cristo, de modo que “[...] é ele quem batiza, é
ele quem atua em seus sacramentos, a fim de comunicar a graça significada pelo sacramento
[...]” (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 1127) pelo poder do Espírito Santo. Por
isso, os sacramentos atuam pelo próprio fato da ação ser realizada, devido à obra salvífica de
Cristo realizada uma vez por todas.
“[...] Daí segue-se que o ‘sacramento não é realizado pela justiça do homem que o
confere ou o recebe, mas pelo poder de Deus’. A partir do momento em que um
sacramento é celebrado em conformidade com a intenção da Igreja, o poder de
Cristo e de seu Espírito agem nele e por ele, independentemente da santidade
pessoal do ministro. Contudo, os frutos dos sacramentos dependem também das
disposições de quem os recebe” (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 1128).
Além disso, a Igreja também afirma aos crentes que os sacramentos são necessários à
salvação, pois a graça deles é dada por Cristo pelo Espírito Santo, conforme o caráter peculiar
de cada sacramento.
Entretanto, é preciso entender como se consolida essa presença da Cristo pela virtude
dos sacramentos. Os sacramentos foram todos instituídos pelo próprio Senhor Jesus Cristo,
pois suas palavras e gestos, tanto da vida oculta como da vida pública, eram salvífica,
antecipando o poder do mistério pascal. Por isso, os “[...] mistérios da vida de Cristo são os
fundamentos daquilo que agora, por meio dos ministros de sua Igreja, Cristo dispensa nos
sacramentos, pois ‘aquilo que era visível em nosso Salvador passou para seus mistérios”
(CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 1115). Assim, “Os sacramentos são ‘forças que
saem’ do corpo de Cristo, sempre vivo e vivificante; são ações do Espírito Santo operante no
corpo de Cristo, que é a Igreja; são ‘as obras-primas de Deus’ na Nova Aliança”
(CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, n. 1116), sendo a Igreja a dispensadora desses
mistérios. Por isso, os sacramentos são da Igreja, porque ela é o sacramento da ação de Cristo
que opera nela graças ao Espírito e são os sacramentos que fazem a Igreja. Ela forma com
Cristo-cabeça uma única pessoa mística. O ministério ordenado garante que é Cristo que age
pelo Espírito para a Igreja nos sacramentos, pois o ministro que recebeu o sacramento da
ordem “[...] é o elo sacramental que liga a ação litúrgica àquilo que disseram e fizeram os
apóstolos, e, por meio destes, ao que disse e fez Cristo [...]” (CATECISMO DA IGREJA
CATÓLICA, n. 1120), que é a fonte e o fundamento dos sacramentos.
Portanto, é da maneira apresentada que Cristo se faz presente nos sacramentos. É o
próprio Cristo que age nos seus sacramentos pelo Espírito Santo comunicando sua força
salvadora, sendo operados por meio da Igreja, seu corpo místico. E é o ministério ordenado o
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elo que liga, sacramentalmente, ao disseram e fizeram os apóstolos, e, por meio desses
enviados de Cristo, ao que disse e fez o próprio Cristo, fundamento de todos os sacramentos.
de Deus que anuncia, cuidando especialmente da homilia dos domingos e solenidades, não
deixando de oferecer, nas missas da semana com o povo, breves reflexões. Por isso, é
conveniente um diretório homilético, que sirva de instrumento e subsídio para ajudar os
ministros a desempenharem melhor maneira possível essa tarefa.
Apesar de ser a Eucaristia que esteja no centro da relação entre Palavra de Deus e
sacramentos, ressalta-se também a sua relação com os outros sacramentos, particularmente a
Reconciliação e a Unção dos Enfermos, nos quais muitas vezes é negligenciada a referência à
Escritura, porém é necessário dar-lhe o espaço que lhe compete. Na Reconciliação a Palavra
de Deus ilumina o fiel para que possa reconhecer os seus pecados, chamando-o à conversão e
à confiança na misericórdia de Deus. Na Unção dos Enfermos a Palavra de Deus tem uma
força salutar e é um apelo vivo a conversão pessoal constante do ouvinte, além de ter páginas
de conforto.
Há ainda a relação da Palavra de Deus e a Liturgia das Horas, a qual exalta a Sagrada
Escritura, constituindo “[...] uma forma privilegiada de escuta da Palavra de Deus, porque põe
os fiéis em contato com a Sagrada Escritura e com a Tradição viva da Igreja [...]” (BENTO
XVI, n. 62). Na Liturgia das Horas a Igreja exerce a função sacerdotal de Cristo, sua cabaça,
oferecendo a Deus ininterruptamente o sacrifício de louvor, e, enquanto oração pública da
Igreja, manifesta o ideal cristão de santificação do dia inteiro. Os que são obrigados a rezar a
Liturgia das Horas, em virtude do próprio estado de vida, vivam fielmente esse compromisso
em benefício de toda a Igreja.
Também no cerimonial das bênçãos é previsto a proclamação, escuta e a explicação da
Palavra de Deus, por meio de breves advertências. Ademais, o gesto da bênção não deve
aparecer isolado e si mesmo, mas relacionado com a vida litúrgica do Povo de Deus no grau
que lhe é próprio.
Por fim, dado os elementos fundamentais da relação entre Liturgia e Palavra de Deus,
e a presença da Palavra de Deus na Liturgia, há algumas sugestões e propostas concretas para
a animação litúrgica para favorecer uma crescente familiaridade com a Palavra de Deus no
âmbito das ações litúrgicas ou que estejam relacionadas com ela de alguma forma, são elas: a
celebração da Palavra de Deus, que é ocasião privilegiada de encontro com o Senhor, sendo
um elemento importante da pastoral litúrgica, porém ela é vivamente recomendada nas
comunidades onde não é possível a celebração eucarística nos dias festivos de preceito,
devido à escassez de sacerdotes; a Palavra e o silêncio, em que o silencio tem importante
valor para a recepção da Palavra de Deus, porque ela é pronunciada e ouvida no silêncio
interior exterior, devendo a liturgia, particularmente na liturgia da Palavra, facilitar a escuta
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de modo especial pela recitação do Ofício Divino, consagrando pelo louvor a Deus o curso
diurno e noturno do tempo.
“[...] E quando são os sacerdotes que cantam esse admirável cântico de louvor, ou
outros para tal deputados pela Igreja, ou os fiéis quando rezam juntamente com o
sacerdote segundo as formas aprovadas, então é verdadeiramente a voz da esposa
que fala com o esposo, ou melhor, é a oração que Cristo unido ao seu corpo eleva ao
Pai” (SACROSANCTUM COCILIUM, n. 84).
Referências:
CORDEIRO, José Manuel Garcia et al. Liturgia da Igreja. Lisboa: Universidade Católica
Editora, 2008. p. 207 – 217.
JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Ecclesia de Eucaristia. 2ª ed. São Paulo: Pulinas, 2003.
BENTO XVI. Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum Domini. Disponível em: <<
http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/apost_exhortations/documents/hf_ben-
xvi_exh_20100930_verbum-domini.html>>. Acesso em: 17 de julho de 2020.
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para suscitar a esperança dos humildes e fracos, que podem apoiar-se somente no poder do
Deus de Jesus, que se manifesta na fraqueza, mas que manifesta o seu senhorio e sua grandeza
régia principalmente em benefício das vítimas do egoísmo humano. Assim, a celebração do
tempo do Advento é indispensável para compreender o mistério da salvação.
5 – O que a Igreja ensina e celebra sobre o culto à Virgem Maria, aos Mártires e aos
Santos, comente uma solenidade ou festa a partir dos textos bíblicos e eucológicos.
A partir do que é pedido pelo comando da questão, este texto apresenta a seguinte
estrutura: primeiramente o que a Igreja ensina e celebra sobre o culto à Virgem Maria; o que a
Igreja ensina e celebra acerca ao culto dos Mártires e dos Santos; por fim, o comentário da
solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, a partir dos textos bíblicos e eucológicos.
Virgem Maria, Mãe do Redentor, pois: Deus a envolveu com a sua graça desde o primeiro
momento de sua concepção, preservando-a da mancha do pecado; em fatos salvíficos
realizados no nascimento e na infância de Cristo Maria foi intimamente associada,
participando e ocupando lugar neles; nos fatos salvíficos realizados durante a vida pública de
Jesus, a Virgem Maria também tomou parte; e no mistério pascal de Cristo se encontra Maria
intimamente unida ao Filho (no sacrifício da cruz, na sua ressurreição e depois da ascensão
em oração com os apóstolos implorando o dom do Espírito Santo).
A terceira motivação, nela a Igreja admira e exalta o fruto mais excelso da redenção,
está o mistério de Maria, que é “[...] mistério da iniciativa de misericordiosa de Deus para a
salvação do mundo [...]” (BERGAMINI, p. 450). É filha de Adão e salva por Cristo de
maneira sublime, pois foi preservada do pecado original desde a sua concepção em vista dos
méritos de Jesus Cristo, sendo o fruto mais excelso da redenção.
A quarta e última motivação, contemplando em Maria como uma imagem puríssima
daquilo que deseja e espera ser, a Virgem Santíssima é honrada como ícone da santa Igreja.
Assim, pelos vínculos que unem a Igreja à Maria, a Igreja quer viver o mistério da Cristo com
ela e por ela, pois ela é modelo e mãe da Igreja e sinal de esperança e consolação.
Por fim, como se nota, no ano litúrgico, na celebração dos mistérios de Cristo, a Igreja
venera Maria, Mãe de Deus, unida inseparavelmente à obra de salvação de seu Filho, não em
um ciclo mariano paralelo ao de Cristo.
5.2 – O que a Igreja ensina e celebra acerca do culto dos Mártires e dos Santos
Tratando-se do que a Igreja ensina e celebra sobre o culto do Mártires e dos Santos,
destaca-se que os primeiros santos cultuados foram santos que sofreram o martírio, e o
primeiro testemunho do culto de um mártir foi o de São Policarpo, mártir em 155, e em Roma
na metade do século III há testemunhos da veneração e invocação dos santos apóstolos Pedro
e Paulo. O primeiro culto a surgir ao lado da celebração da Páscoa foi o dos mártires, mas
como um aspecto do mistério pascal, de tal maneira que no aniversário de martírio se fazia
memória do testemunho heroico do evangelho dado por eles, mas o momento central da
comemoração era a celebração da eucaristia, durante a qual se pronunciava o nome do mártir.
Inicialmente, o culto dos mártires era estritamente local, ligado ao dia da morte e o lugar onde
o corpo tinha sido depositado.
Com efeito, há que se destacar que o culto dos mártires eram diferentes dos costumes
de prestar honras fúnebres aos defuntos conservando as seguintes características: os cristãos
se reuniam perante o túmulo para celebrar o “dies natalis” como nascimento para vida do céu
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e não para o dia do nascimento para vida terrena, como os pagãos faziam para os defuntos; a
comemoração era feita em espírito de alegria, de vitória e esperança, não restringindo a
participação ao círculo de parentes, mas tinha a participação de toda a Igreja que estava no
lugar, diferente do costume pagão; e o culto dos mártires não se limitava à primeira geração
dos que os tinham conhecido, mas se prolongava nas gerações sucessivas, diferente do culto
pagão aos defuntos. Num primeiro momento o culto dos mártires era somente local, mas
sucessivamente se estendeu para as Igrejas vizinhas até se tornar universal.
Em relação ao culto de outros santos não mártires, entende-se o alargamento do culto a
eles na Igreja da seguinte forma: do culto aos que derramaram o sangue, passou-se ao
daqueles que confessaram a fé publicamente, sofrendo torturas, prisão e exílio (os
confessores); depois a consideração dos santos e o seu culto alargou-se quando entrou a ideia
de martírio espiritual, que são os que não foram mártires por falta de ocasião do martírio;
entraram ainda no número dos santos as grandes figuras de bispos que ensinavam
eminentemente a fé cristã com a sua doutrina e exemplo da vida; vem também a categoria,
dentro da ideia do martírio espiritual, dos ascetas, das virgens, dos monges, “[...] até chegar a
todo fiel que tenha dado testemunho heroico de vida cristã em qualquer situação”
(BERGAMINI, p. 482).
Por fim, como se nota, houve um progressivo alargamento no culto aos mártires e
outros santos, ampliando-se a ideia de santidade cristã, mas que tem as suas raízes e autêntica
justificação no martírio, pois os mártires são os perfeitos imitadores de Cristo, assimilando-se
ao Cristo morto e ressuscitado, deixando, assim, o mistério pascal no centro da celebração
cristã do ano litúrgico. Os outros santos são considerados como tal porque seguiram a Cristo
com força e heroísmo equivalentes. “[...] O conceito de santidade cristã conserva, assim, uma
referência radical e íntima com o martírio e o mistério pascal de Cristo [...]” (VISENTIN apud
BERGAMINI, p. 483). Portanto, quando a Igreja ao celebrar as festas dos santos, no fundo
celebra o único mistério pascal de Cristo, revivido em seus membros.
5.3 – Comentário da solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, a partir dos textos
bíblicos e eucológicos
A solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, acontece, no rito romano, em 1º de
janeiro, durante o Tempo do Natal, especificamente na oitava da Natal, manifestando a íntima
ligação de Maria ao mistério do Natal do Senhor. Todas as Igrejas recordam o título de Mãe
de Deus, estando presente nas orações eucarísticas diárias e durante o ano, principalmente nas
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solenidades do Natal, porém em alguns ritos são celebradas em datas diferentes. Em Roma ela
é a mais antiga liturgia mariana (550-595).
Os textos bíblicos usados na liturgia dessa solenidade são: na primeira leitura Nm
6,22-27; salmo 67 (66); na segunda leitura Gl 4,4-7; Evangelho de Lucas 2,16-21. A primeira
leitura contém a fórmula da bênção usada pelos sacerdotes de Israel sobre o povo no fim das
cerimônias litúrgicas, de modo especial na festa do ano novo, assim a referência a Maria é
indireta, referindo-se à solenidade no sentido de que a autêntica bênção é Cristo e Maria é de
modo privilegiado objeto dessa bênção. O salmo também traz como conteúdo o tema da
bênção. Na segunda leitura, o texto permite ver a mulher da qual Jesus nasceu, a primeira a
ser beneficiada por tudo aquilo que há de graça e de alegria no mistério do abaixamento do
Filho de Deus, além disso, o “texto deve ser lido à luz dos dois primeiros capítulos do
Evangelho de Lucas”. O Evangelho, que trata de quando os pastores encontraram Maria, José
e o recém-nascido, é lido colocando acentos naquilo que se refere à Mãe de Deus, onde ela é
apresentada pelo evangelista como aquela que acolhe a palavra e crê, não sabendo como será
no futuro, com isso, à luz da fé, Maria é atenta é medita cada detalhe que acontece ao redor de
seu Filho.
Nos textos eucológicos dessa solenidade destaca-se o seguinte: na oração da coleta se
ressalta que Deus pela virgindade fecunda da Maria dá à humanidade a salvação eterna; na
oração sobre as oferendas, pede a Deus que leva seus dons à perfeição, conceda aos seus
filhos alegrar-se com as primícias da graça podendo alcançar a perfeição; no prefácio o
motivo de ação de graças é a maternidade divina de Maria enquanto maternidade virginal; na
oração depois da comunhão se proclama a Virgem Maria Mãe de Deus e Mãe da Igreja; por
fim, as antífonas de entrada e comunhão se referem, respectivamente, a uma saudação à Mãe
de Deus que dá a luz o Rei eterno do céu e da terra ressaltando-se títulos aos quais Cristo e
denominado e a passagem da carta aos Hebreus “Jesus Cristo ontem e hoje e por toda a
eternidade.
Portanto, nesse comentário à solenidade de Maria Santíssima, Mãe de Deus, nota-se forte
referência ao mistério do tempo litúrgico em que está inserida no rito romano, o Natal, dando
sempre enlevo que o mistério da maternidade divina de Maria está diretamente ligado ao
mistério de Cristo. Isso ganha mais destaque ainda quando se analisa medita os textos bíblicos
e eucológicos da solenidade.
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Referência: