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“Apostila do Ministério de Louvor


da Igreja Bola de Neve”

Louvai ao SENHOR. Louvai ao SENHOR desde os céus, louvai-o nas alturas.

Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todos os seus exércitos.

Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes.

Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus.

Louvem o nome do Senhor, pois mandou, e logo foram criados.

E os confirmou eternamente para sempre, e lhes deu um decreto que não


ultrapassarão.

Louvai ao Senhor desde a terra: vós, baleias, e todos os abismos;

Fogo e saraiva, neve e vapores, e vento tempestuoso que executa a sua palavra;

Montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros;

As feras e todos os gados, répteis e aves voadoras;

Reis da terra e todos os povos, príncipes e todos os juízes da terra;

Moços e moças, velhos e crianças.

Louvem o nome do Senhor, pois só o seu nome é exaltado; a sua glória está sobre a
terra e o céu.

Ele também exalta o poder do seu povo, o louvor de todos os seus santos, dos filhos de
Israel, um povo que lhe é chegado. Louvai ao Senhor.

Salmos 148:1-14
O significado das palavras em hebraico, grego, romano foram extraídos:

Dicionário bíblico Strong. Disponível em < dicionario biblico strong lc3a9xico


hebraico aramaico grego james Strong> acesso em 10 jun 2020

WINE, W.E.;UNGER, M.L.F.;WHITE,Jr., W. Dicionário Vine. O significado exegético e


expositivo das palavras do Antigo Testamento. São Paulo:CPAD/Thomas Nelson, s.d.

Os textos bíblicos foram extraídos da Bíblia de estudo Almeida. Barueri, SP:


Sociedade Bíblica do Brasil, 2013. (neste caso há uma suposição sobre o uso desta
bíblia. Poderá ser outra. Aqui trata-se de um exemplo)
A P R E S E N TA Ç Ã O

A adoração está entre os aspectos mais característicos da Igreja Bola de Neve. Ela figura
entre as igrejas pioneiras em trazer novos estilos musicais para os púlpitos, a Bola de Neve tem,
desde sua fundação, investido pesado na música como forma de atrair a presença de Deus e
de apresentar a mensagem cristã de maneira cada vez mais sintonizada, com o que de mais
contemporâneo acontece no cenário atual.

Para além da qualidade técnica e da excelência na execução, a adoração na Igreja Bola de


Neve também tem como foco o evangelismo. Muitas pessoas que hoje congregam na Igreja
afirmam que foram atraídas pela maneira moderna, arrojada e impactante como a música é
executada em nossos cultos. Isso porque entendemos a adoração como sendo, também, uma
ferramenta de comunicação, não apenas com os homens - transmitindo das mais diversas
emoções - mas também para com Deus, já que ativa o sobrenatural e atrai a presença divina.

Hoje o nosso esforço para garantir o aperfeiçoamento de nossos adoradores é a presente


apostila, que disponibilizamos com muito carinho, crendo que será um importante instrumento
de orientação aos músicos da Igreja Bola de Neve.
SUMÁRIO

PARTE I - A MÚSICA E A ADORAÇÃO ............................................................................. 9


Capítulo I - A música.......................................................................................................................................11
1.1 A música, Deus e a adoração...........................................................................................12
1.2. Os vinte e quatro anciãos e os planos de Deus para adoração................14
1.3 Os sete espíritos de Deus e a sensibilidade na adoração..............................15
1.4. Relâmpagos, trovões e vozes: fluindo nos dons do Espírito.......................16
1.5. Os 144 mil harpistas: o som coletivo do louvor..................................................16

Capítulo II - Os adoradores ........................................................................................................................19


(Texto escrito a partir da Pregação do Pastor. Cirilo)
2.1. Os levitas.....................................................................................................................................19
2.2. Os sacerdotes da Nova Aliança....................................................................................20
2.3. Os servos (Texto por Fabiana Nicolau).....................................................................22

Capítulo III - O adorador, o tabernáculo e o altar. ......................................................................23


3.1. Armar o tabernáculo, se preparar para a guerra..............................................24
3.2 O caráter do adorador. ......................................................................................................25
3.3 Caráter, sacrifício e santificação. .................................................................................27

Capítulo IV - A adoração e a batalha espiritual.............................................................................29


4.1 Como se portar em meio à batalha..........................................................................29
4.2 A expiação e Jesus (Fabiana).........................................................................................33
4.3 Josafá: um exemplo de obediência em meio à Guerra................................34

PARTE II - O MINISTÉRIO DE LOUVOR............................................................................. 37


Capítulo I - O ministério................................................................................................................................39
1.2 Louvor e adoração: o fundamento. .............................................................................39

Capítulo II - Atributos e características desejáveis em um ministro de louvor..........41


2.1 A importância da santidade...........................................................................................43

Capítulo III - A preparação do ministro de louvor........................................................................47

Capítulo IV - A escolha das músicas ....................................................................................................49


4.1 A música autoral.....................................................................................................................50
4.2 Versões..........................................................................................................................................50

Capítulo V - A condução do louvor........................................................................................................51


5.1 A estrutura do louvor. ........................................................................................................51

PARTE III - MINISTÉRIO DE LOUVOR DA IGREJA BOLA DE NEVE........................... 53

Capítulo I – A visão............................................................................................................................................55

Capítulo II - Como conduzir o Rio de Deus em nossas igrejas?...........................................57


2.1 O que impede o rio de fluir?............................................................................................57

Capítulo III - A liderança no Ministério de Louvor .......................................................................59


3.1 Funções de um líder............................................................................................................59
3.2. Os membros do ministério. .............................................................................................60

“Mantenha a paixão viva” - Carta da Pastora Denise Seixas .................................................61


PARTE I - A MÚSICA E A
ADORAÇÃO
CAPÍTULO I - A MÚSICA

Anjos e exércitos celestiais, reis e povos, príncipes e juízes, moços, moças, velhos e crianças:
todos louvem ao Senhor. Celebrem Sua Glória. Até mesmo os céus, as águas, a terra e os animais.
Toda a criação “canta” sobre o Criador. Se a própria natureza é capaz de louvar, certamente há,
na música, um mistério, uma chave espiritual que precisa ser compreendida.

A música faz parte do nosso cotidiano e, no decorrer de toda a história, ela também se fez
presente entre os indivíduos de quaisquer grupos sociais. Hoje, devido à indústria cultural e
fonográfica, os acessos aos mais diversos gêneros musicais são muito mais fáceis. Com o advento
e estabelecimento da internet, esse processo se intensificou. Um lançamento musical pode ser
acessado por pessoas do mundo todo em frações de segundo.

Analisando as diferentes sociedades ao longo da história, com seus hábitos e costumes,


vemos que a música esteve presente em todos os grupos sociais e nas mais diversas épocas. No
Brasil, o nascimento do “samba” nos morros do Rio de Janeiro no início do Século XX, o “rock”
dos anos de 1950, caracterizado pela “juventude transviada” e os “Festivais da Canção” nos anos
da ditadura, são exemplos de que a música é não só uma forma de manifestação cultural e
social, como também histórica.

A música, por ser uma prática social e cultural, contribui para a construção e afirmação de uma
identidade. Ela produz e também é produzida por esta noção de “identidade”. Pessoas mudam
seus hábitos, sua cultura e comportamento inspirados em músicas ou em correntes musicais.
O estilo dos cantores é copiado por uma infinidade de jovens, que buscam sua afirmação social
por meio da identificação com esta ou aquela banda.

Além disso, a vida de uma pessoa pode ser muito bem explicada por meio de uma trilha
sonora: as músicas da infância, da adolescência, de uma viagem ou época que marcou nossa
existência. Ou, ainda, as músicas que gostamos de ouvir quando estamos felizes, tristes, eufóricos
ou pensativos. A música consola, que faz lembrar um momento bom, a música da saudade... E
a lista é infinita.

E é neste sentido que a música adentra no universo da psique. Ela tem o poder de atuar
nas três esferas do ser humano: o corpo, a alma e o espírito. O ritmo, a harmonia e a melodia
incidem nessas três partes, respectivamente. O amplo acesso que a música tem fez com que,
em meados do século XX, emergisse a musicoterapia, ou seja, uma ciência interdisciplinar
que objetiva utilizar a música no tratamento das questões psicológicas e psiquiátricas. Assim,
foi comprovado o poder que a música tem sobre emoções, mente e coração. Inclusive como
ferramenta terapêutica. Ela pode influenciar para curar, mas também para destruir, dada a sua
capacidade de penetração nos recantos mais profundos de nosso ser.

A música atua, também, em outras dimensões e produz efeitos que lhes são intrínsecos.
Estimula ações (dançar, correr, pular) e mexe com o corpo físico. Tem a capacidade de
ativar sentimentos e condutas. Age, inclusive, na alma, influenciando vontades, emoções e
pensamentos. A música tem o poder de despertar, uma vez que toca a dimensão do espírito e
vivifica áreas adormecidas.

No universo da religiosidade , a relação do ser humano com a música é ainda mais latente.
Para a maioria das civilizações antigas, a música era considerada uma criação divina. Em muitas
religiões, ela é utilizada como canal para estabelecer contato com o sobrenatural e com as
divindades.

Concluímos, portanto, que a música possui um largo espectro de atuação na mente e no


comportamento humano. Entendemos sua força, seu poder de influência e persuasão e, por
isso, há necessidade de conhecermos seus mecanismos. Mas como definir o que seria a música?

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Afinal: o que é a música?

Entre os estudiosos das ciências humanas - os musicólogos, os teóricos musicais, historiadores,


antropólogos e linguistas - não há um consenso sobre as definições do que é a música. Em
linhas gerais, existem duas grandes correntes que permeiam esse debate.

A abordagem naturalista defende a ideia de que a música existe por si mesma, sendo um
fenômeno natural e físico. Esta vertente acredita que um ser humano pode executar uma música
em sua mente sem saber tocá-la, porque ela é um fenômeno natural e intuitivo (ABDOUNUR,
2007). Do lado oposto, estão aqueles que defendem que a música não existe a não ser por meio
de uma “obra musical”, que estabelece o diálogo entre o ouvinte e o compositor. Ela seria, então,
uma manifestação (criação) humana, de modo que constituiria uma arte, meio de comunicação
e de expressão social.

Para a Física e a Matemática (GRANJA, 2006), a música é a manipulação do som (altura,


densidade, timbre e duração) e a organização do tempo (ritmo, melodia e harmonia). A existência
do som e do silêncio, assim como o arranjo do tempo entre ambos, faz da música uma “equação
matemático-física”. É a combinação perfeita entre estética musical e números.

Pitágoras1 foi o primeiro estudioso a associar a música às Ciências Exatas. Durante a Idade
Média e início da Idade Moderna, ela fez parte dos currículos das Ciências Naturais, devido à sua
similaridade com a Matemática.

A música pode ser vista como a combinação de ritmo, harmonia e melodia. No sentido amplo,
é a organização temporal de sons e silêncios (pausas). No sentido restrito, é a arte de coordenar
e transmitir efeitos sonoros, harmoniosos e esteticamente válidos, podendo ser produzida por
meio da voz ou de instrumentos musicais (GRANJA, 2006). Em termos de gênero, quando a
música tem letra e melodia, recebe o nome de “canção”.

1.1 Música, Deus e a adoração

Todas as explicações e análises sobre o que é a música, tanto em seu contexto da Física e
Matemática quanto das Ciências Humanas, nos ajudam a identificar o quanto ela é presente
em nosso cotidiano. Contudo, a verdade sobre o que ela realmente é vem da Palavra de Deus.

Aquilo que inúmeros estudiosos tentam definir acerca da música Deus já a havia imbuído
quando decidiu criá-la. No hebraico antigo, as palavras que se referem à música nos ajudam a
entender seu significado profundo. A palavra qol traz a ideia de “clamar em voz alta”, “som” ou
“voz do Senhor”. Aqui, revela-se uma definição da música a partir da Física, relacionada à ideia
de “som” ou de “onda sonora”. Já o termo zimrah vincula-se ao ato de “colher frutos”, remetendo
a “frutas seletas” ou “produtos seletos” (relacionado a mazmerah, “foice” ou “podadeira”). Esta
definição mostra a música como um ato de colher frutos entregue por Deus à humanidade.
Por sua vez, shiyr traz a ideia de “viajar”, “corda”, “justiça”, “andar em linha reta”, “contemplar”
ou “vigiar”, “preparar uma cilada”. Nesta definição, a música aparece como algo que, ao ser
contemplado, nos permite viajar para outros lugares, entrar em contato com a dimensão divina
e trilhar os caminhos retos e justos do Senhor.

A música é, portanto, uma dádiva, ou seja, criada por Deus, não um produto da criatividade
humana. O homem descobriu a música assim como descobriu o átomo. E após sua descoberta
explorou e usufruiu dos seus mistérios mais complexos.

Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, sem ele, nada do que existe teria sido
feito. (João 1.3).

A música é, portanto, um fenômeno invisível criado por meio de objetos tangíveis. Ela abre

1 Pitágoras - foi um filósofo e matemático grego jônico creditado como o fundador do movimento chamado Pitagorismo.
Disponível em <encurtador.com.br/agFP6> Acesso em 10/06/2020

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portas para o mundo espiritual, seja tanto para o som do céu como para o som das trevas.
Não podemos esquecer que Satanás, antes de ser expulso do Paraíso, era o responsável pela
adoração. Em Ezequiel 28, lemos que ele tinha em seu corpo “pífaros e tambores”, ou seja,
instrumentos melódicos e rítmicos. Há, por isso, uma dualidade na música. Ela pode ser usada
tanto para o bem quanto para o mal.

Música envolve poder. Pode funcionar como potência criadora ou poder destrutivo. Ela ativa,
transforma, toca, institui e quebra barreiras. Atua no corpo (ritmo), na alma (melodia) e no
espírito (letra). Estabelece conexão do indivíduo consigo mesmo, com o outro e com o mundo
espiritual. Ela pode representar a voz do Senhor. Muitos de nós recebemos de Deus o dom de
ouvir o som do céu e trazê-lo para o mundo natural. E a música tem o poder de “trazer à tona”,
de tornar “palpável” a voz de Deus.

A música é um caminho privilegiado de conexão com Deus e com o mundo espiritual,


justamente pelas características que compõem a sua essência. E, por esta razão, tem relação tão
direta com a adoração. Isso é tão profético que uma das raízes em hebraico para música (qotws)
quer dizer “descendente da tribo de Judá”. No contexto bíblico a tribo de Judá representa a
adoração.

Deus criou a música para ser um ponto de encontro – unir o mundo invisível ao mundo visível.
Um dos seus maiores propósitos e objetivos é ser um veículo de Deus expressar seu poder, a
sua glória e o seu amor. Em contrapartida, ela é também, uma manifestação que permite aos
homens expressarem a sua admiração e adoração a Deus.

Nós fomos chamados para participar de um intenso relacionamento amoroso entre o Pai, o
Filho e o Espírito Santo. E a música é um dos caminhos mais sensíveis a esta conexão, porque
ela estabelece um lugar de comunhão com o Deus invisível e com o mundo espiritual. A música
é um meio pelo qual o LOUVOR se manifesta.

Leia com atenção este versículo:

“Agora, contudo, trazei-me um harpista e sucedeu que enquanto o harpista tocava veio
à mão do Senhor sobre Eliseu” (II Reis 3:15).

Enquanto Eliseu ministrava a harpa, Deus veio sobre ele. A adoração é como um “incenso da
alma” que permite que nosso espírito suba à presença de Deus.

Chuck Pierce e John Dickson em seu livro “O Guerreiro de adoração” (2005) diz:

A adoração é a resposta humana a presença predominante de um ser divino. Deve ser uma presença
que transcende à atividade normal. Somos criados para adorar. Enquanto adoramos nos movemos em
uma atmosfera de fé que agrada a Deus. Assim, a MÚSICA ao abrir o caminho para um relacionamento
entre o homem e Deus ela ultrapassa os limites naturais e instituí a adoração. A adoração é comunhão
com Deus. O plano original de adoração foi aquele estabelecido no Jardim do Éden, em que Adão e
Eva compartilhavam da presença e da companhia de Deus, diariamente. Esta comunhão foi perdida
quando ambos desobedeceram a Deus e seguiram a voz da “serpente” (PIERCE; DICKSON, 2005).

Contudo, Deus não nos abandonou e, através de Jesus, Seu filho amado, nos proporcionou
um novo meio de restabelecer a comunhão com Ele. Em primeiro lugar: aceitando Jesus como
seu Senhor e Salvador (João 14). Em segundo lugar: estabelecendo uma vida de adoração. E
uma das maneiras de se fazer, isto é, por meio da música.

A música, por causa de todas as características que já dissertamos, permite ao homem tirar
o foco de si mesmo e “a adoração acontece quando um adorador entra em harmonia com a
natureza e o caráter de Deus a abraça com seu Espírito transformador” (PIERCE; DICKSON, 2005
C. Ibid. p.41).

A adoração diz respeito à revelação de quem Deus é. E o Espírito de Deus O revela a nós.
É mais do que uma experiência emocional – “sentir-se bem”. É mais do que um “programa na
igreja”, ou, “um show do meu líder de adoração favorito”. Adoração não tem a ver com o “eu”.
Adoração tem a ver única e exclusivamente com Deus.

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Venham! Adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do Senhor, o nosso criador.
Salmo 95:6

Pois, o Louvor ao Senhor é uma grande batalha contra nossa carne, nossa alma, contra
espíritos malignos. Para entoarmos cânticos de louvor a Deus precisamos adorar em Espírito e
em Verdade.

1.2. Os vinte e quatro anciãos e os planos de Deus


para adoração

E ao redor do trono havia vinte e quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e
quatro anciãos vestidos de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro.
Apocalipse 4:4

Os vinte e quatro anciãos representam a plena expressão do governo de Deus através dos
tempos: as doze tribos de Israel no Antigo Testamento e os doze apóstolos do Novo Testamento.
Não sabemos quem eles são individualmente, mas, temos uma clara compreensão de seus
ministérios de adoração e louvor.

E, quando os animais davam glória, e honra, e ações de graças ao que estava


assentado. Sobre o trono, ao que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos
prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para
todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono. Apocalipse 4: 9-10

E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se


diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as
orações dos santos. E cantavam um novo cântico... Apocalipse 5: 8-9

A postura dos anciãos diante de Deus, inclusive a linguagem corporal, exemplifica os tipos
da adoração que o Senhor procura e nos estimula a perseguir.

EXTRAVAGANTE. Extravagante não é sinônimo de escandaloso, como muitos podem pensar.


Ser extravagante é ter uma atitude radical, fora dos padrões mundanos. Os vinte e quatro
anciãos se prostraram aos pés do Senhor. Todos estavam maravilhados com a presença do
Senhor e se achavam com seus rostos ao chão. No céu não há plataforma, ou, púlpito, todos
estão prostrados.

SINCERA. A Bíblia diz que eles proskuneo aquele que vive para todo o sempre. Proskuneo
quer dizer: beijar como um cão lambe a mão do seu dono; se prostrar em adoração e reverência.
A palavra “sincero”, em grego antigo, significa: que tem não apenas o nome do objeto em
consideração e semelhança com ele, mas que participa da essência do mesmo.

Ou seja, não se trata apenas de uma atitude ou postura que demonstre apreço por Deus,
mas, o resultado de fazer parte da sua essência. O louvor de um adorador só é legítimo se
seu coração estiver alinhado com Deus, se for sincero e verdadeiro a respeito de suas falhas e
fraquezas. O adorador sincero honra a Deus com sua vida.

PARTICIPATIVA. Cada ancião tinha uma harpa e participava ativamente do Ministério de


Adoração no Céu. Não se trata de saber tocar algum instrumento, mas, ser um adorador. A
harpa, neste contexto, representa “as mãos que louvam”.

INOVADORA. Esses adoradores não estão presos no tempo. Estão constantemente cantando
um “cântico novo”, trazendo novas expressões de amor, alegria, e adoração ao Cordeiro. O Livro
de Salmos nos convoca a cantarmos sempre algo novo, porque Deus sabe que é da natureza
humana se voltar para aquilo que é antigo e familiar. Contudo, nosso relacionamento com Deus
deve ser constantemente renovado.

HUMILDADE. Os anciãos retiraram suas coroas de autoridade – coroas feitas de ouro – e se


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prostraram em total humilhação e reverência diante de Deus. A despeito da autoridade da qual
foram revestidos, os vinte quatro anciãos reconheciam que estavam diante d’Aquele de quem
emana todo o poder e autoridade.

ORAÇÃO E INTERCESSÃO. Além das harpas, os anciãos carregavam “taças de ouro cheias de
incenso, que são as orações dos santos” (Apocalipse 5: 8). A adoração caminha lado a lado da
oração e da intercessão.

1.3. Os sete espíritos de Deus e a sensibilidade na


adoração

E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete


lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus. Apocalipse 4:5

As sete lâmpadas são uma metáfora sobre as sete virtudes de Deus. No livro de Isaías, capítulo
11, identificamos uma descrição para “os sete espíritos de Deus”: o Espírito do Senhor, o espírito
de Sabedoria, o espírito de Entendimento, o espírito de Conselho, o espírito de Fortaleza, o
espírito de Conhecimento e o espírito de Temor. Estas são as esferas de ação de Deus.

Estes sete espíritos apontam não somente para características de Deus, mas também para
funções que Ele exerce para suas múltiplas faces, para a diversidade do seu saber.

Deus pode falar sobre sabedoria: habilidade, perspicácia em assuntos de guerra, religiosos, éticos.

Entendimento: discernimento.

Conselho: assuntos sobre propósitos e desígnios.

Fortaleza: poder, governos.

A adoração ocorre da mesma forma. Ela é ditada por Deus – Senhor de nossas vidas e senhorio
sobre o qual nos submetemos – e, também transita entre as sete “esferas” citadas acima. Os sete
espíritos indicam a variedade de “métodos”, performances e maneiras que a adoração pode se
desenrolar diante do trono.

O Espírito do Senhor guia o ser humano no momento da adoração e os faz caminhar por
locais onde sua racionalidade não consegue adentrar, guiando-o a ministrar os mais diversos
assuntos. Portanto, não devemos criar protocolos mentais e racionais, esperando que o corpo, a
mente e a alma respondam de determinada forma diante de uma melodia “x”. É preciso que o
coração esteja conectado com Deus e sensível a voz do Seu doce Espírito.

Muitos esperam até que se sintam “prontos” para então louvar. Ou, quando estão tristes,
por exemplo, buscam, ansiosamente, acabar com a tristeza e não percebem que não estão
adorando a Deus. Pelo contrário, estão atuando no nível da alma e então produzindo uma
adoração centrada “em si mesmos”. (Cf. LEWIS, C.S. 2009).

Assim, se a adoração for uma resposta mecânica aos mandamentos das Escrituras e o coração
não estiver aberto e envolvido, ela se torna uma censura ao Senhor. O segredo é responder à
medida que o Espírito Santo nos conduz a vários aspectos da adoração.

Como um relacionamento que está em constante transformação, a experiência da adoração


pode envolver regozijo, em seguida pode levar ao quebrantamento e ao pedido de perdão. Em
outra situação pode se concentrar nos atributos de Deus. Ou, “explodir” em exaltação com o uso
de instrumentos, aplausos e gritos de louvor.

O Espírito como um maestro, pode orquestrar incontáveis facetas de adoração em um tempo


único de louvor, refletindo, assim, a infinita beleza do Senhor!

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1.4 Relâmpagos, trovões e vozes: fluindo nos dons
do Espírito

No Livro de Apocalipse somos expostos quatro vezes à tremenda revelação do poder que
emana do trono de Deus.

E do trono saiu relâmpagos, e vozes, e trovões... Apocalipse 4:5

Os relâmpagos e trovões são sinais e maravilhas para chamar nossa atenção, tanto para a
esfera natural quanto espiritual. Os relâmpagos viajam entre 100 a 1.000 milhas por segundo,
em sua jornada em direção ao chão. Eles podem alcançar 87.000 milhas por segundo em seu
percurso de retorno. Esta enorme fagulha aquece o ar causando uma explosão que causa um
barulho estrondoso, que conhecemos por trovão. E assim é Deus e o poder que emana do Seu
trono. Ele se move de maneira rápida e poderosamente pelo Seu Espírito.

O acesso ao trono de Deus se dá por meio da adoração. E é ela que também faz com que Ele
se movimente. E quando isso acontece há a manifestação do PODER divino. A palavra trovão no
hebraico significa “voz de Deus”. A adoração não é para ser apenas um encontro com a pessoa e
com os atributos de Deus, mas, também, um encontro com o Seu PODER e para ouvir a Sua voz.

O momento da adoração é a atmosfera ideal para que os dons do Espírito Santo sejam
liberados e isto estabelece um contato direto com o poder de Deus. Relâmpagos e trovões
podem representar os dons poderosos: fé, cura, discernimento de Espírito e o operar milagres. As
vozes podem ser interpretadas como os dons vocais do Espírito: palavras de sabedoria, palavras
de conhecimento, profecias, línguas e interpretação de línguas (I Coríntios 12: 8-10).

Quando um ser humano recebe um dom sobrenatural ele vive uma experiência que ultrapassa
sua percepção humana e racional. Há uma transição entre a adoração a Deus para um ENCONTRO
com Deus. E este processo é “facilitado” pela música de louvor e adoração, justamente, por ela
ser um meio de transporte do homem até seu Criador, por ter em si a capacidade de “desarmar”
o ser humano e invadir as suas fortalezas mentais, emocionais e espirituais.

O segredo para se mover nos dons é o mesmo para vivenciar diferentes níveis de adoração:
deixar-se guiar pelo Espírito Santo e responder de maneira adequada aos seus comandos– amor,
obediência, humildade e temor são chaves para desfrutar desta nova dinâmica.

1.5 Os 144.000 harpistas: o som coletivo do Louvor


E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta
e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai. E ouvi uma voz
do céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma
voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um cântico novo
diante do trono, e diante dos quatro animais e dos anciãos; e ninguém podia aprender
aquele cântico, senão os cento e quarenta e quatro mil que foram comprados da terra.
Apocalipse 14: 1-3

Há um lindo fenômeno de louvor quando os adoradores e os instrumentistas começam a


cantar e a tocar um novo cântico, levantando sua voz, tocando seus instrumentos em um som
não ensaiado, que é adequadamente descrito como “a voz de muitas águas”.

A Igreja é chamada para cantar salmos e hinos em conjunto, mas, também para entoar
“cânticos espirituais” – expressões não aprendidas e improvisadas pelo coração. Os adoradores
precisam ser instruídos e encorajados a dar graças e a entoar o seu louvor a Deus.

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Os instrumentos e o som que produzem têm como ênfase trazer liberdade ao adorador, à
medida que ele se expressa diante do Senhor. Muitos de nós temos medo do desconhecido, não
nos aventuramos a subir os degraus da adoração. Mas, uma vez que somos conduzidos a uma
experiência como esta, a sede e fome por cantar “o cântico novo” a Deus é imediata.

Este “cântico” produzido por muitas vozes é uma das faces da adoração e abrange aquilo que
chamamos de adoração espontânea.

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CAPÍTULO II - OS
ADORADORES
(Texto escrito a partir da Pregação do Pr Cirilo)

A adoração é comumente associada àqueles que cantam ou tocam nos cultos – os ministros
de louvor. Porém, saber cantar ou manejar com excelência um instrumento não faz de alguém
um adorador.

Embora a música tenha uma conexão profunda com a adoração, o que nos faz adoradores
depende muito mais do altar que estabelecemos em nosso coração, do que as “aparentes”
obras de nossas mãos. A verdade é que as obras só serão aprovadas se forem produto de uma
vida de adoração.

Uma das formas para melhorar a compreensão do que significa ser um adorador, é mergulhar
na própria Palavra de Deus em busca de histórias e personagens que auxiliem na construção
dessa definição.

2.1. Os levitas
O uso do termo “levita” é muito comum entre nós. Não há nada de errado usar esta
nomenclatura para se referir aqueles que tocam e/ou cantam em nossas igrejas, células, entre
outros, mas, precisamos identificar suas implicações teológicas e proféticas.

No Antigo Testamento a palavra "levita” aparece pela primeira vez em Êxodo 4:14 e o livro de
Levítico é todo dedicado ao ministério que os envolvia.

Os levitas, como foram chamados, eram aqueles que pertenciam a linhagem de Levi - a
tribo de Levi. Levi foi um dos doze filhos de Jacó. Eles foram escolhidos por Deus para servirem
exclusivamente a Ele quando o povo de Israel construiu um bezerro de ouro para adorar deuses
falsos. Quando Moises, que os conduzia pelo deserto viu o que estava acontecendo, perguntou
quem entre todos estava com ele e com o Deus de Israel. A Tribo de Levi se apresentou e assim
foi separada para servir a Deus em tempo integral (Êxodo 32).

Dentre os levitas haviam aqueles que eram consagrados para o sacerdócio - a família de Arão.

Em que consistia os serviços dos levitas? Levar a arca do Senhor, servir o altar e abençoar em
Seu Nome (Deuteronômio 10:8). Os levitas também eram responsáveis por ensinar as verdades
de Deus. Nas celebrações do povo eram eles incumbidos de reunir a congregação. Durante
as batalhas eram eles que tocavam as trombetas. Além disto, cuidavam de toda construção e
manutenção da tenda, ou, templo.

Entre eles havia uma hierarquia. Os sacerdotes carregavam a Arca da Aliança. E o sumo-
sacerdote era o único que poderia entrar na presença de Deus (Santíssimo Lugar) e oferecer
sacrifícios, expiação pelos pecados. Nenhum judeu poderia oferecer holocausto sem a
intermediação de um sacerdote.

O sacerdócio dos levitas era regulamentado pela Lei Mosaica – um código formado por
mandamentos, leis e proibições presentes nos livros de Êxodo e Levítico. Eram regras e condutas
que deveriam ser cumpridas e a não observância das mesmas poderia levar a morte, imediata,
como foi o caso dos filhos de Arão (Levíticos 10).

O serviço dos levitas estava debaixo do jugo da Lei. Jugo é o instrumento utilizado para
prender os bois às carroças e fazer com que sigam conforme as direções do “carroceiro”. No
sentido figurado, a palavra “jugo” representa a submissão resultante de uma força externa.
Podemos dizer que o que regia a conduta dos levitas era a observância da lei.

19
Assim, quanto a escolha e separação para ministrar a Deus no Altar o termo levita se aplica
aquilo que fazemos hoje. Mas, com respeito a linhagem sacerdotal e a relação do homem com
Deus, há uma mudança essencial e estratégica que incide diretamente na condição do adorador
dos dias atuais.

Os levitas designados por Moises não trabalhavam com música. Mas, quando Davi estabelece
o tabernáculo ele separa, entre os levitas, aqueles que seriam responsáveis pelo louvor a Deus.
Estes eram liderados por Asafe, Hemã e Jedutum e sua tarefa era profetizar com harpas, alaúdes
e saltérios (I Crônicas 25:1). Neste momento foram compostos a maioria dos salmos.

2.2. Os sacerdotes da Nova Aliança

Em um determinado momento da história Deus percebeu que o único caminho para redimir
definitivamente o Seu Povo (e posteriormente os gentios) e impedir que fossem vítimas de sua
própria desobediência, corrupção moral e dura cerviz, era estabelecer uma nova e definitiva
aliança. “Criar” uma estratégia para que a lei fosse cumprida definitivamente. Estabelecer um
último e definitivo sacrifício.

Para tanto Deus enviou à terra Jesus, Seu filho amado, para conviver com os homens, como
um deles, e ensiná-los a viver conforme Seus mandamentos. Mas, também o enviou como Filho
de Deus, estabelecendo uma nova relação com o Pai - faço o que meu Pai faz (João 5:19).

Quando Jesus foi crucificado, em virtude dos nossos pecados, Deus instituiu a Graça. O favor
imerecido e o poder para viver segundo a Palavra. E o acesso a ela não se dá por meio de obras,
ou, pelo cumprimento da lei (Efésios 2: 8-9), mas, pela fé na Obra da Cruz.

Ao cumprir o propósito de Deus, Jesus se transformou no Sumo-Sacerdote – Jesus era


sacerdote judeu da linhagem de Melquisedeque. Para perdão dos pecados era preciso imolar
um cordeiro puro, e Jesus foi este cordeiro. E assim, o sacerdócio levítico foi suplantado pelo
novo sacerdócio, e Jesus estabeleceu um novo governo. E este é tanto um fato histórico, quanto
profético. Profético porque se trata do estabelecimento dos planos de Deus na Terra.

A fé no Sacrifício de Jesus e o reconhecimento do que Ele fez é o que nos torna participantes
da obra da Cruz. E por meio do Seu sangue derramado fomos resgatados e podemos nos
apresentar diante de Deus, o que nos torna sacerdotes.

Mas vos sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para
que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.
I Pedro 2:9

Por meio Dele também, é que nos tornamos Filhos de Deus, outra exigência para ser um
sacerdote. Lembre-se: o sacerdote faz parte de uma linhagem. Contudo, nossa linhagem não é
a de Levi, ou, Arão, mas, a de Jesus. A linhagem eterna.

Todos os levitas eram ungidos para as atividades que exerciam – a unção era uma atitude
que reconhecia a consagração ao sacerdócio. E o que determinava esta unção era fazer parte
da linhagem de Levi. Conosco não é diferente – também somos ungidos. Unção, no grego
antigo, idioma em que foi escrito o Novo Testamento (onde consta o estabelecimento deste
novo sacerdócio) significa: seguidor de Cristo. Em I João 2: 27 João fala sobre a “unção” que
recebemos de Jesus. Ou seja, o Espírito Santo que habita em nós e nos conecta diretamente a
Ele e a Deus, e torna possível que sejamos seus seguidores

Percebe-se que não se trata mais de exercer alguma função, ultrapassa os limites físicos do
Templo. A partir da Nova Aliança quaisquer indivíduos podem se apresentar a Deus, inclusive os
párias sociais – mulher de fluxo se sangue, a samaritana, a prostituta, o paraplégico. Todos são
ordenados sacerdotes mediante a fé em Jesus, filho de Deus. Nosso Pai estabeleceu um reino
de sacerdotes.

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Aquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos
constituiu reino e sacerdotes para Deus e Pai, e Ele glória e o domínio pelos séculos dos
séculos, Amém Apocalipse 1:5-6

Como seus sacerdotes, Deus nos pede sacrifícios. Não há sacerdócio sem sacrifício. Jesus
não veio para revogar a lei, veio para cumpri-la (Mateus 5: 17). Mas, sob este novo governo há
também nova forma de oferecer sacrifício a Deus.

Em Hebreus 13: 15 está escrito:

Portanto, ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios
que confessam o seu nome.

“Sacrifício de Louvor”. O que Nosso Senhor nos pede é um cântico novo. Isso não é tremendo?
O sacerdócio estabelecido por Jesus coloca no centro das nossas vidas o louvor. A adoração está
intrinsicamente envolvida com o sacerdócio, pois ser sacerdote é ministrar a Deus, ter comunhão
com Ele. É chegar ao altar através do Sangue de Jesus, o Sumo Sacerdote, da linhagem eterna,
e então conduzir o povo em adoração.

Não há mais necessidade de sacrificar animais. Temos livre acesso a Deus, por meio de Jesus
Cristo.

Contudo, isso não significa que Deus não está preocupado com nossa conduta e com nosso
caráter. O zelo e o cuidado com o que é sagrado permanecem tão rigorosos e sérios, como no
Antigo Testamento. O jugo da lei foi quebrado para nos liberar para uma vida de intimidade
com Deus, mas, não perdemos a qualidade de sacerdotes.

E o que isso quer dizer? É imperativo que sejamos zelosos e diligentes com o “objeto” de
sacrifício: nossos corações, nossos corpos, nossas vidas. Não há nada que Deus anseie mais do
que nossas vidas dedicadas no altar.

Enquanto um sacerdote separado para ministrar adoração e louvor a Deus - adoradores


precisam estar, constantemente vigilantes com respeito aquilo que alimenta o nosso dom
e a nossa prática musical. Assim, a vida do adorador precisa estar alinhada ao sacerdócio
estabelecido por Jesus.

E como se faz isso? Leitura da Palavra. Oração. Coração disposto a ser ministrado. Presença
de Deus. O pastor Antonio Cirilo fala que o sacerdote não precisa “suar” para ministrar. Ele
precisa saber como chegou até o altar, que palavra frutificou em seu coração e que faz parte de
um Novo Sacerdócio. Seus lábios precisam confessar Jesus (Hebreus 13:15) - aquele que deseja
cantar para outras, precisa, em primeiro lugar cantar a Deus.

A função do sacerdote é em primeiro lugar ministrar a Deus. Não temos direito de sermos
ministros em nossas igrejas, ímpio também faz. O que o Senhor procura “são adoradores que
O adorem em Espírito e em Verdade” (João 4:24). E isso é o que separa o adorador para o
sacerdócio - uma vida no altar. E consequentemente uma vida santa - a busca pela santificação.

Quando buscamos a Deus, Ele nos torna participante da Sua santidade. Se não conseguimos
acessar este universo é porque estamos escondendo o pecado. E o único caminho é a confissão.

A segunda função do sacerdote é ministrar o povo, porque ele foi chamado e separado para
isto. E a condição para que isso aconteça é a santidade (puro e limpo). Lembre-se que na Nova
Aliança o sacrifício somos nós mesmos - quando os levitas faziam sacrifício não entregavam no
altar somente a alma dos animais. Era o corpo todo entregue. Assim, também deve ser com
todo adorador-sacerdote.

A santificação é o caminho para vermos a Deus, e somente assim poderemos oferecer


sacrifícios de louvor e conduzir outros a Ele (Hebreus 12:14; 13:15).

21
A terceira função do sacerdote é ministrar o mundo - porque somos chamados “luz do
mundo, sal da terra”.

2.3. Os servos
(Texto por Fabiana Nicolau)

Quando Deus nos convoca para sermos “sacerdócio real” Ele não o faz para que nos sintamos
“reis e rainhas”. O sacerdote

“Adorador” no hebraico antigo – `abad – significa trabalhar, servir. Ser adorador, portanto, é
servir a Deus, trabalhar por e para Ele.

Quando Deus nos chama para adorá-lO, Ele está nos convocando para sermos seus servos.
Não se trata de uma relação entre um súdito e um rei maquiavélico, tirano e egocêntrico, pelo
contrário, é um relacionamento estabelecido no AMOR ÁGAPE – INCONDICIONAL E PERFEITO.

Destarte, por mais “contraditório” que possa ser, nos dias de hoje, falar em servir e adorar um
Deus invisível, sabemos que não há outro caminho, e que os maiores beneficiários somos nós.
Deus continuará sempre sendo Deus, contudo, por meio da adoração e da servidão ganhamos
a chance de fazer parte do “Reino do Seu Filho Amado” e nos tornamos mais parecidos com
Ele. Somente com uma vida de adoração é que habilitamos o Espírito Santo de Deus atuar em
nossas vidas e mudar nosso caráter.

A atitude de servir a Deus é o reconhecimento de quem Ele é – Rei dos Reis, Senhor dos
Exércitos. Ser servo a um rei é ser submisso a ele. Para compreendermos isso, precisamos deixar
de lado nossa mentalidade “democrática” e entender que o governo de Deus e Sua

Ser servo não é ser perfeito, mas, amar a Deus em primeiro lugar e, consequentemente,
obedecer e seguir Suas direções sem questionar. Davi é uma das personagens bíblicas que
melhor representa a condição de servo. Em situações de guerra ele consultava a Deus sobre
as estratégias de batalha, a despeito de ser um bravo guerreiro. E Deus era detalhista e dava
direções específicas, que provavelmente não fariam diferença já que Ele daria a vitória a Davi.
Contudo, Deus anseia por corações submissos a Ele. E Davi acatava todas as orientações do Seu
Senhor (I Crônicas 14).

Adorar e servIr, embora em português sejam palavras distintas, mas, em hebraico elas
constituem “dois lados de uma mesma moeda”. Um servo é adorador quando estabelece um
altar a Deus em seu coração, quando O reconhece como Senhor e Pai – teme, obedece e ama.
Um adorador é servo quando se dispõe a ser instrumento nas mãos de Deus.

Levita, sacerdote e servo são termos bíblicos que, analisados dentro de seus contextos
teológicos e proféticos, nos auxiliam a aprofundar o entendimento do que é ser adorador e
ministro de louvor.

22
CAPITULO III -
O ADORADOR, O
TA B E R N Á C U L O E O A L TA R

Mas tu pões os levitas sobre o tabernáculo do testemunho, e sobre todos os seus


utensílios, e sobre tudo o que pertence a ele; eles levarão o tabernáculo e todos os seus
utensílios; e

Assim fizeram os filhos de Israel; conforme a tudo o que o Senhor ordenara a Moisés,
assim o fizeram. eles o administrarão, e acampar-se-ão ao redor do tabernáculo. E,
quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e, quando o tabernáculo se houver
de assentar no arraial, os levitas o armarão; e o estranho que se chegar morrerá.

E os filhos de Israel armarão as suas tendas, cada um no seu esquadrão, e cada um


junto à sua bandeira, segundo os seus exércitos. Mas os levitas armarão as suas tendas ao
redor do tabernáculo do testemunho, para que não haja indignação sobre a congregação
dos filhos de Israel, pelo que os levitas terão o cuidado da guarda do tabernáculo do
testemunho.

Números 1: 50-54

Todos nós fomos chamados para sermos adoradores, servos e sacerdotes. Se fossemos criar
uma figura ilustrativa poderíamos dizer que ser adorador representa a nossa essência, ser servo
falaria das nossas atitudes perante Deus e os homens, e sacerdote trataria da nossa condição
política, isto é, somos embaixadores do Reino de Deus, pertencemos a outra cultura, e assim em
qualquer local onde pisarmos a planta dos nossos pés seremos Seu representante.

Porém, em todos os tempos Deus chamou, separou e consagrou um grupo específico para
cuidar dos assuntos referentes ao Altar, ao Seu Nome e ao Tabernáculo. Imagine o caos se todos
os cristãos do mundo fossem chamados para ministrar no altar?

Os que servem o Altar são os pastores, mestres, profetas, apóstolos e evangelistas (os cinco
ministérios que Deus designou para a edificação da igreja). E com estes há um grupo designado
para cuidar de algo muito específico: o louvor e adoração em forma de música2.

Quando ouvimos a palavra tabernáculo logo pensamos em uma casa, o que não deixa de
fazer sentido - ele é a casa de Deus. Mas, mais do que isso o tabernáculo se caracteriza como
um local de encontro de Deus com Seu povo – encontro intermediado pelos sacerdotes. Hoje
este local é a igreja Ele estiver.

É fato que Deus pode nos encontrar, enquanto indivíduos, em qualquer lugar. Porém, a
igreja (congregação) é o local que Ele mesmo determinou para que Seu Nome fosse exaltado.
A palavra “Nome” maiúscula) significa reputação, fama, glória, memorial, monumento. Assim,
levantar uma tenda (igreja) para reunir a congregação é o mesmo que erguer um memorial a
Deus e fazê-lo conhecido.

O que marca o estabelecimento do tabernáculo é a manifestação propriamente dita de Deus,


o momento em que Sua glória passa a se manifestar e Seu Espírito começa a se comunicar com
o povo. Porém, o processo de construção da tenda começa antes.

No Antigo Testamento os levitas desempenhavam diversas funções: alguns homens eram


porteiros, outros eram atalaias, escribas, entre eles haviam os que ensinavam e ministravam ao
2 É importante salientar que ser ministro de louvor não exclui os demais ministérios – um ministro pode ter a unção
pastoral, profética, etc.

23
povo, outros eram músicos, outros faziam as ofertas e sacrifícios, apenas um era sumo-sacerdote
e poucos eram sacerdotes, Mas, todos trabalhavam e serviam o altar do Senhor.

O mesmo acontece em nossa Igreja. O estabelecimento do tabernáculo acontece porque


existem diversas frentes formadas por adoradores chamados para MINISTRAREM a Deus –
desempenhar um serviço sacerdotal. Nem todos são ministros de LOUVOR, mas, todos em
âmbitos diferentes contribuem para a construção do tabernáculo. Os “Atalaias” “Boas Vindas”,
“Aúdio”, “Datashow”, “Zeladoria” são ministérios compostos por homens e mulheres chamados
para servir o Altar.

A palavra usada para representar tabernáculo no hebraico antigo é miskan, e uma de suas
traduções é santuário, ou, lugar santo – morada do Senhor. É um substantivo formado a partir
da raiz verbal sakhan que indica alojamento temporário. Por que devemos nos atentar para
isso? Ora, a presença de Deus se manifesta à medida que é invocada, por isso é temporária.

A adoração é uma AÇÃO. É necessário que o adorador se coloque em movimento, que ele busque,
que ele trabalhe para isso. Se não, a igreja será tão somente um prédio como outro qualquer.

O tabernáculo é como uma casa continuamente em construção. É preciso que um grupo de


SERVOS executem suas funções para que a CASA seja CONSTRUÍDA.

Trata-se, em primeira instância, literalmente, de um trabalho. É preciso fazer, executar, criar,


servir. Atua-se no plano natural, para tornar possível que algo também aconteça no mundo
espiritual. Não que esta seja decorrência da primeira, pelo contrário. Mas, à medida que Deus,
em Sua Palavra pede ao homem que prepare um lugar para Sua habitação, assim, ele deve
proceder.

Mas, se todos nós somos adoradores, o que diferencia um ministro de louvor dos demais
adoradores que servem na igreja? Além de adorarmos, somos chamados para CONDUZIR a
adoração.

Quando exercemos o nosso ministério contribuímos para a construção do Tabernáculo, ou


seja, preparação do espaço para que a Glória de Deus venha e se estabeleça em meio ao povo.

3.1. Armar o tabernáculo, se preparar para a


guerra

Armar a tenda do tabernáculo é estabelecer um local de habitação para Deus. Trata-se


de um ministério – serviço/trabalho – mas, também, de uma guerra. Assim, o adorador ao ser
chamado para um uma obra de “engenharia civil” é automaticamente alistado em um exército.

O papel fundamental do adorador – ministro de louvor - é conduzir o povo a Deus. É fazê-Lo


conhecido em Judá, como recita o Salmo 76:1.

A palavra “Judá”, na Bíblia representa adoração. Ou seja, o que se pede no salmo é que Deus
seja conhecido como aquele que deve ser adorado, o único a ser exaltado. A Palavra de Deus
também lembra que Ele mesmo está à procura de adoradores (João 4:23). É por esta razão que
estamos em Guerra . Satanás tem um único e exclusivo objetivo: roubar a adoração e impedir
que o Nome de Deus seja conhecido. Há uma guerra no mundo espiritual e o campo de batalha
é adoração. Ele, Satanás, tinha acesso a Sala do Trono, e ele não quer que tenhamos acesso a ela.

Normalmente prestamos adoração a Deus e a associamos a sentimentos bons, sublimes


e de êxtase. A adoração está sempre apontada para o alto. Guerra envolve a adoção de uma
posição firme como a superação de uma ameaça, a invasão de um território, ou, o domínio de
um inimigo. Deus nos chama para estabelecer uma ponte entre guerra e adoração. A adoração
é o centro da grande batalha espiritual (PIERCE; DICKSON, 2005, p.9-10)

Em Daniel 3:4-5 lemos:


24
E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e línguas: Quando
ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles,
e de toda a espécie de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a estátua de ouro que o rei
Nabucodonosor tem levantado.

Os judeus, agora cativos na Babilônia, estavam recebendo ordens para se prostrarem a


estátua de outro deus à medida que ouvissem o som de determinados instrumentos. Fica clara
a relação entre música, corpo e adoração, mas, também que o objetivo maior dos conflitos, e o
Antigo Testamento nos ajuda a identificar isto, era estabelecer adoração a outros deuses.

Em todos os confrontos que Israel e Judá (quando eram reinos diferentes) se envolveram
o objetivo final dos seus inimigos era, além de levá-los cativos, fazer com que adorassem seus
deuses. E muitas vezes os judeus cederam à influência dos povos estrangeiros e fizeram alianças
com outras culturas e religiões, adorando outros deuses como Moloque, Baal. (Um estudo dos
livros de I e II Samuel, I e II Reis vale a pena,se houvesse maior interesse sobre essa temática).

Contudo, a adoração nos Céus não pára. Lá onde estão os vinte e quatro anciãos a adoração
e o louvor são contínuos. Satanás não tem acesso, ele e mais 1/3 dos anjos foram lançados fora.
A guerra pelo estabelecimento dos altares de adoração acontece AQUI. No Céu, o Trono de Deus
já foi estabelecido, Ele reina. A batalha é travada na terra e tudo começou no Jardim do Éden.

Chuck Perce e John Dickson (2005), analisando isso. Sendo assim, precisava encontrar um
caminho para interromper a prosperidade do Jardim. E o fez lançando questionamentos no
coração de Eva. O restante da história nós já conhecemos...

E desde então, o objetivo de Satanás foi e continua sendo atacar os únicos que podem
conhecer e fazer conhecer o Nome de Deus – os adoradores. Pois, paralisando os adoradores ele
conseguirá cessar a adoração a Deus.

3.2. O caráter do Adorador

O caráter é o que faço em atitudes, os hábitos, a essência das minhas condutas.

O instrumento de adoração do adorador é seu próprio corpo. Com o corpo ele dança, toca,
canta, encena, interpreta, produz, cuida do altar, etc. Satanás, então, ataca o caráter para que
usemos o nosso corpo de forma incorreta. E, quando estivermos no altar, usando o corpo como
instrumento, nossa adoração não terá efeito, pois “um pouco” de fermento levada toda a massa
(Gálatas 5:9).

Um bom estrategista sabe como se preparar para uma guerra. Ele estuda e analisa seu
adversário minuciosamente. Age com cautela. E Satanás não é diferente. Ele sabe que a melhor
maneira de nos atacar é por meio do caráter, e assim, conquistar seu objetivo final: paralisar a
adoração a Deus.

Por que o caráter? Porque ele se confunde facilmente com as características naturais da
pessoa, como sua personalidade, seus gostos. É quase “eu nasci assim, eu sou assim... Gabriela...”.
São traços do indivíduo tão intrínsecos que parecem biológicos, mas, na verdade são falhas
morais, iniquidades, condutas e verdades que precisam e podem ser mudadas.

Todo adorador envolvido com as artes é facilmente atacado em áreas específicas. Por esta
razão estejam sobre ataque do inimigo.

Vamos analisar alguns pontos:

a) Insubmissão e a falta de zelo

Situações cotidianas nos ajudam a identificar casos de insubmissão: falta de respeito com

25
os horários pré-determinados; comparecimento aos ensaios; estudo da playlist; respeitar o
espaço do outro durante as ministrações, etc. A insubmissão caracteriza pela independência
e se conecta a uma questão nevrálgica do artista “mundano”: o egocentrismo. Característica
cultuada no meio artístico e que contradiz os princípios cristãos.

b) Criticismo

Outro ponto que o adorador precisa estar atento é ao criticismo. Geralmente, a pessoa que
“sofre desse mal” acha que está sempre certa, e o outro se não está sempre errado, poderia
sempre melhorar.

c) Orgulho

C. S. Lewis diz que o “orgulho é o estado mental mais oposto a Deus que existe”. O “eu” é
sempre maior do que deveria ser e a palavra de Deus alerta:

“Diga a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes pense
com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um” (Romanos 21:3). O
orgulhoso sempre olha para os outros de cima para baixo, por isso não consegue enxergar o
que está acima dele. O orgulhoso gosta do poder, sente-se bem com ele. A competitividade e o
julgamento andam lado a possibilidade do amor.

d) Competição

A essência do orgulho é ser melhor que o outro, e o resultado disso é a inimizade. Pessoas
que desconhecem sua identidade e buscam, continuamente, aquilo que não lhes pertence, e
infelizmente, deixam de cumprir os propósitos que Deus traçou exclusivamente para elas. Se
em nossas vidas religiosas achamos que somos melhores que os outros, podemos ter certeza de
que estamos agindo como marionetes, não de Deus, mas do diabo.

e) Julgamento

No Dicionário Vine uma das palavras gregas traduzidas como julgamento é parcialmente
traduzida como “uma decisão sobre as faltas dos outros” e contém uma referência cruzada à
palavra “condenação” (Meyer, J. 2009, p. 124). Julgar significa “formar uma opinião” e “sentença”.
Quando julgamos alguém o condenamos e atribuímos uma sentença, e este papel só pode ser
exercido por Deus. Somente Ele pode sondar e identificar as intenções dos corações.

f) Religiosidade

Religiosidade é um termo amplamente usado em nosso meio. Vamos destacar aqui um dos
seus aspectos: a ritualização da adoração e do ministério de louvor. Os ensaios, as ministrações,
o estudo, tudo começa a acontecer de forma mecânica. Não há mais vida. Nessas horas é
comum ouvir: - “Nossa, o céu estava fechado hoje, hein? ” “O Louvor não rompeu! ”... Mas, quem é
responsável por amar o tabernáculo? A busca por Deus e a intimidade é o que faz romper com
a religiosidade. É o “

ingrediente indispensável para construir o tabernáculo. Os fariseus cuidavam de observar as


leis, mas eram inimigos de Jesus. Cuide para não ser como eles.

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g) Imoralidade

Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício
vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Romanos 12:1). Quando subimos
no altar para ministrar precisamos ter clareza e consciência que nossos corpos são o sacrifício.
Qualquer sinal de pecado torna a adoração inaceitável. Ministros do altar que apresentam seus
corpos de forma impura prejudicam não somente suas vidas, mas de toda a consagração e
somos cobrados por isso. Precisamos ter este entendimento. Mas, por causa da religiosidade,
muitas vezes nos esquecemos da seriedade daquilo com o qual estamos lidando. Mas, Satanás
não esquece. Ele sabe que nosso corpo deve ser apresentado como sacrifício puro. Assim, ele
usa das mais diversas táticas e estratégias para que homens e mulheres – adoradores do Senhor
– usem seus corpos para satisfazerem os comandos delegados por ele, e então os expõe e os
envergonha. O amor de muitos tem se esfriado e a prática da imoralidade tem se tornado
comum entre aqueles que ministram no altar do Senhor.

3.3. Caráter, sacrifício e santificação

A única maneira de evitar ou eliminar os pecados e as iniquidades que constituem o nosso


caráter é por meio do autoexame, pois não conseguimos identificá-los se não nos analisarmos,
evê se há em mim um caminho mau. (Salmo 139:24)

O Espírito de Deus nos auxiliará a identificar o que está errado por meio da leitura da
Palavra, das exortações e conselhos dos nossos líderes. A obediência a Deus e à Sua Palavra é o
que permite que as mudanças aconteçam. Quando diagnosticado o problema o próximo passo
é o arrependimento e a santificação.

Diariamente, Deus nos convida para nos purificarmos, para que nos tornemos mais parecidos
a Ele, para que nosso CARÁTER se transforme no CARÁTER DE CRISTO. No Antigo Testamento
toda purificação é antecedida por arrependimento e sacrifício. Havia

Êxodo 29:1-12 diz:

Isto é o que lhes hás de fazer, para os santificar, para que me administrem o sacerdócio:
Toma um novilho e dois carneiros sem mácula, E pão ázimo, e bolos ázimos, amassados
com azeite, e coscorões ázimos, untados com azeite; com flor de farinha de trigo os farás,
E os porás num cesto, e os trarás no cesto, com o novilho e os dois carneiros.

Então farás chegar a Arão e a seus filhos à porta da tenda da congregação, e os lavarás
com água; depois tomarás as vestes, e vestirás a Arão da túnica e do manto do éfode,
e do éfode, e do peitoral; e o cingirás com o cinto de obra de artífice do éfode. E a mitra
porás sobre a sua cabeça; a coroa da santidade porás sobre a mitra. E tomarás o azeite
da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça; assim o ungirás. Depois farás chegar seus
filhos, e lhes farás vestir túnicas. E os cingirás com o cinto, a Arão e a seus filhos, e lhes
atarás as tiaras, para que tenham o sacerdócio por estatuto perpétuo, e consagrarás a
Arão e a seus filhos;

E farás chegar o novilho diante da tenda da congregação, e Arão e seus filhos porão as
suas mãos sobre a cabeça do novilho; E imolarás o novilho perante o Senhor, à porta da
tenda da congregação. Depois tomarás do sangue do novilho, e o porás com o teu dedo
sobre as pontas do altar, e todo o sangue restante derramarás à base do altar.

Nos capítulos 28 e 29 de Êxodo, Deus explica a Moisés o que Arão e seus filhos deverão fazer,
como sacerdotes, para poderem ministrar perante Ele. Percebam a importância que Deus dá
aos detalhes e a preparação para a purificação. Ele queria garantir que ninguém se apresentasse
de forma indevida e fosse consumido pelo seu fogo.

Nos versículos acima a direção dada era para que Arão separasse um novilho imaculado, do
lado de FORA DA TENDA, ou seja, antes de entrar e começar a ministrar a Deus e ao povo. Então,

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Moisés deveria colocar as mãos dos moços sobre a cabeça do animal – ao fazer isso a culpa pelos
pecados passaria deles para o novilho, que então seria sacrificado, ainda na porta da tenda. Em
seguida deveria molhar as pontas dos dedos com sangue e ungir as pontas do altar. Somente
depois do sacrifício pelo pecado o acesso ao Altar estaria liberado. Percebam, que antes mesmo
do sacrifício, os sacerdotes trocaram suas vestes, foram lavados nas águas e receberam a coroa
da santidade.

Como adoradores que ministram no Altar precisamos compreender que nossa identidade
de SACERDOTES está diretamente relacionada a santidade e a santificação, e este processo
deve ser feito antes de subir no altar. No altar nosso único papel é adorar a Deus, adorá-Lo como
um sacrifício puro e agradável.

Hoje não sacrificamos novilhos antes de entramos em nossas igrejas, pois Jesus é o nosso
Cordeiro. Jesus Cristo veio para cumprir a Palavra de Deus. Quando chegou a Sua hora de ser
Crucificado ele saiu da Cidade fortificada de Jerusalém, onde estava o Templo e caminhou
pela Via Crucis até chegar a Gólgota. Jesus, como o novilho do Antigo Testamento, também foi
sacrificado fora da tenda (Hebreus 13:2). À porta da tenda está a Cruz e o Sangue do Cordeiro,
que nos limpa de todos os pecados e nos dá livre acesso a Deus.

Todo adorador (sacerdote) antes de entrar na Tenda da Revelação precisa ter um encontro
do lado de fora com a Cruz, pois é o sangue contido nela que lhe dá acesso ao Altar. Sem este
sangue não há legitimidade no sacerdócio e o sacrifício permanece inaceitável.

O maior perigo para os artistas do Reino é que conseguir executar suas funções, orando
ou deixando de orar. Não se esquecem de como se toca e/ou canta porque não fizeram uma
oração – “eu sei e pronto”. Muitos pecam com os olhos, lábios, mãos, com seu corpo, com a sua
vida, mas, por executarem suas funções com excelência, não percebem que estão incorrendo no
erro, pois continuam a exercer sua função da mesma maneira e portanto acreditam que Deus
“é com ele”.

A verdade é que esses sacerdotes estão oferecendo um fogo estranho.

Deus nos chamou para a liberdade. E o que isso significa? Ser única e exclusivamente livre
da escravidão do pecado. O caráter de um adorador e sacerdote deve ser irrepreensível. Temor
e amor por Deus deve ser a “chave mestra” de nossos corações.

Se alguém se encontra em um caminho diferente daquele que Deus propõe há sempre


esperança. Procure ajuda. Não tarde em pedir socorro. E não zombe de Deus, Ele é misericordioso,
mas não espere até que Ele te envergonhe. Quando fomos chamados para cuidar do Seu altar
não se trata mais somente das nossas vidas, mas do Reino.

Há algo de errado? Precisa de conserto? Três passos são necessários:

1º POSICIONAMENTO

2º SACRIFÍCIO: APRESENTAR DIANTE DE JESUS O PECADO E ENTREGAR A ELE

3º PAPEL DA CRUZ = cura e recomeço!

28
CAPÍTULO IV- A ADORAÇÃO
E A B ATA L H A E S P I R I T U A L
A batalha espiritual faz parte da vida de todo adorador. A Palavra diz em Efésios 6:12 que
nossa luta não é contra carne e sangue, mas sim, contra as potestades, contra os príncipes das
trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. E tratando-se
da Adoração isso se torna ainda mais “real”.

Um adorador é chamado para a batalha. Como falamos anteriormente, adorar é estar em


condição de guerra. Compreender a relação entre adoração e batalha espiritual requer um
estudo mais aprofundado sobre os levitas e seu ministério.

No primeiro capítulo do Livro de Levíticos Deus ensinou os levitas a como se comportar na


esfera física, moral e espiritual. Ele ansiava pela restauração da autoridade e da adoração entre
seus sacerdotes, pois quando os levitas não estavam na guerra, ou, quando um deles não se
consagrava, Israel perdia a batalha.

Desta forma, como ministros de louvor precisamos compreender que nossa participação e
atuação no Altar, ou em qualquer outro espaço em que somos chamados para estabelecer a
adoração, é muito maior do que possamos imaginar. Automaticamente somos inseridos em um
cenário de guerra e batalha espiritual.

A palavra levi no hebraico antigo significa "aquele que une". Gênesis 2:3 fala sobre o
nascimento de Levi:

E concebeu outra vez, e deu à luz um filho, dizendo: Agora esta vez se unirá meu marido
a mim, porque três filhos lhe tenho dado. Por isso chamou-o Levi.

Levi representa aquele que uniu uma esposa ao seu marido. Pode-se dizer que o levita é
aquele que tem a responsabilidade de unir a esposa pessoas e as une a Deus. Deus escolheu um
grupo de pessoas (levitas) para unir o povo a Ele.

Quando ocorre a união de uma pessoa com Deus, automaticamente, acontece uma separação.
Há uma separação entre o homem e o pecado e a contaminação. Toda prostituição, lascívia,
adultério, fornicação, etc; tudo que há de “trevas” se dissipa com o advento da Luz. As opressões
e os espíritos malignos que estão interferindo na vida de homens e mulheres começam a se
afastar à medida que indivíduos consagrados a Deus iniciam a adoração. Um exemplo clássico:
Saul e Davi em I Samuel 16: 19-23.

O levita, neste sentido, ao conduzir o povo a Deus, amplia seu campo de atuação. Ele passa
a se mover na esfera da batalha espiritual. Por isso, o momento da adoração é muito sério -
há uma guerra sendo travada. No reino espiritual quando alguém é usado por Deus para unir
pessoas a Ele, imediatamente, esta pessoa é reconhecida como um LEVITA.

4.1. Como se portar em meio à B

Nós estamos em uma GUERRA quando ministramos ao Senhor, quando ministramos a


adoração e levamos o povo a Deus. Quando isso acontece dentro da igreja há um desligamento
entre o povo e as trevas. Mas, muitas vezes, por falta de conhecimento, falhamos ao expulsar os
espíritos malignos do meio da congregação.

Em Levíticos Deus começa a ensinar e treinar os levitas a unirem pessoas a Deus, como
29
também, mandar embora do meio deles toda malignidade3.

O capítulo 16 narra um “divisor de águas” na família levítica. Algo aconteceu e mexeu


profundamente com Deus, e isso mudou a vida dos levitas drasticamente. Que acontecimento
foi este?

Depois que os dois filhos de Arão foram mortos, quando apresentavam diante de Yahweh, o
SENHOR, uma oferta de incenso, que não estava de acordo com a lei, Deus falou de novo com
Moisés.

Levítico 10:1

Os dois filhos de Arão, Nadabé e Abiú, pertencentes a família sacerdotal, morreram enquanto
se achegavam ao Senhor (Levítico 10:1-3). Se pudéssemos transcrever a reação de Deus a este
episódio seria assim: - “Chega! Preciso ensiná-los a se unirem a mim e a terem autoridade para
expulsar tudo o que o tem contaminado, tudo aquilo que tem manchado suas vestes, tudo o
que os têm impedido de ter domínio sobre as trevas. E assim terão autoridade para mandar
embora os espíritos malignos permanentemente, para onde Eu determinar!!!”.

A adoração tem poder para descentralizar toda ação maligna, mas o que Deus ansiava com
o livro de Levíticos é ensinar como agir para que ela nunca mais retorne e as pessoas vivam uma
libertação completa. Deus não queria mais que os levitas fossem consumidos pelo ambiente,
mas ao contrário, fossem responsáveis pela mudança na atmosfera.

Assim, Ele falou novamente com Moisés e disse que estaria com eles, que sua glória se
manifestaria, mas haviam pontos que precisavam ser ajustados.

Desde que saiu do Egito, o povo de Israel permaneceu sendo ensinado por Deus, porém,
havia ainda muito pecado no meio deles, muita displicência com as coisas do Senhor (no livro
de Êxodo encontramos inúmeras histórias que ilustram esse comportamento). Os israelitas
não estavam dando importância necessária a assuntos sérios e emergências, por outro lado, se
dedicavam ao supérfluo. Então, Deus decidiu ensinar como os levitas deveriam proceder4.

Em primeiro lugar Arão precisava separar uma oferta de sacrifício pelos seus pecados e, sem
seguida por sua casa. E então, pela nação. Feito isto, o sumo-sacerdote deveria fazer expiação
pelo santuário, pela Tenda e pelo Altar. E por último, lançaria a sorte entre dois bodes: um seria
oferta ao Senhor e outro, mantido vivo, seria mandado para o deserto e para Azazel. (Levítico
16: 10).

Deus também solicitou uma oferta de holocausto. Enquanto a primeira oferta é um sacrifício
pelo pecado cometido, a segunda é uma oferta de adoração, um ato voluntário. Essas ofertas
deveriam acontecer nesta ordem: oferta pelo pecado e em seguida holocausto.

Muitas vezes nos lembramos de entregar o holocausto primeiro (ofertas de adoração), sem
entregar a oferta pelo pecado. Só nos lembramos de fazer ofertas pelo pecado quando nossas
vidas não estão bem. E isso está errado.

Deus quer que

Alguns ministros do Altar, os levitas da atual geração, podem olhar para suas vidas e dizer: -
“eu não estou em pecado!”. Mas, estão todos livres das transgressões e das iniquidades?

3 É importante relembrar, como dissemos anteriormente, que os intercessores fazem parte da família levítica, e o que
devemos é aprender a usar dessa “arma” em nosso Ministério.
4 É importante relembrar, como dissemos anteriormente, que os intercessors fazem parte da família levítica, e devemos
aprender a usar dessa “arma” em nosso Ministério.

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4.1.1 Pecado, transgressão e iniquidade: a
consagração do indivíduo

“Arão trará o novilho da sua oferta pelo pecado e fará expiação por si e pela sua casa”
(Levítico 16: 6).

A palavra pecado em hebraico, para este texto, é hahah e significa errar o alvo, se desviar do
caminho. Pecar é errar.

Transgressão - piš’êhem - representa rebeldia. Transgredir é se rebelar contra as coisas de


Deus, contra a Sua Palavra. Transgredimos toda vez que sabemos que algo deve ser feito segundo
a Palavra de Deus, e não o fazemos, ou vice-versa. E quem age desta forma é denominado
rebelde.

Se rebelar não se restringe a “ir contra uma autoridade”. Isso muitas vezes acontece em
virtude de uma fraqueza moral, ou, problemas emocionais que nos levam a uma conduta
transgressora (por exemplo:

O impasse se acentua quando agimos em desacordo com as direções e mandamentos


presentes na Palavra de Deus. Ela ordena que façamos “x” e decidimos não fazer, ou ainda,
escolhemos o “y”. E, então, vamos lidar com sérios problemas com respeito a autoridade espiritual.
A existência de transgressões minimiza o poder e a autoridade de um levita. Se, como ministros
de louvor na Casa do Senhor tolerarmos as transgressões, entramos no campo de batalha com
brechas que podem devastar a nós mesmos e ao povo. Precisamos eliminá-las de nossas vidas.

Pois, todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um
insensato que construiu a sua casa sobre a areia. (Mateus 7:26)

Para não agirmos como insensatos devemos realizar ofertas pelo pecado e por toda
transgressão. Jesus foi o sacrifício feito na cruz. O sacrifício já foi imolado. Nós só devemos nos
apropriar deste sacrifício e expulsar a malignidade que prende o povo de Deus. E isto não pode
ser “momentâneo”.

Muitos saem dos cultos sentindo-se leves e livres. Mas, basta o sol raiar que a opressão volta
a tomar conta da mente, do coração e do corpo. Enquanto que o ideal é que a pessoa em cada
culto, possa experimentar uma libertação diferente.

A adoração é a chave para a verdadeira e completa libertação do povo. Por isso, precisamos
em primeiro lugar entregar a Deus sacrifícios de pecado e não o holocausto, pois do contrário
não há autoridade nos Céus. A Glória não se manifesta se invertermos o padrão divino. Deus foi
claro quando ordenou: primeiro Arão e sua Casa deveriam se consertar.

Muitas vezes “cantamos e cantamos”, perdemos até a voz com a intenção de fazer com que
algo “aconteça” e o mover comece. E nada. Alguns apelam para as emoções e, mesmo assim, o
ambiente permanece vazio. E o que paralisa a ação do ministro? O pecado não confessado. A
transgressão velada. E, também, a iniquidade.

Mateus 24:12 é o versículo mais conhecido quando o assunto é iniquidade: “e, por se multipli"
A palavra "iniquidade” é usada somente em português. Nos textos originais não a encontramos.
No lugar está escrito: ∂voμí∂v (anomia/anomos), que em grego significa AQUELE QUE DESPREZA
A PALAVRA. Assim, a característica do Anticristo não é o “homem da iniquidade”, nos originais
está escrito o “homem da anomia” - o homem que vai de encontro com a Palavra.

Analise o versículo de Mateus 24:12 novamente. Mateus, inspirado por Deus, não falava aos
ímpios, ele estava alertando os cristãos do seu tempo e de dias vindouros. Aquele que despreza
a Palavra, não é mais instruído por ela, passa a crer nas filosofias desse mundo, e seu amor
esfriará.

Nós devemos ser guiados pela Palavra. Mas, muitos de nós desprezamos a Palavra sem
31
perceber. E por isso, ministros morrem espiritualmente porque não entendem que antes de se
apresentarem no Altar e unir o povo a Deus, precisam eles mesmos se achegarem ao Senhor.
Precisam conversar com seus líderes e confessar seus pecados, mas, também, suas transgressões
e iniquidades.

A iniquidade é o acúmulo do pecado, gerado pelo tempo que ele habita em nós. Iniquidade
em hebraico é avon - acumular, torcer. O acúmulo

É obrigação do levita estar com estas três áreas resolvidas, ou, entregá-las como oferta no
Altar. Faz-se necessário identificar estas raízes de iniquidade, as transgressões, os pecados e
trabalhá-los, pois do contrário não teremos autoridade para ministrar.

Há um processo de humilhação e purificação que se constitui o único caminho para a


recuperação da autoridade. No começo do capítulo 16, de Levítico, Deus instrui Moisés sobre as
roupas que Arão deveria usar: vestes de linho branco, cinturão de linho e mitra de linho (vestes
sagradas). Estas roupas eram diferentes das utilizadas nas cerimônias sacerdotais - ornadas com
pedras preciosas. Para as ofertas pelo pecado Arão deveria usar roupas de linho, mais comum
entre os sacerdotes inferiores. O uso de um tecido mais simples tinha como objetivo expressar
humildade perante o Senhor.

A autoridade de um levita começa à medida que ele reconhece a superioridade de Deus e


se apresenta diante Dele com um coração humilde, reconhecendo seus pecados e fraquezas.

4.1.2. O bode para Azazel: a autoridade para


libertar

Depois de fazer o sacrifício por ele e por sua casa (família sacerdotal) Arão então, podia fazer
expiação por toda a nação. Ele pegava os dois bodes retirados dentre os filhos de Israel. Um
deles era sacrificado como oferta ao Senhor e em outro ele impunha as mãos sobre a cabeça do
animal e transferia todos os pecados, transgressões e iniquidades do povo. Este bode então era
levado, por um sacerdote, até o deserto e solto. Ele era ofertado a Azazel.

A palavra Azazel não é um local. Nos escritos originais ela é precedida por uma partícula
chamada lamed. Esse prefixo quer dizer para alguém ou para uma pessoa. Em Levítico 16:8 está
escrito que um bode seria sacrificado para o Senhor e outro para alguém, para uma pessoa, para
Azazel. Na nossa linguagem, para Satanás.

Somente depois de tratado o pecado, a iniquidade e a transgressão na vida pessoal e do


povo, Deus autorizava àquele que era responsável pelas mesmas.

Até os ensinos de Levítico 16 Deus estava habitando em meio as imundícies e por isso o
desejo de que os levitas aprendessem a expulsar do meio da nação todas as malignidades -
pecados, transgressões e iniquidades.

Deus os estava ensinando a serem zelosos e quando os levitas respondiam de forma coerente
a este chamado, eles eram usados para fazer justiça no meio do povo. E assim, acontece com
todo ministro de louvor que entende o seu papel levítico na casa de Deus.

4.1.3. A consagração do ambiente físico

Do capítulo dezesseis ao capítulo vinte e quatro de Levítico Deus apresenta três aspectos:
a consagração do homem, a consagração do ambiente físico e a consagração do tempo a
Deus. Estas caracterizam três níveis de santificação que o Senhor desejava desenvolver com a
humanidade.

32
Quando há contaminação entre os sacerdotes ou entre o povo e esta se prolifera, mais
autoridade as trevas adquirem. Mais autoridade do que o povo e os próprios levitas. Há
uma inversão dos valores. Entrega-se sacrifícios de holocausto antes de ofertar pelo pecado,
transgressão e iniquidade. Somente estes sacrifícios dão autoridade para estabelecer a Adoração.

A consequência destas práticas é a contaminação do próprio ambiente físico. E isto contribui,


sobremaneira, para o aumento vertiginoso do pecado e da transgressão entre a congregação. O
acúmulo de pecado leva ao estabelecimento e perpetuação da iniquidade. Essa situação reflete
diretamente na sociedade, que passa a questionar as autoridades como nunca antes.

A corrupção dos nossos corações atinge diretamente a família levítica, que começa a ficar
“estranha” - as coisas parecem não fluir quando ministram. E, consequentemente, a atmosfera
do ambiente físico sofre alterações palpáveis. Exemplo: o culto termina e sentimos um peso
sobrenatural, percebemos que o “céu estava fechado”, o clima “pesado”.

A única maneira de reverter essa situação é restaurar a autoridade perdida. E esta autoridade
estabelecida é o que permite que Deus expulse dentre nós todas as obras malignas - tudo é
devolvido para aquele que é responsável por toda rebelião, todo pecado: Azazel. Só consegue
fazer isso - ofertar um bode para Azazel - aquele que trabalhou o pecado, a transgressão e a
iniquidade. E assim, acontece a consagração do espaço físico.

Quando o ministério levítico está poderosamente estabelecido em um local, Deus devolve


para o inferno tudo o que é dele.

4.1.4. A consagração do tempo

Deus tem o tempo em suas mãos - um dia é como mil anos, e mil anos é como um dia.
Mas, quando não há consagração do tempo a Deus o indivíduo pode ficar anos e anos em um
processo de transformação que parece não ter fim.

Assim, torna-se essencial aos levitas que consagrem e santifiquem o tempo de suas vidas
para Deus. Ou seja, separar um tempo, um período a Deus. E quando é santificado, o tempo
cronológico não exerce mais influência sobre o povo.

4.2 A expiação e Jesus

Expiar significa cobrir, perdoar, aplacar, anular. Vamos nos ater à palavra “cobrir”. Ela não
representa “ocultação”, mas sugere a imposição de algo para modificar a sua aparência ou
“reescrita de um contrato”. Quando o homem peca, ele se afasta de Deus - seu contrato com
Ele é quebrado. Contudo, mediante as ofertas e holocausto é possível refazer essa aliança.
Como? Mediante a interposição de algo que aplaque a ofensa a Deus (ofendemos a Ele quando
pecamos) e cubra o pecador de justiça. O sangue dos animais (bode, novilho, carneiro) fazia esse
papel no Antigo Testamento, mas hoje Jesus já fez isso por nós5.

Somente por meio da Expiação Deus poderia se reconciliar com seu povo, com seus ministros,
quando estes pecassem ou cometessem transgressões.

Como expiar os pecados em nossos dias? Através da confissão. No Novo Testamento Jesus
nos mostra exatamente o que vimos dissertando até agora.

Em Mateus 12:27 Jesus responde aos questionamentos dos fariseus:

5 Cf. Dicionário Hebraico do Antigo Testamento de James Strong. In: Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e
Grego. São Paulo: CPDA, 2011.

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E se Eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? E, por
isso, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas, se é pelo Espírito de Deus que Eu expulso
demônios, então, verdadeiramente, é chegado o Reino de Deus sobre vós! Ou ainda, como
pode alguém entrar na casa do homem forte e roubar-lhe todos os bens sem primeiro
amarrá-lo? Só depois disso será possível saquear a sua casa. Quem não está comigo, está
contra mim; e aquele que comigo não colhe, espalha. Quem não está comigo, está contra
mim; e aquele que comigo não colhe, espalha.

Em Mateus 12:43-45

Quando um espírito imundo sai de uma pessoa, passa por lugares áridos procurando
descanso, mas não encontra onde repousar. Então diz: ‘Voltarei para a minha casa de
onde saí’. E, retornando, encontra a casa desocupada, varrida e arrumada. Diante disso,
vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, passam a morar
ali. E o estado final daquela pessoa torna-se pior que o primeiro. Assim também ocorrerá
com esta geração má! ”.

Nestas duas passagens Jesus está explicando um princípio espiritual. Quando um espírito
maligno vai embora para o deserto ele fica sem propósito, mas agora ele não tem mais o que
fazer, então chama um reforço. Porém, quando entendemos aquilo que Deus busca nos ensinar
em Levítico 16, e compreendemos que depois de feito todos os sacrifícios pelo pecado, o
holocausto (a adoração) precisa estar aceso no Altar, os espíritos malignos podem tentar voltar,
mas encontram a porta fechada para eles, pois há um ministério levítico atuante e constituído
com autoridade nas regiões celestiais.

Contudo, o contrário também acontece. Quando o espírito maligno volta e com ele traz
mais sete, e não há adoração no coração e no altar, o ambiente é alterado completamente e é
como se estivesse acontecendo uma “reunião das trevas” - e os levitas e o povo começam a ser
destruídos. Tudo isso porque a porta estava aberta.

Para que isso não aconteça precisamos estar constituídos em autoridade. Precisamos parar
de pecar, excluir a transgressão dentre nós e acabar com a iniquidade. Para fazermos isso
precisamos obedecer ao nosso Deus.

No final do texto de Levítico 16 Deus diz: - “E essa é a minha ordenança para vocês”. No
hebraico está escrito: Este é o meu rokin para vocês. Quando Deus fala em rokin ele está falando
em Obediência.

Há três tipos de obediência no hebraico.

1) “Faz isso, porque vai acontecer isso”. Exemplo: Honra teu pai e tua mãe e seus dias serão
prolongados. ( Êxodo 20:12)

2) “Faz isso, e daqui a pouco eu te explico”. Esta obediência exige um pouco mais de fé.
Somos um povo racional, obedecemos ao que entendemos, mas Deus nos pede uma obediência
sem questionamentos e sem entendimento. Essa obediência “arrebenta” com a iniquidade -
obediência pela fé, obediência rokin. Exemplo: Povo de Israel não podia comer peixe com pele,
somente os que tinham escama. E nunca explicou o porquê. (Levítico 11:12)

4.3. Josafá: um exemplo de obediência em meio à


Guerra

No Capítulo 19 de II Crônicas o profeta Jeú alerta o rei de Judá, Josafá, para não fazer aliança
com aqueles que aborrecem o Senhor (Acabe e os seus). Em resposta à orientação de Deus
Josafá estabeleceu juízes no país e os orientou para julgarem segundo o coração de Deus.

Quando tudo foi alinhado, conforme a vontade de Deus, os filhos de Moabe e Amon se

34
uniram para guerrear contra Judá. Os inimigos eram em número incontável. Diante disso Josafá
decretou jejum e congregou toda Judá para buscar a Deus e clamar por socorro.

Josafá clama a Deus, reconhecendo a sua fraqueza e a do seu povo:

Ah! Nosso Deus, porventura não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta
grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos
olhos estão postos em ti (II Crónicas 20:12)

Há na atitude de Josafá princípios de guerra. Em primeiro lugar Josafá se livrou de tudo o que
era contrário a Deus (II Crónicas 18-19), permaneceu obedecendo as direções de Deus e em tempos
difíceis se prostrava diante Dele. Essas atitudes abriram caminho para a intervenção divina.

Deus respondeu as orações e ao clamor através de Jeziel:

E disse: Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá;
assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão;
pois a peleja não é vossa, mas de Deus. Amanhã descereis contra eles; eis que sobem pela
ladeira de Ziz, e os achareis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel. Nesta batalha não
tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó
Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o
Senhor será convosco (II Crônicas 20: 15-17)

Josafá, diante da resposta de Deus, colocou seu rosto em terra e, juntamente com o povo,
começou a adorá-lO. E os levitas, dos filhos dos Coatitas e dos Coreítas, foram separados para
louvar ao Senhor

No dia seguinte, ao sair para a peleja, Josafá orientou ao povo que acreditasse no Senhor, pois
isso os faria seguros. E cressem nos profetas porque isso traria prosperidade aos seus caminhos.

“E então, ordenou cantores para o Senhor, que, vestidos de ornamentos sagrados e


marchando a frente do exército, louvassem a Deus, dizendo: Rendei graças ao Senhor, porque a
sua misericórdia dura para sempre! ” (II Crônicas 20:21).

À medida que cantavam e entoavam louvores, o Senhor colocava emboscadas contra os


filhos de Amon e Moabe e todos os que vieram contra Judá foram desbaratados.

A história desta batalha nos mostra como a adoração a Deus é o caminho em meio as batalhas.
Adorar a Deus em meio à guerra demanda plena confiança em quem Deus é e nas Suas promessas.

35
PARTE II - O MINISTÉRIO DE
LOUVOR
CAPÍTULO I - O MINISTÉRIO

No Novo Testamento a palavra “ministério” aparece seis vezes e em todas as passagens ela se
refere as atividades desempenhadas pelos apóstolos e também por Jesus. Mas, o significado no
grego antigo é mais profundo do que simplesmente um conjunto de atividades desempenhadas
por alguém.

1) Serviço, especialmente daqueles que executam os pedidos dos outros;

2) Serviço, daqueles que pelo pedido de Deus proclamam e promovem religião entre os
homens;

3) Do ofício dos profetas, evangelistas, apóstolos;

4) Serviço daqueles que ajudam a atender necessidades;

5) Serviço daqueles que preparam e ofertam alimento.

Ministério significa diakonia6:

O ministério pode ser compreendido a nível individual. A pessoa é chamada por Deus para
exercer uma função (atividade) e um papel dentro do Reino. Então, ele corresponde a um
chamado e uma vocação - um destino profético -, construído dessa maneira sua identidade em
Cristo.

A nível congregacional o ministério é o conjunto de pessoas, que supervisionadas por um


líder, cuidam de áreas específicas da Igreja. Exemplo: Atalaias, Audio, BolaTv, Zeladoria, Boas
Vindas, etc.

Os dois níveis se conectam e ambos têm como foco principal atender as necessidades dos
outros: servir, cuidar, zelar. Um ministério não é constituído por Deus para que seus membros
possam saciar suas vontades pessoais. Ele existe por causa do outro.

Quando Deus nos convoca para o Ministério de Louvor Ele não o faz pensando no “dom
maravilhoso” que temos e no quão bons nós somos. Ele nos chama para servir os outros com os
nossos dons - dar-lhes alimento. E também, proclamar o Seu Nome.

Em meio a tantas discussões sobre religião e o Evangelho, o que religião representa no


contexto que estamos trabalhando? A palavra “religião” quer dizer ligar novamente. Ou seja,
uma das atribuições de um ministério é justamente promover a ligação do homem com Deus,
perdida no Éden. Assim, o Louvor é o ministério que tem como função unir as pessoas a Deus
por meio da música.

1.2. Louvor e Adoração: o fundamento

No Capítulo 4 de Efésios, a partir do versículo 7, Deus está explicando como é o ministério


dos “santos” - aqueles que foram chamados para servir. Nos versículos 11 e 12 Deus define os
ministérios fundamentais:

6 Cf. Dicionário Hebraico do Antigo Testamento de James Strong. In: Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. São
Paulo: CPDA, 2011.

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E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos
para o desempenho do seu serviço, para a edificação do Corpo de Cristo.

“Quem sou eu na Igreja? ”, provavelmente é a pergunta que muitos se fazem ao se depararem


com esse trecho da Bíblia.

O Ministro de Louvor é aquele que atua diretamente no fundamento e nos alicerces da fé,
contribuindo para a edificação do Corpo. Ele é um músico e/ou instrumentista chamado para
adorar e louvar, e, também, para ensinar o povo a fazer o mesmo.

Em Genesis 4:21 há uma referência a Jubal. Jubal foi chamado “antepassado de todos os
que tocam harpa e flauta”. Percebe-se que muito antes de Deus definir os ministérios que
constituíram a Igreja Primitiva (e a nossa), Ele identificou o “pai” dos ministros de Louvor. Na
primeira linhagem humana havia aquele que foi chamado especificadamente para ministrar o
louvor e a adoração

A adoração é pedra fundamental do Edifício de Deus na terra. O apóstolo não será bem-
sucedido se não for primeiro um adorador. O profeta não saberá discernir a voz de Deus dentro
de si se não for um adorador. O evangelista não verá as curas poderosas em seu ministério se
não souber adorar como o Pai almeja. O pastor jamais sentirá amor genuíno pelas ovelhas se ele
não tiver um coração de adorador. E, finalmente, o mestre terá a Palavra de Deus apenas como
letra e não como revelação no espírito se não for um adorador.

Sendo assim, o ministro de louvor pode ser um músico-adorador apóstolo, profeta, pastor,
evangelista e/ou mestre. Pois os cinco ministérios são unções que Deus derramou sobre Sua Igreja.

A adoração está no centro do fundamento da igreja, ela é o princípio de tudo. E o desejo de


Deus é constituir um exército de homens e mulheres comprometidos com Ele e que vivam uma
vida de adoração.

Deus não espera que o adorador seja um músico. Mas, que todo músico seja um adorador
por excelência. Um músico que não faz do altar um palco (Marcos 7:6); que não faz do culto um
show (Mateus 6:5). Um músico que vive, dia após dia, na dependência do Espírito Santo (Gálatas
5:16; Romanos 6:19), crescendo em graça e conhecimento (2 Pedro 3:18). (CARVALHO, 2007)

O louvor sem unção e sem sinceridade no coração não agrada a Deus e não abençoa o
povo. Salmos 33:3 declara: Tocai com arte e com júbilo. Assim, é preciso tocar com a técnica,
mas também, com unção, com entendimento de quem Deus é. Portanto, bons músicos que
se converteram há pouco tempo não podem ministrar o louvor congregacional, pois ainda são
imaturos e não tem o preparo espiritual necessário.

O Apóstolo Paulo adverte em I Timóteo 3:6 sobre as características necessárias para que
alguém pudesse assumir um ministério. Entre outras ele fala especificadamente sobre
imaturidade espiritual:

Não seja neófito (novo na fé) para não suceder que se ensoberbeça e incorra em condenação
do diabo.

É por isso que em nossa Igreja para ministrar no altar é exigido, no mínimo, um ano de conversão.

40
C A P Í T U L O I I - AT R I B U T O S
E CARACTERÍSTICAS
D E S E J ÁV E I S E M U M
MINISTRO DE LOUVOR
1) Buscar ao Senhor

Os ministros de louvor precisam buscar ao Senhor através da oração e da leitura da Palavra.


São diligentes com suas disciplinas espirituais e, por isso, conhecedores da Palavra de Deus.

Vós adorais o que não conheceis João 4:22

“ Bem aventurados aqueles cujos caminhos são íntegros e que vivem de acordo com a
Lei do Eterno! Felizes os que guardam suas prescrições e o buscam de todo coração; De
todo o coração eu te procurei: não deixes que me afaste de teus mandamentos!” Salmos
119:1-2;10

2) Ser humilde

O humilde reconhece sua real condição diante de Deus. Reconhece sua dependência Nele e
Dele. Seu coração está submetido ao senhorio de Deus e, por isso, sensível a Sua Voz.

Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Mateus 5:3

Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Tiago 4:6

3) Procurar sempre aprender e se aperfeiçoar mais

O ministro da Casa do Senhor entende que a excelência é o caminho que deve trilhar.
Seremos sempre excelentes à medida que nos empenharmos em estudar e aprender. Como
levitas escolhidos para conduzir o povo a Deus devemos ter conhecimento musical e aprimorar
nossa técnica.

4) Ser fiel nos dízimos e nas ofertas

O dízimo e a oferta são princípios espirituais e a quebra dos mesmos é considerada


desobediência e rebeldia. O sacerdote com o coração rebelde só consegue produzir “fogo
estranho” no altar e isso o torna inapto para exercer sua função.

E por assim dizer, por meio de Abraão, até Levi que recebe dízimos, pagou dízimos.
Hebreus 7:9

5) São responsável

Na vida ministerial, em casa, na escola/faculdade e no trabalho o levita-sacerdote deve ser


responsável. E o que isso implica? Zelar pelos horários e compromissos agendados, executar
as atividades que lhes são solicitadas no prazo estipulado. Estar presente nos ensaios - ensaiar
também é prestar culto a Deus!

41
6) São íntegro, retos e tementes a Deus.

A integridade é erroneamente associada à reputação de uma pessoa, uma qualidade


exterior. A verdadeira integridade, porém, é uma qualidade do caráter, uma realidade interior
que diz respeito a sinceridade do coração e ao desenvolvimento de um caráter irrepreensível
pela obediência a Palavra7 (Cf. Bíblia da Mulher. Barueri, 2014, p. 887).

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria . Provérbios 1:7

“Agora que já disse tudo, eis que a conclusão a que chegamos: ama reverentemente
a Deus e obedece aos seus mandamentos; porquanto foi para isso que fomos criados”.
Eclesiastes 12:13

Quem pode subir ao monte do SENHOR? Quem pode ficar de pé no seu santo
lugar?Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, e não se entrega à mentira, nem
age com falsidade. Salmo 24:3-4

7) Ser prudente, quebrantado, flexível, longânimo, pacificador, perdoador, fiél, ensinável


e paciente.

O ministro de louvor dá frutos. Ele não pode ser alguém que simplesmente frequente a
casa de Deus. Ele é alguém que se abriu para o Seu agir e teve (e continua tendo) seu caráter
transformado. Os frutos do espírito são visíveis em sua vida.

“É necessário, portanto, que o presbítero seja irrepreensível, marido de uma só mulher


e tenha filhos cristãos que não sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão.
Por ser encarregado da obra de Deus, é indispensávelvel que o bispo seja irrepreensível:
não arrogante, não briguento, não apegado ao vinho, não violento, nem dominado pela
ganância. Ao contrário, é preciso que ele seja hospitaleiro, amigo do bem, sensato, justo,
piedoso, tenha domínio próprio e apegue-se firmemente à fiel Palavra, da forma como foi
ministrada, a fim de que seja capaz tanto de encorajar os crentes na sã doutrina quanto
de convencer os que se opõem a ela.” Tito 1: 6-9

8) Preza pela unidade do Corpo

Não estão envolvidos em fofocas, maledicências, dissensões. Pelo contrário, os levitas se


posicionam contra isso, exortando e repreendendo pessoas que agem assim dentro da igreja.
Estas atitudes malignas ferem o Corpo de Cristo.

9) Ser zeloso

No Antigo Testamento páginas e páginas falam do cuidado que os levitas deveriam ter com
os utensílios do Tabernáculo. Por que seria diferente nos dias de hoje?

Os ministros da Casa de Deus cuidam e zelam por todos os equipamentos e por tudo o que
diz respeito a manutenção das coisas consagradas a Deus. Quando identificam falta de cuidado
e desprezo com o que lhes foi confiado não agem “como se não estivessem vendo”. Ao contrário,
procuram os líderes do Ministério de Louvor e contam o que viram.

O zelo também deve se manifestar na obediência as regras da Igreja. Ser ministro de louvor
não é um “cartão de livre acesso”. O altar é “guardado” por diáconos, atalaias, zeladores, que estão
ali cuidando do mesmo. Devemos acatar suas direções, cientes de que eles estão cumprindo as
tarefas e ordens que lhes foram dadas.

7 FESOFAP. Integridade – um coração sincero. 06 fev 2013. Disponível em < https://fesofap.portaliap.org/conteudo/vida-


devocional/integridade-um-coracao-sincero/> Acesso em 12 jun 2020

42
10) Ser reverente

A Igreja no dia de hoje pouco se parece com o que lemos no Antigo Testamento, ou, com
aqueles prédios suntuosos e imponentes. Mas, a reverência não deve ser prestada segundo os
aspectos arquitetônicos do local em que nos encontramos. A Casa de Deus é assim chamada
porque ali o Nome de Deus é estabelecido, ali Sua presença e Sua glória se manifestam. E isto
deve ser o suficiente para entendermos que nossa postura e nossa conduta dentro da Igreja
deve ser condizente ao Deus que adoramos.

O uso do telefone, mídias sociais durante os cultos demonstram falta de temor e reverência
a Deus, produzindo um péssimo testemunho dentro do Corpo. O mesmo efeito negativo é
provocado por gestos exagerados, gargalhadas, conversas paralelas, distrações no decorrer do
louvor e da pregação.

O oposto também é problemático. A apatia deliberada é sinal de irreverência.

Outra questão essencial no campo da conduta e do comportamento são as vestimentas que


utilizamos para ministrar. Nada, absolutamente nada, pode chamar mais atenção no Altar do
que o próprio Deus. Antes de sair de casa verifique se sua roupa não lhe coloca em situações
constrangedoras.

Lembra a todos que devem ser submissos aos que sobre eles governam; e às
autoridades, sejam obedientes, estejam sempre prontos a fazer tudo o que é bom,
não promovam a calúnia de ninguém, sejam pacíficos, equilibrados, demonstrando
verdadeira mansidão para com todas as pessoas. Tito 3:1-2

11) Ser santo

O ministro que desenvolve todos os atributos citados até aqui é aquele que busca ser santo
- separado e consagrado.

Não oro para que os tires do mundo, mas sim, para que os protejas do príncipe deste
mundo. Eles não são do mundo, como também Eu não sou. Santifica-os pela tua verdade;
a tua Palavra é a verdade. Da mesma maneira como me enviaste ao mundo, Eu os
enviei ao mundo. Em benefício deles Eu me consagro, para que igualmente eles sejam
consagrados pela verdade. Jesus ora ao Pai pelos cristãos. (João 17:15-19)

2.1. A importância da santidade

A santidade é pré-requisito para servir na Casa do Senhor. E isso tem a ver, diretamente,
como nos relacionamos com as coisas “do mundo”. Se conseguimos habitar no mundo, mas não
ser influenciado por seus valores e por sua cultura.

No universo da música, das artes em geral, parece que a linha que separa santidade e
mundanismo ganha traços mais largos. Talvez em prol de um profundo conhecimento da área,
ou, aprimoramento do gosto musical, músicos que ministram no altar acabam tendo muito
mais contato com o “mundo”. E em alguns casos deixam-se influenciar largamente por ele.

Quando usamos o termo “mundo” estamos nos referindo a definição bíblica do mesmo,
como a apresentada em João 15:19:

Se fôsseis do mundo, ele vos amaria como se pertencêsseis a ele. Entretanto, não sois
propriedade do mundo; mas Eu vos escolhi e vos libertei do mundo; por essa razão, o
mundo vos odeia.

43
Mundo, neste contexto, faz referência às paixões terrenas, a tudo que é perene e passageiro,
que nos distancia do Evangelho de Cristo, que é contrário a vontade de Deus. Mundo representa
todas as coisas e afazeres terrenos que nos afastam dos planos divinos e elas tem esse poder
porque provocam desejo e prazer no homem.

Assim, o mundo que nos cerca e do qual, pelo menos biblicamente não deveríamos fazer
parte, é muito sedutor. A cultura que nos cerca acaba sendo expressão imediata do mesmo.
Assim, nossa visão de mundo, nossos valores, nossos hábitos e gostos podem ser facilmente
contaminados. Daí Deus insistir para que nos consagremos.

Contudo, a atmosfera cultural que nos cerca é tão envolvente que muitos acabam abrindo
espaço para influências mundanas e que corrompem, paulatinamente, a obra que Deus faz em
nossos estilos de vida. Sim, falamos de estilo de vida porque ser um “cristão” atinge não apenas
nosso universo religioso. Na verdade, esta decisão altera nossas maneiras de ser, pensar, agir.

Mas, nós “abrimos exceções” por meios que julgamos inofensivos: a leitura de um livro, ouvir
uma música, dançar no ritmo da “melodia x”, assistir ao “filme y”. E quando menos percebemos
as atitudes e comportamentos se diferenciam do padrão de Cristo, e lentamente nossa santidade
é corrompida.

Nós aprendemos “que todas as coisas nos são lícitas”. A lei nos dá a liberdade de escolher
o que quisermos fazer, vestir, ingerir; locais que frequentamos, pessoas com as quais nos
relacionamos, o limite que estabelecemos para nossos relacionamentos amorosos, as canções
que ouvimos, etc.

Todos as decisões e escolhas apresentadas acima fazem parte do nosso livre-arbítrio. Deus
nos criou para a liberdade. Uma liberdade, porém, que nos dá o direito de permanecer longe
do pecado e de não nos submetermos novamente a escravidão dos maus hábitos e costumes
( Galátas 5; I Corintos 6:12).

Deus não pede ao ministro de louvor que se isole dentro de casa. Como João escreveu, Deus
não quer nos tirar do mundo, mas nos livrar do mal e só conseguimos isso através da santidade.

Deus não pode agir por intermédio de uma pessoa contaminada pelo mundanismo. Ele
deixa claro em Levíticos 19:2: Sede santos como eu sou santo! Deveríamos ser como uma gota
de óleo em meio a um vidro repleto de água. Permanecemos ali, mas não nos misturamos.

2.1.1. Gerando santidade e acabando com as ações


da carne

A santidade é uma condição que produzimos, é um exercício diário, que exige vigilância
constante. Ela não surge do nada. Somente a intimidade com Deus gera santidade. A santidade
gera unção. A unção gera autoridade. E, por fim, a autoridade gera transformação. E assim,
vivemos o processo de santificação.

Na força dos nossos braços viver em santidade não é uma tarefa fácil. A carne continua
fazendo parte de nossa constituição. A alma precisa ser continuamente desintoxicada “das
coisas desse mundo”. E a graça de Deus é uma das ferramentas que Deus nos deu para nos
ajudar a lidar com nossas fraquezas e nossa condição pecaminosa.

Temos acesso a graça por meio da fé em Jesus e no que Ele fez por nós, e que continuamente
Ele opera por meio de nossas fraquezas.

Se a “graça” de Deus é o presente que Deus nos dá, para que consigamos viver em santidade
apesar de nossa condição, “enchermo-nos do Espírito” deve ser nossa academia espiritual. Pois,
a carne - que opera em nossas vontades, pensamentos, desejos - não deixa de existir. Ela tão
44
somente pode se enfraquecer. E como a carne enfraquece? Quando exercitamos nosso espírito.

Nosso espirito conectado ao Espírito de Deus é que nos separa verdadeiramente deste
mundo. Quando estamos “cheios” do Espírito, vivemos em liberdade e sabemos escolher o
certo. Por outro lado, quando estamos inundados de carnalidade vivemos inconstantes e cheios
de dúvidas a respeito do que “realmente está errado”.

Outra face da carnalidade é quando a pessoa vive uma “vida de santidade” pautada na
obediência às regras, ou, às muitas vezes, se perde discutindo doutrinas e linhas teológicas. E
faz isso em busca de algo que justifique suas escolhas.

Aquele que não está cheio do Espírito Santo pode cumprir todas as regras e a Lei, participar
de rituais religiosos e congressos, mas está vazio do amor de Deus. Deus é amor e seremos
conhecidos pelo amor. (I João 3). Por isso muitos líderes e ministros são reconhecidos pela
quantidade de obras, mas estão vazios de compaixão, cheios de autoritarismo e críticas, e,
portanto, não são reconhecidos nos Céus.

O som que sai dos instrumentos e da voz de um ministro que sobe nessas condições no Altar
é apenas música. Pois a adoração somente é real, legítima e genuína quando feita por alguém
que vive em santidade e alinhou seu coração ao Espírito de Deus.

45
CAPÍTULO III- A
P R E PA R A Ç Ã O D O M I N I S T R O
DE LOUVOR
Os ministros são os vocalistas e instrumentistas que compõem as bandas, os corais, as
“baterias”, os levitas de célula. Mas, vamos tratar especificamente do preparo daqueles que atuam
diretamente no Ministério de Louvor8 e ministram nos cultos, nos congressos, conferências em
nossas Igrejas.

Três itens são essenciais para que o Louvor aconteça com excelência: harmonia, unidade e
sensibilidade a voz de Deus.

A harmonia e unidade. Se não houver amor, reciprocidade e respeito entre os membros cada
um vai desenvolver suas funções segundo suas verdades e um clima de disputa pode emergir,
transformando a adoração a Deus em uma disputa de egos. Basta um pouco de discernimento
para conseguir identificar quando não há harmonia em uma banda, pois a adoração não flui.

A unidade é construída à medida que compreendemos que não há parte mais importante
no Altar a não ser o próprio Deus.

A compreensão de que TODOS foram chamados para servir a Deus e ao povo elimina qualquer
sentimento de superioridade e orgulho. As primeiras pessoas que servimos são aquelas que
estão conosco no altar contribuindo para que o louvor alcance toda a igreja. No Altar não existe
empregado, existem servos.

O Espírito de Deus é um só. Quando o corpo está unido e focado na mesma missão o
“ingrediente final” é o discernimento para ouvir a Deus. Para isso é necessário a busca por Ele
antes de ministrar, seja uma canção, um instrumento, a luz, o som. Se os membros estiverem
conectados a Ele e cientes de que para Ele e por Ele são todas as coisas, certamente todos serão
dirigidos pelo Espírito e o culto fluirá como um “rio”.

O momento mais importante do louvor é aquele que acontece antes de subir no altar: a
preparação espiritual. Orar, ler a Palavra são fundamentais. Uma das formas de gerar harmonia
entre os membros das bandas é o tempo de comunhão com Deus em grupo - orar e louvar em
conjunto. A harmonia da banda e seu preparo espiritual - sua busca genuína por Deus - atinge
diretamente a congregação.

Existem outros pontos que precisam ser identificados quando ministramos no Altar. São
eles:

- Falta de perdão ;

- Falta de preparo técnico;

- Vida espiritual deficiente;

- Brigas entre os músicos;

- Pecado oculto;

- Inveja;

- Maledicência .

8 Todas as demais atividades que envolvem louvor e adoração (levitas das células, Bateria, Coral, etc.) precisam estar
caminhando juntamente com o Ministério de Louvor, mesmo havendo lideranças diferentes.

47
Havendo quaisquer indícios dos mesmos em nós, ou, no grupo que lideramos é necessário
parar e conversar sobre estas questões. Se necessário for, conversar com o auxílio de uma pessoa
“neutra” para resolver os possíveis conflitos internos.

Existe um outro conjunto de impedimentos, de origem técnica, mas que da mesma forma
atrapalham a ordem no culto e o agir de Deus. São eles:

- Músicas mal escolhidas

- Som alto ou baixo demais

- Microfonia

- Falta de harmonia entre instrumentos e vocais

Para que essas questões estejam alinhadas é necessário ensaio. Mas, também, se apresentar
para a passagem de som com uma hora de antecedência. Este cuidado além de auxiliar a prever
possíveis problemas, também é uma prática mais educada com as pessoas que veem para o
culto. A passagem de som pode ser muito irritante para quem não é do meio. E também, não
contribui em nada para a preparação do ambiente para a adoração e para pregação da Palavra.

Todos estes pontos e questões levantados quando existentes são impedimentos para o
“mover” de Deus.

Estes impedimentos de ordem técnica, em muitos dos casos, envolvem outros ministérios.
O ministro de louvor - vocalista instrumentista - quando é chamado para ministrar na Igreja,
raramente conseguiria fazer isso sem a participação de outras pessoas, principalmente se o
templo tiver dimensões grandes.

A execução do louvor acontece porque um grupo de pessoas trabalham unidas. Assim,


embora o Ministério de Louvor se restrinja a música, cantores e instrumentistas, ele não caminha
sozinho. Há um conjunto de ministérios, com conhecimentos diferenciados, que atua como
parceiro direto do Louvor: Aúdio, Datashow, BolaTv (gerenciamento da luz no caso da Sede).
A verdade é que sem o trabalho destes ministérios o Louvor Congregacional não aconteceria.
Devemos servir e tratar a eles com o devido amor. Assim, como todos os demais membros de
ministérios que trabalham para fazer com que a Casa de Deus opere em excelência.

Único corpo composto por inúmeros membros que possuem os mais diversos dons e
responsabilidades. O que nos une é (ou deveria ser) a missão de trabalhar em prol da manifestação
de Deus e dos seus anjos durante o culto.

48
CAPÍTULO IV- A ESCOLHA
DAS MÚSICAS
Como foi falado acima a ministração acontece antes dos ministros subirem no Altar, e isto
incluí a escolha do repertório. As músicas devem ser selecionadas a partir das direções dadas
pelo Espírito Santo.

Os levitas são um canal de transmissão do louvor, da adoração e da glória de Deus, assim


nada mais correto do que Ele decidir sobre o que deve ou não ser ministrado. Deus é onisciente,
onipresente e onipotente, Ele sabe o que precisa acontecer no culto para que haja salvação,
cura, libertação, conversão da mente, entre outros.

Então, a primeira tarefa de um ministro de Louvor que lidera uma banda é deixar-se guiar
por Deus. A segunda tarefa é o tempo de ensaio, onde geralmente Deus já começa a manifestar
Sua vontade para o líder e a banda.

Os ministérios de Louvor se organizam por meio de um cronograma, portanto, cada banda


sabe (ou, deveria saber) quando irá ministrar. I

A escolha prévia das canções obedece a um princípio de zelo e excelência. Existem

É preciso ter equilíbrio. Embora todos possuam gostos diferenciados, e isso inclui música
cristã, não podemos ficar dependentes das nossas preferências musicais - de cinco louvores
escolher quatro da mesma banda, por exemplo. Isso não está correto.

Para o momento dos dízimos e ofertas é preciso escolher um louvor que expresse a
importância do ato de entregar ofertas na casa do Senhor. A seleção deve levar em conta que
este é um momento de alegria, confiança e fé.

O louvor ministrado no final da Palavra e no apelo foge à regra das canções selecionadas
previamente. A música escolhida deve estar fundamentada no tema central da pregação. Daí
a importância do estudo e aprimoramento do repertório musical. É um dos momentos mais
importantes do culto, vidas são salvas e entregam seu caminho a Jesus. A escolha da música
para este momento deve ser baseada na pregação do pastor.

A música escolhida para o final do culto deve ser, de preferência, uma música de celebração.

Durante a pregação não há louvor cantado, somente instrumental. Enquanto o pastor prega
é necessário que haja um acompanhamento musical.

A presença de um tecladista tocando ao longo da pregação não é apenas um “item de


decoração”. Enquanto o pastor ministra o espírito, o tecladista é usado para ministrar a alma das
pessoas através do louvor instrumental.

Se a Igreja não tem condições, a adoração pode ser feita com o violão ou com a guitarra.
Contudo, o teclado é o instrumento ideal por ser mais harmônico e completo para esse momento.

Sejamos dependentes somente de Deus para criação ou escolha das músicas. O Espírito
Santo de Deus é quem deve nos orientar.

A Igreja Bola de Neve é um ministério com chamado específico para adoração. Existem
inúmeros louvores compostos pela Pastora Denise Seixas, líder nacional do Ministério de Louvor.
Os ministros precisam saber tocar e cantar. Isto é caminhar debaixo da mesma visão.

49
4.1 A Música autoral
A Igreja Bola de Neve acredita no potencial e nos dons que Deus deu a seus ministros para
que compusessem louvores. Contudo, antes de ministrá-lo na Igreja é importante que a letra
seja apresentada ao pastor. A submissão das músicas autorais à autoridade visa identificar se
não há nenhuma incoerência teológica e se são apropriadas para um culto.

Quando aprovadas é importante escolher o tempo certo para executá-las, porque as pessoas
não conhecem a letra e nem a melodia. Escolha o momento do dízimo, o final do culto - deixe
o povo familiarizado com a canção.

4.2 Versões

Ao Brasil foram entregues inúmeras palavras proféticas de que o nosso país recebeu o dom
de redenção. Este dom é a adoração. Contudo, há um crescimento proeminente de versões
sendo cantadas em nossos cultos. E isso acontece devido a uma prática disseminada por
ministros de louvor renomados que há muito desenvolveram o hábito de lançar versões de
músicas conhecidas no exterior.

Não há problema em fazer versões. Mas, Deus quer levantar uma geração que companha
suas próprias músicas.

As versões também devem ser apresentadas aos pastores e aprovadas por eles. E outro
detalhe importante, no “universo gospel”, devido a proliferação de versões de uma mesma
canção, precisamos estar atentos se a música que escolhemos traduzir já não possui uma versão
conhecida e, principalmente, se não há uma versão oficial. Investigue qual a versão oficial,
escolhida pelos compositores da música original.

Se não há versão oficial escolha aquela que é ministrada na Sede.

50
CAPÍTULO V - A CONDUÇÃO
DO LOUVOR

O foco do louvor na Igreja é ministrar a Deus, mas, ele também ministra o povo (a congregação),
por isso é chamado de louvor congregacional.

Os ministros precisam ter clareza de que a cada culto eles são os responsáveis por levar
as pessoas a adorarem, portanto, a escolha das músicas precisa ter como um outro foco a
diversidade e multiplicidade de pessoas que congregam na Igreja.

E quem são essas pessoas? Visitantes, desviados, “novos na fé”, “maduros na fé”, incrédulos.
Pessoas cansadas fisicamente. Pessoas que enfrentaram horas de trânsito para chegar até a
Igreja. Pessoas que encararam horas de trabalho. Pessoas que foram traídas, embriagadas,
doentes, perdidas. Pessoas que chegam acompanhadas de seus namorados e nem sabem o
que é santidade. Pessoas que atravessam as portas da Igreja de mãos dadas com alguém do
mesmo sexo. Pessoas que passaram a noite anterior se prostituindo. Mas, todas, sem exceção,
são ovelhas enviadas por Deus.

Nós jamais saberemos o nível de dor, angústia, dúvida, rebeldia, cansaço e estresse em que
as pessoas estarão mergulhadas. Por isso precisamos nos despir das nossas vontades e verdades.
Jamais o foco das nossas escolhas pode ser “as músicas que gostamos”, mas sim a vontade boa,
perfeita e agradável de Deus.

5.1. A estrutura do louvor

O louvor congregacional é a construção de um caminho para Deus. E o caminho possui


algumas etapas. A estrutura dos nossos cultos é inspirada no Tabernáculo de Davi.

A primeira etapa da adoração no culto acontece no Átrio, onde a comunicação é horizontal.


É o começo do culto. O átrio é lugar de celebração: louvar e exaltar ao único que é digno de
todo louvor e adoração (Salmo 22:3). E, também, é lugar de ministrar o povo através da Palavra
de Deus cantada. Geralmente, esse momento de “abertura” do culto é marcado por louvores
alegres, que fazem o povo entrar em sintonia com o momento e com Deus. Músicas de festa
para celebrar a alegria de estar na casa de Deus.

Nossa responsabilidade é preparar as pessoas para o momento da Palavra. Lembre-se que as


pessoas, em sua maioria, não estão na “unção” e conectadas ao Espírito de Deus quando chegam
a Igreja. Grande parte está dispersa, agitada. Este é o momento de fazê-las desacelerar para
tomarem ciência de onde estão, se desligarem do ambiente externo e se conectarem a Deus.

A adoração no Átrio “promove”: fé, unidade, renovo, salvação, comunhão entre os irmãos,
perdão, vitória sobre o inimigo, exaltação e ensino sobre a grandeza de Deus, Sua fidelidade e
Seu amor.

A partir de então, o povo passa a ser conduzido para uma outra etapa e é convidado a entrar
no Santo Lugar. É o lugar em que a fé começa a ser edificada e a confiança em Deus emerge.
E ali acontece quebrantamento, arrependimento, liberdade para adorar, as pessoas começam
a ser cheias do Espírito Santo. Milagres, sinais e maravilhas acontecem. Almas são curadas. Há
libertação. Deus derrama força, confiança, descanso, esperança, alegria.

51
Enquanto adoramos a Deus no Santo Lugar Deus trabalha em nosso favor, e assim como
aconteceu com Paulo e Silas, prisões são quebradas (Atos 16:25). Pessoas são libertas de
opressões e espíritos malignos, como aconteceu com Saul e Davi (I Samuel 13: 19-23).

E então, os ministros e o povo adentram no Santíssimo Lugar, a terceira etapa do caminho. Há


um rompimento do plano natural, manifestações físicas, contemplação do Trono de Deus. Altos
louvores, cânticos proféticos, adoração extravagante e espontânea. Cântico novo. O objetivo da
adoração é o próprio Deus. Não importa mais o que precisamos de Deus, mas quem Ele é para nós.

Nesta atmosfera o pastor assume o comando do culto e é importante que o ministro tenha
sensibilidade. Preparar o ambiente para o pastor assumir e conduzir o louvor de forma que ele
consiga acompanhar a letra e a melodia. Lembre-se que seu pastor não entende de dinâmica
de banda como você.

Estas três etapas são um norte tanto para a escolha das músicas, como também para que se
compreenda a dimensão do que acontece quando ministramos, ou do que pode acontecer. O
nosso objetivo, como ministros, deve ser levar a todos ao Santíssimo Lugar, ao encontro com Jesus.

A banda precisa compreender esse processo e entender o seu papel, o que interfere diretamente
na maneira que será conduzido o louvor e a adoração. Não podemos ser os responsáveis por
interromper o “agir de Deus”. Neste caso, cabe algumas observações importantes.

O tempo entre uma música e outra não deve ser longo, porque a demora pode interferir na
dinâmica da adoração. Muitos ministros falam durante uma música e outra e se esquecem de
que a pregação compete ao Pastor. Se existe necessidade de ministrar, a ministração precisa
ser rápida e ser coerente com o tema da música que está sendo cantada e com o “local em que
estamos” - Átrio, Santo Lugar ou Santíssimo Lugar.

Não podemos esquecer que estamos ministrando a Deus, mas fomos chamados para
conduzir o povo. Principalmente, no começo do louvor, onde adentramos no Átrio. Falar demais
pode levá-lo a distração.

52
PARTE III - A VISÃO DO
MINISTÉRIO BOLA DE NEVE
CAPÍTULO I - A VISÃO

Então, o anjo me mostrou o rio da água da vida que, translúcido como cristal (puro),
fluía do trono de Deus e do Cordeiro. Apocalipse 22:1

Deus é nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade.


Portanto, nada temeremos, ainda que a terra trema e os montes afundem no coração do
mar, ainda que se encrespem as águas e se lancem com fúria contra os rochedos. Há um
rio cujos canais alegram a cidade de Deus, o Santo Lugar onde habita o Altíssimo. Nela
habita o Eterno e, por isso, não poderá ser atingida! Ao romper da aurora Ele virá em seu
socorro. Salmo 46: 1-5

Este rio não é um rio natural, mas espiritual. E como adoradores temos um privilégio: fazer
com que esse rio flua. Não há nada que ministre mais uma pessoa do que uma música bem
feita. A música tem o poder de tocar a alma e o espírito das pessoas, e nós somos chamados
para que estas sejam conduzidas pela e para a adoração.

Uma reunião sem adoração fica vazia. E é por isso que qualquer momento, onde se pretende
buscar a presença de Deus a adoração é o primeiro passo a ser dado, pois a adoração tem a
função de conduzir o Rio e a direção do Rio para onde Deus quer levar a reunião.

As pessoas que chegam a Igreja para participar de um culto, na maioria das vezes, estão
dispersas e desconectadas do mundo espiritual. Nosso papel é pegá-las pelas mãos e conduzi-
las até o rio.

E para conduzirmos devemos “estar cheios de Deus” e fluir como um Rio. E o que isso significa?
Só tem habilidade para conduzir aquele que já conhece o caminho - o caminho da adoração. A
busca individual por Deus e como banda é o que nos habilita para sermos condutores do Rio,
pois do nosso interior também fluem rios de “águas vivas”.

A palavra de Deus diz em Amós 3:3 “ora, poderão duas pessoas caminhar lado a lado se não
estiverem de acordo? ”. Para o rio fluir com legitimidade aqueles que o conduzem precisam
caminhar "de acordo", ou seja, com a mesma visão.

Visão, diferentemente do que muitos pensam, não é o mesmo que doutrina. A doutrina
bíblica é algo que obrigatoriamente precisa apresentar três a quatro versículos bíblicos que
embasem o conceito. Algo que está claramente especificado na bíblia.

Visão é o entendimento sobre um determinado assunto ou área, que Deus dá a um líder


através de revelação da Sua Palavra, de busca intensa. E esse líder, que é o cabeça da Igreja, traz
esta visão e aqueles que a entendem caminham de acordo com ela, ou seja, submissos a esta
visão. E assim, caminham rumo a uma mesma missão.

Destarte, existe uma visão que norteia a maneira pela qual o louvor e a adoração devem ser
conduzidos em nossa Igreja. E essa foi revelada ao Apóstolo Rina e à Pastora Denise.

No campo da visão podem haver concordâncias e discordâncias. Acima dela, contudo, está
o desejo de caminhar em direção a mesma missão, e este desejo é o que tira de “campo” os
questionamentos. Passa-se a acreditar na missão e na visão. E o que torna possível caminhar
submisso a uma visão é a obediência.

55
CAPÍTULO II - COMO
CONDUZIR O RIO DE DEUS
EM NOSSAS IGREJAS?
O momento da passagem de som não pode acontecer quando as pessoas já estiverem
chegando. A preparação dos instrumentos e da voz, quando acontecem em desarmonia,
atrapalham a preparação do ambiente. O baixista toca uma nota, a bateria na sua máxima
potência, a guitarra afinando. Esse cenário caótico não ajuda em nada na preparação de um
culto.

O ideal é escolher duas músicas de adoração para passar o som e usá-las para preparar o
ambiente. Em torno de quinze minutos antes do culto iniciar é tempo de orar em equipe. As
pessoas são tocadas pela Glória de Deus e não por um “rife de guitarra”.

A organização do Louvor também perpassa pelo número de músicas a ser ministradas. Nos
cultos de domingo o ideal são cinco. Nos cultos que acontecem durante a semana quatro canções.

Os ministros de Louvor precisam trabalhar em conjunto com o Pastor para administração


do tempo - o culto durante a semana precisa terminar às 22h. Nos cultos que começam às 20h,
depois de 30 minutos de louvor é o horário ideal para o pastor assumir o controle. Existe uma
estrutura e o papel do ministro é fazer com que o Rio flua.

No decorrer da ministração do Louvor a adoração espontânea e extravagante podem


emergir, e o ministro ou o pastor, podem começar a declarar coisas que irão acontecer ou estão
acontecendo, o que denominamos de adoração profética. Mas, esta não é uma regra. Se isso
acontece quando o comando do culto já está com o pastor, o ministro (líder da banda) precisa
saber qual o seu papel neste momento: o microfone não é mais seu.

Quando a adoração entra no Santíssimo Lugar nós executamos nosso papel, conduzimos o
povo até a Arca. Na arca está o maná, a lei, a vara que floresceu que são, metaforicamente, o
alimento diário, a Palavra e o chamado. E o pastor é o responsável pelo acesso a esses elementos.

2.1 O que impede o rio de fluir?

Mas, existem situações em que por mais que a banda se esforce, o vocalista perde a voz, o rio
não flui. As pessoas parecem “engessadas”, paralisadas e totalmente dispersas.

Quando detectamos este tipo de situação é indício que algo está errado e precisamos alinhar
o curso do rio. Algo está impedindo que a adoração aconteça. Mas, o que?

A). Não saber tocar

Os ministros precisam saber tocar as músicas escolhidas. É preciso saber entrar no tempo
certo e também, saber concluir a música. É preciso harmonia. Cada membro da banda precisa
saber seu papel e seu local.

B). Tocar um louvor desconhecido

A igreja está no ápice da adoração e o ministro começa a tocar uma música que ninguém
conhece. Isto mata o fluir do rio porque as pessoas param de louvar para ler a letra.

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C). Interação entre Ministério de Louvor e Datashow

A música começa e não tem letra no telão. É importante que as bandas passem o nome
das músicas corretamente para os responsáveis do Datashow, para que estes consigam se
organizar em tempo hábil. Certifiquem-se que a letra cantada é a mesma que está disponível.
Não esqueçam que somos um corpo.

D). O ministro “falador”

Existe liberdade em nosso meio. Mas, é preciso compreender qual o papel do ministro.
Ele não tem a responsabilidade de pregar, entregar palavras proféticas. O foco do ministro é
conduzir a adoração.

Em certas ocasiões o ministro precisa ser interrompido, porque ele ultrapassou seus limites.
Alguns ficam magoados - “o pastor me interrompeu no meio de uma música”. Precisamos
entender que somente duas pessoas tem o direito de usar o microfone durante um culto: o
pastor e o ministro de louvor. Não há motivos para nos sentirmos injustiçados.

Quando o ministro começa a falar desnecessariamente o rio é interrompido. Ao entregar o


culto ao Pastor, o ministro só deve voltar a ministrar se houver uma solicitação do mesmo. O
louvor deve permanecer sendo ministrado, mas, suavemente, pois este é momento em que o
pastor recebe direções de Deus sobre como continuar conduzindo o culto.

A banda e o ministro de louvor precisam ter clareza de que a autoridade no culto é Deus,
e Ele delegou autoridade ao pastor. No altar há ordem e descendência e isso se expressa no
entendimento de quem é autoridade e quem executa o que.

E). Falta de atenção

No altar o adorador precisa estar de olhos abertos. Atento ao que está acontecendo, conectado
com o líder da banda e os demais instrumentistas. Não podemos esquecer que nossa função é
conduzir o rio e levar a Igreja até Ele.

Não podemos deixar que o povo seja a nossa plateia - fique admirando nossas “peripécias
espirituais” enquanto se questiona: por que não adoro como eles? Por que não sinto Deus como
eles?

O único protagonista que deve ser aplaudido e admirado em um culto é Deus. E se não
permanecermos atentos corremos o risco de esquecer da Congregação e que estamos no altar
para servi-los.

Não há problema em orar em línguas, não há problema em sentir a presença de Deus e seu
corpo manifestá-la, mas, concentremo-nos naquilo que fomos chamados a fazer. Começar a
orar em línguas, pular, gritar deixando a congregação “ao léu” é expressão de egoísmo.

A atenção e concentração deve se estender ao longo da pregação. É desrespeitoso quando a


banda, sentada no altar, “fica de conversinha”. Isso só evidência falta de reverência a Deus.

O apelo - momento mais importante - é sempre acompanhado por uma canção que tenha
relação com a palavra ministrada. Se o ministro, no caso o líder da banda, estiver atento ao que
o pastor prega e conectado ao Espírito Santo, é muito provável que ele saiba o que deverá ser
tocado antes do pastor fazer qualquer solicitação. Do contrário, será necessário que o pastor se
dirija ao vocalista e diga qual louvor é necessário, e esses segundos de conversa também distrai
e interrompe o Rio.

Quando a banda é chamada para voltar, os instrumentistas precisam ter o cuidado para
não mexer nos instrumentos no momento errado, fazendo barulhos que distraíam. Se não for
possível “plugar” seu instrumento, espere o momento adequado e fique em oração pelas vidas
que estão sendo salvas.

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CAPÍTULO III - A LIDERANÇA
NO MINISTÉRIO DE LOUVOR
O Reino de Deus é organizado a partir de diretrizes e valores específicos. Deus sempre
escolheu pessoas para liderarem reinos, cidades, grupos. A concepção de governo de Deus
baseia-se pertencem a Ele. E é Ele mesmo quem escolhe aqueles que estarão à frente de Sua
obra e isso inclui os ministérios.

Em nossa Igreja o sistema de escolha de liderança é baseado inteiramente nos direcionamentos


de Deus, pois cremos que toda autoridade é constituída por Ele (Romanos 13:1-2). E assim, deve
acontecer com o Ministério de Louvor. O líder deve ser alguém designado por Deus.

A pastora Denise Seixas é a líder nacional e mundial do Ministério de Louvor. E, também, a


pessoa responsável pela Sede. Da mesma forma, cada Igreja deve ter seu líder, escolhido pelos
pastores mediante direção e revelação de Deus.

O líder do ministério responde aos pastores de sua Igreja e está submisso a esta autoridade. É
muito importante que este líder seja apresentado e ungido pelos pastores diante dos membros
do Ministério de Louvor, para que haja reconhecimento da unção e autoridade que está sobre
a vida desta pessoa.

Todos os atributos apresentados anteriormente e o conhecimento do que é Adoração, e a


visão da Igreja Bola de Neve, são os requisitos que precisam ser considerados no momento da
escolha do líder.

3.1 Funções de um líder

As pessoas que participam do Ministério de Louvor são membros também de uma célula,
assim, existe uma liderança que os acompanha “de perto”. O papel do líder do Ministério não é
o mesmo do líder de célula, embora haja semelhanças.

O líder de ministério cuida da sua equipe naquilo que envolve o Louvor e Adoração; traz
palavras de ensino; investe em tempo de oração e comunhão. E, principalmente, mantem
contato com os líderes que acompanham os membros com certa frequência, para saber “como
andam as coisas”. A sua autoridade, no que tange a vida pessoal do membro, tem como limite
a atuação do líder da célula. E essa parceria

Ser líder de um ministério é como dirigir um ônibus com vários “tipos” de passageiros.

Os veteranos descontentes são os que ficam, na maioria do tempo, com a cabeça para fora
da janela, falando de como a grama “era verde” quando o motorista anterior estava no volante.

Existem os “caçadores de falhas” que ficam circulando nos corredores, de um lado para outro,
cutucam seu ombro e informam que não ligou a seta a exatos 50 metros antes do cruzamento.

Existem aqueles que acreditam que o pastor ou líder tem seus preferidos e que não fazem
parte desta lista “dos prediletos” e acreditam que todos estão contra eles. Estas são as “teorias
da conspiração”. Infelizmente, eles veem a liderança como políticos, são cheios de amargura e
ressentimento.

Mas, há um grupo que está sempre atrás do motorista, sentados em seus bancos, aproveitando
a viagem e sabem que chegaram ao destino final “graças à boa direção do motorista”.

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Podemos chamar este último grupo de “pessoas pilares”. Eles prestam apoio e ajudam
quando necessário, dão sugestões, são pró-ativos, são sinceros. Sua lealdade é revigorante e
cativante. O compromisso com Deus e com o ministério é inspirador. E suas palavras de gratidão
e encorajamento prevalecem sobre as vozes dos demais passageiros. Muitas vezes, por estes
motivos, essas pessoas são chamadas de “puxa-sacos”, “idólatras”, interesseiros. Mas, podemos
considerá-los como os “guerreiros de Davi” (II Samuel 23: 8-39).

Esta metáfora nos faz pensar, em um primeiro momento, no comportamento das pessoas
com relação ao seu líder. Mas, independentemente das ações das pessoas, o líder precisa
aprender a administrar essas situações, mesmo quando confrontado, porque deve prosseguir
guiando rumo ao alvo - Cristo - e ciente da sua missão: conduzir o rio da Adoração.

Um líder terá que conviver com esses quatro tipos de “passageiros” e seu objetivo deve ser
auxiliar todos a se tornarem o mais próximo possível daquilo que caracteriza uma pessoa pilar.
Pois, embora alguns possam ter atitudes e posturas reprováveis, TODOS foram enviados por
Deus para fazerem parte do Ministério de Louvor. O papel do líder é identificar o problema e se
deixar usar por Deus para que haja mudanças.

Os membros de um ministério são também ovelhas do Senhor e muitas vezes este será o
único lugar em que estas terão a oportunidade de ter seu caráter lapidado e sua alma curada.
Assim, o bom líder é aquele que ouve, olha nos olhos, é flexível, sorri, abraça, chora “junto”,
disciplina, cuida, alerta - é aquele que pratica o amor segundo a Palavra de Deus.

3.1.1 As bandas

Em cada Ministério de Louvor há um conjunto de bandas que o compõe. E estas possuem


um líder, que em sua maioria é o vocalista, mas isso não é regra. O líder da banda, em alguns
casos, principalmente quando o número de bandas e membros é grande, torna-se peça-chave
na organização e andamento do Ministério. Pois, ele acaba por ter mais contato com as pessoas
o que permite melhor acompanhá-las.

O líder da banda está submisso ao líder do Ministério e não exerce papel do líder de célula,
salvo em casos que ele lidere uma em que a banda participe. Seu papel é cuidar da sua banda
- estar atento as vidas, cobri-las em oração, organizar ensaios, incentivar o estudo.

Sua missão principal é estar conectado com a liderança do Ministério e trabalhar em conjunto
para que a visão da Igreja se estabeleça e as direções sejam cumpridas dentro da equipe que
ele coordena. Quando há convocações que envolvam o Ministério de Louvor, ou, reuniões do
próprio Ministério ele é quem deve “cobrar” a presença de todos e o primeiro a comparecer.

O líder da banda pode organizar momentos de comunhão e de oração com sua equipe. Mas,
sempre com a ciência do Líder do Ministério. Ele deve estar sempre consultando seu líder sobre
decisões a serem tomadas referentes aos membros, mudanças na organização da banda, entre outros.

3.2. Os Membros do Ministério

Para participar do Ministério de Louvor a pessoa precisa:

- No mínimo um ano de Igreja;

- Ser batizado;

- Frequentar célula;

- Ter conhecimento musical: saber tocar um instrumento, e/ou cantar.

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A seleção dos membros deve ser feita, preferencialmente, por meio de uma audição,
composta pelos pastores da Igreja, o líder do Ministério, ou, quem os pastores designarem.
Nesta os membros entregam uma ficha de inscrição, assinada pelos seus líderes de célula, onde
constam seus dados principais.

Estas são condições que fazem parte da visão da nossa Igreja - batismo, célula, tempo de
conversão. São pré-requisitos essenciais para todo aquele que decide se engajar na obra de Deus.

No Ministério de Louvor há também a necessidade de conhecimento técnico, pois ele não


tem a função de ensinar a tocar ou cantar. O ministério pode auxiliar no aprimoramento. Assim,
mesmo que a pessoa tenha todos os pré-requisitos espirituais, chamado ou amor pela Adoração
e Louvor, ela precisa ter conhecimento musical e técnico.

Carta da Pastora Denise

Mantenha a Paixão viva


O que tenho contra ti é que deixaste o primeiro amor. Apocalipse 2:4

Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha
alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Salmo 42:1-2

Não há como ser um adorador se não houver paixão. Primeiro a paixão pela presença de
Deus, segundo pelo seu chamado e terceiro pelos perdidos. Sem paixão por Deus, não é possível
amar o chamado e consequentemente os perdidos. O chamado exercido desta maneira vira
um voluntariado e uma obrigação.

As intenções dos nossos corações são a garantia de que exercemos o nosso chamado segundo
a vontade de Deus.

Em II Coríntios 9:7 Paulo ressalta: “Cada um dê conforme determinou em seu coração, não
com pesar ou obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria”. O ministro de Louvor é chamado
para dar e servir com alegria e a paixão é o que nos impele a doar-nos sem reservas, que gera
alegria genuína.

Pessoas apaixonadas são exuberantes, dinâmicas, possuem vitalidade, são gratas, otimistas,
alegres, esperançosas. Caminham olhando para Jesus porque compreendem que é por Ele e a
Ele que adoramos. Servem dentro e fora da Igreja.

Elas tem zelo pelas coisas do Senhor (Romanos 12:11).

A vida das pessoas apaixonadas tem mais significado e propósito. A paixão por Cristo faz
com que seus olhos consigam ver além do natural. A paixão auxilia na aceitação da soberania
de Deus em suas vidas, e a reconhecer que foram escolhidos para uma missão.

O amor por Jesus os faz amar o Reino. Tornando-se, assim, pessoas poderosas em Cristo,
porque Ele age poderosamente por meio Delas. Um exemplo é o Apóstolo Pedro, depois de sua
pregação cerca de três mil pessoas aceitaram Jesus como Senhor e Salvador.

O amor verdadeiro e intenso anda de mãos dadas com a paixão, que produz renúncia,
entrega, humildade, abnegação, serviço, altruísmo.

O combustível da paixão deve ser o amor “a Deus, sob todas as coisas”. Se a motivação não
for o amor, a paixão torna-se passageira.

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E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que eu
entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me
aproveitará”(ICoríntios 13:3).

Pessoas apaixonadas amam a obra de Deus nas suas próprias vidas e anseiam para que todos
os perdidos sejam alcançados por Ele. São aqueles que compreenderam que seu chamado
existe para que muitos sejam alcançados e que amar ao próximo é mandamento e deve ser
obedecido (Deuteronômio 11:1).

Mas, nada disso acontece quando não existe paixão, ou, quando ela foi embora.

Aqueles que perderam a paixão se tornaram apáticos, desanimados, críticos, murmuradores


descomprometidos, sem esperança, negativos, perfeccionistas, pessimistas, medrosos. São
pessoas que não tem misericórdia, e, por isso, muitas vezes são arrogantes e orgulhosas,
consequentemente vivem problemas em seus relacionamentos. Servem apenas dentro da
Igreja, e em alguns casos o serviço é encarado como um “peso”.

Mas, o que permite que a paixão se apague?

Feridas não tratadas e curadas. Algumas pessoas chegam em nossas Igrejas provenientes de
outros ministérios de onde saíram feridas, decepcionadas e magoadas. Por mais que “queiram”,
não conseguem fluir estão presas no passado e, por isso, perderam o entusiasmo do primeiro
amor. A falta de perdão mantém os corações endurecidos.

Dificuldade em se submeter a liderança - líder de banda, de ministério, Pastor. Por diversos


fatores a pessoa não consegue receber ordens, sempre se sente afrontada. Faz o que é pedido,
mas seu coração permanece questionando as direções. Existem casos em que a pessoa não
consegue, até mesmo, submeter-se a Deus. Os motivos que levam a uma pessoa a condição de
insubmissão estão diretamente relacionados a não compreensão do que é autoridade segundo
os padrões bíblicos, e, principalmente a ausência de amor, de fé e confiança em Deus.

Existem outros fatores que bloqueiam a paixão e aos quais devemos estar atentos. São eles:
perfeccionismo, falta de perdão, ritualismo, pecado em oculto, amargura, ressentimento, vida
dupla, expectativas e motivações erradas, falta de intimidade com Deus.importante identificar
como tudo começou. E precisa-se estar ciente de que são sentimentos e situações que podem
destruir a vida espiritual.

Um exemplo simples são as expectativas erradas. A pessoa pode estar com “tudo em dia”,
mas cria planos e espera coisas que não tem nada a ver com Deus. A medida que ela alimenta
uma expectativa errada a pessoa entra em uma cadeia de frustração, inveja, ciúme, inferioridade,
insatisfação, comparação. Pois, nada corresponde a “sua imaginação”.

A única maneira de sair destas condições é identificar e assumir que existe um problema.
Procurar ajuda e se submeter as direções que forem dadas. Mas, o mais importante: é preciso
voltar-se para Deus, buscar a face dAquele que é a fonte de todo amor e paixão verdadeiros.
Pedir perdão e clamar por arrependimento.

Pois, por mais que tenhamos sido magoados podemos escolher sair da condição de vítima,
abrir mão de “toda razão” e das nossas verdades, e, assim, mudar o rumo da nossa história.

Pedro era um dos discípulos mais intensos e impulsivos. Era apaixonado por Jesus, afirmava
que jamais O abandonaria. Ele era movido pelo coração, foi o único a ter coragem de colocar os
pés fora do barco, em meio a tempestade, e tentar andar sobre as águas. Mas, apesar de toda
sua paixão, em Mateus 26: 33-35 vemos que ele negou Jesus três vezes. E como consequência
imediata a paixão por Jesus morreu. Contudo, quando o Senhor aparece aos discípulos
ressurreto, Pedro viu ali a chance de começar de novo e pulou na água a despeito de sua
vergonha, de sua frustração, do sentimento de culpa, do desânimo e da falta de esperança.
Jesus então perguntou a Pedro três vezes: Você me ama? E ali, Deus reativou a paixão de Pedro.

Depois desse encontro com Jesus Pedro mudou. E a paixão e a maturidade espiritual
(alcançada depois do tropeço e do arrependimento) o levaram a um nível de Glória muito
maior, com sinais e maravilhas (Atos 2: 37-38)!!!
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Este é o tempo! Tempo de voltarmos em arrependimento e queimarmos de amor por Jesus!

Manter a paixão viva exige de nós um esforço diário. Deus sabe que nossa vontade varia,
por isso precisamos viver a aventura que Deus tem para nós e experimentarmos as riquezas
profundas da vida interior. Precisamos sair das estruturas e viver a aventura do Evangelho!

Passe tempo de qualidade com o Senhor. Dê espaço as experiências espirituais, renuncie toda
sofisticação e vergonha em sua vida. Reveja as suas motivações e expectativas. Seja otimista.
Peça a Deus revelação sobre a “Paixão de Cristo”.

Em II Timóteo 1 o Apóstolo Paulo escreve uma carta a Timóteo, e no versículo seis ele o
exorta: Por esse, motivo eu te exorto a reavivar a chama do teu dom que há em ti. Reacender o
dom - a chama da paixão - é nosso papel! Precisamos fazer isso!

Paulo entendeu o que era o amor e a paixão por Jesus:

Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro! (Filipenses 1:21)

Mais do que isso, compreendo que tudo é uma completa perda, quando comparado
à superioridade do valor do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, por quem decidi
perder todos esses valores, os quais considero como esterco, a fim de ganhar Cristo.
(Filipenses 3:8)

Este deve ser o sentido das nossas vidas. A motivação dos nossos corações.

Deus abençoe,

Pastora Denise Seixas

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Bibliografia

ABDOUNUR, O. J. Matemática e música a partir do Renascimento: de fundamentos aritmético-


numerológicos a princípios físico-experimentais. Revista Brasileira de História da Matemática,
São Paulo, Especial nº 1, p. 369-380, 2007.

CARVALHO, G. de Sacerdotes por excelência. São Paulo: Quadrangular, 2007. 136p.

TERRIN, A. N. Antropologia e horizontes do sagrado. Cultura e religiões. São Paulo: Paulus,


2004.

GRANJA, C. E. S. C. Musicalizando a escola: música, conhecimento e educação. São Paulo:


Escrituras, 2006.

PIERCE, C.; DICKSON, J. O guerreiro de adoração. São Paulo: Willen, 2005. 256p.

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