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Chiavenato, Idalberto
Carreira e competência : você é aquilo que faz! : como planejar e conduzir seu futuro profissional /
Idalberto Chiavenato. – 3. ed. – Barueri, SP : Manole, 2013.
Bibliografia.
ISBN 978-85-204-3802-2
13-00942 CDD-650.14
1ª edição – 2013
Edição digital: junho 2013
Prefácio
1.
A busca de um emprego
O primeiro emprego
A necessidade de um novo e diferente emprego
A autoajuda e o auxílio dos familiares
A organização interna
A operação de marketing
Metodologia de trabalho
Dicas para descobrir o que você gosta de fazer
2.
Os meios para encontrar emprego
Os meios diretos
Os meios indiretos
Como avaliar os meios disponíveis
3.
O planejamento da caçada
4.
Como funciona o mercado de trabalho
5.
A elaboração do currículo
Conteúdo do currículo
Cuidados na elaboração do currículo
Exemplos de currículo
Correspondência
Pontos fortes a valorizar
Atividades voluntárias
Como preparar seu portfólio profissional
Referências pessoais
Como utilizar a internet
6.
Como melhorar sua empregabilidade
Bases da empregabilidade
Como melhorar sua empregabilidade
Você vai dar certo?
7.
A importância da network
8.
Marcando um gol na seleção
9.
Como negociar seu emprego
Bibliografia
Índice remissivo
Prefácio
VOCÊ É AQUILO QUE FAZ. MELHOR DIZENDO: você é aquilo que sabe fazer, a
competência de transformar alguma coisa em algo melhor, em agregar valor ao
que faz. Em resumo, você vale por aquilo que faz. Assim funciona o mercado
de trabalho. Tudo depende de saber construir sua carreira e incrementar sua
competência pessoal.
Fazer a carreira, iniciar-se nela e ser bem-sucedido no presente e no futuro é
um belíssimo desafio a ser enfrentado. Estamos vivendo a Era da Informação
em sua plenitude, em que o impacto do desenvolvimento tecnológico, a intensa
globalização da economia, as profundas transformações nas organizações e os
novos conceitos de trabalho e emprego têm sido a mola mestra das mudanças
que estão varrendo o mundo. Nessa nova era – em que tudo se mostra diferente
a cada instante –, não é mais possível enfrentar a busca por um novo emprego
ou empreendimento com as mesmas armas de antigamente. O mundo mudou.
As ferramentas mudaram. Os desafios aumentaram. É o mesmo que tentar
enfrentar um rali usando um velho e desgastado Fusca para lutar contra
máquinas velozes, turbinadas e poderosas que ralam as estradas ou que voam
pelos céus. Ou, ainda, chegar preparado para realizar uma prova de datilografia
enquanto os candidatos concorrentes estão preparados para trabalhar com
sofisticados softwares de última geração. Não é mais por aí! O mundo mudou
bastante e urge que nos preparemos adequadamente para ocupar o nosso lugar e
garantir nossa posição profissional em condições realmente competitivas diante
da concorrência, que se torna maior e mais intensa a cada dia que passa. As
armas que devemos usar precisam ser modernas e poderosas para podermos ser
bem-sucedidos em nossa disputa por um lugar ao sol dentro das empresas.
Procurar um emprego ou iniciar um novo empreendimento exige hoje boa dose
de planejamento e, sobretudo, de racionalidade. Planejamento significa pensar
detalhadamente antes de fazer alguma coisa, bolar antecipadamente o que deve
ser feito para poder fazê-lo bem logo na primeira vez e com sucesso.
Racionalidade significa a adequação dos meios aos fins visados. Saber aonde se
quer chegar e orientar a bússola naquele sentido para não errar a direção nem se
perder pelos meandros ou encruzilhadas que surgem pelo caminho.
Em primeiro lugar, a oferta de emprego já não é mais tão intensa como
ocorria antigamente. Com o desenvolvimento de novas tecnologias, melhor
treinamento e capacitação dos funcionários e com métodos e processos mais
eficientes em função da reengenharia e do downsizing, a produtividade das
empresas está se elevando gradativamente e permitindo uma produção cada vez
maior com menores recursos, ou seja, fazendo cada vez mais com cada vez
menos. Leia-se: com menor número de pessoas. Essa tendência levou muita
gente boa a ficar sentada no banco de reservas à espera de alguma possibilidade
de emprego que nem sempre chega. Em resumo, a oferta de emprego está
escasseando gradativamente graças à intensificação tecnológica nos setores
industrial, bancário, agrícola, de serviços, entretenimento, entre outros.
Em segundo lugar, está havendo uma profunda mudança no perfil do
trabalho e do emprego, com a adoção de horários flexíveis, tempo parcial,
trabalho em casa, escritórios virtuais, terceirização, alianças estratégicas, redes
sociais, parcerias e outras inovações que tornam o emprego cada vez mais
efêmero. O conceito tradicional de emprego vem desde a Revolução Industrial
e é característico da Era Industrial, que veio logo a seguir. O emprego
definitivo, que era ocupado durante décadas, com horário integral de trabalho
dentro de uma única e exclusiva empresa até a chegada da aposentadoria, está
simplesmente desaparecendo. Está se tornando cada vez mais raro. O emprego
duradouro ou vitalício talvez vá logo para o museu das antiguidades. No fundo,
está havendo uma profunda mudança no conceito de empregabilidade e de
empreendedorismo. Isso não vai desaparecer completamente, mas tende a ser
cada vez mais diferente daquilo que é hoje.
Em terceiro lugar, porque os trabalhos e empregos atualmente disponíveis
estão exigindo das pessoas um crescente grau de escolaridade e conhecimentos
e um cabedal de novas e diferentes habilidades e competências em virtude do
uso intensivo da tecnologia e, sobretudo, da informatização dos processos
empresariais. As empresas estão exigindo um novo perfil de colaborador,
privilegiando fortemente aspectos como maior capacitação e atualização
profissional, competências estratégicas, responsabilidade e autonomia, fazendo
do espírito empreendedor e do trabalho em equipe as principais características
da atividade cada vez mais intelectual de seus funcionários.
Em quarto lugar, porque a procura de emprego está gerando uma forte
concorrência entre os candidatos, que precisam oferecer melhores habilidades e
maiores conhecimentos pessoais para poder disputar e conquistar as posições
existentes. Essa competição exige forçosamente uma cuidadosa estratégia para
alcançar sucesso na empreitada, principalmente quando as oportunidades
escasseiam e a concorrência aumenta.
É exatamente isso que pretendemos mostrar ao leitor neste livro. Como
planejar, organizar e dirigir um esquema integrado de ações e providências que
permita atingir as condições adequadas para identificar, competir e conquistar
uma excelente posição no mercado. Daremos a isso o nome de estratégia: os
meios pelos quais pretendemos alcançar eficazmente um determinado objetivo.
O objetivo é a conquista de uma excelente posição no mercado de trabalho. A
estratégia é o melhor caminho para chegar lá. E com pleno sucesso. Por
enquanto, desejamos uma feliz caminhada e ótimos resultados ao final. E que
este livro seja bastante útil para o seu sucesso profissional.
IDALBERTO CHIAVENATO
INFO@MANOLE.COM.BR
CAPÍTULO 1
a busca de um emprego
OS MEIOS DIRETOS
Você pode entrar diretamente em contato com as empresas para garimpar
oportunidades de emprego. Os meios diretos referem-se aos diversos tipos de
contato que você realiza com várias empresas para efetuar transações de
emprego.
Independentemente do fato de estar ou não desempregado, você pode pegar
seu carro ou o metrô e visitar cada empresa para a qual tenha interesse de
trabalhar, apresentar-se e deixar seu cartão de visita ou currículo para uma
eventual oportunidade futura. Em determinado momento, pode surgir uma vaga
em alguma delas. Você pode telefonar para amigos e solicitar ajuda ou entrar
em contato com várias empresas ao mesmo tempo, enviando seu currículo por
e-mail ou pelo correio. Todas as alternativas são perfeitamente válidas e você
deve utilizá-las intensivamente.
Os principais meios diretos são:
Não resta dúvida de que os meios diretos dão um trabalho danado. Ir atrás de
oportunidades que você não sabe exatamente onde estão exige muita devoção,
perseverança e paciência. E pode levar muito tempo. O problema é que o
mercado de trabalho é amplo demais. Muitas vezes se assemelha a procurar
uma agulha em um palheiro. Assim, além dos meios diretos, você precisa
também utilizar meios indiretos para obter um emprego.
OS MEIOS INDIRETOS
A outra alternativa é entrar em contato com os chamados agentes de mercado,
que são firmas ou organizações que se incumbem de intermediar o seu contato
com as empresas. Os meios indiretos podem ser feitos por intermédio de uma
variedade de empresas de consultoria em recursos humanos, com diferentes
especialidades e cujas atividades podem ser extremamente úteis nos serviços de
recrutamento e seleção para outras empresas. Os meios indiretos são
proporcionados por organizações especializadas em procurar, selecionar,
avaliar e encaminhar candidatos a empresas que não executam a tarefa
completa. Os principais meios indiretos são:
Como a pesquisa acima foi feita há algum tempo e em outro país, seus
resultados podem estar desatualizados. A lição que deve ficar é aprender a lidar
com várias alternativas simultaneamente para encontrar um emprego.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOLLES, Richard N. As 5 melhores maneiras de se conseguir um emprego. Rio de Janeiro: Sextante,
2004.
CAPÍTULO 3
o planejamento da caçada
Ao lado dos pontos fortes que o ajudarão no processo seletivo, você deve
conhecer também o seu lado frágil, isto é, os seus pontos fracos e negativos que
provavelmente irão fazê-lo perder pontos no processo seletivo. As perguntas
básicas são as seguintes:
QUAIS SÃO OS MEUS PRINCIPAIS PONTOS FRACOS que devo corrigir ou
neutralizar?
QUAIS SÃO AS MINHAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS NEGATIVAS como
pessoa?
QUAIS SÃO MINHAS PRINCIPAIS CARÊNCIAS COMO PROFISSIONAL?
O QUE EU NÃO SEI FAZER E como posso superar essa deficiência?
EM QUE CONDIÇÕES E SITUAÇÕES EU TRABALHO pior?
QUAIS SÃO OS MEUS ASPECTOS-ÂNCORA NEGATIVOS? OU seja, quais os
aspectos desfavoráveis que mais chamam a atenção sobre a minha pessoa?
QUAIS OS ASPECTOS NEGATIVOS DE MINHA FORMAÇÃO intelectual?
QUAIS OS ASPECTOS NEGATIVOS DE MINHA EXPERIÊNCIA profissional?
QUAIS SÃO AS MINHAS FRAGILIDADES QUE DEVO corrigir?
A ideia básica é que você melhore os seus pontos fortes e saiba apresentá-los
de maneira mais incisiva no seu currículo e nos contatos e entrevistas com as
empresas. É o seu lado positivo que deve ser realçado e valorizado. Contudo,
você também precisa saber quais são os seus pontos fracos para que possa
corrigi-los, melhorá-los ou, se isso for impossível, pelo menos evitar a sua
exposição ou manifestação aberta. É o seu lado negativo que precisa ser
melhorado ou corrigido. Enquanto o seu lado positivo rende pontos, o seu lado
negativo tira pontos na sua avaliação em comparação a outros candidatos.
Conhecido o seu produto/serviço em profundidade, a etapa seguinte é tentar
melhorar o quadro geral e proporcionar uma embalagem mais atraente e
adequada. A embalagem representa a maneira como você se veste e se
apresenta, o modo como você se comporta, conversa, senta, anda, gesticula,
entre outros aspectos. A embalagem precisa ser caprichada, mas de maneira
sóbria e simples. O exagero ou a extrema sofisticação na sua apresentação
pessoal também pode fazê-lo perder pontos. A impressão kitsch não ajuda em
nada. Prefira a simplicidade e a elegância.
REALCE SEUS PONTOS FORTES E MELHORE SEUS PONTOS FRACOS
A procura por um emprego é uma disputa na qual concorrem vários candidatos
rivais, cada qual tentando apresentar seu produto/serviço da melhor forma aos
olhos da empresa e querendo levar o prêmio da escolha. O segredo é conhecer e
realçar seus pontos fortes e saber compatibilizá-los com as necessidades e os
requisitos da empresa escolhida. O merchandising é fundamental nesse sentido.
O importante é que você demonstre e faça a empresa perceber como ela poderia
utilizar o seu talento para resolver os eventuais problemas existentes e ser bem-
sucedida nos negócios. E cabe a você saber demonstrar isso com toda a clareza.
Você é o vendedor do seu produto/serviço. Mostre como ele funciona. Realce
seus pontos fortes e suas vantagens competitivas. Demonstre quais resultados
você poderia oferecer à empresa e como poderia contribuir para o sucesso do
negócio.
ANALISE O MERCADO DE TRABALHO
Você precisa analisar o mercado para orientar seus esforços e aumentar suas
probabilidades de sucesso. Onde você pretende colocar o seu produto/serviço?
Quem é o seu cliente? Para quem você trabalha ou poderia trabalhar? O que é
de valor para o cliente? O que é importante e relevante para ele? Como
satisfazer as necessidades e os requisitos do cliente? Qual é o tipo de empresa
mais adequada para as suas qualificações e experiências profissionais? Trata-se
de uma empresa grande, média ou pequena? É uma empresa multinacional ou
familiar? Indústria, comércio ou setor de serviços? Essas são as indagações
preliminares necessárias para que você focalize e analise o seu mercado.
Procure vender o seu produto/serviço a quem realmente precisa ou faça melhor
proveito dele. Saiba casar a oferta com a procura. Identifique claramente o tipo
de empresa que pareça o mais adequado para você vender o seu peixe.
VERIFIQUE QUAIS AS NECESSIDADES DO MERCADO
Muita coisa tem sido escrita e falada a respeito das condições organizacionais e
sociais que as empresas precisam desenvolver para serem bem-sucedidas. Você
precisa conhecer quais são os requisitos que as empresas estão buscando nos
seus funcionários para poder oferecê-los mais enfaticamente ou, então, adequar
o seu talento às reais necessidades das empresas.
As empresas estão adotando novas posturas e características para sobreviver
em um ambiente altamente competitivo e mutável. Grandes transformações têm
ocorrido na estrutura e na cultura organizacional das empresas, que passaram a
utilizar novos formatos estruturais e partir para novos tipos de comportamento.
A estrutura burocrática e piramidal – antes rígida, centralizadora e
conservadora – está cedendo lugar a redes internas de equipes multifuncionais
de trabalho (agora flexíveis, descentralizadas, ágeis e mutáveis) para privilegiar
mudanças e inovações nas empresas. No aspecto estrutural, as empresas
tornaram-se mais enxutas, simples, dotadas de menos níveis hierárquicos e
focadas nos aspectos essenciais do seu negócio. Para trabalhar nessas empresas,
o ideal é possuir habilidades em relacionamento humano, saber trabalhar em
equipe, ter senso crítico apurado e criatividade, ser inovador, demonstrar
facilidade em focar metas e resultados a alcançar e possuir espírito
empreendedor e muito conhecimento. Você será avaliado em relação a essas
novas exigências.
A reengenharia, o downsizing e os programas de racionalização, de
qualidade total e de desenvolvimento organizacional modificaram totalmente o
organograma das empresas, que hoje parece ser uma ferramenta administrativa
em processo de extinção. A cultura corporativa severa, rígida, autocrática,
fechada, impositiva, vigilante, fiscalizadora e voltada para meios e
comportamentos intermediários – com base na chamada Teoria X – está
cedendo lugar a uma nova cultura democrática, aberta, consultiva, liberal,
flexível e participativa – com base na chamada Teoria Y – para privilegiar a
participação integral das pessoas, o consenso, o comprometimento em
transformar simples empregados com carteira registrada em verdadeiros
parceiros de negócios da empresa.
Existem organizações voltadas para o passado, que teimam em manter
esquemas retrógrados, arcaicos, que não funcionam mais nos dias de hoje. Por
outro lado, existem também as empresas orientadas para o futuro e que adotam
uma estrutura e uma cultura organizacional democrática e participativa. Veja se
você está preparado para trabalhar em empresas voltadas para o passado ou se
prefere dedicar-se àquelas orientadas para o futuro. Isso é importante porque se
você pincelar fortemente as suas características pessoais com nuanças do
passado e se apresentar a uma empresa inovadora, ela certamente irá rejeitá-lo
por inadequação à sua cultura flexível, democrática e participativa. O contrário
também pode acontecer: se você privilegiar traços de participação e espírito
empreendedor em sua conduta e se apresentar a uma empresa orientada para o
passado, você será visto como um perigo para a conservação e preservação da
cultura autocrática nela existente.
Peters e Waterman fizeram uma análise de companhias americanas cujo
desempenho é considerado excelente. Essas organizações são assim
consideradas porque seus valores e sua cultura corporativa baseiam-se em oito
características:
Fonte: Peters, Waterman (1982).
No entanto, lembre-se que essas são somente as carreiras que mais crescem.
Há empregos em todas as áreas de especialidade. Para encontrá-los, você vai
depender da sua formação, garra e habilidade de caça ao emprego.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
HOTTEST INDUSTRIES and occupations for the millennium. Career Management, out./2001.
Disponível em: www.careermag.com.
PETERS, Thomas J.; WATERMAN JUNIOR, Robert H. Search of excellence: lessons from America’s
best-run companies. Nova York: Harper and Row, 1982.
1. Processo para comparação de indicadores de desempenho de outras empresas para proporcionar uma
perspectiva do seu atual desempenho e ajudar a iniciar um processo de melhoria. Não se trata apenas de
copiar, mas de ultrapassar o desempenho das empresas que servem como referência.
CAPÍTULO 4
como funciona o mercado de trabalho
Globalização
A globalização está derrubando fronteiras e intensificando o caminho para a
internacionalização dos negócios. Bandeiras e idiomas à parte, o mercado será
cada vez mais o mundo inteiro e os clientes serão todos os povos. Algumas
empresas – como McDonald’s, Coca-Cola, Asea Brown Boveri e Nestlé – já
estão se antecipando ao futuro e abrindo empresas e filiais ou fábricas em quase
todos os países do mundo. São organizações mundiais e sem nacionalidade
definida. O conhecimento de idiomas e das diversas culturas será indispensável
nesse cenário, pois o executivo do futuro será, acima de tudo, um cidadão do
mundo a serviço de sua empresa e da sua pátria.
A globalização faz com que qualquer atividade possa ser exercida em
qualquer lugar do planeta. A experiência do carro mundial – cujos componentes
são fabricados em vários países – tenderá a se incorporar a vários produtos
complexos. A escolha da localização de fábricas dependerá cada vez mais da
estratégia global de negócios e cada vez menos dos tradicionais recursos locais
ou regionais. O trabalho poderá ser realizado em qualquer lugar do mundo para
qualquer lugar do mundo.
Tecnologia
O mundo empresarial assume diferentes formas e características com a adoção
de novas tecnologias. A tecnologia pode ser definida como o conjunto de
técnicas e processos usados para gerar bens e serviços, para armazenar,
organizar e analisar informações, para intercambiar conhecimento e criar novos
modelos de negócio. Existem dois tipos de tecnologia: a não incorporada e a
incorporada. A primeira é constituída pelos conhecimentos científicos ou
empíricos (o chamado know-how) e está na cabeça das pessoas ou nos manuais
das empresas. A segunda está agregada às invenções e aos produtos decorrentes
da aplicação prática da primeira (como máquinas, equipamentos, métodos e
processos criados em função dos conhecimentos científicos). De outro ângulo,
a tecnologia pode ser classificada em sistemas físicos e concretos (hardware),
compostos de máquinas, equipamentos, instalações, etc., e os chamados
sistemas conceituais e abstratos (software), compostos de conhecimentos,
programas, processos, políticas, entre outros. Os sistemas físicos são artefatos,
enquanto os sistemas conceituais são conhecimentos. E, na realidade, são os
conhecimentos que criam os artefatos. Qualquer que seja o tipo de tecnologia, o
fato mais marcante e visível neste início de século é o seu intenso
desenvolvimento.
A tecnologia está moldando as futuras empresas e as profissões do futuro.
Praticamente tudo deverá ser substituído pela máquina ou influenciado pela
tecnologia. Com base no microprocessador, cuja potência vem crescendo
intensamente, a tecnologia da informação determinará cada vez mais a
distribuição de oportunidades no novo século e terá um forte impacto nos
empregos. Além disso, provocará uma nova forma de interação de pessoas e
definirá o que será o novo tipo de trabalho. O núcleo disso tudo é a facilidade e
a rapidez com que grandes volumes de informação chegam em tempo real às
pessoas a custos cada vez menores. Daí a globalização dos negócios e a
internacionalização das empresas como decorrências inevitáveis.
A tecnologia já está sendo distribuída entre um número muito maior de
pessoas em vez de concentrar-se exclusivamente em uma pequena elite de
executivos. Essa democratização do poder tecnológico está influenciando toda
a escala social das profissões. As operações manuais e mecânicas e as funções
repetitivas que não exigem raciocínio estão sendo totalmente substituídas pela
tecnologia. Os robôs e as máquinas automatizadas tomarão o lugar de muitos
cargos e funções que impliquem trabalho hostil e pesado. Os bancos estão
investindo fortemente na total informatização de suas agências e no
atendimento eletrônico aos clientes. As empresas virtuais estão em ascensão.
As indústrias estão investindo na total automação de seus processos de
produção e de seus projetos de produtos/serviços. A principal consequência
dessa transformação é que as pessoas não são mais um simples apêndice da
máquina. Pelo contrário, a tecnologia está se tornando a ferramenta
indispensável para o homem trabalhar melhor. O conhecimento da tecnologia
será fundamental à liberação do homem para atividades mais sofisticadas e
intelectuais. A tecnologia está sendo não somente a ferramenta básica para o
homem trabalhar, mas também a ferramenta básica com a qual ele aprende nas
escolas e universidades ou fora delas. Em um futuro não muito remoto, o
mundo da alta tecnologia será certamente bem diferente do mundo atual. Já dá
para sentir e perceber como ele será.
Informação
A tecnologia permite espetaculares avanços na comunicação, o que provoca um
impacto direto no ambiente de trabalho. A velocidade da transmissão da
informação permite que uma boa parte ou, até mesmo, a maior parte do
trabalho seja feita em qualquer lugar ou em casa, e não mais necessariamente
no escritório da empresa em horário previamente definido. A mobilidade está
se tornando a característica principal do trabalho humano. Isso valorizará o
profissional capaz de produzir resultados por meio de sua própria atuação e sem
depender da infraestrutura do escritório para trabalhar ou funcionar. A
terceirização (outsourcing) é um caminho sem volta, que aumenta a encomenda
de serviços em detrimento da contratação de pessoas. Cada vez mais, um maior
número de pessoas está trabalhando por conta própria, abrindo seus próprios
negócios e cuidando de suas atividades profissionais. O funcionário do futuro
será polivalente, multifuncional, internacional e poliglota e enfatizará a sua
capacidade de continuar aprendendo muito mais do que a de preservar
especializações já conquistadas. O conceito de emprego será substituído pelo
conceito de trabalho em equipe por meio de tarefas, projetos, missões a
executar e atividades a desempenhar. O efêmero e provisório substituirá o
definitivo e permanente. A tecnologia da informação fará o mundo cada vez
menor, pois de praticamente qualquer local já é possível acessar rapidamente
qualquer tipo de informação e aplicá-la construtivamente em um negócio. Por
causa da tecnologia da informação, comprar produtos, transportá-los, estocá-
los, vendê-los e perceber a reação do cliente quase instantaneamente serão
coisas plenamente possíveis.
Graças à tecnologia da informação, já é possível a existência da empresa
virtual, do escritório virtual, do shopping center virtual, do dinheiro virtual e do
banco virtual, nos quais os contatos pessoais são substituídos pelos contatos via
internet para o desenvolvimento de negócios, transações ou compras. As
pessoas já não precisam mais sair de casa para trabalhar, negociar, pesquisar,
comprar, aprender ou fazer cursos, pois essas tarefas podem ser feitas por
intermédio dos computadores. O trabalho pode ser realizado em qualquer
tempo ou horário, sem necessidade da presença física do trabalhador na
empresa; é o trabalho remoto ou virtual, o chamado home office. Dentro das
empresas, a intranet se incumbe de acelerar aquilo que a reengenharia e o
downsizing apenas começaram a fazer: uma total desmontagem da velha
estrutura empresarial e uma forte simplificação no funcionamento e na
dinâmica das grandes empresas. Elas se tornarão cada vez mais organizações
sem fronteiras e passarão a ser formatadas por redes de equipes, interligadas
por redes virtuais de informação, para funcionar como verdadeiras redes de
negócios.
O futuro pertence à tecnologia da informação e a empresa ou país que não
puder ou não souber usá-la estará definitivamente fora do páreo nesse
supercompetitivo cenário. E isso inclui as pessoas – as já empregadas ou
aquelas que estão em busca de um emprego.
Serviços
Uma das tendências do mercado indica que a maior parte dos negócios, tanto
nos países industrializados quanto naqueles em desenvolvimento, está sendo
conduzida pelas médias e pequenas empresas, que continuarão sendo
beneficiadas pelo enxugamento das grandes companhias. Está havendo também
uma forte migração da oferta de empregos da área industrial para a área de
serviços e para o terceiro setor. Isso significa que os empregos estão sumindo
das empresas industriais e aparecendo nas empresas de serviços e nas
organizações não governamentais de serviço voluntário, as chamadas ONG. O
que está por trás disso tudo é uma mistura de forte racionalização e automação
dos processos industriais com uma acentuada expansão de mercados de
serviços e de atividades de associações voluntárias.
O setor de serviços deverá ser o maior polarizador de empregos, enquanto a
indústria marchará para o aumento da produtividade, fazendo cada vez mais
com cada vez menos pessoas. É claro que as indústrias não vão desaparecer,
tampouco os empregos no setor industrial, mas não se pode negar que o fato de
a indústria estar adotando intensamente a informatização, automação,
robotização e substituição do trabalho humano pela atividade da máquina
causou uma enorme redução de empregos no setor industrial, que não será
compensado por igual aumento no setor de serviços. Embora o aumento de
emprego nesse setor não seja tão significativo quanto a redução no setor
industrial, quem tem os olhos pregados no futuro não pode deixar de perceber
que o maior número de empregos estará cada vez mais no setor de serviços e
que a expansão dos negócios será muito maior nessa área. Hoje, o serviço já é
mais importante do que o produto. É a qualidade dos serviços que faz a
diferença entre o êxito e o fracasso de uma organização. Para conquistar,
manter e aumentar seus clientes em um mercado de competição cada vez mais
intenso e implacável, as empresas terão de oferecer ao cliente um serviço de
primeira qualidade – rápido, eficiente, cortês, completo, competente, criativo,
audacioso, individualizado. Em toda empresa ou atividade, mais importante do
que o produto deverá ser o serviço prestado que o acompanha. O foco no
cliente – interno ou externo – é a razão disso tudo. E a parcela de impacto dos
serviços é tão grande que está mudando fortemente o mercado de trabalho,
criando a necessidade de que os funcionários sejam altamente motivados,
capacitados, talentosos, capazes de tomar decisões sem consultar suas chefias e
entusiasmados em envolver-se com as necessidades do cliente. Para quê? Para
ultrapassar as expectativas do cliente e, sobretudo, encantá-lo e cativá-lo,
aumentando sua fidelidade. É muito mais barato para a empresa manter e reter
seus clientes atuais do que conquistar novos.
Assim, por causa da automação gradativa dos setores industrial, agrícola e
de serviços, é certo que o nível de desemprego esteja em crescimento. Além
disso, a maior polarização entre países ricos (cuja velocidade de mudança e
desenvolvimento é extremamente mais rápida) e países pobres (estagnados em
razão da miséria e da falta de recursos) será inevitável, assim como o aumento
de problemas decorrentes de violência, distúrbios sociais, crimes, miséria, entre
outros, cujos índices já são altamente preocupantes.
Conhecimento
Hoje, o principal recurso econômico é o conhecimento. O grupo social mais
importante é e continuará sendo aquele formado pelos trabalhadores do
conhecimento, que não são necessariamente aqueles que operam um
computador ou algum equipamento sofisticado, mas aqueles que sabem
transformar os dados processados em benefício para o cliente ou para a
sociedade. Sobretudo, são os trabalhadores que conhecem e sabem operar
alguma forma de tecnologia. E a tecnologia será apenas uma ferramenta à
disposição do homem, e não mais o elemento condicionador da atividade
humana; trata-se da tecnologia como apêndice do homem, e não mais o homem
como apêndice da máquina, fenômeno que caracterizou boa parte do século
passado.
O conhecimento é o principal instrumento de ascensão profissional.
Melhores oportunidades, remuneração maior, cargos mais elevados e maiores
chances de crescimento profissional estão nessa trilha. Cada pessoa vale pelo
seu conhecimento. Adquirir constantemente novos conhecimentos e atualizar
os já adquiridos é fundamental para preservar o sucesso profissional.
Desenvolver capacidades multilinguísticas, multifuncionais e multiculturais
para o mercado de trabalho do futuro será vital para manter um emprego em um
mundo globalizado, dinâmico e competitivo.
Os operários contratados somente para apertar parafusos representam
atualmente, nos Estados Unidos, menos de 15% da força de trabalho; em 1960,
eram 25%. Esse percentual deverá ser reduzido a menos de 5% nas próximas
décadas, a exemplo do que aconteceu com os trabalhadores rurais desde a
Revolução Industrial, que foram substituídos por máquinas que executam as
tarefas pesadas com maior rapidez e eficiência. O trabalho humano (seja no
elevador, na telefonia, nos bancos, na agricultura, etc.) está sendo cada vez
mais substituído por alguma forma de tecnologia mais eficiente e mais barata.
Contudo, o conhecimento – embora não seja um medicamento ou um
produto fotográfico – tem um prazo de validade cada vez menor. Novidades
constantes estão transformando o conhecimento atual em algo rapidamente
ultrapassado e obsoleto. Isso significa que reciclagem e atualização do
conhecimento estão se tornando imprescindíveis para quem deseja estar em dia
com as necessidades de seu trabalho. De um lado, estudar, estudar e estudar. De
outro, aprender, aprender e aprender. Trata-se de investir profundamente no
conhecimento e em sua constante atualização.
O aprendizado é uma tarefa sem a qual o ser humano não conseguirá evoluir.
A valorização do saber exige enormes investimentos na área de educação e uma
das saídas apontadas para baratear os custos é a transmissão de programas de
educação básica via mídia eletrônica. Em outros termos, a escola virtual por
meio da multimídia será o negócio do futuro. E as empresas estão mergulhando
na universidade virtual corporativa para se transformarem em verdadeiras
organizações de aprendizagem por meio da gestão do conhecimento. O capital
intelectual está em alta e já está valendo muito mais do que o capital contábil e
financeiro das empresas. A velha contabilidade está agora às voltas com os
ativos intangíveis, aqueles que são invisíveis e difíceis de mensurar.
Administrar o conhecimento e, principalmente, transformar esse conhecimento
em resultado, em novos produtos e serviços, novos processos, novos negócios
e, enfim, em inovação é hoje o principal desafio das empresas modernas.
Outro aspecto importante é repensar o que se está fazendo para assegurar um
lugar ao sol no futuro. As mudanças que estão determinando como será o
mercado de trabalho neste século já estão afetando as pessoas que estão
trabalhando. É bem possível que muitos cargos, profissões ou até mesmo
empresas tornem-se rapidamente obsoletos nos próximos anos e simplesmente
desapareçam. Você pode entrar pela porta errada. Continuar surfando na crista
da onda está exigindo um enorme jogo de cintura.
Graças a essas cinco variáveis fundamentais – globalização, tecnologia,
informação, serviços e conhecimento –, o mercado de trabalho está passando
por uma nova e diferente configuração, que continua mudando a cada instante.
O desenho que já se tem desse mercado mostra que profissões, carreiras, cargos
ou funções capazes de oferecer maiores oportunidades exigem a presença
dessas cinco variáveis fundamentais.
Há também a possibilidade de não se trabalhar dentro de nenhuma
organização. Está aumentando de forma intensa o número de atividades que são
realizadas fora das empresas. É o trabalho em qualquer lugar e em qualquer
horário, o trabalho independente de local e de tempo. Também está crescendo a
terceirização. As empresas estão cada vez mais encomendando serviços
externos em vez de contratar pessoas. Esses aspectos mostram que o conceito
de emprego está sendo substituído pelo conceito de tarefas, projetos, missões a
cumprir e atividades a desempenhar. A tendência é que as pessoas cada vez
mais trabalhem por conta própria, abrindo seus próprios negócios e
desenvolvendo suas atividades. Alianças estratégicas e parcerias acontecem a
cada instante. O executivo precisa ser polivalente e cuidar da sua capacidade de
aprender continuamente muito mais do que preservar antigas especializações. O
trabalho em equipe está sendo intensamente incrementado, pois nada mais é
feito por uma única pessoa. Em vez da soma dos trabalhos individuais isolados
e separados, as empresas estão obtendo multiplicação dos esforços das pessoas
por meio do trabalho social e conjunto. Trabalhar em equipe está se tornando
uma necessidade imperativa dentro das empresas. Saber trabalhar com outras
pessoas e com espírito de equipe, desenvolver habilidades de relacionamento
interpessoal, saber se comunicar, negociar, ouvir e entender as pessoas são
aspectos importantes que as empresas estão buscando nos seus funcionários e
nos candidatos a futuras posições. Pense nisso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASE, Thomas A. Como conquistar um ótimo emprego e dar um salto importante em sua carreira
profissional. São Paulo: Makron Books, 1989.
CAPÍTULO 5
a elaboração do currículo
CONTEÚDO DO CURRÍCULO
O currículo de vida (CV) representa o relatório geral a respeito das
qualificações, experiências, conhecimentos, habilidades e competências
oferecidas pelo candidato ao emprego. O CV corresponde a um portfólio de
qualidades e competências da pessoa. Ele é geralmente apresentado em várias
seções:
Nessas seções, cuja ordem pode ser alterada livremente (com exceção dos
dados pessoais, que devem sempre vir primeiro), parte-se do momento atual
para o passado, ou seja, inicia-se pelo último curso feito e pela última empresa
para a qual se trabalhou e, depois, passa-se aos cursos e empresas anteriores.
Em outras palavras, as experiências mais recentes devem vir antes das mais
antigas. O CV deve necessariamente demonstrar a evolução da formação
profissional ao longo do tempo e a trajetória de carreira alcançada nas empresas
para retratar o crescimento profissional do candidato. Não há necessidade de
incluir números de documentos pessoais nem referências bancárias no
currículo. Algumas referências pessoais são interessantes quando o cargo
envolve grandes responsabilidades. A característica fundamental do CV é a
simplicidade; por essa razão, deve ser redigido de forma objetiva, concisa e
sintética. Na prática, deve ser reduzido ao indispensável, com poucas folhas – o
ideal é uma ou duas folhas, no máximo –, para não se tornar cansativo e chato,
mas, ao mesmo tempo, ser abrangente o suficiente para dar uma ideia integrada
do candidato, de suas competências, formação escolar, experiência profissional
e potencialidades futuras.
CUIDADOS NA ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO
O CV representa a ponta-de-lança na conquista de um emprego. É a arma mais
importante para você conseguir uma entrevista inicial. Na prática, o CV tem
quatro funções básicas:
BASES DA EMPREGABILIDADE
Conquistar e manter o terreno profissional não é fácil. Requer flexibilidade e
jogo de cintura. Exige alguns malabarismos profissionais para não deixar a
peteca cair. As bases da empregabilidade repousam sobre algumas
competências que você precisa incorporar ao seu comportamento profissional e
cotidiano. Elas são sempre necessárias, embora diferentes empresas possam
requerer doses maiores ou menores delas.
Aprender a aprender
O primeiro malabarismo é começar a aprender mais, melhor e cada vez mais
rapidamente. Aprender significa modificar o comportamento pela incorporação
de novos conhecimentos, atitudes, habilidades e competências. Isso ocorre na
seguinte ordem: primeiro conhecer, depois mudar atitudes, adquirir habilidades
e desenvolver competências. O conhecimento vem primeiro, por meio de
leitura – muita leitura –, conversas, reuniões com pessoas e amigos, discussão
de conceitos, troca de ideias, aulas, seminários, participação em equipes, entre
outros. Sobretudo, aprender significa estudar. Muito e sempre. Não se contentar
apenas com aquele curso de graduação, mas prosseguir nos estudos, ou seja,
nunca estar satisfeito com o nível educacional alcançado. No mundo atual,
parar significa caminhar para trás. Feita a graduação, pense na pós-graduação.
Adquira o hábito de sempre carregar um livro, seja no metrô, no ônibus, no
trem ou na praia. Ocupe todo e qualquer tempo vago em alguma leitura
interessante para a sua carreira. É preciso investir fundo em conhecimento, pois
esse é o seu capital intelectual, o qual lhe proporcionará retornos
indefinidamente. Lembre-se que o seu valor no mercado depende diretamente
dele. O conhecimento reforça e melhora suas atitudes, ou seja, a sua maneira de
se comportar perante situações novas e diferentes. O conhecimento lhe permite
ampliar suas alternativas de decisão e de ação.
Habilidade é a maneira como você utiliza e aplica o seu conhecimento,
transformando-o em ação, solução e inovação. Enquanto o conhecimento está
dentro de sua cabeça, sua habilidade está em suas mãos ou em sua maneira de
trabalhar. O conhecimento é seu potencial, enquanto a habilidade é a realização
concreta desse potencial. Ou seja, o conhecimento serve de base para suas
habilidades pessoais.
Atitude significa a maneira como você encara o mundo ao seu redor, como
se comporta diante dos outros e enfrenta a realidade que o cerca.
Quando você possui um conjunto integrado de conhecimentos, habilidades e
atitudes, passa a ter competência. Competência representa tudo aquilo que você
consegue realizar mesmo em condições inadequadas ou negativas. É essa
característica que vai diferenciá-lo das demais pessoas ao seu redor. No fundo,
competência é um pacote inteiro de muitos conhecimentos e habilidades que
lhe permitem cumprir metas e alcançar resultados e objetivos por meio de sua
atitude. Não se esqueça de que boa parte das empresas está falando agora em
gestão de competências como um novo modelo para a gestão de funcionários.
Ser responsável
O próximo malabarismo é ser responsável, assumir compromissos com a
empresa ou com o cliente e responder por eles, mesmo que você não tenha
suficientes recursos pessoais para chegar lá. O bom funcionário não é mais
aquele que cumpre ordens e leva a efeito a sua rotina cotidiana exatamente da
maneira como aprendeu, mas aquele que mira o futuro. Hoje, o bom
funcionário não é o que aponta inteligentemente o problema, mas o que traz a
solução. Não é mais o que executa perfeitamente a rotina burocrática, mas o
que satisfaz a necessidade do cliente e ultrapassa suas expectativas. Não faça
parte do problema, faça parte da solução.
Ser leal e confiável
Outro malabarismo essencial para quem deseja ser bem-sucedido
profissionalmente é ser leal à empresa. Isso não significa somente vestir a
camisa, mas também aportar valor ao negócio, trazer contribuições efetivas
para a empresa e torná-la mais criativa e valiosa a cada momento que passa. É
aí que está o tesouro. Lealdade não é sinônimo de obediência cega, mas de
cooperação e colaboração. Lealdade significa ganhar confiabilidade. A empresa
precisa confiar em você para mantê-lo ativamente em seus quadros e necessitar
de sua presença para alcançar alvos e objetivos mais importantes.
O algo mais
As competências duráveis são indispensáveis, pois, como as empresas são
formadas por pessoas, é necessário dispor de gente que tenha sensibilidade para
o lado humano, tenha capacidade de se relacionar, saiba captar a confiança de
outros e facilite o aprendizado coletivo. Dentro dessa visão, a Coopers &
Lybrand, com a colaboração do Comitê de Educação Continuada da Câmara
Americana de Comércio, fez uma pesquisa sobre o perfil do novo executivo.
Foram enviados questionários para os presidentes e diretores de marketing e de
RH de 500 companhias brasileiras e multinacionais instaladas no país. O
propósito era saber se as empresas estão querendo características diferentes dos
seus executivos em relação ao que desejavam há alguns anos. As opiniões
computadas confirmam que as competências, atitudes e posturas são o “algo
mais” que distingue o executivo de primeira classe daquele que pode ter
dificuldade para obter emprego.
As habilidades comportamentais do executivo estão sendo mais requisitadas
do que os chamados fatores técnicos. No cenário da globalização, os talentos e
atitudes pessoais adquirem maior importância do que os aspectos ligados à
especialidade de cada profissional. Os dez fatores listados a seguir apareceram
com maior prioridade na contagem geral.
Fonte: EXAME (1996b). p.70.
Adaptado de: What work requires of schools, Secretary’s Comission on Achieving Necessary Skills,
Washington, DC, Department of Labor, p. 12, June/1991.
Entrevista de seleção
O primeiro obstáculo a vencer é a entrevista inicial de seleção. Trata-se de uma
entrevista preliminar com o candidato para verificar se ele possui as
características e os requisitos básicos exigidos pelo cargo: idade, sexo,
formação escolar, conhecimentos técnicos, experiência profissional e
características de personalidade. Quase sempre é realizada por algum
especialista do órgão de RH. Essa entrevista é superficial, mas fundamental no
processo. Ela define quem continua na corrida e quem sai dela.
Por essa razão, é interessante que o candidato conheça os sete passos que os
entrevistadores geralmente seguem para conduzir uma entrevista de seleção:
1. ANTES DE TUDO, LEIA ATENTAMENTE O seu CV, seu portfólio e sua relação
de referências pessoais. Saiba perfeitamente o que você escreveu para não
cometer deslizes ou se esquecer de coisas importantes.
2. TENHA UMA IDEIA ANTECIPADA DE COMO você vai discorrer sobre sua
experiência profissional nos empregos anteriores, sua escolaridade, seus
conhecimentos e seus pontos fortes. Desenvolva uma linha de
apresentação – uma espécie de roteiro – com determinados pontos-chave
para ajudar a memorizar melhor.
3. PRATIQUE SUA ENTREVISTA COM ALGUM AMIGO ou familiar. Faça
simulações para verificar acertos e erros e corrigir ou melhorar o seu
desempenho. Peça sugestões e opiniões sobre sua maneira de falar,
discutir, sentar-se, entre outras. Se puder filmar e visualizar posteriormente
o seu comportamento, melhor: você poderá se observar da posição do
entrevistador e fazer uma avaliação mais objetiva de si mesmo.
4. DESENVOLVA UMA SÉRIE DE PERGUNTAS A fazer ao entrevistador a respeito
da empresa e do cargo almejado, a fim de dar a impressão de
conhecimento e de interesse, o que certamente será bem recebido. É uma
maneira de trocar ideias que ajudarão você a posicionar-se melhor diante
do entrevistador. É também uma forma de você demonstrar capacidade de
comandar uma situação de entrevista e de demonstrar que é uma pessoa
dinâmica, envolvente e objetiva. Quanto maior o volume de informações
que você tiver a respeito da oportunidade existente, melhor será sua
estratégia pessoal de derrotar os concorrentes e levar a taça. Algumas
sugestões de perguntas:
Dicas
Hoje em dia, é comum as empresas pedirem uma redação durante o processo
seletivo. O tema pode ser de cunho pessoal ou assuntos do momento. Se a
empresa pedir para que fale sobre si mesmo na redação e se você entendeu a
importância do autoconhecimento, com certeza não terá dificuldades para se
sair bem, uma vez que ninguém sabe melhor de você do que você mesmo. No
entanto, sempre direcione o seu texto para assuntos de interesse da empresa.
Exponha seus argumentos de forma que a pessoa que o avaliar entenda que os
seus planos estão dentro daquilo que a empresa precisa.
Entretanto, se for solicitado que faça uma redação sobre um tema do
momento, o candidato que estiver bem informado, que assiste aos noticiários da
TV, lê os principais jornais e revistas estará em vantagem sobre os demais.
A redação é um momento para que o candidato demonstre uma competência
que as empresas estão valorizando, independentemente do cargo e da função: a
criatividade. Fale de assuntos relacionados, mostre conhecimentos, cite causas,
efeitos e consequências, fale do presente, passado e futuro.
Outros cuidados que devem ser tomados são relacionados à ortografia e à
forma de escrever. Em geral, as redações são feitas em folhas sem pautas para
avaliar se o candidato consegue escrever sem oscilar muito. Letra legível, erros
de ortografia e pontuação serão aspectos avaliados durante o processo. É
importante evitar o uso de gírias ou até de termos pouco difundidos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASE, Thomas A. Como conquistar um ótimo emprego e dar um salto importante em sua carreira
profissional. São Paulo: Makron Books, 1989. p.11.
CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. Rio de Janeiro:
Elsevier/Campus, 2008.
CARNEGIE, Dale. Como fazer amigos e influenciar pessoas. 46.ed. São Paulo: Ed. Nacional, 1996.
MANDINO, Og. O maior vendedor do mundo. 47.ed. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2000.
CAPÍTULO 9
como negociar seu emprego
Ê
QUANTO VOCÊ VALE NA EMPRESA EM QUE TRABALHA? QUAL A SUA COTAÇÃO NO
MERCADO?
Você sabe qual é o seu valor dentro da empresa em que trabalha? Ou qual é a
sua cotação no mercado? Pense bem. Não é tão difícil fazer essa avaliação.
Você pode estimar sua cotação com razoável acurácia. Basta elaborar uma lista
de todas as suas realizações e sucessos na empresa atual e nos empregos
anteriores. Conseguiu criar, vender e aplicar novas ideias que geraram lucro ou
economia para a empresa? Liderou algum projeto importante e bem-sucedido?
Conseguiu se tornar uma pessoa necessária e procurada dentro da empresa?
Você tem mestrado ou doutorado em sua formação escolar? Tem algum curso
importante de especialização profissional? O que você sabe fazer bem? Como
anda sua imagem dentro da empresa? Todos esses aspectos são importantes
para você comprovar e demonstrar o quanto pode ser útil e produtivo dentro de
uma organização. Os profissionais são valorizados à medida que demonstram
ao mercado a sua capacidade profissional de maneira concreta, palpável e
objetiva.
Para avaliar qual é o seu valor dentro da empresa, verifique a sua
remuneração atual (a parte fixa mais a variável, se você a recebe) e como ela é
paga (mensal, semestral ou anualmente). Cheque qual o valor dos benefícios
que você recebe do empregador em moeda corrente. Para tanto, consulte o
órgão de RH de sua empresa. É importante saber o valor de seu salário fixo, do
variável e dos benefícios do seu emprego atual. Essa será sua referência para
negociar um novo emprego em outra organização.
O QUE NEGOCIAR?
O que você deve levar em conta para negociar uma nova colocação? Em face
de um futuro que privilegia diversas mudanças de emprego e considerando o
dinamismo do mercado de trabalho atual, em que o ritmo das contratações
tende a aumentar consideravelmente, existem quatro aspectos que precisam ser
analisados com muita cautela no momento de negociar um novo emprego:
condições de trabalho, remuneração, benefícios e o que você está deixando para
trás no emprego atual. Negociar em causa própria torna-se uma providência
importantíssima nesse momento decisivo. Vejamos mais a fundo esses quatro
aspectos da negociação do emprego:
1. CONDIÇÕES DE TRABALHO: O CARGO, A área de atuação (o departamento ou
equipe de trabalho), o nível hierárquico (gerência, supervisão ou execução)
e o horário de trabalho são os aspectos principais a serem abordados em
termos de condições de trabalho. No Brasil, existe uma cultura muito forte
em relação ao título do cargo. Ele pode irradiar status ou pode ser bastante
desconfortável para a pessoa. Pode tanto engrandecer o ocupante como
rebaixá-lo diante dos outros. O título deve legitimar o valor do funcionário,
principalmente quando este entra em contato com clientes importantes e de
nível muito elevado. Porém, na realidade, mais vale identificar as pessoas
com a empresa em que trabalham do que com a posição que cada um ocupa
na sua hierarquia de autoridade. Assim, soa melhor ouvir de alguém que
trabalha na empresa ABC, por exemplo, do que ouvir que o seu cargo é de
gerente ou supervisor.
13º salário 1
autoajuda 1
autogerenciamento 1
auxílio-doença 1
benchmarking 1
benefícios espontâneos 1
caçadores de talentos 1
carreira 1
consultoria em recrutamento 1
cotidiano empresarial 1
criatividade 1
cultura organizacional 1
currículo 1
curriculum vitae 1, 2
dinâmica de grupo 1
downsizing 1, 2
empregabilidade 1, 2
empregado 1
emprego 1, 2
entrevista
de seleção 1
final 1
espírito de aventura 1
executivo 1
férias 1
finanças 1
fringe benefits 1
globalização 1
gratificações 1
headhunters 1, 2
horas extras 1
informação 1
know-how 1
marketing pessoal 1
mercado(s)
de trabalho 1, 2
potenciais 1
merchandising 1
microempresas 1
mobilidade 1
multifuncionalidade 1
multinacionais 1
mundo empresarial 1
network 1, 2
oportunidade(s) 1
de emprego 1
outplacement 1, 2, 3
outsourcing 1
perfil profissional 1
planejamento financeiro 1
preparação profissional 1
primeiro emprego 1
processo seletivo 1
programas
de demissão voluntária 1
de racionalização 1
recrutamento 1, 2
recursos humanos 1
reengenharia 1
remuneração 1
requisição 1
salário-maternidade 1
segmentação 1
situação de oferta 1
stock options 1
técnica de entrevista 1
tecnologia 1
workaholic 1