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Apreciação Crítica

Francisco Andrade 11ºA

“Vorazmente Teu”, ou “The Screwtape Letters” no título original, é uma


obra de Clives Staples Lewis, mais conhecido como C. S. Lewis, escrita durante
a II Guerra Mundial. O livro consiste em cartas de um diabo mais velho para
um outro diabo seu aprendiz e sobrinho, o tentador veterano aconselha o mais
novo ensinando-lhe a trabalhar para fazer perder a alma de um jovem rapaz do
século XX.

O livro encaixa-se em 3 géneros literários: a sátira, a apologética cristã e


o romance epistolar. O livro é uma sátira porque critica vários costumes da
sociedade do século XX, é considerado uma apologética cristã porque aborda
vários temas e reflete sobre assuntos de cariz cristão, por fim é também
considerado um romance epistolar pois é uma história contada através de
cartas.

O livro é especial e diferente porque é constituído apenas por cartas,


nesta correspondência entre o diabo veterano e o seu aprendiz, só temos
acesso às cartas do diabo veterano ao seu aprendiz e nunca as respostas a
estas mesmas cartas. Assim, este livro não tem narrador sendo que o leitor é
apenas uma pessoa a ler as cartas, sujeito à sua interpretação e a sua
criatividade, pois não há descrições que contribuam para a criação de uma
atmosfera literária que seja exigida pelo livro.

Nesta obra os diabos apresentam-se como seres rudes que falam de


forma rude, os diabos referem-se aos homens como: “as coisas geradas na
cama”, a ironia é o principal recurso literário estilístico, expressões como
“mantém o paciente a salvo” que para nós significariam mantém o paciente
longe do mal significam para eles exatamente o contrário, o que torna a leitura
muito mais engraçada e desafiante.
Em traços gerais pois não pretendo fazer uma descrição exaustiva da
obra, a história trata-se da vida de um rapaz que é tentado de diversas formas
como todos nós, algumas batalhas, perde e outras tantas ganha, mas como
será que vai acabar esta guerra entre o bem e o mal? Entre o orgulho e a
humildade? Estas antíteses são presença assídua ao longo de todo o texto e
fazem com que o leitor pense e reflita ao longo da leitura sobre esta batalha e
sobre esta guerra. Esta história interpela ao leitor a pensar nestas duas
realidades: o bem e o mal, nesta luta constante da humanidade e leva-nos
também a escolher um lado, e a perceber que o mal é forte, mas que o bem é
mais forte.

Esta obra foi escrita como já referi no contexto da Segunda Guerra


Mundial, esta obra também se insere no contexto do Movimento de Oxford e
para percebermos melhor temos de passar uma pincelada sobre a vida do
escritor. C.S. Lewis teve uma adolescência conturbada em que abandonou a fé,
e em Oxford através de amigos como J.R.R. Tolkien interrogou se mais sobre o
sentido da vida e sobre a verdade e assim acabou por converter-se à igreja
Católica. Escreveu vários livros, como as Crónicas de Narnia e este livro de que
agora falo, que são apologéticas cristãs. O Movimento de Oxford iniciado pelo
Cardeal John Henry Newman levou a que muitos professores de Oxford se
interrogassem acerca do sentido da vida, sobre a verdade, a beleza e a justiça
convertendo-se muitos professores ao catolicismo.

A obra foi publicada carta a carta no jornal “The Guardian” tendo tido
uma boa receção por parte do público da altura e sendo ainda hoje uma obra
reconhecida como atual e inovadora no estilo.

Concluindo, recomendo a leitura desta obra que por se tratar só de


cartas e por ser tão diferente e original torna a experiência da leitura numa
experiência única, envolvente e provocante, de facto, quem lê este livro não
pode ficar indiferente nem olhar a vida com os mesmos olhos, este livro
promove a reflexão e provoca o homem moderno, chamando a atenção para
assuntos que cada vez mais são esquecidos, silenciados e ignorados. Boa
leitura!

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