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Ignatief 06.03.

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06.03S RÚSSIA E ESTADOS UNIDOS JAMAIS VOLTARÃO A ENVOLVER-SE EM “GUERRA


FRIA”

Os Estados Unidos e a Rússia jamais voltarão a envolver-se em “guerra fria”, porque isso é simplesmente
impossível – declarou o ex-representante permanente dos Estados Unidos junto à ONU, Richard Holbrook,
em entrevista ao correspondente da agência russa ITAR/TASS em Nova York. A notícia é comentada pelo
nosso observador político Viktor Ienikeev.
Vale notar que Richard Holbrook nunca foi tido na conta de um “pombo” da política americana, antes foi
sempre considerado um “falcão”. A circunstância confere um valor especial às suas palavras. Esse diplomata
argumenta que hoje não estamos vivendo uma “guerra fria”, a época em que os dois países estavam divididos
por umas discordâncias ideológicas profundas e dispunham de um arsenal colossal de armas apontando para
o território do eventual inimigo. Esta opinião de Richard Holbrook é também importante porque ele faz parte
do grupo de peritos apoiando a campanha eleitoral de Hillary Clinton, candidata a presidente dos Estados
Unidos, a qual mantém por enquanto uma chance de ganhar o mandato de titular da Casa Branca.
Cumpre notar que esse comentário de Richard Holbrook praticamente coincide com as declarações
ultimamente feitas pelo presidente George Bush e a secretária de Estado, Condoleezza Rice, os quais também
indicam o caráter de uma maneira geral positivo das relações entre Washington e Moscou. Todavia, vem à
baila uma pergunta: se isso é verdade, então por que é que Washington não dá ouvidos às preocupações
manifestadas por Moscou e ao seu ponto de vista em relação aos problemas mais importantes? Os principais
desses problemas são a ampliação da OTAN para o Leste, a aproximação dessa aliança às fronteiras russas,
os planos de extensão do sistema de defesa antimíssil estadunidense à Polônia e à Tchéquia e a recusa em
ratificar a atualizada redação do “Acordo sobre as Forças Armadas Convencionais na Europa”. E quero que
se me diga para que era necessário reconhecer a unilateral e ilegítima proclamação da independência do
Kosovo em relação à Sérvia e assim criar um precedente sumamente perigoso na política mundial? E isso já
sabendo que não somente os próprios Sérvios, mas também a Rússia e dois terços dos membros do Conselho
de Segurança das Nações Unidas eram contra aquela decisão? Serão na verdade “amistosos” os sentimentos
para com a Rússia a explicar o comportamento dos Estados Unidos que a despeito da posição adotada pelo
Governo russo estão arrastando energicamente a Ucrânia e a Geórgia para a OTAN? Não, senhor, isso tudo
deixa perceber com facilidade uma segunda intenção anti-russa.
Ao recepcionar o embaixador dos Estados Unidos, William Burns, que está concluindo sua missão na Rússia,
o presidente Vladimir Putin notou que as relações entre os dois países comportam umas dificuldades bem
conhecidas. Sublinhou, entretanto, que é muito importante manter a cooperação bilateral em vários terrenos
importantes para os dois países e para o mundo inteiro. Em contato telefônico com George Bush, o presidente
eleito da Rússia, Dmitri Medvedev, também se manifestou a favor de relações construtivas com os Estados
Unidos. Moscou, portanto, está preparada para tais hoje, amanhã e sempre. O Governo russo também acha
que não pode haver retorno à “Guerra Fria”. Resta esperar que também Washington não somente continue
apontando essa necessidade, mas também faça o mais possível para levá-la à prática.
Acabam de ouvir um comentário do nosso observador político Viktor Ienikeev.

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