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Alexandre Barbosa, Ana Beatriz Lima, Maria Inês Leão

Disciplina de Filosofia
28/05/2023

Kjnsknksdn
A Filosofia da Religião é uma área filosófica que questiona e investiga problemas e
conceitos relacionados com crenças religiosas fundamentais, nomeadamente, a crença
na existência de Deus, que se divide em dois problemas principais:

- Problema da definição de Deus ("Será possível descrever de forma consistente e


coerente as características de Deus?");

- "Há boas razões para acreditar que deus existe?".

Assim, esta disciplina filosófica dedica-se às crenças que não podem ser justificadas por
experiências empíricas (ao contrário das crenças científicas), procurando, por isso, a
essência religiosa ("O que é a religião?"). Este processo de procura implica um outro
problema, o problema da existência de Deus (“Será que Deus existe?”).

De modo a responder a esta questão surgem diversas hipóteses/linhas de pensamento,


umas que defendem a existência de Deus e outras que defendem o oposto. Aquelas que
não acreditam na existência de uma entidade superior são: o Ateísmo (“Deus não
existe”) e o Agnosticismo (“a razão humana é incapaz de justificar a crença de Deus ou
a crença de que não existe”).

No entanto, outras perspetivas defendem a existência de Deus, tais como: a perspetiva


teísta que acredita na existência de uma entidade única, transcendente e, sumamente
boa, criadora e governadora do mundo, omnipotente e omnisciente; a perspetiva
panteísta que afirma que Deus e o mundo são uma única entidade, sendo Deus
imanente ao mundo, não se distinguindo do mesmo; e a perspetiva deísta: Deus criou o
Universo e as leis da natureza, mas não intervém no mundo.

Estas perspetivas estão relacionadas a diferentes religiões, umas monoteístas e outras


politeístas. Numa vertente monoteísta encontra-se o Mitraísmo, também denominada de
culto de Mitra, cuja essência se baseava no interesse mútuo, na amizade e na intimidade.
O Mitra aparece pela primeira vez na história mundial no segundo milénio a.c., onde era
considerado o Deus dos contratos por dois povos indo-europeus (Hititas e Mitanitas),
fazendo parte de crenças politeístas, desaparecendo durante alguns séculos, só voltando
a reaparecer por volta de 350 a.c. quando a religião Zoroastrista, religião oficial do
império Aqueménida ou iraniano que tinha um sistema ontológico monoteísta dividido
em dois deuses - do bem e do mal-, sofreu influências de outras religiões, formando-se
outras mais pequenas cada uma dedicada ao seu deus, onde se incluía a que acreditava
em Mitra (ainda não sendo o culto de Mitra em si).

Eventualmente, após a queda deste império, a crença em Mitra sobreviveu apenas entre
aristocratas e foi desaparecendo pouco a pouco, reaparecendo novamente, desta vez sob
a forma do culto de Mitra, conhecido hoje em dia como Mitraísmo. Todavia, isso só foi
possível graças ao exército romano que trouxe esta religião de batalhas que realizavam
durante cerca de 70 d.c.

Mais tarde, por volta de 200 d.c., o culto de Mitra já se tinha difundido pela população
geral, tendo sido construídos túmulos e formados rituais de adoração, como os mistérios
mitraicos. Estes ditavam regras restritas sobre como preparar os banquetes, por
exemplo. Para além disso havia 7 graus de iniciação desde o “corax” (corvo) ao “pater”
(pai) em que cada um tinha a sua respetiva roupa e tarefa. Para além disso, os iniciados
tinham de participar em testes de coragem, como rituais de falsos suicídios.

Outros elementos importantes do culto eram a abnegação e o questionamento moral de


si mesmos. Um exemplo desta prática é a rejeição de uma coroa pelos iniciados, uma
vez que a sua verdadeira coroa era o Mitra, sendo este ritual ainda pensado como um
ritual de reencarnação, que iniciava uma nova vida para os mesmos. Os primeiros
seguidores documentados de Mitras eram soldados e oficiais do exército romano, mas
com a crescente popularidade do culto, a maioria dos devotos eram escravos, sendo as
mulheres, excluídas.

Porém, por volta do século IV esta religião começou a desaparecer após se ter fundido
com outras religiões, nomeadamente a do Sol Invicto, que caíram em conjunto após a
perda de territórios do império romano e o início da difusão do cristianismo, ao qual o
mitraísmo era rival.
Retomando a questão inicial da existência de Deus, há mais do que uma resposta.
Segundo o Mitraísmo esta entidade superior existe, contudo existem várias críticas a
esta posição que são argumentadas pelo Problema do Mal.

Esta tese critica a perspetiva teísta da existência de um Deus omnipotente, omnisciente e


sumamente bom. Assim, para a fundamentarmos é essencial distinguir os dois tipos de
mal: o mal natural do mal moral.

O mal natural resulta das forças e fenómenos naturais, tais como terramotos, doenças e
erupções vulcânicas, que estão fora do controlo humano, apesar de puderem ser
agravados pela sua ação negligente.

O mal moral provém das ações do ser humano, geralmente deliberadas, como
assassínios, roubos e mentiras, o que conduz ao sofrimento do ser humano e animais.

Contudo, ambos os males coexistem no planeta originando a inconsistência da crença


na existência de Deus apresentada pelo Problema do mal.

Existem duas versões deste problema: a versão lógica e indiciária.

A versão lógica explica que a existência de um mal no mundo é logicamente


inconsistente com a existência de um Deus sumamente bom, logo existe uma
inconsistência interna, já que é impossível existir maldade com um ser omnipotente, que
tem todo o poder para acabar com o mal, e sumamente bom, que sendo bondoso não
pode permitir a prevalência do mal. Logo como é possível existir Deus se o mal reina no
mundo? Assim, se Deus é sumamente bom e omnipotente tem o poder de impedir o
mal. Contudo, este prevalece no mundo. Logo, Deus não existe, e, por isso, temos de
rejeitar a crença em Deus.

De acordo com a versão indiciária, no entanto, a diversidade e abundância do mal no


mundo dão uma sustentação racional de que Deus não existe. Isto é, existem males que
ocorrem de modo a atingir-se um bem superior, no entanto, nem todo o sofrimento
segue esta regra, não sendo por isso justificado. Logo, existem males sem sentido.
Porém, se Deus existe, não há males sem sentido, por isso Deus não pode existir.

Crítica:

Apesar destas críticas serem fundamentadas por argumentos válidos estes falham ao
esquecer-se de uma regra fundamental do Universo: o equilíbrio. Ou seja, de modo a o
bem ser devidamente valorizado e realizado é essencial que exista mal, de modo a
contrabalançá-lo e a relembrar as pessoas da necessidade da bondade. Assim, é vital que
bem e mal coexistam, de forma a equilibrar as relações e ações no mundo.

Todavia, segundo o problema do mal, esta crítica continua a não sustentar a existência
de Deus, uma vez que sendo Deus omnipotente deveria conseguir manter o equilíbrio no
Universo sem recorrer ao mal, não contradizendo a sua vertente de bondade. Logo, se o
mal prevalece para equilibrar o mundo, então é porque esta entidade omnipotente e
sumamente boa não existe. Ou seja, Deus não existe.

Conclusão:

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