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I Encontro Sul-Mineiro de Geografia & 7ª Jornada Científica da Geografia UNIFAL-MG

Alfenas – Minas Gerais – Brasil


24, 25 e 26 de outubro de 2023
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MAPEAMENTO E ANÁLISE EMPÍRICA DA


FRAGILIDADE AMBIENTAL DA SUB-BACIA DO
CÓRREGO DA CACHOEIRA LOCALIZADA ENTRE OS
MUNICÍPIOS DE ALFENAS E FAMA, REGIÃO SUL DE MINAS
GERAIS

Gabriel Gouvea da Silva (1), Rodrigo José Pisani (2)

INTRODUÇÃO

O relevo terrestre sofreu grandes alterações devido às ações da natureza e às ações


antrópicas, o qual o estrato geográfico se apresentou como palco para que as ações dos
processos endógenos e exógenos pudessem esculpir as rochas e formar paisagens com
ordenações das mais diversas possíveis (ROSS, 1990). No entanto, o ser humano modificou e
modifica cada vez mais o meio natural por meio de construções, manejos agrícolas, barragens,
desvio de corpos hídricos, mineração e dentre outros fatores que colaboram para tornar a
dinâmica dos ambientes naturais em instáveis. Desse modo, a presente pesquisa pretendeu
contribuir para um levantamento de dados sobre a área de estudo, mais pontualmente sobre a
fragilidade potencial e emergencial da sub-bacia do Córrego da Cachoeira, abrangendo os
municípios de Alfenas e Fama, Minas Gerais. Dentre os resultados alcançados destacam-se os
mapas de fragilidade potencial e fragilidade emergente para a área de estudo com destaque
para a identificação das manchas com altos valores que indicam áreas de alerta para impactos
ambientais. Logo, a pesquisa foi de grande importância para compreender não só as
fragilidades do ambiente, mas também as ações antrópicas que influenciam e modificam as
dinâmicas da sub-bacia.

METODOLOGIA

A sub-bacia do Córrego da Cachoeira, possui uma importância significativa devido à


sua localização estratégica na microrregião de Alfenas, que é conhecida por sua relevância na
produção agrícola e pecuária. A sub-bacia é limítrofe aos municípios de Alfenas e Fama
(MG), fazendo parte da mesorregião Sul e Sudoeste de Minas, localizada nas coordenadas
(1)
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de Alfenas, autor1@sou.unifal-mg.edu.br
(2)
Instituto de Ciências da Natureza - Geografia,, Universidade Federal de Alfenas, autor2@sou.unifal-mg.edu.br Bolsista CAPES/
FAPEMIG/
(3)
Instituto de Ciências da Natureza - Geografia,, Universidade Federal de Alfenas, autor3@sou.unifal-mg.edu.br
geográficas 21°28'6.10"S e 45°55'0.51"W, onde sua área é de aproximadamente 4.823.75
hectares (figura 1).

Figura 1: Mapa de localização da sub-bacia do Córrego da Cachoeira. Fonte: Autor, 2023

A coleta, organização, análise e interpretação dos dados seguiram as seguintes rotinas:


(i) aquisição da base cartográfica do IBGE; (ii) Interpolação das cotas altimétricas com as
curvas de nível; (iii) obtenção dos dados de pedológicos da UFV e geológicos do (IDE
Sisema); (iv) download das imagens orbitais do CBERS 4A WPM; (v) fusão de imagens RGB
com a imagem pancromática; (vi) classificação do uso e cobertura da terra; (vii) trabalho de
campo; (viii) recorte para área de estudo; (ix) neste passo, foi adicionado peso as variáveis;
(x) início a álgebra de mapas. As etapas seguintes foram referentes aos cálculos de área das
respectivas fragilidades, assim como, fez-se necessário realizar uma análise comparativa com
as fotografias registradas em campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na figura 2, está representado os dados relativos ao campo realizado após a fusão das
imagens e à subsequente classificação. Nesse processo, foram feitos 21 (vinte e um) pontos de
paradas dentro da sub-bacia. Durante a realização do campo, foram obtidas as coordenadas de
cada parada, que posteriormente foram convertidas em marcadores no Google Earth Pro, em
seguida, o arquivo Kmz resultante foi convertido em um formato shapefile utilizando o
software QGIS 3.16.16. O resultado pode ser conferidos a seguir.
Figura 2: Mapa dos pontos visitados em campo. Fonte: Autor, 2023

Com o mapa validado em 95% através do índice Kappa, o próximo passo foi
reclassificar as variáveis solo, rocha e declividade, seguindo os pesos determinados por Ross
(1994). Antes de realizar uma sobreposição de mapas, é imprescindível que eles
compartilhem o mesmo Datum, Projeção e Resolução, além de para efetuar a soma, serem
obrigatoriamente arquivos de formato matricial. O mapa do zoneamento 1, expressa a álgebra
entre o mapa pedológico e o mapa geológico, seguido pelo cálculo:
Solo + Rocha
Zoneamento 1=
2
O mapa a seguir foi proposto devido à presença de somente dois arquivos vetoriais,
sendo solos e rochas, evitando possíveis conflitos com o algoritmo da calculadora raster.

Figura 3: Mapa do zoneamento 1 da sub-bacia. Fonte: Autor, 2023.


O mapa da fragilidade potencial, expressa a álgebra entre o mapa do zoneamento 1 e o
mapa de declividade reclassificado segundo a metodologia do Ross (1994), seguido pelo
cálculo:
Zoneamento 1+ Declividade
Fragilidade Potencial=
2

A fragilidade potencial (figura 4), está relacionado às variáveis do meio físico da área
de estudo. Neste mapa, não foi considerada a influência das atividades antrópicas, e as classes
obtidas foram: baixa (3.271ha), média (1.410ha) e alta (54ha).

Figura 4: Mapa da Fragilidade Potencial da sub-bacia. Fonte: Autor, 2023.

O mapa da fragilidade emergente, expressa também a álgebra entre o mapa de


fragilidade potencial e o mapa de uso e cobertura da terra reclassificado segundo a
metodologia do Ross (1994), seguido pelo cálculo:

Fragilidade Potencial+Uso da Terra


Fragilidade Emergente=
2

O mapa da fragilidade emergente está relacionado às variáveis do meio físico e as


atividades antrópicas. Na figura 5, as classes obtidas foram: muito baixa (557ha); baixa
(1.003ha); média (2.584ha) e alta (512ha).
Figura 5: Mapa da Fragilidade Emergente da sub-bacia. Fonte: Autor, 2023.

Percebe-se que as classes de maior fragilidade emergente é consequentemente as


regiões que possuem não só as maiores declividades, mas estão vinculadas diretamente ao
solo exposto (cultura anual) e a agricultura, mais especificamente ao milho, aveia e trigo,
seguindo pelo café. Portanto, essas são regiões que merecem maiores cuidados quanto ao
zoneamento de práticas agrícolas, pois são áreas mais vulneráveis à perda de solos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se, que em relação a fragilidade potencial, o mapa identificou áreas


vulneráveis à erosão devido às potencialidades das variáveis relacionadas ao meio físico,
sendo uma região de baixa a alta fragilidade potencial. Relacionando com o mapa de uso da
terra, obtivemos o mapa de fragilidade emergente, o qual evidenciou áreas de muito baixa a
alta fragilidade. Os resultados permitiram quantificar em gráficos as áreas correspondentes em
hectares, produzindo valiosas informações que podem servir de suporte à tomada de decisão
aos agricultores e gestores locais, a fim de contribuir para uma melhor gestão e planejamento
do território e sobretudo o manejo do solo na sub-bacia.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ROSS, Jurandyr Luciano Sanches. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais
e antropizados. Revista do Departamento de Geografia, n. 8, p. 63-74, 1994. Tradução.
Disponível em: http://dx.doi.org/10.7154/RDG.1994.0008.0006. Acesso em: 08 set. 2023.

ROSS, J L S. Geomorfologia, ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto. Acesso em:


08 set. 2023, 1990.

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