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Campus de São José do Rio Preto

Curso de Licenciatura em Letras


Departamento de Estudos Linguísticos e Literários
Disciplina: 1407SLI - Linguística Aplicada: Ensino de Língua Materna
Docente: Profa. Patricia Fabiana Bedran
Discente: Raphael dos Santos Domingos

Resenha do texto KLEIMAN

A problemática da alfabetização envolve desde os Parâmetros Curriculares Nacionais, o


sistema de avaliação prescrito nos livros didáticos, as expectativas do sistema
educacional para com os alunos e professores, bem como a dificuldade da preparação
desses alunos para os Estudos de Letramentos.

A começar pelo já citado Estudo de Letramentos, o qual prevê a mobilização dos


saberes de letramentos, embasados principalmente na pluralidade, próprios para cada
situação sociocomunicativa. Ora, observa-se, no entanto, alguns problemas quanto ao
sistema de ensino nesse aspecto. Por exemplo, há o enfoque da alfabetização baseada
em textos unimodais, a qual hoje é obsoleta tendo em vista a quantidade de textos
multimodais na atualidade.

Ainda, a autora coloca em pauta a mudança de paradigmas na abordagem do


ensino, por exemplo, por usar a metodologia dos Estudos de Letramentos, a qual
possibilitaria ao alfabetizador a capacidade de adequar o uso da escrita para as variadas
e possíveis práticas socioculturais, defendendo mais uma vez a concepção multicultural
dessa prática de uso da língua escrita.

Ademais, Kleiman tenta sempre fugir das simplificações dadas pelos parâmetros
curriculares do ensino, pois as expectativas prescritas nesses currículos não englobam
totalmente a necessidade sociocomunicativa letrada dos alunos.

Em certo trecho do texto, a autora critica a atual mobilização do ensino dos


gêneros textuais em razão, apenas, do objetivo de se “adequar” ao modelo proposto
como se o estudo dos gêneros servisse apenas como “receitas” textuais. O exemplo
dado no excerto é o de que, em decorrência desse pobre ensino, o aluno se concentra
mais em cumprir com as expectativas dos avaliadores do que na real prática social
envolvida na produção de seu texto.

Um evento muito interessante citado pela autora é o caso da produção de textos


dissertativos/argumentativos. No texto é dito que há um descompasso entre o ensino
pretendido e o realizado devido à complexidade dessa situação sociocomunicativa, pois
os alunos por não optarem por esse tipo de discurso em decorrência de sua falta de
familiaridade para com o mesmo isentam o professor do exercício dessa alfabetização.
Além disso, há a tendência desses mesmos alunos de se sustentarem no modelo dado
(modelo textual dissertativo) ao repetir vez após vez as estruturas gramaticais dadas
pelo material didático. O que se extrai dessa situação é a maior prioridade dada ao
“saber escrever um texto dissertativo” do que na real concepção dessa prática para com
um contexto real de vivência.

Por fim, gostaria de extrair um comentário feito pela Kleiman que, para mim, é
de vital importância: “Quando se age pela linguagem em diversas situações sociais, os
gêneros são mobilizados segundo necessidades imediatas de comunicação”. Essa ideia
por si só reporta a prática comunicativa como um todo. A alfabetização deve, portanto,
ser baseada na ação desses alunos, levando em conta mais uma vez a pluralidade das
situações sociocomunicativas vividas por cada um.

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