Você está na página 1de 14

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO OCEANOGRÁFICO
DISCIPLINA: IOF-210 Introdução à Dinâmica da Atmosfera e dos Oceanos
Profa. Sueli Susana de Godoi

LISTA DE EXERCÍCIOS - 5

Quinta Lista de Exercícios


Data de entrega: 16 de julho

1. Com base na Figura 9.5, inserida no capítulo 9 em Pond & Pickard (1983), comentar,
usando a teoria de Ekman, sobre as correntes de deriva pelo vento.

As equações do movimento horizontal podem ser resolvidas e simplificadas resultando em


dois conjuntos de termos: as componentes da velocidade geostrófica e as componentes da
velocidade de Ekman associadas à fricção vertical. É importante ressaltar que tais componentes
são lineares, podendo-se, portanto, aplicar o princípio da superposição.
Segundo o que foi mencionado acima, pode ser feita a análise dos seguintes casos
representados na figura a seguir:

Figura 1
Análise de Ekman para as correntes de deriva pelo vento (Hemisfério Norte)

a) Forças de fricção em equilíbrio com a Força de Coriolis, sendo a velocidade da


superfície V0 perpendicular a ambas;
b) Vento na direção y e velocidade de superfície V0 e suas componentes em direção
distinta;
c) Velocidade decrescendo e rotacionando em função do aumento da profundidade; e
d) Plano representando velocidades em intervalos de profundidade iguais e representação
da Espiral de Ekman.

1
2. Considerando a região da costa Brasileira, ao largo de Cabo Frio (23º S) e supondo:

Adotando: Vetor branco = Corrente de superfície.


Vetor preto = Transporte de Eckman.

A) Vento soprando de nordeste:

Hemisfério Sul:

Figura 2

Resposta: Existe ressurgência costeira, pois o vento sopra paralelo à costa e o transporte
de Eckman aponta para longe da costa.

Hemisfério Norte:

Figura 3

Resposta: Existe subsidência costeira, pois o vento sopra paralelo à costa e o transporte de
Eckman aponta na direção da costa.

2
B) Vento soprando de sudeste:

Hemisfério Sul:

Figura 4

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

Hemisfério Norte:

Figura 5

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

3
C) Vento soprando de sul:

Hemisfério Sul:

Figura 6

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

Hemisfério Norte:

Figura 7

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

4
D) Vento soprando de leste:

Hemisfério Sul:

Figura 8

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

Hemisfério Norte:

Figura 9

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

5
E) Vento soprando de oeste:

Hemisfério Sul:

Figura 10

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

Hemisfério Norte:

Figura 11

Resposta: Não existe ressurgência ou subsidência, devido ao fato de o vento não estar
paralelo à costa.

6
3. Comentar sobre as limitações da teoria de Ekman.

A problemática da teoria de Ekman, no que se refere a sua veracidade, recai sobre o fato
de que dificilmente uma espiral de Ekman bem desenvolvida pode ser observada na natureza, no
entanto tal comportamento pode ser observado em laboratório, em situações em que a viscosidade
é constante, comprovando sua aplicação.
As limitações impostas por essa teoria se devem ao fato de ela ser muito idealizada,
mencionam-se a seguir algumas hipóteses feitas:
a) Sem regiões de fronteiras;
b) Águas com profundidade infinita;
c) Az constante;
d) Vento e estado do mar uniformes;
e) Água homogênea; e
f) f constante, “aproximação do plano f”.

4. A Figura 1 é um resultado da distribuição horizontal da elevação da superfície livre do


mar, gerado por um modelo numérico, na região Sudeste do Brasil.

a) Usando o conceito do balanço geostrófico, identificar e esboçar o sentido de rotação dos


vórtices A e B. Indicar qual estrutura é ciclônica e qual é anti-ciclônica, justificando.

Segundo o conceito de balanço geostrófico, esboça-se o sentido de rotação:

Figura 12

7
O vórtice A, região na figura que possui uma maior elevação da superfície livre do mar
(aproximadamente 0,6 cm), representa estrutura anti-ciclônica, comportamento de sentido anti-
horário, movimento característico de centros de alta pressão no Hemisfério Sul.
Já o vórtice B, região na figura que possui uma elevação da superfície livre do mar (em
torno de 0,1 cm), representa uma estrutura ciclônica, ou seja, comportamento horário, que no
Hemisfério Sul é associada a centros de baixa pressão.
Esse comportamento condiz com o que é esquematizado na figura a seguir:

Figura 13

5. A Figura 2 é uma seção vertical de densidade potencial convencional, isto é de Sigmat, ao


largo de Cabo Frio - RJ. Os contornos indicam linhas de mesma densidade, denominadas de
isopicnais.

Baseado na configuração desta seção:

a) Esquematizar como seria o balanço de forças que explica por qual razão a Corrente do
Brasil flui para sul.

O fluxo geostrófico se dá ao longo de isóbaras (linhas de mesma pressão) e não


perpendicular a elas como verificado num sistema sem rotação. O fluxo é tal que a pressão maior
fica do lado direito do escoamento no Hemisfério Norte e a pressão menor do lado esquerdo do
escoamento no Hemisfério Sul.
A pressão em uma determinada profundidade é determinada pelo peso de água acima, de
acordo com a relação hidrostática. Portanto, altas e baixas pressões são equivalentes a altos e
baixos níveis do mar e muito pode-se inferir sobre o fluxo geostrófico, tendo em vista que ele é
dominado pelo gradiente horizontal de pressão. Portanto, o fluxo geostrófico é relacionado ao
formato da superfície dos oceanos. Pela imagem, pode-se observar que há uma maior inclinação
das isopicnais para cima próximo a superfície, o que caracteriza uma elevação da altitude da água
em tal região. Sabe-se que a elevação da altitude caracteriza um centro de alta, ou seja, um anti-
ciclone, que no Hemisfério Sul tem sentido horário de rotação.

8
Fazendo o balaço geostrófico:

Figura 14

Através do balanço de forças verifica-se que o sentido da Corrente do Brasil é de oeste para
leste, o que pode ser observado também quando se faz o balanço geostrófico de forças para explicar
a corrente circumpolar Antártica. Sabe-se que a oeste do Oceano Atlântico existe o Continente
Americano e que os continentes são enormes barreiras que interrompem o escoamento das
correntes geostróficas. Com esses dados e sabendo que a Corrente do Brasil é uma corrente de
contorno oeste que surge na região próxima ao Equador, conseguimos comprovar que a mesma é
desviada pelo continente americano em direção aos polos, que, no caso do Hemisfério Sul, é o
Polo Sul, o que comprova o deslocamento na Corrente do Brasil para sul.

6. O mapa mostrado na Figura 3 ilustra a topografia da superfície do mar no Golfo do


México. A imagem foi obtida pelo satélite TOPEX/POSEIDON. Indentificar e esboçar os
centros de alta e baixa pressões. Justificar o sentido de rotação da circulação oceânica.

Observa-se que a imagem do satélite é no Hemisfério Norte, logo as rotações no sentido


horário representam centros de alta pressão, e as rotações no sentido anti-horário representam
centros de baixa pressão. Essa diferença no sentido de rotação existente entre os hemisférios norte
e sul ocorre devido à diferença de balanço geostrófico, devido à relação entre a força de Coriolis
e de pressão. Assim temos:

9
Figura 15

Figura 16

10
7. A Figura 4 mostra, no painel superior, um esquema do planador ("glider"em inglês)
SLOCUM. No painel inferior tem-se a trajetória básica do planador, ao longo da coluna de
água.

a) Identificar os componentes/instrumentos indicados no diagrama e a finalidade. Mencionar


algumas aplicações.

Altímetro: equipamento destinado a medir alturas e altitudes, realiza tais medidas através
de um barômetro destinado a medir variações da pressão atmosférica que acompanha as variações
de latitude.
Antena: equipamento responsável pela recepção de sinais via satélite, é equipamento vital
para o funcionamento do sistema GPS e localização do planador.
Battery pack: é a fonte de energia do planador.
Buoyancy pack: é uma bomba que transforma a energia do movimento das ondas de um
corpo em energia mecânica para uma turbina que produzirá energia elétrica.
Inflatable bladder: equipamento que consiste em uma bexiga inflável relacionada às
variações de flutuabilidade.
Main computer e Science Computer: são computadores responsáveis pelo processamento
de dados do planador.
Oxygen sensor: é um sensor responsável pela medição de níveis de oxigênio.
Seabird CTD: sensor que mede as principais propriedades físico-químicas da água:
condutividade, temperatura e profundidade.
Steering fin: funciona como uma espécie de leme para o planador, permitindo que este
realize manobras e alterações de rumo.
WET Labs ECO-Puck Optical Sensors: sensores responsáveis pela determinação do
coeficiente óptico de retroespalhamento.

b) Explicar basicamente como é o princípio de submersão (descida) e emersão (subida) do


planador.

As manobras de submersão e imersão são feitas pela variação da pressão interna do glider,
esta variação é realizada por um sistema de controle interno através de sua interface com sinais
emitidos por satélite.

8. A Figura 5 mostra, no painel superior, o perfilador ADCP ("Acoustic Doppler Current


Profiler-Perfilador Acústico de Corrente por efeito "Doppler") com quatro transdutores. No
painel inferior tem-se a trajetória de um Navio Oceanográfico, com ADCP acoplado no caso
da embarcação. Descrever o princípio básico de funcionamento de um ADCP. Mencionar
uma aplicação em dinâmica do oceano.

O Acoustic Doppler Current Profiler é um perfilador hidroacústico de correntes,


equipamento este que mede a velocidade das partículas na coluna de água através do Efeito
Doppler. Tal princípio físico permite determinar a velocidade, pois ao se emitir um sinal acústico
em uma frequência o sinal recebido volta com uma frequência distinta, através dessa diferença de
frequência é possível obter a velocidade.

11
9. O princípio de conservação de vorticidade absoluta é dado por:

a=𝜁+𝑓
a) Conceituar os termos da equação.

a Vorticidade absoluta
ζ Componente vertical da vorticidade
f Parâmetro de Coriolis

b) Supor um corpo de água sendo transportado por uma corrente do Equador em direção
ao Sul:

i) Assim que a água escoa para Sul, como é variação de vorticidade? Esboçar um esquema.

Ao se movimentar para o Sul, observa-se uma diminuição da vorticidade planetária.

Figura 17

ii) Como isto influencia sua vorticidade relativa?

Com a diminuição da vorticidade planetária, a vorticidade relativa tende aumentar,


ganhando um sentido anti-horário.

c) Agora, suponha um corpo de água sendo transportado por uma corrente do Equador em
direção ao Norte:

i) Assim que a água escoa para Norte, como é variação de vorticidade? Esboçar um esquema.

Ao se movimentar para o Norte, observa-se um aumento da vorticidade planetária.

12
Figura 18

ii) Como isto influencia sua vorticidade relativa?

Com o aumento da vorticidade planetária, a vorticidade relativa tende a diminuir, ganhando


um sentido horário.

10. O princípio de conservação de vorticidade potencial é dado por:

𝜁+𝑓
Π=
𝐷

a) Identificar os termos da equação.

f Parâmetro de Coriolis
ζ Componente vertical da vorticidade
D Profundidade

b) Utilizando esse princípio, explicar e esboçar como são geradas ondas de Rossby ou ondas
de vorticidade no oceano.

As ondas de Rossby ou planetárias (comprimento entre 6.000 a 8.000 km ou


mais), compreendem perturbações de grande amplitude no escoamento atmosférico de escala
global. Além disso, elas podem ter ondas curtas (de escala sinótica) associadas. Geralmente, as
ondas de Rossby estão num contexto bem mais complexo do sistema climático, uma vez que
envolvem circulações anômalas de grande escala e eventos extremos (severas ondas de calor, frio,
secas e chuvas intensas) relacionados aos processos de teleconexão. Uma das características das
ondas planetárias é seu caráter estacionário, fato que leva ao bloqueio da corrente de jato e dos
sistemas de pressões em superfície sobre vastas áreas do planeta. Uma situação clássica para gerar
um trem de ondas de Rossby (sequenciamento de cristas e vales) são amplas áreas de trovoadas no
trópico sobre um oceano quente.

13
Figura 19
Exemplo de como uma fonte de convecção tropical anômala pode perturbar o Hemisfério Sul através das ondas de
Rossby

14

Você também pode gostar