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Entidades da Cadeia

Projeto e execução de obras de


saneamento com tubos de concreto
PEDRO JORGE CHAMA NETO – Pres. Exec. | ABTC

A
tualmente, o tubo de concreto é o em 1930, “The Theory of External Loads on podem sofrer deformações superiores a
material mais utilizado em obras de Closed Conduits in The Light of The Latest 3% no diâmetro, sem apresentar fissuras
drenagem de águas pluviais e esgotos Experiments” (ACPA, 1980). prejudiciais (Ex: tubos de PVC, tubos de
sanitários, em diâmetros superiores a 400 mm, Quanto ao dimensionamento, existem polietileno e tubos de aço).
funcionando como conduto livre. princípios básicos que regem o compor- Os tubos rígidos não se defletem, por-
Neste artigo, abordam-se os aspectos relati- tamento estrutural de tubos enterrados tanto, não precisam do solo de envolvi-
vos ao projeto e execução de obras com tubos em geral, que são determinantes na fase mento lateral como apoio e sua capacida-
de concreto de seção circular, em conformi- de projeto e execução de obra, visto que de de carga depende apenas da resistência
dade com a ABNT NBR 8890:2020. Entre- o tipo de material do tubo influi de maneira do próprio tubo e da base. Neste caso, o
tanto, existem outras soluções em concreto decisiva no dimensionamento e nos cuida- sucesso do empreendimento depende-
que são utilizadas para drenagem e esgotos dos a serem tomados na fase de instalação, rá da execução da base de assentamento
sanitários, conforme segue: conforme segue: exatamente como dimensionada.
u Tubos de concreto de seção circular des- u Tubos Rígidos: são aqueles que, quan- Os tubos flexíveis se defletem, portan-
tinados à cravação (“Pipe Jacking”), con- do submetidos à compressão diame- to, sua capacidade de carga não pode ser
formeABNT NBR 15319, para execução de tral, podem sofrer deformações de até analisada considerando o tubo isolada-
obras pelo método não destrutivo – MND; 0,1% no diâmetro sem apresentar fissu- mente, mas sim o sistema tubo + solo. Nes-
u Galerias celulares em concreto (aduelas), ras prejudiciais (Ex: tubos de concreto te caso, a importância do solo de envolvi-
conforme a ABNT NBR 15396, de seção e tubos cerâmicos); mento lateral é crucial. Quanto mais rígido
quadrada ou retangular, fechada ou aber- u Tubos Semirrígidos: são aqueles que, ele for, melhor a capacidade de carga do
ta, aplicadas para drenagem e canaliza- quando submetidos à compressão diame- tubo. Desta forma, o sucesso do empreen-
ções de córregos; tral, podem sofrer deformações no diâme- dimento dependerá da qualidade do enve-
u Poços de visita e inspeção para sistemas en- tro superiores a 0,1% e inferiores a 3%, sem lopamento do tubo (base, aterro lateral e
terrados, conforme ABNT NBR 16085. apresentar fissuras prejudiciais (Ex: Tubos aterro superior).
de ferro fundido e PRFV – Tubos de poli- A seguir apresentam-se os conceitos
1. INTRODUÇÃO éster reforçados com fibra de vidro); envolvidos no projeto e dimensionamento
O projeto e dimensionamento de tubos u Tubos Flexíveis: são aqueles que, quan- de tubos abordando aspectos do projeto
de concreto envolvem duas etapas princi- do submetidos à compressão diametral, hidráulico e, posteriormente, considera-
pais (ZAIDLER, 1983): ções mais detalhadas sobre o projeto es-
u Projeto hidráulico; trutural e a execução de obras.
u Projeto estrutural.
No projeto hidráulico são tomadas as 2. PROJETO E DIMENSIONAMENTO
decisões necessárias para garantir o bom
desempenho do condutor e definidas suas 2.1 Projeto Hidráulico
características relativas à vazão, declividade
da rede, diâmetro, locação em planta e corte, Para calcular o diâmetro do tubo a ser
profundidades, entre outros, levando-se em utilizado na rede de águas pluviais ou de
conta todas as ações hidráulicas atuantes. esgoto, seja tubo de concreto ou qualquer
No projeto estrutural, os conceitos e teo- outro material, é necessário conhecer a va-
rias que constituem a base do projeto de tu- zão transportada.
bos de concreto se resumem à determinação No caso de águas pluviais, é necessário
dos carregamentos e ao dimensionamento. determinar a área de contribuição da ba-
Em relação às cargas atuantes nos tu- cia, as declividades e as dimensões mais
FIGURA 1
bos, diversas teorias foram desenvolvidas econômicas. Diretrizes auxiliares podem
Carga sobre tubos enterrados
e testadas, sendo o estudo mais conheci- Fonte: Zaidler, 1983 ser obtidas em Fendrich et al, 1997; Wilken,
do e consolidado o de Marston, publicado 1978; e Tucci et al, 1995.

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doviárias em duas classes: classe 450 (veí-
Valas Aterros culo-tipo de 450kN de peso total); e classe
Valas Vala com Vala com Projeção Projeção 240 (veículo-tipo de 240kN de peso total).
simples sub-vala paredes inclinadas positiva negativa Para obras em estradas vicinais municipais
de uma faixa e obras particulares, a carga
móvel rodoviária deve ser no mínimo igual
ao tipo TB-240.
A Tabela 1 apresenta o cálculo das so-
brecargas provenientes do tráfego rodovi-
ário para classe 450, com as respectivas
cargas móveis em função do diâmetro da
Solo nativo Solo de reaterro tubulação e da altura de terra sobre ela (H).
A carga total atuante sobre a tubula-
ção será a soma da carga de terra, da carga
FIGURA 2 móvel e de outras que porventura existam,
Tipos de instalações para tubos enterrados tais como fundações etc.
Fonte: Zaidler, 1983

[1]
Onde:
Os coletores de esgoto, interceptores Onde: QT = carga total;
e emissários são projetados para funcionar Q1 = carga sobre o tubo, por unidade de Q1 = carga de terra;
como condutos livres. Neste caso, devem comprimento; Q2 = carga móvel;
ser obedecidas as recomendações prescri- Cv = coeficiente de carga de Marston para Qn = outras cargas.
tas nas ABNT NBR 9648, ABNT NBR 9649 tubos instalados em vala;
e ABNT NBR 12207. Diretrizes auxiliares Ca = coeficiente de carga de Marston para 2.2.2 Dimensionamento
podem ser obtidas em Tsutiya e Sobrinho, tubos instalados em aterro;
2ª edição – 2000. γ = peso específico do solo de reaterro; O dimensionamento dos tubos de con-
B = largura da vala, no nível da geratriz su- creto se resume ao cálculo de um tubo
2.2 Projeto Estrutural perior do tubo conforme Fig. 2; capaz de resistir a uma determinada car-
D = diâmetro externo do tubo. ga num determinado ensaio de laborató-
2.2.1. Cargas As cargas móveis são resultantes do rio. Este processo é conhecido como de
tráfego na superfície e podem ser calcu- Spangler e Marston, sendo largamente
Há dois tipos principais de cargas a ladas aplicando-se a teoria de Boussinesq, aceito e aplicado no caso de tubos rígidos.
serem consideradas no cálculo dos tu- supondo o solo como um material elástico O método de ensaio mais co-
bos: a carga de terra e as cargas móveis. e isótropo. Uma abordagem que, em geral, nhecido para determinar a classe de
A carga de terra é resultante do peso atende a maioria
do prisma de solo situado diretamente dos casos práticos
acima da tubulação (ABCD), que é mo- consiste em consi-
dificado por forças de atrito geradas derar que a pressão
pelo movimento relativo entre esse e os vertical, provenien-
prismas laterais adjacentes. A Figura 1 te de forças aplica-
mostra o prisma de solo 1 acima da tu- das na superfície,
bulação, os prismas laterais representa- se propague com
dos pela força F e o solo de enchimento ângulo variando
lateral 2. de 35º conforme a
A carga de terra pode ser calculada rigidez do solo (Fi-
pelas fórmulas de Marston e depende gura 3).
principalmente do tipo de tubo (rígido Para sobrecar-
ou flexível), tipo de solo, profundidade e gas provenientes
tipo de instalação, sendo que este último do tráfego rodoviá-
pode ser do tipo vala ou aterro, conforme rio, pode-se adotar
Figura 2. as mesmas forças
Para tubos rígidos, das fórmulas de empregadas nos FIGURA 3
Distribuição de pressões sobre o tubo devido à força Q
Marston temos: projetos de pontes aplicada na superfície
u Instalação em vala: Q1 = Cv . γ . B2 (NBR 7188), que di- Fonte: El Debs, 2002
u Instalação em aterro: Q1 = Ca . γ . D2 vide as pontes ro-

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TABELA 1
Valores das cargas rodoviárias – veículo classe 450

Cargas rodoviárias — veículo classe 450 (conforme NBR 7188)


Valores das cargas móveis (KN/m)
H Diâmetros (mm)
(m) 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 1500
0,60 19,05 22,02 24,63 26,93 29,20 31,21 32,92 34,50 36,06 37,86 39,76 41,74
1,00 9,87 11,97 13,98 15,92 18,00 19,99 21,80 23,61 25,30 27,19 28,91 32,06
1,25 8,25 10,02 11,72 13,36 15,13 16,82 18,37 19,91 21,53 22,99 24,46 27,19
1,50 7,16 8,70 10,19 11,63 13,18 14,68 16,04 17,41 18,85 20,14 21,45 23,88
1,75 6,27 7,63 8,95 10,22 11,59 12,92 14,14 15,35 16,64 17,79 18,97 21,16
2,00 5,54 6,74 7,91 9,05 10,28 11,46 12,55 13,65 14,80 15,84 16,90 18,88
2,25 4,93 6,01 7,05 8,07 9,17 10,24 11,22 12,21 13,25 14,19 15,16 16,95
2,50 4,41 5,38 6,33 7,24 8,24 9,21 10,09 10,99 11,93 12,79 13,67 15,30
2,75 3,97 4,85 5,71 6,54 7,44 8,32 9,13 9,94 10,81 11,59 12,39 13,89
3,00 3,60 4,40 5,17 5,93 6,75 7,56 8,29 9,04 9,83 10,55 11,29 12,67
3,25 3,27 4,00 4,71 5,40 6,16 6,99 7,57 8,26 8,98 9,65 10,32 11,60
3,50 2,99 3,66 4,31 4,94 5,64 6,31 7,00 8,00 8,24 8,85 9,48 10,66
Observação: Nota-se que as pressões no solo são elevadas apenas para pequenas profundidades de instalação, diminuindo à medida que a profundidade aumenta. Por isso, para evitar deformações excessivas,
recomenda-se uma profundidade mínima de instalação de 1,00 m, quando houver cargas móveis. Caso isso não possa ser obedecido, deverão ser tomados os cuidados necessários para proteger a tubulação.

resistência de um tubo é o de três cutelos projeto, mas principalmente da boa obser- Após este cálculo, deverá ser escolhida
(Figura 4). vância deste na fase da construção. Even- a classe de resistência do tubo que atende
A relação entre a efetiva resistência tuais aperfeiçoamentos da análise estru- ao valor calculado, conforme o tipo de uso,
do tubo e a carga fornecida pelo ensaio tural podem ser anulados pelo emprego consultando a NBR 8890/2020.
de três cutelos é dada por um fator de de processos construtivos inadequados. Escolhida a classe do tubo, os tubos
equivalência (fe). Este fator leva em con- A carga atuante sobre a tubulação é produzidos devem ser submetidos ao en-
sideração principalmente as condições calculada através da fórmula: saio de compressão diametral pelo método
de assentamento (condição de vala ou dos três cutelos, para verificação do aten-
[2]
aterro) e a base de assentamento. dimento dos valores prescritos em Norma,
Portanto, o êxito de uma obra não de- Onde: sendo que:
pende apenas da elaboração de um bom Q = carga atuante sobre a tubulação; u Tubos de concreto simples
QT = Q1 + Q2 + Q3 + Qn = cargas atuan- Q < Q ruptura (conforme tabela
tes na tubulação (terra, carga móvel, e A.4 – NBR 8890)
outras cargas); u Tubos de concreto armados
fe = fator de equivalência em função do Q < Q mínima isenta de fissura (confor-
tipo de assentamento da tubulação. me tabela A.5 – NBR 8890)

FIGURA 4
Método de 3 cutelos para ensaio FIGURA 5
de tubos Escoramento adequado das valas

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sobre a execução de obras lineares com tu- 3.2 Escoramento
bos de concreto, de PVC, polietileno, PRFV
ou ferro fundido, consultar a ABNT NBR O escoramento visa garantir a segu-
17015:2022 – Execução de obras lineares rança dos trabalhadores durante a execu-
para transporte de água bruta e tratada, ção das escavações, evitando acidentes
esgoto sanitário e drenagem urbana, utili- (Figura 5).
zando tubos rígidos, semirrígidos e flexíveis. Para ganhar agilidade na execução, as
empresas não costumam escorar as va-
3.1 Escavação las com profundidade superior a 1,25 m,
conforme determina a NR18, ficando sujeitas
A escavação deve ser iniciada após a acidentes, inclusive com mortes (Figura 6).
finalizada e conferida a locação e nivela-
FIGURA 6 mento, pois, em obras de galerias pluviais 3.3 Assentamento
Vala com escoramento inadequado e esgoto, o controle da declividade e o
e ocorrência de acidente levantamento de interferências são fun- O assentamento da tubulação deverá
damentais. Qualquer erro poderá gerar seguir paralelamente à abertura da vala, de
problemas no escoamento, como inversão jusante para montante, com a bolsa volta-
no fluxo, entupimentos e rompimento de da para montante.
tubulações pré-existentes durante o pro- O greide da tubulação poderá ser ob-
cesso de escavação. tido por meio de instrumento topográfico,
As valas devem sempre ser sinali- quando a declividade for menor que 0,001
zadas e aterradas no mesmo dia para m/m ou por aparelho emissor de raio la-
evitar acidentes. ser, desde que o levantamento topográfico

FIGURA 7
Regularização do fundo da vala

1,5 Q < Q ruptura FIGURA 8


Apoio direto
(conforme tabela A.5 – NBR 8890)

3. EXECUÇÃO DE OBRAS
Compõe as etapas de execução de
obras lineares: a locação e nivelamen-
to, sinalização, levantamento ou rom-
pimento do pavimento, escavação, es-
coramento, esgotamento das valas ou
rebaixamento do lençol freático, assen-
tamento, reaterro, execução de poços
de visita e inspeção, reposição do pavi-
mento e cadastro.
Neste artigo serão abordados al-
guns aspectos das etapas de escava-
ção, escoramento, assentamento e rea-
terro (fechamento das valas), que são
mais relevantes para entender onde
normalmente ocorrem os problemas
FIGURA 9
e acidentes. Apoio sobre leito de material granular
Para conhecimento mais aprofundado

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FIGURA 10
Apoio sobre lastro, laje e berço contínuo

FIGURA 11
Fundação

inicial tenha sido feito com precisão igual No caso de escavação em rocha, ou A má execução das bases de apoio
ou maior. quando se tratar da instalação de tubos anula completamente todas as premissas
Os tubos devem estar limpos interna- flexíveis (tubos plásticos), a base deverá e cuidados adotados no dimensionamen-
mente e sem defeitos, não podendo ser obrigatoriamente ser executada com ma- to, compromete a qualidade e durabilida-
assentados tubos danificados. terial granular fino (Figura 12). de e causa sinistros. A não regularização
À medida que for sendo concluída a Na execução das bases, um dos obje- da base e da abertura de cavidade para
escavação e o escoramento, deve ser feita tivos é garantir que todo o corpo do tubo acomodar a bolsa acarreta concentração
a regularização e o preparo do fundo da fique apoiado no fundo da vala, de maneira de cargas na região, provocando trincas
vala (Figura 7). que ocorra uma distribuição uniforme das no tubo.
A descida dos tubos na vala deve ser cargas sobre a tubulação. Portanto, deve Quando se trata de tubo flexível, deve
feita cuidadosamente, manualmente ou ser executado um pequeno rebaixo para ser executado lastro com material gra-
com o auxílio de equipamentos mecânicos. acomodar a bolsa do tubo. nular (normalmente areia). A acomoda-
Os tubos de concreto podem ser as- Nos casos de apoio sobre laje de con- ção de todo o corpo do tubo irá garantir
sentados sobre um dos seguintes tipos de creto, a execução do berço se faz necessá- (junto com o aterro lateral e camada
apoio: apoio direto; apoio sobre leito de ma- ria para preencher os vazios sob a tubula- de 30cm acima da tubulação) o perfei-
terial granular fino (areia, pó de pedra, brita ção e garantir o perfeito apoio. to confinamento, evitando que haja uma
nº 1 ou cascalho), ou apoio sobre laje e ber-
ço contínuo, de concreto (Figuras 8, 9 e 10).
Em terrenos compressíveis e instáveis,
o apoio da tubulação pode ser feito sobre
laje de concreto (Figura 10) que, depen-
dendo da espessura da camada, deve ser
executada sobre fundação composta por
lastro de brita 3 e 4 ou cascalho grosso,
com espessura mínima de 15 cm; embasa-
mento de pedra de mão, com espessura
máxima de 1,00 m; ou estacas com diâme- FIGURA 12
tro mínimo de 0,20 m e comprimento míni- Base com material granular fino
mo de 2,00 m (Figura 11).

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FIGURA 13
Base com material granular fino (tubos flexíveis)

FIGURA 14
Base não regularizada, uso de material inadequado e tubulação colapsada
Fonte: ACPA, 2011

deflexão diametral acima do limite tolera- No caso de tubos flexíveis (PVC, Po- do tubo, pode ser utilizado o próprio ma-
do pelo material (Figura 13). lietileno), obrigatoriamente deverá ser terial escavado.
Nestes casos, a não regularização da feito o confinamento do tubo com mate- Entretanto, o que vemos na prática
base e execução do aterro lateral com ma- rial granular (base, aterro lateral e aterro é a execução feita de forma inadequada
terial granular (normalmente areia) impe- até 30 cm acima da geratriz superior do como tentativa de ganhar produtivida-
dem o perfeito confinamento do tubo, pro- tubo), conforme Figura 16. No reaterro, de, comprometendo irreversivelmente a
vocando uma deflexão diametral acima do após 30 cm acima da geratriz superior qualidade e vida útil da obra. Como visto
limite tolerado pelo material. Tal deflexão
provocará uma inversão de curvatura e co-
lapso da tubulação (Figura 14).

3.4 Reaterro (fechamento das valas)

O reaterro deverá ser desenvolvido


em paralelo com a remoção dos esco-
ramentos, utilizando-se material de boa
qualidade, proveniente da própria esca-
vação ou importado. Nas valas sob leito
carroçável, a camada de reaterro deverá
ser compactada, com controle do grau de
compactação, em camadas de 20 cm de
espessura, até a superfície do terreno. No
caso de tubos rígidos, o material de esca-
vação da própria vala pode ser utilizado
FIGURA 15
na base, nas laterais e na parte superior Reaterro de tubos de concreto (rígido)
(Figura. 15).

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FIGURA 16
Reaterro de tubos de polietileno (flexível)

anteriormente, uma má execução anula e projeto e da obediência dele na fase de to topográfico; falta de levantamento
compromete todas as premissas e cuida- execução, assim como da aplicação de das interferências no local da obra; man-
dos adotados no cálculo e causa sinistros materiais que atendam às Normas Téc- ter valas abertas por longos períodos;
(Figura 17). nicas Brasileiras. aplicar materiais inadequados ou que
Os problemas e sinistros que geral- não atendem às normas e especifica-
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS mente ocorrem nas obras de galerias de ções; falta de escoramento das valas; e
O sucesso de um empreendimento águas pluviais e esgoto sanitário estão execução da base, aterros laterais e rea-
depende fundamentalmente de um bom relacionados com: falhas no levantamen- terro superior de forma inadequada.

FIGURA 17
Reaterro sem compactação, reaterro com material inadequado e sem compactação e reaterro com material inadequado e
compactação errada (uso de equipamento sobre o tubo)

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FIGURA 18
Erros na execução de obra (ACPA)

A Figura 18 mostra alguns absur- tamento, tubo subdimensionado, sinis- tubo flexível e assentamento aéreo de
dos cometidos como: falhas no assen- tro devido falta de confinamento do tubo flexível.

u REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] AMERICAN CONCRETE PIPE ASSOCIATION. Concrete Pipe Handbook. Vienna, Virginia, USA, 1980.
[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE TUBOS DE CONCRETO. Manual Técnico de drenagem e esgoto sanitário: Tubos e aduelas
de concreto – Projetos, Especificações e controle de qualidade. ABTC, São Paulo, 2008.
[3] ABNT NBR 8890:2020, Tubo de concreto de seção circular para água pluvial e esgoto – Requisitos e métodos de ensaios.
[4] ABNT NBR 7188-2013, Carga móvel rodoviária e de pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas
[5] ABNT NBR 9648:86, Estudo de Concepção de Sistemas de Esgoto Sanitário
[6] ABNT NBR 9649:1986, Projeto de Redes Coletoras Esgoto Sanitário.
[7] ABNT NBR 12207:2016, Projeto de Interceptores Esgoto Sanitário.
[8] ABNT NBR 17015:2022, Execução de obras lineares para transporte de água bruta e tratada, esgoto sanitário e drenagem urbana, utilizando
tubos rígidos, semirrígidos e flexíveis.
[9] El DEBS, MOUNIR KHALIL. Projeto Estrutural de Tubos Circulares de Concreto Armado, IBTS, São Paulo, 2002.
[10] FENDRICH, ROBERTO; OBLADEN, NICOLAU L.; AISSE, MIGUEL M.; GARCIAS, CARLOS M.; ZENY, ANA SYLVIA. Drenagem e Controle da
Erosão Urbana. Editora Universitária Champagnat, Curitiba – PR, 1997.
[11] TSUTIYA, MILTON TOMOYUKI; SOBRINHO, PEDRO ALEM. Coleta e Transporte de Esgoto Sanitário – 2ª ed. - Departamento de Engenharia
Hidráulica e Sanitária, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, S.P, 2000.
[12] TUCCI, CARLOS E. M.; PORTO, RUBEM LA LAINA; BARROS, MÁRIO T. DE. Drenagem Urbana. Associação Brasileira de Recursos Hídricos –
ABRH, Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Porto Alegre – RS, 1995. 428p.
[13] ZAIDLER, WALDEMAR. Projetos estruturais de tubos enterrados. PINI Editora, São Paulo, S.P., 1983.
[14] WILKEN, PAULO SAMPAIO. Engenharia de Drenagem Superficial. São Paulo, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, 1978. 478p.

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