ANAIS DO CONGRESSO ESPÍRITO-SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA CEFD – UFES 2016
COMO E QUE PRÁTICAS INVENTIVAS, DO PROJETO DE EXTENSÃO
“FORMAÇÃO EM DANÇA”, TOMAM COMO MATÉRIA DE FORMAÇÃO OS ENCONTROS, OS CONFLITOS E AS CONTRADIÇÕES
Rosely Maria da Silva Pires
CEFD/UFES FORDAN/PROEX/UFES
Com intuito de dar visibilidade a proposta de Formação humana e instrumental
do programa de Extensão FORDAN-CEFD, apresentamos os cincos eixos que têm nos permitido a contestação e resistência, de forma criativa, às políticas neoliberais que constantemente se atualizam nas suas inúmeras formas de excludência. Esta proposta tem servido de base para a intervenção das atividades do programa e seus projetos, tanto na Universidade, intervindo com os alunos da graduação, como na comunidade de São Pedro, onde acontece um dos nossos projetos de extensão, patrocinado pela Proex/UFES. Este programa teve inicio em 2005 cujo título inicial foi dança e Educação, surgiu primeiramente com objetivo de oferecer a cultura da dança para as crianças em situação de vulnerabilidade social da ONG Legião da Boa Vontade. Durante estes 10 anos de trabalho com a dança temos desenvolvido diversos trabalhos com a pesquisa intervenção, a cartografia e o paradigma indiciário. As experiências nos ajudaram na criação de alguns eixos para o trabalho com a dança, estes têm nos permitido resignificar nossos fazeres frente a complexidade da realidade vivenciada nos projetos. Estes eixos são trabalhados dentro de uma dinâmica dialética evitando a fragmentação entre as atividades. No eixo Produção do Conhecimento, nossos estudantes são despertados como sujeito políticos do conhecimento, eles estudam os saberes das danças enquanto produção sócio- histórica, entendendo que os saberes presentes em sua corporeidade também são historicamente construídos. No eixo Educação do Movimento, propomos atividades de apropriação e instrumentalização das danças que exigem a técnica dos movimentos, mas também e principalmente a sensibilidade. No eixo Relação com o Cotidiano, contextualizamos os movimentos das danças ensinadas relacionando-os com atividades da vida, o que nos permite a problematização e intensificação de uma pluralidade desses movimentos. Nestes momentos são recriados movimentos que estão relacionados à processos vividos em ambientes escolares, familiares etc. No eixo Tema Transversal, acolhemos as queixas sobre as violências experiência das por nossos educandos em seu cotidiano; com o uso de movimentos corporais na dança e outras formas de arte, com o grafismo e a pintura, criamos espaços de compartilhamento e elaboração dessas experiências conflituosas. No eixo Criação, trabalhamos os exercícios de resistência às violências como afirmação de potências, criando constantemente apresentações de dança que busquem como diz Valter Benjamim escovar a história a contrapelo utilizando a narrativa como forma de dar conselhos. Nos projetos coordenados por nós são organizados seminários, grupos de estudos, espetáculos de dança e formações com a temática da violência. Tem sido muito enriquecedor para o programa as parcerias a comunidade e com pesquisadores de outras áreas de conhecimento como a Letras, Ciências Sociais, História, Psicologia e artes. Estes parceiros do Fordan são professores da UFES que também pesquisam a temática da violência. A proposta tem sido abrir diálogos possíveis para problematizar questões da área de direitos humanos. Coloca-se como desafio desta proposta entender os conflitos, fazendo a crítica, compreendendo o poder como um conjunto de dispositivo de sujeição. Como afirma Foucault (1979), agimos sempre em conformidade com aquilo que o poder constantemente produz em nós. Nos projetos, privilegiamos dois conceitos considerados, por nós, fundamentais para nossa metodologia de trabalho, são eles: a) a Experiência como um acontecimento, com […] enfrentamento da diversidade de situações e de problemáticas que não estão dadas a priori, mas que são produzidas nas relações e que requerem coletivização de análises (...) e b) Formação como luta para que o educador descubra seus caminhos e entre encontros, conflitos e contradições construam permanentemente territórios estéticos de vida (AGUIAR, 2008, p. 40). REFERÊNCIAS
AGUIAR, K.; ROCHA, M. A inclusão do conflito como estratégia de intervenção
na escola. In: BOGAMINO; TONDIN; BRUXEL (Orgs) As práticas da psicologia social com (o) movimentos de resistência e criação. Porto Alegre: ABRAPSO Sul, 2008, p.35- 45.
BENJAMIN, W. "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica". In:
Obras Escolhidas: Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 1985.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. [Organização e tradução de Robert
Machado]. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979
KASTRUP, V. Políticas Cognitivas na Formação do Professor e o Problema do
PIRES, R. et. al. Pesquisa em ação: educação física na escola. Unijuí : Ijuí, 2003
PIRES, R; SANTOS, K; RODRIGUES, M. O Homem Criativo “Intervendo” na
violência: Apresentação de Dança na Pespectiva Indiciária. In: XIX Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e VI Congresso Internacional de Ciências do Esporte, 2015. VI Congresso Internacional de Ciências do Esporte (CONICE). Vitória: CONBRACE, 2015. v. 1. 26.