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Morfofisiologia Humana

Sistema Muscular e Esquelético com Ênfase no Eixo Axial

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Janaína Simões

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Sistema Muscular e Esquelético
com Ênfase no Eixo Axial

• Conceitos Introdutórios sobre o Sistema Esquelético;


• Ossos do Crânio;
• Órbita;
• Coluna Vertebral;
• Sistema Muscular, com Ênfase nos Músculos da Cabeça.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Aprender sobre estruturas anatômicas que compõem o sistema ósseo e muscular do
esqueleto axial.
UNIDADE Sistema Muscular e Esquelético
com Ênfase no Eixo Axial

Conceitos Introdutórios
sobre o Sistema Esquelético
Iniciaremos o nosso estudo sobre o fantástico corpo humano com o sistema esquelético.

Composto por 206 ossos, o esqueleto humano é responsável por sustentar nossa pos-
tura, permitir a locomoção, movimentação além de oferecer suporte, abrigo e proteção
para órgãos importantes como, por exemplo, o crânio, que abriga e protege o encéfalo e
a órbita que abriga e protege a maior parte do globo ocular; vale ainda destacar a impor-
tância do conhecimento destes dois órgãos para o optometrista.

O estudo do sistema esquelético envolve o conhecimento detalhado sobre os ossos,


seus acidentes anatômicos, composição, fisiologia, articulações e cartilagens.

São funções do esqueleto (RIZZO, 2012):


• Estabilizar e suportar tecidos como músculos, vasos linfáticos e sanguíneos, tecido
gorduroso, pele e nervos;
• Abrigar e proteger órgãos importantes como o encéfalo, a medula espinal, os pul-
mões e o coração;
• Servir de alavanca, dando suporte e sendo ponto de fixação para músculos e ten-
dões executarem os movimentos corporais;
• Efetuar o processo denominado hematopoiese, que ocorre na medula óssea de
produção sanguínea vermelha;
• Servir de local de armazenamento de sais minerais como cálcio, fósforo e gordura.

Em um feto o esqueleto está completamente formado no final do terceiro mês de


gravidez. A composição óssea nesta fase é principalmente de cartilagem; após isto
ocorre o processo de formação óssea denominado ossificação, proporcionando, assim,
o crescimento ósseo.

Células denominadas osteoblastos invadem a cartilagem e iniciam o processo de


formação óssea e este crescimento continua no sexo feminino aproximadamente aos
15 anos de idade e no sexo masculino em torno de 16 anos. O nome do local em que
ocorre este processo é placa ou linha óssea, sendo que a remodelação e maturação
óssea continua em ambos os sexos até os 21 anos. Podemos considerar, então, que a
cartilagem é o ambiente no qual proporciona o desenvolvimento ósseo.

Do ponto de vista histológico, o tecido ósseo é composto por três tipos celulares:
osteoclastos, osteoblastos e osteócitos. Os osteócitos são células responsáveis pela com-
posição interna da matriz óssea. Os osteoblastos possuem a responsabilidade de realizar
a síntese da matriz óssea e podem armazenar fosfato de cálcio e tornar-se parte da
mineralização da matriz. Já os osteoclastos são células móveis, multinucleadas e com
ramos extensos, envolvidos no processo de reabsorção e remodelação do tecido ósseo,
digerindo a matriz óssea e sintetizando novos componentes orgânicos, essenciais para a
homeostase do cálcio e integridade óssea.

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Do ponto de vista macroscópico, podemos classificar os ossos em densos ou espon-
josos. Os ossos do tipo denso são constituídos por peças sólidas, já os esponjosos pos-
suem estruturas constituintes semelhantes a feixes de camadas trabeculares. Em ossos
classificados como longos possuem sua extremidade, denominada epífise, há uma fina
camada de osso compacto que recobre a superfície óssea esponjosa. E na sua parte
alongada e cilíndrica, denominada diáfise, a cavidade esponjosa do osso é ocupada
pela medula óssea. A medula óssea é de fundamental importância para a formação de
células sanguíneas.

Outro modo de classificar os ossos é de acordo com a sua forma em curtos, que
possuem eixo curto e formato irregular; longos, cujo comprimento excede a largura;
planos, que geralmente são curvos e formados por placas planas excelentes para a
fixação muscular; irregulares, que possuem formato diferenciado sem regularidade; e
sesamoides, que são ossos pequenos e arredondados que ficam localizados próximos à
articulação. Observe a Figura a seguir e veja os tipos de ossos classificados de acordo
com a sua forma:

Figura 1 – Classificação dos ossos


Fonte: RIZZO, 2012

De maneira geral, o esqueleto é formado por 206 ossos, de modo que cada osso
recebe uma nomenclatura com características específicas, tais como acidentes anatô-
micos, por exemplo. Dividimos o esqueleto em 2 regiões: apendicular, composta por
membros inferiores (62 ossos) e superiores (64 ossos); e axial, composto pelo crânio,
a coluna vertebral, as costelas e o esterno. Nesta Unidade focaremos o eixo axial e os
ossos do crânio justamente pela importância e relação direta com a visão. Veja, na
Figura a seguir, a divisão do esqueleto em axial – representado por amarelo – e apen-
dicular – representado por branco:

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Figura 2 – Divisão do esqueleto


Fonte: Reprodução

Ossos do Crânio
O crânio possui funções extremamente importantes. São seus ossos e a forma em
que se articulam que garante a proteção e o abrigo de órgãos vitais como o cérebro e de
órgãos sensoriais como os olhos e ouvidos. Além disso, os ossos da face servem como
pontos de fixação de músculos para a mímica facial, ao processo de mastigação e à
articulação da fala e movimentação da cabeça.

Existem cavidades contendo ar denominadas seios paranasais, que participam da


drenagem e do escoamento de secreção. Os ossos do crânio e da face se articulam entre
si de forma bastante firme e unidos por estruturas denominadas suturas, com exceção
da articulação entre o osso temporal com o ramo da mandíbula denominada articulação
temporomandibular, que apresenta maior mobilidade, proporcionando a abertura da
boca para atividades como a fala e mastigação.

Os ossos da caixa craniana são divididos da seguinte forma:


• 8 ossos cranianos:
» Ímpares: Occipital, frontal, esfenoide, etmoide;
» Pares: Temporais, parietais.
• 14 ossos faciais:

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» Ímpares: Vômer, mandíbula;
» Pares: Conchas nasais, ossos nasais, maxilares, palatinos, zogomáticos, lacrimais.

Você Sabia?
A sinusite é uma inflamação que afeta a mucosa das cavidades denominadas seios
paranasais e presentes nos ossos da face. Esta inflamação pode ser provocada por
uma infecção ou até mesmo por quadros alérgicos. É muito importante para você,
optometrista, saber sobre este assunto, pois casos de sinusites crônicas ou que não
respondem ao tratamento devem ser avaliadas com cautela pela chance de se desen-
volver complicações oculares como a celulite orbitária.

Figura 3 – Seios paranasais


Fonte: RIZZO, 2012

Figura 4 – Seios paranasais (vista lateral)


Fonte: TORTORA; DERRICKSON, 2019

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Vejamos detalhes importantes de alguns ossos que compõem o crânio e a face:


• Frontal: É um osso ímpar (único) que se apresenta na região anterior do crânio
(testa). Ele contribui para a formação da órbita (que abriga o globo ocular) e a
cavidade nasal. Ele se articula com os dois ossos parietais através de uma sutura
denominada sutura coronal;
• Parietal: Osso par que forma as porções superior e o teto do crânio, articulando-
-se por uma linha mediana denominada sutura sagital, na qual se divide em osso
parietal direito e esquerdo;
• Temporal: Osso par que forma a parte inferior e base do crânio. Possui formato
irregular e quatro partes: escamosa, papilar, petrosa e timpânica;
• Occipital: Osso ímpar que forma a base posterior do crânio e se articula com os os-
sos parietais na sutura denominada lambdoide. Na região inferior forma a base do
crânio e o osso occipital possui um orifício de abertura denominado forame magno,
responsável por abrigar e proporcionar a conexão da medula com o cérebro;
• Esfenoide: Osso ímpar que se localiza na parte mediana da base do crânio; o inte-
ressante deste osso é que se articula com todos os outros ossos do crânio, mantendo
a união entre eles, além de abrigar estruturas importantes como a hipófise e o canal
óptico. Seu nome se dá ao fato de se assemelhar à asa de um morcego (excelente
dica para você não o esquecer);
• Etmoide: Osso ímpar que se localiza na região anterior da base do crânio, a locali-
zação dele entre as órbitas é outra característica marcante. É um osso de caracterís-
tica esponjosa e possui uma parte aerada, formando os seios etmoidais;
• Osso nasal: Osso par, localizado na face, faz parte da sustentação do nariz, está
próximo à cartilagem nasal, compondo o nariz;
• Maxila: Osso par, localizado na face, de modo que a sua união forma a parte su-
perior da boca e se articula com a maioria dos ossos da face. Nele está localizado o
seio maxilar e possui estrutura denominada processos alveolares superiores, que
servem como ponto de implantação da arcada dentária superior;
• Mandíbula: Osso ímpar, é o único osso que apresenta mobilidade, através da ar-
ticulação com o osso temporal, sendo considerado o maior e o osso da face com
maior resistência;
• Palatino: Osso par, fundido e localizado na região do assoalho e da base lateral da
cavidade nasal;
• Zigomático: Osso par, localizado na porção lateral e anterior da face; é considera-
do um dos ossos mais irregulares do crânio, por se apresentar mais proeminente,
formando a “maçã do rosto” e estando mais susceptível a fraturas;
• Lacrimal: Osso par, localizado na porção anterior da face, definido como o menor
osso da face;
• Concha nasal: Ossos pares, localizados na região da cavidade nasal, ajudando na
filtragem do ar que passa pelo nariz em direção aos pulmões;
• Vômer: Osso ímpar, de formato triangular, está localizado na parte inferior da cavi­
dade nasal.

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Figura 5 – Vista lateral do crânio
Fonte: NETTER, 2019

Figura 6 – Vista anterior do crânio


Fonte: NETTER, 2019

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Figura 7 – Vista superior do crânio


Fonte: NETTER, 2019

Figura 8 – Vista inferior do crânio


Fonte: NETTER, 2019

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Órbita
Sem dúvida, este é um dos tópicos mais importantes desta Unidade, pois a órbita é a
estrutura que garante o abrigo e a proteção para a maior parte do globo ocular. É uma
cavidade cuja formação óssea depende de 7 ossos cranianos e faciais, os quais formam
um canal piramidal que possui grande abertura anterior, enquanto na porção posterior
possui fissuras que conectam o olho com o encéfalo.

Na órbita existem acidentes anatômicos que funcionam como pontos de fixação e


passagem de estruturas importantes para a função visual.

Os ossos cranianos que formam a órbita são: frontal, esfenoide e etmoide. E da face
para compor a órbita são: palatino, zigomático, lacrimal e maxila.

Figura 9 – Órbita e os seus 7 ossos


Fonte: NETTER, 2019

Importante!
Por ser uma estrutura que possui um formato piramidal, a órbita é dividida em paredes,
a saber:
• Superior: Formada por partes dos ossos frontal e esfenoide;
• Inferior: Formada por partes dos ossos da maxila, do palatino e zigomático;
• Lateral: Formada por parte do zigomático e esfenoide;
• Medial: Formada por parte da maxila, etmoide, esfenoide e lacrimal.

Os acidentes anatômicos da órbita (canais, forames e fissuras) são estruturas impor-


tantes e que você deve conhecer, afinal, através delas é realizada a passagem de nervos,
vasos que atuam diretamente no bulbo ocular, anexos que influenciam a visão. Observe
o quadro a seguir, com as principais estruturas:

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Quadro 1

Forame supraorbital Nervo e artéria supraorbital.

Forame infraorbital Nervo e artéria infraorbital.

Forame
Nervo e artéria zigomaticofacial.
zigomaticofacial

Canal óptico Nervo óptico, artéria oftálmica.

Fissura orbitária Ramos oftálmicos do nervo trigêmeo, nervos oculomotor, troclear,


superior abducente, veias oftálmicas.

Fissura orbitária inferior Ramo maxilar do nervo trigêmeo, nervo zigomático, vasos infraorbitais.

Canal nasolacrimal Drenagem do filme lacrimal.

Forame etmoidal
Nervos e vasos etmoidais.
anterior e posterior

Nas figuras a seguir, veja a interação das estruturas e como os nervos e vasos se
relacionam com as fissuras, forames e canais. É muito importante para você perceber
este contato íntimo e a partir daí entender melhor a função dos acidentes anatômicos e a
necessidade de cada componente orbitário ser tão complexo e com tanta particularidade.

Os forames denominados infraorbitários estão localizados na porção inferior da órbita


e são aberturas pertencentes ao osso maxilar em sua superfície malar, a qual serve de pas-
sagem para o nervo infraorbitário, que é uma divisão do nervo trigêmeo e responsável pela
informação sensitiva da pálpebra inferior. A incisura supraorbitária que está localizada no
processo orbital presente no osso frontal, fornece local de passagem para o nervo supraor-
bitário que é responsável pela inervação sensitiva da pálpebra superior – note os grifos na
seguinte Figura:

Figura 10 – Incisuras e forames orbitais


Fonte: Reprodução

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Figura 11 – Nervos orbitários
Fonte: NETTER, 2019

Figura 12 – Vasos da órbita


Fonte: NETTER, 2019

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Você Sabia?
As patologias que afetam a órbita são de difícil diagnóstico e, consequentemente, de
difícil tratamento. Nesta região podem ocorrer fraturas (blow), processos inflamatórios
infecciosos ou não, tumores etc., que podem se manifestar como sinais e sintomas de
baixa acuidade visual, edema e hematoma em torno do olho, alterações pupilares, dor,
alterações de movimentação e posicionamento ocular. Fique atento(a) a estes casos e
encaminhe o mais rápido possível ao especialista.

Vamos Praticar?
Nomeie os ossos demarcados na Figura 13;
Na Figura 14, qual é o nome da estrutura em verde, apontada pela seta?
A estrutura apontada pela seta na Figura 15 é o processo zigomático de qual osso?
Qual é o nome do osso em verde apontado pela seta na Figura 16?

Figura 13 – Principais ossos do corpo humano


Fonte: Reprodução

Figura 14 – Órbita Figura 15 – Órbita


Fonte: Reprodução Fonte: Reprodução

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Figura 16 – Órbita
Fonte: Reprodução

Coluna Vertebral
A coluna vertebral é outro componente do esqueleto axial. É composta por vários
ossos denominados vértebras e que são posicionados anexos empilhados umas às ou-
tras. O resultado deste empilhamento de vértebras garante a posição ortostática (de pé)
e movimentos como os de girar o tronco, mover para frente, para os lados e para trás.
A estes movimentos damos os nomes de rotação, flexão anterior, flexão lateral e
extensão, respectivamente.
Como função, a coluna vertebral exerce importante e fundamental trabalho de pro-
teger e abrigar a medula espinal, servindo de fixação posterior para as costelas e susten-
tando a cabeça.
O total de vértebras da coluna sofre modificação se compararmos o feto com o adulto:
o feto possui 33 vértebras e o adulto 26, de modo que esta diferença se dá devido ao fato
de que no adulto as vértebras das regiões sacrais e coccígeas se fundem ao nascimento,
tornando-se uma só. Encontramos, no adulto, a seguinte distribuição:
• 7 vértebras cervicais;
• 12 vértebras torácicas;
• 5 vértebras lombares;
• 1 sacro;
• 1 cóccix.

Outro aspecto importante que você deve saber é sobre as curvaturas fisiológicas da
coluna vertebral, que também sofrem alterações quando comparadas ao feto, este que
possui somente curvatura única em cifose.

Com o avançar do desenvolvimento e com habilidades motoras adquiridas, passa-se


a apresentar curvaturas fisiológicas em lordose cervical e lombar, cifose torácica, sacral
e coccígea.

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A presença das curvaturas colabora para a manutenção do equilíbrio, da postura


ereta e na absorção de impacto em atividades como andar e correr. Observe a Figura a
seguir, proposta por Tortora e Derrickson (2019) em: (a) comparando as curvaturas no
feto e no adulto e em (b) a vista lateral com as curvaturas fisiológicas:

Figura 17 – Curvaturas da coluna


Fonte: Adaptada de TORTORA; DERRICKSON, 2019

Existe diferença também quanto à mobilidade de cada região vertebral, de modo que
as vértebras das regiões lombares e cervicais possuem maior mobilidade se comparadas
às vértebras torácicas e estas possuem maior mobilidade se comparadas às sacrais.

Você Sabia?
Existem alterações de posicionamento da coluna que são provocadas por complicações
oculares. É o caso da Posição Viciosa de Cabeça (PVC) por estrabismo e altos astig-
matismos, no qual o desalinhamento ocular provoca inclinação e rotação da cabeça,
alterando o posicionamento fisiológico da coluna cervical e trazendo uma demanda
postural inadequada ao portador do distúrbio. Tudo isto acontece na tentativa de se
corrigir a disfunção ocular. Disponível em: https://bit.ly/2P51P2e

As vértebras variam as suas características de acordo com a sua localização em tama-


nho e até mesmo algumas em estruturas constituintes. De maneira geral são divididas
em dois grupos:
• Típicas: Possuem características comuns como estrutura básica, tais como corpo,
discos intervertebrais, arco vertebral e processos vertebrais;
• Atípicas: Possuem características especiais como, por exemplo, somente a segunda
vértebra cervical possui estrutura denominada processo odontoide.

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Vértebras Cervicais
São um total de 7, denominadas rotineiramente de C1, C2, C3, C4, C5, C6 e C7,
sendo que a C1 também recebe o nome de Atlas e a C2 de Áxis, sendo consideradas
vértebras atípicas por apresentarem características únicas. As vértebras de C3 a C6 pos-
suem, na região posterior, proeminência óssea denominada como processo espinhoso
de forma bífida (dividido em duas partes).

Os forames das vértebras cervicais são dispostos em três quantidades e servem para
a passagem da medula e de transversais à passagem de vasos e nervos. Nesta região
os discos intervertebrais são menores e mais finos. A vértebra Atlas (C1) não possui
processos espinhosos ou corpo vertebral, de modo que nela encontramos massas late-
rais para articulares com o crânio. A vértebra Áxis (C2) possui corpo e é a única que
tem um dente (processo odontoide) que se articula à C1. Veja, na Figura a seguir, as
estruturas características das vértebras cervicais:

Figura 18 – Vértebras cervicais


Fonte: Adaptada de TORTORA; DERRICKSON, 2019

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Vértebras Torácicas
As vértebras da região torácica são maiores se comparadas às cervicais, porém, menores
se comparadas às lombares.
Totalizam 12 vértebras no eixo torácico, além de em seu forame vertebral abrigar
a medula espinal, na porção posterior possui estrutura denominada fóvea ou facetas
costais, servindo como ponto de fixação para as costelas, que se movimentam acompa-
nhando a expansão do tórax na respiração. Observe as características e estruturas das
vértebras torácicas na Figura a seguir:

Figura 19 – Vértebras torácicas


Fonte: Adaptada de TORTORA; DERRICKSON, 2019

Vértebras Lombares
São as vértebras maiores e mais resistentes da coluna vertebral. Por receberem maior
impacto, consequentemente são as que apresentam lesões com maior frequência.

Totalizam 5 vértebras, de L1 a L5, abrigando a porção final da medula espinal que


termina em L1 e L2.

Figura 20 – Vértebras lombares


Fonte: Adaptada de TORTORA; DERRICKSON, 2019

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Sacro e Cóccix
De formato triangular, conforme visto anteriormente, o osso do sacro é formado
pela fusão de 5 vértebras (S1, S2, S3, S4 e S5). De acordo com Tortora e Derrickson
(2019), esta fusão está completa em torno de 30 anos de idade e se inicia entre 16 e 18
anos. Possuem em cada nível os forames sacrais que servem para a passagem de vasos
e nervos púbicos.

O cóccix também possui forma triangular e é resultado de uma fusão de 4 vértebras


(CO1, CO2, CO3 e CO4), representando a porção final da coluna vertebral.

Figura 21 – Sacro e cóccix


Fonte: Adaptada de TORTORA; DERRICKSON, 2019

Leia sobre os Discos Intervertebrais. Disponível em: https://bit.ly/3grtsO8

Sistema Muscular, com Ênfase


nos Músculos da Cabeça
Os músculos são responsáveis por garantir a movimentação corporal como a loco-
moção, movimentação do sangue nos vasos, os movimentos intestinais, movimentos
da urina, a contração cardíaca, dentre outros através de um sistema de contração e
relaxamento. Existem 3 tipos de músculos:
• Estriado esquelético: De contração voluntária;
• Estriado cardíaco: De contração involuntária;
• Lisos ou não estriados: De contração involuntária.

Assim como o esquelético, o sistema muscular é dividido topograficamente em axial


e apendicular. O corpo humano possui mais de 600 músculos esqueléticos, por isto
nesta Unidade focaremos naqueles envolvidos na movimentação da cabeça – por sua
importância e relação com os olhos.

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UNIDADE Sistema Muscular e Esquelético
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Tecido muscular estriado esquelético

Tecido muscular estriado cardíaco

Tecido muscular não estriado

Figura 22 – Tipos de músculos


Fonte: Adaptada de Getty Images

As paralisias musculares por sequelas neurológicas podem afetar os músculos que movi-
mentam os olhos de forma isolada ou em grupo; da mesma forma, músculos envolvidos na
mímica e expressões faciais também podem ser afetados. É necessário conhecer cada um
deles, a sua inervação e função para realizar o diagnóstico diferencial, pois podem alterar o
movimento de convergir os olhos, de levantar as pálpebras e a sobrancelha.

Os músculos da cabeça possuem funções como realizar expressões faciais, movimentar


a face, língua para a fala, mastigação, deglutição e laringe. Dentre as ações motoras impor-
tantes podemos destacar: rir, franzir a sobrancelha, falar, assobiar, sugar, mastigar e deglutir.

O olho possui músculos motores que são envolvidos na movimentação ocular: o reto
lateral, reto medial, reto superior, reto inferior, oblíquo superior e oblíquo superior – re-
presentados na Figura 23:

Figura 23 – Músculos oculomotores


Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009

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Além dos oculomotores, temos músculos extraoculares tais como os descritos na
Tabela a seguir:

Tabela 1
Músculo Origem Inserção Ação Inervação
Corrugador do Extremidade medial dos ar- Traciona no sentido ínfe-
Pele acima da margem
cos superciliares, fibras do ro-anterior (franze a pele Nervo facial VII.
supercíclio média supraorbital.
músculo orbicular dos olhos. da fronte).
Levantador da Região inferior da asa menor Placa tarsal e pele da
Levanta a pálpebra superior. Nervo oculomotor III.
pálpebra superior do esfenoide. pálpebra superior.
Parte orbital: fecha as pál-
Parte nasal do osso frontal, Pele da região orbital, pebras com firmeza.
processo frontal da maxila, rafe palpebral lateral, Parte palpebral: fecha as
Orbicular do olho ligamento palpebral medial, placas tarsais superior pálpebras suavemente.
Nervo facial VII.
osso lacrimal. e inferior. Parte palpebral profunda:
comprime o saco lacrimal.
Fonte: Adaptada de MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009

Observe, nas seguintes figuras, a localização dos músculos citados e veja os outros
principais músculos do eixo axial – cabeça:

Figura 24 – Músculos da cabeça (vista anterior)


Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009

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Figura 25 – Músculos da cabeça (vista lateral)


Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009

Figura 26 – Músculos da cabeça por dissecação em cadáver


Fonte: MARTINI; TIMMONS; TALLITSCH, 2009

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Estrutura e Função do Esqueleto
https://bit.ly/3tyjqyC
Estrutura Microscópica do Osso – O Sistema Haversiano
https://bit.ly/3n2WzZm

Leitura
Fratura Isolada de Parede Medial da Órbita Associada à Redução
Importante de Movimentação Ocular - Relato de Caso
https://bit.ly/32rQ09g
Torcicolo. Posição Viciosa de Cabeça
https://bit.ly/3n97HEo

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UNIDADE Sistema Muscular e Esquelético
com Ênfase no Eixo Axial

Referências
MARTINI, F.; TIMMONS, M.; TALLITSCH, R. Anatomia humana. Porto Alegre, RS:
[s.n.], 2009.

NETTER, F. H. Atlas de Anatomia Humana. [S.l.: s.n.], 2019.

RIZZO, D. C. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. [S.l.: s.n.], 2012.

TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Corpo humano: fundamentos de Anatomia e


Fisiologia. [S.l.: s.n.], 2019.

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