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Introdução à Osteologia

Rui Alvites
rui.alvites@iucs.cespu.pt

Mestrado Integrado em Medicina


Veterinária
Ano académico 2023/2024
Introdução ao sistema
01 musculoesquelético.

02 Constituição e funções do tecido ósseo.

03 Características gerais dos ossos.

04 Crescimento e desenvolvimento ósseo.

05 Características morfológicas dos ossos.

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Introdução ao Aparelho Locomotor

Aparelho locomotor:
➢ Composto por todos os órgãos que garantem estabilidade ao corpo e permitem o movimento
independente e o tónus corporal;
➢ Base da conformação física característica de cada espécie.

➢ Componente passivo - Sistema esqueletico;


➢ Componente ativo - Sistema muscular.

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Introdução ao Aparelho Locomotor
Sistema esquelético (endoesqueleto) - Composto pela estrutura óssea do corpo:
➢ Grande capacidade de suportar peso;
➢ Os ossos são reforçados por elementos de cartilagem e tecido conjuntivo;
➢ As articulações permitem os movimentos entre os ossos;
➢ O sistema esquelético envolve as cavidades do corpo, protegendo as vísceras e elementos do sistema
nervoso central de lesões traumáticas.

MIVM Estudo do sistema esquelético - Osteologia e Artrologia


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Introdução ao Aparelho Locomotor
Osteologia - Parte da organografia que estuda os ossos.

Osso - Órgãos passivos de locomoção.


➢ Duros;
➢ Rígidos;
➢ Brancos nacarados;
➢ Local de inserção e fixação dos músculos, ligamentos
e tendões;

Funções:
➢ Suporte de peso;
➢ Movimentos;
➢ Proteger vísceras e órgãos sensíveis;
➢ Produção de células sanguíneas (medula óssea – hematopoiese);
➢ Reservatório de substâncias minerais (cálcio e fósforo) essenciais para a produção de leite e ovos e para
a homeostasia.

São compostos por elementos orgânicos


e inorgânicos (cálcio e fósforo)
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Constituição e Função do Tecido Ósseo
Estrutura óssea - Os ossos são órgãos com sensibilidade, elevado metabolismo e capacidade de
regeneração, pelo que são constituídos por diferentes tipos de tecidos, cada um com uma série de funções
específicas:
➢ Tecido ósseo - função mecânica caracterizada pela sua resistência à tração e compressão. Também
cumpre uma função homeostática, pois constitui uma importante reserva mineral que pode ser
mobilizada pelo organismo;
➢ Tecido fibroso - representado pelo periósteo e pelo endósteo. Tem função protetora por recobrirem o
osso cortical, osteogênica por permitir o crescimento ósseo em espessura e osteoclástica por promover
a remodelação óssea;
➢ Tecido cartilaginoso - permite o crescimento em comprimento dos ossos e das superfícies articulares;
➢ Medula óssea - funções osteogénicas e hematopoiéticas, contribuindo para a formação de células
sanguíneas;
➢ Vasos e nervos - artérias, veias e vasos linfáticos que nutrem os elementos anteriores; nervos que
fornecem sensibilidade ao periósteo e permitem os impulsos vasomotores.

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Constituição e Função do Tecido Ósseo
Tecido ósseo - Composto por células envolvidas por uma matriz orgânica mineralizada, por sua vez
composta por fibras de colagénio e sais minerais.

Células constituintes:
o Osteoblastos:
➢ Produção da matriz óssea;
➢ Calcificação da matriz (matriz osteoide - matriz calcificada);
➢ Secreção de colagénio;
o Osteócitos:
➢ Osteoblastos modificados;
➢ Estão na medula e são responsáveis ​por manter a integridade
da matriz óssea;
o Osteoclastos:
➢ Células de reabsorção óssea;
➢ Secreção de H+ e enzimas (fosfatase alcalina e colagenase);
➢ Regulados pela secreção de PTH e Calcitonina (tireoide e
paratireoide)

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Constituição e Função do Tecido Ósseo
Tecido ósseo - Composto por células envoltas por uma matriz orgânica mineralizada, por sua vez composta
por fibras de colagénio e sais minerais.

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Constituição e Função do Tecido Ósseo
Tecido ósseo - Composto por células envoltas por uma matriz orgânica mineralizada,por sua vez composta
por fibras de colagénio e sais minerais.

Matriz extracelular
o Orgânico (30%) - As fibras de colagenio tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas, conferem ao osso a sua
força e elasticidade;
o Inorgânico (70%) - Iões de cálcio, fósforo, potássio, magnésio e bicarbonato.
➢ O cálcio e o fósforo (fosfato de cálcio - hidroxiapatite) geram cristais que, juntamente com o
colagénio, conferem aos ossos a sua rigidez e dureza.

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto à sua:
o Posição:
➢ Ossos ímpares ou simétrico - A maioria dos ossos que
compõem o esqueleto axial. Estão localizados no plano
mediano do corpo e, portanto, podem ser divididos em duas
partes iguais (uma direita e outra esquerda) por este plano. Ex:
Atlas, axis, vértebras, osso occipital, osso esfenóide.

➢ Osso pares ou assimétrico- São os ossos dos membros, a


cintura pélvica, a cintura torácica, osos da face, alguns ossos
que compõem o crânio e as costelas. Não há eixo de simetria
para dividir em duas metades iguais, e estes ossos existem no
corpo aos pares: um do lado direito e outro do lado esquerdo.
Ex.: Osso maxilar, osso temporal, úmero, fêmur, tíbia.

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto à sua:
o Morfologia:
➢ Ossos longos - São mais longos do que largos ou grossos. Constituídos
por um corpo ou diáfise e por duas extremidades ou epífises (uma
proximal e uma distal);
• Existem no corpo aos pares, um do lado direito e outro do lado
esquerdo;
• A diáfise, que engloba a medula óssea, é composta por osso
compacto (substância cortical);
• As epífises são recobertas por uma fina camada de osso compacto e o
seu interior é composto por osso esponjoso.
• Entre a diáfise e as epífises existe ainda uma metáfise.
• Estão confinados às extremidades onde atuam como alavancas
capazes de executar movimentos amplos.
• Ex: Úmero, rádio, ulna, fêmur…

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto à sua:
o Morfologia:
➢ Ossos curtos – Não têm uma dimensão dominante, ou seja, comprimento, largura e espessura são
aproximadamente iguais;
• Compostos principalmente por osso esponjoso coberto por uma fina camada de osso cortical.
• Ex: Podem ser encontrados no carpo, tarso, dedos, coluna e cabeça.

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto à sua:
o Morfologia:
➢ Ossos curtos – no grupo de ossos curtos podemos incluir:
• Ossos irregulares - Providos de extensões mais ou menos marcadas e
geralmente simétricas e presentes no plano mediano.
• Apresentam faces, arestas e ângulos;
• Absorvem choques violentos;
• Ex: vértebras.

• Ossos sesamoides - Pequenos ossos ovóides ou esféricos que se desenvolvem no seio de certos
tendões, como a patela, ou que estão ligados a ossos adjacentes através de ligamentos, onde
formam uma superfície deslizante para um tendão, como o osso navicular do cavalo.

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto à sua:
o Morfologia:
➢ Ossos planos - São ossos em que a largura e o comprimento são
muito mais marcados do que a espessura;
• Possuem arestas, lados e ângulos.
• Consistem em duas superfícies de osso compacto (uma lâmina
externa e uma lâmina interna) que circundam uma pequena
quantidade de tecido esponjoso denominado diploe [diploë].
• A medula óssea está confinada nos espaços entre as trabéculas do
tecido esponjoso;
• Ex: ossos da cabeça, escápula, coxal.

➢ Ossos alongados - Assim como os ossos longos, a sua principal


medida é o comprimento, mas neste caso não possuem cavidade
medular.
• Ex: costelas.

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto à sua:
o Morfologia:
➢ Ossos pneumáticos - Ossos da cabeça que possuem cavidades
contíguas à cavidade nasal e que são circundados por mucosa
nasal (mucoperiósteo);
• Formam os seios paranasais;
• Diferente dos ossos pneumáticos das aves;
• Ex: Ossos frontais, maxilares, etmoidais...

• Ossos esplâncnicos ou viscerais – Não são ossos por definição,


mas estruturas calcificadas associadas a vísceras:
• Ex: osso peniano (baculum) em cães, osso do coração em bovinos,
osso rostral em suínos.

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto às suas:
o Características macroscópicas:
➢ Osso compacto - tecido ósseo duro que cobre a maior parte dos
ossos curtos, planos e alongados e forma quase toda a diáfise dos
ossos longos (osso cortical), dentro da qual se encontra a cavidade
medular com a medula óssea, bem como o osso esponjoso nas
epífises (osso subcondral);

• São formados a partir da deposição de lamelas ósseas concêntricas,


denominadas lamelas circunferenciais internas e externas, dentro
das quais se formam os canais de Havers;

• Osteon ou Sistema de Havers - é uma unidade de estrutura óssea


compacta, formada por lamelas ósseas dispostas
concentricamente em torno de um canal de Havers;

• Canais de Havers - vias tubulares dentro de um osso compacto por


onde passam vasos sanguíneos e nervos. Os canais de Havers
comunicam-se pelos canais (perpendiculares) de Volkman;

• Lacunas - Espaços entre as lamelas onde se localizam os osteócitos. 16


Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto às suas:
o Características macroscópicas:
➢ osso compactado

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Características Gerais dos Ossos
Os ossos podem ser classificados quanto às suas:
o Características macroscópicas:
• Osso esponjoso ou trabecular - formado por múltiplas cavidades
comunicantes, separadas por uma rede de trabéculas ossificadas.
As cavidades são preenchidas com medula óssea, o que lhe
confere uma aparência esponjosa.

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Características Gerais dos Ossos
Placa e linha epifisária - A placa epifisária (ou fise, ou placa de crescimento) é uma placa de cartilagem
hialina localizada nas metáfises dos ossos longos.
➢ Está presente em animais jovens onde o crescimento ósseo em comprimento ainda está a ocorrer;
➢ Em animais adultos, quando o crescimento cessa, a placa de crescimento atrofia e permanece apenas
uma linha epifisária.

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Características Gerais dos Ossos
Placa e linha epifisária
➢ Durante o crescimento, nova cartilagem hialina forma-se continuamente na placa epifisária;
➢ Nos estágios posteriores de crescimento, a placa epifisária é invadida por um processo de ossificação;
➢ Quando a taxa de proliferação da cartilagem é menor que a taxa de ossificação, a invasão por tecido
ósseo é total e a linha fisária é formada.
➢ A taxa à qual ocorre encerramento da placa de crescimento depende da genética, dieta, ação hormonal
e nível de stress mecânico.

➢ Epífise fértil - Aquela que é o maior responsável pelo crescimento em comprimento de um osso longo:
➢ Membro anterior - As epífises mais distantes do cotovelo (epífise proximal do úmero e distal do
rádio);
➢ Membro posterior - As epífises mais próximas do joelho (epífise distal do fêmur e proximal da tíbia).

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Características Gerais dos Ossos
Tecido fibroso
▪ Periósteo - Composto por uma membrana de tecido fibroso (fibras de colagénio e fibroblastos) que
recobre e protege exteriomente os ossos, exceptuando as superfícies articulares. Possui também uma
membrana celular interna com capacidade osteogênica para ossificação diafisária e também para
reabsorção óssea. É responsável por permitir e limitar o crescimento em espessura dos ossos longos,
sendo assim mais espesso em animais jovens onde possui alta atividade osteogênica. Adere ao osso
cortical através de fibras de colagénio arqueadas (fibras de Sharpey) e aos músculos, nos locais de
fixação, por meio de tecido conjuntivo laxo.

▪ Endósteo - Reveste internamente a cavidade medular. Consiste em células osteoprogenitoras capazes de


se diferenciarem em osteoblastos para crescimento e regeneração óssea ou osteoclastos para
remodelação óssea.

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Características Gerais dos Ossos
Tecido Cartilaginoso - forma especializada de tecido conjuntivo.
• Evita o atrito nas superfícies articulares durante o movimento;
• Elástico e flexível, devido ao teor de água, mas também firme;
• Branco acinzentado;
• Regeneração lenta porque não tem vascularização ou inervação sanguínea ou linfática. A nutrição dá-se
por difusão a partir do líquido sinovial ou dos vasos sanguíneos do osso subcondral;
• Composto por condrócitos e condroblastos, revestido por pericôndrio;
• Rico em fibras de colagénio, glicosaminoglicanos, proteoglicanos e elastina;
• Em animais mais velhos, pode ossificar (cartilagem costal ou meniscos em gatos).

➢ Cartilagem hialina – A mais abundante no corpo, com teor moderado de colagénio e fibras elásticas.
Encontra-se na cartilagem epifisária de ossos jovens e cobrindo as suas superfícies articulares (cobrindo
o osso subcondral). Também na orelha e nariz, cartilagens costais, laringe, traqueia e brônquios. Este
tecido cartilaginoso representa as extremidades da estrutura cartilaginosa original dos ossos, que não
ossificaram.

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Características Gerais dos Ossos
Tecido Cartilaginoso
➢ Cartilagem elástica - maior teor de fibras elásticas (elastina) e
menor quantidade de colagénio. Está presente no aparelho
hióide, no pavilhão auricular e nas falanges distais.

➢ Cartilagem fibrosa ou fibrocartilaginosa - Contém uma grande


quantidade de fibras de colágenio. É encontrado nos discos
intervertebrais, meniscos e articulação da mandíbula.

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Características Gerais dos Ossos
Medula óssea - É o tecido que ocupa a cavidade medular dos ossos longos. Também preenche os espaços
ósseos trabeculares de alguns ossos planos. Podem considerar-se três tipos de medula óssea de acordo com
a sua atividade funcional:

➢ Medula óssea vermelha - com intensa atividade hematopoiética, osteogênica e osteoclástica. É


encontrada nos animais jovens;
➢ Medula óssea amarela - consequência da degeneração gorda da medula vermelha. Funciona
essencialmente como uma reserva de tecido adiposo;
➢ Medula óssea cinzenta – Gelatinosa e desprovida de tecido adiposo. Encontra-se em animais velhos ou
caquéticos.

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Características Gerais dos Ossos
Irrigação e vascularização - Geralmente distinguem-se dois sistemas:
➢ Sistema arterial periosteal - composto por artérias e veias que penetram diretamente no osso cortical
através dos canais ósseos;
➢ Sistema arterial medular - composto por artérias e veias diafisárias, epifisárias e metafisárias:
➢ Artéria (a.) nutricional (com origem nas artérias vizinhas) → Atravessa a cortical óssea através de
um canal nutricional → a. medular ou central → a. ascendente e descendente → ramificam-se para
a medula óssea e para o osso cortical através do endósteo → sistema vascular nos canais de Havers;
➢ A. articular → a. epifisária e metafisária - penetram no periósteo → irrigam a epífise e a metáfise →
podem anastomosar-se com ramos de a. medular;
➢ Arteríolas periosteais → ramos da artéria nutrícional principal que irrigam o periósteo,
principalmente nos locais de inserção ligamentar → penetram em pequenos canais no osso cortical
da diáfise → capilares periosteais;
➢ O osso esponjoso é nutrido pela difusão a partir da medula óssea;

➢ O retorno venoso é feito pelas veias correspondentes (satélite) para a veia


nutricional;
➢ O material hematopoiético entra na circulação pela veia medular que drena
para a veia nutricional.

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Características Gerais dos Ossos
Irrigação e vascularização

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Características Gerais dos Ossos
Drenagem linfática - Ocorre através de complexos subperiosteais, através de espaços linfáticos presentes na
superfície da medula óssea e através de canais perivasculares presentes nos canais de Havers.

inervação- Pequenos nervos acompanham os vasos sanguíneos e têm funções vasomotoras (controle do
suprimento sanguíneo para o osso) e sensoriais no periósteo (dor).

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Características Gerais dos Ossos
➢ De proximal para distal: ➢ De dentro para fora:
1. Cartilagem articular; 1. Cavidade medular (com medula óssea);
2. Osso subcondral; 2. Endósteo;
3. Epífise proximal; 3. Osso compacto (cortical);
4. Metáfise proximal (placa ou linha epifisária); 4. Periósteo;
5. Diáfise;
6. Metáfise distal;
7. Epífise distal;
8. Osso subcondral;
9. Cartilagem articular;

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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
A formação de cada peça individual do esqueleto depende do tecido em que ocorre a ossificação.
Considerando o precursor da ossificação, é possível distinguir:
➢ Ossificação intramembranosa - formação de osso a partir de um meio rico em tecido conjuntivo. É o
tipo de ossificação característica dos ossos da face e do crânio;
➢ Ossificação endocondral - o processo de ossificação ocorre a partir de tecido cartilaginoso. Este tipo de
ossificação ocorre nos ossos longos, costelas, esterno, base do crânio e vértebras

No processo de formação, crescimento e remodelação óssea, podem ser considerados dois tipos de
ossificação: uma ossificação primária que pode ocorrer tanto a partir do tecido conjuntivo como
cartilaginoso, e uma ossificação secundária.

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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
Ossificação primária - A diferenciação do tecido ósseo ocorre após uma sequência de 4 passos:
1. Aglomeração de células mesenquimatosas e sua diferenciação em osteoblastos;
2. Secreção de matriz orgânica pelos osteoblastos até que fiquem completamente envolvidos por ela.
Nesta fase são chamados osteócitos;
3. Depósito de cristais de hidroxiapatite na superfície ou no interior das fibras de colagénio da matriz
orgânica, em redor dos osteócitos;
4. Diferenciação de osteoblastos em osteoclastos que promoverão uma remodelação óssea de acordo
com as forças de pressão e trações a que os ossos são sujeitos durante o seu crescimento e na idade
adulta.
➢ As epífises são mais sujeitas a forças de compressão, e as apófises de inserção muscular à acção de
forças de tração.

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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
Ossificação intramembranosa - Este tipo de ossificação é por vezes denominada de ossificação direta e
ocorre na maioria dos ossos do crânio:
1. Após a aglomeração de células mesenquimatosas, estas diferenciam-se diretamente em osteoblastos como
descrito;
2. Com a formação e crescimento ósseo, as células mesenquimatosas que circundam o núcleo de ossificação
aderem à periferia, promovendo um crescimento ósseo radial;
3. O crescimento destes ossos cessa quando dois núcleos de ossificação vizinhos entram em contato,
interrompendo a expansão;
4. Ao nível da cabeça, a interrupção deste tipo de crescimento gera articulações fibrosas denominadas suturas;
5. Este tecido ósseo será recoberto por uma fina camada de osso compacto delimitando um espaço ósseo
trabecular preenchido por medula óssea (diploe).

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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
Ossificação endocondral - Mais complexo que a anterior uma vez que, antes de observar o processo de
ossificação primária descrito, há uma diferenciação do tecido mesenquimatoso em tecido cartilaginoso. O
processo mais comum de ossificação endocondral ocorre nos ossos longos:
1. Ocorre a diferenciação das células mesenquimatosas em condroblastos. Este grupo de células é
circundado por uma membrana com capacidade osteogênica denominada pericôndrio;
2. A ossificação da diáfise ocorre em duas fases:
➢ Ossificação membranosa das células internas do pericôndrio, responsável pelo crescimento em
espessura da diáfise. A partir deste momento o pericôndrio passa a ser chamado de periósteo;
➢ Ossificação endocondral da diáfise responsável pelo crescimento longitudinal dos ossos. Nesta fase,
são observados os seguintes passos:
▪ Diferenciação de condroblastos em condrócitos;
▪ Hipertrofia dos condrócitos com fusão citoplasmática e necrose celular. Apenas uma matriz
cartilaginosa trabecular permanece;
▪ Calcificação das trabéculas cartilaginosas;
▪ Pela atividade osteoclástica, forma-se um sistema de canais nesta matriz óssea que será
invadido pelos capilares sanguíneos. Estes capilares levarão transportarão células
mesenquimatosas que iniciarão a ossificação primária já descrita;
▪ Diferenciação de células mesenquimatosas em osteoblastos e tecido hematopoiético que
irão ocupar a cavidade medular.
▪ Formação da cavidade medular sob a ação dos osteoclastos.
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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
3. Ossificação das epífises que se inicia somente quando a ossificação das diáfises já está avançada. Forma
-se um núcleo de ossificação em cada epífise que evolui de forma semelhante ao formado na diáfise;
4. Nos ossos curtos, a ossificação é idêntica à observada nas epífises dos ossos longos, com a formação de
um centro de ossificação central com crescimento ósseo em todas as direções de forma centrífuga.

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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
Ossificação secundária - Ocorre em situações de reparação de fraturas ou secundáriamente a tumores. É
um tipo de ossificação caracterizada, numa fase inicial, pela produção abundante e deposição
desorganizada de tecido ósseo. Posteriormente, em situações fisiológicas normais, esse tecido é
gradualmente substituído por osso compacto pela ação conjunta de osteoclastos e osteócitos.
1. Osso esponjoso primitivo:
➢ Muitos osteócitos;
➢ Matriz orgânica disposta irregularmente;
➢ Fibras de colagénio desorganizadas;
➢ Pouco valor mecânico;

➢ Quando ocorre a deposição de tecido ósseo, este é substituído por osso compacto primitivo;

➢ O osso compacto primitivo e esponjoso são destruídos pelos osteoclastos e substituídos por osso
compacto adulto laminar:
➢ Poucos osteócitos dentro de lacunas;
➢ Matriz orgânica de organização laminar;
➢ Fibras de colagénio dispostas em paralelo;
➢ Alto valor mecânico.

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Crescimento e Desenvolvimento Ósseo
Remodelação óssea
Animais jovens - Ossos lisos;
Remodelação - Os osteócitos diferenciam-se em osteoclastos e através dos fenómenos de osteólise
osteolítica geram cavidades de reabsorção que são então preenchidas por novo tecido ósseo diferenciado:
➢ Remodelação durante o crescimento ósseo em resposta às forças de compressão e de tração, de modo
que todos os relevos e acidentes ósseos característicos sejam formados;
➢ Reorganização arquitetónica do osso mesmo no animal adulto, ao longo da vida, para se adaptar às
novas condições mecânicas e linhas de força.
➢ Mobilização de iões.

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Particularidades Morfológicas dos Ossos
Cada osso possui uma série de detalhes e peculiaridades que lhe conferem a sua forma característica e
permitem seu reconhecimento. Assim, a superfície dos ossos não é lisa e apresenta eminências, saliências,
cavidades, orifícios e canais.
Detalhes articulares - São aqueles pelos quais os ossos entram em contato uns com os outros. Por vezes
podem estar recobertos por cartilagem articular:
• Eminências
➢ Cabeça - Superfície articular de forma esférica. A parte mais estreita que a conecta com o restante osso
é o pescoço. Ex: cabeça femoral.

➢ Côndilo- Superfície articular cilíndrica ou oval. As eminências ásperas em torno dos côndilos são
chamadas de epicôndilos. Ex: côndilos femorais.

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Particularidades Morfológicas dos Ossos
Detalhes articulares
• Cavidades
➢ Cavidade acetabular - Cavidade articular de forma esférica. Ex: acetábulo coxal.
➢ Cavidade glenóide - Cavidade articular oval. Ex: cavidade glenoidal da escápula.

• Outros
➢ Tróclea- Superfície articular em forma de roldana. Ex: Tróclea femoral.

➢ Faceta - Superfície articular de pequeno tamanho e mais ou menos plana. E: Facetas


articulares dos ossos do carpo.

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Particularidades Morfológicas dos Ossos
Detalhes da inserção muscular e ligamentosa - não articulares, desprovidas de cobertura cartilaginosa.
• Eminências
➢ Apófise - Termo geral aplicado a qualquer relevo ósseo não específico. Ex: apófises vertebrais;
➢ Tuberosidade - Relevo ósseo de tamanho considerável: Ex: tuberosidades coxais.
➢ Tubérculo - Pequeno relevo ósseo. Exemplo: tubérculo do úmero.
➢ Trocânter - Relevo ósseo presente na epífise proximal do fêmur.

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Particularidades Morfológicas dos Ossos
Detalhes da inserção muscular e ligamentosa
• Eminências
➢ Processo - Às vezes indicado como sinônimo de apófise. São grandes e bem demarcados no osso. São
nomeados de acordo com sua forma: estilóide (forma de estilete); coracóide (bico de corvo); coronoide
(bico de gralha); pterigóide (em forma de asa); odontóide (na forma de dente); mastóide (em forma de
mamilo).
➢ Protuberância - Um processo grande;
➢ Espinha - Uma saliência pontiaguda mais ou menos projetada. Ex: Espinha da escápula.
➢ Crista - Relevo estreito e alongado linearmente. Ex: crista tibial.
➢ Linha - Crista menor.
➢ Rugosidade- Vários pequenos relevos agrupados

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Particularidades Morfológicas dos Ossos
Detalhes da inserção muscular e ligamentosa

• Cavidades de inserção – inserção de músculos ou tendões.


➢ Fossa - Depressão áspera de tamanho considerável. Ex: fossa intercondilar do fémur.
➢ Fóvea - Pequena depressão. Ex: fóvea da cabeça do fémur.

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Particularidades Morfológicas dos Ossos
Detalhes da relação com estruturas vizinhas

• Cavidades receptoras - para deslizamento de tendões ou passagem de vasos ou nervos:


➢ Sulcos;
➢ Ranhuras;
➢ Impressões digitais;
➢ Incisões;

• Orifícios e canais ósseos - para a passagem de vasos ou nervos.


➢ Foramen ou orifício – Atravessa uma camada fina de osso;
➢ Canal - Tem um percurso significativamente mais longo através do osso;
➢ Hiato - Orifícios irregulares;
➢ Fissura - Fenda estreita ou alongada.

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