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SUMÁRIO

1. Cartilagem e ossos ................................................... 3


2. Articulações ................................................................. 9
3. Crânio ...........................................................................13
4. Pescoço .......................................................................26
5. Tórax .............................................................................30
Referências bibliográficas..........................................39
ESQUELETO AXIAL 3

O sistema esquelético pode ser di- E o esqueleto apendicular é formado


vidido em duas partes funcionais: o pelos ossos dos membros, inclusive
esqueleto axial que é formado pe- aqueles que formam os cíngulos dos
los ossos da cabeça (crânio), pescoço membros superiores e dos membros
(hioide e vértebras cervicais) e tronco inferiores.
(costelas, esterno, vértebras e sacro).

MAPA MENTAL: DIVISÃO DO SISTEMA ESQUELÉTICO

Crânio

Pescoço Esqueleto axial Esqueleto apendicular Ossos do membro

Hioide e vértebras
cervicais

SISTEMA
ESQUELÉTICO
Tronco

ossos que participam de uma articu-


Costelas, esterno, lação sinovial são revestidas por car-
vértebras e sacro tilagens articulares que têm superfí-
cies de deslizamento lisas e com baixo
atrito para permitir o livre movimento.
1. CARTILAGEM E OSSOS Os vasos sanguíneos não penetram
O esqueleto é constituído por cartila- na cartilagem (ela é avascular), por isso
gens e ossos. suas células obtêm oxigênio e nutrien-
tes por difusão. A proporção de osso e
A cartilagem é uma forma resiliente
cartilagem no esqueleto muda à medi-
e semirrígida de tecido conjuntivo que
da que o corpo cresce; quanto mais jo-
compõe partes do esqueleto, onde é
vem é uma pessoa, mais cartilagem ela
necessário mais flexibilidade — por
tem. Os ossos de um recém-nascido
exemplo, no local onde as cartilagens
são macios e flexíveis porque são com-
costais unem as costelas ao esterno.
postos principalmente de cartilagem.
Além disso, as faces articulares dos
ESQUELETO AXIAL 4

O osso é uma forma rígida e altamente ossos de adultos e entre as espículas


especializada de tecido conjuntivo que (trabéculas) do osso esponjoso há me-
compõe a maior parte do esqueleto. As dula óssea amarela (gordurosa) ou ver-
principais funções do esqueleto adulto melha (que produz células do sangue
se encontram na tabela abaixo: e plaquetas) ou ainda uma associação
Sustentação para o corpo e suas cavidades vitais
de ambas. A arquitetura e a proporção
Proteção para estruturas vitais
de osso compacto e esponjoso variam
Base mecânica do movimento (alavanca) de acordo com a função. O osso com-
Armazenamento de sais pacto proporciona resistência para sus-
Suprimento contínuo de novas células sanguíneas tentação de peso. Nos ossos longos,
(produzidas pela medula óssea presente na cavi- que são rígidos e locais de fixação dos
dade medular de muitos ossos) músculos e ligamentos, a quantidade
Tabela 1. Principais funcionalidades do esqueleto de osso compacto é maior próximo da
adulto
parte média da diáfise, onde os ossos
tendem a se curvar. Além disso, os os-
Um revestimento de tecido conjuntivo sos longos têm elevações que servem
fibroso circunda cada elemento do es- como contrafortes (suportes) onde se
queleto como uma bainha, exceto nos fixam os grandes músculos. Os ossos
locais de cartilagem articular; aquele vivos têm alguma elasticidade (flexibi-
que circunda os ossos é o periósteo e o lidade) e grande rigidez.
que circunda a cartilagem é o pericôn-
drio. O periósteo e o pericôndrio nutrem
Classificação dos ossos
as faces externas do tecido esquelético.
Depositam mais cartilagem ou osso Os ossos são classificados de acordo
(principalmente durante a consolidação com o formato:
de fraturas) e formam a interface para CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICA
fixação de tendões e ligamentos. Ossos longos Tubulares – ex: úmero
Os dois tipos de osso são o osso com- Ossos curtos
Cuboides, encontrados apenas
pacto e o osso esponjoso (trabecular). no tarso e carpo

São distinguidos pela quantidade rela- Ossos planos Tem função protetora

tiva de material sólido e pelo número e Vários formatos, podendo ser


Ossos irregulares longos, planos, curtos – ex:
tamanho dos espaços que contêm. To- ossos da face
dos os ossos têm uma camada fina su- Se desenvolvem em tendões e
perficial de osso compacto ao redor de encontram-se onde os tendões
uma massa central de osso esponjoso, Ossos cruzam as extremidades dos
sesamoides ossos longos nos membros.
exceto nas partes em que o osso es-
Assim, protegem os tendões
ponjoso é substituído por uma cavida- contra desgastes. – ex: patela
de medular. Na cavidade medular dos Tabela 2. Classificação dos ossos
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Figura 1. Sistema esquelético. Disponível em https://www.todamateria.com.br/sistema-esqueletico/

Desenvolvimento ósseo A histologia (estrutura microscópica)


Grande parte dos ossos leva muito de um osso é igual nos dois proces-
tempo para crescer e amadurecer. sos.
Todos os ossos derivam do mesên- Na ossificação intramembranosa
quima (tecido conjuntivo embrionário) (formação de osso membranoso), há
por dois processos diferentes: ossifi- formação de modelos mesenquimais
cação intramembranosa (diretamente dos ossos durante o período embrio-
do mesênquima) e ossificação endo- nário e a ossificação direta do mesên-
condral (a partir da cartilagem deriva- quima começa no período fetal.
da do mesênquima). Na ossificação endocondral (for-
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mação de osso cartilaginoso), há partes de um osso ossificadas a


formação de modelos cartilagino- partir desses centros. Os condró-
sos dos ossos a partir do mesênqui- citos, que se localizam no meio da
ma durante o período fetal e depois epífise, sofrem hipertrofia e a matriz
a maior parte da cartilagem é subs- óssea (que é a substância extrace-
tituída por osso. As células mesen- lular) entre eles se calcifica. As arté-
quimais se condensam e diferen- rias epifisiais crescem para o interior
ciam em condroblastos, células que das cavidades em desenvolvimento
se multiplicam no tecido cartilagi- associando-se a células osteogêni-
noso em crescimento e formam um ca. A metáfise é parte alargada da
modelo cartilaginoso do osso. Na diáfise mais próxima da epífise. O
região intermediária do modelo, a osso que se forma a partir do cen-
cartilagem calcifica (é impregnada tro primário na diáfise não se funde
com sais de cálcio) e há crescimen- àquele formado a partir dos centros
to de capilares periosteais (capila- secundários nas epífises até o osso
res da bainha fibrosa que circunda atingir seu tamanho adulto, para que
o modelo) para o interior da carti- o crescimento ocorra. Assim, duran-
lagem calcificada do modelo ósseo, te o crescimento de um osso longo,
que irrigam seu interior. Esses va- lâminas epifisiais ficam interpostas
sos sanguíneos, junto com células entre a diáfise e as epífises, sendo
osteogênicas (formadoras de osso) substituídas por osso nos dois lados.
associadas, formam um broto pe- Quando isso acontece, o crescimen-
riosteal. Os capilares iniciam o cen- to ósseo é interrompido e a diáfise
tro de ossificação primário, assim funde-se com as epífises. A bainha
chamado porque o tecido ósseo formada durante esse processo de
formado substitui grande parte da fusão (sinostose) é bastante den-
cartilagem no corpo principal do sa e pode ser reconhecida no osso
modelo ósseo. Podemos chamar de seccionado ou em radiografias como
diáfise o corpo de um osso ossifi- uma linha epifisial. A fusão epifisial
cado a partir do centro de ossifica- dos ossos ocorre progressivamente
ção primário, que cresce conforme entre a puberdade e a maturidade.
o osso vai se desenvolvendo. A ossificação dos ossos curtos é pa-
A maioria dos centros de ossifica- recida com àquela do centro de os-
ção secundários vai aparecer em sificação primário dos ossos longos,
outros segmentos do osso em de- e apenas um osso curto, o calcâneo,
senvolvimento após o nascimen- desenvolve um centro de ossifica-
to; podemos chamar de epífise as ção secundário.
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longitudinais que vão em direção às


extremidades, fornecendo sangue
e nutrientes para a medula óssea, o
osso esponjoso e as partes mais pro-
fundas do osso compacto. Porém,
muitos pequenos ramos das artérias
periosteais são responsáveis pela
nutrição da maior parte do osso com-
pacto. Assim, caso um periósteo seja
removido de um osso, ele morre.
O sangue chega aos osteócitos (cé-
lulas ósseas) no osso compacto por
meio de sistemas haversianos ou
ósteons (sistemas de canais micros-
cópicos) que abrigam pequenos va-
sos sanguíneos. As extremidades
dos ossos são irrigadas pelas artérias
metafisiais e epifisiais que se originam
principalmente das artérias que su-
prem as articulações. Nos membros,
essas artérias costumam fazer parte
de um plexo arterial periarticular que
circunda a articulação e fornece o flu-
Figura 2. Representação do osso e suas partes: epífise,
metáfise e diáfise. Disponível em: https://www.auladea-
xo sanguíneo distal a ela, seja qual for
natomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-esqueletico/ a posição assumida.
As veias acompanham as artérias
Vasculatura e inervação dos ossos através dos forames nutrícios. Podem
ainda sair através de forames situ-
Os ossos têm um grande suprimento ados próximo das extremidades arti-
de vasos sanguíneos. culares. Os ossos que contêm medula
As artérias mais visíveis são as ar- óssea vermelha têm muitas veias ca-
térias nutrícias que surgem como librosas.
ramos independentes de artérias ad- Também são observados muitos va-
jacentes fora do periósteo e seguem sos linfáticos no periósteo.
através do osso compacto da diáfise
Os nervos acompanham os vasos
de um osso longo através dos fora-
sanguíneos que irrigam os ossos. O
mes nutrícios. A artéria nutrícia divi-
periósteo é inervado pelos nervos
de-se na cavidade medular em ramos
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periosteais, que conduzem as fibras seas. Dentro dos ossos, os nervos


de dor, sendo responsáveis pela iner- vasomotores causam constrição/di-
vação sensitiva. O periósteo é muito latação dos vasos sanguíneos e, as-
sensível a ruptura ou tensão, o que sim, controlam o fluxo sanguíneo da
explica a dor aguda nas fraturas ós- medula óssea.

Figura 3. Vascularização e inervação de um osso longo. Disponível em MOORE, Keith L. Ana-


tomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

SAIBA MAIS: TRAUMA


Os ossos são órgãos vivos que causam dor quando lesionados, sangram quando fraturados, re-
modelam-se em resposta aos estresses sofridos e modificam-se com a idade. Como outros ór-
gãos, os ossos têm vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos, e podem adoecer. Os ossos não
usados, como ocorre na paralisia de um membro, sofrem atrofia (diminuição do tamanho). O osso
pode ser absorvido, como ocorre na mandíbula quando são extraídos dentes. Os ossos hipertro-
fiam (aumentam) quando sustentam maior peso durante um longo período. A fratura óssea pode
acontecer após um trauma. A consolidação adequada da fratura requer a reunião das extremidades
fraturadas, aproximando-as de sua posição normal – sendo denominada redução de uma fratura.
Durante a consolidação óssea, as células de tecido conjuntivo (fibroblastos) adjacentes proliferam
e secretam colágeno, para formação de um calo ósseo que mantém os ossos unidos. Há remode-
lagem óssea na área de fratura e o calo se calcifica. Finalmente, o calo é reabsorvido e substituído
por osso. Cerca de alguns meses depois, restam vestígios da fratura, principalmente em jovens.
As fraturas são mais comuns em crianças do que em adultos devido a associação de sua agitação
descuidada ao fato de terem ossos mais finos, em fase de crescimento. Felizmente, muitas vezes
são fraturas em galho verde (rupturas incompletas causadas por curvatura dos ossos). Nos ossos
em crescimento, a consolidação das fraturas é mais rápida do que nos ossos de adultos.
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2. ARTICULAÇÕES sa, une os ossos com uma lâmina


de tecido fibroso, que pode ser um
As articulações são junções entre
ligamento ou uma membrana fibro-
dois ou mais ossos ou partes rígidas
sa. Consequentemente, esse tipo de
do esqueleto e apresentam várias
articulação tem mobilidade parcial. A
formas e funções.
membrana interóssea no antebraço
Algumas articulações não têm mo- é uma lâmina de tecido fibroso que
vimento, como as lâminas epifisiais une o rádio e a ulna em uma sindes-
entre a epífise e a diáfise de um osso mose. A sindesmose dentoalveolar
longo em crescimento; outras per- (gonfose) é uma articulação fibrosa
mitem apenas pequeno movimento, na qual um processo semelhante a
como os dentes em seus alvéolos; e um pino encaixa-se em uma cavida-
outras têm mobilidade livre, como a de entre a raiz do dente e o processo
articulação do ombro. alveolar da maxila. A mobilidade des-
sa articulação (um dente mole) indica
distúrbio dos tecidos de sustentação
Classificação das articulações do dente. No entanto, movimentos
Podemos classificar as articulações locais microscópicos nos informam
conforme a forma ou o tipo de mate- (graças a propriocepção) sobre a for-
rial pelo qual os ossos estão unidos ça da mordida ou do cerrar de dentes,
em: e sobre a existência de uma partícula
presa entre os dentes.
• Articulações sinoviais
• Articulações fibrosas
• Articulações cartilagíenas

Nas articulações fibrosas, os os-


sos são unidos por tecido fibroso. Na
maioria dos casos, o grau de movi-
mento em uma articulação fibrosa
depende do comprimento das fibras
que unem os ossos. As suturas do
crânio são exemplos de articulações
fibrosas. Esses ossos estão próximos,
encaixando-se ao longo de uma linha
ondulada ou superpostos. A sindes- Figura 4. Sindesmose. Disponível em MOORE, Keith
mose, um tipo de articulação fibro- L. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
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Nas articulações cartilagíneas, as derável flexibilidade.


estruturas são unidas por cartilagem
hialina ou fibrocartilagem. Nas sin-
condroses ou articulações cartilagí-
neas primárias, os ossos são unidos
por cartilagem hialina, o que permite
leve curvatura no início da vida. As
articulações cartilagíneas primárias
geralmente são uniões temporárias,
como as existentes durante o desen-
volvimento de um osso longo, nas
quais a epífise e a diáfise são uni-
das por uma lâmina epifisial. As sin-
Figura 5. Sincondrose. Disponível em MOORE, Keith
condroses permitem o crescimento L. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio
do osso no comprimento. Quando é de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
atingido crescimento completo, a lâ-
mina epifisial converte-se em osso e
As articulações sinoviais, o tipo mais
as epífises fundem-se com a diáfise.
comum de articulação, permitem livre
As sínfises ou articulações cartila-
movimento entre os ossos que unem;
gíneas secundárias são articulações
são articulações de locomoção, típi-
fortes, ligeiramente móveis, unidas
cas de quase todas as articulações
por fibrocartilagem. Os discos inter-
dos membros. Nas articulações si-
vertebrais fibrocartilagíneos existen-
noviais, os ossos são unidos por uma
tes entre as vértebras são formados
cápsula articular (formada por uma
por tecido conjuntivo que une as vér-
camada fibrosa externa revestida
tebras. Essas articulações proporcio-
por uma membrana sinovial serosa)
nam à coluna vertebral resistência e
que transpõe e reveste a cavidade ar-
absorção de choque, além de consi-
ESQUELETO AXIAL 11

ticular. A cavidade articular de uma acordo com o formato das faces arti-
articulação sinovial, como o joelho, é culares e/ou o tipo de movimento que
um espaço potencial que contém um permitem. São elas:
pequeno volume de líquido sinovial
• Articulações planas
lubrificante, secretado pela membra-
na sinovial. No interior da cápsula, a • Gínglimos
cartilagem articular cobre as faces • Articulações selares
articulares dos ossos; todas as ou-
tras faces internas são revestidas por • Articulações elipsoides
membrana sinovial. O periósteo que • Articulações esferoideas
reveste os ossos na parte externa à
articulação funde-se com a camada • Articulações trocoideas
fibrosa da cápsula articular. As arti-
culações sinoviais geralmente são re- As articulações planas permitem
forçadas por ligamentos acessórios movimentos de deslizamento no pla-
separados (extrínsecos) ou são um no das faces articulares. As superfí-
espessamento de parte da cápsula cies opostas dos ossos são planas
articular (intrínsecos). Algumas arti- ou quase planas, com movimento li-
culações sinoviais têm características mitado por suas cápsulas articulares
diferentes, como discos articulares fi- firmes. As articulações planas são
brocartilagíneos ou meniscos, encon- muitas e quase sempre pequenas.
trados quando as faces articulares Um exemplo é a articulação acromio-
dos ossos são desiguais. clavicular situada entre o acrômio da
escápula e a clavícula. Os gínglimos
permitem apenas flexão e extensão,
movimentos que ocorrem em um
plano (sagital) ao redor de um único
eixo transversal; assim, os gínglimos
são articulações uniaxiais. A cápsu-
la dessas articulações é fina e frouxa
nas partes anterior e posterior onde
há movimento; entretanto, os ossos
Figura 6. Sinovial. Disponível em http://fisioliferodrigori-
são unidos lateralmente por ligamen-
velino.blogspot.com/2011/04/doenca-articular-degene- tos colaterais fortes. A articulação do
rativa_06.html
cotovelo é um exemplo de gínglimo.
As articulações selares permitem
Os seis principais tipos de articula- abdução e adução, além de flexão e
ções sinoviais são classificados de extensão, movimentos que ocorrem
ESQUELETO AXIAL 12

ao redor de dois eixos perpendicu- férica, gira na cavidade formada pelo


lares; sendo assim, são articulações acetábulo do quadril. As articulações
biaxiais que permitem movimento em trocóideas permitem rotação em tor-
dois planos, sagital e frontal. Também no de um eixo central; são, portanto,
é possível fazer esses movimentos uniaxiais. Nessas articulações, um
em uma sequência circular (circun- processo arredondado de osso gira
dução). As faces articulares opostas dentro de uma bainha ou anel. Um
têm o formato semelhante a uma sela exemplo é a articulação atlantoaxial
(isto é, são reciprocamente côncavas mediana, na qual o atlas (vértebra C
e convexas). A articulação carpome- I) gira ao redor de um processo digiti-
tacarpal na base do polegar (1o dedo) forme, o dente do áxis (vértebra C II),
é uma articulação selar (intrínsecos). durante a rotação da cabeça.
Algumas articulações sinoviais têm
características diferentes, como dis-
cos articulares fibrocartilagíneos ou Vasculatura e inervação
meniscos, encontrados quando as das articulações
faces articulares dos ossos são de- As articulações são irrigadas por ar-
siguais. As articulações elipsóide- térias articulares originadas nos
as permitem flexão e extensão, além vasos ao redor da articulação. Com
de abdução e adução; sendo assim, frequência, há anastomose (comuni-
também são biaxiais. No entanto, o cação) das artérias para formar redes
movimento em um plano (sagital) ge- (anastomoses arteriais periarticula-
ralmente é maior (mais livre) do que res) e assegurar a irrigação sanguí-
no outro. Também é possível realizar nea da articulação e através dela nas
circundução, mais restrita do que nas várias posições assumidas.
articulações selares. As articulações
As veias articulares são veias co-
metacarpofalângicas são elipsóide-
municantes que acompanham as
as. As articulações esferóideas per-
artérias e, como as artérias, estão lo-
mitem movimento em vários eixos e
calizadas na cápsula articular, princi-
planos: flexão e extensão, abdução
palmente na membrana sinovial. As
e adução, rotação medial e lateral, e
articulações têm rica inervação pro-
circundução; sendo assim, são arti-
piciada por nervos articulares com
culações multiaxiais. Nessas articu-
terminações nervosas sensitivas na
lações altamente móveis, a superfície
cápsula articular. Nas partes distais
esferóidea de um osso move-se na
dos membros (mãos e pés), os ner-
cavidade de outro. A articulação do
vos articulares são ramos dos nervos
quadril é uma articulação esferóidea
cutâneos que suprem a pele sobreja-
na qual a cabeça do fêmur, que é es-
cente. No entanto, a maioria dos ner-
ESQUELETO AXIAL 13

vos articulares consiste em ramos de xido de carbono. A cabeça é formada


nervos que suprem os músculos que pelo encéfalo e por seus revestimen-
cruzam e, portanto, movem a articu- tos protetores, as orelhas e a face.
lação. A lei de Hilton afirma que os A face tem aberturas e passagens,
nervos que suprem uma articulação com glândulas lubrificantes e válvu-
também suprem os músculos que las para fechar algumas delas, os dis-
movem a articulação e a pele que positivos mastigatórios e as órbitas
cobre suas inserções distais. Os ner- que abrigam o aparelho visual. A face
vos articulares transmitem impulsos também assegura nossa identidade
sensitivos da articulação que contri- como indivíduos.
buem para a propriocepção, respon- O crânio é o esqueleto da cabeça.
sável pela percepção do movimento Uma série de ossos forma suas duas
e da posição das partes do corpo. A partes: neurocrânio e viscerocrânio.
membrana sinovial é relativamente
insensível. Há muitas fibras de dor O neurocrânio é a caixa óssea do
na camada fibrosa da cápsula arti- encéfalo e das membranas que o re-
cular e nos ligamentos acessórios, o vestem, as meninges cranianas. Tam-
que causa dor intensa em caso de le- bém contém as partes proximais dos
são articular. As terminações nervo- nervos cranianos e a vasculatura do
sas sensitivas respondem à rotação e encéfalo. O neurocrânio em adultos é
ao estiramento que ocorre durante a formado por uma série de oito ossos:
prática de atividades esportivas. quatro ossos ímpares centralizados
na linha mediana (frontal, etmoide,
esfenoide e occipital) e dois pares de
3. CRÂNIO ossos bilaterais (temporal e parietal).
O neurocrânio tem um teto em forma
A cabeça é a parte superior do corpo
de cúpula, a calvária, e um assoa-
que está fixada ao tronco pelo pes-
lho ou base do crânio. Os ossos que
coço. É o centro de controle e comu-
formam a calvária são basicamente
nicação, bem como a “plataforma de
planos (frontal, temporal e parietal) e
carga” do corpo. Abriga o encéfalo e
formados por ossificação intramem-
é o local de nossa consciência: ideias,
branácea do mesênquima da cabeça
criatividade, imaginação, respostas,
a partir da crista neural. Os ossos da
decisões e memória. Contém recep-
base do crânio são basicamente irre-
tores sensitivos especiais (olhos, ore-
gulares e têm grandes partes planas
lhas, boca e nariz), dispositivos para
(esfenoide e temporal) formadas por
transmissão da voz e expressão, além
ossificação endocondral da cartila-
de portais para a entrada de nutrien-
gem (condrocrânio) ou por mais de
tes, água e oxigênio e a saída de dió-
um tipo de ossificação. O etmoide
ESQUELETO AXIAL 14

é um osso irregular que forma uma A maxila e a mandíbula abrigam os


parte mediana pequena do neuro- dentes — isto é, propiciam as cavida-
crânio, mas faz parte principalmente des e o osso de sustentação para os
do viscerocrânio. Os chamados ossos dentes maxilares e mandibulares. As
planos e as partes planas dos ossos maxilas representam a maior parte
que formam o neurocrânio são, na do esqueleto facial superior, forman-
verdade, curvos, com faces externas do o esqueleto da arcada dentária
convexas e faces internas côncavas. superior, que está fixada à base do
A maioria dos ossos da calvária é uni- crânio. A mandíbula forma o esque-
da por suturas entrelaçadas fibrosas; leto da arcada dentária inferior, que é
entretanto, durante a infância, alguns móvel porque se articula com a base
ossos (esfenoide e occipital) são uni- do crânio nas articulações temporo-
dos por cartilagem hialina (sincon- mandibulares.
droses). A medula espinal mantém a Vários ossos do crânio (frontal, tem-
continuidade com o encéfalo através poral, esfenoide e etmoide) são os-
do forame magno, uma grande aber- sos pneumáticos, contendo espa-
tura na base do crânio. ços aéreos (células aéreas ou seios
O viscerocrânio (esqueleto facial) maiores), provavelmente para reduzir
compreende os ossos da face que se seu peso. O volume total dos espa-
desenvolvem principalmente no me- ços aéreos nesses ossos aumenta
sênquima dos arcos faríngeos em- com a idade. Na posição anatômica, o
brionários. O viscerocrânio forma a crânio está orientado de modo que a
parte anterior do crânio e consiste nos margem inferior da órbita e a margem
ossos que circundam a boca (maxila superior do poro acústico externo do
e mandíbula), nariz/cavidade nasal, e meato acústico externo de ambos os
a maior parte das órbitas (cavidades lados situam-se no mesmo plano ho-
orbitais). O viscerocrânio é formado rizontal. Essa referência craniométri-
por 15 ossos irregulares: ca padrão é o plano orbitomeático
(plano horizontal de Frankfort).
• Três ossos ímpares centraliza-
dos ou situados na linha mediana
(mandíbula, etmoide e vômer);
• Seis ossos pares bilaterais (maxi-
las; conchas nasais inferiores; e zi-
gomáticos, palatinos, ossos nasais
e lacrimais).
ESQUELETO AXIAL 15

MAPA MENTAL – CRÂNIO

Etmoide

Vômer
Arcada dentária
inferior
Mandíbula Frontal
Viscericrânio
Abrigam os dentes (esqueleto facial)

Maxilas Temporal
Arcada dentária
Ossos penumáticos
superior
Conchas nasais
Esfenoide
inferiores CRÂNIO

Zigomático Etimoide

Palatinos Neurocrânio Parietal

Ossos nasais Occipital

Maioria dos ossos


Ossos lacrimais Calvária (teto)
unidos por suturas

Cavidades orbitárias Base do crânio


ESQUELETO AXIAL 16

Vista frontal do crânio bital do osso frontal, o limite angular


entre a escama e a parte orbital, tem
A vista frontal (facial) ou anterior
um forame ou incisura supraorbi-
do crânio é formada pelos ossos
tal que dá passagem ao nervo e aos
frontal e zigomático, órbitas, região
vasos supraorbitais. Logo acima da
nasal, maxila e mandíbula.
margem supraorbital há uma crista, o
O frontal, especificamente sua esca- arco superciliar, que se estende late-
ma (parte plana), forma o esqueleto ralmente de cada lado da glabela. Em
da fronte, articulando-se na porção geral, essa crista, situada profunda-
inferior com o osso nasal e o zigomá- mente aos supercílios, é mais proemi-
tico. Em alguns adultos pode-se ver nente nos homens.
uma sutura frontal (sutura metópica)
Os zigomáticos (ossos da bochecha,
persistente ou remanescente, na li-
malares), que formam as proeminên-
nha mediana da glabela, a área lisa e
cias das bochechas, situam-se nas
ligeiramente deprimida situada entre
paredes inferior e lateral das órbitas,
os arcos superciliares. A sutura fron-
apoiados sobre as maxilas. As mar-
tal divide os ossos frontais do crânio
gens anterolaterais, as paredes, o as-
fetal. A interseção dos ossos frontal e
soalho e grande parte das margens
nasal é o násio que, na maioria das
infraorbitais das órbitas são formados
pessoas, está relacionada a uma área
por esses ossos quadriláteros. Um
visivelmente deprimida (ponte do na-
pequeno forame zigomaticofacial
riz). O násio é um dos muitos pontos
perfura a face lateral de cada osso. Os
craniométricos radiológicos usados
zigomáticos articulam-se com o fron-
pela medicina (ou identificados em
tal, o esfenoide, o temporal e a maxila.
crânios secos pela antropologia físi-
Inferiormente aos ossos nasais está a
ca) para medir, comparar e descre-
abertura piriforme, a abertura nasal
ver a topografia do crânio, além de
anterior no crânio. O septo nasal ós-
documentar variações anormais. O
seo pode ser observado através des-
osso frontal também se articula com
sa abertura, dividindo a cavidade na-
o lacrimal, etmoide e esfenoide; uma
sal em partes direita e esquerda. Na
parte horizontal do osso (parte orbi-
parede lateral de cada cavidade nasal
tal) forma o teto da órbita e uma por-
há lâminas ósseas curvas, as con-
ção do assoalho da parte anterior da
chas nasais.
cavidade do crânio. A incisura supra-
orbital, o forame infraorbital e o fora- As maxilas formam o esqueleto do
me mentual, que dão passagem aos arco dental superior; seus proces-
principais nervos sensitivos da face, sos alveolares incluem as cavidades
formam uma linha quase vertical. Em (alvéolos) dos dentes e constituem o
alguns crânios, a margem supraor- osso que sustenta os dentes maxila-
ESQUELETO AXIAL 17

res. As duas maxilas são unidas pela que sustenta os dentes mandibula-
sutura intermaxilar no plano me- res. Consiste em uma parte horizontal,
diano. As maxilas circundam a maior o corpo, e uma parte vertical, o ramo.
parte da abertura piriforme e formam Inferiormente aos segundos dentes
as margens infraorbitais medialmen- pré-molares estão os forames men-
te. Elas têm uma ampla conexão com tuais para os nervos e vasos mentuais.
os zigomáticos lateralmente e um fo- A protuberância mentual, que forma
rame infraorbital, inferior a cada ór- a proeminência do queixo, é uma ele-
bita, que dá passagem ao nervo e aos vação óssea triangular situada em po-
vasos infraorbitais. sição inferior à sínfise da mandíbula,
A mandíbula é um osso em formato a união óssea onde se fundem as me-
de U que tem um processo alveolar tades da mandíbula do lactente

Figura 6. Vista frontal do crânio. Disponível em: https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-es-


queletico/cranio/neurocranio/cranio-como-um-todo/

Vista lateral do crânio Os principais constituintes do neuro-


crânio são a fossa temporal, o poro
A vista lateral do crânio é formada
acústico externo do meato acústico ex-
pelo neurocrânio e viscerocrânio.
terno e o processo mastoide do tem-
ESQUELETO AXIAL 18

poral. Os principais constituintes do por suturas que formam um H e unem


viscerocrânio são a fossa infratemporal, o frontal, o parietal, o esfenoide (asa
o arco zigomático e as faces laterais da maior) e o temporal. Menos comum é a
maxila e mandíbula. Os limites superior articulação de frontal e temporal; às ve-
e posterior da fossa temporal são as zes há um ponto de encontro dos qua-
linhas temporais superior e inferior; tro ossos. O poro acústico externo é a
o limite anterior é representado pelo entrada do meato acústico externo, que
frontal e pelo zigomático; e o limite in- leva à membrana timpânica (tímpano).
ferior é o arco zigomático. A margem O processo mastoide do temporal si-
superior desse arco corresponde ao li- tua-se posteroinferiormente ao poro
mite inferior do hemisfério cerebral. O acústico externo do meato. Anterome-
arco zigomático é formado pela união dialmente ao processo mastoide há o
do processo temporal do zigomático processo estiloide do temporal, uma
com o processo zigomático do tem- projeção fina, pontiaguda, semelhante
poral. Na parte anterior da fossa tem- a uma agulha. A fossa infratemporal é
poral, 3 a 4 cm acima do ponto médio um espaço irregular situado inferior e
do arco zigomático, há uma área clini- profundamente ao arco zigomático e à
camente importante de junções ósse- mandíbula e posteriormente à maxila.
as: o ptério. Em geral, ele é indicado

Figura 7. Vista lateral do crânio. Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/307933693262464460/


ESQUELETO AXIAL 19

Vista occipital do crânio rância em direção ao forame magno,


a grande abertura na parte basilar do
A vista occipital ou posterior do crâ-
occipital. A linha nucal superior, que
nio é formada pelo occipúcio, partes
forma o limite superior do pescoço,
dos parietais e partes mastóideas dos
estende-se lateralmente a partir de
temporais. Em geral, a protuberân-
cada lado da protuberância; a linha
cia occipital externa é palpada com
nucal inferior é menos evidente. No
facilidade no plano mediano mas, às
centro do occipúcio, o lambda indica
vezes (sobretudo nas mulheres), é
a junção das suturas sagital e lamb-
imperceptível. Um ponto craniométri-
dóidea. Às vezes o lambda é palpado
co definido pela extremidade da pro-
como uma depressão. Pode haver um
tuberância externa é o ínio. A crista
ou mais ossos suturais (ossos aces-
occipital externa desce da protube-
sórios) no lambda ou perto do pro-
cesso mastoide.

Figura 8. Vista occipital do crânio.


Disponível em: http://estudos-na-web.blogspot.com/2017/07/anatomia-cranio.html
ESQUELETO AXIAL 20

Vista superior (vertical) do crânio ção das suturas sagital e coronal. O


vértice, o ponto mais alto da calvária,
A vista superior (vertical) do crânio,
está perto do ponto médio da sutu-
em geral um pouco oval, alarga-se em
ra sagital. O forame parietal é uma
sentido posterolateral nas eminên-
abertura pequena e inconstante loca-
cias parietais. Em algumas pessoas
lizada na região posterior do parietal,
as eminências frontais também são
perto da sutura sagital; pode haver
visíveis, conferindo à calvária uma
dois forames parietais. A maioria dos
aparência quase quadrada. A sutura
forames irregulares e muito variáveis
coronal separa o frontal e os parie-
encontrados no neurocrânio consiste
tais, a sutura sagital separa os pa-
em forames emissários que dão pas-
rietais e a sutura lambdóidea separa
sagem às veias emissárias, respon-
os parietais e temporais do occipital.
sáveis pela conexão entre as veias do
O bregma é o ponto de referência
couro cabeludo e os seios venosos da
craniométrico formado pela interse-
dura-máter.

FIgura 9. Vista superior do crânio. Disponível em: https://www.portaldomedico.com/

Vista inferior da base do crânio A vista inferior da base do crânio


é constituída pelo arco alveolar da
A base do crânio é a parte inferior do
maxila (a margem livre dos proces-
neurocrânio (assoalho da cavidade do
sos alveolares que circundam e sus-
crânio) e viscerocrânio menos a man-
tentam os dentes maxilares); pelos
díbula.
ESQUELETO AXIAL 21

processos palatinos das maxilas; e servadas nas vistas facial, lateral e in-
pelo palatino, esfenoide, vômer, tem- ferior do exterior do crânio e as faces
poral e occipital. A parte anterior do cerebrais são observadas nas vistas
palato duro (palato ósseo) é forma- internas da base do crânio. Os pro-
da pelos processos palatinos da cessos pterigoides, formados pelas
maxila e a parte posterior, pelas lâ- lâminas lateral e medial, estendem-
minas horizontais dos palatinos. A -se em sentido inferior, de cada lado
margem posterior livre do palato duro do esfenoide, a partir da junção do
projeta-se posteriormente no plano corpo e das asas maiores. O sulco
mediano como a espinha nasal pos- para a parte cartilagínea da tuba
terior. Posteriormente aos dentes in- auditiva situa-se medial à espinha
cisivos centrais está a fossa incisiva, do esfenoide, abaixo da junção da
uma depressão na linha mediana do asa maior do esfenoide com a parte
palato duro na qual se abrem os ca- petrosa do temporal. As depressões
nais incisivos. Os nervos nasopalati- na parte escamosa do temporal,
nos direito e esquerdo partem do na- denominadas fossas mandibulares,
riz através de um número variável de acomodam os côndilos mandibulares
canais incisivos e forames (podem ser quando a boca está fechada. A parte
bilaterais ou fundidos em uma única posterior da base do crânio é forma-
estrutura). Na região posterolateral da pelo occipital, que se articula com
estão situados os forames palati- o esfenoide anteriormente. As quatro
nos maior e menor. Superiormente à partes do occipital são dispostas ao
margem posterior do palato há duas redor do forame magno, o elemen-
grandes aberturas: os cóanos (aber- to mais visível da base do crânio. As
turas nasais posteriores), separados principais estruturas que atravessam
pelo vômer, um osso plano ímpar esse grande forame são: a medula
trapezoide que constitui uma grande espinal (onde se torna contínua com
parte do septo nasal ósseo. Encaixa- o bulbo do encéfalo); as meninges do
do entre o frontal, o temporal e o occi- encéfalo e da medula espinal; as ar-
pital está o esfenoide, um osso ímpar térias vertebrais; as artérias espinais
irregular formado por um corpo e três anteriores e posteriores; e a raiz es-
pares de processos: asas maiores, pinal do nervo acessório (NC XI). Nas
asas menores e processos pterigoi- partes laterais do occipital há duas
des. As asas maiores e menores do grandes protuberâncias, os côndilos
esfenoide estendem-se lateralmente occipitais, por intermédio dos quais
a partir das faces laterais do corpo o crânio articula-se com a coluna ver-
do osso. As asas maiores têm faces tebral. A grande abertura entre o oc-
orbital, temporal e infratemporal ob- cipital e a parte petrosa do temporal
ESQUELETO AXIAL 22

é o forame jugular, por onde emer- jugular. Os processos mastoides são


gem do crânio a veia jugular interna locais de fixação muscular. O forame
(VJI) e vários nervos cranianos (NC IX estilomastóideo, que dá passagem
ao NC XI). A entrada da artéria caró- ao nervo facial (NC VII) e à artéria es-
tida interna no canal carótico situa- tilomastóidea, situa-se posteriormen-
-se imediatamente anterior ao forame te à base do processo estiloide.

Figura 10. Vista inferior do crânio. Disponível em: https://www.passeidireto.com/

Vista superior da base do crânio alto, e a fossa posterior está no nível


mais baixo.
A face superior da base do crânio
tem três grandes depressões situa-
das em diferentes níveis: as fossas Fossa anterior do crânio
anterior, média e posterior do crânio,
que formam o assoalho côncavo da As partes inferior e anterior dos lobos
cavidade do crânio. A fossa anterior frontais do encéfalo ocupam a fossa
do crânio está situada no nível mais anterior do crânio, a mais superficial
ESQUELETO AXIAL 23

das três fossas do crânio. Essa fossa é dela pelas cristas esfenoidais salien-
formada pelo frontal anteriormente, o tes lateralmente e o limbo esfenoidal
etmoide no meio, e o corpo e as asas no centro. As cristas esfenoidais são
menores do esfenoide posteriormen- formadas principalmente pelas mar-
te. A parte maior da fossa é formada gens posteriores salientes das asas
pelas partes orbitais do frontal, que menores dos esfenoides, que se pro-
sustentam os lobos frontais do encéfa- jetam sobre as partes laterais das fos-
lo e formam os tetos das órbitas. Essa sas anteriormente. Os limites mediais
superfície tem impressões sinuosas das cristas esfenoidais são os proces-
(impressões encefálicas) dos giros (cris- sos clinoides anteriores, duas proje-
tas) orbitais dos lobos frontais. A crista ções ósseas pontiagudas. Uma crista
frontal é uma extensão óssea mediana com proeminência variável, o limbo
do frontal. Em sua base está o forame esfenoidal, é o limite anterior do sulco
cego do frontal, que dá passagem a pré-quiasmático transversal, que se
vasos durante o desenvolvimento fetal, estende entre os canais ópticos direi-
mas se torna insignificante depois do to e esquerdo. Os ossos que formam
nascimento. A crista etmoidal é uma as partes laterais da fossa são as asas
crista óssea mediana e espessa, situa- maiores do esfenoide e as partes es-
da posteriormente ao forame cego, que camosas dos temporais lateralmente,
se projeta superiormente a partir do et- e as partes petrosas dos temporais
moide. De cada lado dessa crista está a posteriormente. As partes laterais da
lâmina cribriforme do osso etmoide, fossa média do crânio sustentam os
semelhante a uma peneira. Seus mui- lobos temporais do encéfalo. O limite
tos forames pequenos dão passagem entre as fossas média e posterior do
aos nervos olfatórios (NC I), que se- crânio é a margem superior da par-
guem das áreas olfatórias das cavida- te petrosa do temporal lateralmente,
des nasais até os bulbos olfatórios do e uma lâmina plana de osso, o dorso
encéfalo, situados sobre essa lâmina. da sela do esfenoide, medialmente.
A sela turca é a formação óssea em
formato de sela situada sobre a face
Fossa média do crânio superior do corpo do esfenoide, que
A fossa média do crânio, em forma é circundada pelos processos clinoi-
de borboleta, tem uma parte central des anteriores e posteriores. Clinoi-
formada pela sela turca no corpo do de significa “pé de cama”, e os quatro
esfenoide e grandes partes laterais de- processos (dois anteriores e dois pos-
primidas de cada lado. A fossa média teriores) circundam a fossa hipofisial, o
do crânio situa-se posteroinferiormen- “leito” da hipófise, como os quatro pés
te à fossa anterior do crânio, separada de uma cama.
ESQUELETO AXIAL 24

Figura 10. Vista superior da base do crânio. Disponível em: MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para a Prática
Clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

SAIBA MAIS!
O crânio possui vários forames e aberturas que dão passagem a algumas estruturas. Confira
na tabela abaixo:

FOSSA ANTERIOR DO CRÂNIO


Forame cego Veia emissária nasal (1% da população)
Forames na lâmina Axônios de células olfatórias no epitélio olfatório que formam nervos olfató-
cribriforme rios
Forames etmoidais
Vasos e nervos com os mesmos nomes
anterior e posterior
FOSSA MÉDIA DO CRÂNIO
Canais ópticos Nervos ópticos (II par) e artérias oftálmicas
Veias oftálmicas, nervo oftálmico, III, IV e IV pares cranianos, fibras simpáti-
Fissura orbital superior
cas
Forame redondo Nervo maxilar
Forame oval Nervo mandibular e artéria meníngea acessória
Forame espinhoso Artéria e veia meníngeas médias e ramo meníngeo do V par
ESQUELETO AXIAL 25

FOSSA MÉDIA DO CRÂNIO


Nervo petroso profundo e alguns ramos arteriais meníngeos e pequenas
Forame lacerado
veias
Sulco ou hiato do nervo
Nervo petroso maior e ramo petroso da artéria meníngea média
petrosomaior
FOSSA POSTERIOR DO CRÂNIO
Bulbo e meninges, artérias vertebrais, XI par, veias durais, artérias espinais
Forame magno
anterior e posterior
IX, X e XI par, bulbo superior da veia jugular interna, seios petroso inferior e
Forame jugular
sigmoideo, e ramos meníngeos das artérias faríngea ascendente e occipital
Canal do nervo
Nervo hipoglosso (XII par)
hipoglosso
Canal condilar Veia emissária que segue do seio sigmoideo até veias vertebrais no pescoço
Veia emissária mastoideia do seio sigmoideo e ramo marginal da artéria occi-
Forame mastoideo
pital
Tabela 3. Forames e aberturas das fossas e seus conteúdos do crânio

Fossa posterior do crânio tal interna termina na protuberância


A fossa posterior do crânio, a maior occipital interna formada em relação
e mais profunda das três, aloja o ce- à confluência dos seios, uma fusão
rebelo, a ponte e o bulbo. É formada dos seios venosos durais (discutidos
principalmente pelo occipital, mas mais adiante). Sulcos largos mostram
o dorso da sela do esfenoide marca o trajeto horizontal do seio transverso
seu limite anterior central, e as partes e do seio sigmóideo em formato de S.
petrosa e mastóidea dos temporais Na base da crista petrosa do temporal
formam as “paredes” anterolaterais. está o forame jugular, que dá passa-
A partir do dorso da sela há uma in- gem a vários nervos cranianos além
clinação acentuada, o clivo, no centro do seio sigmóideo que sai do crânio
da parte anterior da fossa que leva ao como a veia jugular interna (VJI). An-
forame magno. Posteriormente a essa terossuperiormente ao forame jugular
grande abertura, a fossa posterior do está o meato acústico interno para os
crânio é parcialmente dividida pela nervos facial (NC VII) e vestibuloco-
crista occipital interna em grandes clear (NC VIII) e a artéria do labirinto.
impressões côncavas bilaterais, as O canal do nervo hipoglosso (NC
fossas cerebelares. A crista occipi- XII) situa-se superiormente à margem
anterolateral do forame magno.
ESQUELETO AXIAL 26

4. PESCOÇO braquiais de nervos originam-se no


pescoço, seguem em sentido infero-
O pescoço é a área de transição en-
lateral, entram nas axilas e continuam
tre a base do crânio superiormente e
até os membros superiores, os quais
as clavículas inferiormente. Une a ca-
suprem. No meio da face anterior do
beça ao tronco e aos membros, atu-
pescoço está a cartilagem tireóidea, a
ando como importante conduto entre
maior cartilagem da laringe, e a tra-
eles, por onde passam as estruturas.
queia. A linfa proveniente de estrutu-
Além disso, é onde estão localizados
ras na cabeça e pescoço drena para
órgãos importantes com funções es-
linfonodos cervicais.
pecíficas, como: a laringe e as glân-
dulas tireoide e paratireoides. O pes- O esqueleto do pescoço é formado
coço é relativamente delgado a fim pelas vértebras cervicais, pelo hioi-
de permitir a flexibilidade necessária de, pelo manúbrio do esterno e pelas
para posicionar a cabeça e maximizar clavículas. Esses ossos são partes do
a eficiência de seus órgãos sensitivos esqueleto axial, com exceção das cla-
(sobretudo os olhos, mas também vículas, que são parte do esqueleto
as orelhas, a boca e o nariz). Assim, apendicular superior.
muitas estruturas importantes estão
aglomeradas no pescoço, como mús- Vértebras cervicais
culos, glândulas, artérias, veias, ner-
vos, vasos linfáticos, traqueia, esôfa- Sete vértebras cervicais formam a re-
go e vértebras. O pescoço é, portanto, gião cervical da coluna vertebral, que
uma região bem conhecida de vul- encerra a medula espinal e as menin-
nerabilidade. Várias estruturas vitais, ges. Os corpos vertebrais empilhados
entre elas a traqueia, o esôfago e a e posicionados centralmente susten-
glândula tireoide, não têm a proteção tam a cabeça, e as articulações in-
óssea existente em outras partes dos tervertebrais (IV) – sobretudo as ar-
sistemas aos quais elas pertencem. ticulações craniovertebrais em sua
extremidade superior – proporcionam
O principal fluxo sanguíneo arterial
a flexibilidade necessária para permi-
para a cabeça e o pescoço (as arté-
tir o posicionamento da cabeça.
rias carótidas) e a principal drenagem
venosa (as veias jugulares) ocupam As quatro vértebras cervicais típicas
posição anterolateral no pescoço. (III a VI) têm as seguintes caracterís-
Os vasos sanguíneos carotídeos/ju- ticas: o corpo vertebral é pequeno e
gulares são as principais estruturas mais longo no sentido laterolateral do
lesadas em feridas do pescoço por que no sentido anteroposterior; a face
instrumentos penetrantes. Os plexos superior é côncava e a face inferior é
convexa; o forame vertebral é grande
ESQUELETO AXIAL 27

e triangular; os processos transver- I ou atlas, um osso anular e renifor-


sos de todas as vértebras cervicais me que não tem processo espinhoso
(típicas ou atípicas) incluem forames nem corpo e consiste em duas mas-
transversários para os vasos verte- sas laterais unidas por arcos anterior
brais (as veias vertebrais e, com ex- e posterior. Suas faces articulares su-
ceção de C VII, as artérias vertebrais); periores côncavas recebem os côndi-
as faces superiores dos processos los occipitais; a vértebra C II ou áxis,
articulares estão voltadas em sentido um dente, semelhante a um pino,
superoanterior, e as faces inferiores projeta-se de seu corpo para cima; a
estão voltadas em sentido inferopos- vértebra proeminente (C VII), assim
terior; os processos espinhosos são denominada devido seu processo es-
curtos e, em indivíduos de ascendên- pinhoso longo, que não é bífido. Os
cia europeia, bífidos. processos transversos são grandes,
Existem três vértebras cervicais atí- mas os forames transversários são
picas (C I, C II e C VII): a vértebra C pequenos.

Figura 11. Vértebras cervicais. Disponível em: https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/vertebras-cervicais

Hioide vel da vértebra C III, no ângulo entre


a mandíbula e a cartilagem tireói-
O hioide é um osso móvel situado
dea. É suspenso por músculos que
na parte anterior do pescoço, no ní-
o unem à mandíbula, aos processos
ESQUELETO AXIAL 28

estiloides, à cartilagem tireóidea, ao 1 cm de espessura. A face convexa


manúbrio do esterno e às escápulas. anterior projeta-se em sentido ante-
É um osso singular em razão de sua rossuperior; a face côncava posterior
separação do restante do esqueleto. projeta-se em sentido posteroinferior.
O nome do hioide, que tem forma- Cada extremidade do corpo está uni-
to de U, é derivado da palavra grega da a um corno maior que se projeta
hyoeidēs, que significa “com formato em sentido posterossuperior e lateral
semelhante ao da letra ípsilon”, a 20ª a partir do corpo. Em pessoas jovens,
letra do alfabeto grego. O hioide não os cornos maiores são unidos ao cor-
se articula com nenhum outro osso. po por fibrocartilagem. Em idosos, os
É suspenso dos processos estiloides cornos geralmente são unidos por
dos temporais pelos ligamentos es- osso. Cada corno menor é uma pe-
tilohióideos e está firmemente unido quena projeção óssea da parte supe-
à cartilagem tireóidea. O hioide tem rior do corpo do hioide perto de sua
um corpo e cornos maior e menor. Do união com o corno maior. Está unido
ponto de vista funcional, o hioide é ao corpo do hioide por tecido fibroso
um local de fixação para os músculos e, às vezes, ao corno maior por uma
anteriores do pescoço e atua como articulação sinovial. O corno menor
suporte para manter a via respiratória projeta-se em sentido superoposte-
aberta. O corpo do hioide, sua par- rior em direção ao processo estiloide;
te média, está voltado anteriormente pode ser parcial ou completamente
e tem cerca de 2,5 cm de largura e cartilagíneo em alguns adultos.

Figura 12. Osso hioide. Disponível em: https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/osso-hioide


ESQUELETO AXIAL 29

MAPA MENTAL – PESCOÇO

Vértebras atípicas

Não tem processo


C1ou atlas Formato em U
espinhoso e corpo

Semelhante
C2 ou áxis Vértebras Não se articula
a um dente Hioide
cervicais a outros ossos

Forames Corno maior


transversários C7
pequenos Corpo do hioide

PESCOÇO Corno menor


Processo
espinhoso longo

Sustentam a cabeça
e as articulações
intervertebrais Único que faz parte
Manúbrio do
Clavículas do esqueleto
esterno
apendicular superior

Corpo vertebral
pequeno

Vértebras típicas
Sentido
laterolateral>
anteroposterior

Face inferior Face superior


C3, C4, C5 e C6
convexa côncava
ESQUELETO AXIAL 30

5. TÓRAX profunda (isto é, é empurrado para


cima) causada pelas vísceras da ca-
O tórax é a parte do tronco situada
vidade abdominal. Em consequência,
entre o pescoço e o abdome. O ter-
aproximadamente a metade inferior
mo peito é usado muitas vezes como
da parede torácica circunda e protege
sinônimo de tórax, mas o peito é mui-
as vísceras abdominais, e não as to-
to mais extenso do que a parede to-
rácicas (p. ex., fígado). Assim, o tórax
rácica e a cavidade nela contida. O
e sua cavidade são muito menores
peito geralmente é entendido como
do que sugere a aparência externa
a parte superior do tronco, mais larga
do peito. O tórax contém os princi-
na parte superior em razão do cíngu-
pais órgãos dos sistemas respirató-
lo dos membros superiores (clavícu-
rio e circulatório. A cavidade torácica
las e escápulas), sendo a musculatura
é dividida em três espaços principais:
peitoral e escapular e, nas mulheres
o compartimento central, ou medias-
adultas, as mamas, responsáveis por
tino, que aloja as vísceras torácicas,
grande parte de sua circunferência.
com exceção dos pulmões, e, de cada
A cavidade torácica e sua parede
lado, as cavidades pulmonares direita
têm o formato de um cone truncado;
e esquerda, que abrigam os pulmões.
a porção superior é mais estreita e a
A maior parte da cavidade torácica é
circunferência aumenta inferiormen-
ocupada pelos pulmões, que propi-
te, alcançando o diâmetro máximo
ciam a troca de oxigênio e dióxido de
na junção com a parte abdominal do
carbono entre o ar e o sangue. A maior
tronco. A parede da cavidade toráci-
parte restante da cavidade torácica é
ca é relativamente fina, tem quase a
ocupada pelo coração e pelas estru-
mesma espessura do seu esqueleto.
turas associadas à condução do ar e
O esqueleto torácico tem o formato
do sangue que entram e saem dos
de uma gaiola abaulada. A caixa to-
pulmões. Além disso, os nutrientes
rácica, cujas barras horizontais são
(alimentos) atravessam a cavidade
formadas pelas costelas e cartilagens
torácica através do esôfago, do local
costais, também é sustentada pelo
de entrada na cabeça até o local de
esterno, que é vertical, e pelas vérte-
digestão e absorção no abdome. Em-
bras torácicas. Além disso, o assoa-
bora em termos de função e desen-
lho da cavidade torácica (diafragma)
volvimento as glândulas mamárias
apresenta uma invaginação inferior
estejam relacionadas principalmente
ao sistema reprodutivo, as
ESQUELETO AXIAL 31

Figura 13. Esqueleto torácico. Disponível em: https://www.anatomiaemfoco.com.br

Esqueleto da parede torácica Costelas


O esqueleto torácico forma a caixa As costelas são ossos planos e cur-
torácica osteocartilagínea, que pro- vos que formam a maior parte da cai-
tege as vísceras torácicas e alguns xa torácica. São muito leves, porém
órgãos abdominais. Consiste em 12 têm alta resiliência. Cada costela tem
pares de costelas e cartilagens cos- um interior esponjoso contendo me-
tais associadas, 12 vértebras torá- dula óssea (tecido hematopoético),
cicas e os discos intervertebrais (IV) que forma as células do sangue.
interpostos entre elas, além do es- Há três tipos de costelas, que podem
terno. As costelas e as cartilagens ser classificadas em típicas ou atípi-
costais formam a maior parte da cai- cas: as costelas verdadeiras (verte-
xa torácica; ambas são identificadas broesternais) (costelas I a VII), fixam-
por números, da superior (1a costela -se diretamente ao esterno por meio
ou cartilagem costal) para a inferior de suas próprias cartilagens costais;
(12a). costelas falsas (vertebrocondrais)
(costelas VIII, IX e, geralmente, X), suas
cartilagens unem-se à cartilagem das
ESQUELETO AXIAL 32

costelas acima delas; portanto, a co- quase horizontal), mais curta e mais
nexão com o esterno é indireta; cos- curva das sete costelas verdadeiras.
telas flutuantes (vertebrais, livres) Tem uma única face articular em sua
(costelas XI, XII e, às vezes, a X), as cabeça para articulação apenas com
cartilagens rudimentares dessas cos- a vértebra T I e dois sulcos transver-
telas não têm conexão, nem mesmo sais na face superior para os vasos
indireta, com o esterno; elas terminam subclávios; os sulcos são separados
na musculatura abdominal posterior. pelo tubérculo do músculo escaleno
As costelas típicas (III a IX) têm os anterior ao qual está fixado o múscu-
seguintes componentes: Cabeça da lo escaleno anterior. A costela II tem
costela, cuneiforme e com duas fa- um corpo mais fino, menos curvo e é
ces articulares, separadas pela crista bem mais longa do que a costela I. A
da cabeça da costela, uma face para cabeça tem duas faces para articula-
articulação com a vértebra de mesmo ção com os corpos das vértebras T I
número e outra face para a vértebra e T II; sua principal característica atí-
superior a ela; Colo da costela, une pica é uma área rugosa na face su-
a cabeça da costela ao corpo no ní- perior, a tuberosidade do músculo
vel do tubérculo; Tubérculo da cos- serrátil anterior, na qual tem origem
tela, situado na junção do colo e do parte desse músculo As costelas X a
corpo; uma face articular lisa articu- XII, como a costela I, têm apenas uma
la-se com o processo transverso da face articular em suas cabeças e arti-
vértebra correspondente, e uma face culam-se apenas com uma vértebra.
não articular rugosa é o local de fixa- A costelas XI a XII são curtas e não
ção do ligamento costotransversário; têm colo nem tubérculo.
Corpo da costela (diáfise), fino, plano
e curvo, principalmente no ângulo da Cartilagens costais
costela, onde a costela faz uma cur-
va anterolateral. O ângulo da costela As cartilagens costais prolongam as
também marca o limite lateral de fixa- costelas anteriormente e contribuem
ção dos músculos profundos do dor- para a elasticidade da parede torá-
so às costelas. A face interna côncava cica, garantindo uma fixação flexível
do corpo exibe um sulco da costela, para suas extremidades anteriores.
paralelo à margem inferior da costela, As cartilagens aumentam em com-
que oferece alguma proteção para o primento da costela I a VII, e depois
nervo e os vasos intercostais. diminuem gradualmente. As sete pri-
meiras cartilagens apresentam fixa-
As costelas atípicas (I, II e X a XII)
ção direta e independente ao esterno;
são diferentes. A costela I é a mais
as costelas VIII, IX e X articulam-se
larga (i. e., seu corpo é mais largo e
ESQUELETO AXIAL 33

com as cartilagens costais imediata- çam nem se fixam a nenhum outro


mente superiores a elas, formando osso ou cartilagem. As cartilagens
uma margem costal cartilaginosa, costais das costelas I a X fixam a ex-
articulada e contínua. As cartilagens tremidade anterior da costela ao es-
costais das costelas XI e XII formam terno, limitando seu movimento geral
proteções sobre as extremidades an- enquanto a extremidade posterior
teriores dessas costelas e não alcan- gira ao redor do eixo transversal da
costela.

Figura 14. Cartilagens costais. Disponível em: https://www.auladeanatomia.com

Espaços intercostais exemplo, o 4o espaço intercostal situ-


a-se entre as costelas IV e V. Existem
Os espaços intercostais separam
11 espaços intercostais e 11 nervos
as costelas e suas cartilagens costais
intercostais. Os espaços intercostais
umas das outras. São denominados
são ocupados por músculos e mem-
de acordo com a costela que forma
branas intercostais e dois conjuntos
a margem superior do espaço — por
ESQUELETO AXIAL 34

(principal e colateral) de vasos san- bras torácicas típicas (T II a T IX). Sob


guíneos e nervos intercostais, iden- o ponto de vista funcional, as fóveas
tificados pelo mesmo número atri- são dispostas em pares nas vérte-
buído ao espaço. O espaço abaixo bras adjacentes, ladeando um disco
da costela XII não se situa entre as IV interposto: uma (hemi)fóvea infe-
costelas e, assim, é denominado es- rior na vértebra superior e uma (hemi)
paço subcostal, e o ramo anterior do fóvea superior na vértebra inferior.
nervo espinal T12 é o nervo subcos- Tipicamente, duas hemifóveas assim
tal. Os espaços intercostais são mais emparelhadas e a margem posterola-
largos anterolateralmente, e alargam- teral do disco IV existente entre elas
-se ainda mais durante a inspiração. formam uma única cavidade para re-
Podem ser ainda mais alargados por ceber a cabeça da costela de mesmo
extensão e/ou flexão lateral da coluna número da vértebra inferior (p. ex.,
vertebral torácica para o lado oposto. a cabeça da costela VI com a fóvea
costal superior da vértebra T VI). As
vértebras torácicas atípicas têm fóve-
Vértebras torácicas as costais inteiras em lugar das hemi-
A maioria das vértebras torácicas é fóveas: As fóveas costais superiores
típica visto que é independente, tem da vértebra T I não são hemifóveas
corpos, arcos vertebrais e sete pro- porque não há hemifóveas na vérte-
cessos para conexões musculares e bra C VII acima, e a costela I articula-
articulares. Os aspectos característi- -se apenas com a vértebra T I.
cos das vértebras torácicas incluem: A vértebra TI tem uma (hemi) fóvea
fóveas costais bilaterais (hemifóve- costal inferior típica T X tem apenas
as) nos corpos vertebrais, geralmente um par bilateral de fóveas costais (in-
em pares, uma inferior e outra supe- teiras), localizadas em parte no cor-
rior, para articulação com as cabeças po e em parte no pedículo T XI e T XII
das costelas; fóveas costais dos pro- também têm apenas um par de fóveas
cessos transversos para articulação costais (inteiras), localizadas em seus
com os tubérculos das costelas, exce- pedículos. Os processos espinhosos
to nas duas ou três vértebras toráci- que se projetam dos arcos de vérte-
cas inferiores; Processos espinhosos bras torácicas típicas (p. ex., vértebras
longos, com inclinação inferior. As T VI ou T VII) são longos e inclinados
fóveas costais superiores e inferio- inferiormente, em geral superpondo-
res, a maioria pequenas hemifóveas, -se à vértebra situada abaixo. Eles co-
são superfícies pares bilaterais e pla- brem os intervalos entre as lâminas de
nas nas margens posterolaterais su- vértebras adjacentes, impedindo, as-
perior e inferior dos corpos de vérte- sim, a penetração de objetos cortan-
ESQUELETO AXIAL 35

tes, como uma faca, no canal vertebral medial. Os planos articulares bilaterais
e a lesão da medula espinal. As faces entre as respectivas faces articulares
articulares superiores convexas dos das vértebras torácicas adjacentes
processos articulares superiores estão formam um arco, cujo centro está em
voltadas principalmente em sentido um eixo de rotação no corpo vertebral.
posterior e ligeiramente lateral, en- Assim, é possível fazer pequenos mo-
quanto as faces articulares inferiores vimentos rotatórios entre vértebras
côncavas dos processos articulares in- adjacentes, limitados pela caixa torá-
feriores estão voltadas principalmen- cica fixada às vértebras.
te em sentido anterior e ligeiramente

Figura 15. Vista superior da vértebra torácica. Disponível em: https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/vertebras-


-toracicas/

Esterno mediastino em geral e as protege, em


especial grande parte do coração.
O esterno é o osso plano e alongado
que forma a região intermediária da O esterno tem três partes: manúbrio,
parte anterior da caixa torácica. So- corpo e processo xifoide. Em ado-
brepõe-se diretamente às vísceras do lescentes e adultos jovens, as três
ESQUELETO AXIAL 36

partes são unidas por articulações por articulações cartilagíneas primá-


cartilagíneas (sincondroses) que se rias (sincondroses esternais). Essas
ossificam em torno da meia-idade. O articulações começam a se fundir a
manúbrio do esterno é um osso de partir da extremidade inferior entre a
formato aproximadamente trapezoi- puberdade (maturidade sexual) e os
de. O manúbrio é a parte mais larga 25 anos. A face anterior quase plana
e espessa do esterno. O centro côn- do corpo do esterno é marcada em
cavo facilmente palpado da margem adultos por três cristas transversais
superior do manúbrio é a incisura variáveis, que representam as linhas
jugular (incisura supraesternal). de fusão (sinostose) dos quatro seg-
A incisura é aprofundada pelas ex- mentos originalmente separados. O
tremidades esternais (mediais) das processo xifoide, a menor e mais
clavículas, que são muito maiores do variável parte do esterno, é fino e
que as incisuras claviculares relati- alongado. Sua extremidade inferior
vamente pequenas no manúbrio que situa-se no nível da vértebra T X.
as recebem, formando as articula- Embora muitas vezes seja pontia-
ções esternoclaviculares (EC). Infe- gudo, pode ser rombo, bífido, curvo
rolateralmente à incisura clavicular, ou defletido para um lado ou ante-
a cartilagem costal da costela I está riormente. É cartilagíneo em pessoas
firmemente fixada à margem lateral jovens, porém mais ou menos ossifi-
do manúbrio — a sincondrose da cado em adultos acima de 40 anos.
primeira costela. O manúbrio e o Nas pessoas idosas, o processo xi-
corpo do esterno situam-se em pla- foide pode fundir-se ao corpo do es-
nos um pouco diferentes nas partes terno. O processo xifoide é um pon-
superior e inferior à junção, a sínfi- to de referência importante no plano
se manubriesternal; assim, a junção mediano porque: Sua junção com o
forma um ângulo do esterno (de corpo do esterno na sínfise xifos-
Louis) saliente. O corpo do esterno ternal indica o limite inferior da parte
é mais longo, mais estreito e mais central da cavidade torácica projeta-
fino do que o manúbrio, e está loca- do sobre a parede anterior do corpo;
lizado no nível das vértebras T V a essa articulação também é o local do
T IX. Sua largura varia por causa dos ângulo infraesternal (ângulo sub-
entalhes em suas margens laterais costal) da abertura inferior do tórax.
pelas incisuras costais. Em pesso- É uma referência mediana para o li-
as jovens, podem-se ver quatro seg- mite superior do fígado, centro tendí-
mentos primordiais do esterno. Es- neo do diafragma e margem inferior
ses segmentos articulam-se entre si do coração.
ESQUELETO AXIAL 37

Figura 16. Esterno em sua vista anterior e lateral. Disponível em: http://aneste.org/sistema-esqueltico-axila-v3.html
ESQUELETO AXIAL 38

MAPA MENTAL – TÓRAX

Mediastino
Dividida em
Cavidades
pulmonares

Ângulo Ossos planos


e curvos

Tubérculo Contém Contém as principais


medula óssea Caixa torácica estruturas do sistema
Cabeça circulatório e respiratório
Costelas
Costelas I a VII 12 pares de costelas
verdadeiras
Crista
Costelas
Costelas falsas
Colo VIII, IX e X
Conferem
Costelas XI, XII e Costelas elasticidade à
TÓRAX
Sulco às vezes a X flutuantes parede torácica

Faces Faces
articulares articulares Processos Cartilagens costais
Fóveas
inferiores – superiores - espinhosos
côncavas convexas Porção superior Formato de
12 vértebras mais estreita cone truncado
torácicas

Esterno Único que faz parte


do esqueleto
Osso plano Processo apendicular superior
e alongado Manúbrio Corpo Assoalho
xifoide

Diafragma Espaços intercostais Ocupados por músculos, membranas


intercostais, vasos, nervos
ESQUELETO AXIAL 39

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para a Prática Clínica. 4ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 2001.
NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
SOBOTTA, Johannes. Atlas de Anatomia Humana. 21ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koo-
gan, 2000.
ESQUELETO AXIAL 40

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