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FLEURY, NA HISTÓRIA DA
ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL
Resumo
Nesta comunicação, apresentam–se resultados de pesquisa do Programa de
Iniciação Científica (bolsa Pibic/CNPq/Unesp) vinculada às linhas de pesquisa:
“Alfabetização” e “Ensino de língua portuguesa” do Gphellb – Grupo de pesquisa
“História do ensino de língua e literatura no Brasil”, e do Piphellb – Projeto
Integrado de Pesquisa “História do ensino de língua e literatura no Brasil”, ambos
coordenados pela professora Maria do Rosário Longo Mortatti. Com o objetivo de
contribuir para a produção de uma história do ensino de língua e literatura no Brasil
e para a compreensão de um importante momento na história do ensino de leitura
e escrita, enfoca–se a proposta para esse ensino apresentada pelo professor Renato
Sêneca Fleury (1895–1980), em “Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida“,
destinada, especialmente, a alunos da zona rural e publicada pela Editora
Melhoramentos de São Paulo, com 1ª. edição em 1935 e a última, a 133ª., em
1958. Mediante abordagem histórica, centrada em pesquisa documental e
bibliográfica, desenvolvida por meio de procedimentos de localização, recuperação,
reunião, seleção e ordenação de fontes documentais, analisou–se a configuração
textual de Na roça, a qual consiste em enfocar os diferentes aspectos constitutivos
de seu sentido. Concluiu–se que essa cartilha apresenta–se como uma das
“concretizações” do método misto, defendido por professores paulistas ao longo do
“terceiro momento” da história da alfabetização no Brasil.
Palavras-chave:
Renato Sêneca Fleury, Ensino da leitura, Pesquisa histórica em educação.
Introdução
O objetivo geral, por sua vez, consiste em: "... contribuir tanto para a produção de
uma história do ensino de língua e literatura no Brasil, que auxilie na busca de
soluções para os problemas desse ensino, no presente, quanto para a formação de
pesquisadores capazes de desenvolver pesquisas de fundo histórico, que permitam
avanços em relação aos campos de conhecimento envolvidos" (Mortatti, 2003: 3).
Renato Sêneca Fleury teve intensa atuação no magistério paulista: "[...] foi diretor
organizador dos ginásios estaduais de Itu e de Ribeirão Preto, delegado de Ensino
em Araraquara, inspetor de Escolas Normais" (Grohmann, 2008), e foi diretor da
Escola Normal de São Carlos, segundo informações contidas em Poliantéia
comemorativa do 1º. centenário do Ensino Normal de São Paulo (1946: 41).
Além dessas atividades, Fleury "[...] trabalhou, ao longo de sua vida, em vários
jornais na capital. Foi colaborador assíduo do Jornal Cruzeiro do Sul, com a coluna
‘Histórico do Ensino Paulista - O Ensino Normal'." (Grohmann, 2008).
Ainda nesse texto, o autor explica brevemente o método utilizado na cartilha, "[...]
graças à conjugação da análise e da síntese, em um processo misto que abrange, a
um tempo, a sentenciação, a palavração, a silabação e a deletreação, chegamos a
um sistema que oferece reais vantagens com proporcionar resultados rápidos e
seguros" (Fleury, [194-?]: 5). Apresenta, ainda, sugestões ao professor para o
ensino de cada lição em sala de aula, já que, nessas lições, "[...] vão crescendo
gradativamente o número de palavras que as compõem [acompanhando o
desenvolvimento dos alunos]." (Fleury, [194-?]: 6).
A empresa, em 26 de julho de 1901, "[...] escolhe Antônio Bernardo Pinto para seu
presidente [...] [e dois anos depois] transferiram a sede da Melhoramentos para
São Paulo, onde se concentrava dois terços da produção industrial brasileira."
(Donato, 1990: 29). A transferência impulsionava a novas aquisições e atividades.
O negócio ganhou nova dinâmica depois de Alfried Weiszflog assumir o controle das
fábricas de papel da Melhoramentos, possibilitando a expansão da editora, que em
1928 imprimiu 670 mil exemplares, colocando-se entre as maiores do país.
(Momentos do livro no Brasil, 1998: 76).
De acordo com Silva (1957: 15), a educação rural "[...] consiste em orientar as
populações das zonas rurais no sentido da formação adequada ou conveniente às
mesmas, vinculando-as ao meio e levando-as a reagir de modo eficiente sôbre
este.".
Considerações finais
Referências
FLEURY, Renato Sêneca. Na roça: cartilha rural para alfabetização rápida. 25. ed.
São Paulo: Melhoramentos, [194-?].
MELO, Luis Correia de. Dicionário de autores paulistas. São Paulo: Irmão Andriolis,
1954. (Comissão do VI Centenário da cidade de São Paulo).
SILVA, Ruth Ivoty Torres da. A escola primária rural. 2. ed. Rio de Janeiro; Porto
Alegre; São Paulo: Editora Globo, 1957. Biblioteca vida e educação. vol. 10.
[1] De acordo com a autora, em nota de seu livro (p. 38), o adjetivo crucial foi
utilizado nos seus dois sentidos: enquanto representação do "[...] entrecruzamento
de sentidos históricos", considerando as disputas relativas aos métodos de
alfabetização dos momentos anteriores; e decisivo "[...] no âmbito da relação
dialética entre continuidade e descontinuidade".
[1] Até o encerramento da redação deste texto, não foi possível localizar a data
desse segundo casamento de Renato Sêneca Fleury.
[1] Segundo Grisi (1946: 3-4, grifos do autor), os métodos de alfabetização são
divididos em três tipos, assim caracterizados: "Método sintético - Considerado
historicamente como o primeiro - é o que consiste no ensino ou aprendizado da
leitura e da escrita segundo a ordem de complexidade crescente do material
gráfico, a partir dos ‘elementos' alfabéticos. [...] Método analítico - É o que
consiste no ensino ou aprendizado da leitura e da escrita segundo a ordem de
decomposição progressiva do material, a partir portanto de ‘todos' gráficos, isto é,
sentenças ou palavras. [...] Método misto ou analítico-sintético - [...] tende a
reunir as simpatias gerais. Teoricamente, duas são as suas modalidades: a primeira
consiste no ensino prévio das letras ou silabas, seguido imediatamente de suas
combinações em palavras e sentenças; a segunda, na apresentação de frases e
vocábulos que são imediatamente decompostos em sílabas e letras."
[1] A partir daqui quando for me referir à cartilha, em questão, não utilizarei o seu
título completo, a fim de não estender o texto e para que essa informação não fique
repetitiva. Quando me referir à cartilha, então, utilizarei o título Na roça e
suprimirei o subtítulo "cartilha rural para alfabetização rápida".