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Advocacia-Geral da União

Procuradoria da União no Estado do Paraná


Grupo Permanente de Atuação Proativa

EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DA 3 ª VARA DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CURITIBA.

Ação de Improbidade Administrativa.


Autores: União
Réus: Paulo Roberto Costa, Mendes Junior Participações S/A e outros
Pedido de Distribuição por Dependência à Ação Civil Pública nº 5006695-57.2015.404.7000.

EMENTA: OPERAÇÃO “LAVA JATO” DA POLÍCIA FEDERAL BRASILEIRA.


PAGAMENTO DE PROPINA AO DIRETOR DE ABASTECIMENTO PAULO
ROBERTO COSTA. ATO DE IMPROBIDADE CONFESSADO PELO AGENTE
PÚBLICO EM DELAÇÃO PREMIADA. AÇÃO DE IMPROBIDADE.

A UNIÃO, representada pela ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO nos termos do


artigo 131 da Constituição e da Lei Complementar nº 73/1993, através dos Advogados
da União signatários, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com base
nos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos, propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

em face de:

(1) PAULO ROBERTO COSTA, ex-Diretor de Abastecimento da PETROBRAS,


brasileiro, casado, engenheiro, inscrito no CREA/RJ sob o nº 1.708.889.876 e no
CPF/MF sob o nº 302.612.879-15, com endereço na Rua Ivando de Azambuja,
casa 30, condomínio Max IX, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ;
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(2) MENDES JÚNIOR PARTICIPAÇÕES S/A., sociedade comercial, devidamente


inscrita no CNPJ sob o nº 25.290.966/0001-31, com endereço na Av. João
Pinheiro, 146, 20º andar, Conjunto 20001, Centro , CEP 30130-927, Belo
Horizonte/MG;

(3) MENDES JÚNIOR TRADING E ENGENHARIA S.A., sociedade comercial,


devidamente inscrita no CNPJ sob o nº 19.394.808/0001-29, com endereço na
Rua Pedroso Alvarenga, 1046, Conjuntos 113 a 116, CEP 04531-004, São Paulo/SP;

(4) SÉRGIO CUNHA MENDES, Vice-Presidente Executivo da Mendes Júnior Trading e


Engenharia S.A., brasileiro, casado, CPF 311.654.356-91, residente no SHIS QI13,
conjunto 07, casa 23, Lago Sul, CEP 71635-070, Brasília/DF;

(5) ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, Diretor de Óleo e Gás da Mendes Júnior Trading
e Engenharia S.A., brasileiro, divorciado, CPF 214.981.134-00, residente na
Avenida Boa Viagem, 3854, apto. 101, Boa Viagem, CEP 51021-000, Recife/PE;

(6) ÂNGELO ALVES MENDES, Vice-Presidente Corporativo da Mendes Júnior


Trading e Engenharia S.A., brasileiro, casado, CPF 257.398.246-72, residente na
Rua Rio de Janeiro, 2299, apto. 101, Lourdes, CEP 30160-042, Belo
Horizonte/MG;

(7) ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES, Representante da Mendes Júnior Trading e


Engenharia S.A. em seus contratos com a PETROBRAS, brasileiro, CPF
245.827.196-00, residente na Rua Cachoeira de Minas, 10, apto. 1001,
Gutierrez, CEP 30440-450, Belo Horizonte/MG;

(8) JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL RESENDE, Engenheiro da Área Operacional de


Obras e Gerente de Contratos da Mendes Júnior Trading, brasileiro, casado, CPF

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112.676.076-53, residente na Avenida Leopoldino de Oliveira, 3780, apto. 702,


CEP 38010-000, Centro, Uberaba/MG.

(9) CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S/A, sociedade comercial, devidamente


inscrita no CNPJ sob o nº 17.262.213/0001-94, com sede na Avenida do
Contorno, nº 8123, Cidade Jardim, Belo Horizonte/MG, CEP. 30.110-937;

(10) KTY ENGENHARIA LTDA, sociedade comercial, devidamente inscrita no CNPJ


sob o nº 56.819.477/0001-58, com sede na Rua Vergueiro, nº 1.759, 7º ao 12º
andar, Vila Mariana, São Paulo/SP, CEP. 04.101-000;

(11) MPE MONTAGENS E PROJETOS ESPECIAIS S/A, sociedade comercial,


devidamente inscrita no CNPJ sob o nº 31.876.709/0001-89, com sede na Rua
São Francisco Xavier, nº 603, 1º andar, Maracanã, Rio de Janeiro/RJ, CEP.
22.631-000;

(12) SOG ÓLEO E GÁS S/A (SETAL), sociedade comercial, devidamente inscrita no
CNPJ 07.639.071/0001-88, com sede na Rua da Assembleia, nº 10, 41º andar,
sala 4104, Centro, Rio de Janeiro/RJ, CEP. 20.011-901;

(13) ODEBRECHT S/A, sociedade comercial, devidamente inscrita no CNPJ sob o nº


05.144.757/0001-72, com sede na Avenida Luis Viana, nº 2.841, Edifício
Odebrecht, Paralela, Salvador/BA, CEP. 41.730-900;

(14) UTC ENGENHARIA S/A, sociedade comercial, devidamente inscrita no CNPJ sob
o nº 44.023.661/0001-08, com sede na Avenida Alfredo Egídio de Souza Aranha,
nº 374, Chácara Santo Antonio, São Paulo/SP, CEP. 04.726-170;

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I – PUBLICAÇÕES E INTIMAÇÕES.

2. No tocante a esse tópico, a UNIÃO pede sejam os Advogados da União intimados


pessoalmente nos termos da Lei Complementar 73/1993 e, no âmbito da
primeira instância, que essa intimação se dê na pessoa de qualquer um dos
advogados em exercício na Procuradoria da União no Estado do Paraná.

II – DA DELIMITAÇÃO DA LIDE E DA PREVENÇÃO DO JUÍZO.

3. A presente ação resume-se aos atos de improbidade praticados pelos réus


(delimitação subjetiva) em virtude do pagamento de propina a partir de PAULO
ROBERTO COSTA e de fraude em processos licitatórios promovidos pela
PETROBRÁS em relação a um determinado número de contratos relativos à
Diretoria de Abastecimento da Estatal — e seus respectivos aditivos—, aos
benefícios e proveitos econômicos dele advindos e aos danos materiais partir
dele causados à PETROBRAS nos termos da Lei 8.429/1992 (delimitação
objetiva).

4. Em resumo, por conta de fraudes promovidas pelas integrantes do cartel de


empreiteiras denominado de “O CLUBE”, a UNIÃO, por meio de sua Advocacia de
Estado, pretende sejam os réus acima qualificados apenados com fundamento
no artigo 37, parágrafo 4º da Constituição e na Lei nº 8.429/92 – podendo ser
observados os limites acordados em eventuais delações premiadas e acordos
celebrados com base na lei 12.846/2013 – sendo, ainda, impostos aos mesmos o
dever de ressarcimento por valor equivalente ao somatório da propina paga no
âmbito de cada contrato fraudado e do integral proveito econômico auferido em
cada um deles.

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5. Os contratos de que tratam esta Ação Civil Pública por Ato de Improbidade
Administrativa são os especificados na tabela abaixo:

Número do Início do Nome do Empresas do


Objeto do Contrato
Contrato Contrato Fornecedor Consórcio
Andrade
Consórcio
Gutierrez
Serviços on site de carteiras de Andrade
1. 0800.0031362.07.2 21.5.2007 gasolina da Refinaria Gabriel Gutierrez—
Mendes Junior
Passos – REGAP Mendes
Júnior—KTY
KTY Engenharia
Construção e montagem das
Mendes Junior
Unidades de Consórcio
2. Hidrodessulfurização de Nafta Mendes
0800.0038600.07.2 21.12.2007 MPE Montagens
Craqueada (HDS) da Carteira de Júnior—
Gasolina da UN-REPLAN da MPE—SOG
SOG – SETAL
Refinaria de Paulínea
Manutenção das unidades e Mendes Junior
sistemas off-sites pertencentes
3. Consórcio
0800.00433363.08.2 8.3.2007 às Carteiras de gasolina e de MPE Montagens
INTERPAR
coque e HDT da Refinaria
Presidente Getúlio Vargas SOG – SETAL
Realização de Projeto de
4. Construção e Montagem no Mendes
0802.0045377.08.2 8.9.2008 Mendes Júnior
Terminal Aquaviário de Barra do Júnior
Riacho, Aracruz/ES
Realização de projeto de
construção de píer e ponte de
5. Mendes
0802.0048659.09.2 26.1.2009 interligação dos Terminais Mendes Júnior
Júnior
Aquaviários de Ilha Comprida e
Ilha Redonda
Odebrecht S/A
Construção de EPC do pipe rack
6. da unidade U6100 do Complexo Consórcio
0858.0069023.11.2 5.9.2011 UTC
Petroquímico do Rio de Janeiro PPR
-COMPERJ
Mendes Júnior

6. Portanto, a presente ação não tem por objeto e não discute atos praticados pelos
réus que tenham fulminado de ilicitude outros contratos que não sejam aqueles
expressamente referidos no quadro acima. Eventuais ilegalidades observadas em
outros contratos, uma vez verificadas, poderão ser objeto de ação própria, em
outra oportunidade, a partir dos levantamentos internos feitos pela PETROBRAS
e na própria investigação no Judiciário, Ministério Público ou Polícia Federal. Do
mesmo modo, contratos celebrados por outras empresas do “CLUBE” —

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individualmente ou em consórcio— que tenham sido maculados por ilegalidade


serão objeto de ações autônomas.

7. De outra parte, é importante destacar que o Ministério Público Federal ajuizou


ação de improbidade em relação a parte dos réus fundada na mesma origem
fática, a qual foi distribuída ao juízo da 3ª Vara Federal de Curitiba sob o nº
5006695-57.2015.404.7000. Não obstante o trabalho desenvolvido pelo parquet
federal, referida ação previamente proposta possui limite subjetivo menor que o
da presente, uma vez que nesta foram incorporadas no polo passivo outras
empresas integrantes dos consórcios que a MENDES JÚNIOR TRADING E
ENGENHARIA S/A compôs em suas contratações com a PETROBRAS
relativamente à Diretoria de Abastecimento da Companhia.

8. Tais empresas, por expressa disposição legal, são solidariamente responsáveis


pelos ilícitos e seus consequentes efeitos patrimoniais perniciosos nos contratos
que integraram, pelo que devem compor o polo passivo da demanda em regime
de litisconsórcio.

9. Além da identidade parcial no polo passivo da demanda, são comuns os fatos que
sustentam ambas as ações, ou seja, ambas têm como causa de pedir:
i) pagamento de propina no âmbito da Diretoria de Abastecimento da
PETROBRAS e ii) as fraudes concorrenciais, os atos de improbidade e as
consequentes nulidades contratuais decorrentes do cartel de empreiteiras que
dominou as grandes contratações da empresa. Portanto, e inclusive pela
necessidade de haver juízo único para ambos os processos como garantia de
tratamento uniforme pela Justiça em relação aos fatos e aos réus, impõe-se o
reconhecimento da conexão entre as ações em referência e da prevenção do

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juízo da 3ª Vara Federal de Curitiba, o que se requer com base nos artigos 103 e
105 do CPC.
10. Finalmente, importante deixar evidenciado que o pedido formulado pela UNIÃO,
muito embora detenha a mesma origem fática, é mais abrangente que o
apresentado pelo parquet na ação da qual esta é dependente, uma vez que não
se limita apenas à propina paga ao senhor PAULO ROBERTO COSTA, eis que inclui
pedido de recomposição integral do enriquecimento ilícito e dos danos
decorrentes da ilicitude, o que promove uma proteção mais amplificada dos
indisponíveis interesses da UNIÃO e da própria PETROBRAS. De toda forma,
embora o pedido seja mais amplo, por deter a mesma origem fática, remanesce
a conexão.

III — DO INTERESSE DA UNIÃO.

11. Os fatos relacionados à Operação “Lava Jato” afrontaram direta e indiretamente


os direitos e interesses da UNIÃO, o que justifica e impõe a necessidade de
propositura da presente ação de improbidade.

12. É preciso observar que se está diante de escândalo de corrupção de enorme


magnitude. Seus efeitos alcançaram diversas áreas de interesse do Estado e da
sociedade brasileira, inclusive com gravíssimas repercussões no cenário
internacional e com severas consequências econômicas, jurídicas, sociais e até
mesmo morais para a vida do país.

13. Do ponto de vista jurídico, destaca-se o fato de a UNIÃO, rotineiramente, aportar


valores na Estatal. Nesse sentido, leiam-se os seguintes Decretos, aqui citados à
guisa de exemplo:

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DECRETO DE 16 DE JUNHO DE 2014 Transfere as dotações orçamentárias


constantes do Orçamento de Investimento para 2014 das empresas
Sociedade Fluminense de Energia Ltda. - SFE e Refinaria Abreu e Lima S.A. -
RNEST para Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS.

Art. 1º Ficam transferidas, das empresas Sociedade Fluminense de Energia


Ltda. - SFE e Refinaria Abreu e Lima S.A. - RNEST para a Petróleo Brasileiro
S.A. - PETROBRAS, os saldos das dotações orçamentárias constantes do
Orçamento de Investimento para 2014 (Lei nº 12.952, de 20 de janeiro de
2014), no valor de R$ 4.816.046.000,00 (quatro bilhões, oitocentos e
dezesseis milhões e quarenta e seis mil reais), de acordo com os Anexos I e
II
....
DECRETO DE 12 DE DEZEMBRO DE 2013 Abre ao Orçamento de Investimento
para 2013, em favor da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS e da Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - INFRAERO, crédito suplementar
no valor de R$ 7.104.124.764,00, para os fins que especifica.

Art. 1º Fica aberto ao Orçamento de Investimento (Lei nº 12.798, de 4 de


abril de 2013), em favor da Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS e da
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - INFRAERO, crédito
suplementar no valor de R$ 7.104.124.764,00 (sete bilhões, cento e quatro
milhões, cento e vinte e quatro mil, setecentos e sessenta e quatro reais),
para atender à programação constante do Anexo I.
....
DECRETO DE 15 DE DEZEMBRO DE 2011 Abre ao Orçamento de Investimento
para 2011, em favor da Companhia Docas do Estado de São Paulo - CODESP,
de empresas do Grupo PETROBRÁS e da Empresa Gerencial de Projetos
Navais - EMGEPRON, crédito suplementar no valor de R$ 1.330.127.000,00,
para os fins que especifica.

Art. 1º Fica aberto ao Orçamento de Investimento (Lei no 12.381, de 9 de


fevereiro de 2011) crédito suplementar no valor de R$ 1.330.127.000,00 (um
bilhão, trezentos e trinta milhões, cento e vinte e sete mil reais), em favor da
Companhia Docas do Estado de São Paulo - CODESP, de empresas do Grupo
PETROBRÁS e da Empresa Gerencial de Projetos Navais - EMGEPRON, para
atender à programação constante do Anexo I.

14. Portanto, pelo que se observa, a UNIÃO dedica valores de seu próprio orçamento
para viabilizar os investimentos necessários à PETROBRAS. Em suma, além de
riquezas que a própria PETROBRAS gerava com sua atividade empresarial, é certo

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que a Estatal recebia valores advindos do orçamento da UNIÃO, o que por si só


justifica seu interesse na presente ação.

15. Ademais disso, a UNIÃO é a principal acionista e proprietária da PETROBRAS.


Assim, os malfeitos praticados no âmbito da empresa geram dupla consequência
patrimonial em desfavor da UNIÃO: i) reduzem o valor das ações de propriedade
da UNIÃO e ii) impactam nos dividendos que a PETROBRAS distribui à UNIÃO.
Tais circunstâncias também justificam o interesse da União na propositura da
presente ação.

IV – DOS FATOS.
IV.1. DO ESCOPO INICIAL DA OPERAÇÃO.

16. Embora a ação judicial sob análise trate de um aspecto específico das
investigações empreendidas por aquela que ficou nacionalmente conhecida
como Operação Lava Jato da Polícia Federal Brasileira, consistente das relações
ilegais que PAULO ROBERTO COSTA (então Diretor de Abastecimento da
PETROBRAS) mantinha com os grupos empresariais integrantes do polo passivo
desta ação, importante delinear em linhas gerais o modus operandi desvelado
pela investigação, especialmente no condizente à participação do ex-diretor da
companhia.

17. Deflagrada em 17 de março de 2014, a Operação Lava-Jato tinha como


finalidade, inicialmente, apurar o funcionamento de estruturas paralelas ao
mercado de câmbio, abrangendo um grupo de doleiros com atuação nacional e
transnacional.

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18. Com o avançar das investigações, revelou-se a existência de um grande


esquema criminoso envolvendo a prática de crimes contra a ordem econômica,
corrupção e lavagem de dinheiro, que operou no sentido de viabilizar o
funcionamento de um poderoso Cartel de empreiteiras composto por diversos
grupos empresariais prestadores de serviços à PETROBRAS, dentre eles o da
MENDES JÚNIOR, que figura com partícipe em todos os contratos aqui
referidos. A finalidade do Cartel era viabilizar fraudes em procedimentos
licitatórios, como forma de eliminar a competitividade dos certames referentes
às maiores obras contratadas pela PETROBRAS, para, com isso, VIABILIZAR aos
seus componentes LUCROS E GANÂNCIAS ILÍCITOS em valores que superam a
casa dos bilhões de reais.

IV.2. O “CLUBE”. UM CARTEL DE EMPRESAS DE BILHÕES DE REAIS.

19. Os agentes envolvidos na apuração alcançaram provas comprovando que 16


grandes empreiteiras ligadas a obras de infraestrutura associaram-se para, com
abuso do poder econômico e eliminação da concorrência, dominar o mercado
de grandes obras da PETROBRAS, dividindo entre si as mais valiosas
contratações propostas pela estatal. Associando-se, as empresas alcançaram
êxito em frustrar o caráter competitivo de licitações, e com isso, além de
direcionarem as obras às empresas integrantes do cartel, OBTIVERAM
CONTRATOS, LUCROS E GANÂNCIAS A PARTIR DE CONDUTAS ILÍCITAS.

20. A atuação do cartel teve o efeito de tornar certa a contratação, em favor de


cada uma de suas participantes, de um volume determinado de obras e, ainda,
permitir que as empresas escolhessem quais as obras que lhes eram mais
adequadas conforme a região ou conhecimento técnico, dentre outras

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vantagens. Acrescente-se, ainda, que a partir da predefinição de qual seria a


empresa vencedora da licitação, as demais empresas, que integravam o
certame apenas para lhe conferir aparência de regularidade, economizavam
valores na apresentação das propostas e projetos, pois, sabendo de antemão
que não seriam contratadas não apresentavam uma proposta “real”, cujos
custos variavam entre dois e cinco milhões de reais.

21. A composição do cartel alterou-se no tempo. Em um primeiro momento, até o


ano de 2006, o cartel das empreiteiras, batizado de “CLUBE”, era formado por:
1) ODEBRECHT, 2) UTC, 3) CAMARGO CORREA, 4) TECHINT, 5) ANDRADE
GUTIERREZ, 6) MENDES JÚNIOR, 7) PROMON, 8) MPE, 9) SETAL – SOG.

22. Contudo, após algum tempo, o “CLUBE” verificou a necessidade de contornar


alguns “empecilhos” para que pudesse operar de forma ainda mais “eficiente”
na obtenção ilícita de contratos e ganâncias. A primeira barreira a ser vencida
residia no fato de que o grupo não contemplava algumas das grandes empresas
do setor, de modo que, ainda que prejudicada, havia alguma concorrência.
Ademais, nos últimos anos houve um incremento significativo na demanda de
grandes obras por parte da PETROBRAS, as quais nem sempre eram atendidas
pelas integrantes originárias do clube, o que contribuiu para entrada de novos
“membros”.

23. Assim, a contar de 2006, ingressaram no “CLUBE” mais sete grupos


empresariais, de modo que o cartel passou a ser formado por dezesseis
empresas. Além das 9 (nove) originárias passaram a integrar o cartel: 1) OAS;
2) SKANSKA, 3) QUEIROZ GALVÃO, 4) IESA, 5) ENGEVIX, 6) GDK, 7) GALVÃO
ENGENHARIA.

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24. Algumas outras empresas excluídas, e prejudicadas pelo abuso de poder


econômico proporcionado pelo “CLUBE”, ainda participariam e venceriam,
esporadicamente, algumas licitações na PETROBRAS. Essas empresas foram a
ALUSA, FIDENS, JARAGUA EQUIPAMENTOS, TOMÉ ENGENHARIA, CONSTRUCAP
e CARIOCA ENGENHARIA, que negociaram com o cartel a adjudicação de
algumas obras.

25. No entanto, a partir de 2006, com a sofisticação da empreitada criminosa e o


ingresso de novos “membros”, o cartel passou a vencer e adjudicar todas as
licitações para grandes obras na PETROBRAS. Para isso, o “CLUBE” contava com
a participação, em conluio, de diretores da PETROBRAS.

26. A formação do cartel permitia, assim, fraudes relativamente seguras dos


processos licitatórios da PETROBRAS, com a perda de competitividade dos
certames e consequente obtenção de BENEFÍCIOS ECONÔMICOS ILICITOS pelas
empresas cartelizadas. Os ilícitos em questão conferiam às empresas
participantes do “CLUBE” ao menos as seguintes vantagens: (a) os contratos
adotavam valores construídos artificialmente e em ambiente de evidente
ilicitude derivado de pagamento de propina e de concorrência desleal; (b) as
empresas integrantes do “CLUBE” podiam escolher as obras que fossem de sua
conveniência realizar, conforme a região ou aptidão técnica; (c) as empresas
ficavam desoneradas total ou parcialmente das despesas inerentes à confecção
de propostas comerciais reais, pois de antemão sabiam quem venceria o
certame; e (d) eliminava-se a concorrência por meio de restrições e obstáculos
à participação de empresas alheias ao “CLUBE”, o que ampliava , ou ao menos
inibia possível redução, das margens de lucro.

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27. As reuniões das empresas do “CLUBE”, segundo apurou-se, eram usualmente


convocadas, realizadas e coordenadas pelo senhor RICARDO PESSOA, diretor da
ré UTC ENGENHARIA, (i) ora na ABEMI —Associação Brasileira das Empresas de
Engenharia Industrial—, (ii) ora nas sedes das próprias empresas,
especialmente na própria UTC, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo.

28. Os encontros não produziam uma ata ou relatório, mas não raras vezes os
próprios participantes faziam anotações sobre as deliberações adotadas. Nesse
sentido, dentre as provas da existência do cartel e dos encontros estão as
anotações manuscritas da reunião havida no 29 de agosto de 2008, anotações
estas feitas por MARCO BERTI, representante da ré SOG OLEO E GAS (SETAL), as
quais foram voluntariamente entregues pelo investigado colaborador
AUGUSTO RIBEIRO MENDONÇA NETO. No documento, acostado aos autos
(OUT8), foram anotadas as reclamações, pretensões e ajustes de várias
empresas em relação às grandes obras da PETROBRAS. As anotações referem-
se a um encontro ocorrido em 29 de agosto, tendo sido, inclusive, registrado
que a próxima reunião dar-se-ia no dia 25 de setembro, evidenciando a
periodicidade e regularidade dos encontros. No mesmo sentido apontam as
anotações constantes em outros documentos (OUT9 e OUT11).

29. Em 2011, a atuação do cartel elevou-se a tal nível que seus participantes
criaram um “roteiro” ou “regulamento” para o seu funcionamento, intitulado
dissimuladamente de “Campeonato Esportivo”. Esse documento, que se
encontra acostado aos autos sob a legenda OUT9, também foi voluntariamente
entregue por AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONÇA NETO, representante da
SETAL. Trata-se, em outras palavras, das “regras do jogo” sujo praticado pelas

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empresas cartelizadas, por meio das quais o grupo selecionaria entre si as


empresas que venceriam as “concorrências” desencadeadas pela PETROBRAS.
Quanto ao ponto, consideramos relevante destacar o teor da petição
apresentada pelo senhor AUGUSTO RIBEIRO nos autos da representação
criminal nº 5073441-38.2014.404.7000. Na referida petição, juntada no OUT9,
o investigado é categórico:

“Trata-se das “Regras do Jogo” (regras de funcionamento do Cartel de


empresas que agia nas licitações da Petrobrás) mencionadas pelo ora
peticionário em seus depoimentos de colaboração, ou seja, das regras
elaboradas pelo coordenador do Cartel, Sr. Ricardo Pessoa (UTC Engenharia),
entregues pelo mesmo aos participantes na primeira reunião de
reorganização do “CLUBE” no ano de 2011.” (nosso grifo)

30. Ou seja, trata-se de um reconhecimento explícito de um dos integrantes do


esquema de que, de fato, as licitações das grandes obras da PETROBRAS
encontravam-se assenhoradas por um CARTEL que as FATIAVA, DIRECIONAVA E
OBTINHA CONTRATOS ILICITAMENTE.

31. Outros documentos apreendidos na sede da empresa ENGEVIX, que embora


integrante do cartel, não é ré da presente ação, confirmam a cartelização e a
tentativa de dissimulação empreendida pelas empresas do “CLUBE”. A guisa de
exemplo, citam-se o papel denominado “reunião de bingo”, no qual são
definidas as empresas que iriam participar das licitações dos diferentes
contratos do COMPERJ, enquanto no papel intitulado “proposta de fechamento
do bingo fluminense” são listados os “prêmios” (diferentes contratos do
COMPERJ) e os “jogadores” (diferentes empreiteiras) –vide OUT10.

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32. Em outro documento obtido pelos investigadores, observa-se uma “lista de


novos negócios (mapão) – 28.09.2007 (...)”. Neste documento estão indicadas
obras de diferentes refinarias e uma proposta de quem seriam as integrantes
do cartel que as assumiriam. No documento, as empreiteiras são indicadas por
siglas, como tentativa de dissimulação.

33. Outros documentos comprovadores do cartel, e que indicam uma verdadeira,


intencional e preconcebida divisão de mercado entre as empresas do “CLUBE”,
encontram-se juntados aos autos, sendo que chamamos especial atenção para
aquele denominado “avaliação da lista de compromissos”. Também denotam
rateio predefinido das obras da PETROBRAS algumas tabelas que AUGUSTO
RIBEIRO MENDONÇA NETO, diretor da SOG-SETAL, entregou aos
investigadores.

34. Cabe destacar que no relatório que avaliou os procedimentos de contratação e


apurou as despesas realizadas para a implantação da Refinaria Abreu e Lima, a
comissão responsável, constituída no âmbito da própria PETROBRAS, indicou a
existência de elementos caracterizadores de cartelização em relação às
empresas contratadas. O referido relatório consta do OUT6, cabendo destacar
o seguinte trecho:

“Os processos para contratação dos serviços de construção e montagem de


unidades foram “relicitados” (UDA, UCR, UHDT/UGH e Tubovias de
interligações), e os contratos assinados no “topo” da estimativa. Tais
contratos totalizaram R$ 10,8 bilhões (valores originais). A Comissão
identificou, analisando o comportamento dos resultados destes processos
licitatórios (primeira e segunda rodadas de licitação), que o valor das
propostas aproximou-se do “teto” (valor de referência mais 20%) das
estimativas elaboradas pela ENGENHARIA/SL/SCP – vide 6.6.
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Estes fatos, associados às declarações do Sr. Paulo Roberto Costa, indicam a


possibilidade da existência de um processo de cartelização relativo às
empresas indicadas nos processos analisados.”

35. PAULO ROBERTO COSTA ao ser ouvido pelo MM. Juízo da 13ª Vara Federal de
Curitiba afirmou claramente:

Muito bem. Na realidade o que acontecia dentro da Petrobras,


principalmente mais a partir de 2006 pra frente, é um processo de
cartelização. (...)

Então as obras na área de Abastecimento praticamente começaram a partir


de 2006; 2006 começaram as obras, e as refinarias novas, no caso específico,
a primeira que vai ficar pronta agora em novembro desse ano, que é refinaria
Abreu e Lima, lá em Pernambuco, a parte de terraplanagem dela começou
em 2007. Então, vamos dizer, teve um período aí de pouquíssima realização
financeira de contratos por não ter nem orçamento, nem projeto. Quando
começou essa atividade, porque esse recurso era todo alocado
principalmente para área de exploração e produção, que é a área mais
importante em qualquer companhia de petróleo. Quando começou então
essa atividade, ficou claro pra mim, eu não tinha esse conhecimento quando
eu entrei, em 2004, ficou claro pra mim dessa, entre aspas, “acordo prévio”,
entre as companhias em relação às obras. Ou seja, existia, claramente, isto
me foi dito por algumas empresas, pelos seus Presidentes das companhias,
de forma muito clara, que havia uma escolha de obras, dentro da Petrobras
e fora da Petrobras
(...)
Juiz Federal: - Que empresas que participavam desse cartel que o senhor
mencionou?

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Interrogado: -Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix,


Mendes Júnior, UTC, mas isso está tudo na declaração que eu dei aí, talvez
tenha mais aí.”

36. Portanto, não há dúvida de que o grupo de 16 empresas aqui referido


estabeleceu um cartel com o objetivo açambarcar ilicitamente todas as grandes
obras a serem contratadas pela PETROBRAS, fulminando deslealmente a
concorrência, combinando os valores a serem propostos e corrompendo
agentes públicos que ocupavam funções chaves dentro da companhia.

37. Cabe aqui destacar que a ação do “CLUBE”, muito mais que violar normas legais
e gerar benefícios obtidos ilicitamente pelas empresas a ele pertencentes,
certamente, teve como consequência a produção de efeitos nocivos de
características difusas como (a) a redução do dinamismo do mercado, (b) a
inibição ao surgimento de outros players e de investimentos no país, (c) a
obstrução da ampliação do mercado de trabalho, (d) o prejuízo ao processo de
inovação e ao surgimento de novas tecnologias, (e) a criação de preços
artificiais e o prejuízo à concorrência. Assim, os prejuízos não se resumem à
PETROBRAS, mas à toda população brasileira e ao desenvolvimento nacional,
em total afronta ao artigo 170 da Constituição Federal.

38. Por todo o dano que gera à economia, à comunidade e ao Estado a cartelização,
por si só, é considerada uma prática ilegal, de modo que todo e qualquer
negócio jurídico idealizado e gestado no âmbito de um cartel afigurar-se-á
juridicamente viciado e, portanto, ilícito. A ilegalidade, outrossim, ganha maior
relevância quase se constata o cartel operou no âmbito de licitações realizadas
por uma Estatal, cujo pilar central e razão de ser é a concorrência, para, de
forma intencional e preconcebida, fatiar e direcionar as contratações.
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39. Importante destacar, Exa., que, segundo levantamentos do TCU e da própria


estatal, em muitas oportunidades, os valores das propostas vencedora se
afiguravam muitíssimo próximos dos limites máximos de contratação
calculados pela PETROBRAS (valor estimado da obra + 20%), o que, além de
demonstrar a perda de economicidade nos contratos celebrados, revela prática
típica de ambiente sem concorrência ou de concorrência puramente simulada.

40. Ora, se o direcionamento gestado pelo cartel, por si só, já representa


fundamento suficiente para se afirmar a nulidade dos contratos, com muito
mais robustez o vício se concretiza quando, associado ao cartel, vislumbra-se a
ação de agentes públicos devidamente alimentados a base de propina.

IV.3. O “CLUBE” E O PAGAMENTO DE PROPINA, COM ÊNFASE NO PAPEL DE PAULO ROBERTO COSTA.

41. Por óbvio, para o perfeito alcance dos propósitos do “CLUBE” de grandes
empreiteiras, afigurava-se necessário cooptar agentes públicos do alto escalão
da PETROBRAS. Assim, consorciaram-se ao cartel os então Diretores de
Abastecimento e de Serviços, PAULO ROBERTO COSTA e RENATO DUQUE, que,
mediante o recebimento de vultuosas propinas, direcionavam as licitações e
seus objetos às empresas indicadas pelo Cartel. Segundo apontam as
investigações, outras diretorias também estariam envolvidas.

42. Para viabilizar a concretização dos ilícitos e, também, a lavagem de ativos, foi
convocado o doleiro ALBERTO YOUSSEF, bem como outros grandes operadores
e doleiros do mercado negro brasileiro e internacional, cuja participação na

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ilicitude tinha a finalidade de ocultar e formalizar os valores desviados da


PETROBRAS.

43. Em seus interrogatórios judiciais, prestados na Ação Penal 5026212-


82.2014.404.70006, ALBERTO YOUSSEF e PAULO ROBERTO COSTA revelaram
dados que demonstram que a corrupção dentro da PETROBRAS não se limitava
apenas à Diretoria de Abastecimento controlada pelo segundo. Conforme
relatam os delatores, havia outros núcleos que também tinham o intuito de
beneficiar o cartel de empreiteiras e desviar recursos para si e para outros
agentes públicos alimentados pelo esquema.

44. As investigações revelaram a prática nefasta de pagamentos de propina por


empreiteiras nos contratos celebrados no âmbito da PETROBRAS,
cuidadosamente orquestrada e em porcentagem que girava em torno de 3% do
valor das contratações, valor que poderia ser bem maior no caso de aditivos
contratuais.

45. Conforme descrito por PAULO ROBERTO COSTA e por ALBERTO YOUSSEF nos
interrogatórios havidos no âmbito da Ação Penal 5026212-82.2014.404.7000, a
partir de 2005, em todos os contratos firmados pelas empresas cartelizadas
com a PETROBRAS no interesse da Diretoria de Abastecimento, houve o
pagamento de vantagens indevidas aos empregados corrompidos da Estatal e
pessoas por eles indicadas no montante de ao menos 3% do valor total dos
contratos. A propina também era paga nas hipóteses de aditivos contratuais,
ou seja, o percentual era calculado sobre o valor total dos contratos e aditivos
celebrados por empreiteiras com a PETROBRAS.

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46. Na divisão das vantagens indevidas, o valor da propina repassada a PAULO


ROBERTO COSTA e às pessoas por ele indicadas, sobretudo operadores
financeiros do mercado negro e integrantes do partido político que o
apadrinhou1, era de, ao menos, 1% do valor total dos contratos assinados no
âmbito da Diretoria de Abastecimento2.

47. Assim, segundo confessado, na Diretoria de Abastecimento, PAULO ROBERTO


COSTA tinha a gerência e o comando da destinação dos recursos, dividindo-os
para si e para terceiros. Nessa Diretoria, parte do montante da propina (a parte
correspondente a 1% do valor dos contratos) era dividido, em média, da
seguinte forma3:

a) 60% era destinado a um caixa geral operado por JOSÉ JANENE e


ALBERTO YOUSSEF até o ano de 2008 —e somente por ALBERTO
YOUSSEF a partir de então—, para posterior repasse, em sua maioria,
a integrantes da agremiação partidária que apadrinhou PAULO
ROBERTO COSTA;

b) 20% era reservado para despesas operacionais, tais como emissão de


notas fiscais, despesas de envio etc.;

c) 20% eram divididos entre o próprio PAULO ROBERTO COSTA e os


operadores do esquema, da seguinte forma:

 70% eram apropriados por PAULO ROBERTO COSTA; e

1
Ele confessa haver sido indicado pelo PP para assumir a Diretoria de Abastecimento.
2
Embora o valor total da propina paga fosse de 3% do valor do contrato, apenas o montante de 1% era assenhorado por
Paulo Roberto Costa e seus consociados. Os 2% restantes tomavam outro caminho.
3
Para maiores detalhes desse procedimento, veja-se o depoimento em referência, acostado à esta petição inicial.
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 30% eram retidos pelo falecido Deputado JOSÉ JANENE e,


posteriormente, após a morte do parlamentar, por ALBERTO
YOUSSEF.

48. Os demais 2% arrecadados como propina no âmbito da Diretoria de


Abastecimento, segundo o próprio PAULO ROBERTO COSTA eram destinados a
integrantes de outro partido político (PT), sendo o seu produto distribuído e
lavado através de outros caminhos e partícipes da empreitada criminosa.

49. Resumidamente, o esquema de corrupção pode ser assim descrito:

1º. As empresas integrantes do “CLUBE” mantinham com PAULO ROBERTO


COSTA e com outros funcionários da Estatal promessas e compromissos
mútuos a partir do pagamento de propina correspondente a
basicamente 3% do valor integral de todos os contratos celebrados
pelas empresas beneficiárias com a PETROBRAS —podendo inclusive ser
superior a esse percentual em caso de aditivos contratuais;

2º. A partir de tais compromissos criminosos, uma vez abertos os


respectivos procedimentos licitatórios no âmbito da PETROBRAS, as
empresas do “CLUBE” se reuniam e definiam qual ou quais delas iria
vencer um determinado certame.

3º. Após esta reunião o nome da escolhida era apresentado aos Diretores
4
da PETROBRAS, como PAULO ROBERTO COSTA , que atuavam

4
A esse respeito, veja-se o teor do depoimento de ALBERTO YOUSSEF prestado perante o juízo criminal (autos nº
5026212-82.2014.404.7000), conforme documento anexo.
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internamente de forma comissiva e omissiva para que os interesses dos


membros do CLUBE fossem alcançados, especialmente no sentido de
ficar silente acerca do funcionamento do carte e não opor obstáculos à
adjudicação do contrato pela empresa escolhida pelo cartel.

4º. A partir dessa sequência de atos ilícitos, as empresas do “CLUBE”


celebravam contratos valiosíssimos com a PETROBRAS, e, a medida que
a estatal efetivava os pagamentos, faziam os repasses dos valores das
propinas, conforme previamente combinado.

5º. Por fim, com o recebimento das propinas, iniciava-se o processo de


distribuição, ocultação e lavagem do dinheiro do suborno por parte dos
beneficiários do esquema, os quais procuravam dar uma aparência de
legitimidade aos recursos recebidos ilicitamente, como:

a) celebração de contratos simulados e com empresas de fachada, como


as controladas por ALBERTO YOUSSEF;
b) celebração de contratos diretos com empresa de consultoria de
PAULO ROBERTO, para o pagamento de “atrasados” após sua saída
da PETROBRAS;
c) entrega de numerário em espécie no escritório de YOUSSEF ou em
outro lugar combinado por ele ou PAULO ROBERTO;
d) depósito de valores em contas mantidas por ambos no exterior.

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III.4. A RECEPÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA PROPINA POR EMPRESAS DE FACHADA, COM ÊNFASE NOS PAPEIS
DE PAULO ROBERTO COSTA E ALBERTO YOUSSEF.

50. De fato, a investigação apurou que um dos principais métodos utilizados para
operacionalizar, com aparência de regularidade, o repasse dos valores
indevidos consistia na celebração de contratos simulados, especialmente
relativos a serviços de consultoria, com a consequente emissão de notas fiscais
frias por meio de empresas puramente de fachada, operadas pelo senhor
ALBERTO YOUSSEF.

51. É importante destacar que ALBERTO YOUSSEF era responsável pela lavagem e
distribuição dos recursos provenientes das propinas arrecadadas por PAULO
ROBERTO COSTA, sendo que contratos realizados no âmbito de outras
diretorias da PETROBRAS podiam ter os recursos ilícitos lavrados por outros
agentes e caminhos. Assim, tendo em conta que os contratos aqui tratados
foram celebrados no interesse da Diretoria de Abastecimento, tem-se que a
sistemática revelada neste tópico foi utilizada para lavrar, ocultar ou dissimular
propinas que foram pagas durante a execução dos mesmos, ou, ao menos, de
parte delas.

52. Nesse contexto, para fazer funcionar o esquema de branqueamento de ativos


desviados, ALBERTO YOUSSEF, na condição de operador financeiro do esquema,
lançou mão de quatro empresa fictícias: (i) a MO CONSULTORIA, (ii) a
EMPREITEIRA RIGIDEZ, (iii) a RCI SOFTWARE e (iv) a GFD INVESTIMENTOS. As
três primeiras empresas, apesar de mantidas pelo senhor WALDOMIRO DE
OLIVEIRA, eram utilizadas pelo doleiro, não tendo, de fato, exercido nenhuma
atividade econômica real. Já a última, controlada por ALBERTO YOUSSEF,

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embora existisse e possuísse diversos —e milionários— contratos com as


empresas integrantes do “CLUBE”, jamais lhes prestou qualquer serviço real.
Ou seja, não há qualquer fundamento plausível apto a justificar os valiosos
pagamentos que a GFD recebeu das referidas empreiteiras.

53. Ademais, ressalvado um único empregado registrado em nome da MO


CONSULTORIA no ano de 2011, no período entre 2009 e 2014 (i) a MO
CONSULTORIA, (ii) a EMPREITEIRA RIGIDEZ e (iii) a RCI SOFTWARE não
ostentaram nenhum quadro de funcionários, o que é um cenário
absolutamente irreal para empresas supostamente executoras de diversos e
valiosos contratos de prestação de serviços. Em verdade, esse elemento de
prova é suficiente para demonstrar que não havia atividade real desenvolvida
pelas referidas empresas e que os milhões de reais que lhes foram pagos pelas
empreiteiras do “CLUBE” não encontram lastros jurídicos e fáticos legítimos,
tratando-se, assim, de conduta típica de lavagem de ativos.

54. Não bastassem as circunstâncias apontadas no parágrafo anterior, é preciso


destacar que diversas testemunhas ouvidas durante a investigação
confirmaram a utilização de empresas de fachada no esquema. Ao ser
interrogado no âmbito da Ação Penal nº 5026212-82.2014.404.7000,
WALDOMIRO DE OLIVEIRA admitiu que foi o responsável pela gestão das
empresas (i) MO CONSULTORIA, (ii) EMPREITEIRA RIGIDEZ e (iii) RCI SOFTWARE,
figurando formalmente no quadro societário da primeira e possuindo
procuração que o habilitava a gerir as demais. No seu depoimento, acostado
em OUT22, o referido senhor admitiu que cedeu as empresas e suas contas a
ALBERTO YOUSSEF a fim de que ele as utilizasse para promover a distribuição
de vantagens indevidas. Reconheceu, ainda, que para justificar os depósitos

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realizados foram elaborados contratos de prestação de serviço simulados, bem


como emitidas notas fiscais frias.

55. No mesmo sentido caminha o depoimento da senhora MEIRE BONFIM DA SILVA


POZA (OUT23), ouvida na condição de testemunha no curso da ação penal
5025699-17.2014.404.7000. Ela (i) confirmou que prestou serviços à
organização chefiada por ALBERTO YOUSSEF através da empresa Arbor
Consultoria e Assessoria Contábil; (ii) reconheceu que ALBERTO YOUSSEF teria
utilizado a empresa GFD INVESTIMENTOS, por ele controlada, e as empresas
MO CONSULTORIA, EMPREITEIRA RIGIDEZ e RCI SOFTWARE, controladas por
WALDOMIRO, para a emissão de notas fiscais frias; e (iii) especificou que
nenhuma dessas empresas possuía estrutura física e recursos humanos para a
prestação de serviços que constavam nas notas por elas emitidas.

56. Caminha no mesmo sentido o depoimento do senhor CARLOS ALBERTO


PEREIRA DA COSTA, administrador formal da GFD Investimentos. Em seu
interrogatório na ação penal 5025699-17.2014.404.7000, ele também
reconheceu que a empresa, de fato, era gerida por ALBERTO YOUSSEF, que a
utilizava para receber valores de empreiteiras por meio da celebração de
contratos de prestação de serviços inexistentes.

57. O próprio ALBERTO YOUSSEF confirma esses fatos (OUT14). No âmbito da ação
penal nº 5026212-82.2014.404.7000, ele (i) confessou que se utilizava das
empresas MO CONSULTORIA, EMPREITEIRA RIGIDEZ e RCI SOFTWARE para
operacionalizar o repasse de propinas oriundas de empreiteiras contratadas
pela PETROBRAS; (ii) afirmou que efetuava o pagamento de 14,5% do valor da
transação para WALDOMIRO DE OLIVEIRA, responsável formal pelas empresas

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supramencionadas, a fim de que ele celebrasse contratos simulados com as


empreiteiras e lhe fornecesse, em decorrência deles, notas fiscais frias para
justificar a transferência dos valores; e (iii) reconheceu que se valia da empresa
GFD para celebrar contratos simulados como forma de justificar o repasse de
valores provenientes de propinas oriundas de empreiteiras.

58. No mesmo depoimento, comprovando não apenas a utilização de empresas de


fachada para efetuar a lavagem do dinheiro, mas também que o grupo MENDES
JUNIOR efetivamente pagou propina a PAULO ROBERTO COSTA, o senhor
ALBERTO YOUSSEF confirmou a utilização da GFD INVESTIMENTOS para
operacionalizar o pagamento de propina por parte da MENDES JUNIOR:

“Mendes Júnior foi uma troca que eu fiz de reais que eu tinha, pessoal meu, e
que acabei emitindo uma nota contra ela, pra colocar dinheiro na GFD, pra fazer
investimentos. Mas os reais vivos foi repassado à agentes públicos e o Paulo
Roberto Costa.” (transcrição idêntica ao original)

59. Desta feita, diante dos diversos fundamentos acima referidos, podemos
afirmar, sem titubear, que todos os contratos firmados pelas empreiteiras que
prestavam serviços à PETROBRAS com as empresas MO CONSULTORIA,
EMPREITEIRA RIGIDEZ, RCI SOFTWARE e GFD INVESTIMENTOS, assim como as
Notas Fiscais deles derivadas, são fraudulentos, falsos e foram utilizados para
dar aparência de licitude aos recursos provenientes de suborno com o fim de
que fossem distribuídos a malfeitores.

60. Como será demonstrado adiante, o grupo MENDES JUNIOR celebrou contratos
com as empresas de fachada acima referidas, que revela o efetivo pagamento
de propina no âmbito dos contratos aqui referidos. O mesmo ocorreu com a
SOG OLEO E GAS S/A, demandada nesta ação, que também celebrou contratos
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fraudulentos com as empresas de ALBERTO YOUSSEF com a finalidade de


efetivar o pagamento de propina em relação aos contratos havidos para a
realização de obras na REPAR e na REPLAN e que são objeto da presente
demanda judicial (vide OUT29 out30).

61. Em outras palavras, fica claro que o mecanismo acima referido, em verdade, foi
utilizado por ALBERTO YOUSSEF, única e exclusivamente para, de forma oculta
e simulada, viabilizar o repasse do valor do suborno pago pelas empreiteiras
aos reais destinatários das propinas. Nesse sentido, cabe citar o seguinte trecho
do depoimento que ALBERTO YOUSSEF prestou à Justiça Federal (OUT14):

Juiz Federal: - Dos demais acusados nesse processo, o senhor mencionou o


Waldomiro Oliveira é que lhe cedeu essas contas da MO e da... da empresa
MO, como isso funcionava?
Interrogado: - Na verdade senhor Waldomiro de Oliveira é que me vendia as
notas, no caso, pra fazer o recebimento das empreiteiras, tanto da MO,
quanto da Rigidez, quanto da RCI. Ele cobrava um percentual de 14,5 % e eu
lhe repassava isso.
Juiz Federal: - Mas essas empresas de fato não existiam?
Interrogado: - Na verdade existiam, mas não tinham, não tinham...
Juiz Federal: - Existiam no papel?
Interrogado: - Existiam no papel.
Juiz Federal: - Não prestavam serviço de qualquer natureza?
Interrogado: - Não, não prestavam serviço de qualquer natureza.
Juiz Federal: - Essa MO consultoria então, por exemplo, esses pagamentos
não têm por base nenhuma consultoria específica?
Interrogado: - Não, nunca. Nunca prestou serviço.

62. Com efeito, o procedimento era basicamente o seguinte:

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1º As empreiteiras subscreviam contratos inverídicos e efetuavam


os depósitos dos valores referentes às propinas nas contas das empresas
(i) MO CONSULTORIA, (ii) EMPREITEIRA RIGIDEZ, (iii) RCI SOFTWARE e
(iv) GFD INVESTIMENTOS;

2º Então, WALDOMIRO DE OLIVEIRA e ALBERTO YOUSSEF


operacionalizavam transações subsequentes para a obtenção de
numerário em espécie a fim de que fossem entregues pelo doleiro ou por
seus emissários a membros da Diretoria da PETROBRAS envolvidos no
esquema, dentre eles PAULO ROBERTO COSTA, bem como aos demais
agentes estes indicassem.

63. Conforme já consta da ação de improbidade nº 5006695-57.2015.404.70005,


entre 2009 e 2013:

 a EMPREITEIRA RIGIDEZ, que nunca teve empregados em seus


quadros, recebeu R$ 48.172.074,89;
 a MO CONSULTORIA, que teve apenas um empregado na empresa —
isso em 2011—, recebeu R$ 76.064.780,93;
 a RCI Software, que não manteve qualquer empregado no período,
recebeu R$ 16.834.722,08; e
 a GFD INVESTIMENTOS, também sem qualquer empregado, recebeu
R$ 58.527.432,22.

64. Assim, as quatro empresas de fachada multicitadas, todas sabidamente


controladas pelo doleiro ALBERTO YOUSSEF, receberam entre 2009 e 2013 a

5
A esse respeito, veja-se especialmente a tabela constante da página 18 da petição inicial do MPF.
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massiva quantia de R$ 199.599.010,08, muito embora três delas sequer


mantivessem empregados em seus quadros e nenhum resultado material de
seu suposto funcionamento tenha sido localizado pela Polícia Federal (ver
OUT13 e OUT24)

65. Importante destacar que, em alguns momentos, especialmente entre de 2009


e 2013, o volume de operações realizadas mediante saque em espécie ou
mediante a emissão de cheques para desconto sem identificação na conta
creditada (cheques sacados na boca do caixa) chegou a quase R$ 24 milhões.
Ressalte-se que o uso de empresas de fachada para proceder saques em espécie
representa uma das formas mais tradicionais de lavagem de dinheiro, pois
apaga-se o rastro do dinheiro. Essa figura é conhecida como paper trail.(ver
OUT13 e OUT24)

66. Ressalte-se, ainda, que a utilização das empresas de fachada representou


apenas uma das modalidades de distribuição e branqueamento de ativos
utilizada pelo grupo. Ademais, afora a atuação em favor do esquema que
sangrou a PETROBRAS, é importante destacar que ALBERTO YOUSSEF tinha
outras operações no mercado negro de câmbio, o que lhe conferia grande
disponibilidade de recursos, inclusive em espécie, tanto no Brasil como no
exterior, a fim de atender ao seu propósito dentro do esquema, que era efetuar
a divisão de valores originários de contratos da estatal, pagando os
destinatários em espécie ou no exterior. (ver OUT23)

67. No entanto, com o passar do tempo as operações de lavagem de dinheiro por


intermédio das referidas empresas de fachada passaram a ser mais complexas.

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Nesse sentido, ALBERTO YOUSSEF passou a determinar que WALDOMIRO DE


OLIVEIRA repassasse os valores recebidos das empreiteiras para as contas de
outras empresas por ele indicadas, dentre as quais se destacam as empresas do
senhor LEONARDO MEIRELLES —in casu as empresas LABOGEN QUÍMICA,
INDÚSTRIA LABOGEN e PIROQUÍMICA—, a partir das quais (a) uma parte dos
recursos eram remetidos ao exterior, e (b) outra era objeto de saques em
moeda corrente com a entrega de valores ao doleiro. (ver OUT22 e OUT23)

68. LEONARDO MEIRELLES, importante destacar, foi outro doleiro identificado no


âmbito das investigações levadas a cabo pela Operação Lava Jato. A
transferência de valores das empresas controladas por ALBERTO YOUSSEF para
contas do doleiro LEONARDO MEIRELLES tinha uma função muito importante
dentro do banco clandestino estruturado pelo primeiro. Após receber recursos
ilícitos por intermédio de transferências bancárias efetuadas pelas empresas de
fachada utilizadas por YOUSSEF, o senhor LEONARDO MEIRELLES transferia os
valores para o exterior com base em contratos de câmbio falsos e importações
fraudulentas, disponibilizando-os a terceiros que se utilizavam de seus serviços
em troca do fornecimento de valores em espécie no Brasil. Em contrapartida,
uma parte de tais recursos recebidos em espécie era repassada a ALBERTO
YOUSSEF, metodologia esta que tornava a operação de lavagem de ativos ainda
mais rebuscada, dificultando o rastreamento do dinheiro.

69. Com tais operações, os clientes de MEIRELLES, que lhe entregavam dinheiro em
espécie, conseguiriam fazer pagamentos no exterior com dinheiro advindo de
empresas controladas por YOUSSEF, diretamente e por intermédio de
WALDOMIRO DE OLIVEIRA. Por outro lado, ALBERTO YOUSSEF recebia dinheiro
em espécie de outros clientes de LEONARDO MEIRELLES, como retribuição

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pelas transferências bancárias que fazia para as empresas de MEIRELLES e


seguiam para o exterior em benefício dos terceiros interessados.

70. Nesse cenário, os valores recebidos pelas empresas controladas por YOUSSEF
eram diluídos em seu caixa e, a partir daí, eram realizados os pagamentos a
PAULO ROBERTO COSTA e aos agentes públicos por ele indicados.

71. É de destacar que a comprovação do recebimento de vantagens indevidas por


PAULO ROBERTO COSTA não decorre apenas da sua confissão. Em acréscimo ao
que o ex-diretor afirmou há as declarações de ALBERTO YOUSSEF, os contratos
fictícios celebrados com empresas de fachada e as transferências bancárias
dos mesmos decorrentes. Ademais, observou-se que PAULO ROBERTO COSTA
ostentava vultuoso patrimônio, claramente incompatível com seus
rendimentos conhecidos. A título de exemplo desta situação, por ocasião do
cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua residência, verificou-
se que o ex-Diretor mantinha guardado em espécie R$ 762.250,00, US$
181.495,00 e EUR 10.850,00. Acrescente-se que em bancos com sede na Suíça
foram localizados mais US$ 23.000.000,00 (vinte e três milhões de dólares
norte-americanos) em nome de PAULO ROBERTO COSTA e seus familiares. No
Royal Bank of Canada, nas Ilhas Cayman, foram localizados mais US$ 2,8
milhões, ocultados em nome de parentes. Localizou-se ainda, a lancha COSTA
AZUL (avaliada em R$ 1,1 milhão), um terreno em Mangaratiba/RJ (avaliado em
R$ 3,2 milhões). (vide OUT15 e OUT31)

72. Ora, tendo em vista a incompatibilidade destes valores e de seu patrimônio com
sua renda declarada, fica evidenciada a prática de ato de improbidade a partir
do esquema até aqui decifrado pela Operação Lava Jato.

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IV.5. O PAGAMENTO DE PROPINA A PAULO ROBERTO COSTA APÓS A SUA SAÍDA DA DIRETORIA DE
ABASTECIMENTO DA PETROBRAS.

73. O pagamento de propinas a PAULO ROBERTO COSTA não se encerrou com a sua
saída da Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS. Provas dos autos
demonstram que mesmo na condição de ex-Diretor, ele continuou recebendo
propinas em decorrência de contratos firmados durante sua gestão,
especialmente nos casos em que a execução dos contratos —e dos pagamentos
realizados pela Estatal— se estendeu para período posterior à sua saída do
cargo. (ver OUT14, OUT26, OUT17 e OUT18)

74. As tratativas acerca de tais vantagens indevidas foram efetuadas diretamente


por PAULO ROBERTO COSTA e os executivos das empreiteiras integrantes do
cartel. Para concretizar e dissimular os pagamentos indevidos, o ex-diretor se
valeu de contratos de consultoria fictícios celebrados pelas empreiteiras com
uma empresa que ele havia constituído — a COSTA GLOBAL CONSULTORIA E
PARTICIPAÇÕES LTDA.

75. Prova cabal nesse sentido advém de uma planilha apreendida na residência de
PAULO ROBERTO COSTA. Este documento indicava os contratos assinados e
“em andamento” com a COSTA GLOBAL e nelas estão relacionados contratos
com as empreiteiras integrantes do cartel e os valores pagos. De seu teor
constam menções a contratos simulados para pagamentos de propina a PAULO
ROBERTO COSTA por, pelo menos, as seguintes empresas (i) CAMARGO
CORRÊA, empresa líder do Consórcio CNCC, no valor de R$ 3.000.000,00; (ii)
QUEIROZ GALVÃO, no valor de R$ 600.000,00; (iii) IESA OLEO & GÁS, no valor

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de R$ 1.200.000,00; e (iv) ENGEVIX, no valor de R$ 665.000,00. Todas estas


empresas integravam o cartel. (OUT16 e OUT18)

76. Além dos contratos observou-se, também, pagamentos efetuados pelas


empresas do CLUBE, em favor da COSTA GLOBAL, em um período de 15 meses
— de outubro/2012 a dezembro/2013 — em montante equivalente a
R$ 4.015.299,50. (OUT18)

77. É importante ressaltar que em seu depoimento (OUT14), PAULO ROBERTO


COSTA também admitiu o recebimento de tais valores após a sua saída da
PETROBRAS. E mais, ele confirma que tais valores eram originários do esquema
que operava na PETROBRAS e que os contratos foram assinados apenas para
justificar os repasses previamente combinados com as empreiteiras. Nesse
sentido, veja-se o que consta de seu depoimento:

Juiz Federal: - O senhor mencionou que o senhor deixou a PETROBRAS em


2012, é isso?
Interrogado: - Em abril de 2012.
Juiz Federal: - Mas o senhor continua a receber valores decorrentes desse,
vamos dizer, esquema?
Interrogado: - É, tinha algumas pendências de recebimento, a partir da
minha saída da PETROBRAS, a partir de abril de 2012, tinha algumas
pendências, e foram feitos alguns contratos com a empresa minha de
consultoria, que eu abri em agosto, esses contratos, agosto de 2012, esses
contratos foram feitos no ano de 2013, e eu recebi algumas pendências
ainda através de contratos, vamos dizer de prestação de serviço, com essas
empresas. Sim. A resposta é sim.
Juiz Federal: - Esses contratos então teriam sido feitos para, vamos dizer, ter
uma justificativa para os repasses à sua empresa e ao senhor?

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Interrogado: - Perfeito.
Juiz Federal: - Mas esses valores eram relativos aos valores que lhe eram
devidos anteriormente.
Interrogado: -Perfeitamente.
Juiz Federal: - Decorrentes desse...
Interrogado: -Dessa participação.
Juiz Federal: - Esquema que o senhor mencionou...
Interrogado: -Isso.

IV.6. PROVAS DE PAGAMENTOS DE PROPINA PELA MENDES JÚNIOR

78. Como se observa, a MENDES JUNIOR é a empresa comum a todos os contratos


aqui referidos.

79. Por outro lado, provou-se, também, que as pessoas jurídicas (i) MO
CONSULTORIA, (ii) EMPREITEIRA RIGIDEZ, (iii) RCI SOFTWARE e (iv) GFD
INVESTIMENTOS nada mais eram do que empresas de fachada, utilizadas por
ALBERTO YOUSSEF para operacionalizar o pagamento da propina viabilizada por
PAULO ROBERTO COSTA, e que todos contratos, e suas correspondentes
transferências financeiras, eram fraudados para dar aparência de legalidade aos
valores proveniente do suborno.

80. Pois bem, relembradas tais premissas, a investigação detectou que a MENDES
JUNIOR TRADING E ENGENHARIA firmou pelo menos quatro contratos
(fraudulentos) com as empresas GFD INVESTIMENTOS e EMPREITEIRA RIGIDEZ,
tendo efetivado, ao menos, onze transferências bancárias em favor das mesmas
em um valor final de R$ 7.534.278,00 (sete milhões, quinhentos e trinta e quatro
mil, duzentos e setenta e oito reais).

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81. Ressalte-se que as transferências para as empresas de fachada ocorreram entre


08.08.2011 e 07.06.2013, ao passo que os contratos havidos com a PETROBRAS,
e seus aditivos, vigeram entre 07.05.2007 e 30.03.2012. Eis o resumo dos
contratos e das transferências:
1º Contrato
Contratantes GFD Investimento e Mendes Junior
Identificação Contrato MITE – ANOG 001/2011 e aditivo
Data Assinatura 29.07.2011
Data do Aditivo 15.09.2011
Prestação de serviços de consultoria e assessoramento ao desenvolvimento
de um Projeto de Viabilidade Econômico Financeira com previsão de
remuneração adicional de R$ 1.020.000,00, a título de sucesso, a ser pago
Objeto quando da assinatura de um memorando de entendimentos ou
compromisso entre a Mendes Junior e o estaleiro viabilizado pela GFD
Valor Final c/ Aditivo R$ 2.200.00,00
Assinam pela Ângelo Alves Mendes
Mendes Jr Rogério Cunha de Oliveira
Nº 1 (R$ 300.000,00) – 03.08.2011
Notas Fiscais Nº 2 (R$ 300.000,00) – 28.08.2011
Emitidas Nº 3 (R$ 300.000,00) – 26.09.2011
Nº 4 (R$ 300.000,00) – 24.10.2011
Nº 7 (R$ 1.020.000,00) – 02.12.2011
1ª) 08.08.2011 – R$ 281.550,00
2ª) 31.08.2011 – R$ 281.550,00
Transferências 3ª) 29.09.2011 – R$ 281.550,00
4ª) 28.10.2011 – R$ 281.550,00
5ª) 06.12.2011 – R$ 957.270,00
Valor
Total R$ 2.083.470,00
Repassado

2º Contrato
Contratantes GFD Investimento e Mendes Junior
Identificação Contrato MITE – AEG 005 – A/2011
Inicio 10.08.2011
Fim 10.08.2012
Prestação de serviços técnicos especializados para elaboração da proposta
Objeto e apoio a suprimentos do projeto da Petrobras para a construção de
módulos
Valor Final R$ 1.000.000,00
Assinam pela Ângelo Alves Mendes
Mendes Jr Rogério Cunha de Oliveira
Nota Fiscal Emitida Nº 17 (R$ 1.000.000,00) – 02.05.2012
Transferência 16.05.2012 – R$ 938.500,00
Valor
Total R$ 938.500,00
Repassado
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3º Contrato
Contratantes Empreiteira Rigidez e Mendes Junior
Identificação N/D
Data Assinatura 10.08.2011
Validade 12 meses
Prestação de serviços técnicos especializados para elaboração da proposta
Objeto e apoio a suprimentos do projeto da Petrobras para a construção de
módulos
Valor Final R$ 2.108.000,00
Assinam pela Ângelo Alves Mendes
Mendes Jr Rogério Cunha de Oliveira
Nota Fiscal Emitida Nº 23 (R$ 2.108.000,00) – 02.05.2012
1ª) 25.05.2012 – R$ 989.179,00
Transferências 2ª) 25.06.2012 – R$ 494.589,50
3ª) 16.07.2012 – R$ 247.294,75
4ª) 07.06.2013 – R$ 247.294,75
Valor
Total R$ 1.978.358,00
Repassado

4º Contrato
Contratantes GFD Investimentos e Consórcio CMMS
Integrantes do Mendes Junior
Consórcio MPE Montagens
SOG Óleo e Gas (Sucedida por Toyo Setal)
Identificação CMMSSE/065/2010
Data Assinatura 23.08.2011
Validade 8 meses
Prestação de serviços de consultoria em gestão empresarial atinentes a
Objeto obras a cargo do Consórcio na Refinaria de Paulínia – UM – REPLAN, em
Paulínia/SP
Valor Final R$ 2.700.000,00
Assinam pelo José Humberto Cruvinel Resende (Mendes Jr)
Consórcio Luiz Domingos de Prince (MPE)
Ricardo Teixeira Fontes (SOG)
Nota Fiscal Emitida Nº 9 (R$ 2.700.000,00) – 02.01.2012
Transferência 05.01.2012 – R$ 2.533.950,00
Valor
Total R$ 2.533.950,00
Repassado

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82. Como se observa, estamos diante de 4 contratos e 8 notas fiscais fraudulentos e,


ainda, de 11 repasses ilegais de recursos realizados em favor de empresas de
fachada controladas por ALBERTO YOUSSEF. Comum a todos os repasses é a
figura do grupo Mendes Junior, sendo de se destacar que, no quarto contrato
observamos a assinatura do réu JOSE HUMBERTO CRUVINEL RESENDE, gerente
de contratos da Mendes Junior Trading e Engenharia S/A.

83. Importante destacar, ainda, que prepostos da MPE MONTAGENS E PROJETOS


ESPECIAIS S/A e da SOG OLEO E GÁS S/A (SETAL), que eram empresas
componentes do consórcio conjuntamente com a MEDES JUNIOR, também
assinaram o contrato fictícios com a GFD INVESTIMENTOS, comprometendo a
posição de ambas as empresas perante as ilegalidades aqui retratadas. (OUT49)

84. Ademais, em seus depoimentos AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONÇA NETO,


executivo do grupo SOG-SETAL reconhece que ele próprio negociou pagamento
de propina em nome do consórcio havido com a Mendes Jr e a MPE Montagens,
relativamente ao contrato da REPAR. O referido senhor admitiu, ainda, que a
SOG-SETAL pagou cerca de R$ 70.000.000,00 em propinas, rateados na
proporção de 1/3 para cada empresa (MENDES JR, SOG-SETAL e MPE) –
conforme documentos acostados OUT29 e OUT30.

85. AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONÇA NETO confirmou, ainda, que o Consórcio


(MENDES JR, SOG-SETAL e MPE) negociou e pagou propina a Diretores da
PETROBRAS em relação ao contrato relativo às obras da REPLAN, em Paulínia/SP.
Sendo que os valores foram repassados pela MENDES JUNIOR TRADING E
ENGENHARIA S/A. (OUT29)

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86. ROGÉRIO CUNHA OLIVEIRA, representante da MENDES JUNIOR, admitiu o


pagamento de propinas em relação aos contratos da REPLAN e do Terminal
Aquaviário da Barra do Riacho – outro contrato tratado nesta ação. (OUT36)

87. Ora, é evidente que o valor dos repasses aqui detalhados estão longe de
representar o total de propina paga nos contratos assinados no interesse da
Diretoria de Abastecimento da PETROBRAS, que segundo PAULO ROBERTO
COSTA equivalia a cerca 3% de cada contrato. No entanto, é certo que as provas
aqui destacas comprovam a ilegalidade, eis que demonstram a assinatura e
repasse de valores milionários a empresas que sabidamente são de fachada e
eram utilizadas, tão-somente, para proceder a lavagem do dinheiro relativo à
propina arredada por PAULO ROBERTO COSTA.

88. Ante os elementos já trazidos e as provas acostadas nos autos, há evidências


mais que robustas indicando que empresas cartelizadas, dentre as quais se
encontra a MENDES JÚNIOR, com o auxílio de Diretores da Companhia aos
quais eram pagas propinas em valores monumentais — inclusive PAULO
ROBERTO COSTA—, dominaram as grandes obras da PETROBRAS, tendo com
isso não apenas fraudado processos licitatórios, como, de modo mais
específico, praticado atos de improbidade administrativa.

89. PAULO ROBERTO COSTA admitiu que, durante a sua gestão, em todos os
contratos celebrados no âmbito da Diretoria de Abastecimento com as
empresas integrantes do “CLUBE”, houve o pagamento de propina em
percentual próximo a 3% do valor dos contratos e seus aditivos. Assim, é correto
concluir que em todos os contratos tratados nesta ação, por terem sido
assinados durante a gestão de PAULO ROBERTO COSTA, geraram pagamento
de propinas ao então Diretor de Abastecimento da PETROBRAS e a seus
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associados. Tais valores movimentaram uma complexa engrenagem de


lavagem de dinheiro gerida pelo doleiro ALBERTO YOUSSEF, com o uso de
diversas empresas de fachada e remessa ilegal de valores ao exterior.

90. Nesse contexto, não há dúvida de que: (i) a MENDES JÚNIOR era uma das
empresas integrantes do cartel; e (ii) os contratos referidos nesta petição, que,
em comum, têm a participação da MENDES JÚNIOR – como contratante
solitária ou em consórcio – foram maculados pela ação do cartel e pelo
pagamento de propinas a PAULO ROBERTO COSTA. Portanto,
indubitavelmente, os contratos possuem vício jurídico em sua formação e
retratam benefícios ilicitamente outorgados à MENDES JÚNIOR e suas parceiras
em cada um dos negócios, que são as demais rés pessoas jurídicas aqui
referidas.

91. Neste ponto, é importante destacar que ressalvada a empresa KTY ENGENHARIA,
todas as demais integrantes do polo passivo desta ação integravam o Cartel de
empreiteiras autodenominado “CLUBE”.

92. Acrescente-se que AUGUSTO RIBEIRO MENDONÇA NETO, executivo da SOG-


SETAL em depoimento prestado na condição de investigado colaborador,
confirmou que os contratos assumidos por sua empresa decorreram de
negociações e acertos havidos dentro do “CLUBE” (OUT29 e OUT30).

Assim, diante dos elementos probatórios colhidos, devidamente corroborados pelos


depoimentos prestados por PAULO ROBERTO COSTA e ALBERTO YOUSSEF,
pode-se afirmar com absoluta segurança a responsabilidade de todos os réus
pelos danos e demais consequências dos atos de corrupção e improbidade

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administrativa que ajudaram a concretizar, justificando-se assim o ajuizamento


da presente demanda judicial em face de todos.

IV.7. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS FATOS.

93. Diante a tudo o que foi exposto, não há dúvida de que todos os parágrafos
anteriores, e as provas a eles vinculadas, comprovam todas as etapas típicas de
grandioso esquema de ilicitudes que, por anos, lesou a UNIÃO e a PETROBRAS.

94. De fato, estão comprovados:

a) Os interessados e motivo justificador do negócio escuso: A existência de


um Cartel de empreiteiras que, movido pela desmedida ganância de seus
integrantes, fraudava os processos licitatórios da estatal, simulando
concorrência, porém direcionando os contratos para empresas
predeterminadas em reuniões secretas promovidas grupo;

b) A participação de agentes públicos: A participação de Diretores da


Estatal que, por ação ou intencional omissão, atuavam como facilitadores
da atuação do Cartel, e, consequentemente, do direcionamento dos
contratos às empresas eleitas pelo “CLUBE”;

c) O instrumento de corrupção dos agentes públicos: Pagamento de uma


polpuda recompensa em dinheiro aos referidos agentes públicos, no
percentual de 3% de cada contrato, considerados, inclusive os seus
aditivos, como contraprestação pelos serviços que prestavam ao cartel e
seus integrantes;

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d) Condutas típicas de ocultação da ilicitude: a utilização do mercado


paralelo de capitais, contratos fraudulentos e empresas de fachadas com
a finalidade de dissimular a existência dos valores impróprios ou de seu
rastro pelas autoridades constituídas – lavagem de dinheiro;

95. Assim, não há dúvida de que, por se encontrarem inseridos na mecânica acima
referida e brilhantemente desvelada pelas investigações já realizadas, todos os
contratos referidos nesta Petição Inicial, desde sua gênese, são nulos de pleno
direito, de modo que a sua execução, nutrida por pagamentos e aditivos
suportados pela Estatal, caracteriza inexorável ato de improbidade
administrativa a justificar a propositura da presente ação em relação aos réus.

V – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO PEDIDO PRINCIPAL.


V.1. INTRODUÇÃO.

96. Como público e notório, a apuração dos fatos relacionados à Operação Lava
Jato e à PETROBRAS são de extrema relevância para o Estado e a sociedade
brasileira. Não é sem razão que diversas autoridades da UNIÃO têm se
manifestado sobre o caso, inclusive Ministros de Estado e a própria Presidência
da República, especialmente sobre a necessidade de apuração e atuação dos
órgãos e instituições públicas. Assim, não apenas a sociedade, como o Estado
brasileiro e a própria PETROBRAS são vítimas e diretamente interessadas na
apuração e persecução judicial dos ilícitos aqui narrados. Os efeitos nefastos
causados pelos ilícitos em questão são de ordem econômica, política, jurídica e
social a não apenas justificar como impor a propositura da presente ação.

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97. É importante destacar que a atuação da UNIÃO não se limita à presente ação,
havendo ainda a possibilidade de outras medidas judiciais na esfera
administrativa. Na esfera administrativa caberá à Controladoria-Geral da União
atuar com base nos artigos 6º e 8º da Lei 12.846/2013 —contando com a
atuação da Advocacia-Geral da União nos termos do § 2º do artigo 6º do mesmo
diploma legal—. Na esfera judicial cível6, poderá a Advocacia-Geral da União
representar o Estado brasileiro em duas frentes (i) como autor de ação de
improbidade —o que é feito neste ato—7; e (ii) como autor de ação cível para
responsabilização de empresas em virtude da prática de atos enquadráveis no
artigo 5º da Lei 12.846/2013 8 . É nesse contexto que se insere e justifica a
necessidade propositura da presente ação.

IV.2. DA APLICABILIDADE DA LEI 8.429/1992 E A RESPONSABILIDADE DOS RÉUS.

98. O Senhor PAULO ROBERTO COSTA, enquanto Diretor da PETROBRAS, se


enquadrava na figura de agente público descrita nos artigos 1º e 2º da Lei
8.429/1992. Ademais, os atos por ele praticados se enquadram no artigo 9º da
mesma lei, merecendo a sanção prevista no artigo 12, I, da Lei de Improbidade.

99. Os demais réus, especialmente as empresas que se beneficiaram dos polpudos


contratos da PETROBRAS, com ele concorreram e/ou se beneficiaram dos atos
ilícitos, notadamente a partir da obtenção de contratos extremamente cobiçados
de maneira ilícita. Assim, eles estão dentre aqueles descritos no artigo 3º da
mesma Lei de Improbidade e devem responder na forma dos artigos 6º e 12, I,
da mesma Lei. Tais dispositivos assim estabelecem:

6
O que não exclui a possibilidade de a União atuar como assistente do Ministério Público Federal em ação penal.
7
A esse respeito, vejam-se os artigos 1º e 17 da Lei 8.429/1992 c.c. o artigo 23, I, da Constituição da República.
8
A esse respeito, veja-se o artigo 19 da Lei 12.846/2013.
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“Art. 3º As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que,
mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato
de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”.

Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou


terceiro beneficiário os bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
...

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas


previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de
improbidade sujeito às seguintes cominações, que podem ser aplicadas
isolada ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do fato:

I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente


ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da
função pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos,
pagamento de multa civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial
e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
dez anos;” (destaques nossos)

100. A MENDES JUNIOR TRADING E ENGENHARIA S/A, que se encontra presente como
contratante em todos os contratos aqui referidos, certamente se beneficiou do
esquema corrupção na Estatal.

101. No entanto, sabemos que a empresa, por se tratar de ficção jurídica, não possui
uma atuação dissociada das pessoas físicas que a controlam, que, portanto,
devem, também, ser penalizadas com fundamento na Lei 8.429/92.

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102. Nesse sentido, SERGIO CUNHA MENDES, na qualidade de Vice Presidente da


Mendes Junior Trading e Engenharia S/A era o responsável por firmar os
contratos com a PETROBAS, tratando-se, outrossim, do contato direto de PAULO
ROBERTO COSTA e ALBERTO YOUSSEF no condizente ao oferecimento e
pagamento das propinas. Segundo consta nos autos 5053744-31.2014.404.7000,
SERGIO CUNHA MENDES reuniu-se diretamente com ALBERTO YOUSSEF para
combinarem a forma de pagamento de propina a PAULO ROBERTO COSTA no
condizente aos contratos da REPLAN e da REPAR.

103. Nos autos 5053744-31.2014.404.7000, SERGIO CUNHA MENDES reconheceu,


também:

QUE mediante verificações junto a contabilidade da MENDES JUNIOR,


confirmou-se que houve pagamentos para as empresas GFD
INVESTIMENTOS e EMPREITEIRA RIGIDEZ do montante total de R$
8.028.000,00 (oito milhões e vinte e oito mil reais), entre julho de 2011 a
setembro de 2011, e em maio de 2012; QUE embora tenham sido firmados
contratos entre a MENDES JUNIOR e as empresas GFD INVESTIMENTOS e
EMPREITEIRA RIGIDEZ, não houve efetiva prestação de serviços do objeto
contrato, de maneira que se tratam de contratos simulados tão somente
para fazer frente, no caixa da MENDES JUNIOR, dos pagamentos de
vantagem indevida exigidos por ALBERTO YOUSSEF;

104. ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA era Diretor da área de Óleo e Gás da MENDES
JUNIOR TRADING E ENGENHARIA S/A, responsável pelo gerenciamento dos
contratos firmados com a PETROBRAS. Também era um importante interlocutor
de ALBERTO YOUSSEF e PAULO ROBERTO COSTA, tendo reconhecido que
realizou reuniões com os dois, pelo que está intimamente ligado ao mecanismo
de oferecimento e pagamento de propina ao Diretor de Abastecimento da
Estatal.

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105. Ressalte-se que ROGERIO CUNHA DE OLIVEIRA assinou os contratos fictícios com
a GFD INVESTIMENTOS e a EMPREITEIRA RIGIDEZ na qualidade de representante
da MENDES JUNIOR, tendo reconhecido que os mesmos tinham por finalidade
efetuar o repasse da propina a PAULO ROBERTO COSTA através das empresas
operadas por ALBERTO YOSSEF. Reconheceu que passou a quantia de R$ 8,1
milhões por essa sistemática.(OUT36)

“QUE PRIMO exigiu da MENDES JUNIOR, nessa reunião, a título de propina, um


percentual que variava entre 2,2% a 2,4% de três termos aditivos dos contratos
referente a obra do Terminal Aquaviário de Barra do Riacho, e um termo aditivo
referente a obra da REPLAN em Paulínia; QUE PRIMO recebeu, como propina,
em torno de 8 milhões e 100 mil reais; QUE o pagamento era depositado na
conta da empresa de ALBERTO YOUSSEF (PRIMO) e este emitia uma Nota Fiscal
em favor da MENDES JUNIOR;”

106. ALBERTO ELISIO VILACA GOMES representava a Mendes Junior Trading e


Engenharia S.A. em diversos contratos com a PETROBRAS, e como tal, ofereceu
promessa e o pagamento de vantagens indevidas ao próprio PAULO ROBERTO
COSTA e a outros empregados da PETROBRAS, para obter contratos com a
Estatal. Como administrador do Consórcio Mendes Junior-MPE-SOG, orientou a
contratação com a GFD com o intuito de possibilitar a lavagem dos valores
repassados aos agentes estatais. Foi, ainda, representante da Mendes Junior
Trading e Engenharia S.A. em contratos e aditivos firmados com a PETROBRAS.
Segundo afirmou o colaborador AUGUSTO RIBEIRO DE MENDONÇA NETO,
ALBERTO ELISIO VILACA GOMES era o negociador e o representante do Grupo
Mendes Junior nas reuniões do “CLUBE”, possuindo pleno conhecimento do
pagamento de propina.

107. JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL RESENDE, engenheiro da área operacional de


obras e gerente de contratos da Mendes Junior. Nesta condição, como
representante da Mendes Junior Trading e Engenharia S.A. no Consorcio
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Mendes Junior-MPE-SOG (CMMS), assinou o contrato ideologicamente falso


com a empresa GFD, objetivando viabilizar a lavagem dos valores ilícitos
relativos ao pagamento de propina a PAULO ROBERTO COSTA, devidamente
relacionada aos contratos celebrados com a PETROBRAS. Desempenhou função
na área operacional das obras da sociedade e, após a mudança de ROGÉRIO
CUNHA DE OLIVEIRA para a Diretoria de Operações de Óleo e Gás, passa a
exercer a função de gerente de contratos, acordando com os demais no
condizente ao pagamento de propina aos Diretores da PETROBRAS.

108. A MENDES JÚNIOR PARTICIPAÇÕES S/A é ré desta ação pelo fato de ser a
pessoa jurídica controladora da MENDES JUNIOR TRADING E ENGENHARIA S/A.
Nesse sentido, deve ser penalizada não apenas porque, na qualidade de holding
do grupo, auferiu benefícios econômicos a partir dos contratos fraudulentos
aqui tratados, mas também como forma de dar plena efetividade à pena
de proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente.

109. Todas as demais empresas, inclusive a KTY ENGENHARIA LTDA, que em tese não
era participante do “CLUBE” acabaram por se beneficiar das ilegalidades aqui
referidas, uma vez que os contratos dos quais tomaram parte como
consorciadas, embora ilícitos e nulos de pleno direito, por valiosíssimos e
desejados, certamente redundaram em significativas recompensas financeiras
para cada uma delas e, por gestados com fundamento em fraude e corrupção de
agentes da estatal, indubitavelmente causaram prejuízos às PETROBRAS.

110. Assim, a Lei de Improbidade Administrativa assenta a possibilidade de


responsabilização de terceiro que se beneficie sob qualquer forma (direta ou
indireta) dos atos tidos como ímprobos. Beneficiário direto, por certo, é aquele
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que obtém qualquer espécie de vantagem como decorrência imediata da


prática do ato de improbidade. O indireto, por sua vez, pode ser tido como
aquele que se aproveita reflexa ou indiretamente do ato de improbidade,
sofrendo repercussões positivas na órbita de seus interesses a partir da prática
do ato de improbidade9.

111. Examinando a questão, EMERSON GARCIA E ROGÉRIO PACHECO ALVES10 assinalam que
a ação do terceiro passível de ser sancionada nos termos da LIA pode se
desenvolver em três ocasiões distintas, a saber: (a) o terceiro desperta no
agente público interesse em praticar o ato de improbidade, induzindo-o a tanto;
(b) o terceiro concorre para a prática do ato de improbidade, participação esta
que pode consistir na divisão de tarefas com o agente público ou na mera
prestação de auxílio material, o que importa em atividade secundária que visa
facilitar o atingimento do fim buscado pelo agente; ou, (c) o terceiro não exerce
qualquer influência sobre o animus do agente ou presta qualquer contribuição
à prática do ato de improbidade, limitando-se em beneficiar-se, de qualquer
forma direta ou indireta, do produto do ilícito.

112. Nesse sentido, quanto aos administradores das empresas rés arrolados como
réus, que, por livre e desimpedida vontade, utilizaram as pessoas jurídicas que
controlavam para, além de compor um cartel de empreiteiras, corromper o
agente público e com isso alcançar benefício para si e para a organização que
dirigiam, mediante o direcionamento de contratos de grandes obras da
PETROBRAS, não há dúvidas de que devem ser responsabilizados com
fundamento na Lei 8.429/92.

9
A esse respeito, veja-se MARTINS JÚNIOR, Wallace Paiva. Probidade administrativa. p. 320-321.
10
A esse respeito, veja-se GARCIA, Emerson; ALVES, Rogério Pacheco. Improbidade administrativa. p. 234.
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113. O mesmo ocorre com as empresas rés, que na qualidade de terceiras pessoas se
beneficiaram, e muito, dos contratos fraudados assinados com a PETROBRAS. A
responsabilidade delas, no entanto, há de ser interpretada de forma
consentânea com o disposto no artigo 942 do Código Civil, na Lei Geral de
Licitações e no Decreto regulamentador das licitações da PETROBRAS. Nesse
sentido, assim expressa o artigo 33, inciso V, da Lei 8.666/1993:

“Art. 33. Quando permitida na licitação a participação de empresas em


consórcio, observar-se-ão as seguintes normas:

V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos praticados em
consórcio, tanto na fase de licitação quanto na de execução do contrato”.
(destaque nosso)

114. Do mesmo modo, o item 4.10.1, alínea “e”, do Decreto 2.745/1998, estabelece
que:

“4.10.1 As pessoas físicas ou jurídicas consorciadas instruirão o seu pedido


de inscrição com prova de compromisso de constituição do consórcio,
mediante instrumento, do qual deverão constar, em cláusulas próprias:

e) declaração expressa de responsabilidade solidária de todos os


consorciados pelos atos praticados sob o consórcio, em relação à licitação e,
posteriormente, à eventual contratação;” (destaque nosso)

115. Assim, inegavelmente todas as pessoas jurídicas integrantes dos consórcios dos
quais a MENDES JÚNIOR fez parte devem responder com fundamento nos
artigos 3º e 6º da Lei de Improbidade Administrativa, devendo arcar com o seu
patrimônio, e de forma solidária, pelos danos que causaram à PETROBRAS e pelo
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enriquecimento ilícito que auferiram a partir das práticas ilícitas aqui relatadas.
Nesse ponto, importa transcrever trecho dos ensinamentos dos já mencionados
doutrinadores EMERSON GARCIA E ROGÉRIO PACHECO ALVES11, ao discorrerem acerca
da inclusão da pessoa jurídica de direito privado no polo passivo de demandas
desta natureza, verbis:

“Em muitas hipóteses, como não se ignora, somente o acionamento da pessoa


jurídica será capaz de possibilitar a cabal reparação do dano causado ao
patrimônio público, não só em razão da sua possível maior envergadura
patrimonial como também pela comum dificuldade de identificação daqueles
que tenham, em seu nome, dado ensejo ao dano.”

116. Ademais, considerando toda a descrição pertinente aos elementos fáticos da


demanda, se pode dizer que os atos praticados pelos réus se enquadram em
diversas condutas da Lei 8.429/1992. Dentre as condutas que importam
enriquecimento ilícito, além do enquadramento à luz do “caput” do artigo 9º da
lei, podem ser citados os incisos I, II, V, VII, IX e X. Também de forma
exemplificativa, as condutas dos réus enquadram-se dentre aquelas que
importam em prejuízo ao Erário, especialmente à luz dos comandos normativos
insertos no “caput” do artigo 10 e seus incisos I, II, V, VIII, X e XII, todos da mesma
Lei de Improbidade.

117. Portanto, justificada a presença e responsabilidade dos réus na presente relação


processual.

11
Ob cit. p. 643.
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V.3. DOS ATOS DE CORRUPÇÃO E IMPROBIDADE E A VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS PELOS RÉUS.

118. Os atos de corrupção e improbidade violam frontalmente os Direitos Humanos.


Nesse sentido, conforme expresso pela Organização das Nações Unidas — ONU,
“a corrupção afeta o gozo dos direitos civis e políticos, enfraquecendo as
instituições democráticas, tanto em democracias novas como nas antigas.
Quando a corrupção prevalece, muitos que ocupam cargos públicos não tomam
decisões com os interesses da sociedade em mente. Como resultado, a
corrupção prejudica a legitimidade de um regime democrático aos olhos do
público, e leva a uma perda de apoio público às instituições democráticas. As
pessoas desanimam de exercer os seus direitos civis e políticos e de exigir que
estes direitos sejam respeitados. Fraude eleitoral e corrupção no financiamento
dos partidos políticos são outras práticas corruptas, mais diretamente
relacionados com o gozo dos direitos civis e políticos”12.

119. No mesmo sentido, em 2003 a Comissão de Direitos Humanos da ONU destacou


estar “profundamente preocupada por el hecho de que el fenómeno de la
corrupción perjudica gravemente el disfrute de los derechos humanos, ya sean
económicos, sociales y culturales o civiles y políticos”13.

120. Mais recentemente, na Conferência ocorrida em março de 2013 na cidade de


Genebra, a ONU emitiu o Relatório A/HRC/23/26. Nele se confirma que a
corrupção causa nefastos efeitos na economia de um país e uma séria violação

12 ONU. Tradução livre. Disponível em


http://www.ohchr.org/EN/Issues/Development/GoodGovernance/Pages/AntiCorruption.aspx. Consultado em
24/01/2015.
13 Conforme Comisión de Derechos Humanos de Naciones Unidas. Subcomisión de Promoción y Protección de los
Derechos Humanos. La corrupción y sus repercusiones en el disfrute de los derechos humanos, en particular los
derechos económicos, sociales y culturales. Documento de trabajo presentado por la Sra. Christy Mbonu de
conformidad con la decisión 2002/106 de la Subcomisión. 14 de mayo de 2003. E/CN.4/ Sub.2/2003/18.
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aos Direitos Humanos, impedindo o progresso, a erradicação da pobreza e da


fome, bem como prejudicando a prestação de serviços básicos ao cidadão,
conforme se verifica abaixo14:

“Durante el debate, todos los oradores hicieron hincapié en los vínculos entre
la corrupción y los derechos humanos, desde los efectos negativos de la
corrupción en una amplia gama de derechos humanos hasta la importancia
de los derechos humanos en el fortalecimiento de las actividades
anticorrupción. Muchos reconocieron que la corrupción afectaba a todos los
países y subrayaron la necesidad de combatirla en los planos nacional e
internacional con un enfoque integral y una mayor cooperación. La corrupción
generaba injusticia y obstaculizaba el ejercicio de los derechos humanos, la
consecución del desarrollo y de los ODM, entre otras cosas, la erradicación de
la pobreza y del hambre y la prestación de servicios básicos. También limitaba
gravemente la capacidad de la administración pública para garantizar el
disfrute de los derechos humanos. La lucha contra la corrupción era un
aspecto importante para la garantía de los derechos humanos y se
necesitaban esfuerzos concertados para combatir la corrupción y sus
manifestaciones.”

121. Com fundamento no Relatório da referida Conferência, o Conselho de Direitos


Humanos (CDH) da ONU editou a Resolução 23/9, de 20 de junho de 2013
(A/HRC/RES/23/9). Por meio dela foi solicitado ao Comitê Assessor a
apresentação de um relatório de investigação sobre as consequências negativas
da corrupção no gozo dos Direitos Humanos.

14 A esse respeito, veja-se ONU. Asamblea General. Consejo de Derechos Humanos. Informe resumido acerca de la
mesa redonda sobre las consecuencias negativas de la corrupción en el disfrute de los derechos humanos. Mesa
redonda celebrada en Ginebra el 13 de marzo de 2013 (A/HRC/23/26).
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122. Como resultado dessa pesquisa, o Comitê Assessor do CDH da ONU elaborou o
Relatório Final A/HRC/28/73, de 05 de janeiro de 2015. Este documento foi
elaborado com base nas respostas a um questionário por 73 instituições, sendo
37 países, 16 instituições de Direitos Humanos, 14 organizações não
governamentais ou sociedade civil, e 6 organizações internacionais ou regionais
e instituições acadêmicas. No referido Relatório, o Comitê Assessor do CDH da
ONU afirma que:

“18. Esta visão é apoiada por muitas das respostas ao questionário, por
diferentes partes interessadas. As respostas deixam claro que a corrupção
tem um impacto negativo sobre o gozo dos direitos humanos. Eles
mencionam uma ampla gama de direitos humanos que podem ser violados
pela corrupção. Estes incluem os direitos econômicos e sociais, tais como o
direito ao trabalho, o direito à alimentação, o direito à moradia, o direito à
saúde, o direito à educação, bem como o direito aos serviços públicos; o
direito ao desenvolvimento; o princípio da não-discriminação; e direitos civis
e políticos, como o direito a um julgamento justo e o direito à participação do
público. Esta visão geral ilustra a tese acima referida, que quase todos os
direitos humanos podem ser afetados por corrupção;” (tradução livre)

123. Ainda, o Conselho Internacional de Políticas de Direitos Humanos afirma que:

“la identificación de los vínculos específicos entre la corrupción y los derechos


humanos puede convencer a los actores claves (funcionarios públicos,
parlamentarios, jueces, fiscales, abogados, empresarios, banqueros,
contadores, los medios y el público en general) para que encaren con mayor
rigor la corrupción”15. (destaques nossos).

15 A esse respeito, veja-se CIPDH. La Corrupción y los Derechos Humanos: Estableciendo el Vínculo. Disponível em:
http://www.ichrp.org/files/reports/52/131_report_es.pdf. 2009: Consultado dia 20/01/2015.
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124. Portanto, dada a magnitude da ação e os vários esquemas ilícitos criados pelos
envolvidos, que vão desde o suborno de agentes públicos até a lavagem de
dinheiro, os atos praticados pelos réus violaram os Direitos Humanos de todo um
povo; de toda uma nação. Foram atos extremamente graves, devendo as
instituições públicas e, de modo especial, ao Judiciário —a quem cabe a palavra
final sobre as sanções aplicáveis ao caso— a correta aplicação das normas e
princípios jurídicos a fim de recompor minimamente os direitos violados a partir
das condutas dos réus.
125. Não há dúvida, portanto, que as condutas aqui referidas portaram-se contra o
valor Dignidade da Pessoa Humana, tal como esculpido pelo artigo 1º da
Constituição. Certamente toda sociedade brasileira espera uma resposta justa e
efetiva no caso em questão.

V.4. DO DANO E DO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DOS RÉUS E NECESSIDADE DE SUA RECOMPOSIÇÃO.

126. Questão relevante da presente ação diz respeito à necessidade de recomposição


dos valores objeto de enriquecimento ilícito dos réus. Da parte de PAULO
ROBERTO COSTA, os valores por ele recebidos a título de propina (sem prejuízo
de sua responsabilidade solidária na questão). Da parte dos demais réus, o
montante total da propina paga, correspondente a 3% de cada um dos contratos
aqui referidos, devidamente acrescido dos benefícios diretos e indiretos
auferidos com a realização dos contratos, ou seja, basicamente o valor relativo
ao montante recebido da PETROBRAS, devidamente deduzido dos custos lícitos
necessários a execução dos contratos (sem prejuízo da responsabilidade solidária
deles).

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127. Nesse ponto urge destacar que, os seis contratos tratados nesta ação, desde sua
gênese, são nulos de pleno direito, eis que a sua formação foi maculada por, no
mínimo, dois vícios legais absolutamente insuperáveis: (i) foram fraudados em
sua origem por ação do cartel que se autodenominava como “CLUBE”, que
direcionou os mesmos a empresas predefinidas, em verdadeira inobservância à
indispensável concorrência, e (ii) foram formados e executados mediante
suborno de agente público, in casu, o senhor PAULO ROBERTO COSTA que era o
Diretor do setor da Estatal ao qual os contratos estavam vinculados.

128. No entanto, é verdade que embora nulos os negócios jurídicos e inválidos os seus
atos, as contratações geraram serviços, bens e benefícios em geral que foram
incorporados ao PATRIMÔNIO da estatal, cujos custos, portanto, podem ser
excluídos do cômputo do valor a ser ressarcido, desde que regularmente
comprovados pelas empresas rés. Assim, as margens de lucro havidas em cada
contrato, incluindo-se os eventuais sobrepreços praticados — que nada mais
são do que aumento artificial e ilegal do lucro —, bem como os valores relativos
às propinas que foram repassados aos agentes públicos corruptos — por não
importarem em uma contraprestação à PETROBRAS—, devem compor o
montante do ressarcimento devido.

129. Em outras palavras, em uma realidade de contratos juridicamente fraudados,


tudo aquilo que não representar uma contrapartida concreta para a contratante,
como é o caso da propina relativa a cada contrato e as margens de lucro das
prestadoras, aí incluídos os eventuais sobrepreços, representa dano, devendo
compor o valor do ressarcimento devido.

130. Em verdade, pode-se afirmar que, em se tratando de contratos fraudados, todo


valor despendido que não representar uma contrapartida material à contratante,
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além de representar enriquecimento ilícito de quem recebe, por outro lado, já


que se tratar de pagamento despido de ancoragem legal, representa redução
patrimonial ilícita de quem paga, o que caracteriza dano.

131. É verdade que o lucro é da natureza de qualquer atividade econômica, sendo


lícito o seu recebimento pelos agentes econômicos honestos. No entanto, a
percepção de lucro a partir de negócios jurídicos fraudados, sem dúvida,
representa enriquecimento ilícito do agente econômico, em autêntica
interpretação do que expressam os artigos 884 do Código Civil e 9º da Lei
Federal 8.429/92, devendo o valor equivalente ser ressarcido em favor daquele
à custa de quem a ilegalidade se operou.

132. De fato, afigurar-se-ia incompatível com o Estado de Direito admitir que um


agente que compôs uma contratação fraudulenta pudesse reter o lucro
decorrente de tal negócio jurídico inválido. Concordar com tal possibilidade
representaria tratar de igual forma contratos legais e ilegais, premiando-se o
infrator da lei, o que, definitivamente, não é tolerado pelo Direito.

133. Ressalte-se que a Lei de Improbidade Administrativa, no inciso I do artigo 12, é


expressa em determinar a “perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao
patrimônio”, de modo que a pretensão aqui lançada acopla-se perfeitamente
ao texto da norma, eis que, inexoravelmente, o lucro ou qualquer outro
benefício econômico auferido a partir de contratos fraudados representa
acréscimo ilícito de valores ao patrimônio do agente infrator da lei.

134. Em outras palavras, culto Magistrado, o que se está afirmando é que o


ressarcimento devido nesta ação não se mede apenas pelo eventual

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sobrepreço praticado pelas empreiteiras. Ele, em verdade, deve ser calculado


pela diferença entre os valores que foram pagos pela PETROBRAS e os custos
lícitos, diretos e razoáveis provados pelas empreiteiras para executar as obras
e serviços contratados.

135. Assim, o somatório dos valores que se situarem dentro da das margens de
lucro praticadas, bem como os 3% relativos às propinas, pagas compõem o
ressarcimento devido pelos réus em relação aos contratos aqui tratados.

136. Por óbvio, caberá às empresas rés fazer a efetiva demonstração e comprovação
dos custos lícitos necessários à execução de cada um dos seis contratos aqui
referidos, sob pena do ressarcimento se dar pelo valor integral pago pela Estatal,
que é o ponto de partida objetivo a orientar o ressarcimento pleiteado na
presenta ação.

137. A respeito desta questão, se adotam os fundamentos apresentados em estudo


elaborado pelo Advogado da União ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA em suas
pesquisas no programa de Doutorado em “ESTADO DE DERECHO Y GOBERNANZA
GLOBAL” e no GRUPO DE PESQUISA DA CORRUPÇÃO da UNIVERSIDADE DE SALAMANCA.
Conforme expressa a introdução do referido estudo —que integra o anexo da
presente inicial e a ela se incorpora—, seu objeto reside na identificação da
“correcta expresión financiera del acto corrupto… Así, su propósito es
mensurar adecuadamente el valor objeto de la acción judicial a ser propuesta
por el Estado para recobrar los activos o efectos patrimoniales generados por
el acto corrupto o ímprobo”.

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138. Nele são apresentados os dois marcos teóricos para a identificação dos efeitos
econômicos do ato corrupto ou ímprobo, que abrangem os valores
correspondentes ao enriquecimento ilícito e aos danos causados às vítimas do
ilícito. Se tratam das teorias “do produto bruto” e do “produto líquido”. Sobre
elas assim diz o estudo:

“En ese sentido, por cuestiones de justicia y como forma de prevenir el crimen, la
teoría del producto bruto entiende que se debe diferenciar el negocio lícito del ilícito.
Es cuestión de justicia porque si no se parte del principio del producto bruto, el
Estado de Derecho —lo que incluye su Sistema Judicial, que prima por la legalidad
como principio—, (i) daría el mismo tratamiento a negocios de distintas naturalezas
—el lícito y el ilícito—; (ii) generaría desigualdad entre las personas y empresas que
actúan en la economía, pues aquellos que lo hacen lícitamente están sometidos a
mayor rigor contable, fiscal, contractual y hasta de ética empresarial, porque su
“buen nombre” será su mayor patrimonio para conquistar nuevos negocios en un
mercado de libre y justa competencia; (iii) impondría sobre el mismo Estado ya
lesionado por el ilícito practicado todo el cargo de la prueba de los posibles costes
del negocio ilícito, y; (iv) impondría sobre la sociedad todo el riesgo por eventual
fracaso del autor del ilícito16. Además, es una cuestión de prevención general, pues,
en la peor de las hipótesis, el autor perdería lo mismo que si actuase lícitamente —
eso si el Estado lograse probar los costes efectuados y sólo en ese máximo—, es
decir, en un análisis de coste-beneficio siempre se concluiría que la práctica ilícita
compensaría a la lícita17. En fin, como dicho, sin la adopción de la teoría del producto
bruto todo el riesgo de la actividad ilícita recaería sobre la sociedad ya perjudicada
por la propia práctica de la actividad delictuosa.
...

16 En ese sentido, doctrina AGUADO CORREA (2000, 101) que la adopción de la teoría del producto neto impondría al Estado
“hacer un esfuerzo y ralentizar su actividad para averiguar cuáles son las ganancias netas derivadas del delito, evitando que
el sujeto pierda aquello que ha invertido para llevar a cabo el delito, [es decir,] para el autor del hecho delictivo la comisión
del mismo y la eventualidad de ser descubierto no implica ningún riesgo de pérdida económica, al poder recuperar y
conservar los valores patrimoniales que ha invertido para la comisión del delito, arriesgándose únicamente, en el supuesto
de que sea descubierto, a no obtener ganancias, pero no a sufrir una pérdida económica”.
17 En ese sentido, véase BLANCO CORDERO (2011, 2).
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Según la teoría del producto neto, es producto del ilícito el beneficio


adquirido del negocio ilícito menos los costes involucrados en su ejecución. Al
describir los contornos de esa corriente teórica, CORDERO apunta que por ella se
adopta el “método del descuento” 18, o sea, el producto del ilícito sería el efectivo
lucro del ilícito obtenido por su autor, debiéndose del valor recibido disminuirse los
costes involucrados en la ejecución de la actividad. En ese sentido, a partir del que
en inglés se denomina net profits, la expresión financiera del producto del crimen —
salvo disposición legal expresa en contrario— dependería del abatimiento de los
gastos y costes involucrados según (i) el principio de lenitate —lenidad, blandura o
indulgencia— que impone la aplicación de una interpretación más tolerable al
acusado delante de dos interpretaciones posibles y (ii) la desconsideración de
eventual patrimonio lícito del imputado. Por lo tanto, según esa teoría, debe haber
una condescendencia hermenéutica a favor del imputado, ya que la carga de la
prueba es del Estado, preservándose una mayor garantía a los derechos individuales.
En síntesis, mismo los defensores de la teoría del producto neto no estiman el valor
a ser recompuesto con base en el sobreprecio, pero sí con base en el lucro líquido
obtenido por el acusado, pero debiendo las evidencias sobre lo quantum de ese
lucro líquido ser presentadas por el Estado”. (os destaques não constam do original)

139. Diante desses dois marcos teóricos, o estudo aponta que o marco legislativo
brasileiro impõe a adoção da teoria do produto bruto, conforme segue:

En relación a la realidad legislativa brasileña, se revela muy clara la definición por la


teoría del producto bruto. Es en ese sentido que se presenta el amplio marco
definidor del concepto de producto establecido por la propia Ley de Lavado de
Activos de Brasil, que determina el perdimiento “de todos los bienes, derechos y
valores relacionados, directa o indirectamente, a la práctica de los crímenes”, es
decir, (i) la expresión “todos” resalta la amplitud del concepto, (ii) la expresión
“relacionados” abarca todo el flujo patrimonial y financiero movido a partir de la
práctica criminosa, mientras (iii) las locuciones “directa o indirectamente” resaltan

18 En ese sentido, véase BLANCO CORDERO (2011, 2).


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que esa relación no necesariamente deriva de un negocio ilícito en sí mismo o no


demanda haber un nexo causal inmediato entre el ilícito y el producto. Por ese
concepto, (i) los gastos de hoteles para la práctica del crimen, (ii) los gastos con los
empleados de una organización criminosa o (iii) los valores despendidos en una
empresa de consultoría legalmente establecida con el propósito de “lavar” los
activos, no podrán ser deducidos pues aunque el gasto sea lícito, es ilícita la
imputación del gasto, pues son “funcionales para la comisión del delito”19. Así, la Ley
de Lavado de Activos de Brasil explicita adecuadamente el concepto de producto del
ilícito y representa instrumento hábil para su comprensión general en el sistema
jurídico segundo la teoría del producto bruto.
En el mismo sentido camina la Ley de Improbidad de Brasil. Su artículo 12,
especialmente al tratar de las sanciones por los actos que causan enriquecimiento
ilícito y perjuicio al Estado, demanda recomposición plena e integral del producto del
ilícito, o sea, “la pierda de los bienes y valores acrecidos ilícitamente al patrimonio”,
así como el “resarcimiento integral del daño. Así, a título de ejemplo, todas las
ventajas y percepciones de valores obtenidos a partir de un contrato marcado por la
práctica de corrupción debe ser perdido por los autores del ilícito, bien como todos
los daños causados al Estado a partir de aquello mismo ilícito.

Todavía, no bastasen los dos normativos nacionales mencionados arriba, la opción


legislativa por la teoría del producto bruto en Brasil se da también por la ratificación
de la Convención de las Naciones Unidas contra la Corrupción 20 . Sobre la fuerza
normativa interna de la Convención, el Ministro Teori ZAVASCKI, del Supremo Tribunal
Federal de Brasil, en artículo que trata de los mecanismos de cooperación
internacional —con referencia expresa referencia a la Convención de Mérida—
doctrina que “excepto si declarados inconstitucionales, los tratados y convenciones
aprobados y promulgados por Brasil […], deben ser fielmente cumplidos por sus

19 En ese sentido, véase BLANCO CORDERO (2011, 6), que, después de consignar que la comisión del delito puede demandar
no sólo la realización de gastos ilícitos, como de naturaleza lícita, concluye que la adopción del “principio de ganancias
netas” impondría la deducción de eses gastos funcionales.
20 A ese respecto, la Convención de las Naciones Unidas contra la corrupción ha sido ratificada por el país en 15 de junio de
2005, vigora desde 14 de diciembre de 2005, y ha sido promulgada por medio del Decreto 5687/2006, de 31 de enero.
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destinatarios” 21 . Del mismo modo, es pacífica la doctrina del Supremo Tribunal


brasileño en el sentido de que “los tratados y convenciones internacionales, una vez
regularmente incorporados al derecho interno, se sitúan, en el sistema jurídico
brasileño, en los mismos planos de validez, de eficacia y de autoridad en que se
posicionan las leyes ordinarias”22, es decir, en el mismo estándar del Código Penal,
de la Ley de Improbidad y de la Ley de Lavado de Activos de Brasil. Además, conforme
apunta BLANCO CORDERO:

En el contexto de las Naciones Unidas los convenios sobre drogas, crimen organizado y
corrupción utilizan el término productos para referirse al objeto del decomiso. Constituyen
productos, según estos convenios, los bienes obtenidos o derivados directa o indirectamente
de la comisión de un delito. Parece, como indican algunos jueces de los Tribunales Supremos,
que los Convenios de Naciones Unidas optan por asignar un significado muy amplio al
concepto de productos, claramente dirigido a asumir el principio de ganancias brutas.
(...)
En definitiva, el término productos a nivel internacional es lo suficientemente amplio para
comprender las ganancias brutas.”23
Así, la incorporación de la Convención de Mérida en el sistema normativo brasileño,
refuerza la adopción del concepto de producto según la teoría del producto bruto.

Por lo tanto, en el contexto jurídico brasileño, sea por razones de justicia y legalidad,
sea por los parámetros de perdimiento expresos en la nueva redacción de ley de
lavado de activos, sea por la disposición de la ley de improbidad administrativa, sea
por la propia definición asumida a partir de la ratificación y promulgación de la
Convención de Mérida con status de ley ordinaria, la definición de producto sigue la
teoría del producto bruto”. (alguns dos destaques não constam do original)

140. Assim, partindo-se da teoria do produto bruto e adotando-se as mitigações


expressas nos modelos da Itália e dos Estados Unidos, o autor conclui que nos

21En ese sentido, véase ZAVASCKI (2010, 15). Del mismo modo, CAMARGO (2011, 97).
22En ese sentido, véase STF, Tribunal Pleno, Acción Directa de Inconstitucionalidad – ADI 1480, poniente Ministro CELSO
DE MELLO, sentencia de 4 de septiembre de 1997, publicada día 18 de mayo de 2001.
23 A ese respecto, véase BLANCO CORDERO (2013, 136). En el mismo sentido, véase BLANCO CORDERO (2011, 6).
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casos de corrupção a definição do valor do pedido nas ações destinadas à


recomposição dos ativos procedentes da corrupção deve obedecer o seguinte:

QUANTO AO ENRIQUECIMENTO ILÍCITO


De ese modo, al principio, son productos del ilícito todas las riquezas relacionadas o
manejadas directa o indirectamente a partir de la práctica del ilícito. A partir de esa
premisa, con base en los precedentes de la doctrina de la Corte Suprema de Italia y e
la definición de producto conforme a la naturaleza del negocio presentada en Estados
Unidos por la Civil Asset Fofreiture Act – CAFRA, se deben distinguir entre el negocio
ilícito y el negocio lícito realizado de modo ilícito. Así:

b) si el negocio es lícito, pero realizado de modo ilícito en su proceso de formación
o ejecución, como suelen ser los casos de corrupción, se aplica la regla del producto
bruto, pero, en la medida de la utilidad experimentada por la víctima del ilícito —en
el caso, el Estado—, el acusado podrá postular el descuento de los costes lícitos,
directos —direct costs— y razonables por él comprobadamente realizados en la
ejecución del contrato, o sea, a título de ejemplo, (i) no podrá descontar el valor del
soborno pago, por ser ilícito; (ii) no podrá descontar los gastos con la cena realizada
para efectuarse el pago de soborno, porque, a pesar de ser un gasto lícito, es ilícita
su imputación por ser instrumental para el ilícito, además de indirecto en relación al
objeto del contrato e irrazonable; pero (iii) podrá descontar del valor total del
contrato los gastos lícitos y razonables efectuados para la ejecución de la obra que
ha sido objeto del negocio obtenido por medio del pagamiento del soborno, como
costes con funcionarios, adquisición de material para la realización de la obra y
pagamiento de impuestos.

Por lo tanto, en el caso de un contrato administrativo marcado por una práctica


corrupta o ímproba, el pleito del Estado debe considerar el producto bruto, o sea,
el valor total del contrato, pero debe al mismo tiempo admitir la deducción de los
costes lícitos, directos y razonables demostrados por la parte acusada durante la
instrucción del proceso.

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QUANTO AOS DANOS MATERIAIS


Conforme ya registrado en ese estudio, el daño material causado por la práctica ilícita
puede o no coexistir y hasta confundirse con el producto. En tales hipótesis, se debe
considerar que el daño debe estar directamente relacionado al hecho ilícito, bien
como, si hubiera confusión entre el daño y el producto —beneficio o
enriquecimiento—, no podrá haber bis in idem y se deberá aplicar la regla de
subsidiariedad del producto en relación al daño, privilegiándose el pagamiento del
daño a la víctima —que en los ilícitos de corrupción es representada por el propio
Estado. Así, se evita el enriquecimiento injustificado del Estado y se permite la
restauración integral de las consecuencias patrimoniales causadas por el ilícito.

QUANTO AOS DANOS MORAIS


Con el propósito de esclarecer la cuestión, pienso que la cuantificación del daño debe
considerar tanto (i) aspectos relacionados al agente, como (ii) las características y
consecuencias del acto. A respeto (i) del agente, el juez debe evaluar [a] la relevancia
y grado de responsabilidad del cargo ocupado, [b] el nivel de participación del agente
en la realización del ilícito, [c] su capacidad económica y [d] su nivel de interés o
beneficio perseguido o obtenido a partir de la realización del acto. En relación a (ii)
las características y consecuencias del acto, deben ser evaluadas [a] la gravedad de
la conducta, [b] su grado de lesividad, [c] el nivel de repercusión social generado, bien
como [d] el nivel de desgaste y descrédito institucional causado por el ilícito. A partir
de esos parámetros, debe el juez aplicar regla de proporcionalidad en función de cada
agente, para que la cuantificación del daño no sea ni irrisoria o insignificante —como
no la es la conducta ímproba—, ni excesiva, pero justa e integral” .

141. No depoimento prestado por PAULO ROBERTO COSTA ao Juízo da 13ª Vara
Federal, ele assevera que um percentual de 3% relativo à propina paga a agentes
públicos e políticos era acrescido na planilha de custos da empresa, acima dos
custos indiretos e da margem de lucro (BDI):

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“Essa cartelização obviamente que resulta num delta preço excedente, não é? Na
área de petróleo e gás, essas empresas, normalmente, entre os custos indiretos e
o seu lucro, o chamado BDI, elas normalmente colocam algo entre 10% a 20%,
então, dependendo da obra, do risco da obra, da... condição do projeto, então de
10% a 20% pra esse, pra esse, esse BDI. O que acontecia especificamente nas obras
da Petrobras? Por hipótese, o BDI era 15%? Então se colocava, normalmente, em
média, em média, 3% a mais. E esses 3% eram alocados a agentes políticos”

142. Assim, por óbvio, embora seja inconteste que os 3% de cada contrato relativos à
propina paga a agentes da Estatal representem dano a ser ressarcido pelos réus,
já que se trata de custo ilícito indevidamente inserido e dissimulado na planilha
de valores pagos pela PETROBRAS, é importante destacar que, de acordo com o
modus operandi descortinado pela Operação Lava Jato, tais montantes devem
acrescer ao valor equivalente ao benefício econômico auferido pelas empresas
contratadas.

143. Nesse contexto, tem-se que a MENDES JÚNIOR TRADING E ENGENHARIA S/A
(conjuntamente como a sua controladora MENDES JUNIOR PARTICIPAÇÕES S/A
e os executivos SÉRGIO CUNHA MENDES, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, ÂNGELO
ALVES MENDES, ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES e JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL
RESENDE) é solidariamente responsável (conjuntamente com empresas com as
quais se consorciou) pelo ressarcimento devido em todos os contratos acima
listados, pois, seja na condição de contratante unitária, seja na condição de
consorciada, de todos eles fez parte.

144. As demais empresas integrantes de consórcios respondem solidariamente com a


MENDES JÚNIOR TRADING E ENGENHARIA S/A, MENDES JUNIOR PARTICIPAÇÕES
S/A, SÉRGIO CUNHA MENDES, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, ÂNGELO ALVES

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MENDES, ALBERTO ELÍSIO VILAÇA GOMES e JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL


RESENDE pelos ressarcimentos devidos, na medida de suas participações em
cada um dos contratos aqui referidos.

145. Assim, as rés CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ S/A e KTY ENGENHARIA LTDA
responderão solidariamente pelo ressarcimento relativo ao contrato
0800.0031362.07.2 (REGAP).

146. As corrés SOG OLEO E GÁS S/A e MPE MONTAGENS E PROJETOS ESPECIAIS S/A
responderão solidariamente pelo ressarcimento devido em relação aos contratos
0800.0038600.07.2 (REPLAN) e 0800.00433363.08.2 (REPAR);

147. E, por fim, as demandas ODEBRECHT S/A e UTC ENGENHARIA S/A deverão
responder solidariamente pelo ressarcimento relativo ao contrato
0858.0069023.11.2 (COMPERJ).

148. Quanto aos contratos 0802.0045377.08.2 (Terminal Aquaviário de Bairro do


Riacho) e 0802.0048659.09.2 (Terminais Aquaviários da Ilha Comprida e da Ilha
Redonda), por se tratar de contrato firmado individualmente, não existem
outros responsáveis solidários, que não MENDES JÚNIOR TRADING E
ENGENHARIA S/A, MENDES JUNIOR PARTICIPAÇÕES S/A, SÉRGIO CUNHA
MENDES, ROGÉRIO CUNHA DE OLIVEIRA, ÂNGELO ALVES MENDES, ALBERTO
ELÍSIO VILAÇA GOMES e JOSÉ HUMBERTO CRUVINEL RESENDE – todos do grupo
Mendes Júnior.

149. Ressalta-se, outrossim, que a pretensão da UNIÃO em relação à empresa KTY


ENGENHARIA LTDA, por não haver, até o presente momento, indícios de sua
participação no CLUBE resume-se ao pedido de ressarcimento solidário.

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150. Não é exagero repisar que ressarcimento pretendido refere-se ao somatório do


lucro auferido pelas empresas em cada contrato - assim considerada a diferença
entre o valor total pago pela PETROBRAS deduzidos dos custos lícitos, diretos e
razoáveis comprovados pelos réus - com valor da propina paga - 3% do valor de
cada contrato segundo depoimento prestado corréu PAULO ROBERTO COSTA.

151. Com esses fundamentos, passa-se ao pedido da ação.

VI. DO PEDIDO.

152. Diante do exposto, restando demonstrados interesse e as bases jurídicas e


principiológicas de sua pretensão, devidamente escorada nos fatos e provas
acostadas aos autos e naquelas que eventualmente ainda venham a ser
produzidas durante a instrução, a UNIÃO requer:

a) A distribuição da presente ação por dependência à ação de improbidade que


tramita perante a 3ª Vara Federal de Curitiba sob o nº 5006695-
57.2015.404.7000, em face da conexão entre as ações e a prevenção do juízo;

b) Notificação dos Requeridos para oferecimento de manifestação por escrito


(art. 17, § 7º, da Lei nº 8.429/1992), e, recebida a petição inicial, a citação
dos Demandados para, querendo, apresentarem contestação (art. 17, § 9º,
do mesmo diploma legal);

b) a intimação do Ministério Público Federal para atuar no feito, conforme


preceitua o art. 17, § 4º, da Lei de Improbidade Administrativa;

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c) Notificação da PETROBRÁS para manifestar interesse pela causa;

d) seja julgado procedente o pedido para proceder a condenação dos


requeridos com fundamento no inciso I, do artigo 12, da Lei 8.429/92, ou,
alternativamente, com fundamento nos incisos II e III, do mesmo artigo,
destacando-se, especialmente, o seguinte:

d.1) sejam os réus solidariamente condenados a ressarcir montante


correspondente ao valor final de cada um dos contratos dos quais
participaram – montantes efetivamente pagos pela PETROBRAS -
admitindo-se o abatimento dos custos lícitos, diretos e razoáveis,
comprovados pelos réus no curso da instrução, em virtude da execução
de cada um dos objetos contratados;

d.2) sejam os réus solidariamente condenados a ressarcir o montante de


3% dos contratos, correspondente ao valor da propina paga para a
obtenção ilícita das obras e serviços junto à PETROBRAS.

d.3) requer-se, ainda, que sobre os valores objeto de condenação


referidos nos dois itens anteriores incidam juros e correção monetária
desde a assinatura de cada contrato.

d.4) Ressalvada a ré, KTY ENGENHARIA LTDA, requer sejam os réus


condenados a pagar multa de até três vezes o valor do proveito
econômico ilicitamente auferido, conforme arbítrio do juízo,
considerando a gravidade e repercussão do caso, devendo incidir sobre o

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valor fixado correção monetária desde a publicação da decisão judicial


que a estabelecer, mais juros de mora desde o trânsito em julgado.

d.5) Observa da mesma ressalva acima, requer, ainda, sejam os réus


condenados às demais sanções estabelecidas no inciso I, ou,
alternativamente, nos incisos II e III, do artigo 12 da Lei nº 8.429/1992,
estendendo-se, no quanto pertinente, e de modo a dar efetividade à
tutela judicial prestada, as referidas sanções, especialmente a de
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, a demais
empresas do mesmo grupo econômico ou aquelas eventualmente
criadas para contornar o êxito da presente ação e as determinações ou
decisões do juízo.

153. Em situação de reconhecimento à contribuição pessoal prestada pelo réu Sr.


PAULO ROBERTO COSTA a partir do acordo de colaboração premiada já
celebrado, a UNIÃO expressa que o pedido de condenação poderá ser
modulado para se adequar ao disposto no acordo de colaboração premiada —
o qual não contou com participação da UNIÃO ou da PETROBRÁS —, nos limites
homologados pelo Poder Judiciário, observado o interesse público no caso
concreto, a ser avaliado oportunamente, valendo o mesmo e exato
entendimento para eventuais acordos celebrados pelos demais réus com
fundamento na Lei nº 12.846/2013.

154. Sem prejuízo dos demais pedidos e requerimentos já formulados na presente


inicial, requer, ainda:

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154.1. A produção de provas, por todos os meios admitidos em Direito,


especialmente depoimento pessoal, oitiva de testemunhas, juntada de
documentos e perícias;

154.2. É de se destacar que as prova ora juntadas foram disponibilizadas à


UNIÃO quando de sua intimação nos autos do Processo nº 5006695-
57.2015.404.7000;

154.3. Seja atribuído segredo de justiça à presente ação até a decisão de


concessão e o cumprimento das diligências necessárias ao bloqueio de bens
a ser postulado liminarmente em ações cautelares incidentais à esta,
resguardando-se, assim, o interesse público de tornar efetiva a medida de
indisponibilidade de bens;

155. Finalmente, considerando a relevância da causa, requer seja a mesma


processada com prioridade e celeridade para ao final ser julgada totalmente
procedente nos termos do pedido.

156. Dá-se a causa, para fins puramente fiscais, o valor de R$ 10.000.000,00.

Nestes termos, pede deferimento.


Curitiba, 2 de junho de 2015.

ANDRÉ LUIZ DE ALMEIDA MENDONÇA CLÊNIO LUIZ PARIZOTTO


Advogado da União Advogado da União

VITOR PIERANTONI CAMPOS RENATO DANTAS DE ARAÚJO


Advogado da União Advogado da União

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EDUARDO ALONSO OLMOS VANIR FRIDRICZEWSKI


Advogado da União Advogado da União

MANOEL BATISTA DE OLIVEIRA JÚNIOR SABRINA FONTOURA DA SILVA


Advogado da União Advogada da União

KÁTIA NAOMI NARITA RODRIGO FIGUEIREDO PAIVA


Advogada da União Advogado da União

RELAÇÃO DE DOCUMENTOS

Identificação Conteúdo O que Prova (resumidamente)


1 INIC1 - -
2 OUT2 Histórico Profissional de Paulo -
Roberto Costa
3 OUT3 Termo de Declarações de A existência de relacionamento
Renato Duque na Polícia com Julio Camargo
Federal
4 OUT4 Troca de Ofícios entre o -
MPF/PR e o TCU
5 Tabela do TCU com Dados de Indicativos de sobrepreço e
OUT5 Contratos relativos a obras na superfaturamento em todos os
Refinaria de Abreu e Lima, na contratos, inclusive no contrato
REPAR e no COMPERJ 0800.004363.08.2 (REPAR) que é
objeto da ação
6 Relatório Final de Comissão Indicativos de atuação de
OUT6 Interna da Petrobrás relativo à CARTEL nas licitações e
análise da execução de contratação das obras
contratos relativos à Refinaria
de Abreu e Lima
7 Relatório Final de Comissão  Responsabilidade de Paulo
Interna da Petrobrás relativo à Roberto Costa e outros
análise da execução de diretores da PETROBRAS
OUT7 contratos relativos ao  Revisões de valores de
COMPERJ. Esse relatório contratos com justificativas
analisou o contrato inconsistentes
0858.0069023.11.2 relativo ao  Falhas de gestão, não
Pipe Rack da unidade U6100 conformidades e problemas
do COMPERJ, cujo contratante de planejamento que podem
foi Consórcio PPR, composto ter facilitado as ações
por Odechecht, UTC e Medes criminosas descortinadas
Junior pela Operação Lava Jato

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8 Auto de Apreensão de Anotações relativas às reuniões


Documentos que se do CLUBE e planilhas relativas as
OUT8 encontravam em poder do obras da Petrobras e tratativas
investigado colaborador para o fatiamento entre as
AUGUSTO RIBEIRO DE empreiteiras – em verdade os
MENDONÇA NETO documentos demonstram a
efetiva existência do Cartel
9 Petição do colaborador Confirma o funcionamento do
OUT9 AUGUSTO RIBEIRO DE cartel e apresenta documentos
MENDONÇA NETO na demonstrativos das regras de
representação criminal funcionamento do CLUBE
5073441-38.2014.404.7000
10 Reunião do Bingo – reunião na
Auto de Apreensão relativo às qual as empresas cartelizadas
OUT10 diligências realizadas na sede definiram quais iriam participar
da empresa ENGEVIX das licitações dos contratos
vinculados ao COMPERJ,
enumeração dos contratos
(prêmios) e das empreiteiras
(jogadores)
11 Anotações relativas à reunião
OUT11 Documentação Apreendida das empresas do clube.
Negociações entre as empresas
do Cartel para o fatiamento das
obras da PETROBRAS.
12 Denúncia do Ministério Público Funcionamento dos diversos
OUT12 Federal em face de Alberto esquemas de lavagem de
Youssef e outros dinheiro, incluindo os valores
desviados de obras da
PETROBRAS
13 Desvendou o fluxo de ativos
OUT13 Relatório de Análise do envolvendo empresas utilizadas
Ministério Público Federal para a lavagem de dinheiro,
inclusive a MO CONSULTORIA,
GFD INVESTIMENTOS e
EMPREITEIRA RIGIDEZ que são
referidas nesta ação.
14  Funcionamento de cartel nas
grandes obras da Petrobras
 Pagamento de propina as
Transcrição dos Depoimentos Diretores da Petrobras em
OUT14 Prestados por todos os contratos da
PAULO ROBERTO COSTA e companhia e seu percentual.
ALBERTO YOUSSEF  Forma de divisão dos valores
provenientes da propina.
 Lavagem do dinheiro
proveniente das propinas
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mediante o uso de empresas


de fachada e de contratos
fraudulentos
15  Grande disponibilidade de
Auto de Busca e Apreensão no dinheiro em espécie,
endereço de PAULO ROBERTO inclusive em Dólares e Euros
OUT15 COSTA e Declarações à Policia  Aquisição do veículo Land
Federal Rover Evoque por Alberto
Youssef em favor de Paulo
Roberto Costa

16  Contratos com a Costa
Global.
 Rápida evolução financeira
da Costa Global
OUT16 Outros documentos  Recebimento de valores de
aprendidos na residência de empresas do Clube
PAULO ROBERTO COSTA  Dados para movimentação de
recursos no exterior.
 Anotação contendo entrada
de valores devidamente
associada a expressão
“primo”, que era um dos
codinomes de Alberto
Youssef
17  Rápida evolução financeira
da Costa Global de 2012 para
2013.
Relatório da Receita Federal  Pagamentos à Costa Global
OUT17 acerca de pessoas jurídicas provenientes de empresas do
vinculadas à Paulo Roberto Clube.
Costa  Incompatibilidade da Receita
Bruta declarada pela Costa
Global em 2012 com os
valores anotados em
documento apreendido pela
Policia Federal devidamente
associados a expressão
“primo”.
18 OUT18 Informação MPF Transferências de valores de
empresas do Clube para a Costa
Global, de PAULO ROBERTO
COSTA
19 OUT19 Planilha com informações dos Dados das Licitações, contratos
Processos Licitatórios e valores relativos a diversas
obras da PETROBRAS

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20 OUT20 Planilha de Aditivos aos Majoração dos Valores iniciais


Contratos de vários contratos
21 OUT21 Pesquisa acerca de Que as empresas Empreiteira
empregados das empresas MO Rigidez e RCI Software nunca
Consultoria, GFD possuíram empregados. A MO
Investimentos, Empreiteira consultoria teve apenas um no
Rigidez e RCI Software ano de 2011.
22  Confirma que MO
Depoimentos de Antonio Consultoria, Empreiteira
OUT22 Almeida Silva, Waldomiro de Rigidez e RCI Consultoria
Oliveira, Leonardo Meirelles, eram empresas de fachada
Marcio Andrade Bonilho e utilizadas para lavar dinheiro.
Murilo Tena Barrios  Que a GFD era utilizada para
lavar dinheiro da propina
 Modus operandi de remessa
de dividas ao exterior
 Contratos de câmbio da
Labogen e Piroquímica
 GFD era empresa controlada
23 OUT23 Depoimentos de Helenice Alves por Alberto Youssef
Magalhães, Vanessa Perez  MO Consultoria não existia de
Mola e Meiri Bonfim da Silva fato e não prestava serviços
Poza pois não tinha quadro de
empregados
 GFD não prestava serviços
 Alberto Youssef remetia e
mantinha recursos no
exterior
24 Prova que embora as
Informação acerca de empresas não presassem
OUT24 movimentação financeira nas qualquer serviço concreto
contas da MO Consultoria, elas tiveram créditos de
Empreiteira Rigidez, RCI R$ 199.599.010,08 entre os
Software e GFD Investimentos anos de 2009 e 2010. Prova,
ainda, que cerca de R$ 24
milhões foram
movimentados em espécie
no período.
25  Intensa movimentação de
recursos de empresas que
não prestavam serviços reais.
OUT25 Extratos de Movimentação  Relacionamento com
Bancária das empresas MO empresas suspeitas de
Consultoria, Empreiteira ilegalidades e lavagem de
Rigidez, RCI Software e GFD dinheiro, como a Labogem,
Investimentos Piroquímica e outras

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 Depósitos de várias empresas


do CLUBE, como a OAS, MPE
e UTC, as quais não foi
prestado nenhum serviço real
 Transferências da Mendes
Junior Trading e Engenharia
S/A
26 Depoimento de Waldomiro de  Confirma a utilização das
OUT26 Oliveira na Polícia Federal e empresas MO Consultoria,
outros Empreiteira Rigidez e RCI
Software para movimentação
e lavagem de ativos
 Confirma que empresas do
Clube assinaram contratos
com as empresas de fachada.
 Que as empresas de fachada
eram controladas por Alberto
Youssef
27  Funcionamento de Cartel no
âmbito da Petrobras
OUT27 Termo de Colaboração  Pagamento de propinas à
Premiada de Diretores da Estatal, dentre
JULIO GERIN DE ALMEIDA os quais PAULO ROBERTO
CAMARGO COSTA
 Pagamento de R$
15.000.000,00 aos Diretores
de Abastecimento e de
Engenharia da Petrobras
 Os valores foram repassados
a PAULO ROBERTO COSTA
por ALBERTO YOUSSEF
28  Solicitação de propina por
parte de PAULO ROBERTO
COSTA e RENATO DUQUE
para a viabilização de
diversos contratos, sendo a
exigência paga pelo
declarante
 Pagamento de propina a
PAULO ROBERTO COSTA se
dava através de ALBERTO
YOUSSEF mediante depósitos
OUT28 Declarações de JULIO GERIN DE no exterior.
ALMEIDA CAMARGO  O pagamento de propinas
compunha a “regra do jogo”
durante as gestões de PAULO

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ROBERTO COSTA e RENATO


DUQUE
 Que o contrato entre o
consórcio INTERPAR (Mendes
Junior, SOG-SETAL e MPE)
somente foi viabilizado após
ter sido realizado o
pagamento de propina
 JOSÉ JANENE foi o
responsável pela nomeação
de PAULO ROBERTO COSTA e
pelo estabelecimento da
regra de pagamento de
propina de 1% destinada ao
seu partido político. Que
tratava das propinas
diretamente com PAULO
ROBERTO COSTA.
 As contas no exterior
utilizadas para pagar propina
a PAULO ROBERTO COSTA,
RENATO DUQUE e outros

29  A existência do clube, sua
composição e forma de
atuação.
 Que as empresas vencedoras
das licitações eram
Termo de Colaboração predefinidas pelo clube e
OUT29 Premiada de AUGUSTO apresentadas aos diretores
RIBEIRO DE MENDONÇA NETO da Petrobras
 O consórcio da REPAR
(Mendes Jr, SOG-SETAL, MPE)
pagou cerca de R$ 70 milhões
em propina, sendo 1/3 para
cada empresa.
 O consórcio da REPAR recebia
o dinheiro da PETROBRAS.
Pagava a propina e distribuía
a margem (de lucro) para as
empresas consorciadas
 A SOG recebia uma fração
maior do consórcio da REPAR,
pois era responsável pelo
pagamento da propina.
 Em relação ao contrato da
REPLAN, o consórcio (Mendes
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Jr, SOG-SETAL, MPE) efetuou


pagamentos a PAULO
ROBERTO COSTA e RENATO
DUQUE. Que o pagamento da
propina foi feito por
prepostos da MENDES JR.
30  Que as regras do clube
chegaram a ser escritas como
OUT30 Declarações de se fossem de um
AUGUSTO RIBEIRO DE “Campeonato de Futebol”.
MENDONÇA NETO  Que ele (AUGUSTO)
representava a SOG-SETAL no
“CLUBE”.
 Que os contrato dos
Consorcio (Mendes Jr, SOG-
SETAL, MPE) na REPAR e na
REPLAN foram negociados e
definidos dentro do “CLUBE”
 Que o próprio declarante
(SOG) foi o responsável pela
negociação das propinas a
serem pagas em relação aos
contratos.
 Que nestes contratos
também houve pagamento
de propina a RENATO
DUQUE.
 Que PAULO ROBERTO COSTA
e JOSÉ JANENE jogavam duro,
tendo, inclusive, lhe sido
negado aditivo para
pressionar o pagamento de
propina
 Que o pagamento de propina
se deu entre março de 2009 e
fevereiro de 2012 por meio
das empresas MO
Consultoria, Empreiteira
Rigidez e RCI de ALBERTO
YOUSSEF.
 Que foi paga propina em
relação aos aditivos dos
contratos relativos a REPAR e
REPLAN pelo consórcio
(Mendes Jr, SOG-SETAL, MEP)
 PAULO ROBERTO COSTA
sabia da existência do
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“CLUBE” e nunca adotou


nenhuma providência
 O “CLUBE” dividiu e
estabeleceu pacotes para
cada componente em relação
aos contratos do COMPERJ
31 OUT31 Termo e Homologação de -
Delação Premiada de PAULO
ROBERTO COSTA
32  Que ROGÉRIO CUNHA
OUT32 Declarações de SERGIO CUNHA MENDES era o interlocutor da
MENDES à Policia Federal Mendes Junior com a
PETROBRAS.
 A MENDES JUNIOR
concordou em efetuar
pagamento de propina a
PAULO ROBERTO COSTA
 ROGERIO CUNHA MENDES
era o responsável por efetivar
o pagamento de propina por
parte da MENDES JUNIOR
 Que a MENDES JUNIOR pagou
R$ 8.028.000,00 às empresas
GFD Investimentos e
Empreiteira RIGIDEZ.
 Embora firmados contratos,
GFD e RIGIDEZ jamais
prestaram qualquer serviço à
MENDES JUNIOR.
 Houve pagamento de propina
em relação ao contrato da
REPAR. Consórcio Mendes Jr.
SOG-SETAL e MPE.
 ANGELO ALVES MENDES,
ROGÉRIO CUNHA DE
OLIVEIRA e JOSÉ HUMBERTO
CRUVINEL RESENDE foram os
responsáveis pela assinatura
dos contratos falsos com a
GFD e a RIGIDEZ.
33  Funcionamento de cartel nas
grandes obras da Petrobras
 Pagamento de propina as
Transcrição dos Depoimentos Diretores da Petrobras em
Prestados por todos os contratos da
OUT33 PAULO ROBERTO COSTA e companhia e seu percentual.
ALBERTO YOUSSEF
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 Forma de divisão dos valores


provenientes da propina.
 Lavagem do dinheiro
proveniente das propinas
mediante o uso de empresas
de fachada e de contratos
fraudulentos
34  Grande disponibilidade de
Auto de Busca e Apreensão no dinheiro em espécie,
OUT34 endereço de PAULO ROBERTO inclusive em Dólares e Euros
COSTA e Declarações à Policia  Aquisição do veículo Land
Federal Rover Evoque por Alberto
Youssef em favor de Paulo
Roberto Costa
35 Transferências de valores de
OUT35 Informação MPF empresas do Clube para a Costa
Global, de PAULO ROBERTO
COSTA
36  ALBERTO YOUSSEF procurou
a MENDES JUNIOR
solicitando pagamento de
propina sobre os valores de
contratos da empresa com a
PETROBRAS, ameaçando a
Declarações de empresa de represália tanto
OUT36 ROGÉRIO CUNHA OLIVEIRA em contratos em andamento
à Policia Federal quanto a impossibilidade de
celebrar contratos futuros
 Que a propina haveria de ser
paga em relação aos
contratos do Terminal
Aquaviário da Barra do
Riacho e da obra da REPLAN
 Que a MENDES JUNIOR pagou
cerca de R$ 8.1 milhões em
propina
 Que os valores foram pagos
por meio de empresas
utilizadas por ALBERTO
YOUSSEF (GFD e RIGIDEZ)
 Que embora tenha firmado
contratos com a GFD e
RIGIDEZ no valor de R$
8.028.000,00 estas empresas
nunca prestaram qualquer
serviço efetivo à MENDES
JUNIOR
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 Que o declarante assinou


contratos com a GFD e
RIGIDEZ em nome da
MENDES JUNIOR
37 Depoimento de CARLOS  Alberto Youssef não tinha
ALBERTO PEREIRA DA COSTA nada em seu nome
(Procurador da GFD  Alberto Youssef tinha o
OUT37 Investimentos) na AÇÃO PENAL pseudônimo “PRIMO”
nº 5025699-  Depósitos da Mendes Junior
17.2014.404.70000 para a GFD sem explicação
plausível
38 OUT38 Contrato nº MJTE – ANOG ANGELO ALVES MENDES e
001/2011 (Mendes Junior ROGÉRIO CUNHA DE
Trading e Engenharia S/A x GFD OLIVEIRA assinam pela
Investimentos) MENDES JUNIOR
39 OUT39 Aditivo ao Contrato nº MJTE – ANGELO ALVES MENDES e
ANOG 001/2011 ROGÉRIO CUNHA DE
OLIVEIRA assinam pela
MENDES JUNIOR
40 Transferências financeiras da
OUT40 Informação MPF Mendes Junior Trading e
Engenharia S/A para a GFD
Investimentos
41  Tabela de Contratos entre a
Mendes Junior Trading e
Engenharia S/A com a GFD
Investimentos e Empreiteira
Rigidez e correspondente
operações bancárias.
OUT41 Informação MPF  Que os contratos e
transferências bancárias
identificados pela operação
policial afiguram-se
contemporâneos de três
contratos com a PETROBRAS
dos quais a MENDES JUNIOR
fazia parte.
42  Intensa movimentação de
recursos de empresas que
não prestavam serviços reais.
 Relacionamento com
Extratos de Movimentação empresas suspeitas de
Bancária das empresas MO ilegalidades e lavagem de
OUT42 Consultoria, Empreiteira dinheiro, como a Labogem,
Rigidez, RCI Software e GFD Piroquímica e outras
Investimentos  Depósitos de várias empresas
do CLUBE, como a OAS, MPE
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Advocacia-Geral da União
Procuradoria da União no Estado do Paraná
Grupo Permanente de Atuação Proativa

e UTC, as quais não foi


prestado nenhum serviço real
 Transferências da Mendes
Junior Trading e Engenharia
S/A
43
OUT43 Petição da Mendes Junior Prova o relacionamento
Trading e Engenharia S/A no IPL contratual e operações
5053744-31.2014.404.7000 financeiras entre a Mendes
(0792/2014) Junior Trading e Engenharia
S/A e a GFD Investimentos e a
Empreiteira RIGIDEZ

44 Contrato MJTE – AEG/005- ANGELO ALVES MENDES e


OUT44 A/2011 (Mendes Junior Trading ROGÉRIO CUNHA DE
e Engenharia S/A x GFD OLIVEIRA assinam pela
Investimentos) MENDES JUNIOR
45  Transferências da Mendes
Junior para a GFD
Investimentos em
OUT45 Informação MPF 08.08.2011, 31.08.2011,
29.09.2011 e 28.10.2011 -
Valor total
R$ 1.126.200,00
 Relações societárias do grupo
MENDES JUNIOR
46 Nota Fiscal de serviços
OUT46 Nota Fiscal supostamente prestados pela
GFD Investimentos à
MENDES JUNIOR TRADING E
ENGENHARIA S/A
47 OUT47 Contrato MENDES JUNIOR ANGELO ALVES MENDES e
TRADING E ENGENHARIA S/A x ROGÉRIO CUNHA DE
EMPREITEIRA RIGIDEZ LTDA OLIVEIRA assinam pela
MENDES JUNIOR –
48 OUT48 NOTA FISCAL 000000023 Nota Fiscal de serviços
expedida por EMPREITEIRA supostamente prestados pela
RIGIDEZ LTDA em relação à EMPREITEIRA RIGIDEZ à
MENDES JUNIOR TRADING E MENDES JUNIOR TRADING E
ENGENHARIA S/A ENGENHARIA S/A
49 OUT49 Contrato CMMS-SE/065/2010 Jose Humberto Cruvinel
(Consórcio Mendes Jr, SOG e Resende assina pela Mendes
MPE x GFD Investimentos Ltda) Junior
50 OUT50 NOTA FISCAL 00000009 Nota Fiscal de serviços
expedida por GFD supostamente prestados pela
Investimentos Ltda em relação GFD ao Consórcio Mendes Jr,
SOG e MPE
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Advocacia-Geral da União
Procuradoria da União no Estado do Paraná
Grupo Permanente de Atuação Proativa

ao Consórcio Mendes Jr, SOG e


MPE
51 Diversos documentos
contratuais e fiscais das
Busca e Apreensão na ARBOR empresas MO Consultoria,
OUT51 CONSULTORIA E ASSESSORIA Empreiteira Rigidez e GFD
CONTÁBIL Investimentos, inclusive com
a MENDES JUNIOR e com o
Consórcio Mendes Jr, SOG e
MPE
52 Incompatibilidade do
OUT52 Código de Ética da PETROBRAS comportamento de PAULO
ROBERTO COSTA, RENATO
DUQUE e outros diretores e
funcionários com as normas
da estatal
54 OUT54 Relatório do TCU sobre
Execução Orçamentária
55 OUT55 Teleconferência Petrobras
26.02.2014
56 OUT56 Denúncia do MPF relativa aos
fatos envolvendo a Mendes
Junior Trading e Engenharia S/A
e outras pessoas a ela
consorciadas
57 OUT57 Doutrina – artigo acadêmico
acerca da correta medida do
ressarcimento em caso de
negócios jurídicos celebrados
mediante corrupção

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