Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
OS ENCONTROS DE
JESUS
Pessoas que foram transformadas por Ele
São Paulo, setembro de 2009
©
2009 by Alcindo Almeida
Editora Fôlego
www.editorafolego.com.br
Editores
Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes
Capa
Magno Paganelli
1a edição brasileira Setembro de 2009
As citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI), salvo quando indicado.
Todos os grifos são do autor.
Todos os direitos são reservados a Editora Fôlego, não podendo a obra em questão ser reproduzida ou
transmitida por qualquer meio-eletrônico, mecânico, fotocópia, etc, sem a devida permissão dos
responsáveis
Almeida, Alcindo
Os encontros de Jesus: pessoas que foram transformadas por Ele. Alcindo Almeida. São Paulo: Editora
Fôlego, 2009
ISBN 978-85-988-53-8
1. Análise de pessoas - Ensino bíblico. 2. Personagens bíblicos I. Título.
Sumário
Agradecimentos, 7
Prefácio, 9
1. O encontro de Jesus com os discípulos na pesca maravilhosa, 11
2. O encontro de Jesus com um centurião cheio de fé, 25
3. O encontro de Jesus com a viúva de Naim, 35
4. O encontro de Jesus com a mulher pecadora, 41
5. O encontro de Jesus com uma mulher sem esperança, 49
6. O encontro de Jesus com Marta e Maria, 57
7. O encontro de Jesus com Zaqueu, 63
8. O encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús, 71
9. O encontro de Jesus com o jovem rico, 79
10. O encontro de Jesus com a mulher adúltera, 85
Referências bibliográficas, 93
Quero dedicar este livro, de maneira muito especial, ao meu pai, José João
de Almeida, que partiu para o Senhor no dia 24.12.2008.
Agradecimentos
Q
uero agradecer primeiramente a Deus, que tem me dado forças e saúde para
produzir na vida pastoral e pessoal. Ele tem me sustentado em todo o tempo!
Ao meu sogro Nelson Taibo e à minha sogra Silvia Taibo, por todo apoio que
me deram.
Ao amigo Hilder Stutz, de coração, pelo prefácio.
Aos amigos Emílio e Rosana, da Editora Fôlego, por terem recebido com
carinho o meu trabalho e assim editá-lo.
Também agradeço ao pastor e amigo George Canelhas e ao Conselho da IPL
que têm caminhado comigo na jornada pastoral
Alcindo Almeida
Prefácio
A
lguém escreveu que “a vida é a arte dos encontros”. E penso que eles nos
fazem ser mais ou menos efetivos na vida dos outros e na nossa própria vida.
Isso porque há vários tipos de encontro na vida. Há aqueles
Minha oração é que Deus use este livro para levá-lo a um encontro com o
Senhor Jesus que mude também sua vida.
Hilder Campagnucci Stutz Pastor da Igreja Presbiteriana em Alphaville C A
PÍTULO1
eus é extremamente bondoso para com o Seu povo, e essa narrativa Lucas
nos mostra como. Nesse texto vemos que a chamada de Pedro e dos outros
primeiros discípulos
Lucas faz uma afirmação muito importante no texto que tem tudo a ver com
os acontecimentos da narrativa, a Palavra de Deus. Jesus está aqui
anunciando o Evangelho da parte de Deus.
Que lições podemos tirar para a nossa vida dessa narrativa? A primeira lição
que aprendemos é:
DEVEMOS OUVIR SEMPRE A PALAVRA DE DEUS
Lucas disse no versículo 1: “CERTO DIA JESUS ESTAVA PERTO
DO LAGO DE GENESARÉ E UMA MULTIDÃO O COMPRIMIA DE TODOS OS LADOS PARA
OUVIR A PALAVRA DE DEUS”.
Veja que coisa importantíssima acontece nessa narrativa: a multidão que está
ao lado do mar da Galileia quer ouvir a Palavra de Deus. E a ideia do verbo
comprimir no original grego é a de ter um abarrotamento de pessoas que
querem de uma maneira urgente e insistente ouvir algo muito importante. Há
uma pressão muito forte, de uma maneira muito insistente, só para essa
multidão ouvir a Palavra de Deus.
Quantos de nós têm tido o desejo ardente, urgente de ouvir a Palavra de Deus
para o nosso coração. Quantos têm tido o desejo de ouvir a voz de Deus no
coração. Para enfrentarmos os problemas, as lutas de final de século é preciso
darmos crédito total à Palavra de Deus. Sem ouvirmos a Palavra de Deus para
o nosso coração não há como enfrentarmos nenhuma situação na vida, seja
ela boa ou ruim.
A atitude de Pedro é de alguém que sabe que o Senhor Jesus fala não da parte
do homem, mas de Deus. Ele sabe da autoridade de Deus e do Seu poder, por
isso diz: “Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”.
E mesmo tendo uma longa noite de labuta, de sofrimento, sem obter qualquer
resultado positivo, Pedro obedece à palavra de Jesus.
Na nossa vida espiritual as coisas são assim também. Parece que não vai
acontecer nada de extraordinário. Às vezes em determinadas situações
olhamos as coisas e não vemos nada de concreto, não temos um horizonte
para algo melhor. Jesus nos leva a colocar a nossa vida em Suas mãos. Ele
diz: “Confia em mim e lança as redes”.
Pedro teve tanta consciência da grande graça de Deus naquela ação que,
presenciando o poder de Jesus, a grandeza da graça de Jesus sobre a sua vida,
disse prostrado aos pés de
Jesus: “AFASTA-TE DE MIM, SENHOR, PORQUE SOU UM HOMEM PECADOR”! (v. 8).
Um Deus tão grande, tão poderoso não poderia olhar para pecadores como
Pedro. Sentindo sua pobreza, sua miséria diante de Deus, ele pede para que o
Senhor Se afaste daquele pecador. Mas Jesus, mostrando a grande graça de
Deus para com o Seu povo, não somente não se afasta de Pedro e dos demais
como transborda ainda mais a Sua graça dizendo a Pedro: “NÃO TENHAS
Veja a grande graça de Deus sobre a vida do Seu povo. Ele dá a bonança para
o Seu povo e, além disso, vive no meio dele e lhe dá uma grande missão: ser
Seu embaixador aqui na Terra. Pedro não só viu o poder de Deus na pesca
maravilhosa, como Jesus ficou perto dele mesmo ele sendo um pecador, e
ainda o chamou para a pregação da Palavra de Deus.
O que falta a essa gente que carrega o nome de Cristo, mas se recusa a imitar
o caráter do Salvador? A resposta está em uma renovação do coração pela
transformação do Espírito diariamente em nós. Precisamos nos harmonizar
dia a dia com a vontade do Criador, e esse processo só acontece com a
rendição da vida na presença do Pai. E falando francamente, temos
dificuldades de viver assim todo dia, porque não entendemos bem o que
significa vida de adoração constante diante de Deus. E o resultado é que
passamos a não ter tanto medo do pecado e o racionalizamos sempre!
Pedro nos ensina que a vida cristã significa rendição, e quando fazemos isso
em nossa vida Cristo Se reproduz em nós. Quando nos prostramos como
Pedro fez diante de Cristo, o Espírito Santo manifesta a graça de Deus em
nós.
Nunca podemos nos esquecer desta grande verdade: nós O adoramos porque
Ele nos amou primeiro. Por isso, devemos fazer isso com amor. A adoração
deve ser algo além da estética. Não existe um meio para adorar, pois não
sabemos adorar. Temos de depender da ação e mediação do Santo Espírito.
Se a graça de Deus não estiver comigo, serei como o fariseu, orarei de mim
para mim mesmo. Adorarei a mim mesmo e não o Deus da criação, o Deus da
aliança eterna.
Agostinho diz que Deus nos fez para Ele, e não encontraremos descanso
enquanto não repousarmos em Deus. O grande anseio do coração humano é
Deus. Ser gente adoradora é ser como Jesus de Nazaré, que Se prostrava
diante do Seu Pai sempre. Se não fazemos as coisas como Jesus, não estamos
sendo gente, tampouco adoradores. Saibamos desta verdade: reconhecer Deus
em todos os caminhos é ser um verdadeiro adorador. É fazer o que Jesus faria
se estivesse em nosso lugar.
Quem teria autoridade para entregar o cordeiro pascal a não ser o sumo
sacerdote? Só alguém como Abraão teria esta autoridade porque ele levou
Isaque para o sacrifício. O sofrimento antecede a nossa chegada.
HOMEM PECADOR”.
Adorar a Deus é não resistir à graça de Deus, que nos faz andar com Ele e
perceber que somos todos pecadores indignos dela. Resistir à graça é ser um
amontoado de trevas diante de Deus.
que significa esta pequena palavra chamada fé? Para alguns a fé é o canal de
tudo para a vida. Por exemplo: um dia, um pastor convidou o povo para orar
e disse:
“Venha orar, mas saiba que você não tem nenhum mérito, você só tem a fé, e
a fé muda as circunstâncias, a fé muda tudo. Com fé você consegue tudo, mas
tudo depende da sua fé, se você não tiver fé, adeus!”. Outro disse que os
cristãos não ganhavam as bênçãos de Deus porque não tinham fé.
Uma senhora entrou no quarto de uma paciente que estava em coma por
causa de uma leucemia e perguntou ao seu marido: “Você tem fé que ela será
curada agora?”. Ele respondeu: “Eu tenho”. Ela disse isso às onze horas da
manhã, e, depois de muito orar, às duas e meia da tarde a paciente foi a óbito.
Estamos diante de um texto que fala de um homem que teve fé, não em si
mesmo, mas uma fé que emanou no seu coração pela ação do Espírito Santo
de Deus. E por essa fé vinda do alto ele adquiriu, recebeu, apropriou-se de
algumas qualidades importantes para uma vida cristã, uma vida séria diante
de Deus. Vejamos o que aprendemos no texto para a prática da nossa vida
cristã diária.
Depois que o Senhor Jesus proferiu as partes mais difíceis da vida cristã, que
é o Sermão do Monte, no capítulo 6, Ele entrou na cidade de Carfanaum, que
ficava na costa norte do mar da Galileia. Essa cidade era, entre outras, um
posto militar romano e um centro de recolhimento de impostos do Império,
por isso tinha um comércio movimentado. Ali também residia nosso Senhor
Jesus Cristo e foi o local onde Ele realizou o maior número de milagres e
pronunciou os mais profundos ensinamentos (RONIS, 1988, p. 123).
Aqui está um grande exemplo de alguém que tinha fé com obras e obras
verdadeiras para com o próximo. Nós, da mesma forma que o centurião
praticou a bondade, exercitou sua fé com bondade, também precisamos fazer
para com o nosso próximo, pois a Palavra de Deus nos exorta a fazer isso.
Paulo
Esse centurião era um homem digno, mesmo sendo romano (v. 4). Ele tinha
uma grande generosidade para com os outros, pois contribuíra para a
construção de uma sinagoga de judeus.
O versículo 6 diz que esse homem era cercado pelos amigos, e aqui há algo
estranho para nós, pois, por ser um centurião, deveria ser odiado pela
sociedade, mas acontece exatamente o contrário: ele é querido, amado e
considerado pelos judeus.
Esse homem era espiritual. Por quê? Porque ele se interessou pelo Cristo dos
judeus. Ele, através da ação do Espírito Santo, reconheceu que Deus era
capaz de curar, de restaurar a vida do seu servo. Por isso, pediu para que os
anciãos rogassem ao Senhor para que curasse seu servo, como nos informa o
versículo
No Reino de Deus nós devemos aprender com o Senhor a ter essa humildade,
pois o Reino de Deus não é para os soberbos nem para os orgulhosos e sim
para os humildes e quebrantados de coração.
humildade: “M AS ELE NOS CONCEDE GRAÇA MAIOR. POR ISSO DIZ A ESCRITURA:
“DEUS SE OPÕE AOS ORGULHOSOS, MAS CONCEDE GRAÇA AOS HUMILDES”.
PORTANTO, SUBMETAM-SE A DEUS. RESISTAM AO DIABO, E ELE FUGIRÁ DE
VOCÊS. APROXIMEM-SE DE DEUS, E ELE SE APROXIMARÁ DE VOCÊS! PECADORES,
LIMPEM AS MÃOS, E VOCÊS, QUE TÊM A MENTE DIVIDIDA, PURIFIQUEM O CORAÇÃO.
ENTRISTEÇAM-SE, LAMENTEM-SE E CHOREM. TROQUEM O RISO POR LAMENTO E A
ALEGRIA POR TRISTEZA. HUMILHEM-SE DIANTE DO SENHOR, E ELE OS EXALTARÁ”.
Esse homem teve uma fé correta: ele reconheceu a autoridade de Jesus (vv.
7a e 8); ele entendeu a soberania de Jesus (v. 7b); ele creu no Senhor Jesus de
maneira profunda (v. 7b) e assim seu criado foi curado (v. 10).
Sua fé constrangeu todos a ponto de Jesus afirmar que nem no meio dos
judeus Ele tinha visto tamanha fé concentrada no Deus Todo-Poderoso. O
versículo 9 diz: “AO OUVIR ISSO, JESUS
Para finalizar, quero citar uma frase do Doutor John Stott que está no seu
livro Crer é também pensar:
Senhor Jesus disse a ele que tudo é possível ao que crê. Ele respondeu
dizendo: Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade!
Que Ele nos ajude a ter fé concentrada n’Ele para que essas qualidades
estejam presentes e sejam marcantes em nossa vida diária!
CAPÍTULO3
desespero está ligado à nossa convicção interna de que no fim das coisas é
impossível impedir que elas se transformem em nada. Que de fato, aos nossos
olhos,
Deus não se importa com a nossa dor, como aquela moça que perdeu seu
filho que tinha 14 anos de idade, e ela dizia que não entendia Deus, que Deus
era um ser totalmente egoísta, duro e insensível, pois havia levado o filho que
ainda nem tinha começado a viver. Ou então a realidade daquela família que
perdeu a filha por causa de uma arma sacada por brincadeira.
O texto de Lucas nos mostra exatamente o contrário, que Deus não é duro,
nem insensível, tampouco egoísta. Ele é cheio de compaixão e sabe de todos
os sofrimentos do coração humano. E soluciona as dores humanas para a Sua
própria glória, segundo a Sua boa vontade.
Esse texto relata a história de uma viúva de Naim, uma pequena cidade que
ficava 16 quilômetros a sudoeste de Nazaré. O Senhor Jesus foi até essa
cidade acompanhado de muitos discípulos, e uma grande multidão se
acercava d’Ele. Muitos tinham ido para ouvir o que Ele tinha a dizer sobre o
Reino de Deus; outros buscavam apenas satisfazer alguma necessidade
alimentar ou física.
E enquanto Jesus passa por essa cidade, Ele vê que algumas pessoas estão
levando um defunto, filho único de sua mãe, que já era viúva, e com ela ia
uma grande multidão da cidade. Jesus, encontrando-Se com a mulher e vendo
a sua dor, moveu-Se de compaixão por ela.
profundo na vida dessa mulher. Ela está carregando no seu coração uma
desesperança profunda. Ela já havia perdido seu marido e agora vê seu filho,
que era sua única esperança de alegria, deitado em um caixão. Então o
Senhor da vida vem e consola seu coração aflito e angustiado. E diz para ela,
com o coração cheio de compaixão: “Não chore”. Perceba como Jesus se
importa com a dor humana. Sua preocupação é imediata com aquela pobre
mulher (FABRIS e MAGGIONI, 1992, p. 83).
Aqui Jesus cumpriu a promessa feita no tempo do profeta Isaías, de que Ele
seria o Deus Emanuel, o Deus conosco. Ele vem até nós para compartilhar a
nossa própria vida em solidariedade. É o Deus que tem compaixão, e essa
compaixão está para além daquilo que entendemos por compaixão.
A compaixão que Jesus sente por essa mulher é a profunda bondade divina
que sai das entranhas de um coração repleto de amor, carinho, misericórdia e
afeto. A compaixão que Jesus sente por essa mulher é o ato de ser movido no
íntimo de Seu ser pela dor humana (NOUWEN, 1998, p. 29).
Quando diz para a mulher: “Não chore”, Ele mostra o quanto é cheio desse
amor e dessa compaixão. Ele mostra o quanto é solidário diante do
sofrimento humano. Ele mostra que vem para perto dessa mulher para ser o
seu presente e que participa ativamente da dor e da tribulação do coração
humano.
Às vezes, nas horas de tribulação, parece que Deus nos abandonou. Parece
que Ele está longe de nós. Parece que não se importa conosco. Mas nesse
encontro de Jesus com a viúva de Naim vemos que não estamos sozinhos na
nossa caminhada.
Não precisamos nos desesperar quando as coisas não vão bem, pois o Jesus
de amor, o Jesus da compaixão está dizendo as mesmas palavras que ele disse
para aquela mulher que estava sem nenhuma esperança no coração: “Não
chore”.
E quando Jesus diz para não chorarmos é porque Ele está conosco, porque
Ele se torna o amigo íntimo na nossa caminhada diária. Ele é o Deus
conosco, o Deus do refúgio, o Deus do socorro, o Deus que é o nosso pastor
amado.
Jesus não nos abandona em nenhum momento da nossa vida. Ele sempre está
conosco, como esteve na vida dessa mulher.
A segunda lição que aprendemos é:
Esse texto me faz olhar para Jesus como o solucionador das minhas crises à
Sua maneira e não da minha maneira. Graças a Ele a solução foi óbvia: Ele
ressuscitou o filho daquela mulher.
Precisamos aprender com Jesus que Ele é o grande solucionador das nossas
crises, pois Ele é cheio de compaixão, porque sabe das nossas dores, porque
Ele as experimentou na cruz do Calvário.
Essa compaixão que Ele tem para conosco já é a própria solução para as
nossas dores. Pode vir mais providência, como no caso dessa mulher, mas
Jesus não é obrigado a fazer nada mais além do que faz, que é derramar da
Sua compaixão sobre a nossa vida, sobre o nosso coração.
Encerro a reflexão citando uma frase sobre compaixão que Henri Nouwen
disse no seu livro chamado Compaixão: “A compaixão de Deus é total,
absoluta, incondicional, sem reservas. É a compaixão daquele que continua se
dirigindo para os lugares mais esquecidos do mundo, e que não consegue
descansar enquanto sabe que ainda existem seres humanos como lágrimas
nos olhos. É a compaixão de Deus que não age meramente como servo, mas
cuja condição de servo é expressão direta da sua divindade.”
Que a graça do Senhor caia sobre nós para que entendamos que Ele olha para
a nossa dor e cuida de nós dando-nos a solução para a nossa vida segundo o
Seu querer!
CAPÍTULO4
O encontro de Jesus com a mulher pecadora
(Lucas 7.36-50)
C
Depois desta palavra acontece uma revolta dos fariseus e dos doutores da lei.
Eles rejeitaram o conselho de Deus (v. 30), pois o Senhor Jesus comia e bebia
vinho e era amigo dos publicanos e pecadores. É nesta perspectiva que vem
em seguida o ensinamento acerca da mulher pecadora que lavou Seus pés.
DOS FARISEUS PARA JANTAR, JESUS FOI À CASA DELE E RECLINOU-SE À MESA. AO
SABER QUE JESUS ESTAVA COMENDO NA CASA DO FARISEU, CERTA MULHER
DAQUELA CIDADE, UMA ‘PECADORA’, TROUXE UM FRASCO DE ALABASTRO COM
PERFUME, E SE COLOCOU ATRÁS DE JESUS, A SEUS PÉS. CHORANDO, COMEÇOU A
MOLHAR-LHE OS PÉS COM SUAS LÁGRIMAS. DEPOIS OS ENXUGOU COM SEUS
CABELOS, BEIJOU-OS E OS UNGIU COM O PERFUME”.
Jesus vai à casa de um fariseu e senta-se à mesa para comer com ele. Neste
momento aparece uma mulher pecadora que havia na cidade, e não se sabe ao
certo de onde ela era, talvez de Jerusalém ou muito provavelmente de
Cafarnaum (NICOLI, 1956, p. 515).
O texto usa a frase “mulher pecadora” para designar que era uma mulher
entregue ao pecado, alguém que tinha algum tipo de vício, neste caso o vício
da prostituição. Mas ela, mesmo nesta situação, sabendo que Jesus estava à
mesa na casa do fariseu, fez algumas coisas:
Veja que coisa extraordinária acontece nesse encontro entre Jesus e essa
mulher. Ela entra por trás, sem ser convidada para o banquete, chorando,
demonstrando o amor que tinha invadido seu coração. Ela entra naquela casa
sem ser solicitada. Lá estão os convidados assentados, e de repente surge essa
mulher com tal atitude. Impelida por uma gratidão profunda no seu coração e
com lágrimas, entrou na sala para estar diante do Senhor Jesus.
Eu não sei, mas muito provavelmente, ao ouvir sobre Jesus, sobre Sua obra,
Suas palavras proferidas, essa mulher ficou impactada e tocada pelo Santo
Espírito, e ao saber que Jesus iria comer na casa de Simão, quis fazer tudo
aquilo. Ao ver Aquele de quem ela ouvira falar, não se conteve em suas
emoções e começou a chorar.
Só que ela foi com aquele vaso, caro e especial, com o propósito de derramá-
lo diante do Senhor Jesus, reconhecendo a Sua grandeza. Prostrada diante do
Senhor Jesus, à medida que chorava com suas lágrimas, começou a regar os
pés do mestre, e com os seus próprios cabelos, sem nenhuma vergonha,
enxugou os pés do Mestre. Depois beijou Seus pés e provavelmente quebrou
o vaso e os ungiu com o bálsamo.
Que exemplo profundo de alguém que ouviu falar de Jesus e num encontro,
sem ser convidada, realiza um gesto tão maravilhoso e tão singular. Essa
mulher só ouviu falar de Jesus e fez o melhor que poderia fazer para Ele, e, o
que é extremamente profundo, o fez de coração, com sinceridade no seu
íntimo.
O exemplo dessa mulher, que não foi rejeitada pelo Senhor Jesus, mesmo
sabendo que ela não tinha uma vida condizente, traz para nós um momento
de reflexão, se de fato estamos fazendo as coisas para o Senhor de coração,
com tudo o que temos de melhor.
UMA ‘PECADORA’”. O texto diz que o fariseu viu a ação da mulher no sentido
humano, com muita hipocrisia, jamais, a meu ver, com os olhos espirituais,
pois ele olhou para a situação moral da mulher, para a sua reputação, talvez
se achando o supermembro intocável da corte dos fariseus. Ele olhou para a
mulher sem perceber que o ato dela decorreu de um grande arrependimento
dos seus pecados e da maneira dissoluta de viver. Ele olhou para a mulher
numa perspectiva totalmente humana. Se olhasse por uma perspectiva
espiritual, teria visto que gesto profundo e maravilhoso foi realizado por
aquela pecadora.
J ESUS: ‘SIMÃO, TENHO ALGO A LHE DIZER’. ‘DIZE, MESTRE’, DISSE ELE. ‘DOIS
HOMENS DEVIAM A CERTO CREDOR. UM LHE DEVIA QUINHENTOS DENÁRIOS E O
OUTRO, CINQUENTA. NENHUM DOS DOIS TINHA COM QUE LHE PAGAR, POR ISSO
PERDOOU A DÍVIDA A AMBOS. QUAL DELES O AMARÁ MAIS?” SIMÃO RESPONDEU:
‘SUPONHO QUE AQUELE A QUEM FOI PERDOADA A DÍVIDA MAIOR’. ‘VOCÊ JULGOU
BEM’, DISSE JESUS’ (vv. 40-43).
Jesus, por meio dessa parábola, mostra para Simão que quanto maior o
perdão, maior é o amor. Um denário equivalia a um dia inteiro de trabalho.
Então, o que devia 500 denários teria de trabalhar quase dois anos para pagar
a dívida, se tivesse um salário compatível para tal (CHAMPLIN, 2005, p.
79).
Jesus lança a pergunta para Simão: “QUAL DELES O AMARÁ MAIS?”. E Simão
responde que é aquele que mais foi perdoado (v. 43). Com isso Jesus ensinou
que a mulher entendeu o quanto foi perdoada dos seus pecados praticados na
vida dissoluta, por isso amou tanto ao Senhor Jesus que o tratara daquela
maneira com um gesto tão profundo. Só que Simão não percebeu isso e agiu
com hipocrisia diante de Jesus.
MULHER ? ENTREI EM SUA CASA, MAS VOCÊ NÃO ME DEU ÁGUA PARA LAVAR OS
PÉS; ELA, PORÉM, MOLHOU OS MEUS PÉS COM SUAS LÁGRIMAS E OS ENXUGOU COM
SEUS CABELOS. VOCÊ NÃO ME SAUDOU COM UM BEIJO, MAS ESTA MULHER, DESDE
QUE ENTREI AQUI, NÃO PAROU DE BEIJAR OS MEUS PÉS. VOCÊ NÃO UNGIU A MINHA
CABEÇA COM ÓLEO, MAS ELA DERRAMOU PERFUME NOS MEUS
Veja a exortação de Jesus a Simão, que não olhou as coisas com os olhos
espirituais, por isso perdeu a grande oportunidade de glorificar e servir ao
Senhor Jesus, que estava ali e comia na sua casa. Jesus entrou na sua casa,
mas ele não Lhe deu água para os pés. A mulher, no entanto, com suas
lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou. Simão não Lhe deu ósculo,
que era um costume no contexto judaico; ela, porém, desde que entrou não
cessou de beijar os pés de Jesus. Simão não ungiu a cabeça do Mestre com
óleo, mas a mulher ungiu os pés d’Ele com bálsamo.
diz no versículo 47: “PORTANTO, EU LHE DIGO, OS MUITOS PECADOS DELA LHE
FORAM PERDOADOS; POIS ELA AMOU MUITO. MAS AQUELE A QUEM POUCO FOI
PERDOADO, POUCO AMA”.
Tomemos cuidado com o relógio do mundo, pois ele nos faz partir para a
soberba, para a distância da simplicidade, como aconteceu com Simão, o
fariseu. O relógio do mundo gera impaciência e impede que aproveitemos as
oportunidades de ter uma vida em caminhada com Cristo, de contemplação
do Seu amor e do Seu perdão (NOUWEN, 1998, p. 123).
SANTO , MAS HABITO TAMBÉM COM O CONTRITO E HUMILDE DE ESPÍRITO, PARA DAR
NOVO ÂNIMO AO ESPÍRITO DO HUMILDE E NOVO ALENTO AO CORAÇÃO DO
CONTRITO”.
Essa mulher tentou de tudo para ter uma solução do seu problema crônico. E
depois de muito desespero, encontrou uma esperança viva e concreta, que era
Jesus, o qual, segundo o Seu querer, trouxe esperança para ela, que tinha uma
enfermidade havia 12 anos.
No capítulo 8 de seu Evangelho Lucas fala sobre o Jesus mestre, Aquele que
opera milagres incríveis na vida de um ser humano. Aquele que anda de
cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o Evangelho
do Reino de Deus e leva com Ele os 12 discípulos (v. 1). Aquele que é
servido por mulheres que de fato O reconhecem como Senhor e Mestre, pois
Ele mesmo as curou de espíritos malignos e de enfermidades (v. 2).
(v. 2).
15) e da candeia (vv. 16-18). Ele fala sobre o parentesco espiritual de Jesus,
que são aqueles que fazem a Sua vontade observando a Sua Palavra (vv. 19-
21). Demonstra o poder do Senhor Jesus para acalmar a tempestade e causar
um grande temor por parte dos Seus discípulos, que chegam a dizer: “Quem é
este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem?” (v. 25).
Narra a história do endemoninhado gadareno, do qual ninguém podia chegar
perto, mas Jesus repreende o demônio que está nele e, de repente, ele aparece
são e em perfeito juízo no meio do povo (vv. 26-39). Depois desse episódio,
Jesus volta para a Galileia e é recebido pela multidão que se acerca d’Ele.
Então um homem, que é um dos principais da sinagoga, se prostra diante do
Senhor Jesus e Lhe roga para que cure sua filha de 12 anos de idade. Ele pede
para que Jesus vá até a sua casa. Jesus aceita o convite e começa a passar pela
multidão.
Essa mulher estava doente e já havia gasto tudo o que tinha com os médicos,
mas ninguém pôde resolver seu problema. Ela quer ser curada, por isso vai na
direção de Jesus para tocálO. Ela vai para encontrar-se com Ele na esperança
de que pudesse de alguma forma resolver seu problema. Ela vai para
encontrar-se com a compaixão de Jesus de Nazaré.
Vejamos o que podemos aprender com a história de uma mulher que estava
desesperada, sem esperança, e ao tocar em Jesus se encontra com a esperança
viva para a sua vida. A primeira lição que aprendemos é:
O texto diz que essa mulher gastara tudo com os médicos, pois tinha um
fluxo uterino contínuo que não parava havia 12 anos e já estava totalmente
desesperada. Ela gastara absolutamente tudo o que tinha para resolver o
problema. Ela esvaziou-se das suas posses a fim de resolver o problema que
afligia seu físico e seu emocional. Ela tentou de tudo, procurou os melhores
médicos da época, mas não conseguiu resolver sua aflição.
Aprendemos nesse texto que o homem, com todos os recursos que ele venha
a ter, é totalmente limitado. Nós todos somos limitados e não conseguimos
fazer nada sozinhos. Não conseguimos fazer nada sem a intervenção de Deus
na nossa vida.
Embora muitos considerem que Deus cura todos que se achegam, sem
exceção, a Ele, interpretando esse texto desta maneira, que Ele resolve todos
os dilemas da alma de todo mundo, discordo totalmente, pois vejo no texto
que Jesus se mostra como a solução dos problemas somente para duas
pessoas no episódio: para a mulher que tinha o fluxo de sangue contínuo e
para Jairo, o pai da menina que estava à morte.
O Senhor sabe do sofrimento que você, mulher, passa na sua casa quando é
traída pelo marido. Ele sabe dos sofrimentos que algumas mulheres passam
depois de chegar da igreja, quando são até espancadas pelos maridos. O
Senhor sabe do sofrimento do marido que muitas vezes é tratado com
indiferença pela esposa que não o respeita mais. Ele sabe do sofrimento da
moça que casou recentemente e descobriu que não pode ser mãe porque está
com câncer no útero e agora está com o coração partido por não poder
realizar seu grande sonho. O Senhor sabe do rapaz que é dedicado a Ele, mas
não consegue uma companheira para formar a família da aliança, por isso
nem consegue dormir à noite. O Senhor sabe daqueles que já tentaram de
tudo para alcançar algo na vida, mas não conseguiram. O Senhor sabe até
daqueles que estão na igreja e não acreditam em mais nada. Porque o Senhor
sonda o mais profundo do nosso coração e conhece tudo dentro de nós.
Não devemos ficar frustrados por ver as realidades difíceis da nossa vida.
Devemos, sim, ficar surpreendidos pela alegria cada vez que vemos Deus
com a Sua bondade e solidariedade sobre nós. Pela alegria de encontrarmos a
solução n’Ele, pela alegria de sermos guiados não pelas circunstâncias
adversas da vida, mas pela esperança em um Deus que é a grande solução do
nosso pesar, da nossa dor.
Aquela mulher só encontrou solução em Jesus de Nazaré. Foi d’Ele que saiu
o poder da cura, não da fé da mulher. A fé dela foi apenas um instrumento da
graça de Deus na sua vida, algo que brotou esperança na sua vida..
É bom entendermos que a fé veio de Deus para essa mulher, pois a cura
emanou de Jesus, e ela creu porque o Senhor derramou graça para que ela
cresse n’Ele. Porque Jesus é a fonte de solução de qualquer problema
segundo a medida da Sua graça em nossa vida.
Estamos vivendo dias difíceis, dias em que não acreditamos em mais nada.
Aqui está um texto para nos trazer esperança e renovação para a nossa vida.
Essa mulher, ao se encontrar com Jesus, alcança essa esperança no seu
coração. E recebeu o toque majestoso, glorioso de Jesus na sua vida. Ela foi
sarada fisicamente e depois da palavra de Jesus foi sarada espiritualmente.
Apenas porque recebeu a graça de ter a esperança voltada para o Deus da
compaixão, o Deus da solidariedade, o Senhor Jesus.
Encerro esta reflexão citando um texto que mostra que Jesus é tudo sobre
todos e que nós só podemos esperar n’Ele, pois Ele
faz todas as coisas: “ENTRE OS ÍDOLOS INÚTEIS DAS NAÇÕES, EXISTE ALGUM QUE
POSSA TRAZER CHUVA? PODEM OS CÉUS, POR SI MESMOS, PRODUZIR CHUVAS
COPIOSAS? SOMENTE TU O PODES, SENHOR, NOSSO DEUS! PORTANTO, A NOSSA
ESPERANÇA ESTÁ EM TI, POIS TU FAZES TODAS ESSAS COISAS” (Jeremias 14.22).
O texto diz que Jesus entrou em uma aldeia, e certa mulher, chamada Marta,
O recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria. Esta assentou-se
e queria ouvir Jesus falar a Sua palavra. Marta, ao contrário, se distraiu em
muitos afazeres e questionou Jesus quanto ao fato de sua irmã não ajudá-la. E
rogou a Jesus para que mandasse sua irmã ajudá-la. Jesus respondeu a
O que é preciso para não nos envolvermos com os afazeres da Terra? O que é
preciso para darmos atenção a Jesus, escolhermos a boa parte?
Creio que a primeira coisa que devemos fazer é:
Perceba que Maria não se preocupou com os atrativos da vida, mas abriu mão
de tudo aquilo que era da Terra para ouvir a palavra de Jesus.
Mesmo que queiramos dar a Deus todo o nosso tempo, nunca conseguiremos
se não reservarmos um minuto, uma hora, um dia, uma semana, um intervalo
da nossa existência para Deus, somente para Ele (NOUWEN, 2000, p. 131).
E isso pede, exige, muita disciplina no nosso coração, pois sempre temos algo
para fazer no lugar de Deus. Sejamos francos: eu e você trocamos Deus pelos
afazeres da mesma forma que Marta. Somos verdadeiros e verdadeiras
Martas da vida.
Precisamos de alguém que nos refreie quando vamos por caminhos obscuros.
Precisamos de alguém que nos leve a ler as Escrituras e nos incentive ao
silêncio na presença de Deus (NOUWEN, 2000, pp. 133, 135).
Não tenhamos medo de abrir o nosso coração para os amigos. Eles devem ser
nossos guias, nossos mentores na presença de Deus. Há pessoas na Igreja que
possuem grande sensibilidade espiritual que podem, com sabedoria, nos
ajudar na caminhada de contemplação do nosso Pai.
Hoje em dia não temos cultivado essa prática, mas ela é essencial para a
maturidade da Igreja, para a celebração da comunidade do povo de Deus.
Temos de ter referenciais que nos aproximem do Pai.
Temos de ser um Jônatas, temos de ser um Silas, uma Noemi, uma Rute, uma
Abigail para o nosso irmão.
Um mentor na nossa caminhada nos ajuda a olhar para Deus, a voltar o nosso
coração para a presença de Deus. Jesus, como o Deus-homem, fez isso no
coração de Maria. E nós, como Seus discípulos, somos convidados a fazer o
mesmo mutuamente.
O ensino está aqui. O que precisamos fazer é imitar essa mulher preciosa, que
escolheu no seu coração ouvir a palavra de Jesus e silenciar seu coração para
contemplar a presença de Deus.
Queremos ser uma comunidade que celebra uma vida nova, que cresce e
integra-se como comunidade, que reflete e vive uma vida de maturidade?
Então sejamos Martas, em nome de Jesus!
CAPÍTULO7
ós temos inúmeros pré-conceitos com respeito aos tipos de pessoa que entram
na Igreja do Senhor Jesus Cristo. Imaginemos se um dia algumas
personalidades
A verdade é que Deus não tem a mesma visão que nós seres humanos, pois
na história eterna Deus regenerou adúlteros e assassinos que eram
semelhantes a Davi. Deus regenerou mulheres que eram prostitutas como
Raabe. Com Deus é assim, Ele transforma pessoas que nós não gostaríamos
que estivessem na galeria das nossas amizades em hipótese alguma.
Nesse texto vemos exatamente um homem que, aos nossos olhos, deveria
receber uma grande condenação por roubar, na cobrança dos impostos, o
dinheiro dos outros.
Quem era esse homem chamado Zaqueu?
Seu nome, no hebraico, significa, talvez por ironia da vida, “justo”, “reto”,
‘puro”. Zaqueu era de Jericó, uma cidade muito rica localizada na parte
inferior do vale do Jordão (RONIS, 1988, p. 112). No tempo da conquista
Jericó era uma cidade grande e bem forte, usada por Herodes como sua
capital de inverno. Ela foi ornamentada por estruturas tipicamente gregas e
romanas. Vale lembrar também que ela ficava na fronteira com a
Transjordânia (Pereia), o que facilitava muito a arrecadação de impostos.
Essa cidade foi destruída por Josué, conforme vemos em Josué 6.26. Depois
foi reconstruída por Herodes, o grande, que a reconstituiu e a embelezou. No
século XII da nossa era já não restava qualquer vestígio da existência de
Jericó (CHAMPLIN, 1995, p. 182). Parece que foi encontrada recentemente,
no ano de 97, pois estava totalmente soterrada.
E aqui temos Zaqueu, que era o chefe dos publicanos, isto é, os cobradores de
impostos. E ele, como chefe, recebia uma porcentagem de todos os impostos
cobrados. Mas o que era preciso para ser um publicano?
Era necessário possuir um capital forte, ter adquirido muitos bens. Então,
quando alguém se propunha a entrar para o tesouro, com certa soma, tinha de
oferecer as garantias que fossem suficientes. Ficava entendido entre eles que
o cobrador de impostos deveria receber em benefício do seu trabalho e em
recompensa aos riscos de sua profissão mais uma fração além daquilo que se
pagava ao governo.
A única exceção foi Mateus, que era fiel ao Senhor, mesmo sendo cobrador
de impostos. E o que podemos aprender com a vida de Zaqueu, um homem
execrado, chamado de justo, puro, que se encontrou com o Cristo da
compaixão?
Veja que coisa linda acontece nessa narrativa de Lucas. Zaqueu, apesar de ser
um publicano rico, responsável pelos impostos daquela cidade, apesar da sua
posição pública de ódio, de desprezo, de ser tão pequeno e não ter acesso no
meio da multidão para ver Jesus, não obstante quer ver Jesus, que é tão
falado, tão aclamado pelas multidões. Ele quer ver Aquele que cura, que
liberta, que fala coisas profundas acerca das Escrituras. Ele quer ver Aquele
que realiza mudanças incríveis e profundas na vida do ser humano. Zaqueu,
um homem abastado, se interessa por alguém que é maior do que o dinheiro.
Mas ele tem de vencer alguns obstáculos para contemplar Jesus:
1. O que as pessoas vão falar dele ao ver Jesus? Ele estará se expondo como o
chefe dos publicanos, alguém que, na cultura judaica, tem o valor de um cão.
2. Ele é baixinho e não consegue alcançar a estatura dos demais para
contemplar Jesus, para encontrar-se com Jesus.
Zaqueu não se preocupa com o fato de ser publicano nem de ser baixo. Ele
sobe em uma árvore e espera pela passagem do Filho de Deus, para que assim
se encontre com Ele.
Para mim, Zaqueu estava muito angustiado, triste, incomodado com sua
situação de chefe dos publicanos, pois mesmo sendo rico estava com um
vazio no coração. Ele era uma pessoa conhecedora dos padrões da Lei e
muito provavelmente já estava impaciente com seu estilo de vida, de
extorquir o dinheiro dos outros na cobrança dos impostos.
Creio que, por causa desse incômodo, o Espírito Santo de Deus começou a
despertar o coração de Zaqueu para as coisas que eram mais profundas do
que suas riquezas materiais, as coisas do Reino de Deus, a transformação do
coração.
É exatamente isso que Deus faz conosco. Ele mexe no nosso coração.
Quando as crises vêm, não são as riquezas que trazem a solução. As coisas
passageiras ajudam por um momento, mas a solução da dor no interior do
coração só Deus pode trazê-la.
O Pai leva Zaqueu para ver Jesus, sem nenhuma barreira, seja a de ser
publicano ou baixinho. O fato é que Zaqueu vai por causa do desejo que o
próprio Espírito Santo colocou no seu coração.
Louvado seja o Senhor, pois quando Ele coloca esse desejo no homem de
conhecê-lO, Ele não olha para cor, status, posses ou país. Ele olha pelo Seu
amor. Ele olha através de Jesus, através da cruz, Ele olha através da Sua
compaixão. Foi exatamente isso o que aconteceu na vida de Zaqueu, na
minha vida e na sua também!
Zaqueu fica maravilhado, encantado, pois sua vida estava vazia, árida e seca,
mas ele ouve alguém que nunca o viu chamálo pelo seu próprio nome. Esse
Jesus da cura, das palavras lindas, diz que vai entrar em sua casa, que é
odiada por todos os judeus. É por isso que o texto diz que Zaqueu O recebeu
com alegria. Porque Aquele que fala com Zaqueu sabe de todas as coisas, Ele
vê tudo, desnuda todo o nosso coração. Este é simplesmente o Filho do Deus
Altíssimo, que vai em busca daqueles que são Seus escolhidos e neles
derrama da Sua graça, do Seu favor imerecido, da Sua terna compaixão.
Zaqueu era desprezado, era indigno até de falar com Jesus. Ele era um ladrão,
e agora o Senhor dos senhores fala com ele, e é claro que ele estremece. E o
Senhor diz que vai ficar com ele na sua casa. Então a alegria aumenta ainda
mais, porque ninguém quer comer com um ladrão. No entanto, Jesus quer, e
para isso o chama pelo seu nome; e além de chamar pelo nome, quer ser
hóspede na casa de Zaqueu, o repudiado e execrado por todos.
Nós faríamos o mesmo. Talvez disséssemos: “Olhem este homem que entra
naquela casa para comer com um pecador. Não podemos colocar nossa fé
nele”. A murmuração era por causa da situação de Zaqueu, um extorquidor
de impostos. E Jesus é cortês, gentil, compassivo com um ladrão.
Com Deus não há medida de pessoas e sim da Sua vontade. E aqui há outro
motivo de louvor da nossa parte como filhos de Deus: de que Ele derrama
Sua graça, Sua compaixão sobre nós. Ele permite que contemplemos Sua
graça através de Jesus por causa do Seu amor e da Sua bondade para conosco.
“ A causa do amor de Deus ao ser humano não está no ser humano, mas
somente na própria graça e no próprio amor de Deus” (BONHOEFFER,
1985, p. 46).
UMA OVELHA E ABATÊ-LO OU VENDÊ-LO, TERÁ QUE RESTITUIR CINCO BOIS PELO BOI
E QUATRO OVELHAS PELA OVELHA” (Êxodo 22.1).
Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido . Aquele que era
chamado de pecador agora, arrependido dos seus pecados, é chamado por
Jesus de um verdadeiro filho de Abraão, ou seja, um filho da promessa, um
filho da aliança.
Conosco também é assim. Quando fomos tocados pela graça de Cristo, vimos
a nossa miséria, a nossa desolação, o quanto precisávamos do amor de Deus
em nosso coração. O Senhor Jesus nos resgatou dos nossos delitos e pecados.
“Não são os cristãos que moldam o mundo conforme suas idéias, mas é
Cristo que molda os seres humanos para a conformação com ele segundo a
sua graça e compaixão” (BONHOEFFER, 1985, p. 50).
Observe que eles não estão acreditando no que Jesus lhes dissera antes de ir
ao Calvário. Provavelmente estavam tristes, sem esperança, pois a maioria
dos discípulos não estava crendo na ressurreição, e com eles não poderia ser
diferente. Jesus diz: Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham?
(v. 17). E Cleopas pergunta a Jesus se Ele era o único que não sabia das
coisas que haviam acontecido em Jerusalém. No versículo 19 Jesus pergunta-
lhes que coisas eram essas. “O QUE ACONTECEU
E NÓS ESPERÁVAMOS QUE ERA ELE QUE IA TRAZER A REDENÇÃO A ISRAEL. E HOJE É
O TERCEIRO DIA DESDE QUE TUDO ISSO ACONTECEU. ALGUMAS DAS MULHERES
ENTRE NÓS NOS DERAM UM SUSTO HOJE. FORAM DE MANHÃ BEM CEDO AO
SEPULCRO E NÃO ACHARAM O CORPO DELE. VOLTARAM E NOS CONTARAM TER TIDO
UMA VISÃO DE ANJOS, QUE DISSERAM QUE ELE ESTÁ VIVO”.
Fico imaginando as diversas situações da nossa vida e o quanto agimos como
esses discípulos agiram. Às vezes parece que não acreditamos mais no poder
de Deus diante das lutas, das dificuldades. E também quando estamos bem.
Por quê? Porque quando estamos em dificuldades por vezes dizemos: “Nem
vou orar, porque Deus não responderá mesmo, eu não acredito que Ele faça
algo para mim”.
- Ah! O irmão fulano não vai mudar nunca, isso é uma peste ruim, não tem
como mudar. Não há esperança para este incircunciso.
- Ah! Minha esposa não me compreende, ela sempre será estúpida mesmo.
Sempre será insensível, ignorante, sem afeto, para essa não tem jeito, nem
Deus pode me ajudar nisso.
- Ah! Meu esposo é uma parada dura, não dá mais para aguentar, pastor, eu
quero me separar dele. Ele não me escuta, não liga para mim, me humilha e
não tem nem um pouco de sensibilidade para comigo. Não dá, desse jeito não
dá mesmo.
- Ah! Eu não posso crescer na Palavra e na oração, não dá, não dá. Eu não
tenho condições.
- Ah! Eu não vou mudar, eu sou assim mesmo, e a minha esposa tem de me
aceitar assim como eu sou.
PARA ENTRAR NA SUA GLÓRIA?” (vv. 25-26). Então Jesus passa a falar-lhes
acerca do que as Escrituras dizem sobre Ele. Eles pedem para que o homem
fique com eles, pois já era tarde. Quando estão à mesa, Jesus toma o pão, dá
graças, parte-o e dá a eles. E aí acontece algo profundo: “ENTÃO OS OLHOS
DELES
Eu creio que a fonte para crermos nas coisas que aparentemente são
impossíveis está na pessoa de Cristo, no toque que Ele mesmo dá em nós para
que creiamos na Sua ação.
Acredito que só podemos crer contra a esperança, como Abraão creu, quando
o Senhor vem e nos toca, quando nos sensibiliza. Do contrário, não há
nenhuma possibilidade de crer. Se Deus não agir em nosso coração para crer,
ficamos como os
discípulos de Jesus: “M AIS TARDE JESUS APARECEU AOS ONZE ENQUANTO ELES
COMIAM; CENSUROU-LHES A INCREDULIDADE E A DUREZA DE CORAÇÃO, PORQUE
NÃO ACREDITARAM NOS QUE O TINHAM VISTO DEPOIS DE RESSURRETO” (Marcos
16.14).
Os discípulos não creram nas palavras ditas pelo Senhor Jesus Cristo antes da
Sua morte e ressurreição, por isso, dentro do propósito de Deus, eles foram
néscios, insensíveis e tardios de coração para crerem (CHAMPLIN, 1995, p.
240).
Precisamos fazer, dia a dia, o mesmo que aquele homem que tinha um filho
lunático fez quando Jesus disse a ele: “TUDO É
POSSÍVEL ÀQUELE QUE CRÊ.” IMEDIATAMENTE O PAI DO MENINO EXCLAMOU:
“CREIO, AJUDA-ME A VENCER A MINHA
INCREDULIDADE!” (Marcos 9.23-24). Só depois que os olhos dos discípulos
foram abertos é que eles puderam dizer: “É VERDADE!
O SENHOR RESSUSCITOU E APARECEU A SIMÃO” (v. 34).
disse aos Seus discípulos: “F OI-ME DADA TODA A AUTORIDADE NOS CÉUS E NA
TERRA. PORTANTO, VÃO E FAÇAM DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES, BATIZANDO-
OS EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, ENSINANDO-OS A
OBEDECER A TUDO O QUE EU LHES ORDENEI. E EU ESTAREI SEMPRE COM VOCÊS,
ATÉ O FIM DOS
Que o Senhor nos dê motivação da parte d’Ele mesmo para fazermos isso,
para que assim reflitamos a cada dia a glória de Cristo em nosso viver e assim
anunciemos por nossa vida que Jesus está vivo e assentado à destra do trono
de Deus Pai.
ão podemos negar que o dinheiro é uma coisa muito boa. Com o dinheiro
você faz o que quiser. Quem tem dinheiro pode visitar o mundo e pode
conhecer
Você pode ter todas as delícias que a vida dá. Com o dinheiro você pode
conquistar muitas coisas. Pode ter um carro de luxo, um jet-ski, uma bela
casa em uma praia paradisíaca. Pode ter uma conta bem gorda. Enfim, pode
ter muita coisa, até amigos descartáveis, porque geralmente quem tem
dinheiro tem amigos. Mas depois, se você perde o dinheiro, também perde os
amigos.
Veja o que o dinheiro causou no coração desse jovem chamado de rico. Veja
onde não devemos depositar o nosso coração e onde encontramos a maior
riqueza do coração de um ser humano. Veja que, em última instância, não
dependemos dele para sermos realizados.
No contexto temos um jovem de muita qualidade que corre para estar diante
de Jesus, para colher informações sobre o Senhor Jesus. Esse jovem tem uma
moral exterior impecável. Ele parece um exemplo de espiritualidade.
As indagações desse jovem são fortes e muito profundas. Ele demonstra sua
espiritualidade quando se ajoelha diante de Jesus e depois mostra a
profundidade das suas indagações quando faz a seguinte pergunta: “Bom
mestre, que farei para herdar a vida eterna?”.
E aquele jovem responde a Jesus que isso tudo ele guardava desde a sua
mocidade. Ele foi por demais soberbo e orgulhoso. Ele se achava muito bom,
pois afirmou que guardava tudo desde a mocidade. Mas Jesus mostrou àquele
rapaz que ele era mau e que era necessário reconhecer a sua miséria. “Falta-
lhe uma coisa”, disse Jesus, “vá, venda tudo o que você possui e dê o
dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-
me”.
Jesus mostrou àquele rapaz que ser moralista, guardador da lei não era
suficiente. Ele mostrou para aquele jovem que ele conhecia o Senhor Jesus de
maneira superficial, não como o Filho do Deus Altíssimo. E o jovem,
pesaroso da palavra dita pelo Senhor Jesus, saiu triste, porque possuía muitas
riquezas. A tristeza daquele jovem foi por causa do seu coração. Por quê?
Porque seu tesouro estava não nos mandamentos de Deus, mas nas suas
riquezas. Por isso, ele levou um choque quando ouviu a palavra do Senhor
Jesus. Porque ele gostava do dinheiro, amava o dinheiro.
Veja que o jovem preocupa-se com a moralidade e não com o Deus Filho. A
preocupação era com os mandamentos. Aquele jovem queria uma religião
muito fácil, uma religião do mínimo. Ele disse: “O que eu tenho de fazer?
Ah! É só dar uma oferta para a casa de Deus e pronto, cumpri a lei, cumpri os
mandamentos”.
Perceba que ele diz ao Senhor Jesus que de fato guardava todos os
mandamentos desde a mocidade.Veja como ele foi soberbo e superficial na
sua afirmação, porque guardava aquilo que era fácil. Ele tinha uma religião
demasiadamente superficial. Porque vemos à frente que, quando de fato é
desafiado, ele recua, porque tinha só superficialidade na sua vida.
Você só conhece o Senhor por meio da Sua Palavra. Perceba que Jesus deu
seis mandamentos para aquele jovem, mas por causa da sua superficialidade
houve um ao qual ele não conseguiu obedecer, porque lhe faltava
relacionamento pela experiência com Jesus.
Você quer andar com Jesus? Conheça a Bíblia, esse livro santo que é a base
para a vida, que é alegria para o coração. Isso não é tolice não. Tolice é a
droga que muitos usam lá na esquina. Tolice é o cigarro, que leva muitos para
a morte. Tolice é o sexo feito para satisfazer apenas um momento da vida que
está uma desgraça e piora ainda mais porque a mulher ou o homem se sente
um objeto nas mãos do seu parceiro.
Jesus oferece uma caminhada de relacionamento com Ele para aqueles que se
arrependem e entregam sua vida a Ele. E isso só acontece quando Ele toca na
sua vida e perdoa seu pecado, sua miséria, sua rebelião contra ele.
Jesus disse para aquele jovem: “Falta-lhe uma coisa: vá, venda tudo o que
você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu.
Depois, venha e siga-me”.
Quando nos relacionamos com Deus, se faltar qualquer coisa, pode ter
certeza de que vai faltar absolutamente tudo. Se Deus nos disser: “Falta-lhe
uma coisa”, então falta mesmo.
Diante dessa realidade eu pergunto: onde está o nosso coração? Onde está o
seu coração, jovem? Nas riquezas, nos bens materiais ou no tesouro maior
que é o Senhor Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador?
Aquele jovem saiu triste porque o tesouro do seu coração estava nas suas
posses, por isso ele não pôde atender à voz do Senhor Jesus. Não podemos
jamais nos esquecer da palavra do
Senhor Jesus: “POIS ONDE ESTIVER O SEU TESOURO, AÍ TAMBÉM ESTARÁ O SEU
CORAÇÃO” (Mateus 6.21).
O jovem se entristeceu e foi embora (v. 22). Jesus, então, fala para os Seus
discípulos sobre a dificuldade que há para um rico entrar no Reino dos céus.
Mas o fato é que o Senhor Jesus não o interrogou e o deixou ir embora.
Talvez se este fato acontecesse em nosso meio, provavelmente diríamos:
“Não vá embora, a gente dá um jeitinho para você ficar aqui”.
A graça de Jesus não é algo barato, ela não é para todos! A graça de Jesus é
para aqueles que são chamados por Deus, para aqueles que são tocados por
Deus.
Há muitos hoje que estão procurando a solução para os problemas nas suas
riquezas, naquilo que o mundo pode oferecer. Mas saiba que a única fonte de
vida, a única fonte de salvação para o homem é o Senhor Jesus Cristo.
Nós, que fomos encharcados pela graça de Deus, por este presente tão
precioso, que é ter o Senhor Jesus como único e suficiente salvador, e não
pelas riquezas terrenas, devemos a cada dia louvar ao Senhor, pois não
merecíamos essa tão grande graça da parte de Deus.
Se você foi tocado por essa graça especial, ouvirá a doce voz de Jesus falando
ao seu coração: “Venha e lance todos os seus cuidados sobre mim. Dê-me o
seu coração porque ele agora não lhe pertence mais, ele é Meu, e Eu farei
dele aquilo que Me apraz. Agora, ande comigo e você será meu amigo e meu
servo”.
Se você ouve essa voz do Senhor Jesus no seu interior, você começa hoje a
desfrutar de um relacionamento não superficial, mas amigo e verdadeiro com
o Ele. E com certeza você não ouvirá o contrário: “Falta-lhe uma coisa”.
O texto nos informa que Jesus, depois de ensinar no templo, foi para o monte
das Oliveiras e de manhã cedo voltou para o templo, e todo o povo foi ter
com Ele. De repente, os escribas e fariseus, homens da religião judaica,
levam uma mulher que fora apanhada em adultério e colocam-na diante de
todos. Chamam Jesus e dizem que aquela pecadora foi pega em adultério. E
como eles eram muito religiosos, seguiam à risca a Lei de Moisés segundo
Levítico 20.10 e Deuteronômio 22.22, dizem a Jesus que a Lei manda que os
que são pegos em adultério devem ser apedrejados (vv. 4 e 5). Eles tentam
Jesus para acusá-la.
Eles eram peritos e eruditos na Lei Mosaica e estavam ligados aos sacerdotes
e fariseus do Novo Testamento. Por isso agiram dessa forma com aquela
mulher e para questionarem Jesus por não seguir à risca os rituais da Lei oral
em Israel.
Eles levam essa mulher e a expõem diante de todos sem nenhuma compaixão.
Eles a apresentam a Jesus e ainda O chamam de Mestre. Que hipocrisia, que
falsidade! Eles não estavam preocupados com o bem moral da comunidade.
Não estavam nem um pouco preocupados em cuidar do coração daquela
mulher. Eles simplesmente queriam atacar Jesus. Com isso, Jesus os ignora
por algum tempo escrevendo algo na areia. Alguns dizem que talvez fosse o
pecado de cada um. Outros, os dez mandamentos, especificamente o do
adultério. Como não sabemos o que de fato era, silenciamos. E Jesus se
levanta e diz a todos que ali estão: “Se algum de vocês estiver sem pecado,
seja o primeiro a atirar pedra nela”. E o texto afirma que Ele se inclinou
novamente e voltou a escrever na terra.
Parece-me que no século XXI não houve muita mudança, pois vemos pessoas
na sociedade e na Igreja que se acham as donas da verdade, se acham as mais
justas e as melhores e desprezam os outros que estão ao redor.
Eu sou tão pecador quanto o meu próximo. Quanto mais indiferente fico com
respeito ao pecado, menos eu entendo a minha miséria e mais eu olho para os
erros dos outros. Não somos melhores do que os outros.
Em nenhum momento Jesus negou o juízo de Deus, mas ensinou que cada
um deve aplicar em primeiro lugar a si mesmo. Seja no adultério, na mentira,
na falsidade, na inveja, no orgulho, todos nós somos pecadores e
necessitamos do toque de Deus através da Sua Palavra.
Quando Jesus afirma que aquele que não tivesse nenhum pecado fosse o
primeiro a atirar a pedra, Ele mostra que só Deus tem o poder de julgar uma
pessoa. Então, como aqueles miseráveis e hipócritas tinham o direito de
julgar se eles mesmos eram tão pecadores como aquela mulher?
O que a Palavra fala sobre esse cuidado?
A Palavra afirma em João 5.27 que a autoridade de julgar é
de Deus, dada a Jesus: “E DEU-LHE AUTORIDADE PARA JULGAR,
PORQUE É O FILHO DO HOMEM”. Em Mateus 7.1.5 é dito: “NÃO
JULGUEM , PARA QUE VOCÊS NÃO SEJAM JULGADOS. POIS DA MESMA FORMA QUE
JULGAREM, VOCÊS SERÃO JULGADOS; E A MEDIDA QUE USAREM,TAMBÉM SERÁ
USADA PARA MEDIR VOCÊS. POR QUE VOCÊ REPARA NO CISCO QUE ESTÁ NO OLHO
DO SEU IRMÃO, E NÃO SE DÁ CONTA DA VIGA QUE ESTÁ EM SEU PRÓPRIO OLHO?
COMO VOCÊ PODE DIZER AO SEU IRMÃO: ‘DEIXE-ME TIRAR O CISCO DO SEU OLHO’,
QUANDO HÁ UMA VIGA NO SEU? HIPÓCRITA, TIRE PRIMEIRO A VIGA DO SEU OLHO, E
ENTÃO VOCÊ VERÁ CLARAMENTE PARA TIRAR O CISCO DO OLHO DO SEU IRMÃO”.
O texto mostra que todos foram embora e só Jesus ficou com ela e a
encorajou a não pecar mais. E deu uma palavra de esperança para o seu
coração. Ele disse: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua
vida de pecado”.
Referências bibliográficas
BOYER, Orlando. Heróis da fé. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
BONHOEFFER, D. Ética. São Leopoldo: Sinodal, 1985. BRUCE, F. F.
Comentário sobre o Evangelho de João. São Paulo: Vida Nova, 1990.
CHAMPLIN, R. N. Comentário sobre o Evangelho de Lucas. São Paulo:
Candeia, 1995, vol. II.
______________.Enciclopédia da Bíblia, teologia e filosofia. São Paulo:
Candeia, 1995, vol. II.
______________. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo -
Lucas. São Paulo: Candeia, 1995, vol. II. CLARKE, Adam. THE AGES
DIGITAL LIBRARY COMMENTARIES - CLARKE’S COMMENTARY THE
NEW TESTAMENT (AGES Software - Albany, Or., USA – Version 1.0 ©
1997 – Comentário – Books Forthe Ages, vol. 6 – John Through Acts).
DAVIDSON, F. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Juerp, 1985.
DAVIS, John. Dicionário da Bíblia. São Paulo: JUERP, 1988. FABRIS,
Rinaldo e MAGGIONI, Bruno. Os Evangelhos. São Paulo: Loyola, 1992,
vol. II.
94 - OS ENCONTROS DE JESUS
GONDIM, Ricardo. Fariseus e saduceus hoje. São Paulo: Abba Press, 1995.
GRÜN, Anselm. Despertar o cuidado. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.
LELOUP, Jean Yves. Terapeutas do deserto. São Paulo: Vozes, 2004.
MANNING, Brennan. O Evangelho maltrapilho. São Paulo: Mundo Cristão,
2006.
NICOLI, W. Robertson. The Expositor’s Greek Testament. Grand Rapids:
Eerdmans Publishing Company, 1956, vol. I. NOUWEN, Henri. Cartas a
Marc sobre Jesus. São Paulo: Loyola, 1999.
______________. Compaixão – Reflexões sobre a vida humana com paixão.
São Paulo: Paulus, 1998.
______________. Corações ardentes. Petrópolis: Vozes, 1996.
______________. Crescer – Os três movimentos da vida espiritual. São
Paulo: Paulinas, 2000.
______________. Meditações com Henri J. M. Nouwen. Rio de Janeiro:
Habacuc, 2003.
RONIS, Osvaldo. Geografia bíblica. São Paulo, JUERP, 1988. WILLARD,
Dallas. Renovação do coração. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
Editora Fôlego
Caixa Postal 16.610 CEP 03149-970 - São Paulo - SP
Caso queira conhecer outros lançamentos da Editora Fôlego, visite nosso site:
www.editorafolego.com.br