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Edifício Industrial
Engenharia Química
Júri
Julho 2021
ii
“Em simplicidade trabalhar”
iii
iv
Declaração:
Declaro que o presente documento é um trabalho original da minha autoria e que cumpre todos os
requisitos do Código de Conduta e Boas Práticas da Universidade de Lisboa.
v
vi
Agradecimentos
E assim chega o fim deste ciclo... Faltam-me palavras neste momento para exprimir a aventura que
foram estes 6 anos. Foi um turbilhão de emoções constante, houve muitos altos e baixos, no entanto,
todos estes momentos refletem um crescimento e uma aprendizagem enorme. Esta dissertação marca,
assim, o fim deste percurso, mas essencialmente o começo de um novo, com outras responsabilidades
e com a certeza de que não teria sido possível, sem o apoio de algumas pessoas que se cruzaram
comigo durante este tempo e a quem eu agradeço e dedico este trabalho.
As minhas primeiras palavras dirigem-se aos meus orientadores. Ao Professor Sebastião agradeço por
ter aceitado ser meu orientador e por me ter ajudado a conseguir entregar este trabalho. Ao Samuel, o
meu agradecimento por me ter acompanhado nestes meses de trabalho, por ter confiado em mim, pela
disponibilidade (mesmo quando às vezes não havia tempo), e pela praticidade e simplicidade com que
sempre transmitiu as ideias e os conhecimentos. A todos os colegas da Garantia de Qualidade que me
acompanharam na Cipan, pela forma como sempre me receberam e como se disponibilizaram sempre
a ajudar, o meu mais profundo obrigada. Foi um gosto trabalhar ao vosso lado. Sem esquecer a Eng.
Nazaré que me deu a oportunidade de realizar esta tese e a Eng. Marta que me auxiliou nas minhas
idas à instalação e acompanhou e ajudou em algumas etapas do trabalho.
Para os meus amigos, aqueles que viveram comigo, lado a lado, todos estes anos, os que partilharam
as longas horas de estudo/trabalho assim como as horas mais leves e de descontração, os que
vivenciaram as conquistas e as frustrações. Obrigada por terem estado sempre por perto,
independentemente de tudo. Sem vocês não teria sido possível nem tinha sido a mesma coisa. Foram
um dos grandes incentivos neste meu percurso e tenho a certeza de que vão continuar a ser na minha
vida. Não é um adeus, mas sim um até já.
E por último, mas dirigindo-me às pessoas mais importantes, agradeço aos meus pais e à minha irmã,
que são o meu maior apoio. Obrigada por me darem as bases para ser a pessoa que sou hoje e por
terem sempre feito de tudo para que eu pudesse chegar até aqui. O meu percurso deve-se a vocês. E
ao resto da minha família que acompanhou esta trajetória, em especial aos meus avós, com o desejo
de que, quer seja perto ou longe, se orgulhem sempre de mim.
A vocês todos dedico este trabalho que representa o fim dos 6 anos mais importantes da minha vida.
Agora que venham as próximas aventuras, estou pronta!
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viii
Resumo
A segunda parte do trabalho, visou a aplicação dos registos de limpeza, realização de alguns
runs de limpeza e consequente a obtenção dos resultados de modo a confirmar que o processo
desenvolvido é eficaz e reprodutível. Os resultados analíticos obtidos e os parâmetros calculados
através do Controlo Estatístico de Processo demonstraram que as especificações estabelecidas são
cumpridas sendo, assim, possível validar a limpeza da instalação.
ix
x
Abstract
One of the biggest challenges that pharmaceutical industries face is the contamination of
pharmaceutical products and/or active pharmaceuticals ingredients that can be caused by cleaning
agents, solvents, or microorganisms. Being one of the most rigorous and regulated industries,
equipment and facilities cleaning has become essential, as well as its validation. This prevents the
occurrence of contaminations and ensures the final product quality by reducing any risk to the
customer´s health. Any failure in this regard can imply a high loss of costs, resources, and time.
The objective of this work is the validation of existing equipment in Cipan building 13 used in
the production of a recent active pharmaceutical ingredient (API) on the market.
First, the work focused on the development of the cleaning equipment strategy, and coverage
tests were performed using the systems incorporated inside the equipment. These allowed to verify the
effectiveness of cleaning systems implemented in the equipment and then elaborate the cleaning reports
for each piece of equipment and the calculation of acceptance criteria.
The second part of the work aimed at applying the cleaning reports, performing some cleaning
runs, and consequently obtaining the results to confirm that the developed process is effective and
reproducible. The analytical results obtained, and the parameters calculated through the statistical
process control demonstrated that established specifications are met and, thus, it is possible to validate
the cleaning of the facility.
Keywords: Validation, Cleaning, Coverage, TOC, Active Pharmaceutical Ingredient, Statistical Process
Control
xi
Índice
Agradecimentos .............................................................................................................................. vii
Resumo ............................................................................................................................................ix
Abstract ............................................................................................................................................xi
1. Introdução..................................................................................................................................1
2. Descrição do produto................................................................................................................3
xii
3.9.5. Medição de pH .................................................................................................... 22
3.10. Critérios de Avaliação ...................................................................................................... 23
3.10.1. Cálculo dos limites residuais com base na dose terapêutica ................................ 23
3.10.2. Cálculo dos limites residuais considerando os dados de NOAEL (Nível de efeito
adverso não observável).................................................................................................. 24
3.10.3. Cálculo dos limites residuais considerando os dados de dose letal 50 - LD50 ....... 25
3.10.4. Limite Geral ......................................................................................................... 26
3.10.5. Cálculo do limite de Carbono Orgânico Total ....................................................... 26
3.11. Tempo de Espera Sujo e Tempo de Espera Limpo ........................................................... 27
4. Metodologias ........................................................................................................................... 32
5.3. Runs de Limpeza – Inspeção Visual nas Runs de Limpeza entre Lotes............................ 61
6. Conclusões .............................................................................................................................. 71
7. Referências .............................................................................................................................. 73
Anexos ............................................................................................................................................ 76
xiii
Índice de Figuras
Figura 1. Fórmula estrutural da molécula de D ....................................................................................3
Figura 10. Gráfico de distribuição normal com os defeitos concentrados em apenas um lado da
curva................................................................................................................................................. 30
Figura 11. Estado do RAP685 após pulverização com riboflavina (observação com luz UV) .............. 36
Figura 12. Estado do RAP685 após passagem com água (observação com luz UV) ......................... 36
Figura 13. Estado do RAP602 após pulverização com riboflavina (observação com luz UV).............. 37
Figura 14. Estado do RAP602 após passagem com água (observação com luz UV) ......................... 37
Figura 15. Dados a preencher antes de iniciar a limpeza a qualquer equipamento ............................ 44
Figura 16. Representação do RAP685 e F605 - corte do Flowsheet da linha de produção de B. ....... 45
Figura 18. Análise estatística - Gráfico de Controlo dos resultados de TOC da primeira run de
limpeza ............................................................................................................................................ 64
Figura 19. Análise estatística – Análise de Capacidade do processo de limpeza para valores de TOC
da primeira run de limpeza CoL......................................................................................................... 65
Figura 20. Análise estatística - Gráfico de Controlo dos resultados de TOC da segunda run de
limpeza ............................................................................................................................................. 66
Figura 21. Análise estatística – Análise de Capacidade do processo de limpeza para valores de TOC
da segunda run de limpeza CoL ........................................................................................................ 67
Figura 22. Análise estatística - Gráfico de Controlo dos resultados de TOC da terceira run de
limpeza ............................................................................................................................................. 68
Figura 23. Análise estatística – Análise de Capacidade do processo de limpeza para valores de TOC
da terceira run de limpeza CoL ......................................................................................................... 68
xiv
Figura 24. Comparação das cartas de Controlo obtidas dos resultados de TOC correspondentes à
segunda e terceira runs de limpeza................................................................................................... 70
xv
Índice de Tabelas
Tabela 1. Descrição dos documentos de apoio ao processo de validação. ..........................................8
Tabela 8. Lista dos Métodos Analíticos e respetivos limites de deteção (LD) e quantificação (LQ). .... 20
Tabela 11. Fatores de Segurança de acordo com modo de administração do produto. ...................... 24
Tabela 13. Inventário dos Equipamentos utilizados na linha de produção do intermediário A. ............ 33
Tabela 14. Inventário dos Equipamentos utilizados na linha de produção do intermediário B. ............ 33
Tabela 16. Áreas de superfície calculadas para os equipamentos presentes na instalação. ............... 35
Tabela 28. Datas de realização das 3 runs de mudança de linha para os equipamentos da linha de
produção de A. ................................................................................................................................. 52
xvi
Tabela 29. Datas de realização das 3 runs de mudança de linha para os equipamentos da linha de
produção de B. ................................................................................................................................. 53
Tabela 30. Datas de realização das 3 runs de mudança de linha para os equipamentos da linha de
produção de D. ................................................................................................................................. 54
Tabela 31. Resultados analíticos – Runs de limpeza para mudança de linha da linha de produção do
intermediário A. ................................................................................................................................ 56
Tabela 32. Resultados analíticos – Runs de limpeza para mudança de linha da linha de produção do
intermediário B. ................................................................................................................................ 58
Tabela 33. Resultados analíticos – Runs de limpeza para mudança de linha da linha de produção da D.
......................................................................................................................................................... 60
Tabela 34. Resultados obtidos das 3 runs de limpeza entre lotes para os equipamentos da linha de
produção de A. ................................................................................................................................. 62
Tabela 35. Resultados obtidos das 3 runs de limpeza entre lotes para os equipamentos da linha de
produção de B. ................................................................................................................................. 62
Tabela 36. Resultados obtidos das 3 runs de limpeza entre lotes para os equipamentos da linha de
produção de D. ................................................................................................................................. 63
xvii
Lista de Símbolos e Abreviaturas
A Área (m2)
AM Amplitude Móvel
CO Carry-Over
xviii
L1 Limite no produto subsequente
LD Limite de Deteção
LQ Limite de Quantificação
NOAEL No Observed Adverse Effect level (nenhum nível de efeito adverso observável)
PM Peso Molecular
V Volume (m3)
x Valor Médio
σ Desvio padrão
xix
xx
1. Introdução
Esta dissertação pretende definir todo o processo de validação de limpeza dos equipamentos
existentes no Edifício 13 da Cipan, dedicado exclusivamente à produção de D que, por sua vez, já era
anteriormente produzida pela empresa, mas noutra instalação onde se realizava também a produção
de outras tetraciclinas. A validação ocorre durante o arranque da produção no mesmo.
1
nomeadamente de Tetraciclinas, utilizadas na produção de medicamentos de consumo humano e
veterinário. Segundo o INFARMED, um API define-se como “qualquer substância ou mistura de
substâncias que, quando utilizada no fabrico de um medicamento, se torna um princípio ativo dessa
formulação, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica para restaurar, corrigir ou
modificar funções fisiológicas ou estabelecer um diagnóstico médico”. [1] A produção destes princípios
ativos é realizada na empresa por via de dois processos: a fermentação e a síntese química.
De forma a corresponder sempre aos requisitos exigidos, a Cipan é frequentemente auditada por
clientes e inspecionada por entidades reguladoras como a Autoridade Nacional do Medicamento e
Produtos de Saúde (INFARMED) e a US FDA (United States Food and Drug Administration).
Em setembro de 2016, a empresa foi adquirida pelo Grupo SuanFarma que se dedica ao
desenvolvimento, produção e comercialização de matérias-primas e produto acabado para os setores
farmacêutico, biotecnológico, veterinário, nutricional e cosmético.
Em 2015, a Cipan produziu os primeiros lotes de engenharia de uma substância ativa para um novo
medicamento lançado nos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2019. Aprovado em outubro de
2018 pelas autoridades americanas, o "CONFIDENCIAL" tem como substância ativa a D, produzida na
Cipan. A produção comercial do produto (após validação) pela empresa iniciou-se em 2017. Desde este
ano, a empresa tem vindo a investir numa unidade com o objetivo de ser dedicada à produção da
substância referida. Em agosto de 2020, deu-se início ao arranque da produção de D na instalação e,
consequentemente, às validações do processo e de limpeza dos equipamentos. [2]
No que diz respeito à Cipan, esta desenvolve e fabrica produtos de acordo com as cGMP e com os
rigorosos padrões internacionais de qualidade, pelo que, todos os aspetos da produção, desde a
seleção de matérias-primas até a fabricação e o teste, são avaliados ao detalhe.
2
2. Descrição do produto
As tetraciclinas, descobertas nos finais de 1940, são substâncias ativas de determinados
medicamentos que se caraterizam por apresentarem um amplo espetro de atividade anti-bacteriana. O
estudo das tetraciclinas tem sido um tópico de interesse para muitos investigadores pelo que, até aos
dias de hoje, existem três gerações desta família. A primeira geração inclui tetraciclinas obtidas a partir
de biossíntese (1948 a 1963), a segunda geração engloba tetraciclinas obtidas por semi-síntese
(biossíntese e síntese química) (1965 a 1972) e a terceira geração engloba tetraciclinas obtidas
somente por síntese química [5]. A clorotetraciclina e a oxitetraciclina foram as primeiras a ser
descobertas deste grupo de antibióticos sendo que posteriormente foram introduzidas mais tetraciclinas
no mercado. A Cipan tem capacidade de produção de tetraciclinas de todas as gerações:
Clorotetraciclina de 1ª geração, Limeciclina, Cloridrato de Tetraciclina e Cloridrato de Minociclina de 2ª
geração começou recentemente a produzir a Omadaciclina de 3ª geração, sendo este considerado o
primeiro composto de uma nova classe – as Aminometilciclinas.
A D (Figura 1), de fórmula estrutural de C29H40N4O7, foi aprovada pela U.S. Food and Drug
Administration (FDA) em 2018, sendo prescrita em casos de pneumonia bacteriana adquirida na
comunidade (CAPB) e infeções bacterianas agudas de pele e de estrutura de pele (ABSSSI) em
adultos. Comporta-se de forma semelhante às tetraciclinas, apresentando uma estrutura cristalina
estável que, comparando com a estrutura das mesmas, difere na posição C9 por apresentar um grupo
aminometil. Esta modificação resulta no aumento do espetro de atividade antimicrobiana, superando a
resistência caraterística das tetraciclinas de geração mais antiga via proteínas de proteção ribossomal
e mecanismos de bomba de efluxo (proteína que remove o antibiótico das células). [6] A D,
desenvolvida e comercializada pela Paratek Pharmaceuticals, utilizada como API final do medicamento
Nuzyra apresenta-se sob a forma de um sal (Tosilato de Omadacicilina), sendo que a Cipan produz
apenas a base livre e não-purificada (D).
CONFIDENCIAL
A D carateriza-se por ser um sólido amarelo a laranja, facilmente solúvel em solventes polares
como a água, álcoois e semelhantes. O processo de produção deste produto, de uma forma sintetizada,
envolve o fabrico de dois intermediários, denominados pela Paratek Pharmaceuticals como A e B e é
realizado através de três passos de síntese:
Passo 1 - CONFIDENCIAL.
Passo 2 - CONFIDENCIAL.
Passo 3 - CONFIDENCIAL.
Por último, a D obtida passa por um processo de purificação através de HPLC, seguido de
cristalização e formação de sal, para obter o API final (Tosilato de D). [7]
3
CONFIDENCIAL
CONFIDENCIAL CONFIDENCIAL
4
3. Estado de Arte
Desde os anos oitenta do século XX que a validação de limpeza é um tema em desenvolvimento
sendo nesta altura que o conceito de validação na indústria farmacêutica ganhou uma grande
relevância. Este tema ganhou destaque devido ao conflito gerado quando muitas empresas, após
serem inspecionadas pelo FDA, foram obrigadas a seguir as normas de validação de limpeza propostas
por esta entidade reguladora. Estas normas incidiam bastante na validação de limpeza e algumas das
empresas decidiram aprofundar os processos de limpeza. Em 1984, Samuel Harder publicou o artigo
“The Validation of Cleaning Procedures”, onde introduziu alguns aspetos a ter em conta num processo
de validação de limpeza. Estes focavam-se essencialmente no estabelecimento de limites de aceitação
que, segundo o autor, deviam ser práticos e alcançáveis por um processo de limpeza razoável,
verificáveis por metodologias analíticas existentes nas empresas e também seguros, aceitáveis e
concordantes com os limites de resíduos estabelecidos para várias substâncias, ideias essas ainda
aplicadas nos dias de hoje.
Em 1988, um incidente causado por um fornecedor do API Resina Colestiramina (USP) alertou a
FDA para o impacto que a contaminação cruzada pode causar num produto final. Neste caso, o produto
teve de ser recolhido por apresentar baixos níveis de intermediários e contaminantes provenientes da
produção de pesticidas agrícolas. Acredita-se que a contaminação cruzada em questão teve origem no
uso de barris, previamente utilizados para a recuperação de solventes na produção de pesticidas
agrícolas, que não foram limpos apropriadamente durante a produção do API. Este incidente, para além
da consciencialização, por parte da FDA, para o risco que a contaminação cruzada de um processo de
limpeza não validado pode acarretar para a indústria, alertou a mesma para a importância da validação
tanto de um processo de produção como de limpeza.
Um ano depois, como complemento às ideias previamente referenciadas por Harder, Doug
Mendenhall dos Laboratórios Abbot, num capítulo denominado “Cleaning Validation” publicado pelo
próprio na Drug Development and Industrial Pharmacy, introduziu o uso da inspeção visual, a utilização
de uma abordagem de matriz e a realização de testes para os agentes de limpeza (Lotes de placebo).
Entre os anos 1989 e 1992, os laboratórios Barr foram inspecionados pela US FDA e, como
resultado, surgiu algumas questões quanto à interpretação das GMPs e, consequentemente, originou
um processo-crime contra a empresa em junho de 1992. Em fevereiro do ano seguinte, após avaliar o
caso, o juiz responsável decretou que, para além da perda do processo e o cumprimento de injunção
para os Laboratórios Barr, todo o processo de limpeza industrial teria de ser validado obrigatoriamente
e, como consequência pela falta de validação do mesmo aquando do fabrico de um determinado
medicamento já na fase comercial, a maioria dos lotes fabricados até à data teriam de ser retirados do
mercado. Para além disto, a decisão final do julgamento decretou que a US FDA deveria descrever
normas claras sobre os seus requisitos em termos de validação de processos e associados aquando
de uma inspeção. Este acontecimento fez com que as indústrias passassem a ter uma visão mais
concreta no que toca a políticas de validação de limpeza e as auditorias/inspeções passaram a ter uma
maior incidência neste tema. Com este novo foco, a Pharmaceutical Manufacturers Association (PMA),
5
agora conhecida por PhRMA, procurou perceber, junto dos seus membros, de que forma é efetuada a
validação em cada empresa e quais os pontos de maior atenção, focando na definição de limites de
aceitação. Os resultados demonstraram uma enorme inconsistência de empresa para empresa e uma
escolha de limites feita, muitas vezes, de forma arbitrária. Como forma de melhoramento, surgiram
duas ideias: o uso de limites baseados nas doses terapêuticas e os limites definidos arbitrariamente.
Não deve estar presente mais de 0,001 da dose de qualquer produto na dose diária máxima de
outro produto;
Não deve estar presente mais de 10 ppm do produto de outro produto;
Não deve ser visível nenhuma quantidade de resíduo no equipamento após execução dos
procedimentos de limpeza.
Este artigo foi a primeira publicação com critérios específicos e definidos para a determinação dos
limites de aceitação de validação de limpeza e é utilizado desde então pelas indústrias farmacêuticas
quando o tema é a validação de limpeza.
Por último, em 1998, a Parenteral Drug Association (PDA) criou um relatório - Relatório Técnico PDA
No.29 "Pontos a Considerar para a Validação de Limpeza", com o objetivo de resumir todo o raciocínio
atual e descrever os elementos considerados fundamentais para um bom programa de validação de
limpeza, incluindo o estabelecimento de limites de aceitação que devem ser determinados não
arbitrariamente, mas sim de acordo com uma base lógica e científica. Este relatório, em conjunto com
as linhas orientadoras referidas no documento “Guidance on aspects of Cleaning Validation on active
pharmaceutical ingrediente plants”, da APIC (Active Pharmaceutical Ingredients Comittee) são, até aos
dias de hoje, os documentos que melhor descrevem e definem as caraterísticas de uma boa validação
de limpeza. [8]
6
Um processo de validação é realizado em condições de comercialização e geralmente aplicado em
situações de arranque de uma instalação, como o caso que se vai estudar nesta dissertação, ou sempre
que ocorra alguma alteração num processo, quer seja no processo em si ou em produtos e/ou
equipamentos. É definido pelo FDA como um processo contínuo de recolha e avaliação de dados, que
estabelecem evidências científicas de que um processo é capaz de produzir produtos de qualidade de
maneira consistente e reprodutível. [9] Com o propósito de garantir que as especificações do projeto
original até aos requisitos do cliente final são cumpridas consecutivamente, este processo inclui três
etapas que devem ser realizadas ao longo do ciclo de vida do processo ou do produto (desde a fase
de desenvolvimento até ao uso final pelo cliente), com um ciclo de feedback contínuo. [10] As três fases
do ciclo de vida de um processo (Figura 5), descritas de seguida, podem ser aplicadas não só a
processos de fabrico de um ou mais produtos, mas também a qualquer outro processo existente numa
instalação, como o de limpeza de equipamento e designam-se por:
7
3.1.2. Fase 2: Qualificação do Processo
A segunda fase de um processo de validação pretende avaliar o delineamento do processo quanto
à capacidade de garantir a reprodutibilidade do mesmo. Assim, devem ser consideradas duas etapas:
a de Qualificação dos Equipamentos e Utilidades e a Qualificação de Desempenho do Processo. A
primeira pretende avaliar o desenho da instalação, a fim de assegurar o cumprimento dos parâmetros
definidos na fase 1 e a reprodutibilidade do processo de limpeza. Por outro lado, a Qualificação de
Performance do Processo avalia a funcionalidade do processo de limpeza e envolve a elaboração de
um protocolo de validação de limpeza onde, para além da descrição do processo em si, são definidos
os critérios de aceitação para os limites de resíduos, o tipo de amostragem e o número de runs de
validação. Os métodos analíticos usados para a deteção de resíduos presentes nas amostras
recolhidas devem ser validados antes da execução dos runs de validação. Nesta fase, a Cipan tem
como abordagem a construção de três documentos de apoio como adaptação aos requisitos gerais
descritos nas guidelines (EMA - ICH Q7 [3]). Estes devem ser preenchidos pela equipa responsável
pela limpeza antes de se avançar com a aplicação dos procedimentos de limpeza aos equipamentos e
encontram-se descritos na Tabela 1.
Documento Descrição
8
3.1.3. Fase 3: Verificação Contínua do Processo
O principal propósito da Verificação Contínua de Processo é a aplicação dos processos de limpeza
aos equipamentos e, consequentemente, garantir de uma forma contínua que o processo decorre como
o suposto e que permanece em estado de controlo durante a sua vida útil. Para tal, a identificação de
problemas e a determinação de ações de correção e prevenção desses mesmos problemas são
imprescindíveis. A validação de um processo consiste, assim, na execução de, no mínimo, três (3)
repetições (runs) consecutivas do procedimento de limpeza a cada equipamento, e com todos os
resultados de acordo com os limites estabelecidos. Recorrendo à aplicação de técnicas de Controlo
Estatístico de Processo (como cartas de controlo) é possível monitorizar os parâmetros de controlo
considerados críticos. Os dados recolhidos devem ser avaliados num relatório de validação de limpeza
e devem estar em conformidade com o definido na fase 1 de um processo de validação. Sempre que
houver alterações nos parâmetros avaliados nas fases anteriores, por exemplo no procedimento de
limpeza, mudança de agente de limpeza ou até mesmo no processo ou equipamento, o estado de
validação deve ser novamente avaliado e, se necessário, deve ser realizada uma nova validação ao
processo. [11]
Uma validação de limpeza, por norma, engloba as estratégias para diferentes situações tais como
Mudanças de Linha, Limpeza entre Lotes, Equipamentos Novos e até após a manutenção, se a limpeza
for afetada.
9
Tabela 2. CPPs e CQAs associados aos processos de limpeza. [12]
Para além de todas as informações relacionadas com a preparação da solução de agente de limpeza
a utilizar e com a desmontagem de peças do equipamento, o procedimento de limpeza deve ser
construído com base nos passos descritos de seguida:
1. Pré-limpeza para remoção mecânica, com agente apropriado: remoção de substâncias não-
aderentes e “grossos;
2. Ciclo de limpeza com agente de limpeza: remoção de substâncias solúveis e resíduos secos;
3. Neutralização do agente de limpeza: remoção do agente de limpeza;
4. Desmontagem: Desmontagem de partes do equipamento como potenciais locais de
acumulação de resíduo e difíceis de limpar para limpeza manual;
5. Ciclo de limpeza com agente de limpeza (final): Remoção de possíveis remanescentes de
resíduos de produto e de possíveis resíduos sólidos originados durante as operações de
desmontagem e de montagem;
6. Neutralização do agente de limpeza: Remoção do agente de limpeza (se aplicável);
7. Verificação da remoção do produto: Verificação analítica da remoção do produto e inspeção
visual;
8. Ciclo de secagem: Secagem do equipamento para permitir uma correta inspeção visual e para
evitar proliferação microbiana;
9. Limpeza para remoção do agente de limpeza: Remoção do agente de limpeza;
10. Verificação da remoção do agente de limpeza: Verificação analítica da remoção do agente de
limpeza;
11. Ciclo de secagem: Secagem do equipamento para permitir uma correta inspeção visual e para
evitar proliferação microbiana;
12. Inspeção visual: Verificação visual da limpeza do equipamento;
13. Ciclo de secagem: Secagem do equipamento para permitir uma correta inspeção visual e para
evitar proliferação microbiana;
14. Inspeção visual: Verificação visual da limpeza do equipamento;
10
15. Preparação do equipamento com o solvente de processo da próxima utilização (anidrificação):
Preparação do equipamento para a próxima utilização. [34]
Dentro da limpeza automática, destacam-se dois termos: o CIP (Clean in Place) e o COP (Clean out
Place). O termo CIP (limpeza no local) refere-se a um sistema totalmente automatizado, que depende
pouco do operador. Estes sistemas são, normalmente, utilizados para limpar equipamento de grandes
dimensões. Por sua vez, o termo COP (Limpeza fora do local) ocorre quando parte do equipamento ou
o equipamento completo é removido ou transportado para uma zona destinada à limpeza do mesmo e
11
o processo de limpeza é executado automaticamente ou manualmente. Neste método, a localização
das peças e a desmontagem dos equipamentos são críticos para o sucesso da limpeza.
A instalação em estudo é automatizada, através do programa DeltaV, conhecido por ser de fácil uso
e por simplificar a complexidade das operações realizadas, diminuindo o risco do processo. As cargas
são efetuadas através de um mecanismo denominado de PBX que consiste num sistema de cargas de
solventes organizadas através de mangueiras onde a transferência é controlada por caudalímetros
mássicos.
De modo a determinar a criticidade de cada equipamento, bem como o possível impacto do carry-
over, para cada unidade de produção devem ser criadas duas matrizes: uma matriz dos equipamentos
e uma matriz de resíduos. A matriz de equipamentos é construída considerando as caraterísticas dos
equipamentos em estudo (geometria, material de construção, a área de superfície, volume total e as
zonas de potencial acumulação de contaminantes e potenciais resíduos presentes como solventes
residuais e produtos de degradação) e os procedimentos de limpeza a executar. Após a sua construção,
os equipamentos com caraterísticas semelhantes devem ser agrupados em grupos de validação para
permitir uma redução do esforço de validação.[31] Por outro lado, para cada grupo de validação, pode
ser construída uma matriz de resíduos para que se possa identificar o pior caso de contaminação para
cada grupo. Os resíduos devem ser avaliados e classificados com base na toxicidade (Tabela 3),
solubilidade (Tabela 4) e dificuldade de limpeza (Tabela 5).
12
Tabela 3. Classificações tendo em conta os valores de ADE/PDE ou LD50. [13]
1 > 500 µg
2 100-500 µg
3 10-99 µg
4 1-9 µg
5 < 1 µg
1 Muito solúvel ≤ 1 ml
2 Livremente solúvel 1 ml – 10 ml
3 Solúvel 10 ml – 30 ml
1 Fácil
2 Médio
3 Difícil
Após a avaliação dos três parâmetros acima descritos, é possível construir uma matriz de
criticidade, para a determinação do pior caso em estudo. A obtenção do grau de criticidade do resíduo
é feita através da multiplicação dos fatores descritos na Tabela 3, Tabela 4 e Tabela 5. Existem três
graus de criticidade consoante os valores obtidos:
13
Criticidade Moderada (Limpeza de nível 1) – Se a classificação for de 31 a 70;
Criticidade Elevada (Limpeza de nível 2) – Se a classificação for de 71 a 105;
De acordo com a avaliação de risco e uma vez que os APIs e os intermediários são produzidos em
equipamentos multipurpose o que torna a validação mais complexa, o conceito de diferentes níveis de
limpeza surgiu com o propósito de simplificar todo o processo de validação e diminuir o número de
procedimentos de limpeza necessários por equipamento. Quanto mais alto o nível, maior a necessidade
de limpeza e mais rigorosos os critérios de aceitação para o carry-over. [13]
O nível 0 de limpeza corresponde a uma criticidade baixa de resíduo, ou seja, a sua limpeza é
reduzida e o carry-over do produto anterior não é crítico (baixo risco). Requer apenas inspeção visual
e a validação de limpeza não é necessária. Este nível é aplicado sempre que:
Por sua vez, o nível 1 é o nível onde a quantidade transferida e proveniente do produto anterior
apresenta uma criticidade moderada. O processo de limpeza deve reduzir o carry-over até valores limite
menos restritivos que no nível mais crítico (nível 2). Requer tanto inspeção visual como verificação
analítica, sendo a validação de limpeza recomendada. É aplicável nas seguintes situações:
Se o equipamento for utilizado apenas para um passo do processo, de acordo com a criticidade do
carry-over de cada lote de intermediário para o seguinte
Se o equipamento é utilizado para a produção de intermediários não consecutivos no processo,
pelo mesmo critério;
Se um dos intermediários produzidos no equipamento corresponder a passos finais do processo
de síntese.
O nível mais crítico é o nível 2 onde o carry-over do produto anterior é considerado crítico (alto risco)
e o processo de limpeza deve garantir a redução deste até limites aceitáveis. Como tal, requer tanto
inspeção visual como verificação analítica e a validação de limpeza é obrigatória. Aplica-se este nível
nas seguintes situações:
14
Sempre que o equipamento for utilizado para a produção do API final (purificação e operações
finais);
Se o equipamento for utilizado para a produção de intermediários e esses corresponderem a
passos finais do processo de síntese ou a passos de purificação ou isolamento do processo de
síntese;
Se o equipamento for utilizado para a produção de intermediários não consecutivos no processo,
dependendo da criticidade do carry-over de cada intermediário para o seguinte.
A Figura 6 apresenta um esquema que resume os tipos de limpeza consoante as diversas transições
possíveis durante a produção de um API.
Figura 6. Esquema dos níveis de limpeza consoante as transições realizadas. Fonte: [13]
15
Este composto caracteriza-se por ser uma vitamina amarela, muito presente em alguns alimentos,
solúvel em água e que apresenta fluorescência sob uma luz negra ou luz UV.
O procedimento começa com a preparação de uma solução aquosa com 0,2 g/L de riboflavina
que é, de seguida, pulverizada pela superfície do equipamento a limpar através de mecanismos
específicos (como pulverizadores) até que todo o equipamento esteja coberto com a solução (verificar
com a ajuda da luz UV). [15] Após deixar a riboflavina secar durante um período de tempo, é realizado
um enxaguamento via sistema CIP, utilizando água purificada como agente de limpeza. O volume de
enxaguamento é previamente calculado pela Equação 1.
A equação representa uma relação empírica entre a área da superfície interna do equipamento
e o volume de limpeza a utilizar. O volume do agente de limpeza deverá ter em conta os caudais
necessários para o correto funcionamento do sistema CIP de limpeza, volume mínimo de agitação do
equipamento e o conhecimento adquirido durante o desenvolvimento do procedimento de limpeza
antes da validação.
16
3.8. Seleção do Método de Amostragem
Após a execução do procedimento de limpeza, e apenas se o equipamento estiver visualmente
limpo, é necessário amostrar as superfícies de contacto, de modo a determinar se o nível de resíduos
presente é inferior aos critérios definidos através de métodos analíticos e, consequentemente,
confirmar se o equipamento se encontra efetivamente limpo.
As amostragens por swab e por rinse são as duas técnicas mais comuns para a recolha de amostras
em superfícies limpas. A escolha do método de amostragem é feita com base nas caraterísticas dos
equipamentos e na acessibilidade física às superfícies ou partes dos equipamentos a serem limpos
sendo que idealmente se deveria optar pela combinação dos dois métodos. [16] Para tal, é elaborado
um plano de amostragem onde se definem os locais, métodos de amostragem e o número de amostras
por local amostrado para que estas sejam representativas de todo o equipamento. Os locais
selecionados para a recolha de amostras, num determinado equipamento, devem ser as áreas mais
difíceis de limpar (pontos críticos – Tabela 6), ou seja, onde os resíduos de produto possam ficar
acumulados, caso a limpeza não tenha sido adequada.
Cúpula
Superfície lateral correspondente ao limite de volume de trabalho
Zona inferior do agitador junto às pás (quando aplicável)
Zona da válvula de fundo
Anti-vórtice (quando aplicável)
Reatores
Soldaduras (quando aplicável)
Bengala (quando aplicável)
Deep pipe (quando aplicável)
Válvula de carga de sólidos (quando aplicável)
Local junto à porta-de-homem
Superfície interna
Secadores Bicónicos Zona do bocal de descarga
Tampa e dispositivo de aplicação de vácuo
Superfície interna
Filtros
Superfície das telas
17
A Tabela 7 apresenta os métodos analíticos utilizados nos diferentes tipos de limpeza abrangidos no
estudo da validação.
Esta técnica é muito utilizada por possibilitar a recolha de amostra em áreas acessivas, mas difíceis
de limpar, a avaliação direta da superfície contaminada assim como a remoção física de substâncias
insolúveis ou praticamente insolúveis de superfícies de equipamentos. No entanto, esta técnica não é
fácil de implementar em equipamentos de grandes dimensões, uma vez que a área de superfície
amostrada é reduzida, e o resíduo contaminante pode não ser solúvel no solvente de lavagem
requerendo atenção para a sua escolha.
1
Especificações água purificada: pH = 5.0 a 7.0; Cloreto(mg/L) = 0,5; Sulfato(mg/L) = 1,0; Amónia(mg/L) = 0,03;
Cálcio(mg/L) = 1,0; Dióxido de Carbono(mg/L) = 5,0; Condutividade = 1,3 µS/cm(25ºC); TOC =< 500 ppb [33]
18
equipamento em recipientes apropriados para o efeito. O volume do solvente usado no último rinse
deve ser conhecido de modo a permitir a determinação quantitativa da contaminação.
Esta técnica de amostragem é utilizada em equipamentos de grandes dimensões, uma vez que
permite uma amostragem fácil de toda a área de superfície de contacto direto ou indireto com o produto,
especialmente quando o sistema utilizado na limpeza é Clean-In-Place (CIP). As limitações inerentes a
este método centram-se na possibilidade do resíduo ou contaminante poder não ser solúvel ou poder
fisicamente ser ocluído do equipamento, o que não permite a sua remoção e dificulta a amostragem.
19
Limite de deteção (LD) e o limite de quantificação (LQ): O LD representa a concentração mais baixa
de um analito presente numa amostra que pode ser detetada, mas não quantificada, nas condições
em que o teste é realizado. O LQ, por sua vez, é a menor concentração no qual o analito pode ser
quantificado com precisão e exatidão aceitáveis nas condições de teste estabelecidas. É
considerado o limite a partir do qual o método é robusto e que dá consecutivamente a mesma
medição para a mesma amostra. Entre estes dois valores existe uma gama onde não é possível
garantir que o método é rigoroso ou não, apenas que consegue detetar os resíduos pretendidos e
garantir que existe resíduo.
Robustez: Avalia a capacidade que o método analítico apresenta em não se influenciar por
pequenas variações provocadas nos parâmetros do procedimento tais como alterações na
temperatura, composição da amostra ou no pH. [17] [18]
Tabela 8. Lista dos Métodos Analíticos e respetivos limites de deteção (LD) e quantificação (LQ).
Este método é usado para detetar vários resíduos, de qualquer natureza numa amostra, como
resíduos de produtos fabricados anteriormente, detergentes de limpeza e até contaminantes
microbiológicos, sendo esta uma vantagem face ao método HPLC. O cálculo do limite de TOC será
apresentado na secção 3.10.5.
20
3.9.2. Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - HPLC
O HPLC é um método analítico específico bastante avançado e utilizado na determinação de
resíduos durante um processo de validação de limpeza, uma vez que permite separar o resíduo de
interesse de outros componentes presentes na amostra. É caraterizado por ter uma boa sensibilidade
e robustez para detetar resíduos e uma reprodutibilidade de resultados. No entanto, como qualquer
método, apresenta as suas desvantagens tais como os elevados custos operacionais e de
instrumentação e a necessidade de operadores qualificados e experientes. [21]
O HPLC é o método validado pela Cipan que permite a determinação de resíduos dos intermediários
A e B e da D Bruta.
O critério de aceitação para o parâmetro resíduo por ignição é igual ao limite máximo de resíduo por
ignição estabelecido para o solvente em questão pela Farmacopeia Americana (USP – United States
Pharmacopoeia). A Tabela 9 apresenta os valores dos limites de Resíduo por Evaporação para os vários
solventes utilizados. [22] [23] [24]
21
Tabela 9. Limites USP para método Resíduo por Evaporação.
Metanol 2mg/250mL
Isopropanol 2,5mg/50mL
Acetona 2mg/50mL
3.9.4. Condutividade
A medição da condutividade, expressa em micro-Siemens/cm (μS/cm), tem como propósito a
deteção de substâncias iónicas dissociadas em amostras de água. É uma prática comum num processo
de validação de limpeza como ferramenta de controlo que mede resíduos de agente de limpeza e
controla a concentração deste em processos automáticos de limpeza - CIP. As leituras de condutividade
são bastante influenciadas pela temperatura da amostra e a relação entre os dois parâmetros
(condutividade vs temperatura da água) é definida em documento interno da empresa pelo Controlo de
Qualidade. Esta análise é realizada durante o enxaguamento final com água, usando um condutivimetro
portátil, e só é terminada quando o valor lido de condutividade for inferior aos limites estabelecidos pela
correlação com a temperatura, de acordo com os valores apresentados na Tabela 10. [25]
0,8 5
0,9 10
1,0 15
1,1 20
1,3 25
1,4 30
3.9.5. Medição de pH
A medição de pH permite a determinação da concentração do ião hidrogénio presente na amostra
e é muito utilizado nos processos de limpeza para verificar qualitativamente a presença de solução de
limpeza, uma vez que a maior parte dos agentes de limpeza são ácidos ou alcalinos. É realizada após
um enxaguamento com água com o auxílio de tiras de verificação de pH. Esta medição é menos
utilizada que a condutividade sendo considerada um método complementar, no entanto, é essencial
para ações como o envio da água utilizada na limpeza para a EPTARI garantindo a neutralização e
impedindo a danificação dos reatores biológicos. [12]
22
3.10. Critérios de Avaliação
Antes do início de uma campanha de produção deve ser assegurado que os resíduos de produto
presentes num equipamento desde a sua última utilização, bem como os resíduos do agente de limpeza
ou do solvente de verificação de limpeza estão de acordo com os critérios definidos para a próxima
utilização do equipamento, para que não haja contaminação cruzada. Assim, a limpeza de um
equipamento é considerada aprovada quando, para cada contaminante, o respetivo resíduo (CO) é
igual ou inferior ao resíduo máximo permitido (MACO) e o equipamento se encontra visualmente limpo.
Para o cálculo dos limites de aceitação, é necessário ter em consideração os seguintes critérios:
Com base nos dados toxicológicos dos APIs, intermediários, reagentes e solventes, o primeiro passo
é calcular os limites no produto subsequente (L1), ou seja, o nível aceitável de resíduo no produto
fabricado subsequentemente. Este cálculo pode ser feito através de três critérios:
23
onde TDD corresponde à dose diária terapêutica para cada produto e Sf a um fator de segurança
estipulado de acordo com o modo de administração do produto. A Tabela 11 apresenta as gamas de
valores para cada tipo de utilização.
Com o valor de L1, é possível proceder-se ao cálculo do MACO, ou seja, da quantidade total
aceitável no lote seguinte, através da equação 3. Este cálculo tem em consideração o tamanho do lote
do produto subsequente (BSSP).
𝑀𝐴𝐶𝑂 𝐿1 × 𝐵𝑆𝑆𝑃
𝐿2 = × 1000 = × 1000 (4)
𝑆𝐸𝑆𝐴 𝑆𝐸𝑆𝐴
𝑁𝑂𝐴𝐸𝐿 × 𝐵𝑊
𝐴𝐷𝐸 = (5)
𝑈𝐹𝑐 × 𝑀𝐹 × 𝑃𝑊
𝑁𝑂𝐴𝐸𝐿 × 𝐵𝑊 (6)
𝑃𝐷𝐸 =
𝐹1 × 𝐹2 × 𝐹3 × 𝐹4 × 𝐹5
onde ADE e PDE correspondem à exposição diária aceitável e exposição diária permitida,
respetivamente, BW ao peso médio de um indivíduo adulto (por norma entre 70-75 kg para um adulto)
24
e NOAEL ao nível de efeito adverso não observável. Os denominadores das equações representam os
fatores de ajuste para cada uma das situações.
Com os valores de ADE e PDE, o limite no produto subsequente (L1) é calculado através da equação
7.
𝐴𝐷𝐸/𝑃𝐷𝐸
𝐿1 =
𝑀𝐷𝐷 (7)
onde MDD corresponde à dose máxima diária do API ou intermediário em questão. O MACO, por sua
vez, é calculado através da Equação 8.
𝐴𝐷𝐸/𝑃𝐷𝐸
𝑀𝐴𝐶𝑂 = 𝐿1 × 𝑀𝐵𝑆𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒 = × 𝑀𝐵𝑆𝑠𝑒𝑔𝑢𝑖𝑛𝑡𝑒 (8)
𝑀𝐷𝐷
Com os valores calculados anteriormente, o cálculo do limite residual de superfície (L2) é realizado
através da Equação 9.
𝑀𝐴𝐶𝑂
𝐿2 = × 1000 (9)
𝑆𝐸𝑆𝐴
Para o cálculo de limites com base em parâmetros de toxicidade, recorre-se à Equação 10. O valor
de NOEL (No Observable Effect Level), que corresponde à dose para a qual não são observados níveis
de efeitos letais, é calculado a partir do valor de LD50 (Dose Letal 50) que representa a dose de uma
substância responsável pela morte de 50% de uma população em teste (normalmente medida em
miligramas de substância por quilograma de massa corporal dos indivíduos testados). Este valor é
então multiplicado pelo valor do peso corporal de um humano (BW), em média, e por um fator de
segurança (2000).
𝐿𝐷50 × 𝐵𝑊
𝑁𝑂𝐸𝐿 = (10)
2000
A Equação 11, representa o cálculo do MACO, através do valor de NOEL calculado anteriormente.
25
𝑁𝑂𝐸𝐿𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑜𝑢𝑠 × 𝑀𝐵𝑆𝑛𝑒𝑥𝑡
𝑀𝐴𝐶𝑂 = (11)
𝑆𝑓 × 𝑇𝐷𝐷𝑛𝑒𝑥𝑡
𝑛𝑒𝑥𝑡
Por fim, recorrendo aos valores de MACO e às áreas de superfície dos equipamentos presentes na
instalação é possível calcular o limite residual de superfície (Equação 12).
𝑀𝐴𝐶𝑂
𝐿2 = × 1000 (12)
𝑆𝐸𝑆𝐴
𝑀𝐴𝐶𝑂
𝐿𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒 𝑇𝑂𝐶 = × %𝐶 (13)
𝑉𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑇𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜
𝑃𝑀𝑐𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜 × 𝑁𝐶𝑎𝑟𝑏𝑜𝑛𝑜𝑠
%𝐶 = (14)
𝑃𝑀𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟 𝑚𝑜𝑙é𝑐𝑢𝑙𝑎
Através da equação, sabe-se que o Volume Total de Trabalho é dado pela soma dos volumes de
todos os equipamentos presentes na linha de produção da maior molécula em estudo, PM é o peso
molecular correspondente a essa molécula assim como o número de Carbonos (NCarbonos) e,
consequentemente, a % de Carbono obtida através da Equação 14.
26
3.11. Tempo de Espera Sujo e Tempo de Espera Limpo
Os estudos de tempos de espera são parte integrante de uma validação de limpeza, uma vez que
o equipamento limpo não permanece limpo indefinidamente, apesar de se considerar as condições de
armazenamento adequadas. Por outro lado, manter o equipamento sujo torna mais difícil a remoção
de resíduos e permite, consequentemente, uma proliferação microbiológica. Por esta razão, estes
estudos são usados como abordagem de não limpeza, de modo a minimizar os gastos de recursos e o
desgaste dos equipamentos.
Assim, o Clean Hold Time (CHT) define-se como o tempo entre o fim do procedimento de limpeza
e o início do uso do equipamento na produção de um lote. Tratando-se do arranque da instalação,
considerou-se o valor de CHT já aplicado noutros edifícios existentes na Cipan, como prática
recomendada e baseada na experiência adquirida ao longo dos anos. Neste caso, definiu-se como
após 15 dias sem o uso do equipamento, este deve ser enxaguado com o solvente de processo do
produto seguinte antes do seu uso. Os 15 dias devem ser contabilizados após o último passo do
procedimento de limpeza ser completado e devem ser avaliados durante a campanha de validação de
modo a estudar se é possível ou não aumentar este parâmetro.
Por sua vez, o tempo entre o fim do uso do equipamento num lote e o início da aplicação do
procedimento de limpeza, ou seja, o tempo máximo que um equipamento pode ser mantido sujo
corresponde ao Dirty Hold Time (DHT). Para se definir este parâmetro, o equipamento deve ser deixado
limpo durante um período de 7 dias, depois 14 dias, 21 dias e assim sucessivamente até se determinar
o tempo máximo que o equipamento pode ser mantido sujo. Se durante um processo de produção este
tempo for excedido ou se no arranque de uma instalação este estudo ainda não tiver sido executado
para aquele processo, deverá ser aplicado todo o procedimento de limpeza antes de se voltar a usar o
equipamento.
Com base nestes testes e, já sendo política na empresa, caso seja vantajoso para lotes consecutivos
da mesma linha de produtos, pode ser definido um programa de não limpeza. Para tal, deverá ser
identificado o número máximo de lotes a serem fabricados no equipamento sem limpeza intermédia, o
tempo máximo que o equipamento pode ser usado sem ser limpo (Dirty Hold Time) e os critérios de
aceitação adequados. Os critérios de aceitação a ter em conta na estratégia de não limpeza são:
1. Perfil de impurezas dos lotes produzidos nos equipamentos não limpos – não deve ser
observada nenhuma tendência relacionados com o aumento de impurezas;
2. Resultados analíticos – todos os lotes devem estar de acordo com a especificação do produto;
3. Nenhuma impureza não especificada deve aparecer.
Quando um programa de não limpeza para lotes consecutivos da mesma linha de produtos não está
definido e/ou o cumprimento máximo definido alcançado sem limpeza é excedido, a limpeza entre lotes
é aplicável. [34]
27
3.12. Controlo Estatístico de Processo
Ao longo dos últimos anos, as metodologias de controlo de qualidade têm vindo a ser cada vez mais
estudadas e desenvolvidas com o propósito de procurar uma melhoria contínua na qualidade dos
produtos. Para tal, a utilização do Controlo Estatístico do Processo (CEP) representa uma estratégia
para monitorar o processo controlando a variabilidade do mesmo que pode ser originada por situações
não conformes (inerentes ao processo ou provenientes de agentes externos).
As cartas de controlo, constituídas por gráficos de controlo desenvolvidos por Shewhart, são as
principais ferramentas utilizadas neste tipo de controlo. O uso de cartas é benéfico visto que auxiliam
na obtenção do controlo contínuo do processo e, no caso do processo estar sob controlo estatístico,
permitem antecipar o comportamento do mesmo garantindo a qualidade de uma forma contínua.
Através da informação cedida, esta metodologia permite, de forma complementar e em tempo real,
melhorar os processos reduzindo a variabilidade, detetando ações especiais que atuam no processo e
causam a sua variação procedendo a ações de correção e, consequentemente, diminuindo a
quantidade de produtos fora de especificação. As variações do processo podem ser de dois tipos:
Causas comuns - fontes de variação que perturbam um processo que se encontra sob
controlo estatístico de processo
Causas especiais – causas que ocorrem pontualmente e que não se enquadram na
distribuição seguida por uma caraterística quando o processo está sob controlo estatístico.
Quando estas causas atuam, diz-se que o processo está fora de controlo estatístico.
28
Figura 7. Esquema ilustrativo de um gráfico de subgrupos, gráfico Xbarra-R. Fonte: [27]
Figura 8. Esquema ilustrativo de um gráfico de observações individuais, gráfico I-AM. Fonte: [27]
𝐿𝑆𝐶 − 𝐿𝐼𝐶
𝐶𝑝 = (15)
6𝜎𝑤𝑖𝑡ℎ𝑖𝑛
𝐿𝑆𝐶 − 𝐿𝐼𝐶
𝑃𝑝 = (16)
6𝜎𝑜𝑣𝑒𝑟𝑎𝑙𝑙
onde LSC e LIC correspondem, respetivamente, ao limite superior de controlo e ao limite inferior de
controlo, 𝜎𝑤𝑖𝑡ℎ𝑖𝑛 ao desvio padrão calculado da amostra e 𝜎𝑜𝑣𝑒𝑟𝑎𝑙 ao desvio padrão global da população.
29
A Tabela 12 apresenta os valores possíveis do parâmetro Cp e os respetivos significados. Estas
gamas são comuns ao índice de performance.
Cp Interpretação/Significado
Por outro lado, o Cpk e o Ppk avaliam a menor distância média do processo aos limites de
especificação considerando a centralização do mesmo, ou seja, a distância mais crítica em termos de
possibilidade de pontos fora de especificação. As Equações 17 e 18 demonstram o cálculo para os
parâmetros referidos.
𝐿𝑆𝐶 − 𝑥 𝑥 − 𝐿𝐼𝐶
𝐶𝑝𝑘 = min [ ; ] (17)
3𝜎𝑤𝑖𝑡ℎ𝑖𝑛 3𝜎𝑤𝑖𝑡ℎ𝑖𝑛
𝐿𝑆𝐶 − 𝑥 𝑥 − 𝐿𝐼𝐶
𝑃𝑝𝑘 = min [ ; ] (18)
3𝜎𝑜𝑣𝑒𝑟𝑎𝑙𝑙 3𝜎𝑜𝑣𝑒𝑟𝑎𝑙𝑙
Para além dos índices Cp e Pp é possível recorrer a outros parâmetros para analisar a capacidade
sigma de um processo, nomeadamente ao valor de Zbench, valores de benchmark. Este é uma medida
estatística que tem por base a curva de distribuição normal, com média zero e desvio padrão igual a 1
e cujo objetivo é avaliar o nível de qualidade de um processo ou produto a partir da proporção de
defeitos do processo.
Figura 9. Gráfico de uma distribuição normal com Figura 10. Gráfico de distribuição normal com os
defeitos. Fonte: [27] defeitos concentrados em apenas um lado da
curva. Fonte: [27]
A Figura 9 apresenta uma distribuição normal onde as linhas verticais a tracejado correspondem aos
limites de controlo e o sombreado representa os resultados defeituosos de acordo com esses limites
(valores não conformes – fora dos limites de especificação). Se se juntar esses resultados em apenas
um lado do gráfico, como demonstra a Figura 10, e se se medir a distância, em número de desvios
30
padrão, entre o centro da distribuição e o ponto a partir do qual existe resultados com defeitos, esse
valor é o Zbench. Quanto maior o valor de Zbench mais capaz é o processo e menos melhorias precisa. Os
valores de Zbench podem indicar a capacidade a curto prazo (capacidade potencial) ou a capacidade a
longo prazo (capacidade atual e real). Enquanto o primeiro valor é calculado através do desvio padrão
interno do processo e mede a performance do mesmo em manter a constante de variação a curto prazo
(o ideal), o segundo é calculado usando o desvio padrão global do processo e representa uma medição
mais realista, ou seja, representa a qualidade que o cliente realmente recebe. Isto deve-se ao facto de
que, por norma, não é possível manter a variação a curto prazo com o tempo.
Para além das cartas de controlo, também os histogramas são ferramentas relevantes no controlo
estatístico de um processo visto que têm como objetivo a análise da forma e a dispersão dos dados
obtidos. Analisando um histograma, se os resultados seguirem uma distribuição normal, é necessário
avaliar a altura das barras e verificar se estas seguem o formato da linha de distribuição. Se a resposta
for positiva, conclui-se que os dados se ajustam bem à distribuição. No entanto, a presença de dados
assimétricos, ou seja, histogramas que apresentem a maioria dos dados (picos do gráfico) do lado
inferior ou superior do gráfico significam que os resultados não se ajustam a essa mesma distribuição
normal. Neste caso, devem ser avaliadas as causas e proceder às correções no processo. Uma das
causas pode ser a presença de outliers, que são dados discrepantes quando comparados com os
restantes resultados e, num histograma, são pontos de fácil deteção, uma vez que se detetam através
das barras isoladas nas extremidades dos mesmos.
31
4. Metodologias
Neste trabalho, os produtos a considerar no estudo da validação de limpeza dos equipamentos
existentes no edifício 13 da Cipan são a D Bruta e os respetivos intermediários, A e B. É com base
nestes produtos e na literatura existente que serão definidos os critérios de aceitação e elaborados os
procedimentos de limpeza para cada um dos equipamentos. No estudo em questão, a validação
engloba as estratégias para as seguintes situações:
32
Tabela 13. Inventário dos Equipamentos utilizados na linha de produção do intermediário A.
Material de
Nome Tipo Capacidade Nominal
Construção
D601 Secador Rotativo a Vácuo Stainless Steel AISI 316 𝑉𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 1,00 𝑚3
Material de
Nome Tipo Capacidade Nominal
Construção
RAP629/
Reator Agitado e Pressurizado Stainless Steel 304 𝑉𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 4,00 𝑚3
RAP630
33
Tabela 15. Inventário dos Equipamentos utilizados na linha de produção de D Bruta.
𝐴𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑎çã𝑜 = 3,14 𝑚2
FF665 Filtro Fundabac Stainless Steel 316
𝑉𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 0,49 𝑚3
RAP629/
Reator Agitado e Pressurizado Stainless Steel 304 𝑉𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 = 4,00 𝑚3
RAP630
34
Tabela 16. Áreas de superfície calculadas para os equipamentos presentes na instalação.
35
Figura 11. Estado do RAP685 após pulverização com riboflavina (observação com luz UV)
Figura 12. Estado do RAP685 após passagem com água (observação com luz UV)
Analisando a Figura 12, observa-se alguma fluorescência verde após a carga de água através
das pinhas, o que se conclui que o sistema implementado não tem capacidade de cobertura suficiente
para garantir uma limpeza eficaz deste equipamento. Para além disso, ao longo do teste, observou-se
que a pressão da linha de água não era suficiente para garantir que esta chegasse aos pontos
considerados como mais difíceis de limpar e, assim, cobrir todo o equipamento.
36
reatores de apoio, RAP629 ou RAP630, e foi transferida com a pressão da bomba regulada em 4 bar
para o RAP602.
Figura 13. Estado do RAP602 após pulverização com riboflavina (observação com luz UV)
Figura 14. Estado do RAP602 após passagem com água (observação com luz UV)
37
Pela análise das Figura 13 e Figura 14, verifica-se que ocorreu remoção de riboflavina apenas junto
à pinha não tendo chegado às paredes do reator.
A conclusão que se retira dos resultados dos testes de cobertura é que o sistema CIP instalado nos
reatores não é viável e que não garante uma boa cobertura aos mesmos. Por esta razão, a limpeza
terá de ser realizada por enchimento total (“afogamento”), o que implica maior custo em termos de água
consumida, em matéria-prima (KOH) e no tratamento de água residual. Para além disso, o processo
de enchimento total do equipamento é mais demorado e obriga a que a limpeza ocorra por dissolução
de resíduos e não por impacto, o que nem sempre é possível.
kg A B D Bruta
Mínimo 227 91 64
Com base na informação presente na Data Sheet disponibilizada pela Paratek Pharmaceuticals [6],
e uma vez que se trata de um produto recente no mercado, os únicos dados existentes para o cálculo
dos limites de aceitação são os da dose diária terapêutica e o valor de PDE para a D. A Tabela 18 reúne
os dados disponíveis para o cálculo dos limites de aceitação.
38
Tabela 18. Dados para o cálculo dos limites de aceitação.
D Bruta
D Bruta A B
Através dos dados da Tabela 19 e recorrendo às equações descritas na secção 3.10, é possível
calcular os limites de produto subsequente (L1) (Tabela 20 e Tabela 21).
Produto B
L1 (µg/mL) A B D Bruta
A -- 1000 --
Produto A
B -- -- 1000
D Bruta 1000 -- --
Produto B
L1 (µg/mL) A B D Bruta
A -- 2000 --
Produto A
B -- -- 2000
D Bruta 2000 -- --
39
Os valores de MACO resultantes dos cálculos realizados com os dados da dose terapêutica e do
PDE são apresentados nas Tabela 22 e Tabela 23.
Produto B
A -- 91000 --
Produto A
B -- -- 64000
D Bruta 227000 -- --
Produto B
A -- 182000 --
Produto A
B -- -- 128000
D Bruta 454000 -- --
De acordo com as Tabela 22 e Tabela 23, são determinados os valores de MACO para as diferentes
transições existentes, sendo que apenas um será utilizado para o cálculo dos limites de aceitação. O
valor escolhido é o que apresenta uma concentração mais baixa (64000 mg), o que corrobora a escolha
da D Bruta como a substância pior caso, uma vez que corresponde à transição entre o intermediário B
e a D.
40
Tabela 24. Limites de Aceitação correspondentes a cada equipamento em estudo.
Analisando a Tabela 24, e como já era previsto, os valores de L2 calculados são bastante elevados.
Uma vez que o pior caso do valor de MACO do conjunto de valores obtidos é, por si só, bastante
elevado, os limites obtidos apresentam-se muito acima dos 150 ppm (limite máximo para ser
representativo de um bom processo de limpeza). Por este motivo, optou-se por escolher o valor limite
de 10 ppm (limite geral) como critério de aceitação para todos os equipamentos em estudo.
MACO 10 ppm
PMD 556,66
%Carbono 63 %
41
O limite de TOC estabelecido toma o valor de 6257 ppb.
RAP609 Rinse NA
RAP602 Rinse NA
RAP607 Rinse NA
RAP605 Rinse NA
RAP606 Rinse NA
RAP611 Rinse NA
RAP620/RAP629/RAP630 Rinse NA
RAP626 Rinse NA
RAP685 Rinse NA
- Detetor do Bolo
- Superfície interna
42
4.6. Abordagem de Não-Limpeza
Como referido anteriormente, e sendo vantajoso para lotes consecutivos, pode ser definido um
programa de não limpeza. Esta abordagem já faz parte do panorama da limpeza nas instalações da
Cipan, pelo que para o caso em estudo, considerou-se o conhecimento obtido no passado para uma
outra instalação onde ocorria a produção do mesmo produto. Como tal, o Clean Hold Time é definido
para 15 dias e, o Dirty Hold Time, ou seja, o tempo que o equipamento pode ser deixado sujo sem que
ocorra degradação do produto é de 24 horas. Assim, a abordagem de não limpeza é aplicada a alguns
dos equipamentos incluídos no estudo, nomeadamente ao secador e à centrífuga da linha de produção
de D Bruta, devido à sua rápida degradação.
Última
Equipamento Amostragem Método
Utilização
43
4.7.1. Limpeza de Equipamento
A construção dos registos, de uma forma geral, baseou-se nos requisitos descritos na secção 3.2 –
procedimento de limpeza. O início e o fim de cada limpeza efetuada em qualquer equipamento são
registados num caderno logbook. A estratégia implementada na instalação concentra-se na limpeza da
área interna de cada um dos equipamentos e das linhas de alimentação, de transferência de processo,
de descarga e/ou de recirculação, uma vez que correspondem aos locais de passagem do produto. A
limpeza nestes locais é essencial visto que, se não forem limpos devidamente, podem representar uma
fonte de contaminação e afetar a qualidade do produto final. As páginas iniciais dos registos contêm
algumas tabelas informativas (Figura 15) que têm como objetivo indicar aos operadores responsáveis
pela operação, o nível de limpeza a efetuar ao equipamento em questão (se é nível 0, 1 ou 2 de acordo
com o explicado na secção 3.5), as matérias-primas consumidas, o agente de limpeza a utilizar, a
situação em que se aplica a limpeza (se é mudança de linha, limpeza entre lotes, manutenção, etc) e
também os EPIs obrigatórios a ter durante a realização de um processo de limpeza.
44
1
Cada equipamento tem o seu registo de limpeza, sendo que a base do processo de limpeza para
um reator segue a seguinte ordem:
A primeira etapa de qualquer registo de limpeza é a preparação da solução de limpeza (uma solução
aquosa de KOH a 5%(m/v)) nos reatores de apoio - RAP620, RAP629 e/ou RAP630 - dedicados
exclusivamente a essa função. A escolha da solução de limpeza foi feita pela empresa, anteriormente
ao trabalho realizado nesta dissertação, como sendo a solução ideal tendo em conta os resíduos
presentes nos equipamentos em estudo. Esta é preparada de acordo com o volume do equipamento
que se quer limpar realizando uma primeira carga de água de processo via sistema PBX, de seguida
carregando o Hidróxido de Potássio à boca do reator e completando com uma nova carga de água de
45
processo, até perfazer o seu volume. Por fim, a solução de limpeza deve ser mantida no reator em
agitação, até promover a sua dissolução total.
Posteriormente, a solução de limpeza é transferida dos reatores de apoio para o reator que se
pretende limpar (RAP685) através do sistema PBX-CIP. Neste, e após uma nova carga de água, a
solução presente no reator é mantida sob agitação durante 3 horas para que a mesma consiga cobrir
toda a área interna do equipamento. Terminado o tempo estabelecido, metade da solução de limpeza
existente no reator é descarregada pela linha de descarga sem bomba. O passo seguinte concentra-
se na ativação da recirculação à centrífuga (FC605) durante cerca de 15 minutos e na ligação da manga
de descarga à mesma. A válvula manual do fundo é aberta e dá-se a transferência de um volume de
solução de limpeza (que ainda restava no reator) para a centrífuga. Após receber a solução, a centrífuga
deve recircular o seu conteúdo durante cerca de 10 min e realizar dois ciclos de amostragem para a
mesma lavar os amostradores. Por fim, é realizada a descarga da restante solução pela linha de
descarga com bomba e enviar para resíduos. O que resta no reator RAP685 segue, de igual forma, os
passos anteriormente referidos.
Após os passos da limpeza com a solução de limpeza, é fundamental passar novamente água de
processo pelo interior do equipamento e pelas linhas de recirculação e transferência, de modo a
remover qualquer resíduo e agente de limpeza que ainda possam permanecer nos mesmos. Para tal,
após uma purga, inicia-se a carga de água nos reatores de apoio (RAP629/RAP630) através do sistema
CIP que, posteriormente, é transferida para a centrífuga. A passagem com água de processo aos
amostradores e às linhas de recirculação ao reator e à centrífuga é realizada de forma igual ao descrito
na pré-limpeza. De seguida, parte da água de processo é transferida para a centrífuga através da linha
de transferência de processo e, por fim, metade descarregada pela linha de descarga sem bomba e a
outra metade pela linha de descarga com bomba.
Por último, a neutralização do equipamento a limpar (RAP685) requer um maior detalhe e é realizada
em duas fases. A primeira, a neutralização das linhas de transferência e de recirculação, que consiste
na carga de água purificada, via CIP nos reatores de apoio e na consequente transferência da mesma
para o reator RAP685 (também via CIP). Tal como anteriormente, a recirculação das duas linhas é
ativada e, parte da água existente no reator é transferida para a centrífuga através da linha de processo.
O que fica no RAP685 é descarregado pelas linhas de descarga sem bomba e com bomba. A segunda
fase é a neutralização do interior do vaso reacional RAP685 que se traduz na carga de água purificada
para o RAP685 via CIP e consequente descarga do volume pela linha de descarga sem bomba.
46
Aquando dessa descarga deve ser verificada a neutralização recorrendo a papel indicador de pH. A
verificação de pH é realizada sempre que existe uma descarga ou para controlo do IPC, para proteger
a integridade do mesmo ou para se conseguir enviar para a EPTARI garantindo a neutralização e
impedindo a danificação dos reatores biológicos. Esta verificação é repetida para ciclos de amostragem
e, no caso de ser achar necessário a seguir a uma nova carga, para a linha de descarga com bomba.
No fim, e para garantir uma boa inspeção visual, é necessário que o equipamento seja seco fazendo
ciclos de vácuo e azoto para cumprir este propósito.
A inspeção visual e a lavagem dos acessórios são etapas comuns a todos os equipamentos
incluídos no estudo da validação. A primeira tem como suporte fotografias do interior do equipamento
(tiradas com o equipamento limpo e antes do arranque da produção) e apresenta várias questões
obrigatórias para os operadores responderem à medida que a inspeção visual é realizada. Para se
considerar o equipamento visualmente limpo, não podem ser observados resíduos de produto ou
manchas de agente de limpeza na válvula de carga de sólidos (se aplicável), no volume de trabalho,
no veio do agitador e pás, etc. Por sua vez, a lavagem de acessórios, que pode ser realizada no início
do registo ou durante, dependendo do equipamento, requer a presença da equipa de manutenção para,
primeiramente, fazer a desmontagem dos mesmos. Assim, sempre que existirem peças desmontáveis,
a manutenção deve desacoplá-las dos equipamentos e estas devem ser transportadas para o local
destinado à sua limpeza. O procedimento de limpeza das peças passa por colocá-las (mergulhadas)
dentro da solução de limpeza, preparada especificamente para este passo e, no fim, escorrer a solução
e neutralizar.
Uma vez que os acessórios foram de novo acoplados ao reator, é necessário fazer uma verificação
de limpeza para prevenir alguma contaminação exterior originada pelo processo de
montagem/desmontagem das peças. No caso dos reatores, realiza-se uma carga de água purificada
ao reator, através das suas pinhas (CIP) e retiram-se amostras nas diversas linhas (amostrador, de
descarga sem bomba e de descarga com bomba), até o valor de condutividade se encontrar dentro dos
limites apresentados na secção 3.9.4. Esta etapa é realizada com o apoio de um técnico analista do
Controlo de Qualidade. Se os valores de condutividade estiverem corretos, a água é descarregada,
verificando-se o pH e o equipamento é seco de novo com ciclos de vácuo e azoto, para que seja
possível efetuar a segunda inspeção visual (idêntica à primeira). O teste de fugas é realizado após a
última inspeção visual e tem uma certa importância pois permite verificar a existência ou não de alguma
falha no sistema, garantindo que a limpeza proceda de forma segura.
No caso dos reatores de apoio não serem mais necessários para nenhuma limpeza de outro
equipamento, deve proceder-se à neutralização dos mesmos. Para tal, é introduzida água purificada
que é, de imediato, descarregada fazendo verificação de pH. O processo repete-se, mas desta vez
verifica-se a remoção do agente de limpeza através da análise de condutividade. Repetindo a mesma
lógica, se este valor estiver de acordo com os limites estabelecidos pelos métodos analíticos, os
reatores são considerados limpos.
A penúltima secção dos registos de limpeza é a secção das amostragens onde são definidos o
número de amostras e os locais para a recolha das mesmas. Como referido na secção 3.9, podem ser
47
feitas amostragens para TOC, para pesquisa e para resíduo que irão ser, posteriormente, analisadas
através dos métodos analíticos no Controlo de Qualidade. Para as amostragens de TOC e pesquisa, a
primeira etapa é introduzir água purificada via PBX-CIP no equipamento e purgar a linha para retirar as
amostras dos locais referidos para copos de 1L. No caso da amostragem para resíduo retira-se uma
amostra de metanol diretamente da linha de carga da unidade do PBX para dois frascos de xarope
transparentes. Esta amostra denomina-se como amostra branco (valor de referência) e o seu valor será
descontado ao obtido. De seguida, deve-se carregar o equipamento com metanol através do sistema
CIP implementado e devem ser retiradas amostras de 1 L dos locais já referidos (purgar) para frascos
próprios. Após a recolha das amostras e respetivas análises, o técnico analista regista, os valores de
TOC, pesquisa e resíduo obtidos, nos campos destinados para esse efeito, e verifica se se encontram
dentro dos limites estabelecidos previamente na secção 3.10. No caso de não cumprirem os requisitos,
os registos de limpeza devem ser aplicados ao equipamento de novo e na sua totalidade.
1. Hidrogenador e Fundabac:
A limpeza destes equipamentos é feita apenas com água purificada em todas as operações,
inclusive a etapa de preparação da solução de limpeza, de modo a não danificar os filtros.
2. Centrífugas:
Pela mesma justificação dada no processo de limpeza do fundabac, a limpeza das centrífugas
apenas utiliza água purificada em todas as operações, de modo a impedir que os filtros existentes no
equipamento se danifiquem. Quanto ao registo de limpeza em si, a lógica aplicada é a mesma de
qualquer outro equipamento presente na instalação, no entanto, os inputs introduzidos no programa
DeltaV são diferentes. As centrífugas não têm ligação direta ao PBX, pelo que, sempre que se realiza
uma carga, esta é feita diretamente para um reator automaticamente ligado à centrífuga (no caso da
FC604 o reator é o RAP626 e no caso da FC605 é o RAP685). Sendo a carga de água purificada ou
até mesmo de solução de limpeza realizada a um destes esta é então transferida para a centrífuga. As
amostragens para verificação analítica são retiradas do tubo de descarga da centrífuga e da linha de
dreno.
3. Secadores Bicónicos
Nos secadores bicónicos, a diferença concentra-se também nos inputs introduzidos ao programa
DeltaV, uma vez que requerem algum trabalho manual. Sempre que se realiza uma carga via PBX,
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quer seja de água quer seja de solução de limpeza, é necessário proceder da seguinte forma: colocar
o secador em posição de manutenção, garantir que não existe circulação de fluido térmico e verificar
se o secador tem a pressão igual a 0 bar. De seguida, inserir as pinhas de lavagem CIP nas picagens
existentes no secador, conectar uma extremidade da mangueira à pinha de lavagem CIP e a outra à
picagem proveniente do PBX existente na parede da sala limpa e, por fim, abrir a válvula existente na
parede da sala limpa proveniente do PBX e acionar a carga do que se quer introduzir no DeltaV. No
caso das descargas devem ser realizadas com o secador em posição de descarga e acoplando o
adaptador de descarga (funil de descarga) à válvula de descarga. Posteriormente, deve-se ligar uma
extremidade da mangueira ao adaptador e a outra à picagem existente na sala limpa, abrir a válvula de
descarga do secador e aguardar até que o secador fique vazio. Quanto às amostras são retiradas do
amostrador e da válvula de descarga.
4. Filtros Niagara
No caso dos registos de limpeza dos filtros Niagara, as cargas de água purificada ou de solução de
limpeza, são realizadas ao reator RAP605 e não diretamente aos filtros uma vez que estes não têm
ligação direta ao PBX. Por este motivo, o registo de limpeza engloba a estratégia de limpeza dos dois
equipamentos, visto que a mesma é complementar (não é possível limpar um equipamento sem limpar
o outro). Após qualquer passo de carga, é realizada a montagem das linhas de transferência do RAP605
para os filtros (FPH615 e FPH616) e, consequentemente, a transferência da solução para os filtros
mantendo-a em contacto com o equipamento durante 3 horas. Passado este tempo, a solução contida
nos filtros deve ser descarregada para o RAP685 e, por sua vez, descarregada do mesmo e enviada
para resíduos. A limpeza do RAP605 segue a lógica apresentada no exemplo dado (do reator RAP685),
no entanto adaptado às especificações do mesmo.
A Figura 17 representa um diagrama construído com base Process Flow Diagram da linha de
produção da D Bruta para explicar a linha de raciocínio utilizada na anidrificação com solvente de
processo e limpeza entre lotes. A mesma abordagem é aplicada às linhas de produção dos
intermediários A e B.
49
Figura 17. Flowsheet representativo do processo de anidrificação para a linha de produção da D Bruta
50
Para além da transferência do solvente de anidrificação pela linha de processo, nos equipamentos
que contêm amostradores e válvulas de carga de sólidos na sua constituição, é obrigatório passar o
solvente pelos mesmos. Para esse efeito, o solvente é colocado numa barrica e, de seguida, introduzido
em qualquer uma das situações. Esta operação é realizada sempre com o reator sob vácuo direto. No
caso da linha de produção de D, o solvente de anidrificação utilizado é o metanol.
51
5. Tratamento e discussão de resultados
A verificação analítica de limpeza em conjunto com a inspeção visual aos equipamentos após a
aplicação dos registos de limpeza, são pontos fulcrais num processo de validação de limpeza. Após
reunir todas as bases necessárias ao processo de validação de limpeza, é possível realizar os três runs
de limpeza aos equipamentos presentes no Edifício 13 da Cipan. As limpezas entre lotes requerem
apenas inspeção visual, por serem de baixo risco de contaminação, as execuções de mudança de linha
são caraterizadas como sendo nível 2 (elevado risco de contaminação), pelo que, para além desse
requisito, devem ser avaliadas analiticamente em termos de contaminantes específicos (recorrendo ao
método HPLC) e não específicos. As amostras necessárias foram recolhidas e analisadas pelo Controlo
de Qualidade da empresa que registou os resultados analíticos. Os valores obtidos durante o processo
de validação vão ser apresentados nas seguintes secções. Ressalva-se que os valores vão ser
apresentados por cada equipamento de cada uma das linhas de produção em estudo (Intermediário A,
Intermediário B e D Bruta) e considerando os processos de mudança de linha e de limpeza entre lotes.
Tabela 28. Datas de realização das 3 runs de mudança de linha para os equipamentos da linha de
produção de A.
Analisando a Tabela 28, conclui-se que as runs de limpeza para Mudanças de linha e Limpeza entre
lotes da linha de produção do intermediário A foram completas. Como é possível observar, o RAP620
apenas apresenta uma run de Mudança de linha efetuada, correspondente à limpeza geral da
instalação antes do início da validação, pois é dedicado à carga de solventes e, por esse motivo,
nenhum produto fica acumulado no interior do reator. Quanto à centrífuga FC604 e ao secador D602,
52
estes são limpos entre lotes do intermediário A, uma vez que há transição de entidades químicas dentro
do próprio processo de fabricação do intermediário A (A.sal e A base-livre).
Tabela 29. Datas de realização das 3 runs de mudança de linha para os equipamentos da linha de
produção de B.
RAP629 22/09/2020 NA NA NA
RAP630 22/09/2020 NA NA NA
A Tabela 29 demonstra que as três runs de limpeza de Mudança de linha e de limpeza entre lotes
aos equipamentos da linha de produção do intermediário B foram completas. Recorrendo à mesma
justificativa utilizada para o RAP620 na linha de produção de A, os RAP629 e RAP630 apenas
apresentam uma run de limpeza efetuada, correspondente também à limpeza da instalação antes da
validação.
53
Tabela 30. Datas de realização das 3 runs de mudança de linha para os equipamentos da linha de
produção de D.
RAP611 06/10/2020 NA NA NA
RAP629 22/09/2020 NA NA NA
RAP630 22/09/2020 NA NA NA
Conforme apresentado na Tabela 30, as execuções de limpeza entre lotes (CbB) e mudança de linha
(CoL) foram concluídas. Os reatores RAP605 e RAP685, a centrífuga FC605 e o secador D602 são
compartilhados entre os processos de fabricação do Intermediário B e D Bruta. A centrífuga FC605 e o
secador D602 não são limpos entre os lotes de D Bruta, uma vez que os dois equipamentos são
utilizados no lote anterior por no máximo 24 horas.
Nos reatores RAP629 e RAP630, e repetindo o que já foi referido, foi executada apenas uma run de
limpeza (correspondente à limpeza geral da instalação antes da validação), uma vez que são
equipamentos dedicados às cargas de solventes - nenhum resíduo de produto se acumula no interior
dos recipientes, o que significa que a limpeza entre lotes não é aplicada nestes casos. Por fim, o
RAP611, também dedicado à preparação da suspensão catalítica de metal em etanol e metanol, pelo
que não são aplicados procedimentos de limpeza aos mesmos durante mudanças de linha e entre
lotes.
54
5.2. Mudança de Linha – Resultados de Verificação Analítica e
Inspeção Visual
Apresentando, em primeiro lugar, os resultados obtidos para a linha de produção do intermediário
A. A Tabela 31 apresenta os resultados analíticos (de TOC, HPLC) e de inspeção visual obtidos das três
runs de limpeza aos equipamentos pertencentes nesta linha para situações de mudança de linha.
55
Tabela 31. Resultados analíticos – Runs de limpeza para mudança de linha da linha de produção do intermediário A.
RAP609 460ppb <LD (0,25ppm) OK 974ppb <LD (0,25ppm) OK 863ppb <LD (0,25ppm) OK
RAP626 1420ppb <LD (0,25ppm) OK 1435ppb <LD (0,25ppm) OK 1254ppb <LD (0,25ppm) OK
RAP620 NA 2 mg OK
FC604 798ppb <LD (0,25ppm) OK 398ppb <LD (0,25ppm) Ok 469ppb <LD (0,25ppm) OK
D601 5925ppb <LD (0,25ppm) OK 550ppb <LD (0,25ppm) OK 2460ppb <LD (0,25ppm) OK
56
Analisando os valores de TOC apresentados na Tabela 31, as quantidades residuais de
contaminantes não específicos existentes dentro de cada equipamento após a limpeza são inferiores
ao limite estabelecido para este parâmetro (5967 ppb).
Para a análise realizada no reator RAP620, usado apenas para a carga de água purificada e
isopropanol, recorreu-se ao método de resíduo por evaporação tendo por base metanol. Este método
foi o selecionado, uma vez que a limpeza em questão foi realizada antes do lote de engenharia do
intermediário A e teve como objetivo a remoção de qualquer contaminante originado pelo trabalho
mecânico realizado no equipamento. O limite para este método, segundo a USP para o metanol, é de
2mg/250ml.
57
Tabela 32. Resultados analíticos – Runs de limpeza para mudança de linha da linha de produção do intermediário B.
RAP605 334ppb <LD (0.03ppm) OK 702ppb <LD (0,25ppm) OK 2912ppb <LD (0,03ppm) OK
RAP685 389ppb <LD (0.03ppm) OK 858ppb <LD (0,25ppm) OK 929ppb <LD (0,03ppm) OK
RAP629 NA 0 mg OK
RAP630 NA 1 mg OK
FC605 566ppb <LD (0.03ppm) OK 947pppb <LD (0,25ppm) OK 1184ppb <LD (0,03ppm) OK
D602 465ppb <LD (0.03ppm) OK 254ppb <LD (0,25ppm) OK 600ppb <LD (0,03ppm) OK
58
A Tabela 32 descreve os resultados registados após a aplicação dos procedimentos de limpeza aos
equipamentos pertencentes à linha de produção do intermediário B, para as três runs. Através dos
resultados, comprova-se que todos os resultados obtidos nas três (3) runs de mudança de linha da
linha de produção do intermediário B estão dentro dos limites estabelecidos.
59
Tabela 33. Resultados analíticos – Runs de limpeza para mudança de linha da linha de produção da D.
RAP602 464ppb <LD (0.03ppm) OK 503ppb <LD (0.03ppm) OK 734ppb <LD (0.03ppm) OK
RAP611 NA 0mg OK
H601 805ppb <LD (0.03ppm) OK 749ppb <LD (0.03ppm) OK 1205ppb <LD (0.03ppm) OK
FF665 380ppb <LD (0.03ppm) OK 902ppb <LD (0.03ppm) OK 683ppb <LD (0.03ppm) OK
RAP605 334ppb <LD (0.03ppm) OK 702ppb <LD (0.25ppm) OK 1151ppb <LD (0.03ppm) OK
RAP606 754ppb <LD (0.03ppm) OK 1287ppb <LD (0.03ppm) OK 1754ppb <LD (0.03ppm) OK
RAP607 934ppb <LD (0.03ppm) OK 396ppb <LD (0.03ppm) OK 834ppb <LD (0.03ppm) OK
RAP685 389ppb <LD (0.03ppm) OK 858ppb <LD (0.25ppm) OK 511ppb <LD (0.03ppm) OK
RAP629 NA 0mg OK
RAP630 NA 1mg OK
FC605 566ppb <LD (0.03ppm) OK 947ppb <LD (0.25ppm) OK 252ppb <LD (0.03ppm) OK
D602 465ppb <LD (0.03ppm) OK 254ppb <LD (0.25ppm) OK 251ppb <LD (0.03ppm) OK
60
Como apresentado na Tabela 33, todos os valores obtidos na verificação analítica dos runs de
limpeza da mudança de linha da linha de produção de D bruta estão de acordo com os limites
estabelecidos. As quantidades residuais de D Bruta presentes nos equipamentos após a aplicação dos
respetivos registos de limpeza, demonstram-se inferiores ao limite de Deteção definido para o produto
a analisar nas amostras (0,03 ppm). Pelos resultados, nos cromatogramas do método não foram
encontradas quaisquer impurezas desconhecidas ou novas. Uma vez que o RAP605, RAP685, FC605
e D602 são equipamentos partilhados entre as linhas de produção do intermediário B e da D, a segunda
run de limpeza de mudança de linha, corresponde à mudança entre o último lote de validação do
intermediário B e o primeiro lote de validação da D, sendo avaliados analiticamente com o método de
limpeza do intermediário B. O RAP611, como referido anteriormente, é um equipamento dedicado à
preparação da suspensão catalítica de metal em metanol e etanol e, por isso, não é limpo entre lotes
ou mudança de linha. As análises aos equipamentos dedicados (reatores RAP611, RAP629 e RAP630)
foram realizadas recorrendo ao método de Resíduo de evaporação, tendo como base o metanol, uma
vez que a limpeza foi realizada antes do lote de engenharia do Intermediário B e o objetivo da limpeza
era remover qualquer contaminante originado no trabalho mecânico realizado no equipamento. O limite
para esta avaliação é NMT 2mg / 250ml de amostra, que é o limite de Resíduo de Evaporação da USP
para metanol.
Por fim, conclui-se que os equipamentos da linha de produção da D Bruta estão visualmente limpos
de acordo com o requerido para esta análise.
61
Tabela 34. Resultados obtidos das 3 runs de limpeza entre lotes para os equipamentos da linha de
produção de A.
RAP609 OK OK OK
RAP626 OK OK OK
RAP620 OK OK OK
FC604 OK OK OK
D601 OK OK OK
Observando a Tabela 34, é possível concluir que os equipamentos utilizados na linha de produção
do intermediário A encontram-se visualmente limpos após o enxaguamento com solvente de processo,
de acordo com o estabelecido para esta inspeção.
Tabela 35. Resultados obtidos das 3 runs de limpeza entre lotes para os equipamentos da linha de
produção de B.
RAP605 OK OK OK
FPH615 OK OK OK
FPH616 OK OK OK
RAP685 OK OK OK
RAP629 NA NA NA
RAP630 NA NA NA
FC605 OK OK OK
D602 OK OK OK
Analisando a Tabela 35, as três runs de limpeza entre lotes foram realizadas e todos os
equipamentos foram considerados visualmente limpos. No que diz respeito aos reatores RAP629 e
RAP630, que são dedicados às cargas de solventes, a limpeza entre lotes não é aplicada. Como tal,
não apresentam resíduos de produto acumulados no interior dos mesmos.
62
Tabela 36. Resultados obtidos das 3 runs de limpeza entre lotes para os equipamentos da linha de
produção de D.
RAP602 OK OK OK
RAP611 NA NA NA
H601 OK OK OK
FF665 OK OK OK
RAP605 OK OK OK
RAP606 OK OK OK
RAP607 OK OK OK
RAP685 OK OK OK
RAP629 NA NA NA
RAP630 NA NA NA
FC605 NA NA NA
D602 NA NA NA
Apesar dos casos especiais referidos, após a limpeza com solvente, todos os outros equipamentos
da linha encontram-se visualmente limpos de acordo com as características dos mesmos.
63
5.4. Controlo Estatístico de Processo
De modo a ter uma análise mais abrangente dos resultados analíticos obtidos para cada run de
limpeza, foram geradas várias cartas de controlo e avaliados os parâmetros de capacidade de
processo. As cartas de controle foram construídas com recurso ao Software Minitab, uma ferramenta
de análises estatísticas rápidas e automáticas, a partir da introdução dos dados recolhidos, neste caso,
do processo de limpeza implementado, permitindo o estudo de melhorias contínuas do mesmo. Neste
contexto e como apresentado na secção 5.2, os resultados obtidos dos contaminantes específicos,
avaliados pelo método HPLC demonstraram valores consistentemente inferiores ao Limite de Deteção
do método analítico e, por este motivo, a análise estatística foi aplicada apenas para os resultados de
TOC (contaminantes não específicos). Como se trata de observações individuais, através do Minitab,
foi possível obter o gráfico I/AM e os respetivos parâmetros de análise. As Figura 18 eFigura 19
correspondem às cartas de controlo contruídas através dos dados recolhidos para a primeira run de
limpeza aos equipamentos incluídos no estudo de validação.
Figura 18. Análise estatística - Gráfico de Controlo dos resultados de TOC da primeira run de limpeza
De acordo com a Figura 18, mais concretamente do gráfico I que apresenta os resultados analíticos
obtidos através do método TOC para os equipamentos presentes na instalação, os parâmetros da
média e dos desvios padrão within e overall foram obtidos diretamente do programa e tomam os valores
de 1074,8, 944,1 e 1342,4, respetivamente. Analisando o gráfico, conclui-se que o processo funcionou
razoavelmente estável na primeira run de limpeza, sendo que apenas um resultado, obtido para o
equipamento D601 fixado no valor de 5925ppb, se encontra superior ao limite de controlo estabelecido
a 3907ppb. No entanto, apesar deste valor estar fora dos limites de controlo, a distância entre este e o
64
limite superior de especificação definido como 6257ppb, de acordo com os cálculos realizados
previamente, é significativa o que permite considerá-lo aceitável. Além disso, é possível concluir que o
resultado citado é um outlier, ou seja, um valor discrepante quando comparado aos restantes resultados
apurados que se caraterizam como pontos espalhados aleatoriamente dentro dos limites de controlo e
em torno do valor médio. Essa conclusão é também obtida a partir da análise do gráfico de amplitude
móvel, que fornece a variação entre resultados consecutivos.
Figura 19. Análise estatística – Análise de Capacidade do processo de limpeza para valores de TOC da
primeira run de limpeza CoL
De acordo com a Figura 19, é possível realizar o estudo do processo de limpeza implementado.
Como o valor de Ppk, obtido diretamente do Minitab, é de 1,29 considera-se que o processo apresenta
um desempenho adequado, estando de acordo com a especificação definida. Os valores Z,
representativos da capacidade do processo, foram também calculados e avaliados em substituição do
cálculo de Cpk. O valor Zbench (capacidade atual) obtido para esta run foi de 3,86, o que equivale a 57
falhas num milhão de oportunidades, ou seja, este parâmetro afirma que o processo entregará
resultados em conformidade com a especificação definida 999943 vezes fora de um milhão. Por outro
lado, o valor obtido para Zpotential foi de 5,49, o que corresponde a 1,3 falhas num total de um milhão de
oportunidades. Ao avaliar estes dois valores de Z, conclui-se que o processo tem potencial para ser
melhorado. O histograma apresentado demonstra que os resultados não seguem uma distribuição
normal e comprova a existência de um outlier, ou seja, da existência de um ponto discrepante quando
comparado com os restantes através do pico isolado na extremidade do mesmo. Para além destes
parâmetros, é ainda calculada a percentagem dos resultados da primeira run de limpeza que se
encontram fora de especificação sendo o seu valor de 0,01%.
65
As Figura 20 e Figura 21, apresentadas de seguida, descrevem as cartas de controlo obtidas, para
a segunda run de limpeza dos equipamentos em estudo.
Figura 20. Análise estatística - Gráfico de Controlo dos resultados de TOC da segunda run de limpeza
De acordo com a Figura 20, o gráfico I demonstra que o processo funcionou estável na execução da
segunda run limpeza e que não foi observado nenhum resultado acima do limite de controlo superior,
estabelecido em 2153ppb. Neste caso, a média toma o valor de 853,68 e os desvios padrão within e
overall de 433,22 e 461,12, respetivamente. Comparando os gráficos I/AM obtidos para a primeira e
segunda runs de limpeza, verifica-se uma redução do valor global para o desvio padrão (de 944,1 para
433,22) e uma redução da dispersão dos resultados, o que indica um aumento do controle. A análise
do gráfico de AM que fornece a variação entre dois resultados consecutivos, comprova as conclusões
previamente feitas.
66
Figura 21. Análise estatística – Análise de Capacidade do processo de limpeza para valores de TOC da
segunda run de limpeza CoL
Por sua vez, a Figura 21 permite concluir que o processo apresenta um bom desempenho e por isso
pode atender a especificação definida, uma vez que o valor calculado para o índice Ppk é de 3,91. A
taxa de defeitos, ou seja, a percentagem dos resultados que estão fora dos limites de especificação é
de 0,01%. Quanto aos valores de Z calculados em substituição do valor Cpk, o valor Zbench (capacidade
atual) obtido para esta corrida foi de 11,72, o que equivale a 0,0004 falhas em um milhão de
oportunidades, mostrando uma capacidade muito boa conseguindo cumprir as especificações
definidas. O Zpotencial toma um valor superior a 10, o que representa um bom valor, retirando assim, as
mesmas conclusões, ou seja, mostra uma capacidade muito boa e é capaz de cumprir as
especificações definidas sem falhas. Reunindo estes dados, ambos os valores mostram um bom
controle e desempenho do processo de limpeza.
De um modo geral, os resultados obtidos para a segunda run de limpeza são melhores que os
obtidos para a primeira run e demonstram um aumento no conhecimento e no controlo do processo.
Prova disso é o histograma apresentado demonstrar que os valores obtidos de TOC para a segunda
run seguem uma distribuição normal, ao contrário dos valores da primeira run. Quanto à percentagem
de pontos fora de especificação, neste caso, o valor é zero uma vez que todos os resultados estão
conformes com os limites pré-definidos.
Os valores da terceira e última run de limpeza foram, igualmente, analisados através do Minitab e
os resultados obtidos encontram-se nas Figura 22 e Figura 23.
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Figura 22. Análise estatística - Gráfico de Controlo dos resultados de TOC da terceira run de limpeza
Figura 23. Análise estatística – Análise de Capacidade do processo de limpeza para valores de TOC da
terceira run de limpeza CoL
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Realizando uma primeira análise à Figura 22, é possível recolher os dados de média e desvios
padrão within e overall para a terceira run de limpeza dos equipamentos incluídos no estudo. Estes
valores têm valores de 1066,5, 542,26 e 690,29, respetivamente. Observando o gráfico I, conclui-se
que o processo funcionou razoavelmente estável na terceira execução de limpeza, uma vez que todos
os resultados analíticos de TOC se encontram dispersos aleatoriamente dentro dos limites de controle
à exceção de um resultado, fora do limite de controlo superior (estabelecido em 2693ppb),
correspondente ao valor de 2912ppm obtido para o equipamento RAP605. No entanto, apesar deste
resultado estar fora do limite, está suficientemente distante do limite de especificação superior para ser
considerado aceitável (6257ppb). Além disso, é possível concluir que o resultado mencionado é um
outlier quando comparado com os restantes resultados apurados, cuja média é de 1067ppb. Essa
conclusão pode ser também obtida a partir da análise do gráfico de AM.
Através da Figura 23, é possível concluir que o processo apresenta um bom desempenho,
caraterizado com um valor de Ppk de 2,51. Por este motivo, o processo pode atender às especificações
definidas. O valor Zbench (capacidade atual) obtido para esta corrida foi de 7,52, o que equivale a 0,002
falhas em um milhão de oportunidades, mostrando uma capacidade muito boa e uma capacidade de
cumprir com as especificações definidas. O Zpotencial obtido, de 9,57, também é muito bom, sendo
representativo de uma capacidade muito boa e de uma capacidade que o processo tem de cumprir com
as especificações definidas sem falhas. Ambos os valores evidenciam um bom controle e desempenho.
Observando o histograma, conclui-se que, ao contrário da segunda run de limpeza, a terceira volta a
não apresentar uma distribuição normal.
Através dos resultados apresentados para as três runs de limpeza dos equipamentos, constata-se
que o desempenho do processo melhorou da primeira para a segunda run, mas revelou uma pioria no
desempenho da segunda para a terceira execuções. Por este motivo, foi realizada uma comparação
entre as duas últimas runs sendo os resultados expressos na Figura 24.
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Figura 24. Comparação das cartas de Controlo obtidas dos resultados de TOC correspondentes à segunda
e terceira runs de limpeza
De acordo com a Figura 24, observa-se que os valores da média e o desvio padrão do processo não
apresentam alterações significativas, o que revela que a queda observada no desempenho da segunda
para a terceira execução é apenas circunstancial, e não resultado de uma diminuição no controle.
Assume-se, desta forma, que o processo permanece em bom estado de controle.
No geral, conclui-se que os resultados obtidos na segunda e terceira runs foram melhores do que
os obtidos na primeira corrida, demonstrando um aumento do conhecimento e do controle do processo.
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6. Conclusões
O objetivo do trabalho desenvolvido no âmbito desta dissertação de mestrado consiste em reunir as
evidências necessárias para o processo de validação de limpeza dos equipamentos presentes no
edifício 13 da Cipan dedicado à produção de D.
Primeiramente, foram realizados os testes de cobertura aos reatores antes do início do arranque do
lote de engenharia, que pretende comprovar a consistência da produção. Através dos resultados
obtidos, conclui-se que estes não apresentavam um bom sistema de limpeza, uma vez que os
resultados demonstram que o sistema CIP implementado não assegura uma boa cobertura dos
equipamentos. Por este motivo, as limpezas dos equipamentos foram realizadas por inundação, ou
seja, perfazendo o volume do reator para que os resíduos sejam eliminados por arrastamento com
solvente. Sendo por arrastamento, obriga a que a limpeza ocorra por dissolução de resíduos e não por
impacto, o que nem sempre é possível. Como melhoria deste sistema e trabalho futuro a realizar na
instalação, a alteração passaria por implementar umas pinhas rotativas nos equipamentos. O
movimento rotatório permite que o solvente carregado atinja zonas que não são atingíveis com o
sistema implementado atualmente e, assim, ter uma limpeza mais eficaz e com um menor gasto de
solventes, recursos, tempo e, consequentemente, económicos. Como o sistema não foi alterado
durante todo o processo de validação, os registos de limpeza elaborados para cada equipamento são
documentos extensos não só devido à descrição pormenorizada das operações através do sistema de
automação passo por passo do procedimento, mas também porque a estratégia definida implica a
limpeza do corpo do equipamento e respetivas peças assim como de todas as linhas por onde o produto
passa (carga, descarga, transferência de processo) e uma boa comunicação entre os departamentos,
uma vez que, o processo de validação é uma atividade interdepartamental e cada departamento tem a
sua função definida. Apesar de todos os gastos envolvidos e da complexidade dos registos, a estratégia
aplicada garante a eficácia necessária da limpeza dos equipamentos presentes na instalação,
reprodutibilidade do processo e a segurança no produto final.
Relativamente ao estudo da substância considerada pior caso para a validação de limpeza, foi
considerada a D Bruta, visto que os dados disponibilizados pela literatura eram inexistentes no que diz
respeito aos intermediários A e B. No futuro, se existir atualizações da mesma e novos dados forem
inseridos, o processo de seleção do pior caso e, consequentemente, o processo de validação de
limpeza deverá ser revisto e revalidado pela empresa.
Analisando os resultados obtidos através do método não específico TOC para os equipamentos das
três linhas de produção, conclui-se que todos os valores são inferiores ao limite estabelecido para esse
método (6257 ppm), o que significa que o agente de limpeza foi removido na sua totalidade ou quase.
Quanto aos valores de HPLC, as quantidades residuais de A, B e D Bruta presentes no interior dos
equipamentos após a execução dos procedimentos de limpeza são inferiores aos limites de deteção
estabelecidos pelo método analítico específico para cada um dos produtos. Estes resultados indicam
que nenhuma impureza, quer seja conhecida ou nova, foi encontrada nos cromatogramas obtidos e
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comprovam que a estratégia aplicada é eficaz a eliminar os resíduos de produto que existem nos
equipamentos.
Reunindo todas as informações obtidas pelo trabalho realizado no âmbito desta dissertação, foi
possível validar o processo de limpeza elaborado para os equipamentos presentes na instalação da
Cipan, uma vez que os resultados obtidos das três runs realizadas evidenciam que a estratégia
implementada e os registos de limpeza elaborados são eficazes e representativos de uma boa limpeza
garantindo a segurança aquando do processo de produção da D no que diz respeito a possíveis
contaminações.
Em suma, era expectável que os resultados estivessem de acordo com as especificações exigidas
e determinadas previamente, uma vez que a limpeza é detalhada e a probabilidade de o equipamento
não ficar devidamente limpo era reduzida devido à escolha de uma medida, de certa forma,
conservativa no que toca aos limites de aceitação de resíduos. Apesar do expectável, a possibilidade
de haver ocorrências que podem provocar uma limpeza indesejada, tais como erros na introdução de
inputs no sistema de automação ou erros que possam prejudicar de alguma forma o desempenho do
equipamento não devem ser descartadas e devem ser devidamente reportadas e avaliadas.
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Anexos
CONFIDENCIAL
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