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TURISMO DE
DESCOBERTA

Sandra Cardoso
Recursos
Definição e tipologia de recursos
turísticos

• Como parte da oferta primária, os recursos turísticos constituem a


condição básica de desenvolvimento turístico. Sem terem
originalmente uma ligação direta com o turismo, determinam
contudo a capacidade atrativa de uma região ou de um local, assim
como definem as potencialidades e trunfos turísticos das mesmas.

• Genericamente, podemos classificar os recursos turísticos em duas


tipologias fundamentais:

• Recursos naturais

• Recursos culturais
• Os recursos naturais são todos os elementos do meio
natural que podem ser utilizados para satisfação de
necessidades humanas.

• Designa-se como núcleos recetores naturais todos os


destinos que baseiam a sua capacidade de geral movimentos
turísticos na existência de atrações naturais, ou seja, não
produzidas pela atividade humana.

• O quadro seguinte apresenta uma proposta de tipologia


dos principais tipos e subtipos de atracões naturais
que se constituem como recursos para o turismo:
TIPOS SUB-TIPOS

Elementos climáticos Sol


Neve

Montanhas Serras
Picos
Morros/ colinas

Outras formas de relevo Vales


Arribas
Planaltos
Planícies
Formações geológicas Grutas
Jazidas minerais
Vestígios paleontológicos

Hidrografia Rios
Estuários
Lagos/ lagoas
Praias fluviais
Quedas d’água

Zonas costeiras ou litorais Praias


Baías/ enseadas
Falésias
Cabos/ pontas
Dunas
Terras insulares Ilhas
Arquipélagos
Recifes

Florestas Pinhais
Eucaliptais
Soutos

Diversos Pântanos
Reservas especiais de flora e
fauna
Fontes hidrominerais/ termais
Áreas de caça e pesca
• Os recursos culturais

• Os recursos culturais constituem os elementos ligados à


evolução das civilizações decorrentes da intervenção humana.

• As atrações culturais, desde sempre um dos principais


motivadores de deslocações turísticas, podem ser de natureza
material ou imaterial, podendo ainda englobar equipamentos
produzidos exclusivamente com o fim de usufruir de certos
elementos ou testemunhos de índole social, cultural, técnica,
científica ou artística.
O quadro seguinte Tipos Subtipos
apresenta uma
proposta de tipologia Monumentos Arquitetura militar
dos principais tipos e Arquitetura civil
Arquitetura religiosa
subtipos de atracões Arquitetura industrial

culturais que se Arquitetura vernacular

constituem como
recursos para o Sítios Sítios históricos
Sítios arqueológicos
turismo: Sítios científicos
Manifestações, usos e Festas/ comemorações/
tradições populares atividades religiosas
Festas/ comemorações
populares e folclóricas
Festas/ comemorações
cívicas
Gastronomia
Artesanato
Feiras e mercados

Realizações técnicas e Exploração agrícola/ pastoril


científicas Exploração industrial
Jardins zoológicos/ aquários/
viveiros
Jardins botânicos
Planetários
Outros

Eventos Congressos e convenções


Feiras e exposições
Realizações desportivas
Realizações artísticas/ culturais
Realizações sociais/
assistenciais
Realizações gastronómicas e
enológicas
Outros
O Inventário de recursos turísticos

• Convém sublinhar a necessidade de cada região ou cada país estabelecer um inventário exato dos
recursos turísticos que possui, de modo a poder adotar uma política turística, que permita uma
exploração racional das suas riquezas.

• O inventário dos recursos turísticos permite-nos o conhecimento dos recursos que a especificidade do
território em causa. Instrumento fundamental no planeamento turístico, o ordenamento do território, na
identificação e definição da vocação turística de uma região. Torna-se, assim, muito mais fácil pensar nas
ações promocionais que podem e devem ser desenvolvidas, bem como orientá-las.
A informação Designação do recurso

relativa a cada Localização


recurso, que Acessibilidades
estrutura cada Categoria
ficha de Descrição; particularidades
inventário, Estado de conservação
pode
Entidade proprietária e gestora
genericamente
Modalidade de acesso
integrar-se nos
seguintes Tipo de visita/ horário/ preçário
campos: Infraestruturas
Serviços disponibilizados ao público
Atividades realizadas no interior e exterior
Eventos de marketing e promoção
Fontes de informação
CAMPO SUB-CAMPO INFORMAÇÃO A RECOLHER

Identificação Nome/ Designação Designação oficial


principal

Outras designações Outras designações que identificam o


elemento; nome pelo qual é conhecido a
nível local

Localização Lugar; freguesia; Concelho; NUT II, NUT III

Coordenadas geográficas Coordenadas GPS

Acessibilidades Terrestre / Aéreo / Marítimo / Fluvial /


Pedestre
Distância em km/ Tempo do percurso
Caracterização
Categoria/ Tipo/ Subtipo Recurso primário vs. Recurso secundário
Descrição Descrição geral do elemento; história; cronologia; dados que detalham a
categoria a que pertence

Particularidades Elementos geográficos, históricos ou socioculturais que singularizam o


elemento e o diferenciam dos restantes: informação em que se baseia o seu
potencial de atracão turística

Estado atual Estado de conservação

Intervenção

Entidade gestora Identificação e contactos da entidade responsável pela gestão do elemento


Historial de intervenção Ações de conservação, restauro, proteção; classificação etc. acionadas para este elemento, no
sentido de lhe conferir valorização e facilitar a sua utilização para fins turísticos

Infraestrutura básica Infraestruturas dentro e fora do recurso: água, eletricidade, telefone, sanitários, sinalização, etc.

Infraestruturas específicas Sinalização informativa e/ ou interpretativa

Utilização

Tipo de acessibilidade ao público Visitável/ Não visitável

Acesso livre/ pago

Visita livre/ visita orientada

Especificações sobre a visita Época propícia de visita

Horário de abertura

Condições especiais de acesso (descontos, programas especiais)


Especificações sobre a visita Época propícia de visita

Horário de abertura

Condições especiais de acesso (descontos, programas especiais)

Serviços realizados no interior Interpretação; animação; desporto, circuitos; atividades artísticas; folclore, etc.

Atividades realizadas no interior e no exterior Alojamento, restauração, comércio, animação, etc. (especificar para cada um deles)

Modalidades de divulgação Edições impressas (brochuras, desdobráveis, monografias); web (Site, blog, etc.)

específicas

Eventos e ações de marketing e promoção Logotipo, slogan, plano de marketing; ações promocionais - feiras
Avaliação dos recursos turísticos

• Após o levantamento de recursos, a avaliação do respetivo potencial de atracão deverá ter em conta os
seguintes critérios:

• 1. Importância das atrações a nível local, regional e nacional

• 2. Acessibilidade a nível regional, local e nacional

• 3. Viabilidade económica de desenvolvimento

• 4. Capacidade de carga das áreas onde estão localizadas as atrações

• 5. Implicações no desenvolvimento em termos socioculturais e ambientais


Ainda no âmbito do exemplo dos recursos culturais, os quais constituem a base da oferta turística de
grande parte dos locais, apresentam-se os elementos fundamentais a trabalhar no intuito de potenciar a
atratividade de um recurso turístico-cultural, de acordo com os seguintes níveis de intervenção:

1 – Envolvente ao recurso

2 – Interior do recurso

3 – Informação

4 – Programação

5 – Promoção/ comercialização
1 – Envolvente ao recurso

• Localização - O fator localização apresenta-se como fundamental para a atividade turística. Quando
controlável, por exemplo, o caso da decisão sobre a implementação de um núcleo museológico ou um
centro de artesanato, deve ser pensada em função da importância deste elemento.

• Acessibilidade - O acesso ao recurso deve ser facilitado, que do ponto de vista físico, através da
construção ou arranjo das vias de acesso (p. ex. no caso de ruínas arqueológicas, capelas, etc.); quer
seja do ponto de vista da informação, através da colocação de sinalética ou criação de canais de
divulgação e distribuição que permitam fazer chegar o turista ao recurso.
2 – Interior do recurso

• Estrutura física – Apostar na recuperação da estrutura dos edifícios, no caso de património material
como igrejas, castelos, etc. Intervencionar ao nível das estruturas é a etapa que permite tornar visitável
o recurso, mas o processo de transformação não pode ficar por aqui. É necessário posteriormente
avançar para a disponibilização de informação, fontes de comunicação/ distribuição, etc.

• Temática – Este nível de intervenção refere-se sobretudo aos recursos culturais imateriais,
nomeadamente feiras, festas, festivais, espetáculos que visam promover a identidade de um território. É
cada vez mais importante não só melhorar a qualidade de muitos eventos culturais, mas também
procurar explorar novas temáticas que possam servir de base para a promoção dos recursos endógenos.
Estes eventos constituem interessantes exemplos de transformação de recursos culturais em verdadeiras
atracões turísticas.
3– Informação

• Material informativo – A disponibilização de informação é uma componente fundamental do recurso,


permitindo trabalhar o seu grau de atratividade. Quer seja através de folhetos, guias de visita, publicações
é essencial apostar neste fator valorizador do recurso. Não devemos esquecer que o “consumo” do recurso
é uma experiência e, como tal, a informação contribui para acrescentar valor à visita.

• Visitas guiadas – A par de material informativo dirigido a turistas individuais, a experiência de visitas
guiadas permite valorizar o recurso. Trata-se de uma componente fundamental, uma vez que o guia é o
Maio que permite ao turista entender e interpretar o recurso cultural.
4– Programação

• Rotas turísticas – A inclusão de um recurso cultural numa oferta organizada permite criar e vender

um produto ao cliente sob a forma de rotas, por exemplo. A definição de rotas temáticas permite

“embalar” o recurso e disponibilizá-lo, não individualmente, mas num produto integrado.

5– Promoção/ comercialização

• Canais de promoção/ distribuição – Uma aposta em instrumentos de divulgação permite dar a

conhecer o recurso ao cliente. Todavia, a venda de um produto apenas ocorre quando existem canais

de distribuição que permitem comercializar o recurso.


Aspetos rurais, urbanos e regionais
Região Norte
• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Região Centro

• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Região de Lisboa
e Vale do Tejo

• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Região do
Alentejo
• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Região do
Algarve
• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Região dos
Açores
• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Região da Madeira
• OFERTA NATURAL
• OFERTA CULTURAL
• OFERTA GASTRONÓMICA
• OFERTA ARTESANAL
Itinerários de
descoberta
Definições no âmbito dos itinerários

Definições gerais

Em primeiro lugar, será relevante apresentar as diversas definições relativas à realização de deslocações turísticas.

Neste âmbito, podemos distinguir as seguintes:

• Circuito turístico

• Itinerário turístico

• Rota turística

• Forfait

• Excursão

• Percurso

• Visita


Circuito Turístico

Conjunto de caminhos e visitas que se


complementam constituindo um itinerário fechado.

Trata-se de uma viagem combinada em que intervêm


vários serviços: transportes, alojamento, guia, ..., que
se realiza de acordo com um itinerário programado e
com um desenho circular sempre que seja possível (o
ponto de partida e de chegada serão coincidentes),
de modo a que se passe por um caminho
anteriormente percorrido.
Itinerário turístico

Descrição de um caminho especificando os lugares de passagem e propondo uma série de atividades e


serviços durante a sua duração.

Este caminho pode ser seguido numa viagem entre dois locais distintos, com referências aos vários pontos
de interesse turístico que se encontram pelo meio, e que está, em muitos casos, sujeito a um tema
específico.

De forma a serem seguidos com maior facilidade, os itinerários podem incluir indicações de distâncias e
tempos previstos para as deslocações e visitas sugeridas.
Rota

Sinónimo de itinerários, em sentido restrito, em


que a saída e a chegada não são coincidentes no
mesmo ponto. Semelhante ao itinerário, no entanto
obrigatoriamente sujeita a um tema ou a uma
delimitação geográfica.

O conceito de Rota e Itinerário podem ser


considerados sinónimos embora seja de realçar o
facto de Rota estar associada a uma direção, a um
percurso dirigido, o qual tem sido usado
preferencialmente em termos institucionais e
promocionais.
Forfait

Nome técnico utilizado para um tipo de Itinerário


organizado cujo preço inclui todos os serviços. Dentro
deste podemos distinguir:

• Forfait para a Oferta – viagens programadas


para serem posteriormente vendidas pelos
retalhistas

• Forfait para a Procura ou Tailor Made–


viagens organizadas à medida do cliente
Excursão

Viagem com fins turísticos, culturais ou outros, organizada


em grupo, com regresso ao ponto de origem e incluindo
todos os serviços básicos (transporte de pessoas e
bagagem, refeições, circuitos turísticos, guia-intérprete,
entradas em museus e monumentos, etc.).

Tem uma duração igual ou inferior a um dia, não incluindo


a componente alojamento.
Percurso

Refere-se apenas ao caminho físico (estradas, ruas, etc.) a ser percorrido entre dois pontos de uma
viagem. Está presente em cada um dos tipos de viagem anteriores.

Visita

Deslocação para observação ou participação em qualquer atividade, a um determinado local, turístico


ou não, na qual se dá o reconhecimento, exame ou inspeção de um lugar de paragem incluído num
itinerário. A visita representa cada uma das paragens que compõem um itinerário.
Tipos de itinerários

a) Tipos de itinerários segundo o


eixo condutor:

• Itinerários geográficos

• Itinerários temáticos
b) Tipos de itinerários segundo o âmbito geográfico:

• Itinerários locais - Quando a realização de um itinerário se limita a um ou vários locais, ou seja, abaixo da escala regional.

• Itinerários regionais – Quando a realização de um itinerário se estende à escala regional.

• Itinerários Nacionais – Quando a realização de um itinerário engloba vários pontos que abrangem a totalidade de um país.

• Itinerários internacionais – Quando a realização de um determinado itinerário abrange o âmbito territorial de dois ou mais
países.
c) Tipos de itinerários segundo o tipo de turismo associado

• Itinerários culturais

o Itinerários de interesse histórico ou literário

o Itinerários de interesse patrimonial ou monumental

o Itinerários de interesse folclórico ou artesanal

o Itinerários gastronómicos ou enológicos

• Itinerários religiosos

• Itinerários naturais ou de ecoturismo

• Itinerários desportivos ou de aventura

• Itinerários de saúde e bem-estar


d) Tipos de itinerários segundo o enquadramento do destino

• Itinerários urbanos

• Itinerários rurais
. Descoberta e turismo
O mercado do produto “Touring cultural e paisagístico”

De acordo com Henriques (2003), pode definir-se turismo cultural como sendo “O movimento de pessoas
para atracões culturais fora do seu local de residência, com a intenção de compilar novas informações e
experiências para satisfazer as suas necessidades culturais”.

• Estas atrações culturais englobam não só os produtos culturais do passado como também da
cultura contemporânea ou do modo de vida de um povo ou região.

• Desta forma, o turismo cultural compreende todas as visitas motivadas no todo ou em parte por interesse
na oferta histórica, artística, científica, mas também no contexto cultural de uma comunidade.
• O turista cultural é, portanto, aquele para quem a cultura detém um papel essencial na
seleção do destino e nas atividades que desenvolve durante a estada. Pode estar motivado por razões
de ordem cultural ou pode conciliar motivações culturais com outras na sua visita ao destino.

• O turismo cultural pode ser desenvolvido em espaço urbano, caso em que encontra coincidência com o
turismo urbano, em espaço rural ou ainda entre ambos os espaços, caso em que se insere na realização
de rotas e circuitos temáticos, designados como touring.

• De acordo com o estudo “10 produtos estratégicos para o desenvolvimento do turismo em


Portugal – City-breaks”, realizado pelo Instituto de Turismo de Portugal, a principal motivação dos
turistas de touring é descobrir, conhecer e explorar os atrativos de uma região.

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