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IIT – RESUMO

As rotas turísticas ou itinerários são fundamentais para a garantia da sustentabilidade do turismo. São um conjunto de atividades e atrações
organizadas em torno de um determinado tema que lhes confere unidade e que estimulam a atividade económica de uma determinada região.

Itinerário – descrição de um caminho ou rota em que estão especificados os lugares de passagem e onde são propostos um conjunto de
atividades e serviços durante a sua duração. Esta definição inclui circuito, rota e visita. São percursos construídos para um público específico,
satisfazendo as suas necessidades.

Podemos afirmar que as rotas ou itinerários constituem uma abordagem orientada para o mercado e promovem o desenvolvimento dos destinos
turísticos, porque:

 São uma boa oportunidade para desenvolver áreas menos exploradas e de baixa densidade que possuem, muitas vezes, recursos
culturais e naturais valiosos;
 Permitem atrair e fixar turistas por mais tempo porque vão ao encontro dos seus interesses particulares;
 Apoiam-se no que existe de singular em cada região, contribuindo para a autenticidade da experiência turística e para a promoção do
turismo e negócios locais;
 Fomentam as parcerias e a cooperação na partilha de recursos entre as entidades locais (hotéis, restaurantes, empresas de transportes)

Forfait – nome técnico utilizado para um tipo de itinerário organizado cujo preço inclui todos os serviços. Dentro deste podemos distinguir:

 Forfait para a Oferta – viagens programadas para servem vendidas posteriormente a retalhistas (ex: viagem organizada por grandes
operadores turísticos que é vendida no mundo inteiro);
 Forfait para a Procura – viagens organizadas à medida do cliente

Circuitos (excursionistas, por exemplo) – viagem combinada em que intervêm vários serviços (transportes, alojamento, guia) e que se realiza de
acordo com um itinerário programado segundo a técnica do desenho circular, sempre que possível (o ponto de partida e de chegada serão
coincidentes), garantindo que não passa por um caminho anteriormente percorrido.

Circuito Turístico (city tour, por exemplo) – transporte de excursionista em autocarro, dentro ou fora das localidades, realizado periódica e
regularmente, segundo horários, itinerários e tarifas aprovadas pelos serviços de turismo.

Viagem organizada – combinação prévia, por um preço tudo incluído, de transporte, alojamento ou outros serviços turísticos não subsidiários
daqueles que sejam uma parte significativa da viagem organizada (tem de estar bastante claro quando anunciada ao cliente, em termos de
horários, refeições, etc).

Viagens turísticas – as que combinam dois dos seguintes serviços: transporte, alojamento e serviços turísticos não subsidiários do transporte.

São viagens organizadas as viagens turísticas que, combinando previamente dois dos seguintes serviços, transporte, alojamento ou
serviços turísticos não subsidiários do transporte, sejam vendidos ou propostas para venda por um preço com tudo incluído e quando excedam
24h ou incluam uma dormida.

Percurso interpretativo – caminho ou trilho devidamente sinalizado que tem como finalidade proporcionar ao visitante, através do contato com
a natureza, o conhecimento dos valores naturais e culturais da área protegida (AL) (ex: mergulho, caminhadas pela serra, visita a grutas – exige
que nos façamos acompanhar de técnicos especializados na atividade em questão) Os percursos interpretativos devem indicar:

 O teor;
 A extensão;
 A duração;
 O nº máximo de participantes por grupo e por dia;
 Os meios de transporte permitidos ou aconselháveis

Rotas temáticas – devem privilegiar a divulgação e promoção dos contextos mais representativos da economia, cultura e natureza de cada área
protegida, devendo promover a utilização e a recuperação de meios de transportes tradicionais.

Características das Rotas Turísticas –

 Atividade que integra o setor da animação turística


 Promovidas pelos setores público e privado;
 Exemplo da natureza compósita do produto (mais eficaz e eficiente se resultar do estabelecimento de redes e parcerias);
 Organização da oferta em torno de um tema principal;
 Promove e facilita o acesso aos recursos de um destino turístico;
 Um itinerário ou rota pode originar outras rotas secundárias e complementares

Tipos de Rotas Turísticas –

 Indicativas/Orientadoras
o Objetivo: promover/facilitar o acesso
o Rotas que indicam e orientam o acesso aos recursos em torno de um determinado tema, disponibilizando um conjunto de
informação
o Informação/divulgação
 Orientadoras/Comercializáveis
o Objetivo: comercialização
o Rotas que divulgam, facilitam e são mesmo geradoras de acesso aos recursos em torno de um determinado tema,
disponibilizando um conjunto de informação
o Distribuição/venda
Tipos de Itinerários Turísticos –

As tipologias e classificações de itinerários variam conforme o critério utilizado. Podemos classificar os itinerários segundo a motivação
subjacente e, nesse sentido segundo o tipo de produto turístico, ou segundo o tipo de transporte utilizado. Outros tipos de classificações podem
ser baseados na forma de organização.

Itinerários segundo o produto:

 Desportivos – este é um tipo de itinerário cada vez mais procurado. Aqui podemos incluir o turista passivo, isto é, o turista espetador
de eventos desportivos, por exemplo os jogos olímpicos, ou o turista ativo que é o segmento mais importante neste tipo de itinerário
(ex: praticantes de ski, windsurf, golfe, ténis, vela, caça, pesca, parapente, paraquedismo, etc);
 Culturais – a motivação cultural é das mais importantes motivações associadas ao turismo e que tem originado itinerários temáticos
muito interessantes baseados nas especificidades de cada região. De facto, a elaboração destes itinerários deve ter em conta a
autenticidade das regiões, aquilo que as torna únicas e diferentes (não é a área mais original) (ex: históricos, literários, artísticos,
folclore, artesanato, gastronómicos, arquitetura popular, etc);
 Ecológicos ou de Natureza – este tipo de itinerários vem suscitando um interesse crescente motivado, em parte, pelo ritmo da vida
moderna das grandes cidades. O objetivo é proporcionar aos participantes o usufruto e contacto com a natureza e valores do
património natural (e cultural) que estes espaços encerram. As áreas protegidas são, pelas suas características, locais privilegiados para
a realização deste tipo de itinerários, pelo que devem ter em conta critérios de conservação e salvaguarda dos recursos naturais. (Muito
procurados na época do covid-19, porque as pessoas procuravam espaços abertos e isolados, sobretudo o aumento da procura de
percursos pedestres);
 Religiosos – a religião foi uma das primeiras motivações da viagem da humanidade e que, nos dias de hoje, continua a motivar um
grande número de pessoas a viajar para locais relacionados com as manifestações religiosas e locais de culto religioso (ex: caminho de
Santiago de Compostela);
 Turismo de Saúde – os itinerários relacionados com esta temática incluem, não só as termas e os equipamentos associados, como
também os locais relacionados com o climatismo e a talassoterapia, entre outros. São produtos com um grande crescimento e que
podem ser conjugados com programas de atividades de recuperação da forma, de combate ao stress através, por exemplo da
hidroterapia, desporto, dietética e higiene, etc;
 Aventura – turismo ativo em que se procura cada vez mais emoções e novas experiências, os itinerários baseados na aventura
procuram ser alternativos em que a tónica está nas atividades propostas e na respetiva “intensidade de emoções”. Estão normalmente
associados a desportos radicais e incluem uma grande variedade de modalidades possíveis dos quais se destacam: parapente,
paraquedismo, rafting, escalada, etc (tem sempre de se levar na equipa pessoas especializadas na atividade em questão);
 Turismo social – pretende criar as condições necessárias para que os setores da população, que por razões económicas ou por falta de
hábito, educação ou informação, têm permanecido até ao momento fora do movimento turístico tenham, assim, acesso ao turismo (ex:
rotas de Portugal – turismo sénior);
 Férias ou lazer – trata-se de uma designação genérica em que a motivação principal não está relacionada com nenhum interesse
específico dos participantes. O interesse é simplesmente sair do ambiente habitual, descansar e recuperar as forças durante o período
de férias. Baseiam-se normalmente em estâncias de praia ou no interior em que se combina alojamento fixo com excursões e
atividades nos arredores.

Itinerários segundo o meio de transporte: Cada meio de transporte utilizado imprime um caráter e um estilo de viagem diferente.
Atualmente, o autocarro e o avião são os meios mais utilizados, sendo a flexibilidade e a mobilidade as vantagens do primeiro e a velocidade e o
conforto as do segundo. O comboio e o barco têm conotações mais românticas, dado que são os meios de transporte mais antigos e, por isso,
também, quando utilizados, imprimem alguma originalidade e autenticidade na experiência turística.

 Autocarro – há várias formas de utilização do autocarro:


o Circuitos fechados (Round trip) – aqueles que realizam a viagem completa de autocarro, isto é, ida e volta;
o Serviços de lançadeira (Back to back) – quando são utilizados vários serviços. Quando um autocarro leva um grupo de
clientes que iniciam as suas férias, podendo regressar com outro grupo que as está a terminar, permitindo que o autocarro
tenha uma utilização mais eficaz reduzindo por isso os custos.
o Os motoristas só podem conduzir até um máximo de 6 horas seguidas;
o O autocarro cobra sempre 2 viagens
o Neste serviço existem várias modalidades que passamos a descrever:
 Ida e volta no mesmo dia – serve para distâncias relativamente curtas, de modo que o primeiro grupo que parte, por
exemplo, às 8h da manhã chegue ao local de destino às 2h da tarde, enquanto o outro grupo parte do mesmo hotel
às 15:30h e chega ao local de destino às 21:30h;
 Ida num dia e regresso no dia seguinte – mais utilizado para viagens superiores a 6 horas de duração. Comporta um
maior custo, pois inclui a alimentação e alojamento de um condutor. Por outro lado, para o hotel não é tão
vantajoso pois não rentabilizam tanto o espaço;
 Mudança de autocarro a meio do caminho – esta é uma solução pouco utilizada, já que é incómoda para os turistas
e para a própria organização.
 Comboio – podemos considerar, por um lado as linhas regulares utilizadas em situações muito específicas e, por outro, os comboios
turísticos que permitem uma utilização muito diferente. Estes comboios funcionam normalmente apenas na época alta e oferecem
diferentes serviços, dependendo do itinerário: gastronomia típica, visitas, folclore, produtos regionais, etc. São frequentemente
utilizados em conjunto com outro tipo de transporte, como o barco e o autocarro. Um bom exemplo de utilização deste meio de
transporte é feito na região do Douro.
 Barco – podemos considerar diferentes serviços: cruzeiros, onde são oferecidos pacotes com tudo incluído; aluguer de embarcações de
todo o tipo, passeios recreativos de um dia de barco, excursões marítimas e fluviais com vários serviços complementares.
 Avião – é um dos meios mais utilizados para as longas distâncias pela sua segurança e rapidez. Podem ser utilizadas as linhas regulares
e os serviços charter, muito utilizado por operadores turísticos na realização de programas para grandes grupos.
 Mistos – como é óbvio, os meios de transportes referidos podem ser combinados num mesmo itinerário de forma a garantir, por um
lado, maior conforto, rapidez e flexibilidade e, por outro permitindo um aproveitamento de recursos turísticos tendo em conta o tipo de
itinerário oferecido.
 Alternativos – dado que cada vez mais se procuram novas experiências e novas emoções, os meios de transporte alternativos estão a
ser também muito utilizados por parte da oferta no sentido de cativar novos públicos, oferecendo produtos inovadores que têm tido
grande aceitação por parte da procura turística, cada vez mais experiente. Estamos a falar, por exemplo de itinerários realizados em
bicicletas, em veículos de todo-o-terreno, em cavalos, balão, submarinos, a pé, etc.

Segundo o tipo de atrações e atividades propostas:


 Itinerários gerais – apresentam grande variedade de atrações;
 Itinerários especializados ou temáticos – destinados a grupos de turistas com interesses e motivações específicas, propõem tipos de
atrações também específicas.

Segundo a forma de organização:

 Itinerários lineares – quando se pernoita em meios de alojamento diferentes, isto é, o ponto de partida e de chegada é diferente;
 Itinerários nodais – quando o ponto de partida e de chegada coincidem

Segundo o âmbito geográfico:

 Rotas Locais (município) – Talasnal, Bussaco, Passadiços do Mondego


 Rotas Regionais (diferentes municípios) – Mondego, Caminho Natural da Espiritualidade
 Rotas Nacionais (diferentes regiões) – Nacional 2, Vicentina, do Gótico, das Catedrais
 Rotas Internacionais (diferentes países) – Santiago de Compostela, Rota das vias romanas

Construção e gestão de Rotas –

 Escolha da temática (com base nos recursos do destino);


 Diagnóstico dos possíveis recursos a utilizar na rota;
 Escolha e definição dos recursos a introduzir na rota;
 Avaliação dos recursos a integrar na rota (passíveis de serem “consumidos”);
 Definição/segmentação do produto com base nos recursos do destino e público-alvo (subterras, percursos dento da mesma rota,
flexibilidade, rigidez);
 Definição dos objetivos da rota;
 Público-alvo (antes e/ou depois do produto?);
 Definição da duração, percurso, execução, tempo livre, etc;

 Definição da estrutura organizativa responsável pela gestão da rota (promotores da rota? Integrada em outras estruturas ou criada
especificamente? = resposta às necessidades da dinâmica da indústria e do mercado);
 Escolha do modelo de gestão mais adequado face ao produto;
 Definição de uma estratégia de mercado (diagnóstico situacional, técnicas de avaliação do produto, ciclo de vida do produto, níveis do
produto, saber como utilizar o marketing-mix);
 Aplicação das variáveis do marketing como ferramentas de trabalho (produto: introduzir melhorias, acertos, clarificar posicionamento;
preço: adequado face à concorrência, público, posicionamento, custos fixos; comunicação: posicionar-se recorrendo à imagem/marca,
definição da imagem que decorre da identidade, escolha das ferramentas de comunicação e sua utilização numa lógica de promoção
integrada, distribuição do orçamento em função da eficácia promocional; distribuição: como vou chegar ao cliente? Diretamente,
indiretamente? Distribuição seletiva, intensiva? Site como canal de distribuição? Benefícios da intermediação/ desintermediação?);
 Monotorização do produto (avaliação da satisfação do cliente, política/ações de comunicação, nível de fidelização)

Recursos afetos à conceção de itinerários –

Recursos Turísticos: O recurso turístico foi definido no Plano Nacional de Turismo de 1986- 1989 como “todo o elemento natural, atividade
humana ou seu produto, capaz de motivar a deslocação de pessoas ou de ocupar os seus tempos livres”.

Tipos de recursos:

 Recursos primários: São os elementos naturais ou culturais que são a principal atração do itinerário turístico. São frequentemente os
principais motivadores para os turistas visitarem um determinado destino.
o Património - refere-se aos elementos naturais ou culturais que são a principal atração do destino turístico, como monumentos
históricos, sítios arqueológicos, parques nacionais, entre outros;
o Atividades – são as experiências ou atividades específicas que os turistas podem realizar no destino, como caminhadas,
passeios de barco, visitas a museus, entre outras;
o Equipamentos – incluem as instalações e estruturas necessárias para facilitar as atividades turísticas, como trilhas bem
marcadas, centros de visitantes, equipamentos de ski, entre outros
 Recursos secundários: São os elementos que complementam os recursos primários e enriquecem a experiência turística, mas não são a
atração principal. Geralmente, esses recursos são importantes para o conforto e conveniência dos turistas durante a sua estadia.
o Atividades – referem-se às experiências adicionais que complementam as principais atividades turísticas, como aulas de
culinária local, passeios guiados pela cidade, entre outras;
o Equipamentos – englobam as facilidades e serviços que tornam a estadia dos turistas mais confortável e conveniente, como
hotéis, restaurantes, meios de transporte locais, lojas de souvenirs, entre outros

Assim, um recurso turístico poderá ser considerado como um determinado atributo de um país ou de uma região, de natureza visual ou física,
tangível ou não, quer se encontre já em plena atividade no mercado turístico quer seja considerado como simples detentor de potencialidades
turísticas a explorar a curto ou médio prazo. Qualquer um dos itinerários definidos poderá contemplar um ou mais recursos, sejam eles primários
ou secundários. Dependendo do tipo de itinerário em causa, assim se podem identificar os recursos que apresentem maior potencial para a sua
valorização.
Identifica-se, pois, uma dupla vantagem:

 Os itinerários servem para promover / divulgar recursos e, até mesmo, despertar o interesse por aqueles que ainda não são devidamente
(re)conhecidos;
 Os recursos, desde que adequadamente selecionados e utilizados, valorizam os itinerários e podem torná-lo num serviço diferenciado.

Na definição de um itinerário turístico, o reconhecimento e identificação dos recursos com maior potencial de interesse pressupõe a avaliação
dos gostos e interesses da clientela e, por outro lado, um correto conhecimento sobre a posse, possibilidades e condicionalismos de utilização
do(s) recurso(s), sob pena de pôr em causa o equilíbrio de interesses entre os agentes da oferta e da procura deste serviço.

Outros recursos: A utilização dos recursos turísticos não é, por si só, suficiente para dar corpo a um itinerário. É necessário também que a
organização conte com outros recursos, nomeadamente os recursos humanos, financeiros, técnico-materiais, informação, entre outros.

 Recursos Humanos
o Coordenador(es) da atividade;
o Guias-intérpretes;
o Monitores;
o Animadores;
o Motoristas
 Recursos Financeiro
o Fundo da própria empresa;
o Venda de bilhetes (gerais ou por atividade);
o Comparticipação de entidade locais, regionais ou nacionais;
o Comparticipação dos participantes;
o Patrocínios
 Recursos Técnico-Materiais
o Material audiovisual;
o Material para a prática de desporto;
o Cartas topográficas;
o Fotografias;
o Bússola;
o Kits
 Recursos de Informação: A construção dos percursos deve entender-se como um estudo que deverá compreender reflexão e
investigação sobre os fatores que interatuam no espaço: clima, relevo, fauna, flora, monumentos, etnografia, artes, etc. Um dos pilares
fundamentais da organização de itinerários / circuitos é a informação. De preferência os locais a incluir devem ser bem conhecidos
pela entidade organizadora sendo mesmo assim necessários vários recursos de informação.
o Mapas;
o Guias de alojamento e dos locais a visitar;
o Tarifas dos meios de transportes;
o Manuais de transporte, tarifas, horários;
o Tarifas de museus, monumentos, espetáculos;
o Guias / roteiros turísticos dos locais a visitar;
o CD Rom’s, vídeos ou outro material audiovisual, visitas ao local

Como é evidente, para além destes recursos de informação, o manancial de informação disponível na internet é cada vez mais utilizado e
constitui uma ferramenta de trabalho essencial para os promotores de itinerários. Por outro lado, as agências de viagens dispõem de complexos
sistemas de documentação informáticos que permitem também ter acesso a uma ampla rede de informação, permitindo também realizar reservas
de quase todos os serviços (ex: Galileu, Amadeus, Sabre)

Para selecionar a área de implementação de um percurso de interpretação é necessário analisar algumas características que poderão constituir
fatores limitantes ou valorizados do mesmo.

 Diversidade: refere-se à variedade de recursos naturais e culturais presentes na área, que podem enriquecer a experiência de
interpretação;
 Representatividade: envolve a relevância dos recursos presentes na área em relação aos temas ou objetivos do percurso de
interpretação. Os recursos devem ser representativos do ambiente natural e cultural da região, contribuindo para uma compreensão
mais completa e autêntica do local;
 Elementos carismáticos: são os atrativos principais da área, aqueles que possuem um forte apelo visual, emocional ou histórico para os
visitantes;
 Posse e Acesso: refere-se à disponibilidade e facilidade de acesso à área, considerando questões relacionadas à propriedade da terra e
às condições das vias de acesso;
 Segurança: é um aspeto crucial a ser considerado ao selecionar uma área para implementação de um percurso de interpretação;
 Acessibilidade e Vulnerabilidade: estão relacionadas à facilidade de acesso à área e à sua sensibilidade a impactos negativos, como
degradação ambiental, superexploração ou pressão turística excessiva.

Organização de itinerários –

A elaboração e realização de um itinerário turístico é o resultado de um longo processo de estudo e análise de possibilidades e de um
conhecimento prévio de dados. A metodologia utilizada vai depender obviamente do público-alvo já que é isso que deverá determinar as várias
opções, bem como os serviços e atividades incluídas. Interessa, pois, distinguir a metodologia utilizada quer se trate de um forfait para a procura
(viagem por medida) ou de forfait para a oferta (viagem organizada). A diferença fundamental é que no primeiro caso é possível saber com
algum rigor as necessidades do cliente e, por isso, todos os serviços são direcionados nesse sentido. No caso da viagem organizada trata-se de
conceber e desenvolver um produto que será posteriormente comercializado pelos canais de distribuição habituais e que será dirigido a um
público mais ou menos alargado. A organização da viagem exige profissionais especializados. Embora a metodologia de conceção seja
genericamente a mesma, importa salientar que, em termos logísticos, uma viagem organizada (ou forfait para a oferta) é bastante mais complexa
pela necessidade de planeamento e estudos prévios que exige uma vez que não se conhece de antemão as necessidades do público-alvo. Importa
ainda referir que a importância da realização de itinerários no aproveitamento dos recursos duma região no sentido de operacionalizar um
conjunto de percursos culturais e turísticos que, em conjunto, constituam uma apresentação razoável do património e recursos da região. A
apresentação do património e recursos da região é um dos objetivos da realização de itinerários/circuitos/rotas feitas em parceria com instituições
do setor público e privado do turismo.

A metodologia é orientada por objetivos muito específicos e por isso deve envolver as seguintes etapas:

 Identificação dos objetivos de elaboração do circuito;


 Identificação do mercado-alvo;
 Determinação das vantagens para o desenvolvimento da região, nomeadamente do setor turístico;
 Caracterização da região a vários níveis (económico, social, físico, turístico, etc);
 Caracterização e análise da oferta e procura turística da região (cruzamento de dados previamente levantados e análise SWOT);
 Seleção dos elementos/atrativos que irão integrar o circuito e definição da temática, de acordo com o mercado-alvo;
 Elaboração das várias cartas de infraestruturas (representação a cores dos vários percursos);
 Análise da carta de oferta (quantidade, qualidade, diversidade de recursos e respetiva distribuição espacial);
 Pesquisa no local (acessibilidade, disponibilidade, segurança, interesse, pedagogia, etc);
 Definição e determinação das necessidades de intervenção ao nível das infraestruturas e atividades (animação, etc);
 Determinação do circuito principal e, eventualmente, de outros complementares (dependendo do interesse da oferta e do mercado);
 Concretização do itinerário;
 Monitorização

Definição da estratégia de marketing:

 Produto – desenho e descrição do circuito principal e circuitos complementares (fontes documentais, lendas e tradições, meios de
transporte, acessibilidades, etc);
 Preço – circuito, transporte, alojamento e restauração;
 Distribuição – locais e mercados a atingir;
 Promoção – operadores, logotipo, sinalização, etc

Construção de itinerários –

 Evitar etapas quilométricas demasiado longas e seguidas;


 Não introduzir excessivo número de pontos de paragem com interesse, que podem sobrecarregar a etapa. Cada paragem exige
normalmente um mínimo de 15 a 20 minutos, entre descida, subida e atividade, havendo sempre o risco de falta de pontualidade;
 Não ajustar excessivamente o tempo deixando margens para imprevistos;
 Ter em conta os horários dos monumentos e museus, bem como de outros locais a visitar;
 Os almoços em rota para grupo devem ser programados entre as 12 e as 14 horas;
 Ter em conta o dia da semana que corresponde a cada viagem e prever as atividades de acordo com isso;
 Confirmar os horários dos diferentes serviços utilizados, os trâmites assim como o tempo necessário;
 Ter em atenção os tempos médios das distâncias a percorrer

Planeamento de atividades –

Viagens Organizadas – Caracterização:

 Estas viagens são organizadas normalmente pelos operadores turísticos ou agências de viagens, sendo comercializadas depois por uma
rede de pontos de venda, que faturam uma comissão;
 ão promovidas através de um folheto distribuído pelas agências de viagens e onde estão detalhadas as características do itinerário;
 A programação destas viagens é feita com muita antecedência e envolve normalmente estudos de mercado rigorosos;
 A contratação dos melhores fornecedores de bens e serviços é a base para se conseguir um produto final competitivo. Por isso, a sua
seleção e negociação é muito importante;
 A determinação do preço de venda é um fator chave de sucesso devendo ser feito para um número médio de participantes e tendo
sempre presente o ponto de equilíbrio ou o “break even point” abaixo do qual há prejuízo;

Etapas na realização:

 Estudo exaustivo de mercado que permite identificar: procura potencial, oportunidades, características diferenciadoras, concorrência e
possíveis destinos;
 Definição do produto;
 Criação e desenvolvimento do produto;
 Publicação do folheto;
 Comercialização – Distribuição a agências de viagens retalhistas;
 Comercialização – Venda do produto ao público;
 Entrega de documentação ao guia;
 Realização da viagem;
 Liquidação das contas a fornecedores;
 Controle sistemático de custos e de pesquisas. Avaliação final do produto e garantia da sua melhoria contínua, às exigências da procura

Viagens por medida – Caracterização:

 Não é necessário estudar a possibilidade de difusão da viagem, pois é o cliente que a solicita;
 Não se trata de uma viagem para incluir nas ofertas de um folheto promocional de uma agência, mas de um itinerário sugerido por um
cliente de acordo com as suas necessidades e gostos peculiares;
 Também é importante observar os parâmetros em que se move a concorrência ao nível de preços, qualidade dos serviços e
aconselhamento ao cliente;

Etapas na realização:

 Atender o cliente e compreender as suas necessidades;


 Preparar o orçamento de acordo com as suas necessidades e motivações, aplicando tarifas as mais ajustadas possíveis;
 Apresentar o orçamento ao cliente e sempre que possível explicar detalhadamente todas as suas características, fazendo alterações se
necessário;
 Aceitação do orçamento por parte do cliente. Pagamento de um adiantamento por parte do cliente;
 Abertura de um expediente no qual vai sendo incluída toda a documentação relativa à viagem;
 Reservas dos serviços (transporte, hotéis, etc);
 Preparar a folha definitiva de itinerário para o cliente, com todos os detalhes, horários, serviços incluídos, relação dos meios de
transporte e de alojamento, explicação detalhada da rota, etc;
 Cobrança total da viagem antes da saída da mesma e entrega da documentação necessária;
 Entrega da documentação ao guia;
 Concretização da viagem;
 Finalizada a viagem, os fornecedores remeterão a fatura juntamente com a respetiva cópia do voucher à agência;
 Liquidação final da viagem. Elaboração de um pequeno relatório que deverá refletir o lucro obtido, bem como outros aspetos
relevantes. Encerramento do expediente.

Um dos aspetos essenciais na conceção de um itinerário é a seleção dos fornecedores dos serviços, tendo em conta que são eles quem em grande
parte, determinam o êxito de um produto. Esta seleção requer, sempre que possível, a deslocação do promotor da viagem para conhecer a
qualidade da oferta. É necessário adequar a oferta à procura, pelo que se deve tentar encontrar a melhor relação qualidade-preço que cubra as
aspirações do cliente.

Identificação do traçado do itinerário: Desenhado o produto, tem de se estabelecer a sua distribuição no tempo, isto é, as suas etapas de
desenvolvimento, fazendo uma divisão inicial das datas disponíveis que sirvam de esboço inicial para o itinerário final e estabelecendo, dia a dia,
os serviços que se vão prestar. Este projeto de itinerário requer uma elaboração minuciosa e cuidada, tendo sempre em conta as distâncias que se
vão percorrer, assim como os meios de transporte utilizados, para estabelecer uma relação lógica entre a distância percorrida e o tempo gasto. A
identificação do traçado propriamente dito requer a consulta de mapas de estradas atualizados que permitam definir com rigor os pontos de
passagem bem como o cálculo de tempo gasto. Sempre que possível, o itinerário deve ser testado, de preferência nos mesmos dias e às mesmas
horas identificadas no projeto de itinerário.

Análise de custos: A elaboração do orçamento da viagem proporciona dois resultados distintos:

 O custo para os clientes;


 A avaliação económica para a agência/promotor em todos os domínios:
o O que se tem de cobrar ao cliente
o O que tem de se pagar aos fornecedores;
o E o que fica como lucro da agência/promotor

A metodologia de análise de custos varia de acordo com a agência/promotor, havendo diversas considerações gerais que devem ter-se em conta:

 Lembrar que o valor obtido ou o preço da viagem devem ser adequados e competitivos tendo em conta o que é oferecido no mercado;
 As taxas serão fixadas por cada serviço em preços líquidos por dia e por pessoa;
 Os impostos sobre estes serviços devem estar incluídos no preço do fornecedor;
 Considerar as diferentes épocas de realização da viagem;

Determinação do preço de venda:

Devem ser analisados todos os custos que vão determinar o preço final e que passamos a descrever:

 O meio de transporte que se vai utilizar, assim como a classe em que se viaja, sem esquecer, nos casos necessários, os impostos e taxas
aeroportuárias;
 O alojamento previsto, tendo em conta as variáveis a considerar conforme o meio de alojamento escolhido. Por exemplo, quando se
trata de hotéis, o preço é estabelecido por pessoa em quarto duplo, com suplemento se o quarto é individual e com desconto se se trata
de quarto triplo. No caso de apartamentos, o preço fixa-se, igualmente, por pessoa, mas tendo em conta a capacidade do mesmo;

Sempre que for possível deve-se prever os suplementos por serviços não incluídos no preço base (ex: quartos com vista para o mar, com jacúzi,
etc)

 O regime alimentar, que pode variar, entre as várias modalidades: só alojamento, alojamento e pequeno-almoço, meia-pensão, pensão
completa e tudo incluído;
 Os transferes em autocarro, miniautocarro, carro privado, etc;
 As visitas/excursões previstas aos arredores;
 Os guias, tanto acompanhantes como locais e transferistas;
 Os serviços complementares, como espetáculos, programas de animação;
 Os seguros de viagem;
 Outros custos que podem ou não estar incluídos no orçamento (ex: entradas em museus, monumento, etc)

Além destes serviços, que são componentes básicas de uma viagem, devem incluir-se no preço os seguintes custos:
 Custos de marketing e publicidade do produto, que se calculam proporcionalmente ao dinheiro gasto em campanhas de promoção, na
elaboração do folheto;
 Gastos gerais da empresa, distinguindo a parte promocional de gastos fixos da empresa e dos custos variáveis da elaboração do
produto;
 Comissão dos retalhistas (no caso de viagens para a oferta vendidas através destes, tendo em conta que essa comissão se concede sobre
o preço de venda ao público e não sobre o preço líquido da viagem)

A soma de todos estes custos dão como resultado o preço da viagem, tendo de se acrescentar a percentagem de lucro para a agência
organizadora, que varia segundo a empresa e o produto, que, naturalmente, deve estar dentro das margens estabelecidas pelo mercado para que
seja competitivo. Por último, tem de se acrescentar o valor do IVA sobre o benefício que se obtém com a venda da viagem. Uma vez elaborado o
orçamento final, é necessário determinar o número mínimo de lugares que correspondem ao break even point, isto é, o número de lugares que
corresponde à situação de equilíbrio em que não há prejuízos nem lucros. Este cálculo obtém-se dividindo o total de custos fixos
(independentemente do número de pessoas que viajam) e a quantidade resultante da diminuição do preço de venda ao público e os custos
variáveis (isto é, os que variam em relação ao número de pessoas que viajam), ambos em termos unitários.

O coeficiente de ocupação, ou o número mínimo de participantes, indica a partir de que número de lugares vendidos se rentabiliza a viagem e
pode ser calculado a partir da seguinte fórmula:

Logística –

Com os dados anteriores, itinerário e orçamento, o produto está pronto para ser vendido e, a partir daqui, começa outra fase muito importante: a
elaboração do projeto de viagem que se vai apresentar ao cliente; Esta é também uma fase crucial, uma vez que o que se pretende vender é um
produto intangível que vai chegar ao cliente através desse programa ou folheto.

No caso das viagens à medida, deve ser apresentado ao cliente um programa do itinerário, isto é, uma relação detalhada e ordenada do projeto da
viagem, em que devem constar os seguintes dados:

 Itinerário exato por cada dia (onde são indicados os locais de passagem e os de paragem), bem como os serviços incluídos no preço.
Importa aqui referir que a indicação dos timings não deve ser demasiado rigorosa já que poderia dar azo a eventuais reclamações pois
surgem frequentemente imprevistos que contrariam o tempo previsto;
 O plano de transporte (indicando horários de saída e chegada e meios utilizados);
 O plano de alojamento (indicando os hotéis selecionados e sua categoria);
 O regime alimentar e serviços adicionais (transferes, visitas à cidade, etc)

A apresentação deste documento deve ser muito cuidadosa e atrativa. Sempre que possível, deve ser apresentado e explicado pessoalmente ao
cliente para que se possam esclarecer todas as dúvidas e eventualmente fazer alguma pequena alteração.

No que se refere às viagens organizadas, isto é para a oferta, têm as mesmas características básicas de elaboração, com a diferença de que nestas
os dados anteriores aparecem num folheto publicitário que tenta chegar a uma procura potencial, não real, e que tem formas de distribuição
específicas, como já foi referido. Por isso, a apresentação obedece a critérios específicos devendo conter, além dos distintos itinerários,
fotografias e informação geral sobre o destino em causa.

É fundamental motivar primeiro o vendedor da viagem e posteriormente o comprador da mesma. Para motivar o agente utilizam-se vários
procedimentos, desde os pequenosalmoços de trabalho até às viagens promocionais, passando pelos cocktails ou a visita do própria promotor à
agência. Ao comprador, além de oferecer um atrativo folheto de viagens, realizam-se outro tipo de ações publicitárias (ex: anúncios na imprensa
ou TV, descontos oferecidos por antecipar a data de reserva, etc).

O guia turístico e o seu papel –

O guia turístico é o profissional cuja função fundamental consiste em acompanhar os turistas nas suas visitas a determinados locais. Na
realidade, o guia é muito mais que um mero acompanhante ou orientador e, por isso, além dos conhecimentos específicos sobre os locais a
visitar, deve ser acima de tudo um bom profissional de relações públicas. Importa realçar que o surgimento de imprevistos durante a viagem é
frequente e por isso a capacidade e habilidade de os contornar é sem dúvida um dos aspetos críticos que se coloca a um destes profissionais.
Assim, o guia não deve apenas ser uma “enciclopédia” de conhecimentos, mas antes alguém que, possuindo a necessária formação cultural, é
capaz de transmiti-la de forma clara e agradável baseando-se nas técnicas de comunicação, harmonizando-a com uma correta coordenação a
nível prático dos elementos do serviço turístico e utilizando a dinâmica mais adequada ao grupo em questão.

Podemos distinguir entre o guia acompanhante e o guia local:

 Guia acompanhante – é o profissional que acompanha o grupo durante toda a viagem, assistindo-o a todo o momento. Embora estes
guias possam exercer sem limites no âmbito geográfico, deve-se recorrer, sempre que necessário, ao serviço de guias locais para que
sejam dados esclarecimentos mais detalhados. No entanto, o guia acompanhante deve estar preparado para substituir um guia local,
caso seja necessário.
o Funções:
 Dirigir o grupo durante todo o percurso, informando-o sobre os locais que a viagem integra relativamente aos
aspetos considerados de interesse (história, arte, costumes, geografia, folclore, aspetos pitorescos, etc);
 Administrar e combinar o itinerário com todos os serviços e atividades planeadas (distribuição de quartos,
horários, restaurantes, etc);
 Controlar as partidas do grupo assim como as bagagens;
 Improvisar alternativas perante situações imprevistas;
 Coordenar os guias locais;
 Assistir o cliente no caso de roubo, acidente, doença;
 Contratar alguns serviços (excursões facultativas, refeições não incluídas);
 Criar ambiente de grupo, atenuar eventuais conflitos entre o grupo
 Guia local – tem como função guiar a visita em certos locais onde seja necessário um conhecimento mais detalhado sobre os mesmos.
Tem um âmbito de atuação mais restrito atendendo grupos em curtos espaços de tempo. Deve, também, saber combinar os
conhecimentos históricoartísticos com os socioeconómicos, intercalando com aspetos pitorescos e curiosidades e tendo em atenção as
características do grupo.

Avaliação –

Para assegurar a continuidade de negócio e a confiança dos clientes, é essencial avaliar/comprovar a qualidade do produto vendido, em todas as
suas vertentes Este processo pode ser levado a cabo pelos guias acompanhantes da viagem e pelos próprios utilizadores, pelo que se deve aplicar
um instrumento de pesquisa (um questionário, por exemplo) para que exponham a sua opinião sobre a viagem em geral e os serviços em
particular. Os resultados servirão para construir uma base de dados sobre os clientes que permite avaliar o grau de satisfação destes face ao
produto e à qualidade do mesmo, bem como eventuais serviços que devam ser melhorados ou alterados. Outra prática habitual é contactar a
posterior o cliente, para agradecer e ficar a conhecer a sua impressão sobre a viagem e, eventualmente, dar a conhecer outro produto ou serviço
particular.

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