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Alexandre Lourinho

O Potencial Turístico do Canal


Ferroviário Régua - Lamego
Prova de Aptidão Profissional para a conclusão do curso
Profissional Técnico de Turismo Ambiental e Rural

Escola Secundária Latino Coelho - Lamego|2022


Sumário

1. Introdução

2. Caracterização da área em estudo

3. Turismo de Natureza

3.1. Pedestrianismo

3.2. Cicloturismo

3.2. Vias Verdes

4. Potencial Turístico do Canal Ferroviário Régua-Lamego

4.1. Ecopista do Balsemão

Considerações Finais

Bibliografia/Webgrafia
Introdução
O presente trabalho académico consiste na prova de aptidão pedagógica (PAP) que visa demonstrar a
capacidade técnica do autor enquanto Técnico de Turismo Ambiental e Rural. Para tal, escolhi como tema
a elaboração de uma proposta de revitalização e desenvolvimento turístico do canal ferroviário da linha
Régua-Lamego, deixando deste modo a condição de abandono em que esta infraestrutura (inacabada) se
encontra desde a sua construção em 1934.

Observando o estado de degradação e abandono do canal ferroviário Régua – Lamego, pese embora
o seu considerável potencial funcional e turístico, pretendo com este trabalho de índole académico
apresentar duas possíveis soluções para o aproveitamento turístico desta infraestrutura que teria a
capacidade de reforçar e diversificar a oferta turística no Douro e em particular de Lamego. Deste modo,
serão apresentadas duas soluções de aproveitamento turístico a instalar no canal ferroviário do ramal
abandonado (que nunca foi ativado) da linha de Lamego, uma linha ferroviária turística ou uma ecopista.
A pertinência deste trabalho com estas duas propostas resulta da crescente procura pelas áreas rurais e
Caracterização da área
em estudo
A área de estudo é o concelho de Lamego, mais especificamente
nas freguesias de Parada do Bispo e Valdigem, Cambres, Sande e
Lamego. O concelho de Lamego situa-se na região do Douro, no
distrito de Viseu, com uma área de 165,4 km² e tem um total de 24
348 habitantes.
É notório a crescente procura turística deste território, pois
Lamego agrega um riquíssimo conjunto monumental que que remonta
à sua fundação na época romana. É notório a crescente procura
turística deste território, pois Lamego agrega um riquíssimo conjunto
monumental que que remonta à sua fundação na época romana.

Figura 1. Localização de Portugal Continental


Fonte: www.wikipedia.pt
TURISMO DE NATUREZA
• O turismo de natureza engloba as atividades turísticas realizadas ao ar livre, nas quais o turista tem algum grau de
contacto com o ambiente. Esta tipologia é uma das que mais promove o envolvimento e participação do turista no
destino turístico, nomeadamente na sua relação com a natureza e consequentemente com o desenvolvimento local
e regional. Deste modo, o turismo de natureza é um dinamizador das economias onde estas atividades turísticas têm
lugar.

• O turismo rural é uma atividade turística para quem procura maior contacto com a natureza. Nesta perspetiva os
turistas podem participar das atividades agrícolas de uma determinada quinta ou espaço rural, aprender sobre a vida
e costumes dos habitantes destes espaços

• Com o surgimento da era industrial – Revolução Industrial - observou-se um cada vez maior distanciamento entre o
Homem e a Natureza, que conduziram a um gradual alheamento entre o Homem e a Biosfera. Contudo, nas últimas
décadas, sobretudo a partir da mudança de milénio assistiu-se a um gradual procura pelos elementos naturais que
remetem para as questões da sustentabilidade levantadas pelo Relatório Brundtland ainda na década de (19)70.
TURISMO DE NATUREZA (CONTINUAÇÃO)

• Os objetivos do turismo de natureza passam por facilitar o uso público do espaço natural, tendo-se em conta que as atividades
recreativas realizadas devem ser compatíveis com a conservação dos valores naturais e culturais do espaço; em caso de conflito,
deve prevalecer a conservação sobre o uso público; - proporcionar o conhecimento dos recursos da área porque a capacidade de
satisfação e desfrute da visita aumenta consideravelmente quando se entende e valoriza o meio ambiente em que nos
encontramos; - gerar impactos positivos para a conservação e proteção do meio ambiente; (Para além destes objetivos gerais,
cada espaço natural, segundo as suas peculiaridades, tende a estabelecer os seus próprios objetivos específicos.)

• Na legislação nacional o Decreto-Lei n.º 39/2008, de 7 de março, que estabeleceu o novo regime jurídico da instalação,
exploração e funcionamento dos empreendimentos turísticos, redefine o conceito de turismo de natureza e contribui para a
dinamização do Programa Nacional de Turismo de Natureza, prevista no Programa do Governo. O reconhecimento de
atividades de animação turística como turismo de natureza e a organização dessas atividades na Rede Nacional de Áreas
Protegidas passam a estar isentos do pagamento de taxas específicas, anteriormente cobradas por cada área protegida em que
as empresas pretendessem atuar.”
Pedestrianismo
• O Pedestrianismo é uma atividade de lazer que consiste em
percorrer distâncias variáveis – pequenas rotas com poucos
quilómetros, até grandes rotas com milhares de quilómetros - a pé
através da natureza por caminhos tradicionais e montanhosos, que
tem vindo a aumentar o número de participantes ao longo dos
anos. O pedestrianismo é um meio para melhorar o conhecimento
com a natureza e também tem muitas motivações como por
exemplo o contacto com a natureza, a saúde e o bem-estar físico.
• De acordo com a federação portuguesa de campismo e
montanhismo de Portugal FCMP “O pedestrianismo ou caminhada
(como por vezes também é chamado) pode ser definido como o
desporto de andar a pé geralmente na natureza e em caminhos
tradicionais, mas também em meios urbanos.”

Figura 2. Pedestrianismo.
Fonte: http://www.cmarrabida.org/pedestrianismo.html
Pedestrianismo (continuação)

• Deste modo, tem-se observado a proliferação de infraestruturas especificas para esta prática, (ecovias, ciclovias e ecopistas),
onde é possível realizar atividades físicas, nomeadamente caminhadas e corridas, que obedecem a sinalética própria, com
piso variado, por vezes aproveitando antigos canais ferroviários atualmente desativados, conferindo deste modo condições
de conforto e segurança para os utilizadores.

• Existe diferentes tipos de percursos, o percurso normal que é feito em caminhos antigos ou abertos que tem como objetivo
levar o pedestrianista ao meio ambiental; o percurso local que não tem mais de 10Km de extensão e são normalmente feitos
desde uma povoação até um local de interesse; e os percursos urbanos que são percursos pedestres implantados em meio
urbano.

• Este, tem vindo a ganhar grande relevo para a prática de lazer e turismo, atraindo turistas e facilitando a fixação de visitantes,
nos diferentes pontos do país. O contacto direto com as culturas e com o património local, a atividade física, a conservação
do meio ambiente e preservação das suas paisagens e o consequente aumento de visitantes são fatores potenciadores de
economia e conservação do património.
Cicloturismo
• O cicloturismo em Portugal é uma atividade com mais de 100 anos que constitui uma atividade lúdica, recreativa e
desportiva com a natureza e de respeito pelo ambiente, que consiste em percorrer um percurso sinalizado ou não de
bicicleta com os amigos, família ou individualmente. Foi no ano de 1890 que no território nacional pessoas movimentarem-
se de bicicleta com fins turísticos e aí surge o cicloturismo em Portugal.

• As ecopistas de ciclismo têm como principal objetivo a prática da atividade física denominada por ciclismo. Contudo, a
ecopista também tem como objetivo interligar lugares e pessoas de certo modo, bem como outras modalidades como o
pedestrianismo, promovendo a realização de atividades físicas e modos de vida saudáveis e sustentáveis.

• É comum os cicloturistas valorizarem regiões de grande valor paisagístico, biológico e cultural, que variam ao longo das
estações do ano. O cicloturismo de acordo com o estudo realizado referem um impacto económico anual do cicloturismo na
Europa que é cerca de 55 biliões de euros. Assim, este impacto económico anual do cicloturismo torna-o num instrumento
de desenvolvimento territorial, através da diversificação da oferta turística e proporcionando a criação de novos empregos e
riqueza nos territórios onde ocorre.
VIAS
Verdes
(ecopistas
)
VIAS Verdes (ecopistas)
• Em Portugal, e especificamente no âmbito do pedestrianismo e cicloturismo no último quarto de século assistiu-se
ao crescimento da oferta de ecopistas vocacionadas para a prática do pedestrianismo e cicloturismo, algumas delas
aproveitando algumas antigas linhas ferroviárias entretanto desativadas, destacando-se nesta região as ciclovias do
Tâmega (Amarante - Arco de Baúlhe), e a ecopista do Dão (Santa Comba Dão – Viseu).

• A União Europeia tem apoiado iniciativas neste âmbito, através do projeto Our Way financiado pelo programa
INTERREG Europe no qual a European Greenways Association participa no consórcio como “patrocinador
consultivo” visando «contribuir para a conservação, proteção, promoção e desenvolvimento do património natural
e cultural na Europa através das Vias Verdes através da melhoria dos instrumentos de política relacionados com a
qualidade cultural e natural dos territórios envolvidos, incluindo ferramentas para a sua governação e
desenvolvimento medidas específicas para a sua promoção e preservação.»
VIAS Verdes (ecopistas)
• Cada vez mais, existem visitantes que valorizam a vertente paisagísti ca e saudável dos
locais que escolhem para visitar, para a prática de ati vidades ao ar livre e em espaços
verdes, como é o caso das ecopistas. Para dar resposta á procura destes locais, muitos
territórios reutilizam caminhos ferroviários anti gos e desativados que contribui para a
dinamização, diferenciação e valorização da região que até ao momento tinha fi cado
esquecida.

• Em Portugal a designação para estas vias verdes é ecopistas. Estas são vias de comunicação
autónomas, reservadas para deslocações que permitem percursos educativos,
desporti vos, turísticos e de sensibilização ambiental, para a prática de passeios a pé,
de bicicleta, cadeira de rodas, patins e outros meios de mobilidade. Socialmente
inclusivas e ecologicamente sustentáveis, as ecopistas são concebidas num quadro de
desenvolvimento integrado, que valorize o meio ambiente e a qualidade de vida, e
que cumpra assim as sufi cientes condições de largura, inclinação e qualidade do
pavimento, de forma a garantir uma utilização segura por parte de toda a população,
Figura 3. Ecopista de Sever do Vouga
independentemente das idades ou condições físicas dos mesmos.
Fonte: https://litoralmagazine.com/
VIAS Verdes (ecopistas)

• Existem 26 ecopistas em Portugal, sendo que 14 estão situadas no norte


de Portugal, 6 no centro, 2 em Lisboa e as restantes no Alentejo. As
ecopistas podem ser de diversas tipologias, nomeadamente em piso de
terra, em tartan, em betuminoso, entre outros. Segundo o portal de
ecopistas, ciclovias e ecovias, Portugal tem 315km e a sua tendência
continua a aumentar, as ecopistas são o segundo maior tipo de turismo
no país.

Figura 6. Distribuição de ecopistas em Portugal Continental


Fonte: https://www.ciclovia.pt
Potencial Turístico
do Canal
Ferroviário Régua-
Lamego

Figura 7. Aspeto atual do canal ferroviário Régua - Lamego


Fonte: http://os-caminhos-de-ferro.blogspot.com/2012/12/linha-de-lamego-um-projecto-inacabado.html%2004-01-2022
Potencial Turístico do Canal Ferroviário
Régua-Lamego
• No início do século XX surgiu o projeto ferroviário para a construição de uma linha que uniria as cidades de Peso da
Régua e Lamego. Devido ao desnível de 370 metros que havia na linha, o que fazia com que a viagem se tornasse longa e
demorada este projeto não chegou a ir para a frente, deste moda as construções foram começadas, mas nunca
acabadas. Nesta rota foram construídas duas pontes: uma sobre o rio Douro e outra sobre o Varosa. Este canal nunca
chegou a ter carris, no entanto em alguns locais ainda se nota as marcas do início das construções.

• Há medida que o transporte rodoviário se foi afirmando, o transporte ferroviário foi perdendo competitividade.
Contudo, a procura da ferrovia para a prática turística tem vindo a crescer, como sucede com alguns pacotes temáticos
oferecidos pela CP (Rota das Amendoeiras, etc.), mas também com a reabertura de antigas linhas, mas desta vez com
propósitos turísticos, como sucede na linha do Tua.

• Esta antiga linha que na verdade nunca chegou a funcionar, apresenta pela sua localização e integração paisagística no
Douro potencial para a sua refuncionalização enquanto ecopista.
Ecopista do
Balsemão

Figura 7. Aspeto da cidade de Lamego


Fonte: https://www.viajarentreviagens.pt/portugal/visitar-lamego-que-ver-fazer-douro/
Ecopista do Balsemão
• Na proposta agora apresentada neste trabalho académico, a Ecopista do Balsemão terá início na Régua e término
em Lamego, tendo uma extensão aproximada de 18 km. Esta ecopista pretende dinamizar uma infraestrutura
inacabada, mas que apresenta potencial lúdico e turístico integrado num contexto paisagístico singular, onde
elementos naturais e construídos pelo Homem se fundem no território da região demarcada do Douro e
património da humanidade pela UNESCO.

• Para além dos elementos turísticos há que referir a promoção do exercício físico em contacto com a natureza,
quer seja a pé ou de bicicleta, com a vantagem de se integrar numa paisagem de singular beleza.

• Atualmente, o estilo de vida observado na generalidade dos países desenvolvidos privilegia o transporte
individual para a sua mobilidade, distanciando-nos gradualmente do contacto com a natureza. Assim, assiste-se
nas últimas décadas à gradual procura sobretudo por parte das populações urbanas de atividades que se
desenvolvam na natureza.
Traçado da ecopista Régua - Lamego

Fonte: Elaboração do autor com recurso ao software Wikiloc.


Considerações Finais

• Inicialmente apresentei duas propostas para esta PAP, a revitalização ferroviária


da linha ferroviário Régua-Lamego para turismo ferroviário e a refuncionalização
como ecopista. Contudo, por observar grande improbabilidade de algum dia tal
projeto ser materializado, apenas dirigi a minha pesquisa para a elaboração da
proposta de transformação em ecopista do antigo canal ferroviário.
• Com este trabalho apresentei uma proposta que permite dar uma utilização
digna a uma infraestrutura abandonada e que em simultâneo contribuirá para o
desenvolvimento turístico de forma diversa como o pedestrianismo e
cicloturismo, modos de transporte ligeiros e ambientalmente sustentáveis.
Bibliografia
• ANJOS, P. (2020). A intervenção das autarquias locais em práticas do turismo outdoor na região norte de Portugal.
• BRAGA, T. (2007). Pedestrianismo e percursos pedestres.
• CERQUEIRA, I. (2020). Turismo Consciente: a sua dimensão nas Aldeias Históricas de Portugal.
• CRISTOVAO, A. MEDEIROS, V. MELIDES, R. (2010). Aldeias Vinhateiras: Requalificação Urbana, Turismo e Desenvolvimento Local no Douro.
• EINCHENBERG, F. SILVA, C. (2012). Turismo de natureza: a relação homem/natureza e seus desdobramentos a partir dessa categoria de
turismo.
• FLUSCHE, D. (2012). Bicycling Means Business The economic benefits of bicycle infrastructure. in Advocacy Advance – Tools to Increase
Biking and Walking.
• GOMES, S. (2018). Cicloturismo em Portugal.
• LOPES, R. (2017). O Turismo de Aventura Acessível: Análise da oferta na Região Centro de Portugal.
• MILHEIRO, V. CATELA, D. (2019). O valor económico do cicloturismo: revisão.
• PALMA, A. (2014). Turismo em Espaço Rural no Centro de Portugal.
• PATO, M. (2016). O Modesto Contributo do Turismo Rural no Douro, Portugal: um estudo baseado nos promotores e na oferta turística.
• RODRIGUES, A. (2006). Os Trilhos Pedestres como uma Actividade de Lazer, Recreio e Turismo – Uma Análise Exploratória ao Mercado dos
Trilhos Pedestres em Portugal.
• RODRIGUES, A. (2018). Turismo de natureza na serra da lousã.
• SANTOS, J. (2018). Turismo de Natureza: Procura turística e Imagens dos Espaços Naturais. IPV-ESTGV.
• TEIXEIRA, C. (2020). Turismo de bicicleta: a dinâmica das cicloviagens na perspectiva dos cicloviajantes. OLIVEIRA, C. (2013). Caracterização
do mercado de actividades de Turismo de Natureza em Portugal.
• TOVAR, Z. (2010). Pedestrianismo, percursos pedestres e turismo de passeio pedestre em Portugal.
Webgrafia
http://62.28.241.119/handle/20.500.11960/1129
http://os-caminhos-de-ferro.blogspot.com/2012/12/linha-de-lamego-um-projecto-inacabado.html
http://www.fcmportugal.com/Percursos.aspx
https://blog.diasbike.com.br/cicloturismo-mobilidade-urbana-esportes/tudo-sobre-cicloturismo/
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/108-2009-608703
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ecoturismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Peso_da_R%C3%A9gua
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/83265/2/36514.pdf
https://www.ciclovia.pt/ciclovias/sitemap.php#TEcopista
https://www.cm-lamego.pt/municipio/freguesias/lamego-almacave-se
https://www.fpcub.pt/fpcub/historia
https://www.ine.pt/scripts/db_censos_2021.html
https://www.mundoportugues.pt/2018/04/19/a-historia-do-cicloturismo-em-portugal/
https://www.tripadvisor.pt/Attractions-g189175-Activities-Lamego_Viseu_District_Northern_Portugal.html
https://www.visitportugal.com/pt-pt/content/peso-da-r%C3%A9gua

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